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I.

INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Sumário
1. A Mecânica dos Fluidos ......................................................................................................................................... I-1
2. Definição de Fluido ................................................................................................................................................ I-1
3. Hipótese de Meio Contínuo.................................................................................................................................... I-1
4. Unidades de Medida ............................................................................................................................................... I-2
4.1. Sistemas de Unidades ...................................................................................................................................... I-2
4.2. Unidades Fundamentais................................................................................................................................... I-2
4.3. Escalas de Temperatura ................................................................................................................................... I-2
4.4. Unidades de Energia........................................................................................................................................ I-2
4.5. Consistência entre as Unidades ....................................................................................................................... I-3
4.6. Homogeneidade Dimensional.......................................................................................................................... I-3
5. Alguns Conceitos Úteis .......................................................................................................................................... I-4
5.1. Campo.............................................................................................................................................................. I-4
5.2. Fluxo e Densidade de Fluxo ............................................................................................................................ I-5
5.3. Intensidade de Campo...................................................................................................................................... I-6
5.4. Equações das Variações - Forma Unidimensional .......................................................................................... I-6
5.5. Equação de Newton da Viscosidade................................................................................................................ I-6
6. Tensão de Cisalhamento......................................................................................................................................... I-7
6.1. Comportamento dos Fluidos............................................................................................................................ I-7
6.2. Reologia - Tipos de Fluidos............................................................................................................................. I-7
6.3. Fluidos Newtonianos - Viscosidade ................................................................................................................ I-8
6.4. Relação entre a Taxa de Deformação e o Campo de Velocidade. ................................................................... I-8
6.5. Camada Limite ................................................................................................................................................ I-8
6.5.1. Conceito.................................................................................................................................................... I-8
6.5.2. Camadas Limites Laminares e Turbulentas.............................................................................................. I-9
6.6. Fluido Ideal...................................................................................................................................................... I-9
6.7. Aplicações ....................................................................................................................................................... I-9
6.7.1. Placa Plana Deslizando sobre uma Camada de Fluido (Laminar)............................................................ I-9
6.7.2. Fluxo Laminar num Conduto Cilíndrico. ............................................................................................... I-10
7. Propriedades dos Fluidos...................................................................................................................................... I-10
7.1. Massa Específica - ρ ...................................................................................................................................... I-10
7.2. Peso Específico - γ ......................................................................................................................................... I-10
7.3. Peso Específico Relativo para Líquidos - γr .................................................................................................. I-11
7.4. Viscosidade Cinemática - ν ........................................................................................................................... I-11
8. O Gás Perfeito ...................................................................................................................................................... I-11
8.1. Equação de Estado......................................................................................................................................... I-11
8.2. Aplicação da Equação de Estado do Gás Perfeito ......................................................................................... I-11
9. Relações para Processos envolvendo Gases Perfeitos.......................................................................................... I-12
9.1. Processo isotérmico ....................................................................................................................................... I-12
9.2. Processo Isobárico ......................................................................................................................................... I-12
9.3. Processo Isocórico ......................................................................................................................................... I-12
9.4. Processo Isoentróprico................................................................................................................................... I-12
9.5. Outras Unidades de Pressão........................................................................................................................... I-12
10. Referências ......................................................................................................................................................... I-12
11. Exercícios Finais do Capítulo............................................................................................................................. I-12

29-07-2007 7:26 Profs. Dalton Vinicius Kozak (PUCPR) e Sérgio Bordalo (UNICAMP)
MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

1. A Mecânica dos Fluidos Ft Ft

A Mecânica dos Fluidos é a parte da mecânica Sólido Sólido


aplicada que se dedica à análise do comportamento
dos líquidos e gases tanto em equilíbrio quanto em
Posição inicial Posição final
movimento.
Entre alguns exemplos de problemas dentro do Nota-se que o sólido se deforma angularmente até
escopo da mecânica dos fluidos pode-se citar: uma nova posição de equilíbrio estático, cessando-se a
• o estudo do escoamento de sangue nos capilares; deformação.
Suponha que o volume ocupado pelo sólido seja
• análise do escoamento através de oleodutos de
substituído por um fluido. Levando em conta o princípio
petróleo;
de aderência (os pontos de um fluido em contato com
• cálculo da tração de foguetes e motores a jato;
uma superfície sólida - as placas, no caso - aderem a
• análise e cálculo de compressores e bombas; esta), ao se aplicar a mesma força Ft, constante, nota-se
• cálculo da potência fornecida por turbinas em usinas que o volume irá se deformar continuamente, pois o
hidrelétricas; fluido não resiste ao esforço da mesma forma que o
• análise de escoamento em rios; sólido.
• a utilização de modelos ensaiados em túneis de vento
para projetos aerodinâmicos de estruturas, edificações Ft Ft Ft
e aeronaves;
• estudo do escoamento em dutos, tubulações Fluido Fluido Fluido
industriais, válvulas, torneiras, etc;
• redução de consumo de combustível de caminhões e
Posição inicial
automóveis a partir de um melhor projeto Deformação contínua, sem
aerodinâmico. posição final
A lista acima representa apenas uma parte muito
pequena dos problemas que estão relacionados com a 3. Hipótese de Meio Contínuo
mecânica dos fluidos. Vários dos conceitos que serão Para ser exato na análise de qualquer fenômeno que
vistos poderão ser úteis na análise e projeto dos mais envolva fluidos deve-se considerar a ação de cada
diversos equipamento e sistemas, o que torna importante molécula, ou grupo de moléculas. Tal procedimento é
conhecer os aspectos fundamentais desta disciplina. adotado na teoria cinética e na mecânica estatística, e é
2. Definição de Fluido muito laborioso sob o ponto de vista matemático. Em se
tratando de estabelecer relações entre grandezas
A definição mais elementar diz que macroscópicas associadas ao escoamento de fluidos,
Um fluido é uma substância que não tem uma forma contudo, pode-se substituir o meio granular (molecular)
própria, assumindo o formato do recipiente que o real por um meio contínuo hipotético, facilitando o
contém. tratamento matemático. De qualquer modo, a idéia do
contínuo deve ser usada apenas nos casos em que se
Superfície conduz a uma descrição razoavelmente aproximada dos
livre fenômenos em questão. Por exemplo, não pode ser usada
na descrição da tensão superficial porque as dimensões
características do fenômeno são da ordem do livre
caminho médio das moléculas que constituem o fluido.
Sólido Líquido Gás
Portanto, a hipótese do contínuo consiste em se
Fluido abstrair a composição molecular e sua conseqüente
descontinuidade, considerando um "comportamento
Entretanto, existe outra definição que permite médio" de cada pequena parte do fluido.
construir uma estrutura lógica que é de grande utilidade
no desenvolvimento da Mecânica dos fluido, que Em outras palavras, por menor que venha a ser uma
estabelece que divisão do fluido, esta parte isolada deverá apresentar as
mesmas propriedades que a matéria tratada como um
Um fluido é uma substância que, quando submetida todo (ou seja, estatisticamente a propriedade considerada
a determinado esforço, deforma-se continuamente. reflete a média da contribuição de todas as moléculas
Esta definição pode ser melhor visualizada através da contidas nesse volume).
"experiência das duas placas". Seja um sólido preso entre A esta pequena parte do fluido costuma-se chamar
duas placas planas paralelas, uma inferior fixa e outra de Partícula ou Ponto Material.
superior submetida a uma força tangencial Ft, constante,
na direção do plano da placa.
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

