A Parábola Do Semeador
A Parábola Do Semeador
A Parábola Do Semeador
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1º Edição
2020
Marcos 4.3-9
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SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO...............................................................................................4
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................119
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APRESENTAÇÃO
Alguma vez você já se perguntou por que o mesmo livro, ou o mesmo sermão,
produz resultados tão diversos em pessoas diferentes? Por que algumas
pessoas respondem tão positivamente ao Evangelho enquanto outras não?
Como é que a mesma Palavra produz resultados tão diferentes no coração
humano? Como pode haver seguidores devotos e inimigos odiosos?
Creio que este humilde e-book pode iluminar nossas mentes para as respostas
desses questionamentos. Digo isso, pois esta obra está fielmente embasada na
Bíblia Sagrada, que é o único livro que pode responder nossos
questionamentos mais profundos (Hebreus 4.12; 2 Timóteo 3.16). Ler esse e-
book pode te trazer autoconhecimento, por mais simples que ele seja. Nosso
objetivo é que no final desta leitura, você possa entender como está o terreno
do seu coração. Saiba que esse entendimento pode mudar a sua vida (João
8.32).
Esse simples livro tem um caráter francamente universal, ou seja, foi escrito
com o objetivo de ser proveitoso a todo tipo de leitor, independentemente de
sua crença. A principal versão da Bíblia utilizada foi a King James Atualizada
(KJA).
Minha oração é para que este humilde texto, possa de alguma forma abençoar
a sua vida. Já te agradeço, de todo o meu coração, por dedicar um pouco de
seu preciso tempo para ler este singelo e-book. Em louvor a Deus, faço das
palavras de Jeremias, as minhas: “Não existe ninguém semelhante a ti, ó
SENHOR; és Grande, e magnífico é o poder do teu Nome. (Jeremias 10.6)”.
CAPÍTULO 1
1
Segundo Vine, Unger e White (1996) A palavra “parábola” (parabole, em grego)
refere-se a uma comparação, semelhança ou similitude. O termo grego parabole
(parábola) vem de duas palavras gregas – para (ao lado de) e ballo (lançar) com o
objetivo de comparar ou encontrar alguma semelhança. Uma parábola no sentido mais
simples refere-se a uma metáfora extraída da natureza ou da vida cotidiana. Parábolas
são histórias da vida real, geralmente com um significado claro, uma verdade
fundamental. Ainda segundo os autores, isso não era novidade para a multidão - os
rabinos costumavam usar parábolas ou histórias paralelas em seus ensinamentos.
Elienai Cabral (2005, p.12) acerca das parábolas, escreveu que essa era uma forma
de comunicação típica do povo do Oriente Médio, em especial na Palestina. O Mestre
usava muitas figuras de linguagem para transmitir seus ensinos. Porém, o método
mais utilizado foi a linguagem por parábolas.
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Marcos 4.1
A PARÁBOLA
O Senhor escolheu uma cena bem conhecida. Seus ouvintes sabiam o que era
um semeador e o que ele fazia. Todos estavam bem familiarizados com a
analogia que Jesus utilizou. Segundo MacArthur (2015) os campos de grãos
cobriam a paisagem da Galileia (onde Jesus estava). Um homem que levava
um saco de sementes sobre os ombros e espalhava as sementes enquanto
atravessava lentamente seu campo era uma visão familiar. Esse fato ainda é
confirmado por Pestana (2010) em seu livro “As parábolas de Jesus”:
Para nós hoje, esta parábola não é tão familiar, porque temos métodos
agrícolas diferentes associados com grande uso de maquinário (ANDREOLI E
BENETTI, 1979). Mas os semeadores na época de Jesus não tinham trator
para puxar o arado, nem lançadores de sementes. Um semeador lançava as
sementes com suas mãos. Às vezes ele colocava o saco de sementes sobre
um animal e conduzia o animal até o campo enquanto as sementes caíam
sobre a terra.
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Elienai Cabral (2005, p.17) explica que Jesus apresentou sua parábola com
muita criatividade, pois destacou quatro tipos distintos de terrenos nos quais a
semente podia ser semeada. Figurativamente, o terreno onde cai a semente
é o coração das pessoas e a receptividade à semente se apresenta de
maneiras diversas.
SEMENTE
Mas que semente é essa que Jesus está falando? Essa semente é a Palavra
de Deus! Jesus disse:
Outro aspecto importante notado pelo mestre citado acima que se percebe é
que no campo das similitudes tanto o semeador quanto a semente significam o
mesmo elemento, que é “a palavra de Deus”. Ora, a Bíblia é a Palavra de Deus
tanto quanto Cristo é a própria Palavra divina. Se a Bíblia é a Palavra viva de
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Deus, portanto, está cheia de Cristo, que é o Verbo de Deus enviado para
salvar o mundo (João 1.1). Jesus é o logos de Deus - o Verbo divino que
estava com Deus que se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória
(João 1.14).
SEMEADOR
2
“Filho do Homem” é uma expressão que nesse versículo se refere claramente a
Jesus. Em Mateus 26.64, o próprio Jesus diz: “Eu, porém, lhes digo, que desde agora
verão o Filho do Homem sentado à mão direita do Poderoso, e vindo com as nuvens
do céu”. Quando Estêvão estava sendo martirizado, ele entendeu perfeitamente o
significado desse título, e prontamente declarou: “Eis que vejo os céus abertos; e o
Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus” (Atos 7.56).
No capítulo 7 de seu livro, o profeta Daniel fala sobre suas visões à noite. Ele escreve
que viu, vindo com as nuvens do céu, “um como o Filho do Homem, e dirigiu-se ao
Ancião de dias, e o fizeram chegar até ele” (Daniel 7.13).
O profeta Daniel ainda continua dizendo que foi dado ao Filho do Homem “domínio, e
glória, e o reino; para que os povos, nações e homens de todas as línguas o
servissem. Seu domínio é eterno, e não passará, e o seu reino jamais será destruído”
(Daniel 7.14).
A semelhança entre todos esses textos é inegável, e, obviamente, a expressão é
utilizada para se referir a mesma pessoa – Jesus Cristo. Claudionor de Andrade (2014,
p.78) registrou: “Durante seu ministério terreno, o Senhor Jesus apresentava-se como
Filho do Homem, a fim de identificar-se plenamente com a humanidade”.
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(Marcos 1.38). Para tal, o semeador (Jesus Cristo) semeava a boa semente
(Palavra de Deus) nos corações dos ouvintes.
Como dito acima pelo mestre Gaby, em nosso contexto atual, o semeador pode
se aplicar a qualquer pessoa que compartilha com os outros o Evangelho, as
boas novas de que Deus enviou seu Filho Jesus ao mundo para ser nosso
Salvador (João 3.16; Marcos 16.15). É o que confirma Cabral (2005), pois diz:
3
Isso não significa que o Espírito faça o nosso papel de “semeadores”, ou seja,
evangelizadores. Entretanto, é Ele quem toca o nosso espirito e nos desperta para
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OS SOLOS
espalhar a semente da Palavra de Deus nos corações, nos instruindo acerca de como
fazer isso da melhor forma.
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O Pr. Elienai Cabral (2005, p.20) ensina que o terreno onde cai a semente é o
coração das pessoas e a receptividade à semente se apresenta de maneiras
diversas. Segundo o mesmo, o que aprendemos nesta parábola é que o
coração humano é como um terreno que pode receber a semente da Palavra
de Deus e produzir fruto, como também poderá desenvolver dureza e rejeição
a essa semente sagrada.
A grande lição dessa parábola é: o que diferencia cada solo é a maneira como
recebe a boa semente (a Palavra de Deus). Deus não favoreceu mais a um do
que o outro para frutificação da sua Palavra (Atos 10.34; SUBIRÁ, 2005).
Quem escolhe o solo que quer ser somos nós! É a nossa resposta as Boas
Novas de Jesus Cristo que vai nos informar que tipo de solo nós somos.
Pestana (2010) acerca disto registrou:
Cabral (2005, p.18) explica que na ótica de Cristo não deveria haver inibição
quanto ao ato de semear a boa semente, porque o que interessava mesmo era
que a semente fosse semeada, a tempo e fora de tempo, em qualquer solo que
estivesse disponível para se lançar a semente, no sentido de encontrar alguma
terra capaz de recebê-la e romper com as dificuldades de sua frutificação. Tudo
o que o semeador tem de fazer é semear, fazer que cresça a semente é algo
que vai além de sua capacidade. É trabalho misterioso, sem a intervenção
humana (1 Coríntios 3.7).
CAPÍTULO 2
Desse modo, algumas sementes caíam, ou eram levadas pelo vento à beira do
caminho, a estrada, que era o lugar por onde as pessoas passavam. O solo
duro e compactado da estrada impediu que as sementes penetrassem,
permitindo que ficassem na superfície, expostas às aves que vieram e as
comeram. O mestre Elienai Cabral (2005) explica:
Pois bem, como Satanás age para endurecer os corações e roubar a semente
da vida eterna nesses corações? Explico isso no capítulo 5 (p.48-83) do meu
singelo e-book (2020a) “Dois caminhos e uma escolha: uma questão de vida ou
morte”.
A Bíblia conta que Satanás é sagaz e astuto. Ele tenta agir da forma mais
sorrateira possível, no intuito de não ser identificado. Podemos ver isso através
da primeira maneira que Satanás escolheu para se mostrar à humanidade: que
foi através de uma serpente (Gênesis 3.1). Essa caracterização está de acordo
com o Satanás apresentado no Novo Testamento (2 Coríntios 11.3; Apocalipse
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Caso o leitor queira entender um pouco acerca da origem do mal que vemos no
mundo, acerca de como foi essa rebelião no céu, recomendo a leitura do meu humilde
e-book já citado acima.
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12.9), pois indica sua sagacidade e astúcia. Ryrie (1925) apud Moura (2020a)
acerca desse acontecimento escreveu:
Savioli (2018) apud Moura (2020a) explica que Satanás agiu assim, pois caso
se apresentasse com sua real aparência provavelmente teria espantado Eva.
Citando Davis W. Huckabee (2018), podemos elencar algumas estratégias que
Satanás usou para causar a queda do homem e que continuam vigentes até os
dias atuais (MOURA, 2020a, p.52-83):
1 – Dúvida: Insinuou-se dúvida acerca do que Deus queria dizer: “É assim que
Deus disse: Não comereis de toda a árvore do jardim?” (Gênesis 3.1). Essa é
uma forma bem comum de tentação, pois se o diabo puder fazer com que o
homem questione o sentido ou aplicação de um dos mandamentos de Deus,
ele fez muito progresso em induzir o homem a desobedecer a esse
mandamento.
Huckabee (2018) ainda explica que não daria para incitar rebelião se a atenção
do homem fosse direcionada somente para o que era lícito ao homem, para
que seja levado a se rebelar contra a vontade de Deus, o homem tem
primeiramente de ser induzido a desejar o que é proibido e ilícito.
Para Eva, Satanás difamou Deus, e afirmou que o único motivo de Deus ao
negar a eles o fruto dessa árvore era impedi-los de se tornarem como Ele:
“Deus sabe que… sereis como Deus” (palavra hebraica Elohim = o Deus
Triúno).
Huckabee (2018) explica que ele fez com que os motivos de Deus para negar
essa única coisa a eles fossem totalmente egoístas, pois se ele puder fazer
Deus parecer egoísta, ele poderá dar alguma desculpa aparente ao homem
para agir de modo egoísta.
