Dissertação de Mestrado Thiago Raeder - Rev Após Defesa

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PGMEC

Universidade Federal Fluminense

Centro Tecnológico

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica

Dissertação de Mestrado

ESTUDO EXPERIMENTAL DE ESFORÇOS


DINÂMICOS EM TUBULAÇÕES COM
ESCOAMENTO BIFÁSICO

Thiago Saraiva de Almeida Raeder

Niterói, 10 de outubro de 2012


THIAGO SARAIVA DE ALMEIDA RAEDER

ESTUDO EXPERIMENTAL DE ESFORÇOS


DINÂMICOS EM TUBULAÇÕES COM
ESCOAMENTO BIFÁSICO

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica da UFF como
parte dos requisitos para obtenção
do grau de Mestre em Ciências em
Engenharia Mecânica. Área de
Concentração: Análise Estrutural

Orientador: Professor Antônio Lopes Gama, D.Sc.

Niterói
2012
THIAGO SARAIVA DE ALMEIDA RAEDER

ESTUDO EXPERIMENTAL DE ESFORÇOS


DINÂMICOS EM TUBULAÇÕES COM
ESCOAMENTO BIFÁSICO

Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica da UFF como
parte dos requisitos para obtenção
do grau de Mestre em Ciências em
Engenharia Mecânica. Área de
Concentração: Análise Estrutural

Banca Examinadora:

Prof. Antônio Lopes Gama, D.Sc.

Prof. Felipe Bastos de Freitas Rachid, D.Sc.

Prof. Thiago Gamboa Ritto, D.Sc.

Niterói
2012
Agradecimentos

Ao Professor Antônio Gama por todos os conhecimentos e pela incansável


disposição laboratório.

Aos Professores Felipe Rachid e Thiago Ritto pelas propostas de melhorias nesta
dissertação.

Ao Petróleo Brasileiro S.A. por permitir esta especialização acadêmica.

Aos meus pais pelas oportunidades que me concederam ao longo de toda a vida.

À minha querida esposa Flávia pela paciência e disposição em ajudar em todos os


momentos, ainda que integralmente dedicada ao nosso pequeno Arthur.
Resumo

Projetos de tubulações industriais são concebidos para garantir o transporte de


fluidos ao longo da vida útil da instalação. Erros durante a fabricação, corrosão,
erosão e fadiga são os principais mecanismos de falhas identificados em
tubulações em plantas industriais em todo o mundo, provocando vazamentos que
podem resultar em ferimentos aos operadores, na liberação de fluidos agressivos
ao meio ambiente, ou ainda desencadear uma parada não-programada da
produção. Durante o projeto de um novo sistema de tubulações, a vulnerabilidade
das tubulações com relação à vibração é particularmente preocupante em função
da dificuldade em estimar as cargas dinâmicas impostas que podem resultar, por
exemplo, em falhas por fadiga.
Nesta dissertação, são apresentados os resultados experimentais realizados
em uma bancada de escoamentos bifásicos no Laboratório de Vibrações e
Automação da Universidade Federal Fluminense. As forças resultantes do
escoamento de ar e água foram avaliadas para vinte frações volumétricas da
mistura, escoando em tubulações de acrílico com diâmetro interno de 19mm,
montadas em arranjos vertical e horizontal.
Durante os ensaios realizados em um arranjo flexível de suportes, em que as
tubulações de acrílico estavam liberadas para se deslocar ao serem submetidas
ao escoamento bifásico, as vibrações com maior intensidade ocorreram nas
freqüências equivalentes aos primeiros modos de vibração (ressonância).
Os esforços resultantes do escoamento bifásico por sua vez, são fortemente
dependentes da velocidade de escoamento da mistura, assim como as
freqüências predominantes. De forma geral, foi possível verificar que a magnitude
da força resultante em frações volumétricas de ar entre 50% e 75% pode ser
atribuída aos impulsos gerados pela variação da quantidade de movimento da
passagem de volumes de líquido escoando entre curvas.

Palavras-chaves: Escoamento bifásico, tubulação, experimental.

ii
Abstract

Industrial pipes are designed to ensure the transport of fluids throughout the
service life of the installation. Fabrication errors, corrosion, erosion and fatigue are
failure mechanisms often identified in pipes of plants around the world, causing
leaks that may result in wounds to operators, releasing dangerous fluids to the
environment, or result an unscheduled shutdown. A common issue for new designs
is dynamic loads that piping systems could be subjected in operation, which may
result fatigue failures, for example.
Experimental analyses for induced vibration in two-phase flow were conducted
in Laboratory of Vibration and Automation - Universidade Federal Fluminense. The
forces resulting from two-phase flow were measured for twenty volumetric fractions
of air and water mixtures. The flow was carried by acrylic tube with 19mm inner
diameter, mounted vertically and horizontally.
During tests in two-phase flow conducted in a flexible arrangement, wherein the
acrylic pipes could vibrate without restriction, the more intense displacements
occurred at frequencies equivalent to the first vibration modes (resonance).
Dynamic forces and predominant frequencies from two-phase flow are strongly
dependent on the superficial velocity of the mixture, In general, the magnitude of
the dynamic forces produced by the two-phase flow for volume fractions of air
between 50% and 75% can be attributed to the impulses created by change in
momentum of a slug travelling through the bends.

Key-words: Two-phase flow, piping, experimental.

iii
Sumário

1. Introdução ......................................................................................................... 1
1.1 Objetivo do trabalho ....................................................................................... 2
1.2 Conteúdos dos capítulos ............................................................................... 3

2. Vibrações induzidas pelo fluxo ......................................................................... 4


2.1 Vibrações Permanentes................................................................................. 4
2.2 Vibrações Transientes ................................................................................... 7

3. Conceitos básicos de vibrações ..................................................................... 11


3.1 Movimento de corpo rígido (um grau de liberdade) ..................................... 11
3.2 Movimento de corpo rígido (dois ou mais graus de liberdade) .................... 13
3.3 Movimento de estrutura contínua (viga deformável) .................................... 19

4. Metodologia Experimental .............................................................................. 27


4.1 - Bancada de Escoamentos Bifásicos.......................................................... 27
4.2 – Fabricação dos Tubos para o Ensaio (curvas de raio longo) .................... 30
4.3 – Fabricação dos Tubos para o Ensaio (curvas de raio curto)..................... 32
4.4 – Aquisição de dados................................................................................... 33
4.5 – Dimensões gerais das bancadas – Medição de força .............................. 34
4.6 – Dimensões gerais das bancadas – Medição de aceleração ..................... 37

5. Resultados Experimentais .............................................................................. 39


5.1 – Modelagem numérica para análise modal dos tubos em “U” .................... 39
5.2 – Ensaios de impacto no tubo com curvas de raio longo ............................. 43
5.3 – Ensaios de impacto no tubo com curvas de raio curto ............................. 46
5.4 – Ensaios para medição de aceleração (curvas de raio longo) ................... 47
5.5 – Ensaios para medição de aceleração (curvas de raio curto) .................... 50
5.6 – Ensaios para medição de forças dinâmicas .............................................. 54

6. Análise dos Resultados Experimentais ........................................................... 60


6.1 – Proposta de metodologia para projetos de tubulações submetidos a
escoamento bifásico .......................................................................................... 74

7. Conclusão ....................................................................................................... 76

8. Referências Bibliográficas .............................................................................. 78

iv
Sumário de Figuras

Figura 2.1– Esforços periódicos Fx e Fy em escoamentos bifásicos. Tipos de escoamentos


em trechos verticais: (a) por bolhas, (b) por golfadas, (c) anular. Tipos de escoamentos em
trechos horizontais: (d) por bolhas, (e) estratificado, (f) por golfadas, (g) anular.................. 5 

Figura 2.2– Representação do comportamento da pressão estática ao longo de uma válvula


de controle durante o processo de cavitação (P2 > Pv) ou vaporização (P2 ≤ Pv). ................... 6

Figura 2.3 – Ilustração do campo de pressão ao redor de um cilindro decorrente da


formação de vórtices induzidos, Blevins [4]. ......................................................................... 7

Figura 2.4 – Impulso axial em linha submetida à onda de pressão (golpe de aríete). ............ 8

Figura 2.5 – Desbalanceamento hidráulico em tubulação com escoamento bifásico. ........... 9

Figura 2.6 – Forças de reação exercidas por uma curva devido ao escoamento interno. ..... 10

Figura 3.1 – Modelo de vibração com um grau de liberdade. .............................................. 11

Figura 3.2 – Curvas de deslocamento de um sistema com um grau de liberdade (sem


forçamento) em função da razão de amortecimento............................................................. 13

Figura 3.3 – Modelo de vibração com dois graus de liberdade. ........................................... 14

Figura 3.4 – Elemento de viga proposto por Euler-Bernoulli. ............................................. 20

Figura 3.5 – Elemento de viga para modelagem de vibrações transversais. ........................ 24 

Figura 4.1 – Fluxograma da bancada de testes de escoamento bifásico............................... 27 

Figura 4.2 – Amostras no diagrama de escoamento bifásico vertical (Giraudeau [10]). ..... 29 

Figura 4.3 – Fotografias da montagem final da bancada com curvas de raio longo. ........... 31 

Figura 4.4 – Fotografias do tubo “U” fabricado a partir de duas curvas de raio curto......... 32 

Figura 4.5 – Fotografias da fixação do transdutor de força piezoelétrico. ........................... 33 

Figura 4.6 – Fotografia do sistema de aquisição de dados utilizado nos experimentos. ...... 34 

Figura 4.7 – Dimensões gerais dos tubos para os ensaios de força dinâmica na vertical..... 35 

Figura 4.8 – Dimensões gerais dos tubos para os ensaios de força dinâmica na horizontal. 36 

v
Figura 4.9 – Posicionamento da bancada instalada na horizontal. ....................................... 37 

Figura 4.10 – Dimensões gerais das tubulações para os ensaios de aceleração. .................. 38 

Figura 5.1 – Imagens dos modelos em elementos finitos criados para o tubo de raio longo (à
esquerda ) e tubo de raio curto (à direita). ............................................................................ 40 

Figura 5.2 – Primeiro (à esquerda) e segundo (à direita) modos de vibração (raio longo). . 41 

Figura 5.3 – Terceiro (à esquerda) e quarto (à direita) modos de vibração (raio longo). ..... 41 

Figura 5.4 – Primeiro (à esquerda) e segundo (à direita) modos de vibração (raio curto). .. 42 

Figura 5.5 – Terceiro (à esquerda) e quarto (à direita) modos de vibração (raio curto)....... 42 

Figura 5.6 – Ensaio de impacto realizado no tubo com curvas de raio longo – modos de
vibração excitados fora do plano. ......................................................................................... 43 

Figura 5.7 – Ensaio de impacto realizado no tubo com curvas de raio longo – modos de
vibração excitados no plano. ................................................................................................ 44 

Figura 5.8 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio longo (ar) ................ 45 

Figura 5.9 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio longo (água)............ 45 

Figura 5.10 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (ar). .............. 46 

Figura 5.11 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (água). ......... 47 

Figura 5.12 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (água). ......... 47 

Figura 5.13 – Sinais no tempo de acelerações para j =2 m/s e β = 75%. ............................. 48 

Figura 5.14 – Sinais no tempo de acelerações para j =4 m/s e β = 75%. ............................. 48 

Figura 5.15 – Sinais no tempo de acelerações para j =6 m/s e β = 75%. ............................. 49 

Figura 5.16 – Sinais no tempo das acelerações para j=8m/s e β = 75%............................... 49 

Figura 5.17 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 4 m/s (fração volumétrica de ar - 75%). ....................................................... 49 