O volume limite a partir do qual a hipótese do Sistema F=(Ma)/gc gc


contínuo é válida será denominado δV'.
(1 Kg)(1 m)
Considerando um S.I.1 1N = 1 Kg·m/(N·s2)
pequeno volume δV de ρ s2
um sistema e designando (32.174 lb )(1 ft)
Inglês (1) 1 lb = m
32.174 lbm·ft/( lbf ·s2)
a massa contida nesse δV f
s 2
por δm, então pode-se (1 slug)(1 ft)
definir a densidade do Inglês (2) 1 lb = 1 slug·ft/( lbf ·s2)
f 2
ponto material pela s
δV’ δV
expressão (9.8067 Kg)(1 m)
Métrico2 1 kg = 9.8067 Kg·m/(Kgf ·s2)
δm f
s2
ρ = lim (1)
δV →δV ' δV (1 g)(1 cm)
C.G.S. 1 din = 1 g·cm/( din·s2)
No sistema S.I., a unidade é Kg/m3. s2
Para gases e líquidos submetidos a condições
onde: N - Newton lbm - libra-massa
normais, δV' é da ordem de 10-9 mm3. Para o ar isto Kg - Kilograma-massa lbf - libra-força
significa que este volume contem aproximadamente Kgf - Kilograma-força slug - 32.174 lbm
3·107 moléculas. m - metro din - dina
A hipótese do contínuo permite estudar as s - segundo
propriedades do fluido através do cálculo diferencial
Com as três unidades fundamentais, e sua
ou integral, uma vez que a continuidade é fundamental
combinação, todas as grandezas envolvidas no estudo da
na teoria do cálculo.
mecânica dos fluidos podem ter uma medida.
Para definir o limite do contínuo, também se usa o 4.3. Escalas de Temperatura
Número de Knudsen Kn , calculado pela relação
As escalas mais conhecidas são mostradas na tabela
λ abaixo.
Kn = (2)
L Escala de temperatura Linear
Temperatura
onde λ é o livre caminho média das moléculas entre uma de referência Celsius Kelvin Farenheit Rankine
colisão e outra, e L é um comprimento característico do congelamento
escoamento, como o diâmetro de um tubo. 0 oC 273.16 K 32oF 491.69 R
da água
Para o regime contínuo, deve-se ter Kn < 10-3. Ebulição da
100oC 373.16 K 212oF 671.69 R
4. Unidades de Medida água
4.1. Sistemas de Unidades Por serem escalas lineares, relações entre as
Embora o Sistema Internacional - S.I. - venha se temperaturas de uma escala para outra podem ser obtidas
firmando ao longo dos anos como tendência na diretamente através de uma simples "regra de três".
padronização do sistema de unidades, em muitos países, Abaixo, algumas dessa relações3.
e em diversas das referências utilizadas na área de 9o
o
engenharia em geral, outros sistemas ainda são bastante F= C + 32 (a)
5
utilizados. Portanto, é importante saber como realizar a
conversão das unidades (medidas) de uma determinada R = oF + 459.69 (b)
dimensão (grandeza) entre esses diversos sistemas. (4)
4.2. Unidades Fundamentais K = oC + 273.16 (c)

Na mecânica costuma-se definir as chamadas 9


unidades fundamentais - massa (M), comprimento (L) R= K (d)
5
e tempo (T) - das quais derivam todas as outras - com
base na lei de Newton 4.4. Unidades de Energia
Como neste curso a energia (trabalho e calor) também
Ma será abordada, convém conhecer alguns fatores de
F= (3) conversão de um sistema para outro (tabela abaixo).
gc
onde F é a força, M a massa, a a aceleração e gc a
constante gravitacional. A tabela a seguir resume a 1
O S.I. é uma versão do antigo sistema MKS - Metro-Kilo-Segundo.
relação entre as unidades fundamentais de cada sistema. 2
No sistema métrico-gravitacional a força é uma unidade
fundamental (F), ao invés da massa, denominada UTM - unidade
técnica de massa - equivalendo a 9.8067 Kg.
3
Notar que se utiliza K e R, e não oK e oR.
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Sistema Unidade de Energia Fatores de Conversão


S.I. N·m = 1 Joule (J) 1 Btu = 778.16 lbf ·ft
Inglês (1) lbf ·ft 1 Btu = 1055 J
Inglês (2) lbf ·ft 1 cal = 4.184 J
Métrico Kgf ·s = 9.8067 J 1 lbf ·ft = 1.356 J
cgs din·cm = erg 1 Btu = 252 cal

