(Deep Purple) Discografia Comentada V11.2
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Discografia Comentada do
Os discos de estúdio
Discografia Comentada do
Os discos de estúdio
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
O Eremita
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Dedicatórias
Este mui modesto trabalho não poderia deixar de ser dedicado a outrem que não aos músicos do Deep
Purple (a todos, menos um!) e também aos seus fãs, por serem pessoas de gosto apurado. Existem os
que têm um gosto ainda mais apurado, pois, além de fãs do Deep Purple, são palmeirenses.
Sempre cabe mais uma lembrança e uma homenagem a dois de nossos heróis que deixaram os palcos
cedo demais: Ronnie James Dio e Gary Moore.
Em julho de 2012 tivemos o falecimento de Jon Lord. Uma grande pessoa, um grande músico e um
grande ídolo, a quem esta versão, muito modestamente, é especialmente dedicada. Ainda como
homenagem, foi colocada na Internet uma compilação de entrevistas d’O Maestro (veja no item A.9
do Apêndice).
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Sumário
Apresentação (página 06) Capítulo 14: Perfect Strangers (175)
Capítulo 4: The Book Of Taliesyn (66) Capítulo 21: Rapture Of The Deep (232)
Se você está lendo este texto, foi por um de dois caminhos: um deles é
por ser meu amigo ou conhecido, a quem indiquei o endereço. Neste caso,
não há muito que falar – você já deve estar sabendo o que esperar daqui
para frente. O segundo caminho seria utilizando um site de busca,
provavelmente com o nome “Deep Purple” e, após passar por um monte
de outras referências, acabou abrindo este arquivo. A este raríssimo
segundo tipo de leitor é que esta apresentação é direcionada.
Por que eu resolvi fazer mais um texto sobre esta banda, cuja história já
foi relatada tantas vezes? Os motivos são vários: (1) um passatempo –
gosto de escrever sobre o Deep Purple e esta não é a primeira vez que faço
isso; (2) um gesto de reconhecimento e gratidão – uma banda que me
proporcionou tantos momentos de deleite merece uma retribuição como
esta, ainda que simples; (3) a facilidade da Internet – não estou fazendo
mal a ninguém ao produzir e colocar à disposição este texto. São apenas
alguns trilhões de bits, que podem ser baixados gratuitamente, sem
consumir papel nem muita energia. É, portanto, um texto sustentável.
Desculpe se o termo parece deslocado, mas eu não podia deixar de usar
“sustentável” em algum lugar – está tão na moda!; (4) repartir alguns
conhecimentos, documentos (de que servem essas coisas guardadas?) e
opiniões com os fãs da banda, ainda que estas eventualmente gerem a ira
de alguns.
Este texto não foi escrito por um jornalista, nem por um escritor
profissional ou por um músico. Sou um apreciador de boa música, com
uma predileção por Rock, particularmente pelo Deep Purple, por razões
expostas mais à frente. Também sou Engenheiro e tenho no sangue (ou
melhor, na massa cinzenta) a tendência muitas vezes irritante de
racionalizar as coisas e querer quantificar aquilo que só deveria ser
qualificável. Esse cartesianismo estará presente em várias partes do texto.
O mínimo que devo fazer é pedir sua paciência. Recomendo um truque –
pule as partes chatas e vá em frente!
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Ainda em cima das polêmicas e discordâncias, este texto traz ao final uma
crítica. Eu explico melhor. Coisas importantes como novos livros, discos
ou filmes são criticados por especialistas e essas opiniões saem na mídia,
ajudando as pessoas a se decidir se consomem ou não aquele produto. No
caso deste pobre e humilde opúsculo, se poucos perderão seu tempo para
lê-lo, contar que alguém fosse criticá-lo, sem chance. Por causa disso, foi
encomendada uma análise a um crítico e que já vem incorporada a este
texto (veja no Apêndice, seção C). Dessa forma, garantiu-se a publicação
de ao menos uma crítica a este trabalho. Para aquele que se interessar em
ler a crítica, antecipo algumas palavras ao meu favor: o crítico não
recebeu nenhum tipo de pagamento pelo seu texto e pessoas próximas a
ele me informaram que tal indivíduo andava em um mau humor
constante devido aos fracassos seguidos do seu time do coração. Duvido
que essas coisas tenham sido abstraídas na hora de fazer a crítica.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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PARTE I - Contexto
Capítulo 1
Cena Rockeira no Brasil nos anos 70
Vamos para os anos 70. Não havia computador pessoal, muito menos
Internet. Também era uma época onde não havia democracia no Brasil e,
como uma de suas consequências, havia pouca informação. A que era
acessível, era controlada. Tendo nascido em 1961, cresci e cheguei à
maioridade em um regime ditatorial. Sabe do que me lembro desses
tempos? Em termos políticos, de pouca coisa. Minha família era de classe
média. Bem média, se é que isso pode ser considerada uma definição. Não
falávamos de política. Não era só em casa. Em todo meu convívio – escola,
parentes, amigos da rua – ninguém discutia o que estava acontecendo.
Minha geração viveu na ignorância e cresceu apolítica. Os pais não
falavam sobre o tema – pessoas estavam sendo presas, torturadas e mortas,
muitas delas nas ruas; havia censura, que decidia o que poderíamos ver,
ler ou ouvir – e ninguém tocava no assunto, como uma forma de preservar
a saúde dos filhos e continuar mantendo-os por perto. Uns, não discutiam
política por medo. A repressão militar era violenta e onipresente. Outros,
como eram o meu caso e o dos colegas, vizinhos e amigos da mesma idade,
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No final dos anos 60 e início dos anos 70, o Rock era moda em São Paulo.
Isso quer dizer que a grande maioria dos jovens seguia as tendências do
Rock. Usavam as roupas no modelo dos artistas de Rock. Deixavam o
cabelo comprido e ouviam Rock. Alguns até mesmo gostavam de Rock.
Poucos eram, de fato, Rockeiros. Ou seja, Rockeiros no sentido de que
gostavam do Rock pelo que ele representava e não para acompanhar a
moda.
A onda do Rock passou. Veio a era disco. A maioria entre aqueles que
ouviam Rock passou a ouvir Disco. Entre a minoria que não (e nunca)
abandonou o Rock estava eu. Não sei bem o porquê, mas aquela história
de inconformismo do Rock e outras coisas do pensamento hippie, como
não se apegar tanto às aparências ou dar valor excessivo aos bens materiais
ou, ainda, ter mais respeito com a natureza me fisgaram e eu me mantive
fiel a esses ideais até hoje. Eu nunca fui um hippie, só seguia alguns de
seus ideais. Entre vários outros hábitos, um dos que eu nunca segui, ainda
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bem, foi prolongar os períodos entre os banhos. Mas, não era fácil. Não,
não a questão do banho! O que não era fácil era ser Rockeiro sem
dinheiro. Eu era um adolescente que só estudava (classe média bem
média, certo?). Sem grana não dava para levar aquele estilo de vida
idealizado do Rockeiro. Aquele que se via nos filmes – contestação, vida
alternativa, liberdade, moto, jaquetas de couro, festas na praia nos fins de
semana, curtindo a natureza...Essas coisas tinham que ser pagas. O que é
pior, sem dinheiro não dava nem mesmo para comprar discos! Os discos
eram muito caros. Pouca gente tinha condição de ter muitos discos.
Comprar um LP, pelo menos no meu ambiente, era um acontecimento.
A gente anunciava: “tal dia, eu vou comprar um disco!”. Diante da
dificuldade, uma das coisas que eu e meus amigos procurávamos fazer era
comprar discos diferentes uns dos outros, para ampliar a gama de sons
disponíveis.
Juntando a falta de grana, a censura, o mercado consumidor pequeno
(discos de Rock não vendiam quase nada, comparado aos de MPB, por
exemplo), a falta de informação geral (vida sem Internet!), lembro, de
novo, que não era mesmo fácil ser Rockeiro naquelas eras.
Além dos discos serem caros, havia outros problemas. As gravadoras não
estavam nem aí. Os discos de Rock não eram atrelados a nenhum critério
de continuidade ou integridade, ou seja, as discografias das bandas nunca
eram completas e as capas frequentemente eram mutiladas. Às vezes, o
próprio disco era mutilado (vários discos originalmente duplos saíram
simples por aqui, como no caso do álbum “Focus 3”). Para finalizar, havia
a má qualidade do vinil, que tornava os discos infestados de chiados e
pipocados lá pela terceira audição.
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era entrar em todas as lojas e olhar em todas as seções, pois cada lojista
tinha seu jeito particular de classificar os discos. Um LP do King Crimson
poderia estar na seção de “música jovem” ou um do Rory Gallagher em
“cantores americanos”.
A opção era comprar discos importados. Talvez “opção” não seja a melhor
palavra, porque os importados custavam, no mínimo, três vezes o preço
dos nacionais. Existiam poucas lojas que tinham importados. As melhores
eram as da extinta cadeia “Museu do Disco”, cujo nome enganava os
consumidores de primeira visita, pois estes achavam que lá seria possível
encontrar raridades e/ou antiguidades, coisa que não acontecia, exceto
pelos importados.
Imprensa
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Fanzine do jornalista
Valdir Montanari
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Rádio
E em São Paulo, o que mais rolava? No rádio, pouca coisa. Havia rádios
“jovens” como a “Excelsior” e a “Difusora”, que tocavam muita música
internacional, mas elas eram concentradas na vertente Pop. Vez por outra
escorregava algum Rock na programação. A primeira grande exceção foi
o programa “Kaleidoscópio”, do Jacques, que rolava à noite em uma rádio
AM, cuja dona era a Igreja Católica e que ficava perto do Metrô Vila
Mariana. Lembro-me que uma vez eu e uns amigos tentamos falar com o
Jacques durante o programa. Fomos até a rádio e ele estava na porta,
fumando com umas garotas. Ficamos com vergonha (coisa de garotos) e
fomos embora. Mas o Jacques tocava realmente coisas de primeira. Muitas
bandas eu e meus amigos conhecemos ouvindo o “Kaleidoscópio”.
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Televisão
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Reprodução da capa do
DVD e do trecho do encarte
onde é citada a cópia
brasileira da apresentação do
Purple MK II tocando
Smoke on the Water
Ao vivo
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O que mudou tudo foi o “Rock in Rio”, que revelou à mídia que o Rock
era uma mercadoria lucrativa. De lá para cá, grandes e pequenos nomes
incluíram o Brasil em suas “World Tours”. O próprio Deep Purple é um
deles, pois já veio ao Brasil mais de dez vezes.
Era comum no meio Rockeiro certa “paixão clubística” por uma banda.
Muitos se tornavam fãs sem saber exatamente a razão e defendiam sua
banda preferida como se fosse o seu time de coração. Não foi o meu caso.
A escolha pelo Purple foi, em um primeiro momento, apenas
“vulcaniana”, lógica. Existia uma leve rivalidade entre os fãs do Purple e
do Led Zeppelin. Eu evitava entrar em discussões desse tipo, porque eu
também gosto do Led. Tenho os quatro primeiros CDs, que eu considero
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muito bons. Mas, a verdade é que certas coisas sobre o assunto até hoje
me irritam um pouco, especialmente a deferência com que a mídia trata
o Zeppelin. Não posso deixar de registrar que em minha comparação
racional entre Purple e Zeppelin, este último leva muitas desvantagens. O
Zeppelin produziu menos e seu desempenho ao vivo deixou a desejar. Foi
uma grande decepção assistir ao filme “The Song Remains the Same”,
sabiamente batizado no Brasil com o esclarecedor título “Rock é Rock
Mesmo”. O que eu vi? Uma banda com desempenho ao vivo muito
distante do registrado no estúdio, com Plant cantando tons abaixo em
relação aos discos, Page atravessando os solos e a banda deixando buracos
que nas versões em estúdio eram cobertas pelos “overdubs”. Ultimamente
tenho tido desilusões com o Zep devido à sequência de processos de plágio
que a banda vem sofrendo e perdendo. Uma rápida busca na Internet
permite constatar mais de dez músicas claramente copiadas de outrem,
como, por exemplo, Dazed and confusion; Black mountain side; Baby,
I’m gonna leave you e até mesmo Whola Lotta love. A realidade é que,
quando se fala sobre Rock, seja no jornal, na TV ou na Internet, é raro
alguém não citar o Zeppelin, assim como é raro alguém citar o Purple. O
Deep Purple sempre foi uma espécie de “patinho feio” para a mídia, não
sei ao certo o porquê. Também não sei se esse desfavorecimento era em
termos mundiais ou só no Brasil. Por aqui, era muito difícil uma aparição
sobre a banda nas poucas mídias que abriam espaço ao Rock.
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Por causa do custo e tudo o mais que foi dito, comprar um disco era uma
decisão difícil. A coisa era racionalizada. A escolha tinha que ser sobre
aquele que oferecesse o melhor custo-benefício, ou seja, a maior
quantidade de faixas legais dentre as ofertadas. Portanto, não dava para
comprar um disco que não tivesse pelo menos uns 80% de faixas boas. Os
LPs acabavam sendo dissecados, do primeiro ao último centímetro de
sulco. As capas também, esquadrinhadas em todos os seus detalhes.
Foi aí que o Deep Purple ganhou este fã. Era a banda que oferecia o
melhor custo-benefício! Não foi a propaganda (que, aliás, não existia),
não foi nenhum truque de imagem, como o satanismo do Sabbath ou o
hippie-ismo (bem, acho que essa palavra não existe) do Zeppelin. Foi um
gosto adquirido pela qualidade da produção musical, pura e
simplesmente. O Deep Purple praticamente não produzia aquele tipo de
música que serve só para completar o disco (aquilo que os ingleses e
americanos chamam de “fillers”). Isso pode ser comprovado pelo exposto
na Parte II, onde todos os discos são comentados, faixa a faixa.
Comecei a ouvir o Deep Purple por volta de 1973 e não parei mais.
Ajudou muito o fato de um belo dia eu ter conseguido, ou melhor, ganho
dos meus pais, um aparelho de som. Passamos a ouvir Deep Purple sem
parar. Digo “passamos” porque morando em uma casa não muito grande,
com o volume sempre um tanto alto, toda a família compartilhava as
minhas longas audições dos clássicos púrpuras, muitas e muitas vezes. Vez
por outra eu ouvia meu pai, fã de ópera, assobiando Sail away. É incrível,
mas ainda ouço Purple com praticamente a mesma frequência que ouvia
quando era adolescente. Será que isso é alguma patologia?
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Um hábito que existia entre os fãs era montar pastas com os recortes sobre
a banda de sua preferência. Não havia muito que guardar, caso a coleção
se limitasse à mídia nacional. O que a garotada fazia
era comprar uma edição de uma revista importada,
tirar as páginas que citavam sua banda preferida e
trocar (ou vender) as demais com os fãs dos outros
grupos que apareciam. A SBADP reuniu um monte
dessas pastas. Parte dos recortes está sendo
gradativamente socializado na Internet, na página
“Arquivos do Eremita” (veja a ref. A.6 do
Apêndice). Por sinal, esta é outra atividade que não
é mais possível nos dias de hoje – “colecionar Vejam só! Angela
mídia”. São tantas as fontes ao redor do mundo e, é Merkel já foi fã do
Purple! (Folha de S.
claro, tem a Internet. Provavelmente, ninguém Paulo, 20.nov.16).
monta mais as tais pastas.
Esse foi um apanhado geral. Deve ter ficado de fora muita coisa, porque
foi tudo baseado na memória do Eremita, que vem sendo implacavelmente
afetada à medida que os anos avançam. Tenho tentado uma terapia que
me ensinaram, à base do consumo regular de cerveja e gorgonzola. Até
agora não deu bons resultados, mas esse é o tipo do tratamento de longo
prazo.
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- Deep Purple Forever: editado pelo fã clube sueco, em sua língua natal
(!). Foi publicado entre 1991 e 2002 (32 edições);
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Capítulo 2
Uma breve história do Deep Purple - origem e
personagens
A figura central deste trabalho é uma das bandas mais queridas do mundo,
ativa há mais de 40 anos. Já vendeu mais de 100 milhões de discos.
Existem centenas de sites e fã-clubes ao redor do planeta que tratam de
cultuar essa banda, que tem uma produção musical impressionante,
composta de 21 discos de estúdio e um número incerto de gravações ao
vivo, que surgem a toda hora no mercado, sejam recentes ou antigas,
resultado da qualidade e competência que seus músicos sempre levaram
ao público em seus shows. Estes até hoje geram interesse por qualquer
registro, seja ele de ensaios ou a oficialização de antigas edições piratas.
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Voltando à história, Curtis conheceu Jon Lord e, assim como fez com
Tony Edwards, também convenceu o tecladista a fazer parte de seu
projeto, o Roundabout. A ideia do Curtis, o bom de lábia, era montar um
carrossel (que em inglês pode ser traduzido como “roundabout”) no
palco, onde ele ficaria no centro, com sua bateria. Os demais músicos
girariam em volta. Ambos já haviam visto Blackmore em ação e o
convidaram. Durante as negociações para viabilizar a banda, Curtis sumiu
de forma misteriosa. A essa altura os novos empresários tinham se
entusiasmado com o negócio do show-business e a HEC não desistiu. A
ideia de investir em uma banda de Rock, o ainda incipiente projeto
Roundabout, foi em frente, só que, evidentemente, sem a maluquice do
carrossel no palco. Depois de algumas audições, Rod Evans, Nick Simper
e Ian Paice foram recrutados e o Deep Purple nasceu, em março de 1968.
