A Urbanização Moçambicana Contemporânea

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A urbanização moçambicana

contemporânea: sua
característica, sua dimensão e
seu desafio   1

The contemporary mozambican urbanization: its


characteristics dimension and challenges
Joaquim Miranda MaloaSOBRE O AUTOR
  Resumo
  Abstract
  Text
o Introdução
o As caraterísticas da urbanização moçambicana
o Considerações finais: desafios da urbanização moçambicana
  Referências
  Datas de Publicação
  Histórico

Resumo
Na perspectiva de uma geografia urbana, este artigo trata da urbanização moçambicana
contemporânea. Objetiva-se, primeiro, apresentar algumas características dominantes dessa
urbanização; em seguida, esboçar a sua dimensão; e, por último, expor os principais desafios que a
urbanização contemporânea em questão tem para instituir, constituir e conservar o desenvolvimento
urbano num em um país marcadamente pobre e subdesenvolvido. O trabalho de campo e a
documentação consultada permitem inferir que a urbanização contemporânea se manifesta cada
vez mais como extensiva. A marcha dessa extensividade é realizada pela valorização atual das
áreas periféricas. A população mais pobre migra para locais bem distantes do centro.
Concomitantemente, aumentam-se os problemas de mobilidade urbana e de falta de serviços e
infraestruturas urbanas. Ressalta-se que as características mais dominantes são, nomeadamente,
as seguintes: a dualidade urbana, a ruralidade no urbano, a informalidade e o crescimento
demográfico urbano. Para que essa realidade seja modificada em Moçambique, é preciso ocorrer
muitas transformações que serão realizadas ao longo do tempo e à medida que se vão criando as
capacidades humanas, sociais, políticas, institucionais, tecnológicas e econômicas para a resolução
dos problemas urbanos.

Palavras-chave:
Urbanização moçambicana; Dualidade urbana; Ruralidade no urbano; Informalidade

Abstract
In the perspective of urban geography, this article deals with the contemporary Mozambican
urbanization. The objective is to first present some dominant characteristics of the Mozambican
urbanization, then, to outline the dimension of that urbanization and, finally, to be liable to the major
challenges that this contemporary urbanization has to establish, providing and maintaining urban
development in a markedly poor and underdeveloped country. Fieldwork and documentation
consulted allows inferring that contemporary urbanization is more and more extensive. The march of
this extensivity is accomplished by the updated valorization of the peripheral areas. The poorest
populations migrate to places far from the center. Concomitantly, it increases the problems of urban
mobility, of the lack of urban services and infrastructures. Resulting repulsion of the countryside and
the attraction of urban space, which frames the recent transformation of the economy. It brings out
also that the most dominant features are the following: the urban duality, rurality in urban, informal
and urban population growth.

Keywords:
Mozambican urbanization; Urban duality; Rurality in urban; Informality

Introdução
As informações contidas neste artigo valem-se de métodos e técnicas diversificados para a sua
sustentação: reportagens jornalísticas, entrevistas com vários especialistas em urbanização
moçambicana, pesquisas bibliográficas e observação direta em diversas cidades, com destaque
para Maputo, Matola, Beira, Nampula, Tete e Lichinga2, onde foram entrevistados, durante cinco
anos (2012-2017), diferentes especialistas (arquitetos, geógrafos, sociólogos, antropólogos,
demógrafos e historiadores) que lidam com questões urbanas 3, com o intuito de captar evidências
que possam explicar as caraterísticas da urbanização do país. Moçambique situa-se na costa
oriental da África Austral, no oceano Índico, e faz fronteira com seis países (Tanzânia, Malawi,
Zâmbia, Zimbábue, África do Sul e Suazilândia). Tem uma faixa costeira de 2.700 km e uma área
de 799.380 km2, organizado em 10 principais cidades 4: Niassa (cidade de Lichinga), Cabo Delegado
(Pemba) e Nampula (Nampula), ao norte; Zambézia (Quelimane), Tete (Tete), Manica (Chimoio) e
Sofala (Beira), ao centro; Maputo (capital do país), Gaza (Xai-Xai) e Inhambane (Inhambane), ao
sul, como mostra a Figura 1.

Figura 1
- Mapa de Moçambique com divisão administrativa de 10 províncias. Fonte: UN-HABITAT (2007).

A proporção da população urbana de Moçambique é estimada em 36%. Três quartos dessa


população é composta de residentes informais que sobrevivem da agricultura de subsistência ou do
trabalho temporário. Os esforços governamentais reduziram a pobreza, entre 1997 e 2003, de 70%
para 54%. A migração contínua desde 1975, ano da independência para as cidades, é o que ofusca
o desenvolvimento nas zonas rurais. É imperioso dizer que as principais cidades e a maioria da
população se encontram ao longo do litoral de Moçambique, com 2.470 km de extensão. Os
serviços urbanos básicos estão fora do alcance da maioria dessa população. Os relatórios do
Banco Mundial reportam que a taxa de cobertura de serviços básicos de coleta de resíduos sólidos
atinge aproximadamente 30% dos residentes. Apesar de não existirem dados exatos, acredita-se
que seja correto assumir essa proporção.

