Araujo, RH
Araujo, RH
Araujo, RH
PPGEF
2004
CELULOSE KRAFT PRODUZIDA A PARTIR DAS
MADEIRAS DE BRACATINGA (Mimosa scabrella) E
EUCALIPTO (Eucalyptus saligna) MISTURADAS EM
DIFERENTES PROPORÇÕES
por
Rafael Hardt Araujo
PPGEF
2004
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-graduação em Engenharia Florestal
Elaborado por
Rafael Hardt Araujo
COMISSÃO EXAMINADORA:
_______________________________
Celso E. B. Foelkel
(Presidente/Orientador )
________________________________
Francides Gomes
________________________________
Clovis Haselein
CDU: 630.86
LISTA DE QUADROS ix
LISTA DE TABELAS x
RESUMO xii
ABSTRACT xiv
1 INTRODUÇÃO 1
2 REVISÃO DE LITERATURA 5
2.1 Características das espécies estudadas 5
2.1.1 Bracatinga 5
2.1.1.1 Aspectos botânicos e ecológicos 5
2.1.1.2 Sistemas agroflorestais 7
2.1.1.3 Produtividade da bracatinga 8
2.1.1.4 Características tecnológicas da madeira e da celulose de bracatinga 10
2.1.2 Eucalipto 13
2.1.2.1 Aspectos botânicos e ecológicos 13
2.1.2.2 Produção de celulose com eucalipto 15
2.2 O uso da madeira para a produção de celulose 16
2.3 Uso de misturas de madeira na produção de celulose 18
3 MATERIAL E MÉTODOS 20
3.1 Amostragem 20
3.1.1 Bracatinga 20
3.1.2 Eucalipto 21
3.2 Preparo das amostras 21
3.3 Determinações dendrométricas 22
3.3.1 Volume comercial 22
3.3.2 Densidade básica 23
3.3.3 Peso seco da madeira comercial da árvore 24
3.4 Análises químicas das madeiras 25
3.4.1 Lignina 25
3.4.2 Cinzas 25
3.4.3 Extrativos em diclorometano 26
3.4.4 Extrativos em álcool tolueno 26
3.5 Cozimentos kraft 26
3.5.1 Condições dos cozimentos 27
3.5.2 Avaliação do licor de cozimento 28
3.5.3 Rendimentos em celulose 29
3.5.4 Análises efetuadas na polpa após o cozimento 29
3.6 Determinação do número kappa 30
3.7 Determinação da alvura 30
3.8 Determinação da solubilidade em NaOH a 5% (S5) 30
3.9 Determinação da viscosidade intrínseca 31
3.10 Deslignificação alcalina com oxigênio molecular 31
3.11 Branqueamento 32
3.11.1 Estágio D1 33
3.11.2 Estágio Eo 34
3.11.3 Estágio D2 35
3.11.4 Estágio SO2 35
3.11.5 Análises efetuadas na polpa branqueada 36
3.12 Refino e ensaios físico-mecânicos da celulose branqueada 36
3.12.1 Condições de refino no refinador PFI 37
3.12.2 Formação de folhas 37
3.12.3 Testes físico-mecânicos e óticos 38
3.13 Dimensões das fibras e vasos na celulose branqueada 39
3.14 Valor de retenção de água (Water retention value - WRV) 39
3.15 Análises estatísticas dos resultados. 40
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 41
4.1 Análises dendrométricas 41
4.2 Analises químicas da madeira 43
4.3 Características das fibras e vasos da celulose branqueada 45
4.3.1 Número vasos/grama 46
4.3.2 Análise de fibras no analisador Kajaani F100 46
4.3.3 Valor de retenção de água (Water retention value - WRV) 47
4.3.4 Análises anatômicas de fibras e vasos na celulose branqueada 48
4.4 Cozimento 50
4.5 Deslignificação alcalina com oxigênio 54
4.6 Branqueamento 56
4.7 Efeitos do cozimento, da deslignificação alcalina com oxigênio e branqueamento 61
4.9 Testes físico-mecânicos das polpas branqueadas 63
5 CONCLUSÕES 70
6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES 74
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 75
LISTA DE QUADROS
This study had as main objective to evaluate the use of bracatinga (Mimosa
scabrella Benth) wood as fibrous source for papermaking. Kraft pulping of
bracatinga and eucalyptus (Eucalyptus saligna Smith) wood chip blends were
analyzed. Other objectives were: to evaluate characteristics of the trees; wood
chemical composition (dichlormethane extractives, alcohol toluene extractives, lignin
content and ash content) and anatomical dimensions and population of fibers and
vessel elements in the pulps. Twenty kraft cooking were performed, comprising the
comparison of 5 treatments with 4 replication for treatment (different wood chip
blends based on oven dried wood weight: 100% bracatinga, 5% bracatinga, 10%
bracatinga, 20%bracatinga e 100% eucalyptus). Kraft cooking conditions were
similar to all treatments, except for 100% bracatinga wood chips, which required
23% active alkali instead of 20% corresponding to the other treatments (active alkali
expressed as NaOH). Sulfidity was kept constant as 20%. Other kraft pulping
conditions: liquor to wood ratio = 4/1; maximum temperature = 170ºC; time to 170ºC
= 90 minutes; time at 170ºC = 60 minutes. Unbleached pulps were analyzed for pulp
yield, kappa number, 5% caustic soda solubility, intrinsic viscosity and brightness.
