Precalculo 3
Precalculo 3
Precalculo 3
3
Antes de ler o capítulo O progresso da civilização está baseado na observação de que alguns fenômenos estão
Você conseguirá acompanhar relacionados. A agricultura, criada no início do período neolítico, só se desenvol-
melhor os conceitos aqui apre- veu – permitindo o armazenamento de alimentos e a consequente sedentarização da
sentados se já tiver lido o Ca- população – porque os nossos antepassados perceberam que o regime de chuvas e a
pítulo 2, particularmente as Se- temperatura ambiente variavam de acordo com a época do ano (ainda que o calendário
ções 2.1, 2.4, 2.5, 2.7, 2.8 e 2.14. só tenha sido inventado muito tempo depois, no século XXI a.C.).
Nesse capítulo, exploraremos as várias formas de expressar a interdependência
de dois fenômenos: tabelas, equações, gráficos etc. Entretanto, restringiremos nossa
análise àqueles casos em que, conhecida uma grandeza, somos capazes de expressar
uma outra grandeza de forma única. Quando isso ocorre, dizemos que as grandezas
estão relacionadas por meio de uma função.
Para começar, vamos estudar como a geometria auxilia a álgebra, permitindo a
visualização da relação entre duas medidas.
Dist. Alt.
Dir.
(m) (m)
400 -2
350 -23
300 -40
250 -53
W
200 -54
Figura 3.1: Fotografia aérea da região levantada por Gervásio (fonte: Google Earth,
150 -50
Digital Globe). As letras W (oeste) e E (leste) indicam as direções tomadas em relação
100 -36
ao ponto de partida, mostrado em vermelho.
50 -18
0 0
Como resultado de seu trabalho, Gervásio elaborou a Tabela 3.1, na qual a primeira
50 +17 coluna indica a direção percorrida, a segunda contém as distâncias horizontais (em
100 +32 metros) entre o ponto vermelho e os pontos nos quais foram feitas as medições, e a
150 +43 terceira fornece as alturas relativas desses pontos. Uma altura negativa indica que o
200 +49 terreno é mais baixo que o ponto de referência, para o qual foi registrada uma altura
250 +50 de 0 m. Por conveniência, os pontos da tabela foram ordenados, de modo que o
E
300 +42 primeiro é o que está mais a oeste, e o último é aquele mais a leste.
350 +30
Gervásio concluiu que os dados que coletou seriam melhor apresentados se ele
400 +19
elaborasse uma figura mostrando como a altura do terreno varia ao longo da linha
450 +9
amarela do mapa. Assim, o topógrafo traçou, em uma folha de papel, dois eixos reais,
500 -1
um dos quais horizontal, e o outro vertical, como mostrado na Figura 3.2.
O primeiro ponto escolhido por Gervásio foi aquele que está a 50 m a leste do
ponto de referência e a 17 m de altura. Para indicá-lo, Gervásio partiu da origem e
moveu sua caneta para direita sobre o eixo horizontal, até atingir a marca de 50 m.
Em seguida, ele moveu a caneta na vertical até alcançar uma altura correspondente
a 17 m. No local assim obtido, Gervásio fez uma pequena marca vermelha, como a
que é mostrada na Figura 3.3.
Atenção O mesmo processo foi adotado para o quinto ponto a leste do ponto de partida,
A ordem dos termos dentro dos o qual, na Figura 3.3, aparece acompanhado do par de valores (250, 50). De acordo
parênteses é importante. O com a notação adotada, o primeiro número dentro dos parênteses indica a posição
par (250,50) indica o ponto que horizontal do ponto com relação à origem, enquanto o segundo valor fornece a altura.
está a 250 m a leste da ori- Para representar o ponto que está 300 m a oeste e 40 m abaixo do ponto de
gem e a 50 m de altura, en- referência, Gervásio moveu sua caneta sobre o eixo horizontal até a marca de −350,
quanto o ponto representado descendo, em seguida, a distância correspondente a 40 m. Assim, ele fez uma marca
por (50, 250) está 50 m a leste na posição indicada pelo par (−300, −40). Repetindo o procedimento para os demais
e 250 m acima da origem.
pontos, Gervásio obteve a Figura 3.4.
Tomando como exemplo o problema de Gervásio, notamos que, para obter a Figura
3.5, ele associou duas grandezas: a posição horizontal e a altura de cada ponto, com
relação a um ponto de referência. Na Figura 3.3, essas grandezas foram apresentadas
por meio de pares na forma
(x, y).
A lista completa dos 19 pares que Gervásio extraiu da Tabela 3.1 é dada na margem
da página. Observe que o primeiro valor de cada par representa a posição horizontal
(x), e o segundo fornece a altura (y), não sendo possível trocá-los. Nesse caso, dizemos
que os pares são ordenados.
Um par (x,y) é dito par ordenado se seus elementos têm uma ordem fixa.
• Um eixo vertical, com valores que aumentam de baixo para cima, é usado
Figura 3.6: Coordenadas de um
para representar a coordenada y, também conhecida como ordenada.
ponto.
Doravante, denominaremos eixo-x e eixo-y os eixos horizontal e vertical, respec-
tivamente. Os eixos se interceptam no ponto (0,0), que é denominado origem, e é
Você sabia? costumeiramente indicado pela letra O.
O filósofo e matemático René O par ordenado (a,b) é representado pelo ponto de interseção entre a reta vertical
Descartes (1596–1650) também que passa pelo valor a no eixo-x e a reta horizontal que passa pelo valor b no eixo-y,
era conhecido por Renatus Car- como mostra a Figura 3.6.
tesius, a versão latina de seu Uma vez que a coordenada x pode assumir qualquer valor real, o mesmo aconte-
nome. Deriva daí o termo
cendo com a coordenada y, podemos definir um número infinito de pares ordenados
Cartesiano, que significa “re-
(x,y). A região formada por todos esses pares é chamada plano coordenado, ou
ferente a Descartes”.
plano Cartesiano.
Seção 3.1. Coordenadas no plano 259
(a) (b)
Esse método geométrico, baseado em pontos do plano Cartesiano, pode ser usado
para representar a relação entre duas grandezas quaisquer, mesmo que não estejam
associadas a medidas de comprimento. Vejamos um exemplo que vincula a altura dos
bebês à sua idade.
Idade (meses) 0 3 6 9 12 15 18 21 24
Altura (cm) 49 60 66 70 74 78 81 84 86
Nesse exemplo, trocamos x por t e y A partir da tabela, definimos pares ordenados (t,A), em que t indica o tempo
por A, para que as letras se asseme- (em meses) transcorrido desde o nascimento, e A corresponde à altura média (em
lhassem às grandezas representadas. centímetros). Os pares obtidos são dados a seguir.
(0, 49), (3, 60), (6, 66), (9, 70), (12, 74), (15, 78), (18, 81), (21, 84), e (24, 86).
260 Capítulo 3. Funções
Como se vê, traçar pontos no plano Cartesiano é tarefa fácil. Entretanto, alguns
cuidados devem ser tomados para que esse pontos representem fielmente a relação
entre as grandezas. Alguns erros cometidos com frequência incluem
a) O traçado de eixos com espaçamento não uniforme, como mostra a Figura
3.9a, na qual a distância entre as marcas 1 e 2 do eixo vertical não é a mesma
observada entre as marcas 2 e 3 do mesmo eixo. Erro equivalente se observa no
eixo-x dessa figura, no qual a distância entre os pontos 1 e 2 é a mesma existente
entre os pontos 2 e 4, bem como entre 4 e 7. Nesse último caso, apesar de as marcas
do eixo estarem igualmente espaçadas, o a diferença entre dois valores sucessivos
não é constante.
b) O traçado de eixos inclinados, como ilustra a Figura 3.9b, cujo eixo-y não é
perfeitamente vertical.
c) A falta de cuidado no traçado das coordenadas, como ocorre na Figura 3.9c,
em que os segmentos de reta usados para marcar os pontos não são verticais ou
horizontais.
(a) Espaçamento não uniforme (b) Eixo não vertical (c) Coordenadas desalinhadas
Figura 3.9: Erros que devem ser evitados na elaboração um gráfico.
(2, −3), (2; −1,6), (2; 0), (2; 0,75), (2, π) e (2, 4).
Marcando esses pontos no plano Cartesiano, obtemos a Figura 3.10, na qual fica claro
que todos pertencem à reta vertical que cruza o eixo-x no ponto (2, 0). De fato, essa
reta é definida por
{(x,y) ∣ x = 2},
e é mostrada em verde na Figura 3.11a. Generalizando a ideia, dizemos que a reta
vertical que passa por um ponto (a,b) é dada pelo conjunto
{(x,y) ∣ x = a},
{(x,y) ∣ y = −3}.
Você sabia?
Os eixos do plano Cartesiano
também podem ser expressos
por meio de conjuntos. O eixo-
x é descrito por {(x,y) ∣ y = 0},
enquanto o eixo-y é dado por
{(x,y) ∣ x = 0}. Note que um
eixo é definido fixando-se a va-
riável associada ao outro eixo.
(a) Reta vertical definida por x = 2. (b) Reta horizontal dada por y = −3.
{(x,y) ∣ − 1 ≤ y ≤ 3},
corresponde à faixa rosa da Figura 3.12b. Nesse caso, as retas definidas por y = −1 e
y = 3 são contínuas, significando que seus pontos pertencem ao conjunto.
Também podemos usar o plano Cartesiano para representar conjuntos nos quais
tanto x como y possui algum tipo de restrição, como mostra o exemplo a seguir.
262 Capítulo 3. Funções
Exemplo 3. Restringindo x e y
Os pares ordenados nos quais x tem limite inferior igual a −2 e y tem limite
superior 1 são expressos pelo conjunto
{(x,y) ∣ x ≥ −2 e y ≤ 1}.
Exercícios 3.1
1. Um fabricante de automóveis realizou um teste de fre- ENEM 477 534 545 592
nagem de seu novo modelo, obtendo a tabela abaixo,
que relaciona a velocidade no instante de início da fre- MA091 3,3 3,1 4,6 5,0
nagem à distância que o carro percorre até parar com- ENEM 634 665 674 788
pletamente. Represente os dados da tabela como pon-
tos do plano Cartesiano, usando o eixo-x para indicar MA091 5,4 6,0 7,5 9,5
a velocidade (em km/h) e o eixo-y para fornecer a dis- Marque os dados da tabela no plano Cartesiano, usando
tância percorrida (em metros). o eixo-x para indicar a nota no ENEM e o eixo-y para
indicar a nota em MA091. Considerando apenas esses
Vel. (km/h) 20 40 60 80 100 120 dados, você percebe alguma relação entre as notas das
duas provas?
Dist. (m) 9,5 11,0 15,0 25,0 39,5 57,5
5. Escreva os pares ordenados correspondentes aos pontos
2. A tabela abaixo, obtida a partir de dados do IBGE, da figura abaixo.
mostra a evolução da taxa de incidência de dengue no
Brasil, no período entre 2000 e 2008. A taxa de inci-
dência é definida como o número de casos por 100.000
habitantes. Mostre os dados da tabela no plano Car-
tesiano, apresentando no eixo-x o tempo transcorrido
desde o ano 2000, e no eixo-y a taxa de incidência de
dengue.
2.
g)
b)
3.
h)
c)
4.
9. a)
d)
6.
b)
e)
7. x é negativo e y é positivo
Seção 3.2. Equações no plano 265
No Capítulo 2, trabalhamos com equações que envolviam apenas uma variável. Nosso
objetivo, então, era a determinação de uma incógnita que satisfizesse as condições im-
postas pelo problema. Nesse novo capítulo, daremos um enfoque totalmente diferente
às equações. Agora, o nosso objetivo será a identificação da relação entre as variáveis,
e não a determinação de uma solução.
Observe que uma das variáveis (P ) aparece isolada no lado esquerdo da equação.
Embora essa seja uma maneira cômoda de representar a ligação entre t e P , ela não
Observe a transformação: é a única. De fato, a mesma relação poderia ter sido apresentada na forma
P = 12.000 + 360t P
100 + 3t − = 0.
0 = 12.000 + 360t − P 120
0=
12.000 360t
+ −
P A vantagem de se manter P isolada é que isso nos permite determinar facilmente
120 120 120 essa variável para diversos valores de t. Para descobrir, por exemplo, a população em
0 = 100 + 3t −
P 2008, definimos t = 8 (já que estamos contando os anos transcorridos desde de 2000)
120 e calculamos
P = 12.000 + 360 ⋅ 8 ⇒ P = 14.880.
Logo, em 2008, o município tinha 14.880 habitantes. Usando essa estratégia, calcula-
mos a população em vários anos, e reunimos essas informações na Tabela 3.3.
266 Capítulo 3. Funções
t (anos) 0 5 10 15 20
P (hab.) 12.000 13800 15.600 17.400 19.200
Naturalmente, esses não são os únicos pares que satisfazem a equação. De fato,
para cada valor real que atribuímos a t, é possível encontrar um valor para P de modo
que (t,P ) seja uma solução da equação. Nesse caso, dizemos que a equação possui
infinitas soluções. Ao representarmos essas soluções no plano Cartesiano, obtemos o
gráfico da equação.
Podemos esboçar o gráfico da equação acima a partir dos pontos da Tabela 3.3.
Para tanto, marcamos os pontos da tabela no plano Cartesiano, e traçamos uma curva
Lembrete ligando-os. Como é de praxe em casos assim, a variável que aparece isolada na equação
Damos o nome de curva a (P ) é representada no eixo vertical, e a outra variável (t) é associada ao eixo horizontal.
uma linha contínua que passa A Figura 3.14 mostra o gráfico assim obtido. Observe que esboçamos apenas uma
por pontos do plano cartesi- parte do gráfico, já que seria impossível mostrar os pontos correspondentes a todos
ano. Observe que, nesse sen- os valores possíveis de t.
tido, uma reta é uma curva.
Usemos, agora, esse roteiro para traçar o gráfico de uma equação um pouco mais
complicada.
Solução.
Tabela 3.4
x y
-3 -6
-2 -1
-1 2
0 3
1 2
2 -1
3 -6
(a) −3 ≤ x ≤ 4. (b) −8 ≤ x ≤ 0.
3. Não sabemos a priori quantos pontos devem ser usados para que o gráfico re-
presente adequadamente a equação.
À medida que aumentamos o número de pontos, obtemos uma curva mais fiel à
equação. Por outro lado, o tempo gasto para traçar o gráfico também aumenta
proporcionalmente ao número de pontos.
∎ Interceptos
Um ponto no qual o gráfico de uma equação cruza um dos eixos coordenados é par-
ticularmente importante para a análise da equação, de modo que suas coordenadas
recebem um nome especial.
Interceptos
y = 3 − 02 ⇒ y = 3.
Assim, o intercepto-y é 3.
Como não é possível obter os valores exatos dos dois interceptos-x a partir do
gráfico ou da tabela, vamos determiná-los substituindo y por 0 na equação:
0 = 3 − x2 .
Exercícios 3.2
1. Uma indústria adquiriu uma máquina por 175 mil re- a) Monte uma tabela com o valor da máquina para
ais. Em decorrência da obsolescência e do desgaste por t = 0, 1, 2, . . .
uso, a cada ano, a máquina perde 25 mil reais de valor. b) Trace um gráfico que relacione o valor da máquina
Desse modo, podemos dizer que o valor da máquina, v (em milhares de reais) à sua idade (em anos).
