TCC Tec - 02.06.2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

PABLO ARIEL DA COSTA FERNANDEZ


MARINA OTSUKI GUIMARÃES
NOELLY VASCONCELOS SANTIAGO

A IMPORTÂNCIA DA IMPERMEABILIZAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL

Belém - PA
2021
PABLO ARIEL DA COSTA FERNANDEZ
MARINA OTSUKI GUIMARÃES
NOELLY VASCONCELOS SANTIAGO

A IMPORTÂNCIA DA IMPERMEABILIZAÇÃO NA
CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho apresentado como exigência


para a obtenção de nota na disciplina
Tecnologia das Edificações V, do
Curso de Arquitetura e Urbanismo,
ministrado pela Universidade Federal
do Pará, sob orientação do professor
Ricardo Bentes Kato.

Belém - PA
2021
RESUMO

Os produtos impermeabilizantes são projetados para proteger as superfícies


nas quais foram aplicados. Eles surgem no mercado da construção civil de
diferentes formas e são selecionados de acordo com o tipo de umidade, que
agrava os danos à estanqueidade da edificação, uma vez que o serviço de
impermeabilização é uma medida preventiva. Com base na alta morbidade
associada aos sistemas de impermeabilização predial, o objetivo deste trabalho
é discutir e sensibilizar para esta etapa, pois a realização deste serviço é
ignorada por falsa consciência econômica. O que se vê de fato são patologias
construtivas que interferem em fatores sociais, ambientais e econômicos.

Palavras chaves: Impermeabilização. Estanqueidade. Conscientizar.


3

1 INTRODUÇÃO

A umidade sempre foi um empecilho para a habitação do homem, desde


as cavernas até as edificações contemporâneas. Com o passar do tempo, foi-
se desenvolvendo técnicas capazes de conter tal fator e impedir seus impactos
nas construções.
A impermeabilização é uma técnica utilizada na construção civil que
consiste na aplicação de produtos específicos com o objetivo de proteger as
diversas superfícies porosas contra a passagem de fluidos. Funciona como uma
barreira física para impedir a propagação da umidade e infiltrações.
De fundações e paredes de contenção a reservatórios e piscinas para a
camada inferior do solo, materiais impermeáveis devem ser usados em quase
todas as partes do edifício. Porém, em muitos projetos, eles são excluídos
devido ao controle de custos e desinformação; levando à morbidade, reduzindo
a vida útil das edificações, destruindo o ecossistema (no caso dos aterros) e,
posteriormente, perdas físicas e econômicas causadas por compensação de
integridade ambiental.
A segunda seção se faz pela descrição do desempenho da
impermeabilização, desde o seu projeto até as medidas de fiscalização da
execução. É seguida por uma seção que destaca os tipos de
impermeabilizantes disponíveis no mercado, descreve suas aplicações e
enfatiza as adequações de cada tipo à qual situação. A quarta seção é
composta pela descrição das patologias associadas ao sistema de
impermeabilização com suas causas, métodos de prevenção e de reparação
relativos a cada qual. Por fim, a quinta seção tem um olhar voltado para o
custo-benefício relativo ao uso de maneira correta dos sistemas de
impermeabilização nas obras de construção civil.

1.1 JUSTIFICATIVAS

A umidade ainda é um desafio para a construção civil e o homem procura


a cada dia combatê-la. Sendo assim, a impermeabilização se faz uma das
etapas mais importantes da construção, propiciando conforto aos usuários finais
da edificação, bem como a eficiente proteção que deve ser oferecida aos
4

diversos elementos de uma obra sujeitas às ações das intempéries.


O custo de uma impermeabilização na construção civil é estimado em
1% a 3% do custo total de uma obra. No entanto, a não funcionalidade da
mesma poderá gerar custos de reimpermeabilização da ordem de 5% a 10% do
custo da obra envolvendo quebra de pisos cerâmicos, granitos, argamassas,
entre outros (sem considerar custos de consequências patológicas mais
importantes e outros transtornos ocasionados, depreciação de valor patrimonial,
etc.).
Portanto, é de suma importância o estudo adequado da
impermeabilização de forma a ser verificado todos os recursos técnicos que
dispomos para executá-la da melhor forma possível.

