Livro Ritmo - e - Danca - II EAD Ponta Grossa PDF

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 87

ENSINO A DISTNCIA

Educao Fsica
Licenciatura em

Ritmo e Dana II
Silvia Pavesi Sborquia

pONTA gROSSA / pr 2010

CRDITOS
Universidade Estadual de Ponta Grossa
Joo Carlos Gomes Reitor Carlos Luciano Santana Vargas Vice-Reitor NUTEAD - UEPG Coordenao Geral Leide Mara Schmidt Coordenao Pedaggica Cleide Aparecida Faria Rodrigues Conselho Consultivo Pr-Reitor de Graduao - Graciette Tozetto Goes Pr-Reitor de Pesquisa e Ps-Graduao - Benjamin de Melo Carvalho Pr-Reitor Extenso e Assuntos Culturais - Miguel Sanches Neto Colaboradores Financeiros Aringelo Hauer Dias Luiz Antonio Martins Wosiack Colaboradores de Planejamento Carlos Roberto Ferreira Silviane Buss Tupich Colaboradores em Informtica Carlos Alberto Volpi Carmen Silvia Simo Carneiro Colaboradores em EAD Dnia Falco de Bittencourt Jucimara Roesler Colaboradores de Publicao lvaro Franco da Fonseca - Ilustrador Anselmo Rodrigues de Andrade Jnior - Designer Grfico/Ilustrador Ceslau Tomczyk Neto Ilustrador Ana Caroline Machado Diagramao Mrcia Zan Vieira Revisora Rosecler Pistum Pasqualini - Revisora Vera Marilha Florenzano Revisora Colaboradores Operacionais Edson Luis Marchinski Maria Clareth Siqueira Todos os direitos reservados ao NUTEAD - Ncleo de Tecnologia e Educao Aberta e a Distncia Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa, Paran, Brasil. Ficha catalogrfica elaborada pelo Setor de Processos Tcnicos BICEN/UEPG.

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA Ncleo de Tecnologia e Educao Aberta e a Distncia - NUTEAD Av. Gal. Carlos Cavalcanti, 4748 - CEP 84030-900 - Ponta Grossa - PR Tel.: (42) 3220 3163 www.nutead.uepg.br 2009

APRESENTAO INSTITUCIONAL

A Universidade Estadual de Ponta Grossa uma instituio de ensino superior estadual, democrtica, pblica e gratuita, que tem por misso responder aos desafios contemporneos, articulando o global com o local, a qualidade cientfica e tecnolgica com a qualidade social e cumprindo, assim, o seu compromisso com a produo e difuso do conhecimento, com a educao dos cidados e com o progresso da coletividade. No contexto do ensino superior brasileiro, a UEPG se destaca tanto nas atividades de ensino, como na pesquisa e na extenso Seus cursos de graduao presenciais primam pela qualidade, como comprovam os resultados do ENADE, exame nacional que avalia o desempenho dos acadmicos e a situa entre as melhores instituies do pas. A trajetria de sucesso, iniciada h mais de 40 anos, permitiu que a UEPG se aventurasse tambm na educao a distncia, modalidade implantada na instituio no ano de 2000 e que, crescendo rapidamente, vem conquistando uma posio de destaque no cenrio nacional. Atualmente, a UEPG parceira do MEC/CAPES/FNED na execuo do programas Pr-Licenciatura e do Sistema Universidade Aberta do Brasil e atua em 38 polos de apoio presencial, ofertando, diversos cursos de graduao, extenso e ps-graduao a distncia nos estados do Paran, Santa Cantarina e So Paulo. Desse modo, a UEPG se coloca numa posio de vanguarda, assumindo uma proposta educacional democratizante e qualitativamente diferenciada e se afirmando definitivamente no domnio e disseminao das tecnologias da informao e da comunicao. Os nossos cursos e programas a distncia apresentam a mesma carga horria e o mesmo currculo dos cursos presenciais, mas se utilizam de metodologias, mdias e materiais prprios da EaD que, alm de serem mais flexveis e facilitarem o aprendizado, permitem constante interao entre alunos, tutores, professores e coordenao. Esperamos que voc aproveite todos os recursos que oferecemos para promover a sua aprendizagem e que tenha muito sucesso no curso que est realizando. A Coordenao

SUMRIO

PALAVRAS DA PROFESSORA OBJETIVOS & ementa

7 9

dana Histria e Evoluo


seo 1- Antiguidade seo 2- A Dana no Oriente seo 3- Grcia Antiga seo 4- Idade Mdia seo 5- Renascimento seo 6- Modernidade e o Corpo Mquina seo 7- Ps-Modernidade e a Unidade Corprea

11
13 15 17 17 19 21 23

modalidades em Dana

seo 1- Universo da Dana seo 2- ESPETCULO seo 3- EXPRESSO seo 4- Representao seo 5- Ldico seo 6- Valores e Objetivos da Dana

27
29 31 35 39 44 45

fundamentos da Dana

seo 1- Peso seo 2- Espao seo 3- Tempo seo 4- Fluncia seo 5- As Relaes entre os Fatores de Movimento seo 6- Coreografias

51
53 54 54 55 57 59

A Dana na Escola

seo 1- O Conhecimento da Dana no Currculo seo 2- A relao Pedaggica seo 3- Competncias Necessrias
ao Professor

65
67 73 77

PALAVRAS FINAIS REFERNCIAS NOTAS SOBRE A AUTORA

81 83 87

PALAVRAS DA PROFESSORA

Prezado(a) estudante, Seja bem vindo (a) disciplina de Ritmo e Dana II! O estudo da Dana de grande importncia para voc, futuro professor profissional de Educao Fsica, uma vez que, seu objeto de trabalho a cultura corporal de movimento e a dana uma de suas manifestaes. A cultura corporal de movimento compreendida como objeto de estudo da Educao Fsica. Referimos-nos ao conjunto de saberes que envolvem todas as manifestaes humanas na qual o movimento transporta e conduz significados culturais, como a dana. Aqui fazemos meno apropriao ldica da gestualidade. Nesse sentido, portanto, a gestualidade intrnseca e caracterstica s manifestaes da cultura corporal de movimento constituem-se em verdadeiros textos que oferecem o suporte adequado linguagem corporal. Os conceitos abordados nesta disciplina tambm subsidiam o entendimento de disciplinas subseqentes como Educao Fsica escolar, currculo. Este livro aborda a dana em seu contexto histrico, filosfico, cultural e pedaggico, tecendo relaes deste conhecimento com suas bases conceituais. Para que voc compreenda melhor o fenmeno da dana este livro foi dividido em quatro unidades. Nelas, voc vai encontrar a sistematizao do conhecimento da dana para a sua formao inicial em Educao Fsica. Por meio destes conhecimentos voc ir relacionar as criaes dos diversos gneros da dana e sua relao com a concepo filosfica de seu tempo. Entender, ainda, como a concepo de corpo influencia a organizao e difuso dos conhecimentos produzidos na dana. Voc estudar os fundamentos da dana. A anlise do movimento humano lhe mostrar as relaes necessrias para que o corpo dance. Esta disciplina ser indispensvel para a sua formao e seu desenvolvimento profissional em Educao Fsica. Fique atento e disposto a aprofundar seus conhecimentos. timo estudo para voc! Profa. Dra. Silvia Pavesi Sborquia

OBJETIVOS & ementa


Objetivo Geral
Compreender a dana como fenmeno cultural e sua insero no contexto educacional.

Objetivos Especficos
Identificar os perodos histricos da dana. Compreender o pensamento filosfico que influenciou suas manifestaes. Relacionar a concepo de corpo com os diversos gneros da dana. Analisar as estruturas do movimento humano e sua relao com a dana. Refletir sobre a dana como produto cultural e identific-la como unidade educativa.

Ementa
Dana - Histria e evoluo. Perodos histricos. Valores e objetivos da dana. Modalidades em dana. Fundamentos da dana. Coreografias. Aplicao das danas populares nos diversos campos de atuao do profissional de Educao Fsica. Elaborao de projetos de pesquisa e de extenso em dana.

Dana Histria e Evoluo


Silvia Pavesi Sborquia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Aps a execuo desta unidade, voc dever ser capaz de: Identificar os principais aspectos da histria da dana. Relacionar a evoluo da dana com o pensamento filosfico. Apontar as concepes de corpo presentes nos perodos histricos da dana. Analisar os conceitos de dana nos diferentes perodos histricos.

ROTEIRO DE ESTUDOS
Seo 1: Antiguidade Seo 2: A Dana no Oriente Seo 3: Grcia Antiga Seo 4: Idade Mdia Seo 5: Renascimento Seo 6: Modernidade e o Corpo Mquina Seo 7: Ps-Modernidade e a Unidade Corprea

UNIDADE I

Universidade Aberta do Brasil

PARA INCIO DE CONVERSA


Esta unidade foi elaborada de acordo com os perodos histricos sobre a dana. Voc ir refletir a evoluo da dana e relacionar os aspectos filosficos que sustentaram teoricamente as manifestaes da dana na histria. Assim sendo, elaboramos esta unidade nas sees apresentadas a seguir. Na seo 1, voc ter a oportunidade de conhecer os primeiros registros encontrados sobre a dana. Voc ir verificar que nesse perodo a dana estava presente em todos os momentos da vida humana. No final da seo 1, ir reconhecer o princpio filosfico presente nas manifestaes de dana. Na seo 2, voc estudar a histria da dana no oriente. Voc compreender que as construes simblicas nas diferentes expresses de dana esto ligadas cultura em que a dana se originou. Conhecer a cultura de diferentes povos e ir perceber que os valores e os smbolos impregnados naquelas danas se constituem como patrimnio cultural. Na seo 3, ser abordada a histria da dana no Ocidente que se inicia a partir da Grcia Antiga. Voc ter a oportunidade de conhecer as manifestaes da dana presente naquele perodo histrico e reconhecer seus princpios filosficos. Na seo 4, voc estudar a histria da dana na Idade Mdia. Saber que nesse perodo a dana fora proibida na sociedade, mas esteve presente nas manifestaes populares sempre que as proibies se mostravam ineficazes. Na seo 5, voc ir conhecer o perodo do Renascimento e o retorno s produes artsticas. Na seo 6, ser tratado o perodo da Modernidade e o conceito cartesiano do corpo como uma mquina perfeita. Neste momento, voc verificar que a dana foi codificada em movimentos padronizados e repetitivos. Na seo 7, voc estudar a Ps-Modernidade e poder analisar uma viso holstica de mundo que conceitua o corpo como uma unidade complexa e indivisvel. Nessa viso de mundo a dana analisada em toda a sua complexidade.

12
unidade 1

importante que voc compreenda esta anlise histrica sobre a dana e os respectivos pensamentos filosficos que influenciaram suas manifestaes, para que na sua atuao como profissional de Educao Fsica possa elaborar o seu trabalho de acordo com as necessidades dos diferentes grupos sociais.

seo 1
Antiguidade
Voc sabia que a dana uma manifestao do ser humano presente em todos os tempos e em todos os povos? Neste sentido, como podemos conceituar a dana?
A dana entendida como uma manifestao cultural a partir das formaes simblicas de cada sociedade, numa relao dialtica entre o homem, a cultura e a sociedade.

A dana faz parte da humanidade desde tempos imemoriais. Esta manifestao esteve presente em quase todas as civilizaes. Antes de polir a pedra, construir abrigos, produzir utenslios, instrumentos e armas, o homem batia os ps e as mos ritmicamente para se aquecer e se comunicar.

A Dana na Antiguidade
Fonte: acesso http//: www.cpantiguidade.wordpress.com/tag/arqueologia/ em 24 de de junho. 2010

unidade 1

Ritmo e Dana II

13

Universidade Aberta do Brasil

A dana, em todas as pocas da histria e/ou espao geogrfico, para todos os povos representao de manifestao, de estado de esprito, de suas emoes, expresso e comunicao do ser, de suas caractersticas culturais. Voc notou que a dana esteve presente em todos os momentos solenes da humanidade: na guerra e na paz, no casamento e nos funerais, na semeadura e na colheita, sempre de forma ritualstica, contando e fazendo histria.
Os primeiros registros encontrados sobre a dana datam do perodo paleoltico superior, poca em que o homem preocupava-se apenas em procurar alimentos e lutar pela sua sobrevivncia. Neste perodo, vestia-se com a pele de animal, incorporando suas caractersticas e instintos selvagens, como forma de proteo, ludibriando o inimigo com o intuito de abat-lo.

A dana imita os passos dos animais com o fim de atra-los ao permetro de tiro; simula tambm seu acasalamento, no intuito de multiplicar a espcie. Os homens, nesse perodo, acreditavam no princpio de que o semelhante atrairia o semelhante. Por meio da imitao, os povos primitivos imaginavam atingir seus objetivos ou satisfazer suas necessidades mais imediatas. Por exemplo, danavam ao redor da fogueira para que o sol brilhasse mais tempo, imitavam o trovo para provocar chuva e assim por diante. Voc percebeu que por meio da expressividade de seus movimentos que o homem primitivo revela uma ntima unio com a natureza? Nesse perodo histrico os acontecimentos importantes da sociedade so celebrados por meio de intensa participao corporal. Pelas danas e rituais, o ser humano expressa emoes de alegria, tristeza e sentimentos msticos e guerreiros. A dana era uma das formas de existir, pois presidia os momentos mais significativos da existncia: o nascimento, a morte, a colheita, a reproduo, a imolao.

O corpo como parte da natureza, produz ritmos, que se revelam na harmonia dos movimentos corporais.

14
unidade 1

Como voc pode notar, por meio da dana o ser humano expressa a histria acumulada de uma sociedade, que nele marca seus valores, suas leis, suas crenas e seus sentimentos, que esto na base da vida social. Desde a origem das sociedades, a dana uma manifestao pela qual o homem se afirma como membro de uma sociedade, e pelas trocas simblicas faz e transmite cultura atravs de todas as geraes.

seo 2

A Dana no Oriente
importante verificar como a dana se apresenta na civilizao oriental. Desse modo, voc conhecer nesta seo a dana em trs grandes civilizaes orientais: a ndia, a China e o Japo. Na ndia, a dana segue os conceitos de energia, sabedoria e arte. Nasce de uma raiz divina que produz e coordena a vida. Expressa a integrao de elementos opostos esprito matria, gerando o ritmo da natureza que tanto passa pela concentrao mstica quanto pela sensualidade. A dana de Shiva exprime as cinco atividades divinas: 1) a criao contnua do mundo; 2) a manuteno deste universo que se conserva atravs da dana; 3) a destruio, pois as formas se destroem para que outras possam nascer infinitamente; 4) a reencarnao, pois a dana de Shiva mostra o percurso atravs de diversas vidas; 5) a salvao, pois cada um toma conscincia do que por toda eternidade. Inspirada na atividade divina, a dana na ndia segue quatro estilos ou correntes coreogrficas que se associam concepo de drama: Bharat Natyam, Kathakali, Manipuri e Kathak. Na antiga China, a dana teve lugar privilegiado na corte imperial.

unidade 1

Ritmo e Dana II

15

Universidade Aberta do Brasil

O imperador dispunha de oito grupos de danarinos, cada um deles formado por oito membros. No se podia alterar a numerao referente a rosa-dos-ventos: oito ventos sopram do cu, passando por oito portas para chegar terra e favorecer a sabedoria do imperador.