(em R$ 1000), é dado pela equação v = 175−25t, em que c) A máquina atinge sua vida útil, e precisa ser subs-
t é o número de anos decorridos desde sua aquisição. tituída, quando seu valor se reduz a R$ 20.000. De-
270 Capítulo 3. Funções
termine a vida útil dessa máquina. 6. Determine os interceptos e trace o gráfico das equações
2. Verifique, por substituição, se os pares abaixo perten- abaixo.
cem ao gráfico da equação correspondente.
a) y = x − 1 c) y = 3 − x/2
a) y = x3 − 4x2 + 5x − 12,
b) y = x2 + 2x − 3 d) y = −x2 + 8x − 12
Pares: (4,10), (−3, − 90)
√
b) y = x2 + 1, 7. Indique se as afirmações abaixo são verdadeiras ou fal-
√
Pares: (7,5 2), (0, − 1) sas. Se forem falsas, apresente um contra-exemplo.
c) y = ∣3x − 8∣, a) Toda equação tem um intercepto-x.
Pares: (− 13 ,7), ( 13 ,7) b) Toda equação tem um intercepto-y.
1 1 8. Determine os interceptos das equações do Exercício 3
d) y = − ,
∣x − 2∣ x − 2 9. Determine algebricamente os interceptos das equações
Pares: (− 52 ,0), (−6, − 18 ) abaixo, cujos gráficos também são fornecidos.
x2 − 2x + 1
e) y = , a) 8y 2 − x = 2 c) (4−x2 −y 2 )3 =100x2 y 2
−x3 + 2x2 + 4
Pares: (1, 23 ), (2,4)
f) y 2 + xy 2 − 9 = x2 + 3xy − 13,
Pares: (−2,6), (5, − 1)
3. Usando uma tabela de pares (x,y), trace o gráfico das
equações abaixo, no intervalo especificado.
a) y = −2x + 3, x ∈ [−2,3]
b) 3y − 2x + 3 = 0, x ∈ [−2,4]
c) 2y + x = 4, x ∈ [−2,6] b) x3 + y 3 − 3xy = 4
d) y = x2 − 1, x ∈ [−2,2]
e) y = 2 − 12 x2 , x ∈ [−3,3] x2 y 2
d) + =1
f) y = −2x2 + 4x, x ∈ [−1,3] 8 4
4. Usando uma tabela de pares (x,y), trace o gráfico das
equações abaixo, no intervalo especificado.
a) y = x3 − x, x ∈ [−2,2]
√
b) y = x, x ∈ [0,4]
√
c) y = x + 1, x ∈ [−1,3]
d) y = 1/x, x ∈ [−4,4]
e) y = ∣x∣, x ∈ [−2,2]
10. Segundo a Lei de Boyle, quando um gás é mantido a
f) y = ∣x − 2∣, x ∈ [−1,5]
uma temperatura constante, sua pressão p está associ-
5. Um jogador de futebol chuta uma bola, que descreve ada a seu volume v pela fórmula
uma trajetória definida pela equação
k
x2 2x p(v) = ,
y=− + , v
100 5
em que k é uma constante que depende da temperatura
em que y é a altura (em metros) e x é a distância hori- e do número de mols do gás. Supondo que se disponha
zontal (em metros) medida a partir do ponto em que a de um gás com k = 120 atm⋅`, trace o gráfico de p (em
bola é chutada. Trace o gráfico da trajetória da bola. atm) para v entre 5 e 35 litros.
3. a) 4. a) 6. a)
b)
b)
b)
c)
c)
c)
d)
d) d)
e) 7. a) Falso. A equação y = x2 − x + 1,
cujo gráfico é dado abaixo, não tem
e) intercepto-x.
f)
b) Falso. A equação x = 1 + y 2 ,
cujo gráfico é dado abaixo, não tem
intercepto-y.
f)
5.
8. a) Intercepto-x: 1,5
Intercepto-y: 3
b) Intercepto-x: 1,5
Intercepto-y: −1
272 Capítulo 3. Funções
A solução algébrica dessa equação, já em que x é a distância percorrida pelo carro (em km).
apresentada no Problema 2 do Capí- Se quisermos descobrir a distância que pode ser percorrida com exatos R$ 185,00,
tulo 2, é reproduzida abaixo. devemos resolver a equação
80 + 0,75x = 185 80 + 0,75x = 185.
0,75x = 105 ´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¶ ±
custo do aluguel valor disponível
x = 105/0,75
x = 140. Na equação acima, o termo do lado esquerdo representa o valor cobrado pela loca-
dora Saturno. Para visualizar como esse valor varia em relação à distância percorrida
com o carro, definimos a seguinte equação em duas variáveis:
y = 80 + 0,75x,
em que y representa o custo do aluguel (em R$). Em seguida, escolhemos dois valores
para x e determinamos os velores correspondentes de y, de forma a definir dois pares
ordenados (x,y). Com esses pares, traçamos um gráfico dessa equação no primeiro
quadrante (pois a distância percorrida não pode ser negativa), como aquele que é
apresentado na Figura 3.21.
Se x = 0, temos
y = 80 + 0,75 ⋅ 0 = 80.
Se x = 200, temos
Pares ordenados:
(0,80) e (200,230)
Voltando à equação original, observamos que dizer que “o custo do aluguel atingiu
R$ 185,00” é o mesmo que escrever y = 185. Assim, para obter a distância para a qual
Seção 3.3. Solução gráfica de equações e inequações em uma variável 273
o custo equivale a R$ 185,00, devemos descobrir para que valor de x temos y igual a
185. Graficamente, isso corresponde a encontrar a coordenada x do ponto da curva
que intercepta a reta horizontal y = 185, como mostra a Figura 3.22.
Portanto, a solução da equação é x ≈ 140, de modo que é possível percorrer cerca
de 140 km com R$ 185,00.
Solução alternativa
Se subtrairmos 185 dos dois lados da equação 80 + 0,75x = 185, obtemos a equação
equivalente
Figura 3.22: Gráficos de y = 80 + 0,75x − 105 = 0.
0,75x e y − 185. Para resolver essa equação, definimos a equação auxiliar
y = 0,75x − 105,
Se a expressão 0,75x − 105 for positiva, rodamos mais quilômetros que o dinheiro
Figura 3.23: Gráfico de y = 0,75x− permitia. Por outro lado, valores negativos indicam que há dinheiro disponível para
105. rodar um pouco mais.
Agora, tente o Exercício 1.
Como toda equação pode ser escrita de modo que um dos lados seja zero, vamos
usar a estratégia proposta ao final do Exemplo 1 para definir um roteiro de solução
gráfica de equações.
a) x2 = x + 6 b) x2 − 2x + 1 = 0 c) x2 + 2x = −2
Solução.
y = x2 − x − 6,
y = x2 − 2x + 1,
cujo gráfico é exibido na Figura 3.24b. Nesse caso, o único ponto que satisfaz y = 0
tem coordenada x igual a 1. Assim, a equação tem como solução x = 1.
c) Reescrevendo a equação x2 + 2x = −2 como x2 + 2x + 2 = 0, obtemos a equação
auxiliar
y = x2 + 2x + 2,
cujo gráfico é apresentado na Figura 3.24c. Observando o gráfico, concluímos que
não há pontos nos quais y = 0, de modo que a equação original não possui solução
real.
Agora, tente o Exercício 4.
a) x3 − 6x2 + 3x − 8 = 0 4
b) −3=0
x−2
Seção 3.3. Solução gráfica de equações e inequações em uma variável 275
Solução.
y = x3 − 6x2 + 3x − 8.
∎ Inequações
É possível resolver graficamente inequações em uma variável seguindo passos similares
àqueles apresentados acima, como ilustra o exemplo a seguir.
Solução.
Com base nos dados do enunciado, e definindo t como o número de meses de uso
das lâmpadas, podemos dizer que o gasto total (incluindo a aquisição e o uso), em
reais, associado à lâmpada incandescente é dado pela equação
y1 = 2,50 + 4,8t.
y2 = 14,50 + 1,2t.
O gráfico das duas equações é dado na Figura 3.26, na qual a curva verde está
associada à lâmpada fluorescente, e a curva vermelha à lâmpada incandescente.
Para determinar qual lâmpada é mais econômica, devemos comparar os valores de
Figura 3.26: Gráficos de y1 = 2,5 + y1 e y2 . Como o eixo y da Figura 3.26 representa o custo (em reais), se tomarmos um
4,8t e y2 = 14,5 + 1,2t. valor fixo de t, a lâmpada mais econômica será aquela cuja gráfico estiver por baixo.
Observamos, portanto, que a lâmpada incandescente é mais vantajosa nos primei-
ros meses, em virtude de seu baixo preço. Para t = 1, em particular, o gráfico mostra
que y1 = R$ 7,30, enquanto y2 = R$ 15,70.
O gráfico também mostra que o custo das duas lâmpadas se equipara quando o
tempo de uso atinge um valor próximo de 3,33, e que a lâmpada fluorescente é a mais
econômica para t > 3,33, em virtude de seu baixo impacto na conta de luz.
Em termos matemáticos, dizemos que, para t fixo, a lâmpada fluorescente é mais
vantajosa se
14,5 + 1,2t ≤ 2,5 + 4,8t,
´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹¶ ´¹¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¸¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹ ¹¶
lâmpada lâmpada
fluorescente incandescente
Solução alternativa
y = 12 − 3,6t
lâmpada fluorescente será vantajosa se for usada por um tempo igual ou superior a
3,33 meses.
Observe que a variável auxiliar y corresponde à diferença entre o custo da lâmpada
fluorescente e o custo da lâmpada incandescente. Dessa forma, a lâmpada fluorescente
será a mais barata quando essa diferença for negativa, o que equivale a exigir que o
gráfico da equação y = 12 − 3,6t esteja abaixo do eixo horizontal.
Agora, tente o Exercício 9.
No exemplo acima, empregamos dois métodos para resolver uma inequação linear
em uma variável. O primeiro método, embora mais intuitivo, é mais trabalhoso. Dessa
forma, nos ateremos ao segundo processo, para o qual apresentamos um roteiro no
quadro abaixo.
a) x2 ≤ 10 − 3x c) −x2 + 5x + 6 ≥ 0
b) 4x2 − 8x ≥ 21 d) x2 − 2x + 6 ≥ 0
Solução.
{x ∈ R ∣ − 5 ≤ x ≤ 2}.
b) Passando todos os termos da inequação 4x2 −8x ≥ 21 para o lado esquerdo, obtemos
4x2 − 8x − 21 ≥ 0. Definindo, então, a equação auxiliar
y = 4x2 − 8x − 21,
278 Capítulo 3. Funções
y = −x2 + 5x + 6,
{x ∈ R ∣ − 1 ≤ x ≤ 6}.
y = x2 − 2x + 6,
que tem como gráfico a curva da Figura 3.28d. Como a curva inteira está acima do
eixo-x, podemos deduzir que y ≥ 0 sempre, de modo que a inequação é satisfeita
para todo x real (x ∈ R).
Figura 3.28: Gráficos das equações associadas ao Problema 5. As soluções das ine-
quações correspondem aos trechos indicados em vermelho.
Exercícios 3.3
1. Se um carro partir do quilômetro 25 de uma estrada, e Determine graficamente para que duração de chamada
viajar a uma velocidade constante de 60 km/h, a sua po- interurbana cada plano é mais barato.
sição na estrada (ou seja, o quilômetro no qual o carro
8. (Exercício extraído da Seção 2.8.) Uma empresa pos-
se encontra) no instante t (em horas) será dada pela
sui 500 toneladas de grãos em seu armazém e precisa
expressão 60t + 25. Determine, graficamente, o tempo
transportá-los a um cliente. O transporte pode ser feito
que o carro gastará para chegar ao quilômetro 175 da
por caminhões ou por trem. Para cada tonelada trans-
referida estrada.
portada por trem paga-se R$ 8,00 de custo fixo e R$
2. Um eletricista precisa cortar um fio de 6 m de compri- 0,015 por quilômetro rodado.
mento em dois pedaços, de modo que um tenha 40 cm a O transporte rodoviário exige 25 caminhões. Para cada
menos que o triplo do outro. Determine, graficamente, caminhão utilizado paga-se R$ 125,00 de custo fixo,
o comprimento do menor pedaço de fio. (Exercício ex- além de R$ 0,50 por quilômetro rodado. Supondo que x
traído da Seção 2.4.) seja a distância entre o armazém e o cliente, determine,
3. Resolva graficamente as equações. graficamente, para que intervalo de x o transporte por
trem é mais vantajoso que o transporte por caminhões.
3x
a) 4x = 10 c) x
2
−5=0 e) 6 − 4
=0
2x
9. Resolva graficamente as inequações.
b) 8 − 3x = 0 d) 2x + 12 = 0 f) 1 − 3
=0
a) 3 − 2(x − 1) ≤ 7 d) 5x − 9 ≤ 3 + 2x
4. Resolva graficamente as equações.
b) 6 − 4x ≥ 0 e) (x + 3)/2 ≥ 6 − x
a) 9 − x2 = 0 e) −2x2 + 4x − 2 = 0 c) 12x − 30 ≥ 0 f) 4(3 − x) ≤ 3x − 2
b) 2x2 + 12x = 0 f) x2 + 4 = 5x
c) −2x2 + 3x + 5 = 0 g) x2 = 6x − 9 10. Após a administração de um comprimido de Formosex,
d) x2 − 2x + 2 = 0 h) 8x = x2 + 20 a concentração do medicamento no plasma sanguíneo
do paciente (em mg/ml) varia de acordo com a fórmula
5. Resolva a equação x2 = x + 2 traçando os gráficos de
y1 = x2 e y2 = x + 2 no intervalo x ∈ [−3,3]. t2
− + 12t
6. Resolva a equação 2x2 = 3 − 5x traçando os gráficos de 2
y1 = 2x2 e y2 = 3 − 5x no intervalo x ∈ [−4,3]. em que t é o tempo (em horas) transcorrido desde a
7. João resolveu assinar um plano pré-pago de telefonia ingestão do comprimido. Determine graficamente o pe-
móvel. Analisando os preços, João chegou à conclusão ríodo de tempo no qual a concentração plasmática é
de que os planos disponíveis são bastante semelhantes, maior ou igual a 64 mg/ml.
exceto pelo custo de roaming, isto é, o custo das cha- 11. Resolva graficamente as inequações.
madas fora da região na qual o telefone está registrado.
Para cada telefonema interurbano efetuado, a compa-
a) x2 + 2x ≤ 3 e) x2 + 2x + 1 ≤ 0
nhia A cobra R$ 2,40 para completar a chamada, além
b) 2x2 ≥ 50 f) −x2 + 3x − 4 ≥ 0
de outros R$ 1,50 por minuto de ligação. Por sua vez,
−2x2 ≤ x − 1
2
a companhia B cobra uma taxa fixa de R$ 1,20, ao que c) x4 ≤ x2 g)
se deve adicionar R$ 1,80 por minuto de conversa. d) 3x − x2 ≥ 0 h) x2 + 4 ≥ 4x
2. 1,6 m
3. a) x = 5
2 c) x = 10 e) x = 8
b) x = 8
3 d) x = −6 f) x = 3
2
4. a) x = −3 e x = 3
b) x = −6 e x = 0
c) x = −1, e, x = 5/2
d) Não há solução real.
e) x=1
f) x=1 e x=4
g) x=3
h) Não há solução real.
