Revista Abravet Primavera 2021
Revista Abravet Primavera 2021
Revista Abravet Primavera 2021
BRASILEIRA
de ACUPUNTURA
VETERINÁRIA
Volume 6 Número 3 Edição Primavera setembro/dezembro 2021
● ● ●
Revista eletrônica quadrimestral da Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária
Editores
Ayne Murata Hayashi e Maria Luísa Buffo de Cápua
Consultor Científico
Jean Guilherme Fernandes Joaquim
Diagramação
Daniel Barbosa Godoi
Diretoria de Marketing
Publicidade • Divulgação • Publicidade • Site e redes sociais:
Cecilia Maria Rodrigues Tavares, Patricia Alessandra Hoffmann Barzotto,
Thieska Ferreira Ramos e Daniel Barbosa Godoi
Diretoria Científica
Avaliação de trabalhos • Auxílio em pesquisas:
Ayne Murata Hayashi, Maria Luisa Buffo de Cápua e Jean Guilherme Fernandes Joaquim
Capa:
Foto de Elif Ilkel no Pexels
2
Carta ao leitor
Ainda tivemos duas Lives com discussão de temas como a mesa redonda sobre a
Oncologia Integrativa e Medicina Veterinária Integrativa no contexto de profissional
autônomo e de uma estrutura de clinica veterinária; além de sorteio e distribuição de 4
Guias de Acupuntura!
Na coluna para ler e seguir, indicação preciosa para quem atua ou ainda estuda
acupuntura, de um livro de Propedêutica Energética do Professor Ysao e Márcia
Yammura e dica de suporte psicológico ao profissional!
Na coluna Ponto Fonte temos uma linda visão da dietética sob a ótica da
Medicina Tradicional Chinesa com Durval Verçosa!
3
Além disso, temos um relato de caso sobre uma afecção de abordagem
multidisciplinar pela MTC em uma cadela idosa com suas fases de dor crônica e crises de
reagudização! Conheça as ferramentas de tratamento pela MTC que foram utilizadas.
Venha participar também na próxima edição! Mande seu relato de caso para
cientí[email protected] e divulgue seus sucessos para que possam inspirar colegas e
beneficiar outros pacientes! Confira as normas para publicação nesta edição!
E por falar em inspiração, fechamos com a Primavera vista por Cecilia Meireles!
PONTO DE ENCONTRO
abravet.com.br
@abravet_oficial
/abravet
4
PRIMAVERA
06 18
31
Vesícula Biliar 20
12
33
14
Primavera por Cecília
Meireles
Dietética Chinesa em
Medicina Veterinária
Jean
Guilherme
Fernandes
Joaquim
A entrevista desta edição é com o Prof. Dr. Jean Guilherme Fernandes
Joaquim, graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de São
Paulo, UNESP, em 1999. Mestre em Medicina Veterinária pela Universidade
Estadual de São Paulo UNESP, 2003. Doutor na Universidade Estadual de São
Paulo, UNESP, em Acupuntura e Doenças do Disco (2008). O campo de atuação
inclui acupuntura veterinária e ozonioterapia veterinária. A educação
complementar foi realizada na Universidade de Viena – Áustria, no BEVAS –
Bélgica e no Centro Internacional de Treinamento em Acupuntura de Pequim –
China. Trabalha com pesquisa, palestra e manejo clínico de animais com
problemas neurológicos e outros distúrbios. Ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Acupuntura Veterinária (ABRAVET) 2012-2014. Conselho de
Administração do IVAS 2014-2016 e Conselho de Administração da Associação
Mundial de Medicina Veterinária Tradicional Chinesa 2014-2017, Veterinário
do Serviço de Acupuntura da UNESP, trabalhando com células-tronco,
neurologia, reabilitação e controle da dor. Coordenador Científico do Instituto
Bioethicus. Presidente atual da Associação Brasileira de Ozonioterapia
Veterinária.
6
1
Você iniciou a sua trajetória na acupuntura veterinária e MTC
muito jovem, ainda na graduação. O que despertou o seu
interesse pela área?
