2020 Isabelli Menegat
2020 Isabelli Menegat
2020 Isabelli Menegat
Isabelli Menegat
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Isabelli Menegat
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AGRADECIMENTOS
Agradeço, primeiramente, aos meus pais, Tania e Alcir (in memorian), por todo apoio
e confiança depositados em mim, por acreditarem e incentivarem todos os dias a batalhar
pelos meus sonhos, por me ensinarem a nunca desistir. Pai, cheguei ao final desta etapa,
queria muito que você estivesse aqui. Dedico essa conquista à você e a mãe. Amo vocês!
Aos meus irmãos, Iasmyn e Pedro Henrique, pelo carinho e pelos conselhos, por
compreenderem a minha ausência todas essas noites e por vibrarem comigo a cada
descoberta. Vocês são meu porto seguro.
Ao meu melhor amigo, meu parceiro de vida, Marcelo, por todo carinho e
compreensão tidos a mim durante todos esses anos de Engenharia Civil, por participar e por
vivenciar cada experiência, e chegar comigo até o final desta etapa. Também agradeço à
família Cozer por terem me acolhido e por serem minha segunda família.
À minha professora, orientadora e amiga, Helena Leon, por ter acreditado em mim e
por ter crescido comigo todos os dias, por sua paciência, por compreender minhas
dificuldades e me ajudar a enfrentá-las. Você é meu exemplo, teus ensinamentos e tua
dedicação me transformaram como pessoa e como futura profissional. Obrigada por aceitar
esse desafio, saiba que este trabalho é mérito seu, também. Vamos em frente!
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Também, agradeço ao professor João Rodrigo Guerreiro Mattos pelo incentivo e apoio
na iniciativa desta pesquisa, desenvolvida ainda na disciplina de Mecânica dos Solos II. Teus
ensinamentos me motivaram a seguir estudando a área geotécnica.
Engenheiro Civil, Diego Troian, meu chefe e amigo, e a toda família Troian, que me
acolheram desde o início dessa história, acompanharam cada etapa do meu aprendizado,
compreenderam minhas faltas, estiveram comigo em todos os momentos importantes,
agradeço por cada ensinamento e cada palavra de incentivo.
Enfim, agradeço a todos que me enviaram energias positivas para que eu continuasse
nesta jornada em busca do sonho de ser Engenheira Civil, muito obrigada!
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RESUMO
5
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 8
1.1 Problema de pesquisa 10
1.2 Objetivos 10
1.2.1 Objetivo geral 10
1.2.2 Objetivos específicos 11
1.3 Justificativa da pesquisa 11
1.4 Delimitação 11
1.5 Limitação 12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 13
2.1 Estabilização de solos 13
2.1.1 Estabilização e melhoramento dos solos 14
2.2 Métodos de estabilização 16
2.2.1 Estabilização química 19
2.2.1.1 Estabilização com cimento 21
2.2.1.2 Estabilização com cal 24
2.3 Materiais pozolânicos 29
2.4 Cinza da folha de bambu (CFB) 33
3 MATERIAL E MÉTODOS 36
3.1 Materiais 36
3.1.1 Areia de Osório 36
3.1.2 Cinza da folha de bambu 38
3.1.2.1 Produção da cinza da folha de bambu (CFB) 38
3.1.2.2 Beneficiamento da cinza da folha de bambu 41
3.1.3 Cal de carbureto 42
3.2 Caracterização dos materiais 43
3.2.1 Análise granulométrica por peneiramento e sedimentação 44
3.2.2 Análise granulométrica a laser 46
6
3.2.3 Classificação do solo (AASHTO e SUCS) 48
3.2.4 Índice de vazios mínimo e máximo 50
3.2.5 Massa específica dos grãos 50
3.2.6 Termogravimetria (TGA) 51
3.2.7 Área superficial específica (BET) 52
3.2.8 Fluorescência de raios-X (FRX) 52
3.2.9 Difração de raios-X (DRX) 53
3.2.10 Classificação pozolânica 55
3.2.11 Método Chapelle modificado 56
3.3 Programa experimental 57
3.3.1 Projeto Experimental Fatorial 2k 57
3.3.2 Moldagem das amostras 61
3.3.3 Parâmetro η /B iv 63
3.3.4 Ensaio de pulso ultrassônico 65
3.3.5 Ensaio de resistência à compressão simples (qu) 66
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES 68
4.1 Resistência à Compressão Simples (qu) 68
4.2 Módulo cisalhante inicial ( G0 ) 71
4.3 Análise estatística 74
4.3.1 Análise de Variância para qu 74
4.3.2 Análise de Variância para G0 76
4.4 Influência do índice η /B iv nas variáveis respostas 77
4.4.1 Influência do índice η /B iv em relação a qu 78
4.4.2 Influência do índice η /B iv em relação a G0 80
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 82
5.1 Conclusões 82
REFERÊNCIAS 84
7
1 INTRODUÇÃO
Para Drumond e Wiedman (2017), o bambu é uma gramínea com grande distribuição
geográfica. É uma planta de rápido crescimento, que se adapta aos mais diversos tipo de
climas e solos. O Brasil possui a maior diversidade de bambus do mundo, pois dispõe de
clima favorável e grandes áreas degradadas inaptas para outros cultivos, mas que são
adequadas para o plantio de bambu à valor comercial. A maior ocorrência da planta são em
áreas quentes e chuvosas, como nas regiões tropicais e subtropicais da América do Sul, África
e Ásia, sendo umas das maiores florestas nativas encontradas na Amazônia.
8
Santo Amaro, explora cerca de 3 mil hectares de biomassa de bambu, voltado para fins
energéticos, no processo de reciclagem de papel.
No entanto, o uso de bambu gera um desperdício: as suas folhas. Elas são queimadas
em aterros sanitários, gerando a cinza da folha de bambu (CFB), que não possui um objetivo
adequado, tornando-se uma fonte de poluição (SCURLOCK; DAYTON; HAMES, 2000). Por
isso o uso da CFB como material aditivo para melhoria do solo ainda é uma novidade, sendo
o assunto muito pouco pesquisado, como pode ser observado na escassa literatura disponível.
9
podem levar à cristalização das partículas do material, conforme demonstrado por
Villar-Cociña et al. (2016).
