Arte Naval - Cap. 02
Arte Naval - Cap. 02
Arte Naval - Cap. 02
GEOMETRIA DO NAVIO
SEÇÃO A – DEFINIÇÕES
PLANO DIAMETRAL
PLANO DE FLUTUAÇÃO
LINHA DE
FLUTUAÇÃO EM PLENA CARGA COSTADO
FLUTUAÇÃO
LINHA - -D'ÁGUA
FLUTUAÇÃO LEVE
CARENA
LINHA-D'ÁGUA PROJETADA
CALADO AV
CALADO AR
2.6. Zona de flutuação (fig. 2-2) – É a parte das obras vivas compreendida
entre a flutuação carregada e a flutuação leve, e assinalada na carena dos navios de
guerra pela pintura da linha-d’água. O deslocamento da zona de flutuação indica,
em peso, a capacidade total de carga do navio.
MEIA-BOCA
ARTE NAVAL
LINHA-D´ÁGUA
-
LINHA-D´ÁGUA
2.16. Linha reta do vau (fig. 2-6) – Linha que une as interseções da face
superior do vau com as faces exteriores da caverna correspondente.
2.17. Flecha do vau (fig. 2-6) – É a maior distância entre a face superior do
vau e a linha reta; é, por definição, medida no plano diametral do navio.
F1
1
5 x 1.026 x ––– = 513 quilogramas
10
varia principalmente com o peso específico do corpo, isto é, o seu peso por unidade
de volume.
As madeiras leves têm um peso específico menor que o da água; um pedaço
de madeira leve flutua sempre. O ferro, por exemplo, tem um peso específico maior
que o da água e por isto um pedaço de ferro maciço não pode flutuar. É tornando oco
um material que se diminui enormemente o seu peso por unidade de volume e,
portanto, aumenta-se a flutuabilidade. É possível assim a construção de navios
feitos com materiais mais pesados que a água, como o ferro e o aço.
As leis de flutuabilidade aplicam-se não somente a qualquer navio de super-
fície, como a um submarino, ou a qualquer objeto totalmente imerso. Quando imerso,
um objeto permanece em repouso e na sua posição imersa somente no caso em
que o seu peso for igual ao peso do volume deslocado. Mas um objeto totalmente
imerso quase sempre pesa mais ou pesa menos que o volume da água que deslo-
ca. Nestes casos, a fim de que possa manter-se em equilíbrio e em sua posição de
imersão, deverá receber uma força adicional, respectivamente, para cima ou para
baixo. Esta força é dada pelos propulsores e pelos lemes horizontais no caso do
submarino, ou pelo apoio no fundo do mar, em alguns casos.
Os navios de guerra têm sempre a borda-livre muito maior que a exigida para
os navios mercantes de iguais dimensões e por isto não é necessária sua marca-
ção. Entretanto, a borda-livre interessa aos cálculos de flutuabilidade e de estabili-
dade, e nos navios de guerra é medida na proa, a meia-nau e na popa, e refere-se à
flutuação normal.
A borda-livre é, em geral, mínima a meia-nau, devido ao tosamento (art. 2.34)
que os navios têm.
A borda-livre é chamada algumas vezes de franco-bordo, mas esta expres-
são está caindo em desuso. Em inglês, chama-se freeboard; em francês franc
bord, e em italiano bordo libero.
2.29. Metacentro transversal (M) (fig. 2-7) – Quando um navio está apru-
mado (art. 2.80), seu plano diametral é vertical e o centro de carena C é contido
neste plano. Mas se ele tomar uma inclinação, o centro de carena afasta-se deste
plano, pois a forma do volume imerso é modificada. Na fig. 2-7 foi dada uma inclina-
ção transversal ao navio, e a forma do volume imerso que era LOFKL passou a ser
L1 OF1 KL1. O centro de carena moveu-se de C para C1. A linha de ação do empuxo,
com o navio inclinado, intercepta a linha de empuxo quando o navio estava apruma-
do, num ponto M. As diversas posições do centro de carena que correspondem às
diferentes inclinações determinam uma curva; o centro de curvatura para uma incli-
nação infinitamente pequena do navio é chamado metacentro, ou, neste caso,
metacentro transversal, e coincide com o ponto M.