Meu pai é médico-veterinário também, e sempre usou
homeopatia, em nós (risos) e nos pacientes dele. Assim, eu já
tinha conhecimento sobre algumas técnicas “alternativas” de
tratamento quando entrei na faculdade. Posteriormente, quis
o destino que eu encontrasse o Dr. Eduardo Diniz em
Botucatu, que atuava com acupuntura e homeopatia e o
Prof. Stelio Luna, na Faculdade, com os quais então iniciei
minha jornada em estágio, iniciações científicas, até a
especialização em acupuntura.
2
Quem foram os seus mestres no Brasil e no exterior?
Como mencionei acima, iniciei minha trajetória com o
acompanhamento dos casos do Dr. Eduardo Diniz na
graduação, posteriormente sob orientação do Prof. Stelio
Luna ainda na faculdade em iniciações científicas e cursos.
Posteriormente o Prof. Stelio conseguiu um estágio para mim
na Universidade de Viena, onde tive a oportunidade de
acompanhar o Prof. Andreas Zohmann e o Dr. Oswald
Kothbauer. O Dr Andreas atuava mais com fisioterapia e
terapia neural. Já o Dr. Kothbauer atuou muitos anos com
acupuntura em bovinos. Sendo assim, tinha um bom
arcabouço técnico já em diversas áreas, mas faltava equinos.
Assim, sai da Áustria e fui à Bélgica, onde fiquei na casa e
clínica do Prof. Emiel Van Den Bosch o qual atuava com
equinos e pude então aprender a arte da acupuntura e
exame de equinos. Posteriormente, quando voltei ao Brasil,
tinha conseguido absorver a experiencia de todos estes
mestres em diversas áreas da medicina veterinária. Para
finalizar fui para a China onde tive contato com uma
medicina Chinesa mais tradicional e depois aos EUA para ver
como eles abordavam a fitoterapia. Por fim, os diversos
cursos e congressos com informações atualizadas e de
diferentes colegas ajudaram a moldar um pouco do nosso
conhecimento, que ainda continua em formação, pois o
estudo é infinito...Ars longa, vita brevis.
7
3
Com relação à sua prática com acupuntura em equinos,
quais doenças ou condições têm maior indicação para serem
tratadas com esse tipo de terapêutica? Quais técnicas de
acupuntura você mais utiliza nesses animais?
A acupuntura em equinos é muito utilizada no dia a dia das
enfermidades do aparelho locomotor e osteomuscular, tanto
para diagnóstico, quanto tratamento, sendo o uso de agulhas
hipodérmicas ou chinesas, as técnicas mais utilizadas – dry
needle acupuncture. Associadas às agulhas, o LASER, a
moxabustão e a eletroacupuntura também são técnicas
relativamente simples e empregadas de forma cotidiana.
Entretanto, casos complexos de equinos, quando em
ambiente hospitalar também podem se beneficiar da
acupuntura, como enfermidades neurológicas, lesões de
nervos periféricos, alterações de sistema digestório, atonias,
paralisias, etc. As técnicas e indicações são amplas, mas
dependem muito se o profissional atua à campo, em eventos
esportivos ou junto a hospitais onde poderá atender casos
de maior complexidade, lançando mão de técnicas de manejo
e reabilitação mais completas.
4
A sua área de atuação inclui a terapia celular, com a
aplicação de células tronco mesenquimais alogênicas. É
possível associar essa técnica com a acupuntura? Existem
benefícios ou alguma sinergia entre elas?
A medicina do futuro se chama medicina integrativa, pois
integrar é preciso. Desta forma, casos por exemplo de
cinomose, que tem boa resolução com acupuntura de forma
isolada, muitas vezes podem precisar de um apoio
terapêutico, o qual pode ser conseguido com o uso de
células tronco. As células-tronco não substituem em um caso
de cinomose ou doenças medulares – mielopatias por
trauma, disco, etc – o uso da acupuntura, pois a reabilitação
é fundamental, principalmente em enfermidades do sistema
nervoso. Entretanto, a terapia com células tronco pode
auxiliar na melhora do ambiente da lesão, diminuindo a
inflamação, promovendo liberação de fatores regenerativos
e de crescimento, de forma que os efeitos da acupuntura
sejam potencializados. De forma objetiva, a acupuntura
caminha de mãos dadas com a terapia celular, tanto em
enfermidades do sistema nervoso quanto enfermidades de 8
e de crescimento, de forma que os efeitos da acupuntura
sejam potencializados. De forma objetiva, a acupuntura
caminha de mãos dadas com a terapia celular, tanto em
enfermidades do sistema nervoso quanto enfermidades de
medicina interna. Todavia ainda é cedo para avaliarmos o uso
de células tronco em pontos de acupuntura como forma de
potencializar o tratamento, como ocorre com ozônio, embora
estejamos caminhando para isso.