Em abril desse ano fizeram seus primeiros shows, ainda sob o nome de
Roundabout. Manter esse nome foi uma ideia de Lord. A primeira
excursão do grupo foi pela Escandinávia, aproveitando a experiência que
seu grupo anterior, The Artwoods, teve fazendo shows por lá pouco
tempo antes. Caso a banda não desse certo, era só enterrar o nome
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Roundabout e partir para outra. Tudo correu bem e ainda durante a turnê
eles assumiram o nome Deep Purple, seguindo sugestão de Blackmore.
Em julho, apenas cinco meses após os músicos se conhecerem, o Deep
Purple já tinha seu primeiro disco exposto nas prateleiras das lojas dos
Estados Unidos.
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Bananas (2003)
Set/2002- Rapture Of The Deep (2005)
Jul/2022 Ian Paice Live at Montreux 2006 (2007)
Ian Gillan Live at Montreux 2011 (2011)
MK VIII Roger Glover Now What?! (2013)
Steve Morse Live Tapes (2013)
Don Airey (T) Infinite (2017)
168 meses Whoosh! (2020)
Turning to Crime (2021)
Ian Paice
Ian Gillan
Jul/2022-
MK IX Roger Glover Ainda não lançou discos.
hoje
Don Airey
Simon McBride (G)
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Uma coisa que o Purple não teve em comum com muitas das maiores
bandas da história foi que seu primeiro disco não causou um grande
impacto, ao contrário do que aconteceu com o Black Sabbath e o Led
Zeppelin, só para ficar com os exemplos mais manjados. Na verdade, todo
fã sabe que o verdadeiro som da banda começou no quinto disco. Por mais
boa vontade que se tenha com o som do Deep Purple no início de carreira,
o fato é que se não houvesse surgido a MK II e o “In Rock”, a banda teria
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pelas suas letras. Para mim, ambos são os maiores de todos os tempos em
suas especialidades. Ninguém supera Blackmore na guitarra e Gillan
como vocal. Hendrix? Zappa? Plant? Rodgers? Todos eles são grandes,
incontestáveis e merecem todo respeito. Para mim, no entanto, os
maiores são mesmo Gillan e Blackmore, nesta ordem. Questão de opinião
e, ainda bem, que a sua, provavelmente, é diferente.
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Todo esse contexto acabou gerando atritos internos e os dois maiores egos
tiveram que se separar. Gillan foi embora e Blackmore ficou.
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Túmulo de Bolin
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O Purple ficou inativo até 1984, quando uma bolada oferecida pela
Polygram juntou a MK II novamente. A química foi restabelecida e a
banda gravou um disco clássico, “Perfect Strangers”. Em pouco tempo, as
velhas faíscas entre Gillan e Blackmore reapareceram e lá se foi o
vocalista, de novo. Para substituir Gillan pensaram em muitos nomes,
como o recém-falecido Brian Howe, da segunda formação do Bad
Company ou James Jamison, do Survivor (The eye of the tiger, lembram?)
e alguns outros, todos bem longe de honrar a tradição de boas escolhas.
Ao final, prevaleceu a opção de Blackmore e veio o lamentável ex-
companheiro de Rainbow, Joe Lynn Turner. Com essa formação (MK V)
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o Purple veio pela primeira vez ao Brasil, em 1991. Não foi possível
continuar com Turner. A banda e, mais contundentemente, a gravadora,
pressionaram Blackmore a aceitar Gillan de volta. Ele veio e escreveu as
letras para o LP de 1992, “The Battle Rages On”. Segundo palavras de
Gillan, ele fez aquilo como um mero trabalho, não por amor.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Roderick Evans
19.jan.1947
Edimburgo
Escócia
Nicholas Simper
03.nov.1945
Southall
Inglaterra
Ian Gillan
19.ago.1945
Hounslow
Inglaterra
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
David Coverdale
22.set.1951
Saltburn-on-Sea
Inglaterra
Glenn Hughes
21.ago.1952
Cannock
Inglaterra
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Joseph Satriani
15.jul.1957
San Francisco
Estados Unidos
Stephen J. Morse
28.jul.1954
Hamilton
Estados Unidos
Simon McBride
09.abr.1979
Belfast
Irlanda do Norte
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Esse nome, hoje tão famoso, também foi usado em três livros. Um deles
é do escritor inglês de histórias de espionagem, Ted Allbeury, já falecido,
que lançou em 1990 o grande clássico da literatura contemporânea “Deep
Purple” (seguem reproduções de duas de suas várias capas). Outros livros
a usar o mesmo nome da banda foram os romances de Parris Afronbond
e da mundialmente aclamada autora de textos eróticos Mayra Montero.
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Os logotipos
O Deep Purple foi uma das poucas bandas famosas que não consolidou
um logotipo. Isso é algo impensável para os grupos de hoje em dia, que,
antes de qualquer coisa, criam seu logotipo. Dependendo do estilo de
Rock que a banda faça, conseguir ler o que diz o logotipo é um grande
desafio.
O primeiro logotipo utilizado pelo Deep Purple foi o formado pela fonte
usada na edição do “Shades” original, reproduzida no bumbo da bateria
do Paice durante certo tempo. Depois disso, só foi surgir uma nova
logomarca na capa do “Stormbringer”. Esta foi a que mais agradou aos
fãs. Quando o Purple retornou, em 1984, foi criado o logo do “P” dentro
do “D”, que não é exatamente um primor em termos de estética e
criatividade. Outras tentativas surgiram, como as presentes no disco ao
vivo em Montreux e na turnê da segunda edição do “Concerto”.
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Nenhuma delas prosperou. Até hoje, a mais usada é mesmo a criada para
o “Stormbringer”, até mesmo para identificar álbuns das MK em que
Gillan participa. Seguem algumas ilustrações sobre o “caso do logotipo”.
PARTE II – Núcleo
Esta parte traz a discografia comentada, faixa a faixa, dos LPs de estúdio
do Deep Purple. O “Concerto For Group”, embora seja um disco gravado
ao vivo, foi incluído porque tem um repertório próprio, não presente em
outros discos de estúdio.
O total de pontos foi dividido pelo número de faixas para se obter a média
do disco. Essa média aparece no início de cada capítulo, ao lado da
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música tão bem feita que permanece atual e que você escuta milhares de
vezes e não enjoa. Poderia ser uma definição com palavras mais bem
escolhidas, mais erudita, para, quem sabe, ser citada futuramente em
compêndios Rockeiros, mas, não tenho essa ambição. Outro jeito de saber
se temos ou não um clássico é ouvir um (ou “uma”? Nunca sei) cover.
São raríssimos os casos em que a cover de um Rock Clássico fica melhor
do que o original. Isso inclui versões regravadas pelos próprios autores.
Conceito Qualificação
A Capa atraente e criativa
Boa ideia, mas que poderia ter sido mais bem executada ou boa
B
ideia, mas sem ser candidata a constar em uma antologia de capas
C Capa discreta, que não arranca grandes suspiros
D Capa infeliz
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Capítulo 3
Shades Of Deep Purple
A
1. And the address (4:36) Produção: Derek Lawrence
2. Hush (4:11) Gravação: Pye Studio, Londres
3. One more rainy day Engenheiro: Barry Ainsworth
(3:15)
4a. Prelude: happiness Capa: Les Weisbrich (*)
(2:45)
4b. I’m so glad (4:53) Lançamento: setembro de 1968
B Gravadora/Selo/Código: EMI/Parlophone/PCS 7055
5. Mandrake root (5:55) Lançamento no Brasil: 1977
6. Help (5:45)
7. Love help me (3:34) (*) creditado na edição americana. Não tenho
8. Hey Joe (7:38) informações sobre o crédito da versão inglesa.
Visão geral
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
pois nos primeiros discos (até em algumas faixas do “In Rock”) ele usava
uma Gibson. Por sorte ela fez parte do acordo de separação entre
Blackmore e sua primeira esposa, o que o fez passar a usar a Fender, de
som bem mais agradável.
Outro fator que pesou para que o disco não obtivesse um grande impacto
no público inglês foi a produção. O produtor Derek Lawrence foi indicado
por Blackmore, que o conhecia de suas andanças como músico de estúdio.
Um artifício usado por Lawrence foi inserir como ligações entre as faixas
vinhetas extraídas de um banco de efeitos sonoros. Isso deixou o disco
datado e nada acrescentou em termos artísticos. A sonoridade também
poderia ser melhor. O som em geral tem brilho demais, principalmente o
da bateria, que ficou muito destacada e “seca” na mixagem. O som do
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
baixo ficou um pouco mais “duro” do que o desejável. Ôpa! Para quem
queria tornar os comentários os mais objetivos possíveis, esses adjetivos
ladeados por aspas poderiam ser considerados imperdoáveis. Peço perdão
por isso. Ainda em relação ao trabalho do Sr. Lawrence, considero que a
produção neste disco resultou conservadora, quando comparada a
algumas de suas contemporâneas.
Pela sonoridade, arranjos e presença dos solos, fica claro que nesse início
era Lord quem liderava a banda. Essa liderança foi gradativamente
enfraquecendo, diante da personalidade mais forte de Blackmore. A
mudança do som, que se materializou no “In Rock”, foi atendendo aos
desejos do guitarrista, que passou a conduzir a banda dali em diante.
Título
Capa
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As faixas
Hush
Joe South
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Canção com forte apelo Pop, melodiosa, com vocais suaves e andamento
lento. A única sem solos. À primeira vista (ou ouvida), é a que teria mais
chance de virar sucesso, maior mesmo do que a Hush, mas, não estourou.
Nota: 6
Prelude: happiness
Blackmore/ Evans/Lord/Paice/Simper
I’m so glad
Skip James
Mandrake root
Blackmore/Evans/Lord
Quem quiser ter uma boa ideia do que eram as tantas vezes citadas
limitações vocais de Evans em relação aos futuros planos musicais da
banda é só ouvir esta mesma faixa com o Gillan, em versão ao vivo, como
as que constam nos discos “Scandinavian Nights” e “In Concert”. Outra
curiosidade: “Mandrake Root” era o nome da banda que Blackmore tinha
antes de entrar no Purple.
61
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
não acaba aí. Bill afirma que pouco depois ficou sabendo da apropriação
de Ritchie, interpelou os empresários do Purple, que lhe pagaram para
que não entrasse em juízo e ele aceitou. Para completar, ele alega que no
final da música há uns compassos que também foram copiados por Ritchie
para compor o riff de Smoke on the Water! Ouvindo a gravação do
YouTube, duas coisas são inegáveis: o riff é MUITO parecido mesmo com
o de Mandrake Root e no final realmente há os tais compassos que são
semelhantes à da Smoke. Bill Parkinson está certo? Bem, é difícil
comprovar. Não consegui localizar um registro oficial de Lost soul. Há
apenas o arquivo do YouTube, que, embora tenha sonoridade de uma
gravação antiga, pode ter sido produzido em qualquer tempo. Outra coisa
que chama a atenção é por qual motivo Bill Parkinson só se pronunciou
tantos anos depois?
Nota: 7
Help
Lennon/McCartney
62
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Love help me
Blackmore/Evans
Outra faixa mais para o Pop. Poderiam tê-la colocado em outra posição
no disco. Ficou esquisito, uma faixa intitulada Help seguida de uma
chamada de Love help me. Os solos de Blackmore usando o pedal wah-
wah não acompanham bem o clima da música. Nessas horas é que é
importante a participação do produtor, indicando ou sugerindo as
intervenções mais adequadas dos músicos. Esta é a única faixa do disco
em que só há um solista.
Nota: 4
Hey Joe
Billy Roberts
Complementos
63
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Purple” (Apêndice, ref. A.2). Apesar do sucesso que fez nos Estados
Unidos, esse compacto nem ao menos pontuou na parada inglesa.
64
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
65
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 4
The Book Of Taliesyn
A
1. Listen, learn, read on (4:02) Produção: Derek Lawrence
2. Wring that neck (5:15) Gravação: De Lane Lea Studio, Londres
3. Kentucky woman (4:43) Engenheiro: Barry Ainsworth
4a. Exposition (2:52) Capa: John Vernon Lord
4b. We can work it out (4:14) Lançamento: Julho de 1969
B Gravadora/Selo/Código: EMI/Harvest/SHVL
751
5. Shield (6:00) Lançamento no Brasil: 1975
6. Anthem (6:29)
7. River deep, mountain high
(10:05)
Visão geral
66
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Este disco foi o lançamento que inaugurou o selo Harvest (cujo logotipo
é de autoria de Roger Dean), divisão da EMI dedicada às bandas de
vanguarda, especialmente os progressivos. Obviamente, uma
concorrência ao selo Vertigo. Foram lançados grandes discos via Harvest,
como os do Renaissance, Pink Floyd e Flash, entre outros. No Brasil o
“Book” também saiu com esse selo, como mostra a reprodução da
publicidade, mais à frente.
67
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capa
Reprodução das contracapas das edições inglesa (à esquerda) e americana do LP. À direita, compacto
americano com Hard Road (o lado A é Kentucky woman)
68
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Uma das coisas que mudou com a MK II foram as faixas de abertura dos
discos, sempre arrasadoras. Na MK I era o contrário – três discos, três
faixas de abertura fracas. Esta traz Rod Evans declamando (rap?) a letra,
com bastante efeito de eco. O refrão é repetido muitas vezes, tornando a
faixa um pouco enfadonha. Na verdade, a música toda parece não fazer
muito sentido.
Nota: 5
Kentucky woman
Neil Diamond
Tentativa de repetir o exito de Hush. Não foi tão bem, chegando apenas
no 38o lugar das paradas americanas. Cover de um original do Neil
Diamond, um cantor não famoso até então e que depois virou um artista
de sucesso, fazendo o tipo do caretão extremo, bem longe do espírito do
Rock. Uma canção americana demais para uma banda inglesa, não
ajudando em nada no esforço dos rapazes em emplacar em sua terra natal.
Foi feito o possível no arranjo para torná-la irressistível – até foi incluída
uma marcação com palmas. Tem bons solos de Blackmore e Lord, mas
nada disso fez com que ela repetisse o surpreendente feito de sua
antecessora. Esta é mais uma prova de que o mercado da música Pop é
69
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Exposition
Blackmore/Lord/Paice/Simper
Mais uma amostra da confusão musical daquilo que era a banda. Depois
de uma canção Pop deslavada, um número instrumental progressivo,
baseado em uma peça de Tchaikovsky. Coisas de Lord.
Nota: 5
Depois de ter chegado aos ouvidos da banda que Paul McCartney gostou
da versão da Help, eles se animaram – vamos fazer outra cover dos
Beatles! Novamente a banda registrou uma regravação que ficou àquem
da original. Muito àquem. O início até que ficou legal, com as
intervenções de Blackmore pontuando o final dos versos. No refrão é que
a coisa desanda, devido à excessiva carga dramática que Evans colocou
(mais uma vez) na interpretação.
Nota: 5
Shield
Blackmore/Evans/Lord
70
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Anthem
Evans/Lord
Esta cover de uma canção que fez grande sucesso na gravação da dupla
Ike & Tina Turner tem uma longa introdução instrumental, inspirada na
obra clássica Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss. Típico
daquelas eras. De novo, o Purple embarcava na onda do que rolava
naquele momento, em que as bandas e artistas mais avançados do Pop e
do Rock buscavam quebrar as barreiras que separavam os estilos musicais,
juntando tudo numa mistura criativa. O que torna uma faixa um
“clássico”? Uma definição exata é difícil, mas, seguramente não é aquela
música que apenas segue uma tendência. É preciso, antes de mais nada,
ser uma obra de grande qualidade, que permaneça sendo apreciada dali
em diante, independentemente do passar dos anos. Não foi o caso, neste
caso. O resultado foi um pastiche. Outra escolha infeliz da banda, que
nem de longe rivalizou com a gravação mais famosa da música. Um
detalhe: ainda bem que o Evans se lembrou de adaptar a letra, que na
versão original começa com “when I was a little girl, I had a rag doll...”.
Nota: 4
Complementos
A última faixa da MK I a fazer certo sucesso nos Estados Unidos foi River
deep, mountain high, que teve uma versão editada lançada como lado A
de um compacto (Listen, learn, read on no lado B) e que alcançou o
quinquagésimo-terceiro (*) lugar das paradas.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Na coletânea “The Early Years” foram incluídas cinco faixas deste disco,
sendo duas versões alternativas para Kentucky woman e Wring that neck.
(*) uma ação efetiva a favor da campanha “preservemos o uso dos ordinais por
extenso”.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 5
Deep Purple
A
1. Chasing shadows (5:31) Produção: Derek Lawrence
2. Blind (5:24) Gravação: De Lane Lea Studio, Londres
3. Lalena (5:02) Engenheiro: Barry Ainsworth
4a. Fault line (1:45) Capa: adaptação de tela de H. Bosch
4b. The painter (3:51) Lançamento: Novembro de 1969
B Gravadora/Selo/Código: EMI/Harvest/SHVL 759
5. Why didn't Rosemary Lançamento no Brasil: não foi lançado
(5:02)
6. Bird has flown (5:31) em vinil, somente em CD,
7. April (12:06) em duas edições diferentes.
Visão geral
Apesar da leve melhoria geral na qualidade do disco, este foi o que teve o
pior desempenho em vendas, pontuando em um longínquo e
desconsiderável centésimo sexagésimo segundo lugar nas paradas dos
Estados Unidos (*). Assim como os dois anteriores primeiros, este não
alcançou as paradas na Inglaterra.
