Egrégora Loja Cataratas-2

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ARLS CATARATAS DO IGUAÇU - Nº 2970


FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
JURISDICIONADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL

ARLS CATARATAS DO IGUAÇU Nº 2970


FEDERADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
JURISDICIONADA AO GRANDE ORIENTE DO BRASIL – PARANÁ
TEMPLO “FRANCISCO MURILO PINTO”
RUA LIMA, Nº 1.133 – BEVERLY FALLS PARK
OR FOZ DO IGUAÇU – PARANÁ

RITO ESCOCÊS ANTIGO E ACEITO

ESOTERISMO E ESPIRITUALIDADE NA FORMAÇÃO DA


EGRÉGORA NOS TRABALHOS MAÇÔNICOS

Participantes:
Ir Cassiano Vinícius Neves – AM
Ir Marco Antonio Tremarin – AM
Ir Moisés Tadeu Soares Louzada – AM
Ir Renato Fraga Moreira Casalino – AM (Relator / ERAC 2015)
Ir Ricardo de Freitas Garcia – AM

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OR DE FOZ DO IGUAÇU – PARANÁ
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Prefácio do IrMarcos Araguari de Abreu (1º Vigilante / Orientador)

FOZ DO IGUAÇU – PR
OUTUBRO/ 2015

ESOTERISMO E ESPIRITUALIDADE NA FORMAÇÃO DA


EGRÉGORA NOS TRABALHOS MAÇÔNICOS

PREFÁCIO

O tema “egrégora”, ou alma coletiva, permeia as reflexões de muitos


assuntos maçônicos, e, segundo muito bem destacado por Eduardo Carvalho
Monteiro, trata-se de “um termo que teve origem junto ao ocultismo ocidental”,
sendo esta a carga histórica que de fato revela (MONTEIRO, 2006, p. 75). Sua
correlação com a criação de um ambiente sobrenatural e mágico nas reuniões
em Loja é relativamente frequente nessas discussões, mas muitas vezes pouco
explorada e mal entendida. Ademais, a sua interpenetração com a questão da
execução da ritualística maçônica e o clima esotérico gerado nesse contexto
parecem ser um tabu, particularmente devido a uma espécie de preconceito de
alguns maçons, que veem nisso notas de uma religiosidade “piegas” e insistem
em taxar o assunto como matéria alheia às questões maçônicas. É como se
vislumbrassem uma proibição contida nos rituais da Sublime Ordem no que
atine a uma pretensa e incabível “mistura” ou “confusão” de Maçonaria com
esoterismo/ocultismo, religião ou espiritualidade.
No referido contexto, este trabalho exsurge como possibilidade de
desmistificação da questão da espiritualidade e do esoterismo, enquanto
descoberta dos significados ocultos por detrás da simbologia maçônica,
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quando então a ritualística assume o papel de vetor do simbolismo e de


catalisador das energias e percepções intuitivas e espirituais, que geram uma
ambientação adequada ao trato dos assuntos maçônicos em Loja, bem como à
absorção de certos conhecimentos arquetípicos e antiquíssimos, dos quais a
Maçonaria tem sido, ao longo do tempo, a fiel depositária.

Marcos Araguari de Abreu


1º Vigilante / Orientador
INTRODUÇÃO

Para o Psicanalista Carl Jung, os seres humanos são capazes de ter


“percepções intuitivas” por meio da “exploração” do que se denomina de
“inconsciente coletivo” (GREGÓRIO, 2004, p. 131). Esse inconsciente pessoal
descansa sobre outro bem mais profundo, situado na esfera do interior da alma
humana. É o chamado inconsciente coletivo universal, originado de qualquer
aglomerado humano organizado.
A egrégora é, verdadeiramente, a alma coletiva, uma energia
complexa, resultante dessas várias energias individuais dos componentes de
um grupo, a somatória dos desejos individuais de todos os membros de uma
agremiação.
De acordo com Eduardo Carvalho Monteiro, a palavra egrégora
“vem do grego, ‘velar’, e, basicamente, pode ser definida como a consciência
coletiva de um grupo” (MONTEIRO, 2006, p.75). E logo de início, é importante
deixar claro que o seu significado, no que atine à Ordem Maçônica, não se
traduz em simples ideias atreladas ao “misticismo”, à “magia” ou à “fantasia”,
no sentido vulgar e preconceituoso desses termos. Sua correlação com o
sobrenatural e o místico se dá justamente na esfera do esoterismo (note-se
prefixo eso, com “s”), ou seja, no âmbito daquilo que está oculto pelos
símbolos, que encerram ou contém uma carga de elevada significação moral
na Maçonaria.
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No interior do templo, quando se encontram os maçons reunidos em