"o estudo é
infinito...Ars
longa, vita
brevis."
5
Atualmente, muitos médicos veterinários acupunturistas
também praticam diversas outras técnicas terapêuticas,
como a dietoterapia, Ozonioterapia, homeopatia, terapia
neural, entre outras. Diferentemente de uma década atrás,
por exemplo, quando era muito mais comum o profissional
que praticasse “apenas” medicina chinesa. Como você
enxerga esse cenário? Seria uma tendência natural esse
profissional multifacetado?
Acho que universo conspira a favor dos que trabalham e
tudo vem a seu tempo. No início foi preciso de usássemos as
técnicas de forma isolada a fim de comprovarmos seus
efeitos. Isso ocorreu com a acupuntura, homeopatia,
ozonioterapia, laserterapia, terapia com células tronco, etc. O
uso isolado de cada técnica nos deu o conhecimento
científico e porque não dizer a fé de que estas técnicas
realmente tinham efeitos terapêuticos. Passada essa fase de
consolidação das técnicas, reconhecimento junto aos órgãos
de classe, aprendizado sobre seus usos e indicações, temos
um novo cenário onde a integração é o mais adequado pois
todas estas técnicas, são, entre si, complementares, ou seja,
cada uma atua as vezes no ponto fraco da outra, de forma
que o beneficiado de tudo isso seja o paciente e porque não9
o médico veterinário também, pois encontra as vezes uma
um novo cenário onde a integração é o mais adequado pois
todas estas técnicas, são, entre si, complementares, ou seja,
cada uma atua as vezes no ponto fraco da outra, de forma
que o beneficiado de tudo isso seja o paciente e porque não
o médico veterinário também, pois encontra as vezes uma
maior facilidade em aplicar distintas técnicas terapêuticas em
pacientes com quadros graves e complexos.
6
Qual ou quais ou seus conselhos para veterinários que
estejam ingressando na área da acupuntura veterinária?
De todos os cursos, técnicas, eventos que participei na vida,
e não foram poucos (risos), nunca vi ninguém se arrepender
de estudar acupuntura. Em geral, é um caminho de
crescimento profissional e pessoal, sem volta. Confiem nas
vibrações que vocês sentem, energia nunca mente. Associem
a acupuntura a outra especialização, como clínica geral,
neurologia, fisioterapia etc. Isso trará diferencial e mais valia
ao seu serviço. Por fim, a frase que sempre digo no início de
cada curso: As duas ferramentas do acupunturista são a
agulha e o coração. Colocar agulha sem paixão e desejo de
ajudar não adianta, assim como ter fé, paixão e amor sem o
devido conhecimento técnico, tampouco ajudará. Estudem e
tenham boa intenção.
"As duas
ferramentas do
acupunturista
são a agulha e o
coração."
10
Vesícula Biliar 20
VB20
Feng-chi
“Lagoa do Vento”
Localização:
Cão - em uma depressão na face
craniodorsal do pescoço, caudal e
lateral à protuberância do occipital.
Funções:
Elimina vento interno e externo,
vento frio e vento calor. Ponto de
intersecção dos canais do Triplo
Aquecedor e Yang Wei Mai com o
canal da Vesícula biliar
Indicações:
Rigidez e dor cervical, cefaleia,
epistaxe, congestão/secreção nasal,
epilepsia, afecções cerebrais,
oftálmicas e auditivas
Referência:
IVAS – CANINE ACUPUNCTURE POINTS, 2017.
IVAS – EQUINE ACUPUNCTURE POINTS, 2017.
LADE, Arnie. Acupuncture Points. Imagens and Functions. Sixth Printing, 1996.
XIE & PREAST. Acupuntura Veterinária XIE. Editora MedVet, 2011.
https://www.imaios.com/en/vet-Anatomy 11
Confira a seleção de um livro e um perfil no Instagram que valem a sua
atenção. Indicações nesta edição pelo colega Daniel Barbosa Godoi, Médico
Veterinária Acupunturista.
https://www.instagram.com/ekoavet
12
Nosso muito obrigado aos
palestrantes...
e especialmente à VOCÊ!
