Berman Cid Contemporanea Paisagem

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A MODERNIDADE EM MARSHALL BERMAN E A PRESERVAÇÃO

DAS PAISAGENS CULTURAIS NA CIDADE CONTEMPORÂNEA

MAIA, MARINA de C.T.

1. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Programa de Pós-graduação em Planejamento


Urbano e Regional – PROPUR
R. Comendador Coruja, 314 AP: 303 – Porto Alegre, RS
[email protected]

RESUMO
Este trabalho busca relacionar o conceito de Modernidade de Marshall Berman em Tudo que é sólido
desmancha no ar ao de paisagem cultural, especificamente no que este se refere à preservação do
patrimônio cultural urbano das sociedades contemporâneas. A componente prática da discussão
teórica terá por objeto a cidade de Fortaleza, Ceará. Metrópole contemporânea e periférica, Fortaleza
luta para harmonizar os efeitos da crescente globalização e da expansão urbana à manutenção dos
valores e da identidade de sua comunidade. A “tragédia da burguesia”, descrita por Marx e analisada
por Berman, é inexorável: toda criação do Capitalismo inspira admiração temporária, pois sua
destruição é inevitável. A preservação do patrimônio e das paisagens culturais é uma questão
nevrálgica quando enquadrada nesse pensamento. A tensão entre preservação da memória e
desenvolvimento acirra-se com o processo de globalização, daí a urgência em discuti-la, sob pena de
perder-se o patrimônio cultural contido nas paisagens construídas pelo homem. De Varine (2012)
afirma que o patrimônio só tem razão de ser se incorporado ao desenvolvimento, mas como garantir
integração e preservação, se, no contexto da Modernidade, prevalece a lógica de
destruição/substituição de tudo que é produzido? Fortaleza vive intensamente esse conflito. Seu centro
histórico, por exemplo, sofre processos avançados de descaracterização, gentrificação, além de outras
mazelas comuns às metrópoles contemporâneas, como a epidemia de drogas e a violência urbana.
Investiga-se, assim, a relação desses processos com a Modernidade. Essa reflexão norteia o trabalho
que, embora focado em Fortaleza, é aplicável a outras realidades urbanas com semelhantes
características.
1. Introdução
Este trabalho busca relacionar o conceito de modernidade em Marshall Berman, no livro Tudo
que é sólido desmancha no ar, ao de paisagem cultural, especificamente no que este se refere
à preservação do patrimônio cultural das sociedades contemporâneas. A componente prática
da discussão teórica terá por objeto a cidade de Fortaleza, Ceará. Metrópole contemporânea
e periférica, Fortaleza luta para harmonizar os efeitos da crescente globalização e da
expansão urbana à manutenção dos valores e da identidade de sua comunidade.

Essa reflexão norteia o trabalho e, embora centrada no caso de Fortaleza, pode se aplicar a
outras realidades urbanas com características similares. Dessa maneira, o trabalho está
organizado em quatro partes: um primeiro item onde o serão analisados os diálogos literários
entabulados por Berman com autores diversos considerados como arquetípicos textos
modernos. Dentro desse item, a modernidade do próprio Berman também será discutida no
sentido de demonstrar as várias condicionantes da lógica do capitalismo que impactaram as
sociedades.

Na sequência, o conceito de paisagem cultural e a possibilidade de integração entre políticas


de desenvolvimento urbano e de gestão patrimonial serão discutidos dentro do item
Preservação das paisagens culturais urbanas: conflitos atuais. Busca-se, nesse momento,
refletir sobre as dificuldades conceituais e dificuldades metodológicas enfrentadas na causa
da preservação do patrimônio e das paisagens culturais no contexto da modernidade.

Na terceira parte será apresentado o caso de Fortaleza, cidade essencialmente moderna, cujo
desenvolvimento comercial e social ocorreu tardiamente, quando no contexto europeu, já se
sentiam os efeitos da revolução industrial. Neste caso, a descaracterização e a efemeridade
das manifestações culturais, como será demonstrado, são características intrínsecas da
modernidade própria da cidade.

Nas considerações finais o trabalho, em harmonia com a perspectiva adotada por Berman,
refletirá acerca das consequências destrutivas da modernidade sobre o corpus memorial e
patrimonial das sociedades contemporâneas, no que diz respeito às manifestações materiais
de suas culturas.

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2. A modernidade por Marshall Berman
2.1 Tudo que é sólido desmancha no ar: diálogos literários

Em Tudo que é sólido desmancha no ar, Marshall Berman demonstra a relação dialética entre
“a crescente modernização do meio ambiente – particularmente o meio urbano – e o
desenvolvimento da arte e do pensamento modernistas”. A compreensão associada dessas
duas dimensões da modernidade - a da materialidade e a da espiritualidade, dos valores e do
psicológico humano - é, para Berman, imprescindível para que o homem moderno se
posicione no torvelinho da humanidade pós-feudalismo.

