Crime Organizado - Diagnóstico e Mecanismos de Combate
Crime Organizado - Diagnóstico e Mecanismos de Combate
Crime Organizado - Diagnóstico e Mecanismos de Combate
CRIME ORGANIZADO:
Rio de Janeiro
2012
CLAUDIO ARMANDO FERRAZ
CRIME ORGANIZADO:
Rio de Janeiro
2012
C2012 ESG
_________________________________
79 f.
Given that organized crime has infiltrated our society so agedly and the combat of
this specialized crime is an arduous task to be performed by those responsible for
the criminal justice and public safety, with the participation of all segments of society,
this study aims to contribute to this effort by developing a diagnosis on the state of
organized crime in Brazil, especially in Rio de Janeiro, followed by an analysis of
methods and proposals for action aimed at preventing and combating this
criminological phenomenon. The methodology involved a literature and documentary
review, aiming to seek theoretical frameworks, aside from the author's personal
experience. Addressed issues involving the use of the most modern research
techniques aimed at obtaining criminal evidence beyond institutional initiatives tested
in the state of Rio de Janeiro aiming to improve its law enforcement capability carried
out by the Civil Police, Secretariat of Security, prosecutors and by the Court.
Discusses what becomes of Criminal Intelligence; the employment of electronic
means; covert operations; undercover agents; informants; protection of threatened
witnesses; collaborative witness; task force; money laundering; breach of fiscal
confidentiality; banking and equity research. The conclusion indicates that,
considering the peculiarities of the enemy, the state will not be able to meet this
challenge without intelligence, broader rational and competent analysis. Points,
correspondingly, to the need for integration and commitment of all actors involved in
the public safety and criminal justice systems, as well as the society as a whole.
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 12
9 CONCLUSÃO............................................................................................... 78
REFERÊNCIAS ............................................................................................ 80
12
1 INTRODUÇÃO
1
PORTO, Roberto. Crime Organizado e Sistema Prisional. São Paulo: Editora ATLAS, 2007. p.
VIIII.
13
político, emprega sua principal arma: a corrupção. Esta constitui um importante meio
para penetrar nos poderes do Estado.
Definir crime organizado é muito importante, uma vez que ao fazê-lo,
permite-se conhecer quem é o inimigo, quais são as características e, com isso,
controlá-lo. Importante não só do ponto de vista prático, mas, também, legislativo,
porque a lei deve conter essa definição para satisfazer princípios constitucionais
ligados tanto à defesa, no julgamento, quanto a um processo justo.
Apesar do conceito de “crime organizado” não ter sido definido com
precisão, suas principais características são conhecidas:
a) padrão organizativo;
Devemos estar atentos para que, ao promulgar leis para combater o crime
organizado, é preciso garantir que elas não levem à redução dos direitos e garantias
fundamentais do cidadão, uma vez que todo direito de exceção configura um risco
ao estado democrático de direito. Durante o período dos governos militares, as
principais marcas foram o segredo nas práticas repressivas e a escassa informação
a que o cidadão tinha acesso sobre a tarefa realizada pelas Forças Armadas,
naquele contexto de repressão à subversão e a luta armada.
Quando a democracia retornou, nos anos 80, toda e qualquer instituição que
apresentasse características ou condutas similares àqueles anos recentes era
severamente reprovada. Esses antecedentes fizeram com que o tratamento de
determinados temas se tornasse um pouco sensível.
A desconfiança com respeito a certas atividades do Estado fica evidente nas
críticas à tentativa de legislar sobre determinadas figuras jurídicas, relacionadas com
15
2
MAFIOSOS: os senhores do crime organizado. Revista Super Interessante, s.l.: Abr., 2008 (edição
especial). p. 29.
16
organizado a operar em rede, como a internet, sem um centro de poder que, uma
vez destruído, acabe destruindo toda a organização.
