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ISEL

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA


SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO E PUBLICAÇÕES

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA


Área Departamental de Engenharia de Electrónica e
Telecomunicações e de Computadores

PLANEAMENTO E OPTIMIZAÇÃO EM REDES


CELULARES MÓVEIS
AUTO-GERIDAS ASSENTES EM LTE
Marco António Lourenço Carvalho
(Licenciado)

Trabalho Final de Mestrado para Obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de


Electrónica e Telecomunicações

Orientador:
Doutor Pedro Manuel de Almeida Carvalho Vieira

Júri:
Presidente: Doutor Mário Pereira Véstias
Vogal - Arguente: Doutor António José Castelo Branco Rodrigues
Vogal - Orientador: Doutor Pedro Manuel de Almeida Carvalho Vieira

Novembro
ISEL
INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE
SERVIÇO DE DOCUMENTAÇÃO E PUBLICAÇÕES

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE LISBOA


Área Departamental de Engenharia de Electrónica e
Telecomunicações e de Computadores

PLANEAMENTO E OPTIMIZAÇÃO EM REDES


CELULARES MÓVEIS
AUTO-GERIDAS ASSENTES EM LTE
Marco António Lourenço Carvalho
(Licenciado)

Trabalho Final de Mestrado para Obtenção do Grau de Mestre em Engenharia de


Electrónica e Telecomunicações

Orientador:
Doutor Pedro Manuel de Almeida Carvalho Vieira

Júri:
Presidente: Doutor Mário Pereira Véstias
Vogal - Arguente: Doutor António José Castelo Branco Rodrigues
Vogal - Orientador: Doutor Pedro Manuel de Almeida Carvalho Vieira

Novembro
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Agradecimentos
A realização deste trabalho não seria possível sem o apoio, colaboração e compreensão
das pessoas que são dispostas de seguida. A todos eles gostaria de exprimir a minha
enorme gratidão e reconhecer-lhes o elevado contributo que deram à concretização deste
trabalho.

Ao Instituto de Telecomunicações pelo interesse e apoio que deu no desenvolvimento e


divulgação deste trabalho.

À Celfinet e em especial ao Eng. Luís Varela pela compreensão e apoio que deu ao longo
da realização deste trabalho.

À Vodafone Portugal e em especial ao Eng. Carlos Caseiro, Eng. Raul Almeida e Eng.
Luís Chaves que tornaram possível contributo desta neste trabalho.

Ao Eng. Pedro Vieira pela oportunidade, orientação, amizade e acima de tudo pela
confiança que transmitiu desde o primeiro contacto.

Ao Eng. Ricardo Reis pelo apoio e incentivo que transmitiu desde os primeiros passos
desta longa caminhada.

À Janice Ferreira pela enorme compreensão, paciência e ajuda que deu e que toda a
diferença fez nos momentos mais difíceis.

À minha mãe, Olinda Lourenço, por, a partir de tão pouco, ter feito tanto por mim e tornar-
me no homem que sou hoje.

Ao Carlos Sousa por em poucas palavras me ter dado um novo fôlego na recta da meta.
A todos aqueles que não foram mencionados acima mas que de forma directa ou indirecta
contribuiram para a realização deste trabalho. A todos eles, o meu obrigado!
Abstract
The aim of this work is to evaluate the benefits of the Self-Organizing Networks (SON),
with regard to planning and optimization in Long Term Evolution (LTE) networks, not only
through its study but also through the development and testing of algorithms that assess
the functioning of some of its main functions.

The accomplished study on SON allowed the identification of a set of functions, such
as automatic Physical Cell Id (PCI) assignment, Automatic Neighbour Relation (ANR) and
automatic handover parameter optimization that can ease or even replace some of the
most common tasks in mobile network planning and optimization, in particular, LTE
networks.

Using an open source, Matlab® based, LTE simulator, available for academic
research, a set of algorithms, which allow the implementation of the functions in question,
were developed.

In addition to the implemented functions, a set of changes, which give this simulator the
ability to represent and simulate real networks were also introduced, allowing a more
coherent analysis of the developed algorithms.

The obtained results, beyond clearly showing the benefit of the developed algorithms,
were also compared with those obtained by the professional planning and optimization
tool, Atoll®, verifying a close performance level in some functions.

Finally, a graphical interface was developed that allows the design, configuration,
simulation and data analysis of the considered scenarios.

Keywords
Wireless Communications, Planning, Optimization, Operation, Self-Configuration, Self-
Optimization, LTE, SON

ix
Resumo
O objectivo deste trabalho consiste em avaliar os benefícios das Self-Organizing Networks
(SON), no que concerne ao planeamento e optimização de redes Long Term Evolution
(LTE), não só através do seu estudo, como também através do desenvolvimento e teste
de algoritmos, que permitem avaliar o funcionamento de algumas das suas principais
funções.

O estudo efectuado sobre as SON permitiu identificar um conjunto de funções, tais


como a atribuição automática de Physical Cell Id (PCI), o Automatic Neighbour Relation
(ANR) e a optimização automática de parâmetros de handover, que permitem facilitar ou
mesmo substituir algumas das tarefas mais comuns em planeamento e optimização de
redes móveis celulares, em particular, redes LTE.

Recorrendo a um simulador LTE destinado à investigação académica, em código


aberto e desenvolvido em Matlab®, foi desenvolvido um conjunto de algoritmos que
permitiram a implementação das funções em questão. Para além das funções
implementadas, foram também introduzidas alterações que conferem a este simulador a
capacidade de representar e simular redes reais, permitindo uma análise mais coerente
dos algoritmos desenvolvidos.

Os resultados obtidos, para além de evidenciarem claramente o benefício dos


algoritmos desenvolvidos, foram ainda comparados com os obtidos pela ferramenta
profissional de planeamento e optimização Atoll®, tendo-se verificado a franca
proximidade de desempenho em algumas das funções.

Finalmente, foi desenvolvida uma interface gráfica que permite o desenho,


configuração e simulação de cenários, bem como a análise de resultados.

Palavras-chave
Comunicações Wireless, Planeamento, Optimização, Auto-Configuração, Auto-
Optimização, LTE, SON

x
Índice
Agradecimentos....................................................................................................................vii

Abstract.................................................................................................................................ix

Resumo.................................................................................................................................xi

Índice...................................................................................................................................xiii

Índice de Figuras.................................................................................................................xix

Índice de Tabelas...............................................................................................................xxiii

Índice de Equações............................................................................................................xxv

Acrónimos.........................................................................................................................xxvii

Lista de Símbolos.............................................................................................................xxxiii

1 Introdução........................................................................................................................1

1.1 Enquadramento..................................................................................................2

1.2 Objectivos...........................................................................................................2

1.3 Organização do relatório....................................................................................4

1.4 Artigos Publicados..............................................................................................5

2 Estado da Arte.................................................................................................................7

2.1 Long Term Evolution...........................................................................................8

2.1.1 Requisitos................................................................................................................................... 8

2.1.2 Arquitectura de Rede.................................................................................................................. 9

2.1.3 Interface Rádio.......................................................................................................................... 12

2.1.4 Protocolos de Rádio.................................................................................................................. 14

2.1.4.1 Canais Lógicos................................................................................................................. 16

2.1.4.2 Canais de Transporte....................................................................................................... 17

2.1.4.3 Canais Físicos.................................................................................................................. 18

2.1.5 Codificação, Modulação e Multiplexagem.................................................................................19

x
2.1.6 Técnicas de Antenas Múltiplas.................................................................................................. 20

2.2 Self Organizing Network...................................................................................22

2.2.1 Requisitos das SON.................................................................................................................. 23

2.2.2 Arquitectura............................................................................................................................... 23

2.2.3 Funções das SON..................................................................................................................... 25

2.2.3.1 Auto-Configuração............................................................................................................ 25

2.2.3.2 ANR (Automatic Neighbour Relation)...............................................................................26

2.2.3.2.1 Intra-LTE/Intra-Frequency ANR....................................................................................28

2.2.3.2.2 Inter-RAT/Inter-Frequency ANR...................................................................................29

2.2.3.3 Configuração automática do Physical Cell ID...................................................................30

2.2.3.4 Auto Optimização............................................................................................................. 32

2.2.3.4.1 Tracking Area............................................................................................................... 32

2.2.3.4.2 Optimização de Mobilidade.......................................................................................... 33

3 Planeamento e Optimização em Redes LTE................................................................35

3.1 Planeamento Celular em LTE...........................................................................36

3.1.1 Dimensionamento da Rede de Acesso.....................................................................................37

3.1.1.1 Dimensionamento para Qualidade...................................................................................37

3.1.1.2 Dimensionamento para Cobertura....................................................................................37

3.1.1.3 Dimensionamento para Capacidade.................................................................................40

3.1.1.3.1 Cálculo do Débito Médio por Célula.............................................................................40

3.1.2 Parametrização......................................................................................................................... 41

3.1.2.1 Tracking Area................................................................................................................... 41

3.1.2.2 Physical Cell Identity......................................................................................................... 42

3.1.2.3 Planeamento de Frequências........................................................................................... 43

3.1.2.4 Relações Vizinhança........................................................................................................ 44

3.1.2.4.1 Mobilidade LTE em RRC_CONNECTED.....................................................................44

3.1.2.4.1.1 Intra-Frequency (Intra-MME/SGW) Handover......................................................45

3.1.3 Optimização.............................................................................................................................. 47

3.1.3.1 Resolução Automática do Physical Cell Id.......................................................................48

3.1.3.2 Criação Automática de Relações Vizinhança...................................................................49

xi
3.1.3.3 Optimização de Handover................................................................................................ 49

3.1.3.3.1 Métricas de Handover.................................................................................................. 49

3.1.3.3.2 Indicadores de Desempenho........................................................................................50

4 Simulação de Redes Auto-Geridas...............................................................................53

4.1 System Level Simulator of LTE Networks........................................................54

4.1.1 Arquitectura do System Level Simulator...................................................................................54

4.1.2 Modo de Funcionamento........................................................................................................... 55

4.2 Implementação de Funções de Auto-Gestão...................................................58

4.2.1 Atribuição Automática de PCI................................................................................................... 60

4.2.2 Resolução de Conflitos de PCI................................................................................................. 61

4.2.3 Criação Automática de Relações Vizinhança............................................................................63

4.2.3.1 Modo de Funcionamento.................................................................................................. 64

4.2.4 Optimização de Handover......................................................................................................... 69

4.2.4.1 Detecção de Oscilação..................................................................................................... 69

4.2.4.2 Controlo de Oscilação...................................................................................................... 70

4.3 Interface Gráfica para Simulação de Redes Auto-Geridas..............................73

4.3.1 Atribuição e Resolução de PCI................................................................................................. 74

4.3.2 Automatic Neighbour Relation (ANR)........................................................................................ 74

4.3.3 Optimização de Handover......................................................................................................... 75

5 Análise de Desempenho...............................................................................................77

5.1 Ferramenta de Planeamento e Optimização Atoll............................................78

5.2 Definição de Cenários......................................................................................79

5.2.1 Cenário Urbano Denso.............................................................................................................. 80

5.2.2 Cenário Urbano......................................................................................................................... 81

5.2.3 Cenário Suburbano................................................................................................................... 83

5.2.4 Cenário Rural............................................................................................................................ 84

5.3 Simulação.........................................................................................................85

5.3.1 Análise de Cobertura................................................................................................................. 85

5.3.2 Análise das Funções SON........................................................................................................ 90

5.3.2.1 Atribuição e Resolução de PCI......................................................................................... 90


x
5.3.2.2 Automatic Neighbour Relations........................................................................................97

5.3.2.3 Optimização de Handover..............................................................................................100

6 Conclusões..................................................................................................................109

6.1 Resumo...........................................................................................................110

6.2 Conclusões.....................................................................................................112

6.3 Trabalho Futuro..............................................................................................115

Anexo A..............................................................................................................................117

A.1 Auto-Optimização de Canais Físicos.............................................................118

A.1.1 Optimização do RACH....................................................................................118

A.1.1.1 Procedimento de Acesso Aleatório......................................................................................... 119

A.1.1.2 Algoritmo de Optimização....................................................................................................... 120

A.1.2 Balanceamento de Carga...............................................................................122

A.1.3 Coordenação de Interferência Inter-Célula....................................................123

A.1.4 Optimização Avançada de Mobilidade...........................................................125

A.1.4.1 Detecção de Too Late HOs..................................................................................................... 127

A.1.4.2 Detecção de Too Early HO..................................................................................................... 127

A.1.4.3 Redução de HO desnecessários.............................................................................................128

A.2 Self-Healing.............................................................................................................128

A.3 Poupança de Energia.............................................................................................129

Anexo B..............................................................................................................................131

B.1 Requisitos Mínimos.................................................................................................132

B.1.1 Requisitos de Software...................................................................................132

B.1.2 Requisitos de Hardware.................................................................................132

B.2 Funcionalidades......................................................................................................133

B.3 Interface..................................................................................................................134

B.3.1 Vista Geral......................................................................................................134

B.3.2 Componentes..................................................................................................134

B.3.2.1 Menu Principal........................................................................................................................ 134

x
B.3.2.2 Barra de Ferramentas............................................................................................................. 136

B.3.2.3 Lista de eNodeB...................................................................................................................... 136

B.3.2.4 Painel de Configurações......................................................................................................... 136

B.4 Definições Avançadas............................................................................................138

B.4.1 Optimização de Handover..............................................................................138

B.4.2 Automatic Neighbour Relation........................................................................139

B.5 Criação de Cenários...............................................................................................139

B.5.1 Carregar Mapas..............................................................................................140

B.5.2 Criar eNodeB..................................................................................................140

B.5.3 Definir Cenário................................................................................................141

B.5.4 Definir Região de Interesse............................................................................142

B.5.5 Guardar Cenário.............................................................................................142

B.6 Análise de Resultados............................................................................................143

B.6.1 Sector Boundaries..........................................................................................143

B.6.1.1 In Map..................................................................................................................................... 143

B.6.1.2 In Figure.................................................................................................................................. 143

B.6.2 Signal Level....................................................................................................144

B.6.2.1 In Map..................................................................................................................................... 144

B.6.2.2 In Figure.................................................................................................................................. 144

B.6.3 Alocação de PCI.............................................................................................144

B.6.3.1 In Map..................................................................................................................................... 144

B.6.3.2 In Figure.................................................................................................................................. 145

B.6.4 Neighbour.......................................................................................................145

B.6.4.1 Neighbour Relation................................................................................................................. 145

B.6.4.2 Removed Neighbour............................................................................................................... 146

B.6.4.3 Neighbour Counters................................................................................................................ 146

B.6.4.4 Handover Chart....................................................................................................................... 147

B.6.5 Handover........................................................................................................147

B.6.5.1 Handover Oscillation Rate Chart............................................................................................. 147


x
B.6.5.2 Handover Oscillation Rate Counters.......................................................................................148

B.6.5.3 Optimized Handover Parameters............................................................................................148

B.6.6 Physical Cell Id...............................................................................................149

B.6.6.1 Inibid Users Chart................................................................................................................... 149

B.6.6.2 Resolution Chart..................................................................................................................... 149

B.7 Problemas Conhecidos...........................................................................................151

B.7.1 Desempenho...................................................................................................151

B.7.2 Interface Gráfica.............................................................................................151

Anexo C.............................................................................................................................153

C.1 Link Budget LTE.............................................................................................154

C.2 Cálculo do Raio de Célula..............................................................................155

C.2.1 Cenário Urbano Denso............................................................................................................ 155

C.2.2 Cenário Urbano....................................................................................................................... 155

C.2.3 Cenário Suburbano................................................................................................................. 156

C.2.4 Cenário Rural.......................................................................................................................... 156

Referências........................................................................................................................157

x
Índice de Figuras
Figura 2.1 – Arquitectura genérica do E-UTRAN, [TS36300].............................................10

Figura 2.2 – Arquitectura EPS, [SeTo09]............................................................................11

Figura 2.3 – Símbolo OFDM com portadoras ortogonais entre si, [LuSc05]......................13

Figura 2.4 – Exemplo de atribuição de recursos em OFDMA/TDMA [HoTo09].................13

Figura 2.5 – Ajuste de largura de banda num sistema SC-FDMA, [HoTo09].....................14

Figura 2.6 – Pilha Protocolar para o plano de utilizador, [TS36300]...................................15

Figura 2.7 – Pilha Protocolar para o plano de controlo, [TS36300]....................................16

Figura 2.8 – Mapeamento dos canais lógicos para os canais de transporte em downlink,
[TS36321].........................................................................................................18

Figura 2.9 – Mapeamento dos canais lógicos para os canais de transporte em uplink,
[TS36321].........................................................................................................18

Figura 2.10 – Modelo de Transmissão MIMO com N antenas de TX e M antenas de RX,


[SeTo09]...........................................................................................................20

Figura 2.11 – Procedimentos de Self-Configuration/Self-Optimization, [TS36300]............25

Figura 2.12 – Funcionamento da função ANR proposto em [FeSe08]...............................27

Figura 2.13 – Exemplo de funcionamento do ANR - Intra-LTE/Inter-RAT, [TS36300].......28

Figura 2.14 – Exemplo de funcionamento do ANR - Inter-RAT/Inter-Freq, [TS36300]......29

Figura 3.1 – Processo de Planeamento Celular..................................................................36

Figura 3.2 – Processo de HO Intra-Frequência, Inter-eNodeB, Intra-MME........................47

Figura 4.1 – Esquema de blocos do LTE System-Level Simulator [IWRu10].....................54

Figura 4.2 – Exemplo de um cenário de simulação usando o LTE System-Level Simulator.


........................................................................................................................55

Figura 4.3 – Estrutura da matriz de atenuação usada pelo LTE System-Level Simulator. 56

x
Figura 4.4 – Processo de comunicação entre UE e eNB usado pelo LTE System-Level
Simulator...........................................................................................................57

Figura 4.5 – Algoritmo de detecção (a) e resolução (b) de PCI através da função ANR.. .62

Figura 4.6 – 3GPP LTE Handover Procedure, [TS36300]..................................................65

Figura 4.7 – Fluxo de mensagens trocado no algoritmo ANR proposto.............................67

Figura 4.8 – Sinalização entre eNodeB e UE durante o processo de handover em cada


TTI.....................................................................................................................68

Figura 4.9 – Algoritmo de Actualização da NRT.................................................................68

Figura 4.10 – Fluxograma do algoritmo ANR......................................................................69

Figura 4.11 – Algoritmo de detecção de oscilação de handover........................................70

Figura 4.12 – Algoritmo de controlo de oscilação de handover..........................................72

Figura 4.13 – Interface gráfica do simulador LTE...............................................................74

Figura 5.1 – Exemplo de um workspace LTE no Atoll®......................................................78

Figura 5.2 – Cenário de referência para ambiente de propagação Urbano Denso............81

Figura 5.3 – Cenário de referência para ambiente de propagação Urbano.......................82

Figura 5.4 – Cenário de Referência para ambiente de propagação Suburbano................83

Figura 5.5 – Cenário de referência para ambiente de propagação Rural...........................84

Figura 5.6 – Distribuição de sectores na ROI; a) Cenário Urbano Denso; b) Cenário


Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural............................................86

Figura 5.7 – Nível de sinal recebido estimado usando o simulador LTE; a) Cenário Urbano
Denso; b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural.............87

Figura 5.8 – Distribuição de sectores na ROI usando o Atoll®; a) Cenário Urbano Denso;
b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural..........................88

Figura 5.9 – Nível de sinal recebido estimado usando o Atoll®; a) Cenário Urbano Denso;
b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural..........................89

Figura 5.10 – Exemplo para uma alocação de PCI usando uma distância mínima de
reutilização de 1500 m...................................................................................91

x
Figura 5.11 – Atribuição automática de PCI usando o método sequencial; a) Usando 168
PCI disponíveis; b) Usando 4 PCI disponíveis..............................................91

Figura 5.12 – Atribuição automática de PCI usando o método da mínima distância de


reutilização (1000 m); a) Usando 168 grupos de PCI disponíveis; b) Usando
4 grupos PCI disponíveis...............................................................................92

Figura 5.13 – Atribuição automática de PCI usando o método da mínima distância de


reutilização com 4 grupos de PCI; a) Distância de reutilização = 1500 m; b)
Distância de reutilização = 2000 m................................................................93

Figura 5.14 – Número de UEs Bloqueados e Número de Handovers; a) 10 UE/sector; b)


20 UE/Sector..................................................................................................94

Figura 5.15 – Alocação de PCI; a) Cenário com 10 Utilizadores/Célula b) Cenário com 20


Utilizadores/Célula..........................................................................................95

Figura 5.16 – Número de UEs Bloqueados e Número de Handovers; a) 10 UE/sector; b)


20 UE/Sector..................................................................................................96

Figura 5.17 – Alocação de PCI; a) Cenário com 10 Utilizadores/Célula b) Cenário com 20


Utilizadores/Célula..........................................................................................97

Figura 5.18 – Número de Handover e Taxa de Falha de Handover médios; a) Cenário


Urbano Denso; b) Cenário Urbano................................................................98

Figura 5.19 – Número de Handover e Taxa de Falha de Handover médios; a) Cenário


Suburbano; b) Cenário Rural.........................................................................99

Figura 5.20 – Comparação da predição de vizinhas efectuada entre o Atoll® e o


Simulador......................................................................................................100

Figura 5.21 – Taxa de Oscilação de Handover sem e com optimização; a) Cenário Urbano
Denso b) Urbano..........................................................................................101

Figura 5.22 – Taxa de Oscilação de Handover sem e com optimização; a) Suburbano b)


Rural.............................................................................................................102

Figura 5.23 – Taxa de oscilação de handover no cenário Urbano Denso; a) HTTP sem
optimização; b) HTTP com optimização; c) VoIP sem optimização e d) VoIP
com optimização...........................................................................................104

x
Figura 5.24 – Taxa de oscilação de handover no cenário Rural; a) HTTP sem optimização;
b) HTTP com optimização; c) VoIP sem optimização e d) VoIP com
optimização..................................................................................................105

Figura 5.25 – Taxa de Oscilação de Handover para cenário Urbano Denso (Rede GSM
real vs Rede LTE simulada).........................................................................107

Figura 5.26 – Taxa de Oscilação de Handover para cenário Rural (Rede GSM real vs
Rede LTE simulada).....................................................................................108

x
Índice de Tabelas
Tabela 4.1 – Tabela de PCI gerada para atribuição...........................................................60

Tabela 4.2 – Peso atribuído a cada tipo de tráfego realizado por um UE..........................73

Tabela 5.1 – Raio de célula médio por cenário...................................................................79

Tabela 5.2 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Urbano Denso...................81

Tabela 5.3 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Urbano...............................83

Tabela 5.4 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Suburbano.........................84

Tabela 5.5 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Rural..................................85

Tabela 5.6 – Resolução de PCI – Parâmetros de simulação..............................................94

Tabela 5.7 – Resolução de PCI (Algoritmo Optimizado) – Parâmetros de simulação.......96

Tabela 5.8 – ANR – Parâmetros de simulação...................................................................98

Tabela 5.9 – Optimização de Handover – Parâmetros de Simulação..............................101

Tabela 5.10 – Percentagem de redução do HPIHPP.........................................................103

Tabela 5.11 – Histerese e TTT após optimização.............................................................103

Tabela 5.12 – Percentagem de redução de HPIHPP para cenário Urbano Denso..........104

Tabela 5.13 – Percentagem de redução de HPIHPP para cenário Rural........................106

Tabela 5.14 – Valores optimizados de Histerese e TTT para cada tipo de cenário,
{dBm;TTT}..................................................................................................106

Tabela 5.15 – Parâmetros de handover e simulação da rede real GSM..........................107

x
Índice de Equações
Equação 2.1 – Physical Cell ID............................................................................................30

Equação 3.1 – Link-Budget para o canal de uplink.............................................................38

Equação 3.2 – Potência de transmissão do UE por RB......................................................38

Equação 3.3 – Sensibilidade do eNodeB............................................................................38

Equação 3.4 – Link-Budget para o canal de downlink........................................................38

Equação 3.5 – Potência máxima da BTS por RB................................................................39

Equação 3.6 – Potência máxima por sub-portadora...........................................................39

Equação 3.7 – Sensibilidade do UE....................................................................................39

Equação 3.8 – RSRP Medido na célula de serviço.............................................................49

Equação 3.9 – SINR Medido no UE....................................................................................50

Equação 3.10 – Handover Failure Performance Indicator..................................................50

Equação 3.11 – Ping-Pong Handover Performance Indicator............................................50

Equação 3.12 – Drop Call Handover Performance Indicator..............................................51

Equação 4.1 – Perdas Totais (System Level Simulator).....................................................56

Equação 4.2 – Potência Recebida (System Level Simulator).............................................56

Equação 4.3 – Condição de Handover................................................................................64

Equação 4.4 – RSRP Médio................................................................................................70

Equação 4.5 – Factor Delta de compensação de Histerese...............................................73

x
Acrónimos
2G 2ª Geração
3G 3ª Geração
3GPP 3rd Generation Partnership Project
AMC Adaptive Modulation and Coding
ANR Automatic Neighbour Relation
ANRF Automatic Neighbour Relation Function
BCCH Broadcast Control CHannel
BCH Broadcast CHannel
BER Bit Error Rate
BLER BLock Error Rate
BSIC Base Station Identity Code
BTS Base Transceiver Station
CAPEX CAPital EXpenditure
CAZAC Constant Amplitude Zero Auto-Correlation
CCCH Common Control CHannel
CDMA Code Division Multiple Access
CDR Call Drop Rate
CGI Cell Global Identity
CINR Carrier to Interference plus Noise Ratio
CN Core Network
CQI Channel Quality Indicator
CR Contention Rate
CRS Cell-specific Reference Signal
CS Circuit Switch
CSFB Circuit Switched Fall Back
CTC Convolutional Turbo Coding

xx
DCCH Dedicated Control CHannel
DCH Dedicated CHannel
DFT Discrete Fourrier Transform
DHCP Dynamic Host Configuration Protocol
DL-SCH Downlink Shared CHannel
DMR Detection Miss Ratio
DNS Domain Name System
DTCH Dedicated Traffic CHannel
EMS Element Mangement System
ECGI Envolved Cell Global Identifier
ECM Connection Management
EDGE Enhanced Data rates for GSM Evolution
eNB evolved NodeB
eNodeB evolved NodeB
EPC Evolved Packet Core
EPS Evolved Packet System
E-UTRAN Evolved-UTRAN
FDD Frequency Division Duplex
FDMA Single-Carrier Frequency Division Multiple Access
FFR Fractional Frequency Reuse
FSS Frequency Selective Scheduling
GERAN GSM EDGE Radio Access Network
GIS Geographic Information System
GPRS General packet radio service
GSM Global System for Mobile Communications
GTP Generic Tunneling Protocol
HARQ Hybrid Automatic Repeat reQuest
HLR Home Location Register
HO Handover
HPI Handover Performance Indicator
HSDPA High-Speed Downlink Packet Access

xx
HSS Home Subscription Server
HW HardWare
ICIC Inter-Cell Interference Control
IMEI International Mobile Equipment Identity
IMSI International Mobile Subscriber Identity
IP Internet Protocol
ISI Inter-Symbol Interference
Itf-N North Bound Interface
KPI Key Performance Indicator
LAC Local Area Code
LTE Long Term Evolution
MAC Medium Acces Control
MAPL Maximum Allowable Path Loss
MBMS Multimedia Broadcast Multicast Service
MCCH Multicast Control CHannel
MCH Multicast CHannel
MCL Minimum Coupling Loss
MIMO Multiple-Input Multiple-Output
MLB Mobility Load Balancing
MME Mobility Management Entity
MRC Maximum Rádio Combining
MRM Measurement Report Message
MRO Mobility Robustness Optimization
MTCH Multicast Traffic Channel
NAS Non-Access Stratum
NGMN Next Generation Mobile Networks
NMS Network Management System
NR Neighbour Relation
NRT Neighbour Relation Table
O&M Operation & Maitenance
OAM Operation Aministration and Maitenance

x
OFDM Orthogonal Frequency-Division Multiplexing
OFDMA Orthogonal Frequency Division Muliple Access
OPEX OPerational EXpenditure
PA Power Amplifier
PAPR Peak to Average Power Ratio
PBCH Physical Broadcast CHannel
PCCH Paging Control CHannel
PCEF Policy Control Enforcement Function
PCFICH Physical Control Format Indicator Channel
PCH Paging CHannel
PCI Physical Cell Identity
PCRF Policy Control and Charging Rules Function
PDCCH Physical Downlink Control CHannel
PDCP Packet Data Convergence Protocol
PDN Packet Data Network
PDSCH Physical Downlink Shared CHannel
PDSCH/PUSCH Physical Downlink/Uplink Shared CHannel
P-GW Pdn GateWay
PHICH Physical Hybrid-ARQ Indicator CHannel
PLMN Public Land Mobile Network
PMCH Physical Multicast CHannel
PN Pseudo-Noise
PRACH Physical Random Access CHannel
PRB Physical Resource Block
PS Packet Switched
PSC Primary Scrambling Code
PSS Primary Synchronization Signal
PUCCH Physical Uplink Control CHannel
PUSCH Physical Uplink Shared CHannel
QAM Quadrature Amplitude Modulation
QoS Quality Of Service

x
QPSK Quadrature Phase Shift Keying
RAC Routing Area Code
RACH Random Access CHannel
RAN Radio Access Network
RAT Radio Access Technology
RB Resource Block
RLC Radio Link Control
RLF Radio Link Failure
RNC Radio Network Controller
ROI Region Of Interest
RRC Radio Resource Controller
RRM Radio Resource Management
RSRP Reference Signal Received Power
RSRQ Reference Signal Received Quality
S1-U S1 User Plane Interface
SAE System Architecture Evolution
SC-FDMA Single-Carrier Frequency Division Multiple Access
SCH Synchronization CHannel
SCTP Stream Control Transmission Protocol
SD Switch Diversity
SFR Soft Frequency Reuse
S-GW Serving GateWay
SINR Signal-to-Interference plus Noise Ratio
Self-Optimisation and self-ConfiguRATion in wirelEss
SOCRATES networkS
SON Self Organizing Networks
SSS Secondary Synchronization Signal
TA Tracking Area
TAC Tracking Area Code
TAI Tracking Area Identifier
TAO Tracking Area Optimization

x
TAP Tracking Area Planning
TAU Tracking Area Update
TCI Target Cell Identifier
TCP Transmission Control Protocol
TDD Time Division Duplex
TTI Transmission Time Interval
TTT Time-To-Trigger
UDP User Datagram Protocol
UE User Equipment
UL-SCH Uplink Shared CHannel
UMTS Universal Terrestrial Radio Access Network
URS UE-specific Reference Signal
UTRAN UMTS Terrestrial Radio Access Network
WCDMA Wide-Band Code-Division Multiple Access
WiMAX Worldwide Interoperability for Microwave Access

xx
Lista de Símbolos
(1)
N Physical Cell Identity Group
I
(2)
N Physical Layer Identity
I
Eb Energia de Bit
Nt Ruído térmico
LUL,pmax Perdas máximas por atenuação numa transmissão em uplink
PTX,ref Potência de transmissão por RB
SeNodeB Sensibilidade de um eNodeB
BIUL Margem de interferência no uplink
BLNF Margem de desvanecimento log-normal
LBL Perdas corporais
L€PL Perdas por penetração em carros
LBPL Perdas por penetração em edifícios
Ga Somatório do ganho da BTS e UE
LJ Perdas provocadas por guias de onda
PTX,UE Potência de transmissão de um UE
NRB Número de RBs
NFeNodeB Noise Figure do eNodeB
TN Ruído térmico
∆f Espaçamento entre sub-portadoras
SINRREQ SINR mínimo
Perdas máximas por atenuação numa transmissão em
L DL,pm downlink
SUE Sensibilidade do UE
BIDL Margem de interferência no downlink
PTX,BTS Potência de transmissão da BTS
BW Largura de banda do canal

xx
RSRPc,ue RSRP da célula de serviço para o UE
Pc Potência transmitida pela célula de serviço
Lpl Perdas de percurso entre BTS e UE

Perdas por difracção com uma distribuição log-normal e


L desvio padrão de 3dB

SINRue SINR medido no UE


RSRPconn RSRP da célula de serviço para o user equipment
RSRPint,noise RSRP das células interferentes
HPIHOF Handover Performance Indicator, Handover Failure Rate
NHOfail Número de handovers falhados
NHOatmp Número de tentativas de handover
NHOsucc Número de handovers realizados com sucesso
NHOfail Número de falhas de handover
HPIHPP Handover Performance Indicator, Handover Ping-Pong
NHOpp Número de handovers com oscilação
NHOnpp Número de handovers sem oscilação
HPID€ Handover Performance Indicator, Drop Call
Ndropped call Número de chamadas falhadas
Nacceptable call Número de chamadas aceites
PathlossTotaS Perdas totais
Pathloss Perdas por atenuação
GTs Ganho de transmissão
GRs Ganho de recepção
MCL Perdas mínimas entre emissor e receptor
PwrRs Potência de recepção
PwrTs Potência de transmissão
RSRPi,ue RSRP da célula interferente
Qhyc Margem de histerese
Qoffcet Margem de offset
RSRPavg RSRP médio
nT Número de TTIs

xx
N Número de amostras
delta(v,vNAX,c) Limiar delta
v Velocidade de um UE
vNAS Velocidade do UE mais rápido
s Tipo de serviço
PL Perdas de percurso
PRÆCK Potência de transmissão do preâmbulo
PNAS Potência máxima
PO_RÆCK Potência recebida desejada
∆RÆCK Power Ramping Step
∆PREANBSe Offset do preambulo
N Número de tentativas de transmissão do preâmbulo
Rc Critério R para a célula de serviço
QNEAC,c RSRQ da célula de serviço
Qhystc Histerese da célula de serviço
Rn Critério R para a célula vizinha
QNEAC,n RSRQ da célula vizinha
Qoffsetc,n Offset entre a célula de serviço e respectivas vizinhas
TreceSection Tempo de reselecção de célula

xx
Capítulo 1
Introdução

Este capítulo pretende dar uma introdução ao estudo realizado, começando por um
enquadramento do mesmo, seguindo para a apresentação dos objectivos. No final deste
capítulo é ainda apresentada a estrutura que caracteriza o documento e os artigos
publicados.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Introduç

1.1 Enquadramento
As comunicações móveis atravessam tempos de mudança. Nos últimos anos, tem-se
assistido a um aumento extraordinário do volume do tráfego de dados nas redes móveis.
Estudos como o apresentado em [EgDu10] estimam que nos últimos dois anos, o tráfego
de dados em todo o mundo tenha crescido aproximadamente 280%, e prevêem que este
valor venha a duplicar anualmente nos próximos cinco anos. O aumento da diversidade
de produtos e serviços, nomeadamente do tipo “Mobile Broadband Services”, em parte
impulsionado pela popularização dos smarthphones, é indicado como a causa mais
provável para este crescimento tão acentuado dos serviços de dados, face aos serviços
de voz. Toda esta procura dos mercados tem exigido um enorme empenho das
operadoras na implementação de soluções, capazes de acompanhar este crescimento, ao
mesmo tempo mantendo um elevado nível de competitividade. Toda esta evolução tem
levado ao aumento inevitável da complexidade das redes móveis celulares. A chegada do
LTE (Long Term Evolution), enquanto tecnologia de quarta geração para as redes móveis,
vem adicionar mais uma tecnologia às já existentes, Global System for Mobile
Communications (GSM) e Universal Terrestrial Radio Access Network (UMTS). Esta co-
existência destas múltiplas tecnologias, em muitos casos provenientes de diferentes
fabricantes, dificulta as tarefas de operação e manutenção por parte das operadoras.
Numa era cada vez mais exigente em termos de qualidade de serviço, a automatização
destas tarefas revela-se cada vez mais uma necessidade e um objectivo a ter em
consideração. Neste campo, o LTE assume um papel importante na medida em que
introduzirá pela primeira vez o conceito de rede auto-gerida. As Self-Organizing/Self-
Optimizing Networks (SON) são um conjunto de normas e funções introduzidas na
especificação do LTE, que permitirão às operadores automatizar as suas tarefas de
operação e manutenção (O&M), proporcionando uma resposta mais eficaz às novas
exigências de mercado e uma redução significativa de custos, marcando um ponto de
viragem no paradigma da operação e manutenção de redes móveis.

