Padrões IEEE802.15 e 802.11
Padrões IEEE802.15 e 802.11
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Orientador:
Prof. Doutor Pedro Renato Tavares Pinho
Júri:
Presidente: Prof. Doutor João Miguel Duarte Ascenso
Vogal-Arguente: Prof. Doutor José Alberto Fonseca
Vogal-Orientador: Prof. Doutor Pedro Renato Tavares Pinho
Novembro de 2012
Agradecimentos
Estou grato aos meus colegas e amigos do ISEL pelos momentos partilhados e pelo
grande sentido de entreajuda e companheirismo que sempre existiu.
Estou imensamente grato ao meu orientador professor Pedro Pinho pela sua grande
disponibilidade e sentido pratico que demonstrou no decorrer da Tese ajudando-me
sempre a tomar as melhores decisões e também pela abertura que existiu em transmitir
todo o seu conhecimento.
Também quero agradecer à cooperação que existiu com a empresa Micro I/O e dos
seus colaborantes, que permitiram tornar este projecto uma realidade.
Agradeço de uma maneira geral a todos os Engenheiros do ISEL pelo apoio que me
deram no meu percurso académico contribuindo gradualmente para a minha evolução.
iii
Resumo
Ao longo dos últimos anos tem havido um crescimento elevado na utilização de
dispositivos de comunicação sem fios existindo inúmeras aplicações nas mais diversas
áreas, sendo cada vez mais uma realidade no quotidiano das pessoas e da indústria.
Neste trabalho é proposto uma adaptação para módulos baseados no protocolo 802.15.4
de forma a adaptar os mesmos com características distintas das que possuem.
Nomeadamente são desenvolvidos diferentes tipos de antenas (antena impressa simples,
agregado com 2 e 4 antenas) para serem incorporadas nos módulos por forma a permitir
a sua utilização num projecto de portaria virtual, que poderá ser utilizado em escolas,
hospitais, empresas, por forma a controlar o fluxo de movimentos.
Para além do dimensionamento da antena e a sua adaptação aos módulos são também
efectuada alterações no software nos módulos de transmissão e recepção de modo a
garantir que o controlo da passagem de utilizadores numa portaria virtual seja feita do
modo mais eficiente possível.
O trabalho foi realizado em varias etapas, efectuando-se primeiro um estudo
detalhado sobre as comunicações sem fios e nomeadamente sobre o protocolo 802.15.4.
Posteriormente foram projectadas as antenas e feita a sua integração nos módulos. Por
último foram efectuadas uma campanha de medidas com vista a avaliar o desempenho
do sistema.
Palavras-Chave
Protocolo 802.15.4, Antenas impressas, Portaria Virtual, Redes sem Fios
v
Abstract
Through the last years there has been a wireless communication growth, in a wide
different areas and applications, using an enormous number of different devices. We
may say without any doubt, that nowadays they are a reality in our personal life, and in
the most of our industries.
This work proposes an adaptation module, based on the 802.15.4 protocol in order to
upgrade it with different characteristics that they now possess.
The antennas are developed in different types (microstrip antennas, simple aggregate
with two or four antennas) to be embedded in modules in order to permit their use in a
virtual draft ordinance which could be used in schools, hospitals, companies, having the
objective of controlling the flow movements.
In addition to the dimensioning of the antenna and its normal adaptation to the modules,
there are also other changes regarding the software. The main objective is that the
transmission and reception process is done, ensuring as efficiently as possible, the
control of the movements made by the users.
The work was done in several steps, by first doing a detailed study on wireless
communications and in particular the 802.15.4 protocol. Subsequently the antennas
have been projected in order to have the best adaptation to the modules. Finally
practical tests were conducted to ensure the system performance.
Keywords
vii
Índice
Lista de acrónimos........................................................................................................................... xvii
1.1 Motivação.............................................................................................................................. 1
1.2 Enquadramento.................................................................................................................... 3
2.2 Estudo da camada Física e a camada de acesso ao meio da norma IEEE 802.15.4 ....... 9
...................................................................................................................................................................... 37
ix
4.1.2 Modulo receptor ............................................................................................................................. 42
4.3.6 Comparativo das medidas efectuadas em campo aberto e em ambiente externo ........................... 51
Anexos ................................................................................................................................................ 67
Referências ........................................................................................................................................ 73
Lista de Figuras
Figura 1- Exemplo de uma antena instalada numa portaria que identifica a passagem do
utilizador. .................................................................................................................................... 3
Figura 15- Dimensão adicional contabilizando os efeitos de campo de fuga [16]. ................. 24
Figura 20 - Relação Axial Ratio da antena de 0.2351dB (1.0556) na frequência 2.41GHz. ... 29
xi
Figura 23 – Agregado de duas antenas impressas .................................................................... 31
Figura 34 - Comparativo 𝑺𝟏𝟏 nos resultados obtidos pelo simulado HFSS medido e em
Camara Anecóica...................................................................................................................... 39
Figura 43 - Sinal recebido na antena do receptor pelo agregado de duas antenas ................... 49
Figura 44- Medidas efectuadas para a portaria virtual em ambiente exterior .......................... 50
Figura 45- Medidas com valor médio numa portaria virtual em ambiente exterior. ................ 51
Figura 51- Aceitação da ligação entre emissor e receptor para distâncias superiores a 3 metros
.................................................................................................................................................. 56
Figura 53- Aceitação da ligação entre emissor e receptor para distâncias superiores a 5 metros
.................................................................................................................................................. 57
Figura 55- Equipamento emissor (antena e placa transmissora) instalado na portaria virtual. 60
Figura 58- Exemplo de um atenuador externo (esquerda) e um atenuador interno (direita) ... 65
Figura 60- Exemplo da impedância de entrada de uma antena com (55-7j)Ω à frequência de
2.41GHz. .................................................................................................................................. 69
Figura 61- Polarização vertical (esquerda), Polarização Horizontal (direita) [22]. ................. 71
Figura 62- Polarização Circular com os vectores do campo eléctrico ortogonais entre si [22].
.................................................................................................................................................. 72
xiii
Lista de Tabelas
Tabela 2- Comparativo das 3 antenas na adaptação a um porto de 50Ω, Axial Ratio, Ganho e
LFMP ....................................................................................................................................... 37
Tabela 4- Medidas com configuração de RSSI de 35(89.6 não normalizado) na placa receptora
.................................................................................................................................................. 59
xv
Lista de acrónimos
Acrónimo Designação
ED Energy Detection
xvii
MPDU MAC protocol data unit
RF Radio Frequency
As redes locais sem fios apresentam-se como uma boa alternativa às redes convencionais
com fios, oferecendo as mesmas funcionalidades, mas fornecendo maior mobilidade, melhor
facilidade de instalação e uma boa interligação em redes locais.