Note que nessa tabela existem também a caloria (cal)


e o Btu (British Thermal Units), ainda bastante utilizados
como unidades de energia4.
4.5. Consistência entre as Unidades
Atenção sempre deve ser dada no uso de unidades
consistentes, ou seja, pertencentes a um mesmo Exercício 2
sistema de unidades. Um ar condicionado hipotético consegue retirar de um
ambiente fechado cerca de 3412 Btu/h. Quanto isto significa
Algumas vezes os dados de determinado problema em Watts?
podem ser fornecidos ou estar disponíveis em tabelas Solução
com unidades de sistemas diferentes. Para aplicar as
diversas fórmulas e obter resultados coerentes, todas as
grandezas envolvidas devem estar descritas em unidades
do mesmo sistema.
Exemplo 1
O peso de uma peça de metal é 100.0 N em um local onde
a aceleração da gravidade g é 10.60 m/s2. Qual é a massa dessa
peça, em Kg, e qual o seu peso na superfície da Lua, onde
g = 1.67 m/s2.
Solução
Como gc é 1 Kg·m/(N·s2) no S.I., a segunda lei de Newton
pode ser escrita na forma F = mg. Assim
F 100.0 (N) N
m= = = 9.434 = 9.434 Kg
g 10.60 (m/s 2 ) m/s 2
A massa é uma constante, mas o peso dependerá da 4.6. Homogeneidade Dimensional
aceleração local da gravidade. Dessa forma, na Lua
As leis da física são usualmente descritas em termos
peso = FLua = mg = 9.434 (kg ) ⋅1.67 (m/s 2 ) = 15.8 N de equações matemáticas que expressam relações entre
Exercício 1 os conceitos físicos.
O peso de uma peça de metal é 250 lbf em um local onde a O princípio da homogeneidade dimensional,
aceleração da gravidade g é 30.50 ft/s2. Qual é a massa dessa introduzida na física por Fourier (1822), estabelece
peça, em lbm, e qual o seu peso na superfície da Lua, onde
que todos os termos de uma dada equação física
g = 5.48 ft/s2.
Solução devem ter as mesmas dimensões.
Este princípio corresponde à idéia intuitiva de que
quantidades de espécies diferentes não podem ser
adicionadas ou igualadas.
Como exemplo, consideremos a equação
x = x 0 + vt (5)

com três termos: x, x0 e vt.


De acordo com o princípio mencionado acima, cada
um dos termos deve ter a mesma dimensão. Como x e x0
têm a dimensão de comprimento (L) e t tem dimensão de
tempo (T), pode-se encontrar a dimensão de v. O símbolo
[ ] representa a dimensão da grandeza colocada dentro
dele. Assim
L = L +[v][t] (6)
4
É comum se especificar a capacidade de ar-condicionado em Btus/h. donde se obtém que a dimensão de v - [v] - é
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

[v] = LT-1 (7) A partir deste momento, a equação (11) passa a


valer apenas para o sistema S.I., ou para o Sistema
As grandezas físicas, bem como as unidades, são Métrico, não sendo válido para o sistema inglês, por
classificadas como fundamentais ou derivadas. As exemplo, onde numericamente a aceleração da
grandezas e unidades fundamentais não são definidas em gravidade é diferente. Neste caso, tal equação é dita
termos de outras, e por meio de combinações são capazes equação homogênea restrita.
de gerar as chamadas grandezas e unidades derivadas,
como é o caso da força, onde, a partir da primeira lei de A análise dimensional da equação (12) revela que
Newton, tem-se LT-1 = LT-1 + T (13)
[F] = [m][a] = [m][dv]/[dt] = (M)(LT-1)/T o que indica que não há homogeneidade dimensional, a
(8)
∴ [F] = MLT ou F = MLT
-2 -2 não ser que a constante 9.81 tenha dimensão (no caso,
LT-2).
Como já dito, o número de grandezas e unidades
fundamentais da mecânica é três (M, L e T no S.I.), O fato de, numa expressão, as constantes
enquanto que para toda a física é sete5. apresentarem dimensões para a manutenção da
Como a lei de Newton, através da relação (8), permite homogeneidade dimensional indica que a expressão
estabelecer uma relação entre força e massa, também é não é válida para todos os sistemas de unidade.
possível utilizar a força, ao invés da massa, como Exercício 3
grandeza fundamental. Assim: A pressão p (força/área) em determinada situação é dada
F = MLT-2 → Sistema MLT (9a) pela seguinte relação:
1
p = kv 2
M = FL-1T2 → Sistema FLT (9b) 2
O S.I. é um sistema MLT, ao passo que o sistema onde v é a velocidade. Qual a dimensão do parâmetro k, e o
que ele poderia estar representando? Utilizar na análise os
métrico é um sistema FLT ao utilizar o Kgf (força) como
símbolos da unidades fundamentais: M, L e T.
unidade fundamental, e a UTM como unidade derivada Solução
de massa. A tabela abaixo traz alguns exemplos das
unidades de algumas grandezas nos dois sistemas.
Grandeza Sistema FLT Sistema MLT
Aceleração LT-2 LT-2
Calor/Energia/Trabalho FL ML2T-2
Força F MLT-2
-1 2
Massa FL T M
-4 2
Massa específica FL T ML-3
Pressão FL-2 ML-1T-2
Note que, no S.I., F → N, M → Kg, L → m e T → s.
Outro ponto a ser verificado é a validade de uma
equação nos vários sistemas de unidade. Seja a relação
v = v 0 + gt (10)

que, dimensionalmente, fornece


[v] = [v 0 ] + [ g ][t ] → LT-1 = LT-1 + (LT-2)(T) (11)

Ou seja, a equação (10) é dimensionalmente


homogênea, valendo para qualquer sistema de
unidades, sendo dita caso como sendo uma equação
homogênea geral. 5. Alguns Conceitos Úteis
Mas, supondo que o valor da aceleração da gravidade 5.1. Campo
seja substituída pelo valor 9.81 m/s2 (S.I.), a equação Um campo é uma região onde "acontecem coisas"-
toma a forma coisas observáveis. Por exemplo, existe o campo térmico,
v = v 0 + 9,81t (12) descrito pela temperatura nos diversos pontos em
determinada região dos espaço; o campo gravitacional,
descrito pelo valor da força de atração (peso) conforme a
5
As outras quatro são intensidade de corrente elétrica (S.I.: posição de um corpo ou partícula; o campo de velocidade
ampére-A), intensidade luminosa (S.I.: candela-cd), temperatura (fluido em escoamento) descrito pelo vetor velocidade
termodinâmica (S.I.: kelvin-K) e quantidade de matéria (S.I.: em cada ponto do fluido.
mol-mol).
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Campo térmico: cada cor


está associada a uma
temperatura na placa.

