Revista Abravet Primavera 2021

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REVISTA

BRASILEIRA
de ACUPUNTURA
VETERINÁRIA
Volume 6 Número 3 Edição Primavera setembro/dezembro 2021
● ● ●
Revista eletrônica quadrimestral da Associação Brasileira de Acupuntura Veterinária
Editores
Ayne Murata Hayashi e Maria Luísa Buffo de Cápua
Consultor Científico
Jean Guilherme Fernandes Joaquim
Diagramação
Daniel Barbosa Godoi

PRESIDENTE VICE PRESIDENTE


Huber Aristóteles Nogueira da Gama Filho Ayne Murata Hayashi
[email protected] [email protected]

SECRETÁRIA VICE SECRETÁRIA


Marianne Camargo Dias Laizi Zamboni Braggio
[email protected] [email protected]

TESOUREIRA VICE TESOUREIRA


Carolinne Torres Silva Dias Maria Luisa Buffo de Cápua
[email protected] [email protected]

Diretoria de Marketing
Publicidade • Divulgação • Publicidade • Site e redes sociais:
Cecilia Maria Rodrigues Tavares, Patricia Alessandra Hoffmann Barzotto,
Thieska Ferreira Ramos e Daniel Barbosa Godoi

Diretoria de Cursos e Extensão


Estudantes embaixadores nas faculdades • Cursos ao longo do ano • Organização de
congresso • Relacionamento com os cursos de pós:
Gabriela Becker da Silveira e Rafael Struffaldi De Vuono

Diretoria Científica
Avaliação de trabalhos • Auxílio em pesquisas:
Ayne Murata Hayashi, Maria Luisa Buffo de Cápua e Jean Guilherme Fernandes Joaquim

Capa:
Foto de Elif Ilkel no Pexels
2
Carta ao leitor

Caros Médicos Veterinários Acupunturistas, demais veterinários e colegas,

Esta Edição simbolizando o Movimento Madeira, Primavera, momento de


renovação, movimentação, mudanças bruscas como o fator VENTO.

A Esperança se renovando a cada estação perante aos cuidados de prevenção e


fortalecimento do nosso Qi perante ao Qi Perverso Epidêmico que nos confronta.

Comunicamos que o nosso XI Congresso Brasileiro de Acupuntura Veterinária,


modalidade on-line está chegando ao fim, mas com alegria de termos 149 inscritos e
maravilhados com o alcance de 35 palestrantes nacionais e internacionais, com mais de
4757 exibições do conteúdo e difundindo a nossa maravilhosa Acupuntura e Medicina
Chinesa! Foram submetidos 18 resumos científicos, sendo 4 premiados com vale
compras e Guias de Acupuntura!

Ainda tivemos duas Lives com discussão de temas como a mesa redonda sobre a
Oncologia Integrativa e Medicina Veterinária Integrativa no contexto de profissional
autônomo e de uma estrutura de clinica veterinária; além de sorteio e distribuição de 4
Guias de Acupuntura!

Aos interessados e também já inscritos há o planejamento da III Prova de Título


em Acupuntura Veterinária e realização da Assembleia Geral da Abravet, mais provável
no mês de abril de 2022, na dependência do controle da pandemia COVID-19 e
possibilidade de eventos presenciais! Aguardem novas instruções futuramente.

E nesta edição entrevistamos o Jean Guilherme Joaquim que dispensa


apresentação, por sua linda jornada na Acupuntura Veterinária e mais além, na busca
constante de cura, e conforto quando não há cura total para seus queridos pacientes.

Dicas no ponto a ponto – Você utiliza o ponto VB20 em toda a sua


potencialidade? – venha conferir como e quando usar, principalmente em períodos que
predominam Vento!

Na coluna para ler e seguir, indicação preciosa para quem atua ou ainda estuda
acupuntura, de um livro de Propedêutica Energética do Professor Ysao e Márcia
Yammura e dica de suporte psicológico ao profissional!

Na coluna Ponto Fonte temos uma linda visão da dietética sob a ótica da
Medicina Tradicional Chinesa com Durval Verçosa!

3
Além disso, temos um relato de caso sobre uma afecção de abordagem
multidisciplinar pela MTC em uma cadela idosa com suas fases de dor crônica e crises de
reagudização! Conheça as ferramentas de tratamento pela MTC que foram utilizadas.

Venha participar também na próxima edição! Mande seu relato de caso para
cientí[email protected] e divulgue seus sucessos para que possam inspirar colegas e
beneficiar outros pacientes! Confira as normas para publicação nesta edição!

E por falar em inspiração, fechamos com a Primavera vista por Cecilia Meireles!

Boa leitura e aproveite e seja o próximo a participar da próxima edição!

Ayne Murata Hayashi


Vice-Presidente Abravet
CRMV/SP 6378

PONTO DE ENCONTRO

abravet.com.br
@abravet_oficial
/abravet
4
PRIMAVERA
06 18

Jean Guilherme Fernandes Abordagem Pela Medicina


Joaquim Tradicional Chinesa Em
Cão Com Síndrome
Dolorosa
11

31
Vesícula Biliar 20

12

33

14
Primavera por Cecília
Meireles

Dietética Chinesa em
Medicina Veterinária
Jean
Guilherme
Fernandes
Joaquim
A entrevista desta edição é com o Prof. Dr. Jean Guilherme Fernandes
Joaquim, graduado em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual de São
Paulo, UNESP, em 1999. Mestre em Medicina Veterinária pela Universidade
Estadual de São Paulo UNESP, 2003. Doutor na Universidade Estadual de São
Paulo, UNESP, em Acupuntura e Doenças do Disco (2008). O campo de atuação
inclui acupuntura veterinária e ozonioterapia veterinária. A educação
complementar foi realizada na Universidade de Viena – Áustria, no BEVAS –
Bélgica e no Centro Internacional de Treinamento em Acupuntura de Pequim –
China. Trabalha com pesquisa, palestra e manejo clínico de animais com
problemas neurológicos e outros distúrbios. Ex-presidente da Sociedade
Brasileira de Acupuntura Veterinária (ABRAVET) 2012-2014. Conselho de
Administração do IVAS 2014-2016 e Conselho de Administração da Associação
Mundial de Medicina Veterinária Tradicional Chinesa 2014-2017, Veterinário
do Serviço de Acupuntura da UNESP, trabalhando com células-tronco,
neurologia, reabilitação e controle da dor. Coordenador Científico do Instituto
Bioethicus. Presidente atual da Associação Brasileira de Ozonioterapia
Veterinária.
6
1
Você iniciou a sua trajetória na acupuntura veterinária e MTC
muito jovem, ainda na graduação. O que despertou o seu
interesse pela área?
Meu pai é médico-veterinário também, e sempre usou
homeopatia, em nós (risos) e nos pacientes dele. Assim, eu já
tinha conhecimento sobre algumas técnicas “alternativas” de
tratamento quando entrei na faculdade. Posteriormente, quis
o destino que eu encontrasse o Dr. Eduardo Diniz em
Botucatu, que atuava com acupuntura e homeopatia e o
Prof. Stelio Luna, na Faculdade, com os quais então iniciei
minha jornada em estágio, iniciações científicas, até a
especialização em acupuntura.

2
Quem foram os seus mestres no Brasil e no exterior?
Como mencionei acima, iniciei minha trajetória com o
acompanhamento dos casos do Dr. Eduardo Diniz na
graduação, posteriormente sob orientação do Prof. Stelio
Luna ainda na faculdade em iniciações científicas e cursos.
Posteriormente o Prof. Stelio conseguiu um estágio para mim
na Universidade de Viena, onde tive a oportunidade de
acompanhar o Prof. Andreas Zohmann e o Dr. Oswald
Kothbauer. O Dr Andreas atuava mais com fisioterapia e
terapia neural. Já o Dr. Kothbauer atuou muitos anos com
acupuntura em bovinos. Sendo assim, tinha um bom
arcabouço técnico já em diversas áreas, mas faltava equinos.
Assim, sai da Áustria e fui à Bélgica, onde fiquei na casa e
clínica do Prof. Emiel Van Den Bosch o qual atuava com
equinos e pude então aprender a arte da acupuntura e
exame de equinos. Posteriormente, quando voltei ao Brasil,
tinha conseguido absorver a experiencia de todos estes
mestres em diversas áreas da medicina veterinária. Para
finalizar fui para a China onde tive contato com uma
medicina Chinesa mais tradicional e depois aos EUA para ver
como eles abordavam a fitoterapia. Por fim, os diversos
cursos e congressos com informações atualizadas e de
diferentes colegas ajudaram a moldar um pouco do nosso
conhecimento, que ainda continua em formação, pois o
estudo é infinito...Ars longa, vita brevis.