(*) mais uma ação a favor da importante campanha “preservemos o uso dos ordinais
por extenso”.
Título
Com o passar dos anos, o mercado fonográfico do Rock foi criando alguns
padrões. Normalmente após alguns álbuns de estúdio a banda lançava um
disco ao vivo. Mais uns anos de estrada e saía uma coletânea. No caso dos
nomes dos discos, a maior parte recebia o nome da faixa mais importante.
O primeiro disco da banda não tinha um nome específico. Era batizada
com o próprio nome da banda. Foi assim com o Zeppelin e o Sabbath, só
para ficar com as usadas como exemplo anteriormente. Pois então, por
que diabos o terceiro disco do Deep Purple chamou-se “Deep Purple”?
Isso só gerou confusão. Custava dar um nome diferente? Poderiam ter
chamado de “The Eremite”, por exemplo. Nome legal, não? Quem
mandou eles não me consultarem?
Capa
75
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
(*) Bosch, Volume 39 da coleção Gênios da Pintura, Ed. Abril, S. Paulo, 1968.
76
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Chasing shadows
Lord/Paice
77
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Blind
Lord
Balada romântica com um toque clássico, dominada por Lord, que usou
um teclado Harpsicord, dando um ar medieval à música. Novamente
Blackmore faz o solo usando o wah-wah. Paice passa boa parte da faixa
quebrando a marcação. Música cativante, mais criativa do que a média
das composições próprias até então.
Nota: 7
Lalena
Donovan Philips Leitch
Fault line
Blackmore/Lord/Paice/Simper
Faixa instrumental com uns efeitos que parecem ser gerados pela
reprodução de uma fita passada de trás para frente. Uma base simples de
Simper e um solo ao fundo de Blackmore. Experimentalismo deslocado,
ainda mais porque emenda em uma faixa pouco expressiva.
Nota: 5
78
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
The painter
Blackmore/Evans/Lord/Paice/Simper
Faixa que mais lembra o som dos discos anteriores. Bom desempenho dos
músicos, com os solos de Lord e Blackmore tomando a maior parte da
gravação. Mas, em termos de composição, pouco tem a dizer.
Nota: 5
Música que tem uma levada bem parecida com Mandrake root, com
Ritchie usando no riff e no solo o seu inseparável (naqueles tempos) wah-
wah. O refrão é mais um caso de Evans emulando Elvis. A melhor parte
da música é quando para tudo e apenas Lord prossegue, fazendo um solo
muito característico. Um destaque especial para a letra, que tem a singela
citação: “o eremita, em sua caverna solitária”. Valeu, Evans.
Em 1980 foi lançado no mercado inglês o compacto “New, Live & Rare
– Vol. 3”, que trazia uma gravação desta música com a MK II, originária
da mesma sessão na qual foi registrada a Hallelujah. Comparar as versões
com Evans e Gillan é mais uma forma de entender o porquê a banda tinha
que mudar de vocalista.
Nota: 6
79
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
April
Blackmore/Lord
Complementos
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Bird has flown, Lalena e The painter. Como sempre, traz encarte de
grande qualidade. Na coletânea “Early Years” foram inseridas quatro
faixas deste LP, sendo as novidades uma remixagem de Blind e uma versão
instrumental de Lalena.
81
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 6
Concerto For Group And Orchestra
A
1. First movement: Produção: Edwards-Coletta
Moderato – Alegro (19:05) Gravação: De Lane Lea Recording Mobile
Unit
2. Second movement: Engenheiros: David Siddle e Martin Birch
Andante – Part 1 Capa: Castle, Chappell & Partners Ltd.
B Lançamento: Janeiro de 1970
3. Second movement: Gravadora/Selo/Código: EMI/Harvest/SHVL
767
Andante – Conclusion (19:00) Lançamento no Brasil: 1976
4. Third movement:
Vivace – Presto (15:24)
Visão geral
82
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
83
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Complementos
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 7
In Rock
Visão geral
Este disco marca o início de uma carreira que tornou o Deep Purple uma
das bandas mais adoradas, conhecidas e lucrativas do planeta. Deram um
basta nas canções Pop. Pararam com o psicodelismo. Encerrado o ciclo
de orquestrações. Nada mais de imitações de segunda do Elvis e, ainda
bem, o início de novos cortes de cabelo. A já referida química entre os
cinco músicos começou a fazer efeito e eles produziram uma obra de
altíssima qualidade, um dos melhores discos da história do Rock.
90
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Na parte musical, a banda finalmente achou seu rumo, seu estilo, sua
identidade, sua vocação: o Rock pesado, conhecido internacionalmente
pelo consagrado rótulo de “Hard Rock”. Essa era a direção musical que
Blackmore buscava e, a partir desse momento, ele assumiu a liderança da
banda.
Embora o “In Rock” seja um clássico do estilo, não foi o Purple que
inventou o Rock pesado. Em junho de 70, quando o “In Rock” surgiu, já
haviam saído os dois Leds e o primeiro do Sabbath, além de muitos outros
91
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Apesar do disco ter sido gravado aos pedaços, em três estúdios diferentes,
com meses de espaçamento entre as gravações, isso não afetou sua
qualidade. A moçada estava se conhecendo e estavam todos
entusiasmados com o novo som. Essa forma de trabalhar foi repetida em
dois dos três discos seguintes e, nesses casos, acabou refletindo de forma
danosa no produto final.
92
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
Uma boa ideia, mais para truque de marketing do que para uma
preocupação com a concepção artística. O modelo foi o famoso
monumento americano, o Monte Rushmore, esculpido em pedra nas
montanhas de Keystone, Dakota do Sul. Nessa obra do escultor Gutzon
Borglum, que levou 15 anos para ser concluída, estão os rostos de quatro
presidentes americanos (Washington, Jefferson, Roosevelt e Lincoln –
não confundir com o ataque da Portuguesa de 2008). O estúdio que fez a
capa para o “In Rock” teve que dar um jeito de inserir um quinto rosto.
No caso, foi o do Paice, que ficou em uma posição que não consta na obra
original.
Cary Grant em cena do filme “Intriga Internacional” (“North by Northwest”, 1959), de Alfred
Hitchcock, que tem parte da trama em um cenário que reproduz o monumento do Monte
Rushmore, visto ao fundo.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
O artista brasileiro Flávio Albino fez a obra acima, aperfeiçoando a ilustração original.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
Speed king
Mais uma marca registrada foi inaugurada com Speed king. A partir dela,
as faixas de abertura dos discos do Purple passaram a ser (quase) sempre
arrasadoras. A música inicia com a banda abrindo a caixa de ferramentas
– guitarra distorcida, bateria solando, uma barulheira muito, muito alta.
Tão alta que essa introdução foi cortada na edição americana do LP.
Depois da extravagância, entra um som de teclado bem calminho por
alguns segundos e...tome porrada! Gillan anuncia com seus gritos: “eu
sou o rei da velocidade!” O solo é um dos muitos exemplos da
versatilidade dos músicos. O ritmo muda bruscamente e começa um
duelo jazzístico entre Lord e Blackmore. Gradativamente Glover e Paice
vão acelerando o andamento e o volume da base. Um grito daqueles do
Gillan retoma a pauleira. Antes de terminar, um dos versos do refrão é
interrompido por uma risada sacana. Quantos queixos caíram ao ouvir
essa música pela primeira vez...
Nota: 10
Bloodsucker
Child in time
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Child in time é uma obra que tem um começo marcante, com as famosas
notas emprestadas por Lord, segue com um canto suave de Gillan,
interpretando uma das poucas letras do disco que tem algum sentido, para
depois entrarem dois momentos consagradores: gritos inigualáveis e um
dos grandes solos de Blackmore. Só mesmo Gillan para cantar Child in
time do jeito que ficou imortalizada neste disco. O impressionante é que
ele repetia a proeza ao vivo! Tem um pirata do Purple, chamado “Live In
Kopenhagen 75” (provavelmente gravado durante o show do dia 20.
mar.75), que registra Coverdale cantando Child in time! Rolou durante
a execução de Space truckin’, momento em que a banda dedicava aos
improvisos. Só que ele cantou apenas a estrofe, sem entrar na parte dos
gritos.
99
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
do lado A e foi gravada ao vivo pela banda Pugh’s Place (com 11’20” de
duração!).
Nota: 10
Outro riff matador. A gravação tem uma sonoridade curiosa. Existe uma
distorção que dá a impressão que os alto-falantes estão rachados. A forma
como Gillan berra o título da música ao final de cada estrofe é marcante.
Nota: 9
Living wreck
100
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Black night, uma das músicas mais conhecidas do Deep Purple pertence
às mesmas seções de gravação do “In Rock”, mas não foi incluída no LP.
Foi lançada em compacto, com Speed king do lado dois. Esse compacto
saiu no Brasil e também vendeu bem por aqui (Apêndice, ref. A.2). Na
Inglaterra, esse compacto (lá chamado de “single”) foi lançado no dia
05.jun.1970 e alcançou o segundo lugar nas paradas.
101
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Existem outras músicas do Purple que são tachadas como plágio (acho
que todas foram tratadas em pontos diversos desta Discografia). Nada que
se compare ao Led Zeppelin de Jimmy Page, o recordista em plágios.
Blackmore, ao contrário de Page, divulgou várias de suas fontes, como,
por exemplo, Speed king, que foi baseada em Stone free de Jimmi Hendrix
e Lazy, inspirada em Steppin’ out, do Cream. Resumindo a questão:
existem músicas que podem ser consideradas plágios no repertório do
Purple. Duas, ao meu ver: Black night e Fireball. As demais citadas eu
considero inspirações. Pontos de partida, centelhas, com resultados
totalmente distintos de quem derivaram.
102
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
mas que experimenta uma memória como se fosse uma nova inspiração”.
Foi a criptomnésia que me fez pensar que a frase “penso, logo existo”
havia sido minha criação, conforme registrei orgulhosamente em uma
redação na segunda série do colegial.
O “In Rock” foi o primeiro dos discos do Purple a receber uma edição
especial de aniversário. Foi em 1995, portanto, 25 anos depois do
lançamento original. Essa edição foi muito caprichada, com uma
embalagem diferenciada, trazendo a reprodução dos autógrafos dos
músicos na tampa da caixa do CD e um encarte transbordando de
informações. A parte musical também tem seus encantos. Além das faixas
normais do LP, trouxe uma inédita (John Stew), conversas de estúdio e
três remixagens de Roger Glover. Um dos responsáveis pelo pacote foi
Simon Robinson, que teve acesso aos arquivos da gravadora e pôde
manipular as fitas dos registros originais, onde encontrou os itens extras
incluídos nessa edição comemorativa.
103
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Do lado esquerdo, recorte do jornal “O Globo”, de 23 de julho de 1970, que mostra que Black night
também frequentou as paradas no Brasil, atingindo o 6º lugar, apenas três posições abaixo do ... Waldick
Soriano! Em primeiro lugar podemos ver que estava Brasil, eu te amo, em versão com a banda Os incríveis,
comentada no início deste texto. Do lado direito, capa da versão portuguesa do compacto da mesma Black
Night, adequadamente ilustrada com uma foto da MK I (!). Esses nossos patrícios... Embaixo, capa da
versão brasileira em fita cassete, que não deixava sombra de dúvida sobre ter sido gravada em estéreo. Ao
lado, capa de compacto original da coleção d’O Eremita, em mais uma homenagem dos ingleses às cores
do Brasil.
104
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Abaixo: capa, contracapa e selo da edição argentina. Como é usual, os títulos das músicas estão traduzidos.
“Chico pontual” é a tradução para, isso mesmo, Child in time! Abaixo, edição especial em LP lançada pela
revista alemã Horzu, com o fundo da capa alterada para branco. Outra diferença é a abertura para o disco,
que fica do lado oposto ao normal, uma coisa bem prática, que faz com que seja obrigatório abrir a capa
para colocar ou tirar o vinil. No detalhe, o selo. Ao lado, o CD comemorativo de 25 anos do lançamento
original.
105
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 8
Fireball
A
1. Fireball (3:25) Produção: Deep Purple
2. No no no (6:50) Gravação: De Lane Lea e Olympic Studios
3. Demon’s eye (5:15) Engenheiros: Martin Birch; Lou Austin e
4. Anyone’s daughter (4:40) Alan O’ Duffy
B Capa: Castle, Chappel and Partners Limited
5. The mule (5:20) Lançamento: Setembro de 1971
6. Fools (8:15) Gravadora/Selo/Código: EMI/Harvest/SHVL
793
7. No one came (6:25) Lançamento no Brasil: 1972
Visão geral
106
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
para dar espaço aos shows. Com isso, não houve a concentração desejada
dos músicos no projeto do novo disco. O reflexo foi que o “Fireball”,
embora seja um de seus álbuns clássicos, não foi tão espetacular quanto
seu antecessor. Apesar disso, conseguiu melhores posições nas paradas,
empurrado pelas vendas do “In Rock” (que após mais de um ano de seu
lançamento ainda constava na lista dos mais vendidos) e pelo êxito da
Black night. O álbum foi um dos dois de inéditas do Purple a atingir o
primeiro lugar na Inglaterra (o outro foi o “Machine Head”) e chegou ao
32º posto nos EUA. Sintomaticamente, poucas de suas músicas
integraram o repertório dos shows. A faixa-título e Anyone’s daughter
permaneceram pouco tempo e as demais nem entraram. A única que
ficou um pouco mais foi The mule, por ser aquela em que Paice fazia seu
solo. Nesse momento, o ambiente interno começava a apresentar os
primeiros sinais de desgaste, com o choque de egos entre Gillan e
Blackmore, este cada vez mais consolidado como o líder da banda.
Título
Pela primeira vez foi usado o nome de uma faixa como título do disco,
fato que se repetiu algumas outras vezes e que é algo que não dá campo
para comentários muito longos. Umas três linhas, no máximo.
Capa
107
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
Fireball
No no no
108
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Demon’s eye
Anyone’s daughter
The mule
Esta tem uma história muito curiosa, que está presente no livreto da
edição comemorativa do disco. Vale a repetição, pois nem todos o leram.
Durante uma experiência no estúdio, com fitas sendo tocadas de trás para
frente (técnica que foi usada para gerar aqueles sons estranhos que
aparecem no final da No one came), um dos engenheiros,
inadvertidamente, fez uma gravação por cima de parte do canal da bateria
da versão já finalizada da The mule. Quando perceberam o erro, metade
do que havia sido gravado fora perdido. Paice deveria, então, regravar
aquela parte. Porém, o kit da bateria já tinha sido despachado para o local
do próximo show. Paice teve então que usar a bateria disponível no
estúdio e não foi possível igualar o som das duas. Os ouvidos mais
sensíveis podem perceber que há uma diferença entre o som da bateria a
partir da metade da música, aproximadamente. Outra das faixas do disco
que não seguem o padrão Hard Rock, apresentando um clima bem
peculiar, sombrio. Paice é quem prevalece, conduzindo a música com
uma espécie de riff de bateria. Paice declarou que se inspirou na forma
que Ringo tocou a bateria em Tomorrow never Knows (do álbum
109
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Fools
No one came
Bom, esta é a minha preferida deste disco. Para mim é uma música
subestimada pelos fãs. Mais recentemente o Purple começou a inclui-la
110
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
O compacto com Strange kind of woman tinha I’m alone do lado B. Foi
lançado em fevereiro de 1971 e atingiu o 8º lugar das paradas inglesas.
Em outubro do mesmo ano saiu outro compacto, desta vez com faixas
extraídas do disco: Fireball/Demon’s eye, que não foi tão bem nas vendas,
atingindo o 15º posto. Este compacto também saiu no Brasil. Foi o
terceiro e último compacto da banda por aqui (outros detalhes – ref. A.2
do Apêndice).
111
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
por perto, por favor) e outros petiscos, sendo o principal uma faixa
inédita, Slow train.
112
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
113
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 9
Machine Head
A
1. Highway star (6:05) Produção: Deep Purple
2. Maybe I’m a Leo (4:51) Gravação: Rolling Stones Mobile Unit,
Montreux
3. Pictures of home (5:03) Engenheiro: Martin Birch
4. Never before (3:56) Capa: Roger Glover e John Coletta
B Lançamento: Maio de 1972
5. Smoke on the water (5:40) Gravadora/Selo/Código: EMI/Purple/TPSA
7504
6. Lazy (7:19) Lançamento no Brasil: 1973
7. Space truckin’ (4:31)
Visão geral
Após dois discos gravados nas brechas entre turnês, o Purple resolveu
reservar um tempo exclusivo para o álbum seguinte. Escolheram gravar
na Suíça, na cidade de Montreux, às margens do lago Geneva, no local
em que, em 1816, Mary Shelley escreveu “Frankenstein”. O
planejamento inicial foi por água abaixo, ou melhor, por fogo acima (ai...)
quando o local inicialmente planejado, o Casino, foi destruído por um
incêndio. Para saber detalhes desta história, favor consultar a letra de
Smoke on the water. Nela está registrado aquele estresse que sempre
rolava com a banda durante a gravação dos discos: “to make records with
a mobile, we didn’t have much time...” Depois de uma série de problemas,
114
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Existem duas possibilidades para o título. A oficial ou, pelo menos a que
consta nos livros, diz que “Machine Head” foi escolhido por Blackmore,
baseado nos mecanismos que esticam as cordas no braço da guitarra
(chamadas no Brasil de “tarraxas”), o que é reforçado duplamente: pela
foto de um braço de baixo na contracapa do LP e pelo depoimento de
Glover no DVD sobre a história do disco (veja em “Complementos”).