Em 1990, o país adotou uma nova constituição que substituiu a de 1975, levando Moçambique a
uma República Democrática, com a realização das primeiras eleições democráticas em 1994.
Assim, a partir momento, de cinco em cinco anos, ocorrem, permanentemente, eleições
presidenciais, legislativas e municipais (UN-HABITAT, 2007).
Este artigo trata da urbanização moçambicana contemporânea. Para tanto, a pesquisa identificou
três grandes objetivos: 1) apresentar algumas características dominantes da urbanização
moçambicana; 2) esboçar a dimensão 5 dessa urbanização; 3) expor os principais desafios a serem
enfrentados na urbanização contemporânea.

A urbanização contemporânea deve ser aqui entendida como o processo de formação do espaço
urbano do nosso tempo, mas o nosso tempo é vago. Dá-se como ponto de partida, principalmente,
a década de 1990, que foi decisiva na história de Moçambique, profundamente influenciada pela
introdução da economia de mercado (1990), pelo fim da guerra civil (1992) e pela realização das
primeiras eleições gerais (1994).

Em Moçambique, a área urbana é formada por 23 cidades e 68 vilas. Dentro desse espaço urbano,
surgiram mudanças significativas na urbanização moçambicana, que acabaram alterando
profundamente a paisagem urbana, com aparecimento, de um lado, de novas configurações
urbanas (condomínios e edifícios luxuosos de dois a três pisos) e, do outro lado, de novos bairros,
cada vez mais distantes dos centros urbanos, com ausência de serviços públicos, asfaltamento,
iluminação, transporte, educação e saúde.

As caraterísticas da urbanização moçambicana


Dada a falta de espaço no contexto deste artigo, esta análise não poderá fazer justiça a todas as
caraterísticas do processo da urbanização moçambicana. As características mais predominantes
nesse processo são, nomeadamente: a dualidade urbana, a ruralidade no urbano, a informalidade e
o crescimento demográfico.

A urbanização dual

A urbanização dual como uma das caraterísticas da urbanização moçambicana contemporânea,


aqui tratada a partir da década de 1990, resultou de um processo longínquo de segregação
socioespacial, caracterizada pela natureza colonial que o país passou por longos séculos. Como
mostrou Fanon (2005) na sua obra “Os condenados da terra”, o colonialismo perpetuava valores
segregacionistas e racistas, os quais estruturaram as cidades moçambicanas em dois
compartimentos: de um lado, bairros configurados em plantas ortogonais, com edifícios verticais,
redes de serviços, comércio, saneamento básico, abastecimento de energia elétrica, água potável,
telecomunicações etc.; do outro lado, bairros estruturados em habitações horizontais, precárias em
infraestrutura e serviços urbanos. Para efeito de ilustração, apresenta-se a Figura 2.

Figura 2
- Modelo colonial de segregação socioespacial. Fonte: Maloa (2016).

É de sublinhar que, no campo da geografia urbana moçambicana, essa urbanização colonial dual
ficou conhecida como o binômio “cidade do cimento” versus “cidade do caniço”6, ou seja,
coexistiam, no mesmo espaço urbano, duas “cidades” vivenciadas de forma diferente por dois tipos
de moradores: os “colonos” e os “colonizados” (Mendes, 1979, Mendes & Fernandes, 2012; Araújo,
1999, 2003; Raposo & Salvador, 2007; Oppenheimer & Raposo, 2007; Morais, 2001; Fonte, 2007).

Para estabelecer a data da intensificação da dualidade urbana colonial, pode-se localizar as


décadas de 1930-1970, dominadas pelo período do “colonialismo tardio” ( Castelo et al., 2012).
Nesse período, ocorreu uma série de acontecimentos que permitiram uma segregação urbana
sistemática, por exemplo: barreiras raciais na ocupação e no uso do solo urbano; êxodo rural,
provocado pela intensificação do Xibalo ou Chibalo7; política colonial de integração forçada dos
colonizados no trabalho assalariado, como a obrigatoriedade de os colonizados rurais pagarem
tributos, especialmente com a reorganização dos impostos aplicáveis à população negra de 1942
(Circular 818/D7 (Moçambique, 1942), que determinava que os tributos seriam definidos pela
capitação de rendimento individual; já as mulheres e os homens inválidos, a partir dos 18 anos,
pagariam imposto reduzido (Hedges & Rocha, 1999)8; e aumento da população colona, articulado
pelos Planos de Fomentos de 1953-1958, 1959-1964 e 1968-1973 9, como mostra a Figura 3.

Figura 3
- Estimativa do crescimento da população colona em Moçambique. Fonte: Castelo (2007).