Figura 5.18 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 6 e 8 m/s (fração volumétrica de ar - 75%). ....................................................... 50 

vi
Figura 5.19 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes velocidades
de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar - 75%).................................................... 50 

Figura 5.20– Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 3 m/s (fração volumétrica de ar igual a 50%). ............................................. 51 

Figura 5.21 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico 5 e 6 m/s (fração volumétrica de ar igual a 50%). .................................................. 51 

Figura 5.22 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes velocidades
de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar, em 50%). .............................................. 52 

Figura 5.23 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 4 m/s (fração volumétrica de ar igual a 75%). ............................................. 52 

Figura 5.24 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 6 e 10 m/s (fração volumétrica de ar igual a 75%). ........................................... 53 

Figura 5.25 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes velocidades
de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar, em 75%). .............................................. 53 

Figura 5.26 – Espectro em freqüência das forças atuantes no tubo com curva de raio longo
em diferentes velocidades de escoamento (fração volumétrica de ar, em 50%). ................. 55 

Figura 5.27 – Espectro em freqüência das forças atuantes no tubo com curva de raio longo
em diferentes velocidades de escoamento (fração volumétrica de ar, em 75%). ................. 55 

Figura 5.28 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por bolhas (β = 25%). .... 56 

Figura 5.29 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 50%). . 56 

Figura 5.30 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 75%). . 57 

Figura 5.31 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 95%). . 57 

Figura 5.32 – Redução da freqüência predominante das forças, para velocidades


equivalentes (j=4m/s para β =25%, 50% e 75% e j=5m/s para β = 95%)............................ 58 

Figura 5.33 – Força dinâmica (média quadrática – “rms”) em função de β......................... 59 

Figura 5.34 – Ilustração da força resultante criada durante o escoamento bifásico. ............ 59 

Figura 6.1 – Forças dinâmicas em: (a) RMS (b) Amplitude - pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 25%. ............................................................................................. 61 

vii
Figura 6.2 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 25% e
velocidade j igual a 4m/s. ..................................................................................................... 62 

Figura 6.3 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 25%. ............. 63 

Figura 6.4 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 50%. ............................................................................................. 64 

Figura 6.5 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 50% e
velocidade j igual a 2m/s. ..................................................................................................... 64 

Figura 6.6 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 50%. ............. 65 

Figura 6.7 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 75%. ............................................................................................. 66 

Figura 6.8 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 75% e
velocidade j igual a 8m/s. ..................................................................................................... 66 

Figura 6.9 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 75%. ............. 67 

Figura 6.10 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 95%. ............................................................................................. 68 

Figura 6.11 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 95%
e velocidade j igual a 15m/s. ................................................................................................ 68 

Figura 6.12. – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 95%. .......... 69 

Figura 6.13 – Freqüências predominantes adimensionalizadas. .......................................... 70 

Figura 6.14 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na


horizontal (b), para β = 25%................................................................................................. 72 

Figura 6.15 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na


horizontal (b), para β = 50%................................................................................................. 72 

Figura 6.16 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na


horizontal (b), para β =75%.................................................................................................. 73 

Figura 6.17 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na


horizontal (b), para β =95%.................................................................................................. 73 

Figura 6.18 – Forças dinâmicas geradas em curvas durante o escoamento bifásico. ........... 75 

viii
1. Introdução

A produção em unidades industriais, principalmente na geração de energia, e


em processamento e distribuição de derivados de petróleo, é diretamente
dependente da disponibilidade de seus sistemas, compostos basicamente de
equipamentos e tubulações. Neste sentido, o número de falhas inesperadas em
componentes está diretamente relacionado tanto aos custos de manutenção e
inspeção, como também à produção total ao longo de uma campanha.
Algumas estratégias podem ser utilizadas durante o projeto para garantir a
disponibilidade de sistemas em uma unidade industrial de forma a permitir um
intervalo mínimo entre interrupções na produção. Em situações em que a
indisponibilidade de um sistema compromete toda a produção de uma unidade,
admite-se a necessidade de instalação de equipamentos sobressalentes, tais
como compressores, bombas, válvulas, vasos de pressão e instrumentos.
Particularmente, tubulações industriais são componentes em que a utilização
deste tipo de estratégia não é viável.
Em 2001, o órgão britânico Health and Safety Executive – HSE [1] identificou
que aproximadamente 41% dos vazamentos de hidrocarbonetos em unidades
flutuantes de produção de petróleo no Mar do Norte ao longo de 12 meses foram
atribuídos a falhas em tubulações industriais. Deste total, 11% das falhas em
tubulações foram causadas por vibração. A Agência de Energia Nuclear - NEA [2],
por sua vez, identificou em 2009 que 38% dos vazamentos externos em 321
usinas nucleares ao longo de 38 anos foram causados por fadiga devido a
vibrações. As tubulações com diâmetro nominal de até 25mm (ou 1 polegada)
foram responsáveis por 52% dos vazamentos.

1
Apesar da grande quantidade de falhas em tubulações identificadas na
indústria, ainda é reduzida a quantidade de referências de projeto que definam
critérios para evitar vibrações nas tubulações em operação. Na maioria das
situações, os projetos de tubulações industriais são elaborados somente com base
no comportamento estático: pressão, dilatação térmica, deslocamentos e esforços
impostos. Ainda nesta situação, há a preferência em realizar análises particulares
somente em tubulações com diâmetro nominal acima de 100mm (ou 4 polegadas).

1.1 Objetivo do trabalho

Esta dissertação propõe-se a avaliar experimentalmente o comportamento


dinâmico de tubulações submetidas ao escoamento bifásico, com o objetivo de
identificar parâmetros que possam ser utilizados em projetos de tubulações
industriais. Os ensaios experimentais foram realizados no Laboratório de
Vibrações e Automação da Universidade Federal Fluminense utilizando tubos de
acrílico transparente com diâmetro interno de 19mm conduzindo misturas de ar e
água em vinte combinações de fração volumétrica e de velocidade de
escoamento. A análise experimental consistiu na medição das forças resultantes
impostas pelo escoamento bifásico no mesmo plano da seção de testes, em
formato de “U”, instalada na posição vertical. Ensaios realizados na mesma
bancada do Laboratório de Vibrações e Automação foram realizados em 2008 por
Heloui [3] em tubos com diâmetro interno de 25,4mm dispostos no plano
horizontal, em que se observou a ocorrência de elevados níveis de vibração em
função do fenômeno de ressonância entre as variações da quantidade de
movimento devido ao escoamento bifásico e os primeiros modos de vibração da
tubulação.

2
1.2 Conteúdos dos capítulos

Esta dissertação está organizada em sete capítulos incluindo esta introdução.


No Capítulo 2 é apresentado um resumo dos diversos tipos de vibração induzidas
pelo fluxo em que tubulações industriais podem ser submetidas em operação,
divididas em vibrações permanentes e transientes.
Os conceitos básicos de vibração utilizados nesta dissertação são
apresentados no terceiro capítulo. Modelos de vibração de corpo rígido com um
único grau e com “n” graus de liberdade são apresentados como base para a
formulação analítica do movimento de viga deformável, mais adequada para
análises em tubulações industriais.
No Capítulo 4 são apresentadas as características gerais da bancada de
testes, assim como a metodologia utilizada para a conformação das curvas a partir
de tubos de acrílico e os parâmetros utilizados em cada amostra.
Os resultados experimentais e suas análises são apresentados
respectivamente nos Capítulos 5 e 6. Nestes dois capítulos são apresentados os
ensaios realizados em escoamento bifásico para medição da aceleração em
diferentes vazões de ar e de água, e em seguida são apresentados os resultados
de medição de força imposta pelo fluxo bifásico, medida com um transdutor de
força.
No Capítulo 7 são apresentadas as conclusões desta dissertação e
proposições de futuros trabalhos para estudo de vibrações em tubulações,
induzidas pelo escoamento bifásico.

3
2. Vibrações induzidas pelo fluxo

Problemas de vibrações em tubulações industriais podem ser divididos em dois


grandes grupos: permanentes e transientes. O primeiro grupo é caracterizado por
ocorrências em grandes intervalos de tempo, causados por esforços periódicos
atuando na tubulação sendo que o seu mecanismo de falha neste caso é
caracterizado por fadiga com elevados números de ciclos. O segundo grupo é
caracterizado pela excitação de esforços com período bastante curto de atuação
(tipicamente, em menos de um segundo) e de grande intensidade, podendo levar
a falhas caracterizadas por grandes deformações (em materiais dúcteis) ou a
fratura frágil.

2.1 Vibrações Permanentes

A operação de equipamentos dinâmicos, tais como bombas, compressores, e


motores a combustão interna, é freqüentemente identificada como responsável por
submeter tubulações a esforços capazes de provocar vibração, seja devido a
vibração gerada pelo movimento de seus internos, ou em função do tipo de
escoamento do fluido de trabalho. A forma mais simples de identificar esta
situação ocorre durante a operação de bombas ou compressores alternativos, em
que o escoamento do fluido é caracterizado pela pulsação de pressão.
De forma geral, é possível classificar as vibrações permanentes em tubulações
de acordo com as fontes geradoras em (Blevins [4]):

Fluxo pulsante – gerada durante operação de bombas ou compressores, e


identificada pela variação de pressão estática na descarga (em alguns casos,
também na sucção). A freqüência de variação da pressão coincide com múltiplos

4
da rotação da máquina. Os efeitos observados são caracterizados por
desbalanceamentos axiais na tubulação, sendo usualmente identificado em
descargas de bombas ou compressores alternativos (podendo também ser
identificado nas linhas de sucção).

Escoamento monofásico turbulento – neste caso, a vibração pode ser


identificada ao longo de todo percurso da tubulação, e os esforços de excitação
são caracterizados por uma ampla faixa de freqüências (tipicamente, entre 0 a
30Hz). No entanto, a vibração identificada na tubulação irá, na maioria das vezes,
coincidir com suas freqüências naturais. Ao contrário do fluxo pulsante, os
desbalanceamentos observados em escoamentos turbulentos podem ser tanto
axiais, quanto laterais.

Escoamento bifásico – caracterizado pelo escoamento composto na maioria


das situações pela mistura entre as fases de vapor e de líquido. Os esforços
gerados neste tipo de escoamento pode se comportar tanto em uma ampla faixa
de freqüências quanto pelo fluxo pulsante, a depender do modo de escoamento,
como representado na Figura 2.1. Dentre os tipos de escoamento bifásico, aquele
que produz maiores deslocamentos de curvas, reduções e equipamentos é o
escoamento por golfadas.

Figura 2.1– Esforços periódicos Fx e Fy em escoamentos bifásicos. Tipos de escoamentos


em trechos verticais: (a) por bolhas, (b) por golfadas, (c) anular. Tipos de escoamentos
em trechos horizontais: (d) por bolhas, (e) estratificado, (f) por golfadas, (g) anular.

5
Cavitação / vaporização – assim como no caso do escoamento turbulento,
também neste caso há excitação de uma ampla faixa de freqüências. A cavitação
ou a vaporização são observadas em grandes restrições ao escoamento, por
exemplo, em válvulas de controle. O fluido, neste caso, é expandido a pressões
inferiores à pressão de vapor. A cavitação ocorre sempre que a pressão estática a
jusante é superior à pressão de vapor, provocando implosões das bolhas de
vapor, responsáveis pala geração de ruído, vibração e até erosão das paredes
internas.
A Figura 2.2 ilustra o processo de cavitação ou vaporização em função da
pressão a montante P1, pressão a jusante P2 e pressão de vapor Pv ao longo do
comprimento.