Outra possibilidade, de fonte não confiável, já que se trata de mera
especulação d’O Eremita, é que o nome tenha sido sugerido por Lord, que
participou de uma banda chamada Santa Barbera Machine Head.
Capa
115
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
Highway star
116
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Pictures of home
Uma faixa que tem solos de todos. A entrada de Paice é um pequeno solo.
Temos o de Lord, seguido pelo de Glover. Um merecido destaque para
um músico relativamente subestimado na história do Purple. Glover é um
grande artista, cuja sensibilidade permite a ele transitar por vários campos
do mundo da música: compõe, bola as capas, produz discos e, entre outras
coisas mais, toca baixo extremamente bem. Ainda no terreno dos solos
(êpa!), o de Blackmore nesta música também tem que ser citado, porque
é um daqueles antológicos. Permito-me agora uma pequena digressão,
para expor uma ideia que dificilmente alguém concordará, mas, como eu
sou meu próprio editor, beleza, vou em frente. A ideia em questão é a do
“ataque”. Esse termo é usado para outra coisa na teoria musical. Resolvi
usar assim mesmo, por ser o mais próximo que encontrei para exprimir
aquilo que eu já vou explicar, calma! O “ataque” é o início do solo. É a
nota ou a sequência de notas escolhidas pelo guitarrista para fazer a
transição entre o riff ou a base e o começo do solo. Um solo de guitarra,
117
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Never before
Se alguém chegar até esta parte, lendo desde o começo, eu já estarei feliz.
Entretanto, há uma boa chance de, daqui a pouco, o paciente leitor parar
a leitura e dar um “del” definitivo neste texto escrito com tanto esforço,
por causa do que será citado nas próximas frases. Não entendo certas
coisas. Eu gosto mais de Never before e, portanto, a considero melhor, do
que Black night e Strange kind of woman. Para mim, é inexplicável que
ela não tenha feito o mesmo sucesso. Tem de tudo nessa música. Começa
com uma levada meio funk, a base é um belo riff pesado, na hora do refrão
tem um teclado honky tonky, tudo apimentado com quebradas contínuas
de bateria. Subestimada, isso é que ela foi.
Nota: 9
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Funky Claude em dois momentos: em 1972 (foto interna do “Machine Head”) e em 2006 (foto
tirada da Internet).
O riff da Smoke é tão conhecido que acaba sendo um dos primeiros que
os candidatos a guitarristas tentam aprender. Uma cena do filme “Escola
de Rock” é um exemplo disso. O professor, interpretado por Jack Black,
mostra ao aluno o riff. Só que de forma diferente da que Blackmore toca.
Para entender melhor, sugiro a leitura do artigo “Análise técnica: Ritchie
Blackmore”, escrito por Rodrigo Rosas Fernandes especialmente para o
saudoso e expectorante fanzine Into the Purple, edição 5 (disponível na
Internet, grátis – veja o a ref. A.3 do Apêndice).
Uma das fontes de recursos foi a venda de um single com Smoke, gravado
por uma série de celebridades do Rock, como Paul Rodgers, David
Gilmour, Bruce Dickinson e Brian Adams (êpa!). O baixo ficou a cargo
de Chris Squire. O que aconteceu? A linha de baixo saiu como se
esperava, ou seja, seguindo o riff e não à la Glover.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
121
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
A cena acima é de um vídeo que está no YouTube, gravado pelo Robert Fripp e sua esposa Toyah, às
margens de um lago. Para passar o tempo durante a reclusão provocada pela pandemia, eles resolveram se
divertir tocando clássicos do Rock. No caso, a dupla, com Toyah em seu uniforme de cheer leader,
interpreta Smoke on the water. Mais um exemplo da fonte inesgotável de bizarrices que é a Internet.
Lazy
Space truckin’
Riff simples e refrão banal (“come on, let’s go, space truckin’”). É como
feijão com arroz. Tem o normal, que nem todo mundo aprecia. Tem
aquele que eu fiz uma vez, que gerou um mandado judicial pedido pela
minha família para que eu nunca mais cozinhasse. Tem aquele com um
tempero especial, que torna esse prato simples em algo delicioso, de ficar
repetindo. É assim com Space truckin’. Um Rock feijão com arroz, só que
temperado com especiarias que só os grandes chefes conhecem,
transformando um prato comum em uma peça irresistível. Tá bom,
reconheço que essa metáfora culinária ficou esquisita. Porém, como eu
havia me comprometido a não usar as futebolísticas, foi o que deu para
arranjar. Space truckin’ durante muito tempo foi a música reservada aos
improvisos nos shows, ocupando o lugar que foi de Paint it black e
Mandrake Root. Nela temos Gillan tocando as congas, o que ele também
fazia ao vivo. Isso que permitia que ele se ocupasse de alguma coisa
enquanto Lord e Blackmore desembestavam nos solos. O solo de bateria
no final foi feito em overdub. Paice gravou a base e depois inseriu o solo
por cima.
Nota: 9
Complementos
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Não sobrou material gravado das sessões do “Machine”, de modo que não
há faixas inéditas no CD. Apesar disso, ele é duplo: o CD 1 traz as sete
faixas do LP + When a blind man cries remixadas. O chamariz deste caso
é que as faixas foram reproduzidas até o final da gravação. Nas músicas
em que o final tem seu volume reduzido gradativamente (fade out) os
remixes avançam um pouco mais do que o registrado no disco original.
No CD 2 as faixas foram remasterizadas (pense bem – há uma diferença
entre remixar e remasterizar. Só não me peça para explicar!). No segundo
CD as músicas têm a mesma duração do LP original, mas tem duas faixas
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Em cima, outro lançamento especial da revista alemã Horzu, trazendo como curiosidade a ausência da
moldura preta, mostrando a superfície na qual a chapa de metal estava apoiada na hora da foto frontal.
Assim como no caso do “In Rock” a abertura para a retirada do LP é pela parte interna da capa. Ao lado,
a reprodução do selo desse disco. Embaixo: a contracapa e o selo da muito mutilada versão uruguaia, que
também traz os títulos das músicas traduzidos. Highway Star, por exemplo, aparece como La estrela del
camino (o curioso é que na versão uruguaia do “Made In Japan” a mesma música é traduzida como
Camino a las estrellas). Este e todos os demais discos uruguaios citados neste texto pertenceram ao
Ricardo Topalian, grande Purplemaníaco e torcedor do Peñarol, que os vendeu por uma quantia
simbólica ao Eremita. No centro de tudo, publicidade para o single de Never before que, pela abominável
qualidade gráfica, certamente não ajudou em nada a aumentar as vendas do disco.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
No alto, à esquerda: cópia do encarte original com as letras que acompanhava o LP; ao lado, reprodução da
seção “Datas”, da Revista Veja, de 16.jan.13, que trouxe a notícia da morte de Claude Nobs, uma pessoa
importante não só para os fãs do Purple, mas para a música de um modo geral. À direita, as sobrecapas da edição
comemorativa dos 25 anos. Embaixo, à esquerda, a capa da edição brasileira em fita cassete. Por fim, capa do
tributo realizado em 2001 pela famosíssima Out of Phase, de quem não tenho nenhuma referência.
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Capítulo 10
Who Do We Think We Are
A
1. Woman from Tokyo (5:50) Produção: Deep Purple
2. Mary Long (4:25) Gravação: Rolling Stones Mobile Unit,
3. Super trouper (2:56) em Roma e Frankfurt
4. Smooth dancer (4:10) Engenheiro: Martin Birch
B Capa: Roger Glover e John Coletta
5. Rat bat blue (5:23) Lançamento: Março de 1973
6. Place in line (6:31) Gravadora/Selo/Código: EMI/Purple/TPSA
7508
7. Our Lady (5:12) Lançamento no Brasil: 1973
Visão geral
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Título
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capa
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
Mantida a tradição da faixa forte de abertura, apesar de não ser tão pesada
como as três anteriores. O começo é muito marcante, com a entrada
gradativa dos instrumentos, até culminar no riff. Outro destaque é o piano
tocado no estilo honky tonky no final. O coral ao final teve Lord e Glover,
em raríssima participação vocal. Uma dúvida que sempre tive: teria sido
uma estratégia de marketing de Gillan, cantar sobre sua mulher de Tokyo
ainda antes que o Purple fizesse sua primeira excursão para o Oriente?
Nota: 9
Mary Long
Super trouper
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Smooth dancer
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Place in line
Our Lady
Nunca entendí como o Purple pode ter gravado uma canção carola como
essa. Nada contra o tema, mas, como diriam em Itatiba, não orna com o
resto do disco, com o repertório do grupo, com o espírito do Rock, ou
seja, não orna com nada! Quando o Gillan veio pela primeira vez ao
Brasil, nós, da honorável mas extinta SBADP (*) perguntamos a ele o
porquê deles terem gravado essa música. Pela sua reação deu para notar
que ele não gostou da pergunta. Mas, respondeu mesmo assim, dizendo
que simplesmente eles acharam que ela deveria ser gravada. Uma
especulação: seria um pedido de ajuda de uma banda desorientada? Outra
das faixas que não tem solo de guitarra. Que me perdoem aqueles que
gostam desta música, mas, para mim, ela deveria ter dado lugar à Painted
horse, que não tem nada de sensacional, mas é melhor do que Our Lady.
Nota: 3
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
(*) SBADP – Sociedade Brasileira dos Apreciadores do Deep Purple. A história da SBADP
está disponível – veja o Apêndice, ref. A.1.
Complementos
Este foi o primeiro disco de estúdio que não foi acompanhado pelo
lançamento de compactos na Inglaterra, apesar do potencial que Woman
from Tokyo teria nas paradas. Mais um fato que mostra como as coisas
estavam turbulentas.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
138
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Para fechar a parte que enfocou a MK II, fotos das capas de alguns dos compactos originais da época e que
fazem parte da coleção d’O Eremita. Primeira linha, da esquerda para a direita: edição inglesa com
Fireball/Demon’s eye; o mesmo par de músicas em versão alemã; também alemão é o exemplar que traz
Strange kind of Woman/ I’m alone. Segunda fila: compacto alemão com duas versões de Smoke on the
water, de estúdio do lado A e ao vivo no B; ao lado, mais um exemplar germânico (nenhuma predileção,
mas foram os que apareceram para mim), desta vez com Woman from Tokyo e Black Night, esta, ao vivo;
o mesmo conteúdo, mas com capa diferente, em disco francês. Na terceira fileira, dois representantes da
série de três EPs ingleses (mas do tamanho de um compacto) sob o nome de “New, Live & Rare”. O
Volume 1, de 1977, cuja capa eu não tenho, traz Black night (ao vivo), Painted horse e When a blind man
cries; o Volume 3, de 1980, é o item mais interessante de todos desta página. No lado A, uma versão ao
vivo, até então inédita, de Smoke on the water, das sessões do “In Concert” e do lado B, Bird has flown,
com Gillan e Glover, e, ainda, Grabsplatter, instrumental. Ambas originárias de sessões na BBC. Por fim,
compacto de 1980, que tem na capa o resultado da civilizada reação do público japonês no Budokan, em
show de 1973, que contém Black night/Speed king. Esta, também, até então, em versão ao vivo inédita.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 11
Burn
A
1. Burn (6:00) Produção: Deep Purple
2. Might just take your life Gravação: Rolling Stones Mobile Unit,
(4:36)
3. Lay down, stay down (4:15) em Montreux
4. Sail away (5:48) Engenheiro: Martin Birch
B Capa: Nesbit Phipps & Froome
5. You fool no one (4:47) Lançamento: Fevereiro de 1974
6. What’s goin’ on here (4:55) Gravadora/Selo/Código: EMI/Purple/TPS
3505
7. Mistreated (7:25) Lançamento no Brasil: 1974
8. “A” 200 (3:51)
Visão geral
Quando este disco saiu no Brasil eu tinha meus 13, 14 anos. Já era fã
apaixonado do Purple. Citei em algum lugar que não havia “paixão
clubística” envolvida nisso, mas, de certa forma, eu menti. Digo o porquê.
Quando eu soube que o Gillan tinha saído, simplesmente me recusei a
ouvir o “Burn”. Demorei um tempão para dar confiança aos comentários
da galera que o disco estava muito bom. Até o dia em que ouvi. E ouvi e
ouvi e ouvi. Ainda ouço, direto. Ouvi ontem. Grande disco, contendo
grandes mudanças.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Cinco de suas faixas passaram a fazer parte do repertório dos shows, o que
é uma prova da força do disco. A vendagem também refletiu essa força,
chegando ao terceiro lugar na lista dos mais comprados na Inglaterra e em
nono nos Estados Unidos.
Hughes tem participação efetiva nos vocais em seis das faixas. Uma das
composições é instrumental (outra coisa que não acontecia desde o “Book
Of Taliesyn”) e em Mistreated Coverdale canta sozinho. Nos dois discos
seguintes, Hughes foi aumentando sua participação nos vocais. No
“Stormbringer” ele canta uma sozinho e no “Come Taste The Band”
duas.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
Não se pode dizer que colocar as velas na capa tenha sido uma ideia
brilhante, mesmo querendo forçar um trocadilho. Em todo caso, quando
decidiram que a capa seria formada por velas com as caras dos músicos,
podiam ter caprichado um pouco mais. Tudo bem, não deve ser muito
fácil esculpir em velas, mas os caras ficaram irreconhecíveis. Dá para
saber quem é o Blackmore por causa da cartola. A vela com o que seria o
rosto do Hughes ficou a cara da Dona Mirtes, uma vizinha minha quando
eu morava em São Paulo. A coisa toda ficou tão esquisita que lançaram
uma fumacinha (roxa, é claro) para encobrir parte do cenário. A
contracapa traz uma foto das mesmas velas, já queimadas. Originalmente
só foram fabricados os cinco exemplares usados para a produção da capa.
Mas, como muito fã do Purple é doente a ponto de querer comprar
réplicas das tais velas, depois de muitos anos e atendendo aos pedidos,
comercializaram um lote das velas. É mole? Eu não quis comprar. Sou fã,
mas aí já é demais. Daqui a pouco vão querer vender perucas com
penteados iguais aos usados na capa do “Shades”.
Conceito: B.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Burn
Blackmore/Coverdale/Hughes/Lord/Paice
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Sail away
Blackmore/Coverdale
Claramente inspirada em Still I’m sad, música que Blackmore deve gostar
muito porque gravou duas versões diferentes dela em discos do Rainbow.
Muitas vezes ele misturava as duas na introdução da You fool no one nas
versões ao vivo. De novo, Paice é um dos destaques. Aquela leve (eu disse
leve) pitada latina, já citada, aparece de novo, em parte devido ao tempero
especial que Lord aplica com seu Hammond. Mais um dos solos
memoráveis de Blackmore.
Nota: 9
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Mistreated
Blackmore/Coverdale
Ao lado da faixa título, um dos pontos altos do disco. Uma das melhores
músicas do Purple em todas as suas fases. Coverdale, ainda no início de
carreira, canta a plenos pulmões, mais na base da garra e da emoção do
que na técnica. O solo final de Blackmore é, para mim, o melhor já
registrado por ele em discos. Curiosamente, é raro Mistreated aparecer
em coletâneas. Mesmo na mais bem sucedida delas, a “Deepest Purple”,
que chegou ao primeiro lugar das paradas britânicas em 1984, Mistreated
não está presente. Recentemente foi lançada uma edição comemorando
os 30 anos dessa coletânea, na qual foram
acrescentadas algumas faixas em relação à original,
mas Mistreated permaneceu de fora. Por outro lado,
Blackmore, Coverdale e Hughes a incluíram no
repertório de seus shows em suas carreiras solo. Em
2015 George Lucas a escolheu como parte da trilha
sonora da animação “Strange Magic”. No desenho o
montro vilão canta Mistreated dando a ela uma nova
versão, resumida, acompanhado por uma banda de
monstrinhos. Muito legal.
Nota: 10
“A” 200
Blackmore/Lord/Paice
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
No sentido horário: compacto alemão, com Coronarias redig do lado B; capa da fita
cassete brasileira. Logo abaixo: selo do LP uruguaio, em que “Burn” virou “Arde”,
e a reprodução de sua contracapa, que recebeu uma tonalidade azulada. Ao seu
lado, a contracapa de uma das edições argentinas, que saiu em preto e branco. Na
última linha: reprodução do encarte original do LP, que trazia as letras do disco, a
sobrecapa do CD comemorativo de 30 anos do disco. Por fim, o fisósofo Glenn
Hughes em ensaio musical, analisando as influências transcendentais de Bob Dylan
e Bruce Dickinson.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 12
Stormbringer
A
1. Stormbringer (4:03) Produção: Deep Purple & Martin Birch
2. Love don’t mean a thing Gravação: Musicland Studios, Munique
(4:23)
3. Holy man (4:28) Engenheiro: Martin Birch
4. Hold on (5:05) Capa: Joe Garnett e John Cabalka
B Lançamento: Dezembro de 1974
5. Lady double dealer (3:19) Gravadora/Selo/Código: EMI/Purple/TPS 3508
6. You can’t do it right (with the Lançamento no Brasil: 1975
one you love) (3:24)
7. High ball shooter (4:26)
8. The gypsy (4:13)
9. Soldier of fortune (3:14)
Visão geral
151
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
com pelo menos duas faixas no mais puro estilo Hard Rock que consagrou
a banda (Stormbringer e Lady double dealer) e ao menos duas altamente
influenciadas por Hughes e sua admiração pelo Soul e Funk. Blackmore,
após longo tempo, deixou de aparecer como coautor (Hold on). Depois
deste disco ele saiu do grupo reclamando das novas influências musicais.