280 Capítulo 3. Funções
11. a) −3 ≤ x ≤ 1
9. a) x ≥ −1 d) x ≤ 4 b) x ≤ −5 ou x ≥ 5
b) x ≤ 3/2 e) x ≥ 3 c) 0 ≤ x ≤ 2
c) x ≥ 5/2 f) x ≥ 2 d) 0 ≤ x ≤ 3
e) x = −1
2
10. O gráfico da equação y = − t2 + 12t − 64 é f) Não existe solução real
8. Observando a figura abaixo, notamos que dado abaixo. Dele, deduzimos que a con-
g) x ≤ −1 ou x ≥ 1/2
o transporte por trem é mais vantajoso centração é maior ou igual a 64 mg/ml para
quando a distância é superior a 175 km. t entre 8 e 16 horas. h) R
Apesar de o traçado do gráfico de equações já ter sido explorado da Seção 3.2, nenhum
destaque foi dado, até o momento, a algum tipo particular de equação. Nessa seção,
vamos discutir as características das equações lineares, que são representadas no plano
Cartesiano por meio de retas.
A Figura 3.29 mostra uma bicicleta subindo uma rampa. Como o gráfico dessa
rampa é uma reta não vertical, podemos representá-la por meio de uma equação linear
na forma y = mx + b.
Uma equação linear é caracterizada pelas constantes m e b. Observe que b nada
mais é que o intercepto-y da reta, ja que, tomando x = 0, obtemos
y =m⋅0+b ⇒ y = b.
Figura 3.29: Uma rampa repre-
sentada por uma reta no plano. Por sua vez, a constante m é denominada inclinação da reta.
Solução.
y = 53 x − 2
5
Dividindo os dois lados por 5.
Logo, a reta tem inclinação 53 , e seu ponto de intercessão com o eixo-y é (0, − 25 ).
Solução.
a) A reta que passa pelos pontos (x1 ,y1 ) = (1,2) e (x2 ,y2 ) = (3,5) é apresentada na
Figura 3.33: A reta que passa por Figura 3.33. Para determinar sua inclinação, calculamos
(1,2) e (3,5).
∆y y2 − y1 5 − 2 3
m= = = = .
∆x x2 − x1 3 − 1 2
Esse valor de m indica que, para cada duas unidades que andamos na horizontal
(da esquerda para a direita), movemos três unidades na vertical (de baixo para
cima).
b) A Figura 3.34 mostra a reta que passa por (x1 ,y1 ) = (−2, − 1) e (x2 ,y2 ) = (2,5).
Nesse caso, temos
y2 − y1 5 − (−1) 6 3
m= = = =
x2 − x1 2 − (−2) 4 2
Note que, apesar de a reta passar por pontos diferentes, a inclinação é a mesma da
reta do item anterior, ou seja, movendo duas unidades da esquerda para a direita,
a reta sobe três unidades.
Figura 3.34: A reta que passa por c) Para os pontos (x1 ,y1 ) = (−4,2) e (x2 ,y2 ) = (2, − 1), temos
(−2, − 1) e (2,5).
y2 − y1 −1 − 2 −3 1
m= = = =− .
x2 − x1 2 − (−4) 6 2
Aqui, temos uma novidade: a inclinação é negativa. Isso ocorre sempre que, ao
movermos da esquerda para a direita, a reta desce em lugar de subir. Como se
observa na Figura 3.35, nesse exemplo, a cada duas unidades que andamos no
sentido positivo do eixo-x, há um decréscimo de uma unidade na coordenada y.
Em todos os problemas acima, associamos um dos pontos fornecidos ao par (x1 ,y1 )
e o outro ponto ao par (x2 ,y2 ). Como a escolha dos pontos foi arbitrária, poderíamos
ter trocado os pontos, sem que isso alterasse o valor da inclinação.
Por exemplo, no problema (a) acima, obtemos o mesmo valor de m trocando os
pares de lugar:
Figura 3.35: A reta que passa por y1 − y2 2 − 5 −3 3
(−4,2) e (2, − 1). m= = = = .
x1 − x2 1 − 3 −2 2
Seção 3.4. Retas no plano 283
O que não podemos fazer é misturar as coordenadas do pontos, como mostrado abaixo
para o mesmo problema (a).
m=
y2 − y1 5 − 2
= =
x1 − x2 1 − 3 −2
3
=−
3
2
A Errado!
Nesse caso, a troca de ordem dos números do denominador (sem a troca correspon-
dente no numerador) fez com que a inclinação da reta ficasse com o sinal errado.
y = mx + b.
1
Por exemplo, a equação da reta que passa por (0,1) e tem inclinação 2
é
y = 12 x + 1.
Inclinação Intercepto-y
y − 1 = 21 (x − 3) Equação original.
y − 1 = 12 x − 1
2
⋅3 Propriedade distributiva.
y = 21 x − 3
2
+1 Isolamento de y.
y = 21 x − 1
2
Simplificação do resultado.
Observe que o mesmo resultado seria obtido se usássemos o ponto (x2 ,y2 ) = (3,−1)
para escrever a equação, em lugar de (x1 ,y1 ) = (2,1). Nesse caso, teríamos
y − (−1) = −2(x − 3) ⇒ y + 1 = −2(x − 3).
Apesar de essa equação parecer diferente da que foi obtida acima, um pouco de álgebra
nos mostra que o resultado é o mesmo:
y + 1 = −2x − 2 ⋅ (−3) ⇒ y = −2x + 6 − 1 ⇒ y = −2x + 5.
Exemplo 7. Outra forma de se obter uma reta que passa por dois pontos
Para determinar a reta que passa por (2, 1) e (−2, 3) podemos calcular, em primeiro
lugar, a inclinação da reta, que é dada por
y2 − y1 3−1 2 1
m= = = =− .
x2 − x1 (−2) − 2 −4 2
y = mx + b Equação original.
y = − 21 ⋅ x + b Substituindo m.
1 = − 12 ⋅ 2 + b Substituindo x e y.
1
b =1+ 2
⋅2 Isolando b.
b =2 Simplificando.
Assim, a equação é y = − 21 x + 2.
y = 1,
x = 2.
a) y = 2x − 1 b) 3y + 4x = 12 c) y = x
2
Solução.
Imagine, agora, que tenhamos o problema inverso, isto é, suponha que seja dado
o gráfico de uma reta, e que queiramos determinar a equação linear correspondente.
Nesse caso, a solução do problema pode ser facilmente encontrada tomando dois
pontos quaisquer do gráfico, como mostra o exemplo abaixo.
y2 − y1 3 − (−2) 5
m= = = .
x2 − x1 5 − (−1) 6
Figura 3.40: Gráfico da reta do
Exemplo 10. Tomando, agora, o ponto (5,3), obtemos a equação
5
y − 3 = (x − 5).
6
∎ Aplicações
Se uma equação linear é usada para relacionar duas grandezas reais x e y, então a
inclinação da reta correspondente representa a taxa de variação de y com relação a
x. Quando as grandezas têm a mesma unidade, costumamos usar o termo razão, em
Para uma discussão sobre o signifi- lugar de taxa. Os problemas abaixo mostram situações práticas nas quais a inclinação
cado de razão e de taxa, consulte a de uma reta representa uma razão ou uma taxa de variação.
Seção 1.6.
Problema 11. Projeto de uma estrada
Um engenheiro precisa projetar uma estrada que desça de um ponto que está a 50
m de altura até um ponto que está na altora 0, com um declive de 6%. Defina uma
Seção 3.4. Retas no plano 289
Solução.
y = −0,06x + 50,
Solução.
P = 40t + 1200.
b) Como consideramos que t = 0 no ano 2000, a população da cidade nesse ano cor-
responde ao intercepto-y da reta. Desse modo, Grumixama tinha 1200 habitantes
em 2000.
c) Usando a equação linear que encontramos no item (a), podemos estimar que a
população em 2020 (ou seja, quando t = 20) será de
Solução.
Figura 3.42: População e área
de municípios brasileiros, em 2000
(Fonte: IBGE). a) A densidade demográfica de um município é a razão entre sua população e sua
área. Observando a Figura 3.42, podemos dizer que, no ano 2000, Campinas
possuía uma densidade demográfica aproximadamente igual a
970.000
DCam ≈ = 1212,5 hab/km2 .
800
Seção 3.4. Retas no plano 291
Exercícios 3.4
1. Encontre as inclinações das retas mostradas na figura a) (4,1) e (2,3) e) (6,4) e (−3,1)
abaixo. b) (1,2) e (−2, − 4) f) (−3,4) e (7,2)
c) (−5, − 2) e (3, − 2) g) (−2, − 6) e (−1,1)
d) (−4,5) e (1, − 10) h) (5, − 2) e (−9,5)
b) Passa por (1,5) e tem inclinação −3. a) Marque os pontos no plano Cartesiano, conside-
c) Passa por (−2,1) e tem inclinação 1/3. rando as abscissas no intervalo [−3,5] e as ordena-
d) Passa por (6, − 4) e tem inclinação −1/3. das em [−2, 3].
b) Determine a equação da reta que passa pelos pon-
e) Passa por (−4,8) e tem inclinação −2.
tos. Trace essa reta no gráfico.
f) Passa por (−3, − 2) e tem inclinação 3/2.
c) Determine a ordenada do ponto dessa reta no qual
5. Encontre as equações das retas que satisfazem as con- a abscissa vale 1.
dições indicadas. d) Determine a abscissa do ponto da reta que tem or-
a) Passa por (−1, − 3) e intercepta o eixo-y na orde- denada 0.
nada 1. 10. Trabalhando em uma loja de roupas, Gláucia recebe
b) Passa por (1,2) e por (2,1). R$ 1200,00 de salário mensal fixo, além de uma comis-
c) Passa por (4, − 2) e por (−3, − 2). são de R$ 0,09 para cada real vendido.
d) Intercepta o eixo-y na ordenada 3 e o eixo-x na a) Determine uma equação que expresse o valor rece-
abscissa −2. bido por Gláucia em relação ao valor dos produtos
e) Intercepta o eixo-y na ordenada 2 e o eixo-x na que ela vende em um mês.
abscissa 1. b) Se, no mês passado, Gláucia recebeu R$ 2280,00 de
salário, calcule quantos reais em roupas ela conse-
f) Passa por (−2,−6) e intercepta o eixo-x na abscissa
guiu vender.
10.
11. Uma determinada árvore cresce a uma taxa constante,
g) Passa por (−6,4) e por (2, − 1).
tendo alcançado 3 m passados 5 anos de seu plantio, e
h) Passa por (−2,8) e por (3,4). atingido 7 m decorridos 13 anos do plantio.
i) Passa por (−5,0) e por (0, − 5).
a) Defina uma equação que forneça a altura da árvore
j) Passa por (3,14) e por (−4, − 28). em relação ao tempo transcorrido desde seu plan-
k) Passa por (−1, 21 ) e por (2, 19
2
). tio.
l) Passa por (3,5; −0,6) e por (−2; 2,7). b) Determine aproximadamente a altura da árvore
6. Determine as equações das retas mostradas na figura quando foi plantada.
abaixo. c) Determine em que ano (após o plantio) a árvore
atingirá 15 m.
12. A cidade de Cascatinha tinha 15.000 habitantes em
2006, tendo passado a 18.500 habitantes em 2011.
a) Supondo que a população da cidade tenha crescido
de forma constante nesse período, exiba a popula-
ção de Cascatinha em um gráfico no qual o eixo
horizontal fornece o número de anos transcorridos
desde o ano 2000.
b) Determine a equação da reta que passa pelos pon-
tos dados.
c) Indique o que significam a inclinação da reta e o
seu ponto de interseção com o eixo-y.
d) Com base em sua equação, estime a população de
7. Trace os gráficos das equações abaixo. Cascatinha em 2020.
13. Um fazendeiro usa milho para produzir dois tipos de ra-
a) y = − 32 x + 1 d) y = 4
ção animal. Cada quilograma da ração A consome 0,4
b) y = 5x − 2 e) x − y = −3 kg de milho, enquanto um quilograma da ração B exige
c) y = −2x f) 3y − x + 4 = 0 apenas 0,3 kg de milho. No momento, o fazendeiro dis-
põe de 10 kg de milho, que pretende usar integralmente
8. Encontre as equações das retas que satisfazem as con- para produzir as rações A e B.
dições abaixo. Em seguida, trace os gráficos correspon- a) Suponha que x seja a quantidade (em kg) de ra-
dentes. ção A e que y seja a quantidade de ração B que
a) Passa por (−2,1) e (−2, 5). o fazendeiro pode produzir com o milho disponí-
b) Passa por (−7,8) e (10, 8). vel. Escreva uma equação que relacione x, y e a
quantidade de milho de que o fazendeiro dispõe.
c) Reta vertical que passa por (3, −1).
b) Represente essa equação como uma reta no plano
d) Reta horizontal que passa por (6, − 4). Cartesiano, considerando que x e y estão entre 0 e
9. Dados os pontos A(-1,2) e B(3,-1) 40.
Seção 3.4. Retas no plano 293
d) Escreva a equação do segmento de reta relativo à Supondo que os resultados das pesquisas sejam exatos
população com 17 anos ou menos, no período entre e que os candidatos tenham mantido uma tendência li-
2030 e 2040. near de variação das intenções de voto, que percentual
e) Com base nos itens (c) e (d), determine, aproxi- de votos cada um receberia se a eleição para prefeito
madamente, em que ano o número de habitantes fosse realizada hoje?
com 60 anos ou mais irá ultrapassar o número de 21. A massa de uma esfera de naftalina decresce com o
habitantes com até 17 anos. tempo, devido à sublimação. Supondo que a taxa de
decrescimento seja proporcional à área da superfície da
20. A tabela abaixo mostra o desempenho dos três candi-
esfera, pode-se mostrar que o raio, r, da esfera varia
datos a prefeito de Conceição do Passa Três, segundo
linearmente com o tempo, t.
as últimas pesquisas eleitorais.
a) Sabendo que, em um certo instante, o raio tinha 0,8
Votos válidos (%) mm e que, quatro dias mais tarde, ele era de ape-
Candidato nas 0,75 mm, encontre uma equação que forneça
Há 45 dias Há 25 dias r (em milímetros) em termos do tempo decorrido
Ademar 44 39 (em dias) a partir do momento em que r = 0,8 mm.
Juarez 32 33 b) Determine o tempo gasto para a completa sublima-
Juscelino 24 28 ção da naftalina.
3.5 Funções
Nas seções anteriores desse capítulo, vimos como usar uma equação para relacionar
duas grandezas. Por exemplo, quando o açougueiro nos informa que o quilograma de
filé custa R$ 24,00, deduzimos que há uma relação entre o peso x da peça de carne
que pretendemos comprar (cuja unidade é o quilograma) e o valor y a ser pago (que
é dado em reais). Mais especificamente, essa relação é
y = 24x.