Target kappa number was 16 ± 1. After cooking, the unbleached pulps were
deslignified by oxygen in alkaline condition followed by an ECF bleaching sequence
(D1 Eo D2 SO2 ). Bleached pulps were beaten in a PFI mill and the strength and
optical properties compared at unbeaten and 30º SR levels. Lignin content and
extractives were similar in both woods( eucalyptus and bracatinga). However,
eucalyptus wood had higher ash content and lower wood basic density. Bracatinga
and eucalyptus fibers were similar in term of fiber length, but bracatinga fibers were
wider and thicker-walled. Bracatinga wood chips led to better pulp yields. Oxygen
delignifications provided good results in all treatments. Pulp bleaching started to
show losses in brightness when bracatinga wood content in the blend was 20% and
over. The same trend for reverted brightness. Higher the bracatinga wood content
over 10%, worse the strength properties (tensile, tear, burst and stretch) and pulp
opacity. However, the use of bracatinga wood up to 10% based on dry weight did
not harm the pulp quality. High bracatinga fiber content in pulp gives pulps more
suitable to tissue papers manufacturing and less recommended to printing and
writing papers índice.
1 INTRODUÇÃO
2
A análise do potencial tecnológico da bracatinga representa um
grande passo para o uso múltiplo das espécies nativas. Descobrindo as
suas diferentes potencialidades, estar-se-á contribuindo, de certa
forma, para a preservação da espécie florestal e o plantio em novas
áreas para a recuperação de áreas deterioradas, o que no momento se
faz muito necessário.
Atualmente, há fortes tendências no Brasil para adoção de
práticas de bom manejo florestal e certificação florestal, conforme
critérios e princípios de entidades como o FSC (Forest Stewardship
Council) ou da ABNT/CERFLOR (Associação Brasileira de Normas
Técnicas). Ambos preconizam atenção para produção de madeira não
apenas a partir de florestas plantadas com espécies exóticas, mas
também enfatiza a necessidade de se pesquisar espécies naturais locais
como fontes de madeira. Essa matéria-prima para a indústria pode vir
tanto de plantações em larga escala, especificamente plantadas para
esse fim, como também ser proveniente de propriedades agrícolas, que
passarão a ter na produção florestal ou agroflorestal uma alternativa de
renda adicional. O plantio da bracatinga nas propriedades agrícolas
pode oferecer também um suprimento de madeira com densidade mais
elevada para uso interno na propriedade e boas características
energéticas. Por isso, o crescente uso de sistemas agroflorestais em
pequenas e médias propriedades tem um grande papel social na
fixação do homem ao campo, minimizando assim o êxodo rural e os
problemas urbanos causados pelo confinamento de números
surpreendentes de pessoas em condições de vida desfavoráveis. Como
vantagens ecológicas da escolha da bracatinga, temos o fato de ser
uma planta heliófita, fixadora de nitrogênio no solo, que deposita
3
grande quantidade de matéria orgânica no mesmo, recupera áreas
deterioradas e pode ser cultivada em plantios homogêneos, também
em áreas onde a produtividade de espécies exóticas se mostre muito
baixa. Em regime de rotação de cultura em áreas florestais com
espécies exóticas, poderá acrescentar qualidade ao sítio.
O presente estudo teve por objetivo principal avaliar o potencial
de produção e a qualidade da polpa celulósica de bracatinga (Mimosa
scabrella var scabrella) em diferentes proporções de mistura com a
madeira de eucalipto (Eucalyptus saligna). Esta pesquisa possuiu
também, como objetivo específico, discutir o potencial de produção da
espécie e o seu possível uso na indústria papeleira. Hoje, a oferta e a
produção de madeira para essa indústria baseia-se quase que
totalmente em florestas plantadas com essências exóticas (Eucalyptus
sp , Pinus sp e Acacia mearnsii). Espera-se assim contribuir com
novas alternativas de matéria-prima, bem como avaliar o potencial de
implantação de novos reflorestamentos para produção dessa madeira.
O objetivo não é o de substituir as espécies tradicionalmente usadas
para a produção de celulose. Pelo contrário, quer-se oferecer uma
alternativa para a integração maior da indústria de produção de
celulose de eucalipto com a comunidade rural, disponibilizando outra
madeira de fibra curta como fonte complementar de fibras nos
cozimentos industriais com eucalipto.
4
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1.1 Bracatinga
5
até 50 cm de diâmetro na altura do peito (DAP). A casca da
bracatinga apresenta coloração marrom e é áspera ao tato. As
ramificações são cimosas e densas, formando copa arredondada de
cor cinzenta, geralmente bem formada. As folhas tem filotaxia
alterna, são compostas, bipinadas, em ramos vigorosos muito
grandes, de até 14 pares de pinas e 20 cm de diâmetro. O fruto é do
tipo lomento oblongo linear, achatado, séssil, levemente tortuoso e
articulado, de 1,7 a 4,8 cm por 0,5 a 0,9 cm de comprimento e
largura. As sementes são ovais, achatadas, duras e escuras, de 5 a 6
mm de comprimento e possuem os cotilédones esverdeados.
Lorenzi (1992) descreve a bracatinga como sendo uma planta
semidecídua, heliófita, pioneira, bastante indiferente quanto às
condições físicas do solo. Naturalmente, é típica e exclusiva das
matas dos pinhais, principalmente de associações secundárias, onde
chega freqüentemente a formar agrupamentos puros. Ela produz
anualmente grande quantidade de sementes viáveis.
