BOOK Curso1 Amamenta Revisao Final 2.3

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GOVERNO FEDERAL Gisele Ane Bortolini

Mayara Kelly Pereira Ramos


Ministério da Saúde Maria Fernanda Moratori Alves
Secretaria de Atenção Primária à Saúde (SAPS)
Departamento de Ações Programáticas Estratégicas (DAPES) Universidade Federal de Santa Catarina
Coordenação-Geral de Ciclos da Vida (CGCIVI) Reitor: Ubaldo Cesar Balthazar
Coordenação de Saúde da Criança e Vice-Reitora: Alacoque Lorenzini Erdmann
Aleitamento Materno (COCAM) Pró-Reitor de Pós-Graduação: Cristiane Derani
Departamento de Promoção da Saúde (DEPROS) Pró-Reitor de Pesquisa: Sebastião Roberto Soares
Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (CGAN) Pró-Reitor de Extensão: Rogério Cid Bastos
Instituto de Saúde - Secretaria Estadual de Saúde/SP Centro de Ciências da Saúde
Universidade Federal Fluminense (UFF) Diretor: Celso Spada
Vice-Diretor: Fabrício de Souza Neves
EQUIPE TÉCNICA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE Departamento de Saúde Pública
Chefe do Departamento: Fabrício Augusto Menegon
COCAM Subchefe do Departamento: Lúcio José Botelho
Amanda Souza Moura Gestora geral do Projeto
Ariane Tiago Bernardo de Matos Sheila Rubia Lindner
Renara Guedes Araújo Coordenação de produção do material
Janini Selva Ginani Elza Berger Salema Coelho
CGAN Equipe de produção editorial
Ana Maria Thomáz Maya Martins Carolina Carvalho Bolsoni
Ana Maria Cavalcante de Lima Dalvan Antonio de Campos
Ariene Silva do Carmo Deise Warmling
Ana Maria Spaniol
Thays Berger Conceição Esquemáticos/Infográficos Web
Sabrina Blasius Faust Naiane Salvi
Equipe executiva Diagramação
Gabriel Donadio Costa Laura Martins Rodrigues
Gisélida Garcia da Silva Vieira Finalização
Patricia Castro Nicole Alessandra Geller
Eurizon Oliveira Neto Desenvolvedor Web
Autoria do Curso Paulo A. G Lefol
Sonia Isoyama Venancio Tcharlies Dejandir Schmitz
Regicely Aline Brandão Ferreira Fonte para Imagem e Esquemáticos
Gláubia Rocha Barbosa Relvas Adobe Stock
Daiane Sousa Melo
Valdecyr Herdy Alves
Audrey Vidal Pereira
Autoria da edição anterior:
Elsa Regina Justo Giugliani
Lilian Córdova Espírito Santo
Regina Lang
Identidade Visual e Projeto gráfico
Pedro Paulo Delpino
Designer instrucional
Soraya Falqueiro
Assessoria pedagógica
Márcia Regina Luz
1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO 4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
INFANTIL 10 E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL 30
1.1 Introdução da unidade 10 4.1 Introdução da unidade 30
1.2 O papel da alimentação no 4.2 Entendendo a questão da publicidade
desenvolvimento infantil 10 de alimentos 30
1.3 Encerramento da unidade 17 4.3 Leis que protegem a amamentação
e a alimentação 31
2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO 4.4 Norma Brasileira de Comercialização de
DO ALEITAMENTO MATERNO E DA Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR NO BRASIL 18 Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras 33
2.1 Introdução da unidade 18 4.5 Encerramento da unidade 34
2.2 Indicadores de aleitamento materno
e alimentação complementar no Brasil 19 5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO 35
2.3 O uso do Sistema de Vigilância Alimentar 5.1 Introdução da unidade 35
e Nutricional (SISVAN) 21 5.2 Habilidades de comunicação para escutar
2.4 Encerramento da unidade 26 e compreender 36
5.3 Habilidades para aumentar a confiança
3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE da mulher e oferecer apoio 38
ALEITAMENTO MATERNO E ALIMENTAÇÃO 5.4 Encerramento da unidade 43
COMPLEMENTAR 27
3.1 Introdução da unidade 27 6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS BRASILEIRAS
3.2 Fatores envolvidos no processo de MENORES DE 2 ANOS 44
amamentação e alimentação complementar 27 6.1 Introdução da unidade 44
3.3 Encerramento da unidade 29 6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar
para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos 44
6.3 Os 12 passos para uma alimentação saudável para ENCERRAMENTO DO CURSO 71
crianças brasileiras menores de 2 anos 46 REFERÊNCIAS 72
6.4 Encerramento da unidade 47 MINICURRÍCULO 79

7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES 48


7.1 Introdução da unidade 48
7.2 Leite materno: o primeiro alimento 48
7.3 Encerramento da unidade 58

8 CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES 59
8.1 Introdução da unidade 59
8.2 Práticas saudáveis de alimentação para
a criança de 6 meses a 2 anos 59
8.3 Da escolha dos alimentos ao preparo
das refeições 63
8.4 Encerramento da unidade 66

9 PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO


E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 67
9.1 Introdução da unidade 67
9.2 Ações de promoção do aleitamento materno e da
alimentação complementar na atenção primária 67
9.3 Encerramento da unidade 69
APRESENTAÇÃO DO CURSO

Olá!
Desejamos boas-vindas ao Curso “Promoção do aleita-
mento materno e da alimentação complementar saudável na
Atenção Primária à Saúde (APS): recomendações baseadas no
Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos”.
Este curso foi elaborado especialmente para você, profis-
sional da saúde, pensando nas dificuldades encontradas no
seu cotidiano de trabalho na APS no que diz respeito ao alei-
tamento materno e às recomendações sobre a introdução
da alimentação complementar.
Você aprenderá sobre a promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar saudável
para crianças menores de 2 anos no âmbito da atenção
primária do Sistema Único de Saúde (SUS), considerando
a perspectiva da educação permanente em saúde, com
base nos princípios da educação crítico-reflexiva. Este é
um conteúdo que certamente trará reflexões sobre como
realizar a transformação das ações no atendimento a
crianças e famílias de crianças pequenas.
Esperamos que você tenha um bom estudo!
A coordenação
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM DO CURSO

Ao final deste curso, você deverá ser capaz de:

• Compreender a importância da promoção, da proteção


e do apoio ao aleitamento materno e à alimentação
complementar saudável nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS).
• Reconhecer as atuais recomendações sobre alimentação
adequada e saudável para crianças brasileiras menores
de 2 anos.
• Participar do planejamento, da implementação e da
avaliação de ações de promoção, proteção e apoio ao
aleitamento materno e à alimentação complementar
saudável nas UBS.

OBJETIVO DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICO POR UNIDADE

Unidade 1
Reconhecer a alimentação como um direito fundamental
e sua importância nos dois primeiros anos de vida para a
saúde e o desenvolvimento infantil.

Unidade 2
Refletir sobre a situação alimentar de crianças menores
de 2 anos no Brasil a partir de indicadores obtidos pelas Alimentação Saudável do Guia Alimentar para Crianças
pesquisas nacionais e pelo Sistema de Vigilância Alimentar Brasileiras Menores de 2 Anos.
e Nutricional (SISVAN), reconhecendo sua importância para
o trabalho de promoção do aleitamento materno e da Unidade 7
alimentação complementar na Atenção Primária. Conhecer as recomendações para alimentação de bebês
menores de 6 meses e maneiras efetivas para apoiar a
Unidade 3 mulher que amamenta.
Compreender a importância de um olhar ampliado para
identificar fatores que podem influenciar o aleitamento Unidade 8
materno e a alimentação complementar adequada e Conhecer recomendações de alimentação complementar
saudável reconhecendo os problemas mais frequentes. para crianças maiores de 6 meses até os 2 anos de idade.

Unidade 4 Unidade 9
Conhecer referências legais para proteger bebês e Compreender a importância do planejamento de ações
crianças pequenas no seu direito à alimentação. de promoção do aleitamento materno e da alimentação
complementar saudável na Atenção Primária e a Estratégia
Unidade 5 Amamenta e Alimenta Brasil como uma ferramenta
Conhecer técnicas de aconselhamento que podem ser transformadora da realidade local.
utilizadas pelos profissionais de saúde da Atenção Primária
para analisar a causa de qualquer adversidade que as CARGA HORÁRIA DE ESTUDO RECOMENDADA
pessoas apresentem e propor sugestões para resolver as
dificuldades na alimentação das crianças. Para estudar e apreender todas as informações e os
conceitos abordados, bem como trilhar todo o processo
Unidade 6 ativo de aprendizagem, estabelecemos uma carga horária
Conhecer os princípios e os 12 Passos para uma de 30 horas para este curso.
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

1 ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E DESENVOLVIMENTO INFANTIL

1.1 Introdução da unidade


Nesta unidade, abordaremos alguns aspectos do
desenvolvimento infantil e de como a alimentação e nutrição
adequadas na primeira infância são essenciais para a saúde e
o pleno desenvolvimento das crianças. Ao final da leitura desta
unidade, você será capaz de reconhecer a importância de uma
alimentação adequada como um direito fundamental para
saúde durante a primeira infância. Bons estudos!

1.2 O papel da alimentação no desenvolvimento infantil


Durante a gestação e nos dois primeiros anos de vida da
criança (primeiros mil dias) ocorrem processos fundamentais
para o desenvolvimento infantil. É neste período que as crianças
conhecem o seu ambiente, desenvolvem a fala, aprendem a
andar e interagem com as pessoas ao seu redor (BRASIL, 2019).
Ao nascer, cada criança apresenta suas singularidades, e a
maneira como são cuidadas na primeira infância é decisiva para
seu pleno desenvolvimento. Considera-se primeira infância o
período que abrange os primeiros seis anos completos ou 72
meses de vida da criança (BRASIL, 2016a).
É importante compreender que todas as experiências
vividas durante a primeira infância afetam as condições
de vida e saúde do bebê e têm reflexos na vida adulta.

10
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

O desenvolvimento infantil é um processo multifatorial que apresenta interferência


de fatores genéticos e, em especial, dos estímulos e condições do meio em que a
criança vive, como suporte emocional e cuidados de higiene e alimentação.

1988 O artigo 227 da Constituição Federal brasileira estabelece que é dever da


família, da sociedade e do Estado assegurar à criança o direito à vida, à
2016 Em 8 de março de 2016,
saúde e à alimentação. Trata-se de uma obrigação que deve ser comparti-
por meio da Lei nº 13.257,
lhada entre toda a sociedade com absoluta prioridade.
o Brasil instituiu o Marco
Legal da Primeira Infância,
O Brasil ratificou em 1990, a partir do Decreto nº 99.710, de 1990, o como resultado de um
1990
compromisso presente na Convenção sobre os Direitos das Crianças das amplo processo participati-
Nações Unidas. Em linhas gerais, o decreto estabeleceu a proteção integral vo para formulação e
aos direitos da criança. E, por meio da Lei nº 8.069, de 1990, foi instituído o implementação de políti-
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), um grande avanço no tocante cas públicas para a primei-
à proteção integral à criança e ao adolescente no país. ra infância.

2015 Em 2015, foi publicada a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da


SAIBA +
Criança (PNAISC), que é resultado de um processo de construção participa-
tiva, liderado pelo Ministério da Saúde, com envolvimento de instituições, Você pode acessar
especialistas e consultores de Saúde da Criança. A PNAISC está estrutura- integralmente o conteúdo
da Lei nº 13.257 acessando
da em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. O objetivo é promover e
o link: <http://www.planalto.
proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e gov.br/ccivil_03/_ato2015-
cuidados integrais e integrados, da gestação aos 9 anos de vida, com 2018/2016/lei/l13257.htm>.
especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabili-
dade, visando a redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à
vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.

11
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o O acompanhamento do crescimento e desenvolvimento
Banco Mundial e a Organização Mundial de Saúde (OMS) infantil, realizado por profissionais da saúde, é um direito
priorizaram o desenvolvimento da criança na primeira de todas as crianças brasileiras presente no ECA. Envolve
infância nos seus programas de trabalho visando atingir múltiplos aspectos: além da avaliação do estado nutricional,
os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Um deve-se observar os marcos do desenvolvimento infantil
Modelo de Cuidados Integrais, tradução livre do termo relacionados às habilidades de cada criança e suas interações
Nurturing Care Framework, elaborado por essas instituições, com pessoas e objetos, que indicam muito sobre seu processo
visa orientar governos e a comunidade global sobre as ações de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e emocional.
necessárias para assegurar que cada criança desenvolva Profissionais da saúde, pais, cuidadores, professores e
todo o seu potencial (WHO, 2018). A nutrição infantil destaca- outros devem estar envolvidos nesse acompanhamento, isto
se como um dos domínios fundamentais para assegurar o porque é nesta etapa da vida que ocorrem a formação e o
pleno desenvolvimento das crianças. amadurecimento de muitas funções corporais importantes,
sendo também neste período que são mais efetivas as
intervenções em saúde.
Modelo de cuidados Saúde Por isso, o profissional da saúde precisa estar atento
integrais para o a possíveis sinais de atraso no desenvolvimento (como
desenvolvimento na Nutrição sustentar a cabeça, engatinhar, andar, dificuldades na
primeira infância da
OMS e Unicef linguagem e na aprendizagem). Nos casos em que a criança
Cuidado responsivo
apresenta alguma dificuldade para realizar alguma atividade,
é comum que isso gere dúvidas na família. Quanto mais
Domínios da Segurança e proteção
cedo o atraso no desenvolvimento for identificado (pela
Atenção Integral
Oportunidades família ou por profissionais da saúde) e tratado com atenção
de aprendizagem e estímulos adequados, melhor será o resultado.

12
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

diabetes tipo 1, leucemia e obesidade.


SAIBA +
• Para a mulher, a amamentação contribui para a prevenção
Este vídeo, produzido pelo Ministério da Saúde,
apresenta de forma bastante clara a importância do de doenças como os cânceres de mama, ovário e útero,
profissional da saúde na vigilância do crescimento e além do diabetes tipo 2.
desenvolvimento: “Apurando o olhar para a vigilância do
desenvolvimento infantil”, disponível no link: <https://
www.youtube.com/watch?v=sFRodh3w8C8>.
A Caderneta da Criança do Ministério da Saúde é um DESTAQUE
instrumento de coordenação do cuidado que possui As mais recentes recomendações da OMS, do Unicef
informações para o acompanhamento do crescimento e do Ministério da Saúde do Brasil reiteram que o
e do desenvolvimento da criança, pois nela constam os aleitamento materno deve ser iniciado na primeira
marcos de desenvolvimento neuropsicomotor, afetivo hora de vida do bebê e mantido até os 2 anos de idade
e cognitivo/linguagem. Acesse e confira: 2020/0221 ou mais, sendo exclusivo (sem a oferta de qualquer outro
Caderneta da Criança - Menina (eletrônica) <http:// líquido ou alimento) até os 6 meses de vida. A partir dos
bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/caderneta_ 6 meses, a amamentação deve ser complementada
crianca_menina_2ed.pdf> 2020/0220 Caderneta da com a introdução de alimentos adequados e saudáveis
Criança - Menino (eletrônica) <http://bvsms.saude.gov. (BRASIL, 2019).
br/bvs/publicacoes/caderneta_crianca_menino_2ed.
pdf>.

