Ufpa 2019 Tecnico em Assuntos Educacionais
Ufpa 2019 Tecnico em Assuntos Educacionais
Ufpa 2019 Tecnico em Assuntos Educacionais
UF-PA
Técnico em Assuntos Educacionais
MA066-19
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Proibida a reprodução, total ou parcialmente, sem autorização prévia expressa por escrito da editora e do autor. Se você
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OBRA
AUTORES
Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco
Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
Legislação - Profª Bruna Pinotti
Conhecimentos Específicos - Profª Ana Maria B. Quiqueto
PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho
Karina Fávaro
DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Danna Silva
Thais Regis
CAPA
Joel Ferreira dos Santos
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[email protected]
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SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Conteúdo do texto: compreensão e interpretação............................................................................................................................... 44
Recursos que estabelecem a coesão no texto ....................................................................................................................................... 44
Relações semântico-discursivas (causa, condição, concessão, conclusão, explicação, inclusão, exclusão, oposição,
etc.) entre ideias no texto e os recursos linguísticos usados em função dessas relações......................................................... 44
Níveis de linguagem (emprego adequado de itens lexicais, considerando os diferentes níveis de linguagem;
sintaxe de regência nominal e verbal, de concordância nominal e verbal, de colocação pronominal, segundo a
norma culta).......................................................................................................................................................................................................... 44
Linguagem denotativa e conotativa........................................................................................................................................................... 63
Fenômenos semânticos: sinonímia, homonímia, antonímia, ambiguidade..................................................................................... 72
Ordem das palavras nas orações: mudança de sentido ocasionada pela inversão; ordem das orações no enunciado:
efeito de sentido (realce) ocasionado pela inversão............................................................................................................................... 81
Discurso direto e indireto ............................................................................................................................................................................... 44
Escrita do texto: ortografia, acentuação gráfica, assinalamento da crase, pontuação............................................................... 44
RACIOCÍNIO LÓGICO
Raciocínio dedutivo................................................................................................................................................................................................ 01
Lógica ......................................................................................................................................................................................................................... 01
Processos de indução .......................................................................................................................................................................................... 01
Raciocínio por analogia ...................................................................................................................................................................................... 01
Inferência ................................................................................................................................................................................................................... 01
Premissas ................................................................................................................................................................................................................... 01
Abdução .................................................................................................................................................................................................................... 01
Falácias ....................................................................................................................................................................................................................... 01
LEGISLAÇÃO
Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civil da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais (Lei
nº 8.112/90 e suas alterações): Título II – Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição; Título III –
Dos Direitos e Vantagens; Título IV – Do Regime Disciplinar; Título V – Do Processo Administrativo Disciplinar............... 01
Código da Ética Profissional do Servidor Público Civil Federal (Decreto nº 1.171 de 22/06/1994)........................................... 29
Lei nº 11.091, de 12/01/2005................................................................................................................................................................................ 40
Decreto nº 5.707, de 23/02/2006........................................................................................................................................................................ 46
Decreto nº 5.825, de 29/06/2006........................................................................................................................................................................ 48
Decreto nº 9.094, de 17/07/2017........................................................................................................................................................................ 51
Decreto nº 9.723, de 11/03/2019......................................................................................................................................................................... 55
SUMÁRIO
LÍNGUA PORTUGUESA
Equivalência e transformação de estruturas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes (gênero, número, grau e
pessoa). Processos de coordenação e subordinação. Colocação pronominal ...................................................................................... 01
Estudo, compreensão e interpretação de Texto: A significação das palavras no texto, conceito, encontros vocálicos,
Dígrafos, Ortoépia, Divisão Silábica, Prosódia-Acentuação; Conteúdo do texto: Relações semântico-discursivas entre
ideias no texto e os recursos linguísticos usados em função dessas relações; Escrita do texto; Modalizações no texto e os
recursos linguísticos usados em função dessas modalizações; Textos: publicitários, jornalísticos, instrucionais, narrativos,
poéticos, epistolares, história em quadrinhos; Linguagem verbal e não verbal ..................................................................................... 44
Fenômenos semânticos: sinonímia, homonímia, antonímia, paronímia, hiponímia, hiperonímia, ambiguidade ..................... 60
Figuras de linguagem: (comparação, metáfora, eufemismo, prosopopeia, onomatopeia, antítese, paradoxo, hipérbole,
perífrase, silepse, hipérbato, metonímia, ironia, sinestesia, aliteração); Figuras e Vícios de Linguagem ....................................... 63
Acentuação ...................................................................................................................................................................................................................... 69
Morfologia (Flexão e Emprego): Substantivo; Adjetivo; Pronome; Artigo; Preposição; Numeral; Advérbio; Interjeição;
Verbo-flexão .................................................................................................................................................................................................................... 71
Substantivo: classificação, flexão, emprego. Adjetivo: classificação, flexão, emprego. Pronome: classificação, emprego,
colocação dos pronomes pessoais oblíquos átonos, formas de tratamento. Verbo: conjugação, flexão, propriedades,
classificação, emprego, correlação dos modos e tempos verbais, vozes. Advérbio: classificação e emprego. Níveis de
linguagem: Linguagem denotativa e linguagem conotativa. Ortografia: Crase/Pontuação/ Ortografia: Dificuldades
ortográficas; Emprego do “s, z, g, j, ss, ç, x, ch” ................................................................................................................................................... 72
Língua portuguesa aplicada à redação de documentos ................................................................................................................................. 81
Regra padrão de concordância nominal e verbal .............................................................................................................................................. 93
Sintaxe: Elementos estruturais das palavras; Formação das palavras; Frase-oração-período; Sujeito: classificação;
Predicado: verbal, nominal e verbo-nominal; Complementos verbais, objeto direto, objeto indireto; Adjuntos
adnominais e adverbiais; Agente da passiva; Vocativo e aposto; Período composto por coordenação; Período composto
por subordinação; Colocação pronominal, pronomes átonos; Figuras de sintaxe; Termos de Oração/ Período Composto/
Conceito e classificação das orações ..................................................................................................................................................................... 104
dica o plural em oposição à ausência de morfema,
EQUIVALÊNCIA E TRANSFORMAÇÃO DE que indica o singular: garoto/garotos; garota/ga-
ESTRUTURAS: FLEXÃO DE SUBSTANTI- rotas; menino/meninos; menina/meninas. No caso
VOS, ADJETIVOS E PRONOMES (GÊNERO, dos nomes terminados em –r e –z, a desinência de
NÚMERO, GRAU E PESSOA). PROCESSOS plural assume a forma -es: mar/mares; revólver/re-
DE COORDENAÇÃO E SUBORDINAÇÃO. vólveres; cruz/cruzes.
COLOCAÇÃO PRONOMINAL. C.2 Desinências verbais: em nossa língua, as desi-
nências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há desinências que indicam o modo e o tempo
(desinências modo-temporais) e outras que indi-
ESTRUTURA DAS PALAVRAS cam o número e a pessoa dos verbos (desinência
número-pessoais):
As palavras podem ser analisadas sob o ponto de vis-
ta de sua estrutura significativa. Para isso, nós as dividi- cant-á-va-mos:
mos em seus menores elementos (partes) possuidores de cant: radical / -á-: vogal temática / -va-: desinência
sentido. A palavra inexplicável, por exemplo, é constituí- modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do in-
da por três elementos significativos: dicativo) / -mos: desinência número-pessoal (caracteriza a
In = elemento indicador de negação primeira pessoa do plural)
Explic – elemento que contém o significado básico da
palavra cant-á-sse-is:
Ável = elemento indicador de possibilidade cant: radical / -á-: vogal temática / -sse-:desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do
Estes elementos formadores da palavra recebem o subjuntivo) / -is: desinência número-pessoal (caracteriza
nome de morfemas. Através da união das informações a segunda pessoa do plural)
contidas nos três morfemas de inexplicável, pode-se en-
tender o significado pleno dessa palavra: “aquilo que não D) Vogal temática
tem possibilidade de ser explicado, que não é possível tor- Entre o radical cant- e as desinências verbais, surge
nar claro”. sempre o morfema –a. Este morfema, que liga o
Morfemas = são as menores unidades significativas radical às desinências, é chamado de vogal temá-
que, reunidas, formam as palavras, dando-lhes sentido. tica. Sua função é ligar-se ao radical, constituindo
o chamado tema. É ao tema (radical + vogal temá-
tica) que se acrescentam as desinências. Tanto os
1. Classificação dos morfemas verbos como os nomes apresentam vogais temá-
ticas. No caso dos verbos, a vogal temática indica
A) Radical, lexema ou semantema – é o elemento as conjugações: -a (da 1.ª conjugação = cantar), -e
portador de significado. É através do radical que (da 2.ª conjugação = escrever) e –i (3.ª conjugação
podemos formar outras palavras comuns a um = partir).
grupo de palavras da mesma família. Exemplo:
pequeno, pequenininho, pequenez. O conjunto de D.1 Vogais temáticas nominais: São -a, -e, e -o,
palavras que se agrupam em torno de um mesmo quando átonas finais, como em mesa, artista, per-
radical denomina-se família de palavras. da, escola, base, combate. Nestes casos, não pode-
B) Afixos – elementos que se juntam ao radical antes ríamos pensar que essas terminações são desinên-
(os prefixos) ou depois (sufixos) dele. Exemplo: cias indicadoras de gênero, pois mesa e escola, por
beleza (sufixo), prever (prefixo), infiel (prefixo). exemplo, não sofrem esse tipo de flexão. É a estas
C) Desinências - Quando se conjuga o verbo amar, vogais temáticas que se liga a desinência indica-
obtêm-se formas como amava, amavas, amava, dora de plural: mesa-s, escola-s, perda-s. Os nomes
amávamos, amáveis, amavam. Estas modificações terminados em vogais tônicas (sofá, café, cipó, ca-
ocorrem à medida que o verbo vai sendo flexio- qui, por exemplo) não apresentam vogal temática.
nado em número (singular e plural) e pessoa (pri-
meira, segunda ou terceira). Também ocorrem se D.2 Vogais temáticas verbais: São -a, -e e -i, que
modificarmos o tempo e o modo do verbo (ama- caracterizam três grupos de verbos a que se dá o
va, amara, amasse, por exemplo). Assim, podemos nome de conjugações. Assim, os verbos cuja vogal
concluir que existem morfemas que indicam as fle- temática é -a pertencem à primeira conjugação;
xões das palavras. Estes morfemas sempre surgem aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à se-
no fim das palavras variáveis e recebem o nome de
LÍNGUA PORTUGUESA
1
Vogais: frutífero, gasômetro, carnívoro.
Consoantes: cafezal, sonolento, friorento.
As palavras compostas podem ou não ter seus elementos ligados por hífen.
Na Língua Portuguesa há muitos processos de formação de palavras. Entre eles, os mais comuns são a derivação, a
composição, a onomatopeia, a abreviação e o hibridismo.
É o processo pelo qual se obtêm palavras novas (derivadas) pela anexação de afixos à palavra primitiva. A derivação
pode ser: prefixal, sufixal e parassintética.
C) Parassintética: a palavra nova é obtida pelo acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo. Por parassíntese formam-
-se principalmente verbos.
En trist ecer
Prefixo radical sufixo
En tard ecer
prefixo radical sufixo
Há dois casos em que a palavra derivada é formada sem que haja a presença de afixos. São eles: a derivação regres-
siva e a derivação imprópria.
2.3. Derivação
• Derivação regressiva: a palavra nova é obtida por redução da palavra primitiva. Ocorre, sobretudo, na formação
de substantivos derivados de verbos.
janta (substantivo) - deriva de jantar (verbo) / pesca (substantivo) – deriva de pescar (verbo)
• Derivação imprópria: a palavra nova (derivada) é obtida pela mudança de categoria gramatical da palavra primi-
tiva. Não ocorre, pois, alteração na forma, mas somente na classe gramatical.
Não entendi o porquê da briga. (o substantivo “porquê” deriva da conjunção porque)
Seu olhar me fascina! (olhar aqui é substantivo, deriva do verbo olhar).
#FicaDica
LÍNGUA PORTUGUESA
2
2.4. Composição a) palavra composta
b) palavra primitiva
Haverá composição quando se juntarem dois ou mais c) palavra derivada
radicais para formar uma nova palavra. Há dois tipos de d) neologismo
composição: justaposição e aglutinação.
A) Justaposição: ocorre quando os elementos que Resposta: Letra C. en + triste + ido (com consoante
formam o composto são postos lado a lado, ou de ligação “c”) = ao radical “triste” foram acrescidos o
seja, justapostos: para-raios, corre-corre, guarda- prefixo “en” e o sufixo “ido”, ou seja, “entristecido” é
-roupa, segunda-feira, girassol. palavra derivada do processo de formação de palavras
B) Composição por aglutinação: ocorre quando os chamado de: prefixação e sufixação. Para o exercício,
elementos que formam o composto aglutinam-se basta “derivada”!
e pelo menos um deles perde sua integridade so-
nora: aguardente (água + ardente), planalto (plano REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
+ alto), pernalta (perna + alta), vinagre (vinho + SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
acre). Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co-
Onomatopeia – é a palavra que procura reproduzir char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. –
certos sons ou ruídos: reco-reco, tique-taque, fom-fom. São Paulo: Saraiva, 2010.
AMARAL, Emília... [et al.] Português: novas palavras: li-
Abreviação – é a redução de palavras até o limite teratura, gramática, redação. – São Paulo: FTD, 2000.
permitido pela compreensão: moto (motocicleta), pneu
(pneumático), metrô (metropolitano), foto (fotografia). SITE
Disponível em: http://www.brasilescola.com/gramati-
Abreviatura: é a redução na grafia de certas palavras, ca/estrutura-e-formacao-de-palavras-i.htm
limitando-as quase sempre à letra inicial ou às letras ini-
ciais: p. ou pág. (para página), Sr. (para senhor).
Classes de palavras
Sigla: é um caso especial de abreviatura, na qual se
Adjetivo
reduzem locuções substantivas próprias às suas letras
iniciais (são as siglas puras) ou sílabas iniciais (siglas im-
É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
puras), que se grafam de duas formas: IBGE, MEC (siglas
tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordan-
puras); DETRAN ou Detran, PETROBRAS ou Petrobras (si-
do com este em gênero e número.
glas impuras). As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
Hibridismo: é a palavra formada com elementos (plural e feminino, pois concordam com “praias”).
oriundos de línguas diferentes: automóvel (auto: grego;
móvel: latim); sociologia (socio: latim; logia: grego); sam- 1. Locução adjetiva
bódromo (samba: dialeto africano; dromo: grego).
Locução = reunião de palavras. Sempre que são ne-
cessárias duas ou mais palavras para falar sobre a mes-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ma coisa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição +
substantivo tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Lo-
cução Adjetiva (expressão que equivale a um adjetivo).
1. (RIOPREVIDÊNCIA – ESPECIALISTA EM PREVIDÊN- Por exemplo: aves da noite (aves noturnas), paixão sem
CIA SOCIAL – SUPERIOR - CEPERJ/2014) A palavra “in- freio (paixão desenfreada).
fraestrutura” é formada pelo seguinte processo: Observe outros exemplos:
a) sufixação
de águia aquilino
b) prefixação
c) parassíntese de aluno discente
d) justaposição de anjo angelical
e) aglutinação
de ano anual
Resposta: Letra B. Infra = prefixo + estrutura – temos
LÍNGUA PORTUGUESA
de aranha aracnídeo
a junção de um prefixo com um radical, portanto: de-
de boi bovino
rivação prefixal (ou prefixação).
de cabelo capilar
2. (SECRETARIA DE ESTADO DE DEFESA SOCIAL/MG – de cabra caprino
AGENTE DE SEGURANÇA SOCIOEDUCATIVO – MÉDIO
de campo campestre ou rural
- IBFC/2014) O vocábulo “entristecido” é um exemplo
de: de chuva pluvial
3
de criança pueril
de dedo digital
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo
de farinha farináceo
de fera ferino
de ferro férreo
de fogo ígneo
de garganta gutural
de gelo glacial
de guerra bélico
de homem viril ou humano
de ilha insular
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial
de sonho onírico
de velho senil
de vento eólico
de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de visão óptico ou ótico
Observação:
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo correspondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª série.
/ O muro de tijolos caiu.
Alagoas alagoano
Amapá amapaense
4
Aracaju aracajuano ou aracajuense
Amazonas amazonense ou baré
Belo Horizonte belo-horizontino
Brasília brasiliense
Cabo Frio cabo-friense
Campinas campineiro ou campinense
Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:
Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos
substantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano,
a moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra
que estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a
palavra cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo.
Ficará, então, invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
5
B) Adjetivo Composto Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois
É aquele formado por dois ou mais elementos. Nor- elementos.
malmente, esses elementos são ligados por hífen. Ape- Pedro é mais grande que pequeno - comparação de
nas o último elemento concorda com o substantivo a que duas qualidades de um mesmo elemento.
se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de In-
Caso um dos elementos que formam o adjetivo com- ferioridade
posto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo Sou menos passivo (do) que tolerante.
composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra “rosa”
é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qua- B) Superlativo
lificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso O superlativo expressa qualidades num grau muito
se ligue a outra palavra por hífen, formará um adjetivo elevado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou rela-
composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo tivo e apresenta as seguintes modalidades:
composto inteiro ficará invariável. Veja:
B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a quali-
Camisas rosa-claro.
dade de um ser é intensificada, sem relação com outros
Ternos rosa-claro.
seres. Apresenta-se nas formas:
Olhos verde-claros.
Calças azul-escuras e camisas verde-mar. Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação: Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
adjetivo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre
invariáveis: roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, Observe alguns superlativos sintéticos:
vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois ele- benéfico - beneficentíssimo
mentos flexionados: crianças surdas-mudas.
bom - boníssimo ou ótimo
8. Grau do Adjetivo comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a in- cruel - crudelíssimo
tensidade da qualidade do ser. São dois os graus do ad- difícil - dificílimo
jetivo: o comparativo e o superlativo.
doce - dulcíssimo
A) Comparativo fácil - facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica
fiel - fidelíssimo
atribuída a dois ou mais seres ou duas ou mais caracte-
rísticas atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser
de igualdade, de superioridade ou de inferioridade. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
ou quão. todas.
De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Su- todas.
perioridade
O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de In- dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
ferioridade antepostos ao adjetivo.
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de duas formas: uma erudita - de origem latina – e outra
superioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São popular - de origem vernácula. A forma erudita é cons-
eles: bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/supe- tituída pelo radical do adjetivo latino + um dos sufixos
rior, grande/maior, baixo/inferior. -íssimo, -imo ou érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo;
a popular é constituída do radical do adjetivo português
Observe que: + o sufixo -íssimo: pobríssimo, agilíssimo.
As formas menor e pior são comparativos de su- Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais
LÍNGUA PORTUGUESA
6
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Maria mora pertinho daqui. (muito perto)
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. A criança levantou cedinho. (muito cedo)
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
2. Classificação dos Advérbios
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ De acordo com a circunstância que exprime, o advér-
morf32.php bio pode ser de:
A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, aco-
Advérbio lá, atrás, além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde,
perto, aí, abaixo, aonde, longe, debaixo, algures, de-
Compare estes exemplos: fronte, nenhures, adentro, afora, alhures, nenhures,
O ônibus chegou. aquém, embaixo, externamente, à distância, à dis-
O ônibus chegou ontem. tância de, de longe, de perto, em cima, à direita, à
esquerda, ao lado, em volta.
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
sentido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente,
tempo, de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e antes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora,
do próprio advérbio. sempre, já, enfim, afinal, amiúde, breve, constan-
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei temente, entrementes, imediatamente, primeira-
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio mente, provisoriamente, sucessivamente, às vezes,
(bem) à tarde, à noite, de manhã, de repente, de vez em
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um ad- quando, de quando em quando, a qualquer mo-
jetivo (claros) mento, de tempos em tempos, em breve, hoje em
dia.
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acres- C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, de-
centar ideia de: pressa, acinte, debalde, devagar, às pressas, às cla-
Tempo: Ela chegou tarde. ras, às cegas, à toa, à vontade, às escondidas, aos
Lugar: Ele mora aqui. poucos, desse jeito, desse modo, dessa maneira, em
Modo: Eles agiram mal. geral, frente a frente, lado a lado, a pé, de cor, em
Negação: Ela não saiu de casa. vão e a maior parte dos que terminam em “-men-
Dúvida: Talvez ele volte. te”: calmamente, tristemente, propositadamente,
pacientemente, amorosamente, docemente, escan-
1. Flexão do Advérbio dalosamente, bondosamente, generosamente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apre- efetivamente, certo, decididamente, deveras, indu-
sentam variação em gênero e número. Alguns advérbios, bitavelmente.
porém, admitem a variação em grau. Observe: E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum,
A) Grau Comparativo de forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, pro-
modo que o comparativo do adjetivo: vavelmente, quiçá, talvez, casualmente, por certo,
de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): quem sabe.
Renato fala tão alto quanto João. G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em ex-
de inferioridade: menos + advérbio + que (do cesso, bastante, mais, menos, demasiado, quanto,
que): Renato fala menos alto do que João. quão, tanto, assaz, que (equivale a quão), tudo,
de superioridade: nada, todo, quase, de todo, de muito, por completo,
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato extremamente, intensamente, grandemente, bem
fala mais alto do que João. (quando aplicado a propriedades graduáveis).
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, so-
fala melhor que João. mente, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo:
Brando, o vento apenas move a copa das árvores.
B) Grau Superlativo I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, tam-
O superlativo pode ser analítico ou sintético: bém. Por exemplo: O indivíduo também amadurece
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Re- durante a adolescência.
nato fala muito alto. J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por
exemplo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer
LÍNGUA PORTUGUESA
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Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, Chegou muito cedo. (advérbio)
em geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu Joana é muito bela. (adjetivo)
calma e respeitosamente. De repente correram para a rua. (verbo)
Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem apare- Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
cer como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advér-
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro bio: Cheguei primeiro.
advérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
e sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
#FicaDica bio. Exemplo:
Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
Como saber se a palavra bastante é advérbio verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefi- Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para dade e de tempo, respectivamente.
substituir o “bastante” por “muito”, estamos
diante de um advérbio; se der para substituir REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja: Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Paulo: Saraiva, 2010.
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
(estudei muitos capítulos) = pronome indefinido ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Quando voltas? Pergunto quando voltas. A) Artigos definidos – São usados para indicar se-
res determinados, expressos de forma individual: O
5. Locução Adverbial concurseiro estuda muito. Os concurseiros estudam
muito.
Quando há duas ou mais palavras que exercem fun- B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
ção de advérbio, temos a locução adverbial, que pode modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprova-
expressar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordi- da! Umas candidatas foram aprovadas!
nariamente por uma preposição. Veja:
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
para dentro, por aqui, etc.
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc. Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do
LÍNGUA PORTUGUESA
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, numeral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal con-
em geral, frente a frente, etc. teúdo.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
hoje em dia, nunca mais, etc. admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
Janeiro, Veneza, A Bahia...
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, Quando indicado no singular, o artigo definido pode
o adjetivo e outro advérbio: indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
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No caso de nomes próprios personativos, denotando A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
a ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso
do artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O 1. Morfossintaxe da Conjunção
Pedro é o xodó da família.
No caso de os nomes próprios personativos estarem As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
no plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
os Incas, Os Astecas...
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) 2. Classificação da Conjunção
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. De acordo com o tipo de relação que estabelecem,
as conjunções podem ser classificadas em coordenati-
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda) vas e subordinativas. No primeiro caso, os elementos
Toda classe possui alunos interessados e desinteressa- ligados pela conjunção podem ser isolados um do outro.
dos. (qualquer classe) Esse isolamento, no entanto, não acarreta perda da uni-
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa- dade de sentido que cada um dos elementos possui. Já
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. no segundo caso, cada um dos elementos ligados pela
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma conjunção depende da existência do outro. Veja:
ideia de aproximação numérica: O máximo que ele deve Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
ter é uns vinte anos. Podemos separá-las por ponto:
O artigo também é usado para substantivar palavras Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o por-
quê de tudo isso. / O bem vence o mal. Temos acima um exemplo de conjunção (e, conse-
quentemente, orações coordenadas) coordenativa –
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser “mas”. Já em:
Espero que eu seja aprovada no concurso!
usado:
Não conseguimos separar uma oração da outra, pois
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas
a segunda “completa” o sentido da primeira (da oração
conhecidas: O professor visitará Roma.
principal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período te-
mos uma oração subordinada substantiva objetiva direta
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre-
(ela exerce a função de objeto direto do verbo da oração
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a
principal).
bela Roma.
3. Conjunções Coordenativas
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria
sairá agora? São aquelas que ligam orações de sentido completo
Exceção: O senhor vai à festa? e independente ou termos da oração que têm a mesma
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse função gramatical. Subdividem-se em:
é o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o can- A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
didato cuja nota foi a mais alta. ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
não), não só... mas também, não só... como também,
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS bem como, não só... mas ainda.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- A sua pesquisa é clara e objetiva.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Não só dança, mas também canta.
Paulo: Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras,
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SAC- expressando ideia de contraste ou compensação.
CONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. São elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto,
30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. no entanto, não obstante.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expres-
sando ideia de alternância ou escolha, indicando
SITE fatos que se realizam separadamente. São elas: ou,
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm ou... ou, ora... ora, já... já, quer... quer, seja... seja, tal-
vez... talvez.
LÍNGUA PORTUGUESA
Além da preposição, há outra palavra também inva- D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração
riável que, na frase, é usada como elemento de ligação: que expressa ideia de conclusão ou consequência.
a conjunção. Ela serve para ligar duas orações ou duas São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
palavras de mesma função em uma oração: conseguinte, por isso, assim.
O concurso será realizado nas cidades de Campinas e Marta estava bem preparada para o teste, portanto
São Paulo. não ficou nervosa.
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Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão.
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração que a explica, que justifica a ideia nela contida. São elas: que,
porque, pois (antes do verbo), porquanto.
Não demore, que o filme já vai começar.
Falei muito, pois não gosto do silêncio!
4. Conjunções Subordinativas
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas dependente da outra. A oração dependente, introduzida
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de oração subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado
quando ela chegou.
O baile já tinha começado: oração principal
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal)
ela chegou: oração subordinada
Integrantes - Indicam que a oração subordinada por elas introduzida completa ou integra o sentido da principal.
Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: que, se.
Quero que você volte. (Quero sua volta)
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exerce a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com
a circunstância que expressam, classificam-se em:
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, como (=
porque, no início da frase), pois que, visto que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc.
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impedir sua
realização. São elas: embora, ainda que, apesar de que, se bem que, mesmo que, por mais que, posto que, conquan-
to, etc.
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a hipótese ou a condição para ocorrência da principal. São
elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Se precisar de minha ajuda, telefone-me.
#FicaDica
Você deve ter percebido que a conjunção condicional “se” também é conjunção integrante. A diferença
é clara ao ler as orações que são introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia da condição para que re-
cebamos um telefonema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não sei se farei o concurso. Não há ideia
de condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da oração principal (sei) pede complemento (objeto direto,
já que “quem não sabe, não sabe algo”). Portanto, a oração em destaque exerce a função de objeto direto
da oração principal, sendo classificada como oração subordinada substantiva objetiva direta.
D) Conformativas: introduzem uma oração que exprime a conformidade de um fato com outro. São elas: conforme,
como (= conforme), segundo, consoante, etc.
O passeio ocorreu como havíamos planejado.
E) Finais: introduzem uma oração que expressa a finalidade ou o objetivo com que se realiza a oração principal. São
elas: para que, a fim de que, que, porque (= para que), que, etc.
Toque o sinal para que todos entrem no salão.
LÍNGUA PORTUGUESA
F) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa um fato relacionado proporcionalmente à ocorrência do
expresso na principal. São elas: à medida que, à proporção que, ao passo que e as combinações quanto mais...
(mais), quanto menos... (menos), quanto menos... (mais), quanto menos... (menos), etc.
O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.
Observação:
São incorretas as locuções proporcionais à medida em que, na medida que e na medida em que.
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G) Temporais: introduzem uma oração que acrescen- Psiu!
ta uma circunstância de tempo ao fato expresso na contexto: alguém pronunciando esta expressão na
oração principal. São elas: quando, enquanto, antes rua; significado da interjeição (sugestão): “Estou te cha-
que, depois que, logo que, todas as vezes que, desde mando! Ei, espere!”
que, sempre que, assim que, agora que, mal (= as-
sim que), etc. Psiu!
A briga começou assim que saímos da festa. contexto: alguém pronunciando em um hospital; sig-
H) Comparativas: introduzem uma oração que ex- nificado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silên-
pressa ideia de comparação com referência à ora- cio!”
ção principal. São elas: como, assim como, tal como,
como se, (tão)... como, tanto como, tanto quanto, do Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
que, quanto, tal, qual, tal qual, que nem, que (com- puxa: interjeição; tom da fala: euforia
binado com menos ou mais), etc.
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
I) Consecutivas: introduzem uma oração que expres-
As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
sa a consequência da principal. São elas: de sorte
que, de modo que, sem que (= que não), de forma
que, de jeito que, que (tendo como antecedente na A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo ale-
oração principal uma palavra como tal, tão, cada, gria, tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interes-
tanto, tamanho), etc. sante!
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
exame. nha frente.
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! Viva! Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me,
hum: expressão de um pensamento súbito = inter- Deus!
jeição Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
O significado das interjeições está vinculado à ma-
neira como elas são proferidas. O tom da fala é que dita Saiba que:
o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
em que for utilizada. Exemplos: frem variação em gênero, número e grau como os no-
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mes, nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e palavras consideradas numerais porque denotam quan-
voz como os verbos. No entanto, em uso específico, al- tidade, proporção ou ordenação. São alguns exemplos:
gumas interjeições sofrem variação em grau. Não se trata década, dúzia, par, ambos(as), novena.
de um processo natural desta classe de palavra, mas tão
só uma variação que a linguagem afetiva permite. Exem- 1. Classificação dos Numerais
plos: oizinho, bravíssimo, até loguinho.
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determi-
2. Locução Interjetiva nada de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns car-
dinais têm sentido coletivo, como por exemplo:
Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma século, par, dúzia, década, bimestre.
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus! ou alguma coisa ocupa numa determinada se-
Toda frase mais ou menos breve dita em tom excla- quência: primeiro, segundo, centésimo, etc.
mativo torna-se uma locução interjetiva, dispensando
análise dos termos que a compõem: Macacos me mor-
dam!, Valha-me Deus!, Quem me dera! #FicaDica
1. As interjeições são como frases resumidas, sinté-
As palavras anterior, posterior, último, antepe-
ticas. Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por
núltimo, final e penúltimo também indicam
essa!) / Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
posição dos seres, mas são classificadas como
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é
adjetivos, não ordinais.
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras
classes gramaticais podem aparecer como inter-
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora!
Francamente! (Advérbios) C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade,
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra- ou seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois
-frase” porque sozinha pode constituir uma men- quintos, etc.
sagem. Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação
Fique quieto! dos seres, indicando quantas vezes a quantidade
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- foi aumentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo:
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- 2. Flexão dos numerais
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira- uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois duzentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do quatrocentas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão,
“ó” vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe pie- variam em número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais
dosa e pura!” (Olavo Bilac) cardinais são invariáveis.
Os numerais ordinais variam em gênero e número:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa primeiro segundo milésimo
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramá- primeira segunda milésima
tica – volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus primeiros segundos milésimos
Barbosa Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
primeiras segundas milésimas
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
morf89.php atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do es-
forço e conseguiram o triplo de produção.
NUMERAL Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses
Numeral é a palavra variável que indica quantidade triplas do medicamento.
numérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pes- Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e
soas ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa deter- número. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/
LÍNGUA PORTUGUESA
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É artigo de primeiríssima qualidade!
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= segunda divisão de futebol)
3. Emprego e Leitura dos Numerais
Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhe-
cida como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos
e noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.
Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos
reais. (R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)
Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até
décimo e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;
Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)
Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)
#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!
Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma
e outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua uti-
lização exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é
dispensado caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.
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oito oitavo óctuplo oitavo
nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
LÍNGUA PORTUGUESA
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
Preposição
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, nor-
malmente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na
estrutura da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreen-
são do texto.
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1. Tipos de Preposição Destino = Irei a Salvador.
Modo = Saiu aos prantos.
A) Preposições essenciais: palavras que atuam ex- Lugar = Sempre a seu lado.
clusivamente como preposições: a, ante, perante, Assunto = Falemos sobre futebol.
após, até, com, contra, de, desde, em, entre, para, Tempo = Chegarei em instantes.
por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para Causa = Chorei de saudade.
com. Fim ou finalidade = Vim para ficar.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes Instrumento = Escreveu a lápis.
gramaticais que podem atuar como preposições, Posse = Vi as roupas da mamãe.
ou seja, formadas por uma derivação imprópria: Autoria = livro de Machado de Assis
como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segun- Companhia = Estarei com ele amanhã.
do, senão, visto. Matéria = copo de cristal.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras va- Meio = passeio de barco.
Origem = Nós somos do Nordeste.
lendo como uma preposição, sendo que a última
Conteúdo = frascos de perfume.
palavra é uma (preposição): abaixo de, acerca de,
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com,
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.
em cima de, embaixo de, em frente a, ao redor de,
graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas
cima de, por trás de. locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução
prepositiva por trás de.
A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se
a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
gênero ou em número. Exemplo: por + o = pelo / por + SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
a = pela. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Essa concordância não é característica da preposição, Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
mas das palavras às quais ela se une. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Esse processo de junção de uma preposição com ou- Paulo: Saraiva, 2010.
tra palavra pode se dar a partir dos processos de: Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
Combinação: união da preposição “a” com o ar- ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
tigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde,
aos. Os vocábulos não sofrem alteração. SITE
Contração: união de uma preposição com outra http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/
palavra, ocorrendo perda ou transformação de fo-
nema: de + o = do, em + a = na, per + os = pelos, Substantivo
de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposi- Substantivo é a classe gramatical de palavras variá-
ção + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal veis, as quais denominam todos os seres que existem,
do pronome “aquilo”). sejam reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e
fenômenos, os substantivos também nomeiam:
lugares: Alemanha, Portugal
sentimentos: amor, saudade
#FicaDica estados: alegria, tristeza
O “a” pode funcionar como preposição, prono- qualidades: honestidade, sinceridade
me pessoal oblíquo e artigo. Como distingui- ações: corrida, pescaria
-los? Caso o “a” seja um artigo, virá preceden-
do um substantivo, servindo para determiná-lo 1. Morfossintaxe do substantivo
como um substantivo singular e feminino: A
matéria que estudei é fácil! Nas orações, geralmente o substantivo exerce fun-
ções diretamente relacionadas com o verbo: atua como
núcleo do sujeito, dos complementos verbais (objeto di-
reto ou indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda,
Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois funcionar como núcleo do complemento nominal ou do
termos e estabelece relação de subordinação entre eles. aposto, como núcleo do predicativo do sujeito, do obje-
Irei à festa sozinha. to ou como núcleo do vocativo. Também encontramos
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é arti-
LÍNGUA PORTUGUESA
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Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas
Substantivo coletivo Conjunto de:
casas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil,
toda a sede de município é cidade). 2. O centro de uma assembleia pessoas reunidas
cidade (em oposição aos bairros). alcateia lobos
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada acervo livros
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substan- antologia trechos literários selecionados
tivo comum.
arquipélago ilhas
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, banda músicos
homem, mulher, país, cachorro. bando desordeiros ou malfeitores
Estamos voando para Barcelona.
banca examinadores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da batalhão soldados
espécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio –
cardume peixes
aquele que designa os seres de uma mesma espécie de
forma particular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. caravana viajantes peregrinos
cacho frutas
B) Substantivos Concretos e Abstratos
B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o cancioneiro canções, poesias líricas
ser que existe, independentemente de outros seres. colmeia abelhas
concílio bispos
Observação:
Os substantivos concretos designam seres do mundo congresso parlamentares, cientistas
real e do mundo imaginário. elenco atores de uma peça ou filme
Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília. esquadra navios de guerra
Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas- enxoval roupas
ma.
falange soldados, anjos
B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa se- fauna animais de uma região
res que dependem de outros para se manifestarem ou feixe lenha, capim
existirem. Por exemplo: a beleza não existe por si só,
não pode ser observada. Só podemos observar a beleza flora vegetais de uma região
numa pessoa ou coisa que seja bela. A beleza depende frota navios mercantes, ônibus
de outro ser para se manifestar. Portanto, a palavra bele-
girândola fogos de artifício
za é um substantivo abstrato.
Os substantivos abstratos designam estados, quali- horda bandidos, invasores
dades, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem junta médicos, bois, credores, exa-
ser abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida minadores
(estado), rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade
(sentimento). júri jurados
legião soldados, anjos, demônios
Substantivos Coletivos
leva presos, recrutas
Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, malta malfeitores ou desordeiros
outra abelha, mais outra abelha. manada búfalos, bois, elefantes,
Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame. matilha cães de raça
molho chaves, verduras
Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
multidão pessoas em geral
cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas nuvem insetos (gafanhotos, mosqui-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um subs- tos, etc.)
tantivo no singular (enxame) para designar um conjunto
LÍNGUA PORTUGUESA
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repertório peças teatrais, obras musicais A história sem fim
Uma cidade sem passado
réstia alhos ou cebolas As tartarugas ninjas
romanceiro poesias narrativas
5. Substantivos Biformes e Substantivos Unifor-
revoada pássaros mes
sínodo párocos
1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresen-
talha lenha
tam uma forma para cada gênero: gato – gata, ho-
tropa muares, soldados mem – mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
turma estudantes, trabalhadores 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto
vara porcos para o feminino. Classificam-se em:
A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo
3. Formação dos Substantivos se faz mediante a utilização das palavras “macho”
e “fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré
A) Substantivos Simples e Compostos macho e o jacaré fêmea.
Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes
terra. a pessoas de ambos os sexos: a criança, a teste-
O substantivo chuva é formado por um único ele- munha, a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o in-
mento ou radical. É um substantivo simples. divíduo.
A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros:
único elemento. indicam o sexo das pessoas por meio do artigo: o
Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja colega e a colega, o doente e a doente, o artista e
agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois a artista.
elementos (guarda + chuva). Esse substantivo é compos-
to. Substantivos de origem grega terminados em ema
A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por ou oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o
dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor, pas- sintoma, o teorema.
satempo. Existem certos substantivos que, variando de
gênero, variam em seu significado:
B) Substantivos Primitivos e Derivados o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça
B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva (líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e
de nenhuma outra palavra da própria língua portuguesa. a capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (ca-
B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina beleira, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de au-
de outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é mento); o moral (estado de espírito) e a moral (ética; con-
derivado, pois se originou a partir da palavra limão. clusão); o praça (soldado raso) e a praça (área pública);
o rádio (aparelho receptor) e a rádio (estação emissora).
4. Flexão dos substantivos
6. Formação do Feminino dos Substantivos Bifor-
mes
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno
exemplo, pode sofrer variações para indicar:
- aluna.
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a
meninão / Diminutivo: menininho ao masculino: freguês - freguesa
Substantivos terminados em -ão: fazem o femini-
A) Flexão de Gênero no de três formas:
Gênero é um princípio puramente linguístico, não de- 1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito 2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã
a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram 3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona
a seres animais providos de sexo, quer designem apenas Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão -
“coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa. sultana
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e
feminino. Pertencem ao gênero masculino os substanti- Substantivos terminados em -or:
LÍNGUA PORTUGUESA
vos que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
Veja estes títulos de filmes: troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz
O velho e o mar Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa:
Um Natal inesquecível cônsul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poe-
Os reis da praia tisa / duque - duquesa / conde - condessa / profeta
- profetisa
Pertencem ao gênero feminino os substantivos que Substantivos que formam o feminino trocando o
podem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas: -e final por -a: elefante - elefanta
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Substantivos que têm radicais diferentes no mas- Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata,
culino e no feminino: bode – cabra / boi - vaca a cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a
Substantivos que formam o feminino de maneira libido, a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras
anteriores: czar – czarina, réu - ré São geralmente masculinos os substantivos de ori-
gem grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilo-
7. Formação do Feminino dos Substantivos Uni- grama, o plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o
formes telefonema, o estratagema, o dilema, o teorema, o trema,
o eczema, o edema, o magma, o estigma, o axioma, o tra-
Epicenos: coma, o hematoma.
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros. Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc.
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exce-
Isso ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma ções, nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro
forma para indicar o masculino e o feminino. Preto. / A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Ale-
Alguns nomes de animais apresentam uma só for- gre. / Uma Londres imensa e triste.
ma para designar os dois sexos. Esses substantivos são Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre.
chamados de epicenos. No caso dos epicenos, quando
houver a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se 10. Gênero e Significação
palavras macho e fêmea.
A cobra macho picou o marinheiro. Muitos substantivos, como já mencionado anterior-
A cobra fêmea escondeu-se na bananeira. mente, têm uma significação no masculino e outra no fe-
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
8. Sobrecomuns: indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o
Entregue as crianças à natureza. que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite
A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (par-
masculino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, te do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a
nem o artigo nem um possível adjetivo permitem identi- cisma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzen-
ficar o sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja: ta), a cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro),
A criança chorona chamava-se João. a capital (cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma
A criança chorona chamava-se Maria. (cabeleira), o coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro),
a coral (cobra venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado
Outros substantivos sobrecomuns: na administração da crisma e de outros sacramentos), a
a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma crisma (sacramento da confirmação), o cura (pároco), a
boa criatura. cura (ato de curar), o estepe (pneu sobressalente), a estepe
o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de (vasta planície de vegetação), o guia (pessoa que guia ou-
Marcela faleceu tras), a guia (documento, pena grande das asas das aves),
o grama (unidade de peso), a grama (relva), o caixa (fun-
9. Comuns de Dois Gêneros: cionário da caixa), a caixa (recipiente, setor de pagamen-
Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois. tos), o lente (professor), a lente (vidro de aumento), o mo-
ral (ânimo), a moral (honestidade, bons costumes, ética),
Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher? o nascente (lado onde nasce o Sol), a nascente (a fonte),
É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma o maria-fumaça (trem como locomotiva a vapor), maria-
vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme. -fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala (poncho), a
A distinção de gênero pode ser feita através da análi- pala (parte anterior do boné ou quepe, anteparo), o rádio
se do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o subs- (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga (remador),
tantivo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; a voga (moda).
um jovem - uma jovem; artista famoso - artista famosa;
repórter francês - repórter francesa. B) Flexão de Número do Substantivo
A palavra personagem é usada indistintamente nos
dois gêneros. Entre os escritores modernos nota-se Em português, há dois números gramaticais: o singu-
acentuada preferência pelo masculino: O menino desco- lar, que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural,
briu nas nuvens os personagens dos contos de carochinha. que indica mais de um ser ou grupo de seres. A caracte-
Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: rística do plural é o “s” final.
LÍNGUA PORTUGUESA
O problema está nas mulheres de mais idade, que não 11. Plural dos Substantivos Simples
aceitam a personagem.
Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e
fotográfico Ana Belmonte. “n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã –
Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural).
)pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o Exceção: cânon - cânones.
maracajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o Os substantivos terminados em “m” fazem o plural
proclama, o pernoite, o púbis. em “ns”: homem - homens.
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Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plu- adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-ho-
ral pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raí- mens
zes. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras
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chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos porto portos
farói(s) + zinhos = faroizinhos posto postos
tren(s) + zinhos = trenzinhos tijolo tijolos
colhere(s) + zinhas = colherezinhas
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol-
flore(s) + zinhas = florezinhas sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros,
mão(s) + zinhas = mãozinhas etc.
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
Observação:
nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de
funi(s) + zinhos = funizinhos molho (ó) = feixe (molho de lenha).
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o
túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
norte, o leste, o oeste, a fé, etc.
pai(s) + zinhos = paizinhos Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames,
pé(s) + zinhos = pezinhos as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes.
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do
pé(s) + zitos = pezitos
singular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probida-
de, bom nome) e honras (homenagem, títulos).
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas
com sentido de plural:
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
sempre que a terminação preste-se à flexão. Aqui morreu muito negro.
Os Napoleões também são derrotados. Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas
As Raquéis e Esteres. improvisadas.
Substantivos ainda não aportuguesados devem ser Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir
escritos como na língua original, acrescentando-se “s” as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
(exceto quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os 1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho conside-
shorts, os jazz. rado normal. Por exemplo: casa
Substantivos já aportuguesados flexionam-se de 2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tama-
acordo com as regras de nossa língua: os clubes, os cho- nho do ser. Classifica-se em:
pes, os jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, Analítico = o substantivo é acompanhado de um ad-
os réquiens. jetivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande.
Observe o exemplo: Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
Este jogador faz gols toda vez que joga. dicador de aumento. Por exemplo: casarão.
O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tama-
18. Plural com Mudança de Timbre nho do ser. Pode ser:
Analítico = substantivo acompanhado de um adjeti-
Certos substantivos formam o plural com mudança vo que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena.
de timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo in-
fato fonético chamado metafonia (plural metafônico). dicador de diminuição. Por exemplo: casinha.
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Pronome Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na sen-
tença, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos
Pronome é a palavra variável que substitui ou acom- flores.
panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma Os pronomes retos apresentam flexão de número,
forma. gênero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa úl-
O homem julga que é superior à natureza, por isso o tima a principal flexão, uma vez que marca a pessoa do
homem destrói a natureza... discurso. Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é
Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é assim configurado:
superior à natureza, por isso ele a destrói... 1.ª pessoa do singular: eu
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de ter- 2.ª pessoa do singular: tu
mos (homem e natureza). 3.ª pessoa do singular: ele, ela
Grande parte dos pronomes não possuem significa- 1.ª pessoa do plural: nós
dos fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação 2.ª pessoa do plural: vós
dentro de um contexto, o qual nos permite recuperar a 3.ª pessoa do plural: eles, elas
referência exata daquilo que está sendo colocado por
meio dos pronomes no ato da comunicação. Com ex- Esses pronomes não costumam ser usados como
ceção dos pronomes interrogativos e indefinidos, os de- complementos verbais na língua-padrão. Frases como
mais pronomes têm por função principal apontar para as “Vi ele na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu
pessoas do discurso ou a elas se relacionar, indicando- até aqui”- comuns na língua oral cotidiana - devem ser
-lhes sua situação no tempo ou no espaço. Em virtude evitadas na língua formal escrita ou falada. Na língua for-
dessa característica, os pronomes apresentam uma for- mal, devem ser usados os pronomes oblíquos correspon-
ma específica para cada pessoa do discurso. dentes: “Vi-o na rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-
Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada. -me até aqui”.
[minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala] Frequentemente observamos a omissão do pronome
Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada? reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias
[tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se formas verbais marcam, através de suas desinências, as
fala] pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos
A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada. boa viagem. (Nós)
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
se fala] B) Pronome Oblíquo
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na
Em termos morfológicos, os pronomes são palavras sentença, exerce a função de complemento verbal
variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme- (objeto direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (ob-
ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência jeto indireto)
através do pronome seja coerente em termos de gênero
e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto, Observação:
mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado. O pronome oblíquo é uma forma variante do prono-
Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da me pessoal do caso reto. Essa variação indica a função
nossa escola neste ano. diversa que eles desempenham na oração: pronome reto
[nossa: pronome que qualifica “escola” = concordân- marca o sujeito da oração; pronome oblíquo marca o
cia adequada] complemento da oração. Os pronomes oblíquos sofrem
[neste: pronome que determina “ano” = concordância variação de acordo com a acentuação tônica que pos-
adequada] suem, podendo ser átonos ou tônicos.
[ele: pronome que faz referência à “Roberta” = con-
cordância inadequada] 2. Pronome Oblíquo Átono
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não
Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos, são precedidos de preposição. Possuem acentuação tô-
demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos. nica fraca: Ele me deu um presente.
Lista dos pronomes oblíquos átonos
1. Pronomes Pessoais 1.ª pessoa do singular (eu): me
2.ª pessoa do singular (tu): te
São aqueles que substituem os substantivos, indi- 3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe
cando diretamente as pessoas do discurso. Quem fala 1.ª pessoa do plural (nós): nos
ou escreve assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se 2.ª pessoa do plural (vós): vos
LÍNGUA PORTUGUESA
os pronomes “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar 3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes
a quem se dirige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer
referência à pessoa ou às pessoas de quem se fala.
Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
ou do caso oblíquo.
A) Pronome Reto
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A combinação da preposição “com” e alguns prono-
FIQUE ATENTO! mes originou as formas especiais comigo, contigo, consi-
Os pronomes o, os, a, as assumem formas es- go, conosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos
peciais depois de certas terminações verbais: frequentemente exercem a função de adjunto adverbial
1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o de companhia: Ele carregava o documento consigo.
pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas:
mesmo tempo que a terminação verbal é su- Ela veio até mim, mas nada falou.
primida. Por exemplo: Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
fiz + o = fi-lo inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na
fazeis + o = fazei-lo prova, até eu! (= inclusive eu)
dizer + a = dizê-la
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas
2. Quando o verbo termina em som nasal, o por “com nós” e “com vós” quando os pronomes pes-
pronome assume as formas no, nos, na, nas. soais são reforçados por palavras como outros, mesmos,
Por exemplo: próprios, todos, ambos ou algum numeral.
viram + o: viram-no Você terá de viajar com nós todos.
repõe + os = repõe-nos Estávamos com vós outros quando chegaram as más
retém + a: retém-na notícias.
tem + as = tem-nas Ele disse que iria com nós três.
3. Pronome Reflexivo
B.2 Pronome Oblíquo Tônico São pronomes pessoais oblíquos que, embora fun-
Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedi- cionem como objetos direto ou indireto, referem-se ao
dos por preposições, em geral as preposições a, para, de sujeito da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe
e com. Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a a ação expressa pelo verbo.
função de objeto indireto da oração. Possuem acentua-
ção tônica forte. Lista dos pronomes reflexivos:
Lista dos pronomes oblíquos tônicos: 1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me
1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo lembro disso.
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo 2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela 3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Gui-
1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco lherme já se preparou.
2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco Ela deu a si um presente.
3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas Antônio conversou consigo mesmo.
Observe que as únicas formas próprias do pronome 1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio.
tônico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa 2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes
(ti). As demais repetem a forma do pronome pessoal do com esta conquista.
caso reto. 3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se
As preposições essenciais introduzem sempre prono- conheceram. / Elas deram a si um dia de folga.
mes pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso
reto. Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da #FicaDica
língua formal, os pronomes costumam ser usados desta
forma: O pronome é reflexivo quando se refere à
Não há mais nada entre mim e ti. mesma pessoa do pronome subjetivo (sujei-
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela. to): Eu me arrumei e saí.
Não há nenhuma acusação contra mim. É pronome recíproco quando indica reci-
Não vá sem mim. procidade de ação: Nós nos amamos. / Olha-
mo-nos calados.
Há construções em que a preposição, apesar de sur- O “se” pode ser usado como palavra exple-
gir anteposta a um pronome, serve para introduzir uma tiva ou partícula de realce, sem ser rigoro-
oração cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o ver- samente necessária e sem função sintática: Os
bo pode ter sujeito expresso; se esse sujeito for um pro- exploradores riam-se de suas tentativas. / Será
nome, deverá ser do caso reto. que eles se foram?
LÍNGUA PORTUGUESA
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Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e reli-
giosos em geral ou
Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente supe-
rior à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
professores de curso superior, ministros de Estado e de teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Tribunais, governadores, secretários de Estado, presiden-
te da República (sempre por extenso) 4. Pronomes Possessivos
Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de univer-
sidades São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical
Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores (possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, ofi- (coisa possuída).
ciais até a patente de coronel, chefes de seção e funcio- Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do
nários de igual categoria singular)
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes
de direito
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento NÚMERO PESSOA PRONOME
cerimonioso singular primeira meu(s), minha(s)
Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
singular segunda teu(s), tua(s)
Também são pronomes de tratamento o senhor, a se- singular terceira seu(s), sua(s)
nhora e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são em- plural primeira nosso(s), nossa(s)
pregados no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”,
no tratamento familiar. Você e vocês são largamente em- plural segunda vosso(s), vossa(s)
pregados no português do Brasil; em algumas regiões, a plural terceira seu(s), sua(s)
forma tu é de uso frequente; em outras, pouco emprega-
da. Já a forma vós tem uso restrito à linguagem litúrgica, Note que:
ultraformal ou literária. A forma do possessivo depende da pessoa gramatical
a que se refere; o gênero e o número concordam com o
Observações: objeto possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de naquele momento difícil.
tratamento que possuem “Vossa(s)” são emprega-
dos em relação à pessoa com quem falamos: Es- Observações:
pero que V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este 1. A forma “seu” não é um possessivo quando resul-
encontro.
tar da alteração fonética da palavra senhor: Muito
2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
obrigado, seu José.
da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam
que Sua Excelência, o Senhor Presidente da Repúbli-
posse. Podem ter outros empregos, como:
ca, agiu com propriedade.
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha.
3. Os pronomes de tratamento representam uma for-
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40
ma indireta de nos dirigirmos aos nossos interlo-
cutores. Ao tratarmos um deputado por Vossa Ex- anos.
celência, por exemplo, estamos nos endereçando à C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
excelência que esse deputado supostamente tem lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
para poder ocupar o cargo que ocupa. 3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento,
4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à o pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Ex-
2.ª pessoa, toda a concordância deve ser feita celência trouxe sua mensagem?
com a 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes 4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessi-
possessivos e os pronomes oblíquos empregados vo concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus
em relação a eles devem ficar na 3.ª pessoa. livros e anotações.
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas pro- 5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
messas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhe- oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou
cidos. seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos 6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró-
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo,
LÍNGUA PORTUGUESA
23
A) Em relação ao espaço: o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que”
Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s),
pessoa que fala: aquilo.
Este material é meu. Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disses-
te.)
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
pessoa com quem se fala: indiquei.)
Esse material em sua carteira é seu?
mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está riam em gênero quando têm caráter reforçativo:
distante tanto da pessoa que fala como da pessoa com Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem.
quem se fala: Eu mesma refiz os exercícios.
Aquele material não é nosso. Elas mesmas fizeram isso.
Vejam aquele prédio! Eles próprios cozinharam.
Os próprios alunos resolveram o problema.
B) Em relação ao tempo:
Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em semelhante(s): Não tenha semelhante atitude.
relação à pessoa que fala: tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
Esta manhã farei a prova do concurso! 1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este.
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po- (ou então: este solteiro, aquele casado) - este se re-
rém relativamente próximo à época em que se situa a fere à pessoa mencionada em último lugar; aquele,
pessoa que fala: à mencionada em primeiro lugar.
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso! 2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor?
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamen- 3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de,
to no tempo, referido de modo vago ou como tempo em com pronome demonstrativo: àquele, àquela,
remoto: deste, desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no
Naquele tempo, os professores eram valorizados. que estava vendo. (no = naquilo)
24
tos), demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns, nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qual-
quer, quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
Menos palavras e mais ações.
Alguns se contentam pouco.
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo querer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plural é
feito em seu interior).
Todo e toda no singular e junto de artigo significa inteiro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
Trabalho todo dia. (= todos os dias)
São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo), tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.
7. Pronomes Relativos
São aqueles que representam nomes já mencionados anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem as
orações subordinadas adjetivas.
O racismo é um sistema que afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros.
(afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros = oração subordinada adjetiva).
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema” e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
“sistema” é antecedente do pronome relativo que.
O antecedente do pronome relativo pode ser o pronome demonstrativo o, a, os, as.
Não sei o que você está querendo dizer.
Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem expresso.
Quem casa, quer casa.
Observe:
Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
quantas.
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde.
Note que:
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego, sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser substi-
tuído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu antecedente for um substantivo.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a qual)
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os quais)
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as quais)
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que podem ter várias classificações) são pronomes relativos.
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa por motivo de clareza ou depois de determinadas preposições:
Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, geraria
ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me deixou
LÍNGUA PORTUGUESA
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Existem pessoas cujas ações são nobres.
(antecedente) (consequente)
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do pronome: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se a)
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antecedente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
“Onde”, como pronome relativo, sempre possui antecedente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
onde morava foi assaltada.
Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou em que: Sinto saudades da época em que (quando) morávamos
no exterior.
quando (= em que) – desde que tenha como antecedente um nome que dê ideia de tempo:
Bons eram os tempos quando podíamos jogar videogame.
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de gente
que conversava, (que) ria, observava.
8. Pronomes Interrogativos
São usados na formulação de perguntas, sejam elas diretas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso. São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
quanto (e variações).
Com quem andas?
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia lhe ajudar.
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele” exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso. O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,
LÍNGUA PORTUGUESA
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
26
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Repare que o pronome está “no meio” do verbo “rea-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. lizará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, palavra que justificasse o uso da próclise, esta prevalece-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira ria. Veja: Não se realizará...
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
São Paulo: Saraiva, 2002. nessa viagem.
(com presença de palavra que justifique o uso de pró-
SITE clise: Não fossem os meus compromissos, EU te acompa-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/ nharia nessa viagem).
morf42.php
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo.
9. Colocação Pronominal A ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não
forem possíveis:
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
pronomes oblíquos átonos na frase. Quando eu avisar, silenciem-se todos.
Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal:
#FicaDica Não era minha intenção machucá-la.
Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- se inicia período com pronome oblíquo).
ção de complemento verbal (objeto). Por isso, Vou-me embora agora mesmo.
memorize: Levanto-me às 6h.
OBlíquo = OBjeto! Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
no concurso, mudo-me hoje mesmo!
Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a
Embora na linguagem falada a colocação dos prono- proposta fazendo-se de desentendida.
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas
devem ser observadas na linguagem escrita. 10. Colocação pronominal nas locuções verbais
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. Após verbo no particípio = pronome depois do
A próclise é usada:
verbo auxiliar (e não depois do particípio):
Tenho me deliciado com a leitura!
Quando o verbo estiver precedido de palavras
Eu tenho me deliciado com a leitura!
que atraem o pronome para antes do verbo. São elas:
Eu me tenho deliciado com a leitura!
Não convém usar hífen nos tempos compostos e
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém,
nas locuções verbais:
jamais, etc.: Não se desespere!
Vamos nos unir!
B) Advérbios: Agora se negam a depor.
Iremos nos manifestar.
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expli-
Quando há um fator para próclise nos tempos
quem tudo!
D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se compostos ou locuções verbais: opção pelo uso
esforçou. do pronome oblíquo “solto” entre os verbos = Não
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a oportu- vamos nos preocupar (e não: “não nos vamos preo-
nidade. cupar”).
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito.
Orações iniciadas por palavras interrogativas: 11. Emprego de o, a, os, as
Quem lhe disse isso?
Orações iniciadas por palavras exclamativas: Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral,
Quanto se ofendem! os pronomes: o, a, os, as não se alteram.
Orações que exprimem desejo (orações optativas): Chame-o agora.
Que Deus o ajude. Deixei-a mais tranquila.
A próclise é obrigatória quando se utiliza o pro-
nome reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoan-
material amanhã. / Tu sabes cantar? tes finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos:
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho.
LÍNGUA PORTUGUESA
Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do (Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa.
verbo. A mesóclise é usada:
Quando o verbo estiver no futuro do presente ou fu- Em verbos terminados em ditongos nasais (am,
turo do pretérito, contanto que esses verbos não estejam em, ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se
precedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: para no, na, nos, nas.
Realizar-se-á, na próxima semana, um grande evento em Chamem-no agora.
prol da paz no mundo. Põe-na sobre a mesa.
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2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
#FicaDica
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig- dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
nifica “antes”! Pronome antes do verbo! bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acen-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, to tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo,
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome por exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico
depois do verbo! não cai no radical, mas sim na terminação verbal (fora do
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do verbo radical): opinei, aprenderão, amaríamos.
28
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)
3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, ama-
nhecer, escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido
figurado. Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal,
ou seja, terá conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)
7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural.
São unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais
(cacarejar, cricrilar, miar, latir, piar).
Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?
Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)
F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que,
além das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é
empregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:
LÍNGUA PORTUGUESA
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Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago
FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.
G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois,
fui) e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo prin-
cipal (aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é
expresso numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)
Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.
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4.2. SER - Modo Subjuntivo
Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês
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4.7. ESTAR - Formas Nominais
Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
LÍNGUA PORTUGUESA
32
4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo
I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na
mesma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já
implícita no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos:
abster-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a refle-
xibilidade já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela
mesma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula
integrante do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço
da ideia reflexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respec-
tivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.
Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto re-
presentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele
mesmo. Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os
pronomes mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-
-me.
Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à
do sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.
5. Modos Verbais
Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro.
Existem três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!
6. Formas Nominais
Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adje-
tivo, advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de subs-
tantivo. Por exemplo:
LÍNGUA PORTUGUESA
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exem-
plo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.
33
A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não
apresenta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.
Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.
Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.
C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames,
os candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função
de adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.
(Ziraldo)
8. Tempos Verbais
Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos
tempos.
A) Tempos do Modo Indicativo
Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse
o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier
à loja, levará as encomendas.
34
FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
1. Modo Indicativo
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
LÍNGUA PORTUGUESA
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1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo
Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).
1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
LÍNGUA PORTUGUESA
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1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo
Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M
Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito,
obtendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de
número e pessoa correspondente.
1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM
C) Modo Imperativo
1. Imperativo Afirmativo
Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:
2. Imperativo Negativo
Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.
37
Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo
No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem,
pedido ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).
3. Infinitivo Pessoal
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
VOZES DO VERBO
Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando
se este é paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as
vozes verbais:
A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)
LÍNGUA PORTUGUESA
C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.
38
1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva
#FicaDica
Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar
Não confundir o emprego reflexivo do verbo substancialmente o sentido da frase.
com a noção de reciprocidade: O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Os lutadores feriram-se. (um ao outro) Sujeito da Ativa objeto Direto
Nós nos amamos. (um ama o outro)
A apostila foi comprada pelo concurseiro.
(Voz Passiva)
1. Formação da Voz Passiva Sujeito da Passiva Agente da Passiva
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva;
A voz passiva pode ser formada por dois processos: o sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo
analítico e sintético. ativo assumirá a forma passiva, conservando o mesmo
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte tempo.
maneira: Os mestres têm constantemente aconselhado os alu-
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exem- nos.
plo: Os alunos têm sido constantemente aconselhados pe-
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: los mestres.
os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho) Eu o acompanharei.
Ele será acompanhado por mim.
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não
Observações:
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo:
O agente da passiva geralmente é acompanhado
Prejudicaram-me. / Fui prejudicado.
da preposição por, mas pode ocorrer a construção
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir,
com a preposição de. Por exemplo: A casa ficou cer-
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou refle-
cada de soldados. xiva, porque o sujeito não pode ser visto como agente,
Pode acontecer de o agente da passiva não estar paciente ou agente paciente.
explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
A variação temporal é indicada pelo verbo auxi- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
liar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
transformação das frases seguintes: Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo) reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito per- Paulo: Saraiva, 2010.
feito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ativa) ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
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Resposta: Letra E. 4. (TST – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as TRATIVA – ESPECIALIDADE SEGURANÇA JUDICIÁ-
alterações solicitadas, segue como ficariam (em des- RIA – FCC – 2012)
taque): ...ela nunca alcançava a musa.
Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
riam verbal resultante será:
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam a) alcança-se.
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contri- b) foi alcançada.
buíram c) fora alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram d) seria alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contri- e) era alcançada.
buíram = correta
Resposta: Letra E.
2. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO na passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no
TRABALHO – FCC – 2012) Está inadequado o emprego mesmo tempo verbal, forma particípio): A musa nun-
do elemento sublinhado na seguinte frase: ca era alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no
pretérito imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar
a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao também (é = presente, foi = pretérito perfeito, era =
que dispenso aos homens religiosos. imperfeito, fora = mais que perfeito, será = futuro do
b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de presente, seria = futuro do pretérito).
que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
mente virtuosos. 5. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO
c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescin- ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
dir os que se dizem homens de fé. TRABALHO – FCC – 2012) Aos poucos, contudo, fui che-
d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada gando à constatação de que todo perfil de rede social é um
fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los. retrato ideal de nós mesmos.
e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra al-
teração seja feita na frase, o elemento grifado pode ser
fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
substituído por:
a) ademais.
Resposta: Letra C.
b) conquanto.
Corrigindo o inadequado:
c) porquanto.
Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento si-
d) entretanto.
milar ao que dispenso aos homens religiosos.
e) apesar.
Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em precon-
ceitos de que deveriam desviar-se todos os homens RESPOSTA: Letra D.
verdadeiramente virtuosos. Contudo é uma conjunção adversativa (expressa opo-
Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) sição). A substituição deve utilizar outra de mesma
não podem prescindir os que se dizem homens de fé. classificação, para que se mantenha a ideia do perío-
Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito do. A correta é entretanto.
de nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que dei- 6. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
xem de fazer o mesmo com aqueles que não a têm. TRATIVA – FCC – 2012) O verbo indicado entre pa-
rênteses deverá flexionar-se no singular para preencher
3. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA APOIO adequadamente a lacuna da frase:
ESPECIALIZADO – ESPECIALIDADE MEDICINA DO
TRABALHO – FCC – 2012) a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de
Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus corresponder nossos valores éticos mais rigorosos.
despertariam a ira de qualquer fanático, a forma ver-
bal obtida será: b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre
o peso de suas mais graves decisões.
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer)
a) seria despertada. tomar decisões sem medir suas consequências.
b) teria sido despertada. d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (cos-
c) despertar-se-á.
LÍNGUA PORTUGUESA
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Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar 9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
de corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. RIO – FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de ou-
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir tras pessoas que tenham documentos em casa e se dis-
sobre o peso de suas mais graves decisões. ponham a trazer para a Academia, que é a guardiã desse
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocor- tipo de acervo, que é muito difícil de ser guardado em
re tomar decisões sem medir suas consequências. = casa, pois o tempo destrói e aqui temos a melhor técnica
Isso não ocorre aos governantes – uma oração exerce de conservação de documentos”, disse Cavalcanti.
a função de sujeito (subjetiva) O termo sublinhado faz referência a
Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente cos-
tumam sobrevir consequências imprevistas e injustas. a) pessoas.
Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, b) acervo.
recomenda Gramsci, os critérios que levam em conta c) Academia.
a dor humana. d) tempo.
e) casa.
7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – ANALISTA JUDICIÁRIO –
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016 ) ... para quem Resposta: Letra B.
Manoel de Barros era comparável a São Francisco de As- Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual)
sis... é muito difícil de ser guardado...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
frase acima está em: 10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO E AC – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – FCC – 2016) O marechal organizou o acervo...
a) Dizia-se um “vedor de cinema”... A forma verbal está corretamente transposta para a voz
passiva em:
b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no es-
paço...
a) estava organizando
c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e
b) tinha organizado
Charles Baudelaire.
c) organizando-se
d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Bar-
d) foi organizado
ros na literatura...
e) está organizado
e) ... para depois casá-las...
Resposta: Letra D.
Resposta: Letra A. Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou)
“Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicati- e objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao
vo. Procuremos nos itens: passarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo mesmo tempo que o verbo da ativa + o particípio do
Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do In- verbo da voz ativa = organizado). O objeto exercerá
dicativo a função de sujeito paciente, e o sujeito da ativa será
Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfei- o agente da passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi
to do Indicativo organizado pelo marechal.
Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo 11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO –
Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar FCC – 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude
elas) a comer...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o
8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – ANALISTA JUDICIÁRIO – sublinhado acima está também sublinhado em:
ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC – 2016) Aí conheci o
escritor e historiador de sua gente, meu saudoso amigo a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou
Alcino Alves Costa. E foi dele que ouvi oralmente a his- as amas...
tória de Zé de Julião. Considerando-se a norma-padrão b) Não é por acaso que proliferaram os coaches.
da língua, ao reescrever-se o trecho acima em um único c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in-
período, o segmento destacado deverá ser antecedido dústria de consumo...
de vírgula e substituído por d) E, mesmo que se esforcem muito [...]
e) Hoje há algo novo nesse cenário.
a) perante ao qual
b) de cujo RESPOSTA: Letra D.
c) o qual que nos ajude = presente do Subjuntivo
LÍNGUA PORTUGUESA
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12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – TÉCNICO JUDICIÁRIO – Resposta: Letra E.
FCC – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então
ecológicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo... teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente]
Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma + particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da uto-
verbal resultante será: pia do país é marcada pelos sessenta anos de história.
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17. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – c) sejam ... mantivessem
2014) As formas verbais conjugadas no modo impera- d) seja ... mantivessem
tivo, expressando ordem, instrução ou comando, estão e) seja ... mantêm
destacadas em
Resposta: Letra C.
a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem ní- Completemos as lacunas e depois busquemos o item
tidas na memória: são aqueles donos de qualidades correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do
incomuns. verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver):
b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e É comum que objetos sejam esquecidos em locais pú-
quase não acreditei no que ouvi. blicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se
c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá as pessoas mantivessem a atenção voltada para seus
pro estúdio e ponha a rádio no ar. pertences, conservando-os junto ao corpo.
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o 20. (PC-SP – ATENDENTE DE NECROTÉRIO POLI-
locutor não chegava para os textos de abertura, pu- CIAL – VUNESP – 2013) Nas frases – Não vou mais à
blicidade, chamadas. escola!… – e – Hoje estão na moda os métodos audio-
e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual- visuais. – as palavras em destaque expressam, correta e
quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já respectivamente, circunstâncias de
suando frio e atentos às suas finas e cortantes pala-
vras. a) dúvida e modo.
b) dúvida e tempo.
Resposta: Letra C. c) modo e afirmação.
Aos itens: d) negação e lugar.
Em “a”: há = presente / acabam = presente / são = e) negação e tempo.
presente
Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = preté- Resposta: Letra E.
rito perfeito “não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de
Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo tempo.
imperativo afirmativo (ordens)
Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretéri- 21. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP –
to imperfeito / chegava = pretérito imperfeito 2013) Assinale a alternativa que completa respectiva-
Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio mente as lacunas, em conformidade com a norma-pa-
drão de conjugação verbal.
18. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
Em – O destino me prestava esse pequeno favor: comple- quando __________ um diploma de mestrado, mas há
tava minha identificação com o resto da humanidade, que aqueles que _________ de opinião e procuram investir em
tem sempre para contar uma história de objeto achado; cursos profissionalizantes.
– o pronome em destaque retoma a seguinte palavra/
expressão: a) obtiver … divirgem
b) obter … divergem
a) o resto da humanidade. c) obtesse … devirgem
b) esse pequeno favor. d) obter … divirgem
c) minha identificação. e) obtiver … divergem
d) O destino.
e) completava. Resposta: Letra E.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissio-
Resposta: Letra A. nal quando obtiver um diploma de mestrado, mas há
Completava minha identificação com o resto da huma- aqueles que divergem de opinião e procuram investir
nidade, que (a qual) tem sempre para contar uma his- em cursos profissionalizantes.
tória de objeto achado = pronome relativo que retoma
o resto da humanidade. 22. (PC-SP – AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP –
2014) Considerando que o adjetivo é uma palavra que
19. (PC-SP – AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP – 2013) modifica o substantivo, com ele concordando em gênero
Considere o trecho a seguir. e número, assinale a alternativa em que a palavra desta-
LÍNGUA PORTUGUESA
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Resposta: Letra A.
Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral
Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às famílias = substantivo
Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = substantivo
Interpretação Textual
Texto – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de pro-
duzir interação comunicativa (capacidade de codificar e decodificar).
Contexto – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma informação que se liga com a
anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser transmitido. A essa interligação
dá-se o nome de contexto. O relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu contexto
original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
Intertexto - comumente, os textos apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores através de citações.
Esse tipo de recurso denomina-se intertexto.
Interpretação de texto - o objetivo da interpretação de um texto é a identificação de sua ideia principal. A partir
daí, localizam-se as ideias secundárias (ou fundamentações), as argumentações (ou explicações), que levam ao esclare-
cimento das questões apresentadas na prova.
Fazem-se necessários: conhecimento histórico-literário (escolas e gêneros literários, estrutura do texto), leitura e
prática; conhecimento gramatical, estilístico (qualidades do texto) e semântico; capacidade de observação e de síntese;
capacidade de raciocínio.
Interpretar/Compreender
Interpretar significa:
LÍNGUA PORTUGUESA
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O texto diz que... Dicas para melhorar a interpretação de textos
É sugerido pelo autor que...
De acordo com o texto, é correta ou errada a afirma- Leia todo o texto, procurando ter uma visão ge-
ção... ral do assunto. Se ele for longo, não desista! Há
O narrador afirma... muitos candidatos na disputa, portanto, quanto
mais informação você absorver com a leitura, mais
Erros de interpretação chances terá de resolver as questões.
Se encontrar palavras desconhecidas, não inter-
Extrapolação (“viagem”) = ocorre quando se rompa a leitura.
Leia o texto, pelo menos, duas vezes – ou quantas
sai do contexto, acrescentando ideias que não
forem necessárias.
estão no texto, quer por conhecimento prévio Procure fazer inferências, deduções (chegar a uma
do tema quer pela imaginação. conclusão).
Redução = é o oposto da extrapolação. Dá-se Volte ao texto quantas vezes precisar.
atenção apenas a um aspecto (esquecendo que Não permita que prevaleçam suas ideias sobre as
um texto é um conjunto de ideias), o que pode do autor.
ser insuficiente para o entendimento do tema Fragmente o texto (parágrafos, partes) para me-
desenvolvido. lhor compreensão.
Contradição = às vezes o texto apresenta ideias Verifique, com atenção e cuidado, o enunciado de
contrárias às do candidato, fazendo-o tirar con- cada questão.
clusões equivocadas e, consequentemente, er- O autor defende ideias e você deve percebê-las.
rar a questão. Observe as relações interparágrafos. Um parágra-
fo geralmente mantém com outro uma relação de
Observação: Muitos pensam que existem a ótica do continuação, conclusão ou falsa oposição. Identifi-
escritor e a ótica do leitor. Pode ser que existam, mas em que muito bem essas relações.
uma prova de concurso, o que deve ser levado em consi- Sublinhe, em cada parágrafo, o tópico frasal, ou
deração é o que o autor diz e nada mais. seja, a ideia mais importante.
Nos enunciados, grife palavras como “correto”
ou “incorreto”, evitando, assim, uma confusão na
Coesão e Coerência hora da resposta – o que vale não somente para
Interpretação de Texto, mas para todas as demais
Coesão - é o emprego de mecanismo de sintaxe que questões!
relaciona palavras, orações, frases e/ou parágrafos entre Se o foco do enunciado for o tema ou a ideia prin-
si. Em outras palavras, a coesão dá-se quando, através de cipal, leia com atenção a introdução e/ou a con-
um pronome relativo, uma conjunção (NEXOS), ou um clusão.
pronome oblíquo átono, há uma relação correta entre o Olhe com especial atenção os pronomes relativos,
que se vai dizer e o que já foi dito. pronomes pessoais, pronomes demonstrativos,
etc., chamados vocábulos relatores, porque reme-
São muitos os erros de coesão no dia a dia e, entre tem a outros vocábulos do texto.
eles, está o mau uso do pronome relativo e do prono-
me oblíquo átono. Este depende da regência do verbo; SITES
aquele, do seu antecedente. Não se pode esquecer tam- Disponível em: <http://www.tudosobreconcursos.
bém de que os pronomes relativos têm, cada um, valor com/materiais/portugues/como-interpretar-textos>
semântico, por isso a necessidade de adequação ao an- Disponível em: <http://portuguesemfoco.com/pf/
tecedente. 09-dicas-para-melhorar-a-interpretacao-de-textos-em-
-provas>
Os pronomes relativos são muito importantes na in-
Disponível em: <http://www.portuguesnarede.
terpretação de texto, pois seu uso incorreto traz erros de
com/2014/03/dicas-para-voce-interpretar-melhor-um.
coesão. Assim sendo, deve-se levar em consideração que html>
existe um pronome relativo adequado a cada circunstân- Disponível em: <http://vestibular.uol.com.br/cursi-
cia, a saber: nho/questoes/questao-117-portugues.htm>
que (neutro) - relaciona-se com qualquer anteceden-
te, mas depende das condições da frase.
qual (neutro) idem ao anterior.
quem (pessoa) EXERCÍCIOS COMENTADOS
cujo (posse) - antes dele aparece o possuidor e depois
o objeto possuído. 1. (EBSERH – Analista Administrativo – Estatística –
AOCP-2015)
LÍNGUA PORTUGUESA
como (modo)
onde (lugar)
quando (tempo) O verão em que aprendi a boiar
quanto (montante) Quando achamos que tudo já aconteceu, novas ca-
Exemplo: pacidades fazem de nós pessoas diferentes do que
Falou tudo QUANTO queria (correto) éramos
Falou tudo QUE queria (errado - antes do QUE, deveria
aparecer o demonstrativo O). IVAN MARTINS
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Sei que a palavra da moda é precocidade, mas eu acre- na água do mar. Às vezes você nada, outras vezes você
dito em conquistas tardias. Elas têm na minha vida um boia, de vez em quando, morto de medo, sente que pode
gosto especial. afundar. É uma experiência que exige, ao mesmo tem-
Quando aprendi a guiar, aos 34 anos, tudo se transfor- po, relaxamento e atenção, e nem sempre essas coisas
mou. De repente, ganhei mobilidade e autonomia. A ci- se combinam. Se a gente se põe muito tenso e cerebral,
dade, minha cidade, mudou de tamanho e de fisionomia. a relação perde a espontaneidade. Afunda. Mas, largada
Descer a Avenida Rebouças num táxi, de madrugada, era apenas ao sabor das ondas, sem atenção ao equilíbrio, a
diferente – e pior – do que descer a mesma avenida com relação também naufraga. Há uma ciência sem cálculos
as mãos ao volante, ouvindo rock and roll no rádio. Pegar que tem de ser assimilada a cada novo amor, por cada
a estrada com os filhos pequenos revelou-se uma delícia um de nós. Ela fornece a combinação exata de atenção e
insuspeitada. relaxamento que permite boiar. Quer dizer, viver de for-
Talvez porque eu tenha começado tarde, guiar me pare- ma relaxada e consciente um grande amor.
ce, ainda hoje, uma experiência incomum. É um ato que, Na minha experiência, esse aprendizado não se fez ra-
mesmo repetido de forma diária, nunca se banalizou in- pidamente. Demorou anos e ainda se faz. Talvez porque
teiramente. eu seja homem, talvez porque seja obtuso para as coi-
Na véspera do Ano Novo, em Ubatuba, eu fiz outra des- sas do afeto. Provavelmente, porque sofro das limitações
coberta temporã. emocionais que muitos sofrem e que tornam as relações
Depois de décadas de tentativas inúteis e frustrantes, afetivas mais tensas e trabalhosas do que deveriam ser.
num final de tarde ensolarado eu conquistei o dom da Sabemos nadar, mas nos custa relaxar e ser felizes nas
flutuação. Nas águas cálidas e translúcidas da praia Bra- águas do amor e do sexo. Nos custa boiar.
va, sob o olhar risonho da minha mulher, finalmente con- A boa notícia, que eu redescobri na praia, é que tudo se
segui boiar. aprende, mesmo as coisas simples que pareciam impos-
Não riam, por favor. Vocês que fazem isso desde os oito síveis.
anos, vocês que já enjoaram da ausência de peso e esfor- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de me-
ço, vocês que não mais se surpreendem com a sensação lhorar. Mesmo se ela acabou, é certo que haverá outra
de balançar ao ritmo da água – sinto dizer, mas vocês se no futuro, no qual faremos melhor: com mais calma, com
esqueceram de como tudo isso é bom. mais prazer, com mais intensidade e menos medo.
Nadar é uma forma de sobrepujar a água e impor-se a O verão, afinal, está apenas começando. Todos os dias se
ela. Boiar é fazer parte dela – assim como do sol e das pode tentar boiar.
montanhas ao redor, dos sons que chegam filtrados ao http://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/ivan-mar-
ouvido submerso, do vento que ergue a onda e lança tins/noticia/2014/01/overao-em-que-aprendi-boiar.html
água em nosso rosto. Boiar é ser feliz sem fazer força, e
isso, curiosamente, não é fácil. De acordo com o texto, quando o autor afirma que “To-
Essa experiência me sugeriu algumas considerações so- dos os dias se pode tentar boiar.”, ele refere-se ao fato de
bre a vida em geral.
Uma delas, óbvia, é que a gente nunca para de apren- a) haver sempre tempo para aprender, para tentar relaxar
der ou de avançar. Intelectualmente e emocionalmente, e ser feliz nas águas do amor, agindo com mais cal-
de um jeito prático ou subjetivo, estamos sempre incor- ma, com mais prazer, com mais intensidade e menos
porando novidades que nos transformam. Somos gene- medo.
ticamente elaborados para lidar com o novo, mas não b) ser necessário agir com mais cautela nos relaciona-
só. Também somos profundamente modificados por ele. mentos amorosos para que eles não se desfaçam.
A cada momento da vida, quando achamos que tudo já c) haver sempre tempo para aprender a ser mais criterio-
aconteceu, novas capacidades irrompem e fazem de nós so com seus relacionamentos, a fim de que eles sejam
uma pessoa diferente do que éramos. Uma pessoa capaz vividos intensamente.
de boiar é diferente daquelas que afundam como pedras. d) haver sempre tempo para aprender coisas novas, in-
Suspeito que isso tenha importância também para os re- clusive agir com o raciocínio nas relações amorosas.
lacionamentos. e) ser necessário aprender nos relacionamentos, porém
Se a gente não congela ou enferruja – e tem gente que já sempre estando alerta para aquilo de ruim que pode
está assim aos 30 anos – nosso repertório íntimo tende a acontecer.
se ampliar, a cada ano que passa e a cada nova relação.
Penso em aprender a escutar e a falar, em olhar o outro, Resposta: Letra A. Ao texto: (...) tudo se aprende,
em tocar o corpo do outro com propriedade e deixar-se mesmo as coisas simples que pareciam impossíveis. /
tocar sem susto. Penso em conter a nossa própria frustra- Enquanto se está vivo e relação existe, há chance de
ção e a nossa fúria, em permitir que o parceiro floresça, melhorar = sempre há tempo para boiar (aprender).
em dar atenção aos detalhes dele. Penso, sobretudo, em
LÍNGUA PORTUGUESA
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criterioso com seus relacionamentos, a fim de que eles Voltemos ao texto: Uma crise bancária pode ser com-
sejam vividos intensamente = incorreta – ser menos parada a um vendaval. Suas consequências sobre a eco-
objetivo nos relacionamentos. nomia das famílias e das empresas são imprevisíveis.
Em “d”: haver sempre tempo para aprender coisas no-
vas, inclusive agir com o raciocínio nas relações amo- 3. (BANPARÁ – ASSISTENTE SOCIAL – FADESP-2018)
rosas = incorreta – ser mais emoção.
Em “e”: ser necessário aprender nos relacionamentos, Lastro e o Sistema Bancário
porém sempre estando alerta para aquilo de ruim que
pode acontecer = incorreta – estar sempre cuidando, [...]
não pensando em algo ruim. Até os anos 60, o papel-moeda e o dinheiro deposita-
do nos bancos deviam estar ligados a uma quantidade
2. (BACEN – TÉCNICO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – de ouro num sistema chamado lastro-ouro. Como esse
ÁREA 1 e 2 – CESPE-2013) metal é limitado, isso garantia que a produção de dinhei-
ro fosse também limitada. Com o tempo, os banqueiros
Uma crise bancária pode ser comparada a um vendaval. se deram conta de que ninguém estava interessado em
Suas consequências sobre a economia das famílias e das trocar dinheiro por ouro e criaram manobras, como a re-
empresas são imprevisíveis. Os agentes econômicos rela- serva fracional, para emprestar muito mais dinheiro do
cionam-se em suas operações de compra, venda e troca que realmente tinham em ouro nos cofres. Nas crises,
de mercadorias e serviços de modo que cada fato econô- como em 1929, todos queriam sacar dinheiro para pagar
mico, seja ele de simples circulação, de transformação ou suas contas e os bancos quebravam por falta de fundos,
de consumo, corresponde à realização de ao menos uma deixando sem nada as pessoas que acreditavam ter suas
operação de natureza monetária junto a um intermediá- economias seguramente guardadas.
rio financeiro, em regra, um banco comercial que recebe Em 1971, o presidente dos EUA acabou com o padrão-
um depósito, paga um cheque, desconta um título ou -ouro. Desde então, o dinheiro, na forma de cédulas e
antecipa a realização de um crédito futuro. A estabilida- principalmente de valores em contas bancárias, já não
de do sistema que intermedeia as operações monetárias, tendo nenhuma riqueza material para representar, é cria-
portanto, é fundamental para a própria segurança e esta- do a partir de empréstimos. Quando alguém vai até o
bilidade das relações entre os agentes econômicos. banco e recebe um empréstimo, o valor colocado em
A iminência de uma crise bancária é capaz de afetar e sua conta é gerado naquele instante, criado a partir de
contaminar todo o sistema econômico, fazendo que os uma decisão administrativa, e assim entra na economia.
titulares de ativos financeiros fujam do sistema financeiro Essa explicação permaneceu controversa e escondida
e se refugiem, para preservar o valor do seu patrimônio, por muito tempo, mas hoje está clara em um relatório do
em ativos móveis ou imóveis e, em casos extremos, em Bank of England de 2014.
estoques crescentes de moeda estrangeira. Para se evitar Praticamente todo o dinheiro que existe no mundo é
esse tipo de distorção, é fundamental a manutenção da criado assim, inventado em canetaços a partir da conces-
credibilidade no sistema financeiro. A experiência bra- são de empréstimos. O que torna tudo mais estranho e
sileira com o Plano Real é singular entre os países que
perverso é que, sobre esse empréstimo, é cobrada uma
adotaram políticas de estabilização monetária, uma vez
dívida. Então, se eu peço dinheiro ao banco, ele inventa
que a reversão das taxas inflacionárias não resultou na
números em uma tabela com meu nome e pede que eu
fuga de capitais líquidos do sistema financeiro para os
devolva uma quantidade maior do que essa. Para pagar
ativos reais.
a dívida, preciso ir até o dito “livre-mercado” e trabalhar,
Pode-se afirmar que a estabilidade do Sistema Financei-
lutar, talvez trapacear, para conseguir o dinheiro que o
ro Nacional é a garantia de sucesso do Plano Real. Não
banco inventou na conta de outras pessoas. Esse é o di-
existe moeda forte sem um sistema bancário igualmente
forte. Não é por outra razão que a Lei n.º 4.595/1964, que nheiro que vai ser usado para pagar a dívida, já que a
criou o Banco Central do Brasil (BACEN), atribuiu-lhe si- única fonte de moeda é o empréstimo bancário. No fim,
multaneamente as funções de zelar pela estabilidade da os bancos acabam com todo o dinheiro que foi inventa-
moeda e pela liquidez e solvência do sistema financeiro. do e ainda confiscam os bens da pessoa endividada cujo
Atuação do Banco Central na sua função de zelar pela dinheiro tomei.
estabilidade do Sistema Financeiro Nacional. Internet: < Assim, o sistema monetário atual funciona com uma
www.bcb.gov.br > (com adaptações). moeda que é ao mesmo tempo escassa e abundante. Es-
cassa porque só banqueiros podem criá-la, e abundante
Conclui-se da leitura do texto que a comparação entre porque é gerada pela simples manipulação de bancos de
“crise bancária” e “vendaval” embasa-se na impossibi- dados. O resultado é uma acumulação de riqueza e po-
lidade de se preverem as consequências de ambos os der sem precedentes: um mundo onde o patrimônio de
LÍNGUA PORTUGUESA
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a) tornar ilimitada a produção de dinheiro. Há uma série de informações implícitas na charge; NÃO
b) proteger os bens dos clientes de bancos. pode, no entanto, ser inferida da imagem e das frases a
c) impedir que os bancos fossem à falência. seguinte informação:
d) permitir o empréstimo de mais dinheiro
e) preservar as economias das pessoas. a) a classe social mais alta está envolvida nos crimes co-
metidos no Rio;
Resposta: Letra D. Ao texto: (...) Com o tempo, os b) a tarefa da investigação criminal não está sendo bem-
banqueiros se deram conta de que ninguém estava -feita;
interessado em trocar dinheiro por ouro e criaram ma- c) a linguagem do personagem mostra intimidade com
nobras, como a reserva fracional, para emprestar mui- o interlocutor;
to mais dinheiro do que realmente tinham em ouro d) a presença do orelhão indica o atraso do local da char-
nos cofres. ge;
Em “a”, tornar ilimitada a produção de dinheiro = in- e) as imagens dos tanques de guerra denunciam a pre-
correta sença do Exército.
Em “b”, proteger os bens dos clientes de bancos = in-
correta
Em “c”, impedir que os bancos fossem à falência = Resposta: Letra D.
incorreta
Em “d”, permitir o empréstimo de mais dinheiro =
correta
Em “e”, preservar as economias das pessoas = incor-
reta
a) as dívidas dos clientes são o que sustenta os bancos. NÃO pode ser inferida da imagem e das frases a se-
b) todo o dinheiro que os bancos emprestam é imagi- guinte informação:
nário. Em “a”, a classe social mais alta está envolvida nos cri-
c) quem pede um empréstimo deve a outros clientes. mes cometidos no Rio = inferência correta
d) o pagamento de dívidas depende do “livre-mercado”. Em “b”, a tarefa da investigação criminal não está sen-
e) os bancos confiscam os bens dos clientes endividados. do bem-feita = inferência correta
Em “c”, a linguagem do personagem mostra intimida-
Resposta: Letra A. de com o interlocutor = inferência correta
Em “a”, as dívidas dos clientes são o que sustenta os Em “d”, a presença do orelhão indica o atraso do local
bancos = correta da charge = incorreta
Em “b”, todo o dinheiro que os bancos emprestam é Em “e”, as imagens dos tanques de guerra denunciam
imaginário = nem todo a presença do Exército = inferência correta
Em “c”, quem pede um empréstimo deve a outros
clientes = deve ao banco, este paga/empresta a ou- 6. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – NÍVEL SUPERIOR –
tros clientes CONHECIMENTOS BÁSICOS – CESPE-2014)
Em “d”, o pagamento de dívidas depende do “livre-
-mercado” = não só: (...) preciso ir até o dito “livre- As primeiras moedas, peças representando valores, ge-
-mercado” e trabalhar, lutar, talvez trapacear. ralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no
Em “e”, os bancos confiscam os bens dos clientes endi- século VII a.C. As características que se desejava ressaltar
vidados = desde que não paguem a dívida eram transportadas para as peças por meio da panca-
da de um objeto pesado, em primitivos cunhos. Com o
5. (BANESTES – ANALISTA ECONÔMICO FINANCEI- surgimento da cunhagem a martelo e o uso de metais
RO GESTÃO CONTÁBIL – FGV-2018) Observe a charge nobres, como o ouro e a prata, os signos monetários pas-
abaixo, publicada no momento da intervenção nas ati- saram a ser valorizados também pela nobreza dos metais
vidades de segurança do Rio de Janeiro, em março de neles empregados.
2018. Embora a evolução dos tempos tenha levado à substi-
tuição do ouro e da prata por metais menos raros ou
suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a as-
sociação dos atributos de beleza e expressão cultural ao
LÍNGUA PORTUGUESA
48
seus clientes e a dar recibos escritos das quantias guar- Oportunismo à Direita e à Esquerda
dadas. Esses recibos passaram, com o tempo, a servir
como meio de pagamento por seus possuidores, por ser Numa democracia, é livre a expressão, estão garantidos
mais seguro portá-los do que portar dinheiro vivo. Assim o direito de reunião e de greve, entre outros, obedecidas
surgiram as primeiras cédulas de “papel moeda”, ou cé- leis e regras, lastreadas na Constituição. Em um regime
dulas de banco; concomitantemente ao surgimento das de liberdades, há sempre o risco de excessos, a serem
cédulas, a guarda dos valores em espécie dava origem a devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
instituições bancárias. conforme estabelecido na legislação.
