Hidrostática

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AULAS Hidrostática: conceitos iniciais

45 e 46
Competências: 1, 5 e 6 Habilidades: 2, 17 e 20

O ramo da Física que estuda o comportamento mecânico Material Densidade (g/cm3)


dos fluidos (líquidos e gases) em equilíbrio estático, ou seja,
em repouso, é a fluidostática. Outro termo empregado Cortiça 0,22
nesse tipo de estudo é hidrostática, do grego hydro, que Madeira 0,12 a 1,3
significa “água”. Alumínio 2,7
Existem duas grandezas importantes no estudo da fluidos- Aço 7,86
tática e que serão definidas inicialmente: a densidade e a
Mercúrio (a 0ºC) 13,6
pressão.

Aplicação do conteúdo
1. Densidade e massa específica 1. Um corpo tem massa de 800 g e ocupa um volume de
Suponhamos um corpo, com volume V e com massa m. 200 cm3. Determinaremos a densidade desse corpo em:
Chamamos de densidade d do corpo a relação definida por: a) g/cm3
m ​  b) kg/m3
d = ​ __ c) kg/L
V
Nessa expressão, o valor de V, do volume do corpo é o vo- Resolução:
lume total do corpo, ou seja, o volume incluindo quaisquer a) A partir dos dados fornecidos, encontramos diretamente
espaços ocos (vazios) em seu interior. a densidade em g/cm3. Como a massa é m = 800 g e o
Caso o corpo seja maciço, isto é, sem espaços vazios em seu in- volume V = 200 cm3, temos:
terior, e homogêneo, então a densidade do corpo recebe a de- 800 g
d = ​ _______  ​ 
= 4,0 g/cm3
nominação de massa específica do material do que é feito. 200 cm3
A unidade de massa específica ou densidade, no SI, é b) Nesse caso, devemos alterar as unidades:
o kg/m3. Frequentemente, são usadas as unidades g/cm3 e 1 kg = 103 g ä 1 g = 10–3 kg
kg/L, sendo L o símbolo do litro. 1 m = 102 cm ä 1 cm = 10–2 m
Lembremos que: 1 cm3 = (1 cm)3 = (10–2 m)3 = 10–6 m3
1 L = 103 cm3 e 1m3 = 103 L Portanto:
No estudo da Termologia, aprendemos que a densidade de 10–3 kg
d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______ = 4,0 ⋅ 103 kg/m3
​  –6 3 ​ 
uma substância depende da temperatura, e no caso dos 10 m
gases, também depende da pressão.
c) Convertendo a unidade de volume:
Na tabela a seguir são dados os valores de densidades (ou
1 L = 103 cm3 ä 1 cm3 = 10–3 L
massas específicas) de alguns materiais.
Portanto:
Densidade de alguns materiais
10–3 kg
Material ou corpo Densidade (g/cm )3 d = 4,0 g/cm3 = 4,0 · ______
​  –3  ​ 

= 4,0 kg/L
10 L

2. Pressão
Água (a 4ºC) 1,0

Gelo 0,917

Óleo (a 20ºC) 0,8 a 0,9 Em Dinâmica, as forças, de um modo geral, atuam em um


único ponto de um corpo. No entanto, os fluidos exercem for-
Álcool etílico (a 20ºC) 0,79
ças sobre os corpos que se “espalham” ao longo de sua su-
Corpo humano (média) 1,0 perfície, isto é, a força é exercida sobre a superfície do corpo e

48
não em um ponto apenas. Esse “espalhamento” é levado em Resolução:
consideração com uma nova grandeza chamada pressão.
A intensidade da força F, que o tijolo exerce sobre a mesa
Como na figura, consideremos uma superfície de área A é igual à intensidade de seu peso:
sobre​_›_ a qual estão aplicadas forças perpendiculares, sendo F = P = m ⋅ g = (1,2 kg)(10m/s2) ä F = 12 N
​    é a resultante dessas forças. Definimos a pressão
que F ​
média (pm) exercida por essa força como a razão do mó- A área da base do tijolo é:
dulo da força pela área:

A = (20 cm)(6,0 cm) = 120 cm2

Assim, a pressão média exercida pelo tijolo é:


​__
 ​__›  ​
p = ​ ​ F ​   ​  = 12 N/120 cm2 = 0,1 N/cm2
A
Mas:
​__›
 ​   ​
​ ​ F ​ 
pm = ___  ​  1 cm2 = (1cm)2 = (10 –2 m)2 = 10 –4 m2
A
Portanto:
A partir dessa definição, podemos obter a unidade de ​  N 2 ​ = 1,0 · 103 N/m2
p = 0,1 ___
cm
pressão:
unidade de intensidade de força
unidade de pressão = ________________________
   
​      ​ 2.1. Pressão em fluidos
unidade da área
A figura a seguir ilustra uma característica importante das
No SI, a unidade de pressão é o newton por metro qua- forças exercidas por um fluido em repouso: essas forças
drado (N/m ), que foi chamada de pascal (Pa) em ho-
2
são perpendiculares às superfícies em contato com o fluido.
menagem ao matemático e físico francês Blaise Pascal, que
deu contribuições significativas para o estudo dos fluidos.
Assim:
1 N/m2 = 1 pascal = 1 Pa

Na prática, existem outras unidades de pressão que são


usadas. Elas serão apresentadas ao longo do nosso estudo.
Agora, como indica a primeira figura a seguir, considere um
ponto p no interior de um fluido em equilíbrio. Usaremos
Aplicação do conteúdo a expressão pressão no ponto p para nos referirmos à
1. Um tijolo de massa 1,2 kg está apoiado sobre uma pressão nesse ponto. Imaginando uma superfície nesse
mesa horizontal, como mostra a figura abaixo. ponto P, a força de intensidade F (causada pelo fluido no
entorno) atua de cada lado da superfície, mantendo em
Calculemos, em N/m2, a pressão exercida pelo tijolo sobre
equilíbrio aquela porção de fluido. A orientação dessa su-
a mesa, considerando g = 10 m/s2.
perfície é arbritrária, pois o fluido está em equilíbrio e, por-
tanto, deve haver equilíbrio para qualquer superfície.