O crescimento da população colonial veio consolidar a estrutura do centro urbano (“cidade do


cimento”) como o espaço do colono, e o seu entorno (“cidade do caniço”) como o espaço do
colonizado (Mendes & Fernandes, 2012; Maloa, 2016). Com o fim do colonialismo português em
1974 e com a independência nacional em 1975, a urbanização moçambicana herdou os problemas
estruturais da urbanização dual, ampliados em razão de alguns fatores. O primeiro ocorreu quando
houve a “reclassificação urbana” de 1986, por meio de “decreto presidencial” que aumentou a
divisão administrativa urbana do país, com a integração de novos espaços urbanos periféricos.
Como escreveu Araújo (2003), milhares de famílias adormeceram como rurais e acordaram, no dia
seguinte, como urbanas, sem que tivessem sido processadas quaisquer alterações de organização
espacial, econômica, social ou cultural. A legislação permitiu retirar espaços rurais – terras agrícolas
que estavam sob administração dos Distritos 10 – em favor dos espaços urbanos. A “reclassificação
urbana” de 1986 não trouxe nenhum benefício para o desenvolvimento dos espaços urbanos,
segundo Araújo (2003). Na verdade, permitiu a expansão das periferias sem infraestruturas e
serviços urbanos, amontoando gente em condições desumanas ou indigentes. Como mostra
a Figura 4, é possível os traços vermelhos que separam o centro, com edifícios verticais, da
periferia, extensa e com edifícios horizontais.

Figura 4
- Foto aérea da cidade de Maputo. Fonte: Folio (2007).

O segundo ocorreu com a guerra civil de dezesseis anos (1976-1992), que atingiu por igual todo o
território nacional, com grande intensidade para as províncias do centro do país (Sofala, Zambézia,
Tete e Manica), acompanhado por desastres naturais (calamidades naturais, cheias e secas) na
década de 1980. As cidades moçambicanas se tornaram um lugar seguro de refúgios 11, que acabou
influenciando a “implosão urbana” 12, por causa da ocupação do centro e das áreas de não
edificação ou áreas de proteção13, como: espaços “vagos” ou “vazios” para as futuras instalações de
edifícios públicos, valas de drenagens (córregos), encostas marítimas, dunas etc. Já “explosão
urbana14” se deu em razão da ocupação das periferias com surgimento de novos bairros de
ocupação espontânea e desordenada. Como escreveu Raposo (2010, p. 185), as periferias:

Continuam a crescer mais depressa que os centros urbanizados, densificando-se e expandindo-se,


e, nas últimas duas décadas, têm sido palco de grande transformação, a qual é sobretudo o
resultado da acção dos seus habitantes que gradualmente, com os seus mais ou menos parcos
recursos, investem na melhoria do seu espaço habitacional, face à insuficiência das intervenções
públicas e ao carácter pontual da acção dos novos actores desta cena periurbana, ONGs,
congregações religiosas e, mais recentemente, organizações comunitárias de base.

O terceiro fator da ampliação da “dualidade urbana” ocorreu com o fim da guerra civil em 1992 e a
introdução da economia de mercado 1994. Observou-se um processo intensivo de êxodo rural que
ampliou também os espaços urbanos periféricos, influenciado pelas forças de atração e sedução do
mundo urbano e das oportunidades de acesso a novos bens de consumo ( Raposo, 2010).

Por fim, o quarto fator ocorreu com o aparecimento de um fervoroso mercado “formal” e “informal”
de terra na periferia, sobretudo nos anos 2000, provocado pela falta de espaço no centro e pela alta
do preço do aluguel (Jenkis, 2001). Com esses mercados, as periferias estão ganhando novas
dinâmicas, com habitações construídas de materiais híbridos (industrializados e naturais), como
cimento, zinco argila, estaca, diversos tipos de tronco, palhas, telhas etc., moradias de cimento,
blocos de argila secos ao sol ou ao forno, cobertas com zinco. Assim, mudou-se a paisagem da
periferia, que, no período colonial até no início dos anos 2000, era chamado de “cidade do caniço”.
Como diz Mendes & Fernandes (2012), essa mudança não é resultado de uma evolução estética
subjetiva, mas antes por razões de ordem prática, pois os materiais de construção convencionais
estão cada vez mais disponíveis e acessíveis15. Essas metamorfoses, na verdade, não estão
mudando a estrutura dual da urbanização moçambicana 16. Como aponta Raposo (2010, p. 185),
aumenta-se a dualidade “[...] entre as áreas centrais requalificadas e as imensas periferias com
insuficientes e deficientes infraestruturas, transportes e equipamentos urbanos”. Essa percepção foi
também corroborada por vários especialistas:

Com certeza a dualidade urbana aumentou nas cidades moçambicanas [...] na década de 80 era
assim. O crescimento da periferia não tinha um regime muito parecido com o que temos hoje. Hoje,
as pessoas que vêm à cidade vão viver nas periferias, mas não são oferecidos serviços básicos,
isso em quase todas as cidades por onde passei [...] (ARQUITETO, entrevistado, Maputo, 22 out.
2014).