7
3
Com relação à sua prática com acupuntura em equinos,
quais doenças ou condições têm maior indicação para serem
tratadas com esse tipo de terapêutica? Quais técnicas de
acupuntura você mais utiliza nesses animais?
A acupuntura em equinos é muito utilizada no dia a dia das
enfermidades do aparelho locomotor e osteomuscular, tanto
para diagnóstico, quanto tratamento, sendo o uso de agulhas
hipodérmicas ou chinesas, as técnicas mais utilizadas – dry
needle acupuncture. Associadas às agulhas, o LASER, a
moxabustão e a eletroacupuntura também são técnicas
relativamente simples e empregadas de forma cotidiana.
Entretanto, casos complexos de equinos, quando em
ambiente hospitalar também podem se beneficiar da
acupuntura, como enfermidades neurológicas, lesões de
nervos periféricos, alterações de sistema digestório, atonias,
paralisias, etc. As técnicas e indicações são amplas, mas
dependem muito se o profissional atua à campo, em eventos
esportivos ou junto a hospitais onde poderá atender casos
de maior complexidade, lançando mão de técnicas de manejo
e reabilitação mais completas.

4
A sua área de atuação inclui a terapia celular, com a
aplicação de células tronco mesenquimais alogênicas. É
possível associar essa técnica com a acupuntura? Existem
benefícios ou alguma sinergia entre elas?
A medicina do futuro se chama medicina integrativa, pois
integrar é preciso. Desta forma, casos por exemplo de
cinomose, que tem boa resolução com acupuntura de forma
isolada, muitas vezes podem precisar de um apoio
terapêutico, o qual pode ser conseguido com o uso de
células tronco. As células-tronco não substituem em um caso
de cinomose ou doenças medulares – mielopatias por
trauma, disco, etc – o uso da acupuntura, pois a reabilitação
é fundamental, principalmente em enfermidades do sistema
nervoso. Entretanto, a terapia com células tronco pode
auxiliar na melhora do ambiente da lesão, diminuindo a
inflamação, promovendo liberação de fatores regenerativos
e de crescimento, de forma que os efeitos da acupuntura
sejam potencializados. De forma objetiva, a acupuntura
caminha de mãos dadas com a terapia celular, tanto em
enfermidades do sistema nervoso quanto enfermidades de 8
e de crescimento, de forma que os efeitos da acupuntura
sejam potencializados. De forma objetiva, a acupuntura
caminha de mãos dadas com a terapia celular, tanto em
enfermidades do sistema nervoso quanto enfermidades de
medicina interna. Todavia ainda é cedo para avaliarmos o uso
de células tronco em pontos de acupuntura como forma de
potencializar o tratamento, como ocorre com ozônio, embora
estejamos caminhando para isso.

"o estudo é
infinito...Ars
longa, vita
brevis."

5
Atualmente, muitos médicos veterinários acupunturistas
também praticam diversas outras técnicas terapêuticas,
como a dietoterapia, Ozonioterapia, homeopatia, terapia
neural, entre outras. Diferentemente de uma década atrás,
por exemplo, quando era muito mais comum o profissional
que praticasse “apenas” medicina chinesa. Como você
enxerga esse cenário? Seria uma tendência natural esse
profissional multifacetado?
Acho que universo conspira a favor dos que trabalham e
tudo vem a seu tempo. No início foi preciso de usássemos as
técnicas de forma isolada a fim de comprovarmos seus
efeitos. Isso ocorreu com a acupuntura, homeopatia,
ozonioterapia, laserterapia, terapia com células tronco, etc. O
uso isolado de cada técnica nos deu o conhecimento
científico e porque não dizer a fé de que estas técnicas
realmente tinham efeitos terapêuticos. Passada essa fase de
consolidação das técnicas, reconhecimento junto aos órgãos
de classe, aprendizado sobre seus usos e indicações, temos
um novo cenário onde a integração é o mais adequado pois
todas estas técnicas, são, entre si, complementares, ou seja,
cada uma atua as vezes no ponto fraco da outra, de forma
que o beneficiado de tudo isso seja o paciente e porque não9
o médico veterinário também, pois encontra as vezes uma
um novo cenário onde a integração é o mais adequado pois
todas estas técnicas, são, entre si, complementares, ou seja,
cada uma atua as vezes no ponto fraco da outra, de forma
que o beneficiado de tudo isso seja o paciente e porque não
o médico veterinário também, pois encontra as vezes uma
maior facilidade em aplicar distintas técnicas terapêuticas em
pacientes com quadros graves e complexos.

6
Qual ou quais ou seus conselhos para veterinários que
estejam ingressando na área da acupuntura veterinária?
De todos os cursos, técnicas, eventos que participei na vida,
e não foram poucos (risos), nunca vi ninguém se arrepender
de estudar acupuntura. Em geral, é um caminho de
crescimento profissional e pessoal, sem volta. Confiem nas
vibrações que vocês sentem, energia nunca mente. Associem
a acupuntura a outra especialização, como clínica geral,
neurologia, fisioterapia etc. Isso trará diferencial e mais valia
ao seu serviço. Por fim, a frase que sempre digo no início de
cada curso: As duas ferramentas do acupunturista são a
agulha e o coração. Colocar agulha sem paixão e desejo de
ajudar não adianta, assim como ter fé, paixão e amor sem o
devido conhecimento técnico, tampouco ajudará. Estudem e
tenham boa intenção.

"As duas
ferramentas do
acupunturista
são a agulha e o
coração."

10
Vesícula Biliar 20

VB20
Feng-chi
“Lagoa do Vento”

Localização:
Cão - em uma depressão na face
craniodorsal do pescoço, caudal e
lateral à protuberância do occipital.

Equino - na grande depressão caudal


ao côndilo do occipital.

Funções:
Elimina vento interno e externo,
vento frio e vento calor. Ponto de
intersecção dos canais do Triplo
Aquecedor e Yang Wei Mai com o
canal da Vesícula biliar

Indicações:
Rigidez e dor cervical, cefaleia,
epistaxe, congestão/secreção nasal,
epilepsia, afecções cerebrais,
oftálmicas e auditivas

Referência:
IVAS – CANINE ACUPUNCTURE POINTS, 2017.
IVAS – EQUINE ACUPUNCTURE POINTS, 2017.
LADE, Arnie. Acupuncture Points. Imagens and Functions. Sixth Printing, 1996.
XIE & PREAST. Acupuntura Veterinária XIE. Editora MedVet, 2011.

https://www.imaios.com/en/vet-Anatomy 11
Confira a seleção de um livro e um perfil no Instagram que valem a sua
atenção. Indicações nesta edição pelo colega Daniel Barbosa Godoi, Médico
Veterinária Acupunturista.

A Ekôa Vet é uma Associação


Brasileira em prol da Saúde Mental
na Medicina Veterinária e aborda
temas sobre o universo da Medicina
Veterinária em um trabalho
interdisciplinar com a Psicologia.
Oferece acolhimento aos estudantes
e profissionais auxiliando-os para
que tenham uma rotina de trabalho
menos estressante, priorizando sua
saúde física e mental.

https://www.instagram.com/ekoavet

A finalidade deste livro é procurar analisar sob a luz


da medicina energética qual o significado de
sintomas e de sinais clínicos que se manifestam no
Homem e, a partir deste conhecimento,
compreender o mecanismo energético do processo
de adoecimento para, então, procurar, com o
tratamento adequado, abortar a evolução da
desarmonia energética que pode evoluir para um
processo disfuncional e, posteriormente, ao
aparecimento de doença propriamente dita, como
câncer, AVC, hipertensão arterial, etc.

Editora: Center AO; 1ª edição (1 janeiro 2010)


Idioma: Português
Capa dura: 696 páginas
Dimensões: 24.6 x 17.6 x 3.2 cm
Autor: Ysao Yamamura e Márcia Yamamura

12
Nosso muito obrigado aos
palestrantes...

e especialmente à VOCÊ!

Nos encontramos no próximo Congresso!


Ponto fonte Yuan recebe o Qi original da essência do rim. Serve tanto como reservatório quanto um local de
distribuição do Qi original Yuan. Neste sentido, esta coluna servirá de reservatório e distribuição de conhecimento
para os associados e leitores da revista!