49
3. Lei de Stevin
A figura abaixo ilustra um fluido em repouso, sob a ação da
aceleração da gravidade. Considere as pressões nos pontos
B e C, sejam pB e pC, respectivamente. O físico e matemático
flamenco Simon Stevin (1548-1620) encontrou a seguinte
expressão que relaciona as pressões nesses dois pontos:
Uma propriedade importante dos fluidos em equilíbrio é que
a pressão em dois pontos distintos, mas em um mesmo nível,
isto é, na mesma altura em relação ao fundo do recipiente,
por exemplo, como os B e C da figura a seguir, é igual, isto é,
a pressão pB é igual a pressão pC, ou ainda, pB = pC.

pC = p B + d · g · h

Nessa expressão, d é a massa específica do líquido, h é o des-


nível entre os pontos B e C e g é a aceleração da gravidade.

Podemos verificar essa relação considerando uma porção Essa equação foi determinada experimentalmente por Ste-
de fluido no formato de um cilindro horizontal muito fino, vin, chamada Lei de Stevin. No entanto, usando as leis
sendo que os pontos B e C estejam nas bases desse de Newton, é possível deduzir essa equação.
​____› cilin-
​____›
dro. Sobre essas bases, atuam forças horizontais F​B ​   e F​C ​    Uma vez que a pressão de dois pontos em um mesmo nível
causadas pelo restante do fluido. Considerando o equilíbrio é igual, tomemos os pontos B e C, de modo que ambos
do fluido, ou seja, que o fluido está em repouso, devemos ter: estejam na mesma direção vertical.

FB = FC
Chamando de A a área das bases do cilindro, temos:
FB = pB · A e FC = pC · A

Substituindo em FB = FC, obtemos:


pB · A = pC · A ou pB = pC A seguir, suponhamos que os pontos B e C pertencem à
base de um pequeno cilindro de líquido na direção verti-
cal (figura abaixo). ​___› No cilindro, existem três forças verticais​
atuando:
____› ​____› o peso P ​
​   do líquido contido no cilindro e as forças​
FB ​  e F​ C ​  exercidas pelo líquido restante (ao redor desse ci-
lindro). Devido à condição de equilíbrio do cilindro, temos:

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube

Revelação da água que se multiplica

50
FC = FB + P
3.1. Vasos comunicantes
Considerando que pB e pC são as pressões nas bases do Vimos uma aplicação da Lei de Stevin para situações sim-
cilindro, ou seja, nos pontos B e C e que A é a área das ples de líquidos em um recipiente. No entanto, essa lei é vá-
bases do cilindro, temos: lida independentemente da forma do recipiente, bastando
FC = pC · A e FB = pB · A o líquido estar em equilíbrio e sob a ação da aceleração da
gravidade. Assim, por exemplo, no caso da figura a seguir
Sendo V o volume e m a massa do líquido dentro do cilindro, podemos escrever:
podemos escrever, utilizando a densidade do líquido (d):
P=m·g=d·V·g=d·A·h·g

Substituindo na primeira equação, obtemos a Lei de Stevin:

pC · A = p B · A + d ( A · h · g )
pC = p B + d · g · h
py = px + dgh ou py = pz + dgh
A superfície livre do líquido sofre a ação da pressão atmos-
férica (figura abaixo). Essa pressão se deve à camada de ar Nesse exemplo, as pressões nos pontos X e Z são iguais
que envolve a Terra. Adiante, veremos como calculá-la. A pelo fato desses pontos estarem no mesmo nível:
pressão atmosférica que é exercida nos corpos próximos à
superfície tem um valor de aproximadamente patm j 105 Pa. px = pz

Por essa razão, se um recipiente tiver várias aberturas, de


modo que o líquido esteja submetido à pressão atmosfé-
rica, então o nível do líquido deve ser o mesmo em todas
essas aberturas (figura abaixo).

Aplicação do conteúdo
1. A pressão atmosférica vale patm =1,01 · 105 N/m2 em
uma determinada região. Considere que um peixe em
uma profundidade h de 15,0 m. Sabendo que nesse lo- Porém, se houver mais de um líquido que não se mistura
cal a densidade da água do mar é d = 1,03 · 103 kg/m3, (imiscível) nesse recipiente, então os níveis dos líquidos em
vamos calcular a pressão suportada pelo peixe, conside- contato com o ar podem ser diferentes. A seguir veremos
rando que a aceleração da gravidade vale g = 10,0 m/s2. um exemplo desse caso.

Resolução:

De acordo com a lei de Stevin, a pressão para uma profun-


didade h = 15,0 m é dada por:
multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
p = patm + dgh = (1,01 · 105) + (1,03 · 103)(10,0)(15,0)
Pressão - Vasos comunicantes - Mãoz-
p = (1,01 · 105) + (1,55 · 105) = 2,56 · 105 inha em Física 028
p = 2,56 · 105 N/m2 = 2,56 · 105 Pa

51
Aplicação do conteúdo 3.2. Validade da Lei de Stevin
A validade da Lei de Stevin depende da densidade do flui-
1. O recipiente, representado na figura a seguir, tem
um formato em U e contém dois líquidos imiscíveis em
do. Uma condição é que a densidade deve ser a mesma em
equilíbrio: água, de densidade dA = 1,0 g/cm3, e o óleo todas as porções do fluido. No caso dos líquidos, em geral,
de oliva, de densidade dO = 0,90 g/cm3. Sabendo que a essa condição é verdadeira, devido à resistência que existe
coluna de óleo mede hO = 20 cm, calcularemos o desní- para comprimir um líquido.
vel h entre as duas superfícies livre dos líquidos.
No caso dos gases, porém, a situação é diferente. Os gases
podem ser comprimidos com muita facilidade, e assim, sob
a ação da gravidade, as camadas inferiores são comprimi-
das pelas camadas superiores. Desse modo, a densidade
das porções inferiores é maior do que a das porções supe-
riores, devido ao fato de as moléculas ficarem mais próxi-
mas uma das outras do que nas camadas superiores. Con-
sequentemente, a densidade do gás diminui com a altitude
em relação à superfície da Terra. No entanto, essa variação
Resolução: é pequena, caso o desnível seja de apenas poucos metros.
Outro ponto é que a variação de pressão relacionada ao
Na figura, os pontos X e Y estão no nível do mesmo líquido termo do produto (d · g · h) é pequena em comparação
(água). Consequentemente, a pressão nesses dois pontos com a dos líquidos.
são iguais:
Dessa forma, se um gás estiver em um recipiente cuja
dimensão vertical seja pequena, podemos admitir que a
pressão é a mesma em todos os pontos do gás.

4. Princípio de Pascal
O matemático e físico francês Blaise Pascal (1623-1662),
em 1651, enunciou o seguinte princípio em um importante
trabalho denominado Sobre o equilíbrio dos líquidos:
px = py

Calculando px pelo ramo esquerdo do tubo, temos: Uma pressão externa aplicada a um líquido dentro
de um recipiente é transmitida, sem diminuição, para
px = patm + dA · g · hA todo o líquido e às paredes do recipiente.

