Relatório - Setor Pesqueiro

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RELATÓRIO TÉCNICO

João Batista Teixeira

Levantamento e sistematização de informações para a


criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da
Foz do Rio Doce - ES

Produto 3: Caracterização do Setor Pesqueiro e Aqüícola da área de


estudo do Projeto.

Dezembro - 2007
História do povo de Barra do Riacho.

O Pescador.

A rede e a tarrafa são instrumentos de pesca que fazem parte da vida e da história deste povo...

Esta é a receita.

Para começar vem das duas malhas...

Onde o chumbo que puxa para baixo, afoga a rede e afunda junto a tristeza e o pessimismo

É necessário entralhar bem, para que quando lançadas ao mar sejam seguras e firmes

Os amigos pescadores são como as bóias que superam as ondas,

Eles superam as dificuldades e os desafios da vida... Passando por cima das ondas,

Mas para isso é preciso saber manejar bem a espia para poder puxar... Puxar a compreensão e a fraternidade!

Redes que sempre vem cheias, com peixes que a natureza lhes oferecem

Há! Que felicidade! Eles andam em cardumes ao seu redor...

Ao fim de cada pescaria...

Peles bronzeadas e semblantes cansados no final de tarde

Mas nunca desanimam, porque o que mesmo importa é a felicidade de estar vivendo com alegria e a certeza de que
amanhã será mais um novo dia...

Sejam seguros, firmes como a bóia, é como os amigos que superam as ondas, superando as dificuldades da vida

É preciso saber compreender e amar, junto com os pescadores de Barra do Riacho.

Que a felicidade, quando vier, será como os cardumes ao seu redor.

Hecielem Lopes Maximo de 11 anos de Barra do Riacho. (filha de Joice)

Para todos que se envolvem com a pesca no Brasil.


Este relatório foi produzido no Contexto da Cooperação
UNESCO/Cooperativa Mista de Trabalhadores Conservacionistas-
CONSERVE, Projeto 633BRZ9002.

As opiniões aqui expressas são de responsabilidade do autor e não


refletem necessariamente a visão da UNESCO sobre o assunto.
Equipe Técnica

Consultor: João Batista Teixeira, Oceanógrafo.

Apoio: Luiz Augusto A G Oliveira, Eng° de Aqüicultura.

Bruno De Laquila Oliveira, Oceanógrafo.

Priscila Santos Angonesi, Médica Veterinária e Esp.


Planejamento Ambiental.
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO DO DOCUMENTO....................................................................... 1
Produtos ................................................................................................................................................................. 1

Introdução geral.................................................................................................................................................... 1

III CARACTERIZAÇÃO DO SETOR PESQUEIRO................................................. 8


III.1 introdução........................................................................................................................................... 8

III.2 Metodologia ...................................................................................................................................... 10


III.2.1 Sistematização de dados pretéritos..................................................................................................... 10
III.2.2 Oficinas de Diagnóstico Rápido Participativo - DRP ........................................................................ 12

III.3 Resultados......................................................................................................................................... 20
III.3.1 Indicadores sociais ............................................................................................................................. 20
III.3.2 Caracterização Ambiental a partir de dados pretéritos....................................................................... 21
III.3.3 Caracterização da atividade pesqueira a partir de dados pretéritos .................................................... 24
III.3.4 Caracterização da comunidade de Regência ...................................................................................... 34
¾ Atividade da pesca ............................................................................................................................. 34
¾ Produção e rendimento do pescado.................................................................................................... 36
¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Regência ................................................................... 37
III.3.5 Caracterização da comunidade de Barra do Riacho........................................................................... 43
¾ Atividade da pesca ............................................................................................................................. 43
¾ Produção e rendimento do pescado.................................................................................................... 47
¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Barra do Riacho ........................................................ 49
III.3.6 Caracterização da comunidade de Povoação ..................................................................................... 55
¾ Atividade de pesca ............................................................................................................................. 55
¾ Produção e rendimento do pescado.................................................................................................... 57
¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Povoação................................................................... 58
III.3.7 Caracterização da comunidade de Praia do Degredo ......................................................................... 67
¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Praia do Degredo ...................................................... 67
III.3.8 Distribuição espacial das áreas de pesca por arte utilizada ................................................................ 77

III.4 Correlação espacial dos resultados com a área proposta para a RDS da Foz do Rio Doce....... 81

III.5 Caracterização do setor Aquícola................................................................................................... 87

III.6 Conclusão.......................................................................................................................................... 87

III.7 Referências ....................................................................................................................................... 89


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Área tida como proposta inicial para implantação da RDS da Foz do Rio Doce......... 5

Figura 2: Abertura da oficina em Regência, Linhares-ES. ........................................................ 13

Figura 3: Abertura da oficina em Barra do Riacho – Aracruz-ES. ............................................ 13

Figura 4: Grupos de pescadores realizando as atividades da metodologia I.............................. 14

Figura 5: Base Cartográfica entregue aos grupos para realização das atividades da
Metodologia de Mapas Mentais adaptada................................................................ 15

Figura 6: Grupo de pescadores desenhando sobre o mapa base em Barra do Riacho. .............. 17

Figura 7: Aplicação da Medotologia I (Mapas Mentais) em Regência...................................... 17

Figura 8: Aplicação da Metodologia dos 3 P´s em Barra do Riacho. ........................................ 18

Figura 9: Leitura dos papéis referentes aos 3 P´s (potenciais, problemas e propostas). ............ 19

Figura 10: Validação de dados pretéritos nas oficinas............................................................... 20

Figura 11: Diagrama 3D do modelo digital do fundo oceânico, construído a partir dos
dados de satélite . ..................................................................................................... 22

Figura 12: Mapa granulométrico dos sedimentos biolitoclásticos que recobrem a plataforma
continental interna adjacente à Vitória até a praia de Povoação, ao norte da
desembocadura do rio Doce – ES. ........................................................................... 23

Figura 13: Gráficos representado o tempo de pesca dos pescadores ......................................... 24

Figura 14: Intenção dos pescadores em permanecer na profissão . ........................................... 25

Figura 15: Percentual de pescadores nativos.............................................................................. 26

Figura 16: Tipos das embarcações nas comunidades................................................................. 27

Figura 17: Dificuldades no trabalho da pesca. ........................................................................... 28

Figura 18: Identificação dos Pesqueiros das principais comunidades pesqueiras entorno de
Santa Cruz-ES. ......................................................................................................... 30
Figura 19: Captura total (kg) mensal nas comunidades durante o monitoramento do
desembarque pesqueiro em 2006. ............................................................................ 31

Figura 20: Captura total (ton) por local e por arte de pesca para cada comunidade
monitorada de Fevereiro a Junho de 2007. .............................................................. 32

Figura 21: Captura total (kg) mensal nas comunidades durante o monitoramento do
desembarque pesqueiro de fevereiro a julho de 2007. ............................................. 32

Figura 22: Máquinas da Prefeitura de Aracruz e da empresa Aracruz Celulose abrindo a


barra do rio Riacho para passagem das embarcações, Barra do Riacho.. ................ 48

Figura 23: Desenho esquemático produzido pelo grupo 1......................................................... 60

Figura 24: Desenho esquemático produzido pelo grupo 2......................................................... 61

Figura 25: Desenho esquemático produzido pelo grupo 3......................................................... 61

Figura 26: Desenho esquemático produzido pelo grupo 4......................................................... 62

Figura 27: Integrantes do grupo 1 na realização do mapa ambiental em Povoação. ................. 63

Figura 28: Grupo 2 confeccionando seu mapa ambiental em Povoação.................................... 64

Figura 29: Grupo 3 na elaboração do mapa ambiental em Povoação. ....................................... 64

Figura 30: Grupo 4 na elaboração do mapa ambiental em Povoação. ....................................... 65

Figura 31: Desenho esquemático produzido pelo grupo 1 em Degredo. ................................... 70

Figura 32: Desenho esquemático produzido pelo grupo 2 em Degredo .................................... 70

Figura 33: Desenho esquemático produzido pelo grupo 3 em Degredo. ................................... 71

Figura 34: Desenho esquemático produzido pelo grupo 4 em Degredo. ................................... 71

Figura 35 – Sr. Pedro Costa anexando e explanando sobre o mapa produzido por seu grupo. . 74

Figura 36: Representante do grupo 1 explanando aos presentes o significado do


desenho/mapa produzido em conjunto com os demais integrantes.......................... 74

Figura 37: Integrantes do grupo 3 elaborando o seu mapa ambiental........................................ 75

Figura 38: Grupo 4 discutindo e participando da confecção do mapa ambiental. ..................... 75


LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Resultado da oficina para Espinhéis e linha de mão na comunidade de Regência...... 38

Mapa 3: Resultado da oficina para Redes de Espera na comunidade de Regência. .................. 39

Mapa 4: Resultado da oficina para Arrastos de camarão na comunidade de Regência. ............ 40

Mapa 5: Resultado da oficina para áreas de importância ambiental na comunidade de


Regência. ..................................................................................................................... 41

Mapa 6: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Regência............... 42

Mapa 7: Resultado da oficina para Espinhéis e linha de mão na comunidade de Barra do


Riacho.......................................................................................................................... 50

Mapa 8: Resultado da oficina para rede de espera na comunidade de Barra do Riacho............ 51

Mapa 9: Resultado da oficina para Balão na comunidade de Barra do Riacho. ........................ 52

Mapa 10: Resultado da oficina para áreas de relevância ambiental na comunidade de


Barra do Riacho........................................................................................................... 53

Mapa 11: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Barra do
Riacho.......................................................................................................................... 54

Mapa 11: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Povoação............ 66

Mapa 12: Mapa de distribuição espacial das áreas de importância para o turismo,
produzido a partir de informações coletadas na oficina de Povoação......................... 76

Mapa 13: Agrupamento das áreas exploradas com Espinhel e linha de mão para todas as
comunidades avaliadas................................................................................................ 77

Mapa 14: Agrupamento das áreas exploradas com Rede de Espera para todas as
comunidades avaliadas................................................................................................ 78

Mapa 15: Agrupamento das áreas exploradas com Rede de Espera para todas as
comunidades avaliadas................................................................................................ 79

Mapa 16: Agrupamento das áreas exploradas com outras artes de pesca. ................................. 80
Mapa 17: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas com
espinhéis e linhas de mão. ........................................................................................... 82

Mapa 18: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas com
redes de espera. ........................................................................................................... 83

Mapa 19: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas com
Balão............................................................................................................................ 84

Mapa 20: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas com
Balão............................................................................................................................ 85

Mapa 21: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas com
Relevância Ambiental. ................................................................................................ 86

Lista de Tabelas

Tabela 1: Descrição dos documentos que subsidiaram o trabalho............................................. 10

Tabela 2: Indicadores sociais do Município de Linhares e da comunidade de Regência. ......... 20

Tabela 3: Identificação das categorias desembarcadas em cada comunidade e arte de


pesca principal para captura das mesmas. ................................................................... 33

Tabela 4: Cadastro das embarcações de Regência. .................................................................... 35

Tabela 5: Embarcação padrão da comunidade de Regência. ..................................................... 36

Tabela 6: Cadastro das embarcações de Barra do Riacho.......................................................... 45

Tabela 7: Embarcação de médio porte padrão da comunidade de Barra do Riacho.................. 47

Tabela 8: Descrição das embarcações identificadas em Povoação. ........................................... 56

Tabela 9: Embarcação padrão da comunidade de Povoação...................................................... 57

Tabela 10: Validação de informações obtidas em Povoação. .................................................... 58

Tabela 11: Validação de informações obtidas em Povoação. .................................................... 68


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RDS - Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio Doce – ES

Apresentação do Documento

Este relatório apresenta os produtos gerados por consultoria


especializada referentes ao levantamento e sistematização de
informações, caracterização ambiental e diagnóstico socioeconômico
da região proposta para a criação da Reserva de Desenvolvimento
Sustentável da Foz do Rio Doce, situada nos municípios de Linhares
e Aracruz, estado do Espírito Santo.

PRODUTOS
1. Levantamento dos grandes empreendimentos, planos e
programas propostos e em implantação na área alvo do
projeto.

2. Caracterização das atividades turísticas desenvolvidas


na região.

3. Caracterização do Setor Pesqueiro e Aqüícola da área de


estudo do Projeto.

INTRODUÇÃO GERAL
A Bacia Hidrográfica do Rio Doce é uma unidade de
planejamento espacial que compreende uma área de drenagem de
cerca de 83.400 Km², dos quais 86% pertencem ao estado de Minas
Gerais e os 14% restantes ao estado do Espírito Santo. Nela estão
localizados 213 municípios, dos quais 192 no estado de Minas
Gerais e 21 no Espírito Santo onde, segundo o censo demográfico
de 2000, reside uma população de 3.253.067 habitantes, sendo
84% nos municípios mineiros e 16% nos municípios capixabas (CBH
Rio Doce, 2007).

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A bacia do Rio Doce encontra-se em região de domínio de


Mata Atlântica tendo, em sua porção oeste, um ecótono entre Mata
Atlântica e o Cerrado que apresenta grande complexidade de
habitats e vem sofrendo pressões antrópicas relevantes nas últimas
décadas. Cerca de 28% da área de cobertura da bacia apresenta
cobertura de vegetação nativa que, em sua maior parte, é
constituída de fragmentos sem condições de sustentabilidade,
demandando ações de recuperação. Entre as unidades de
conservação (UC) voltadas para a preservação de sua flora e fauna,
destacam-se o Parque Estadual do Rio Doce, o Parque Nacional do
Caparaó e o Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, onde se
encontra elevada diversidade da flora e da fauna (EPE, 2007), sem
contar com a elevada carga de conhecimentos e saberes locais.