Pois bem, quando Eva viu que o fruto parecia agradável ao paladar, atraente
aos olhos e desejável para dar entendimento, comeu (Gênesis 3.6). Afinal, se
ela seria como Deus, já não haveria mais motivo para dar satisfação ao seu
Criador (1 Timóteo 2.14). Deu do fruto para Adão, que também comeu. É como
Savioli (2018) diz: O homem preferiu acreditar na promessa do Diabo, ao invés
de confiar em Deus (Romanos 6.16).
a) Sujeição à morte: o homem, que tinha sido criado para ser eterno,
passou a sofrer a morte física (Gênesis 3.19b), a morte espiritual
(Efésios 2.1) e a morte eterna (Apocalipse 20.14-15).
b) Escravidão ao pecado: com a queda o homem se tornou uma criatura
caída e pecadora, escravizado a própria corrupção, tendo o mal
profundamente enraizado dentro de si (Gênesis 8.21). O pecado possui
uma natureza escravizadora natural, e escraviza gradualmente de tal
maneira que poucos percebem sua verdadeira natureza até que se torne
tão firmemente estabelecido e tão tirânico que não haja nenhuma
esperança humana de escapar (Tiago 1.14-15).
c) Cegueira espiritual: O próprio fato da condição caída e perdida do
homem o torna incapaz de entender as verdades espirituais do
evangelho, pois Satanás – com a queda do homem - ganhou legalidade
para cegar as mentes de modo que as verdades espirituais pareçam
ilógicas, irracionais e completamente tolas para o homem que não foi
renovado (1 Coríntios 3.19; 2 Coríntios 4.3-4). Essa cegueira está sujeita
à intensificação à medida que o indivíduo ouve e rejeita a verdade do
Evangelho, pois tal descrença dá ao diabo uma vantagem por meio da
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Pois bem, através de todas essas estratégias faladas acima, Satanás vem e
toma a Palavra que foi semeada no coração dessas pessoas que tem um
coração duro e insensível a semente do Evangelho. Como já dito
anteriormente, devido à dureza do solo, a semente não penetra, sendo assim
fica exposta às aves, que vem e devoram essas sementes.
EXEMPLO 1: CAIM
Adão e Eva tiveram filhos após serem expulsos do Éden5. Primeiramente, Eva
concebeu Caim e depois Abel (Gênesis 4.1-2a). Abel era pastor de ovelhas e
Caim era agricultor (Gênesis 4.2b). Certa feita, os dois resolveram oferecer
sacrifícios em louvor a Deus. Abel, que era pastor de ovelhas, trouxe o
primogênito de seu rebanho como oferta ao Senhor Deus. Ofereceu-o com
amor, adoração, humildade e reverência, e a Bíblia nos diz que o Senhor se
agradou de Abel e de sua oferta:
5
Esse famoso episódio recebe o nome de “a queda”, o qual retrata a desobediência do
primeiro homem e da primeira mulher ao Senhor. Caso o leitor queira se aprofundar
recomendo estudar Gênesis 1-4, e posteriormente ler meu singelo e-book (2020) “Dois
caminhos e uma escolha: uma questão de vida ou morte”, pois nessa obra trato com
mais profundidade esse episódio.
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Gênesis 4.4
Ora, Abel agradava a Deus com seu proceder correto e fez seu sacrifício
humilde e reverentemente, com espírito de sacrifício, trazendo a Deus o que de
melhor possuía, as primícias e a gordura de seu rebanho (MOURA, 2020a,
p.77). Desse modo, Deus recebeu a ele e sua oferta (Hebreus 11.4).
O irmão mais velho, Caim, que era agricultor, ofereceu “alguns produtos do
solo” e a Bíblia nos diz que de Caim e de sua oferta Deus não se agradou:
Gênesis 4.3,5
Agora por que o Senhor não aceitou a Caim e sua oferta? Afinal de contas,
Caim não estava igualmente tentando agradar a Deus, e não se apresentava
com sinceridade perfeita? Ora, Caim tinha um proceder que desagradava a
Deus, era maligno/malvado (1 João 3.12) e fez seu sacrifício de má vontade,
com egoísmo e de modo superficial. Desse modo, não tinha como Deus se
agradar dele e receber sua oferta (1 João 3.15).
Entretanto, a Bíblia conta que Caim ficou muito irado e seu semblante assumiu
uma expressão maligna (Gênesis 4.5). O Senhor Deus ao ver essa ira no
coração de Caim e essa mudança de semblante, decidiu advertir Caim,
dizendo:
Gênesis 4.6-7
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Justamente o que vimos que ocorre com esse tipo de solo/pessoa. Recebem a
semente com o ouvido, mas não permitem descer ao coração. A semente não
pode penetrar nem germinar, e então fica exposta para que “as aves do céu”,
que representam os agentes do mal, a arrebatem. E foi o que aconteceu. A
semente lançada por Deus não entrou no coração de Caim, então veio o
maligno, ainda que sorrateiramente, e devorou a semente incitando ira e
maldade no coração duro de Caim. Em seguida, está a prova cabal de que isso
tudo aconteceu:
Gênesis 4.8
Degmas Ribas Júnior (2015) explica que após o dilúvio, as gerações após Noé
se afastavam cada vez mais de Deus (Gênesis 7-11). Deus, em sua sabedoria,
decide criar um povo para si através de um homem chamado Abrão, que mais
tarde passou a se chamar Abraão (Gênesis 12, 17.5). Deus acabaria por
abençoar toda a humanidade através deste povo escolhido (Gênesis 22.18).
Deus disse a Abrão que deixasse sua família e seu país de origem e fosse para
uma nova terra que Deus lhe mostraria (Gênesis 12.1). Deus prometeu
abençoar Abraão e fazer uma grande nação a partir de seus descendentes
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(Gênesis 12.2). Em obediência e fé, Abraão deixou sua casa e viajou para a
terra de Canaã (Gênesis 12-25). Ele e sua esposa Sara já tinham uma idade
avançada e ela era estéril (Gênesis 11.30; 18.11). Entretanto, Deus agiu
milagrosamente, e eles com 100 e 91 anos respectivamente tiveram um filho, e
colocaram o nome desse filho Isaque (Gênesis 21.1-5). Falaremos
posteriormente sobre Abraão.
Isaque viveu de forma muito semelhante a seu pai, peregrinando por vários
lugares de Canaã (Gênesis 25-27). Rebeca, sua esposa, deu à luz gêmeos:
Esaú e Jacó (Gênesis 25.23-24). Ele teve doze filhos, conforme descrito em
Gênesis 35:
“Jacó teve doze filhos: Estes foram seus filhos com Lia: Rúben,
o filho mais velho de Jacó, Simeão, Levi, Judá, Issacar e
Zebulom. Estes foram seus filhos com Raquel: José e
Benjamim. Estes foram seus filhos com Bila, serva de Raquel:
Dã e Naftali. Estes foram seus filhos com Zilpa, serva de Lia:
Gade e Aser. Foram esses os filhos de Jacó, nascidos em
Padã-Arã”.
Como destacado acima, um dos doze filhos de Jacó foi José, claramente filho
favorito de seu pai (Gênesis 37.3). Era um menino temente a Deus, e o Senhor
o concedeu sonhos nos quais ele um dia tornava-se senhor de seus irmãos
(Gênesis 37.5). Seus irmãos ficaram muito irritados com ele por causa disso e
venderam-no a comerciantes de escravos que estavam a caminho do Egito
(Gênesis 37.28). No entanto, Deus abençoou José (Gênesis 39.2). Mesmo
durante o período em que viveu com um escravo no Egito. Vale lembrar que
Deus o tinha concedido a capacidade de interpretar sonhos (Gênesis 40.8-22).
Durante a fome, os irmãos de José foram forçados a viajar para o Egito a fim
de comprar trigo de José, embora não soubessem que aquele homem era seu
irmão, com quem não tinham contato há muito tempo (Gênesis 42.3). No final,
José revelou a eles sua identidade, e houve uma reconciliação. José
convenceu toda sua família, incluindo seu pai – Jacó – a mudar-se para o
Egito. E lá os descendentes de Jacó floresceram e se multiplicaram, e se
tornaram um grande povo dentro do Egito (Gênesis 45-47; Êxodo 1.7).
Cerca de 4 séculos depois surgiu um novo Faraó no Egito. Este líder, que não
conhecia tudo o que José havia feito, começou a oprimir os israelitas por temer
que eles pudessem se rebelar contra ele:
Êxodo 1.8-11
Um dia, Moisés viu um egípcio agredindo um israelita (Êxodo 2.11). Ele então
matou o egípcio e escondeu o corpo na areia (Êxodo 2.12). Quando o Faraó
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soube disto, Moisés fugiu para a terra de Midiã (Êxodo 2.15). Ali Moisés casou,
teve filhos, e passou cerca de quarenta anos6 pastoreando o rebanho de seu
sogro (Êxodo 2.16-23). Ali Deus falou com Moisés em meio a uma sarça
ardente, revelando seu nome – o Senhor – e dizendo-lhe para voltar ao Egito e
liderar a libertação de seu povo da escravidão, seguindo em direção à terra que
Deus estava lhes dando (Êxodo 3.2-10).
Moisés relutou em ir, mas o Senhor lhe assegurou que estaria com ele e lhe
daria poder para operar milagres surpreendentes diante do Faraó7 (Êxodo
3.11-15; 4.1-17). Deus também enviou o irmão de Moisés, Arão, junto com ele
para o Egito (Êxodo 3.14).
“Mais tarde, Moisés e Arão foram falar com o rei do Egito e lhe
anunciaram: “Assim diz Yahweh, o SENHOR, Deus de Israel:
‘Deixa meu povo partir, para que possam celebrar uma festa
em meu louvor, no deserto!”
Êxodo 5.1
6
Nesse período, o faraó que queria matar Moisés faleceu. Segundo o Pr. Carlos
Alberto Bezerra (2018, p.112), esse faraó era provavelmente Tutmés III.
7
Acerca desse faraó, ainda conforme o autor citado acima (2018, p.112): “Segundo o
texto bíblico de 1 Reis 6.1, o êxodo do povo de Israel aconteceu 480 anos antes do
quarto ano do reinado de Salomão. Como essa data deve ser o ano 966 a.C., é
tradicional e mais correto afirmar que o êxodo ocorreu por volta de 1446 no reinado de
Amunotepe II; o que inclui os chamados “treze anos do Juízes” (Juízes 11.26).
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Êxodo 5.2
Êxodo 5.3
Êxodo 5.4-9
Nos versículos seguintes vemos que as coisas ficaram muito difíceis para os
Israelitas (Êxodo 5.10-23). Com isso, o povo reclamou com Moisés, que levou
a Deus em oração essa situação (Êxodo 5.20-23). Deus o respondeu que o
coração do faraó era extremamente duro e insensível a semente da Palavra de
Deus, e Ele usaria isso para demonstrar seu grande poder de forma
miraculosa, para libertar o Seu povo da escravidão e fazer com que essa
história fosse contada até os dias de hoje, para a Sua glória (Êxodo 6.1-7.5;
10.2).
