COUTINHO - Resumo Pratica Civil 1 Bim
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INTRODUÇÃO
Nesse bimestre, o professor tratou em aula do seguinte problema:
Rodolfo da Silva conduzia seu veículo Volkswagen UP!, ano de fabricação 2015, placa
FYK 6543, branco, pela Rua das Figueiras, município e comarca de Santo André, SP,
quando, no cruzamento com a rua das caneleiras, foi violentamente abalroado pela
Caminhonete S10, placa DOE 2358, ano de fabricação 2010, da prefeitura de São
Bernardo do Campo, na oportunidade conduzida por Francisco Ramos, funcionário
público, fora do seu horaro de serviço e sem autorização dos seus superiores. A via
pela qual transitava a caminhonete é secundária em relação à via utilizada pelo
automóvel, conforme sinalização de solo e placas existente no local. Os danos na
caminhonete orçaram R$ 25.000,00 e o UP! não teve como ser reparado, estando
avaliado em R$ 42.000,00. Os dois veículos eram objeto de seguro facultativo de
dano, o automóvel pela Porto Geral Cia. de Seguros e a caminhonete pela Aliança
Seguros S.A., sendo certo que a apólice que cobria o veículo da Prefeitura de São
Bernardo do Campo não contemplava cláusula de cobertura de danos contra terceiros
e a franquia era de R$ 4.000,00. Ambas as seguradoras tem sede em São Paulo,
Capital, foram acionadas e cumpriram rigorosamente com suas obrigações. Rodolfo
da Silva reside em Mauá, SP. O acidente ocorreu no dia 17 de novembro de 2015.
Assim, do bimestre, são as matérias a serem estudadas:
Responsabilidade civil
Contrato de seguro
Contrato de mandato
Relação advogado-cliente
RESPONSABILIDADE CIVIL
Responsabilidade civil não é a mesma coisa que obrigação.
Obrigação é o vínculo jurídico que confere ao credor o direito de exigir
do devedor o cumprimento de determinada prestação economicamente
aferível. Quando não ocorre o cumprimento espontâneo e livre da obrigação,
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sobrevindo o inadimplemento, surge a responsabilidade, sendo esta uma
conseqüência jurídica patrimonial do descumprimento da relação obrigacional.
CONTRATO DE SEGURO
Considera-se o contrato de seguro aquele pelo qual uma das partes,
denominada segurador, se obriga, mediante o recebimento de um prêmio, a
garantir interesse legítimo de outra, intitulada segurado, relativo a pessoa ou a
coisa, contra riscos predeterminados. Assim, o segurador assume, perante o
segurado, a obrigação do pagamento de uma prestação, se ocorrer o risco a
que está exposto.
É um contrato bilateral e sinalagmático (gera obrigações para as duas
partes). Para o segurado é um contrato certo, mas para o segurador é um
contrato aleatório, que depende ou não da ocorrência do sinistro. É também um
contrato de adesão. Sua forma escrita tem serventia apena ad probationem, ou
seja, como prova pré-constituída (art. 758, CC). 4
O instrumento do contrato de seguro se chama apólice, o qual também
pode ser, em casos específicos, feito por bilhete de seguro. Tanto a apólice,
RELAÇÃO ADVOGADO-CLIENTE
Geralmente a relação advogado-cliente é formada por um contrato de
consumo, salvo no que tange a defensoria pública, cuja relação é institucional.
Ademais, é uma obrigação de meio, ou seja, se o advogado não tiver
êxito na causa, o cliente não pode processar o advogado alegando que o
causídico não ganhou a causa, nem pode deixar de pagá-lo. Nada impede, no
entanto, o acordo de cláusula quota litis no contrato de prestação de serviços,
ou seja, a remuneração do advogado dependerá de seu sucesso. Esta cláusula
deve ser por escrito e, na hipótese de sua adoção, os honorários devem ser
representados por pecúnia e, quando acrescidos dos honorários de
sucumbência, não podem ser superiores às vantagens advindas em favor do
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cliente (art 50, Código de Ética e Disciplina da OAB).
Diz o artigo 48, do Código de Ética e Disciplina da OAB, que a prestação
de serviços profissionais por advogado será contratada, preferentemente, por
MATHEUS COUTINHO | PRÁTICA JURÍDICA CIVIL I
escrito. Assim, o caráter do contrato de prestação de serviços é não solene, por
não exigir a lei forma específica.
