Avaliacao Bimestral Menores Infratores

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FACULDADES INTEGRADAS DE JAHU – FUNDAÇÃO

EDUCACIONAL “DR. RAUL BAUAB”

Psicologia comunitária
Avaliação Bimestral:
“Menores Infratores e o Resgate de Laços em Suas Famílias e
Comunidades”

Bruna Gomes Dos Santos


Letícia Alves De Lima

Jahu - SP
2018
Menores infratores e o resgate de lações em suas famílias e comunidades

Menores infratores

Adolescência é uma fase do desenvolvimento humano caracterizada pelas mudanças


corporais e psicológicas e segundo Maikel (2012, apud Barbosa Filho, 2001) mudanças
estas que podem trazer diversos impactos comportamentais e até mesmos frustrantes e
desagradáveis na criança que entra no mundo adulto, ou seja, passará por um processo
de mudanças na formação de sua identidade, sendo a relação com a sociedade,
fundamental para esse processo.

Tais mudanças na vida dos adolescentes podem ser percebidas no meio social onde
estão inseridos pela busca de sua identidade, que faz procurar certos grupos aos quais se
assemelhem. Dependendo da situação desfavorável, financeira ou afetiva em que se
encontra o menor, como aqueles que não têm recursos básicos para sobrevivência, que
buscam “descarregar” seus atos na sociedade que se coloca contra ele, pode ter que
encontrar uma saída de escape em práticas indevidas de conduta de um adolescente
rebelde padronizado pela sociedade. Estes atos podem ser também infracionais pela
conduta descrita como criminosa ou contravenções penais.

O ECA prevê várias medidas socioeducativas a serem aplicadas para a


responsabilização do infrator, tendo aos casos mais graves a possibilidade de privação
de liberdade, executada com meio pedagógico, visando inibir a reincidência utilizando
métodos e meios educativos, sociais, psicológicos e psiquiátricos.

As medidas socioeducativas são ações conjuntas com a finalidade de exercer influência


sobre a vida dos adolescentes infratores ou em conflito com a lei, considerando que
estas devem contribuir para a construção da identidade social desses adolescentes e a
elaboração de um novo projeto de vida. Para isso, torna-se necessário um conjunto de
ações nas áreas de educação, saúde, assistência social, cultura, capacitação para o
trabalho e esporte.

Apesar das medidas socioeducativas, é possível notar pela realidade que se presencia
que para os jovens em conflito com a lei não há possibilidade de acesso aos direitos
básicos de alguém ainda em fase de formação, de desenvolvimento. Ainda, que há um
estigma em torno deste adolescente, o que o torna mais do que um menor infrator, mas
um delinquente, um pivete, um trombadinha, e tantas categorias mais que se sustentam a
partir de subsídios midiáticos, pois é a mídia que apoia a disseminação desta ideia.

Tal estigma muitas vezes é reforçado pela condição socioeconômica do jovem em


conflito com a lei, especialmente quando estes são moradores de favelas e periferias das
cidades. O estigma é algo que vai marcar esse sujeito por muito tempo, talvez para
sempre. A reinserção à família, à comunidade, à escola, à sociedade não pode ser
confundida com o processo de exclusão que este adolescente irá sofrer ainda que
reinserido, ainda que lutem por sua ressocialização, uma vez que esta questão
transcende a vontade de retornar e continuar, pois fala de uma história que vem
atravessando séculos e o excluindo de muitas possibilidades.

Características

Uma pesquisa realizada pela PUC-PR em 2009 com menores infratores em


comunidades carentes de Curitiba apontou que 39% dos adolescentes relataram
residirem com ambos os genitores; 38% com pelo menos um dos genitores (em geral a
mãe); e 11% dos casos disseram viver na rua. Os demais relataram viver com outros
parentes (7%) ou em outras condições (5%).

Considerando esse fato observa-se a estrutura da família e de acordo com Menezes


(2018, apud Falcão e Souto, 2005) os pais, na tentativa de modificar as condutas
inaceitáveis dos seus filhos, acabam passando um exemplo de comportamento hostil, o
que contribui para que esses jovens demonstrem condutas agressivas e se comportem de
maneira antissocial, ao agir dessa forma, os pais inadvertidamente apresentam um
protótipo de comportamento que demonstra aos filhos a efetividade dos atos agressivos
na obtenção dos resultados esperados. Dessa forma, treinam as crianças para um
repertório agressivo e para a manifestação de comportamentos antissociais, como
ameaças, trapaças e intimidações, cujo objetivo é maximizar gratificações e evitar as
exigências impostas por terceiros. Sendo assim, o convívio familiar é o principal
responsável pela formação desses jovens e, se a maioria desses jovens se torna
delinquentes é devido ao ambiente violento dentro do lar.
Dentro das comunidades onde essas crianças e adolescentes vivem, muitas vezes, o
tráfico de drogas e a criminalidades são muitos recorrentes e fazem parte do cotidiano
deles, naturalizado pelo convívio. O que ocorre é que buscando a saída de um lar
conturbado o contexto das ruas torna-se atrativo e portanto, tão influenciador à criança e
adolescente quanto a família, o que proporciona uma ascensão na vida deles, pois dentro
da criminalidade eles são aceitos por um grupo, constroem sua identidade de
pertencimento nele e fortalecem suas características e habilidades, além de melhorar
suas condições financeiras por meios mais viáveis, fator que desencadeia desinteresse
pela educação e mercado de trabalho.