Resumindo, um campo pode ser definido como uma


região do espaço onde cada ponto tem um valor
definido para uma dada quantidade física ou
matemática. Se a quantidade especificada em cada
ponto é escalar (como temperatura ou pressão), tem-
se um campo escalar. Se a quantidade especificada é
um vetor (como velocidade ou aceleração da
gravidade), tem-se um campo vetorial.
Pois bem. A análise do comportamento de cada tipo 5.2. Fluxo e Densidade de Fluxo
de campo fornece os subsídios para o estudo dos
fenômenos de transferência das quantidades associadas O fluxo f é a taxa de transferência, no tempo, de
àquele campo. alguma quantidade.
No caso do campo de velocidade e do campo de No caso de fluidos, como a água, pode ser l/s ou m3/s
pressão, principais campos envolvidos no estudo da (mais conhecido como vazão nesse caso particular). No
mecânica dos fluidos, as quantidades transferidas caso da transferência de calor, pode ser J/s (Watt).
envolvem essencialmente massa e quantidade de Quando o fluxo é expresso por unidade de área de
movimento. superfície através da qual ele passa
Uma forma de se visualizar um campo fluido é perpendicularmente,tem-se o que denomina
através da representação de linhas de corrente. Estas densidade de fluxo Df .
linhas têm como propriedade serem, em cada ponto,
tangentes à velocidade do fluido naquele local. As A densidade de fluxo é dada, portanto, por
figuras abaixo ilustram as linhas de corrente de um
∆f
escoamento. Df = lim eˆn (14)
∆S →0 ∆S

onde ên é um vetor unitário normal à superfície S.


Das definições acima, percebe-se que o fluxo é uma
quantidade escalar, ao passo que a densidade de fluxo
é vetorial.
Assim sendo, conforme o campo em consideração -
térmico, fluido, magnético, etc. - estaremos tratando em
nosso estudo de determinados tipos de fluxo, ou
densidade de fluxo, pertinente ao problema em questão.
Por exemplo, em um campo térmico, a determinação
tanto do fluxo de calor, como a sua densidade, é
pertinente.
Exercício 4
Um aro se encontra colocado no interior do tubo mostrado,
podendo girar sobre um eixo de rotação, perpendicular ao eixo
do tubo. Calcule a densidade de fluxo de água através do aro
(que tem o mesmo diâmetro do tubo) quando o ângulo de
rotação for de 0o, 45o e 90o.
θ
Aro 5 cm

fluxo = 20 Kg/s eixo de rotação do aro

Tubo com água escoando

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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Solução positivo, o sinal negativo indica que o fluxo está na
direção da intensidade decrescente do campo.
O gradiente de P é algumas vezes denominado de
gradiente de potencial, e representa uma força motriz. A
constante de proporcionalidade C depende do campo
considerado, assim como a intensidade de campo e a
densidade de fluxo. Seu valor pode depender da
temperatura, da pressão e, se o meio não for homogêneo
e isotrópico6, também da posição.
5.4. Equações das Variações - Forma Unidimensional
A eq. (15) é uma equação geral que descreve de
forma adequada o comportamento de um campo fluido,
um campo térmico, um campo de difusão mássica ou
mesmo um campo elétrico ou magnético. Na forma
unidimensional, essa equação se reduz à
∂P
D f x = −C (17)
∂x
onde D f x pode representar a densidade de fluxo de
quantidade de movimento, de massa ou de calor,
dependendo do campo sendo considerado. A derivada
∂P/∂x é o gradiente de potencial, a intensidade da
respectiva força motriz.
5.5. Equação de Newton da Viscosidade
A tensão de cisalhamento7 τ, decorrente do atrito
entre duas camadas fluidas adjacentes que deslizam em
velocidades diferentes, em condições estacionárias, pode
ser calculada pela expressão
∂u
τ yx = µ (18)
∂y
estando a tensão atuando no plano perpendicular ao eixo
y e paralelo a x, onde u é a velocidade do fluido na
direção x e µ é a viscosidade absoluta ou dinâmica.
τyx
5.3. Intensidade de Campo u+du
y partícula
A intensidade de um campo de determinada de fluido
dy
propriedade P, expressa por ∇P (gradiente de P), u
permite determinar a densidade de fluxo da grandeza τ yx
associada a essa propriedade. Por exemplo, a quantidade x
de calor transferida através de uma superfície é
Portanto, a tensão de cisalhamento está associada ao
diretamente proporcional ao gradiente de temperatura.
fluxo de momentum8.
Ou seja, quanto maior a diferença de temperatura, maior
a quantidade de calor transferida, o que é intuitivo. Exemplo 2
Dois discos coaxiais horizontais com diâmetro de 2 ft (pés)
De forma genérica, um fluxo estará relacionado à uma
estão separados por uma distância de 0.050 in (polegadas). O
determinada propriedade P do campo pela relação disco inferior está fixo e o superior gira a 5 revoluções por
D f = −C ∇P (15) segundo, necessitando de um torque de 8.62 ft·lbf.