Assim, de uma forma geral, podem-se apontar as seguintes vantagens na utilização de uma
rede sem fios.
Qualidade de Serviço - A qualidade de serviço é menor do que a de uma rede com fios.
Segurança - Como a informação não é propagada sobre um espaço físico, mas sim em
espaço livre, ocorre o perigo da troca de informação entre dispositivos ser intersectada
por terceiros, e desse modo, pode-se colocar em risco a segurança da informação;
Devido às características únicas deste tipo de redes e à evolução que estas tiveram ao longo
do tempo permitiu a sua aplicação em áreas novas como a domótica, sensorização, medicina,
gestão de edifícios e indústria, levando ao desenvolvimento de novos dispositivos e serviços,
que utilizam este tipo de redes. De forma a optimizar as redes 802.15.4 é necessário existirem
mecanismos de baixo consumo de energia a fim de garantir uma maior autonomia das baterias
utilizadas. Sendo que no seguimento dessa permissa surgiram as redes LR - WPAN (Low Rate
- Wireless Personal Area Network) [1] [2].
A fim de satisfazer estas exigências surgiu a norma IEEE 802.15.4, que tem como
objectivo fornecer especificações para a camada física e para a camada de controlo de acesso
ao meio para redes pessoais sem fios [3].
1.2 Enquadramento
Uma das aplicações deste tipo de rede pode ser na localização e identificação de pessoas
ou objectos num determinado meio. Neste sentido, com esta dissertação de Mestrado
pretende-se implementar o que designa de portaria virtual, na qual deve existir pelo menos um
módulo de transmissão e outro de recepção.
Para se poder implementar uma portaria virtual é necessário ter um módulo de transmissão
que periodicamente emite informação para ver se existe algum módulo móvel na proximidade
de maneira a detectar a sua presença. Por forma a se poder identificar de modo único um
utilizador o diagrama de radiação do módulo de RF do transmissor deve ser o mais apertado
possível no plano horizontal, sendo que no plano vertical não é tão limitativo. A Figura 1
exemplifica um utilizador móvel que se prepara para atravessar uma portaria virtual, onde é
registada a sua passagem.
Para além das alterações essenciais, que são necessárias efectuar ao nível físico em
hardware, também é importante corrigir e adaptar o firmware que existe nos módulos de
transmissão e recepção de modo a tornar o protocolo existente entre os dispositivos o mais
eficiente possível.
Figura 1- Exemplo de uma antena instalada numa portaria que identifica a passagem do utilizador.
Os módulos de RF, em conjunto com o restante equipamento que permite coordenar e gerir
a rede, desempenham funções acima da camada física, como o tratamento de dados, a
segurança, o sincronismo, etc.
1.3 Objectivo
O objectivo desta dissertação de Mestrado é o desenvolvimento de uma antena adequada à
identificação de utilizadores numa portaria virtual, e a sua inclusão e adaptação ao módulo de
transmissão já existente e desenvolvido pela empresa Micro I/O.
Para além disso pretende-se fazer a adaptação da referida antena aos módulos existentes,
obtendo-se desta forma uma elevada selectividade na identificação do utilizador,
desenvolvendo um protocolo e algoritmo adequado a esse fim.
3. Finalmente no último teste é simulada uma outra portaria virtual, mas desta
vez em ambiente interior.
802.3- Ethernet
Nesta dissertação será alvo de discussão a norma 802.15, nomeadamente a norma 802.15.4
que normaliza as redes sem fios de débito baixo e consumo reduzido.
A norma WPAN 802.15 define o padrão de rede de área pessoal sem fios, onde se prevê a
ligação entre dispositivos distanciados até 300 metros [2]. O padrão 802.15 existe para
garantir as especificações de redes pessoais com baixa potência e custo reduzido [3]. A norma
define os seguintes tipos de redes:
802.15.1- É uma rede que se baseia na tecnologia Bluetooth e que permite a ligação sem
fios de dispositivos fixos, portáteis e móveis (telemóveis e PDA’s);
802.15.2-É uma rede que permite facilitar a coexistência das redes WPAN com redes
WLAN;
802.15.4- É uma rede de complexidade muito reduzida que funciona com débitos binários
baixos. Esta característica permite um consumo reduzido permitindo que a bateria dure
bastantes meses ou anos. As redes 802.15.4 podem ser utilizadas em dispositivos Zig Bee com
alcance máximo de 300 metros [2];
802.15.5- Esta norma permite a coexistência numa rede em malha de uma rede de baixo
débito e outra de débito elevado garantindo a intemporalidade, estabilidade e também a
escalabilidade entre ambas as redes;
802.15.6- A norma 802.15.6 foca-se nas redes BAN (Body Area Network) que utilizam
sensores espalhados pelo corpo humano, na roupa ou mesmo debaixo da pele. Desta forma o
corpo humano torna-se um meio de transmissão ou recepção [15];
802.15.7- A norma 802.15.7 define a camada física e a camada de acesso ao meio de uma
rede que permite em espaço livre a comunicação óptica utilizando a luz visível. Este tipo de
rede surgiu em Janeiro de 2009;
802.15.8- Registado para um padrão da próxima geração de redes sem fios. Permite
facilitar e estimular as apresentações e discussões sobre novas tecnologias sem fios que pode
permitir criar novas redes 802.15.
A camada física segue o protocolo 802.15.4 sendo responsável por permitir a transmissão
das PDUs (Protocol Data Units), que não são mais que unidades de dados. Esta transmissão é
efectuada com base em ondas rádio.
Bandas atribuídas
Por sua vez nas bandas dos 915MHz e 2.4GHz estão disponíveis 10 e 16 canais
respectivamente. Na banda dos 2.4GHz, que é a mais utilizada, o espaçamento entre canais é
de 5MHz com uma largura de banda de 2.5MHz, podendo o débito binário pode atingir os
250kbps [7]. A divisão de espectro de frequência nas bandas ISM pode ser verificada na
Figura 5.
Modulações utilizadas
As modulações padrão IEEE 802.15.4 são o BPSK (Binary Phase Shift Keying) e o O-
QPSK (Ortognal-Quadrature Phase Shift Keying). Em ambas as modulações é aplicado um
algoritmo de desvio de fase no transmissor. A grande vantagem de ser utilizada uma
modulação em fase em vez de ser aplicada uma modulação em amplitude é que esta permite,
que a equalização e a recuperação do sinal seja muito mais eficaz.