Casa da Moeda do Brasil: 290 anos de História, É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos cami-
1694/1984. nhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo, da
ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados em
Depreende-se do texto que duas características das se beneficiar do barateamento do combustível.
moedas se mantiveram ao longo do tempo: a veiculação Sempre há, também, o oportunismo político-ideológico
de formas em sua superfície e a associação de seu valor para se aproveitar da crise. Inclusive, neste ano de elei-
ção, com o objetivo de obter apoio a candidatos. Não
monetário a atributos como beleza.
faltam, também, os arautos do quanto pior, melhor, para
desgastar governantes e reforçar seus projetos de po-
( ) CERTO ( ) ERRADO
der, por mais delirantes que sejam. Também aqui vale o
que está delimitado pelo estado democrático de direito,
Resposta: Errado. Depreende-se do texto que duas defendido pelos diversos instrumentos institucionais de
características das moedas se mantiveram ao longo do que conta o Estado – Polícia, Justiça, Ministério Público,
tempo: a veiculação de formas em sua superfície e a Forças Armadas etc.
associação de seu valor monetário a atributos como A greve atravessou vários sinais ao estrangular as vias de
beleza = errado (é o inverso). suprimento que mantêm o sistema produtivo funcionan-
Texto: (...) a associação dos atributos de beleza e ex- do, do qual depende a sobrevivência física da população.
pressão cultural ao valor monetário das moedas, que Isso não pode ser esquecido e serve de alerta para que as
quase sempre, na atualidade, apresentam figuras re- autoridades desenvolvam planos de contingência.
presentativas da história, da cultura, das riquezas e do O Globo, 31/05/2018.
poder das sociedades.
“É o que precisa acontecer no rescaldo da greve dos ca-
7. (Câmara de Salvador-BA – Assistente Legislativo minhoneiros, concluídas as investigações, por exemplo,
Municipal – FGV-2018-adaptada) “Hoje, esse termo da ajuda ilegal de patrões ao movimento, interessados
denota, além da agressão física, diversos tipos de impo- em se beneficiar do barateamento do combustível.” Se-
sição sobre a vida civil, como a repressão política, familiar gundo esse parágrafo do texto, o que “precisa acontecer”
ou de gênero, ou a censura da fala e do pensamento de é
determinados indivíduos e, ainda, o desgaste causado
pelas condições de trabalho e condições econômicas”. A a) manter-se o direito de livre expressão do pensamento.
manchete jornalística abaixo que NÃO se enquadra em b) garantir-se o direito de reunião e de greve.
nenhum tipo de violência citado nesse segmento é: c) lastrear leis e regras na Constituição.
d) punirem-se os responsáveis por excessos.
a) Presa por mensagem racista na internet; e) concluírem-se as investigações sobre a greve.
b) Vinte pessoas são vítimas da ditadura venezuelana;
Resposta: Letra D. Em “a”: manter-se o direito de livre
c) Apanhou de policiais por destruir caixa eletrônico;
expressão do pensamento. = incorreto
d) Homossexuais são perseguidos e presos na Rússia;
Em “b”: garantir-se o direito de reunião e de greve. =
e) Quatro funcionários ficaram livres do trabalho escravo.
incorreto
Em “c”: lastrear leis e regras na Constituição. = incor-
Resposta: Letra C. Em “a”: Presa por mensagem ra- reto
cista na internet = como a repressão política, familiar Em “d”: punirem-se os responsáveis por excessos.
ou de gênero Em “e”: concluírem-se as investigações sobre a greve.
Em “b”: Vinte pessoas são vítimas da ditadura vene- = incorreto
zuelana = como a repressão política, familiar ou de gê- Ao texto: (...) há sempre o risco de excessos, a serem
nero devidamente contidos e seus responsáveis, punidos,
Em “c”: Apanhou de policiais por destruir caixa eletrô- conforme estabelecido na legislação. / É o que precisa
nico = não consta na Manchete acima acontecer... = precisa acontecer a punição dos exces-
Em “d”: Homossexuais são perseguidos e presos na sos.
LÍNGUA PORTUGUESA
8. (MPE-AL – ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO – A paz não pode ser garantida apenas pelos acordos
ÁREA JURÍDICA – FGV-2018) políticos, econômicos ou militares. Cada um de nós, in-
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dependentemente de idade, sexo, estrato social, crença a) obstáculos para a construção da cultura da paz.
religiosa etc. é chamado à criação de um mundo pacifica- b) dispensáveis para a construção da cultura da paz.
do, um mundo sob a égide de uma cultura da paz. c) irrelevantes na construção da cultura da paz.
Mas, o que significa “cultura da paz”? d) etapas para a construção da cultura da paz.
Construir uma cultura da paz envolve dotar as crianças e) consequências da construção da cultura da paz.
e os adultos da compreensão de princípios como liber-
dade, justiça, democracia, direitos humanos, tolerância, Resposta: Letra D. Em “a”: obstáculos para a constru-
igualdade e solidariedade. Implica uma rejeição, indivi- ção da cultura da paz. = incorreto
dual e coletiva, da violência que tem sido percebida na Em “b”: dispensáveis para a construção da cultura da
sociedade, em seus mais variados contextos. A cultura da paz. = incorreto
paz tem de procurar soluções que advenham de dentro Em “c”: irrelevantes na construção da cultura da paz.
da(s) sociedade(s), que não sejam impostas do exterior. = incorreto
Cabe ressaltar que o conceito de paz pode ser abordado Em “d”: etapas para a construção da cultura da paz.
em sentido negativo, quando se traduz em um estado Em “e”: consequências da construção da cultura da paz.
de não guerra, em ausência de conflito, em passividade = incorreto
e permissividade, sem dinamismo próprio; em síntese, Ao texto: Um dos primeiros passos nesse sentido refe-
condenada a um vazio, a uma não existência palpável, re-se à gestão de conflitos. (...) Outro passo é tentar er-
difícil de se concretizar e de se precisar. Em sua concep- radicar a pobreza e reduzir as desigualdades = etapas
ção positiva, a paz não é o contrário da guerra, mas a para construção da paz.
prática da não violência para resolver conflitos, a prática
do diálogo na relação entre pessoas, a postura democrá- 10. (PC-SP - PAPILOSCOPISTA POLICIAL – VU-
tica frente à vida, que pressupõe a dinâmica da coope- NESP-2013) Leia o cartum de Jean Galvão
ração planejada e o movimento constante da instalação
de justiça.
Uma cultura de paz exige esforço para modificar o pen-
samento e a ação das pessoas para que se promova a
paz. Falar de violência e de como ela nos assola deixa
de ser, então, a temática principal. Não que ela vá ser
esquecida ou abafada; ela pertence ao nosso dia a dia e
temos consciência disso. Porém, o sentido do discurso, a
ideologia que o alimenta, precisa impregná-lo de pala-
vras e conceitos que anunciem os valores humanos que
decantam a paz, que lhe proclamam e promovem. A vio-
lência já é bastante denunciada, e quanto mais falamos
dela, mais lembramos de sua existência em nosso meio
social. É hora de começarmos a convocar a presença da
paz em nós, entre nós, entre nações, entre povos.
Um dos primeiros passos nesse sentido refere-se à ges-
tão de conflitos. Ou seja, prevenir os conflitos potencial-
mente violentos e reconstruir a paz e a confiança en-
tre pessoas originárias de situação de guerra é um dos (https://www.facebook.com/jeangalvao.cartunista)
exemplos mais comuns a serem considerados. Tal missão
estende-se às escolas, instituições públicas e outros lo- Considerando a relação entre a fala do personagem e a
cais de trabalho por todo o mundo, bem como aos par- imagem visual, pode-se concluir que o que o leva a pular
lamentos e centros de comunicação e associações. a onda é a necessidade de
Outro passo é tentar erradicar a pobreza e reduzir as de-
sigualdades, lutando para atingir um desenvolvimento a) demonstrar respeito às religiões.
sustentado e o respeito pelos direitos humanos, refor- b) realizar um ritual místico.
çando as instituições democráticas, promovendo a liber- c) divertir-se com os amigos.
dade de expressão, preservando a diversidade cultural e d) preservar uma tradição familiar.
o ambiente.
e) esquivar-se da sujeira da água.
É, então, no entrelaçamento “paz — desenvolvimento —
direitos humanos — democracia” que podemos vislum-
Resposta: Letra E. Em “a”: demonstrar respeito às re-
LÍNGUA PORTUGUESA
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11. (PM-SP - SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR – VUNESP-2015) Leia a tira.
(Pancho. www.gazetadopovo.com.br)
a) os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma situação de completo confi-
namento.
b) os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de criminosos.
c) o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com a
aparência.
d) o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro por eles
nos presídios.
e) os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se encontram.
Resposta: Letra E. Em “a”: os personagens têm uma autoestima elevada e são otimistas, mesmo vivendo em uma
situação de completo confinamento. = incorreto
Em “b”: os dois personagens estão muito bem informados sobre a economia, o que não condiz com a imagem de
criminosos. = incorreto
LÍNGUA PORTUGUESA
Em “c”: o valor dos cosméticos afetará diretamente a vida dos personagens, pois eles demonstram preocupação com
a aparência. = incorreto
Em “d”: o aumento dos preços de cosméticos não surpreende os personagens, que estão acostumados a pagar caro
por eles nos presídios. = incorreto
Em “e”: os preços de cosméticos não deveriam ser relevantes para os personagens, dada a condição em que se
encontram.
Pela condição em que as personagens se encontram, o aumento no preço dos cosméticos não os afeta.
51
13. (TJ-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – OFICIAL DE JUS- O humor da tira é conseguido através de uma quebra de
TIÇA AVALIADOR – FGV-2018) expectativa, que é:
Texto 1 – Além do celular e da carteira, cuidado com a) o fato de um adulto colecionar figurinhas;
as figurinhas da Copa b) as figurinhas serem de temas sociais e não esportivos;
Gilberto Porcidônio – O Globo, 12/04/2018 c) a falta de muitas figurinhas no álbum;
d) a reclamação ser apresentada pelo pai e não pelo filho;
A febre do troca-troca de figurinhas pode estar atingindo e) uma criança ajudar a um adulto e não o contrário.
uma temperatura muito alta. Preocupados que os mais
afoitos pelos cromos possam até roubá-los, muitos jor- Resposta: Letra B. Em “a”: o fato de um adulto cole-
naleiros estão levando seus estoques para casa quando cionar figurinhas; = incorreto
termina o expediente. Pode parecer piada, mas há até Em “b”: as figurinhas serem de temas sociais e não
boatos sobre quadrilhas de roubo de figurinha espalha- esportivos;
dos por mensagens de celular. Em “c”: a falta de muitas figurinhas no álbum; = incor-
Sobre a estrutura do título dado ao texto 1, a afirmativa reto
adequada é: Em “d”: a reclamação ser apresentada pelo pai e não
pelo filho; = incorreto
a) as figurinhas da Copa passaram a ocupar o lugar do Em “e”: uma criança ajudar a um adulto e não o con-
celular e da carteira nos roubos urbanos; trário. = incorreto
b) as figurinhas da Copa se somaram ao celular e à car- O humor está no fato de o álbum ser sobre um tema
teira como alvo de desejo dos assaltantes; incomum: assuntos sociais.
c) o alerta dado no título se dirige aos jornaleiros que
vendem as figurinhas da Copa; 15. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018) Obser-
d) os ladrões passaram a roubar as figurinhas da Copa ve a charge abaixo.
nas bancas de jornais;
e) as figurinhas da Copa se transformaram no alvo prin-
cipal dos ladrões.
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A charge acima é uma homenagem a Stephen Hawking, 18. (TRF-2.ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA
destacando o fato de o cientista: ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)
Resposta: Letra D. Em “a”: ter alcançado o céu após a) apresenta uma temática, assim como a descrição dos
sua morte; = incorreto personagens e do ambiente, de forma sutil e dinâmica.
Em “b”: mostrar determinação no combate à doença; b) permite visualizar a degradação da figura humana e
= incorreto o retrato da figura da morte afugentada pelos perso-
Em “c”: ser comparado a cientistas famosos; = incor- nagens.
reto c) apresenta elementos físicos presentes no cotidiano
Em “d”: ser reconhecido como uma mente brilhante; dos retirantes vítimas da seca e aspectos relacionados
Em “e”: localizar seus interesses nos estudos de Física. à desigualdade social.
= incorreto d) utiliza a linguagem não verbal com o objetivo de cons-
Usemos a fala de Einstein: “a mente brilhante que es- truir uma imagem cuja ênfase mística se opõe aos fa-
távamos esperando”. tos da realidade observável.
17. (TJ-PE – ANALISTA JUDICIÁRIO – FUNÇÃO ADMI- Resposta: Letra C. Em “a”: apresenta uma temática,
NISTRATIVA – IBFC-2017) assim como a descrição dos personagens e do am-
biente, de forma sutil e dinâmica.
Texto II Em “b”: permite visualizar a degradação da figura hu-
mana e o retrato da figura da morte afugentada pelos
personagens.
Em “c”: apresenta elementos físicos presentes no co-
tidiano dos retirantes vítimas da seca e aspectos rela-
cionados à desigualdade social.
Em “d”: utiliza a linguagem não verbal com o objetivo
de construir uma imagem cuja ênfase mística se opõe
aos fatos da realidade observável.
A obra retrata, de forma nada sutil, os elementos físi-
A observação dos elementos não verbais do texto é res- cos de uma família vítima da seca.
ponsável pelo entendimento do humor sugerido. Nesse
sentido, a evolução do homem e do computador, através
de tais elementos, deve ser entendida como: Linguagem Verbal e Não Verbal
53
A linguagem pode ser não verbal, ao contrário da ver- tes, agora, depois, entre outros: Ela entrava em seu
bal, não utiliza vocábulo, palavras para se comunicar. O carro quando ele apareceu. Depois de muita conver-
objetivo, neste caso, não é de expor verbalmente o que sa, resolveram...
se quer dizer ou o que se está pensando, mas se utilizar B) Textos descritivos – como o próprio nome indica,
de outros meios comunicativos, como: placas, figuras, descrevem características tanto físicas quanto psi-
gestos, objetos, cores, ou seja, dos signos visuais. cológicas acerca de um determinado indivíduo ou
Vejamos: um texto narrativo, uma carta, o diálogo, objeto. Os tempos verbais aparecem demarcados
uma entrevista, uma reportagem no jornal escrito ou tele- no presente ou no pretérito imperfeito: “Tinha os
visionado, um bilhete? = Linguagem verbal! cabelos mais negros como a asa da graúna...”
C) Textos expositivos – Têm por finalidade explicar
Agora: o semáforo, o apito do juiz numa partida de
um assunto ou uma determinada situação que se
futebol, o cartão vermelho, o cartão amarelo, uma dança,
almeje desenvolvê-la, enfatizando acerca das ra-
o aviso de “não fume” ou de “silêncio”, o bocejo, a identi- zões de ela acontecer, como em: O cadastramento
ficação de “feminino” e “masculino” através de figuras na irá se prorrogar até o dia 02 de dezembro, portan-
porta do banheiro, as placas de trânsito? = Linguagem to, não se esqueça de fazê-lo, sob pena de perder o
não verbal! benefício.
D) Textos injuntivos (instrucional) – Trata-se de
A linguagem pode ser ainda verbal e não verbal ao uma modalidade na qual as ações são prescritas de
mesmo tempo, como nos casos das charges, cartoons e forma sequencial, utilizando-se de verbos expres-
anúncios publicitários. sos no imperativo, infinitivo ou futuro do presente:
Alguns exemplos: Misture todos os ingrediente e bata no liquidificador
Cartão vermelho – denúncia de falta grave no futebol. até criar uma massa homogênea.
Placas de trânsito. E) Textos argumentativos (dissertativo) – Demar-
Imagem indicativa de “silêncio”. cam-se pelo predomínio de operadores argumen-
Semáforo com sinal amarelo advertindo “atenção”. tativos, revelados por uma carga ideológica cons-
tituída de argumentos e contra-argumentos que
SITE justificam a posição assumida acerca de um deter-
Disponível em: <http://www.brasilescola.com/reda- minado assunto: A mulher do mundo contemporâ-
cao/linguagem.htm> neo luta cada vez mais para conquistar seu espaço
no mercado de trabalho, o que significa que os gê-
neros estão em complementação, não em disputa.
TIPOLOGIA E GÊNERO TEXTUAL
2. Gêneros Textuais
A todo o momento nos deparamos com vários textos,
sejam eles verbais ou não verbais. Em todos há a pre- São os textos materializados que encontramos em
sença do discurso, isto é, a ideia intrínseca, a essência nosso cotidiano; tais textos apresentam características
sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função,
daquilo que está sendo transmitido entre os interlocu-
composição, conteúdo e canal. Como exemplos, temos:
tores. Estes interlocutores são as peças principais em um
receita culinária, e-mail, reportagem, monografia, poema,
diálogo ou em um texto escrito.
editorial, piada, debate, agenda, inquérito policial, fórum,
É de fundamental importância sabermos classificar os blog, etc.
textos com os quais travamos convivência no nosso dia a A escolha de um determinado gênero discursivo de-
dia. Para isso, precisamos saber que existem tipos textuais pende, em grande parte, da situação de produção, ou
e gêneros textuais. seja, a finalidade do texto a ser produzido, quem são os
Comumente relatamos sobre um acontecimento, um locutores e os interlocutores, o meio disponível para vei-
fato presenciado ou ocorrido conosco, expomos nossa cular o texto, etc.
opinião sobre determinado assunto, descrevemos algum Os gêneros discursivos geralmente estão ligados a
lugar que visitamos, fazemos um retrato verbal sobre al- esferas de circulação. Assim, na esfera jornalística, por
guém que acabamos de conhecer ou ver. É exatamente exemplo, são comuns gêneros como notícias, reporta-
nessas situações corriqueiras que classificamos os nossos gens, editoriais, entrevistas e outros; na esfera de divul-
textos naquela tradicional tipologia: Narração, Descrição gação científica são comuns gêneros como verbete de
e Dissertação. dicionário ou de enciclopédia, artigo ou ensaio científico,
1. As tipologias textuais se caracterizam pelos seminário, conferência.
aspectos de ordem linguística
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Os tipos textuais designam uma sequência definida Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto
pela natureza linguística de sua composição. São obser- Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. –
LÍNGUA PORTUGUESA
vados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, rela- São Paulo: Saraiva, 2010.
ções logicas. Os tipos textuais são o narrativo, descritivo, Português – Literatura, Produção de Textos & Gra-
argumentativo/dissertativo, injuntivo e expositivo. mática – volume único / Samira Yousseff Campedelli,
Jésus Barbosa Souza. – 3.ª ed. – São Paulo: Saraiva, 2002.
A) Textos narrativos – constituem-se de verbos de SITE
ação demarcados no tempo do universo narrado, http://www.brasilescola.com/redacao/tipologia-tex-
como também de advérbios, como é o caso de an- tual.htm
54
LETRA E FONEMA
A palavra fonologia é formada pelos elementos gregos fono (“som, voz”) e log, logia (“estudo”, “conhecimento”).
Significa literalmente “estudo dos sons” ou “estudo dos sons da voz”. Fonologia é a parte da gramática que estuda os
sons da língua quanto à sua função no sistema de comunicação linguística, quanto à sua organização e classificação.
Cuida, também, de aspectos relacionados à divisão silábica, à ortografia, à acentuação, bem como da forma correta de
pronunciar certas palavras. Lembrando que, cada indivíduo tem uma maneira própria de realizar estes sons no ato da
fala. Particularidades na pronúncia de cada falante são estudadas pela Fonética.
Na língua falada, as palavras se constituem de fonemas; na língua escrita, as palavras são reproduzidas por meio de
símbolos gráficos, chamados de letras ou grafemas. Dá-se o nome de fonema ao menor elemento sonoro capaz de
estabelecer uma distinção de significado entre as palavras. Observe, nos exemplos a seguir, os fonemas que marcam a
distinção entre os pares de palavras:
As letras “m” e “n”, em determinadas palavras, não representam fonemas. Observe os exemplos: compra, conta.
Nestas palavras, “m” e “n” indicam a nasalização das vogais que as antecedem: /õ/. Veja ainda: nave: o /n/ é um fonema;
dança: o “n” não é um fonema; o fonema é /ã/, representado na escrita pelas letras “a” e “n”.
1.1 Vogais
As vogais são os fonemas sonoros produzidos por uma corrente de ar que passa livremente pela boca. Em nossa
língua, desempenham o papel de núcleo das sílabas. Isso significa que em toda sílaba há, necessariamente, uma única
vogal.
Na produção de vogais, a boca fica aberta ou entreaberta. As vogais podem ser:
Orais: quando o ar sai apenas pela boca: /a/, /e/, /i/, /o/, /u/.
LÍNGUA PORTUGUESA
55
Quanto ao timbre, as vogais podem ser:
Abertas: pé, lata, pó
Fechadas: mês, luta, amor
Reduzidas - Aparecem quase sempre no final das palavras: dedo (“dedu”), ave (“avi”), gente (“genti”).
1.2 Semivogais
Os fonemas /i/ e /u/, algumas vezes, não são vogais. Aparecem apoiados em uma vogal, formando com ela uma só
emissão de voz (uma sílaba). Neste caso, estes fonemas são chamados de semivogais. A diferença fundamental entre
vogais e semivogais está no fato de que estas não desempenham o papel de núcleo silábico.
Observe a palavra papai. Ela é formada de duas sílabas: pa - pai. Na última sílaba, o fonema vocálico que se destaca
é o “a”. Ele é a vogal. O outro fonema vocálico “i” não é tão forte quanto ele. É a semivogal. Outros exemplos: saudade,
história, série.
1.3 Consoantes
Para a produção das consoantes, a corrente de ar expirada pelos pulmões encontra obstáculos ao passar pela ca-
vidade bucal, fazendo com que as consoantes sejam verdadeiros “ruídos”, incapazes de atuar como núcleos silábicos.
Seu nome provém justamente desse fato, pois, em português, sempre consoam (“soam com”) as vogais. Exemplos: /b/,
/t/, /d/, /v/, /l/, /m/, etc.
2. Encontros Vocálicos
Os encontros vocálicos são agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes intermediárias. É importante
reconhecê-los para dividir corretamente os vocábulos em sílabas. Existem três tipos de encontros: o ditongo, o tritongo
e o hiato.
A) Ditongo
É o encontro de uma vogal e uma semivogal (ou vice-versa) numa mesma sílaba. Pode ser:
Crescente: quando a semivogal vem antes da vogal: sé-rie (i = semivogal, e = vogal)
Decrescente: quando a vogal vem antes da semivogal: pai (a = vogal, i = semivogal)
Oral: quando o ar sai apenas pela boca: pai
Nasal: quando o ar sai pela boca e pelas fossas nasais: mãe
B) Tritongo
É a sequência formada por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal, sempre nesta ordem, numa só sílaba. Pode
ser oral ou nasal: Paraguai - Tritongo oral, quão - Tritongo nasal.
C) Hiato
É a sequência de duas vogais numa mesma palavra que pertencem a sílabas diferentes, uma vez que nunca há mais
de uma vogal numa mesma sílaba: saída (sa-í-da), poesia (po-e-si-a).
3. Encontros Consonantais
O agrupamento de duas ou mais consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de encontro consonantal.
Existem basicamente dois tipos:
A) os que resultam do contato consoante + “l” ou “r” e ocorrem numa mesma sílaba, como em: pe-dra, pla-no,
a-tle-ta, cri-se.
B) os que resultam do contato de duas consoantes pertencentes a sílabas diferentes: por-ta, rit-mo, lis-ta.
Há ainda grupos consonantais que surgem no início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis: pneu, gno-mo, psi-
-có-lo-go.
4. Dígrafos
De maneira geral, cada fonema é representado, na escrita, por apenas uma letra: lixo - Possui quatro fonemas e
LÍNGUA PORTUGUESA
quatro letras.
Há, no entanto, fonemas que são representados, na escrita, por duas letras: bicho - Possui quatro fonemas e cinco
letras.
Na palavra acima, para representar o fonema /xe/ foram utilizadas duas letras: o “c” e o “h”.
Assim, o dígrafo ocorre quando duas letras são usadas para representar um único fonema (di = dois + grafo = letra).
Em nossa língua, há um número razoável de dígrafos que convém conhecer. Podemos agrupá-los em dois tipos: con-
sonantais e vocálicos.
56
A) Dígrafos Consonantais
B) Dígrafos Vocálicos
Observação:
“gu” e “qu” são dígrafos somente quando seguidos de “e” ou “i”, representam os fonemas /g/ e /k/: guitarra, aquilo.
Nestes casos, a letra “u” não corresponde a nenhum fonema. Em algumas palavras, no entanto, o “u” representa um
fonema - semivogal ou vogal - (aguentar, linguiça, aquífero...). Aqui, “gu” e “qu” não são dígrafos. Também não há dí-
grafos quando são seguidos de “a” ou “o” (quase, averiguo).
#FicaDica
Conseguimos ouvir o som da letra “u” também, por isso não há dígrafo! Veja outros exemplos: Água = /
agua/ pronunciamos a letra “u”, ou então teríamos /aga/. Temos, em “água”, 4 letras e 4 fonemas. Já em
guitarra = /gitara/ - não pronunciamos o “u”, então temos dígrafo (aliás, dois dígrafos: “gu” e “rr”). Portan-
to: 8 letras e 6 fonemas.
5. Dífonos
LÍNGUA PORTUGUESA
Assim como existem duas letras que representam um só fonema (os dígrafos!), existe letra que representa dois
fonemas. Sim! É o caso de “fixo”, por exemplo, em que o “x” representa o fonema /ks/; táxi e crucifixo também são
exemplos de dífonos. Quando uma letra representa dois fonemas temos um caso de dífono.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
57
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- construção. O sentido do discurso encontra-se sempre
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. em aberto para a possibilidade de interpretação do seu
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- receptor. O efeito do discurso é, claramente, transmitir
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São uma mensagem e alcançar um objetivo premeditado
Paulo: Saraiva, 2010. através da interpretação e interpelação do indivíduo alvo.
ideológica que o discurso verbal, com a vantagem de mente duas modalidades de língua, ou seja, duas línguas
atingir o indivíduo esteticamente, o que pode render funcionais:
muito mais rapidamente o sucesso do discurso aplicado. A) a língua funcional de modalidade culta, lín-
A partir na análise de todos os aspectos do discurso gua culta ou língua-padrão, que compreende a língua
chega-se ao mais importante: o sentido. O sentido do literária, tem por base a norma culta, forma linguística
discurso não é fixo, por vários motivos: pelo contexto, utilizada pelo segmento mais culto e influente de uma
pela estética, pela ordem do discurso, pela sua forma de sociedade. Constitui, em suma, a língua utilizada pelos
58
veículos de comunicação de massa (emissoras de rádio Eu te amo, sim, mas não abuses!
e televisão, jornais, revistas, painéis, anúncios, etc.), cuja Não assisti ao filme nem vou assistir a ele.
função é a de serem aliados da escola, prestando serviço Sou seu pai, por isso vou perdoar-lhe.
à sociedade, colaborando na educação;
B) a língua funcional de modalidade popular; lín- Considera-se momento neutro o utilizado nos veí-
gua popular ou língua cotidiana, que apresenta grada- culos de comunicação de massa (rádio, televisão, jornal,
ções as mais diversas, tem o seu limite na gíria e no calão. revista, etc.). Daí o fato de não se admitirem deslizes ou
transgressões da norma culta na pena ou na boca de jor-
1.3. Norma culta nalistas, quando no exercício do trabalho, que deve refle-
tir serviço à causa do ensino.
A norma culta, forma linguística que todo povo ci- O momento solene, acessível a poucos, é o da arte
vilizado possui, é a que assegura a unidade da língua poética, caracterizado por construções de rara beleza.
nacional. E justamente em nome dessa unidade, tão im- Vale lembrar, finalmente, que a língua é um costume.
portante do ponto de vista político--cultural, que é ensi- Como tal, qualquer transgressão, ou chamado erro, deixa
nada nas escolas e difundida nas gramáticas. Sendo mais de sê-lo no exato instante em que a maioria absoluta
espontânea e criativa, a língua popular afigura-se mais o comete, passando, assim, a constituir fato linguístico
expressiva e dinâmica. Temos, assim, à guisa de exem- registro de linguagem definitivamente consagrado pelo
plificação: uso, ainda que não tenha amparo gramatical. Exemplos:
Estou preocupado. (norma culta) Olha eu aqui! (Substituiu: Olha-me aqui!)
Tô preocupado. (língua popular) Vamos nos reunir. (Substituiu: Vamo-nos reunir)
Tô grilado. (gíria, limite da língua popular) Não vamos nos dispersar. (Substituiu: Não nos vamos
dispersar e Não vamos dispersar-nos)
Não basta conhecer apenas uma modalidade de Tenho que sair daqui depressinha. (Substituiu: Tenho
língua; urge conhecer a língua popular, captando-lhe a de sair daqui bem depressa)
espontaneidade, expressividade e enorme criatividade, O soldado está a postos. (Substituiu: O soldado está no
para viver; urge conhecer a língua culta para conviver. seu posto)
Podemos, agora, definir gramática: é o estudo das
normas da língua culta. As formas impeço, despeço e desimpeço, dos verbos
impedir, despedir e desimpedir, respectivamente, são
1.4. O conceito de erro em língua exemplos também de transgressões ou “erros” que se
tornaram fatos linguísticos, já que só correm hoje porque
Em rigor, ninguém comete erro em língua, exceto nos a maioria viu tais verbos como derivados de pedir, que
casos de ortografia. O que normalmente se comete são tem início, na sua conjugação, com peço. Tanto bastou
transgressões da norma culta. De fato, aquele que, num para se arcaizarem as formas então legítimas impido, des-
momento íntimo do discurso, diz: “Ninguém deixou ele pido e desimpido, que hoje nenhuma pessoa bem-escola-
falar”, não comete propriamente erro; na verdade, trans- rizada tem coragem de usar.
gride a norma culta. Em vista do exposto, será útil eliminar do vocabulário
Um repórter, ao cometer uma transgressão em sua escolar palavras como corrigir e correto, quando nos refe-
fala, transgride tanto quanto um indivíduo que compare- rimos a frases. “Corrija estas frases” é uma expressão que
ce a um banquete trajando xortes ou quanto um banhis- deve dar lugar a esta, por exemplo: “Converta estas frases
ta, numa praia, vestido de fraque e cartola. da língua popular para a língua culta”.
Releva considerar, assim, o momento do discurso, que Uma frase correta não é aquela que se contrapõe a
pode ser íntimo, neutro ou solene. O momento íntimo é uma frase “errada”; é, na verdade, uma frase elaborada
o das liberdades da fala. No recesso do lar, na fala entre conforme as normas gramaticais; em suma, conforme a
amigos, parentes, namorados, etc., portanto, são consi- norma culta.
deradas perfeitamente normais construções do tipo:
Eu não vi ela hoje. 1.5. Língua escrita e língua falada - Nível de lin-
Ninguém deixou ele falar. guagem
Deixe eu ver isso!
Eu te amo, sim, mas não abuse! A língua escrita, estática, mais elaborada e menos
Não assisti o filme nem vou assisti-lo. econômica, não dispõe dos recursos próprios da língua
Sou teu pai, por isso vou perdoá-lo. falada.
Nesse momento, a informalidade prevalece sobre a A acentuação (relevo de sílaba ou sílabas), a entoação
norma culta, deixando mais livres os interlocutores. (melodia da frase), as pausas (intervalos significativos no
LÍNGUA PORTUGUESA
O momento neutro é o do uso da língua-padrão, que decorrer do discurso), além da possibilidade de gestos,
é a língua da Nação. Como forma de respeito, tomam-se olhares, piscadas, etc., fazem da língua falada a moda-
por base aqui as normas estabelecidas na gramática, ou lidade mais expressiva, mais criativa, mais espontânea e
seja, a norma culta. Assim, aquelas mesmas construções natural, estando, por isso mesmo, mais sujeita a transfor-
se alteram: mações e a evoluções.
Eu não a vi hoje. Nenhuma, porém, sobrepõe-se a outra em impor-
Ninguém o deixou falar. tância. Nas escolas, principalmente, costuma se ensinar
Deixe-me ver isso! a língua falada com base na língua escrita, considerada
59
superior. Decorrem daí as correções, as retificações, as Observação:
emendas, a que os professores sempre estão atentos. A contribuição greco-latina é responsável pela exis-
Ao professor cabe ensinar as duas modalidades, mos- tência de numerosos pares de sinônimos: adversário e
trando as características e as vantagens de uma e outra, antagonista; translúcido e diáfano; semicírculo e hemici-
sem deixar transparecer nenhum caráter de superiorida- clo; contraveneno e antídoto; moral e ética; colóquio e diá-
de ou inferioridade, que em verdade inexiste. logo; transformação e metamorfose; oposição e antítese.
Isso não implica dizer que se deve admitir tudo na
língua falada. A nenhum povo interessa a multiplicação 2. Antônimos
de línguas. A nenhuma nação convém o surgimento de
dialetos, consequência natural do enorme distanciamen-
São palavras que se opõem através de seu significa-
to entre uma modalidade e outra.
do: ordem - anarquia; soberba - humildade; louvar - cen-
A língua escrita é, foi e sempre será mais bem-ela-
borada que a língua falada, porque é a modalidade que surar; mal - bem.
mantém a unidade linguística de um povo, além de ser
a que faz o pensamento atravessar o espaço e o tem- Observação:
po. Nenhuma reflexão, nenhuma análise mais detida será A antonímia pode se originar de um prefixo de sen-
possível sem a língua escrita, cujas transformações, por tido oposto ou negativo: bendizer e maldizer; simpático
isso mesmo, processam-se lentamente e em número e antipático; progredir e regredir; concórdia e discórdia;
consideravelmente menor, quando cotejada com a mo- ativo e inativo; esperar e desesperar; comunista e antico-
dalidade falada. munista; simétrico e assimétrico.
Importante é fazer o educando perceber que o nível
da linguagem, a norma linguística, deve variar de acordo 3. Homônimos e Parônimos
com a situação em que se desenvolve o discurso.
O ambiente sociocultural determina o nível da lingua- Homônimos = palavras que possuem a mesma
gem a ser empregado. O vocabulário, a sintaxe, a pronún- grafia ou a mesma pronúncia, mas significados di-
cia e até a entoação variam segundo esse nível. Um pa- ferentes. Podem ser
dre não fala com uma criança como se estivesse em uma
missa, assim como uma criança não fala como um adulto. A) Homógrafas: são palavras iguais na escrita e dife-
Um engenheiro não usará um mesmo discurso, ou um
rentes na pronúncia:
mesmo nível de fala, para colegas e para pedreiros, assim
rego (subst.) e rego (verbo); colher (verbo) e colher
como nenhum professor utiliza o mesmo nível de fala no
recesso do lar e na sala de aula. (subst.); jogo (subst.) e jogo (verbo); denúncia (subst.) e de-
Existem, portanto, vários níveis de linguagem e, entre nuncia (verbo); providência (subst.) e providencia (verbo).
esses níveis, destacam-se em importância o culto e o co- B) Homófonas: são palavras iguais na pronúncia e
tidiano, a que já fizemos referência. diferentes na escrita:
acender (atear) e ascender (subir); concertar (harmoni-
zar) e consertar (reparar); cela (compartimento) e sela (ar-
reio); censo (recenseamento) e senso ( juízo); paço (palácio)
FENÔMENOS SEMÂNTICOS: SINONÍMIA, e passo (andar).
HOMONÍMIA, ANTONÍMIA, PARONÍMIA,
HIPONÍMIA, HIPERONÍMIA, AMBIGUIDADE. C) Homógrafas e homófonas simultaneamente (ou
perfeitas): São palavras iguais na escrita e na pronúncia:
caminho (subst.) e caminho (verbo); cedo (verbo) e
cedo (adv.); livre (adj.) e livre (verbo).
SIGNIFICADO DAS PALAVRAS Parônimos = palavras com sentidos diferentes,
porém de formas relativamente próximas. São pa-
Semântica é o estudo da significação das palavras e lavras parecidas na escrita e na pronúncia: cesta
das suas mudanças de significação através do tempo ou
(receptáculo de vime; cesta de basquete/esporte) e
em determinada época. A maior importância está em dis-
sesta (descanso após o almoço), eminente (ilustre)
tinguir sinônimos e antônimos (sinonímia / antonímia) e
e iminente (que está para ocorrer), osso (substan-
homônimos e parônimos (homonímia / paronímia).
tivo) e ouço (verbo), sede (substantivo e/ou verbo
1. Sinônimos “ser” no imperativo) e cede (verbo), comprimen-
to (medida) e cumprimento (saudação), autuar
São palavras de sentido igual ou aproximado: alfa- (processar) e atuar (agir), infligir (aplicar pena) e
LÍNGUA PORTUGUESA
beto - abecedário; brado, grito - clamor; extinguir, apagar infringir (violar), deferir (atender a) e diferir (diver-
- abolir. gir), suar (transpirar) e soar (emitir som), aprender
Duas palavras são totalmente sinônimas quando são (conhecer) e apreender (assimilar; apropriar-se de),
substituíveis, uma pela outra, em qualquer contexto (cara tráfico (comércio ilegal) e tráfego (relativo a movi-
e rosto, por exemplo); são parcialmente sinônimas quan- mento, trânsito), mandato (procuração) e manda-
do, ocasionalmente, podem ser substituídas, uma pela do (ordem), emergir (subir à superfície) e imergir
outra, em deteminado enunciado (aguadar e esperar). (mergulhar, afundar).
60
4. Hiperonímia e Hiponímia B) Conotação
Uma palavra é usada no sentido conotativo quando
Hipônimos e hiperônimos são palavras que perten- apresenta diferentes significados, sujeitos a diferentes
cem a um mesmo campo semântico (de sentido), sendo interpretações, dependendo do contexto em que esteja
o hipônimo uma palavra de sentido mais específico; o inserida, referindo-se a sentidos, associações e ideias que
hiperônimo, mais abrangente. vão além do sentido original da palavra, ampliando sua
O hiperônimo impõe as suas propriedades ao hipô- significação mediante a circunstância em que a mesma
nimo, criando, assim, uma relação de dependência se- é utilizada, assumindo um sentido figurado e simbólico.
mântica. Por exemplo: Veículos está numa relação de hi- Como no exemplo da palavra “pau”: em seu sentido co-
peronímia com carros, já que veículos é uma palavra de notativo ela pode significar castigo (dar-lhe um pau), re-
significado genérico, incluindo motos, ônibus, caminhões. provação (tomei pau no concurso).
Veículos é um hiperônimo de carros. A conotação tem como finalidade provocar sentimen-
Um hiperônimo pode substituir seus hipônimos em tos no receptor da mensagem, através da expressividade
quaisquer contextos, mas o oposto não é possível. A utili- e afetividade que transmite. É utilizada principalmente
zação correta dos hiperônimos, ao redigir um texto, evita numa linguagem poética e na literatura, mas também
a repetição desnecessária de termos. ocorre em conversas cotidianas, em letras de música, em
anúncios publicitários, entre outros. Exemplos:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Você é o meu sol!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Minha vida é um mar de tristezas.
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Você tem um coração de pedra!
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
#FicaDica
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Procure associar Denotação com Dicionário:
XIMENES, Sérgio. Minidicionário Ediouro da Lìngua trata-se de definição literal, quando o termo
Portuguesa – 2.ª ed. reform. – São Paulo: Ediouro, 2000. é utilizado com o sentido que consta no di-
cionário.
SITE
http://www.coladaweb.com/portugues/sinonimos,-
-antonimos,-homonimos-e-paronimos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
DENOTAÇÃO E CONOTAÇÃO
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Exemplos de variação no significado das palavras:
Os domadores conseguiram enjaular a fera. (sentido reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
literal) Paulo: Saraiva, 2010.
Ele ficou uma fera quando soube da notícia. (sentido
figurado) SITE
Aquela aluna é fera na matemática. (sentido figurado) http://www.normaculta.com.br/conotacao-e-denota-
As variações nos significados das palavras ocasionam cao/
o sentido denotativo (denotação) e o sentido conotativo
(conotação) das palavras. POLISSEMIA
61
Nas expressões polissêmicas rede de deitar, rede de Poderíamos corrigir o cartaz de inúmeras maneiras,
computadores e rede elétrica, por exemplo, temos em co- mas duas seriam:
mum a palavra “rede”, que dá às expressões o sentido de Corte e coloração capilar
“entrelaçamento”. Outro exemplo é a palavra “xadrez”, ou
que pode ser utilizada representando “tecido”, “prisão” Faço corte e pintura capilar
ou “jogo” – o sentido comum entre todas as expressões
é o formato quadriculado que têm. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
1. Polissemia e homonímia reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
A confusão entre polissemia e homonímia é bastante SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
comum. Quando a mesma palavra apresenta vários sig- Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
nificados, estamos na presença da polissemia. Por outro
lado, quando duas ou mais palavras com origens e sig- SITE
nificados distintos têm a mesma grafia e fonologia, temos http://www.brasilescola.com/gramatica/polissemia.
uma homonímia. htm
A palavra “manga” é um caso de homonímia. Ela pode
significar uma fruta ou uma parte de uma camisa. Não
é polissemia porque os diferentes significados para a
palavra “manga” têm origens diferentes. “Letra” é uma EXERCÍCIO COMENTADO
palavra polissêmica: pode significar o elemento básico
do alfabeto, o texto de uma canção ou a caligrafia de um 1. (SUSAM-AM – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO –
determinado indivíduo. Neste caso, os diferentes signifi- FGV – 2014) “o país teve de recorrer a um programa de
cados estão interligados porque remetem para o mesmo racionamento”. Assinale a opção que apresenta a forma
conceito, o da escrita. de reescrever esse segmento, que altera o seu sentido
original.
2. Polissemia e ambiguidade
a) O Brasil foi obrigado a recorrer a um programa de
Polissemia e ambiguidade têm um grande impacto racionamento.
na interpretação. Na língua portuguesa, um enunciado b) O país teve como recurso recorrer a um programa
pode ser ambíguo, ou seja, apresentar mais de uma in- de racionamento.
terpretação. Esta ambiguidade pode ocorrer devido à c) O Brasil foi levado a recorrer a um programa de racio-
colocação específica de uma palavra (por exemplo, um namento.
advérbio) em uma frase. Vejamos a seguinte frase: d) O país obrigou-se a recorrer a um programa de racio-
Pessoas que têm uma alimentação equilibrada fre- namento.
quentemente são felizes. e) O Brasil optou por um programa de racionamento.
Neste caso podem existir duas interpretações dife-
rentes: Resposta: Letra E. “o país teve de recorrer a um pro-
As pessoas têm alimentação equilibrada porque são grama de racionamento”. Assinale a opção que apre-
felizes ou são felizes porque têm uma alimentação equi- senta a forma de reescrever esse segmento, QUE
librada. ALTERA O SEU SENTIDO ORIGINAL.
De igual forma, quando uma palavra é polissêmica, Em “a”: O Brasil foi obrigado a recorrer a um progra-
ela pode induzir uma pessoa a fazer mais do que uma ma de racionamento = mesmo sentido.
interpretação. Para fazer a interpretação correta é muito Em “b”: O país teve como recurso recorrer a um pro-
importante saber qual o contexto em que a frase é pro- grama de racionamento = mesmo sentido.
ferida. Em “c”: O Brasil foi levado a recorrer a um programa de
Muitas vezes, a disposição das palavras na construção racionamento = mesmo sentido.
do enunciado pode gerar ambiguidade ou, até mesmo, Em “d”: O país obrigou-se a recorrer a um programa
comicidade. Repare na figura abaixo: de racionamento = mesmo sentido.
Em “e”: O Brasil optou por um programa de raciona-
mento = mudança de sentido (segundo o enunciado,
o país não teve outra opção a não ser recorrer. Na al-
ternativa, provavelmente havia outras opções, e o país
escolheu a de “recorrer”).
LÍNGUA PORTUGUESA
(http://www.humorbabaca.com/fotos/diversas/corto-
-cabelo-e-pinto. Acesso em 15/9/2014).
62
FIGURAS DE LINGUAGEM: (COMPARAÇÃO, METÁFORA, EUFEMISMO, PROSOPOPEIA, ONO-
MATOPEIA, ANTÍTESE, PARADOXO, HIPÉRBOLE, PERÍFRASE, SILEPSE, HIPÉRBATO, METONÍ-
MIA, IRONIA, SINESTESIA, ALITERAÇÃO); FIGURAS E VÍCIOS DE LINGUAGEM.
A figura de palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no emprego figurado, simbólico, seja
por uma relação muito próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, uma similaridade. São
construções que transformam o significado das palavras para tirar delas maior efeito ou para construir uma mensagem
nova.
Aliteração - Consiste na repetição de consoantes como recurso para intensificação do ritmo ou como efeito sonoro
significativo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
Vozes veladas, veludosas vozes... (Cruz e Sousa)
Quem com ferro fere com ferro será ferido.
Assonância - Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos: “Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral.”
Onomatopeia - Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da realidade: Os sinos faziam
blem, blem, blem.
Paranomásia – é o uso de sons semelhantes em palavras próximas: “A fossa, a bossa, a nossa grande dor...” (Carlos
Lyra)
1.2.1. Metáfora
LÍNGUA PORTUGUESA
Consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que haja uma relação real, mas em
virtude da circunstância de que o nosso espírito as associa e percebe entre elas certas semelhanças. É o emprego da
palavra fora de seu sentido normal.
Observação:
Toda metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento comparativo não aparece.
Seus olhos são como luzes brilhantes.
63
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (=
através do emprego da palavra como. Minha filha adora o iogurte que é da marca Danone).