Por meio da amamentação, a criança entra em contato


1.2.1 A importância do aleitamento materno com a mãe, favorecendo o vínculo afetivo e estímulos dos
O aleitamento materno é a estratégia que, isoladamente, sentidos como visão, olfato, paladar e tato. Além desses as-
mais impacta na redução da mortalidade infantil por causas pectos, o leite materno contribui para a economia da família,
evitáveis. O leite materno fornece uma nutrição adequada, visto que não há gasto financeiro para sua produção e nem
ajuda a desenvolver a imunidade infantil e contribui na saúde gastos com gás e água, por exemplo, em contrapartida de
física e emocional da criança. Confira outros benefícios: outros leites.
• Favorece o desenvolvimento da face e da fala. As repercussões do aleitamento materno a longo prazo
• Previne doenças na infância, como a diarreia, alergias e mostram ainda que crianças amamentadas por mais tempo
infecções respiratórias. estudaram mais, tiveram melhor desempenho em testes
• Na vida adulta, diminui as chances de desenvolvimento de de inteligência e conquistaram melhores salários na vida

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ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

adulta. Portanto, a amamentação das filhas de mães privadas de liberdade. crescimento e desenvolvimento infan-
crianças, nos primeiros anos, tem im- Mulheres e suas famílias devem rece- til, tanto do ponto de vista nutricional
pacto não somente na nutrição e saú- ber a informação e o apoio necessários como do ponto de vista afetivo e cogni-
de, mas também influencia fortemente para que a amamentação aconteça de tivo. A alimentação e nutrição adequa-
o desenvolvimento humano. forma agradável e prazerosa, além de das são essenciais para o crescimento e
Por fim, amamentar faz bem a toda orientação sobre o manejo adequado desenvolvimento das crianças. A partir
sociedade e à natureza porque crianças de problemas, caso surjam. de seis meses, além do leite materno,
amamentadas são mais saudáveis novos alimentos saudáveis devem ser
– a amamentação não impacta nos 1.2.2 A importância da alimentação oferecidos às crianças e terão papel
recursos naturais, dispensa a produção complementar saudável importante na formação dos hábitos
de plásticos e demais resíduos sólidos. Entende-se por alimentação comple- alimentares para toda a vida, e, além
Por todos esses benefícios citados, mentar quaisquer alimentos nutritivos disso, esses alimentos irão fornecer nu-
amamentar não deve ser considerado sólidos ou líquidos oferecidos à criança trientes que desempenham um papel
um ato solitário, mas sim um bem so- em adição ao leite materno, devendo importante na formação dos tecidos e
cial que deve ser apoiado e estimulado ser iniciada aos seis meses de vida. A sistemas corporais.
por todos da família e da comunidade alimentação saudável nesse período O Direito Humano à Alimentação
(empregadores, estabelecimentos e apresenta profunda relação com o Adequada (DHAA) é um direito
profissionais de ensino e saúde, meios
de transporte público, espaços pú-
blicos, entre outros). O ECA garante a
proteção à amamentação, determinan-
do que o poder público, as instituições
e os empregadores devem propiciar
condições adequadas ao aleitamento
materno, inclusive para as crianças

14
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

humano básico, garantido pela Constituição Brasileira, e


significa dizer que todas as pessoas deveriam ter acesso a
alimentos seguros e saudáveis, em quantidade e qualidade
suficientes, de forma permanente e regular, ficando, assim,
livres da fome e bem nutridas.

SAIBA +
Para saber mais sobre o conceito do DHAA,
recomendamos que assista a esse vídeo, uma
parceria entre a Ação Brasileira pela Nutrição e
Direitos Humanos (ABRANDH) e a Coordenação Geral
de Alimentação e Nutrição (CGAN) com apoio da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), que tem
o objetivo de motivar a discussão sobre a agenda de
nutrição no SUS e o papel das ações de nutrição na APS.
Acesse no link: <http://vimeo.com/32862441>. variedade, quantidade e qualidade necessárias). Em outros
Além disso, um estudo avaliou práticas alimentares de
crianças brasileiras e os fatores associados à qualidade casos, a influência de campanhas publicitárias para compra
e à diversidade da dieta e identificou que iniquidades de alimentos não saudáveis também interfere na qualidade
sociais e situações de vulnerabilidade social estão
relacionados a menores chances de uma alimentação da alimentação dos indivíduos.
diversificada. Acesse e confira no link: <https://doi. A introdução de alimentos seguros do ponto de vista
org/10.1590/0102-311X00153414>.
nutricional e sanitário, em época oportuna e de forma
adequada, previne carências nutricionais e tem grande
Contudo, no Brasil e no mundo, muitos são os fatores que impacto na morbimortalidade infantil. Em condições de
levam uma expressiva parcela da população a não ter uma baixo acesso a alimentos saudáveis, ocorrem diferentes
alimentação saudável. A desigualdade social é sem dúvida formas de deficiências nutricionais: desnutrição, excesso de
um fator decisivo para que muitas famílias não consigam peso e carências específicas de micronutrientes como ferro,
ter alimentos suficientes para suas necessidades básicas (na zinco e vitamina A, que podem impactar de maneira negativa

15
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

o desenvolvimento da criança, com a prevenção do sobrepeso e da obesidade têm a saúde comprometida


repercussões para toda a vida. obesidade infantil, que é considerada e correm sérios riscos de desenvolver
Alguns nutrientes são amplamente pela OMS como uma epidemia mundial doenças nas articulações e nos ossos,
reconhecidos por seus mecanismos com ampla associação com o consumo diabetes, hipertensão, problemas
de atuação no corpo humano, confira alimentar e com o nível de atividade cardíacos e câncer na vida adulta,
alguns a seguir! física dos indivíduos. Sabe-se que a além de problemas emocionais, que
A alimentação complementar prevalência de obesidade infantil está impactam a saúde mental das crianças
saudável também contribui para em franco crescimento. As crianças com e suas relações interpessoais.
É fundamental compreender que a
obesidade infantil não é uma questão
Ácido fólico Iodo do indivíduo e suas escolhas, mas sim
A deficiência de ácido fólico O iodo também é um importante
resultado da influência do ambiente
tem sido relacionada com micronutriente, cuja deficiência está
defeitos do tubo neural e relacionada ao atraso no desenvolvi- econômico, cultural, político e social.
outras anomalias congênitas mento neurológico, podendo provocar Assim, é possível assumir que o en-
como a encefalocele, anen- déficit cognitivo irreversível. frentamento parte do planejamento
cefalia e mielomeningocele.
de propostas de intervenções que con-
Vitaminas
Ferro e zinco A carência de vitamina A na infância
tribuam com o seu controle e redução.
Evidências demonstram que causa a perda da visão. Já algumas Em resumo, quanto menos saudável
a anemia por deficiência de vitaminas do complexo B (B1, B6 e B12) for a alimentação da criança, mais sus-
ferro ocasiona alterações no também estão relacionadas com
cetível ela estará às carências nutricio-
desenvolvimento neuropsi- problemas no desenvolvimento, e a
comotor e interfere no carência dessas vitaminas está associa- nais, ao sobrepeso e à obesidade e aos
comportamento, no aprendi- da ao atraso psicomotor, letargia, agravos no seu desenvolvimento.
zado e na memória, assim irritabilidade, crises epiléticas, sequelas
como ocorre na deficiência neurológicas e motoras permanentes
de zinco. além de problemas comportamentais.

16
ALIMENTAÇÃO, SAÚDE E
DESENVOLVIMENTO INFANTIL UN1

As práticas de desmame precoce e de alimentação


SAIBA +
complementar inadequada estão intimamente relacionadas
Todos estes aspectos sobre crescimento e
desenvolvimento mencionados podem ser a problemas de saúde, assim como trazem implicações
complementados com a leitura da cartilha “O cuidado para o pleno desenvolvimento na infância, com impactos
às crianças em desenvolvimento: orientações para as
famílias e cuidadores”, disponível em: de médio e longo prazo. Durante as consultas de rotina,
<https://aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/ é importante que você, profissional, forneça orientações
MTM0MA==>.
sobre os cuidados necessários e esclareça dúvidas das mães
e dos cuidadores.
A APS no SUS tem um importante papel nos cuidados
desde a gestação até os primeiros dois anos de vida da 1.3 Encerramento da unidade
criança. São os profissionais de saúde e as equipes de saúde Nesta unidade você conheceu alguns aspectos do
das UBS que acolhem as gestantes, mães, pais e cuidadores desenvolvimento infantil e qual o papel da alimentação
de crianças pequenas nas suas dúvidas e vulnerabilidades. saudável na primeira infância. A alimentação adequada
Constitui-se uma grande janela de oportunidades para e saudável é um direito porque é fundamental para a
a promoção do aleitamento materno e da alimentação manutenção da vida, da saúde e do bem-estar, em especial
complementar saudável e, assim, a ressignificação dos durante esta fase da vida.
processos de trabalho e de abordagem durante o pré-natal Esperamos que as informações até aqui apresentadas
e na primeira infância é importante. tenham sido relevantes para a compreensão da importância
das repercussões dos cuidados promovidos desde a gestação
até a primeira infância para o desenvolvimento infantil na
DESTAQUE
garantia de uma vida saudável.
A conscientização dos profissionais sobre a
importância do cuidado à criança com foco na
alimentação saudável e prevenção de complicações
no seu desenvolvimento futuro deve ser uma prioridade
de todos.

17
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

2 UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO


ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL

2.1 Introdução da unidade


Nesta unidade, você conhecerá como se comportaram
os indicadores de aleitamento materno e da alimentação
complementar no Brasil nas últimas décadas. O objetivo é
refletir sobre como está a situação alimentar de crianças
menores de 2 anos. Também conhecerá o Sistema de
Vigilância Alimentar e Nutricional do Brasil (SISVAN),
ferramenta de gestão das informações sobre Vigilância
Alimentar e Nutricional (VAN) na APS.
Ao final dos estudos desta unidade, esperamos que
você reconheça a importância dos indicadores e de dados
populacionais para o trabalho de promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar e também valorize
o registro dos dados na rotina da atenção primária para
elaborar planejamentos estratégicos frente ao cenário
epidemiológico encontrado. Boa leitura!

18
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

2.2 Indicadores de aleitamento giões Sudeste e Sul, que apresentaram Os resultados preliminares do
materno e alimentação maiores taxas de interrupção precoce Estudo Nacional de Alimentação e
complementar no Brasil do aleitamento materno. Quanto ao Nutrição Infantil (UFRJ, 2020) indicam
As pesquisas de abrangência uso de mamadeira, os resultados da que a prevalência do aleitamento
nacional realizadas no Brasil desde a pesquisa mostraram que das crianças materno exclusivo entre as crianças
década de 1970 têm mostrado grandes menores de 12 meses analisadas com menos de 6 meses de idade foi
avanços na prática da amamentação. 58,4% faziam uso de mamadeira e de 45,7%, sendo que na região Norte a
Passamos de uma duração mediana da 42,6% de chupeta. A região Sudeste foi prevalência foi de 40,7%, no Nordeste
amamentação de 2,5 meses (idade em a que apresentou maior frequência de de 38,0%, no Sudeste de 50%, no Sul
que metade das crianças estava sendo uso de mamadeira (63,8%) e a menos de 53,1% e no Centro-Oeste de 44,1%.
amamentada) em 1975 para 11 meses frequente foi a região Norte (50,0%). Em crianças com menos de 4 meses, a
em 2008. A amamentação exclusiva de Os dados populacionais obtidos a prevalência do aleitamento materno
0 a 6 meses, que praticamente inexistia partir da Pesquisa Nacional de Saúde exclusivo aumentou de 4,7% em 2006
na década de 1980 (era apenas 3%), (PNS), realizada em 2013, evidenciaram para 60,0% em 2020, um aumento
teve um aumento expressivo, passando os dados apresentados a seguir. de 12,8 vezes. A prevalência de
a 41% em 2008.
Os dados de 2008, resultados da II Crianças com idade entre 9 e 12 meses Crianças menores de 2 anos

ESTATÍSTICA. Pesquisa nacional de saúde:

regiões/IBGE, Coordenação de Trabalho e


Rendimento. - Rio de Janeiro: IBGE, 2015.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E
Pesquisa de Prevalência de Aleitamen-

2013: ciclos de vida: Brasil e grandes


to Materno nas Capitais Brasileiras e
60,8%
Distrito Federal (2008), evidenciaram
50,6%
também que, com relação à continui-
32,3%
dade do aleitamento materno, os mu-
nicípios das regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste tinham prevalências mais
estavam em aleitamento comiam biscoitos, tomavam refrigerante
altas quando comparados aos das re- materno complementado bolachas ou bolo ou suco artificial

19
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

aleitamento materno continuado aos 12 meses (crianças de de alta relevância na população brasileira (VIEIRA, 2010)
12 a 15 meses) foi de 53,1% no Brasil, sendo essa prática mais
frequente na região Nordeste (61,1%) e menos na região Sul
SAIBA +
(35%). A prevalência de aleitamento materno em menores
Os dados do Estudo Nacional de Alimentação
de 2 anos de vida, aumentou 23,5 pontos percentuais no e Nutrição Infantil (ENANI) mostram que houve
melhora nos indicadores de aleitamento materno
mesmo período, alcançando prevalência de 60,9%.
no Brasil no período de 1986 a 2019. Para saber mais
Os dados apresentados, de pesquisas e inquéritos sobre a situação atual e a tendência dos indicadores
de aleitamento materno no Brasil acesse o relatório
nacionais, mostram que ainda precisamos avançar nas taxas
do Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil
de aleitamento materno e que o consumo de alimentos não (ENANI). Acesse o link para saber mais: <https://enani.
nutricao.ufrj.br/index.php/relatorios/>.
recomendados acontece cada vez mais precocemente. Esse
padrão de consumo alimentar está associado à formação
de hábitos alimentares inadequados que, por sua vez, O SISVAN mostra dados sobre a situação alimentar e
relacionam-se ao desenvolvimento de diferentes formas de nutricional de indivíduos acompanhados na APS. Confira, a
má nutrição, incluindo a desnutrição, o excesso de peso e as seguir, alguns resultados obtidos.
carências nutricionais. No ano de 2018, foram registrados no SISVAN dados de
As causas do excesso de peso (que abrange o sobrepeso consumo alimentar de 4,81% da população de 0 a 5 anos, e
e a obesidade) na infância estão relacionadas ao conjunto evidenciaram que apenas 54,4% das crianças menores de 6
de fatores caracterizado por um consumo excessivo de meses são amamentadas exclusivamente.
alimentos com altos teores de açúcar, gordura e sódio, e Os dados do SISVAN de 2018 indicam também que
pelo sedentarismo, influenciados pelo ambiente, pela mídia a diversidade alimentar mínima para crianças menores
e publicidade de alimentos não saudáveis. de 2 anos foi de 72,3%. A diversidade alimentar mínima é
Em relação às carências de micronutrientes, destaca-se um indicador que apresenta a proporção de crianças que
a deficiência de ferro. Uma revisão sistemática identificou receberam seis grupos alimentares. São eles: leite materno
que há uma alta prevalência (maior que 40%) de anemia em ou outro leite que não do peito, mingau com leite ou
estudos de base populacional, indicando que é um problema iogurte; frutas, legumes e verduras; vegetais ou frutas de

20
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

cor alaranjada e folhas verdes escuras; carnes e ovos; feijão;


cereais e tubérculos (arroz, batata, inhame, aipim/macaxeira/
mandioca, farinha ou macarrão – sem ser instantâneo).
A adequação alimentar ao consumo de alimentos fontes
de ferro foi de apenas 13% e de ingestão de alimentos fonte
de vitamina A de 62%. Entretanto, o consumo de alimentos
ultraprocessados foi de 48,3% para menores de 2 anos.
Contudo, os dados do SISVAN precisam ser interpretados
com cautela, uma vez que correspondem a menos de 5%
da população. Essa baixa cobertura está principalmente
relacionada com a ausência de registro dos dados durante do curso da vida (crianças, adolescentes, adultos, idosos e
os atendimentos na APS. gestantes) atendidos pelo SUS. Para isso, profissionais e ges-
Ainda segundo dados do SISVAN, de 2019, com relação ao tores da saúde contam com o SISVAN como ferramenta de
estado nutricional de um total de 1.487.057 crianças menores gestão das informações de VAN na APS para o planejamento
de 2 anos acompanhadas na APS, 9,74% apresentaram e a organização da atenção nutricional no SUS.
sobrepeso e 7,6% obesidade. O aperfeiçoamento do SISVAN é uma das diretrizes
presentes no Decreto nº 408, de 2008, do Conselho Nacional
2.3 O uso do Sistema de Vigilância de Saúde, como uma das estratégias para a prevenção de
Alimentar e Nutricional (SISVAN) todas as formas da má nutrição.
O processo de Vigilância Alimentar e Nutricional (VAN) cor- O SISVAN consolida as informações sobre estado nutri-
responde a um conjunto de ações para a descrição contínua cional e marcadores de consumo alimentar dos brasileiros
das condições de alimentação e nutrição de uma população. acompanhados na APS e oferece o diagnóstico descritivo e
No Brasil, essa vigilância é realizada por meio de inquéritos analítico da situação alimentar e nutricional da população. A
e pesquisas populacionais e pelos profissionais de saúde na partir do diagnóstico alimentar e nutricional individual ou co-
atenção primária considerando indivíduos de qualquer fase letivo de um território, profissionais e gestores são capazes

21
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

de organizar ações adequadas, incluindo ações de promo- acompanhamento da condicionalidade de vigilância


ção da alimentação adequada e saudável, de prevenção de nutricional de crianças menores de 7 anos, gestantes e
agravos relacionados à má alimentação e atenção precoce mulheres beneficiárias ou atendidas pelo programa.
e oportuna aos casos de carências nutricionais específicas.