Os ritos e a msica, bem como a terra e o cu, baseavam-se em dois princpios opostos, o Yin (feminino) e o Yang (masculino), de cujo equilbrio resultava a harmonia. Havia, tambm, inmeras danas populares. Danava-se no ano novo lunar, nas colheitas, nas festas, em torno de deuses para alcanar graas. A pera de Pequim revive antigas lendas at os dias de hoje, refletindo crenas e costumes populares. No Japo, os imperadores eram homenageados no estilo clssico representando crenas e tradies deste pas. As danas populares integravam festas como a do plantio do arroz, da noite do retorno das almas, da florao das cerejas, da barca das lanternas.

N e Kabuki so as duas danas da tradio japonesa.

N uma dana expressiva, executada por homens mascarados aos quais cabe tambm a interpretao de papis femininos. Trata-se de um espetculo de fundo religioso. A dana se caracteriza por movimentos de extrema lentido. O gnero Kabuki surgiu no sculo XVII como um divertimento para ricos comerciantes cujo poder rivalizava com o da nobreza. Codificado em 1692, o Kabuki tornou-se monoplio masculino. As peas caracterizamse por enredo rocambolesco, juntando o natural e o sobrenatural: lutas de samurais, revolta de oprimidos, amores ilcitos, assassinatos, vingana, interferncia de espritos, rivalidade entre feiticeiros, perseguio demonaca. Mais do que outros pases orientais, o Japo abriu-se influncia estrangeira. Desse modo, o tradicional e o moderno convivem na sua

16
unidade 1

cultura, refletindo-se no teatro. No oriente, a dana considerada como smbolo do ato de viver e como fonte de toda cultura.

seo 3

Grcia Antiga
Voc sabia que a dana ocidental atingiu seu apogeu na Grcia Antiga pela integrao com outras artes? Seus valores educacionais foram reconhecidos pelos filsofos como Homero, Scrates, Plato, Pitgoras, entre outros. Mas seu declnio se d com a decadncia grega e o domnio romano, em que a dana passou a ser parte apenas de rituais religiosos. Os romanos contratavam professores gregos para ensinar coreografias a seus filhos e, desse modo, a dana romana foi marcada pela repetio de movimentos alheios, por pantomimas e danas imitadas de outros povos.
Essa forma de manifestao realizada pelos romanos levava a uma fragmentao da dana, que ocorria pela diviso do Homem corpo mente - alma -, nas culturas chamadas civilizadas.

seo 4

Idade Mdia
A partir do sculo IV, o cristianismo se tornou a religio oficial do Imprio Romano e a dana fora banida da sociedade. Nesse perodo, houve uma identificao entre a Igreja e o Estado representando um desdobramento de profunda significao histrica, que influenciaria a civilizao ocidental ao longo dos mil anos seguintes. medida que as tribos pags da Europa e da sia Menor se convertiam, os missionrios construam igrejas nos locais dos antigos

unidade 1

Ritmo e Dana II

17

Universidade Aberta do Brasil

templos, tomando emprestados aos ritos autctones os sinos, as velas, o incenso, o canto e a dana. Santo Agostinho (sculo IV e V) situa-se na passagem do mundo greco-romano para a Idade Mdia, tendo seu pensamento sofrido uma forte influncia de Plato. Assim sendo, seu pensamento se caracterizava pela dualidade corpo e alma, deixando sempre entrever um menosprezo pelo corpreo, pelas coisas materiais e terrenas.

O cristianismo tolerava a dana sempre que a proibio se mostrava ineficaz. Mesmo temendo os castigos anunciados, os camponeses continuaram danando nas suas festas que guardavam forte vestgio de paganismo. Quando a peste negra fazia milhares de vtimas, danava-se para exorciz-la. Ou simplesmente pela euforia de ainda estar vivo.

Nessa poca, a dana tambm amenizava a rotina da vida dos castelos feudais, tanto para servos quanto para senhores. Festas ldicas ou forma aceitvel de cortejar uma dama, ela contribua para liberar a sensualidade reprimida pela religio.

A Dana na Idade Mdia


Fonte: acesso http//: www.attambur.com em 24 de de junho. 2010

18
unidade 1

O pensamento da poca e a influncia religiosa da Idade Mdia mudam a conscincia de liberdade da dana, para apenas serem permitidas suas manifestaes vinculadas religio. No sculo XIII, Toms de Aquino combinou o abrangente sistema da natureza de Aristteles com a teologia e a tica crists e, assim fazendo, estabeleceu a estrutura conceitual que permaneceu inconteste durante toda a Idade Mdia. A natureza humana, na Idade Mdia, como na Antiguidade Grega, era pensada de forma idealizada.
A cincia baseava-se na razo e na f e sua principal finalidade era compreender o significado das coisas e no exercer a predio ou o controle. Os cientistas medievais, investigando os desgnios subjacentes aos vrios fenmenos naturais, consideravam, do mais alto significado, as questes referentes a Deus, alma e tica. Toda religio crist se baseia na imortalidade da alma e na vida do esprito, em detrimento da vida corporal, e mesmo social.

seo 5

Renascimento
No final do sculo XIV, a Europa experimentou duas poderosas revolues, o Renascimento e a Reforma.
O termo Renascimento aponta para o retorno de valores artsticos e cientficos da Antiguidade clssica e qualifica um perodo de desenvolvimento cultural muito rico, que comeou no final do sculo XIV, no norte da Itlia, e dali difundiu-se rapidamente pelo resto da Europa.

A Reforma deu um fim unidade que existira no interior do cristianismo por mais de mil anos. Guerras religiosas entre catlicos e protestantes na Europa viriam a caracterizar o sculo e meio que se seguiria. O bal clssico originou-se das necessidades da classe feudal decadente e desenvolveu-se como resposta s aspiraes da nova aristocracia formada no Renascimento. No sculo XV, na Itlia, o bal nasceu do cerimonial da corte e dos

unidade 1

Ritmo e Dana II

19

Universidade Aberta do Brasil

divertimentos da aristocracia, a partir de ento, o bal espalhou-se por toda a Europa.

Bal Clssico
Fonte: acesso http//: www.festivaldedanca.com em 24 de de junho. 2010

Durante o Renascimento, a problemtica do homem foi pensada sob a influncia dos filsofos medievais e da reinterpretao dos pensadores da Antiguidade Grega. Houve uma celebrao do corpo que se revelou na busca de perfeio das formas corporais, orientada por um ideal de racionalidade, de beleza e de proporo, que se traduz uma busca do homem universal.
Bacon (sculos XVI e XVII) influenciou fortemente esses pensamentos, pois suas obras representavam um notvel exemplo da influncia das atitudes patriarcais sobre o pensamento cientfico. O antigo conceito da Terra como me nutriente foi radicalmente transformado nos escritos de Bacon e desapareceu por completo quando a revoluo cientfica tratou de substituir a concepo orgnica da natureza pela metfora do mundo como mquina.

O que significa essa metfora do mundo como mquina? Chegamos ao perodo da Modernidade que se constituiu num perodo de grandes mudanas no pensamento da humanidade.

20
unidade 1

seo 6

Modernidade e o Corpo Mquina


A perspectiva medieval mudou radicalmente, nos sculos XVI e XVII, a viso de mundo, e o sistema de valores passaram a basear-se na noo do mundo como se ele fosse uma mquina e a mquina do mundo converteu-se na metfora dominante da era moderna. Esse desenvolvimento foi ocasionado por mudanas revolucionrias na fsica e na astronomia, culminando nas realizaes de Coprnico, Galileu e Newton. Esses traos marcantes da cultura ocidental foram bem sintetizados pelo filsofo Descartes. Ele baseou toda a sua concepo da natureza em dois domnios separados e independentes: o da mente e o da matria. Descartes deu ao pensamento cientfico a concepo da natureza como uma mquina perfeita, governada por leis matemticas exatas. A alma perde seu conceito como fora vital que d vida e movimento ao corpo, e o coro torna-se uma mquina que age em funo de estmulos externos. Com esse pensamento mecanicista, dominado pela concepo de homem mquina, em 1700, o bal foi codificado por Pierre Beauchamp e pela academia de dana. Beauchamp levou o bal ao academicismo. Esse desprezo ao corpo exerceu presena em toda a humanidade e influenciou as mais diversas culturas at os dias atuais. O pensamento dualista cartesiano resultou na descorporalizao do ser humano. A dana se tornou mecanizada nas sociedades civilizadas, por todo esse perodo. O ser humano no podia expressar seus sentimentos e pensamentos; simplesmente reproduzia os movimentos padronizados. Contudo, esse fato no ocorreu em todo o mundo, pois outros povos, como os orientais, continuaram com suas manifestaes de dana. O fato que a influncia europeia prevaleceu hegemonicamente pelo mundo e especialmente em pases considerados do terceiro mundo, como o Brasil. O sculo XIX, sculo da Revoluo Industrial, a idade de ouro do bal como arte de evaso da realidade. Esta nova exigncia de fugir de um mundo que se tornava srdido pela especulao financeira, pelo

Descorporalizao significa a perda da comunicao emptica do corpo com o mundo. O controle dos afetos e a automatizao das expresses e gestos.

unidade 1

Ritmo e Dana II

21

Universidade Aberta do Brasil

capitalismo industrial e pelo comrcio, traduziu-se no simbolismo pueril de uma dana em que a preocupao essencial parecia ser a negao da terra e da gravidade. Surge, neste pensamento de negao a terra, a ponta (sapatilha de extremidade rgida, que possibilitava bailarina danar na ponta dos dedos), permitindo a imagem do espiritual atravs da bailarina. Essa concepo sobre a Dana no poderia se inserir na vida real, indo buscar seus temas nos contos de fadas, no sobrenatural e nos sonhos. A dana tinha por objetivo a simbolizao deste amor incorpreo, mostrando belas formas em atitudes graciosas.

Figura 4: Ponta O pensamento iluminista do sculo XVIII caracterizou-se por uma f enorme na razo. Os estudos do movimento humano estiveram voltados para a medio, quantificao, rendimento e padronizao. Essa fragmentao do corpo e da alma, do sensvel e do inteligvel influencia a dana e todo o campo da Educao Fsica at os nossos dias, tanto na prtica pedaggica como nas teorias que a embasam. Esse o pensamento que sustenta o fazer pedaggico na Educao Fsica? Quais as possibilidades de superao? Existe outra forma de pensar o ser humano, a dana e a Educao Fsica?

22
unidade 1

seo 7

Ps- Modernidade e a Unidade Corprea

No final do sculo XIX e no incio do sculo XX, certezas seculares vacilavam. Todos os dogmas eram colocados em questo nas artes, nas cincias, nas sociedades e nas religies. Depois da grande ruptura causada pela Primeira Guerra Mundial, a humanidade precisou descobrir uma nova linguagem para expressar as necessidades e sentimentos do sculo XX, pois este sculo foi um perodo de mudanas aceleradas. A tecnologia evoluiu com mais rapidez, e com um alcance maior do que nos sculos anteriores. Invenes e descobertas no sculo XIX, do rdio e o cinema ao automvel e o telefone, desenvolveram-se de tal modo que ultrapassaram os mais delirantes sonhos dos pioneiros. E novos avanos como o transporte areo, a explorao espacial, a televiso e o computador, transformaram o mundo, facilitando ainda mais a viagem e a comunicao e abrindo novas perspectivas nas reas da educao e do entretenimento. A dana moderna surgiu atravs da contestao e rejeio do rigor acadmico e dos artifcios do bal clssico. Procurou-se uma nova relao da dana com a vida real, tendo como inspirao a prpria natureza e liberdade de expresso, como decorrncia da conscientizao de que era necessrio mais do que copiar, e muito mais que a mmica. A dana moderna passou a procurar mtodos que dessem ao corpo os meios de expressar seus sentimentos e ideias atravs de novas experincias de vida numa poca nova e perturbadora da histria. Voc notou que a dana fez parte da histria do ser humano em toda sua evoluo como expresso do pensamento? Do oriente ao ocidente fez e continua fazendo histria. Desse modo, podemos afirmar que a dana uma manifestao cultural do ser humano. Para entender o seu significado que lhe atribuem os diversos povos, torna-se necessrio relacion-la cultura e, consequentemente, a educao como forma de transmisso cultural.

unidade 1

Ritmo e Dana II

23

Universidade Aberta do Brasil

A cultura uma dimenso do prprio homem e se constitui a infra-estrutura da complexidade social. O ser humano se torna ao longo do processo de humanizao um sujeito cultural, simultaneamente produtor e produto de cultura. Em sentido profundo, a grande diferena entre o processo de hominizao e humanizao que esta comea quando a aprendizagem se torna historicamente possvel. Nesse sentido, h uma coincidncia entre o incio da humanizao, da histria, da cultura e da aprendizagem.

A dana parte integral desse processo, pois inseparvel a relao da dana com a histria da humanidade, a cultura, a aprendizagem, a educao. A cultura o significado expresso pelo significante, linguagem, mas supondo, ambas, um significandum que a prpria existncia.

Cada ser humano pode criar o sentido de suas aes, mas deve fazlo dentro do seu meio cultural. Pois, no possvel negar que o meio cultural molda a inteligncia das pessoas e oferece condies para cada um fazer brilhar suas qualidades. E, do mesmo modo, o ser humano no processo de criatividade influencia o meio cultural, mantendo uma relao dialtica entre o sujeito e o mundo. Porque cada sujeito , e difere em sua prpria essncia, mas tambm e se iguala em sua existncia. nesse sentido que a dana se insere no universo cultural, expressando significados atravs de movimentos significantes, representando a existncia humana.

