OP1 CapítuloIII Dinâmica Da Partícula 2020-1

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BIBLIOGRAFIA

MASSARANI, G. Fluidodinâmica em Sistemas Particulados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 1997.


DUARTE, C.R. (Prof. FEQ/UFU), Notas de aula.
BARROZO, M.A.S. (Prof. FEQ/UFU), Notas de aula.
OP1 – Dinâmica da Partículas

Dinâmica da Partícula no Campo Gravitacional


 O conhecimento da TRAJETÓRIA das partículas é essencial
para o entendimento e projeto de separadores sólido-fluido.
Assim...

Da Lei do Movimento de Newton, tem-se que o somatório


das forças (∑F) atuantes sobre a partícula determina sua
taxa de variação de quantidade de movimento
 Seja:
uma partícula deslocando em um meio fluído
Em que:
v: velocidade da partícula;
u: velocidade do fluido;
m: massa da partícula;
ρs: massa específica da partícula;
ρ: massa específica do fluido. 2
OP1 – Dinâmica da Partículas

Além...
Fe

EMPUXO Fa
dp
ρs ρ
FORÇA PESO
(devido à força gravitacional)
Fp

Há ainda...

efeito da FORÇA RESISTIVA que o fluido


exerce sobre a partícula

3
OP1 – Dinâmica da Partículas

 A força resistiva (Fa) depende:


 da velocidade do fluido;
 do tamanho e da forma da partícula; e,
 do contorno e da presença de outras partículas
na vizinhança.
Assim...

 Pela 2ª Lei de Newton, considerando o balanço de forças


atuando sobre a partícula, tem-se:
 
  
d mv dv
 F  dt  m  dt
   
dv      
m   Fp  Fe  Fa  m  g  m fluido  g  Fa   s  V  g    V  g  Fa
dt deslocado
4
 OP1 – Dinâmica da Partículas

dv
m     S   V  b força de campo  Fa
dt  
  

empuxo e força peso força resistiva ou
força de arraste

Em que:
V: volume da partícula (cujo volume deslocado pelo fluido é igual);
Fa: força que o fluido exerce sobre a partícula;
b: intensidade do campo exterior (força gravitacional, força
centrífuga etc).
 Considere as hipóteses:
 aceleração nula (somatório das forças se anulam, a
velocidade é cte  regime permanente).
 a partícula apresenta um certo grau de uniformidade;
 fluido Newtoniano; 5
OP1 – Dinâmica da Partículas

 a posição relativa fluido-partícula não afeta o valor


de Fa;
mesmo campo de velocidade
e mesma partícula

Fa2 > Fa1


a resistência em 2 é maior
(neste caso, a posição relativa
afeta o valor de Fa)

 Fa tem a direção da velocidade relativa (u-v);


 tem-se partículas isoladas, ou seja, NÃO são
considerados:
 efeitos de parede (diâmetro do sistema >>> diâmetro da
partícula);
 efeitos de concentração (sistema diluído, uma partícula
não interage com a outra). 6
OP1 – Dinâmica da Partículas

 Qualquer força de resistência a um escoamento pode ser


expressa como:
o produto da ÁREA (da partícula projetada no plano
normal à direção do escoamento) por ENERGIA
CINÉTICA (por unidade de VOLUME) e por um
FATOR DE RESISTÊNCIA ao escoamento
A 2
Fa     u  f
2
A 2
Fa     u  v  f
2
A    u  v  CD  u  v 
2

Fa  
2 uv
Em que:
CD: coeficiente de arraste ou arrasto (fator de resistência ao
escoamento). 7
OP1 – Dinâmica da Partículas

A
Fa     u  v  CD   u  v 
2
Sendo que,

Na literatura tem-se um grande nº de experiências


conduzidas (com partículas regulares e irregulares)
que indicam que CD depende do fluido (µ,ρ) e da
partícula (dp, ρs e forma), isto é, de Re e ø.
...ou seja,

CD = f (Re, ø)

8
OP1 – Dinâmica da Partículas

Determinação do Coeficiente de Arraste


 Seja:
a queda livre de uma partícula no campo
gravitacional, atingindo o regime PERMANENTE
com a velocidade terminal, vt.

vt

Conforme visto, segundo a lei do movimento de Newton


(equação do movimento da partícula):

dv
m     S     V  b  Fa 9
dt  
OP1 – Dinâmica da Partículas

Assim...

Substituindo Fa:
dv A
m     S     V  b     u  v  CD   u  v 
dt  2
Mas...