É, no entanto, contrato bilateral e oneroso. Mas, pode ser feito a título de
gratuidade, conforme a advocacia pro bono, encontrada no artigo 30, Código
de Ética e Disciplina da OAB. Advocacia pro bono é aquela prestação gratuita,
eventual e voluntária de serviços jurídicos em favor de instituições sociais sem
fins econômicos ou em favor de pessoas naturais, sempre que os beneficiários
não puderem, sem prejuízo do próprio sustento, contratar advogado. Não deve
ser feita com fins político-partidários, nem com objetivo de angariar clientela.
Diz o artigo 9º da Código de Ética e Disciplina da OAB, que o advogado
deve ser claro quanto aos eventuais riscos da pretensão ao cliente, e as
possíveis conseqüências da demanda, pois atua como patrono da parte,
cumprindo a ele dar à causa a orientação que parecer melhor, sem se
subordinar às intenções contrárias do cliente, mas procurando sempre
esclarecê-lo, conforme as disposições do artigo 11 do mesmo código.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS
Diz o artigo 22 do Estatuto da Advocacia e da OAB (não confundir com o
Código de Ética e Disciplina da OAB), que a prestação de serviço profissional
assegura ao inscrito na OAB o direito aos honorários convencionados, aos
fixados por arbitramento e aos de sucumbência. Assim, o honorário é a forma
de remuneração do advogado, que se divide em:
a) Honorários convencionais – também chamados de honorários
contratuais. São aqueles fixados no contrato entre o advogado
e o cliente, sendo pago por este.
b) Honorários de sucumbência – são fixados pelo juiz e pagos
pela parte vencida.
Até 1994, o advogado precisava contratar expressamente
com o cliente que os honorários de sucumbência seriam seus.
Com a vigência do Estatuto da Advocacia e da OAB, em 1994,
agora, os honorários de sucumbência pertencem ao advogado
(art. 23, Estatuto da Advocacia e da OAB). De tal modo, a falta 6
de acordo entre as partes, na omissão do cliente, o advogado
se beneficia. Ratificando essa posição, veio o artigo 85, caput,
MANDATO E PROCURAÇÃO
O mandato é um instrumento ao que foi acordado no contrato de
prestação de serviço, já que ninguém outorga poderes sem algum motivo
concreto. Assim, o advogado é, concomitantemente, um mandatário e um
prestador de serviços.
O vínculo jurídico é de mandato, um contrato típico no Código Civil. O
mandato implica na representação, que é o objeto do mandato. A procuração
nada mais é que a materialização documental do mandato, ou seja, enquanto o
mandato é a relação jurídica, a procuração é sua instrumentalização.
Quanto à representação, esta é gênero, cujas espécies são:
a) Representação legal – decorrente da lei, como é com os pais e filhos
b) Representação judicial – decorrente de uma sentença, como é o
caso do inventariante
c) Representação convencional/contratual – decorrente do contrato de
mandato
PROCURAÇÃO
O mandato extrajudicial não exige requisito formal para a sua validade,
nem para a sua prova, podendo ser tácito ou expresso, verbal ou escrito.
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Esta regra, no entanto, em face dos artigos 104 e 105, NCPC, não se
aplica à procuração ad judicia, pois quando o ato deve ser praticado por escrito
(como é o caso das petições), não pode o mandato ser verbal (art. 657, CC).
RECONHECIMENTO DE FIRMA
Até 1994, era imprescindível o reconhecimento de firma. O entendimento
jurisprudencial, no entanto, mudou. Agora não se faz mais necessário o
reconhecimento de firma na procuração de cláusula ad judicia, a não ser para
os demais poderes, vez que são questões de direito material. Nos casos de
procedimento administrativo, também se exige o reconhecimento de firma.
SUJEITOS DO CONTRATO
Geralmente, só há, em evidência, a relação entre mandante-mandatário.
Todavia, implicitamente, há a presença de um terceiro, em face de quem a 9
representação ocorrerá. No caso da procuração ad judicia, o mandante será o
cliente, o mandatário o advogado e o terceiro perante quem os atos serão
praticados será o juiz.
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PODERES E FINALIDADE
Poderes e finalidade são conceitos distintos.
A finalidade é para que serve ou vai servir a procuração. Por exemplo,
comprar e vender o imóvel, casar, etc. No caso da procuração ad judicia, a
finalidade é representar em juízo.