Assim, pode-se definir o metacentro como sendo o ponto de encontro da
linha vertical passando pelo centro de flutuação quando o navio está na posição
direita, com a linha vertical que passa pelo CF quando o navio está inclinado de
qualquer ângulo. O metacentro deve estar acima do centro de gravidade para haver
equilíbrio estável.
Para um ângulo de inclinação, como o da figura, a posição do metacentro
não é a mesma que para uma inclinação infinitesimal. Entretanto, quando o ângulo
de inclinação se aproxima de zero, a posição limite do metacentro torna-se um
ponto fixo, que é chamado metacentro inicial. Em geral, e a não ser que seja dito o
contrário, a palavra metacentro refere-se ao metacentro inicial, pois na prática se
considera invariável este ponto para inclinação até 10 graus nos navios de forma
usual.
Da figura 2-7 podemos estabelecer as seguintes relações:
TOSAMENTO NA PROA
TOSAMENTO NA POPA CONVÉS NO LADO CONVÉS NO CENTRO
BORDA-LIVRE
PONTAL
C
AV
AR
C
C AV + CAR
CALADO MÉDIO = C TRIM PELA POPA
MN
2
A figura 2-3 mostra uma colocação pouco comum da linha base no projeto do navio
em relação à linha-d’água projetada.
b. Linha de centro (LC) – É a interseção do plano diametral por qualquer
plano horizontal ou por qualquer plano vertical transversal. É, portanto, uma linha de
simetria numa seção horizontal ou numa seção transversal do casco.
c. Perpendiculares – Ver art. 2.47.
2.44. Planos do desenho de linhas (fig. 2-12) – Resumindo o que foi dito
anteriormente, podemos dizer que o desenho de linhas é constituído por três vistas,
ou planos, a saber:
M O D O D E R E P R E S E N TA R A S
P la n o d e
L I N H A S D O N AV I O
VISTA D O D ESEN H O D E re fe rê n c ia
LIN H AS em que são
p ro je ta d a s L in h a s L in h a s d o L in h a s
d'água a lto d e b a liz a s
p l a no d a ve r d a d e i r a
1 - P l a no d a s l i nha s - d ' á g ua re ta s re ta s
base g r a n d e za
p l a no ve r d a d e i r a
2 - P lan
l a no d o
a sp erfil
l i nha s d o a l t o re ta s re ta s
d i a me tra l g r a n d e za
p l a no d e ve r d a d e i r a
3 - P l a n o d a s b a l i za s re ta s re ta s
m e i a - na u g r a n d e za
PLANO DO PERFIL
PLANO DIAMETRAL
LINHA BASE
PLANO DAS BALIZAS
com estes planos inclinados, nos planos das linhas-d’água e das linhas do alto. A
ligação destes pontos por uma curva suave, contínua e coerente com as medidas
significará que o casco está corretamente projetado.
L A
PP–AR
COMPRIMENTO NO CONVÉS
2.57. Boca moldada (figs. 2-4 e 2-15) – É a maior largura do casco medida
entre as faces exteriores da carena, excluindo a espessura do forro exterior, ou
seja, é a maior largura do casco medida entre as superfícies moldadas.
MEIA-BOCA MÁXIMA DO
2.60. Calado (figs. 2-3 e 2-15) – Calado d’água, calado na quilha, ou sim-
plesmente calado, em qualquer ponto que se tome, é a distância vertical entre a
superfície da água e a parte mais baixa do navio naquele ponto.
Geralmente medem-se o calado AV e o calado AR. Na figura 2-3 estes cala-
dos são referidos, respectivamente, às perpendiculares AV e AR; na prática são
medidos nas escalas do calado, que são colocadas próximo das respectivas per-
pendiculares.
O calado de um navio varia desde o calado mínimo, que corresponde à condi-
ção de deslocamento leve, e o calado máximo, que corresponde à condição de
deslocamento em plena carga; calado normal é o que o navio tem quando está em
seu deslocamento normal (art. 2.70).
Em cada flutuação podemos ter o calado AV, AR ou a MN. Calado a meia-
nau é o medido na seção a meia-nau, isto é, a meio comprimento entre perpendicu-
lares; ele nem sempre corresponde ao calado médio, que é a média aritmética dos
calados medidos sobre as perpendiculares AV e AR.