Figura 2.2– Representação do comportamento da pressão estática ao longo de uma


válvula de controle durante o processo de cavitação (P2 > Pv) ou vaporização (P2 ≤ Pv).

Vórtice induzido – os esforços são gerados em faixas de freqüências,


diretamente proporcional à velocidade de escoamento. Difere dos casos anteriores
devido à necessidade de presença de variações geométricas ao longo da
tubulação. Os esforços oscilantes são provocados pelo desprendimento de
vórtices gerando variações no campo de pressão na superfície, como ilustrado na

6
Figura 2.3, Blevins [4]. Este tipo de vibração pode ser observado em tubulações
industriais junto a placas de orifício, poços para medição de temperatura ou em
derivações.

Figura 2.3 – Ilustração do campo de pressão ao redor de um cilindro decorrente da


formação de vórtices induzidos, Blevins [4].

2.2 Vibrações Transientes

O segundo grupo de vibrações em tubulações pode ser classificado pela


quantidade de fases no fluido: monofásico e bifásico.

Vibrações transientes em escoamento monofásico – durante o escoamento de


líquidos monofásicos, o fenômeno pode ser observado em variações abruptas de
vazão. Conhecido por golpe de aríete (ou martelo hidráulico, ou ainda
“waterhammer”), é caracterizado por grandes deslocamentos em curvas e em
suportes devido ao desbalanceamento hidráulico devido ao deslocamento de uma
onda de pressão que se desloca na velocidade do som no meio. A Figura 2.4

7
ilustra o desbalanceamento dos esforços provocado pela presença de uma onda
de pressão gerada durante uma variação súbita de vazão no sistema.

Figura 2.4 – Impulso axial em linha submetida à onda de pressão (golpe de aríete).

Vibrações transientes em escoamento bifásico (ou “steamhammer”) – São


capazes de provocar efeitos semelhantes aos descritos em escoamentos
monofásicos, com a diferença da velocidade de propagação dos danos serem
neste caso igual à velocidade de escoamento do fluido. Para isto, é necessária a
presença de um volume de fluido com massa específica diferente do restante do
fluido escoado. A causa para o desbalanceamento hidráulico em trechos retos de
tubulação é devido à diferença da quantidade de movimento em curvas. A Figura
2.5 ilustra o desbalanceamento de esforços axiais causados pela presença de um
bolsão de gás escoando em uma tubulação com líquido.

8
Figura 2.5 – Desbalanceamento hidráulico em tubulação com escoamento bifásico.

Os esforços, em ambos os casos, são exercidos longitudinalmente na


tubulação e observados com mais freqüência durante procedimentos de partida e
de parada do sistema. Para o caso monofásico (golpe de aríete), o
desbalanceamento hidráulico pode ocorrer durante o desligamento ou a partida de
bombas, ou durante a abertura ou o fechamento rápido de válvulas. No segundo
caso, o escamento bifásico pode ser causado por erros no procedimento de
drenagem de líquidos em linhas de gás ou, ao contrário, por não aliviar
adequadamente vapores e gases em linhas de líquido.
De forma geral, é possível determinar as componentes da força exercida pelas
curvas de uma tubulação a partir do Princípio da Conservação da Quantidade de
Movimento aplicado ao fluido. Neste caso, as reações Rx e Ry exercidas pela
curva são determinadas a partir dos parâmetros apresentados na Figura 2.6
aplicados ao volume de controle ΩT, ou seja:

d
( ) ( )( ) ∑ ∑
d
dt Ω∫T ∫∂Ω ∫Ω ρ v Ω dv
ρ v − v Ω dv + ρ v − v Ω v − v Ω nda = F S + F B −
T
dt T

(2.1)

9
Figura 2.6 – Forças de reação exercidas por uma curva devido ao escoamento interno.

Onde v é a velocidade absoluta do fluido, que para um escoamento bifásico


equivale a soma das velocidades de líquido e de vapor (v = jL+jV), e ρ é a massa
específica que pode ser calculada a partir da fração volumétrica de vapor “β”,
como:

ρ = (1 − β )ρ L + βρ V (2.2)

Aplicando a equação 2.1 para a componente x da força de reação, e


desconsiderando o somatório de forças de corpo atuantes sobre o fluido:

d

dt ΩT
ρ(v
X
− v Ω
X
)
dv − ∫ ρ v (
X
− v Ω
X
v
X
− )(
v Ω
X
da )
= ( P1 A1 − R X ) −
d

dt ΩT
ρ v Ω X dv
∂ΩT

(2.3)
Integrando os termos, é possível determinar a componente x da reação:

X
v V

dt
(
− ρ v − vΩ
X X
) A = (P A − R
2
1 1 X ) (2.4)

(
R X = P1 A1 + ρ v − v Ω
X X 2
) A−v X
V

dt
(2.5)

10
3. Conceitos básicos de vibrações

Alguns conceitos básicos de vibração utilizados nesta dissertação são


apresentados nesta seção. A proposta é considerar tubulações como um conjunto
de pequenos elementos com comportamento mecânico equivalente a de uma viga
unidimensional.

3.1 Movimento de corpo rígido (um grau de liberdade)

A Figura 3.1 representa a configuração de um modelo composto de apenas um


grau de liberdade, ou seja, a posição de todas as partículas deste corpo rígido
pode ser representada por um único vetor, já que não há movimentos relativos
entre as partículas.

Figura 3.1 – Modelo de vibração com um grau de liberdade.

A equação diferencial não-homogênea do movimento x(t) deste corpo rígido de


massa m submetido a uma força oscilante F(t) e acoplado a uma mola com rigidez

11
k e um amortecedor com coeficiente de amortecimento c é representada pela
seguinte equação:

m&x&(t ) + cx& (t ) + kx(t ) = F (t ) (3.1)

A freqüência natural ωn apresentada por Inman [4] como aquela em que um


corpo oscilará em um sistema massa mola sem amortecimento em torno da sua
posição de equilíbrio, pode ser determinada pela expressão:

k
ωn = (3.2)
m

Outras duas importantes relações para sistemas amortecidos são a razão de


amortecimento ξ,

c
ξ= , (3.3)
2 mω n

e a freqüência natural amortecida ωd

ωd = ωn 1 − ξ 2 . (3.4)

Uma solução particular da Equação (3.1) pode ser determinada considerando


um deslocamento inicial aplicado a um sistema massa-mola amortecido. Nesta
situação, caso não seja aplicada força F(t), o movimento do corpo será descrito
pela Equação (3.5), que tenderá ao longo do tempo a permanecer na posição de
equilíbrio estático (Inman [4]).

x(t ) = Ae −ξωnt sen(ω d t + φ ) (3.5)

12
onde A e φ são as constantes de integração a serem determinadas a partir das
condições iniciais do movimento, e representam, respectivamente, a amplitude
máxima de deslocamento e o ângulo de fase. A Figura 3.2 apresenta o gráfico da
solução apresentada na Equação (3.5), para as seguintes condições iniciais:
deslocamento inicial x0 igual a 1mm; velocidade inicial v0 igual a 0mm/s; freqüência
natural ωn igual a 2rd/s e ângulo de fase φ igual a π/2 rd.

Figura 3.2 – Curvas de deslocamento de um sistema com um grau de liberdade (sem


forçamento) em função da razão de amortecimento.

3.2 Movimento de corpo rígido (dois ou mais graus de liberdade)

Um modelo com dois ou mais graus de liberdade é utilizado quando há


necessidade de dois ou mais vetores de deslocamento x(t) para determinação da
posição de um ou mais corpos rígidos. A Figura 3.3 ilustra um modelo com dois
graus de liberdade composto de corpos rígidos com massa m1 e m2, interligados

por molas k1 e k2 e amortecedores c1 e c2 submetidos. Neste caso, cada corpo é


submetido a esforço periódico F1 e F2.

13
Figura 3.3 – Modelo de vibração com dois graus de liberdade.

A equação diferencial nos casos de dois ou mais graus de liberdade pode ser
apresentada na seguinte forma:

M &x&(t ) + C x& (t ) + K x(t ) = F (t ) (3.6)

onde M, C e K são respectivamente as matrizes de massa, de amortecimento e de


rigidez, que para a configuração apresentada na Figura 3.3 podem ser escritas na
seguinte forma:

⎡m1 0 ⎤ ⎡ &x&1 ⎤ ⎡c1 + c 2 − c 2 ⎤ ⎡ x&1 ⎤ ⎡k1 + k 2 − k 2 ⎤ ⎡ x1 ⎤ ⎡ F1 ⎤


⎢0 + + = . (3.7)
⎣ m2 ⎥⎦ ⎢⎣ &x&2 ⎥⎦ ⎢⎣ − c 2 c 2 ⎥⎦ ⎢⎣ x& 2 ⎥⎦ ⎢⎣ − k 2 k 2 ⎥⎦ ⎢⎣ x 2 ⎥⎦ ⎢⎣ F2 ⎥⎦

Para que a equação do movimento do sistema possa ser determinada, é


necessário que a ordem das matizes e dos vetores da Equação (3.8) seja igual ao
número de gruas de liberdade deste sistema. Assim, para um sistema qualquer,
com n graus de liberdade, a Equação (3.8) assumirá a seguinte forma:

⎡m1 0 0 ⎤ ⎡ &x&1 ⎤ ⎡ c11 ... c1n ⎤ ⎡ x&1 ⎤ ⎡ k11 ... k1n ⎤ ⎡ x1 ⎤ ⎡ F1 ⎤


⎢ 0 ... 0 ⎥ ⎢ ... ⎥ + ⎢ ... ... ... ⎥ ⎢ ... ⎥ + ⎢ ... ... ... ⎥ ⎢ ... ⎥ = ⎢ ... ⎥ (3.8)
⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥⎢ ⎥ ⎢ ⎥
⎢⎣ 0 0 mn ⎥⎦ ⎢⎣ &x&n ⎥⎦ ⎢⎣c n1 ... c nn ⎥⎦ ⎢⎣ x& n ⎥⎦ ⎢⎣k n1 ... k nn ⎥⎦ ⎢⎣ x n ⎥⎦ ⎢⎣ Fn ⎥⎦

14
De forma análoga ao sistema com um grau de liberdade, as freqüências
naturais de um sistema com n graus de liberdade serão obtidas a partir de um
movimento livre ( F(t) = 0 ) e sem amortecimento ( C = 0 ), ou seja:

M &x&(t ) + K x(t ) = 0 (3.9)

Substituindo x(t) por M-1/2q, a Equação (3.9) assume a seguinte forma:

q&&(t ) + M q(t ) = 0
−1 / 2 −1 / 2 −1 / 2 −1 / 2
M MM KM (3.10)

Assumindo que M-1/2 M M-1/2= I, a equação anterior se reduz a:

~
I q&&(t ) + K q(t ) = 0 (3.11)

onde

~ −1 / 2 −1 / 2
K=M KM (3.12)

Desta forma, a equação diferencial homogênea (3.11) possui solução mais


simples do que a apresentada inicialmente na Equação (3.9), do tipo:

q (t ) = v ⋅ e j⋅ω ⋅t (3.13)

A substituição da Equação (3.13) na Equação (3.11) resulta em um problema


típico de autovalores e autovetores:

~
K v = λv (3.14)

15
Neste caso, existirão n autovalores λ capazes de satisfazer a equação anterior,
assim como n autovetores v associados a cada autovalor. Em sistemas com finitos
graus de liberdade, a quantidade de freqüências naturais será igual número de
graus de liberdade, e as suas magnitudes serão iguais a:

(ω n )i = λi (3.15)

Os autovetores v associados podem ser utilizados para a determinação das


formas, ou dos modos de vibração, de acordo com a seguinte equação:

−1 / 2
u=M v (3.16)

A equação do movimento de vibração livre e sem amortecimento em um


sistema com finitos graus de liberdade será, portanto, uma composição dos seus
modos de vibração (Inman [5]):

x(t ) = ∑ d i sen((ω n )i t + φi ) ⋅ u i
n
(3.17)
n =1

onde di e φi são constantes, determinadas a partir das condições iniciais.