Calculando py pelo ramo direito do tubo, obtemos:


pg = patm + do · g · ho Veremos os detalhes desse resultado no exemplo a seguir.
Dessa forma, igualando as duas expressões:
Aplicação do conteúdo
patm + dA · g · hA = pAtm+ do · g · ho ä
1. A figura representa o esquema de um sistema hidráu-
ä dA · hA = do · ho lico, sendo que os êmbolos X e Y, têm massas desprezí- ​__›
veis e áreas Ax = 20 cm2 e Ay = 50 cm2. Uma força ​F ​  x é
e então, obtemos o valor de hA: aplicada sobre o êmbolo X, que é imediatamente_​_› sentida

(  )
no êmbolo Y, com intensidade de força igual a ​F ​  y. Supon-
d 0,90
hA = ​  __o ​· ho = ​____
​   ​   ​· 20 = 18 cm do Fx = 60 N, vamos calcular Fy.
dA 1,0

Assim:
h = ho – hA = 20 cm – 18 cm = 2 ä h = 2 cm

Nesse caso, o desnível da superfície em contato com o ar


do óleo e da água é de 2 cm.

52
Resolução:
De acordo com o princípio de Pascal, a pressão deve ser a
mesma nos êmbolos:
F FY ______ F
p = __ ​   ​ ä ​  60 N2 
​  X  ​ = __ = ___
 ​   ​  Y  ​ cm2 ä FY = 150 N
AX AY 20 cm 50
No resultado do exercício anterior, podemos notar que a
força no segundo êmbolo é maior do que a força aplicada
no primeiro êmbolo, ou seja, Fy > Fx. De outro modo, nota-
mos que a aplicação de uma força de pequena intensida-
de no lado “fino” causa uma força de grande intensidade
no lado “grosso”. Os mecanismos hidráulicos usados, por Na parte superior do tubo, que ficou vazia, cria-se um vá-
exemplo, nos freios de veículos, utilizam esse princípio para cuo. No entanto, esse vácuo não é perfeito, pois um pou-
transmitir forças, como ilustra a figura abaixo. co de mercúrio evapora, preenchendo o espaço. Porém, a
pressão do vapor de mercúrio é muito pequena e pode ser
desconsiderada, isto é, podemos admitir que pX j 0.
A interpretação dada por Torricelli sobre esse resultado é
que a coluna de mercúrio é mantida nessa altura devido à
pressão atmosférica no líquido do recipiente. Desse modo,
o ar comprime a superfície livre do mercúrio, “empurran-
do-o” para cima no interior do tubo. Se a região superior
(vazia) do tubo for aberta e colocada em contato com o ar,
então a coluna de mercúrio irá abaixar.
O valor de 76 cm da coluna de mercúrio é o valor obser-
vado no nível do mar. Como dito anteriormente, a pressão
atmosférica diminui à medida que nos afastamos da su-
perfície da Terra. Por exemplo, na cidade paulista de Cam-
pos do Jordão, situada a 1.800 metros acima do nível do
5. Pressão atmosférica mar, a altura da coluna de mercúrio mede apenas 61 cm.
A unidade de pressão (que não pertence ao SI), chamada
Anteriomente, foi mencionado que a atmosfera exerce uma atmosfera (atm), é definida assim:
pressão sobre os corpos próximos à superfície da Terra. No
entanto, como é possível medir essa pressão?
1 atmosfera (1 atm) é a pressão equivalente à exer-
Um dos modos de medir a pressão atmosférica é através cida por uma coluna de mercúrio de altura 76 cm, à
do experimento realizado pelo matemático e físico italiano temperatura de 0º C, num local onde a gravidade é
Evangelista Torricelli, em 1643. normal (g = 9,80665 m/s2).
Primeiramente, Torricelli encheu um tubo de vidro de apro-
ximadamente 1 metro com mercúrio (Hg). Em seguida, com Determinaremos, agora, a relação entre as unidades de pres-
o tubo fechado, mergulhou-o invertido num recipiente que são: atmosfera e pascal.
também continha mercúrio. Por último, a extremidade tapa-
da do tubo foi liberada. Nessa situação, o nível de mercúrio Consideremos o tubo sob um recipiente, como na figura
desce um pouco, e estabiliza-se em uma altura de aproxima- abaixo.:
damente 76 cm acima da superfície livre do mercúrio.

53
Nessa situação, temos:
pA = pX + dgh

Mas pX = 0 e pA é a pressão atmosférica (patm). Assim:


patm = 0 + dgh = dgh

A densidade do mercúrio a 0 ºC é d = 13.5955 kg/m3. Assim:


patm = dgh = (13.5955 kg/m3)(9,80665 m/s2)(0,760 m)
a) Calcule a razão mínima entre os raios dos pistões A e B
patm j 1,013 · 105 N/m2 ä 1atm = 1,013 · 105 para que o elevador seja capaz de elevar o equipamento.
Pa j 105 Pa b) Sabendo que a área do pistão A é de
0,05 m2, calcule a área do pistão B.
As unidades de pressão centímetro de mercúrio c) Com base no desenho, calcule a pressão mano-
(cmHg) e o milímetro de mercúrio (mmHg) também métrica no ponto C situado a uma distância h =
são utilizadas, em geral. 0,2 m abaixo do ponto, onde a força F é aplicada.

Essas unidades de pressão são as exercidas por colunas de Resolução:


mercúrio de alturas 1 cm e 1 mm, à temperatura de 0 ºC
(zero grau Celsius), numa região onde a aceleração da gra- a) Do teorema de Pascal:

(  )
__ _____
vidade tem seu valor normal. Desse modo, temos: rA 2 __ rA __F ____
1 atm = 76 cmHg = 760 mmHg
__ __ F
r​ B 2​   r​ A 2​  
__
B P
F __
B
√ √
​   ​ = ​   ​   ⇒ ​ r​   ​  ​ = ​    ​  ⇒ r​   ​ = ​ ​   ​ ​  = ​ ​  250  ​ ​  
P
P 4000
r 1
⇒ __ ​ rA ​ = __
​   ​. 
4
Aplicação do conteúdo B
b) Aplicando novamente o teorema de Pascal:
1. Se Torricelli tivesse usado água ao invés de mercúrio
​  P  ​ = __
__ ​ 4000
​  F  ​  ⇒ ____ ​  250  ​  ⇒
 ​  = ____
para fazer o seu experimento de medida da pressão at- AB AA AB 0,05
mosférica, qual seria a altura da coluna de água corres-
4000 . 0,05
pondente a 1 atm? ⇒ AB = __________ ​   ​    
250