A modulação BPSK é codificada por apenas um bit e existe um desfasamento entre fases
de 180º onde os valores são previamente conhecidos. No caso da modulação O-QPSK esta é
codificada com quatro bits, o que permite que o débito seja quatro vezes superior por cada
amostra, mas em contra partida, a margem de erro para recuperação do sinal seja quatro vezes
menor.
868-868,6 BPSK 20
902-928 BPSK 40
Na camada física pretende-se uma interface de baixo custo com altos índices de integração.
Este objectivo é cumprido com a utilização da técnica DSSS (Direct Sequence Spread
Spectrum) na transmissão que assenta sobre a técnica de espalhamento espectral, que
possibilita uma densidade espectral de potência muito baixa espalhando a potência do sinal
sobre uma faixa de frequência muito larga [12], conforme se pode verificar na Figura 6.
Qualidade da Ligação
O receptor ao receber um pacote devolve outro pacote designado por LQI (Link Quality
Indication), o qual permite avaliar a qualidade da ligação.
O pacote LQI fornece medições de força e de qualidade dos dados do pacote recebido no
receptor. Esta implementação pode ser feita utilizando um receptor ED (Energy Detection) e
através da estimação da relação sinal ruido.
Esta medida pode variar entre os valores de 0x00 a 0xff e pode ser usada até à camada de
rede ou de aplicação. As medições mínimas e máximas devem estar associadas à pior e
melhor qualidade da norma IEEE 802.15.4 e deverá ser uniforme entre estes dois limites.
A detecção de energia do receptor (ED) é um atributo utilizado pela camada de rede para
seleccionar o canal que se encontra em melhores condições para a transmissão e recepção
CS (Carrier Sense)
A camada física tem a capacidade de detectar se os canais estão ocupados. Esta detecção
pode ser conseguida com o Carrier Sense com os sinais em DSSS ou quando o parâmetro ED
estiver acima do limite do canal.
A norma faz uso da tecnologia RSSI (Received Signal Strength Indication), tendo a
finalidade de detectar a potência do sinal recebido. Aqui a potencia a transmitir tem que
forçosamente ser menor que 0.5mW devendo a sensibilidade no receptor ser maior que -85dB
para a banda dos 2.4GHz e -92dBm para as restantes bandas [11].
De seguida descreve-se os diferentes tipos de identificadores que podem existir numa rede
802.15.4.
Endereçamento de rede
Um endereço de rede tem como finalidade definir os endereços de destino e origem. Aqui o
protocolo 802.15.4 trabalha com 3 tipos de identificadores [13]:
O referido endereço está ligado ao PAN ID. Através deste identificador tem-se a
possibilidade de caracterizar um nó permitindo deste modo uma comunicação directa;
Dispositivos de rede
Os diversos tipos de dispositivos existentes que podem ser vistos na Figura 8 e têm as
seguintes funcionalidades:
PAN Coordenador FFD - Aqui o coordenador é único na rede. Este dispositivo tem mais
funções que qualquer outro. Como coordenador da rede tem a capacidade de criar uma rede
de raiz, comutar dados entre redes e ainda tem uma base de dados para armazenar a
informação da rede.
Topologias de redes
Consoante os requisitos pretendidos, existem várias topologias com o fim de acomodarem
as exigências impostas. As redes podem ser mais robustas, com mais ou menos custos ou
serem mais ou menos centralizadas ou distribuídas.
As redes podem utilizar topologias em estrela, malha, árvore ou mesmo uma topologia
combinada conforme apresentado na Figura 9. Na topologia em estrela existe um dispositivo
central que controla e gere toda a rede. Numa rede em malha todos os dispositivos podem
ajudar a gerir a rede, desde que não sejam do tipo RFD. Na topologia em arvore utiliza-se
uma estratégia de encaminhamento hierárquico, comunicando o coordenador com os módulos
de encaminhamento e estes com os dispositivos finais. Com a utilização dos módulos que
encaminham a informação é possível geograficamente expandir a rede, contudo os
dispositivos que encaminham os dados não se conseguem comunicar entre si, apenas com o
coordenador. A topologia combinada está reservada para redes mais complexas podendo
utilizar-se um misto de várias topologias.
No presente trabalho não sendo o objectivo dimensionar uma rede, pode-se no entanto
referir que se pretende aplicar este tipo de rede numa escola, sendo que o mais indicado será
utilizar uma topologia em estrela, onde existe uma unidade coordenadora PAN como elemento
central, associado a uma base de dados que gere diversos dispositivos RFD que recolhem
dados dos utilizadores. Ou então se a dimensão da mesma for elevada pode optar-se por uma
topologia combinada onde podem ser agregadas varias topologia em estrela.
Trama ACK- Utilizada por todos os dispositivos para confirmar a entrega de dados;
Trama MAC- Utilizada por todos os dispositivos para executar funções referentes à
camada MAC;
Super trama- O seu uso é opcional e permite a coexistência pacífica entre diversos
clientes da rede sem fios, quando estes necessitam de qualidade de serviço com outros
que não requerem nenhuma prioridade no uso da rede. Na super trama é utilizado o
mecanismo de reserva de time slots (GTS- Guaranty Time Slot) conforme pode
verificar na Figura 10 [12].
3.1 Introdução
Um dos objectivos desta dissertação de Mestrado é o projecto de uma antena destinada a
aumentar a eficiência de uma placa desenvolvida pela empresa Micro I/O, que contém um
módulo 802.15.4 que permite aplicar a norma na banda livre dos 2.4GHz.
A placa inicial tem um módulo que já tem incorporado uma antena, tal como se pode ser
visto na Figura 11. No entanto a antena apresentada não tem as características necessárias ao
bom desempenho do módulo como transmissor, quando o objectivo principal é a sua
utilização numa portaria virtual, uma vez que o diagrama de radiação é omnidireccional,
sendo que nesta aplicação necessitamos de um diagrama de radiação que seja relativamente
directivo.
Neste trabalho conclui-se que a antena pretendida deveria radiar apenas para a frente da
placa do circuito impresso, com uma LFMP (Largura de feixo a meia potência) o mais
apertado possível no plano horizontal sendo no plano vertical não seria tão limitativo.
melhor à mobilidade existente nos receptores móveis, que deste modo ficam
independentes da posição em que se encontram.
Estas antenas apresentam um baixo perfil, baixo custo de fabrico, são mecanicamente
robustas quando montadas em superfície rígidas e se forem desenhadas sobre forma de patch
existem técnicas que permitem dimensionar facilmente a frequência de ressonância,
polarização e impedância de entrada.