Problemas em que o amortecimento não pode ser desconsiderado devem ser
resolvidos a partir da Equação (3.5). Neste caso, Caughey e O’Kelly [6]
identificaram que a matriz de amortecimento C provoca um acoplamento adicional
nas equações de movimento, o que dificulta em alguns casos a solução do
problema. Uma alternativa, que simplifica a solução da equação diferencial (3.6) é
considerar o amortecimento como uma combinação linear entre as matrizes de
massa e de rigidez, utilizando as constantes α e β da seguinte forma:

C =αM + βK (3.18)

16
Para um movimento livre amortecido, a Equação (3.6) pode ser escrita na
seguinte forma (considerando x(t) = M-1/2q ):

( ~
) ~
q&&(t ) + α I + β K q& (t ) + K q(t ) = 0 (3.19)

Outra forma de apresentar a Equação (3.19) é substituindo o vetor q(t) pelo


produto P.r(t):

( )
&r&(t ) + α I + β Λ r&(t ) + Λ r (t ) = 0 (3.20)

onde,

T ~
Λ = P K P = diag (λi ) (3.21)

~
enquanto que P é uma matriz ortogonal composta pelos autovetores de K .

A equação (3.22) corresponde às “n” equações de movimento para cada modo


de vibração (desacopladas entre si):

&r&i + 2ξ i (ω n )i r&i + (ω n )i2 ri = 0 (3.22)

onde a razão de amortecimento para cada modo de vibração será função das
constantes α e β além de suas freqüências naturais ωn:

α β (ω n )i
ξi = + (3.23)
2(ω n )i 2

17
As equações do movimento para cada modo de vibração de um sistema
amortecido com n graus de liberdade pode ser apresentada de forma bastante
semelhante à Equação (3.5), que referia-se a apenas um grau de liberdade:

ri (t ) = Ai e sen((ω d )i t + φ i )
−ξ i (ω n )i t
(3.24)

onde Ai e φi são constantes que devem ser determinadas a partir das condições
iniciais, e (ωd)i é a freqüência natural amortecida para cada modo de vibração.
O caso mais generalizado ocorre quando forças periódicas F(t) são diferentes
de zero em um sistema com amortecimento. De forma semelhante às
simplificações anteriores, é necessário substituir x(t) por M-1/2q na Equação (3.6):

q&&(t ) + M q& (t ) + M q(t ) = M F (t )


−1 / 2 −1 / 2 −1 / 2 −1 / 2 −1 / 2 −1 / 2 −1 / 2
M MM CM KM (3.25)

que, simplificando e substituindo q(t) por P.r(t) é possível chegar a:

~ ~
&r&(t ) + P T C P r&(t ) + P K P r (t ) = P T M −1 / 2 F (t ) (3.26)

ou, de forma semelhante à Equação (3.22), as equações do movimento (para


vibrações forçadas) podem ser representadas para cada modo de vibração como:

&r&i + 2ξ (ω n )i r&i + (ω n )i2 r = f i (3.27)

onde fi é uma combinação linear entre as forças Fi aplicadas em cada massa.


Desta forma, a solução analítica da Equação (3.27) representa o movimento de
cada corpo em um sistema massa-mola amortecido submetido a forças externas
periódicas que pode ser escrita como:

18
τ
e −ξωnt
x(t ) = Ae −ξωn t
sen(ω d t + φ ) + ∫ f (τ )e
ξωnτ
sen(ω d (t − τ ))dτ (3.28)
ωd 0

3.3 Movimento de estrutura contínua (viga deformável)

A premissa utilizada durante o desenvolvimento das equações que levaram à


solução analítica apresentada na Equação (3.28) consistiu que a posição dos
corpos poderia ser representada por um único ponto, já que se tratava de
movimento de corpos rígidos. Durante o estudo de vibrações em tubulações
industriais, no entanto, não será possível utilizar as equações como apresentadas
anteriormente já que, neste caso, haverá movimento relativo entre as partículas.
Uma forma simplificada utilizada para descrever o movimento de cada partícula
em um trecho reto de tubulação sujeito à vibração é considerá-lo como uma viga.
A Teoria de Vigas de Euler-Bernoulli, utilizada para o cálculo do movimento de
uma viga sujeita a vibrações transversais, considera basicamente que as seções
transversais da viga permanecerão planas, e que a inércia de rotação é
desprezada.
A Figura 3.4 apresenta graficamente os conceitos da Teoria de Viga de Euler-
Bernoulli para uma viga em catenária submetida a esforços externos, onde f(x,t)
representa a força externa distribuída ao longo do comprimento l, M(x,t) é o
momento fletor, V(x,t) é o cortante, enquanto que hy e hz são os comprimentos que
compõem a área da seção transversal A(x).

19
Figura 3.4 – Elemento de viga proposto por Euler-Bernoulli.

Assumindo que M(x+dx) e V(x+dx) podem ser decompostos em,

∂M ( x, t )
M ( x + dx, t ) = M ( x, t ) + dx (3.29)
∂x

∂V ( x, t )
V ( x + dx, t ) = V ( x, t ) + dx (3.30)
∂x

O equilíbrio de forças na direção “y” pode ser escrito como:

⎛ ∂V ( x, t ) ⎞ ∂ 2 w( x, t )
⎜ V ( x, t ) + dx ⎟ − V ( x, t ) + f ( x, t )dx = ρA( x )dx (3.31)
⎝ ∂x ⎠ ∂t 2

Enquanto que o equilíbrio de momentos no eixo z em torno do ponto Q será:

20
⎛ ∂M ( x, t ) ⎞ ⎛ ∂V ( x, t ) ⎞
⎜ M ( x, t ) + dx ⎟ − M ( x, t ) + ⎜V ( x, t ) + dx ⎟dx + [ f ( x, t )dx ] = 0
dx
⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂x ⎠ 2
(3.32)

Cancelando os momentos fletores M(x,t) da Equação (3.32), e rearranjando:

⎛ ∂M ( x, t ) ⎞ ⎛ ∂V ( x, t ) f ( x, t ) ⎞
+ V ( x, t )⎟dx + ⎜ ⎟(dx ) = 0
2
⎜ + (3.33)
⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂x 2 ⎠

Considerando ainda que a Teoria de Vigas de Euler-Bernoulli é válida somente


para pequenas deformações (desde que, l/hz ≥ 10 e l/hy ≥ 10; ou seja, vigas
esbeltas), é possível desprezar os termos com derivadas de segunda ordem da
equação (34), para então obter:

∂M ( x, t )
V ( x, t )dx = − (3.34)
∂x

A Equação (3.34), também utilizada em cálculos estruturais de vigas na


mecânica clássica, pode ser substituída na Equação (3.31):

∂2 ∂ 2 w( x, t )
− [M ( x , t ) )]dx + f ( x , t )dx = ρA( x )dx (3.35)
∂x 2 ∂t 2

Assumindo, a partir dos conceitos da Mecânica dos Materiais, que:

∂ 2 w(x, t )
M (x, t )dx = EI ( x ) (3.36)
∂2x

onde, E é módulo de elasticidade do material, I(x) é o momento de inércia em


relação à direção “z”. Desta forma, a Equação (3.35) pode se reescrita com base
nas propriedades do material:

21
∂ 2 w( x, t ) ∂ 2 ⎡ ∂ 2 w( x, t ) ⎤
ρA(x ) + 2 ⎢ EI ( x ) ⎥ = f ( x, t ) (3.37)
∂t 2 ∂x ⎣ ∂x 2 ⎦

A Equação (3.37) apresenta a forma diferencial das equações do movimento


para uma viga homogênea e isotópica submetida à força periódica, descrita para
pequenas deformações. Uma simplificação desta condição será o caso de
vibração livre (sem forças externas) e assumindo que o momento de inércia e a
área da seção transversal da viga são constantes.

∂ 2 w( x, t ) 2 ∂ 4 w(x, t )
+c =0 (3.38)
∂t 2 ∂x 4

Onde c é uma constante dependente das propriedades e geometria da viga.

EI
c= (3.39)
ρA

Utilizando o método de separação de variáveis (ou seja, w(x,t)=X(x)T(t) ) na


Equação (3.38), é possível chegar a:

X ′′′′( x ) T&&(t )
c2 =− = ω2 (3.40)
X (x ) T (t )

em que as freqüências naturais são obtidas da equação temporal:

T&&(t ) + ω 2T (t ) = 0 (3.41)

Resultando na solução temporal do movimento:

22
T (t ) = Asen(ωt ) + B cos(ωt ) (3.42)

A partir da Equação (3.40), também é possível obter a equação espacial:

2
⎛ω ⎞
X ′′′′(x ) − ⎜ ⎟ X (x ) = 0 (3.43)
⎝c⎠

cuja solução geral no domínio do espaço é:

X ( x ) = a1 sen(βx ) + a2 cos(βx ) + a3 senh(βx ) + a4 cosh(βx ) (3.44)

onde, a1, a2, a3 e a4 são constantes de integração a serem determinadas pelas


condições iniciais do movimento e β é:

2
⎛ω ⎞ ρAω 2
β =⎜ ⎟ =
4
(3.45)
⎝c⎠ EI

3.4 Metodologia numérica para análise de vibração em tubulações

Durante um projeto de tubulações industriais, a quantidade de arranjos de


tubulações pode ser tão grande que se torna inviável realizar análises dinâmicas
com ferramentas puramente analíticas.
O advento da computação digital motivou a aplicação dos métodos numéricos
na solução dos problemas de engenharia. Métodos numéricos tais como:
elementos finitos, diferenças finitas e elementos de contorno, são utilizados para a
obtenção de equações algébricas, em um domínio finito de pontos, com o objetivo
de se obter solução semelhante à analítica.
O método dos elementos finitos se tornou uma das mais poderosas
ferramentas de análise para solução de problemas de engenharia, Bathe [7]. Na

23
análise estrutural, a base do método de elementos finitos consiste em transformar
o sólido contínuo em uma associação de elementos discretos e escrever
equações de equilíbrio e compatibilidade entre eles, admitindo funções contínuas
capazes de representar o campo de deslocamentos no domínio do elemento. A
partir de então, obtém-se o estado de deformações e, através de relações
constitutivas chega-se ao estado de tensões nos elementos.
O método de elementos finitos associado com a teoria de vigas de Euler-
Bernoulli é uma ferramenta muito utilizada em análises de vibrações transversais
em tubulações. A Figura 3.5 apresenta as variáveis utilizadas no método de
elementos finitos para o caso de vibrações livres numa viga em balanço.

Figura 3.5 – Elemento de viga para modelagem de vibrações transversais.