1.2 OBJETIVO GERAL

O trabalho tem o objetivo de proporcionar, aos profissionais da área da


construção civil e aos usuários desta, o conhecimento necessário sobre as
técnicas de impermeabilização; buscando a aplicação correta, a otimização do
desempenho do produto e a consequente valorização no resultado final da obra.

1.3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Descrever as patologias decorrentes da não impermeabilização.

- Avaliar o custo-benefício da impermeabilização, para promover uma


conscientização sobre a importância do uso de impermeabilizantes na
construção civil, focando-se os estudos nas áreas molhadas e descobertas.
5

2 DESENVOLVIMENTO

Neste trabalho será realizado uma descrição da leitura de livros, boletins


técnicos, normas técnicas, visita à obra, consulta de periódicos, acesso a sites,
palestras e contatos com profissionais da área.

2.1 IMPERMEABILIZAÇÃO

A NBR 8083/1983 define a impermeabilização como a proteção das


construções contra a passagem de fluidos, visto que é necessário estabelecer as
exigências e recomendações relativas à sua seleção para que sejam atendidos
os requisitos mínimos desta (como os de salubridade, segurança e conforto do
usuário), de forma a ser garantida a estanqueidade dos elementos construtivos
que a requeiram. Normas a serem trabalhadas, como a NBR 8083, a NBR 9575,
NBR 13.532 e a NBR 6118, se aplicam às edificações e construções em geral,
em execução ou sujeitas a acréscimo ou reconstrução, ou ainda aquelas
submetidas às reformas.

2.2 DESEMPENHO DA IMPERMEABILIZAÇÃO

Leva-se em conta que as estruturas nas edificações devem ser


dimensionadas para suportar diversos tipos de movimentos e cargas inerentes
ao meio em que se vive; e de que este meio sofre mutações climáticas de
acordo com a umidade relativa, a temperatura, o vento, a chuva, o calor, dentre
outros. Portanto, faz-se necessário protegê-las das infiltrações e do calor, para
se obter maior vida útil dos materiais de construção, dando melhor desempenho
e conforto às habitações. Para tal, é preciso constar a impermeabilização em um
projeto para ela também ser prevista, de acordo com as propriedades por ela
exercidas, em cálculos estruturais e coordenada aos demais projetos
(hidráulicos, elétricos, etc.).
De acordo com o IBI (Instituto Brasileiro de Impermeabilização), um
projeto específico de impermeabilização, um prestador de serviço bem
recomendado e a fiscalização constante do contratante são as três
precauções básicas para garantir um serviço confiável.
6

A NBR 9575/2010 regulamenta e estabelece as condições mínimas


relativa à seleção e projeto de impermeabilização para a garantia da
salubridade, segurança e conforto do usuário e da estanqueidade das partes
construtivas.

2.2.1 Seleção da Impermeabilização

A seleção da impermeabilização deve ser guiada de acordo com o tipo de


solicitação que a edificação exige para a obtenção e manutenção da sua
estanqueidade. De acordo com a NBR 9575/2010, a solicitação pode ocorrer
de quatro maneiras distintas, sendo tais:

2.2.1.1 Imposta pela água de percolação

A água de percolação é aquela que atua sobre as superfícies sem exercer


pressão considerável. Então, deve receber proteção toda região que for entrar
em contato com água. Além do piso, as paredes dos boxes também devem
receber proteção.

2.2.1.2 Imposta pela água de condensação

A água de condensação é a água provinda da condensação do vapor


d'água presente no ambiente que atua na superfície de um elemento
construtivo deste ambiente. Uma das formas mais eficazes de combater a
condensação do vapor de água e, consequentemente, a formação de bolor, é a
ventilação dos ambientes e espaços. A estrutura precisa "respirar" e para isso,
a argamassa impermeável deve conter a água, mas deixar o vapor passar
(VEDACIT, 2010).