Como mostra a Figura 12, uma antena impressa e formada num dos lados por um material
condutor, passando a funcionar como plano de massa. No lado oposto apenas uma parte foi
preenchida com material condutor funcionando como elemento radiante. Isto tudo assente
sobre um substrato com uma determinada altura (h), com uma constante dieléctrica relativa
(𝜀𝑟 ) e uma tangente de perdas, 𝛿, uma vez que o substrato pode apresentar perdas.
Para implementar uma antena mais directiva e portanto com um ganho superior é sempre
possível implementar agregados de antenas.
Neste sentido, se o objectivo for maximizar os efeitos de radiação, a antena terá que ser
alimentada por um cabo coaxial, escolhendo-se preferivelmente um substrato com uma altura,
h, maior e constante dieléctrica menor. Se ao invés, a ideia for implementar apenas uma linha
de transmissão, que guie a energia electromagnética, então deve-se escolher de preferência
um substrato de características contrárias. Por fim, se o objectivo for implementar as duas
situações em simultâneo, com a antena a ser alimentada por uma linha de transmissão, deve-
se assumir um compromisso.
O substrato escolhido foi o Rogers RT/Duroid 5870, que tem como características uma
permitividade relativa de 2.33, uma tangente de perdas de 0.0012 e uma altura de 3.175mm.
A permitividade efectiva surge devido ao facto dos efeitos das linhas de campo estar em
dois meios distintos, o ar e o substrato como se pode verificar na Figura 14. O valor desta
permitividade efectiva é calculado com base na equação 1.
𝜀𝑟 +1 𝜀𝑟−1 ℎ −0.5
𝜀𝑟𝑒𝑓𝑓 = + (1 + 12 𝑤) (1)
2 2
A frequência de ressonância deve ter em conta os efeitos de fuga das linhas de campo, que
confere uma distância adicional designada por ∆𝐿 tal como representa na Figura 15.
A distância adicional (∆𝐿) devido ao efeito de fuga das linhas de campo é obtida pela
equação 2. A partir do valor de ∆𝐿 é possível obter o comprimento efectivo da antena, dado
pela equação 3.
𝑤
(𝜀𝑟𝑒𝑓 +0.3)( +0.264)
ℎ
Δ𝐿 = 0.412ℎ 𝑤 (2)
(𝜀𝑟𝑒𝑓 −0.258)( +0.8)
ℎ
A frequência de ressonância (𝑓𝑟 ), tendo em conta o efeito de fuga das linhas de campo é
obtida pela equação 4.
𝑐
𝑓𝑟 = (4)
2𝐿𝑒𝑓 √𝜀𝑟𝑒𝑓
A primeira etapa consistiu em dimensionar uma antena impressa simples, para uma
frequência de acordo com o imposto pela norma 802.15.4. Neste caso optou-se por uma
frequência de 2.41GHz. Para alem disso pretendia-se promover uma adaptação o melhor
possível para 50Ω e com polarização linear.
Posteriormente de modo apertar a LFMP num dos planos foi elaborado um agregado de
duas antenas. A sua construção baseou-se na primeira antena dimensionada, que manteve
assim os parâmetros fundamentais. Foram redefinidas novas linhas de transmissão de modo a
unir as duas antenas e garantir uma adaptação razoável para a 50Ω.
Por fim, de modo a garantir uma maior directividade da antena em relação ao exemplo
anterior, dimensionou-se um agregado de quatro antenas a partir do agregado anterior, sendo
redefinido uma vez mais o dimensionamento das linhas de transmissão por forma a manter a
adaptação num nível aceitável.
O primeiro ensaio tem como objectivo obter uma antena que fosse ressonante na banda de
frequências centrada em 2.4GHz utilizando uma polarização linear. Sabe-se que a norma
impõe uma gama de frequências situada entre os 2.4GHz e os 2.4835GHz, onde é permitido
seleccionar um dos 16 canais em que cada canal tem uma largura de banda de 2.5MHz. Para
que a antena cumprisse estes requisitos foram calculadas as suas dimensões por cálculo
analítico. Posteriormente a dimensão da antena foi ajustado em simulação obtendo-se desta
forma os valores do comprimento, L e largura, W com um valor de 38.75 mm. A sua
alimentação foi efectuada utilizando-se o cabo coaxial, de modo a garantir uma boa adaptação
aos 50Ω. A localização do ponto de alimentação é indicada na Figura 16.
Numa segunda fase fez-se o projecto de uma antena impressa simples mas agora com
polarização circular de forma a que a frequência desta coincida com a da adaptação da antena.
Finalmente decidiu-se alimentar a antena por linha de transmissão, achando-se que é o
processo mais apropriado para o desenvolvimento do protótipo final.
A Figura 18 mostra a antena impressa simples, que é alimentada por uma linha de
transmissão. Ela é representada pela superfície de cobre assente sobre o substrato Rogers
RT/Duroid 5870.
Axial Ratio
Diagrama de Radiação
A antena construída pelas medidas verificadas na Figura 22 pode ser verificada na Figura
23.
Axial Ratio
Diagrama de Radiação
A Figura 26 representa o diagrama de radiação para φ=0º e φ=90º. Como se pode verificar
o diagrama de radiação com φ=0º é muito mais directivo relativamente ao exemplo anterior
passando de uma LFMP de 80º para 43º. Em relação ao plano com phi=90º ocorre apenas uma
diminuição de 10º na LFMP.
Finalmente o último ensaio consiste em tornar a antena ainda mais directiva num dos
planos. Para o efeito, foram dimensionadas 4 antenas em vez de duas. Dimensionou-se mais
uma vez o agregado de 4 antenas obtido a partir do dimensionamento do agregado de duas do
exemplo anterior, onde é necessário existir uma adaptação das linhas de transmissão ao porto
de 50Ω. Como se pode verificar na Figura 27 existe uma impedância próxima dos 50Ω no
ponto A, que foi dimensionado a partir do exemplo anterior. A partir deste ponto aplicou-se
um transformador de λ/4 de 70.7Ω, de modo a obter uma impedância no ponto B de 100Ω. Do
ponto B ao ponto C dimensionou-se uma linha de transmissão de 100Ω, a fim de preservar a
impedância do ponto B no ponto C. No ponto C como existem duas linhas de transmissão em
paralelo com a mesma impedância provenientes do agregado de duas antenas, faz com que a
sua impedância resultante seja de 50Ω. Para obter uma impedância final no ponto D, tendo de
ser igualmente de 50Ω acrescentou-se apenas uma linha de transmissão de 50Ω.