Resolução: ⇒ AB = 0,8 m2
c) A pressão manométrica corresponde à pressão da colu-
Sendo d a densidade da água, h a altura da coluna e g a na líquida.
aceleração da gravidade, a pressão atmosférica (patm) no
p = dgh = 700 . 10 . 0,2 ⇒ p = 1400 N/m2
experimento de Torricelli deve ser dada por:
3. (CPS) Se cavarmos um buraco na areia próxima às
patm = dgh
águas de uma praia, acabaremos encontrando água, de-
e assim: vido ao princípio físico denominado Princípio dos Vasos
Comunicantes.
patm
h = ​ ___   ​  Assinale a alternativa que apresenta a aplicação desse
d . g
princípio, no sistema formado pelos três recipientes aber-
Como patm = 1 atm j 105 Pa, d j 103 kg/m3 e tos em sua parte superior e que se comunicam pelas ba-
g j 10 m/s2, substituindo os valores, obtemos: ses, considerando que o líquido utilizado é homogêneo.

a)
​  10
5
h j ______ ä h j 10 m
   ​  
10 · 10
3

2. (UFJF-PISM 2) Um dos laboratórios de pesquisa da


UFJF recebeu um equipamento de 400 kg. É necessá-
rio elevar esse equipamento para o segundo andar do
prédio. Para isso, eles utilizam um elevador hidráulico, b)
como mostrado na figura abaixo. O fluido usado nos
pistões do elevador é um óleo com densidade de 700
kg/m3. A força máxima aplicada no pistão A é de 250 N.
Com base nessas informações, RESPONDA:

54
c) Supondo que o nível da água está coincidindo com o nível
médio do mar, podemos dizer que ‘neste ponto a pressão
é de 1 atm, e sabendo-se que a cada 10 m de coluna de
água temos aproximadamente 1 atm, como a altura da
coluna de água é de 100 m, então a pressão no ponto B
comparada ao nível da água será de 10 atm.
d)
Já a coluna de ar vai influenciar a pressão na terceira casa
decimal, portanto, a coluna de ar pode ser desprezada.
Logo, pB – pA = 10 · patm

e) Alternativa C

Resolução:

De acordo com o teorema de Stevin, pontos de um mesmo


líquido que estão na mesma horizontal suportam a mesma
pressão. A recíproca é verdadeira: se os níveis estão sob mes-
ma pressão, então eles devem estar na mesma horizontal.
multimídia: sites
Alternativa C

www.fisica.net/hidrostatica/pressao_liqui-
4. (Udesc) De acordo com a figura, considerando h = 100 m
e a densidade do ar sendo uniforme, ao longo da dis- dos_stevin.php
tância h, a variação de pressão entre as posições B e A www.sofisica.com.br/conteudos/Mecanica/
é aproximadamente: EstaticaeHidrostatica/pressao.php

a) 0.
multimídia: vídeo
b) 1 · patm. Fonte: Youtube
c) 10 · patm. Hidrostática - Teorema de Stevin e vasos
d) 1000 · patm. comunicantes
e) 100 · patm.

Resolução:

Esta questão poderia ser mais esclarecida quanto à pres-


são de referência ao nível da água e, também, poderia for-
necer mais dados, como as densidades da água e do ar.

55
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Cerca de 70% da biosfera terrestre estão debaixo d’água, e todos os organismos que vivem em ambientes aquáticos
estão submetidos à pressão hidrostática. Essa pressão pode variar bastante, comparando por exemplo os animais
que vivem próximo da superfície e os peixes abissais.

Anoplogaster cornuta, exemplo de peixe abissal, que vive onde a pressão hidrostática pode chegar a 40 atmosferas

A pressão hidrostática é definida fisicamente como a pressão exercida pelo peso de uma coluna de algum fluido
(líquido ou gasoso) em equilíbrio. A determinação da pressão depende da densidade do fluido, da altura da coluna
onde o fluido se encontra e da gravidade local. A pressão hidrostática é capaz de induzir uma variedade de adapta-
ções morfológicas e fisiológicas nos seres vivos e nos organismos que os compõem, como as células.
As proteínas e enzimas estão entre as macromoléculas mais estudadas para a compreender como a pressão hi-
drostática pode alterar o funcionamento de componentes orgânicos, devido ao fato de que mudanças de volume
estão associadas a importantes alterações nas proteínas. Muitas enzimas podem ter suas atividades moduladas sob
alta pressão hidrostática, como a especificidade das proteases. Isso é possível porque altos valores de pressão podem
alterar a estabilidade e a funcionalidade das enzimas, fazendo com que elas deixem de funcionar.

VIVENCIANDO

As aplicações dos conceitos físicos da hidrostática estão presentes em diversos momentos do nosso cotidiano. Quando
o motorista pisa no pedal do freio, provoca uma pressão que atua sobre o compartimento com o fluido de freio. A
pressão se transmite por todo o fluido, inclusive dentro de um sistema de tubos que vai agir sobre as rodas do carro,
travando-as. Assim, é o fluido que empurra as pastilhas contra os discos de freio, fazendo o carro parar. O fluido de freio
é um composto sintético ou semissintético e uma das suas principais características é a capacidade de não se comprimir.
Esse sistema de fluido de freio facilita muito o processo de frear os automóveis e pode ser usado também em bicicletas.
Quando bebemos um suco ou um refrigerante com o canudinho, a hidrostática também está presente. Quando
puxamos o ar de um canudinho, a pressão diminui em seu interior. Isso acontece porque o ar que permanece no
canudo se espalha, fazendo com que a pressão de dentro fique menor. Como a pressão atmosférica no líquido não
se modificou, ela empurra o líquido para dentro, fazendo o líquido subir pelo canudo. Se tentássemos beber algo com
um canudinho na Lua, isso não seria possível pela falta de atmosfera no nosso satélite natural.

56
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

Atualmente, as bancas pedem que o aluno saiba captar informações do enunciado, como relações matemáticas e tabe-
las, além de saber relacionar com os conhecimentos aprendidos em sala de aula.

Modelo
(Enem) Um dos problemas ambientais vivenciados pela agricultura, hoje em dia, é a compactação do solo, devido ao
intenso tráfego de máquinas cada vez mais pesadas, reduzindo a produtividade das culturas.