1.2 Objectivos
O presente trabalho aborda um conjunto de sistemas que integram a arquitectura das
SON, a qual permite a auto-gestão e optimização de redes celulares móveis de quarta
geração, que assentam na norma LTE. Esta arquitectura, que poderá ser centralizada,
distribuída, localizada ou híbrida, consiste num conjunto de funções que permitem auxiliar

2 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Introduç

as tarefas de planeamento, operação e manutenção de uma rede de acesso móvel,


nomeadamente ao nível do eNodeB (evolved NodeB), através da sua parametrização,
configuração e manutenção automáticas.

Assim, este trabalho tem como objectivo avaliar os principais benefícios das SON, no
que diz respeito ao planeamento e optimização de redes de quarta-geração LTE, não só
através do seu estudo, como também através da implementação de algoritmos que
permitem observar e optimizar o funcionamento de algumas das suas principais funções.

Os algoritmos a implementar assentam sobre o “System Level Simulator of LTE


Networks”, um simulador LTE em código aberto, em desenvolvimento pelo Institute of
Communications and Radio-Frequency Engineering da Universidade Tecnológica de
Vienna, Áustria (TU- WIEN1). As funções a implementar contemplam a atribuição e
resolução de conflitos de PCI (Physical Cell Id), a criação automática de relações
vizinhança, designada de ANR (Automatic Neighbour Relation) e a optimização
automática de handover intra-frequência, intra-MME (Mobility Management Entity).

Atendendo às características do simulador adoptado e para possibilitar uma análise


coerente dos algoritmos anteriores, serão igualmente implementadas funções que
conferem ao primeiro a capacidade de simular o algoritmo de handover intra-frequência,
tal como proposto pelo 3GPP para as redes LTE, [TS36300]. Em adição, para possibilitar
a criação de cenários personalizados, para além dos cenários tipo que são
implementados por este simulador, serão criadas funções que permitem a criação de
cenários com um elevado grau de liberdade. Será também implementada uma interface
gráfica que permite a criação e simulação de cenários e análise dos resultados obtidos
em cada uma das funções SON anteriores.

Com vista à viabilização dos algoritmos implementados, pretende-se igualmente,


através da definição de um conjunto de cenários baseados em cenários reais, com
diferentes ambientes de propagação, avaliar entre outros parâmetros, a flexibilidade,
fiabilidade e robustez destes. Os resultados obtidos são também confrontados, não só
com dados estatísticos, como também com os resultados de simulações, usando a
ferramenta de planeamento e optimização Atoll® da Forsk©2.

1
http://nt.tuwien.ac.at/ltesimulator
2
http://www.forsk.com

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 3


Introduç

1.3 Organização do relatório

Este trabalho encontra-se organizado da seguinte forma:

 Capítulo 1: Introdução – Neste capítulo é feito um enquadramento do estudo


realizado, a apresentação formal do relatório, descrição dos objectivos e
organização do mesmo;

 Capítulo 2: Estado de Arte – Neste capítulo são introduzidos os conceitos e as


tecnologias, bem como o seu estado da arte, consideradas essenciais para a
compreensão do estudo realizado. Este capítulo começa com a abordagem de
alguns conceitos básicos sobre as redes E-UTRAN (Envolved-UTRAN), onde se
analisa a arquitectura e os conceitos que as diferenciam das restantes tecnologias
usadas em redes móveis celulares. Posteriormente é apresentado, de uma forma
sucinta, as Self-Organizing/Self-Optimizing Networks. Nesta segunda parte,
identificam-se os requisitos, analisa-se a arquitectura e descreve-se o seu
funcionamento através de casos de estudo propostos pelo 3GPP 3 (3rd Generation
Partnership Project);

 Capítulo 3: Planeamento e Optimização em Redes LTE – Neste capítulo


analisam-se as principais diferenças que são introduzidas no processo de
planeamento e optimização nas rede E-UTRAN e a forma como as SON poderão
auxiliar esse mesmo processo;

 Capítulo 4: Simulação de Redes Auto-Geridas – Neste capítulo é apresentado


um simulador LTE e um conjunto de funções, que a partir do primeiro implementam
três das mais importantes funcionalidades das SON no processo de planeamento e
optimização em redes E-UTRAN;

 Capítulo 5: Análise de Desempenho – Neste capítulo são testadas as


funcionalidades SON implementadas e descritas no capítulo 4. Através da
apresentação de vários casos de estudo, é analisado o funcionamento e
desempenho das funções implementadas;

 Capítulo 6: Conclusões – Neste capítulo são apresentadas as conclusões e


algumas propostas de trabalho futuro, partindo do trabalho desenvolvido;

3
http://www.3gpp.org

4 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Introduç

1.4 Artigos Publicados

As técnicas desenvolvidas e os resultados obtidos durante a realização deste trabalho


permitiram a publicação dos seguintes artigos:

Carvalho, M., Vieira, P., "An Enhanced Handover Oscillation Control Algorithm in LTE
Self-Optimizing Networks", 14th International Symposium on Wireless Personal and
Mobile Communications (WPMC’11), Brest, France, IEEE, 2011.

Carvalho, M., Vieira, P., " Um Algoritmo Avançado de Controlo de Oscilação de Handover
em Redes LTE Auto-Geridas", 5º Congresso Comité Português da URSI – Detecção e
Medição de Sinais Rádio no Futuro das Radiocomunicações, Lisboa, Portugal, 2011.

Carvalho, M., Vieira, P., "Simulating Long Term Evolution Self-Optimizing Based
Networks", 1st Conference on Electronics, Telecommunications and Computers, Instituto
Superior de Engenharia de Lisboa (CETC’11), Lisbon, Portugal, 2011.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 5


Capítulo 2
Estado da Arte

Este capítulo proporciona uma introdução aos conceitos e tecnologias que serão
abordados ao longo deste estudo. Neste capítulo começa-se com uma breve introdução
ao LTE (Long Term Evolution), analisando os seus requisitos, arquitectura, interface rádio,
e protocolos bem como outras características. Introduzidos os conceitos chave do LTE,
parte-se para o estudo das redes SON (Self-Organizing/Self-Optimizing Networks),
enquanto tecnologia para a implementação de redes auto geridas baseadas em LTE,
analisando as suas características e funcionamento para diferentes cenários.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Estado da

2.1 Long Term Evolution

O processo de especificação do LTE teve o seu início em Novembro de 2004, em


Toronto, Canadá, quando um conjunto de empresas formado por operadoras, fabricantes
e instituições de investigação apresentaram a sua visão do futuro das UTRAN (Universal
Terrestrial Radio Access Network), através da apresentação de um conjunto de requisitos,
onde constam aspectos como o aumento da eficiência espectral, a compatibilidade, ou
redução dos custos de operação e manutenção (O&M) [3GPP04]. De facto, nos últimos
anos, a redução de custos de operação e manutenção nas redes móveis celulares,
assumiu particular importância para as operadoras.

A chegada da quarta geração das redes móveis, pela mão do 3GPP, com a
tecnologia LTE, irá marcar uma forte mudança no paradigma das comunicações móveis,
com a implementação de redes puramente Packet Switched (PS), colocando os serviços
de dados como principal área de negócio.

2.1.1 Requisitos

O aumento do desempenho em relação aos actuais sistemas móveis existentes é um dos


principais objectivos das operadoras de redes móveis, para garantir a competitividade
com a implementação do LTE e estimular o interesse do mercado para novos serviços. A
norma LTE especifica débitos superiores, maior eficiência espectral, menor latência,
flexibilização da largura de banda do canal e redução dos custos com a introdução de
uma arquitectura plana, [TR25913].

As tecnologias chave do LTE são a modulação e codificação adaptativas (Adaptative


Modulation and Coding (AMC)), Multiple-Input Multiple-Output (MIMO) com a utilização de
antenas adaptativas. Os requisitos identificados pelo 3GPP para o LTE em, [TR25913],
incluem:

 Débito de Pico – 100 Mbps (5 bps/Hz) em downlink e 50 Mbps (2.5 bps/Hz) em


uplink para uma atribuição do espectro de 20 MHz;

 Throughput – Capacidade em downlink 2-3 vezes maior do que a alcançada na


Release 6 HSDPA (High-Speed Downlink Packet Access);

 Eficiência Espectral – em downlink 3-4 vezes melhor do que a Release 6 HSDPA e


em uplink 2-3 vezes melhor;

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

 Largura de banda – escalável para maior flexibilidade de espectro: 1,25; 1,6: 2,5; 5;
10; 15; 20 MHz;

 Interoperabilidade – com outros sistemas, onde os terminais deverão suportar as


medidas e handovers entre os vários sistemas presentes;

 Custo – deverá ser alcançada uma redução de CAPEX (CAPital EXpenditure) e


OPEX (OPerating EXpenses), incluindo backhaul. O custo de migração das actuais
redes deverá ser reduzido. Deverá ser assegurada uma redução da complexidade,
custo e consumo de energia dos terminais. Todas as interfaces especificadas
estarão abertas a equipamentos multi-vendor de modo a promover a
interoperabilidade;

 Atribuição do espectro – operação em pares (Frequency Division Duplex / Modo


FDD) e espectro não partilhado (Time Division Duplex / Modo TDD) deverá ser
possível;

 Co-existência – Deve ser assegurada a coexistência na mesma área geográfica e


coabitação com GERAN (GSM EDGE Radio Access Network)/UTRAN. Além disso,
a coexistência entre os operadores nas bandas adjacentes, bem como o convívio
inter-fronteiras é uma exigência.

2.1.2 Arquitectura de Rede

O LTE foi desenhado apenas para suportar serviços comutados por pacotes, em
contraste com os modelos baseados em comutação por circuitos nas gerações anteriores.
Ao LTE associam-se dois termos, o primeiro está associado a uma evolução da
tecnologia de acesso rádio UTRAN designado de E-UTRAN, o segundo está associado a
uma evolução dos aspectos não rádio, mais concretamente à arquitectura de core, e
designa-se de System Architecture Evolution (SAE). Juntos, estes dois conceitos dão
origem ao Envolved Packet System (EPS).

A E-UTRAN é responsável pelas funções de gestão de recursos rádio, compressão


de dados, segurança e conectividade com as entidades core, sendo estas, o MME e S-
GW (Serving Gateway). Na E-UTRAN a maioria das funções de gestão rádio são
atribuídas ao eNB (evolved NodeB), o que permite uma melhor interacção entre
protocolos de diferentes camadas da rede de acesso, reduzindo assim a latência e
aumentando a eficiência da rede, [ShSo11]. Esta solução permite eliminar a necessidade

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9


Estado da

de um equipamento central para gestão rádio, como é o caso do RNC (Radio Network
Controller), característico do UMTS. Contudo, a descentralização de esta e outras
funcionalidades obriga a que os eNBs troquem informação entre si, nomeadamente em
situações de handover como se passava com a interface IuR no UMTS. Assim, na E-
UTRAN, os eNB estão interligados entre si por intermédio de uma interface designada de
X2 e interligados com a rede EPC (Evolved Packet Core) através de dois tipos de
interface, S1-MME para a interligação com a entidade MME e S1-U para interligação ao
S-GW, [3GPP06], Figura 2.1.

MME / S-GW MME / S-GW


S

X2 E-UTRAN
eNB eNB

eNB

Figura 2.1 – Arquitectura genérica do E-UTRAN, [TS36300].

O eNB actua como bridge entre o User Equipment (UE) e o EPC, transferindo a
informação proveniente da conexão rádio existente com o UE para uma dada conexão IP
(Internet Protocol) com o EPC. O eNB é responsável pela gestão de recursos rádio
através do RRM (Radio Resource Management) e desempenha um papel importante na
gestão de recursos rádio em conjunto com o MME. Com base nas medidas rádio
reportadas pelo UE e nas medidas efectuadas pelo eNB, o eNB toma decisões quanto ao
handover de um UE entre células.

O SAE é uma evolução do core GPRS (General Packet Radio Service) com algumas
diferenças, das quais se destacam o facto de ser totalmente baseada em IP (All-IP) e
suportar a mobilidade entre redes heterogéneas. O principal elemento da SAE é o já
referido EPC, também designado de SAE Core. O EPC é uma designação lógica ao grupo
constituído pelos seguintes elementos:

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

 Mobility Management Entity (MME) – é o nó de controlo que processa a informação


entre o UE e a CN (Core Network), através de um conjunto de protocolos
denominados de NAS (Non-Access Stratum);

 Policy Control and Charging Rules Function (PCRF) – responsável pelas políticas
de decisão, bem como pelo controle das funcionalidade de charging através de
uma Policy Control Enforcement Function (PCEF);

 Home Location Register (HLR) – contém os dados de subscrição dos utilizadores


bem como as Packet Data Network (PDN) a que cada um deles pode ligar;

 PDN Gateway (P-GW) – é o ponto de interligação da rede com E-UTRAN com


outras PDN exteriores;

 Serving Gateway (S-GW) – é o ponto através do qual os pacotes de um dado UE


são encaminhados quando este se move dentro da E-UTRAN de um eNB para
outro;

 HSS (Home Subscription Server) – contém informação necessária à autenticação


do UE.

A Figura 2.2 seguinte ilustra o relacionamento lógico entre as entidades anteriormente


referidas.

Figura 2.2 – Arquitectura EPS, [SeTo09].

No que toca às interfaces presentes na arquitectura da Figura 2.1, a interface S1


interliga o eNB ao EPC e é dividida em duas partes: plano de utilizador e plano de
controlo. No plano de utilizador, S1-U (S1 User Plane Interface), esta interface transporta
os dados do eNB para o Serving GW. A estrutura do protocolo usado nesta interface é
semelhante à usada pelo UMTS e baseia-se na pilha protocolar GTP (Generic Tunneling
Protocol) / UDP (User Datagram Protocol) / IP. No plano de controlo a interface S1 (S1

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Estado da

Control Plane Interface) baseia-se no protocolo SCTP (Stream Control Transmission


Protocol) sobre IP (SCTP/IP). O SCTP é usado por ser um protocolo com garantia de
serviço muito similar ao TCP (Transmission Control Protocol).

A interface X2 é, como já foi referido, usada para interligar eNB(s) e usa os mesmos
protocolos que a interface S1, quer para o plano de utilizador quer para o plano de
controlo. A interface X2 pode ser estabelecida quando existe necessidade de dois eNB
trocarem informação entre si. O estabelecimento da interface X2 poderá ser despoletado
por dois eventos: carga de tráfego ou informação de interferência e informação de
handover. A inicialização do procedimento para estabelecer uma interface X2 começa
com a identificação do eNB destino da ligação. Esta identificação é levada a cabo pela
Automatic Neighbour Relation Function (ANRF). O funcionamento desta função será
abordado mais tarde aquando do estudo das SON.

2.1.3 Interface Rádio

Num sistema tradicional, os símbolos são enviados em sequência através de uma única
portadora cujo espectro ocupa a largura de banda disponível no canal. Nestes sistemas,
para separar os canais são inseridas bandas de guarda. A técnica de transmissão OFDM
(Orthogonal Frequency-Division Multiplexing) baseia-se numa modulação multi-portadora,
onde os dados a transmitir são enviados de um modo paralelo em diversas sub-
portadoras espaçadas entre si, e cuja frequência atribuída a cada uma permite que estas
sejam ortogonais entre si. Esta característica apresenta inúmeras vantagens, de entre as
quais, uma maior eficiência espectral, maior robustez à interferência Inter-Simbólica (ISI),
imunidade ao efeito multi-percurso, entre outras. Apesar das vantagens, o facto de termos
sub-portadoras ortogonais torna este sistema mais sensível a desvios de frequência. Para
além disso, os sinais OFDM possuem uma elevada relação de potência de pico/potência
média PAPR (Peak to Average Power Ratio). A Figura 2.3 ilustra o espectro de um
símbolo OFDM.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

Figura 2.3 – Símbolo OFDM com portadoras ortogonais entre si, [LuSc05].

No LTE o esquema de acesso múltiplo em downlink é baseado em OFDMA


(Orthogonal Frequency Division Muliple Access) e em uplink é baseado em SC-FDMA
(Single-Carrier Frequency Division Multiple Access). O OFDMA é uma extensão do OFDM
para comunicações em sistemas multi-utilizador. Neste esquema, as sub-portadoras
resultantes de um símbolo OFDM podem ser distribuídas por vários utilizadores ao
mesmo tempo, permitindo que estes sejam escalonados para receber dados
simultaneamente, ver Figura 2.4.

Figura 2.4 – Exemplo de atribuição de recursos em OFDMA/TDMA [HoTo09].

A escolha pelo OFDM em detrimento de outros esquemas de modulação existentes,


prende-se essencialmente com a sua grande imunidade à interferência inter-simbólica.
Contudo, devido ao efeito de Doppler, o espaçamento entre sub-portadoras fixou-se nos
15 kHz. A escolha deste tipo de modulação apenas para o downlink deveu-se a factores

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Estado da

como o elevado PAPR que caracteriza os símbolos OFDM, e que só pode ser minimizado
através de uma amplificação bastante linear, pela necessidade de esquemas de
codificação adaptativa e pela baixa tolerância deste esquema a desvios de frequência.
Devido às características do UE, alcançar estes objectivos seria muito difícil,
principalmente no que toca à redução do PAPR que exigiria uma amplificação linear por
parte do UE o que iria traduzir-se num consumo de energia elevado. Por estes motivos,
em uplink foi adoptada a modulação SC-FDMA (Single Carrier FDMA), uma derivação do
OFDM. O SC-FDMA ou DFT-Spread-OFDM (Discrete Fourrier Transform Spread FDMA)
é um esquema de transmissão que através da aplicação da DFT a um conjunto de N
símbolos em uplink, consegue mapear cada transmissão em diferentes portadoras com
diferentes larguras de banda, ver Figura 2.5.

Figura 2.5 – Ajuste de largura de banda num sistema SC-FDMA, [HoTo09].

2.1.4 Protocolos de Rádio

À semelhança de tecnologias anteriores, na E-UTRAN, cada interface é dividida em plano


de utilizador e plano de controlo. O plano de utilizador transporta os dados do utilizador,
tais como voz e dados, bem como sinalização ao nível das aplicações usadas pelo UE. O
plano de controlo suporta todas as mensagens e procedimentos estritamente
relacionados com as funcionalidades suportadas pela interface, como por exemplo
mensagens de controlo para o procedimento de handover do UE. À semelhança do
UMTS, cada plano define a sua pilha protocolar.

A adição de funcionalidades que conferem a capacidade de uma rede E-UTRAN se


auto-gerir, desde cedo foi tida em conta no desenvolvimento dos protocolos a usar nas
interfaces X2 e S1. A pilha protocolar usada na arquitectura E-UTRAN é dividida em dois

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

tipos: User Plane e Control Plane. A Figura 2.6 mostra a pilha protocolar no plano de
utilizador.

UE eNB

PDCP PDCP

RLC RLC

MAC MAC

PHY PHY

Figura 2.6 – Pilha Protocolar para o plano de utilizador, [TS36300].

Na E-UTRAN, diferentes protocolos de tunneling são usados em diferentes interfaces.


Um protocolo de tunneling usado no 3GPP é designado de GPRS Tunneling Protocol
(GTP) e é usado na interface core da rede, S1 e S5/S8. A Figura 2.6 ilustra os diferentes
protocolos que compõem a camada no plano do utilizador do LTE. Esta camada é
composta pelo:

 Packet Data Convergence Protocol (PDCP) – é responsável pelo processamento


das mensagens de gestão de recursos rádio (Radio Resource Control (RRC)) no
plano de controlo e dos pacotes IP no plano do utilizador. Cabe a este protocolo as
funções de compressão, segurança (integridade e confidencialidade), ordenação
em pacotes IP e retransmissão em situações de handover;

 Radio Link Control (RLC) – é responsável pela segmentação e reconstrução de


pacotes IP para transmissão pelo link rádio, retransmissão em caso de erro e
reorganização para o uso de Hybrid Automatic Repeat reQuest (HARQ);

 Medium Acces Control (MAC) – é responsável pela multiplexagem dos dados da


interface rádio.

Para o plano de controlo temos a sinalização entre UE, eNB e MME. Todas as
decisões de mobilidade são levadas a cabo pelo eNB, mas o MME também actua quando
esta ocorre entre eNB diferentes através da camada NAS, que permite sinalização entre o
UE e o MME, Figura 2.7.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Estado da

Figura 2.7 – Pilha Protocolar para o plano de controlo, [TS36300].

2.1.4.1 Canais Lógicos

Através de canais lógicos, a interface MAC troca informação com a camada RLC. Os
canais lógicos podem ser divididos em canais de controlo, para o transporte de
sinalização, e canais de tráfego para o transporte de dados do utilizador. O conjunto de
canais de controlo é:

 Broadcast Control Channel (BCCH) – Usado para difusão da informação de célula;

 Paging Control Channel (PCCH) – Usado para notificar o UE de uma chamada ou


para comunicar a alteração da informação de célula;

 Common Control Channel (CCCH) – Usado para comunicar informação de controlo


em uplink ou downlink quando não existe uma ligação RRC entre o UE e a rede;

 Multicast Control Channel (MCCH) – Usado para transmitir informação em


multicast;

 Dedicated Control Channel (DCCH) – Usado para transmitir informação de controlo


em modo dedicado para um determinado UE, quando este possui uma ligação RLC
com o eNB.

Quanto aos canais de tráfego temos:

 Dedicated Traffic CHannel (DTCH) – Usado para transportar os dados do utilizador


tanto em uplink como em downlink, quando o UE se encontra no modo dedicado;

 Multicast Traffic Channel (MTCH) – Usado para transporte dos dados do utilizador
para serviços multimédia, MBMS (Multimedia Broadcast Multicast Service) em
downlink.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

2.1.4.2 Canais de Transporte

Através de canais de transporte os canais físicos trocam informação com a camada MAC.

O LTE contém apenas canais de transporte comuns não possuindo canais dedicados
(e.g. DCH (Dedicated Channel) no WCDMA (Wide-Band Code-Division Multiple Access)).
Os canais de transporte proporcionam a interface entre a camada MAC e a camada física.
Dependendo das condições de transmissão na interface rádio, os dados são
multiplexados em canais de transporte. Os canais de transporte são os seguintes:

 Broadcast Channel (BCH) – Usado para difusão dos parâmetros da rede que
permitem aos móveis aceder a esta;

 Downlink Shared Channel (DL-SCH) – Canal que transporta os dados do utilizador


para uma ligação do tipo ponto-a-ponto, ou seja, informação que é destinada
apenas a um UE no estado RRC_CONNECTED. Adicionalmente a informação de
sistema que não é transportada pelo BCH é transportada pelo DL-SCH;

 Paging Channel (PCH) – Canal que transporta a informação de paging para o UE,
para que este passe do estado RRC_IDLE para RRC_CONNECTED na sequência
de um pedido da rede. Adicionalmente é usado para informar o UE de
actualizações na informação de sistema;

 Multicast Channel (MCH) – Canal usado para transportar dados dos utilizadores ou
informação de controlo em multicast;

 Uplink Shared Channel (UL-SCH) – Canal usado para transportar dados e


informação de controlo dos móveis em uplink;

 Random Access Channel (RACH) – Usado para acesso aleatório dos móveis à
rede, quando estes não se encontram sincronizados com a rede.

Em uplink, o UL-SCH é transportado pelo Physical Uplink Shared Channel (PUSCH) e


o RACH é transportado pelo Physical Random Access Channel (PRACH). Adicionalmente
é utilizado um canal para transporte de informação de controlo da camada física. Em
downlink o PCH em conjunto com o DL-SCH é mapeado no Physical Downlink Shared
Channel (PDSCH), o BCH é mapeado no Physical Broadcast Channel (PBCH) e o MCH
mapeado no Physical Multicast Channel (PMCH). A Figura 2.8 e Figura 2.9 ilustram o
mapeamento existente entre canais lógicos e canais de transporte em downlink e uplink
respectivamente, [TS36321].

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Estado da

Figura 2.8 – Mapeamento dos canais lógicos para os canais de transporte em downlink,
[TS36321].

Figura 2.9 – Mapeamento dos canais lógicos para os canais de transporte em uplink,
[TS36321].

2.1.4.3 Canais Físicos

A camada física mapeia canais físicos em canais de transporte. Nesta camada


encontramos os procedimentos de procura de célula, controlo de potência e adaptação à
ligação. Cada canal físico corresponde a um conjunto de sub-portadoras OFDM, que
transportam a informação das camadas superiores. Os canais físicos usados no LTE são
os que se seguem:

 Physical Broadcast Channel (PBCH) – usado para transportar informação de


sistema (frequência, canal de controlo, sincronização de trama, etc.);

 Physical Control Format Indicator Channel (PCFICH) – informa o UE do número de


símbolos OFDM que são usados no canal PDCCH;

 Physical Downlink Control Channel (PDCCH) – Transporta informação relativa a:


formato dos canais de transporte DL-SCH e PCH; formato H-ARQ no DL-SCH;
formato, atribuição de recursos e informação de H-ARQ relativa ao UL-SCH;

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


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 Physical Hybrid-ARQ Indicator Channel (PHICH) – Transporta o HARQ de


ACKNOWLEDGE e NOT ACKNOWLEDGE (ACK/NAK) associado com as
transmissões de dados em uplink;

 Physical Downlink/Uplink Shared Channel (PDSCH/PUSCH) – transporta os canais


de sincronização no SCH e UL-SCH, bem como informação de PCH;

 Physical Uplink Control Channel (PUCCH) – transporta o HARQ para as


transmissões em downlink, agendamento e indicador de qualidade de canal
(Channel Quality Indicator (CQI));

 Physical Random Access Channel (PRACH) – Transporta os preâmbulos de


acesso que são enviados pelo UE.

2.1.5 Codificação, Modulação e Multiplexagem

Para melhorar a transmissão com desvanecimento intenso, o LTE recorre ao


Convolutional Turbo Coding (CTC) para a codificação de canal. Para combater as rajadas
de erros em ambientes multi-percurso, a informação de canal codificada passa por um
processo de interleaving de modo a espalhar os erros no tempo. Através do interleaving
aumentam-se as hipóteses de correcção de erros nos símbolos transmitidos.

Quanto à modulação, esta é dependente das características do canal. Com base em


medidas efectuadas, o UE envia o Channel Quality Indicator (CQI) ao eNB. É com base
no CQI que o eNB escolhe o esquema de modulação que mais se adapta às condições
do canal. Os esquemas de modulação possíveis vão desde o QPSK (Quadrature Phase
Shift Keying) com dois bit por cada símbolo e 64 QAM (Quadrature Amplitude Modulation)
com seis bits por cada símbolo. No LTE, a codificação e modulação adaptativa (AMC) é
implementada em uplink e downlink de acordo com as condições do canal. Desta forma o
esquema de modulação e codificação é alterado automaticamente consoante as
condições do canal.

Finalmente, os esquemas de multiplexagem baseados em multi-portadora revelam-se


eficazes na mitigação da interferência de banda estreita e efeitos provocados pelo multi-
percurso. Neste campo, o LTE recorre ao OFDMA para transmissão downlink e SC-FDMA
para o uplink, tal como já foi referido anteriormente.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


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2.1.6 Técnicas de Antenas Múltiplas

Uma das principais tecnologias introduzidas com as primeiras especificações do LTE


nomeadamente da E-UTRAN, foi o modo de operação MIMO, que introduziu os conceitos
de multiplexagem espacial, beamforming e diversidade de transmissão. Neste esquema
de transmissão, os sinais das antenas de transmissão (TX) são combinados com os sinais
das antenas de recepção (RX), de tal modo que a qualidade da ligação, quantificada pelo
BER (Bit Error Rate) e débito da ligação (bps) atribuídos a cada utilizador, são
aumentados.

No transmissor, vários fluxos de símbolos são gerados, com um determinado grau de


redundância. Cada um destes fluxos é mapeado numa antena do conjunto de múltiplas
antenas de transmissão. No receptor, os múltiplos sinais são capturados por uma ou mais
antenas e são desmodulados e desmapeados a fim de recuperar a mensagem original. O
MIMO pode operar em três modos: Multiplexagem Espacial, Diversidade e Pré-
Codificação.

O princípio básico por detrás da multiplexagem espacial está no envio simultâneo de


diferentes fluxos de dados do utilizador, através de múltiplas ligações em paralelo, de
modo a aumentar a capacidade do sistema. Neste mecanismo, um canal MIMO composto
por M antenas de transmissão e N antenas de recepção, forma MxN ligações possíveis,
eventualmente estatisticamente descorrelacionadas, entre o emissor e o receptor, ver
Figura 2.10. Nesta situação é possível fornecer uma protecção MxN vezes maior ao efeito
de desvanecimento multi-percurso em comparação a uma situação de mono antena
M=N=1 (SISO, Single Input Single Output).

Figura 2.10 – Modelo de Transmissão MIMO com N antenas de TX e M antenas de RX,


[SeTo09].