Axial Ratio
A Figura 29 permite identificar uma banda de frequências de 33MHz, as quais permitem obter
uma razoável polarização circular, pois estas encontram-se abaixo dos 3dB, aumentando
assim a escolha do canal a utilizar na norma 802.15.4.
Diagrama de Radiação
3.3.4 Síntese
A Tabela 2 apresenta uma síntese dos resultados simulados obtidos nos exemplos
anteriores em termos de parâmetros como o 𝑆11, Axial Ratio, Ganho e LFMP.
Com o apoio da Figura 31 que representa o diagrama de radiação das 3 antenas sobreposto
quando φ=0º, é possível verificar a existência dum acréscimo de ganho de 3dB e uma redução
na LFMP sempre para metade, comparativamente ao exemplo de uma antena para um
agregado de duas antenas e de um agregado de duas antenas para quatro, existindo sempre
uma aproximação dos objectivos inicialmente propostos.
Tabela 2- Comparativo das 3 antenas na adaptação a um porto de 50Ω, Axial Ratio, Ganho e LFMP
-30o 10 30o
-15
-20
-25
-30
o o
-90 90
-30
-25
-20
-15
-10
o o
-120 -5 120
10
o
-150 15 dB 150 o
o
180
de Aveiro.
Para se efectuarem as referidas medidas, foi necessário primeiramente ser feita uma
calibração à camara anecóica. Esta calibração é feita tirando medidas sobre uma antena de
referência, onde são conhecidas as suas características fundamentais. Seguidamente, é
introduzida a antena a testar com a pretensão de recolher as suas características fundamentais.
Relacionando as medidas da antena padrão com a antena a estudar é possível recolher as
medidas dos parâmetros fundamentais, as quais ficam registadas em computador.
O resultado obtido num cenário real na camara anecóica como agregado de duas antenas,
reflecte uma boa aproximação nos valores obtidos pelo simulador HFSS. A Figura 34 permite
verificar que a melhor adaptação em simulação atinge os -35.3dB à frequência 2.43GHz,
enquanto que os valores medidos na antena pela camara anecóica atingem a melhor adaptação
de -30dB à frequência de 2.404GHz. Baseado apenas nos valores medidos na camara
anecóica, sabendo-se que os canais aplicados na norma 802.15.4 estão compreendidos entre
as frequências de 2.4GHz e 2.4835GHz, verifica-se que a melhor opção é seleccionar os
canais de frequência mais baixa. Por outro lado, é preferível escolher os canais de frequência
superior, porque estes não apresentam interferência com os canais da banda da norma 802.11,
sendo necessário encontrar uma relação de compromisso.
-5
-10
-15
S11[dB]
-20
-25
-30
-35
-40
2.3 2.32 2.34 2.36 2.38 2.4 2.42 2.44 2.46 2.48 2.5
Frequência[Ghz]
Figura 34 - Comparativo 𝑺𝟏𝟏 nos resultados obtidos pelo simulado HFSS medido e em Camara Anecóica
4.1 Hardware
O hardware utilizado no projecto da portaria virtual é composto por um módulo de
transmissão e por módulos de recepção, sendo que estes últimos são compostos por uma placa
de desenvolvimento onde existe uma antena interna incorporada.
O módulo de emissão está instalado sobre uma plataforma, que se identifica por portaria
virtual. Tem como função enviar repetidamente mensagens em broadcast, com o objectivo de
verificar se existe algum receptor móvel atravessar a portaria virtual os quais devem
responder afirmativamente com a sua identificação (ID) se for esse o caso.
Numa portaria virtual como é sabido é pretendido uma antena directiva que privilegia
apenas uma direcção.
circular.
Com base nas duas antenas, das três dimensionadas e explicadas no capítulo anterior a
empresa Micro I/O desenvolveu uma nova placa de transmissão. Esta placa é em tudo idêntica
ao primeiro módulo RF, mas com a condição de suportar uma antena externa. A placa
desenvolvida tem uma saída adaptada a 50Ω na gama de frequências de 2.4GHz, garantindo-
se assim uma adaptação quase perfeita para as antenas dimensionadas.
O módulo receptor contém uma antena, que é um dipolo impresso e como tal apresenta um
diagrama de radiação omnidireccional. Estas antenas não apresentam uma direcção
privilegiada no seu diagrama de radiação. Nesta situação, são apenas adequadas ao módulo de
recepção.
No caso do módulo de recepção a antena adequa-se na perfeição à situação, uma vez que
esta tem de estar sempre à escuta em todas as direcções para saber se existe alguma
solicitação. Na Figura 37 é possível verificar o diagrama de radiação da antena do módulo
receptor.
4.2 Protocolo
Para que o módulo emissor consiga registar a passagem de todos os utilizadores na portaria
virtual é necessário que exista um protocolo comum entre as entidades envolvidas (emissor e
receptor). Para tal, antes de se efectuarem testes e medidas com o desempenho do sistema
implementou-se um protocolo, que permite ao emissor registar a passagem de todos os
utilizadores que passem pela portaria virtual.
Por outras palavras, o emissor difunde uma palavra-chave em broadcast (para todos os
utilizadores). O receptor por outro lado compara a mensagem recebida com a sua palavra-
chave. Se estas coincidirem o receptor envia uma resposta (ACK) que contem a sua
identificação (ID), que permite identificar a sua presença na portaria virtual. Este ID permite
ao emissor registar, que determinado utilizador passou na portaria virtual, numa determinada
data que será automaticamente registada.
Módulo Emissor
Sim
Não Não
Mensagem de acesso enviada em
Difusão Registo dos dados
do utilizador em
Base de Dados
Sim
Existe alguma
mensagem recebida?
Mensagem de acesso
corresponde?
Sim
No outro extremo encontra-se o módulo receptor, que funciona também nos dois modos.
Este módulo em modo de escuta verifica se existe alguma mensagem difundida, que contenha
um código de acesso igual ao seu. Se esta condição se verificar então o receptor em modo de
emissão envia a sua identificação (ID) acompanhado com a respectiva palavra de acesso,
conforme se pode verificar no Fluxograma da Figura 40.
Modulo Receptor
Sim
Existe mensagem de
Não
emissão? Enviar codigo de acesso e
o seu ID
Sim
Código de acesso
Sim
correcto?
4.3 Resultados
O capítulo que se segue tem como finalidade apresentar resultados práticos sobre diversos
cenários, com a finalidade de averiguar a eficácia da antena desenvolvida para o projecto da
portaria virtual.