Resultado, máfias como as italianas, russas e japonesas continuam tendo
uma organização de trabalho, porém, sua estrutura é cada vez mais complexa e
horizontal, bem diferente do esquema clássico de organização da Cosa Nostra
americana.
A vida da máfia na Itália começou a ficar mais difícil a partir dos anos 80.
Naquela época, a organização avançava pelo Estado, atuando em todas as esferas
do poder público. Empresários e políticos dos mais variados escalões faziam parte
do esquema de ameaças, extorsões, assassinatos e corrupção.
A situação tornou-se insustentável. Em 1982, um general do Exército,
Alberto dela Chiesa, assumiu a chefia de polícia da Sicília anunciando: "Só existe
um poder, o do Estado italiano. Não podemos abdicar desse poder em benefício de
criminosos, elementos brutais e desonestos". Chiesa ficou 100 dias no cargo -
acabou fuzilado pela máfia. Seu assassinato chocou tanto o país que uma lei de
combate ao crime organizado foi finalmente aprovada. Associar-se a Cosa Nostra
passou a ser crime3.
Um ano depois, o magistrado Antoni Caponnetto criou o Pool Antimáfia, um
grupo de juízes altamente qualificados que se ocupava exclusivamente dos
processos contra as quadrilhas mafiosas da Itália. O grupo era encabeçado por
Giovanni Falcone e contava com a participação de outros nomes de peso da
magistratura.
O trabalho do grupo culminou no chamado “maxiprocesso”, um julgamento
que levou para trás das grades, de uma só vez, mais de 300 mafiosos, incluindo
Tommaso Buscetta, que falou sobre os meandros da Cosa Nostra e balançou as
estruturas da organização.
Além do poder econômico, a máfia italiana ainda exerce muita influência
sobre a política. Segundo o último relatório da Direção Nacional Anti-máfia (DNA),
publicado em janeiro de 2008, o vínculo entre o crime organizado e o poder público
continua um enorme problema para o Estado italiano. O documento da DNA revela
3
MAFIOSOS: os senhores do crime organizado. Revista Super Interessante, s.l.: Abr., 2008 (edição
especial). p. 21.
17
que parte considerável dos políticos do sul da Itália ainda se elege graças ao apoio
financeiro da máfia4.
O arranjo político que foi determinante para a ascensão da máfia italiana,
permaneceu protegendo-a até, pelo menos, 1992 (quando ocorreu o assassinato de
do Juiz Giovanni Falcone) – já na década de 20 do século passado a máfia
dominava inteiramente o cenário político e econômico siciliano.
A batalha contra o crime organizado na Itália, nos últimos anos, obteve
sucesso devido aos seguintes fatores:
a) a sociedade manifestou sua disposição de luta contra o crime;
4
MAFIOSOS: os senhores do crime organizado. Revista Super Interessante, s.l.: Abr., 2008 (edição
especial). p. 20.
18
5
REVISTA da Associação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, ano 1,
n. 03, jun./ago., 2007. p. 26.
6
Disponível em: <http://www.unodc.org/southerncone/pt/frontpage/2012/03/12-UN-drug-chief-calls-
for-stronger-cooperation-frameworks.html>. Acesso em: 23 set. 2012.
20
A nossa polícia nasceu com a vinda da família real para o Brasil, em 1808,
marcada pela tarefa de conter potenciais inimigos do poder. No Império, o Estado
delegou a segurança pública à elite privada através da Guarda Nacional. Talvez se
possa localizar aí, na delegação da tarefa de combate ao crime à sociedade civil,
cuja elite agrária recebia patentes de coronel da guarda nacional, acompanhadas da
autorização de mobilizar empregados privados na manutenção da ordem pública,
parte da razão para tolerância com a privatização e informalidade da repressão ao
crime (justiceiros, milícias e sofisticadas empresas de segurança privada).