O elemento de viga, composto de dois nós, utiliza duas coordenadas u1(t) e

u3(t) para deslocamentos lineares e duas coordenadas u2(t) e u4(t) para


deslocamentos angulares, ou seja, cada nó possui dois graus de liberdade
(deslocamento e rotação).
Sabendo que não há cortantes aplicados ao elemento (viga em balanço), é
possível afirmar que:

∂2 ⎡ ∂ 2 u ( x, t ) ⎤
⎢ EI ⎥=0 (3.46)
∂x 2 ⎣ ∂x 2 ⎦

24
Caso seja considerado que os elementos de viga serão constantes ao longo do
comprimento, a Equação (3.46) se reduzirá a:

∂ 4 u ( x, t )
=0 (3.47)
∂x 4

Os deslocamentos da viga ao longo de x podem ser escritos como:

u ( x, t ) = c1 (t )x 3 + c2 (t )x 2 + c3 (t )x + c 4 (t ) (3.48)

onde c1, c 2, c 3, c 4 são constantes de integração que podem ser determinadas a


partir das condições de contorno. Admitindo as seguintes condições de contorno:

⎧ u (0, t ) = u1(t )
⎪ u (l , t ) = u3(t )
⎪⎪
∂u (0, t )
⎨ = u 2 (t ) (3.49)
⎪ ∂x
⎪ ∂u (l , t ) = u (t )
⎪⎩ ∂x 4

As constantes de integração serão, portanto, iguais a:

1
c1 (t ) = [2(u1 − u3 ) + l (u 2 + u 4 )] (3.50)
l3
1
c2 (t ) = [3(u3 − u1 ) + l (2u 2 + u 4 )] (3.51)
l2
c3 (t ) = u 2 (t ) (3.52)

c 4(t ) = u1 (t ) (3.53)

A equação geral do movimento para o elemento de viga é descrita como:

25
∂ 2 u ( x, t ) ∂ 4 u ( x, t )
ρA + EI =0 (3.54)
∂t 2 ∂x 4

26
4. Metodologia Experimental

4.1 - Bancada de Escoamentos Bifásicos

Para o estudo do comportamento dinâmico de tubulações submetidas ao


escoamento bifásico, foi necessário utilizar uma bancada de testes composta de
compressor de ar (do tipo alternativo com capacidade de 283 l/min) e bomba
centrífuga (com capacidade de 16 m3/h), adaptada para realização de testes com
tubos em acrílico com diâmetro interno de 19,5mm. A Figura 4.1 apresenta o
fluxograma simplificado da bancada de testes.

Figura 4.1 – Fluxograma da bancada de testes de escoamento bifásico.

27
Os parâmetros de escoamento foram ajustados a partir dos valores de vazão
de ar e de água com o auxílio de rotâmetros Conaut, em escalas entre 1 - 10 m3/h
e 10 - 100 m3/h para a linha de suprimento de ar, enquanto que na linha de
suprimento de água foram utilizados rotâmetros com escalas entre 0,1 – 1 m3/h e
1 - 10 m3/h. Durante os experimentos, duas variáveis foram utilizadas para
caracterizar o escoamento bifásico: a velocidade da mistura “j ” e a fração
volumétrica de ar “β ”, definidas respectivamente pelas Equações (4.1) e (4.2):

QL + QG
j= (4.1)
Ai

QG
β= (4.2)
QG + QL

onde, “QL” e “QG” são as vazões volumétricas de líquido e de gás (medidas por
rotâmetros), “Ai” é a área interna do tubo. Desta forma, foram estabelecidas vinte
amostras para diferentes velocidades de escoamento “j”, a partir de quatro frações
volumétricas “β ” (25%, 50%, 75% e 95%). A Figura 4.2 apresenta a disposição
das vinte amostras em função das velocidades superficiais de escoamento de ar
“jG” e de água “jL”, definidas como a partir das vazões volumétricas: jG=QG/Ai e
jL=QL/Ai.

28
Figura 4.2 – Amostras no diagrama de escoamento bifásico vertical (Giraudeau [10]).

A Tabela 4.1 apresenta os parâmetros utilizados nas vinte amostras


apresentadas na Figura 4.2.

29
Tabela 4.1 – Velocidades e vazões utilizadas em cada amostra.
Velocidade Velocidade Fração
Velocidade Vazão de Vazão de
Amostra superficiais superficiais Volumétrica.
da mistura água ar
do liquido do ar β
jL jG j QL QG
Seq. Identif.
[m/s] [m/s] [m/s] [%] [m3/h] [m3/h]
Capacidade 14,88 15,79 30,68 - 16,00 16,98

20 B95J15 0,75 14,25 15,00 95 0,81 15,32


19 B95J10 0,50 9,50 10,00 95 0,54 10,21
18 B95J08 0,40 7,60 8,00 95 0,43 8,17
17 B95J06 0,30 5,70 6,00 95 0,32 6,13
16 B95J05 0,25 4,75 5,00 95 0,27 5,11

15 B75J10 2,50 7,50 10,00 75 2,69 8,06


14 B75J08 2,00 6,00 8,00 75 2,15 6,45
13 B75J06 1,50 4,50 6,00 75 1,61 4,84
12 B75J04 1,00 3,00 4,00 75 1,08 3,23
11 B75J02 0,50 1,50 2,00 75 0,54 1,61

10 B50J08 4,00 4,00 8,00 50 4,30 4,30


9 B50J06 3,00 3,00 6,00 50 3,23 3,23
8 B50J05 2,50 2,50 5,00 50 2,69 2,69
7 B50J04 2,00 2,00 4,00 50 2,15 2,15
6 B50J03 1,50 1,50 3,00 50 1,61 1,61
5 B50J02 1,00 1,00 2,00 50 1,08 1,08

4 B25J06 4,50 1,50 6,00 25 4,84 1,61


3 B25J05 3,75 1,25 5,00 25 4,03 1,34
2 B25J04 3,00 1,00 4,00 25 3,23 1,08
1 B25J03 2,25 0,75 3,00 25 2,42 0,81

4.2 – Fabricação dos Tubos para o Ensaio (curvas de raio longo)

Por se tratar de estudo de escoamento bifásico, com a característica de


possuir vários regimes de escoamento (bolhas, golfadas, anular, etc), optou-se em
utilizar tubos em acrílico para melhor visualização. Foram utilizados tubos com
diâmetro nominal de 1 polegada, e 3mm de espessura, e em virtude da
indisponibilidade no mercado nacional, as curvas de raio longo tiveram de
fabricadas a partir do dobramento a quente. Para reduzir o efeito de ovalização da
30
secção transversal durante o dobramento, os tubos foram preenchidos com areia,
e armazenados durante 20 minutos em estufa, ajustada em 140ºC. Devido à
impossibilidade de atingir o formato desejado em um único dobramento, o
processo de reaquecimento foi repetido até cinco vezes para cada componente.
Um gabarito foi utilizado durante todas as etapas do dobramento a quente, o
que permitiu alcançar raios de curvatura idênticos para as duas curvas da
bancada de testes. Para tal, uma chapa de madeira foi cortada de forma a permitir
a instalação de uma chapa de alumínio como suporte para o dobramento. A Figura
4.3 apresenta algumas imagens da bancada já montada com as curvas de raio
longo, que após o resfriamento, atingiram o raio de curvatura (medido no raio
externo do tubo) equivalente a 3,2 vezes o diâmetro externo do tubo.

Figura 4.3 – Fotografias da montagem final da bancada com curvas de raio longo.

31
Finalizado o dobramento das curvas de raio longo, iniciou-se o processo de
fabricação do tubo “U” a partir da colagem de luvas e conexões. A ligação entre as
curvas de raio longo e os trechos retos foi realizada com o auxílio de luvas coladas
com resina epóxi. Pequenas secções de tubos de acrílico com diâmetro nominal
de 1-1/4 polegada (32mm de diâmetro externo) foram utilizadas como luvas,
enquanto que adaptadores em PVC (diâmetro nominal de 3/4 pol) foram colados
de forma a permitir a utilização dos acessórios roscados, tais como “Tês”, curvas
90º, curvas 45º e adaptadores de mangueiras. Em todos os processos de
colagem, foram utilizadas resinas bicomponente com tempo de cura lenta (10min),
aguardando 24 horas na temperatura ambiente para cura completa.

4.3 – Fabricação dos Tubos para o Ensaio (curvas de raio curto)

Os mesmos experimentos realizados utilizando curvas de raio longo foram


repetidos com curvas de raio curto (Rc=0,5Do) fabricadas em PVC. Também para
este caso, trechos retos em acrílico foram colados em resina epóxi, mantendo-se
a distância entre as linhas de centro de cada curva em 565mm.

Figura 4.4 – Fotografias do tubo “U” fabricado a partir de duas curvas de raio curto.

32
4.4 – Aquisição de dados

Três tipos de experimentos foram realizados para caracterizar o


comportamento dinâmico do escoamento bifásico em um tubo em “U”: medição de
forças dinâmicas em um sistema rígido, medição de acelerações no plano e fora
do plano em um sistema flexível e análise modal.
A força resultante imposta pelo escoamento em um tubo em “U” foi medida
com o auxílio de transdutor de força fixado à tubulação por meio de abraçadeira e
suportado em sua base por uma cantoneira, considerada rígida o suficiente para
considerá-la como uma ancoragem (ou um engastamento). A Figura 4.5 apresenta
imagens do arranjo final após montagem.

Figura 4.5 – Fotografias da fixação do transdutor de força piezoelétrico.

O sinal analógico do transdutor de força foi convertido em sinal digital por meio
do módulo de aquisição e condicionamento de sinais SPIDER 8 (HBM),
transmitido para um microcomputador portátil por uma porta paralela, e
processado em ambiente Windows pelo sistema CATMAN 4.5 (HBM). A taxa de
aquisição de dados foi estabelecida em 400Hz (período entre amostras de 2,5ms),
e o número total de amostras foi definido em 40.000, resultando em 100s de

33
período total para cada ensaio. A Figura 4.6 apresenta uma imagem do arranjo
final do sistema de aquisição de dados após a montagem.

Figura 4.6 – Fotografia do sistema de aquisição de dados utilizado nos experimentos.

4.5 – Dimensões gerais das bancadas – Medição de força

A Figura 4.7 apresenta as dimensões gerais das bancadas para realização dos
ensaios de medição força dinâmica para tubos em “U” na posição vertical com
curvas de raio longo e curvas de raio curto. Destaca-se a distância entre curvas de
565mm (medida entre linhas de centro) e a distância entre o misturador (“Y”) e o
transdutor de força igual a 1900mm.

34
Figura 4.7 – Dimensões gerais dos tubos para os ensaios de força dinâmica na vertical.

As mesmas dimensões foram mantidas para os ensaios de força dinâmica


realizados com a seção de testes em “U” na posição horizontal (bancada
posicionada na posição vertical) O transdutor de força foi instalado na posição
vertical, de forma a submetê-lo aos esforços no mesmo plano das tubulações em
“U”. Para os ensaios com os tubos de raio longo, foram realizados ensaios na
condição chamada de “horizontal negativa”, em que as conexões de entrada de ar
e de água foram instaladas no tubo superior, para avaliação das forças dinâmicas
em escoamento descendente, como representado nas Figuras 4.8. O arranjo final
de montagem é apresentado na Figura 4.9.

35
Figura 4.8 – Dimensões gerais dos tubos para os ensaios de força dinâmica na horizontal.

36
Figura 4.9 – Posicionamento da bancada instalada na horizontal.

4.6 – Dimensões gerais das bancadas – Medição de aceleração

Com o objetivo de verificar o comportamento dinâmico da tubulação, foram


realizadas medições de aceleração em pontos próximos às curvas da seção de
testes, submetida a diferentes condições de escoamento.
Os ensaios de aceleração foram realizados na posição vertical a partir da
modificação da localização dos suportes da bancada, como apresentado na Figura
4.10. Durante os ensaios de aceleração foi necessário reposicionar os suportes,
reduzindo o vão livre. Caso as posições dos suportes se mantivessem inalteradas
(1170mm para as curvas de raio longo e 1090mm para as curvas de raio curto), os
deslocamentos provocados pelo escoamento bifásico poderiam exceder a
capacidade de leitura dos acelerômetros ou danificar os tubos de acrílico. Durante
os ensaios foram utilizados dois acelerômetros para medição da vibração no plano
e ortogonal ao plano das tubulações em “U”.

