Sistemas de Produção de Soja em Sucessão A Culturas Anuais
Sistemas de Produção de Soja em Sucessão A Culturas Anuais
Sistemas de Produção de Soja em Sucessão A Culturas Anuais
RIO VERDE - GO
2020
ii
RIO VERDE, GO
iii
iv
v
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me dar fé, saúde, força e me guiar nesta jornada e milha família pelo
apoio recebido.
A minha orientadora Prof. Dra Darliane de Castro Santos, por ter aceitado me
orientar e pelo apoio para a realização deste trabalho. Ao professor Tiago do Prado Paim,
que tanto me ajudou com a análise dos dados apresentados neste estudo.
Gostaria de agradecer a pesquisadora da Embrapa Cerrados Dra Cintia Carla
Niva, pela participação na coorientação e pela execução das análises da fauna do solo
apresentadas neste trabalho.
A Jaqueline Balbina Gomes Ferreira, pela sua amizade e pelo seu apoio
incondicional, você é uma criatura linda que Deus colocou no meu caminho. De início
não entendi bem ao certo, mas hoje sei que você faz parte da minha vida simplesmente
porque dividiu comigo todos os momentos. Todas as alegrias, tristezas, ganhos, perdas,
me abraça quando faz falta um abraço e me dá uma dura quando preciso, e em me fazer
acreditar que tudo passaria.
A nossa equipe, as meninas e em especial: Karine Abreu e Stéfany Souza, pois
vocês são extraordinárias, e quero que saibam que foi uma honra trabalhar ao lado de
vocês, agradeço por todas as conquistas que alcançamos juntos, por todas as dificuldades
que conseguimos superar, trabalhar assim e ao lado de pessoas tão maravilhosas,
companheiras e generosas, é um grande privilégio. Vocês são a melhor equipe de trabalho.
Gostaria de agradecer a Suellen Polyana da Silva Cunha Mendes e seu esposo
Leandro Jose Mendes, dizer obrigada, às vezes, não é suficiente para agradecer a tão
amável e gentil pessoa que nos momentos das nossas vidas, aqueles mais difíceis, nos
estende a mão amiga e nos oferece amparo. Estou agradecida a vocês e não sei como
retribuir tanto carinho.
Ao Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano – GAPES e ao grupo
Kompier, pela disponibilidade de equipamentos, infraestrutura e apoio técnico durante
toda a condução do projeto
Aos professores do Programa de Pós-graduação em Agronomia, pelos
ensinamentos e experiências compartilhados que me fizeram uma profissional mais
capacitada.
A CAPES/FAPEG, pela concessão da bolsa de estudos, ao Instituto Federal
Goiano – Campus Rio Verde e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias –
Agronomia, pela oportunidade deste trabalho.
Aos membros da banca de defesa pelas valiosas contribuições.
Muito obrigada
vi
BIOGRAFIA DO AUTOR
Sumário
ÍNDICE DE TABELAS
ÍNDICE DE FIGURAS
RESUMO
FIALHO, ARLINI RODRIGUES. Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO,
fevereiro de 2020. Sistemas de produção de soja em sucessão a culturas anuais de
cobertura. Orientadora: DSc. Darliane de Castro Santos; Coorientadora: DSc. Cintia
Carla Niva; Coorientador: DSc. Gustavo Castoldi.
ABSTRACT
FIALHO, ARLINI RODRIGUES. Instituto Federal Goiano – Campus Rio Verde – GO,
February 2019. Soybean production systems in succession to annual cover crops
Advisor: DSc. Darliane de Castro Santos; Co-Advisor: DSc. Cintia Carla Niva; Co-
Adivisor: DSc. Gustavo Castoldi.
ABSTRACT – The objective of this work was to evaluate soy production systems in
succession to annual cover crops. In the first study, soybean yield was evaluated under
different straw established in succession to annual cover crops in the Brazilian cerrado.
The evaluated treatments were the following straw: Corn monoculture (M_Mn); Corn
intercropped with Urochloa ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monoculture (Brz_Mn);
Sorghum intercropped with U. ruziziensis (S_Brz); Sorghum monoculture (S_Mn); Corn
intercropped with U. brizantha cv. Marandu (M_Bmr); U. brizantha cv. Marandu
monoculture (Bmr_Mn); Corn intercropped with U. brizantha cv. BRS Paiaguás
(M_Bpg); U. brizantha cv. BRS Paiaguás monoculture (Bpg_Mn); Sunflower
intercropped with U. ruziziensis (Gir_Brz); Crotalaria spectabilis (Crot_Mn); Millet; Mix
(Milheto, C. spectabilis and U. ruziziensis), Fallow (Pou), in randomly distributed bands
in the area. In the experiment in Rio Verde-GO for the 1st pod height insertion, there was
a significant effect, highlighting the treatments Brz_Mn, Bmr_Mn and Bpg_Mn with the
highest values. At the same place the highest grain mass was observed in the treatment
with Crot_Mn straw with 181.42g. In the soybean yield there was a significant effect for
treatments, being that the straws of Gir_Brz and Mix and Crot_Mn presented the highest
grain yields with 4823.88, 5124.57 and 5719.70 kg ha -1, respectively. Regarding the grain
yield in Montividiu-GO, the treatment with straw from the plant mix showed the highest
yield (3762.54 kg ha-1). The use of legumes associated or not with grasses as soil cover
plants for the no-tillage system, grown in the off-season, provides higher soybean grain
yields. In the second study, the objective was to evaluate the feeding activity of soil fauna
using the bait-blade method under different straws established by an integrated
production system. The treatments consisted of straw: Monoculture corn (M_Mn); Corn
intercropped with U. ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monoculture (Brz_Mn);
Sorghum intercropped with U. ruziziensis (S_Brz); Sorghum monoculture (S_Mn); with
U. ruziziensis (Gir_Brz), Mix (Milheto, C. spectabilis and U. ruziziensis), Fallow (Pou)
and an area of native vegetation (Cerrado). Significant differences were observed between
treatments, where the highest consumption was observed at a depth of 0.5 cm for the
Cerrado treatment followed by the Mix with 90.27% and 64.58%, respectively. For 1.0
cm depth, greater consumption was verified in the cerrado, Mix, S_Mn, M_Brz and Pou
treatments. The Cerrado showed a higher percentage of food activity than other areas.