Por causa de falta de manejo adequado de seus solos, a


erosão tem causado os maiores problemas ambientais na bacia,
envolvendo potencial risco de deslizamentos das encostas mais
vulneráveis. Estes processos erosivos presentes ao longo de toda a
bacia são responsáveis pelo forte aporte de sedimentos em seu
curso d’água principal e em seus afluentes. Esta situação se agrava
pela contaminação de suas águas por efluentes industriais,
domésticos e atividades de mineração, em que se destaca o vale do
aço (médio Rio Doce).

Em toda a bacia se avizinham zonas de extrema riqueza e


zonas de grande pobreza, sendo o eixo que envolve o vale do aço e
o quadrilátero ferrífero o de maior riqueza por concentrar um
importante parque industrial e minerador. Importantes centros
urbanos com Governador Valadares, Ipatinga, Viçosa, Ponte Nova,
Caratinga, Manhuaçu, Guanhães em Minas Gerais e Colatina,
Linhares no Espírito Santo, asseguram melhores condições de vida a
seus habitantes em conseqüência de suas atividades comerciais e
de serviços.

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No restante da bacia, onde a Pecuária extensiva e a


agricultura tradicionalmente familiar constituem a base econômica
das populações, são marcantes as situações de carência social e
baixo nível de percepção ambiental. Nesta área também coexistem
povos indígenas e comunidades remanescentes de quilombolas,
bem como comunidades de pescadores que se deparam com
dificuldades crescentes em decorrência da redução dos estoques
pesqueiros nos cursos d’água na bacia do Rio Doce.

A importância ecológica dos ambientes costeiros e marinhos


da foz do Rio Doce deve-se ao bom estado de conservação dos
ecossistemas de restingas em variados níveis de colonização que
vão desde herbáceas até mata seca, veredas e cordões litorâneos,
matas de aluvião, turfeiras, lagoas, alagados entre outros, o que
vem sendo ameaçado em função de atividades de exploração de
petróleo e gás, além da pesca exploratória de larga escala
principalmente exercida por embarcações advindas de outras
localidades.

Outra característica interessante e não menos importante é


que a área, ao sul da foz abriga o único ponto no Brasil com
concentração de desovas da Tartaruga-de-couro (Dermochelys
coriacea), a espécie mais ameaçada de extinção em território
brasileiro e uma das dez espécies de animais marinhos mais
ameaçadas no mundo, e o segundo maior ponto de concentração de
desovas da Tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta). Em menor
quantidade, reproduzem-se também as tartarugas-de-pente
(Eretmochelys imbricata) e oliva (Lepidochelys olivacea). O estado é
ainda importante área de alimentação da Tartaruga-verde (Chelonia
mydas). (Projeto TAMAR, 2007).

A crescente e desenfreada exploração da pesca industrial


predatória na região, realizada por embarcações de outros portos e
regiões do litoral brasileiro e de outras nações, também é fato

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recorrente no senso comum das comunidades, que tem acarretado


capturas acidentais de quelônios e mamíferos marinhos na região e
incomensurável depredação de habitats, abrigos, substratos e
extensas áreas de alimentação e reprodução de diversas espécies
importantes para a pesca artesanal local e regional, fato que se
agrava pela falta de fiscalização dos órgãos competentes a nível
federal, estadual e municipal.

Neste sentido, uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável


está sendo discutida com algumas comunidades locais desde 2001
para a região da foz do Rio Doce e área marinha adjacente (Figura
1), que foi considerada como prioritária para a conservação, uso
sustentável e repartição de benefícios da biodiversidade brasileira,
por meio da Portaria do MMA No 9 de 27 de janeiro de 2007,
correspondendo ao polígono MaZc 368, classificado como de
importância biológica e prioridade de ação extremamente altas,
como forma de mitigar os conflitos de uso do solo e do ambiente
marinho e reduzir as capturas acidentais de tartarugas marinhas,
por meio do ordenamento pesqueiro e turístico integrado à gestão
da UC e do acesso aos recursos naturais pelas populações
tradicionais.

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Figura 1: Área tida como proposta inicial para implantação da RDS da Foz do
Rio Doce.

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Para os ambientes aquáticos, o estabelecimento de áreas


protegidas tem sido recente, sendo a maioria com a intenção de
conservar a biodiversidade e ao mesmo tempo frear o processo de
degradação ambiental e manter os habitats preservados. No Brasil,
o tamanho do litoral – aproximadamente 8.511 km – aliado à
grande diversidade de ecossistemas e espécies marinhas
comerciais, bem como às condições abióticas específicas de cada
porção do litoral, gerou, até algum tempo atrás, a falsa idéia de um
inesgotável potencial de exploração pesqueira sem regras acertadas
de manejo dos estoques comercialmente relevantes. Isto levou à
adoção de políticas de desenvolvimento que pouco, ou quase nada,
se preocuparam com a sustentabilidade do uso de seus recursos
(IBAMA, 2006).

A idéia da criação de uma Unidade de Conservação Marinha


em uma região onde a pesca, além de ser uma arte tradicional,
representa uma importante fonte de renda para a população, pode
gerar certo receio por parte dos moradores das comunidades locais
que se sentem inseguros em relação às alterações que essa
implantação irá trazer na rotina de suas vidas. Além disso, segundo
o artigo 4º da Lei 9.985 de 2000, que dispõe sobre o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação (SNUC) em seu inciso XIII,
um dos objetivos das UCs é proteger os recursos naturais
necessários à subsistência de populações tradicionais, respeitando e
valorizando seu conhecimento e sua cultura e promovendo-as social
e economicamente (IBAMA, 2004). Portanto, é necessário
aproximar as comunidades das discussões desde o princípio da
idéia, resguardando-as o direito de participarem das decisões de
planejamento, incorporando seus anseios sempre que possível.

As necessidades de caracterização das comunidades


pesqueiras do entorno da RDS proposta são pautadas,

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principalmente, nos conflitos existentes entre pescadores artesanais


tradicionais e a pesca de larga escala que, além de aumentar muito
o esforço de pesca, aumenta a incidência de capturas acidentais de
tartarugas e mamíferos marinhos. Dessa forma, é extremamente
importante ponderar o direito de exploração sustentável da área,
resguardando a tradição e a dependência da atividade pesqueira
quando principal fonte de renda.

Além do setor pesqueiro é importante compactuar o uso


sustentável da área proposta com os grandes empreendimentos,
planos e programas governamentais e privados existentes e em
implantação, além das atividades turísticas desenvolvidas na região.

A área de abrangência do presente estudo engloba as


localidades de Regência e Povoação, no município de Linhares, a
localidade de Barra do Riacho, no município de Aracruz, a Reserva
Biológica de Comboios e a região de entorno da referida REBIO,
incluindo a foz do Rio Doce e as áreas costeiras e lacustres entre
Comboios e Degredo, município de Linhares, bem como a região
marinha confrontante.

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III Caracterização do Setor Pesqueiro

III.1 INTRODUÇÃO
Atualmente, no Brasil, os pesqueiros estão sendo mal aproveitados,
desperdiçados e/ou depredados. A pesca do camarão, por exemplo, é
responsável pela captura de um grande número de peixes juvenis e
adultos que constituem a fauna acompanhante. A proporção de captura
varia em torno de 10:1, ou seja, 10 kg de peixe para cada 1 kg de
camarão capturado. A pesca de parelha é responsável pela produção mais
significativa, com a diminuição dos estoques demersais e
conseqüentemente do tamanho dos peixes capturados (MONJARDIM,
2004).

Nos últimos anos, os recursos pesqueiros estão sendo


sobrexplotados, ocasionando, em várias regiões, a escassez do pescado.
Isso faz com que muitos pescadores migrem para outras localidades e
comecem a disputar com os pescadores nativos os mesmos pesqueiros,
gerando assim muitos conflitos. Isso acontece principalmente em regiões
costeiras onde o acesso é facilitado à grande parte da população,
resultando em maiores impactos.

Nos últimos 15 anos a produção brasileira de pescado estagnou e


decresceu, desmistificando a piscosidade dos mares brasileiros e se
comprovou que uma má administração neste setor pode levar a
retrocessos. Esta queda tem se revelado persistente e, segundo os
melhores diagnósticos, é atribuída, entre outros fatores, à pesca dos
principais recursos e à baixa produtividade natural do mar que banha a
costa brasileira.

A pesca artesanal apresenta maior importância no Norte e Nordeste,


onde é quase 12 vezes maior que a captura industrial. No Sudeste e Sul a
pesca empresarial tem maior relevância, sendo quase sete vezes maior
que a artesanal.

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Grande parte dos problemas da exploração sem controle das áreas


costeiras é causada pela inexistência de uma divisão ou gerenciamento do
espaço disponível para a atividade extrativista, tal como ocorre com os
recursos minerais e alguns recursos vivos em áreas continentais. O
conceito de propriedade de uso comum ocasiona geralmente uma
exploração insustentável dos recursos, gerando, em alguns casos uma
estratégia exploratória conhecida como “nuvem de gafanhotos”, onde os
pescadores tornam os recursos naturais de uma área exauridos e migram
para novas áreas, reiniciando o ciclo de exploração (MONJARDIM, 2004).

Neste contexto, é necessário criar uma concepção compartilhada


sobre a melhor delimitação de uma possível Unidade de Conservação e
identificar os pontos favoráveis e não-favoráveis sob o ponto de vista da
atividade pesqueira na região marítima limítrofe à da foz do Rio Doce.

Os Sistemas de Informações Geográficas (SIG) aplicados à pesca


estão sendo bastante difundidos como ferramentas de monitoramento e
gerenciamento, auxiliando os processos de decisão integrada e levando
soluções aos problemas espaço-temporais das aplicações pesqueiras. O
poder da visualização proporcionada pelo SIG para dados pesqueiros,
principalmente quando se pretende relacionar esses dados com
parâmetros ambientais, está sendo vastamente reconhecido e vem
auxiliar, inclusive, a transmissão de informações com o público mais leigo,
como os pescadores. Correlações biogeográficas, extensão de estoques
pesqueiros, marcação de áreas de reprodução e alimentação de espécies,
também são enormemente facilitadas com o uso do SIG (Teixeira, 2005).

Para realização do presente estudo, integrou-se ferramentas de SIG


com Metodologias Participativas, a fim de se obter uma caracterização do
setor pesqueiro através de mapeamentos que reflitam o ponto de vista
das comunidades relacionadas à área próxima à foz do Rio Doce,
confrontando as áreas utilizadas para cada tipo de arte de pesca e as
áreas delimitadas como relevantes ambientalmente e com potencial
turístico, segundo os próprios pescadores.

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III.2 METODOLOGIA

III.2.1 Sistematização de dados pretéritos


A sistematização das informações que refletem a situação atual da
atividade pesqueira foi concretizada a partir da validação das informações
reunidas de diversos estudos já realizados nas comunidades citadas. A
Tabela 1 apresenta uma síntese dos estudos que servirão de subsídio para
esta validação.

Tabela 1: Descrição dos documentos que subsidiaram o trabalho.

Documento caracteriza as comunidades nos


DIAGNÓSTICO DA PESCA NO
aspectos socioeconômicos, tecnológicos e
ESTADO DO ESPÍRITO SANTO.
ambientais, contendo estimativas de
Martins, A. S; Doxsey, J. R., 2003.
produção.

PROGRAMA REVIZEE - Avaliação do


Inventário, caracterização dos ambientes de
Potencial Sustentável de Recursos
ocorrência, biomassas e potencial de captura
Vivos da Zona Econômica Exclusiva,
dos recursos vivos da ZEE.
1998 - 2004.
Documento aborda o perfil dos pescadores
DIAGNÓSTICO DA ATIVIDADE de Santa Cruz, Barra do Sahy, Barra do
PESQUEIRA NAS COMUNIDADES NO Riacho (Aracruz), Jacaraípe (Serra) e Nova
ENTORNO DA ÁREA PROPOSTA PARA Almeida (Fundão), com o mapeamento dos
A UNIDADE DE CONSERVAÇÃO locais de pesca e avaliando a sobreposição
MARINHA DE SANTA CRUZ. Relatório com a área proposta para criação da Unidade
Técnico. ECOCEANO, 2004. de Conservação Marinha de Santa Cruz.

Este projeto reúne informações colhidas


através da aplicação de questionários, de
forma censitária, nas comunidades São
Mateus, Linhares, Aracruz, Piúma e
Presidente Kennedy e Campo Grande (São
CENSO DA PESCA ARTESANAL
Mateus). Levantou a característica de cada
MARÍTIMA NO ESTADO DO ESPÍRITO
comunidade, através de análises de
SANTO. PETROBRAS/FCAA, 2004-
freqüências de respostas para aspectos da
2005.
atividade pesqueira, meio ambiente e
alternativas de geração de renda, renda e
organização social, e sobre a atividade da
Petrobras na região.

Sistema de Banco de Dados


Georreferenciado contendo informações
MACRODIAGNÓSTICO DA PESCA levantadas nas Associações, Colônias,
MARÍTIMA DO ESTADO DO ESPÍRITO Cooperativas, Comunidades e Empresas de
SANTO – MACROPESCA-ES. SEAG e Pesca de todo Estado. As informações foram
Fundação Promar, 2005. coletadas em entrevistas com representantes
das instituições ou lideranças comunitárias, e
contém estimativas de produção.