2.2.1.3 Imposta pela umidade do solo

A umidade do solo influência nos elementos construtivos por meio da sua


ascensão por capilaridade. Segundo Silva (2015) a água do solo atinge o
baldrame e percola pela alvenaria, atingindo-a até a altura de 1 metro.
7

O engenheiro ainda completa dizendo que quanto mais próxima esteja a


cinta ou baldrame dos terrenos úmidos, a alvenaria torna-se mais susceptível
ao ataque da água.

2.2.1.3 Imposta pelo fluido sob pressão unilateral ou bilateral

A estrutura sujeita à pressão unilateral pelo fluido pode sofrer pressão


positiva ou negativa, enquanto que a sujeita à pressão bilateral sofre as duas
(FREIRE, 2007), conforme a Figura 1. Água sob pressão positiva é a água,
confinada ou não, exercendo pressão direta na impermeabilização; e água sob
pressão negativa se difere por exercer pressão inversa na impermeabilização
(NBR 9575, 2010).

Figura 1 – Pressão Unilateral e Bilateral

Fonte: Freire (2007)

Nestes casos, é necessária a composição de vários produtos para


bloquear a água. Neste contexto, há a importância de um projeto de
impermeabilização que investigue previamente as condições da obra e
determine os produtos mais adequados para promover a estabilidade da
edificação.

2.2.2 Projeto de impermeabilização

Segundo Porciúncula (2013), um dos fatores de prováveis vazamentos


em edificações vem da ausência do Projeto de Impermeabilização. Como em
tudo na construção civil, a impermeabilização também deve ser pensada em
detalhes, usando as especificações corretas, tanto em termos técnicos quanto
atendendo às normas específicas de todos os itens que a envolvem. E a
8

ausência de projetos específicos parece ser o principal problema.

Itens de impermeabilização são um conjunto de informações gráficas e


descritivas que definem totalmente as características de todos os sistemas de
impermeabilização utilizados em uma determinada estrutura, de forma a
orientar claramente sua produção. O projeto de impermeabilização é
constituído de dois projetos que se complementam: projeto básico e projeto
executivo (NBR 9575, 2010).
A mesma norma define o projeto básico como o projeto compatibilizado
aos demais, que compõe os documentos do projeto básico de arquitetura,
conforme a NBR 13.532/1995, que define as soluções de impermeabilização a
serem adotadas para garantir a durabilidade dos componentes da construção
na presença de umidade, vapor e líquidos. O projeto de execução é baseado
no projeto básico e detalha todos os sistemas de impermeabilização que serão
utilizados na construção. A NBR 9575/2010 define que o conteúdo do projeto
básico deve conter:

 Plantas de localização e identificação das impermeabilizações;


 Detalhes construtivos que descrevem graficamente as soluções adotadas;
 Memorial descritivo dos tipos de impermeabilização selecionados e
seus desempenhos;
 Levantamento quantitativo;
 Estimativa de custos.

Já o projeto executivo se faz a partir de:

 Plantas de localização e identificação das impermeabilizações;


 Detalhes genéricos e específicos que descrevam graficamente as
soluções de impermeabilização;
 Memorial descritivo de materiais e camadas de impermeabilização;
 Memorial descritivo de procedimentos de execução;
 Planilha de quantitativos de materiais e serviços;

2.2.3 Fiscalização
9

O desempenho da impermeabilização está diretamente relacionado a


todos os fatores anteriormente mencionados. Entretanto, a empresa
aplicadora e o responsável pela obra devem, simultaneamente, controlar
estritamente a implantação da impermeabilização.
O cumprimento dos detalhes do projeto é essencial, tão importante
quanto os problemas que possam surgir na situação da pesquisa. Mudanças
no projeto, no andamento da construção e na situação financeira do
empreiteiro podem alterar o plano de impermeabilização.
Além dos controles de execução, há também o teste de estanqueidade,
que envolve a realização de barreiras em todas as passagens da área
impermeabilizante e o preenchimento da cabine a uma distância de 5 cm do
ponto impermeabilizante mais alto. A água deve permanecer no local por 72
horas para permitir tempo para viajar ao longo de qualquer caminho que
possa falhar. Após concluir esta operação, pode-se observar brechas
provenientes do serviço (FREIRE, 2007).
Infelizmente algumas áreas são impossibilitadas de o realizar por
limitações de acessos. Existem serviços especializados em fazer o mesmo
teste com a utilização de um equipamento imperdetector, que torna o seu uso
mais desejável devido a velocidade, ao baixo gasto de recursos naturais e a
simplicidade. Ele se torna preferível em relação ao outro que utiliza água, pois
não paralisa a obra, mas a encarece pelo seu custo.
A Figura 3 exemplifica a realização dos dois tipos de testes de
estanqueidade após a aplicação de manta asfáltica de 4 mm.