[...] A dualidade urbana cresceu em relação a 30 anos atrás, em alguns sentidos, pois aí entra a
falta de direitos ao transporte, à água potável, que traz problemas de saúde pública [...], por
exemplo, as cóleras, que, no tempo chuvoso, têm atingido as nossas cidades [...] (GEÓGRAFO,
entrevistado, Maputo, Beira, 8 maio 2017).

[...] na verdade, a dualidade em Moçambique mudou completamente. Há poucos anos atrás, você
ainda não via essas áreas verdes de Matola, Zona Verde, Ndlavela, Infulene, Khongolote, Intaca,
Muhalaze, Mali, Mukatine, Ngolhoza Infulene, Unidade A, Trevo, Patrice Lumumba, Bunhiça,
Tsalala, km-15, Mathlemele, Cobe, Matola Gare, Singathela, Matola F, Matola G, Matola H, Matola
J, Fomento, Mussumbuluco, Mahlampswene e Sikwama, ocupados como hoje, com muita
pobreza [...]. (HISTORIADOR, entrevistado, Beira, 10 maio 2014).

Um estudo realizado por Andreatta & Magalhaes (2011, p. 21), intitulado “Relatório sobre as
condições do planejamento urbano, habitação e infraestruturas em Maputo Moçambique”, observou
essa diferenciação socio espacial, ao apontar que se constata “uma dicotomia entre planos
urbanos, que são gerados por demanda de um establishment de poder culto, formado na Europa, e
a transmissão prática, oral, baseada em manuais de construção simples que incidiram na técnica de
construção da cidade”. A cidade de caniço é aquela que, embora consolidada pelas décadas, ainda
apresenta aspecto geral de moradia mais precária. Já a cidade de cimento, a própria denominação
dos moçambicanos não deixa dúvidas, refere-se àquela cidade que “foi sendo construída pela
urbanização portuguesa e que hoje corresponde à malha urbanizada, formal e ordenada” e
concentra a grande maioria das atividades econômicas, culturais, desportivas, administrativas e
empresariais.
Ruralidade no urbano

A segunda característica fundamental da urbanização moçambicana é a ruralidade no urbano.


Nessa relação entre o urbano e o rural, pesam os aspectos institucionais de mudança entre o que é
considerado urbano e rural, que nem sempre refletem mudanças substantivas no modo de vida da
população urbana. Trata-se de uma característica quase geral nos países africanos ( Moriconi-
Ebrard et al., 2015), herdada também do período colonial e muito visível atualmente nas periferias,
nas quais prevalecem a população de baixa renda, principalmente aqueles que migram dos
espaços rurais para os espaços urbanos a procura de sobrevivência, como forma de lidar com a
difícil vida urbana, e acabam adaptando atitudes, hábitos e comportamentos rurais, dando origem
ao fenômeno chamado de “ruralidade no urbano” (Baia, 2004, 2009) ou “ruralização do urbano”
(Araújo, 2001, 2003). Apesar de mostrar-se como transitória, ainda persiste essa característica em
quase todas as cidades moçambicanas. Toma-se como exemplo o bairro periférico da cidade de
Lichinga ao norte do país (Figura 5).

Figura 5
- Bairro periférico da cidade de Lichinga. Fonte: autor (2013).

Segundo Araújo (1999, 2001), o termo “rural no urbano” é muito polêmico, porque leva a questionar a
aplicação linear da delimitação clássica das designações urbano e rural. A questão fundamental
desse processo está no fato de a urbanização moçambicana ainda se encontrar pouco
desenvolvida. Atualmente, é impossível separar, na urbanização moçambicana, o hibridismo (o rural
e o urbano). Eles encontram-se mesclados, configurando linguagem, práticas, formas urbanas e
percepções do uso e organização do espaço urbano. Por exemplo, grande parte da população
urbana mora na periferia, em habitações de caniço, Mathapuita17, palhotas ou palhoças tipicamente
rurais, incorporando outros tipos de materiais precários. Como aponta Mendes & Fernandes (2012),
nas periferias a população urbana não tem acesso à água canalizada, consumindo águas dos
poços ou furos de água, e eletricidade, recorrendo ao combustível lenhoso como fonte de energia.
Como mostra a entrevista:

[...] detectei que a maioria da população da periferia vive em palhotas tipicamente rurais e era
formada de camponeses, o que significa que os agregados familiares vivem da agricultura
familiar [...] e muitas casas não têm acesso à água canalizada [...] são indicadores importantes da
urbanidade (SOCIÓLOGO, entrevistado, Maputo, 12 jun. 2014).