Os resultados finais das medidas em cada ponto representam uma média de 10 medições
garantindo uma maior confiança nos resultados obtidos, uma vez que o valor lido do RSSI
apresentou-se bastante instável, embora se desconheça as razões para tal comportamento,
Para este cenário foram ensaiadas duas das três antenas dimensionadas e referidas no
capítulo 3, nomeadamente a antena simples e o agregado de duas antenas.
Os resultados que são apresentados foram obtidos pela placa receptora obtendo-se a
potência do sinal por RSSI. Estes valores são normalizados para um máximo de 100 que
corresponde ao maior valor de potência recebida. Para desnormalizar os valores obtidos
apenas é necessário multiplicar-se o resultado pelo factor 2,56, porque na verdade os valores
recolhidos na placa do receptor variam entre 0 e 256 .
A partir do teste efectuado em espaço livre sobre a antena impressa simples é possível
verificar a partir da Figura 42, que a potência do sinal que chega ao receptor é mais forte para
distâncias mais curtas e para os ângulos próximos da directividade máxima da antena como
seria de prever. Verifica-se no entanto que as medidas para três e cinco metros estão muito
40
Sinal RSSI
30
20
10
0
-150 -100 -50 0 50 100 150 200
Ângulo
Apesar de não ser possível determinar um valor preciso para a LFMP, surge no entanto a
possibilidade de verificar, que as medidas obtidas com o agregado de duas antenas e
apresentadas no gráfico da Figura 43 apresentam uma selectividade muito maior em relação
às medidas obtidas com a antena simples verificadas no gráfico da Figura 42, favorecendo
desta forma o dimensionamento do projecto da portaria virtual. A potência medida para
direcções frontais no plano horizontal tem um decréscimo muito mais acentuado, permitindo
assim uma maior selectividade dos receptores móveis, conduzindo a uma eficiência superior.
Nesta situação o nível de decaimento do sinal ainda é maior do que na situação anterior, tal
como seria de esperar.
70
1.5m
3m
60 5m
50
Sinal RSSI
40
30
20
10
0
-150 -100 -50 0 50 100 150 200
Ângulo
O objectivo deste conjunto de medidas é testar o sistema num ambiente exterior real e
retirar as conclusões sobre a aplicabilidade da antena. Num cenário real, na maioria das vezes,
o sinal que se recebe não é apenas o resultado do raio directo. Este representa a soma de
múltiplas reflexões e difracções com os respectivos atrasos o que leva a efeitos construtivos
ou destrutivos consoante a fase relativa dos sinais recebidos no receptor e portanto espera-se
assim uma maior variação nos valores obtidos de RSSI.
Uma vez que a análise da antena comprova que o nível de sinal recebido na parte traseira
da antena é muito inferior ao valor da parte frontal, optou-se aqui por fazer apenas medidas
entre -90º a 90º, tal como representado na Figura 44. Também tendo em atenção os resultados
obtidos nas primeiras medidas, optou-se aqui por apenas apresentar os resultados obtidos com
o agregado de duas antenas, uma vez que esta antena permite ter uma LFMP mais baixa.
Nas medidas para ambiente externo, a fim de se efectuar um estudo mais aprofundado,
recolheram-se medidas considerando o valor médio, mínimo e máximo para cada ponto de
RSSI. Estas medidas são consideradas importantes, porque o nível de sinal para o mesmo
ponto apresenta uma grande variabilidade. Deve-se considerar também a mobilidade do
receptor, tornando este valor ainda mais inconstante.
De igual forma foi efectuado uma média de 10 medidas para cada ponto e, apesar destas
estarem sujeitas a um ambiente de reflexões múltiplas, conclui-se mais uma vez, que para os
ângulos para os quais a antena é mais directiva e simultaneamente para distâncias mais curtas
o sinal medido é mais forte, perspectivando-se uma detecção mais eficaz do utilizador que
passa pela portaria virtual conforme se pode verificar na Figura 45.
80
1.5m
70 3m
5m
60
50
Sinal RSSI
40
30
20
10
0
-100 -50 0 50 100
Ângulo
Figura 45- Medidas com valor médio numa portaria virtual em ambiente exterior.
Fazendo uma análise à Figura 46, que representa uma comparação entre as medidas
efectuadas em campo aberto e em ambiente externo para as distâncias de três e cinco metros,
chegou-se à conclusão, que o decaimento do RSSI, para os ângulos onde a antena emissora
apresenta um ganho menor, em ambiente aberto é mais linear, denotando-se assim que existe
uma maior estabilidade no sinal recebido. Também se pode concluir que com o aumento da
distância ente as antenas, as medidas recolhidas pelo receptor na portaria virtual sofrem de um
aumento de instabilidade mais significativo em relação ao ambiente aberto. Este fenómeno
deve-se a efeitos de multipercurso. Contudo, apesar dos efeitos verificados, pode-se concluir
que estes não são significativos e decisivos nos resultados obtidos na portaria virtual, não
contribuindo desta forma, de um modo decisivo nas leituras obtidas no receptor para as
distâncias até cinco metros.
Distancia de 3m Distancia de 5m
60 45
Ambiente Livre Ambiente Livre
Portaria Virtual 40 Portaria Virtual
50
35
40 30
25
RSSI
RSSI
30
20
20 15
10
10
5
0
0 -100 -50 0 50 100
-100 -50 0 50 100
Ângulo
Ângulo
Figura 46 - Comparativo de medidas em ambiente exterior em campo aberto e ambiente exterior para as
distâncias de 3 e 5 metros.
60
50
RSSI
40
30
20
10
0
-100 -50 0 50 100
Ângulo
Figura 48 - Medidas numa portaria virtual em ambiente exterior tendo em conta a instabilidade do sinal
medido.
Considerando agora a distância de 3 metros pode-se verificar que em linha de vista com o
melhor sinal possível (ver linha vermelha na Figura 50), conclui-se que é possível existir
comunicação entre emissor e o receptor para qualquer ângulo. No caso da antena receptora
não se encontrar em linha de vista do emissor e se considerar apenas o valor mínimo a receber
pelo receptor (ver linha azul da Figura 50), só se garante a comunicação se esta se encontrar
em ângulos inferiores a 45º em relação à antena emissora.
Figura 50 - Medidas numa portaria virtual em ambiente exterior tendo em conta a instabilidade do sinal
medido em RSSI.
No caso da placa receptora permitir apenas receber sinais para um RSSI superior a 35 como
no exemplo anterior poder-se-á verificar através das Figuras 50 e 51, que quando o receptor se
encontra em ângulos superiores a 35º nunca existira comunicação entre a placa receptora e
emissora, mesmo no caso destas se encontrarem em linha de vista (ver linha vermelha da
Figura 50). Por outro lado para ângulos inferiores a 35º a detecção do utilizador nunca é
totalmente garantida (ver linha azul da Figura 50), não sendo preocupante para uma distância
de 3 metros.