1. INTRODUÇÃO GERAL
2. REVISÃO DE LITERATURA
OBJETIVOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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assessment concepts. Ecotoxicology and Environmental Safety 62, 300-308. 2005.
CAPÍTULO I
Abstract – In Brazilian regions where the second harvest is possible, the predominant
production system is the succession between soybean and corn crops. However, in general,
this system generates low amounts of plant residues, which can compromise the viability
of the no-till system (SPD) in the long run. The present work had as objective the soybean
yield under different straw established in succession to the annual cover crops in the
Brazilian cerrado. The study was conducted during the 2018/2019 agricultural year in the
municipalities of Rio Verde-GO and Montividiu-GO. The evaluated treatments consisted
of the following straws: Monoculture corn (M_Mn); Corn intercropped with Urochloa
ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monoculture (Brz_Mn); Sorghum intercropped with
U. ruziziensis (S_Brz); Sorghum monoculture (S_Brz); Corn intercropped with U.
brizantha cv. Marandu (M_Bmr); U. brizantha cv. Marandu monoculture (Bmr_Mn);
Corn intercropped with U. brizantha cv. BRS Paiaguás (M_Bpg); U. brizantha cv. BRS
Paiaguás monoculture (Bpg_Mn); Sunflower intercropped with U. ruziziensis (Gir_Brz);
Crotalaria spectabilis (Crot_Mn); Millet; Mix (Milheto, C. spectabilis and U. ruziziensis),
Fallow (Pou), in randomly distributed bands in the area. The agronomic characteristics of
the soybean evaluated were: plantability, number and height of plants, the 1st pod height
insertion, thousand grains mass and soybean grain yield. In Rio Verde-GO, regarding the
number of plants and height, there were significant differences, with the highest values
obtained in the treatments of the straws of Crot_Mn, Gir_Brz, Mix and M_Brz. For the
1st pod height insertion, there was a significant effect, highlighting the treatments with
the highest heights at Brz_Mn, Bmr_Mn and Bpg_Mn. Regarding the thousand grains
mass, a significant difference was observed with the highest value observed in the
Crot_Mn straw with 181.42g. In the soybean yield in Rio Verde-GO there was a
significant effect for treatments, with the straws of Gir_Brz and Mix and Crot_Mn
presenting the highest grain yields with 4823.88, 5124.57 and 5719.70 kg ha-1,
respectively. Regarding the grain yield in Montividiu-GO, the treatment with the straw
from the plant mix showed the highest yield (3762.54 kg ha-1). The soybean plantability
on the Bpg_Mn and M_Brz biomasses presented a regular result. The use of legumes
associated or not with grasses as soil cover plants for the no-tillage system, grown in the
off-season, provides better soybean crop performance.
Index terms: Consortium, Glycine max (L), Productivity, Coverage Plants, Cultivation
Systems
Introdução
O Brasil no ano de 2018, passou a ser o maior produtor de soja do mundo, com
33% de toda produção mundial (CONAB, 2019). Para o período 2018/19, a oleaginosa
demonstrou crescimento de área plantada de 1,8% em comparação com a safra passada,
correspondendo a semeadura de 35.775,2 mil hectares. O sucesso da produtividade da
soja está relacionado com a inclusão de tecnologias de sistemas de produção, e pode ser
destacado o Sistema de Plantio Direto (SPD), que abrange uma série de processos
tecnológicos de maneira ajustada, que são destinados à exploração de sistemas agrícolas
produtivos (FEBRAPDP, 2019).
27
Mesmo sendo de fundamental importância para a sustentabilidade agrícola, o
SPD e o sistema integrado de produção agropecuária (SIPA) são adotados, em sua
plenitude, pela minoria dos produtores da região do centro-oeste, cuja prática usual é a
semeadura da soja e o milho (“milho safrinha”), havendo assim, a necessidade de
mudança na forma de pensar nas atividades agrícolas, a partir do contexto
socioeconômico, com preocupações ambientais (MANCIN et al., 2009).
Apesar de nos últimos anos a permanência de áreas em pousio no período de
entressafra das culturas comerciais de verão tenha diminuído significativamente, essa
situação ainda é observada em algumas áreas de cultivo. A cobertura vegetal ineficiente
nesse período, deixa o solo mais suscetível à ocorrência de erosão, bem como ao
aparecimento de plantas indesejáveis (CARNEIRO et al., 2009). A cobertura do solo com
palha aumenta a infiltração de água no solo e protege a superfície contra o impacto das
gotas de chuva, reduzindo sensivelmente o processo erosivo, por isso, é fundamental para
a conservação do solo e da água (FRANCHINI et al., 2014).