SAIBA +
SAIBA + Para mais informações sobre o registro de dados
O SISVAN reúne informações sobre o registro antropométricos e de marcadores de consumo
de dados antropométricos e de marcadores de alimentar, bem como sobre a integração entre
consumo alimentar de diferentes sistemas de os sistemas de informação da APS acerca do estado
informação, dentre os quais o registro realizado pelo nutricional e consumo alimentar da população,
próprio SISVAN, pelo Sistema de Informação em Saúde acesse o “Manual operacional para uso do Sistema de
para a Atenção Básica (SISAB) e Sistema do Programa Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN VERSÃO 3.0”.
Bolsa Família (PBF) na Saúde. Acesse: <http://sisaps.saude.gov.br/sisvan/public/file/
ManualDoSisvan.pdf>.

O e-SUS Atenção Primária (e-SUS APS) é uma estratégia No SISVAN, é possível obter dois tipos de relatórios
do Departamento de Saúde da Família para reestruturar as públicos:
informações da APS em nível nacional e se constitui no Sis-
tema de Informação da Atenção Primária vigente. Esta ação
Relatório de Produção Relatórios Consolidados
está alinhada com a proposta mais geral de reestruturação
dos Sistemas de Informação em Saúde do Ministério da Oferece informação sobre a Informa o estado nutricio-
cobertura de acompanha- nal e indicadores de
Saúde. No e-SUS APS é possível registrar os dados antropo-
mento dos marcadores de consumo alimentar para
métricos e de marcadores de consumo alimentar, porém consumo alimentar por todas as fases do curso
não é possível a geração de relatórios, apenas disponíveis fase da vida para todos da vida e estratifica-
os municípios brasi- do para os municí-
no site do SISVAN.
leiros. pios do país.
O registro de dados antropométricos também pode
ser realizado pelo Sistema do PBF na Saúde a partir do

22
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

É importante salientar que é a partir da coleta e do registro alimentar de crianças menores de 2 anos. Esses relatórios
dos marcadores de consumo alimentar que os profissionais podem ser gerados com abrangência nacional, regional,
da atenção primária poderão obter informações sobre estadual, municipal e por estabelecimento de saúde.
as práticas de aleitamento materno e de alimentação
complementar das crianças do seu território, permitindo
Cobertura de acompanhamento de marcadores de
o monitoramento desses indicadores, contribuindo para consumo alimentar para crianças menores de 2
o planejamento de ações e a organização dos cuidados anos de idade na APS
adequados à realidade local.
5
4,81
Número de crianças
4,72
SAIBA + acompanhadas:
Para saber mais sobre os indicadores de consumo 4 3,81
2015  75.431
alimentar avaliados, acesse o documento “Marco 3,24
2016  184.290
de referência da vigilância alimentar e nutricional na
atenção básica”, disponível em: <http://bvsms.saude. 2 2017  216.579
gov.br/bvs/publicacoes/marco_referencia_vigilancia_ 2018  273.319
alimentar.pdf>. 1,33
2019  268.203
0
2015 2016 2017 2018 2019
Após a implementação da integração entre o SISAB e o
Fonte: Brasil (2020).
SISVAN observou-se um aumento progressivo na cobertura
de acompanhamento dos dados de VAN. Contudo, esse
registro do acompanhamento está ainda muito aquém do SAIBA +
esperado e pode ser melhorado de modo a subsidiar as É possível acessar relatórios públicos do SISVAN
no seguinte endereço: <http://sisaps.saude.gov.br/
ações voltadas para alimentação e nutrição na APS.
sisvan/relatoriopublico/index>.
A seguir você pode conhecer alguns dos indicadores
gerados a partir dos relatórios consolidados do SISVAN,
obtidos a partir do registro dos marcadores de consumo

23
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

Indicadores para a avaliação do consumo


alimentar de crianças menores de 2 anos Agora, conheça o significado de alguns dos termos
importantes relacionados ao tema:
Aleitamento materno exclusivo de 0-6 meses

• Aleitamento exclusivo: quando a criança recebe


Aleitamento materno continuado 6-24 meses
apenas o leite materno, direto da mama ou ordenhado,
ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou
Diversidade alimentar mínima
sólidos, exceto gotas ou xaropes contendo vitaminas,
sais de reidratação oral, suplementos minerais ou
Frequência mínima e consistência adequada
medicamentos.
• Aleitamento materno predominante: quando a
Consumo de alimentos fonte de ferro
criança recebe, além do leite materno, água ou bebidas
à base de água, como chás, infusões e sucos de frutas.
Consumo de alimentos fonte de vitamina A
• Aleitamento materno: quando a criança independente

Consumo de alimentos ultraprocessados de receber ou não outros alimentos recebe o leite


materno (direto da mama ou ordenhado).
Consumo de hambúrgueres e/ou embutidos • Aleitamento materno complementado: quando a
criança recebe leite materno e qualquer alimento
Consumo de macarrão instantâneo, sólido, semissólido ou líquido, incluindo leite não
salgadinhos de pacote
materno e fórmula infantil.
Consumo de bebidas adoçadas

Consumo de biscoitos recheados, doces e


guloseimas

Fonte: Brasil, 2015.

24
?
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

SAIBA + Informações relevantes para sua investigação


Para mais informações sobre os indicadores
de consumo alimentar em menores de 2 anos, Qual a cobertura de acompanhamento dos
recomendamos a leitura “Orientações para avaliação marcadores de consumo alimentar para
de marcadores de consumo alimentar na atenção
crianças menores de 2 anos no seu município?
básica”: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/
marcadores_consumo_alimentar_atencao_basica.pdf>.
Qual a prevalência de aleitamento materno
exclusivo (AME) em crianças menores de 6
A partir do registro dos dados de marcadores de consumo meses?

alimentar, e também dos dados antropométricos, a utilização


Qual a prevalência de aleitamento materno (AM)
do SISVAN torna-se fundamental para o monitoramento dos
em crianças entre 6 e 24 meses?
indicadores de alimentação das crianças menores de 2 anos
bem como do estado nutricional nessa fase da vida. Assim,
Qual a prevalência do consumo de alimentos
é possível conhecer o perfil alimentar, nutricional e epide- ultraprocessados em crianças entre 6 e 24 meses?
miológico do seu local de atuação, incluindo os principais
agravos e fatores de risco ou proteção à saúde relacionados Qual a prevalência de crianças entre 6 e 24 meses que
à alimentação e nutrição, e planejar ações na APS. apresentaram diversidade alimentar mínima?

Agora que você já conhece o SISVAN e os principais


indicadores de aleitamento materno, alimentação Qual a prevalência de crianças
com baixa estatura para a idade?
complementar e da situação nutricional de crianças no
Brasil, que tal buscar informações dos indicadores do seu
Qual a prevalência de crianças
município? Com esses dados, é possível dizer se existe algum com baixo peso para a estatura?
problema com a prática da amamentação, alimentação
complementar e estado nutricional das crianças menores de Qual a prevalência de crianças com sobrepeso e
2 anos no seu município ou território. obesidade?

25
UM PANORAMA SOBRE A SITUAÇÃO DO
ALEITAMENTO MATERNO E DA ALIMENTAÇÃO
COMPLEMENTAR NO BRASIL UN2

2.4 Encerramento da unidade


Chegamos ao fim desta unidade! Você aprendeu sobre
os indicadores usualmente empregados para descrever o
cenário epidemiológico da prática do aleitamento materno e
da alimentação complementar, conheceu também a situação
que se encontram as crianças brasileiras com relação a al-
guns indicadores. Esperamos que o conteúdo desta unidade
seja útil no seu cotidiano e que a partir dessas informações
você possa sensibilizar sua equipe de trabalho sobre a impor-
tância dos dados para as ações de promoção do aleitamento
materno e da alimentação complementar na APS.

26
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3

3 O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS DE ALEITAMENTO


MATERNO E ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR

3.1 Introdução da unidade


Nesta unidade, apresentaremos algumas situações para
que você possa refletir sobre os problemas mais frequentes
relacionados à alimentação nos primeiros anos de vida. Ao
final desta etapa, você compreenderá a importância de um
olhar ampliado para identificar fatores que podem influenciar
o aleitamento materno e a alimentação complementar
adequada e saudável. Bons estudos!

3.2 Fatores envolvidos no processo de


amamentação e alimentação complementar
Você tem notado dificuldades frequentes com
amamentação e alimentação complementar saudável de
mães, bebês e famílias atendidos no seu local de trabalho?
Por que razão esses problemas acontecem? Como é feito
o manejo dessas situações? Quais dificuldades vocês
enfrentam na rotina dos serviços?
A alimentação da criança é um processo multifatorial,
socioculturalmente determinado. Portanto, compreender
o processo da amamentação e alimentação complementar
saudável no contexto sociocultural da família pode ser bas-
tante desafiador e complexo para o profissional da saúde.

27
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3

Muitas são as influências vividas


pela mulher, pela criança e pela
família que interferem nas decisões de
amamentação e alimentação. Para que
ocorram boas práticas de alimentação
nos primeiros anos de vida, o apoio
da rede familiar e social é primordial.
Reconhecer as necessidades da mulher
que amamenta e as de sua família é
uma forma de potencializar a vivência
empoderada da amamentação e da
alimentação complementar saudável.

Identificar quais são os fatores que é possível fornecer apoio mais efetivo
SAIBA +
influenciam as práticas de amamenta- às mulheres e famílias com bebês na
Para conhecer mais
sobre cuidados e práticas ção e de alimentação complementar primeira infância.
alimentares da criança, saudável é importante para que você, Para que possamos demonstrar
recomendamos a leitura desse
artigo, que analisou o significado profissional da saúde, em trabalho estes fatores, vamos classificá-los em
das práticas alimentares e valores integrado com equipe multidisciplinar/ cinco dimensões: biológico/psicológico,
sobre a alimentação para mães
de criança sob risco nutricional, interdisciplinar, possa considerá-los, cultural, social, processo de trabalho e
disponível em: <https://www. ampliando assim sua visão sobre o abordagem. Essa classificação tem a
scielo.br/pdf/rbsmi/v4n1/19984.
pdf>. processo do aleitamento materno finalidade de colaborar no raciocínio da
e da alimentação complementar e influência de cada dimensão, embora
compreender que esse é um processo essas dimensões estejam interligadas
complexo e multideterminado. Assim, e exerçam influências entre si.

28
O QUE INFLUENCIA AS PRÁTICAS
DE ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR UN3

3.3 Encerramento da unidade


BIOLÓGICO/PSICOLÓGICO Nesta unidade, você conheceu as
cinco dimensões que influenciam a
São os fatores relacionados a anatomia, fisiologia, dificuldades de ordem
amamentação e a alimentação com-
física e emocional com amamentação e/ou alimentação complementar.
plementar saudável. Também pôde
entender a importância de ter um olhar
CULTURAL ampliado nas situações de amamen-
tação e alimentação complementar
Incluem as crenças, tabus, hábitos alimentares, vivências, restrições
alimentares. nos primeiros anos de vida, e que as
dimensões de abordagem e processo
de trabalho se relacionam com a sua
SOCIAL
atividade cotidiana de atendimento.
Diz respeito ao acesso aos alimentos, nível de escolaridade, níveis social e Esperamos que o conteúdo abordado
financeiro, grupo social. nesta etapa seja útil para que você
possa refletir sobre a importância do

PROCESSO DE TRABALHO
seu papel, como profissional da saúde,
na influência de práticas promotoras
Se refere ao modo de estruturação e execução da rotina de trabalho de saúde na primeira infância.
como a organização da agenda e gestão dos serviços.

ABORDAGEM

Refere-se a todas as situações na relação profissional-usuário como


postura, acolhimento e comunicação.

29
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4

4 A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO


E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL

4.1 Introdução da unidade


A alimentação é um direito humano básico, iniciando com
o direito à amamentação e a introdução da alimentação
complementar saudável. Existem políticas públicas que
protegem e promovem os direitos na primeira infância, das
quais podemos mencionar a licença maternidade, licença
paternidade, sala de apoio à amamentação e direito a creche
e a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para
Lactentes e Crianças (NBCAL) na Primeira Infância, Bicos,
Chupetas e Mamadeiras. Existem também resoluções que
abordam a questão da publicidade de alimentos. Essas são as
referências legais para proteger bebês e crianças pequenas
no seu direito à alimentação. Acompanhe mais informações
sobre esses temas!

4.2 Entendendo a questão da


publicidade de alimentos
As indústrias de alimentos utilizam de inúmeras estra-
tégias de marketing para vender seus produtos. Podemos
identificar algumas dessas técnicas publicitárias nos anún-
cios comerciais veiculados em televisão, internet, rádio,
jornais, revistas. Também são estratégias as promoções

30
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4

com desconto de preço, distribuição de Para coibir práticas publicitárias 4.3 Leis que protegem a
amostras grátis de produtos, exposição abusivas, o Código de Defesa do Con- amamentação e a alimentação
diferenciada de produtos nos locais de sumidor (CDC) considera ilegal qual- No Brasil, existe um escopo de
venda, embalagens atraentes. quer tipo de publicidade de produto leis, normativas e políticas públicas
ou serviço voltada ao público infantil, que garantem condições para a
em qualquer meio de comunicação amamentação e para a alimentação da
DESTAQUE
ou espaço de convivência da criança. criança. Confira!
É importante lembrar que
os profissionais da saúde Neste sentido, as leis n° 8.985, de 2012,
também são alvo dessas
e nº 12.529, de 2011, tornam proibida
estratégias das indústrias de
Política Nacional de
alimentos com patrocínio de a comercialização de alimentos que
eventos, doação de brindes, Alimentação e Nutrição
acompanhem brinde ou brinquedo, Destinada a melhorar as
visitas de representantes e
distribuição de material técnico por entenderem que é uma estratégia condições de alimentação e
científico. nutrição e saúde da população
de marketing voltada ao público infan-
brasileira.
til, bem como a venda casada.
A questão é que essa publicidade in- Alinhando ao Código de Defesa do
fluencia no desmame precoce e no con- Consumidor, a Resolução nº 163, de Política Nacional de Atenção
Integral à Saúde da Criança
sumo de alimentos prejudiciais à saúde 2014, do Conselho Nacional dos Direitos
Essa política amplia o olhar sobre
das crianças. Essa influência ocorre da Criança e do Adolescente (Conanda) a saúde da criança, uma vez que
tanto com foco nas mães e famílias acrescenta o conceito de abusividade trata dos cuidados desde a
desde a gestação até o pós-parto, com como toda forma de publicidade gestação até os 9 anos de idade.

produtos substitutos do leite materno, dirigida diretamente ao público infantil


quanto voltado ao público infantil e com o intuito de incentivar o consumo Proteção à mulher estudante
também sobre profissionais da saúde de produtos e serviços. Tem assegurada a prestação de
exames finais e direito ao regime
que atendem crianças pequenas.
de exercícios domiciliares.

31
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4

Licença maternidade/paternidade e pausas para Filhos de mães submetidas à medida privativa de


amamentação liberdade
Garante 120 dias para a mulher trabalhadora A Lei 11.942, de 2009, prevê que instituições penais
registrada pela Consolidação das Leis trabalhistas tenham berçários, onde as mulheres privadas de
(CLT) o direito de afastamento do trabalho sem liberdade possam cuidar de seus filhos pelo menos
prejuízo de salário ou emprego e garante ao pai cinco até os primeiros 6 meses.
dias de licença pela Constituição Federal. A licença
maternidade pode ser ampliada para 180 dias para
trabalhadores formais de empresas que aderiram ao
Direito à creche
programa Empresa Cidadã. No retorno ao trabalho, a
Todo estabelecimento que contenha mais de 30
mulher tem o direito de dois períodos de 30 minutos
mulheres maiores de 16 anos, segundo a CLT, deve
de pausa para amamentação até a criança completar
prover um local adequado para que seus filhos fiquem
6 meses.
sob cuidados e assistência adequada.

Marco Legal da Primeira Infância


Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
Define orientações para familiares, profissionais da
O PNAE oferece alimentação escolar e ações de
saúde e tomadores de decisões sobre iniciativas para
educação alimentar e nutricional a estudantes da rede
o desenvolvimento integral das crianças até os 6 anos
pública.
de idade e amplia a licença-paternidade para 20 dias.