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Os múltiplos percursos que um sinal pode tomar quando viaja do UE para o eNB e
vice-versa, dão origem a várias réplicas que chegam às antenas em diferentes instantes.
Devido aos diferentes percursos, cada réplica sofre um desvio de fase em relação ao sinal
original o que é indesejado pelo facto de poder anular o sinal resultante no receptor. O
Modo Diversidade é uma técnica que permite usar múltiplas antenas, de modo a
aumentar a qualidade de ligação entre um emissor e um receptor, podendo ser
implementada no emissor ou receptor ou em ambos. Este mecanismo de diversidade
consiste em usar duas ou mais antenas colocadas a uma determinada distância entre si,
para que possam receber sinais provenientes de diferentes caminhos e que, através do
uso de técnicas combinação de sinal ou comutação entre antenas, possam aumentar o
ganho do sinal recebido. As principais técnicas conhecidas, são o MRC (Maximum Ratio
Combining), uma técnica que combina os sinais provenientes de diferentes antenas
através de algoritmos de processamento para maximizar o nível de SNR e o SD (Switch
Diversity), onde o receptor comuta de antena sempre que verifica que a potência do sinal
recebido ou que o nível de ruído aumenta numa antena e desce noutra. A diversidade na
transmissão aumenta a área de cobertura de uma célula, e permite aumentar os débitos
na ligação, através da escolha do caminho que maximiza o Signal-to-Noise Ratio (SNR).

Finalmente, a técnica de beamforming é baseada no conhecimento de canal pelo


transmissor, para obter um ganho de capacidade. Beamforming MIMO é uma técnica que
usa múltiplas antenas de transmissão para criar um feixe na direcção do receptor alvo.
Com o conhecimento do canal de transmissão, o transmissor gera um vector de pré-
codificação, o qual permite a este colocar menos ganho na direcção com mais
interferência e mais ganho na direcção com menos interferência.

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2.2 Self Organizing Network

Com o aumento da complexidade das redes celulares, tornou-se evidente a necessidade


de criação de funções, capazes de minimizar aquela que é uma das tarefas mais intensas
na operação de uma rede móvel celular, que é a sua optimização.

Os principais benefícios na implementação de técnicas de auto-gestão em redes


Wireless podem-se traduzir em ganhos de eficiência e na redução dos custos
operacionais e capitais (OPEX/CAPEX) das operadoras. Do ponto vista operacional,
pretende-se reduzir a intervenção humana em processos como integração de novas
estações, automatizando ao máximo as tarefas envolvidas (e.g. instalação, configuração e
optimização), reduzindo as hipóteses de erro humano. Do ponto de vista capital, a
automatização deste tipo de tarefas, minimiza o número de recursos humanos
necessários, e também os custos.

Antecipando esta tendência, o fórum NGMN 4 (Next Generation Mobile Networks)


estabelece em 2006, um conjunto de requisitos para as redes auto-geridas, desde então
designadas de Self-Organizing/Self-Optimizing Networks (SON), [LeFr08]. O
estabelecimento deste conjunto de requisitos viria a contribuir mais tarde para a adopção
das SON pelo 3GPP no seu processo de especificação da E-UTRAN, [NNJT10].

As SON têm vindo a ser discutidas desde o início da especificação do LTE (E-
UTRAN) pelo 3GPP, mais concretamente desde a sua primeira publicação (Realease-8).
Desde então tem sido alvo de uma série de melhorias através das publicações que se
seguiram (Release 9 e 10). Para além dos desenvolvimentos levados a cabo pela NGMN
e pelo 3GPP, existem outros projectos a nível europeu, que têm contribuído
significativamente na especificação das SON, dos quais de destaca o projecto
SOCRATES5 (Self-Optimisation and self-ConfiguRATion in wirelEss networkS) que visa o
desenvolvimento de mecanismos para auto-gestão de redes sem fios, através da
integração do planeamento, configuração e optimização num único processo que
minimiza a intervenção humana, [NNJT10].

4
http://www.ngmn.org

5
http://www.fp7-socrates.org

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2.2.1 Requisitos das SON

A implementação de funções para automatização de procedimentos operacionais em


redes móveis, com múltiplas tecnologias e em muitos dos casos provenientes de múltiplos
fornecedores, coloca muitos desafios e implica um conjunto de requisitos. Segundo
[NNJT10], os requisitos impostos no desenvolvimento das SON poderão ser divididos em
requisitos técnicos e de negócio. Ao nível dos requisitos técnicos, encontram-se aspectos
como: desempenho, estabilidade, robustez, escabilidade e interacção multi-fornecedor, e
quanto aos requisitos de negócio, encontramos os custos associados à sua
implementação.

Segundo [SOCR08], os desafios impostos ao desenvolvimento das SON poderão ser


os seguintes:

 Medição e análise de indicadores – Identificar qual a informação que deverá ser


recolhida, tendo em conta o rácio entre quantidade de informação necessária e
quantidade de sinalização gerada;

 Inferência do estado da rede – Analisar o correcto estado da rede e processar


adequadamente os dados recolhidos;

 Tolerância a atrasos – Tolerância a atrasos na análise de feedback de decisões


tomadas pelo algoritmo. Ter em consideração que o feedback da rede perante
determinadas decisões poderá não ser imediato;

 Eficiências dos métodos – Os métodos implementados deverão ter um tempo de


resposta, o mais linear quanto possível evitando oscilações e degradação da
qualidade de serviço (QoS);

 Fiabilidade dos métodos – Os métodos implementados deverão ser fiáveis e evitar


situações que prejudiquem o desempenho da rede;

 Compatibilidade – Devido à multiplicidade de fornecedores e tecnologias de acesso


rádio (Radio Access Tecnology (RAT)), as funções implementadas deverão ser
escaláveis e possuir protocolos independentes de fornecedor que permitam a
comunicação entre elas.

2.2.2 Arquitectura

Em termos de arquitectura, as SON podem ser divididas em quatro tipos. Dependendo da


localização dos algoritmos de optimização esta poderá ser centralizada, distribuída,

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localizada e híbrida. Numa arquitectura do tipo centralizada, todas as decisões são


tomadas ao nível do Element Mangement System (EMS) e Network Management System
(NMS). Esta arquitectura visa implementar todo um conjunto de funções que implicam a
interacção entre vários elementos da rede, como é o caso do ANR e PCI. A principal
vantagem no uso deste tipo de arquitectura é a facilidade de implementação de novas
funções na rede, uma vez que todas as funções são implementadas nos sistemas OAM
(Operation Administration and Maintenance). Contudo, por se tratar de uma solução
centralizada, poderá revelar-se pouco escalável com o aumento do número de elementos
na rede. O aumento do volume de decisões na EMS/NMS poderá introduzir atrasos em
situações de convergência na rede, o que irá prejudicar o desempenho da mesma. Outra
desvantagem prende-se com o facto de, numa eventual falha dos sistemas EMS/NMS,
toda a gestão automatizada da rede poderá ficar comprometida. Finalmente, a dificuldade
de interacção entre os fornecedores dos sistemas OAM torna esta solução ainda menos
desejável.

Numa arquitectura do tipo distribuída, todas as decisões são tomadas ao nível dos
elementos de rede (e.g. eNB). Neste caso, os algoritmos de optimização são executados
ao nível do eNB. Esta solução diminui drasticamente a complexidade no EMS/NMS, pois
todo o processo de convergência passa a ocorrer localmente, bastando a estes manter
um registo das alterações que vão sendo feitas na rede. Um exemplo prático do
funcionamento desta arquitectura poderá ser o caso em que uma célula de um dado eNB
precisa de trocar informações com uma outra célula de um outro eNB. Neste caso ambos
os eNB precisam de trocar informações entre eles através da interface X2. Dependendo
do número de optimizações, este tipo de situações poderá provocar um aumento do
tráfego nas interfaces X2, o que deverá ser tido em conta neste tipo de arquitectura.
Numa arquitectura do tipo localizada, as decisões são tomadas ao nível da célula não
afectando necessariamente as suas vizinhas. Numa arquitectura do tipo Híbrida, temos
decisões que são tomadas, quer ao nível local quer ao nível central da rede. Este tipo de
solução é útil para optimizações com diferentes requisitos. Para além disso, esta
arquitectura permite a optimização entre equipamentos de diferentes fabricantes através
de interfaces X2 e interfaces Itf-N (North Bound Interface), [TS32521].

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2.2.3 Funções das SON

Segundo [TS36300], a configuração do elemento de rede poderá ser dividida em duas


fases: pré-operacional e operacional. A Figura 2.11 ilustra uma framework para as
funções de auto-configuração/auto-optimização.

Figura 2.11 – Procedimentos de Self-Configuration/Self-Optimization, [TS36300].

A Figura 2.11 pode ser ainda complementada com a inclusão das funções de auto-
diagnostico/auto-reparo e aplicação de esquemas de resolução tal como é sugerido por,
[Lehe08]. Nas secções que se seguem descreve-se, de um modo geral, as principais
funções de configuração e optimização existentes nas SON. No Anexo A são descritas as
funções mais avançadas das SON.

2.2.3.1 Auto-Configuração

Segundo [TS36300], o procedimento inicial de Self-Configuration é dividido em duas


fases: Basic Setup e Initial Radio Configuration. Na primeira fase, após a instalação física
do equipamento, uma vez ligado, o eNB começa por fazer um auto-diagnóstico seguido
de um processo de auto-descoberta, onde irá detectar o tipo de transporte, equipamento
RF (Radio Frequency) instalado, etc. De seguida, o eNB configura o seu link de transporte
e estabelece uma ligação com um servidor de DHCP (Dynamic Host Configuration
Protocol) / DNS (Domain Name System) onde irá obter o seu IP e informação relativa ao

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S-GW, MME e servidor do qual irá descarregar a sua configuração. Uma vez estabelecida
a ligação OAM, o eNB descarrega a versão de software mais indicada assim como a
configuração mínima que lhe permite saber: restantes elementos aos quais se deve ligar,
bandas de frequências, etc. A informação disponibilizada ao eNB deverá permitir
igualmente que este estabeleça uma ligação SCTP com pelo menos um MME. Uma vez
estabelecida a ligação com o MME, o eNB deverá recolher a informação necessária para
estabelecer uma interface S1-MME. Para permitir as funções de mobilidade e ICIC (Inter-
Cell Interference Control), a interface X2 deverá ser igualmente estabelecida inicialmente
com os eNB indicados por O&M. Uma vez integrado, o eNB poderá estabelecer outras
ligações X2 com outros eNB com base nas funções de ANR, de modo a optimizar
handover.

Após a configuração do eNB, dá-se início à segunda fase, com a configuração das
relações-vizinhança através do mecanismo de ANR, o qual será descrito nos subcapítulos
que se seguem.

2.2.3.2 ANR (Automatic Neighbour Relation)

Uma das principais causas para o aumento do CDR (Call Drop Rate) numa rede móvel,
está na má definição de relações vizinhança ou mesmo na ausência destas. Tipicamente
nos sistemas 2G e 3G, a especificação das relações vizinhança é levada a cabo através
de ferramentas de planeamento, que através de mapas estimam a propagação e daí as
relações vizinhança necessárias para garantir o handover. No entanto, imperfeições nos
mapas usados ou alterações ao meio físico, dão origem a discrepâncias entre as relações
previstas e as realmente necessárias, o que obriga à realização de drive tests para
identificar exaustivamente as regiões de handover, [AmFr08]. Para além das
discrepâncias entre as vizinhas planeadas e regiões de handover, o próprio processo de
criação/actualização de relações vizinhança, representa uma percentagem considerável
das tarefas de operação e manutenção de uma rede móvel, nomeadamente, em
ambientes multi-fornecedor.

A Automatic Neighbour Relation é uma função implementada ao nível do eNB que


permite, com o auxílio do relatório de medidas enviado pelo UE, adicionar ou remover
relações vizinhança ao eNB sempre que necessário. Relativamente ao ANR, vários
algoritmos têm sido propostos tais como o apresentado em [KiHo10]. Segundo [TS36300],
para cada célula do eNB, deverá ser mantida uma Neighbour Relation Table (NRT). A
cada entrada na NRT corresponde uma Neighbour Relation (NR) que deverá ter a

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informação do Target Cell Identifier (TCI) que identifica a célula destino. Na E-UTRAN, o
TCI corresponde ao E-UTRAN Cell Global Identifier (ECGI) e PCI da célula destino. Cada
NR na NRT deverá ter três atributos: NoRemove, NoHO e NoX2. Estes atributos
determinam qual o tratamento que deverá ser dado a cada NR aquando da análise de
relações vizinhança pela função de ANR. Assim, estes atributos têm a seguinte definição:

 NoRemove – atributo que indica que a NR em análise não deverá ser removida da
NRT;

 NoHo – atributo que indica que a NR em análise não deverá ser usada pelo eNB
para fins de handover;

 NoX2 – atributo que indica que a NR não deverá usar a interface X2 para iniciar os
procedimentos de handover com o eNB que detém a célula de destino.

A Figura 2.12, mostra uma proposta de funcionamento da função ANR pelo 3GPP,
[TS36300]. Nesta podemos observar a interacção entre a função ANR e o RRC, bem
como a ligação O&M com outros eNBs da rede.

Figura 2.12 – Funcionamento da função ANR proposto em [FeSe08].


De seguida, são analisados alguns cenários tipo em que é usada a função ANR e que
tem como referência a ilustração anterior.

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2.2.3.2.1 Intra-LTE/Intra-Frequency ANR

Segundo [TS36300], o funcionamento do ANR assenta no facto das células difundirem o


seu ECGI. Partindo do procedimento ilustrado na Figura 2.13. descreve-se de seguida o
funcionamento da função ANR para o caso em que temos um handover intra-LTE/intra-
frequência.

Cell A Cell B
Phy-CID=3 Phy-CID=5
Global-CID =17 Global-CID =19

1) report(Phy-CID=5, strong signal)

3) Report Global-CID=19
2b) Read BCCH()

2) Report Global-CID Request (Target Phy- CID=5)

Figura 2.13 – Exemplo de funcionamento do ANR - Intra-LTE/Inter-RAT, [TS36300].

O eNB onde a função de ANR está a ser executada intrói os UEs que está a servir
para realizarem medições nas células vizinhas por eles descodificadas. Este
procedimento é feito com base em políticas que são definidas pelo controlador de
recursos rádio ou RRC. Com base na Figura 2.13, uma vez dada a indicação aos UEs
para recolha de medidas, o procedimento seria o seguinte:

1. UE envia as medidas registadas da célula B cujo PCI é o 5;

2. Com base no PCI recebido, o eNB intrói o UE a ler o ECGI, TAC e PLMN ID de
todas as células vizinhas por ele descodificadas;

3. Quando o UE consegue descodificar o ECGI da célula B envia-o ao eNB em


conjunto com a informação do TAC e de todos os PLMN IDs detectados;

4. O eNB decide adicionar a NR á NRT e poderá usar o PCI e ECGI para:

a. Procurar o endereço da camada de transporte para o eNB;

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b. Actualizar a lista de relações vizinhança;

c. Caso seja necessário, estabelecer a interface X2 para o segundo eNB.

2.2.3.2.2 Inter-RAT/Inter-Frequency ANR

Neste tipo de cenário exemplifica-se o exemplo de um handover entre células


pertencentes a RAT (Radio Access Technology) diferentes e handovers entre células cuja
frequência é diferente.

Cell A Cell B
Phy-CID=3 Phy-CID=5
Global-CID =17 Global-CID =19

1) report(Phy-CID=5, strong signal)

3) Report Global-CID=19
2b) Read BCCH()

2) Report Global-CID Request (Target Phy- CID=5)

Figura 2.14 – Exemplo de funcionamento do ANR - Inter-RAT/Inter-Freq, [TS36300].

Neste cenário, o eNB da célula que está a servir o UE e na qual está a ser executada
a função ANR, instrói o UE para realizar medidas em células de outras RAT /
Frequências. Neste cenário o eNB pode usar diferentes políticas para instruir o UE nas
realizações de medidas e na escolha do momento certo para as reportar.

1. O eNB instrói o UE para procurar por células vizinhas em outras RAT/Freq. Para
isso, o eNB precisa de agendar períodos de idle para que o UE possa escutar o
meio por células em outras frequências;

2. Uma vez concluída a recolha de dados, o UE reporta o PCI das células detectadas.
O PCI será definido pela: frequência da portadora e pelo Primary Scrambling Code
(PSC) no caso de se tratar de vizinha UTRAN FDD; frequência da portadora e Cell
ID no caso de UTRAN TDD; Indicador de Banda, BSIC (Base Station Identity Code)

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e BCCH no caso de GERAN e PN (Pseudo-random Noise) Offset no caso do


CDMA20006;

3. Usando o PCI descoberto, o eNB instrói o UE para ler a informação das células
detectadas. O UE irá ler o: CGI (Cell Global Identity) e RAC (Routing Area Code)
no caso de se tratar de uma célula GERAN; CGI, LAC (Local Area Code) e RAC no
caso de se tratar de uma célula UTRAN; CGI no caso de se tratar de uma célula
CDMA2000. Para o caso de células com frequências diferentes o eNB instrói o UE
usando o PCI recebido para ler o ECGI, TAC (Tracking Area Code) e todas as
PLMN (Public Land Mobile Network) ID das células encontradas. Neste último
procedimento, o eNB agenda um período de IDLE para o UE para este descodificar
a informação das células vizinhas;

4. Após a recolha da informação pretendida da nova célula, o UE reporta o CGI, RAC


no caso de uma célula GERAN, CGI, LAC e RAC no caso de UTRAN ou CGI no
caso de CDMA2000 ao eNB de serviço. No caso de células de frequências
diferentes, o UE reporta o ECGI, TAC e PLMN-ID(s) que foram detectados;

5. O eNB actualiza a sua NRT com as vizinhas inter-RAT/inter-frequência detectadas.

Para o caso particular de células de frequências diferentes, o eNB poderá usar o PCI
e ECGI para estabelecimento de uma nova ligação X2 para o eNB pertencente.

2.2.3.3 Configuração automática do Physical Cell ID

Para que um UE consiga sincronizar com uma célula em downlink, este terá de obter o
PCI da mesma. O PCI é um parâmetro de configuração essencial contido no SCH
(Synchronization Channel). Com base no 3GPP, [TS36321], existem no total 504 PCI
possíveis numa rede E-UTRAN distribuídos por 168 grupos designados de Physical Cell
Identity Groups, onde cada um contém três identificadores únicos,
PCI = 3N(1) + N(2) (2.1)
ID ID

onde 3N(1)pode tomar valores entre 0 e 167, representando o Physical Cell Identity
I
Group, e N(2) pode tomar valores entre 0 e 2, representando o Physical Layer Identity
I

6
Tecnologia móvel 3G especificada pelo 3GPP(Third Generation Partnership Project) que utiliza a
tecnologia CDMA (Code Division Multiple Access) para transmissão de voz dados e sinalização entre UE e
BTS;

3 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

dentro do Physical Cell Identiy Group. Durante o processo de instalação de um eNB, é


atribuído um PCI. Com base nos IDs atribuídos, o eNB transmite o PCI no preâmbulo de
downlink. Os UEs na área de serviço do eNB recebem o preâmbulo e é com este que são
capazes de identificar o eNB.

Segundo, [TR36902], o Physical Cell ID de uma célula deverá satisfazer os seguintes


critérios:

 O Physical Cell ID de uma célula não deve ser igual ao das suas células vizinhas;

 O Physical Cell ID das células vizinhas não deverá ser o mesmo.

Segundo o 3GPP, um possível procedimento para a auto-configuração do PCI por


parte do eNB poderá ser a que se segue:

1. Quando o procedimento começa, o eNB inicia o período de configuração da


Physical Cell ID;

2. São definidos um conjunto de Physical Cell IDs temporários. Cada célula do eNB
escolhe um Physical Cell ID temporário;

3. De acordo com a função de ANR, o UE reporta os Physical Cell ID das células por
ele detectadas e reporta à célula que lhe está a fornecer serviço. Desta forma as
células em torno da nova célula recebem o relatório do UE com o Physical Cell ID
da nova célula. Por outro lado, a nova célula recebe o relatório das células que lhe
são vizinha;

4. A nova célula adiciona as células reportadas à sua tabela de relações vizinhança;

5. As células que receberam a informação da célula nova adicionam-na à tabela de


vizinhas;

6. Depois de estabelecida uma ligação X2, as células circundantes trocam as suas


listas de vizinhas;

7. Uma vez recebida a informação das células vizinhas, a célula nova poderá escolher
um Physical Cell ID que respeite as condições anteriormente referidas;

8. A nova célula informa depois as suas vizinhas que alterou o seu Physical Cell ID,
desta vez definitivo.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 3


Estado da

2.2.3.4 Auto Optimização

A optimização de redes móveis celulares funciona como um processo periódico, na


medida em que as tarefas de parametrização, análise de desempenho e optimização se
repetem várias vezes na tentativa de alcançar a configuração óptima que maximiza o
desempenho da rede. Segundo, [LeFr08], o processo de optimização poderá ser dividido
em dois tipos: optimização de parâmetros rádio e optimização de parâmetros de
transporte. O processo de Self-Optimization é o processo onde a rede é optimizada com
base nas medidas obtidas pelo UE, eNB de serviço e eNB vizinhos. Descrevem-se de
seguida os procedimentos enunciados pelo 3GPP para optimização nas SON.

2.2.3.4.1 Tracking Area

Para que a rede mantenha um contacto permanente com um UE no estado ECM-IDLE


(EPS Connection Management-IDLE), este último deverá actualizar a sua localização
sempre que a sua Tracking Area (TA) muda, através de um procedimento designado de
Tracking Area Update (TAU). Cada TA é identificada pelo seu Tracking Area Identifier
(TAI). De modo a assegurar que o MME tem a localização de cada UE na rede, cada UE
terá de realizar um TAU sempre que o TAI do seu eNB de serviço é diferente. O pedido
de actualização do TA do UE é enviado através do RACH e como tal, o planeamento dos
TA deverá ter em atenção o padrão de tráfego característico da área de cobertura, de
modo a minimizar a sinalização entre UE e o eNB. Tipicamente o planeamento das TAs é
efectuado durante o processo de implementação da rede e só será mudado em situações
extremas, onde existe uma degradação considerável. De modo a facilitar as tarefas de
planeamento e optimização de TAs, foi criada a função de Tracking Area Planning (TAP)
e Tracking Area Optimization (TAO).

Segundo [Gray09], aquando da fase inicial de planeamento da rede, poderão ser


atribuídos TAIs com base na localização geográfica das estações, densidade
populacional, tráfego gerado, etc. Uma vez estabelecidos e configurados os TAI, o
algoritmo TAO passa a monitorizar continuamente a ocorrência de TAUs e a carga no
RACH, de modo a identificar os eNB mais indicados para mudarem os seus TAIs. Este
funcionamento é particularmente útil quando existem mudanças na distribuição de tráfego
que não foram previstas no momento em que os TAI foram planeados. Desta forma,
consegue-se evitar o fenómeno de ping-pong entre múltiplas TAs.

3 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Estado da

2.2.3.4.2 Optimização de Mobilidade

A função que visa a optimização da mobilidade dos UEs, também designada de Mobility
Robustness Optimization (MRO), tem como objectivo melhorar a performance ao nível do
handover na rede, melhorando a performance entregue ao utilizador e aumentando a
capacidade da rede. Isto é feito através do ajuste dos parâmetros da célula, para
aumentar ou diminuir os limites de HO (HandOver) com base na análise de Handover
Performance Indicators (HPI). Estes indicadores poderão ser o número quedas de
chamada devido a falhas no link rádio, o número de handovers falhados ou mesmo a
oscilação de handover entre células.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 3


Capítulo 3
Planeamento e Optimização
em Redes LTE

Neste capítulo, analisam-se as técnicas de planeamento e optimização em redes de


quarta geração, tendo em conta os mecanismos de auto-gestão anteriormente
enunciados. Este capítulo começa com uma breve introdução aos conceitos fundamentais
de planeamento celular em redes de quarta geração, com os processos de
dimensionamento para qualidade, cobertura e capacidade. De seguida são analisadas as
principais alterações técnicas que são introduzidas com a chegada das redes LTE.
Finalmente analisam-se as tarefas de planeamento e optimização previstas pelas SON,
para a automatização, algumas das quais serão alvo de implementação.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 3


Planeamento e Optimização em Redes

3.1 Planeamento Celular em LTE


O planeamento celular é um processo pelo qual uma rede celular é dimensionada. Trata-
se de um processo iterativo que inclui desenho, síntese e realização de uma rede celular.
Em termos práticos, trata-se de determinar que estações são necessárias, que
equipamento será usado e como o equipamento será configurado.

Dependendo do estado de maturidade da rede, as tarefas de um planeamento celular


podem diferir de operadora para operadora. A Figura 3.1 ilustra, de um modo genérico, as
várias etapas que compõem um processo de planeamento de uma rede celular.

Figura 3.1 – Processo de Planeamento Celular.

Assim, o processo de planeamento celular inicia-se com a definição de requisitos.


Nesta etapa é feita uma análise a vários indicadores, nomeadamente de tráfego,
cobertura e capacidade actuais da rede, distribuição de tráfego e tipo de tráfego. Segue-
se a etapa de planeamento nominal na qual é efectuada uma previsão de cobertura e
capacidade, usando ferramentas de planeamento (e.g. Atoll®, MapInfo® 7). Estas
ferramentas permitem calcular o Link-Budget com base em modelos empíricos ou, se for
o caso, dados estatísticos de redes já existentes e estimar o nível de sinal que será

7
http://www.pbinsight.eu

3 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

recebido pelos utilizadores. Após a previsão de cobertura e capacidade segue-se a etapa


designada de Site-Survey. Esta etapa consiste tomar contacto com o local onde a BTS
poderá ser instalada, e efectuar medidas. Esta etapa permite ter uma melhor percepção
da cobertura existente no local, bem como identificar eventuais constrangimentos que
possam existir e condicionar as decisões tomadas na etapa anterior (e.g. local de
instalação, tipo de HW (HardWare), acessos, etc.). Após o Site-Survey, são tomadas as
decisões finais quanto à localização, configuração de cobertura e capacidade, e efectua-
se o rollout das estações. Última mas não menos importante, a etapa de optimização visa
a observação dos Key Performance Indicator (KPI) das estações instaladas, a fim de
identificar eventuais melhorias a aplicar à configuração. Estas melhorias poderão ser um
ajuste de potência, alteração do tilt das antenas ou ainda activação de funcionalidades,
que permitem ajustar a capacidade da BTS ao tipo e à densidade de tráfego existentes.

3.1.1 Dimensionamento da Rede de Acesso

O objectivo do dimensionamento da rede de acesso é estimar a densidade de estações e


configuração necessárias para a área de interesse, tipicamente designada de ROI
(Region Of Interest). Este processo requer, como vimos anteriormente, um conjunto de
indicadores, os quais podem ser divididos nos seguintes tipos: qualidade, cobertura e
capacidade.

3.1.1.1 Dimensionamento para Qualidade

Os indicadores de qualidade incluem débito médio e probabilidade de bloqueio de célula.


É com base nestes indicadores que é determinada a qualidade de serviço (Quality of
Service (QoS)) que é oferecida aos utilizadores. É também com base na performance
alcançada na periferia da célula que é determinado o raio de célula máximo alcançável. O
desempenho alcançado na periferia da célula é quantificado com base no débito máximo
na periferia, cobertura máxima usando o MCS (Modulation and Coding Scheme) mais
baixo e um raio de célula pré-definido.

3.1.1.2 Dimensionamento para Cobertura

Quanto aos indicadores de cobertura, estes assemelham-se em grande parte aos já


usados no dimensionamento das redes de terceira geração UMTS. O dimensionamento
de cobertura centra-se essencialmente no cálculo do Link-Budget.
É através do Link-Budget que é calculado o Maximum Allowable Path Loss (MAPL) ou
seja, as perdas máximas de potência que podem existir entre as antenas emissoras e as

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 3


Planeamento e Optimização em Redes

receptoras. Como parâmetros de entrada, o Link-Budget baseia-se na: potência de


transmissão, ganho no emissor e receptor, margens de perdas, número de antenas,
requisitos de SNR e e modelos de propagação; É com base no MAPL, que é
Eb ⁄Nt
estimado o raio de cada célula e determinado o número de células necessárias para servir
uma determinada área. À semelhança do UMTS, em LTE, a máxima perda de potência é
determinada por serviço e o raio de célula é definido pelo serviço mais exigente. A
equação 3.1 permite calcular o Link-Budget para o canal de uplink,

LUL,pmax = PTX,ref — SeNodeB — BIUL — BLNF — LBL — L€PL — LBPL + Ga — LJ (3.1)

onde PTX,ref é a potência de transmissão do UE por Resource Block (RB), SeNodeB a


sensibilidade do eNodeB, BIULa margem de interferência no uplink, BLNF a margem de
desvanecimento log-normal, LBL as perdas corporais (body loss), LCPLmargem de
penetração em carros, LBPL a margem de penetração em edifícios, Ga o somatório dos
ganhos da BTS e UE e finalmente LJ o total de perdas provenientes das infra-estruturas
da estação (e.g. cabos). Tipicamente, para o cálculo do PTX,ref no uplink é considerada a
potência máxima do UE. Contudo, em alguma bibliografia, poderá ser considerada a
potência por RB. Nesse caso, PTX,ref é dado pela equação 3.2,

PTX,ref = PTX,UE — 10 log1O(NRB) (3.2)

onde PTX,UE é a potência total do UE e NRB o número de RBs existentes em cada símbolo.
O SeNodeB, por seu lado, é dado pela equação 3.3,

SeNodeB = NFeNodeB + TN+ 10 log1O(∆f) + SINRREQ (3.3)

onde NFeNodeB corresponde ao noise figure do eNodeB, TN o ruído térmico, ∆f o


espaçamento entre sub-portadoras e SINRREQ o SINR (Signal to Interference plus Noise
Ratio) mínimo requerido, tipicamente obtido através de simulações o qual, segundo
[HoTo07], poderá ser de -7 dB para um débito mínimo de 64 Kbps e para um receptor
(eNodeB) com duas antenas. Opcionalmente poderá ser contabilizado o ganho
introduzido por MHA (Mast Head Amplifier).

Através da seguinte equação 3.4 é possível calcular o Link-Budget para o downlink,

LDL,pmax = PTX,ref — SUE — BIDL — BLNF — LBL — L€PL — LBPL + Ga — LJ (3.4)

3 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

onde PTX,ref é a potência máxima da BTS por RB, SUE a sensibilidade do UE, BIDL margem
de interferência no downlink, BLNF desvanecimento log-normal, LBL as perdas corporais
(body loss), LCPL a margem de penetração em carros (se previsto), LBPL a margem de
penetração em edifícios (se previsto), Ga o somatório dos ganhos da BTS e UE e
finalmente LJ o total de perdas provenientes das infra-estruturas da estação (e.g. cabos,
splitters, etc.). Em downlink a potência total da BTS é partilhada entre todos os RBs. À
semelhança do uplink, quantos mais RBs existem, menor é a potência atribuída a cada
um. Assim, PTX,ref em downlink poderá ser dado pela equação 3.5,

PTX,ref = PTX,BTS — 10 log1O(NRB ) (3.5)

onde PTX,BTS é a potência total do PA (Power Amplifier) e NRB o número de RBs existentes
em cada símbolo e que depende da largura de banda do canal. Em alguma bibliografia é
possível encontrar situações onde o PTX,ref é considerado como sendo a potência máxima
por sub-portadora. Nesse caso, PTX,ref é dado pela equação 3.6,

BW
PTX,ref = PTX,BTS — 10 log1O ( ) (3.6)

onde PTX,BTS é a potência total do PA, BW é a largura de banda do canal e ∆f é o


espaçamento entre sub-portadoras. Quanto ao SUE, este poderá ser dado pela seguinte
equação 3.7,

SUE = NFUE + TN + 10log1O (∆f) + SINRREQ (3.7)

onde NFUE corresponde ao noise figure do UE, TN o ruído térmico, ∆f o espaçamento


entre sub-portadoras e SINRREQ o SINR mínimo requerido, tipicamente obtido através de
simulações e que segundo [HoTo07] poderá ser de -10 dB para um débito mínimo de 1
Mbps e para um receptor (UE) com duas antenas.

Finalmente, para calcular o raio de célula de um eNodeB recorre-se a modelos de


propagação que permitem estimar o desvanecimento que o sinal irá sofrer para
determinados ambientes de propagação e para determinadas frequências. Modelo espaço
livre, Walfish-Ikegami, Okumura-Hata ou Longley-Rice são apenas alguns dos modelos de
propagação existentes, [HoTo07].