Já dizia o professor catedrático Manuel Araújo (2001), do Departamento de Geografia da


Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, Moçambique, que a ruralidade no urbano possui
características dos bairros periféricos das cidades moçambicanas. Os traços da ruralidade são
construídos por fraca capacidade do poder público de transformar esses espaços em urbanizáveis,
mas também dos residentes em transformar esses territórios, uma vez que são constituídos por
camponeses sem poder aquisitivo para ter uma habitação condigna, vivendo em palhotas, sem
eletricidade e água potável, e recorrendo a sistemas alternativos utilizados nos espaços rurais,
mantendo, assim, características do rural no urbano.

Informalidade

A terceira característica da urbanização moçambicana contemporânea é a informalidade no que diz


respeito ao acesso à terra urbana. Em Moçambique, a terra pertence ao Estado. A Lei de Terra, em
vigor desde 1997, concede a indivíduos o direito à terra com base em ocupação histórica, aceitando
as testemunhas orais para decisão. Incorporando a lei tradicional, esse processo foi amplamente
respeitado como reforma agrária. Apesar de quase 14 anos, a lei não demonstrou eficácia na
concessão de direitos de residência permanente de seus ocupantes. Interesses contraditórios por
promotores de terra, falta de procedimentos adequados de planejamento urbano, pesquisas,
processos burocráticos, taxas altas e corrupção, tudo contribui para que os assentamentos
permaneçam informais (UN-HABITAT, 2007), motivado pelo processo burocrático de aquisição de
terras urbanas18.

A aquisição de terras urbanas ou lote19 ocorre de duas formas. A primeira forma ocorre quando o
morador está fixado no lote há muito tempo (pelo menos há cinco anos). O lote deve ser
reconhecido pelo secretário do bairro, e, depois, o requerente submete a solicitação ao município.
Na sequência, este avalia se os documentos submetidos estão de acordo com as exigências. Por
último, o município cobra uma taxa para que o requerente tenha o Direito de Uso e Aproveitamento
da Terra (DUAT)20. A segunda forma de aquisição de terras urbanas ocorre quando os municípios
lançam os editais da existência de lotes urbanizáveis. Os munícipes redigem uma carta solicitando
as manifestações do aproveitamento da terra urbana e indicando o tipo de edifício que pretendem
erguer, anexado à planta. A ocupação de um lote depende da taxa de construção e do tipo de
projeto sugerido pelos municípios21. Isso, por vezes, torna caro o acesso à terra urbana para a
população, principalmente de baixa renda. Assim, ocorrem a falta de registro e de autorização
formal do DUAT e a venda informal de lotes urbanos, uma vez que a terra urbana é propriedade do
Estado e é invendável ou, de qualquer outro modo, transferida ou hipotecada. Sobre essa realidade,
um dos entrevistados apontou:

A crescente taxa de urbanização tem pressionado a procura de habitação nas áreas periféricas das
cidades, o que acaba por estimular uma ocupação informal de terra, que, muitas vezes, entra em
conflito com os municípios na aquisição do DUAT, entre aquele que ocupou anteriormente e o
interesse econômico desejado [...]. Outro fator que contribui para essa enorme procura de terra
urbana são ainda os emergentes mercados de terras. Presume-se que alguns negócios de
aquisição de terra possam a ser realizados tendo como expectativa que a longo prazo esta venha a
valorizar ainda mais [...]. (DEMÓGRAFO, entrevistado, Maputo, 20 jun. 2017).

A crescente procura de terra urbana em Moçambique abriu uma brecha para o surgimento de um
mercado informal de terra facilitado pelas inúmeras falhas em todo o processo de atribuição do
Direito de Uso e Aproveitamento da Terra, beneficiando a população que possui poder aquisitivo,
em detrimento dos que não possuem, uma vez que a pobreza urbana é alta e grande parte da
população em idade ativa está desempregada. Além disso, o Estado mostra-se limitado para
fortalecer as instituições que trabalham com questões de terra, sem contar a fraqueza institucional
dos governos locais, a corrupção de autoridades e líderes comunitários e a falta de recursos
financeiros para obtenção dos benefícios dos processos formais da posse de terra. O maior
agravante nesse fenômeno é a vulnerabilidade resultante das inúmeras carências características da
pobreza que afeta grande parte da população urbana (Mosca, 2009).

Crescimento demográfico

A quarta e última característica da urbanização moçambicana contemporânea é o rápido


crescimento demográfico no espaço urbano influenciado pelo êxodo rural e pelas altas taxas de
natalidade (Ibraimo, 1994; Mapengo, 2011; Cau & Arnaldo, 2015; Carvalho, 2015). Só para ter uma
ideia, a população urbana, entre as décadas de 1980 e 1990, cresceu 15%, apresentando, em
1997, um total de 29,2% (Araújo, 2001). Isso quer dizer que a população urbana duplicou. O
Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP, 2007) calculava que, em 2007, a taxa de
crescimento demográfico seria de 34,5% para a população urbana (Figura 6) e estima que, em
2025, a taxa será de 50%.
Figura 6
- Estimativa do crescimento populacional nas maiores cidades moçambicanas. Fonte: Instituto Nacional
de Estatística (INE, 2004). Adaptada pelo autor (2016).

