Bacia Do Rio Manoel Alves, Tocantins Cont.

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A geologia da região também proporciona a exploração de uma diversidade de recursos minerais, que variam desde matéria

prima para materiais de construção (areia, argila, granito) e adubos (fosfato, calcário) até metais preciosos de alto valor comercial tais
como ouro e diamantes. Na figura 14, apresenta-se as principais ocorrências minerais da região Sudeste.

Figura 14 - Carta Previsional de ocorrências minerais no Estado do Tocantins. Fonte: Ministério das Minas e Energia, SEPLAN e MINERATINS

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DI DIAMANTE
CI CIANITA

12
2.7 - Recursos Hídricos Superficiais

a) Aspectos Quantitativos A bacia do rio Manuel Alves de recolhimento das anotações e da


possui três estações fluviométricas em realização de manutenção.
A disponibilidade de água de bom estado de funcionamento e que Por ser uma bacia hidrográfica
um rio é estimada através de observações permitem estimar de forma confiável a muito grande, com variação de chuvas e
históricas ou medições de vazão pontuais disponibilidade hídrica nos seus rios. do reservatório de águas subterrâneas, o
realizadas para esta finalidade. número de estações fluviométricas
Uma vez que a vazão dos rios Estas estações estão instaladas e confiáveis é insuficiente para permitir a
varia ao longo do ano, principalmente por operantes na região desde o início dos estimativa da disponibilidade de água
causa das mudanças climáticas, adota-se a anos 70: superficial na bacia do rio Manuel Alves.
disponibilidade de um rio como sendo a Estação 22190000, no rio Manuel Para ampliar as informações
vazão mínima que ocorrem em grande Alves, no município de Porto Alegre, acerca das disponibilidades hídricas
parte do tempo. operada pela CPRM; superficiais da bacia do rio Manuel Alves,
Gerenciar recursos hídricos Estação 22220000 (Porto Jerônimo), foi realizada uma campanha de medições
significa garantir que os usuários rio Manuel Alves, operada pela de vazão em Setembro de 2007, período
legalmente autorizados (que possuem CPRM; que a região Sudeste do Tocantins
outorga, emitida pelo Estado) terão água Estação 22250000 (Fazenda Lobeira),
atravessou uma estiagem severa.
com um determinado nível de segurança. rio Manuel Alves, operada pela Os resultados das campanhas
Portanto o Gestor não pode emitir mais CPRM. de medição de vazão, são apresentados na
outorgas do que a disponibilidade de um tabela 3, acompanhadas das estimativas
As estações fluviométricas são
rio sob o risco de faltar água num período de vazões mínimas de referência em
réguas instaladas no leito do rio, que
de estiagem, por exemplo. diversos rios da bacia do Manuel Alves.
correlacionam o nível de água no rio com
Um valor de vazão mínima de De acordo com os registros da
o volume de água que passa na seção no
referência, para gestão de recursos estação 21220000, o rio Manuel Alves
momento em que é feita a leitura.
hídricos nos rios é o Q90. Isto significa apresenta em 90% do tempo uma
As leituras das réguas são
quem em 90% dos registros de disponibilidade de 26 m3/s, e a maior
realizadas duas vezes ao dia e para isto
observações para este rio, os valores parte desta disponibilidade é “produzida”
conta-se com o apoio de moradores
observados são iguais ou maiores que ele. pelo sistema de águas subterrâneas
locais, chamados de observadores, que
É com base no valor de vazão Urucuia – Bambuí no chapadão da Serra
entregam as anotações para o operador
mínima de referência que o Estado Geral, conforme pode ser verificado na
da régua que periodicamente (em média a
calcula o quanto pode ser retirado de um tabela 3 e na figura 15.
cada dois meses) visita a estação para fins
rio pelos usuários .