24
unidade 1

A dana precisa permitir ao ser humano tornar-se livre e autnomo para expressar suas ideias, sentimentos e emoes atravs da linguagem corporal dialogando e potencializando a comunicao por meio da linguagem musical. Em todo o processo histrico, o ser humano criou diversas manifestaes, dentre as quais a dana. Cada uma destas manifestaes da dana expressa um significado, um sentido, uma cultura, ou formas particulares de expressar a cultura. Como voc viu, cada manifestao da dana esteve relacionada ao pensamento filosfico da poca correspondente.

1. 1. Por que a dana se insere no contexto da educao fsica? 2. 2. Qual a concepo de corpo no perodo da modernidade e como esta concepo influenciou a dana? 3. 3. Por que a dana foi banida da sociedade no perodo medieval? 4. 4. Nos dias de hoje, possvel encontrar pessoas que probam as manifestaes da dana?

unidade 1

Ritmo e Dana II

25

26
Universidade Aberta do Brasil

unidade 1

Modalidades em Dana
Silvia Pavesi Sborquia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
O acadmico dever ser capaz de: Analisar o universo da dana e sua amplitude. Identificar as principais motivaes das manifestaes em dana. Definir os principais conceitos das manifestaes em dana. Apontar quais danas podem ser trabalhadas na escola. Relacionar as manifestaes em dana com suas motivaes de criao e justificar suas inseres. Verificar os valores e objetivos atribudos dana ao longo da evoluo histrica.

ROTEIRO DE ESTUDOS
Seo 1: Universo da dana Seo 2: Espetculo Seo 3: Expresso Seo 4: Representao Seo 5: Ldico Seo 6: Valores e Objetivos da Dana

UNIDADE II
unidade 2

Ritmo e Dana II

27

Universidade Aberta do Brasil

PARA INCIO DE CONVERSA


Conforme voc estudou na unidade I, as manifestaes criadas ao longo da evoluo histrica da dana so amplas e muito diversas. Desse modo, ser apresentado nesta unidade um estudo sobre a classificao da dana. Assim, voc ir estudar a sua amplitude. Na prtica, estas classificaes se imbricam e se fundem umas s outras, mas dividimola em classificaes para melhor entend-las. Na seo 1, voc ter a oportunidade de estudar o universo da dana e voc entender a amplitude deste fenmeno. Nesta seo organizamos as diferentes manifestaes em dana representada por uma rvore, pois, em virtude de sua complexidade, foi invivel uma classificao por etapas. Na seo 2, voc estudar o Espetculo como motivao das criaes artsticas da dana. Ir analisar as manifestaes como o bal clssico, a dana moderna e a dana contempornea. Poder verificar as bases do movimento padronizado e a elitizao destas manifestaes. Na seo 3, voc conhecer a Expresso como uma das principais motivaes que impulsionam a criao em dana. Voc entender que esta motivao apresenta a possibilidade de realizar um trabalho com o ser humano em sua totalidade corprea. Concomitantemente, perceber a ausncia de um contexto sociocultural para o trato com o conhecimento da dana. Na seo 4, voc ir conhecer as danas representativas e voc identificar as principais bases conceituais que diferenciam as manifestaes de danas folclricas, populares e tnicas. Na seo 5, ser apresentada a voc, a motivao ldica que manifestada pelas danas de salo. Na seo 6, voc estudar os valores e objetivos da dana em suas diversas manifestaes.

28
unidade 2

seo 1

Universo da Dana
So muitas as diferentes manifestaes de dana e diversificados os nomes para a mesma manifestao. Abaixo apresentamos algumas classificaes da dana e um diagrama onde indica de forma clara a gnese e as diferentes aplicaes da dana, como mostra a figura 5:

Figura 5: Universo da Dana. Apesar das mais variadas e diversas manifestaes da dana, uma coisa todas elas tem em comum: a Esttica que lhe inerente.

unidade 2

Ritmo e Dana II

29

Universidade Aberta do Brasil

A Esttica a cincia de um modo especfico de apropriao da realidade, vinculado a outros modos de apropriao humana do mundo e com as condies histricas, sociais e culturais que ocorrem. a atrao ao objeto ideal e admirvel.

A Esttica que se configura na raiz de toda manifestao em dana, poderia tambm ser denominada como imaginao a qual permite transmitir as intenes do ser humano ao manifestar determinada dana. Contudo, as intenes do ser humano esto relacionadas s manifestaes culturais que cada sociedade produz. Dessa forma, a Esttica ocorre nas relaes entre o sujeito e a sociedade. A partir da Esttica que impulsiona a criao da dana, ela adquire diversas funes por meio de trs motivaes principais: o Espetculo, a Expresso, a Representao e o Ldico. No entanto, em cada uma destas manifestaes h uma concepo de corpo (filosfica), uma teoria que a explica (pressuposto epistemolgico), um conhecimento tcnico cientfico que a sistematiza e uma teoria educacional que a sustenta.

Quais so os pressupostos filosficos, epistemolgicos, tcnicos-cientficos e educacionais que do sustentao s diferentes manifestaes da dana?

30
unidade 2

seo 2
Bal Clssico

Espetculo

Figura 6: Bal Clssico


Fonte: acesso http//: www.festivaldedanca.com em 24 de de junho. 2010

Como voc estudou anteriormente, o bal clssico nasceu no perodo Renascentista como forma de divertimento da aristocracia. Na Modernidade, o bal clssico foi codificado e levado ao academicismo. A perfeio tcnica tornou-se sua finalidade primordial. Assim sendo, os movimentos se tornaram mecnicos e padronizados. No bal clssico, todos aprendero, em no mnimo oito anos, passos que sero sempre repetidos, mecnicos, padronizados, ou seja, no pensados, nem discutidos, que no expressam o interior de quem os executa. So danas acadmicas que precisam de um processo de aprendizagem sistematizado, dado a sua complexidade. As habilidades motoras exigidas so, em sua essncia, altamente estruturadas, tornandose necessrio uma base de treinamento para poder adquiri-las. So elas: Bal clssico, clssico amador, music hall, ballet moderno; jazz; sapateado; entre outras.

unidade 2

Ritmo e Dana II

31

Universidade Aberta do Brasil

A complexidade do ensino da dana est arraigada deciso de ensinar gestos e movimentos tcnicos, prejudicando a expresso espontnea do aluno. O desenvolvimento da tcnica formal deve ocorrer paralelamente ao desenvolvimento do pensamento abstrato, pois este, permite a compreenso clara do significado da dana e da exigncia expressiva nela contida. A concepo de corpo permeada pelo bal clssico de corpo instrumento da dana, uma mquina para a produo artstica. Nesta concepo, o corpo algo a ser controlado, dominado e aperfeioado segundo padres tcnicos que exigem do danarino uma adaptao, uma submisso corporal, o ser humano passa a ser um objeto a ser mensurado e controlado.

Pressupostos filosficos: O corpo um instrumento da razo. Algo a ser controlado. uma mquina para a produo artstica. Instrumentalizao, padronizao e esteriotipao dos movimentos corporais. Pensamento positivista. A episteme da dana reduzida ao conhecimento tcnico e cientfico. Os estudos se voltam para a anlise mecnica do movimento humano. PreSsupostos educacionais: Est centrado na espetacularizao e no aprimoramento tcnico. O processo educacional visa aprimorar, controlar, vencer o corpo e seus limites fsicos. O produto objetivo ltimo da educao. privilegiado o ensino de tcnicas codificadas.

O processo educacional atrelado a esta concepo de corpo tem por objetivo o aprimoramento, o controle, visa vencer o corpo e seus limites fsicos. O produto o objetivo ltimo da educao. privilegiado o ensino da tcnica codificada.

32
unidade 2

Dana Moderna

Dana Moderna
Fonte: acesso http//: www.eventosnordeste.wordpress.com em 24 de de junho. 2010

A dana moderna surgiu em oposio rigidez e mecanizao do bal clssico. Teve como objetivo principal recuperar a relao do homem com seu corpo e de seu corpo com o mundo. O corpo, ento, torna-se um veculo de criao e expresso da dana. A dana moderna se criou e se desenvolveu do ponto de vista crtico, rejeitando a indiferena da dana clssica pelas paixes profundas e pela histria, rejeitando sua ausncia de significao humana e tambm o cdigo imutvel de movimentos que a transformara em uma lngua morta. A partir desta crtica, a dana moderna objetivou a tarefa de expressar os signos que permeavam o mundo moderno. A dana moderna seguiu com os princpios bsicos do movimento romntico. A dana tendia a ser orientada em direo terra, com pernas fortes golpeando o cho, deslizando sobre ele com vrios saltos. Os pressupostos filosficos apresentam uma relao a priori entre o corpo, a dana e a criana, tambm considerada espontnea. Seu cone foi Isadora Duncan que, em palcos europeus e norteamericanos, danou descala e de forma nunca vista at ento. Nessa poca, dcada de 1930, a dana clssica imperava como a dana oficial em termos artsticos mundiais. Isadora revelou um danar leve como a dana clssica, mas sem rigidez da postura altiva da mesma. Sua dana desenvolvia-se em contato com o solo, imitando elementos ou fenmenos da natureza. Os movimentos tinham como referncia o prprio corpo,

unidade 2

Ritmo e Dana II

33

Universidade Aberta do Brasil

carregado ento de emoes humanas. Os temas preferidos diziam respeito s antigas civilizaes e essncia humana. A vestimenta era esvoaante e delineava as formas corpreas. Panos, lenos e outros objetos foram incorporados ao espetculo, num estilo de costura e de espetculo inspirados na Grcia Antiga.

Dana Contempornea
Dana baseada numa mistura de linguagens artsticas teatro, vdeo, mmica, habilidades circenses, recursos audiovisuais cerceadas ou apresentadas em forma de coreografia que no tem seu acervo motor pautado necessariamente nas tcnicas da dana moderna. Pode apresentar uma mistura de diversos estilos de dana ou a interpretao das mesmas.

Figura 8: Dana Contempornea


Fonte: acesso http//: www.ogrupoinsignia.wordpress.com em 27 de de junho. 2010

34
unidade 2

seo 3

Expresso
A expresso uma linguagem de movimentos do corpo, a maneira pela qual as emoes, as ideias se extravasam por meio dos movimentos. O movimento uma das formas de linguagem da cultura do ser humano. Resulta desse entendimento que a expresso corporal a capacidade que permite expressar idias, pensamentos, emoes e estados afetivos com o corpo. A expresso no pode ser confundida com a comunicao. Pois, a comunicao refere-se a uma transmisso explcita de significados da maneira mais clara e sem interferncias possveis e a expresso est no campo da emoo, seu desejo manifestar sentimentos. A caracterstica comunicativa da dana no se encerra nas possveis diferenas gestuais. Voc pode lembrar que determinadas manifestaes da dana, embora altamente recorrentes em alguns grupos sociais, praticamente inexistem em outros: como o samba, o bumba-meu-boi, a catira, entre outras. Tais aspectos nos levam a perceber que, na verdade, a cultura que permite o surgimento, a aceitao, a incorporao, a socializao, etc. das manifestaes corporais. Nesse sentido, por meio dos produtos culturais que estabelecemos uma relao comunicativa com a sociedade. No momento em que uma pessoa experimenta as possibilidades do seu corpo, explora formas de aes e gestos, havendo uma confluncia de sentimentos: do indivduo em relao ao grupo, de toda uma linguagem corporal historicamente construda, encontrando um novo corpo que nico, mas, ao mesmo tempo, coletivo, porquanto faz parte de uma cultura que tem sua realidade histrica e, tambm, faz parte de uma sociedade que pertence a determinados grupos com suas caractersticas peculiares. Seu corpo precisa expressar toda essa realidade. Somente imitar e repetir subjuga violentamente a existncia do ser humano. Se h seguidores fiis de modelos atrelados na imitao

unidade 2

Ritmo e Dana II

35

Universidade Aberta do Brasil

e na repetio pela futilidade caracterstica de costumes construdos no interior de uma sociedade capitalista onde, para se vender mais, preciso que as pessoas imitem a propaganda e reproduzam hbitos de consumo. Esta a motivao mais significativa da dana. Neste tronco se situa o teatro, a dana criativa, a educao.

Pressupostos filosficos: considerada como uma linguagem social que permite a transmisso de sentimentos, emoes da afetividade vivida nas esferas da vida humana. Corpo natural/vivido. Princpios do Romantismo. Busca a compreenso da existncia humana. O Sensvel central na significao humana. Possibilita a viso do corpo e do movimento integrado na totalidade humana. PresSupostos educacionais: Educao do ser integral, completo, total. Busca da transcendncia, harmonia e integrao do ser humano. A educao centrada no aluno. Universalidade do movimento.

Dana Criativa
A dana criativa ou dana expressiva foi proposta inicialmente por Rudolf Laban. Esta proposta no preconiza apenas o ensino da forma ou da tcnica, mas educa conforme o vocabulrio de movimento de cada um, contribuindo para a formao da pessoa. Laban dedicou sua vida ao estudo do movimento humano em seus significados e relaes com o meio, resgatando os atos espontneos pela dana e considerando a rotina de movimentos como restrio expressividade do ser humano. Sua proposta de dana no considera, apenas, a graciosidade, beleza das linhas e leveza dos movimentos, mas a liberdade que possibilita o humano se expressar atravs de seus

36
unidade 2

movimentos e encontrar a autonomia do prprio corpo. Nesta concepo, o professor deve levar a pessoa a adquirir a conscincia dos princpios do movimento, preservando sua espontaneidade e ampliando sua criatividade. A capacidade da expresso corporal desenvolve-se numa expiral de experincias que se iniciam na interpretao espontnea ou livre, evoluindo para a interpretao de temas da dana formalizada, transpondose, conscientemente, a linguagem corporal.

Teatro
O teatro consiste na arte da representao. uma arte em que um ou vrios atores interpretam uma histria, com auxlio de dramaturgos, tcnicos e diretores. Tem como objetivo apresentar uma situao e despertar sentimentos no pblico. Toda a reflexo que tenha o drama como objeto precisa se apoiar na trade: quem v, o que se v e o imaginado. Os movimentos utilizados em trabalhos escritos para o teatro so os corporais. Portanto, o movimento humano com todas as suas implicaes mentais, emocionais e fsicas o denominador comum arte dinmica do teatro. A dana-teatro proposta por Pina Bausch desde a dcada de 70, do sculo XX, fez revirar o mundo da dana, principalmente por buscar outras formas de expresso para seus espetculos que no estivessem necessariamente vinculados aos conceitos e aos movimentos da linguagem da dana tcnica da poca.