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Documento que reúne a apresentação e


análises dos dados coletados nas localidades
Monitoramento de Desembarque de Barra do Riacho, Barra do Sahy e Santa
Pesqueiro do PROJETO MOSAICO Cruz (cais e porto comunitário) no município
PETROBRAS, 2006 – 2007. de Aracruz, Povoação, Regência e Barra
Seca/Pontal do Ipiranga no município de
Linhares e Barra Nova no município de São
Mateus.

A validação e atualização das informações deram-se através de


oficinas nas comunidades, reunindo as lideranças locais e o máximo
possível de pescadores ou pessoas envolvidas com a atividade. Estas
etapas do estudo, foram embasadas e orientadas por uma cartilha
confeccionada a partir das informações pretéritas para que as mesmas
sejam avaliadas. A oficina também foi complementada com a realização
de ferramentas de Diagnóstico Rápido Participativo - DRP, principalmente,
a metodologia adaptada de “mapas mentais”, para a caracterização das
áreas de pesca e a dinâmica pesqueira de cada localidade.

As informações obtidas dos estudos e das oficinas deverão atender


os itens listados abaixo:

• Identificação da pesca de subsistência, artesanal ou pequena


escala, industrial e amadora presente nas comunidades e a
distribuição espacial;

• Perfil da frota: tipo, potência e autonomia das embarcações;

• Artes de pesca utilizadas e distribuição espacial;

• Principais espécies capturadas e sua produtividade;

• Equipamentos de pesca, áreas de fundeio e atracação de


embarcações, instalações de recepção e beneficiamento;

• Serviços disponíveis na comunidade;

• Atividades de aqüicultura existentes, em implantação ou


pleiteando licenciamento;

• Número aproximado de pescadores por comunidade pesqueira;

• Identificação dos conflitos da pesca;

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• Principais festividades de cada comunidade;

• Levantamento de infra-estrutura, planos e projetos


governamentais;

• Nível de organização social e empresarial (colônias e associações


de pescadores;

• Destino dos produtos da pesca e a importância do setor para


manutenção da alimentação local;

Esses mapas serão digitalizados e georreferenciados para integrar


ao SIG, e a partir deles, um mapa final com as áreas marinhas exploradas
pelas comunidades será elaborado juntando o conhecimento tradicional de
todas as comunidades com validade garantida e comprovada pelo quorum
presente nas oficinas.

A seguir, a descrição das metodologias participativas utilizadas nas


oficinas realizadas nas comunidades.

III.2.2 Oficinas de Diagnóstico Rápido


Participativo - DRP
Com o objetivo de levantar a percepção da comunidade em relação
ao ambiente e validar as informações levantadas em documentos
pretéritos a respeito da pesca, turismo e empreendimentos, foram
aplicadas as seguintes metodologias participativas:

- Recepção dos participantes

Com todos sentados em círculo, fez-se uma rodada de


apresentações pessoais (Figura 2 e 3). Em seguida a equipe facilitadora
apresentou o cronograma e objetivos da oficina. Abriu-se para sugestões
e propostas e foram feitos os acordos de tempo para cada atividade. Após
esse momento, dividiu-se os presentes em quatro (04) grupos de, no
máximo, 6 pessoas para aplicação da dinâmica I.

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Figura 2: Abertura da oficina em Regência, Linhares-ES.

Figura 3: Abertura da oficina em Barra do Riacho – Aracruz-ES.

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- Dinâmica I: MAPA MENTAL (adaptado)

Os grupos de Regência e Barra do Riacho receberam uma base


cartográfica da região, em que estavam representados os pontos
referencias em terra (vilas, lagoas, reserva indígena), o Rio Doce e as
isolinhas das profundidades da região marinha. Essa base possui três tipos
de representação de escala, uma em quilômetros, outra em milhas
náuticas, ambas em barra, e uma terceira escala numérica em que cada
cm equivale a três milhas náuticas (Figura 5). Os grupos de Degredo e
Povoação confeccionaram a própria base de acordo com o imaginário dos
participantes, por possuírem área de pesca mais restrita e baixa
complexidade dos sistemas pesqueiros. Todos os grupos receberam
réguas e canetinhas hidrocor. As Figuras 4, 6 e 7 ilustram o momento da
confecção dos mapas pelos pescadores de Regência e Barra do Riacho.

Figura 4: Grupos de pescadores realizando as atividades da metodologia I.

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Figura 5: Base Cartográfica entregue aos grupos para realização das atividades da
Metodologia de Mapas Mentais adaptada.

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O sistema de informações geográficas foi produzido em versão


impressa e digital, contendo: limites federais; limites e sedes municipais;
áreas urbanas; localidades; áreas sob alguma forma de proteção (terras
indígenas, Unidades de Conservação, áreas de mineração e áreas das
Forças Armadas); hidrografia; pontos cotados; batimetria e feições do
fundo marinho. Além dos mapas produzidos em cada comunidade.

Após explicações sobre escalas e, quando necessário, de localização,


cada grupo representou as regiões onde se realizam as atividades de
pesca e/ou turismo em diferentes cores, produzindo ao final um mapa
para cada grupo, como descrito a seguir:

• Azul – áreas de pesca com rede de espera

• Laranja ou Amarelo – áreas para espinhéis ou linha de mão

• Vermelho – áreas de arrasto de camarão

• Verde – áreas de relevância ambiental

• Marrom – áreas de uso para o turismo

Os grupos tiveram cerca de 30 minutos para discutir e representar


no mapa. Cada grupo teve um facilitador para orientações gerais,
tomando-se o cuidado para não induzir as respostas.

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Figura 6: Grupo de pescadores desenhando sobre o mapa base em Barra do Riacho.

Figura 7: Aplicação da Medotologia I (Mapas Mentais) em Regência.

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Aproveitou-se a integração dos grupos para introduzir a dinâmica II.

- Dinâmica II – Exercício dos 3 P’s (Potenciais - Azul, Problemas –


Amarelo e Propostas - Verde)

Esta dinãmica se baseia em colher informações, em palavras ou


frases, através de folhas coloridas conforme a descrição acima. Um mural
foi fixado para que cada grupo, após o tempo estipulado, colasse suas
contribuições abaixo de cada coluna específica para Potenciais, Problemas
e Propostas (Figura 8).

Figura 8: Aplicação da Metodologia dos 3 P´s em Barra do Riacho.

Procedeu-se a leitura das contribuições na ordem estabelecida. Em


consenso, sendo que as contribuições em duplicidade e as que o grupo
não concordou foram retiradas (Figura 9).

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Figura 9: Leitura dos papéis referentes aos 3 P´s (potenciais, problemas e propostas).

Após a dinâmica II, foi feita uma apresentação dos mapas


confeccionados na dinâmica I.

- Dinâmica III – Obtenção e Validação de Dados Pretéritos

Dividiu-se, por adesão, em dois grupos temáticos, um de Pesca


outro de Turismo/Empreendimentos. Foram entregues os documentos
base, preparados com os dados pretéritos, contendo as estruturas a
serem validadas, deixando-se espaços para integração de novas
informações. Procedeu-se a leitura em voz alta para que cada grupo
emitisse opiniões de concordância, discordância ou
complementação/alteração dos dados (Figura 10).

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Figura 10: Validação de dados pretéritos nas oficinas.

III.3 RESULTADOS

III.3.1 Indicadores sociais


Tabela 2: Indicadores sociais do Município de Linhares e da comunidade de
Regência.
Item Última Ano da Fonte da
informação última informação
disponível informação
IDH de Linhares 0.757 2000 PNUD
PIB de Linhares R$ 2003 IBGE
831.509.275,00
PIB per capita de Linhares R$ 7.032,51 2003 IBGE
População residente em Linhares 112.617 2000 IBGE
População residente em Regência 6.326 2000 IBGE
% da População urbana de 29,92% 2000 IBGE
Regência
% da População Rural de Regência 70,08% 2000 IBGE
% da População de Homens em 52,64% 2000 IBGE
Regência

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% da População de Mulheres em 47,36% 2000 IBGE


Regência
Número de Alfabetizados em 3.980 2000 IBGE
Regência
Número de Não-Alfabetizados em 1.521 2000 IBGE
Regência
Pessoas de 5 a 9 anos em Regência 846 2000 IBGE
Pessoas de 10 a 14 anos em 794 2000 IBGE
Regência
Pessoas de 15 a 19 anos em 677 2000 IBGE
Regência
Pessoas de 20 a 24 anos em 581 2000 IBGE
Regência
Domicílios em Rede geral de esgoto 0,59% 2000 IBGE
ou pluvial em Regência
Domicílios com Fossa séptica em 21,46% 2000 IBGE
Regência
Domicílios com Fossa rudimentar 65,67% 2000 IBGE
em Regência
Domicílios c/ esgoto despejado em 0,33% 2000 IBGE
Vala em Regência
Domicílios c/ esgoto despejado em 0,26% 2000 IBGE
Rio, lago ou mar em Regência

III.3.2 Caracterização Ambiental a partir de dados


pretéritos
A região da plataforma continental ao norte do Espírito Santo,
possui uma fisiografia bastante variável, fazendo parte do banco dos
Abrolhos, onde se estende mais para longe da costa e possui influência da
descarga do rio Doce. Essa característica permite a ocorrência eventual de
aumentos na produtividade primária e secundária devido à ressurgências
causadas pelo “efeito de ilha” dos bancos submarinos da cadeia Vitória-
Trindade, e vórtices ciclônicos gerados pela deriva da Corrente do Brasil
devido à mudança na orientação da linha de costa e a barreira formada
pelos bancos (Figura 11). Esses eventos provocam a suspensão de águas
profundas ricas em nutrientes, favorecendo a produtividade no local. A
característica da água oceânica obedece à estrutura típica de regiões
tropicais, em que são classificadas como oligotróficas, ou seja, baixa
produtividade primária (Martins & Doxsey, 2003).

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Figura 11: Diagrama 3D do modelo digital do fundo oceânico, construído a partir dos
dados de satélite (Teixeira, 2005).

Os eventos de ressuspensão de águas profundas, apesar de pouco


estudados do ponto de vista biológico, podem durar semanas ou meses,
tempo suficiente para criação de uma cadeia trófica que vai do
microfitoplâncton ao macrozooplâncton e servir de fonte de alimento para
peixes grandes pelágicos de passagem, tais como atuns, agulhões e
similares. A composição sedimentar e morfológica é também muito
variável, formando áreas compostas por areias quartzozas médias na
plataforma interna, lamas de origem fluvial, bancos de algas calcárias e
corais (Figura 11). Nas áreas a norte do Rio Doce a maior parte da
produção pesqueira refere-se à espécies das famílias Serranidae e
Lutjanidae, e sobre o Banco de Abrolhos, espécies recifais como badejo,
garoupa, cioba, vermelho e outros (Martins & Doxsey, 2003).

Monjardim (2004) avaliou a sustentabilidade dos sistemas


pesqueiros do norte do Estado, utilizando análises multivariadas entre
variáveis sociais, tecnológicas e ambientais. Concluiu que as pescarias
realizadas na região centro-norte são menos sustentáveis que os sistemas
da região sul. Na região centro-norte, os efeitos gerados pela maioria das
artes de pesca são altamente destrutivos, uma vez que nessa região
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grande parte dos sistemas é composta por recursos alvo capturados por
equipamentos como a rede de espera e arrastos de balão.

Figura 12: Mapa granulométrico dos sedimentos biolitoclásticos que recobrem a


plataforma continental interna adjacente à Vitória até a praia de Povoação, ao norte
da desembocadura do rio Doce – ES (ALBINO, 1999 apud Ecoceano, 2005).

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III.3.3 Caracterização da atividade pesqueira a


partir de dados pretéritos
Os gráficos apresentados nesta parte dos resultados são do Projeto
do censo da Pesca Marítima do Estado do Espírito Santo, realizado em
2004.

O tempo de pesca dos pescadores das comunidades estudadas está


representado nos gráficos da Figura 13.

Tempo de pesca dos pescadores na comunidade Tempo de pesca dos pescadores na comunidade
de Praia do Degredo - Linhares/ES de Regênica - Linhares/ES

45% 35%

40%
30%
35%
25%
30%
% de respostas
% de respostas

25% 20%

20% 15%
15%
10%
10%
5%
5%

0% 0%
Até de De 1 a De 5 a De 10 De 15 De 20 De 30 De 40 Mais Até de De 1 a De 5 a De 10 De 15 De 20 De 30 De 40 Mais
1 ano 5 anos 10 a 15 a 20 a 30 a 40 a 50 de 50 1 ano 5 anos 10 a 15 a 20 a 30 a 40 a 50 de 50
anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos anos

Tempo de pesca dos pescadores na comunidade


de Barra do Riacho- Aracruz/ES.
Tempo de pesca dos pescadores na comunidade
de Povoação - Linhares/ES 25,0

30%

20,0
25%
% de respostas

20%
% de respostas

15,0

15%
10,0
10%

5% 5,0

0%
Até de De 1 a De 5 a De 10 De 15 De 20 De 30 De 40 Mais 0,0
1 ano 5 anos 10 a 15 a 20 a 30 a 40 a 50 de 50 Até de De 1 a De 5 a De 10 a De 15 a De 20 a De 30 a De 40 a Mais de
anos anos anos anos anos anos anos 1 ano 5 anos 10 anos 15 anos 20 anos 30 anos 40 anos 50 anos 50 anos

Figura 13: Gráficos representado o tempo de pesca dos pescadores


(Censo da Pesca, 2004).
O tempo de atuação da maior parte dos pescadores é de mais de 20
anos na maioria das comunidades, o que mostra um alto nível de
dependência desta atividade. A maioria deles aponta para uma diminuição
gradual na quantidade de pescado ao longo dos últimos anos. Essa
diminuição, segundo os próprios pescadores, se deve, entre outros

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fatores, à pesca exacerbada utilizando redes de arrasto e aos barcos de


grande porte, provenientes de outros estados.