14
Na visão nutricional ocidental, potencialmente moduladoras de
avaliamos um alimento pelos seus teores imunogrolulinas.
de proteínas, carboidratos, lipídeos, assim
Na visão da MTC, os cogumelos
como pela presença de micronutrientes,
nutrem a energia Yin do Rim, auxiliando a
como as diferentes vitaminas e minerais.
diminuição da fleuma e a tonificação
Através destas avaliações, podemos
desta energia renal, que é responsável
elaborar cardápios nutricionalmente
por dissolver as massas formadas no
balanceados, de acordo com as
organismo. Desta forma, são utilizados
necessidades dos animais, respeitando as
para quadros de Fleuma Calor e
diferenças entre as espécies, as diferentes
formações de massas e nódulos, que são
idades e a presença de possíveis
algumas das síndromes que podem estar
patologias, assim como as restrições
envolvidas na formação de tumores.
alimentares ou prevenção de doenças.
Devemos avaliar um alimento
Já na dietoterapia, segundo a
segundo a MTC sobre várias óticas:
MTC, pensamos em um alimento de
acordo com suas propriedades 1 – Relação Yin e Yang: Todo
energéticas (descritas a seguir). Utilizamos alimento tem propriedades Yin e Yang,
tais alimentos, em tempo e quantidades quando em comparação com outro
adequadas, para prevenir e tratar alimento.
determinadas síndromes e para a
manutenção da saúde. Para isso, 2 – Natureza térmica dos
trabalhamos com a harmonização alimentos: Está relacionada com a
alimentar, segundo as avaliações dos oito sensação que este alimento causa a quem
princípios e dos cinco elementos ou níveis o ingere. Esta sensação pode ser
de energia, de acordo com a forma de classificada em cinco diferentes categorias
avaliação que o terapeuta observa seu (fria; refrescante; neutra; morna ou
paciente. quente).
15
4 – Os sabores: Cada sabor tem a estudo.
atividade sobre um dos cinco elementos,
7 – Semelhante trata semelhante
segundo a MTC, podendo aquecer,
e formato do alimento: Uma das regras
refrescar, tonificar ou dissipar a energia
básicas da dietoterapia segundo a MTC é
do órgão e da víscera correspondente a
que semelhante trata semelhante, ou seja,
este elemento. Os sabores doces estão
um indivíduo com deficiência renal pode
relacionados ao elemento terra, desta
ser tratado ingerindo rim, ou mesmo
forma, exercem influência sobre o Baço
alimentos com formato de rim, como
/Pâncreas e o Estômago. O elemento
camarão, castanha de caju ou feijões
Metal, cujo órgão correspondente é o
pequenos. Isso vale para todos os outros
Pulmão e a víscera o Intestino Grosso, é
órgãos e vísceras.
influenciado pelos sabores picantes. O
Rim e a Bexiga, relacionados ao elemento Além disso, devemos ressaltar a
Água, são influenciados pelos sabores fundamental importância dos alimentos
naturalmente salgados. Os sabores ácido na formação da Energia (Qi), do Sangue
e azedo exercem influência sobre o (Xue) e dos Líquidos Orgânicos (Jin Ye) e
elemento Madeira, ligado ao Fígado e à a preservação da Energia Ancestral (Jing),
Vesícula Biliar. E, finalmente, os sabores segundo a MTC.
amargos influenciam o elemento Fogo,
exercendo atividade sobre o Coração, O bom funcionamento do
Intestino Delgado, Pericárdio e Triplo Estômago e do Baço/Pâncreas deve
Aquecedor. sempre ser avaliado quando falamos
sobre Dietoterapia na MTC. É função do
5 – As cores: Da mesma forma Estômago degradar o alimento. Esta
que os sabores, as cores exercem víscera trabalha melhor em ambientes
atividade sobre os elementos, seus órgãos mornos e úmidos, desta forma, alimentos
e vísceras. Os alimentos de colorações secos ou de natureza energética
amareladas trabalham o elemento Terra; excessivamente fria ou quente, podem
os esbranquiçados o elemento Metal; os prejudicar suas atividades. Já o
pretos o elemento Água; os verdes o Baço/Pâncreas capta o alimento
elemento Madeira e os vermelhos o degradado pelo Estômago, transforma
elemento Fogo. em Gu Qi (Energia do Alimento) e
transporta esta energia em direção ao
6 – A afinidade pelos meridianos:
Aquecedor Superior (tórax), onde é
Ainda podemos falar que, os alimentos
integrada com a Energia do Ar (captada
possuem afinidades por um ou mais de
pelo Pulmão). O Baço/Pâncreas trabalha
um dos 12 meridianos de energia
melhor em ambientes mornos e úmidos,
descritos na MTC, auxiliando no bom
porém com baixa viscosidade. Alimentos
funcionamento destes, assim como em
de natureza térmica excessivamente
seu livre fluxo de energia. Esta
quente, fria, ou muito viscosos, também
propriedade é intrínseca a cada alimento
podem dificultar a ação deste órgão.