13
Figura 15 - Mapa com pontos de medição de Vãzão da Bacia do rio Manuel Alves Figura 16 - Medição de Vazão de água
no Rio do Peixe

Figura 17 - Medição de Vazão no Córrego Salobro

Pindorama do Tocantins

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Figura 19 - Medição de Vazão no


Ribeirão Água Suja
Figura 18 - Medição de Vazão em Rio da Conceição

Tabela 3 - Disponibilidades hídricas estimadas através de correlação com vazões instantâneas na bacia do rio Manuel Alves

Pontos Localidades Manancial Q medidas m3/s Q90 m3/s


1 Rio do Peixe Montante Rio do Peixe 0,145 0,187
2 Porto Alegre do Tocantins Rio Manuel Alves 17,926 23,124
3 Próxima à fazenda do Peixe Montante Ribeirão do Pedro 0,038 0,049
4 Ponte Córrego Salobro I Córrego Salobro 0,101 0,13
5 Ribeirão Água Suja Ribeirão Água Suja 0,221 0,285
6 Ponte do Peixe Rio do Peixe 1,241 1,601
7 Ponte Córrego Cocal Córrego Cocal 0,23 0,297
8 Ponte Córrego Salobro II Córrego Salobro 0,223 0,288
9 Ribeirão Água Suja II Ribeirão Água Suja 0,248 0,32
10 Ponte Rio Bagagem Rio Bagagem 1,466 1,891
11 Mombó Rio Mombó 0,079 0,102
12 Rio Conceição Rio Conceição 12,417 16,017
13 Ponte Rio Peixinho Rio Peixinho 0,228 0,294
14 Ponte Manuel Azuinho Rio Manuel Azuinho 5,32 6,863
15 Fazenda Barra da Gameleira Rio Manuel Alves 18,655 24,064

14
b) Aspectos Qualitativos Tabela 4 – Relação dos rios e cidades onde foram
realizadas coleta de amostra de qualidade de água.

Águas Superficiais

Para avaliar a qualidade das águas dos


rios que compõem a bacia do rio Manuel Alves
foram realizadas duas campanhas de qualidade
água, uma no período seco (outubro de 2007) e
outra no período chuvoso (março de 2008).

Dessa forma foram definidos 11 pontos


de coleta de amostras de água distribuídos na
bacia ( apresentados na figura 20 e tabela 4).

Estes 11 pontos de coleta, foram


escolhidos de forma criteriosa, levando em
consideração fatores que influenciam na
qualidade das águas, tais como: o uso que se faz
do solo e a localização de grandes usuários,
buscando-se monitorar a maior quantidade de
afluente do rio Manuel Alves.

Figura 20 - Pontos de coleta de amostra da qualidade das águas na Bacia Hidrográfica do Rio Manuel Alves
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Conceição do Tocantins

15
Os resultados das análises da água da bacia realizadas em
laboratório foram comparados com os limites da estabelecidos pela ÁGUAS DE CLASSE 1
resolução CONAMA no. 357/05, que classifica as águas brasileiras
Significa água de boa qualidade para diversos
segundo os usos que delas se pretende fazer.
De acordo os dados levantados, pode-se considerar que usos, tais como:
quase a maioria dos parâmetros analisados, nos pontos de - o consumo humano após tratamento
monitoramento dos rios da bacia do Manuel Alves, apresentam-se simples;
dentro dos limites de classificação estabelecidos pela Resolução - proteção das comunidades aquáticas;
CONAMA nº 357/05, para rios de classe 1. - recreação de contato primário
Apesar de quase todos os parâmetros indicarem boa (natação, esportes aquáticos);
qualidade de água, outros parâmetros analisados mostram a presença - irrigação de hortaliças que são consumidas
de muita matéria orgânica e nutrientes na água, e próximo às cidades cruas e de frutas que se desenvolvam à altura
já é possível sentir a contaminação por bactérias de origem Fecal e do solo sem retirar a casca.
metais, provavelmente vindos dos esgotos.

Águas subterrâneas preocupação do CONSÓRCIO da Saúde. Desta forma a construção de


advinda de queixas por parte da poços amazonas e poços profundos
A caracterização da qualidade população atendida por poços quanto à são uma boa alternativa para
das águas subterrâneas na bacia do rio dureza e salinidade da água. disponibilizar água para a população
Manuel Alves foi realizada com base Embora tenha se verificado rural na bacia.
em dados secundários publicados por incrustações nas tubulações hidráulicas Alerta-se, portanto, quanto à
ANA1 (2005) e reforçados por uma dos poços, as análises físico-químicas presença de elementos nitrogenados
coleta de amostras de qualidade de água foram comparadas com os Padrões de (amônia, nitrito e nitrato) em poços de
realizado na bacia pela equipe do Potabilidade do Ministério da Saúde alguns sistemas aqüíferos, embora em
CONSÓRCIO no período de 26 a 28 Portaria 518/04. concentração abaixo dos limites
Embora a quantidade de estabelecidos pela Portaria, evidencia
de setembro de 2007.
Durante esta campanha foi amostras realizadas não permita tirar u m a p r o v á v e l c o n t a m i n a ç ã o,
realizada coleta de qualidade de água conclusões para a bacia por inteiro, não conseqüência direta da falta de
em 07 poços da região sudeste do foram evidenciados problemas de saneamento básico e/ou proteção
Tocantins. potabilidade devido à carbonatos sanitária mal feita, por ocasião da
Dentre as principais (dureza) nem a sais (salinidade), construção dos poços.
motivações para realização da coleta de estando todas as amostras dentro dos
amostras de qualidade de água, foi a padrões estabelecidos pelo Ministério