Dietoterapia Chinesa em Medicina


Veterinária
por Durval Verçosa Junior

A dietoterapia é parte fundamental da Medicina Interna Chinesa composta


pela Dietoterapia Chinesa, Farmacologia Chinesa e Acupuntura. A dietoterapia é
utilizada, na China, como uma das primeiras formas de realizar tratamentos, assim
como uma forma de prevenção de doenças e manutenção de saúde. Acredita-se que
deriva da Medicina Dietética, cujos primeiros relatos escritos datam de cerca de 11.000
anos. É muito importante observarmos as diferenças entre a nutrição ocidental e a
dietética na visão da Medicina Tradicional Chinesa (MTC).

14
Na visão nutricional ocidental, potencialmente moduladoras de
avaliamos um alimento pelos seus teores imunogrolulinas.
de proteínas, carboidratos, lipídeos, assim
Na visão da MTC, os cogumelos
como pela presença de micronutrientes,
nutrem a energia Yin do Rim, auxiliando a
como as diferentes vitaminas e minerais.
diminuição da fleuma e a tonificação
Através destas avaliações, podemos
desta energia renal, que é responsável
elaborar cardápios nutricionalmente
por dissolver as massas formadas no
balanceados, de acordo com as
organismo. Desta forma, são utilizados
necessidades dos animais, respeitando as
para quadros de Fleuma Calor e
diferenças entre as espécies, as diferentes
formações de massas e nódulos, que são
idades e a presença de possíveis
algumas das síndromes que podem estar
patologias, assim como as restrições
envolvidas na formação de tumores.
alimentares ou prevenção de doenças.
Devemos avaliar um alimento
Já na dietoterapia, segundo a
segundo a MTC sobre várias óticas:
MTC, pensamos em um alimento de
acordo com suas propriedades 1 – Relação Yin e Yang: Todo
energéticas (descritas a seguir). Utilizamos alimento tem propriedades Yin e Yang,
tais alimentos, em tempo e quantidades quando em comparação com outro
adequadas, para prevenir e tratar alimento.
determinadas síndromes e para a
manutenção da saúde. Para isso, 2 – Natureza térmica dos
trabalhamos com a harmonização alimentos: Está relacionada com a
alimentar, segundo as avaliações dos oito sensação que este alimento causa a quem
princípios e dos cinco elementos ou níveis o ingere. Esta sensação pode ser
de energia, de acordo com a forma de classificada em cinco diferentes categorias
avaliação que o terapeuta observa seu (fria; refrescante; neutra; morna ou
paciente. quente).

Na nutrição ocidental, também 3 – As direções: Os alimentos


pensamos nos alimentos, segundo a podem tomar diferentes direções no
existência de determinadas substâncias organismo após ingeridos (para cima;
que tem potencial terapêutico. A estes para baixo; para o centro; para fora ou
alimentos damos o nome de alimentos serem obstrutivos ou lubrificantes).
funcionais, que são utilizados no
tratamento ou prevenção do
aparecimento de doenças. Na MTC, os
alimentos são utilizados como potenciais
tonificadores, dissipadores ou
harmonizadores de órgãos e vísceras. Eles
podem ser utilizados para tratar
diferentes desarmonias, que porventura
venham causar o aparecimento de
síndromes.
Um bom exemplo para se pensar
nesta diferença entre dietoterapia na MTC
e nutrição ocidental, são alguns
cogumelos, como os do gênero Agaricus
que possuem grandes quantidades de 1-
3 e 1-6 betaglucas, substâncias

15
4 – Os sabores: Cada sabor tem a estudo.
atividade sobre um dos cinco elementos,
7 – Semelhante trata semelhante
segundo a MTC, podendo aquecer,
e formato do alimento: Uma das regras
refrescar, tonificar ou dissipar a energia
básicas da dietoterapia segundo a MTC é
do órgão e da víscera correspondente a
que semelhante trata semelhante, ou seja,
este elemento. Os sabores doces estão
um indivíduo com deficiência renal pode
relacionados ao elemento terra, desta
ser tratado ingerindo rim, ou mesmo
forma, exercem influência sobre o Baço
alimentos com formato de rim, como
/Pâncreas e o Estômago. O elemento
camarão, castanha de caju ou feijões
Metal, cujo órgão correspondente é o
pequenos. Isso vale para todos os outros
Pulmão e a víscera o Intestino Grosso, é
órgãos e vísceras.
influenciado pelos sabores picantes. O
Rim e a Bexiga, relacionados ao elemento Além disso, devemos ressaltar a
Água, são influenciados pelos sabores fundamental importância dos alimentos
naturalmente salgados. Os sabores ácido na formação da Energia (Qi), do Sangue
e azedo exercem influência sobre o (Xue) e dos Líquidos Orgânicos (Jin Ye) e
elemento Madeira, ligado ao Fígado e à a preservação da Energia Ancestral (Jing),
Vesícula Biliar. E, finalmente, os sabores segundo a MTC.
amargos influenciam o elemento Fogo,
exercendo atividade sobre o Coração, O bom funcionamento do
Intestino Delgado, Pericárdio e Triplo Estômago e do Baço/Pâncreas deve
Aquecedor. sempre ser avaliado quando falamos
sobre Dietoterapia na MTC. É função do
5 – As cores: Da mesma forma Estômago degradar o alimento. Esta
que os sabores, as cores exercem víscera trabalha melhor em ambientes
atividade sobre os elementos, seus órgãos mornos e úmidos, desta forma, alimentos
e vísceras. Os alimentos de colorações secos ou de natureza energética
amareladas trabalham o elemento Terra; excessivamente fria ou quente, podem
os esbranquiçados o elemento Metal; os prejudicar suas atividades. Já o
pretos o elemento Água; os verdes o Baço/Pâncreas capta o alimento
elemento Madeira e os vermelhos o degradado pelo Estômago, transforma
elemento Fogo. em Gu Qi (Energia do Alimento) e
transporta esta energia em direção ao
6 – A afinidade pelos meridianos:
Aquecedor Superior (tórax), onde é
Ainda podemos falar que, os alimentos
integrada com a Energia do Ar (captada
possuem afinidades por um ou mais de
pelo Pulmão). O Baço/Pâncreas trabalha
um dos 12 meridianos de energia
melhor em ambientes mornos e úmidos,
descritos na MTC, auxiliando no bom
porém com baixa viscosidade. Alimentos
funcionamento destes, assim como em
de natureza térmica excessivamente
seu livre fluxo de energia. Esta
quente, fria, ou muito viscosos, também
propriedade é intrínseca a cada alimento
podem dificultar a ação deste órgão.
e normalmente vem descrita em seu