Desta forma, esta pesquisa tem o intuito de produzir e caracterizar a cinza da folha de
bambu, a fim de avaliá-la como um possível material pozolânico com propriedades
específicas para ser utilizado como um produto estabilizador de solos. Deste modo, são
testadas as aplicações práticas da CFB e da CC, agindo em conjunto como ligante,
melhorando as propriedades mecânicas de um solo arenoso. As propriedades mecânicas são
avaliadas em termos de resistência à compressão não confinada (qu) e do módulo de
cisalhamento em pequenas deformações ( G0 ). Todo o projeto de experimentos foi realizado
em uma base estatística, e uma análise de variância (ANOVA) demonstra a significância dos
fatores controlados.
Dessa forma, foi necessária uma metodologia de dosagem racional, a fim de levar em
consideração os efeitos dos diversos fatores que governam o comportamento mecânico das
misturas estabilizadoras do solo, como porosidade, quantidades de CFB e CC. Assim, este
estudo amplia a aplicação do índice de porosidade/ teor volumétrico de agente cimentante
(η /B iv ) , proposto por Consoli et al. (2018), para um novo material composto por CFB e CC.
O índice η /B iv , nesse caso, considera o conteúdo volumétrico do ligante como a soma do
conteúdo volumétrico de CFB e do conteúdo volumétrico da CC das misturas.
É possível produzir uma cinza da folha de bambu para utilizá-la como um material
capaz de atribuir melhorias significativas na resistência e rigidez de um solo arenoso?
1.2 Objetivos
10
1.2.2 Objetivos específicos
1.4 Delimitação
1.5 Limitação
Este estudo está limitado à quantidade de cinza produzida, visto que o processo de
queima da cinza em laboratório, com condições controladas, não possui um alto rendimento.
Dessa forma, não foram realizados ensaios de compactação utilizando a cinza da folha de
bambu e o número de amostras moldadas foi reduzido, devido à insuficiência de material.
Para tanto, a determinação dos pesos específicos aparente secos e umidade de moldagem
seguiram padrões da literatura. As dosagens foram calculadas através de um projeto de
experimentos fatorial 2k +1PC e analisadas estatisticamente.
12
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Núñez (1991), o solo é visto como um material variável e complexo, porém,
devido à sua abundância e baixo custo, oferece muitas oportunidades em obras de engenharia.
É muito comum que um solo de uma determinada localidade não preencha de certa forma as
exigências de projeto, por isso, a realização de obras em solos com características geotécnicas
desfavoráveis, torna-se, na maioria das vezes, economicamente inviável. Por isso, é
necessário fazer a escolha entre:
13
b) substituir o material existente por outro mais qualificado, ou
c) melhorar as propriedades do solo existente, tornando-o capaz de atender as
especificações do projeto.
Deve-se verificar que na estabilização nem toda e qualquer característica pode ser
alterada, de modo a considerá-la um processo infalível, por isso, para uma correta aplicação é
necessário identificar claramente as propriedades do solo a serem melhoradas. Sendo assim, a
estabilização não deve ser pensada apenas como uma correção nas propriedades naturais de
um solo, mas também como um modo de prevenir condições adversas que possam ocorrer
durante a vida útil da obra (CRISTELO, 2001).
A adição de materiais ao solo, tem sido denominada de diferentes formas por diversos
autores, sendo comumente utilizados termos como solo estabilizado, solo tratado, solo
modificado, solo melhorado, dependendo do grau de alteração nas propriedades do material.
A American Concrete Institute (ACI) define estabilização como a técnica que satisfaz
requisitos como durabilidade e/ou resistência, à medida que solo melhorado tem suas
14
propriedades relativamente modificadas, tais como, melhoria da plasticidade, variação
volumétrica e na capacidade de suporte. Para Foppa (2005) os critérios para definição de
estabilização ou melhoramento dos solos dependem do grau de alteração das propriedades no
seu estado natural, porém, conceitualmente os processos são os mesmos, visando promover
melhorias no comportamento dos solos empregados.
a) compactação;
b) consolidação por eletro-osmose, pré-carregamento e/ou drenos verticais;
c) injeção de materiais estabilizantes (grouting);
d) estabilização por processos físico-químicos;
e) estabilização térmica;
f) reforço de solos com a inserção de elementos resistentes (geotêxteis por ex.).
15
Núñez (1991) explica que solo melhorado com cal ou cimento são misturas que
possuem baixo teor de estabilizante e, por isso, não apresentam características para uso em
bases de pavimentos rodoviários, porém, manifestam melhorias em outras propriedades como
variação volumétrica, plasticidade, por isso, são utilizados como reforço e melhoria do
subleito em obras de pavimentação. Ainda, segundo o autor, para a camada de base de
pavimentos rodoviários são utilizadas misturas de solo-cal ou solo-cimento, garantindo
durabilidade e resistência ao solo em questão.
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variados solos (granulometria) e/ou drenagem, para fins de redução dos vazios entre as
partículas sólidas;
b) métodos de estabilização física: melhora as propriedades do solo modificando a sua
textura a partir da ação térmica ou elétrica;
c) métodos de estabilização química: são técnicas que modificam permanentemente as
propriedades do solo através da adição de aditivos que promovem a união das
partículas.
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O método de estabilização química é um dos métodos mais utilizados para a melhoria
das propriedades de um solo, realizado por meio de adições como cimento, cal, pozolanas,
betume, resíduos industriais, etc. Por ser a técnica escolhida para a realização dessa pesquisa,
será apresentada com maior ênfase no próximo subitem.
Em geral, é considerável dizer que para areia usa-se cimento e para argila, a cal,
porém isso despreza outros procedimento úteis na estabilização. Sendo assim, o Quadro 1
abrange as técnicas mais comuns de estabilização de solos - mecânica, cal, cimento e betume-
acrescentando as razões para a escolha do determinado estabilizante.
A interação de cada aditivo com o solo ocorre de forma particular, seja através da
modificação mineralógica, da cimentação, da troca de íons, polimerização, precipitação, entre
outros. Geralmente, a estabilização com o uso de cimento produz bons resultados na maioria
dos componentes dos solos.
Em solos granulares, como a areia, além do cimento ou betume, o uso da argila, como
material fino, pode melhorar a sua distribuição granulométrica. Nos materiais com
granulometria mais fina (Alofanas, Caolinitas, Ilitas e Motmorilonitas), a cal, ao entrar em
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contato com os argilominerais presentes em suas estruturas, gera uma reação pozolânica,
manifestando melhorias nas propriedades desses componentes. Já os solos compostos por
matéria orgânica e silte não manifestam melhoras consideráveis quando estabilizados
quimicamente. Croft (1967) orienta que devem ser realizados testes experimentais para
determinação do agente estabilizador mais apropriado e a quantidade necessária à cada tipo de
solo.
