Pluralidade de Saberes V3 Meu Artigo PRONTO
Pluralidade de Saberes V3 Meu Artigo PRONTO
Pluralidade de Saberes V3 Meu Artigo PRONTO
IVO DICKMANN
IVANIO DICKMANN
JULIE LUIZA CARBONI
(organizadores)
Ivo Dickmann
Ivanio Dickmann
Julie Luiza Carboni
(organizadores)
Editora Livrologia
Chapecó/SC
2020
EDITORA LIVROLOGIA CONSELHO EDITORIAL
Rua São Lucas, 98E. Jorge Alejandro Santos - Argentina
Bairro Centro - Chapecó-SC Francisco Javier de León Ramírez -
CEP: 89.814-237 México
[email protected] Ivo Dickmann - Brasil
www.livrologia.com.br Ivanio Dickmann - Brasil
Viviane Bagiotto Boton – Brasil
Fernanda dos Santos Paulo – Brasil
Thiago Ingrassia Pereira - Brasil
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ISBN: 978-65-86218-36-7
© 2020
Proibida a reprodução total ou parcial nos termos da lei.
PLURALIDADE DE SABERES
NOTA: Dado o caráter interdisciplinar desta coletânea, os textos publicados respeitam as nor-
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de 19.02.1998, Lei dos Direitos Autorais).
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SUMÁRIO
GESTÃO ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL: A CONSTRUÇÃO
DA IDENTIDADE E OS SEUS DESAFIOS .............................. 11
Rita de Cácia Bento Flores
Andréia Veridiana Antich
ENCONTROS E DESENCONTROS NA RELAÇÃO IDADE E
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA ................... 25
Diego Moreno Redondo
DOCÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA: NARRATIVAS SOBRE O
PROCESSO DE IDENTIDADE DOCENTE ............................. 38
Larissa Luft
Andréia Veridiana Antich
POSSÍVEIS DESLIZAMENTOS GRAMATICAIS DO ADVÉRBIO
―NÃO‖ EM EVENTOS DE NEGAÇÃO56
Francisco Gomes da Silva
Antônio Rafael de Queiroz Lima
Josinaldo Trajano da Costa
PERCEPÇÕES DE ESTRATÉGIAS DE LEITURA DE ESTUDANTES
DA EDUCAÇÃO BÁSICA ................................................... 73
Carlos Alberto Ramos Souza
Luciane Baretta
Rafael Matielo
A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA NA EDUCAÇÃO INFANTIL:
UMA EXPERIÊNCIA COM O POEMA A CASA DE VINÍCIUS DE
MORAES .......................................................................... 100
Ana Paula Lima Carneiro
Ananeri Vieira de Lima
GESTOS DE LEITURA NA INTERNET SOBRE A ABORDAGEM DA
GRAMÁTICA NA BASE CURRICULAR COMUM DE LÍNGUA
PORTUGUESA ................................................................................... 113
Herbertt Neves
Lílian Noemia T. M. Guimarães
Ricardo Rios Barreto Filho
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Introdução
A trajetória histórica da Educação Infantil reflete o modo como essa eta-
pa de ensino foi compreendida ao longo dos anos. Inicialmente, a Educação
Infantil surgiu com caráter assistencialista para atender às crianças das mu-
lheres/mães que, além dos seus afazeres domésticos, tornaram-se trabalha-
doras no período da Revolução Industrial. O surgimento da Educação Infan-
til também foi impulsionado por um movimento social que se preocupava
com a alta taxa de mortalidade infantil. Então, ao longo de seu processo
histórico, conforme aponta Kramer (2006), um dos desafios para a Educação
Infantil tornou-se a superação do paradigma de que existia apenas com a
finalidade assistencial. Diante das demandas e exigências da contempora-
neidade que impactaram a organização da Educação Infantil, mostrou-se a
necessidade de uma gestão escolar eficaz e sensível às particularidades dessa
etapa de ensino, buscando contemplar a infância como uma fase fértil para a
construção do saber e do saber ser no mundo.
Assim, considerando suas peculiaridades, geri-la é uma tarefa que exige
conhecimentos específicos. Isso requer da equipe gestora formação e exercí-
cio de autoconhecimento para identificar as potencialidades e fragilidades da
escola que está sob sua responsabilidade, procurando dar conta de tais singu-
laridades engendradas às tarefas da gestão escolar. As incumbências são
complexas. Além do trabalho burocrático, ainda estão imbricadas outras
tarefas que demandam sensibilidade, capacidade de fundamentar decisões e
reconhecimento da importância do papel político e social da escola, sem se
distanciar de suas obrigações legais, uma vez que a escola é ―a unidade soci-
al que reúne pessoas que interagem entre si, intencionalmente, e que opera
através de estruturas e processos próprios, a fim de alcançar os objetivos da
instituição‖ (LIBÂNEO, 2005, p. 77).
Vários são os dilemas travados pela gestão escolar na Educação Infantil.
No entanto, são diversas as sendas que mostram as possibilidades encontra-
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das pelas gestoras no seu trabalho cotidiano na escola. Assim, novas percep-
ções e novos meios para o fazer docente e para a constituição da identidade
da gestão vão sendo tecidos, pois, conforme salienta Nóvoa (1992, p. 15), ―é
preciso um tempo para acomodar as inovações e as mudanças para refazer as
identidades‖.
Dessa forma, neste artigo apresentamos um recorte da pesquisa que teve
como objetivo compreender como a gestão na Educação Infantil constitui
sua identidade, tarefa que, muitas vezes, surge como novidade na trajetória
profissional docente. À vista disso, o artigo está organizado da seguinte for-
ma: primeiramente, trazemos o conceito de identidade sob a perspectiva
social, a qual nos sugere tratar-se de um processo contínuo e relacional em
permanente construção, trazendo a profissão como parte do processo que
impacta a maneira como o sujeito se constitui. Em seguida, tratamos das
particularidades da gestão escolar na Educação Infantil, apresentando refle-
xões para compreender como a professora/gestora enfrenta as demandas que
surgem no cotidiano e de que forma procura gerir os desafios. Na sequência,
trazemos os dados da pesquisa realizada com gestoras da Educação Infantil,
nossas interlocutoras, mostrando narrativas referentes ao início de suas traje-
tórias enquanto gestoras e os processos de constituição de suas identidades,
bem como apontamentos sobre a atividade no contexto atual. Ao final,
apontamos algumas considerações sobre o estudo, as quais buscam oferecer
possibilidades de reflexão para posteriores debates sobre o tema.
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A concepção de gestão proposta nos últimos tempos tem sido marcada pe-
lo envolvimento da comunidade na organização dos processos educacio-
nais, visando a melhoria dos processos, bem como promovendo condições
propícias ao desenvolvimento de um ambiente de aprendizagem aos atores
sociais envolvidos. (CARVALHO, 2010, p. 25).
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Depois de diálogos intensos e extensos com minha família a qual foi muito
positiva ao convite, foi então que decidi aceitar o grande desafio. Muitos
sentimentos vieram, como ansiedade, curiosidade, preocupação, pois era
bastante nova, com nada de experiência na área de educação infantil, além
de ser um local bastante precário em todos os sentidos. (HIBISCO).
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À guisa de conclusões
Conforme Kramer; Nunes e Corsino (2011, p. 452), se perguntarmos a
uma criança pequena o que acha que quer dizer a palavra gestão, ―[...] pro-
vavelmente ela nos dirá que gestão quer dizer ‗gesto grande‘‖. E, provavel-
mente, os adultos que escutarem isso vão rir dela. Mas, pensando bem, a
gestão tem a ver exatamente com isso: com os gestos grandes que somos
capazes de fazer. O primeiro grande gesto de uma gestora, como vimos nas
narrativas, foi dizer o seu sim, embora todas as interlocutoras, sem exceção,
tenham nos revelado o quanto sentiam certa insegurança ao serem convida-
das para assumir tal papel. Num gesto ainda mais corajoso, justificaram o
seu sim pelo amor à profissão docente, em conjunto com a busca por forma-
ção na área. Vimos que as professoras que aceitaram estar à frente da gestão
nas escolas de Educação Infantil se dispuseram a se reinventarem, configu-
rando, assim, novas identidades ao longo das suas trajetórias profissionais.
Considerando a complexidade em atuar sem parâmetros técnicos que
possam embasar a prática da gestão na Educação Infantil, as interlocutoras
desta pesquisa e outras profissionais da educação que aceitam cumprir tal
função merecem formação adequada e o apoio da rede de ensino em que
atuam. Assim, terão possibilidades de se constituírem gestoras a seu tempo,
atendendo a peculiaridades da escola e da comunidade. Cabe considerar que
o amor, a coragem e a predisposição para fazer algo são fundamentais, mas a
formação técnica é indispensável para um fazer pedagógico de qualidade.
Pensar sobre a gestão na Educação Infantil é, portanto, relevante e neces-
sário. Embora já se tenha avançado nessa área, os resquícios históricos de
caráter assistencialista ainda não estão tão distantes. Apesar de todos os
progressos que já tivemos, os problemas nas áreas educacionais e de gestão
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Referências bibliográficas
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Introdução
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esse assunto. Tudo isso para discutir até que ponto a idade influencia ou não
a aprendizagem de um novo idioma.
Para discutir essas questões, este estudo organiza-se da seguinte maneira:
na primeira seção, apresento as principais teorias que relacionam a idade à
aprendizagem de uma língua estrangeira; na segunda seção, apoio-me nessas
teorias para apresentar uma reflexão que revela até que ponto a idade influ-
encia ou não a aprendizagem de uma nova língua; por fim, nas considera-
ções finais, teço minhas impressões acerca dessa temática, baseando-me nas
discussões levantadas ao longo deste trabalho.
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Texto original: Critical period. Sensitive period. Window of opportunity. Whatever you choose to call it,
there is a golden age for acquiring proficiency in speaking, understanding, reading, and writing that can –
but should never be – wasted and can guide important choices for children and parents.
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(1989). Segundo o autor, houve interferência nos resultados por parte das
autoras, o que minimiza a importância da idade na aprendizagem de uma
língua estrangeira.
A maioria dos pesquisadores apontam Lenneberg (1967) como o
precursor da Hipótese do Período Crítico, pois ele delimitou o início e o fim
desse período. Segundo o autor, o período crítico corresponde por volta dos
dois anos de idade e termina ao longo da adolescência. É nesse período que
as pessoas estão mais aptas a adquirir um novo idioma. Para Scovel (1998),
as pessoas que se dispõem a aprender um idioma após a maturidade conser-
varão o sotaque de sua língua materna. Sobre esse assunto, Brown (2000)
reforça que, na aprendizagem de uma língua, a pronúncia não é o único
fator a ser considerado. Isso fica claro quando o autor afirma que há pessoas
com uma pronúncia não muito perfeita, mas com um controle magnífico da
língua estrangeira.
Os pesquisadores que tomam a Hipótese do Período Crítico para explicar
a influência da idade durante o estudo da língua estrangeira divergem-se
quanto à faixa etária indicada para obter domínio de uma nova língua; en-
quanto Scovel (1998) afirma que o fator idade exerce vantagem na aprendi-
zagem de um novo idioma, Brown (2000) afirma que esse não é um fator
determinante para o sucesso na aprendizagem de uma nova língua.
Na próxima seção, com base nas pesquisas expostas anteriormente,
discuto sobre o fator idade na aprendizagem de línguas estrangeiras, ou seja,
trago para a discussão os prós e os contras a respeito da relação ida-
de/aprendizagem de línguas para, assim, dispor ao leitor dados que o faça
refletir até que ponto há ou não influência da idade na aprendizagem de um
novo idioma.
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2 Texto original:
1) Sensory acuity: the language learning capacity of adults is imparied by deterioration in their ability to
perceive and segment sounds and L2.;
2) Neurological: the are changes in the neurological structure of the brain at certain ages which affects
learners abilities to acquire L2 pronunciation and grammar [...] (loss of plasticity, lateralization and cere-
bral maturation.;
3) Affective-motivational factors: child learners are more strongly motivated to communicated with native
speakers and to integrate culturally. Also, child learners are less conscious and therefore suffer less from
anxiety about communicating in an L2.;
4) Cognitive factors: adult learners rely on general, inductive learning abilities to learns an L2, while chil-
dren use their language acquisiton device.;
5) Input: the language input received by children is superior to that received by adults. However, adults may
experience more negotiation of meaning.;
6) Storage of L2 information: children store L1 and L2 information separately (become coordinate bilin-
guals); adults store L1 and L2 knowledge together (become compound bilinguals).
3
Texto original:
1) Adults learners have an initial advantage where rate of learning is concerned, particularly in grammar.
They Will eventually be overtaken by child learners who receive enough exposure to the L2. [...];
2) Only child learners are capable of acquiring a native accent in informal learning contexts. Long (1990)
puts the critical age at 6 years, but Scovel (1981) argues that there is no evidence to support this and argues
for a pre-puberty start [...];
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3) Children may be more likely to acquire a native grammatical competence. The critical period for gram-
mar may be later than for pronunciation (around 15 years). Some adult lear oners, however, may succeed in
acquiring native levels of grammatical accuracy in speech and writing and evel full „linguistic competence‟.;
4) irrespective of whether native-speakers proficiency is achieved, children are more likely to reach higher
levels of attainment in both pronunciation and grammar than adults.;
5) The process of acquiring an L2 grammar is not substantially affected by age, but that of acquiring pro-
nunciation may be.
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Mais uma vez, é possível perceber que, embora haja alguns pontos em
comum entre alguns autores, a discordância entre as pesquisas prevalece.
Provavelmente, como já disse Assis-Peterson e Gonçalves (2000), isso se
deve aos diferentes recursos de pesquisa e a dificuldade para analisar os da-
dos oriundos desses recursos. Além disso, vale ressaltar que a maioria das
pesquisas foi realizada com imigrantes que estavam em países em que a lín-
gua a ser adquirida era a língua oficial do país, ou seja, a quantidade de in-
sumos recebidos era muito alta. Talvez os resultados fossem ainda mais dis-
tintos se as pesquisas fossem realizadas no Brasil, uma vez que, quando as
pessoas decidem aprender uma nova língua, elas estão inseridas em um con-
texto cuja língua oficial do país é o português. Além disso, Assis-Peterson e
Gonçalves (2000) destacam que, em ambientes formais de aprendizagem de
língua estrangeira no Brasil como, por exemplo, em escolas regulares, a
quantidade de insumos oferecidos aos aprendizes não é suficiente para al-
cançar o domínio da língua alvo.
Segundo Assis-Peterson e Gonçalves (2000), as pesquisas trazem fatos
importantes, porém, com exceção das pesquisas realizadas em escolas, a
maioria delas considera somente uma situação de ensino-aprendizagem de
língua, ou seja, um contexto em que existem imigrantes vivendo em um país
em que o idioma que eles estão aprendendo é a língua oficial desse país. À
guisa de exemplificação, destaco a pesquisa de Snow e Hoefnagel-Höhle
(1978) apud Lightbrown e Spada, (2000) na qual os pesquisadores realizaram
um estudo com falantes de inglês, aprendendo holandês na Holanda. Nesse
caso, a situação dos aprendizes brasileiros não pode ser analisada sob o as-
pecto dessas pesquisas realizadas nesses contextos, uma vez que a realidade
brasileira é muito diferente, porém não se deve desconsiderar as pesquisas
que foram realizadas em escolas e em outras situações, ou seja, em contextos
onde o idioma estudado não é a língua oficial dos país.
As diferentes pesquisas destacadas até o momento revelam pontos em
comum e pontos controversos. Na visão de alguns autores, a idade é impor-
tante e, para outros, não deve ser levada tão a sério. Vale destacar que, inde-
pendentemente da idade, é imprescindível considerar outros aspectos duran-
te a aprendizagem de um idioma, tais como: o contexto de ensino da língua,
a quantidade de insumos oferecidos aos aprendizes, as estratégias adequadas
a cada situação e, segundo Celani (2004), o essencial é conhecer bem o
aprendiz para atuar bem. Certamente, a idade não será um fator decisivo,
caso esses outros elementos sejam considerados ao ensinar uma língua es-
trangeira.
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Considerações finais
Neste momento, dedico-me a esboçar as impressões mais relevantes acer-
ca da relação idade e aprendizagem de línguas, destacando os principais
pontos abordados pelos pesquisadores acerca dessa temática.
A crença de que a melhor idade para começar a aprender um idioma é a
infância permeia o universo do ensino de línguas. Os estudos apresentados
ao longo deste trabalho mostraram que autores como Krashen, Long e Scar-
cella (1979) aderem a essa opinião e apoiam-se na Hipótese do Período Crí-
tico, afirmando que existe uma fase da vida (correspondente por volta dos
dois anos de idade até à puberdade) em que as pessoas estão mais dispostas a
aprender um novo idioma. Lightbrown e Spada (1998) também concordam
com essa ideia, destacando que as crianças saem disparadas no domínio da
língua estrangeira quando iniciam a aprendizagem ainda no período crítico.
Por outro lado, Ellis (1994) e Flege (1987) contrariam essa afirmação, enfati-
zando que a aprendizagem de línguas obedece aos mesmos mecanismos
tanto para crianças como para adultos. Nessa mesma linha de pensamento,
Brown (2000) apresenta fatores importantes a serem considerados na apren-
dizagem de uma nova língua. Segundo o autor, outros fatores devem ser
avaliados como, por exemplo: o contexto, a quantidade de insumos ofereci-
dos, as estratégias utilizadas, a formação dos professores etc. Ao dar uma
atenção maior a esses elementos, a idade torna-se um fator irrelevante na
aprendizagem de uma língua estrangeira.
Algumas pesquisas revelaram que os aprendizes jovens são tão bons
quanto às crianças no quesito pronúncia e tão bons quanto os adultos na
aprendizagem da gramática, porém as pesquisas que revelaram esses resulta-
dos são frutos de estudos realizados em lugares cujo idioma estudado é a
língua oficial do país, ou seja, em uma situação natural de aprendizagem.
Por esse motivo, esses resultados foram questionados por autores como Fle-
ge (1987), Bongaerts (1999) e Byalistok (1997), pois o contexto da pesquisa
favorece a quantidade de insumos oferecidos aos aprendizes, reforçando o
alto contato com a língua alvo.
Quando os resultados dessas pesquisas são avaliados a partir do contexto
de ensino-aprendizagem de língua estrangeira no Brasil, a situação requer
uma atenção maior. Isso porque é preciso levar em consideração que, nos
contextos formais de aprendizagem de língua estrangeira, a quantidade de
insumos oferecidos não é suficiente para alcançar o domínio da língua alvo.
Por esse motivo, os resultados dessas pesquisas não poderiam ser levados em
conta no Brasil, uma vez que a língua alvo não é o idioma falado no país.
Diante disso, destacam-se duas desvantagens dos estudantes brasileiros em
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uma escola que não ofereça um contexto adequado para ensinar o idioma.
Os professores devem nutrir-se de pesquisas que tragam respostas às situa-
ções encontradas no ambiente de trabalho a fim de promover um ensino
qualitativo.
Por fim, as discussões levantadas no decorrer deste trabalho nos ajudam a
refletir sobre a seguinte questão inicial: qual é a melhor idade para aprender
inglês? Diante dos dados apresentados, posso concluir que o mais importante
para o sucesso na aprendizagem de uma língua estrangeira é estar atento ao
contexto de ensino, à qualidade dos insumos oferecidos e às estratégias de
ensino utilizadas. Afinal, levando em consideração esses fatores, a idade
torna-se mera coadjuvante na aprendizagem de uma nova língua.
Referências bibliográficas
ASHER, J.; GARCÍA, R. The optimal age to learn a foreign language. In:
KRASHEN, S. D.; SCARCELLA, R. C., LONG, M. H. (Eds.). Child-adult
differences in second language acquisition. Rowley, Mass.: Newbury
House, 1982.
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Larissa Luft
Andréia Veridiana Antich
Introdução
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Saberes docentes
Pesquisas realizadas sobre os saberes docentes, como as de Tardif (1991;
2000; 2002), Pimenta (1997; 2005), Cunha (1997) e Charlot (2000; 2005;
2013), consideraram o professor como um profissional que constrói e desen-
volve conhecimentos a partir da prática e no confronto com as condições da
profissão. Segundo Tardif (1991),
De acordo com esse autor, parte do que os docentes sabem advém da bi-
ografia pessoal, da experiência enquanto aluno e da socialização vivenciada
durante a jornada formativa inicial. Com base nisso, ―o saber docente é um
‗saber plural‘ e essencialmente heterogêneo‖ (TARDIF, 2002, p. 54). Partin-
do dessa ideia, o autor reitera que a possibilidade de uma classificação coe-
rente dos saberes docentes só existe quando associada à natureza diversa de
suas origens, às diferentes fontes de sua aquisição e às relações que os profes-
sores estabelecem entre e com os seus saberes. Ao dar ênfase a esse campo de
estudos, o autor destaca a existência de quatro tipos diferentes de saberes
implicados na atividade docente: os saberes da formação profissional (das
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Por esse ângulo, ganha realce a articulação entre a formação inicial e con-
tinuada, uma vez que a primeira não pode ser entendida como um fim em si
mesmo, que oferece todo um conjunto de conhecimentos e habilidades ne-
cessárias para o exercício da profissão docente. Sobre esse aspecto, Garcia
(1995) explica:
Assim, a formação inicial docente precisa ser vista como uma etapa do
processo de formação profissional que fornecerá uma base de conhecimentos
que favoreçam o desenvolvimento do trabalho docente. Nesse contexto, a
reflexão sobre o fazer docente acaba se tornando uma ferramenta fundamen-
tal no engendramento entre teoria e prática, fazendo com que a primeira não
se torne um mero discurso e a segunda um mero produto mecanizado.
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que os docentes sabem advém de suas biografias pessoais, das suas experiên-
cias enquanto alunos e da socialização que vivenciaram durante a jornada
formativa.
Com relação ao processo reflexivo sobre a representatividade de ser pro-
fessora de Língua Portuguesa, as interlocutoras Maia e Estela demonstraram
preocupação acerca da responsabilidade com o ensino de melhor qualidade.
[...] é a relação com o mundo, com o outro e com ele mesmo, de um sujei-
to confrontado com a necessidade de aprender. (...) é o conjunto (organi-
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PLURALIDADE DE SABERES
zado) das relações que um sujeito mantém com tudo quanto estiver relaci-
onado com o aprender e o saber. (CHARLOT, 2005, p. 80).
Sendo essa relação com o saber algo fundamental para o processo de en-
sino e de aprendizagem, o educador desenvolve a mediação do conhecimen-
to, envolvendo-se no universo dos educandos para poder abordar outros
temas que fazem parte dos seus saberes, para então introduzir novas apren-
dizagens.
Nessa perspectiva e ao considerar as reflexões sobre a representatividade
e a identidade das professoras de Língua Portuguesa, percebe-se que são
muitos os desafios e dilemas para conduzir o aluno ao saber, sendo esses
plurais e heterogêneos, porque envolvem conhecimentos que vivem em
transformação. No entanto, o que essas interlocutoras desejam é fazer um
―trabalho diferenciado na área‖ (Maia) e ―despertar o gosto pela Língua
Portuguesa para além da sala de aula‖ (Electra), além de deixar ―lembranças
de aulas bem-sucedidas para seus alunos‖. (Estela).
Com relação à constituição docente ao longo da trajetória, as interlocuto-
ras relacionaram o início da trajetória a uma docência mais tradicional, na
qual se sentiam transmissoras de conhecimento aos alunos e se cobravam
com relação aos conteúdos. Esse sentimento pode estar atrelado ao processo
de início de carreira docente, em que professores vivenciam uma etapa de
novas experiências pedagógicas, equilibrando-se entre o entusiasmo, a co-
brança pessoal e a insegurança.
As afirmações das interlocutoras relacionam-se com o que Tardif e
Raymond (2000, p. 210) afirmam: ―Ora, se o trabalho modifica o trabalha-
dor e sua identidade, modifica também, sempre com o passar do tempo, o
seu ‗saber trabalhar‘‖. Dessa forma, o fazer docente das professoras foi sendo
construído ao longo dos anos e permanece sendo ressignificado de acordo
com as experiências que vão sendo vivenciadas. Electra ainda destaca que
percebeu ao longo da sua trajetória o quanto ressignificou o processo de
seleção dos conteúdos a serem trabalhados na área. Para ela, hoje, o conteú-
do é importante, mas o essencial é a ―maneira como ele vai ser trabalhado‖
(Electra).
No que diz respeito às contribuições formativas durante a trajetória das
interlocutoras, todas trouxeram à tona a importância que outros professores
exerceram e ainda exercem em suas práticas pedagógicas. Para Electra, os
exemplos de professores que teve ―ao longo da vida sempre foram e ainda
são referência‖ para a sua prática docente. Além disso, Estela explica que
essas referências não serviram só para experiências positivas, mas também
para negativas, uma vez que podem ser estabelecidas relações entre ―é isso e
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não é isso que quero para minhas aulas‖. Entende-se, assim, que as interlo-
cutoras permanecem em processo reflexivo sobre a prática docente e sobre as
suas próprias identidades.
Outro aspecto desvelado nas análises é a sinalização de que ser docente
em tempos contemporâneos, marcados pelas grandes transformações nos
modos de pensar e de organizar o conhecimento humano, torna-se cada vez
mais desafiante. O processo de globalização e a mudança constante do con-
texto social, político, econômico e cultural influencia todos os setores da
sociedade. Nesse sentido, as questões referentes, principalmente, à educação
ganham novas ―caras‖, fazem emergir novos desafios, e, portanto, novos
olhares precisam ser lançados aos processos de formação docente, com espe-
cial atenção às práticas desenvolvidas no espaço de sala de aula.
O contexto da contemporaneidade impõe à prática educativa um número
elevado de demandas, levando, assim, o educador a repensar o seu fazer
docente e os enormes desafios profissionais que enfrenta, a fim de atender às
exigências do contexto atual. Corroborando essa ideia, Charlot (2013) expli-
ca:
O professor é uma figura simbólica sobre a qual são projetadas muitas con-
tradições econômicas, sociais e culturais. Contudo, seria um erro conside-
rar que as contradições enfrentadas pela professora, no cotidiano, são um
simples reflexo das contradições sociais. A situação é mais complexa. Exis-
tem tensões inerentes ao próprio ato de educar e ensinar. Quando são mal
geridas, essas tensões viram contradições, sofridas pelos docentes e pelos
alunos. (CHARLOT, 2013, p. 21).
À guisa de conclusões
Por fim, retomando o objetivo de analisar qual é a repercussão da trajetó-
ria profissional na construção da identidade das professoras de Língua Por-
tuguesa de uma rede municipal que integra o Vale do Rio Caí/RS, foi possí-
vel compreender que:
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Introdução
Em meio aos vários fenômenos que ocorrem nas línguas, a negação é
comum, presente em várias delas; usualmente, para o seu funcionamento em
muito se recorre ao uso do advérbio ―não‖ posicionado de modo pré-verbal,
reconhecida como negação canônica. Para tanto, há muitos estudos direcio-
nados à observação do funcionamento desse fenômeno, embora se contra-
ponham ao prescrito pelas gramáticas normativas, cujo maior entendimento
é o de que esse evento linguístico se destine a negar, e, ao seguir literalmente
esses estudos, o uso do advérbio ―não‖ seria exclusivo para a negação.
Todavia, há contraposições ao prescrito pela visão tradicional da gramá-
tica, como se observa em Ilari (2008, p. 122), quando admite a possibilidade
de existência de ideia mais ampla do que esta e parte na seguinte defesa: ―há
muitas outras maneiras de negar, além da que consiste em aplicar a um ver-
bo o advérbio não, há outras palavras e expressões que imprimem o traço
semântico de negação, sendo o verbo apenas uma das possibilidades de ne-
gação‖. Outra defesa divergente do proposto pela tradição gramatical está na
ótica de Ferrarezi Jr. (2008, p. 185), ao sustentar que a negação se liga cla-
ramente ao modo de representatividade do mundo e, por isso, sua complexi-
dade requer a realização de maior aprofundamento nos estudos dos meca-
nismos de negação e, assim, expandir a visão normativista, voltada exclusi-
vamente para a ideia de o advérbio ―não‖ ser reservado para negar.