As queimadas estimulam a formação de maciços puros,
conhecidos como bracatingais. Pioneira em sua área de ocorrência, a
árvore estabelece uma transição entre a vegetação de capoeira e
estágios mais avançados da sucessão. Por sua contribuição para a
melhoria das condições químicas do solo, incorporando elevados
teores de nitrogênio e fósforo, é uma das mais valiosas essências
florestais para a recuperação de áreas degradadas, no planalto sul-
brasileiro (Marchiori, 1997).
A bracatinga floresce durante os meses do inverno, produzindo
anualmente grandes quantidades de frutos e sementes. Suas sementes
caídas ao solo germinam facilmente quando submetidas à queima da
6
vegetação. Cresce rapidamente, pelo que é muito indicada para
reflorestamento em agrupamentos puros (Reitz et. al., 1983). Segundo
os mesmos autores, a formação de mudas e o comportamento da
bracatinga em plantios experimentais, revelam que as plantinhas são
muito sensíveis ao frio e às geadas, motivo pelo qual devem ser
semeadas para serem repicadas após o período crítico das geadas.
Quanto ao comportamento da bracatinga em plantios experimentais
com espaçamentos variáveis, foi observado que se desenvolve muito
bem, quando se mantém de 2.000 a 2.500 plantas por hectare. Nestas
condições apresentam bom desenvolvimento, principalmente em
altura.
7
material lenhoso, são plantadas as culturas de milho e/ou feijão na
forma tradicional (queima dos restos culturais da bracatinga, onde
permite plantio do milho e/ou feijão). Com os tratos culturais
dispensados a essas culturas agrícolas, controla-se a enorme
população da bracatinga, que germina em função das inúmeras
sementes depositadas naturalmente no solo, e o ciclo se repete por
muitas rotações (Bittencourt & Amend, 1994).
8
1989). Isso dá um incremento médio anual de 12,5 a 15,0 m³/ha
equivalente a 18 a 23 st.
Estudos feito por Carvalho & Costa (1981), com árvores de
bracatinga na região de Campo Mourão - PR, apresentou os seguintes
incrementos aos 40 meses após o plantio: 3,22 m de altura por ano;
2,67 cm de diâmetro por ano; e 31,1 m³/ha/ano.
No Quadro 1, a seguir, a Embrapa (1988) descreve os
resultados de um inventário nos bracatingais localizados em Colombo
- PR. Os dados foram obtidos em diferentes talhões de bracatinga,
medidos em uma mesma época, em duas propriedades contíguas com
parcelas de 100 m2, 4 parcelas por talhão.
9
2.1.1.4 Características tecnológicas da madeira e da celulose de
bracatinga
10
sem possibilidades de competir por si só com celuloses provenientes
de madeira de eucaliptos.
Os Quadros 2 e 3 mostram alguns resultados de ensaios
anatômicos e químicos obtidos nessa pesquisa:
11
Os rendimentos e teores de rejeitos da polpa celulósica sulfato,
descritos por Barrichelo (1968) e Barrichelo & Foelkel (1975),
apresentam-se no Quadro 4, a seguir:
12
2.1.2 Eucalipto
13
concentradas no verão. A estação seca não ultrapassa 4 meses.
Temperatura média das máximas do mês mais quente entre 28 a
30oC e das mínimas do mês mais frio entre 3 a 4oC. As geadas
ocorrem numa intensidade de 5 a 10 dias/ano, (Ferreira, 1979).
14
2.1.2.2 Produção de celulose com eucalipto.
15
eucalipto, detendo cerca da metade das vendas deste produto
(González et al., 2002).
16
necessário empregar uma certa quantidade de energia térmica, elétrica
ou química. A qualidade, características e utilizações da pasta
produzida serão funções da matéria-prima e do processo de
individualização de fibras empregado. Deste modo, pode-se definir o
processo de polpação como sendo o processo de separação das fibras
da madeira mediante a utilização de energia química e/ou mecânica.
Os diversos processos de polpação podem ser classificados de acordo
com seus rendimentos em polpa ou quanto ao pH utilizado nas
polpações químicas (Pinho & Cahen, 1981). Segundo os mesmos
autores, quando se utilizam somente reagentes químicos e condições
de processo mais enérgicos, ocorre uma alta taxa de deslignificação e
de solubilização de hemiceluloses, acompanhada de alguma
degradação da celulose. A soma destes efeitos explica o baixo
rendimento do processo (40 a 50 %).
As principais madeiras utilizadas no Brasil para produção de
celulose são provenientes de plantações de Eucalyptus sp, Pinus sp e
Acacia mearnsii. Os eucaliptos e a acácia são classificados como
folhosas e os pinheiros são coníferas. A bracatinga também é uma
folhosa , com madeira também referida como de fibras curtas, assim
como os eucaliptos e a acácia.
17
2.3 Uso de misturas de madeira na produção de celulose
18
de Guaíba - RS. Durante um longo período utilizou em torno de 20 %
de madeira de acácia negra (Acacia mearnsii) misturados com
eucalipto em seus cozimentos. Isso ocorreu devido ao grande
excedente de madeira de acácia na região. Os produtores próximos à
empresa forneciam para as indústrias de tanino apenas a casca das
árvores, sobrando grande quantidade de madeira de acácia negra.
Dessa forma, a acácia tornou-se uma espécie de bom resultado
econômico. Ainda hoje, a madeira de acácia é utilizada para produção
de celulose, só que no Japão, por exportação de cavacos do Rio
Grande do Sul. As informações em relação a acácia negra são de
grande interesse devido a certas semelhanças entre esta espécie e a
bracatinga.