Uma das formas de prevenir o problema de compactação do solo é substituir os pneus dos tratores por pneus mais:
a) largos, reduzindo pressão sobre o solo.
b) estreitos, reduzindo a pressão sobre o solo.
c) largos, aumentando a pressão sobre o solo.
d) estreitos, aumentando a pressão sobre o solo.
e) altos, reduzindo a pressão sobre o solo.

Análise expositiva - Habilidade 17: Essa é uma questão bem simples, que pede ao aluno a aplicação do
A conceito de pressão (fundamental na hidrostática) em outras situações usuais.
A pressão média (pm) é a razão entre o módulo da força normal aplicada sobre uma superfície e a área (A)
dessa superfície:
pm = Fnormal/A
De acordo com essa expressão, para prevenir a compactação, deve-se diminuir a pressão sobre o solo: ou
se trabalha com tratores de menor peso, ou aumenta-se a área de contato dos pneus com o solo, usando
pneus mais largos.
Alternativa A

57
DIAGRAMA DE IDEIAS

HIDROSTÁTICA

FLUIDOS IDEAIS

DENSIDADE OBJETO OCO

d=m
V
MASSA ESPECÍFICA OBJETO MACIÇO

PRESSÃO FORÇA ESPALHADA p= F


A

LEI DE STEVIN ∆p = d⋅g⋅∆h

PONTOS NO
VASOS COMUNICANTES
MESMO NÍVEL
Mesma pressão

VASOS COMUNICANTES dA⋅hA = dB⋅hB

FA FB
PRINCÍPIO DE PASCAL =
AA AB
PRENSA HIDRÁULICA

58
AULAS Hidrostática: empuxo
47 e 48
Competências: 1, 5 e 6 Habilidades: 2, 3, 17 e 20

1. Empuxo
É fácil perceber a diferença entre segurar uma pedra, ou
outro objeto qualquer, dentro e fora da água. Quando a
pedra é segurada dentro da água, nota-se que ela parece
mais leve. Isso ocorre
​___› porque a água exerce sobre a pedra
uma força vertical E ​
​ ,   com sentido para cima. Essa força é
denominada empuxo.
Quando a pedra é retirada de dentro da água, o empuxo
que era exercido pela água desaparece, e a pedra parece
ficar mais pesada.

Aplicação do conteúdo
1. Um corpo em formato de paralelepípedo, de área da
base A e altura h, é colocado no interior de um fluido
em equilíbrio, de modo que as arestas laterais do para-
lelepípedo ficam verticais, como mostra a figura.

De modo geral, a experiência mostra que:

Um corpo que esteja total ou parcialmente submerso


num fluido em equilíbrio (e sob a ação da gravidade)
recebe a ação de uma força vertical para cima, isto é,
de sentido oposto ao da gravidade. Essa força é deno-
minada empuxo.

Dados: df = 1,0 · 103 kg/m3, g = 10 m/s2, h = 3,0 m, A = 2,0 m2,


É possível explicar com certa facilidade não apenas a exis- dc = 1,5 · 103 kg/m3
tência do empuxo, mas também o fato de ele ter sentido a) Sabendo que V é o volume do corpo, expresse, em
para cima. Considere, por exemplo, a situação representa- função de V, dF e g, o módulo do empuxo exercido
da na figura a seguir, em que um corpo C está imerso no pelo fluido sobre o corpo.
interior de um fluido em repouso, sob a ação da gravidade. b) Calcule o módulo do empuxo e módulo do peso do
corpo. Que conclusão podemos tomar a partir desses
A partir da Lei de Stevin, sabe-se que a pressão no inte-
cálculos?
rior do fluido aumenta com a profundidade. Dessa forma,
a intensidade da força que é exercida pelo fluido em cada Resolução:
unidade de área da superfície do corpo também aumenta.
a) Sendo p1 a pressão do fluido na face superior ​____› do ​____›
Assim, como as forças exercidas na parte inferior do corpo centro e p2 a pressão na face inferior, as forças F​ 1 ​  e F​ 2 ​  
são mais intensas do ​___› que as forças exercidas na parte su- exercidas pelo fluido nessas faces têm intensidades
perior, a resultante E ​
​   dessas forças tem sentido para cima. dadas por:

59
F1 = p1 · A e F2 = p2 · A É possível concluir, então, que o corpo deverá afundar, pois
P > E.
Da figura anterior, pode-se ver que p2 > p1 e F2 > F1
Por simetria, as forças exercidas pelo fluido sobre as faces​
laterais
___

do paralelepípedo se cancelam. Assim, a resultante​
E ​,   mostrada na figura a seguir, das forças exercidas pelo
fluido sobre o corpo tem módulo dado por:

E = F2 – F1 = p2A – p1A = (p2 – p1) · A multimídia: vídeo


No entanto, pela Lei de Stevin, a relação da pressão na face Fonte: Youtube
superior e inferior é: Empuxo de Arquimedes - Mãozinha em Física 030
p2 – p1 = dFgh

Substituindo, segue que:


E = dF · g · h · A 2. Princípio de Arquimedes
No exercício resolvido, foi visto que o empuxo pode ser cal-
Como h ∙ A é o volume V do paralelepípedo, a equação
culado a partir da Lei de Stevin, quando o corpo está no
fica:
interior do fluido. Isso é possível em duas condições:
E = dF · g · V
§ quando o objeto apresenta um formato especial ou
b) Pela equação obtida no item anterior, tem-se: conhecido (isto é, volume fácil de calcular ou densi-
E = dF · g · h · A dade conhecida);
§ quando o objeto está numa determinada posição (flu-
Substituindo os valores dados, tem-se: tua, está imerso ou afunda).
E = (1,0 ∙ 103 kg/m3)(10 m/s2)(3,0 m)(2,0m2)
Caso o corpo tenha um formato qualquer, o cálculo do em-
E = 6,0 · 10 N
4
puxo poderá ser muito complexo.
Como m é a massa e P é o peso do corpo, segue que: O físico e matemático grego Arquimedes (287-212 a.C.)
descobriu uma maneira muito simples e engenhosa de
P=m·g calcular o empuxo. Como em sua época ainda não exis-
No entanto: tia o conceito moderno de força – que foi introduzido por
Newton muito mais tarde –, o princípio de Arquimedes
m = dc · V = dc (hA)
será apresentado por meio de argumentos ligeiramente
Assim, substituindo os valores fornecidos, obtém-se: diferentes.