O calado a que se referem os dados característicos de um navio de guerra é
o calado normal. A bordo, para os cálculos de manobra de pesos e determinação do
deslocamento, mede-se o calado médio; para entrada em diques e passagem em
águas de pouco fundo mede-se o maior dos calados na flutuação atual, que é geral-
mente o calado AR.
Quando não há diferença nos calados AV e AR, isto é, o navio está com a
quilha paralela ao plano de flutuação, diz-se que está em quilha paralela. Quando há
diferença nos calados, diz-se que o navio tem trim (art. 2.80). Os navios são
construídos, na maioria das vezes, para terem quilha paralela na flutuação corres-
pondente à linha-d’água projetada.
2.61. Calado moldado (fig. 2-15) – No desenho de linhas, e algumas vezes nas
curvas hidrostáticas do navio (art. 2.82), o calado é referido à linha da base moldada.
O calado referido à linha da base moldada chama-se calado moldado, ou,
algumas vezes, calado para o deslocamento, pois é utilizado para cálculo dos des-
locamentos. Esta medida interessa particularmente ao construtor naval, ou a quem
consulta as curvas hidrostáticas do navio.
68 ARTE NAVAL
rismos são entalhados na superfície das chapas ou fundidos em metal, sendo neste
caso presos ao costado por meio de parafusos; eles são pintados de cor branca ou
preta conforme a pintura do casco seja escura ou clara, para melhor visibilidade.
Nos navios que adotam o sistema inglês de medidas, algumas vezes são
marcados nas escalas somente os algarismos que indicam a unidade de pés; as-
sim, os calados de seis pés, 16 pés e 26 pés serão sempre representados pelo
algarismo 6; para o pessoal de bordo será muito fácil determinar qual o algarismo
das dezenas pela simples inspeção do navio.
E nc o ur a ç a d o 0 ,6 0 0 ,9 7 0 ,6 2 0 ,7 3
C r u za d o r p e s a d o 0 ,6 0 0 ,9 7 0 ,6 2 0 ,6 9
C r uza d o r d e 10.000
1 0 0 0 0 t o ns 0 ,5 3 0 ,8 5 0 ,6 2 0 ,7 2
C r u za d o r e s m e n o r e s 0 ,5 6 0 ,8 3 0 ,6 7 0 ,7 4
C o nt r a t o r p e d e i r o s 0 ,5 2 0 ,8 3 0 ,6 3 0 ,7 4
Re b o c a d o re s d e p o rto 0 ,5 9 0 ,8 9 0 ,6 5 0 ,8 0
N a vi o s d e p a s s a g e i r o s 0 ,6 7 0 ,9 9 0 ,7 2 0 ,7 7
N a vi o s d e c a b o t a g e m , m i s t o s 0 ,6 4 0 ,9 7 0 ,6 6 0 ,7 7
C a r g ue i r o s g r a nd e s 0 ,7 8 0 ,9 9 0 ,7 8 0 ,8 4
C a r g ue i r o s m é d i o s 0 ,7 1 0 ,9 8 0 ,7 2 0 ,8 0
N a vi o s -t a nq ue s 0 ,7 6 0 ,9 7 0 ,7 7 0 ,8 4
Ia t e s a m o t o r p a r a a l t o - m a r 0 ,5 7 0 ,9 4 0 ,6 0 0 ,7 2
Ia t e s a ve l a 0 ,2 0 0 ,4 0 0 ,5 0 0 ,7 5
GEOMETRIA DO NAVIO 71
todos os diferentes paióis atestados, e com tudo o que for necessário transportar na
guerra, mas sem nenhum combustível ou água de alimentação de reserva.
É utilizado unicamente para a comparação dos navios de guerra relativamen-
te ao valor militar.
C asco completo si m si m si m si m
Acessóri os do casco si m si m si m si m
Proteção (couraça) si m si m si m si m
si m si m si m si m
Máqui nas e caldei ras
vazi os a nível a nível a nível
Armamento si m si m si m si m
Ma nti me nto s e ma te ri a l
não 2/3 si m si m
so b re ssa le nte
Á g ua d e a li me nta ç ã o d e
não 2/3 si m não
reserva
(1) Todos os dados de um navio de guerra referem-se a sua condição "normal" de desloca-
mento, salvo indicação em contrário.