Petrik, et al. (1984) realizou estudos com várias misturas de
madeiras de Eucalyptus saligna com Acacia mearnsii para ver a
viabilidade de produção de celulose kraft a partir da utilização
conjuntas dessa madeiras. As análises das madeiras das espécies do
estudo, revelaram diferenças bastantes acentuadas. A madeira de
acácia negra apresentou maiores teores de extrativos e maior
densidade básica, quando comparada ao eucalipto. A madeira de
acácia negra possuía maiores quantidades de hemiceluloses e menores
teores de lignina. Com isso, o rendimento em celulose era favorecido
pelo uso da madeira de acácia na mistura.
19
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Amostragem
3.1.1 Bracatinga
20
3.1.2 Eucalipto
21
foi picada em palitos e depois moída em moinho tipo Wiley. O
restante foi transformado manualmente em cavacos para cozimento,
nas dimensões aproximadas de 2 a 3 mm de espessura, 2 a 3 cm de
largura. O comprimento dos cavacos era função da espessura de 3 cm
dos discos.
As amostras para as análises químicas foram moídas até serem
transformadas em um serragem fina. Posteriormente peneirou-se a
serragem numa peneira de 40 mesh, separou-se todo material que
passou pela peneira, as maiores partículas que ficaram retidas foram
novamente moídas em um gral e peneirados novamente. Repetiu-se
esse procedimento até passar todo o material pela peneira. Depois a
serragem foi homogeneizada e medida a sua consistência.
22
Vcasca = Vc c/c – Vc s/c
Onde : Vcasca = Volume de casca; Vc c/c = Volume comercial com
casca; Vc s/c = Volume comercial sem casca.
23
3.3.3 Peso seco da madeira comercial da árvore
24
3.4 Análises químicas das madeiras
3.4.1 Lignina
3.4.2 Cinzas
25
3.4.3 Extrativos em diclorometano
26
opostas do digestor para uma amostra e consequentemente 2 unidades
amostrais por cozimento. Efetuaram-se cozimentos prévios para
ajustar o álcali ativo e a sulfidez para se ter uma polpa de número
kappa 16 ± 1. Desprezando os cozimentos para ajustes, foram
realizadas 10 operações de cozimento no digestor para obtenção de
todas as amostras (5 tratamentos por 4 repetições = 20 unidades
amostrais, duas por cada operação de cozimento).
Os tratamentos utilizados na obtenção da polpa foram:
27
amostras de bracatinga pura, quando se aplicou 23% base NaOH, em
relação aos 20% aplicados nos cozimentos de eucalipto puro e
misturas de eucalipto e bracatinga.
As condições de cozimento estão representadas no Quadro 5.
28
3.5.3 Rendimentos em celulose
29
3.6 Determinação do número kappa
30
3.9 Determinação da viscosidade intrínseca
31
Foram usadas as seguintes condições na deslignificação:
3.11 Branqueamento
32
¾ SO2 : lavagem ácida com dióxido enxofre
3.11.1 Estágio D1
33
aplicado foi calculada a partir da relação: 0,2 x nº kappa, expressa
como percentagem base polpa absolutamente seca.
3.11.2 Estágio Eo
34
3.11.3 Estágio D2
35
3.11.5 Análises efetuadas na polpa branqueada
36
3.12.1 Condições de refino no refinador PFI
37
3.12.3 Testes físico-mecânicos e óticos
38
3.13 Dimensões das fibras e vasos na celulose branqueada
39
por uma centrífuga a 3600 rpm por 30 minutos. Essa análise segue a
metodologia Klabin Riocell DT – 8040 – 019 – 07 – 3.
40
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
41
TABELA 1 - Valores dendrométricos de volume, densidade e peso.
Volume comercial sem Densidade básica Peso médio da árvore
3
casca (m³) (g/cm ) (toneladas de madeira a.s.)
eucalipto bracatinga eucalipto bracatinga eucalipto bracatinga
Árvore média/árvore média/árvore média/árvore média/árvore média/árvore média/árvore
1 0,415 0,155 0,44 0,58 0,200 0,090
2 0,392 0,089 0,41 0,57 0,178 0,051
3 0,381 0,118 0,41 0,55 0,177 0,065
4 0,401 0,086 0,42 0,56 0,188 0,048
5 0,410 0,059 0,42 0,56 0,192 0,034
6 0,408 0,136 0,43 0,53 0,193 0,073
7 0,398 0,088 0,41 0,57 0,181 0,050
8 0,390 0,124 0,42 0,59 0,184 0,074
9 0,411 0,131 0,42 0,59 0,190 0,078
10 0,389 0,083 0,42 0,59 0,187 0,048
11 0,432 0,138 0,46 0,56 0,220 0,080
12 0,421 0,44 0,203
13 0,418 0,44 0,204
14 0,401 0,43 0,192
15 0,382 0,43 0,187
média
total
0,403 0,110 0,43 0,57 0,192 0,062
CV (%) 3,70 27,20 2,86 3,32 5,86 27,76
42
TABELA 2 - Dados dendrométricos. de volume comercial com e sem casca,
volume de casca e percentual de casca.