Deste modo, este trabalho tem como objetivo primordial estabelecer a re-
de de construções do citado elemento linguístico na Língua Portuguesa, no
intuito de delimitar em que dimensão os diversos usos manifestam o proces-
so de subjetivização e de expansão semântico-pragmática. Pretende-se com-
provar, nessa linha de pensamento, que as diversas utilizações do ―não‖
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Isso é perceptível, quando, por exemplo, alguém afirma que nem todo ad-
vérbio é indicador de circunstância, ao exemplificar com o Não se opondo
ao ―sim‖; o ―sim‖ a funcionar com reforço, com ênfase par uma afirmação,
dado o motivo de esta não necessitar de uma marca, similar à negação.
Outros casos podem ser extensivos aos advérbios de dúvida, quando evi-
denciam a incerteza do falante e menos a ideia expressa pelo verbo do
enunciado. Tudo isso deixa transparecer que a definição e classificações
adverbiais não se fecharam nem se resolveram. (SILVA 2020, p. 40)
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Figura 6: Medicamentos
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Considerações finais
A observação inicial é a de que se procurou analisar o elemento linguísti-
co verbal ―não‖ colocado em posição pré-verbal e, por esse motivo, rotulado
pela tradição gramatical como advérbio destinado a negar, constituindo a
negação canônica. Buscou-se cumprir a proposta exposta na exposição: a de
verificar e analisar a mencionada classe gramatical a partir de situações inte-
rativas e se fazer a abordagem considerando o seu emprego e uso em eventos
contextualizados de fala explicitados pelas charges.
No decorrer das análises, considerou-se a conjuntura discursiva e o con-
texto enunciativo, fatores decisivos para a comprovação do pretendido, no
caso, constatar a ocorrência de deslizamentos gramaticais do ―não‖ pré-
verbais em quadros interativos de fala. Assim, viu-se que ele sobressaiu das
limitações impostas pela gramática tradicional, cujo conceito atribuído é de
que essa palavra se propõe exclusivamente a negar, com o desconhecimento
da possibilidade de mudança a fim de atender a determinadas necessidades
comunicativas e pode se alterar nestes eventos de uso, como reconhece o
Funcionalismo linguístico.
Logo, com base no comprometimento com a visão funcionalista, conse-
guiu-se comprovar a relativização da fronteira categorial estudada, ao se
tomar como evidência aspectos de gramaticalização, revelados em uso. Ain-
da se observou que a negação, embora marcada muitas vezes por uma partí-
cula tão pequena como o ―não‖, pode ser alterada e também alterar todo o
efeito da informação codificada, conforme as ocorrências comunicativas nas
charges. A ideia que fica é que existem valas a serem abertas no tocante ao
comportamento do emprego dessa palavra, enfim, sente-se restar muitas
informações camufladas, cujo desvendar depende de estudos mais aprofun-
dados com relação à dinâmica linguística. Enfim, a visão que fica é a de que
a língua é um legado de integração dos valores histórico-sociais, instável e
mutável.
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Referências bibliográficas
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Introdução
As discussões sobre a sala de aula e a relação entre ensino e aprendiza-
gem devem levar em consideração questões sociais do contexto escolar e da
sociedade que frequenta esse ambiente – é fundamental que sejamos capazes
de compreender as subjetividades individuais dos alunos, de forma que pos-
samos nos aproximar ao máximo de suas urgências de aprendizagem. Os
círculos acadêmicos, especialmente as licenciaturas, demonstram preocupa-
ção sobre a qualidade da educação oferecida nos ambientes educacionais, do
nível básico ao superior. É objetivo das políticas educacionais que os estu-
dantes desenvolvam, ao longo de sua formação, as aprendizagens essenciais
para que saibam utilizar os conhecimentos historicamente construídos e
atuem, de forma participativa, para a construção de uma sociedade democrá-
tica e inclusiva (BNCC, 2017).
Sabendo que a leitura perpassa todas as áreas do conhecimento e que é
condição fundamental para que o indivíduo continue a aprender, é premente
a condução de estudos que investiguem o quadro de leitura no contexto edu-
cacional. Dentre as diversas tarefas que requerem conhecimentos leitores,
Morais (2013) afirma que ler, antes de mais nada, é uma condição indispen-
sável para que um indivíduo possa se tornar um cidadão responsável e atuan-
te; vale lembrar, ainda, que a escola é (ou deve ser) uma das instituições mais
interessadas no desenvolvimento de cidadãos responsáveis, atuantes, eman-
cipados e críticos.
Diferentes indicadores (nacionais e internacionais) mostram que os brasi-
leiros ainda estão aquém deste ideal. Dados divulgados pelo PISA-2018
(Programme for Internacional Student Assessment) reiteram os resultados de edi-
ções anteriores, mostrando que 50% dos estudantes brasileiros, com 15 anos
de idade, não possuem a proficiência mínima em leitura que os jovens de-
vem alcançar até o final do Ensino Médio. ―Esse resultado representa um
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p. 611, tradução nossa4), podendo ser definidas como habilidades sob inspe-
ção (do original skills under consideration, conforme proposto por Paris, Lipson
e Wixson, 1983). Dessa forma, leitores estratégicos são aqueles capazes de
elaborar, organizar e avaliar o texto, por meio de processos (meta)cognitivos,
utilizados flexível e seletivamente, de acordo com os objetivos e as necessi-
dades inerentes à tarefa.
A leitura pode ser um processo dificultoso para muitos leitores. Diversos
estudos têm mostrado que, além dos escores diferenciados em testes de com-
preensão, leitores menos maduros tendem a apresentar um repertório limita-
do e menos eficiente de estratégias de leitura enquanto leem (O‘MALLEY;
CHAMOT, 1990; PARIS; WASIK; TURNER, 1991; CATALÀ; MOLINA;
MONCLÚS, 2005; JOLY; SANTOS; MARINI, 2006; FINGER-
KRATOCHVIL, 2010; ANDRADE; GIL; TOMITCH, 2012; FINGER-
KRATOCHVIL; BARETTA; SILVEIRA, 2012; BENDER, 2016;
SCHINEMANN, 2017, dentre outros). O estudo conduzido por Bender
(2016), por exemplo, investigou o desempenho de leitores iniciantes ao ler
dois textos com objetivos diferentes (ler para estudar e ler por entretenimen-
to). Os dados mostraram que, embora os participantes reportem utilizar dife-
rentes estratégias durante suas leituras e que ao executar as tarefas propostas
pela pesquisadora eles tenham utilizado estratégias diferenciadas, quando os
participantes detectavam problemas de compreensão, eles não souberam
como (quais estratégias utilizar para) remediar suas dificuldades.
A partir destas questões, e levando em consideração os (problemáticos)
dados apresentados por diferentes indicadores no tocante à qualidade e às
competências do estudante brasileiro na habilidade da leitura, desenvolve-
mos uma pesquisa de levantamento, a fim de identificar, junto ao contexto
de escolas de zonas central, periférica e de campo, quais são as (possíveis)
fragilidades dos processos de aprendizagem e de uso de estratégias de leitura.
Participaram desta pesquisa estudantes em níveis Fundamental e Mé-
dio. Nosso principal intuito foi fazer um retrato acerca do conhecimento e da
utilização de estratégias de leitura em três escolas públicas de uma cidade da
região centro-sul do Paraná. Detalharemos, a seguir, os caminhos trilhados
durante esta pesquisa para a coleta e análise dos dados.
4
(...) strategies are open to introspection; they can be evaluated for their utility, effort and appropriateness
privately or publicly.
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Metodologia
Com vistas a investigar se alunos da rede básica da educação conhecem
estratégias de leitura e as utilizam enquanto leem, três colégios, de diferentes
localizações (central, periférica e de campo), da região centro-sul do Paraná
foram selecionados para compor a nossa amostragem. Estudantes de três
anos escolares distintos (sexto e nono anos do Ensino Fundamental, terceira
série do ensino Médio) foram convidados a participar da pesquisa, com o
objetivo de termos um retrato do início e do fim do segundo ciclo do Fun-
damental, bem como conhecermos o perfil de leitor do concluinte do Ensino
Médio.
Todas as turmas envolvidas na pesquisa foram visitadas por dois dos pes-
quisadores, que explicaram os objetivos e os procedimentos da coleta de
dados. Foram entregues dois termos aos alunos que se voluntariaram a fazer
parte da pesquisa: o Termo de Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE),
que deveria ser assinado pelos pais e/ou responsáveis, e o Termo de Assen-
timento da Criança e Adolescente (TACA), que deveria ser assinado pelos
próprios participantes, conforme estabelecido pelo Comitê de Ética em Pes-
quisa com Seres Humanos (Parecer número: 2.613.760, em 23 de abril de
2018). Participaram da pesquisa os estudantes que entregaram os documen-
tos devidamente preenchidos e assinados pelos pais (e por eles, individual-
mente), até o momento da coleta de dados, que ocorreu em horário regular
das aulas. Os participantes responderam a um questionário (adaptado dos
estudos de Finger-Kratochvil, 2010, Assunção (2014), Vieira (2014) e Schar-
dosim (2015)) com quarenta e cinco questões de múltipla escolha, dividido
em quatro seções, sendo elas: a) seção 1 e 2, com alternativas ―sim‖ ou
―não‖ para as perguntas; b) seção 3, com perguntas em escala Likert: ―nun-
ca‖, ―às vezes‖ ou ―sempre‖ e c) seção 4, com perguntas em escala Likert:
―discordo totalmente‖, ―discordo‖, ―neutro‖, ―concordo‖ ou ―concordo
totalmente‖. O questionário foi entregue aos participantes e explicado por
um dos pesquisadores, que esclareceu as dúvidas antes de iniciar o preen-
chimento das respostas. A coleta dos dados foi realizada numa sala silencio-
sa.
Os resultados do questionário foram digitados e armazenados em sistema
digital. A análise dos dados envolveu, primeiramente, um tratamento estatís-
tico, utilizando o SPSS (Microsoft), incluindo a realização de testes para
obtenção da Estatística Descritiva, como Testes de Normalidade – para veri-
ficar a distribuição dos dados –, Análise da Consistência Interna da Escala F
baseada no Coeficiente Alfa de Cronbach – para checagem da consistência
das respostas fornecidas pelos participantes – e Testes Não-Paramétricos de
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Tabela 4: Descrição das respostas mais relevantes registradas por todos os grupos
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Concordo / Concordo
b) A pronúncia das palavras 45,80%
totalmente
Concordo / Concordo
c) Lembrar as palavras que eu já conheço 43,90%
totalmente
Concordo / Concordo
d) A forma como as palavras são escritas 38,30%
totalmente
e) Relacionar o texto com o que eu já sei sobre o Concordo / Concordo
31,80%
assunto totalmente
Concordo / Concordo
f) Entender o significado geral do texto 43,00%
totalmente
Concordo / Concordo
g) A organização de informações no texto 39,20%
totalmente
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respostas dadas pelos participantes dos três grupos, com destaque em ama-
relo para o grupo que se difere estatisticamente dos demais em cada uma das
questões:
Com relação à Questão 3b, a flutuação da média dos postos para o grupo
2 é significativamente mais baixa se comparada à média de postos dos de-
mais grupos. Isso nos mostra que há uma tendência para que as respostas
sejam mais baixas na escala Likert. Neste caso, os resultados revelam que os
grupos 1 e 3 leem com mais frequência jornais de circulação regional e/ou
estadual. A diferença no hábito reportado é estatisticamente significativa
quanto os três grupos são comparados, ou seja, pode-se afirmar que, a partir
dos resultados obtidos, o grupo 2 é o grupo que reporta possuir este hábito
menos consolidado em relação aos demais grupos investigados comparati-
vamente.
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Tabela 10: Testes de Kruskal-Wallis para comparações entre grupos, para a questão 4.1c
Número de participan-
Grupo Média dos postos
tes
1 9 82.06
Questão 4.1c
2 47 43.45
3 46 53.75
TOTAL 102
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 11: Testes de Kruskal-Wallis para comparações entre grupos, para a questão 4.2c
Número de participan-
Grupo Média dos postos
tes
1 11 69.18
Questão 4.2c
2 49 43.85
3 47 61.03
TOTAL 107
Fonte: Dados da pesquisa
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Tabela 12: Testes de Kruskal-Wallis para comparações entre grupos, para a questão 4.2d
Número de participan-
Grupo Média dos postos
tes
1 11 82.18
Questão 4.2d
2 48 44.24
3 47 56.24
TOTAL 106
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela 13: Testes de Kruskal-Wallis para comparações entre grupos, para a questão 4.4f
Número de participan-
Grupo Média dos postos
tes
1 11 72.82
Questão 4.4f
2 49 44.61
3 45 57.29
TOTAL 105
Fonte: Dados da pesquisa
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4,08%
34,69% 2,04%
59,18%
Regras de jogos
Livros didáticos
Gibi / História em quadrinho
Não informaram/informaram alternativas já existentes
Fonte: Dados da pesquisa
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uma população com respostas que ficam na média, que não se diferem, esta-
tisticamente falando, dos outros dois grupos.
Considerações finais
Partindo de diferentes indicadores que demonstram que estudantes brasi-
leiros têm dificuldades em atingir níveis mais profundos de compreensão em
leitura, desenvolvemos esta pesquisa, a fim de identificar, junto ao contexto
de escolas de zonas central, periférica e de campo, quais são as (possíveis)
fragilidades dos processos de aprendizagem e de uso de estratégias de leitura.
Os resultados do questionário nos mostraram que 81,3% dos estudantes
que participaram da amostragem têm o hábito de ler extraclasse coisas que
são de seu interesse pessoal e que não foram solicitadas por seus professores,
o que a princípio, parece um dado bastante animador, ainda que outros
18,7% da população, que é uma parcela considerável do nosso público, tenha
afirmado que não tem hábitos de leitura. Entretanto, apenas 58% dos parti-
cipantes concordaram que, ao ler um texto, são capazes de compreender a
ideia geral e 15% não sabem se entenderam ou não o texto lido. Ainda, so-
mente 39,2% dos participantes relataram que estão habituados a usar o dici-
onário como instrumento para solucionar dificuldades de vocabulário, mes-
mo que 58,9% concordem que essa é uma habilidade relacionada ao bom
leitor.
Esses e vários outros resultados, discutidos ao longo deste capítulo, apon-
tam que muito das dificuldades dos estudantes, conforme relatado em estu-
dos anteriores (BARETTA, 1998; FINGER-KRATOCHVIL, 2010;
SOUZA; BARETTA, 2015; 2016; FINGER-KRATOCHVIL; BARETTA;
SILVEIRA, 2012; BENDER, 2016, dentre outros), parece estar nos proce-
dimentos adotados por eles durante a leitura, nos indicando, novamente, a
importância e a urgência de se ensinar a usar estratégias de compreensão
leitora durante as aulas de todas as disciplinas escolares. Sabemos que para
ler melhor, é preciso ler mais, mas devemos estar atentos, também, à forma
como a leitura se dá (JOLY; SANTOS; MARINI, 2006; SOUZA; GARCIA,
2012; MORAIS, 2013; KLEIMAN, 2016).
Os dados coletados nesta pesquisa nos puseram reflexivos sobre diversas
questões relacionadas aos processos de ensino e de aprendizagem. Pudemos
observar, de perto, que nossos estudantes são, aparentemente, pouco instruí-
dos sobre quais procedimentos adotar quando têm dificuldades de compre-
ensão; é comum que eles tenham dificuldades que estão em fases anteriores
de suas trajetórias escolares, explicitando, talvez, a problemática dos mode-
los de ensino adotados em nossas escolas.
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Esta pesquisa gerou uma grandiosa e rica quantidade de dados, que infe-
lizmente, não puderam ser profundamente abordados neste capítulo, seja
pela questão relativa ao espaço, seja pela pertinência – relatamos, aqui, uma
discussão geral dos dados que foram coletados. Os resultados nos mostram
que nossa pesquisa está em consonância com outras que já foram realizadas
em níveis mais abrangentes (Pisa, Saeb), e que nossos estudantes ainda estão
distantes da realidade que esperamos construir no nosso país. Os ideais que
iluminam os documentos norteadores de ensino (nacional e estadual), em
que se vê o estudante como um indivíduo sociosubjetivo, autônomo, reflexi-
vo e crítico em suas leituras, infelizmente, ainda está aquém da realidade que
pudemos observar nas escolas que visitamos. Esperamos que a presente e as
futuras análises possíveis por meio dos dados apresentados neste estudo
venham a contribuir com a ponte universidade-escola, a fim de que consi-
gamos trabalhar junto com professores, para que possamos influenciar posi-
tivamente na forma como nossos estudantes interagem com os diversos tex-
tos que fazem parte de suas rotinas.
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Introdução
A presente pesquisa aborda a importância da literatura na sala de aula,
mais especificamente da poesia na educação infantil. Este estudo é fruto de
reflexões oriundas da experiência com o estágio supervisionado, na Escola
Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Antônio Gomes, localizada em
Catolé do Rocha – PB. As atividades realizadas durante o estágio tiveram a
finalidade de proporcionar às crianças um contato efetivo com o universo da
criatividade, brincadeira e fantasia por meio da poesia infantil, inserindo-as
em uma atmosfera prazerosa e significativa.
A literatura é de suma importância na educação infantil, pois ela contri-
bui para a formação de leitores conscientes, críticos e reflexivos, adquirindo
sociabilidade e autonomia. Dessa forma, tivemos como objetivos: discorrer
sobre a importância da literatura infantil na sala de aula; identificar as prin-
cipais contribuições da literatura na educação infantil para o desenvolvimen-
to social, emocional e cognitivo da criança; discutir acerca da utilização da
poesia como um instrumento facilitador do desenvolvimento da imaginação,
curiosidade, interesse e a criatividade das crianças. Além disso, relatar a
experiência com o estágio supervisionado, destacando a importância para a
formação de professores e fazer um paralelo entre a prática e os preceitos
teóricos que abordam a temática da literatura e da poesia na sala de aula da
educação infantil.
A temática desta pesquisa se justifica pela necessidade de repensarmos a
literatura infantil na sala de aula, mais especificamente a poesia, como um
instrumento facilitador da aprendizagem das crianças. A relevância desta
pesquisa se dá principalmente pelo motivo de ela contribuir para que profes-
sores repensem as práticas de leitura literária na sala de aula da educação
infantil, para que a leitura não se torne mera decodificação de texto. Dessa
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PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
para só muito mais tarde ser escrita. Pode-se dizer que à poesia infantil ca-
be o papel de conservar a natureza mais profunda da literatura de qualquer
povo, porque faz reviver as primeiras experiências do ser humano com a
linguagem, explorando suas possibilidades expressivas (AGUIAR;
CECCANTINI, 2012, p. 07).
Podemos dizer que esse aspecto está fortemente presente na poesia de Vi-
nícius de Moraes, pois a musicalidade é uma das principais características
dos seus poemas, obtida através de suas rimas e ritmo, que são alguns dos
recursos inerentes da linguagem poética.
A leitura na sala de aula é uma atividade que implica na realidade cultu-
ral brasileira, principalmente a leitura de literatura infantil e juvenil, pois essa
prática é de suma importância para a formação de leitores conscientes, críti-
cos e reflexivos, ou seja, contribuindo para que tenham sociabilidade e auto-
nomia. De acordo com Lajolo (2000): ―[...] lê-se para entender o mundo,
para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais abrangente a concepção
de mundo e de vida, mais intensamente se lê, numa espiral quase sem fim,
que pode e deve começa na escola, mas não pode (nem costuma) encerrar-se
nela‖ (LAJOLO, 2000, p. 07).
É importante ressaltar que a leitura literária ensina por si só, o professor
não deve usar o texto como pretexto para ensinar e doutrinar as crianças.
Como sabemos muitos alunos não gostam de ler ou sentem preguiça, mas
para que isso não aconteça o professor deve incentivar o hábito da leitura,
apresentando histórias condizentes com a realidade das crianças, pois a prá-
tica da leitura está cada vez mais pobre e restrita. Desse modo, tanto o pro-
fessor como os pais devem procurar textos que façam parte da realidade das
crianças, e que elas gostem, pois, o texto deve dá um sentido de mundo para
que o ―pequeno‖ leitor se identifique com a leitura. Conforme as concepções
de Lajolo (2000), o texto literário deve ser visto como uma fonte de prazer e
de sabedoria, pois ao mesmo tempo em que ele ensina também diverte; e a
leitura não deve esgotar seu poder de sedução nos estreitos círculos da esco-
la, mas deve fazer parte do cotidiano de crianças e jovens.
A leitura é de fundamental importância em todas as horas, visto que ela
não é só uma prática escolar, pois está presente em todos os lugares, princi-
palmente na sala de aula, desenvolvendo no leitor a capacidade de questio-
nar a realidade. Nesse sentido, através da leitura do texto literário as crianças
passam a refletir e a compreender melhor seus sentimentos, desenvolvendo a
capacidade de interpretar e entender o mundo. Isso acontece mediante a
interação entre professor e alunos, pois: ―[...] a literatura pode ser, para a
criança, um aspecto para a expansão do seu ser [...] ampliando o universo
mágico, transreal da criança para que esta se torne um adulto mais criativo,
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visto que hoje ela não pode ser vista como uma transmissora de conhecimen-
to, mas, como responsável por preparar os alunos para inserir-se na socieda-
de, e, assim, poderem atuar criticamente.
O estágio supervisionado possibilita aos profissionais docentes perceber
como acontece na prática o processo de ensino-aprendizagem, para que pos-
sa refletir e consequentemente tirar suas próprias conclusões sobre os fatos
observados. O estágio supervisionado pode dar subsídio de forma direta no
processo de formação dos professores visto que é dele, que o futuro profissi-
onal vive a ocasião oportuna de interação com a sua área de atuação, conse-
quentemente ele pode refletir sobre a sua prática, buscando assim, melhorias
em relação ao processo ensino-aprendizagem. Nessa ótica, o estágio supervi-
sionado é de suma importância durante toda a formação profissional como
futuros professores, pois é por meio desse que o docente vai poder observar
como é a realidade e relacioná-lo com todas as teorias vistas durante a gra-
duação, promovendo o contato direto com a prática.
Tardif (2002, p. 54) revela que: ―[...] os saberes experienciais não são sa-
beres como os demais; são, ao contrário, formados de todos os demais, mas
retraduzidos, ‗polidos‘ e submetidos às certezas construídas na prática e na
experiência‖. Ou seja, é através da prática que vai sendo aprimorada a me-
todologia de cada professor, a teoria não é suficiente para uma boa forma-
ção, o educador através de suas experiências vai desenvolvendo cada vez
mais o seu conhecimento, e melhorando a metodologia utilizada na sala de
aula. Dessa forma, podemos afirmar que o estágio supervisionado é o eixo
central na formação do professor, pois é através dele que o acadêmico vai
desenvolver conhecimentos através da prática reflexiva, que são essenciais
para a construção da identidade e dos saberes do cotidiano. Para tanto, tor-
na-se indispensável que o professor seja um pesquisador, buscando se aper-
feiçoar a cada dia mais, consciente das diferenças dos alunos, refletindo so-
bre a própria prática.
O estágio supervisionado em educação infantil foi desenvolvido na escola
Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Antônio Gomes, localizada em
Catolé do Rocha - PB. As atividades de observação tiveram início em 09
(nove) e término em 13 de abril de 2018, focalizada na observação do cotidi-
ano da sala de aula da educação infantil (pré I). Nesse momento, tivemos a
oportunidade de observar a caracterização da escola, investigando o contex-
to e o acompanhamento didático-pedagógico no exercício das atividades,
nos proporcionando uma visão geral do fazer pedagógico, e com isso pude-
mos desenvolver o projeto de intervenção.
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Dessa forma, a música como uma ferramenta pedagógica deve ser sem-
pre estimulada, pois é parte integrante da proposta curricular, sendo capaz
de expressar e comunicar sensações, sentimentos e pensamentos, auxiliando
em diversas atividades pedagógicas.
No primeiro dia de intervenção, após o momento de acolhida com as
músicas, foi feita a leitura expressiva do poema ―A casa‖ de Vinícius de
Moraes, que foi fixado na sala dentro de uma casa grande feita de papelão.
Em seguida uma rodinha de conversa com as crianças, momento em que
conversamos sobre o poema, e as criança destacaram que gostam de ouvir
poemas, e que a casa da qual o poema fala é diferente do que é a nossa casa,
que ela pode ser considerada engraçada porque não tem chão, não tem pare-
de etc.
É importante ressaltar que outros poemas foram lidos durante a interven-
ção, verificamos que após o intervalo as crianças ficavam muito agitadas e
para fazer com que elas se acalmem foi feita a leitura do poema ―Vaca ama-
rela‖ de Sérgio Caparelli, não chamamos as crianças para escutar o poema,
mas para brincar de ―Vaca amarela‖, e elas adoraram, ficavam mais calmas,
e todos os dias passaram a pedir para brincar de ―Vaca amarela‖. Uma série
de atividades envolvendo o poema ―A casa‖ de Vinícius de Moraes, foram
realizadas, atividades para completar a casa, ou seja, desenhar as partes que
estavam faltando, pintura envolvendo não só as partes da casa, mas a vogal
―A‖ presente no título do poema.
Outra música que marcou muito foi ―Meu coração é uma casinha‖ da
cantora Aline Barros. Verificamos que as crianças adoraram, pois não se
contentaram em cantar apenas uma vez cada música queriam repetir, e a
vontade delas foi feita. E quando as crianças foram indagadas acerca de
outras músicas que elas conheciam e que tinham como tema ―casa‖ elas
falaram a música ―Para entrar na casa do Zé‖, então, fizemos um quadrado
no centro da sala com fita adesiva para representar a casa do Zé, em seguida
cantamos e dançamos, fazendo tudo que fala a música, e foi um momento
muito divertido as crianças pediram bis.
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Considerações finais
O Estágio supervisionado é muito mais que o cumprimento de exigências
acadêmicas, pois o mesmo provoca uma interação entre: Universidade, esco-
la e comunidade. Nessa ótica, é relevante ressaltar que é a partir do estágio
que o discente vai refletir sobre o ofício de professor, visto que irá vivenciar e
refletir acerca das problemáticas existentes na educação, fazendo assim uma
reflexão crítica sobre a relação ensino-aprendizagem, teoria e prática.
O estágio supervisionado em Educação Infantil proporcionou uma refle-
xão em torno do papel do professor, além de ter contribuído significativa-
mente para a nossa formação profissional, e, sobretudo, para a postura críti-
ca-reflexiva acerca da importância de se trabalhar com a poesia na sala de
aula, com crianças, de forma lúdica, pois o poema é carregado de sensações
e emoções, e pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem, uma
vez que possibilita à criança imaginar, criar e recriar seu próprio universo.
Com isso, o projeto desenvolvido pode ser considerado uma experiência
de suma importância por inserir a poesia na sala de aula de educação infan-
til. As atividades realizadas, durante a intervenção, atenderam aos objetivos
propostos no projeto, pois a forma como ele foi colocado em prática estimu-
lou nas crianças o prazer por aprender brincando e o gosto pela poesia, de-
senvolvendo a imaginação, curiosidade, interesse e a criatividade.
Portanto, o estágio amplia o conhecimento do estagiário na compreensão
e análise crítica do fazer pedagógico na educação infantil. E, que o contato
da criança com a literatura infantil é de suma importância para a formação,
pois enriquece a fantasia e a imaginação dos ―pequenos‖ leitores, principal-
mente a poesia de Vinícius de Moraes, ao possibilitar o desenvolvimento de
atividades prazerosas, divertidas, abordando assuntos que contribuem para a
formação social das crianças.
Referências bibliográficas
111
PLURALIDADE DE SABERES
MORAES, Vinícius de. A casa. In: A arca de Noé: poemas infantis. São
Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 19.
112
PLURALIDADE DE SABERES
Herbertt Neves
Lílian Noemia T. M. Guimarães
Ricardo Rios Barreto Filho
Introdução
113
PLURALIDADE DE SABERES
114
PLURALIDADE DE SABERES
[...] o elemento que torna à forma linguística um signo não é sua identida-
de como sinal, mas sua mobilidade específica; da mesma forma que aquilo
que constitui a descodificação [compreensão] da forma linguística não é o
reconhecimento do sinal, mas a compreensão da palavra no seu sentido
particular, isto é, a apreensão da orientação que é conferida à palavra por
um contexto e uma situação precisos, uma orientação no sentido da evolu-
ção e não do imobilismo (BAKHTIN/VOLOCHÍNOV, 2006 [1929], p.
97).