Mulheres infectadas pelo HIV


Sala de apoio à amamentação
Diante da contraindicação do aleitamento materno em
Sala localizada em uma empresa pública ou privada
caso de mães infectadas pelo HIV, a Portaria de
que tenha funcionalidade para a mulher trabalhadora
Consolidação do SUS nº 6, de 28 de setembro de 2017,
retirar e armazenar o seu leite para oferecê-lo
garante à criança menor de 6 meses de idade o
posteriormente ao bebê.
recebimento da fórmula infantil.

32
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4

4.4 Norma Brasileira de Comercialização de Na última revisão foram produzidos os seguintes


Alimentos para Lactentes e Crianças na Primeira documentos: a Portaria do Ministério da Saúde nº 2.051,
Infância, Bicos, Chupetas e Mamadeiras de 2001, e as Resoluções da Diretoria Colegiada (RDC) da
A Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), RDC nº
Lactentes e Crianças na Primeira Infância, Bicos, Chupetas 221, de 2002, e RDC nº 222/2002. São esses três documentos
e Mamadeiras (NBCAL) é regulamentada pela Lei nº 11.265, que formam a NBCAL.
de 2006, e pelo Decreto nº 9.579, de 2018. É um instrumento A NBCAL tem como objetivo a regulamentação da
constitucional contra a interferência da publicidade infantil promoção comercial e o do uso apropriado de produtos
nas práticas de alimentação. A NBCAL surge em 1988 (revisada que interferem nas práticas de amamentação e alimentação
em 1992 e 2002), inspirada no “Código Internacional de saudável na primeira infância, são eles:
Comercialização de Substitutos do Leite Materno”, de 1981, 1. alimentos de transição e alimentos à base de cereais,
que prevê medidas para coibir práticas de publicidade que indicados para lactentes ou crianças de primeira
possam interferir na prática da amamentação e introdução infância, e outros alimentos ou bebidas à base de leite
de alimentos complementares. ou não, quando comercializados ou apresentados
como apropriados para a alimentação de lactentes e
crianças de primeira infância;
SAIBA +
2. fórmulas de nutrientes apresentadas ou indicadas
Para conhecer melhor a NBCAL, recomendamos
assistir a este vídeo: para recém-nascidos de alto risco;
<https://www.youtube.com/watch?v=SuPNryJyxUQ>. 3. fórmulas infantis de seguimento para crianças de
As estratégias regulamentadas pela NBCAL visam primeira infância;
promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, 4. fórmulas infantis para lactentes e fórmulas infantis de
para garantir a saúde infantil. Para conhecer o escopo
da NBCAL, acesse: seguimento para lactentes;
<http://www.ibfan.org.br/parceiros/pdf/2.pdf>. 5. fórmulas infantis para necessidades dietoterápicas
específicas;

33
A PROTEÇÃO LEGAL DA AMAMENTAÇÃO
E DA ALIMENTAÇÃO INFANTIL UN4

6. leites fluidos ou em pó, leites modificados e similares 4.5 Encerramento da unidade


de origem vegetal; Nesta unidade você conheceu as políticas públicas que
7. mamadeiras, bicos e chupetas. protegem e promovem os direitos na primeira infância. Es-
A International Baby Food Action Network (IBFAN) Brasil é sas são as referências legais para proteger bebês e crianças
uma organização não governamental que faz parte de uma pequenas no seu direito à amamentação e alimentação.
rede internacional (a Rede Internacional em Defesa do Direito
de Amamentar) formada por mais de 270 grupos de ativistas
espalhados por 168 países e que atua há 40 anos para a
melhoria da nutrição e saúde infantis e monitoramento do
Código Internacional.

SAIBA +
Você pode conhecer mais sobre o papel da IBFAN
e de outras organizações na defesa da amamenta-
ção no Brasil no vídeo “Um olhar sobre a História da
Amamentação”, disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=QnEGVK6KBgI>.

Como o profissional da saúde pode colaborar para o


cumprimento e para a proteção da amamentação? Es-
sas respostas você pode encontrar na publicação “A le-
gislação e o marketing de produtos que interferem na
amamentação: um guia para o profissional de saúde”,
disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legisla-
cao_marketing_produtos_amamentacao.pdf>.

34
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

5 TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO

5.1 Introdução da unidade


Nesta unidade trataremos de um aspecto muito
importante para os atendimentos de mães e bebês na
atenção primária: o uso do aconselhamento. Você aprenderá
algumas habilidades de comunicação que poderão ser úteis
no dia a dia do seu trabalho na UBS para analisar a causa de
qualquer adversidade que as pessoas apresentem e propor
sugestões para resolver as dificuldades.
As habilidades de comunicação são um conjunto de
técnicas de interação que são úteis para escutar e
compreender sobre o nível de conhecimento das pessoas e
suas práticas, aumentar a confiança das mães e de cuidadores
e também sugerir mudanças, caso necessárias. Neste curso,
trataremos especificamente do aconselhamento de mães
ou cuidadores sobre alimentação de bebês e crianças
de primeira infância, porém são técnicas que podem ser
utilizadas em outras situações da APS. Vamos olhar agora
para cada uma dessas habilidades.

35
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

5.2 Habilidades de comunicação Quando você realiza um


SAIBA +
para escutar e compreender atendimento é possível que, em um
O aconselhamento é uma
Em geral, a formação dos profissio- primeiro momento, a pessoa não abordagem ou maneira de
nais da saúde é focada na superação consiga falar abertamente sobre o que atuação do profissional, na
qual se busca compreender a
de problemas. Contudo, esse modo de está acontecendo, principalmente se pessoa que está sendo atendi-
olhar a situação gera atendimentos em ela for tímida ou não tiver um vínculo da, oferecendo ajuda na tomada
de decisões e fortalecendo sua
que os profissionais focam na disponi- pré-estabelecido. As habilidades para autoconfiança. Evidências cien-
bilização de informações em detrimen- escutar e compreender lhe ajudarão a tíficas comprovam que o acon-
selhamento é um instrumento
to de uma comunicação que respeite fazer com que a mãe, o pai, o cuidador efetivo em atendimentos de
os pensamentos, as crenças e a cultura ou o responsável sinta que você se amamentação, sendo capaz de
contribuir para a melhora dos in-
das pessoas e que possibilite a com- importa com a situação e se interessa dicadores de aleitamento mater-
preensão dos aspectos envolvidos na por auxiliar. Na tabela a seguir você no. Leia mais sobre o tema em:
<https://www.scielo.br/pdf/jped/
determinação dos problemas. encontra as seis habilidades para v80n5s0/v80n5s0a03.pdf>.
Utilizar o aconselhamento não escutar e compreender, confira.
significa dar conselhos ou dizer o que
precisa ser feito, mas sim escutar
Exemplos de
Habilidade Explicação
e entender o ponto de vista das diálogo
pessoas e ajudá-las na tomada de
• Remover barreiras físicas como mesas ou pastas
decisão, dialogando sempre sobre os de papel que se tem nas mãos.
• Manter a cabeça no mesmo nível e estar próximo.
prós e contras de cada decisão. Essa • Prestar atenção à mulher, evitar se distrair e
maneira de atender contribui para o mostrar que está ouvindo assentindo com a
Comunicação
cabeça, sorrindo ou outros gestos adequados. ------
desenvolvimento do vínculo entre os não verbal útil
• Não apressar a conversa e não olhar para o
cuidadores e o profissional. relógio.
• Só tocar na mulher de forma apropriada (como
na mão ou no braço). Não toque em suas mamas,
barriga ou em seu bebê sem sua permissão.

36
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

Habilidade Explicação Exemplos de diálogo

Profissional: “Bom dia, Laura. Eu sou Sandra, enfermeira. Como vai


o Kauan (bebê)?”
Perguntas abertas são mais úteis porque estimulam
Fazer perguntas a pessoa a fornecer mais informações. Começam Laura: “Ele está bem e anda com muita fome”.
abertas com: “Como...?”, “O quê...?”, “Quando...?”, “Onde...?”, Profissional: “Como a senhora está alimentando o bebê?”
“Por quê...?”.
Laura: “Eu estou dando o peito. Eu só dou uma mamadeira durante
a noite”.

Profissional: “Bom dia, Susana. Como vai a alimentação da Kátia


Usar respostas (nome da criança) agora que ela iniciou os alimentos sólidos?”
e gestos que Acenar positivamente com a cabeça, sorrir e usar
demonstrem expressões como “sei”, “continue”. Susana: “Bom dia. Eu acho que está muito bem.”
interesse
Profissional:“Mmm.” (Balança a cabeça afirmativamente e sorri.)

Devolver com Mulher: “Eu acho que não tenho leite suficiente.”
Se você repetir ou ecoar o que ela está dizendo,
suas palavras o
mostra que está ouvindo e a estimula a falar mais. Profissional: “Você acha que tem pouco leite?”
que a mulher diz

Profissional: “Bom dia, Maria. Como estão você e o João (bebê)?”

Maria: “O João não está comendo bem, eu estou preocupada se ele


A empatia ocorre quando demonstramos que está doente.”
estamos ouvindo o que a pessoa diz e tentando
Usar a empatia Profissional: “A senhora está preocupada com ele?”
entender como ela se sente; quando observamos a
situação do ponto de vista dela. Maria: “Sim, algumas crianças do meu bairro estão doentes e eu
tenho medo que ele esteja com a mesma doença.”

Profissional: “Isso deve dar muito medo na senhora.”

Evitar palavras Exemplos: “certo”, “errado”, “bem”, “mal”, “bom”, Profissional: “O cocô dele está normal?”
que soam como “suficiente”, “adequadamente”, “apropriadamente”,
julgamento “problema”. Profissional: “Ele está mamando bem?”

37
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

É fundamental que o profissional se 5.3 Habilidades para aumentar em si mesmas. As pressões familiares e
interesse pelo bem-estar, porque assim a confiança da mulher sociais podem levá-la a achar que não
faz com que as mulheres, as famílias e/ e oferecer apoio tem sido boa o suficiente.
ou os cuidadores se sintam apoiados Nos atendimentos de mulheres com Como profissional da saúde, é
e acolhidos. As habilidades de escutar bebês na primeira infância, você pode importante reconhecer esses aspectos
e compreender se ampliam por meio perceber que muitas delas podem se e usar as habilidades para aumentar a
do diálogo e ajudam na tomada de sentir culpadas em relação a algumas autoconfiança da mulher e dar apoio
decisões. situações com seus filhos pequenos, para ajudá-la a se sentir bem consigo
ou apresentarem falta de confiança mesma.

SAIBA +
A utilização do aconselha- Habilidade Explicação Exemplos de diálogo
mento na rotina de trabalho
da Estratégia Saúde da Família Podemos aceitar as ideias
(ESF), como na visita domiciliar e sentimentos das pessoas
puerperal, por exemplo, é um sem discordar delas ou dizer
que não há nada para se Mulher: “Meu leite é ralo
importante mecanismo para de- e fraco, por isso tenho
tecção precoce de dificuldades preocupar. Aceitar o que
ela diz não é o mesmo que que dar mamadeira.”
iniciais na amamentação e forta- Aceitar o que a pessoa
concordar. Você pode aceitar Profissional: “Eu
lecimento do aleitamento mater- pensa ou sente
o que ela diz, por exemplo, entendo. Vejo que está
no. Este estudo mostrou que a
devolvendo com as mesmas preocupada com o seu
abordagem do aconselhamento
palavras, e posteriormente leite.”
foi aceita pelos enfermeiros da fornecer a informação correta.
ESF de Taubaté, e parcialmente Aceitar o que uma pessoa diz
introduzida durante as visitas do- aumenta a autoconfiança dela.
miciliares. Confira:
<http://docs.bvsalud.org/
biblioref/2019/09/1007788/
pamela_dissertacao.pdf>.

38
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

Habilidade Explicação Exemplos de diálogo

Uma mãe amamenta seu bebê de 3 meses e dá


Reconheça e elogie o que as mães, os pais e os suco de fruta. O bebê tem diarreia leve.
cuidadores conseguem realizar. Por exemplo, diga à
Reconhecer e elogiar Profissional: “É bom que a senhora esteja
mãe que ela está de parabéns porque tem trazido o
bebê às consultas. amamentando; o seu leite vai ajudar o bebê a se
recuperar.”

Quando as pessoas têm um problema prático para


resolver, elas precisam de ajuda para conseguirem
relaxar. Observe se ela não está com sede, com fome
ou cansada e precisando descansar antes de ouvir as
Oferecer ajuda prática ------
suas orientações.

Ofereça-se para ajudá-la a encontrar um jeito de


segurar o bebê de uma forma que não sinta dor.

A informação é: amamentar depois dos 6 meses


Descubra o que as pessoas precisam saber naquele é bom porque o leite materno contém ferro
Fornecer informações momento. absorvível, calorias e zinco.
relevantes em linguagem • Use palavras adequadas e simples, que ela entenda.
Como usar a linguagem simples:
adequada • Não exagere na quantidade de informações,
selecione as prioritárias. “Amamentar pelo menos até os 2 anos ajuda a
criança a crescer forte e saudável.”

Ofereça escolhas e deixe que a pessoa decida o que é


melhor para ela.
Oferecer sugestões “Você pode começar a dar alguns alimentos além
• Não diga o que ela deve ou não fazer.
e não ordens do leite agora que seu filho tem 6 meses.”
• Limite suas sugestões a uma ou duas que sejam
relevantes à sua situação.

39
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5

Você irá se deparar, como profissional da saúde, com Situação 1


situações em que será necessário oferecer apoio para o
Maria entra no consultório para o
empoderamento da mulher. É importante evitar dizer o que
atendimento de sua filha Janice.
a mulher deve fazer e, sim, ajudá-la a decidir por si mesma o
que é melhor para ela e seu bebê. Isso aumenta a confiança
Maria: Oi, doutora, eu vim trazer a minha filha. Eu
materna e o vínculo com profissional.
estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e
Para contextualizar, vamos agora ler a experiência de meus peitos estão doendo.
Maria e sua filha Janice.
Maria é mãe de Janice, que tem 15 dias de vida, e de Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Júnior, de 2 anos. Júnior mamou por 3 meses e depois
disso Maria voltou ao trabalho e teve que interromper Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e
a amamentação, pois não teve apoio para continuar eu não tinha com quem deixá-lo.
amamentando. Atualmente, Maria não está trabalhando
Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se
e quer muito amamentar Janice por mais tempo. Janice atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem
nasceu por cesariana, pesando 3.250 g e ficou no alojamento outras pessoas esperando pela consulta. O bebê
está mamando bem?
conjunto com a mãe. No primeiro dia, Maria teve um pouco
de dificuldade para amamentar, mas na alta hospitalar a
Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda
amamentação estava indo bem. O marido de Maria trabalha hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito!
como vigilante em uma empresa de segurança e não tem
horário fixo de trabalho. Maria chega na UBS com o bebê no Profissional: Não é normal sentir dor, provavel-
mente o bebê não está pegando direito o peito.
colo, carregando a sua bolsa e a sacola do bebê, que ficam
caindo do seu ombro o tempo todo. Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
Agora observe duas possibilidades de diálogo.
Profissional (olhando o relógio): Deixa eu ver, mas
não posso demorar muito mais no seu atendimento.