Êxodo 7.13
Desse modo, da próxima vez que Moisés e Arão forem semear no coração do
Faraó, e o mesmo endurecer o coração para a semente, vai começar a se
cumprir o versículo de Êxodo 5.3, que diz que caso Faraó não deixe o povo ir
adorar a Deus no deserto, pragas e pestes viriam sobre a terra do Egito. E
Moisés e Arão foram ao palácio novamente, e semearam a semente da
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Êxodo 7.22b-23
8
As pragas só afetavam os egípcios, os hebreus eram protegidos por Deus das
pragas, e assim permaneciam intactos (Êxodo 9.6; 9.26; 10.23; 12.23).
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Êxodo 14.21-29
EXEMPLO 3: JEZABEL
De maneira bem resumida, vimos acima que Deus tirou os israelitas do Egito
com mão forte. Depois de 40 anos peregrinando no deserto, eles começam o
processo de conquista da Terra Prometida. Abençoados por Deus e liderados
por Josué, os israelitas se dedicam na conquista da terra que ocorreu ao longo
de muitos anos, mas os israelitas nunca concluíram totalmente. Deus havia
ordenado que os israelitas expulsassem completamente os cananeus9, e eles
não obedeceram totalmente essa ordem.
9
Por que os cananeus deveriam ser mortos? Para explicar, Savioli (2019) nos conduz
ao seguinte dilema: “Imagine que um avião foi sequestrado e tem como alvo um prédio
com 1000 pessoas, e você é o comandante responsável pela decisão de derrubar ou
não esse avião, o que você faria? Mataria 100 pessoas para evitar a morte de 1000?
Ou permitiria a morte de todos, inclusive dos passageiros do avião”. Apesar de parecer
óbvia qual a atitude correta, a decisão resultará na morte de pessoas, o que dificulta
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enxergar essa ação sob um valor moral bom. A ordem de Deus para extermínios de
nações cananeias segue o mesmo princípio. Se considerarmos que o pecado é um
vírus que gera morte (Romanos 6.23), podemos compreender perfeitamente a ação
preventiva de Deus (Deuteronômio 7.1-4). Os povos dessas nações cometiam todo
tipo de depravação que podemos imaginar: pais praticavam sexo com seus filhos,
irmãos com irmãos, havia orgias entre familiares, adultérios, estupros coletivos,
pedofilia, zoofilia, tudo de forma generalizadas (Gênesis 19.4-5; Levítico 18). Além de
perversos, esses povos eram extremamente idólatras, ao ponto de queimarem vivos
seus próprios filhos em sacrifícios aos demônios (Gênesis 13.13; Levítico 20). A ordem
de Deus tinha como objetivo evitar que seu povo, chamado para viver longe do
pecado, fosse contaminado pelas práticas desses povos (Deuteronômio 20.16-18).
Qualquer sobrevivente seria um risco para toda a nação. Homens e mulheres
poderiam influenciar suas práticas religiosas e sexuais, crianças poupadas poderiam
vingar seus pais no futuro, e animais poderiam profanar o culto a Deus, pois eram
utilizados em práticas sexuais e rituais pagãos. A prova de que isso poderia acontecer,
foi que realmente aconteceu. O povo não foi totalmente obediente a Deus, e com o
tempo os remanescentes contaminaram o povo de Deus com suas práticas, se
multiplicaram e oprimiram a nação de Israel (Juízes 2; 3.1-8). Como consequência a
nação foi se afastando dos caminhos de Deus aos passos que os povos ao redor se
multiplicaram, séculos mais tarde, toda a nação foi destruída (2 Reis 25). Com toda a
certeza, os povos exterminados tiveram a oportunidade de abandonar suas práticas,
como de fato alguns fizeram e foram poupados (Malaquias 1.11; Josué 6.25). A
grande maioria decidiu pelo pecado, ou seja, decidiu pela própria morte (Gênesis
18.20-33).
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Acerca desse período, no meu singelo e-book (2020c, p.8-9) “O bom pastor”
explico que nós, seres humanos, somos muito influenciáveis, e o livro dos
Juízes é uma amostra disso. Quando o povo tinha um líder como Josué
(temente a Deus), os israelitas igualmente obedeciam a Deus (Josué 24.16-
18). Quando esse líder morria, o povo ficava sem referencial, e se desviava dos
caminhos do Senhor (Juízes 2.11). Com isso, vieram nações e subjugaram
Israel (Juízes 2.14).
Juízes 2.18-19
Em um dado momento, o povo ao ver que todas as nações a sua volta eram
monarquias, quis se igualar a essas nações e assim pediram um rei a Samuel
(1 Samuel 8.5). Isso desagradou muito o profeta Samuel, veja:
1 Samuel 8.6
Deus, por sua vez, respondeu o profeta dizendo o seguinte (1 Samuel 8.7-9):
“Atende, pois, a tudo o que este povo te pede, porquanto não é a ti que eles
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rejeitam, mas sim a minha própria pessoa, porque não desejam mais que Eu
reine sobre eles! Tudo o que têm feito comigo desde o dia em que os libertei e
fiz subir do Egito, até este momento, abandonando-me e prestando culto e
adoração a outros deuses, assim também estão fazendo contigo. Agora,
portanto, atende ao que eles pleiteiam. Contudo, solenemente, lembra-lhes e
explica-lhes todos os direitos do rei que reinará sobre eles!”
Com isso Deus decide escolher um novo rei, um rapaz chamado Davi (1
Samuel 16.12-13). Foi ungido a rei ainda jovem, mas só veio assumir o trono
mais tarde em sua vida, anos após a morte do rei Saul (2 Samuel 5). Ele,
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Alguns autores acreditam que antes de Saul, já estava nos planos de Deus conceder
um rei a Israel (Gênesis 17.16; 49.10). Por esse motivo a Lei de Moisés já trazia a
regulamentação da futura monarquia em Israel (Deuteronômio 17.14-20). Tudo isso
significa que a presença de um rei em Israel não era algo incompatível com a
liderança divina. No entanto, o rei deveria ser um co-regente de Deus diante do povo.
Todo o problema, no entanto, se deu porque os israelitas não quiseram esperar que
Deus instituísse a monarquia em seu devido tempo. Eles queriam um rei que
satisfizesse suas expectativas humanas por não confiarem na providência do Senhor.
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apesar de seus erros (2 Samuel 11; 24), foi um rei excelente, sobretudo por
seu amor a Deus (2 Samuel 6; Atos 13.22). Falaremos mais dele
posteriormente.
Com sua morte, o trono de Israel foi seguido pela sua descendência. Desse
modo, seu sucessor foi seu filho Salomão, que fez um reinado incrível devido à
grande sabedoria que recebeu da parte de Deus (2 Crônicas 1-9). Entretanto,
após a primeira metade de seu governo, seu coração foi continuamente se
afastando do Senhor, até que apostatou completamente e começou a adorar a
outros deuses (1 Reis 11.5-8). Deus o alertou duas vezes (1 Reis 11.9-10), e
como ele persistiu em práticas erradas, foi inevitável o veredito:
1 Reis 11.11-13
E aconteceu. Quando Salomão morreu, seu filho Roboão quis aumentar o jugo
imposto por seu pai: taxas e trabalhos para suprir a mesa do rei, a corte e o
exército às tribos, através dos seus prefeitos ou intendentes (1 Reis 4,21-28;
12.1-15). As dez tribos do Norte sob a liderança de Jeroboão se rebelam contra
isso e se unem constituindo um novo reinado – o do Norte, com a denominação
de Israel. No Sul ficam apenas duas tribos apoiando o filho de Salomão,
Roboão, a de Benjamim e a de Judá, constituindo o Reino do Sul sob a
denominação de Judá (1 Reis 12.16-33).
1 Reis 18.4
Certa feita, um profeta do Senhor que se chamava Elias, chamou o rei Acabe e
todo o povo israelita para um desafio no alto do monte Carmelo. Vale lembrar
que o rei e o povo estavam afundados na idolatria, sobretudo cultuando os
deuses cananeus Aserá e Baal (1 Reis 18.18-21). Elias mandou que
trouxessem dois novilhos (bois) e lançou um desafio (1 Reis 18.22-24):
Os 450 profetas de Baal que estavam presentes deveriam matar um dos bois,
montar um altar e depois clamar para que Baal mandasse fogo para consumir o
boi. Elias faria a mesma coisa com o outro boi, mas clamaria ao Senhor Deus
para mandar fogo. Os profetas de Baal e o povo concordaram. Então os
profetas de Baal mataram o boi e o colocaram em cima do altar (1 Reis 18.24).
11
Cuidado com os falsos deuses! Eles podem ser qualquer coisa que colocamos no
lugar de Jesus em nossas vidas: qualquer deus que não seja Jesus Cristo, a busca
pelo poder, por posição social, por posses materiais, o trabalho, a militância política, a
militância acadêmica, a aparência, os relacionamentos, as drogas, as festas, o sexo
ilícito, a pornografia...
Cuidado! Quando você mais precisar esses falsos deuses podem te deixar na mão,
assim como aconteceu na história que acabamos de ver! Quando chegamos a
momentos de crise, e clamamos desesperadamente a esses deuses, só há silêncio!
Cuidado! Nenhuma coisa e nenhum deus a não ser Jesus Cristo pode te oferecer
P á g i n a | 38
E então o profeta Elias entra em cena, começa a arrumar o altar (que estava
destruído), e antes de orar ao Senhor, ordena que seja jogado muita água
sobre o altar, para dificultar um pouquinho as coisas (1 Reis 18.33-35). E
então, com a chegada do pôr-do-sol, o profeta faz uma oração a Deus de
aproximadamente 60 palavras (1 Reis 18.36-37). Veja, enquanto os profetas
de Baal clamaram por horas, a oração de Elias foi de alguns segundos! O que
aconteceu? A Bíblia diz (1 Reis 18.38):
1 Reis 18.39
Então ao chegar ao palácio, Acabe contou tudo para Jezabel, e sem saber
estava semeando essa maravilhosa semente no coração de Jezabel (1
Reis 19.1). O que aconteceu?
1 Reis 19.2
Elias, por sua vez, fugiu de Jezabel (1 Reis 19.3). No capítulo 21 de 1 Reis a
Bíblia explica que passados estes acontecimentos, Nabote, o jezreelita, tinha
conseguido formar uma boa plantação de uvas em Jezreel, ao lado do palácio
de Acabe, rei de Samaria (v.1). Certo dia Acabe ordenou a Nabote: “Cede-me
tua vinha, para que eu a transforme em horta, já que ela está situada junto ao
meu palácio; em troca te darei uma vinha ainda melhor, ou, se preferires,
pagarei em dinheiro o seu valor” (v.2). Todavia, Nabote replicou ao rei:
“Yahweh me livre de te entregar a herança de meus pais!” (v.3). Com isso o rei
voltou para seu palácio triste (v.4). Jezabel o questionou pelo motivo de sua
tristeza (v.5). Quando ele explicou, ela se encarregou de tramar um plano para
matar Nabote e dar a vinha do falecido a Acabe (v.6-14).