A intenção dos pescadores em permanecer na profissão da pesca


este representada nos gráficos da Figura 14.

Intenção dos pescadores em permanecer na Intenção dos pescadores em permanecer na


profissão. Comunidade de Praia do Degredo - profissão. Comunidade de Regênica - Linhares/ES
Linhares/ES
120,0%
120,0%

100,0%
100,0%

80,0%

% de respostas
80,0%
% de respostas

60,0%
60,0%

40,0% 40,0%

20,0% 20,0%

0,0% 0,0%
Sim Sim Não

Intenção dos pescadores em permanecer na


Intenção dos pescadores em permanecer na
profissão. Comunidade de Barra do Riacho-
profissão. Comunidade de Povoação -
Aracruz/ES.
Linhares/ES
90,0
100%

90% 80,0

80% 70,0

70% 60,0
% de respostas
% de respostas

60%
50,0
50%
40,0
40%
30,0
30%
20,0
20%

10% 10,0

0% 0,0
Sim Não Sim Não

Figura 14: Intenção dos pescadores em permanecer na profissão (Censo da Pesca,


2004).

A relação dos pescadores nativos e de outras regiões está ilustrada


em percentual na Figura 15. O percentual de nativos é cerca de 80% para
degredo e povoação, e 60 % para Regência e Barra do Riacho.

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Pescadores nativos na comunidade de Pescadores nativos na comunidade de


Praia do Degredo - Linhares/ES Regência - Linhares/ES

90,0% 70,0%
80,0% 60,0%
70,0%
% de respostas

% de respostas
50,0%
60,0%
50,0% 40,0%
40,0% 30,0%
30,0%
20,0%
20,0%
10,0% 10,0%
0,0% 0,0%
Nativos Oriundos de outra Nativos Oriundos de outra
localidade localidade

Pescadores nativos na comunidade de Pescadores nativos na comunidade de


Povoação - Linhares/ES Barra do Riacho- Aracruz/ES.

90,0% 70,0
80,0%
60,0
70,0%
% de respostas

50,0
% de respostas

60,0%
50,0% 40,0
40,0%
30,0
30,0%
20,0% 20,0
10,0%
10,0
0,0%
Nativos Oriundos de outra 0,0
localidade Sim Não

Figura 15: Percentual de pescadores nativos (Censo da Pesca, 2004).

Os tipos de embarcações e a representatividade em termos


percentuais de cada comunidade estão descritas nos gráficos da Figura
16.

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Tipos de embarcações na comunidade de Praia do Degredo - Tipos de embarcações na comunidade de Regênica - Linhares/ES
Linhares/ES
60%
120%
50%
100%

40%

% de respostas
% de respostas

80%

30%
60%

20%
40%

20% 10%

0% 0%
Baiteira a Barco a motor Barco a motro Barco a motor Barco a motor Baiteira a Barco a motor Barco a motro Barco a motor Barco a motor
remo c/ convés e c/ tipo boca c/ convés e s/ s/ convés e c/ remo c/ convés e c/ tipo boca c/ convés e s/ s/ convés e c/
casaria aberta casaria casaria casaria aberta casaria casaria
(s/convés e s/ (s/convés e s/
casaria) casaria)

Tipos de embarcações na comunidade de Barra do Riacho-


Tipos de embarcações na comunidade de Povoação - Linhares/ES Aracruz/ES.

120% 60,0

100% 50,0

80% 40,0
% de respostas
% de respostas

60% 30,0

40% 20,0

20% 10,0

0% 0,0
Baiteira a remo Barco a motor c/ Barco a motro tipo Barco a motor c/ Barco a motor s/ Barco a motor c/ Barco a motro tipo Baiteira a remo Barco a motor c/ Barco a motor s/
convés e c/ boca aberta convés e s/ convés e c/ convés e c/ boca aberta convés e s/ convés e c/
casaria (s/convés e s/ casaria casaria casaria (s/convés e s/ casaria casaria
casaria) casaria)

Figura 16: Tipos das embarcações nas comunidades (Censo da Pesca, 2004).

O gráfico representado na Figura 17 mostra as principais


dificuldades no trabalho da pesca nas comunidades estudadas pelo censo
da pesca em 2004. Assoreamento da boca dos rios e as condições
climáticas lideram como principais dificuldades.

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Princiais dificuldades da atividade pesqueira nas comunidades de Linhares/ES


Clima/Tempo

Assoreamonto da barra

Saúde

Comercialização deficiente

Competição

Pouca organização

Pouco apoio do governo

Escassez de peixes

Embarcações sem capacidade

Transporte do pescado

Equipamentos

Arrastos

Temporada

Problemas com o IBAMA

Falta de dinheiro

Pequena área de pesca

Sugeira, algas vindas do rio

Problemas com o defeso

Preço do pescado

Poluição

Perde muito material

Óleo

Documentação de pescador

Não tem

Material de pesca é caro

Local para beneficiamento

Investimentos

Idade

Fazendeiros impedem a pesca colocando fiações

Falta de gelo

Falta de cais

Falta de agregação de valor

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0
% de respostas

Regência Barra Seca Pontal do Ipiranga Praia do Degredo Povoação

Princiais dificuldades da atividade pesqueira da comunidade de Barra do


Riacho- Aracruz/ES.
Assoreamento da barra 45,3
Clima/tempo 12,6
Falta de pescado 9,5
Saúde 5,6
Comercialização deficiente 5,3
Pouco apoio do governo 4,9
Pouca organização 2,8
Competição 2,8
Preço do combustível 2,1
Preço baixo do pescado 1,4
Barco ruim 1,1
Arrastos 0,7
Preço do óleo 0,7
Excesso de fiscalização 0,7
Poluição 0,7
Falta de porto 0,4
Efluente da Aracruz Celulose 0,4
Rotas dos grandes navios 0,4
Periculosidade do trabalho 0,4
Outras 0,4
Conflito com barcaças 0,4
Local para armazenar o pescado 0,4
Equipamentos de segurança 0,4
Restrição da área de pesca 0,4
Dificuldade em tirar a 0,4
A distância do local da pesca 0,4

0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0 45,0 50,0
% de respostas

Figura 17: Dificuldades no trabalho da pesca (Censo da Pesca, 2004).

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Em 2004 foi realizado um trabalho pela Ecoceano – Empresa Júnior


de Oceanografia para avaliação dos impactos que uma Unidade de
Conservação de Proteção Integral causaria na atividade pesqueira das
comunidades próximas da área proposta, neste caso, no entorno de Santa
Cruz, Aracruz-ES (Figura 18). Ao todo foram identificados 276 pontos de
pesca no mar através de 160 questionários aplicados (Ecoceano, 2005).

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Figura 18: Identificação dos Pesqueiros das principais comunidades pesqueiras


entorno de Santa Cruz-ES.

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Alguns estudos de monitoramento de desembarque pesqueiro foram


realizados nas comunidades nos anos 2006 e 2007, em atendimento às
condicionantes ambientais para a Petrobras. Nas Figuras 19, 20 e 21
estão representadas as produções por períodos monitorados em cada
comunidade.

Na Tabela 3 as principais espécies desembarcadas nas comunidades


estão identificadas em nomenclatura vulgar e científica para as
comunidades estudadas.

Desembarque total por mês nas comunidades monitoradas


100000
Desembarque total (kg)

80000
60000

40000
20000
0
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Barra do Riacho Santa Cruz Barra Nova Barra Seca

3000
Desembarque total (kg)

2500
2000
1500
1000
500
0
Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro

Regência Barra do Sahy Povoação

Figura 19: Captura total (kg) mensal nas comunidades durante o monitoramento do
desembarque pesqueiro em 2006.

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Captura total (ton) por comunidade

180,0 167,0
160,0
Desembarque total (ton)

140,0
120,0
100,0 93,6 93,6 92,7
80,0
60,0 45,3 38,9
40,0
20,0
1,8 1,4 0,2
0,0
Barra do Santa Cruz Barra Nova Santa Cruz Regência Barra Seca Pontal do Barra do Povoação
Riacho (cais) (Porto) Ipiranga Sahy

Captura total por arte de pesca Espinhel Balão Rede

2,0 1,8
160,0 147,3
1,8
140,0
1,6
Desembarque total (ton)

120,0 1,4
100,0 87,5 1,2
79,1
80,0 1,0
64,5 0,8
0,8
60,0
36,8 0,6
40,0 0,4
20,8 24,2
20,7 0,4 0,3
0,2
20,0 12,5
7,2 8,4
12,4
0,2
2,1 1,14,1 0,4 1,7 0,4 0,0 0,0 0,04 0,0
0,0 0,0
Barra do Santa Cruz Barra Nova Santa Cruz Regência Barra Seca Pontal do Barra do Sahy Povoação
Riacho (cais) (Porto) Ipiranga

Figura 20: Captura total (ton) por local e por arte de pesca para cada comunidade
monitorada de Fevereiro a Junho de 2007.
Captura total por mês monitorado
Barra do Riacho Barra Seca Pontal do Ipiranga
Barra Nova Regência Barra do Sahy
Santa Cruz (cais) Santa Cruz (outros locais) Povoação
60,0 1,6
1,4
49,1

1,4
50,0
1,2
Desembarque total (ton)

37,1

36,5

40,0
1,0
31,2

31,8

29,0
27,6

30,0 0,8
24,6
24,2

22,4
21,5
19,0

0,6
17,3

0,5
16,5

20,0
15,1

13,3

0,4
11,5
11,2

0,3
11,2

0,4
0,3
10,8

0,3
9,5
8,5

8,8

10,0
6,5

6,3

0,1
5,6

4,9

0,1

0,2
4,6

4,7
3,6
3,1

0,0
0,0

0,0

0,0
1,7

0,0
0,0
0,0

0,0

0,0
0,0
1,4
0,6

0,3
0,0

0,0 0,0
Jan fev Mar Abr Mai Jun Jan fev Mar Abr Mai Jun

Figura 21: Captura total (kg) mensal nas comunidades durante o monitoramento do
desembarque pesqueiro de fevereiro a julho de 2007.

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Tabela 3: Identificação das categorias desembarcadas em cada comunidade e arte de


pesca principal para captura das mesmas.

Barra do Riacho

Povoação
Regência

Degredo
Arte
Nome Ordem/
de Gênero e Espécie
vulgar Família
pesca

Isophistus parvipinnis /
Pescadinha Sciaenidae X X X X
Cynoscion jamaicensis
Camarão 7
Balão

Penaeidae Xiphopenaeus kroyeri X X


barbas
Camarão VG Penaeidae Farfantepenaeus brasiliensis X
Camarão
Penaeidae Farfantepenneus spp X
Rosa
Cação Elasmobranchi várias espécies X X X
Corvina Sciaenidae Micropogonias furnieri X X X X
Pescada Sciaenidae Macrodon ancylodon X X X X
Bagre Ariidae várias espécies X X X X
Sarda Scombridae Scomberomorus spp. X X
Centropomus parallelus / C.
Rede de espera

Robalo Centropomidae X X X
undecimalis
Roncador Haemulidae Conodon nobilis X X X
Xarel Carangidae Caranx hippos X X
Bonito Scombridae Euthynnus alletteratus X
Caçari Ariidae várias espécies X
Goibira Carangidae Oligoplites spp. X
Tainha Mugilidae Mugil spp. X X
Dorminhoco Bucconidae Nystalus maculatus X
Lagosta Panuliridae Panulirus spp X
Manjuba Engraulidae Anchoa spp X
Baiacu Tetraodontidae Lagocephalus laevigatus X X
Arraia Dasyatidae Dasyatis spp. X X
Pargo Sparidae Pagrus pagrus/Calamus spp. X
Peroa Balistidae Balistes spp. X
Carapeba Gerreidae Eugerres brasilianus X X
Dourado Coryphaenidae Coryphaena hippurus X
Espinhel/linha de mão

Garoupa Serranidae Epinephelus spp. X


Realito Lutjanidae Rhomboplites aurorubens X
Xixarro Carangidae Caranx crysos X
Bijupira Rachycentridae Rachycentron canadun X
Cherne Serranidae Epinephelus niveatus
Enchova Pomatomidae Pomatomus saltatrix X
Sargo Haemulidae Anisotremus surinamensis X X
Prochiludus marggravii / P.
Curimatã Prochilodontidae X
affinis
Escamuda Sciaenidae Cynoscion jamaicensis X
Linguado Pleuronectiformes - X
Lula Loliginidae Loligo spp X
Pampo Carangidae Trachinotus spp. X
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III.3.4 Caracterização da comunidade de Regência


¾ Atividade da pesca

Para esta associação, a prefeitura fez a doação de um veículo


Saveiro com baú favorecendo o transporte dos peixes para Linhares. Isto
veio ajudar os pescadores evitando a entrega das capturas aos
atravessadores e possibilitando maior agregação de valor ao produto.
Mesmo assim, os atravessadores continuam atuando em Regência, visto
que o veículo disponível não é capaz de dar vazão a toda à produção local.