As estatísticas urbanas da África subsaariana mostram que esse fenômeno é geral e não está
apenas circunscrito a Moçambique (Figura 7). Como aponta Raposo (2010, p. 1), “[...] recente
crescimento acelerado das grandes cidades africanas é muito mais rápido que o vivido nos países
ocidentais nas primeiras décadas da Revolução Industrial”.

Figura 7
- Crescimento populacional na África Austral. Fonte: United Nations (UN-HABITAT, 2007).

Na África subsaariana, o crescimento populacional urbano não tem sido acompanhado pelo
processo de implementação e distribuição equitativa de serviços e infraestruturas, “[...] resultando
no agravamento da pobreza urbana e na degradação das condições do meio urbano [...]” ( Jenkis,
2001, p. 2).

A dimensão da urbanização moçambicana

É sem dúvida a partir da década de 1990 que se teve início o crescimento das periferias urbanas
em Moçambique, “[...] sem que isso tivesse sido acompanhado pelo correspondente crescimento de
infraestruturas e serviços urbanos” (Araújo, 2003, p. 170). Como aponta Raposo (2010, p. 1), é
dramático ver as imagens das extensas “periferias das cidades [...] com habitações precárias,
densamente ocupadas, sem infraestruturas, nem serviços [...]”. Há nesse processo uma
“urbanização extensiva” (Viana, 2012), provocada pelo papel do mercado de terra, que acaba
configurando esses espaços como o mais barato e atraindo mais residências em condições
precárias. Conforme Andreatta & Magalhaes (2011), as vias de acesso à “cidade de cimento”
parecem ter sido implantadas atravessando os bairros e, de nenhum modo, tiveram algum
componente de articulação com eles, gerando um efeito barreira na sua execução. O equilíbrio
funcional da cidade é precário. No aspecto de mobilidade e acessibilidade, a “estrutura viária exígua
e a falta de acessibilidade e transportes oferecidos condenam a população periférica”. Uma
representação da dimensão da urbanização moçambicana, provocada pelo crescimento extensivo
da periferia, encontra-se na Figura 8.

Figura 8
- Padrão contemporâneo do crescimento urbano. Fonte: Maloa (2016).

A dimensão da urbanização moçambicana cresce com fraca assistência de instrumentos de


planejamento do uso e da ocupação do solo, sua execução e seu controle. Como resultado, a maior
parte da população urbana passou a residir em áreas sem acessos adequados à mobilidade urbana
(Carrilho & Lage, 2009) e sem segurança da posse da terra (Forjaz et al., 2006).

Atualmente, as periferias urbanas estão muito próximas de romper com os limites administrativos
dos distritos vizinhos, pois há muita demanda por áreas periféricas por parte dos residentes
privilegiados do centro urbano, uma vez que nelas pretendem construir a sua segunda ou terceira
residência (Figura9). Nesse processo, o elo mais fraco é a retirada da família de baixa renda
(Araújo, 2003).

Figura 9
- Vista parcial de habitação de alto padrão na periferia da cidade de Maputo. Fonte: Folio (2007).

A observação direta da estrutura e da organização urbana realizada no trabalho de campo mostrou


uma urbanização extensiva e de pobreza em Maputo, Matola, Beira, Nampula, Tete e Lichinga,
seguindo o modelo de urbanização que o professor catedrático Jochen Oppenheimer e a professora
Isabel Raposo (2007), ambos da Universidade Técnica de Lisboa, chamam de “macrocefalia”, ou
seja, o crescimento desmensurado desses espaços, causado por uma urbanização acelerada que
polariza espaços.

Considerações finais: desafios da urbanização moçambicana


Dadas as principais características da urbanização moçambicana contemporânea indicadas,
importa ressaltar que esta análise não pode fazer justiça a todos os desafios. Reconhece-se que os
desafios são enormes. Trata-se de mudanças na política urbana e na base institucional existentes,
por exemplo: Programa de Desenvolvimento do Município de Maputo (PROMAPUTO); Programa de
Reabilitação Urbana (PRU); Programa de Habitação (PROHABITA) (1987); Plano de Estrutura da
Cidade de Maputo (1985); Política e Estratégia de Habitação (PEH) (2011); Plano de
Implementação do Plano e Estratégia de Descentralização 2016-2019 (2016); Estratégia de
Promoção de Desenvolvimento Autárquico e Urbano (2017), entre outros, que possam alterar o
padrão da urbanização22; reconhecimento do papel do financiamento da urbanização no que tange à
implantação de infraestrutura e serviços urbanos; fortalecimento das relações intersetoriais entre as
instituições que trabalham com questões urbanas; e mudança do ponto de partida das estratégias
de desenvolvimento urbano.

