Explanação Materia Harmonia Familiar
Explanação Materia Harmonia Familiar
Explanação Materia Harmonia Familiar
Neste trecho inicial do escrito Um Pai Abraça a Fé, Nichiren Daishonin expressa sua imensa alegria pela
vitória comunicada pelos irmãos Ikegami em convencer o pai a se tornar seguidor do Sutra do Lótus. Na
sequência, ele descreve as características de declínio dos Últimos Dias da Lei em que “veneráveis e
reverenciáveis se retiram do mundo e a terra se enche de caluniadores, aduladores, hipócritas sorridentes e de
pessoas de princípios desonestos”. Além disso, Daishonin destaca que nesta era “a discórdia reinará entre pai e
mãe, entre marido e mulher e entre irmãos mais velhos e mais novos”. Nichiren Daishonin ensina que a
essência desses problemas se encontra na escuridão ou ilusão fundamental da vida que pode ser ultrapassada
por meio de uma profunda fé na Lei Mística. Por outro lado, a fé é uma batalha constante contra os obstáculos e
as funções da maldade. No caso dos irmãos Ikegami, eles comprovaram a harmonia familiar ao superarem os
obstáculos e as maldades, seguindo fielmente as orientações do mestre, Nichiren Daishonin, sobre a forma
correta de devoção filial sob a visão do budismo.
Estava bastante preocupado, já que não recebia notícias suas há muito tempo. Não há nada mais
esplêndido do que o ocorrido a Tayu no Sakan 1 e ao senhor. É realmente maravilhoso! Lemos nos sutras que é
costumeiro, quando uma era começa a declinar, veneráveis e reverenciáveis se retirarem do mundo e a terra se
encher de caluniadores, aduladores, hipócritas sorridentes e de pessoas de princípios desonestos. Para dar um
exemplo, quando o nível da água baixa, o lago se altera, e quando o vento sopra, o mar se agita. Também lemos
que quando a última era se iniciar e ocorrerem secas, epidemias, chuvas fortes e vendavais, até as pessoas de
grande coração se tornarão mesquinhas, e até os que aspiram ao caminho adotarão ideias errôneas. Em
consequência, os sutras dizem que a discórdia reinará entre pai e mãe, entre marido e mulher e entre irmãos
mais velhos e mais novos, que se enfrentarão como caçador e cervo, como gato e rato, como gavião e faisão;
para não falar da relação entre estranhos. (CEND, v. II, p. 106)
Nichiren Daishonin escreveu esta carta em Minobu, no nono mês de 1277 — segundo outra fonte, 1278
— e a endereçou a Ikegami Hyoe no Sakan Munenaga, o mais novo dos irmãos Ikegami. Nela, Daishonin
expressa sua alegria pela conversão do pai de Munenaga, Saemon no Tayu Yasumitsu. Durante vários anos,
Yasumitsu se opôs de modo obstinado à fé dos dois filhos, e havia tentado até pôr um contra o outro: deserdou
duas vezes o mais velho, Munenaka, e prometeu fazer de Munenaga seu herdeiro se este abandonasse a fé no
ensinamento de Nichiren Daishonin. Munenaka superou essa provação; recusou-se terminantemente a
abandonar a sua fé; mas Munenaga chegou a vacilar em alguns momentos. No entanto, graças às constantes
cartas de incentivo de Daishonin, o filho mais novo resistiu com firmeza à pressão de Yasumitsu por meio da
determinação na fé. Tempos depois, Daishonin escreveu a presente carta, quando finalmente os dois irmãos
superaram a oposição do pai e o persuadiram a abraçar o Sutra do Lótus.
Os sutras budistas em geral afirmam que, quando os Últimos Dias da Lei chegam, as pessoas sábias e
dignas desaparecerão, e, ao contrário, caluniadores, aduladores, hipócritas sorridentes e aqueles de princípios
desonestos proliferarão na terra (cf. CEND, v. II, p. 106). Em outras palavras, trata-se de uma era maléfica
invadida por conspiradores interesseiros que semeiam a desconfiança entre as pessoas.