Figura 51- Aceitação da ligação entre emissor e receptor para distâncias superiores a 3 metros
Figura 52 - Medidas numa portaria virtual em ambiente exterior tendo em conta a instabilidade do sinal
medido em RSSI.
Se a placa receptora for configurada para receber um RSSI superior a 35 verifica-se, que,
só se consegue garantir comunicação entre as duas placas se as antenas estiverem em linha de
vista e se o receptor se encontrar numa abertura angular inferior a 25º. Caso contrário, a sua
passagem pode não ser detectada quando o receptor se cruza na portaria virtual, o que não é
preocupante considerando que a distância considerada é de 5m, como se pode verificar na
Figura 53.
Figura 53- Aceitação da ligação entre emissor e receptor para distâncias superiores a 5 metros
Conclusão
Se o receptor for configurado para receber um RSSI>35 com o intuito de limitar o sinal
recebido na placa receptora, então verificam-se três situações.
Tabela 4- Medidas com configuração de RSSI de 35(89.6 não normalizado) na placa receptora
&&
15<α<55º
O cenário de testes escolhido foi uma sala onde se recorreu à sua divisória para instalar o
equipamento necessário, para permitir simular a portaria virtual. Dentro da circunferência
vermelha da Figura 54 e 55, é possível observar a instalação da antena e da placa emissora.
Esta tem como missão detectar a passagem do utilizador numa faixa com o plano horizontal o
mais apertado possível.
Figura 55- Equipamento emissor (antena e placa transmissora) instalado na portaria virtual.
O emissor foi colocado ao meio da sala direccionado para o chão a uma altura próxima de
dois metros. Este está sinalizado a verde igualmente na Figura 56.
Para esta análise para cada ponto de medida foi tida em conta as oscilações e a
instabilidade do sinal recebido. Na Figura 57 pode-se verificar através das medidas efectuadas
o valor máximo e mínimo de RSSI que a placa receptora pode receber em cada ponto.
Segundo as medidas recolhidas em ambiente indoor constata-se que existe uma grande
instabilidade no sinal recebido por parte da placa receptora. Assim sendo, é desejável ajustar
um valor mínimo de RSSI a receber pelo receptor. Para o efeito, é difícil escolher o melhor
valor para RSSI, porque para medidas até dois metros o mesmo sinal pode chegar até valores
de 140, que ultrapassem o valor mínimo que a antena receptora recebe quando passa pela
portaria virtual (ver valores da Figura 57). Se for configurado um valor muito elevado na
placa receptora, corre-se o risco do utilizador não ser detectado na portaria virtual. Por outro
lado, se este valor for demasiado baixo, a portaria virtual aumenta o seu alcance correndo o
risco de interagir com receptores que não têm intensão de atravessar a portaria virtual. Para
este efeito deve-se configurar um RSSI que abranja uma cobertura menor possível, sem
prejudicar a identificação do utilizador na sua passagem. Para este cenário o valor mais
aceitável é configurar a placa receptora para receber valores de RSSI superiores a 120. Devido
ao alcance excessivo apresentado pelas duas antenas, também é aconselhável limitar ao
máximo a potencia enviada nas duas placas. Para a finalidade apenas é necessário configurar
o módulo 802.15.4 existente nas duas placas. Para além do controlo em software também
convém limitar o valor de RSSI por hardware. Para este efeito existe uma solução que não foi
ensaiada neste trabalho, que consiste em utilizar atenuadores internos e externos na placa
receptora e emissora respectivamente.
O presente trabalho teve como objectivo melhorar o desempenho dos módulos 802.15.4 já
existentes e dimensionados pela empresa Micro I/O. Estes deviam permitir o registo de
utilizadores na passagem por uma portaria virtual. Contudo, o desempenho destes módulos
mostrava-se pouco eficiente, por apresentar uma antena com um diagrama de radiação
omnidirecional. Este tipo de antenas não apresenta uma direcção privilegiada no seu diagrama
de radiação, não satisfazendo assim as exigências duma portaria virtual.
Para o efeito foram dimensionadas novas antenas de modo a conferir novas características
aos módulos já existentes. Estas antenas permitiram que os módulos se tornassem mais
directivos, que apresentassem um ganho elevado e ainda uma polarização circular conferindo
deste modo um aumento de eficiência na portaria virtual.
De seguida foram efectuadas uma campanha de medidas em campo aberto, numa portaria
virtual em ambiente exterior e numa portaria virtual mas em ambiente interno, concluindo-se
que a instabilidade existente nos valores lidos de RSSI em ambiente interior é superior ao
ambiente exterior, devido à existência duma maior interferência de reflexões múltiplas, onde a
intervenção do raio indirecto é mais notória. Outra conclusão a retirar para as duas situações
mencionadas é que o sinal recebido pelo receptor é mais forte à medida que a distancia entre a
placa emissora e receptora tende a diminuir e também quando a placa receptora tende em se
aproximar do angulo do ganho máximo da antena emissora.
Através dos testes efectuados foi possível verificar, que um dos principais obstáculos para
obtenção de resultados óptimos numa portaria virtual é o excesso de sinal existente entre o
emissor e receptor, não sendo possível implementar uma portaria virtual tão eficaz como se
pretendia. Para tal, reduziu-se ao máximo a potência a transmitir pelas duas placas por
software e ainda se limitou a leitura no receptor do valor de RSSI, que permite implementar
uma portaria virtual mais selectiva sem que esta coloque em risco a não detecção do
utilizador.
Trabalho futuro
Uma melhoria a implementar no futuro é introduzir atenuadores nos módulos emissores e
receptores. Estes atenuadores permitiram reduzir consideravelmente a potência do sinal na
frequência de interesse e ainda controlar a sua atenuação pretendida digitalmente por
software.
No caso dos atenuadores externos com uma atenuação até aos 64dB são os mais
aconselháveis, quando são introduzidos no módulo emissor. Este modulo como esta fixo na
portaria virtual, não está sujeito à mobilidade e por ter a antena externa à placa desenvolvida
permite utilizar um atenuador externo sem que para isso exista a necessidade de dimensionar
uma nova placa emissora.
O módulo receptor como é transportado pelo utilizador, está sujeito a uma grande
mobilidade, sendo necessário que este seja o mais compacto possível, exigindo-se um
atenuador interno. Para implementar este atenuador, dado que todos os elementos são internos
da placa receptora, torna-se necessário dimensionar uma nova placa receptora. Este atenuador
é controlado digitalmente pela placa receptora e permite uma atenuação até 32dB.