Expostos esses pontos, cabe elaborar algumas questões: como é que essas transformações podem
ser realizadas? Na verdade, a superação dos desafios da urbanização do país depende de vários
agentes de produção do espaço urbano: os promotores imobiliários (empreteiros e empresas
imobiliárias), que ganham expressividade na restruturação ou na requalificação urbana; os grupos
sociais urbanos pobres, que ocupam grande parte dos espaços e acabam caracterizando a
dimensão da urbanização e polarizando, cada vez mais, o centro como um lugar de grandes
investimentos e a periferia como o lugar de carência; e o Estado, que tem um papel importante de
incentivar as instituições, os mercados e os agentes econômicos.

Como a administração pública lida com esse fenômeno? Sabe-se que o Estado moçambicano
enfrenta dois grandes problemas estruturais para enfrentar o desenvolvimento urbano: não dispõe
de capital nem de instituições perfeitas. No sentido de apoiar o esforço moçambicano de estruturar
melhor o desenvolvimento urbano, existem, portanto, várias possibilidades de intervenções
urbanísticas. Cada caso se converte em um exemplo particular, com conotações próprias. Não
obstante, um dos grandes desafios começa pela criação de uma Política Nacional de
Desenvolvimento Urbano, ou seja, uma Política Nacional de Urbanização, capaz de propor políticas
de incentivos fiscais, tributários e financeiros, de modo a privilegiar os investimentos e a mobilizar
recursos e despesas públicas para financiar a urbanização moçambicana.

A implementação dessa política não será uma tarefa fácil, uma vez que o orçamento do Estado
depende dos doadores estrangeiros, principalmente da União Europeia (EU). A dependência não
pode ser vista como limite, mas como um desafio para procurar outras alternativas de
financiamento, que podem ser levados a cabo por meio de coletas de impostos autárquicos,
inclusão de linhas orçamentais no orçamento geral do Estado 23 e de parceria público-privada
(PPP)24. Como mostra Nguenha (2009), os países em desenvolvimento têm usado esse tipo de
modelo de financiamento de urbanização, sem aumentar o seu endividamento nem a carga fiscal,
ao mesmo tempo que transferem parte do risco e dos custos de investimento para ambos 25.

Este artigo se encerra apontando que existe em Moçambique um debate sobre urbanização
contemporânea feito por arquitetos, geógrafos, sociólogos, antropólogos, demógrafos e
historiadores, entre outros, que ainda está aberto. Este texto é uma contribuição para o que está
acontecendo no país, em prol de um desenvolvimento urbano.