Na Associação funciona uma fábrica de gelo que fornece o insumo


aos pescadores desta comunidade e de outras, recentemente chegou à
comunidade uma fábrica de gelo bem maior, equipada com câmara fria,
que vai ajudar muito a conservação do pescado. Também possui uma
modesta unidade de beneficiamento onde trabalham as mulheres dos
pescadores produzindo diversos produtos.

A falta de escola de pesca e cais apropriado para abrigo e


desembarque dos barcos, estaleiros para construção e reforma das
embarcações são necessidades que ainda persistem, visto que as
estruturas direcionadas a estes trabalhos são bastante deficientes na
localidade.

Em Regência foram identificadas 19 embarcações, sendo 10 de


pequeno porte e 9 de médio (conforme Tabela 4). As embarcações de
médio porte possuem motor de 4 e 3 cilindros, comprimento total 8 e 12
metros, respectivamente e algumas possuem guincho. A embarcação
considerada padrão (Tabela 5), entretanto, é a de pequeno porte, pois
representa a maior parte na comunidade. Essas possuem maior poder de
pesca em relação às de Povoação, pois em geral tem 6,5 metros de
comprimento, motor de até 18 Hp e largura da popa de 1,7 metros. Tendo
mais limitações à área de pesca quando comparada com as de médio
porte.

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Tabela 4: Cadastro das embarcações de Regência.

Modelo
Nome do Nome do Comp. Capacidade Potência Potência
do Guincho tripulantes ARRASTO ESPINHEL REDE
Proprietário Barco (m) (t) (hp) (cc)
motor
Vamos com
Leonidas 5,5 500kg remo 3 não sim sim
Deus
Leonidas Atlântida 6 1 B 10 10 3 não sim sim
Edinoran Voz do Mar 7 18 não 3 não não sim
Élcio José de
Deus Dará 6,50 18 não 3 não não sim
Oliveira
Alexandre Firmino Mar Vermelho 6,50 13 não 3 não não sim
Nossa Senhora
Marcos Orletti 10 4 sim 4 sim não não
da Penha
Luis A Sarmento Carla I 8,20 18 não 4 não não sim
Pedro C. Ribeiro São Pedro 12 3 sim 6 sim não não
Jeronimo M Santos Jaibara I 8,50 18 não 3 não não sim
Luzia da Silva Brumana I 5,80 10 não 3 não não sim
Jeronimo M Santos Jaibara II
120 caixas
Carlinhos Isa 10,00 B 18 18 não 4 sim sim sim
com gelo
Carlito Jorge
Gosto 9,00 4,9 yamaha 3 sim 3 sim sim sim
Ferreira
Carlito Jorge
Saboroso 9,00 MWM 4 sim 3 sim sim não
Ferreira
2 caixas com
Luis carlos Adriano 6 25 não 3 sim
gelo
Vando Braga
Jaldo
Carlinhos
Rubinho

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Tabela 5: Embarcação padrão da comunidade de Regência.


Cod_barco: RE04P
Características da embarcação
Comprimento. Nº de
total: 6,5 tripulantes: 3
Largura da popa 1,70 Refrigeração: Caixa c/ gelo
Material do
Potência do motor: 18 hp casco: Madeira
Possui guincho: não Equipamento: Não possui
Artes de pesca
ESPINHEL: Não ARRASTO: Sim REDE Sim
Fundo/Superfície.: - Simples/Duplo: duplo Nº de panos: 16
Duração dos
Comprimento: - arrastos: 2h Malha: 8 cm
Nº de lances
Nº de anzóis: - por dia: 4 Comprimento: 40 m
Comprimento
Tamanho do anzol: - do balão: 10 m Altura: 2m
Tempo
Tipo de anzol: - Altura do balão: 2 m armada: -
Espaçamento entre Tamanho da Nº de lances
anzóis: - malha : 20 mm dia: 2
Tipo de isca: - Malha do saco: 20 mm
Hora de
lançamento: - Malha do corpo: 20 mm
Hora de
recolhimento: -

Em Regência o tipo de pescaria é diferente para os dois portes de


embarcações. As de médio porte realizam a pesca de arrasto visando
principalmente à captura de camarão. Os arrastos ocorrem de forma dupla
(dois balões arrastando simultaneamente). A duração média dos arrastos
é de 2 horas, sendo realizados 4 lances por dia. O outro tipo de pescaria,
referente às embarcações de pequeno porte, é bem parecido com
Povoação, geralmente trabalham com 10 panos de rede com 40 metros
cada e a largura da malha é de 8 cm.

¾ Produção e rendimento do pescado

Alguns dados do monitoramento pesqueiro foram sintetizados


abaixo, ressaltando-se que o período monitorado foi de fevereiro a
setembro de 2007.

Em maio de 1992 o IBAMA, através da PORTARIA N° 49-N,


estabeleceu um período de defeso para a pesca do robalo, compreendido

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entre 15 de maio a 31 de julho, no litoral e águas interiores do Espírito


Santo e da Bahia. Há alguns anos, os pescadores de Regência e Povoação
se organizaram para negociar este período com o órgão ambiental e
minimizar as perdas decorrentes do defeso. Assim, ficou acordado que os
pescadores poderiam pescar em períodos escalonados de 15 dias durante
o defeso, sendo que o número mínimo de redes foi limitado a duas por
pescador. No ano de 2007 o órgão fiscalizador tornou a exigir o
cumprimento do período integral, de 15 de maio a 31 de julho. No período
de defeso do robalo os pescadores recebem salário desemprego e cessam
a atividade, o que pode ter contribuído para a interrupção da pesca com
balão e espinhel.

No período de defeso do robalo os pescadores recebem salário


desemprego e cessam a atividade, o que pode ter contribuído para a
interrupção da pesca com balão e espinhel. O robalo atingiu o máximo de
500 kg durante o período de lua nova de abril, com CPUE de 0,6
Kg/100m² de rede/dia de pesca. Os desembarques de pescadinha
acompanharam a freqüência de dias da produção de camarão, entretanto,
numa escala bem inferior (máximo de 3.200 kg e CPUE de 2 kg/hora de
arrasto por dia).

A pesca de rede de espera realizada pelas embarcações de pequeno


porte captura grande diversidade de espécies, as principais categorias
são: manjuba, cação e dorminhoco com 5,5, 3,8 e 1 kg/100m²rede/dia
respectivamente. Além da arraia com 1,2 kg/100anzois/dias de mar e do
baiacu com 0,7 kg/100anzois/dias.

¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Regência

Os mapas produzidos na oficina de Regência estão mostrados nos


Mapas 1, 2, 3 e 4, sendo que no Mapa 5 está representado o resultado da
análise pós oficina, em que foi possível delimitar as áreas utilizadas pela
comunidade para arrasto, espinhéis/linha de mão, rede de espera e as
áreas de relevância ambiental, sob a óptica dos próprios pescadores.

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Mapa 1: Resultado da oficina para Espinhéis e linha de mão na comunidade de


Regência.

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Mapa 2: Resultado da oficina para Redes de Espera na comunidade de Regência.

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Mapa 3: Resultado da oficina para Arrastos de camarão na comunidade de Regência.

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Mapa 4: Resultado da oficina para áreas de importância ambiental na comunidade de


Regência.

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Mapa 5: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Regência.

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III.3.5 Caracterização da comunidade de Barra do


Riacho
¾ Atividade da pesca

Os pescadores do município de Aracruz estão organizados através


da Colônia de Pesca Z-7, com sede em Barra do Riacho. Esta colônia
agrega os pescadores de Barra do Riacho, Barra do Sahy, e Santa Cruz,
entre outras.

A comunidade pesqueira local busca, por intermédio de sua colônia,


o apoio para a montagem de infra-estrutura que lhes permita
comercializar o pescado no local. Atualmente, contam com cerca de
quinze peixarias particulares onde vendem os pescados produzidos.

Lista de proprietários de peixarias em Barra do Riacho: Nivaldo,


Alberto, Carlos Miranda, Pirata, Edinaldo, Isabel, João, Edna, Alberto
Soberano, Juarez, Carlinhos, Ângelo e Anaildo.

Existem atualmente várias peixarias, mas somente duas equipadas


com câmara frigorífica para manutenção do pescado congelado. Existe
também na localidade um estaleiro naval com capacidade de até três
embarcações simultaneamente e duas empresas que beneficiam e
armazenam o pescado, porém a fiscalização pela vigilância sanitária é
rara.

Os pescadores de Barra do Riacho relatam que a redução do volume


de pescado na região é devida à pesca exploratória, à poluição e às
atividades de exploração de petróleo e gás. No rio Riacho quase não
existe pesca, só mesmo para subsistência, mesmo assim o nível de
poluição industrial do rio Riacho coloca em risco a saúde pública da
população. A pesca comercial é basicamente marítima. Grande parte da
população nativa ainda vive da pesca e os demais habitantes, direta ou
indiretamente, também dependem da atividade, uma vez que ela
movimenta o comércio local e emprega grande parte dos chefes de família
e seus filhos.
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A maior dificuldade enfrentada pela atividade pesqueira


desenvolvida na Barra do Riacho, segundo informações locais, é o
estreitamento da boca da barra do rio Riacho. Este fenômeno acontece,
segundo depoimento dos trabalhadores e comerciantes que vivem da
atividade, em função da redução no volume de água do rio Riacho, depois
da construção da comporta, existente no entroncamento do rio Riacho
com o rio Gimuhuna, que escoa parte da água do rio para uso industrial
pela Empresa Aracruz Celulose.

Desembarcam em Barra do Riacho, embarcações de médio e


pequeno porte, sendo 27 de médio e 27 de pequeno totalizando 54
embarcações identificadas (Tabela 6).

As embarcações de porte médio têm comprimento em torno de 9


metros, capacidade de armazenamento de 2,75 toneladas e motor com 4
cilindros. A grande maioria dessas embarcações possui guincho atuando
num sistema de parceria, geralmente, com três pescadores em cada
barco.

Os barcos de pequeno porte presentes em Barra do Riacho, em


geral, têm 6,7 metros de comprimento, motores de 11 e 18 hp e largura
da popa de 2,5 metros, tendo mais limitações à área de pesca quando
comparada com as de médio porte. Atuam num sistema de parceria,
geralmente, dois ou três pescadores em cada barco. A embarcação padrão
adotada incorpora dados de pesca com espinhel e rede de espera, além do
balão, pois essas artes passaram a ser utilizadas com mais freqüência na
região (Tabela 7).

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Tabela 6: Cadastro das embarcações de Barra do Riacho.


Modelo
Nome do Comp. Capacidade Potência Potência
Nome do Proprietário do Guincho tripulantes ARRASTO ESPINHEL REDE
Barco (m) (t) (hp) (cc)
motor
Soberano da
Alberto Azeredo 5,00 9 não 1 sim sim sim
costa
Adriana jacob Trindade 9,5 3 3 não 2 sim não não
Eutálio Mattos Hozana 6,60 NB10 não 2 sim sim não
Etevaldo Ross Auer Jubart 5 11,5 5 MWM 4 não 3 não sim sim
Carlos Reis Miranda Felipe 32 10,5 2 18 não 3 sim sim sim
Geralcino Mattos California 6,50 11 não 2 sim sim não
Casemiro Shluckebier Jubarte II 7,5 5 BTD22 2 não 2 sim sim sim
José Santos Yanne 6,00 11 não 3 sim sim sim
João Rodrigues Mar Dourado 9,6 2,5 MWM 4 sim 3 sim sim sim
Edimar Miranda 27 de maio 5,50 NS90 não 3 sim sim sim
Ademar Miranda Mucuri I 5,5 1 18 não 2 sim sim sim
Marinaldo Miranda Raymond I 6,40 NS18 não 2 sim sim sim
João Santos Nico 9 3,9 MWM 4 não 3 sim sim sim
Jesué Ribeiro Peixoto 6,80 18 não 2 sim não não
Josevaldo Mattos da
Numero I 7,5 2 18 não 2 sim sim não
Silva
Jailson Mattos Rodrigo 5,50 10 não 2 sim não sim
Wagner Dafeny I 7,5 3 18 não 4 sim sim não
Juarez Antônio Andrina 5,40 NB10 não 2 sim sim sim
Aldair Santana Jaunei 7 1 11 não 2 sim não não
Nivaldo Cristo Salva 5,50 18 não 3 sim sim sim
Amaro Oziel Rangel Aumar 10,5 7 4 sim 2 sim não não
Alair Correia Melomar 5,90 NB10 não 1 sim não não
Nivaldo Silveira Mattos Eucaliptus 6,00 11 não 2 sim sim não
Arlei Carlos dos Santos Lua cheia I 9,2 1,4 3 sim 3 sim sim não
Arlei Carlos dos Santos Moura 10 2 MWM 4 sim 2 sim não não
Poço de Jacó
Walter Caliman 10 2 4 sim 2 sim sim não
III
Carlos
Antonio Carlos Miranda 7,8 2 18 não 2 sim sim sim
Roberto
Claudio Luiz Mar Azul 10 5 4 sim 2 sim não sim

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Nivaldo Silveira Mattos Vothan 6,5 1,5 18 não 3 sim não não
Alexandre Barbosa
Franciny 6,5 1,5 NS18 não 3 sim sim não
Ribeiro
Natalício Guia o Deus 7,5 2 11 não 2 sim sim não
Jonair Reis Veiga I 7,4 1,5 11 não 2 sim sim não
Moacir Raimundo
Kelvin 7 1,8 11 não 3 sim sim sim
Oliveira
João Silva Filho do Rei 8,8 1 4 sim 2 sim não não
Marcos Fraga Fraga I 9 2 18 não 3 sim sim não
Domingos Gomes Marlucia 9,4 5 MWM 4 sim 2 sim não sim
Amaro Nogueira de
Joanini 11,5 5 MWM 4 sim 3 sim não não
Souza
Amaro Nogueira de
Revelação 11,5 5 MWM 4 sim 3 sim não não
Souza
Paulo Jorge Souza Thamires 8,8 1,5 3 não 2 sim não não
Arlei Carlos dos Santos Lua Cheia III 11,5 4 MWM 4 sim 2 sim não não
Renato Denésio Esperança 12 4 MWM 4 sim 2 sim não não
Cesar Augusto Peixoto Cometa 7 1 11 não 3 sim não não
Edivaldo Lopes Neves Mar 7 2 18 não 2 sim sim não
Walter Caliman Poço de Jacó 7,5 2 3 sim 3 sim não não
Poço de Jaco
Walter Caliman 10,4 3 4 sim 4 sim não não
II
Estrela
Washington Cordeiro 9 4,2 P22 não 2 sim sim sim
Solitária
Yamaha
Claudinei Souza Miag 9 1 33 sim 3 sim não não
33
Wilson da Cruz Cunha Popó
Douglas Jose Ribeiro Douglas I 7,2 não 4 sim sim sim
Ismael Jubarte III
Ismael Jubarte IV
Cidadão do
Ismael
mar
Roberto Antônio de
Sibarra
Oliveira

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Tabela 7: Embarcação de médio porte padrão da comunidade de Barra do Riacho.