37
Figura 4.10 – Dimensões gerais das tubulações para os ensaios de aceleração.

38
5. Resultados Experimentais

Nesta seção, será apresentada primeiramente uma avaliação das freqüências


naturais e dos modos de vibração a partir de um modelo numérico, comparando
com testes de impacto nas duas tubulações fabricadas (Tubo “U” com curvas de
raio longo e curvas de raio curto) na posição vertical. Em seguida, serão
apresentados os ensaios realizados para medição de aceleração, com tubos
ancorados em duas extremidades, e submetido ao escoamento bifásico. Ao final,
são apresentados os resultados de medição de forças dinâmicas impostas pelos
fluidos.

5.1 – Modelagem numérica para análise modal dos tubos em “U”

Para a avaliação dos modos de vibração e freqüências naturais dos tubos, foi
necessário criar dois modelos em elementos finitos (Figura 5.1) para a
representação das geometrias dos tubos de raio longo e de raio curto.
As freqüências naturais calculadas a partir do modelo em elementos finitos
utilizando o programa comercial Caesar II (Intergraph) e apresentadas na Tabela
5.1 foram determinadas para as condições de tubos preenchidos com ar e com
água, a partir das seguintes propriedades:

Módulo de Elasticidade = 2,4 GPa


Coeficiente de Poisson = 0,35
Massa específica do tubo = 1,19 kg/dm3
Massa específica do ar = 0,001 kg/cm3
Massa específica da água = 1,00 kg/cm3

39
Figura 5.1 – Imagens dos modelos em elementos finitos criados para o tubo de raio longo
(à esquerda ) e tubo de raio curto (à direita).

Tabela 5.1 – Freqüências naturais calculadas para quatro configurações.


Freqüências naturais [Hz]
Modo de
Curvas de Raio Longo Curvas de Raio Curto
vibração
Ar Água Ar Água
1º 18,09 11,86 19,97 13,57
2º 26,93 18,19 33,25 25,75
3º 41,38 26,13 40,93 27,78
4º 105,66 64,61 110,70 68,32

Apesar das freqüências naturais diferirem em todos os casos (para diferentes


arranjos e fluidos), os quatro primeiros modos de vibração são coincidentes, como
apresentado nas Figuras 5.2 e 5.3 para as configurações com curvas de raio
longo, e Figuras 5.4 e 5.5 para curvas de raio curto.

40
Figura 5.2 – Primeiro (à esquerda) e segundo (à direita) modos de vibração (raio longo).

Figura 5.3 – Terceiro (à esquerda) e quarto (à direita) modos de vibração (raio longo).

41
Figura 5.4 – Primeiro (à esquerda) e segundo (à direita) modos de vibração (raio curto).

Figura 5.5 – Terceiro (à esquerda) e quarto (à direita) modos de vibração (raio curto).

42
5.2 – Ensaios de impacto no tubo com curvas de raio longo

O método experimental utilizado para verificação das freqüências naturais das


tubulações é o ensaio de impacto, que consiste em obter a função de resposta em
freqüência da tubulação ao ser excitada com um martelo de impacto
instrumentado. Durante um impacto, várias freqüências são excitadas durante um
curto período de tempo, o que permite realizar esta avaliação de forma rápida e
prática. As Figuras 5.6 e 5.7 apresentam imagens do ensaio de impacto realizado
nos tubos. As curvas de resposta em freqüência apresentadas nesta seção
referem-se, portanto, na razão entre o sinal de excitação medido com o transdutor
de força instalado no martelo e o sinal de resposta vibratória da tubulação medido
com acelerômetro.

Figura 5.6 – Ensaio de impacto realizado no tubo com curvas de raio longo – modos de
vibração excitados fora do plano.

43
Figura 5.7 – Ensaio de impacto realizado no tubo com curvas de raio longo – modos de
vibração excitados no plano.

As curvas de resposta em freqüência obtidas durante os ensaios de impacto


apresentam características semelhantes a aquelas calculadas pelo modelo
numérico, com o desvio máximo entre os resultados de 31% para o ensaio
realizado com água, como evidenciado na Tabela 5.2. As discrepâncias
identificadas no ensaio com água podem ser explicadas pelo fato do ensaio ter
sido realizado com escoamento de 4m3/h de água e 1m3/h de ar, e pelo fato das
luvas em acrílico utilizadas na montagem influenciarem na rigidez e na distribuição
de massa da tubulação real.

Tabela 5.2 – Comparação entre freqüências: ensaio de impacto e modelo numérico.


Freqüências excitadas nos tubos com curvas de raio longo [Hz]
Modo de
Tubos com ar Tubos com água
vibração
Numérico Experim. Desvio Numérico Experim. Desvio
1º 18,09 19,00 5,03% 11,86 14,00 18,04%
2º 26,93 32,00 18,83% 18,19 24,00 31,90%
3º 41,38 45,50 9,96% 26,13 34,00 30,10%
4º 105,66 - - 64,61 - -

44
Os gráficos apresentados nas Figuras 5.8 e 5.9 referem-se às respostas em
freqüências dos ensaios de impacto realizado com os tubos com as curvas de raio
longo.

Figura 5.8 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio longo (ar)

Figura 5.9 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio longo (água).

45
5.3 – Ensaios de impacto no tubo com curvas de raio curto

Os ensaios de impacto realizados para o tubo com curvas de raio curto


apresentaram resultados mais próximos aos modelos numéricos. Neste caso, o
desvio máximo nas freqüências excitadas limitou-se a 17,9% no ensaio realizado
com água. Novamente, devido à impossibilidade de bloqueio na linha de
suprimento de ar, os ensaios com água foram realizados com vazão de 4,4m3/h de
água e sem suprimento de ar. Destaca-se, neste caso, que o fato de terem sido
utilizadas curvas padronizadas (em PVC) permitiu construir o modelo numérico
com geometrias mais próximas às reais. As Figuras 5.10 e 5.11 apresentam os
gráficos dos resultados experimentais para as curvas de raio curto.

Tabela 5.3 – Comparação entre freqüências: ensaio de impacto e modelo numérico.


Freqüências excitadas nos tubos com curvas de raio curto [Hz]
Modo de
Tubos com ar Tubos com água
vibração
Numérico Experim. Desvio Numérico Experim. Desvio
1º 19,97 23,00 15,2% 13,57 16,00 17,90%
2º 33,25 36,00 8,27% 25,75 26,00 1,00%
3º 40,93 43,00 5,06% 27,78 30,00 8,00%
4º 110,70 - - 68,32 - -

Figura 5.10 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (ar).

46
Figura 5.11 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (água).

5.4 – Ensaios para medição de aceleração (curvas de raio longo)

Dois acelerômetros foram instalados nos tubos para identificação de


amplitudes e freqüências de vibração no plano e fora do plano, simultaneamente.
A Figura 5.12 apresenta uma fotografia dos acelerômetros instalados no tubo de
acrílico.

Figura 5.12 – Resposta em freqüência dos ensaios com curvas de raio curto (água).

47
Para os tubos fabricados com curvas de raio longo, foram realizados quatro
ensaios com escoamento bifásico com fração volumétrica de ar (β) igual a 75%,
com velocidades de escoamento equivalentes às amostras de 11 a 14,
apresentadas na Tabela 4.1. Durante estes ensaios foi possível comprovar que as
principais componentes de freqüências de vibração mantêm-se inalteradas com o
aumento da velocidade de escoamento, aproximando-se das freqüências naturais
do tubo. As Figuras 5.13 a 5.16 apresentam os sinais de aceleração no plano e
fora do plano para os ensaios realizados na fração volumétrica igual a 75%.

Figura 5.13 – Sinais no tempo de acelerações para j =2 m/s e β = 75%.

Figura 5.14 – Sinais no tempo de acelerações para j =4 m/s e β = 75%.

48
Figura 5.15 – Sinais no tempo de acelerações para j =6 m/s e β = 75%.

Figura 5.16 – Sinais no tempo das acelerações para j=8m/s e β = 75%.

As Figuras de 5.17 e 5.18 apresentam os espectros em freqüência dos sinais


de aceleração apresentados nas Figuras 5.13 a 5.16, para cada velocidade de
mistura. Figura 5.19 apresenta um resumo dos quatro gráficos (no plano).

Figura 5.17 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 4 m/s (fração volumétrica de ar - 75%).

49
Figura 5.18 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento
bifásico de 6 e 8 m/s (fração volumétrica de ar - 75%).

Figura 5.19 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes


velocidades de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar - 75%).

5.5 – Ensaios para medição de aceleração (curvas de raio curto)

De forma semelhante ao identificado na medição de aceleração com as curvas


de raio longo, foi possível verificar que o as freqüências de vibração para quatro

50
velocidades de mistura j, se mantiveram estáveis ao redor de 33Hz (menor
freqüência natural de vibração no plano) tanto para os ensaios realizados na
fração volumétrica de ar de 50% quanto para 75%, como verificado nas Figuras
5.20 a 5.25.

Figura 5.20– Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 3 m/s (fração volumétrica de ar igual a 50%).

Figura 5.21 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico 5 e 6 m/s (fração volumétrica de ar igual a 50%).

51
j [m/s]

Figura 5.22 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes


velocidades de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar, em 50%).

Figura 5.23 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento


bifásico de 2 e 4 m/s (fração volumétrica de ar igual a 75%).

52
Figura 5.24 – Espectro em freqüência das acelerações para velocidades de escoamento
bifásico de 6 e 10 m/s (fração volumétrica de ar igual a 75%).

Figura 5.25 – Espectro em freqüência das acelerações no plano para diferentes


velocidades de escoamento bifásico (fração volumétrica de ar, em 75%).

53
A partir dos resultados numéricos e experimentais apresentados nesta seção
(ensaios de aceleração), é possível identificar algumas características básicas da
vibração induzida pelo escamento bifásico:

1. Fenômeno da ressonância – as principais freqüências de vibração


identificadas coincidem com as freqüências naturais dos primeiros modos
de vibração da tubulação;
2. Aumento da amplitude de vibração com o aumento da velocidade de
escoamento – identificado para todas as frações volumétricas ensaiadas;
3. Modos de vibração mais elevados são excitados com o aumento da
velocidade de escoamento – podendo ser verificado nas Figura 5.22 e 5.25
para respectivamente os espectros na fração volumétrica de 50% e
velocidade de 6m/s e na fração volumétrica de 75% e velocidade de 10m/s.

5.6 – Ensaios para medição de forças dinâmicas

Os ensaios para medição das forças dinâmicas impostas pelos fluidos tiveram
de ser realizados separadamente dos ensaios de aceleração em função da
necessidade de restrição do movimento da tubulação para a utilização do
transdutor de força rigidamente instalado entre a tubulação e a estrutura base.
Para a medição de força dinâmica, portanto, não foram identificados
deslocamentos nas tubulações devido à vibração induzida pelo fluxo.
As forças dinâmicas geradas pelo escoamento bifásico apresentaram aumento
da freqüência predominante com o acréscimo da velocidade de escoamento,
como verificado nas Figuras 5.26 e 5.27 (para tubos com curvas de raio longo). É
possível verificar também o aumento da amplitude da força dinâmica com o
aumento da velocidade média de escoamento da mistura - j.

54
Figura 5.26 – Espectro em freqüência das forças atuantes no tubo com curva de raio
longo em diferentes velocidades de escoamento (fração volumétrica de ar, em 50%).

Figura 5.27 – Espectro em freqüência das forças atuantes no tubo com curva de raio
longo em diferentes velocidades de escoamento (fração volumétrica de ar, em 75%).