Observe agora: Seus olhos são luzes brilhantes. Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Al-
Neste exemplo não há mais uma comparação (note a guns astronautas foram à Lua).
ausência da partícula comparativa), e sim símile, ou seja, Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá
qualidade do que é semelhante. para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado).
Por fim, no exemplo: As luzes brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes brilhantes. 1.2.3. Catacrese
Esta é a verdadeira metáfora.
Trata-se de uma metáfora que, dado seu uso contí-
Outros exemplos: nuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando,
“Meu pensamento é um rio subterrâneo.” (Fernando por falta de um termo específico para designar um con-
Pessoa) ceito, toma-se outro “emprestado”. Assim, passamos a
Neste caso, a metáfora é possível na medida em que empregar algumas palavras fora de seu sentido original.
o poeta estabelece relações de semelhança entre um rio Exemplos: “asa da xícara”, “batata da perna”, “maçã do
subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando rosto”, “pé da mesa”, “braço da cadeira”, “coroa do aba-
a fluidez, a profundidade, a inatingibilidade, etc.). caxi”.
Minha alma é uma estrada de terra que leva a lugar 1.2.4. Perífrase ou Antonomásia
algum.
Uma estrada de terra que leva a lugar algum é, na fra- Trata-se de uma expressão que designa um ser atra-
se acima, uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão vés de alguma de suas características ou atributos, ou de
que indica uma alma rústica e abandonada (e angustia- um fato que o celebrizou. É a substituição de um nome
damente inútil), há uma comparação subentendida: Mi- por outro ou por uma expressão que facilmente o iden-
nha alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma tifique:
estrada de terra que leva a lugar algum. A Cidade Maravilhosa (= Rio de Janeiro) continua
atraindo visitantes do mundo todo.
A Amazônia é o pulmão do mundo. A Cidade-Luz (=Paris)
Em sua mente povoa só inveja. O rei das selvas (=o leão)
mente. (= Várias pessoas passavam apressadamente). essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos en-
Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem volvidos que não se conseguiria com a exposição isolada
nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse dos mesmos. Observe os exemplos:
mundo). “O mito é o nada que é tudo.” (Fernando Pessoa)
Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir O corpo é grande e a alma é pequena.
às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheres foram “Quando um muro separa, uma ponte une.”
chamadas, não apenas uma mulher). Não há gosto sem desgosto.
64
1.2.6. Paradoxo ou oximoro Moça, que fazes aí parada?
“Pai Nosso, que estais no céu”
É a associação de ideias, além de contrastantes, con- Deus, ó Deus! Onde estás?
traditórias. Seria a antítese ao extremo.
Era dor, sim, mas uma dor deliciosa. 1.3.2. Gradação (ou clímax)
Ouvimos as vozes do silêncio.
1.2.7. Eufemismo Apresentação de ideias por meio de palavras, sinôni-
mas ou não, em ordem ascendente (clímax) ou descen-
É o emprego de uma expressão mais suave, mais no- dente (anticlímax). Observe este exemplo:
bre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa Havia o céu, havia a terra, muita gente e mais Joana
áspera, desagradável ou chocante. com seus olhos claros e brincalhões...
Depois de muito sofrimento, entregou a alma ao Se- O objetivo do narrador é mostrar a expressividade
nhor. (= morreu) dos olhos de Joana. Para chegar a este detalhe, ele se
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou) refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e
seus olhos. Nota-se que o pensamento foi expresso em
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)
ordem decrescente de intensidade. Outros exemplos:
Faltar à verdade. (= mentir)
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu
amor”. (Olavo Bilac)
1.2.8. Ironia “O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, co-
lheu-se.” (Padre Antônio Vieira)
É sugerir, pela entoação e contexto, o contrário do
que as palavras ou frases expressam, geralmente apre- 1.3.3. Elipse
sentando intenção sarcástica. A ironia deve ser muito
bem construída para que cumpra a sua finalidade; mal Consiste na omissão de um ou mais termos numa
construída, pode passar uma ideia exatamente oposta à oração e que podem ser facilmente identificados, tanto
desejada pelo emissor. por elementos gramaticais presentes na própria oração,
Como você foi bem na prova! Não tirou nem a nota quanto pelo contexto.
mínima. A catedral da Sé. (a igreja catedral)
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos Domingo irei ao estádio. (no domingo eu irei ao es-
que estão por perto. tádio)
O governador foi sutil como um elefante.
1.3.4. Zeugma
1.2.9. Hipérbole
Zeugma é uma forma de elipse. Ocorre quando é feita
É a expressão intencionalmente exagerada com o in- a omissão de um termo já mencionado anteriormente.
tuito de realçar uma ideia. Ele gosta de geografia; eu, de português. (eu gosto de
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso. português)
“Rios te correrão dos olhos, se chorares.” (Olavo Bilac) Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só
O concurseiro quase morre de tanto estudar! modernos. (só havia móveis)
Ela gosta de natação; eu, de vôlei. (gosto de)
1.2.10. Prosopopeia ou Personificação
1.3.5. Silepse
É a atribuição de ações ou qualidades de seres ani-
A silepse é a concordância que se faz com o termo
mados a seres inanimados, ou características humanas a
que não está expresso no texto, mas, sim, subentendido.
seres não humanos. Observe os exemplos: É uma concordância anormal, psicológica, porque se faz
As pedras andam vagarosamente. com um termo oculto, facilmente identificado. Há três ti-
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um pos de silepse: de gênero, número e pessoa.
cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra. Silepse de Gênero - Os gêneros são masculino e fe-
Chora, violão. minino. Ocorre a silepse de gênero quando a concordân-
1.3. Figuras de Construção ou de Sintaxe cia se faz com a ideia que o termo comporta. Exemplos:
1.3.1. Apóstrofe A) A bonita Porto Velho sofreu mais uma vez com o
calor intenso.
Consiste na “invocação” de alguém ou de alguma coi- Neste caso, o adjetivo bonita não está concordando
LÍNGUA PORTUGUESA
sa personificada, de acordo com o objetivo do discurso, com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza- ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo
-se pelo chamamento do receptor da mensagem, seja ele (a cidade de Porto Velho).
imaginário ou não. A introdução da apóstrofe interrompe
a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim B) Vossa Excelência está preocupado.
a entidade a que se dirige e a ideia que se pretende pôr O adjetivo preocupado concorda com o sexo da pes-
em evidência com tal invocação. Realiza-se por meio do soa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vos-
vocativo. Exemplos: sa Excelência.
65
Silepse de Número - Os números são singular e Nesta oração, os termos “o problema da violência”
plural. A silepse de número ocorre quando o verbo da e “lo” exercem a mesma função sintática: objeto direto.
oração não concorda gramaticalmente com o sujeito da Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o
oração, mas com a ideia que nele está contida. Exemplos: pronome “lo” classificado como objeto direto pleonástico.
A procissão saiu. Andaram por todas as ruas da cidade Outro exemplo:
de Salvador. Aos funcionários, não lhes interessam tais medidas.
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto. Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
66
#FicaDica
O nosso Hino Nacional é um exemplo de hipérbato, já que, na ordem direta, teríamos: “As margens plácidas
do Ipiranga ouviram o brado retumbante de um povo heroico”.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) metonímia.
b) eufemismo.
c) hipérbole.
d) metáfora.
e) catacrese.
Resposta: Letra D. A metáfora consiste em retirar uma palavra de seu contexto convencional (denotativo) e trans-
portá-la para um novo campo de significação (conotativa), por meio de uma comparação implícita, de uma simila-
ridade existente entre as duas.
(Fonte:http://educacao.uol.com.br/disciplinas/portugues/metafora-figura-de-palavra-variacoes-e-exemplos.htm)
a) metonímia
b) prosopopeia
c) hipérbole
d) eufemismo
e) onomatopeia
Resposta: Letra D. “Eufemismo = é o emprego de uma expressão mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para
comunicar alguma coisa áspera, desagradável ou chocante”. No caso da tirinha, é utilizada a expressão “deram suas
vidas por nós” no lugar de “que morreram por nós”.
O texto cita que o dito popular “está tão quente que dá para fritar um ovo no asfalto” expressa uma figura de lingua-
gem. O autor do texto refere-se a qual figura de linguagem?
67
a) Eufemismo. Função metalinguística: Essa função se refere à me-
b) Hipérbole. talinguagem, que é quando o emissor explica um códi-
c) Paradoxo. go usando o próprio código. Quando um poema fala da
d) Metonímia. própria ação de se fazer um poema, por exemplo:
e) Hipérbato. “Pegue um jornal
Pegue a tesoura.
Resposta: Letra B. A expressão é um exagero! Ela ser- Escolha no jornal um artigo do tamanho que você de-
ve apenas para representar o calor excessivo que está seja dar a seu poema.
fazendo. A figura que é utilizada “mil vezes” (!) para Recorte o artigo.”
atingir tal objetivo é a hipérbole. Este trecho da poesia, intitulada “Para fazer um poe-
ma dadaísta” utiliza o código (poema) para explicar o
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS próprio ato de fazer um poema.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Função fática: O objetivo dessa função é estabele-
CEREJA, Wiliam Roberto, MAGALHÃES, Thereza Co- cer uma relação com o emissor, um contato para verificar
char. Português linguagens: volume 1 – 7.ª ed. Reform. – se a mensagem está sendo transmitida ou para dilatar a
São Paulo: Saraiva, 2010. conversa. Quando estamos em um diálogo, por exemplo,
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, e dizemos ao nosso receptor “Está entendendo?”, esta-
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira mos utilizando este tipo de função; ou quando atende-
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – mos o celular e dizemos “Oi” ou “Alô”.
São Paulo: Saraiva, 2002.
Função poética: O objetivo do emissor é expressar
SITES seus sentimentos através de textos que podem ser enfa-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- tizados por meio das formas das palavras, da sonoridade,
coes/estil/estil8.php> do ritmo, além de elaborar novas possibilidades de com-
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- binações dos signos linguísticos. É presente em textos
coes/estil/estil5.php> literários, publicitários e em letras de música.
Disponível em: <http://www.soportugues.com.br/se- Por exemplo: negócio/ego/ócio/cio/0
coes/estil/estil2.php> Na poesia acima “Epitáfio para um banqueiro”, José de
Paulo Paes faz uma combinação de palavras que passa
FUNÇÕES DA LINGUAGEM a ideia do dia a dia de um banqueiro, de acordo com o
poeta.
Função referencial ou denotativa: transmite uma
informação objetiva, expõe dados da realidade de modo VÍCIOS DE LINGUAGEM
objetivo, não faz comentários, nem avaliação. Geralmen-
te, o texto se apresenta na terceira pessoa do singular Todo desvio das normas gramaticais provoca um vício
ou plural, pois transmite impessoalidade. A linguagem é de linguagem. São incorreções e defeitos no uso da lín-
denotativa, ou seja, não há possibilidades de outra in- gua falada ou escrita. Origina-se do descaso ou do des-
terpretação além da que está exposta. Em alguns textos preparo linguístico de quem se expressa. Os principais
é mais predominante essa função, como nos científicos, vícios de linguagem são:
jornalísticos, técnicos, didáticos ou em correspondências A) Barbarismo: todo desvio na grafia, na flexão ou
comerciais. na pronúncia de uma palavra constitui um barba-
rismo. Existem quatro tipos:
Função emotiva ou expressiva: o objetivo do emis- A.1 Cacoepia: é a má pronúncia de uma palavra.
sor é transmitir suas emoções e anseios. A realidade é Exemplos: compania (em vez de companhia), gor
transmitida sob o ponto de vista do emissor, a men- (em vez de gol), cadalço (em vez de cadarço);
sagem é subjetiva e centrada no emitente e, portanto, A.2 Silabada: é a troca de acentuação prosódica de
apresenta-se na primeira pessoa. A pontuação (ponto de uma palavra: récorde (em vez de recorde), rúbrica
exclamação, interrogação e reticências) é uma caracterís- (em vez de rubrica), íbero (em vez de ibero);
tica da função emotiva, pois transmite a subjetividade da A.3 Cacografia: é a má grafia ou má flexão de uma
mensagem e reforça a entonação emotiva. Essa função é palavra: maizena (em vez de maisena), cidadões
comum em poemas ou narrativas de teor dramático ou (em vez de cidadãos), interviu (em vez de interveio);
romântico. A.4 Deslize: é o mau emprego de uma palavra: mala
leviana (por mala leve), peixe com espinho (por
Função conativa ou apelativa: O objetivo é de in- peixe com espinha), vultuosa quantia (por vultosa
LÍNGUA PORTUGUESA
68
garagem, coquetel, checape, xampu, xortes, e não abat- J) Colisão: Ocorre quando há repetição de consoan-
-jour, boite, garage, cocktail, check-up, shampoo, shorts. tes iguais ou semelhantes, provocando dissonân-
Tão usadas entre nós são algumas grafias estrangei- cia: Sua saia sujou.
ras, que a estranheza por algumas formas aportuguesa-
das é natural. Incluem-se ainda como barbarismo todas
as formas de estrangeirismo, isto é, uso de palavras ou
expressões de outras línguas: ACENTUAÇÃO.
Anglicismo (do inglês): Weekend em vez de fim de Quanto à acentuação, observamos que algumas pa-
semana. lavras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora
se dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra.
B) Solecismo: Todo desvio sintático provoca um sole- Por isso, vamos às regras!
cismo. Existem três tipos:
1. de concordância: houveram eleições (por houve 1. Regras básicas
eleições), o pessoal chegaram (por o pessoal che-
gou); A acentuação tônica está relacionada à intensida-
2. de regência: assisti esse filme (por assisti a esse fil- de com que são pronunciadas as sílabas das palavras.
me), ter ódio de alguém (por ter ódio a alguém), não Aquela que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se
lhe conheço (por não o conheço); como sílaba tônica. As demais, como são pronunciadas
3. de colocação: darei-lhe um abraço (por dar-lhe-ei com menos intensidade, são denominadas de átonas.
um abraço), tenho queixado-me bastante (por te- De acordo com a tonicidade, as palavras são classifi-
nho me queixado bastante). cadas como:
Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre
C) Cacófato: Todo som obsceno resultante da união a última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju –
de sílabas de palavras diferentes provoca um cacó- papel
fato: preciso ir-me já, vaca gaúcha, etc. Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima síla-
O cacófato só existe quando a união das sílabas ex- ba: útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúlti-
prime obscenidade. Portanto, ela tinha, boca dela, alma
ma sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
minha e outras uniões semelhantes não constituem ca-
cófatos, mas simples cacofonias, de menor importância.
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
D) Ambiguidade ou Anfibologia: todo duplo sen-
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quan-
tido, causado pela má construção da frase, é uma
do tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó
ambiguidade: Beatriz comeu um doce e sua irmã
- ré.
também. (por: Beatriz comeu um doce, e sua irmã
também); Mataram o porco do meu tio. (por: Mata-
2 Os acentos
ram o porco que era de meu tio).
E) Redundância: Toda repetição de uma ideia me- A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a”
diante palavras ou expressões diferentes provoca e “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas letras
uma redundância ou pleonasmo vicioso: subir lá representam as vogais tônicas de palavras como pá, caí,
em cima, descer lá embaixo, entrar pra dentro, sair público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além da tonicida-
pra fora, novidade inédita, hemorragia de sangue, de, timbre aberto: herói – céu (ditongos abertos).
pomar de frutas, hepatite do fígado, demente men- B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
tal, e tantas outras. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fechado:
F) Arcaísmo: Consiste no emprego de palavras ou ex- tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
pressões antigas que já caíram de uso: asinha em C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
vez de depressa, antanho em vez de no passado. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
G) Neologismo: Emprego de palavras novas que, D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
apesar de formadas de acordo com o sistema da mente abolido das palavras. Há uma exceção: é utilizado
língua, ainda não foram incorporadas pelo idioma: em palavras derivadas de nomes próprios estrangeiros:
As mensagens telecomunicadas foram vistas por mülleriano (de Müller)
poucas pessoas.
LÍNGUA PORTUGUESA
69
Esta regra também é aplicada aos seguintes casos: diferenciar classes gramaticais entre determinadas pala-
Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se- vras e/ou tempos verbais. Por exemplo:
guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito per-
Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, feito do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do
seguidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo Indicativo do mesmo verbo).
Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
terminadas em: mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
i, is: táxi – lápis – júri para que saibamos se se trata de um verbo ou preposi-
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum ção.
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – Os demais casos de acento diferencial não são mais
fórceps utilizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substanti-
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos vo), pelo (preposição). Seus significados e classes grama-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou ticais são definidos pelo contexto.
não de “s”: água – pônei – mágoa – memória Polícia para o trânsito para que se realize a operação
planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, con-
junção (com relação de finalidade).
#FicaDica
#FicaDica
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que
esta palavra apresenta as terminações das Quando, na frase, der para substituir o
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U “por” por “colocar”, estaremos trabalhando
(aqui inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim com um verbo, portanto: “pôr”; nos de-
ficará mais fácil a memorização! mais casos, “por” é preposição: Faço isso
por você. / Posso pôr (colocar) meus livros
aqui?
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acen- 2.4 Regra do Hiato
tuadas, independentemente de sua terminação: árvore,
paralelepípedo, cárcere. Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segun-
da vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá
2.2 Regras especiais acento: saída – faísca – baú – país – Luís
Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos quando seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se esti-
palavras paroxítonas. verem seguidas do dígrafo nh:
ra-i-nha, ven-to-i-nha.
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vie-
FIQUE ATENTO! rem precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos aber- Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, forman-
tos estiverem em uma palavra oxítona (he- do hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxí-
rói) ou monossílaba (céu) ainda são acen- tonas):
tuados: dói, escarcéu.
Antes Agora
bocaiúva bocaiuva
Antes Agora
feiúra feiura
assembléia assembleia
Sauípe Sauipe
idéia ideia
geléia geleia O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
abolido:
jibóia jiboia
LÍNGUA PORTUGUESA
70
terminada em ditongo.
#FicaDica Observação: nestes casos, admitem-se as separações
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxí-
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os tonas.
verbos que, no plural, dobram o “e”, mas
que não recebem mais acento como antes: 2. (ANATEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
CRER, DAR, LER e VER. 2012) Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do
acento gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
Repare:
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Elza lê bem! / Todas leem bem!
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os RESPOSTA: Errado. Análise = proparoxítona / mí-
garotos deem o recado! nimos = proparoxítona. Ambas são acentuadas pela
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! mesma regra (antepenúltima sílaba é tônica, “mais
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm forte”).
à tarde!
EXERCÍCIOS COMENTADOS
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado
1. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FE- na íntegra em: Equivalência e transformação de estru-
DERAL – CESPE – 2014) Os termos “série” e “história” turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes
acentuam-se em conformidade com a mesma regra or- (gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor-
tográfica.
LÍNGUA PORTUGUESA
71
SUBSTANTIVO: CLASSIFICAÇÃO, FLEXÃO, NÍVEIS DE LINGUAGEM: LINGUAGEM DE-
EMPREGO. NOTATIVA E LINGUAGEM CONOTATIVA.
“Prezado Candidato, o tópico acima foi abordado “Prezado Candidato, o tópico acima foi aborda-
na íntegra em: Equivalência e transformação de estru- do na íntegra em: Fenômenos semânticos: sinonímia,
turas: Flexão de substantivos, adjetivos e pronomes homonímia, antonímia, paronímia, hiponímia, hipe-
(gênero, número, grau e pessoa). Processos de coor- ronímia, ambiguidade”.
denação e subordinação. Colocação pronominal”.
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Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, Palavras de origem árabe, africana ou exótica:
uçu, uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, car- jiboia, manjerona.
niça, caniço, esperança, carapuça, dentuço. Palavras terminadas com aje: ultraje.
Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção
/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. D) O fonema ch
Após ditongos: foice, coice, traição. São escritas com X e não CH
Palavras derivadas de outras terminadas em -te, Palavras de origem tupi, africana ou exótica: aba-
to(r): marte - marciano / infrator - infração / ab- caxi, xucro.
sorto – absorção. Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu,
B) O fonema z lagartixa.
São escritos com S e não Z Depois de ditongo: frouxo, feixe.
Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
substantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárqui-
Exceção: quando a palavra de origem não derive de
cos: freguês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa,
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
princesa.
Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, me-
São escritas com CH e não X
tamorfose.
Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo,
quis, quiseste. chassi, mochila, espadachim, chope, sanduíche, sal-
Nomes derivados de verbos com radicais termi- sicha.
nados em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão /
empreender - empresa / difundir – difusão. E) As letras “e” e “i”
Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem.
- Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho. Com “i”, só o ditongo interno cãibra.
Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa. Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar
Verbos derivados de nomes cujo radical termina são escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Es-
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar crevemos com “i”, os verbos com infinitivo em
– pesquisar. -air, -oer e -uir: trai, dói, possui, contribui.
C) O fonema j
São escritas com G e não J #FicaDica
Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto
gesso.
à ortografia de uma palavra, há a possibili-
Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
dade de consultar o Vocabulário Ortográfi-
gim.
co da Língua Portuguesa (VOLP), elaborado
Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
pela Academia Brasileira de Letras. É uma
poucas exceções): imagem, vertigem, penugem,
obra de referência até mesmo para a criação
bege, foge.
de dicionários, pois traz a grafia atualizada
Exceção: pajem.
das palavras (sem o significado). Na Internet,
o endereço é www.academia.org.br.
Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
litígio, relógio, refúgio.
Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fu-
2. Informações importantes
LÍNGUA PORTUGUESA
gir, mugir.
Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
surgir. Formas variantes são as que admitem grafias ou pro-
Depois da letra “a”, desde que não seja radical ter- núncias diferentes para palavras com a mesma significa-
minado com j: ágil, agente. ção: aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze,
dependurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, in-
São escritas com J e não G farto/enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, re-
Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje. lampejar/relampear/relampar/relampadar.
73
Os símbolos das unidades de medida são escritos Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
sem ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar que expressam movimento = Aonde você vai?
plural, sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg,
20km, 120km/h. 3. MAU / MAL
Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se
Na indicação de horas, minutos e segundos, não como qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um
deve haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, mau elemento.
22h30min, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três mi- Mal = pode ser usado como
nutos e trinta e quatro segundos). 1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”,
O símbolo do real antecede o número sem espaço: “logo que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu.
R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma bar- 2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi
ra vertical ($). mal na prova?
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou
ALGUNS USOS ORTOGRÁFICOS ESPECIAIS pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal
não compensa.
1. Por que / por quê / porquê / porque
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
POR QUE (separado e sem acento) SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
É usado em: Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
1. interrogações diretas (longe do ponto de interro- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.
gação) = Por que você não veio ontem?
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
que faltara à aula ontem.
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira
3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” =
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo:
Ignoro o motivo por que ele se demitiu.
Saraiva, 2002.
POR QUÊ (separado e com acento)
SITE
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Usos: ortografia
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = 4. Hífen
Você faltou. Por quê?
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado
quê? para ligar os elementos de palavras compostas (como
ex-presidente, por exemplo) e para unir pronomes áto-
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico) nos a verbos (ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente
para fazer a translineação de palavras, isto é, no fim de
Usos: uma linha, separar uma palavra em duas partes (ca-/sa;
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale compa-/nheiro).
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escri-
ta (pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto A) Uso do hífen que continua depois da Reforma
final) = Compre agora, porque há poucas peças. Ortográfica:
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por- 1. Em palavras compostas por justaposição que for-
que se antecipou. mam uma unidade semântica, ou seja, nos termos
que se unem para formam um novo significado:
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico) tio-avô, porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-
-coronel, segunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva,
Usos: arco-íris, primeiro-ministro, azul-escuro.
1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “ra- 2. Em palavras compostas por espécies botânicas e
zão” ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Ge-
LÍNGUA PORTUGUESA
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mais-que-perfeito, pé-de-meia, água-de-colônia, 5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram no-
queima-roupa, deus-dará. ção de composição: pontapé, girassol, paraquedas,
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte paraquedista, etc.
Rio-Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas 6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: ben-
combinações históricas ou ocasionais: Áustria- feito, benquerer, benquerido, etc.
-Hungria, Angola-Brasil, etc.
6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su- Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon-
per- quando associados com outro termo que é dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte,
iniciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super- não havendo hífen: pospor, predeterminar, predetermina-
-racional, etc. do, pressuposto, propor.
7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-di-
retor, ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito. Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccio-
8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-: so, auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-
pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação, -humano, super-realista, alto-mar.
etc. Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma,
9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, antisséptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante,
abraça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc. ultrassom, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus,
10. Nas formações em que o prefixo tem como se- autoajuda, autoelogio, autoestima, radiotáxi.
gundo termo uma palavra iniciada por “h”: sub-he- REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
pático, geo-história, neo-helênico, extra-humano, SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
semi-hospitalar, super-homem. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
11. Nas formações em que o prefixo ou pseudopre-
fixo termina com a mesma vogal do segundo ele- SITE
mento: micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, au- http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
to-observação, etc. ortografia
co, plurianual, autoescola, infraestrutura, etc. RESPOSTA: Errado. “A fim” tem o sentido de “com a
3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos intenção de”; já “afim”, “semelhança, afinidade”. Se a
“dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” primeira substituição fosse feita, o trecho estaria in-
inicial: desumano, inábil, desabilitar, etc. correto gramatical e coerentemente. Portanto, nem há
4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando a necessidade de avaliar a segunda substituição.
o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
ção, coexistir, etc.
75
Crase Quando o nome de lugar estiver especificado, ocor-
rerá crase. Veja:
A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo
idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” que, pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE”
com o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos Irei à Salvador de Jorge Amado.
pronomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo
e com o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s),
quais). Casos estes em que tal fusão encontra-se demar- aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo
cada pelo acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, regente exigir complemento regido da preposição “a”.
à qual, às quais. Entregamos a encomenda àquela menina.
O uso do acento indicativo de crase está condiciona- (preposição + pronome demonstrativo)
do aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal
e nominal, mais precisamente ao termo regente e termo
Iremos àquela reunião.
regido. Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome -
(preposição + pronome demonstrativo)
que exige complemento regido pela preposição “a”, e o
termo regido é aquele que completa o sentido do termo
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando
regente, admitindo a anteposição do artigo a(s).
criança. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela
(preposição + pronome demonstrativo)
contratada recentemente.
Após a junção da preposição com o artigo (destaca-
dos entre parênteses), temos: A letra “a” que acompanha locuções femininas (ad-
Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contrata- verbiais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento
da recentemente. grave:
locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às
O verbo referir, de acordo com sua transitividade, pressas, à vontade...
classifica-se como transitivo indireto, pois sempre nos locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro-
referimos a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposi- cura de...
ção a + o artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + locuções conjuntivas: à proporção que, à medida
o pronome demonstrativo aquela (àquela). que.
76
Ela ficou frente a frente com o agressor. SITE
Eu o seguirei passo a passo. http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-cra-
se-.html
Casos em que não se admite o emprego da crase:
77
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da Haverá eleições em outubro
regência do verbo “adaptar” e da presença do artigo de- O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napo-
finido feminino determinando o substantivo “receitas”. leão Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
Os números que identificam o ano não utili-
( ) CERTO ( ) ERRADO zam ponto nem devem ter espaço a separá-los,
bem como os números de CEP: 1975, 2014, 2006,
Resposta: Certo. Texto: O verdadeiro problema é a di- 17600-250.
ficuldade do setor público de adaptar suas despesas às
receitas em queda por causa da crise = quem adapta,
B) Ponto e Vírgula (;)
adapta algo/alguém A algo/alguém.
Separa várias partes do discurso, que têm a mes-
3. (FNDE – TÉCNICO EM FINANCIAMENTO E EXE-
CUÇÃO DE PROGRAMAS E PROJETOS EDUCACIO- ma importância: “Os pobres dão pelo pão o traba-
NAIS – CESPE – 2012) O emprego do sinal indicativo de lho; os ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos
crase em “adequando os objetivos às necessidades” justi- generosos dão pelo pão a vida; os de nenhum espí-
fica-se pela regência do verbo adequar, que exige com- rito dão pelo pão a alma...” (VIEIRA)
plemento regido pela preposição “a”, e pela presença de Separa partes de frases que já estão separadas por
artigo definido feminino antes de “necessidades”. vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; ou-
tros, montanhas, frio e cobertor.
( ) CERTO ( ) ERRADO Separa itens de uma enumeração, exposição de
RESPOSTA: Certo. Adequar o quê? – os objetivos motivos, decreto de lei, etc.
(objeto direto) – adequar o quê a quê? – a + as (=às) Ir ao supermercado;
necessidades – objeto indireto. A explicação do enun- Pegar as crianças na escola;
ciado está correta. Caminhada na praia;
Reunião com amigos.
4. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
RIO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) No trecho “deu C) Dois pontos (:)
início à sua caminhada cósmica”, o emprego do acento Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio
grave indicativo de crase é obrigatório.
Coutinho trata este assunto:
Antes de um aposto = Três coisas não me agra-
( ) CERTO ( ) ERRADO
dam: chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
RESPOSTA: Errado. “deu início à sua caminhada cós- Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es-
mica” – o uso do acento indicativo de crase, neste tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo
caso, é facultativo (antes de pronome possessivo). a rotina de sempre.
Em frases de estilo direto
Maria perguntou:
Pontuação - Por que você não toma uma decisão?
de período, este não receberá outro ponto; neste pis, canetas, cadernos...
caso, o ponto de abreviatura marca, também, o fim Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
de período. Exemplo: Estudei português, matemári- dizer... é verdad... Ah!”
ca, constitucional, etc. (e não “etc..”) Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do mal... pega doutor?
ponto, assim como após o nome do autor de uma Indica que o sentido vai além do que foi dito: Dei-
citação: xa, depois, o coração falar...
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G) Vírgula (,)
Usa-se a vírgula:
5. Para isolar:
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasileira, possui um trânsito caótico.
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem.
Observações:
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dispen-
sável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acordo ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos etc.
predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, lazer, etc.
As perguntas que denotam surpresa podem ter combinados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você falou
isso para ela?!
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LÍNGUA PORTUGUESA
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
SITE
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/
http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgula.htm
79
instituições tivesse como resultado direto a consolidação
da cidadania — compreendida de modo amplo, abran-
EXERCÍCIOS COMENTADOS gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
sociais. Sobressaem, porém, problemas que configuram
1. (STJ – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CAR- mais desafios para a cidadania brasileira, como a violên-
GO 1 – CESPE – 2018 – ADAPTADA) cia urbana — que ameaça os direitos individuais — e o
desemprego — que ameaça os direitos sociais.
Texto CB1A1CCC No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir
de 1980, impacto do processo de modernização pelo
As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes re- qual o país passou. Isso sugere que o boom do consumo
velaram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram colocou em circulação bens de alto valor e, consequente-
relatos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam mente, aumentou as oportunidades para o crime, inclusi-
da cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha ve porque a maior mobilidade de pessoas torna o espaço
cadeira de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos social mais anônimo, menos supervisionado.
sofridos, aflitos. As angústias dos que se sentavam à mi- Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
nha frente, por diversas vezes, me escoltaram até minha dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade.
casa e passaram a ser companheiras de noites de insônia. O objetivo em relação à criminalidade torna-se bem me-
Não havia outra solução a não ser escrever. Era preciso nos ambicioso: o controle. A prisão ganha mais impor-
colocar no papel e compartilhar a dor daquelas pessoas tância na modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla
que, mesmo ao fim do processo e com a sentença prola- necessidade dessa nova cultura: castigo e controle do
tada, não me deixavam esquecê-las. risco. Essa postura às vezes proporciona controle, porém
Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas, não segurança, pois o Estado tem o poder limitado de
esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co- manter a ordem por meio da polícia, sendo necessário
mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de dividir as tarefas de controle com organizações locais e
casa. O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas com a comunidade.
mulheres, havia se transformado no pior dos mundos. Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem pú-
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sen- blica e garantia dos direitos individuais: os desafios da
tavam à minha frente, os relatos se transformavam em polícia em sociedades democráticas. In: Revista Brasilei-
desabafos de uma vida inteira. Era preciso explicar, justi- ra de Segurança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. –
ficar e muitas vezes se culpar por terem sido agredidas. mar./2011, p. 84-5 (com adaptações).
A culpa por ter sido vítima, a culpa por ter permitido, a
culpa por não ter sido boa o suficiente, a culpa por não No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos
ter conseguido manter a família. Sempre a culpa. introduzem
Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
ça externa como se somente nós, juízes, promotores e a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
advogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo b) resultados da “consolidação da cidadania”.
de violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como
violência invisível. algo “amplo”.
Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias além das d) uma generalização do termo “direitos”.
quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com adaptações). e) objetivos do “processo de redemocratização”.
O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
tido de “nós”. Resposta: Letra A. Recorramos ao texto (faça isso
SEMPRE durante seu concurso. O texto é a base para
( ) CERTO ( ) ERRADO encontrar as respostas para as questões!): (...) abran-
gendo as três categorias de direitos: civis, políticos e
Resposta: Certo. Ao trecho: (...) Aquelas mulheres che- sociais. Os dois-pontos introduzem a enumeração dos
gavam à Justiça buscando uma força externa como se direitos; apresenta-os.
somente nós, juízes, promotores e advogados, pudésse-
mos não apenas cessar aquele ciclo de violência (...). Os 3. (ANEEL – TÉCNICO ADMINISTRATIVO – CESPE –
termos entre vírgulas servem para exemplificar quem 2010) Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo
são os “nós” citados pela autora (juízes, promotores, da indústria com relação ao futuro próximo. Um deles
advogados). refere-se às exportações. “O comércio mundial já está
voltando a se abrir para as empresas”, diz o gerente exe-
cutivo de pesquisas da Confederação Nacional da Indús-
2. (SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN- tria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar a melhora
LÍNGUA PORTUGUESA
CIÁRIA – CESPE – 2017 – ADAPTADA) das expectativas dos industriais com relação ao mercado
externo.
Texto 1A1AAA Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois
Após o processo de redemocratização, com o fim da di- elas já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a
tadura militar, em meados da década de 80 do século pesquisa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010,
passado, era de se esperar que a democratização das registra grande otimismo da indústria com relação à de-
80
manda interna. Trata-se de um sentimento generalizado. Não se concebe que um ato normativo de qualquer
Em todos os setores industriais, a expressiva maioria dos natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou
entrevistados acredita no aumento das vendas internas. impossibilite sua compreensão. A transparência do sen-
O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adapta- tido dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade,
ções). são requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável
que um texto legal não seja entendido pelos cidadãos.
O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas A publicidade implica, pois, necessariamente, clareza e
por tratar-se de um vocativo. concisão.
Além de atender à disposição constitucional, a forma
( ) CERTO ( ) ERRADO dos atos normativos obedece a certa tradição. Há nor-
mas para sua elaboração que remontam ao período de
Resposta: Errado. Recorramos ao texto (lembre-se de nossa história imperial, como, por exemplo, a obrigato-
fazer a mesma coisa no dia do seu concurso!): (...) diz o riedade – estabelecida por decreto imperial de 10 de de-
gerente executivo de pesquisas da Confederação Nacio- zembro de 1822 – de que se aponha, ao final desses atos,
nal da Indústria (CNI), Renato da Fonseca, para explicar o número de anos transcorridos desde a Independência.
a melhora das expectativas. O termo em destaque não Essa prática foi mantida no período republicano. Esses
está exercendo a função de vocativo, já que não é uti- mesmos princípios (impessoalidade, clareza, uniformida-
lizado para evocar, chamar o interlocutor do diálogo. de, concisão e uso de linguagem formal) aplicam-se às
Sua função é de aposto – explicar quem é o gerente comunicações oficiais: elas devem sempre permitir uma
executivo da CNI. única interpretação e ser estritamente impessoais e uni-
formes, o que exige o uso de certo nível de linguagem.
4. (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL – MÉDICO DO Nesse quadro, fica claro também que as comuni-
TRABALHO – CESPE – 2014 – ADAPTADA) A correção cações oficiais são necessariamente uniformes, pois há
gramatical do trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cerve- sempre um único comunicador (o Serviço Público) e o
receptor dessas comunicações ou é o próprio Serviço
jas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” seria
Público (no caso de expedientes dirigidos por um órgão
prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após a
a outro) – ou o conjunto dos cidadãos ou instituições
palavra “vinhos”.
tratados de forma homogênea (o público).
( ) CERTO ( ) ERRADO
Outros procedimentos rotineiros na redação de co-
municações oficiais foram incorporados ao longo do
Resposta: Certo. Não se deve colocar vírgula entre
tempo, como as formas de tratamento e de cortesia,
sujeito e predicado, a não ser que se trate de um apos-
certos clichês de redação, a estrutura dos expedientes,
to (1), predicativo do sujeito (2), ou algum termo que etc. Mencione-se, por exemplo, a fixação dos fechos para
requeira estar separado entre pontuações. Exemplo: O comunicações oficiais, regulados pela Portaria n.º 1 do
Rio de Janeiro, cidade maravilhosa (1), está em festa! Ministro de Estado da Justiça, de 8 de julho de 1937.
Os meninos, ansiosos (2), chegaram! Acrescente-se, por fim, que a identificação que se
buscou fazer das características específicas da forma ofi-
cial de redigir não deve ensejar o entendimento de que
se proponha a criação – ou se aceite a existência – de
LÍNGUA PORTUGUESA APLICADA À REDA-
uma forma específica de linguagem administrativa, o que
ÇÃO DE DOCUMENTOS. coloquialmente e pejorativamente se chama burocratês.
Este é antes uma distorção do que deve ser a redação
oficial, e se caracteriza pelo abuso de expressões e clichês
O que é Redação Oficial do jargão burocrático e de formas arcaicas de construção
de frases.
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a A redação oficial não é, portanto, necessariamente
maneira pela qual o Poder Público redige atos normati- árida e infensa à evolução da língua. É que sua finali-
vos e comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de dade básica – comunicar com impessoalidade e máxima
vista do Poder Executivo. clareza – impõe certos parâmetros ao uso que se faz da
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa- língua, de maneira diversa daquele da literatura, do texto
lidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, con- jornalístico, da correspondência particular, etc.
cisão, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente Apresentadas essas características fundamentais da
esses atributos decorrem da Constituição, que dispõe, redação oficial, passemos à análise pormenorizada de
no artigo 37: “A administração pública direta, indireta
LÍNGUA PORTUGUESA
81
da redação oficial, quem comunica é sempre o Serviço de costumes, e pode eventualmente contar com outros
Público (este ou aquele Ministério, Secretaria, Depar- elementos que auxiliem a sua compreensão, como os
tamento, Divisão, Serviço, Seção); o que se comunica é gestos, a entoação, etc., para mencionar apenas alguns
sempre algum assunto relativo às atribuições do órgão dos fatores responsáveis por essa distância. Já a língua
que comunica; o destinatário dessa comunicação ou é o escrita incorpora mais lentamente as transformações,
público, o conjunto dos cidadãos, ou outro órgão públi- tem maior vocação para a permanência, e vale-se apenas
co, do Executivo ou dos outros Poderes da União. de si mesma para comunicar.
Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que A língua escrita, como a falada, compreende diferen-
deve ser dado aos assuntos que constam das comunica- tes níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por
ções oficiais decorre: exemplo, em uma carta a um amigo, podemos nos valer
a) da ausência de impressões individuais de quem de determinado padrão de linguagem que incorpore ex-
comunica: embora se trate, por exemplo, de um pressões extremamente pessoais ou coloquiais; em um
expediente assinado por Chefe de determinada parecer jurídico, não se há de estranhar a presença do
Seção, é sempre em nome do Serviço Público que vocabulário técnico correspondente. Nos dois casos, há
é feita a comunicação. Obtém-se, assim, uma de- um padrão de linguagem que atende ao uso que se faz
sejável padronização, que permite que comunica- da língua, a finalidade com que a empregamos.
ções elaboradas em diferentes setores da Adminis- O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu ca-
tração guardem entre si certa uniformidade; ráter impessoal, por sua finalidade de informar com o
b) da impessoalidade de quem recebe a comunica- máximo de clareza e concisão, eles requerem o uso do
ção, com duas possibilidades: ela pode ser dirigida padrão culto da língua. Há consenso de que o padrão
a um cidadão, sempre concebido como público, culto é aquele em que a) se observam as regras da gra-
ou a outro órgão público. Nos dois casos, temos mática formal, e b) se emprega um vocabulário comum
um destinatário concebido de forma homogênea ao conjunto dos usuários do idioma. É importante res-
e impessoal; saltar que a obrigatoriedade do uso do padrão culto na
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: redação oficial decorre do fato de que ele está acima das
se o universo temático das comunicações oficiais
diferenças lexicais, morfológicas ou sintáticas regionais,
se restringe a questões que dizem respeito ao in-
dos modismos vocabulares, das idiossincrasias linguísti-
teresse público, é natural que não cabe qualquer
cas, permitindo, por essa razão, que se atinja a pretendi-
tom particular ou pessoal. Desta forma, não há
da compreensão por todos os cidadãos. Lembre-se de
lugar na redação oficial para impressões pessoais,
que o padrão culto nada tem contra a simplicidade de
como as que, por exemplo, constam de uma carta
expressão, desde que não seja confundida com pobreza
a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal,
ou mesmo de um texto literário. A redação oficial de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão culto
deve ser isenta da interferência da individualidade implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos con-
que a elabora. torcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios
A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade da língua literária.
de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais Pode-se concluir, então, que não existe propriamente
contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do
impessoalidade. padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que
haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
A necessidade de empregar determinado nível de lin- consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
lado, do próprio caráter público desses atos e comuni- evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
cações; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
entendidos como atos de caráter normativo, ou estabe- situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
lecem regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo
o funcionamento dos órgãos públicos, o que só é alcan- o vocabulário próprio à determinada área, são de difícil
çado se em sua elaboração for empregada a linguagem entendimento por quem não esteja com eles familiariza-
adequada. O mesmo se dá com os expedientes oficiais, do. Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em
cuja finalidade precípua é a de informar com clareza e comunicações encaminhadas a outros órgãos da admi-
objetividade. As comunicações que partem dos órgãos nistração e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
públicos federais devem ser compreendidas por todo e
qualquer cidadão brasileiro. Para atingir esse objetivo, há 3. Formalidade e Padronização
LÍNGUA PORTUGUESA
82
mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à tos oficiais, de trechos obscuros e de erros gramaticais
civilidade no próprio enfoque dado ao assunto do qual provém, principalmente, da falta da releitura que torna
cuida a comunicação. possível sua correção.
A formalidade de tratamento vincula-se, também, à Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda,
necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad- se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O
ministração federal é una, é natural que as comunicações que nos parece óbvio pode ser desconhecido por ter-
que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimen- ceiros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos
to desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que em decorrência de nossa experiência profissional muitas
se atente para todas as características da redação oficial e vezes faz com que os tomemos como de conhecimento
que se cuide, ainda, da apresentação dos textos. geral, o que nem sempre é verdade. Explicite, desenvol-
A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes va, esclareça, precise os termos técnicos, o significado
para o texto definitivo e a correta diagramação do texto das siglas e abreviações e os conceitos específicos que
são indispensáveis para a padronização. não possam ser dispensados.
4. Concisão e Clareza A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A
pressa com que são elaboradas certas comunicações
A concisão é antes uma qualidade do que uma carac- quase sempre compromete sua clareza. Não se deve
terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue proceder à redação de um texto que não seja seguida
transmitir um máximo de informações com um mínimo por sua revisão. “Não há assuntos urgentes, há assuntos
de palavras. Para que se redija com essa qualidade, é fun- atrasados”, diz a máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua
damental que se tenha, além de conhecimento do assun- indesejável repercussão no redigir.
to sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revi-
sar o texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas 5. As Comunicações Oficiais
vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições
desnecessárias de ideias. 5.1. Introdução
O esforço de sermos concisos atende, basicamente,
ao princípio de economia linguística, à mencionada fór- A redação das comunicações oficiais deve, antes de
mula de empregar o mínimo de palavras para informar o tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, As-
máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como pectos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há caracte-
economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar rísticas específicas de cada tipo de expediente, que serão
passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos
tamanho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inú- à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase
teis, redundâncias, passagens que nada acrescentem ao todas as modalidades de comunicação oficial: o empre-
que já foi dito. go dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a
identificação do signatário.
Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe
em todo texto de alguma complexidade: ideias funda-
6. Pronomes de Tratamento
mentais e ideias secundárias. Estas últimas podem es-
clarecer o sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las;
6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
mas existem também ideias secundárias que não acres-
centam informação alguma ao texto, nem têm maior re-
O uso de pronomes e locuções pronominais de tra-
lação com as fundamentais, podendo, por isso, ser dis- tamento tem larga tradição na língua portuguesa. De
pensadas. acordo com Said Ali, após serem incorporados ao por-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto tuguês os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento
oficial. Pode-se definir como claro aquele texto que pos- direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”,
sibilita imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a passou-se a empregar, como expediente linguístico de
clareza não é algo que se atinja por si só: ela depende es- distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no
tritamente das demais características da redação oficial. tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue
Para ela concorrem: o autor: “Outro modo de tratamento indireto consistiu
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter- em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qua-
pretações que poderia decorrer de um tratamento lidade eminente da pessoa de categoria superior, e não
personalista dado ao texto; a ela própria. Assim aproximavam-se os vassalos de seu
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princí- rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...);
pio, de entendimento geral e por definição avesso assim usou-se o tratamento ducal de vossa excelência e
a vocábulos de circulação restrita, como a gíria e adotaram-se na hierarquia eclesiástica vossa reverência,
o jargão; vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
LÍNGUA PORTUGUESA
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a A partir do final do século XVI, esse modo de trata-
imprescindível uniformidade dos textos; mento indireto já estava em voga também para os ocu-
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os exces- pantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu
sos linguísticos que nada lhe acrescentam. para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o prono-
me vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição
É pela correta observação dessas características que que provém o atual emprego de pronomes de tratamen-
se redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável to indireto como forma de dirigirmo-nos às autoridades
releitura de todo texto redigido. A ocorrência, em tex- civis, militares e eclesiásticas.
