P Conto Sempre É Uma Companhia
P Conto Sempre É Uma Companhia
P Conto Sempre É Uma Companhia
Manuel da Fonseca
Manuel da Fonseca, “Sempre é uma companhia”
Sequências
Sequência descritiva
Segmento textual
“Muito alta, grave, um rosto ossudo e um sossego de maneiras que se vê logo que é ela
quem ali põe e dispõe.”
Fases/etapas
Apresentação da entidade a descrever (mulher de Batola), identificação e descrição das
partes que constituem o todo (“Muito alta, grave”, “um sossego de maneiras”).
Marcas linguísticas nos exemplos dados
Nomes, adjetivos; recursos expressivos (metáfora).
Sequência dialogal
Segmento textual
“– Tem cerveja? [...] – Aqui é Londres, hem! – grita o homem. – O senhor sabe ler?
Então leia aqui!”
Fases/etapas
Sequência de abertura (“– Tem cerveja?”), núcleo da interação (restantes falas).
Marcas linguísticas nos exemplos dado
Fórmula de abertura (“– Tem cerveja?”), formas de primeira e terceira pessoa (“Dou-
lhe” – nota: tratamento pela terceira pessoa).
Sequência narrativa
Segmento textual
“Por fim, mudou-se de posto para ouvir as notícias do mundo. Todos se quedaram,
atentos.”
Fases/etapas
Avanço na ação, relato de uma sucessão de evento.
Marcas linguísticas nos exemplos dados
Pretérito Perfeito do Indicativo
Ideias-chave
Retrato económico e sociocultural do Alentejo na primeira metade do século XX;
O título do conto anuncia um novo meio de comunicação que vai mudar a vida de
uma população deprimida, no contexto da II Guerra Mundial;
A intriga é simples e é contada de forma linear;
O espaço exterior representa os sentimentos negativos do protagonista;
O refúgio em comportamentos antissociais e a desistência da vida perpassam ao
longo do conto, assim como as relações afetivas conturbadas;
O conto permite uma reflexão sobre a condição humana, que excede os limites
temporais da ação.
Síntese
Peripécia banal: um engano de percurso leva um vendedor a
A intriga Alcaria.
Isolamento geográfico da aldeia e ausência de comunicação:
abandono, solidão e desumanização da população.
Chegada do novo aparelho: a radiotelefonia.
Ligação ao mundo: música e notícias.
Alteração de comportamentos: devolução da humanidade.
O espaço o Aldeia de Alcaria: “quinze casinhas desgarradas e nuas”.
o Estabelecimento do casal Barrasquinho: “a venda” é um local
onde reina o desleixo.
o “Fundos da casa”: espaço de habitação sombrio separado da
venda.
o Locais “longínquos” por onde viajava Rata: Ourique, Castro
Marim, Beja.
Tempo histórico: anos 40 do século XX (referência à eletricidade
O tempo e à telefonia).
Passagem do tempo condensada: “há trinta anos para cá”,
“todas as manhãzinhas”.
Tempo sintetizado: da chegada do vendedor à partida do
vendedor e prazo de entrega do aparelho – um mês.
António Barrasquinho, o Batola: preguiçoso, improdutivo,
sonolento, bêbado, bate na mulher. Tem nome e alcunha
(típico no Alentejo). Usa uma indumentária própria do homem
As personagens alentejano. A morte de Rata agudiza a sua solidão.
A mulher do Batola: expedita, dominadora e trabalhadora. Não
tem nome.
Rata: companheiro de Batola, mendigo e viajante, é o
mensageiro do exterior. Suicidou-se quando deixou de poder
viajar.
Caixeiro-viajante: vendedor de aparelhos radiofónicos,
comerciante e amigo de vender.
Homens de Alcaria: “figurinhas” metaforicamente aparentadas
com gado.
O narrador de terceira pessoa narra os acontecimentos,
comenta, conhece o passado e o mundo interior das
O narrador personagens (presença: não participante; ponto de vista:
subjetivo; focalização: omnisciente)
O narrador centra a atenção do leitor no abandono e solidão
sentidos pelos protagonista.
O narrador conhece os pensamentos de Batola e desvenda
como se vão formando: o desgosto leva-o a fechar-se num
mundo de evocações.
Isolamento e falta de convivialidade.
A atualidade Relações entre homem e mulher.
Vícios sociais: o alcoolismo, a violência doméstica.
As inovações tecnológicas e alterações de hábitos sociais.