1
Agência Nacional de Águas (ANA). Panorama da Qualidade das Águas Subterrâneas no Brasil. Brasília, ANA. 2005. 74 p.

Figuras 21, 22 e 23 – Incrustação devido a presença de carbonatos


em tubulação de poços

16
2.8 – Aspectos Socioeconômicos
Demografia busca de melhores condições de vida. latifúndios. Tal é o caso de Conceição do
Tocantins, Taipas do Tocantins, assim
Todos os municípios da bacia Estrutura Fundiária
como de Dianópolis e Natividade.
apresentam população total menor que
A estrutura fundiária da bacia
20.000 habitantes e uma densidade Habitação e Saneamento Básico
hidrográfica do Rio Manuel Alves como
populacional média de 2,8 hab/km2,
um todo não é muito diferente da No que se refere ao
abaixo da densidade média do Estado do
estrutura fundiária do Estado. A única fornecimento de água tratada a
Tocantins 4,5 km2.
diferença notável é a baixa proporção de SANEATINS atende 100% da demanda
A taxa de urbanização da bacia é propriedades pequenas (menos de 10 ha) urbana da maioria dos municípios da
da ordem de 64%, inferior à taxa de na bacia. bacia. Na zona rural a maior parte da
urbanização do Estado Boa parte dos municípios da população é atendida por poços
(da ordem de 74%). bacia têm uma proporção insignificante amazonas (comumente chamados de
de propriedades pequenas (Conceição, cisternas) e das nascentes, sendo
Desde a década de 90, a região Natividade, Pindorama, Porto Alegre, plenamente vulneráveis durante as
Sudeste do Tocantins tem crescido pouco Santa Rosa e Taipas). O município de Rio estiagens periódicas (de março a
em termos de contingente populacional, da Conceição de destaca, pelo contrário, setembro).
com alguns municípios apresentando com uma proporção muito alta de Na figura 24 , apresenta-se a
taxas próximas a zero ou mesmo propriedades de menos de 10ha. espacialização das estatísticas dos
negativas, provocados por emigração de Em alguns municípios da Bacia, domicílios atendido por poços ou
pessoas em idade produtiva que saem em constata-se uma proporção alta de nascentes.

Índice de O IDH médio dos municípios da bacia está abaixo da média do Tocantins (0,710) e do Brasil
Desenvolvimento (0,766). Os maiores IDHs são de Dianópolis (0,693) e São Valério (0,674) e os mais baixos de
Rio da Conceição (0,634) e Taipas (0,637).
Humano - IDH

Bacia Hidrográfica do Rio Manuel Alves

Domicílios particulares permanentes com abastecimento de água de poço ou nascente na propriedade

Rio da Conceição

Santa Rosa do Tocantins Porto Alegre


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Chapada da Natividade do Tocantins
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Zona Urbana
Conceição do Tocantins
Figura 24 – Domicílios atendidos
por poços ou nascentes na bacia do rio Manuel Alves

17
Apesar das análises físico- No que se refere ao Sistema de esgotos equipados com nenhuma instalação
químicas terem demonstrado que as águas sanitários, a coleta de esgotos é reduzida sanitária. Conforme pode ser observado
de poços na bacia atendem aos padrões de mesmo nas áreas urbanas, que em sua na figura 25.
potabilidade do Ministério da Saúde, os maioria utilizam as chamadas “fossas Estas condições sanitárias, associadas à
poços rasos são extremamente negras”ou “fossas rudimentares”. Em existência de poços rasos colocam esta
vulneráveis à contaminação por micro- muitos casos, os banheiros precários são população em situação de risco quanto à
organismos patogênicos – o que segundo acoplados às fossas negras. contaminação da sua fonte de
o PROSUDESTE2, explica o alto nível de Na zona rural a situação ainda é abastecimento doméstico de água. O que
doenças transmitidas por veiculação mais precária, segundo o censo de 2000, é observado quando se compara as
hídrica. grande parte dos domicílios não eram figuras 24 e 25.
2
PROSUDESTE, Programa de Desenvolvimento Regional Sustentado do Sudeste do Tocantins. Palmas: SEPLAN/SEBRAE,
2004.

