Resenha Critica 2

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO MESQUITA FILHO” –

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS 


DISCENTE: Gabriel Souza Araújo, Giovana Maria Gaitan Roson
RA: 201220946, 201221756
DOCENTE: Dra. Suzeley Kalil Mathias
DISCIPLINA: Ciência Política
CURSO: Relações Internacionais, 1° ano

RESENHA CRÍTICA

LOCKE, John.  Segundo Tratado sobre o Governo. In: Dois tratados sobre o governo civil.
Rio de Janeiro: Editora Vozes, 103 p., 1994. (Cap. I a X)

John Locke (1632-1704) foi um filósofo que nasceu na Inglaterra durante o século
XVII, estudou e lecionou na Universidade de Oxford sendo um dos precursores da filosofia
do empirismo inglês e um dos precursores na área da política do liberalismo. Em uma de suas
principais obras, "Segundo Tratado Sobre o Governo Civil", o autor aborda os conceitos de
estado de natureza, liberdade, propriedade privada, além da ideia de submissão dos homens
através de leis comuns a todos.
No Segundo Tratado Sobre o Governo Civil, mais especificamente do capítulo I ao X,
Locke irá tratar sobre os aspectos políticos importantes para a análise da submissão do
homem à lei e a liberdade do mesmo. No primeiro capítulo o autor continua a análise do
ensaio anterior (o primeiro tratado) e também disserta sobre o que ele considera que seria
poder político. Logo em seguida, apresenta no segundo capítulo o estado de natureza que seria
para Locke um estado de liberdade natural dos homens, em que estariam todos sujeitos à
mesma igualdade e bens, estando eles livres e com suas necessidades supridas, se
encontrariam em um estado de paz entre si.
Em continuidade, Locke faz uma quebra desse estado de natureza e apresenta o
conceito de estado de guerra, um estado de total rivalidade entre os homens em que há uma
sobreposição de poder de um sobre o outro e, segundo o autor, quando uma pessoa perde a
liberdade, perde também a garantia de propriedade e vida. A saída desse estado de guerra, se
dá por um pacto entre os homens que levará à formação da sociedade civil, em que se abre
mão das inconveniências do estado de natureza e da autopreservação de sua propriedade
privada e coloca-se seu poder nas mãos de um corpo político. Esse corpo político, segundo o
filósofo, seria instaurado através de leis comuns a todos na sociedade e estas seriam criadas
através de dois poderes: o legislativo que as elaborariam e o executivo que as aplicariam.
Em seguida, o autor apresenta um de seus principais conceitos e que fundamenta as
ideias essenciais da primeira geração de liberais, a propriedade privada. Locke a define como
tudo aquilo que for retirado da terra em seu estado natural e o homem a torne produtiva
através do emprego de seu trabalho, passando assim a pertencer ao indivíduo. O teórico ainda
ressalta que a propriedade é limitada pela extensão do trabalho do homem, não podendo ele
ter mais do que possa produzir e utilizar. 
Partindo para o contexto das RI´s, Locke torna-se importante ao ir contra a monarquia
absoluta e defender a parlamentar, enfatizando a divisão de poder político dando um contexto
mais democrático e, com isso garantir a liberdade de seus cidadãos permitindo que os homens
tenham sua felicidade sem que o Estado intervenha, influenciando assim na constituição dos
estados nacionais atuais. Entretanto, a equivalência que o autor faz entre vida, bens e
propriedade é problemática quando inserida em contextos como o atual de pandemia, no qual
essa equivalência faz com que os bens sejam mais valorizados do que a vida. 
 