Nichiren Daishonin enfatiza também que uma característica especial dessa época degenerada é que
conflitos e discórdias se intensificarão não somente entre a população em geral, mas mesmo entre aqueles que
têm relações estreitas, como entre pai e filho, marido e mulher, e irmãos.
Em suas primeiras cartas endereçadas aos irmãos Ikegami, Daishonin mostrou que o pai deles —
enganado por influências negativas como Ryokan,2 líder sacerdotal do templo Gokuraku-ji — estava
manifestando as funções dos três obstáculos e das quatro maldades3 em suas ações para coagir os dois a
abandonar sua fé. Compreendendo profundamente a verdadeira natureza dessa situação com base na Lei
Mística, Daishonin lutou incansavelmente contra as insidiosas tramoias de Ryokan e outros.
Nichiren Daishonin instruiu os irmãos a demonstrar
Ao mesmo tempo, porém,
fiel devoção filial, pois o pai havia sido desviado por um mestre errado, e
que persistissem em seus esforços para guiá-lo ao caminho da iluminação
por meio do poder da Lei Mística. Isso estava baseado na crença de
Daishonin de que a melhor maneira de serem bons filhos era eles
atingirem o estado de buda — mesmo que isso por um tempo aparentasse
desobediência ao pai, porque permitiria que eles os conduzissem à
felicidade no sentido mais verdadeiro e profundo. Daishonin nunca perdeu
de vista essa mais importante questão de os irmãos orientarem seu pai
para o ensinamento do Sutra do Lótus.
Por diversas vezes nas cartas endereçadas aos irmãos Ikegami, Nichiren Daishonin citou a história dos
irmãos Acervo Puro e Visão Pura,4 que conduziram seu pai, o rei Adorno Magnífico, a abraçar a fé no
ensinamento do budismo. Ele pede aos irmãos Ikegami para seguir esse exemplo e, em última instância, para
criar uma família harmoniosa, dizendo: “Seu pai é como o rei Adorno Magnífico, o senhor e seu irmão são
como os príncipes Acervo Puro e Visão Pura. A época é diferente, mas o princípio do Sutra do Lótus permanece
exatamente o mesmo” (CEND, v. I, p. 666).
Meu mestre e segundo presidente da Soka Gakkai, Josei Toda, por diversas vezes também se referiu à
história dos irmãos Acervo Puro e Visão Pura para incentivar os jovens cujos familiares não praticavam o
“Os irmãos Acervo Puro e Visão Pura
Budismo Nichiren. Certa vez, ele disse:
convenceram seu pai a abraçar a fé no ensinamento do Sutra do Lótus,
demonstrando o poder da Lei Mística na própria vida. Da mesma forma,
não há necessidade de vocês se apressarem e começarem a ensinar a seus
familiares os princípios do budismo. Mesmo que leve algum tempo,
primeiro se esforcem para se tornarem boas pessoas, deixando seus pais
tranquilos. Quero que sejam pessoas que realmente se importam,
respeitam e apreciam seus pais”.5
A orientação de Toda sensei sobre a “Prática da fé para a harmonia familiar” expressa um de nossos
objetivos mais fundamentais como praticantes do Budismo Nichiren. Ele também afirmou que não devemos
permitir que nossa prática budista se torne fonte de discórdia ou de conflitos em nossa família. A sinceridade é
de primordial importância. Devemos sempre ser sinceros e respeitosos em nosso relacionamento com os outros.
Devemos assumir o papel principal sendo alegres e otimistas, e manifestar sabedoria e benevolência para apoiar
e abraçar calorosamente os que nos cercam. Nossos contínuos esforços para cultivar essas relações harmoniosas
em nosso ambiente são a chave para a vitória na fé, e brilham com a sabedoria do budismo.
Quando a revolução humana e a revolução familiar das pessoas que
praticam a Lei Mística difundirem a ideologia do Sutra do Lótus de que
todos somos budas e dignos do maior respeito, será possível realizar uma
grande transformação do carma de conflitos incessantes dos Últimos Dias
da Lei. E, por fim, essa filosofia cheia de esperança se propagará por toda
a sociedade e para o mundo todo, restaurando uma calorosa corrente de
benevolência em nossa época maléfica.