Um depoimento de Hughes é curioso: ele achou engraçado Blackmore
deixar o grupo dizendo que não gostava de Black Music tendo tocado sua
guitarra tão bem, de um modo tão funky quanto ele fez no disco. Toda
essa perturbação refletiu também na vendagem: a 6ª posição obtida na
Inglaterra foi a mais baixa desde o “In Rock” (nos EUA atingiu o 20º
lugar). A crescente influência de Hughes é notada de várias formas. A
mais evidente é na sonoridade de algumas faixas, mudando o estilo da
banda. Outras duas: sua presença como compositor em seis das nove
músicas e como cantor solo em uma faixa.
152
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
153
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
esteja entre os discos mais pesados da banda. Foi baseada em uma foto de
um tornado, tirada em 1927 em Jasper, Minnesota, por Lucille Handburg.
Pela época e pelo fato de ter sido tirada no interior, é provável que a
original seja em preto e branco. Essa foto também foi usada no disco
“Tinderbox”, da Siouxie and the Banshees. Mais comentários sobre a
capa nos “Complementos”.
Reprodução da foto do
tornado que inspirou a
capa do Stormbringer e,
posteriormente, a do disco
da Siouxie (1986).
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Stormbringer
Blackmore/Coverdale
Como já foi dito, esta não poderia suceder a Stormbringer, porque tem
uma levada relaxada, que causa um choque comparada ao peso da
anterior. Parece que são músicas de bandas diferentes. De qualquer
forma, trata-se de uma faixa singular, pois é um raro caso de uma música
sem refrão no repertório do Purple. Nela aparece algo que se repete em
várias oportunidades no álbum e que serve para valorizar as músicas: o
contraste entre a voz grave de Coverdale e a aguda de Hughes. Apesar de
fora do contexto do som tradicional da banda, é uma música bem
agradável e adorável.
Nota: 7
Holy man
Coverdale/Hughes/Lord
Esta é difícil. Muita gente adora esta música, o que põe em risco minha
saúde, pelo que citarei daqui para frente. É uma balada, cantada apenas
por Hughes, que o faz com a usual competência, embora, para meu gosto,
às vezes exagere nas inflexões vocais na tentativa de dramatizar a
interpretação. Não é uma das faixas que mais me agrada. Dá a impressão
155
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
que foi uma tentativa de emplacar um single nas paradas, pois tem um
arranjo mais para o Pop do que para o Rock.
Nota: 5
Hold on
Coverdale/Hughes/Lord/Paice
Purple puro: pesado, rápido e bem tocado. Riff, bases, solo, tudo
honrando a tradição musical da banda. Interpretação vigorosa de
Coverdale, complementada por um efeito de eco bem adequado.
Nota: 9
A mais funky de todas, embora não seja por isso que eu a considero a
mais fraca do disco. Com a qualidade de seus vocais, a habilidade, a
experiência e a sensibilidade dos músicos, o Purple consegue tornar
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
The gypsy
Blackmore/Coverdale/Hughes/Lord/Paice
Soldier of fortune
Blackmore/Coverdale
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Na Inglaterra não houve single extraído deste disco. Assim como no caso
do “Machine Head”, houve também uma versão quadrifônica do
“Stormbringer”. O vinil dessa edição é relativamente difícil de ser
encontrado. Já o conteúdo é fácil de ser obtido, pois faz parte da edição
comemorativa do 35º aniversário de lançamento do álbum. Quando essa
edição chegou ao mercado eu postei um comentário sobre ela no meu
blog (o “Rock Brado”, endereço no Apêndice, ref. A.4), o que me
facilitou um pouco as coisas agora, porque é só dar o famoso crtl C + crtl
V e pronto. Pena que não estou ganhando por lauda... O pacote (da edição
comemorativa) é composto por um CD, um DVD e um livreto. Este
último segue o padrão dos demais relançamentos, ou seja, é excelente.
Longo texto, com muita informação e ótimas ilustrações. O DVD é
apenas áudio (!), trazendo a versão quadrifônica do LP, que havia saído
somente nos EUA. É esquisita essa história de ter um DVD só para o
áudio, ainda mais nesse caso, de diferenças mínimas entre a gravação
apresentada e a original, em estéreo. Para não dizer que não há imagem
nenhuma, durante a exibição de cada faixa a tela fica fixa em uma das
fotos do encarte. No CD tem outras novidades, que não são muitas. A
gravação original foi remasterizada, deixando o som sensivelmente
melhor, com mais nitidez. Além das nove faixas do disco normal, foram
colocadas mais cinco, sendo que quatro trazem versões remixadas por
Glenn Hughes, que, é claro, valorizou o som do baixo nesse trabalho. Das
extras, duas merecem destaque. Hold on tem os vocais diferentes da
versão original. Portanto, utilizaram outro registro, retirado das sessões
de gravação. A desigualdade é pequena, apenas detalhes na entonação,
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Capítulo 13
Come Taste The Band
A
1. Comin’ home (3:52) Produção: Deep Purple & Martin Birch
2. Lady Luck (2:45) Gravação: Musicland Studios, Munique
3. Getting’ tighter (3:36) Engenheiro: Martin Birch
4. Dealer (3:49) Capa: Castle, Chappel and Partners Ltd.
5. I need love (4:22) Lançamento: Novembro de 1975
B Gravadora/Selo/Código: EMI/Purple/TPSA
7515
6. Drifter (4:01) Lançamento no Brasil: 1976
7. Love child (3:05)
8a. This time around (3:11)
8b. Owed to “G” (2:56)
9. You keep on moving (5:18)
Visão geral
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Blackmore. Há quem questione sua técnica, pois Bolin usa pouco o dedo
mindinho da mão esquerda (ao contrário de Blackmore). Como não
músico, considero isso um aspecto irrelevante. Basta lembra que Django
Reinhardt, guitarrista de jazz francês de origem cigana, considerado um
gênio e ídolo de muitos músicos do Rock (entre eles Blackmore), tocava
com apenas dois dedos da mão esquerda, pois tinha uma limitação
decorrente de queimaduras sofridas quando tinha 18 anos.
Este também frequenta a lista dos discos “injustiçados”. Parte disso podia
ser comprovado pela vendagem obtida em seu lançamento. Não foi um
sucesso de vendas. Obteve a 19ª colocação nas paradas inglesas e 43ª nas
americanas, números aquém das marcas anteriores. Para piorar as coisas,
a banda se desfez apenas quatro meses após o lançamento do disco.
Registrando aqui, de forma pretensiosa, a verdade: o “Come Taste The
Band” nada tem de injustiçado. Ocupa um lugar de honra na discografia
do Purple e do Rock em geral.
Título
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
da trilha sonora de “Cabaret” ao piano. Algo como “come see the band,
come taste the band…”. De qualquer forma, o título é uma boa sacada,
um convite aos fãs mais renitentes após a saída de Blackmore para que
conheçam a nova sonoridade da banda.
Capa
Depois de dois álbuns com capa simples, estava de volta a dupla. Os rostos
dos músicos reapareceram na capa, coisa que não ocorreu mais em
nenhum dos discos de estúdio que se seguiram. O tema escolhido foi
baseado no título: uma fotomontagem de uma taça de vinho, com as caras
dos músicos inseridas. Hughes andava tão chapado de cocaína que não
foi possível tirar sua foto na mesma sessão dos demais, tendo sido usada
uma antiga. Na contracapa, a taça vazia, com uma marca de batom. Nada
muito sutil, não? A tradição do pragmatismo da banda no que se refere
às capas estava mantida.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Comin’ home
Bolin/Coverdale/Paice
Lady Luck
Cook/Coverdale
Escolha infeliz para uma segunda faixa, pois esta é a mais fraca do disco.
Uma quebrada forte na sequencia iniciada relativamente bem com
Comin’ home. Em Lady Luck já era possível perceber que a influência
soul e funk do disco anterior prosseguia. Jeffrey Cook foi parceiro de
Bolin em seu primeiro trabalho solo, o disco “Teaser”. Foi Bolin quem
apresentou a música ao grupo, embora não se lembrasse da letra.
Coverdale escreveu nova letra, tornando-se coautor. O último álbum em
que alguém de fora da banda recebia crédito por uma música havia sido o
“Deep Purple” (o terceiro). Foi incluída em alguns shows no início da
carreira do Whitesnake e acabou rendendo um pouco melhor ao vivo.
Nota: 6
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Getting’ tighter
Bolin/Hughes
Dealer
Bolin/Coverdale
I need love
Bolin/Coverdale
Drifter
Bolin/Coverdale
Outra que segue a linha da música baseada no riff inicial, mas com alguns
temperos especiais, como as frases de guitarra em overdub ao longo de
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Love child
Bolin/Coverdale
Nossa! Uma das músicas mais lindas que o Purple produziu. Lord compôs
a melodia encantadora e arrepiante e toca todos os instrumentos (até o
som de baixo é produzido no teclado). Hughes canta sozinho e o faz de
maneira sublime. Na era da música analógica, quando tínhamos que lidar
com uns troços esquisitos chamados toca-discos e fitas cassete, a
demonstração de habilidade era conseguir dar o “pause” no gravador
separando a primeira da segunda parte, sem deixar aparecer nenhum
resquício do toque de bateria que iniciava a seguinte.
Nota: 10
Owed to “G”
Bolin
Uma faixa em duas partes, algo que não aparecia desde o terceiro disco.
Blues instrumental, em que Bolin é o destaque. O “G” é uma homenagem
a Gershwin. Segundo consta no encarte da edição comemorativa do
álbum, quase que esta se chamou “Win” e a anterior “Gersh”, compondo
o nome do músico. Ai, ai. Bom, temos que dar um desconto porque na
época as drogas rolavam soltas...
Nota: 7
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Já foi citado em algum lugar deste singelo trabalho que uma das
qualidades do Purple era a capacidade de compor músicas que, embora
criadas em conjunto e no mesmo período, preenchiam um disco sem que
elas parecessem umas com as outras. Esta música, uma das minhas
preferidas, vai além - é a que menos se parece com qualquer coisa gravada
pelo Purple até então. O inicio sombrio do baixo, os vocais grandiosos de
Coverdale e Hughes e os solos de Bolin e Lord formam uma composição
inusitada e exótica. Assim como aconteceu no álbum anterior, este fecha
de forma impecável.
Nota: 9
Complementos
168
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
tem planos para lançar umas gravações reveladoras de seu cliente mais
famoso, Joe Lynn Turner.
169
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
170
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Reprodução do
encarte da versão
italiana da coletânea
“Mark I & II”,
171
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
172
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
173
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Mais uma grande perda. O inglês Martin Birch, tão familiar aos
Purplemaníacos, morreu aos 71 anos (27.dez.48 - 09.ago.20). A
causa da morte não foi revelada. O primeiro trabalho de Martin
como Engenheiro de Som foi para o álbum “Then Play On”, do
Fleetwood Mac (1969). Poucos dias depois, ele trabalhou no
“Concerto”. Encerrou a carreira em 1992, após o registro de "Fear
of the Dark", do Iron Maiden. A foto no topo registra Martin com
Ritchie no estudo móvel, durante as sessões que deram origem ao
“Machine Head”.
174
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 14
Perfect Strangers
1. Knocking at your back door Produção: Roger Glover & Deep Purple
(7:00)
2. Under the gun (4:35) Gravação:Vermont, EUA, com “Le Mobile”
Unit
3. Nobody’s home (3:55) Engenheiro: Nick Blagona
4. Mean streak (4:20) Capa: George Corsillo; logo por Craig
Sprovach
5. Perfect strangers (5:23) Lançamento: Outubro de 1984
6. A gypsy’s kiss (4:40) Gravadora/Selo: Polygram/Polydor
7. Wasted sunsets (3:55) Código (CD): 823 777-2
8. Hungry daze (4:44) Lançamento no Brasil: 1984
9. Not responsible (4:36)
Visão geral
Uma coisa, porém, não mudou: estava de volta o velho Purple. Ou seja,
a garantia de músicas e shows de primeira qualidade. O retorno teve
grande destaque na mídia e foi acompanhado de uma longa turnê
mundial. Isto é, quase mundial, pois Brasil e Paraguai ficaram de fora.
176
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Naqueles dias do final do ano de 1984 tanto nas ruas de Assuncion, como
naquela remota vila rural de Tacoma ou nos acampamentos aos pés do
K2; nas praias rochosas das ilhas Faroe, nas estradas poeirentas de
Melbourne ou, ainda, em um discreto sobrado na rua Costa Aguiar
(bairro do Ipiranga, São Paulo) havia um pensamento comum: o Rock
acabava de ganhar uma sobrevida. No caso da casa do Ipiranga, ouviu-se
muito por lá a expressão “ôrra, meu, que puta disco!”.
Título
Capa
Essa tradição foi mantida: mais uma capa que não provoca nenhum “uau”
de admiração. Simples e convencional. O logotipo que domina a capa foi
muito criticado pela falta de originalidade.
Conceito: C.
As faixas
Eu me lembro bem disso: oito anos esperando os caras voltarem e, até que
enfim, iria poder ouvir um disco novo do Purple. O “Perfect Strangers” é
retirado da capa e colocado no toca-discos. O prato gira, o disco se move,
a agulha encosta no vinil, alguns pipocos estalam nos falantes e aí entra
um teclado solene, seguido de uma marcação forte do baixo. Depois vem
a bateria e explode mais um daqueles riffs sensacionais, tão característicos
da banda que eu adorava há tantos anos: eu estava feliz – eles voltaram e
voltaram muito bem. O disco tão esperado começava com uma música
perfeita. Gillan em plena forma (pena que em alguns shows da turnê sua
177
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Uma das cinco faixas executadas ao vivo na turnê da volta (as outras
eram: Knocking at your back door, Perfect strangers, Nobody’s home e
Gypsy’s kiss), mas, algo inexplicável, é a que eu menos gosto do disco.
Não vejo nada de errado nela. Talvez eu tenha desenvolvido alguma cisma
com as segundas faixas, sei lá. No meio do solo de Blackmore tem uma
brevíssima reprodução de Pompa e circunstância, obra do compositor
clássico inglês Elgar.
Nota: 7
Nobody’s home
Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
178
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Mean streak
Blackmore/Gillan/Glover
Perfect strangers
Blackmore/Gillan/Glover
A gypsy’s kiss
Blackmore/Gillan/Glover
179
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Wasted sunsets
Blackmore/Gillan/Glover
Desde When a blind man cries que a MK II não esculpia algo tão belo.
Balada emocionante, intensificada pela interpretação da banda e pelo solo
de Blackmore, simples e encantador. Outro menos experiente e sensível
enfileraria umas 500 notas no mesmo trecho.
Nota: 9
Hungry daze
Blackmore/Gillan/Glover
Not responsible
Blackmore/Gillan/Glover
Música que não entrou no LP, somente na versão em CD. É uma das
minhas preferidas. Simpatizei de cara com a primeira frase: “achei uma
grana em uma velha jaqueta preta”. Também gosto muito do final em
crescendo, com o solo de guitarra misturado aos gritos do Gillan.
Nota: 9
Complementos
180
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
181
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
182
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 15
The House Of Blue Light
Visão geral
184
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
Um título como esse pelo menos permitia um bom número de ideias para
uma capa. A escolhida foi um tanto quanto previsível. Uma luz azul
aparecendo pela fresta de uma porta. Foi contratado um estúdio para
realizar a capa, que preparou uma maquete da porta e fez as fotos. Glover,
que sempre palpitou nas capas, sugeriu que a porta fosse parecida com
uma que ele havia visto na Alemanha, que tinha uma série de entalhes.
Decidiram então que os entalhes seriam de símbolos que representariam
cada um dos músicos (sim, todos já vimos isso antes – capa do Led IV).
Blackmore escolheu a coruja; Gillan o foguete, como lembrança de um
de seus pseudônimos no começo de carreira (Garth Rockett); Glover
185
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
ficou com o arco e flecha, baseado em seu signo (ele é sagitário); a opção
de Lord foi pelas máscaras teatrais, pois ele havia sido um ator iniciante e
Paice adotou o par de braços, simplesmente por ser baterista. Depois da
porta-maquete pronta, Blackmore mandou um recado – não havia
gostado da coruja. Foi feita uma mudança, só que as capas do CD já
estavam prontas. Na versão em LP a coruja foi trocada. Portanto, existem
duas capas, sutilmente diferentes.
Em cima: reprodução das duas capas existentes. A da direita é a do LP, com a coruja modificada a pedido
do Blackmore. A das esquerda é a primeira versão, que só saiu nas primeiras tiragens do CD. Dá para
notas algumas diferenças entre as duas (além da coruja, é claro), pois as fotos foram tiradas em momentos
diferentes. Abaixo, ilustração que só apareceu no encarte do CD. Ao lado, reprodução do encarte e com
as fotos internas do “In Rock” sobrepostas, à direita.
186
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Bad attitude
Blackmore/Gillan/Glover/Lord
187
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
chato. No fim, a aposta não foi bem sucedida. O título brinca com o livro
homônimo de Jack London, sendo que, no caso da música, a “chamada”
(“call”) refere-se a uma mera ligação telefônica.