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Planeamento e Optimização em Redes

3.1.1.3 Dimensionamento para Capacidade

O dimensionamento de capacidade dá uma estimativa dos recursos necessários para


disponibilizar tráfego numa célula, com um determinado nível de QoS e débito médio. A
capacidade de uma célula está limitada por inúmeros factores que incluem nível de
interferência, algoritmos de escalonamento de tráfego e esquemas de modulação e
codificação usados. Segundo [Syed09], a avaliação da capacidade necessária no
processo de planeamento deverá compreender as seguintes tarefas:

 Estimar o débito de célula correspondente com o raio de célula calculado no


planeamento de cobertura;
 Analisar estatísticas de tráfego previsto incluindo número de assinantes, tipo de
tráfego, densidade de tráfego etc.

3.1.1.3.1 Cálculo do Débito Médio por Célula

À semelhança do UMTS, no LTE o aumento do número de utilizadores numa célula


aumenta a interferência e ruído, diminuindo o raio de célula. Através da distribuição e
geometria dos utilizadores, é possível estimar o débito possível de alcançar para
diferentes raios de célula. Aqui o objectivo é determinar uma estimativa do número de
BTSs necessárias com base nos requisitos de tráfego.

Em LTE, o principal indicador de qualidade é a distribuição do SINR numa célula. Esta


distribuição é obtida através de simulações do tipo System-Level e Link-Level, e pode ser
directamente mapeada em débito de dados. O SINR depende dos seguintes factores:

 Esquemas de modulação e codificação (MCS);


 Modelo de propagação do canal.

Quanto maior for o MCS maior deverá ser o SINR e vice-versa, o que significa que
esquemas de modulação com menor eficiência espectral (e.g. QPSK) requerem valores
de SINR baixos, ao passo que esquemas de modulação com maior eficiência espectral
(e.g. 64QAM) requerem valores de SINR elevados. O SINR poderá ser estimado de duas
formas:

 Utilizando tabelas que relacionam o débito máximo com SINR médio, obtidas
através de simuladores do tipo Link-Level;
 Utilizando a formula Shannon-Alpha que constitui uma aproximação numérica às
simulações do tipo Link-Level.

4 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

Uma vez concluída a análise de capacidade, a contagem de BTSs obtida por


capacidade é comparada com a contagem obtida por cobertura, sendo que o maior das
duas definirá o número final de estações necessárias.

3.1.2 Parametrização

A chegada do LTE vem introduzir novos conceitos no planeamento e optimização de


redes celulares, com a introdução de novos parâmetros e eliminação de outros. As sub-
secções que se seguem descrevem as principais alterações que são introduzidas ao nível
da parametrização no planeamento de redes LTE.

3.1.2.1 Tracking Area

No UTRAN, o UE tem de actualizar a sua localização, tanto na rede CORE CS (Circuit


Switch) como no CORE PS (Packet Switch) sempre que o Location Area e Routing Area,
respectivamente, são alterados. No caso da E-UTRAN, o UE actualiza apenas a sua
localização no CORE PS, sempre que a sua TA é alterada. Numa situação de Circuit
Switched Fall Back (CSFB) o CORE CS envia uma mensagem de paging para o UE.
Nesse caso o MME mapeia o TA com a LA. TA representa assim o equivalente à Routing
Area usada no UTRAN. Como o domínio do LTE é apenas packet switched, este não
necessita de Location Area.

Uma mensagem de paging é difundida pela TA quando o UE está no modo


RRC_IDLE. Cada UE poderá estar registado em mais que uma TA e como tal poderá ser
necessário difundir uma mensagem de paging por várias TA. O problema que se coloca
aquando do planeamento da TA diz respeito ao tamanho que esta deverá ter. O
planeamento de TA grandes resulta num aumento da carga de paging, ou seja, cada
mensagem de paging tem de ser difundida por um largo número de eNodeB. Contudo, o
planeamento de TA grandes permite uma redução do número de actualizações de TA
necessárias devido à mobilidade dos utilizadores.

Assim, a TA deverá ser planeada para ser relativamente grande, de modo a minimizar
a sinalização e situações de perca de mensagens de paging, devido ao atraso resultante
do UE atravessar TA diferentes. Se existirem situações onde se preveja uma maior carga
de paging, poderá proceder-se à redução do tamanho da TA ou criar várias TA de menor
dimensão.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 4


Planeamento e Optimização em Redes

3.1.2.2 Physical Cell Identity

O sistema LTE baseia-se todo ele na utilização de scrambling codes e Pseudo-Noise


Codes (PN Codes), para permitir uma distinção entre utilizadores e células assim como
para estabelecer um sincronismo entre o UE e o eNB. Na camada física os sinais de
sincronismo (incluindo o Primary Synchronization Signal (PSS) e o Secondary
Synchronization Signal (SSS)), possuem um mapeamento único a um PCI. Para além dos
sinais de sincronismo, o PCI é também usado como referência para o Downlink Reference
Signal (DL Reference Signal) e o Uplink Reference Signal (UL Reference Signal) incluindo
o Cell-specific Reference Signal (CRS) e o UE-specific Reference Signal (URS). No DL
Reference Signal, símbolos de referência são alocados em função do tempo e da
frequência. No tempo, cada símbolo de referência é transmitido no mesmo símbolo
OFDM, ao passo que na frequência o desvio (frequency shift) corresponderá ao resto da
divisão do PCI por 3 (modulo-3). Desta forma evita-se a sobreposição de sinais de
referência. No UL Reference Signal, o PUSCH transporta símbolos de referência para
desmodulação do sinal à chegada ao eNodeB. Estes símbolos de referência são
construídos através de sequências Zandoff-Chu 8, as quais estão divididas em 30 grupos.
Isto significa na prática que, para um dado Physical Resource Block (PRB) existem 30
sequências diferentes para atribuir, pelo que dificilmente haverá 2 sequências iguais, o
que é benéfico para a limitação da interferência inter-célula. Para que isto seja possível é
necessário que, às células vizinhas, sejam atribuídas diferentes sequências base. Para
isso, é necessário assegurar que os modulo-30 das células potencialmente interferentes
sejam diferentes.

Assim, aquando do planeamento dos PCI a atribuir a cada célula, a distância de


reutilização de PCI deverá ser tal de modo a impedir que um UE detecte dois PCIs
idênticos. Em cada BTS, entre cada sector, os PCIs deverão ser diferente (PCI módulo 3)
de modo a proporcionar um desvio na frequência.

No âmbito deste trabalho, foram desenvolvidos dois algoritmos de atribuição


automática de PCI: Sequencial ou baseado na mínima distância de reutilização. Estes
algoritmos serão descritos no capítulo seguinte.

8
Sequência pertencente à classe de sequências exponenciais complexas cujo sua auto-correlação discreta
em sinais não desfasados é nula. Em adição, as sequências Zandoff-Chu possuem uma amplitude
constante, [Mans09].

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3.1.2.3 Planeamento de Frequências

O planeamento de frequências determina a largura de banda que será disponibilizada a


cada célula. Idealmente, cada operador móvel teria à sua disposição, um espectro RF
grande o suficiente para permitir um factor de reutilização maior que 1. Contudo, na
prática, os operadores têm um espectro RF limitado, pelo que não conseguem atribuir a
máxima largura de banda a cada célula, a não ser que, usem um factor de reutilização de
1. Utilizar um factor de reutilização de 1 tem como vantagens:

 Maior eficiência espectral;


 Dispensa um planeamento de frequências;
 Algoritmos de escalonamento mais simples;
 Maior largura de banda por célula.

Contudo, esta opção levanta sérios problemas, entre os quais:

 Aumento de utilizadores provoca um grande aumento da interferência;


 Baixo nível de SNR, principalmente na periferia das células;
 Necessário recorrer a downtilt para mitigar interferências;
 Downtilt resulta numa redução da área de cobertura.

O LTE está desenhado para funcionar em ambientes onde existe interferência co-
canal. Cada eNodeB/sector que opere no mesmo canal, poderá ser interferido pelo sinal
proveniente de outros eNodeBs/sectores. O Carrier to Interference plus Noise Ratio
(CINR) mede a relação entre o sinal da portadora de serviço e os sinais das portadoras
interferentes. De modo a minimizar as situações de baixo CINR, foram desenvolvidos os
seguintes métodos:

 Resource Block Group Assignment (RBGA) – Planear diferentes RBs para cada
sector de modo a minimizar os efeitos da interferência;
 Frequency Selective Scheduling (FSS) – O escalonador utiliza os RBs que
oferecem melhor performance para transmitir os dados para os utilizadores;
 Inter-Cell Interference Coordination (ICIC) – Baseia-se numa estratégia de
escalonamento. Estas estratégias incluem o SFR (Soft Frequency Reuse) e FFR
(Fractional Frequency Reuse).

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Planeamento e Optimização em Redes

Em geral, o planeamento de frequências, usando um factor de reutilização de 1 aliado


a métodos de coordenação de interferência, deverá ser o caminho a seguir, de modo a
tirar maior partido da capacidade do LTE.

3.1.2.4 Relações Vizinhança

Ao contrário da UTRAN (WCDMA), na E-UTRAN, dependendo se existe ou não uma


ligação RRC com a rede, os UEs possuem apenas dois estados: RRC_CONNECTED e
RRC_IDLE. No estado RRC_IDLE o UE monitoriza o canal de paging, para detectar
eventuais tentativas de chamadas da rede, adquire informação do sistema, efectua
medidas nas suas células vizinhas e efectua re-selecção das mesmas, [TS36304]. No
estado RRC_CONNECTED o UE recebe/transfere dados de/para a rede. Para isso
monitoriza os canais de controlo que estão associados com os canais de dados, para
determinar se existem dados para receber e fornece informação da qualidade do canal ao
eNodeB de serviço. Também neste estado, o UE efectua medidas nas suas células
vizinhas e reporta estas ao seu eNodeB de serviço, com base na sua configuração.

No âmbito deste trabalho, para o estudo de mobilidade dos UEs, por imposição do
simulador LTE adoptado e o qual será descrito no capítulo 4, será apenas focado o
estado UE RRC_CONNECTED.

3.1.2.4.1 Mobilidade LTE em RRC_CONNECTED

No estado RRC_CONNECTED o UE mantém uma comunicação activa com a rede. Ao


contrário do estado RRC_IDLE onde o UE é quem assume o controlo no processo de re-
seleção de célula, em RRC_CONNECTED é o eNodeB quem controla o processo de
handover. O handover é baseado em medidas efectuadas pelo UE, cuja parametrização é
controlada pelo eNodeB.

Quando é identificada uma célula, cujo sinal recebido apresenta melhores


características que o sinal da célula de serviço, o eNodeB despoleta o processo de
handover (handover trigger). Dependendo da tecnologia de rede de acesso e frequência,
em modo dedicado, o UE poderá realizar três tipos de handover: entre células E-UTRAN
com portadoras de igual frequência (intra-frequency handover), entre células E-UTRAN
com portadoras de diferentes frequências (inter-frequency handover) ou entre células de
diferentes tecnologias de rede de acesso (inter-RAT handover).

Mais uma vez, por imposição do simulador LTE adoptado, será apenas abordado o
handover do tipo intra-frequência, intra-MME/SGW.

4 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

3.1.2.4.1.1 Intra-Frequency (Intra-MME/SGW) Handover

Existem três tipos de procedimentos de mobilidade para o handover intra-frequência:


intra-site, inter-site (usando a interface X2) e inter-site (usando a interface S1). O
procedimento de intra-site handover acontece quando ambas as células de origem e
destino pertencem ao mesmo eNodeB. No caso da célula candidata pertencer a um
eNodeB diferente do de serviço, mas ambos pertencerem ao mesmo MME, uma
comunicação usando a interface X2 ou S1 toma lugar. Neste caso temos um handover do
tipo inter-site que utiliza primeiramente a interface X2 e que, caso esta não exista, utiliza a
interface S1 para comunicar com o eNodeB destino. Finalmente, se a célula candidata
pertencer a um MME diferente da célula de serviço, torna-se necessária uma
comunicação usando a interface S1 e assim temos uma handover inter-site, inter-MME.

No geral o processo de handover intra-frequência poderá ser dividido em três fases:


preparação, execução e conclusão. A fase de preparação diz respeito apenas à rede de
acesso e consiste em configurar o UE para enviar relatórios de medidas de uma forma
periódica e/ou com base em eventos.

Através da mensagem RRC_Connection_Reconfiguration, a qual vem substituir a


mensagem Measurement_Control usada no UMTS, são configurados os seguintes
eventos, [John10]:
 evento A1 – a célula de serviço torna-se melhor que um limiar absoluto;
 evento A2 – a célula de serviço torna-se pior que um limiar absoluto;
 evento A3 – célula vizinha torna-se x dB melhor que a célula de serviço;
 evento A4 – célula vizinha torna-se melhor que um limiar absoluto;
 evento A5 – célula de serviço torna-se pior que um dado limiar A e célula vizinha
torna-se melhor que um dado limiar B.

Cabe ao UE, aquando da ocorrência de qualquer um dos eventos anteriores ou


mediante um período estabelecido, reportar as medidas efectuadas quer da sua célula de
serviço quer das células vizinhas. Através das medidas da própria célula o eNodeB avalia
o nível de cobertura e compara-o com o das células vizinhas. O UE pode reportar dois
tipos de medidas no processo de avaliação da célula candidata:

 Reference Signal Received Power (RSRP) que representa a potência média


medida pelo UE;

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 Reference Signal Received Quality (RSRQ) que representa a qualidade do sinal de


referência que o UE recebe da célula candidata.

O trigger de handover intra-frequência pode ser configurado para reagir pelo valor do
RSRP ou RSRQ ou ambos. Se o eNodeB identificar uma célula vizinha candidata, cujas
características de cobertura superam as da célula de serviço, então o procedimento de
handover é iniciado.

O eNodeB começa por enviar a mensagem X2-AP_Handover_Request para o


eNodeB destino usando para isso o ECGI da célula destino. Cada célula vizinha é
identificada pelo seu PCI não sendo necessário ao UE reportar o ECGI respectivo, uma
vez que em princípio existe na base de dados do eNodeB uma relação vizinha com a
célula reportada. Caso estejamos perante um cenário onde a função ANR está activa, o
eNodeB não terá em princípio nenhuma relação vizinha na sua base de dados, sendo
portanto necessário solicitar posteriormente ao UE o ECGI da célula reportada. Após
aplicação do algoritmo de admissão, o eNodeB destino sinaliza o eNodeB origem com a
informação necessária ao UE, usando a mensagem X2-AP_Handover_Acknowledge.
Entre outra informação, esta mensagem contém a mensagem
RRC_Connection_Reconfiguration encapsulada, que será enviada pelo eNodeB origem
ao UE para que este último se possa ligar ao eNodeB destino. Uma vez concluída a
sincronização com a célula destino, o UE sinaliza o eNodeB destino da conclusão do
handover através da mensagem RRC_Connection_Reconfiguration_Complete. A Figura
3.2 resume, de um modo geral, o processo de handover intra-frequência, intra-MME,
[John10].

4 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

Figura 3.2 – Processo de HO Intra-Frequência, Inter-eNodeB, Intra-MME.

3.1.3 Optimização

No que diz respeito aos processos de optimização de uma rede celular móvel LTE, estes
assemelham-se aos já usados na UTRAN e baseiam-se essencialmente na análise de
KPIs. Através da análise de indicadores, após a integração e ao longo da vida de um
eNodeB, resultam ajustes de parâmetros como potência, tilt, relações vizinhança, entre
outros, que visam a optimização dos pontos que foram analisados anteriormente:
Qualidade, Cobertura e Capacidade.

É na fase de optimização que o papel das SON mais se evidência. A aplicação das
funções SON na fase de optimização permite eliminar tarefas, que até agora pertenciam à
componente de planeamento. Como descrito no capítulo 2, a optimização de potência, o
ajuste de tilt com vista à minimização da interferência ou a criação de relações vizinhança,

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 4


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são tarefas bastante exaustivas e cujo erro humano poderá resultar numa degradação
significativa dos KPIs. A realização destas tarefas por parte de funções SON, permite
aliviar consideravelmente, a intervenção humana necessária para o rollout e optimização
de novas BTS.

As secções que se seguem descrevem algumas das soluções propostas para


automatizar as tarefas mais comuns, num processo de optimização da rede e as quais
serão alvo de implementação no capítulo 4.

3.1.3.1 Resolução Automática do Physical Cell Id

Sempre que existe uma colisão de PCI, a performance dos UEs degrada-se de tal forma
que poderão mesmo perder conectividade com a célula de serviço. Outro problema que
se levanta com o conflito de PCI prende-se com o relatório de medidas do UE, aquando
da necessidade deste fazer handover para uma outra célula. Se existir uma célula na
proximidade de um UE cujo PCI é idêntico ao PCI da célula de serviço, para além de
interferir, esta poderá impedir a recepção correcta do relatório de medidas pela célula de
serviço. Assim, a principal prioridade a ter em consideração no processo de atribuição de
PCI a cada célula, é maximizar a distância de reutilização dos mesmos, de modo a evitar
situações de interferência, quer no UE quer no eNodeB/sector.

Desde as primeiras especificações criadas para o LTE, que têm surgido várias
propostas de algoritmos de atribuição de PCI, que tentam minimizar o risco de colisão,
tais como as referenciadas em [LLZY10] e [LLZW10]. Com base nos estudos realizados
pode-se concluir que existem essencialmente três métodos de atribuição de PCI a um
eNB, são eles:

 Escuta dos PCI difundidos pelos eNB vizinhos usando um receptor de downlink e
através de interrupções coordenadas da transmissão, como se de um UE se
tratasse;
 Recepção do relatório de medidas de todos os UEs na área, antes de iniciar a
transmissão;
 Estabelecimento de uma ligação SCTP através da interface X2 com eNodeBs
vizinhos.

Apesar das soluções indicadas, uma terceira, descrita em [AFGH08], revela-se mais
eficiente na medida em que aproveita a função ANR para resolver conflitos de PCI. Esta
solução baseia-se em dois métodos para identificação de conflitos de PCI: utilizando a

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função ANR e os relatórios de medidas dos UEs. No primeiro método, através de


verificações ao nível da NRT, aquando da adição de uma nova NR, é possível identificar
célula com ECGI diferentes e com PCIs iguais. No segundo método, através de
interrupções na transmissão de cada uma das células do novo eNodeB, é possível, com
base em medidas efectuadas pelo UE, identificar células com ECGI diferentes e PCI
iguais. Esta última solução será a eleita para implementação a qual é descrita no capítulo
4.

3.1.3.2 Criação Automática de Relações Vizinhança

Tal como foi referido no capítulo 2, no que diz respeito a questões de mobilidade, uma
das funções proposta pelas SON é o ANR. Através da função ANR, a rede adapta-se às
necessidades de mobilidade de cada utilizador, dispensando a criação manual de
relações vizinhança. Esta função torna-se bastante benéfica para o desempenho da rede,
pois evita falhas de handover por falta de relações vizinhança. No que concerne ao
funcionamento desta função, várias propostas têm surgido como a descrita em,
[AFGH08]. No âmbito deste trabalho será criado um algoritmo baseado no trabalho
desenvolvido por [AFGH08], para criação automática de relações vizinhança e
simultaneamente resolução de conflitos de PCI.

3.1.3.3 Optimização de Handover

No que diz respeito à optimização de parâmetros de handover, também aqui as SON


assumem um papel especial, na medida em que proporcionam algoritmos capazes de,
com base em medidas efectuadas pelos UEs, fazer ajustes de parâmetros de modo a
melhorar o desempenho da mobilidade dos utilizadores em diferentes situações da rede.

3.1.3.3.1 Métricas de Handover

De acordo com [TIJI10] as métricas de optimização de handover poderão ser divididas em


métricas de sistema e métricas de controlo. Nas métricas de sistema temos o RSRP e o
SINR. Ambos são periodicamente medidos pelo UE de modo a permitir a este, saber qual
a melhor célula para se ligar e quais as células candidatas. O RSRP para cada célula
(RSRPc,ue) poderá ser medido da seguinte forma,

RSRPc,ue = Pc — Lpl — Lsf (3.8)

onde Pc é a potência transmitida pela célula, LpS as perdas de percurso entre um UE e a


célula e Lcf as perdas por difração com uma distribuição log-normal e desvio padrão de 3

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 4


Planeamento e Optimização em Redes

dB. Adicionalmente o SINR medido ao nível do UE (SINRue) é baseado na relação entre o


RSRP da célula de serviço e o RSRP da célula candidata com o sinal mais forte e poderá
ser descrito como,

SINRue = RSRPconn — RSRPint,noise (3.9)

onde RSRPconn representa o nível de sinal recebido da célula de serviço e RSRPint,noice no


nível de sinal da célula interferente, candidata a handover.

3.1.3.3.2 Indicadores de Desempenho

De modo a manter uma conectividade contínua numa comunicação, torna-se necessária


uma avaliação contínua do nível de QoS percepcionado pelos utilizadores. Para alcançar
este objectivo é efectuado um cálculo contínuo dos HPI. Segundo [TR36902] os principais
indicadores de performance de handover poderão ser resumidos à taxa de falhas de
handover (Handover Failure Rate (HOF)), Taxa de oscilação de Handover (Ping-Pong
Handover Rate (HPP)) e taxa de drops (Dropping Rate (DR)). O indicador de performance
de falha de handover (HPIKOF) é o número N de handovers falhados (NKOfaiS) dividido
pelo número de tentativas de handover (NKOATNP ),

NHOFail NHOFail
HPIHOF = HOatmp = (3.10)
(NHOsucc+NHOFail)
N

onde NKOATNP corresponde à soma dos handover com sucesso (NKOcucc ) com o número
de handovers falhados (NKOfaiS ). Já o indicador de performance de oscilação de handover
mede a taxa a que uma chamada é entregue da célula A para a célula B e é devolvida à
célula A, num período de tempo que é inferior a um designado período crítico (Tcrit ). O
HPIKPP é calculado como o número de handovers por oscilação (NKOpp ), dividido por ele
mesmo somado do número de handovers que não sofreram oscilação (NKOnpp ) e o
número de handovers falhados.

HPIHPP NHOpp
= (3.11)
NHOpp+NHOnpp+NHOFail

Finalmente, o indicador de performance de chamadas caídas (HPIDC), mede a


probabilidade de uma chamada cair antes de um handover terminar e é calculado como a
relação do número de chamadas caídas (Ndropped caSS) sobre o número de chamadas
aceites, (NacceptabSe caSS).

5 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Planeamento e Optimização em Redes

HPID€ Ndropped call


= Nacceptable (3.12)
call

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Capítulo 4
Simulação de Redes
Auto-Geridas
Neste capítulo, descreve-se um conjunto de funções implementadas que permitem
simular algumas das funcionalidades SON descritas no capítulo anterior. Este capítulo
começa por apresentar o “System Level Simulator of LTE Networks” do Institute of
Communications and Radio-Frequency Engineering da Universidade Tecnológica de
Vienna, Áustria (TU- WIEN9), o qual é tido como a base para o desenvolvimento das
funções SON pretendidas. Posteriormente decrevem-se as funções de atribuição,
detecção e resolução de PCI, ANR e optimização de handover implementadas, com
especial atenção aos algoritmos desenvolvidos. Finalmente apresenta-se uma interface
gráfica que permite a interacção do utilizador com o simulador.

9
http://nt.tuwien.ac.at/ltesimulator

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 5


Simulação de Redes Auto-

4.1 System Level Simulator of LTE Networks


Ao longo do processo de normalização do LTE, vários simuladores têm vindo a ser
desenvolvidos por fabricantes e operadoras móveis. Para além de empresas, algumas
instituições académicas têm vindo igualmente a desenvolver simuladores LTE. Um caso
prático de um simulador LTE desenvolvido em ambiente académico é o “System Level
Simulator of LTE Networks”. Este simulador do tipo, como o próprio nome indica, System-
Level, implementado em Matlab®, permite auxiliar a tarefa de dimensionamento de
capacidade de uma rede ao possibilitar o cálculo das distribuições de erros, débitos
máximos alcançáveis, etc, [IWRu10].

4.1.1 Arquitectura do System Level Simulator

A Figura 4.1 ilustra os vários blocos que compõem o “System Level Simulator of LTE
Networks” proposto pelo TU-WIEN, [IWRu10].

Figura 4.1 – Esquema de blocos do LTE System-Level Simulator [IWRu10].

Os blocos essenciais que compõem este simulador são o Link-Measurement Model,


responsável pela adaptação da ligação e pela atribuição de recursos e o Link-
Performance Model, responsável por determinar o Block Error Rate (BLER) [IWRu10].
Para o Link-Measurement Model contribui o layout da rede, nomeadamente a
configuração de cada eNodeB, modelos de propagação, ganho das antenas, mobilidade,

5 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

mapas de tráfego e políticas de gestão de recursos. Para o Link-Performance Model


contribui o Link-Measurement Model e a estratégia de adaptação ao canal. Deste último
são obtidos indicadores de débitos, taxas de erro e respectivas distribuições, SINR, etc..

4.1.2 Modo de Funcionamento

No que diz respeito ao seu funcionamento, este divide-se em duas fases. A primeira fase
diz respeito à criação do cenário para simulação, enquanto a segunda diz respeito à
simulação propriamente dita da comunicação entre eNodeB e UE, com base em
intervalos de transmissão, apelidado na maior parte das vezes de TTI (Transmission Time
Interval).

Cada simulação assenta num conjunto de parâmetros previamente definidos pelo


utilizador, os quais determinam a configuração a aplicar aquando da criação da rede. Em
[MeIk11] poderá ser encontrada uma descrição detalhada de cada parâmetro de
configuração existente na versão original do simulador.

Sempre que é iniciada uma simulação, o simulador começa por carregar as curvas de
BLER. Estas curvas permitirão ao UE identificar o CQI a reportar ao eNodeB para um
dado BLER. De seguida são criados os eNodeBs. Dependendo da configuração
especificada pelo utilizador, estes poderão ser gerados aquando de cada simulação, ou
através do carregamento de um ficheiro de configuração proveniente de ferramentas de
planeamento, como por exemplo Atoll®. No que diz respeito à especificação manual da
rede, esta está limitada apenas à criação de clusters hexagonais de eNodeBs tri-
sectorizados, igualmente espaçados entre si e com a mesma configuração. A Figura 4.2
ilustra o layout típico de uma simulação.
eNodeB and UE positions
21
600
20 19 48
27 3 54 466 47

400 25 53 51 50
52 57
49
12 24
10
17 11 22 23 37
200
39
45
38 62 56 55
18 2
16 44 5 7
y pos

0
15 61
43 63
40 59
-200 13 2
14 1 29 58
41 28
8 3 30
-400
60
7
9 1 4 34
36 354 31

-600
6 33 32
-800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800
x pos [m]

Figura 4.2 – Exemplo de um cenário de simulação usando o LTE System-Level Simulator.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 5


Simulação de Redes Auto-

Com base no modelo de propagação especificado é criada uma matriz de atenuação


com uma dada resolução medida em unidades metro/pixel. Através do tipo de antena,
igualmente especificada pelo utilizador, o simulador calcula o padrão de ganho
correspondente a cada sector de cada eNodeB. É com base na matriz de atenuação e na
matriz de ganho de cada sector, que o simulador calcula a matriz final de atenuação entre
o eNodeB e o UE, utilizando a equação,

PathlossTotaS = Max(Pathloss — GTs — GRs, MCL) (4.1)

onde GTs é a matriz de ganho do emissor, GRs o ganho do receptor, que é tido como 0 dB
e MCL (Minimum Coupling Loss) que corresponde ao valor de perdas mínimo que deverá
existir entre o transmissor e o emissor (incluindo perdas nos cabos, splitters, etc.). Será
com base nesta matriz de atenuação que cada UE irá calcular a sua potência recebida
utilizando a seguinte equação,

PwrRs = PwrTs — PathlossTotaS (4.2)

onde PwrRsé a potência do receptor, PwrTs a potência do transmissor e PathlossTotaS a


atenuação total entre o emissor e o receptor. Uma vez terminada a criação de cada
eNodeB procede-se à criação de uma designada, matriz sector. A cada ponto
(x_eos, y_eos) da matriz de atenuação anteriormente calculada, corresponde uma dada
atenuação e a qualquer UE que esteja localizado nesse ponto, será atribuído um
determinado eNodeB e sector. A Figura 4.3 ilustra a estrutura da matriz sector calculada
antes de cada simulação, através do Link-Budget especificado pelo utilizador.

Figura 4.3 – Estrutura da matriz de atenuação usada pelo LTE System-Level Simulator.

5 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

Desta forma, evita-se que a cada nova posição de um UE, se calcule um novo Link-
Budget para determinar a qual eNodeB/sector este pertence. Relativamente à distribuição
e densidade dos utilizadores numa designada região de interesse, denominada muitas
das vezes de ROI, esta poderá ser determinada por uma de duas formas: aleatoriamente
ou através de mapas de tráfego importados para o simulador.

Uma vez criados os eNodeBs, procede-se à criação dos UEs. Cada UE possui uma
posição inicial, uma velocidade constante e um modelo de deslocamento, que poderá ser
aleatório ou em linha recta. A cada UE é também atribuído um sector inicial e um canal de
downlink. Uma vez gerada a rede dá-se início à fase de simulação. Cada TTI tem 1 ms e
em cada período destes, tanto o eNodeB como o UE, recebem, processam e enviam
dados para um buffer, ou seja, em cada período, um dado UE ou eNodeB só recebe e
envia uma vez, não havendo portanto uma comunicação completa num só TTI. A Figura
4.4 ilustra o processo de comunicação entre UE e eNodeB.

Figura 4.4 – Processo de comunicação entre UE e eNB usado pelo LTE System-Level
Simulator.

No instante TTI = 1 o UE vai buscar ao seu canal de downlink a informação colocada


pelo seu eNodeB/sector de serviço no instante TTI – 1. No mesmo TTI, o UE estima a
qualidade do canal e calcula o CQI. Uma vez efectuados os cálculos necessários, o UE,
no mesmo TTI, coloca num buffer, o qual simula o canal de uplink, os dados que pretende
transmitir ao eNodeB. No instante TTI = 2, o eNodeB respectivo, retira do buffer os dados
colocados pelo UE no instante TTI – 1 e procede ao agendamento da transmissão para o
utilizador, com base no feedback por ele fornecido. No mesmo TTI, o eNodeB coloca a

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Simulação de Redes Auto-

informação que pretende transmitir ao UE. Dentro de cada TTI, começa-se por mover
cada utilizador de acordo com o modelo de deslocamento determinado pelo utilizador. A
cada iteração verifica-se se todos os UEs se mantêm dentro da ROI. Se algum UE sair
fora da ROI, este será colocado aleatoriamente numa nova posição e atribuído a um novo
eNodeB/sector.

Em cada iteração, cada utilizador estima a qualidade do seu canal de downlink,


através do cálculo do seu SINR em cada RB e da tradução deste num CQI e BLER,
usando as curvas carregadas no início da simulação. Segundo [IWRu10], o BLER não
deverá ser maior que 10%. Uma vez determinado, cada utilizador transmite o CQI ao seu
eNodeB de serviço. O eNodeB por sua vez, e recordando que no instante TTI estão a ser
processados os dados provenientes do instante TTI - 1, recebe o feedback de cada UE e
agenda a transmissão para este com base no CQI recebido.

4.2 Implementação de Funções de Auto-Gestão


Tomando como ponto de partida o trabalho, que tem vindo a ser desenvolvido pelo TU-
WIEN no “System Level Simulator of LTE Networks” e beneficiando da estrutura modular
que caracteriza este simulador, foi efectuado um conjunto de alterações que conferem a
este a capacidade de simular as funcionalidades SON de atribuição e resolução de PCI,
ANR e optimização de handover. Apesar de se tratar de um simulador do tipo System-
Level, cujo objectivo é o estudo de capacidade em redes LTE, a sua estrutura de
comunicação, o Link-Budget baseado em modelos de propagação empíricos de pequena
e larga escala, incluindo desvanecimento rápido e lento, e a aplicação de modelos de
tráfego, tornam-o ideal para a simulação de funcionalidades que reflectem o planeamento
e a optimização celular.

Para munir este simulador das funcionalidades SON pretendidas, foi necessário
efectuar alterações de fundo em várias partes do simulador. As alterações efectuadas
podem ser agrupadas em dois tipos: usabilidade e funcionalidade. As alterações de
usabilidade visam conferir ao simulador a capacidade de simular cenários mais
personalizados e resumem-se a:
 Importação de mapas geo-referenciados (permite o cálculo automático de
distâncias);

5 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

 Definição manual da configuração de cada eNB, incluindo potência de saída,


número de sectores e respectivas orientações, modelo da antena, MDT
(Mechanical Down-Tilt) e EDT (Electrical Down-Tilt), altura e cota;
 Criação de eNB com 1, 2 ou 3 sectores;
 Definição manual das características do canal incluindo frequência de operação,
largura de banda, modo de transmissão e modelos de propagação de larga e
pequena escala, incluindo desvanecimento por difracção (shadow fading);
 Definição da velocidade, tipo de tráfego, e número de utilizadores;
 Guardar cenários e resultados em formato de projecto (.mat) para análise futura.