onde ∇ - operador gradiente - é definido por


∂ ∂ ∂ 6
Um "meio isotrópico" é aquele onde as propriedades não mudam
∇ = eˆx + eˆ y + eˆ y (16)
∂x ∂y ∂z conforme a direção; "meio homogêneo" é aquele que apresenta as
mesmas propriedades físicas em toda a sua extensão.
7
num sistema de coordenadas retangulares, e C é uma A tensão de cisalhamento é decorrência da força atuando
constante de proporcionalidade; i, j e k são vetores tangencialmente a uma superfície. Ocorre em escoamentos, quando
duas "lâminas adjacentes" de fluido têm velocidades diferentes, o que
unitários em direções ortogonais entre si. Quando C for ocasiona "atrito".
8
Quantidade de movimento.
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Desprezando-se os efeitos laterais, calcule a viscosidade do Deformações estão
óleo que preenche o espaço entre os discos9. associadas a tensões tangenciais,
Solução n
ou de cisalhamento. Essas dFt
O esquema desse problema pode ser visto na figura abaixo tensões exprimem a força
dθ tangencial sobre um elemento de t
ω = 10π rad/s
dA
dA superfície no meio.
T = 8.62 ft.lbf dA
dF
dr
dFt = τ ⋅ dAt (19)
A A r
Sob ação de uma tensão tangencial constante, um
sólido sofre uma deformação angular γ, finita, entrando
0.050 in em equilíbrio estático.
2 ft Vista AA

Supondo uma distribuição linear


de velocidade (∂u/∂y=cte.), tem-se u = rω
dF du u
τ= =µ =µ h
dA dy h
onde u é a velocidade local, isto é, a Já um fluido, quando sujeito a uma tensão tangencial
u=0 constante, sofre uma deformação interminável, descrita
velocidade de um ponto (ou elemento
de área) situado num raio r. pela taxa de deformação, i.e., a velocidade com que o
A força elementar dF varia com o raio do disco, uma vez elemento se deforma.
que a área de cisalhamento cresce com o raio. Portanto
dF rω

dA h
onde a velocidade local é u = r ω. Porém, dA = r dr dθ; e a
integração em relação a θ fornece
ω 2πµω 2
dF = µ r 2 dr ∫02π dθ = r dr
h h A taxa de deformação angular é definida por
e o torque dT = rdF é dγ
2πµω R 3 π µω 4 γ′= (20)
T= ∫ r dr = R dt
h 0 2 h
2(0.050 in )(8.62 ft.lb f )(1 ft )
6.2. Reologia - Tipos de Fluidos
2hT
µ= =
A Reologia é a ciência que estuda a relação entre
πωR 4
π (10π / s)(1 ft 4 )(12 in )
tensão e deformação em fluidos.
µ = 7.27·10-4 lbf ·s/ft2
Os comportamentos reológicos mais comuns estão
6. Tensão de Cisalhamento representados no diagrama tensão-deformação abaixo.
6.1. Comportamento dos Fluidos
τ plástico de Bingham
Um fluido estacionário não sofre tensões de
pseudo-plástico
cisalhamento, mas num fluido escoando, os elementos de
fluido estão continuamente sofrendo deformações devido
τo Newtoniano
à diferença de velocidade entre seus pontos. Em um
sólido, admite-se que as distâncias entre seus pontos não
dilatante
se alteram, sendo, portanto, o movimento restrito à
combinações de translação e rotação, sem deformação.
0
0 γ’
A partir deste comportamento são definidos os
seguintes tipos de fluidos:
• fluido Newtoniano - relação linear, maioria das
substâncias puras e misturas comuns, como ar, água,
óleos, gases, líquidos.
τ = c ⋅γ ′
• fluido plástico de Bingham - relação linear,
entretanto, exige uma tensão mínima para fluir (τo),
9
Este é um exemplo de transporte de momentum. como certas pastas, cremes, graxas.
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

τ =τo + c ⋅γ ′ v(y)
v(y+dy)dt
• fluido pseudo-plástico - relação não-linear,
y
semelhante ao plástico, porém escoa sob pequenas δ
tensões. Note que m < 1. dγ
dy
τ = c ⋅ (γ ′) m
• fluido dilatante - relação não-linear, com m > 1.
τ = c ⋅ (γ ′) m v(y)dt

O estudo da mecânica dos fluidos, neste material, Observa-se, no triângulo cinza da figura acima, que a
estará restrito aos fluidos Newtonianos. deformação do elemento de fluido é dada por
6.3. Fluidos Newtonianos - Viscosidade δ
dγ = (22)
A viscosidade µ é a propriedade que quantifica o
10
dy
comportamento reológico dos fluidos newtonianos.
e visto que os pontos com velocidade diferente
τ = µ ⋅γ ′ (21) percorrem distâncias diferentes, então
Por exemplo, a viscosidade τ δ = (v( y + dy ) − v( y ) ) ⋅ dt (23)
do um óleo é tipicamente maior óleo
água logo
do que a viscosidade da água, a
dγ v( y + dy ) − v( y ) dv
qual é maior do que a γ′= = = (24)
viscosidade do ar. dt dy dy
De forma geral, a viscosidade µa Substituindo a relação (24) na relação (21), a tensão
é uma função fraca da pressão, e ar pode ser calculada, então, a partir da distribuição de
apresenta uma dependência velocidade
significativa com a temperatura. γ’
dv
τ =µ (25)
baixa viscosidade dy
Esta é exatamente a expressão da lei de Newton da
alta viscosidade viscosidade, já apresentada na expressão (18).
6.5. Camada Limite
A unidade de viscosidade é Pa·s (N·s/m2 ou kg/m·s). 6.5.1. Conceito
Geralmente emprega-se o submúltiplo 10-3 Pa·s A noção de camada limite está associada aos efeitos
(“mili-Pa·s”), o qual é exatamente equivalente ao cP viscosos perto de superfícies em contanto com o fluido
(“centipoise”), pois 1 Poise = g/cm·s = 0,1 Pa·s. escoando. Lembrando o princípio de aderência (os
Desafio pontos de um fluido em contato com uma superfície
Sejam os dois sólidos mostrados ao lado, sólida aderem a esta), o fluido tem velocidade zero na
imersos em um fluido qualquer, e com superfície, e velocidade igual ao escoamento externo
densidade maior que a do fluido. Ao soltar 1 2 quando afastado desta. Portanto, há uma região de
os dois, qual deles cairá com maior transição de velocidades entre a superfície e o
velocidade quando o fluido for: escoamento pleno, região esta denominada camada
 água? limite, cuja fronteira com o escoamento externo, não-
 ar? perturbado, é definido como a linha onde a velocidade no
Explique o porquê de cada resposta. Fluido
perfil de velocidades iguala-se a 99% da velocidade do
Pesquise.
"escoamento externo".
6.4. Relação entre a Taxa de Deformação e o Campo
de Velocidade.
Para escoamentos paralelos (uni-dimensionais)
encontra-se uma relação simples entre a velocidade do
meio fluido e a taxa de deformação.