Educao
Denomina-se educao a transmisso de cultura aos jovens pela gerao adulta. O processo educativo realizado de diversas formas, na famlia, na rua, na escola. Atravs de todos os contatos com outros indivduos e dos contatos com o mundo a nossa volta. Vamos nos impregnando da

unidade 2

Ritmo e Dana II

37

Universidade Aberta do Brasil

influncia social. Sobre a educao estabelece-se a cultura, o conjunto das aquisies que as sociedades humanas acumularam e que transmitem de uma gerao a outra. Ambas esto intimamente ligadas, pois a educao s possvel por meio da existncia da cultura e a cultura se conserva por meio da educao, ou seja, estes so dois termos interdependentes. A cultura produzida graas s interaes dos indivduos e ao desenvolvimento de comunicaes muito poderosas como a linguagem e a escrita. Como voc j deve saber, a Educao Fsica tem como objeto de estudo a cultura corporal de movimento. A dana um dos temas deste objeto de estudo.
Esta afirmao pode ser aprofundada com a anlise dos Parmetros Curriculares Nacionais e o Currculo Bsico do Estado do Paran.

Cabe ressaltar que a cultura s pode ser mantida se ligada educao, por isso, a educao tornou-se um requisito para a vida social. Nas sociedades simples, a educao uma tarefa de todos os adultos, j nas sociedades complexas, estabeleceram-se, alm disso, instituies educacionais especializadas que tm como misso contribuir a ao espontnea dos adultos. A escola tornou-se, ento, a instituio responsvel pela educao em nossa sociedade. Mas, no to simples assim. Tal tarefa implica situaes complexas e conflitos que permeiam a realidade social. A dana como fenmeno educativo tem por objetivo a apropriao esttica do movimento humano. Portanto, o trato com esse conhecimento no campo educativo deve ser trabalhado respeitando a formao social que se pretende no projeto poltico pedaggico que reflete a instituio de ensino.

38
unidade 2

seo 4

Representao
A dana representa um elo entre diferentes manifestaes culturais. O Brasil por sua grande extenso territorial e por ser povoado por diversos grupos tnicos, apresenta um acervo rico e vasto de manifestaes culturais que se construram a partir do encontro, observao e considerao de atitudes, valores, crenas, lendas, danas e hbitos que contriburam para sedimentao da nossa cultura. A cultura, nas suas diferentes formas de linguagens e manifestaes, destaca aspectos ligados ao patrimnio cultural do pas, de suas regies e de seus municpios nas dimenses simblicas e materiais. As danas so formas de expresses que emergem da vida de seus protagonistas, que atravs de influncias culturais diversas afirmamse como componentes fundamentais do significado, caractersticas que comunicam os sentimentos da cultura brasileira. As danas representativas configuram possibilidades de apropriao, ressignificao e ampliao de seus significados, buscando, dessa forma, uma constante identificao da criao original e expressadas por meio de experincias sociais de cada grupo social, com as novas formas sociais que esto emergindo.

Pressupostos filosficos: A corporeidade revela uma ntima unio com a natureza. Expressam a histria acumulada de uma sociedade e a cultura de um grupo social. Seu corpo produz ritmos que se mostram na harmonia de seus movimentos corporais e se igualam ao ritmo da natureza. Pelas danas e rituais o ser humano expressa sentimentos msticos e guerreiros. PreSsupostos educacionais: A dana uma manifestao pela qual o homem se afirma como membro de uma sociedade. Pelas trocas simblicas faz e transmite cultura atravs de todas as geraes.

unidade 2

Ritmo e Dana II

39

Universidade Aberta do Brasil

Dana Representativa
Fonte: acesso http//: www.webmed.portoalegre.com em 26 de de junho. 2010

tnicas:
So danas que representam manifestaes de povos ancestrais e cujos vestgios ainda persistem, apesar da cultura desses povos j ter sido, em grande parte, extinta. representada pela dana autctona. A dana tnica representa a cultura particular de um povo, podendo ter traos da dana ancestral. Possuem cdigos e smbolos que representam a identidade de um grupo social. Apresenta cultura distinta, algumas vezes social, e frequentemente de carter religioso de um povo. A dana tnica torna seu lugar e tempo de execuo na estrutura cultural da qual ela parte; ela no executada como uma atuao turstica.
Apesar da diviso aqui apresentada entre dana popular e dana folclrica, cabe ressaltar que a origem do conceito de Cultura Popular surgiu atrelada ao conceito de Folclore. somente no decorrer do tempo que eles vo sendo apurados. Por conta disso, em muitos momentos seus significados so atrelados e, em outros, so radicalmente separados.

40
unidade 2

Danas Folclricas:
Festeja-se o dia Internacional do Folclore a 22 de agosto, porque nessa data, no ano de 1846, pela primeira vez, a palavra Folk-Lore foi publicada na revista Londrina: The Atheneum, pelo arquelogo ingls William John Thoms, propondo que se estudasse sistematicamente e preservasse tudo aquilo que na Inglaterra chamavam Antiguidades Populares. Referia-se Thoms, aos estudos dos usos e costumes, cerimnias, crenas, romances, refres, supersties, contos, lendas, mitos, histrias. A palavra foi criada por dois termos anglo-saxnicos: Folk no sentido de povo e lore no sentido de saber, ou seja, saber tradicional do povo. A princpio, o conceito de Folclore atrelado perspectiva de buscar e preservar aquilo que estava se perdendo, bem como, concepo de uma certa espontaneidade do povo. Perspectivas que estavam contextualizadas numa Europa que se industrializava rapidamente (Idade Moderna). O folclore est ligado vida rural e campestre que passa a ser reconceituado como cultura tradicional. O conceito folclore abrange o especfico e o permanente, o durvel o folclorista seria um estudioso do esttico, do conservado em um grupo. Sendo assim, tarefa de muitos folcloristas estudar festas, lendas, folguedos e objetos de antigo uso, descrever e registrar a indumentria, os gestos e instrumentos nele utilizados; preservar sua autenticidade e denunciar deturpaes a que esto expostos. So todas manifestaes de dana que se mantm dentro do folclore e se integram tradio, como por exemplo: o bumba-meu-boi (dana nordestina); a chula (dana sulista); entre outras.

Dana popular:
Ao perguntar-se o que Cultura Popular (?), logo nos deparamos com algo quase que inesgotvel. Parece que toda vez que esse tema vem tona o que se consegue muito mais confuses que esclarecimentos. Essa situao deve-se, principalmente, aos sentidos atribudos a ideia de Cultura

unidade 2

Ritmo e Dana II

41

Universidade Aberta do Brasil

Popular atravs dos tempos. , sobretudo, no Perodo Renascentista que ocorre de fato, uma diferenciao entre o que do povo e o que erudito. No entanto, somente na Modernidade (com base nos conceitos estabelecidos no Renascimento) que se cria condies de conceber o conceito de Folclore. A princpio, esse conceito arraigado perspectiva de estudar e preservar aquilo que estava se perdendo. Uma das atribuies dada ao conceito de Popular remete fundamentalmente a noo de generalidade, assim, algo popular porque todos conhecem sem distino. A cultura popular visa estudar a dinmica, a abrangncia e mudana dos signos. Extrapola seus significados para os aspectos culturais, econmicos, polticos e sociais. Desse modo, cuida de analisar a dinmica das atividades culturais de um grupo. Um outro ponto que merece destaque, que em muitos estudos a Cultura Popular sinnimo de espontneo. Essa concepo de espontneo proveniente de um entendimento preconceituoso por parte daqueles pesquisadores que assim categorizam seus estudos, pois eles classificamna como algo menor. Nesta concepo h uma posio hierarquizada de dicotmica em que de um lado se encontra os eruditos e de outro os populares.

Vale reforar que de um lado, cabe ao Folclore a funo de cuidar e analisar o conservado, o preservado, o esttico e, de outro, Cultura Popular cuidar de analisar o dinmico das atividades cultuais de um grupo. No entanto, em nenhum momento deve-se supor que o enfoque pelo qual as anlises folclricas se orientam devam ser consideradas de menor valor e importncia. Ao contrrio, uma compreenso ampliada (mais totalizante) de que a produo cultural torna-se mais completa a medida que, abarca a dialtica posta nos (des) encontros de anlises e discusses passveis de captar tanto aquilo que permanente, quanto aquilo que muda e, nesse sentido, ambos tem seu lugar e valor.

42
unidade 2

A partir da dcada de 80, do sculo XX, o conceito de Cultura Popular passa a ser relativizado. O enfoque antes centrado no produto da Cultura Popular desloca-se agora para o processo de produo. Assim sendo, a Cultura Popular tomada como re-inveno da capacidade de simbolizar de um grupo, pois neste perodo histrico o povo reconhecido como sendo heterogneo e, portanto, falar de povo agora , sobretudo, falar de vrios grupos. Surge, a partir dessas anlises, a percepo de uma negociao de smbolos e significados entre o povo e os seus interventores. Por exemplo, referindo-se ao Bumba-meu-boi, na ocasio da construo do boibdromo, o fim desta manifestao cultural. Contudo, o que se verificou foi a capacidade de negociao entre os folcloristas e a Indstria Cultural. O resultado dessas negociaes gerou, de um lado, uma reorganizao do Bumba-meu-boi passvel de se enquadrar s exigncias estticas da mdia televisiva e, de outro, a conservao e manuteno da tradio expressa na presena dos mitos e lendas desta manifestao. Com o avano da tecnologia e da globalizao, observa-se a universalizao no vesturio, a padronizao de alguns hbitos e a ampliao da homogeneizao cultural. Neste cenrio, as manifestaes populares, despontam como um elemento de resistncia, uma vez que ao preservar as identidades locais com suas danas, costumes e valores, funcionam tambm, como antiproposta a homogeneizao por reforar as especificidades de um local. Paradoxalmente, o sistema capitalista ressignifica estas manifestaes para suas finalidades comerciais. Desta maneira, as manifestaes populares so transformadas em uma gama de produtos especficos direcionados ao pblico local. A prpria manifestao popular em si, pode se tornar mercadoria ao atrair turistas como o caso do carnaval carioca. Cabe ressaltar que, na sociedade capitalista em que vivemos, a valorizao e preservao de muitas manifestaes culturais ficam atreladas a sua capacidade de conquistar os interesses capitalistas. Como por exemplo, o caso do forr, antes considerado como coisa de nordestino e, hoje, ganha cenrio nacional como forr universitrio.

unidade 2

Ritmo e Dana II

43

Universidade Aberta do Brasil

seo 5
Ldico
Pressupostos Filosficos
Corpo socialmente construdo. O corpo a expresso de nosso gnero, etnia, faixa etria, crena espiritual, classe social, etc. O corpo est em relao com o outro.

Danas de Salo
Possui o mesmo padro gestual, caracterstico da sua nacionalidade, em qualquer lugar do mundo onde a dana esteja presente. Pode-se, a qualquer situao e momento, transformar e criar novos passos, mas a base motora, a gestualidade e o estilo musical permanecem inalterados. o estilo de dana mais difundido nas academias de ginstica e escolas de dana.

Figura 11: Dana de Salo

44
unidade 2

Acesse o site : http://veja.abril.com.br/271004/ponto_de_vista.html Assista ao filme: Vem danar

seo 6

Valores e Objetivos da Dana


Para atribuirmos um valor e um determinado objetivo dana, antes, devemos, necessariamente, analisarmos o conceito e significado que lhe atribudo.

O que voc entende por dana?

Com toda certeza, o seu entendimento sobre a dana poder divergir dos demais alunos que frequentam este curso, assim como, dos vrios autores que escrevem sobre a dana. Nesta seo, pretendemos elucidar algumas consideraes

unidade 2

Ritmo e Dana II

45

Universidade Aberta do Brasil

necessrias para o entendimento de como ela pode ser interpretada e fazer as consideraes a respeito dos conceitos e significados atribudos dana. Resulta da, os devidos valores e objetivos que lhe so considerados. O conceito atribudo dana mostra-se bastante amplo na literatura. Isso mostra a complexidade e a divergncia existentes nessa rea. A dana pode ser conceituada de diversas maneiras e isso depende da inteno das pessoas. Algumas abordam os aspectos psicolgicos e emocionais, outras tm uma viso mais mecnica e enfatizam os elementos funcionais; existem, ainda, aqueles que procuram analisar os elementos bsicos e universais que constituem a dana. Por isso difcil encontrar uma definio suficientemente abrangente e completa da dana. Ao longo da evoluo histrica da dana possvel verificar os valores e objetivos que lhe foram dados. No quadro abaixo, voc poder verificar os perodos histricos e seus respectivos valores e objetivos atribudos dana.

46
unidade 2

Quadro I: Perodos histricos valores e objetivos da dana

Perodo Histrico
Antiguidade

Valores da dana
Atravs da expresso de movimentos revela a unio com a natureza. A dana uma forma de comunicao transcendente do ser humano. Os filsofos se manifestavam a favor da dana na educao. A dana banida da sociedade. Surge o bal clssico como resposta as necessidades da aristocracia. Instrumentalizao dos movimentos corporais. Codificao dos gestos e padronizao dos movimentos. A dana um fenmeno social, uma forma de cultura. Proporciona o encontro com a histria.

Objetivos da dana
Expressar emoes de alegria, tristeza, sentimentos msticos e guerreiros. A experincia do corpo vista como chave para a experincia do mundo. Exercitar e disciplinar o corpo. No correspondia aos objetivos da Igreja. Cerimonial da corte e divertimentos da aristocracia.

Civilizaes Orientais

Grcia Antiga

Idade Mdia

Renascimento

Modernidade

Disciplinarizao do corpo.