P = (1,5 · 103 kg/m3)(3,0 m)(2,0 m2)(10 m/s2) No interior de um fluido em equilíbrio e sob a ação da gra-
vidade, considere uma porção desse fluido delimitada por
P = 9,0 · 104 N uma superfície S.

60
Nota:
A parte do corpo que está submersa, ou imersa, é
aquela que está no interior do líquido. Já a parte que
está fora do líquido é a parte emersa.

O fluido que caberia no espaço ocupado pela parte sub-


mersa do corpo foi chamado por Arquimedes de fluido
Na figura, é possível observar que essa​____porção de fluido deslocado.Assim, o princípio de Arquimedes pode ser
› ​___›
está sob a ação de duas forças: o peso P​ F ​  e o empuxo E ​
​ ,   enunciado da seguinte maneira:
que resulta das forças exercidas pelo restante do fluido que
age sobre essa porção de fluido interna a S. Deve-se ter a
O empuxo exercido por um fluido sobre um corpo que
seguinte condição, uma vez que o fluido está em equilíbrio:
está total ou parcialmente submerso neste fluido tem
E = PF módulo igual ao módulo do peso do fluido deslocado
pelo corpo.
Suponha agora que um corpo C substitua o espaço ocu-
pado pelo fluido no interior de S. As forças exercidas sobre
S pelo fluido que está fora de S são as mesmas, tanto no
caso da figura anterior como no da figura a seguir, pois a A partir da equação E = PF e sabendo que mF , dF e VF são,
superfície S não mudou. Dessa forma, em ambos os casos, respectivamente, a massa, a densidade e o volume do flui-
o empuxo é o mesmo e é dado pela equação: do deslocado, tem-se:
E = PF E = PF
PF = mF · g
mF = dF · VF

Portanto, tem-se:

E = dF · VF · g

Essa equação é igual à do exercício resolvido anteriormente.


Assim:

O módulo do empuxo é igual ao módulo do peso do


líquido do recipiente que caberia dentro do espaço
ocupado pelo corpo.

Portanto, se o corpo estiver parcialmente submerso em um


líquido, como no caso do navio mostrado na figura a seguir, o
empuxo será igual ao peso do líquido (no caso, da água) que
caberia no espaço ocupado pela parte submersa do corpo.

multimídia: vídeo
Fonte: Youtube
Empuxo e suas propriedades e o princípio
de Arquimed...

61
Aplicação do conteúdo 3. Empuxo e densidade
1. Calcule a intensidade do empuxo, o peso e a densidade Considere um corpo qualquer, de densidade dc, abando-
de um corpo homogêneo de volume VC = 0,16 m3 que flutua nado no interior de um fluido de densidade dF, como na
em um líquido de massa específica d1 = 0,80 · 103 kg/s2. imagem a seguir. Uma vez que o corpo está totalmente
imerso, o volume do fluido deslocado será igual ao volume
do corpo: VF = VC = V. Dessa forma, as intensidades do peso
e do empuxo serão dadas por:

Resolução:

Do enunciado, segue que o volume total do corpo é


VC = 0,16 m3; logo, o volume da parte emersa é V1 = 0,04 m3.
Assim, o volume da parte submersa, isto é, do volume do PC = dcVg e E = dfVg
líquido deslocado será:
É possível considerar três casos relacionados às densidades
VL = Vc – V1 = 0,16 m – 0,04 m = 0,12 m
3 3 3 dF e dC:
​___›
Foi visto que a intensidade do empuxo (​E ​)   é igual ao peso § Se dC > dF:
do líquido deslocado, ou seja, é o peso do líquido que ca- _​___›
Tem-se PC > E, e, portanto, a força resultante F​ R ​  apontará
beria no espaço ocupado pela parte submersa do corpo,
para baixo, conforme a figura a seguir. Tendo partido do
que nada mais é do que o espaço de volume VL. Portanto:
repouso, o corpo afundará até atingir o fundo do reci-
E = PL = mL · g = dL · VL · g = (0,80 · 103 kg/m3 (0,12m3) (10m/s2) piente. Assim, a diferença PC – E é o peso aparente do
E = 9,6 · 102 N corpo.

Como o corpo flutua, significa


​____›
que ele está em equilíbrio. § Se dc = dF:
_​___›
Assim, o peso do corpo P​ C ​  e o empuxo têm a mesma in- Tem-se PC = E, e, portanto, a força resultante F​ R ​  será nula e
tensidade: o corpo permanecerá em repouso.
PC = E = 9,6 · 102 N
§ Se dc < dF:
PC = E = PL ä PC = PL ä mC · g = mL · g ä mC = mL ä ​____›
tem-se E > PC, e, nesse caso, a força resultante F​ R ​  apontará
V
ä dC · VC = dL · VL ä dC = ​ __1  ​ dL ä para cima, como mostrado na figura, fazendo com que o
VC corpo suba até ficar parcialmente submerso.
0,12
dC = ____
​   ​ · (0,80 · 103) ä dC = 0,60 · 103 kg/m3
0,16

Aplicação do conteúdo
1. Nas regiões frias, há diversos blocos de gelo que
flutuam no mar, os chamados icebergs. Isso acontece
multimídia: vídeo devido à densidade do gelo ser um pouco inferior à da
água líquida. Sabendo que a densidade da água do mar
Fonte: Youtube (dA) é aproximadamente 1020 kg/m3 e a densidade do
Fluidos gelo (dc) é de aproximadamente 920 kg/m3, calcule que
fração do volume de um iceberg fica emersa.

62
E=P

ou:

da · VA · g = dG · VG · g

Rearranjando a equação e substituindo os dados fornecidos:

dg
VA = __ ​ 920  ​ VG
​    ​ VG = ____
dA 1020
Resolução:
_​__› VA = 0,90 VG = 90% VG
Considerando
​___› as intensidades do peso do iceberg (​
P ​ )   e do
empuxo (​E ​)   exercido pelo mar sobre o gelo, sendo VG o Assim, o volume submerso é 90% do volume total de gelo.
volume total do gelo e VA o volume da água deslocada, Em consequência, apenas 10% do volume de gelo perma-
tem-se: necem acima da superfície do mar.
E = da · VA · g   e   P = dG · VG · g

Como o iceberg está em equilíbrio, deve-se ter: 3.1. Navios


Sabe-se que a densidade do aço é maior que a da água.
Dessa forma, conforme os casos discutidos anterior-
mente sobre densidade e empuxo, se um bloco maciço
de aço for atirado na água, ele afundará. No entanto,
embora os navios tenham seus cascos feitos de aço,
eles não afundam; eles flutuam na água, parcialmente
submersos. Isso ocorre porque o navio não é um bloco
maciço de aço. Os navios possuem partes vazias (ocas)
que fazem com que sua densidade seja menor que a da
água e, por isso, eles boiam.