115
PLURALIDADE DE SABERES
Por signo, o autor refere-se ao signo ideológico, ou seja, uma forma lin-
guística colocada dentro de uma orientação ideológica, marcada e represen-
tativa dentro do contexto sócio-histórico. Para Bakhtin/Volóchinov, a com-
preensão se dá necessariamente por meio da possibilidade de posicionar a
palavra (forma linguística) dentro do contexto de situação imediato e do
horizonte social mais amplo. A leitura, portanto, não é a simples decodifica-
ção das formas linguísticas em sentidos estáticos do dicionário, mas é verda-
deiramente um gesto discursivo. Ou seja, ela se constitui como um diálogo
existente entre leitor, autor, outros enunciados e outra vozes, não decifrando
códigos, mas produzindo sentidos variados.
Para os dois autores, a leitura é, com isso, um processo ativo de compre-
ensão. Orlandi (1996, p. 18), citando Pêcheux (1969), explica que a interpre-
tação é um gesto, ―ou seja, é uma ato no nível simbólico‖, e Bakh-
tin/Volóchinov (2006 [1929]) esclarecem algo semelhante quando advogam
que a compreensão ativa responsiva ocorre quando o interlocutor é capaz de
situar os elementos formais da língua dentro do contexto imediato de intera-
ção juntamente com o horizonte social mais amplo.
Neste trabalho, portanto, propomos um estudo dos gestos de leitura, que
não devem ser vistos como atividades passivas em que os sujeitos apenas
decodificam textos já acabados. Tais gestos, que envolvem a relação dos
sujeitos com os discursos, vão muito mais além do que o simples reconheci-
mento e a reprodução de informações estritamente textuais. Essa relação,
para a ADF, está intimamente ligada à noção de Formação Discursiva, que
seria: o ―conjunto de regras anônimas, históricas, sempre determinadas no
tempo e no espaço que definiram em uma época dada, e para uma área soci-
al, econômica, geográfica ou linguística dada, as condições de exercício da
função enunciativa‖ (FOUCAULT, [1969], p. 136).
Considerando um panorama dos estudos da linguagem, talvez a maior
contribuição da ADF tenha sido a relativização de como entendemos a au-
tonomia dos sujeitos sobre a língua. Os estudos da Pragmática linguística e
das Teorias da Comunicação normalmente levam a crer que os sujeitos po-
dem manipular a linguagem livre e conscientemente para que alcancem obje-
tivos individuais. Por outro lado, a ADF relativiza essa autonomia no mo-
mento em que percebe que os sujeitos estão necessariamente envolvidos em
Formações Discursivas (doravante FD), e, para eles, é impossível ler ou
produzir textos de fora dessas formações.
Sobre o conceito de FD, Indursky (2005) discute as diferenças entre as
concepções de Foucault e Pêcheux e defende a necessidade de manter o
termo considerando a heterogeneidade que lhe constitui. Parece-nos que
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PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
Para atingir esses objetivos, o currículo era elaborado a partir de uma lista
de tópicos em certa medida cristalizada, herdada das gramáticas greco-
latinas. Privilegiava-se o texto literário como modelo de ―boa língua‖. Tra-
vaglia (2009) aponta alguns argumentos para justificar essa visão de gramáti-
ca. Dentre eles, está a noção de que é esse ensino tradicional que fará o estu-
dante ascender socialmente, tendo contato com textos exemplares de nosso
idioma e situações formais de uso da língua.
Um segundo paradigma para ensino de gramática é o que foi chamado,
por vezes, de paradigma emergente, inovador, como oposição ao primeiro
paradigma, tradicional, conservador. Aqui, vamos preferir chamá-lo de pa-
radigma textual-discursivo, por acreditarmos não formarem esses dois para-
digmas uma relação estritamente dicotômica. Ele surge em meados da déca-
da de 1980, com a entrada do texto para o centro das atividades escolares em
língua materna, como nos indica Mendonça (2007):
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Considerações finais
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Referências bibliográficas
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Anexo I
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PLURALIDADE DE SABERES
Disponívelem:
http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2015/10/1692804-mercadante-
defende-mais-gramatica-no-curriculo-nacional-de-educacao.shtml. Acesso
em 13 out. 2020
127
PLURALIDADE DE SABERES
Anexo II
128
PLURALIDADE DE SABERES
Disponível em http://portuguescereja.editorasaraiva.com.br/a-falta-de-
clareza-na-proposta-de-gramatica-na-base-nacional-comum-curricular-
participe-da-discussao/. Acesso em 13 out 2020
129
PLURALIDADE DE SABERES
Anexo III
130
PLURALIDADE DE SABERES
Disponívelem:
https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/noticias/educacao-e-
cultura/artigo/1968/base-nacional-comum-em-discussao-a-lingua-
portuguesa. Acesso em 13 out 2020.
131
PLURALIDADE DE SABERES
Anexo IV
Disponível em http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-
estilo/educacao/noticia/2015/11/em-fase-de-discussao-base-nacional-
comum-curricular-enfrenta-criticas-4914482.html. Acesso em 13 out 2020.
132
PLURALIDADE DE SABERES
Introdução
O presente estudo é desenvolvido a partir de uma abordagem bibli-
ográfica, sobre os seguintes enfoques: recursos tecnológicos, metodologias
ativas e a inserção dos mesmos no processo de aprendizagem dos anos inici-
ais do ensino fundamental.
A revisão de Literatura possibilita o contato do estudante com situações
semelhantes já pesquisadas, bem como, conceitos já trabalhados ou mesmo
complementares de certos aspectos do estudo pretendido. Uma procura de
tais fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para que
não haja duplicação de esforços.
A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permi-
te salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou
reafirmar comportamentos e atitudes
Para isso, primeiramente é necessário entender o que o tema aborda, bem
como, entender os conceitos das metodologias ativas, quais os recursos tec-
nológicos possíveis para o uso nos anos iniciais e como aplicar a prática
pedagógica em sala de aula, para assim, realizar a produção textual.
Deste modo, o estudo tem como objetivo, conceituar metodologias ativas
e recursos tecnológicos; verificar quais são as metodologias ativas mais utili-
zadas; e verificar práticas pedagógicas para os anos iniciais do ensino fun-
damental.
As metodologias ativas são práticas pedagógicas, muito importante e tem
como objetivo mudar a relação entre professor e aluno, no qual o professor é
o mediador e o aluno o protagonista da aprendizagem, há diversas formas de
trabalhar as metodologias ativas, entre elas estão, ensino hibrido, sala de
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PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
Segundo Koch (2013), além da família, a escola tem um papel muito im-
portante na vida do indivíduo, e a maior parte do processo de aprendizagem
é adquirida na escola, tornando os alunos críticos e criativos, sendo assim, é
possível inserir os alunos nesse mundo cheio de possibilidades.
O professor é parte do processo educativo, ele é o líder, o qual vai medi-
ar, portanto, é relevante que os mesmos insiram as tecnologias nos seus pla-
nejamentos diário, a tecnologia digital nos permite um elo de comunicação
135
PLURALIDADE DE SABERES
Metodologias Ativas
Um grande debate que acontece principalmente em épocas de pandemia,
é o uso das metodologias no processo educacional, tendo em vista, que mui-
136
PLURALIDADE DE SABERES
tas escolas ainda utilizam do ensino tradicional, e que muitas não possuem
recursos inovadores e motivadores para a educação de seus alunos.
Os espaços escolares, devem estar abertos as mudanças e as novas possi-
bilidades das quais irão trazer melhoria para o ensino, e cabe aos educado-
res, levar propostas diferentes para os seus alunos, tais quais façam com que
os mesmos participem, atuem, tornem-se o sujeito da aprendizagem.
Sendo assim, as metodologias ativas, são estratégias de ensino, na qual
tem como objetivo inserir o aluno do centro do processo educativo, através
de, atividade interativas, solucionando problemas em sala de aula, deste
modo a partir do tema abordado, é possível interligar a teoria com a prática,
combinando um tempo e espaço para uso de tais recursos.
Para Moura (2007), as metodologias ativas são práticas pedagógicas, no
qual o aluno é o protagonista da atividade a ser realizada, o professor pode
realizar a parte teórica para sala de aula e junto dela uma atividade pratica
no qual o aluno será protagonista, essas atividades podem variar com brin-
cadeiras, jogos, atividades tecnológicas entre outras.
Sendo assim, para COHEN (2017), o ensino deve deixar de ser teorias
maçantes, e sim acontecer através da participação ativa do indivíduo, ouvir o
conteúdo não é o suficiente para absorve-lo, os conteúdos devem ser, lido,
explicado, compreendido, visto e acima de tudo discutido entre os alunos,
para então o desenvolvimento de uma prática do conteúdo.
Portanto, para a prática da metodologia ativa precisa-se muito da vonta-
de do professor, ele que deve organizar aulas com práticas pedagógicas, que
instiguem a criatividade, rendimento e desempenho do aluno.
Para Andrade e Haertel (2018), professores precisam utilizar metodologi-
as mais atrativas para suas aulas, para que os alunos se sintam motivados
com as aulas, necessita-se de aulas mais dinâmicas, sair do tradicional é
muito importante. Ainda para os autores ―a escola necessita passar por uma
reforma e traçar metas e novos caminhos visando um maior envolvimento
dos alunos por meio de metodologias ativas‖ (2018, p.1).
Diante ao exposto, é muito importante que o professor como mediador
trabalhe metodologias ativas com seus alunos no ensino fundamental-anos
iniciais, principalmente por ser uma etapa da qual a criança saiu do ensino
infantil com experiências lúdicas e está entrando mais na teoria, assim, as
aulas deixam de ser maçantes e passam a ser mais atrativas.
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PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
Masetto (2005), aponta que essa transformação depende de uma nova or-
ganização curricular, esta precisa ser aberta, atualizada, interdisciplinar e
promover a integração da teoria com a prática. O professor, neste novo pa-
radigma, precisa reconhecer-se, antes de tudo, professor e com papel de me-
diador pedagógico entre o conhecimento e seus alunos. A metodologia tam-
bém precisa ser transformada, visto que os objetivos da aula mudaram, vari-
adas técnicas que valorizem a participação ganham destaque.
Os docentes devem conhecer muito bem seus alunos. Tem que ter o cui-
dado de sempre observá-lo e perceber as suas dificuldades e pensar em uma
resposta educativa. A maneira que o professor conduz seu trabalho em sala
de aula tem uma grande influência no processo de ensino e aprendizagem,
pois ele desperta o desejo e o interesse do aluno ao tema trabalhado. É uma
de suas responsabilidades envolverem o discente nas atividades.
Nesta perspectiva, de formar com foco na aprendizagem, a formulação
de problemas relacionados com a realidade merece atenção. Maseto (2005),
considera que o ato de despertar o interesse para novas aprendizagens é faci-
litado quando essas aprendizagens possuem algum significado para o aluno.
139
PLURALIDADE DE SABERES
Portanto, a próxima sessão, trata-se dos exemplos e ações através das me-
todologias ativas e recursos tecnológicos no processo de ensino e aprendiza-
gem nos anos iniciais do ensino fundamental.
140
PLURALIDADE DE SABERES
Deste modo, o professor pode mesclar teoria com prática, através da ga-
mificação, os alunos por sua vez além de sentir-se motivado para as aulas,
aprenderão que a competição faz parte da aprendizagem e ganhar e perder
faz parte do jogo.
Portanto, como exemplo, a ser trabalhado em sala de aula, se traz uma
atividade lúdica, que vai instigar o raciocínio, bem como, levará um diferen-
cial para a sala de aula.
1º passo: Inicia-se a aula criando um jogo matemático, um tabuleiro de
avançar casas, o mesmo deve ser construído pelos alunos, o jogo terá como
objetivo, adquirir conhecimentos através de dinâmicas, nas quais motivam
os alunos a participar ativamente das aulas.
2º passo: A turma deve ser dividida em três grupos, onde os alunos mon-
tarão o jogo em um papel pardo, cabe a eles, pintar, desenhar, criar, posteri-
ormente os mesmos grupos criarão problemas matemáticos para aplicar aos
outros grupos.
3º passo: Aplicar o jogo, envolvendo a turma toda, uns como participante
do jogo, outros como aplicador das perguntas. Desta forma os alunos utiliza-
rão da criatividade e o conhecimento através da prática.
Há diversos jogos que podem ser inseridos como gamificação no processo
de aprendizado, no qual o professor pode inserir o uso do celular em sala de
aula, O kahoot! É um jogo em forma que quizz ―O app possui um formato
parecido com jogos de quizzes, em que as questões corretas valem pontos. É
possível responder testes de conhecimentos gerais criados pela comunidade
ou produzir perguntas específicas sobre um assunto para compartilhar com
os seus amigos‖ (BEGGIORA, 2019, p.1)
O próximo conceito, é a metodologia através do ensino híbrido, que se
trata da educação presencial e online, uma mistura dos dois, teste modo o
estudante terá a experiência na escola e de forma online, ou seja, o professor
pode disponibilizar ao aluno atividades antecedentes, como uma leitura para
ser realizada antes da aula, ou um jogo e atividade para depois da aula.
Para Machado, Lupepso e Jungbluth (2015), a modalidade ensino hibrido
é uma combinação do dentro e do fora de sala de aula, bem como um modo
de trazer as tecnologias para o processo de aprendizagem, muito parecido
com o ensino semipresencial.
Os autores Machado, Lupepso e Jungbluth (2015, p. 10), trazem três
princípios para a educação hibrida:
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PLURALIDADE DE SABERES
Ainda para Neta e Capuchinho (2017), utilizar o ensino hibrido nas esco-
las é muito importante, pois, possibilita a transformação do processo educa-
cional, deixa o tradicional de lado e insere um novo processo de ensino onde
o aluno será o protagonista da aprendizagem, e de forma autônoma, partici-
pará de tudo o que se é proposto, formando pensamentos críticos e constru-
tivos para ligar com a vida real.
Diante ao exposto, há algumas formas de trabalhar com o ensino hibrido,
dentre elas, estão os seguintes modelos: Rotação por Estações; Laboratório
Rotacional; Sala de Aula Invertida. Os autores Bacich, Tanzi Neto e Trevi-
sani (2015, p. 43), trazem os conceitos abaixo sobre a temática.
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Considerações finais
Após finalizar a pesquisa bibliográfica, foi possível perceber o quanto a
metodologia ativa é fundamental para o processo de ensino e aprendizagem
nos anos iniciais.
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Referências bibliográficas
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146
PLURALIDADE DE SABERES
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<https://www.scielo.br/pdf/csc/v13s2/v13s2a18.pdf> Acesso em 20 de
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https://www.scielo.br/pdf/rbef/v41n4/1806-9126-RBEF-41-4-
e20180309.pdf> Acesso em 21 de setembro de 2020.
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Gisele Massola
Beatriz C. Heimann
Iniciando a conversa...
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PLURALIDADE DE SABERES
5
Em Dezembro de 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS), foi alertada acerca da inci-
dência de casos de pneumonia na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, posterior-
mente, mapeando um vírus no mesmo momento em que identificou-se que estava disseminado
em diferentes países tendo sido declarado Emergência de Saúde Pública de Importância Inter-
nacional (ESPII). Tal decisão tem entre seus efeitos a coordenação, a cooperação e a solidarie-
dade global para interromper sua propagação. Dentre muitas das estratégias adotadas para
conter o avanço do vírus, durante o ano de 2020, especificamente no Brasil, as atividades pre-
senciais escolares, em seus mais amplos e distintos níveis foram suspensas em todo o território
nacional por tempo indeterminando. Maiores informações em:
https://www.saude.gov.br/boletins-epidemiologicos.
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PLURALIDADE DE SABERES
6
Destacam-se as alterações previstas e contidas na Medida Provisória nº 934/2020. Disponível
em: http://portal.mec.gov.br/.
7
Cabe referir que uma versão preliminar deste artigo foi apresentada, em forma de pôster, no 3º
Congresso RCI/EAD Internacional – 17º Workshop NPT, – evento anual realizado pela Rede de
Cooperação Interinstitucional de EaD (RCI EaD), formada pelas instituições: Universidade de
São Paulo (USP), Centro Universitário Barão de Mauá, Claretiano – Centro Universitário e
Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP) – edição promovida em Agosto de 2020. Disponí-
vel em: https://rciead.com.br/.
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PLURALIDADE DE SABERES
do final das coisas, mas estudar como a própria fala funciona constituindo, e
não supostamente representando, reduplicando, espelhando, este real.
Hall (1997) afirma que a ―virada linguística‖ marca o entendimento de
que ―o significado não surge das coisas em si – a ‗realidade‘ – mas a partir
dos jogos de linguagem e dos sistemas de classificação nos quais as coisas
são inseridas‖ (p. 29). Nas palavras de Veiga-Neto (2002, p. 31) ―os enuncia-
dos fazem mais do que uma representação do mundo; eles produzem o
mundo. Desse modo, faz sentido pensar em um conjunto de práticas discur-
sivas que contribuem para identificar, classificar, categorizar, estabelecer
regras, posicionar objetos, sujeitos, acontecimentos em uma determinada
cultura. De acordo com Silveira (2002 p. 20) a linguagem ―é marcada pelas
contingências pragmáticas, pelas práticas que a criam e recriam continua-
mente‖. Desse modo, devemos pensar que os sentidos das coisas não são
estáveis, nem definitivos, mas que são constituídos em práticas cotidianas,
nas quais se disputam significados diversos.
Aproximando tais reflexões das análises que compomos neste artigo, é
possível identificar um conjunto de estratégias de representação que consti-
tuem de determinadas maneiras – não de outras – os sujeitos (neste caso os
estudantes) e as práticas direcionadas a eles. Estas representações colaboram
para posicionar sujeitos e para ensinar-lhes determinadas condutadas desejá-
veis. Neste estudo, faz sentido pensar sobre os discursos veiculados por ins-
tâncias governamentais e educacionais e estabelecem certos enlaces entre uso
de tecnologias, inclusão digital e autonomia.
O entendimento de linguagem está na base do conceito de representação.
Para Hall (1997, p. 16) ―a representação é a produção de significados que se
dá através da linguagem‖. Na sequência, o mesmo autor reitera que ―o signi-
ficado não está no objeto, nem na pessoa, nem na coisa, nem mesmo na pa-
lavra. Somos nós que estabelecemos o significado de forma tão determinada
que, em seguida, vem a parecer natural e inevitável‖. (Idem, p. 21, grifos do
autor). A representação envolve, então práticas de significação, forjando elos
entre as coisas/pessoas/eventos, os conceitos que formulamos e que mudam
continuamente e os signos utilizados para tornar comunicáveis estes concei-
tos e que também não são fixos, nem estáveis. Dentro dos apontamentos
destacados por Hall (1997), as análises devem considerar a forma como as
representações se produzem e colaboram para definir como devem ser refle-
tidas, praticadas e estudadas certas coisas. E devem considerar ainda o modo
como as representações ligam-se ao saber e ao poder e, desse modo, regulam
condutos, constituem identidades, definem a forma como essas identidades
são representadas.
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Tal percepção nos ajuda a tencionar o olhar para os processos que envol-
vem as formas de educar e ensinar os sujeitos não estando restritos aos pro-
cessos que acontecem exclusivamente dentro dos ambientes escolares. Ou
seja, essas formas de aprendizados definidas alguns autores como ―pedago-
gias culturais‖ postulam que diferentes instâncias da cultura contemporânea
(sejam elas instituições ou dispositivos culturais) procedem a subjetivações,
destacando determinadas formas de ser sujeito a partir de representações
culturais. De modo geral, as análises empreendidas aqui assumem uma
abordagem contemporânea na qual o entendimento de pedagogia deixar de
ser restrito à educação escolarizada para invadir os mais diversos espaços da
vida privada e pública. Camozzato (2014) problematiza as transformações
procedidas no conceito de pedagogia, na sua articulação com as transforma-
ções culturais, apontando como têm sido importantes para a pluralização do
conceito e a ampliação dos espaços de atuação tidos como educativos. É a
pedagogia, segundo a pesquisadora (ibid.), que procura responder as exigên-
cias que se colocam para os sujeitos em determinados tempos e espaços de
passarem por processos constantes de atualização ―para conectar-se às exi-
gências e necessidades contemporâneas (ibid). Logo, a pedagogia pode ser
pensada, conforme apontam Camozzato e Costa (2013), como uma arte que
inventa e modela os sujeitos.
Nessa mesma direção, na perspectiva dos Estudos Culturais, o conceito
de pedagogias culturais tem sido considerado ferramenta importante para
pensar os processos educativos que ocorrem para além dos muros da escola.
É por meio dessa ferramenta teórica que se torna possível estabelecer víncu-
los entre os mais diversos artefatos pedagógicos dispersos pela sociedade.
Isso implica pensar em como as pedagogias funcionam, como elas operam,
quais são seus traços e que tipos de sujeitos são interpelados por elas e se
constituem a partir de suas relações. Dessa forma, passa-se a conceber as
pedagogias culturais como ―pedagogias da vida‖, uma vez que os processos
educativos estão dispersos por todo o tecido, em um processo que provoca os
sujeitos em todos os níveis e ambientes da vida.
Para as análises que estamos desenvolvendo acerca da peça publicitária
elaborada pelo MEC para divulgação do ENEM interessa-nos aqui registrar,
descrever e considerar os usos das estratégias de linguagem e recursos visuais
que, de forma bastante contundente, demonstram um papel expressivo na
produção e veiculação de significados que, por sua vez, estão na base da
constituição dos sujeitos, de identidades grupais e individuais. Além disso,
de constituir discursos, neste caso, de ser ―jovem, estudante e estar engaja-
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A versão na íntegra pode ser acessada em: https://www.youtube.com/watch?v=apufjiGlIY0.
Acesso em maio de 2020.
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Diante das fortes manifestações contrárias a permanência do calendário e data inicial prevista
para a aplicação, ainda no mês de Junho de 2020, o MEC anunciou formalmente o adiamento
da aplicação do exame. Além disso, promoveu uma enquete entre os inscritos promovida pelo
Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (Inep), com a indicação de três opções de datas para realização, sendo elas:
dezembro de 2020; janeiro de 2021 e maio de 2021. Ao todo foram obtidas 1.113.350 participa-
ções, entre os participantes que responderam à enquete, 553.033 optaram por realizar o Enem
em maio, 49,7% do total de respostas; 35,3% optaram por janeiro, com 392.902 votos; e 15,0%
escolheram dezembro, 167.415 conforme informações divulgadas através do site do MEC.
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A versão completa pode ser acessada em:
https://www.youtube.com/watch?v=mUUmnAyNBvI. Acesso em junho de 2020.
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produção de relações do ―sujeito individual com ele mesmo que seja homó-
loga à relação do capital com ele mesmo ou, mais precisamente, uma relação
do sujeito com ele mesmo como um ‗capital humano‘ que deve crescer inde-
finidamente” (FOUCAULT, 2008, p. 31), ou seja, passa a configurar-se co-
mo uma preocupação para a existência como um todo, em todos os campos.
Acentuando um valor que deve valorizar-se cada vez mais. Nessa perspecti-
va, o cuidado de si é uma atitude frente à vida, um gesto que deve ser contí-
nuo.
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Referências bibliográficas
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de pesquisa. In: COSTA, Marisa Vorraber; BUJES, Maria Isabel E. (Orgs.)
Caminhos Investigativos III: riscos e possibilidades de pesquisar nas fron-
teiras. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
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Introdução
A Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
(Unilab), universidade irmã da Universidade Federal da Integração Latino-
Americana (Unila), nascida em 2010, tem vivenciado o processo de interio-
rização no Maciço de Baturité, interior do Ceará, e de São Francisco do
Conde, interior da Bahia.
A implementação dessa universidade federal há 10 anos possibilitou tam-
bém, dentre muitas outras demandas, por meio do seu braço de extensão,
formar professores e professoras dos municípios das regiões em que foi fun-
dada, mas também das cidades que as circundam. A formação de professores
como ações do ensino e da extensão universitária não é uma tarefa menor do
que a pesquisa. Uma medida da relevância da extensão universitária pode
ser dimensionada pela criação da Lei n o 10.861, de 14 de abril de 2004, res-
ponsável pelo Sinaes - Sistema Nacional de Avaliação de Educação Superi-
or – que, em seu Artigo 3, inclui entre seus objetivos, ―identificar o seu perfil
e o significado de sua atuação, por meio de suas atividades, cursos, pro-
gramas, projetos e setores, considerando as diferentes dimensões institu-
cionais‖ (BRASIL/ Lei 10.861, 2004), considerando, dentre outros aspectos
―II - a política para o ensino, a pesquisa, a pós-graduação, a extensão [...]‖
No Brasil, são as pró-reitorias de extensão que vão dar outra configura-
ção de relação do saber produzido na academia com a comunidade com a
qual se relaciona. Como descrevem Andrade-Duvernoy e Régnier (2012).
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Foto 1 – Primeiro minicurso da I EELU (2019), com a profa. Maria Eduarda Peixoto
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Fonte: Material criado pela assessoria de comunicação da Unilab (imagem 1) e pelo grupo de
extensão (imagem 2)
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pois a liberdade de pensar e escolher os caminhos teóricos que vão ser usa-
dos em sala é também uma escolha individual dos professores, mas precisa
passar pela construção coletiva do espaço onde atua.
Como suporte teórico e para o desenvolvimento do projeto, o embasamos
com os pressupostos de Paulo Freire (1967; 1987; 1992; 2000), quanto no-
ções de extensão universitária (GADOTTI, 2017) e também sobre a impor-
tância da formação continuada (WENGZYNSKI; TOZETTO, 2012), estas
referências foram imprescindíveis para que o projeto se pautasse e se constru-
ísse em um formato de ensino horizontal possibilitando que os alunos(as)
pudessem ter a oportunidade de continuar com seus estudos acadêmicos.
A experiencia de desierarquizar o espaço do projeto, trazendo outras vo-
zes - além de professores(as) – para o palco foi uma tarefa desafiadora, mas
prazerosa. Tivemos a presença de professores como Guilherme Veiga Rios e
a estudante de graduação Daniele Silva.
Fonte: Material criado pela assessoria de comunicação da Unilab (imagem 2) e pelo grupo de
extensão (imagem 1)
Foram essas mudanças que trouxeram a professora Suele Alves para pró-
ximo do projeto, de modo a possibilitar a criação de uma outra escola: Esco-
la de Estudos em Linguagem e Sociedade (EELES). Assim, a partir de 2021,
o curso de Letras - Língua Portuguesa da Unilab poderá dispor de duas esco-
las de formação continuada: a primeira voltada especificamente para os es-
tudos em linguística, coordenada pela professora Suele Alves, e a segunda
pautada no diálogo entre linguagem e sociedade, coordenada pela professora
Ana Paula Rabelo.
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Resultados e discussão
A extensão universitária assume um dos três pilares que constrói as
instituições de ensino superior (ensino, pesquisa e extensão) e ainda assume um
papel transformador:
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Gráfico 3 – Formação dos inscritos no webseminário ―Diálogos sobre Clarice‖, com o Prof.
Paulo Germano Albuquerque
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Considerações finais
Apesar de todas as mudanças ocorridas com a metodologia do projeto, o
resultado foi positivo, uma vez que conseguimos, além de apresentar o proje-
to para um grande público interno e externo, também conseguimos incenti-
var professores a participarem de atividades acadêmicas. Esse retorno do
professor da educação básica à universidade, mesmo que seja ainda muito
inicial, é fundamental para uma relação dialógica entres dois grandes espa-
ços de produção de saberes. O espaço teórico e ao mesmo tempo de forma-
ção de novos profissionais que entrarão em sala de aula e o espaço em que os
profissionais formados ainda sentem a necessidade de beber em conteúdos
pelos quais passaram muitas vezes sem o aprofundamento devido.
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Financiamento e agradecimentos
O presente projeto foi aprovado com o número de processo 06305/2020,
referente ao edital PIBEAC 2020-LÍNGUAS E COMUNICAÇÃO (Pro-
grama de Bolsa de Extensão, Arte e Cultura) e teve como bolsistas a aluna
Daniele dos Santos Silva (bolsista) e o estudante Jonas Vieira do Nascimento
(bolsista voluntário). Agradecemos à Capes pelo incentivo ao desenvolvi-
mento de ações de extensão.
Referências bibliográficas
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http://www.unilab.edu.br/pro-reitoria-de-extensao-arte-e-cultura/
Acesso em: 16/maio/2018.
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Camila Baldissera
Ângelo Brignol de Oliveira Thomazi
Valdete Alves Valentins dos Santos Filha
Introdução
A Constituição Federal de 1988 apresenta em seu texto uma visão ampli-
ada do conceito de saúde traçado pela Reforma Sanitária, que anteriormente
era fundamentada pela teoria da determinação social do processo saúde-
doença (BRASIL, 1988; AMARAL; PONTES; SILVA, 2014). Com vistas a
ajustar-se nas novas perspectivas, fazia-se necessário que tal conceito fosse
difundido a fim de que fosse incorporado nos serviços de saúde e na forma-
ção profissional.