Trechos do romance Nova Revolução Humana
NRH, cap. “Retorno do Budismo para o Oeste”, v. 3, p. 58
— Manter a decisão de fazer que seu marido venha a praticar é muito natural. Porém, não deve criar
conflito por causa disso. A senhora deve ser uma boa esposa e manter a vida conjugal com amor. No caso dos
homens, devido à posição na empresa ou por concepções sobre a vida, não se convertem facilmente. Contudo,
vendo a esposa mais alegre e os filhos crescendo saudáveis com a prática budista, virá sem falta a abraçar a fé.
Mais do que qualquer argumento, a conversão de familiares é decidida pela comprovação real, principalmente
no aspecto do desenvolvimento humano. Tudo depende de a senhora tornar-se uma boa mãe e esposa prestativa.
A base fundamental de tudo isso é a oração. O importante é ter um objetivo de recitação de daimoku e orar com
firmeza.
— Eu tenho cinco filhos. Lamentavelmente, um filho e uma filha não são praticantes. Isso me incomoda
porque não consegui realizar a “harmonia familiar na prática da fé” conforme uma orientação do presidente
Josei Toda.
— Quantos anos têm os seus filhos?
— Todos já passaram da maioridade.
Shin’ichi explicou-lhe então:
— O senhor se engana em pensar que, pelo simples fato de ser pai, seus filhos irão seguir suas
recomendações. A crença religiosa é algo que deve ser abraçado livremente.
— É mesmo?
Shingo mostrou-se surpreso com essa inesperada resposta.
— Pensar que seus filhos irão aceitar a prática budista porque o senhor está praticando é superestimar a
condição de pai. Se eles são maiores de idade, já possuem seus próprios pensamentos e vivem com base neles.
Cabe ao senhor, de um lado, respeitar a opinião deles. De outro, se deseja realmente que eles compreendam e
aceitem a prática do budismo, o senhor próprio deve provar em sua vida diária o quanto a prática budista é
extraordinária. Em todo caso, o senhor deve esforçar-se em tornar-se alvo do orgulho e do respeito de seus
filhos. Por convivermos intimamente, não há como enganar nossos familiares. Eles nos avaliam com muito
rigor. Por exemplo, se uma mãe fica reclamando e criticando os companheiros e líderes diante de seus filhos,
apesar de se empenhar assiduamente na prática budista e nas atividades da Gakkai, eles jamais irão pensar em
seguir a crença de sua mãe. Por outro lado, se o senhor deseja a felicidade de seus filhos e ora sinceramente
para concretizá-la, esse sentimento atingirá o coração deles e certamente despertarão para a prática da fé. Além
disso, essa oração irá produzir benefícios e boa sorte para proteger seus familiares. Por isso, não há nenhuma
necessidade de ficar aflito, nem de impor a prática do budismo.
Notas:
1 Tayu no Sakan é outro nome de Ikegami Munenaka, o mais velho dos irmãos Ikegami.
2 Ryokan (1217–1303): Também conhecido como Ninsho, foi um sacerdote da escola Preceitos-Palavra Verdadeira no
Japão. Com o patrocínio do clã Hojo, Ryokan tornou-se sumo sacerdote do templo Gokuraku-ji em Kamakura, e exercia
enorme influência tanto sobre os funcionários do governo como sobre o povo. Era hostil a Daishonin e conspirava com as
autoridades para que ele e seus seguidores fossem perseguidos. O senhor feudal Ema e o pai dos irmãos Ikegami estavam entre
os seguidores dele.
3 “Três obstáculos e quatro maldades” (jap. sanshō-shima): Vários obstáculos e adversidades que tentam impedir a
prática budista. Os três obstáculos são: (1) obstáculo dos desejos mundanos; (2) obstáculo do carma, que pode se manifestar na
forma de oposição do cônjuge ou dos filhos; e (3) obstáculo da retribuição, também interpretado como obstáculos causados
pelas pessoas às quais o praticante deve obediência, como governantes e pais. As quatro maldades são: (1) maldade dos cinco
componentes; (2) maldade dos desejos mundanos; (3) maldade da morte; e (4) maldade celestial.
