Memorial Do Convento (IX, XV e XI)
Memorial Do Convento (IX, XV e XI)
Memorial Do Convento (IX, XV e XI)
O Padre tem alcunha de “Voador”, “Aquele que ali vem é o padre Bartolomeu Lourenço, a
quem chama o Voador…”. Esta alcunha foi-lhe atribuída devido às suas experiências
malsucedidas que tinha feito com os seus balões “... primeiro fiz um balão que ardeu, depois
construí outro que subiu até ao teto duma sala do paço, enfim outro que saiu por uma janela da
Casa da Índia e ninguém tornou a ver.…”. Esta alcunha faz com que o padre se sinta triste e
magoado, uma vez que é alvo de “risadas” por parte da corte e dos poetas, por ter tentado, em
vão, voar e por ninguém reconhecer o seu esforço e dedicação, pois a mentalidade da época
ainda era bastante atrasada para ideias tão revolucionárias.
Quando o Padre pediu a Baltasar para o ajudar na construção da passarola, este ficou bastante
surpreendido e recusou o pedido, pois acha que o facto de ser maneta não lhe permitiria
construir tal obra. No entanto, o padre tentou convencê-lo com dois argumentos, uma vez que
acreditava nas suas capacidades. Primeiro disse “Com essa mão e esse gancho podes fazer tudo
quanto quiseres, e há coisas que um gancho faz melhor que a mão completa...”. Deste modo, o
Padre Bartolomeu procurou convencer Baltasar que o gancho, que substituía a mão, seria uma
mais-valia e não uma limitação, principalmente quando teria de mexer em ferros que
magoariam uma mão humana. Todavia, Baltasar não ficou muito convencido com essas
palavras. De seguida, o padre, por ter ideias muito específicas sobre determinados assuntos, diz
que Deus é maneta da mão esquerda e conseguiu construir todo o universo, então Baltasar,
igualmente maneta da mão esquerda, também conseguirá construir a passarola. Apesar de
Baltasar ter ficado um pouco hesitante com tal heresia, acaba por se comprometer com o
projeto.
4. Carateriza a ligação entre estas três personagens, relacionando-a com os seus nomes.
As três personagens têm uma relação de amizade e cumplicidade muito forte entre si,
partilhando o sonho de voar e o segredo da passarola, que, uma vez descoberto, os levaria a
serem perseguidos pela inquisição. Os três representam a tríade terrestre: Bartolomeu, com as
suas ideias e trabalho científico corresponde ao Pai, Baltasar ao Filho, com o trabalho manual e
Blimunda, com a sua magia, representa o Espírito Santo, devido aos seus poderes. Partilham,
também, a inicial “B”, e, como são três, o número da totalidade e da perfeição, revelam
complementaridade entre si.
CAPITULO IX
Baltasar e Blimunda mudam-se para a quinta do Duque de Aveiro, em S. Sebastião da Pedreira,
para trabalhar na construção da máquina de voar do Padre Bartolomeu Lourenço. Apesar de
não ter a mão esquerda, Baltasar tem a ajuda de Blimunda, uma mulher vidente.
El-rei que ainda gosta de brinquedos protege o padre da Inquisição. Este decide partir para a
Holanda, terra de muitos sábios sobre alquimia e éter, elemento que faz com que os corpos se
libertem do peso da terra.
Nesta altura as freiras de Santa Mónica manifestam-se contra a ordem de D. João V de que elas
só podem falar com familiares.
O padre abençoou o soldado e a vidente, despediu-se e partiu, deixando a quinta e a máquina de
voar ao cuidado deles. Antes de partir para Mafra, o par decide não ir ao auto-de-fé e vão assistir
às touradas, que é um bom divertimento. As touradas é como assar o touro em vida, tortura-se o
touro enquanto o público aplaude a mísera morte. Cheira a carne queimada mas o povo nem
nota pois está habituado ao churrasco do auto-de-fé.
Na madrugada seguinte Baltasar e Blimunda partem para Mafra com uma trouxa e alguma
comida.
O padre Bartolomeu Lourenço entra de forma repentina na abegoaria devido ao seu receio do
Santo Ofício, que acredita estar no seu encalce. Este receio é evidenciado na frase “Temos de
fugir, o Santo Ofício anda à minha procura”. Portanto, o padre apresenta-se “pálido, lívido, cor
de cinza”, estando de tal forma nervoso e inseguro que “Tremia todo, mal podia sustentar-se de
pé”. Consequentemente, o padre toma a decisão de fugir daquele local, e, por isso, tenta usar a
passarola, sendo representada essa intenção na ordem “Vamos fugir nela”.
2. Explica de que forma o narrador se serve do voo da passarola para ridicularizar os dogmas
da Igreja.