Voltando no tempo, é possível reconhecer que a abolição da escravatura,
desacompanhada de políticas de inclusão e o progressivo deslocamento do eixo
econômico e demográfico do ambiente rural para o urbano acelerou o processo de
favelização nas zonas urbanas marginais e contribuiu, de certo modo, para a
configuração do atual estágio de violência no Brasil.
O projeto de desenvolvimento industrial adotado no país, apoiado na
substituição de importações, viabilizada por práticas protecionistas, ampliou a
migração do campo para as cidades mantendo o contrabando como atividade
criminosa atraente.
A proibição do jogo na metade do século XX favoreceu o surgimento de
organizações criminosas nos grandes centros urbanos. Enraizou-se nas favelas um
mercado varejista de maconha e, no asfalto, começou a sair de cena a
“malandragem”, tomada como criminosa pelo modo de vida. Ao mesmo tempo a
criminalidade de conduta individual e violenta ganhou visibilidade pela imprensa que
se modernizava, personificadas em bandidos célebres como Cara de Cavalo,
Mineirinho e Lúcio Flávio. Mas a política desenvolvimentista que seguiu seu curso no
pós-guerra favoreceu a continuidade das rotas de contrabando e descaminho que
permanecem ativas até hoje, embora, em grande parte, tenham se deslocado, a partir
dos anos 90, para o tráfico de entorpecentes e de armas, com o desestímulo ao
contrabando de bens de consumo, em decorrência da abertura econômica adotada.
No final dos anos 1980, o noticiário destacava uma violenta disputa pelo
controle do tráfico de drogas. A ampliação do mercado da droga e a repressão aos
distribuidores levou a um incremento nas estatísticas de roubos de carros forte e de
extorsão mediante seqüestro. Os anos 1990, por sua vez, foram marcados por
21
7
BOAS, Fernando Villa. Crime Organizado e Repressão Policial no Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora. 2007. p. 95.
22
8
Mafiosos: os senhores do crime organizado. Revista Super Interessante. s.l.: Editora ABRIL, 2008.
p. 65.
23
Questão suscitada por Fernando Alves Martins Villas Bôas Filho9, é se existe
no Brasil, e particularmente, no Rio de Janeiro, “crime organizado”, especialmente
no tráfico de entorpecentes. Argumenta-se que o que existe são quadrilhas semi-
organizadas, com estruturas hierárquicas não muito bem definidas, que lutam por
territórios, sem qualquer atividade organizada fora do nível das organizações locais
de venda, pulverizadas em pequenas unidades nas favelas e conjuntos, recrutando
jovens moradores para uma alternativa de trabalho. Esta estruturação e divisão
locais se dão em volta das “bocas de fumo”, sem qualquer indicação de que haja
uma centralização na compra por atacado ou alguma grande organização por trás
deste comércio ilegal.
A articulação que se presume entre os grupos armados nas favelas cariocas,
de fato, não existiria, os “comandos” e seus derivados não arquitetariam e nem
executariam ações planejadas, quando muito, se associariam para adquirir
substâncias proibidas. O que muitos acreditam tratar-se de modalidade de crime
organizado fluminense seria um poder diluído.
Porém, devemos nos atentar para o fato de que ativa o tráfico de armas para
a defesa dos territórios e fomenta uma enorme desverticalização operacional, uma
grande mobilidade, uma grande simplicidade e flexibilidade, dada inclusive pela
terceirização.
Nem todos os envolvidos com as “bocas de fumo” têm que ser mantidos por
ela. Eles são pagos para fazer serviço em algum momento, “terceirizados”. Por outro
lado, não há dúvidas de que fazem parte de uma estratégia criminosa transnacional,
especialmente considerando que não se produz, por exemplo, cocaína no Brasil, e
muito menos no Rio de Janeiro, assim como os milhares de fuzis apreendidos não
são, em sua grande maioria, de produção nacional. A própria movimentação do
dinheiro aplicado nestes negócios ilegais exige uma estrutura bem organizada. De
acordo com Carlos Amorim10: ”Na prática, o governo continua a ver o problema
como uma simples questão policial, quando é um desafio de sobrevivência e de
soberania.”