40
estou com muita dificuldade para fazer ela mamar, e
meus peitos estão doendo.
Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Profissional: Eu já ia cancelar a sua consulta, você
chegou atrasada!
Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
eu não tinha com quem deixá-lo.
Maria: Desculpe, mas é que o Júnior anda devagar e
eu não tinha com quem deixá-lo.
Profissional: O jeito é sair de casa mais cedo, se
atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem Situação 2
Profissional:
Maria deixaO ajeito é sair
bolsa de casa
no chão maisacedo,
e abre blusa.se
outras pessoas esperando pela consulta. O bebêJanice
atrasar de novo eu não vou poder lhe atender, tem
está mamando
chora. A mamabem? está com fissura. Ao colocar Janice Maria está sentada com os filhos, aguardando ser
outras pessoas esperando pela consulta. O bebê
paramamando
está mamar, Mariabem?a segura com apenas um braço, chamada. A profissional está na sala de atendimento.
Maria: É ela, o nome dela é Janice. Ela mama toda Vai até a porta e chama por Janice. Ao perceber
a bebê fica com a barriga virada para cima; pela dor,
hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! Maria com a bolsa e as duas crianças, vai até Maria e
Maria: É ela,
Maria não o nome aproximar
consegue dela é Janice. Ela mama
muito toda do
mais Janice se oferece para segurar a bolsa enquanto a conduz
hora e eu tenho dor sempre que ela pega o peito! até a sala. A profissional coloca a bolsa em uma
peito. Maria tenta
Profissional: Não éfazê-la
normalmamar ao mesmo
sentir dor, provavel-tempo
mente cadeira e convida Maria e o filho Júnior a sentarem. A
em queo sebebê
Profissional:
não estáque
preocupa pegando
Não é normal Júnior direito
sentirnão
o peito.
dor,mexa em nada
provavel- profissional entrega uma folha de papel e um lápis
mente o bebê não
do consultório. A está pegandopercebe
profissional direito o que
peito.
a bebê para Junior e pergunta se ele gosta de desenhar.
Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
está longe da mama, então se levanta e vai até Maria,
Maria: Eu sinto dor, tô com o peito todo machucado.
Profissional
segura a mama (olhando o relógio):
e empurra Deixa
a cabeça eu ver,contra
da Janice mas o
Profissional: Como estão você e a bebê? Vi na
não posso demorar muito mais no seu atendimento.
Profissional
peito, e também(olhando o relógio):
vira mais o corpoDeixa
delaeuemver, mas à
direção Caderneta da Criança que ela está ganhando peso!
não posso demorar muito mais no seu atendimento.
mãe. Maria sente ainda mais dor.
Maria: Ela tá ganhando peso bem? Porque eu ando
tão cansada e dói tanto amamentar, que eu fico com
Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim medo de não ser bom pra ela...
que ele precisa ficar para mamar direito.
Profissional: Pronto! Agora está melhor! É assim
que ele precisa ficar para mamar direito. Profissional (olhando para Maria): Que bom que veio
Profissional volta a sentar na sua cadeira, escreve à consulta hoje! Assim podemos conversar e talvez eu
uma receita de pomada e entrega para Maria. possa lhe ajudar. O que tem te deixado tão cansada?
Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e
não se esquece de limpar o peito antes. Maria: À noite ela acorda umas três vezes para
Profissional: Passe a pomada três vezes por dia e mamar e eu não estou conseguindo dormir direito.
não se esquece de limpar o peito antes. E de dia, eu sinto sono, mas tenho que cuidar da
casa e do Júnior.
Maria quis dizer que a bebê se chamava Janice,
mas desiste. Janice continua chorando. Maria fecha a Profissional: Entendo como você se sente...Que tal
descansar um pouco durante o dia? Será que alguém
blusa, pega sua bolsa e a receita e sai do consultório
poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o
com os filhos. Júnior?

41
costuma dormir bastante de dia.
casa e do Júnior. Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem
sobre a dor ao amamentar.
Profissional:
machucado. Ótima ideia! Agora me conte um pouco
Profissional: Entendo como você se sente...Que tal sobre
descansar um pouco durante o dia? Será que alguém Maria:aDói
dorquando
ao amamentar.
ela pega o peito, porque está bem
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
poderia te ajudar com as tarefas da casa e com o machucado.
Júnior?
Maria:
TÉCNICAS Dói sabe
dor. Quem
DE
machucado.
eu
quando ela pega
se você o peito, porque
me mostrar
ACONSELHAMENTO estáfaz,
como você bem UN5
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindoeu
posso ver como te ajudar. O que você acha de
segurar a Janice
dor. Quem sabe enquanto
se você mevocê se ajeita?
mostrar como você faz,
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz,
segurar a Janice enquanto você se ajeita?
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu
Maria: Pois é, acho que vou pedir para minha mãe segurar a Janice
Maria: Viu, enquanto
Doutora? você
Ela não se ajeita?
mama, acho que não
olhar o Júnior durante o dia, assim eu poderia tentar gosta do meu peito...
descansar um pouco enquanto a Janice dorme. Ela Maria: Viu, Doutora? Ela não mama, acho que não
costuma dormir bastante de dia. Profissional:
gosta do meu Maria,
peito...existe uma forma que
Maria: Viu, Doutora?
pode ajudar. O que vocêEla não
achamama, acho que não
de tentarmos?
Profissional: Ótima ideia! Agora me conte um pouco gosta do meu peito...
Profissional: Maria, existe uma forma que
sobre a dor ao amamentar. Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
pode ajudar. O que você acha de tentarmos?
Profissional:
muito amamentar!
Maria, existe uma forma que
Maria: Dói quando ela pega o peito, porque está bem pode ajudar. O queSim,
vocêpodemos
acha de tentarmos?
Maria (chorando): tentar… Eu quero
machucado.
muito amamentar!
Profissional se levanta da cadeira e se dirige à Maria
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero
Profissional: É bem difícil de amamentar sentindo muito
e amamentar!
Janice:
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
dor. Quem sabe se você me mostrar como você faz, Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
eu posso ver como te ajudar. O que você acha de eu -la segurando Comcom licença,
o corpo eumais
segurar a Janice enquanto você se ajeita? Profissional: vouvirado
ajeitarpara
um você,
pouco a
assim ela consegue pegar seu peito.
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a
-la segurando com o corpo mais virado para você,
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá-
Maria entrega o bebê para a profissional, senta e se assim ela consegue pegar seu peito.
-la segurando com o corpo mais virado para você,
Maria: Viu,
prepara paraDoutora?
amamentar.Ela não mama, está
O mamilo achocom
que fissura.
não Maria:ela
assim consegue
Olha! pegar
Ela pegou, euseu peito.
sinto ela mamando e não
gosta
Ao do meu
colocar peito...
a bebê para mamar, Maria segura Janice está doendo como antes!
Janice abocanha o peito e começa a sugar.
com um braço só. Janice Maria: Olha! Ela pegou, eu sinto ela mamando e não
Profissional: Maria, existe fica
umadistante do corpo da
forma que Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
está doendo como antes!
pode mas
mãe, ajudar. O que
Maria nãovocê acha de
consegue tentarmos?
aproximar porque dói Maria:
está maisOlha! Ela pegou,
tranquila. eu sintoa ela
Colocando mamando
Janice e não
assim como
está
fizemosdoendo
vai como
diminuir antes!
o machucado. E se
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que vocêcontinuar
mais ainda. Janice fica com o pescoço torto tentando
Maria (chorando): Sim, podemos tentar… Eu quero precisando de ajudaColocando
com a amamentação, alguém
está mais tranquila. a Janice assim como
abocanhar o peito, sem conseguir e chora. Quando
muito amamentar! Profissional:
daqui da UBS Que
pode bom,
ir atéMaria!
sua Dá pra
casa ou ver que
você podevocê
vir
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
Janice finalmente consegue abocanhar, Maria morde está
até maistambém.
aqui tranquila. Colocando a Janice assim como
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar
os lábios de dor e chora. Janice solta o peito e também daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
precisando de ajuda com a amamentação, alguém
até aqui também.
chora.
Profissional: Com licença, eu vou ajeitar um pouco a daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode vir
Janice. Das próximas vezes você pode tentar colocá- até aquiAh,
Maria: também.
pode deixar! Que eu venho sim!
-la segurando com o corpo mais virado para você,
assim ela consegue pegar seu peito. Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
42 gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida?
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
está doendo como antes!
Profissional: Que bom, Maria! Dá pra ver que você
Profissional: Que bom,
está mais tranquila. Maria! Dá
Colocando pra ver
a Janice quecomo
assim você
está mais tranquila. Colocando a Janice assim
fizemos vai diminuir o machucado. E se continuar como
fizemos vai de
diminuir
ajuda o machucado. E se continuar
precisando
precisando de ajuda
com
com
a amamentação,
a amamentação,
daqui da UBS pode ir até sua casa ou você pode
alguém
alguémvir
TÉCNICAS DE ACONSELHAMENTO UN5
daqui da UBS pode
até aqui também. ir até sua casa ou você pode vir
até aqui também.

5.4 Encerramento da unidade


Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim! Nesta unidade, você conheceu as técnicas de
Maria: Ah, pode deixar! Que eu venho sim!
aconselhamento. Foram onze habilidades de comunicação,
Profissional: Maria, tem mais alguma coisa que você
Profissional: Maria,
gostaria de me tem
contar? maiscom
Ficou alguma coisa
alguma que você
dúvida? sendo seis sobre escutar e compreender e cinco sobre
gostaria de me contar? Ficou com alguma dúvida?
construir confiança e dar apoio. Agora, você pode utilizar
Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito
Maria: Não, por hoje era só isso mesmo, muito essas informações no seu cotidiano de trabalho na UBS.
obrigada.
obrigada. Esperamos que essas técnicas auxiliem você a analisar, de
Profissional: Imagina, Maria. Vejo que você é uma forma mais abrangente, as situações recorrentes sobre
Profissional: Imagina,
mãe muito dedicada Maria. Vejocom
e cuidadosa queseus
vocêfilhos.
é uma
alimentação de bebês e crianças de primeira infância e
mãe muito dedicada e cuidadosa com seus filhos.
Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias
Você pode marcar a consulta para daqui a 15 dias apoiar as mulheres em suas decisões.
para Janice ou, então, vir antes se precisar, está bem?
para
E no próximo atendimento podemos falar sobrebem?
Janice ou, então, vir antes se precisar, está o
E no próximo atendimento
desenvolvimento podemos Até
do Júnior também! falar sobre o
logo!
desenvolvimento do Júnior também! Até logo!
Profissional se despede sorrindo para Maria e os
filhos.
Maria: Tchau, até mais!
Maria: Tchau, até mais!

Maria pega sua bolsa e sai do consultório com os


filhos, se sente aliviada.
O que você percebeu em cada uma das
situações? Houve diferença na forma de tratamento
e encaminhamento da questão? Nos exercícios
desta unidade você poderá, a partir das situações
apresentadas, reconhecer as habilidades de
aconselhamento.

43
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6

6 GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS


BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS

6.1 Introdução da unidade


Nesta Unidade, apresentaremos o Guia Alimentar para
Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos, o referencial
atualizado do Ministério da Saúde para recomendações
de alimentação infantil. Você conhecerá os princípios
do guia, sua relação de complementaridade com o Guia
Alimentar para a População Brasileira e os 12 Passos para
uma Alimentação Saudável. Esperamos que, ao final dessa
unidade, essas informações possam ser úteis para você
atender crianças e suas famílias em aleitamento materno e
alimentação complementar.

6.2 Os princípios do novo Guia Alimentar para


Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos
A nova edição do Guia Alimentar para Crianças Brasileiras
Menores de 2 Anos, lançada em 2019, traz recomendações
atualizadas e baseadas em evidências científicas sobre como
alimentar a criança pequena com objetivo de promover um
crescimento e desenvolvimento saudável. Esperamos que
aproveite a leitura!

44
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6

adequada e saudável da Política Nacional de Alimentação e


SAIBA +
Nutrição (PNAN).
É um documento que visa apoiar as famílias
nos cuidados com a criança pequena e também O Guia Alimentar para a População Brasileira apresenta
contribuir para ampliar a qualificação da assistência uma nova maneira de compreender a alimentação e a escolha
nutricional de profissionais da saúde no SUS. Acesse na
íntegra o documento: <http://189.28.128.100/dab/docs/ de alimentos. Ele propõe que alimentos in natura ou minima-
portaldab/publicacoes/guia_da_crianca_2019.pdf>. mente processados sejam a base da alimentação, limitando
o consumo de alimentos processados e evitando o consumo
de ultraprocessados. Também apresenta orientações para
a composição das refeições tendo como base a valorização
das preparações culinárias e a importância da dedicação de
tempo à alimentação, local das refeições e companhia.

SAIBA +
Você pode saber mais sobre o Guia Alimentar para
a População Brasileira acessando a publicação em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_
alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf>.
Para entender melhor os conceitos apresentados no
Guia Alimentar da População Brasileira, recomendamos
também que assista aos vídeos publicados em: <https://
aps.saude.gov.br/biblioteca/visualizar/MTQ0Ng==>.

As novas recomendações do Guia Alimentar para Crianças


O primeiro princípio que fundamenta o Guia Alimentar
Brasileiras Menores de 2 Anos estão alinhadas ao Guia
para Crianças Brasileiras Menores de 2 Anos é que a saúde da
Alimentar para a População Brasileira, publicado em 2014,
criança é prioridade absoluta e responsabilidade de todos. Os
que é uma das estratégias de promoção da alimentação

45
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6

primeiros anos de vida de uma criança, ligadas ao seu repertório sociocultural 7. O estímulo à autonomia da criança
desde a gestação até os 2 anos de idade, e, assim, proporcionar o fortalecimento contribui para o desenvolvimento
são fundamentais para formação da de sistemas alimentares sustentáveis. de uma relação saudável com a
base de uma boa saúde para toda Abaixo estão os princípios do alimentação.
a vida. Assim, famílias, sociedades e novo Guia Alimentar para Crianças
Estado devem estar comprometidos Brasileiras Menores de 2 Anos:
com o compartilhamento dessa 1. A saúde da criança é prioridade
responsabilidade. absoluta e responsabilidade de
O ambiente familiar é o espaço de todos.
construção de hábitos e fortalecimento 2. O ambiente familiar é espaço
de vínculos e os primeiros anos de vida para a promoção da saúde.
são essenciais para a formação dos 3. Os primeiros anos de vida são
hábitos alimentares. É neste espaço importantes para a formação dos
que as interações da criança com as hábitos alimentares. 6.3 Os 12 passos para uma
pessoas da família constroem relações 4. O acesso a alimentos adequados alimentação saudável
de afeto e segurança, tão importantes e saudáveis e à informação de para crianças brasileiras
para o desenvolvimento saudável. qualidade fortalece a autonomia menores de 2 anos
Um aspecto fundamental para a ali- das famílias. Você já pode notar que o Guia
mentação é que indivíduos e famílias 5. A alimentação é uma prática Alimentar para Crianças Brasileiras
disponham de acesso a alimentos social e cultural. Menores de 2 Anos traz novos
adequados e saudáveis e também de 6. Adotar uma alimentação conceitos a serem considerados para
informação de qualidade para as suas adequada e saudável para as recomendações de alimentação
escolhas alimentares, favorecendo a a criança é 
uma forma de infantil. O Guia resume as suas
autonomia das famílias para consumir fortalecer sistemas alimentares principais recomendações em 12
alimentos e preparações tradicionais sustentáveis. Passos, descritos a seguir.

46
GUIA ALIMENTAR PARA CRIANÇAS
BRASILEIRAS MENORES DE 2 ANOS UN6

Os 12 passos para uma alimentação saudável SAIBA +


para crianças brasileiras menores de 2 anos
Você pode acessar essas
informações no folder
Amamentar até 2 anos ou mais, oferecendo somente o leite materno até do Ministério da Saúde e
1 6 meses. também neste vídeo:

Oferecer alimentos in natura ou minimamente processados, Folder: <http://portal.saude.


2 além do leite materno, a partir dos 6 meses.
pe.gov.br/sites/portal.saude.
pe.gov.br/files/folder_guia_
menores_2_anos.pdf>
Oferecer água própria para o consumo à criança em vez de sucos,
3 refrigerantes e outras bebidas açucaradas. Vídeo: <https://www.youtube.
com/watch?v=pN5djD3CnEM>
Oferecer a comida amassada quando a criança começar a
4
comer outros alimentos além do leite materno.

Não oferecer açúcar nem preparações ou produtos que contenham 6.4 Encerramento da unidade
5
açúcar à criança até 2 anos de idade. Nesta unidade, você pôde conhecer

6 um pouco mais sobre as atuais


Não oferecer alimentos ultraprocessados para a criança.
recomendações para uma alimentação
7 Cozinhar a mesma comida para a criança e para a família.
saudável voltada para a população
Zelar para que a hora da alimentação da criança seja um momento brasileira: o Guia Alimentar para a
8 de experiências positivas, aprendizado e afeto junto da família.
População Brasileira e o Guia Alimentar
Prestar atenção aos sinais de fome e saciedade da criança e conversar para Crianças Brasileiras Menores
9 com ela durante a refeição.
de 2 Anos. Os dois materiais, do
Cuidar da higiene em todas as etapas da alimentação Ministério da Saúde, apresentam uma
10
da criança e da família.
abordagem que permite sua aplicação
Oferecer à criança alimentação adequada e saudável também no contexto da APS. Nas próximas
11
fora de casa. unidades abordaremos, com mais
12 Proteger a criança da publicidade de alimentos. especificidade, as recomendações
alimentares na primeira infância.
47
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

7 O BEBÊ MENOR DE 6 MESES

7.1 Introdução da unidade


Nesta unidade, apresentaremos a você maneiras efetivas
de apoiar a mulher que amamenta nas dificuldades mais
recorrentes deste período. Abordaremos também as reco-
mendações para alimentação de bebês menores de 6 meses
não amamentados. Ao final desta etapa de estudos, você
terá adquirido conhecimento para apoiar as famílias nas
decisões de alimentação saudável para a criança menor de 6
meses. Bons estudos!