Uma das mais relevantes questões levantadas por Berman é a da efemeridade de todos os
tipos de manifestações e relações entabuladas pelo homem moderno: tudo é criado para que
se desmanche em seguida, de objetos a sentimentos e ideias, tudo se desmancha para que o
sistema continue a funcionar. A “tragédia da burguesia”, descrita por Marx e analisada por
Berman, é inexorável: toda criação do Capitalismo inspira admiração temporária, pois sua
destruição é inevitável.

O instigante diálogo literário promovido por Berman têm como interlocutores alguns dos
representantes cruciais do pensamento moderno. De início, percorre junto ao Fausto de
Goethe o primeiro período posterior à queda do Antigo Regime. A apatia e a angústia iniciais
de Fausto demonstram, diz Berman, a instabilidade social engendrada quando “um sistema
mundial especificamente moderno vem à luz” (BERMAN, 2007, p. 52). Em tal sistema não
existe outra força vital que não o desejo pelo desenvolvimento, pela modernização.

Fausto, arquétipo do herói moderno, personifica a quebra dos grilhões feudais, a traumática
dissolução dos antigos valores e a tragédia do desenvolvimento. Para Berman, a caminhada
de Fausto junto a Mefistófeles, seu romance com Gretchen, sua aventura no mundo de
sexualidade exacerbada, poder e riqueza e o enorme empreendimento de construção do novo
mundo resumem a epopeia da modernização, ou ainda, a corrida pela produção e construção
de uma nova era que, ao destruir barreiras humanas e naturais, solapa o antigo mundo.

Assim, tudo se modifica quando Fausto percebe que tem o poder sobre a força de trabalho
dos homens, ele percebe isto como um dever de criar um novo mundo para o novo homem,
ainda que isso signifique destruir o que existia de melhor no Velho Mundo. Dessa maneira, o
chão de Fausto e do homem moderno é trêmulo, pois estes são obrigados a se desfazer do
passado, das raízes, do antigo e, assim, não possuem razão para continuar no mundo: esta é
a dialética do homem moderno apresentada por Goethe, onde, justamente no ápice da
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mudança de sistema e da vida material, Fausto, o homem moderno, sofre sua derrocada
espiritual.

Identificado o moderno espírito inquiridor em Fausto, Berman analisa, em seguida, a


“verdadeira força e originalidade do materialismo histórico” de Marx, ao captar e reconstruir a
vida moderna. No contexto da ampliação de mercados e do desenvolvimento das redes de
comunicação e transporte, as cidades e populações crescem desmesuradamente e são
apresentadas, no Manifesto Comunista, com imagéticas e explosivas descrições, para
demonstrar a destruição das instituições e de tudo que era conhecido pelo homem. Como no
título que dá nome à obra de Berman, Marx conclui: “tudo que é sólido desmancha no ar”.

Segundo Berman, o desenvolvimento infinito proposto por Marx, “de acordo com o qual tudo
que é sagrado se destrói” no ritmo desenfreado do capitalismo, que a tudo arrasta em
vertiginosa corrente para a desintegração, não se limita aos bens de capital, às obras públicas
ou à economia. Com a mesma velocidade transforma em descartáveis os princípios e
fundamentos do espírito, a criatividade artística, que se traduz em apatia moral e espiritual,
um niilismo que funde as possibilidades humanas em nome da economia burguesa. Nesse
quadro, até o trabalho intelectual está condenado à mercantilização e à produção a partir de
demanda, processo que submete artistas e pensadores à estranha relação de venda da
própria mente.

No terceiro capítulo, quando Berman dialoga com Baudelaire, que a transformação do espaço
moderno, especialmente o público, se evidencia. Ao vivenciar da forma mais próxima possível
as grandes reformas empreendidas pelo Barão Haussmann em Paris, Baudelaire expõe na
sua obra os impactos e rupturas nas tradições e na vida urbana da capital francesa, dentre
eles, a abertura dos bulevares, que permitiam o tráfico fluir em meio às residências
miseráveis, os cafés com suas largas calçadas e o esplendor das luzes a iluminar pobres e
ricos ao mesmo tempo trazendo à luz mazelas urbanas diversas, como a desigualdade
social1.