Há duas famílias principais quando se fala em cobertura vegetal, as leguminosas,
que possuem menor relação C/N, principalmente pela atraente capacidade de fixação
biológica de nitrogênio (FBN) por isso, decompõe-se rapidamente, e as gramíneas que se
destacam pela alta produtividade mesmo em condições adversas (BALBINOT JUNIOR
et al., 2017). De modo geral, é notório o grande potencial que existe com a implantação
de culturas de cobertura nas áreas agrícolas, que permite o aumento de produtividade,
melhora na qualidade do solo e aumenta os lucros com a diversificação de produção
sustentável. Nesse contexto, o objetivo com este trabalho foi o rendimento de soja sob
diferentes palhadas estabelecidas em sucessão às culturas anuais de cobertura no cerrado
brasileiro.
Material e Métodos
a) Área experimental
O estudo foi conduzido durante a safra agrícola de 2018/2019 em dois locais:
município de Rio Verde, GO (17º 47’ 53” latitude e 50º 55’ 41” longitude, altitude de 715
m), em área experimental do GAPES (Grupo Associado de Pesquisa do Sudoeste Goiano)
e o outro local na fazenda Boa Esperança no município de Montividiu, GO (17° 26’ 39”
latitude e 51° 10’ 29” longitude, altitude de 821 m).
Com relação às características físicas do solo em Rio Verde, GO: 52,0 % de areia,
40,5 % de argila e 7,5 % de silte na estação experimental do GAPES com os seguintes
resultados das propriedades químicas do solo: pH (CaCl2) 5; matéria orgânica (MO) 18,7
28
g dm-3; P (mel) 3,2 mg dm-3; H + Al, K, Ca, Mg: 3,6; 0,11; 1,41 e 0,54 cmolc dm-3,
respectivamente; saturação por base 36%.
Na Fazenda Boa Esperança em Montividiu, GO, as características físicas do solo,
têm-se: 75,5 % de areia, 19,5 % de argila e 5 % de silte e os seguintes resultados das
propriedades químicas do solo: pH (CaCl2) 5,4; matéria orgânica (MO) 15,8 g dm-3 ; P
(mel) 22,4 mg dm-3 ; H + Al, K, Ca, Mg: 2,7; 0,09; 1,31 e 0,85 cmolc dm-3,
respectivamente; saturação por base 54%. Adotando os critérios propostos por Köppen
(1931), o clima é classificado como savana tropical com invernos secos e verões chuvosos
(Aw) com média de precipitação anual superior a 1.600 mm (Figura 1 e Figura 2).
350 35
300 30
Precipitação (mm)
Temperatura (°C)
250 25
200 20
150 15
100 10
50 5
0 0
Mês
Figura 1. Dados climáticos mensais de temperatura e precipitação pluviométrica durante o período experimental obtido da Estação
Meteorológica da área experimental do Gapes (Grupo Associado de Produtores do Sudoeste Goiano), localizada no munícipio de Rio
Verde – GO.
Figura 2. Dados climáticos mensais de temperatura e precipitação pluviométrica durante o período experimental extraídos da Estação
Meteorológica da fazenda Boa Esperança, localizada no munícipio de Montividiu – GO.
29
b) Delineamento experimental e tratamentos
Os plantios das culturas anuais de cobertura visando à formação de palhada
foram realizados nos dias 22/02/18 em Montividiu-GO e dia 13/03/2018 na área de Rio
Verde-GO.
Para avaliar as variáveis referentes ao rendimento de grãos da cultura da soja
foram utilizadas faixas alocadas de maneira aleatória dentro da área, uma faixa por
tratamento. Os tratamentos corresponderam ao cultivo da soja sobre as palhadas de:
Milho monocultivo (M_Mn); Milho consorciado com Urochloa ruziziensis (M_Brz) ; U.
ruziziensis monocultivo (Brz_Mn); Sorgo consorciado com U. ruziziensis (S_Brz); Sorgo
monocultivo (S_Mn); Milho consorciado com U. brizantha cv. Marandu (M_Bmr); U.
brizantha cv. Marandu monocultivo (Bmr_Mn); Milho consorciado com U. brizantha cv.
BRS Paiaguás (M_Bpg); U. brizantha cv. BRS Paiaguás monocultivo (Bpg_Mn);
Girassol consorciado com U. ruziziensis (Gir_Brz) ; Crotalaria spectabilis (Crot_Mn );
Milheto; Mix (Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis), Pousio (Pou). No experimento
localizado em Montividiu-GO foram avaliados os mesmos tratamentos, com exceção do
Pousio.
O plantio do milho (cultivar JM 2M77) e o do sorgo (cultivar Atlântica MR 43)
em monocultivo foi realizado por uma semeadora, em que se utilizou a população de
50.000 plantas por hectare para o milho e para o sorgo 130.000 plantas por hectare.
Nos tratamentos com consórcios, foi acoplada uma semeadora a lanço na parte
dianteira do trator e as operações foram realizadas simultaneamente com a cultura
agrícola semeada com semeadora de linhas na parte traseira. Manteve-se a população de
plantas para as culturas agrícolas e adotado 400 pontos de valor cultural de sementes para
as forrageiras. Com relação ao mix foi adotada a taxa de semeadura de 400 pontos de
valor cultural por hectare para a U. ruziziensis, 10 kg de sementes de milheto por hectare
e 10 kg de sementes de Crotalaria spectabilis por hectare. Com relação às espécies de
Urochloa semeadas em monocultivo foram utilizados 800 pontos de valor cultural por
hectare.