83
6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento As demais autoridades serão tratadas com o vocativo
Senhor, seguido do cargo respectivo:
Os pronomes de tratamento (ou de segunda pes- Senhor Senador,
soa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto Senhor Juiz,
à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora Senhor Ministro,
se refiram a segunda pessoa gramatical (à pessoa com Senhor Governador,
quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam No envelope, o endereçamento das comunicações di-
a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo con- rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá
corda com o substantivo que integra a locução como seu a seguinte forma:
núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; A Sua Excelência o Senhor
“Vossa Excelência conhece o assunto”. Fulano de Tal
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos Ministro de Estado da Justiça
a pronomes de tratamento são sempre os da terceira 70064-900 – Brasília. DF
pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não
“Vossa ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a es- A Sua Excelência o Senhor
ses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o Senador Fulano de Tal
sexo da pessoa a que se refere, e não com o substanti- Senado Federal
vo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor 70165-900 – Brasília. DF
for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”,
“Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vos- A Sua Excelência o Senhor
sa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar Fulano de Tal
satisfeita”. Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível
Rua ABC, n.º 123
6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento 01010-000 – São Paulo. SP
Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tra-
obedece a secular tradição. São de uso consagrado:
tamento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se
a) do Poder Executivo;
ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua
Presidente da República;
repetida evocação.
Vice-Presidente da República;
Ministros de Estado;
Vossa Senhoria é empregado para as demais autori-
Governadores e Vice-Governadores de Estado e do
dades e para particulares. O vocativo adequado é:
Distrito Federal;
Senhor Fulano de Tal,
Oficiais-Generais das Forças Armadas;
Embaixadores; (...)
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocu- No envelope, deve constar do endereçamento:
pantes de cargos de natureza especial; Ao Senhor
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Fulano de Tal
Prefeitos Municipais. Rua ABC, n.º 123
12345-000 – Curitiba. PR
b) do Poder Legislativo:
Deputados Federais e Senadores; Como se depreende do exemplo acima, fica dispen-
Ministros do Tribunal de Contas da União; sado o emprego do superlativo ilustríssimo para as au-
Deputados Estaduais e Distritais; toridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; e para particulares. É suficiente o uso do pronome de
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais. tratamento Senhor.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamen-
c) do Poder Judiciário: to, e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminada-
Ministros dos Tribunais Superiores; mente. Como regra geral, empregue-o apenas em co-
Membros de Tribunais; municações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por
Juízes; terem concluído curso universitário de doutorado. É cos-
Auditores da Justiça Militar. tume designar por doutor os bacharéis, especialmente os
bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos,
O vocativo a ser empregado em comunicações diri- o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às
LÍNGUA PORTUGUESA
84
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao 10. Partes do documento no Padrão Ofício
Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre,
(...) O aviso, o ofício e o memorando devem conter as
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendís- seguintes partes:
sima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
o vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminen- órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso
tíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...) 123/2002-SG Of. 123/2002-MME
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em co-
alinhamento à direita: Exemplo:
municações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
Brasília, 15 de março de 1991.
Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reveren-
díssima para Monsenhores, Cônegos e superiores reli- c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos:
giosos. Assunto: Produtividade do órgão em 2002.
Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clé- Assunto: Necessidade de aquisição de novos compu-
rigos e demais religiosos. tadores.
85
11. Forma de diagramação que o ofício é expedido para e pelas demais autoridades.
Ambos têm como finalidade o tratamento de assuntos
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à oficiais pelos órgãos da Administração Pública entre si e,
seguinte forma de apresentação: no caso do ofício, também com particulares.
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman
de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 12.2. Forma e Estrutura
10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
Wingdings; o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o de vírgula. Exemplos:
número da página; Excelentíssimo Senhor Presidente da República
Senhora Ministra
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão Senhor Chefe de Gabinete
ser impressos em ambas as faces do papel. Neste
caso, as margens esquerda e direita terão as dis- Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício
tâncias invertidas nas páginas pares (“margem es- as seguintes informações do remetente:
pelho”); – nome do órgão ou setor;
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm – endereço postal;
de distância da margem esquerda; – telefone e endereço de correio eletrônico.
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
no mínimo, 3,0 cm de largura; 13. Memorando
g) o campo destinado à margem lateral direita terá
1,5 cm; 13.1. Definição e Finalidade
O constante neste item aplica-se também à exposição
de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Moti- O memorando é a modalidade de comunicação en-
vos e 5. Mensagem). tre unidades administrativas de um mesmo órgão, que
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as podem estar hierarquicamente em mesmo nível ou em
níveis diferentes. Trata-se, portanto, de uma forma de co-
linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o
municação eminentemente interna. Pode ter caráter me-
editor de texto utilizado não comportar tal recurso,
ramente administrativo, ou ser empregado para a expo-
de uma linha em branco;
sição de projetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico,
por determinado setor do serviço público. Sua caracterís-
sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra,
tica principal é a agilidade. A tramitação do memorando
relevo, bordas ou qualquer outra forma de forma-
em qualquer órgão deve pautar-se pela rapidez e pela
tação que afete a elegância e a sobriedade do do- simplicidade de procedimentos burocráticos. Para evitar
cumento; desnecessário aumento do número de comunicações, os
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta despachos ao memorando devem ser dados no próprio
em papel branco. A impressão colorida deve ser documento e, no caso de falta de espaço, em folha de
usada apenas para gráficos e ilustrações; continuação. Esse procedimento permite formar uma
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício espécie de processo simplificado, assegurando maior
devem ser impressos em papel de tamanho A-4, transparência à tomada de decisões, e permitindo que se
ou seja, 29,7 x 21,0 cm; historie o andamento da matéria tratada no memorando.
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de
arquivo Rich Text nos documentos de texto; 13.2. Forma e Estrutura
m) dentro do possível, todos os documentos elabora-
dos devem ter o arquivo de texto preservado para Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo
consulta posterior ou aproveitamento de trechos do padrão ofício, com a diferença de que o seu destina-
para casos análogos; tário deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exem-
n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos plos:
devem ser formados da seguinte maneira: tipo do Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
documento + número do documento + palavras- Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos
-chaves do conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório pro-
dutividade ano 2002” 14. Exposição de Motivos
86
Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi- ca; expor o plano de governo por ocasião da abertura
dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos de sessão legislativa; submeter ao Congresso Nacional
em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério, matérias que dependem de deliberação de suas Casas;
a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os apresentar veto; enfim, fazer e agradecer comunicações
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de de tudo quanto seja de interesse dos poderes públicos e
interministerial. da Nação.
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos
14.2. Forma e Estrutura Ministérios à Presidência da República, a cujas assesso-
rias caberá a redação final.
Formalmente, a exposição de motivos tem a apresen- As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao
tação do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício). Congresso Nacional têm as seguintes finalidades:
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, com-
A exposição de motivos, de acordo com sua finalida- plementar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para complementar são enviados em regime normal (Consti-
aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e tuição, art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º
outra para a que proponha alguma medida ou submeta a 4.º). Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado
projeto de ato normativo. sob o regime normal e mais tarde ser objeto de nova
No primeiro caso, o da exposição de motivos que mensagem, com solicitação de urgência.
simplesmente leva algum assunto ao conhecimento do Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem-
Presidente da República, sua estrutura segue o mode- bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com
lo antes referido para o padrão ofício. Já a exposição de aviso do Chefe da Casa Civil da Presidência da República
motivos que submeta à consideração do Presidente da ao Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para
República a sugestão de alguma medida a ser adotada que tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64,
ou a que lhe apresente projeto de ato normativo – embo- caput).
ra sigam também a estrutura do padrão ofício –, além de Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen-
outros comentários julgados pertinentes por seu autor, dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamen-
devem, obrigatoriamente, apontar: tos anuais e créditos adicionais), as mensagens de en-
a) na introdução: o problema que está a reclamar a caminhamento dirigem-se aos Membros do Congresso
adoção da medida ou do ato normativo proposto; Nacional, e os respectivos avisos são endereçados ao
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medi- Primeiro Secretário do Senado Federal. A razão é que o
da ou aquele ato normativo o ideal para se solucio- art. 166 da Constituição impõe a deliberação congressual
nar o problema, e eventuais alternativas existentes sobre as leis financeiras em sessão conjunta, mais preci-
para equacioná-lo; samente, “na forma do regimento comum”. E à frente da
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to- Mesa do Congresso Nacional está o Presidente do Sena-
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para do Federal (Constituição, art. 57, § 5.º), que comanda as
solucionar o problema. sessões conjuntas.
As mensagens aqui tratadas coroam o processo de-
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à senvolvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange
exposição de motivos, devidamente preenchido, de acor- minucioso exame técnico, jurídico e econômico-financei-
do Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º ro das matérias objeto das proposições por elas encami-
4.176, de 28 de março de 2002. nhadas.
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha pre- Tais exames materializam-se em pareceres dos di-
sente que a atenção aos requisitos básicos da redação versos órgãos interessados no assunto das proposições,
oficial (clareza, concisão, impessoalidade, formalidade, entre eles o da Advocacia-Geral da União. Mas, na ori-
padronização e uso do padrão culto de linguagem) deve gem das propostas, as análises necessárias constam da
ser redobrada. exposição de motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1.
A exposição de motivos é a principal modalidade de Exposição de Motivos) – exposição que acompanhará, por
comunicação dirigida ao Presidente da República pelos cópia, a mensagem de encaminhamento ao Congresso.
Ministros.
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada b) encaminhamento de medida provisória.
cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons-
ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo tituição, o Presidente da República encaminha mensa-
ou em parte. gem ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso
para o Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando
LÍNGUA PORTUGUESA
87
dor-Geral da República, Chefes de Missão Diplomática, i) comunicação de veto.
etc.) têm em vista que a Constituição, no seu art. 52, in- Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constitui-
cisos III e IV, atribui àquela Casa do Congresso Nacional ção, art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão
competência privativa para aprovar a indicação. de vetar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas,
e as razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra
O curriculum vitae do indicado, devidamente assina- no Diário Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao
do, acompanha a mensagem. contrário das demais mensagens, cuja publicação se res-
d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vi- tringe à notícia do seu envio ao Poder Legislativo.
ce-Presidente da República se ausentar do País por mais
de 15 dias. j) outras mensagens.
Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art. Também são remetidas ao Legislativo com regular
49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa frequência mensagens com:
do Congresso Nacional. – encaminhamento de atos internacionais que acarre-
tam encargos ou compromissos gravosos (Consti-
tuição, art. 49, I);
O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis
tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
às operações e prestações interestaduais e de ex-
uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
portação (Constituição, art. 155, § 2.º, IV);
-lhes mensagens idênticas. – proposta de fixação de limites globais para o mon-
tante da dívida consolidada (Constituição, art. 52,
e) encaminhamento de atos de concessão e renova- VI);
ção de concessão de emissoras de rádio e TV. – pedido de autorização para operações financeiras
A obrigação de submeter tais atos à apreciação do externas (Constituição, art. 52, V); e outros.
Congresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Entre as mensagens menos comuns estão as de:
Constituição. Somente produzirão efeitos legais a ou- – convocação extraordinária do Congresso Nacional
torga ou renovação da concessão após deliberação do (Constituição, art. 57, § 6.º);
Congresso Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Des- – pedido de autorização para exonerar o Procurador-
cabe pedir na mensagem a urgência prevista no art. 64 -Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º);
da Constituição, porquanto o § 1.º do art. 223 já define o – pedido de autorização para declarar guerra e decre-
prazo da tramitação. tar mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX);
Além do ato de outorga ou renovação, acompanha – pedido de autorização ou referendo para celebrar a
a mensagem o correspondente processo administrativo. paz (Constituição, art. 84, XX);
f) encaminhamento das contas referentes ao exercício – justificativa para decretação do estado de defesa ou
anterior. de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º);
O Presidente da República tem o prazo de sessenta – pedido de autorização para decretar o estado de
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao sítio (Constituição, art. 137);
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an- – relato das medidas praticadas na vigência do estado
terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, pará-
da Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, grafo único);
§ 1.º), sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a – proposta de modificação de projetos de leis finan-
tomada de contas (Constituição, art. 51, II), em procedi- ceiras (Constituição, art. 166, § 5.º);
mento disciplinado no art. 215 do seu Regimento Interno. – pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
carem sem despesas correspondentes, em decor-
rência de veto, emenda ou rejeição do projeto de
g) mensagem de abertura da sessão legislativa.
lei orçamentária anual (Constituição, art. 166, § 8.º);
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre
– pedido de autorização para alienar ou conceder ter-
a situação do País e solicitação de providências que jul-
ras públicas com área superior a 2.500 ha (Consti-
gar necessárias (Constituição, art. 84, XI). tuição, art. 188, § 1.º); etc.
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Presidência da República. Esta mensagem difere das de- 5.2. Forma e Estrutura
mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os
Congressistas em forma de livro. As mensagens contêm:
a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
h) comunicação de sanção (com restituição de autó- horizontalmente, no início da margem esquerda:
grafos). Mensagem n.º
LÍNGUA PORTUGUESA
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d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do Remetente: ____________________________________
texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____
a margem direita. No de páginas: ________No do documento:____________
A mensagem, como os demais atos assinados pelo
Presidente da República, não traz identificação de seu Observações:___________________________________
signatário.
18. Correio Eletrônico
16. Telegrama
18.1 Definição e finalidade
16.1. Definição e Finalidade
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e
Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar celeridade, transformou-se na principal forma de comu-
os procedimentos burocráticos, passa a receber o títu- nicação para transmissão de documentos.
lo de telegrama toda comunicação oficial expedida por
meio de telegrafia, telex, etc. 18.2. Forma e Estrutura
Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô-
aos cofres públicos e tecnologicamente superada, deve nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir for-
restringir-se o uso do telegrama apenas àquelas situa- ma rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o
ções que não seja possível o uso de correio eletrônico ou uso de linguagem incompatível com uma comunicação
fax e que a urgência justifique sua utilização e, também oficial (v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Ofi-
em razão de seu custo elevado, esta forma de comuni- ciais).
cação deve pautar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e O campo assunto do formulário de correio eletrônico
Clareza). deve ser preenchido de modo a facilitar a organização
documental tanto do destinatário quanto do remetente.
16.2. Forma e Estrutura Para os arquivos anexados à mensagem deve ser uti-
lizado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensa-
Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e gem que encaminha algum arquivo deve trazer informa-
a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos ções mínimas sobre seu conteúdo.
Correios e em seu sítio na Internet. Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de
confirmação de leitura. Caso não seja disponível, deve
17. Fax constar da mensagem pedido de confirmação de rece-
bimento.
17.1. Definição e Finalidade
18.3 Valor documental
O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile)
é uma forma de comunicação que está sendo menos Nos termos da legislação em vigor, para que a men-
usada devido ao desenvolvimento da Internet. É utiliza- sagem de correio eletrônico tenha valor documental, e
do para a transmissão de mensagens urgentes e para o para que possa ser aceito como documento original, é
envio antecipado de documentos, de cujo conhecimen- necessário existir certificação digital que ateste a identi-
to há premência, quando não há condições de envio do dade do remetente, na forma estabelecida em lei.
documento por meio eletrônico. Quando necessário o
original, ele segue posteriormente pela via e na forma Elementos de Ortografia e Gramática
de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com 1. Problemas de Construção de Frases
cópia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel,
em certos modelos, deteriora-se rapidamente. A clareza e a concisão na forma escrita são alcança-
das, principalmente, pela construção adequada da frase,
17.2. Forma e Estrutura “a menor unidade autônoma da comunicação”, na defini-
ção de Celso Pedro Luft.
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a A função essencial da frase é desempenhada pelo
estrutura que lhes são inerentes. predicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser en-
É conveniente o envio, juntamente com o documento tendido como “a enunciação pura de um fato qualquer”.
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com Sempre que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe
LÍNGUA PORTUGUESA
os dados de identificação da mensagem a ser enviada, o nome de período, que terá tantas orações quantos fo-
conforme exemplo a seguir: rem os verbos não auxiliares que o constituem.
Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
[Órgão Expedidor] pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
[setor do órgão expedidor] de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substan-
[endereço do órgão expedidor] tivo. Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações
Destinatário:____________________________________ substantivos (nomes ou pronomes) que desempenham a
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ função de complementos (objetos direto e indireto, pre-
89
dicativo e complemento adverbial). Função acessória de- 2. Sujeito
sempenham os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente
ao final da oração, mas que podem ser ou intercalados Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que
aos elementos que desempenham as outras funções, ou executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter com-
deslocados para o início da oração. plemento, mas não ser complemento. Devem ser evita-
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos das, portanto, construções como:
elementos que compõem uma oração (Observação: os
parênteses indicam os elementos que podem não ocor- Errado: É tempo do Congresso votar a emenda.
rer): Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda.
(sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adver-
bial). Errado: Apesar das relações entre os países estarem
cortadas, (...).
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem
orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portu-
cortadas, (...).
guesa (a função que vem entre parênteses é facultativa e
pode ocorrer em ordem diversa):
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial) Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim.
O Presidente - regressou - (ontem).
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...).
2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...).
(adjunto adverbial)
O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
manhã de terça-feira). (...).
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo,
3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto (...).
- (adjunto adverbial).
O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os 3. Frases Fragmentadas
setores).
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. di- oração subordinada ou uma simples locução como se
reto - obj. indireto - (adj. Adv.) fosse uma frase completa”. Decorre da pontuação errada
Os desempregados - entregaram - suas reivindicações de uma frase simples. Embora seja usada como recurso
- ao Deputado - (no Congresso). estilístico na literatura, a fragmentação de frases deve ser
evitada nos textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a
5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento compreensão. Exemplo:
adverbial - (adjunto adverbial) Errado: O programa recebeu a aprovação do Congres-
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Bue- so Nacional. Depois de ser longamente debatido.
nos Aires - (na próxima semana). Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) Nacional, depois de ser longamente debatido.
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto ad- Certo: Depois de ser longamente debatido, o progra-
verbial)
ma recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
O problema - será - resolvido - prontamente.
Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou
submetido ao Presidente da República, que o aprovou.
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjuga-
Consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto
do. Na construção de períodos, as várias funções podem
ocorrer em ordem inversa à mencionada, misturando-se legal.
e confundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente
de todos os padrões existentes na língua portuguesa. submetido ao Presidente da República, que o aprovou,
O que importa é fixar a ordem normal dos elementos consultadas as áreas envolvidas na elaboração do texto
nesses seis padrões básicos. Acrescente-se que períodos legal.
mais complexos, compostos por duas ou mais orações,
em geral podem ser reduzidos aos padrões básicos (de 4. Erros de Paralelismo
que derivam).
Os problemas mais frequentemente encontrados na Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
LÍNGUA PORTUGUESA
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. As-
paralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em sim, incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a
geral, do desconhecimento da ordem das palavras na elementos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
frase. Indicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Minis-
comuns e recorrentes na construção de frases, registra- térios economizar energia e que elaborassem planos de
dos em documentos oficiais. redução de despesas.
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Na frase temos, nas duas orações subordinadas que Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”:
completam o sentido da principal, duas estruturas dife- Errado: Neste momento, não se devem adotar medi-
rentes para ideias equivalentes: a primeira oração (eco- das precipitadas, e que comprometam o andamento de
nomizar energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a se- todo o programa.
gunda (que elaborassem planos de redução de despesas)
é uma oração desenvolvida introduzida pela conjunção Da mesma forma com que corrigimos o exemplo an-
integrante que. Há mais de uma possibilidade de escre- terior, aqui podemos suprimir a conjunção:
vê-la com clareza e correção; uma seria a de apresentar Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas
as duas orações subordinadas como desenvolvidas, in- precipitadas, que comprometam o andamento de todo o
troduzidas pela conjunção integrante que: programa.
Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na Errado: O salário de um professor é mais baixo do que
coordenação de orações subordinadas. um médico.
A omissão de termos provocou uma comparação in-
Mais um exemplo de frase inaceitável na língua es- devida: “o salário de um professor” com “um médico”.
crita culta: Certo: O salário de um professor é mais baixo do que
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, o salário de um médico.
não ser inseguro, inteligência e ter ambição. Certo: O salário de um professor é mais baixo do que
O problema aqui decorre de coordenar palavras o de um médico.
(substantivos) com orações (reduzidas de infinitivo). Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria.
Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou Novamente, a não repetição dos termos comparados
por transformá-la em frase simples, substituindo as ora- confunde. Alternativas para correção:
ções reduzidas por substantivos: Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, Portaria.
segurança, inteligência e ambição. Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso bas do que os Ministérios do Governo.
paralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equi-
valente) a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
apresentar, de forma paralela, estruturas sintáticas dis- “demais”) acarretou imprecisão:
tintas: Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o bas do que os outros Ministérios do Governo.
Papa. Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais ver-
bas do que os demais Ministérios do Governo.
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades
(Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibi- 6. Ambiguidade
lidade de correção é transformá-la em duas frases sim-
ples, com o cuidado de não repetir o verbo da primeira Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada
(visitar): em mais de um sentido. Como a clareza é requisito bási-
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta co de todo texto oficial, deve-se atentar para as constru-
última capital, encontrou-se com o Papa. ções que possam gerar equívocos de compreensão.
A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado de identificar a qual palavra se refere um pronome que
LÍNGUA PORTUGUESA
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode
que não contém nenhum “que” anterior. ocorrer com:
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que
tem sólida formação acadêmica. A) pronomes pessoais:
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: que ele seria exonerado.
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu
sólida formação acadêmica. secretariado.
91
Ou então, caso o entendimento seja outro: ( ) CERTO ( ) ERRADO
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
neração deste. Resposta: Errado. Vamos ao Manual: O Manual ainda
preceitua que a forma de tratamento “Digníssimo” fica
B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos: abolida (...) afinal, a dignidade é condição primordial
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repú- para que tais cargos públicos sejam ocupados.
blica, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
Estado, mas isso não o surpreendeu. cial_publicacoes_ver.php?id=2
Observe a multiplicidade de ambiguidade no exem-
plo acima, a qual torna incompreensível o sentido da fra- 2. (TRIBUNAL DE JUSTIÇA-SE – TÉCNICO JUDICIÁ-
se. RIO – MÉDIO – CESPE – 2014) Em toda comunicação
oficial, exceto nas direcionadas a autoridades estrangei-
Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presiden- ras, deve-se fazer uso dos fechos Respeitosamente ou
te da República. No pronunciamento, solicitou a interven- Atenciosamente, de acordo com as hierarquias do desti-
ção federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Pre- natário e do remetente.
sidente da República.
( ) CERTO ( ) ERRADO
C) pronome relativo:
Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
costumava trabalhar. cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente
Não fica claro se o pronome relativo da segunda ora- dois fechos diferentes para todas as modalidades de
ção faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambi- comunicação oficial:
guidade se deve ao pronome relativo “que”, sem marca A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente
de gênero. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, da República: Respeitosamente,
os quais, as quais, que marcam gênero e número. B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hie-
Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu cos- rarquia inferior: Atenciosamente,
tumava trabalhar. Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
Se o entendimento é outro, então: das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu cos- tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma-
tumava trabalhar. nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da
3. (ANP – CONHECIMENTO BÁSICO PARA TODOS
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida:
OS CARGOS – CESPE – 2013) Na redação de uma ata,
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o
devem-se relatar exaustivamente, com o máximo de de-
funcionário.
talhamento possível, incluindo-se os aspectos subjetivos,
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima,
as discussões, as propostas, as resoluções e as delibera-
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida.
ções ocorridas em reuniões e eventos que exigem regis-
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este
tro.
indisciplinado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma se-
nhora chamou o médico. Resposta: Errado. Ata é um documento administrativo
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi que tem a finalidade de registrar de modo sucinto a
chamado por uma senhora. sequência de eventos de uma reunião ou assembleia de
pessoas com um fim específico. É característica da Ata
SITE apresentar um resumo, cronologicamente disposto, de
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual- modo infalível, de todo o desenrolar da reunião.
redpr2aed.pdf (Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)
remetente.
turais e linguísticos das correspondências oficiais, julgue
os itens que se seguem, de acordo com o Manual de Re- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dação da Presidência da República.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- Resposta: Certo. Segundo o Manual de Redação Ofi-
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- cial: (...) Manual estabelece o emprego de somente
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de dois fechos diferentes para todas as modalidades de
cargos públicos. comunicação oficial:
92
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente 1.1.1. Casos Particulares
da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- A) Quando o sujeito é formado por uma expressão
quia inferior: Atenciosamente, partitiva (parte de, uma porção de, o grosso de,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- metade de, a maioria de, a maior parte de, grande
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e parte de...) seguida de um substantivo ou pronome
tradição próprios, devidamente disciplinados no Ma- no plural, o verbo pode ficar no singular ou no
nual de Redação do Ministério das Relações Exteriores. plural.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
5. (ANTAQ – ESPECIALISTA EM REGULAÇÃO DE Metade dos candidatos não apresentou / apresenta-
SERVIÇOS DE TRANSPORTES AQUAVIÁRIOS – CES- ram proposta.
PE – 2014) Considerando aspectos estruturais e linguís-
ticos das correspondências oficiais, julgue os itens que se Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
seguem, de acordo com o Manual de Redação da Presi- dos coletivos, quando especificados: Um bando de vân-
dência da República. dalos destruiu / destruíram o monumento.
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para to- Observação:
das as autoridades do poder público, uma vez que a dig- Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a
nidade é tida como qualidade inerente aos ocupantes de unidade do conjunto; já a forma plural confere destaque
cargos públicos. aos elementos que formam esse conjunto.
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
em número e pessoa. Veja os exemplos: Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
vadoras.
A prova para ambos os cargos será aplicada às 13h.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular Observação:
Veja que a opção por uma ou outra forma indica a
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. inclusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural ou escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fize-
93
mos”, ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso Vossas Excelências renunciarão?
não ocorre ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de
tudo e nada fizeram”, frase que soa como uma denúncia. I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se
Nos casos em que o interrogativo ou indefinido esti- de acordo com o numeral.
ver no singular, o verbo ficará no singular. Deu uma hora no relógio da sala.
Qual de nós é capaz? Deram cinco horas no relógio da sala.
Algum de vós fez isso. Soam dezenove horas no relógio da praça.
Baterão doze horas daqui a pouco.
E) Quando o sujeito é formado por uma expressão
que indica porcentagem seguida de substantivo, o Observação:
verbo deve concordar com o substantivo. Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino,
25% do orçamento do país será destinado à Educação. torre, etc., o verbo concordará com esse sujeito.
85% dos entrevistados não aprovam a administração O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas.
do prefeito. Soa quinze horas o relógio da matriz.
1% do eleitorado aceita a mudança.
1% dos alunos faltaram à prova. J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum
Quando a expressão que indica porcentagem não sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do sin-
é seguida de substantivo, o verbo deve concordar gular. São verbos impessoais: Haver no sentido de
com o número. existir; Fazer indicando tempo; Aqueles que indi-
25% querem a mudança. cam fenômenos da natureza. Exemplos:
1% conhece o assunto. Havia muitas garotas na festa.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Se o número percentual estiver determinado por Chovia ontem à tarde.
artigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-
-á com eles: 1.2. Sujeito Composto
Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados. A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao ver-
bo, a concordância se faz no plural:
F) O pronome “que” não interfere na concordância; Pai e filho conversavam longamente.
já o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa Sujeito
do singular.
Fui eu que paguei a conta. Pais e filhos devem conversar com frequência.
Fomos nós que pintamos o muro. Sujeito
És tu que me fazes ver o sentido da vida.
Sou eu quem faz a prova. B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas
Não serão eles quem será aprovado. gramaticais diferentes, a concordância ocorre da seguin-
te maneira: a primeira pessoa do plural (nós) prevalece
G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve as- sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua vez, prevalece
sumir a forma plural. sobre a terceira (eles). Veja:
Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encan- Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
taram os poetas. Primeira Pessoa do Plural (Nós)
Este candidato é um dos que mais estudaram!
Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Se a expressão for de sentido contrário – nenhum Segunda Pessoa do Plural (Vós)
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no
singular: Pais e filhos precisam respeitar-se.
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga. Terceira Pessoa do Plural (Eles)
Nem uma das que me escreveram mora aqui.
Observação:
Quando “um dos que” vem entremeada de subs- Quando o sujeito é composto, formado por um ele-
tantivo, o verbo pode: mento da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é
possível empregar o verbo na terceira pessoa do plural
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atraves- (eles): “Tu e teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar
sa o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio de “tomaríeis”.
que faça o mesmo).
LÍNGUA PORTUGUESA
94
Compareceu o banca e todos os candidatos. sões “com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos
adverbiais de companhia. Na verdade, é como se hou-
D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concor- vesse uma inversão da ordem. Veja:
dância é feita no plural. Observe:
Abraçaram-se vencedor e vencido. “O pai montou o brinquedo com o filho.”
Ofenderam-se o jogador e o árbitro. “O governador traçou os planos para o próximo semes-
tre com o secretariado.”
1.2.1. Casos Particulares “O professor questionou as regras com o aluno.”
Quando o sujeito composto é formado por Casos em que se usa o verbo no singular:
núcleos sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no Café com leite é uma delícia!
singular. O frango com quiabo foi receita da vovó.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
Quando os núcleos do sujeito são unidos por ex-
A coragem e o destemor fez dele um herói.
pressões correlativas como: “não só... mas ainda”, “não
somente”..., “não apenas... mas também”, “tanto...quanto”,
Quando o sujeito composto é formado por nú-
o verbo ficará no plural.
cleos dispostos em gradação, verbo no singular:
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o
Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um se- Nordeste.
gundo me satisfaz. Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a
Quando os núcleos do sujeito composto são notícia.
unidos por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, Quando os elementos de um sujeito composto são
de acordo com o valor semântico das conjunções: resumidos por um aposto recapitulativo, a concordância
Drummond ou Bandeira representam a essência da é feita com esse termo resumidor.
poesia brasileira. Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apa-
Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta. tia.
Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante
“adição”. Já em: na vida das pessoas.
Juca ou Pedro será contratado.
Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olim- 1.2.2 Outros Casos
píada.
O Verbo e a Palavra “SE”
Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há
no singular. duas de particular interesse para a concordância verbal:
95
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso.
#FicaDica Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido.
Duas semanas de férias é muito para mim.
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
Quando um dos elementos (sujeito ou predica-
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
tivo) for pronome pessoal do caso reto, com este
se construída for “compreensível”, estaremos
concordará o verbo.
diante de uma partícula apassivadora; se não,
No meu setor, eu sou a única mulher.
o “se” será índice de indeterminação. Veja:
Aqui os adultos somos nós.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Observação:
Funcionários qualificados são precisados (ou
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre-
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
o pronome sujeito.
Agora:
Eu não sou ela.
Vendem-se casas.
Ela não é eu.
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
Quando o sujeito for uma expressão de sentido
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva. partitivo ou coletivo e o predicativo estiver no plu-
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan- ral, o verbo SER concordará com o predicativo.
ça? Agora é só memorizar!) A grande maioria no protesto eram jovens.
O resto foram atitudes imaturas.
96
Adjetivo anteposto aos substantivos:
O adjetivo concorda em gênero e número com o #FicaDica
substantivo mais próximo.
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”.
Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Se a frase ficar coerente com o primeiro,
Encontramos caída a roupa e os prendedores.
trata-se de advérbio, portanto, invariável; se
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
houver coerência com o segundo, função de
adjetivo, então varia:
Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo
parentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
Ele está só descansando. (apenas descansan-
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
do) - advérbio
Encontrei os divertidos primos e primas na festa. Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula
depois de “só”, haverá, novamente, um ad-
Adjetivo posposto aos substantivos: jetivo:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo Ele está só, descansando. (ele está sozinho e
ou com todos eles (assumindo a forma masculina descansando)
plural se houver substantivo feminino e masculi-
no).
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A indústria oferece atendimento e localização perfeita. G) Quando um único substantivo é modificado por
A indústria oferece localização e atendimento perfei- dois ou mais adjetivos no singular, podem ser usa-
tos. das as construções:
A indústria oferece atendimento e localização perfei- O substantivo permanece no singular e coloca-se
tos. o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura
espanhola e a portuguesa.
Observação: O substantivo vai para o plural e omite-se o artigo
Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza, antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola e
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos portuguesa.
dois substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado
no plural masculino, que é o gênero predominante quan- 1. Casos Particulares
do há substantivos de gêneros diferentes.
Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o ad- É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
jetivo fica no singular ou plural. mitido
A beleza e a inteligência feminina(s).
O carro e o iate novo(s). Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo: referem possuir sentido genérico (não vier prece-
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti- dido de artigo).
vo não for acompanhado de nenhum modificador: É proibido entrada de crianças.
Água é bom para saúde. Em certos momentos, é necessário atenção.
O adjetivo concorda com o substantivo, se este for No verão, melancia é bom.
modificado por um artigo ou qualquer outro determina- É preciso cidadania.
tivo: Esta água é boa para saúde. Não é permitido saída pelas portas laterais.
D) O adjetivo concorda em gênero e número com os Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon- minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto
trou-as muito felizes. o verbo como o adjetivo concordam com ele.
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido É proibida a entrada de crianças.
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição Esta salada é ótima.
DE + adjetivo, este último geralmente é usado no A educação é necessária.
masculino singular: Os jovens tinham algo de mis- São precisas várias medidas na educação.
terioso.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso -
função adjetiva e concorda normalmente com o Quite
nome a que se refere:
LÍNGUA PORTUGUESA
97
Bastante - Caro - Barato - Longe concordar em gênero e número com a pessoa — e não
com o pronome — a que se refere.
Estas palavras são invariáveis quando funcionam
como advérbios. Concordam com o nome a que se refe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
rem quando funcionam como adjetivos, pronomes adje- Resposta: Certo. Afirmações corretas. As concordân-
tivos, ou numerais. cias verbal e nominal ao se utilizar pronome de trata-
As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio) mento devem ser na terceira pessoa e concordar em
Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. gênero (masculino ou feminino) com a pessoa a quem
(pronome adjetivo) se dirige: “Vossa Excelência está cansada(o)?” – con-
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio) cordará com quem está se falando: uma mulher ou um
As casas estão caras. (adjetivo) homem / “Vossa Santidade trouxe seus pertences?” /
Achei barato este casaco. (advérbio) “Vossas Senhorias gostariam de um café?”.
Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
2. (PREFEITURA DE SÃO LUÍS-MA – CONHECIMEN-
Meio - Meia TOS BÁSICOS CARGOS DE TÉCNICO MUNICIPAL –
NÍVEL MÉDIO – CESPE – 2017)
A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi Texto CB3A2BBB
meia porção de polentas.
Quando empregada como advérbio permanece inva- O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos
riável: A candidata está meio nervosa. estão na base das Constituições democráticas modernas.
A paz, por sua vez, é o pressuposto necessário para o re-
conhecimento e a efetiva proteção dos direitos humanos
#FicaDica em cada Estado e no sistema internacional. Ao mesmo
tempo, o processo de democratização do sistema in-
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
ternacional, que é o caminho obrigatório para a busca
saberei que se trata de um advérbio, não de
do ideal da paz perpétua, não pode avançar sem uma
adjetivo: “A candidata está um pouco nervo-
gradativa ampliação do reconhecimento e da proteção
sa”.
dos direitos humanos, acima de cada Estado. Direitos
humanos, democracia e paz são três elementos funda-
Alerta - Menos mentais do mesmo movimento histórico: sem direitos
humanos reconhecidos e protegidos, não há democra-
Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem cia; sem democracia, não existem as condições mínimas
sempre invariáveis. para a solução pacífica dos conflitos. Em outras palavras,
Os concurseiros estão sempre alerta. a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos se
Não queira menos matéria! tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS não tenha a guerra como alternativa, somente quando
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- existirem cidadãos não mais apenas deste ou daquele
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Estado, mas do mundo.
Paulo: Saraiva, 2010. Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações).
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, reda- Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. 2BBB, os termos “não há” e “não existem” poderiam ser
substituídos, respectivamente, por
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49. a) não existe e não têm.
php b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
e) não tem e não têm.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Resposta: Letra C.
1. (POLÍCIA FEDERAL – ESCRIVÃO DE POLÍCIA FE- Busquemos o contexto:
LÍNGUA PORTUGUESA
DERAL – CESPE – 2013) Formas de tratamento como - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
Vossa Excelência e Vossa Senhoria, ainda que sejam em- há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
pregadas sempre na segunda pessoa do plural e no femi- te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
nino, exigem flexão verbal de terceira pessoa; além disso, de “existir”)
o pronome possessivo que faz referência ao pronome - sem democracia, não existem as condições mínimas
de tratamento também deve ser o de terceira pessoa, e para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
o adjetivo que remete ao pronome de tratamento deve tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural,
98
já que devemos concordar com “as condições míni- 1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO
mas”. A única “troca” adequada seria o verbo “haver”
– que pode ser utilizado com o sentido de “existir”. A regência verbal estuda a relação que se estabele-
Teríamos: sem direitos humanos reconhecidos e prote- ce entre os verbos e os termos que os complementam
gidos, inexiste democracia; sem democracia, não há (objetos diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (ad-
as condições mínimas para a solução pacífica dos con- juntos adverbiais). Há verbos que admitem mais de uma
flitos. regência, o que corresponde à diversidade de significa-
dos que estes verbos podem adquirir dependendo do
3. (MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚS- contexto em que forem empregados.
TRIA E COMÉRCIO EXTERIOR – ANALISTA TÉCNICO A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar,
ADMINISTRATIVO – CESPE – 2014) Em “Vossa Exce- contentar.
lência deve estar satisfeita com os resultados das nego- A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar
ciações”, o adjetivo estará corretamente empregado se agrado ou prazer”, satisfazer.
dirigido a ministro de Estado do sexo masculino, pois o Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de
termo “satisfeita” deve concordar com a locução prono- “agradar a alguém”.
minal de tratamento “Vossa Excelência”.
O conhecimento do uso adequado das preposições
( ) CERTO ( ) ERRADO é um dos aspectos fundamentais do estudo da regência
verbal (e também nominal). As preposições são capazes
Resposta: Errado. Se a pessoa, no caso o ministro, for de modificar completamente o sentido daquilo que está
do sexo feminino (ministra), o adjetivo está correto; sendo dito.
mas, se for do sexo masculino, o adjetivo sofrerá fle- Cheguei ao metrô.
xão de gênero: satisfeito. O pronome de tratamento Cheguei no metrô.
é apenas a maneira como tratar a autoridade, não re- No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no
gendo as demais concordâncias. segundo caso, é o meio de transporte por mim utilizado.
Portanto, sua forma correta seria: “faz décadas” O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido
por em ou a.
Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL último jogo.
99
sição para o estabelecimento da relação de regência. Ao Observação:
empregar esses verbos, lembre-se de que os pronomes O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan-
oblíquos o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva
pronomes podem assumir as formas lo, los, la, las (após analítica:
formas verbais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, O questionário foi respondido corretamente.
nas (após formas verbais terminadas em sons nasais), Todas as perguntas foram respondidas satisfatoria-
enquanto lhe e lhes são, quando complementos verbais, mente.
objetos indiretos.
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus comple-
São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban- mentos introduzidos pela preposição “com”.
donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar, Antipatizo com aquela apresentadora.
admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, au- Simpatizo com os que condenam os políticos que go-
xiliar, castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, vernam para uma minoria privilegiada.
defender, eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, pre-
judicar, prezar, proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos
visitar.
Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente Os verbos transitivos diretos e indiretos são acom-
como o verbo amar: panhados de um objeto direto e um indireto. Merecem
Amo aquele rapaz. / Amo-o. destaque, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São
Amo aquela moça. / Amo-a. verbos que apresentam objeto direto relacionado a coi-
Amam aquele rapaz. / Amam-no. sas e objeto indireto relacionado a pessoas.
Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la. Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto
Observação:
Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos Paguei o débito ao cobrador.
para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos Objeto Direto Objeto Indireto
adnominais):
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
com particular cuidado:
Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua car-
Agradeci o presente. / Agradeci-o.
reira)
Agradeço a você. / Agradeço-lhe.
Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau hu-
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a.
mor)
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe.
Paguei minhas contas. / Paguei-as.
C) Verbos Transitivos Indiretos Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
Os verbos transitivos indiretos são complementados
por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi- Informar
gem uma preposição para o estabelecimento da relação Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
de regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
terceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos Informe os novos preços aos clientes.
são o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se uti- Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os no-
lizam os pronomes o, os, a, as como complementos de vos preços)
verbos transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que Na utilização de pronomes como complementos, veja
não representam pessoas, usam-se pronomes oblíquos as construções:
tônicos de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos prono- Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos pre-
mes átonos lhe, lhes. ços.
Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: sobre eles)
Consistir - Tem complemento introduzido pela pre-
posição “em”: A modernidade verdadeira consiste em di- Observação:
reitos iguais para todos. A mesma regência do verbo informar é usada para os
seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus comple-
mentos introduzidos pela preposição “a”: Comparar
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite
Eles desobedeceram às leis do trânsito.
LÍNGUA PORTUGUESA
100
Pedi-lhe favores. utilizadas, mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”.
Objeto Indireto Objeto Direto Veja o exemplo: Aspiravam a uma existência melhor. (=
Aspiravam a ela)
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs- Assistir
tantiva Objetiva Direta Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, pres-
tar assistência a, auxiliar.
A construção “pedir para”, muito comum na lingua- As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
gem cotidiana, deve ter emprego muito limitado na lín- As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
gua culta. No entanto, é considerada correta quando a
palavra licença estiver subentendida. Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presen-
Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em ciar, estar presente, caber, pertencer.
casa. Assistimos ao documentário.
Não assisti às últimas sessões.
Observe que, nesse caso, a preposição “para” intro- Essa lei assiste ao inquilino.
duz uma oração subordinada adverbial final reduzida de
infinitivo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa). No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é in-
Preferir transitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de
Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto lugar introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa
indireto introduzido pela preposição “a”: conturbada cidade.
Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Prefiro trem a ônibus. Chamar
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, so-
licitar a atenção ou a presença de.
Observação:
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha-
Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
má-la.
termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil ve-
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes.
zes, um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode
prefixo existente no próprio verbo (pre).
apresentar objeto direto e indireto, ao qual se refere pre-
dicativo preposicionado ou não.
Mudança de Transitividade - Mudança de Signifi- A torcida chamou o jogador mercenário.
cado A torcida chamou ao jogador mercenário.
Há verbos que, de acordo com a mudança de transi- A torcida chamou o jogador de mercenário.
tividade, apresentam mudança de significado. O conhe- A torcida chamou ao jogador de mercenário.
cimento das diferentes regências desses verbos é um re- Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
curso linguístico muito importante, pois além de permitir Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.
a correta interpretação de passagens escritas, oferece
possibilidades expressivas a quem fala ou escreve. Den- Custar
tre os principais, estão: Custar é intransitivo no sentido de ter determinado
valor ou preço, sendo acompanhado de adjunto adver-
Agradar bial: Frutas e verduras não deveriam custar muito.
Agradar é transitivo direto no sentido de fazer cari-
nhos, acariciar, fazer as vontades de. No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransiti-
Sempre agrada o filho quando. vo ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração
Aquele comerciante agrada os clientes. reduzida de infinitivo.
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar Muito custa viver tão longe da família.
agrado a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento Verbo Intransitivo Oração Subordinada
introduzido pela preposição “a”. Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Custou-me (a mim) crer nisso.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indire- tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
to: O cantor desagradou à plateia.
A Gramática Normativa condena as construções que
LÍNGUA PORTUGUESA
101
B) ter como consequência, trazer como consequência, acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Como transitivo direto e indireto, significa comprometer, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões econô-
micas.
No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
não trabalhasse arduamente.
Namorar
Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois anos.
Obedecer - Desobedecer
Sempre transitivo indireto:
Todos obedeceram às regras.
Ninguém desobedece às leis.
Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
Proceder
Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segun-
da acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.
Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.
Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.
Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.
No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.
Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)
No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
LÍNGUA PORTUGUESA
Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alte-
ração de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos
tanto brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)
102
Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.
A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.
Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.
2 Regência Nominal
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse
nome. Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em
conta que vários nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de
um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os
nomes correspondentes: todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.
Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será com-
pletiva nominal (subordinada substantiva).
Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por
Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
LÍNGUA PORTUGUESA
103
Advérbios
Longe de Perto de
Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; pa-
ralelamente a; relativa a; relativamente a.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php
EXERCÍCIO COMENTADO
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em “com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do
vocábulo “conexos”.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Errado. Ao texto: (...) Questão de relevância na discussão dos efeitos adversos do uso indevido de drogas é
a associação do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geralmente de caráter transnacional — com a crimi-
nalidade e a violência.
O termo está se referindo à associação – associação do tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalidade
(2) (associação daquilo [1] com isso [2])
Frase é todo enunciado suficiente por si mesmo para estabelecer comunicação. Normalmente é composta por dois
termos – o sujeito e o predicado – mas não obrigatoriamente, pois há orações ou frases sem sujeito: Trovejou muito
ontem à noite.
104
Quanto aos tipos de frases, além da classificação em Na primeira frase, o sujeito é “o candidato”. “Candida-
verbais (possuem verbos, ou seja, são orações) e nomi- to” é a principal palavra do sujeito, sendo, por isso, deno-
nais (sem a presença de verbos), feita a partir de seus minada núcleo do sujeito. Este se relaciona com o verbo,
elementos constituintes, elas podem ser classificadas a estabelecendo a concordância (núcleo no singular, verbo
partir de seu sentido global: no singular: candidato = está).
A) frases interrogativas = o emissor da mensagem A função do sujeito é basicamente desempenhada
formula uma pergunta: Que dia é hoje? por substantivos, o que a torna uma função substantiva
B) frases imperativas = o emissor dá uma ordem ou da oração. Pronomes, substantivos, numerais e quais-
faz um pedido: Dê-me uma luz! quer outras palavras substantivadas (derivação impró-
C) frases exclamativas = o emissor exterioriza um es- pria) também podem exercer a função de sujeito.
tado afetivo: Que dia abençoado! Os dois sumiram. (dois é numeral; no exemplo, subs-
D) frases declarativas = o emissor constata um fato: A tantivo)
prova será amanhã. Um sim é suave e sugestivo. (sim é advérbio; no exem-
plo: substantivo)
Quanto à estrutura da frase, as que possuem verbo
Os sujeitos são classificados a partir de dois elemen-
(oração) são estruturadas por dois elementos essenciais:
tos: o de determinação ou indeterminação e o de núcleo
sujeito e predicado.
do sujeito.