Figura 3 – Realização de Teste de Estanqueidade


10

Fonte: RALIFE ENGENHARIA (2021)

2.3 CARACTERIZAÇÃO DOS IMPERMEABILIZANTES

Como dito, o tipo de impermeabilização utilizado em cada caso varia de


acordo com a sua particularidade. Por este motivo, o catálogo de produtos
utilizados em impermeabilizações é diverso. Os principais pontos para
comparar e distinguir o uso de tipos de impermeabilizantes são o movimento
estrutural e a exposição às mudanças de temperatura. Portanto, há
impermeabilização rígida e impermeabilização flexível. É costume o uso de
impermeabilização rígida em todos os objetos enterrados, por outro lado, em
aplicações simples, flexíveis.

2.3.1 Impermeabilização Rígida

Uma impermeabilização rígida é o conjunto de materiais ou produtos


aplicáveis nas partes construtivas não sujeitas à fissuração (NBR 9575, 2010).
Em síntese, são utilizados para proteger as partes estáveis da edificação; não
sendo recomendados em locais sujeitos à movimentação, exposição solar e
vibrações.
Na impermeabilização rígida, os produtos normalmente incorporam-se às
estruturas tratadas (revestimentos de argamassa, pisos de concreto,
fundações, etc.), adquirindo suas características. Por isso, sua eficácia
depende, sobretudo, da integridade do sistema (FERREIRA, 2012).
Na tabela 1, são mostrados os cinco principais impermeabilizantes
utilizados no mercado segundo Ferreira.
Tabela 1 - Caracterização dos Principais Impermeabilizantes
11

Argamassas industrializadas disponíveis no mercado na Reservatórios e piscinas


versão bicomponente (cimento aditivado e resinas enterradas, subsolos,
Argamassa líquidas), devendo ser misturadas e homogeneizadas paredes, pisos frios,
polimérica antes da aplicação. Formam um revestimento baldrames, etc.
impermeável e resistente a umidade e ao
encharcamento.
Revestimento impermeabilizante semiflexível aplicado Reservatórios enterrados,
com trincha ou brocha em um sistema bicomponente baldrames, floreiras sobre
(componente em pó com fibras e componente líquido), terra, muro de arrimo, poço
Cimento
que forma uma pasta cimentícia resistente a umidade de elevador, etc.
polimérico
que sobe pelas paredes e pela fundação ideal para
áreas enterradas.

Impermeável a água e a vapor, é um revestimento com Tanques de


grande resistência mecânica e química. À base de armazenamento de
resinas epóxi bicomponente, com ou sem adições, é produtos químicos, tubos
Epóxi indicado para a impermeabilização e proteção metálicos.
anticorrosiva de estruturas de concreto, metálicas e
argamassas.

Fonte: Adaptado de FERREIRA (2016)