10
Também chamada por alguns autores de viscosidade absoluta ou
dinâmica.
29-07-2007 7:26 I-8
MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Isto está representado na figura anterior, onde existe


um escoamento uniforme aproximando-se de uma placa
plana: os pontos A, B e C representam a situação onde
v = 0.99v∞.
6.5.2. Camadas Limites Laminares e Turbulentas
Define-se basicamente dois tipos de escoamento
quanto à trajetória das partículas de fluido, a saber:
• Escoamento Laminar. As partículas descrevem
trajetórias paralelas. Ocorre basicamente quando as
forças viscosas são importantes em relação às outras
forças do escoamento, como as de inércia e de
pressão. A figura abaixo ilustra a forma típica dos ferfis de
velocidade de cada tipo de camada limite. Notar que, no
caso da camada limite turbulenta, a derivada da
velocidade em relação à coordenada normal junto à
parede é muito maior, o que mostra que o atrito quando a
Basicamente, as forças viscosas atuam no sentido de camada limite é turbulenta é bem mais pronunciado.
amortecer qualquer oscilação das partículas fluidas.
• Escoamento Turbulento. As trajetórias são errantes, e
cuja previsão é impossível. Neste tipo de escoamento
as forças de inércia e de pressão predominam sobre as
forças viscosas, que não são mais suficientes para
amortecer as oscilações das partículas fluidas.

Assim sendo, as camadas limites também podem ser


laminares ou turbulentas, sendo possível prever o tipo
6.6. Fluido Ideal
através de uma das formas do número de Reynolds11,
dado por Fluido ideal é aquele cuja viscosidade é nula, ou seja,
que escoa sem nenhuma perda de energia por atrito. Na
ρv∞ x
Re x = (26) realidade, nenhum fluido possui esta característica, mas
µ em certas situações é interessante admitir esta hipótese,
onde ρ é a densidade do fluido, x é a distância ao início seja por razões didáticas, seja pelo fato da viscosidade ter
da placa, µ é a viscosidade absoluta ou dinâmica do um efeito secundário no fenômeno estudado.
fluido e v∞ é uma velocidade de referência, geralmente a 6.7. Aplicações
velocidade do escoamento uniforme não perturbado a 6.7.1. Placa Plana Deslizando sobre uma Camada de
montante ("que se aproxima"). Fluido (Laminar).
Assim, quando Rex ≅ 5·105, dá-se o início da Velocidade
transição, e a camada limite aumenta repentinamente de
y
espessura. Como perto da parede as velocidades são v( y ) = v o (28)
baixas, continua a existir uma região de escoamento H
laminar, região esta denominada de subcamada limite Tensão
laminar. A posição do início da transição, xcr, pode ser
estimado a partir da expressão (26), ou seja, vo
τ ( y) = µ (29)
H
5 ⋅ 105 µ
xcr = (27)
ρv∞ v0
y
válido para placa plana. vplaca
H

v(y) v0 = vplaca
0

11
Nos capítulos seguintes o número de Reynolds será visto
novamente com mais detalhes.
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

6.7.2. Fluxo Laminar num Conduto Cilíndrico. Sejam também os seguintes dados12:
Velocidade ω = 300 rpm; r = 5 cm; h = 20 cm; e = 0.1 cm
  r 2  Dada que a força F medida é de 2.12 Kgf, qual é a
v(r ) = v 0 1 −    (30) viscosidade do fluido nessas condições? Desprezar a espessura
  R   do anel do cilindro externo.
Solução
Tensão
v0
τ (r ) = 2µ r (31)
R2

R
r v0

Exercício 5
Um trecho de tubo, como o mostrado acima, tem 10 m de
comprimento e um diâmetro de 10 cm. Dentro dele há
escoamento de água à 20oC com velocidade na linha de centro
igual a 10 m/s. Pergunta-se: qual é a força sendo exercida pela
água nesse trecho de tubo (20oC → µ = 10-3 Kg/(ms)).
Solução

7. Propriedades dos Fluidos


No estudo aqui realizado, salvo menção contrária, os
Exercício 6
fluidos serão considerados meios contínuos e
Seja o dispositivo para determinar a viscosidade homogêneos, de forma que as propriedades médias
(viscosímetro) mostrado abaixo. definidas coincidam com as propriedades nos pontos.
Cavidade anular 7.1. Massa Específica - ρ
preenchida com fluido Também chamada de densidade, é definida como
ω vista superior
m
F ρ= (32)
r V
onde m é a massa e V é o volume.
h Unidades: ML-3 (MLT) ou FL-4T2 (FLT). S.I.: Kg/m3.
7.2. Peso Específico - γ
F Definido como
v= U
e
v=0
12
rpm: revoluções por minuto.
29-07-2007 7:26 I-10
MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

P J J
γ= (33) ℜ = 8314 = 8.314 (S.I.)
V Kmol ⋅ K mol ⋅ K
onde P é o peso e V é o volume. Como exemplo, para o ar, com peso molecular igual a
Unidades: ML-2T-2 (MLT) ou FL-3 (FLT). S.I.: N/m3. 28.97 Kg/Kmol, tem-se
7.3. Peso Específico Relativo para Líquidos - γr
J 1
É a relação entre o peso específico do líquido e o peso R = 8314 ⋅
específico da água em condições padrão. Será adotado Kmol ⋅ K Kg
28.97
que Kmol
γ H 2O = 1000 Kgf/m 3 ≈ 10000 N/m 3 R = 287.0 J/(Kg·K) = 287.0 m2/s2K (39)