Os poderes são os atos que o mandatário pode executar para poder
chegar à finalidade desejada. Os poderes dividem-se em poderes gerais e
especiais. Os poderes gerais são os poderes de administração (encontrados,
principalmente, nas procurações ad negotia) e os poderes da cláusula geral
para o foro (cláusula ad judicia), encontrados no artigo 105, CPC, e são
específicos da procuração ad judicia.
Certos atos demandam poderes especiais dados pelo mandante ao
mandatário (receber citação, confessar, reconhecer a procedência do pedido,
transigir, desistir, renunciar ao direito sobre o qual se funda a ação, receber,
dar quitação, firmar compromisso e assinar declaração de hipossuficiência
econômica), demandando de cláusula específica.
SUBSTABELECIMENTO
Embora o mandato tenha natureza personalíssima, inexiste impedimento
a que o mandatário se valha se auxiliares, ou que transfira a outrem os poderes
recebidos do mandante. Esse ato de transferência é chamado de
substabelecimento. O substabelecimento pode ser feito por instrumento
particular, mesmo que a procuração originária seja feita por instrumento
público.
Pertencente ao instituto da cessão contratual (natureza jurídica), o
substabelecimento trata de uma variação específica do contrato, em que tal
cessão contratual se dará na posição contratual do mandatário, e poderá
ensejar até mesmo o desligamento do advogado, no caso de
substabelecimento sem reservas de poderes.
O mandatário que substabelecer será chamado de substabelecente,
enquanto o terceiro que receber poderes será conhecido por substabelecido.
O instituto do substabelecimento pode ser proibido na procuração.
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O substabelecimento pode ser com reserva de poderes ou sem reserva
de poderes.
EXTINÇÃO DO MANDATO
Diz o artigo 682, CC, que o mandato cessa:
“I - pela revogação ou pela renúncia;
II - pela morte ou interdição de uma das partes;
III - pela mudança de estado que inabilite o mandante a conferir os
poderes, ou o mandatário para os exercer;
IV - pelo término do prazo ou pela conclusão do negócio.”
REVOGAÇÃO E RENÚNCIA
A revogação é feita pelo mandante, enquanto a renúncia é feita pelo
mandatário. Dispõe o artigo 112, NCPC, que o advogado poderá renunciar ao
mandato a qualquer tempo, devendo provar que comunicou a renúncia ao
mandante, a fim de que este nomeie sucessor, devendo o mandatário
renunciante, durante os dez dias seguintes, representar o mandante, se for
necessário para lhe evitar prejuízo, e salvo se for substituído por novo
advogado (art. 5º, §3º, Estatuto da Advocacia e da OAB).
A renúncia ao mandato não exclui responsabilidade por danos
eventualmente causados ao cliente ou a terceiro (art. 16, §1º, Código de Ética
e Disciplina da OAB).
Quanto à revogação, esta na desobriga o cliente do pagamento das
verbas honorárias contratadas, assim como não retira o direito do advogado de
receber o quanto lhe seja devido em eventual verba honorária de sucumbência,
calculada proporcionalmente em face do serviço efetivamente prestado (art. 17,
Código de Ética e Disciplina da OAB). É sempre bom que a parte comunique a
revogação do mandato ao advogado anterior e obtenha uma declaração de que
já recebeu os honorários devidos. 12
TIPOS DE PROCESSO
Após a tentativa frustrada de acordo judicial deve-se escolher o tipo de
processo a ser usado. Na vigência do código antigo, existiam três tipos de
processos: de conhecimento, de execução e cautelar. O novo código trás
apenas os processos de conhecimento e execução, prevendo as tutelas
cautelares como incidentes do processo de conhecimento.
TIPOS DE PROCEDIMENTO
Após escolher o tipo de processo, deve-se definir o tipo de
procedimento. O procedimento subdivide-se em comum e especial. O
procedimento comum é residual. Então, para definir o procedimento a ser
utilizado, a análise sempre terá início pelos procedimentos especiais. Não
havendo previsão da tutela jurisdicional querida pelo procedimento especial,
usa-se o procedimento comum.
No antigo Código de Processo Civil, havia, no procedimento comum,
tanto o rito ordinário, quanto o rito sumário. O Novo Código de Processo Civil
unificou os ritos, havendo agora apenas o rito comum.
PROCESSO SINCRÉTICO
A tendência do NCPC é o sincretismo processual, ou seja, um único
processo que verse sobre as prestações jurisdicionais que as partes buscam,
pois a visão agora é a simplificação, a busca de uma prestação efetiva, e não
meramente a formalidade dos atos.
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