2.3.2 Impermeabilização Flexível

Uma impermeabilização flexível é o conjunto de materiais ou produtos


aplicáveis nas partes construtivas sujeitas à fissuração (NBR 9575, 2010).
Portanto, são indicados para superfícies sujeitas a movimentações, vibrações e
movimentações térmicas, por sua elasticidade.
Há dois tipos básicos de impermeabilizantes flexíveis: as mantas, pré-
fabricadas, e as membranas, moldadas in loco, conforme descrição a seguir.
APLICAÇÕES
PRODUTO CARACTERÍSTICAS
INDICADAS
São compostos químicos de cimentos aditivados, resinas Áreas sujeitas a
e água. O produto é aplicado diretamente sobre a umidade, reservatórios
estrutura a ser impermeabilizada; ao entrar em contato enterrados, baldrames,
Cristalizantes
com a água de infiltração, cristaliza-se e preenche os piscinas enterradas,
poros do concreto, constituindo uma barreira entre outros.
impermeável.
São argamassas de cimento e areia que adquire Baldrames, piscinas,
propriedades impermeáveis com a mistura de aditivos subsolos, contato com o
que repelem a água (hidrofugantes), líquidos ou em pó. solo, argamassa de
Argamassa
Devem ser aplicadas em locais não sujeitos a trincas e a assentamento de
Impermeável
fissuração no embolso de revestimento de baldrames e alvenaria, etc.
paredes e no assentamento de alvenarias em contato
com o solo.

2.3.2.1 Mantas Asfálticas


12

As mantas, por serem pré-fabricadas, possuem espessura definida,


necessitam apenas de uma camada de aplicação e a sua aplicação se dá de
maneira mais rápida. Por suas características e pelo tipo de fornecimento, são
indicadas para áreas mais extensas.
Segundo Scheidegger (2019), a manta é pré-fabricada de asfalto com
polímeros, que substitui os asfaltos que eram derretidos ou diluídos e lançados
nas lajes, como era feito anteriormente; dessa maneira, sua impermeabilização
é muito mais moderna e eficaz.

São também produzidas a partir de diferentes materiais sintéticos


resistentes à radiação ultravioleta e ataques químicos, a depender de sua
composição. A procura por mantas para coberturas e lajes de edifícios
sustentáveis vem aumentando devido a disponibilidade de seus produtos na
cor branca ou laminada, que ajuda a refletir os raios solares, e por
consequência reduzir a temperatura das edificações e de seus arredores.
A relação da caracterização das mantas asfálticas e as suas aplicações é
dada pela Tabela 2.

Tabela 2 - Classificação das Mantas Asfálticas pelo seu Desempenho

TIPO CARACTERÍSTICAS APLICAÇÕES INDICADAS


São mantas de desempenho básico. Com resistência Pequenas Lajes não expostas ao
mecânica e elasticidade mais baixas, são indicadas sol, banheiros, cozinhas, varandas,
I para locais com pouco trânsito e carregamentos baldrames, etc.
leves. Este tipo praticamente não é usado nas obras
brasileiras.
Produto com resistência mecânica adequada a Lajes sobre telhados, banheiros,
solicitações leves e moderadas, como o de áreas cozinhas, Varandas, baldrames,
II internas residenciais, pequenas lajes e fundações. etc.
Também podem ser usadas em impermeabilizações
com mantas duplas.
Mantas de elasticidade e resistência mecânica Lajes maciças, pré-moldados, steel
elevadas, desenvolvidas para a impermeabilização de deck, terraços, piscinas camadas
III estruturas sujeitas a movimentações e carregamentos de sacrifício em sistemas de dupla
típicos de um edifício residencial ou comercial. manta, etc.

Trata-se de material de alto desempenho e maior vida Lajes de estacionamentos, tanques


útil. São indicados para estruturas sujeitas a maiores e espelhos d'água, túneis, viadutos,
IV deformações por dilatação ou por grandes cargas, rampas, helipontos, etc.
como obras viárias e de infraestrutura.

Fonte: Adaptado de FERREIRA (2016)


13

2.3.2.2 Membranas

As membranas são moldadas in loco e sua aplicação se dá por meio de


sucessivas demãos do impermeabilizante líquido, que depois de seco forma
uma camada flexível e sem emendas. São indicadas para áreas menores ou
para onde o acesso é dificultado. Exigem um rígido controle da espessura e da
quantidade de produto aplicado por unidade de área. Portanto, sempre é
necessário consultar as indicações do fabricante na embalagem sobre o
processo de aplicação.

As membranas asfálticas são classificadas de acordo com sua aplicação


(a quente ou a frio). A associação do produto às suas características e as
aplicações mais indicadas é dada pela Tabela 3.