Cod_barco: BR18M
Características da embarcação
Nº de
Comprimento. total: 10 m tripulantes: 2
Capacidade: 5 ton Refrigeração: urna
Potência do motor: 4 cc Equipamentos: GPS, PX
Possui guincho: sim Autonomia: 5 dias
Artes de pesca
ESPINHEL: Sim ARRASTO: sim REDE Sim
Fundo/Superfície.: Sup/fund Simples/Duplo: duplo Nº de panos: 10
Duração dos
Comprimento: 400 arrastos: 3hs Malha: 35 mm
Nº de lances por
Nº de anzóis: 100 dia: 3 Comprimento: 80 m
Comprimento do
Tamanho do anzol: 18 balão: 12m Altura: 1,5 m
Tempo
Tipo de anzol: pata Altura do balão: 3m armada: 6 hs
Espaçamento entre Tamanho da Nº de lances
anzóis: 5 malha : 20mm dia: 1
Tipo de isca: camarão Malha do saco: 20mm
Hora de lançamento: 17:00 Malha do corpo: 20mm
Hora de recolhimento: 05:00

A pescaria realizada em Barra do Riacho é basicamente voltada para


captura de camarão, portanto, a arte de pesca mais utilizada é arrasto de
balão. Os arrastos ocorrem de forma dupla (dois balões arrastando
simultaneamente). A duração média dos arrastos é de 3 horas, sendo
realizado geralmente 3 a 4 lances por dia. Em épocas boas, com alto
rendimento nas pescarias, os barcos permanecem em média 6 dias no
mar e, na baixa temporada, pescam geralmente durante 1 dia no mar. A
pesca de rede de espera acontece, na maioria dos casos, com 40 panos de
rede de 70m cada e malha de 4 cm, permanecendo estendido em média
por 15 horas no mar.

¾ Produção e rendimento do pescado

A produção de pescado em Barra do Riacho possui como principal


condicionante as condições climáticas e a vazão do rio Riacho, que
determinam se as embarcações podem atravessar a “boca da barra” sem

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que encalhem. O assoreamento do rio não permite o tráfego de


embarcações durante a maré seca e em períodos de grandes ondulações,
já que a boca da barra fecha devido ao acúmulo de sedimentos. Os
períodos de baixos rendimentos estão associados à situação da boca da
barra após os ventos fortes, ou seja, após a “ressaca” (Figuras 22).

Figura 22: Máquinas da Prefeitura de Aracruz e da empresa Aracruz Celulose


abrindo a barra do rio Riacho para passagem das embarcações, Barra do Riacho.
Foto: Bruno De Laquila.

Os desembarques de camarão em Barra do Riacho foram os maiores


entre as comunidades monitoradas, chegando a alcançar mais de 10
toneladas nos períodos da lua cheia de fevereiro e da lua nova de junho
de 2007.

Dentre as demais espécies desembarcadas, o baiacu novamente


representa os maiores desembarques, mais de 4,5 toneladas com CPUE
acima de 25kg/100anzóis/dia de pesca, também no período de lua nova
de junho de 2007. O Baiacu começa a aparecer com mais freqüência no
final do outono e segue abundante nas épocas frias do ano que pode ser
confirmado com os dados do mesmo período na primeira etapa do
monitoramento em 2006. Os pescadores utilizam o termo “peixe de
época” para o baiacu e outros recursos que aparecem em grandes
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quantidades em determinados períodos do ano, provavelmente isso está


associado ao ciclo de vida das espécies sendo, portanto, um fenômeno
natural.

¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Barra do Riacho

Os mapas produzidos na oficina de Barra do Riacho estão mostrados


nos Mapas 7, 8, 9 e 10, sendo que no Mapa 11 está representado o
resultado da análise pós oficina, em que foi possível delimitar as áreas
utilizadas pela comunidade para arrasto, espinhéis/linha de mão, rede de
espera e as áreas de relevância ambiental, sob a óptica dos próprios
pescadores.

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Mapa 6: Resultado da oficina para Espinhéis e linha de mão na comunidade de Barra


do Riacho.

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Mapa 7: Resultado da oficina para rede de espera na comunidade de Barra do


Riacho.

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Mapa 8: Resultado da oficina para Balão na comunidade de Barra do Riacho.

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Mapa 9: Resultado da oficina para áreas de relevância ambiental na comunidade de


Barra do Riacho.

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Mapa 10: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Barra do
Riacho.

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III.3.6 Caracterização da comunidade de Povoação


¾ Atividade de pesca

Os pescadores de Povoação pescam na região compreendida entre o


Rio Doce e aproximadamente 15 km ao norte da vila de Povoação,
passando pela Praia de Monsarás e Pontalzinho, além da pesca no rio
Doce e na lagoa de Monsarás. Muitos pescadores não possuem
embarcações e armam suas redes a nado na maré seca. A profundidade
máxima alcançada não ultrapassa 10 m.

Em Povoação foram identificadas 20 embarcações, entretanto, 7


pescadores não utilizam embarcações e contribuem quantitativamente
para os desembarques da comunidade (Tabela 8).

Todas as embarcações desta comunidade são de pequeno porte,


sendo denominadas de baiteiras a remo, apenas dois barcos possuem
motor de baixa potência (15 hp) e alcançam as maiores distâncias. O
comprimento máximo das embarcações varia de 4,75 a 6,5m e a largura
não ultrapassa 1m. Atuam em um sistema de parceria, geralmente dois
ou três pescadores em cada barco (Tabela 9Tabela 9).

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Tabela 8: Descrição das embarcações identificadas em Povoação.


Comp. Capacidade Modelo do Potência
Nome do Proprietário Nome do Barco Guincho tripulantes ARRASTO ESPINHEL REDE
(m) (t) motor (hp)
Simião Barbosa dos
Feliz Navegante I remo não 3 não não sim
Santos
Nicanor Anchieta Salva Ondas 3 remo não 3 não não sim
Darildo Campista Gaivota (rio) remo não 3 não não sim
Jorge Bernardo dos
Os Navegantes 4,5 5 remo não 3 não não sim
Santos
Sílvio da Conceição
SEM BARCO 2 não não não sim
Mariana
José Leite da Vitória SEM BARCO não não não sim
José Lima SEM BARCO 5 não não não não
Getúlio Euzébio Flores Golfinho 6,5 remo não 2 não não sim
Cristiano Leite SEM BARCO 2,5 não não não não
Valdir Almeida Estrela do Norte (rio) 6,6 remo não 2 não não sim
Jocimar Alves Leite SEM BARCO 4,75 1 remo não 1 não sim sim
Ilma Parecida da Costa Aquário (rio) 5,65 remo não 3 não não sim
Vanilda Euzébio Vamos com Deus 5 3,9 remo não 3 não não sim
Antônio da Conceição 6,5 remo não 3 não não sim
Hélio Campista Morais Luana 2 5 2 remo não 3 não não sim
Laurinete de Oliveira SEM BARCO não não não sim
Mariza Silva de Jesus 3 Irmãos (rio) 5 3 motor 15 não 2 não sim sim
João Davi de Oliveira
Titanick 5 remo não 3 não não sim
Ramos
Mário José Vieira SEM BARCO 6 1 não 2 não sim sim
Francisco Euzébio Miramar (rio) 5 remo não 3 não não sim
Aranaldo Daniel Alves 7 não não sim sim
Cláudio Euzébio não não não sim
João Rodriguês da
Azulão 6 remo não 2 não sim sim
Vitória
Dacir Chavier da Silva Arco-íris (rio) 5 1,4 remo não 2 não sim sim
Arildo Coutinho Penha Tupi 2 remo não 3 não não sim
Simão Aladim Costa 2 não não não não

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Tabela 9: Embarcação padrão da comunidade de Povoação.


Cod_barco: Pov08P
Características da embarcação
Comprimento. Nº de
total: 6,5 m tripulantes: 2
Largura da popa 1m Refrigeração: Nenhuma
Potência do Material do
motor: Remo casco: Madeira
Possui guincho: Não Equipamento: Não possui
Artes de pesca
ESPINHEL: sim ARRASTO: Não REDE Sim
Fundo/Superfície. Sup/fund Simples/Duplo: - Nº de panos: 7
Duração dos 5, 7 e
Comprimento: 50 arrastos: - Malha: 12m
Nº de lances
Nº de anzóis: 30 por dia: - Comprimento: 100 m
Tamanho do Comp. do
anzol: - balão: - Altura: 2,5 m
Altura do Tempo
Tipo de anzol: 4/0 balão: - armada: 11 hs
Espaço entre Tamanho da Nº de lances
anzóis: 2m malha : - dia: 1
Tipo de isca: Manjuba/camarão Malha do saco: -
Hora de Malha do
lançamento: - corpo: -
Hora de
recolhimento: -

O desembarque em Povoação ocorre numa escala muito inferior em


relação às outras comunidades. Os pescadores armam suas redes
transversalmente a costa em regiões bem rasas. A rede chega a ficar
armada durante dois ou três dias, sendo que duas vezes no dia os
pescadores fazem a “mirada” (passam ao longo da rede, suspendendo-a e
verificando o pescado). Geralmente trabalham com 6 panos de rede de
100 metros cada, a largura da malha varia de 5 a 12 cm. Algumas
embarcações possuem um pequeno espinhel de superfície ou fundo,
geralmente com 100m de comprimento e 30 anzóis. Esse trabalho
enfrenta muita dificuldade relacionada à periculosidade, muitas vezes,
sendo exercido no meio da arrebentação da foz do rio Doce.

¾ Produção e rendimento do pescado

A pesca em Povoação tem como alvo principal o robalo. Este fato


condiciona a produção aos períodos em que a pesca deste recurso está
liberada.

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A pesca com espinhel apresentou resultados entre os períodos da


lua minguante de março a lua minguante de maio quando com o maior
desembarque total (18 kg). Nesse período o vento leste começa a diminuir
a intensidade até atingir 4 nós. Os demais recursos significativos, além do
robalo, para Povoação são: pescadinha, carapeba, cumatã e sargo, porém
somente a pescadinha chega a atingir mais de 15 kg por período os outros
não ultrapassam 10 kg. Ressalta-se estes dados referem-se aos meses de
fevereiro a julho de 2007, derivados do monitoramento pesqueiro (FCAA,
2007).

¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Povoação

Devido às metodologias relativamente diferenciadas em Povoação e


Degredo, os resultados estão apresentados de forma distinta dos de
Regência e Barra do Riacho.

Para a validação das informações pretéritas, de acordo com a


metodologia já citada, foram feitas perguntas diretas aos grupos que
responderam através do representante escolhido por cada grupo, como
descrito na Tabela 10.

Tabela 10: Validação de informações obtidas em Povoação.


Povoação
Questões Validação
Pesca artesanal de base familiar. Na comunidade existem 03
Identificação da Atividade pescadores que pescam apenas para sua alimentação
Pesqueira (artesanal, (subsitência).
subsist., amadora, Na comunidade, durante o verão, férias de Julho e feriados
industrial) prolongados, pescadores amadores utilizam a praia para
pesca esportiva de arremesso.
62 documentados (SEAP/PR - ES) - 12 aposentados, mas
ainda ativos - aproximadamente 50 que fazem de tudo um
Número de Pescadores na
pouco mas que também comercializam pescado.
localidade

Perfil da Frota Pesqueira Aproximadamente 80 barcos a remo - Para o Norte, pescam


(tamanho, capac. até a Barra do Socorro/Monsarás, ao Sul, seu limite é a barra
Armazenamento e do Rio Doce e a Leste, no máximo até duas (02) milhas
autonomia)

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Rede (Espera/Lançe e de Fundo), Linha e anzol (De fundo e


de jogada), Tarrafa, Jequiá e Puçá - Espinhel de fundo no Rio
Doce e boieiro no mar. Rede de caçeio também é utilizada.
Sua distribuição espacial ocorre da seguinte forma: No Rio
Doce, à montante, até a Fazenda Ecoporanga, à jusante até a
Artes de pesca utilizadas
foz. Nesta área, utilizam todas as artes de pesca
(distribuição espacial)
mencionadas, exceto o puçá (Siri). No mar, considerando os
limites mencionados anteriormente, as redes são dispostas
até 500 metros da praia; para além desta faixa, mas
respeitando os limites (02 milhas), utilizam os espinhéis. Na
beira da praia, utilizam as tarrafas.
Pescadinha, Arraia, Baiacú, Cação, Xaréu, Sarda, Roncador,
Dorminhoco, Bagre, Guaibira, Manjuba, Pescada, barana,
Corvina, Robalo, Carapeba, Pampo, Olho-de-boi, Sambetara,
barbudo, Jeriquiti, Tainha/Cangoá e Mero.
Principais espécies Segundo relato dos pescadores: A primavera é o fim da época
capturadas e de pesca do robalo e chegada da pescadinha e pescada. No
produtividade verão é forte a pesca do robalo, Carapeba, Corvina, Sarda,
Cação e Bagre. O outono é época fraca de pesca, sujeita-se a
pesca do robalo, mas bastante fraco.