7.2 Leite materno: o primeiro alimento


O leite materno é o primeiro alimento, que além de
proteger contra diversas doenças na infância (infecções
como pneumonia e diarreias) ainda previne doenças futuras
como asma, diabetes e obesidade. Também traz benefícios à
saúde da mulher porque reduz a chance de desenvolvimento
de câncer de mama, de ovário e de útero, além de diabetes.

48
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

cerca de três a cinco dias pós-parto, o pré-natal, contemplando priorita-


SAIBA + acontece a apojadura, que é a transi- riamente informações sobre superio-
Recomendamos que você
assista a este vídeo que
ção do colostro para o leite “maduro”. ridade da amamentação comparada
aborda várias questões sobre Porém, a mulher pode experimentar a outras formas de alimentar o bebê,
a amamentação relacionadas
às principais dúvidas e
outras modificações de coloração e posições para amamentação e pega
questionamentos de algumas aparência do leite ao longo da sua correta.
mulheres: “Amamentação: muito
mais do que alimentar a criança”,
experiência de amamentação. Isso é
disponível em: absolutamente normal, o leite materno Posições para amamentar
<https://www.youtube.com/
watch?v=i31VEa--XpE>.
é um fluido vivo e dinâmico, que se
adapta constantemente para atender
as necessidades do bebê.
O aleitamento materno promove A produção de leite materno é
o vínculo afetivo, colabora na saúde proporcional à quantidade de vezes
mental da mulher e no seu potencial que a mama é esvaziada, logo, quanto
de autoconfiança nos cuidados com mais vezes o bebê sugar o peito ou
o bebê. Com o nascimento do bebê, quanto mais a mulher retirar o seu
é comum surgirem dúvidas sobre a leite, seja por extração manual ou com
produção e suficiência do leite materno. bomba, maior será a quantidade de
Nos primeiros dias da amamen- leite materno. Ter uma experiência
tação, o leite materno é chamado de positiva de aleitamento materno
colostro, tem uma coloração bem depende substancialmente de duas
amarelada característica, isto porque ferramentas: informação e apoio.
contém muitas proteínas e anticorpos Como profissional da saúde, é
que ajudam o recém-nascido na adap- importante iniciar a abordagem de
tação inicial à vida fora do útero. Após promoção da amamentação durante Fonte: Brasil, 2019a.

49
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

É importante respeitar a indivi-


dualidade da mulher, principalmente
durante o período pós-parto. As mu-
lheres precisam de tempo, privacidade,
apoio e autoconfiança para conseguirem
Fonte: Brasil, 2019a. ter êxito na amamentação.

As evidências mostram que ações


SAIBA +
de promoção do aleitamento materno
Este estudo de revisão con- Observação de mamada
mais efetivas na APS iniciam no pré- cluiu que as visitas domici-
liares são bastante efetivas
A observação da mamada é
natal, preferencialmente com as
na promoção do aleitamento fundamental para se identificar a
atividades em grupo. No puerpério, as materno principalmente no pós-
-parto. Acesse e confira no link
necessidade de orientações e apoio
visitas domiciliares são fundamentais
para a revisão rápida: à mulher. Inicialmente, sugere-se
para a identificação de dificuldades e o <http://www.saude.sp.gov.br/
resources/instituto-de-saude/
observar a posição da mãe e do bebê
acolhimento em tempo oportuno para
homepage/outras-publicacoes/ durante a mamada.
evitar a interrupção do aleitamento relatorio_rr_ameacparasite.pdf>.
materno.

50
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

Pontos chave de um bom posiciona- que a aréola fique livre? retira o leite comprimindo os
mento 5. Pescoço do bebê está levemente seios lactíferos com as gengivas e
estendido? a língua.
1. Corpo do bebê se encontra bem 6. Corpo do bebê está curvado 2. O queixo do bebê toca a mama?
próximo do da mãe, todo voltado sobre a mãe, com as nádegas 3. As narinas do bebê estão livres?
para ela, barriga com barriga? firmemente apoiadas? 4. O bebê mantém a boca bem
2. Corpo e a cabeça do bebê estão 7. Os dedos da mãe estão posicio- aberta colada na mama, sem
alinhados (pescoço não torcido)? nados de forma a facilitar a pega? apertar os lábios?
3. Braço inferior do bebê está (Não se recomenda que os dedos 5. Os lábios do bebê estão curvados
posicionado de maneira que não da mãe sejam colocados em para fora, formando um lacre?
fique entre o corpo do bebê e o forma de tesoura, pois dessa ma- Para visualizar o lábio inferior do
corpo da mãe? neira podem servir de obstáculo bebê muitas vezes é necessário
4. A mãe segura a mama de maneira entre a boca do bebê e a aréola). pressionar a mama com as mãos.
(BRASIL, 2019a) 6. A língua do bebê encontra-se
sobre a gengiva inferior? Algumas
A pega do bebê é fator decisivo para vezes a língua é visível; no entan-
evitar as principais dificuldades na to, na maioria das vezes, é neces-
amamentação. sário abaixar suavemente o lábio
inferior para visualizar a língua.
Pontos chave de uma boa pega 7. A língua do bebê está curvada
1. O bebê abocanha, além do ma- para cima nas bordas laterais?
milo, parte da aréola (aproxima- 8. O bebê mantém-se fixado à
damente 2cm além do mamilo)? mama, sem escorregar ou largar
Fonte: Brasil, 2019a. É importante lembrar que o bebê o mamilo? (BRASIL, 2019a).

51
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

7.2.1 Dificuldades que podem hormonais estão frequentemente des comuns do aleitamento materno.
ocorrer durante o período relacionados a esta dificuldade. É re- No pré-natal, não é recomendado fazer
de amamentação comendado que o bebê seja colocado exercícios para os mamilos nem utilizar
Cada gestação é única, assim como frequentemente na mama para que seringas para esticá-los, pois essas
cada bebê também é dotado de suas estimule a produção de leite por meio manobras não são efetivas e podem
singularidades, o que faz com que da sucção. machucá-los. Após o nascimento, é
amamentar seja um processo ímpar recomendado encontrar posições que
de aprendizagem para a mãe e para o Criança com dificuldade facilitem a pega e sejam confortáveis
bebê, mesmo para aquelas mulheres inicial para sugar para mãe e bebê.
que já vivenciaram o processo de Esse problema pode acontecer pelo
amamentar outras vezes. uso de mamadeiras, bicos de silicone Mamilos doloridos e/ou machucados
Para além de identificar aspectos e chupetas, mau posicionamento ou A mulher pode sentir os mamilos
sociais, biológicos e culturais que en- ainda pode ser anquiloglossia (língua- sensíveis nos dias após o parto, o que
volvem a amamentação e o puerpério, -presa). É recomendado suspender pode ser considerado normal devido ao
é fundamental que o profissional da todo e qualquer bico ou mamadeira, aumento das mamas. Porém, se a dor
saúde também conheça técnicas para ajustar a posição e pega, e se ainda as- persistir, pode estar associada a vários
alívio dos desconfortos causados por sim os problemas persistirem realizar a fatores. Com frequência, a dor pode
dificuldades comuns do aleitamento retirada do leite materno e ofertar em estar associada a fissuras/rachaduras
materno. copo/colher. nos mamilos, causadas por um mau
Listamos a seguir algumas dificul- posicionamento/pega, disfunções
dades mais recorrentes e a forma de Mamilo plano ou invertido orais (mais comuns em prematuros),
manejar adequadamente, acompanhe. Esses tipos de mamilo não impos- anquiloglossia e traumatismos devido
sibilitam a amamentação, mas podem ao uso de bombas tira-leite.
Problemas na descida do leite exigir uma maior atenção dos profissio-
As cirurgias cesarianas e fatores nais de saúde para manejar dificulda-

52
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

Se a dor for intolerável, pode-se suspender temporaria-


Medidas úteis para evitar machucar os mamilos:
mente a oferta de uma das mamas e buscar formas manuais

orientar uma pega adequada;


de retirar o leite do peito com menos dor. É desaconselhável
o uso de cremes, óleos, antissépticos, saquinho de chá, casca
evitar o uso de sabão, álcool ou
de banana ou outras substâncias sobre as mamas na tentati-
qualquer outro produto nos
mamilos; va de aliviar a dor. Não existe comprovação científica de que
passar esses produtos ou o próprio leite materno ajude nos
se a mama estiver muito cheia,
retirar um pouco de leite antes da casos de lesões.
mamada para deixar a aréola mais
macia e facilitar a pega do bebê; Ingurgitamento mamário ou “leite empedrado”
para interromper a mamada e Acontece quando a mama produz mais leite e não é
fazer com que o bebê solte a esvaziada completamente. O ingurgitamento geralmente é
mama sem esticar o mamilo, difuso, bilateral e não está associado ao eritema mamário, a
introduzir com cuidado o dedo
mama fica endurecida e dolorida com presença de nódulos
mínimo no canto da boca do bebê.
podendo provocar elevação da temperatura materna (febre)
e mal-estar. Para reduzir o problema algumas medidas
podem ser adotadas:
Se os mamilos já estiverem machucados, recomenda- • mamadas frequentes;
se que eles sejam enxaguados com água limpa após • retirar gentilmente das mamas um pouco de leite antes
cada mamada, a fim de evitar infecções. Alguns das mamadas para amaciar a aréola e facilitar a pega
procedimentos podem ser úteis para diminuir a dor: adequada;
• modificar as posições da mamada, reduzindo a • compressas mornas (pano úmido) antes da mamada
pressão nos pontos dolorosos; para ativar o reflexo de ejeção do leite ou uma
• iniciar a amamentação na mama não afetada ou chuveirada ou banho morno (cuidado para não
menos afetada. queimar a pele);

53
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

• retirar leite entre as mamadas, o parado no peito) é frequentemente o


Com relação ao
suficiente para se sentir confortável; fator inicial na mastite, a remoção do
edema, compres-
• massagens delicadas das mamas, sas frias (ou bolsa leite, por meio de mamadas frequentes,
com movimentos circulares, particu- térmica de gel ou massagem ou retirada do leite (manual
gelo envolto em
larmente nas regiões mais afetadas ou com bomba) é uma etapa de manejo
tecido), em intervalos regulares
pelo ingurgitamento. Elas fluidificam das mamadas, podem ajudar. Em importante, somada às orientações
o leite viscoso acumulado e estimu- situações de maior gravidade, e prescrições médicas para uso de
lam o reflexo de ejeção do leite; podem ser feitas em todos os medicamentos recomendados nessa
intervalos das mamadas.
• massagens nas costas e no pescoço situação.
ou outras formas de relaxamento O uso de um anti-inflamatório
Importante: o tempo de
também podem ajudar o leite a aplicação das compressas não como ibuprofeno pode ser mais eficaz
fluir. Algumas medidas podem ser deve ultrapassar 20 minutos devido no alívio da dor do que analgésicos
utilizadas para aliviar o desconforto ao efeito rebote, ou seja, um aumen- como o paracetamol. Se os sintomas
to do fluxo sanguíneo para compen-
como usar sutiã com alças largas não melhorarem em 12 a 24 horas,
sar a redução da temperatura local.
e firmes, ininterruptamente, para Tão importante quanto orientar o antibioticoterapia deve ser iniciada.
alívio da dor e manter os ductos em manejo do ingurgitamento é orientar O patógeno mais comum na mastite
a sua prevenção.
posição anatômica; é o S. aureus resistente à penicilina e,
• uso de analgésicos sistêmicos/anti- menos comumente, um estreptococo
inflamatórios pode ser útil se a dor for ou Escherichia coli. Os
intensa. Ibuprofeno é considerado o Mastite antibióticos preferidos são as
mais eficaz, auxiliando também na Inflamação da mama, que pode cefalosporinas de primeira geração e
redução da inflamação e do edema. se tornar uma infecção purulenta. as penicilinas resistentes à penicilinase,
Paracetamol pode ser usado como Bastante dolorida costuma causar como dicloxacilina ou flucloxacilina, na
alternativa. dores no corpo, febre e mal-estar. Como dose de 500 mg via oral quatro vezes
a estase do leite (leite muito tempo por dia.

54
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

A duração do tratamento é de 10 leite materno após as mamadas se não SAIBA +


a 14 dias e a internação somente houver um esvaziamento adequado. Conheça mais sobre a
é indicada nos casos em que não Existem também as situações em Rede Brasileira de Bancos
de Leite Humano acessan-
há melhora dos sintomas ou há que algumas mulheres produzem um do: <http://www.redeblh.fiocruz.
necessidade de administração de volume de leite maior do que seu bebê br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?-
sid=360>.
antibiótico intravenoso. Nesses casos é capaz de consumir, nesses casos é
Nesta página você poderá apren-
é importante garantir o alojamento possível que sejam doadoras de um der sobre a importância da doa-
conjunto, pois não há evidências de Banco de Leite Humano. A doadora ção de leite humano e ver respos-
tas para algumas dúvidas mais
risco para o bebê de termo saudável de precisa estar em bom estado de saúde comuns sobre esse tema. Doação
continuar a amamentação na vigência e não usar medicamentos que interfi- de leite: o que é, aleitamento ma-
terno, importância, como doar:
de uma mastite. Apesar da presença ram na amamentação. O leite doado <https://www.youtube.com/wat-
de bactérias no leite materno quando é processado e oferecido para bebês ch?v=n4iPNl0aCbA&feature=you-
tu.be>.
há mastite, é seguro para a criança prematuros e/ou baixo peso internados
Para conhecer quais medicamen-
(sadia, a termo) mamar no peito. nas Unidades Neonatais. Para saber
tos interferem na amamentação,
Repouso, hidratação e nutrição como doar a mulher pode procurar o confira a publicação “Amamenta-
ção e uso de medicamentos e ou-
materna adequadas são medidas de Banco de Leite Humano mais próximo
tras substâncias”, do Ministério da
suporte fundamentais. A aplicação ou ligar no Disque Saúde 136. Saúde, disponível em:
<https://bvsms.saude.gov.br/bvs/
de calor, por exemplo, um banho
publicacoes/amamentacao_uso_
morno ou compressa morna no peito medicamentos_2ed.pdf>.
Nos primeiros seis meses recomenda-
imediatamente antes da mamada
-se a amamentação exclusiva, ou
pode ajudar para a saída e o fluxo seja, somente o
de leite. Após a mamada podem ser leite materno Oferecer qualquer outro alimento
aplicadas compressas frias na mama, a sem nenhum sólido ou líquido antes dos 6 meses,
outro líquido ou
fim de reduzir a dor e o edema. Pode além prejudicial ao bebê, é comple-
alimento.
ser necessário retirar manualmente o tamente desnecessário, devendo

55
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

ser fortemente desaconselhado por Nos casos em que a amamentação


profissionais da saúde. A prática de não está sendo praticada, por impossi-
amamentação cruzada, ou seja, quan- bilidade ou opção da família, o primeiro Reconstituição do leite para
crianças menores de 4 meses
do mulheres amamentam crianças substituto recomendado é a fórmula
Leite em pó integral:
que não são seus filhos, também não é infantil para lactentes. Contudo, o que
• 1 colher das de sobremesa rasa para
recomendada. observamos pelos estudos nacionais,
100ml de água fervida.
é o uso de leite de vaca. É importante
• 1½ colher das de sobremesa rasas
7.2.2 Alimentação de crianças lembrar que o leite de vaca integral para 150ml de água fervida.
não amamentadas não fornece todos os nutrientes que a • 2 colheres das de sobremesa rasas
Embora os benefícios do aleita- criança precisa, contém proteínas que para 200ml de água fervida.
mento materno sejam amplamente demoram mais para serem digeridas Preparo do leite em pó: primeiro, diluir o
leite em pó em um pouco de água
reafirmados, existem situações que, e possui quantidades insuficientes de
fervida e em seguida adicionar a água
por condições adversas ou escolhas vitaminas A, D e C. E para ser ofereci- restante necessária.
individuais, crianças são desmamadas do para menores de 4 meses, precisa
Leite integral fluido:
antes dos 6 meses, ou recebem outro ser diluído em água, isso porque os
2/3 de leite fluído + 1/3 de água fervida
alimento além do leite materno. Para nutrientes presentes no leite de vaca
• 70ml de leite + 30 ml de água = 100ml
essas crianças deve haver cuidado sobrecarregam a função renal da
• 100ml de leite + 50ml de água = 150ml
adicional na vigilância do crescimento criança além de ser potencialmente
• 130ml de leite + 70ml de água = 200ml
e desenvolvimento. alergênico. Veja ao lado como orientar
Até completar quatro meses de idade, o
A qualquer momento é possível a diluição d o leite de vaca para crianças leite diluído deve ser acrescido de óleo,
restabelecer a amamentação exclusiva, menores de quatro meses, lembrando ou seja, 1 colher de chá de óleo para
se este for o desejo da mãe, caso que ele deve ser utilizado somente cada 100 ml. Após completar quatro
meses de idade o leite integral líquido
contrário, como profissional da saúde, em casos excepcionais, quando não não deverá ser diluído e nem acrescido
cabe a você apoiar a mãe nas melhores há possibilidade de a criança receber do óleo, já que nessa idade a criança não
escolhas para a alimentação da criança. o leite materno ou a fórmula infantil. amamentada receberá outros alimentos.