No que diz respeito às alterações ao nível da funcionalidade, estas tem como


objectivo conferir ao simulador a capacidade de simular as funções SON anteriormente
referidas e resumem-se a:

 Implementação ao nível do UE de funções que permitem a este, com base no sinal


da sua célula de serviço e das células interferentes, gerar relatórios de medidas e
despoletar um handover atendendo a um determinado valor de Histerese e TTT
(Time-To Trigger);
 Implementação de um algoritmo de handover intra-frequência (Intra-MME/SGW) ao
nível da célula de cada eNodeB que permite o processamento de relatórios de
medidas (Measurement Report) e reconfiguração dos UEs (RRC Connection
Reconfiguration), [John10];
 Implementação de funções que verificam as condições do canal aquando do
processo de handover;
 Implementação de um mecanismo de criação e gestão automática de relações
vizinhança (ANR);
 Implementação de funções que permitem atribuir, de forma sequencial ou com
base numa dada distância mínima de reutilização, PCIs a cada célula;
 Implementação de funções que, com auxilio da função ANR, detectam e resolvem
conflitos de PCI;
 Implementação de funções que, com base em relatórios de medidas dos UEs,
permitem optimizar os parâmetros de Histerese e TTT ao nível da célula;
 Implementação de funções que recolhem dados que permitem a cada simulação
gerar dados estatísticos.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 5


Simulação de Redes Auto-

As secções que se seguem descrevem com maior rigor, as alterações efectuadas ao


nível da funcionalidade do simulador que conferem a este a capacidade de simular as
funções já referidas. Nota que, a versão do simulador base usada ao longo de todo este
trabalho é a 1.3 r427.

4.2.1 Atribuição Automática de PCI

No âmbito deste trabalho, a atribuição de PCI a cada eNodeB/sector é feita sem qualquer
restrição havendo apenas um mecanismo que, com base numa lista de PCI disponíveis,
atribiu um novo PCI tentando ao máximo minimizar o risco de interferência com os PCI já
atribuídos aos eNodeB/sectores já existentes.
No que diz respeito à geração de PCI para atribuição, esta é baseada no método
descrito na Secção 2.2.3.3 onde são criados 167 Physical Cell Identity Group e onde cada
grupo possui três PCI para alocação (Physical Layer Identity). A alocação de PCI,
aquando da preparação de cada simulação, é feita com base nos seguintes critérios:

 A cada eNB está alocado um e só um Physical Cell Identity Group;


 Às células co-localizadas deverá ser atribuído um PCI por ordem ascendente do
Physical Layer Identity.

Na Tabela 4.1 pode ser observado o modo como os PCI são distribuídos ao longo dos
167 grupos.

Tabela 4.1 – Tabela de PCI gerada para atribuição.


0 1 2 … 166 167
0 0 3 6 … 498 501
1 4 7 10 … 502 1
2 8 11 14 … 2 5

O modo como cada PCI é atribuído a cada uma das células poderá ser sequencial,
onde a cada eNodeB é atribuído um grupo de PCI, ou utilizando o método da mínima
distância de reutilização, onde um algoritmo atribui a cada eNodeB um grupo de PCI,
tendo em conta os PCI atribuidos aos eNodeBs vizinhos, cuja distância é inferior à
distância mínima de reutilização definida pelo utilizador. Através do primeiro método,
utilizando somente a tabela anterior, poderá ser criado um cluster, cujo número de células
poderá ir até às 504 sem que algum PCI seja repetido, contudo, esta situação mantém o
problema da interferência com células de clusters adjacentes. O segundo método, baseia-
se num algoritmo que com base na matriz sector, analisa quais os potenciais sectores
interferentes num dado sector e a distância a que se encontram, e desta forma atribui um

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grupo de PCI diferentes dos utilizados pelos eNodeBs interferentes e que se encontram a
uma distância menor que a distância de reutilização.

4.2.2 Resolução de Conflitos de PCI

Tal como se pode ver na secção anterior, um dos problemas que advêm da atribuição de
um PCI de forma automática, prende-se com a distância de reutilização dos mesmos. À
semelhança da atribuição de um SC no UTRAN (WCDMA), também a atribuição de um
PCI na E-UTRAN deverá ter em conta a distância de reutilização, de modo a minimizar a
hipótese de interferência.

A atribuição automática de um novo PCI a uma célula poderá fazer com que esta
provoque interferência numa outra célula na sua vizinhança mas que não lhe é conhecida.
Neste contexto, alguns estudos têm sido realizados, nomeadamente o descrito em
[AFGH08], o qual propõe duas soluções para minimizar o risco de interferência entre duas
células, aquando da atribuição de um novo PCI. Numa primeira abordagem, este trabalho
propõe uma atribuição local de um novo PCI à célula interferente, sendo que o PCI
atribuído deverá ser diferente do conjunto de PCI utilizados pelas células vizinhas e pelas
células vizinhas das vizinhas. Uma vez reunidos todos os PCI das células vizinhas, é
gerado um novo PCI e actualizada cada relação vizinhança das células vizinhas. A
segunda solução proposta para este trabalho baseia-se na criação de períodos temporais
aleatórios, onde a célula de serviço interrompe a sua transmissão permitindo ao UE
escutar outras células cuja assinatura é idêntica à célula de serviço. Uma vez identificada
uma célula com a mesma assinatura, o UE informa o eNodeB o qual, por sua vez, informa
o OSS para que uma acção seja tomada.

No âmbito deste trabalho decidiu-se implementar o primeiro mecanismo proposto por


[AFGH08] para identificação e resolução de conflitos de PCI. No que diz respeito ao
segundo mecanismo proposto por este estudo, o autor não é claro quanto à forma como
um UE gere a comunicação com a sua célula de serviço quando recebe um sinal de uma
outra célula com o mesmo PCI. Podendo ocorrer uma situação onde ambos os sinais
possuem a mesma frequência o móvel poderá não conseguir comunicar com qualquer
uma das células. Perante a hipótese do UE não conseguir comunicar com a sua célula de
serviço, este segundo mecanismo não foi considerado e, desta forma, a detecção de
conflitos de PCI será apenas baseada nos relatórios de medidas enviados pelos UEs. A
Figura 4.5 ilustra dois algoritmos desenvolvidos para a detecção e resolução de PCI
usando a função ANR como auxílio.

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Figura 4.5 – Algoritmo de detecção (a) e resolução (b) de PCI através da função ANR.

No que diz respeito à detecção de conflitos de PCI entre células diferentes, uma vez
iniciado o processo de handover intra-frequência, o eNodeB verifica se o PCI da nova
célula já existe na sua NRT. Se existir, este vai verificar se o ECGI dessa mesma célula é
igual ao ECGI da NR já existente na sua NRT. Se o ECGI for diferente, concluiu-se que
existem pelo menos duas células na proximidade que possuem o mesmo PCI. Para
resolver esta situação, o eNodeB contacta o eNodeB/sector correspondente à NR
existente com o mesmo PCI usando o respectivo ECGI e solicita a geração de um novo
PCI. O eNodeB/sector contactado, por seu lado, alertado para a existência de conflito de
PCI, reune os PCI das suas células vizinhas e das vizinhas das vizinhas, e com base
neles gera um novo PCI e reporta-o de volta para o eNodeB/sector origem. O
eNodeB/sector origem, por seu lado, actualiza a NR respectiva. Uma vez resolvido o
conflito, o eNodeB origem estabelece uma ligação com o eNodeB destino e solicita a
alocação dos recursos necessários para efectuar o handover do UE. Para além da
alocação de recursos, o eNodeB origem transmite ao eNodeB destino toda a sua NRT.

6 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


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Nesta fase, o eNodeB de destino começa por comparar as NR da célula origem com as
suas. Se for identificado um par de NR pertencente a ambas as células, cujo PCI é
idêntico mas o ECGI é diferente, então concluiu-se desta forma que existe um outro
conflito de PCIs. Uma vez identificado um conflito de PCI dá-se início ao algoritmo de
resolução.

Na fase de resolução do conflito de PCI, à semelhança do processo anterior, o


eNodeB/sector de destino começa por reunir as NR das células vizinhas e vizinhas das
vizinhas. São reunidos os PCIs de todas as NR e com base nestes é gerado um novo PCI
que será atribuído à célula conflituosa. Uma vez gerado e atribuído o novo PCI, todas as
NR das células vizinhas, são percorridas e actualizadas com a informação do novo PCI
atribuído. Nota que, o processo de resolução de conflitos entre PCIs atribui apenas um
novo PCI à célula conflituosa e não um novo Physical Identity Group ao eNodeB. Esta
opção foi tomada para minimizar o número de interrupções de transmissão entre eNodeB
e UE, ou seja, períodos em que as células teriam de mudar de PCI. Contudo, numa
situação real a alocação de um novo Physical Identity Group deverá ser considerada de
modo a manter a coerência nos desvios de frequência entre sectores. Partiu-se também
do princípio que dois eNodeB, relativamente próximos e com o mesmo Physical Identity
Group, não possuem necessariamente todos os sectores a interferirem uns com os
outros.

4.2.3 Criação Automática de Relações Vizinhança

Tomando como ponto de partida o trabalho realizado em [AFGH08] foi desenvolvido um


algoritmo que, partindo do “System Level Simulator of LTE Networks”, permite simular o
funcionamento da função ANR para um cenário de handover intra-frequência entre
eNodeB da mesma MME. Tal como proposto pelo 3GPP, [TS36300], o algoritmo baseia-
se na construção de uma NRT com base nas células que são reportadas por cada UE,
quer seja pelo envio periódico ou por evento, do relatório de medidas.

Para tornar cada UE capaz de dispoletar eventos que o permitam reportar medidas,
foram feitas alterações de modo a possibilitar-lhe efectuar a cada TTI, a medição do
RSRP da sua célula e das células vizinhas e com base nos valores obtidos criar eventos.
Por outro lado, ao nível do eNodeB tornou-se necessário conferir a este a capacidade de
analisar os relatórios de medidas, enviados por cada UE e com base neles, responder
com mensagens de reconfiguração. Aliás, é no sector de cada eNodeB que se centra a

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 6


Simulação de Redes Auto-

função ANR, responsável por adicionar ou remover NR e por gerir os KPIs relativos aos
handovers efectuados.

Assim, o UE poderá utilizar o RSRP ou RSRQ como medida, para determinar a


qualidade do sinal proveniente da sua célula de serviço. O “System Level Simulator of
LTE Networks”, na sua versão mais actual, não implementa quaisquer mecanismos de
handover, sendo apenas efectuada a mudança de célula sempre que o utilizador sai fora
da ROI. Assim, como uma aproximação ao cálculo do RSRQ, cada UE utiliza a média de
todos os valores de SINR medidos para cada RB, como indicador da qualidade do sinal
recebido. Não sendo este o método correcto de avaliação da qualidade do sinal na célula,
esta acaba por se revelar uma medida suficientemente eficaz para a demonstração do
funcionamento do algoritmo de ANR.

4.2.3.1 Modo de Funcionamento

Em cada ciclo de transmissão, cada UE verifica o nível de sinal recebido da sua célula de
serviço. Sempre que o sinal recebido da célula de serviço desça abaixo dos -100 dBm, o
UE inicia o processo de medição do nível de sinal recebido das suas células interferentes,
ao mesmo tempo que verifica se alguma destas possui o mesmo PCI que a sua célula de
serviço. Se existir alguma célula interferente cujo PCI é idêntico ao PCI da célula de
serviço o UE entra numa designada situação de bloqueio. Nesta situação o UE vê-se
impedido de transmitir enquanto o PCI da célula interferente não for resolvido.

Se não for verificada a existência de uma situação de bloqueio, o UE prosegue com


as medidas e verifica se existem condições para despoletar o processo de handover. A
forma como é despoletado um evento do tipo A3 é idêntica à proposta pelo 3GPP
[TS36300]. Para que um evento do tipo A3 ocorra, é necessário que o sinal proveniente
de uma qualquer célula interferente, obedeça à condição abaixo durante um período
designado de TTT (Time-To-Trigger),

RSRPi,ue Σ RSRPc,ue + (Qhyc + Qoffcet) (4.3)

onde RSRPi,ueo nível de sinal recebido da célula interferente, RSRPc,ue é o nível de sinal
recebido pela célula de serviço, Qhyc o valor de histerese de handover e Qoffceto valor de
offset de handover. Sempre que a condição acima se verifica por um período mínimo
equivalente ao TTT, o evento A3 é despoletado pelo UE, e um relatório de medidas é
enviado ao eNodeB/sector de serviço. Mesmo que a condição acima não se verifique, o

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UE é obrigado a transmitir periodicamente um relatório de medidas, de modo a evitar


situações de degradação de handover por uma subita alteração das condições de
recepção. A Figura 4.6 ilustra a situação necessária para que o UE gere um evento do
tipo A3.

Figura 4.6 – 3GPP LTE Handover Procedure, [TS36300].

De referir que, cabe ao eNodeB/sector de serviço efectuar regularmente a


actualização dos parâmetros de handover de cada um dos seus UEs. No caso particular
deste trabalho, onde um algoritmo, a ser apresentado na secção seguinte, é responsavel
por optimizar os parâmetros de handover, esta actualização fica dependente da
actualização dos parâmetros de histerese e TTT pelo mesmo.

A cada ciclo de transmissão, cada eNodeB/sector verifica se existem relatórios de


medidas de UE para processar. Sempre que um relatório de medidas é recebido, o
eNodeB/sector verifica se a célula candidata oferece melhores condições de cobertura
que a célula de serviço (HO decision). Se a célula candidata for melhor que a célula de
serviço, no que diz respeito ao nível de RSRP medido, o processo de handover inicia-se.

Tomada a decisão de handover, a função ANR começa por verificar se o PCI da


célula candidata consta na sua base de dados (NRT). Se o PCI da célula candidata já se
encontrar na NRT, o processo de handover prossegue, caso contrário o eNodeB solicita
ao UE o ECGI da célula candidata. O UE, por seu lado responde com o PCI, ECGI da
célula candidata. Com base no ECGI da célula candidata, o eNodeB de origem troca
informação com o eNodeB destino para que ambos possam conhecer as suas NRTs. Esta
troca de informação permitirá verificar a existência de eventuais conflitos de PCI, os quais
poderão ser solucionados usando o mecanismo descrito anteriormente. Uma vez trocada

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 6


Simulação de Redes Auto-

a informação de NRT entre ambos os eNodeB, é dada a indicação ao UE para que este
efectue o handover para a nova célula.

Uma vez recebido o comando de handover, o UE abandona a sua antiga célula de


serviço, libertando os recursos associados. Durante este processo, este mantém uma
medição constante do nível de sinal recebido. Se o nível de sinal recebido descer abaixo
do limiar de sensibilidade do UE, o processo de handover falha e o UE regressa à célula
de origem. Através do Link-Budget apresentado no Anexo C considera-se que cada UE
tem uma sensibilidade de -133 dBm. Caso o nível de sinal recebido seja superior ao limiar
mínimo de sensibilidade, o UE efectua o acesso à nova célula e mede a qualidade do
sinal utilizando o SINR médio de todos os RBs como medida de qualidade do sinal
recebido. Se o SINR médio for superior a um dado limiar, o handover é concluído, caso
contrário o UE regressa à sua célula de origem. O SINR mínimo para que um UE possa
aceder a uma célula é de -10 dB como proposto em [HoTo07] para um receptor com duas
antenas e para um débito mínimo de 1 Mbps em downlink. A Figura 4.7 ilustra a
sequência de mensagens que é trocada entre UE e eNodeB origem e destino durante o
processo de handover, após o evento A3.

6 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

Figura 4.7 – Fluxo de mensagens trocado no algoritmo ANR proposto.

De referir que ao longo de todo o processo de handover, os KPIs de handover são


actualizados ao nível da célula, permitindo posteriormente uma análise do número de
handovers e taxa de sucesso dos mesmo ao longo de cada TTI.

É de destacar também o facto que a função ANR só permite a adição de no máximo


32 relações vizinhança e que periodicamente a lista de NR existentes em cada NRT é
revista de modo a que, todas as NR que não são utilizadas dentro de um determinado
período, serão removidas. Esta última acção garante que relações vizinhança que não
são muito utilizadas não impeçam outras NRs mais importantes de ser adicionadas à
NRT.

Para tornar a comunicação entre cada eNodeB e UE coerente, um algoritmo assegura


que a comunicação entre estes segue o processo de handover intra-frequência

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 6


Simulação de Redes Auto-

especificado pelo 3GPP e o qual já foi descrito no capítulo 3. A Figura 4.8 ilustra o fluxo
de mensagens trocadas entre UE e eNodeB durante o processo de handover.

Figura 4.8 – Sinalização entre eNodeB e UE durante o processo de handover em cada


TTI.

Figura 4.9 – Algoritmo de Actualização da NRT.

6 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

Figura 4.10 – Fluxograma do algoritmo ANR.

4.2.4 Optimização de Handover

Finalmente, a terceira funcionalidade implementada no contexto das SON é a optimização


automática de parâmetros de handover, com vista à redução da taxa de handovers por
oscilação, HPP. Localizada ao nível da célula, esta função visa uma actualização
dinâmica dos parâmetros de handover, com base nas medidas efectuadas por cada UE
que contribuem para o cálculo do HPIKPP.

4.2.4.1 Detecção de Oscilação

De modo a detectar a ocorrência de um handover por oscilação, cada célula mantém um


histórico de todos os utilizadores que foram alvo de handover. Sempre que é inicializado
um handover de um dado UE, a célula de serviço que despoletou o seu início guarda o ID
deste, que num caso prático poderá ser o International Mobile Subscriber Identity (IMSI)
ou International Mobile Equipment Identity (IMEI) do equipamento, e o TTI no qual o
evento ocorreu. Sempre que uma célula recebe um novo utilizador por handover, o
algoritmo apresentado na Figura 4.11 é aplicado. Nesta figura o número de handovers
(NHO) é sempre incrementado quando um UE é recebido. Se o UE existe na lista de UE
que foram recentemente alvo de handover, o algoritmo verifica quanto tempo passou

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 6


Simulação de Redes Auto-

desde o seu último handover, ou seja, verifica o número de TTIs que passaram desde
então. Se o número de TTIs que separa o primeiro handover do segundo for inferior a um
determinado periodo crítico (Tcrit), o número de handovers por oscilação é incrementado
(NHOpp).

Figura 4.11 – Algoritmo de detecção de oscilação de handover.

4.2.4.2 Controlo de Oscilação

No algoritmo de hard-handover, o UE tem apenas de garantir que o RSRP da célula


candidata é superior ao RSRP da sua célula de serviço, adicionado de uma determinada
histerese. Ao fazer isto, o UE poderá cair numa situação onde o RSRP da célula de
serviço oscila com uma dada frequência, cujo periodo é superior ao TTT mas não superior
o suficiente para evitar a oscilação de handover. Esta situação indesejada poderá ser
colmatada através do ajuste dinâmico do TTT com base no HPIKPP. Contudo, o eNodeB
não está desta forma a prevenir a ocorrência de handover mas sim a reagir à mesma.
Assim, em vez de usar os valores instantâneos de RSRP da célula de serviço, cada UE
calcula a média dos últimos N valores de RSRP registados na célula de serviço, tornando
assim as decisões de handover mais fidedignas. O RSRP médio numa dada célula
poderá ser calculado usando a seguinte expressão,

∑N RSRP(nT)
RSRPavg = n=1
(4.4)
N

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Simulação de Redes Auto-

onde N representa o número total de n amostras durante um dado período T. Porque


fenómenos como desvanecimento rápido do sinal podem ocorrer, o parâmetro T poderá
ser ajustado para cada tipo de ambiente de propagação rádio.

No que diz respeito ao funcionamento do algoritmo de optimização propriamente dito,


este parte do mesmo princípio descrito em [TIJI10], ou seja, no aumento ou diminuição
periódicas dos valores de Histerese e TTT sempre que o HPIKPP é maior ou menor,
respectivamente, que um dado limiar estabelecido através das políticas do sistema.
Contudo, o algoritmo desenvolvido vai mais longe, na medida em que tenta
continuamente garantir os melhores valores de Histerese e TTT evitando ao mesmo
tempo situações de suboptimização de parâmetros. Assim, se o HPIKPP medido é superior
ao limiar máximo estabelecido, atinge-se uma designada análise de mau desempenho,
caso contrário atinge-se uma análise de bom desempenho.

A actualização dos parâmetros de handover é feita periodicamente usando um


designado contador de bom e mau desempenho. Cada vez que um dado TTI é alcançado,
os parâmetros de handover são revistos. Se o contador de mau desempenho atinge o TTI
de má performance, o algoritmo começa por verificar se o HPIKPP actual é igual ao último
HPIKPP registado, aquando da última análise de mau desempenho. Se diferentes, os
valores de Histerese e TTT são incrementados, caso contrário, o algoritmo verifica se o
NHO aumentou. Se sim, a Histerese e TTT são incrementados, se não, são
decrementados.

Caso o HPIKPP seja menor que o valor de HPIKPP definido pelas políticas, é efectuada
uma análise de bom desempenho. Se o contador de bom desempenho atinge o TTI de
boa performance, definido também pelas políticas do sistema, os parâmetros de Histerese
e TTT são decrementados. Numa análise de boa performance procura-se optimizar
quanto possível os parâmetros de handover. A Figura 4.12 ilustra o fluxograma que
descreve o funcionamento do algoritmo desenvolvido.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Simulação de Redes Auto-

Figura 4.12 – Algoritmo de controlo de oscilação de handover.

Segundo [LGKi10], um UE que se desloque a uma velocidade elevada, tem uma


menor taxa de handover quando comparado com um UE que se desloca a baixa
velocidade. Esta situação deve-se em grande medida ao facto de um UE que se desloca
a uma velocidade elevada, ser incentivado a passar para uma célula de uma camada
superior na hierarquia, ou seja, passar para uma célula cujo raio de cobertura é superior,
de forma a minimizar a sinalização e proporcionar uma melhor gestão dos recursos rádio.
Por outro lado, um UE que se desloca a uma velocidade baixa sofre de uma maior
flutuação no RSRP da sua célula de serviço, devido à proximidade com a periferia da
célula, especialmente em zonas urbanas com elevada densidade de células. Na primeira
situação, exige-se um valor de histerese baixo, ao passo que na segunda situação
requere-se um valor de histerese mais elevado. Outra situação que poderá afectar o
desempenho dos handovers diz respeito ao tipo de serviço onde tipicamente serviços do
tipo Real-Time (RT) têm mais prioridade, uma vez que são mais sensíveis ao atraso,
quando comparados com serviços do tipo Non Real-Time (NRT). Segundo [LGKi10], para
o caso de serviços RT, deverá ser usado um valor de histerese baixo, ao passo que em
serviços do tipo NRT deverá ser utilizado um valor de histerese elevado. Assim, para

7 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

ultrapassar os constrangimentos que a velocidade e tipo de serviço do UE poderão causar


na performance de handover, ao valor de Histerese é subtraído um determinado
parâmetro delta calculado com base na velocidade do UE e no tipo de dados que este
troca com o eNodeB. O parâmetro delta é dado por,

delta(v,vNAX v
,c) = ( + 1)+ (— c + 1) (4.5)
v
NAX 6

onde v é a velocidade do UE, vNAS a velocidade máxima dos UEs que são servidos pela
célula a cada TTI e s o tipo de dados que o UE troca com o eNodeB no plano
do utilizador. No âmbito deste trabalho foram definidos seis tipos de tráfego: FTP,
HTTP, Vídeo, VoIP, Gaming e Full Buffer. A cada tipo de tráfego corresponde um peso,
o qual em determinada medida indica a sensibilidade do serviço a atrasos. Na Tabela
4.2 são ilustrados os serviços e os respectivos pesos que são tidos em conta.

Tabela 4.2 – Peso atribuído a cada tipo de tráfego realizado por um UE.
Tipo de Serviço Peso
FTP 1
HTTP 2
Vídeo 3
VoIP 4
Gaming 5
Full Buffer 6

4.3 Interface Gráfica para Simulação de Redes Auto-Geridas


Para efectuar uma correcta avaliação do desempenho dos algoritmos anteriormente
descritos torna-se necessário efectuar a simulação destes em diferentes cenários. Para
alcançar este objectivo, tal como já referido, foram introduzidas alterações ao simulador
que conferem a este a capacidade de definir e simular diferentes cenários, onde por
exemplo, estações base e utilizadores têm características diferentes entre si. Estas
alterações resumem-se à inclusão de novas funções e alteração de algumas já existentes,
bem como a criação de uma interface gráfica que permite ao utilizador definir
manualmente cada cenário. No caso particular das funções SON desenvolvidas, esta
interface possibilita a sua parametrização. O Anexo B contém um manual para o
simulador desenvolvido que possui todas as intruções necessárias para tirar o maior
partido deste.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Simulação de Redes Auto-

Em suma, as alterações efectuadas ao simulador garantem um maior nível de


coerência e veracidade, aquando da comparação de dados obtidos por simulação com os
extraídos de uma rede real, ou com o resultado de simulações obtidas com outros
simuladores.

Figura 4.13 – Interface gráfica do simulador LTE.

As secções que se seguem descrevem os principais parâmetros que um utilizador


poderá definir no âmbito dos algoritmos anteriormente descritos.

4.3.1 Atribuição e Resolução de PCI

No que diz respeito à atribuição de PCI, a interface gráfica possibilita ao utilizador


especificar o método de atribuição (sequencial, distância mínima de reutilização), o
número de grupos de PCI disponíveis para a atribuição e a serem usados por qualquer
um dos métodos e a distância mínima de reutilização.

4.3.2 Automatic Neighbour Relation (ANR)

No que diz respeito ao algoritmo de ANR o utilizador poderá definir os seguintes


parâmetros:

 Serving cell measurement threshold (dBm) – Valor de RSRP da célula de serviço


abaixo do qual o UE começa a fazer medidas das células interferentes (por defeito
igual a -100 dBm);

7 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Simulação de Redes Auto-

 Event trigger offset (dB) – Offset que compensa o valor de histerese (por defeito
igual a 0 dB);
 Max NR relation – Número máximo de relações vizinhança que cada célula poderá
ter na sua NRT (por defeito igual a 32);
 UE minimal sensitivity (dBm) – Sensibilidade máxima de um UE (através do link-
budget, aproximadamente igual a -133 dBm);
 UE minimal access SINR average (dB) – Valor médio mínimo de SINR para que
um UE possa aceder a uma célula (por defeito -10 dB como proposto por
[HoTo07]).

4.3.3 Optimização de Handover

No que diz respeito aos parâmetros do algoritmo de optimização de handover passíveis


de serem alterados pelo utilizador usando a interface, estes são:

 Handover Hysteresis (dBm) – Valor de histerese inicial a partir do qual o algoritmo


de optimização irá iniciar a sua função (por defeito igual a 3 dB);
 Max. Handover Hysteresis (dB) – Valor máximo de histerese que poderá ser
alcançado por optimização (por defeito igual a 6 dB);
 Min. Handover Hysteresis - Valor mínimo de histerese que poderá ser alcançado
por optimização (por defeito igual a 2 dB);
 TTT – Valor de Time-To-Trigger inicial a partir do qual o algoritmo de optimização
irá iniciar a sua função (por defeito igual a 3 TTIs);
 Max. TTT – Valor máximo de TTT que poderá ser alcançado por optimização (por
defeito igual a 12 TTIs);
 Min. TTT - Valor mínimo de TTT que poderá ser alcançado por optimização (por
defeito igual a 2 TTIs);
 Critical TTI – Período dentro do qual um handover de regresso à sua celula de
origem é contabilizado como handover por oscilação (por defeito 15 TTIs).

Nota que, os parâmetros temporais foram normalizados de modo a minimizar o tempo


de cada simulação e os recursos de HW necessários.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Capítulo 5
Análise de Desempenho

Neste capítulo, é feita uma análise de desempenho aos algoritmos expostos no capítulo 4
utilizando o simulador LTE desenvolvido. Com base num conjunto de cenários reais, com
diferentes ambientes de propagação e com diferentes configurações, é realizado um
conjunto de simulações que permitem analisar o funcionamento e desempenho de cada
um dos algoritmos desenvolvidos em diferentes circunstâncias. Este capítulo começa com
uma análise à cobertura obtida pelo simulador para cada um dos cenários, a qual é
comparada com a obtida através da simulação dos mesmos, usando a ferramenta de
planeamento e optimização celular Atoll®. Posteriomente é analisado o desempenho
individual de cada uma das funções desenvolvidas, tendo como base, da mesma forma,
os resultados obtidos através da simulação das mesmas utilizando a ferramenta Atoll®.
No caso particular da função de optimização de handover, esta será avaliada tendo como
base, um conjunto de dados estatísticos recolhidos de uma rede real GSM.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Análise de

5.1 Ferramenta de Planeamento e Optimização Atoll

O Atoll® é um software escalável, multi-tecnologia, de desenho e optimização de redes


RF. O Atoll® suporta um grande número de tecnologias, como por exemplo GSM, GPRS,
CDMA, WiMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access) ou LTE. Através deste
software é possível efectuar o planeamento de uma rede celular utilizando software
integrado GIS (Geographic Information System), que permite a manipulação de
informação geográfica, aplicação de modelos de propagação, simulação de cobertura e
capacidade e funcionalidades que permitem o planeamento de frequências, códigos,
relações vizinhança, etc. Para além das funcionalidades de planeamento, este software
permite efectuar tarefas de optimização ao nível de frequências, relações vizinhança, tilts,
etc. Em suma, as principais funcionalidade do Atoll® resumem-se a:

 Planeamento multi-tecnologia GSM/UMTS/CDMA2000/LTE;


 Optimização usando ferramentas de AFP (Automatic Frequency Planning) e ACP
(Automatic Cell Planning);
 Utilização de macros e SDK (Software Development Kit) para customização;
 Sistema GIS (Geographic Information System) para manipulação de informação
geográfica Multi-Formato/Multi-Resolução;
 Processamento distribuído.

Na Figura 5.1 pode ser observado um exemplo do ambiente de trabalho da


ferramenta Atoll®.

Figura 5.1 – Exemplo de um workspace LTE no Atoll®.

7 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

No âmbito deste trabalho, o Atoll® será utilizado para efectuar predições em cenários
LTE de cobertura, atribuição de PCI e estimação de relações vizinhança.

5.2 Definição de Cenários


Para a avaliação do desempenho do simulador foram definidos quatro tipos de cenários
os quais, em termos de propagação rádio, se podem definir como: Urbano Denso,
Urbano, Suburbano e Rural. Cada um destes cenários é construído a partir de dados
provenientes de uma rede real, os quais, foram gentilmente cedidos pela operadora móvel
Vodafone Portugal. Esta opção foi tomada tendo em vista a aproximação dos resultados
obtidos pelo simulador, com o que seria de esperar num cenário real de uma rede LTE.
Devido à fase ainda prematura em que o LTE se encontra em Portugal, os dados
recolhidos são provenientes da rede UMTS. Contudo, porque a maior parte das
operadoras irá adoptar por soluções LTE co-localizadas, mantendo em alguns casos as
configurações semelhantes às já usadas no UMTS (tilt, azimuth, altura das antenas, etc.),
as simulações efectuadas nestas condições poderão constituir uma boa aproximação.
Para a identificação de cada um destes cenários foram definidos critérios tais como, raio
de célula ou morfologia do terreno, que tem como objectivo tornar a representação dos
cenários o mais fidedigna possível, face às limitações inerentes ao simulador. Para
auxiliar o processo de definição de cada um dos cenários, para cada um destes, foi
calculado um link-budget, tomando como referência uma dada potência de transmissão.
Os resultados obtidos poderão ser encontrados no Anexo C. A Tabela 5.1 resume o raio
de célula estimado para cada um dos cenários, usando os modelos inicialmente
implementados pelo simulador e para um SINR mínimo de acesso à célula de -10 dB,
como sugerido por [HoTo09]. Os modelos de propagação usados foram o COST 231
(Extended Hata Model) [Rapp02], para o ambiente Urbano Denso, Urbano e Suburbano, e
o modelo proposto em [TS36942] para o ambiente Rural.

Tabela 5.1 – Raio de célula médio por cenário.