Em meio a esse turbilhão de novidades e mudanças, o poeta constrói o perfil do novo homem,
o burguês moderno. Exalta seus “grandes feitos” e sua “grande mente” que, brilhante, se
ocupa de frivolidades e “põe de lado as sombrias possibilidades de seus movimentos políticos
e econômicos”. Utilizando-se da mais fina ironia, Baudelaire exalta este homem moderno

1
Questão explícita no poema Os olhos dos pobres, analisado por Berman em Tudo que é Sólido Desmancha no
Ar.

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como herói e direciona seu gênio poético para representar a realidade material da vida
cotidiana dos cafés e da noite de Paris.

Nesse contexto, Baudelaire expressa também a liquidez das relações e de toda manifestação
do homem como característica da vida moderna e aqui também a efemeridade é manifesta.
No entanto, sua contribuição maior, aponta Berman, está no fato de que Baudelaire, ao
concentrar sua visão no “instante em que passa”, ou seja, nos aspectos cotidianos da vida
moderna: “[...] nos mostra algo que nenhum escritor pôde ver com tanta clareza: como a
modernização da cidade simultaneamente inspira a força e a modernização da alma de seus
cidadãos” (BERMAN, 2007, p.177).

Fora do mundo ocidental, Berman empreende diálogo com escritores do modernismo russo:
Alexander Puchkin, Gogol, Dostoievski e outros. Berman interpreta “a Rússia do século XIX
como um arquétipo do emergente Terceiro Mundo do século XX” (BERMAN, p. 206, 2007) e
destaca o fato de que, em apenas duas gerações, tal modernismo produziu uma das maiores
literaturas do mundo, carregada dos “mitos e símbolos mais poderosos e duradouros da
modernidade”.

Entre os aspectos mais importantes desse diálogo destacam-se: a criação da cidade de São
Petersburgo que, projetada e organizada por arquitetos e engenheiros estrangeiros, trouxe
imensuráveis custos humanos para o país; e o Projeto Nevski, transformado por Gogol em
trágico romance. São temas recorrentes: o crescimento da voz política do povo russo, as
agruras dos governos autoritários e, por fim, o ganho das ruas de toda uma população
subdesenvolvida que ansiava pelas “propostas deslumbrantes do mundo moderno”
(BERMAN, 2007, p. 229).

2.2 Modernidade e paisagens culturais urbanas: tensões e oportunidades

Em seu último capítulo o autor insere a si próprio no vórtex moderno e descreve a aventura e
o progresso humanos e a fé no futuro como “os ideais heroicos da idade para a qual [havia]
nascido” (BERMAN, 2007, p. 341). Assim, reporta precisamente sua experiência com a lógica
de destruição/substituição do ambiente em que viveu desde a infância: Nova Iorque.

Traumáticas e representativas das questões da efemeridade e do desenvolvimento, as


grandes obras executadas por Robert Moses em Nova Iorque, particularmente a construção
da rodovia Cross-Bronx, constituem os pontos cruciais desse tema. A obra de Moses,
cinquenta anos depois ainda lança um triste espectro sobre a cidade e seus habitantes, como
a lhes recordar a devastação do seu passado.
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A destruição do coração do seu bairro de infância, o Bronx, causou em Berman a sensação de
que por anos como vivera sobre o canteiro de obras do último ato de Fausto, de Goethe. Diz
ele: “eram quilômetros e quilômetros, até onde a vista pudesse alcançar, a leste e oeste – para
nos maravilharmos ao ver nosso mundo transformado em sublimes ruínas.” (BERMAN, 2007,
p. 342).

A modernidade do automóvel, da velocidade e da “urgência incontrolável” não pedia


autorização de passagem. A sensível narrativa de Berman nos coloca frente a um dilema da
modernidade ainda contemporâneo: a identificação com o progresso nos faz parte intrínseca
dessa dinâmica, completas ferramentas para a consolidação de planos visionários e
destrutivos.

Em Nova Iorque, como em Fortaleza e nas demais cidades contemporâneas, a modernidade


se constrói a partir de condicionantes próprias e locais, no entanto, a característica da
efemeridade parece persistir. A profusão de símbolos e significados urbanos que se criam e
se desmancham continuamente assombra as sociedades contemporâneas e:

[...] com demasiada frequência, o preço da modernidade crescente e em constante


avanço é a destruição não apenas das instituições e ambientes tradicionais e
pré-modernos, mas também – e aqui está a verdadeira tragédia – de tudo o que há
de mais vital e belo no próprio mundo moderno. (BERMAN, 2007, p. 346)

Nessas sociedades contemporâneas, urbanas, globalizadas, surgem questões nevrálgicas


que merecem estudo apurado quando se compreende a modernidade como entabulada por
Berman. A preservação do patrimônio e das paisagens culturais urbanas torna-se ponto de
delicado debate quando compreendida nesse plano de fundo.