Diante desse ato maligno, Deus mandou que Elias fosse ao encontro de Acabe
e Jezabel com uma mensagem de juízo divino (v.21-24). A mensagem
endereçada a Jezabel teve o seguinte conteúdo:
1 Reis 21.23
Jezabel, devido toda a maldade que fez, não iria ter um sepultamento digno,
teria os restos mortais devorados pelos cães. Veja, essa foi uma semente
plantada no coração de Jezabel. Lendo as Sagradas Escrituras, percebemos
que uma mensagem de juízo é claramente uma semente lançada por Deus
através de seus profetas. A mensagem de juízo é dada visando o
arrependimento. Tendo o arrependimento, geralmente o juízo é revogado ou
adiado. Vejamos alguns exemplos:
Esses são alguns exemplos de que a mensagem de juízo é uma semente que
Deus planta visando o arrependimento. Caso não haja arrependimento, vem o
juízo. Foi o que aconteceu com Jezabel. Ela recebeu a semente, a mensagem
de juízo (1 Reis 18.23). Sabe qual foi a reação dela? Nenhuma. Ela era um
terreno à beira do caminho. Ela tinha um coração duro e insensível a
semente divina. A semente não entrou no coração, logo veio o maligno e
devorou a semente com idolatria e incredulidade. Em 2 Reis 9, o juízo
divino se cumpre na vida de Jezabel:
“Em seguida Jeú partiu para Jezreel. Assim que Jezabel tomou
conhecimento disso, pintou os olhos, fez um penteado e ficou
observando de uma janela do palácio. Quando Jeú passava
pelo portão, ela gritou: “Está em paz, Zinri, assassino do seu
próprio senhor?” Ele ergueu os olhos em direção à janela e
bradou: “Quem dentre vós está do meu lado? Há alguém?”
Dois ou três eunucos se inclinaram para ele.
Então ordenou ele: “Lançai-a abaixo!” E eles, imediatamente,
a atiraram para baixo; seu sangue salpicou a parede e os
cavalos, que a pisotearam. A seguir, entrou Jeú e, depois de
ter comido e bebido, ordenou: “Ide ver aquela maldita e dai-lhe
sepultura, pois é filha de rei”. Quando chegaram para sepultá-
la, só encontraram o crânio, os pés e as mãos. Voltaram
para contar isso a Jeú, que declarou: “Esta é a palavra
que Yahweh falou por meio do seu servo Elias, o tesbita: ‘No
campo de Jezreel, os cães devorarão a carne de Jezabel; e os
seus restos mortais serão espalhados em um terreno em
P á g i n a | 43
2 Reis 9.30-38
Lucas 8.12
Esse é o grande objetivo de Satanás, fazer com que você não creia na Palavra
de Deus, para que você não possa ser salvo e assim padecer a eternidade
inteira em sofrimento no inferno (1 Pedro 5.8). Ele é mau mesmo, já está
condenado, e quer levar o máximo de pessoas para a mesma condenação
(João 16.11; Apocalipse 12.1-12). Como já falado anteriormente, para tal ele
usa uma diversidade de estratégias e artifícios.
P á g i n a | 44
Se o querido leitor (a) é uma pessoa que odeia cristãos, pastores, igreja, e não
gosta nem que alguém fale versículos da Bíblia Sagrada do seu lado, cuidado!
Esse é um forte indício que seu coração pode ser um terreno à beira do
caminho! O fim das pessoas que tem o coração duro e insensível a Palavra de
Deus é muito, muito triste (Apocalipse 20.11-15). Deus tem uma mensagem
para você:
Assim como proclama o Espírito Santo: “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não
endureçais o vosso coração (Hebreus 3.7-8a)”.
CAPÍTULO 3
Marcos 4.5-6
solo não era profundo. Porém, quando veio o sol, as plantas se queimaram; e
por não terem raiz, secaram”.
Perceba que Jesus disse: “e logo brotou”. Isso mostra que não se trata de um
ouvinte endurecido, como no exemplo anterior. Essas pessoas até recebem a
Palavra. Jesus disse que “as plantas se queimaram”, o que nos indica que até
esse solo até pode frutificar um pouco, entretanto, devido à falta de
profundidade, é fatalmente atingida pela ação do sol.
Então veja, esse é um solo superficial. Quem são essas pessoas? O próprio
Senhor explica:
Mateus 13.20-21
Elienai Cabral (2005, p.20) explica que esse é o tipo de ouvinte que recebe
inicialmente bem a Palavra de Deus, mas tem pouca duração. A semente é
recebida, contudo não cria raízes. A pergunta é: por que essa pessoa não cria
raízes? A resposta é porque não busca o Senhor o suficiente. O pastor
Banning Liebscher (2017) em seu livro “Enraizado” explica:
É o que pensa também Josh McDowell (1989). Ele usa o termo “receita
espiritual” para nos mostrar a importância de passarmos tempo em particular
com Deus. E esse tempo com Deus deve ser usado como? Billy Graham
(1984) em seu livro “Paz com Deus” explica que essa receita espiritual consiste
em:
P á g i n a | 47
Então para que nossas raízes cresçam precisamos ser diligentes na prática
dessa receita espiritual. Nossa perseverança em dedicar tempo a sós com
Deus com oração, palavra e jejum vai aprofundar as nossas raízes. As
pessoas que são solos rochosos, podem até ir para a igreja, mas quando em
casa, não dedicam tempo a sós com Deus, e perdem a oportunidade de
aprofundar suas raízes em Deus. Desse modo, quando vêm as provações e as
perseguições, essas pessoas não suportam e apostatam da fé. Sem raiz, o sol
queima completamente a planta.
Mateus 13.20-21
Marcos 4.17
P á g i n a | 49
Percebeu o grifo? Jesus disse que por causa da Palavra vêm perseguições e
problemas! Por que isso acontece?
Mateus 7.24-27
12
Caso o leitor tenha curiosidade nessa questão do mal no mundo de hoje, abordo
isso no e-book (2020, p.83-94) “Dois caminhos e uma escolha: uma questão de vida
ou morte”. Lá explico o porquê de todo o mal que vemos no mundo hoje. Muitas
pessoas ao se deparar com a maldade nesse mundo, culpam a Deus. Será que isso é
certo? Caso o leitor se interesse, fica o convite.
P á g i n a | 50
Vale ressaltar também que quando alguém entrega sua vida a Jesus e vive em
comunhão com Ele, o Senhor permite que essa pessoa passe por provações,
com propósitos positivos e divinos por trás (Provérbios 16.4). Está escrito:
Romanos 8.28
Na vida de quem ama a Deus, todas as coisas cooperam para seu benefício.
Todas! Até as provações. As provações na vida de José foram permitidas por
Deus no intuito de capacitá-lo para ser o governador do Egito (Gênesis 37-47).
As provações na vida de Davi foram permitidas pro Deus no intuito de capacitá-
lo para ter sido o grande rei que foi (1 Samuel 17 – 2 Samuel 10). Salomão
disse:
Provérbios 20.30b
2.1 – Mundo: Eliezer Silva (2009) explica que mundo é o sistema constituído de
pessoas, ideias, leis, instituições, comportamentos e atividades conduzidos por
P á g i n a | 51
2.2 – Carne: Osiel Gomes (2017) explica que carne é a palavra utilizada para
designar a natureza adâmica e pecadora que domina o velho homem e o leva a
praticar as obras da carne relacionadas em Gálatas 5.19-2113. A palavra carne,
no aspecto teológico, denota a fragilidade humana e a sua tendência ao
pecado. Ela é a sede dos apetites carnais (Mateus 26.41). Existe um conflito
espiritual interior que envolve a totalidade da pessoa que quer obedecer a
13
“Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade sexual, impureza e
libertinagem; idolatrias e feitiçarias; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões,
facções e inveja; embriaguez, orgias e tudo quanto se pareça com essas
perversidades, contra as quais vos advirto, como já vos preveni antes: os que as
praticam não herdarão o Reino de Deus”!
P á g i n a | 52
Deus, que recebe a semente divina. Nossa carne quer nos levar a completa
submissão às más inclinações da ‘carne’, o que significa voltar ao domínio do
pecado; nosso espírito quer nos levar a uma plena submissão à vontade e a
pessoa do Espírito Santo (Romanos 8.4-14). O campo de batalha está na
própria pessoa, e o conflito continuará por toda a vida terrena. A carne quer
pecar, e o espírito quer se santificar (Romanos 7.7-25; 2 Timóteo 2.12;
Apocalipse 12.11).”
Inimigos da semente
Esses são os inimigos da semente. Então quando Jesus diz que por causa da
Palavra, viriam problemas e perseguições são em boa parte devido a esses
três inimigos. A perseguição por causa da Palavra é viabilizada pelo mundo,
pois o mundo jaz no maligno, e por isso, odeia aqueles que amam a Deus (1
João 5.19; João 15.15-20). Paulo disse:
14
Tentar significa literalmente incitar à prática do pecado, provar ou testar (Mateus 4.3;
1 Tessalonicenses 3.5).
P á g i n a | 53
2 Timóteo 3.12
Alguns problemas por causa da Palavra são viabilizados pelo Diabo e pela
carne, os quais a todo o momento vão tentar te prender ao pecado e te afastar
de Deus, com inúmeras táticas e estratégias (1 Pedro 5.8; Gálatas 5.17).
Mateus 13.20-21
EXEMPLO 1: ASA
Asa era filho do rei Abias. Quando seu pai morreu, ele assumiu o trono de Judá
(2 Crônicas 14.1).
Não sabemos como foi que a semente foi plantada no coração do rei Asa,
especulo que pode ter sido através de alguém próximo que temia a Deus, mas
a Palavra de Deus não nos dá essa informação. Entretanto, pelos frutos que o
rei Asa deu, fica subtendido que houve uma semeadura. Veja:
2 Crônicas 14.2-7
P á g i n a | 55
Viu quantos frutos Asa deu? Aboliu os altares dos deuses estrangeiros e os
cultos idólatras que normalmente ocorriam nos montes (1), despedaçou as
colunas de adoração pagã (2), determinou ao povo de Judá que buscasse ao
Senhor e obedecesse seus mandamentos escritos (3), proibiu os cultos pagãos
que costumavam ser realizados nos lugares altos e os altares do incenso (4) e
construiu cidades fortes em Judá (5). É como Jesus disse:
Marcos 4.5
2 Crônicas 14.11
O que aconteceu?
2 Crônicas 14.12-15
Pois bem, depois desse episódio, o Senhor usou um profeta para semear no
coração de Asa e do povo de Judá (2 Crônicas 15.1-7). Deus usou o profeta
Azarias para dizer ao povo (v.2): “Eis que Yahweh, o SENHOR está convosco
sempre que estais com ele; portanto, se o buscardes, ele se permitirá
encontrar; no entanto, se o abandonardes, de igual modo ele vos deixará”.
Outra palavra que também foi dada foi (v.7): “Todavia, sede fortes e confiantes,
e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra terá recompensa”!
Perceba, Asa era um solo rochoso. Então ele até recebe a palavra e
frutifica. A Bíblia diz que quando Asa ouve essa mensagem, ele toma um
novo ânimo (2 Crônicas 15.8), e então reúne o povo em Jerusalém, oferece
sacrifícios a Deus, estabelece uma aliança com o povo de fidelidade a Deus e
ainda exonera sua avó Maaca da posição de rainha-mãe, pois ela era
extremamente idólatra (2 Crônicas 15.9-16).
Marcos 4.6
Mateus 13.20-21
2 Crônicas 16.2-5
Ele conseguiu livrar Judá da invasão de Israel? Conseguiu, mas não do jeito
apropriado. Como rei de uma nação consagrada ao Senhor, ele deveria ter
recorrido a Deus, como já havia feito contra os etíopes. Essa falta de confiança
em Deus é uma amostra da superficialidade do coração de Asa à semente
divina. Quando o sol raiou, a semente secou, devido à falta de profundidade do
solo.
Marcos 4.6
Não tinha raízes profundas em Deus, provavelmente devido à falta de uma vida
no secreto com Deus (LIEBSCHER, 2017).