9
BOAS, Fernando Villa. Crime Organizado e Repressão Policial no Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2007. p. 97.
10
AMORIM, Carlos. CV-PCC: a irmandade do crime. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 26.
24
11
AMORIM, Carlos. Comando Vermelho. s.l.: Record, 1993. p. 46.
25
presídio Bangu 1 matando alguns rivais, este rompeu sua aliança com a ADA, e os
traficantes do então TC ou passaram para o lado da ADA, ou migraram para o TCP.
A facção surgiu dentro dos presídios do Rio de Janeiro durante os anos 90,
braço direito do TC, para diminuir o poderio do CV. Formada por ex-militares das
tropas especiais do Exército e dos Fuzileiros Navais, ex-policiais expulsos das
corporações e traficantes12.
12
AMORIM, Carlos. CV-PCC: a irmandade do crime. 5ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. p. 31.
27
4.3 AS MILÍCIAS
5.1.1 Conceito
13
AVOLIO, Luiz Francisco Torquato. Provas ilícitas: interceptações telefônicas, ambientais e
gravações clandestinas: em face das Leis 9.296/96 e 10.217/2001 e da jurisprudência. 3.ed.
ver.,ampl. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2003. p. 94.
34
Questão prática que deve ser bem esclarecida trata-se da diferença entre
“sigilo telefônico” e “sigilo das comunicações telefônicas”. A primeira incide sobre os
dados/registros telefônicos e não se identifica com o segundo, que versa sobre a
conversação telefônica propriamente dita, conforme estabelecido no julgamento do
MS 23.452/RJ, ocorrido em 12 de maio de 2000, do qual foi relator o Ministro Celso
de Mello, no plenário do Supremo Tribunal Federal.14
Resumidamente, tanto as comunicações telefônicas quanto os registros
destas ligações são resguardadas pelo direito à intimidade e à vida privada (artigo
5°, inciso X, da Constituição da República). Enquanto que, não estão cobertos pelo
sigilo os dados cadastrais, tais como o nome, qualificação e endereço do titular da
linha telefônica, podendo a eles ter acesso tanto o representante do Ministério
Público quanto a Autoridade Policial.
14
SILVA, Eduardo Araujo da. Crime Organizado: procedimento probatório. São Paulo: Editora Atlas,
2003. p. 96.
15
STRECK, Lenio Luiz. As interceptações Telefônicas e os Direitos Fundamentais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1997. p. 45.
36
16
STRECK, Lenio Luiz. As interceptações Telefônicas e os Direitos Fundamentais. Porto Alegre:
Livraria do Advogado, 1997. p. 87.
39
criminosos, enquanto os verdadeiros falam sobre seus planos e buscam ajuda para
cometer crimes.
Os agentes são freqüentemente capazes de ganhar a confiança dos
bandidos, induzindo-os a revelar seu passado de crimes, bem como convidando-os
a participar de atividades que estejam já em andamento. Em conjunto com o suporte
eletrônico, a abordagem disfarçada oferece uma cobertura regular das atividades
diárias dos alvos. Entretanto, ela é muito delicada e representa um risco constante
de se atrair pessoas outrora inocentes para atividades criminosas. Pelo fato de essa
técnica ter um potencial muito elevado para gerar problemas, acaba requerendo
uma preparação excepcional.
Por exemplo, a segurança física do agente deve sempre ser levada em
consideração. Para prevenir que sua identidade seja precocemente descoberta, ele
deverá ser abastecido com um conteúdo elaborado de informações sobre o seu
passado, algo conhecido como “backstopping” (retaguarda), técnica conhecida no
Brasil como “estória cobertura”, e um resumo sobre o modus operandi dos alvos.