e normalmente vem descrita em seu
16
A qualidade da energia do Bibliografia utilizada e
alimento exerce grande influência na recomendada
manutenção da Energia Ancestral (Jing),
. ARANTES, ANDREA MACIEL.
apesar de uma não estar diretamente
Dietoterapia Chinesa: Nutrição Para
relacionada esta. Quando o Rim recebe
Corpo, Mente E Espírito. Rio De Janeiro
do Pulmão o resultante da junção da
Energia do Ar com a Energia dos . CURVO, JOAO. A Dieta Do Yin E
Alimentos, ele aquece esta substância Do Yang Para Gordos, Magros E Instáveis.
com sua porção Yang. Quando a energia Rio De Janeiro: Rocco, 1998.
recebida pelo Rim possui baixa qualidade
(por deficiência de qualidade alimentar ou . FAHRNOW, ILSE MARIA. Os
respiratória, por exemplo), o Rim pode Cinco Elementos Na Alimentação
doar pequenas porções da Energia Equilibrada. São Paulo: Ágora, 2003.
Ancestral, na tentativa de melhorar a . HIRSCH, SONIA. Manual Do
qualidade de formação do Qi. Se tal fator HeróiOu A Filosofia Chinesa Na Cozinha.
se mantem por muito tempo, podemos Rio De Janeiro / RJ: Correcotia.
ter comprometimento no Jing e,
consequentemente, na longevidade do . KASTNER, JOERG. Chinese
paciente. Nutrition Therapy: Dietetics in Traditional
Chinese Medicine.
O Yang do Rim fornece
aquecimento ao Estômago e ao . LOBO JUNIOR, JOSÉ EDUARDO
Baço/Pâncreas, para que estes exerçam SILVA. Dietética Chinesa Na Prática Clínica
suas funções de degradação, Para O Cão. São Paulo: Nelpa, 2015.
transformação e transporte. Lembrando . LU, HENRY C. Alimentos
que esta energia pode diminuir com a Chineses Para Longevidade: A Arte Da
idade, precisamos considerar que, em Longa Vida. São Paulo: Roca, 1997.
alguns indivíduos idosos, pode ocorrer
dificuldade de degradação do alimento. . LU, HENRY C. Sistema Chinês De
Sendo assim, com o envelhecimento, Curas Alimentares: Prevenção &
precisamos avaliar a natureza energética Remédios. São Paulo: Roca, 1997.
do alimento e a forma de apresentação
. MARQUES, WILSON MARINO.
destes, evitando alimentos crus ou de
Dietoterapia Na Medicina Tradicional
natureza energética fria em excesso.
Chinesa: Uma Abordagem Energética Dos
A Dietética segundo a MTC é Alimentos. São Paulo: All Print Editora,
uma forma eficiente de tratamento e 2015.
prevenção de doenças. Sempre que
. PERINI. MAURO. Terapia
possível deve ser utilizada no tratamento
Dietética Chinesa. São Paulo / SP: Loyola,
integral na medicina veterinária, levando
2003. SHU-LI, WANG & STIMSON, CARL.
em consideração o indivíduo em suas
Obesidade E Saúde Na Medicina Chinesa.
diferentes fases de vida, suas condições
São Paulo: Brasil Oriente, 2011.
fisiológicas e a existência de síndromes
para a adequada prescrição.
Embora a literatura geral sobre a
Dietética na MTC seja bastante vasta, ela
ainda é pequena quando pensamos
especificamente na veterinária, tornando-
se necessário o investimento em mais
estudos e pesquisas voltadas para esta
área.