A Educação Popular em Saúde (EPS), é um processo que constrói o co-
nhecimento em saúde e preza pela apropriação da temática por parte da
população, valorizando a teoria a partir da prática e não a teoria sobre a
prática. A mesma envolve o profissional da saúde e a comunidade, distanci-
ando-se de práticas verticais e leva em consideração o conhecimento popular
aliado ao científico (FALKENBERG et al., 2014).
As campanhas de conscientização é um recurso de EPS utilizado no
mundo todo, e devem englobar atividades sistematizadas que envolvam a
comunidade e a população acadêmica na elaboração e organização do co-
nhecimento, para que juntas pensem de forma autônoma em saúde, com o
objetivo de favorecer a responsabilização consciente por si e pela coletivida-
de.
Como exemplo de campanha de conscientização, feito por pessoas para
as pessoas, por meio do envolvimento da comunidade geral e a científica,
citamos o International Noise Awareness Day (INAD), Dia Internacional de
Conscientização sobre o Ruído, que visa fortalecer a saúde geral e especial-
mente a auditiva por meio da conscientização da população brasileira sobre
o ruído e seus efeitos. Isso inclui conscientização sobre os efeitos do ruído na
saúde, na qualidade de vida, no meio ambiente, bem como a conscientização
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Conclusão
A EPS envolve os processos de informação, de comunicação e de partici-
pação popular nas práticas educacionais, sob uma visão coletiva de ensino.
Além disso, vai além de uma perspectiva apenas educativa, pois reconhece
as possibilidades dos indivíduos se refazerem a partir do conhecimento cons-
truído.
Sabendo dos efeitos deletérios do ruído do ser humano, percebe-se a ne-
cessidade de que haja ações de conscientização sobre a exposição indiscri-
minada ao ruído, ao exemplo da EPS e ações extensionistas. O Programa de
Extensão da UFSM, que compreende as ações realizadas anualmente duran-
te a semana do INAD, atua como um crescente processo de capacitação da
população do município de Santa Maria. Propõe que a saúde seja feita de
modo democrático, através da participação dos sujeitos na construção do
conhecimento em saúde e da aproximação da população com a comunidade
científica.
Agradecimentos
Agradecemos à Comissão Organizadora do Dia Internacional de Consci-
entização sobre o Ruído e a todos que já participaram ou contribuíram de
alguma forma com o andamento do Programa de Extensão ―O ruído nosso
de cada dia: Fonoaudiologia e interdisciplinaridade na construção do conhe-
cimento científico-cultural e na promoção da saúde‖.
Referências bibliográficas
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Introdução
Por que devemos desenvolver uma análise que busque observar as repre-
sentações da mulher afro-americana no romance Voltar para casa (2016), da
autora norte-americana Toni Morrison (1931 – 2019)? Compreendemos que
a importância de analisar a obra em questão está, em particular, no fato de
que Morrison parece estar comprometida com a representação e a condição
das mulheres afro-americanas nos Estados Unidos. O romance a ser analisa-
do narra histórias de um contexto criado pela autora, que apresenta um pas-
sado de povos que estiveram historicamente à margem da cultura norte-
americana.
Em Voltar para casa, o personagem Frank Money volta da Guerra da Co-
reia e passa a viver em conflito com suas perturbações interiores causadas
por essa guerra: encontra-se perturbado por ter sido um sobrevivente e pelas
atos terríveis que cometeu. Ao defrontar-se com um país racista, o persona-
gem reluta em voltar para sua cidade natal na Georgia, onde deixou sua irmã
mais nova, Ycidra. Já Ci, como essa personagem fica conhecida na obra,
sobreviveu por anos diante das dificuldades causadas pela ausência do ir-
mão, numa sociedade machista e opressora. Nesses caminhos tortuosos do
romance, encontramos os irmãos e, com o retorno de Frank, podemos com-
preender o peso do regresso da guerra em sua vida e a dura vida de uma
mulher negra numa sociedade misógina e racista.
A análise da obra de Toni Morrison enfoca a representação da mulher
afro-americana, inserida, no romance, numa sociedade machista, na obra
Voltar para casa. As obras da autora norte-americana ficcionalizam as rela-
ções raciais nos Estados Unidos e questionam os apagamentos da violência
dos registros históricos e como esses fatos devem ser cada vez mais debati-
dos. Morrison nos leva a compreender que o passado resultou numa narrati-
va complexa, que trata as histórias de seus personagens a partir de suas mar-
cas traumáticas, as quais são impostas a esses indivíduos pelo (a) desti-
no/condição histórica. Apesar de a narrativa ter como foco a vida de Frank
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Toni Morrison
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Nos anos 1890, um novo sistema de subordinação racial nasceu nos Esta-
dos Unidos a partir do Sul ex-escravista. Nessa região do país, os negros
acabaram perdendo o direito de voto, entre outros direitos conquistados, e
foram socialmente segregados. Negros e brancos não podiam mais ―se mis-
turar‖ ou conviver nos espaços públicos. Escolas, serviços públicos e lojas
reservavam aos negros instalações separadas, assinaladas por placas bem
visíveis afixadas em locais como bebedouros, salas de espera, restaurantes e
ônibus, diferenciando ―pessoas de cor‖ e ―brancos‖. Negros também não
podiam frequentar diversos parques e praias ou ser atendidos em vários
hospitais. A terrível situação dos negros no Sul, com o aval das autoridades
locais e leis específicas, foi reforçada pela violência dos linchamentos. Para
manter a supremacia branca, racistas, frequentemente com a colaboração
da polícia e políticos, espancavam, enforcavam ou queimavam os negros
suspeitos de crimes, os ―atrevidos‖ ou os que tinham de algum modo, pro-
testado contra a opressão. Entre 1889 e 1903, na média, dois negros eram
linchados por semana nos estados do Sul. (KARNAL, 2007, p. 181).
O crescimento deste país nos séculos XVI, XVII e XVIII, à custa do traba-
lho escravo, é complicado e excepcional. Excecional pela duração e pela
natureza escravagista; complexo pela relação intricada com o desenvolvi-
mento cultural, econômico e intelectual da nação. É isso que deve ser lem-
brado. (MORRISON, 2020, p. 108).
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Spivak afirma que o sujeito europeu de construir o Outro como sendo o marginal ao etnocen-
trismo e o localiza como send o problema de todos os esforços logocêntricos. Por conseguinte,
também de todos os gramatológicos: ―[...] Não é um problema geral, mas um problema europeu‖
(SPIVAK, 2010, p. 82).
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A literatura tem local privilegiado, uma vez que pode contar e recontar
narrativas das minorias sejam quais forem esses grupos e as ações e condi-
ções às quais eles estão expostos. Toni Morrison, por meio de sua escrita,
narra histórias de vidas cujo protagonismo e cujas vivências lhes foram ne-
gados. Os processos de conscientização e elucidação são absolutamente
necessários para criar entendimentos que nos mostrem a rebelião do povo
negro contra sua posição subjugada.
Mulheres e raça
Inserir questões de gênero na narrativa é uma atitude política que, apa-
rentemente, privilegia o feminino. No entanto, narrar essas histórias que
focalizam as personagens femininas não necessariamente é constitutivo de
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O vínculo dos índios americanos com a terra, com as religiões locais e com
a natureza sobreviveu à perseguição devido principalmente à luta das mu-
lheres, proporcionando uma fonte de resistência anticolonial e anticapita-
lista durante mais de quinhentos anos. Isso é extremamente importante pa-
ra nos no momento em que assistimos a um novo assalto aos recursos e às
formas de existência das populações indígenas. Devemos repensar a ma-
neira como os conquistadores se esforçaram para dominar aqueles a quem
colonizavam, e repensar também o que permitiu aos povos originários sub-
verter este plano e, contra a destruição de seu universo social e físico, criar
uma nova realidade histórica. (FEDERICI, 2017, p. 382).
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Os antônimos ―antirracista‖ e ―antirracismo‖ foram cunhados nas décadas de 1930 e 1950,
respectivamente, para manifestar o protesto político contra os preconceitos, a discriminação e a
segregação raciais (BETHECONCOURT, 2018).
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Os termos ―racistas‖ e ―racismo‖ foram criados recentemente, no final do século XIX início
do XX, para designar aqueles que promoviam a teoria racial combinada à hierarquia de raças. A
divisão da humanidade em grupos de descendência que supostamente partilhariam os mesmos
traços físicos e mentais foi reduzida para se enquadrar em contextos políticos específicos, com
tais grupos dispostos numa relação de superioridade e inferioridade (BETHENCOURT, 2018,
p. 28).
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A obra narra a vida de dois irmãos que vivem numa jornada para retor-
nar ao lar, porém a difícil batalha por sobrevivência que os dois irmãos en-
frentam torna uma tarefa que poderia ser simples em uma ação muito mais
complicada, no sentido de que voltar para casa também é mexer em coisas
do passado, enterradas há muito tempo.
Voltar para casa enfoca Frank Money, um veterano de guerra afro-
americano que exibe sintomas claros de estresse pós-traumático e que precisa
retornar à sua cidade natal na Geórgia para salvar sua irmã mais nova, Yci-
dra – ou apenas Ci. Um ano depois de ter sido dispensado do exército, Frank
é levado a uma existência desorientada e quase vazia em Seattle, torturada
por horríveis flashbacks e alucinações de suas experiências na Coréia. Em
seguida, ele recebe uma carta de um amigo de sua irmã dizendo-lhe: ―Venha
depressa. Ela vai morrer se você demorar‖ (MORRISON, 2016, p. 12). No-
tamos, então, sua profunda responsabilidade em relação à irmã, que agora é
sua única família. Entretanto, a jornada de Frank pelo país está longe de ser
o tipo de ―experiência de reconexão‖, uma vez que ele precisa se recuperar
dos vários traumas que carrega consigo.
No caso de Frank Money, logo se percebe que ele foi vítima de algumas
experiências odiosas na infância, choques de guerra e humilhações raciais
que ele reprimiu há muito tempo e que produzem esse tipo de brecha em sua
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mente. Diante disso, Frank precisa resgatar sua irmã e acalmar muitos de
seus próprios demônios até o final da jornada:
O Exército não o trataria tão mal. Não era culpa deles que ele pirasse de
vez em quando. Na verdade, os médicos da dispensa tinham sido solícitos,
bondosos, disseram que a loucura ia acabar passando. Eles sabiam tudo a
respeito do que tinham acontecido, mas garantiram que ia passar.
(MORRISON, 2016, p. 21).
Voltando a Ycidra, vemos que ela sobrevive ao marido. Ainda com me-
nos de 15 anos, ela se casou e foi embora com ele. No entanto, Prince, o
esposo, a abandonou. Além disso, ela precisou encarar a cidade com dois
empregos (primeiro no Bobby‘s; em um restaurante e posteriormente com
Dr. Beau; em seu consultório) que não a pagaram bem. A personagem Yci-
dra teve uma jornada complicada: ―Quando Prince a deixou por sua própria
conta, Ci alugou um quarto mais barato numa rua sossegada, um quarto
com facilidades de cozinha e de uso de uma banheira‖ (MORRISON, 2016,
p. 47). Desse modo, a irmã de Frank Money ficou com marcas profundas
por causa das situações difíceis que teve de enfrentar.
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Maltratada desde cedo por sua avó Lenore, cuja opinião era importante
para os pais de Ci, Luther e Ida, ela foi rotulada como ―filha da sarjeta‖, pois
Lenore acreditava que:
Mulheres decentes, ela dizia, davam a luz em casa, numa cama, assistidas
por boas mulheres cristãs que sabiam o que fazer. Embora só mulheres de
rua, prostitutas, fossem para hospitais quando ficavam grávidas, pelo me-
nos tinha um teto sobre a cabeça quando chegava o bebê. Nascer na rua –
ou na sarjeta, como ela sempre dizia – era prelúdio de uma vida pecamino-
sa, imprestável. (MORRISON, 2016, p. 42).
Chega de gente que eu não salvei. Chega de ficar olhando gente próxima
de mim morrer. Chega. E a minha irmã não. De jeito nenhum. Ela foi a
primeira pessoa por quem eu me responsabilizei. La no fundo dela vivia o
meu retrato secreto de mim mesmo – um eu forte e bom atrelado à lem-
brança daqueles cavalos e do enterro de um estranho. Protegendo ela, pro-
curando uma saída daquela grama alta pra longe daquele lugar, sem medo
de nada – nem de cobras nem de velhos malucos. Eu me pergunto sem ter
conseguido isso foi a semente enterrada de todo o resto. No meu coração
de menino pequeno, eu me senti heroico e sabia que se descobrissem a gen-
te ou tocassem nela, eu matava eles. (MORRISON, 2016, p. 97-98).
Olhe para você. Você é livre. Nada nem ninguém é obrigado a te salvar, só
você mesma. Plante a sua própria terra. Você é moça e mulher e as duas
coisas têm serias limitações, mas você é uma pessoa também. Não deixe a
Lenore ou um namoradinho qualquer e com toda certeza nenhum médico
do mal resolver quem você é. Isso é escravidão. Em algum lugar aí dentro
de você está essa pessoa livre que estou falando. Encontre ela e deixe ela
fazer algum bem nesse mundo. (MORRISON, 2016, p. 116- 117).
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PLURALIDADE DE SABERES
A menina não tinha jeito e precisava ser corrigida a cada minuto. As circuns-
tâncias de seu nascimento não preconizavam nada de bom‖ (MORRISON,
2016, p. 82). Ci ainda vive um efêmero e abusivo relacionamento com Prin-
cipal (ou Prince) e tem seu corpo usado pelo Dr. Beau, como mencionamos
anteriormente.
Esse sistema de exploração é executado por qualquer pessoa que acredite
ter o direito de exercer poder sobre o outro, principalmente se tratando de um
outro que historicamente já é violentado e hostilizado. Porém, é importante
observamos que a narrativa de Ycidra Money vai além de seus traumas e de
seu irmão protetor. Ci começa a trilhar um novo caminho, no qual necessita
viver uma nova jornada em que só ela pode decidir por si, após ter se curado
com a ajuda de Miss Ethel e das outras mulheres de Lotus (mulheres do
campo que adoravam humilhar a transformam). Acerca disso, observamos o
seguinte trecho: ―as mulheres tratavam a doença como se fosse uma afronta,
um invasor arrogante e ilegal que tinha de apanhar. Não perdiam seu tempo
nem o do paciente com compaixão e enfrentavam as lágrimas do sofredor
com resignado desdém‖ (MORRISON, 2016, p. 112). No tocante a seu ir-
mão, ele passou por dias difíceis à espera de boas notícias sobre a recupera-
ção de sua irmã amada, mas, ao decorrer de sua melhora, Frank começou a
notar uma nova Ycidra:
Essa Ci não era a menina que tremia ao menor contato com a maldade do
mundo real. Nem aquela que ainda com menos de quinze anos fugiu com
o primeiro rapaz que pediu. E ela não era a ajudante que acreditava que o
que acontecessem com ela enquanto estava drogada era uma boa ideia, boa
porque o jaleco branco tinha dito que era. Frank não sabia o que ocorrera
durante aquelas semanas na casa de Miss Ethel, a irmã cercada por mulhe-
res com olhos que já viram de tudo. A baixa expectativa que tinham do
mundo estava sempre visível. A devoção delas a Jesus e uma à outra as di-
recionava e posicionava muito acima do que a vida lhes dera. Entregavam
para ele uma Ci que nunca mais ia precisar da mãe dele tapando seus olhos
ou de seus braços para silenciar seus ossos murmurantes. (MORRISON,
2016, p. 118).
Ela se questiona sobre sua própria vida e sobre como os resultados de su-
as vivências a levaram a seu limiar. Miss Ethel lhe disse: ―seu útero não vai
nunca gerar‖ (MORRISON, 2016, p 118), então Ycidra Money não sabia o
que sentir diante de tudo pelo que ela vinha passando. Não sentia raiva do
médico, mas sabia que se sentia enganada e ansiosa em razão de agradar a
quem aparentemente lhe parecia ser uma boa pessoa. Ci punha a culpa de
sua ingenuidade na falta de estudos. No entanto, ela pensa melhor nisso
quando se lembra daquelas mulheres de Lotus que a curaram:
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Considerações finais
Diante de nossos estudos, compreendemos que o caminhar da persona-
gem Ycidra foi marcado por inúmeras dificuldades e traumas causados por
grupos que permearam sua vida. A sociedade, por muito tempo, insistiu em
reservar lugar de descaso e silêncio às mulheres – quando tratamos de mu-
lheres negras, esses espaços são ainda mais restritos.
Nessa pesquisa, podemos notar o quão importante foi Toni Morrison e as
construções de suas personagens para literatura afro-americana. A literatura
da autora referida nos mostra uma necessidade de destacar a realidade do
povo negro, tradicionalmente omitido da história oficial, com o objetivo de
ler algo que ainda não havia sido escrito e que foi disseminado negativamen-
te pela supremacia branca.
Os estudos de formação de sujeitos se dão por sua formação histórica,
cultural e por seu gênero, que, em nosso trabalho, já vimos serem essenciais,
de modo que nos possibilite rever a personalidade e ofertar subsídios a partir
dos quais se possa desenvolver uma representação social que viabilize a
construção de uma mulher consciente e capaz de vencer barreiras impostas
pela vida e pela sociedade.
Uma reconstrução do papel da mulher se dá graças aos estudos de gêne-
ro, que quebram os padrões impostos pela masculinidade frágil e autoritária,
auxiliando as mulheres a assumirem novos papéis nos espaços sociais, visto
que é necessário reconstruir novos paradigmas e novos conceitos, de acordo
com as necessidades de cada indivíduo. Logo, nossa análise se baseou na
busca das características que identificassem o espaço, a representação e as
ações da personagem Ycidra Money.
Segundo Zinani (2013), no modernismo, o indivíduo se aprofunda na
multidão, tornando-se um ser sem identidade, anônimo, alienado. Esses
processos ocasionam uma quebra entre sujeitos e identidade. Já no pós-
modernismo, com o descentramento do sujeito através do estabelecimento
de múltiplas identidades de classe, sexualidade, etnia e raça, é interessante
identificar como a construção de gênero vem sendo traçada e como as mu-
lheres tem sido estudadas, para, então, compreendermos a construção da
personagem Ycidra em sua narrativa e identificar quais aspectos caracteriza-
ram sua subalternização enquanto esposa, neta e funcionaria de um médico
que pratica métodos abusivos. A dominação patriarcal se legitima na tradi-
ção de dominação histórica que demarca os ordenamentos dos homens e a
obediência das mulheres. Sendo assim, o poder masculino se firma na ideia
de que essa dominação é um direito próprio do dominador e que se exerce
em seus direitos.
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Referências bibliográficas
215
PLURALIDADE DE SABERES
HOOKS, Bell. Black looks: race and representation. Boston: South End
Press, 1992.
_____. A origem dos outros: seis ensaios sobre racismo e literatura. Trad.
Fernanda Abreu. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
_____. Voltar para casa. Trad. José Rubens Siqueira. São Paulo: Compa-
nhia das Letras, 2016.
216
PLURALIDADE DE SABERES
https://www.rug.nl/research/portal/files/15007548/1712_8377_1_PB.pdf.
Acesso em: 10/03/2020.
217
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A Análise
A Análise do Discurso (AD) surge na França nos anos 60 com Pêcheux,
já no Brasil data dos anos 80 com Eni Orlandi. Pêcheux propõe um estudo
do discurso num espaço em que estão presentes a ideologia e o sujeito, ou
seja, um rompimento completo com as concepções e os métodos de investi-
gar o fenômeno da linguagem como fato isolado.
em sua primeira época constituiu-se como lugar de debate teórico sobre a
leitura, com o intuito de construir um dispositivo científico que produzisse
leituras não subjetivas. A proposta era de transformação da prática teórica
nas ciências humanas, defendida por um grupo de pesquisadores militantes
ou próximos do Partido Comunista Francês à época, confrontando o discur-
so positivista em uma proposta de luta teórica contra a ideologia dominante
na prática científica. Os debates fundantes acerca da leitura e das relações
entre prática teórica e prática política nos princípios da Análise de Discurso
na França e nos desenvolvimentos da Análise de Discurso no Brasil não
cessam, ainda atualmente, de produzir efeitos (NOGUEIRA; CESTARI, no
prelo).
O discurso produz sentidos atrelados ao contexto sócio-histórico e tem re-
lações com os ―já-ditos‖ ativados pelo sujeito a partir de sua imaginária ins-
crição em uma formação discursiva (FD). O sujeito, interpelado pela ideolo-
gia e pela história, produz seu dizer imaginando um sentido. No entanto,
esse sujeito não tem como determinar o sentido, pois o sentido é produzido
na relação entre os interlocutores. Tanto o sujeito quanto o sentido se consti-
tuem na e pela linguagem (ORLANDI, 2012a).
Essa reflexão se mostra especialmente importante quando pensamos as
relações raciais no Brasil. Uma construção sócio-histórica de caráter com-
plexo que silenciou em grande medida o debate acerca das desigualdades
raciais, levando a uma naturalização da situação (SILVA, 2012). Essa cons-
trução se iniciou com a escravidão e se alterou, ou melhor, adaptou-se ao
longo da história do país.
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quências de olhares dos negros veja que enquanto o olhar do homem negro
se fixa a frente,mas com um certo conformismo diante da situação imposta
pelas mulheres brancas, por trás da imagem do negro há a imagem de duas
mulheres negras para o horizonte, como uma maneira de ausentar-se da cena
por parecer da ordem do inevitável tal acontecimento.
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Relação do discurso pedagógico com outro discurso.
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Considerações provisórias
A história do negro no Brasil desde o século XIX até o XXI período re-
cortado para nossa análise, é a mesma que ele carrega como herança desde a
escravidão, recheada de preconceitos, explorações e discriminiações e de
onde passaram a ter valor de mercadoria, a partir disto, assume papel de
sujeito social, mesmo sem serem reconhecidos seus direitos na luta de classe.
Não obstante as diferenças, entre as novas teorias sobre o racismo, co-
mum a todas elas, é a afirmação de que as novas expressões do racismo no
século XXI são (na maioria das vezes) disfarçadas e indiretas. Caracterizam-
se pela intenção de não ferir a norma da igualdade e de não ameaçar o auto-
conceito de pessoa igualitária dos atores sociais. Não se quer significar com
isto que as formas mais tradicionais e abertas de racismo, típicas das relações
racializadas dos séculos XVIII, XIX e início do XX, deixaram de existir ou
perderam em importância. Portanto enquanto mulher negra, mãe, doutoran-
da, servidora pública e empresária pontuo meu lugar de fala a partir de uma
posição sujeito que negra e como pertencente a um grupo que foi inferioriza-
do durante muito tempo se engaja nos movimentos de luta reivindicando
sempre meu lugar de fala.
Os dispositivos teórico-analíticos da AD podem especializar os modos de
leitura de materialidades discursivas silenciasdas/invisibilizadas sócio-
histórciamente na hegemonia do discurso de escrita eurocêntrico. Trabalhar
com o corpo negro como materialidade discursiva se constitui, portanto, um
desafio teórico e também uma posição política que está implicada na posição
sujeito analista, que que essa empreitada, essa luta possa contagiar a todos
que sentem na pele a dor e a angustia da discriminação de serem negros,
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porque a história lhe reservou a culpa como marca contra tudo aquilo que
caracteriza o feio, deforme e negativo.
Referências bibliográficas
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Introdução
“Como no tempo de Sepé, seguimos enfrentando com as armas dos novos exércitos:
a canetas e papel”15.
15
Trecho extraído do documento final do 10º Encontro Sepé Tiaraju, que ocorreu entre os dias
5 e 8 de fevereiro de 2016 em São Gabriel /RS Os Encontros Sepé Tiaraju têm ocorrido anual-
mente há mais de uma década e conta com a presença de grupos indígenas Guarani e Kaingang
de diversas regiões. Sepé Tiaraju foi/é um personagem histórico/mítico tanto aos povos Guara-
ni, quanto aos ―gaúchos‖, representativo de lutas políticas contra os Impérios coloniais. As
ideias de que ―a caneta e o papel‖ são ―armas‖ de um novo tipo de guerra podem ser observadas
em muitos discursos e situações (políticas) e são reproduzidas por grande parte das etnias indí-
genas do país.
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Questionado sobre a questão indígena no país e no Estado, o pré-candidato ao Senado e atual
senador pelo estado do Rio Grande do Sul, Lasier Martins, opinou: ―os índios precisam se
tornar profissionais respeitados. Quantos índios no Brasil e particularmente no Rio Grande do
Sul deixaram de ser índios e são hoje profissionais respeitados e qualificados? Tem que comba-
ter a miséria em que vivem os índios‖. Ideias como estas são exemplos da grande parte das
―aceitações‖ ao fenômeno PIES por parte de forças que poderiam ser consideradas anti-
indígenas.
17
Grande parte desta cautela se dá pelas posições críticas da área da antropologia aos sistemas
de educação e de conhecimentos científicos (e políticos) de matrizes ocidentalizadas (o que
inclusive tem levado a antropologia a uma constante autocrítica). Quando aplicados aos contex-
tos de interação entre sociedade nacional e populações indígenas, estas críticas tendem a ser
ainda mais intensificadas. Contudo, diante da posição de muitos grupos indígenas de reinvindi-
cações por escolas e acesso às universidades, os antropólogos têm, na maioria das vezes, assu-
mido uma posição de apoio a estas causas, embora, ao mesmo tempo, carregados de cautela
crítica em relação a estes processos.
235
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Análise desenvolvida por Lopes da Silva (2001) revelou uma lacuna entre o
desenvolvimento intensivo de pesquisas sobre povos indígenas das últimas
décadas com foco nos temas de parentesco, cosmologia, corporeidade e ri-
tual, que foi capaz de produzir refinadas análises sobre as especificidades
sociocosmológicas das populações estudadas e significativos avanços teóri-
cos, de um lado, e, de outro, os estudos sobre experiências concretas de
educação indígena, os quais geralmente discutem questões práticas e ime-
diatas voltadas à educação bilíngue e ao ensino diferenciado, mas não in-
corporam os temas desenvolvidos pelas outras pesquisas. Esta lacuna entre
os trabalhos teóricos sobre povos indígenas (suas histórias, cosmologias ri-
tuais, organização social) e aqueles sobre escolas indígenas (suas práticas
pedagógicas, uso de línguas nativas) é também fruto do silêncio da etnolo-
gia nacional a respeito de questões educativas (TASSINARI, 2008; p.219-
220).
Não seria insensato supor que esta é uma das políticas indígenas mais di-
fundidas, ao lado do direito à terra, por razões diversas, e de modos diver-
sos, a maior parte das populações indígenas no Brasil tem demandado es-
colas e em diversos lugares é hoje impossível ―levantar uma aldeia‖ sem
que se garanta para ela uma escola. Sendo assim, a implementação e for-
mulação de escolas nas terras indígenas e para o público indígena têm im-
pacto econômico – geração de renda e criação de postos de trabalho - polí-
ticos - aspectos cruciais e da chefia e da liderança indígena atual, pauta na
agenda dos direitos indígenas em nível nacional, debate sobre a representa-
tividade em mecanismos de controle social, cargos no estado – mas, tam-
bém, culturais (COHN, 2014, p. 314).
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18
Esta pesquisa, ao compreender que grande parte das lutas e movimentações indígenas e de
seus aliados relaciona-se a uma percepção ―política‖ deste processo, busca se alinhar a perspec-
tiva de uma antropologia da política. Dito isso, ressalto que algumas ideias gerais expostas pela
antropóloga Karina Kuschnir me servem de exemplo de como um olhar antropológico da políti-
ca pode ser pensado e desenvolvido nas análises deste artigo: ―A abordagem da política pela
antropologia pode ser definida de uma forma simples: explicar como os atores sociais compreen-
dem e experimentam a política, isto é, como significam os objetos e as práticas relacionadas ao
mundo da política. A compreensão de grupos específicos, em circunstâncias particulares, leva a
comparações e diálogos com a literatura sobre contextos sociais mais amplos. Embora aparen-
temente simples, trata-se de uma proposta complexa de ser executada e que implica pelo menos
dois pressupostos. O primeiro, de que a sociedade é heterogênea, formada por redes sociais que
sustentam e possibilitam múltiplas percepções da realidade. O segundo, de que o “mundo da
política” não é um dado a priori, mas precisa ser investigado e definido a partir das formulações
e dos comportamentos de atores sociais e de contextos particulares (KUSCHNIR, 2007, p.163).”