Ps- Modernidade

Expresso de sentimentos e ideias; Fenmeno cultural e patrimnio cultural da humanidade.

unidade 2

Ritmo e Dana II

47

Universidade Aberta do Brasil

A dana mais que expresso de movimentos corporais, porque ela consiste em uma linguagem corporal. Entendemos que a dana uma linguagem que difere das outras, mas no as transcende, pois cada ser humano possui uma maneira diferente de se manifestar e a dana uma delas. Alguns possuem maior facilidade em se expressar atravs da dana, outros possuem maior facilidade em se expressar atravs da poesia, da pintura, da msica, da palavra. Todas essas manifestaes so formas do ser humano transcender a sua existncia, mas nenhuma maior que a outra. A linguagem corporal constitui as formaes simblicas que cada pessoa constri ao internalizar lentamente uma infinidade de gestos com seus respectivos significados mediante um intenso dilogo com o ambiente cultural. As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar, resultam das interaes sociais e da relao de cada pessoa com o meio cultural; so movimentos cujos significados tm sido construdos em funo das diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas em diversas pocas da histrica. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos do ser humano construindo, assim, a cultura corporal de movimento. A dana , tambm, um fenmeno social e uma manifestao cultural, que possui significados prprios em cada manifestao. E se houver diversas apresentaes de uma mesma dana, haver significados diferentes em cada uma delas. A dana faz parte do universo cultural e impregnada de valores e smbolos sociais. Como observamos, anteriormente, as manifestaes da dana esteve presente em toda a histria da humanidade representando ideias, pensamentos, valores e crenas. Por meio dessas definies, foi-nos possvel entender que a dana est intrinsecamente ligada cultura.

48
unidade 2

No contexto educativo, cabe analisar sob a tica filosfica e pedaggica se os princpios que norteiam este trabalho, respondem neste incio do sculo XXI, s necessidades educacionais da criana e do jovem na sociedade atual. A crtica que tem sido feita ao ensino da dana criativa nos ltimos anos, portanto, o esvaziamento de sentido e de significao sociocultural que poderia acompanhar o ensino dessas tcnicas universais. Pois, tanto a pedagogia tradicional que reflete as danas de espetculo, quanto a pedagogia nova implcita na dana criativa, contribuem para manter o mundo tal qual est.

1. Cada dana, entre todas e tantas existentes, tem uma histria, uma origem e, a partir dela que podemos desenvolver as aulas. Pesquise a origem de alguma dana que faz parte da cultura de sua cidade. 2. Analise quais os significados desta dana que voc pesquisou e como ela representa a cultura de sua cidade. 3. Elabore sua prpria definio de dana. 4. Visite um grupo de dana de sua cidade e realize uma entrevista com os componentes deste grupo. Procure investigar: quais as manifestaes que apresentam? Como elaboram as coreografias? O que entendem por dana? O que a dana representa para cada danarino? Elabore outras questes.

unidade 2

Ritmo e Dana II

49

50
Universidade Aberta do Brasil

unidade 2

Fundamentos da Dana
Silvia Pavesi Sborquia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, voc ter condies de: Identificar os fatores necessrios para que o corpo dance. Estudar a proposta tcnica da dana educao. Conhecer os fatores de movimento e os elementos que o compe. Analisar a dinmica do movimento na dana. Relacionar os fatores de movimento.

ROTEIRO DE ESTUDOS
Seo 1: Peso Seo 2: Espao Seo 3: Tempo Seo 4: Fluncia Seo 5: As relaes entre os fatores de movimento Seo 6: Coreografias

UNIDADE III
unidade 3

Ritmo e Dana II

51

Universidade Aberta do Brasil

PARA INCIO DE CONVERSA


Nesta unidade, voc ir estudar os fundamentos da dana que foram elaborados por Laban a partir da anlise do movimento nas diferentes aes humanas, entre elas, a dana. A dana educativa proposta por Laban traz como um dos principais argumentos a universalidade do movimento. Como seres humanos, todos teramos a capacidade biolgica de mover nossos corpos e expressarmos criativamente nossos sentimentos e ideias atravs deles. No entanto, a maneira como cada pessoa cria as formas de movimento expressa a identidade de cada um. Voc ir estudar os fatores necessrios para que o corpo dance que so: peso, espao, tempo e fluncia. Os fatores de movimento foram organizados em sees para melhor compreend-los. Na seo 1, voc estudar o peso e compreender que a energia ou fora muscular usada na resistncia ao peso muda a nfase no movimento que pode se apresentar tenso ou relaxado. Na seo 2, ser abordado o espao. Voc ter a oportunidade de conhecer as possibilidades de aes corporais na explorao do espao e voc verificar as mudanas de direo, planos, extenses e caminhos. Na seo 3, voc estudar o tempo e poder avaliar a velocidade das aes corporais, bem como as unidades de tempo estabelecidas pela mtrica. Conhecer o tempo relativo seqncia de movimento que independe do tempo-ritmo, tambm poder observar que o movimento pode ter pausa. Na seo 4, voc ir conhecer a fluncia. Ser apresentado o fluxo do movimento, ou seja, se a ao do movimento contnua, parada ou aos trancos e, assim, voc entender o controle do movimento. Na seo 5, ser tratado como estes fatores se relacionam. importante que voc compreenda que os fatores de movimento consistem numa anlise do movimento humano e a relao entre estes fatores so os fundamentos bsicos para que o corpo dance.

52
unidade 3

Na seo 6, voc realizar o estudo sobre o processo coreogrfico em dana. A partir da apropriao deste conhecimento, voc, como futuro profissional de educao fsica, poder elaborar o seu trabalho com a dana.

seo 1
Peso
O peso a energia ou a fora muscular usada na resistncia ao peso. Pode ser forte, normal ou fraco. Para efetuar alguma mudana na posio corporal usada a energia muscular. O dispndio de fora e seus graus so proporcionais ao peso carregado ou resistncia que se lhe oponha. O peso pode ser tanto o da parte do corpo que est sendo movida, como o de um objeto a ser movido. A resistncia pode envolver uma tenso muscular normal, forte ou fraca. Tal resistncia pode originar-se do interior do prprio corpo da pessoa atravs dos msculos antagonistas ou do exterior por meio de objetos ou pessoas.

Energia ou fora muscular usada na resistncia ao peso: Acentos: Graus de tenso

Forte 2:1

Normal 1:1

Fraca :1

nfase Tenso

ou a

Neutro Relaxado

unidade 3

Ritmo e Dana II

53

Universidade Aberta do Brasil

seo 2
Espao
Refere-se ao trajeto percorrido pelo movimento, onde se inicia seu percurso e no local em que termina. Dentro do espao, encontramos a cinesfera que o espao individual do corpo que se movimenta. Seu limite de alcance determinado pela extenso ou flexo dos membros superiores e inferiores, podendo ser com ou sem deslocamento. As direes e os planos dos gestos do brao e da perna so relativos articulao na qual ocorre o movimento. O plano mdio de um gesto da perna ocorre na altura do quadril, o plano mdio de um gesto do brao da altura do ombro. Os movimentos realizados acima dessas articulaes so altos e os realizados abaixo so baixos.

Direes Planos Extenses Caminho

Frente Trs Direita Esquerda Diagonais (...) Alto Mdio Baixo Perto normal longe Pequena normal - grande Direto angular curvo.

seo 3
Tempo
Numa sequncia de movimento, o tempo resultante da combinao de unidades de tempo representada pelos smbolos musicais. So os elementos de tempo que formam o compasso musical, podendo ele ser lento, moderado ou rpido. No tempo encontramos a pausa, que a interrupo do tempo num compasso musical. A pausa tem a mesma durao da unidade de tempo

54
unidade 3

equivalente. Est associada mtrica, faz parte do compasso, ou pode preencher um compasso inteiro. A pausa corresponde a um momento de silncio na msica. No movimento um momento de esttica. Qualquer ao corporal pode ser parada e retirada por um perodo de tempo. A durao da pausa pode ser medida por unidades de tempo proporcionais dos movimentos que introduzem e concluem o perodo de parada. O tempo ritmo de uma srie de movimentos consiste na combinao de duraes iguais ou diferentes de unidades de tempo. Estas podem ser representadas pelas notas musicais de valores de tempo. Os tempos-ritmos so independentes do tempo de toda a sequncia de movimentos. O mesmo ritmo pode ser executado em tempos diferentes, sem alterar a durao proporcional de cada unidade de tempo.

Velocidade: Tempo: (relativo sequncia de movimentos)

rpida presto

Normal Moderato

lenta lento

seo 4
Fluncia
a ligao entre um movimento e outro sem que haja interrupo. A fluncia do movimento ocorre atravs da ordem em que so acionadas as diferentes partes do corpo. Os movimentos que se originam do centro do corpo em direo s extremidades dos braos e pernas so em geral mais livremente fluentes do que aqueles nos quais o centro do corpo permanece imvel enquanto os membros comeam a se movimentar. O controle da fluncia do movimento est relacionado ao controle dos movimentos das partes do corpo. Os movimentos do corpo podem ser divididos aproximadamente em passos, gestos dos braos e mos e nas expresses faciais.

unidade 3

Ritmo e Dana II

55

Universidade Aberta do Brasil

O fluxo continuao normal do movimento, como a de uma corrente fluente, podendo ser mais ou menos controlado.

Fluxo: Ao: Controle: Corpo:

Indo Contnua Normal movimento

Interrompendo Aos trancos Intermitente Sries de posies

Detendo Parada Completo posio

A fluncia o primeiro fator observado no desenvolvimento do danarino. A tarefa do fator fluncia a integrao do movimento que traz sensao de unidade entre as partes do corpo. A atitude relacionada fluncia a progresso do movimento, que pode ser livre ou contida, informando como deve ser o movimento: mais ou menos integrado (liberado) ou mais ou menos fragmentado (contido). Qualidade livre descrita como: fluente, abandonada, continuada, expandida. Consiste num fluxo libertado e na sensao de fluidez do movimento. Qualidade contida descrita como: cuidadosa, restrita, contida, cortada, limitada. Consiste na prontido para se interromper o fluxo normal e na sensao de movimento pausa. A fluncia apoia a manifestao da emoo atravs do movimento, pois os extremos e as gradaes entre um alto grau de abandono do controle ou uma atitude de extremo controle, manifestam no movimento, os aspectos da personalidade que envolvem a emoo. O danarino pode enfatizar, num determinado treino corporal, a vivncia mais consciente da fluncia e perceber que ela pode gerar atitudes internas, onricas, imaginrias e criativas. A liberao da fluncia demonstra expanso, abandono, extroverso, entrega, projeo de sentimentos. O controle da fluncia demonstra cuidado, restrio, conteno, retrair-se. possvel descrever a qualidade de esforo em relao fluncia em um movimento, bem como na sucesso de um movimento para o outro.

56
unidade 3

As mudanas na qualidade de fluncia so mais perceptveis em um movimento do que as mudanas de qualidade dos outros fatores de movimento. A fluncia considerada como alimentadora dos outros fatores, porque, por vezes, possvel observar em movimentos que qualidades de espao, peso e tempo permanecem inalteradas enquanto somente a fluncia se modifica.

seo 5

As relaes entre os fatores de movimento

C omo estes fatores se relacionam? mais do que a soma destes fatores. Deve ser compreendido em sua totalidade.

Corpo e Expressividade
Todos os movimentos humanos esto ligados a um esforo o qual origina qualquer ao do movimento humano. Para sua identificao metodolgica a anlise do movimento humano apresenta as categorias: Corpo Expressividade Forma Espao. De fato, as quatro categorias esto sempre presentes em todo movimento, porm com diferentes graus de importncia ou destaque. Da mesma forma, cada unidade didtica no treinamento corporal tem uma das categorias como eixo principal ou nfase e inclui as outras trs categorias subliminarmente. Na continuao do contedo didtico, a primeira categoria gradualmente experienciada de forma mais complexa nas unidades seguintes, conforme a adio de novos elementos. No sistema Laban, uma categoria interage com a outra em dupla

unidade 3

Ritmo e Dana II

57

Universidade Aberta do Brasil

hlice, reciprocamente, organizando-se em forma de espiral. Provocando alteraes e expanso das habilidades expressivas rumo ao domnio do movimento. A anlise do movimento de Laban consiste num sistema de estudo que reconhece o movimento como nossa primeira linguagem. Essa anlise proporciona um meio atravs de smbolos e uma terminologia padronizada, para definir e identificar os aspectos efmeros da linguagem no corporal. A seguir as categorias presentes neste sistema: O Corpo: consiste na categoria sobre o que se move. Que parte do corpo se move? Uso do corpo de maneira ampla ou restrita; conscincia de qual parte do corpo est se movendo; unidade entre as partes superiores e inferiores do corpo; unidade entre o centro e as extremidades do corpo; movimentos do tronco iniciados em diferentes partes; formas do corpo e destreza manual. A Expressividade refere-se a como nos movemos. Tambm denominado de qualidade ou esforo, consiste nas qualidades dinmicas do movimento presentes na dana. Como o corpo se move? habilidades rtmicas; movimento mecnico ou mtrico; resistncia; reaes imediatas, ou demoradas; frases crescentes e decrescentes. Elementos do movimento: 1. Atitude da pessoa frente ao peso do seu corpo; 2. Atitude da pessoa frente ao tempo; 3. Atitude da pessoa frente fluncia do movimento; 4. Atitude da pessoa frente ao espao; 5. Habilidade para alternar entre atitudes opostas; 6. Combinao de trs elementos apresentados ao mesmo tempo: a) peso, tempo e fluncia; b) peso, espao e fluncia; c) espao, tempo e fluncia; 7. Combinao de dois elementos apresentados ao mesmo tempo: a) fluncia e tempo; b) peso e fluncia; c) peso e tempo; d) peso e espao; e) tempo e espao; f) espao e fluncia. A categoria Forma ou Relaes (com o que ou quem o corpo se move) refere-se qualidades dinmicas que expressam a atitude interna do indivduo com relao aos fatores de movimento: fluxo, espao, peso e tempo.

58
unidade 3

Relaes da pessoa em movimento com objetos ou com outros indivduos so notadas em associaes com um particular movimento que est sendo observado. O contato propriamente dito pode ser efetuado: Tocando a partir de qualquer direo; Resvalando ao longo de qualquer direo da superfcie do objeto; Transferindo o peso de cima do objeto; Carregando por debaixo do objeto que descansa sobre alguma parte do corpo; Segurando em qualquer lado do objeto, rodeando-o com vrias partes do corpo. A categoria Espao (onde o corpo se move) envolve uma arquitetura do espao. Trata-se de uma arquitetura do espao do movimento humano que envolve o alcance do movimento: 1. o padro axial, 2. as formas cristalinas (tetraedro, octaedro, cubo, dodecaedro), 3. o percurso espacial, 4. a tenso espacial, 5. escalas de espao, entre outros. O esforo se manifesta nas aes corporais atravs dos elementos de Peso, Tempo, Espao e Fluncia. Conforme o modo como estes fatores se combinam iro produzir graduaes particulares de ao.

seo 6

Coreografias

A palavra coreologia vem do grego choros que significa crculo e logos que significa lgica ou cincia. O estudo coreolgico da dana compreende o estudo do movimento, do danarino, do som, do espao geral, que juntos, coordenados e articulados, formam a dana. A coreologia refere-se ao estudo do movimento, sendo o movimento a expresso das emoes e pensamentos humanos. Um tipo de texto da linguagem do movimento, pela qual se compreende as formas externas e

unidade 3

Ritmo e Dana II

59

Universidade Aberta do Brasil

o contedo mental e emocional. A coreologia abrange a Chorutica (o estudo das formas espaciais), a Eukintica o estudo da dinmica e a Kinetographie (escrita do movimento). No estudo das dinmicas percebe-se que o grau de esforo na execuo de um movimento provm da intencionalidade humana que pode ser apreciada atravs dos fatores de movimento. A partir do ensino coreolgico da dana haveria uma compreenso corporal e intelectual das estruturas que esto presentes nas mais diversas manifestaes de dana nos nossos dias. O trabalho pedaggico propiciado pelo enfoque coreolgico propicia uma relao entre a criao, a documentao, a apreciao e a verbalizao.