Assim sendo 8.2. Aplicação da Equação de Estado do Gás Perfeito


γ Na realidade, o comportamento de muitos gases,
γr = (34) como o ar, o oxigênio e o hélio aproxima-se bastante do
γ H 2O
comportamento do gás perfeito na maioria das condições
Unidades: adimensional. e pode, com boa precisão, ser representado pela equação
Como os valores numéricos de massa e peso diferem de estado (37).
de uma constante, conclui-se que a massa específica Como a essência do gás perfeito é a completa falta de
relativa e o peso específico relativo coincidem em atração intermolecular, os gases próximos das condições
valores, ou seja de condensação afastam-se muito do comportamento do
gás perfeito. Por essa razão, o vapor d'água, a amônia e o
ρr = γ r (35)
freon na pressão atmosférica, e o oxigênio e o hélio a
7.4. Viscosidade Cinemática - ν pressões muito altas, não podem ser considerados como
Por comodidade e por outras razões que aqui não gases perfeitos em muitos cálculos.
serão expostas, define-se viscosidade cinemática como o Exemplo 3
quociente Calcule a pressão do ar a 15oC considerando
ρ = 1.225Kg/m3. Considere-o como um gás perfeito.
µ Solução
ν= (36)
ρ É uma aplicação direta da equação de estado (37):
p = 287·1.225·(15+273.16) = 101306 N/m2
onde µ é a viscosidade (absoluta) e ρ é a densidade.
Unidades: L2T-1 (MLT) ou L2T-1 (FLT). S.I.: m2/s. Exercício 7
Calcule a massa de ar contida numa sala de 6m x 10m x 4m
8. O Gás Perfeito onde a pressão é 100 KPa e a temperatura é 25oC. Admitir que
8.1. Equação de Estado o ar é um gás perfeito.
Solução
O gás perfeito é uma idealização do comportamento
de um gás, onde se presume que as moléculas do fluido
tenham um efeito mútuo devido apenas às colisões
perfeitamente elásticas.
Dessa forma, através da teoria cinética dos gases, é
possível estabelecer uma relação simples entre
pressão p (SI: N/m2), densidade ρ (ou volume
específico ν - SI: Kg/m3) e temperatura absoluta T
(SI: K) de tal gás, que é a equação de estado do gás
perfeito, dada por

mRT RT
p = ρRT = = (37)
V v
onde R é uma constante que depende apenas do peso
molecular do gás, e m é a massa do gás.
A constantes R pode ser calculada pela expressão

R= (38)
PM
onde PM é o peso molecular e ℜ é a constante universal
dos gases, cujo valor é

29-07-2007 7:26 I-11


MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

9. Relações para Processos envolvendo Gases


Perfeitos
Abaixo tem-se uma série de relações para as
propriedades do gás perfeito em diversos tipos de
processos.
9.1. Processo isotérmico
A temperatura T é constante.
v2 ρ p
= 1 = 1 (40)
v1 ρ 2 p2
9.2. Processo Isobárico
A pressão p é constante. 10. Referências
v2 ρ T 1. Brunetti, F.: Mecânica do Fluidos. Pearson
= 1 = 2 (41)
v1 ρ 2 T1 Education do Brasil, 2004.
2. Munson, B.R., Young, F.F e Okiishi, T.H.:
9.3. Processo Isocórico Fundamentos da Mecânica dos Fluidos. Editora
O volume específico v, ou densidade ρ, é constante. Edgard Blücher Ltda, 4a edição, 2004.
p 2 T2 3. Notas de Aula do Professor Sérgio Bordalo, da
= (42) Unicamp.
p1 T1 4. Sisson, L.E e Pitts, R.P.: Fenômenos de Transporte.
Editora Guanabara, 1979.
9.4. Processo Isoentróprico 5. Van Wylen, G.J., Sonntag, R.E. e Borgnakke, C.:
Entropia específica s constante; em outras palavras, Fundamentos da Termodinâmica Clássica. Editora
um processo sem perdas (atrito) e sem troca de calor Edgard Blücher Ltda, 5a edição, 1998.
(adiabático). 6. Wark, K.: Thermodynamics. McGraw Hill
k −1 Kokakusha Ltd., 1977.
T2  p 2  k
=  (a)
T1  p1 
11. Exercícios Finais do Capítulo14
(43)
1 1) A viscosidade cinemática de um óleo é 0.028 m2/s e o
v2 ρ  p k seu peso específico relativo é 0.85. Determinar a
= 1 = 1  → pVk = cte (b)
v1 ρ 2  p 2  viscosidade em unidades S.I. (considerar g = 10 m/s2).
Resposta: 23.8 Pa·s.
A constante k (constante adiabática) que aparece nas 3
expressões é uma característica do gás. Para o ar, k = 1.4. 2) O peso de 3 dm de uma substância é 23.5 N. A
9.5. Outras Unidades de Pressão viscosidade cinemática é 10-5 m2/s. Se g = 10 m/s2, qual
será a viscosidade em unidades S.I.?
Os dados do Exemplo 3 correspondem muito Resposta: 7.833·10-3 Pa·s.
proximamente à condição da atmosfera padrão ao nível
do mar. Baseando-se nessa referência define-se outra 3) () A equação usualmente utilizada para determinar
unidade: a atmosfera - atm. Assim sendo, a vazão em volume (m3/s no S.I.), Q, do escoamento de
líquido através de um orifício localizado na lateral de um
1atm = 101325 N/m2 =101325 Pa tanque é
onde Pa = N/m2 é denominado Pascal 13. Q = 0.61A 2 gh
Exercício 8
Um tanque tem um volume de 0.5m3 e contém 10Kg de um onde A é a área do orifício, g é a aceleração da gravidade
gás perfeito com peso molecular igual a 24 Kg/Kmol. A e h é a altura da superfície livre do líquido em relação ao
temperatura é de 25oC. Qual é a pressão em Pascal e em orifício. Investigue a homogeneidade dimensional desta
atmosferas? equação.
Solução
4) Se P é uma força e x um comprimento, quais serão as
dimensões no sistema FLT de: (a) dP/dx; (b) d3P/dx3;
(c) ∫ Pdx.
Resposta: (a) FL-2; (b) FL-3; (c) FL;
5) () Um livro antigo sobre hidráulica indica que a
perda de energia por unidade de peso de fluido que escoa