Infra-Estrutura Pesqueira Não há estrutura de atracação, recepção, beneficiamento,


nas regiões (áreas de armazenagem e transporte.
atracação e fundeio)
Serviços disponíveis na Posto de Saúde (PMLinhares), 02 escolas sendo um CEIM
região (apoio, (Creche). Todo material de pesca é comprado em Linhares.
comunicação, comércio de Telefone fixo. Rede de cobertura de celular ainda precária.
insumos, gelo, óleo Óleo e gasolina é vendida por um atravessador na região.
comb/lubrificante)
Projetos de Aquicultura na Todos os projetos que os pescadores têm conhecimento não
região (operação, foram viabilizados, focando o Rio e a Lagoa Monsarás.
instalação e pleiteando LP)
Pesca amadora, mas predatória (redes de malha fina);
Operações Sísmicas da Petrobras atrapalham a pesca por
afugentar cardumes; Embarcações "forasteiras" que danificam
Identificação de Conflitos
materiais e pescam em áreas muito próximas à costa,
com a atividade pesqueira
pegando o pescado deles; Fazendeiros que proíbem a entrada
deles nas áreas de pesca (lagoa e rio); Espécies invasoras -
Bagre africano que está por todo lugar na região.
Infra-estrutura e planos e Conserto de estrada, reformas na escola (PML, Estado e
projetos de governo para empreiteiras), Construção de quadra de esportes e construção
a localidade do posto de saúde II - PA; Projeto do CIC da Petrobras
Associação de Pescadores e Assemelhados de Povoação -
Organização Social
APAP; Colònia Z6 - Todos os pescadores de povoação são
(Associações e colônias de
filiados; Associação de moradores - Presidente: Peterson -
Pescadores)
Comitê de Turismo se iniciando na comunidade.
O pescado só é comercializado quando tem produção
significativa - o consumidor final vem buscar o pescado;
Destino da Produção e Normalmente é todo consumido na comunidade. A
importância da pesca na importância do pescado na comunidade é considerada
alimentação local. relevante visto que é alimento "saudável", mas, segundo eles,
pelo baixo rendimento das pescarias nos últimos anos, tem
que recorrer à carne bovina e de ave.

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Para confecção dos mapas foram coletadas informações que


subsidiassem a localização espacial das áreas de pesca, para as diferentes
artes de pesca, assim como para as áreas de importância ambiental.
Também foram gerados desenhos esquemáticos pelos participantes
conforme ilustrado a seguir:

Figura 23: Desenho esquemático produzido pelo grupo 1.

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Figura 24: Desenho esquemático produzido pelo grupo 2.

Figura 25: Desenho esquemático produzido pelo grupo 3.

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Figura 26: Desenho esquemático produzido pelo grupo 4.

O Grupo 1 explica sobre o desenho aos demais, o seguinte:

O mar, os pescadores e os peixes são relevantes na comunidade,


assim como os barcos a remo e de pequeno porte; Situam a comunidade
no espaço entre o Rio Doce e a Lagoa Monsarás colocando a estrada de
acesso como fator de dificuldade para eles; No chamado pontal – foz do
Rio Doce - situam como de importante valor paisagístico e como fonte de
renda – Turismo/Ecoturismo.

O Grupo 2 colocou o seguinte:

Desenharam um barco a motor fundeado e pescando, salientando a


existência de embarcações de maior porte pescando na região; O peixe e
a rede de fundo exemplificam a arte de pesca utilizada para captura dos
pescados.

O Grupo 3 apresentou o seguinte aos demais:

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Situam as casas, a igreja, a quadra de esportes e a várzea que


cerca a comunidade; Representaram o mar, os peixes e os barcos numa
integração relevante para eles como fonte de trabalho e renda; A
vegetação próxima à praia (vereda) tem importância cênica e funcional
para eles na manutenção da praia e para os animais.

O Grupo 4 explana em seu desenho o seguinte:

Os barcos a remo de pequeno porte são os mais utilizados na


comunidade; O mar tem uma importância significativa para eles com seus
diversos tipos de peixe; A vegetação, caracterizada por uma palmeira,
tem para eles uma fonte de contemplação e beleza; A lagoa de Monsarás
é desenhada com um barco dentro navegando, significando a importância
que ela tem para a pesca na comunidade.

As fotos abaixo (Figuras 27, 28, 29 e 30) ilustram os trabalhos em


Povoação.

Figura 27: Integrantes do grupo 1 na realização do mapa ambiental em Povoação.

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Figura 28: Grupo 2 confeccionando seu mapa ambiental em Povoação.

Figura 29: Grupo 3 na elaboração do mapa ambiental em Povoação.

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Figura 30: Grupo 4 na elaboração do mapa ambiental em Povoação.

Os mapas resultantes das oficinas foram confeccionados


posteriormente para cada grupo temático, a partir de informações
coletadas com os pescadores. O Mapa 11 condensa as informações de
Povoação.

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Mapa 11: Mapa final com os produtos gerados nas análises pós-oficina em Povoação.

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III.3.7 Caracterização da comunidade de Praia do


Degredo
A comunidade da Praia do Degredo, cujo acesso se dá pela estrada
que liga Pontal do Ipiranga (balneário muito freqüentado na região) a
Povoação e que também dá acesso à Unidade de Tratamento de Gás de
Cacimbas – UTGC, fica distante cerca de 15 km de Pontal do Ipiranga ao
sul. Segundo os integrantes da comunidade, o nome da estrada é Rodovia
do Sol.

É caracterizada como uma área de restinga, com diversas veredas,


lagoas e planícies de inundação do Rio Ipiranga e outros ambientes
particulares com uma beleza cênica singular na região.

A comunidade é constituída por cerca de 100 famílias, contendo em


cada família uma média de 3 integrantes que contam com uma escola
municipal de ensino fundamental, uma igreja, uma associação comunitária
de mulheres e uma associação de pescadores locais – ASPED – Associação
de Pescadores da Praia do Degredo. A AMD - Associação de Mulheres de
Degredo desenvolve trabalhos para a Fundação Pró-TAMAR como cursos e
atividades de corte e costura, já tendo conseguido a doação de máquinas
de costura profissional em uma parceria com o Instituto Raízes da Terra.

¾ Análise dos mapas resultantes das oficinas de Praia do


Degredo

Com a aplicação da metodologia de levantamento e validação dos


dados sobre a pesca na região, as características ambientais e potenciais
turísticos na comunidade de Praia do Degredo, os seguintes dados foram
conseguidos com o grupo presente nas dinâmicas. Para a validação das
informações pretéritas, foram feitas, segundo a metodologia já citada,
perguntas diretas aos grupos que responderam da seguinte forma,
respeitando sempre a voz do representante eleito (Tabela 11).

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Tabela 11: Validação de informações obtidas em Povoação.


Praia do Degredo

Questões do TDR Respostas


Identificação da Artesanal de base familiar com fins comerciais. É fruto de
Atividade Pesqueira cultura familiar/hereditária e faz parte da economia local.
(artesanal, subsist.,
amadora, industrial)
30 pescadores ativos mas apenas 11 com carteira da SEAP/PR -
Número de Pescadores ES. Aproximadamente 15 saíram de pesca e foram trabalhar na
na localidade empreiteras da Petrobras (GDK, Shain, Enesa, Paranasa, Elus,
Engevix, União, Chicago, Bareform, Silka, Irmão Ferreira)
Número de pescadores Redes (fundo e de caída), Anzol e linha (jogada e fundo),
por tipo de pescaria Tarrafa - 30; Espinhel boieiro - 12.
Número de pescadores Canoas a remo - máx. 03; 15 embarcações atuam na praia e
por embarcação 20 no rio Ipiranga.
Perfil da Frota Embarcações à remo - Comp.máx. - 6,10m e mín de 4,8m. Sua
Pesqueira (tamanho, autonomia é de no máximo 12 horas (6:00 até as 18:00) -
capac. Armazenamento após ainda tem mais 2 horas para beneficiar o pescado e
e autonomia) congelar.
Beira da praia - Linha de arremesso e tarrafa; Redes até 1000m
da praia, tendo limite norte a fazenda água-viva, próxima a
Artes de pesca
Pontal do Ipiranga e ao sul, até a UTGC podendo visualizar a
utilizadas (distribuição
torre de 86m de altura. Anzol e linha de fundo assim com
espacial)
espinhel, até 1 milha (1800 m) da costa, considerando as
distâncias já mencionadas.
Pescada, Pescadinha, Cação, Sargo de Dente e de Beiço,
Robalo, Sarda, Caçari, Dorminhoco, Pampo, Tubarão Martelo,
Tub. Galha preta, Roncador, Bagre Bandeira, Parú, Xaréu,
Camurupim, Calafate, Mabungo, Bagre Amarelo, Bagre
Guríamam, Rabo Seco, Sauára, Pé de Banco, Barbudo, Cata-
Cuspe, Arraia, BArriga Mole, Cabeça-Dura, Papa-Terra, Arraia
Viola, Dentão, Xixarro, Barana, cangoá, Sambetara, Corvina,
Tainha e Pargo além de Guruçá e Siri.
Principais espécies PRIMAVERA - Robalo (200Kg/mês) e Caçari (300Kg/mês);
capturadas e VERÃO - Pescadinha (1000Kg/mês), Cação (800Kg/mês),
produtividade Roncador (1500 Kg/mês), Arraia (1300Kg/mês), Sarda
(500Kg/mês), Pescada escamuda (100Kg/mês) e pescada
Selvagem (50Kg/mês) -- MESES BONS PARA PESCA E SEU
COMÉRCIO ; INVERNO - Caçari (200Kg/mês), Tainha
(150Kg/mês), Tub. martelo (300Kg/mês) e Cangoá
(200Kg/mês) -- MÊS BAIXO PARA A PESCA; OUTONO - Devido
ao defeso de várias espécies, dizem que é o pior período para a
pesca, aconselhando os associados à APAD a não colocarem
redes na água.
Infra-Estrutura Nenhuma de atracação das embarcações, recepção,
Pesqueira nas regiões beneficiamento e armazenagem, além da grande reclamação
(áreas de atracação e dos pescadores por transporte até o mercado consumidor.
fundeio)
Serviços disponíveis na Telefone fixo na associação (ASPED), estrada até pontal
região (apoio, (Pontal/povoação chamada de Rod do Sol). Como apoio de
comunicação, comércio material de pesca, utilizam Linhares, mas como quebra-galho
de insumos, gelo, óleo vão a Pontal.
comb/lubrificante)

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Apenas o pedido de licenciamento da ASPED para piscicultura


no rio Ipiranga. Só na idéia dos pescadores (INCAPER, IEMA e
Emprasas aliadas à Prefeitura); EXISTE UM PESCADOR DA
Projetos de Aqüicultura COMUNIDADE, QUE TEM DOIS FILHOS PESCADORES, INTEGRA
na região (operação, UM EXPERIMENTO DE APICULTURA EM CONJUNTO COM
instalação e pleiteando TÉCNICOS DO INCAPER E SECRETARIA DE AGRICUTURA DE
LP) LINHARES. DEMONSTRA INTERESSE E JÁ AUFERE LUCROS DE
ATÉ UM SALÁRIO MÍNIMOSOMENTE COM O MEL, RETIRADO DE
OITO COLMÉIAS AINDA EM MATURAÇÃO E ADAPTAÇÃO DA
MÃO-DE-OBRA.
Petrobras - invasão das áreas, mas não trouxe benefícios (~4
Identificação de
anos só promess, nada de ação - tem artimanhas para enganar
Conflitos com a
os pescadores); Defeso de diversas espécies estão equivocados
atividade pesqueira
- "IBAMA DEVE NOS OUVIR"
Principais festividades Festejam o dia das mães, dos pais e das crianças em
da comunidade - comunidade; Querem resgatar o Congo e a Reizada (Reis)
Datas/Sentido
Espaços comunitários Associação ainda está no chão (somente existe a
disponíveis na base/baldrame); Bar do Pedro "Apicultor"
comunidade
Sede (casa) da associação de mulheres da comunidade de
Degredo - AMD que conta com 16 máquinas de costura doadas
pela Petrobras através do Instituto Raízes da Terra, ativamente
Infra-estrutura e
funcionando para confecção de produtos para o Projeto TAMAR;
planos e projetos de
Escola primária, Igreja católica. O governo municipal planeja
governo para a
construir um posto de saúde com ambulância para a
localidade
comunidade assim como um CEIM (Creche), mas relatam:
"NOS ANOS DE ELEIÇÃO APARECEM TODOS, DEPOIS SOMEM
TODOS"
Organização Social ASPED - Associação de Pescadores da Praia do Degredo; AMD -
(Associações e colônias Associação de Mulheres de Degredo. Todos os pescadores são
de Pescadores) filiados à Colônia Z6 - (Presidente Janilson)
Alimentação dos integrantes da comunidade - Famílias;
Atravessadores da região - Pontal, Linhares e Colatina; No
Destino da Produção e
período de verão e feriados, ocorrem encomendas especiais de
importância da pesca
veranistas e turistas; O pescado é tido como alimento saudável
na alimentação local.
para adultos e crianças e é, no senso comum, essencial para a
comunidade. "NÃO HÁ AGROTÓXICOS".