As problemáticas comuns são no estabelecimento de regras ou acolhida pelos vínculos


familiares, conflitos típicos da adolescência, evasão escolar, contato com drogas e
desigualdade social. A discriminação por parte da sociedade em geral também é
recorrente como: por serem jovens, pelo fato de morarem em bairros da periferia ou
favelas, pela sua aparência física, pela maneira como se vestem, pelas dificuldades de
encontrar trabalho, pela condição racial e até pela impossibilidade de se inscreverem
nas escolas de outros bairros.

Considerando os fatores família e comunidade como maiores influenciadores no


desenvolvimento do ser humano e observando que essas mesmas esferas da vida no
caso de menores infratores são desestruturadas ou disfuncionais, trabalhar num sentido
de busca por modificações efetivas e novas perspectivas é fundamental para a mudança
de quadro da criminalidade nesse período do desenvolver.

Intervenção da Psicologia Comunitária

Etapas

Primeiramente, resgatar ou construir laços familiares são a maior importância do


projeto, portanto, a primeira etapa seria no sentido de instigar as crianças e
adolescentes a cultivar o relacionamento com a família, por meio do estimulo ao
diálogo como contar e ouvir como foi o dia dos membros da família. Ensinar acolher
os problemas que os membros enfrentam (como o trabalho dos adultos, as contas da
casa, a escolarização dos menores). O contato físico afetivo que pode pouco estar
presente também pode ser apreciado como abraços e carinho, o afeto em todos os
sentidos faz grande diferença para um desenvolvimento saudável, logo o estimulo a
esse faz que a confiança e a segurança cresçam nos indivíduos. Claro que tudo isso
sendo trabalhado aos poucos e dentro da realidade de cada criança e adolescente
presente sem que haja constrangimentos ou atitudes inapropriadas.

Outra etapa seria na construção de uma estrutura mais sólida a esses ao lidar com
questões como os limites da educação, as regras tanto do lar quanto da sociedade, as
práticas da convivência e das relações interpessoais, o respeito as diferenças, a prática
da cidadania, os direitos e deveres enquanto cidadãos para que sejam apresentados a um
novo contexto de vida, não só as vivências em sua comunidade e as regras de vida nela
aplicadas mas visar ampliar tais conceitos, não como forma de repreender toda a cultura
já enraizada neles, mas de dar acesso a novas formas de socialização e uma nova visão
da relação que eles estabelecem com toda a sociedade.

A educação também deve ser ponto chave nas atividades realizadas já que a evasão
escolar é um fator que favorece a criminalização desses indivíduos, assim, torna-los
conscientes da importância do ensino é fundamental. Sabemos que a escola pode não
fornecer uma educação adaptada a realidade desses jovens, para tanto, a formação
voltada para o mercado de trabalho, ou para a fomentação do interesse acadêmico, ou
para a reprodução dos conhecimentos em outros ambientes, como a casa, por exemplo
ou ainda na elaboração de uma atividade recreativa são opções que complementam o
ensino formal e podem tirar das ruas ou de atividades inapropriadas e, criar melhores
oportunidades abrindo portas para um presente/futuro sem a presença do crime.

A comunidade em si, com seus membros e toda sua estrutura também precisam de
atenção e cuidados para que ela própria seja fornecedora de instrução para as crianças e
adolescentes, ou seja, empoderar essa comunidade para que ela conheça sua população,
para que ela queira sua independência e sua melhora. Para transformação da realidade
de forma geral, o cuidado com as crianças e adolescentes, o incentivo ao lazer, a saúde,
ao esporte e a educação. A construção de um espirito de renovação que engloba todos os
moradores e faz crescer o ato de se importar com o outro e zelar pelo bom
funcionamento da coletividade. Isso fortalece o trabalho realizado dentro dos lares e
reforça as mudanças positivas que acontecem dentro das famílias, onde existe uma
harmonização e controle maior dos princípios e realidades internas e externas ao lar.

Portanto, o trabalho é realizado em quatro etapas, respectivamente: o zelo com a


família, o contato com a cidadania, o cuidado com a educação e o empoderamento da
comunidade.

Instrumentos

 Diálogos em grupo
 Palestras
 Dinâmicas com as famílias
 Reuniões com a comunidade
 Oficinas para estimular da proatividade

Locais

As atividades de diálogo, palestras e oficinas podem ser realizadas em qualquer espaço


de eventos dentro da comunidade, se não houver um CRAS ou CREAS nela.

As práticas de dinâmicas podem ser realizadas no mesmo local descrito anteriormente


ou ainda ambientes abertos com quadras e praças.

Metas

As metas estipuladas são, basicamente:

 Diminuição das taxas de criminalidade dentro da categoria crianças e


adolescentes;
 Diminuição das taxas de reincidência a criminalidade entre crianças e
adolescente;
 Diminuição das taxas de privação de liberdade em instituições entre crianças e
adolescente e
 Aumento no número de ingressos na escola (ensino primário, fundamental,
médio e técnico).

Conclusão
Considerando então, que a relação familiar e com o universo social que se tem acesso
durante os períodos da infância e adolescência podem ser potenciais transformadores na
vida de um indivíduo, portanto, deve-se zelar por esses ambientes para que sejam os
mais férteis possíveis.

A psicologia comunitária nesses meios busca ser agente transformador e assim, garantir
que o desenvolvimento busque ser o melhor que se pode e, no contexto acima
exemplificado é de grande valor que hajam profissionais para incrementar tais processos
e fazer com que a vida da comunidade, da família e do indivíduo em si sejam, dentro do
possível, harmoniosa e bem desenvolta.

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