237
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19
Tomo emprestado dos filósofos Pignarre e Stengers (2005) a ideia de ―alternativas infernais‖.
Sendo assim, compreendo que estas duas variantes de possibilidades de existências indígenas
que resumo como alternativas entre a integração assimilacionistas (terem que deixar de ser
indígenas) e a conservação isolacionista (terem que provar discursiva, performaticamente e
geograficamente que são ―índios‖) se colocam como espécies de duas únicas alternativas (infer-
nais) ―que capturam as potências de agir, de imaginar, de existir e de lutar (STENGERS,
PIGNARRE, 2005)‖.
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Como se dão estas presenças? Como elas são pensadas, repensadas e res-
significadas pelos índios? E pelos brancos? Para os ―índios‖, muitas vezes,
―viver nas duas culturas sem deixar de ser índios” é tanto algo a ser construído por
meio deste processo, quanto um alerta dado aos estudantes, aos guerreiros
desbravadores que passam por estas (trans)formações. Talvez os principais
temas que venha pautando as discussões sobre as PIES, entre os índios ou
entre os brancos, são aqueles relacionados às desistências, dificuldades de
permanências, conclusões dos cursos. Suas colocações no mercado de traba-
lho e com isso, também, seus ―retornos‖ (retornos físico, de bens e/ou políti-
co) para as aldeias/culturas.
Diante da observação e análise destas situações e comparando estas di-
nâmicas entre as licenciaturas interculturais (e outros cursos específicos) e as
experiências dos indígenas que enfrentam os desafios (―individuais‖) de um
curso regular, percebo que o perigo (virtual ou real) de deixar de ser índio se
encontra muito mais na perda das conexões com os seus pares (ou parentes)
do que no distanciamento do local (as aldeias) em que estes, em maioria, se
encontram.
Ser (e não deixar de ser) índio é uma tarefa coletiva e “viver nas duas cultu-
ras” através das Presenças nas Universidades requer um esforço em conjunto.
O ―duplo pertencimento” (AMARAL, 2010), pertencimentos acadêmico e étnico-
comunitário, que possibilita a tarefa de permanecer e se formar em um curso
acadêmico, parecem ser facilitados quando estes desejos e batalhas são trilha-
dos coletivamente.
Na maioria das experiências de programas de inclusão em cursos regula-
res, estes indígenas acadêmicos têm ingressado de forma solitária em um
curso e uma turma, visto que, em cada um dos cursos, apenas uma vaga é
oferecida a cada ano. Enquanto nas licenciaturas interculturais percebe-se
um aproveitamento nos tempos de formação e no número de alunos que
chegam a se formar e que, muitas vezes, superam até outros cursos das uni-
versidades, em relação àqueles indígenas espalhados (e separados) por cursos
distintos que tende a ter um resultado muitas vezes frustrante20.
Contudo, estas dificuldades têm sido enfrentadas e superadas a cada ano
quando percebemos que estes estudantes isolados em seus cursos começam,
cada vez mais, a se unirem e ocuparem espaços nos ambientes acadêmicos.
Tanto os seus rendimentos em seus cursos melhoram, quanto o ―retorno‖ à
20
Em verdade, muito pouco se sabe sobre as trajetórias dos ―desistentes‖ pra que possam ser
enquadradas como fracassos ou frustrantes. Acredito que uma avalição mais interessante sobre
estas desistências necessitaria de um maior tempo e uma comparação entre as avaliações indivi-
duais e coletivas destas experiências e suas repercussões.
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Referências bibliográficas
BERGAMASCHI, Maria Aparecida. Por que querem e por que não querem
escola os guarani? In: Tellus, ano 4, n.7, out. 2004
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Catarina (2008-2011). In: Jocélio Teles dos Santos. (Org.). O Impacto das
Cotas nas Universidades Brasileiras (2004-2012). 1ed.Salvador: Centro de
Estudos Afro-Orientais, 2013, v. 1, p. 203-240.
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atingido pelos sentidos, mas somente pelo intelecto). A partir daqui a reali-
dade não representa apenas um objeto da nossa experiência, ela se configura
também como objeto atingido pela nossa ação investigativa, como resultado
da aplicação do nosso pensamento reflexivo, crítico e curioso, ―conscientiza-
ção‖ e práxis. O objeto cognoscível (passível de se tornar conhecido) passa a
ser conhecido e o sujeito cognoscente (que buscava o conhecimento) parra a
ser cognoscedor-transformador, aquele que, percebendo a realidade apreen-
deu sua essência e nela interveio transformando-a.
Isso sugere que só atingimos a conscientização quando ultrapassamos a
espontaneidade na apreensão da realidade e atingimos a esfera crítico-
racional na qual a realidade se apresenta como fenômeno a ser conhecido
que se torna conhecido na sua essência e o homem sai da postura ingênua
para a crítica, reflexiva e investigativa na busca por conhecer. Só assim é
possível passar da realidade natural pare a humano-social. A Esse respeito
Kosik afirma que:
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truam o em que vivem, para não se verem submersos nas águas turvas da
obscuridade.
Viver no mundo exige saber comportar-se nele como consumidor e como
produtor. Saber comportar-se nele demanda tomar o conhecimento como
produto e como processo. Desse modo, conhecer a dinâmica do mundo é
pré-requisito para viver e conviver sob os princípios dessa mesma dinâmica,
tirando proveito para o bem viver, mas também contribuindo para isto.
Dadas a dimensão e a complexidade das constantes transformações, as-
sim como a velocidade com que as mudanças ocorrem no mundo pós-
moderno, pode-se sugerir que conhecer e entender o mundo em sua totalida-
de não é, foi ou será privilégio de ninguém. Entretanto, é possível entendê-lo
o suficiente para nos sustentarmos dentro dos padrões da sociedade do nosso
tempo ou, se formos menos acomodados, ascendermos intelectual, pessoal,
social e espiritualmente.
É muito relevante saber ver o mundo sob os mais diversos ângulos e das
mais diversas maneiras. Uma mesma imagem pode ser capturada por diver-
sos instrumentos e sob vários ângulos. Quem capta uma imagem usando
uma máquina fotográfica ou com uma filmadora, embora possa escolher o
ângulo, não poderá colocar suas impressões na imagem capturada e só pode-
rá captá-la sob um único ângulo de cada vez. Diferente e, quando num am-
biente como o cenário do Big Brother Brasil, de um estádio de futebol ou
qualquer cenário de programas televisionados, onde dezenas de câmeras são
colocadas estrategicamente para captar as imagens sob os mais diversos ân-
gulos, possibilitando assim uma análise mais detalhada, sob os mais diversos
focos e posições, o que nos permite tirar conclusões hipoteticamente mais
seguras. Entretanto, tais imagens, a exemplo daquelas captadas com a câme-
ra fotográfica também não sofrem a interferência do sujeito que as capta, elas
simplesmente são flagradas na forma como se apresentam às lentes das câ-
meras.
Agora, imaginemos um artista plástico pintando as mesmas imagens, uti-
lizando-se dos mais variados instrumentos, ferramentas e tecnologias: a tela,
as tintas, os lápis, cantas, pinceis e, a mais importante de todas as tecnologi-
as, a sua imaginação, sua visão de mundo. Aqui temos uma grande diferen-
ça: a vida que damos à imagem que pintamos; a possibilidade da interferên-
cia, da não passividade, da não reificação do homem, da não limitação; a
possibilidade de criar e recriar, renovar e inovar, criticar, etc. é assim que
precisamos lançar nosso olhar sobre o mundo: com criticidade, criatividade e
possibilidade de transformação.
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Esta maneira de capturar, olhar e ver o mundo não anula outras, a exem-
plo da fotografia e da imagem filmada sob os diversos ângulos porque elas
não são excludentes entre si, apenas as tecnologias utilizadas dão dinâmicas
diferentes para uma mesma imagem, ou seja, os instrumentos utilizados para
captura-las é que foram determinantes para o dinamismo ou estática. Na
fotografia, a imagem estática apresentada na revelação não era a mesma que
passava na imaginação do fotógrafo, a imagem do seu pensamento era di-
nâmica, tinha movimentos, formas e cores as mais diversas. Do mesmo mo-
do, as imagens capturadas pelas lentes da filmadora sob diversos ângulos
também se tornam estáticas no sentido de que são aquilo que apresentam e
representam naquele instante às lentes, mas, na verdade, são dinâmicas na
pensamento de quem as capturou, são multiformes e transcendem à visão
ótica. Já o quadro do pintor, apesar de parecer uniforme e estático para
quem o observa, avalia e valora sua dimensão material é, na verdade, para o
artista multiforme, multicolorido, dinâmico e multivalorativo porque sua é
transcendental por natureza em função das qualidades do pensamento refle-
xivo, crítico, criativo e criador do seu autor.
Outra forma metafórica de compreender a visão de mundo é pensando na
situação de uma pessoa que entrando numa ótica inicia sua escolha pelo
melhor óculos, aquele que poderá lhe propiciar a melhor qualidade de visão,
sem causar irritação aos olhos, ou que possa desencadear uma dor de cabeça
ou outro desconforto. O dono da ótica, com toda sua experiência e atenção
ao seu cliente em potencial, retirar um modelo do expositor e mostra dizen-
do: este vai ficar muito bonito em você. A pessoa põe no rosto, se olha aten-
tamente no espelho, arruma de um jeito e de outro, avalia e chega à conclu-
são de que não é o ideal, e assim experimenta muitos outros óculos até en-
contrar aquele que procurava para enxergar melhor o mundo.
Com base nessas metáforas é que fazemos é que sugerimos uma proposta
epistemológica para capturar, ver, compreender, interpretar e agir transfor-
madoramente sobre o mundo. Propomos uma saída da metáfora para entrar
um pouco na filosofia da ciência sempre considerando duas colocações fun-
damentais de Rubem Alves (2005). Primeira: Antes de mais nada é necessá-
rio acabar com o mito de que o cientista é uma pessoa que pensa melhor do
que as outras (p. 10). Segunda: ―A aprendizagem da ciência é um processo
de desenvolvimento progressivo do senso comum. Só podemos ensinar e
aprender partindo do senso comum de que o aprendiz dispõe‖ (p. 12). Pri-
meiro é preciso se livrar do mito de que algumas pessoas (cientistas, filóso-
fos, etc.) pensam sempre melhor outras. Depois é importante encarar a
aprendizagem como processo de aprofundamento que deve levar em consi-
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No seu livro ―Avaliação da aprendizagem na escola‖ Luckesi (2005, p. 60) diz: Por Pedagogia
Construtiva estamos compreendendo uma concepção que leve em consideração o ser humano
como ser em movimento, em construção. Essa denominação não depende de um autor específi-
co, mas de todos aqueles que, de alguma forma, compreendem o ser humano como um ser que
se constrói a partir de suas heranças e de suas interações com o meio social, econômico, cultu-
ral, filosófico e religioso.
22
Luckesi (2005, p. 61) explica: Por compreensão metafísica, estamos compreendendo uma com-
preensão estabelecida a priori de forma abstrata. A filosofia tradicional aristotélica-tomista
constitui-se em uma típica compreensão metafísica do ser humano, na medida em que não leva
e conta a facticidade cotidiana, mas sim alguns aspectos básicos prévios, a partir dos quais
interpreta a vida. Estamos entendendo conceitos metafísicos, neste texto, como conceitos abstra-
tos, a priori, que valem para todos, independente do tempo e do espaço.
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Aqui, o ser humano não é estudado metafisicamente, mas sim na sua ―ma-
terialidade‖ fenomenológica. Então, é possível observar que o ser humano,
a cada momento, é, simultaneamente, ele mesmo e ―outro‖. Ele é, na me-
dida em que preserva sua identidade, mas é ―outro‖ na medida em que se
modifica permanentemente, constituindo-se a si mesmo no espaço e no
tempo. (LUCKESI, 2005, p. 65).
23
Tomando aqui a ―materialidade‖ na perspectiva de Luckesi (2005, p. 65), como a vida diária
com suas manifestações, por oposição a uma compreensão metafísica. O cotidiano não é linear,
mas complexo e contraditório em suas nuanças.
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até então fechadas e descobrem novas trilhas. A questão não é saber uma
solução já dada, mas ser capaz de aprender maneiras novas de sobreviver
(ALVES, 2005, p. 20).
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Fonte: o autor/2020
Fonte: o autor/2020.
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Referências bibliográficas
______. Educação e Mudança. – 12ª ed. - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
(versão digital).
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Introdução
Este artigo tem por objetivo desenvolver ideias e aproximar o debate
acerca da dimensão ético política na formação profissional em Serviço Soci-
al. O tema surgiu e ganhou corpo a partir das inquietações desta pesquisado-
ra, com estudos e problematizações que surgiram junto ao Grupo de Estudos
e Pesquisa sobre Trabalho, Formação e Sociabilidade (GETFS) bem como
das indagações em sala de aula com os estudantes do curso de serviço social.
Explorar o tema da dimensão ético política no Serviço Social nos parece
um tanto quanto ‗batido‘, porém sem sombra de dúvidas ainda esta muito
aquém do que entendemos ou nos apropriamos desta dimensão na formação
profissional, como também dos caminhos que este debate vem trilhando na
contemporaneidade, na perspectiva da emancipação dos sujeitos, dos direi-
tos humanos e de uma nova ordem societária na perspectiva da construção
dos direitos e da participação, ―[...] numa relação à entre emancipação polí-
tica e a emancipação humana‖. (MAYER & SOUZA, 2013, p. 201)
Nesta linha, nos apoiamos em Iamamoto (2014) quando coloca a dife-
rença da dimensão política da formação profissional com o papel do partido
político. A sutileza desta diferença nos permite superar práticas imediatistas,
manipulatória e da militância no trabalho profissional. Ressalta a autora que
―a dimensão política da profissão não se confunde com o partido político – trata-se de
uma categoria cravejada por diferenças sociais e ideológicas – e muito menos
com as relações de poder entre governo e governantes [...]” (IAMAMOTO, 2014, p.
229 – grifo do original)
Assim, este trabalho terá como desdobramentos de analise as dimensões
da formação profissional, com direcionamento centrado na dimensão políti-
ca, permeada pela dimensão da ética e suas análises. A construção metodo-
lógica partiu de uma pesquisa teórica com base em publicações já estudadas
e consolidadas pelo Serviço Social e a pesquisa empírica, de cunho qualitati-
vo composta por um roteiro de questões semiestruturada, onde tinha-se co-
mo objetivo, saber se a formação em Serviço Social vem influenciado o inte-
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na vida política como um todo aumentou após o início do curso, por entender que
todos somos sujeitos políticos e sujeitos de direitos e atrás da política e suas relações é
que se faz uma sociedade mais justa, e com perspectivas diferentes em questão de visão
de mundo e de vida”.
A partir da formação no curso de Serviço Social percebe-se um entendi-
mento de que política não se restringe simplesmente a partidos ou cargos
políticos do executivo e legislativo, ou ―com política publica de governo ou
de Estado e nem o Serviço Social se confunde com assistência social, ainda
que esta possa ser uma das mediações persistentes da justificativa histórica
da existência da profissão‖ (IAMAMOTO, 2014, p. 611), mas também sujei-
tos políticos, como sujeitos de direito e de participação.
Outro respondente nos coloca que: “Ativamente não participo, mas o curso
está me ajudando a entender melhor como as coisas funcionam na política, e por isso
tenho me interessado mais, não acredito mais naquela frase "política e religião não se
discutem" se discutem sim, principalmente política”. A tendência do debate tanto
da política como da religião, estão na maioria das vezes, delegado ao senso
comum, ao pré-julgamento e juízo de valor do que está posto sem aprofunda
o debate, apoiando-se na mídia de massa, nas redes sociais e fakenews que
muitas vezes manipula, induz a certos comportamentos e forma de pensar
hegemonicamente a realidade.
A perspectiva da participação, categoria central para o Serviço Social,
também é permeada pela questão da política, criticidade e da forma como
vemos e concebemos o mundo. Desta forma, segundo um participante da
pesquisa coloca que, “O curso amplia a visão de criticidade sobre a nossa sociedade;
a forma como vivemos, nos comportamos, e consequentemente, o que reproduzimos. O
interesse pela política surge nesse sentido de compreensão e participação da sociedade”.
O entendimento nesta fala se expressa no espaço do coletivo, nas pala-
vras de Miguel (2018, p. 181) ―o trânsito da voz individual para a voz coleti-
va‖. Esse esforço exige avançar do individual, sem negar a individualidade,
para buscar o que conecta com a coletividade, um com outros.
De acordo com Reis (2004) três dimensões articuladas entre si, materiali-
zam e corporificam o projeto ético-político, de acordo com o estudo em cur-
so: a) a dimensão da produção de conhecimentos do Serviço Social e que
apresenta como parâmetro a afinidade com as tendências teórico-críticas do
pensamento social; b) a dimensão político-organizativa da categoria, o lócus
em que se assentam os fóruns de deliberação, as entidades representativas da
profissão (o conjunto CFESS/CRESS Conselho Federal e Regionais de Ser-
viço Social) a ABEPSS e as demais associações político-profissionais, além
do movimento estudantil e pela Executiva Nacional de Estudantes de Servi-
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Conclusão
O Serviço Social vivência e é permeado pelas relações do cotidiano pro-
fissional, pelas alterações e significações históricas da realidade do seu tempo
histórico. Sendo assim, o presente trabalho, costurou breves discussões acer-
ca da dimensão ético política na formação acadêmica em Serviço Social,
considerando que as aproximações ao tema possibilitaram reflexões ao pro-
posto, porém com várias nuances a serem consideradas a fim de avançar na
materialidade e nas reflexões do proposto.
No decorrer desta pesquisa, podemos observar que trata-se de uma temá-
tica que avançou na produção cientifica do serviço social, porém ainda preci-
sa avançar na pesquisa e na materialidade ‗na‘ e ‗pela‘ categoria profissional,
na formação profissional ainda se apresenta um ―vácuo‖ que urge por pes-
quisas e análises trazendo para o centro do debate a questão da dimensão
política na formação profissional.
A formação profissional no Serviço Social está em constante movimento
e modificações, como tudo que tem e faz história, porém o grande desafio
que se coloca é de construirmos propostas e buscarmos respostas às deman-
das que são colocadas tendo por direcionamento, o projeto ético político na
formação profissional. Sendo assim, o projeto ético-político constitui-se não
como uma impossibilidade, mas como um desafio cotidiano, pois ―[...] o que
se apresenta como obstáculo é apenas a casca do impossível, que encobre as
possibilidades de os homens construírem sua própria história‖
(IAMAMOTO, 2014, p. 208).
Dar voz e publicizar o que aponta o estudante de Serviço Social em rela-
ção a sua percepção e apreensão sobre formação e política, orienta o debate
para o compromisso com a formação e permite contribuir com esse processo,
na medida que mantivermos o compromisso com o debate e posicionamento
crítico da luta mais ampla com a classe trabalhadora.
Por fim, afirmamos que a discussão da dimensão ético política na forma-
ção profissional do assistente social, é um elemento que contribui para a
compreensão e propulsão em ações que direcionem e favoreça essa compre-
ensão na histórica.
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Referências bibliográficas
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REIS, Marcelo Braz Moraes dos. Notas sobre o Projeto Ético Político do
Serviço Social. Coletânea de Leis – CRESS 6ª Região – MG, 2004, p. 455-
465. http://www.funorte.com.br/files/servico-social/29.pdf Acessado em
30.10.2020
281
PLURALIDADE DE SABERES
Introdução
Nos últimos anos, a democracia sofreu inúmeras crises devido ao desgas-
te de seus sistema por meio da ascensão de políticos simpatizantes ao fascis-
mo. Em vista disso, o artigo tem como investigação conceituar os movimen-
tos que derrubaram os governos democráticos no processo histórico, conco-
mitantemente, trazer esses parâmetros para entender a nova onda fascista
que cresce não apenas nos Estados Unidos e na Europa, mas na América
Latina, especificamente no Brasil. Em contrapartida, considerar a necessida-
de de uma educação politizada para a conscientização da população, para
assim, impedir que o fascismo se estabeleça de uma vez.
Desse modo, a crise política estava latente desde a reabertura demo-
crática brasileira, mas ressurgiu com as manifestações de 2013, fortaleceu-se
no impeachment em 2016 e se consolidou com a eleição de um representante
político com afeições ditatoriais. Essa nova perspectiva tem várias explica-
ções: além do fisiologismo nítido que se expressa entre deputados e senado-
res que faz os cidadãos perderem a confiança no sistema político; há uma
classe média apoia candidatos autocráticos com a finalidade de impedir o
crescimento social da classe trabalhadora; além do fundamentalismo religio-
so que cada vez mais atua na política e nas decisões nacionais; e as redes
sociais que permitiram que demagogos e extremistas ganhassem voz e pu-
dessem ser ouvidos por milhares de internautas através da difusão de
fakenews e teoria da conspiração.
Seguindo esse raciocínio, o artigo se divide em três principais premissas
bibliográficas: primeiro, procura entender as características que definem o
fascismo no decorrer da história e como elas podem ser usadas para identifi-
car possíveis políticos autoritários atualmente; segundo, e mais restrito aos
recentes eventos do Brasil, mostrar os movimentos políticos de vieses fascis-
tas que tentam controlar e denigrir a educação emancipadora por notícias
falsas, pela lei ―Escola Sem Partido‖ e pela implementação de escolas milita-
res, para normalizar a padronização e a restrição da liberdade de pensamen-
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PLURALIDADE DE SABERES
to; e terceiro, perceber que a educação é uma das principais ferramentas para
impedir o avanço do autoritarismo por meio de um ensino libertador, politi-
zado, emancipador, e, acima de tudo, não neutro perante as barbáries que
ocorrem no país.
Mesmo diante de toda a análise, entender o novo panorama brasileiro é
uma questão complexa. Requer uma leitura constante, já que essa nova direi-
ta conservadora e extremista tem várias correntes que se aliaram e se opuse-
ram desde as manifestações que levaram à queda da presidente Dilma Rous-
self. Naquela época, os movimentos que encheram as ruas eram justificados
por luta por direitos e contra a corrupção, todavia o distanciamento histórico
mostrou que essas reivindicações escondiam uma classe média soberba que
preferiu apoiar uma elite que a desprezava do que a classe trabalhadora que
subia de status desde a era Lula. Além disso, o conservadorismo vinculado
ao fundamentalismo religioso se fortaleceu com a eleição de Jair Bolsonaro,
juntamente com a rede de fakenews que o ajudou a se eleger.
Desta forma, omitir-se diante do fascismo é uma forma de legitimá-lo.
Então é nesse sentido que toda a classe docente progressista deve unir forças
contra esse mal que ressurge representando o ódio e preconceito, simultane-
amente, ataca grupos de classes, de gênero e de cor, além de oprimir povos
ancestrais como quilombos e indígenas por meio da flexibilização de leis
ambientais e desmonte de políticas sociais que garante suas dignidades. Em
vista disso, mais do que nunca, necessita-se de uma educação enquanto ato
político para contornar essa realidade.
Conceituando o fascismo
Vários autores de diferentes áreas estudaram o fascismo ao longo da his-
tória da humanidade e tentaram definir cientificamente o conceito. Para
Harari (2018, p. 257–258), por exemplo, a explicação se enquadra na ideia
do forte sentimento que ―a nação é suprema, e que as pessoas não deveriam
acreditar em nenhuma narrativa a não ser a nacionalista, e não deveriam ter
nenhuma identidade, exceto sua identidade nacional‖. Outra pensadora
como Arendt (2012, p. 290) enfatiza a opressão e a supressão da liberdade
democrática para discriminar certos grupos através da violência legitimada
pelo Estado para a garantia dos interesses da classe dominante, visto que ―o
verdadeiro objetivo do fascismo era apenas a tomada do poder e a instalação
da ‗elite‘ fascista no governo. Para eles, qualquer discussão sobre as relações
de classe e suas contradições econômicas é uma invenção do marxismo‖ o
qual precisa ser confrontado.
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Fascismo no Brasil
Face ao exposto, as dez características de ―Como funciona o fascismo‖
apontadas por Jason Stanley em seu livro e a análise das crises democráticas
por Levitsky podem ser relacionadas aos últimos acontecimentos políticos do
Brasil. Inicialmente, elas são refletidas pelo esquecimento histórico de uma
determinada população em almejar intervenções militares, enquanto políti-
cos fazem apologia a esse regime, tanto em discursos abertos quanto em
campanhas com ‗slogan‘ que remetem a ditadura brasileira; além disso, sub-
jugação das universidades e escolas são constantes, principalmente através
da difusão de notícias falsas compartilhada em excesso nas redes sociais
como, por exemplo, afirmar, mesmo sem prova, o aumento das queimadas
da Amazônia com as ONGs; esse processo se completa com as reivindica-
ções da classe média que se sentem vítimas de trabalhadores pobres que
estariam supostamente ocupando as vagas das instituições universitárias o
que antes era restrito a um grupo social; o combate exacerbado e o impedi-
mento aos estudos de gênero em prol do conceito da família patriarcal; bana-
lização da invasão e mortes indiscriminadas em periferias; e por último, o
desmonte das políticas sociais na justificativa que o Estado privilegia em
demasia as classes populares. Todos esses exemplos ganharam repercussão
desde as manifestações de 2013 e ainda reverberam até o momento atual.
(COLLEGE, 2018; FHC, 2018)
À luz desses parâmetros, seja no decorrer da história ou hoje, várias ten-
dências podem ser exploradas no Brasil nos âmbitos de análises do fascismo.
A título de exemplo, o integralismo foi uma organização nacionalista, auto-
ritária e anticomunista que surgiu na década de 1930, mas tem uma estreita
relação conceitual com a nova onda ―bolsonarista‖. Esse movimento foi
fundado por Plínio Salgado que representou um dos maiores movimentos de
extrema-direita do país até o surgimento do golpe militar (1964–1985) e o
reaparecimento dessa ideologia pelo atual presidente. Encorajado pelos fas-
cistas europeus, Plínio defendia uma identidade nacional e acreditava fir-
memente que, para salvar a pátria, era preciso obediência, valores familiares
básicos, crença cristã e a destruição de inimigos internos como o marxismo
por meio do militarismo. (DORIA, 2020)
Fundamentando-se nessa perspectiva, esse fascismo adormecido desde a
pós-democracia ganhou força com o impeachment presidencial que, segundo
Miguel (p.30, 2016): ―marca uma fratura irremediável no experimento de-
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ram novamente, mas para isso, deve-se buscar um ensino auto reflexivo que
alerte, sensibilize e forme cidadãos críticos e recalcitrantes contra todo tipo
de opressão, principalmente contra representantes políticos com discurso de
ódio. Em função disso, Adorno afirma que:
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volta dos alunos. Deve superar a ingenuidade, sem extinguir seu conheci-
mento prévio, levando-os a serem curiosos, pois o professor progressista é
aquele que desenvolve o senso crítico, a insatisfação perante as atrocidades e
indocilidade contra todo sistema opressor que ofende a democracia.
(FREIRE, 2017)
Considerações finais
A educação enquanto ato político se torna necessário na medida que a
nova onda de recessão democrática se estabelece no mundo ocidental e no
continente latino-americano, pois a partir dela, povos oprimidos como mu-
lheres, LGBTs, indígenas, quilombos e proletariados cada vez mais perdem
representação política e direitos. Em vista disso, a conscientização de classe
é necessária para impedir que o apoio das massas aos desmontes de políticas
sociais que são sinônimos de luta e conquista histórica dos cidadãos. Mas,
para isso, a educação tem que ter como premissa fazer com que os educan-
dos exerçam seus papéis como protagonistas tanto no próprio espaço político
quanto na busca por seus direitos por movimentos, greves e reivindicações,
além de se tornarem recalcitrantes contra a opressão, enquanto garantem a
restauração da democracia.
Em suma, sabendo que são inúmeros os obstáculos que tentam consoli-
dar a instabilidade democrática, como a imposição da neutralidade política
do conhecimento científico, embora esse processo seja impossível, já que a
própria omissão é um ato político, mas se torna eficiente para a causa da
extrema-direita na difusão de fakenews para deturpar informações, distorcer
fatos e manter as pessoas na inércia e no analfabetismo político. Por causa
disso, contrapondo-se a esse quadro, que a utilização da pedagogia libertária
se torna o principal agente no combate dos ideais fascistas através de um
ensino que não se restrinja a conteúdos pragmáticos nem as abordagens tra-
dicionalistas que inibem a construção do aprender, mas na formação de
cidadãos ativos em teoria e prática como transformadores da sua realidade
política, econômica e social.