Ambiente Modelo de Propagação Raio de Célula (m)
Denso Urbano COST 231 (Urban Micro) 1512
Urbano COST 231 (Urban Macro) 3439
Sub-Urbano COST 231 (Suburban Macro) 4190
Rural Rural [TS36942] 9180

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 7


Análise de

Tal como já foi referido, o simulador desenvolvido contabiliza a altitude de cada BTS
incluindo-a, sempre que aplicável, no cálculo da atenuação de propagação. Contudo, para
evitar situações onde a altura dos edifícios é pouco homogénea ou o terreno irregular,
foram escolhidas localizações cujas características minimizam as situações anteriores e
daí, tornam a representação de cada cenário no simulador, mais fidedigna. Assim, para o
cenário Urbano Denso optou-se pela zona urbana de Lisboa, mais concretamente pela
zona metropolitana situada na Freguesia de Nossa Senhora de Fátima. Para o cenário
Urbano optou-se pela cidade de Olhão. Para o cenário Suburbano optou-se pela
Freguesia de Fernão Ferro, Seixal. Finalmente, para o cenário Rural optou-se pelo
Município de Ferreira do Alentejo, Beja.

Por questões de simplificação, as perdas relativas a cabos são desprezadas,


seguindo o princípio da mínima atenuação entre a BTS e o UE sugerido por [ TS36942] e já
apresentado no capítulo anterior, o qual é adoptado pelo TU-WIEN na versão original do
simulador LTE. O valor de tilt eléctrico e mecânico de cada estação tem como base o
utilizado pela rede real, sendo este tido em consideração no cálculo do diagrama de
radiação das antenas pelo simulador. Todas as BTS estão equipadas com antenas single-
band do fabricante Kathrein®, modelo K80010681.

No que diz respeito ao posicionamento dos UEs, este é feito de uma forma aleatória
não havendo restrições à sua localização. A cada simulação só poderá ser definido um
dos seguintes ambientes para os UEs: Deep Indoor, Indoor, In-Car e Outdoor. A cada
BTS são atribuídos no máximo 10 utilizadores por sector devido aos elevados recursos
computacionais necessários.

As secções que se seguem descrevem a parametrização geral adoptada para cada


cenário. Toda a parametrização específica de cada simulação é descrita aquando da
realização das mesmas, nomeadamente, no que diz respeito às funcionalidades SON
implementadas.

5.2.1 Cenário Urbano Denso

Este cenário é composto por nove BTSs, na sua maioria tri-sectorizadas localizadas na
Av. da República e zonas circundantes. Trata-se de uma zona com elevada densidade de
utilizadores, pedestres e veiculares, num ambiente de propagação urbano onde as ruas
têm aproximadamente a mesma largura e muitas delas com alguma vegetação. A Figura
5.2 ilustra a localização definida para cada uma das BTSs que compõem este cenário.

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Figura 5.2 – Cenário de referência para ambiente de propagação Urbano Denso.

Considera-se neste cenário que, todas as BTSs estão localizadas no topo ou nas
fachadas dos edifícios e que todas elas utilizam o mesmo tipo de antena. Considera-se
também, inicialmente, que cada sector tem 10 utilizadores atribuídos. A Tabela 5.2
resume os parâmetros gerais tidos em conta em cada simulação efectuada com cenário
Urbano Denso.

Tabela 5.2 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Urbano Denso.


Parâmetro Valor
Ambiente Urbano-Denso
Frequência 2,6 GHz
Largura de banda 5 MHz
Desvanecimento em larga escala COST231 (TR 25.996)
Shadow Fading Log-normal, µ=0; σ=10 (dB)
Perdas mínimas entre BTS e UE 70 dB (TS 36.942)
Nº de estações base 9 (24 sectores)
Raio de célula estimado 1512 m
Número utilizadores 240; Aprox. 54 Util./Km2
Disposição dos utilizadores Aleatória
Potência máxima da BTS 43 dBm (aproximadamente)
Ganho máximo da antena 16,7 dBi (K80010681)
Modo de Transmissão SISO (TS 36.213-820)

5.2.2 Cenário Urbano

Este cenário é composto por nove BTSs tri-sectorizadas dispersas pela zona urbana da
cidade de Olhão. Trata-se de um cenário com uma elevada densidade de utilizadores

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 8


Análise de

pedestres e veiculares, num ambiente de propagação caracterizado por edificios com


diferentes alturas e tamanhos, bem como por ruas pouco uniformes. A razão que levou à
escolha desta localização para o cenário Urbano deveu-se essencialmente à morfologia
aproximadamente uniforme do terreno. Neste cenário, considera-se que as BTSs poderão
estar no topo ou nas fachadas dos edifícios ou mesmo em torres nas zonas mais
afastadas da zona urbana. À semelhança do cenário Urbano Denso, a cada sector será
atribuído inicialmente 10 utilizadores. A Figura 5.3 ilustra a localização de cada uma das
estações que compõem este cenário.

Figura 5.3 – Cenário de referência para ambiente de propagação Urbano.

A Tabela 5.2 resume os parâmetros gerais tidos em conta em cada simulação efectuada
no cenário Urbano.

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Tabela 5.3 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Urbano.


Parâmetro Valor
Ambiente Urbano
Frequência 2,6 GHz
Largura de banda 5 MHz
Desvanecimento em larga escala COST 231(Urban Macro)
Shadow Fading Log-normal, µ=0; σ=10 (dB)
Perdas mínimas entre BTS e UE 70 dB (TS 36.942)
Nº de estações base 9 (27 sectores)
Raio de célula estimado 3439 m
Número utilizadores 270; Aprox. 19 Util./Km2
Disposição dos utilizadores Aleatória
Potência máxima da BTS 43 dBm (aproximadamente)
Ganho máximo da antena 16,7 dBi (K80010681)
Modo de Transmissão SISO (TS 36.213-820)

5.2.3 Cenário Suburbano

Este cenário é composto por dez BTSs na sua maioria tri-sectorizadas dispersas pela
localidade de Fernão Ferro, Seixal. Trata-se de um cenário com elevada densidade de
utilizadores veiculares, pelo facto de ser cruzado por uma auto-estrada. Contudo, por
limitações do próprio simulador, não é possível representar de forma distinta os
utilizadores que se deslocam na auto-estrada a uma velocidade superior aos demais. Tal
como no cenário anterior, cada sector tem, inicialmente, 10 utilizadores atribuídos. A
Figura 5.4 ilustra a localização de cada uma das BTSs.

Figura 5.4 – Cenário de Referência para ambiente de propagação Suburbano.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 8


Análise de

A Tabela 5.4 resume os parâmetros gerais tidos em conta em cada simulação efectuada
no cenário Suburbano.

Tabela 5.4 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Suburbano.


Parâmetro Valor
Ambiente Suburbano
Frequência 2,6 GHz
Largura de banda 5 MHz
Desvanecimento em larga escala COST231 (TR 25.996)
Shadow Fading Log-normal, µ=0; σ=10 (dB)
Perdas mínimas entre BTS e UE 70 dB (TS 36.942)
Nº de estações base 10 (29 sectores)
Raio de célula estimado 4190 m
Número utilizadores 290; Aprox. 5 Util./Km2
Disposição dos utilizadores Aleatória
Potência máxima da BTS 43 dBm (aproximadamente)
Ganho máximo da antena 16,7 dBi (K80010681)
Modo de Transmissão SISO (TS 36.213-820)

5.2.4 Cenário Rural

Este cenário é composto por quatro BTSs dispersas pelo município de Ferreira do
Alentejo. Trata-se de um cenário rural com baixa densidade de utilizadores, num ambiente
de propagação em espaço aberto, onde as estações se encontram separadas de alguns
quilómetros entre si. Cada sector tem no máximo 10 utilizadores e existem no total 10
sectores.

Figura 5.5 – Cenário de referência para ambiente de propagação Rural.

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Neste cenário todas as BTSs são compostas por uma torre, cuja altura ronda em média
os 30 m. A Tabela 5.5 ilustra os parâmetros gerais tidos em consideração durante cada
simulação.

Tabela 5.5 – Parâmetros gerais de simulação para o cenário Rural.


Parâmetro Valor
Ambiente Rural
Frequência 2,6 GHz
Largura de banda 5 MHz
Desvanecimento em larga escala Rural [TS36942]
Shadow Fading Log-normal, µ=0; σ=10 (dB)
Perdas mínimas entre BTS e UE 70 dB (TS 36.942)
Nº de estações base 4 (10 sectores)
Raio de célula estimado 9180 m
Número utilizadores 100; Aprox. 0.3 Util./Km2
Disposição dos utilizadores Aleatória
Potência máxima da BTS 43 dBm (aproximadamente)
Ganho máximo da antena 16,7 dBi (K80010681)
Modo de Transmissão SISO (TS 36.213-820)

5.3 Simulação

Após a definição de cada cenário, procede-se ao início das simulações. Para esta fase
foram definidos dois grupos de simulação. O primeiro grupo de simulações visa avaliar o
desempenho do simulador implementado sem nenhuma funcionalidade de auto-gestão
activa. Esta primeira fase pretende analisar os níveis de cobertura que são propostos pelo
simulador implementado e compará-los com os obtidos através da ferramenta Atoll®.
Quanto ao segundo grupo de simulações, este tem como objectivo avaliar individualmente
o desempenho das funções SON de atribuição e resolução de PCI, ANR e optimização de
handover.

5.3.1 Análise de Cobertura

Antes de proceder à análise do desempenho das funções SON implementadas, procedeu-


se a uma análise de cobertura, realizada pelo simulador para cada um dos cenários
anteriormente descritos. Assim, para cada cenário define-se uma ROI, e para cada ROI
analisa-se a distribuição de sectores e o nível de sinal recebido (RSRP). A Figura 5.6
ilustra a atribuição de sectores com base na matriz de perdas calculada para cada um dos
cenários.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 8


Análise de

a) b)

c) d)

Figura 5.6 – Distribuição de sectores na ROI; a) Cenário Urbano Denso; b) Cenário


Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural.

Através da Figura 5.6 é possível observar qual o sector que será atribuído para um UE
numa dada localização dentro da região de interesse. Como seria de esperar, existe uma
boa definição da região correspondente a cada um dos sectores de cada uma das BTSs.
De notar que algumas áreas são mais pequenas que outras, o que é expectável devido ao
facto de existirem sectores com diferentes valores de tilt eléctrico e mecânico.

A Figura 5.7 ilustra o nível de sinal que é medido em cada ponto da região de
interesse, em cada um dos cenários.

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

a) b)

c) d)

Figura 5.7 – Nível de sinal recebido estimado usando o simulador LTE; a) Cenário Urbano
Denso; b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural.

Através desta ilustração é visível a maior intensidade de sinal junto das estações base,
nomeadamente na direcção de cada um dos sectores. À semelhança da distribuição de
sectores, os diferentes valores de tilt eléctrico e mecânico traduzem-se numa maior ou
menor área para um dado nível de sinal. Verifica-se também que os níveis de RSRP
estão ligeiramente baixos, o que poderá ser causado pelo parâmetro de perdas mínimas
entre a BTS e o UE.

Recorrendo à ferramenta de planeamento Atoll®, efectuou-se o mesmo tipo de


simulações para cada tipo de cenário para comparar os resultados obtidos. Na Figura 5.8
podemos observar a atribuição de sectores para cada tipo de cenário.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 8


Análise de

a) b)

c) d)

Figura 5.8 – Distribuição de sectores na ROI usando o Atoll®; a) Cenário Urbano Denso;
b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural.

Tomando como referência a Figura 5.6 podemos verificar que a distribuição efectuada
pelo Atoll® se assemelha bastante à estimada pelo simulador. Contudo, nos resultados
estimados pelo simulador, nomeadamente no cenário Urbano Denso, verifica-se alguma
confusão nas cores utilizadas, o que dificulta a distinção dos sinais provenientes de
diferentes sectores. Verifica-se também, nos resultados das simulações efectuadas pelo
Atoll®, a ocorrência de situações onde a área de cobertura de uma célula é afectada pelo
sinal de uma outra, situação essa que não se regista nos resultados obtidos pelo
simulador. Esta situação deve-se essencialmente à aplicação de alguma abstracção na
geração da matriz de atenuação, de modo a reduzir os recursos computacionais
necessários. Esta última situação é claramente visível nos resultados obtidos para o
cenário Suburbano (Figura 5.8 c)) onde existem áreas de cobertura de células que são

8 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

afectadas pelos sinais provenientes de células adjacentes. Apesar do rigor dos resultados
obtidos pela ferramenta Atoll®, os resultados do simulador não deixam de ser bastante
aceitáveis, permitindo visualizar com clareza, na maioria dos cenários, qual a área de
cobertura de cada célula.

A Figura 5.9 ilustra o nível de sinal recebido em cada ponto da região de interesse,
resultante da contribuição dos sinais emitidos por cada um dos sectores.

a) b)

c) d)

Figura 5.9 – Nível de sinal recebido estimado usando o Atoll®; a) Cenário Urbano Denso;
b) Cenário Urbano; c) Cenário Suburbano; d) Cenário Rural.

Tomando como referência a Figura 5.7 pode-se verificar que o nível de sinal estimado
pelo Atoll® é bastante idêntico ao estimado pelo simulador, não sendo a diferença maior
que 5 dB na generalidade dos cenários. Esta diferença deve-se essencialmente ao facto
do simulador possibilitar um maior nível de detalhe no cálculo da atenuação de

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 8


Análise de

propagação, nomeadamente, através da introdução do desvanecimento log-normal e


atenuação provocada pelo ambiente de propagação onde o UE se encontra. O resultado
desta situação é particularmente visível nos cenários Urbano Denso (Figura 5.7 a)) e
Urbano (Figura 5.7 b)) onde, por opção, o detalhe do cálculo da atenuação configurado é
maior, o que resulta num nível de sinal substancialmente inferior quando comparado com
os resultados obtidos pelo Atoll®.

Verifica-se igualmente que nos resultados obtidos pela ferramenta Atoll® existe uma
quantificação do sinal recebido, ao passo que no simulador o decaimento do sinal é mais
suave. Esta situação deve-se à resolução do cálculo do nível de sinal recebido
configurada na ferramenta Atoll®. Ao diminuir a resolução diminui-se o tempo de
simulação, contudo, diminuem-se os níveis de quantificação do sinal.

5.3.2 Análise das Funções SON

Na secção anterior foram comparados os níveis de cobertura obtidos através do


simulador desenvolvido, com os obtidos pela ferramenta Atoll®, para cada um dos
cenários definidos no início deste capítulo. Nesta secção analisa-se o desempenho de
cada uma das funções SON descritas no capítulo 4.

Ao longo desta secção tentar-se-á, sempre que possível, comparar os resultados


obtidos pelo simulador com os obtidos pela ferramenta de planeamento Atoll®,
nomeadamente na análise das funções de alocação de PCI e ANR. Já na análise da
optimização de handover, recorre-se a um conjunto de dados estatísticos disponibilizados
pela operadora móvel Vodafone Portugal para este estudo, e que permitem comparar as
taxas de oscilação de handover em determinados cenários, tomando como referência as
registadas pela rede GSM da operadora.

5.3.2.1 Atribuição e Resolução de PCI

No que diz respeito à atribuição de PCI, tal como já foi referido no capítulo 4, esta poderá
ser feita de uma forma sequencial ou através do método da mínima distância de
reutilização, sendo este último bastante comum entre os simuladores de redes móveis
celulares existentes no mercado. A Figura 5.10 ilustra um exemplo de uma alocação de
PCI realizada pelo Atoll®, usando o método de distância mínima de reutilização.

9 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Figura 5.10 – Exemplo para uma alocação de PCI usando uma distância mínima de
reutilização de 1500 m.

Como já foi referido no capítulo anterior, o método sequencial é um método simples e


directo de atribuição, cujo único critério é atribuir o mesmo Physical Cell Identity Group a
um eNodeB. Este método básico de atribuição de PCI levanta sérios problemas quando a
lista de PCI disponíveis para um dado cluster é muito reduzida. Ao limitar o número de
PCI usando o método sequencial, podemos observar a principal desvantagem deste pelo
facto de surgirem sectores, próximos entre si, cujo PCI é idêntico e que dessa forma se
interferem entre si. A Figura 5.11 ilustra um exemplo de uma atribuição usando o método
sequencial com 168 e 4 Physical Cell Identity Groups disponíveis, dos 9 necessários para
o cenário Urbano.

a) b)

Figura 5.11 – Atribuição automática de PCI usando o método sequencial; a) Usando 168
PCI disponíveis; b) Usando 4 PCI disponíveis.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9


Análise de

Como se pode observar, utilizando o método sequencial, quando o número de grupos


de PCI é reduzido apenas a 4, (Figura 5.11 b)), surgem PCI próximos uns dos outros,
como por exemplo os conjuntos 0, 4 e 8 e 3, 7 e 11 assinalados. Contudo, através do
método de atribuição baseado na distância mínima de reutilização, esta situação é
consideravelmente minimizada. A Figura 5.12 ilustra os resultados obtidos com o
algoritmo da distância mínima de reutilização para os cenários com 168 e 4 Physical Cell
Identity Group disponíveis e uma distância mínima de reutilização de 1000 m.

a) b)

Figura 5.12 – Atribuição automática de PCI usando o método da mínima distância de


reutilização (1000 m); a) Usando 168 grupos de PCI disponíveis; b) Usando 4 grupos PCI
disponíveis.

Como se pode observar pela Figura 5.12 b), utilizando o método da distância mínima
de reutilização, deixam de ocorrer situações de eNodeB/sector com os mesmos PCI
próximos uns dos outros.

Para verificar a influência da distância de reutilização neste cenário aumentou-se a


mesma para observar o desempenho do algoritmo. A Figura 5.13 ilustra o resultado obtido
para uma distância de reutilização de 1500 e 2000 m.

9 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

a) b)

Figura 5.13 – Atribuição automática de PCI usando o método da mínima distância de


reutilização com 4 grupos de PCI; a) Distância de reutilização = 1500 m; b) Distância de
reutilização = 2000 m.

Como se pode observar, para as distâncias de reutilização de 1500 e 2000 metros o


algoritmo revela alguma dificuldade em separar os eNodeB/sector com o mesmo PCI,
colocando alguns próximos uns dos outros como é o caso do conjunto 9, 13 e 17 (Figura
5.13 b)).

No que diz respeito à função de resolução de conflito de PCI, como já foi referido no
capítulo 4, esta visa a detecção de conflitos de PCI e a sua resolução aquando da
activação de um novo eNodeB. Para poder simular a criação de um conflito de PCI ao
eNodeB novo, é atribuído o mesmo Physical Cell Identity Group de um eNodeB já
existente. Esta situação irá provocar um conflicto entre os PCIs utilizados pelas células do
novo eNodeB e as células de um eNodeB já ao serviço. Deste conflito, pelas razões já
apresentadas no capítulo 4, resultam UEs bloqueados devido à confusão que a difusão do
mesmo PCI por células diferentes provoca na interpretação dos sinais de sincronismo.
Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9
Análise de
Será o número de UEs bloqueados que servirá de métrica para determinar a estabilidade
da rede. Assim, quando deixam de existir UEs bloqueados, considera-se que a rede
atingiu uma situação de estabilidade e portanto o novo eNodeB já não está a degradar o
desempenho da rede. Para testar esta funcionalidade, recorre-se mais uma vez ao
cenário Urbano. A Tabela 5.6 ilustra os parâmetros de simulação tidos em conta, para
além dos já referidos no inicio deste capítulo.

9 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Tabela 5.6 – Resolução de PCI – Parâmetros de simulação.


Parâmetro Valor
Modo de Canal VehA
Ambiente Outdoor
Nº de UE {270;540}
Velocidade do UE Aleatória, (até 120 Km/h)
Duração 500 TTI

Assim, utilizando o mesmo cenário Urbano provocou-se um conflito de PCI entre


eNodeB 4 e 5, e analisou-se o número de TTIs necessários para o algoritmo resolver o
conflito existente, com base nos relatórios de medidas enviados por cada UE aquando do
processo de handover. A Figura 5.14 ilustra o número e a percentagem de UEs
bloqueados, em função do TTI, para os cenários em que temos 10 e 20 utilizadores por
sector.

a) b)

Figura 5.14 – Número de UEs Bloqueados e Número de Handovers; a) 10 UE/sector; b)


20 UE/Sector.

Ao contrário do que seria de esperar, ao final de 500 TTI ainda existem utilizadores
bloqueados por interferência. No cenário onde temos 10 utilizadores/célula, consegue-se
apenas uma redução de 4 UEs na lista de UEs bloqueados, o que corresponde, como se
pode observar na Figura 5.14 a), a uma redução de apenas 3%. Já no cenário onde
temos 20 utilizadores/célula podemos observar (Figura 5.14 b)) uma redução de 8 UEs na
lista de UEs bloqueados, o que corresponde aproximadamente a uma redução de 1,75 %.
Uma vez que no cenário com 20 utilizadores/célula existe uma maior densidade de

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9


Análise de

utilizadores, é normal que a resolução de pelo menos um conflito de PCI entre duas
células resulte numa redução mais significativa do número de UEs bloqueados. Na Figura
5.15 podem ser observados os cenários finais, após a simulação dos cenários com 10 e
20 utilizadores/célula. Analisando as imagens podemos verificar que em ambos os
cenários continuam a existir células de eNodeBs, cujos PCI podem provocar interferência
em outras células.

a) b)

Figura 5.15 – Alocação de PCI; a) Cenário com 10 Utilizadores/Célula b) Cenário com 20


Utilizadores/Célula.

Até este ponto pode-se concluir que o método adoptado não é suficientemente eficaz
para resolver todos os conflitos de PCI existentes e daí reduzir o número de utilizadores
bloqueados. Sendo o conflito de PCI uma situação muito indesejada, pretende-se que
esta seja resolvida no menor tempo possível. Para melhorar o desempenho do
mecanismo de resolução de conflitos de PCI mantendo o mesmo período de simulação,
resolveu-se analisar novamente o algoritmo proposto por [AmFr08]. Da informação
disponibilizada por [AmFr08], não se consegue tirar conclusões quanto à necessidade de
contabilizar os PCI co-localizados no processo de resolução de conflitos. Para além disso
não é dada nenhuma indicação quanto à periodicidade com que um UE deverá enviar os
relatórios periódicos de handover. Assim, tomou-se a opção, de se realizarem algumas
alterações ao algoritmo original para que este, independentemente de existir ou não
relações vizinhança, contabilize os PCI dos sectores co-localizados. Para além disso,
reduziu-se o período com que os relatórios periódicos são enviados por cada UE. A
Tabela 5.7 indica os novos parâmetros de simulação.

9 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Tabela 5.7 – Resolução de PCI (Algoritmo Optimizado) – Parâmetros de simulação.


Parâmetro Valor
Modo de Canal VehA
Ambiente Outdoor
Nº de UE {270;540}
Velocidade do UE Aleatória, (até 120 Km/h)
Duração 500 TTI
Período de Envio de
25 TTI
Relatório

A Figura 5.16 ilustra o número e a percentagem de UEs bloqueados em função do TTI


após as alterações efectuadas.

a) b)

Figura 5.16 – Número de UEs Bloqueados e Número de Handovers; a) 10 UE/sector; b)


20 UE/Sector.

Pela análise da Figura 5.16, rapidamente se conclui que as alterações efectuadas


permitiram a eliminação da totalidade dos utilizadores interferidos, alcançando assim uma
situação onde a rede se encontra estável. Na Figura 5.17 podemos observar a alocação
final de PCI após a realização das simulações. Como se pode observar, graças às
alterações efectuadas, vários PCIs foram alterados de modo a acomodar o novo eNodeB.
Estas alterações permitem assim colmatar o aparecimento de conflitos de PCI. De
recordar que a resolução de PCI é realizada célula a célula o que significa que, uma vez
detectado um conflito de PCI, não é atribuído um Physical Identity Group à BTS, mas em
vez disso apenas à célula conflituosa.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9


Análise de

a) b)

Figura 5.17 – Alocação de PCI; a) Cenário com 10 Utilizadores/Célula b) Cenário com 20


Utilizadores/Célula.

No trabalho realizado por [AmFr08] é assumido que a rede atinge a estabilidade


quando todas as relações vizinhança previstas são estabelecidas pelo algoritmo de ANR.
Uma vez que um UE, devido ao nível de sinal recebido, poderá não despoletar um
processo de handover ao longo de todo o período de simulação, não é fiável concluir que
a estabilidade da rede é alcançada, pois o algoritmo de ANR não chega a reunir a
informação necessária. Para além disso, não é colocada a hipótese de ocorrer um
bloqueio no UE devido à recepção do mesmo PCI de uma célula cujo ECGI é diferente.
Desta forma não será realizada uma comparação dos resultados obtidos pelo simulador
com os obtidos por [AmFr08].

5.3.2.2 Automatic Neighbour Relations

Para analisar o desempenho da função ANR efectuou-se uma simulação da mesma em


cada um dos cenários, e em cada uma destas foram contabilizados o número de
comandos de handover efectuados, a taxa de sucesso por cada período de 50 TTIs e as

9 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de
relações que, através destas mesmas simulações, foram estimadas. Cada simulação tem
a duração de 1000 TTI, um SINR mínimo de acesso à célula de -10 dB, como sugerido
por [HoTo09] para um débito mínimo de 1 Mbps em downlink e para receptores com
sistema de antenas MIMO, e cada UE possui um tipo de serviço e velocidade aleatórios.
A Tabela 5.8 resume os parâmetros de simulação para a análise da função ANR
implementada.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 9


Análise de

Tabela 5.8 – ANR – Parâmetros de simulação.


Parâmetro Valor
Número máximo de NRs 32
Threshold para iniciar medidas -100 dBm
Sensibilidade do UE -133 dBm
SINR mínimo -10 dB
Duração 1000 TTI

Considera-se que cada célula só poderá ter simultaneamente 32 relações vizinhança e


que cada UE dá inicio à medição do sinal das células interferentes quando o sinal da sua
célula de serviço desce abaixo dos -100 dBm. Considera-se ainda que todos os UE que
apresentam um SINR inferior a -10 dBm, são forçados a permanecer na célula origem até
reunirem novas condições para handover, o mesmo acontece quando o sinal recebido é
inferior à sensibilidade do UE. Na Figura 5.18 e Figura 5.19 poderão ser observados os
indicadores de handover recolhidos para cada cenário simulado.

a) b)

Figura 5.18 – Número de Handover e Taxa de Falha de Handover médios; a) Cenário


Urbano Denso; b) Cenário Urbano.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

a) b)

Figura 5.19 – Número de Handover e Taxa de Falha de Handover médios; a) Cenário


Suburbano; b) Cenário Rural.

Através destes indicadores podemos verificar que o cenário Urbano Denso e


Suburbano são os que apresentam uma maior média de handovers falhados,
distanciando-se dos cenários Urbano e Rural. Nota ainda que os cenários Urbano e Rural
possuem, em média, um menor número de tentativas de handovers. A razão pela qual
existe esta diferença entre os resultados obtidos em cada cenário deve-se
essencialmente à densidade de utilizadores em cada um dos cenários, e à forma como a
ROI pode ser definida. No primeiro caso, a aleatoriedade com que os UEs são colocados
na ROI, e a forma como estes se movimentam, faz com que as condições de recepção
não sejam iguais para todos. No segundo caso, devido a limitações do simulador
desenvolvido, só é possível desenhar polígonos rectangulares, o que provoca o
aparecimento de zonas limite onde o sinal recebido é inferior e onde UEs, localizados
junto à fronteira, poderão ter más condições de recepção durante todo o período de
simulação.

Com base nas simulações realizadas efectuou-se igualmente um levantamento das


relações vizinhaça criadas, comparando-as às estimadas pela ferramenta Atoll® nas
mesmas condições de cada cenário. O gráfico da Figura 5.20 compara o número de
relações vizinhança estimadas pelo Atoll®, com o número estimado pelo Simulador e o
número de relações que foram igualmente estimadas por ambos. De referir que, tanto as
simulações efectuadas pelo simulador, como as efectuadas pelo Atoll®, foram forçadas a
criar simetria em cada relação vizinhança criada.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Análise de

Predição de Relações Vizinhança (Atoll vs Simulador)


200
180 172 168 164
160 Soma de
146 145 143
140 Estimadas
120
123 (Atoll)
104
Soma de
Número de

100 93

80 Estimadas
(Simulador)
60 47
40 38 Soma de
20 18 Partilhadas
0
Rural Suburbano Urbano Urbano Denso

Figura 5.20 – Comparação da predição de vizinhas efectuada entre o Atoll® e o


Simulador.

Através do gráfico da Figura 5.20 podemos concluir que o simulador é mais eficaz no
processo de estimação de relações vizinhança em ambientes urbanos, do que em
ambientes rurais. Esta situação é mais evidente no cenário Urbano Denso onde o número
de relações igualmente estimadas pelo Atoll® e pelo simulador é de 123, o que constitui
cerca de 73% das relações estimadas pelo primeiro. No cenário Urbano, 60% das
relações estimadas pelo Atoll® são também estimadas pelo simulador. No cenário
Suburbano, 63% e no cenário Rural 47%. Apesar dos resultados obtidos, tendo em conta
as condições de simulação, nomeadamente o número de utilizadores usado, duração e
SINR mínimo de acesso, considera-se positivo o desempenho da função implementada.

5.3.2.3 Optimização de Handover

No capítulo 4 propôs-se um algoritmo capaz de detectar e controlar a oscilação de


handover numa rede LTE, através da optimização automática dos parâmetros handover,
com base na taxa de oscilação de handover, HPIKPP, calculada a partir do relatório de
medidas enviado por cada UE. Assim, para avaliar da forma mais precisa quanto possível
o desempenho do algoritmo desenvolvido, começa-se por analisar os valores de HPIKPP
obtidos para cada cenário. Para cada um realiza-se uma simulação sem e com
optimização. A Tabela 5.9 descreve os valores definidos para cada parâmetro de
handover. A parametrização escolhida visa criar uma situação limite onde a oscilação de
handover tem elevada probabilidade de ocorrer.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Tabela 5.9 – Optimização de Handover – Parâmetros de Simulação.


Parâmetro Valor
Histerese {Inicial, Máxima, Mínima} {3, 6, 2} dB
TTT {Inicial, Máximo, Mínimo} {3, 12, 2} TTI
Tempo Crítico de Oscilação 15 TTI
Delta {Incremento, Decremento} de Histerese {1, 1} %
Delta {Incremento, Decremento} de TTT {50, 50} %
Contador {Inicial, Final} de Boa Performance {5, 5} TTI

Cada UE desloca-se a uma velocidade aleatória que poderá ir de 1 a 120 Km/h e a


cada um é atribuido um tipo de serviço aleatório, que poderá ser qualquer um dos
descritos na Tabela 4.2. Cada TTI corresponde a 1 ms e de modo a minimizar o tempo de
simulação, todos os valores temporais de handover foram normalizados por 1000 ms. A
Figura 5.21 e Figura 5.22 ilustram os valores de HPIKPP obtidos para cada cenário para as
situações sem e com optimização de handover. Nota que o valor de HPIKPP apresentado
representa a média dos valores registados entre todas as células.

a) b)

Figura 5.21 – Taxa de Oscilação de Handover sem e com optimização; a) Cenário Urbano
Denso b) Urbano.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Análise de

a) b)

Figura 5.22 – Taxa de Oscilação de Handover sem e com optimização; a) Suburbano b)


Rural.

Como pode ser observado, no geral, é notória a melhoria que é introduzida com o
algoritmo de optimização, à medida que o número de TTIs aumenta. De entre todos os
cenários podemos verificar que o cenário Urbano é o que apresenta uma maior redução
no HPIKPP, atingindo uma diferença de 34% entre a situação não optimizada e optimizada.
De seguida, destaca-se o cenário Rural onde o HPIKPP atinge uma redução de 25%
seguido do cenário Suburbano e Urbano com 14 e 9% respectivamente. A razão pela qual
a maior redução de HPIKPP é atingida no cenário Urbano Denso poderá dever-se a dois
factores que se relacionam entre si e os quais já foram identificados, aquando da análise
da função ANR: densidade de utilizadores e definição da ROI. Porque cada cenário tem
diferentes densidades de utilizadores e porque cada UE assume inicialmente uma
localização, velocidade e direcção aleatórias, o número total de tentativas de handover irá
variar, ou seja, o número de iterações que serão realizadas pelo algoritmo de optimização
irá variar. Tal como foi descrito na análise da função ANR, porque a ROI poderá apenas
assumir uma forma rectangular, e porque o número de BTS não abrange todo o mapa,
existirão sempre zonas onde os UEs irão ter menores condições de recepção e como tal,
mais falhas de handover irão ocorrer o que irá influenciar o resultado final da optimização
de handover. A definição de ROIs através de polígonos que se ajustam ao formato do
cluster permitiria minimizar as zonas de fraca cobertura. A Tabela 5.10 resume os ganhos
do HPIKPP obtidos para cada um dos cenários.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

Tabela 5.10 – Percentagem de redução do HPIKPP.


Urbano Denso Urbano Suburbano Rural
Ganho 34,20% 14,10% 9,25% 25,13%

A Tabela 5.11 resume os valores de Histerese e TTT obtidos para cada cenário simulado.

Tabela 5.11 – Histerese e TTT após optimização.