Silva (2007) explica que as reações pela adição de químicos ao solo podem ser
geradas através de quatro mecanismos: troca de cátions adsorvidos por cátions
hidrorrepelentes e substituição das moléculas de água; formação de ligações reforçadas entre
as partículas dos agregados pela inserção de ligantes; floculação e dispersão.
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Segundo Kédzi (1979), os métodos de estabilização química são classificados
conforme a interação entre o produto químico e as partículas do solo, podendo ocorrer da
seguinte forma:
a) o produto químico exerce um efeito por meio da interação com o solo ou com as
partículas do solo. Desta forma, as propriedades físicas do produto químico
empregado é pouco significativa;
b) a interação e as propriedades físicas do produto químico exercem um efeito conjunto;
c) as propriedades físicas do aditivo usado são de importância decisiva, enquanto as do
solo importam menos.
Ainda, o autor elucida que o estabilizador pode formar uma matriz contínua ou
descontínua do solo. Se a matriz for contínua, significa que o estabilizador preencheu todos os
poros, e as partículas ficam mergulhadas no aditivo químico como um enchimento inerte.
Neste caso, as características do sistema serão governadas pelo estabilizador,como exemplo, o
betume. No caso da matriz descontínua o estabilizador (exemplo, cimento ou cal) não
preenche todos os poros, e seu modo de ação ocorre através da mudança das propriedades da
superfície das partículas do solo, do preenchimento dos vazios intergranulares com um
material inerte, e da conexão das partículas do solo em alguns pontos (solda a ponto).
20
A estabilização com cimento pode ser indicada para uma diversidade de solos, porém,
sua aplicação mais corrente se dá aos solos granulares. Já a cal possui maior eficiência em
solos de granulometria fina, onde o resultado da sua reação com os argilominerais contidos
nas porções finas da granulometria, alteram a textura e a cimentação das partículas do solo
(INGLES; METCALF, 1972).
Solo estabilizado com cimento, segundo a NBR 12253 (ABNT, 2012c) é um “produto
endurecido decorrente da cura de uma mistura compactada de solo, cimento e água, em
proporções definidas por meio de dosagem”. Para a American Concrete Institute (ACI, 2009)
a mistura significa “uma quantidade medida de cimento e água, compactada a uma alta
densidade”.
Nos Estados Unidos, a estabilização de solos com uso do cimento ocorre desde o ano
de 1915, quando em Sarasota, cidade localizada no estado americano da Flórida, construiu-se
uma rua utilizando a mistura de conchas, cimento e areia. No ano de 2009, o país contabilizou
mais de 200.000 km em pavimentos utilizando solo-cimento como base (ACI, 2009).
Segundo Kézdi (1979), a primeira estrada estabilizada com cimento foi construída em 1935
em Johnsonville, na Carolina do Sul.
21
cimento em 11%. Em seguida, foram pavimentados 14 km do acesso ao aeroporto de
Presidente Prudente, utilizado teores de cimento variando entre 12% e 14% (SENÇO, 2001).
Conforme a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a utilização de solo-cimento
em pavimentos com base ou sub-base são empregados no Brasil desde 1939, na construção da
estrada Caxambu-Areias, em Minas Gerais. Desde então, o país tem mais de 25.000 km
executados com essa solução.
Outras utilizações de solo-cimento são citadas pelo American Concrete Institute (ACI,
2009), como por exemplo, a substituição de estacas por solo-cimento em um prédio comercial
de 38 andares na cidade de Tampa, na Flórida, em 1980. Outra incrível obra foi abaixo de
duas usinas nucleares em Koeberg, na África do Sul, com a substituição de uma camada de de
5,5 metros de areia com potencial de liquefação.
Qualquer solo, com exceção dos materiais altamente orgânicos, pode ser tratado e
melhorado com cimento. Ingles e Metcalf (1972) evidenciam que solos com alta plasticidade
exigem grandes quantidades de cimento e equipamentos misturadores bastante enérgicos,
enquanto os solos arenosos bem graduados e com plasticidade média/baixa, requerem baixos
teores de aditivo, sendo facilmente misturáveis e alcançando maiores resistências. A Tabela 1
mostra um indicativo do teor de cimento de acordo com o tipo de solo para estabilização.
22
Tabela 1 - Previsão da quantidade de cimento em função do tipo de solo
Tipo de solo % de cimento
Pedra finamente britada 0,5 a 2
Pedregulho areno-argiloso bem graduado 2a4
Areia bem graduada 2a4
Areia mal graduada 4a6
Argila-arenosa 4a6
Argila-siltosa 6a8
Argilas 8 a 15
Fonte: Adaptado pela autora com base em Ingles e Metcalf (1972).
Para que haja a estabilização com cimento, é necessário que existam reações de
hidratação e pozolânicas. Leon (2018) explica que a hidratação ocorre pela combinação de
sílica, cálcio (silicato tricálcico ( C 3S ) ou silicato dicálcico (C2S)) e água (H 2 O) , resultando
na formação de silicato hidratado de cálcio, o C SH , e um excedente de cal hidratada (
Ca(OH)2 - hidróxido de cálcio), visto na Equação 1, ao qual sofre hidrólise (EQUAÇÃO 2)
e combina-se com sílica ou alumina, onde resulta na formação de C SH ou C AH (aluminato
hidratado de cálcio), conhecidas como reações secundárias (EQUAÇÕES 3 e 4). Conforme
descrito por Moh apud Vendruscolo (2003), as equações das reações de solo-cimento podem
ser representadas da seguinte forma:
Reações primárias:
Hidratação: C imento + H 2 O → C 3 S 2 H x + Ca(OH)2 (1)
Hidrólise: Ca(OH)2 → Ca++ + 2(OH)− (2)
Reações Secundárias:
++
Ca + 2(OH)− + SiO2 → CSH (3)
++
Ca + 2(OH)− + Al2 O3 → CAH (4)
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As Equações 3 e 4 são chamadas de reações pozolânicas e acontecem de forma mais
lenta. Em solos granulares, a cimentação se dá por meio das reações primárias e, em solos
argilosos, por meio das reações secundárias (NUÑEZ, 1991).
