O Poder Curativo Do Nervo Vago

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Para Linda Thorborg

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ÍNDICE

Prólogo por Stephen Porges . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Prólogo por Benjamin Shield . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Agradecimentos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Prefácio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Introdução: O Sistema Nervoso Autónomo . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

PARTE UM • Factos Anatómicos Antigos e Novos:


A Teoria Polivagal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Suplantar os Desafios de Saúde: Está a Combater
as Cabeças da Hidra? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

CAPÍTULO 1: Conheça o Seu Sistema Nervoso Autónomo . . . . 43


Os 12 Nervos Cranianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
A Disfunção dos Nervos Cranianos e Envolvimento Social . . . 50
Tratar os Nervos Cranianos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Os Nervos Espinais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .61
O Sistema Nervoso Entérico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

CAPÍTULO 2: A Teoria Polivagal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 67


Os Três Circuitos do Sistema Nervoso Autónomo . . . . . . . . . 67
Os Cinco Estados do Sistema Nervoso Autónomo . . . . . . . . . 72
O Nervo Vago . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 75
Os Dois Ramos do Nervo Chamado «Vago» . . . . . . . . . . . . . . 78
O Stress e o Sistema Nervoso Simpático . . . . . . . . . . . . . . . . . 89

CAPÍTULO 3: Neuroceção e Neuroceção Defeituosa . . . . . . . 97


Neuroceção Defeituosa e Sobrevivência . . . . . . . . . . . . . . . . . 98
Outras Causas para a Neuroceção Defeituosa . . . . . . . . . . . . 101

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CAPÍTULO 4: Testar o Ramo Ventral do Nervo Vago . . . . . . . 105
Avaliação Simples a Partir da Observação Facial . . . . . . . . . . 105
Avaliar Objetivamente a Função Vagal Através
da Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) . . . . . . . . . . 110
Testar a Função Vagal: Primeiras Experiências . . . . . . . . . . . 112
A Descoberta da Teoria Polivagal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 114
Testar a Função Vagal: Cottingham, Porges e Lyon . . . . . . . . 120
Um Teste Simples do Nervo Vago Faríngeo . . . . . . . . . . . . . 123
Os Terapeutas Podem Testar a Função Vagal sem lhe
Tocar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 127

CAPÍTULO 5: A Teoria Polivagal — Um Novo Paradigma


nos Cuidados de Saúde? . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131
A Abordagem Polivagal para os Problemas Psicológicos
e Físicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 132
O Poder Curativo da Teoria Polivagal . . . . . . . . . . . . . . . . . . 135
Aliviar a DPOC e a Hérnia do Hiato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 136
Dores de Ombros, Pescoço e Cabeça: NC XI, Trapézio
e ECM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 148
Problemas de Saúde Relacionados com a Postura
da Cabeça para a Frente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 165
Aliviar Enxaquecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 172

CAPÍTULO 6: Problemas Somatopsicológicos . . . . . . . . . . . 181


Ansiedade e Ataques de Pânico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 186
Fobias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
Comportamento Antissocial e Violência Doméstica . . . . . . . 194
Transtorno de Stress Pós­‑Traumático (PTSD) . . . . . . . . . . . . 203
A Depressão e o Sistema Nervoso Autónomo . . . . . . . . . . . . 209
Transtorno Bipolar . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 211
PHDA e Hiperatividade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 215

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CAPÍTULO 7: Perturbações do Espetro do Autismo . . . . . . . 217
Esperança para o Autismo: «The Listening Project Protocol» . 221
O Papel da Audição nos Distúrbios do Espetro do Autismo . . 227
Tratar o Autismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 233
Considerações Finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 239

PARTE DOIS • Exercícios para Repor o Envolvimento Social . . 243


O Exercício Básico . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 244
Técnica de Libertação Neurofascial para o Envolvimento
Social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 253
Os Exercícios da Salamandra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 258
Massagem para Enxaquecas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 264
Exercício ECM para um Pescoço Rígido . . . . . . . . . . . . . . . . 266
Exercício de Torcer e Girar para o Trapézio . . . . . . . . . . . . . . 268
Um Facelift Natural de Quatro Minutos, Parte 1 . . . . . . . . . . 273
Um Facelift Natural de Quatro Minutos, Parte 2 . . . . . . . . . . 278
Cortar Todas as Cabeças da Hidra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 280

Notas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 281

Apêndice . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 289

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INTRODUÇÃO:
O SISTEMA NERVOSO AUTÓNOMO

Diz­‑se que uma descoberta é um acidente que se cruza


com uma mente preparada.
— Albert Szent­‑Györgyi, bioquímico nascido na Hungria
(1893–1986), que ganhou o Prémio Nobel pela sua descoberta
da vitamina C em 19373