16
A qualidade da energia do Bibliografia utilizada e
alimento exerce grande influência na recomendada
manutenção da Energia Ancestral (Jing),
. ARANTES, ANDREA MACIEL.
apesar de uma não estar diretamente
Dietoterapia Chinesa: Nutrição Para
relacionada esta. Quando o Rim recebe
Corpo, Mente E Espírito. Rio De Janeiro
do Pulmão o resultante da junção da
Energia do Ar com a Energia dos . CURVO, JOAO. A Dieta Do Yin E
Alimentos, ele aquece esta substância Do Yang Para Gordos, Magros E Instáveis.
com sua porção Yang. Quando a energia Rio De Janeiro: Rocco, 1998.
recebida pelo Rim possui baixa qualidade
(por deficiência de qualidade alimentar ou . FAHRNOW, ILSE MARIA. Os
respiratória, por exemplo), o Rim pode Cinco Elementos Na Alimentação
doar pequenas porções da Energia Equilibrada. São Paulo: Ágora, 2003.
Ancestral, na tentativa de melhorar a . HIRSCH, SONIA. Manual Do
qualidade de formação do Qi. Se tal fator HeróiOu A Filosofia Chinesa Na Cozinha.
se mantem por muito tempo, podemos Rio De Janeiro / RJ: Correcotia.
ter comprometimento no Jing e,
consequentemente, na longevidade do . KASTNER, JOERG. Chinese
paciente. Nutrition Therapy: Dietetics in Traditional
Chinese Medicine.
O Yang do Rim fornece
aquecimento ao Estômago e ao . LOBO JUNIOR, JOSÉ EDUARDO
Baço/Pâncreas, para que estes exerçam SILVA. Dietética Chinesa Na Prática Clínica
suas funções de degradação, Para O Cão. São Paulo: Nelpa, 2015.
transformação e transporte. Lembrando . LU, HENRY C. Alimentos
que esta energia pode diminuir com a Chineses Para Longevidade: A Arte Da
idade, precisamos considerar que, em Longa Vida. São Paulo: Roca, 1997.
alguns indivíduos idosos, pode ocorrer
dificuldade de degradação do alimento. . LU, HENRY C. Sistema Chinês De
Sendo assim, com o envelhecimento, Curas Alimentares: Prevenção &
precisamos avaliar a natureza energética Remédios. São Paulo: Roca, 1997.
do alimento e a forma de apresentação
. MARQUES, WILSON MARINO.
destes, evitando alimentos crus ou de
Dietoterapia Na Medicina Tradicional
natureza energética fria em excesso.
Chinesa: Uma Abordagem Energética Dos
A Dietética segundo a MTC é Alimentos. São Paulo: All Print Editora,
uma forma eficiente de tratamento e 2015.
prevenção de doenças. Sempre que
. PERINI. MAURO. Terapia
possível deve ser utilizada no tratamento
Dietética Chinesa. São Paulo / SP: Loyola,
integral na medicina veterinária, levando
2003. SHU-LI, WANG & STIMSON, CARL.
em consideração o indivíduo em suas
Obesidade E Saúde Na Medicina Chinesa.
diferentes fases de vida, suas condições
São Paulo: Brasil Oriente, 2011.
fisiológicas e a existência de síndromes
para a adequada prescrição.
Embora a literatura geral sobre a
Dietética na MTC seja bastante vasta, ela
ainda é pequena quando pensamos
especificamente na veterinária, tornando-
se necessário o investimento em mais
estudos e pesquisas voltadas para esta
área.
17
ABORDAGEM PELA MEDICINA TRADICIONAL CHINESA EM
CÃO COM SÍNDROME DOLOROSA
Tânia Takezawa Makiyama Kawahara1*; Ayne Murata Hayashi2
1 Pós-graduanda, Acupuntura Veterinária; Relato de caso apresentado como trabalho de conclusão de
curso de pós-graduação em Acupuntura Veterinária - FAMESP-SP, 2 FMVZ/USP
*[email protected]

RESUMO

Pela Medicina Tradicional Chinesa (MTC), a dor é interpretada como uma


síndrome de obstrução ou Bi. A Síndrome Bi é obstrução de Qi e Xue que pode
ocorrer em várias camadas do corpo, principalmente exterior ou externa, que leva
à dificuldade de locomoção e podendo chegar à deformação de estruturas
ósseas. O objetivo do presente relato é fazer uma breve revisão dos conceitos de
Síndrome Bi e descrever o tratamento com acupuntura e fitoterapia chinesa de
uma cadela da raça Pastor Alemão que apresentava dificuldade de locomoção,
principalmente no início do movimento após um período de tempo em repouso,
bem como para se colocar na posição deitada. Imagens radiográficas sugestivas
de doença disco intervertebral degenerativa crônica. Pelo padrão racial e
fraqueza em membros pélvicos e evolução clínica, deve-se realizar o diagnóstico
diferencial com mielopatia degenerativa pela medicina ocidental. O sucesso do
tratamento pela MTC sugere o benefício desta modalidade de tratamento em
cães de grande porte com distúrbios locomotores.

Palavras-chaves: Cães; acupuntura, fitoterapia chinesa, Síndrome Bi

INTRODUÇÃO

A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) é uma forma de abordagem clínica


que envolve o paciente como um todo e sua relação com o meio ambiente,
alimentação e hábitos de vida e de moradia. Dentre os recursos terapêuticos da
MTC estão a acupuntura e a fitoterapia .

A acupuntura é uma técnica milenar consistente na inserção de agulhas


e/ou transferência de calor em áreas definidas da pele e tecidos subjacentes,
denominadas acupontos2. Pode-se dizer que a acupuntura se fundamenta na 18
denominadas acupontos2. Pode-se dizer que a acupuntura se fundamenta na
estimulação sensorial ou estímulo neural periférico, que provoca liberação de
neuropeptídeos locais e à distância, devido ao envolvimento do sistema nervoso
central e periférico3.

Pela MTC, a dor é interpretada como uma síndrome de obstrução ou Bi,


também denominada de Síndrome de Obstrução Dolorosa . Refere-se à dor, à
sensibilidade, à rigidez e ao bloqueio de circulação de Qi e/ou de Xue,
ocasionado por invasão de fatores patogênicos exteriores: vento, frio, umidade
ou calor na pele, nos músculos, nos vasos sanguíneos, nos tendões, nos ossos ou
nas articulações, o que leva à dificuldade na movimentação e até mesmo à
deformidade dessas estruturas . É sempre importante lembrar que a invasão do
patógeno externo vai ocorrer se o Xie Qi (patógeno) for muito forte e vencer o
Wei Qi (Energia ou Qi defensivo) e/ou se o Wei Qi estiver deficiente e não for
capaz de impedir a invasão do Xie Qi.

O tratamento do animal que apresenta Síndrome Bi pode ser feito de


maneira mais eficaz com a combinação de acupuntura, medicina herbal
(fitoterapia chinesa), dietoterapia segundo a Medicina Tradicional Chinesa e
terapias como massagem e exercícios terapêuticos.

Por sua vez, pela visão ocidental, a mielopatia degenerativa em cães é uma
doença neurodegenerativa lentamente progressiva que afeta a medula espinal de
algumas raças caninas, não dolorosa, que causa ataxia proprioceptiva progressiva
paraparesia e paraplegia, podendo evoluir para tetraparesia. Acomete
principalmente cães de grande porte, como Pastor Alemão, Rottweiller e Boxer,
em idade entre 5 e 14 anos. É uma doença de origem desconhecida, mas
acredita-se que tenha origem genética. Caracteriza-se por dificuldade
progressiva de locomoção dos membros pélvicos, com progressão para paralisia
que pode alcançar os membros torácicos e até mesmo paralisia dos músculos
intercostais e diafragma. É necessário o diagnóstico diferencial com doença do
disco intervertebral, cauda equina e displasia coxofemoral, mas o diagnóstico
definitivo só é possível com o laudo histopatológico da medula após o
falecimento do animal, sendo que não há tratamento específico6.

O presente relato tem como objetivo demonstrar a possibilidade de


controle da dor em uma cadela idosa com a associação de acupuntura e
fitoterapia chinesa.

RELATO DE CASO

Uma cadela castrada, Pastor Alemão, 13 anos, 27kg apresentou


claudicação, principalmente em membro posterior direito e dificuldade para
deitar-se há cerca de uma semana, considerada como fraqueza nos membros
19
deitar-se há cerca de uma semana, considerada como fraqueza nos membros
pélvicos, com piora do quadro nos dias mais frios. Alterações dermatológicas
com descamação cutânea e prurido.

Animal dorme sobre colchonete (com cobertor sobre o colchonete nos dias
frios), em piso de madeira, dentro de casa, com acesso ao quintal com piso frio
durante o dia.

Ocidentalmente, com relação às alterações dermatológicas, foi


diagnosticada com dermatite atópica “like” possivelmente associada à
hipersensibilidade alimentar. Realizado teste sorológico: sem presença de reação
de IgE. Medicada com Cortavance® spray nas crises com prurido, Otomax® SID
(também durante as crises), banhos com Hexadene® a cada 7 dias e tópico SID,
Allerderm® a cada 7 dias, Apoquel® 16 mg 1 comprimido SID, Dieta
hipoalergênica e Coleira Scalibur®. Não tinha contactantes.

Pelo diagnóstico da Medicina Veterinária Tradicional Chinesa (MVTC) foram


considerados os seguintes aspectos: Personalidade madeira/água, Shen normal,
Língua pálida, Pulso profundo e rápido, preferência de ambiente neutro, sono
com preferência por superfície macia, polidipsia/ normodipsia, poliúria/ normúria,
fezes normais, comportamento agressivo/ medroso e dor lombar. Temperatura
corpórea normal.