O sujeito é o termo da frase que concorda com o ver-
Um sujeito é determinado quando é facilmente
bo em número e pessoa. É o “ser de quem se declara
identificado pela concordância verbal. O sujeito determi-
algo”, “o tema do que se vai comunicar”; o predicado é a nado pode ser simples ou composto.
parte da frase que contém “a informação nova para o ou- A indeterminação do sujeito ocorre quando não é
vinte”, é o que “se fala do sujeito”. Ele se refere ao tema, possível identificar claramente a que se refere a concor-
constituindo a declaração do que se atribui ao sujeito. dância verbal. Isso ocorre quando não se pode ou não
Quando o núcleo da declaração está no verbo (que interessa indicar precisamente o sujeito de uma oração.
indique ação ou fenômeno da natureza, seja um verbo Estão gritando seu nome lá fora.
significativo), temos o predicado verbal. Mas, se o núcleo Trabalha-se demais neste lugar.
estiver em um nome (geralmente um adjetivo), teremos O sujeito simples é o sujeito determinado que apre-
um predicado nominal (os verbos deste tipo de predica- senta um único núcleo, que pode estar no singular ou no
do são os que indicam estado, conhecidos como verbos plural; pode também ser um pronome indefinido. Abai-
de ligação): xo, sublinhei os núcleos dos sujeitos:
O menino limpou a sala. = “limpou” é verbo de ação Nós estudaremos juntos.
(predicado verbal) A humanidade é frágil.
A prova foi fácil. – “foi” é verbo de ligação (ser); o nú- Ninguém se move.
cleo é “fácil” (predicado nominal) O amar faz bem. (“amar” é verbo, mas aqui houve uma
Quanto ao período, ele denomina a frase constituída derivação imprópria, tranformando-o em substantivo)
por uma ou mais orações, formando um todo, com sen- As crianças precisam de alimentos saudáveis.
tido completo. O período pode ser simples ou composto.
O sujeito composto é o sujeito determinado que
Período simples é aquele constituído por apenas apresenta mais de um núcleo.
uma oração, que recebe o nome de oração absoluta. Alimentos e roupas custam caro.
Chove. Ela e eu sabemos o conteúdo.
A existência é frágil. O amar e o odiar são duas faces da mesma moeda.
Amanhã, à tarde, faremos a prova do concurso. Além desses dois sujeitos determinados, é comum a
referência ao sujeito implícito na desinência verbal (o
Período composto é aquele constituído por duas ou “antigo” sujeito oculto [ou elíptico]), isto é, ao núcleo
mais orações: do sujeito que está implícito e que pode ser reconhecido
Cantei, dancei e depois dormi. pela desinência verbal ou pelo contexto.
Quero que você estude mais. Abolimos todas as regras. = (nós)
Falaste o recado à sala? = (tu)
1.1. Termos da Oração Os verbos deste tipo de sujeito estão sempre na pri-
meira pessoa do singular (eu) ou plural (nós) ou na se-
1.1.1 Termos essenciais gunda do singular (tu) ou do plural (vós), desde que os
pronomes não estejam explícitos.
O sujeito e o predicado são considerados termos es- Iremos à feira juntos? (= nós iremos) – sujeito implíci-
LÍNGUA PORTUGUESA
105
O sujeito indeterminado surge quando não se quer - Passou-me uma ideia estranha pelo pensamento.
ou não se pode - identificar a que o predicado da oração Sujeito = uma ideia estranha
refere-se. Existe uma referência imprecisa ao sujeito, caso Predicado = passou-me pelo pensamento
contrário, teríamos uma oração sem sujeito.
Na língua portuguesa, o sujeito pode ser indetermi- Para o estudo do predicado, é necessário verificar
nado de duas maneiras: se seu núcleo é um nome (então teremos um predicado
nominal) ou um verbo (predicado verbal). Deve-se con-
A) com verbo na terceira pessoa do plural, desde que siderar também se as palavras que formam o predicado
o sujeito não tenha sido identificado anteriormen- referem-se apenas ao verbo ou também ao sujeito da
te: oração.
Bateram à porta; Os homens sensíveis pedem amor sincero às mulheres
Andam espalhando boatos a respeito da queda do mi- de opinião.
nistro. Predicado
Se o sujeito estiver identificado, poderá ser simples O predicado acima apresenta apenas uma palavra
ou composto: que se refere ao sujeito: pedem. As demais palavras se
Os meninos bateram à porta. (simples) ligam direta ou indiretamente ao verbo.
Os meninos e as meninas bateram à porta. (composto) A cidade está deserta.
O nome “deserta”, por intermédio do verbo, refere-
B) com o verbo na terceira pessoa do singular, acres- -se ao sujeito da oração (cidade). O verbo atua como
cido do pronome “se”. Esta é uma construção típi- elemento de ligação (por isso verbo de ligação) entre o
ca dos verbos que não apresentam complemento sujeito e a palavra a ele relacionada (no caso: deserta =
direto: predicativo do sujeito).
Precisa-se de mentes criativas.
Vivia-se bem naqueles tempos. O predicado verbal é aquele que tem como núcleo
Trata-se de casos delicados. significativo um verbo:
Sempre se está sujeito a erros. Chove muito nesta época do ano.
Estudei muito hoje!
O pronome “se”, nestes casos, funciona como índice
Compraste a apostila?
de indeterminação do sujeito.
Os verbos acima são significativos, isto é, não servem
As orações sem sujeito, formadas apenas pelo pre-
apenas para indicar o estado do sujeito, mas indicam
dicado, articulam-se a partir de um verbo impessoal. A
processos.
mensagem está centrada no processo verbal. Os princi-
pais casos de orações sem sujeito com:
os verbos que indicam fenômenos da natureza: O predicado nominal é aquele que tem como nú-
Amanheceu. cleo significativo um nome; este atribui uma qualidade
Está trovejando. ou estado ao sujeito, por isso é chamado de predicativo
do sujeito. O predicativo é um nome que se liga a ou-
os verbos estar, fazer, haver e ser, quando indicam tro nome da oração por meio de um verbo (o verbo de
fenômenos meteorológicos ou se relacionam ao ligação).
tempo em geral: Nos predicados nominais, o verbo não é significativo,
Está tarde. isto é, não indica um processo, mas une o sujeito ao pre-
Já são dez horas. dicativo, indicando circunstâncias referentes ao estado
Faz frio nesta época do ano. do sujeito: Os dados parecem corretos.
Há muitos concursos com inscrições abertas. O verbo parecer poderia ser substituído por estar,
andar, ficar, ser, permanecer ou continuar, atuando como
Predicado é o conjunto de enunciados que contém a elemento de ligação entre o sujeito e as palavras a ele
informação sobre o sujeito – ou nova para o ouvinte. Nas relacionadas.
orações sem sujeito, o predicado simplesmente enuncia A função de predicativo é exercida, normalmente, por
um fato qualquer. Nas orações com sujeito, o predicado um adjetivo ou substantivo.
é aquilo que se declara a respeito deste sujeito. Com ex-
ceção do vocativo - que é um termo à parte - tudo o que O predicado verbo-nominal é aquele que apresen-
difere do sujeito numa oração é o seu predicado. ta dois núcleos significativos: um verbo e um nome. No
Chove muito nesta época do ano. predicado verbo-nominal, o predicativo pode se referir
ao sujeito ou ao complemento verbal (objeto).
LÍNGUA PORTUGUESA
Em ambas as orações não há sujeito, apenas predi- O verbo do predicado verbo-nominal é sempre sig-
cado. Na segunda oração, “problemas” funciona como nificativo, indicando processos. É também sempre por
objeto direto. intermédio do verbo que o predicativo se relaciona com
As questões estavam fáceis! o termo a que se refere.
Sujeito simples = as questões O dia amanheceu ensolarado;
Predicado = estavam fáceis As mulheres julgam os homens inconstantes.
106
No primeiro exemplo, o verbo amanheceu apresenta A arte é necessária à vida. = relaciona-se com a pala-
duas funções: a de verbo significativo e a de verbo de vra “necessária”
ligação. Este predicado poderia ser desdobrado em dois: Temos medo de barata. = ligada à palavra “medo”
um verbal e outro nominal.
O dia amanheceu. / O dia estava ensolarado. 1.3 Termos acessórios da oração e vocativo
No segundo exemplo, é o verbo julgar que relaciona Os termos acessórios recebem este nome por serem
o complemento homens com o predicativo “inconstan- explicativos, circunstanciais. São termos acessórios o ad-
tes”. junto adverbial, o adjunto adnominal, o aposto e o voca-
tivo – este, sem relação sintática com outros temos da
1.2 Termos integrantes da oração oração.
Os complementos verbais (objeto direto e indireto) e o O adjunto adverbial é o termo da oração que indi-
complemento nominal são chamados termos integrantes ca uma circunstância do processo verbal ou intensifica o
da oração. sentido de um adjetivo, verbo ou advérbio. É uma função
adverbial, pois cabe ao advérbio e às locuções adverbiais
Os complementos verbais integram o sentido dos exercerem o papel de adjunto adverbial: Amanhã voltarei
verbos transitivos, com eles formando unidades signifi- a pé àquela velha praça.
cativas. Estes verbos podem se relacionar com seus com-
plementos diretamente, sem a presença de preposição, O adjunto adnominal é o termo acessório que de-
ou indiretamente, por intermédio de preposição. termina, especifica ou explica um substantivo. É uma fun-
O objeto direto é o complemento que se liga direta- ção adjetiva, pois são os adjetivos e as locuções adjetivas
mente ao verbo. que exercem o papel de adjunto adnominal na oração.
Houve muita confusão na partida final. Também atuam como adjuntos adnominais os artigos, os
Queremos sua ajuda. numerais e os pronomes adjetivos.
O poeta inovador enviou dois longos trabalhos ao seu
O objeto direto preposicionado ocorre principal- amigo de infância.
mente:
A) com nomes próprios de pessoas ou nomes co- O adjunto adnominal se liga diretamente ao subs-
muns referentes a pessoas: tantivo a que se refere, sem participação do verbo. Já o
Amar a Deus; Adorar a Xangô; Estimar aos pais. predicativo do objeto se liga ao objeto por meio de um
(o objeto é direto, mas como há preposição, denomi-
verbo.
na-se: objeto direto preposicionado)
O poeta português deixou uma obra originalíssima.
O poeta deixou-a.
B) com pronomes indefinidos de pessoa e pronomes
(originalíssima não precisou ser repetida, portanto:
de tratamento: Não excluo a ninguém; Não quero
adjunto adnominal)
cansar a Vossa Senhoria.
O poeta português deixou uma obra inacabada.
C) para evitar ambiguidade: Ao povo prejudica a crise.
O poeta deixou-a inacabada.
(sem preposição, o sentido seria outro: O povo prejudica
a crise) (inacabada precisou ser repetida, então: predicativo
O objeto indireto é o complemento que se liga indi- do objeto)
retamente ao verbo, ou seja, através de uma preposição.
Gosto de música popular brasileira. Enquanto o complemento nominal se relaciona a um
Necessito de ajuda. substantivo, adjetivo ou advérbio, o adjunto nominal se
relaciona apenas ao substantivo.
1.2.1 Objeto Pleonástico O aposto é um termo acessório que permite ampliar,
explicar, desenvolver ou resumir a ideia contida em um
É a repetição de objetos, tanto diretos como indiretos. termo que exerça qualquer função sintática: Ontem, se-
Normalmente, as frases em que ocorrem objetos gunda-feira, passei o dia mal-humorado.
pleonásticos obedecem à estrutura: primeiro aparece o
objeto, antecipado para o início da oração; em seguida, Segunda-feira é aposto do adjunto adverbial de tem-
ele é repetido através de um pronome oblíquo. É à repe- po “ontem”. O aposto é sintaticamente equivalente ao
tição que se dá o nome de objeto pleonástico. termo que se relaciona porque poderia substituí-lo: Se-
“Aos fracos, não os posso proteger, jamais.” (Gonçal- gunda-feira passei o dia mal-humorado.
ves Dias) O aposto pode ser classificado, de acordo com seu
LÍNGUA PORTUGUESA
107
D) comparativo: Seus olhos, indagadores holofotes, fi- Orações Coordenadas Sindéticas Aditivas:
xaram-se por muito tempo na baía anoitecida. suas principais conjunções são: e, nem, não só... mas tam-
bém, não só... como, assim... como.
O vocativo é um termo que serve para chamar, in- Nem comprei o protetor solar nem fui à praia.
vocar ou interpelar um ouvinte real ou hipotético, não Comprei o protetor solar e fui à praia.
mantendo relação sintática com outro termo da oração.
A função de vocativo é substantiva, cabendo a substan- Orações Coordenadas Sindéticas Adversativas:
tivos, pronomes substantivos, numerais e palavras subs- suas principais conjunções são: mas, contudo, to-
tantivadas esse papel na linguagem. davia, entretanto, porém, no entanto, ainda, assim,
João, venha comigo! senão.
Traga-me doces, minha menina! Fiquei muito cansada, contudo me diverti bastante.
Li tudo, porém não entendi!
1.4 Períodos Compostos
1.4.1 Período Composto por Coordenação Orações Coordenadas Sindéticas Alternativas:
suas principais conjunções são: ou... ou; ora...ora;
O período composto se caracteriza por possuir mais quer...quer; seja...seja.
de uma oração em sua composição. Sendo assim: Ou uso o protetor solar, ou uso o óleo bronzeador.
Eu irei à praia. (Período Simples = um verbo, uma
oração) Orações Coordenadas Sindéticas Conclusivas:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à suas principais conjunções são: logo, portanto, por
praia. (Período Composto =locução verbal + verbo, duas fim, por conseguinte, consequentemente, pois (pos-
orações) posto ao verbo).
Já me decidi: só irei à praia, se antes eu comprar um Passei no concurso, portanto comemorarei!
protetor solar. (Período Composto = três verbos, três ora- A situação é delicada; devemos, pois, agir.
ções).
Orações Coordenadas Sindéticas Explicativas:
Há dois tipos de relações que podem se estabelecer suas principais conjunções são: isto é, ou seja, a sa-
entre as orações de um período composto: uma relação ber, na verdade, pois (anteposto ao verbo).
de coordenação ou uma relação de subordinação. Não fui à praia, pois queria descansar durante o Do-
Duas orações são coordenadas quando estão juntas mingo.
em um mesmo período, (ou seja, em um mesmo bloco Maria chorou porque seus olhos estão vermelhos.
de informações, marcado pela pontuação final), mas têm,
1.4.2 Período Composto Por Subordinação
ambas, estruturas individuais, como é o exemplo de:
Estou comprando um protetor solar, depois irei à praia.
Quero que você seja aprovado!
(Período Composto)
Oração principal oração subordinada
Podemos dizer:
Observe que na oração subordinada temos o verbo
1. Estou comprando um protetor solar.
“seja”, que está conjugado na terceira pessoa do singu-
2. Irei à praia.
lar do presente do subjuntivo, além de ser introduzida
por conjunção. As orações subordinadas que apresentam
Separando as duas, vemos que elas são independen- verbo em qualquer dos tempos finitos (tempos do modo
tes. Tal período é classificado como Período Composto do indicativo, subjuntivo e imperativo) e são iniciadas
por Coordenação. por conjunção, chamam-se orações desenvolvidas ou
Quanto à classificação das orações coordenadas, te- explícitas.
mos dois tipos: Coordenadas Assindéticas e Coordenadas
Sindéticas. Podemos modificar o período acima. Veja:
Quero ser aprovado.
A) Coordenadas Assindéticas Oração Principal Oração Subordinada
São orações coordenadas entre si e que não são li-
gadas através de nenhum conectivo. Estão apenas jus- A análise das orações continua sendo a mesma: “Que-
tapostas. ro” é a oração principal, cujo objeto direto é a oração
Entrei na sala, deitei-me no sofá, adormeci. subordinada “ser aprovado”. Observe que a oração su-
bordinada apresenta agora verbo no infinitivo (ser). Além
B) Coordenadas Sindéticas disso, a conjunção “que”, conectivo que unia as duas ora-
Ao contrário da anterior, são orações coordenadas ções, desapareceu. As orações subordinadas cujo verbo
entre si, mas que são ligadas através de uma conjunção
LÍNGUA PORTUGUESA
108
A) Orações Subordinadas Substantivas Observação:
A oração subordinada substantiva tem valor de subs- Quando a oração subordinada substantiva é subjeti-
tantivo e vem introduzida, geralmente, por conjunção in- va, o verbo da oração principal está sempre na 3.ª pessoa
tegrante (que, se). do singular.
Não sei se sairemos hoje. 2. Objetiva Direta = exerce função de objeto direto
Oração Subordinada Substantiva do verbo da oração principal:
Todos querem sua aprovação no concurso.
Temos medo de que não sejamos aprovados. Objeto Direto
Oração Subordinada Substantiva
Todos querem que você seja aprovado. (Todos
Os pronomes interrogativos (que, quem, qual) tam- querem isso)
bém introduzem as orações subordinadas substantivas, Oração Principal Oração Subordinada Substanti-
bem como os advérbios interrogativos (por que, quando, va Objetiva Direta
onde, como). As orações subordinadas substantivas objetivas dire-
tas (desenvolvidas) são iniciadas por:
O garoto perguntou qual seu nome. Conjunções integrantes “que” (às vezes elíptica)
Oração Subordinada Substantiva e “se”: A professora verificou se os alunos estavam
presentes.
Não sabemos quando ele virá. Pronomes indefinidos que, quem, qual, quanto (às
Oração Subordinada Substantiva vezes regidos de preposição), nas interrogações
indiretas: O pessoal queria saber quem era o dono
1.4.3 Classificação das Orações Subordinadas do carro importado.
Substantivas Advérbios como, quando, onde, por que, quão (às
vezes regidos de preposição), nas interrogações
Conforme a função que exerce no período, a oração indiretas: Eu não sei por que ela fez isso.
subordinada substantiva pode ser:
1. Subjetiva - exerce a função sintática de sujeito do 3. Objetiva Indireta = atua como objeto indireto do
verbo da oração principal: verbo da oração principal. Vem precedida de preposição.
É fundamental o seu comparecimento à reunião.
Sujeito Meu pai insiste em meu estudo.
Objeto Indireto
É fundamental que você compareça à reunião.
Oração Principal Oração Subordinada Substan- Meu pai insiste em que eu estude. (= Meu pai
insiste nisso)
tiva Subjetiva
Oração Subordinada Substantiva
Objetiva Indireta
Observação:
FIQUE ATENTO!
Em alguns casos, a preposição pode estar elíptica na
Observe que a oração subordinada subs- oração.
tantiva pode ser substituída pelo pronome Marta não gosta (de) que a chamem de senhora.
“isso”. Assim, temos um período simples: Oração Subordinada Subs-
É fundamental isso ou Isso é fun- tantiva Objetiva Indireta
damental.
Desta forma, a oração correspondente a 4. Completiva Nominal = completa um nome que
“isso” exercerá a função de sujeito. pertence à oração principal e também vem marcada por
preposição.
Sentimos orgulho de seu comportamento.
Veja algumas estruturas típicas que ocorrem na ora- Complemento Nominal
ção principal:
Verbos de ligação + predicativo, em constru- Sentimos orgulho de que você se comportou. (=
ções do tipo: É bom - É útil - É conveniente - É certo - Pa- Sentimos orgulho disso.)
rece certo - É claro - Está evidente - Está comprovado Oração Subordinada Substantiva
É bom que você compareça à minha festa. Completiva Nominal
LÍNGUA PORTUGUESA
Expressões na voz passiva, como: Sabe-se, As orações subordinadas substantivas objetivas in-
Soube-se, Conta-se, Diz-se, Comenta-se, É sabido, Foi diretas integram o sentido de um verbo, enquanto que
anunciado, Ficou provado. orações subordinadas substantivas completivas nominais
Sabe-se que Aline não gosta de Pedro. integram o sentido de um nome. Para distinguir uma da
outra, é necessário levar em conta o termo complemen-
Verbos como: convir - cumprir - constar - admi- tado. Esta é a diferença entre o objeto indireto e o com-
rar - importar - ocorrer - acontecer plemento nominal: o primeiro complementa um verbo; o
Convém que não se atrase na entrevista. segundo, um nome.
109
5. Predicativa = exerce papel de predicativo do su- Forma das Orações Subordinadas Adjetivas
jeito do verbo da oração principal e vem sempre depois
do verbo ser. Quando são introduzidas por um pronome relativo e
Nosso desejo era sua desistência. apresentam verbo no modo indicativo ou subjuntivo, as
Predicativo do Sujeito orações subordinadas adjetivas são chamadas desenvol-
vidas. Além delas, existem as orações subordinadas ad-
Nosso desejo era que ele desistisse. (= Nosso desejo jetivas reduzidas, que não são introduzidas por pronome
era isso) relativo (podem ser introduzidas por preposição) e apre-
Oração Subordinada Substantiva sentam o verbo numa das formas nominais (infinitivo,
Predicativa gerúndio ou particípio).
Ele foi o primeiro aluno que se apresentou.
6. Apositiva = exerce função de aposto de algum ter- Ele foi o primeiro aluno a se apresentar.
mo da oração principal.
No primeiro período, há uma oração subordinada ad-
Fernanda tinha um grande sonho: a felicidade!
jetiva desenvolvida, já que é introduzida pelo pronome
Aposto
relativo “que” e apresenta verbo conjugado no pretérito
Fernanda tinha um grande sonho: ser feliz!
perfeito do indicativo. No segundo, há uma oração su-
Oração subordinada bordinada adjetiva reduzida de infinitivo: não há prono-
substantiva apositiva reduzida de infinitivo me relativo e seu verbo está no infinitivo.
(Fernanda tinha um grande sonho: isso) 1. Classificação das Orações Subordinadas Adjeti-
vas
Dica: geralmente há a presença dos dois pontos! ( : )
Na relação que estabelecem com o termo que carac-
B) Orações Subordinadas Adjetivas terizam, as orações subordinadas adjetivas podem atuar
Uma oração subordinada adjetiva é aquela que pos- de duas maneiras diferentes. Há aquelas que restringem
sui valor e função de adjetivo, ou seja, que a ele equiva- ou especificam o sentido do termo a que se referem, in-
le. As orações vêm introduzidas por pronome relativo e dividualizando-o. Nestas orações não há marcação de
exercem a função de adjunto adnominal do antecedente. pausa, sendo chamadas subordinadas adjetivas restriti-
Esta foi uma redação bem-sucedida. vas. Existem também orações que realçam um detalhe ou
Substantivo Adjetivo (Adjunto Adno- amplificam dados sobre o antecedente, que já se encon-
minal) tra suficientemente definido. Estas orações denominam-
-se subordinadas adjetivas explicativas.
O substantivo “redação” foi caracterizado pelo adje- Exemplo 1:
tivo “bem-sucedida”. Neste caso, é possível formarmos Jamais teria chegado aqui, não fosse um homem que
outra construção, a qual exerce exatamente o mesmo passava naquele momento.
papel: Oração Subordinada Adjetiva Restritiva
Esta foi uma redação que fez sucesso.
Oração Principal Oração Subordinada No período acima, observe que a oração em desta-
Adjetiva que restringe e particulariza o sentido da palavra “ho-
mem”: trata-se de um homem específico, único. A oração
limita o universo de homens, isto é, não se refere a todos
Perceba que a conexão entre a oração subordinada
os homens, mas sim àquele que estava passando naque-
adjetiva e o termo da oração principal que ela modifica é
le momento.
feita pelo pronome relativo “que”. Além de conectar (ou
Exemplo 2:
relacionar) duas orações, o pronome relativo desempe-
nha uma função sintática na oração subordinada: ocupa O homem, que se considera racional, muitas vezes
o papel que seria exercido pelo termo que o antecede age animalescamente.
(no caso, “redação” é sujeito, então o “que” também fun- Oração Subordinada Adjetiva Explicativa
ciona como sujeito).
Agora, a oração em destaque não tem sentido restri-
tivo em relação à palavra “homem”; na verdade, apenas
FIQUE ATENTO! explicita uma ideia que já sabemos estar contida no con-
ceito de “homem”.
Vale lembrar um recurso didático para reco-
LÍNGUA PORTUGUESA
110
C) Orações Subordinadas Adverbiais A diferença entre a subordinada adverbial causal e a
Uma oração subordinada adverbial é aquela que sindética explicativa é que esta “explica” o fato que acon-
exerce a função de adjunto adverbial do verbo da ora- teceu na oração com a qual ela se relaciona; aquela apre-
ção principal. Assim, pode exprimir circunstância de tem- senta a “causa” do acontecimento expresso na oração à
po, modo, fim, causa, condição, hipótese, etc. Quando qual ela se subordina. Repare:
desenvolvida, vem introduzida por uma das conjunções 1. Faltei à aula porque estava doente.
subordinativas (com exclusão das integrantes, que intro- 2. Melissa chorou, porque seus olhos estão vermelhos.
duzem orações subordinadas substantivas). Classifica-se Em 1, a oração destacada aconteceu primeiro (causa)
de acordo com a conjunção ou locução conjuntiva que que o fato expresso na oração anterior, ou seja, o
a introduz (assim como acontece com as coordenadas fato de estar doente impediu-me de ir à aula. No
sindéticas). exemplo 2, a oração sublinhada relata um fato que
aconteceu depois, já que primeiro ela chorou, de-
Durante a madrugada, eu olhei você dormindo. pois seus olhos ficaram vermelhos.
Oração Subordinada Adverbial
B) Consecutiva = exprime um fato que é consequên-
A oração em destaque agrega uma circunstância de cia, é efeito do que se declara na oração principal.
tempo. É, portanto, chamada de oração subordinada ad- São introduzidas pelas conjunções e locuções: que,
verbial temporal. Os adjuntos adverbiais são termos aces- de forma que, de sorte que, tanto que, etc., e pelas
sórios que indicam uma circunstância referente, via de estruturas tão...que, tanto...que, tamanho...que.
regra, a um verbo. A classificação do adjunto adverbial Principal conjunção subordinativa consecutiva: que
depende da exata compreensão da circunstância que ex- (precedido de tal, tanto, tão, tamanho)
prime. Nunca abandonou seus ideais, de sorte que acabou
Naquele momento, senti uma das maiores emoções de concretizando-os.
minha vida. Não consigo ver televisão sem bocejar. (Oração Redu-
Quando vi o mar, senti uma das maiores emoções de zida de Infinitivo)
minha vida.
C) Condicional = Condição é aquilo que se impõe
No primeiro período, “naquele momento” é um ad- como necessário para a realização ou não de um
junto adverbial de tempo, que modifica a forma verbal fato. As orações subordinadas adverbiais condicio-
“senti”. No segundo período, este papel é exercido pela nais exprimem o que deve ou não ocorrer para que
oração “Quando vi o mar”, que é, portanto, uma oração se realize - ou deixe de se realizar - o fato expresso
subordinada adverbial temporal. Esta oração é desenvol- na oração principal.
vida, pois é introduzida por uma conjunção subordina- Principal conjunção subordinativa condicional: se.
tiva (quando) e apresenta uma forma verbal do modo Outras conjunções condicionais: caso, contanto que, des-
indicativo (“vi”, do pretérito perfeito do indicativo). Seria de que, salvo se, exceto se, a não ser que, a menos que,
possível reduzi-la, obtendo-se: sem que, uma vez que (seguida de verbo no subjuntivo).
Ao ver o mar, senti uma das maiores emoções de mi- Se o regulamento do campeonato for bem elaborado,
nha vida. certamente o melhor time será campeão.
A oração em destaque é reduzida, apresentando uma Caso você saia, convide-me.
das formas nominais do verbo (“ver” no infinitivo) e não
é introduzida por conjunção subordinativa, mas sim por D) Concessiva = indica concessão às ações do verbo
uma preposição (“a”, combinada com o artigo “o”). da oração principal, isto é, admitem uma contradi-
ção ou um fato inesperado. A ideia de concessão
Observação: está diretamente ligada ao contraste, à quebra de
A classificação das orações subordinadas adverbiais expectativa. Principal conjunção subordinativa con-
é feita do mesmo modo que a classificação dos adjun- cessiva: embora. Utiliza-se também a conjunção:
tos adverbiais. Baseia-se na circunstância expressa pela conquanto e as locuções ainda que, ainda quando,
oração. mesmo que, se bem que, posto que, apesar de que.
Só irei se ele for.
2. Classificação das Orações Subordinadas Adver- A oração acima expressa uma condição: o fato de “eu”
biais ir só se realizará caso essa condição seja satisfeita.
Compare agora com:
A) Causal = A ideia de causa está diretamente ligada Irei mesmo que ele não vá.
àquilo que provoca um determinado fato, ao motivo do
LÍNGUA PORTUGUESA
que se declara na oração principal. Principal conjunção A distinção fica nítida; temos agora uma concessão:
subordinativa causal: porque. Outras conjunções e locu- irei de qualquer maneira, independentemente de sua ida.
ções causais: como (sempre introduzido na oração ante- A oração destacada é, portanto, subordinada adverbial
posta à oração principal), pois, pois que, já que, uma vez concessiva.
que, visto que. Observe outros exemplos:
As ruas ficaram alagadas porque a chuva foi muito Embora fizesse calor, levei agasalho.
forte. Foi aprovado sem estudar (= sem que estudasse / em-
Já que você não vai, eu também não vou. bora não estudasse). (reduzida de infinitivo)
111
E) Comparativa= As orações subordinadas adver- Para classificá-las, precisamos imaginar como seriam
biais comparativas estabelecem uma comparação “desenvolvidas” – como no exemplo acima.
com a ação indicada pelo verbo da oração princi- É preciso estudar = oração subordinada substantiva
pal. Principal conjunção subordinativa comparati- subjetiva reduzida de infinitivo
va: como. É preciso que se estude = oração subordinada subs-
Ele dorme como um urso. (como um urso dorme) tantiva subjetiva
Você age como criança. (age como uma criança age)
4. Orações Intercaladas
• geralmente há omissão do verbo.
São orações independentes encaixadas na sequência
F) Conformativa = indica ideia de conformidade, ou do período, utilizadas para um esclarecimento, um apar-
seja, apresenta uma regra, um modelo adotado te, uma citação. Elas vêm separadas por vírgulas ou tra-
para a execução do que se declara na oração prin- vessões.
cipal. Principal conjunção subordinativa conforma- Nós – continuava o relator – já abordamos este as-
tiva: conforme. Outras conjunções conformativas: sunto.
como, consoante e segundo (todas com o mesmo
valor de conforme). REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Fiz o bolo conforme ensina a receita. SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
Consoante reza a Constituição, todos os cidadãos têm Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
direitos iguais. CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira
G) Final = indica a intenção, a finalidade daquilo que Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição –
se declara na oração principal. Principal conjunção São Paulo: Saraiva, 2002.
subordinativa final: a fim de. Outras conjunções
finais: que, porque (= para que) e a locução con- SITE
juntiva para que. http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/
Aproximei-me dela a fim de que ficássemos amigas. frase-periodo-e-oracao
Estudarei muito para que eu me saia bem na prova.
H) Proporcional = exprime ideia de proporção, ou
seja, um fato simultâneo ao expresso na oração
principal. Principal locução conjuntiva subordinati- EXERCÍCIOS COMENTADOS
va proporcional: à proporção que. Outras locuções
conjuntivas proporcionais: à medida que, ao passo
1. (CNJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2013 –
que. Há ainda as estruturas: quanto maior...(maior),
ADAPTADA) Jogadores de futebol de diversos times en-
quanto maior...(menor), quanto menor...(maior),
quanto menor...(menor), quanto mais...(mais), quan- traram em campo em prol do programa “Pai Presente”,
to mais...(menos), quanto menos...(mais), quanto nos jogos do Campeonato Nacional em apoio à campanha
menos...(menos). que visa reduzir o número de pessoas que não possuem o
À proporção que estudávamos mais questões acertá- nome do pai em sua certidão de nascimento. (...)
vamos. A oração subordinada “que não possuem o nome do pai
À medida que lia mais culto ficava. em sua certidão de nascimento” não é antecedida por vír-
gula porque tem natureza restritiva.
I) Temporal = acrescenta uma ideia de tempo ao fato
expresso na oração principal, podendo exprimir ( ) CERTO ( ) ERRADO
noções de simultaneidade, anterioridade ou poste-
rioridade. Principal conjunção subordinativa tem- Resposta: Certo. A oração restringe o grupo que par-
poral: quando. Outras conjunções subordinativas ticipará da campanha (apenas os que não têm o nome
temporais: enquanto, mal e locuções conjuntivas: do pai na certidão de nascimento). Se colocarmos uma
assim que, logo que, todas as vezes que, antes que, vírgula, a oração se tornará “explicativa”, generalizan-
depois que, sempre que, desde que, etc. do a informação, o que dará a entender que TODAS as
Assim que Paulo chegou, a reunião acabou. pessoas não têm o nome do pai na certidão.
Terminada a festa, todos se retiraram. (= Quando ter-
minou a festa) (Oração Reduzida de Particípio) 2. (INSTITUTO RIO BRANCO – ADMISSÃO À CAR-
REIRA DE DIPLOMATA – CESPE – 2014 – ADAPTA-
3. Orações Reduzidas DA)
LÍNGUA PORTUGUESA
As orações subordinadas podem vir expressas como A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma
reduzidas, ou seja, com o verbo em uma de suas formas literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o
nominais (infinitivo, gerúndio ou particípio) e sem conec- brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos
tivo subordinativo que as introduza. e poetas. Nem se pensaria em atribuir o Prêmio Nobel a
É preciso estudar! = reduzida de infinitivo um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mes-
É preciso que se estude = oração desenvolvida (pre- mo que a crônica é um gênero menor.
sença do conectivo) “Graças a Deus”, seria o caso de dizer, porque, sendo as-
112
sim, ela fica mais perto de nós. E para muitos pode servir
de caminho não apenas para a vida, que ela serve de
perto, mas para a literatura. Por meio dos assuntos, da HORA DE PRATICAR!
composição solta, do ar de coisa sem necessidade que
costuma assumir, ela se ajusta à sensibilidade de todo 1. (MAPA – AUDITOR FISCAL FEDERAL AGROPE-
dia. Principalmente porque elabora uma linguagem que CUÁRIO – MÉDICO VETERINÁRIO – SUPERIOR –
fala de perto ao nosso modo de ser mais natural. Na sua ESAF – 2017) Assinale a opção que apresenta desvio de
despretensão, humaniza; e esta humanização lhe permi- grafia da palavra.
te, como compensação sorrateira, recuperar com a outra A acupuntura é uma terapia da medicina tradicional chi-
mão certa profundidade de significado e certo acaba- nesa que favorece a regularização dos processos fisiológi-
mento de forma, que de repente podem fazer dela uma cos do corpo, no sentido de promover ou recuperar o estado
inesperada, embora discreta, candidata à perfeição. natural de saúde e equilíbrio. Pode ser usada preventiva-
Antonio Candido. A vida ao rés do chão. In: Recortes. São Paulo: mente (1) para evitar o desenvolvimento de doenças, como
Companhia das Letras, 1993, p. 23 (com adaptações). terapia curativa no caso de a doença estar instalada ou
como método paliativo (2) em casos de doenças crônicas
As formas verbais “imagina” (R.1), “atribuir” (R.4) e “ser- de difícil tratamento. Tem também uma ação importante
vir” (R.8) foram utilizadas como verbos transitivos indi- na medicina rejenerativa (3) e na reabilitação. O trata-
retos. mento de acupuntura consiste na introdução de agulhas
filiformes no corpo dos animais. Em geral são deixadas
( ) CERTO ( ) ERRADO cerca de 15 a 20 minutos. A colocação das agulhas não é
dolorosa para os animais e é possível observar durante os
Resposta: Errado. tratamentos diferentes reações fisiológicas (4), indicadoras
imagina uma literatura = transitivo direto de que o tratamento está atingindo o efeito terapêutico
atribuir o Prêmio Nobel a um cronista = bitransitivo (5) desejado.
(transitivo direto e indireto) Disponível: <http://www.veterinariaholistica.net/acupuntura-fi-
pode servir de caminho = intransitivo toterapia-e-homeopatia.html/>. Acesso em 28/11/2017. (Com
adaptações)
a) (1)
b) (2)
c) (3)
d) (4)
e) (5)
113
3. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) Analise as assertivas abaixo:
a) I e III.
b) I, II e IV.
c) II e IV.
d) I, III, IV e V.
e) III, IV e V.
4. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) De acordo com a nova ortografia, assinale o item em
que todas as palavras estão corretas:
5. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-MS – 2014) O uso correto do porquê está na opção:
Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas, de acordo com a norma-padrão da língua
portuguesa, considerando que o termo que preenche a terceira lacuna é empregado para indicar que um evento está
prestes a acontecer
7. (CEFET-RJ – REVISOR DE TEXTOS – CESGRANRIO – 2014) Observe a grafia das palavras do trecho a seguir.
A macro-história da humanidade mostra que todos encaram os relatos pessoais como uma forma de se manterem vivos.
Desde a idade do domínio do fogo até a era das multicomunicações, os homens tem demonstrado que querem pôr sua
marca no mundo porque se sentem superiores.
114
A palavra que NÃO está grafada corretamente é A cauda do vestido da noiva tinha um _________ enorme.
(cumprimento/comprimento)
a) macro-história. Precisamos fazer as compras do mês, pois a _________ está
b) multicomunicações. vazia. (despensa/dispensa).
c) tem.
d) pôr. Completam, correta e respectivamente, as lacunas acima
e) porque. os expostos na alternativa:
9. (SIMAE – AGENTE ADMINISTRATIVO – ASS- a) Queremos, ou não, ele será designado para dar a pa-
CON-PP – 2014) Assinale a alternativa que apresenta lavra final sobre a polêmica questão, que, diga-se de
apenas palavras escritas de forma incorreta. passagem, tem feito muitos exitarem em se pronun-
ciar.
a) Cremoso, coragem, cafajeste, realizar; b) Consultaram o juíz acerca da possibilidade de voltar
b) Caixote, encher, análise, poetisa; atraz na suspensão do jogador, mas ele foi categórico
c) Traje, tanger, portuguesa, sacerdotisa; quanto a impossibilidade de rever sua posição.
d) Pagem, mujir, vaidozo, enchergar; c) Vossa Excelência leu o documento que será apresen-
tado em rede nacional daqui a pouco, pela voz de Sua
Excelência, o Senhor Ministro da Educação?
10. (RECEITA FEDERAL – AUDITOR FISCAL – ESAF d) A reportagem sobre fascínoras famosos não foi nada
– 2014) Assinale a opção que corresponde a erro gra- positiva para o público jovem que estava presente, de
matical ou de grafia de palavra inserido na transcrição que se desculparam os idealizadores do programa.
do texto. e) Estudantes e professores são entusiastas de oferecer
aos jovens ingressantes no curso o compartilhamento
A Receita Federal nem sempre teve esse (1) nome. Secre- de projetos, com que serão também autores.
taria da Receita Federal é apenas a mais recente denomi-
nação da Administração Tributária Brasileira nestes cinco 13. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-
séculos de existência. Sua criação tornou-se (2) necessária -MS – 2014) A acentuação correta está na alternativa:
para modernizar a máquina arrecadadora e fiscalizadora,
bem como para promover uma maior integração entre o a) eu abençôo – eles crêem – ele argúi.
Fisco e os Contribuintes, facilitando o cumprimento ex- b) platéia – tuiuiu – instrui-los.
pontâneo (3) das obrigações tributárias e a solução dos c) ponei – geléia – heroico.
eventuais problemas, bem como o acesso às (4) informa- d) eles têm – ele intervém – ele constrói.
ções pessoais privativas de interesse de cada cidadão. O e) lingüiça – feiúra – idéia.
surgimento da Secretaria da Receita Federal representou
um significativo avanço na facilitação do cumprimento 14. (EBSERH – HUCAM-UFES – ADVOGADO –
das obrigações tributárias, contribuindo para o aumento AOCP – 2014) A palavra que está acentuada correta-
da arrecadação a partir (5) do final dos anos 60. mente é:
(Adaptado de <http://www.receita.fazenda.gov.br/srf/
historico.htm>. Acesso em: 17 mar. 2014.) a) Históriar.
b) Memórial.
a) (1). c) Métodico.
b) (2). d) Própriedade.
c) (3). e) Artifício.
LÍNGUA PORTUGUESA
d) (4).
e) (5). 15. (PRODAM-AM – ASSISTENTE – FUNCAB –
2014 – ADAPTADA) Assinale a opção em que o par de
11. (ESTRADA DE FERRO CAMPOS DO JORDÃO- palavras foi acentuado segundo a mesma regra.
-SP – ANALISTA FERROVIÁRIO – OFICINAS – ELÉ-
TRICA – IDERH – 2014) Leia as orações a seguir: a) saúde-países
Minha mãe sempre me aconselha a evitar as _____ compa- b) Etíope-juízes
nhias. (mas/más) c) olímpicas-automóvel
115
d) vocês-público d) terra, pontapé, murmúrio, aves
e) espetáculo-mensurável e) saúde, primogênito, computador, devêssemos
116
b) As pessoas não querem estar à mercê do sofrimento, b) ... incitá-los a reação e o enfrentamento do descon-
por isso almejam à pílula da felicidade. forto, ...
c) À proporção que a tristeza se intensifica e se prolonga, c) ... incitá-los à reação e à enfrentamento do descon-
pode-se, à primeira vista, pensar em depressão. forto, ...
d) À rigor, os especialistas não devem receitar remédios d) ... incitá-los à reação e o enfrentamento do descon-
às pessoas antes da realização de exames acurados. forto, ...
e) Em relação à informação da OMS, conclui-se que exis- e) ... incitá-los a reação e à enfrentamento do descon-
tem 121 milhões de pessoas à serem tratadas de de- forto, ..
pressão.
31. (CONAB – CONTABILIDADE – SUPERIOR – IA-
27. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ- DES – 2014 – ADAPTADA) Considerando o trecho
RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – “atualizou os dados relativos à produção de grãos no Bra-
2017) É difícil planejar uma cidade e resistir à tentação sil.” e conforme a norma-padrão, assinale a alternativa
de formular um projeto de sociedade. correta.
O sinal indicativo de crase deverá ser mantido caso o ver-
bo sublinhado acima seja substituído por: a) a crase foi empregada indevidamente no trecho.
b) o autor poderia não ter empregado o sinal indicativo
a) não acatar. de crase.
b) driblar. c) se “produção” estivesse antecedida por essa, o uso do
c) controlar. sinal indicativo de crase continuaria obrigatório.
d) superar. d) se, no lugar de “relativos”, fosse empregado referen-
e) não sucumbir. tes, o uso do sinal indicativo de crase passaria a ser
facultativo.
28. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ- e) caso o vocábulo minha fosse empregado imediata-
RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC – mente antes de “produção”, o uso do sinal indicativo
2017) A frase em que há uso adequado do sinal indica- de crase seria facultativo.
tivo de crase encontra-se em:
32. (SABESP-SP – ATENDENTE A CLIENTES – MÉ-
a) A tendência de recorrer à adaptações aparece com DIO – FCC – 2014 – ADAPTADA) No trecho Refiro-me
maior força na Hollywood do século 21. aos livros que foram escritos e publicados, mas estão –
b) É curioso constatar a rapidez com que o cinema agre- talvez para sempre – à espera de serem lidos, o uso do
gou à máxima. acento de crase obedece à mesma regra seguida em:
c) A busca pela segurança leva os estúdios à apostarem
em histórias já testadas e aprovadas.
a) Acostumou-se àquela situação, já que não sabia como
d) Tal máxima aplica-se perfeitamente à criação de peças
evitá-la.
de teatro.
b) Informou à paciente que os remédios haviam surtido
e) Há uma massa de escritores presos à contratos fixos
efeito.
em alguns estúdios.
c) Vou ficar irritada se você não me deixar assistir à no-
vela.
29. (PREFEITURA DE MARÍLIA-SP – AUXILIAR DE
ESCRITA – MÉDIO – VUNESP – 2017) Assinale a al- d) Acabou se confundindo, após usar à exaustão a velha
ternativa em que o sinal indicativo de crase está empre- fórmula.
gado corretamente. e) Comunique às minhas alunas que as provas estão cor-
rigidas.
a) A voluntária aconselhou a remetente à esquecer o
amor de infância. 33. (TRT-AL – ANALISTA JUDICIÁRIO – SUPE-
b) O carteiro entregou às voluntárias do Clube de Julieta RIOR – FCC–2014) ... que acompanham as fronteiras
uma nova remessa de cartas. ocidentais chinesas...
c) O médico ofereceu à um dos remetentes apoio psico- O verbo que, no contexto, exige o mesmo tipo de com-
lógico. plemento que o da frase acima está em:
d) As integrantes do Clube levaram horas respondendo
à diversas cartas. a) A Rota da Seda nunca foi uma rota única...
e) O Clube sugeriu à algumas consulentes que fizessem b) Esses caminhos floresceram durante os primórdios da
novas amizades. Idade Média.
c) ... viajavam por cordilheiras...
LÍNGUA PORTUGUESA
30. (PREFEITURA DE SÃO PAULO-SP – TÉCNICO d) ... até cair em desuso, seis séculos atrás.
EM SAÚDE – LABORATÓRIO – MÉDIO – VUNESP – e) O maquinista empurra a manopla do acelerador.