Tema gerador
O tema gerador deve aludir a um conhecimento sistematizado, estabelecer espaos para um dilogo constante que, atravs dos contedos escolares, contribuam para compreenso do prprio tema. Em outras palavras, o tema gerador possibilita a organizao, a sistematizao e a construo do conhecimento pelos alunos.

Criatividade
O processo criativo no ocorre isolado em si mesmo; a criatividade est intrinsecamente relacionada formao simblica, e aos significados presentes em cada cultura, assim como se relaciona capacidade perceptiva do ser humano e ao modo como cada sociedade estimula os rgos dos sentidos. A criatividade, tambm, se d individualmente, atravs da sensibilidade prpria em cada ser humano. Poderia ser definida como capacidade de solucionar problemas de maneira elaborada em diferentes situaes. Na grande maioria das vezes, o sujeito tolhido nessa tendncia de se expandir. treinado somente para receber ordens e cumprir tarefas. E, com o tempo, o ato criador se apaga. A criatividade um processo natural de todas as pessoas, atravs do qual elas se conscientizam de um problema, de uma lacuna nas informaes, para o qual ainda no aprendeu a soluo: procura ento

60
unidade 3

as solues em suas experincias ou nas dos outros: formula hiptese de todas as solues possveis, avalia e testa estas solues e comunica os resultados. Consequentemente, tornam-se essencial a elaborao de propostas com a dana que consideram o processo criativo, o princpio esttico, a linguagem corporal e o dilogo com as culturas. Trata-se de uma meta ou ideal que descobrimos porque sentimos atrados por ele e nele ficamos imantados. Sendo uma expresso deliberada, ela d expresso nossa liberdade no seu mais alto grau.

Princpio Esttico
A Esttica deve ser analisada em sua totalidade, sem amputaes nem excluses; Esttica no apenas presente em uma cultura, mas presente em toda diversidade cultural. A apropriao especfica da realidade como objeto da esttica destaca, em primeiro plano, o seu significado original de sensibilidade (aisthesis) como um componente essencial de tudo o que consideramos esttico: objetos, percepes, valores, linguagem corporal. Trata-se de uma aspirao impossvel de cumprir, pois a forma sensvel tem sempre um significado inerente. O esttico sempre impuro, ou seja, encontra-se contaminado pela cultura e vinculado por isso esteticamente ao no-esttico. S poderemos falar exatamente de relao esttica, se nela, e na contemplao correspondente, se atende a uma forma sensvel qual inerente um certo significado. Com efeito, acreditamos que a expresso corporal se caracteriza como uma forma de manifestao de sentimentos e ideias atravs da corporeidade. Tal ao se origina na intencionalidade, ou seja, na meta para atingir um ideal admirvel. A Esttica recorre tambm s cincias que se ocupam dos processos comunicativos. Entre elas podemos destacar a Linguagem Corporal. As conquistas dessas cincias, Antropologia, Sociologia, Psicologia, entre outras, se tornam indispensveis para a Esttica na medida em que a Linguagem Corporal pode ser considerada sistemas de smbolos.
Sensvel: Aquilo que pode ser percebido pelos sentidos. Aquilo que tem a capacidade de sentir. Quem tem a capacidade de compartilhar as emoes alheias ou de simpatizar. Smbolo o mesmo que signo. Podemos entender o sistema de smbolos como signos que podem ser interpretados em consequncia de um hbito ou de uma disposio natural.

unidade 3

Ritmo e Dana II

61

Universidade Aberta do Brasil

Deste modo, entendemos a Esttica, tambm, como um dos fatores de sobrevivncia, que a necessidade de vivermos juntos e, por consequncia, o sentir em comum, estabelecer um conjunto de significados que constroem, de maneira consistente e dinmica, o que identificamos como sentimento e emoo. Se quisermos entender as aes humanas no temos que analisar o movimento do ato como uma ao em particular, mas sim a emoo que o possibilita. No h ao humana sem uma emoo que a fundamente como tal e lhe faa possvel como ato. Por isso, para um modo de vida baseado em estar juntos, em interaes que surgem por meio da linguagem, se requer uma emoo fundadora particular, sem a qual esse modo de vida na convivncia no seria possvel. Em outras palavras, podemos entender que a Esttica a razo expressa na criao. um puro sentimento, mas um sentimento que a impresso de uma razo que cria. O ideal Esttico nutrido pelo cultivo de hbitos de sentimento. Os hbitos de pensamento so sempre muito arraigados e difceis de serem modificados, do que decorre que os hbitos de ao tambm o so, visto que nossos pensamentos e nossas crenas funcionam como guias para a conduta. No entanto, as dificuldades que se apresentam para a mudana de hbitos de pensamento so incomparavelmente menores do que aquelas que se apresentam para a mudana de hbitos de sentimento. No h nada mais profundamente enraizado no esprito humano do que os hbitos de sentir. Enquanto o pensamento e a ao podem se modificar atravs de argumentos lgicos ou da fora do bom senso, os hbitos de sentimento s se modificam atravs do sofrimento ou da exposio constante do sentimento a objetos ou situaes capazes de produzir sua regenerao.

62
unidade 3

As discusses contemporneas em torno do corpo como objeto de estudo nos remete a repensar conceitos de educao e de dana que eram inquestionveis em perodos anteriores, inclusive no perodo em que Laban elaborou a proposta de dana criativa. Como voc estudou anteriormente, o corpo, por muitos sculos, foi considerado somente uma entidade biolgica (natural). Passou a ser estudado pelas cincias sociais, mais intensamente desde as dcadas de 60 e 70, tambm como um fenmeno construdo, interpretado e idealizado pela cultura e pela sociedade. Portanto, nosso potencial criativo de movimento no poderia ser livre e espontneo, pois tambm formatado pelas experincias e relaes sociais.

1. Grave uma apresentao de dana e faa a anlise dos movimentos realizados, atravs dos fatores de movimento. 2. Analise os significados culturais da dana estudada. 3. Elabore uma sequncia de movimento relacionando os fatores tempo e espao. 4. Elabore outra sequncia de movimento relacionando os fatores Peso e fluncia.

unidade 3

Ritmo e Dana II

63

64
Universidade Aberta do Brasil

unidade 5

A Dana na Escola
Silvia Pavesi Sborquia

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Ao final desta unidade, voc ter condies de: Analisar o conhecimento da dana no currculo. Conhecer o trabalho pedaggico para o ensino da dana. Identificar as competncias necessrias para ensinar a dana. Verificar alguns temas de aula e sua aplicabilidade.

ROTEIRO DE ESTUDOS
Seo 1: O Conhecimento da Dana no Currculo Seo 2: A Relao Pedaggica Seo 3: Competncias Necessrias ao Professor

UNIDADE IV
unidade 5

Ritmo e Dana II

65

Universidade Aberta do Brasil

PARA INCIO DE CONVERSA


Nesta unidade, voc ir estudar a dana na escola. Entender que a instituio social denominada escola responsvel pela transmisso dos conhecimentos sistematizados ao longo da histria, como tambm, pela elucidao dos saberes populares que pertencem ao grupo social onde a escola est inserida. Sendo a dana um dos conhecimentos a ser tratado na escola, na seo 1, voc estudar o conhecimento da dana no currculo. Ter a oportunidade de verificar a amplitude deste conhecimento para ser tratado na escola. Na seo 2, voc estudar a relao pedaggica. Voc compreender que as concepes pedaggicas acarretam em um determinado perfil de sociedade que se deseja construir. Compreender que na atualidade no cabe mais a formao de um cidado passivo e obediente e sim, a construo de uma sociedade crtica e emancipada. Na seo 3, sero abordadas as competncias necessrias a sua atuao como professor profissional do ensino para atuar com a dana. Na seo 4, sero apresentados alguns temas de aulas que voc poder vivenciar futuramente. A instituio escolar seu campo de trabalho, nela que voc ir construir sua vida profissional. Os conhecimentos tratados nesta unidade lhe ajudaro a formar as competncias necessrias para atuar com a dana na escola, talvez somente as competncias iniciais, porque estas sero reelaboradas em todo seu desenvolvimento profissional. importante que voc saiba que os conhecimentos da dana na escola no se reduzem as festinhas comemorativas. Os conhecimentos aqui tratados lhe daro condies para atuar com a dana como profissional do ensino.

66
unidade 4

seo 1

O Conhecimento da Dana no Currculo

O que entendemos por currculo?


O currculo documento de identidade. Nele est expressa a trajetria, a viagem e o percurso de nossas vidas. Portanto, o currculo autobiografia. O currculo espao, lugar, territrio e, assim, demarca as relaes de poder.

Analise as obras de Toms Tadeu da Silva: SILVA, T. T. Documentos de Identidade: uma introduo s teorias do currculo. Belo Horizonte: Autntica, 2005. SILVA, T. T. Identidade e Diferena: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petrpolis: Vozes, 2000.

Assim sendo, cabe indagarmos: Quais os conhecimentos que contemplaro os currculos escolares de Educao Fsica? A Dana se insere no currculo de Educao Fsica? Por qu?

Voc leu, anteriormente, que a dana uma manifestao cultural, especificamente manifestao da cultura corporal de movimento, objeto de estudo da Educao Fsica. direito de toda pessoa ter acesso a este patrimnio cultural.

unidade 4

Ritmo e Dana II

67

Universidade Aberta do Brasil

Mas, qual o conhecimento da dana deve contemplar o currculo escolar? Esta resposta requer a reflexo sobre outro problema: Qual o ser humano e sociedade voc quer ajudar a construir?

Se voc quer a formao de uma pessoa dcil, saudvel e disciplinada, o conhecimento selecionado deve contemplar a tcnica, a disciplinarizao do corpo, a execuo de movimentos corretos e perfeitos, a mera repetio de padres de movimentos. Se voc deseja a pessoa ajustada aos ideais de cidadania do moderno estado-nao, o conhecimento selecionado dever privilegiar a criatividade, a individualidade, podendo seguir os princpios da dana criativa que centra os conhecimentos no prprio indivduo. Mas, se voc quer a pessoa e sociedade desconfiada e crtica dos arranjos sociais existentes, preconizada nas teorias educacionais crticas, se voc entende que o ideal de uma sociedade deve considerar como prioridade o cumprimento do direito de que todos os seres humanos tm de ter uma vida plena e feliz, com acesso ao patrimnio cultural e histrico da humanidade:

Os conhecimentos selecionados para o currculo: No deve priorizar a execuo de movimentos corretos e perfeitos dentro de um padro tcnico imposto, gerando a competitividade entre os alunos. Deve partir do pressuposto de que o movimento uma forma de expresso e comunicao do aluno, objetivando torn-lo um cidado crtico, participativo e responsvel, capaz de expressar-se em variadas linguagens, desenvolvendo a autoexpresso e aprendendo a pensar em termos de movimento.

68
unidade 4

Mas, cuidado! A dana educativa elaborada em contraposio tcnica rgida e mecnica do bal clssico. Nesta proposta, a criana e o adolescente deveriam ter a possibilidade de explorar, conhecer, sentir, e expressar sua subjetividade.

Tal proposta preconiza a educao do ser integral, completo, total. Possui variaes metodolgicas, mas o discurso educacional est enraizado nas ideias da escola nova e sua identidade filosfica se revela centrada no aluno. Pois, objetiva a explorao das capacidades espontneas e inatas das crianas e do adolescente.

Filosofia da Escola Nova: No processo educacional a fonte original de toda a atividade e tudo deve girar em torno dele, de acordo com os seus interesses e necessidades. O professor assume o papel de facilitador.

Um dos princpios fundamentais da dana educativa de que toda a criana/adolescente tem o direito de danar. Isto denota, que a dana educativa seria para todos, por direito humano. Portanto, deveria estar presente nas mais diversas instituies sociais, mas fundamentalmente na escola. As discusses contemporneas sobre a educao e a dana nos remetem a estabelecer relaes com o contexto sociocultural em que

unidade 4

Ritmo e Dana II

69

Universidade Aberta do Brasil

estamos inseridos. Ou seja, a ao e o pensamento nas suas inter-relaes poltico, pedaggico, filosfico. Objetivando uma proposta sociocultural para a dana tanto na escola como nas demais instituies educativas. Dana Mundo

O trabalho pedaggico da dana deve ter como ponto de partida e de chegada os problemas oriundos da vida cotidiana dos prprios alunos. Portanto, o conhecimento da dana deve se construdo, trabalhado, desvelado, problematizado, transformado e desconstrudo em uma ao educativa crtica, transformadora e emancipatria.
A teoria crtica assume seu compromisso com a emancipao humana. Com base nesta teoria a educao se integra no processo de transformao, ajudando os grupos interpretarem-se nas formas de dominao a que se encontram submetidos e a vislumbrarem as possibilidades de ao que se lhes abrem.