Tabela 3 - Membranas Impermeabilizantes: Características e Aplicações


14

Fonte: Adaptado de FERREIRA (2016)

APLICAÇÕES
PRODUTO CARACTERÍSTICAS INDICADAS
É o sistema mais tradicional no Brasil, utilizado desde o
início da impermeabilização de edificações no país.
Cozinhas, banheiros,
Consiste da moldagem de uma membrana
Asfaltos áreas de serviço, lajes
impermeabilizante por meio de sucessivas demãos de
moldados a de cobertura, terraços,
asfalto derretido intercaladas com telas ou mantas
quente tanques, piscinas,
estruturantes. Ideal para áreas de pequenas dimensões
reservatórios, etc.
e lajes médias ou com muitos recortes. A produtividade
de aplicação é baixa.
Produtos compostos por misturas de asfalto, Principalmente como
modificadas ou não por polímeros, em águas ou pintura de ligação, como
Soluções e solvente. São aplicados a frio como primers ou como impermeabilizante em
emulsões impermeabilização de áreas molháveis internas, pequenas lajes,
asfálticas estruturada com telas. O tempo de cura costuma ser banheiros, cozinhas,
maior em comparação com os demais sistemas áreas de serviço e
impermeabilizantes. floreiras.
Impermeabilizante bi componente aplicado a frio, com Lajes e áreas
Membranas grande estabilidade química, aderência a diversos tipos molháveis, tanques de
de de superfícies, elasticidade e resistência a altas efluentes industriais e
poliuretano temperaturas. Suas características o credenciam para esgotos, reservatórios
a aplicação em ambientes mais agressivos. de água potável.
Pisos industriais,
Revestimento aplicado a spray com equipamento de revestimentos internos
Membrana pulverização. Indicado para áreas onde a velocidade de de tanques, tanques de
de poliureia liberação da área é crítica, já que sua cura é muito tratamento de água
rápida (da ordem de minutos). Depois de aplicado, tem efluentes, piscinas, lajes
grande elasticidade e resistência química e mecânica. e telhados.
É formado por resina acrílica normalmente dispersa em
água, executada com diversas demãos intercaladas por
Shed, coberturas
estruturante. Resistente aos raios solares (ultravioleta),
Membrana inclinadas, abobadas,
deve ser aplicada em superfícies expostas e não
acrílica telhas pré-moldadas ou
transitáveis. Deve, ainda, ser usada em áreas mais
equivalentes.
inclinadas (maior que 2%), para que a água não se
acumule sobre a superfície e danifique o sistema.
As resinas termoplásticas são flexíveis bi componentes,
compostas por uma parte líquida (resina líquida) e
Piscinas, reservatórios
outra em pó (cimento aditivado). Misturados, formam
Resina de água potável, pisos
uma pasta que é aplicada com broxa em várias
termoplástica frios e rodapés de
demãos, estruturadas ou não com telas de poliéster.
paredes de drywall.
Não resiste à pressão negativa da água (a partir da
parede).
2.4 ANOMALIAS CONSTRUTIVAS ASSOCIADAS AO SISTEMA DE
IMPERMEABILIZAÇÃO

Apesar das pesquisas, do uso inovador da tecnologia, do produto e do


surgimento de projetos de impermeabilização obrigatórios; pode-se afirmar que
a impermeabilização não existe em todos os projetos por não ser
15

economicamente viável. Na maioria dos casos, mesmo por razões estéticas,


essas superfícies são tratadas com algum tipo de revestimento para torná-las
invisíveis após o término do trabalho. Além disso, por não ter função estrutural,
acabou sendo ignorado e, na percepção geral do consumidor, tornou-se uma
coisa dispensável (HUSSEIN, 2013).
Portanto, o surgimento de patologias construtivas tornou-se comum
devido à falta de serviços de impermeabilização na obra. Estas que se
resumem como a degradação da estrutura, a decomposição da tinta e os
danos causados pelo revestimento. Além disso, também ocasiona o
aparecimento de fungos e bactérias os quais, em um ambiente úmido, podem
ser prejudiciais à saúde (LONZETTI, 2010). Portanto, os profissionais da
atividade impermeabilizante devem compreender as doenças estruturais mais
comuns e que a área seja reforçada com medidas adequadas.