Não importa o quanto conduza: jamais chegará


aonde quer se não tiver o mapa certo.
— Stanley Rosenberg

Pratiquei várias formas de fisioterapia durante mais de 30 anos,


mas acabei por me aperceber de que estava a utilizar o mapa
errado. Quando tomei conhecimento da Teoria Polivagal de Stephen
Porges, as suas ideias expandiram a minha compreensão de como
o sistema nervoso autónomo funciona, e fiquei de imediato na
posse de um mapa melhor.
O sistema nervoso autónomo é uma parte integrante do sistema
nervoso humano, que monitoriza e regula a atividade dos órgãos
viscerais — coração, pulmões, fígado, vesícula biliar, estômago,
intestinos, rins e órgãos sexuais. Problemas que ocorrem com
qualquer destes órgãos podem ter a sua origem em disfunções do
sistema nervoso autónomo.
Antes da Teoria Polivagal existia a crença amplamente disse‑
minada de que o sistema nervoso autónomo funcionava em dois
estados: stress e relaxamento. A resposta de stress é um mecanismo
de sobrevivência ativado quando nos sentimos ameaçados; mobi‑
liza o nosso corpo para o preparar para fugir ou lutar.4 Por isso, no
estado de stress, os nossos músculos estão tensos, permitindo­‑nos,
assim, mover mais depressa e/ou exercer mais força. Os órgãos

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O P O D E R C U R AT I V O D O N E R V O VA G O

viscerais trabalham de modo a sustentar este esforço extraordinário


do nosso sistema muscular.
Depois de ganho o confronto e neutralizada a ameaça, ou quan‑
do nos afastamos o suficiente para já não estarmos em perigo,
entra em ação a nossa resposta de relaxamento. Permanecemos
neste estado descontraído até ao surgimento da ameaça seguinte.
De acordo com a velha visão acerca do sistema nervoso autónomo,
o relaxamento era caraterizado por um estado de «descanso e di‑
gestão» ou «alimentação e procriação». Este estado era atribuído à
atividade do nervo vago, igualmente conhecido como décimo nervo
craniano, que, como todos os nervos cranianos, tem a sua origem
no cérebro ou no tronco cerebral. Nesta antiga e universalmente
aceite interpretação, o nosso sistema nervoso autónomo oscilava
entre estados de stress e relaxamento.
No entanto, começam a surgir problemas quando ficamos pre‑
sos num estado de stress mesmo quando a ameaça ou o perigo
já passaram, talvez porque o nosso trabalho ou o estilo de vida é
continuamente stressante. Há já muitas décadas, o stress crónico
foi reconhecido como um problema de saúde, tendo sido dedicado
à compreensão dos seus efeitos nocivos a longo prazo uma quan‑
tidade enorme de estudos científicos.
As tentativas de tratar e gerir o stress crónico originaram um
movimento bastante alargado por parte dos profissionais dos
cuidados de saúde, que escreveram (e continuam a escrever)
um grande número de artigos populares para um público ge‑
nérico em jornais, revistas, livros e blogues. A indústria farma‑
cêutica também começou a oferecer uma vasta gama de drogas
anti­‑stress que têm originado belos lucros para as empresas à
medida que a utilização destes medicamentos foi aumentando.
No entanto, apesar de todos estes recursos, muitas pessoas
continuam a sentir que não foram suficientemente auxiliadas.
Continuam a sentir­‑se stressadas. Muitos acreditam que a nossa
sociedade está a tornar­‑se cada vez mais stressante com o passar
dos anos, e que os indivíduos estão, consequentemente, mais
stressados.

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I N T R O D U Ç Ã O : O S I S T E M A N E R V O S O AU TÓ N O M O

Talvez o problema resida no facto de termos estado a utilizar


o mapa errado. Com a antiga compreensão do sistema nervoso
autónomo, ainda não fomos capazes de encontrar métodos ver‑
dadeiramente eficazes para gerir o stress.
Como quase todos os que trabalham no mundo médico e no
campo da terapia alternativa, partilho crenças acerca do modo
como acreditava funcionar o sistema nervoso autónomo. Todos os
dias utilizava aquilo que aprendi acerca do velho modelo stress/
/relaxamento do sistema nervoso autónomo. O facto de os meus
tratamentos funcionarem servia de confirmação de que a minha
compreensão do sistema nervoso autónomo estava correta.
Gostava de transmitir aquilo que tinha aprendido a alunos que
queriam adquirir as diversas aptidões no campo da fisioterapia
que eu tinha estado a utilizar com sucesso. Ensinava o antigo
modelo do sistema nervoso autónomo em todas as minhas aulas de
fisioterapia. À medida que as aulas se iam enchendo, fundei uma
escola, o Stanley Rosenberg Institute em Silkeborg, na Dinamarca.
Em 1993, convidei alguns dos terapeutas que havia treinado para
darem algumas aulas introdutórias para que eu pudesse concentrar­
‑me em lecionar os cursos mais avançados. Por fim, outros profes‑
sores ocuparam­‑se igualmente dos cursos mais avançados.
A especialidade da nossa escola era a terapia sacrocraniana, que
tem origem no trabalho de William Garner Sutherland (1873–1954),
um osteopata americano e fundador da osteopatia no campo cra‑
niano (OCC). (Os osteopatas nos Estados Unidos têm formação
especializada, com um treino básico e privilégios semelhantes aos
médicos.) Enquanto explorava ossos cranianos secos num laboratório
de dissecação de anatomia, Sutherland descobriu que conseguia
alinhar os limites serrilhados dos ossos cranianos adjacentes uns
aos outros — mas apercebeu­‑se da possibilidade de movimentos
ligeiros entre dois ossos adjacentes. Na altura acreditava­‑se que,
se existia algo na natureza, haveria decerto uma razão para isso.
Sutherland postulou que o movimento dos ossos facilitava a cir‑
culação do fluido cerebrospinal e preparou as técnicas que viriam
a ser conhecidas como «terapia sacrocraniana».

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