Volume comercial Volume comercial Volume de casca % de casca base
com casca (m³) sem casca (m³) (m³) volume
eucalipto bracatinga eucalipto bracatinga eucalipto bracatinga eucalipto bracatinga
Árvore Média Média Média Média Média Média Média Média
1 0,461 0,181 0,415 0,155 0,046 0,026 9,90 14,36
2 0,433 0,099 0,392 0,089 0,041 0,010 9,45 10,12
3 0,430 0,139 0,381 0,118 0,049 0,021 11,35 14,90
4 0,449 0,097 0,401 0,086 0,047 0,011 10,63 11,68
5 0,455 0,067 0,410 0,059 0,045 0,007 9,97 10,89
6 0,451 0,157 0,408 0,136 0,043 0,020 9,61 12,88
7 0,439 0,100 0,398 0,088 0,041 0,011 9,34 11,50
8 0,439 0,141 0,390 0,124 0,049 0,017 11,22 12,03
9 0,455 0,153 0,411 0,131 0,043 0,021 9,59 14,04
10 0,447 0,098 0,389 0,083 0,058 0,015 12,99 15,12
11 0,483 0,153 0,432 0,138 0,051 0,015 10,63 9,72
12 0,464 0,421 0,043 9,21
13 0,463 0,418 0,045 9,72
14 0,446 0,401 0,045 10,15
15 0,439 0,382 0,057 13,04
média
total
0,450 0,126 0,403 0,110 0,047 0,016 10,46 12,48
CV (%) 3,10 27,81 3,70 27,20 11,16 35,88 11,73 13,31
43
TABELA 3 - Teores médios de lignina, cinzas, extrativos solúveis
em diclorometano e em álcool tolueno nas madeiras.
Álcool
Eucalipto Lignina(%) Cinzas(%) DCM(%)
tolueno(%)
1a repetição 23,4 0,85 0,18 1,51
44
Em Eucalyptus saligna, Flores (1999), Foelkel & Sani (1977) e Lima
et al.(1993) encontraram valores muito próximos a 0,30% de cinzas na
madeira. Vital et al.(1994) encontrou valores mais elevados nessa
mesma espécie, em torno de 0,77%, dando indicações de que existe
uma certa variação para essa propriedade, provavelmente em função
de características genéticas e de riqueza de solo.
45
4.3.1 Número vasos/grama
46
maior no eucalipto, 4,43% de finos e 3,85% na bracatinga. Em função
desses resultados, é de esperar comportamento distinto entre as
espécies nas propriedades físico-mecânicas e óticas, ficando o
eucalipto com melhores resultados potenciais para opacidade e a
bracatinga para volume específico aparente e ascensão capilar de
água.
47
fibras. O menor WRV favorece a drenagem na parte úmida na
máquina de papel.
48
parede. Em outro estudo feito por Barrichelo (1968), encontraram-se
valores um pouco maiores nas dimensões anatômicas das fibras da
bracatinga: foi de 1,17 mm o comprimento, 25,8 µm a largura, 14,3
µm o diâmetro do lúmen e a espessura da parede apresentou um valor
inferior, 5,7 µm. Conclusivamente, pode-se dizer que as fibras da
bracatinga são ligeiramente mais largas, têm mesmo comprimento,
mas têm maior espessura de parede que as fibras do E. saligna, para
essas faixas encontradas de densidade básica da madeira.
Os elementos de vasos do eucalipto possuem maiores
dimensões, mas são em menor número. Observa-se que cada elemento
de vaso do eucalipto ocupa em média uma área de aproximadamente
0,172 mm2 quando na posição longitudinal na folha de celulose, e os
da bracatinga 0,123 mm2 (diâmetro vezes a largura)
As Tabelas 5 e 6 apresentam os resultados obtidos através das
mensurações com microscopia ótica das fibras e dos vasos.
49
TABELA 6 – Comprimento e largura dos vasos na
celulose branqueada.
Comprimento dos Largura dos vasos
vasos
Eucalipto Média 0,513 mm 0,335 mm
D. P 0,0922 0,0622
Bracatinga Média 0,411 mm 0,300mm
D. P 0,0533 0,0467
4.4 Cozimento
50
TABELA 7 – Determinações do rendimento bruto, número kappa,
viscosidade intrínseca, S5 e alvura das celuloses não branqueadas.
Rendimento Viscosidade
Número S5 Alvura
TRATAMENTOS bruto intrínseca
kappa (%) (% IS0)
(%) (cm2/g)
100% eucalipto 50,5 16,0 1062 10,2 40,3
5% bracatinga 50,1 15,6 1040 10,2 39,7
10 % bracatinga 50,1 16,2 1075 10,7 39,5
20% bracatinga 51,3 16,4 1072 11,0 37,9
100% bracatinga 51,3 16,2 955 11,4 34,2
F 4,507 5,761 18,253 9,573 42,053
ANOVA
Sig S S S S S
Sig: Nível de significância igual a 5%
S: Significativo
51
bracatinga. Teoricamente, sem considerar perdas de madeira no
processamento industrial, os consumos específicos calculados para
bracatinga e eucalipto são respectivamente 3,42 e 4,60 metros cúbicos
de madeira por tonelada absolutamente seca de celulose não
branqueada.
O teste de Tukey identificou as médias com diferenças
estatisticamente significativas. Esses contrastes estão representados
pelas letras a, b, c, na Tabela 8: as médias com letras diferentes
diferem significativamente pelo teste de Tukey, enquanto as médias
com mesma letra não diferem estatisticamente no nível de
significância adotado de 5%. Todas as análises foram avaliadas com
este teste: rendimento bruto, número kappa (nº kappa), viscosidade
intrínseca, solubilidade em solução de NaOH a 5% (S5) e alvura.
52
intrínseca só foi alterada no tratamento com 100% de bracatinga e a
solubilidade em soda a 5% começou a aumentar com o acréscimo de
10% de bracatinga na polpa. Pode-se dizer que até 10% de bracatinga
na composição dos cavacos não se notaram diferenças estatisticamente
importantes para as celuloses não branqueadas.