2.4.1 Corrosão de Armaduras

A corrosão das armaduras de uma estrutura é uma patologia


ligeiramente comum no cenário da construção civil. Esse processo tem por
consequência o desgaste do metal, como ilustrado na Figura 4. Seus fatores
variam desde o recobrimento de concreto abaixo do recomendado pela NBR
6118/2014, passando pela mal execução da concretagem e chegando às
deficiências do processo da cura do concreto; o que gera um aumento de sua
porosidade e a consequente exposição do aço à agressores.
Figura 4 - Grave corrosão no aço

Fonte: Carmona (1992)

O tratamento da corrosão em regiões localizadas é realizado, segundo


Medeiros (2008), em sete etapas apresentadas na Figura 5: delimitação da
16

área com corte com serra circular; escarificação do concreto solto e


deteriorado; limpeza do produto de corrosão formado, que pode ser feito de
forma manual, com jato de areia ou jato de água; pintura na superfície do metal
para maior proteção; aplicação de uma ponte de aderência; preenchimento
com argamassa de reparo e acabamento da superfície; e, por último, cura da
argamassa de reparo, geralmente feita com água da rede de abastecimento de
água potável.

Figura 5 - Etapas de Tratamento de Corrosão

Fonte: Medeiros (2008)

2.4.2 Eflorescência

Quimicamente, conforme Uemoto (1988), a eflorescência é constituída


por sais de metais alcalinos (sódio e potássio) e alcalino-terrosos (cálcio e
magnésio), solúveis ou parcialmente solúveis em água. Diante disso, pela água
da chuva ou do solo, o elemento irá estar saturado e os sais serão dissolvidos.
Depois, a solução migra para a superfície e, por evaporação, a água sai,
deixando na base do elemento um depósito salino. Analisando tal definição, é
possível perceber os fatores que influenciam na origem da eflorescência. A
concentração dos sais nos materiais, a presença de água na estrutura e a força
com que ela é proposta à superfície, como exemplificado na Figura 6.

Figura 6 – Eflorescência em Rejuntamento


17

Fonte: Autor (2021)

O tratamento da eflorescência pode se dar pela limpeza do local com


uma escova de aço e água em abundância. Também é possível a sua remoção
pela utilização de produtos químicos, entretanto, é preciso um cuidado com as
propriedades dos materiais que constituem a estrutura para que estas não
sejam danificadas.
A prevenção da patologia se faz, de acordo com a Citimat (2016), com a
utilização do cimento CP IV (pozolânico). Outras sugestões da empresa giram
em torno de uma boa cura da argamassa, fazendo do produto mais denso e
impermeável; e da adição de redutores de água ou impermeabilizantes à
argamassa.

2.4.3 Carbonatação do Concreto

O concreto, depois de dosado, possui pH básico e isso garante uma


harmonia entre ele e o aço em seu interior, o concreto protegendo o aço e
este ajudando a resistência à tração. O ar atmosférico, composto
principalmente por oxigênio, nitrogênio e gás carbônico, penetra pelos poros do
concreto e o contato em meio úmido do último com as bases de cálcio e de
magnésio presentes geram reações químicas que dão origem ao carbonato
de cálcio e ao carbonato de magnésio. Isso implica na queda do pH do
concreto e na consequente redução da proteção da armadura.
A queda do pH representa a acidificação do concreto, representada na
Figura 7, que indica a coloração violeta da fenolftaleína na presença de acidez.
Werle (2012) diz que a taxa de carbonatação particularmente da
permeabilidade do concreto (quanto mais permeável, maior a taxa de
carbonatação).
18

Um caso frequente é o desplacamento de concreto nos pilares dos


prédios residenciais que recebem grande parte da água não impermeabilizada
como mostrado na Figura 8.