Nota: 5
Mad dog
Blackmore/Gillan/Glover
Uma surpresa à primeira audição: Gillan surgia de volta com sua gaita. O
comentário sobre esta música pode ser considerado para todas as
seguintes, exceto à Mitzi Dupree. São músicas que agradam. Se estivessem
em discos de outras bandas de menor bagagem, talvez chamassem mais a
atenção. O Deep Purple estabeleceu um nível muito alto em sua carreira,
de modo que músicas que sejam somente boas, ou seja, corretas, bem
construídas e interpretadas, não despertam grandes paixões nos fãs. É
preciso que tenham alguma coisa especial, algo que as tornem clássicas.
Não é o caso desta, nem das que completam o disco, a menos da já citada
exceção.
Nota: 7
188
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Tanto esta como a próxima tem uma isca especial: Blackmore sola muito,
nos dois sentidos (quantidade e qualidade). São faixas mais elaboradas
que as restantes, com riffs e desenvolvimento mais trabalhados do que a
média do álbum e valem pelo desempenho geral da banda. Caem naquela
questão citada na Black and White.
Nota: 7
Strangeways
Blackmore/Gillan/Glover
189
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Mitzi Dupree
Blackmore/Gillan/Glover
Dead or alive
Blackmore/Gillan/Glover
Outra faixa que, pela rapidez, funcionava um pouco melhor ao vivo. Vale
mesmo é pelo admirável duelo Lord/Blackmore que ocupa praticamente
todo o terço intermediário. O riff é um retrabalho em cima do usado em
Spotlight kid, do Rainbow. Isso é típico do Blackmore. Quando a coisa
apertava, ele pegava um antigo riff e adaptava. São inúmeros casos. Outro
exemplo aparece na Perfect strangers: tem um trecho que foi
reaproveitado da música Makin’ love, do Rainbow. A estratégia foi
ficando mais frequente com o passar dos anos, conforme citado nos
comentários dos demais discos.
Nota: 7
Complementos
(padre, anão etc). Não ajuda muito para valorizar a música e tampouco é
original, pois tem um clipe do Talking Heads que é muito parecido. Não
me lembro sobre qual música é o clipe, mas também não importa. Na
verdade, agora já sei qual é a música: é Wild wild life, do disco “True
Stories”, que foi lançado meses antes do “House of...”. Essa informação
eu devo ao Anderson Frota, um (acreditem!) leitor desta perineal obra. O
single com Call of the wild teve um desempenho muito modesto: 92º
lugar na Inglaterra.
Em cima: equipe de designers do estúdio londrino Icon, dirigida por dois ex-
homens da Hipgnosis, Richard Evans e Andrew Ellis, que produziu a capa
do “The House of Blue Light”. A maquete da porta usada para as fotos da
capa aparece ao fundo. Ao lado, selo externo promocional da versão
americana do LP.
191
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
192
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 16
Slaves And Masters
Visão geral
193
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Para nós, brasileiros, foi quando, finalmente, a banda tocou por aqui. Foi
ótimo, apesar do Turner.
Título
194
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capa
As faixas
King of dreams
Blackmore/Glover/Turner
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Truth hurts
Blackmore/Glover/Turner
Breakfast in bed
Blackmore/Glover/Turner
Uma das mais fracas do disco. Não sei se influenciado pelo título, mas eu
classificaria essa música como “sonolenta”.
Nota: 5
Love conquers all
Blackmore/Glover/Turner
Uma das piores coisas gravadas pelo Purple. Pensando melhor, é a pior.
Consta que Barry Manilow desistiu de gravá-la por achá-la melosa demais.
Para aumentar a dose de simpatia que os fãs tinham por ele, Turner fazia
questão de incluí-la no repertório dos shows.
Nota: 0
Fortuneteller
Blackmore/Glover/Lord/Paice/Turner
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Desde os discos da MK I que o Purple não gravava uma cover (Lady Luck
não vale, pois é uma coautoria). À primeira vista, pela distinção dada,
deveríamos ter aqui uma música de outro planeta. Vale lembrar que a
recusa em incluir uma cover no “Stormbringer” foi um dos motivos que
levou Blackmore a sair da banda (no caso, Ritchie queria regravar Black
sheep of the family). Contudo, a faixa em questão não tem nada de mais.
É outra no estilo faixa-chinfrim-pra-tocar-em-FM.
Nota: 3
Wicked ways
Blackmore/Glover/Lord/Paice/Turner
Uma das três que se salvam no disco por ainda lembrarem os bons tempos,
embora nenhuma delas seja exatamente empolgante. Vale pela parte
intermediária, com belos solos de Blackmore e Lord.
Nota: 7
Complementos
Existem duas faixas extras deste disco: uma foi incluída na trilha sonora
de um filme homônimo estrelado por Roger Moore, chamado “Fire, ice
and dynamite”. Outra, Slow down sister, saiu como lado B da Love
conquers all. Este single atingiu o 57º posto na parada inglesa. Melhor do
que o de King of dreams, com seu 70º lugar. Nada que valha a pena correr
atrás (lembremos que são faixas que ficaram de fora do “Slaves And
Masters”...).
O que marcou mesmo nessa época, pelo menos para os brasileiros, foi a
turnê da banda por aqui em 1991. Foram sete shows: quatro em São Paulo
e mais Rio, Curitiba e Porto Alegre, com direito aos efeitos especiais de
laser e tudo mais.
199
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
200
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 17
The Battle Rages On
1. The battle rages on (5:56) Produção: Roger Glover & Thom Panunzio
2. Lick it up (4:00) Gravação (Engenheiro): Bearsville Studios, N. York
3. Anya (6:32) (Bill Kennedy);
4. Talk about love (4: 07) Red Rooster Studios, Alemanha (Hans Gemperle);
5. Time to kill (5:50) Greg Rike Studios, Orlando (Jason Corsaro)
6. Ramshackle man (5:34) Capa: Reiner Design Consultants, Inc.
7. A twist in the tale (4:17) Lançamento: Julho de 1993
8. Nasty piece of work (4:36) Gravadora/Selo: BMG/RCA
9. Solitaire (4:42) Código (CD): 74321 15420-2
10. One man’s meat (4:38) Lançamento no Brasil: 1993
Visão geral
202
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
203
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capa
As faixas
Lick it up
Blackmore/Gillan/Glover
A sensação de otimismo lançada pela faixa anterior não dura muito. Esta
segunda faixa não segura o pique. Não tem brilho.
Nota: 6
204
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Anya
Blackmore/Gillan/Glover/Lord
Outra faixa fraca, sem nada de especial a destacar. Tanto esta quanto Lick
it up são exemplos de algo que não costuma frequentar os álbuns do
Purple, as tais “fillers”, ou seja, faixas que servem apenas para completar
o disco, de onde não se espera nem se extrai muita coisa.
Surpreendentemente, entrou no repertório dos shows. Como em geral
acontece, ficou melhor ao vivo.
Nota: 6
Time to kill
Blackmore/Gillan/Glover
Outro caso de reciclagem. Esta faixa é muito parecida com Call of the
wild. Assim como aquela, esta também não funciona.
Nota: 4
205
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Ramshackle man
Blackmore/Gillan/Glover
206
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Uma das minhas preferidas do disco. Purple dos bons tempos. Tem uma
levada mais cadenciada, conduzida pelo Hammond e com intervenções de
Blackmore ao longo de toda música. E o que é melhor, não é reciclagem,
pelo menos não tão explícita como as demais (isso, lógico, baseado em
meu restritíssimo conhecimento musical).
Nota: 9
Solitaire
Blackmore/Gillan/Glover
207
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
208
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 18
Purpendicular
Visão geral
Com a saída de Joe Satriani, que preferiu voltar à sua carreira-solo, Steve
Morse foi convidado para o cargo de guitarrista. Steve vinha com uma
grande reputação, com seguidos prêmios de melhor do ano pela revista
Guitar Player, além de um trabalho consistente com suas bandas Dixie
Dregs e The Dregs. A entrada de Steve lembrou a de Bolin: além de
também ser americano e talentoso, participou diretamente das
209
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Neste disco é possível sentir que todos estavam em ótimo astral. A saída
de Blackmore, a principal força criativa e locomotiva do grupo não foi
sentida. Certos detalhes mostram o bom clima como, por exemplo, o
desempenho de Paice, que voltou a se destacar com suas viradas e
quebradas de ritmo e, também, Lord, que teve mais espaço para seus solos.
Outra mudança foi no repertório dos shows. Muitas músicas que nunca
tiveram oportunidade de ser apresentadas ao vivo foram incluídas nas
turnês, algo que o público adorou. Um exemplo dessa vivacidade está
registrado no CD “Live At Olympia”. Nesse show a banda se apresentou
acompanhada de uma seção de metais, algo que Blackmore nunca
concordaria.
210
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
As faixas
Todas por Gillan/Glover/Lord/Morse/Paice
Loosen my strings
211
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Soon forgotten
The aviator
Rosa’s cantina
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
A touch away
Hey Cisco
Outro Hard convencional. Mas, assim como no caso da Castle, vai bem,
ainda mais se ouvida de forma isolada.
Nota: 7
Temos aqui uma música subestimada. Para mim, o outro ponto alto do
disco. Blues classudo, com interpretação soberba de todos. Gillan manda
bem na gaita e, principalmente, no vocal.
Nota: 10
213
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Será que cabe aqui um pequeno registro sobre essa história de faixas
extras nos CDs? Como já citei antes, essa é uma vantagem de ser seu
próprio editor – eu mesmo posso decidir! A desvantagem é que não tem
ninguém para dizer “oh, não, isso é besteira”. Vamos então ao caso do
CD. Quando ele surgiu como mídia, na hora de relançar discos de
catálogo, em geral as gravadoras simplesmente pegavam a matriz
analógica usada para o LP e a transformavam em CD, muitas vezes sem
sequer adaptar a parte gráfica (as músicas apareciam no encarte divididas
em lados “A” e “B”, por exemplo, como é o caso da edição que tive do
“Long Live Rock’n’Roll”). Com o passar do tempo, para incrementar o
interesse pelos CDs, as gravadoras começaram a inserir faixas extras,
como lados “B” de compactos, aproveitando a margem adicional de
gravação que essa mídia permitia (uns 30 minutos, aproximadamente).
No Japão, como o preço do CD é muito alto e acaba recebendo
concorrência dos importados, para valorizar o produto “Made In Japan”
as gravadoras acabam pedindo aos artistas que insiram faixas extras
exclusivas nos discos novos, criando uma distinção em relação aos
lançados no resto do mundo, como foi o caso do “Purpendicular”, com
Don’t hold your breath e muitos outros exemplos mais.
214
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Ao lado: reproduções
de capas de edições
brasileiras de três dos
DVDs citados.
Abaixo: uma das
poucas fotos que
encontrei do Deep
Purple com Joe
Satriani. O cabeçudo
que aparece ao pé da
foto (ou melhor, ao pé
do Gillan) é o senhor
Rolando Lero.
215
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
216
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 19
Abandon
1. Any fule kno that (4:27) Produção: Roger Glover & Deep Purple
2. Almost human (4:49) Gravação: Orlando, EUA, Greg Rike
Productions
3. Don’t make me happy (4:45) Engenheiro: Darren Schneider
4. Seventh heaven (5:29) Capa: Vivid Images Worldwide
5. Watching the sky (5:57) Lançamento: Maio de 1998
6. Fingers to the bone (4:53) Gravadora/Selo: EMI
7. Jack Ruby (3:47) Código (CD): 495 306-2
8. She was (4:17) Lançamento no Brasil: 1998
9. Whatsername (4:11)
10. ’69 (5:13)
11. Evil Louie (4:50)
12. Bludsucker (4:29)
Visão geral
Título
218
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
pode ser fragmentada em “A band on”, ou seja, algo como “uma banda
seguindo em frente”.
Capa
As faixas
Todas por Gillan/Glover/Lord/Morse/Paice, exceto (*)
219
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Almost human
Ah, a exceção! Belo Blues lento, um bonito solo de Morse. Esta sim, vai
para a lista de clássicas da banda. Curiosamente, consta que ela foi
reproduzida em mono, pois houve um problema de sincronização dos
canais na fita master. Essa informação veio de uma das fontes consultadas,
porque eu, sinceramente, não havia percebido o problema.
Nota: 8
Seventh heaven
220
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Às primeiras notas parece que estamos ouvindo Battle rages on! O que
vem em seguida? Oh, não, mais um pseudo-rap! Lembra a música de
abertura.
Nota: 6
Jack Ruby
She was
Outra das melhores do disco, com um bom riff e uma inventiva mudança
de ritmo na hora do solo, com um breve duelo Lord-Morse. Não se deve
dar atenção à letra.
Nota: 7
Whatsername
221
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
’69
Evil Louie
Bludsucker
(*)Blackmore/Gillan/Glover/Lord/Paice
222
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
223
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 20
Bananas
Visão geral
224
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
225
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
226
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
A banda inglesa Charlatans teve uma ideia semelhante para ilustrar a capa
de seu álbum “Between 10th and 11th”, de 1992. Também não ficou lá
essas coisas.
Conceito: B.
As faixas
House of pain
Bradford/Gillan
Haunted
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Balada que traz uma novidade – um vocal de apoio ao Gillan. Até esta
gravação, Gillan sempre tinha feito as harmonias vocais dobrando sua voz
227
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Razzle dazzle
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Silver tongue
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Walk on
Bradford/Gillan
228
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Picture of innocence
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Never a word
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Bananas
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Doing it tonight
Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
tempo sem ouvir o disco, será difícil lembrar como que ela é. Não tem
muita “personalidade”.
Nota: 6
Contact lost
Morse
Esta instrumental tem uma história. Kalpana Chawla era o nome de uma
astronauta fã da banda e que fazia parte da equipe de uma das missões da
nave Columbia. Durante os treinamentos, a música usada para acordar os
astronautas foi Space truckin’, por influência de Kalpana. Infelizmente,
em fevereiro de 2003, a missão da Columbia teve um final trágico, quando
a nave explodiu no seu retorno à Terra. Steve compôs a música – uma
bela e sensível melodia – em homenagem aos tripulantes mortos.
Nota: 7
Complementos
230
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
231
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 21
Rapture Of The Deep
Visão geral
Nestes anos de agonia do CD como mídia, este disco teve uma pontuação
fraca (81º lugar) no ranking inglês. No americano, nada.
232
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
A capa traz uma ilustração do, até então, não muito conhecido cartunista
americano Tom Swick. Glover a viu em um jornal e quis aproveitá-la.
Não tem muita relação com o título, mas acabou formando com o restante
da parte gráfica um conjunto bem acabado.
Conceito: B.
233
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Airey/Gillan/Glover/Morse/Paice
Money talks
Wrong man
234
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Para fazer valer seu status de faixa título, esta é um pouco mais
trabalhada. Um dos destaques, em um disco não muito inspirado. Nesta
altura, ao escrever estas bem traçadas linhas (graças ao computador, que
não permite linhas mal traçadas), bate uma angústia. Ao decidir colocar
um comentário sobre cada música nesta discografia, não imaginei que
poderia estar criando uma auto-armadilha. Não é agradável escrever
palavras não elogiosas à banda mais querida de sua vida. Por outro lado,
não dá para ser desonesto com a própria consciência. Os fatos
incomodam. É o Purple, mas, a produção musical está muito aquém do
que foi criado nos dias gloriosos. Não dá para dizer que este e alguns
outros discos estão à altura das suas principais obras. É evidente que têm
qualidade, ainda mais quando comparados à média do que a maioria das
bandas produz hoje. Pontuar um disco como este com média inferior a
7,0 é algo que incomoda. Porém, como fica a comparação com o
“Machine Head”?
Nota: 7
Don’t let go
Outra que lembra o tipo de som presente no “Naked Thunder”. Tem uma
boa levada, que deve cair bem ao vivo (não me recordo dela ter entrado
no repertório dos shows). Outra das melhores do disco. Assim como na
anterior, belo trabalho de Airey.
Nota: 7
235
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Back to back
Típica “filler”. Nenhum destaque, em uma faixa meio sem graça. Morse
repete pela enésima vez o mesmo solo. Um indicador do quanto essa faixa
me chamou a atenção é que quando fui repassar o disco para escrever este
texto, olhei na capa, li o título e não tinha a mais vaga ideia de como era
a música.
Nota: 6
Junkyard blues
236
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Conforme citado no início, existe uma versão com dois CDs (batizada,
seguindo um velho truque de marketing, de “edição limitada”), trazendo
algumas faixas extras. Esta edição foi lançada no Brasil em agosto de 2011
pela gravadora (e loja) paulista Hellion Records (HEL 0801AB) e é
destinada aos colecionadores “ultra-fanáticos-que-não-deixam-escapar-
nada” e que já compraram as outras coisas bem mais legais que têm por
aí, como, por exemplo, os lançamentos do selo brasileiro “Biplane
Records” (ver ref. B.5 do Apêndice). Eu não me considero um “ultra-
fanático etc”, mas acabei comprando o disco. Um dos motivos foi
prestigiar a iniciativa da gravadora brasileira. O CD “limited edition” traz
a faixa MTV no disco 1. O disco 2 é composto por cinco faixas ao vivo
gravadas em Londres, no Hard Rock Café, em 2005. São elas: Rapture of
the deep, Wrong man, Highway star, Smoke on the water e Perfect
strangers. Completam o disco 2 uma versão diferente da Clearly quite
absurd e mais a inédita Things I never said, que faz parte do repertório do
CD e do DVD “Live At Montreux 2006”, e, ainda, a versão de estúdio da
instrumental The well-dressed guitar.
237
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
238
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
239
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 22
Now What?!