Após o cozimento, o licor negro residual foi avaliado para
determinar o álcali efetivo residual. Através dessa determinação e dos
álcalis ativo e efetivo originalmente aplicados, calculou-se o álcali
efetivo consumido base madeira absolutamente seca. Os resultados
médios dessas análises estão demostrados nas Tabelas 9 e 10.
TABELA 10 - Teste de
Tukey do álcali efetivo
consumido.
álcali efetivo consumido
100% eucalipto a
5% bracatinga a
10 % bracatinga a
20% bracatinga ab
100% bracatinga b
53
Pela condição mais severa dos álcalis ativo e efetivo aplicados
no cozimento com 100% de bracatinga, acabou-se encontrando um
maior valor médio de álcali efetivo residual para esse tratamento.
Ficou em torno de 2,4% nos licores das misturas e do eucalipto e 4,2%
de álcali efetivo residual nos cozimentos de bracatinga pura. Os
valores de álcali efetivo consumidos pelos cozimentos de bracatinga
pura foram cerca de 1% superiores base madeira absolutamente seca.
Caso não se aumentasse o álcali para o cozimento da bracatinga pura,
não se conseguiriam os valores objetivados de número kappa. Em
parte, a maior dificuldade de cozimento da madeira de bracatinga pode
estar associado a sua maior densidade básica, o que dificulta a
penetração do licor e a conseqüente polpação.
54
TABELA 11 - Resultados da deslignificação com oxigênio: número
kappa, S5, viscosidade intrínseca e alvura.
Viscosidade
Número S5 Alvura
intrínseca
kappa (%) (%IS0)
(cm2/g)
100% eucalipto 10,6 9,4 940 55,7
5% bracatinga 10,4 9,4 930 54,5
10 % bracatinga 11,0 9,9 980 52,8
20% bracatinga 11,0 10,3 960 52,4
100% bracatinga 9,7 11,2 890 45,5
F 19,409 32,538 9,844 119,618
ANOVA
Sig S S S S
Sig: Nível de significância igual a 5%
S: Significativo
55
positivo para essa mistura. A viscosidade intrínseca alterou-se
expressivamente apenas na bracatinga pura. A alvura decaiu a partir
do acréscimo de 10% de bracatinga na polpa e ficou mais baixa ainda
na polpa de bracatinga pura.
4.6 Branqueamento
56
TABELA 13 - S5, viscosidade intrínseca e alvura das
celuloses branqueadas.
S5 Viscosidade Alvura
(%) intrínseca (%IS0)
(cm2/g)
100% eucalipto 8,4 810 90,4
5% bracatinga 8,2 790 90,3
10 % bracatinga 8,9 820 90,2
20% bracatinga 9,1 820 89,8
100% bracatinga 10,6 770 88,5
F 30,316 8,311 33,345
ANOVA
Sig S S S
Sig: Nível de significância igual a 5%
S: Significativo
57
TABELA 15 - Reversão da alvura (% IS0).
Alvura após o
branqueamento Alvura revertida
100% eucalipto 90,4 83,3
5% bracatinga 90,3 84,1
10 % bracatinga 90,2 83,9
20% bracatinga 89,8 83,1
100% bracatinga 88,5 81,0
F 33,345 15,94
ANOVA
Sig S S
Sig: Nível de significância igual a 5%
S: Significativo
58
cloro residual na mistura de 5% com bracatinga. Esse baixo residual
de cloro ativo deve-se ao fato das polpas mostrarem alta reatividade
pelo dióxido de cloro, consumindo-o quase totalmente, o que é
desejável nesse estágio. Entretanto faltou cloro ativo para a celulose
com 100% de bracatinga nesse estágio, indicando que esse estágio
mereceria maiores otimizações.
59
O residual de cloro em D2 é mais elevado que em D1. A maior
média nesse estágio é do tratamento com 100% de bracatinga
apresentando 0,147% de cloro residual, comportamento contrário ao
estágio anterior, onde foi nulo. Como no estágio D1 faltou cloro para a
polpa de bracatinga e no estágio D2 essa celulose não consumiu todo
o dióxido de cloro aplicado, acredita-se que adequando-se as
condições de branqueamento seria possível atingir valores mais
elevados de alvura. As demais médias foram de 0,124% no tratamento
com 20% de bracatinga, 0,073% para 5% bracatinga, 0,060 % na
polpa de eucalipto pura e 0,052% de cloro residual na mistura de com
10% de bracatinga. Os resultados indicam uma menor velocidade no
consumo de dióxido de cloro para as polpas contendo quantidades
maiores de bracatinga. É possível então que a alvura da celulose de
bracatinga pudesse ser melhorada caso o tempo e/ou a temperatura do
estágio fossem aumentados.
60
TABELA 18 - Cloro ativo aplicado, cloro ativo consumido e
residual de cloro no estágio D2.
Cloro ativo Cloro ativo Residual Média do
Repeti
ESTÁGIO D2 aplicado consumido de cloro residual de
ção
(%) (%) (%) cloro (%)
1 2,50 2,433 0,067
100% 2 2,50 2,463 0,037
0,059
eucalipto 3 2,50 2,396 0,104
4 2,50 2,470 0,030
1 2,50 2,380 0,120
5% 2 2,50 2,486 0,014
0,073
bracatinga 3 2,50 2,419 0,081
4 2,50 2,423 0,077
1 2,50 2,424 0,076
10% 2 2,50 2,500 0,000
0,052
bracatinga 3 2,50 2,469 0,031
4 2,50 2,400 0,100
1 2,50 2,430 0,070
20% 2 2,50 2,426 0,074
0,123
bracatinga 3 2,50 2,340 0,160
4 2,50 2,310 0,190
1 2,50 2,310 0,190
100% 2 2,50 2,378 0,122
0,148
bracatinga. 3 2,50 2,367 0,133
4 2,50 2,354 0,146
61
TABELA 19 - Efeitos das deslignificações e branqueamento sobre as
características das celuloses.