Resultados
1.1 Plantabilidade
Constatou-se que, em relação à porcentagem de plantas espaçadas na área
experimental de Rio Verde-GO, os tratamentos Bpg_Mn e M_Brz foram os que
apresentaram a melhor qualidade de semeadura, com 68,2 e 68,5% de aceitáveis, ou seja,
de plantas distribuídas de forma equidistante na linha de semeadura (Tabela 2). Em
relação as áreas com os menores valores de aceitáveis, ou seja, com qualidade inferior de
semeadura, destaca-se o tratamento M_Bpg com 51,8 % de plantas equidistantes na linha
de semeadura. (Tabela 2).
33
Plantabilidade
Sistemas Plantas (m) Plantas Duplas Plantas Falhas Plantas Aceitáveis
(%) (%) (%)
M_Mn 21,2±0,613 22,7 abc 14,9 ab 62,4 abc
Crot_Mn 21,1±0,613 25,3 a 17,0 ab 57,7 abc
Mix 20,9±0,613 20,4 abc 13,5 b 66,1 ab
S_Brz 20,2±0,613 24,9 ab 19,6 ab 55,6 abc
Gir_Brz 20,0±0,613 23,2 abc 17,1 ab 59,7 abc
S_Mn 19,9±0,613 20,4 abc 18,0 ab 61,6 abc
Pou 19,6±0,613 19,1 abc 20,0 ab 60,9 abc
Brz_Mn 19,5±0,708 22,5 abc 23,7 ab 53,9 bc
Bpg_Mn 19,2±0,613 14,4 c 17,4 ab 68,2 a
M_Brz 19,1±0,613 15,1 bc 16,4 ab 68,5 a
Bmr_Mn 19,1±0,613 20,8 abc 20,9 ab 58,3 abc
Milheto 19,1±0,613 19,6 abc 21,3 ab 59,1 abc
M_Bpg 18,2±0,613 24,0 abc 24,2 a 51,8 c
M_Bmr 18,1±0,613 22,0 abc 24,4 a 53,5 bc
Erro Padrão - 1,97 2,05 2,79
Milho em monocultivo - M_Mn, Milho Consorciado com Urochloa ruziziensis - M_Brz, Urochloa. ruziziensis em monocultivo-
Brz_Mn, Sorgo consorciado com Urochloa ruziziensis - S_Brz, Sorgo monocultivo - S_Mn, Milho consorciado com Urochloa
brizantha cv. Marandu - M_Bmr, Urochloa brizantha cv. Marandu - Bmr_Mn, Milho consorciado com Urochloa brizantha cv. BRS
Paiaguás- M_Bpg, Urochloa brizantha cv. BRS Paiaguás - Bpg_Mn, Girassol consorciado com U. ruziziensis - Gir_Brz, Crotalaria
spectabilis - Crot_Mn, Milheto, Mix - (Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis).
Gênero de nematoides
Sistema Helicotylenchus sp. Pratylenchus sp.
3
Solo/100 cm Raiz/10 g Solo/100 cm3 Raiz/10 g
M_Mn 349,50 39,50 9,50 105,50
Pou 174,75 18,75 19,00 48,50
M_Brz 167,75 21,00 3,00 43,00
M_Bpg 113,00 9,50 2,75 15,00
Bmr_Mn 104,25 24,25 6,50 27,25
Brz_Mn 104,25 50,25 15,50 66,00
S_Mn 95,25 42,00 7,50 57,25
Crot_Mn 86,75 11,75 5,75 37,00
S_Brz 86,00 9,75 23,25 58,50
Mix 83,87 4,25 10,50 6,00
M_Bmr 81,50 9,75 3,25 22,75
Milheto 34,75 22,50 4,25 54,00
Gir_Brz 30,75 12,50 4,00 1,75
Bpg_Mn 12,25 0,00 2,75 8,25
Erro Padrão 34,37 12,01 6,29 24,28
Milho em monocultivo - M_Mn, Milho Consorciado com Urochloa ruziziensis - M_Brz, Urochloa. ruziziensis em monocultivo-
Brz_Mn, Sorgo consorciado com Urochloa ruziziensis - S_Brz, Sorgo monocultivo - S_Mn, Milho consorciado com Urochloa
brizantha cv. Marandu - M_Bmr, Urochloa brizantha cv. Marandu - Bmr_Mn, Milho consorciado com Urochloa brizantha cv. BRS
Paiaguás- M_Bpg, Urochloa brizantha cv. BRS Paiaguás - Bpg_Mn, Girassol consorciado com U. ruziziensis - Gir_Brz, Crotalaria
spectabilis - Crot_Mn, Milheto, Mix - (Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis), Pousio – Pou.
Tabela 6. Valores médios de plantas por metro linear, altura de plantas (m), altura
inserção 1ª vagem (m), número de vagens de soja cultivada sob diferentes palhadas.
Fazenda Boa Esperança, Montividiu, GO, (19,5 % de argila), safra agrícola 2018/2019.