Bell (1975) explica que a cimentação em solos granulares ocorre através dos produtos
gerados na hidratação e hidrólise do cimento, propiciando a junção dos grãos nos seus pontos
de contato, aumentando assim a resistência ao cisalhamento. Esse aumento real de resistência
dependerá da distribuição granulométrica, do baixo índice de vazios e do número de pontos
de contato entre os grãos.
Nas argilas, Ceratti e Casanova (1988) explicam que durante fase de hidratação e
hidrólise do cimento a cal é liberada, elevando o pH em aproximadamente 12 e diminuindo a
fase líquida. Após minutos se observa forte floculação. Na segunda fase acontece a formação
de substâncias cimentantes devido a presença de sílica e alumina na matriz do solo,
ocasionando a cimentação dos grãos de argila floculados nos pontos de contato, ou seja, há o
aumento da ligação entre as partículas gerando estabilidade ao conjunto.
24
água, em quantidades estabelecidas por processo de dosagem em laboratório, de maneira
que apresente determinadas características de resistência, durabilidade e deformabilidade”.
Essa técnica é considerada uma das mais antigas para se obter estabilidade em solos
instáveis. O uso da cal gera melhorias consideráveis na textura e na estrutura do solo,
aumentando a resistência mecânica e reduzindo a plasticidade. Aliás, o aumento da resistência
concebido na mistura solo-cal está associado ao seu mínimo potencial de deformação
(CRISTELO, 2001).
O produto obtido pela reação de hidratação mostrada acima, é chamada de cal cálcica.
Da calcinação do calcário dolomítico, obtém-se a cal dolomítica, composta por óxido de
cálcio e óxido de magnésio (CaO − M gO) . Ainda, conforme Guimarães (2002), as cales
25
comercializadas no mercado brasileiro apresentam propriedades com valores médios
mostrados na Tabela 2.
Com relação à cal de carbureto, utilizada nesta pesquisa, esta é obtida através da
reação entre o carbureto de cálcio (CaC 2 ) e água (H 2 O) , definida pela Equação 7
(THOME,1994).
O autor explica que desta reação é possível obter o gás acetileno (C 2 H 2 ) , usado para
o alcance de elevadas temperaturas por meio de sua queima, que é empregue em processos de
solda, corte de metais e processos produtivos que precisam de temperaturas elevadas. Além
da produção deste gás, ocorre a geração de um resíduo da composição básica, o hidróxido de
cálcio (Ca(OH)2 ), em forma aquosa, levado para tanques de decantação, seguindo para o
redutor de umidade. Saldanha (2014) explica que este resíduo é um potencial poluidor por
conta da sua alta alcalinidade, por isso, é descartado em aterros ou comercializados.
A cal carbureto possui algumas características que restringem o seu uso na construção
civil, como a sua granulometria mais grosseira e sua coloração levemente azulada. Para o
concreto armado, ela é extremamente corrosiva em contato com o aço. Apesar disso, a cal
26
apresenta maior pureza comparada à cal dolomítica, comercializada no Rio Grande do Sul
(THOMÉ, 1994)
USACE (1994), explica que a reatividade da cal é mais expressiva em solos com
média/alta plasticidade, a qual aumenta a resistência e a trabalhabilidade, e diminui a
expansão volumétrica. Em solos granulares que contém argila ativa com alta expansão, há
uma redução da capacidade de suporte, e no tratamento com a cal as suas propriedades podem
27
ser muito melhoradas. Em solos coesivos, a cal diminui a influência de água e reduz a
expansão, ampliando assim o seu campo de aplicação. Já em solos com pouca ou nenhuma
argila ou altamente orgânicos, a cal tem efeito reduzido (SENÇO, 2001; INGLES;
METCALF, 1972).
A Tabela 3 apresenta a porção sugerida de cal para cada tipo de solo, consideração sua
capacidade de suporte.
28
material, como a sua resistência. Os solos resistentes são os bem graduados, enquanto solos
finos e/ou com elevado índice de liquidez e plasticidade, estão dispostos a baixas resistências.
Apesar de serem investigados há anos, esses materiais ainda não possuem uma regra
específica a ser seguida, pois, como se trata de um grupo de materiais heterogêneos, somente
pode-se afirmar que reagem com o hidróxido de cálcio e então adquirem propriedades
aglomerantes. Esses materiais possuem certas características que auxiliam durante a reação
com o hidróxido de cálcio, que são: a presença de sílica ou sílico-alumina amorfas, são
materiais finos e possuem alta superfície específica (MORAES, 2019).
Segundo a NBR 16697 (ABNT, 2018) as pozolanas, quanto a sua origem, são dividas
em dois grupos, podendo ser naturais ou artificiais. As naturais podem ser de origem
sedimentar ou vulcânica, com atividade pozolânica; e as artificiais, como subprodutos de
atividades industriais ou procedentes de tratamento térmico, com atividade pozolânica.
29
estrutura desordenada (amorfa), são os que contém maior reatividade, em comparação com os
de estrutura cristalina (CORDEIRO, 2006).
A NBR 12653 (ABNT, 2015) classifica os materiais pozolânicos quanto a sua origem,
por meio de três classes, apresentadas da seguinte forma:
Ainda, a norma estabelece que o material pozolânico deve estar em conformidade com
alguns requisitos físicos, conforme apresentado na Tabela 4. Os materiais estudados passam
pelos ensaios de resistência mecânica e caracterização física, e esses requisitos são exigências
a serem satisfeitas.
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Tabela 5 - Análise química de materiais pozolânicos conhecidos
Amostras
Composição Química
(%) Cinza de Casca Cinza
Metacaulim Sílica Ativa
de Arroz Volante
SiO2 88,94 45,86 92,49 57,80
K2O 4,18 - 2,76 3,00
Fe2O3 0,11 3,90 0,13 6,20
CaO 1,10 0,14 0,51 1,60
Al2O3 2,42 46,05 1,91 26,30
P2O3 0,24 - - 0,10
TiO2 - 2,22 - 1,30
SO2 2,08 1,69 2,08 0,30
MgO - - - 0,80
ZnO 0,01 0,01 0,02 0,09
MnO 0,88 0,01 0,07 0,09
CuO 0,02 0,01 0,02 -
Rb2O 0,02 0,01 0,01 0,10
Tm2O3 0,00 - - -
SrO - 0,01 - 0,10
Fonte: Adaptado pela autora com base em Raisdorfer (2015).