MILL, Stuart. Introdução. In: Sobre a liberdade. Editora Hedra, 2017

Sofrendo influência do precursor da corrente liberal, John Locke, e do utilitarismo de


Jeremy Bentham, John Stuart Mill (1806-1873) foi um importante filósofo e economista que
nasceu na Inglaterra no século XIX que desenvolveu relevantes teorias relacionando o próprio
utilitarismo com a liberdade individual. Em sua obra “Sobre a liberdade” o autor irá trabalhar
sobre o conceito de liberdade do utilitarismo e do individualismo liberal.
A obra analisada é composta por cinco capítulos que discorrem sobre a liberdade
individual, a individualidade, os limites da autoridade da sociedade sobre o indivíduo e por
último, as aplicações. Neste presente trabalho, o foco é o capítulo introdutório no qual Mill
inicia sua dissertação estabelecendo o tema do Ensaio, a Liberdade Social, que consiste na
“natureza e os limites do poder que pode ser exercido legitimamente pela sociedade sobre o
indivíduo.” (MILL, 2017).
Em um primeiro momento, o autor apresenta o contexto do que antes era considerado
como liberdade dentro da relação de súditos e governo, tendo este conceito se alterado com o
passar do tempo e com as mudanças do que se entendia por liberdade. Assim como Mill
disserta, os governantes passaram a demonstrar que seus interesses eram os interesses da
nação também. Entretanto, entra-se em um dos entraves citados pelo filósofo, no qual fala
que, como a vontade do povo muitas vezes diz respeito à vontade da maioria, pode-se levar
assim a uma tirania do maior número, na qual a minoria fica à mercê destes. 
Após esse relativo começo, o texto prolonga-se falando sobre os limites das
intervenções da sociedade no individual (MILL, 2017). Segundo o autor, “Sobre si mesmo,
sobre o seu próprio corpo e espírito, o indivíduo é soberano” (MILL, 2017), vemos assim
como ele defende a liberdade do indivíduo contanto que ela não interfira na liberdade do outro
e, ao defender vários tipos de liberdade, ele é um dos primeiros autores que defende a
liberdade de expressão. Entretanto, é relevante ressaltar que essa liberdade do indivíduo está
relacionada com o princípio da utilidade para Mill, já que esta deve ser perseguida pelos
homens por serem um ser progressivo. 
Através da análise de Mill, vemos como ele vê as diferentes formas de liberdade como
podendo levar ao progresso social que, precisa estar vinculado ao bem da maioria, seguindo
sua linha de pensamento utilitarista. No contexto das RI´s, Mill busca por uma ação mais
limitada do Estado além de fazer críticas sobre a desigualdade de renda e concentração de
poder e riqueza. 
Concluindo, ambos os filósofos, Mill e Locke, contribuíram muito para o
desenvolvimento posterior de teorias liberais que teriam como foco a liberdade do indivíduo
em diversos contextos político, econômico e social. John Locke, como jusnaturalista
acreditando que o homem já provém de direitos naturais, baseia sua teoria nisso, acreditando
que a propriedade e a liberdade fazem parte desses direitos. Em contrapartida, Mill irá basear
sua teoria no utilitarismo em que o homem desenvolve suas próprias capacidades em busca da
utilidade, ou seja, do bem da maioria. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Explicações dadas em aula da matéria de Ciência Política, ministrada pelos professores Prof.
Suzeley Kalil e Cristian Valdivieso nos dias 17 de dez. de 2020 e 14 de jan. de 2021. 

FRAZÃO, Dilva. Biografia de John Locke. Ebiografia, 2019. Disponível em:


<https://www.ebiografia.com/john_locke/>. Acesso em: 01 de fev. de 2021.

FRAZÃO, Dilva. Biografia de John Stuat Mill. Ebiografia, 2020. Disponível em:
<https://www.ebiografia.com/john_stuart_mill/>. Acesso em: 01 de fev. de 2021.
JACKSON, Robert; SØRENSEN, Georg. Introdução às Relações Internacionais: teorias e
abordagens. 3. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2018. 479 p. Tradução de Bárbara Duarte e Carlos
Alberto Medeiros.

LOCKE, John.  Segundo Tratado sobre o Governo. In: Dois tratados sobre o governo civil.
Rio de Janeiro: Editora Vozes, 103 p., 1994. (Cap. I a X.)
MILL, Stuart. Introdução. In: Sobre a liberdade. Editora Hedra, 2017

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