Foram realizados exames complementares com resultados dentro dos


padrões de normalidade Hemograma, Função Renal e Hepática, dosagem de: T3,
T4 e TSH. O exame de ecodopplercardiograma indicou grau discreto de
insuficiência Mitral, Tricúspide e Aórtica. A radiografia da coluna vertebral
apontou: osteófito ventral com formação de ponte óssea em T13-L1, L1-L2, L2-4,
L3-4, L4-5, L5-6 e L6-7. Diminuição do espaço intervertebral de T12-13 e T13-
L1. (Figura 1)

Figura 1 - Imagem radiográfica demonstrando sinais de discopatia intervertebral


crônica tóraco-lombar e lombar.
20
Dos dados obtidos considerou-se que apresentava uma Síndrome Bi por
deficiência de Rim, pois abrange a área lombar, além de provável deficiência de
Qi e Xue, que permitiram a invasão, associada a vento-calor representado pelo
prurido. O diagnóstico final da MVTC, pelas lesões radiográficas, com a presença
de ostéofitos em vários segmentos, foi de Síndrome Bi por frio/umidade com
evolução para Síndrome Bi óssea.

O tratamento consistiu em sessões de eletroacupuntura (frequência 3/ 100


Hz – 15 segundos), semanais no início e quinzenais com a melhora do quadro
locomotor, e prescrição de fórmula magistral chinesa, sendo as seguintes doses,
em média: Qi Bao Mei Ran Wan (4 pílulas bid, Taimin®), Zheng Gu Zi Jin Dan (1
cápsula bid, Evergreen®), Juan Bi Tang (2 cápsulas tid, Evergreen®), Rhizoma
Corydalidis - 1 cápsula bid, de acordo com a avaliação (Tabela1).

Tabela 1 – Descrição do protocolo de tratamento com acupuntura e fitoterapia


chinesa do cão com síndrome dolorosa e evolução clínica conforme os dias de
tratamento.

Dias de
Observações Agulha seca Eletroacupuntura Medicina Herbal
tratamento
claudicação,
principalmente em
membro posterior
VG 20, SHEN SHU, B 40, B 23 – B 25; BH – VB 30 Qi Bao Mei Ran
1 direito e dificuldade
ID3, B62 direito, R 3- E 36 Wan
para se deitar há
cerca de uma
semana
Sem melhora VG 20, SHEN SHU, B 40, VG 14 – BH, B 23 -B 25, R 3/ Qi Bao Mei Ran
7
significativa B 11, VB 21 B60 - E 36 Wan
Qi Bao Mei Ran
VG 14 – BH, B 23 -B 25,
Ligeira melhora VG 20, B 11, R 3/ B 60, E Wan + Zheng Gu Zi
14 SHEN SHU – VB30
para se deitar 36 d, IG 11 d Jin Dan

ID 3, B 62, B 11, SHEN


SHU, B 40, R3/ B 60 (fio
VG 14 – BH, B 20 – B 23,
Ligeira melhora na de Manaka – fio preto no SHEN SHU – VB 30 Qi Bao Mei Ran
21 VG 14 e vermelho no
locomoção Wan
SHEN SHU)

Melhora na VG 14 – BH, VB 30 – SHEN


VB20, B 11, B 18, R3/ B SHU, B 20 – B 23 Qi Bao Mei Ran
28 locomoção e para
60, F 3, E 36 Wan
se deitar
VB20, B 11, B 18, R3/ B
Melhora na
60, F 3, E 36 VG 14 – BH, VG 14 – BH; B 20 -B 23, VB Qi Bao Mei Ran
35 locomoção e para
VB 30 – SHEN SHU, B 20 30 – SHEN SHU Wan
se deitar
– B 23
Melhora na VB 30, B 23, VB ?? VG 14 – BH, B 18 – B 23, IG Qi Bao Mei Ran
49
locomoção 11 d, SHEN SHU – VB 30 Wan
21
Tabela 1 (cont.) – Descrição do protocolo de tratamento com acupuntura e
fitoterapia chinesa do cão com síndrome dolorosa e evolução clínica conforme os
dias de tratamento.

Dias de
Observações Agulha seca Eletroacupuntura Medicina Herbal
tratamento
Melhora na VB 30, B 23, VB ?? VG 14 – BH, B 18 – B 23, IG Qi Bao Mei Ran
49
locomoção 11 d, SHEN SHU – VB 30 Wan
B 11e, VB 21, B 18, R3/ B
Melhora na 60, F3d, E 36d : VG 14 – BH, B 11d – IG Qi Bao Mei Ran
56
locomoção 11d, VB 30 – SHEN SHU Wan

Melhora na
locomoção, com VB 21, B20, VB 21e, E 36 VG 14 – BH, B 18 – B 23, Qi Bao Mei Ran
70
sensibilidade SHEN SHU, IG 11d – B 11 d Wan, Juan Bi Tang
cervical
melhora na
locomoção, fezes Qi Bao Mei Ran
melhores com Juan Wan, Juan Bi Tang
Bi Tang tid B 11, B 20, R3/ B 60, VB VG 14 – BH, B 23- B 25,
84 até acabar o frasco
21d SHEN SHU – VG 2
fezes melhores ou + Rhizoma
dor cervical Corydalidis
melhor?
Claudicação de MTE
logo após se VG 14 – BH, B18 -B25; VB
VB 21, B 23, E36d, R3/
98 levantar 30d – SHEN SHUd, SHEN
B60d
SHUe – VG2; B 11e – IG 11e

Quadro estável, VG 14 – BH, B 11 – VB 21,


IG 11d, Cinturão Renal E
mas caindo ao se VB 30 - SHEN SHU, B 20 –
112 36d, R3/ B60
levantar B23

piora há alguns
dias. Sensibilidade Zhen Gu Zi Jin Dan
126 VB 21, B 11, B 23, E 36 VG 14 – BH, B 20 – B25
na região
lombossacra
Melhora na Zhen Gu Zi Jin Dan
B 11, B 20, IG 11d. F 3d, VG 14 – BH, B 23 – B25,
140 locomoção e ao se
E 36d, TA 15 SHEN SHU – VB 30
deitar

Tabela 2 – Descrição e localização dos principais pontos de acupuntura usados no


tratamento do paciente com síndrome dolorosa3,5 MP – Membros posteriores, BP –
Baço-Pâncreas, R - Rim, E- Estômago, VB - Vesícula Biliar, F- Fígado

Ponto Função Energética Indicações


Paralisias/parestesias dos MPs; displasia coxofemoral,
remover obstruções e revigorar a circulação do
ciatalgia, artrite/artrose coxofemoral, hemiplegia, dor
VB 30 Qi no Canal, eliminar Frio e Vento e dispersar
coxal, joelhos e canela. Fortalecer a lombar e as
Umidade
extremidades inferiores, relaxar tendões e músculos.
fortalece BP (ascendência), apazigua Fogo do F, imunoestimulação, deficiência de yang e colapso,
VG 20
Yang ascendente F, dispersa Vento exaustão do sangue.
22
Tabela 2 – Descrição e localização dos principais pontos de acupuntura usados no
tratamento do paciente com síndrome dolorosa3,5

Ponto Função Energética Indicações


SHEN SHU tonifica Qi R e Yin R insuficiência renal, dor tóraco-lombar
Beneficia o E na descendência e beneficia BP
E 36 afecções no joelho, paralisia do nervo tibial e fibular.
na transformação e no transporte. Tonifica o
Imunomodulação. letargia
Qi.
Ponto Fonte do R, beneficia a função do R em
R3 dominar o metabolismo da água, fortalece a dor lombar, ponto local do calcanhar.
lombar, esfria o Calor.
ponto local, paraplegia ou paraparesia, dor
VG2 tonifica rim, ativa Qi e Xue, alivia dor
lombossacra, deficiência de Yang.
Tonifica Yin R, cérebro, osso e medula, lombar,
B 23 Afecções lombossacra
joelho, via das águas, orelha.
Afecções ao longo canal – membro torácico
B 25 fortalece a região dorsal inferior.
contralateral, pescoço, face, boca e lombar.
dor cervical-lombar-membro posterior, fraqueza
relaxa ligamento, elimina Vento interior,
B 62 membro posterior e paraplegia.
elimina obstrução do canal, beneficia cabeça