Mateus 13.20-21
2 Crônicas 16.10
“No trigésimo nono ano do seu reinado, caiu Asa doente dos
pés; a sua enfermidade era em extremo grave; contudo, ainda
que estivesse passando muito mal e fosse mortal seu
estado, não buscou socorro em Yahweh, o SENHOR, mas
tão somente nos médicos de sua confiança”.
2 Crônicas 16.12
EXEMPLO 2: JOÁS
Nesse exemplo, continuamos no reinado do sul – Judá. Assim como Asa, Joás
foi um rei. Depois de Asa, vieram alguns reis, e entre esses reis preciso falar do
rei Jeorão (2 Crônicas 21). Esse rei se casou com a filha de Acabe (Atalia), e
com isso se perpetuou na prática do mal.
2 Crônicas 21.6
2 Crônicas 22,10-12
15
Jeú assassinou muitos familiares de Acabe, e Atalia era filha de Acabe, ou seja,
seus familiares estavam sendo mortos (2 Crônicas 22.7). Ela não aceitou a execução
de toda a Casa Real de Acabe, seu pai, no norte do país e então mandou assassinar
todos os membros da Casa Real de Davi ao Sul, o que implicou na morte dos próprios
netos e acabou assumindo o trono de Judá. Ela era uma mulher má (2 Crônicas 24.7).
Provavelmente fez isso motivada pela vingança e talvez pela ambição de usurpar o
trono do reino do Sul.
P á g i n a | 60
Com isso, Joás começou a reinar com sete anos de idade, e reinou quarenta
anos em Jerusalém (2 Crônicas 24.1).
Vamos ver que Joás era um solo rochoso, ele recebia a Palavra e
frutificava, entretanto, como não tinha raízes, na chegada das provações
ele desistiria. Como o pai de Joás tinha morrido, o sacerdote Joiada assumiu
essa figura paterna na vida de Joás. Partindo da premissa que Joiada era
temente a Deus (2 Crônicas 23.1), podemos inferir que foi ele quem semeou
a semente divina no coração de Joás. E a Bíblia diz:
2 Crônicas 24.2
16
Ela não tinha direito de reinar em Judá, por isso é visto o termo “usurpou”. Foi dito
por Deus que o reino do Sul, Judá, seria reinado pela descendência de Davi, e Atalia
não era descendente de Davi (1 Reis 11.13; 2 Crônicas 21.7). Ela assassinou os
descendentes de Davi. O que Atalia não sabia é que um dos seus netos, da
descendência real, escapou da matança. Um menino de um ano de idade foi
escondido por sua tia e um sacerdote.
P á g i n a | 61
2 Crônicas 14.4-14
Olha quanta coisa boa ele fez para Deus. Entretanto, Joás era um solo
rochoso. Provavelmente, o rei não tinha uma vida no secreto com Deus.
Provavelmente não se dedicava na oração, no jejum e na leitura da Palavra.
Assim, ele não deu as condições para o Senhor aprofundar suas raízes,
permanecendo superficial. Banning Liesbcher (2017), comentando Mateus 6.6
escreveu:
O autor ainda explica que a negligência nessa vida íntima com Deus pode ser
fatal, o que se confirma quando analisamos pessoas que foram solos rochosos.
Como Joás não era desenvolvido com Deus era muito dependente de Joiada.
O tempo passou, e algo aconteceu:
2 Crônicas 24.15-16
Essa foi a grande provação da vida de Joás, ter que governar sem o sumo
sacerdote Joiada guiando-o.
Marcos 4.5-6
Esse foi o sol que raiou na planta que era Joás. A morte do sacerdote
Joiada. O coração de Joás era um terreno superficial. Como não tinha
raiz, esse pequeno “problema” foi o suficiente para secar a semente no
coração de Joás. O rei e consequentemente todo o povo então abandonaram
a Casa de Deus, e voltaram a prestar culto e adoração aos totens pagãos e
aos ídolos de todas as formas (2 Crônicas 24.18). Deus, por sua vez, usou
Zacarias, filho do sacerdote Joiada para repreender o rei e o povo:
2 Crônicas 24.20
Joás responde com um ato que só evidencia que a semente divina em seu
coração havia secado. Joás e o povo não quiseram ouvir a verdade e
conspiraram contra o profeta e o apedrejaram no pátio da Casa de Deus, por
ordem do próprio rei. Assim o rei Joás não se lembrou com gratidão de toda a
bondade que Joiada, pai de Zacarias, lhe havia dedicado, e mandou executar
sumariamente seu filho, o qual exclamou pouco antes de morrer: “Que Deus
contemple a tua injustiça e te retribua (2 Crônicas 24.21-22)!”
Algum tempo depois Joás se envolveu em uma guerra contra a Síria. Quando
os sírios partiram de volta para suas terras, largaram Joás gravemente ferido;
então seus servos conspiraram contra ele por causa do sangue do filho do
sacerdote Joiada, e o assassinaram em seu próprio leito. Assim morreu o rei
Joás e foi sepultado na Cidade de Davi, todavia, não nos túmulos dos grandes
reis da nação (2 Crônicas 24.25).
Claro que podem existir outros exemplos dentro das Sagradas Escrituras de
pessoas que são solos rochosos. Acredito que Joás e Asa são os exemplos
mais claros, entretanto é plausível pensar que podem existir outros exemplos, e
o leitor com a leitura da Bíblia Sagrada pode identificar exemplos fora os
citados aqui.
Por isso se você é uma pessoa que desiste facilmente da caminhada com
Deus quando provações ou perseguições vêm sobre sua vida, cuidado! A
mensagem de Deus para você hoje é:
Hebreus 10.36
Tiago 1.12
Persevere! Só quem perseverar até o fim nos caminhos do Senhor será salvo
(Mateus 10.22). Busque a Deus mediante a receita espiritual (oração, jejum e
estudo da Palavra – p.46-47), pois assim você estará aprofundando suas
raízes em Deus. A recompensa para quem persevera até o final é muito
grande, fica firme (2 Timóteo 4.8; 2 Crônicas 15.7)! Não desiste da caminhada
não! Não vale a pena desistir da caminhada com Deus!
P á g i n a | 66
CAPÍTULO 4
Mateus 13.7
Hebreus 6.7-8
P á g i n a | 67
Lucas 8.14
É assim que acontece. Agora, o que exatamente podem ser esses espinhos
em nossas vidas?
No texto de Lucas 8.14 vemos que podem ser três coisas: “são sufocados
pelas muitas ansiedades, pelas riquezas e pelos prazeres desta vida”. Então
são as muitas ansiedades, as riquezas e os prazeres desta vida. Vamos ver
cada uma (Cabral, 2005, p.25-26):
Jesus nos ensina que a nossa maior prioridade deve ser o reino de Deus, deve
ser nosso relacionamento com o pai. Jesus deve estar em primeiro lugar em
nossas vidas, a comunhão com Ele deve ser prioridade para nós:
Mateus 6.33
Caso venham sobre nós ansiedades que venham a nos trazer preocupação,
problemas que venham tirar nossa paz, o Senhor já nos ensinou o que fazer:
Filipenses 4.6-7
1 Pedro 5.6-7
1 Timóteo 6.10
Lucas 12.15
O valor de uma pessoa não está em quanto ela tem, prova disso é que a Bíblia
diz:
Eclesiastes 10.7
Filipenses 4.12-13
Por isso, o dinheiro não pode nos dar a verdadeira felicidade, só quem nos
pode essa felicidade é Jesus (João 7.38). Por isso está escrito:
Provérbios 29.18b
Provérbios 23.4
1 Timóteo 6.9
Mateus 6.24
P á g i n a | 72
Não tem problema em ser rico, o problema é amar o dinheiro. Com isso, quero
dizer que a posse de riquezas, de dinheiro ou de objetos materiais não é
pecado. A Bíblia não é contra ter riquezas. A Bíblia é contra amar o dinheiro.
Abraão era rico (Gênesis 24.35), Isaque era rico (Gênesis 26.13), Jacó era rico
(Gênesis 30.43), Boaz era rico (Rute 2.1), Salomão era rico (1 Reis 10.23), e
outros homens e mulheres da Bíblia também tinham riquezas. É Deus quem dá
bênçãos materiais a nós (Deuteronômio 8.18). Ele é a origem das bênçãos
financeiras (1 Samuel 2.7; Provérbios 10.22) e nos lembra de que ser diligente
também leva à riqueza (Provérbios 10.4).
O dinheiro é uma benção quando não colocado como nossa prioridade máxima
(Eclesiastes 10.19). Precisamos de dinheiro, para comprar nosso sustento
como alimento e remédios (2 Tessalonicenses 3.12) e cuidar de nossas
famílias (1 Timóteo 5.8). Mas se a grande prioridade de nossa vida for
enriquecer, certamente temos um grande espinho no terreno de nosso coração
que pode com certeza estrangular a semente divina em nós.
3- Prazeres desta vida: Alguns dos prazeres deste mundo podem parecer
inocentes e inofensivos, mas um exame mais atento revelará que segui-los é o
início de uma caminhada que leva o homem para longe de Deus (1 Reis 11;
Juízes 13-16). Servir aos prazeres do mundo é tentar gratificar a carne. Esses
prazeres podem ser: sexo17, festas, bebidas (Gálatas 5.19-21)... Entretanto,
17
Claro que aqui não estou me referindo ao sexo saudável e santo, criado por Deus
exclusivamente para o casamento monogâmico e heterossexual (Gênesis 2.22). As
relações sexuais consumam o casamento e somente são aprovadas e abençoadas
por Deus dentro do casamento (Gênesis 2.24; Cantares 2.1-4). Aqui é uma referência
ao sexo ilícito de maneira geral, aqueles reprovados por Deus: fora ou/e antes do
casamento, relações homossexuais... (Levítico 18.22; Êxodo 20.14; Romanos 1.21-27;
Gênesis 19.5-7; Juízes 19.22-23; 1 Coríntios 6.9-11). Caso o leitor se interesse por
esse assunto, recomendo as p.42-45 do e-book (2020) “em busca da sabedoria”.
P á g i n a | 73
Pois bem, vamos aos exemplos bíblicos de pessoas que foram terrenos
espinhosos? Vamos ver como algumas pessoas foram sufocadas por esses
espinhos:
EXEMPLO 1: SAUL
1 Samuel 9.16
Saul era um jovem de boa aparência, sem igual entre os israelitas; os mais
altos batiam nos seus ombros. E seu pai era um homem rico e influente na tribo
de Benjamim (1 Samuel 9.1-2). Depois de ungi-lo, o profeta deu uma série de
orientações sobre o que sucederia e o que deveria fazer. Disse também que ao
encontrar um agrupamento de profetas, ele seria apossado pelo Espírito do
Senhor, profetizaria e se tornaria um novo homem (1 Samuel 10.6).
1 Samuel 12.14-15
Saul a partir desse momento sabia que seu reino seria abençoado enquanto
ele seguisse fielmente a Deus. Caso fosse rebelde e desobediente a Deus, aí
as coisas seriam um pouco diferentes. O rei Saul teve um bom começo como
rei. Dirigido por Deus (1 Samuel 11.6), venceu de maneira implacável os
amonitas, que queriam humilhar os israelitas (1 Samuel 11.2,11). Ainda agiu de
misericórdia com aqueles que o haviam desprezado (1 Samuel 11.12-13).
