Sistemas de Energia EE 421 Unidade 05 2020 1

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Instituto Federal Sul rio-grandense

Escola de Engenharia
Departamento de Engenharia Elétrica

Sistemas de Energia (EE.421)

Unidade 5: Faltas Trifásicas Simétricas

Prof. José Ubirajara Núñez de Nunes

Pelotas, setembro de 2019.


Introdução

❑ Os estudos de faltas visam determinar as tensões nas barras e as correntes nas linhas sob
vários tipos de falta – o valor das correntes de falta são utilizados para a seleção e o ajuste de
relés proteção, levando em consideração os possíveis tipos de falta.

❑ Quando ocorre uma falta em um Sistema Elétrico de Potência (SEP), a corrente que circula é
determinada pelas FEMs internas das máquinas síncronas do sistema, por suas impedâncias e
pelas impedâncias existentes no sistema entre as máquinas e o ponto da falta.

❑ As correntes que circulam em uma máquina síncrona imediatamente após a ocorrência de uma
falta, após alguns ciclos, e o valor de regime permanente diferem consideravelmente devido ao
fluxo que gera a tensão da máquina.

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Transitórios em Circuitos RL Série

Com o intuito de resolver o problema do cálculo da A eq. (2) apresenta duas componentes:
corrente inicial quando o gerador síncrono é curto- ✓ Componente CA (1º termo): é a componente
circuitado, considere uma fonte de tensão sinusoidal sinusoidal de regime permanente.
Vmaxsen(t + ), aplicado a um circuito RL simples no
✓ Componente CC (2º termo): é a componente
instante t = 0, como mostrado na Fig. 1.
transitória (não periódica), que decai
A equação da tensão instantânea para o circuito é: exponencialmente.

di
Vmax sin(t +  ) = Ri + L (1)
dt Fig. 1 Circuito RL série.

A solução desta equação é:


Vmax
i= sin(t +  −  ) − e −( R L )t sin( −  ) 
Z   (2)

onde:
Z = R 2 + ( L) 2  = tan −1 ( L R)

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Transitórios em Circuitos RL Série

Fig. 2 Forma de onda da corrente sem a componente CC.


❑ Análise da corrente no fechamento da chave (t = 0):

❖ Se  −  = 0 ou : a componente CC é nula e a
forma de onda da corrente i para esse caso pode
ser representada na Fig. 2.

❖ Se  −  =  /2: a componente CC tem seu


valor máximo, ou seja, é igual a Vmax/|Z| − nesse
caso, a forma de onda da corrente i para pode
ser representada na Fig. 3. Fig. 3 Forma de onda da corrente com a componente CC.

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

❑ Numa máquina síncrona o fluxo no entreferro é muito maior no instante em que ocorre o
curto-circuito, do que após alguns ciclos – a redução do fluxo é causada pela Força Magneto-
Motriz (FMM) da corrente na armadura, também conhecida como reação da armadura.

❑ Após transcorrido algum tempo, o fluxo no entreferro da máquina síncrona se mantém


constante.

❑ As reatâncias das máquinas síncronas usadas em estudos de curtos-circuitos são as reatâncias


de eixo direto (Xd) – como a resistência é muito menor do que reatância, então a corrente
durante a falta está sempre atrasada de um ângulo de 90°, justificando o uso dessas reatâncias.

❑ As reatâncias de eixo direto são definidas com base no comportamento transitório das
máquinas síncronas, que é dividido em período subtransitório, período transitório e regime
permanente.

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

Fig. 4 Corrente de curto-circuito para um gerador síncrono


a) Período Subtransitório curto-circuitado.

É aquele que abrange os primeiros ciclos após a


incidência da falta.

Supondo que “0c” é o valor máximo da corrente de


curto-circuito no período subtransitório, na Fig. 4, a
reatância subtransitória é obtida por:

Eg Eg
X d = =
0c I  (3)
2

em que:

Eg é o valor absoluto da tensão interna do gerador


em vazio Período Período Regime
Subtransitório Transitório Permanente
I  é a corrente subtransitória sem a componente CC.

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

Fig. 4 Corrente de curto-circuito para um gerador síncrono


b) Período Transitório curto-circuitado.

É aquele que ocorre a partir do período


subtransitório até o regime permanente.

Supondo que “0b” é o valor máximo da corrente de


curto-circuito no período transitório, na Fig. 4, a
reatância transitória é obtida por:

Eg Eg
X d = =
0b I (4)
2

em que:

I é a corrente transitória sem a componente CC.