Na Figura 58, pode-se exemplificar um atenuador externo e outro interno, que poderiam ser
aplicados no projecto de portaria virtual.
Esta deve permitir o envio de ondas electromagnéticas de um meio guiado para o meio
livre do modo mais eficiente possível na transmissão, na recepção deve ocorrer o processo
inverso [19].
As antenas possuem características que as distinguem das demais, nas quais se reflectem
em propriedades como o diagrama de radiação, directividade, ganho, polarização, impedância
de entrada e largura de banda. Estas propriedades dependem de características como a
dimensão da antena, o desenho da antena, o modo como é alimentada, se existe um reflector,
do material e também se a antena é derivada de um agregado de antenas ou se é simplesmente
única. Todas estas considerações foram tidas em conta para o desenvolvimento da antena e
são detalhadas no capítulo 3.
No decorrer do presente anexo serão analisadas cada uma das propriedades descritas.
Diagrama de Radiação
O diagrama de radiação representa o modo como uma antena distribui o campo eléctrico
ou potência pelo espaço. Esta representação é expressa em modo gráfico em planos 2D ou
3D.
O diagrama de radiação deve ser analisado em diversos planos e neles se destacam os planos
ϕ=0 e 0<θ<360 ,ϕ=90 e 0<θ<360 ou θ=0 e 0<ϕ<180 segundo o sistema de coordenadas
cilíndricas.
Finalmente o lobo traseiro é o secundário que normalmente tem a direcção oposta ao lobo
principal.
Uma antena Isotrópica não apresenta nenhuma direcção privilegiada, uma Omnidireccional
apresenta a máxima direcção sobre um plano e uma antena directiva apresenta um máximo
sobre uma determinada direcção.
Impedância de entrada
A impedância é composta por uma parte real e uma parte imaginária. Quando se
dimensiona a impedância de entrada de uma antena deve-se tentar aproximar ao máximo a
parte real ao valor oferecido pela carga, reduzindo ao máximo a componente imaginária.
Figura 60- Exemplo da impedância de entrada de uma antena com (55-7j)Ω à frequência de 2.41GHz.
SWR
Para um ρ não nulo existe sempre uma desadaptação, existindo uma interferência entre a
onda incidente e reflectida. Neste contexto, existe uma interferência entre as duas ondas
conhecida por onda estacionária. A envolvente da onda estacionária é periódica quando a
distancia entre dois máximos ou dois mínimos adjacentes é de meio comprimento de onda.
Neste contexto surge o SWR (Standing Wave Ratio), o qual relaciona os máximos e mínimos
Para uma adaptação óptima o SWR seria unitário, mas na prática tal adaptação é
impossível de implementar, porque para além de outros factores, normalmente esta é feita
para uma gama de frequências que correspondem a uma largura de banda, sendo razoável
implementar um SWR de 2 para o pior caso.
Ganho e Directividade
A densidade de potência é uma grandeza que depende do ponto em que é observada. Deste
modo a intensidade de radiação tem de ser associada a uma determinada direcção (U). Esta
define a potência radiada por unidade de angulo solido, ou seja, um steradiano [21].
A directividade permite focar o lobo principal. Esta quantifica de quanto é que uma antena
radia numa dada direcção e relaciona a intensidade de radiação, que a antena produz numa
determinada direcção como se fosse produzida por uma antena isotrópica radiando a mesma
potência [21].
𝑃𝑟𝑎𝑑
𝑈𝑜 = (10)
4𝜋
𝑈(𝜃,𝜙) 𝑈(𝜃,𝜙)
𝐷(𝜃, 𝜙) = ↔ 𝐷(𝜃, 𝜙) = 4𝜋 (11)
𝑈0 𝑃𝑟𝑎𝑑
Polarização
A antena emissora e a antena receptora terão que ser concordantes no tipo de polarização.
O tipo de polarização da antena depende da variação em amplitude e na direcção que o vector
ou vectores do campo eléctrico sofrem ao longo do tempo.
Para a existência da polarização circular têm que existir dois vectores ortogonais com
amplitudes iguais, se esta condição não se verificar, então estamos perante uma polarização
elíptica. Estas condições podem ser verificadas a partir do Axial Ratio, onde numa
polarização circular perfeita esta relação toma um valor unitário (relação de amplitudes entre
vectores). A polarização circular por sua vez pode ser polarização circular esquerda (LHCP)
ou direita (RHCP).
Largura de Banda
A largura de banda é todo o intervalo de frequências para o qual o sinal se mantém dentro
dos limites aceitáveis. Normalmente existem dois critérios importantes para definirem os
limites, os quais conjugam com a adaptação da antena (S11) abaixo dos -20dB e um axial
ratio abaixo dos 3dB no caso de ser utilizada uma polarização circular. A largura de banda é
definida pela diferença entre a frequência inferior admissível e a frequência máxima.
𝐹𝑚𝑎𝑥 +𝐹𝑚𝑖𝑛
𝐹𝑟𝑒𝑞𝑢ê𝑛𝑐𝑖𝑎 𝐶𝑒𝑛𝑡𝑟𝑎𝑙 (𝐹𝑐) = (15)
2
𝐹𝑚𝑎𝑥 −𝐹𝑚𝑖𝑛
𝐿𝐵 = . 100 (16)
𝐹𝑐
[8] Dick Caro is an ISA Life Fellow. This article comes from his new book Wireless Networks
for Industrial Automation, ISA Press, 2004.
[9] Ribeiro Pedro “Acetatos de Tecnologias Avançadas de Redes (Redes Wirless Lan)”, Isel
[10] Ergen Sinem Coleri " ZigBee/IEEE 802.15.4 Summary", September 10, 2004
[11] Kleber Luís Henrique e Heck Leandro Sehnem “Automação Residencial”, Faculdade de
Engenharia de Computação, Fevereiro de 2007
[12] Gomes Gonçalo Luís Santos “ Sistema RFID com Tecnologia ZigBee”, IST, Novembro
de 2008
[15] Pioner Lucas e Trentin Marco António Sandini, “Body Área Networks” , Instituto de
Ciências Exactas e Geociências
[16] Antenas Theory- Analysis and Design Second Edition- “Constantine A.Balanis
[20] Pedro Pinho- “Dissertação sobre Antenas para um terminal Movel”, Universidade de
Aveiro 2000
[22] http://www.qsl.net/py4zbz/antenas/polarizacao.htm