Loja, a egrégora se manifesta no conglomerado composto pela plêiade
energética dos membros da assembleia, que ali se encontram unidos e
reunidos fraternalmente em busca da harmonização, em vibrações de mútua
complementaridade fraternal. É nesse sentido que, no primeiro grau da
maçonaria simbólica, o Salmo 133 deve ser lido na abertura dos trabalhos
ritualísticos, encerrando manifestações de uma verdade ancestral, consistente
na harmonia da vida e do amor fraternais, in verbis: “Quão bom e quão suave é
que os irmãos vivam em união”.
A egrégora é, pois, uma verdadeira alma coletiva, em um
movimento sobrenatural – no sentido de transpor o limite do mero encontro
física dos maçons dentro do templo, para resultar na sua reunião fraternal
como Loja –, da evocação até mesmo involuntária de um poder invisível, que
somente pode ser sentido pelos integrantes do próprio corpo maçônico
coletivo.
A relação dessa matriz sobrenatural com a o esoterismo
propriamente dito será objeto do item seguinte deste trabalho.

DESENVOLVIMENTO

A egrégora pode surgir no âmbito de qualquer coletividade ou


agrupamento de pessoas, seja durante a realização uma missa católica, um
culto evangélico, uma reunião espírita, e, até, na seara de uma empresa ou
agremiação esportiva. As reuniões de natureza maçônica não são exceção,
mas nelas a execução da ritualística singular que caracteriza esses trabalhos
favorece o surgimento de uma singularidade energética que possibilita níveis
diferenciados – ou, melhor dizendo, elevados – de consciência, através das
vibrações sintonizadas com o inconsciente coletivo, advindo de camadas mais
profundas das mentes individuais. Nesse sentido, o formato da cerimônia
maçônica, com o regramento do uso da palavra falada em Loja aberta, a
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execução de rituais de abertura e fechamento da Loja, a rigidez na circulação


física dos obreiros dentro do templo, e, mais propriamente, a utilização de uma
simbologia rica em significados faz nascer nos membros da assembleia um
estado alterado de consciência, favorecedor da concórdia e da abertura de
diversificados níveis de entendimento sobrenatural para absorção de
conhecimentos.
Em particular, esses níveis diferentes e estratificados de alteração
de consciência ou de preparação espiritual e mental referem-se aos diferentes
graus da simbologia e do filosofismo maçônicos, cada qual com as suas
particularidades e significações, fato que neste trabalho não poderá ser mais
aprofundado visto que se perfaz apenas no grau de Aprendiz Maçom.
Em se aceitando a existência da egrégora, é também possível
admitir que o conjunto de pensamentos canalizados em um mesmo sentido é
capaz de gerar energias que em princípio se manifestam a partir de um nível
visível e palpável (o grupo reunido), para em seguida detectar-se que estas
mesmas energias migram de cada unidade componente da assembleia (no
caso, cada obreiro) em direção a um nível invisível e mais sublimado,
representado, agora, pela coletividade geradora dessa alma coletiva.
Por essa razão, e se originando da própria agremiação em si
mesma, a egrégora tem o condão de induzir ou propiciar elementos da
natureza que podem ser bons ou ruins, positivos ou negativos, agregadores ou
desagregadores, conforme a vontade intrínseca dos operadores e o movimento
de junção das energias produzidas.
Quando se participa de uma cerimônia maçônica, evoca-se a
egrégora da Loja, de modo a aumentar-se o potencial de energia do grupo,
eliminando as individualidades e criando um organismo coletivo que, enfim,
supera a soma dos elementos individuais.
Segundo ABREU (2009, p. 4):

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“A ritualística recria, a cada sessão maçônica, um cenário diferenciado de tempo e


espaço, promove o ambiente para a manifestação completa da egrégora da
assembleia de Maçons e, finalmente, remete-os à realização de uma cerimônia
essencialmente mágica e espiritual, da qual somente devem tomar parte pessoas
espiritualmente amadurecidas, respeitados, necessariamente, os limites que cada
grau da Maçonaria Simbólica ou Filosófica permite.”