4 Acervo Puro e Visão Pura: Dois príncipes mencionados no capítulo 27, “Os Feitos Iniciais do Rei Adorno Magnífico”,
do Sutra do Lótus. O pai deles era o rei Adorno Magnífico, e sua mãe, a Virtude Pura. Os dois irmãos manifestaram vários
poderes sobrenaturais para convencer o pai, um seguidor dos ensinamentos não budistas, a aceitar o Sutra do Lótus.
5 Traduzido do japonês. TODA, Josei. Toda Josei Zenshu [Obras Completas de Josei Toda]. Tóquio: Seikyo
Shimbunsha, v. 2, p. 317-318, 1982
Harmonia familiar II
Prática budista na família
Neste trecho da carta Oferecimentos em meio à Neve, Nichiren Daishonin utiliza a metáfora do “azul
mais azul que o anil” para expressar sua alegria pelo fato de Tokimitsu ter se tornado excelente rapaz como
sucessor do pai e por seguir firmemente os passos dele no caminho da fé. Tokimitsu estava com 7 anos quando
seu pai faleceu [foi nessa ocasião que ele se encontrou com Daishonin pela primeira vez]. Posteriormente, ele
se tornou chefe de sua família e administrador da área local, herdando também dos pais a fé e a prática do
Budismo de Nichiren Daishonin. Conforme o presidente Ikeda nos ensina, da perspectiva do Budismo Nichiren,
de alegria tanto em vida como na morte, com certeza podemos manifestar elevada condição de harmonia
familiar tanto em vida como na morte.
Dizem que Ueno [Nanjo Hyoe Shichiro], seu falecido pai, era um homem de grande sensibilidade. Como
você [Nanjo Tokimitsu] é filho dele, talvez tenha herdado as qualidades extraordinárias do seu pai. O azul é
mais azul que o anil, e o gelo é mais frio que a água. Quão gratificante! Quão gratificante! (WND, v. II, p. 809)
Nichiren Daishonin escreveu esta carta em Minobu no terceiro dia do primeiro mês em 1279 para Nanjo
Tokimitsu. Daishonin tinha 58 anos. Ele agradece a Tokimitsu pelos noventa bolinhos de arroz cozido no vapor
que ele se deu ao trabalho de enviar como oferecimento de Ano-Novo, mesmo em meio a uma praga que
assolava o país e a fome. Os sacerdotes que vivem nas profundezas das montanhas, diz Daishonin, têm
dificuldade de sobreviver e, além disso, como devoto do Sutra do Lótus, é amplamente desprezado. Daishonin
elogia o excelente caráter de Tokimitsu e sugere que ele deve ter herdado essas qualidades do seu falecido pai.
A terceira condição primordial para criar a harmonia é ser uma família aberta ao mundo, prestando
contribuição positiva para a sociedade e desenvolvendo, para o futuro, valorosos seres humanos capazes. Hoje,
na nova era do kosen-rufu mundial, uma multidão de “valores humanos” com nova força e habilidade está
surgindo no mundo todo. Ao mesmo tempo, membros da segunda, terceira e quarta gerações, que herdaram a fé
diretamente dos pais e avós, agora estão se desenvolvendo de maneira esplêndida no âmbito do kosen-rufu.
À medida que nos aproximamos do centenário de fundação da Soka Gakkai (em 2030), o fator mais
crucial na construção de uma base sólida e duradoura para o kosen-rufu é a transmissão da fé de uma geração
para a seguinte dentro da família.
Na época de Nichiren Daishonin, houve discípulos exemplares que herdaram corretamente a fé dos seus
pais e deram continuidade a ela, equivalentes aos membros da Divisão dos Estudantes, que crescem, se
desenvolvem e se tornam excelentes integrantes da Divisão dos Jovens dos dias de hoje. No topo dessa lista
está Nanjo Tokimitsu.1
Tanto Tokimitsu como seu pai, Nanjo Hyoe Shichiro,2 e sua mãe, a monja leiga de Ueno, foram discípulos
que receberam orientações de Daishonin em épocas de dificuldade e as puseram em prática na vida.