Nesta perspectiva, o currculo no o veculo de algo a ser transmitido e passivamente absorvido, mas o terreno em que ativamente se criar e produzir cultura. O currculo , assim, um terreno de produo e poltica cultural, no qual os saberes (a dana) que nele se concretizam funcionam como matria-prima de criao, recriao e, sobretudo, contestao e transgresso. Os contedos que constituem um saber elaborado no podero ser considerados de forma esttica e acabada, pois se trata de contedos dinmicos e articulados dialeticamente com a realidade histrica. Nesses termos, precisam ser conduzidos de forma que, ao mesmo tempo em que transmitam a cultura acumulada, contribuam para a produo de novos conhecimentos. Isto reside na necessidade de reflexes permanentes sobre os contedos aprendidos, buscando analis-los sob diferentes prismas. Os contedos a serem estudados j compem o currculo escolar previamente estruturado e, por isso, devero passar por uma anlise crtica com vistas identificao daquilo que representa o essencial e o que representa o secundrio a ser aprendido. A distino deste dever ser a prpria realidade concreta dos educandos, pois como vimos anteriormente, o saber sistematizado poder ser selecionado com a finalidade de funcionar como instrumento de compreenso dessa mesma

70
unidade 4

realidade. O saber sistematizado e os saberes populares tm sidos produzido longe da escola. A partir desse saber, que na nossa conjuntura educacional no poder ser ignorado, devero ser gerados novos conhecimentos atravs da problematizao e da anlise crtica da realidade social na qual os alunos esto situados. A cultura popular situa-se no terreno do cotidiano, ao passo que o saber sistematizado geralmente legitima e transmite a linguagem, os cdigos e os valores da cultura dominante. A cultura popular apropriada pelos alunos e ajuda a validar suas vozes e experincias, enquanto o saber sistematizado valida as vozes do mundo adulto, bem como o mundo dos professores e gestores da escola. O conflito identificado entre as vozes da cultura popular e as do saber sistematizado se concretiza no currculo escolar. Devido aos mais variados contedos da dana, torna-se necessrio refletir sobre qual seria a melhor forma de trat-los no interior de uma escola, na educao infantil, na educao bsica ou no ensino mdio. Ento possvel trabalhar a dana em todo o contexto escolar. No trabalho com a educao infantil sugerimos a dana que esteja mais perto do grupo familiar, sejam elas tnicas, folclricas ou populares, expressivas ou ldicas. Dentro das danas tradicionais, preciso buscar aquelas que fazem parte da famlia, que sejam as danas folclricas, como a Congada. E toda a criana pode vivenciar a dana na cultura, na qual esta se formando; por isso, no contexto familiar est a chave para ensinar a dana nesta fase. No ensino fundamental, pode ser visto os estilos de dana, os quais se definem como: tnicos, folclricos e populares: distribudos de acordo com a classificao quanto ao espao geogrfico, como mostra o quadro a seguir:
1 SRIE LOCAIS 2 SRIE REGIONAIS 3 e 4 SRIES ESTADUAIS 5 e 6 SRIES NACIONAIS 7 e 8 SRIES ESTRANGEIRAS 9 SRIE INTERNACIONAIS

Na continuidade do ensino da dana nas 8 e 9 sries de

unidade 4

Ritmo e Dana II

71

Universidade Aberta do Brasil

ensino, poderiam ser vistas as manifestaes de dana expressiva e de espetculo. No Ensino Mdio possvel trabalhar as danas de salo. O ensino dessas danas no dado de maneira esttica, como repetio dos movimentos de repertrio, mas se faz atravs da pesquisa de seus significados culturais, objetivos e valores de sua produo, as suas transformaes na histria, bem como a sua interpretao corporal. possvel discutir junto a uma turma de alunos as tcnicas corporais utilizadas nas danas, analisar os movimentos de acordo com os fundamentos da dana e interpretar os seus mais diversos temas. Alm de saber ensinar as tcnicas e regras necessrias para a prtica da dana, o professor precisa entender e discutir com os alunos o sentido cultural dela, seu momento histrico, suas classificaes, as dificuldades que elas geram nos alunos, as exigncias para a sua prtica. Mais que isso, o professor pode incentivar os alunos a descobrirem movimentos espontneos que podero ser teis para a prtica dessa cultura corporal. Portanto, o trabalho do professor pode ser muito mais efetivo e consciente do que a simples transmisso tcnica dos fundamentos da dana. Outro aspecto a ser considerado a maneira como os meios de comunicao tm veiculado a dana. Algumas vezes, formas banalizadas de movimentos copulatrios so erroneamente definidas como dana.

Leia o artigo: As Danas da Mdia e as Danas na Escola. Publicado na Revista Brasileira de Cincias do Esporte. Campinas, v.23, n.2, p.105-118.

fundamental que o professor de educao fsica considere o aspecto cultural de sua prtica. No se torne alheio a modismos e saiba considerar as diferenas culturais existentes entre os alunos, possa utilizar adequadamente os ensinamentos e os importantes avanos da aprendizagem motora, possa, ainda, contribuir para a valorizao da sociedade em que vivemos, atravs de uma atuao competente.

72
unidade 4

seo 2

A Relao Pedaggica

Voc se lembra qual foi seu contato com a dana na escola? Ou, pode apontar qual a tipo de dana que as crianas vivenciam nas escolas hoje? Geralmente, o diretor da escola exige do professor uma dancinha para apresentao nas datas comemorativas. Nesse processo autoritrio, o professor, muitas vezes despreparado, elabora uma sequncia de movimento e exige que seus alunos reproduzam aquilo que criou. Outro fato muito comum que a grande maioria das escolas degrada a Cultura Popular Brasileira ao fazer simulacros de festas juninas. No obstante os esforos dos professores em seus ensaios, as crianas so fantasiadas de caipiras (roupas remendadas, andar trpego e espalhafatoso), satirizando os trabalhadores rurais como se fossem completos idiotas. A dana se resume, em grande parte, a ridicularizao da misria, cujo pice uma festa na escola, com uma concorrida profuso de mquinas fotogrficas e filmadoras que se atropelam em busca de imagens caricatas. Ora, essa forma de trabalho denigre no somente a profisso do professor, como tambm, os alunos e as escolas em que esto inseridos.

Como mudar a trajetria desta histria?

preciso ter claro que a ao do professor um trabalho, que ensinar. O ato de ensinar exige reflexo crtica de suas aes, mas a sua ao no isolada, isto , no depende apenas dele. O ensino uma atividade humana, baseado nas interaes com

unidade 4

Ritmo e Dana II

73

Universidade Aberta do Brasil

outras pessoas. Ao entrar numa sala de aula, o professor penetra em um ambiente de trabalho constitudo de interaes humanas. Em grande parte, o trabalho pedaggico do professor consiste em gerir relaes sociais com seus alunos. Todo o professor, ao selecionar determinados procedimentos para atingir seus objetivos em relao aos alunos, assume uma teoria pedaggica. Voc poderia questionar, ento, de que maneira a dana poder ser trabalhada com os alunos de forma a proporcionar-lhes uma reflexo crtica e ampliao deste conhecimento para viabilizao de uma vida pblica com maior participao? De que forma os conhecimentos da dana podem beneficiar os alunos, dando-lhes condies para decidir conscientemente em prol de uma sociedade mais justa? A pedagogia capaz de responder a estas questes deve ser aquela que valorize o papel do professor como mediador entre o aluno e o mundo cultural, atravs de processos de reflexo sobre a vida cotidiana e transmisso e assimilao crtica dos conhecimentos no contexto da prtica social coletiva, que, por sua vez, implicam na transformao da natureza e da sociedade. O mtodo dialtico propicia a compreenso das relaes entre a Educao e os processos concretos da sociedade, atravs das relaes entre o concreto e o abstrato, entre o lgico e o histrico, entre a teoria e a prtica. No primeiro momento, voc poder iniciar seus alunos a uma experincia prtica da realidade objetiva da dana, ou seja, a explorao dos fatores de movimento. No segundo momento, a anlise dos movimentos de um grupo de dana ou a apresentao de suas construes de dana para outros grupos, constituindo-se em uma prtica social. Finalmente, o conhecimento da dana necessita elucidar o seu aspecto histrico, no sentido da universalidade. Portanto, conhecimento: a) Sendo capaz de organizar o conhecimento prtico, fruto da experincia real do prprio grupo e da cultura escolar; b) Em conjunto ao conhecimento social, fruto da experincia de outros indivduos ou grupos; c) Ao conhecimento histrico, patrimnio da humanidade. seus objetivos podero ser atingidos se o seu trabalho pedaggico atuar dialeticamente com todos os aspectos do

74
unidade 4

Esta proposta de trabalho com a dana de uma educao que enfoque a prxis humana a luta consciente, ponderada para dar a nosso mundo uma nova forma, mais justa e compassiva. Para tal, requer a seguinte reflexo: Qual tipo de ao humana est implcito na forma como ensinamos dana a crianas pequenas?

a educao como prxis, como ato emancipador, que responde a essa preocupao. ela que poder possibilitar aos estudantes as conexes entre o pessoal e o social.
Prxis humana Tanto a teoria como a prtica, so partes da ao social humana, a qual no resulta de uma teoria posta em prtica, nem de uma prtica que se torne teoria, mas na inter-relao dinmica e complexa em que uma tenciona a outra. O termo prxis foi criado para denominar essa dinmica.

Esta ideia est associada a uma pedagogia que insiste que a educao deve se basear nas experincias vividas pelos nossos alunos. Pois, o ensino da dana refere-se ao movimento do corpo em relao a uma estrutura de movimento do corpo e vida da criana. O corpo na teoria crtica passa a ser visto como o material pessoal sobre o qual as inscries especficas da cultura se inscrevem. Portanto, ler o corpo, no ensino da dana, ver os valores da cultura onde ele provm. A pedagogia tradicional analisa o corpo em seu tamanho, sua forma, sua tcnica, sua flexibilidade, e sua vida. um objeto biolgico e fisiolgico. Em oposio, na pedagogia crtica , o corpo, antes de tudo, analisado como sujeito inscrito pelos significados e valores culturais. Ele se torna um texto que possibilita a compreenso da opresso, a resistncia e a libertao. A proposta depende dos questionamentos e interesses surgidos a partir da problematizao dos temas por parte dos alunos, dos professores ou da comunidade escolar. Esse processo de problematizao permite aos atores sociais discutir, refletir, analisar, perceber, enfim, inmeras dimenses da prtica social. Nessa perspectiva, pretende-se a ressignificao dos saberes relativos ao patrimnio da cultura corporal no espao escolar, transformando-o em

unidade 4

Ritmo e Dana II

75

Universidade Aberta do Brasil

um espao de interaes, aberto ao real e s mltiplas dimenses. Por meio de uma prtica dialgica com diversos nveis de aprofundamento em busca das respostas s questes que surgem sempre que uma problemtica enfrentada, o conhecimento configura-se em um instrumento para a compreenso e possvel interveno na realidade. No caso da dana, suponhamos que uma determinada escola est inserida em uma comunidade com alguns grupos envolvidos com a Dana de Rua. Ao tematizar junto ao oitavo ano do Ensino Fundamental a dana de rua, os alunos podero, em contato direto com a prtica social (relatando suas prprias experincias), ser convidados a realizar uma leitura da manifestao por meio de questes como: Quais os fatores de movimento que estruturam essa dana? Quais os significados que ela expressa? Como esta dana se situa historicamente e socialmente? Etc. Feito isso, o professor e os alunos iniciaro uma pesquisa (com suportes textuais, reportagens, entrevistas), com o objetivo de desvelar aquela manifestao sua histria, suas intenes e suas modificaes com o passar do tempo. A partir da, os alunos podero ser convidados a expressar seus sentimentos/saberes sobre um determinado aspecto da vida atravs de danas por eles elaboradas. O produto final do projeto ser, por exemplo, uma apresentao para as outras turmas envolvendo a dramatizao do cotidiano pela dana. Essa sequncia didtica permitir a elaborao de leituras e interpretaes textuais das vrias danas, bem como, seu aprofundamento e contextualizao scio-histrica. Os alunos podero ressignificar essas prticas corporais para seu grupo, sua escola ou quaisquer outras dimenses da vida, tomando como base a sua realidade e a apropriao significativa do contedo, mas ampliando-a e conhecendo outras dimenses daqueles contedos. Acredita-se que tal ao proporcionar um entendimento crtico e ampliado do contexto social. Dessa forma, o que se busca uma maior compreenso daquela linguagem corporal como adequada ao seu espao social de produo, mas tambm como apropriar-se dela. Nessa proposta, o aluno visto como sujeito atuante, que usa sua experincia e seu conhecimento para resolver os problemas que surgem a todo instante. So esses problemas que determinam o contedo que dever ser estudado, sua profundidade, sua sequncia e etc. A ao sobre a realidade o principal fundamento desta concepo,

76
unidade 4

permitindo aos alunos analisarem os problemas, as situaes e os acontecimentos em seus contextos locais e globais. Dessa maneira, o trabalho com a dana na escola deve conectar, os elementos estruturais da dana com o contexto da dana e o contexto do grupo de alunos. Veja como se apresenta o quadro abaixo:
ENSINO DA DANA

CONTEXTO DA DANA E DO MUNDO

ELEMENTOS ESTRUTUAIS DA DANA

CONTEXTO DOS ALUNOS

O que se prope para o ensino da dana que se estabeleam as conexes entre os elementos estruturais da dana o que necessrio para o corpo danar - o contexto social do grupo de alunos suas ideias, suas experincias, suas histrias de vida o contexto da dana e do mundo sua histria, esttica, crtica, etc. O contexto dos alunos deve ser o ponto de partida e de chegada para o ensino da dana. As problematizaes se iniciam nas experincias prticas da dana, percorrem seu contexto no mundo e retornam ao contexto da realidade vivida pelos alunos.

seo 3

Competncias Necessrias ao Professor

O que entendemos por competncia da ao docente? A competncia se apresenta como eixo da ao profissional docente. Sendo assim, o conceito de competncia emerge como uma categoria bsica, que procura unir operativamente teoria e prtica, ao assumir que toda teoria tem implicaes prticas e toda prtica tem consigo uma teoria, que a sustenta e por sua vez, se faz necessrio conhec-la para

unidade 4

Ritmo e Dana II

77

Universidade Aberta do Brasil

fundamentar as aes profissionais. A capacidade manifestada na ao, para fazer com saber, com conscincia, responsabilidade, tica, que possibilita resolver com eficcia e eficincia situaes-problemas da profisso. A competncia envolve saberes, habilidades, atitudes, valores, responsabilidades pelos resultados, orientada por uma tica compartilhada. Ser competente significa mobilizar todos os recursos disponveis, em sinergia, para o trabalho profissional com xito. Construir o sentido do conceito de competncia requer apoio em diferentes referncias para poder compreender suas diversas facetas: histrica, ideolgica, econmica, social; assim como seu papel nos processos formativos, a fim de no ficar fechado apenas nas demandas do mercado, como tambm do sentido do senso comum. Enquanto profissionais, os professores so considerados prticos, reflexivos, crticos, que produzem saberes especficos ao seu prprio trabalho e so capazes de deliberar sobre suas prprias prticas, de objetivlas e partilh-las, de aperfeio-las e de introduzir inovaes susceptveis de aumentar sua eficcia. A prtica profissional no vista, assim, como um simples campo de aplicao de teorias elaboradas fora dela. A competncia um saber prtico contextualizado a situaes de resoluo de problemas. Para agir eficazmente em um determinado tipo de situao necessrio apoiar-se em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles. Para enfrentar uma situao da melhor maneira possvel, devese, via de regra, pr em ao e em sinergia vrios recursos cognitivos complementares, entre os quais esto os conhecimentos. Portanto, necessrio um profundo conhecimento sobre a dana. A competncia mostrada em um contexto real e, por isso, a ordem do saber mobilizar no contexto da ao que se situa numa variao de estado que vai do simples ao complexo. Assim, a postura profissional competente exige o saber sobre o como e o porqu foi feito, pois a competncia requer uma ao intencional, a qual sempre est em processo de atualizao/construo, no sendo possvel se afirmar que uma pessoa atingiu o nvel mximo do pensamento crtico. A competncia no uma ao que pode ser definida como uma atuao, mas sim, um potencial de interveno que pode se manifestar no contexto real. O agir competente leva a interao com os outros, como

78
unidade 4

processo comunicativo e social. A identidade do professor construda a partir da significao social da profisso; da reviso constante dos significados sociais da profisso; da reviso das tradies. Mas tambm da reafirmao das prticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas, como o caso do esporte. Prticas que resistem a inovaes, a novos conhecimentos como a dana. Somos responsveis pela produo de nossa identidade profissional e, consequentemente, o nosso trabalho resulta na produo de conhecimento. A fim de que possamos melhorar o exerccio da docncia e, como consequncia, proporcionar a melhoria na qualidade da educao escolarizada, devemos estar orientados por propsitos e objetivos desejveis, ticos e lgicos.