56
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

É importante também que a criança, à base de leite de vaca, geralmente são


SAIBA +
nessa situação, receba suplementação colocados lado a lado nas prateleiras
Confira essa matéria do
adequada de vitaminas e minerais. dos supermercados e farmácias e têm Instituto Brasileiro do
Consumidor com a IBFAN
A fórmula infantil à base de leite de preços menores, por isso as famílias
sobre o problema dos compostos
vaca é produzida pelas grandes indús- devem ser alertadas quanto a isso. lácteos: <https://idec.org.br/
materia/gato-por-lebre-0>
trias de alimentos e comercializada As crianças que recebem fórmula
em supermercados, farmácias e lojas infantil à base de leite de vaca poderão
virtuais. É um produto que resulta da iniciar a alimentação complementar a de leite devem iniciar a introdução da
modificação do leite de vaca, alterando partir dos 6 meses. Devido à carência alimentação complementar saudável a
a quantidade de proteínas, sódio, gor- de nutrientes do leite de vaca modifica- partir dos 4 meses com orientação do
duras, açúcares, vitaminas e minerais do, as crianças que recebem esse tipo profissional da saúde. Veja o quadro.
para melhorar a tolerância pelo orga-
nismo ainda imaturo do bebê. Alimentação da criança que recebe leite de vaca integral por faixa etária

Os compostos lácteos são


Aos 4 meses de idade De 5 até 6 meses
classificados como produtos
Café da
ultraprocessados, e portanto não Leite de vaca integral Leite de vaca integral
manhã
são indicados para crianças menores Lanche
Fruta Fruta
da manhã
de 2 anos e não substituem o leite
materno. Esses compostos lácteos são É recomendado que o prato da criança É recomendado que o prato da criança
tenha: tenha:
produzidos com uma mistura de leite • 1 alimento do grupo dos cereais e • 1 alimento do grupo dos cereais e
(no mínimo 51%) e outros ingredientes tubérculos, tubérculos,
• 1 alimento do grupo dos feijões, • 1 alimento do grupo dos feijões,
lácteos ou não lácteos e costumam Almoço
• 1 ou mais alimentos do grupo de • 1 ou mais alimentos do grupo de
verduras e legumes, verduras e legumes,
conter açúcar e aditivos alimentares.
• 1 alimento do grupo das carnes e ovos • 1 alimento do grupo das carnes e ovos
Suas embalagens e rótulos são muito Junto à refeição pode ser dado um Junto à refeição pode ser dado um
pedaço de fruta pedaço de fruta
parecidos com os das fórmulas infantis

57
O BEBÊ MENOR DE 6 MESES UN7

Lanche Leite de vaca integral e fruta Leite de vaca integral e fruta


da tarde

Jantar Leite de vaca integral Igual ao almoço

Antes de Leite de vaca integral Leite de vaca integral


dormir

Quantidade aproximada do almoço 7.3 Encerramento da unidade


e jantar entre 5 e 6 meses: 2 a 3 Nesta unidade, você conheceu
colheres de sopa. Essas quantidades técnicas de manejo do aleitamento
servem apenas como referência, e não materno para apoiar mulheres com
devem ser tomadas com rigidez, uma dificuldades na amamentação e
vez que sinais de fome e saciedade da aprendeu também o que é possível
criança devem ser respeitados. recomendar para crianças não
amamentadas menores de 6 meses.
Esperamos que o conhecimento
adquirido nesta unidade seja útil no
seu dia a dia de trabalho!

58
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

8 CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES

8.1 Introdução da unidade


Nesta unidade, apresentaremos a você quais são as
recomendações de alimentação complementar para crianças
maiores de 6 meses até os 2 anos de idade, abordaremos a
nova classificação de alimentos, as escolhas de alimentos, o
preparo e a oferta da refeição. Boa leitura!

8.2 Práticas saudáveis de alimentação


para a criança de 6 meses a 2 anos
O Guia Alimentar para Crianças Brasileiras Menores
de 2 Anos apresenta recomendações sobre a alimentação
complementar. É no período em que completa 6 meses
que a maioria das crianças estarão prontas para iniciar
a alimentação. Contudo, esse primeiro momento é de
adaptação: a criança poderá recusar o alimento e chorar
durante a alimentação. A família precisa ser informada de
que é importante ter paciência, buscando que o momento
da refeição seja uma experiência amorosa e positiva.
Em muitas famílias, o período da introdução alimentar coin-
cide com o momento do fim da licença maternidade e retorno
ao trabalho. É importante que as mulheres sejam apoiadas
para dar continuidade à amamentação até os 2 anos ou mais,
mesmo com a introdução da alimentação complementar sau-

59
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

dável. A mulher precisa ser orientada quanto à extração e ao aleitamento.


armazenamento do leite materno e os cuidadores da criança A introdução alimentar deve começar com três refeições
precisam ser orientados sobre como ofertar o leite extraído por dia, podendo ser duas refeições de lanche (fruta) e uma
para o bebê na ausência da mãe. Além disso, existem leis que de comida (almoço ou jantar), ou duas refeições de comida
apoiam a mulher trabalhadora que amamenta promovendo (almoço e jantar) e um lanche (fruta). Não é preciso fixar uma
garantias que facilitam a continuidade da amamentação. regra sobre qual refeição oferecer primeiro, mas sim ter a
compreensão que, ao completar 7 meses, o bebê precisa
estar recebendo habitualmente três refeições por dia.
SAIBA +
Desde os 6 meses a criança pode receber os mesmos
A “Cartilha para a mulher trabalhadora que
amamenta” do Ministério da Saúde oferece alimentos que são preparados para a família, desde que
orientações de como manter a amamentação e saudáveis. A criança precisa comer alimentos de todos
oferecer o seu leite de forma segura, mesmo longe do
bebê, além das legislações relacionadas à proteção os grupos alimentares: feijões, carnes e ovos, legumes e
da amamentação. Acesse: <https://bvsms.saude.gov. verduras, tubérculos, cereais.
br/bvs/publicacoes/cartilha_mulher_trabalhadora_
amamenta.pdf>. No início da oferta de alimentos, a criança deve receber
Assista ao vídeo ilustrativo do Ministério da Saúde que alimentos amassados com o garfo. Conforme a criança
mostra como fazer a retirada e o armazenamento do
leite materno no “Tutorial: conheça o passo a passo cresce e se desenvolve, a consistência da alimentação
para a doação de leite materno” no link: <https://www. também vai ficando menos pastosa para se tornar cada
youtube.com/watch?v=X_Ar6jdVK_I>.
Aproveita para assistir, também, ao vídeo do Instituto de vez mais parecida com a consistência da comida da família.
Saúde do Estado de São Paulo sobre a oferta do leite Importante destacar que o uso do liquidificador, mixer ou
materno no copo ou na xícara: <https://www.youtube.
com/watch?v=d_xpTusXXdE>. peneiras deve ser evitado, isso porque a criança que recebe
alimentos muito líquidos pode ter dificuldade em comer
alimentos mais sólidos e também porque alimentos como
O apoio da família, dos empregadores, do profissional de sopas, sucos e caldos, por conterem mais água, fornecem
saúde e das instituições educacionais ou dos responsáveis menos energia que a criança necessitaria.
que cuidam de bebês é fundamental para a continuidade do Os alimentos devem ser colocados em pequenas

60
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

quantidades no prato da criança, Alimentação da criança amamentada por faixa etária

começando com uma colher de


Aos 6 meses de Entre 9 e 11 Entre 1 e 2
sobremesa de um alimento de cada Entre 7 e 8 meses
idade meses anos
grupo, aproximadamente, podendo Café da Leite materno
Leite materno Leite materno Leite materno
chegar a até três colheres de sopa manhã e fruta ou pães/raízes

somando o total da refeição no Lanche da Fruta e leite Fruta e leite Fruta e leite Fruta e leite
manhã materno materno materno materno
prato. Essa quantidade é apenas uma
É recomendado que É recomendado que É recomendado que É recomendado que
referência e não deve ser encarada o prato da criança o prato da criança o prato da criança o prato da criança
tenha: tenha: tenha: tenha:
como uma prescrição rígida. Outro • 1 alimento do • 1 alimento do • 1 alimento do • 1 alimento do
ponto importante a ser considerado grupo dos cereais e grupo dos cereais e grupo dos cereais e grupo dos cereais e
tubérculos, tubérculos, tubérculos, tubérculos,
são os sinais de fome mais comuns Almoço • 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo
como pegar ou apontar para a comida. dos feijões, dos feijões, dos feijões, dos feijões,
• 1 ou mais alimentos • 1 ou mais alimentos • 1 ou mais alimentos • 1 ou mais alimentos
Assim como os sinais de saciedade da do grupo de verduras do grupo de verduras do grupo de verduras do grupo de verduras
e legumes, e legumes, e legumes, e legumes,
criança, que são comer mais devagar,
• 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo • 1 alimento do grupo
ficar com a comida parada na boca das carnes e ovos das carnes e ovos das carnes e ovos das carnes e ovos
sem engolir, empurrar o alimento. Lanche da Fruta e leite Fruta e leite Fruta e leite Leite materno e
tarde materno materno materno fruta ou pães/raízes
Veja a seguir a recomendação para a
Jantar Leite materno Igual ao almoço Igual ao almoço Igual ao almoço
alimentação complementar da criança
Antes de
amamentada e não amamentada Leite materno Leite materno Leite materno Leite materno
dormir
também. 2 a 3 colheres de 3 a 4 colheres de 4 a 5 colheres de
Quantidade 5 a 6 colheres de sopa
sopa sopa sopa
Alimentos bem Alimentos bem Alimentos bem Alimentos bem
Textura amassados com o amassados com o amassados com o cortados ou pouco
garfo garfo garfo amassados
Água Nos intervalos Nos intervalos Nos intervalos Nos intervalos

61
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

Alimentação da criança não amamentada, que recebeu fórmula infantil nos primeiros 6 meses, por faixa etária

Aos 6 meses de idade Entre 7 e 8 meses Entre 9 e 11 meses Entre 1 e 2 anos

Leite de vaca integral e fruta


ou leite de vaca integral e
cereal (pães caseiros, pães
Café da manhã Fórmula infantil Fórmula infantil Leite de vaca integral processados, aveia, cuscuz de
milho) ou raízes e tubérculos
(aipim/macaxeira, batata doce,
inhame)

Lanche da manhã Fruta Fruta Fruta Fruta

É recomendado que o prato É recomendado que o prato É recomendado que o prato É recomendado que o prato da
da criança tenha: da criança tenha: da criança tenha: criança tenha:
• 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos
cereais e tubérculos, cereais e tubérculos, cereais e tubérculos, cereais e tubérculos,
• 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos • 1 alimento do grupo dos
feijões, feijões, feijões, feijões,
Almoço
• 1 ou mais alimentos do • 1 ou mais alimentos do • 1 ou mais alimentos do • 1 ou mais alimentos do grupo
grupo de verduras e legumes, grupo de verduras e legumes, grupo de verduras e legumes, de verduras e legumes,
• 1 alimento do grupo das • 1 alimento do grupo das • 1 alimento do grupo das • 1 alimento do grupo das
carnes e ovos carnes e ovos carnes e ovos carnes e ovos
Junto à refeição pode ser dado Junto à refeição pode ser Junto à refeição pode ser Junto à refeição pode ser dado
um pedaço de fruta dado um pedaço de fruta dado um pedaço de fruta um pedaço de fruta

Leite de vaca integral e fruta


ou leite de vaca integral e
cereal (pães caseiros, pães
Fórmula infantil Fórmula infantil Leite de vaca integral e
Lanche da tarde processados, aveia, cuscuz de
e fruta e fruta fruta
milho) ou raízes e tubérculos
(aipim/macaxeira, batata
doce, inhame)

Jantar Fórmula infantil Igual ao almoço Igual ao almoço Igual ao almoço

Antes de dormir Fórmula infantil Fórmula infantil Leite de vaca integral Leite de vaca integral

62
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

Alimentação da criança não amamentada, que recebeu leite de vaca


nos primeiros 6 meses, por faixa etária DESTAQUE
O Guia Alimentar para
Entre 6 e 11 meses Entre 1 e 2 anos Crianças Brasileiras Menores
de 2 Anos recomenda
Leite de vaca integral não ofertar alimentos que
e fruta ou leite de vaca contenham açúcar nos 2
Café da integral e cereal (pães caseiros, primeiros anos de vida e nem
Leite de vaca integral
manhã pães processados, aveia, cuscuz de alimentos ultraprocessados.
milho) ou raízes e tubérculos (aipim/
macaxeira, batata doce, inhame)

Lanche da Alimentos ultraprocessados não de-


Fruta Fruta
manhã
vem ser oferecidos, por serem nutricio-
É recomendado que o prato da É recomendado que o prato da criança
nalmente desbalanceados e por conte-
criança tenha: tenha:
• 1 alimento do grupo dos cereais e • 1 alimento do grupo dos cereais e rem muitos aditivos. Além disso, comer
tubérculos, tubérculos,
• 1 alimento do grupo dos feijões, • 1 alimento do grupo dos feijões, ou beber alimentos ultraprocessados
Almoço • 1 ou mais alimentos do grupo de • 1 ou mais alimentos do grupo de pode atrapalhar o apetite nas refeições
verduras e legumes, verduras e legumes,
• 1 alimento do grupo das carnes e • 1 alimento do grupo das carnes e seguintes. O consumo desses alimentos
ovos ovos aumenta a chance de obesidade na in-
Junto à refeição pode ser dado um Junto à refeição pode ser dado um
pedaço de fruta pedaço de fruta fância e os riscos de outras doenças crô-

Leite de vaca integral e fruta ou nicas desde a infância até a vida adulta.
leite de vaca integral e cereal O cuidado com a saúde dos bebês deve
Lanche da (pães caseiros, pães processados,
Leite integral e fruta ser uma tarefa de toda a família e de
tarde aveia, cuscuz de milho) ou raízes e
tubérculos (aipim/macaxeira, batata todos que convivem com o bebê.
doce, inhame)

Jantar Igual ao almoço Igual ao almoço 8.3 Da escolha dos alimentos


Antes de ao preparo das refeições
Leite de vaca integral Leite de vaca integral
dormir
O Guia Alimentar para a População

63
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

Brasileira foi publicado em 2014 e traz categorias de alimentos, de acordo com o Guia Alimentar da População Brasileira.
uma série de novos conceitos sobre Veja um exemplo de grau de processamento de alimentos:
alimentação adequada e saudável para
a população brasileira. O primeiro con- Alimentos in natura Alimentos
ceito apresentado é que a alimentação ou minimamente processados
é mais que a ingestão de nutrientes. processados
São produtos fabricados
Estes compõem os alimentos, porém, Obtidos diretamente de plantas essencialmente com a adição de sal ou
basear uma dieta apenas nos nutrien- ou de animais. Exemplos: legumes, verdu- açúcar (ou outra substância de uso
ras, frutas, raízes e tubérculos, arroz culinário como óleo ou vinagre) a um
tes é deixar de considerar os demais
branco, integral ou parboilizado, feijões de alimento in natura ou minimamente
aspectos dos hábitos alimentares tais todas as variedades, lentilhas, grão de bico, processado. Exemplos: carnes salgadas,
como as formas de preparo, o modo de frutas secas, castanhas, nozes, amendoim peixe conservado em óleo ou água e sal,
sem sal ou açúcar. frutas em calda, queijos e pães.
comer e as dimensões sociais, culturais
Alimentos ultraprocessados
e econômicas das práticas alimentares.
De acordo com o Guia, existem qua- Produtos feitos por indústrias de grande porte, que envolvem
diversas etapas e técnicas de processamento e muitos ingredien-
tro categorias de alimentos, segundo
tes, incluindo sal, açúcar, óleos e gorduras e substâncias de uso exclusivamente indus-
o tipo de processamento empregado trial. Exemplos: refrigerantes e pós para refrescos, “salgadinhos de pacote”, sorvetes,
na sua produção. Para compor a ali- chocolates, balas e guloseimas em geral, pães de forma, de hot dog ou de hambúrguer;
mentação infantil, as famílias devem pães doces, biscoitos, bolos e misturas para bolo; “cereais matinais” e “barras de cereal”;
bebidas “energéticas”, achocolatados e bebidas com sabor de frutas; caldos liofilizados
estar atentas à recomendação do Guia
com sabor de carne, de frango ou de legumes; maioneses e outros molhos prontos.
alimentar, no qual alimentos in natura
e minimamente processados devem ser Ingredientes culinários
a base das refeições. A escolha dos ali- Produtos utilizados nas cozinhas para temperar e cozinhar alimentos in
mentos é uma etapa muito importante natura ou minimamente processados. Exemplos: sal de cozinha extraí-
do de minas ou da água do mar; açúcar, melado e rapadura extraídos da cana de açúcar
para uma alimentação saudável.
ou da beterraba; mel extraído de favos de colmeias; óleos e gorduras extraídos de
Veja no quadro ao lado as quatro alimentos de origem vegetal ou animal.