100% 5% 10% 20% 100%
eucalipto bracatinga bracatinga bracatinga bracatinga
Cozimento 16,0 15,6 16,2 16,4 16,2
Nº kappa
Oxigênio 10,6 10,4 11,0 11,0 9,7
Cozimento 10,4 10,2 10,8 11,0 11,4
S5 Oxigênio 9,4 9,4 9,9 10,3 11,2
Branqueamento 8,4 8,2 8,9 9,1 10,6
Viscosidad Cozimento 1060 1040 1080 1070 960
e Oxigênio 940 930 980 960 890
intrínseca Branqueamento 810 790 820 820 770
Cozimento 40,3 39,7 39,5 37,9 34,2
Alvura Oxigênio 55,7 54,5 52,8 52,4 45,5
Branqueamento 90,4 90,3 90,2 89,8 88,5
62
TABELA 21 - Teste de Tukey para grau de
drenabilidade Schopper Riegler (ºSR) e para
energia de refino aplicada no refinador PFI.
ºSR das polpas Revoluções para
Tratamentos
sem refinar 30ºSR
100% eucalipto a a
5% bracatinga a a
10 % bracatinga a a
20% bracatinga a a
100% bracatinga b a
63
22, para polpas sem refino e refinadas a 30ºSR. Em condições
semelhantes de cozimento com polpas de Eucalyptus saligna com e
sem refino, os testes de resistência desse estudo mostraram valores
ligeiramente superiores aos encontrados por (Jerônimo, 1997).
A adição crescente de bracatinga na mistura tende a ir
gradualmente reduzindo a resistência à tração, sendo que a polpa de
100% de bracatinga é significativamente mais fraca para essa
propriedade nos dois níveis de refino.
O teste de elongação nas polpas branqueadas sem refino
tiveram a mesma média em todos os tratamentos (2,1%). Nas
polpas refinadas, a elongação das polpas refinadas em celulose de
eucalipto puro teve valor pouco superior às misturas, mas
diferenciou-se estatisticamente a polpa de bracatinga que foi o pior
tratamento. O teste de Tukey da tabela 23 mostra que a elongação
tem o mesmo comportamento do índice de tração. Essas
propriedades estão intimamente relacionadas por determinar a
elasticidade e a resistências das fibras interligadas na formação de
uma folha, a uma força de tração oposta.
A resistência ao estouro das polpas refinadas a 30ºSR
começaram a cair significativamente com o acréscimo de 10 % de
bracatinga e a polpa de bracatinga pura apresentou qualidade
inferior às demais. As polpas sem refino sofreram menor influência
dos tratamentos no teste de resistência ao estouro, mas seguiram as
mesmas tendências das pastas refinadas.
O teste de Tukey da tabela 23 mostra que o índice de rasgo
não sofreu interferência nas misturas, diferenciando-se apenas em
64
relação à polpa de 100% bracatinga, que foi o tratamento com
celuloses mais fracas em relação ao rasgo.
65
Somente as polpas de bracatinga pura, com e sem refino
tiveram valores significativos quanto a médias diferentes para o
volume especifico aparente, mas nota-se um sensível aumento dessa
propriedade com a adição de bracatinga.
Na resistência ao ar Gurley, os resultados das pastas refinadas
a 30ºSR tiveram decréscimo de valor com as misturas, mas somente
foram acusados em bracatinga pura diferenças significativas no
teste de Tukey, conforme a tabela 25. Nessa situação, a resistência à
passagem de ar foi menor, ou seja as folhas de polpa de bracatinga
foram mais porosas, o que é uma vantagem para papeis sanitários e
papeis filtro.
Na ascensão capilar Klemm, verifica-se pouca influência dos
tratamentos iniciais de misturas, diferenciando a partir do acréscimo
de 20% de bracatinga. As polpas sem refino foram mais afetadas
pelos tratamentos, apresentando valor de F superior, mas também
teve o mesmo comportamento que as polpas refinadas como
demonstra o teste de Tukey para ascensão capilar na tabela 25.
Seguindo a tendência demonstrada de produzir polpas volumosas e
porosas, o teste de ascensão capilar Klemm para a polpa de 100%
bracatinga mostrou o que se esperaria de tal celulose, ou seja, uma
maior ascensão de água pela rede porosa da folha.
66
TABELA 24 – Análises do volume específico aparente, resistência
ao ar e ascensão capilar Klemm.
67
qualidade da polpa para essa propriedade. O teste de Tukey na
tabela 27 acusa diferenças das médias do tratamento 20 % e 100 %
bracatinga em relação aos demais tratamentos. É certo que essa
qualidade inferior da alvura na celulose de bracatinga poderia ser
contornada por otimização das condições no branqueamento. Por
outro lado, uma elevação de alvura poderia conduzir a maior
degradação das moléculas de celulose e a resultados ainda
inferiores de propriedades de resistência.
Quanto a opacidade, a menor população fibrosa da bracatinga
acaba por prejudicar essa importante propriedade para papéis de
impressão e escrita. Entretanto, essa perda de opacidade não é
significativa até a mistura de 20% de bracatinga.