A ira dos filisteus gerou desespero e medo aos soldados de Saul e todos se
refugiaram em cavernas. Nesta ocasião surge o primeiro grande erro de Saul:
uma desobediência. Samuel havia mandado que Saul o esperasse sete dias
para realizar um sacrifício.
P á g i n a | 75
1 Samuel 10.8
1 Samuel 13.9
Para entender o que acontece neste relato, devemos lembrar que Deus fez
uma separação no Antigo Testamento entre sacerdotes e outros. O trabalho de
oferecer sacrifícios pertencia aos sacerdotes (Levítico 6.6-7; Números
15.25,28). Saul tinha um papel importante, mas ele era rei, e não sacerdote.
Respeitando esta diferença de papéis, Samuel havia instruído Saul a esperar
sete dias em Gilgal, onde este sacerdote faria o sacrifício e lhe daria
orientações (1 Samuel 10.8). Desse modo, Saul desobedece a Deus, pois fez
algo que não era de sua jurisprudência. E então veio a palavra de juízo:
1 Samuel 13.10-14
Lucas 8.14
1 Samuel 15.2-3
Então veio novamente uma palavra de juízo a Saul. Então ele nos dá outra
amostra de quão grande era o espinho das “muitas ansiedades” na vida
dele, especificamente no desejo de ter o apoio do povo, olha o que ele
faz:
1 Samuel 15.30
Perceba, ele reconhece o pecado, mas não pede perdão! O que ele pede é
que Samuel o honre diante dos anciãos do povo, para que ele não perca o
apoio do povo. Viu como Saul é um terreno espinhoso? Ele até recebeu a
semente divina, entretanto o espinho de querer agradar o povo era tão
intenso que sufocou a semente divina da obediência.
O israelita que se propôs a lutar contra esse gigante foi justamente o harpista
de Saul – o menino Davi (v.32-40). Deus era com o menino, e mostrou muita fé
em Deus, e assim venceu e matou o gigante filisteu (v.50). Quando os
soldados retornavam para casa, depois que Davi venceu e matou o grande
filisteu, as mulheres saíram de todas as cidades de Israel ao encontro do rei
Saul com cânticos e danças, com tamborins, com músicas festivas e
instrumentos de três cordas. E as mulheres dançavam e cantavam: “Saul
matou milhares, e Davi, dezenas de milhares! (1 Samuel 18.6-7)”.
1 Samuel 18.8-9
18
Esse era o futuro rei de Israel escolhido por Deus (1 Samuel 16.13).
P á g i n a | 79
Ele queria ser o “vangloriado do povo”, então quando surge alguém mais
aclamado pelo povo, com feitos mais “brilhantes” que ele, foi o suficiente
para seu coração se encher de inveja. O que sucede são inúmeras tentativas
de Saul de matar Davi (1 Samuel 19, 24, 26). Finalmente Saul dá uma última
amostra de que a semente divina em seu coração já havia sido sufocada pelos
espinhos, e em 1 Samuel 28 vai consultar uma feiticeira19 para obter uma
resposta acerca de sua ida à guerra contra os filisteus.
1 Samuel 31.4
EXEMPLO 2: SALOMÃO
Salomão foi uma das pessoas promissoras da Bíblia Sagrada, no que tange ao
seu legado como homem de Deus. Falo bastante sobre ele no meu e-book
(2020b) “Em busca da sabedoria”, pois quando o assunto é sabedoria bíblica,
acho difícil não falar de Salomão. Salomão era um dos filhos de Davi, a saber,
19
Esse ato de consultar feiticeira era proibido na lei de Deus (Êxodo 22.18; Levítico.
19.31; 20.6-7; Deuteronômio 18.10-12).
P á g i n a | 80
filho de Davi com Bate-Seba (2 Samuel 12.24). Salomão foi o sucessor de Davi
no trono de Israel (1 Reis 2.12; 2 Crônicas 1.1).
Um dos primeiros atos de Salomão como rei foi realizar um grande sacrifício a
Deus em Gibeom, onde estava o Tabernáculo (2 Crônicas 1.5-6). Nesse
mesmo dia em que ele ofereceu o sacrifício, no período da noite, aprouve ao
Senhor fazer algo a Salomão.
1 Reis 3.5
Bom, Salomão tinha um pedido a fazer. Antes de pedir, ele expõe ao Senhor o
motivo do seu pedido:
1 Reis 3.7-8
1 Reis 3.9
Ele pediu sabedoria a Deus! Esse foi um desejo que agradou muito a Deus.
Como o próprio Deus disse: ele poderia ter pedido vida longa, morte dos
inimigos, riqueza, mas escolheu pedir sabedoria para julgar o povo justiça. Veja
a reação de Deus nos versículos:
P á g i n a | 81
1 Reis 3.10-12
Usando essa sabedoria dada por Deus, Salomão elevou Israel à condição de
uma potência mundial, haja vista que se tornou o homem mais rico de todos os
reis sobre a terra (1 Reis 10.25).
Entretanto, quando Deus concede sabedoria a uma pessoa, isso não faz dela
uma pessoa sábia e não uma pessoa perfeita! Escrevi no e-book (2020b) já
citado acima:
1 Reis 11.3
Marcos 4.7
“Que o rei não tome para si muitas mulheres, para que seu
coração não se desvie da sabedoria”.
Deuteronômio 17.17a
P á g i n a | 83
Lucas 8.14
1 Reis 11.4-8
1 Reis 11.9-10a
Como dito pelos autores, este rapaz tinha um grande problema. Estamos
tratando aqui de alguém que é um solo espinhoso. Lembram quais são os
espinhos (p.66-70)? Muitas ansiedades, riquezas e prazeres da vida. O
P á g i n a | 85
Certa vez, durante o ministério de Jesus, um jovem rico veio falar com ele. Ele
se pôs de joelhos diante de Jesus e lhe perguntou o que precisava fazer para
herdar a vida eterna (Marcos 10.17). A resposta de Jesus foi simples: “Se
queres entrar na vida eterna, obedeça aos mandamentos (Mateus 19.17b)”. Ao
que ele perguntou: “Quais?” E Jesus lhe respondeu: “Não matarás, não
adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra a teu pai e a tua
mãe, e amarás o teu próximo como a ti mesmo (Mateus 19.18-19)”. Ele
basicamente lembrou os Dez Mandamentos ao homem. O rapaz respondeu:
Marcos 10.20
Lucas 18.21
“Ele sabia que no mar havia um peixe com uma moeda e que
Pedro ao lançar o anzol o pescaria, e com o dinheiro pagaria o
imposto, tanto por ele como por seu Mestre (Mateus 17.27).
Em João 2.24,25, está escrito que não havia necessidade de
ninguém falar algo sobre o que há no interior do homem,
porque Jesus já sabia de tudo. A Bíblia afirma que só Deus
conhece o coração dos homens (1 Reis 8.39). Então, Jesus é
onisciente, porque ele é Deus. Ele sabia que a mulher
samaritana já havia possuído cinco maridos, e que o de então
não era o seu esposo (João 4.17,18). Encontramos em João
P á g i n a | 86
Jesus sabia do coração do rapaz, Ele é onisciente, Ele sabe tudo (João 16.30;
21.17). Jesus sabia que aquele rapaz era, no seu coração, um terreno
espinhoso. Jesus sabia que no coração daquele rapaz havia um grande
espinho: o amor pelas riquezas. O jovem não estava mentindo quando disse:
“Mestre, tudo isso tenho obedecido desde minha adolescência”. Se ele estivesse
mentindo, Jesus o teria repreendido. E Jesus não o repreendeu. Entretanto,
Jesus sabia que havia um grande espinho das riquezas no coração daquele
rapaz, e então disse:
Marcos 10.21
1 – Iria acontecer a mesma coisa que aconteceu com Abraão: Só existiu uma
pessoa em toda a Bíblia Sagrada que Jesus mandou vender tudo o que tinha –
esse jovem rico. Jesus não fez isso com mais ninguém. Lembra-me justamente
do episódio de Gênesis 2220. Deus ordenou que Abraão tomasse Isaque, seu
único filho com sua esposa Sara, e o oferecesse em holocausto (o sacrificasse)
20
Gênesis 22 inicia dizendo que num determinado tempo Deus pôs Abraão à prova. A
Bíblia mostra em várias passagens que Deus submete seu povo a testes que muitas
vezes envolvem situações de adversidade (Gênesis 26; 37-42; Salmos 23.4; 1 Samuel
17.37...). Mas o objetivo das provações enviadas por Deus é pedagógico. As
provações servem para aperfeiçoar a fé e a obediência dos santos (Jó 1-42;
Provérbios 20.30; Romanos 8.28; Zacarias 13.9...).
P á g i n a | 87
Ao terceiro dia Abraão conseguiu avistar o lugar que Deus havia lhe falado. A
partir dali ele seguiu o caminho apenas com Isaque. Inclusive, Isaque foi o
responsável por carregar a lenha do holocausto. Isso significa que apesar de a
Bíblia não dizer qual era a idade de Isaque naquela ocasião, ele já tinha
tamanho suficiente para tal tarefa (Gênesis 22.4-6).
Quando Abraão tomou o cutelo para imolar Isaque, o Anjo do Senhor bradou
do céu e lhe interrompeu. Foi nesse momento que Abraão escutou as
maravilhosas palavras:
Gênesis 22.12
Foi apenas um teste! Isso significa que a fé de Abraão havia sido confirmada
através da obediência (Gálatas 5.6; Hebreus 11.17; Tiago 2.21). Imediatamente
Abraão ergueu os olhos e contemplou um carneiro preso entre os arbustos.
Abraão tomou o carneiro e ofereceu em holocausto, e chamou aquele lugar de
“O SENHOR Proverá” (Gênesis 22.13,14). Depois disso, mais uma vez o Anjo
P á g i n a | 88
Veja, pelo caráter único do pedido, poderia acontecer com o jovem rico a
mesma coisa que aconteceu com Abraão. Ele poderia dar tudo o que tinha, e
após isso receber de Deus multiplicado muito mais do que deu (Lucas 6.38).
Poderia ser apenas um teste, como foi com Abraão. Ou:
Mateus 4.18-22
Mateus 9.9
Então o convite que Jesus estava dando ao jovem rico foi o mesmo que Ele
deu aos seus discípulos. Essa mensagem de largar tudo para trás21 e seguir a
21
Explicando o sentido dessa expressão, o mestre Ciro Zibordi (2009, p.18) explica:
“Em Mateus 16.24, o mestre disse: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si
mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me”. Renunciar não é, necessariamente,
abandonar, largar, mas pôr em segundo plano ou, vendo de outro ângulo, entregar a
P á g i n a | 89
Vale a pena largar tudo e seguir a Jesus. Depois da resposta do jovem rico a
essa ordem de Jesus, Pedro disse:
Marcos 10.28
Marcos 10.29-30
O que aconteceu depois da ordem de Jesus do jovem dar todos os seus bens e
seguir a Ele?
Marcos 10.22
Quando Jesus disse para o jovem dar todos os seus bens e seguir a Jesus, Ele
estava semeando no coração do rapaz. Contudo, o jovem era um terreno
espinhoso.
Lucas 8.7
Lucas 8.14
Lucas 8.14
Se existem coisas para você que são muito mais importantes do que Deus, do
que uma vida com Deus, do que a vida eterna, muito dificilmente você vai
amadurecer em Cristo e ainda corre o risco da semente divina no seu coração
secar completamente. Esse é um dos objetivos de Satanás, que você não
amadureça na fé em Jesus (1 Pedro 5.8). Ele sabe que na medida em que
você alcança maturidade na vida com Deus, mais difícil será para ele conseguir
te atingir de alguma forma.