Urbano Denso Urbano Suburbano Rural
Histerese (dBm) 3 3,5 2 2,4
TTT (TTI) 12 11,6 9,5 12

Como se pode observar, face aos valores iniciais definidos para a Histerese e TTT, o
algoritmo optimiza cada cenário de modo a minimizar a taxa de oscilação de handover.
Em termos de histerese, no cenário Urbano Denso e Urbano, esta apresenta um valor
superior quando comparada com a dos cenários Suburbano e Rural. Esta situação ocorre
pois nos primeiros dois cenários, o UE tem uma maior probabilidade de oscilar entre
célula devido ao próprio ambiente de propagação e como tal, um maior valor de Histerese
é atribuído. Quanto ao TTT, verifica-se que este é maior nos cenários Urbano Denso,
Urbano e Rural quando comparado com o obtido pelo cenário Suburbano. No caso do
TTT, é de esperar um maior valor nos cenários Urbanos dado que estes, pelas condições
de propagação, estão mais sujeitos a oscilação de handover. O facto do cenário Rural ter
recebido um TTT tão elevado deve-se essencialmente, como já foi anteriormente referido,
ao menor número de iterações que são efectuadas pelo algoritmo de optimização, devido
à menor densidade de utilizadores. Se o número de iterações fosse controlado, seria de
esperar um menor TTT no cenário Rural.

Como foi descrito no capítulo anterior, o algoritmo desenvolvido contabiliza, para além
do HPIKPP, também a velocidade e tipo de serviço dos UEs para optimizar os parâmetros
de handover. Para verificar qual o desempenho do algoritmo nestas condições foram
realizadas simulações com os cenários Urbano Denso e Rural, usando diferentes
velocidades e tipos de serviço. No que diz respeito aos serviços, foi considerado o HTTP
para serviços do tipo NRT e VoIP para serviços RT. No que diz respeito à velocidade,
considerou-se que os UEs poderão circular a velocidades aleatórias de 3, 60 e 120 Km/h.
As Figura 5.23 e Figura 5.24, ilustram os resultados obtidos, para cada situação sem e
com optimização, respectivamente.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Análise de

a) b)

c) d)

Figura 5.23 – Taxa de oscilação de handover no cenário Urbano Denso; a) HTTP sem
optimização; b) HTTP com optimização; c) VoIP sem optimização e d) VoIP com
optimização.

As Tabela 5.12 e Tabela 5.13 ilustram os ganhos em percentagem obtidos com a


aplicação do algoritmo de optimização em cada uma das situações de serviço e
velocidade do UE.

Tabela 5.12 – Percentagem de redução de HPIKPP para cenário Urbano Denso.

3 Km/h 60 Km/h 120 Km/h


HTTP 43,6 % 31,49 % 7,86 %
VoIP 17,23 % 44,67 % 15,84 %

No cenário Urbano Denso, podemos observar que o maior ganho é obtido quando o
tipo de serviço é VoIP e a velocidade máxima é de 60 Km/h, com o HPIKPP a atingir uma

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

redução de 44,67 %. Podemos também observar que o menor ganho é obtido quando o
tipo de serviço é HTTP e a velocidade máxima do UE é de 120 Km/h. Tal como descrito
no capítulo anterior, num cenário não optimizado, o HPIKPP é menor quando o UE circula
a maior velocidade, o que significa que existe menor oscilação de handover tal como se
esperava. Da mesma forma, quando a velocidade do UE é menor, em geral, a taxa de
oscilação de handover é maior, nomeadamente quando o serviço é HTTP.

a) b)

c) d)

Figura 5.24 – Taxa de oscilação de handover no cenário Rural; a) HTTP sem optimização;
b) HTTP com optimização; c) VoIP sem optimização e d) VoIP com optimização.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Análise de

Tabela 5.13 – Percentagem de redução de HPIKPP para cenário Rural.

3 Km/h 60 Km/h 120 Km/h


HTTP 72,57 % 38,87 % 26,7 %
VoIP 73,91 % 66,07 % 44,35 %

No cenário Rural podemos observar que o HPIKPP atinge no geral, maiores reduções,
contudo, deve ser tido em conta que o número de utilizadores neste cenário é menor, face
ao cenário Urbano Denso, pelo que o número de handovers é menor e daí menos
iterações do algoritmo de optimização são realizadas. Da observação da Figura 5.24 e da
Tabela 5.13 podemos observar que os melhores resultados são alcançados quando os
UEs têm uma velocidade máxima de 3 Km/h, com o HPIKPP a atingir uma redução de
72,57 % e 73,91 % para os serviços HTTP e VoIP, respectivamente. Também neste tipo
de cenário se observa que em situações onde o UE se desloca a alta velocidade o HPIKPP
é menor, quando comparado com as situações onde este se desloca a baixa velocidade.
Na Tabela 5.14 podemos observar um resumo dos valores de Histerese e TTT obtidos
após a optimização nos cenários Urbano Denso e Rural para cada tipo de situação,
relativamente ao tipo de serviço e velocidade dos UE.

Tabela 5.14 – Valores optimizados de Histerese e TTT para cada tipo de cenário,
{dBm;TTT}.
3 Km/h 60 Km/h 120 Km/h
HTTP {3,8;10,3} {3;12} {2,1;9,3}
Urbano Denso
VoIP {3,1;9,7} {2,9;12} {2;12}
HTTP {3;10,8} {2,9;12} {2;10,9}
Rural
VoIP {2,9;11} {2,8;12} {2,7;12}

Da análise dos resultados obtidos, podemos concluir, tal como esperado, que para
uma velocidade baixa a Histerese é, no geral, maior. A baixas velocidades, para um
serviço VoIP a Histerese é menor quando comparada com a obtida para o serviço HTTP
com a mesma velocidade. Por outro lado, quando a velocidade é alta, a Histerese é
menor e quando o serviço é VoIP também esta é menor quando comparada com o
serviço HTTP para a mesma velocidade.

Finalmente, como termo de comparação, tomou-se a opção de comparar a taxa de


oscilação de handover, HPIKPP, obtida para cada cenário e para cada BTS com a obtida
numa rede GSM real onde as BTS estão co-localizadas com as BTS LTE apresentadas
neste trabalho. A motivação para esta comparação deve-se essencialmente às

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Análise de

semelhanças no processo de handover existentes entre estas duas tecnologias. A Tabela


5.15 indica o tempo crítico para ocorrência de oscilação considerado pelo algoritmo
utilizado pela rede GSM real e a duração normalizada da amostra recolhida.

Tabela 5.15 – Parâmetros de handover e simulação da rede real GSM.


Parâmetro Valor
Tempo Crítico de Oscilação 10 TTI
Tempo de amostra 10800 TTI

A Figura 5.25 compara a taxa de oscilação de handover em cada BTS do cenário


Urbano Denso simulado com o obtido por cada BTS GSM co-localizada de um cenário
real.

Taxa de Oscilação de
Handover (Rede GSM real vs Rede
LTE simulada)
50 47

45
40 38
36,5
34,3 33,3
35 30,9 28,1 27
29 28,3 29,5
30 27,7 27,9
%

25 22,4
20,4
20
15
10
5
0 0 0
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9
BTS

Taxa de oscilação (Rede GSM Real) Taxa de oscilação (Rede LTE Virtual)

Figura 5.25 – Taxa de Oscilação de Handover para cenário Urbano Denso (Rede GSM
real vs Rede LTE simulada).

Como se pode observar, no cenário Urbano Denso, os valores de HPIKPP obtidos por
simulação aproximam-se dos registados pela rede GSM real. Nota que, o período de
simulação da rede LTE é muito menor que a duração da amostra recolhida pelo que, dada
a tendência de decréscimo registada no HPIKPP, como se observou no inicio desta
secção, será de esperar um HPIKPP considerávelmente inferior ao registado pela rede
GSM. É também de notar que nem todas as BTSs LTE possuem BTS GSM co-localizada,
pelo que são ilustradas algumas BTSs com uma taxa de oscilação de handover nula. A
Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1
Análise de

Figura 5.26 compara a taxa de oscilação de handover em cada BTS do cenário Rural
simulado com o obtido por cada BTS GSM co-localizada de um cenário real.

Taxa de OScilação de
Handover (Rede GSM real vs Rede
LTE simulada)
40
38
35,9
35
30
25 Taxa de oscilação
(Rede GSM Real)
%

20 20,7 19,9
Taxa de oscilação
15 15,1
(Rede LTE Virtual)
12,2
10
5
0 0 0

1 2 3
4
BTS

Figura 5.26 – Taxa de Oscilação de Handover para cenário Rural (Rede GSM real vs
Rede LTE simulada).

Como se pode observar, no cenário Rural simulado consegue-se obter uma taxa de
oscilação de handover, HPIKPP, consideravelmente menor à obtida pela rede GSM. A
razão para esta diferença deve-se essencialmente às diferentes densidades de
utilizadores que podem existir entre o cenário simulado e o cenário real. À semelhança do
que se passou no cenário Urbano Denso, as BTS LTE 2 e 4 não têm BTS GSM co-
localizado o que justifica a inexistência de dados estatísticos.

Tal como foi referido no capítulo 4, o algoritmo de handover desenvolvido, partiu do


trabalho apresentado em [LGKi10] no qual, um algoritmo de optimização de histerese e
TTT baseado em politicas do sistema é apresentado. Para avaliação deste algoritmo, o
autor utiliza a taxa de falhas de handover, oscilação de handover, e chamadas caídas.
Quando comparados com [LGKi10], e considerando apenas o HPIKPP, os resultados
obtidos através do algoritmo desenvolvido revelam-se bastante positivos pelo facto de
apresentarem uma redução superior no HPIKPP usando um período de simulação
consideravelmente inferior.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Capítulo 6
Conclusões

Neste capítulo, são revistos os objectivos propostos para este trabalho, as metodologias
adoptadas e os resultados alcançados. Nesta secção, começa-se por rever os principais
conceitos estudados relativamente às SON e à forma pela qual estes poderão alterar o
paradigma de planeamento e optimização em redes celulares de quarta geração.
Posteriormente revê-se o simulador implementado, bem como os algoritmos que
permitiram desenvolver e analisar três das principais funções das SON. Finalmente
analisam-se os resultados obtidos para um conjunto de simulações efectuadas e
propõem-se as melhorias e trabalho futuro.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Conclusõ

6.1 Resumo
Este trabalho teve como objectivo estudar o conceito de redes auto-geridas, no contexto
do planeamento e optimização, aplicado a redes móveis baseadas na tecnologia Long
Term Evolution (LTE). Sobre este conceito, tipicamente designado de Self-Organizing
Network (SON), para além da sua arquitectura e modo de funcionamento, foram
estudadas as funções que dele fazem parte. Através deste estudo, são identificadas três
funções que, pelas suas características e modo de funcionamento, permitem automatizar
algumas das tarefas mais importantes no planeamento e optimização em redes LTE, são
elas a: atribuição e detecção de conflitos de PCI (Physical Cell Identity), criação
automática de relações vizinhança, tipicamente designada de Automatic Neighbour
Relation (ANR) e optimização automática de parâmetros rádio, mais concretamente de
parâmetros de handover. Através do recurso a um simulador do tipo System-Level, as
funções anteriores são implementadas e utilizando cenários retirados de uma rede real, o
seu desempenho é avaliado. Utilizando os resultados obtidos por outras ferramentas de
planeamento e optimização, assim como dados estatísticos provenientes de uma rede
real, são verificados o bom desempenho e benefício dos algoritmos implementados.

Assim, no capítulo 2 começa-se por apresentar um estudo do conceito de Self


Organizing Networks. Aqui, começa-se por analisar a sua arquitectura, modo de
funcionamento e principais funções que são propostas pelo 3GPP para a sua
implementação. Apesar do trabalho já realizado sobre este tema, a decisão de
implementação das SON caberá em último lugar às operadoras móveis. Apesar dos
benefícios claros que esta tecnologia demonstra, as operadoras continuam ainda
receosas quanto ao desempenho destas funções, nomeadamente pelo impacto que
poderão ter no desempenho de uma rede.

No capítulo 3 são introduzidos os principais conceitos de planeamento e optimização


em redes LTE. Neste capítulo, começam-se por analisar as técnicas para um
dimensionamento para qualidade, cobertura e capacidade. Posteriormente, são
analisadas as alterações à parametrização, que são feitas com a chegada da tecnologia
LTE, nomeadamente no que diz respeito ao TA (Tracking Area), PCI, planeamento de
frequências e relações vizinhança. Segue-se a optimização da rede onde, tendo em linha
de vista as funções que serão implementadas, é analisado a resolução automática de
PCI, a criação automática de relações vizinhança e a optimização de handover. É a partir

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Conclusõ

da análise destes três últimos conceitos que são introduzidos, no capítulo 4, um conjunto
de funções que permitem a sua implementação.

No capítulo 4, começa-se por introduzir o “System Level Simulator of LTE Networks”,


um simulador LTE em código aberto, em desenvolvimento pelo Institute of
Communications and Radio-Frequency Engineering da Universidade Tecnológica de
Vienna, Áustria (TU- WIEN 10). O “System Level Simulator of LTE Networks” é um
simulador que visa o estudo de vários aspectos relacionados com o planeamento,
escalonamento e interferência em sistemas LTE. É graças à sua estrutura, bem
organizada, e ao funcionamento e desempenho comprovados, que as funções de
atribuição e resolução do PCI, ANR e optimização de handover são implementadas.

Para tornar possível a implementação destas funções foram necessárias várias


alterações à forma como os dados da rede são carregados no simulador, bem como o
modo como esta é criada. Para além dos aspectos relacionados com a construção do
cenário de simulação, foi necessário proceder a alterações aos elementos de rede,
conferindo a estes, por exemplo, no caso do UE, a capacidade de reportar vizinhas ao
eNodeB de serviço. Estas alterações tornaram-se imperiosas, pois qualquer uma das
funções SON implementadas dependia do correcto funcionamento das restantes. O mau
funcionamento de uma função poderia adulterar os resultados obtidos por outra e vice-
versa.

No que diz respeito à função de alocação de PCI, dois métodos foram desenvolvidos:
sequencial e baseado na distância mínima de reutilização. No método sequencial, os PCI
são alocados sem qualquer restrição a cada BTS. No método baseado na distância
mínima de reutilização, como o próprio nome indica, uma distância de reutilização é tida
em conta de modo a evitar o aparecimento de conflitos de PCI. No seguimento, é
apresentada uma função de resolução de PCI. Baseado no trabalho apresentado em
[AFGH08], esta função visa, através dos relatórios de medidas enviados pelos UEs,
detectar eventuais conflitos de PCI, que possam ocorrer na sequência da entrada de um
novo elemento de rede. De seguida é apresentado um algoritmo de criação automática de
relações vizinhança. Este algoritmo, também ele baseado na interpretação de relatórios
de medidas, cria relações vizinhança de forma automática, conforme a necessidade do
UE. Finalmente apresenta-se também, neste capítulo, um algoritmo de optimização de

10
http://nt.tuwien.ac.at/ltesimulator

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Conclusõ

parâmetros de handover. Este último algoritmo, com base na medição da taxa de


oscilação de handover dos UEs, ao nível da célula, optimiza de uma forma contínua os
parâmetros de Histerese e TTT (Time-To-Trigger). Para além da mobilidade dos UEs, o
serviço e velocidade destes é tido em consideração no cálculo dos parâmetros de
handover mais adequados.

Devido à impraticabilidade de criar vários cenários através de scripts ou linha de


comandos, é também apresentada uma interface gráfica, que acrescenta novas
potencialidades ao simulador e que torna o seu uso mais fácil e intuitivo. Através da
interface desenvolvida é possivel criar cenários personalizados, com um elevado grau de
detalhe e simular as funções SON implementadas. Em adição, é ainda possível visualizar
os resultados obtidos após cada simulação e guardar estes e toda a configuração usada
em formato de projecto. Através destas alterações ao simulador foi possível conferir a
este, a capacidade de simular cenários personalizados, e dessa forma analisar o
desempenho dos algoritmos com base em cenários reais.

Finalmente, no capítulo 5 é realizada a análise de desempenho dos algoritmos


desenvolvidos, tendo como base cenários reais construídos a partir de dados
disponibilizados pela operadora móvel Vodafone. Neste capítulo, começam-se por
apresentar quatro cenários: Urbano Denso, Urbano, Suburbano e Rural. Em cada um
destes é definida uma minuciosa parametrização, tentando aproximá-los o mais possível,
daquilo que seria uma rede comercial LTE. No final, é realizada uma análise a cada uma
das funções implementadas.

6.2 Conclusões

No que diz respeito à função de alocação de PCI, tomando como referência o cenário
Urbano, são testados os mecanismos de atribuição e resolução de PCI. Na atribuição de
PCI, especificamente, são testados os métodos, sequencial e baseado na distância
mínima de reutilização. Quando utilizando apenas 4 grupos de PCI, como esperado,
verifica-se o aparecimento de zonas onde células com PCI idênticos estão próximas umas
das outras. Nas mesmas circunstâncias, é testado o algoritmo de alocação de PCI
baseado numa distância mínima de reutilização de 1000 m. Os resultados obtidos são
claros. Este segundo método revela-se capaz de separar células com PCI idênticos. Para
verificar a influência da distância de reutilização na utilização deste método, simula-se
novamente a alocação de PCI para o cenário Urbano, desta vez utilizando uma distância

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Conclusõ

de 1500 e 2000 m. Para ambas as ditâncias, o algortimo demonstra dificuldade em


separar células com o mesmo PCI, o que permite concluir que a distância de reutilização
deverá ter em conta a distância a que os eNodeBs se encontram uns dos outros, de modo
a tirar maior partido deste.

No que diz respeito ao algoritmo de resolução de conflito de PCI, para o mesmo


cenário Urbano, começou-se por simular a introdução de um novo elemento de rede,
cujos PCIs já eram utilizados por células já existentes na rede. Definiram-se dois tipos de
cenários em função do número de utilizadores por célula: 10 e 20. Uma vez simulados,
em ambos os casos, o algoritmo revelou-se incapaz de resolver os conflitos criados. A
introdução do novo elemento de rede provocou o bloqueio de 38 e 82 UEs, para os
cenários com 10 e 20 utilizadores/célula, respectivamente. A aplicação do algoritmo
permitiu uma redução de apenas 4 e 8 UEs na lista de UEs bloqueados, para os cenários
com 10 e 20 utilizadores/célula respectivamente. Perante esta situação, o algoritmo
proposto em [AmFr08] foi revisto. Esta revisão permitiu identificar situações que não
foram claramente expostas pelo documento, mas cuja aplicação poderá melhorar o
desempenho do algoritmo, são elas: a contabilização dos PCI dos sectores co-localizados
aquando da atribuição de um novo PCI e a redução do período com que os relatórios
periódicos são enviados por cada UE. Uma vez realizadas estas alterações, simularam-se
novamente os cenários anteriores. Os novos resultados obtidos revelaram a mais-valia
das alterações efectuadas, com a eliminação da totalidade dos UEs bloqueados em
ambos os cenários.

No que diz respeito à função ANR, cada cenário definido foi simulado e em cada
simulação foi contabilizado o número de handover realizados e a taxa de handovers
falhados, tendo em conta um SINR mínimo de acesso de -10 dB. Com base nos
resultados obtidos, verificou-se que os cenários Urbano Denso e Suburbano apresentam
uma maior média de handovers falhados, quando comparados com os cenários Urbano e
Rural. Esta situação deveu-se essencialmente à diferente densidade de utilizadores em
cada um dos cenários e à forma como a ROI é definida. Neste último caso, porque a ROI
pode apenas assumir a forma de um polígono rectangular, surgem zonas de má
cobertura, as quais fazem com que os UEs localizados na zona de fronteira,
principalmente nos vértices da ROI, tenham piores condições de recepção e daí
provoquem mais handovers falhados. Em adição às simulações efectuadas, foi também
simulado na ferramenta Atoll® a definição de relações vizinhança para cada um dos

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Conclusõ

cenários. Este teste teve como objectivo, comparar as relações vizinhança obtidas pelo
simulador com as obtidas pelo Atoll®. Neste último teste, verificou-se que as relações
vizinhança obtidas pelo simulador desenvolvido se aproximam bastante das obtidas pelo
Atoll®, com o primeiro a identificar 73%, 60%, 63% e 47% das relações vizinhança
identificadas pelo segundo para os cenários Urbano Denso, Urbano, Suburbano e Rural,
respectivamente.

Finalmente, no que diz respeito à função de optimização de handover, numa primeira


abordagem, para cada um dos cenários, foi analisada HPIKPP para uma situação sem e
com optimização. Para cada cenário verificou-se um bom desempenho do algoritmo de
optimização, com o HPIKPP a atingir uma redução de 34% para o cenário Urbano Denso,
23% para o cenário Rural e 14% e 9% para os cenários Suburbano e Urbano,
respectivamente. Analisando os valores optimizados de Histerese e TTT verificou-se, tal
como esperado, que para os cenários Urbano Denso e Urbano, o valor de Histerese é
superior ao registado nos cenários Suburbano e Rural, devido às condições de
propagação, o que origina uma maior probabilidade de oscilação de handover. Esta
situação também se verifica ao nível do TTT, registando igualmente valores superiores
nos cenários Urbano Denso e Urbano, face aos cenários Urbano e Rural.

Posteriormente, utilizando somente o cenário Urbano Denso e Rural, foi analisado o


HPIKPP quando os UEs utilizam o serviço HTTP (serviços NRT) e VoIP (serviços RT) e
quando estes se deslocam a uma velocidade máxima de 3, 60 e 120 Km/h afim de,
perceber, qual o desempenho do algoritmo em cada uma das situações. No geral, através
das simulações efectuadas, verifica-se uma redução considerável do HPIKPP,
principalmente quando os UEs de deslocam a baixa velocidade, como é o caso do cenário
Rural com um serviço VoIP e uma velocidade de 3 Km/h onde esta redução é de 73,91%.
No caso do cenário Urbano Denso, a maior redução no HPIKPP é obtida também quando o
tipo de serviço é VoIP, mas ao contrário do cenário Rural, quando a velocidade máxima
dos UEs é de 60 Km/h, tendo-se verificado uma redução de 44,67%. Verificou-se também
que em ambos os cenários, tal como esperado, a redução do HPIKPP é maior quando o
UE se desloca a baixa velocidade e menor quando se desloca a alta velocidade. No que
diz respeito aos valores optimizados de Histerese e TTT observou-se que, tal como
esperado, a baixa velocidade a Histerese é em geral maior quando comparada com os
valores obtidos a alta velocidade. Para além disso, verificou-se que, para a mesma
velocidade, a Histerse é substancialmente menor quando o tipo de serviço é VoIP,

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Conclusõ

comparando com o valor obtido para o serviço HTTP. Esta observação permite concluir
que o parâmetro delta, apresentado no capítulo 4, permite de facto compensar a histerese
em função da velocidade e tipo de serviço.

De forma a estabelecer um termo de comparação e dado o facto de ainda não


existirem redes LTE em funcionamento em Portugal, decidiu-se comparar o HPIKPP obtido
pelo simulador com o obtido através da recolha de dados estatísticos de uma rede real
GSM, cujas BTS são co-localizadas com as BTS LTE dos cenários Urbano Denso e
Rural. Da análise realizada, concluiu-se que, apesar do tempo de amostragem ser
consideravelmente superior ao tempo de simulação, os valores de HPIKPP simulados
estão bastante próximos dos obtidos da rede GSM real, registando inclusivé, valores
inferiores no cenário Rural. Apesar das características díspares entre as tecnologias, o
facto de o GSM utilizar uma estratégia de hard handover semelhante ao LTE, permite
concluir que os valores obtidos por simulação aproximam-se daquilo que será de esperar
numa rede LTE real.

6.3 Trabalho Futuro

Ao longo deste trabalho foram enfrentados vários problemas, alguns dos quais, tiveram de
ser contornados através de soluções alternativas que, embora não sendo as mais
precisas, constituiam uma boa aproximação. Um exemplo desses problemas é o acesso
de um UE a uma célula aquando do processo de handover. Como se pode verificar no
capítulo 4, o UE mede o RSRP e calcula a média dos SINRs medidos em cada RB, como
forma de verificar se a célula destino apresenta as condições mínimas de acesso.
Contudo, há outros factores que poderão condicionar o acesso de um UE a uma nova
célula, como por exemplo o RSSI, máxima potência do UE, BLER, etc.. Apesar do
simulador em questão ainda se encontrar em desenvolvimento pelo TU-WIEN, segundo
este último, não está previsto o desenvolvimento de funções capazes de simular falhas no
link rádio, sendo essas funções mais indicadas para um simulador do tipo Link-Level
como o descrito em [MISM11] e [MWIBR09]. A implementação de um mecanismo mais
robusto de análise do link rádio, permitiria avaliar com mais precisão o efeito de diferentes
configurações no processo de handover intra-frequência.

Outra melhoria recomendada para este trabalho diz respeito à interface gráfica do
simulador. Apesar da maturidade do software Matlab®, a criação de GUI (Graphical User
Interface) neste continua a ser bastante limitada, para além da performance bastante

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Conclusõ

baixa, quando comparado com outras soluções existentes no mercado. Graças à


capacidade de integração deste software em outras aplicações, a interface gráfica deste
simulador poderia ser desenvolvida utilizando outras plataformas de desenvolvimento,
bem como outras linguagens de programação, como por exemplo C# ou Java. Desta
forma, apenas a parte computacional era deixada a cargo do Matlab®.

Finalmente, partindo do trabalho realizado, outras funções das SON, já aqui descritas,
poderão ser implementadas e testadas. Um exemplo dessas funções poderá ser a
optimização de cobertura através do ajuste automático de tilt eléctrico com base nos
relatórios de medidas dos UEs. Outra solução poderia passar pelo balanceamento
automático de carga.

A adopção do “System Level Simulator of LTE Networks” como a base para a


implementação e análise das funções SON, permitiu um elevado nível de liberdade ao
nível do desenvolvimento, tendo permitido desenvolver várias funções que foram ao
encontro das necessidades deste trabalho. Contudo, apesar de se tratar de um projecto
em código aberto para a investigação académica, a informação disponibilizada pelo TU-
WIEN sobre o simulador é muito escassa, não havendo quaisquer documentações, que
não a disponível em artigos que recorrem ao uso deste ou através do seu fórum 11.

11
http://www.nt.tuwien.ac.at/forum

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A
Funções Avançadas das
Self-Organizing Networks (SON)

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

A.1 Auto-Optimização de Canais Físicos


Os canais físicos do Long Term Evolution (LTE) possuem um grande número de
parâmetros para configuração, e muitas das vezes, dada a complexidade e intervenções
necessárias, estes parâmetros são configurados com os valores por defeito. Esta
abordagem, apesar de minimizar o custo operacional, poderá ter efeitos negativos no
desempenho da rede. Neste sentido, o estudo realizado em [SOCR08] propõe alguns
algoritmos capazes de optimizar a parametrização de canais físicos em downlink e uplink.
Com base nos cenários identificados por [SOCR08], podem-se identificar os possíveis
parâmetros de entrada para este tipo de algoritmos:

 Parametrização dos canais físicos configurados nas células vizinhas;

 Tráfego previsto;

 Localização do eNB;

 Configuração do HW do eNB;

 Feedback dos UEs;

 Medições nos canais de UL.

Da execução deste tipo de algoritmo poderá resultar a alteração do seguinte conjunto


de parâmetros nos canais de downlink e uplink:

 Alteração da potência de transmissão;

 Configuração de potência;

 Power Boosting no canal de referência em downlink;

 Sequências CAZAC (Constant Amplitude Zero Auto-Correlation) para os canais de


referência em uplink.

Segundo [SOCR08], a aplicação destes algoritmos permitirá a optimização dos canais


de downlink e uplink, na medida em que estes são bem recebidos pelo UE e assim evita
quedas de chamadas.

A.1.1 Optimização do RACH


À semelhança do WCDMA, no LTE o RACH é o canal de acesso assíncrono do UE à
rede. A configuração do RACH tem um grande impacto no desempenho de uma rede
móvel celular na medida em que afecta a probabilidade de bloqueio de acesso do UE à

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

rede. A má configuração deste canal afecta directamente os procedimentos de call-setup,


data-resuming, tracking-area-update e handover, introduzindo atraso nos mesmos e taxa
de sucesso nos procedimentos de setup, tracking-area-update e handover-sucess-rate.
Em adição, a má configuração do RACH poderá influenciar a capacidade da rede,
probabilidade de detecção de preâmbulo e área de cobertura. O procedimento de acesso
à rede via RACH poderá ser despoletado pelos seguintes eventos:

1. Acesso inicial do UE à rede;

2. Restabelecimento após falha no link rádio;

3. Handover para uma célula diferente;

4. Downlink de dados para o UE fora de sincronismo;

5. Uplink de dados de um UE sem sincronismo.

A.1.1.1 Procedimento de Acesso Aleatório

O procedimento de acesso ao meio via RACH é desenrolado por intermédio de uma de


duas formas: contencioso e não contencioso. O acesso contencioso é usado para todos
os eventos listados anteriormente. Neste cenário, o UE gera um preâmbulo e
escolhe uma janela de oportunidade, e com base na informação difundida pelo eNB
calcula a potência de transmissão da mesma com base na estimação das perdas de
percurso (PL), tendo em conta a potência da portadora piloto e a informação
difundida pelo eNB: potência recebida desejada (PO_RÆCK ), Power Ramping Step (∆RÆCK ) e
offset do preambulo (∆PREANbSe ). O UE também monitoriza o número de tentativas
de transmissão do preâmbulo (N). Para a transmissão inicial (N = 1) a
potência de transmissão do preâmbulo (PRÆCK ) é dada por, [AFGM09]:

PRÆCK = Nin{PNAS , PO_RÆCK — PL + (N — 1)∆RÆCK + ∆PREANbSe } (1.1)

Ao detectar o preâmbulo de acesso enviado pelo UE, o eNB correlaciona-o com todas
as sequências de preâmbulo possíveis. Se o preâmbulo for aceite, é enviada a
informação necessária a todos os UEs que usaram o mesmo preâmbulo na mesma janela
de oportunidade. Se nenhuma resposta for recebida, o UE efectua uma nova tentativa
usando um mecanismo de power ramping. O power ramping é um procedimento onde o
UE aumenta gradualmente a potência de transmissão para cada preâmbulo que é
retransmitido enquanto não recebe uma resposta do eNB. O funcionamento deste
mecanismo poderá ser o seguinte:

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

 Com base na estimação das perdas de percurso através da medida do RSRP o UE


transmite o preâmbulo inicial;

 Se não é recebida nenhuma resposta o UE aumenta a potência de transmissão do


preâmbulo.

Figura 1.1 – Power Ramping no acesso via RACH, [TR36902].

Neste cenário é possível que mais do que um UE possa transmitir o mesmo


preâmbulo, o que exige que o eNB realize um processo de resolução de contenção.
Apesar disto, existem situações onde o eNB poderá alocar uma assinatura dedicada ao
UE para os procedimentos em que este necessita de receber dados em downlink e para
os casos de handover, acesso não contencioso. Ao contrário do que acontece no
WCDMA, em LTE é fixado um número fixo de assinaturas em cada célula, que serão
usadas para o acesso contencioso e não contencioso dos UEs à rede, [SeTo09].

De forma geral, os eventos anteriores têm como objectivo, em alguns casos, a


sincronização do UE com a rede e noutros a notificação da existência deste perante a
rede ou o seu acesso à mesma. No caso particular dos eventos (3), (4) e (5) identificados
na inicio da secção A.1.1, podemos ter um acesso não contencioso onde para cada UE é
atribuída uma assinatura.

A.1.1.2 Algoritmo de Optimização

A configuração do RACH depende de vários parâmetros, de entre os quais:

 A interferência inter-célula em uplink do PUSCH – Aplicação de esquemas de


controlo de potência de modo a minimizar a interferência inter-célula;

 Carga no RACH (volume de pedidos recebidos, taxa de handover, padrão de


tráfego e população servida);

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

 Carga no canal PUSCH – Quantidade de preâmbulo/célula/s;

 Preâmbulos alocados à célula;

 High-Speed mode (On-Off);

 Desequilíbrio entre UL e DL.

Factores como a orientação das antenas, potência de transmissão ou threshold de


handover poderão afectar a performance do RACH. Segundo [TR36902], as funções
primárias numa optimização RACH são:

a) Minimizar o atraso no acesso do UE à rede;

b) Minimizar a interferência em uplink causada pelo RACH;

c) Minimizar a interferência durante os acessos RACH.