31
C H + S→ H 2 O → C SH (Reação pozolânica) (12)
A sílica amorfa é a mais importante fase ativa das pozolanas e, quando em contato
++
com água, na temperatura ambiente, solubiliza em meio alcalino e reage com íons Ca ,
formando assim o silicato de cálcio hidratado (CSH) . O C SH formado é similar ao C SH
produzido nas reações de solo-cimento (ver Equações 1, 2, 3 e 4) e as mesmas reações obtidas
em solo-cal. Os materiais pozolânicos, na presença do cimento, desenvolvem potenciais
propriedades aglomerantes (BAUER, 1993).
Vieira (2005), explica que para ocorrer a reação entre os materiais pozolânicos e a cal,
formando compostos aglomerantes, o silício e o alumínio devem estar em baixo grau
cristalino, atomicamente desordenadas. Por isso, quanto maior for o arranjo estrutural e sua
instabilidade em meio básico, mais intensa será a reação pozolânica.
32
estabilizante aumenta de forma exponencial a resistência dos solos, reduzindo o teor de
umidade ótima e o número de vazios (OTOKO, 2014).
33
Entretanto, pesquisas como a de Villar-Cociña et al. (2010) vêm sendo realizadas com
intuito de tornar esse resíduo das folhas uma alternativa sustentável. A fim de caracterizar
essa cinza, o autor realizou a queima das folhas em uma mufla, a uma temperatura de
calcinação de 600 ºC durante o período de 2 horas, e após a queima, fez a composição
química da cinza através da técnica de fluorescência de raio-X (FRX), revelando uma taxa de
80,4% sílica (SiO2 ) . Na composição mineralógica, realizada através do difratômetro de
raio-X (DRX), a cinza mostrou uma natureza fortemente amorfa, não sendo detectada a
presença de minerais cristalinos. Ainda, a forma da cinza da folha de bambu mostrou-se
semelhante a da sílica ativa, usada normalmente na fabricação de concretos de alto
desempenho.
Outra pesquisa feita por Moraes (2019), utilizou um forno sem temperatura controlada
para produzir a cinza da folha de bambu, sendo monitorada apenas por sensores de
temperatura (termopares), desenvolvido pelo grupo de pesquisa MAC - Materiais Alternativos
de Construção. O resultados das análises da cinza revelaram seu alto teor de sílica (74,23%),
sendo 92,33% desse óxido uma sílica amorfa, e uma perda ao fogo de 11,34% de matéria
orgânica. Neste caso, a cinza apresentou picos de quartzo em 7,67% de sílica cristalina em
relação a sílica total, devido à contaminação do solo no material, devido sua coleta ser
diretamente do chão.
A produção da cinza para Frías et al. (2012) foi semelhante a de Villar-Cociña et al.
(2010), sendo obtida através de queima controlada em forno elétrico a 600°C, apresentando
um teor de sílica de 78,7% e uma natureza amorfa. Para avaliar sua atividade pozolânica, o
autor usou o método de aceleração químico, que consiste em colocar 1 grama de cinza da
folha de bambu em uma solução de cal saturada (75 mL), a 40 ºC, por 1, 7, 28, 90 e 360 dias,
34
analisando a concentração de C aO ao final de cada período. A concentração de CaO (mmol/l)
foi obtida a partir da diferença entre a concentração da solução controle de cal saturada (17,68
mmol/l) e a concentração de CaO na solução que continha a amostra de cinza.
A CFB consumiu, em 6 horas, 50% dessa cal, e em 3 dias, 90%. Após esse período ela
se estabilizou, mostrando uma elevada reatividade nas primeiras 24 horas, comparando-se a
outras pozolanas altamente reativas, dentre elas, a sílica ativa.
35
3 MATERIAL E MÉTODOS
Neste capítulo são apresentados os materiais utilizados para esta pesquisa, enfatizando
suas características e os métodos de caracterização empregados para os mesmos. Também, é
descrito o programa experimental, com definições quanto ao método de dosagem e os ensaios
para avaliar as amostras moldadas em laboratório.
3.1 Materiais
O solo escolhido para este trabalho é uma areia fina proveniente do município de
Osório-RS-Brasil. Conforme seu âmbito geológico, esta areia, oriunda do sistema lagunar
Barreira III, com extensão de Torres ao Chuí, conforme apresentado na Figura 1, possui uma
caracterização quartzosa, fina, clara e bem selecionada. Esse solo se correlaciona aos
depósitos de arenosos marinhos referidos em outros pontos do litoral brasileiro e em regiões
costeiras pelo mundo (TOMAZELLI; WILLWOCK, 2000). A Figura 2 apresenta a
36
microscopia ótica da areia de Osório. Na análise é possível visualizar o formato arredondado
dos grãos, de tamanho uniforme e rugosidade moderada.
37
3.1.2 Cinza da folha de bambu
Após colhidas, as folhas foram colocadas na estufa (em 115 ºC) por um determinado
tempo (entre 15 e 20 minutos) para que houvesse eliminação total da umidade ainda presente.
Depois de secas, essas folhas foram trituradas em liquidificadores e armazenadas. A Figura 4
mostra as folhas na condição de trituradas.
38
cinza isolada de possíveis contaminações por fragmentos de outros materiais que a mufla
pudesse conter.
39
das propriedades requeridas. Nessas condições, a cinza fica escurecida, conforme mostra a
Figura 7 e, dessa forma, o lote fica inapto para sua utilização, por isso deve ser descartado.
40
3.1.2.2 Beneficiamento da cinza da folha de bambu
Obtida a cinza, fez-se necessária a sua moagem, e para isso foi utilizado o moinho de
bolas, conforme mostra a Figura 8. Esse equipamento cilíndrico horizontal é movido a motor
em baixa velocidade. Enquanto gira, ocorre o cascateamente das esferas que atritam com o
material inserido, e as ações de cisalhamento e choque ocasionam a redução da granulometria
do material. Então, para a moagem da cinza da folha de bambu, foram utilizadas 600 gramas
do material natural e 6 kg de bolas, em 10.000 voltas a uma frequência de 90 hertz.
Depois de moída, a cinza foi peneirada na peneira nº 200 (0,075 mm), conforme
mostra a Figura 9, a fim de separar as impurezas e os grãos maiores ainda existentes,
sobrando assim o material fino passante (FIGURA 10). Por fim, a cinza foi pesada e
armazenada em local seco e livre de impurezas, estando assim pronta para ser utilizada.