A problemática engendra novas e acentuadas tensões no tratamento da causa patrimonial e


leva as organizações internacionais, como a UNESCO, a discutir o assunto com substancial
atenção. É nesse cenário que, em 2011, foram lançadas as Recomendações sobre a
Paisagem Histórica Urbana (HUL), para tratar precisamente das questões conceituais e
metodológicas suscitadas na discussão das paisagens culturalmente construídas,
especificamente no âmbito das cidades.

Destarte, questões como a inserção da arquitetura contemporânea, os impactos urbanos dos


sistemas de mobilidade urbana, a obstrução de visuais, a vulnerabilidade das paisagens aos
impactos de obras públicas de grande porte e a descaracterização de entornos tradicionais
alimentam a discussão e suscitam questionamentos.
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Como preservar algo que é dinâmico? Como harmonizar a preservação do corpus patrimonial
contido nessas paisagens aos ideais da modernidade e às novas tecnologias? São vários e
variados os problemas conceituais e metodológicos a serem enfrentados nesta empreitada e
esse artigo pretende contribuir com uma reflexão para encontrar respostas.

3. Paisagem Cultural, Patrimônio e Modernidade: Conflitos à


Preservação
O interesse pela elucidação de um conceito do conceito de Paisagem Cultural desafia há
décadas a causa patrimonial e há mais tempo às disciplinas que estudam a Paisagem,
especialmente a Geografia. O embrião do conflituoso tema originou-se no movimento
chamado “Geografia Cultural”, idealizado pelo americano Carl Sauer no início do século XX.

A abordagem de Sauer adiciona o caráter simbólico à leitura da paisagem e desvia os olhares


de métodos estritamente vinculados ao determinismo geográfico (ambientalismo). Dentre as
abordagens subsequentes, a Nova Geografia Cultural da década de 80 transformou a
investigação da simbologia da paisagem e dos seus aspectos culturais no principal do
trabalho dos geógrafos (RIBEIRO, 2007, p. 15-16)

Embora seja um conceito primário da Geografia, a Paisagem, aponta Ribeiro, persiste como
um conceito polissêmico. Mas, apesar do universo de interpretações a que dá ensejo, parece
existir um consenso no que toca à Paisagem Cultural, tratada como “fruto do agenciamento do
homem sobre o seu espaço” (RIBEIRO, 2007, p. 9).

No plano político internacional, em 1992 a Organização das Nações Unidas para a educação,
a ciência e a cultura – UNESCO – complementou a Convenção que realizou em 1972 e
adotou 2 a paisagem cultural como “conceito fundamental para enfrentar os desafios da
preservação no mundo moderno” (ALMEIDA In RIBEIRO, 2007, p. 7).

Luís Fernando Almeida, ex-presidente do IPHAN (In RIBEIRO, 2007, p. 7), caracteriza
paisagem cultural pelo convívio entre “a natureza, os espaços construídos e ocupados, os
modos de produção as atividades culturais e sociais numa relação complementar entre si,

2
Sobre o contexto brasileiro: “Em consonância com a Unesco, o Iphan regulamentou a paisagem cultural como
instrumento de preservação do patrimônio cultural brasileiro em 2009, por meio da Portaria nº 127. Como definição,
a chancela de Paisagem Cultural Brasileira é uma porção peculiar do território nacional, representativa do processo
de interação do homem com o meio natural, à qual a vida e a ciência humana imprimiram marcas ou atribuíram
valores. (FONTE: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/899/)

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capaz de estabelecer uma identidade que não possa ser conferida por qualquer um deles
isoladamente” (ALMEIDA In RIBEIRO, 2007, p. 7).

Partindo desta acepção, a relação da paisagem cultural com a memória e a identidade das
sociedades é íntima, o que torna sua posição no processo globalizante e desenvolvimentista
da modernidade intensamente conflituoso. Desse modo, o reconhecimento das paisagens
culturais implica a busca por “caminhos teóricos e metodológicos de abordagem (...) cada vez
mais amplos, envolvendo diversos campos disciplinares e correntes teóricas (...)” (GARZEDIN
2011, pp. 175).