Logo, se quisermos levar 2,375 kg de carne, teremos que pagar a pequena fortuna
de 24 × 2,375 = 57 reais. Por outro lado, se o filé pesar 1,800 kg, o valor a ser pago
será igual a 24 × 1,8 = R$ 43,20.
A equação acima descreve como o preço depende do peso da peça de carne. Nessa
equação, a variável x da equação é denominada variável independente, enquanto
y é a variável dependente, pois seu valor é obtido a partir de x.
O lado direito da equação, ou seja, o termo 24x é a regra que usamos para obter
o preço a pagar a partir do peso da carne. A regra que nos permite obter o valor
da variável dependente (y) a partir da variável independente (x) é chamada função.
Logo, temos
y = 24x
°
função
de x
Para que possamos nos referir a uma função que já foi definida, precisamos atribuir-
lhe um nome. Por serem muito econômicos nas palavras, os matemáticos costumam
usar uma letra para designar uma função. Sendo assim, no problema do açougue,
Nada nos impede de atribuir um diremos que f é a função que fornece o preço da carne em relação ao peso da peça.
nome mais complexo à função do pro- O valor resultante da aplicação de uma função f , definida com relação a uma
blema do açougue, tal como “Preço- variável x, é representado por f (x). No caso do açougue, escrevemos
DoFilé”. Entretanto, é mais prático
usar um nome curto, como f . f (x) = 24x
± °
valor função
resultante de x
o que significa que, a regra (ou fórmula) que converte um peso de filé, x, em seu preço
é 24x.
Voltando, então, à nossa equação original, concluímos que y = f (x), ou seja, a
Atenção variável independente y (preço da carne) é o resultado da aplicação da função f à
Observe que variável dependente x (peso da carne).
Vejamos, agora, qual o preço de algumas peças de filé com pesos variados:
• f é o nome da função;
• f (x) é o valor da função 1. O preço de uma peça de 3 kg é
em x.
f (3) = 24 ⋅ 3 = 72 reais.
f (x) = 2x2 + 1,
determine
√ √
a) f (1) b) f (0) c) f (−1) d) f ( 2) e) f (− 2) f) f (w)
Solução.
√ √
a) f (1) = 2 ⋅ (1)2 + 1 = 3 d) f ( 2) = 2 ⋅ ( 2)2 + 1 = 5
√ √
b) f (0) = 2 ⋅ (0)2 + 1 = 1 e) f (− 2) = 2 ⋅ (− 2)2 + 1 = 5
c) f (−1) = 2 ⋅ (−1)2 + 1 = 3 f) f (w) = 2 ⋅ (w)2 + 1 = 2w2 + 1
Solução.
a) O custo da corrida inclui uma parcela fixa (que não depende de x) correspondente
a R$ 3,44. Além disso, para percorrer x quilômetros, é preciso pagar 0,90x reais.
Logo, a função custo é dada por
Note que c(0) corresponde à bandei- c(8,5) = 3,44 + 0,9 ⋅ 8,5 = 11,09 reais.
rada, ou seja, ao valor pago pelo pas-
sageiro ao pegar o táxi, mesmo sem
Já uma viagem de 12 km sai por
percorrer qualquer distância.
c(12) = 3,44 + 0,9 ⋅ 12 = 14,24 reais.
∎ Definição de função
Para o problema do açougue, fornecemos uma função de duas maneiras: através da
equação
y = 24x
e através da fórmula (ou regra)
f (x) = 24x.
Entretanto, também podemos apresentar funções
Rendimento Alíq. b) Numericamente, por meio de uma tabela que contenha uma lista de pares orde-
mensal (R$) (%) nados. Como exemplo, considere a Tabela 3.6, que fornece a alíquota do imposto
Até 1637,11 0 de renda em função do rendimento mensal (em reais) de um contribuinte, em 2013.
De 1637,12 a 2453,50 7,5
De 2453,51 a 3271,38 15
Em muitos casos práticos, é indispensável recorrer a gráficos ou tabelas para se
De 3271,39 a 4087,65 22,5
apresentar uma função. Por exemplo, não seria prático descrever por meio de uma
Mais que 4087,65 27,5
equação ou fórmula a função f fornecida pelo eletrocardiograma de um paciente.
Entretanto, lendo o gráfico, somos capazes de calcular f (5), ou f (t) para um instante
de tempo t qualquer. A função descrita pela Tabela 3.6 também não pode ser definida
por meio de uma única equação, embora possa ser fornecida através de uma fórmula.
Mais um exemplo de função que não pode ser representada por meio de uma
equação simples é a função trigonométrica seno, que é dada por
x3 x5 x7
sen(x) = x − + − +⋯
3⋅2 5⋅4⋅3⋅2 7⋅6⋅5⋅4⋅3⋅2
298 Capítulo 3. Funções
Nesse caso, como a função é a soma de um número infinito de termos, a forma mais
prática de se definir uma equação na qual y é igual ao seno de x consiste em escrever,
simplesmente, y = sen(x).
Vimos, portanto, que uma função pode ser representada por equações, fórmulas,
gráficos, tabelas etc. Mas será que toda equação, curva ou tabela nas variáveis x e y
define y como uma função de x?
Infelizmente, não. Tomando como exemplo a equação
y 2 − x = 0,
notamos que, com exceção de x = 0, é possível associar a cada valor de x dois valores
de y. Assim, para x = 4, a variável y pode assumir tanto o valor 2 como −2. Já para
x = 9, a variável y pode valer 3 ou −3. Essa duplicidade não é admissível para funções,
conforme indicado no quadro a seguir.
Definição de função
Uma função f é uma relação que associa a cada elemento x de um conjunto
D, chamado domínio, um único elemento f (x) (ou y) de um conjunto C,
denominado contradomínio.
À primeira vista, essa definição parece difícil de compreender, pois contém três
ingredientes novos: uma relação – que é expressa pela função – e dois conjuntos, D e
C. Vejamos se esses conceitos ficam mais claros se os ilustramos com o auxílio de um
exemplo simples.
D = {x ∈ R ∣x > 0}.
Por sua vez, o contradomínio é qualquer conjunto que contenha os possíveis valores
da área. Como exemplo, podemos definir
Observe que, nesse caso, C contém
valores negativos, apesar de a área
C = R.
de um quadrado ser sempre positiva.
É costume apresentar a relação definida por uma função por meio de um diagrama
de flechas. Um diagrama associado ao Exemplo 4 é mostrado na Figura 3.45. Note
que cada elemento x em D está associado a um elemento de C cujo valor é igual a x2 .
Seção 3.5. Funções 299
Para que seja mais fácil compreender a definição de função (que foi apresentada
acima de uma forma um tanto Hermética), resumimos em um quadro as suas princi-
pais características.
Ao contrário da de número 3, a carac- A terceira característica do quadro acima é a condição, imposta anteriormente,
terística 4 permite que uma função de que o valor f (x) seja único. Para entender porque não é permitido associar dois
associe o mesmo y a dois valores de valores de y a um único x, basta voltar ao exemplo do açougue e imaginar o seguinte
x. Isso ocorre, por exemplo, quando diálogo entre um freguês e o açougueiro:
um supermercado cria uma promo-
— Quanto custam 3 kg de filé?
ção “leve dois e pague um”. Nesse
caso, há um único preço y associado
— O preço pode ser R$ 72,00 ou R$ 85,00.
a duas quantidades x do mesmo pro- Não faz sentido, não é verdade? Ao fornecer x – o peso de uma peça de carne – o
duto. freguês espera receber como resposta um único valor de f (x) – o preço.
Vejamos alguns exemplos nos quais a terceira condição não é satisfeita.
terceira condição acima, segundo a qual um elemento do domínio não pode estar
associado a dois elementos do contradomínio.
Solução.
O sinal ± indica que, para cada valor de x (exceto x = 4), há dois valores de y:
√ √
16 − x2 e − 16 − x2 .
√ √
Assim, por exemplo, se x = 2, temos y = 12 e y = − 12. Nesse caso, a equação não
permite a definição de y como uma função de x.
Agora, tente o Exercício 2.
∎ Domínio e imagem
Vimos que o domínio de uma função é o conjunto de todos os valores que a variável
independente pode assumir. No Problema 3, por exemplo, a variável x fornece a
distância percorrida por um táxi, que pode corresponder a qualquer valor real maior
ou igual a zero (supondo que o táxi possa reabastecer). Dessa forma, é adequado
definir
D = {x ∈ R ∣ x ≥ 0}.
Já no Problema 2, a função foi descrita apenas pela fórmula f (x) = 2x2 + 1. Nesse
caso, como não é possível especificar um conjunto ou intervalo no qual f tenha sentido
prático, o domínio é dado implicitamente pela definição de f . Em outras palavras, o
domínio é o conjunto de todos os valores de x para os quais f está definida. Como a
expressão 2x2 + 1 pode ser calculada para todo x real, escrevemos
D = R.
Solução.
Logo, o domínio de f é
D = {x ∈ R ∣ x ≠ −1 e x ≠ 1}.
Conjunto imagem
Dada uma função f , com domínio D, denominamos conjunto imagem (ou
simplesmente Im) o conjunto de todos os valores f (x) obtidos a partir de
x ∈ D.
Im = {c ∈ R ∣ c ≥ 3,44}.
Solução.
a) A expressão 2x2 + 1 pode ser calculada para qualquer x real. Desse modo,
D = R.
Por outro lado, como x2 ≥ 0 para todo x real, concluímos que 2x2 + 1 ≥ 1. Assim,
Im = {y ∈ R ∣ y ≥ 1}.
√
b) Para que a expressão x − 1 possa ser calculada, é preciso que
x − 1 ≥ 0,
D = {x ∈ R ∣ x ≥ 1}.
Para determinar o conjunto imagem dessa função, basta notar que a raiz quadrada
não produz resultados negativos, donde
Im = {y ∈ R ∣ y ≥ 0}.
Agora que já analisamos alguns aspectos algébricos das funções, vejamos como
representá-las geometricamente.
302 Capítulo 3. Funções
∎ Gráficos de funções
(x, f (x)),
y = f (x),
Tabela 3.8
x f (x)
-3 8
-2 3
-1 0
0 -1
1 0
2 3
3 8
Tabela 3.9
x f (x)
0 0
1 1
2 1,41
3 1,73
4 2
√
Figura 3.47: Gráfico de f (x) = x.
Já vimos que nem toda equação que envolve as variáveis x e y define y como função
de x, pois há casos em que a equação associa dois valores de y a um único valor de x,
o que não é permitido para funções.
Argumento semelhante pode ser usado para mostrar que nem toda curva no plano
está associada a uma função, uma vez que só é possível haver um valor f (x) associado
a cada x pertencente ao domínio de uma função f , o que nem sempre ocorre com
curvas no plano. Para determinar se uma curva é ou não a representação geométrica
de uma função, usamos o teste abaixo.
A Figura 3.48 mostra uma curva que é interceptada duas vezes pela reta vertical
verde. Nesse caso, como há dois valores de y (ou seja, y1 e y2 ) associados a x = a, a
curva não é o gráfico de uma função.
Figura 3.48: Curva que não satis- Problema 11. Teste da reta vertical
faz o teste da reta vertical.
Usando o teste da reta vertical, verifique quais gráficos da Figura 3.49 representam
funções.
(a) (b)
Solução.
a) Como se observa, não é possível traçar uma reta vertical que corte mais de uma
vez a curva da Figura 3.49a. Logo, trata-se do gráfico de uma função.
Note que não é possível represen-
tar uma circunferência usando ape- b) A reta verde mostrada na Figura 3.49b corta a curva em dois pontos, de modo que
nas uma função. não se trata do gráfico de uma função.
(a) (b)
Solução.
a) Na Figura 3.50a, a reta vertical verde corta o gráfico em três pontos. Logo, o
gráfico não representa uma função.
b) O gráfico da Figura 3.50b representa uma função, já que não há reta vertical que
o corte em mais de um ponto. Além disso, notamos que a função não está definida
para x ∈ (a,b).
Exercícios 3.5
1. Calcule as funções nos pontos indicados. d) f (w) = w − w2
a) f (x) = −2(x + 1) f (−1), f (1/2), f (x), f (1/x), f (2z)
f (−2), f (−1), f (0), f (1), f (a), f (−a) e) f (y) = 1
b) g(y) = 3(y − 2)2 y2
f (−1), f (3), f (1/5), f (2x), f (1/x2 )
g(−2), g(−1), g(0), g(1), g(2)
√
c) h(x) = xx+1
2 −1 f) f (y) = y − 5 + 5
h(0), h(−2), h(1/2), h(a), h(a − 1) f (5), f (9), f (45/4), f (x + 5)
Seção 3.5. Funções 305
1√
g) f (y) = 1+ y
6. Na superfície do oceano, a pressão da água é a mesma
do ar, ou seja, 1 atm. Abaixo da superfíce da água,
f (0), f (4), f (1/4), f (9x), f (x − 1)
∣4−y∣
a pressão aumenta 1 atm a cada 10 m de aumento na
h) f (y) = y profundidade.
f (−1), f (3), f (4), f (x + 2), f (4 − x) a) Escreva uma função P (x) que forneça a pressão
2. Verifique algebricamente se as equações abaixo permi- (em atm) com relação à profundidade (em m), Con-
tem a definição de y como uma função de x. sidere que x = 0 m na superfície da água do mar.
b) Determine a pressão a 75 m de profundidade.
a) 12 − 2y = 0 f) (x − 1)2 + (y − 2)2 = 4 7. Um instalador de aparelhos de ar condicionado cobra
b) x2 − y + 9 = 0 g) y−2=0 R$ 50,00 pela visita, além de R$ 75,00 por hora de ser-
c) x − y2 + 4 = 0 h) y3 − x = 0 viço (sem incluir o custo do material por ele utilizado).
√
d) x−2+y =3 i) ∣2x − 3∣ + y = 0 a) Escreva uma função C(t) que forneça o custo de
e) (x − 3)2 + y = x2 j) ∣y∣ = x + 5 instalação de um aparelho de ar condicionado, em
relação ao tempo gasto pelo instalador, em horas.
3. Determine o domínio das funções. b) Se a instalação de um aparelho consumir 3,5 horas,
√
qual será o custo da mão de obra?
a) f (x) = 3x + 2 3−x
k) f (x) = x+1
8. Uma piscina tinha 216.000 litros de água quando foram
1 √ abertos todos os seus drenos. Desde então, a água tem
b) f (x) = x−2 1−5x
l) f (x) =
c) 1
f (x) = 2x+5 x2 +4 escoado da piscina a uma taxa de 200 litros por minuto.
√ m) f (x) = √1
a) Escreva a função V (t) que fornece o volume de água
d) g(x) = √x + 9 x−3
a) f (x) = 3x + 4, a = 2 b) f (x) = x2 + 6, a = 4
b) d) 11. Calcule
f (a + h) − f (a)
h
para as funções e os valores de a fornecidos abaixo.
Simplifique os resultados e suponha sempre que os de-
nominadores são diferentes de zero.