Período Período Regime
Subtransitório Transitório Permanente

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

Fig. 4 Corrente de curto-circuito para um gerador síncrono


c) Regime Permanente curto-circuitado.

É aquele que ocorre após o período transitório e


caracteriza-se pela condição estável da corrente.

Supondo que “0a” é o valor máximo da corrente de


curto-circuito em regime permanente, na Fig. 4, a
reatância síncrona é obtida por:

Eg Eg
Xd = =
0a I (5)
2

em que:

I é a corrente de regime permanente, em valor


eficaz. Período Período Regime
Subtransitório Transitório Permanente

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

❑ As equações (3)-(5) indicam um método para determinar a corrente de falta num gerador
quando suas reatâncias são conhecidas.

❑ Se o gerador opera sem carga na ocorrência de uma falta, a máquina é representada por uma
tensão em vazio em relação ao neutro em série com a reatância adequada.

❑ Em geral, as reatâncias definidas em (3)-(5) têm as seguintes aplicações:

❖ Para a determinação da corrente inicial de curto-circuito em geradores e motores são


usadas as reatâncias subtransitórias.

❖ Para a determinação de interrupção de disjuntores são usadas as reatâncias subtransitórias


em geradores e as reatâncias transitórias em motores.

❖ Em estudos de estabilidade de máquinas são usadas as reatâncias transitórias.

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Correntes de Curto-Circuito e
Reatâncias de Máquinas Síncronas

❑ Exemplo 1: Dois geradores estão ligados em paralelo ao lado de baixa tensão de um


transformador trifásico Δ−Y, como está mostrado na Fig. 4. O gerador 1 tem para valores
nominais 50 MVA e 13,8 kV. O gerador 2 é de 25 MVA e 13,8 kV. Cada gerador tem uma
reatância subtransitória de 25%. O transformador apresenta como valores nominais 75 MVA e
13,8Δ / 69Y kV, com uma reatância de 10%. Antes da falta, a tensão no lado de alta tensão do
transformador é 66 kV. O transformador está em vazio e não há corrente circulando entre os
geradores. Calcule a corrente subtransitória em cada gerador quando ocorre um curto-circuito
trifásico no lado de alta tensão do transformador.

Fig. 4 Diagrama unifilar


do Exemplo 1.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

Considere um gerador com carga quando ocorre uma falta no sistema,


Fig. 5 Circuitos equivalentes para um gerador
conforme mostrado na Fig. 5: suprindo uma carga trifásica equilibrada:
(a) condição de regime permanente
a) Circuito equivalente em regime permanente (Fig. 5(a)):
(b) período subtransitório da falta.

Eg tensão interna a vazio do gerador

Xs reatância síncrona

Vt tensão nos terminais do gerador

IL corrente de carga (pré-falta)

Zext impedância externa

ZL impedância da carga

VF tensão no ponto da falta (pré-falta)

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

b) Circuito equivalente durante a falta (Fig. 5(b)):


Fig. 5 Circuitos equivalentes para um gerador
✓ A chave aberta simula a condição antes da falta, em que suprindo uma carga trifásica equilibrada:
(a) condição de regime permanente
circula a corrente de carga IL
(b) período subtransitório da falta.
✓ O fechamento da chave simula a corrente de curto-circuito
durante a falta no período subtransitório IF"

✓ A tensão interna subtransitória Eg" e a reatância


subtransitória Xd" da máquina síncrona são assumidas como
sendo constante antes da falta e imediatamente após a
ocorrência da falta, ou seja:

• Eg " = Eg

• Xd " = Xd .

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

Com a chave S aberta, a tensão subtransitória do gerador é igual a:


Fig. 5 Circuitos equivalentes para um gerador
Eg = Vt + jI L X d (6)
suprindo uma carga trifásica equilibrada:
(a) condição de regime permanente

Durante um curto-circuito, o motor síncrono, assim como o gerador (b) período subtransitório da falta.

síncrono, mantém a sua tensão interna constante por alguns ciclos


(devido ao fluxo interno e a inércia de seu rotor), fornecendo corrente
para o sistema, atuando como um gerador.