Visão geral
240
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
241
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
242
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Airey/Ezrin/Gillan/Glover/Morse/Paice
A simple song
Weirdstan
Out of hand
Uma que poderia ter feito parte do “Abandon”. Vale aqui o comentário
anterior, com a diferença que esta tem um refrão mais agradável.
Nota: 5
243
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Hell to pay
Hard Rock clássico, escolha correta para promover o disco. Tudo certo:
bom riff, bom refrão, solos bem colocados, boa letra. Ela fala de um
revolucionário dos dias de hoje, que quer ir para as ruas defender suas
posições, embora com um tanto de dificuldade em fazer as pessoas
entenderem seus motivos (ei, acho que isso me lembra alguma coisa que
rolou por aqui!). Assim como em todo o disco, Airey tem participação
destacada. Gillan está muito bem.
Nota: 8
Bodyline
No encarte deste disco tem uma dedicatória a Jon Lord, com uma frase
pinçada da letra desta faixa, algo como “almas, quando tocadas, para
sempre se entrelaçam”. É uma homenagem digna, tanto pela lembrança,
quanto pela qualidade da música. A letra representa uma espécie de
mensagem de Jon aos demais companheiros de banda.
Nota: 8
244
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Uncommon man
Après vous
245
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Vincent Price
246
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Além do CD normal, foram lançados três singles: um com All the time in
the world/Hell to pay, outro com Vincent Price e um terceiro com Above
and beyond. Este último traz ainda Things I never said e duas gravações
ao vivo: Space truckin’, gravada na Itália e Green onions/Hush, extraída
de uma apresentação na Suiça.
247
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Rapture Of The deep, sem citar em que shows elas foram registradas.
Uma edição dupla semelhante saiu no Japão, contendo três faixas a mais,
todas no CD: a versão para rádio de Hell to pay e duas ao vivo, Smoke on
the water e Wrong man.
248
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
What?!” estão no repertório Vincent Price, All the time in the world (com
Gillan mandando bem) e Body line. O legal desse pirata (ôpa!) é o registro
do solo final do Glover, semelhante ao que ele fez no último show em São
Paulo. Um merecido momento de brilho isolado desse grande artista.
249
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
250
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
No sentido horário, a partir do topo: capas do recente pirata, do “Golden Tapes” e do “Live Tapes”,
mais dois discos ao vivo na carreira do Purple (quantos seriam até agora? Já perdi a conta!); edição
de julho de 2013 de uma revista distribuída por uma livraria de São Paulo, que destacou o lançamento
do Purple; ingresso para o show do Purple em São Paulo, em 12.nov.14, quando o Eremita tirou a
foto acima. Ao lado, publicidade dos shows em São Paulo dessa mesma turnê.
251
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 23
Infinite
Visão geral
252
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
253
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
Todas por Airey/Ezrin/Gillan/Glover/Morse/Paice; com exceção de Roadhouse Blues
Grandiosa! Ritmo épico, início incomum com canto gergoriano, tem uma
vibração semelhante à Pictures of home. Irretocável. Uma constatação da
mais alta relevância é que esta é a primeira das faixas de abertura entre
todos os discos de estúdio do Purple cujo título não é citado na letra!
Importante isso, não?
Nota: 10
Hip boots
254
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Esta, assim como a seguinte, estão no grupo da Hip boots. A letra conta
uma das várias gandaias em que Gillan esteve metido em sua regrada vida.
Não empolga.
Nota: 6
The surprising
255
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
mulherada madrugada adentro. Uma curiosidade que não tem nada a ver
com a música em si é que na versão “Gold Edition” (Ver
“Complementos”) houve um erro na grafia do título, saindo “The
surprisaing”. Esses alemães... O pior é que a versão brasileira foi na onda
e manteve o erro. Esta música gerou um saboroso vídeo, que a valoriza
mais ainda.
Nota: 9
Johnny's Band
A menos forte do disco (um jeito gentil de dizer que é a mais fraca).
Mostra a banda meio que indo no piloto automático. De novo a letra
relembra os tempos de festinhas descontroladas com primas. Nesta,
Gillan conta que as senhoritas serviram um prato à base de arroz. Ele
pegou no sono com um pouco na boca, que, devido ao porre, ficou meio
aberta. Ele acordou então com baratas se servindo, ali, na sua cara. O
sensível romantismo das palavras não chegam, entretanto, a salvar a
música.
Nota: 5
Birds of prey
256
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Roadhouse Blues
J. Densmore/R. Krieger/R. Manzarek/J. Morrison
O caso não é avaliar o resultado final desta cover dos Doors. O resultado
não tem como sair ruim. Afinal, é o Purple. Acho que até seu eu fizesse
uma música e desse para o Purple tocar, ficaria boa (uau, isto é o que
chamo de um exemplo extremo!). Sempre existiram ligações do Purple
com os Doors, desde a época do Episode Six, que tocava Light my fire em
seus shows. O caso é: por que? Se fosse para incluir uma cover, seria
melhor alguma coisa menos conhecida, que não tivesse já tantas versões
(uma também muito boa é a do Status Quo). Bom ouvir Gillan de volta
à gaita (ou harmônica, para os defensores do termo). Talvez desse mais
jogo trocar com Paradise Bar, esta vindo para o álbum e Roadhouse para
o single.
Nota: 5
Complementos
(A) Discos
Existem três singles/EPs, por enquanto: Time for bedlam, All I got its you
e Johnny’s band. Cada um tem seus atrativos em termos de faixas
complementares, sendo que o de Time for bedlam traz a Paradise Bar. Em
termos de álbuns, a gravação ao vivo da apresentação do Purple no festival
francês “Hellfest” aparece como CD 2 da “Gold Edition” e no “Infinite
Live Recordings Vol.1”, este de belíssima capa. Não tenho ideia se haverá
o Vol. 2. A revista “Clasic Rock” anexou à sua edição 234 um CD bônus
dedicado exclusivamente ao Deep Purple, denominado “Limitless”. Ele
traz oito faixas, quatro ao vivo retirada de discos oficiais, mais quatro de
estúdio em que os destaques ficam para a versão editada para rádio da All
the time in the world e First sign of madness, faixa-extra do “Now
What?!”.
257
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
(B) Vídeos
Cinco vídeos foram produzidos: Time for bedlam (dois), All I got its you,
Johnny’s band e The surprising. O primeiro de Time for bedlam seguiu o
modelo adotado para o álbum anterior, com a exibição das letras enquanto
a música vai sendo executada. O segundo é uma espécie de documentário
mostrando a preparação para a sessão de fotos na temática ártica adotada
como elemento visual que cercou todo o projeto. O vídeo de All I got its
you tem como cenário o estúdio de gravação e mostra as movimentações
que ocorrem durante as gravações. Johnny’s band tem uma produção
maior, com figurantes fazendo o papel dos músicos da banda que vai
evoluindo conforme a descrição da letra. Tem pelo menos dois registros
“autobiográficos”: em uma rápida cena, um prato de macarronada é
enfiado por um dos músicos na cara de um companheiro de banda e, em
outro momento, a peruca encaracolada de um dos componentes é
arrancada de surpresa, já na fase em que todos estão mais velhos. Mas, o
melhor dos quatro é o feito para The Surprising. O filme é em animação
e mostra a banda no quebra-gelo, sob comando do capitão Gillan,
navegando por males gelados. Gradativamente são mostrados no filme
itens que identificam cada um dos álbuns de estúdio da banda. Dois
destaques: não identifiquei claramente a citação ao terceiro disco. Talvez
tenha sido um momento em que o tempo fecha, referenciando Chasing
shadows. Não tenho certeza sobre isso. O segundo destaque vai para a
cena em que eles entram em uma caverna e uma luz está emanando de
uma bola de cristal. Gillan e Glover cobrem os olhos com as mãos, em
um simbolismo nada sutil. Um grande vídeo para uma grande música.
(C) Filme
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
(D) Pacotes
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 24
Whoosh!
Visão geral
263
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
do Eremita, são citados adiante. Como qualquer obra que parta desse
grupo de músicos, temos música de alta qualidade. A diferença principal
é que, desta vez, não dá para citar alguma composição que seja fora da
curva. As letras, desta vez, ficaram mais a cargo do Gillan, muito
inspirado e, em parte delas, vemos o tema da defesa do planeta contra a
devastação imposta pelo homem. Não é um tema original, mas algumas
tiradas de Gillan são notáveis. Desde o disco “Abandon”, grande parte das
músicas são conduzidas por riffs sombrios da guitarra. Neste a coisa se
repete desde a primeira faixa. Como é característico dessa formação do
Purple, Morse segue variando pouco os timbres de sua guitarra, enquanto
Airey faz o contrário e, mais uma vez, sua participação é destacada.
Citações de várias músicas, and the adress, fechando um ciclo. The mule
perfect strangers etc estilo formado mark VIII riffs sombrios e condução
pelo teclado. Varia mais do que a guitarra. Fim de uma era? Disco em dois
atos.
Gillan se pronunciou quando do adiamento do lançamento com um cartaz que diz: “Tudo será logo
revelado..., assim como disse a stripper para sua ansiosa platéia. Seja paciente, por favor...Assim como
disse o médico. Felicidades!”. Ao lado, anúncio da Ear Music agradecendo a primeira colocação em
vendagens pela terceira vez seguida na Alemanha. Foi um “hat trick”! O Purple fez o mesmo que o atante
do Palmeiras Obina em 2009, contra o Corinthians, como bem lembrou o William Cook. Isso me fez
264
lembrar de outro “hat trick” contra o mesmo rival, em 2000, perpetrado pelo Alex.
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
“Whoosh” é uma onomatopéia de algo que passa muito rápido. Seria mais
ou menos como nossa expressão “num piscar de olhos”. Segundo Gillan,
o título reflete o caráter transitório da passagem do homem pela Terra.
Faz, portanto, a ligação com as preocupações ecológicas que conceituam
algumas das faixas do album. Toda a identificação visual seguiu esse tema,
simbolizado na figura que parece ser um astronauta extraterrestre. O
título vem acompanhado de um ponto de exclamação, confirmando a
influência do saudoso Roberto Avalone nos processos nominativos dos
discos da banda, já presente no “Now What?!”. Segundo Glover, a
primeira ideia era chamar o disco de “Fawlty Towers”, em homenagem
ao seriado cômico da BBC, produzido na década de 70, estrelado por John
Cleese (Monty Python). Depois, Gillan veio com a sugestão do
“Whoosh!”, que agradou mais. A primeira lembrança que me veio à
mente quando soube do nome foi o disco “Home”, do Procol Harum, que
tem lá um “Whoosh!” no meio da capa. A banda australiana The
Stroppies lançou um disco em 2018, com o mesmo título que,
curiosamente, abre com uma faixa chamada “Nothing at all”. Tenho
certeza que não houve plágio nesse caso, pois essa banda é desconhecida
até mesmo na Austrália. Desconhecidos até mesmo na rua onde eles
moram.
265
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capa
Astronautas em capas de disco não são novidade. Por exemplo, o mais novo disco de Rick Wakeman,
“The Red Planet” (jun.20) traz um. Indepententemente do tema não ser original, a execução da arte do
“Whoosh!” ficou muito boa. A capa do single, que traz uma ilustração frontal do astronauta, me lembrou
a do disco “You’re not Alone” (1978), do Roy Buchanan, excelente (tanto o disco quanto o Roy).
As faixas
Airey/Ezrin/Gillan/Glover/Morse/Paice, com exceção de And the address
Throw my bones
266
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Aqui começa uma série de cismas d’O Eremita, que acha que algumas
faixas deste álbum fazem referência a músicas de outros discos, em uma
espécie de retrospectiva da obra da banda, ou seja, mais uma indicação
que o ciclo se fecha. Esta faixa, por exemplo, me lembra uma que o Gillan
já citou publicamente como uma de suas preferidas, Hazzle Dazzle. Entre
as duas, prefiro a mais recente. Uma letra desamarmentista de Gillan,
lúcida e sensata, ainda mais nestes tempos.
Nota: 7
Nothing at all
267
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
No need to shout
A primeira nota emitida pelo teclado de Airey não pode deixar de ser uma
referência à Perfect Stranger, na minha banal opinião. Outra das
melhores do álbum. A cozinha segura um excelente riff. Airey saca bem
um solo de piano honky tonky, que contrasta com o restante da música.
A letra? Definitivamente política. Vejam reprodução abaixo:
Gillan - Na verdade, não. Eles são todos inúteis. Eles vêm cheios de
idealismo e vigor e em cinco anos eles estão falando bobagem. É o
mesmo com músicos.
Outro trecho nada sutil em que Gillan demonstra sua admiração pelos
políticos está no verso “what a bunch of trash you got, exuding from your
ass” (algo como “que monte de lixo você tem, exalando da sua bunda”).
Nota: 9
Step by step
268
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Lá vou eu, de novo – a melodia desta me lembra The mule. Outra: a letra
cita I would not get trashed again. Com todo respeito, boa música, mas a
gente sempre espera muito do Purple e esta não arrebata.
Nota: 6
Outra com aura de Rock progressivo, outra bola dentro. Outra das
melhores. Levada tranquila, com belas harmonias vocais.
Nota: 8
Remission possible
Man alive
269
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Dancing in my sleep
Faixa creditada como bônus, mas que está em todas as mídias, tendo a
letra sido incluída no livreto que acompanha o disco. Airey usa um
sequencer (o efeito que faz o som inicial). Roger entra com um baixo bem
swingado. Uma música que busca certo ar de modernidade, lembrando
um pouco momentos de discos solo do Gillan. Não é daquelas que
decolam.
Nota: 6
Complementos
Assi como foi feito para o “Infinite”, resolvi separar os complementos por
tipo de mídia, tantos são os derivados desta nova obra do Purple:
(a) Discos
270
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
(b) Vídeos
São vários os vídeos oficiais que a gravadora Edsel produziu. Três são clips
de faixas do álbum: Throw my bones; Man alive e Nothing at all. Os três
trazem a figura do astronauta alienígina que passeia pela Terra
contemplando a destruição do ambiente pelo homem. O de Nothing at all
tem um quê da iconografia da Hipgnosis, lembrando imagens típicas das
usadas pelo Pink Floyd. Mas, o recado ecológico é o mesmo. Tirante os
clips, temos mais seis vídeos: (1) um tutorial de como tocar Man alive na
guitarra, apresentado pelo Steve Morris, com discreta participação de seu
cachorro; (2) um entitulado “Creating the album”, com declarações dos
Ians sobre, adivinhem, a criação do álbum, sendo que Gillan aparece de
cartola (!), em uma possível provocação a Blackmore; (3) uma das sessões
de ensaio de Throw my bones, em um formato ainda preliminar, só
instrumental; (4) uma entrevista feita por meio de vídeo conferência em
duas partes com dois fãs da banda, um dinamarquês e um inglês, com a
presença simpática e bem humorada de Glover e Airey. Muito
interessante. Entre os muitos assuntos abordados, um que mais me
chamou a atenção é que o Glover disse que recentemente recebeu os
masters do “Rapture of the Deep” e que ele prentende remixá-lo, pois não
ficou contente com o produto final; (5) uma conversa em estúdio entre
Glover e Ezrin, em que eles repassam faixa a faixa o novo disco, às vezes
individualizando o áudio de um dos instrumentos (ou do vocal). Tem por
volta de uma hora de duração e é muito legal. Não tem legendas, nem em
271
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
inglês, nem em português, o que é uma pena. Este vídeo integra o DVD
que vem de bônus na já referida “Limited edition” do CD, assim como o
próximo; (6) finalmente, uma hora de show do Purple no Hellfest de
2017, na França. Parte desse show havia saído no Blu-ray do “Infinite”.
O Purple se apresenta durante o dia, em um palco enorme, bem distante
da plateia. Dá para ver que o público fica meio paradão quase o tempo
todo, apesar da grande apresentação da banda. Como sempre, aliás.
272
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
273
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
No alto, anúncio no site da gravadora brasileira Shinigami Records, que lançou o álbum simultaneamente
ao resto do mundo (novamente, os fãs do Purple agradecem!); abaixo, capa da revista Classic Rock
italiana destacando o lançamento do “Whoosh!”. Na versão inglesa veio um CD de brinde (capa ao lado),
com Throw my bones; Birds of prey e Strange kind of woman, as duas últimas gravadas ao vivo no Rio,
em 2017. Por fim, uma das muitas imagens promocionais do álbum envolvendo a figura do astronauta.
Dizem que quem vestiu o traje todo o tempo foi o ministro Marcos Pontes, em uma colaboração anônima.
274
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 25
Turning to crime
Visão geral
Apesar das várias pistas contidas em “Whoosh!”, ele não foi o último
disco do Purple. Em plena epidemia de Covid, com o mundo todo em
regime de confinamento, deram um jeito de gravar mais um álbum. Foi o
produtor Bob Ezrin quem instigou a coisa toda. Se, por um lado, a
tecnologia permite que cada músico grave sua parte separada e
remotamente, por outro, o modus operandi da banda tem sido o de gerar
275
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Sabemos que gravar covers não é inédito na história da banda. Eles eram
numerosos no começo da carreira, quando gravaram versões muito boas
(Hush; Help!) e outras sofríveis (River deep, mountain high, por
exemplo) e foram escasseando com o passar do tempo, surgindo,
basicamente no repertório dos shows.
276
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Título
Capa
277
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
As faixas
7 and 7 is
Arthur Lee
278
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
brasileiros, eu fui ouvir o Love. Não gostei. Isto é, pela expectativa criada,
achei que ia conhecer uma banda revolucionária e maravilhosa. O som
deles nada mais é do que Pop psicodélico, que é dureza de ouvir direto.