2
a) Calcule os pontos fixos de f (x).
a) f (x) = 5 c) f (x) = − x2 + 2 b) Trace o gráfico da função f e o gráfico de g(x) = x,
√
b) f (x) = 2x + 1 d) f (x) = 2 x indicando os pontos calculados no item (a).
306 Capítulo 3. Funções
d) 1; − 27 ; x − x ; −2x
2
+ x;
1
2z − 1
z
e) 1; 9;
1
25; 1
4x2
; x4
√
f) 5; 7; 2 ; 5+
15
x
g) 1; 3 ; 3 ; 1+3 x ;
1 2 1√ √1
1+ x−1
6. a) P (x) = 1 + x/10 (considerando que a
h) −5; 31 ; 0; 2+x ; 4−x
∣2−x∣ ∣x∣
profundidade é um número positivo)
b) 8,5 atm
2. a) Sim e) Sim i) Sim
b) Sim f) Não 7. a) C(t) = 50 + 75t
j) Não
c) Não g) Sim b) R$ 312,50
b)
d) Sim h) Sim 8. a) V (t) = 216000 − 200t
b) 18 horas
3. a) R 9. a) V (t) = 2900 − 348t
b) {x ∈ R ∣ x ≠ 2} b) Após cerca de 6 anos de uso
c) {x ∈ R ∣ x ≠ −5/2}
d) {x ∈ R ∣ x ≥ −9} 10. a) 3 b) x + 4
e) {x ∈ R ∣ x ≤ 5/2}
f) {x ∈ R ∣ x ≥ 3/4} 11. a) 12
b)
2(h−1)
h h
g) R
h) {x ∈ R ∣ x ≠ 13/5} 12. a) x1 = −1 e x2 = 3/2
i) {x ∈ R ∣ x ≠ −3/2}
b)
j) {x ∈ R ∣ x ≥ 1/2}
k) {x ∈ R ∣ x ≤ 3, x ≠ −1} c)
l) {x ∈ R ∣ x ≤ 1/5}
m) {x ∈ R ∣ x ≥ 0, x ≠ 9}
n) {x ∈ R ∣ x ≥ 7/2}
o) {x ∈ R ∣ x ≠ −6 e x ≠ 6}
p) R
q) {x ∈ R ∣ − 4 ≤ x ≤ 4}
r) {x ∈ R ∣ 1 ≤ x ≤ 5}
4. a) Não representa função
b) Representa função
c) Não representa função
d) Representa função
A análise de um gráfico nos permite obter muitas informações acerca da função a ele
associada. Como veremos a seguir, essas informações incluem desde o valor da função
em pontos específicos até a presença de mínimos e máximos.
∎ Valor da função
O propósito mais óbvio de um gráfico é fornecer valores aproximados da função para
os pontos do intervalo no qual ela foi retratada. O problema abaixo ilustra como
podemos usar um gráfico para extrair esses valores.
Solução.
c) Os valores de x para os quais f (x) ≥ 1 são aqueles nos quais a curva cruza a reta
y = 1ou está acima desta. Isso ocorre para os pontos marcados em verde na curva
da Figura 3.52c, ou seja, para
x = −1 ou x ≥ 2.
Solução.
√
Figura 3.53: Gráfico de f (x) = 4 − x2 .
Solução.
Im = {−2, 1}.
c) Embora a Figura 3.54c inclua apenas uma parte do eixo-x, o gráfico sugere que a
função está definida para x < −4 e para x > 7. Assim, temos
D = {x ∈ R ∣ x ≤ 1 ou x ≥ 3}.
Im = {y ∈ R ∣ y ≥ −3}.
∎ Zeros da função
Os valores de x que satisfazem a equação f (x) = 0 são chamados zeros de f . Esses
valores correspondem aos interceptos-x do gráfico da função.
Solução.
A Figura 3.55 mostra os gráficos das duas funções. Na figura da esquerda, obser-
vamos que o zero de f (x) = x2 + 1 é x = −2 (a coordenada x do ponto verde indicado
no gráfico). O mesmo valor poderia ter sido obtido algebricamente, resolvendo-se a
equação x2 + 1 = 0:
x x
+1=0 ⇒ = −1 ⇒ x = −2.
2 2
Segundo a Figura 3.55b, os zeros de g(x) = 3 − x2 + 2x são x = −1 e x = 3. Natural-
mente, esses interceptos-x também podem ser obtidos algebricamente, bastando para
isso que resolvamos a equação 3 − x2 + 2x = 0.
310 Capítulo 3. Funções
(a) f (x) = x
2
+1 (b) g(x) = 3 − x2 + 2x
• f é constante em [c,d].
Seção 3.6. Obtenção de informações a partir do gráfico 311
∎ Máximos e mínimos
Assim como é importante saber em que intervalos uma função aumenta ou diminui,
também é relevante conhecer seu valor máximo ou mínimo. Vejamos como caracterizar
esses pontos extremos.
Quando nos referimos aos máximos e mínimos, usamos o adjetivos local e relativo
para deixar claro que a análise diz respeito apenas a uma vizinhança de x̄. A Figura
3.59 ilustra a situação, mostrando que, na vizinhança (a,b) definida em torno do ponto
x̄, o maior valor que a função f assume é f (x̄), que por isso mesmo, é denominado
máximo local. Por sua vez, a Figura 3.60 mostra uma vizinhança (a,b) em torno de
x̄, na qual o menor valor de f é justamente f (x̄), o mínimo local.
Nada impede que a função assuma um valor maior que um máximo local, desde
que isso não ocorra nas proximidades de x̄. Dessa forma, uma função pode ter vários
Figura 3.60: Mínimo local. máximos e mínimos relativos, como mostra a Figura 3.61, na qual a, c e e são pontos
de máximo local, enquanto b, d e g são pontos de mínimo local.
312 Capítulo 3. Funções
Pontos de máximo e de mínimo local têm grande aplicação prática. Se uma função
está associada, por exemplo, a um gasto (de dinheiro, energia, matérias-primas, tra-
balho etc), o ponto de mínimo será aquele que proporciona a maior economia possível.
Por outro lado, para funções que envolvem o aproveitamento de recursos disponíveis,
é comum calcular o ponto de máximo, como mostra o exemplo a seguir.
Solução.
b) A área do pasto é o produto da largura (l) pela profundidade (p). Agora que
sabemos que p = 200 − l, temos
g) Não é possível cercar uma área de 12.000 m2 , pois 12.000 não pertence à imagem
do gráfico.
h) Da Figura 3.62, concluímos que a função assume seu valor máximo em p = 100,
que é o único ponto de máximo local do domínio. A largura correspondente a esse
valor de p é dada por
∎ Simetria
Os gráficos de algumas funções possuem uma característica geométrica bastante im-
portante, chamada simetria. O gráfico de f (x) = x2 , por exemplo, é simétrico com
relação ao eixo-y, o que significa que a parte da curva que está à esquerda do eixo é
uma imagem refletida da porção que está à direita dele, conforme mostra a Figura
3.63a. Do ponto de vista algébrico, essa simetria é caracterizada pelo fato de que
f (x) = f (−x).
Uma função cujo gráfico é simétrico com relação ao eixo-y é denominada par.
Outro simetria comum é a que ocorre com relação à origem, como se observa na
Figura 3.63b. Nesse caso de simetria, a curva não se altera quando viramos o livro
de cabeça para baixo, o que, algebricamente corresponde a dizer que
f (x) = −f (−x).
Uma função com essa propriedade é chamada ímpar. O quadro a seguir resume as
características principais das funções pares e ímpares.
314 Capítulo 3. Funções
1. Uma função f é par se seu gráfico é simétrico com relação ao eixo-y, isto
é, se
f (−x) = f (x)
para todo x no domínio de f .
2. Uma função f é ímpar se seu gráfico é simétrico com relação à origem,
isto é, se
f (−x) = −f (x)
para todo x no domínio de f .
Solução.
a)
b)
c)
Como f (x) não é igual a −f (x) ou a f (−x), a função não é par nem ímpar.
Solução.
a) Como vimos no Problema 7, a função f (x) = x3 − 16x é ímpar, de modo que po-
demos esboçar seu gráfico conhecendo apenas a parte relativa a x ≥ 0. Montando,
então, a Tabela 3.10, marcamos os pontos em vermelho na Figura 3.64. Em se-
guida, traçamos uma curva suave que liga esses pontos, e refletimos o gráfico em
torno da origem, para obter a parte da curva que está à esquerda do eixo-y.
Tabela 3.10
x f (x)
0 0
1 -15
2 -24
3 -21
4 0
5 45
b) Também vimos no Problema 7 que a função f (x) = x4 − 12x2 + 10 é par. Logo, seu
gráfico também pode ser traçado apenas com base na parte à direita do eixo-y. A
316 Capítulo 3. Funções
Tabela 3.11
x f (x)
0.0 10.00
0.5 7.06
1.0 -1.00
1.5 -11.94
2.0 -22.00
2.5 -25.94
3.0 -17.00
3.5 13.06
4.0 74.00
Exercícios 3.6
1. O gráfico de uma função f é mostrado abaixo. Com
base no gráfico, determine
√
4. O gráfico da função f (x) = −x2 + 2x + 3 é mostrado 7. O gráfico da função f é mostrado abaixo. Com base no
abaixo. Com base no gráfico, determine gráfico, determine
a) os valores de f (0), f (0,5) e f (2); a) o conjunto imagem de f ;
b) o domínio de f ; b) os zeros de f ;
c) o conjunto imagem de f ; c) os intervalos de crescimento e decrescimento;
d) os zeros de f ; d) os pontos de máximo e mínimo local.
e) os intervalos de crescimento e decrescimento;
f) os pontos de máximo e mínimo local.
0,31Tc A + 0,31Tc
f= [1 + ].
Es 100
Lembre-se de que o volume de um cilindro de altura h
Os valores do fator previdenciário em relação ao tempo e raio da base r é dado por πhr2 . Além disso, a área de
de contribuição, para pessoas com 60, 65 e 70 anos, são um retângulo de base b e altura h é igual a bh, a área
dados no gráfico abaixo. Com base no gráfico, estime a de um círculo de raio r é dada por πr2 , e o perímetro
expectativa de sobrevida de um contribuinte de 70. desse círculo é igual a 2πr.
a) Escreva a área da tampa da lata em relação a r.
b) Escreva a área da lateral da lata em relação a r e
h (dica: observe que há uma relação entre uma das
dimensões da lateral e o perímetro da tampa).
c) Escreva a área da superfície da lata em relação a r
e h.
d) Escreva h em função de r, usando o fato de que o
volume da lata é igual a 1 litro = 1000 cm3 .
e) Usando as respostas dos itens (c) e (d), escreva uma
função que forneça a área da superfície em relação
apenas ao raio da base da lata, r.
f) Defina o domínio da função que você obteve no
item anterior.
g) Trace o gráfico da função para r entre 2 e 10.
h) Determine em que intervalos a função é crescente e
em quais é decrescente.
i) A partir do gráfico, determine o raio da base que
16. Uma companhia de turismo cobra R$ 1200,00 por um proporciona o menor gasto de metal, bem como a
pacote turístico individual, mas dá um bom desconto altura da lata.
quando os turistas viajam em grupos. Se um grupo tem
x pessoas, com x ≤ 70, cada integrante paga apenas 18. Complete os gráficos das funções abaixo, supondo que
eles possuem o tipo de simetria indicado.
a) f (x) = 4 g) f (x) = 2x5 − x3 + x 20. Levando em conta a simetria, trace os gráficos das fun-
b) f (x) = −2x h) f (x) = x6 −3x4 +x2 −15 ções dos itens (d), (f), (i) e (j) do Exercício 19.
c) f (x) = 2x − 1 i) f (x) = x21+1
√
d) f (x) = x2 − 3 j) f (x) = 3 x
√
e) f (x) = x2 − 4x + 4 k) f (x) = x x
f) f (x) = −x3 + 2x l) f (x) = ∣x∣
5. a) f (−1) = −1,5; f (2) = −1; f (3) = −2 g) Milho: máximos nas safras de f) D = {r ∈ R ∣ r > 0}
b) x = −1,4; x = −0,5; x = 1,5 e x = 3,3 2007/08 e 2012/13; mínimos nas g)
c) −1,2 ≤ x ≤ 0,75 e 2,666... ≤ x ≤ 3,1 safras de 2008/09 e 2013/14.
Soja: máximos nas safras de 2007/08
d) Crescente em (−1; 0,5) e (3; 3,5). e 2010/11; mínimos nas safras de
Decrescente em (−2; −1), (0,5; 3) e 2008/09 e 2011/12.
(3,5; 4).
e) Pontos de máximo local: x = 0,5
(f (0,5) = 1,5) e x = 3,5 (f (3,5) = 12. a) Entre 2014 e 2015.
0,5). Pontos de mínimo local: x = −1 b) Entre 2004 e 2005. Nesse período, a
(f (−1) = −1,5) e x = 3 (f (3) = −2). taxa de ocupação subiu 2,8%.
c) De 2008 a 2015. h) Decrescente em (0; 5,42) e crescente
6. a) D = {x ∈ R ∣ − ∞ < x ≤ 0 ou 1 ≤ x < ∞} em (5,42; ∞).
b) Im = {y ∈ R ∣ y ≤ 5} d) Crescente de 2003 a 2005, de 2006 a
2008, de 2009 a 2012 e de 2013 a 2014. i) r ≈ 5,42 cm e h ≈ 10,84 cm.
c) [−2,0] ∩ [1,4] Decrescente entre 2002 e 2003, 2005 e 18. a)
d) Crescente em (−∞, 0) e decrescente 2006, 2008 e 2009, 2012 e 2013 e entre
em (1, ∞). 2014 e 2015.
7. a) Im = {y ∈ R ∣ y ≥ 0} e) A menor taxa de ocupação ocorreu
b) x = −1 em 2003 (85,5%) e a maior em 2014
(94,9%).
c) Crescente em (−1; 1) e (3; ∞).
Decrescente em (−∞; −1) e (1; 3). 13. a)
d) Ponto de máximo local: x = 1 (f (1) =
5). Pontos de mínimo local: x = −1
(f (−1) = 0) e x = 3 (f (3) = 2). b)
8. a) Im = {y ∈ R ∣ y ≥ 1/2}
b) [−1,2]
c) Decrescente em (−∞; 0) e crescente
em (1, ∞)
d) Pontos de mínimo local: x ∈ [0,1].
Não há ponto de máximo local.
9. a) D = {x ∈ R ∣ x ≠ 1}
b) Im = {y ∈ R ∣ y ≤ −1 ou y ≥ 1} b) x ≤ 6 c)
c) Crescente em (−∞; 0) e (2; ∞). 14. a) −1 ≤ x ≤ 1,5 e x ≥ 3
Decrescente em (0; 1) e (1; 2). b) −1 ≤ x ≤ 0,8 e 3 ≤ x ≤ 3,9
d) Ponto de máximo local: x = 0 (f (0) = c) x ≤ −1 e 1 ≤ x ≤ 3
−1). Ponto de mínimo local: x = 2
d) Crescente em (0; 2,25). Decrescente
(f (2) = 1)
em (−2, 0) e em (2,25; 4).
10. a) De 1976 a 2010. e) Crescente em (−2, 0) e em (1,5; 3,5).
b) De 1964 a 1981. Decrescente em (0; 1,5) e (3,5; 4).