Num motor, com a chave S aberta, a tensão interna subtransitória é


obtida por:

Em = Vt − jI L X d (7)

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

As equações (6) e (7), desenvolvidas para o período subtransitório,


Fig. 5 Circuitos equivalentes para um gerador
podem ser facilmente estendidas para o período transitório da falta. suprindo uma carga trifásica equilibrada:

Assim, as tensões internas do gerador e do motor no período (a) condição de regime permanente
(b) período subtransitório da falta.
transitório da falta podem ser descritas respectivamente por:

Eg = Vt + jI L X d (8)

Em = Vt − jI L X d (9)

As tensões internas Eg" e Eg' (Em" e Em') são determinadas a partir da


corrente em regime permanente IL e ambas são iguais à tensão em
vazio Eg (Em) apenas quando IL for nula, isto é, quando Eg e Vt (Em e
Vt) são iguais.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

❑ Uma técnica bastante usual para análise de circuitos faltosos é o Princípio da Superposição,
que consiste na decomposição do circuito durante a falta em um circuito pré-falta e um
circuito puramente faltoso, ou seja

circuito durante a falta = circuito pré-falta + circuito puramente faltoso

❑ Uma vez que o circuito faltoso é decomposto, pode ser usado o Teorema de Thévenin para
análise do circuito puramente faltoso:

❖ A rede analisada é reduzida a um circuito equivalente Thévenin, composto por uma fonte
de tensão Vth em série com uma impedância equivalente Zth.

❖ O equivalente Thévenin é conectado ao elemento no ponto da falta a fim de determinar a


corrente de falta.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

❑ Solução de um circuito faltoso usando o Princípio da Superposição:


❖ Circuito durante a falta:

✓ Uma fonte de tensão VF é usada para representar a tensão no ponto da falta no período pré-falta.

✓ Para representar o curto-circuito, é usada uma fonte de tensão em série com VF de mesma
magnitude, porém, defasada de 180° em relação a VF.

❖ Circuito pré-falta:

✓ Anula-se a fonte de tensão defasada de 180° em relação a VF e mantém as demais fontes presentes
no circuito, ou seja, a fonte de tensão VF e as fontes de tensão que representam as tensões internas
de máquinas síncronas.

❖ Circuito puramente faltoso:

✓ Anula-se a fonte de tensão VF e as fontes de tensão que representam as tensões internas de


máquinas síncronas e mantém apenas a fonte de tensão VF a fim de calcular somente as
contribuições de corrente devido a falta.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

A fim de ilustrar a aplicação do Princípio da Superposição, anteriormente


descrito, considere o circuito de um gerador síncrono suprindo uma carga
trifásica equilibrada, mostrado na Fig. 5.

O circuito durante a falta da Fig. 5(b) pode ser representado através do


circuito da Fig. 6(a), em que uma fonte de tensão VF em série com uma fonte
de tensão –VF são usadas para simular o curto-circuito. Por superposição,
este circuito pode ser decomposto em:

✓ Circuito pré-falta, da Fig. 6(b), anulando-se a fonte de tensão –VF e


mantendo-se as fontes de tensão Eg" e VF.

✓ Circuito puramente faltoso, da Fig. 6(c), anulando-se as fontes de


tensão Eg" e VF e mantendo-se apenas fonte de tensão –VF.

Fig. 6 Princípio da Superposição aplicado ao circuito faltoso da Fig. 6: (a) Circuito


durante a falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

O circuito puramente faltoso da Fig. 6(c), obtido por superposição, é usado para a determinação da corrente de
falta sem levar em consideração a corrente de carga pré-falta.

✓ Para este caso, determina-se previamente um circuito equivalente Thévenin, mostrado na Fig. 7:

• Cálculo da fonte de tensão Vth: é igual a tensão no ponto da falta no período pré-falta VF

• Cálculo da impedância Zth: é a impedância equivalente vista do ponto da falta, com todas as fontes de
tensão curto-circuitadas, ou seja:
( jX d + Z ext ) Z L
Z th =
jX d + Z ext + Z L

Fig. 7 Determinação do circuito equivalente Thévenin: (a) Circuito


puramente faltoso; (b) Circuito equivalente Thévenin.

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Tensões Internas de Máquinas com
Carga sob Condições Transitórias

❑ Exemplo 2: Um gerador e um motor síncrono possuem valores nominais de 30 MVA e 13,2


kV e ambos têm reatâncias subtransitórias de 20%. A linha de conexão entre eles apresenta
uma reatância de 10% na base dos valores nominais das máquinas. O motor está consumindo
20 MW com fator de potência 0,8 capacitivo com uma tensão de 12,8 kV em seus terminais,
quando ocorre uma falta trifásica nos seus terminais. Determinar a corrente subtransitória no
gerador, no motor e na falta. Utilize as tensões internas das máquinas.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

❑ A redução de redes através de associações em série e paralelo de impedâncias é ineficiente


para aplicação em sistemas de grande porte.