2014) Reescrevendo-se o segmento frasal – ... incitá-los
a reagir e a enfrentar o desconforto, ... –, de acordo com a 34. (CASAL-AL – ADMINISTRADOR DE REDE –
regência e o acento indicativo da crase, tem-se: COPEVE – UFAL – 2014) Na afirmação abaixo, de Pa-
dre Vieira,
a) ... incitá-los à reação e ao enfrentamento do descon- “O trigo não picou os espinhos, antes os espinhos o pica-
forto, ... ram a ele... Cuidais que o sermão vos picou a vós” o subs-
117
tantivo “espinhos” tem, respectivamente, função sintática d) predicativo.
de, e) adjunto adnominal.
– FUNCAB – 2014) O termo destacado em: “As pessoas mundo for mundo –, ele não poderá prescindir da luta. A
estão sempre muito ATAREFADAS.” exerce a seguinte fun- vida do direito é a luta: luta dos povos, dos governos, das
ção sintática: classes sociais, dos indivíduos.
Todos os direitos da humanidade foram conquistados
a) objeto direto. pela luta; seus princípios mais importantes tiveram de
b) objeto indireto. enfrentar os ataques daqueles que a ele se opunham;
c) adjunto adverbial. todo e qualquer direito, seja o direito de um povo, seja
118
o direito do indivíduo, só se afirma por uma disposição a) em Brasília, Distrito Federal, na região Centro-Oeste;
ininterrupta para a luta. O direito não é uma simples b) em Porto Alegre, Rio Grande do Sul, região Sul;
ideia, é uma força viva. Por isso a justiça sustenta numa c) em Pedrinhas, São Luís, Maranhão;
das mãos a balança com que pesa o direito, enquanto na d) em São Paulo, São Paulo, Brasil;
outra segura a espada por meio da qual o defende. e) em Goiânia, região Centro-Oeste, Brasil.
A espada sem a balança é a força bruta, a balança sem a
espada, a impotência do direito. Uma completa a outra, 44. (TRT – 21.ª REGIÃO-RN – TÉCNICO JUDICIÁ-
e o verdadeiro estado de direito só pode existir quando RIO – ÁREA ADMINISTRATIVA – MÉDIO – FCC –
a justiça sabe brandir a espada com a mesma habilidade 2017) Está plenamente adequada a pontuação do se-
com que manipula a balança. guinte período:
O direito é um trabalho sem tréguas, não só do Poder
Público, mas de toda a população. A vida do direito nos a) A produção cinematográfica como é sabido, sempre
oferece, num simples relance de olhos, o espetáculo de bebeu na fonte da literatura, mas o cinema declarou-
um esforço e de uma luta incessante, como o despendi- -se, independente das outras artes há mais de meio
do na produção econômica e espiritual. Qualquer pessoa século.
que se veja na contingência de ter de sustentar seu direi- b) Sabe-se que, a produção cinematográfica sempre con-
to participa dessa tarefa de âmbito nacional e contribui siderou a literatura como fonte de inspiração, mas o
para a realização da ideia do direito. É verdade que nem cinema declarou-se independente das outras artes, há
todos enfrentam o mesmo desafio. mais de meio século.
A vida de milhares de indivíduos desenvolve-se tranqui- c) Há mais de meio século, o cinema declarou-se inde-
lamente e sem obstáculos dentro dos limites fixados pelo pendente das outras artes, embora a produção cine-
direito. Se lhes disséssemos que o direito é a luta, não matográfica tenha sempre considerado a literatura
nos compreenderiam, pois só veem nele um estado de como fonte de inspiração.
paz e de ordem. d) O cinema declarou-se independente, das outras ar-
(Rudolf von Ihering, A luta pelo direito) tes, há mais de meio século; porém, sabe-se, que a
produção cinematográfica sempre bebeu na fonte da
Assinale a alternativa em que uma das vírgulas foi em- literatura.
pregada para sinalizar a omissão de um verbo, tal como
e) A literatura, sempre serviu de fonte inspiradora do ci-
ocorre na passagem – A espada sem a balança é a força
nema, mas este, declarou-se independente das outras
bruta, a balança sem a espada, a impotência do direito.
artes há mais de meio século − como é sabido.
a) O direito, no sentido objetivo, compreende os princí-
pios jurídicos manipulados pelo Estado.
45. (CORREIOS – TÉCNICO EM SEGURANÇA DO
b) Todavia, não pretendo entrar em minúcias, pois nunca
TRABALHO JÚNIOR – MÉDIO – IADES – 2017 –
chegaria ao fim.
c) Do autor exige-se que prove, até o último centavo, o
ADAPTADA) Quanto às regras de ortografia e de pon-
interesse pecuniário. tuação vigentes, considere o período “Enquanto lia a car-
d) É que, conforme já ressaltei várias vezes, a essência do ta, as lágrimas rolavam em seu rosto numa mistura de
direito está na ação. amor e saudade.” e assinale a alternativa correta.
e) A cabeça de Jano tem face dupla: a uns volta uma das
faces, aos demais, a outra. a) O uso da vírgula entre as orações é opcional.
b) A redação “Enquanto lia a carta, as lágrimas rolavam
43. (TJ-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMI- em seu rosto por que sentia um misto de amor e sauda-
NISTRATIVA – MÉDIO – FGV – 2015) de.” poderia substituir a original.
c) O uso do hífen seria obrigatório, caso o prefixo re fosse
Texto 2 - “A primeira missão tripulada ao espaço profundo acrescentado ao vocábulo “lia”.
desde o programa Apollo, da década 1970, com o objetivo d) Caso a ordem das orações fosse invertida, o uso da
de enviar astronautas a Marte até 2030 está sendo prepa- vírgula entre elas poderia ser dispensado.
rada pela Nasa (agência espacial norte-americana). O pri- e) Assim como o vocábulo “lágrimas”, devem ser acen-
meiro passo para a concretização desse desafio será dado tuados graficamente rúbrica, filântropo e lúcida.
nesta sexta-feira (5), com o lançamento da cápsula Orion,
da base da agência em Cabo Canaveral, na Flórida, nos 46. (TRE-MS – ESTÁGIO – JORNALISMO – TRE-
Estados Unidos. O lançamento estava previsto original- -MS – 2014) Verifique a pontuação nas frases abaixo e
mente para esta quinta-feira (4), mas devido a problemas marque a assertiva correta:
técnicos foi reagendado para as 7h05 (10h05 no horário
de Brasília).” a) Céus: Que injustiça.
LÍNGUA PORTUGUESA
119
47. (SAAE-SP – FISCAL LEITURISTA – VUNESP – 49. (PREFEITURA DE PAULISTA-PE – RECEPCIO-
2014) NISTA – UPENET – 2014 – ADAPTADA)
“Já vi gente cansada de amor, de trabalho, de política, de
ideais. Jamais conheci alguém sinceramente cansado de
dinheiro.”
(Millôr Fernandes)
a) são facultativas.
b) isolam apostos.
c) separam elementos de mesma função sintática.
d) a terceira é facultativa.
e) separam orações coordenadas assindéticas.
120
cervejas e vinhos são as mais comuns em todo o mundo” tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco
seria prejudicada, caso se inserisse uma vírgula logo após por até 20 minutos.
a palavra “vinhos”. Retemos mais informações quando nos sentamos em um
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e
( ) CERTO ( ) ERRADO design de interiores.
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos po-
53. (PREFEITURA DE ARCOVERDE-PE – ADMINIS- dem ser ruins para funcionários.” Disponível em:<w-
TRADOR DE RECURSOS HUMANOS – CONPASS – ww1.folha.uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adapta-
2014) Leia o texto a seguir: do)
“Pagar por esse software não é um luxo, mas uma necessi-
dade”. O uso da vírgula justifica-se porque: Iniciando-se a frase – Retemos mais informações quando
nos sentamos em um local fixo... (último parágrafo) – com
a) estabelece a relação entre uma coordenada assindéti- o termo Talvez, indicando condição, a sequência que
ca e uma conclusiva. apresenta correlação dos verbos destacados de acordo
b) separar a oração coordenada “não é um luxo” da ad- com a norma-padrão será:
versativa “mas uma necessidade”, em que o verbo está
subentendido. a) reteríamos ... sentarmos
c) liga a oração principal “Pagar” à coordenada “não é um b) retínhamos ... sentássemos
luxo, mas uma necessidade”. c) reteremos ... sentávamos
d) indica que dois termos da mesma função estão ligados d) retivemos ... sentaríamos
por uma conjunção aditiva. e) retivéssemos ... sentássemos
e) isola o aposto na segunda oração.
55. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO –
54. (TJ-SP – ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO – VUNESP – 2017) Leia o texto para responder
MÉDIO – VUNESP – 2017) às questões.
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomar-
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes mos “Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômi-
e divisórias. ca. Tomando “Ipanema” como um símbolo, no entanto,
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele como um exemplo de alívio, promessa de alegria em
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem meio à vida dura da cidade, a frase passa a ser de um tris-
e colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo fi- te realismo: o problema de São Paulo é que você anda,
cou claro que Nagele tinha cometido um grande erro. anda, anda e nunca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o
Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove parque do Estado, o Jardim da Luz são uns raros respiros
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio perdidos entre o mar de asfalto, a floresta de lajes bati-
chefe. das e os Corcovados de concreto armado.
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio es- metros quadrados de chão. É o que vemos nas aveni-
paço, com portas e tudo. das abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta li-
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório berarem um pedacinho do cinza e surgem revoadas de
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Uni- patinadores, maracatus, big bands, corredores evangéli-
dos são assim – e até onde se sabe poucos retornaram cos, góticos satanistas, praticantes de ioga, dançarinos
ao modelo de espaços tradicionais com salas e portas. de tango, barraquinhas de yakissoba e barris de cerveja
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até artesanal.
15% da produtividade, desenvolver problemas graves Tenho estado atento às agruras e oportunidades da ci-
de concentração e até ter o dobro de chances de ficar dade porque, depois de cinco anos vivendo na Granja
doentes em espaços de trabalho abertos – fatores que Viana, vim morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da
estão contribuindo para uma reação contra esse tipo de tarde, eu corria em volta de um lago, desviando de patos
organização. e assustando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Pau-
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele lista ou Minhocão e, durante a semana, venho testando
já ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir diferentes percursos.
falta do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério
gente concorda – simplesmente não aguentam o escri- da Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas
LÍNGUA PORTUGUESA
tório aberto. Nunca se consegue terminar as coisas e é encostas do Sumaré, até que, na última terça, sem que-
preciso levar mais trabalho para casa”, diz ele. rer, descobri um insuspeito parque noturno com bastan-
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em te gente, quase nenhum carro e propício a todo tipo de
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo atividades: o estacionamento do estádio do Pacaembu.
de Nagele e voltando aos espaços privados. (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo 13.04.2017. Adaptado)
121
Assinale a alternativa que dá nova redação à passagem 25 C
– O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois 26 C
metros quadrados de chão. – atendendo à norma-padrão 27 E
de concordância.
28 D
a) Cem por cento dos paulistanos não joga a toalha – 29 B
acha preferível estendê-la para que se deite sobre elas, 30 A
caso seja dado a eles dois metros quadrados de chão.
b) Os paulistanos não jogam a toalha – acham preferíveis 31 E
estendê-la e se deitar em cima, caso lhes deem dois 32 D
metros quadrados de chão.
c) Mais de um paulistano não são de jogar a toalha – 33 E
acham preferíveis estendê-la e se deitarem em cima, 34 C
caso se dê a eles dois metros de chão. 35 E
d) Para os paulistanos, não se joga a toalha – é preferível
que seja estendida, para que possam deitar-se sobre 36 C
ela, caso lhes sejam dados dois metros quadrados de 37 A
chão.
e) A maior parte dos paulistanos, contudo, não são de jo- 38 D
garem a toalha – acha preferível elas serem estendidas 39 A
e deitar-se em cima, caso lhe seja dado dois metros
40 A
de chão.
41 D
42 E
GABARITO 43 A
44 C
1 C 45 D
2 A 46 C
3 D 47 E
4 A 48 C
5 C 49 C
6 A 50 B
7 C 51 B
8 D 52 CERTO
9 D 53 C
10 C 54 E
11 B 55 D
12 C
13 D
14 E
15 A
16 B
17 A
18 CERTO
19 D
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20 C
21 A
22 E
23 E
24 E
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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ÍNDICE
RACIOCÍNIO LÓGICO
Raciocínio dedutivo.......................................................................................................................................................................................................... 01
Lógica ................................................................................................................................................................................................................................... 01
Processos de indução ..................................................................................................................................................................................................... 01
Raciocínio por analogia ................................................................................................................................................................................................. 01
Inferência ............................................................................................................................................................................................................................. 01
Premissas ............................................................................................................................................................................................................................. 01
Abdução .............................................................................................................................................................................................................................. 01
Falácias ................................................................................................................................................................................................................................. 01
Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou
RACIOCÍNIO DEDUTIVO. LÓGICA. PROCES- falso, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem
SOS DE INDUÇÃO. RACIOCÍNIO POR ANA- valor lógico falso.
LOGIA. INFERÊNCIA. PREMISSAS. ABDU-
ÇÃO. FALÁCIAS. 2. Classificação
1
-Conjunção Tabela-verdade
2
- Conjunção p q p →q
Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se
eu tiver as duas coisas, certo? V V V
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só V F F
chocolate.
F V V
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois.
F F V
p q p ∧q
-Bicondicional
V V V Ficarei em casa, se e somente se, chover.
V F F Estou em casa e está chovendo.
A ideia era exatamente essa. (V)
F V F Estou em casa, mas não está chovendo.
F F F Você não fez certo, era só pra ficar em casa se cho-
vesse. (F)
-Disjunção Eu sai e está chovendo.
Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F)
conectivo “ou”. Não estou em casa e não está chovendo.
Eu comprei bala ou chocolate. Sem chuva, você pode sair, ta?(V)
Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está
certo pois poderia ser um dos dois ou os dois. p q p ↔q
Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma
forma se eu comprei apenas chocolate. V V V
Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará V F F
certo.
F V F
p q p ∨q
F F V
V V V
V F V
F V V EXERCÍCIOS COMENTADOS
F F F
1.(EBSERH – ÁREA MÉDICA – CESPE – 2018) A respei-
-Disjunção Exclusiva to de lógica proposicional, julgue o item que se segue.
Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar
chocolate OU comprei bala. a negação da proposição R, então, independentemente
Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mes- dos valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e
mo tempo. R, a proposição P→Q∨(~R) será sempre V.
p q p ∨q ( )CERTO ( )ERRADO
3
Resposta: Letra C. P: A empresa alegou ter pago suas TAUTOLOGIA
obrigações previdenciárias.
Q: apresentou os comprovantes de pagamento. Definição: Chama-se tautologia, toda proposição
R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo composta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
ex-empregado. Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se
Número de linhas: 2³=8 a coluna da proposição composta for verdadeira é tau-
tologia.
3.(SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA PENITEN- Vamos ver alguns exemplos.
CIÁRIA – CESPE – 2017) A partir das proposições sim-
ples P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da
Preço”, Q: “As lojas do centro comercial Bom Preço esta- não contradição. Está lembrado?
vam realizando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas Princípio da não Contradição: uma proposição não
nas lojas do Bom Preço” é possível formar a proposição pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
composta S: “Se Sandra foi passear no centro comercial
Bom Preço e se as lojas desse centro estavam realizan- P ~p p∧~p ~(p∧∼p)
do liquidação, então Sandra comprou roupas nas lojas
do Bom Preço ou Sandra foi passear no centro comercial V F F V
Bom Preço”. Considerando todas as possibilidades de as F V F V
proposições P, Q e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é
possível construir a tabela-verdade da proposição S, que
está iniciada na tabela mostrada a seguir. A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Terceiro Excluído.
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou”
é verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um
desses casos e nunca um terceiro caso.
P ~p p∨~p
V F V
F V V
4
p∨~(p∧q) EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
Novamente, coluna deu inteira com valor lógico ver- Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha,
dadeiro, é tautologia. mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas.
Regra de Absorção
P ~P Q ~q p∨~P (p∨∼p)∧∼q
V F V F V F V F F F F F
V F F V V V F V V F V V
F V V F V F F V F F V V
F V F V V V
5
Exemplo Equivalências notáveis:
p: Coelho gosta de cenoura
q: Coelho é herbívoro. 1 - Distribuição (equivalência pela distributiva)
p q p∨q q ∨ p V V F F F V F F
V V F F V F V F F F V F
V F V V V F F F F F F F
F V V V F V V V F F F F
F F F F F V F F F F F F
F F V F F F F F
d) p ↔ q ⇔ q ↔ p F F F F F F F F
RACIOCÍNIO LÓGICO
p q p↔q q↔p
V V V V
V F F F
F V F F
F F V V
6
b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r) 3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p)
p q r q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∨ p q ~q p → ~q ~p q → ~p
∨r ∨ r) q ∨r (p ∨ r) V V F F F F
V V V V V V V V V F V V F V
V V F V V V V V F V F V V V
V F V V V V V V F F V V V V
V F F F V V V V
5 - Pela bicondicional
F V V V V V V V
F V F V V V F V a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição
F F V V V F V V
F F F F F F F F p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p)
V V V V V V
3 – Idempotência
V F F F V F
a) p ⇔ (p ∧ p) F V F V F F
F F V V V V
Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas
colunas com p b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q)
p q ~p ~p → q ~q ~q → p V F F F V V V
V V F V F V F V V F V V V
V F F V V V F V F F V F V
F V V V F V F F V F V V V
F F V F V F F F F F V V V
7
Proposições Associadas a uma Condicional (se, en- a) Se foram encontrados vídeos em que ele supostamen-
tão) te aparece executando os dois esquartejamentos, ele é
suspeito também de ter cometido esses crimes.
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro- b) Ele não é suspeito de outros dois esquartejamentos, já
posições condicionadas que contêm p e q: que não foram encontrados vídeos em que ele supos-
tamente aparece executando os crimes.
– Proposições recíprocas: p → q: q → p c) Se não foram encontrados vídeos em que ele suposta-
– Proposição contrária: p → q: ~p → ~q mente aparece executando os dois esquartejamentos,
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p ele não é suspeito desses crimes.
d) Como ele é suspeito de ter cometido também dois
Observe a tabela verdade dessas quatro proposições: esquartejamentos, foram encontrados vídeos em que
ele supostamente aparece executando os crimes.
p q ~p ~q p→ q→ ~p → ~q → e) Foram encontrados vídeos em que ele supostamente
q p ~q ~p aparece executando os dois esquartejamentos, pois
ele é também suspeito de ter cometido esses crimes.
V V F F V V V V
V F F V F V V F Resposta: A A expressão já que=pois
F V V F V F F V Que se for escrita com a condicional, devemos mudar
as proposições de lugar.
F F V V V V V V Se foram encontrados vídeos em que ele supostamen-
te aparece executando os dois esquartejamentos, ele
Observamos ainda que a condicional p → q e a sua é suspeito também de ter cometido esses crimes.
recíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO
EQUIVALENTES. Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica mate-
mática – São Paulo: Nobel – 2002.
EXERCÍCIOS COMENTADOS CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de
Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro:
Elsevier, 2013.
1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE –
2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora
menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o
Negação de uma proposição composta
próximo item.
Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
Definição: Quando se nega uma proposição compos-
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
ta primitiva, gera-se outra proposição também composta
( ) CERTO ( ) ERRADO e equivalente à negação de sua primitiva.
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que
Resposta: Certo Uma dica é que normalmente quan- saber qual a equivalência da negação para compor uma
do tem vírgula é condicional, não é regra, mas aconte- frase, por exemplo.
ce quando você não acha o conectivo.
Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)
2. (PC-PE – PERITO PAPILOSCOPISTA – CESPE –
2016) Para negar uma conjunção, basta negar as partes e
trocar o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
Texto CG1A06AAA
~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
A Polícia Civil de determinado município prendeu, na p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨
sexta-feira, um jovem de 22 anos de idade suspeito de ~q
ter cometido assassinatos em série. Ele é suspeito de cor-
tar, em três partes, o corpo de outro jovem e de enterrar V V F F V F F
as partes em um matagal, na região interiorana do mu- V F F V F V V
nicípio. Ele é suspeito também de ter cometido outros F V V F F V V
dois esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos
em que ele supostamente aparece executando os crimes F F V V F V V
RACIOCÍNIO LÓGICO
8
p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
V V F F V F F
V F F V V F F
F V V F V F F
F F V V F V V
P ~P ~ (~p)
V F V
F V F
b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte
da condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2ª parte.
RACIOCÍNIO LÓGICO
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1ª vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2ª vez:
~(p ∧ ~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equiva-
lente à sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q
9
EXERCÍCIOS COMENTADOS
10
Ou João é culpado ou Antônio é culpado. Exemplo:
Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva (∀x)(x + 2 = 6)
só é verdadeira se apenas uma das proposições for. Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6”
(falsa).
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente. É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a
Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a afirmação ser verdadeira.
condicional só será verdadeira se a segunda proposi- O quantificador existencial
ção também for. O quantificador existencial é indicado pelo símbolo
“∃” que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe
Então, temos: um”.
Pedro é inocente, João é culpado, António é inocente
e Carlos é inocente.
Exemplos:
2. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – (∃x)(x + 5 = 9)
2016) Considere que as seguintes proposições sejam Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (ver-
verdadeiras. dadeira).
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem... claro
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema. que existe algum número que essa afirmação será ver-
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. dadeira.
• Quando Fernando está estudando, não chove. Ok? Sem maiores problemas, certo?
• Durante a noite, faz frio.
Representação de uma proposição quantificada
Tendo como referência as proposições apresentadas, jul- (∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
gue o item subsecutivo. Quantificador: ∀
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudan- Condição de existência da variável: x ∈ N.
do. Predicado: x + 3 > 15.
( ) CERTO ( ) ERRADO (∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
Quantificador: ∃
Resposta: Errado
• Durante a noite, faz frio. Condição de existência da variável: não há.
V Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
• Quando Cláudio sai de casa, não faz frio. Negações de proposições quantificadas ou funcionais
F F Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
Negação: (∃x)(~A(x))
• Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
V V Exemplo
(∀x)(2x-1=3)
• Quando chove, Maria não vai ao cinema. Negação: (∃x)(2x-1≠3)
F F Seja uma sentença (∃x)(Q(x)).
Negação: (∀x)(~Q(x)).
• Quando Fernando está estudando, não chove. (∃x)(2x-1=3)
V/F V Negação: (∀x)(2x-1≠3)
Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando es-
tava estudando. 1. Definição das proposições
Não tem como ser julgado.
Todo A é B.
Diagramas Lógicos
As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro- O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solu- elemento de A também é elemento de B.
ção requer que desenhemos figuras, os chamados dia-
gramas. Podemos representar de duas maneiras:
Quantificadores são elementos que, quando asso-
ciados às sentenças abertas, permitem que as mesmas
sejam avaliadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, pas-
RACIOCÍNIO LÓGICO
O quantificador universal
O quantificador universal, usado para transformar
sentenças (proposições) abertas em proposições fecha-
das, é indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer
que seja”, “para todo”, “para cada”.
11
Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como
ficam os valores lógicos das outras?
Nenhum A é B.
a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elemen- é de vidro, ou seja, tenho pelo menos 1 copo de vidro.
tos em comum. Todo A é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verda-
deira ou falsa (podemos analisar também os diagramas
mostrados nas figuras a e c).
Todo copo é de vidro.
Pode ser que sim, ou não.
12
Algum A não é B. Algum copo é de vidro, não consigo determinar se
Não conseguimos determinar, podendo ser verdadei- tem algum de vidro ou não.
ra ou falsa (contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro.
Como não sabemos se todos os copos são de vidros,
pode ser verdadeira. EXERCÍCIOS COMENTADOS
b) Todos os elementos de B estão em A. Resposta: Letra E Nem todos os investigados têm do-
micilio = Existem investigados que não têm domicilio.
2. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO –
UFES – 2017) Em um determinado grupo de pessoas,
• todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam natação,
• algumas pessoas que praticam tênis também praticam
futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam na-
tação.
c) Não há elementos em comum entre os dois con- a) todas as pessoas que praticam natação também pra-
juntos. ticam tênis.
b) todas as pessoas que praticam futebol também prati-
cam tênis.
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam
futebol.
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
tênis.
e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam fu-
tebol.
Resposta: Letra E.
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver
como ficam os valores lógicos das outras?
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior.
Frase: Algum copo não é de vidro.
13
3. (SEPOG-RO – TÉCNICO EM TECNOLOGIA DA IN- é representado por , o segundo termo é , o terceiro e
FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – FGV – 2017) Consi- assim por diante.
dere a afirmação:
“Toda pessoa que faz exercícios não tem pressão alta”. #FicaDica
De acordo com essa afirmação é correto concluir que
Na matemática, achar uma expressão que
a) se uma pessoa tem pressão alta então não faz exer- possa descrever a sequência numérica em
cícios. função da posição do termo na mesma tor-
b) se uma pessoa não faz exercícios então tem pressão na-se conveniente e necessário para se usar
alta. essa teoria. Os exemplos a seguir exemplifi-
c) se uma pessoa não tem pressão alta então faz exercí- cam esse conceito:
cios.
d) existem pessoas que fazem exercícios e que têm pres-
são alta. Ex: (1,2,3,4,…)→Essa sequência pode ser descrita
e) não existe pessoa que não tenha pressão alta e não como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é
faça exercícios. exatamente o valor de sua posição.
Resposta: Letra A Se toda pessoa que faz exercício Ex: (5,8,11,14,…)→Essa sequência pode ser descrita
não tem pressão alta, ora, se a pessoa tem pressão como sendo: . Ou seja, qualquer termo da sequência é o
alta, então não faz exercício. triplo da sua posição somado 2.
Definição
O diário do professor é composto pelos nomes de EXERCÍCIO COMENTADO
seus alunos e esses nomes obedecem a uma ordem (são
escritos em ordem alfabética). Essa lista de nomes (diá- 1. (FCC-2016 – MODIFICADO1 ) Determine o termo ge-
3 5 7
rio) pode ser considerada uma sequência. Os dias do mês ral an da sequência numérica , , , , … , an
2 4 6 8
são dispostos no calendário obedecendo a certa ordem
que também é um tipo de sequência. Assim, sequências
estão presentes no nosso dia a dia com mais frequência Resposta:
que você pode imaginar. Mediante análise dos termos da sequência, nota-se
que termo geral é
A definição formal de sequência é todo conjun- 2n − 1
to ou grupo no qual os seus elementos estão escritos an =
2n
em uma determinada ordem ou padrão. No estudo da
matemática estudamos obviamente, as sequências nu-
2. (FCC-2016) A sequência numérica 1/2, 3/4, 5/6, 7/8;...é
méricas.
ilimitada e criada seguindo o mesmo padrão lógico. A
Ao representarmos uma sequência numérica, deve- diferença entre o 500º e o 50º termos dessa sequência
mos colocar seus elementos entre parênteses. Veja al- é igual a:
guns exemplos de sequências numéricas:
a) 0,9
Ex: (2,4,6,8,10,12,…) - números pares positivos. b) 9
Ex: (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11...) - números naturais. c) 0,009
Ex: (10,20,30,40,50...) - números múltiplos de 10. d) 0,09
Ex: (10,15,20,30) - múltiplos de 5, maiores que 5 e me- e) 0,0009
nores que 35.
Pelos exemplos, observou-se dois tipos básicos de Resposta: Letra C. 2n−1
an = 2n
sequências: Utilizando o termo geral dessa sequência
Sequência finita: Sequência numérica onde a quanti- , facilmente a500 e a50 são identificados. Substituin-
RACIOCÍNIO LÓGICO
14
padrão. Este padrão caracteriza-se pelo termo seguinte Ou seja, a razão desta PA é -1.
da sequência ser o termo anterior adicionado de um va-
lor fixo, que chamaremos de constante da PA, represen- Soma dos termos
tado pela letra “r”. Outro ponto importante de uma progressão arit-
Os exemplos a seguir ilustrarão a definição acima: mética é a soma dos termos. Considerando uma PA
a) S={1,2,3,4,5…} : Esta seqüência é caracterizada por que queremos saber a soma dos 5 primeiros termos:
sempre somar o valor 1 no termo seguinte, ou seja, tra- S={2,4,6,8,10…}. Como são poucos termos e sabemos to-
ta-se de uma PA com razão . Se , classificaremos com PA dos eles, podemos simplesmente somá-los: 2+4+6+8+10
crescente. = 30. Agora, considere que você saiba apenas o primei-
b) S={13,11,9,7,5…} : Também podemos ter sequên- ro e o quinto termo, ou seja: a1 = 2 e a5 = 10 e .
cias onde ao invés de somar, estaremos subtraindo um Como você calcularia a soma dos 5 termos?
valor fixo. Neste exemplo, o termo seguinte é o termo an- O jeito que você aprendeu até agora seria obter os
terior subtraído 2, assim, trata-se de uma PA com razão . outros termos e a razão a partir da expressão do termo
Se , classificaremos com PA decrescente. geral, porém você teria que fazer muitas contas para che-
c) S={4,4,4,4,4…} : Além disso, podemos ter uma se- gar ao resultado, gastando tempo. Como a PA segue um
quência de valores constantes, nesse caso, é como se padrão, foi possível deduzir uma expressão que dependa
estivéssemos somando 0 ao termos. Assim, se , classifica- apenas do primeiro termo e do último:
remos com PA constante.
a1 + an � n
Termo Geral Sn =
Dado esta lógica de formação das progressões arit- 2
méticas, pode-se definir o que chamamos de “expressão
do termo geral”. Trata-se de uma fórmula matemática
que relaciona dois termos de uma PA com a razão r:
an = ap + n − p � r , com n ∈ ℕ∗ Assim, com , a1 = 2, a5 = 10 e n = 5 , podemos
calcular a soma:
Onde an e ap são termos quaisquer da PA. Essa ex-
pressão geral pode ser utilizada de 2 formas: 2 + 10 � 5 12 � 5 60
Sn = = = = 30
a) Sabemos um termo e a razão e queremos encon- 2 2 2
trar outro termo.
Ex: O primeiro termo da PA igual a 7 e a razão é 3, qual Ou seja, não precisamos saber nem a razão da PA
é o quinto termo? para acharmos a soma.
Temos então a1 = 7 e r = 3 e queremos achar a5.
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p = Propriedades
1 e n = 5. Assim:
As progressões aritméticas possuem algumas pro-
an = ap + n − p � r priedades interessantes que podem ser exploradas em
a5 = a1 + 5 − 1 � r provas de concursos:
a5 = 7 + 4 � 3
P1: Para três termos consecutivos de uma PA, o termo
a5 = 19
médio é a média aritmética dos outros dois termos. Essa
propriedade é fácil de verificar com o exemplo: Vamos
Ou seja, o quinto termo desta PA é 19. considerar três termos consecutivos de uma PA sendo
an−1, an e an+1 .Podemos afirmar a partir da fórmula
b) Sabemos dois termos quaisquer e queremos obter do termo geral que:
a razão da PA.
Ex: O terceiro termo da PA é 2 e o sexto é -1, qual será an = an−1 + r
a razão da PA? an = an+1 – r
Temos então a3 = 2 e a6 = −1 e queremos achar r. Somando as duas expressões:
Substituindo na fórmula do termo geral, temos que p =
3 e n = 6. Assim:
2an = an−1 + r + an +1 − r
an = ap + n − p � r 2an = an−1 + an + 1
RACIOCÍNIO LÓGICO
a6 = a3 + 6 − 3 � r
−1 = 2 + 3 � r O que leva a:
3r = −3
r = −1 an−1 + an + 1
an =
2
15
P2: Termos equidistantes dos Extremos. Numa se- Resposta:
quência finita, dizemos que dois termos são equidistan-
tes dos extremos se a quantidade de termos que prece- a) Para encontrar o termo geral da progressão aritmé-
derem o primeiro deles for igual à quantidade de termos tica, devemos, primeiramente, determinar a razão r:
que sucederem ao outro termo. Assim, na sucessão: r = a2 – a1
r = 17 – 10
(a1 , a2 , a3, a4 , . . . , ap , . . . , ak , . . . , an 3 , an 2 , an 1 , an ), r=7
− − −
ap + ak = a1 + p � r – r + a1 + k � r – r
Progressão Geométrica (PG)
ap + ak = a1 + a1 + (p + k – 1 – 1) � r
Definição
Considerando que p + k = n + 1 , ficamos com: As progressões geométricas, conhecidas com “PG”,
são sequências de números, como as PA, mas seu padrão
ap + ak = a1 + a1 + (n + 1 – 1) � r está relacionado com a operação de multiplicação e di-
visão. Ou seja, o termo seguinte de uma PG é composto
ap + ak = a1 + a1 + (n – 1) � r pelo termo anterior multiplicado por uma razão cons-
ap + ak = a1 + an tante, que será chamada de “q”.
Os exemplos a seguir ilustrarão melhor essas defini-
ções:
16
1 o quarto é 1/3, qual será a razão da PG, sabendo que
q= q<0 ?
uma razão constante 3 , ou seja, estar sendo divi- 1
dida sempre por 3. Assim, como os termos subseqüentes Resolução: Temos então a2 = 3 e a4 = 3 e que-
são menores, temos uma PG decrescente (caracterizada remos achar q. Substituindo na fórmula do termo geral,
por a1 > 0 e 0 < q < 1 ). temos que p = 2 e n = 4. Assim:
e) S={5,5,5,5,5,5,…}: Esta sequência possui termos Como q < 0 , temos que a razão dessa PG é -1/3.
constantes e é caracterizada por ter uma razão q=1. Nes- Soma finita dos termos
te caso, é definido o que chamamos de PG constante.
Seguindo o mesmo princípio da PA, temos na PG a
FIQUE ATENTO! somatória dos “n” primeiros termos também. Uma fór-
mula foi deduzida e está apresentada a seguir:
Atenção as definições de PG decrescente e PG
alternada, muitos alunos se confundem e di-
zem que PG decrescente ocorre quando , em a1 � qn − 1
Sn =
uma analogia a PA. q−1
a1 q4 − 1
a4 = 5 � 8 = 40 S4 =
q−1
17
Assim, a soma dos primeiros quatro termos desta PG Resposta: Letra B. a1
é igual a 684. Aplicando a fórmula da PG infinita S∞ = , che-
1−q
ga-se na resposta.
Soma da PG infinita
2. Determine o valor do sexto termo da seguinte pro-
Além da soma dos “n” primeiros termos, as progres- gressão geométrica (1, 2, 4, 8, ...).
sões geométricas possuem uma particularidade. Para PG
com , ou seja, para PG decrescentes ou alternadas, pode- Resposta: a6 = 32
mos definir a “soma da PG infinita”. Em outras palavras, Nota-se que a razão da progressão geométrica é igual
se tivermos uma PG com infinitos termos com q < 1 a 2. Então, tem-se que:
, podemos obter a somar todos eles e obter um valor
finito. A fórmula da PG infinita é apresentada a seguir: an = ap � qn−p
a1 a6 = a1 � q6−1
S∞ = a6 = 1 � 25 = 32
1−q
Lógica sentencial (ou proposicional)
#FicaDica As sequências lógicas aparecem com frequências nas
A fórmula é bem simples e como na fórmula da provas de concurso. São vários tipos: números, letras, fi-
soma dos “n” primeiros termos, temos depen- guras, baralhos, dominós e como é um assunto muito
dência apenas do primeiro termo e da razão. abrangente, e pode ser pedido de qualquer forma, o que
ajudará nos estudos serão as práticas de exercícios e al-
gumas dicas que darei. Em cada exemplo, darei algumas
Exemplo: Calcule a soma infinita da seguinte PG: dicas para toda vez que você visualizar esse tipo de ques-
tão já ajude a analisar que tipo será. Vamos lá?
1 1 1 1 1
S = {1, , , , , ,…� 1. Sequência de Números
2 4 8 16 32
Pode ser feita por soma, subtração, divisão, multipli-
Resolução: Como se trata de uma PG decrescente cação.
com a1 = 1 e q = , ela atende aos requisitos da soma Mas lembre-se, se estamos falando de SEQUÊNCIA,
1
infinita: Substituindo na fórmula: ela vai seguir um padrão, basta você achar esse padrão,
2
3 9
36x2=72
a) 13,444... Opa, deu certo?
b) 13,5 Progressão geométrica de razão 2.
c) 13,666...
d) 13,6 -Incremento em Progressão
e) 14 1 2 4 7
18
Observe que estamos somando 1 a mais para cada Exemplos
número.
1=1=2 1. (AGERIO – ANALISTA DE DESENVOLVIMENTO –
2+2=4 FDC/2015) Considerando a sequência de vocábulos:
4+3=7 galo - pato - carneiro - X - cobra – jacaré
A alternativa lógica que substitui X é:
-Série de Fibonacci
1 1 2 3 5 8 13 a) boi
Cada termo é igual à soma dos dois anteriores. b) siri
c) sapo
-Números Primos d) besouro
2 3 5 7 11 13 17 e) gaivota
Naturais que possuem apenas dois divisores naturais.
Resposta: Letra A.
-Quadrados Perfeitos Primeiro tentamos número de sílabas ou letras.
1 4 9 16 25 36 49 Letras já não deu certo.
Números naturais cujas raízes são naturais. Galo=4
Pato=4
Exemplo 1 Carneiro=8
Cobra=4
(UFPB – ADMINISTRADOR – IDECAN/2016) Consi- Jacaré=6
dere a sequência numérica a seguir: Não tem um padrão
3, 6, 3, 3, 2, 5/3, 11/9. . . Número de sílabas
Sabendo-se que essa sequência obedece uma regra de Está dividido em 2 e 3 e sem padrões
formação a partir do terceiro termo, então o denomina- Começadas com as letras dos meses?não...
dor do próximo termo da sequência é: Difícil...
São animais, então:
a) 9. Galo e pato são aves
b) 11. Cobra e jacaré são répteis
c) 26. O carneiro é mamífero, se estão aos pares, devemos
d) 27. procurar outro mamífero que no caso é o boi
Resposta: A.
Resposta: Letra D.
Quando há uma sequência que não parece progres- 2. (IBGE - TÉCNICO EM INFORMAÇÕES GEOGRÁ-
são aritmética ou geométrica, devemos “apelar” para FICAS E ESTATÍSTICAS – FGV/2016) Considere a se-
soma os dois anteriores, soma 1, e assim por diante. quência infinita
No caso se somarmos os dois primeiros para dar o IBGEGBIBGEGBIBGEG...
terceiro: 3+6=9 A 2016ª e a 2017ª letras dessa sequência são, respecti-
Para dar 3, devemos dividir por 3: 9/3=3 vamente:
Vamos ver se ficará certo com o restante
6+3=9 a) BG;
9/3=3 b) GE;
3+2=5 c) EG;
5/3 d) GB;
Opa...parece que deu certo e) BI.
19
4. Sequência de Figuras a) menor que 8.000.
b) maior que 10.000.
Do mesmo modo que a sequência de letras, é um c) compreendido entre 8.100 e 9.000.
tema abrangente, pois a banca pode pedir a figura que d) compreendido entre 9.000 e 10.000.
convém.
Resposta: Letra C.
Exemplo Os termos tem uma sequência começando por 2²+1
Portanto, para sabermos o 12º termo, fazemos
1. (FACEPE – Assistente em Gestão de Ciência e Tec- 213+1=8193
nologia – UPENET/2015) Assinale a alternativa que con-
tém a próxima figura da sequência. 02. (DESENBAHIA – Técnico Escriturário - INSTITUTO
AOCP/2017) Uma máquina foi programada para distri-
buir senhas para atendimento em uma agência bancária
alternando algarismos e letras do alfabeto latino, no qual
estão inclusas as letras K, W e Y, sendo a primeira senha
o número 2, a segunda a letra A, e sucessivamente na
(A) seguinte forma: (2; A; 5; B; 8; C; ...). Com base nas infor-
mações mencionadas, é correto afirmar que a 51ª e a 52ª
senhas, respectivamente, são:
a) 69 e Z.
b) 90 e Y.
(B)
c) T e 88.
d) 77 e Z.
e) Y e 100.
Resposta: Letra B.
Primeiro risco vai na parte de baixo, depois do lado
E depois 2 riscos e assim por diante.
Então nossa figura terá que ter 3 riscos, mas a B ou D?
É a B, pois o risco de cima, tem que ser o maior de
todos.
20
a) 729. 117/4=29 e resta 1
b) 1.024. Portanto, é igual a figura 1 @
c) 2.187.
d) 4.096. 7. (IF/PE – Técnico em Eletrotécnica – IFPE/0217) Con-
e) 6.561. sidere a seguinte sequência de figuras formadas por cír-
culos:
Resposta: Letra C
21
a) 5. A dedução está relacionada ao pensamento analíti-
b) 4. co, também conhecido como pensamento convergen-
c) 6. te. Que é o pensamento que busca analisar várias infor-
d) 7. mações em busca de convergir em direção a um único
e) 8. resultado. Do geral para o específico. Este raciocínio está
relacionado ao viés da confiabilidade, porque acredita
Resposta: Letra A. na estabilidade futura e acredita que podemos prevê o
Vamos somar os números: futuro com base no passado. É muito importante notar
3+5=8 que o raciocínio dedutivo está relacionado a concluir
3+3+3=9 algo a partir de informações que já existem, portanto
5+5=10 a dedução não produz conhecimentos novos.
3+3+5=11 A lógica indutiva é o processo inverso da dedutiva,
parte do específico para o geral, embora também não
Observe que produza novos conhecimentos, a indução procura indu-
os termos formam uma PA de razão 1. zir o conhecimento já existente à uma validação através
a18=? de uma experimentação, está relacionado ao método
a18=a1+17r empírico que significa obter conhecimento através dos
a18=8+17 5 sentidos, que é a experimentação e a observação, que
a18=25 tem como resultado uma possibilidade de ser verdade.
Para dar 25, com o menor número de elementos pos- O raciocínio indutivo está relacionado ao pensa-
síveis, devemos ter (5,5,5,5,5) mento sintético, também conhecido como pensamento
divergente, por ser um pensamento que vai do específi-
10. (CODAR – RECEPCIONISTA – EXATUS/2016) A co para o geral. Ele também está relacionado ao pensa-
sequência numérica (99; 103; 96; 100; 93; 97; ...) possui mento intuitivo, que tenta prevê o futuro com base em
determinada lógica em sua formação. O número corres- suas experiências, por isso não produz conhecimentos
pondente ao décimo elemento dessa sequência é: novos. Este raciocínio está relacionado ao viés da va-
lidez, porque sempre busca validar informações que já
a) 91 possui.
b) 88. Já a lógica abdutiva atua entre os dois extremos an-
c) 87 teriores, o que sempre busca 100% de confiabilidade e
d) 84 o que busca 100% de validez. Este meio termo se trata
pela utilização de características de ambos, para concluir
Resposta: Letra A. a melhor explicação de algo. Vale notar que melhor ex-
A princípio, queremos ver a sequência com os termos plicação é diferente de maior probabilidade, a abdução
seguidos mesmo, o que seria: possui caráter explicativo e intuitivo, procura concluir
99+4=103 a melhor explicação, também utilizando o seu conheci-
103-7=96 mento de fundo (repertório de conhecimento) e não a
96+4=100 melhor probabilidade matemática. O raciocínio abdu-
100-7=93 tivo é ampliativo, ele busca a validez assim como a in-
Alternando essa sequência, mas se conseguirmos vi- dução e busca a melhor explicação possível assim como
sualizar uma outra maneira, ficará mais fácil. a dedução busca a verdade. O interessante é que a Ab-
Observe que os termos ímpares (a1,a3,a5...)formam dução é o único raciocínio que produz a criatividade e
uma PA de razão r=-3 a inovação, por ser a única lógica que introduz uma
Os termos pares (a2,a4,a6..) formam uma PA de razão nova ideia.
também r=-3 Ao entender a Falácia indutiva, que consiste em con-
Como a10 é par, devemos tomar como base a sequên- cluir a validez da confiabilidade, percebemos que não é
cia par, mas para isso, vamos lembrar que se estamos possível prevê o futuro apenas olhando para o passado,
tratando apenas dela, a10=a5 sem ter como validar o futuro até que ele chegue. Logo,
Pois, devemos transformar o a2 em a1 e assim por a abdução busca a validez, ao contrário de quem busca a
diante. confiabilidade, trata os sucessos do passado como hipó-
A5=a1+4r teses a serem cuidadosamente testadas antes de usá-las
A5=103-12 para gerar previsões que se esperam ser válidas.
A5=31 Com isso, o raciocínio abdutivo não resulta em ver-
dades absolutas que são inquestionáveis, muito pelo
contrário, busca novas ideias e conhecimentos que pos-
Raciocínio abdutivo, indutivo e dedutivo sam validar algo. Ele não prova que algo é de algum jei-
RACIOCÍNIO LÓGICO
22
Então, concluímos que a abdução é um processo
constante de aperfeiçoamento contínuo que busca ba-
lancear esses dois lados e tem como objetivo mostrar a HORA DE PRATICAR!
melhor explicação de algo. É o tipo de raciocínio e pen-
1.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniversário,
samento que, além dos designers, todos deveriam adotar
cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml de refri-
com mais frequência e com consciência, tendo em mente
gerante. Suponha que em uma determinada festa, havia
que nem tudo podemos provar.
20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2 litros o
O exemplo dos feijões dado por Charles Sanders Peir-
organizador da festa deveria comprar para alimentar as
ce, ajuda a compreender melhor essa questão:
20 pessoas?
1 – Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses
feijões são daquela saca. Logo, esses feijões são brancos
a) 12
(dedução).
b) 13
2 – Esses feijões são daquela saca. Esses feijões são
c) 15
brancos. Logo, todos os feijões daquela saca são brancos
d) 25
(indução).
3 – Todos os feijões daquela saca são brancos. Esses
2. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
feijões são brancos. Logo, esses feijões são daquela saca
CORRETA:
(abdução).