Qualquer cenário concebível que possa induzir a suspeita ou hostilidade contra o
agente deverá ser levado em consideração com antecedência. Paralelamente, terá
que ser submetido a testes cuidadosos, incluindo aí seu perfil psicológico, de forma
a assegurar que possui as qualidades necessárias que o farão se sentir bem com
sua nova identidade.
Nos EUA, antes de uma operação disfarçada ocorrer é necessário obter-se o
consentimento dos supervisores da agência envolvida e dos promotores de justiça
responsáveis pelo caso. O grau de atenção dispensado depende diretamente da
sensibilidade das circunstâncias envolvidas na investigação. Para equilibrar a
preocupação e evitar danos à população, O Departamento de Justiça instituiu
Comitês de Revisão, englobando promotores antigos e investigadores. Esses
comitês são responsáveis por rever, aprovar e controlar todas as operações
encobertas. Para ser aprovada, a operação deverá ser detalhada por escrito. A
descrição da atividade criminosa do suspeito deverá conter dados factuais e os
participantes da operação, por sua vez, deverão especificar minuciosamente qual
será o cenário para que ela ocorra, a experiência da equipe, a duração do projeto,
antecipar as questões legais e avaliar também os riscos às vidas dos agentes e da
população.
42
“Em qualquer fase de persecução criminal são permitidos, sem prejuízo dos
já previstos em Lei, os seguintes procedimentos de investigação e formação
de provas: Inciso V: infiltração por agentes de polícia ou de inteligência, em
43
5.3 INFORMANTES
17
SILVA, Eduardo Araujo da. Crime Organizado: procedimento probatório. São Paulo: Editora
Atlas, 2003. p. 88.
18
SILVA, Eduardo Araujo da. Crime Organizado: procedimento probatório. São Paulo: Editora
Atlas, 2003. p. 86.
44
2) Atitude cívica – pessoas com elevado espírito público que desejam que
a justiça seja feita.
6) Privilégios – pessoas que dão informes para que possam obter algum
privilégio por parte do policial ou da polícia. O preso pode desejar
cigarros, visitas, atenções para com sua família enquanto está em
custódia.
11) Amizade - pessoas que tem amizade ao policial, são suas conhecidas ou
querem expressar sua gratidão. Em geral, bons informantes.
19
BRASIL. Tribunal de Contas. Relatório de Auditoria Operacional na Ação Serviço de Proteção ao
Depoente Especial, TC n°011.753/2010-2, fiscalização n° 541/2010. Brasília, DF, 2007.
47
5.4.2 PROVITA/RJ
A citada Lei estatui ainda (artigo 19) que a União poderá utilizar
estabelecimentos especialmente destinados ao cumprimento de pena de
condenados que tenham prévia e voluntariamente prestados a colaboração de que
trata o normativo, bem como celebrar convênios com os Estados e o Distrito Federal
para a utilização daquelas unidades.
A norma regulamentadora da Lei, o Decreto nº 3.518/2000, ao definir
Depoente Especial (artigo 10), o faz de forma a abranger os conceitos de réu
colaborador de que se ocupam os artigos 13 e 14 da Lei 9.807/1999. Ademais, tal
regulamento cria (artigo 11, caput) a ação de governo Serviço de Proteção ao
Depoente Especial, cujo planejamento e execução atribui (§ 2°) ao Departamento de
Policia Federal (DPF). Ao atribuir o serviço ao DPF, o Decreto dá a este órgão,
dentre outras, a incumbência de proteger os réus colaboradores presos e lhe
confere, para tanto, o poder de realizar diferentes formas de cooperação e parcerias
com órgãos da Administração Pública e entidades não governamentais. É o que se
depreende da transcrição abaixo:
20
SILVEIRA, José Braz da. Proteção à Testemunha e o Crime Organizado no Brasil. 1.ed.reim.