VIVENCIANDO

O princípio do empuxo, de Arquimedes, pode explicar tudo que flutua. No dia a dia, é fácil perceber coisas flutuando,
como os balões. Pode ser estranho citar o balão como um objeto que flutua, mas os gases também são fluidos. Eles
diferem dos líquidos por possuírem uma densidade menor. A Terra é envolta por uma mistura de gases, conhecida como
a atmosfera terrestre. Portanto, o planeta está envolto por uma camada de fluido. Objetos cujas densidades sejam meno-
res do que a densidade da atmosfera tendem a flutuar. Os dirigíveis são grandes objetos contendo em seu interior gases
mais leves do que o ar. O hélio é o gás mais usado para preencher balões meteorológicos e de publicidade.
Outro exemplo da atuação do empuxo são os icebergs. Eles são formados por grandes massas de água doce (as massas
de água salgada são denominadas banquisas), no estado sólido, que se deslocam seguindo as correntes dos oceanos.
Na maioria das vezes, apenas 10% do volume total do iceberg emergem à superfície, e os outros 90% ficam submersos,
oferecendo enorme perigo às navegações. A massa específica do gelo, em condições polares, vale 0,917 g · cm−3. Assim,
a densidade do gelo é ligeiramente menor que a da água, o que faz com que os icebergs flutuem.

63
Assim:
Aplicação do conteúdo
T = E – P = daVg – dHVg = (da – dH) · Vg 
1. Um garoto segura uma bexiga cheia de gás hélio,
como ilustra a figura a seguir. Calcule a intensidade da
força exercida pelo garoto sobre a bexiga desprezando No entanto:
as massas do fio que o garoto segura e da borracha da
qual a bexiga é feita. 1 m3 = 103 L ä 1L = 10–3 m3 ä 10 L = 10–2 m3

Dados: dH = densidade do hélio = 0,17 kg/m3 , da = densidade Assim:


do ar = 1,20 kg/m ; V = volume da bexiga 10 m g = 10 m/s .
3 -2 3 2
V = 10 L = 10-2 m3

Substituindo os valores dados na equação (*),


tem-se:

T = (dar – dHr) · Vg = (1,20 kg/m3 – 0,17 kg/m3)(10–2 m3)(10 m/s2)


j 0,10 j 0,10 N
T j 0,10 N

2. (FMJ) Uma esfera rígida de volume 5 cm3 e massa


100 g é abandonada em um recipiente, com velocidade
inicial nula, totalmente submersa em um líquido, como
mostra a figura.

Resolução:

Nesse caso, o fluido que envolve a bexiga é o ar. Sabe-se


que a densidade do hélio é menor do que a do ar; assim,
se o garoto soltasse o fio, a bexiga subiria.
Desprezando as massas do fio e da borracha, as forças que ​___›
atuam na bexiga, conforme a figura, são: o empuxo (​E ​)  
exercido pelo ar sobre a bexiga, a tração exercida pelo fio e
a força-peso. Como a bexiga está em repouso, deve-se ter:

Verifica-se que a esfera leva 4s para atingir o fundo do re-


cipiente, a 80 cm de profundidade. Considerando g = 10/
s2, e que apenas as forças peso e empuxo atuem sobre a
esfera, determine:
a) a velocidade, em m/s, com que a esfera toca o fun-
do do recipiente;
b) a densidade do líquido, em g/cm3.

Resolução:
a) Trata-se de um movimento retilíneo uniformemente
acelerado, em que a velocidade média é dada pela
média das velocidades, sendo possível calcular a ve-
locidade final:
E = T + P ou T = E – P v–v
​ Ds ​ = _____
vm = ___ Ds ​ + v ⇒
⇒ v = 2​ ___
​   ​0  
Dt 2 Dt 0
Mas:
0,8m
⇒ v = 2 ∙ ____ + 0 ∴ v = 0,4 m/s
​   ​  
P = dH · V · g e E = dar · V · g (4s)

64
Outra possibilidade é calcular a aceleração e, depois, a ve- a) B é menor que a de A.
locidade final: b) A é menor que a de B.
v0 = 0 e s0= 0 c) A é menor que a da água.
s = s0 + v0t + __​  a ​ t2 ​ 2s2 ​  =
a = __ d) B é menor que a da água.
2 t
2 · 0,8 m
= _______
​  ∴ a = 0,1 m/s2
 ​  
  Resolução:
(4s)2
v = v0 + at ⇒ O bloco A continua na mesma posição: sua densidade é
igual à da água;
⇒ v = 0 + 0,1 m/s2 . 4s ∴ v = 0,4 m/s
b) A força resultante é dada pela diferença entre o O bloco B vai para o fundo: sua densidade é maior que a
peso da esfera e o empuxo: da água.
Assim:
dA = dág
dB > dág
dA < dB

Alternativa B

4. (UFPR) Uma esfera homogênea e de material pou-


co denso, com volume de 5,0 cm3 está em repouso,
completamente imersa em água. Uma mola, disposta
verticalmente, tem uma de suas extremidades presa ao
fundo do recipiente e a outra à parte inferior da esfera,
conforme figura abaixo. Por ação da esfera, a mola foi
deformada em 0,1 cm, em relação ao seu comprimento
Fr = P – E quando não submetida a nenhuma força deformadora.
Usando o princípio fundamental da dinâmica e as defini- Considere a densidade da água como 10 g/cm3, a ace-
leração gravitacional como 10 m/s2 e a densidade do
ções do peso e do empuxo, obtém-se a massa específica
material do qual a esfera é constituída como 0,1 g/cm3.
do líquido:
ma = mg – μligVg ⇒
m(g – a)
⇒ μlig = _______
​   ​  
 =
Vg
100 g · (10 – 0,1)m/s2
= ________________
  
​      ​ ∴ μlig = 19,8g/cm3
5 cm3 ∙ 10 m/s2
3. (CFT-MG) Dois blocos A e B de mesmas dimensões
e materiais diferentes são pendurados no teto por fios
de mesmo comprimento e mergulhados em uma cuba
cheia de água, conforme a figura a seguir. Cortando-se
os fios, observa-se que A permanece na mesma posição Com base nas informações apresentadas, assinale a alter-
dentro da água, enquanto B vai para o fundo. nativa que apresenta a constante elástica dessa mola.
a) 0,45 N/cm.
b) 4,5 N/cm.
c) 45 N/cm.
d) 450 N/cm.
e) 4500 N/cm.