Seção 3.7. Funções usuais 321
d) 20. a) c)
b) d)
Solução.
Funções na forma
f (x) = mx,
como aquela encontrada no Exemplo 1, são denominadas funções lineares. Uma
versão mais geral desse tipo de função é dada a seguir.
O gráfico de uma função afim é a reta cuja inclinação é igual a m, e cujo intercepto-
y é b. Conhecendo o valor da função para dois valores diferentes de x, podemos
determinar a expressão da função, bem como traçar o seu gráfico.
Solução.
∎ Função potência
Dada uma constante natural n, uma função na forma
f (x) = xn ,
Observe que as funções cujos gráficos são mostrados nas Figuras 3.69a e 3.69c têm
expoente par. Já a Figura 3.69b mostra a função f (x) = x3 , cujo expoente é impar. A
paridade do expoente afeta diretamente as características das funções potência, que
são apresentadas abaixo.
• O domínio de f é R.
Não se esqueça de que, ao elevarmos
um número real a um expoente par, • O conjunto imagem é R se o expoente é ímpar e é [0, ∞) se o expoente é par.
obtemos sempre um número positivo.
• Há um único zero em x = 0.
• Quando o expoente é par, f é decrescente para x < 0, e crescente para x > 0.
Quando o expoente é ímpar, f é crescente em (−∞, ∞).
• Não há máximos locais.
• A função tem um ponto de mínimo local em x = 0 quando o expoente é par, e
não tem mínimos locais quando o expoente é ímpar.
• Quando o expoente é par, f é par. Quando o expoente é ímpar, f é ímpar.
324 Capítulo 3. Funções
∎ Função raiz
Dada uma constante natural n maior que 1, uma função na forma
Lembrete
√
Também podemos representar f (x) = n
x,
uma função raiz na forma x1/n .
√
(a) f (x) = x (b) f (x) = x1/3
∎ Funções recíprocas
Funções na forma
1
f (x) = ,
xn
A constante k que aparece nessa defi- A função recíproca f (x) = k/x é empregada para associar grandezas inversamente
nição de f é usada para ajustar a fun- proporcionais, como ilustra o problema a seguir.
ção recíproca ao dados do problema.
Problema 3. Tempo de viagem
Solução.
k = t ⋅ v.
Naturalmente, essa função só faz sentido para v > 0, pois não queremos que o
carro ande para trás (v < 0) ou fique parado (v = 0). Sendo assim, podemos esboçar
o gráfico de t considerando apenas a parte positiva do eixo-v (horizontal).
A Tabela 3.12 contém os pares usados para produzir o gráfico, que é mostrado na
Figura 3.72.
326 Capítulo 3. Funções
Tabela 3.12
v t
5 24
10 12
20 6
40 3
60 2
80 1,5
100 1,2
Tabela 3.13: Velocidade × tempo Também poderíamos ter determinado a função a partir da regra de três tradicional,
representada na Tabela 3.13, na qual aparecem os dados do problema e as variáveis
Veloc. Tempo v e t.
(km/h) (h) Lembrando que a velocidade e o tempo são inversamente proporcionais, escrevemos
60 2 60 ⋅ 2 = v ⋅ t(v).
• Os clientes que efetuam até 400 minutos mensais em ligações pagam o valor fixo
de R$ 42,00 por mês.
• Para cada minuto adicional (ou seja, que excede os 400 minutos), paga-se
R$ 0,04.
Determine a função que fornece o valor mensal da conta telefônica.
Seção 3.7. Funções usuais 327
Solução.
Vamos supor que um cliente fale x minutos por mês. Nesse caso, se suas ligações
ultrapassarem os 400 minutos, o tempo adicional equivalerá a x − 400, como mostrado
na Figura 3.73.
Para determinar a função f que fornece o valor da conta mensal, devemos consi-
Figura 3.73: Período de x minutos derar as duas situações previstas no plano:
dividido em duas partes. • se x ≤ 400, então f (x) = 42;
• se x > 400, então f (x) = 42 + 0,04(x − 400).
Resumindo esse casos, temos a seguinte função definida por partes:
42, se x ≤ 400,
f (x) = {
42 + 0,04(x − 400), se x > 400.
Solução.
Tabela 3.14
Observamos que
x̄ f (x) f (x̄) • Para x < 0, o gráfico de f coincide com a reta y = −x.
−2 −x 2 • Para 0 ≤ x < 2, o gráfico é o mesmo que o de y = x + 2.
−1 −x 1
0 x+2 2 • Já para x ≥ 2, o gráfico de f está sobre a reta y = 8 − 2x.
1 x+2 3 Como dois pontos são suficientes para definir uma reta, cada trecho do gráfico
2 8 − 2x 4 pode ser traçado com o auxílio de dois pares ordenados. Escolhendo, então, os valores
4 8 − 2x 0 de x indicados na Tabela 3.14, obtemos o gráfico mostrado na Figura 3.74.
Solução.
Assim como ocorre com a conta telefônica, a tarifa de abastecimento de água tem
duas categorias, dependendo do valor da variável x, que representa o volume de água
gasto em um mês:
Você sabia?
O propósito da parcela a redu- • se x ≤ 10 m3 , então a tarifa é fixa e vale R$ 10,00, ou seja, f (x) = 10;
zir é evitar que a função tenha • se x > 10 m3 , então paga-se R$ 1,27 para cada metro cúbico consumido, devendo-
um salto. Sem ela, quem consu- se descontar, do valor final, a parcela de R$ 2,70. Em notação matemática, isso
misse 10 m3 pagaria R$ 10,00,
corresponde à fórmula
e quem gastasse 10,01 m3 de
água pagaria R$ 12,70, o que
f (x) = 1,27x − 2,70.
não parece justo. Incluindo a Reunindo os dois casos, obtemos a função definida por partes:
parcela a deduzir, os consumi-
dores que gastam 10,01 m3 de 10, se x ≤ 10,
f (x) = {
água, pagam R$ 10,01, uma va- 1,27x − 2,7, se x > 10.
lor próximo daquele cobrado de
Vamos supor que o domínio de f seja {x ∈ R ∣ 0 ≤ x ≤ 30}, já que não é possível
quem consome 10 m3 .
consumir uma quantidade negativa de água, e os consumidores que gastam mais de
30 m3 não são beneficiados pela tarifa social. No intervalo [0, 10], o gráfico da função
é o mesmo da reta y = 10. Já para [10, 30], o gráfico está sobre a reta y = 1,27x − 2,7.
Sendo assim, os três pontos apresentados na Tabela 3.16 são suficientes para que
esbocemos a curva. O gráfico da função é apresentado na Figura 3.75.
Tabela 3.16
x f(x)
0 10
10 10
30 35,4
x, se x ≥ 0;
f (x) = {
−x, se x < 0.
• O domínio é R.
• O conjunto imagem é [0,∞).
• Há um zero em x = 0.
• A função é decrescente em (−∞,0) e crescente em (0,∞).
• Não há máximos locais.
• Há um único ponto de mínimo local, em x = 0.
• A função é par.
Exercícios 3.7
1. Esboce o gráfico de cada uma das funções abaixo com 1 − x, se x ≤ 2,
a) f (x) = {
base em uma tabela de valores da função em pontos que x, se x > 2.
você escolheu. 1, se x < 0,
b) f (x) = {
√ −1, se x ≥ 0.
a) f (x) = 3 − 2x d) f (x) = 1 + x
√ 0, se x < 1,
b) f (x) = 2x2 − 3 e) f (x) = 1 + x c) f (x) = {
x2 − 1, se x ≥ 1.
c) f (x) = (x − 1)2 f) f (x) = 2/x
4. Dada a função f cujo gráfico é representado abaixo,
2. Calcule o valor das funções abaixo nos pontos x = −2; determine, para o domínio especificado,
x = −1; x = 0; x = 0,5; x = 1 e x = 2. a) o domínio e a imagem de f ;
3 + x, se x ≤ −1, b) os valores de f (−1,5), f (0) e f (2);
a) f (x) = {
2 − 3x, se x > −1. c) os pontos nos quais f (x) ≥ 0,5;
x, se x < 1, d) os intervalos em que f é crescente ou decrescente;
b) f (x) = {
x2 , se x ≥ 1. e) os pontos de máximo e mínimo local de f e os va-
3. Trace o gráfico das funções abaixo para x ∈ [−2,4]. lores da função nesses pontos.
330 Capítulo 3. Funções
2000 (ou seja, t = 0 no ano 2000). Já a população de 17. A pressão de um volume constante de gás varia line-
Caititu vem diminuindo ao longo dos anos, tendo bai- armente com a temperatura. Em uma experiência de
xado dos 2350 habitantes no ano 2000 para 1750 em um laboratório, observou-se que a pressão de um certo
2008. volume de um gás correspondia a 800 mmHg, a 20○ C,
a) Defina a função linear (ou afim) c(t) que fornece e a 900 mmHg, a 60○ C.
o número de habitantes de Caititu em relação ao a) Escreva uma função P (T ) que forneça a pressão
tempo t, em anos, transcorrido desde 2000. desse volume de gás (em mmHg) em relação à tem-
b) Determine em que instante as duas cidades tiveram peratura.
o mesmo número de habitantes. b) Represente sua função no plano Cartesiano.
13. Pela Lei de Hooke, a força axial F (em Newtons, N) ne- c) Determine a pressão a 85○ C.
cessária para esticar uma mola por x metros, a partir de
d) Determine a que temperatura a pressão é igual a
sua posição de repouso, é diretamente proporcional a x.
700 mmHg.
Uma dada mola pode ser esticada em 20 cm aplicando-
se uma força axial de 15 N. 18. Um clube vem perdendo sócios a um ritmo constante
a) Seguindo a Lei de Hooke, escreva a expressão de ano após ano, tendo registrado 14 mil sócios em 2004 e
F (x) para a mola do enunciado. apenas 8 mil sócios em 2013.
b) Determine o alongamento produzido por uma força a) Defina uma função linear (ou afim) S(t) que for-
de 24 N. neça o número de sócios do clube no ano t, supondo
14. O tronco de um carvalho plantado no século 17, na que t seja zero no ano 2000.
França, possuía 2,5 m de diâmetro em 1805 e 5,5 m de b) O clube pretende fechar suas portas se o número
diâmetro em 2003. Suponha que o diâmetro do tronco de sócios chegar a 2 mil. Usando a função que você
do carvalho tenha crescido a uma taxa constante. encontrou no item (a), determine em que ano isso
ocorrerá.
a) Determine aproximadamente o ano em que o car-
valho foi plantado. 19. Em uma determinada região do planeta, a temperatura
b) Determine uma equação que forneça o diâmetro do média anual subiu de 13,35○ C em 1995 para 13,8○ C em
tronco em relação à idade do carvalho. 2010. Suponha que o aumento linear da temperatura,
c) Determine em que ano o diâmetro do carvalho atin- observado entre 1995 e 2010, será mantido nos próximos
girá 6 m. anos.
15. Ludovico está juntando euros para fazer uma viagem a) Escreva uma função T (t) que forneça a tempera-
à Europa. Depois de receber um ajuda inicial de seus tura naquela região em relação ao tempo decorrido
pais, ele passou a poupar um valor fixo de euros por (em anos) a partir de 1990.
mês. Sabendo que, após seis meses do início da pou- b) Use a sua função para prever a temperatura média
pança, Ludovico tinha 1200 euros, e após 10 meses, ele em 2012.
já possuía 1700 euros,
c) Represente essa equação como uma reta no plano
a) Determine a função linear (ou afim) p(t) que for- Cartesiano, destacando o que acontece em 2012.
nece o valor que Ludovico tem em euros após t d) O que representam a inclinação da reta e o ponto
meses do início da poupança. de interseção com o eixo-y?
b) Determine o valor, em euros, da ajuda inicial que
os pais de Ludovico lhe deram. 20. O velocímetro é um instrumento que indica a velocidade
c) Trace o gráfico de p(t) para t ∈ [0,18]. de um veículo. A figura abaixo mostra o velocímetro
de um carro que pode atingir 240 km/h. Observe que
d) Determine após quantos meses de poupança Lu-
o ponteiro no centro do velocímetro gira no sentido ho-
dovico obterá os 5200 euros necessários para sua
rário à medida que a velocidade aumenta.
viagem.
16. Uma indústria alimentícia desenvolveu uma dieta de
engorda para porcos. Quando submetido à dieta, um
porco que possuía 25 kg consegue aumentar 15 kg por
mês.
a) Escreva uma função P (t) que forneça o peso do
porco em relação ao tempo (em meses), supondo
que seu peso inicial corresponda a 25 kg. a) Suponha que o ângulo de giro do ponteiro seja di-
b) Determine a duração da dieta, em meses, supondo retamente proporcional à velocidade. Nesse caso,
que o porco é abatido quando atinge 100 kg. qual é o ângulo entre a posição atual do ponteiro (0
c) Represente sua função no plano Cartesiano, indi- km/h) e sua posição quando o velocímetro marca
cando o instante do abate. 104 km/h.
332 Capítulo 3. Funções
b) Um determinado velocímetro fornece corretamente cada megabyte transferido além desse limite, Gláucia
a velocidade do veículo quando esse trafega a 20 paga R$ 0,08. Observe que o valor pago pelo acesso à
km/h, mas indica que o veículo está a 70 km/h internet é independente do gasto com telefonemas.
quando a velocidade real é de 65 km/h. Supondo a) Defina a função C(x) que fornece o gasto mensal
que o erro de aferição do velocímetro varie linear- de Gláucia com o acesso à internet através de seu
mente com a velocidade por ele indicada, determine telefone celular, em relação à quantidade de dados
a função v(x) que representa a velocidade real do transferidos, x, em megabytes.
veículo quando o velocímetro marca uma veloci-
b) Determine quantos megabytes Gláucia consegue
dade de x km/h.
transferir por mês com R$ 70,00.
21. A frequência natural de vibração de uma corda (como c) Trace o gráfico de C(x) para x (em megabytes) no
a do violino) é inversamente proporcional ao compri- intervalo [0,1500].
mento da corda. Suponha que uma determinada corda
26. Na cidade de Pindaíba, a conta de água e esgoto tem
produza uma frequência de 440 Hz quando mede 33 cm.
duas faixas de preço. Quem consome até 10 m3 por mês
a) Escreva uma função F (c) que relacione a frequên- paga o valor fixo de R$ 40,00. Para cada metro cúbico
cia e o comprimento da corda do enunciado (em adicional no mês, o consumidor paga R$ 6,50.
metros).
a) Escreva a função c(v) que fornece o custo mensal de
b) Determine a frequência da corda quando seu com-
água e esgoto em Pindaíba, com relação ao volume
primento é reduzido para 25 cm.
de água consumido (em m3 ).
22. Os funcionários de uma indústria gastam R$ 132,00 b) Determine o valor da conta de uma casa na qual o
todo mês com seguro saúde. consumo mensal atingiu 16 m3 .
a) Se um funcionário recebe R$ 1000,00 por mês, que c) Trace o gráfico de c(v) para v entre 0 e 20 m3 .
percentual do salário ele gasta com seguro saúde?
