Projeto IC FAPESP - Corrigido Saulo
Projeto IC FAPESP - Corrigido Saulo
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Limeira – 2020
1. Resumo
O acúmulo de gordura hepática é um fenômeno frequentemente observado em
pacientes obesos e pode desencadear desordens metabólicas como inflamação, disfunção
mitocondrial, resistência à insulina, podendo levar a esteatose hepática e cirrose. Estudos
pré-clínicos demonstraram que o tratamento oral a base de precursores de NAD+, é capaz
de estimular o mecanismo da UPRmt (mitochondrial unfolded protein response),
recuperando a função mitocondrial e hepática em modelo de doença hepática gordurosa
não alcoólica (NALFD) , demonstrando que o metabolismo de NAD+ e a ativação da
UPRmt podem ser promissores na prevenção e no tratamento do acúmulo de gordura no
fígado. Sabidamente, o exercício físico é um estimulador fisiológico para a síntese de
NAD+. Além disso, recentemente demonstramos que o exercício estimula diversos
marcadores da UPRmt e aumenta a função mitocondrial no músculo esquelético.
Portanto, o objetivo deste projeto será avaliar o efeito de exercício físico aeróbio sobre o
conteúdo de NAD+ e sobre os marcadores da UPRmt em no tecido hepático de
camundongos suscetíveis ao desenvolvimento de doença hepática gordurosa não
alcoólica (NALFD).
Palavras-chave: NAD+, UPRmt, Exercício, Fígado, Mitocôndria.
2. Introdução
A doença esteatótica não alcoólica do fígado (NAFLD, do inglês nonalcoholic
fatty liver disease) é a causa mais comum de doenças crônicas no fígado de indivíduos
obesos e sua prevalência continua a crescer em todo o mundo1. A NAFLD, possui estreita
relação com a resistência à insulina, disfunção mitocondrial, inflamação, aumento da
gliconeogênese dentre outros 2. Nesse contexto, a lipotoxicidade hepática pode ser
considerada como um fenômeno crítico no desenvolvimento da NAFLD. A
lipotoxicidade é resultado do excesso de AGs no fígado, sobrecarregando as capacidades
hepáticas de oxidar, armazenar e exportar lipídeos, além de prejudicar as vias de
sinalização celular, causando disfunção celular, liberação de marcadores inflamatórios,
como o Tumor Necrosis Factor-α (TNF-α), e podendo levar a morte celular3,4. Portanto,
a NAFLD pode progredir até a esteato-hepatite não alcoólica (NASH, do inglês
nonalcoholic steatohepatitis), fibrose e finalmente cirrose5.
Dentre as causas da lipotoxicidade hepática, destaca-se a resistência à insulina. A
insulina atua no tecido adiposo branco (WAT) inibindo a lipólise e estimulando a
lipogênese, entre outras funções. Contudo, a resistência à insulina no WAT favorece a
lipólise e a liberação desordenada de ácidos graxos (AGs) não-esterificados na circulação.
Neste cenário, ocorre os AGs são, em grande parte, direcionados ao tecido hepático. Além
disso, a hiperinsulinemia relacionada com a resistência à insulina estimula a lipogênese
nesse órgão. Quadros de dislipidemia também possuem estreita relação com o
desenvolvimento da NAFLD. A presença de dislipidemia (hipertrigliceridemia,
hipercolesterolemia ou ambas) podem ser observadas em grande parte dos pacientes
diagnosticados com NAFLD6. A exposição crônica de células não adiposas a altas
concentrações de triacilglicerol ou colesterol causa efeitos tóxicos que contribuem para o
desenvolvimento de resistência à insulina hepática e NAFLD 7. O conteúdo de gordura
no fígado reflete o desequilíbrio entre o fluxo de AGL através da lipólise, oxidação de
ácidos graxos, lipogênese de novo e secreção de lipopoliproteínas de muito baixa
densidade (VLDL). Cabe destacar que a Apolipoproteína (Apo) E, é uma proteína que é
encontrada na maioria das lipoproteínas. Ela funciona como um ligante para receptores
que identificam quilomícrons e VLDL, o que possibilita a captação específica dessas
moléculas pelo fígado.