A tensão resultante das relações entre o patrimônio cultural contido nessas paisagens –
incluídos os valores tradicionais e as manifestações imateriais – e o desenvolvimento
característico do sistema capitalista - ou seja, intrínseco à modernidade também - acirra-se,
daí a urgência da discussão, sob pena de consumar-se a perda ou a descaracterização
dessas paisagens. Nesse sentido, em seu livro Raízes do Futuro (2012), Hugues de Varine,
ao definir patrimônio, afirma que este só tem razão de ser se incorporado ao desenvolvimento
das sociedades. Afirma:

O patrimônio (natural e cultural, vivo ou sacralizado) é um recurso local que só


encontra razão de ser em sua integração nas dinâmicas de desenvolvimento. Ele é
herdado, transformado, produzido e transmitido de geração em geração. Ele
pertence ao futuro. (VARINE, 2012, p. 18)

No entanto, como garantir a integração e a preservação ora citadas, se, no contexto moderno
prevalece a lógica de destruição/substituição de tudo que é produzido? Se na dialética da
modernidade proposta por Berman, nada é permanente, o arrasamento e a desintegração são
premissas para o desenvolvimento e proporcionam oportunidades lucrativas (BERMAN, 2007,
p. 118), como encarar a problemática sem adentrar no domínio do passadismo e, ao mesmo
tempo, trabalhar no sentido do tão falado “desenvolvimento sustentável”?

O avanço teórico do tema parece não ter sido acompanhado pela prática da preservação e as
dificuldades inerentes à integração entre políticas de desenvolvimento daí porque a gestão
das paisagens culturais urbanas tornam-se especialmente delicadas de se tratar. Nesse
sentido, Bandarin e Van Oers (2012) atestam que a gestão do patrimônio cultural urbano é um
campo onde a prática se especializou em setores específicos das cidades – leia-se nos
centros históricos apenas – e isolou-se dos demais processos e políticas de desenvolvimento
urbano.

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No caso brasileiro, a questão é ainda mais grave. Notamos, em trabalho anterior, que: “Essa
desconexão mais se evidencia na medida em que se percebe a falta de integração entre a
legislações ambiental e patrimonial, embora formuladas, ambas, nos anos de 1930” (MAIA e
FARIAS, 2015, p. 178). Agregando mais complexidade ao quadro, verifica-se que a realidade
histórica brasileira é composta pela associação entre: (I) a fragilidade do planejamento urbano
e (II) a tardia urbanização da cidade, desvirtuada pela especulação imobiliária e a explosão
demográfica.

Outro sintoma nacional do descompasso metodológico e prático inerente a essa seara de


discussão é a suspensão da chancela da paisagem cultural criada em 2009 pela Portaria N.
127 do IPHAN. O instrumento pretendia funcionar por meio de um pacto entre instâncias e
agentes relacionados ao patrimônio, causas ambientais e as demais relacionadas às
paisagens culturais envolvidas.

Esses agentes deveriam produzir um plano de gestão com ações direcionadas ao tratamento
dessas paisagens. No entanto, foram várias as dificuldades relacionadas à identificação
segura dos procedimentos nas primeiras tentativas de registros de paisagens culturais no
país3, motivo pelo qual levou o IPHAN a suspender a utilização do instrumento.

No item a seguir, a componente prática avaliada é a cidade de Fortaleza, Ceará. Fortaleza


vive intensamente os conflitos descritos previamente. Seu centro histórico, integrado à
paisagem litorânea, sofre processos avançados de descaracterização, gentrificação, além de
outras mazelas comuns às metrópoles contemporâneas, como a epidemia de drogas e a
violência urbana, de maneira que a proteção das paisagens torna-se ponto crítico da causa
patrimonial local.

Destarte, tentar-se-á entender como tais processos se relacionam com a démarche da


modernidade, ao mesmo tempo em que será proposta uma reflexão acerca das possibilidades
de reversão desses e de medidas mitigatórias para tais impactos nas paisagens mais
tradicionais da capital.

3
A primeira tentativa de tombamento de uma paisagem cultural foi proposta pela 11ª SR IPHAN e tinha como alvo
as localidades de Testo Alto e de Rio da Luz no Vale do Itajaí em Santa Catarina. O processo de constituição de um
plano de gestão não aconteceu e muitos conflitos foram identificados com a população local. O caso foi registrado
de maneira sensível através do documentário “Vale tombado” realizado pela produtora Escritório de Cinema.

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4. Fortaleza Imemorial: Modernidade e Descaracterização
A cidade de Fortaleza será observada dentro de sua própria modernidade, com o objetivo de
revelar o avançado processo de descaracterização das paisagens e, sobretudo, denunciar a
perda do patrimônio cultural edificado a que vem se submetendo a capital Alencarina. Esse
estado de desfazimento, de descaracterização e de desapego às tradições provincianas
decorre de sua própria modernidade, em que, como já disse Berman, tudo que é sólido
desmancha no ar. Ao final, abrir-se-á a reflexão para as possibilidades de tratamento da
causa patrimonial ao considerar-se a abordagem da paisagem cultural como ponto nodal
dessa démarche.