Campo gravitacional b = g
aceleração é nula (dv/dt) = 0
fluido estagnado u = 0 e v =vt

Então...
A
0    S     V  g     0  vt  CD   0  vt 
2 10
OP1 – Dinâmica da Partículas

Também,

 d 3p
V
6
 d p2
A
4
Tem-se que...

  d p2   vt2  CD   d p3
   S     g 
4 2 6 3

...e,

Explicitando CD chega-se a:
11
OP1 – Dinâmica da Partículas

4  S     d p  g
CD  
3   vt2

Portanto, se...

são conhecidos: e medido o valor de:

dp ρ ρs vt

Obtém-se…

CD 12
OP1 – Dinâmica da Partículas
Sendo que...
 O comportamento típico da variação do COEFICIENTE DE
ARRASTE em função do regime de escoamento pode ser
visualizado a seguir:

Ref: Pettyjohn, E.S. e Christiansen, E.B., “Effect of Particle Shape pn Free-Settling Rates of
Isometric Particles”, Chem. Eng. Progress, 44, 2, 157, 1948.c 13
OP1 – Dinâmica da Partículas

...ou seja,
 O coeficiente de arraste (CD) apresenta o seguinte
comportamento típico, em função do escoamento (Re) e da
forma (φ) da partícula:

Assim...

 Tem-se na literatura correlações empíricas para a obtenção


do coeficiente de arraste (ou da velocidade terminal)
conforme apresentado na sequência. 14
OP1 – Dinâmica da Partículas

No Regime ou Região de Stokes

Re < 0,5 Escoamento Laminar


24
CD 
K1 Re
Em que:
K1  0,843  log10 /0,065

...ou,
24
CD 
K1   d p  vt    /  

Mas...

Do balanço de forças atuando sobre a partícula,


anteriormente deduziu-se o coeficiente de arraste como: 15
OP1 – Dinâmica da Partículas

4  S     d p  g
CD  
3   vt2
Então,
...
Igualando as duas últimas equações:
4  S    d p  g
6
24 
 = 
K1 d p  vt   3   vt2
...e,
Explicitando a velocidade terminal, chega-se a:
K1  d p2    S     g
vt 
18
Para Partículas Esféricas

Para φ = 1 (esfera) K1 = 1 16
OP1 – Dinâmica da Partículas

Logo...
24
CD 
Re
...e,

d p2    S     g
vt 
18
No Regime ou Região de Newton

Re > 103 Escoamento Turbulento


CD  K 2

Em que:
K 2  5,31  4,88   17
OP1 – Dinâmica da Partículas

Então,
...
Igualando esta última equação com a expressão obtida
anteriormente para o coeficiente de arraste (a partir
balanço de forças atuando sobre a partícula), tem-se:
4  S     d p  g
CD  K 2  
3   vt2
Logo...

Explicitando a velocidade terminal, chega-se a:


4 d p   S     g
vt  
3 K2  
Para Partículas Esféricas

Para φ = 1 (esfera) K2 = 0,43


18
OP1 – Dinâmica da Partículas

Na Região Intermediária

0,5 < Re < 1000


Método das Assíntotas

n 1/ n
y0 = Stokes
y  x    y0  x   y  x  
n
y∞ = Newton
Sendo que...

Tem-se duas situações:


com Re, CD 4   s     g  
Se conheço vt  
encontro dp Re 3  2  vt3

Se conheço dp com Re, 4     s     g  d 3


p
encontro vt CD Re  
2

3 2
19
OP1 – Dinâmica da Partículas

Para Partículas Esféricas


n n / 2 1/ n
Se conheço  C Re  2
 C Re  2 
vt
Re   D
 24   D   n = 0,95
   0, 43  
n 1/ n
Se conheço  24 Re  n/2
 0, 43Re  
Re     n = 0,88
dp C   D   C D

 

Para Partículas Não Esféricas


1/ n
Se conheço  24 
n/2
 K2 
n

Re       n = 1,2
vt K  C / Re  C / Re
 1 D
   D  
1/ n
  CD Re   
n / 2
Se conheço  2 n
 K1CD Re 
2

Re       n = 1,3
dp  24   K2  
   
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OP1 – Dinâmica da Partículas

Influência da Parede na Queda Livre de Partículas


 Quando o diâmetro da PARTÍCULA torna-se apreciável em
relação ao diâmetro do RECIPIENTE em que está
sedimentando, as PAREDES exercem um efeito adicional.
este efeito adicional é RETARDADOR ao
deslocamento da partícula e conhecido como:

efeito de PAREDE
 Considere:
uma partícula em queda livre.
Assim, tem-se que...
a velocidade terminal (vt) é reduzida quando a
partícula se desloca num campo influenciado
pela presença de uma fronteira rígida. 21
OP1 – Dinâmica da Partículas

Assim...

 Na queda ao longo de um tubo (dispositivo) de diâmetro


Dt, as equações devem ser acrescidas de um FATOR DE
CORREÇÃO.
Deste modo...

vt  f  , Re  

Sendo que...
dp   d p  vt
 Re 
Dt 
Em que:
vt∞: velocidade terminal da partícula isolada.