Camundongos com deficiência na produção dessa proteína (ApoE-/-) desenvolvem
hipercolesterolemia espontânea e aterosclerose8 e são mais suscetíveis a apresentar dano
hepático, pois apresentam elevado estresse oxidativo no fígado, aumento na expressão de
fatores pró-inflamatórios e pró-fibrogênicos, aumento da deposição de lipídeos e aumento
do dano hepatocelular9. Além disso, esses animais podem ser utilizados como modelo de
NAFLD quando alimentados com dieta ocidental (rica em gordura e açúcar), de modo
que apresentam alterações hepáticas severas como: esteatose macro e micro vesicular,
proliferação de macrófagos e nódulos inflamatórios10. Além disso, outro estudo
demonstrou que esses animais apresentaram esteatose e aumento dos níveis de ALT
(marcador de dano hepático) após serem alimentados durante 3 semanas com dieta rica
em gordura e açúcar1.
3. Hipótese
Mediante os dados apresentados, aventamos a hipótese de que o exercício físico
crônico poderia estimular um aumento dos níveis de NAD+, ativando a UPRmt no tecido
hepático, sendo capaz de prevenir a NAFLD em camundongos hipercolesterolêmicos
(Apo E-/-), alimentados com dieta hiperlipídica.
4. Justificativa
Estudos anteriores mostram que a elevação dos níveis de NAD +, por
suplementação com NR por exemplo, pode ser muito eficiente na prevenção e no
tratamento de doenças hepáticas, o que ocorre devido à ativação do mecanismo de UPRmt
mediado pela atividade das sirtuínas. Portanto, com a realização desse projeto, buscamos
avaliar se o exercício físico é eficiente em aumentar a síntese de NAD +, além de ser um
fator estressante para o organismo de modo a desencadear a UPRmt e, com isso,
contribuir para uma melhora do metabolismo hepático em condições de susceptibilidade
ao desenvolvimento da NAFLD em modelo pré-clínico.
5. Objetivos
5.1. Objetivo geral
Avaliar os efeitos do treinamento físico aeróbio sobre o metabolismo de NAD+ e
sobre os marcadores da UPRmt no tecido hepático de camundongos Apo E-/- alimentados
com dieta hiperlipídica.
6. Materiais e Métodos
6.1. Animais
Serão utilizados camundongos C57BL/6J machos, com 2 meses de idade,
provenientes do Centro de Bioterismo da UNICAMP (CEMIB) para o grupo controle
wild type, para os grupos controle APOE-/- e treinados APOE-/-, serão utilizados
camundongos C57BL/6J -Apo E -/- provenientes do Biotério do Laboratório de Biologia
Molecular e Hemostasia, Hemocentro/UNICAMP. Os animais serão previamente
pesados e alocados em gaiolas com cinco animais cada, expostos a ciclos de 12 horas
claro e 12 horas escuro, com temperatura entre 20ºC e 22ºC, onde receberão água e ração
padrão para roedores (da marca Nuvilab) (grupo wild type) ad libitum. Os animais APOE-
/-
serão alimentados com hiperlipídica, conforme descrito32, de modo que após 8 semanas
de consumo da dieta, o grupo treinado iniciará o protocolo de exercício. Antes de ser
iniciado, o projeto será submetido à avaliação do comitê de ética da UNICAMP.
6.3.Reagentes e Anticorpos
8. Disseminação e Avaliação
Os resultados do projeto de pesquisa serão disseminados no congresso de Iniciação
Científica da UNICAMP. Caso os resultados demonstrem potencial, eles serão utilizados
para a elaboração de um manuscrito que será submetido para publicação em periódico
internacional. A avaliação do presente projeto será realizada através da execução das
etapas de acordo com o cronograma apresentado anteriormente.
9. Referências Bibliográficas