Uma ou outra música pinçada aqui ou ali, até que é digerível. A escolhida
para abertura do álbum pelo Purple é uma das que descem sem muito
esforço, muito mais pela interpretação da banda. Paice esmigalha. Ficou
muito melhor e, no fim, tornou a música muito mais interessante. Essa,
por sinal, é uma regra neste disco. Alice Cooper e Rush são dois que
também fizeram covers desta música. Como visto no início do Capítulo,
cada músico deu seus palpites sobre as canções que receberiam as versões.
Esta foi culpa do Glover. Foi a primeira a ser divulgada, em um clip em
que os músicos são filmados individualmente, cada um fazendo sua parte
em um estúdio diferente.
Oh Well
Peter Green
Uma das menos conhecidas do repertório, teve uma cover pelos irmãos
Johnny e Edgar Winter e é uma música curiosa. Na opinião deste leigo e
meigo escriba, ela é uma junção da tradicional C.C. Rider com Jenny
Jenny, de Little Richard (tanto que seu nome, Richard Penniman, foi
incorporado aos créditos). Foi gravada por Mitch Ryder & The Detroit
Wheels em 1965. Tem um solo matador de Don Airey, começando com
um boogie e emendando com um breve diálogo com o Morse. Versão
correta, bem executada, como não poderia deixar de ser, mas um ponto
médio do disco.
Outro registro que consta no agorafóbico blog “Rock Brado” é que eu não
consigo ouvir Bob Dylan por Bob Dylan. É óbvio que ele tem músicas
boas, mas seus arranjos e, principalmente, sua voz, me irritam com uma
força forte. Não é à toa que muitos covers de Bob Dylan ficaram muito,
muito melhores do que as gravações originais. Esta música foi escolha de
Glover, que gosta da versão que Leon Russel (ele produziu e participou
da gravação original) registrou anos mais tarde, mais puxada para o Blues.
A do Purple seguiu o andamento da primeira gravação, mais rápida. É
mais um exemplo de memória afetiva. Quando se aplica à música, surgem
280
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Dixie chicken
Lowell George & Fred Martin
O Little Feat é uma banda curiosa. Tem ligações com Frank Zappa e
Captain Beefheart, mas seu som pouco lembra essas influências, embora
seja uma mistura de muitos elementos, com um
viés comercial, como é o caso desta música,
uma das suas mais conhecidas. Lá fora, porque
no Brasil o Little Feat nunca foi muito
comentado. Muitas de suas composições foram
regravadas por músicos de variados estilos.
Gillan não gravou nenhuma, mas incluiu Let it
roll no repertório de alguns de seus shows como
281
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Shapes of things
James McCartey; Keith Relf & Paul Samwell Smith
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Lucifer
Bob Seger
White room
Jack Bruce & Peter Brown
Competir com o Cream é uma tarefa para bravos. Nossos velhos ídolos se
saíram bem. Steve Morse segue Clapton no uso do wah-wah. O Cream
lançou White room em agosto de 1968. No mês seguinte, o “Shades” era
lançado. Por isso, não é de se estranhar que a produção supere a original,
pelo tempo decorrido entre os dois registros. Exceto por esse aspecto, a
versão do Purple é bem próxima da gravação original, o que é bom, porque
é difícil mexer em algo que está bem resolvido por todos os lados. Mais
uma que estava na lista de Glover.
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Complementos
Da mesma forma que ocorreu com “Now What?!”, foi inserido no site
oficial uma contagem regressiva para o lançamento do disco, iniciada em
03 de setembro de 2021. Além dessa, foram várias as ações de marketing,
como o uso intensivo de cartazes na Europa, em ônibus, estações de metrô
e táxis, lançamento de vídeos e até uma brincadeira de detetive, do tipo
“descubra as pistas e ganhe um prêmio”, que rolou no site da gravadora.
284
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
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Capítulo 26
Balanço dos conceitos e notas
As melhores músicas
A lista das que receberam nota dez neste texto, sendo consideradas obras-
primas irretocáveis, tem 20 músicas, conforme mostrado abaixo (em
ordem alfabética):
290
Trinta e duas faixas receberam nota 9, ou seja, foram consideradas
excelentes. São elas (ordem alfabética, de novo):
Temos, então, duas listas reunindo 52 dos melhores Rocks da história. Caso
uma gravadora decidisse fazer uma coletânea séria e representativa sobre o
Purple, teria que contemplar grande parte desse conjunto de músicas. Uma
curiosidade: das 52, foram compostas 29 pela Mark II (mais da metade). Cá
entre nós, que somos fãs, que outra banda tem um repertório desses, hein?
As melhores capas
Com conceito “B” temos nove capas, conforme a lista em ordem alfabética
a seguir:
292
As listas e o gráfico
Uma banda com uma obra tão preciosa é um veio que produzirá ainda muito
dinheiro para os empresários do entretenimento. Uma das minas, contudo,
está secando. A agonia do CD está diminuindo gradativamente o derrame de
coletâneas no mercado. A exemplo dos discos ao vivo, coletâneas do Deep
Purple existem aos montes, mundo afora. Uma coisa interessante de se fazer
é comparar os repertórios das coletâneas com a lista das 50 músicas listadas
anteriormente. Isto é, interessante, mas não para eu fazer. Segue como
sugestão para aquela noite de insônia. Se a leitura deste texto não o fizer
dormir, o caso é grave. A última saída, então, é seguir minha sugestão e fazer
a comparação entre as coletâneas e o “Top 50” listado pelo Eremita. De cara,
pelo menos duas diferenças aparecerão: Black night e Strange kind of woman
não estão na lista, pois não fazem parte de nenhum LP, mas são
frequentadoras ponta-firme das coletâneas. Outras possíveis ausências:
Demon’s eye e Emmaretta. Ambas nem tanto pela qualidade. A primeira por
causa da substituição que os americanos (e brasileiros) fizeram no LP
“Fireball” e a segunda por ser lado B de compacto. A outra não pontuada
neste texto e que aparece em coletâneas é When a blind man cries. Esta,
entretanto, entra pelos dois motivos: qualidade e por ser lado B, não presente
em LPs oficiais.
295
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 27
Discografia complementar
296
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Coletâneas
297
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
298
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Discos ao vivo
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Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Discos pirata
Mesmo todas as opções de discos ao vivo oficiais não impediram que a banda
tivesse uma enorme quantidade de piratas editados pelo mundo afora. São
por volta de 300 as gravações piratas conhecidas do Purple. Um exemplo
forte do interesse que os fãs têm por discos ao vivo é que alguns piratas mais
célebres foram oficializados e são comercializados normalmente, sob o selo
de uma gravadora regularizada. São vários os exemplos, como o “H-Bomb”,
de 1970, um disco histórico, por ser o primeiro e um dos seus piratas mais
famosos. Ele foi reeditado várias vezes, com outros títulos (como, por
exemplo, “Darker than Blue” e “Space Vol. 1 & 2”) e em outras edições
piratas (a pirataria da pirataria!), até que saiu em edição oficial, sob o nome
de “Live In Aachen”. Outro caso semelhante, desta vez envolvendo a MK
III é o “Perks & Tit”, que virou o oficial “Live In San Diego”. As capas dos
discos citados estão reproduzidas a seguir, além de outros exemplos,
inclusive Made in Brazil.
Outras curiosidades da pirataria: na primeira linha, três exemplares brasileiros, todos lançados somente em CD. Os dois
primeiros saíram por duas “gravadoras” diferentes e trazem a mesma gravação ao vivo, de boa qualidade, da MK II. Era
vendido em lojas e supermercados, como se fosse um produto licenciado. O terceiro, um “legítimo pirata”, traz a gravação
de um dos shows em São Paulo em 1997 e foi produzido por Purplemaníacos paulistanos. Na segunda linha, mais um caso
de pirata lançado nas lojas por uma gravadora brasileira, vendido como se fosse oficial. O som foi extraído do DVD
“Bombay Calling”. Ao lado, outro caso de pirata que depois foi oficializado, o show em Knebworth. O da esquerda é o LP
pirata e o da direita, o CD oficial. Na última linha, o “Back In Action”, um dos muitos “bootlegs” da Perfect Strangers
Tour. Também dessa turnê é o de Oldenburg, vendido em outro tipo de mídia outrora usada pela pirataria, a fita cassete.
Na capa tem uma frase que não poderia ser mais irônica: “Não há quase nada no mundo que um homem não possa fazer
um pouco pior e vender um pouco mais barato. As pessoas que somente levam em conta o preço são as presas desse
homem”.
303
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Apresentações
O Eremita adora uma tabela. Então, lá vem mais uma. O que segue é uma
estimativa da quantidade de apresentações que cada formação da banda fez.
No começo da história da banda os registros não eram tão precisos como
hoje, de modo que é muito difícil se obter uma lista exata das vezes em que
eles subiram aos palcos.
304
Discografia Comentada do Deep Purple (V11.2)
Capítulo 28
Bibliografia
Conforme citado no início, este texto é uma coleção de opiniões d’O Eremita
sobre as faixas dos discos de estúdio do Deep Purple. Evidentemente que foi
necessário recorrer a arquivos e livros para detalhes como datas, locais e
outros fatos que, somente alguém com uma memória excelente poderia saber
de cor, o que está longe de ser o meu caso.
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A Hart Life
Colin Hart & Dick Allix
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mais legais do “Hart’s Life” é a cópia do book tour do Burn (veja reprodução
da capa e de uma publicidade desse book tour na página seguinte). Uma das
muitas curiosidades reveladas no livro é que o maestro Paul Mann (veja o
Capítulo 6, “Concerto”) é sobrinho de Hart! Vejam só, há lugar para o
nepotismo até mesmo no mundo do Rock...
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bloco com o manuscrito. Acho que isso dá uma boa ideia do que esse livro
representa para os fãs. Gostaria de ter colocado mais amostras, mas tem lá
um aviso que não se pode reproduzir as fotos sem autorização e, sabem como
é, não estou a fim de encarar um processo internacional, mesmo eu estando
aqui fazendo uma propaganda gratuita do livro.
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risos devido à aparência dos nossos velhos ídolos: gordos, cheios de rugas e
cabelos brancos. Isto é, os grisalhos são uma parte deles, apenas, pois a
maioria está careca. Não se trata de crítica, obviamente. Como alguém no
bagaço, como O Eremita, ousaria criticar esse tipo de coisa? Nada mais
normal que envelhecer, afinal o tempo é algo essencialmente democrático –
trata a todos da mesma maneira.
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anteriores a 1960 que têm relação com a banda, como, por exemplo, o ano
de invenção do Hammond e as datas de nascimento dos músicos, até chegar
a 1979. Para cada ano abordado o autor lista alguns fatos históricos
relevantes sobre a banda e o contexto musical da época, além de trechos de
entrevistas dos músicos do Purple. O livro também cobre as bandas derivadas
e os trabalhos solo. Nesse aspecto ele não acrescenta muita coisa ao que já
está fartamente documentado em outras obras, algumas delas do próprio
Martin. O ponto forte são as ilustrações daquilo que se convencionou
chamar de memorabilia, como cartazes de shows, ingressos, capas de
compactos e publicidades, que ocupam a maior parte do espaço. Muitas são
curiosas e eram inéditas para mim, como a aqui reproduzida, que mostra
uma propaganda de 1972 de parte do elenco da Purple Records. Mas,
também muitas fotos e figuras são referentes à cena do momento, com itens
de bandas como Uriah Heep, Black Sabbath e outras que, embora
interessantes, poderiam dar lugar a textos/fotos do Purple ou derivados. Um
ponto fraco (ou melhor, muito fraco) é que não são dados os créditos das
ilustrações. Não ficamos sabendo qual é a origem das imagens mostradas,
como por exemplo, de quais revistas as peças de marketing foram extraídas
ou qual é o país de origem de alguns discos cujas capas foram reproduzidas.
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Neil Priddey. Ele conta a história do selo, seu elenco e todos os discos por
ele lançados, desde maio de 1971 até o final das atividades, em 1978. O nível
de detalhe deste trabalho chega ao ponto de revelar a distribuição societária
da gravadora. A propósito: Blackmore, Glover, Lord e Paice eram sócios,
cada um com 6,5% do capital. Ian Gillan não quis fazer parte do
empreendimento (outro notório comerciante de mão cheia). O restante foi
dividido entre Edwards e Coletta. Foram produzidos álbuns de 15 artistas
diferentes (incluindo trabalhos solo dos músicos do Purple), em um total de
33 LPs.
Capa e contracapa da coletânea “Purple People”. Ao lado, publicidade da EMI saudando o Deep Purple
(e, por tabela, a Purple Records) pela vendagem equivalente a 2,5 milhões de dólares australianos.
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cronologicamente na vertical (da data mais antiga para a mais recente), ele
faz articulações para bandas derivadas e também árvores derivadas. Nos
espaços entre os “galhos” ele insere notas da carreira de quem está sendo
abordado, além de discografia e dados biográficos. A foto que está junto ao
comentário da Dixie Chicks, do “Turning to crime” foi copiada da
contracapa do livro aqui citado. Muita coincidência, não?
Em uma das edições da “Into the Purple” (espero que você já a conheça, a
esta altura) foi reproduzida a “Family Tree” do Deep Purple. Esta serviu de
base para um pôster que a SBADP fez para a Editora Três, que chegou às
bancas pouco antes da editora abrir falência. Sem que uma coisa tenha a ver
com a outra, é claro.
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Apêndice
Este apêndice está dividido em três seções: a primeira traz outras provas de
que deixar O Eremita ter acesso a um computador não foi uma boa ideia; a
segunda seção é dedicada à indicação de alguns sites interessantes e
importantes sobre o Deep Purple. A última seção apresenta uma crítica a
este trabalho, pelo implacável e desconhecido João Cucci Neto (quem ele
pensa que é?).
Muita gente diz que a Internet tem muita coisa boa, mas outros alertam que
também tem muita coisa inútil. Eu ando me esforçando para dar razão ao
segundo grupo. Seguem alguns dos trabalhos citados ao longo deste texto.
Todos (exceto o blog, A.4) estão disponíveis gratuitamente no endereço:
www.arquivosdoeremita.com.br
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Quem já ouviu falar do fanzine “Into the Purple”? Ninguém? Bem, isso tem
conserto. Aqui está a oportunidade de preencher esse vazio na sua vida.
Todas as edições desse famoso e significante fanzine foram digitalizadas e
podem ser baixadas gratuitamente, assim como os informativos da SBADP,
no site informado no começo deste item.
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https://rockbrado.meusitenouol.com.br/
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(A.7) Portfolio
Veja só, ainda é possível baixar gratuitamente vários Books Tour na íntegra,
graças ao altruísmo do Purplemaníaco Roberto Silva e Souza (O Eremita,
orgulhosamente, colaborou com algum material). Além de Books Tour do
Deep Purple citados neste texto, existem reproduções de exemplares do
Rainbow, Whitesnake e Gillan, entre outros.
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Assim como no caso do Jon Lord, este texto traz uma compilação de matérias
sobre esse grande guitarrista e, também, a discografia comentada pelo
Eremita, além de outras informações.
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www.deeppurpleliveindex.com
Organizado por Martin, traz todas as datas das turnês (quase todas - aceita
colaborações) e a lista dos piratas (na minha última consulta eram 293). Está
em reconstrução desde janeiro de 2019.
Site mantido pelos fãs, com um enorme conteúdo. Dá para navegar por dias
e dias.
www.thehighwaystar.com
www.deep-purple.net
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www.deep-purple.com
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(B.6) poeiraZine
www.poeirazine.com.br
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Certo dia recebi um e-mail de André Luiz “Heavy”, que, muito gentil, disse
que acompanha os textos d’O Eremita desde os tempos de Rock Brigade
(sempre desconfiei que alguém tinha lido aqueles textos!) e que tinha um
canal no YouTube dedicado à divulgação do Rock de boa qualidade. O
André abriu um grande espaço para divulgação dos trabalhos d’O Eremita,
incluindo um programa com a seleção de 20 músicas escolhidas por mim.
Esta é uma modesta retribuição à atenção do André. O link para o programa
está logo aí, abaixo. Poucos dias antes de fechar esta versão fui surpreendido
com uma comunicação que ele deixou de produzir novos programas para se
dedicar a outras coisas. Quando isso acontece (e não é a primeira vez, vide
episódio da revista Somtrês), eu sempre fico preocupado com minha parcela
de culpa. Sorte que eu não sou supersticioso (êpa!), senão iria achar que
meu pé, além do já indefectível chulé, ainda é frio.
https://www.youtube.com/watch?v=6eya-6lmSKY&list=PLiAoLpw723B6dry4pF5rrCWEezyO1r23a
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www.deep-purple-ticketmuseum.co.uk
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Já perdi tempo demais com essa história. Meu resumo: não leia! Aproveite
seu tempo em coisas mais interessantes, o que, aliás, não é difícil de
encontrar. Até a leitura do discurso de abertura do congresso dos auditores
fiscais que estão em licença médica remunerada tendo seu salário pago às
nossas custas é mais interessante que o texto do tal Eremita. Como sou um
velho de coração mole, não consigo terminar sem citar pelo menos algo de
positivo. Sei lá, deve ter um lado bom nessa bagaça. Eu poderia dizer que
pelo menos é um texto curto, mas nem isso é, pois tem mais de duzentas
páginas. Ah, já sei: o texto é uma desgraça, mas pelo menos é de graça.
Críticos de categoria, como eu, fazem assim – sempre terminam os textos
com trocadilhos bem bolados...
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