Curitiba: Juruá, 2008. p. 23.
21
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: Aspectos Gerais e Mecanismos Legais. São
Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2002. p. 137.
54
22
JESUS, Damásio Evangelista de. Estágio atual da delação premiada no direito penal
brasileiro: Revista Bonjuris, Jan. 2006, Ano XVIII, nº 506. p. 9.
56
23
SILVA, Eduardo Araujo da. Crime Organizado: procedimento probatório. São Paulo: Editora
Atlas, 2003. p. 77.
57
24
MENDRONI, Marcelo Batlouni. Crime Organizado: Aspectos Gerais e Mecanismos Legais. São
Paulo, SP: Editora Juarez de Oliveira, 2002. p. 30.
58
25
Conselho de Controle de Atividades Financeiras. Lavagem de dinheiro: legislação brasileira.
Brasília, DF.: UNDCP, 1999. p. 07.
61
26
Disponível em: <http://www.policiacivil.rj.gov.br/labld/atribuicoes.html>. Acesso em: 23 set. 2012.
62
O artigo 2°, inciso III, da Lei n° 9.034/95, prevê como um dos meios de
obtenção da prova em relação às atividades desenvolvidas pelas organizações
criminosas o acesso a informações fiscais, bancárias e financeiras. Contudo, essa
medida não goza de exclusividade para a apuração da criminalidade organizada,
estendendo-se sua aplicação para a apuração de outras infrações penais.
O acesso às informações prestadas pelos investigados ou acusados perante
o Fisco tem colaborado para a apuração do fenômeno, pois não raras vezes sua
evolução patrimonial está diretamente relacionada com seu enriquecimento ilícito.
Considerando que o crime organizado é, em certo sentido, um negócio, a
“investigação patrimonial” passa pelo fisco, pelos bancos ou pelas instituições
financeiras.
O sigilo bancário por décadas permaneceu disciplinado pela Lei n° 4.595/64,
dispositivo revogado pela Lei n° 105, de 10 de janeiro de 2001 que, em seu artigo 3°,
prevê que serão prestados pelo Banco Central do Brasil, pela Comissão de Valores
Mobiliários e pelas instituições financeiras as informações ordenadas pelo Poder
Judiciário:
6 INTELIGÊNCIA POLICIAL
27
FERRAZ, Claudio Armando. Ensaio Reestruturação da Atividade de Inteligência da Polícia
Civil do Estado do Rio de Janeiro. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso Superior de
Inteligência Estratégica) - Escola Superior de Guerra, 2011.
66
7 MECANISMOS INSTITUCIONAIS
28
BOAS, Fernando Villa. Crime Organizado e Repressão Policial no Estado do Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2007. p. 100.
70
29
Disponível em: <http://www.premioinnovare.com.br/praticas/central-de-assessoramento-criminal/>.
Acesso em: 23 set. 2012.
71
30
Disponível em:
<http://www.mp.rj.gov.br/portal/page/portal/Gestao/Comunicacao/Minuto_Gestao/minuto_gestao_1
2.pdf>. Acesso em: 23 set. 2012.
31
Disponível em: <http://upprj.com/wp/?page_id=20>. Acesso em: 23 set. 2012.
74
9 CONCLUSÃO
sejam previstos em nossa legislação, dificilmente são aplicados porque não temos a
cultura de aplicação de métodos modernos de obtenção de provas.
Finalizando, as forças responsáveis pela prevenção e repressão às
organizações criminosas organizadas devem redefinir suas prioridades institucionais
no combate à criminalidade e redirecionar seus melhores esforços e recursos para
enfrentar a realidade de crime organizado, priorizando os trabalhos de inteligência
na identificação, mapeamento, monitoração e desarticulação das organizações
criminosas através da prisão de seus componentes e, especialmente, na apreensão
dos bens e propriedades destas corporações, sem o que, as prisões são inócuas.
80
REFERÊNCIAS