Bacia Hidrográfica do Rio Manuel Alves


Domicílios particulares permanentes sem banheiro nem sanitário

Rio da Conceição

Santa Rosa do Tocantins Porto Alegre


Almas
do Tocantins

Chapada da Natividade Dianópolis


Natividade

3,2% a 48%
55% a 77%
78% a 88%
90% a 93%
95%
97%100% Conceição do Tocantins
Zona Urbana
Figura 25 –Situação sanitária por domicílio

Economia comparado ao total do Estado: na bacia Estado). Os municípios da bacia


hidrográfica, a parte da agropecuária no contribuem com 2,85% do valor
valor adicionado total é de 17,03% adicionado da indústria no Estado).
Perfil Econômico (comparado a uma média de 12,93% no A parte da indústria no valor
dos Municípios Estado). A bacia contribui com 4,78% do adicionado é muito diferente entre os
valor adicionado da agropecuária no municípios: em Chapada da Natividade,
O valor adicionado dos Estado. Dianópolis e Rio da Conceição, mais de
municípios da Bacia Hidrográfica A contribuição da indústria, em 30% do valor adicionado do município
representa 3,63% do total do Tocantins compensação, é menor do que a dos provém da atividade industrial. No outro
(para uma área de 8,1% e uma população outros setores, se comparado ao total do extremo, em Taipas, Pindorama do
de 5,1% do Estado), dado que indica uma Estado: nos municípios da bacia Tocantins e Santa Rosa do Tocantins, essa
atividade econômica inferior à média do hidrográfica, a parte da indústria no valor proporção é de 5 a 8%, ou seja,
Estado. Proporcionalmente, a parte da adicionado total é somente de 21,37% praticamente não existe atividade
agropecuária é maior do que a (comparado a uma média de 27,22% no industrial nesses municípios.
contribuição dos outros setores, se

18
Agricultura
disponibilizados 54 lotes para Pequeno
A agricultura ainda está muito Em 1997, só havia o município
Produtor Qualificado e 08 Lotes
voltada para práticas agrícolas arcaicas e de Dianópolis produzindo
Empresariais. O investidor tem como
para a produção de subsistência. Como 1 050 ton de soja na bacia,
beneficio a infra-estrutura de uso comum,
demonstrarão os dados a seguir, produtos em 2005, já são sete municípios
como água pressurizada até a entrada da
como arroz, milho e mandioca, típicos de produzindo 101.880 ton.
cada lote, no caso dos pequenos
culturas de subsistência, que demandam produtores. Recebem ainda os lotes
plantio da soja no Sudeste tocantinense se
pouca especialização técnica, dominam a desmatados e com equipamento parcelar
deu em função da extrapolação de uma
produção agrícola total. de irrigação, além de assistência técnica. Já
grande frente de ocupação agrícola do
Nota-se também, aos poucos, a
oeste da Bahia. As primeiras áreas a serem os lotes empresariais têm água
introdução de algumas culturas de
cultivadas na Região foram no município disponibilizada diretamente dos canais.
exportação, como a soja, a fruticultura A questão da logística de
de Dianópolis, que faz fronteira com o
irrigada e cultivo de oleaginosas para transporte para escoamento da produção
estado da Bahia, na área denominada
produção de biocombustíveis. A da região poderá ser equacionada com o
Garganta.
agricultura irrigada tem sido término da ferrovia Norte-Sul e,
Com relação à fruticultura
impulsionada pela implantação de eventualmente, com as melhorias na
irrigada, grandes investimentos têm sido
grandes projetos de Irrigação alavancados hidrovia do Tocantins. O transporte será
feitos na região, tais como o projeto do rio
pela construção dos grandes barramentos realizado via rodoviária até uma estação
Manuel Alves, cuja primeira etapa prevê
do Programa PROPERTINS, como o ferroviária (da ferrovia Norte-Sul) em
5.000 ha podendo chegar a 20.000 ha,
exemplo do Projeto Manuel Alves. projeto adiantado que se encontra na
podendo ter efeito indutor em toda bacia,
O milho é um dos principais
ao estimular o estabelecimento de uma cidade de Porto Nacional.
produtos de exportação regional, além de Outra vertente agrícola que
cadeia produtiva vinculada à fruticultura.
viabilizar a implantação de granjas de aves pode se apresentar com relevância na
Outros projetos similares estão
e criação de porcos. A bacia hidrográfica região é a produção de etanol a partir de
programados na região, como demonstra
do rio Palma é uma região de produção cana de açúcar e de biodiesel a partir de
o Programa de Perenização das Águas do
importante para o Estado. Em 2005, foi mamona ou outras espécies. O
Tocantins - Propertins.
responsável por mais de 15% da desenvolvimento da energia verde tem
O projeto Manuel Alves é
produção Estadual. um grande potencial de ser um fator
dividido em lotes de três categorias: Lote
A cultura da soja é uma das
Pequeno Produtor Qualificado, Lote portador de futuro (ou seja, que define o
atividades que mais tem se desenvolvido
Empresarial, Lote Empresarial para cenário futuro de forma significativa) por
no Tocantins. Da mesma maneira, a bacia
Empresa Âncora. Estes lotes estão sendo atrair a iniciativa privada, incluindo
hidrográfica do Rio Manuel Alves
licitados, com regras definidas em Edital, grupos internacionais, que poderão
também apresenta um aumento
à medida que sua infra-estrutura de uso superar as conhecidas deficiências e
surpreendente na produção e na área
comum está sendo disponibilizada. ineficiências dos investidores públicos
plantada de soja.
Numa primeira etapa são brasileiros.
Em grande medida, o início do