Para confecção dos mapas, foram coletadas informações que


subsidiassem a localização espacial das áreas de pesca, para as diferentes
artes, assim como para as áreas de importância ambiental. Também
foram gerados desenhos esquemáticos conforme ilustrado a seguir:

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Figura 31: Desenho esquemático produzido pelo grupo 1 em Degredo.

Figura 32: Desenho esquemático produzido pelo grupo 2 em Degredo

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Figura 33: Desenho esquemático produzido pelo grupo 3 em Degredo.

Figura 34: Desenho esquemático produzido pelo grupo 4 em Degredo.

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O grupo 1 durante sua explanação aos demais presentes,


considerou que:

Existem muitas coisas bonitas – paisagens, natureza, praia - para


serem aproveitadas na comunidade e nos ambientes que constituem a
comunidade;

Salientam que no desenho os pescadores tem um papel


fundamental na Alimentação da comunidade;

Colocam que os animais têm uma importância crucial na


comunidade por fornecer transporte, força motriz e diversão;

Salientam que a natureza é que sustenta a comunidade: A praia e o


Rio são as fontes de renda e alimentação.

O grupo 2, com sua explanação aos presentes, coloca:

O rio que corta a comunidade é fator importante para a comunidade


visto que nele eles pescam, tomam banho e se divertem; contudo,
segundo o representante, está sendo degradado pelos fazendeiros da
região;

A vegetação da beira da praia – Restinga – inclusive algumas


espécies – Guriri – são importantes no cenário e na funcionalidade do
ambiente e para a pesca;

Ao pescadores tem dificuldade de transportar o pescado da praia até


a comunidade, carregando os peixes em sacos nas costas. A estrada –
Rodovia do Sol – fica bem evidente que é um fator de dinamização da
economia para o mercado consumidor, mas salienta que precisa de
reformas e calçamento;

Os filhos sempre acompanham os pais nas pescarias no mar.

O grupo 3, em sua explanação, salienta:

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A pesca é um aspecto importante na comunidade para o grupo,


dando grande ênfase ao pescador de rede no mar;

Posiciona a comunidade com suas belezas naturais – vegetação, rio,


praia, restinga – centrada no desenho, observando que tem grande valia
para eles;

A presença da igreja na comunidade é fator de orgulho para a


comunidade;

A sede da associação de mulheres fica bem evidente como de


grande relevância para elas com geração de trabalho e renda;

O caminho (trilha) de acesso à praia é destacado no desenho por se


tratar de um fator de dificuldade para os pescadores e turistas.

O grupo 4 durante sua explanação aos demais presentes,


considerou que:

A pesca com rede, sempre em duplas ou trios, é um fator de grande


relevância para o grupo, Figurando como a única atividade econômica na
comunidade;

O caminho para chegar a praia é o fator de maior dificuldade para


eles. É muito longo e “pesado” para chegar em casa após a pescaria;

Situam suas residências como ponto de harmonia e alegria na


comunidade;

Os animais – cavalos e bois – são um fator de facilitação para eles


transportarem petrechos e pescados até em casa;

A vegetação fica evidente e é salientada na beira da praia com


importante.

Abaixo temos algumas imagens que mostram a atividade sendo


realizada com a presença de vários pescadores e seus familiares.

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As fotos abaixo (Figuras 35, 36, 37 e 38) ilustram os trabalhos em


Degredo.

Figura 35 – Sr. Pedro Costa anexando e explanando sobre o mapa produzido por seu
grupo.

Figura 36: Representante do grupo 1 explanando aos presentes o significado do


desenho/mapa produzido em conjunto com os demais integrantes.

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Figura 37: Integrantes do grupo 3 elaborando o seu mapa ambiental.

Figura 38: Grupo 4 discutindo e participando da confecção do mapa ambiental.

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Os mapas resultantes das oficinas foram confeccionados


posteriormente para cada grupo temático, a partir de informações
coletadas com os pescadores. O Mapa 12 condensa as informações de
Degredo.

Mapa 12: Mapa de distribuição espacial das áreas de importância para o turismo,
produzido a partir de informações coletadas na oficina de Povoação.
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III.3.8 Distribuição espacial das áreas de pesca


por arte utilizada
A seguir está apresentado os mapas das artes de pesca agrupados,
cada comunidade está representada por uma determinada cor (Mapas 13,
14, 15 e 16).

Mapa 13: Agrupamento das áreas exploradas com Espinhel e linha de mão para
todas as comunidades avaliadas.
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Mapa 14: Agrupamento das áreas exploradas com Rede de Espera para todas as
comunidades avaliadas.

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Mapa 15: Agrupamento das áreas exploradas com Rede de Espera para todas as
comunidades avaliadas.

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Mapa 16: Agrupamento das áreas exploradas com outras artes de pesca.

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III.4 CORRELAÇÃO ESPACIAL DOS RESULTADOS COM


A ÁREA PROPOSTA PARA A RDS DA FOZ DO RIO
DOCE.
Os mapas representados a seguir possibilitam uma correlação
espacial visual com as áreas delimitadas em conjunto com as
comunidades pesqueiras, fornecendo subsídios para futuras delimitações e
adequações da atual proposta. Ressalta-se, entretanto, a necessidade de
uma nova validação perante a comunidade, para ser obtido um consenso
oficial em relação às áreas resultantes pós-oficina.

O mapa de espinheis e linha de mão para as quatro comunidades


plotato juntamente com área da RDS está apresentado no Mapa 17. As
áreas de redes de espera estão ilustradas no Mapa 18. As áreas utilizadas
para arrasto de camarão em Barra do Riacho e Regência estão
sobrepostas à área proposta para a RDS no Mapa 19. As demais áreas
pescadas no rio e nas lagoas estão mapeadas no Mapa 20 para as
comunidades de Povoação e Degredo.

A percepção dos pescadores para as áreas importantes para


preservação está também sobreposta á área proposta da RDS no Mapa
21. Fazendo-se uma análise visual simplificada, percebe-se uma
correlação espacial positiva muito interessante devido às semelhanças
encontradas.

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Mapa 17: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas
com espinhéis e linhas de mão.

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Mapa 18: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas
com redes de espera.

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Mapa 19: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas
com Balão.

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Mapa 20: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas
com Balão.

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Mapa 21: Correlação espacial entre a área proposta para RDS e as áreas utilizadas
com Relevância Ambiental.

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III.5 CARACTERIZAÇÃO DO SETOR AQUÍCOLA


Há somente uma proposta oficializada para um projeto de
piscicultura para as comunidades estudadas. Trata-se de um projeto de
piscicultura de base familiar comunitária em Regência, numa lagoa
chamada de Cacimbas que faz parte da área proposta para criação da RDS
da Foz do Rio Doce.

A idéia do cultivo de peixes na região de Regência surgiu da


percepção, por parte dos pescadores, da constante diminuição dos
rendimentos das pescarias e, consequentemente, do reflexo nas rendas
médias familiares da comunidade. Estas rendas variam de 1000 reais nos
meses bons para a pesca e 300 reais nos piores meses.

Aproveitando a estrutura de beneficiamento construída com o apoio


da Petrobras para a produção de bolinhos de peixe, a disponibilidade
hídrica em uma área cedida ao IBAMA para criação da RDS – Reserva de
Desenvolvimento Sustentável e a possibilidade de fornecimento de infra-
estrutura básica de cultivos em tanques-rede pela ARAPEIXE, a
comunidade expressa seu interesse em cultivar peixes através do projeto
Cacimbas.

III.6 CONCLUSÃO
A metodologia participativa utilizada para delimitação das áreas de
pesca mostrou-se muito efetiva para a aproximação dos pescadores ao
processo de criação de uma unidade de conservação, uma vez que os
limites de mapas em 2D nem sempre são compreendidos por pescadores
artesanais que não são familiarizados com cartas náuticas. A participação
na confecção dos mapas nas oficinas realizadas fez com que as pessoas se
localizassem muito melhor no espaço mapeado. Essa percepção é muito
sutil e se os limites propostos não ficarem bem esclarecidos aos
pescadores, todo processo pode se perder devido às más interpretações
espaciais. Essa aproximação da comunidade com pesquisadores gera um

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canal de comunicação importantíssimo que muitas vezes não recebe o


devido valor por ser complexa e variável. Muitas políticas públicas causam
conflitos enormes e quase irreversíveis, simplesmente por serem mal
interpretadas durante a divulgação.

No caso da Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio


Doce, a participação das comunidades mostrando seus limites de pesca e
áreas de relevância ambiental são fundamentais para que gestores e
pesquisadores considerem os saberes locais ao tomarem decisões de
impacto direto no trabalho da pesca na região.

Como puderam ser percebidas nos mapas, as áreas de pesca da


comunidade de Povoação estão inteiramente dentro da área proposta para
RDS sendo, portanto, totalmente dependente das decisões de gestão pós-
criação. Esta comunidade mostrou-se muito interessada em participar das
discussões e da gestão. A comunidade de Degredo, também possui uma
área muito restrita para o exercício da pesca marinha. Nessa comunidade
cerca de 50% da área delimitada pelos pescadores nas oficinas encontra-
se abrangida pela área proposta.

As Comunidades de Regência e Barra do Riacho têm suas atividades


de pesca desenvolvidas numa área maior que a proposta, sendo que os
pescadores de Regência possuem uma área mais restrita que o pessoal de
Barra do Riacho, principalmente para arte Rede de Espera. Nessas duas
comunidades persiste um receio em relação às unidades de conservação
por parte de alguns pescadores. Isso se deve principalmente a propostas
de UCs anteriores, para outras regiões do Espírito Santo, em que houve
falha na comunicação com as comunidades e outros setores que eram
contra pressionaram os pescadores espalhando informações a respeito da
impossibilidade do exercício de suas atividades após a criação de um
unidade de conservação. Essas informações geraram um tabu de difícil
resolução, pois os pescadores realmente se sentiram fora dos processos
de discussão e durante muito tempo não queriam nem se quer ouvir falar
em Unidade de Conservação. O processo somente se reverteu quando

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RDS - Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio Doce – ES

alguns representantes das comunidades tiveram contato com outras


experiências de UCs, e perceberam a possibilidade de obterem um bom
retorno destas iniciativas. Somou-se a isso, a necessidade de restringir as
embarcações de fora que possuem poder de pesca muito maior e estão
acabando com os cardumes disponíveis para as comunidades com os
grandes arrastões e a pesca de cerco exercida por traineiras.

Os mapas da percepção das áreas de relevância ambiental


revelaram que a área proposta para a criação da RDS está em
concordância, nesse aspecto, com os anseios das comunidades quando
analisados conjuntamente. Entretanto, para que o processo de criação da
RDS se torne realmente efetivo é extremamente importante a continuação
dos trabalhos participativos com as comunidades, que se mostraram, de
maneira geral, abertas e dispostas a contribuírem.

III.7 REFERÊNCIAS
CBH – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce, 2007.

Censo da Pesca, 2004. Censo da pesca artesanal marítima no


estado do Espírito Santo. PETROBRAS/FCAA, 2004-2005.

ECOCEANO. Diagnóstico da atividade pesqueira nas


comunidades no entorno da área proposta para a unidade de
conservação marinha de Santa Cruz. Relatório Técnico. Empresa Jr de
Oceanografia - ECOCEANO – DERN, UFES, 2005.

EPE - Empresa de Pesquisa Energática: Avaliação Ambiental


Integrada da Bacia do Rio Doce, 2007.

IBAMA. Plano Nacional de Áreas Protegidas: Metas e Ações


para a Zona Costeira e Marinha. IBAMA, 2006.

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RDS - Reserva de Desenvolvimento Sustentável da Foz do Rio Doce – ES

IBAMA. Sistema Nacional de Unidades de Conservação


(SNUC). IBAMA, 2004.

Martins, A. S; Doxsey, J. R., 2003. Diagnóstico da Pesca no


estado do Espírito Santo, Laboratório de Nectologia – DERN/UFES,
Vitória-ES.

Monjardim, C. 2004. Avaliação multidimensional dos sistemas


pesqueiros da região central e norte do Espírito Santo, Brasil e
seus indicadores de sustentabilidade. Monografia de conclusão do
curso de oceanografia da UFES. DERN/UFES, Vitória-ES.

Projeto TAMAR, 2007 <www.tamar.org.br>.

SEAG e Fundação Promar, 2005. Macrodiagnóstico da Pesca


Marítima do Estado do Espírito Santo - SIG PESCA ES. Fundação
PROMAR, Vitória-ES.

Teixeira, J. B. 2005. Aplicação de métodos de visualização


gráfica para divulgação de estudos oceanográficos – a pesca
demersal do programa revizee como estudo de caso. Monografia de
conclusão do curso de oceanografia da UFES. DERN/UFES, Vitória-ES.

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