17
ABORDAGEM PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA EM
CÃO COM SÍNDROME DOLOROSA
Tânia Takezawa Makiyama Kawahara1*; Ayne Murata Hayashi2
1 Pós-graduanda, Acupuntura Veterinária; Relato de caso apresentado como trabalho de conclusão de
curso de pós-graduação em Acupuntura Veterinária - FAMESP-SP, 2 FMVZ/USP
*[email protected]
RESUMO
INTRODUÇÃO
Por sua vez, pela visão ocidental, a mielopatia degenerativa em cães é uma
doença neurodegenerativa lentamente progressiva que afeta a medula espinal de
algumas raças caninas, não dolorosa, que causa ataxia proprioceptiva progressiva
paraparesia e paraplegia, podendo evoluir para tetraparesia. Acomete
principalmente cães de grande porte, como Pastor Alemão, Rottweiller e Boxer,
em idade entre 5 e 14 anos. É uma doença de origem desconhecida, mas
acredita-se que tenha origem genética. Caracteriza-se por dificuldade
progressiva de locomoção dos membros pélvicos, com progressão para paralisia
que pode alcançar os membros torácicos e até mesmo paralisia dos músculos
intercostais e diafragma. É necessário o diagnóstico diferencial com doença do
disco intervertebral, cauda equina e displasia coxofemoral, mas o diagnóstico
definitivo só é possível com o laudo histopatológico da medula após o
falecimento do animal, sendo que não há tratamento específico6.
RELATO DE CASO
Animal dorme sobre colchonete (com cobertor sobre o colchonete nos dias
frios), em piso de madeira, dentro de casa, com acesso ao quintal com piso frio
durante o dia.
Dias de
Observações Agulha seca Eletroacupuntura Medicina Herbal
tratamento
claudicação,
principalmente em
membro posterior
VG 20, SHEN SHU, B 40, B 23 – B 25; BH – VB 30 Qi Bao Mei Ran
1 direito e dificuldade
ID3, B62 direito, R 3- E 36 Wan
para se deitar há
cerca de uma
semana
Sem melhora VG 20, SHEN SHU, B 40, VG 14 – BH, B 23 -B 25, R 3/ Qi Bao Mei Ran
7
significativa B 11, VB 21 B60 - E 36 Wan
Qi Bao Mei Ran
VG 14 – BH, B 23 -B 25,
Ligeira melhora VG 20, B 11, R 3/ B 60, E Wan + Zheng Gu Zi
14 SHEN SHU – VB30
para se deitar 36 d, IG 11 d Jin Dan
Dias de
Observações Agulha seca Eletroacupuntura Medicina Herbal
tratamento
Melhora na VB 30, B 23, VB ?? VG 14 – BH, B 18 – B 23, IG Qi Bao Mei Ran
49
locomoção 11 d, SHEN SHU – VB 30 Wan
B 11e, VB 21, B 18, R3/ B
Melhora na 60, F3d, E 36d : VG 14 – BH, B 11d – IG Qi Bao Mei Ran
56
locomoção 11d, VB 30 – SHEN SHU Wan
Melhora na
locomoção, com VB 21, B20, VB 21e, E 36 VG 14 – BH, B 18 – B 23, Qi Bao Mei Ran
70
sensibilidade SHEN SHU, IG 11d – B 11 d Wan, Juan Bi Tang
cervical
melhora na
locomoção, fezes Qi Bao Mei Ran
melhores com Juan Wan, Juan Bi Tang
Bi Tang tid B 11, B 20, R3/ B 60, VB VG 14 – BH, B 23- B 25,
84 até acabar o frasco
21d SHEN SHU – VG 2
fezes melhores ou + Rhizoma
dor cervical Corydalidis
melhor?