Figura 26 - Vista Aérea da Barragem Manuel Alves. Figura 27 - Vista aérea dos lotes do projeto Manuel Alves.

19
Pecuária próprio consumo e não destinada à comercialização externa.
Isso se reflete na pequena representatividade dos
A pecuária contribui com uma parcela importante do rebanhos regional e estadual.
produto total da bacia. De acordo com a arrecadação do ICMS. O rebanho de ovinos na Bacia constitui uma atividade
Os municípios de Natividade, Almas e Dianópolis concentram a para consumo interno, não voltado para a comercialização em
atividade mais significativa da bacia. larga escala.
De uma maneira geral, o rebanho de suínos no Todos os municípios da bacia, de uma forma ou de
Tocantins não é muito significativo. Entre os principais entraves outra, aparecem com uma percentagem do total, indicando que a
à expansão desse setor no Estado, tem-se a dificuldade em se criação de aves na região é bem disseminada, muito
obter ração a baixo custo, fato que, com a expansão da cadeia da provavelmente para consumo próprio, não voltada para a
soja no Estado, tende a ser resolvido. comercialização externa.
Tanto no Estado como na bacia hidrográfica, a criação Em todos os municípios da bacia existe uma produção
de cabras parece ser uma atividade complementar, voltada para o de leite, voltada principalmente para o mercado local e intra-
regional.

A pecuária extensiva aparece como a principal atividade econômica da bacia do rio Manuel Alves
em termos históricos (depois da idade do Ouro) e de ocupação de espaço,
principalmente no que se refere ao rebanho de bovinos.

Tabela 5 – Efetivo de rebanhos na bacia do rio Palma, Sudeste do Tocantins.

Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal, 2005.

20
Pisicultura
O maior criador extensivo de
peixe no Estado (Projeto Tamborá) está
localizado no município de Almas, na
bacia hidrográfica do Rio Manuel Alves.
Essa piscicultura conta com
mais de 300 ha. voltados para a produção
de peixes. O processo produtivo é
baseado em 25 reservatórios nos quais
são cultivados os peixes. Esses
reser vatórios são interlig ados e
esvaziados uma vez por ano, drenando
suas águas para o riacho que escoa nas
proximidades da propriedade.
A alimentação é feita com águas de
chuvas. também o único frigorífico do Tocantins supermercados.
O empreendimento tem sua As vísceras dos peixes são
com o carimbo da inspeção fitossanitária
própria fábrica de ração para peixes com também aproveitadas para a produção de
federal para peixes, com câmara
capacidade para produzir até 6,0 ração de peixes carnívoros, criados em
frigorificada para estocagem e máquinas
ton/hora, fazendo uso de milho, grão de r e s e r v a t ó r i o s s e p a r a d o s. E s s e
de gelo com capacidade de produção de
milheto, soja e sorgo. Os cardumes são aproveitamento é indicativo de uma
1,0 ton/dia. Os peixes saem em cargas
pescados por meio de redes, têm suas tendência do empreendimento em adotar
mensais por caminhões frigoríficos para
vísceras retiradas e são mantidos em tecnologia limpa.
São Paulo onde são distribuídos para os
frigorífico. O Projeto Tamborá possui