Sistemas Plantas N° Vagem Massa de Mil Grãos Rendimento
-1
Final (planta ) (g) (kg ha-1)
Crot_Mn 11,77±0,26 53±5,96 136,52±2,01 3432,46±100,25 ab
Gir_Brz 11,56±0,26 52±5,96 131,33±2,01 2967,13±100,25 c
Mix 11,73±0,26 70±5,96 132,75±2,01 3762,54±104,71 a
M_Brz 11,34±0,26 43±5,96 137,55±2,01 3469,83±100,25 b
Milheto 11,52±0,26 53±5,96 137,90±2,01 3488,08±109,82 ab
Brz_Mn 12,18±0,26 47±5,96 143,60±3,11 3163,29±155,31 ab
M_Mn 11,50±0,27 68±5,96 135,59±2,01 3485,92±109,82 b
Bmr_Mn 10,95±0,27 65±5,96 138,65±2,01 3290,37±115,7 ab
S_Mn 11,34±0,26 57±5,96 140,71±2,01 3208,74±100,25 b
Bpg_Mn 11,77±0,26 48±5,96 139,03±2,01 3134,26±100,25 b
S_Brz 12,04±0,26 57±5,96 139,43±2,01 3291,62±100,25 ab
M_Bpg 10,86±0,28 56±5,96 136,32±2,01 3012,76±104,71 b
M_Bmr 12,19±0,27 51±5,96 137,55±2,01 3697,78±100,25 ab
Milho em monocultivo - M_Mn, Milho Consorciado com Urochloa ruziziensis - M_Brz, Urochloa. ruziziensis em monocultivo-
Brz_Mn, Sorgo consorciado com Urochloa ruziziensis - S_Brz, Sorgo monocultivo - S_Mn, Milho consorciado com Urochloa
brizantha cv. Marandu - M_Bmr, Urochloa brizantha cv. Marandu - Bmr_Mn, Milho consorciado com Urochloa brizantha cv. BRS
Paiaguás- M_Bpg, Urochloa brizantha cv. BRS Paiaguás - Bpg_Mn, Girassol consorciado com U. ruziziensis - Gir_Brz, Crotalaria
spectabilis - Crot_Mn, Milheto, Mix - (Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis).
37
Tabela 7. Valores médios para massa de mil grãos e rendimento de grãos de soja
cultivada sob diferentes palhadas. Área experimental do GAPES, Rio Verde, GO, safra
agrícola 2018/2019.
Discussões
1.1 Plantabilidade
A classificação proposta por Tourino e Klingensteiner (1983) considera uma
semeadura de qualidade aquela que distribui 90 a 100% das sementes na faixa de
espaçamentos aceitáveis (equidistantes) entre plantas; bom desempenho, aquele que varia
de 75 a 90% de aceitáveis; regular, variando de 50 a 75%, e, semeadura de baixa qualidade,
ou insatisfatória, aquela que apresenta distribuição de plantas na linha de semeadura com
38
variabilidade entre plantas, para uma mesma população, abaixo de 50%. De acordo com
essa classificação, a distribuição de plantas de soja na área experimental em Rio Verde-
GO apresentou resultado regular, quanto à distribuição das sementes na linha de
semeadura (Tabela 2). Já em Montividiu-GO este resultado variou de regular a baixa
qualidade (Tabela 3).
Grande quantidade de biomassa sob o solo na época de plantio pode aumentar o
índice de patinagem do trator ao realizar a semeadura, assim como tende a ocorrer
“embuchamento” com a palha acumulada na linha da semeadora (ARATANI et al., 2009).
O que não foi observado “embuchamento” por ocasião do plantio neste estudo, nas
diferentes áreas.
Mesmo não alcançando valores ótimos de plantas aceitáveis (Tabela 2 e 3), a soja
tem capacidade de adaptação às condições, definida como plasticidade (RAMBO et al.,
2003). Ainda se tem resistência dos produtores para adoção do sistema culturas de
cobertura diferentes ao milho sendo um dos entraves são citados por eles a ocorrência de
embuchamento da semeadora, que por sua vez ocasiona menor uniformidade de plantio.
De acordo com Franchini et al. (2015), a época de dessecação também pode influenciar
significativamente a plantabilidade e o desempenho agronômico da soja em sucessão.
A dessecação nas duas áreas estudadas, foram realizadas com 30 dias de intervalo
para a semeadura, esse período mostrou suficiente para promover a dessecação de todas
as plantas das espécies estudadas e eliminar eventuais interferências de quaisquer
sistemas de cultivo avaliados no que se refere à embuchamento.
De maneira geral, em relação ao U. brizantha cv. BRS Paiaguás e da U. ruziziensis
possuíram maior eficiência de plantas aceitáveis (Tabela 2 e 3), ambas apresentam bom
estabelecimento, com boa facilidade de manejo para produção de palhada. Segundo
Brighenti et al. (2011), tende a ter variações entre as espécies de U. decumbens, U.
brizantha e U. ruziziensis, quanto a sensibilidade ao herbicida glyphosate, sendo a U.
ruziziensis a mais susceptível e possibilitando a realização da semeadura com menor
intervalo de tempo após a dessecação.
Por este motivo, os resultados demonstram que eventuais restrições ao uso de U.
brizantha como planta de cobertura não esteja associada a morfologia desta planta
forrageira, mas ao manejo da dessecação (MACHADO e VALLE, 2011). As
características da U. ruziziensis em emitir colmos decumbentes, que enraízam no nó e
cobrem espaços vazios nas entrelinhas, considera essa espécie como uma espécie fácil de
dessecar (FERREIRA et al., 2010). Além disso, o capim-paiaguás apresenta rebrota
39
vigorosa e rápida, colmo finos que acamam com facilidade (MACHADO et al., 2017) e
excelente cobertura do solo (COSTA et al., 2017).