Claudicação de MTE
logo após se VG 14 – BH, B18 -B25; VB
VB 21, B 23, E36d, R3/
98 levantar 30d – SHEN SHUd, SHEN
B60d
SHUe – VG2; B 11e – IG 11e
piora há alguns
dias. Sensibilidade Zhen Gu Zi Jin Dan
126 VB 21, B 11, B 23, E 36 VG 14 – BH, B 20 – B25
na região
lombossacra
Melhora na Zhen Gu Zi Jin Dan
B 11, B 20, IG 11d. F 3d, VG 14 – BH, B 23 – B25,
140 locomoção e ao se
E 36d, TA 15 SHEN SHU – VB 30
deitar
23
Tabela 2 (cont.) – Descrição e localização dos principais pontos de acupuntura
usados no tratamento do paciente com síndrome dolorosa3,5
Ponto Função Energética Indicações
Ponto Mar (Terra) - ponto mãe tonificação para
Vento-Calor, paresia/paralisia de membros torácicos,
padrões de deficiência, dissipa o vento e o
dor no cotovelo, estimulação imunológica, prurido,
IG 11 calor em qualquer parte do corpo, esfria o
urticária, dermatite seca e úmida, dor no membro
sangue, regula o Qi e o sangue, resolve a
anterior, inflamação e rigidez, especialmente no
Umidade, beneficia os tendões e as
cotovelo e no ombro, paralisia do nervo radial
articulações.
expele Vento, clareia Calor, remove obstruções
B 60 do canal, relaxa tendões, fortalece coluna
discopatia, dor cervical e tóraco-lombar, calcanhar
caudal e calcanhar, alivia inchaço e dor pelo
corpo.
Beneficia função o fígado em manter fluxo de
B18 Qi, dispersa e transforma Calor e Umidade do Afecções tendão/músculos
F.
Harmoniza e tonifica o Qi do F e o Xue.
Harmoniza o Qi e Qi da VB. Redireciona o Qi
em tumulto contracorrente. Dispersa a
Umidade-Calor. Faz a limpeza do fogo do
Fígado e do Calor. Refresca o Xue. Relaxa os
F3 paresia ou paralisia de membros pélvicos, condições
tendões e os músculos. Circula o sangue do
dolorosas em geral. Yang hiperativo do F
GAN e restaura deficiências do Xue. É o
potente ponto “movedor” do Qi, intensificado
quando combinado com IG4. Pode ser usado
diretamente para tonificar Sangue e Yin do F
(ponto fonte do F)
Ponto He – Mar do meridiano do Dan e ponto
de influência dos tendões e dos músculos. Desordens do F, da VB e dos MPs. Desordens
A fórmula Zhen Gu Zi Jin Tang (Tabela 4) contém várias ervas que ativam o
sangue e combatem a estagnação do Xue. Esta fórmula revigora o sangue e trata
as lesões traumáticas. Promove a neovascularização, ativa a circulação, elimina a
estase sanguínea, acelera o processo de cicatrização e aumenta a sua resistência.
Sendo assim, promove alívio da inflamação pela ativação da circulação e pelo
aumento do suprimento de Qi e de Xue. Além disso, promove o aumento do Qi
o que restabelece a integridade tecidual e facilita a reconstrução tecidual. Por sua
atuação na aceleração da cicatrização, possui indicações clínicas nos distúrbios de
consolidação óssea, distúrbios de cicatrização cutânea, pós-operatório em geral,
auxiliando na reorganização das fibras colágenas e reabilitação funcional da
região, traumas osteomusculares e dores crônicas8.
DISCUSSÃO
A fórmula magistral Zhen Gu Zi Jin Tang foi utilizada com sucesso no pós-
operatório de ruptura de ligamento cruzado cranial com intenso hematoma e
edema16, assim como em um caso união retardada de fratura de úmero que
mesmo após osteossíntese não evolui bem17. Assim como no presente caso, foi
28
mesmo após osteossíntese não evolui bem17. Assim como no presente caso, foi
usado para controlar sinais de dor que foi interpretada como inflamatória.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
8. LO, DC. Fórmulas magistrais chinesas. São Paulo: Ed. Roca, 2007. p. 29
8. LO, DC. Fórmulas magistrais chinesas. São Paulo: Ed. Roca, 2007. p. 333-334.
11. SILVA, T. R. C.; GHIRELLI, C. O.; HAYASHI, A. M.; SANT’ANA, A. J.; MATERA, J.
M.; FONSECA PINTO, A. C. B. C. Exames radiográficos simples e tomográficos
do segmento lombossacro da coluna vertebral em cães da raça Pastor
Alemão: estudo comparativo. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci, v. 46, n.4, p. 296-
308, 2009.