55
Os sinais de força no domínio do tempo são apresentados nas Figuras 5.28 a
5.31 para amostras de 40000 pontos, com período total de aquisição de 100s.
Para melhor visualização, os gráficos são apresentados em períodos de 5s.

Figura 5.28 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por bolhas (β = 25%).

Figura 5.29 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 50%).

56
Figura 5.30 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 75%).

Figura 5.31 – Sinal no tempo da força dinâmica em escoamento por golfadas (β = 95%).

Duas importantes considerações podem ser obtidas a partir da observação da


variação da força ao longo do tempo apresentadas nas Figuras 5.28 a 5.31. A
primeira diz respeito às freqüências das forças geradas no escoamento bifásico.
Para a mesma velocidade de escoamento (j = 4m/s), a freqüência predominante
reduz com o aumento da fração volumétrica de ar - β.
Acredita-se que este fato esteja relacionado à formação dos pacotes de gás no
misturador (em “Y”), uma vez que as maiores freqüências observadas
correspondem ao escoamento por bolhas em frações volumétricas de ar igual a
25% (caracterizada com muitas bolhas curtas). Por sua vez, as menores

57
freqüências correspondem ao escoamento por golfadas em frações volumétricas
com 95% de ar (caracterizada por bolhas longas). A redução da freqüência
predominante pode ser visualizada nos espectros apresentados na Figura 5.32.

β = 75%

β = 50%

β = 95%

β = 25%

Figura 5.32 – Redução da freqüência predominante das forças, para velocidades


equivalentes (j=4m/s para β =25%, 50% e 75% e j=5m/s para β = 95%).

A segunda consideração diz respeito à amplitude das forças dinâmicas


geradas pelo escoamento bifásico. Novamente, para a mesma velocidade de
mistura – j, a amplitude da força aumenta entre frações volumétricas β de 25% e
75%, e reduzem para β maiores do que 75%. Este mesmo comportamento,
também observado por Riverin [7] e Heloui [8] para tubos com diferentes arranjos
e diâmetros nominais, pode ser visualizado com o gráfico apresentado na Figura
5.33 (com alguns valores interpolados por ultrapassarem a capacidade da
bancada).

58
Figura 5.33 – Força dinâmica (média quadrática – “rms”) em função de β.

A força medida pelo transdutor pode ser considerada a resultante Fx(t) entre os
impulsos gerados nas duas curvas durante a passagem de bolhas, como ilustrado
na Figura 5.34.

Figura 5.34 – Ilustração da força resultante criada durante o escoamento bifásico.

59
6. Análise dos Resultados Experimentais

Nesta seção, são avaliados os resultados experimentais das forças dinâmicas


geradas pelo escoamento bifásico a partir da metodologia proposta por Riverin [9],
e comparando com resultados de Giraudeau [10] para tubos com diâmetro interno
de 20 mm e 52 mm.
A primeira etapa consiste em quantificar o aumento das forças resultantes do
escoamento bifásico em função da velocidade de escoamento j, para diferentes
frações volumétricas β. Neste caso, os resultados serão apresentados em dois
formatos. O primeiro baseia-se no cálculo da força dinâmica quadrática média
(FRMS – do inglês: “root mean square”), definida como:

FRMS = FMédio
2
+ σ F2 (6.1)

onde FMédio é a média do sinal no tempo, e σF é o desvio padrão do sinal no


tempo. Neste primeiro formato, os resultados obtidos experimentalmente são
comparados com as curvas de tendência determinadas nos ensaios experimentais
de Riverin [7], trabalho realizado a partir de tubos em “U” com diâmetro interno de
20mm, instalados na posição vertical.
A segunda forma de apresentação baseia-se na amplitude da força dinâmica
(FA) definida como a diferença entre o menor e o maior valor de forças dinâmicas
em uma amostra de 100 segundos. Neste segundo formato, a amplitude de força
dinâmica obtida experimentalmente é comparada com a força resultante calculada
a partir da variação da quantidade de movimento, definida como:

⎛ dV ⎞
⎟ ⋅ j = (ρ L ⋅ j ⋅ Ai ) ⋅ j = ρ L ⋅ j ⋅ Ai
dm
FA = ⋅ j = ⎜ ρL ⋅ 2
(6.2)
dt ⎝ dt ⎠

60
onde (dm/dt) e dV/dt) são respectivamente as vazões mássica e volumétrica, ρL é
a massa específica do líquido, j é a velocidade de mistura e Ai é a área interna do
tubo.
A Figura 6.1 apresenta os resultados dos ensaios realizados para a fração
volumétrica β igual a 25%, nos cinco arranjos de bancadas apresentados nas
Figuras 4.7 e 4.8.

(a) (b)
Figura 6.1 – Forças dinâmicas em: (a) RMS (b) Amplitude - pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 25%.

Os resultados obtidos para a fração volumétrica de 25% apresentaram desvios


nas forças dinâmicas calculadas em “rms”, sem a tendência de aumento da força
em função da velocidade de escoamento da mistura, diferentemente da curva
média obtida por Riverin [7]. A diferença entre estes resultados pode ser explicada
pelo fato de Riverin [7] ter utilizado um misturador fabricado a partir de uma malha
fina garantindo uma boa mistura entre os dois fluidos (enquanto que a bancada de
testes desta dissertação utilizou um misturador em “Y”, sem tela).
Os mesmos resultados de Força Dinâmica apresentados no formato de
amplitude se aproximam da teoria da variação da quantidade de movimento,
apresentada na Equação 6.2 (multiplicada por dois para comparação com as

61
forças dinâmicas pico a pico). No gráfico (b) da Figura 6.1, é possível observar
uma tendência de elevação da amplitude de força dinâmica com a velocidade da
mistura. Ainda assim, para as amostras obtidas com a bancada na horizontal, é
possível identificar a inversão da tendência de aumento da força dinâmica a partir
de velocidades de mistura na ordem de 4m/s, fato coincidente com os resultados
apresentados por Giraudeau [10] para tubos com diâmetro interno de 52 mm.
Para evidenciar a relação entre os resultados experimentais com as Equações
6.1 e 6.2, a Figura 6.2 apresenta o sinal de força ao longo de 100 segundos para o
ensaio realizado na fração volumétrica β de 25% e velocidade de mistura j de
4m/s.

Figura 6.2 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 25%
e velocidade j igual a 4m/s.

As freqüências predominantes geradas no escoamento bifásico na fração


volumétrica β de 25% apresentam grande variação entre as amostras, mas
tendem a se elevar com o aumento da velocidade de escoamento - j. A Figura 6.3
compara as freqüências predominantes das amostras em cinco disposições da
bancada com a curva de tendência das amostras de Riverin [7].

62
Figura 6.3 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 25%.

Especialmente para a fração volumétrica de 25%, a dificuldade na identificação


de uma única freqüência predominante para cada velocidade de escoamento deve
ser atribuída pela ampla faixa de freqüências excitadas, típico de escoamento por
bolhas.
Para frações volumétricas de 50%, os resultados obtidos na bancada se
aproximam da curva de tendência apresentada por Riverin [7]. Neste caso, a
Figura 6.4 (a) apresenta uma clara tendência de aumento da Força Dinâmica (em
rms) em função do aumento da velocidade de escoamento - j. As mesmas forças
dinâmicas, desta vez apresentadas na Figura 6.4(b) na forma de amplitude,
apresentam maior aderência à curva obtida a partir da Equação 6.2.

63
(a) (b)
Figura 6.4 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 50%.

Os resultados apresentados nas Figuras 6.4 foram obtidos em escoamentos


em regime de golfadas para velocidade de mistura entre 2 e 3 m/s e em regime de
bolhas finamente dispersas para velocidades entre 4 e 6 m/s. As amostras obtidas
na velocidade de 8m/s foram descartadas em função da bomba centrífuga não
conseguir vencer a perda de carga imposta por vazões de líquido e de gás na
ordem de 4,3 m3/h (limitando-se a 3,8 e 4,0 m3/h). Para evidenciar a relação entre
os resultados experimentais com as Equações 6.1 e 6.2, a Figura 6.5 apresenta o
sinal de força ao longo de 100 segundos para o ensaio realizado na fração
volumétrica β de 50% e velocidade de mistura j de 2m/s.

Figura 6.5 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 50%
e velocidade j igual a 2m/s.

64
As freqüências predominantes das forças resultantes do escoamento bifásico
apresentaram valores bastante próximos aos obtidos experimentalmente por
Riverin [7]. De fato, para os dois tipos de curva (raio longo e raio curto) e para as
três disposições da bancada (vertical, horizontal e horizontal negativo) avaliados,
observou-se pouca dispersão dos resultados, exceto para os ensaios realizados
na fase de escoamento por bolhas ( j igual a 2 e 3m/s).

Figura 6.6 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 50%.

Comportamento semelhante foi obtido para os ensaios realizados na fração


volumétrica de 75% de ar. As Figuras 6.7 (a) e (b) apresentam as forças
dinâmicas no formato de médias quadráticas – rms, e amplitude pico a pico,
respectivamente. Neste caso, houve uma maior aproximação com a curva de
Riverin [7] para todas as velocidades, entre 2 e 10m/s. Novamente, identificam-se
menores dispersões entre as amostras para todos os arranjos para os ensaios
realizados na região sob o regime de golfadas, entre 2 e 6m/s. Ainda assim, as
amostras realizadas no regime de transição (“churn”) também apresentam

65
dispersão relativamente pequena em relação ao resultados obtidos nas demais
frações volumétricas. Novamente, a partir dos resultados obtidos para a fração
volumétrica de 75% de ar, é possível considerar que a as forças dinâmicas
resultantes do escoamento bifásico podem ser representadas pela Equação 6.2,
como apresentado na Figura 6.5 (b).

(a) (b)
Figura 6.7 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 75%.

Para evidenciar a relação entre os resultados experimentais com as Equações


6.1 e 6.2, a Figura 6.8 apresenta o sinal de força ao longo de 100 segundos para o
ensaio realizado na fração volumétrica β de 75% e velocidade de mistura j de
8m/s.

Figura 6.8 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a 75%
e velocidade j igual a 8m/s.

66
Apesar da coerência das forças dinâmicas com os ensaios realizados por
Riverin [7] para a fração volumétrica de 75%, as freqüências predominantes
associadas a cada velocidade de escoamento foram inferiores às identificadas por
Riverin [7] em tubos com diâmetro interno de 20mm, e bancada construída com
distância entre curvas de 300mm.

Figura 6.9 – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 75%.

O escoamento em frações volumétricas de 95% de ar também apresentou


forças dinâmicas com evidente aumento em função da velocidade de escoamento
da mistura bifásica, como apresentado nas Figuras 6.10 (a) e (b). No entanto,
desta vez os resultados estiveram mais relacionados aos ensaios de Riverin [7] do
que com a Equação 6.2. As forças dinâmicas para a mesma velocidade de
escoamento foram inferiores aos resultados obtidos na fração volumétrica de 75%,
indicando que a influência da variação da quantidade de movimento perde
importância com o aumento da quantidade de gás na mistura.

67
(a) (b)
Figura 6.10 – Forças dinâmicas em (a) RMS (b) Amplitude pico a pico, para razões
volumétricas de gás β de 95%.

Para evidenciar a relação entre os resultados experimentais com as Equações


6.1 e 6.2, a Figura 6.11 apresenta o sinal de força ao longo de 100 segundos para
o ensaio realizado na fração volumétrica β de 75% e velocidade de mistura j de
8m/s.

Figura 6.11 – Visualização das forças dinâmicas (em rms e pico a pico) para β igual a
95% e velocidade j igual a 15m/s.