Ponto Riacho- Shu (madeira), Ponto Mãe


Dor cervical/ ombro/ toracolombar, comumente
(tonificação), Ponto de abertura do Du Mai
associado ao B62 para tratar todo o pescoço e as
ID3 (VG). Expele o Vento interior de Du Mai e o
costas e problemas no membro anterior ao longo do
Vento exterior dos canais do intestino delgado,
canal
beneficia os tendões
Ponto MESTRE da coluna caudal e do quadril;
ponto terra e mar; clareia Calor, resolve
B 40 afecções coluna caudal, quadril e joelho, paraplegia
Umidade, esfria sangue, remove obstruções
canal, elimina estase de sangue
afecções cervical e lombar/caudal, qualquer afecção
VG 14 dispersa Vento e Calor, tonifica o Yin
membro torácico, dermatite, imunodeficiência
Aumenta o Qi, elimina o vento patogênico, afecções ósseas, de região cervical, de ombro, de
B 11
nutre o Sangue, alivia os tendões e tira a dor membros torácicos, pulmonares
Regula o Qi, ativa o canal, relaxa tendões e
VB 21 Afecções de região cervical e de ombro
alivia dor (ombro e pescoço)
Beneficia função baço-pâncreas (transformar e
B 20 Afecções ao longo canal (face medial joelho)
transportar e elevar o Qi), dispersar Umidade

23
Tabela 2 (cont.) – Descrição e localização dos principais pontos de acupuntura
usados no tratamento do paciente com síndrome dolorosa3,5
Ponto Função Energética Indicações
Ponto Mar (Terra) - ponto mãe tonificação para
Vento-Calor, paresia/paralisia de membros torácicos,
padrões de deficiência, dissipa o vento e o
dor no cotovelo, estimulação imunológica, prurido,
IG 11 calor em qualquer parte do corpo, esfria o
urticária, dermatite seca e úmida, dor no membro
sangue, regula o Qi e o sangue, resolve a
anterior, inflamação e rigidez, especialmente no
Umidade, beneficia os tendões e as
cotovelo e no ombro, paralisia do nervo radial
articulações.
expele Vento, clareia Calor, remove obstruções
B 60 do canal, relaxa tendões, fortalece coluna
discopatia, dor cervical e tóraco-lombar, calcanhar
caudal e calcanhar, alivia inchaço e dor pelo
corpo.
Beneficia função o fígado em manter fluxo de
B18 Qi, dispersa e transforma Calor e Umidade do Afecções tendão/músculos
F.
Harmoniza e tonifica o Qi do F e o Xue.
Harmoniza o Qi e Qi da VB. Redireciona o Qi
em tumulto contracorrente. Dispersa a
Umidade-Calor. Faz a limpeza do fogo do
Fígado e do Calor. Refresca o Xue. Relaxa os
F3 paresia ou paralisia de membros pélvicos, condições
tendões e os músculos. Circula o sangue do
dolorosas em geral. Yang hiperativo do F
GAN e restaura deficiências do Xue. É o
potente ponto “movedor” do Qi, intensificado
quando combinado com IG4. Pode ser usado
diretamente para tonificar Sangue e Yin do F
(ponto fonte do F)
Ponto He – Mar do meridiano do Dan e ponto
de influência dos tendões e dos músculos. Desordens do F, da VB e dos MPs. Desordens

Promove a circulação do Qi do F e VB. Dispersa musculares e tendíneas, miopatias, patologias do


VB 34
o Calor e Umidade do fígado e vesícula biliar. joelho, paraplegias e paraparesias.

Dispersa Vento e Umidade-Calor das


articulações do membro inferior
Dispersa Vento interno e externo. Dispersa
VB 20 Afecções cervicais
Vento – Calor e Vento – Frio
dor no membro torácico e no ombro, entorpecimento
remove obstruções do canal. Abre o tórax e e sensação de peso no membro torácico). Este ponto
TA 15
regula o Qi. Clareia o Calor está quase sempre sensível em casos de dor e rigidez
nos ombros
24
Foram prescritas as fórmulas magistrais chinesas QI BAO MEI ZAN DAN (4
pílulas bid), JUAN BI TANG (2 cápsulas bid) e ZHEN GU ZI JIN TANG (1 cápsula
bid) que serão descritas a seguir. Além disso, também foi utilizada no tratamento
a erva isolada Rhizoma Corydalis (1 cápsula bid, 1 frasco).

Qi Bai Mei Zan Dan (Tabela 3) é a principal fórmula para revigorar a


essência vital, tonificar o Yin do Rim e do Fígado. Nutre o Xue. Fortalece os ossos
e a medula11. Previne o envelhecimento precoce e embranquecimento dos
cabelos. Pode ser utilizada para tratamento de fraqueza lombar e nos joelhos,
atrofia nos membros torácicos e pélvicos8.

Tabela 3 - Composição da fórmula magistral chinesa Qi Bao Mei Zan Dan8

Nome chinês Nome científico


Shou Wu Radix Polygoni Multiflori
Niu Xi Radix Achyranthis Bidentatae
Bu Gu Zhi Semen Psoraleae
Fu Shen Sclerotium Poria Cocos
Tu Si Zi Semen Cuscutae
Dang Gui Radix Angelicae Sinensis
Gou Qi Zi Fructus Lycii

A fórmula Zhen Gu Zi Jin Tang (Tabela 4) contém várias ervas que ativam o
sangue e combatem a estagnação do Xue. Esta fórmula revigora o sangue e trata
as lesões traumáticas. Promove a neovascularização, ativa a circulação, elimina a
estase sanguínea, acelera o processo de cicatrização e aumenta a sua resistência.
Sendo assim, promove alívio da inflamação pela ativação da circulação e pelo
aumento do suprimento de Qi e de Xue. Além disso, promove o aumento do Qi
o que restabelece a integridade tecidual e facilita a reconstrução tecidual. Por sua
atuação na aceleração da cicatrização, possui indicações clínicas nos distúrbios de
consolidação óssea, distúrbios de cicatrização cutânea, pós-operatório em geral,
auxiliando na reorganização das fibras colágenas e reabilitação funcional da
região, traumas osteomusculares e dores crônicas8.

A fórmula Juan Bi Tang (tabela 5) nutre o Qi e o Sangue. Ativa o fluxo de


sangue, dispersa o vento, elimina a umidade, favorece o fluxo de Luo e elimina a
dor. É indicada para tratamento de deficiência do Sistema de nutrição e defesa,
Síndrome Bi por Vento-Frio-Umidade na região dos ombros e membros
superiores. É usada no tratamento de distúrbios osteomusculares, artrite
reumatoide, fibromialgia, rigidez articular, síndrome do ombro congelado,
distúrbios neurológicos como paralisia facial, nevralgias, bursites, tendinites,
lombalgias, AVC e hemiplegia8.
25
Tabela 4 - Composição da fórmula magistral Zhen Gu Zi Jin Tang8
Nome Chinês Nome científico
Ding Xiang Flos Caryophylli
Mu Hsiang Radix Saussurea
Xue Jie Resina Draconis
Er Cha Acacia Catechu
Da Huang Rhizoma Rei
Hong Hua Flos Carthami
Dang Gui Radix Angelica Sinensis
Liau Zi Semen Nelumbinis
Fu Ling Sclerotium Poria cocos
Bai Shao Radix Paeoniae Lacriflorae
Gan Cao Radix Glycyrrhizae
Mu Dan Pi Cortex Mountan Radicis

Tabela 5 - Composição da fórmula magistral Juan Bi Tang8


Nome Chinês Nome científico
Huang Qi Radix Astragali seu Hedysary
Dang Gui Radix Angelicae Sinensis
Chi São Radix Paeonia
Qiang Huo Rhizoma Radix Notopterigii
Fang Feng Radix Saposhinkoviae
Jiang Huang Rhizoma Curcumae Longae
Gan Cao Radix Glycyrrhizae
Sheng Jiang Rhizoma Zingiberis
Da Zao Fructus Ziziphi Jujubae

Rhizoma Corydalidis (Yan Hu Suo) é uma erva de sabor picante e amargo,


de natureza morna. Atua nos Meridianos do Coração, Fígado e Baço. Favorece a
circulação de Qi e de Sangue e alivia a dor. É indicada para tratamento de vários
tipos de dor por estagnação de Qi e Sangue, como nos casos de dor epigástrica,
dor no hipocôndrio, hérnia, dismenorreia e dor por traumatismo9.

DISCUSSÃO

Como qualquer sistema médico, a definição do diagnóstico é pré-requisito


para a determinação do tratamento pela MTC. A abordagem e a compreensão de
como o animal se interage com fatores ambientais e desequilíbrios internos
permite estabelecer padrões de doença ou síndromes10. No caso descrito houve
melhora do quadro ao longo do tratamento com acupuntura e fitoterapia
chinesa, indicando que se tratava de uma Síndrome Bi por frio/ umidade com 26
chinesa, indicando que se tratava de uma Síndrome Bi por frio/ umidade com
evolução para a Síndrome Bi óssea.