13
1 MPa = 103 KPa = 106 Pa 14
Os exercícios marcados com () devem ser vistos "com carinho".
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

através do bocal de uma mangueira pode ser calculada a que temperatura o pistão começa a se mover, e qual o
pela expressão deslocamento do pistão quando o ar contido no conjunto
24 apresentar temperatura igual a ambiente,
D V
h = (0.04 a 0.09)  P0
d g
onde h é a perda de energia por unidade de peso, D é o
g
diâmetro da mangueira, d é o diâmetro da seção mínima Ar 25cm
do bocal, V é a velocidade do fluido na mangueira e g é a
aceleração da gravidade. Esta equação é validade para
qualquer sistema de unidades? Justifique.
10) Um tanque contém água e está
6) A diferença de pressão no escoamento de sangue
apoiado no chão de um elevador.
através de um bloqueio parcial numa artéria (conhecido
Sabendo que a massa do conjunto
como estenose), ∆p, pode ser avaliada pela expressão
formado pela água e pelo tanque é igual
2
µV A  a 36 Kg, determine a força (e sentido)
∆p = K v + K u  0 − 1 ρV 2 que o tanque exerce sobre o elevador
D  A1  quando este se movimenta para cima
onde V é a velocidade média do escoamento de sangue, µ com uma aceleração de 7 ft/s2.
é a viscosidade do sangue, D é o diâmetro da artéria, A0 é Considerar g = 9.81 m/s2.
a área da seção da artéria desobstruída e A1 é a área da Resposta: 430 N para baixo
seção transversal da estenose. Determine as dimensões 11) () Um pistão pesando
das constantes Ku e Kv. Esta equação é válida em 4 N cai dentro de um cilindro
qualquer sistema de unidades? Por quê? com uma velocidade constante
Resposta: são adimensionais de 2 m/s. Determinar a
7) () Um conjunto cilindro-pistão viscosidade do lubrificante
vertical, com 150 mm de diâmetro, colocado na folga entre o
contém gás neônio a 50oC. A massa do cilindro e o pistão. Considerar a
pistão é 6 Kg e o ambiente onde está distribuição de velocidades na
neônio
localizado o conjunto apresenta pressão camada de óleo como linear.
igual a 98 KPa. Sabendo que o volume Resposta: 0.0637 Pa·s
do gás é 4000 cm3 e que não existe atrito 12) () A distribuição de
entre o pistão e o cilindro, calcule a velocidade do escoamento de
massa de gás. O peso molecular do um fluido newtoniano num canal
neônio é 20.183 Kg/Kmol. formado por duas placas
8) O conjunto cilindro- paralelas e largas é dada pela
pistão mostrado ao lado P0 equação
contém CO2 inicialmente 3V   y  
2
50 mm
a 150 KPa e 290 K. O u= 1 −   
2  h 
pistão é construído com  
um material que apresenta 100 mm onde V é a velocidade média. O fluido tem uma
densidade igual a viscosidade de 1.92 Pa·s. Admitindo que V = 0.6 m/s e
8000 Kg/m3 e está h = 5 mm, determine:
imobilizado por um pino. 100 mm CO2
a) a tensão de cisalhamento na parede inferior do canal;
O ambiente onde está b) a tensão de cisalhamento que atua no plano central
localizado o conjunto está do canal.
a 290 K e a pressão é 100 mm Resposta: a) 691 Pa; b) 0 Pa
igual a 101 KPa.
13) O dispositivo da figura é constituído de dois
O pino é então removido, e espera-se que a
pistões de mesmas dimensões geométricas que se
temperatura do gás atinja a temperatura ambiente. Qual a
deslocam em dois cilindros de mesmas dimensões. entre
nova posição do pistão? Este encostará nos "esbarros"?
os pistões e os cilindros existe um lubrificante de
9) () O conjunto cilindro-pistão mostrado abaixo viscosidade dinâmica igual a 10-2 Pa·s. O peso específico
contém ar a 250 KPa e 300oC. O diâmetro do pistão é do pistão (1) é 20000 N/m3. Qual é o peso específico do
100 mm, apresenta massa igual a 50 Kg e inicialmente pistão (2) para que o conjunto se desloque na direção
pressiona os "esbarros". A pressão e a temperatura indicada com uma velocidade de 2 m/s constante?
atmosférica são, respectivamente, iguais a 100 KPa e desprezar o atrito da corda nas roldanas.
20oC. Se o ar transferir calor para o ambiente, determine
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MECÂNICA DOS FLUIDOS INTRODUÇÃO E CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Reposta: γ2 = 16800 N/m3


14) A placa da figura tem uma área de 4 m2 e
espessura desprezível. Entre ela e o solo existe um fluido
que escoa, formando um diagrama de velocidades dado
por v = 20yvmax(1-5y). A viscosidade dinâmica do fluido
é 10-2 Pa·s e a velocidade máxima do perfil escoamento é
4 m/s. Pede-se:
a) o gradiente de velocidade junto ao solo;
b) a força necessária para manter a placa em equilíbrio.

Resposta: (a) 80 s-1; (b) 3.2 N.


15) () Uma placa quadrada de 1.0 m de lado e 20 N
de peso desliza sobre um plano inclinado de 30o sobre
uma película de óleo. A velocidade da placa é 2 m/s,
constante. Qual é a viscosidade dinâmica do óleo e a
espessura da película é 2 mm?

Resposta: 0.01 Pa·s

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