❑ O método da matriz impedância de barra é um método sistemático para o cálculo de sistemas


equivalentes em redes generalizadas.

❑ Com o auxílio da matriz impedância de barra é possível determinar a corrente de falta bem
como as tensões nas barras do sistema e as correntes nas linhas durante a falta. A aplicação
deste método exige que sejam feitas as seguintes suposições:

❖ Cada máquina síncrona presente no sistema é representada por uma fonte de tensão
constante atrás de uma reatância, que pode ser subtransitória ou transitória.

❖ As linhas de transmissão são representadas por seus modelos de parâmetros concentrados,


ou seja, modelos RL ou modelos .

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Para o entendimento do método considere o sistema


faltoso ilustrado na Fig. 8 e seus circuitos equivalentes
decompostos por Superposição mostrados na Fig. 9.

Fig. 8 Diagrama de impedâncias de um sistema de


potência faltoso.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

O circuito durante a falta mostrado na Fig. 9(a) pode ser


decomposto em:

✓ Circuito pré-falta, da Fig. 9(b), em que a fonte de


tensão –VF é anulada e as fontes de tensão Ega", Egb"
e VF são mantidas.

✓ Circuito puramente faltoso, da Fig. 9(c), em que são


anuladas as fontes de tensão Ega", Egb" e VF e a
fontes de tensão –VF é mantida.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

✓ Análise do circuito pré-falta (Fig. 9(b))

As tensões em todas as barras do sistema no período


pré-falta podem ser representadas na forma vetorial a
seguir:

V = V1 Vn 
T
VF (10)

em que VF representa a tensão no ponto da falta,


antes da ocorrência da falta (período pré-falta).

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

✓ Análise do circuito puramente faltoso (Fig. 9(c))

A contribuição de corrente devido a falta pode ser


calculada através de:

 0  Y11 Y1k Ynk   V1 


    
    
 − I F  = Yk 1 Ykk Ykn   Vk  (11)
    
    
 0  Yn1 Ynk Ynn   Vn 
 

onde:
n
Yii =  yij (12)
j =0
j i

Yij = Y ji = − yij (13)

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

A eq. (11) pode ser representada na forma compacta


por:

 0  Y11 Y1k Y1n   V1 


    
    
 − I F  = Yk 1 Ykk Ykn   Vk 
    
    
 0  Yn1 Ynk  
Ynn   Vn 

I Ybarra V

I = Ybarra V (14)

I é o vetor de injeções de corrente devido a falta

V é o vetor de acréscimo de tensão devido a falta.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Multiplicando-se ambos os lados da eq. (14) pela


inversa da matriz Ybarra é possível determinar V, ou
seja
−1 −1 −1
Ybarra I = Ybarra Ybarra V V = Ybarra I

a qual, também pode ser expressa por:

V = Zbarra I (15)

onde
−1
Zbarra = Ybarra

é a matriz impedância de barras.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

✓ Análise do circuito durante a falta (Fig. 9(a))

Por Superposição, as tensões nas barras do sistema


durante a falta Vf são obtidas através de

V f = V + V (16)

onde V é o vetor das tensões nas barras do sistema


no período pré-falta.

Substituindo-se a eq. (15) na eq. (16), esta última


equação pode ser reescrita por

V f = V + Zbarra I (17)

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Escrevendo-se a eq. (17) em função de seus


elementos
V f = V + Zbarra I

V1 f  V1   Z11 Z1k Z1n   0 


      
      
Vkf  = Vk  +  Z k1 Z kk Z kn   − I F  (18)
      
      
Vnf  Vn   Z n1 Z nk 
Z nn   0 

 

A partir da eq. (18), a tensão na barra k durante a


falta Vkf é determinada por

Vkf = VF − Z kk I F (19)

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Por outro lado, a tensão na barra k durante a falta Vkf


também pode ser determinada em termos dos
elementos presentes no ponto da falta, ou seja

Vkf = Z F I F (20)

Substituindo a eq. (20) na eq. (19), é possível obter-


se a corrente de falta IF", ou seja

Z F I F = VF − Z kk I F ( Z kk + Z F ) I F = VF

VF
I F = (21)
Z kk + Z F

na qual, Zkk é a impedância equivalente de Thévenin


vista da barra k.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Com base na eq. (21) conclui-se que, na ocorrência


de uma falta na barra k é possível obter a impedância
equivalente de Thévenin Zkk a partir da matriz
impedância de barra, ou seja

 Z11 Z1k Z1n 


 
  VF
I F =
Zbarra =  Z k1 Z kk Z kn  Z kk + Z F
 
 
 Z n1 Z nk Z nn 

Para uma falta sólida, a impedância de falta é nula,


ou seja, ZF = 0. Neste caso, a corrente de falta é
chamada corrente de curto-circuito: ICC = VF/Zkk.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Estendendo a eq. (19) para a i-ésima barra do


sistema, a tensão na barra i durante a falta Vif é
calculada por

Vif = Vi − Z ik I F (22)

Vi é a tensão na barra i antes da falta

Zik é a impedância de transferência entre as barras i e k,


obtida da matriz impedância de barra.