41
Figura 9 - Processo de peneiramento da cinza da folha de bambu
42
ser, de fato, reciclada e empregada na engenharia geotécnica, visando a estabilização de solos.
A Figura 11 mostra o aspecto físico da cal de carbureto.
Segundo Saldanha (2014) essa cal apresenta uma boa afinidade com silicatos e
aluminatos no desenvolvimento das reações pozolânicas. Dessa forma, é esperado que, em
conjunto com a cinza da folha de bambu, essa cal desenvolva resistências significativas ao
final deste estudo.
43
Quadro 2 - Ensaios de caracterização dos materiais
Tipo de Ensaio Material Norma
● Peneiramento e sedimentação -
Areia de Osório NBR 7181 (ABNT, 2016)
● Difração à laser
Granulometria
Cinza da folha de bambu Difração à laser
Cal de carbureto Difração à laser
AASHTO - D3282-15 (ASTM, 2015)
Classificação do solo Areia de Osório
SUCS - D2487-17 (ASTM, 2017)
índice de vazios emín → NBR 16843 (ABNT, 2020)
Areia de Osório
(emín / emáx) emáx→ NBR 16840 (ABNT, 2020)
Areia de Osório NBR 6458 (ABNT, 2016)
Massa específica Cinza da folha de bambu NBR 16605 (ABNT, 2017)
Cal de carbureto NBR 16605 (ABNT, 2017)
Termogravimetria (TGA e DTG) Cinza da folha de bambu -
Cinza da folha de bambu -
Área específica (BET)
Cal de carbureto -
Cinza da folha de bambu -
Fluorescência de raios-X (FRX)
Cal de carbureto -
Cinza da folha de bambu -
Difração de raios-X (DRX)
Cal de carbureto -
Classificação pozolânica Cinza da folha de bambu NBR 12653 (ABNT, 2014)
Método Chapelle modificado Cinza da folha de bambu NBR 15895 (ABNT, 2010)
Fonte: da autora (2020).
44
Figura 12 - Ensaio de sedimentação e peneiramento fino da areia de Osório
45
3.2.2 Análise granulométrica a laser
Optou-se, também, por usar o método para a areia, a fim de averiguar se há grande
diferença comparado ao resultado obtido no ensaio de granulometria por sedimentação e
peneiramento fino. Os dados do equipamento são: Analisador CILAS, Particle Size Analyser,
modelo CILAS 1180 Liquid (CILAS, Orleans, França). Faixa de análise: 0,04 µm a 2500 µm,
estando disponibilizado no Laboratório de Materiais Cerâmicos (LACER), Escola de
Engenharia de Materiais – UFRGS).
46
Figura 14 - Curvas granulométricas dos materiais pelo ensaio de difração à laser
47
Figura 15 - Curvas granulométricas da areia de Osório, métodos por peneiramento e à laser
48
Tabela 7 - Classificação dos solos - AASHTO
Ainda, outro sistema muito utilizado para classificar um solo é o Sistema Unificado de
Classificação de Solos (SUCS), versão desenvolvida pela American Society For Testing and
Materials (ASTM). Com base na granulometria obtida através da curva, foi identificada a
fração granulométrica predominante. Através da norma americana D2487 (ASTM, 2017a) –
SUCS, identificou-se o solo pelo conjunto de duas letras, conforme apresentado no Quadro 3.
Após identificar o solo (neste estudo, como uma areia - S), definiu-se a característica
secundária. A classificação do solo pelo método SUCS é definida a partir da Tabela 8.
49
Tabela 8 - Classificação do solo - SUCS
Para a determinação dos índices de vazios, utilizou-se como base as normas brasileiras
NBR 16843 (ABNT, 2020b) para índice de vazios mínimo de solos não-coesivos e a NBR
16840 (ABNT, 2020a) para índice de vazios máximo de solos não-coesivos. Para a areia de
Osório, foram determinados os valores de 0,60 para o índice de vazios mínimo, e 0,90 para o
índice de vazios máximo.
A massa específica dos grãos para a areia de Osório é definida de acordo com a NBR
6458 (ABNT, 2016b), e para a cinza da folha de bambu e para a cal de carbureto, pela NBR
16605 (ABNT, 2017a). O resultado obtido de massa específica para a areia de Osório, foi de
2,65 g/cm³. Para a cal de carbureto, foi determinada uma massa específica de 2,12 g/cm³, e
para a cinza da folha de bambu, o valor de 2,05 g/cm³.
50
3.2.6 Termogravimetria (TGA)
51
Figura 16 - Análise termogravimétrica da CFB
52
na amostra. A Tabela 9 mostra a composição química da cinza da folha de bambu e da cal de
carbureto.
53
Figura 17 - Difração de raios-X (DRX) da cal de carbureto
Para a cinza da folha de bambu, foi constatado apenas um pequeno pico do mineral
Calcita ( CaCO3 ) em 29,44º, como mostra a Figura 18, sendo possível explicar seu
surgimento no momento em que a amostra, ao sair da mufla, entrou em contato com o gás
carbônico no ar, ocorrendo assim a carbonatação e dando origem ao mineral. Porém, através
do Método da Cristalinidade (EQUAÇÃO 13), calculado por meio da integral das curvas,
pode-se estimar que o material produzido possui um alto grau de amorficidade (98%),
evidenciando assim que a CFB tem grande potencial reativo, pois é amorfa. O grau de
amorfismo, segundo Lana (2017), é um dos parâmetros que influenciam o grau de reatividade
de uma pozolana. O grau de Calcita, por ser mínimo, não implica nesta reatividade.
I DRX −I HA
%A = 100 (1 − I HA
) (13)
Onde,
I DRX , é a integral do resultado do DRX calculado ao longo do intervalo 5 -75° de 2
theta;
54
I H.A , é a integral do resultado do halo amorfo calculado (background) ao longo do
intervalo 5 - 75° de 2 theta.
As pozolanas são classificadas de acordo com a NBR 12653 (ABNT, 2015), através
das seguintes classes:
Classifica-se a cinza da folha de bambu como uma pozolana de classe N, por ser um
material artificial, provido da calcinação, obtendo elevada porcentagem de sílica na sua
composição.