Mineração cerrados demanda grandes quantidades fundadas na década de 1980:


de calcário. No Tocantins o maior - Cia. de Melhoramento do Oeste da
Dois tipos de atividade de número e a maior quantidade de jazidas Bahia (1990) no município de
mineração existem na bacia: a desse mineral se encontram nas bacias Dianópolis/Rio da Conceição
garimpagem de ouro e a extração de - Nathiva Mineração Ltda (1986) no
hidrográficas do Rio Manoel Alves e do
calcário. município de Natividade;
Rio Palma, abastecendo além do próprio - Fujita Mineração Ltda (1985) no
Estado, as regiões de expansão agrícola município de Rio da Conceição
Ouro
Existem na região muitos da Bahia, Maranhão e Piauí.
De acordo com Secretaria de
núcleos de atividades garimpeiras,
Agricultura e Abastecimento, verifica-se
praticadas em ciclos esporádicos que
que a Região Sudeste é a maior
declinam, tão logo se tornem anti-
p ro d uto ra e ta m b ém a m a i o r
econômicos, principalmente por
expor tadora do produto,
esgotamento dos jazimentos mais
principalmente para o Oeste da Bahia,
superficiais.
na “Região dos Gerais”, onde ocorrem
Calcário aberturas de novas áreas. Existem
Grande parte dos recursos indústrias moageiras que foram
advindos da mineração, a nível regional, a d q u i r i d a s, p o r u m g r u p o d e
se deve às indústrias moageiras de empresários, exclusivamente para
calcário que atuam na região desde a abastecer de calcário agrícola o oeste
década de 80. Com a expansão de novas baiano.
áreas agrícolas, a necessidade de As principais indústrias
correção dos solos característicos de Moageiras de Calcário da bacia foram

21
Extração Vegetal

Poucos dados foram encontrados sobre o extrativismo vegetal na bacia, por tratar-se de uma atividade em grande parte
informal. Os municípios com dados significativos nos bases de dados do IBGE são listados na tabela 6. Constata-se que, em alguns
municípios da bacia, a atividade de extrativismo vegetal tem uma importância econômica significativa.

Tabela 6 – Extrativismo vegetal

Fonte: IBGE - Produção da Extração Vegetal e da Silvicultura - 2005

2.9 – Infra-estrutura Mesmo localizadas fora da o final de 2008.


bacia, duas infra-estruturas de grande A Hidrovia Araguaia-
O Governo Estadual porte terão, quando completadas, grande Tocantins, com cerca de 2500 km
implementou esses últimos anos um influência na economia da região: Trata-se navegáveis, poderá constituir-se em
ambicioso programa de melhoria das da Ferrovia Norte-Sul e da Hidrovia importante modal de transporte para a
rodovias que atravessam a Região Araguaia- Tocantins. Bacia. Esta importância torna-se evidente
Sudeste, devendo ser destacada a pela possibilidade de tornar a produção
qualidade dos dois principais eixos de regional competitiva nos mercados
A Ferrovia Norte-Sul, 2.066 Km
penetração na Região: a TO 050, que dá nacional e internacional. A consolidação
de extensão, atravessará o Cerrado
acesso à Palmas, através da BR 010, e a desta hidrovia encontra-se condicionada
brasileiro, interligando as
TO 280/040, que interliga a Região com o à superação dos obstáculos UHE de
regiões Norte e Nordeste a Sul e
Oeste da Bahia. A partir da melhoria das Tucuruí, às corredeiras de Santa Isabel e
Sudeste, por meio das estradas de
estradas, a bacia hidrográfica deixou de algumas condicionantes ambientais para
Ferro Carajás, Centro-Atlântica,
ser uma área isolada. licenciamento.
Ferroban e Sul-Atlântica. Esse corredor multimodal de
Além disso, outras infra-
estruturas como as de telecomunicações e transporte servirá para o escoamento das
Quando totalmente implementada,
energia elétrica permitiram e estão safras agrícolas da Bacia e da Região
transportará anualmente 12,4 milhões de
permitindo o desenvolvimento e a atração Centro-Oeste, pelo porto de São Luís,
toneladas de carga, com um custo médio,
de muitas atividades, especialmente compreendendo 156 km de rodovia e 120
em longo prazo, equivalente a US$
relacionadas à agricultura moderna. km de ferrovia; a Hidrovia Araguaia-
15/1.000 t.km. Os principais produtos a
Quanto à eletrificação rural, Tocantins terá posição central com cerca
serem transportados pela ferrovia são
mesmo havendo uma grande melhora na de 1.500 km de extensão.
minérios, produtos agrícolas e florestais - Sendo assim, pode-se antecipar
oferta de energia para as propriedades
no sentido Norte sul- e combustíveis, um estímulo ao aumento da produção
r urais, principalmente devido à
fertilizantes e carga geral- no sentido Sul- agropecuária acarretando o aumento da
programas dos governos federal e
Norte. A Ferrovia já chegou ao Município demanda por recursos hídricos
estadual para essa área, ainda existem
de Araguaína e deverá alcançar Palmas até principalmente pela agricultura irrigada.
localidades muito pouco atendidas.