Não se deve confundir impedância de transferência Zik


com a impedância de linha zik. A primeira é resultante
da construção da matriz Zbarra enquanto a segunda é a
impedância de linha entre as barras i e k.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

Substituindo-se IF" (eq. (21)) em Vif (eq. (22)), esta


última equação pode ser reescrita por:

Z ik
Vif = Vi − VF (23)
Z kk + Z F

As correntes nas linhas durante a falta são obtidas


através de:

Vif − V jf
I ij − f = (24)
Z ij

Vif , Vjf são as tensões nas barra i e j durante a falta

zij é a impedância de linha entre as barras i e j.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

A corrente fornecida pelos geradores do sistema


durante a falta é calculada por

Eg − Vt
I g = (25)
X g

Eg " é a tensão interna do gerador no período


subtransitório da falta.

Xg " é a reatância do gerador no período


subtransitório da falta.

Vt é a tensão nos terminais do gerador.

Fig. 9 Circuito faltoso da Fig. 8 decomposto em: (a) Circuito durante a


falta; (b) Circuito pré-falta; (c) Circuito puramente faltoso.

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Matriz Impedância de Barra para o
Cálculo de Faltas

❑ Exemplo 3: Um curto-circuito trifásico (ZF = 0) ocorre na barra 4 do circuito dado no


diagrama de impedâncias Fig. 10. Usando o método da matriz impedância de barras, calcule a
corrente de falta, as tensões nas barras e as correntes nas linhas durante a falta. Considere que
as reatâncias dos geradores são as reatâncias subtransitórias. Considere ainda que as tensões
em todas as barras antes da falta são iguais a 1,0 pu.

Fig. 10 Diagrama de impedâncias para o Exemplo 10.

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Potência Aparente de Curto-Circuito

❑ As concessionárias de energia elétrica fornecem aos usuários os dados necessários para


determinação da corrente de falta, de modo a especificar os disjuntores para um planta
industrial ou para um sistema de potência.

❑ Normalmente, os dados fornecidos são a impedância equivalente de Thévenin ou a potência


aparente de curto-circuito no ponto onde se deseja especificar o disjuntores.

A potência aparente de curto-circuito, em MVA, é expressa por:

Scc = 3Vl I cc (26)

Vl é a tensão de linha nominal, em kV

Icc é a corrente de linha de curto-circuito, em kA.

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Potência Aparente de Curto-Circuito

A partir da eq. (21), a impedância equivalente de Isolando Icc na eq. (26) e substituindo na eq. (27),
Thévenin Zth vista do ponto da falta pode ser obtida obtém-se
através de
Scc
Scc = 3Vl I cc I cc =
VF
I F = 3Vl
Z kk + Z F
Vl Vl 3Vl
Z th = Z th =
3I cc 3 Scc
no caso do curto-circuito, ZF = 0

é a impedância equivalente Zth Vl 2


Z th = (28)
Scc

VF VF
I cc = Z th = A impedância de base no local da falta, em Ω, é
Z th I cc
expressa por:
Vl
Mas VF = então: 2
3 Vbase
Vl Z base = (29)
Z th = (27) Sbase
3I cc

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Potência Aparente de Curto-Circuito

Por outro lado, a impedância equivalente de Thévenin Considerando que a tensão de base é a mesma tensão
Zth em pu é obtida através de de linha nominal, ou seja, Vbase = Vl, e isolando a

Z potência de curto-circuito na eq. (31), a mesma pode


Z th = th (30)
Z base ser obtida por

Sbase
na qual Zth e Zbase são expressas em Ω. Scc = (32)
Z th

Substituindo as equações (28) e (29) na eq. (30), a


De forma análoga a eq. (31), a corrente de curto-
impedância Zth em pu pode ser obtida por
circuito em ou pode ser calculada por
Vl 2 Sbase
Z th = I cc =
I base
2
Scc Vbase (33)
Z th

Sbase Vl 2
Z th = 2
(31) em que
Scc Vbase
Sbase
I base = (34)
3Vbase

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