Em relação ao exposto, a classe docente não deve cruzar os braços peran-
te a esses acontecimentos, ou melhor, a classe proletariado não pode se divi-
dir nesse momento crucial contra um governo opressor. Unir forças para
lutar por direitos, já é uma forma de conquistar pequenas vitórias como a
aprovação integral do FUNDEB, que depois de tanta pressão por parte dos
professores através de campanhas, correntes e movimentos, o congresso teve
consciência de não o revogar. Nesse sentido, isso é um exemplo emancipa-
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dor que os educadores devem mostrar aos educandos que os princípios ensi-
nados em sala de aula são os mesmo para quem os ensina.
Nesse seguimento, toda a discussão dialética acerca do ressurgimento dos
ideais fascistas e o papel das instituições educacionais nesses tempos sombri-
os deve resultar no sucesso dos oprimidos. Portanto, que este artigo sirva
como base para debates e reflexões sobre a importância de uma pedagogia
politizada, não neutra, crítica e emancipadora, enquanto inspire outros do-
centes que se sentem ameaçados por não terem o direito de se expressar ou
grupos historicamente submetidos a condições de exploração e que estão,
mesmo assim, na linha de frente contra atual governo, ao mesmo tempo que
levanta a bandeira de defesa da democracia.
Referências bibliográficas
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FHC, F. 1 Vídeo (38 min). Como morrem as democracias? Por Steven Le-
vitsky – Legendado. Publicado pelo canal Fundação FHC, 2018. Disponível
em: <https://www.youtube.com/watch?v=8bX7EdK0-1M>. Acesso em: 28
ago 2020.
FREIRE, Paulo. Política e Educação. 5ª ed. Rio de Janeiro/ São Paulo: Paz
e Terra, 2020.
HARARI, Yuval Noah. 21 lições para o século 21. Trad. Paulo Geiger. São
Paulo: Companhia das Letras, 2018.
KARNAL, Leandro. Todos contra todos: o ódio nosso de cada dia. Rio de
Janeiro: LeYa, 2017.
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Introdução
A identidade docente construída, ao longo da história, no estado de Mato
Grosso por meio de organizações de trabalhadores da educação apresenta
um histórico de muitos estudos e conferências originando avanços e retroces-
sos na elaboração das políticas públicas com participação de governos e clas-
se trabalhadora. A união dos trabalhadores da educação pública desta uni-
dade da federação tem ajustado os compromissos de ofertar um serviço que
possa contemplar qualidade tanto de quem oferta e também de quem recebe
os serviços educacionais.
Desta forma entende-se que as políticas públicas devem atender a popu-
lação de forma igualitária, com pelo menos, os serviços básicos que as pes-
soas têm direito como saúde, educação, moradia e segurança. O direito edu-
cacional foi outorgado na Constituição Federal de 1988 para dar conta do
atendimento necessário que a união, governos de estados e municípios tem
que ofertar assumindo as reponsabilidades de cada esfera governamental,
seja, federal, estadual ou municipal.
Com o objetivo de analisar a constituição da identidade docente no esta-
do de Mato Grosso para a formação do capital humano, este estudo consoli-
da-se sob a ótica da valorização dos profissionais de educação no provimen-
to de um serviço educacional de qualidade.
Por meio de uma pesquisa bibliográfica construiu-se reflexões importan-
tes com base nas conferências regionais organizadas pela classe trabalhadora
com objetivos de colocar em debate as políticas públicas nacionais e estadu-
ais pensando na gestão dos recursos financeiros para a educação, bem como
o serviço ofertado a toda população.
O embasamento teórico representativo deste contexto considera que a
educação tem valor agregado no capital humano na medida em que o cida-
dão investe tempo e esforço em formação profissional, ele vai desenvolvendo
o intelecto construindo conceitos distintos que sejam propícios ao desenvol-
vimento dos grupos locais, regionais e nacionais.
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É uma evidência de que não apenas as pessoas com maior instrução têm
mais competências do que seus pares, mas que há uma relação de comple-
mentaridade entre o aprendizado na escola e aquele no trabalho. As pesso-
as mais instruídas parecem tirar maior proveito de seu aprendizado no tra-
balho.
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Conclusão
O conceito da constituição da identidade docente vem de encontro com a
valorização do capital humano, pois, a medida em que o ser humano se
dispõe a construir um conhecimento pautado na racionalidade as concepções
mentais vão se reorganizando e libertando-se do conhecimento empírico
transformando uma construção antagônica em situações de contextos atuais
com enfoque na construção social que é permeada de novos significados.
Na medida em que o ser humano adquire conhecimento sobre algum ob-
jeto acontece a assimilação e a familiarização com o objeto que foi apresen-
tado. Desta forma é que acontece a formação da consciência sobre um de-
terminado fato. É a consciência humana que dá abertura para o conhecimen-
to do novo e passa a fazer reconstrução dos significados considerando todo o
processo evolutivo do organismo.
Neste contexto o entendimento sobre os avanços nas negociações organi-
zadas pelos sindicatos e organizações trabalhistas, ao longo da história em
todo país, foram importantes para que os direitos educacionais adquiridos
contribuíssem com as transformações dos serviços educacionais que ficaram
guardados na memória de muitas pessoas sendo valorizado através da con-
vivência coletiva.
Neste sentido ficou claro que com o passar do tempo, a classe trabalhado-
ra no setor público educacional de Mato Grosso tem percorrido um longo
caminho para construir um novo entendimento sobre a construção de um
serviço educacional capaz de gerar novos conceitos de libertação intelectual
na busca de resultados positivos sobre os direitos educacionais.
Assim, adquirimos consciência dos diferentes significados que temos so-
bre a valorização do capital humano, uma vez que as percepções humanas
são oriundas da convicção individual ou coletiva. Pois as ações humanas, só
têm sentido se o conhecimento adquirido for transformado em atitude racio-
nal, reconhecendo o trabalho que o pensamento faz em aprender, compre-
ender e interpretar o sentido dos fatos, das ideias, das ações e dos valores
humanos.
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Referências bibliográficas
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Introdução
A produção agrícola brasileira a cada ano aumenta sua produtividade e
toma cada vez mais o papel de principal produtor mundial de commodities.
Apesar do panorama de alta produtividade, os problemas que se abatem
sobre a estrutura agrária brasileira são os mesmo que se perpetuam por sécu-
los. Tendo grandes parte das terras sobre o domínio do monopólio criminoso
dos grandes latifúndios, que utilizam diversas manobras criminosas para
explora a terra e o povo brasileiro.
Este panorama de alta produtividade esconde os massacres dos povos
originários, o trabalho escravo, a grilagem de terras pública e devastação das
matas nativas que como patrimônio do povo brasileiro é vendido a um preço
irrisório que apenas enriquece um punhado de criminosos que condenam o
futuro de mananciais e do equilíbrio ecológico. A devastação para o agrone-
gócio não leva apenas ao fim de grande parte da biodiversidade e recursos
naturais, más acelera a expansão da miséria e da fome do povo brasileiro,
algo contraditório em vistas dos dados e relatório do crescimento econômi-
co, ficando a questão em aberto, para quem a produção brasileira está ser-
vindo e porque este modelo persiste?
Em contrapartida, grande parte da produção de alimentos para consumo
interno é proveniente de propriedades de pequeno porte e familiares, sendo
estas responsáveis pela alimentação brasileira, mantendo o controle da sufi-
ciência e segurança alimentar. A socialização da terra e ampliação do acesso
da terra é ferramenta de grande importância para o combate à fome e manu-
tenção de famílias no campo, o direito à terra e a produção, orientados e
protegidos pelo estado que como organização tem o dever de financiar e
investir em soluções que eliminem a fome e os problemas gerados pelo êxo-
do rural. O que acontece no campo tem grandes reflexos nas cidades, seja
nas questões envolvendo o trabalho, ou a escassez de produtos básicos e
processados.
Neste trabalho o principal objetivo foi analisar as conjunturas para a for-
mação do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), delimitando o
período de 1979 a 1985 como a gênese do movimento, fato apontado e cata-
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O que eclodiu em ―Uma das primeiras demonstrações de‖ força, por par-
te dos Sem Terra, ocorreu em 25 de julho de 1981, em um ato público com
mais de quinze mil pessoas, noticiado pela imprensa de Porto Alegre como
―a maior manifestação realizada por trabalhadores rurais na história do Rio
Grande do Sul‖ (MST, 2020).
O despertou o ódio do governo estadual e federal que em represália efe-
tuou um cerco ao Acampamento Encruzilhada Natalino, privando os cam-
poneses das condições mínimas de vida e tornando o Acampamento um
verdadeiro campo de concentração, o que repercutiu nos noticiários nacio-
nais e internacionais e para buscar uma solução para o impasse entra nas
negociações a Igreja Católica (MST, 2020).
―A solução para o impasse foi anunciada na 5ª Romaria da Terra, em 23
de fevereiro de 1982. A igreja católica adquiriria uma área de 108 hectares
em Ronda Alta. Ali seria montado um abrigo provisório para as famílias,
coroando a resistência de 208 dias à repressão militar no acampamento com
uma vitória‖ (MST, 2020).
A organização dos camponeses e tomada das terras, sintetizam os princí-
pios do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), a luta pela
terra para a produção de alimentos, a dignidade e a sobrevivência, os cam-
poneses sentiram que a persistência e organização seriam apenas os primei-
ros passo para conduzir a luta pela terra e possibilitar a vitória sobre as injus-
tiças do capital. Constituindo uma luta não é apenas local mas nacional, que
englobasse todos as regiões do país e todos os que necessitam do amparo da
organização do Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).
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A construção de meios para que o povo tivesse voz partiu de uma união
de vários setores da sociedade para o enfrentamento à opressão do regime
militar. Mas na luta pela terra houve outros precedentes que marcaram as
relações entre a Igreja Católica e o Partido Comunista, na atuação sobre a
questão da terra. No período de 1950 a 1960, como a organização da Ligas
Camponesas do Nordeste, eclode uma disputa pelo controle da organização
dos camponeses, colocando a Igreja Católica contra os comunista (NETO,
2007, p. 334-335).
Em outros momentos a aproximação dos comunistas e da Igreja Católica
convergiu para a luta pela Reforma Agrária e pelas melhores condições para
os trabalhadores do campo. Criando uma cisão na estrutura interna da Igreja
Católica, onde entra em conflito as ideias mais progressistas e de vertentes da
esquerda, contra os conservadorismos do clero que em seu ato mais vil apoia
o golpe de 1964 (NETO, 2007, p. 334-335).
A construção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST), não dependeu apenas do auxílio externo, por já haver uma necessi-
dade de luta no seio social e de construção de uma organização, elevando
sobre a mesma bandeira de força e união sobre uma causa, sobre uma luta, e
que esta fosse o elemento aglutinador para os camponeses de distintas cultu-
ras e regiões do país. E a luta apenas uma, a luta pela terra, pela dignidade e
justiça social.
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Conclusão
Finalizo este estudo tendo em mente que a questão agrária no Brasil, ain-
da reproduz os mesmo erros do passado e conduz para a sufocação dos mo-
vimentos sociais, dando margem para ações violentas por parte dos latifun-
diários que configuram grupos criminosos, que não são apenas os marginais
que apertam o gatilho, mas uma apanhado de autoridades que através dos
atos desumano, da inércia frente a justiça, deixam perpetuar os conflitos no
campo. Mas também ao empobrecimento do país que a partir destas políticas
de repressão e contra o povo, possibilita a ascensão de uma dependência das
importações dos produtos mais básicos produzidos no solo brasileiro mas
que está em mão estrangeiras devido ao descaso com a segurança alimentar
do país.
Outro ponto que temos de avaliar como um novo problema que incide
sobre os movimentos sociais tanto no meio urbano como rural é a fake news,
que cria uma imagem falsa sobre o contexto de luta e movimento, criando
uma caricatura grotesca do que é a realidade, e de quem é a vítima e quem é
o opressor. Más em contraponto, desenvolver a importância da história da
realidade dos movimentos no campo e possibilitar a divulgação do que é
fato, divulgar a verdadeira luta e os verdadeiros heróis que são os campone-
ses é um trabalho árduo, repleto de obstáculos, principalmente criados pelos
apoiadores do regime fascista que está em curso no Brasil.
Com o aprofundamento do neoliberalismo no Brasil e como os mecanis-
mos do capital se deslocam para um contexto de maior violência e persegui-
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ção, lutar pela Reforma Agrária, lutar por justiça social é dever do cidadão e
é um dever humano. A luta pela terra sempre foi sangrenta, e com as mu-
danças políticas atuais o retrocesso é inevitável e a luta não pode ser apenas
dos que estão no campo, mas de todos os que são cidadãos e acima de tudo
humanos para compreender as dores e sofrimentos do próximo.
A luta pela terra, é luta pela liberdade e pela superação do egoísmo, a
mudança de consciência é o primeiro passo para a mudança do sistema.
Temos o dever lutar pela mudança e pela justiça, pois apenas isso que ficará
de legado para as próximas gerações. O mundo que temos hoje é através das
lutas do passado, só construiremos um mundo novo pelas lutas do agora, a
Reforma Agrária é a luta do agora, para aqueles que desejam um país sobe-
rano e um povo em plena dignidade, livre da miséria e da exploração do
capital.
Portanto o objetivo geral desta pesquisa fica parcialmente consolidado, o
assunto merece um maior estudo e aprofundamento, havendo mais possibi-
lidades de expor outros temas que estão imbricados com o desenvolvimento
dos Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). Também há possibili-
dade explorar outras fases e temporariedades do movimento, sendo que este
trabalho se dedica a fase de formação, havendo um longa história que corre
longe do alcance deste artigo temporal proposto.
Referências bibliográficas
JUNIOR, Caio prado. A questão agrária no Brasil. São Paulo, SP. Editora
Brasiliense, 1979.
325
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Vale do Rio Doce de Minas Gerais durante a década de 1980. Rio de Janei-
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https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0100-
85872020000100223&script=sci_arttext>. Acesso em: 22 set. 2020.
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Introdução
A legislação educacional teve sua semente plantada com a Constituição
Federal de 1988 e sua regulamentação em 1996, com a Lei 9.394/96, sendo
denominada Lei de Diretrizes e Base da Educação Brasileira. Embora tenha
sido aclamada como Constituição Cidadã e atendido ao apelo dos movimen-
tos sociais da época, a referida constituição deu origem a uma legislação
educacional fraca quanto à sua aplicabilidade. Embora se diga que ela con-
templa todas as prerrogativas de uma legislação nacional para tal,deixa a
desejar quanto à sua real efetivação. Embora obscura, o caráter de obstrução
às camadas populares de conseguir ascensão social pela educação é uma
configuração da mesma a serviço dos detentores das classes dominadoras.
Destacamos que seria impossível num país como o Brasil, dominado pe-
los detentores do capitalismo, ser contemplado em sua legislação educacio-
nal apenas elementos que visem o processo educacional que promova a au-
tonomia das pessoas, já que tal sistema político, econômico e social as quer
sob seu poderio. Educação não é algo pronto. Algo que é elaborado por
alguém num escritório e que poderá ser reproduzida por seres iluminados
que facilitarão seu repasse. Educação, na visão da pedagogia crítica, é cons-
trução; ou seja, um processo que se estabelece frente à realidade que permeia
a vida dos indivíduos para alcançar autonomia.
É danosa toda e qualquer prática que visa à reprodução social, na visão
de Paulo Freire, pois a educação tradicional e tecnicista tem demonstrado de
forma avassaladora à serviço da reprodutividade, não só do conhecimento,
mas também da manutenção, por meio do ensino das camadas dominadoras
em seus respectivos lugares, bem como o esvaziamento da dignidade dos
indivíduos. Deste modo, queremos por meio deste trabalho apontar,à luz da
teoria da pedagogia crítica, alguns elementos da legislação educacional que
se caracterizam como antidemocráticas.
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Referencial
Um país como o Brasil, rico em potencialidades não apenas naturais, por
incompetência dos que lideram os governos, tem de se arrastar perante as
nações como uma nação que ocupa os últimos lugaresno ranking educacio-
nal. É incontestável a premissa de que educação e política morem na mesma
área. Muito embora, muitos que detestam a perspectiva sócio política educa-
cional, neguem essa verdade para dela tirar proveito. É muito cômodo dizer
que educação e política não tenham nada a ver, como forma de impor dita-
torialmente o que se quer do outro por imposição, utilizando-se da própria
educação.
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em sua obra Pedagogia da Autonomia (2005, p.31), mudar é difícil, mas não
impossível. Daí o ódio ao escritor e Patrono da Educação Brasileira, o pro-
fessor Paulo Freire.
O Brasil tem passado por momentos muito controversos. A política naci-
onal, com o emaranhando de situações danosas para a manutenção dos par-
tidos políticos na máquina pública, gerou uma onda de corrupção. Esta, por
sua vez, fez uma parcela do povo desacreditar na política e, com a ascensão
de um falso messianismo, outra parcela do povo deu assunção a um projeto
político que desvaloriza desde as palavras rudes às atitudes grotescas. Com a
educação não é diferente, sendo esta parte do grande sistema que é a socie-
dade brasileira, também teve as suas perdas e suas dores. É tão esdrúxula a
prática ideológica implantada pelos adeptos da contra educação que quise-
ram até substituir o Patrono da Educação (BARRONE, 2019, on-line).
Toda a perseguição à pedagogia de Freire é fruto de uma anticultura do-
minada por projetos de poder avassaladores. É ódio movido pela ganância
do poder, que gera um desconforto em ambos: dominador e, principalmente,
dominado. Paulo Freire de modo algum é um pregador do anarquismo ou
do ódio às classes; é apenas um educador que acreditou que todos têm parte
no mundo em que estão lançados, por isso, devem se sentir convidados a
tomar parte nas suas decisões, em uma busca constante pela autonomia.
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profeta e nem bruxo, nem tampouco dono da verdade, mas essa é a releitura
que faço dos fatos, deixando, obviamente, abertura para o princípio da con-
tradição, já que estas coisas não podem e nem devem ser generalizadas.
Nessa linha de raciocínio analisamos a legislação educacional brasileira
que é, portanto, um marco de conquista indiscutível da sociedade brasileira
que, frente à Constituinte de 1988, exigira pelos partidos políticos e mais
ainda pelos movimentos sociais, que fossem contempladas as demandas que
foram apresentadas na efervescência de um novo país que nascia democrati-
camente, como expressão soberana do povo brasileiro.
Entretanto, não é por percebermos que a legislação nasceu neste clima so-
lene de democracia que vamos nos introverter e não cobrar aquilo que ainda
não está à altura das reais necessidades. É imprescindível que nos vistamos
da dignidade dos direitos que nos são concedidos pela democracia e luta
contra muitos equívocos que a legislação ainda escorrega, movida pela anes-
tesia da educação bancária (P. O. p.45). Propomos tanto quanto pudermos
leis que favoreçam o processo de ensino e aprendizagem, não temendo o
novo que se sucede.
Por tudo isso me parece uma enorme contradição que uma pessoa progres-
sista, que não teme a novidade, que se sente mal com as injustiças, que
se ofende com as discriminações, que se bate pela decência, que luta contra
a impunidade, que recusa o fatalismo cínico e imobilizante, não seja cri-
ticamenteesperançosa. A desproblematização do futuro numa compreen-
são mecanicista da História, de direita ou de esquerda, leva necessaria-
mente à morte ou à negação autoritária do sonho, da utopia, da esperança.
É que, na inteligência mecanicista portanto determinista da História, o fu-
turo é já sabido. A luta por um futuro assim ―a priori‖ conhecido prescinde
daesperança (FREIRE, 2005, p. 29).
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Uma escola na qual seja dada à criança a possibilidade de ter uma forma-
ção, de tornar-se homem, de adquirir aqueles critérios gerais que servem
para o desenvolvimento do caráter. Em suma, uma escola humanista, tal
como a entendiam os antigos e, mais recentemente, os homens do Renas-
cimento. Uma escola que não hipoteque o futuro da criança e não constrin-
ja a sua vontade, sua inteligência, sua consciência em formação a mover-se
por um caminho cuja meta seja prefixada (MONASTA, 2010, p. 66).
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viés populista, como no artigo 5°, que reza o direito público subjetivo de que
pode ser cobrada a educação básica por qualquer indivíduo, mas estrategi-
camente, garantindo às classes mais abastadas o direito à universidade
(BRASIL, 1996).
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Parece-nos que as pessoas são formadas, em nosso país, para serem iguais
a algumas e melhores que outras. Partindo do pressuposto que não precisa-
mos do igual, fervorosamente precisamos superar os melhores para encon-
trarmos a nossa identidade social. Daí os inúmeros e grandes conflitos exis-
tenciais e sociais, as crises, as trapaças e o caos instalado quando percebemos
que, depois de tudo, nada vale à pena quando pensamos e agimos movidos
por esta logística. O mundo tem ensinado que há espaço para todo mundo e
que nos tornamos fortes quando unimos as forças; e que cada indivíduo é
único e importante. Jamais percebi isso nas entrelinhas da lei, por mais que
esta queira ser inclusiva, basta ver os artigos que rezam a gestão democrática
(artigos 14 e 56) serem esbarrados pela burocracia e frieza dos sistemas (arti-
gos 16-18).
Como professor devo saber que sem a curiosidade que me move, que me
inquieta, que me insere na busca, não aprendo nem ensino. Exercer a
minha curiosidade de forma correta é um direito que tenho como gente e a
que corresponde o dever de lutar por ele, o direito à curiosidade. Com a cu-
riosidade domesticadaposso alcançar a memorização mecânica do perfil
deste ou daquele objeto, mas não o aprendizado real ou o conhecimento
cabal do objeto. A construção ou a produção do conhecimento do objeto
implica o exercício da curiosidade, sua capacidade crítica de ―tomar dis-
tância‖ do objeto, de observá-lo, de delimitá- lo, de cindi-lo, de "cercar‖ o
objeto ou fazer sua aproximação metódica, sua capacidade de comparar,
deperguntar (FREIRE, 2005, p. 33).
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PLURALIDADE DE SABERES
Metodologia
O referido trabalho é fruto de pesquisa de ordem bibliográfica, em que
consultamos livros físicos e sites oficiais do governo federal que tratavam
sobre a temática em discussão: análise crítica da legislação educacional a
partir de Paulo Freire. A temática é de grande relevância e nos direcionou,
além daquilo que sustentava a hipótese inicial, para a compreensão de que é
indispensável a perspectiva política no campo das decisões.
338
PLURALIDADE DE SABERES
Resultados e discussão
Por meio de tal pesquisa, conseguimos chegar à compreensão de que,
apesar de a legislação educacional do Brasil sinalizar pontos importantes que
possibilitam a construção de uma educação voltada para a conscientização e
construção do conhecimento,os fatos demonstram que a mesma impele ao
que Freire (2000, p. 38) chama de inculcação da responsabilidade às cama-
das populares da sociedade, por não serem bem sucedidos em sua trajetória.
Ou seja, o sistema faz o próprio filho do trabalhador se sentir culpado em
não conseguir uma boa qualificação na trajetória escolar. Os resultados apre-
sentados em relação à nossa pesquisa são bastante significativos, pois conse-
guimos comprovar ahipótese inicial de que a legislação educacional despres-
tigia as camadas mais populares da sociedade.
A alfabetização, por exemplo, numa área de miséria, só ganha sentido na
dimensão humana se, com ela, se realizar uma espécie de psico-análise histó-
rico- político-social, de que vá resultando a extrojeção da culpa indevida. A
isto corresponde a ―expulsão‖ do opressor de ―dentro‖ do oprimido, en-
quanto sombra invasora. Sombra que, expulsa pelo oprimido, precisa de ser
substituída por sua autonomia e sua responsabilidade (FREIRE, 2000, p.
39).
Issopouco se percebe na educação de nosso país, pois a predominância
do ensino tradicional e tecnicista empreende resultados muito mais imedia-
tos e satisfatórios em determinados indivíduos e privilegia determinados
grupos a se perpetuarem no poder, ao passo que impede que outros os per-
turbem na busca pelo poder, tornando-os cada vez mais distantes, como se
tudo tivesse definido. Quanto a isso, afirma Freire:
Enquanto ser humano jamais aceitei que minha presença no mundo e mi-
nha passagem por ele fossem preestabelecidas. A minha compreensão das
relações entre subjetividade e objetividade, consciência e mundo, prática e
teoria foi sempre dialética e não mecânica. Se jamais defendi um papel to-
do poderoso para a subjetividade na História jamais, por outro lado, acei-
tei sua redução à pura reprodução da realidade material. E foi por isso
que não apenas reconheci mas sublinhei a importância da educação no
processo de denúncia da realidade perversa como do anúncio da realidade
diferente a nascer da transformação da realidade denunciada (FREIRE,
2000, p. 41).
339
PLURALIDADE DE SABERES
Conclusão
Para definir a educação não temos palavras ou exemplos que esgotem seu
significado. Suponho que, ao longo da vida, enquanto pessoas e professores,
no caso de alguns que leem estas letras, iremos identificando exemplos e
adaptando a nossa linguagem para poder expressar algumas coisas que nor-
tearão a vida de outros que são configurados também à esta dinâmica. Creio
que o caminho também dá a possibilidade de ânimo e redimensionamento
humano aos que estão nele há mais tempo, possibilitando a tão necessária
ressignificação.
Quantas coisas nos acontecem na vida e que nos deixam pra baixo, como
o quadro da não efetivação das políticas públicas que versam a legislação?
Por incrível que pareça, estas coisas nos marcam! Fugir das lembranças é
algo que nos empurra a elas. É como se, no labirinto da mente, a porta da
fuga desembocasse para a entrada das más lembranças. Fugir, portanto, não
é a melhor saída. Por isso, torna-se imprescindível uma releitura às coisas
desagradáveis. É preciso compreender que algo pode não ter dado certo ou
até ter nos machucado, mas podemos tirar proveito daquilo, pois o referido
caminho pode ser ponto de partida para uma história mais significativa,
cheia de sentido, conquistas e vitórias.
O que podemos fazer enquanto educadores diante da não contemplação
de todas as classes sociais a participar da educação? O primeiro passo é a
insatisfação, a indignação e a luta, para que todos tenham os mesmos direi-
tos. O combate deve ser feito no campo da razão e o debate deve ser acalo-
rado, para que a frieza dos corações dos que detêm o poder seja aquecido e
ceda lugar a um coração que pulse a igualdade e ninguém seja excluído da-
quilo que é uma construção perene; a participação da vida em sociedade, que
é o que nos aponta a educação.
Referências bibliográficas
340
PLURALIDADE DE SABERES
BARRETO, Vera. Paulo Freire para educadores. 6. ed. São Paulo: Arte e
Ciência, 2004.
BARRONE, Isabelle. PSL propõe substituir Paulo Freire por José de Anchi-
eta. Jesuítas contestam. Gazeta do Povo, 31 mai. 2019. Disponível em:
<https://www.gazetadopovo.com.br/educacao/psl-propoe-substituir-paulo-
freire-por-jose-de-anchieta-padres-jesuitas-recusam/>. Acesso em: 30 mai.
2020.
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>.
Acesso em: 04 ago. 2020.
______. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz & Terra,
1967.
341
PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
Palavras iniciais
O presente artigo apresenta como tema Lesson Planning: o desafio de pla-
nejar aulas significativas, e como problema o questionamento: as aulas que
os professores planejam podem ser significativas para os alunos, a ponto de
levá-los a uma produção eficaz do conteúdo visto?
A escolha do tema justifica-se através do interesse em se investigar fatores
presentes durante o planejamento e execução de uma aula, que contribuem
para que determinado grupo de alunos tenha um melhor aproveitamento do
que está sendo transmitido, bem como trazer à tona alguns passos a serem
seguidos pelos professores, com o intuito de alcançar seu objetivo final, e
refletir acerca do impacto do alcance ou não deste. Fundada nessa expecta-
tiva, a pesquisa busca explorar a eficácia e significância de um plano de aula
que é pensada para atender às necessidades de uma maioria presente em
uma sala de aula, analisando pontos cruciais para o desenvolvimento de uma
lição e o impacto e interesse que isso pode despertar nos alunos.