Originalmente, Hyoe Shichiro foi praticante dos ensinamentos da [escola] Terra Pura (Nembutsu), mas se
converteu à fé no Sutra do Lótus após um provável encontro com Nichiren Daishonin. Hyoe Shichiro contraiu
uma grave doença, porém se manteve firme na fé e teve uma morte serena. Conforme Daishonin descreve, “Ele
(...) atingiu o estado de buda exatamente como ele era” (CEND, v. I, p. 479) e “encerrou sua vida no estado de
espírito de um verdadeiro seguidor [literalmente, tinha uma mente correta e firme no momento da morte]” (cf.
WND, v, II, p. 499).
Evidentemente, a mãe de Tokimitsu, a monja leiga de Ueno, desempenhou papel relevante na evolução do
jovem como firme praticante. Nichiren Daishonin a incentivou em várias ocasiões. Ela superou a dor da morte
do marido e, atuando como esteio da família, se empenhava na prática budista com os filhos.
A julgar pela Carta de Condolências enviada por Nichiren Daishonin, aparentemente a monja leiga de
Ueno tinha muitos filhos (cf. WND, v. II, p. 887).3 Uma de suas filhas, Ren’ani, era esposa de Niida Shigetsuna 4
e mãe de Nichimoku Shonin [terceiro sumo prelado]; e a outra era esposa de Ishikawa no Hyoe. 5 Essas filhas,
que se casaram com homens de famílias de outras regiões, prosseguiram na prática da fé em seu respectivo lar.
Na carta enviada a Tokimitsu, Daishonin comenta: “As filhas abrem o
portal [de outra família] e os filhos herdam o lar [onde nasceram]” (WND,
v. II, p. 884). A missão das mulheres que herdam a fé no Budismo de
Nichiren Daishonin é abrir o portal da felicidade para sua família, o portal
da prosperidade para sua comunidade e o portal da vitória para o kosen-
rufu.
É uma evidência da importância cada vez maior da missão de nossas dedicadas integrantes da Divisão
Feminina de Jovens — as Ikeda Kayo Kai — nesta nova era do kosen-rufu mundial. (...)
De qualquer modo, não seria exagero afirmar que a chave para a harmonia familiar reside no drama da
sucessão da prática da fé dos pais para os filhos. Por isso, Toda sensei encorajava insistentemente os pais a criar
os filhos nos jardins da Soka Gakkai.
Participar de reuniões da SGI juntos, como família, é extremamente significativo. Mesmo que as crianças
não as entendam totalmente, a oportunidade de vivenciar diretamente o espírito da fé constitui uma força
poderosa para ajudá-las a criar uma forte ligação com o Budismo Nichiren. Em especial, todos aqueles que
oferecem apoio à Divisão dos Estudantes desempenham papel genuinamente nobre e admirável de “bons
amigos”,6 ou influências positivas.
Os pais precisam acreditar no potencial dos filhos. Eles são bodisatvas da terra que prometeram realizar o
kosen-rufu mundial nos Últimos Dias da Lei. Certamente chegará o dia em que eles se levantarão, despertando
para essa missão. Orar pelo desenvolvimento dos filhos, jamais desistindo deles, é um teste da fé dos pais.
— O meu filho não quer praticar, por mais que eu insista. O que devo fazer?
— A senhora também demorou a praticar e somente começou numa idade avançada. Não é necessário ter
pressa nem insistir demasiadamente. A senhora, como mãe, deve em primeiro lugar dedicar-se assiduamente na
prática da fé demonstrando ao mesmo tempo um modo de vida exemplar. Se a senhora viver sempre alegre e
radiante, sem se deixar derrotar por nada, e se relacionar com a família com carinho e dedicação, o seu filho
começará a compreender a prática budista. Em conclusão, é o comportamento como mãe e como ser humano
que motiva a conversão dos familiares. Se a senhora se tornar alvo do orgulho de seu filho, ele virá a praticar
mesmo que a senhora não insista.