Conclusões
A utilização de leguminosas associadas ou não com gramíneas como plantas de
cobertura do solo para o sistema de plantio direto, cultivadas na safrinha, proporciona
melhor desempenho da cultura de soja.
Agradecimentos
À FAPEG/CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior), pela concessão da bolsa ao 1º autor e ao GAPES (Grupo Associado de Pesquisa
do Sudoeste Goiano) e do Grupo Kompier, na condução do experimento.
Agradecimento ao IF Goiano e ao Programa de Pós-Graduação em Ciências
Agrárias-Agronomia.
Referências
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CAPÍTULO II
Resumo – A diversidade de cultivo e práticas culturais podem ter influência direta sobre
a fauna do solo, uma vez que este fato determina a composição do resíduo orgânico
mantido no sistema. O objetivo desse estudo foi avaliar atividade alimentar da fauna do
solo com o método de bait-lâmina sob diferentes palhadas estabelecidas via sistema
integrado de produção. O trabalho foi realizado no município de Rio Verde, GO, em dois
anos, 2018 e 2019. O delineamento experimental utilizado foi blocos ao acaso com 4
blocos e 3 repetições por tratamento. Os tratamentos corresponderam o cultivo da soja
sobre as diferentes palhadas de: Milho monocultivo (M_Mn); Milho consorciado com
Urochloa ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monocultivo (Brz_Mn); Sorgo consorciado
com U. ruziziensis (S_Brz); Sorgo monocultivo (S_Mn); Girassol consorciado com U.
ruziziensis (Gir_Brz); Mix (Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis), Pousio (Pou) e uma
área de vegetação nativa (Cerrado). Para avaliação da atividade alimentar dos organismos
nos diferentes pontos amostrais, foram utilizadas 72 bait-lâmina por tratamento, inseridas
no solo até 8 cm de profundidade em cada ponto dentro do sistema, as bait-lâmina ficaram
expostas no solo 13 dias. Observou-se diferenças significativas entre os tratamentos, e o
maior consumo foi observado na profundidade de 0,5cm para o tratamento do cerrado
com 90,27% seguido do mix com 64,58%. O Cerrado apresentou maior tendência de
consumo, por ser uma área com predominância de vegetação nativa.
Abstract – The cultivation diversity and cultural practices can have a direct influence on
soil fauna, since this fact determines the organic waste composition maintained in the
system. The objective of this study was to evaluate the feeding activity of soil fauna using
the bait-blade method under different straws established by an integrated production
system. The work was carried out in the municipality of Rio Verde, GO, in two years,
2018 and 2019. The experimental design used was randomized blocks with 4 blocks and
3 repetitions per treatment. The treatments corresponded to the cultivation of soybeans
on the different straws of: monoculture corn (M_Mn); corn intercropped with Urochloa
ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monocultivo (Brz_Mn); Sorghum intercropped with
U. ruziziensis (S_Brz); ); Sunflower intercropped with U. ruziziensis (Gir_Brz); Mix
(Milheto, C. spectabilis and U. ruziziensis), Fallow (Pou) and an area of native vegetation
(Cerrado). To evaluate the food activity of the organisms at the different sample points,
72 blade baits per treatment were used, inserted into the soil up to 8 cm deep at each point
within the system, the blade bait were exposed to the soil for 13 days. Significant
differences were observed between treatments, where the highest consumption was
observed at a depth of 0.5 cm for the Cerrado treatment with 90.27% followed by the mix
with 64.58%. The Cerrado showed a greater consumption trend, as it is an area with a
predominance of native vegetation.
Introdução
As práticas convencionais agrícolas e pecuárias apresentam sinais de “desgaste”
econômico, sociais e/ou ambientais. Na agricultura, os padrões de sucessão soja e milho
e o uso indiscriminado de defensivos, fertilizantes e maquinários agrícolas empregados
para garantir a lucratividade, acarretaram graves consequências para a sociedade e para o
meio ambiente, dando origem e discussões acerca do desenvolvimento de padrões
sustentáveis (BALBINO et al., 2011).
Uma forma de diminuir os impactos da agricultura é a utilização de técnicas
agrícolas mais sustentáveis como os sistemas integrados de produção agropecuário
(SIPA), que são alternativas de manejo que conciliam a manutenção e até mesmo a
elevação da produtividade com maior racionalidade de insumos empregados em uma
mesma área, permitindo sustentabilidade aos sistemas agrícolas (MACEDO, 2009).
É importante a utilização de distintas espécies de plantas de cobertura para que
se possa favorecer a melhor conservação do solo, por proporcionarem quantidade
considerável de matéria orgânica e pela melhoria na estrutura do solo por causa do sistema
radicular agressivo que algumas espécies possuem (Cunha et al., 2011). Além disso,
contribuem para o aumento da produtividade da cultura subsequente e ainda muitas
espécies podem influenciar para que ocorra diminuição de infestação de pragas (Patel e
Dhillon, 2017).
50
As diversidades de cultivo e práticas culturais podem ter influência direta sobre
a fauna do solo, uma vez que este fato determina a composição do resíduo orgânico
mantido na superfície do solo. Distúrbios realizados nos ecossistemas alteram a
distribuição da fauna do solo à medida que alteram a disponibilidade de recurso alimentar,
modificando as interações ecológicas (MOÇO et al., 2010).