O período anterior ao Século XVIII foi, para Fortaleza ou Vila do Forte, sua denominação à
época – essa informação foi colhida nos registros cartográficos (ANDRADE, 2012) - de pouca
ou nenhuma movimentação. Na capitania do Ceará as manifestações econômicas e urbanas
mais representativas, anteriores a esse período acontecem, como mostra Jucá (2007), a partir
da introdução e desenvolvimento da pecuária no sertão do estado.

As cidades de maior relevância até então eram as vilas de Nossa Senhora da Expectação de
Icó e de Santa Cruz do Aracati. A Vila do Forte permanece como um pequeno aglomerado até
meados do século XIX quando a prosperidade do comércio algodoeiro modifica sua situação.

É no contexto (internacional) da Revolução Industrial e, especialmente, da Guerra da


Secessão nos Estados Unidos (1861-1865), que Fortaleza será definitivamente incorporada
ao mapa do comércio mundial como principal porto brasileiro de exportação do algodão.
Desta feita, nota-se que a história urbana da capital cearense inicia-se apenas quando, na
conjuntura europeia, a modernidade já se encontra em seu ápice.

Aponta Berman que, em tal conjuntura os “Estados nacionais [já] despontam e acumulam
grande poder, [...] os trabalhadores da indústria despertam aos poucos para uma espécie de
consciência de classe” (BERMAN, 2007, p. 113) e a burguesia, ressalta em Marx,
“efetivamente realizou aquilo que poetas, artistas e intelectuais modernos apenas sonharam,
em termos de modernidade.” (BERMAN, 2007, p. 115).

Nessa perspectiva, Fortaleza insere-se na grande história da humanidade como pequeno


entreposto comercial pertinente à dinâmica imperialista mundial e com o único objetivo de
atender à obrigação brasileira de colônia periférica e explorada. Após esse primeiro período,
nota-se uma evolução como mostra Andrade:

Lentamente, Fortaleza [iniciou] sua hegemonia econômica, política e administrativa


sobre as outras cidades do Ceará, na primeira metade do século XIX, em torno dos
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anos 1820 – 1830, processo que se completa na segunda metade dos Oitocentos.
(ANDRADE, 2012, p. 58)

Somente a partir disso padrões de produção e apropriação do espaço realmente urbanos


podem ser observados. Diz a professora e pesquisadora Margarida Andrade que a cidade
segue, então, sendo transformada pelas mãos da iniciativa privada desde esse período:

[...] desde a sua eleição como capitania autônoma, a cidade de Fortaleza cresceu
induzida por planos e normas de regulação urbanística elaborados pelo poder
público, mas foi edificada pelas mãos da iniciativa privada. Coube ao poder público
orquestrar o processo de apropriação e produção social dos espaços. (ANDRADE,
2012, p. 23)

É pertinente a observação da pesquisadora em relação ao fato de que, desde então,


loteamentos dirigidos por indivíduos ou grupos comerciais tomaram conta da cidade e
definiram uma espécie de “colcha de retalhos”, característica das áreas de expansão da
malha urbana até a atualidade.

A descaracterização das áreas históricas, normalmente ligada à implantação de novos


equipamentos, novas arquiteturas, é outro elemento presente na metrópole, que já não
apresenta mais que poucos casarios e equipamentos públicos de arquitetura ecléticas, estes
restritos, praticamente, aos bairros do Centro, do Benfica e adjacências.

Exemplo emblemático da efemeridade construtiva na narrativa cearense é o caso da catedral


metropolitana que substituiu a antiga Sé. A antiga catedral, em estilo colonial (ver figura 01),
foi construída em 1854, segundo dados da Arquidiocese de Fortaleza, e demolida em 1938,
não sem antes levantar questionamentos da população que clamava por uma simples
remodelação do edifício (JESUS e CARVALHO, 2015).

A demolição se ocorreu em razão de uma possível rachadura na base da edificação e, para


nossos dias, restaram apenas algumas fotografias da edificação. Em seu lugar, um novo
edifício em estilo “neogótico”, projetado pelo engenheiro francês Georges Mounier, foi
inaugurado em 1978, após quase quarenta anos do início de sua construção (ver figura 02).

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Figura 1 - Fortaleza, Ce. Antiga Sé. FONTE: http://fortalezaemfotos.com.br

Figura 2 - Fortaleza, Ce. Atual Catedral Metropolitana de Fortaleza. FONTE:


http://associadosdoturismo.com.br

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Outro caso que merece ser reportado é mais recente. Trata-se da demolição do casarão que
abrigou por cinco décadas a escola Nossa Senhora da Assunção. A edificação do estilo
bangalô (inspirada no inglês bungalow – ver figura 3) foi destaque das páginas dos jornais da
capital devido ao abandono a que foi relegado e à previsão de demolição em 2013, para dar
lugar a um prédio residencial multifamiliar, como soe acontecer na capital.