Figura 7 -
Reação da

Fenolftaleína no Concreto
Fonte: Tecnosil (2021)

Figura 8 – Pé de Pilar de
Estacionamento
Fonte: Invernizzi Engenharia (2021)

Existem várias situações que merecem atenção para minimizar o risco


da carbonatação do concreto. Esse controle vai desde as condições
climáticas, passando pela trilha de concreto, e chega até a cura.
Ao reduzir o número de poros, doses com menor relação água / cimento
terão menores taxas de carbonatação do concreto. Portanto, a sílica ativa
pode ser considerada uma das principais formas de evitar tal patologia.
Além das condições expostas anteriormente, podem existir vários
agentes agressivos como: íons sulfetos, íons cloretos, dióxido de carbono,
nitritos, gás sulfídrico, óxidos de enxofre entre outros; que quebram ou não
permitem a formação da película passivadora, acelerando o processo de
corrosão.

2.4.4.1 Patologias em Sistemas de Pinturas

A pintura é um mecanismo protetor à superfície e ao mesmo tempo


estético. Para garantir o seu sucesso, recomenda-se preparar a superfície e
seguir as recomendações do fabricante para diluição e aplicação. Porém,
patologias como bolhas, bolor, enrugamento, etc. são comuns e muitas delas
19

podem estar relacionadas à ausência ou falha de serviços de


impermeabilização.
2.5 CUSTO-BENEFÍCIO DA IMPERMEABILIZAÇÃO

O serviço de impermeabilização é deixado muitas vezes de lado por


motivos de contenções de gastos ou mesmo pela desinformação. As
consequências da falta ou da má realização dessa etapa construtiva vão
desde as estéticas, como manchas e bolores; de saúde, pela transformação do
ambiente em desagradável e insalubre; passando pela parte estrutural da
edificação, por meio da oxidação da armadura, por exemplo; e chegam até o
bolso do proprietário da construção com os gastos de reparo, como visto
anteriormente.

Figura 15 - Custo aproximado das etapas de construção

Fonte: VEDACIT(2010)

Por meio da análise do gráfico (Figura 15), e do conhecimento de que as


patologias associadas ao sistema de impermeabilização interferem
consideravelmente no desempenho dos revestimentos, é possível inferir que
uma etapa preventiva, estimada em 3% da obra deixada de lado, pode
ultrapassar os 10% da pintura e limpeza final ou chegar aos 22% do
revestimento.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nos problemas relacionados à presença de umidade nas


edificações, foi possível concluir que as causas variam conforme a forma de
contato desse fator com a edificação. E isso interfere também nas formas de
prevenção, devido aos diferentes tipos de impermeabilizantes existentes no
mercado, e também nas formas de solucionar os problemas, dada a sua
20

diversidade.

Os serviços de impermeabilização funcionam de maneira preventiva


em uma construção, porém, costumam ser desprezados por contenção de
gastos e desinformação, apesar dos avanços no que se diz respeito à
divulgação dessa etapa construtiva.
Caso seja contratada a impermeabilizante que concluiu o projeto, pode
haver defeitos no projeto de impermeabilização, como falta de previsão de
reparos, sobrecarga, redução de tela plana ou outros tipos de detalhes
semelhantes. Como resultado, a emergência improvisada leva a soluções
insatisfatórias, altos custos e muitas vezes é difícil determinar as
responsabilidades dos técnicos envolvidos.
O que ainda se observa é uma cultura baseada na correção de problemas
e não na prevenção. Dessa forma, surgem morbidades na estrutura e suas
consequências. Como já dito, essas morbidades podem interferir na estética,
na saúde dos moradores, no bolso do proprietário e no meio ambiente pelo
desperdício de materiais.
Outro ponto a se destacar é que os produtos utilizados para
impermeabilização são prejudiciais à natureza, não havendo material para
substituir esses produtos. A reciclagem dos restantes materiais ainda não foi
concluída, mas esta é uma questão que não pode ser ignorada, até porque a
atual reciclagem e utilização de recursos são os principais temas de qualquer
serviço nas edificações civis.
O desenvolvimento deste tema para a conclusão da Disciplina de TEC V
foi de suma importância para a consolidação de conhecimentos adquiridos ao
longo do curso de Arquitetura e será de grande utilidade para o decorrer dos
anos, estes que serão enriquecidos com a prática.
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