27. Sabrina recebe r reais por hora de trabalho, se traba-
b) Escreva uma função f que forneça o percentual do
lha até 36 horas semanais. Quando trabalha mais de
salário gasto com seguro saúde para um funcionário
36 horas em uma mesma semana, Sabrina recebe hora-
cujo salário mensal seja de x reais.
extra, na qual há um acréscimo de 50% do valor pago
c) Trace o gráfico de f (x) para x ≥ 132. pela hora normal. Sabe-se que, quando trabalha exata-
23. Para um determinado carro, a distância necessária para mente 36 horas, Sabrina ganha R$ 720,00 por semana.
pará-lo completamente é diretamente proporcional ao a) Determine r, o valor que Sabrina ganha por hora
quadrado da velocidade na qual ele trafegava antes de normal de trabalho.
o freio ser acionado. Suponha que, quando está a 80
b) Defina a função S(h) que fornece o valor semanal
km/h, o carro gasta 32 m para parar completamente.
recebido por Sabrina, em relação ao número de ho-
a) Escreva uma função D(v) que forneça a distância ras trabalhadas.
(em m) gasta para parar o carro, em relação à ve-
c) Determine quantas horas Sabrina precisa trabalhar
locidade deste (em km/h).
para receber R$ 990,00 em uma semana.
b) Determine a distância que será percorrida antes de
d) Sabendo que Sabrina não pode trabalhar mais que
parar o carro quando ele trafega a 110 km/h.
60 horas por semana, esboce o gráfico de S(h).
24. A tabela abaixo fornece o custo de envio de uma carta
28. Uma companhia de distribuição de mercadorias cobra
simples pelo correio, em relação ao peso da carta. Es-
R$ 20,00 pela entrega de qualquer encomenda com peso
creva a função que representa esse custo.
menor ou igual a 2 kg. Para cada quilograma excedente,
Peso (g) Preço (R$) a companhia cobra R$ 2,50.
Até 20 0,75 a) Defina a função C(p) que fornece o custo de en-
Mais de 20 até 50 1,15 trega de uma encomenda em relação ao seu peso,
Mais de 50 até 100 1,60 p, em kg.
Mais de 100 até 150 2,00 b) Determine (algebricamente) o peso máximo de uma
Mais de 150 até 200 2,45 encomenda que pode ser transportada com R$
Mais de 200 até 250 2,85 145,00.
Mais de 250 até 300 3,30 c) Trace o gráfico de C(p) para p no intervalo [0,10].
Mais de 300 até 350 3,70 29. A remuneração semanal de Roberto depende do número
Mais de 350 até 400 4,15 de horas de trabalho, que são divididas em horas nor-
Mais de 400 até 450 4,55 mais e horas extras. O gráfico abaixo mostra a função
Mais de 450 até 500 5,00 R(t), que fornece o valor em reais que Roberto recebe
25. O telefone celular de Gláucia tem um plano de acesso à por semana, em função do número de horas trabalha-
internet com uma tarifa mensal de R$ 50,00, que dá di- das, t. Com base no gráfico
reito à transferência de 750 megabytes de dados. Para a) Determine a expressão analítica de R(t).
Seção 3.7. Funções usuais 333
b) Determine a partir de quantas horas semanais de c) Esboce o gráfico de I(r) para 0 ≤ r ≤ 6000.
trabalho Roberto passa a ganhar por horas extras.
32. Em um mercado A, o arroz é vendido por peso, a R$
c) Determine quanto Roberto recebe pela hora normal 2,50 o quilograma. Entretanto, se o consumidor adqui-
e pela hora extra. rir 5 kg ou mais, o mercado dá um desconto de 12%
do preço total do arroz. Já em um supermercado B, o
arroz é vendido em embalagens fechadas. Neste super-
mercado, o saco de 1 kg custa R$ 2,50 e o saco de 5 kg
custa R$ 10,00. Com base nesses dados,
a) determine o menor valor que um consumidor paga-
ria, tanto no mercado A como no supermercado B,
para comprar 7,2 kg de arroz;
b) para cada mercado, desenhe a curva que representa
o custo do arroz em função da quantidade adqui-
rida, em kg, supondo que o consumidor gaste sem-
pre o menor valor possível. Considere que a quan-
tidade adquirida varia entre 0 e 10 kg.
30. Duas locadoras de automóveis oferecem planos diferen- 33. Considere a função f (x) = 2x + ∣x + p∣, definida para x
tes para a diária de um veículo econômico. A locadora real.
Saturno cobra uma taxa fixa de R$ 30,00, além de R$
0,40 por quilômetro rodado. Já a locadora Mercúrio a) Reescreva f como uma função definida por partes.
tem um plano mais elaborado: ela cobra uma taxa fixa b) A figura abaixo mostra o gráfico de f (x) para um
de R$ 90,00 com uma franquia de 200 km, ou seja, o valor específico de p. Determine esse valor.
cliente pode percorrer 200 km sem custos adicionais.
Entretanto, para cada km rodado além dos 200 km in-
cluídos na franquia, o cliente deve pagar R$ 0,60.
a) Determine a função que descreve o custo diário
de locação (em reais) de um automóvel na loca-
dora Saturno, em relação à distância percorrida
(em km).
b) Faça o mesmo para a locadora Mercúrio.
c) Represente em um mesmo plano Cartesiano as fun-
ções que você obteve nos itens (a) e (b).
d) Determine para quais intervalos cada locadora tem
o plano mais barato.
e) Supondo que a locadora Saturno vá manter inal-
terada a sua taxa fixa, indique qual deve ser seu
novo custo por km rodado para que ela, lucrando c) Supondo, agora, que p = −3, determine os valores
o máximo possível, tenha o plano mais vantajoso de x que satisfazem a equação f (x) = 12.
para clientes que rodam quaisquer distâncias. 34. Em um país distante, o imposto de renda tem duas fai-
31. A tabela abaixo fornece as informações usadas para o xas, como mostrado na figura abaixo.
cálculo mensal do imposto de renda em 2012.
Renda mensal Alíquota Parcela a
(R$) (%) deduzir (R$)
Até 1.637,11 0,0 0,00
De 1.637,12 a 2.453,50 7,5 122,78
De 2.453,51 a 3.271,38 15,0 306,80
De 3.271,39 a 4.087,65 22,5 552,15
Acima de 4.087,65 27,5 756,53
a) Escreva uma função I(r) que forneça o valor men-
sal do imposto (em reais) em relação ao rendimento
(em reais). a) Escreva a função I(s) que fornece o imposto pago
b) Calcule o valor do imposto pago por Joana, que por um cidadão que recebe um salário mensal s.
recebe R$ 2.000,00 por mês, e por Lucas, que tem b) Determine o salário de um cidadão que paga $1500
um salário mensal de R$ 4.500,00. de imposto por mês.
334 Capítulo 3. Funções
c)
d)
12. a) c(t) = 2350 − 75t
b) Em 2010
14. a) 1640 b) d = t
66 c) 2036
Seção 3.7. Funções usuais 335
17. a) P (T ) = 5T /2 + 750
b)
31. a) I(r) =
40, se v ≤ 10,
26. a) c(v) = { ⎧ 0, se r ≤ 1637,11,
40 + 6,5(v − 10), se v > 10. ⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ 0,075r−122,78, se 1637,11 < r ≤ 2453,50,
⎪
⎪
b) R$ 79,00 ⎨ 0,150r−306,80, se
⎪
2453,50 < r ≤ 3271,38,
⎪ 0,225r−552,15, se 3271,38 < r ≤ 4087,65,
c)
⎪
⎪
⎪
⎪ r > 4087,65.
⎩ 0,275r−756,35, se
⎪
c) 962,5 mmHg
d) −20○ C b) Joana: R$ 27,22. Lucas: R$ 480,97.
c)
18. a) S(t) = − 2t
3 + 3
50
b) Em 2022
b)
d) A inclinação corresponde ao aumento
anual de temperatura. O intercepto
do eixo-y é a temperatura em 1990.
b) p = −1
c) x = 5
0,15s, se s ≤ 2000,
34. a) I(s) = {
8t, se t ≤ 40, 0,25s − 200, se s > 2000.
29. a) R(t) = {
12t − 160, se t > 40.
b) $ 6800
b) A partir de 40 h.
c) R$ 8,00 pela hora normal e R$ 12,00
pela hora extra. 35. a) Japão: J(t) =
⎧
⎪ 0, se t ≤ 1971,
30. a) cS (d) = 30 + 0,4d ⎪
⎪
v2 ⎨ 2187,5(t − 1971), se 1971 < t ≤ 1987
23. a) D(v) = b) 60,5 m
200
90, se t ≤ 200, ⎪
⎪
⎪ 380(t − 1987), se t > 1987
b) cM (d) = { ⎩
90 + 0,6(d − 200), se t > 200.
24. URSS/Rússia: R(t) =
⎧ 0,75; se x ≤ 20; c)
⎪
⎪
⎪ ⎧ se t ≤ 1972,
⎪
⎪ 1,15; se 20 < x ≤ 50; ⎪ 0,
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ ⎨ 2280(t − 1972), se 1972 < t ≤ 1987
⎪
⎪ 1,60; se 50 < x ≤ 100; ⎪
⎪
⎪
⎪ ⎪
⎪ 34200, se t > 1987
⎪
⎪ 2,00; se 100 < x ≤ 150; ⎩
⎪
⎪
⎪ 2,45; se 150 < x ≤ 200;
⎪
⎪ Brasil: B(t) =
c(x) = ⎨ 2,85; se 200 < x ≤ 250;
⎪
⎪
⎪ 3,30; se 250 < x ≤ 300; 675(t − 1965), se t ≤ 1985
⎪
⎪ {
⎪
⎪ 3,70; se 300 < x ≤ 350; 13500, se t > 1985
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ 4,15; se 350 < x ≤ 400;
⎪
⎪
⎪
⎪
⎪ 4,55; se 400 < x ≤ 450;
⎪
⎪ b) 83840 baleias
⎩ 5,00; se 450 < x ≤ 500.
336 Capítulo 3. Funções
Nas aplicações práticas da matemática, quase nunca usamos funções “puras”, como
q(x) = x2 ou m(x) = ∣x∣. Normalmente, é preciso deslocar e esticar o gráfico de uma
função, para que ele se adeque aos dados do problema que se pretende resolver.
Como exemplo, vejamos como obter uma função cujo gráfico passa pelos pontos
(1, − 2) e (5,6) a partir da função f (x) = x. Os dois passos necessários para essa
transformação são mostrados na Figura 3.77.
Em primeiro lugar, esticamos verticalmente a reta y = f (x) (vide Figura 3.77a)
até obter a função g(x) = 2x (que aparece na Figura 3.77b), cujo gráfico tem uma
inclinação adequada. Em seguida, deslocamos a reta duas unidades para a direita,
obtendo h(x) = 2(x−2), cujo gráfico passa pelos pontos desejados (vide Figura 3.77c).
Figura 3.77: Transformação que leva o gráfico de f (x) = x no gráfico de h(x) = 2(x−2).
Deslocamento vertical
Se c é uma constante real positiva, então
y = f (x) + c.
y = f (x) − c.
f (x) = x2 ,
cujo gráfico corresponde à curva verde. Já para deslocar uma unidade para baixo o
gráfico de y = f (x), usamos
h(x) = f (x) − 1 = x2 − 1,
cujo gráfico é mostrado em azul.
Solução.
Deslocamento horizontal
Se c é uma constante real positiva, então
2
− x2 e g(x) = x2 − x2 − 3. y = f (x − c).
y = f (x + c).
Solução.
g(x) = f (x − 3),
concluímos que é possível obter a curva y = g(x) deslocando y = f (x) três unidades
para a direita. O gráfico de g(x) é apresentado em verde na Figura 3.81.
∎ Reflexão
Outro tipo comum de transformação é a reflexão de uma função em relação a um dos
eixos coordenados. Essa transformação é apresentada no quadro abaixo.
Reflexão
√
Figura 3.82: Reflexão vertical do √ 3.82 mostra o gráfico de f (x) = x, bem como o gráfico de g(x) =
A Figura
√ −f (x) = − x, que foi obtido refletindo-se o gráfico de f (x) em relação ao eixo-x.
gráfico de f (x) = x. √
Por sua vez, a Figura 3.83 mostra o gráfico de h(x) = f (−x) = −x, que é a
reflexão do gráfico de f (x) com relação ao eixo-y.
Seção 3.8. Transformação de funções 339
√
Figura 3.83: Reflexão horizontal do gráfico de f (x) = x.
Solução.
∎ Esticamento e encolhimento
O último tipo de transformação que podemos aplicar a uma função é o seu encolhi-
mento ou esticamento, que pode ser tanto vertical, como horizontal.
1 x3 − x
h(x) = f (x) =
2 2
é obtido através do encolhimento do gráfico de f , também por um fator de 2, como
se observa na Figura 3.85b.
Solução.
3 3√
g(x) = f (x) = x,
2 2
que é mostrado em verde na Figura 3.86b.
√ 3√ 3√
(a) f (x) = x (b) g(x) = 2
x (c) h(x) = 2
x−1
√ √
Figura 3.86: Transformações que levam o gráfico de f (x) = x no de h(x) = 32 x − 1.
1 x 2 x2
h(x) = f ( x) = ( ) = .
2 2 4
342 Capítulo 3. Funções
a) g(x) = f ( 25 x) b) h(x) = f ( 52 x)
Solução.
5 5 3 5 125x3
g(x) = f ( x) = ( x) − 2 ( x) = − 5x.
2 2 2 8
2 2 3 2 8x3 4x
h(x) = f ( x) = ( x) − 2 ( x) = − .
5 5 5 125 5
Exercícios 3.8
√
1. Para cada função f abaixo, indique a função g que é 6. A partir do gráfico de f (x) = 3
x, esboce o gráfico das
obtida movendo f três unidades para baixo e a função funções abaixo.
h que é obtida movendo f cinco unidades para a direita.
√ √
a) f (x) = 2x − 1 b) f (x) = x2 − x a) g(x) = 3 x + 3 d) g(x) = − 3 x
√ √
b) g(x) = 3 3x e) g(x) = 3 2x − 1
2. Para cada função f abaixo, indique a função g que é ob- √ √
c) g(x) = 3 3 x f) g(x) = 1 − 3 x − 1
tida movendo f quatro unidades para cima e a função h
que é obtida movendo f oito unidades para a esquerda.
√
a) f (x) = x2 − ∣x∣ + 1 b) f (x) = x3 − 5x 7. A partir da função f (x) cujo gráfico é dado abaixo,
4
esboce o gráfico das funções abaixo.