55
3.2.11 Método Chapelle modificado
Figura 19 - Método de Chapelle modificado - comparação entre a CFB com outros materiais
56
3.3 Programa experimental
O projeto fatorial 2k , segundo Ribeiro e Caten (2014), são especialmente úteis nos
estágios iniciais de uma pesquisa, em que muitos fatores são estudados ao mesmo tempo.
Montgomery (2009) explica que entre as principais vantagens desse método estão a
possibilidade de realizar a pesquisa com um número de ensaios reduzidos ( 2k ensaios) e de
variar inúmeros fatores de forma simultânea, permitindo assim uma análise da interação entre
os mesmos. Também, a suposição de linearidade do método pode ser testada com o acréscimo
de pontos centrais.
57
variáveis definidas para essa pesquisa. Os fatores controlados são os parâmetros do processo
estudados em vários níveis no experimento, como o peso específico aparente seco (γd) e o
teor de cinza da folha de bambu (CFB). Já os fatores constantes são os parâmetros do
processo que se mantém permanentes ao longo do experimento, ou seja, o tipo de areia, o tipo
e o teor da cal, o teor de umidade e o tempo de cura. Os fatores de ruído são variáveis que
não podem ser controladas durante o processo e, consequentemente, são responsáveis pela
parcela de erro experimental, como o operador, os equipamentos de medição e até mesmo o
período do dia. As variáveis resposta analisadas neste estudo são a resistência à compressão
simples (RCS) e o módulo cisalhante inicial ( G0 ) dos corpos de prova moldados.A fim de
reduzir ao máximo o erro experimental e, por se tratar de poucas amostras, todos os corpos de
prova que foram moldados pelo mesmo operador e em um único turno.
k
Ainda, o método 2 possibilita avaliar os efeitos de k fatores em dois níveis distintos,
além de analisar os fatores relevantes que intervém no comportamento de determinadas
características a serem estudadas. O planejamento desta pesquisa procedeu por meio do fator
2
experimental 2 + 1 ponto central, ou seja, foram analisados dois fatores (A e B) em dois
níveis cada (baixo e alto), onde A é o fator peso específico aparente seco ( γ d) nos níveis 14,5
kN/m³ e 16,5 kN/m³, e B é o fator teor de cinza da folha de bambu (CFB) em níveis 10% e
30%, ainda com a adição de um ponto central, com γ d de 15,5 kN/m³ e CFB de 20%,
conforme exemplificado na superfície do quadrado da Figura 20. Entende-se assim que cada
vértice da figura geométrica representa um tratamento, podendo os níveis dos fatores serem
mínimos e máximos, com a inclusão de um nível intermediário, testando assim, a linearidade
58
do método. Para cada dosagem foram moldados dois corpos de prova, ou seja, foram feitas
em duplicatas.
2
Figura 20 - Representação do experimento 2 + 1 ponto central
A definição dos pesos específicos aparentes secos ( γ d ) - 14,5 kN/m³, 15,5 kN/m³ e
16,5 kN/m³ - e teor de umidade de 14%, foram feitas a partir da experiência encontrada nas
literaturas de Leon et al. (2019), em que parte dos materiais utilizados são os mesmos: a areia
de Osório e a cal de carbureto. Para a cinza da folha de bambu, foram definidos teores de
10%, 20% e 30% em relação a massa seca do solo arenoso, teores esses adotados das
literaturas citadas, apesar da utilização de outro tipo de cinza. A Figura 21 apresenta o gráfico
do ensaio de compactação Proctor para misturas de solo arenoso (areia de Osório), cal de
carbureto e cinza da casca de arroz (rice husk ash - RHA).
59
Figura 21 - Gráfico de compactação Proctor, na experiência de Leon et al. (2019)
Para a cal de carbureto, foi definido o teor de 5%. Esse resultado foi obtido pelo
método do pH, procedimento padronizado pela norma americana D6276 (ASTM, 2019). Ela é
baseada no método de Eades e Grim, que define o teor mínimo da cal que, ao ser misturada ao
solo, resulte em pH de 12,4 e mantenha esse aproximadamente constante. Foram realizados
testes com dosagens fixas de 25g de areia de Osório e 10% de cinza da folha de bambu, com
variações de 0 a 6% de cal de carbureto nas dosagens. A partir dos valores mostrados na
Tabela 11 foi possível plotar o gráfico apresentado na Figura 22, onde se percebe que há uma
estabilização do pH já nas primeiras dosagens. Desta forma, optou-se por utilizar o teor de
5% de cal de carbureto nas dosagens para a moldagem dos corpos de prova, em que o pH
encontra-se em 13,19.
60
Figura 22 - Gráfico de determinação do pH para a cal de carbureto
2
Então, seguindo o projeto experimental fatorial 2 + 1 ponto central, com duplicatas,
foram determinadas as dosagens dos materiais utilizados nos ensaios, conforme mostrados na
Tabela 12. Ao todo, são 10 corpos de prova submetidos aos ensaios de pulso ultrassônico, que
define o módulo cisalhante inicial ( G0 ), e de resistência à compressão simples (qu). Os
resultados de G0 e qu, foram correlacionados aos fatores controláveis e por meio de uma
regressão linear executada no software de estatística Minitab 17.
61
1 mm de altura e 50 mm ± 0,5 mm de diâmetro. A moldagem foi feita em três camadas,
previamente homogeneizadas, escarificadas entre si e então compactadas por meio do método
de compactação estática, sugerido por Ladd (1978). Por fim, os moldes foram removidos do
corpo de prova, que tiveram seus pesos aferidos, assim como os diâmetros em cada centro de
camada compactada e as alturas em três pontos, conforme mostra a Figura 23.
Após conferência dos corpos de prova, aqueles que obedeceram aos critérios de
aceitação seguiram para cura por 28 dias, a 23ºC e umidade ≥ 95%. Para o teste, foram aceitas
as amostras que atenderam às seguintes tolerâncias: peso específico aparente seco (γd) com
variação dentro de ± 0,5 mm; diâmetro e altura, variando em até ± 1 mm. A Figura 24 mostra
os corpos de prova recém moldados.
62
Figura 24 - Corpos de prova moldados
3.3.3 Parâmetro η /B iv
{( )( )}
A CF B CC
γd
η = 100 − 100 A + CF B + CC
100
γsA + 100
γsCF B + 100
γsCC
(14)
100 100 100
63
V CF B + V CC mCF B /γsCF B + mCC /γsCC
B iv = V = V (15)
−B
y=A [ ] η
(B iv )
k
(16)
Ainda, Leon (2018) explica que a influência da escalar k pode ser explicada da
seguinte forma:
64
Ainda, Diambra et al. (2017) comprovou em sua pesquisa que os valores de k e B,
mostrados na Equação 16, dependem majoritariamente das características do solo, onde o
valor de B (considerado para o autor como sendo 1/k) aproxima-se do inverso de k, e a
grandeza do escalar A é conduzida pelas propriedades conjuntas do solo e da matriz
cimentícia.