Se o querido leitor (a) é uma pessoa que tem tempo para os estudos, o
trabalho, lazer, esporte, relacionamentos, mas não tem tempo para Deus,
cuidado! Esse é um forte indício que seu coração pode ser um terreno
espinhoso, que prioriza outras coisas acima de Deus! Claro que precisamos
estudar, trabalhar, se divertir, se exercitar e se relacionar. Entretanto, essas
coisas devem vir em segundo plano, frente a nossa vida com Deus, a nossa
vida particular com o Eterno.
CAPÍTULO 5
Mateus 13.8
A quarta classe destacada por Jesus é o que Elienai Cabral (2005, p.23)
chama de ouvintes-boa-terra porque são aqueles que ouvem e compreendem a
Palavra de Deus e dão frutos. A “boa terra” recebe a semente porque é
profunda e fértil. É propícia à sua germinação e desenvolvimento. Ainda
segundo o mestre, pelo menos três características são manifestadas nesse tipo
de terreno.
Mateus 13.23
Eu gosto muito da definição acima porque Jesus disse (João 15.8): “o que
glorifica meu Pai é que deis fruto em abundância; e assim sereis
P á g i n a | 94
Marcos 12.29-31
EXEMPLO 1: ABRAÃO
O patriarca Abraão é uma das grandes referências bíblicas que temos acerca
de alguém que o terreno do coração era um solo frutífero. No momento ele se
chamava Abrão. Ele foi filho de Terá, e sua família era natural da cidade de Ur
P á g i n a | 95
Gênesis 12.1-3
Quando Abrão chega a Siquém, o Senhor diz para ele (Gênesis 12.6-7): “É à
tua descendência que darei esta terra”! Vemos aí mais uma semente sendo
plantada no coração de Abrão. O que Abrão faz? Em um ato de gratidão e
adoração, ele constrói um altar22 ao Senhor naquele local (Gênesis 12.7). O
ato em si de construir um altar para cultivar uma comunhão com o Senhor
já em si um ato de frutificação (João 15.5).
22
“O altar, de acordo com as Escrituras, era um lugar construído para nele se
oferecerem sacrifícios e holocaustos de animais. Era um testemunho perpétuo, um
favor; sentia-se nele a manifestação divina, significava a presença de Deus,
santificava as ofertas, e era o lugar onde se realizava a comunhão dos fiéis com o
Senhor” (CONDE, 1983, p.45-46).
P á g i n a | 96
Chegando no Egito, Abrão faz algo que nos mostra o seguinte fato: pessoas
frutíferas continuam sendo seres humanos imperfeitos, suscetíveis ao erro.
Abrão disse a Sara:
Gênesis 12.11-13
Durante sua permanência no Egito, Abrão apesar de ser um solo frutífero, deu
uma prova de que não estava livre de fraqueza e imperfeição humana. Ao
ocultar o fato de que Sara era sua esposa, evidenciou desconfiança no cuidado
divino. Sarai era uma mulher muito bonita, e ele não duvidou de que os
egípcios cobiçariam a bela estrangeira, e que, a fim de consegui-la, não teriam
escrúpulo de matar a seu marido (v.13-14). Raciocinou que não seria culpado
P á g i n a | 97
de falsidade ao apresentar Sara como sua irmã; pois que era filha de seu pai,
posto que não de sua mãe. Mas esta ocultação da verdadeira relação entre
eles era um engano. Nenhum desvio da estrita integridade pode encontrar a
aprovação de Deus (Provérbios 12.22; João 8.44).
Devido à falta de fé por parte de Abraão, Sara foi posta em grande perigo. O rei
do Egito, sendo informado de sua beleza, fez com que ela fosse levada ao seu
palácio, tencionando fazer dela sua esposa. Mas o Senhor, em Sua grande
misericórdia, protegeu a Sarai, enviando juízos sobre a casa real (v.15-17). Por
este meio o rei soube a verdade a tal respeito; e, indignado pelo engano
praticado para com ele, reprovou Abraão, e restituiu-lhe a esposa, dizendo:
Gênesis 12.18b-20
O fato de Abraão ter sido um solo extremamente frutífero não implica dizer que
ele nunca errou na vida. As Escrituras falam que o único que não pecou foi
Jesus (1 Pedro 2.22). Em Hebreus 11 vemos que quase todos os heróis da fé
relatados ali foram homens que tiveram pecados relatados na Bíblia.
Após isso, Abrão volta do Egito para Canaã (Gênesis 13.1-3). Ele e seu
sobrinho Ló se separam (Gênesis 13.7-17). Ló seguiu para a campina do
Jordão, Abrão rumou para os carvalhais de Manre, próximo a Hebrom. E
adivinha? Ali Abrão construiu mais um altar para adorar e estabelecer
comunhão com Deus (Gênesis 13.11,18). A vida do homem é respaldada
em atos de frutificação.
Gênesis 14.12
Alguém que escapou da matança dos quatro reis partiu e avisou a Abrão do
ocorrido (v.13). Quando soube, Abrão fez um ato de extrema fé e confiança
em Deus. Com 318 homens foi resgatar Ló da posse dos quatro reis:
Gênesis 14.14-16
Gênesis 14.21-24
Gênesis 15.6
Mas como já dito, essa condição do coração de receber a Palavra de Deus não
impede as pessoas de errarem. No capítulo 16 de Gênesis, Abrão influenciado
por sua mulher Sarai, tentam “ajudar” o Senhor em cumprir sua promessa da
grande descendência23, eles têm um filho por intermédio da serva Agar (v.4).
Esse filho recebe o nome de Ismael. Os descendentes de Ismael são os povos
árabes (Gênesis 25.12-18).
Passados 13 anos deste evento, aos noventa e nove anos, novamente Deus
aparece a Abrão e semeia uma semente no coração dele, confirmando-lhe a
sua promessa (Gênesis 17.2). Nesse momento, Deus muda o nome de Abrão
para Abraão:
Gênesis 17.4-5
23
Provavelmente todo impasse que tem hoje no oriente médio entre judeus e árabes
tem sua origem nesse ato de Abrão (DUTRA, 2020).
P á g i n a | 100
Gênesis 17.15-16
Gênesis 17.23-26
Gênesis 18, por sua vez, começa narrando mais um episódio em que Deus
aparece a Abraão. O texto bíblico diz que o Senhor apareceu a Abraão nos
carvalhais de Manre, quando ele estava assentado à entrada de sua tenda,
durante a hora mais quente do dia24 (Gênesis 18.1). Então Abraão levantou os
olhos e enxergou três homens em pé em sua frente. Rapidamente ele se dirigiu
aos três homens demonstrando muito cordialidade e hospitalidade. Acerca
deste episódio, escreveu Stamps (1995):
24
Essa informação que o texto nos traz é interessante quando observamos a luz da
cultura da época. Durante o período de maior calor do dia, era comum que os
viajantes procurassem algum abrigo do sol quente. Por isso que Abraão, ao ver os
homens, rapidamente se mobilizou para recebê-los (CONEGERO, 2020).
P á g i n a | 101
Gênesis 18.13
Neste ponto da visita fica evidente a natureza divina daquele viajante. Ele não
apenas prometeu algo naturalmente impossível, mas também se mostrou ser
onisciente ao revelar o que Sara havia pensado em seu íntimo. Na sequência,
o Senhor ainda foi muito específico quanto ao cumprimento de Sua promessa.
P á g i n a | 102
Ele disse: “Daqui a um ano, neste mesmo tempo, voltarei a ti, e Sara terá um
filho” (Gênesis 18.14).
Gênesis 21.1-3
Deus ordenou que Abraão tomasse Isaque, seu único filho com sua esposa
Sara, e o oferecesse em holocausto (o sacrificasse) em um dos montes da
terra de Moriá (Gênesis 22.2). Ele simplesmente ouviu a ordem divina e a
obedeceu imediatamente. Ele se levantou de madrugada, preparou o seu
jumento e a lenha, tomou Isaque e dois de seus servos, e partiu para Moriá
(Gênesis 22.3).
Ao terceiro dia Abraão conseguiu avistar o lugar que Deus havia lhe falado. A
partir dali ele seguiu o caminho apenas com Isaque. Inclusive, Isaque foi o
responsável por carregar a lenha do holocausto. Isso significa que apesar de a
Bíblia não dizer qual era a idade de Isaque naquela ocasião, ele já tinha
tamanho suficiente para tal tarefa (Gênesis 22.4-6).
Quando Abraão tomou o cutelo para imolar Isaque, o Anjo do Senhor bradou
do céu e lhe interrompeu. Foi nesse momento que Abraão escutou as
maravilhosas palavras:
Gênesis 22.12
Foi apenas um teste! Isso significa que a fé de Abraão havia sido confirmada
através da obediência (Gálatas 5.6; Hebreus 11.17; Tiago 2.21). Imediatamente
Abraão ergueu os olhos e contemplou um carneiro preso entre os arbustos.
Abraão tomou o carneiro e ofereceu em holocausto, e chamou aquele lugar de
“O SENHOR Proverá” (Gênesis 22.13,14). Depois disso, mais uma vez o Anjo
do Senhor bradou do céu e confirmou a aliança com Abraão (Gênesis 22.15-
19). Acerca deste episódio, afirma Conegero (2020):
Depois de bastante tempo o patriarca Abraão morreu, numa velhice feliz, idoso
e repleto de bons anos (Gênesis 25.8). Ele foi um claro exemplo de um solo
frutífero a semente divina. Sempre que recebia a semente divina
frutificava, seja obedecendo ao Senhor, seja edificando um altar de
adoração ou seja através de seu caráter.
P á g i n a | 104
EXEMPLO 2: DAVI
Lembra que tratamos aqui acerca do rei Saul, o primeiro rei de Israel (p.71-77)?
Lembra que, devido à desobediência de Saul, Deus escolhe outro rei (1
Samuel 16.1)? Então, esse outro rei escolhido foi justamente Davi. Ele ainda
menino recebeu a semente divina em seu coração da parte de Deus
através de Samuel. Deus mandou o profeta ir até a casa da família de Davi,
porque Deus o próximo rei de Israel estaria lá (1 Samuel 16.1-3). Nessa época,
Davi pastoreava as ovelhas de seu pai.
“Eis que Deus enxerga não como o ser humano vê, porquanto
o homem julga e toma em elevada consideração a aparência,
mas o SENHOR sonda o coração.”
1 Samuel 16.7b
Por ordem de Deus, Samuel ungiu Davi como o próximo rei de Israel. Essa
unção em si (acompanhada ou não de palavras – o texto não expõe palavras
de Samuel, o que provavelmente indica que ele não falou nada, apenas ungiu)
já é uma forma de semeadura25.
Davi era um solo frutífero, logo essa semente achou guarida em seu
coração. Prontamente vemos indícios de que Davi era um filho obediente, um
servidor dedicado e um homem de fé (1 Samuel 17.15-19). Obedecendo a
ordem do pai, ele vai ao acampamento israelita servir o pai (1 Samuel 17.20).
25
Isso se dá porque a unção no Antigo Testamento destinava-se a sacerdotes, reis e
profetas, para que estes exercessem com êxito suas funções e ministérios (Êxodo
40.13-15; 1 Samuel 9.16; 1 Reis 19.16). A unção do rei Davi, por intermédio de
Samuel, é uma declaração da escolha divina para cumprir seus propósitos.