3. Para cada função f abaixo, trace os gráficos de y =
f (x), y = f (x)+2, y = f (x)−1, y = f (x+2) e y = f (x−1).
a) g(x) = f (x + 3) d) g(x) = −f (x)
a) f (x) = ∣x∣ ⎧
⎪
2
⎪ x2 , se x ≤ 0, b) g(x) = f (3x) e) g(x) = f (2x) − 1
d) f (x) = ⎨
b) f (x) = 3 − x2 ⎪ c) g(x) = 3f (x) f) g(x) = 1 − f (x − 1)
⎩ 2x, se x > 0
⎪
c) f (x) = x4 − 4x2
a) c)
10. Identifique as funções cujos gráficos são mostrados
abaixo, sabendo que elas foram obtidas através de um
esticamento
√ ou encolhimento horizontal do gráfico de
f (x) = x.
a) b)
b) d)
√
2. a) g(x) = x2 − ∣x∣ + 41 + 4;
√
h(x) = (x + 8)2 − ∣x + 8∣ + 1
4 b)
b) g(x) = x3 − 5x + 4;
h(x) = (x + 8)3 − 5(x + 8)
3. a)
Seção 3.8. Transformação de funções 345
d) d) 6. a)
b)
5. a)
c)
b)
4. a)
d)
c)
e)
b)
d)
e) f)
c)
7. a)
f)
346 Capítulo 3. Funções
b) d) f)
8. a) g(x) = −x3
b) g(x) = x3 + 2
e) c) g(x) = (x + 2)3
c)
d) g(x) = (x − 2)3 − 1
x2
9. a) g(x) = 2x2 b) g(x) = 4
√ √
10. a) g(x) = 3x b) g(x) = x/2
Dadas duas funções f e g, é possível obter novas funções por meio das operações de
adição, subtração, multiplicação e divisão, comumente usadas com números reais. Em
outras palavras, é possível definir f + g, f − g, f ⋅ g e f /g. Tomando, por exemplo, as
funções
f (x) = x2 − 2 e g(x) = 3x − x2 ,
podemos escrever
f (x) x2 − 2
= (Quociente)
g(x) 3x − x2
Essas operações estão resumidas no quadro abaixo, no qual também discutimos o
domínio da função resultante de cada combinação.
f f (x)
4. Quociente de f por g: ( ) (x) = .
g g(x)
Solução.
a) A função f está definida para todo x real, de modo que Df = R. Por sua vez, a
função g só está definida para x − 1 ≥ 0, ou seja, x ≥ 1, pois o termo dentro da raiz
não pode ser negativo. Logo, Dg = {x ∈ R ∣ x ≥ 1}.
D = (1, ∞).
f (x) ≠ 0 ⇒ 3−x≠0 ⇒ x ≠ 3.
D = {x ∈ R ∣ x ≥ 1 e x ≠ 3}.
Combinação Domínio
√
(f + g)(x) = f (x) + g(x) = 3 − x + x−1 {x ∈ R ∣ x ≥ 1}
√
(f − g)(x) = f (x) − g(x) = 3 − x − x−1 {x ∈ R ∣ x ≥ 1}
√
(g − f )(x) = g(x) − f (x) = x−1−3+x {x ∈ R ∣ x ≥ 1}
√
(f g)(x) = f (x)g(x) = (3 − x) x − 1 {x ∈ R ∣ x ≥ 1}
f f (x) 3−x
( ) (x) = =√ {x ∈ R ∣ x > 1}
g g(x) x−1
√
g g(x) x−1
( ) (x) = = {x ∈ R ∣ x ≥ 1 e x ≠ 3}
f f (x) 3−x
√ √
(f + g)(10) = 3 − 10 + 10 − 1 = −7 + 9 = −4
√ √
(f − g)(10) = 3 − 10 − 10 − 1 = −7 − 9 = −10
√ √
(g − f )(10) = 10 − 1 − 3 + 10 = 9 + 7 = 10
√ √
(f g)(10) = (3 − 10) 10 − 1 = −7 9 = −21
f 3 − 10 −7 7
( ) (10) = √ = √ =−
g 10 − 1 9 3
√ √
g 10 − 1 9 3
( ) (10) = = =−
f 3 − 10 −7 7
Solução.
Figura 3.90: Funções do Problema Observe que o ponto (−2,h(−2)) foi obtido deslocando-se (−2,f (−2)) uma uni-
2. dade para baixo, pois g(−2) = −1.
• Para x = 4, temos
h(4) = f (4) + g(4) = 2,5 + 1 = 3,5.
Seção 3.9. Combinação e composição de funções 349
Nesse caso, o ponto (4,h(4)) foi obtido deslocando-se (4,f (4)) uma unidade
para cima, já que g(4) = 1.
Figura 3.91
Solução.
∎ Composição de funções
Compor duas funções é o mesmo que aplicar uma função ao resultado de outra fun-
ção. Dizendo assim, damos a impressão de que funções compostas são um tópico
complicado, o que não é verdade. De fato, a composição é uma ideia simples, à qual
recorremos quando queremos encontrar uma função que faça o trabalho de duas, como
mostram os exemplos abaixo.
Suponha que Juca queira saber qual é a pressão de seu pneu nesse momento, mas
só disponha de um termômetro em escala Fahrenheit. Se Juca sabe que o pneu está
a uma temperatura de 104○ F, qual será a pressão do pneu?
Solução.
No problema acima, foi preciso empregar duas funções para obter a pressão a
partir de uma temperatura em Fahrenheit. Supondo que Juca vá calcular a pressão
de seu pneu com uma certa frequência, é possível imaginar o incômodo que ele terá
ao ser obrigado a efetuar dois passos sempre.
Felizmente, Juca pode calcular diretamente a pressão do pneu a partir de uma
temperatura x em graus Fahrenheit usando a ideia de função composta.
Relembrando os passos de Juca, notamos que ele calculou a temperatura t, em
graus Celsius, usando
t = C(x).
Em seguida, ele obteve a pressão y, em bar, fazendo
y = P (t).
Solução.
Agora que já sabemos como criar uma função composta, tentemos defini-la mate-
maticamente.
Função composta
Dadas as funções f e g, cujos domínios são A e B, respectivamente, definimos
a função composta f ○ g por
(f ○ g)(x) = f (g(x)).
Solução.
a) f (g(x)) = f (x + 2)
= (x + 2)2 g(f (x)) = g(x2 )
= x2 + 4x + 4 = x2 + 2
352 Capítulo 3. Funções
f (g(x)) = f (2x + 1)
b) √ √
= 2x + 1 − 1 g(f (x)) = g( x − 1)
√ √
= 2x =2 x−1+1
Solução.
Além de formalizar a ideia de função composta, que já havia sido explorada nos
Problemas 4 e 5, o quadro à Página 351 define o domínio de f ○ g, assunto que ainda
não abordamos. Segundo o quadro, para que sejamos capazes de calcular f (g(x)) é
preciso que
1. x pertença ao domínio de g;
2. g(x) (o valor de g em x) pertença ao domínio de f .
Essas duas condições estão ilustradas na Figura 3.92. Nessa figura, os conjuntos
em vermelho indicam o domínio e o conjunto imagem de g, que são denominados Dg
e Img , respectivamente. Já os conjuntos azuis representam Df e Imf – o domínio e
o conjunto imagem de f .
O conjunto roxo no centro da imagem é a interseção de Img e de Df , ou seja,
é o conjunto dos valores de g(x) que pertencem ao domínio de f , como exigido na
condição 2 acima. O domínio de f ○ g, indicado em verde, contém os valores de x que
satisfazem, ao mesmo tempo, as duas condições.
Seção 3.9. Combinação e composição de funções 353
Para deixar mais clara a definição do domínio da função composta, veremos como
obtê-lo em um problema prático.
a) Obtenha f (g(x)).
c) Calcule f (g(3)).
Solução.
• Condição x ∈ Dg .
Como trabalhamos com números reais, não podemos extrair √ a raiz quadrada
de números negativos. Assim, para garantir que a expressão x + 1 possa ser
calculada, devemos exigir que
x+1≥0 ⇒ x ≥ −1.
• Condição g(x) ∈ Df .
Como a função f também envolve uma raiz, para que possamos calculá-la, é
preciso que
6 − g(x) ≥ 0
√
6− x+1≥0
√
x+1≤6
Como exigimos que x + 1 ≥ 0, pude- √
√ ( x + 1)2 ≤ 62
mos escrever ( x + 1)2 = x + 1.
x + 1 ≤ 36
x ≤ 35
354 Capítulo 3. Funções
A interseção das duas condições acima é dada por −1 ≤ x ≤ 35, de modo que
Df ○g = {x ∈ R ∣ − 1 ≤ x ≤ 35}.
O diagrama da Figura 3.92 é muito abstrato, o que pode dificultar sua compreen-
são. Por esse motivo, tomaremos emprestado as funções do Problema 8 e traçaremos
o diagrama específico dessa composição. Para tanto, definiremos inicialmente os do-
mínios e os conjuntos imagem das
√ funções g e f .
O domínio da função g(x) = x + 1 já foi determinado acima, sendo dado por
Dg = {x ∣ x ≥ −1}.
Figura √
3.93: Domínio e imagem de Img = {y ∣ y ≥ 0},
g(x) = x + 1.
já que toda raiz quadrada fornece um número maior ou igual a zero. O diagrama da
Figura 3.93 mostra o domínio√e o conjunto imagem de g.
Passando à função f (y) = 6 − y, notamos que seu domínio é
6 − y ≥ 0 ⇒ 6 ≥ y ⇒ y ≤ 6. Df = {y ∣ y ≤ 6},
pois essa é a condição para que o termo dentro da raiz não seja negativo. Além disso,
como a função f também é definida por uma raiz quadrada, o seu conjunto imagem é
Imf = {z ∣ z ≥ 0},
Assim, podemos dizer que y deve pertencer ao conjunto {y ∣ 0 ≤ y ≤ 6}. Esse conjunto
aparece pintado de roxo no centro da Figura 3.95.
Lembrando, então, que y = g(x), temos
0 ≤ y ≤ 6 Inequação original.
√
0 ≤ x+1 ≤ 6 Substituindo y por g(x).
Portanto, para que possamos calcular f (g(x)), é preciso que x pertença ao con-
junto {x ∣ − 1 ≤ x ≤ 35}, mostrado em verde na Figura 3.95. Esse é o domínio da
função composta.
Seção 3.9. Combinação e composição de funções 355
√ √
Figura 3.95: Composição de f (y) = 6 − y e g(x) = x + 1.
Solução.
Figura 3.97: Valores de g(−2),
g(1) e g(4).
a) Observando a Figura 3.97, constatamos que g(4) = 3. Consultando, então, a Figura
3.98, concluímos que
f (g(4)) = f (3) = 2.
b) Segundo a Figura 3.97, g(−2) = −1. Usando, então, a Figura 3.98, obtemos
f (g(−2)) = f (−1) = 0.
c) A Figura 3.98 indica que f (7) = −2. Consultando, em seguida, a Figura 3.97,
chegamos a
g(f (7)) = g(−2) = −1.
d) Segundo a Figura 3.98, f (2) = 1. Recorrendo, então, à Figura 3.97, encontramos
g(f (2)) = g(1) = 1.
Figura 3.98: Valores de f (−1),
f (2), f (3) e f (7). Agora, tente o Exercício 16.
356 Capítulo 3. Funções
Solução.
√
Definindo, por exemplo, g(x) = x + 4, temos
1
h(x) = .
g(x)
Solução alternativa
embora
−2 ≠ 2. x≠y
Para
√ evidenciar a incongruência dessa simplificação, basta tomar f (x) =
x e y = 9x. Nesse caso,
√ √ √
f (x) x x 1 1
Aqui, estamos supondo que x > 0. =√ = = = ,
f (y) 9x 9x 9 3
enquanto
x x 1
= = .
y 9x 9
2. Não se deve por f em evidência.
a) Em geral, não é correto escrever
f (x) + f (y) = f (x + y). A Errado!
Recorrendo, por exemplo, à função f (x) = x2 e a y = 6, observamos que
f (x) + f (y) = x2 + 62 = x2 + 36.
Por outro lado,
f (x + y) = (x + 6)2 = x2 + 12x + 36.
b) Também não é correto afirmar que
f (x) ⋅ f (y) = f (x ⋅ y) ou
f (x)
f (y)
x
= f ( ).
y
A Errado!
Para mostrar que f (x)+x não é o mesmo que f (2x), basta tomar f (x) = x2 ,
já que, nesse caso,
f (x) + x = x2 + x,
enquanto
f (x + x) = f (2x) = (2x)2 = 4x2 .
b) Também não é adequado dizer que
Para se convencer de que essa afirmação não é correta, suponha que seja
preciso calcular
f (x) ⋅ x,
1
e que f (x) = x
+ 2. Nesse caso,
1 x
Nesse exemplo, supomos que x ≠ 0. f (x) ⋅ x = ( + 2) ⋅ x = + 2x = 1 + 2x.
x x
Por outro lado,
1
f (x ⋅ x) = f (x2 ) = + 2.
x2
Dessa forma, f (x) ⋅ x ≠ f (x ⋅ x).
c) Mais um erro comum consiste em afirmar que
f (x)
A
x
= f ( ),
A
A Errado!
f (x) f (x)
x
= A = f (1)
x
A
A Errado!
ou
f (x2 ) f (x
x
= A
x
A
⋅ x)
= f (x), A Errado!
f (x) x2
Mais uma vez, supomos que x ≠ 0. = = x,
x x
enquanto
f (1) = 12 = 1,
f (x)
de modo que x
≠ f (1).
Exercícios 3.9
1. Para as funções f e g apresentadas abaixo, defina f + g, 2. Chico é proprietário de uma barraca que vende pães de
f g e f /g. queijo na feira, e percebeu que, se o preço do pão de
queijo é baixo, muita gente compra o petisco, mas o
a) f (x) = x − 2, g(x) = x2 − 1
√ rendimento no fim do dia é pequeno. Por outro lado,
b) f (x) = x, g(x) = 2x2 + 1 quando o pão está muito caro, pouca gente o compra.
√ √
c) f (x) = x − 1, g(x) = x + 1 Assim, Chico fez uma pesquisa com seus clientes e per-
d) f (x) = x1 , g(x) = x+2
3 cebeu que o número de pães vendidos por dia é dado
por N (p) = 1000−500p+60p2 , em que p é preço de cada
e) f (x) = x − 3, g(x) = x + 3
√ pão, em reais.
f) f (x) = 1 − x, g(x) = x2
g) f (x) = x+1
x
, g(x) = x12 a) Escreva a fórmula de R(p), que fornece a receita
Seção 3.9. Combinação e composição de funções 359
a) Determine as funções f e g.
b) Determine w(x) = f (g(x))
c) Esboce o gráfico de h(x) = f (x).g(x) para x ∈ [0,4].
17. Os gráficos de y = f (x) e y = g(x) são dados na figura
abaixo.
19. Na cidade de Salicilina, o número de casos de uma de- número de pessoas infectadas.
terminada doença viral varia ao longo do ano, sendo
a) Determine c(d(t)).
dado aproximadamente por d(t) = 1,9245t4 − 53,485t3 +
450,18t2 −1081,5t+837.37, em que t é o mês do ano. Por b) Indique o que essa função composta representa.
sua vez, o custo, em reais, do tratamento dessa doença c) Calcule o custo aproximado de tratamento Salicili-
é dado pela função c(x) = 600x + 12000, em que x é o nenses infectados no mês de abril.
b)
cpre (x)+cpos (x) d) f (g(x)) = 1 14. a) f (g(5)) = 2
p(t) 25x2
100cpre (x)
g(f (x)) = 1
5x2
b) f (x) = 1 − x
3
c) f (f (x)) = x 4
cpre (x)+cpos (x)
c) g(f (x)) = 6−2x