E nesse processo de (re)criação do ambiente espaço-tempo, a


formação da Egrégora não advém do simples fato de se praticarem as fórmulas
contidas nos rituais maçônicos de forma mecânica, uma vez que não se trata
de mero movimento de teatralização. É necessário um envolvimento físico e
espiritual simultâneos, uma execução ritualística com a consciência do
avivamento de matrizes arquetípicas e antiquíssimas, capazes de gerar uma
“alma coletiva”, cuja voz irradiada pelos seus membros transpassa o egoísmo e
isolamento do indivíduo, para dar lugar à fraternidade coletiva.
E quando o desejo humano aproximar-se da divindade, não é
absurdo acreditar-se que, através da formação da egrégora em Loja, tal
objetivo possa ser mais facilmente alcançado. Exemplo disso encontra-se no
próprio Livro Sagrado Cristão, a Bíblia, que diz: “Porque, onde estiverem dois
ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mateus, 18:20).
A egrégora tem existência real no plano astral e, quando evocada
durante o ritual maçônico, faz reluzir com intensidade as percepções extra-
sensoriais e se espraia com uma intensidade tal que chega a trazer para o seu
complexo energético até mesmos os obreiros que resistem a ela, voluntária ou
involuntariamente.
Quanto mais bem trabalhada a cerimônia maçônica, mais forte e
rapidamente se efetivará a corrente de bons pensamentos e de fluidos
fraternais de seus operadores, e tanto mais rápida se dará a formação da
egrégora de uma Loja.
De acordo com Raphael Guimarães (2013), é necessário ter em
conta que:
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“A função psicológica da ritualística maçônica é a de restaurar um equilíbrio


psicológico por meio do sistema mitológico proposto pela instituição, de modo a
produzir um material onírico no inconsciente de seus membros (JUNG, 2005).
Desta forma, o conhecimento da Maçonaria retrata um estudo do inconsciente,
tanto do inconsciente pessoal, através dos efeitos diretos da ritualística, como do
inconsciente coletivo, através do estudo da Mitologia Maçônica”.

E é exatamente nessa restauração do equilíbrio psicológico por


meio de um sistema mitológico ou simbólico que reside a importância da
correta execução da ritualística, a qual, nesse passo, assume um papel de
engendramento esotérico ou de (re)criação da espiritualidade.

CONCLUSÃO

A relação entre ritualística e egrégora, portanto, efetiva-se


justamente na descoberta esotérica de uma espécie muito singular de campo
magnético extra-sensorial, intuitivo e místico, que propicia o influxo de energias
sublimadas, em cuja ambientação favorece-se enormemente a concórdia na
discussão de assuntos em Loja e no aprendizado do simbolismo e da filosofia
da Ordem Maçônica.
Na visão de Charles Webster Leadbeater, o conhecimento místico
ou ocultista – nesse passo, relacionado também ao esoterismo – pode
favorecer uma “união consciente com Deus” (LEADBEATER, [1926], p. 19). E
se o esoterismo é a percepção daquilo que está oculto pelos símbolos, em um
movimento de absorção de suas significações mais profundas e
espiritualizadas, não há como negar a importância da correta execução dos
rituais para a geração do clima de coletividade representado pela egrégora.
A vivência física e a percepção intuitiva dessa alma coletiva, sem
dúvida, revelam verdades sensíveis somente aos verdadeiros iniciados, no
processo contínuo de (re)ligação do homem-maçom com Deus.
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LITERATURA CONSULTADA

ABREU, Marcos Araguari de. A ritualística maçônica: um despertar para o


esoterismo e a espiritualidade. Revista “A Trolha”, Londrina, n. 302, p. 25-26,
Dez, 2011.

GREGÓRIO, Fernando César. Intuição e Maçonaria. Londrina : A Trolha, 2004.

GUIMARÃES, Rafhael. Os efeitos psicológicos da prática do ritual maçônico.


Revista Ciência e Maçonaria, Brasília, Vol. 1, n. 1, p. 21-28, Jan/Jun, 2013.
Disponível em: http://www.cienciaemaconaria.com.br/index.php/cem/article/
view/5/2

LEADBEATER, Charles Webster. Pequena história da maçonaria. São Paulo :


Pensamento, [1926].

MONTEIRO, Eduardo Carvalho. O esoterismo na ritualística maçônica. São


Paulo : Madras, 2006.

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