Com base no tema, problema e justificativa abordados, levamos em con-
sideração os argumentos:
a) Deve-se levar em conta que o desenvolvimento do passo a passo de
uma aula visa garantir o aprendizado do aluno, e para tanto deve ser
pensado com base na demanda de uma maioria presente em sala de
aula.
b) Planos de aula são materiais passíveis à flexibilidade conforme ne-
cessidade do professor e dos alunos, portanto é necessário bom sen-
so para identificar possíveis falhas durante o planejamento e habili-
dade para alterações, caso seja necessário.
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PLURALIDADE DE SABERES
Aporte teórico
Uma aula começa muito antes de o professor entrar na sala. Ela começa
a partir do momento em que o docente precisa colocá-la no papel. Planejar
uma aula é um grande desafio para muitos professores, seja ele experiente ou
em início de carreira, pois esse planejamento definirá, ou não, o sucesso da
mesma.
O planejamento é o aspecto chave do sucesso de uma aula. A professora
Stiliana Milkova explana que ―Um plano de aula é o mapa rodoviário do
professor de que os alunos precisam aprender e como isso será feito de forma
eficaz durante o tempo de aula (tradução nossa)‖. Por isso, é nessa etapa que
o professor deve pensar em vários aspectos, como objetivos, atividades, tem-
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PLURALIDADE DE SABERES
Moita Lopes explica que ―as aulas de língua inglesa devem proporcionar
aos alunos subsídios para que possam entender melhor o mundo em que
vivem, tais como: seus processos sociais, políticos, econômicos, tecnológicos
e culturais para, então, interagir com o mesmo de forma crítico-reflexiva em
situações reais do cotidiano‖ (Moita Lopes apud Maria Andréia Silva Leles).
Entretanto, são necessários alguns recursosdidáticos para que seja possível
tornar a aprendizagem significativa para os alunos e Polyana Rodrigues, no
artigo Os Recursos Didáticos no Ensino de Língua Inglesa na Modernidade, expla-
na que:
347
PLURALIDADE DE SABERES
Por todos esses aspectos, o planejamento de uma aula se torna uma fer-
ramenta muito importante, pois é a partir dele que o professor reflete sobre
os conteúdos, a relevância destes para os alunos e como eles aprenderão de
fato.
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24
Os britânicos / britânicos geralmente são menos amigáveis do que os americanos (tradução
nossa).
25
Italianos / Os italianos se vestem melhor do que qualquer outra nacionalidade (tradução
nossa).
26
Ricos / Os ricos são sempre mais mesquinhos do que os pobres (tradução nossa).
27
Os idosos / idosos são mais bem vistos em residências (tradução nossa).
28
As pessoas em seu país têm a reputação de se vestir bem ou mal? (tradução nossa).
29
Você acha que as mulheres prestam mais atenção à sua aparência do que os homens, ou vice-
versa? (tradução nossa).
30
Você geralmente se preocupa muito com a moda? (tradução nossa).
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PLURALIDADE DE SABERES
Mais uma vez, por serem perguntas de cunho interessante, os alunos par-
ticiparam bastante. O tópico é pertinente ao dia a dia da maioria das pessoas
e fácil de se dar uma opinião sobre. Para finalizar a atividade, os alunos
fizeram uma redação na qual eles tinhas que escrever um pequeno texto para
uma revista de moda informando o jeito de se vestir das pessoas do seu país,
dando sua opinião pessoal sobre o assunto e apresentando ao restante da
turma. Esta atividade atingiu tanto as características de eficácia – trouxe
para os alunos o efeito esperado, e significância – potencializou a participa-
ção através de um assunto interessante.
A produção escrita da atividade foi o ponto de partida para a produção
oral, onde o uso das expressões aprendidas ao longo das aulas preparadas
com base no tema maior permitiu que os alunos tivessem o desenvolvimento
do tema conforme esperado pelos professores.
Todo o planejamento foi feito baseado na produção final, o que nos leva
a questionar se de fato o fator significância é sempre pensado e visto como
crucial por quem prepara as aulas. O tema das aulas observadas, por acaso,
foi condizente com a realidade da maioria dos alunos, o que fez com que
eles participassem mais das aulas e se engajassem em discussões com interes-
se. Nem todas as aulas observadas foram, ao mesmo tempo, significativas e
eficazes, porém é difícil concluir se é possível fazer isso com todos os tópicos
apresentados em um livro ou módulo didático, uma vez que o que é signifi-
cativo para uma pessoa não é para a outra, e o método que parece ser eficaz,
muitas vezes não surte esse efeito nos alunos.
Conclusão
Ao que parece, a prática constante de professores no tocante ao planeja-
mento de aulas é fundamentada em premissas conhecidas por todos. Porém,
nem mesmo os envolvidos na pesquisa puderam assegurar que as aulas serão
significativas, eficazes ou ambas simultaneamente. É possível garantir ape-
nas que o professor irá ensinar, entretanto não se garante o aprendizado dos
envolvidos no processo.
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Qual é a moda do momento para homens e mulheres? (tradução nossa).
32
As pessoas tendem a julgar os outros pela maneira como se vestem? (tradução nossa).
33
Você acha que se veste como uma pessoa típica do seu país? Por que (não)? (tradução nossa).
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Referências bibliográficas
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PLURALIDADE DE SABERES
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PLURALIDADE DE SABERES
ULLMAN, Ellen. How to Plan Effective Lessons. In: ASCD: learn, teach,
teach.October, 2001. V. 53, n° 10. Disponível em:
<http://www.ascd.org/publications/newsletters/education-pdate/oct11/v.
aspx>. Acesso em: 30/05/2015.
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PLURALIDADE DE SABERES
Introdução
A educação libertadora aliada ao Ensino Religioso (ER) não confessional
aponta para processos de ensino e aprendizagem dialógicos, respeitosos,
alteritários e interculturais, reconhecendo a diversidade cultural como aspec-
to predominante e positivo em nosso planeta. Outrora, o ER já teve caráter
confessional e evangelizador. Na sua nova identidade, o componente passa a
ser integrante da Educação Básica, tendo por objeto de estudo os conhecimen-
tos religiosos, sem ações doutrinárias, catequéticas, pastorais e confessionais.
O educador atuante com o ER, na perspectiva da educação libertadora,
deixa de ser compreendido como detentor e transmissor de conteúdos para
juntamente com seus educandos refletir, avaliar e (des)(re)construir conhe-
cimentos que venham proporcionar a compreensão, a interação e o respeito
entre às diferentes culturas e saberes.
Para que o ER seja assegurado como área do conhecimento e componen-
te curricular, faz-se necessário a formação de subjetividades docentes em
perspectivas interculturais, flexíveis e dispostas à desconstrução de estereóti-
pos em relação às distintas tradições religiosas e filosóficas, bem como as
demais crenças que compunham as sociedades.
Isto posto, nesta obra refletimos sobre a importância da educação liberta-
dora e do ER nos territórios escolares, os quais tendem a contribuir com o
encontro, a acolhida, a interação, a aprendizagem e a coexistência, elimi-
nando atitudes que venham a negar, inferiorizar ou discriminar o(a) Outro(a)
em sua singularidade.
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[...] enquanto a prática bancária [...] implica uma espécie de anestesia, ini-
bindo o poder criador dos educandos, a educação problematizadora, de ca-
ráter autenticamente reflexivo, implica um constante ato de desvelamento
da realidade. A primeira pretende manter a imersão; a segunda, pelo contrá-
rio, busca a emersão das consciências, de que resulte sua inserção crítica na
realidade (FREIRE, 2017, p. 97 - 98).
34
O termo (trans)formação, já apresentado na produção de Simoni, Stanqueviski e Ziliotto
(2018), parte da concepção de que a educação provoca modificações ininterruptas nos seres
humanos, justamente por não ser estática e nem linear.
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Cecchetti e Pozzer (2015) utilizam o termo caixa como uma metáfora, expressando a nossa
subjetividade que vai se constituindo no contato com as diversas culturas, os quais tendem a
permitir aberturas ou fechamentos para as relações e convivências na diversidade cultural.
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Considerações Finais
A educação libertadora, em tendências interculturais, se apresenta como
possibilidade de aprendizagens significativas, pois decorebas, transmissões
ou despejamentos de conteúdos, são substituídos por escutas, diálogos, des-
construção e reconstrução de saberes, respeito e convivência na diversidade.
Ao reconhecermos a importância da educação libertadora, proposta por
Paulo Freire, - em que educadores e educandos são protagonistas nos proces-
sos ensino e aprendizagem - consideramos a importância de currículos flexí-
veis, dialógicos e interculturais que favoreçam subjetividades e vivências
respeitosas, reconhecendo a diversidade cultural como aspecto positivo.
O ER, contemplado na Basse Nacional Comum Curricular (BNCC) e
demais documentos educacionais, a partir da Lei nº 9475/97 teve uma nova
configuração, tenho por objeto de estudo os conhecimentos religiosos, sem
práticas confessionais, evangelizadoras e monoculturais.
A formação docente em ER se apresenta como um dos desafios perma-
nentes para que, na inter-relação entre a educação libertadora e o ER não
confessional, possam ser edificados saberes interculturais, desconstruindo
percepções pejorativas e discriminatórias frente ao Outro(a), proporcionando
relações e convivências pacíficas e solidárias.
Referências bibliográficas
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Introdução
Nesta pesquisa investiga-se o discurso midiático numa abordagem da
Análise do Discurso (francesa) e da História da leitura. Para isso, analisa-se
os discursos midiáticos, produzidos no período de 2009 a 2013, que possuem
professores como seu público leitor. A escolha por essas mídias justifica-se
pela sua abrangência nacional e também por serem um veículo de informa-
ção de fácil acesso. Escolheu-se essa temática devido à efervescência das
discussões sobre a relação do professor com a leitura e os baixos índices de
leitores no Brasil.
Outrossim, trabalha-se com a temática da leitura como construtora de
sentido nos diversos espaços sociais. Essa proposta pauta-se em uma teoria
não subjetiva da leitura, conforme propõe Pêcheux (1969), que trata a leitu-
ra como uma prática social. Busca-se também um diálogo com a história da
leitura à luz do que Chartier (2002) propõe sobre a relação entre os valores e
as representações construídas historicamente acerca da leitura. Para análise
e discussão dos discursos midiáticos, foram adotadas as discussões de Cha-
raudeau (2008; 2012), por considerá-lo como um analista do discurso que
concebe a mídia como uma instância de produção que possui capacidade de
gerir e influenciar o comportamento dos indivíduos.
A escolha pelos discursos de mídias virtuais sobre o professor-leitor expli-
ca-se por duas razões: a primeira é o impacto dessas mídias na sociedade,
que funciona como um espelho que irá definir o certo e o errado; e a segun-
da é o lugar do professor na sociedade, visto como um sujeito social institu-
cionalizado, que detêm saberes e está inscrito historicamente. Dessa manei-
ra, a mídia utiliza o caráter ideológico do discurso para representar o perfil
do professor necessário para o contexto social e, por meio das mídias virtu-
ais, usa diversas estratégias discursivas para construir esse perfil e implantá-
lo nos interlocutores.
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Procedimentos metodológicos
O interesse pelas mídias virtuais deve-se a sua influência e fácil acesso no
contexto hodierno, motivada pela expansão das tecnologias de informação e
comunicação. Além disso, é notório perceber que há muitos discursos volta-
dos para a temática da leitura relacionados principalmente ao professor-
leitor, porque o docente representa um sujeito institucionalizado, que está
no ambiente escolar para formar leitores. Nessa perspectiva, parte-se do
princípio de que, por ensinar a ler, o professor também é um leitor.
A coleta do corpus ocorreu em forma de pesquisa via Google, com a fina-
lidade de selecionar os discursos voltados para a temática do professor-leitor.
Foram escolhidas as mídias institucionais, ou seja, as mídias que represen-
tam instituições credenciadas para produzir discursos relacionados à educa-
ção. Assim, após a pesquisa e leitura das mídias, foram selecionadas as se-
guintes: Portal do Professor (três discursos); revista Educação (dois discur-
sos); revista Leitura Crítica (dois discursos), revista Época (um discurso);
jornal Estadão (um discurso); Blog do professor Ezequiel Theodoro da Silva
(um discurso); Blog do professor Rudá Ricci (um discurso); Blog do profes-
sor Hernane Freitas (um discurso). Para a realização desta pesquisa, adotou-
se uma abordagem metodológica exploratória e descritiva, porque o objetivo
é descrever e explicar as estratégias utilizadas no discurso de mídias virtuais
para reportar o perfil do professor-leitor.
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PLURALIDADE DE SABERES
controle. A revista Nova Escola, por exemplo, não faria uma discussão sobre
o Ensino Superior, visto que o seu espaço de circulação é destinado aos pro-
fissionais da Educação Básica.
Já a segunda vertente proposta por Possenti (2001) é aquela que privilegia
o sentido e se baseia na proposta de Pêcheux (segundo a qual a leitura não é
subjetiva), porque considera a leitura como ancorada em materialidades
discursivas, em lugares de materialização ideológica, pautada na realidade
sociohistórica. Nessa perspectiva, o sentido da leitura é construído de acor-
do com as condições de produção, pois parte-se da concepção de leitura
como prática social. Assim, ―a leitura não é a leitura de um texto como tex-
to, mas como discurso, isto é, na medida em que é remetido às suas condi-
ções, principalmente institucionais, de produção.‖ (POSSENTI, 2001, p. 34).
Para Possenti (2009, p. 17), não há leituras individuais e sujeitos indivi-
duais que leem como querem, mas ―grupos de sujeitos que estão situados
em determinada condição, que leem como leem porque têm a história que
têm.‖. Esses sujeitos são um efeito da história e da linguagem. Dessa forma,
tem-se a noção de um leitor que seja compatível com o sujeito que produz o
discurso. Essa noção é diferente da proposta pela pragmática, que considera
o sujeito como origem do discurso e do sentido. A leitura, na perspectiva do
discurso, é concebida como uma prática de linguagem, na qual o sentido é
construído, mesmo filiado a uma formação discursiva. Os sentidos e os
sujeitos não são totalmente determinados nem indeterminados, eles resul-
tam dos modos como as relações são estabelecidas nas práticas de lingua-
gem.
Nos discursos midiáticos analisados nesta pesquisa, por exemplo, perce-
be-se a construção desse sentido nos vários momentos em que se parte de
um pressuposto para compreender o dizer do discurso, que, em alguns ca-
sos, está implícito ou hipotético, com em ―Professores precisam gostar de
ler‖ (Jornal do Professor – 08/08/13). Nessa mídia, é evidente a construção
do significado de que os professores não gostam de ler. Porém, o leitor tam-
bém pode construir o sentido de que os professores leem (fator necessário
para o exercício da profissão), mas que não são considerados como leitores
porque não gostam ou não sentem prazer nas práticas de leitura. Nota-se
também que a função dessa mídia não é apenas fazer uma afirmação, mas
realizar uma crítica aos professores e demais indivíduos da sociedade brasi-
leira que ainda não são leitores.
Não é possível distinguir as condições de produção das de recepção do
discurso porque ambas estão relacionadas. O discurso não é construído sem
que se tenha uma intencionalidade, um interlocutor-alvo. Mas, os momen-
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Nota-se que essa prática representada através dessa imagem cênica é cor-
riqueira numa sala de aula é comum para os interlocutores, o que facilita a
construção do sentido, bem como a afinidade com a temática discutida,
despertando no interlocutor uma ―emoção‖, característica que é explorada
pelo discurso midiático. Charaudeau (2012) define os dados internos aqueles
que remetem às restrições discursivas de todo ato de comunicação, pois se
referem ao conjunto dos comportamentos linguageiros esperados após a
percepção dos dados externos da situação de comunicação. Esses dados
possuem três espaços de comportamentos: o espaço de locução, o espaço de
relação e o espaço de tematização.
O espaço de locução é aquele em que o sujeito deverá resolver o proble-
ma da tomada da palavra. Nesse espaço, ele argumenta e se impõe como
sujeito, além de identificar e persuadir seu interlocutor. Nos discursos midi-
áticos analisados, isso ocorre através da inserção de sujeitos institucionali-
zados, como pesquisadores, doutores e profissionais da área. No espaço de
relação, o sujeito constrói sua identidade de locutor e de seu interlocutor,
estabelecendo as relações de contrato no ato linguageiro, em que o sujeito
falante estabelece as relações de exclusão ou de inclusão, de força ou de
aliança, de agressão ou de conivência com o interlocutor.
Quando o discurso é construído, possui uma intencionalidade. Embora
no discurso midiático não seja possível controlar quem serão os interlocuto-
res, estes são construídos tomando-se como base um público-alvo. Os dis-
cursos analisados neste trabalho, por exemplo, possuem como público-alvo
os professores, porque há discussões que se referem ao perfil, às práticas e à
conduta docente esperada por esses profissionais. O espaço da tematização,
segundo Charaudeau (2012, p. 71), é aquele em que se organiza ―o domínio
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Considerações finais
Este estudo buscou compreender o perfil do professor-leitor reportado pe-
las mídias virtuais, no período de 2009 a 2013. Para isso, foram utilizadas as
discussões da Análise do Discurso (francesa), que concebe a leitura como
uma prática social, partindo do pressuposto de uma teoria não subjetiva da
leitura, na qual o sentido é construído através de práticas de leitura que en-
volvem sujeitos sociais.
Após a análise das mídias virtuais coletadas foi possível identificar que o
perfil de professor-leitor reportado é o de um leitor em construção, esse ter-
mo justifica-se pelo fato de algumas mídias afirmarem que não é possível
generalizar a profissão docente, porque, sendo professor, não há como não
exercer práticas de leitura, que são corriqueiras na profissão, como a leitura
de uma ata, do livro didático, de bilhetes, entre outras.
O perfil de professor-leitor esperado pelas mídias, como aquele que lê
por prazer, que domina um vasto arsenal de leituras, que consegue incentivar
a formação de leitores, ainda está em processo de construção na profissão
docente. Alguns discursos das mídias analisadas afirmam que o professor
não é leitor porque o baixo nível de leitores no país não ultrapassa 50%, e
que os docentes exercem a leitura meramente didática ou escolar.
Além disso, o baixo investimento em Políticas Públicas Educacionais que
reduzam a carga horária de trabalho, melhorem os salários dos docentes e
ofereçam mais oportunidades de formação continuada - que tenham como
meta a formação leitora - é também um dos fatores que corrobora para a
existência desse professor-leitor em construção. Outro fator primordial são
melhorias nos cursos de graduação das licenciaturas, além de incentivos para
continuidade dos estudos em mestrados e doutorados profissionais ou aca-
dêmicos.
Nas mídias virtuais analisadas foram identificadas diversas estratégias
para persuadir o interlocutor e formar opiniões, principalmente por meio do
modo de dizer argumentativo e do discurso citado de pesquisadores, douto-
res e demais sujeitos institucionalizados, os quais possuem credibilidade em
seus dizeres. Acredita-se que este estudo possa fomentar novas investigações
que visem compreender e traçar estratégias relacionadas às relações entre o
professor e as práticas de leitura.
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Referências bibliográficas
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Introdução
Este artigo intitulado ―Família e escola em inter-relações com a aprendi-
zagem dos discentes‖: desafios a considerar, objetiva compreender o papel
da família na formação escolar e na aprendizagem de alunos da Educação
Infantil. Esta pesquisa está alicerçada em revisões bibliográficas e em investi-
gações realizadas por meio de aplicação de questionários com integrantes de
família e professores de um Centro de Educação Infantil (CEI) no Município
do Trairi, Ceará. O estudo nasceu com o intuito de responder o seguinte
questionamento: qual o papel da família na formação escolar e na aprendi-
zagem de alunos na Educação Infantil? E o estudo se firmou no seguinte
objetivo geral: compreender o papel da família na formação escolar de alu-
nos da Educação Infantil. Para Parolin (2007), citado por Soares (2010 p.
10), ―a qualidade do relacionamento que a família e a escola construírem
será determinante para o bom andamento do processo de aprender e de ensi-
nar do estudante e o seu bem viver em ambas as instituições. ‖ Para alcançar
resposta para o questionamento mencionado foram traçados os seguintes
objetivos específicos: descrever o papel da família que participa da vida esco-
lar do aluno; analisar a formação escolar de um aluno acompanhado (e não)
pela família; discutir a função desse acompanhamento e como pode ser forta-
lecida.
Esse tema sempre despertou em mim uma curiosidade de escrita e de lei-
tura, pois acredito que a família é o palco inicial em que a criança irá inici-
almente se desenvolver e dá os primeiros passos em sua vida social, intera-
gindo com o meio e formando sua personalidade. De acordo com Silva e
Vieira Neta (2014, p. 55), ―a participação da família na alfabetização da
criança é de fundamental importância, pois é a primeira instituição que faz
parte da vida da criança e é o fundamental agente de socialização, ocupa um
lugar para toda a vida‖.
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PLURALIDADE DE SABERES
Família e escola devem manter parceria, pois, é através dela que a criança
consegue desenvolver-se satisfatoriamente, expressando seus sentimentos,
satisfazendo suas necessidades, interesses e desejos, reconstruindo um no-
vo mundo. Portanto, é de primordial importância, que a família e a escola
estabeleçam momentos de interação e discussão sobre a educação da crian-
ça ficando a cargo de cada um assumir suas responsabilidades e trabalhan-
do em conjunto para que se obtenham bons resultados. (PEREIRA;
SILVA, 2011, p. 5).
386
PLURALIDADE DE SABERES
A família necessita, com isso, ser o ―porto seguro‖ de uma criança, o lu-
gar em que deveria encontrar todos os requisitos básicos para ter uma vida
saudável e completa. Aprender no seio familiar os preceitos básicos de um
bom cidadão, aprender a respeitar, ajudar o próximo, enfim, começar a ter
noção de como se comportar em sociedade e assim, levar para escola um
conhecimento para ser ampliado e incorporado no ambiente escolar e social
em que ela conviva.
Infelizmente, na conjuntura atual de nossa sociedade, as nossas crianças
estão cada vez mais, jogadas em uma sociedade sem perspectivas para a sua
vida, na maioria das vezes, os pais não estão mais preocupados em repassar
valores para seus filhos, acreditam que os bens materiais são mais importan-
tes do que o carinho e a atenção, desta forma os filhos crescem ser ter essa
base, assim fica para a escola papéis acumulados para desempenhar. Assim,
a escola passa a ensinar e educar, o que sabemos que não dar para desenvol-
ver dentro das condições que são dadas. Não sabemos, por outro lado, exa-
tamente quais mudanças na sociedade culminaram em chegar nessa atual
conjuntura, com essa condição familiar, o qual, não detém mais aquele con-
texto de cuidado, onde a criança se desenvolve, abriga-se e se sente amada e
acolhida. Frente a isso, na subseção a seguir será compartilhada a metodolo-
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PLURALIDADE DE SABERES
Metodologia
Esta pesquisa é de natureza qualitativa, pois de acordo com Minayo
(2009, p. 21), ―a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares.
Ela se ocupa, nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode
ou não deveria ser quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de
significados, dos motivos, das aspirações, das crenças, dos valores e das ati-
tudes‖. Optamos pelo estudo de caso para realizar essa pesquisa, pois con-
forme Gil (1989, p. 79), ―o estudo de caso é caracterizado pelo estudo pro-
fundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de maneira a permitir conhe-
cimento amplo e detalhado do mesmo; tarefa praticamente impossível medi-
ante os outros delineamentos considerados‖. Devido esses motivos, esse,
método foi o escolhido para abranger nossos objetivos, sendo eles estudados
exaustivamente com a contribuição de nossos colaboradores.
Foi realizado uma pesquisa por meio da aplicação de um questionário
com famílias e professores de um CEI do Município do Trairi, no Ceará em
2018. Para realizar este estudo, escolhemos uma sala do Infantil V, com 16
crianças, delimitamos a porcentagem de 50% dos familiares da turma para
responderem ao questionário de pesquisa, no caso de 8 familiares. Esta tur-
ma foi escolhida por ser a fase final da Educação Infantil e que ingressarão
no Ensino Fundamental. Escolhemos este ambiente, porque acreditamos que
a Educação Infantil é uma etapa de extrema importância para o desenvolvi-
mento da criança, o momento em que está começando a formar suas rela-
ções e conviver com outras pessoas fora de seu convívio normal, assimilando
outras descobertas para assim se desenvolver plenamente em todos os aspec-
tos.
Já em relação os professores, aplicamos o questionário com todo o corpo
docente do CEI, pois desejávamos compreender suas percepções em relação
ao tema. O questionário para os professores foi composto por dez perguntas
e para os familiares teve sete perguntas, todas abertas e subjetivas.
Em outro momento, eu já havia feito uma pesquisa com as pessoas que
trabalhavam neste ambiente escolar, foi para minha graduação (Licenciatura
em Pedagogia pela Universidade Estadual do Ceará) e os sujeitos da pesqui-
sa foram outros. Como existia essa aproximação facilitou o contato inicial
para a coleta de dados. Ao falar sobre meu projeto, esclarecer os objetivos
em uma visita para conversar com os docentes do CEI, todos foram bem
receptivos e colaboram com o desenvolvimento desse estudo. Para preservar
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PLURALIDADE DE SABERES
Resultados e discussão
Abaixo serão apresentados os dados da pesquisa realizada para discutir a
relevância do tema em discussão. Foram aplicados dois questionários um
com os familiares de alunos compostos por sete questionamentos e outro
aplicado com o quadro docente do CEI. Primeiro vamos analisar os dados
coletados junto dos familiares e depois dos professores. Aqui eles serão iden-
tificados por familiares A, B, C, D, E, F, G, H. Os professores serão defini-
dos como professor: 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10.
O primeiro questionamento era referente ao que eles acreditam que con-
tribui para a aprendizagem do filho, os familiares A, C, D, F, G e H disse-
ram que ―o acompanhamento familiar e dos professores, são de extrema
importância, os conhecimentos aprendidos em casa pela criança Sobre isso,
Vieira Neta e Silva (2014, p. 55) ressaltam que ―as crianças, quando chegam
ao ambiente escolar, já trazem conhecimentos que são adquiridos no ambi-
ente familiar‖. Aqui é perceptível a importância que é dada aos conhecimen-
tos prévios do aluno adquiridos no seio familiar. Os familiares B e E, salien-
taram que, ―a participação da criança nos ambientes sociais, os conteúdos e
jogos educativos, contribuem para uma aprendizagem significativa‖.
Acreditamos que quando a família participa do processo educativo da
criança, quando ela se interessa e se coloca como apoio, a segurança neces-
389
PLURALIDADE DE SABERES
Estudos recentes mostram que em vários países, nas últimas décadas, que
se os pais se envolverem na educação dos filhos, eles por ora, obtêm me-
lhor aproveitamento escolar. De muitas variáveis que se estudaram, o en-
volvimento dos pais no processo educativo foi a que obteve maior impacto,
estado este impacto presente em todos os grupos sociais e culturais.
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PLURALIDADE DE SABERES
ar E); e ―Uma relação muito próxima, estou sempre atenta ao que acontece
na escola, até faço parte do Conselho da Escola‖. (Familiar G). Por essas
falas fica visível a interação e a convivência que estas famílias têm na escola.
Percebe-se que elas são participativas e que reconhecem que essa relação só
vem diversificar e ampliar a aprendizagem de seus filhos. Quando a família
participa, a criança sente-se mais segura para interagir e aprender.
A respeito dessas discussões, Picanço (2012, p. 14) defende que:
391
PLURALIDADE DE SABERES
pais e professores devem estar sempre unidos para que tenham alicerce em
uma educação participativa e rentável psicologicamente. O importante não
é apenas saber ler e escrever, mas formar e ser formado. Não podemos cul-
par e escolher um culpado. Devem se unir e trabalhar todos os juntos, refle-
tindo na formação do sujeito e em seu futuro cultural e social.
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PLURALIDADE DE SABERES
Aqui é nítida a importância que essa professora dar a presença dos fami-
liares no âmbito educacional, e o que isto pode significar na aprendizagem
do discente. Sabemos que essa relação é de extrema importância e quando
fortalecida trará benefícios para a escola e para a aprendizagem do aluno. O
sexto questionamento se referia sobre quais são essas diferenças, para retratar
a fala das professoras transcreverei as falas das Professoras 4 e 7 respectiva-
mente: ―Crianças acompanhadas pelos pais são mais disciplinadas, concen-
tradas e logo desenvolvem a aprendizagem‖. (Professora 4). ―Percebemos
essas diferenças principalmente no comportamento que a criança apresenta.