Determinados métodos são amplamente conhecidos e utilizados para quantificar
a decomposição nos ecossistemas sob inúmeros impactos, como é o caso dos sacos de
serapilheira ou litter-bags (PODGAISKI e RODRIGUES 2010). Entretanto, outras
metodologias também são eficientes e com muitas vantagens, sendo pouco utilizados e
divulgados, como é o caso do ensaio de bait-lâmina (KRATZ, 1998). O ensaio de bait-
lâmina foi criado por Von Törne (1990) que consisti na maneira de mensurar a atividade
alimentar dos organismos do solo.
Desse modo, considera-se que medidas do consumo alimentar da biota do solo
são indicadoras de taxas de decomposição (REINECKE et al. 2008) e da diversidade
funcional do solo (FIIZEK et al. 2004). Estudos utilizando o ensaio de bait-lâmina em
diversas regiões do mundo e em centros de pesquisas vêm testando principalmente os
impactos oriundos da contaminação química do solo (ANDRÉ, 2009) e de diferentes usos
de sistemas (ROZEN, 2010).
Este trabalho tem a finalidade de relatar o uso pioneiro do ensaio de bait-lâmina
no sudoeste goiano. Desta forma, objetivou avaliar atividade alimentar da fauna do solo
com o método de bait-lâmina em sistemas de produção de soja em sucessão a culturas
anuais de cobertura.
Material e Métodos
Figura 1. Dado climático mensal de temperatura e precipitação pluviométrica (durante o período do experimento em campo
(21/12/2018 e 04/12/2019)), obtido da Estação Meteorológica da área experimental do Gapes (Grupo Associado de Produtores do
Sudoeste Goiano), localizada no munícipio de Rio Verde – GO.
d) Ensaio de bait-lamina
Em cada local de amostragem foram colocadas 72 bait-lâmina, divididas em
quatro bloco com três repetições de 18 lâminas por cada ponto de amostragem. As bait-
lâminas foi preenchida com mistura homogénea de celulose (70%), aveia (27%) e carvão
ativado (3%) conforme a ISO 18311 (2016). Os componentes foram misturados
homogeneamente e agitados com água mineral até forma uma pasta viscosa. Após ser
formado a pasta, ela foi utilizada para o preenchimento dos orifícios (buracos) da lâmina,
preenchendo os lados em vários ciclos até ficarem preenchida por completo (Figura 2).
As tiras foram secas ao ar por pelo menos uma semana antes do uso.
Figura 3. Bait-lâmina inseridas nos locais de estudo: área de Pousio (A-C); palha de Sorgo consorciado
Com Urochloa ruziziensis (B). Arquivo pessoal.
Resultados e Discussões
Prof. Sistema
(cm) Mix S+R S G+R M+R M Pou R Cerrado
0,5 64,58 ab 45,13 b 59,02 b 45,83 b 55,55 b 54,16 b 38,19 b 47,91 b 90,27 a
1 62,50 ab 40,97 b 54,86 ab 45,37 b 50,69 ab 52,77 b 36,11ab 34,72 b 84,72 a
1,5 50,69 b 40,97 b 53,47 b 39,35 b 45,13 b 41,66 b 33,33 b 30,55 b 97,22 a
2 46,52 b 32,63 b 40,27 b 41,24 b 43,75 b 45,83 b 29,16 b 31,94 b 97,22 a
2,5 43,05 b 27,77 b 31,94 b 40,55 b 37,50 b 34,02 b 28,47 b 23,61 b 97,22 a
3 40,27 b 33,33 b 30,55 b 41,93 b 32,63 b 34,72 b 29,16 b 25,69 b 97,22 a
3,5 42,36 b 28,47 b 25,00 b 37,50 b 34,72 b 35,41 b 29,16 b 31,25 b 97,22 a
4 38,19 b 27,08 b 27,08 b 34,76 b 29,86 b 33,33 b 27,08 b 27,77 b 97,22 a
4,5 37,50 b 24,30 b 27,08 b 33,10 b 28,47 b 27,77 b 26,38 b 24,30 b 97,22 a
5 38,19 b 22,22 b 21,52 b 31,06 b 31,25 b 28,47 b 27,77 b 25,69 b 97,22 a
5,5 35,41 b 25,69 b 24,30 b 27,08 b 25,69 b 29,86 b 31,25 b 24,30 b 97,22 a
6 36,80 b 20,13 b 21,52 b 28,70 b 21,52 b 26,38 b 31,25 b 24,30 b 97,22 a
6,5 38,19 b 22,22 b 23,61 b 24,53 b 25,00 b 29,86 b 34,72 b 27,08 b 97,22 a
7 40,27 b 25,69 b 18,05 b 28,93 b 24,30 b 34,02 b 38,88 b 31,94 b 89,58 a
7,5 43,05 b 21,52 b 17,36 b 21,99 b 30,55 b 29,16 b 42,36 b 36,80 b 88,19 a
8 40,27 b 16,66 b 23,61 b 20,37 b 29,86 b 38,88 b 49,30 b 34,72 b 78,47 a
Milho monocultivo (M_Mn); Milho consorciado com Urochloa ruziziensis (M_Brz); U. ruziziensis monocultivo (Brz_Mn); Sorgo
consorciado com U. ruziziensis (S_Brz); Sorgo monocultivo (S_Mn); Girassol consorciado com U. ruziziensis (Gir_Brz); Mix
(Milheto, C. spectabilis e U. ruziziensis), Pousio (Pou) e uma área de vegetação nativa (Cerrado). Prof. – Profundidade. Valores
seguidos pela mesma letra na linha não diferem entre si pelo teste de Tukey (P <0,05).