G0 = ρ . V S2 (17)
Figura 25 - Ensaio de ultrassom por ondas de compressão (p) e por ondas de cisalhamento (s)
65
Hz. O tempo de deslocamento da onda cisalhante (t2) foi realizado na interface
computacional do programa PundiTLab. A Figura 26 apresenta o resultado do ensaio de pulso
ultrassônico, notando-se a chegada da onda t1, tempo da onda de compressão, e em seguida a
onda t2, relativa ao tempo da onda cisalhante, sendo t2 superior ao t1.
66
Figura 27 - Corpo de prova ensaiado à compressão simples
67
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
68
Os corpos de prova moldados com γ d de 14,5 kN/m³ e teor de CFB em 10%
apresentaram os menores valores de q u , e os corpos de prova com γ d de 16,5 kN/m³ e teor
CFB em 30%, são os valores mais altos dentre os resultados. O ponto central ( γ d = 15,5
kN/m³ e teor de CFB= 20%) apresentou valores de q u intermediários. Logo, a Figura 28
apresenta a média dos resultados de resistência das moldagens em duplicatas.
69
A Figura 29 apresenta o gráfico de relação entre os resultados resistência à
compressão simples ( q u ) e os teores de cinza da folha de bambu (CFB). Cada reta inclinada
indica os níveis de teor de CFB (10 e 30%) para cada peso específico aparente seco ( γ d ).
Percebe-se que o aumento do teor de CFB exerce ganhos de resistência, visto que, para as
amostras com γ d de 16,5 kN/m³, o aumento da resistência foi relativamente maior quando
comparadas as amostras de γ d de 14,5 kN/m³. A amostra com γ d de 15,5 kN/m³ e teor de
CFB de 20% resultou em uma resistência intermediária.
70
Figura 30 - Gráfico de relação q u x γ d
71
Tabela 13 - Resultados de G0 para os respectivos corpos de prova
72
Figura 32 - Gráfico de relação G0 x %CFB
73
4.3 Análise estatística
Esta pesquisa tem por objetivo fundamental a análise da influência das variáveis
controláveis durante o programa experimental (peso específico aparente seco - γ d e teor de
cinza da folha de bambu - CFB) e das interações na resistência das amostras. Sendo assim,
realizou-se a análise de variância (ANOVA), a fim de determinar quais fatores exercem
influência nas variáveis resposta: resistência à compressão simples (qu) e no módulo
cisalhante inicial ( G0 ) . Os parâmetros inseridos no processo e os intervalos pesquisados
(fatores controláveis e os fatores constantes) são mostrados na Tabela 10, no item 3.3.1. A
ANOVA foi executada a um nível de significância de 95%, o que indica que os fatores
controláveis que apresentam valores de “p” menores do que 0,05 são estatisticamente
significativos.
74
O fator controlável que exerceu a maior influência sobre o aumento da resistência das
misturas foi o teor de CFB, possivelmente pela formação de compostos ligantes
(SCHEUERMANN FILHO, 2019). O segundo fator de maior influência foi o γ d ,
verificando-se uma proporção linear entre a resistência e a compacidade das misturas em
termos de peso específico aparente seco. Quanto maior o γ d , maior é o intertravamento entre
as partículas e a compacidade de cimentação proporcionada pelo aumento da área de contato
entre as partículas que formam o sistema solo - cal - cinza da folha de bambu.
75
A equação acima, que incorpora os efeitos de segunda ordem, apresentou um
coeficiente de determinação (R²) igual a 99,79%. Vale lembrar que só são incorporados nos
modelos os fatores e/ou interações que desempenham maior influência na variável resposta.
Em análise aos fatores descritos, a CFB foi o fator controlável que exerceu o maior
efeito sobre a rigidez inicial das misturas. O aumento do teor de CFB contribuiu para o
aumento do G0 das amostras, podendo ser explicado pela formação de compostos ligantes. O
γ d é o segundo fator de maior influência sobre a rigidez inicial, visto que, se há maior
compacidade, mais fácil é a propagação das ondas cisalhantes, o que implica maiores
velocidades de onda transversal e maiores pesos específicos por amostra.
76
Também, determinou-se a equação em função dos efeitos principais e das interações,
resultando assim na Equação 19, nas quais as letras correspondem ao seguintes fatores
controláveis: peso específico aparente seco (A), teor de cinza da folha de bambu (B) e ponto
central (PC). A equação, que incorpora os efeitos de segunda ordem, apresentou um
coeficiente de determinação (R²) igual a 90,05%.
77
4.4.1 Influência do índice η /B iv em relação a q u
0,28 −3,6
q u (M P a) = 8, 2 x 104 (η /B iv ) [R2 = 0, 83] (20)
78
Figura 36 - Gráfico de variação q u x η /B iv 0,28
79
36, proporciona um nível de resistência de 6,60 MPa. Vale ressaltar que pode ser utilizada
qualquer dosagem ( γ d , teor de CFB e cal de carbureto), desde que o valor de η /B iv seja
mantido dentro da faixa de valores estipulados.
Consideração o estudo de Diambra et al. (2017), para este caso, não foi possível
ajustar o coeficiente externo para o k e 1/k, sendo k=0,28. A Figura 37 apresenta o gráfico de
0,28
variação de G0 com η /B iv .
0,28 −0,5
G0 (M P a) = 8, 8 x 103 (η /B iv ) [R2 = 0, 84] (21)
80
0,28
Figura 37 - Gráfico de variação G0 x η /B iv
81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
5.1 Conclusões
82
melhores resistências e maior rigidez inicial, tal que, as amostras que possuem γ d igual a
16,5 kN/m³ e teor de CFB de 30% apresentaram maiores valores de qu e G0 .
Ao se julgar a influência das variáveis teor de cinza da folha de bambu (CFB) e peso
específico aparente seco ( γ d ), os resultados mostraram que ambas interferiram no
comportamento mecânico do solo. No entanto, o teor de CFB mostrou ter maior influência
nesse comportamento.
83
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