 1
Originalmente apresentado no dia 22 de outubro de 2015, no Instituto de Estudos Brasileiros (IEB) da
Universidade de São Paulo (USP), no Café Acadêmico. A debatedora foi a professora Marina de Mello e
Souza, e a organizadora do evento, a professora Vanderli Custódio.
 2
A escolha dessas cidades foi estabelecida de uma forma aleatória. Trata-se de cidades que o autor deste
artigo recorre com frequência para questões de trabalho e de visita familiar.
 3
Todas as entrevistas foram feitas dentro das instalações onde trabalhavam esses especialistas, em
conversas previamente agendadas, com dia e horário, e gravadas.
 4
São capitais provinciais. Uma província pode equivaler à estrutura de um Estado no Brasil.
 5
O termo “dimensão” deve ser aqui entendido como sinônimo de tamanho, extensão e distância.
 6
Em Moçambique, chama-se de “caniço” as plantas do gênero Typha, muito utilizadas na construção de
casas (Viana, 2010). Utilizava-se o nome de “cidade de caniço” por causa do material mais usado na
cobertura das casas (Araújo, 2003).
 7
Trabalho forçado no campo.
 8
Nesse processo de estruturação da urbanização colonial dual, a cidade de Lourenço Marques, atual
Maputo, foi a que recebeu o maior número de imigrantes rurais a procura de trabalho assalariado,
principalmente de construção civil, limpeza da cidade, empregados domésticos, estivadores dos Portos e
Caminhos de Ferro de Moçambique, especialmente vindos da região sul do país, como os Xitswas,
Xirongas, Gitongas, Cichopis e Xichanganas (Silva, 2011), que acabaram fixando suas residências nas
periferias, como bem documenta Mahumane (2007), ao historicizar o surgimento, na década de 1940, do
bairro periférico Chinhambanine – o nome trata da população proveniente das áreas rurais da província
do Inhambane. Atualmente, o bairro é conhecido por Luis Cabral, em homenagem ao segundo
presidente de Cabo Verde
 9
Para saber da política de migração do Estado novo para as colônias de Moçambique, ver Castelo
(2007) e Castelo et al. (2012).
 10
A organização territorial da República de Moçambique organiza-se em: províncias, com capital cidade;
distritos, com sede chamada de vila ou cidade; postos administrativos; localidades; e povoações.
 11
Sobre a cidade como refúgio, ver Araújo (2003).
 12
Um bom exemplo da interpretação do termo “implosão urbana” nas cidades moçambicanas pode ser
encontrado em Araújo (2003). Para o autor, a “implosão urbana” significa que uma parte considerável do
crescimento urbano não tem sido feito à custa do espaço periférico, mas tem sido o espaço periférico
que avança em direção ao espaço central, conferindo a este características marcantes de “ruralização” e
“suburbanização”.
 13
Um exemplo significativo de ocupação de espaços vazios no centro foi um conjunto (já removido) de
casas precárias que existiam nas barreiras no vale do Infulene, em Maputo, e na Praia Nova, em Beira.
 14
Termo retirado de Raposo (2010, p. 2), que afirma: “[...] a explosão urbana das últimas décadas, nos
países em desenvolvimento e especificamente em África, deriva do persistente e elevado crescimento
natural – resultante da diminuição da taxa de mortalidade e da permanência de altas taxas de
fecundidade e natalidade, típica de países em desenvolvimento e de contextos de pobreza”.
 15
Atualmente, as habitações de caniço estão sendo substituídas por cimento. Marchand (1995), na
década de 1990, Baia (2009), Carrilho & Lage (2009), Viana (2010), Costa (2011), nos anos 2000,
e Maloa (2016) observaram que, em alguns bairros periféricos da cidade de Maputo, Beira, Tete,
Chimoio e Lichinga, floresciam construções de cimento segundo as possibilidades dos proprietários,
apesar de muitas habitações serem ainda de “caniço”.
 16
Os problemas de infraestruturas e serviços urbanos persistem.
 17
Literalmente, significa “farrapos de gentes” em língua Emakhuwa, falada ao norte de Moçambique
(Serra, 2003).
 18
Para discussão sobre esse assunto, ver Jenkis (2001).
 19
Em Moçambique, utiliza-se o termo “talhão” em vez do “lote”.
 20
Segundo Desenvolvimento Municipal em Moçambique (ANAMM, 2009, p. 49), “O Direito de Uso e
Aproveitamento da Terra [...], o DUAT, é concedido a pessoas naturais ou jurídicas com base nos fins
sociais ou econômicos que se propõem [...]”, introduzido pela Lei de Terras (Decreto-lei nº 19/1997).
 21
Por vezes, são os municípios que determinam que tipo de edificação deve ser levado a cabo na área em
que o requerente submete o pedido do DUAT.
 22
O padrão deve ser entendido como modelo.
 23
Como mostrou um dos entrevistados (arquiteto Marcos, Maputo, 2013), o grande desafio que a
urbanização moçambicana enfrenta é a inclusão de linhas orçamentárias.
 24
Essa parceria está acontecendo, mas de uma forma muito tímida, pois falta uma legislação que possa
empoderar essa modelagem no processo da urbanização moçambicana (Nguenha, 2009).
 25
Nguenha (2009) apresenta como exemplo da parceria Estado-privado a construção da estrada N4, na
cidade de Matola, cuja utilização é paga (portagem ou pedágio). Como se pode depreender, esse
exercício constitui uma forma de o Estado transferir para o setor privado os riscos e os custos de
projeção, construção e operação.
 Como citar: Maloa, J. M. (2019). A urbanização moçambicana contemporânea: sua
característica, sua dimensão e seu desafio. urbe. Revista Brasileira de Gestão Urbana, 11,
e20180101.https://doi.org/10.1590/2175-3369.011.e20180101

Referências
 Andreatta, V., & Magalhaes, S. (2011). Relatório sobre as condiçoes do planejamento urbano,
habitação e infraestruturas em Maputo Moçambique: International Grawth Center.
 Araújo, M. (1999). Cidade de Maputo espaços contrastantes: do urbano ao rural. Finisterra,
34(67-68), 175-190. https://doi.org/10.18055/Finis1694
» https://doi.org/10.18055/Finis1694
 Araújo, M. (2001). Ruralidades-urbanidades em Moçambique. Conceito ou preconceito? Revista
da Faculdade de Letras-Geografia, 1(16-18), 5-11. Recuperado em 10 de março de 2012, de
http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/293.pdf
» http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/293.pdf
 Araújo, M. (2003). Os espaços urbanos em Moçambique. GEOUSP – Espaço e Tempo, 14, 165-
182.
 Associação Nacional dos Municípios de Moçambique – ANAMM. (2009). Desenvolvimento
Municipal em Moçambique: lições da primeira década Maputo: ANAMM.
 Baia, A. (2004). Ruralidades na cidade de Nampula: exercício teórico por uma crítica da
cidade (Dissertação de mestrado). Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade
de São Paulo, São Paulo.

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