68
TABELA 27 - Teste de Tukey para
opacidade e alvura.
Opacidade Alvura
Sem Refino Refino
refino 30ºSR 30ºSR
100% eucalipto a a a
5% bracatinga a a a
10 % bracatinga a a a
20% bracatinga a a a
100% bracatinga b b b
69
5 CONCLUSÕES
70
valores das árvores de bracatinga. O percentual de casca na árvore de
bracatinga mostrou-se maior que para o eucalipto.
Existe hoje pouca chance da bracatinga competir em termos de
produtividade florestal com o eucalipto. Entretanto, ela pode ser uma
interessante fonte de fibras complementar, principalmente de origem
de pequenas e médias propriedades rurais, e assim, ajudar a
diversificar e aproveitar outras fontes de matéria-prima viáveis na
produção de celulose e papel. Há ainda oportunidades para ganhar em
produtividade florestal através de melhoramento genético da espécie.
Em termos de composição química da madeira, o teor de lignina
e extrativos foram semelhantes nas duas madeiras, enquanto o
eucalipto apresentou maior teor de cinzas.
Anatomicamente, as fibras das duas espécies mostraram pouca
diferença no comprimento, porém a bracatinga possuía fibras mais
largas com maiores diâmetros de lúmen e paredes mais espessas. As
suas fibras foram mais pesadas, possuindo menor população fibrosa
por grama seca de polpa e maior “coarseness”. Foi encontrado menor
número de vasos na polpa de eucalipto, porém esses vasos
apresentaram maiores dimensões.
As fibras da polpa de bracatinga mostraram também menor
valor de retenção de água do que as de eucalipto, o que favorece a
drenagem na formação do papel.
A madeira de bracatinga exigiu condições mais severas de
cozimento, aumentando-se o álcali ativo para ter-se um grau de
deslignificação semelhante aos demais tratamentos após o cozimento.
Com essa drastificação requerida no cozimento, degradaram-se mais
as fibras da polpa de bracatinga, contribuindo em parte para o
71
decréscimo de qualidade e resistência da polpa de bracatinga pura.
Pela maior densidade básica e rendimento maior na conversão a
celulose, oferece a vantagem de menor consumo de volume de
madeira por tonelada de celulose, o que pode ser útil em fábricas que
estejam com gargalos de produção devido a alimentação de madeira.
Na deslignificação com oxigênio, notaram-se resultados
aceitáveis na alvura e no número kappa, com pouca agressão às fibras.
Os tratamentos comportaram-se normalmente, sem grandes
discrepâncias.
No branqueamento, a alvura foi influenciada a partir da mistura
de 20% de bracatinga e decaindo substancialmente na polpa pura de
bracatinga. Igual comportamento ocorreu na reversão da alvura. O teor
de hemiceluloses medido pelo S5 foi mais acentuado na polpa de
100% bracatinga.
Todas as polpas branqueadas gastaram a mesma energia para
serem refinadas. O grau de drenabilidade expresso pelo grau
Schopper Riegler das polpas sem refino diferenciou-se apenas na
celulose de bracatinga pura, que mostrou-se mais baixo em função
da menor população fibrosa e mais fácil drenagem.
Com relação ao desempenho das celulose nos testes físico-
mecânicos, o acréscimo da proporção de bracatinga pode promover
uma perda da resistência à tração, ao rasgo, ao estouro e à elongação.
Entretanto, até 10% de mistura, não se notaram diferenças estatísticas
importantes.
Nas propriedades óticas, o maior uso de bracatinga prejudicava
a opacidade e a alvura da folha, mas também não se notaram prejuízos
pelo uso de até 10% de madeira de bracatinga na mistura de cavacos.
72
A grande vantagem da bracatinga fez-se notar nos ensaios de
volume específico aparente, porosidade e ascensão capilar. Apesar da
adição de baixas quantidades de bracatinga não representarem ganhos
apreciáveis nessas propriedades, as polpas 100% de bracatinga eram
muito superiores.
73
6 SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
74
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
75
CARPANEZZI, O.T.B. Produtividade florestal e agrícola em
sistemas de cultivo da bracatinga (Mimosa scabrella Bentham) em
Bocaiúva do Sul, Região Metropolitana de Curitiba - Paraná.
1994, 77 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Florestal) Escola
Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, 1994.
76
EMBRAPA - Centro Nacional de Pesquisa Florestal. Manual técnico
da bracatinga (Mimosa scabrella Benth.). Curitiba: EMBRAPA-
CNPF, 1988. 70 p.
77
number. Part 1: method in cupriethylene-diamine (CED) solution.
Genève, 1981. 11 p. (ISO 5351-1: 1981)
78
______. Pulps: determination of dichlormethane soluble matter.
Genève, 1974. 2 p. (ISO 624:1974).
79
______. Microscopia ótica com projeção e uso de ocular
micrométrica reticulada. Guaiba, 1997. 12p. (DT–8040–016–07–1).
80
MARCHIORI, J.N.C. Dendrologia das angiospermas: leguminosas.
Santa Maria : Ed. UFSM, 1997. 200 p.
81
celulósica , São Paulo : Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado
de São Paulo, 1981. p. 165-315. v.1.
82
______. Ash in wood, pulp, paper and paperboard: combustion
at 525 °C. Atlanta, 1993. 3p. (T211 om-93)
83
Eucalyptus camaldulensis para a produção de carvão. IPEF, v. 47,
1994, p. 22-28.
84