O algoritmo de optimização tenta automaticamente definir um conjunto de parâmetros


relacionados com o desempenho do RACH, como por exemplo:

 PRACH Configuration Index;

 PRACH Transmission Power Control Parameters;

 RACH Backoff Parameter – Indica ao eNB para aguardar um determinado período


de tempo antes de voltar a tentar aceder à rede;

 RACH Preamble Split – Divisão do preâmbulo;

 RACH Root Sequence Index – Sinalizar o UE das sequências disponíveis para


acesso aleatório ao meio, através da difusão do RACH Root Sequence Index que
indica a primeira root sequence na célula, podendo o UE derivar todas as restantes
sequências possíveis.

A definição exacta dos parâmetros que optimizam o RACH foi deixada em aberto pelo
3GPP, cabendo a cada fabricante definir quais os parâmetros críticos necessários ao
aumento do seu desempenho. Um exemplo disso é apresentado em [SOCR08] onde é
sugerida a alteração dos seguintes parâmetros para optimização RACH:

 Número de tentativas antes de bloqueio;

 Atraso até nova tentativa de acesso;

 Número de RACH;

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

 Divisão do preâmbulo (Preamble Split).

O estudo realizado em [AFGM09] baseou-se no cálculo do DMR (Detection Miss


Ratio) e CR (Contention Rate) para identificar quais os parâmetros que mais optimizam o
RACH. Do estudo realizado, foram identificados alguns parâmetros, tidos como favoráveis
à optimização do RACH:

 Carga no PUSCH;

 Aumento de Potência no preâmbulo (Power Ramping Step).

A.1.2 Balanceamento de Carga


O objectivo do balanceamento de carga, ou Mobility Load Balancing (MLB), é distribuir a
carga numa célula de forma equitativa por todas as outras células vizinhas ou distribuir
parte do tráfego de células em situação de congestionamento. Esta função é levada a
cabo através da auto-optimização de parâmetros de mobilidade ou através de HO
(handover). A auto-optimização dos parâmetros intra-LTE e inter-RAT (inter-Radio Access
Technology) na própria célula e suas vizinhas poderá aumentar a capacidade do sistema,
quando comparado com um mecanismo estático não optimizado de parâmetros de re-
selecção/handover.

Existem dois tipos de arquitectura MLB: distribuída e centralizada. A escolha do tipo de


arquitectura depende da RAT em causa:

 Distributed MLB – Algoritmos correm localmente nos eNB. A informação de carga é


trocada entre estações de modo a optimizar os parâmetros de HO e/ou ajustar
parâmetros de RRM;

 Centralized MLB – Os algoritmos são executados ao nível do core. Estações


reportam a sua informação de carga a uma entidade centralizada que,
posteriormente envia alterações aos parâmetros de HO de cada estação.

O suporte para a optimização do balanceamento de carga poderá ser alcançado


através das seguintes funcionalidades:

 Medição da carga de células entre eNB (troca de informação via interface X2);

 Aplicação de algoritmos para identificar a necessidade de distribuição de carga


entre células adjacentes;

 Adaptação de parâmetros de HO e /ou Re-Selecção.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

De acordo com o critério de re-selecção, descrito em [TS36304], cabe ao UE


classificar as células intra-frequência e inter-frequência com igual prioridade, que
obedecem ao critério S (S-criterion), com base no critério R (R-criterion). Através dos
critérios R são determinadas classificações à célula de serviço e células vizinhas, Rc e Rn
respectivamente. Para a célula servidora e células vizinhas temos respectivamente,

Rc = QNEAC,c + Qhystc (1.2)

Rn = QNEAC,n — Qoffsetc,n (1.3)

onde QNEAC,c e QNEAC,n correspondem ao RSRQ, uma medida de qualidade da célula,


realizada pelo UE para a célula de serviço e suas vizinhas respectivamente, Qhystc é o
parâmetro que controla o nível de histerese para a classificação das células e Qoffsetc,n
especifica o offset entre a célula de serviço e respectivas vizinhas cuja prioridade
é idêntica. A re-selecção ocorre para a célula mais bem classificada para além da célula
de serviço no período mínimo de TreceSection .

Segundo [FeSe08], a alteração do Qhystc irá influenciar a escolha entre a célula de


serviço e todas as outras células vizinhas. Uma vez que se pretende controlar a carga
entre células adjacentes propõe-se a alteração do Qoffsetc,n.

A.1.3 Coordenação de Interferência Inter-Célula


O alcance dos débitos anunciados no LTE depende, de entre outros factores, de uma
densa reutilização do espectro electromagnético e por conseguinte de uma gestão
eficiente da interferência inter-célula. De modo a tirar partido da totalidade do espectro
disponível e reduzir a complexidade no planeamento de frequências, poderão ocorrer
casos onde as redes LTE usarão um factor de reutilização de 1. Contudo, com o uso de
um factor de reutilização de 1, a interferência na periferia das células irá ser considerável,
o que poderá conduzir a débitos e níveis de QoS insatisfatórios. O SINR é uma das
métricas de desempenho que relaciona o nível de sinal recebido por um utilizador e o
nível de sinal interferente. O Inter-Cell Interference Coordination (ICIC) em especificação
pelo 3GPP é um conjunto de técnicas, que visa a mitigação dos efeitos provocados pela
interferência inter-célula de modo a aumentar a performance dos canais comuns PDSCH
e PUSCH.
Em OFDM, a interferência inter-célula ocorre quando existe uma colisão entre RBs.
Devido ao factor de reutilização unitário, qualquer RB está disponível para transmissão

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

em cada célula, o que significa que a transmissão no mesmo RB poderá ser agendada
entre células vizinhas ao mesmo tempo, provocando uma colisão de RB.

No campo da coordenação de interferência inter-célula, têm sido realizados inúmeros


estudos na tentativa de achar técnicas capazes de minimizar a interferência inter-célula e
os seus efeitos no desempenho da rede. Estudos como realizado em [RRFo08], sugerem
técnicas baseadas em HARQ e Link Adaptation. Segundo o 3GPP, estas técnicas
poderão ser divididas em reactivas e pro-activas. O esquema reactivo baseia-se em
medidas efectuadas no passado. Com base em medidas retiradas, é monitorizado o
desempenho e se a interferência detectada atingir valores elevados é feito um ajuste da
potência de transmissão ou escalonamento de modo a reduzir a interferência entre
células. Num esquema pró-activo, cada eNB informa os seus vizinhos, através da
interface X2, da forma como planeia agendar a transmissão dos seus utilizadores no
futuro. Desta forma os eNB vizinhos poderão ter esta informação em conta para futuras
transmissões.

De acordo com a norma ainda em desenvolvimento, para um esquema pró-activo foi


definido um indicador denominado de High Interference Indicator (HII) e para o esquema
reactivo o Overload Indicator (OI). De acordo com a norma, estes indicadores deverão ser
trocados entre eNB via interface X2. Esta informação trocada por sua vez servirá ao eNB
para ajustar o número e potência de cada RB alocado a cada uma das suas células.

Figura 1.2 – Coordenação de Interferência Inter-Célula em Uplink, [TS32521].

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

Figura 1.3 – Coordenação de Interferência Inter-Célula em Downlink, [TS32521].

A.1.4 Optimização Avançada de Mobilidade


Segundo [TS36300], uma forma de ajustar estes parâmetros poderá ser alcançada
através da análise das falhas no link rádio devido à ocorrência antecipada ou tardia de
HO, (Too Early HO Too Late HO) ou devido ao HO para uma célula errada (HO to a
wrong cell).

 Too Late HO – Considerando o exemplo da Figura 1.4, se a mobilidade do UE é mais


agressiva do que os parâmetros de handover configurados permitem, o handover
poderá ser despoletado quando o sinal da célula A já está muito baixo ou poderá
mesmo não acontecer por RLF (Radio Link Failure). A ligação poderá então ser
estabelecida numa outra célula, célula B, diferente da célula de serviço. Este cenário
é frequente em zonas onde a mobilidade dos utilizadores é muito alta, como é o caso
de auto-estradas, vias-férreas, etc. Uma vez estabelecida a ligação com a Célula B, é
enviado uma mensagem de RLF para a célula A alertando-a para o HO mal sucedido;

Cell AX = radio link failure Cell B

3dTToowweerr..eemm
3d3dTToowweerr..eemm

Devido ao rápido movimento e má parametrização de HO o


UE deixa a célula origem antes do início do processo de HO.

Figura 1.4 – Cenário de atraso de handover, [TS32521].

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

 Too Early HO – Considerando o exemplo da Figura 1.5, o processo de handover


poderá ser despoletado, quando o UE entra numa zona coberta pela célula B
dentro da zona de cobertura da célula A. Quando isto acontece, a célula B poderá
enviar uma mensagem de HANDOVER REPORT à célula A indicando a ocorrência
de um Too Early HO quando recebe uma mensagem de RLF INDICATION da
célula A e quando a célula B enviou a mensagem de UE CONTEXT RELEASE
para a célula A, indicando a conclusão do HO para o mesmo UE nos últimos
segundos de Tstore_UE_cntxt. Este cenário é típico de zonas urbanas, onde a
cobertura das células é fragmentada;

Cell A X = HO failure Cell B

3d3dTToowweerr..eemm 3dTToowweerr..eemm

Ilha de cobertura da célula B na


região de cobertura da célula A

Figura 1.5 – Cenário de handover prematuro, [TS32521].

 HO to Wrong Cell – Acontece quando ocorre uma falha no link rádio nos momentos
que se seguem à conclusão do HO ou durante este. Se o HO da célula origem para
a célula destino ocorreu com sucesso e a célula vizinha pertence ao eNB B que é
diferente de eNB A, este poderá enviar a mensagem de HANDOVER REPORT
para o eNB A indicando a ocorrência de um HO para uma célula errada quando o
eNB B recebeu uma mensagem de RLF de um terceiro eNB C e quando eNB B
enviou a mensagem UE CONTEXT RELEASE para o eNB A indicando a conclusão
do HO para o mesmo UE nos últimos segundos de Tstore_UE_cntxt.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

= HO triggering
Cell AX = radio link failure Cell B

3d3dTToowweerr..eemm 3dTToowweerr..eemm

Falha no link radio devido á má parametrização deCHO entre a célula A e célula B


Cell

3dTToowweerr..eemm

Figura 1.6 – Cenário de handover para célula errada, [TS32521].

Em qualquer um dos casos a mensagem de RLF enviada de um eNB B para um eNB


A deverá conter a seguinte informação:

 Failure Cell ID – PCI da célula à qual o UE estava ligado anteriormente à falha;

 Reestablishment Cell ID – ECGI da célula onde foi feito o restabelecimento do link


rádio;

 C-RNTI – C-RNTI do UE na célula onde o UE estava ligado anteriormente à


ocorrência da falha;

 shortMAC-I (opcional).

A.1.4.1 Detecção de Too Late HOs


A célula origem nem sempre está ocorrente do fenómeno Too Late HOs, porque o RLF
poderá ocorrer antes que a célula origem seja capaz de receber o Measurement Report
Message (MRM) do UE. Deste modo, uma solução possível seria a célula destino, para a
qual o link rádio foi restabelecido, enviar a indicação de RLF através do estabelecimento
de uma interface X2.

A.1.4.2 Detecção de Too Early HO

No caso de ocorrência de uma falha do tipo Too Early HO de uma célula A para uma
célula B, poderá ser reportado da célula A para a célula B, usando o método
anteriormente descrito, a indicação de RLF.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

A.1.4.3 Redução de HO desnecessários

Um processo de HO consome imensos recursos. A configuração óptima de HO depende


muito das condições rádio, o que dificulta o seu controlo manual. Muitas das vezes
factores como o padrão de reutilização e zonas limite de cobertura, poderá gerar HO
frequentes, o que resulta num maior consumo de recursos da rede. Por outro lado, a
configuração incorrecta do HO poderá resultar na falta de HOs que deveriam acontecer. A
especificação incorrecta de parâmetros de HO poderá afectar negativamente a
experiência do utilizador e desperdiçar recursos da rede ao causar os efeitos de ping-
pong, falhas de HO e falhas no link rádio. A optimização de parâmetros de HO deverá ser
capaz de prever tais cenários.

Cell A = HO triggering Cell B

3d3dTToowweerr..eemm 3dTToowweerr..eemm

Figura 1.7 – Cenário de handovers frequentes, [TS32521].

Cell A Cell B

3d3dTToowweerr..eemm 3dTToowweerr..eemm

HOs not triggered due to HO parameter adjustment

Figura 1.8 – Ajuste de parâmetros para redução do número de handovers, [TS32521].

Para além dos parâmetros de HO, a configuração incorrecta da parametrização para


re-selecção de células, poderá resultar em HO indesejados logo após o procedimento de
RRC connection setup.

A.2 Self-Healing
A quebra de serviço de uma célula poderá ser motivada por falhas de HW ou SW, falha
de energia, perda de conectividade com a rede ou mesmo por erro de configuração.
Muitas das vezes, a resolução deste tipo de falhas poderá levar horas, o que em
determinadas situações poderá ter um impacto negativo no desempenho da rede e nos

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

indicadores de disponibilidade para além de que, dependendo da localização/abrangência


da célula em causa, poderá afectar uma quantidade considerável de utilizadores. Uma
das funcionalidades em estudo para as SON, consiste em compensar o desempenho da
rede na eventualidade de falha de uma célula, através da parametrização automática das
células vizinhas. Pretende-se com esta abordagem compensar o efeito negativo no
desempenho da rede que é provocado pela falta de serviço de uma célula. Neste sentido,
existem três fases diferentes na detecção de uma falha no serviço de uma célula, são
elas:

 Previsão – Análise de medidas reportadas por UE, eNB e O&M (Operation &
Maintenance);

 Detecção – Detecção da falha de serviço;

 Compensação – Compensação através da parametrização automática.

A previsão de falha de serviço numa célula é levada a cabo por um algoritmo que,
com base em medidas reportadas pelo UE, eNB e O&M, procura antecipar uma eventual
falha de serviço e prepara as células vizinhas e parametrizações necessárias à
compensação.

A.3 Poupança de Energia


Um dos custos mais críticos para uma operadora móvel está na energia dispendida pelos
equipamentos, nomeadamente na RAN, para a sua operação. Tipicamente os
equipamentos, particularmente estações base, são dimensionados tendo em conta um
cenário de maior carga. Segundo as especificações, a primeira solução para alcançar a
redução de custos de operação das RANs, está nas estações base, mais concretamente
nas células configuradas nos eNB. Através da desactivação temporária de células,
redução de potência ou mesmo redução do número de antenas de transmissão, é
possível alcançar ganhos de poupança de energia significativos. Neste sentido, as
normas que têm sido desenvolvidas para as SON, prevêem a implementação de
algoritmos que, com base na informação de: carga, qualidade de serviço dos utilizadores,
estatísticas de tráfego e informação da área de cobertura; conseguem alterar: estado das
células do eNB (On/Off), potência de transmissão, definições de potência, número de
antenas TX e parâmetros de HO. Apesar da aparente simplicidade do funcionamento, o

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Anexo A – Funções Avançadas das Self-Organizing Networks

algoritmo deverá ter em conta o possível aparecimento de zonas sem cobertura e as


regiões de HO entre células.

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Anexo B
The Self-Organizing LTE Network
Simulator User Manual

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.1 Requisitos Mínimos


B.1.1 Requisitos de Software
Ao nível de software, para executar correctamente esta aplicação o utilizador deverá
assegurar os seguintes requisitos:

 Sistema Operativo Windows (XP, Vista ou Seven) 64-bit;


 Microsoft Visual C++ 2008 SP1 (mínimo);
 Matlab® 7.8.0 (R2009a);
 Matlab® Communications Toolbox 4.1;
 Matlab® Signal Processing Toolbox 6.7.

B.1.2 Requisitos de Hardware

Ao nível de hardware, para assegurar uma boa performance da aplicação, o utilizador


deverá assegurar os seguintes requisitos de hardware:

 Processador AMD/Intel x86;


 2048 MB de RAM (mínimo recomendado);
 4 GB de espaço em disco (mínimo recomendado).

Esta aplicação foi desenvolvida e testada atendendo aos requisitos anteriores, pelo
que o seu bom funcionamento não poderá ser assegurado se estes não forem cumpridos.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.2 Funcionalidades
O “The Self-Organizing LTE Network Simulator” é um simulador baseado no “System
Level Simulator of LTE Networks”, (versão 1.3 r427), em desenvolvimento pelo Institute of
Communications and Radio-Frequency Engineering da Universidade Tecnológica de
Vienna, Áustria (TU- WIEN12). Ao simulador original, foram efectuadas alterações, que
incluem uma interface gráfica, e que conferem a este as seguintes funcionalidades:

 Importação de mapas geo-referenciados;


 Definição manual da localização de cada eNB;
 Definição manual da configuração de cada eNB, incluindo potência de saída,
número de sectores e respectivas orientações, modelo da antena, MDT
(Mechanical Down-Tilt) e EDT (Electrical Down-Tilt), altura e cota;
 Suporte para eNodeB (evolved NodeB) com 1, 2 ou 3 sectores;
 Definição manual da frequência de operação e largura de banda da rede;
 Definição manual do modo de transmissão;
 Definição manual dos modelos de propagação de larga e pequena escala,
incluindo desvanecimento por difracção (shadow fading);
 Definição do ambiente de propagação, velocidade, tipo de tráfego, e número de
utilizadores;
 Visualização de mapas de cobertura;
 Visualização de mapas de atribuição de PCI;
 Visualização de indicadores de handover e resolução de PCI;
 Guardar cenários e resultados em formato de projecto (.mat) para análise futura.

12
http://nt.tuwien.ac.at/ltesimulator

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.3 Interface
B.3.1 Vista Geral
A Figura 3.1 ilustra o workspace do simulador e a descrição dos seus vários
componentes.

Figura 3.1 – Interface principal e seus componentes.

B.3.2 Componentes

B.3.2.1 Menu Principal

As figuras que se seguem ilustram as várias opções disponíveis no menu principal


correspondente ao ponto A da Figura 3.1.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 3.2 – Opções do menu “File”.

Figura 3.3 – Opções do menu “Edit”.

Figura 3.4 – Opções do menu “Results”.

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 3.5 – Opções do menu “Help”.

B.3.2.2 Barra de Ferramentas

A Figura 3.6 descreve os vários componentes da barra de ferramentas correspondente ao


ponto B da Figura 3.1.

Figura 3.6 – Ilustração da Barra de Ferramentas.

B.3.2.3 Lista de eNodeB

A Figura 3.7 ilustra o painel onde são listados todos os eNodeBs que são criados e
respectivas características. Este painel corresponde ao ponto D da Figura 3.1.

Figura 3.7 – Painel com a lista de eNodeB.

B.3.2.4 Painel de Configurações

As ilustrações seguintes indicam o significado de cada componente de cada painel de


configuração.

Figura 3.8 – Parâmetros gerais do sistema.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 3.9 – Definições de desvanecimento larga escala.

Figura 3.10 – Definições de desvanecimento pequena escala.

Figura 3.11 – Modelo de atenuação por difracção.

Figura 3.12 – Definições do UE.

Figura 3.13 – Definições do eNodeB.

Figura 3.14 – Modelo de transmissão.

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 3.15 – Tipo de tráfego realizado pelos UE.

Figura 3.16 – Optimização de parâmetros de handover.

Figura 3.17 – Automatização da criação de relações vizinhança.

Figura 3.18 – Definições de alocação de PCI.

Figura 3.19 – Definições gerais de simulação.

B.4 Definições Avançadas


B.4.1 Optimização de Handover
A Figura 4.1 descreve o significado dos vários campos do formulário para alterar os
parâmetros avançados da função de optimização de handover.

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 4.1 – Definições avançadas de handover.

B.4.2 Automatic Neighbour Relation


A Figura 4.2 descreve o significado dos vários campos do formulário, para alterar os
parâmetros avançados da função ANR.

Figura 4.2 – ANR advanced settings.

B.5 Criação de Cenários


Nesta secção descreve-se o procedimento básico para criar um cenário para simulação.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.5.1 Carregar Mapas


O procedimento seguinte ilustra os passos essenciais para carregar um mapa
georreferenciado:

1. Na barra de ferramentas (Figura 3.6) ou a partir do menu “File” seleccione a opção


para importar mapa;
2. Escolha uma imagem georreferenciada (Suporte apenas para ficheiros do tipo
GeoTif);

Figura 5.1 – Exemplo para a escolha de um mapa.

3. Utilize os botões “Pan” e “Zoom” da barra de ferramentas (Figura 3.6) para mover
ou seleccionar uma região específica do mapa.

B.5.2 Criar eNodeB


O procedimento seguinte ilustra os passos essenciais para adicionar um novo eNodeB a
um cenário:

1. Pressionar o botão “Add” no painel que contém a lista de eNodeB;


2. Fazer um clique apenas com o botão esquerdo do rato na localização no mapa
onde se pretende colocar o novo eNodeB. Um novo formulário deverá aparecer;
3. No formulário insira os dados necessários. A Figura 5.2 descreve o significado de
cada campo.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 5.2 – Formulário para adicionar novo eNodeB.

4. Se desejar visualizar o diagrama de radiação da antena (Kathrein), seleccione


“View” após escolher a localização do ficheiro (.msi) com as características da
antena.

Figura 5.3 – Visualizador de diagramas de radiação (Exemplo para K 800.10681).


5. Pressione “Add” para concluir a adição do novo eNodeB.

B.5.3 Definir Cenário


Uma vez definidos os eNodeB, verifique as configurações gerais. A memória e o tempo de
simulação necessários são dependentes da duração da simulação (TTI), número de

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

utilizadores, complexidade do canal (modelo de propagação, tipo de transmissão),


resolução do mapa e funções de optimização.

B.5.4 Definir Região de Interesse


Para minimizar o tempo de simulação e tornar a distribuição dos utilizadores mais
eficiente, o utilizador pode definir manualmente os limites da ROI (Region Of Interest)
utilizando a função existente na barra de ferramentas (Figura 3.6).

Figura 5.4 – Definição manual da ROI.

B.5.5 Guardar Cenário


Em qualquer altura, o estado do projecto poderá ser guardado usando as opções
disponíveis no menu “File” ou utilizando a barra de ferramentas. Nota que o tamanho de
cada projecto depende da complexidade e tempo de simulação do mesmo.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.6 Análise de Resultados


Após cada simulação, o utilizador poderá consultar os resultados obtidos através da
opção “Results” disponível no menu principal. Segue-se uma descrição das opções
disponíveis.

B.6.1 Sector Boundaries

B.6.1.1 In Map
Esta opção permite visualizar a atribuição de sectores sobreposta no mapa.

Figura 6.1 – Alocação e sectores com sobreposição no mapa.

B.6.1.2 In Figure
Esta opção permite visualizar a atribuição de sectores através de uma figura que é gerada
à parte.

Figura 6.2 – Alocação de sectores em figura separada.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.6.2 Signal Level

B.6.2.1 In Map
Esta opção permite visualizar o nível de sinal recebido através da sua sobreposição no
mapa.

Figura 6.3 – Nível de sinal recebido com sobreposição no mapa.

B.6.2.2 In Figure
Esta opção permite visualizar o nível de sinal recebido através de uma figura gerada à
parte.

Figura 6.4 – Nível de sinal recebido em figura separada.

B.6.3 Alocação de PCI

B.6.3.1 In Map
Esta opção permite visualizar a atribuição de PCI final (após simulação) sobreposta no
mapa.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.5 – Alocação de PCI com sobreposição no mapa.

B.6.3.2 In Figure
Esta opção permite visualizar a atribuição de PCI através de uma figura gerada à parte.

Figura 6.6 – Alocação de PCI em figura separada.

B.6.4 Neighbour

B.6.4.1 Neighbour Relation


Esta opção permite obter uma listagem das relações vizinhança após simulação. Nota
que, a listagem obtida corresponde ao estado final das tabelas de relações vizinhança e
não incluem relações que possam ter sido removidas previamente.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.7 – Lista das relações vizinhança após simulação.

B.6.4.2 Removed Neighbour


Esta opção permite obter uma listagem de relações vizinhança que foram removidas
durante a simulação.

Figura 6.8 – Lista de relações vizinhança removidas durante simulação.

B.6.4.3 Neighbour Counters


Esta opção permite obter uma listagem dos contadores de handover indicando o número
de handover realizados com sucesso e os falhados em cada célula.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.9 – Contadores de handover.

B.6.4.4 Handover Chart


Esta opção permite visualizar graficamente a evolução do número de tentativas e número
de falhas de handover, em média, em função do TTI.

Figura 6.10 – Handover intra-frequência (número de handover vs número de handover


falhados) em função do TTI.

B.6.5 Handover

B.6.5.1 Handover Oscillation Rate Chart


Através desta opção o utilizador poderá verificar a evolução da taxa de oscilação de
handover em função do TTI.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.11 – Oscilação de handover em função do TTI.

B.6.5.2 Handover Oscillation Rate Counters


Através desta opção o utilizador poderá consultar a taxa de oscilação de handover
registada em cada célula em função do TTI.

Figura 6.12 – Oscilação de handover por célula.

B.6.5.3 Optimized Handover Parameters


Através desta opção o utilizador poderá consultar os parâmetros de handover optimizados
após simulação.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.13 – Parâmetros de handover optimizados para cada célula.

B.6.6 Physical Cell Id

B.6.6.1 Inibid Users Chart


Através desta opção o utilizador poderá consultar um gráfico do número e percentagem
de utilizadores bloqueados em função do TTI.

Figura 6.14 – Utilizadores bloqueados (número e percentagem de utilizadores bloqueados


em função do TTI) em função do TTI.

B.6.6.2 Resolution Chart


Através desta opção o utilizador poderá consultar um gráfico com a média de handover e
resoluções de conflitos de PCI, a cada 50 TTI, em função do TTI.

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Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

Figura 6.15 – Resolução de conflitos de PCI (número médio de ocorrências vs número


médio de handovers) em função do TTI.

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo B – The Self-Organizing LTE Network Simulator User

B.7 Problemas Conhecidos


Ao longo do desenvolvimento desta aplicação foram identificados problemas que poderão
surgir durante a sua utilização. Segue-se uma descrição dos problemas identificados.

B.7.1 Desempenho
Sempre que são gerados gráficos de cobertura, alocação de célula ou alocação de PCI
sobrepostos com o mapa, o desempenho da aplicação degrada-se significativamente.
Esta situação só é resolvida quando o mapa é limpo.

B.7.2 Interface Gráfica


Durante a fase de testes foram identificadas situações onde após algumas simulações a
tabela de eNodeB deixa de funcionar correctamente. Durante esta situação poderão
ocorrer erros (Java) na consola do Matlab®. Após esta ocorrência o utilizador fica
impossibilitado de remover ou editar eNodeB já existentes. As restantes funcionalidades
da aplicação não são afectadas. Este problema só é possível de resolver reiniciando a
aplicação.

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo C
LTE Link Budget

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Anexo C – LTE Link

C.1 Link Budget LTE

LTE Downlink Radio Link Budget

Bandwidth A = user input 5 MHz


Carrier Frequency B = user input 2600 MHz
General Parameter
Sub‐Carrier Spacing C = user input 15 KHz
Number of RB D = user input 25

Require SNR E = user input 6 dB


Criteria
Average TX PWR F = user input 43 dBm

Downlink Unit
Total Power Per Cell G=F 43 dBm
19,95 W
13 dBW
Channel Power Offset H = user input 0 dB
BW for Maximum Power I = 10*Log10(A*10^6) 66,99 dB‐Hz
Power Per Sub‐Carrier J = G + 10*Log10((C*10^3)/(A*10^6)) + H 17,77 dBm
Transmitter
Max. Antenna Gain K = user input 15 dBi
12,85 dB
Antenna Diversity Gain L = user input 0 dB
Feeder Loss (Combiner, Cable,
M = user input 3 dB
Connector, etc.)
ERP N=J+M+K 29,77 dBm

Receiver noise figure O = user input 9 dB


Thermal noise P = user input ‐174 dBm

Receiver Receiver noise floor Q = P + 10*Log10(C*10^3) + O ‐123,24 dBm


Required SINR R=E ‐10 dB
Receiver sensitivity S = Q+R ‐133,24 dBm

RX Antenna Gain T = user input 0 dBi


UE Losses U = user input 0 dB
Receiver Gain & Losses V = user input 0 dB
Cell Edge Reliability W = user input 95%
Frequency Diversity X = user input 0 dB
Log Normal Fading Y = user input 8 dB
Channel
Building Penetration Z = user input 10 dB
Building Penetration St. Dev. A' = user input 8 dB
Body Loss B' = user input 9 dB
St. Dev. C' = RAIZQ(Y^2+A'^2) 11,31 dB
BPL D'= ‐NORMINV(W,B'+A',Y) ‐32,16 dB

Pathloss at Cell Border E' = N+X‐S+V+D' 130,85 dB


Path Losses
Maximum Alowed Path Loss (MAPL) F' = E'‐D' 163,01 dB

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Anexo C – LTE Link

C.2 Cálculo do Raio de Célula

C.2.1 Cenário Urbano Denso

Downlink Unit
Cell Radius Calculation ‐ Urban
h_base A = Simulator Model Input 12,5 m
h_ms B = Simulator Model Input 1,5 m
d_min C = Simulator Model Input 20 m
h_roof D = Simulator Model Input 12 m
w E = Simulator Model Input 25 m
b F = Simulator Model Input 50 m
phi G = Simulator Model Input 30 deg
delta_hmobile H = D‐B 10,5 m
delta_hbase I = A‐D 0,5 m
COST231 ‐ Urban Dense
(Input Parameter) J = IF(AND(0 <= G;G < 35);‐10 + 0,354*G;IF(AND(35 <= G;G <
L_ori 55);2,5 + 0,075*(G ‐ 35);IF(AND(55 <= phi;phi < 90);4 ‐ 0,114*(G ‐ 0,62
55);IF(AND(55 <= phi;phi < 90);4 ‐ 0,114*(G ‐ 55)))))

L_bsh LK= IF(A > D;‐18*LOG10(1 + I);0) ‐3,17

L= IF(A > D;54;IF(AND(Q >= 0,5;A <= D);54 ‐ 0,8*E11;IF(AND(Q<


k_a 54
0,5;A<= D);54 ‐ 0,8*I*Q/0,5)))

k_f M = ‐4 + 1,5*(Q/925 ‐ 1) ‐1,28


k_d N = Simulator Model Input 18

Lb O = Link Budget 163,01 dB


Carrier Frequency P = Link Budget 2600 MHz
Maximum Cell Radius
Q = (10^((A‐15,5‐20*LOG10(Q)+10*LOG10(F)‐10*LOG(Q)‐20*LOG10(I)‐K‐L‐ M‐
Max. Cell Radius (Phi=30) 1512,49 m
N*LOG10(Q)+9*LOG10(G))/(20+O)))*1000

C.2.2 Cenário Urbano

Downlink Unit
Cell Radius Calculation ‐
L A=input 163,01 dB
f B=input 2600 MHz
Cm C=input 3
COST231 ‐ Urban h_base D=input 32 m
(Input
Parameter) h_mobile E=input 1,5 m
d_min F=input 35 m
a G=(1,1*LOG10(B)‐0,7)*E‐(1,56*LOG10(B)‐0,8) 0,06

Lb H 163,01 dB
Maximum Cell Radius I= 10^((A‐46,3‐33,9*LOG10(B)+13,82*LOG10(D)+G‐C)/((44,9 ‐
Cell Radius 3440,43 m
6,55*LOG10(D))))

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


Anexo C – LTE Link

C.2.3 Cenário Suburbano

Downlink Unit
Cell Radius Calculation ‐
Cm C = Simulator Model Input 0
h_base D = Simulator Model Input 32 m
COST231 ‐ Sub Urban h_ms E = Simulator Model Input 1,5 m
(Input Parameter)
d_min F = Simulator Model Input 35 m
a G=(1,1*LOG10(B)‐0,7)*E‐(1,56*LOG10(B)‐0,8) 0,06 dB

L A = Link Budget 163,01 dB


f B = Link Budget 2600 MHz
Maximum Cell Radius
I= 10^((A‐46,3‐33,9*LOG10(B)+13,82*LOG10(D)+G‐C)/((44,9 ‐
Cell Radius 4190 m
6,55)*LOG10(D))))

C.2.4 Cenário Rural

Downlink Unit
Cell Radius Calculation ‐ Rural

TS 36.942 ‐ Rural (Input


Hb A= Simulator Model Input 45
Parameter)

L B = Link budget 163,01 dB

f C= Link Budget 2600 MHz

Maximum Cell Radius


D = 10^((69,55+26,16*LOG10(C)‐13,82*LOG10(A)‐
Cell Radius 9180 m
4,78*(LOG10(C)^2)+18,33*LOG10(C)‐40,94‐E5)/((‐44,9+6,55)*LOG10(A)))

1 Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em


Referências

Planeamento e Optimização em Redes Celulares Móveis Auto-Geridas assentes em 1


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