Resolução:

Dados: V = 5 cm3 = 5 × 10-6 m3;


x = 0,1cm = 10-3 m; da = 1 g/cm3; dc = 0,1 g/cm3 = 10-2 kg/m3.
Com relação a esse fato, pode-se afirmar que a densidade A figura mostra as forças agindo na esfera: peso (P); empu-
do bloco xo (E) e força elástica (F).

65
Como a esfera é homogênea, sua densidade é igual à do
material que a constitui. Assim, ela é menos densa que a multimídia: sites
água; portanto, sua tendência é flutuar, provocando na
mola uma distensão. Por isso, a força elástica na esfera é www.pt.khanacademy.org/science/physics/
para baixo. fluids/buoyant-force-and-archimedes-principle/a/
Do equilíbrio de forças: buoyant-force-and-archimedes-principle-article

F + P = E ⇒ F = E – P ⇒ F = da Vg – dc Vg ⇒ www.fisica.net/hidrostatica/principio_de_ar-
quimedes_empuxo.php
⇒ kx = (da – dc) Vg ⇒
(103 – 102) · 5 · 10-6 · 10
_____________________ www.web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvsl/
k = (da – dc)Vg/x =
   ​      ​ = museu%20virtual/curiosidades%20e%20des-
10-3
= 9 · 102 · 5-2 ⇒ k = 45 N/m ⇒ cobertas/Massas_e_Volumes/empuxo.html
⇒ k = 0,45 N/cm.

Alternativa A

CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS

Arquimedes de Siracusa foi um matemático, inventor e astrônomo grego, que nasceu em 287 a.C. Apesar de existi-
rem poucos documentos sobre sua vida, ele é considerado por muitos pesquisadores o maior matemático da anti-
guidade e o fundador dos estudos da estática e da hidrostática dentro da Física. Foi morto por um soldado romano,
durante o cerco de Siracusa.
Uma famosa lenda sobre Arquimedes conta que um rei de Siracusa, chamado Hierão, consultou o cientista grego
para resolver um problema envolvendo sua coroa. O rei estava em dúvida se sua coroa era realmente feita comple-
tamente de ouro ou se o ourives real havia misturado outros metais mais baratos para confeccionar a coroa. Certo
dia, entretido com essa questão, Arquimedes tomava banho numa banheira. De repente, ele teve um vislumbre da
solução e saiu correndo pelado pelas ruas da cidade, gritando “eureka, eureka”, que quer dizer “descobri, descobri”.
A água que transbordava da banheira cheia tinha o mesmo volume de seu corpo. Utilizando-se dessa propriedade
física, Arquimedes poderia provar se o ourives era um trapaceiro. Ele observou que blocos de massa iguais, mas feitos
um de ouro e outro de prata, faziam transbordar volumes de água: por serem materiais de densidades diferentes,
os blocos não tinham o mesmo volume. Utilizando uma bacia cheia de água, ele descobriu que o bloco de prata
deslocava um maior volume de água que o bloco de ouro. Em seguida, ele verificou que o volume de água que a
coroa transbordava era maior que o do bloco de ouro e menor que o do bloco de prata. Arquimedes concluiu que o
ourives não havia usado ouro puro na coroa, mas feito uma mistura de metais. Ele usou a densidade para provar que
a coroa tinha sido feita com uma liga de ouro e prata.

66
Com efeito, trata-se de uma lenda. Arquimedes nunca escreveu sobre o suposto episódio. O registro mais antigo
sobre essa história aparece, pela primeira vez, na introdução de um livro escrito pelo arquiteto romano Vitruvius,
mais de 300 anos depois da morte de Arquimedes. Galileu foi um dos primeiros a duvidar da história, questionando
a precisão dos experimentos realizados por Arquimedes na lenda. Atualmente, acredita-se que o desafio proposto
por Hierão na verdade envolvia a construção de um imenso barco, que seria construído e dado de presente para um
imperador no Egito.

ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM

Habilidade
Relacionar informações apresentadas em diferentes formas de linguagem e representação usadas nas ciências físi-
17 cas, químicas ou biológicas, como texto discursivo, gráficos, tabelas, relações matemáticas ou linguagem simbólica.

É cada vez mais importante que o aluno desenvolva a capacidade de relacionar e utilizar os conhecimentos adquiri-
dos de Física em diversas situações.

Modelo
(Enem) Durante uma obra em um clube, um grupo de trabalhadores teve de remover uma escultura de ferro maciço
colocada no fundo de uma piscina vazia. Cinco trabalhadores amarraram cordas à escultura e tentaram puxá-la para
cima, sem sucesso.
Se a piscina for preenchida com água, ficará mais fácil para os trabalhadores removerem a escultura, pois a:
a) escultura flutuará. Dessa forma, os homens não precisarão fazer força para remover a escultura do fundo;
b) escultura ficará com peso menor. Dessa forma, a intensidade da força necessária para elevar a escultura será menor;
c) água exercerá uma força na escultura proporcional a sua massa, e para cima. Essa força será somada à força que os
trabalhadores fazem para anular a ação da força-peso da escultura;
d) água exercerá uma força na escultura para baixo, e esta passará a receber uma força ascendente do piso da piscina.
Essa força ajudará a anular a ação da força-peso na escultura;
e) água exercerá uma força na escultura proporcional ao seu volume, e para cima. Essa força será somada à força que os
trabalhadores fazem, podendo resultar em uma força ascendente maior que o peso da escultura.

Análise expositiva - Habilidade 17: Trata-se de uma questão muito interessante. A banca procurou complicar
E com alternativas muito parecidas. O candidato que não entendeu muito bem o conceito teve muitas dificul-
dades em resolver e, inevitavelmente, ficou na dúvida entre duas ou mais alternativas.
Com a piscina cheia, a água exercerá na escultura uma força vertical, para cima, denominada empuxo, cuja inten-
sidade é igual ao peso do volume de água deslocado pela escultura. Matematicamente, o empuxo é dado por:
E = dlíquido · Vimerso g
Alternativa E

67
DIAGRAMA DE IDEIAS

EMPUXO

FORÇA

VERTICAL
PARA CIMA

PRINCÍPIO DE
ARQUIMEDES

E = dF·VF·g

dC > dF dC = dF dC < dF

Corpo em equilíbrio
Corpo afunda Corpo em
parcialmente
repouso submerso
submerso

68

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