Portanto, os pontos de acupuntura e as fórmulas magistrais chinesas


tiveram por objetivo ativar a circulação de Qi e de Xue, além de tonificar essas
duas substâncias vitais. Além disso, foram também escolhidos pontos locais para
alívio da dor.

Na medicina integrativa, é importante realizar diagnóstico diferencial entre


as doenças musculoesqueléticas e neurológicas, segundo a visão ocidental. No
presente relato de caso, a paciente apresentava como queixa principal a paresia,
em especial dos membros posteriores. Exames de imagens como a radiografia,
tomografia e ressonância magnética podem ser indicados, no entanto, foi
realizada somente a radiografia, pois o caso teve um bom controle dos sinais
clínicos.

A predisposição racial deve ser levada em consideração. No presente relato


de caso, a paciente é uma cadela da raça Pastor Alemão. Sabe-se que essa raça é
comumente acometida por mielopatia degenerativa e síndrome da cauda equina.
A síndrome da cauda equina é frequente na raça Pastor Alemão, sendo a
estenose lombossacra degenerativa a causa mais comum, cujas manifestações
clínicas variam de dor, incoordenação em membros pélvicos ou claudicação e
incontinência urinária e/ou fecal. Aparecem de forma aguda e podem progredir
gradualmente por meses11. Além disso, foi descartada a mielopatia degenerativa,
pois houve melhora da dificuldade de locomoção e a paciente não evoluiu com
déficit neurológico, portanto considerou-se que a paciente tinha discopatia
intervertebral toracolombar e lombar. A fraqueza nos membros posteriores
provavelmente deslocou o peso para os membros torácicos e região cervical e,
como consequência. houve em certo período manifestação de dor em região
cervical, justificando o acréscimo da fórmula Juan Bi Tang.

Em um relato de caso12 de um cão sem raça definida, macho, com idade


aproximada entre sete a oito anos, com episódios de dor intensa, vocalização e
dificuldade na locomoção, com exame radiográfico apresentando estreitamento
das vértebras cervicais entre C4-C5 e C5-C6, com diagnóstico provável de
degeneração do disco intervertebral, tratado com carprofeno 2,2 mg/Kg a cada
24 horas para controle dor, sem sucesso, a acupuntura mostrou-se como o
tratamento que promoveu o alívio da dor, com a provável redução do processo
inflamatório local e do edema, com diminuição da compressão espinhal.

Em outro relato13 verificou-se a evolução do tratamento com acupuntura


em uma cadela da raça Teckel, 4 anos, 8kg, apresentando doença do disco
intervertebral grau III. A paciente foi atendida no Hospital Veterinário da
Universidade Federal de Uberlândia com histórico de paralisia de membros
27
Universidade Federal de Uberlândia com histórico de paralisia de membros
pélvicos de evolução aguda, iniciada 20 dias antes. Ao exame clínico observou-se
sensibilidade superficial diminuída e dor profunda preservada. No exame
radiográfico simples, observou-se redução do espaço em T13-L1 devido a
calcificação do disco intervertebral. Foi realizada laminectomia entre as vértebras
T13 e L1, no entanto, não houve melhora do quadro neurológico. Tendo em vista
ausência de melhora no quadro, o animal foi encaminhado ao Serviço de
Acupuntura do Hospital Veterinário para tratamento semanal. Foram realizadas
um total de 10 sessões. O animal fez uso de aparelho ortopédico para permitir
que a locomoção ocorresse sem atrito dos membros comprometidos com o solo.
Na quarta sessão o animal já apresentou melhora significativa do quando, com
controle da micção e retorno parcial das funções motoras dos membros pélvicos.
Foi possível atribuir à acupuntura a remissão parcial dos sintomas.

Em um estudo realizado no Hospital Veterinário de Uberlândia14 foi


acompanhada a evolução clínica de cães com diagnóstico clínico de discopatia
toracolombar. Foram incluídos no estudo oito animais que chegaram para
atendimento apresentando paraplegia, depois de terem recebido tratamento
com anti-inflamatórios esteroidais. Logo na primeira sessão foi realizada
eletroacupuntura, com frequência 5/100 Hz, denso disperso durante 30 minutos.
Nas sessões seguintes foi realizada a acupuntura utilizando-se dos seguintes
pontos: B 23, Bai Hui, VB 34, E 36, B 54, R 3, VB 30. A duração e o número de
sessões variaram de acordo com a evolução de cada animal, sendo que alguns
animais chegaram a fazer dez sessões até obter o resultado desejado. Dos oito
animais, seis (75%) voltaram a deambular e deixaram de sentir dor, no entanto,
três (50%) desses ficaram apenas com discreta ataxia. Os outros dois (25%) tiveram
retorno dos reflexos nos membros posteriores, das dores superficial e profunda,
além de conseguirem ficar em estação por alguns minutos (estes últimos
mantiveram-se em tratamento até o dia da publicação do estudo do caso). A
conclusão a que chegaram foi de que a acupuntura é um tratamento eficaz no
tratamento das discopatias nos cães e favorece a recuperação clínica.

Outros estudos controlados corroboram os achados destes relatos


anteriores e uso da eletroacupuntura sendo eficaz em cães com sinais clínicos de
discopatia tóraco-lombar15. Relato de uma cadela com compressão medular ao
nível da vértebra C2-C3 com reabilitação motora e sensorial com uso de
eletroacupuntura e fórmulas magistrais chinesas de acordo com a síndrome
dolorosa pela MTC. No presente caso, o uso integrado destas duas modalidades
também permitiu controle dos sinais clínicos.

A fórmula magistral Zhen Gu Zi Jin Tang foi utilizada com sucesso no pós-
operatório de ruptura de ligamento cruzado cranial com intenso hematoma e
edema16, assim como em um caso união retardada de fratura de úmero que
mesmo após osteossíntese não evolui bem17. Assim como no presente caso, foi
28
mesmo após osteossíntese não evolui bem17. Assim como no presente caso, foi
usado para controlar sinais de dor que foi interpretada como inflamatória.

Mais estudos são necessários para estabelecer quais fórmulas e em quais


quadros de dor podem ser utilizadas as fórmulas magistrais chinesas conforme o
diagnóstico pela MTC. Portanto, estabelecer o diagnóstico do padrão de
desarmonia é importante para a escolha correta da fórmula, estabelecendo
princípio de tratamento bem como a escolha de tratar a raiz do problema
associada ou não ao tratamento da manifestação clínica.

CONCLUSÃO

A associação da eletroacupuntura com a prescrição de fórmulas magistrais


chinesas de acordo com o padrão de doença manifestado com avaliação correta
do diagnóstico foi eficaz para o controle de dor e qualidade de vida em cadela
idosa.

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NETO, JP; KOGIKA, MM. Tratado de Medicina Interna de cães e gatos. Rio de
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8. LO, DC. Fórmulas magistrais chinesas. São Paulo: Ed. Roca, 2007. p. 29
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2020. P. 253.

10. XIE, H. Medicina veterinária tradicional chinesa: princípios fundamentais;


tradução Vanessa Couto de Magalhães Ferraz. São Paulo: Ed. MedVet. 2012.

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Alemão: estudo comparativo. Braz. J. Vet. Res. Anim. Sci, v. 46, n.4, p. 296-
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12. REIS, M. DE O.; MELLO, M. L. V. DE; BOBÁNY, D. DE M. TRATAMENTO COM


ACUPUNTURA DA DOR CERVICAL EM CÃO – RELATO DE CASO. Revista de
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com Discopatia. Veterinária Notícias, v. 12, n. 2, 12 fev. 2008. Disponível em:
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15. HAYASHI, A. M.; MATERA, J. M.; FONSECA PINTO, A. C. B. C. Evaluation of


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JAVMA, Vol 231, No. 6, September 15, 2007.

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17. HAYASHI et al. União óssea retardada em fratura distal de úmero em cão:
abordagem pela Medicina Tradicional Chinesa. Revista Brasileira de
Acupuntura Veterinária, Vol. 5, No. 4. dezembro 2020/março 2021.

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INSTRUÇÕES AOS AUTORES PARA ENVIO DE RELATOS DE CASOS
A REVISTA BRASILEIRA DE ACUPUNTURA VETERINÁRIA
1. Serão aceitos relatos de casos clínicos enviados para o e-mail [email protected]
cuja relevância do assunto e qualidade do manuscrito deverão ser julgadas e aprovadas
pela comissão científica.