Portanto...
22
OP1 – Dinâmica da Partículas

vt  K w  vt

Em que:
Kw: fator de correção  1;
K w  f   , Re 

OBS.: na sequência são apresentadas algumas correlações da literatura


para a obtenção do fator de correção para o efeito de parede.
No Regime ou Região de Stokes
Re < 0,5

Correlação de Francis
4
 1  
Kw     ≤ 0,5
1  0, 475   
23
OP1 – Dinâmica da Partículas

Correlação de Almeida
1,25
Kw 
1  0,25  e 6,51  
β ≤ 0,85

Região Intermediária

0,5 < Re < 1000


Correlação de Almeida
10
Kw 
1  A  Re B
Sendo que,
  d p  vt
A  8,9 1e 2,79
B  1,17 10  0, 281 
3
Re 
 24
OP1 – Dinâmica da Partículas

Região de Newton
Re > 103
Correlação de Munroe
 3/ 2 
Kw  1  
Correlação de Perry
1  2
Kw 
1  4
Se:

Kw ≅ 0,99 Efeito de parede desprezível


Então...
25
OP1 – Dinâmica da Partículas

Qual deve ser o diâmetro do recipiente para que a PAREDE deste


NÃO influencie os resultados da VELOCIDADE TERMINAL?

Regime Dt/dp
> que esses valores
Stokes 130 NÃO tem efeito de
parede ou o efeito é
Newton 10 desprezível

Pergunta-se...

Qual o significado de (1/β)?


Qual a relação entre Re e efeito de parede?
Qual a relação entre dp e efeito de parede? 26
OP1 – Dinâmica da Partículas

Influência da Concentração de Partículas na Velocidade


Terminal (Queda Livre de Partículas)

Quando a CONCENTRAÇÃO de partículas CRESCE

a VELOCIDADE de deposição das partículas


DECRESCE

Isto porque...

aumenta-se a VISCOSIDADE e a “DENSIDADE”


(de partículaS)

27
OP1 – Dinâmica da Partículas

 A CONCENTRAÇÃO de partículas em conjunto com um


fluido pode ser caracterizada utilizando um parâmetro que
representa:
a FRAÇÃO VOLUMÉTRICA de fluído na amostra
Isto é...

POROSIDADE
definida como...

volume de fluido na amostra



volume de fluido + volume de sólido
Sendo que...
28
OP1 – Dinâmica da Partículas

0   1
quando...

partícula isolada
(diluição infinita) ε = 1 vt = vt∞
apenas sólido
(tería-se) ε = 0

Quando...
Comumente,
vt correlações deste tipo
vt < vt∞  f   , Re  expressam a dinâmica
vt
da suspensão
Sendo que...
29
OP1 – Dinâmica da Partículas

  d p  vt   d p  vt
Re 
 e Re 

Re vt

  Re   vt
OBS.: na sequência são apresentadas alguns gráficos e correlações da
literatura para a consideração do efeito da concentração de partículas.

Gráfico (Concha e Almendra, 1978)

30
Re∞
OP1 – Dinâmica da Partículas

Correlações (Massarani, 1997)


Região de Stokes
Re∞ < 0,5
vt
 0,83   3,94 0,5 < ε≤ 0,9
  vt 
vt
 4,8    3,8 0,9 < ε< 1,0
  vt

Região Intermediária
0,5 < Re∞ < 1000
vt 1

  vt 1  A  Re   B
31
OP1 – Dinâmica da Partículas

Sendo que...

A  0, 281  5,96
e B  0,35  0,33  

Região de Newton

Re∞ > 103

vt 2,29 

  vt 
 0,95  e 0,5 < ε< 0,95

32
OP1 – Dinâmica da Partículas

Elutriação
 É uma operação de:

SEPARAÇÃO CLASSIFICAÇÃO
(por tamanhos)

Ocorre de forma que,


 Tem-se o escoamento de uma corrente ASCENDENTE de um
fluido, em contracorrente com o sólido particulado a ser
separado (ou classificados).
 Quando o objetivo é a classificação por tamanhos de
partículas de um material de MESMA densidade:
a separação é obtida com base apenas na diferença de
granulometria das partículas.
Assim...
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OP1 – Dinâmica da Partículas

 Seja o sistema de elutriação esquematizado a seguir:

Em que:
D1, D2 e D3: diâmetros
D1 D2 D3
dos elutriadores;
D1 < D2 < D3.

 A partícula que fica parada é:


é aquela cuja velocidade terminal é IGUAL a velocidade
do fluido, e, partículas MAIORES que ela são coletadas e
partículas MENORES são arrastadas pelo fluido
34
OP1 – Dinâmica da Partículas

a velocidade do fluido DIMINUI e...

Ao entrar no ... a partícula que fica parada tem


2º recipiente, velocidade terminal IGUAL a velocidade
de diâmetro do fluido
MAIOR que o
anterior... por consequência...

... as partículas MAIORES são coletadas,


e as MENORES arrastadas (e assim, por diante)

OBS.: Se for necessário calcular o diâmetro da partícula, isso será possível


se a velocidade terminal for conhecida, pois tem-se uma classificação de
partículas semelhante ao peneiramento.
OP1 – Dinâmica da Partículas

 Quando o sólido se trata de uma mistura de DOIS


materiais DIFERENTES:
a separação é conseguida em função da diferença de
tamanho das partículas e da diferença de
densidades entre as partículas.

Então,

 As partículas MAIS densas sedimentarão com MAIOR


velocidade, devendo a velocidade de ascensão do fluido ser
ajustada num valor entre:

a velocidade terminal da a velocidade terminal da


MENOR partícula do e MAIOR partícula do
material MAIS denso material MENOS denso
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