Ativistas, arquitetos e acadêmicos se posicionaram contra a “lógica de arrasa-quarteirão”


denunciada pelo Arquiteto e Professor Romeu Duarte em entrevista ao Jornal O POVO em 22
de janeiro de 2013, o que levou a edificação a ser agraciada com tombamento provisório.
Ainda assim, em 5 de abril de 2013, a edificação foi demolida pelos operários da iniciativa
privada que detinha sua posse. Este foi mais um exemplar do diminuto e esparso corpus
patrimonial a ser excluído da paisagem da metrópole.

Figura 3 - Fortaleza, Ce. Edificação estilo “bangalô”, antiga sede do


Colégio Nossa Senhora da Assunção, demolida em 5 de Abril de 2013,
após tombamento provisório. FONTE: http://opovo.com.br

Assim como os objetos arquitetônicos, os sítios históricos urbanos da capital também são
tratados isoladamente, excluídos das políticas de desenvolvimento, fato já relatado por Duarte
(2012). O Sítio Histórico Alagadiço Novo (SHAN) é um exemplo emblemático. Localizado na
região sudeste de Fortaleza, última a ser incorporada à malha urbana da capital, o Sítio foi
local de nascimento do escritor e patrono do romance brasileiro, José de Alencar.

No local encontram-se, ainda hoje, a pequena casa de arquitetura vernacular, onde nasceu
Alencar, as ruínas do primeiro engenho a vapor instalado no local pelo pai do escritor, o

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pavilhão administrativo da Universidade Federal do Ceará (UFC) 4 , assim com uma
exuberante vegetação que inclui espécies centenárias da flora cearense contidas nos 7
hectares de terra urbana que compõem o SHAN (ver figuras 4 a 6).

O Sítio que, de acordo com documentação da 4ª SR/IPHAN, constitui, aproximadamente, um


terço das terras com que o pai de Alencar, foi negligenciado durante os anos. Ladeado por
uma avenida de tráfego intenso (construída e alargada após o reconhecimento e tombamento
da casa de nascimento de Alencar), por loteamentos fechados e por bolsões de favela, o Sítio
sofre continuamente com uma conflituosa dinâmica urbana que o relega à reclusão.

Figura 4 – Fortaleza, Ce. Sítio Histórico Alagadiço Novo: casa de nascimento do


escritor José de Alencar. FONTE: Acervo da 4ª SR/IPHAN

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Os terrenos remanescentes do Sítio Alagadiço Novo foram comprados pela UFC em 1964, por intermédio do
então Presidente Humberto de Castello Branco, parente, por linha materna, de José de Alencar.

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Figura 5 - Fortaleza, Ce. Sítio Histórico Alagadiço Novo: ruínas do 1º engenho a vapor
do Ceará, implantado por José Martiniano de Alencar, pai do escritor José de Alencar.
FONTE: Acervo da 4ª SR/IPHAN

Figura 6 – Fortaleza, Ce. Sítio Histórico Alagadiço Novo: pavilhão administrativo


construído pela UFC em 1964. FONTE: Acervo da 4ª SR/IPHAN

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Seus valores patrimonial, paisagístico e histórico são pouco exaltados e minimamente
usufruídos pela população. O entorno está em efervescente mudança devido a intensas
especulação e verticalização, causadas pelo avanço das classes sociais de mais alta renda
sobre a área. Essas classes se direcionam para a região sudeste da cidade em busca de
novos terrenos para moradia, melhores visuais e locais de serviços (DIÓGENES, 2012). A
presença do SHAN na paisagem local torna-se, então, é mínima, é de quase invisibilidade,
especialmente se se considera sua importância para a história do Ceará.

Percebe-se, portanto, a importância da tese defendida por Andrade (2012): o mercado


controla as relações socioespaciais da cidade e, dessa maneira, é detentor do poder de
controle sobre a (de)formação das paisagens locais. Assim, a modernidade em Fortaleza traz
consigo a particularidade da “moda construtiva”, da desatualização constante ou ainda da
lógica de destruição/substituição de tudo aquilo que é produzido.

5. Considerações Finais

Neste trabalho procurou-se refletir acerca do conceito de modernidade proposto por Marshall
Berman em Tudo que é sólido desmancha no ar e sobre os impactos decorrentes da aplicação
de tal pensamento às questões relacionadas à preservação das paisagens culturais urbanas e
contemporâneas. O caso de Fortaleza foi escolhido para ilustrar esse enquadramento da
modernidade e elaborar um panorama de como vêm sendo tratadas as paisagens urbanas de
uma cidade contemporânea.