14. A.B., F.; M.V.R., S. S.; F.D.L., R.; R.C., S. Acupuntura no Tratamento de Cães
com Discopatia. Veterinária Notícias, v. 12, n. 2, 12 fev. 2008. Disponível em:
http://www.seer.ufu.br/index.php/vetnot/article/view/18681 (Acessado:
4abril2021).
17. HAYASHI et al. União óssea retardada em fratura distal de úmero em cão:
abordagem pela Medicina Tradicional Chinesa. Revista Brasileira de
Acupuntura Veterinária, Vol. 5, No. 4. dezembro 2020/março 2021.
30
INSTRUÇÕES AOS AUTORES PARA ENVIO DE RELATOS DE CASOS
A REVISTA BRASILEIRA DE ACUPUNTURA VETERINÁRIA
1. Serão aceitos relatos de casos clínicos enviados para o e-mail [email protected]
cuja relevância do assunto e qualidade do manuscrito deverão ser julgadas e aprovadas
pela comissão científica.
3. Descrição do caso(s)
4. Para a digitação deve-se usar o editor de textos Word for Windows, fonte Times New
Roman, tamanho 11, em espaço 1,5, folha A4, com 2,5 cm de margens esquerda e direita
e 3,0 cm de margem superior e inferior.
5. As citações de artigos no texto devem seguir as normas ABNT (as referências devem ser
numeradas consecutivamente na ordem em que são mencionadas no texto). Identificar as
referências no texto por números arábicos entre parênteses. Exemplo: (2), (7,9,16). As
tabelas e legendas também devem ser numeradas com algarismos arábicos.
7. A nomenclatura científica deve ser citada segundo os critérios estabelecidos nos Códigos
Internacionais em cada área. Unidades e medidas devem seguir o Sistema Internacional de
Unidades.
8. Exemplos de referências:
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT Catálogo. Rio de Janeiro, c2015. Disponível em:
<https://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 30 jun. 2015
CARDOSO, S.C. Panorama da produção científica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no período de
2001 a 2006. 2009. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2009
BORKO, H.; BERNIER, C. L. Indexing concepts and methods. [New Nork]: Academic Press, 1978.
SUKIKARA, M. H. et al. Opiate regulation of behavioral selection during lactation. Pharmacology, Biochemistry and Behavior,
Phoenix, v. 87, p. 315-320, 2007. doi:10.1016/j.pbb.2007.05.005
BARROS, Raimundo Gomes de. Ministério Público: sua legitimação frente ao Código do Consumidor. Revista Trimestral de
Jurisprudência dos Estados, São Paulo, v. 19, n. 139, p. 53-72, ago. 1995
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Primavera por Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais Mas é certo que a primavera chega. É certo que
saiba seu nome, nem acredite no calendário, a vida não se esquece, e a terra maternalmente
nem possua jardim para recebê-la. A inclinação se enfeita para as festas da sua perpetuação.
do sol vai marcando outras sombras; e os
habitantes da mata, essas criaturas naturais que
ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim.
preparar sua vida para a primavera que chega. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera
que desejarem, no momento que quiserem,
independentes deste ritmo, desta ordem, deste
Finos clarins que não ouvimos devem soar por movimento do céu. E os pássaros serão outros,
dentro da terra, nesse mundo confidencial das com outros cantos e outros hábitos, — e os
raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão
perfumes e a alegria de nascer, no espírito das nada mais com tudo aquilo que, outrora se
flores. entendeu e amou.
Há bosques de rododendros que eram verdes e Enquanto há primavera, esta primavera natural,
já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos
Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a novos, que dão beijinhos para o ar azul.
ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Escutemos estas vozes que andam nas árvores,
Pequenas borboletas brancas e amarelas caminhemos por estas estradas que ainda
apressam-se pelos ares, — e certamente conservam seus sentimentos antigos:
conversam: mas tão baixinho que não se lentamente estão sendo tecidos os manacás
entende. roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando
pulquérrima, em cada coroa vermelha que
desdobra. Os casulos brancos das gardênias
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e ainda estão sendo enrolados em redor do
deserto inverno, quando as amendoeiras perfume. E flores agrestes acordam com suas
inauguram suas flores, alegremente, e todos os roupas de chita multicor.
olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.
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Nosso muito obrigado aos
patrocinadores...
e especialmente à VOCÊ!