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2.10 – Energia Elétrica

Na bacia hidrográfica do Rio Manuel Alves existem duas usinas hidroelétricas em operação, uma no rio Manuel Alvinho e
outra no rio Bagagem, além de diversos pontos em fase de registro de inventário, com as seguintes características indicadas na Tabela 7.
Percebe-se que a maior parte do Potencial se encontra na cabeceira do rio Manuel Alves e córrego Manuel Alvinho, somando
ao todo 28 MW. Atualmente, um único município da bacia hidrográfica do Rio Manuel Alves, o município de Santa Rosa do Tocantins,
recebe uma compensação financeira. Recebeu R$ 4.433,44 em 2002, R$ 10.645,56 em 2003, R$ 12.135,10 em 2004, R$ 13.370,05 em
2005, 15.219,90 em 2006 e R$ 11.802,82 em 2007, compensação financeira relativa à UHE Lajeado (Luis Eduardo Magalhães),
localizada no Rio Tocantins (Município de Miracema do Tocantins), fora da bacia (Fonte: ANEEL).
As usinas hidroelétricas em operação não geram compensação financeira para os municípios ou para o Estado, sendo
classificadas como PCHs (Pequenas Centrais Hidroelétricas).

Tabela 7 - Potencial hidráulico para geração de energia na bacia do rio Manuel Alves

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Durante a elaboração do Plano de Bacia do rio
Palma, o Consórcio GAMA-OIEAU juntamente com a
equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos
Hídricos realizou diversas missões de reconhecimento à
bacia hidrográfica além de organizar encontros de
Capacitação, e de organização de grupos de trabalho com
vistas à estruturação de um organismo de bacia
hidrográfica.
Estas visitas e encontros tiveram como objetivos
principais a identificação de pessoas e grupos cujo
envolvimento na gestão de recursos hídricos fosse de
caráter estratégico e conhecer de perto os problemas reais
relacionados aos recursos hídricos, enfrentados pela
população e pelo poder público municipal, para que a partir
delas fossem postuladas soluções.
Durante os encontros de integração com a
comunidade, foi aplicada uma técnica de dinâmica de
Grupo denominada MATRIZ FOFA, que é um
instrumento metodológico que ajuda organizações e atores
a realizar seu planejamento, concebendo um auto-
diagnóstico da situação e auxiliando no planejamento
ações estratégicas.
Embora os participantes da dinâmica ainda não
sejam constituídos em um organismo de bacia com a
incumbência de gestão das águas, esta dinâmica permitiu
que a comunidade repassasse ao CONSÓRCIO GAMA-
OIEAU as grandes riquezas da bacia e os principais
problemas.
Outro fato interessante, identificado após a
aplicação da MATRIZ é que muitos dos problemas
ocasionados pela própria sociedade foram classificados
como ameaças externas, tais como o desmatamento e a
caça predatória.
A seguir apresenta-se o grande potencial da
região e as principais ameaças e fraquezas que precisam ser
precavidas e superadas na bacia do rio Manuel Alves.

Figura 26 e 27 - Painéis da aplicação da matriz FOFA


nas oficinas realizadas.

Figuras 28, 29 e 30 - Encontro de capacitação e formação dos Grupos de Trabalho

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