(2) A condição “padrão” é a única reconhecida internacionalmente e foi estabelecida pelo
tratado de Washington, em 1922.
1 – Citamos as expressões usadas nos países de língua inglesa, porque em muitos de nossos navios os
planos e livros dos navios são referidos a esses termos. Expoente de carga em Portugal chama-se porte.
2 – Por vezes podemos considerar o expoente de carga para um determinado calado, e nesse caso
ele será a diferença entre um determinado deslocamento e o deslocamento mínimo, conforme
explanado no art. 2-83.
74 ARTE NAVAL
2.75. Porte útil, peso morto líquido, ou carga paga (cargo deadweight,
net deadweight) – O peso da carga paga que um navio pode transportar não é um
dado fixo, dependendo da duração da viagem. O expoente de carga é constituído
pela soma do peso de combustível, aguada, tripulação, materiais de consumo diver-
sos etc., mais o peso da carga paga. Ora, numa viagem pequena há necessidade
de menor peso de combustível, aguada etc. que numa viagem longa, permitindo o
transporte de um maior peso de carga paga.
Para uma viagem determinada é possível ao armador ou ao comandante do
navio estimar o peso de combustível, aguada e material de consumo necessário;
deduzindo estes pesos do expoente de carga poderá ele calcular o peso de carga
paga disponível para aquela viagem, no qual se incluem passageiros e bagagens.
cúbica são fatores importantes, pois ambos definem a praça do navio, isto é, a
capacidade de transporte de mercadorias.
Capacidade cúbica ou cubagem é o volume dos espaços cobertos realmente
utilizáveis para a carga. Exprime-se, geralmente, em metros cúbicos ou em pés
cúbicos; nos petroleiros, pode ser expresso por barris (1 barril = 158,984 litros = 42
galões americanos = 34,97 galões ingleses). Nos cargueiros, os planos de bordo
indicam a cubagem de cada coberta e de cada porão para a carga a granel e para a
carga em fardos. A cubagem para carga a granel representa o espaço interno total
do compartimento, deduzido o volume ocupado pelos vaus, cavernas, pés-de-car-
neiro, tubulações e obstruções semelhantes. A cubagem para fardos é medida en-
tre o fundo do porão e a aresta inferior dos vaus, e lateralmente entre as sarretas
(que cobrem internamente as cavernas), deduzindo-se pés-de-carneiro, tubulações
etc.
Deve haver certa relação entre o expoente de carga e a capacidade cúbica.
Se não fosse isto, teríamos comumente um navio com os porões cheios de merca-
dorias sem ter recebido a bordo todo o peso que o seu calado máximo permitisse;
ou, ao contrário, se a capacidade cúbica fosse muito grande, o navio poderia ficar
carregado até o calado máximo e ainda ter muito espaço desocupado. Evidente-
mente, isto depende da qualidade de carga que o navio transporta, isto é, do volume
por unidade de peso da carga; um navio dedicado ao transporte de minério de ferro
carrega muito mais peso que um navio de mesmas dimensões de porão transpor-
tando trigo, por exemplo.
ARTE NAVAL 78
GEOMETRIA DO NAVIO 79
CURVA 16
Esta curva mostra a forma da seção do navio no plano diametral e as posi-
ções relativas das balizas no projeto e das cavernas, que são partes estruturais do
casco.
BORDA-LIVRE
DE CARGA
EXPOENTE
CALADO
DESLOCAMENTO
V
Temos: CB = –––––––
L.B.C
(art. 2.63) => V = CB.L.B.C
{A + [–––––––––––––––––
1,25 . (AB + 10000)
10.000
. (N + 0,1N )]}
1 2
Sendo:
N1 = número de passageiros em camarote de até 8 beliches; e
N2 = número de demais passageiros não incluídos em N1.
A = ao maior valor entre 0,25 . (AB) ou K2 .Vc (4H/3P)2, onde Vc é o volume
total dos espaços de carga, H é o calado moldado e P o pontal moldado e
K2 = (0,02 . log Vc) + 0,2.