No sistema de uso do solo, no Cerrado houve maior consumo da fauna do solo nas
diferentes profundidades quando comparado aos outros sistemas de cultivo (Tabela 1). O
maior consumo do cerrado ocorreu por este compartimento ser mais rico em matéria
orgânica e diversidade. A quantidade e qualidade da serapilheira depositada sobre o solo
refletem diretamente na formação de uma camada de matéria orgânica e uma subsequente
modificação do microclima, que resulta em aumento da biomassa, densidade, diversidade
e riqueza de indivíduos do solo (AERTS, 2013).
Segundo Podgaiski et al. (2011), avaliando atividade alimentar dos invertebrados
de solo em Campos do Sul do Brasil, observou taxa de consumo alimentar de 63,2% na
profundidade de 0,5-2 cm. Estes resultados estão próximo, aos valores encontrados na
presente pesquisa. Segundo Ortiz (2015), ao estudar sobre a atividade alimentar da fauna
do solo em diferentes áreas florestais em Três Barras, SC, observou-se que na mata nativa
se obteve maior consumo das iscas no teste bait-lâmina quando comparado com áreas de
Pinus e Araucária, por causa da maior quantidade matéria orgânica no solo.
55
Além disso, pode-se citar o tratamento contendo a palhada do Mix que se torna
uma alternativa interessante. Nesse sistema há melhoria na qualidade do solo,
principalmente, por causa do consórcio triplo (contendo milheto, crotalária e capim). A
inserção de adubos verdes em sistemas de produção, além de permitir aumento do aporte
de nitrogênio no solo via fixação biológica de nitrogênio (FBN), promove efeitos
benéficos na cultura subsequente (KERMAH et al., 2017).
A área de Pousio nas camadas mais superficiais teve menos consumos das iscas,
aumentando este consumo de acordo com a profundidade (Tabela 1). Esse resultado é
justificado, por se tratar de uma área de descanso sem plantio, a única vegetação ao longo
do ano até o plantio da soja, são vegetações nativas e plantas daninhas, ambas não são
capazes de forma cobertura de solo suficiente, por não ter cobertura essa superfície fica
exposta. Nesse cenário, tende a aumentar a temperatura do solo e com isso os organismos
presentes tendem a ir para as camadas mais profundas como escape, podendo essa ser
uma hipótese que explica esses resultados
A maior parte dos organismos que compõem a macrofauna edáfica se encontra na
camada superficial do solo (0 a 10 cm de profundidade), que é a mais afetada pelas
práticas de manejo (BARETTA et al., 2011). O que pode explicar os resultados obtidos
nesta pesquisa (Tabela 1). A agricultura intensiva envolve o uso de grande quantidade de
insumos externos, acarretando alterações importantes na estrutura da comunidade do solo.
Essas alteram a biomassa e a abundância da macrofauna edáfica (MARCHÃO et al.,
2009).
Observações como as de Geissen & Brummer (1999); Filzek et al. (2004);
Römbke et al. (2006); Casabé et al. (2007) e Hamel et al. (2007), verificaram consumo
alimentar gradual decrescente com a profundidade do solo, resultado este que foi
encontrado nesse estudo (Tabela 1). Entretanto, outros trabalhos demonstram que esta
estratificação é dependente do perfil do solo, condições climáticas e de suas comunidades
bióticas (GONGALSKY et al. 2004).
De acordo com Bertol et al. (2004), solos menos submetidos a processos de ações
antrópicas, a exemplo dos solos sob matas e sob cultivos orgânicos, têm porosidade total
superiores aqueles apresentados nos sistemas convencionais de cultivo. Verifica-se,
também, diferença significativa para a porosidade total do solo entre os sistemas de
produção orgânico e convencional.
Conforme Chauvat et al. (2003), a diversidade da estrutura da cobertura vegetal
pode influenciar na variabilidade da distribuição de comunidades edáficos. A fauna do
solo pode ser beneficiada pelo aumento na qualidade e na quantidade de resíduos vegetais
56
que servem de alimento e abrigo para estes organismos edáficos (BARETTA et al. 2003).
A presença das culturas de cobertura diminui as variações de temperatura do solo,
reduzem as perdas por erosão, retêm maior quantidade de água, diminuem a evaporação
e o escoamento superficial, evitam processos erosivos.
Os sistemas alternativos sustentáveis de produção agrícola, baseados em
princípios ecológicos, fornecem alta disponibilidade de matéria orgânica e refúgio, tanto
para micro como macrorganismos, não havendo grandes perturbações provenientes do
manejo intensivo (LUIZÃO e SCHUBART, 1987), além do mais podem até mesmo
favorecer o restabelecimento da fauna e seus mais variados benefícios ao solo (LIMA et
al., 2010). O entendimento da interação entre as propriedades do solo é fundamental para
basear as atividades antrópicas, utilizando-se o ecossistema de forma mais racional para
uma produção agrícola sustentável (SILVA et al., 2011).
Como a implantação do sistema ainda é recente, não foi possível verificar
alterações significativas da atividade alimentar do solo em função dos tratamentos.
Conclusões
O ensaio de bait-lâmina no sudoeste goiano se mostrou eficiente. O Cerrado
apresentou maior tendência de consumo, por ser área com predominância de vegetação
nativa de menor impacto humano. Como a implantação do sistema ainda é recente, não
foi possível verificar alterações nos outros sistemas, por isso, recomenda-se outras
avaliações a longo prazo.
Agradecimentos
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Conclusão Geral