Da mesma forma que observado para frações volumétricas de 75% de ar, as


freqüências predominantes dos escoamentos em β igual a 95% foram menores do
que aquelas identificadas por Riverin [7], como apresentado na Figura 6.12. Em

68
ambos os casos, atribui-se à diferença a dois principais fatores: maior distância
entre as curvas (300mm na bancada utilizada por Riverin[7] comparada com
565mm para a bancada desta dissertação) e a utilização de misturador com maior
dispersão de bolhas por Riverin.

Figura 6.12. – Freqüências predominantes de forças dinâmicas para β igual a 95%.

Uma forma alternativa de comparação entre os resultados é a utilização de


força adimensionalizada segundo a metodologia proposta por Riverin [9] e
também utilizada por Giraudeau [10] (neste último, os ensaios foram realizados
em tubos com diâmetro interno de 52mm). Neste caso, a força adimensionalizada
é calculada como:

FRMS
FRMS = 2
= C ⋅ We −0, 4 (6.3)
D
ρL ⋅ j ⋅π ⋅
2

4
onde D é o diâmetro interno do tubo, C é uma constante de aproximação e o
número de Weber é definido em função da tensão superficial - σ (considerada
igual a 0,06 N/m, como proposto por Giraudeau [10]), como:
69
ρL j2D
We = (6.4)
σ

A Figura 6.13 apresenta um gráfico com as forças dinâmicas


adimensionalizadas para todos os ensaios realizados (para β entre 25% e 95%), e
compara com a constante C proposta por Giraudeau[10] (C igual a 25, para tubos
de 52mm) e por Riverin [7] (C igual a 10 e 12, para tubos de 20mm). Desta forma,
é possível afirmar que os resultados para β igual a 50% e 75% apresentam boa
correlação com os resultados de Riverin [7], utilizando constante C igual a 12,
resultados também coerentes com os ensaios realizados por Cargnelutti [11] em
tubos com diâmetro interno de 6mm.
De forma geral, considera-se C igual a 25 como um valor coerente para
estimativas de forças dinâmicas em futuros projetos de tubulações submetidas a
escoamentos bifásicos, uma vez que supera os maiores valores de forças
dinâmicas (critério conservativo) para as quatro frações volumétricas ensaiadas.

Figura 6.13 – Freqüências predominantes adimensionalizadas.

70
De forma equivalente aos ensaios de força dinâmica, os espectros de potência
obtidos a partir dos sinais de força no tempo também podem ser
adimensionalizados a partir da massa específica do líquido ρL, da velocidade de
escoamento da mistura j, do diâmetro interno - D, e do número de Weber - We, da
seguinte forma:

Φ j
Φ= ⋅ We 0,8 (6.5)
(ρ L ⋅ j ⋅D
2
)
2 2 D

onde Φ refere-se ao espectro de potência e Φ é o espectro de potência


adimensionalizado. Por sua vez, a freqüência adimensionalizada é obtida por:

f ⋅D
f = (6.6)
j

Desta forma, os espectros adimensionalizados de todos os ensaios realizados


são apresentados nas Figuras 6.14 a 6.17 comparando com as curvas ajustadas a
partir dos resultados apresentados por Giraudeau[10], a partir dos parâmetros
apresentados na Tabela 6.1.

⎧ k1 ⋅ f m1 , f ≤ f0
Φ=⎨ (6.7)
⎩k 2 ⋅ f , f > f0
m2

Tabela 6.1 – Parâmetros das curvas de aproximação dos ensaios de Giraudeau [10].
β [%] f0 Φ( f 0 ) k1 k2 m1 m2

25 0,100 1,30E+03 2,98E+05 0,851 2,37 -3,17


50 0,058 9,30E+03 1,00E+08 0,509 3,26 -3,45
75 0,040 8,10E+03 4,57E+08 0,324 3,40 -3,15
95 0,020 4,60E+02 8,78E+07 0,012 3,11 -2,17

71
(a) (b)
Figura 6.14 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na
horizontal (b), para β = 25%

(a) (b)
Figura 6.15 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na
horizontal (b), para β = 50%

72
(a) (b)
Figura 6.16 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na
horizontal (b), para β =75%.

(a) (b)
Figura 6.17 – Espectros de potência adimensionalizados – tubos na vertical (a) e na
horizontal (b), para β =95%.

73
Novamente, observa-se que as freqüências, desta vez não somente as
freqüências predominantes, mas também todos os espectros dos ensaios
realizados apresentam deslocamento para a esquerda com relação às curvas
apresentadas por Giraudeau [10]. Esta redução das freqüências excitadas pode
ser atribuída à diferença entre as distâncias entre curvas, que no caso dos ensaios
por Giraudeau [10], que utilizou a mesma bancada de Riverin[7] (distância entre
curvas de 300mm).

6.1 – Proposta de metodologia para projetos de tubulações submetidos a


escoamento bifásico

Em novas tubulações industriais que operem com fluidos bifásicos é possível


propor a seguinte metodologia de projeto que contemple a análise dinâmica a
partir dos parâmetros de escoamento definidos no projeto básico:

1. Definir arranjo geral de tubulações e suportes e avaliar tensões por meio de


análise estática das tubulações e acessórios segundo o código de projeto
aplicável à indústria, com atenção especial aos seguintes itens:
1.1. Garantir que as freqüências naturais calculadas por análise
modal sejam superiores a 4Hz, como indicado pela prática
recomendada DNV-RPD101 (item 2.2.7.1);
1.2. Reforçar as derivações de pequeno diâmetro (tipicamente,
menores do que 2 polegadas) instaladas em balanço, com
comprimento superior a 300mm, de forma a evitar movimentos
relativos entre a derivação e a linha principal.
2. Determinar magnitude das forças dinâmicas que serão impostas a
tubulações e acessórios a partir das vazões máximas esperadas para
escoamento de líquido e de gás, e da massa específica de líquido a partir
da seguinte relação:

74
⎧ QL + Qg
⎪⎪ j = Ai
F = ρ L ⋅ j 2 ⋅ Ai , para ⎨ (6.8)
⎪ A = π ⋅ di
2

⎪⎩ i 4

3. Realizar análise dinâmica (harmônica), impondo a força calculada no item


anterior em curvas (e em derivações do tipo Tê a 90º) nas direções
apresentadas na Figura 6.18 e varando as freqüências de excitação de 1 a
10 Hz.

Figura 6.18 – Forças dinâmicas geradas em curvas durante o escoamento bifásico.

4. Avaliar se as tensões dinâmicas ultrapassam o limite de fadiga do material


segundo o código de projeto aplicável à indústria;
5. Verificar se os deslocamentos totais das tubulações provocadas pelas
forças dinâmicas ultrapassam os critérios de projeto aplicáveis à indústria.
6. Dimensionar estrutura dos suportes de tubulações a partir dos esforços
calculados na condição de operação, limitando as flechas máximas em
L/360 (critério AISC) para suportes de peso e guias, e em L/500 para
suportes do tipo trava (para esforços longitudinais).

75
7. Conclusão

Este trabalho apresenta resultados experimentais e analisa a magnitde e


freqüência predominante de forças dinâmicas resultantes de escoamentos
bifásicos, compostos pela mistura de água e ar. Para tal, foram ensaiados
escoamentos em vinte combinações de velocidade de escoamento e frações
volumétricas da mistura para cinco diferentes arranjos de tubulações. Os
resultados obtidos nesta dissertação são comparados a trabalhos realizados por
Riverin [7], Giraudeau [10] e Cargnelutti [11] para as mesmas frações
volumétricas, porém com tubos de diferentes diâmetros internos.
Nos ensaios realizados, foi observado o aumento da amplitude da força
dinâmica com o aumento da velocidade de escoamento para três frações
volumétricas de ar: 50%, 75% e 95%.Os ensaios realizados na fração volumétrica
de 25% apresentaram grandes dispersões entre as amostras, como conseqüência
do escoamento por bolhas dispersas, caracterizado por gerar forças dinâmicas de
baixa amplitude, com ampla faixa de freqüências. Dentre as frações volumétricas
ensaiadas, as maiores amplitudes de força foram observadas em 75% de mistura
de ar, para uma mesma velocidade de escoamento.
Os resultados que apresentaram melhores consistências com outros artigos
publicados foram os realizados sob o regime de golfadas, tipicamente nas frações
volumétricas de 50% e 75%. Neste regime de escoamento, foi possível verificar
que as forças resultantes geradas no escoamento bifásico estão
predominantemente relacionadas à variação da quantidade de movimento de
volumes de líquido escoando através das curvas. A freqüência predominante das
forças dinâmicas geradas pelo escoamento bifásico está relacionada com o
mecanismo de formação de bolhas e dependem da forma como os dois fluidos

76
são misturados. Imagina-se que a distância entre duas curvas adjacentes também
seja contribuinte para as freqüências predominantes das forças geradas pelo
escoamento bifásico.
Em projetos de tubulações industriais com expectativa de escoamento bifásico
de líquido e gás, é razoável considerar que as maiores forças dinâmicas que
deverão ser consideradas em uma análise de tensões sejam as obtidas pelo
cálculo da variação da quantidade de movimento.
Em trabalhos futuros, propõe-se que sejam realizados ensaios com medidores
de vazão não-intrusivos, de forma a reduzir a perda de carga total da bancada, e
permitir atingir maiores velocidades de escoamento. A posição da ancoragem do
transdutor de força também pode ser alterada para a linha de centro da bancada,
entre as duas curvas, para medições diretas da força resultante, reduzindo a
influência de pequenas deformações e rotações dos tubos. Finalmente, a
utilização de curvas pré-fabricadas (ainda que opacas), com dimensões
padronizadas, permitirá menores dispersões entre os resultados.

77
8. Referências Bibliográficas

[1]. Health and Safety Executive - “Report on the Hydrocarbon Release Incident
Investigation Project - 1/4/2000 to 31/3/2001”, Offshore Technology Report
2001/055;

[2]. Nuclear Energy Agency – “OECD/NEA Pipe Failure Data Exchange (OPDE)
Project”, NEA/CSNI/R(2009)19 – 2009;

[3]. Heloui, Igor X. A. “Vibrações e esforços dinâmicos em tubulações induzidos


pelo escoamento bifásico”, Dissertação de Mestrado – Universidade Federal
Fluminense – 2008.

[4]. Blevins, R.D. – “Vortex-induced vibration”, Flow induced vibration, Capítulo 3,


Van Nortrand Reinhold Co., Nova Yorque – 1977;

[5]. Inman, D.J. – “Engineering Vibration”, Pearson Prentice Hall, pp 8, 3th Edition -
2007.

[6]. Caughey, T.K. e O’Kelly, M.E.J., “Classical Normal Modes in Damped Linear
Dynamic Systems”, ASME Journal of Applied Mechanics, Vol 49, pp. 867-870 –
1965.

[7]. Bathe, K.-J. “Finite Element Procedures”, Prentice-Hall, Upper Saddle River,
N.J. – 1996.

78
[8]. Riverin, J.-L. “Vibration Excitation Forces due to Two-Phase Flow in Piping
Elements”, ASME Journal of Pressure Vessel Tecnology, Vol. 129 – 2007.

[9]. Riverin, J.-L. “Fluctuating forces caused by internal two-phase flow on bends
and tees”, Journal of Sound and Vibration, Vol. 298: pp 1088-1098 – 2006.

[10]. Giraudeau, M. J. “Two-phase Flow Excitation Forces on a Vertical U-bend


Tube”. ASME Pressure Vessels & Piping Division Conference, PVP2011-57103 -
2011.

[11]. Cargnelutti, M. F. “Two-phase Flow-Induced Forces on Bends in Small Scale


Tubes”. Journal of Pressure Vessels Technology, Vol. 132 / 041305 – Aug, 2010.

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