P á g i n a | 105
1 Samuel 17.48-51
Com essa grande vitória, Davi entra no exército israelita e após um tempo se
torna o comandante (1 Samuel 18.5). Ao acumular fama, passa a ser invejado
pelo rei Saul (1 Samuel 18.9). Essa inveja se torna tão intensa que Saul tenta
assassinar Davi algumas vezes (1 Samuel 18.11). Entretanto Davi era um
solo frutífero, logo entendemos que o natural era ele dar frutos de
benignidade (Gálatas 5.22). Davi não tenta matar Saul, pelo contrário, age
com grande respeito e misericórdia com o rei (1 Samuel 24.10).
2 Samuel 2.1-2
Outro fruto positivo da vida de Davi foi seu ato de bondade para com
Mefibosete, filho de Jônatas (2 Samuel 9.1). Jonatas e Davi haviam feito uma
pacto de amizade leal na última vez que se viram (1 Samuel 20.41-42). Nesse
pacto, Davi seria benevolente com a descendência de Jonatas, e vice-versa.
Em 2 Samuel 9, Davi se lembra desse pacto26:
2 Samuel 9.1
26
Bom, Jonatas tinha morrido em 1 Samuel 31.2, na batalha contra os filisteus. Ele
tinha tido um filho chamado Mefibosete. Acerca dele, temos registro: “Jônatas, filho de
Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Esse menino tinha cinco anos de idade quando
se ouviu a notícia de que Jezreel de que Saul e Jônatas haviam tombado em combate.
Sua ama o apanhou e fugiu, todavia, na pressa, ela o deixou cair, e ele ficou manco.
Seu nome era Mefibosete (2 Samuel 4.4)”.
P á g i n a | 108
EXEMPLO 3: PAULO
O período aqui retratado é logo após a primeira vinda de Jesus a essa terra,
sendo assim, encontramos nosso enredo no livro dos Atos dos Apóstolos e em
diante. Segundo conta Conegero (2020), Paulo, nome romano de Saulo27,
27
Algumas pessoas dizem que quando Paulo se converteu Deus mudou o seu nome
de Saulo para Paulo. Aqui não partimos dessa premissa. A luz das escrituras, vemos
P á g i n a | 109
nasceu em Tarso na Cilícia (Atos 16.37; 21.39; 22.25). Embora tenha nascido
um cidadão romano, Paulo era um judeu da dispersão, um israelita
circuncidado da tribo de Benjamin, e membro zeloso do partido dos fariseus
(Romanos 11.1; Filipenses 3.5; Atos 23.6).
Embora não se saiba ao certo com quantos anos Paulo saiu de Tarso, sabe-se
com certeza que ele foi educado em Jerusalém, sob o ensino do renomado
doutor da lei, Gamaliel, Paulo conhecia profundamente a cultura grega. Ele
também falava o aramaico, era herdeiro da tradição do farisaísmo, estrito
observador da Lei e mais avançado no judaísmo do que seus contemporâneos
(Gálatas 1.14; Filipenses 3.5,6).
O livro de Atos dos Apóstolos informa que quando Estêvão foi apedrejado,
suas vestes foram depositadas aos pés de Paulo de Tarso (Atos 7.58). Após
esse episódio da morte de Estêvão, Paulo de Tarso assumiu uma posição
importante na perseguição aos cristãos. Ele recebeu autoridade oficial para
liderar as perseguições. Além disso, na qualidade de membro do concílio do
Sinédrio, ele dava o seu voto a favor da morte dos cristãos (Atos 26.10).
que em nenhum lugar das Escrituras encontramos menção de Paulo ter mudado de
nome, no entanto, o que a Bíblia afirma é o seguinte: “Todavia, Saulo, também
chamado Paulo…” (Atos 13.9). Se repararmos cuidadosamente o versículo em pauta,
veremos que Lucas, o autor da narrativa diz que Saulo também era chamado Paulo.
Ou seja, não houve uma troca de nomes, o que de fato a Bíblia afirma claramente, era
que ele tinha dois nomes diferentes, fato considerado comum para um judeu que
também tinha cidadania romana, como era o caso de Paulo (At 16.37,38 e 22.25,26).
Enfim, Saulo era o seu nome hebraico; enquanto a Bíblia retrata a relação do apóstolo
com os judeus, este nome aparece – mesmo depois da conversão (O nome não
mudou por causa da conversão). Porém, quando enviado em sua viagem missionária
para desenvolver a sua missão entre os gentios, Lucas relata que Saulo também era
chamado Paulo, seu nome romano, ou seja, de relacionamento com os gentios. Como
ele era o “apóstolo dos gentios”, o nome Paulo era mais recorrente (Efésios 3.1-13).
P á g i n a | 110
Cristo, tanto homem como mulher (Atos 9.2). Paulo perseguia e assolava a
Igreja de Deus (Gálatas 1.13). Ele fazia isso acreditando que estava servindo a
Deus e preservando a pureza da Lei. Só que ele não contava que algo ia
acontecer com ele que iria mudar sua vida para sempre...
28
Essa luz não era apenas uma luz, mas o próprio Jesus (Atos 9.17). Aquela luz era a
glória do próprio Filho de Deus ressurreto (DIAS LOPES, 2009, p.16).
P á g i n a | 111
Após o encontro que teve com Cristo, o apóstolo Paulo chegou a Damasco e
recebeu a visita de Ananias. Foi Ananias quem o batizou (Atos 9.17,18).
Também foi ali, naquela mesma cidade, que Paulo começou sua obra
P á g i n a | 112
Após sua conversão, Paulo não foi para Jerusalém, onde estavam os
apóstolos, mas rumou para as regiões da Arábia, onde permaneceu três anos,
crescendo em intimidade e conhecimento com o próprio Senhor Jesus. O
próprio Paulo registra esse fato, assim:
Gálatas 1.11-12
Naquela ocasião ele parte para Jerusalém (Gálatas 1.18). Nesse tempo havia
completado cerca de três anos de sua conversão. Paulo tentou juntar-se aos
discípulos, porém estavam todos receosos com ele (Atos 9.26). Foi então que
Barnabé se dispôs a apresentá-lo aos líderes dos cristãos (Atos 9.27).
Entretanto, seu período em Jerusalém foi muito rápido, pois novamente os
P á g i n a | 113
Logo depois o apóstolo Paulo foi enviado à sua cidade natal, Tarso (Atos 9.30).
Ali ele passou um período de silêncio de cerca de dez anos. Embora esses
anos sejam conhecidos como o sendo o período silencioso do ministério do
apóstolo Paulo (CONEGERO, 2020). Acerca desse episódio da vida de Paulo,
Dias Lopes (2009) nos ensina algo muito interessante:
29
O simples fato de Paulo perseverar durante esse período de preparação já é
um ato de frutificação em si. Perseverar nos caminhos do Senhor diante de períodos
difíceis é um fruto que podemos dar para Deus (Marcos 13.13; Apocalipse 14.12).
P á g i n a | 115
Mais uma vez, estamos diante do fato de que Deus está trabalhando na vida de
Paulo, ensinando-o a depender totalmente do Senhor e nada de si mesmo.
Deus estava lapidando essa pedra, aparando suas arestas e moldando-o como
um oleiro faz com o vaso (Jeremias 18). Após isso, vem um período de
frutificação intensa na vida de Paulo. Essa frutificação se inicia com as
viagens missionárias30, que foram três:
30
O trabalho evangelístico do apóstolo Paulo abrangeu um período de cerca de dez
anos (CONEGERO, 2020; Atos 13-20). Paulo concentrava-se nas cidades-chave, isto
é, nos maiores centros populacionais de sua época (Atos 17.16-34). Isso fazia parte
de seu planejamento missionário. Quando alguns judeus e gentios aceitavam a
mensagem do Evangelho, logo esses convertidos tornavam-se o núcleo de uma nova
comunidade local (Efésios 2.11-18 – Os gentios e os judeus são unidos por Deus
mediante a cruz de Cristo). A estratégia missionária usada pelo apóstolo Paulo pode
ser resumida da seguinte forma:
1. Ele trabalhava nos grandes centros urbanos, para que dali a mensagem se
propagasse nas regiões circunvizinhas (Atos 17.16-34).
2. Ele pregava nas sinagogas, a fim de alcançar judeus e prosélitos gentios (Atos
13.13-31).
3. Ele focava sua pregação na comprovação de que a nova dispensação é o
cumprimento das profecias da antiga dispensação (Atos 13.16-41; 19.8).
4. Ele percebia as características culturais e as necessidades dos ouvintes. Assim
ele aplicava tais particularidades em sua mensagem evangélica (Atos 17).
5. Ele mantinha o contato com as comunidades cristãs estabelecidas. Esse
contato se dava por meio da repetição de visitas e envio de cartas e
mensageiros de sua confiança (Cartas de Paulo – Romanos, Gálatas, Efésios,
Tito...).
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Dessa última vez ele acabou executado pelas mãos de Nero por volta de 67 e
68 d.C. (2 Timóteo 4:6-18). Estudiosos explicam que Paulo morreu decapitado.
Acerca desse episódio, Dias Lopes (2009) escreveu:
Existem muitos exemplos aos quais poderíamos recorrer nesta obra. Alguns
que podemos destacar podem ser: Isaque, José, Daniel e todos os profetas
maiores e menores, Rute, Ester, Maria, os demais apóstolos de Jesus
(destaque Pedro e João), entre outros. Entretanto, por falta de espaço,
escolhemos somente três exemplos para trabalhar aqui. Mas o leitor pode ficar
a vontade, para na leitura das Escriturar, identificar homens e mulheres que
eram solos frutíferos.
Sabe qual a sua recompensa por ser um solo frutífero? Aqui na terra você vai
desfrutar de uma maior intimidade com Deus (Salmos 34.15). Você vai ser
instrumento de Deus para um propósito único aqui na terra (Efésios 1.18-19).
Você vai ser feliz (Salmos 1.1-3; 34.8). Em vez de ir para o inferno sofrer para
sempre, você será salvo e passará a eternidade com gozo e alegria do lado do
Senhor Jesus (João 5.24; Romanos 6.23; 1 João 2.25). E é só isso? Não. Tem
muito mais. Mas por falta de espaço, nos atemos a simplesmente atentar para
o fato que vale a pena ser fiel a Deus! A mensagem de Deus para você é
justamente essa!
Vale a pena obedecer a Deus, vale a pena ser fiel! A recompensa de ser fiel a
Deus é muito maior e melhor do que podemos imaginar:
1 Coríntios 2.9
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GOIS, Amy; ALVES, Denise; CABRAL, Paulo. Quem era o jovem rico que
conversou com Jesus? Respostas Bíblicas: perguntas e respostas à luz da
Bíblia e da fé cristã evangélica, 2020.
GRAHAM, Billy, 1984. Em paz com Deus. CPAD, Rio de Janeiro, 2015.
HUCKABEE, W. Davis. Fundamentado na graça. Palavra Prudente, São
Paulo, 2018.
ROWE, Timothy A. Parable of the Sower: The Third Soil of the Heart: The
Five Thorns to Avoid. Goodness of god ministries international, USA, 2018.
SAVIOLI, Esdras. Por que Deus mandou matar? Vai na Bíblia: YouTube,
2019.
ZIBORDI, Ciro Sanches. Erros que os adoradores devem evitar. CPAD: Rio
de Janeiro, 2009.