64
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

Evolução da consistência das preparações:


almoço e jantar

1. Morango fresco (in natura)


2. Geleia de morango (processado)
3. Queijo petit suisse (ultraprocessado)

Fonte: Brasil, 2019a. 6 meses 8 meses 12 meses Adulto

Exemplo de refeições: Exemplos de pratos prontos


Ter uma organização no preparo das
refeições auxilia na agilidade de todo o
processo, como planejar as refeições
com antecedência, adquirir alimentos
que estão na época e que são naturais
da região onde você vive.

Fonte: Brasil, 2019a.


Veja os exemplos a seguir.
Mandioca e ervilha Angu, feijão carioca, Arroz, feijão preto, Macarrão, feijão
Uma alimentação saudável na
amassadas, fígado frango e quiabo carne moída, marrom, peixe
primeira infância é composta por bovino picado e cozido. beterraba e taioba. desfiado e cenoura.
comida de verdade, feita em casa. A chicória refogada.
responsabilidade em todo processo
que envolve o preparo dos alimentos Observações: As imagens trazem quantidades de alimentos para diferentes
faixas etárias. As refeições para crianças estão servidas em pratos de
deve ser compartilhado com todos da
sobremesa e a refeição para adulto, em prato grande e raso.
família.
65
CRIANÇAS DE 6 A 24 MESES UN8

Outro ponto importante são os cuidados de higiene no


preparo das refeições: utilizar água potável, lavar as mãos,
limpar utensílios e superfícies e higienizar os alimentos.

SAIBA +
Você gostaria de conhecer mais sobre os alimentos
da sua região? Confira então essa publicação do
Ministério da Saúde que apresenta a biodiversidade
alimentar dos diferentes ecossistemas que compõem o
Brasil: “Alimentos regionais brasileiros”, disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/alimentos_
regionais_brasileiros_2ed.pdf>

Assistam, também, à série no YouTube “Comida de Bebê:


uma introdução à comida de verdade” – são 40 episódios
curtos que apresentam de maneira prática o preparo de
alimentos para bebês. A série está disponível em:
<https://www.youtube.com/playlist?list=PLx-
RfqJiTFaqacH6bqqua1wWcUOAuL0PE>

8.4 Encerramento da unidade


Nesta unidade, você pôde conhecer as atuais
recomendações de alimentação complementar para crianças
maiores de 6 meses até os 2 anos de idade. Esperamos
que esse conhecimento seja utilizado no seu cotidiano de
atendimento de crianças da primeira infância.

66
PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE UN9

9 PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E


ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL
NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

9.1 Introdução da unidade


Parabéns, você chegou à última unidade! Apresentaremos
informações para que você veja como é possível transformar
os conhecimentos sobre aleitamento materno e alimentação
complementar saudável em ações de promoção à saúde na
atenção primária.
Ao final desta unidade, você terá a compreensão da im-
portância do planejamento de ações de promoção do aleita-
mento materno e da alimentação complementar saudável e
de entender como a implementação da Estratégia Amamenta
Alimenta Brasil (EAAB) pode ser uma ferramenta transforma-
dora da realidade local. Desejamos uma ótima leitura!

9.2 Ações de promoção do aleitamento materno e da


alimentação complementar na atenção primária
Para que haja melhora nos indicadores de alimentação
e de nutrição das crianças brasileiras é fundamental que
existam investimentos em ações que incentivem a promoção
da alimentação saudável na atenção primária. Nos últimos
anos, o Ministério da Saúde tem lançado políticas e diretrizes
para a implementação da promoção da alimentação

67
PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE UN9

adequada e saudável, das quais podemos citar a revisão ambientes promotores de alimentação adequada e saudável,
da Política Nacional de Alimentação e Nutrição, a Estratégia proporcionando a interação entre saberes alimentares
Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB), o Guia Alimentar para tradicionais e a produção de alimentos locais. Assim, você
a População Brasileira, o Guia Alimentar para Crianças e sua equipe, com apoio dos gestores, da comunidade e de
Brasileiras Menores de 2 Anos, entre outras. outros atores sociais podem facilitar a prática do aleitamento
As equipes da APS possuem um papel central neste materno exclusivo por 6 meses e continuado por 2 anos ou
cenário, uma vez que são as responsáveis pelas ações mais com alimentação complementar saudável.
educativas coletivas e pelo aconselhamento nas consultas Os estudos científicos mostram que os sistemas de
individuais. Entretanto, para a efetividade das ações de saúde são fundamentais para garantir ótimas práticas de
promoção da saúde ainda é preciso transpor o obstáculo aleitamento materno e de alimentação complementar.
do reconhecimento das potencialidades existentes nos A Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB) surge
territórios para além dos desafios, que são inúmeros. neste contexto. Instituída pela Portaria nº 1.920, de 5 de se-
Os profissionais da saúde podem incentivar e apoiar tembro de 2013, é uma ação conjunta da Coordenação Geral
de Alimentação e Nutrição (CGAN/SAPS) e da Coordenação de
Saúde da Criança e Aleitamento Materno (COCAM/SAPS), do
Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias estaduais
e municipais de saúde como resposta aos dados do cenário
epidemiológico brasileiro (apresentados na Unidade 2).
A metodologia crítico-reflexiva é um dos pilares da EAAB.
Trata-se de uma nova concepção educacional, proposta
por Paulo Freire, que incorpora ao modelo educacional
a realidade concreta dos indivíduos como atores sociais
dotados de senso crítico, autonomia e criatividade para
sentir e pensar.

68
PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE UN9

SAIBA + DESTAQUE
Para mais informações sobre a formação A abordagem crítico-reflexiva busca a
profissional em saúde, recomendamos a leitura transformação social por meio da mobilização das
do “Curso de formação de facilitadores de educação pessoas, que por meio de atividades participativas
permanente em saúde: unidade de aprendizagem”, e lúdicas incentiva a troca de experiência, a criatividade
disponível em: <https://bvsms.saude.gov.br/bvs/ e a construção da problematização da realidade local.
publicacoes/curso_facilitadores_unidade_trabalho.pdf>. Com isso, pretende-se que o tutor da estratégia utilize o
enfoque problematizador para incorporar os princípios
da aprendizagem significativa.

Por meio de atividades participativas, a EAAB realiza


capacitação dos profissionais da saúde para a promoção
REFLEXÃO
do aleitamento materno e da alimentação complementar
Durante toda a sua trajetória educacional, desde
saudável como atividade de rotina das unidades de saúde os primeiros anos na escola até sua formação
da APS, incentivando a troca de experiências e a construção profissional, como você se lembra do seu aprendizado?
Havia memorização de conteúdos e transferência de
do conhecimento a partir da realidade local. conhecimento? Você percebia que seus conhecimentos
Foram realizadas em todo território nacional, no período fora do ambiente escolar eram, de alguma maneira,
valorizados durante as aulas?
de 2013 a 2019, 334 oficinas de formação de tutores e
3.605 oficinas de trabalho. Foram formados 6.317 tutores e
envolvidas 2.945 UBS. 9.3 Encerramento da unidade
Os tutores da EAAB são os profissionais responsáveis por Nesta unidade, você aprendeu sobre a importância
realizar as oficinas de trabalho nas UBS. O seu papel é pri- das políticas de alimentação e nutrição e da Estratégia
mordialmente apoiar as UBS, por meio do acompanhamen- Amamenta e Alimenta Brasil. Esperamos que este conteúdo
to e planejamento das ações de promoção, de proteção e de lhe impulsione, profissional da saúde, a reconhecer a
apoio ao aleitamento materno e à alimentação complemen- sua importância diante do atual cenário epidemiológico
tar saudável. Como apoiador da UBS, deve oferecer o auxílio brasileiro e identifique as potencialidades do trabalho da
necessário para o cumprimento dos critérios de certificação, APS no que diz respeito à promoção do aleitamento materno
bem como de outras demandas identificadas.
69
PROMOVENDO O ALEITAMENTO MATERNO E
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR SAUDÁVEL NA
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE UN9

e da alimentação complementar adequada e saudável.


Desejamos que você aproveite, no seu cotidiano de
trabalho, todas as informações compartilhadas nesta
unidade e que possa em um breve futuro ser um agente de
transformação social, no seu local de atuação, por meio da
implementação da Estratégia Amamenta Alimenta Brasil.

70
ENCERRAMENTO DO CURSO

Gostaríamos de parabenizá-lo pela conclusão do curso


“Promoção do aleitamento materno e da alimentação
complementar saudável na atenção primária à saúde:
recomendações baseadas no Guia Alimentar para crianças
brasileiras menores de 2 anos”.
Esperamos que você, profissional da saúde, consiga utilizar
os conhecimentos aqui apresentados no enfrentamento dos
desafios no cotidiano de trabalho na atenção primária.
Até logo!
A coordenação

71
REFERÊNCIAS

Unidade 1

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República


Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
Brasília, 1988. Artigo 277.

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sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras
providências. Estatuto da Criança e do Adolescente.
Brasília, 13 jul. 1990a.

BRASIL. Decreto nº 99.710, de 21 de novembro de 1990.


Promulga a Convenção sobre os Direitos da Criança.
Brasília, 1990b.

BRASIL. Lei nº 13.257, de 8 de março de 2016. Dispõe sobre


as políticas públicas para a primeira infância e altera a Lei
nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do
Adolescente), o Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de
1941 (Código de Processo Penal), a Consolidação das Leis
do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de
1º de maio de 1943, a Lei nº 11.770, de 9 de setembro de

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Aprova diretrizes para a promoção da alimentação saudável brasileiras com idade de 6 a 59 meses. Cadernos de Saúde
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Seção 1. dispõe sobre a prevenção e repressão às infrações contra a
ordem econômica; altera a Lei nº 8.137, de 27 de dezembro
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de Sanitária. Resolução RDC nº 221, de 5 de agosto Código de Processo Penal, e a Lei nº 7.347, de 24 de julho
de 2002. Regulamento técnico sobre chupetas, bicos, de 1985; revoga dispositivos da Lei nº 8.884, de 11 de junho
mamadeiras e protetores de mamilo. Diário Oficial da de 1994, e a Lei nº 9.781, de 19 de janeiro de 1999; e dá
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 6 ago. 2002a. Seção 1. outras providências. Brasília, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e
de Sanitária. Resolução RDC nº 222, de 5 de agosto de do Adolescente (CONANDA). Resolução nº 163, de
2002. Regulamento técnico para promoção comercial dos 13 de março de 2014. Dispõe sobre a abusividade
alimentos para lactentes e crianças de primeira infância. do direcionamento de publicidade e de comunicação
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 6 ago. mercadológica à criança e ao adolescente. Diário Oficial da
2002b. Seção 1. União, Brasília, DF, 4 abr. 2014.

BRASIL. Lei nº 11.265, de 3 de janeiro de 2006. FLORIANÓPOLIS (Município). Lei n° 8985, de 22 de junho
Regulamenta a comercialização de alimentos para lactentes de 2012. Veda a comercialização de lanche acompanhado
e crianças de primeira infância e também a de produtos de brinde ou brinquedo. Florianópolis, 2012.
de puericultura correlatos. Diário Oficial da União, Poder
Executivo, Brasília, DF, 4 jan. 2006.

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BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária
a Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia AMIR, L.  ABM Clinical Protocol #4: mastitis, revised march
alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. 2014. Breastfeeding Medicine, v. 9, n. 5, p. 239-243,
Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 265p. jun. 2014. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1089/
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Unidade 6
KHAN, T. V.; RAMIREZ, M. Management of Common
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primária Breastfeeding Problems. Clinical Lactation, v. 8, n.
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alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos. org/10.1891/2158-0782.8.4.181>. Acesso em: 15 ago. 2020.
Brasília: Ministério da Saúde, 2019. 265p.
Unidade 8
Unidade 7
ARAÚJO, L. D. S. A construção de um novo olhar no
BRASIL.. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção ensino do aleitamento materno: uma contribuição da
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Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 Enfermagem) – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto,
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77
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 1.920, de 5 de
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Promoção do Aleitamento Materno e Alimentação
Complementar Saudável no Sistema Único de Saúde (SUS).
Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil. 2013. Disponível
em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/
prt1920_05_09_2013.html>. Acesso em: 6 mai. 2020.

SORDI, M. R. L.; BAGNATO, M. H. S. Subsídios para uma


formação profissional crítico-reflexiva na área da saúde: o
desafio da virada do século. Rev. Latino-Am. Enfermagem,
Ribeirão Preto, v. 6, n. 2, 1998.

78
MINICURRÍCULO

Sonia Isoyama Venancio


Pediatra, Doutora em Saúde Pública pela Faculdade
de Saúde Pública da USP. Pesquisadora VI e Diretora
Assistente do Instituto de Saúde - SES-SP. Coordenadora
do Programa de Mestrado Profissional em Saúde Coletiva
do Instituto de Saúde e Docente do Programa de Nutrição
em Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da
USP. Consultora da Coordenação de Saúde da Criança e
Aleitamento Materno do MS.
http://lattes.cnpq.br/5325524254994256

Regicely Aline Brandão Ferreira


Nutricionista, Bacharel em Gestão de Políticas Públicas e
Mestre em Nutrição e Saúde Pública.
http://lattes.cnpq.br/1240726123422422

Gláubia Rocha Barbosa Relvas


Nutricionista, Doutora em Ciências, com ênfase em Nutri-
ção em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública da
USP. Referência Técnica de Alimentação e Nutrição, Escri-
tório Regional de Saúde de Barra do Garças, Secretaria de
Estado de Saúde de Mato Grosso, SES/MT.
http://lattes.cnpq.br/9579892164594642

79
Daiane Sousa Melo
Nutricionista, Especialista em Atenção Básica e Saúde da
Família, Mestranda em Ciências da Saúde com ênfase
em Nutrição em Saúde Pública (FSP-USP). Assistente de
pesquisa, Instituto de Saúde - SES/SP.
http://lattes.cnpq.br/2263045413943453

Valdecyr Herdy Alves


Professor Titular da Universidade Federal Fluminense na
área Materno-Infantil do Departamento de Enfermagem
Materno-Infantil e Psiquiátrica da Escola de Enfermagem
Aurora de Afonso Costa. Docente do Mestrado Profissional
em Saúde Materno Infantil – UFF. Docente do Mestrado /
Doutorado Acadêmico em Ciências do Cuidado em Saúde
EEAAC/UFF.
http://lattes.cnpq.br/5447343127674320

Audrey Vidal Pereira


Professor Adjunto da Universidade Federal Fluminense
no Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e
Psiquiátrica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso
Costa. Docente no Mestrado / Doutorado Acadêmico em
Ciências do Cuidado em Saúde EEAAC/UFF.
http://lattes.cnpq.br/2510148795147954

80
81

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