Poder-se-ia acreditar que uma cidade que nasce no auge do período moderno e que,
sobretudo, já inicia a produção do que seria seu patrimônio cultural em uma época em que as
discussões de preservação já haviam sido iniciadas, teria condições de ter investido na
salvaguarda de grande parte das manifestações concretas de sua cultura para os dias de
hoje.

No entanto, como visto, o caso de Fortaleza demonstra com ênfase a fundamental


característica da modernidade explicitada por Berman: a efemeridade. Edificações históricas
que, mesmo tombadas, vem abaixo, estilos construtivos que desaparecem, lugares que não
serão sentidos como casa novamente, paisagens que apinham verticalizações e vêem
desvanecer traços tradicionais, tudo isso é o que realmente se pôde detectar neste rápido
estudo.

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Participantes desse redemoinho empreendedor moderno, aceitamos a rápida dissolução de
nossas ambiências e nos fazemos parte intrínseca de tal processo. Frente às novas
tecnologias, à obsolescência, ao desenfreado poder do mercado e das redes de comunicação
que globalizam e destroem o local, frente a tudo isso, valores e manifestações de culturas
periféricas deixam de existir e são consumidos junto à autoestima criativa de cada povo.
Anuentes, “não somos meros espectadores mas participantes ativos no processo de
destruição que lacera nossos corações. Contemos as lágrimas e pisamos fundo no
acelerador.” (BERMAN, 2007, p. 341)

Referências

ANDRADE, M. J. F. de S. Fortaleza em perspectiva histórica: poder público e iniciativa


privada na apropriação e produção material da cidade (1810-1933).Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo – FAUUSP. São Paulo. 2012

BANDARIN, F. e VAN OERS, R. The Historic Urban Landscape – Managing Heritage in na


Urban Century. United Kingdom: Wiley Blackwell. 2014

BERMAN, M. Tudo que é sólido desmancha no ar. Porto Alegre: Companhia das Letras.
2007

DIÓGENES, Beatriz Helena Nogueira. Dinâmicas Urbanas Recentes da Área


Metropolitana de Fortaleza. Tese de doutorado. Universidade de São Paulo. FAUUSP. São
Paulo, 2012.

DUARTE, R. Sítios Históricos Brasileiros: Monumento, Documento, Empreendimento e


Instrumento. O Caso de Sobral – CE. Tese de Doutorado. Universidade de São Paulo –
FAUUSP. São Paulo. 2012.

GARZEDIN, M.A.S. Espaços Livres Urbanos, Paisagem e Memória. In: GOMES Marco A. A.
F; CORREA, E.L. (Org.). Reconceituações Contemporâneas do Patrimônio. Salvador:
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JUCÁ N., C.R. A Urbanização do Ceará Setecentista – As Vilas de Nossa Senhora da


Expectação do Icó e de Santa Cruz do Aracati. Tese de Doutorado. UFBA. 2007

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JESUS, K. N. D. e CARVALHO, I. M. Reflexões sobre a Arquitetura Sacra e Influências
Estilísticas no Ceará e no Piauí. In: Seminário Íbero-americano de Arquitetura e
Documentação, 4, 2015. Anais... Belo Horizonte: IEDS, MACPS, 2015

MAIA, M.C.T. e FARIAS, J. A. O Patrimônio Cultural Tangível na Construção da Cidade


Sustentável. Revista Nacional de Gerenciamento de Cidades, v. 3, n. 16, 2015.

RIBEIRO, R.W. Paisagem Cultural e Patrimônio. Rio de Janeiro: Pesquisa e Documentação


do IPHAN. 2007

DE VARINE, H. As raízes do futuro. O patrimônio a serviço do desenvolvimento. Porto


Alegre: Medianiz, 2012

ASSOCIADOS DO TURISMO. Disponível em:


http://associadosdoturismo.com.br/cidades-turisticas/fortaleza/. Acesso em: 25 ago 2016.

FORTALEZA EM FOTOS. Disponível em:


http://fortalezaemfotos.com.br/2010/11/catedral-de-fortaleza.html. Acesso em: 25 ago 2016.

O POVO ONLINE. Bangalô histórico será demolido. Disponível em:


http://opovo.com.br/app/opovo/fortaleza/2013/01/22/noticiasjornalfortaleza,2992629/bangalo-
historico-sera-demolido.shtml . Acesso em: 25 ago 2016.

O POVO ONLINE. Bangalô azul é demolido mesmo tombado. Disponível em:


http://opovo.com.br/app/fortaleza/2013/04/05/noticiafortaleza,3034163/bangalo-azul-e-demol
ido-mesmo-tombado.shtml . Acesso em: 25 ago 2016.

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