2. Os assuntos deverão ser pertinentes à área de Acupuntura Veterinária ou áreas


correlatas.

3. Descrição do caso(s)

• Título: somente as iniciais em letras maiúsculas, tamanho 14, em negrito,


espaçamento simples, alinhamento centralizado com, no máximo, 20 palavras e
em Português.
• Autores: após duas linhas (espaços simples) do título, deverá constar os nomes
completos dos autores, um em cada linha e após, indicar a titulação e a instituição
a qual o autor pertence. Ao final deve ser colocado somente o e-mail do autor
principal para fins de correspondência
• O resumo deverá ter até 250 palavras, parágrafo único justificado, com
espaçamento simples, redigido na forma direta e no passado, destacando a
importância do assunto, o objetivo do trabalho, como foi realizado (metodologia),
os resultados alcançados com dados específicos e seu significado estatístico (se
possível) e as principais conclusões, ou seja, abrangendo todas as seções do
resumo expandido sob forma condensada. Não deve conter referências. Palavras-
chave: após o resumo, com um espaço simples e alinhamento justificado incluir no
mínimo três e no máximo cinco palavras-chave, separadas por “ponto e vírgula”,
as quais não devem estar presentes no título do trabalho
• O texto deve ser dividido em: Introdução: no último parágrafo deverão constar os
objetivos do trabalho realizado, relato do caso(s) compreendendo história, sinais
clínicos, diagnóstico e tratamento convencional quando realizado, sinais clínicos e
diagnóstico pela MVTC (justificando o mesmo) e tratamento pela MVTC instituído,
justificando o princípio de tratamento. No caso de estudo clínico ou experimental,
após a seção de introdução, seria material e métodos com descrição do
delineamento do estudo e técnicas realizadas, bem como número de animais e
métodos de avaliação clínica e estatística. Resultados ou evolução do tratamento,
discussão e conclusão. Conclusão: deve ser elaborada com o verbo no presente
do indicativo, em frases curtas, sem comentários adicionais e com base nos
objetivos e resultados. Referências: devem ser listados na ordem em que são
mencionados no texto. Em caso de dois ou mais autores, separar por ponto e
vírgula. No caso de mais de três autores, referendar o primeiro autor, seguido de
et al. (exemplo CUNHA et al., 2009).
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• Os títulos dos periódicos não devem ser abreviados (vide item 5). O texto todo não
deve ultrapassar 2000 palavras.
• Os pontos de acupuntura utilizados, com respectivas funções energéticas e
localização, sendo a sigla adotada pela nomenclatura alfa numérica, ou seja, letra
correspondente ao meridiano e número. Exemplo IG4; BL 20 (Meridianos do
INTESTINO GROSSO e BEXIGA), se possível em forma de tabela. No caso de
fórmulas magistrais chinesas, citar o nome das ervas que compõem a mesma,
exemplo Coptidis rizoma – Huang Lian (nome espécie e nome chinês) e indicação
pela MVTC da fórmula. Se possível em formato de tabela.
• As tabelas e/ou figuras (gráficos e desenhos) devem ser elaboradas de forma a
apresentar qualidade necessária à boa reprodução. Nas tabelas, o título deve ficar
acima e nas figuras abaixo. Devem ser inseridas no texto e numeradas com
algarismos arábicos. É recomendado evitar a apresentação dos mesmos dados na
forma de figuras e tabelas.
• Figuras: As imagens devem ser digitalizadas em 300 dpi em RGB (coloridas) e Gray
Scale (tons de cinza) e inseridas na seção resultados ou evolução tratamento. As
imagens devem ser inseridas no texto em Word e também enviadas no formato
JPEG em separado com a identificação do trabalho.

4. Para a digitação deve-se usar o editor de textos Word for Windows, fonte Times New
Roman, tamanho 11, em espaço 1,5, folha A4, com 2,5 cm de margens esquerda e direita
e 3,0 cm de margem superior e inferior.

5. As citações de artigos no texto devem seguir as normas ABNT (as referências devem ser
numeradas consecutivamente na ordem em que são mencionadas no texto). Identificar as
referências no texto por números arábicos entre parênteses. Exemplo: (2), (7,9,16). As
tabelas e legendas também devem ser numeradas com algarismos arábicos.

6. Citações de trabalhos extraídos de Resumos e Abstracts, publicações no prelo e


comunicação pessoal não são aceitas na elaboração do relato de caso.

7. A nomenclatura científica deve ser citada segundo os critérios estabelecidos nos Códigos
Internacionais em cada área. Unidades e medidas devem seguir o Sistema Internacional de
Unidades.

8. Exemplos de referências:

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. ABNT Catálogo. Rio de Janeiro, c2015. Disponível em:
<https://www.abntcatalogo.com.br/>. Acesso em: 30 jun. 2015

CARDOSO, S.C. Panorama da produção científica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo no período de
2001 a 2006. 2009. 102 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2009

BORKO, H.; BERNIER, C. L. Indexing concepts and methods. [New Nork]: Academic Press, 1978.

SUKIKARA, M. H. et al. Opiate regulation of behavioral selection during lactation. Pharmacology, Biochemistry and Behavior,
Phoenix, v. 87, p. 315-320, 2007. doi:10.1016/j.pbb.2007.05.005

BARROS, Raimundo Gomes de. Ministério Público: sua legitimação frente ao Código do Consumidor. Revista Trimestral de
Jurisprudência dos Estados, São Paulo, v. 19, n. 139, p. 53-72, ago. 1995

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Primavera por Cecília Meireles
A primavera chegará, mesmo que ninguém mais Mas é certo que a primavera chega. É certo que
saiba seu nome, nem acredite no calendário, a vida não se esquece, e a terra maternalmente
nem possua jardim para recebê-la. A inclinação se enfeita para as festas da sua perpetuação.
do sol vai marcando outras sombras; e os
habitantes da mata, essas criaturas naturais que
ainda circulam pelo ar e pelo chão, começam a Algum dia, talvez, nada mais vai ser assim.
preparar sua vida para a primavera que chega. Algum dia, talvez, os homens terão a primavera
que desejarem, no momento que quiserem,
independentes deste ritmo, desta ordem, deste
Finos clarins que não ouvimos devem soar por movimento do céu. E os pássaros serão outros,
dentro da terra, nesse mundo confidencial das com outros cantos e outros hábitos, — e os
raízes, — e arautos sutis acordarão as cores e os ouvidos que por acaso os ouvirem não terão
perfumes e a alegria de nascer, no espírito das nada mais com tudo aquilo que, outrora se
flores. entendeu e amou.

Há bosques de rododendros que eram verdes e Enquanto há primavera, esta primavera natural,
já estão todos cor-de-rosa, como os palácios de prestemos atenção ao sussurro dos passarinhos
Jeipur. Vozes novas de passarinhos começam a novos, que dão beijinhos para o ar azul.
ensaiar as árias tradicionais de sua nação. Escutemos estas vozes que andam nas árvores,
Pequenas borboletas brancas e amarelas caminhemos por estas estradas que ainda
apressam-se pelos ares, — e certamente conservam seus sentimentos antigos:
conversam: mas tão baixinho que não se lentamente estão sendo tecidos os manacás
entende. roxos e brancos; e a eufórbia se vai tornando
pulquérrima, em cada coroa vermelha que
desdobra. Os casulos brancos das gardênias
Oh! Primaveras distantes, depois do branco e ainda estão sendo enrolados em redor do
deserto inverno, quando as amendoeiras perfume. E flores agrestes acordam com suas
inauguram suas flores, alegremente, e todos os roupas de chita multicor.
olhos procuram pelo céu o primeiro raio de sol.

Tudo isto para brilhar um instante, apenas, para


Esta é uma primavera diferente, com as matas ser lançado ao vento, — por fidelidade à obscura
intactas, as árvores cobertas de folhas, — e só semente, ao que vem, na rotação da eternidade.
os poetas, entre os humanos, sabem que uma Saudemos a primavera, dona da vida — e
Deusa chega, coroada de flores, com vestidos efêmera.
bordados de flores, com os braços carregados
de flores, e vem dançar neste mundo cálido, de
incessante luz.

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Nosso muito obrigado aos
patrocinadores...

e especialmente à VOCÊ!

Nos encontramos no próximo Congresso!

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