393
PLURALIDADE DE SABERES
A importância da participação dos pais na vida escolar dos filhos tem apre-
sentado um papel importante no desempenho escolar. O diálogo entre a
família e a escola, tende a colaborar para um equilíbrio no desempenho es-
colar. O envolvimento dos pais com a escola deve favorecer a reflexão de
diferentes aspetos pedagógicos e psicológicos dos seus filhos, com vista a
melhorar, de modo efetivo, o seu desempenho escolar. A importância da
participação ativa da família com a escola tem sido alvo de diversos estu-
dos, tendo em conta fatores como o comportamento dos alunos em sala de
aula e os problemas de adaptação. (PICANÇO, 2012, p. 41).
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Considerações finais
Este estudo nos possibilitou perceber a importância da relação família e
escola, como essa se torna primordial para alcançar melhores resultados na
aprendizagem dos discentes. Para alcançar o propósito desta pesquisa, de-
terminamos como objetivo geral: compreender o papel da família na forma-
ção escolar de alunos na Educação Infantil. Também determinamos três
objetivos específicos: descrever o papel da família que participa da vida esco-
lar do aluno; analisar a formação escolar de um aluno acompanhado (e não)
pela família; discutir a função desse acompanhamento e como pode ser forta-
lecida. Com suporte destes objetivos foi possível comprovar que uma família
que auxilia e acompanha seus filhos na sua vida escolar faz com que eles
tenham mais rendimentos e melhores resultados em sua aprendizagem. A
família necessita acompanhar esse processo, ser participativa nos eventos
escolares passando para a criança noções básicas de respeito, amor e vivên-
cia na sociedade.
As crianças que, em geral, não são acompanhadas por seus familiares não
têm o mesmo rendimento escolar que as demais que são, apresentam com-
portamentos diferentes, alguns são muitos inquietos, outros são extremamen-
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PLURALIDADE DE SABERES
te tímidos. Os que são muitos inquietos, percebemos que eles têm esse com-
portamento a fim de receber a atenção que não tem em casa. Durante essa
pesquisa percebemos que a relação família e escola na conjuntura atual da
sociedade encontra-se distorcida, muitos pais não leva essa importância em
consideração no que diz respeito ao acompanhamento escolar da criança,
acreditam que é papel da escola, porém sabemos que a família necessita
reconhecer seu papel e desempenhá-lo para não sobrecarregar as funções da
escola e porque cada um tem papel distinto na formação dos discentes.
A pesquisa de natureza qualitativa, teve como sujeitos os professores do
CEI e oito familiares de uma turma do Infantil 5. A pesquisa foi realizada
por meio da aplicação de questionário, por ser um método mais fácil de tra-
balhar, principalmente porque os sujeitos não disponibilizam de muito tem-
po para realizar uma entrevista. Por efeito da escolha deste método, tivemos
uma resposta rápida dos questionamentos que precisávamos para a pesquisa.
O questionário para os familiares era composto por 7 questionamentos e dos
professores continha 10 perguntas, o que possibilitou o alcance dos objetivos
da pesquisa. Por meio das falas dos familiares percebemos o reconhecimento
de algumas dificuldades para estarem presentes no ambiente escolar, porém,
percebemos que eles reconhecem a importância de se encontrar nos diversos
momentos que acontecem no âmbito escolar. Notamos que eles reconhecem
que na escola os filhos terão a oportunidade para mudar de vida e ter um
futuro melhor.
Os familiares também reconhecem a importância dos professores e que a
relação entre eles deve ser mantida e fortalecida para que a aprendizagem
venha acontecer e que seja em todos os aspectos da vida dos alunos. No que
diz respeito à escola, os professores também reconhecem a importância desta
relação, apontaram as dificuldades existentes para que isto ocorra e discor-
rem sobre como essa relação deve ser fortalecida. Percebemos também nas
falas dos professores que a ausência do acompanhamento familiar faz muita
falta para o desenvolvimento da criança e que é fundamental para que ele
ocorra.
De acordo com o que foi exposto e debatido neste artigo, percebemos que
a relação família e escola, é de suma importância para que a aprendizagem
ocorra de forma significativa na formação dos alunos. É nessa interação que
a criança encontra confiança para se desenvolver e adquirir as habilidades e
competências inerentes para seu convívio tanto escolar quanto social e ter
êxito no seu percurso de vida. Desta forma, faz-se necessário pensar em ou-
tros métodos e políticas públicas que insiram ainda mais a família dentro da
escola, tendo em vista que quando a família incentiva e acompanha, a crian-
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Referências bibliográficas
GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas,
2002.176 p.
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Introdução
Todo ser humano quando recebe algum estimulo tem uma reação, esse
estimulo pode ser tanto positivo quanto negativo ai que entra o nosso ponto
de partida a afetividade. A relação professor-aluno não pode dissociar-se da
afetividade, portanto nesse trabalho podemos proporcionar o entendimento
das relações afetivas na sociedade escolar, buscando a influencia que a mes-
ma traz à Educação Inclusiva, no aspecto sócio-afetivo. Podemos observar
que o indivíduo com necessidades especiais teve uma situação de subalterni-
dade ao longo da história, onde estava nítido as diferenças de direitos e fun-
ções sociais.
Partindo da problemática em que o desenvolvimento dos aspectos da afe-
tividade pode contribuir com o aprendizado das crianças com necessidades
especiais vimos que isto reflete na maturidade cultural e humana de uma
sociedade que sempre estigmatizou o deficiente como um indivíduo excluí-
do, cuja presença sempre ofendeu e perturbou a sociedade.
A presente reflexão justifica-se pelo fato de que nos dias atuais, a realida-
de não mudou muito, pois a sociedade estabelece uma ideia de relação de
portador de deficiência com uma condição de inferioridade em relação as
pessoas tidas como normais. Diante disso, vejo como necessidade a escolha
do tema para assim diante de tal ideal proporcionar um diferencial de conhe-
cimentos para formação dos profissionais para interação e convívio social
fazendo uso da afetividade no processo de ensino e aprendizagem.
Nesse estudo, contei com a realização de uma pesquisa bibliográfica,
tendo como principais autores: Piaget, Lev Vygotsky, Henri Wallon e outros.
Portanto, o aluno especial envolvido em atividades rotineiras com um pro-
cesso em conjunto com a afetividade tende a estabelecer grandes avanços no
seu processo de ensino e aprendizagem.
Os educadores devem proporcionar mudanças de conceitos e construir
uma reorganização escolar, usando a afetividade como possibilidade de
400
PLURALIDADE DE SABERES
Fundamentação teórica
Partindo do pressuposto de que todo professor tem papel importante no
desenvolvimento educacional de seu aluno, veremos o quão importante é a
afetividade na vida escolar do seu alunado e o que essa relação pode influen-
ciar tanto positivamente quanto negativamente no desenvolvimento de ensi-
no e aprendizagem das crianças, particularmente, as que necessitam de uma
educação especial.
Vygotsky tem uma teoria marxista, na sua psicologia de desenvolvimen-
to ele defende que o desenvolvimento cognitivo do aluno se dá por meio de
interação com o meio e com os outros indivíduos, no entanto podemos afir-
mar que a criança aprende tendo contato com o outro e o professor é um
indivíduo primordial que promove este envolvimento, pois é na escola que
eles possuem esse contato.
Vygotsky (1998, p. 54) destaca que,
Durante toda vida escolar o aluno, terá contato com uma comunidade
escolar diversificada, o aluno convive com diferentes tipos de pessoas, e é
através dessa troca de experiência que ele se constitui.
A escola possui um papel importante nessa interação com o meio pois é a
partir da inserção da criança na vida escolar, principalmente tratando da
criança com necessidades especiais que começa a surgir as primeiras tensões,
pois não é de hoje que sabemos que o individuo portador de algum tipo de
deficiência, que necessite de um atendimento especial é difícil de ser aceito
pela sociedade. Diante desta questão podemos analisar, qual é o papel do
professor e da escola para a reorganização da estrutura escolar?
Bourdieu (2010, p. 23) afirma que,
401
PLURALIDADE DE SABERES
Vygotsky (apud OLIVEIRA, 1995, p. 28) diz que ―o homem é um ser his-
tórico, que se constrói através de suas relações com o mundo natural e soci-
al. O processo de trabalho (transformação da natureza) é o processo privile-
giado nessas relações homem/mundo‖.
Ainda sabemos que a afetividade se inicia na família, pois, a criança ao
nascer, tem o primeiro contato com os membros familiares. Assim, podemos
dizer que a família é, sem sombra de dúvidas, o alicerce e a base a ser segui-
da. Mas nem sempre esse padrão é seguido, porque, se a criança foi gerada,
esperada, amada com o sentimento de afetividade, tende a ser uma criança
que terá um desenvolvimento e aprendizagem melhor estabelecido do que
aquela que vive em uma família desestruturada, principalmente em relação a
afetividade. Uma criança educada num lar com desentendimentos, onde não
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O bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a in-
timidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e
não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam
porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem su-
as pausas, suas dúvidas, suas incertezas.
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Considerações finais
O presente estudo que teve como objetivo principal a compreensão dos
processos desenvolvidos no ensino e aprendizagem das crianças com neces-
sidades especiais, especificamente a relação professor – aluno relacionados a
afetividade, deve ser uma prática constante sendo efetivada com harmoniosa
entre docente e discente. Assim é possível construir novas práticas pedagógi-
cas proporcionando uma educação plena para aqueles que necessitam de
uma atenção especial.
As práticas pedagógicas dos professores devem ser construídas sob forma
de motivação da afetividade do professor. Podendo estimular e colaborar
para o ensino e aprendizagem de crianças com necessidades especiais, de-
mostrando que a missão do professor ultrapassa apenas ―o ensinar‖, mas
possibilitar ao educando construções de ideais através de muito amor e afeto.
De acordo com as referências pesquisadas podemos compreender que os
indivíduos considerados normais ou aqueles que necessitam de uma educa-
ção especial, se desenvolvem de acordo com os estímulos que o recebem e
também em termos afetivos a atenção. O reconhecimento pode influenciar à
solicitação da resposta esperada, podendo ser ela positiva ou negativa.
A relação professor-aluno é de suma importância para o ensino e apren-
dizagem pois o professor e a escola tem dividido o papel de cuidar da crian-
ça, um aspecto importante com relação a criança com necessidades especi-
ais pois é na escola que muitos alunos encontram a perspectiva de serem
pessoas criticas construtivas para viver numa sociedade que, por diversas
vezes, o excluíram.
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Referências bibliográficas
BOURDIEU, Pierre. Razões práticas: sobre a teoria da ação. 11. ed. Cam-
pinas: Papirus, 2011.
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ÍNDICE REMISSIVO
afetividade, 20, 105, 376, 379, 342, 343, 348, 350, 351, 355,
393, 394, 395, 396, 397, 398, 358, 369, 375, 376, 377, 378,
399, 400 379, 382, 383, 384, 385, 386,
afro, 193, 194, 195, 196, 197, 202, 387, 388, 390, 391, 392, 393,
205, 206, 207, 211, 212 394, 395, 397, 398, 399, 400,
agrícola, 61, 307, 308, 310, 312 405
alimentos, 307, 311, 313, 321 atitude ingênua, 253
aluno, 15, 45, 48, 50, 51, 117, autoconhecimento, 13
131, 134, 135, 136, 137, 138, BNCC, 73, 95, 112, 113, 116,
140, 141, 142, 143, 144, 169, 118, 119, 120, 121, 122, 159,
295, 298, 299, 300, 301, 304, 357, 358
325, 337, 340, 341, 342, 343, Brasil, 5
344, 345, 347, 359, 367, 375, classe média, 204, 276, 277, 279,
376, 377, 378, 383, 385, 387, 327
390, 393, 394, 395, 396, 397, CLT, 291
398, 399, 400 coletivos, 15, 16, 204, 240, 262
análise, 20, 21, 41, 47, 48, 49, 54, comunicar, 31, 102, 106, 107,
57, 58, 71, 75, 76, 78, 81, 110, 133, 343, 345
111, 112, 113, 114, 116, 117, comunidade, 17, 18, 19, 22, 23,
118, 121, 122, 150, 171, 193, 40, 41, 46, 110, 139, 168, 171,
194, 212, 216, 218, 224, 226, 175, 176, 182, 183, 186, 188,
231, 237, 239, 242, 250, 251, 190, 198, 202, 236, 295, 296,
253, 256, 262, 264, 265, 268, 297, 325, 387, 394, 399
269, 277, 279, 282, 293, 295, Congresso Nacional, 291
297, 308, 312, 332, 333, 344, Constituição Federal, 18, 182,
360, 368, 373, 374, 377, 382, 290, 291, 322, 327
396 construção, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
antropológico, 233, 235 19, 20, 23, 24, 25, 39, 40, 41,
aprendizagem, 17, 18, 19, 22, 26, 42, 44, 46, 48, 50, 53, 57, 59,
27, 28, 29, 30, 31, 32, 33, 34, 73, 92, 93, 104, 108, 133, 134,
35, 36, 44, 45, 47, 51, 55, 73, 138, 142, 144, 157, 161, 173,
75, 94, 99, 102, 104, 108, 109, 175, 183, 184, 185, 190, 199,
110, 131, 132, 133, 134, 135, 211, 212, 214, 217, 218, 226,
136, 138, 139, 140, 141, 142, 231, 237, 238, 240, 246, 251,
143, 144, 145, 146, 148, 149, 256, 261, 264,265, 266, 267,
157, 164, 231, 233, 255, 256, 270, 272, 273, 275, 287, 291,
258, 263, 282, 299, 300, 301, 293, 294, 296, 298, 299, 301,
304, 325, 327, 339, 340, 341, 305, 316, 318, 322, 331, 333,
417
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335, 351, 353, 358, 359, 362, 171, 174, 176, 180, 188, 197,
363, 364, 365, 366, 367, 368, 205, 230, 232, 248, 255, 257,
371, 372, 373, 394, 398, 399, 262, 263, 265, 266, 282, 285,
401, 403 291, 294, 295, 296, 297, 298,
consumidor, 152, 157, 245, 253, 299, 300, 301, 304, 306, 308,
255, 257, 303, 317 312, 314, 317, 319, 329, 337,
contexto, 14, 15, 16, 18, 20, 22, 338, 346, 357, 376, 377, 378,
33, 34, 35, 36, 40, 41, 43, 44, 379, 380, 381, 382, 385, 386,
47, 52, 53, 57, 61, 63, 65, 67, 388, 389, 391, 393, 394, 395,
68, 69, 73, 75, 94, 104, 112, 397, 398, 401
113, 114, 115, 117, 119, 121, direitos, 6, 165, 196, 197, 201,
133, 140, 144, 147, 149, 159, 205, 206, 212, 218, 222, 224,
161, 164, 165, 177, 193, 195, 226, 232, 235, 236, 261, 264,
196, 197, 202, 204, 217, 225, 269, 270, 271, 277, 280, 286,
230, 234, 235, 262, 263, 264, 287, 291, 292, 295, 296, 305,
265, 266, 267, 269, 290, 296, 310, 311, 327, 328, 335, 354,
298, 299, 305, 308, 311, 314, 380, 393, 395
315, 316, 319, 323, 325, 341, discussão, 26, 29, 36, 40, 65, 77,
360, 361, 363, 364, 376, 377, 95, 112, 113, 118, 119, 142,
378, 381, 395, 399, 400 175, 205, 222, 236, 242, 262,
cotidiano, 14, 20, 22, 26, 29, 40, 267, 270, 272, 273, 277, 285,
41, 42, 52, 62, 74, 83, 101, 104, 287, 295, 297, 309, 310, 332,
140, 145, 176, 257, 273, 341, 333, 338, 360, 362, 379, 382,
366, 371, 379 400
criança, 19, 23, 25, 30, 99, 100, docente, 14, 15, 16, 21, 23, 25, 39,
101, 102, 105, 106, 107, 109, 40, 41, 42, 43, 44, 45, 47, 48,
110, 132, 136, 137, 143, 285, 49, 50, 51, 52, 53, 54, 55, 104,
326, 329, 375, 376, 377, 378, 137, 159, 165, 277, 287, 290,
379, 380, 381, 382, 383, 384, 292, 295, 296, 302, 305, 338,
385, 386, 387, 388, 389, 390, 352, 356, 357, 358, 361, 367,
391, 392, 394, 395, 396, 397, 371, 373, 381, 382, 385, 399
398, 400, 401 Educação Infantil, 13, 14, 16, 17,
democracia, 18, 192, 222, 269, 19, 20, 21, 22, 23, 24, 25, 104,
270, 276, 279, 280, 286, 287, 105, 107, 109, 110, 149, 375,
288, 293, 294, 306, 314, 326, 381, 390, 407, 409
327, 330, 364 educação libertadora, 176, 350,
desafios, 13, 14, 20, 21, 22, 23, 351, 352, 353, 354, 355, 357,
24, 25, 51, 52, 53, 134, 136, 358
146, 165, 239, 275, 280, 292, Ensino Religioso, 350, 356, 357,
295, 296, 297, 298, 351, 354, 359, 406, 407
358, 359, 375, 380 epistemológico, 58
desenvolvimento, 17, 18, 19, 20, Escola Sem Partido, 276, 282
47, 48, 58, 63, 73, 96, 97, 99, escolas, 21, 23, 26, 27, 33, 35, 42,
100, 103, 108, 109, 110, 132, 75, 94, 95, 112, 116, 133, 134,
133, 135, 140, 142, 158, 169, 135, 140, 143, 155, 161, 174,
418
PLURALIDADE DE SABERES
178, 180, 231, 232, 237, 242, globalização, 52, 147, 218, 298
276, 279, 281, 282, 283, 289, Google Meet, 170, 171
293, 297, 298, 300, 301, 351, gramática, 30, 31, 32, 35, 56, 57,
389, 391 58, 59, 64, 66, 69, 70, 71, 80,
família, 21, 22, 105, 108, 133, 112, 113, 116, 117, 118, 119,
207, 208, 279, 291, 357, 375, 120, 121, 122, 123, 344
376, 377, 378, 379, 380, 383, idade, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32,
384, 385, 386, 387, 388, 389, 33, 34, 35, 36, 37, 73, 268, 341,
390, 391, 392, 395, 396 389
fascismo, 276, 277, 279, 280, 282, identidade, 14, 15, 16, 20, 21, 22,
283, 284, 286, 288 24, 25, 39, 40, 41, 42, 43, 44,
fonético, 28 46, 47, 48, 50, 51, 53, 54, 55,
Fonoaudiologia, 185, 190, 191, 104, 114, 150, 152, 194, 197,
403, 410 201, 202, 209, 212, 213, 214,
fonológico, 28, 84 223, 257, 277, 279, 290, 298,
formação, 13, 16, 19, 20, 21, 23, 305, 330, 331, 350, 354, 357,
24, 25, 34, 36, 40, 42, 43, 45, 365, 367, 370, 382, 400
46, 47, 48, 52, 53, 54, 55, 73, idioma, 26, 27, 28, 29, 30, 33, 34,
77, 96, 99, 100, 101, 102, 104, 35, 36, 117
106, 110, 111, 132, 133, 134, imaginário, 102, 200, 201, 203,
145, 149, 157, 168, 169, 170, 220, 365
171, 173, 174, 175, 179, 180, inclusão, 6, 35, 36, 77, 139, 147,
181, 182, 194, 203, 212, 217, 149, 151, 154, 157, 166, 197,
221, 223, 236,237, 239, 251, 239, 367, 370, 397, 400, 406
261, 262, 263, 264, 265, 266, indígenas, 194, 200, 202, 203,
267, 268, 269, 270, 271, 272, 230, 231, 232, 233, 234, 236,
273, 274, 285, 287, 290, 294, 237, 238, 239, 240, 241, 242,
295, 296, 297, 301, 303, 305, 243, 277, 285, 286
306, 307, 308, 311, 314, 315, inovações, 14, 41, 160, 205
319, 320, 328, 329, 330, 333, instituição, 13, 44, 174, 177, 272,
350, 351, 352, 353, 355, 356, 278, 298, 299, 300, 302, 363,
357, 358, 361, 362, 363, 364, 365, 375, 377, 378, 382, 399,
366, 368, 369, 370, 372, 373, 403, 408
375, 376, 377, 378, 383, 384, Lei de Diretrizes e Bases da
386, 388, 389, 390, 391, 393, Educação, 18, 24, 291, 323, 356
396, 397, 401 leitura, 48, 49, 50, 62, 63, 73, 74,
gênero, 62, 63, 78, 95, 102, 166, 75, 78, 79, 80, 81, 82, 83, 84,
194, 195, 198, 199, 200, 201, 88, 91, 92, 93, 94, 95, 96, 97,
203, 204, 205, 212, 214, 222, 98, 99, 101, 102, 103, 105, 106,
223, 225, 277, 279, 281, 283, 107, 111, 112, 113, 114, 115,
286 116, 117, 118, 119, 121, 122,
gestão, 13, 14, 16, 17, 18, 19, 20, 123, 133, 140, 173, 200, 201,
21, 22, 23, 25, 46, 55, 134, 164, 202, 217, 222, 224, 226, 235,
274, 290, 295, 297, 301, 331, 246, 277,304, 324, 331, 360,
333, 407 361, 362, 363, 365, 368, 369,
419
PLURALIDADE DE SABERES
370, 371, 372, 373, 374, 375, personagem, 65, 67, 193, 194,
380, 399, 407 196, 201, 208, 209, 211, 212,
língua, 26, 27, 28, 29, 30, 31, 32, 230
33, 34, 35, 36, 37, 48, 49, 50, pesquisa, 14, 20, 21, 23, 24, 27,
57, 58, 59, 70, 79, 81, 87, 91, 28, 29, 32, 33, 35, 39, 40, 48,
93, 95, 97, 112, 113, 114, 115, 49, 54, 75, 76, 77, 78, 81, 85,
116, 117, 118, 119, 120, 121, 87, 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94,
122, 123, 155, 224, 341, 343, 95, 99, 100, 112, 113, 119, 131,
344, 347, 348, 361, 368, 409 132, 143, 144, 165, 167, 168,
Língua Portuguesa, 39, 43, 48, 169, 170, 171, 175, 180, 186,
49, 50, 51, 53, 55, 56, 70, 71, 194, 211, 233, 234, 235, 237,
74, 92, 112, 169, 170, 174, 402, 261, 262, 268, 269, 271, 272,
403, 405, 406, 407, 408 273, 290, 308, 319, 323, 332,
literatura, 19, 49, 99, 100, 101, 333, 337, 338, 347, 354, 360,
102, 110, 111, 121, 167, 194, 361, 362, 363, 365, 366, 368,
195, 196, 197, 199, 200, 201, 371, 372, 375, 377, 381, 382,
202, 211, 213, 214, 233, 281, 388, 390, 391, 393, 403, 404,
371, 377, 409 405, 406, 408
metodologias ativas, 131, 132, planejamento, 19, 178, 255, 293,
135, 136, 138, 142, 143 299, 337, 338, 339, 342, 344,
Movimento dos Trabalhadores 346, 347, 382
Sem-Terra, 307, 308, 319 política, 15, 63, 67, 116, 122, 154,
mulher, 193, 194, 198, 201, 202, 166, 168, 200, 201, 204, 217,
203, 204, 209, 212, 215, 216, 222, 225, 226, 233, 236, 237,
221, 222, 225, 226, 330 238, 242, 243, 250, 261, 262,
negra, 169, 179, 193, 194, 195, 264, 267, 268, 269, 270, 271,
196, 197, 198, 201, 202, 203, 272, 273, 275, 276, 278, 280,
214, 215, 216, 219, 222, 225, 281, 283, 285, 286, 288, 289,
226 291, 294, 296, 301, 302, 303,
negro, 195, 196, 200, 204, 211, 311, 312, 321, 323, 324, 325,
215, 216, 217, 218, 219, 220, 328, 331, 332, 400
223, 224, 225, 226, 228 político, 13, 14, 17, 52, 62, 67,
observação, 43, 56, 66, 69, 104, 119, 120, 121, 184, 202, 225,
105, 239, 332, 338, 342, 343 235, 237, 238, 239, 261, 263,
pandemia, 64, 65, 66, 68, 132, 264, 265, 266, 269, 270, 271,
135, 136, 149, 155, 161, 169, 273, 275, 276, 277, 280, 282,
171, 188 286, 296, 301, 303, 311, 315,
Paulo Freire, 174, 176, 181, 183, 322, 324, 331, 333, 364
191, 247, 248, 249, 251, 259, produtor, 245, 252, 253, 255, 307,
260, 322, 324, 325, 332, 335, 317
336, 351, 354, 358 professor, 14, 15, 16, 18, 20, 25,
pedagogia, 152, 153, 166, 181, 26, 36, 39, 40, 42, 43, 44, 47,
233, 236, 282, 287, 302, 322, 52, 54, 96, 100, 101, 102, 103,
323, 324, 325, 326, 328, 330, 104, 105, 106, 109, 110, 118,
331, 332, 333, 365, 392, 396 119, 120, 131, 132, 133, 134,
420
PLURALIDADE DE SABERES
135, 136, 137, 138, 139, 141, 304, 313, 314, 316, 317, 318,
142, 143, 173, 178, 179, 235, 324, 325, 326, 327, 328, 330,
248, 286, 294, 295, 296, 297, 333, 335, 360, 362, 364, 371,
299, 300, 301, 324, 325, 331, 376, 377, 378, 380, 384, 388,
337, 338, 339, 340, 341, 342, 389, 390, 393, 394, 396, 397,
343, 347, 353, 360, 361, 363, 400
364, 365, 366, 368, 369, 370, tecnológicos, 131, 132, 133, 134,
371, 372, 373, 382, 388, 393, 138, 143, 148, 156, 161, 163,
394, 395, 396, 397, 398, 399, 165, 341
400, 403, 405, 406, 408, 409 teórico, 58, 100, 173, 174, 179,
racismo, 196, 198, 200, 203, 204, 217, 226, 257, 262, 266, 268,
205, 206, 213, 215, 216, 217, 269, 272, 282, 290, 315, 338
219, 223, 225, 226, 227, 283, trabalhadores, 184, 187, 188, 190,
285, 286 191, 192, 279, 285, 290, 291,
Revolução Industrial, 13 292, 293, 296, 310, 312, 313,
ruído, 182, 184, 185, 186, 188, 314, 316, 318, 320, 324
190, 191, 192, 403 trabalho, 13, 14, 16, 17, 18, 19,
sala de aula, 39, 42, 48, 51, 52, 20, 21, 22, 23, 24, 26, 27, 34,
73, 99, 100, 101, 102, 103, 104, 36, 40, 42, 45, 47, 48, 51, 53,
105, 108, 109, 110, 111, 131, 55, 56, 57, 59, 63, 67, 74, 93,
135, 138, 139, 140, 141, 142, 100, 103, 107, 108, 109, 112,
143, 146, 148, 171, 172, 173, 113, 115, 116, 117, 123, 135,
179, 261, 287, 296, 326, 330, 136, 138, 143, 148, 149, 150,
332, 337, 341, 342, 366, 367, 159, 169, 170, 184, 191, 194,
371, 387, 391, 397, 399 195, 197, 202,212, 216, 221,
saúde, 145, 182, 183, 184, 185, 225, 232, 234, 239, 247, 248,
186, 188, 190, 191, 192, 290, 261, 262, 263, 264, 265, 268,
403 269, 270, 273, 274, 278, 285,
Serviço Social, 261, 262, 264, 291, 292, 294, 296, 297, 298,
265, 266, 267, 268, 269, 270, 299, 300, 302, 303, 304, 305,
271, 272, 273, 274, 275, 405 306, 307, 308, 310, 312, 314,
significação, 41, 60, 64, 114, 147, 315, 319, 322, 323, 325, 328,
150, 151, 152, 216, 221, 245, 332, 342, 363, 365, 366, 367,
260, 298 370, 373, 388, 393, 395, 400
sociedade, 15, 17, 26, 29, 41, 42, Unila, 168
44, 46, 47, 50, 52, 54, 63, 73, Unilab, 168, 170, 171, 173, 174,
74, 102, 104, 132, 140, 145, 176, 180, 402, 403, 405, 407
153, 159, 165, 169, 174, 180, universidade federal, 168
193, 195, 196, 197, 198, 201, universo, 34, 36, 39, 40, 51, 99,
203, 204, 209, 211, 212, 215, 100, 101, 102, 105, 109, 110,
218, 222, 226, 230, 231, 233, 144, 203, 262, 268, 269, 352,
234, 237, 239, 241, 250, 253, 355, 381
263, 264, 265, 266,267, 269, Youtube, 170, 171
270, 271, 282, 285, 291, 294,
295, 296, 297, 298, 302, 303,
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