Apesar do pouco tempo, Shin’ichi dedicou toda a sua atenção em esclarecer as perguntas e incentivar os
participantes do diálogo.
Com a conversão do padrasto, sua casa começou a ser frequentada por muitos membros e os
rapazes tentavam convencê-lo sobre a prática do budismo. Ele se manteve resistente no começo; porém,
ao sentir que era tratado de igual para igual e ao perceber a seriedade com que falavam da prática
budista, de quanto era maravilhosa, acabou abrindo o coração.
Sua mãe estava inclinada a praticar o budismo, mas desejava converter-se junto com o filho.
Quando soube desse sentimento, Masaya resolveu abraçar o budismo para contentar a mãe. Embora
fosse revoltado, tinha no fundo um bom coração.
Logo depois da conversão, Masaya não conseguia empenhar-se na prática da fé. Porém, mantinha
um frequente diálogo com o padrasto a respeito do budismo, e isso criou entre os dois um relacionamento
mais íntimo. Certa ocasião, o padrasto disse-lhe:
— Eu sinto agora quanto foi importante ter abraçado o budismo. Para falar a verdade, o motivo de
minha conversão foi criar uma família harmoniosa em que nós dois pudéssemos conviver
verdadeiramente como pai e filho.
Ao ouvir essa confissão, Masaya ficou emocionado; os olhos encheram-se de lágrimas. Desde então,
o convívio familiar tornou-se íntimo e harmonioso.
Notas:
1.. Nanjo Tokimitsu (1259–1332): Leal seguidor de Nichiren Daishonin e administrador da vila de Ueno, distrito de Fuji,
província de Suruga. A partir do período em que Daishonin passou a residir no Monte Minobu, Nanjo Tokimitsu manteve um
relacionamento muito próximo com ele, recebendo com frequência orientações. Tokimitsu desempenhou papel admirável,
defendendo os seguidores de Daishonin durante a Perseguição de Atsuhara, o que levou Daishonin a denominá-lo “Ueno, o
Reverenciável”.
2. Nanjo Hyoe Shichiro (m. 1265) era vassalo do governo militar de Kamakura. Inicialmente, foi administrador da Vila
Nanjo; daí o nome Nanjo. Mais tarde, mudou-se para se tornar administrador da vila de Ueno, distrito de Fuji, província de
Suruga; portanto também é conhecido como Ueno. Sua esposa é citada como a monja leiga de Ueno. Em algum momento, entre
1260 e 1264, durante uma viagem oficial a Kamakura a trabalho, Hyoe Shichiro se encontrou com Daishonin e se converteu aos
ensinamentos dele. Depois da morte de Shichiro, sua esposa continuou criando os filhos sozinha, mantendo a fé nos
ensinamentos de Nichiren Daishonin.
3. Daishonin expressa: “Ela perdera os pais, os irmãos e até seu amado marido a precedera na morte, mas ainda tinha
muitos filhos para confortar seu coração” (WND, v. II, p. 887).
4. Niida Shigetsuna: Seguidor leigo que vivia na Vila de Hatake, distrito de Nitta, província de Izu.
5. Ishikawa no Hyoe [n.d.]: Também conhecido como Ishikawa Shin Hyoe Yoshisuke. Seguidor leigo e administrador da
Vila Omosu, distrito de Fuji, província de Suruga, que, como se acredita, se converteu aos ensinamentos de Nichiren Daishonin
por influência de sua esposa e da família Nanjo.
6. Bom amigo (jap. zen-chishiki): Também “influência positiva”. Aquele que conduz outros ao ensinamento do Sutra do
Lótus. O budismo ensina que, para seguir o caminho da iluminação, deve-se associar a bons amigos. No capítulo 12,
“Devadatta”, do Sutra do Lótus, Shakyamuni descreve Devadatta, seu arqui-inimigo, como um bom amigo, pois, numa
existência passada, foi ele quem lhe ensinou o Sutra do Lótus.