Questões ENEM Da Competência 8
Questões ENEM Da Competência 8
Questões ENEM Da Competência 8
A variedade linguística da narrativa é adequada à descrição dos fatos. Por isso, a escolha de determinadas palavras e expressões
usadas no texto está a serviço da
A) localização dos eventos de fala no tempo ficcional.
B) composição da verossimilhança do ambiente retratado.
C) restrição do papel do narrador à observação das cenas relatadas.
D) construção mística das personagens femininas pelo autor do texto.
E) caracterização das preferências linguísticas da personagem masculina.
— Outrossim…
— O quê?
— O que o quê?
— O que você disse.
— Outrossim?
— É.
— O que é que tem?
— Nada. Só achei engraçado.
— Não vejo a graça.
— Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
— Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
— Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.
— Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
— “Ônus”
— “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
— “Resquício” é de domingo.
— Não, não. Segunda. No máximo terça.
— Mas “outrossim”, francamente...
— Qual o problema?
— Retira o “outrossim”.
— Não retiro. É uma ótima palavra. Aliás é uma palavra difícil de usar. Não é qualquer um que usa “outrossim”. VERISSIMO, L. F.
Comédias da vida privada. Porto Alegre: L&PM, 1996 (fragmento).
No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da língua portuguesa. Esse uso promove o(a)
A) marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras indicativas dos dias da semana.
B) tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras empregadas em contextos formais.
C) caracterização da identidade linguística dos interlocutores, percebida pela recorrência de palavras regionais.
D) distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego de palavras com significados pouco conhecidos.
E) inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo.
Euforia: alegria barulhenta. Felicidade: alegria silenciosa. Gravar: quando o ator é de televisão. Filmar: quando ele quer deixar
claro que não é de televisão. Grávida: em qualquer ocasião. Gestante: em filas e assentos preferenciais. Guardar: na gaveta.
Salvar: no computador. Salvaguardar: no Exército. Menta: no sorvete, na bala ou no xarope. Hortelã: na horta ou no suco de
abacaxi. Peça: quando você vai assistir. Espetáculo: quando você está em cartaz com ele.
DUVIVIER, G. Folha de S. Paulo, 24 mar. 2014 (adaptado).
O texto trata da diferença de sentido entre vocábulos muito próximos. Essa diferença é apresentada considerando-se a(s)
A) alternâncias na sonoridade.
B) adequação às situações de uso.
C) marcação flexional das palavras.
D) grafia na norma-padrão da língua.
E) categorias gramaticais das palavras.
Carta a uma jovem que, estando em uma roda em que dava aos presentes o tratamento de você, se dirigiu ao autor chamando-o
“o senhor”:
Senhora:
Aquele a quem chamastes senhor aqui está, de peito magoado e cara triste, para vos dizer que senhor ele não é, de nada, nem de
ninguém.
Bem o sabeis, por certo, que a única nobreza do plebeu está em não querer esconder sua condição, e esta nobreza tenho eu.
Assim, se entre tantos senhores ricos e nobres a quem chamáveis ‘você’ escolhestes a mim para tratar de senhor, é bem de ver
que só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa e na prata de meus cabelos. Senhor de muitos anos, eis aí;
o território onde eu mando é no país do tempo que foi. Essa palavra “senhor”, no meio de uma frase, ergueu entre nós um muro
frio e triste.
Vi o muro e calei: não é de muito, eu juro, que me acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.
BRAGA, R. A borboleta amarela. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A escolha do tratamento que se queira atribuir a alguém geralmente considera as situações específicas de uso social. A violação
desse princípio causou um mal-estar no autor da carta. O trecho que descreve essa violação é:
A) “Essa palavra, ‘senhor’, no meio de uma frase ergueu entre nós um muro frio e triste.”
B) “A única nobreza do plebeu está em não querer esconder a sua condição.”
C) “Só poderíeis ter encontrado essa senhoria nas rugas de minha testa.”
D) “O território onde eu mando é no país do tempo que foi.”
E) “Não é de muito, eu juro, que acontece essa tristeza; mas também não era a vez primeira.”
“Falar ‘caraca!’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invenção do carioca, como também o ‘vacilão’.”
“Cariocas inventam um vocabulário próprio”. “Dizer ‘merrmão’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer um pouco no ouvido,
mas é tipicamente carioca.”
“Pedir um ‘choro’ ao garçom é invenção carioca.”
“Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ é um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem ainda não se conhece
direito.”
“O ‘ele é um querido’ é uma forma mais feminina de elogiar quem já é conhecido.”
SANTOS, J. F. Disponível em: www.oglobo.globo.com. Acesso em: 6 mar. 2013 (adaptado).
Entre as sugestões apresentadas para o Museu das Invenções Cariocas, destaca-se o variado repertório linguístico empregado
pelos falantes cariocas nas diferentes situações específicas de uso social. A respeito desse repertório, atesta-se o(a)
A) desobediência à norma-padrão, requerida em ambientes urbanos.
B) inadequação linguística das expressões cariocas às situações sociais apresentadas.
C) reconhecimento da variação linguística, segundo o grau de escolaridade dos falantes.
D) identificação de usos linguísticos próprios da tradição cultural carioca.
E) variabilidade no linguajar carioca em razão da faixa etária dos falantes.
Questão 11 - (ENEM 2016)
TEXTO I
Entrevistadora — eu vou conversar aqui com a professora A. D. ... o português então não é uma língua difícil? Professora — olha
se você parte do princípio… que a língua portuguesa não é só regras gramaticais… não se você se apaixona pela língua que você…
já domina que você já fala ao chegar na escola se o teu professor cativa você a ler obras da literatura… obras da/ dos meios de
comunicação… se você tem acesso a revistas… é... a livros didáticos… a... livros de literatura o mais formal o e/o difícil é porque a
escola transforma como eu já disse as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
TEXTO II
Entrevistadora — Vou conversar com a professora A. D. O português é uma língua difícil?
Professora — Não, se você parte do princípio que a língua portuguesa não é só regras gramaticais. Ao chegar à escola, o aluno já
domina e fala a língua. Se o professor motivá-lo a ler obras literárias, e se tem acesso a revistas, a livros didáticos, você se
apaixona pela língua. O que torna difícil é que a escola transforma as aulas de língua portuguesa em análises gramaticais.
MARCUSCHI, L. A. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2001 (adaptado).
O Texto I é a transcrição de uma entrevista concedida por uma professora de português a um programa de rádio. O Texto II é a
adaptação dessa entrevista para a modalidade escrita. Em comum, esses textos
A) apresentam ocorrências de hesitações e reformulações.
B) são modelos de emprego de regras gramaticais.
C) são exemplos de uso não planejado da língua.
D) apresentam marcas da linguagem literária.
E) são amostras do português culto urbano.
Gabarito: 5–B
1–B 6–B
2–C 7–B
3–A 8–B
4–D 9–A
10 – D
11 – E
12 – D
13 – A