A atuao profissional do professor de Educao Fsica requer o desenvolvimento da capacidade de reflexo, ou seja, de pensar sobre as possibilidades de suas aes profissionais. No existe um receiturio de como o professor deve agir, as possibilidades de interveno profissional docente devem ser construdas na prpria atuao. Com toda certeza, para atuar com a dana necessrio uma experincia (vivida corporalmente e refletida sobre a ao). Isto no quer dizer que o professor deva danar com seus alunos.

1. Pesquise, em uma escola de sua regio, sobre como a dana tratada no currculo. 2. Escolha um nvel educacional e elabore uma proposta para trabalhar com a dana na escola. 3. Relacione quais os saberes e conhecimentos necessrios para que voc atue com a dana na escola. 4. Identifique quais so os principais fatores que impedem o trabalho com a dana na escola.

unidade 4

Ritmo e Dana II

79

80
Universidade Aberta do Brasil

unidade 4

PALAVRAS FINAIS

Chegou o momento de tecermos algumas consideraes sobre o estudo que voc desenvolveu neste livro, para isso repetiremos algumas afirmaes que j fizemos. O principal fundamento desta disciplina que a dana uma construo cultural e se insere no contexto educacional da Educao Fsica, a qual estuda a cultura corporal do movimento. Voc viu que em todo o processo histrico o ser humano criou diversas manifestaes, dentre as quais a dana. Cada uma destas manifestaes da dana expressa um significado, um sentido, uma cultura, ou formas particulares de expressar a cultura. Ao estudar a dana em seus diferentes perodos histricos voc pode verificar que em cada um destes perodos houve uma concepo filosfica que sustentou conceitualmente as manifestaes da dana de cada poca. O corpo humano foi tratado em alguns momentos como uma mquina perfeita e, em outros como uma unidade corprea, complexa e indivisvel. Houve perodos que prevaleceu a rigidez tcnica e em outros a expressividade espontnea e, em outros, ainda, os valores simblicos dos diversos grupos sociais. Voc pde identificar as diferentes modalidades em dana a partir de seu amplo universo. A partir da anlise destas danas, voc j sabe relacionar os seus valores e objetivos. Na unidade 3 voc estudou o princpio do movimento humano que fundamenta a dana. Esta base de conhecimento tcnico lhe possibilita desenvolver um trabalho criativo e educacional com a dana na escola. Mas, no se esquea! Apenas o conhecimento tcnico no basta para um trabalho pedaggico que objetive o desenvolvimento de uma criana crtica e criativa. , portanto, uma relao pedaggica apoiada nos princpios da teoria

PALAVRAS FINAIS unidade 4

Ritmo e Dana II

81

crtica que possibilitar a formao de um cidado e de uma sociedade mais justa e de iguais. A educao consiste, pois, na mediao pela qual se processa a formao integral do homem em sua dimenso histrica. Nesta perspectiva, considerar a dana como componente do currculo da Educao Fsica atrelada a essa viso de educao constitui-se, como vimos, em levar em conta em que medida se alcana essa formao, tendo presentes as dimenses individual e social. Espero que a nossa caminhada juntos tenha lhe proporcionado elucidao dos objetivos propostos nesta disciplina e que suas expectativas em relao ao livro tenham sido superadas. Desejo que a dana seja um conhecimento a ser tratado por voc, futuro profissional de Educao Fsica. Parabns por mais uma etapa vencida! Continue superando suas dificuldades e buscando o conhecimento! Grande abrao Professora Doutora Silvia Pavesi Sborquia

REFERNCIAS
APPLE, M. W. Ideologia e currculo. So Paulo: Brasiliense, 1982. BARRETO, D. Dana... Ensino, Sentidos e Possibilidades na Escola. (Dissertao em Educao Fsica) Faculdade de Educao Fsica, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1998. BASSO, I. S. Significado e sentido do trabalho docente. In: Caderno Cedes: O professor e o ensino: novos olhares, ano XIX, n 44, Campinas, Unicamp, abril/1998. p:19-32. BORGES. Maria Ceclia Ferreira. O professor de educao fsica e a construo do saber. Campinas, SP: Papirus, 1998. BRACHT, V. Educao Fsica e Cincia: cenas de um casamento (in)feliz. Iju: Uniju, 1999. BRASIL Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Ensino Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais 3 e 4 Ciclos Apresentao dos temas transversais. Braslia: MEC/SEF, 1 998. a BRASIL Ministrio da Educao e do Desporto. Secretaria de Ensino Mdio e Tecnolgico. Parmetros Curriculares Nacionais. Braslia: MEC/SEMTEC, 1 999. BRASIL. Lei n 9394, de 20/12/96. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Lei, So Paulo, v.6, n 36, p.3719-3739, dezembro de 1996. BRASIL. Ministrio da Educao e do Desporto, Secretaria de Educao Fundamental. Parmetros Curriculares Nacionais: educao fsica. Braslia: MEC, SEF, 1998.b. BRASILEIRO, L. T. O Conhecimento no Currculo Escolar: o contedo Dana nas aulas de Educao Fsica na perspectiva crtica. 2001. (Dissertao em Educao) Centro de Educao, Universidade Federal de Pernambuco, Pernambuco. CANDAU, V.M.F. Sociedade, cotidiano escolar e cultura (s): uma aproximao. Educao e Sociedade, ano XXIII, n 79, Agosto/2002 pp. 125 a 161. CAPRA, F. O ponto de mutao. 15ed. So Paulo: Cultrix, 1993. CARREIRO da COSTA, F. (et.al.) Formao de professores de Educao Fsica: concepes, investigao, prtica. Faculdade de Motricidade Humana Servio de edies. Lisboa, 1996.

REFERNCIAS

Ritmo e Dana II

83

Universidade Aberta do Brasil

DAOLIO, J. Cultura: educao fsica e futebol. Campinas: editora da Unicamp, 1997. DAOLIO, J. Da cultura do corpo. Campinas: Papirus, 1994. DAY, Christopher. Desenvolvimento profissional de professores: os desafios da aprendizagem permanente. Porto, Portugal: Porto Editora, 2001. FREIRE P . Pedagogia da autonomia: saberes necessrios prtica educativa. So Paulo: Paz e Terra, 1997. FREIRE, P . Educao como prtica da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1980. FREIRE, P . Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. FRIGOTTO, G. A formao e a profissionalizao do educador: Novos caminhos. In: GENTILI, P . T. T. (orgs). Escola S.A. Quem ganha e quem perde no mercado educacional do neoliberalismo. Petrpolis; Braslia: Vozes/CNTE 1996. GADOTTI, M. Concepo dialtica da educao: um estudo introdutrio. 9 ed. So Paulo, Cortez, 1995. GARAUDY, R.. Danar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. GARCIA, C. M. Formao de professores: para uma mudana educativa. Porto: Porto Editora, 1999. GARCIA, R. L. Currculo emancipatrio e multiculturalismo: reflexes de viagem. In: SILVA, T. T.; MOREIRA, A.F. (orgs.) Territrios contestados: o currculo e os novos mapas polticos e culturais. Petrpolis: Vozes, 1995. GEERTZ, C. A interpretao das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1989. GEHRES, A. F. Danar nas escolas apesar das escolas: projeto em andamento. In: Anais do X COMBRACE. Goinia GO, 1997. GERALDI, C. M. G. et.al (orgs) Cartografias do trabalho docente: professor(a) pesquisador(a). Campinas, SP . Mercado de Letras: ALB, 1998. GIMENO SACRISTN, J. & PREZ-GOMEZ, A. (orgs). Compreender e transformar o ensino. 4ed. Porto Alegre: Artmed, 1998. GIROUX, Henry A. Os professores como intelectuais: rumo a uma pedagogia crtica da aprendizagem. Porto Alegre : Artes Mdicas, 1997. KINCHELOE, J. L.. A formao do professor como compromisso poltico: mapeando o ps-moderno. Porto Alegre : Artes Mdicas, 1997.

84
REFERNCIAS

LABAN, R. Domnio do Movimento. So Paulo: Summus, 1978. LABAN, R. Dana educativa moderna. 2.Educao Fsica. So Paulo: cone, 1990. MARCELO, Carlos. Formao de Professores - para uma mudana educativa. Trad.: Isabel Narciso. Portugal: Porto Editora, 1999. MARQUES, A. I. Dana, corpo e educao contempornea. In: Pr-Posies. vol.09 n2 junho de 1998. MARQUES, I. A. A Dana no Contexto: uma proposta para a educao contempornea. So Paulo, 1996. Tese de Doutorado USP . MARQUES,I. A. Ensino de dana hoje: textos e contextos. So Paulo: Cortez, 1999. McLAREN, P . A vida nas escolas: uma introduo pedagogia crtica nos fundamentos da educao. 2 ed. Porto Alegre : Artes Mdicas, 1997. MIRANDA, M. L. J. A Dana como Contedo Especfico nos Cursos de Educao Fsica e como rea de Estudos no Ensino Superior. 1991. (Dissertao em Educao Fsica) Universidade de So Paulo, So Paulo. MIZUKAMI, M.G.N. Formao de Professores tendncias atuais. Edufscar, 1996. MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. Currculo, cultura e sociedade. So Paulo: Cortez, 2005.a MOREIRA, A. F. B.; SILVA, T. T. Sociologia e teoria do currculo: uma introduo. In: Currculo, cultura e sociedade. So Paulo: Cortez, 2005.b MOREIRA, A. F.; CANDAU, V M. Educao escolar e cultura(s): construindo caminhos. In: Revista Brasileira de Edcao, n.23, maio! jun/jul/ago, p.l 56-68, 2003. NEIRA, M. G. e NUNES, M.L.F. Pedagogia da cultura corporal: crtica e alternativas. So Paulo: Phorte Editora, 2006. OSSONA, P . A Educao pela Dana. So Paulo: Summus, 1988. PEREIRA, C. R. G. O ensino da Dana na escola pblica do Rio de Janeiro. 1995 (Dissertao de Educao Fsica) Centro de Educao Fsica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. PERRENOUD, P . et. al.(org.) Formando Professores Profissionais: quais estratgias? Quais competncias? 2ed. Porto Alegre: Artmed, 2001.

REFERNCIAS

Ritmo e Dana II

85

Universidade Aberta do Brasil

PERRENOUD, P . Prticas Pedaggicas, profisso docente e formao. Perspectivas Sociolgicas. Lisboa: Dom Quixote, 1993. PIMENTA, S. G. & GHEDIN, E. Professor reflexivo no Brasil: gnese e crtica de um conceito. So Paulo: Cortez, 2005. 3ed. PORTINARI, M. Histria da dana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989. ROBINSON, J. Le langage chorgraphique. Paris: Vigot, 1978. SBORQUIA, S. P . & GALLARDO, J.S.P . A Dana no Contexto da Educao Fsica. Iju: Uiju, 2006. SBORQUIA, S. P . A dana no contexto da educao fsica: os (des) encontros entre a formao e a atuao profissional. Dissertao (Mestrado) apresentada na Faculdade de Educao Fsica Unicamp, Campinas: 2002. SRGIO, M. Epistemologia da motricidade humana. Lisboa: Edies FMH, 1996. SILVA, M.H.G.F. Sabedoria docente: Repensando a prtica pedaggica. In: Caderno de Pesquisa, n89, maio 1994, p.39-47. SILVA, T. T. Documentos de identidade: uma introduo s teorias do currculo. Belo Horizonte: Autntica, 2005. SILVA, T.T. (org.) Identidade e diferena: a perspectiva dos Estudos Culturais. Petroplis: Vozes, 2000. SOARES,A. et.al. Improvisao e dana: contedos para a dana na educao fsica. Florianpolis: UFSC, 1998. STRAZZACAPPA, M. A Educao e a Fbrica de Corpos: a Dana na Escola. In: Caderno Cedes: Dana Educao. Ano XXI, n53, abril 2001. TARDIF, M. Saberes docentes e formao profissional. Petrpolis, RJ: Vozes, 2002. VAZQUES, A. S. Filosofia da Prxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. VERDERI, E. B. L. P . Dana na escola. Rio de Janeiro: Sprint, 1998. VIANNA, K. A Dana. So Paulo: Siciliano, 1990. VIEIRA , R. Histrias de vida e identidades. So Paulo: Edies Afrontamento, 1999.

86
REFERNCIAS

NOTAS SOBRE a AUTORa

Silvia Pavesi Sborquia


licenciada em Educao Fsica pela Universidade Estadual de Londrina. Mestre e Doutora pela Universidade Estadual de Campinas. Pesquisadora do Grupo de Pesquisa em Educao Fsica Escolar da FEF/ UNICAMP .

Ritmo e Dana II

87
AUTOR

Você também pode gostar