0.18 [B + M/2]2
Para os navios com a seguinte relação: 0,40 –< –––––––––––––– –< 0,85,
B.P
onde B é a boca máxima em metros; e M é o perímetro da seção mestra,
limitado pela interseção da face superior do convés de forro exterior, em metros, o
volume dos espaços fechados abaixo do convés principal pode ser calculado pela
seguinte expressão:
VC = [(B + M)/2]2 . 0,18 . L
compasso; ter-se-á apenas uma imersão (ou emersão) paralela à flutuação, isto é,
calado AV e o calado AR variam de uma mesma quantidade, e do mesmo modo o
calado médio.
Este cálculo é muito facilitado pela consulta às curvas hidrostáticas da fig. 2-
18; a posição do CF é dada pela curva 6, e, se o peso foi colocado na vertical deste
centro de flutuação, a variação do calado é dada pelas curvas do deslocamento
(curva 1 ou curva 2).
Não se conhecendo a posição exata do CF, o que é um caso pouco provável,
far-se-á um cálculo aproximado admitindo um ponto suposto para o centro de
flutuação; se não tivermos à mão a curva nem a escala do deslocamento, emprega-
remos as toneladas por centímetro.
Nos navios de guerra considera-se o centro da flutuação normal colocado
aproximadamente a 0,04 do comprimento entre perpendiculares (L) por ante-a-ré do
meio de L, ou seja, 0,54 a partir da perpendicular AV.
Exemplo 1 – Suponhamos que um navio está em seu deslocamento normal
e sabe-se que o número de toneladas por centímetro para este deslocamento é 16.
Ao chegar a um porto o navio, deve ser desembarcada uma quantidade regular de
carga cujo peso não se conhece. Após a descarga, entretanto, verificou-se uma
diminuição de 5 cm no calado AV e no calado AR. Qual o peso desembarcado?
Solução – A diminuição do calado médio foi de 5 cm; então, o peso da carga
desembarcada é igual a 16 x 5 = 80 toneladas.
Exemplo 2 – Supõe-se que o navio esteja navegando em seu deslocamento
normal, para o qual o número de “toneladas por centímetro” é 20; durante o cruzeiro
gastaram-se 100 toneladas de óleo combustível de um tanque situado abaixo do
centro de flutuação. Qual foi a diminuição do calado?
Solução – A diminuição do calado foi de 100 / 20 = 5 cm.
20 . 30
––––––––– = 8 cm
75
flutuação; o navio imergirá, sem variar o trim, até que o aumento de deslocamento
faça equilíbrio ao peso embarcado. Este cálculo será feito como foi indicado no art.
2.87, pelas “toneladas por centímetro”.
Depois de se haver suposto que o peso seja calculado no centro de flutuação,
o que resta a fazer é trazê-lo a sua verdadeira posição. Se houver variação de diver-
sos pesos, multiplica-se cada peso pela distância percorrida, seja para a proa ou
seja para a popa e faz-se a soma de todos os momentos para a ré e a de todos os
momentos para vante do CF. A diferença entre estes constitui o momento que cau-
sa a variação de trim. A última operação então será calcular a variação de trim
produzida por este momento, o que se faz pelo método metacêntrico, empregado
no item b deste artigo.
Exemplo – Sejam os calados primitivos do navio 8,50 m AR e 8,20 m AV;
sejam 20 tons. as “toneladas por centímetro” de imersão, e 150 metros-toneladas o
momento necessário para variar um centímetro na diferença de calado. Deve-se
embarcar um peso P = 40 tons. a uma distância d = 15 metros para a proa do centro
de gravidade G no plano de flutuação. Pedem-se os novos calados.
Solução – O embarque deste peso, supondo-se primeiramente colocado
sobre G, dará um aumento de calado = 40/20 = 2 centímetros (art. 2.87). Os cala-
dos serão agora, 8,52 AR e 8,22 AV, permanecendo constante o trim: 30 cm.
Se deslocarmos este peso de 15 metros para vante de G, teremos um
momento 15 x 40 = 600 (metros-toneladas), o qual tende a fazer imergir a
proa do navio. A variação no trim será 600/150 = 4 cm; a diferença de calado será
agora 30 - 4 = 26 cm (subtrai-se porque o peso foi colocado na proa reduzindo a
diferença de calado); os novos calados admitindo o CF a MN são:
calado AR = 8,52 - 4/2 = 8,50 m; e
calado AV = 8,22 + 4/2 = 8,24 m.
90 ARTE NAVAL