I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
O interessante é que todos nós utilizamos o raciocínio
II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
abdutivo no nosso dia a dia. Para ilustrar melhor, vou dar
III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3
alguns exemplos, logo abaixo:
Quando você vê algumas pegadas normais de uma
a) I somente
pessoa na areia da praia, a sua melhor conclusão é que
b) I e II somente
essas pegadas são de uma pessoa normal andando sobre
c) I e III somente
a areia e não de duas pessoas abraçadas cada uma pisan-
d) I, II e III
do com apenas um pé. Essa conclusão é uma abdução e
não uma dedução, porque torna inviável a comprovação
3. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 : 2
e estudo detalhado para chegar a uma conclusão, então
é equivalente à:
nós utilizamos a que é mais provável.
Entendeu? Eu sei que sim, mas vou te dar mais dois
a) 600: 2 𝑥 40: 2 𝑥 8: 2
exemplos de abdução que usamos no nosso dia a dia:
b) 6: 2 + 4: 2 + 8: 2
Quando você olha para o telhado da casa do seu vi-
c) 600: 2 − 40: 2 − 8: 2
zinho, com um campo de visão limitado apenas a uma
d) 600: 2 + 40: 2 + 8: 2
pequena parte do telhado, e percebe que o telhado está
e) 6: 2𝑥4: 2𝑥8: 2
molhado, e com isso, conclui que ontem à noite choveu.
Você está usando a abdução para chegar a melhor ex-
4. (Pref. de São José do Cerrito – SC) Qual o valor da
plicação desse fato, mas alguém poderia ter molhado o
expressão: 34 + 14.4⁄2 − 4 ?
telhado do seu vizinho.
Outro exemplo é você, de manhã ao acordar e ir para
a) 58
a cozinha, se depara com uma louça suja na pia, você
b) -31
conclui que algum habitante da casa fez um lanche de
c) 92
madrugada. Mas poderia ter sido um ladrão que ao rou-
d) -96
bar a sua casa aproveitou para fazer um lanche. Por mais
que essa não seja uma explicação plausível ela é possível.
5. (IF-ES) Um caminhão tem uma capacidade máxima de
Mas sem dúvidas a melhor explicação é a abdução feita
700 kg de carga. Saulo precisa transportar 35 sacos de ci-
anteriormente.
mento de 50 kg cada um. Utilizando-se desse caminhão,
o número mínimo de viagens que serão necessárias para
Fonte: https://www.ataualpa.com/raciocinio-abduti-
realizar o transporte de toda a carga é de:
vo-indutivo-e-dedutivo/
a) 4
b) 5
c) 2
d) 6
e) 3
RACIOCÍNIO LÓGICO
23
6. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia 12. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que que ocorrerá com o total?
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo
número de dias necessários para compensar as horas de a) -2
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente b) -1
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir c) +1
seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário d) +2
e) +3
a) 16
b) 15 13. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
c) 18 – IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
d) 13 18.414 é:
e) 12
a) 27
7.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão: b) 31
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é c) 37
d) 22
a) 0
b) 11 14. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.
c) 12
d) 29 a) 23418
e) 32 b) 65000
c) 38036
8. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no d) 24004
Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, se- e) 58617
gundo as informações? Tempo no Brasil: Instável a enso-
larado no Sul. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. 15. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS ORGANI-
Máxima prevista 37° no Piauí. ZACIONAIS – COPEVE/2014)
24
17. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS- 22. (PREF. SANTA TERIZINHA DO PROGRESSO-SC
TRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101 + 100 é – PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CURSIVA/2018)
a representação de que número? Acerca dos números primos, analise.
I- O número 11 é um número primo;
a) 100 II- O número 71 não é um número primo;
b) 101 III- Os números 20 e 21 são primos entre si.
c) 010
d) 111 Dos itens acima:
e) 110
a) Apenas o item I está correto.
18. (TRF-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) O b) Apenas os itens I e II estão corretos.
resultado da expressão numérica 53 : 51 × 54 : 5 × 55 : 5 : c) Apenas os itens I e III estão corretos.
56 - 5 é igual a : d) Todos os itens estão corretos.
25
Está(ão) CORRETO(S):
a) II
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) Todos os itens
a) 20%.
b) 8%
c) 12,5%
d) 15%
e) 10,5%
a) 0,8.
b) 0,7.
c) 0,6.
d) 0,5.
e) 0,4.
26
30. Certo concreto é obtido misturando-se uma parte de 35. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
cimento, dois de areis e quatro de pedra. Qual será (em PE – 2017) Em uma reunião de colegiado, após a apro-
m³) a quantidade de areia a ser empregada, se o volume vação de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos
a ser concretado é 378 m³? a favor e 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte
afirmação: “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão
a) 108m3 será totalmente modificada.”
b) 100m3 Considerando a situação apresentada e a proposição
c) 80m3 correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
e) 60m3 A negação da proposição pode ser corretamente expres-
sa por “Basta um de nós não mudar de ideia ou a decisão
31. A herança de R$ 30.000,00 deve ser repartida entre não será totalmente modificada”.
Antonio, Bento e Carlos. Cada um deve receber em par-
tes diretamente proporcionais a 3, 5 e 6, respectivamen- ( ) CERTO ( ) ERRADO
te, e inversamente proporcionais às idades de cada um.
Sabendo-se que Antonio tem 12 anos, Bento tem 15 anos 36. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
e Carlos 24 anos, qual será a parte recebida por Bento? PE – 2017) Texto CB1A5AAA
Proposição P: A empresa alegou ter pago suas obriga-
a) R$ 12.000,00. ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
b) R$ 14.000,00. tes de pagamento; o juiz julgou, pois, procedente a ação
b) R$ 8.000,00. movida pelo ex-empregado.
c) R$ 24.000,00. Proposição Q: A empresa alegou ter pago suas obriga-
ções previdenciárias, mas não apresentou os comprovan-
32. (SAAE Aimorés- MG – Ajudante – MÁXIMA/2016) tes de pagamento.
Misturam-se 30 litros de álcool com 20 litros de gasolina. A proposição Q, anteriormente apresentada, está presen-
A porcentagem de gasolina na mistura é igual a: te na proposição P do texto CB1A5AAA.
A negação da proposição Q pode ser expressa por
a) 40%
b) 20% a) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
c) 30% videnciárias ou apresentou os comprovantes de paga-
d) 10% mento.
b) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
33. (PREF. PIRAÚBA-MG – OFICIAL DE SERVIÇO PÚ- ciárias ou não apresentou os comprovantes de paga-
BLICO – MS CONCURSOS/2017) Certo estabelecimen- mento.
to de ensino possui em seu quadro de estudantes alunos c) A empresa alegou ter pago suas obrigações previden-
de várias idades. A quantidade de alunos matriculados ciárias e apresentou os comprovantes de pagamento.
neste estabelecimento é de 1300. Sabendo que deste to- d) A empresa não alegou ter pago suas obrigações pre-
tal 20% são alunos maiores de idade, podemos concluir videnciárias nem apresentou os comprovantes de pa-
que a quantidade de alunos menores de idade que estão gamento.
matriculados é:
37. (ABIN – OFICIAL TÉCNICO DE INTELIGÊNCIA –
a) 160 CESPE – 2018) Como forma de melhorar a convivência,
b) 1040 as famílias Turing, Russell e Gödel disputaram, no parque
c) 1100 da cidade, em um domingo à tarde, partidas de futebol
d) 1300 e de vôlei. O quadro a seguir mostra os quantitativos de
membros de cada família presentes no parque, distribuí-
34. (PREF. JACUNDÁ-PA – AUXILIAR ADMINISTRA- dos por gênero.
TIVO – INAZ/2016) Das 300 dúzias de bananas que seu
José foi vender na feira, no 1° dia, ele vendeu 50% ao
Família Masculino Feminino
preço de R$ 3,00 cada dúzia; no 2° dia ele vendeu 30% da
quantidade que sobrou ao preço de R$ 2,00; e no 3° dia Turing 5 7
ele vendeu 20% do que restou da venda dos dias ante- Russel 6 5
riores ao preço de R$ 1,00. Quanto seu José apurou com
as vendas das bananas nos três dias? Gödel 5 9
a) R$ 700,00
RACIOCÍNIO LÓGICO
b) R$ 540,00
c) R$ 111,00
d) R$ 450,00
e) R$ 561,00
27
A partir dessa tabela, julgue o item subsequente. a) 1/2.
Considere que, em eventual sorteio de brindes, um nome b) 9/16.
tenha sido retirado, ao acaso, do interior de uma urna que c) 27/128.
continha os nomes de todos os familiares presentes no d) 9/256.
evento. Nessa situação, sabendo-se que o sorteado não é
uma mulher da família Gödel, a probabilidade de ser uma 42.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniver-
mulher da família Russel será superior a 20%. sário, cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml
de refrigerante. Suponha que em uma determinada festa,
( ) CERTO ( ) ERRADO havia 20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2
litros o organizador da festa deveria comprar para ali-
(PM-MA – 1º TENENTE – PM – CIRURGIÃO DENTIS- mentar as 20 pessoas?
TA – CESPE – 2017) Determinado laboratório de análises
clínicas está sendo investigado por emitir laudos falsos a) 12
de um exame constituído por 7 indicadores, correspon- b) 13
dentes à concentração de 4 compostos na corrente san- c) 15
guínea, obtidos da seguinte forma: uma medição da con- d) 25
centração de cada um dos compostos A, B, C e D, e 3
medições, por 3 diferentes técnicas, da concentração do 43. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
composto E. Os laudos verdadeiros de 7 pacientes (cha- CORRETA:
mados pacientes-fonte), com prenomes distintos, entre I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
eles Amanda, Bárbara, Carlos e Daniel, eram usados para II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
compor laudos falsos para os demais pacientes. Para di- III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3
ficultar a ação da autoridade policial, na montagem de
um laudo falso, o laboratório tomava o cuidado de, no a) I somente
conjunto de 7 medições que constituíam cada laudo falsi- b) I e II somente
ficado, usar apenas uma medição de cada paciente-fonte, c) I e III somente
ou seja, de nunca usar 2 ou mais medições de um mesmo d) I, II e III
paciente-fonte.
Com referência a essa situação hipotética, julgue os itens 44. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 :
seguintes. 2 é equivalente à:
d) 6
e) 3
41. (TRT 7ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CES-
PE/2017) Se, na presente prova, em que cada questão
tem quatro opções de resposta, um candidato escolher
ao acaso uma única resposta para cada uma das quatro
primeiras questões, então a probabilidade de ele acertar
exatamente duas questões será igual a:
28
47. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia 53. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que que ocorrerá com o total?
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo
número de dias necessários para compensar as horas de a) -2
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente b) -1
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir c) +1
seu dia de folga foi igual a Parte superior do formulário d) +2
e) +3
a) 16
b) 15 54. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
c) 18 – IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
d) 13 18.414 é:
e) 12
a) 27
48.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão: b) 31
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é c) 37
d) 22
a) 0
b) 11 55. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.
c) 12
d) 29 a) 23418
e) 32 b) 65000
c) 38036
49. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no d) 24004
Piauí e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, se- e) 58617
gundo as informações? Tempo no Brasil: Instável a enso-
larado no Sul. Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. 56. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS ORGANI-
Máxima prevista 37° no Piauí. ZACIONAIS – COPEVE/2014)
29
58. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINIS-
TRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101 + 100 é
a representação de que número? GABARITO
a) 100 1 B
b) 101
2 C
c) 010
d) 111 3 D
e) 110
4 A
59. (TRF-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) O 5 E
resultado da expressão numérica 53 : 51 × 54 : 5 × 55 : 5 :
56 - 5 é igual a : 6 C
7 B
a) 120.
8 D
1
b) 9 A
5
c) 55. 10 C
d) 25.
11 B
e) 620.
12 E
13 C
14 B
15 C
16 B
17 D
18 A
19 B
20 D
21 C
22 C
23 D
24 D
25 A
26 C
27 B
28 E
29 A
30 B
31 A
32 A
33 B
RACIOCÍNIO LÓGICO
34 E
35 Errado
36 A
37 Errado
30
38 Certo ANOTAÇÕES
39 Errado
40 Certo
________________________________________________
41 C
_________________________________________________
42 B
_________________________________________________
43 C
_________________________________________________
44 D
45 A _________________________________________________
46 E _________________________________________________
47 C _________________________________________________
48 B _________________________________________________
49 D _________________________________________________
50 A
_________________________________________________
51 C
_________________________________________________
52 B
_________________________________________________
53 E
_________________________________________________
54 C
55 B _________________________________________________
56 C _________________________________________________
57 B _________________________________________________
58 D _________________________________________________
59 A
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
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_________________________________________________
RACIOCÍNIO LÓGICO
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31
ANOTAÇÕES
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RACIOCÍNIO LÓGICO
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ÍNDICE
LEGISLAÇÃO
Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Civil da União, das Autarquias e das Fundações Públicas Federais (Lei nº
8.112/90 e suas alterações): Título II – Do Provimento, Vacância, Remoção, Redistribuição e Substituição; Título III – Dos
Direitos e Vantagens; Título IV – Do Regime Disciplinar; Título V – Do Processo Administrativo Disciplinar.......................... 01
Código da Ética Profissional do Servidor Público Civil Federal (Decreto nº 1.171 de 22/06/1994).............................................. 29
Lei nº 11.091, de 12/01/2005.................................................................................................................................................................................... 40
Decreto nº 5.707, de 23/02/2006............................................................................................................................................................................ 46
Decreto nº 5.825, de 29/06/2006........................................................................................................................................................................... 48
Decreto nº 9.094, de 17/07/2017........................................................................................................................................................................... 51
Decreto nº 9.723, de 11/03/2019........................................................................................................................................................................... 55
REGIME JURÍDICO ÚNICO DOS SERVIDORES PÚBLICOS CIVIL DA UNIÃO, DAS AUTARQUIAS E
DAS FUNDAÇÕES PÚBLICAS FEDERAIS (LEI Nº 8.112/90 E SUAS ALTERAÇÕES): TÍTULO II – DO
PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO; TÍTULO III – DOS
DIREITOS E VANTAGENS; TÍTULO IV – DO REGIME DISCIPLINAR; TÍTULO V – DO PROCESSO
ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR.
‘Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais.
TÍTULO II
DO PROVIMENTO, VACÂNCIA, REMOÇÃO, REDISTRIBUIÇÃO E SUBSTITUIÇÃO
Basicamente, provimento é a ocupação do cargo por uma pessoa, transformando-a em servidora pública; enquanto
vacância é o que se dá quando um cargo fica livre; remoção é o deslocamento do servidor; redistribuição é o desloca-
mento de um cargo para outro órgão; substituição é a mudança de uma pessoa que está ocupando cargo de chefia ou
direção por outra.
CAPÍTULO I
DO PROVIMENTO
Segundo Hely Lopes Meirelles1, provimento “é o ato pelo qual se efetua o preenchimento do cargo público, com a
designação de seu titular”, podendo ser originário ou inicial se o agente não possui vinculação anterior com a Adminis-
tração Pública; ou derivado, que pressupõe a existência de um vínculo com a Administração, o qual pode ser horizontal,
sem ascensão na carreira, ou vertical, com ascensão na carreira.
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
§ 2o Às pessoas portadoras de deficiência é assegurado o direito de se inscrever em concurso público para provimento
de cargo cujas atribuições sejam compatíveis com a deficiência de que são portadoras; para tais pessoas serão reser-
vadas até 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas no concurso.
Cotas para deficientes.
§ 3o As universidades e instituições de pesquisa científica e tecnológica federais poderão prover seus cargos com pro-
fessores, técnicos e cientistas estrangeiros, de acordo com as normas e os procedimentos desta Lei.
Exceção ao inciso I do art. 5°.
LEGISLAÇÃO
Art. 6o O provimento dos cargos públicos far-se-á mediante ato da autoridade competente de cada Poder.
1
Por investidura entende-se a instalação formal em um § 1o O prazo de validade do concurso e as condições de
cargo público, o que se dará quando a pessoa for em- sua realização serão fixados em edital, que será publi-
possada. cado no Diário Oficial da União e em jornal diário de
grande circulação.
Art. 8o São formas de provimento de cargo público: § 2o Não se abrirá novo concurso enquanto houver
I - nomeação; candidato aprovado em concurso anterior com prazo
II - promoção; de validade não expirado.
III e IV - (Revogados)
V - readaptação; No concurso de provas o candidato é avaliado ape-
VI - reversão; nas pelo seu desempenho nas provas, ao passo que nos
VII - aproveitamento; concursos de provas e títulos o seu currículo em toda sua
VIII - reintegração; atividade profissional também é considerado.
IX - recondução. O edital delimita questões como valor da taxa de ins-
Detalhes adiante. crição, casos de isenção, número de vagas e prazo de
validade.
SEÇÃO II
DA NOMEAÇÃO SEÇÃO IV
DA POSSE E DO EXERCÍCIO
Art. 9o A nomeação far-se-á:
Art. 13. A posse dar-se-á pela assinatura do respec-
I - em caráter efetivo, quando se tratar de cargo isola-
tivo termo, no qual deverão constar as atribuições, os
do de provimento efetivo ou de carreira; deveres, as responsabilidades e os direitos inerentes
II - em comissão, inclusive na condição de interino, ao cargo ocupado, que não poderão ser alterados uni-
para cargos de confiança vagos. lateralmente, por qualquer das partes, ressalvados os
Parágrafo único. O servidor ocupante de cargo em co- atos de ofício previstos em lei.
missão ou de natureza especial poderá ser nomeado § 1o A posse ocorrerá no prazo de trinta dias contados
para ter exercício, interinamente, em outro cargo de da publicação do ato de provimento.
confiança, sem prejuízo das atribuições do que atu- § 2o Em se tratando de servidor, que esteja na data de
almente ocupa, hipótese em que deverá optar pela publicação do ato de provimento, em licença prevista
remuneração de um deles durante o período da in- nos incisos I, III e V do art. 81, ou afastado nas hipó-
terinidade. teses dos incisos I, IV, VI, VIII, alíneas “a”, “b”, “d”, “e” e
O cargo em comissão é temporário e não depende de “f”, IX e X do art. 102, o prazo será contado do término
concurso público. Se o servidor for nomeado para outro do impedimento.
cargo em comissão poderá exercer ambos de maneira § 3o A posse poderá dar-se mediante procuração es-
interina (temporária), mas somente poderá receber re- pecífica.
muneração por um deles, o que optar. § 4o Só haverá posse nos casos de provimento de cargo
por nomeação.
Art. 10. A nomeação para cargo de carreira ou cargo § 5o No ato da posse, o servidor apresentará declaração
isolado de provimento efetivo depende de prévia habi- de bens e valores que constituem seu patrimônio e de-
litação em concurso público de provas ou de provas e claração quanto ao exercício ou não de outro cargo,
títulos, obedecidos a ordem de classificação e o prazo emprego ou função pública.
de sua validade. § 6o Será tornado sem efeito o ato de provimento se a
Parágrafo único. Os demais requisitos para o ingresso posse não ocorrer no prazo previsto no § 1o deste ar-
e o desenvolvimento do servidor na carreira, median- tigo.
te promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
O termo de posse é dotado de conteúdo específico.
diretrizes do sistema de carreira na Administração Pú-
É possível tomar posse mediante procuração específica.
blica Federal e seus regulamentos.
Não há posse nos cargos em comissão. A declaração de
bens e valores visa permitir a verificação da situação fi-
SEÇÃO III nanceira do servidor, de forma a perceber se ele enrique-
DO CONCURSO PÚBLICO ceu desproporcionalmente durante o exercício do cargo.
Art. 11. O concurso será de provas ou de provas e títu- Art. 14. A posse em cargo público dependerá de prévia
los, podendo ser realizado em duas etapas, conforme inspeção médica oficial.
dispuserem a lei e o regulamento do respectivo plano Parágrafo único. Só poderá ser empossado aquele que
de carreira, condicionada a inscrição do candidato ao for julgado apto física e mentalmente para o exercício
pagamento do valor fixado no edital, quando indis- do cargo.
pensável ao seu custeio, e ressalvadas as hipóteses de
isenção nele expressamente previstas. Art. 15. Exercício é o efetivo desempenho das atribui-
LEGISLAÇÃO
2
§ 2o O servidor será exonerado do cargo ou será tor- ao serviço, observado o disposto no art. 120, podendo
nado sem efeito o ato de sua designação para função ser convocado sempre que houver interesse da Admi-
de confiança, se não entrar em exercício nos prazos nistração.
previstos neste artigo, observado o disposto no art. 18. § 2o O disposto neste artigo não se aplica a duração de
§ 3o À autoridade competente do órgão ou entidade trabalho estabelecida em leis especiais.
para onde for nomeado ou designado o servidor com-
pete dar-lhe exercício. Art. 20. Ao entrar em exercício, o servidor nomeado
§ 4o O início do exercício de função de confiança coin- para cargo de provimento efetivo ficará sujeito a está-
cidirá com a data de publicação do ato de designação, gio probatório por período de 24 (vinte e quatro) me-
salvo quando o servidor estiver em licença ou afasta- ses, durante o qual a sua aptidão e capacidade serão
do por qualquer outro motivo legal, hipótese em que objeto de avaliação para o desempenho do cargo, ob-
recairá no primeiro dia útil após o término do impe- servados os seguinte fatores:
dimento, que não poderá exceder a trinta dias da pu- I - assiduidade;
blicação. II - disciplina;
III - capacidade de iniciativa;
Nota-se que para as funções em confiança não há IV - produtividade;
prazo de 15 dias da posse, até mesmo porque ela não V - responsabilidade.
existe nestas funções. Então, o prazo para exercício será § 1o 4 (quatro) meses antes de findo o período do es-
o do dia da publicação do ato de designação. tágio probatório, será submetida à homologação da
autoridade competente a avaliação do desempenho
Art. 16. O início, a suspensão, a interrupção e o rei- do servidor, realizada por comissão constituída para
nício do exercício serão registrados no assentamento essa finalidade, de acordo com o que dispuser a lei
individual do servidor. ou o regulamento da respectiva carreira ou cargo,
Parágrafo único. Ao entrar em exercício, o servidor sem prejuízo da continuidade de apuração dos fatores
apresentará ao órgão competente os elementos ne- enumerados nos incisos I a V do caput deste artigo.
cessários ao seu assentamento individual. § 2o O servidor não aprovado no estágio probatório
Art. 17. A promoção não interrompe o tempo de exer- será exonerado ou, se estável, reconduzido ao cargo
cício, que é contado no novo posicionamento na car- anteriormente ocupado, observado o disposto no pa-
reira a partir da data de publicação do ato que pro- rágrafo único do art. 29.
mover o servidor. § 3o O servidor em estágio probatório poderá exercer
Na promoção não há nova posse. Então, o servidor quaisquer cargos de provimento em comissão ou fun-
não tem 15 dias para entrar em exercício, o fazendo no ções de direção, chefia ou assessoramento no órgão
dia da publicação do ato. ou entidade de lotação, e somente poderá ser cedido
a outro órgão ou entidade para ocupar cargos de Na-
Art. 18. O servidor que deva ter exercício em outro tureza Especial, cargos de provimento em comissão do
município em razão de ter sido removido, redistribuí- Grupo-Direção e Assessoramento Superiores - DAS, de
do, requisitado, cedido ou posto em exercício provisó- níveis 6, 5 e 4, ou equivalentes.
rio terá, no mínimo, dez e, no máximo, trinta dias de § 4o Ao servidor em estágio probatório somente po-
prazo, contados da publicação do ato, para a retoma- derão ser concedidas as licenças e os afastamentos
da do efetivo desempenho das atribuições do cargo, previstos nos arts. 81, incisos I a IV, 94, 95 e 96, bem
incluído nesse prazo o tempo necessário para o deslo- assim afastamento para participar de curso de forma-
camento para a nova sede. ção decorrente de aprovação em concurso para outro
§ 1o Na hipótese de o servidor encontrar-se em licença cargo na Administração Pública Federal.
ou afastado legalmente, o prazo a que se refere este § 5o O estágio probatório ficará suspenso durante as
artigo será contado a partir do término do impedi- licenças e os afastamentos previstos nos arts. 83, 84,
mento. § 1o, 86 e 96, bem assim na hipótese de participação
§ 2o É facultado ao servidor declinar dos prazos esta- em curso de formação, e será retomado a partir do
belecidos no caput. término do impedimento.
Se o servidor estava em exercício em outro município Desde a Emenda Constitucional nº 19 de 1998, a dis-
e é convocado por publicação para retomar a posição ciplina do estágio probatório mudou, notadamente au-
superior tem um prazo entre 10 e 30 dias, dos quais pode mentando o prazo de 2 anos para 3 anos. Tendo em vista
desistir, se quiser. que a norma constitucional prevalece sobre a lei federal,
mesmo que ela não tenha sido atualizada, deve-se seguir
Art. 19. Os servidores cumprirão jornada de traba- o disposto no artigo 41 da Constituição Federal:
lho fixada em razão das atribuições pertinentes aos
respectivos cargos, respeitada a duração máxima do Art. 41, CF. São estáveis após três anos de efetivo exer-
trabalho semanal de quarenta horas e observados os cício os servidores nomeados para cargo de provimen-
LEGISLAÇÃO
limites mínimo e máximo de seis horas e oito horas to efetivo em virtude de concurso público.
diárias, respectivamente. § 1º O servidor público estável só perderá o cargo:
§ 1o O ocupante de cargo em comissão ou função de I - em virtude de sentença judicial transitada em jul-
confiança submete-se a regime de integral dedicação gado;
3
II - mediante processo administrativo em que lhe seja zer tantos movimentos no exercício das funções. Por isso,
assegurada ampla defesa; pode ser reconduzido para outro cargo técnico na repar-
III - mediante procedimento de avaliação periódica de tição que seja mais burocrático e exija menos movimen-
desempenho, na forma de lei complementar, assegu- tação física, como o de assistente de um superior.
rada ampla defesa.
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do SEÇÃO VIII
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual DA REVERSÃO
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo
de origem, sem direito a indenização, aproveitado em Art. 25. Reversão é o retorno à atividade de servidor
outro cargo ou posto em disponibilidade com remune- aposentado:
ração proporcional ao tempo de serviço. I - por invalidez, quando junta médica oficial declarar
§ 3º Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessida- insubsistentes os motivos da aposentadoria; ou
de, o servidor estável ficará em disponibilidade, com II - no interesse da administração, desde que:
remuneração proporcional ao tempo de serviço, até a) tenha solicitado a reversão;
seu adequado aproveitamento em outro cargo. b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilidade, c) estável quando na atividade;
é obrigatória a avaliação especial de desempenho por d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos an-
comissão instituída para essa finalidade. teriores à solicitação;
e) haja cargo vago.
SEÇÃO V § 1o A reversão far-se-á no mesmo cargo ou no cargo
DA ESTABILIDADE resultante de sua transformação.
§ 2o O tempo em que o servidor estiver em exercício
Art. 21. O servidor habilitado em concurso público e será considerado para concessão da aposentadoria.
empossado em cargo de provimento efetivo adquirirá § 3o No caso do inciso I, encontrando-se provido o
estabilidade no serviço público ao completar 2 (dois) cargo, o servidor exercerá suas atribuições como exce-
anos de efetivo exercício. dente, até a ocorrência de vaga.
§ 4o O servidor que retornar à atividade por interes-
ATENÇÃO: Vale o prazo de 3 anos, conforme Consti- se da administração perceberá, em substituição aos
tuição Federal (artigo 41 retrocitado). proventos da aposentadoria, a remuneração do cargo
Art. 22. O servidor estável só perderá o cargo em vir- que voltar a exercer, inclusive com as vantagens de
tude de sentença judicial transitada em julgado ou de natureza pessoal que percebia anteriormente à apo-
processo administrativo disciplinar no qual lhe seja as- sentadoria.
segurada ampla defesa. § 5o O servidor de que trata o inciso II somente terá os
proventos calculados com base nas regras atuais se
SEÇÃO VI permanecer pelo menos cinco anos no cargo.
DA TRANSFERÊNCIA § 6o O Poder Executivo regulamentará o disposto neste
artigo.
Art. 23. (Execução suspensa)
Art. 26. (Revogado)
SEÇÃO VII Art. 27. Não poderá reverter o aposentado que já tiver
DA READAPTAÇÃO completado 70 (setenta) anos de idade.
funcionário trabalhava como atendente numa repartição, ocupante será reconduzido ao cargo de origem, sem
se movimentando o tempo todo e sofre um acidente, direito à indenização ou aproveitado em outro cargo,
ficando paraplégico. Sua capacidade mental não ficou ou, ainda, posto em disponibilidade.
prejudicada, embora seja inconveniente ele ter que fa-
4
Se um servidor for injustamente demitido e a sua de- CAPÍTULO II
missão for invalidada, será reinvestido no cargo, sendo DA VACÂNCIA
totalmente ressarcido (por exemplo, recebendo os salá-
rios do período em que foi afastado). Caso o cargo es- Art. 33. A vacância do cargo público decorrerá de:
teja extinto, será posto em disponibilidade; caso o cargo I - exoneração;
exista e alguém o estiver ocupando, este será retirado do II - demissão;
cargo, devolvendo-o ao seu legítimo titular. III - promoção;
IV e V - (Revogados)
SEÇÃO X VI - readaptação;
DA RECONDUÇÃO VII - aposentadoria;
VIII - posse em outro cargo inacumulável;
Art. 29. Recondução é o retorno do servidor es- IX - falecimento.
tável ao cargo anteriormente ocupado e decor-
rerá de: Art. 34. A exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pe-
I - inabilitação em estágio probatório relativo a dido do servidor, ou de ofício.
outro cargo; Parágrafo único. A exoneração de ofício dar-se-á:
II - reintegração do anterior ocupante. I - quando não satisfeitas as condições do estágio probatório;
Parágrafo único. Encontrando-se provido o cargo II - quando, tendo tomado posse, o servidor não entrar
de origem, o servidor será aproveitado em outro, em exercício no prazo estabelecido.
observado o disposto no art. 30.
Sendo o cargo efetivo, somente será exonerado de
Como visto, quando um servidor é promovido ele se ofício se não for habilitado no estágio probatório e se
sujeita a novo estágio probatório e, caso seja inabilitado, não entrar em exercício no prazo legal.
voltará ao cargo que antes ocupava. Ainda, se alguém
estiver ocupando o cargo de um servidor que tenha sido Art. 35. A exoneração de cargo em comissão e a dis-
injustamente demitido, quando este voltar deverá deso- pensa de função de confiança dar-se-á:
I - a juízo da autoridade competente;
cupar o cargo. Se a posição antes ocupada não estiver
II - a pedido do próprio servidor.
livre, deverá ser reaproveitado em outro cargo semelhan-
te.
Como o cargo em comissão refere-se a uma relação
SEÇÃO XI
de confiança para com a autoridade competente, esta
DA DISPONIBILIDADE E DO APROVEITAMENTO
poderá exonerar o servidor.
Art. 30. O retorno à atividade de servidor em disponib-
ilidade far-se-á mediante aproveitamento obrigatório #FicaDica
em cargo de atribuições e vencimentos compatíveis
com o anteriormente ocupado. Formas de provimento
- Originário
Art. 31. O órgão Central do Sistema de Pessoal Civil Nomeação – Em caráter efetivo ou em co-
determinará o imediato aproveitamento de servidor missão
em disponibilidade em vaga que vier a ocorrer nos - Derivado
órgãos ou entidades da Administração Pública Fed- Promoção – Ascensão do cargo ocupado
eral. para um cargo sucessivo e ascendente, pos-
Parágrafo único. Na hipótese prevista no § 3o do art. sível quando o servidor tiver seu cargo es-
37, o servidor posto em disponibilidade poderá ser truturado em carreira.
mantido sob responsabilidade do órgão central do Aproveitamento – Retorno de um servidor
Sistema de Pessoal Civil da Administração Federal - posto em disponibilidade.
SIPEC, até o seu adequado aproveitamento em outro Readaptação – Realocação de servidor que
órgão ou entidade. tenha se tornado deficiente para cargo com-
Art. 32. Será tornado sem efeito o aproveitamento e patível.
cassada a disponibilidade se o servidor não entrar em Reintegração – Retorno de servidor a cargo
exercício no prazo legal, salvo doença comprovada por anteriormente ocupado ou em cargo resul-
junta médica oficial. tante de sua transformação quando invalida-
da a decisão de sua demissão.
Servidor posto em disponibilidade não é servidor Recondução – Retorno de servidor a cargo
aposentado. É apenas um servidor aguardando que surja anteriormente ocupado em decorrência de
um posto adequado para que ocupe. Quando ele surgir, inabilitação no estágio probatório de outro
deverá entrar em exercício, sob pena de ter revogada a cargo ou por ter o ocupante anterior sido
disponibilidade, deixando de ser servidor público. reintegrado.
LEGISLAÇÃO
5
Resume Carvalho Filho2: “os direitos sociais constitu-
cionais são objeto da referência do art. 39, §3°, CF, o qual
EXERCÍCIOS COMENTADOS determina que dezesseis dos direitos sociais outorgados
aos empregados sejam estendidos aos servidores públi-
1. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) cos. Dentre esses direitos estão o do salário mínimo (art.
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos feder- 7°, IV); o décimo terceiro salário (art. 7°, VIII); o repouso
ais, julgue o item a seguir. semanal remunerado (art. 7°, XV); o salário-família (art.
A investidura em cargo público ocorre com a nomeação 7°, XII; o de férias anuais (art. 7°, XVII); o de licença à ges-
devidamente publicada em diário oficial. tante (art. 7°, XVIII) e outros mencionados no dispositivo
constitucional. [...] Além disso, há vários direitos de na-
( ) CERTO ( ) ERRADO tureza social relacionados nos diversos estatutos funcio-
nais das pessoas federativas. É nas leis estatutárias que
Resposta: Errado. Nos termos do artigo 7o, Lei nº se encontram tais direitos, como o direito às licenças, à
8.112/1990: “A investidura em cargo público ocorrerá pensão, aos auxílios pecuniários, como o auxílio-funeral
com a posse”. e o auxílio-reclusão, à assistência, à saúde etc.”
2. (STJ - Técnico Judiciário – Administrativa - CAPÍTULO I
CESPE/2018) Julgue o seguinte item de acordo com as DO VENCIMENTO E DA REMUNERAÇÃO
disposições constitucionais e legais acerca dos agentes
públicos. Art. 40. Vencimento é a retribuição pecuniária pelo ex-
A reversão constitui a reinvestidura do servidor estável ercício de cargo público, com valor fixado em lei.
no cargo anteriormente ocupado, e ocorre quando é in- Art. 41. Remuneração é o vencimento do cargo efetivo,
validada a demissão do servidor por decisão judicial ou acrescido das vantagens pecuniárias permanentes es-
administrativa. Nesse caso, o servidor deve ser ressarcido tabelecidas em lei.
de todas as vantagens que deixou de perceber durante o
período demissório.
remuneração diária, proporcional aos atrasos, aus-
ências justificadas, ressalvadas as concessões de que
( ) CERTO ( ) ERRADO
trata o art. 97, e saídas antecipadas, salvo na hipótese
de compensação de horário, até o mês subsequente ao
Resposta: Errado. O erro da assertiva está em de-
da ocorrência, a ser estabelecida pela chefia imediata.
screver a reintegração, não a reversão, conforme artigo
Parágrafo único. As faltas justificadas decorrentes de
28, Lei nº 8.112/1990: “A reintegração é a reinvestidura
caso fortuito ou de força maior poderão ser compen-
do servidor estável no cargo anteriormente ocupado,
sadas a critério da chefia imediata, sendo assim con-
ou no cargo resultante de sua transformação, quando
invalidada a sua demissão por decisão administrativa sideradas como efetivo exercício.
ou judicial, com ressarcimento de todas as vantagens”.
Somente não geram perda de remuneração as faltas
3. (TRF 1ª REGIÃO - Analista Judiciário - Oficial de justificadas e devidamente compensadas.
Justiça Avaliador Federal - CESPE/2017) Com base
na Lei nº 8.112/1990 e no regime jurídico aplicável aos Art. 45. Salvo por imposição legal, ou mandado judi-
agentes públicos, julgue o item a seguir. cial, nenhum desconto incidirá sobre a remuneração
Servidor aposentado por invalidez poderá retornar à ou provento.
atividade caso junta médica oficial declare insubsistentes § 1º Mediante autorização do servidor, poderá haver
os motivos da sua aposentadoria, hipótese em que se consignação em folha de pagamento em favor de ter-
procederá à reversão do servidor. ceiros, a critério da administração e com reposição de
custos, na forma definida em regulamento.
( ) CERTO ( ) ERRADO § 2º O total de consignações facultativas de que trata
o § 1o não excederá a 35% (trinta e cinco por cento)
Resposta: Certo. A hipótese é de reversão, conforme da remuneração mensal, sendo 5% (cinco por cento)
artigo 25, I, Lei nº 8.112/1990: “Reversão é o retorno reservados exclusivamente para: I - a amortização de
à atividade de servidor aposentado: I - por invalidez, despesas contraídas por meio de cartão de crédito; ou
quando junta médica oficial declarar insubsistentes os II - a utilização com a finalidade de saque por meio do
motivos da aposentadoria”. cartão de crédito.
Para descontos em folha, é preciso ordem judicial ou
autorização do servidor.
Dos Direitos e Vantagens
Art. 46. As reposições e indenizações ao erário, atual-
TÍTULO III izadas até 30 de junho de 1994, serão previamente co-
DOS DIREITOS E VANTAGENS municadas ao servidor ativo, aposentado ou ao pen-
LEGISLAÇÃO
6
§ 1o O valor de cada parcela não poderá ser inferior IV - auxílio-moradia.
ao correspondente a dez por cento da remuneração, A leitura da legislação seca permite conceituar e dife-
provento ou pensão. renciar cada modalidade de indenização.
§ 2o Quando o pagamento indevido houver ocor-
rido no mês anterior ao do processamento da folha, Art. 52. Os valores das indenizações estabelecidas nos
a reposição será feita imediatamente, em uma única incisos I a III do art. 51, assim como as condições para
parcela. a sua concessão, serão estabelecidos em regulamento.
§ 3o Na hipótese de valores recebidos em decorrência
de cumprimento a decisão liminar, a tutela antecipada SUBSEÇÃO I
ou a sentença que venha a ser revogada ou rescindida, DA AJUDA DE CUSTO
serão eles atualizados até a data da reposição.
Art. 53. A ajuda de custo destina-se a compensar as
Art. 47. O servidor em débito com o erário, que for despesas de instalação do servidor que, no interesse
demitido, exonerado ou que tiver sua aposentadoria do serviço, passar a ter exercício em nova sede, com
ou disponibilidade cassada, terá o prazo de sessenta mudança de domicílio em caráter permanente, ve-
dias para quitar o débito. dado o duplo pagamento de indenização, a qualquer
Parágrafo único. A não quitação do débito no prazo tempo, no caso de o cônjuge ou companheiro que de-
previsto implicará sua inscrição em dívida ativa. tenha também a condição de servidor, vier a ter exer-
Débito com o erário = dívida com o Estado. cício na mesma sede.
Art. 48. O vencimento, a remuneração e o provento § 1o Correm por conta da administração as despesas
não serão objeto de arresto, sequestro ou penhora, ex- de transporte do servidor e de sua família, compreen-
ceto nos casos de prestação de alimentos resultante de dendo passagem, bagagem e bens pessoais.
decisão judicial.
§ 2o À família do servidor que falecer na nova sede
são assegurados ajuda de custo e transporte para a
CAPÍTULO II localidade de origem, dentro do prazo de 1 (um) ano,
DAS VANTAGENS contado do óbito.
§ 3º Não será concedida ajuda de custo nas hipóteses
Art. 49. Além do vencimento, poderão ser pagas ao de remoção previstas nos incisos II e III do parágrafo
servidor as seguintes vantagens: único do art. 36.
I - indenizações; Art. 54. A ajuda de custo é calculada sobre a remu-
II - gratificações; neração do servidor, conforme se dispuser em regu-
III - adicionais. lamento, não podendo exceder a importância corre-
§ 1o As indenizações não se incorporam ao vencimen- spondente a 3 (três) meses.
to ou provento para qualquer efeito.
§ 2o As gratificações e os adicionais incorporam-se ao Art. 55. Não será concedida ajuda de custo ao servidor
vencimento ou provento, nos casos e condições indi- que se afastar do cargo, ou reassumi-lo, em virtude de
cados em lei. mandato eletivo.
Art. 50. As vantagens pecuniárias não serão com- Art. 56. Será concedida ajuda de custo àquele que, não
putadas, nem acumuladas, para efeito de concessão
sendo servidor da União, for nomeado para cargo em
de quaisquer outros acréscimos pecuniários ulteriores,
comissão, com mudança de domicílio.
sob o mesmo título ou idêntico fundamento.
Parágrafo único. No afastamento previsto no inciso I
do art. 93, a ajuda de custo será paga pelo órgão ces-
De acordo com Hely Lopes Meirelles3, “o que caracte-
sionário, quando cabível.
riza o adicional e o distingue da gratificação é ser aque-
le que recompensa ao tempo de serviço do servidor, ou
Art. 57. O servidor ficará obrigado a restituir a ajuda
uma retribuição pelo desempenho de funções especiais
de custo quando, injustificadamente, não se apresen-
que fogem da rotina burocrática, e esta, uma compensa-
ção por serviços comuns executados em condições anor- tar na nova sede no prazo de 30 (trinta) dias.
mais para o servidor, ou uma ajuda pessoal em face de
certas situações que agravam o orçamento do servidor”. SUBSEÇÃO II
DAS DIÁRIAS
SEÇÃO I
DAS INDENIZAÇÕES Art. 58. O servidor que, a serviço, afastar-se da sede em
caráter eventual ou transitório para outro ponto do ter-
Art. 51. Constituem indenizações ao servidor: ritório nacional ou para o exterior, fará jus a passagens
e diárias destinadas a indenizar as parcelas de despesas
LEGISLAÇÃO
I - ajuda de custo;
II - diárias; extraordinária com pousada, alimentação e locomoção
III - transporte. urbana, conforme dispuser em regulamento.
§ 1o A diária será concedida por dia de afastamento,
3 MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. São
Paulo: Malheiros, 1993.
sendo devida pela metade quando o deslocamento
7
não exigir pernoite fora da sede, ou quando a União VI - o Município no qual assuma o cargo em comissão
custear, por meio diverso, as despesas extraordinárias ou função de confiança não se enquadre nas hipóteses
cobertas por diárias. do art. 58, § 3o, em relação ao local de residência ou
§ 2o Nos casos em que o deslocamento da sede con- domicílio do servidor;
stituir exigência permanente do cargo, o servidor não VII - o servidor não tenha sido domiciliado ou tenha
fará jus a diárias. residido no Município, nos últimos doze meses, aonde
§ 3o Também não fará jus a diárias o servidor que for exercer o cargo em comissão ou função de con-
se deslocar dentro da mesma região metropolitana, fiança, desconsiderando-se prazo inferior a sessenta
aglomeração urbana ou microrregião, constituídas dias dentro desse período; e
por municípios limítrofes e regularmente instituídas, VIII - o deslocamento não tenha sido por força de al-
ou em áreas de controle integrado mantidas com teração de lotação ou nomeação para cargo efetivo.
países limítrofes, cuja jurisdição e competência dos IX - o deslocamento tenha ocorrido após 30 de junho
órgãos, entidades e servidores brasileiros considera-se de 2006.
estendida, salvo se houver pernoite fora da sede, hipó- Parágrafo único. Para fins do inciso VII, não será con-
teses em que as diárias pagas serão sempre as fixadas siderado o prazo no qual o servidor estava ocupando
para os afastamentos dentro do território nacional. outro cargo em comissão relacionado no inciso V.
Art. 59. O servidor que receber diárias e não se afastar Art. 60-C. (Revogado).
da sede, por qualquer motivo, fica obrigado a restituí- Art. 60-D. O valor mensal do auxílio-moradia é limi-
las integralmente, no prazo de 5 (cinco) dias. tado a 25% (vinte e cinco por cento) do valor do cargo
Parágrafo único. Na hipótese de o servidor retornar em comissão, função comissionada ou cargo de Min-
à sede em prazo menor do que o previsto para o seu istro de Estado ocupado.
afastamento, restituirá as diárias recebidas em exces- § 1o O valor do auxílio-moradia não poderá superar
so, no prazo previsto no caput. 25% (vinte e cinco por cento) da remuneração de Min-
istro de Estado.
§ 2o Independentemente do valor do cargo em comis-
SUBSEÇÃO III
são ou função comissionada, fica garantido a todos os
DA INDENIZAÇÃO DE TRANSPORTE
que preencherem os requisitos o ressarcimento até o
valor de R$ 1.800,00 (mil e oitocentos reais).
Art. 60. Conceder-se-á indenização de transporte ao
Art. 60-E. No caso de falecimento, exoneração, colo-
servidor que realizar despesas com a utilização de
cação de imóvel funcional à disposição do servidor
meio próprio de locomoção para a execução de ser-
ou aquisição de imóvel, o auxílio-moradia continuará
viços externos, por força das atribuições próprias do
sendo pago por um mês.
cargo, conforme se dispuser em regulamento.
A subseção IV trabalha com o auxílio-moradia, bene-
SUBSEÇÃO IV fício que é concedido a alguns servidores. Ele serve para
DO AUXÍLIO-MORADIA ajudar o servidor a arcar com despesas de moradia, seja
locando um imóvel, seja ficando em hotéis. O auxílio é
Art. 60-A. O auxílio-moradia consiste no ressarci- pago 1 mês depois que o servidor comprovar a despesa
mento das despesas comprovadamente realizadas que teve. No entanto, não é qualquer servidor e não é em
pelo servidor com aluguel de moradia ou com meio qualquer situação que se tem o auxílio-moradia.
de hospedagem administrado por empresa hoteleira, Nos termos do artigo 60-B, são colacionadas res-
no prazo de um mês após a comprovação da despesa trições: não haver disponibilidade de imóvel funcional
pelo servidor. (algum imóvel do poder público com tal finalidade de
moradia, dispensando gastos particulares), não se ter
Art. 60-B. Conceder-se-á auxílio-moradia ao servidor tentado vender ou vendido um imóvel na cidade (evitan-
se atendidos os seguintes requisitos: do que tente utilizar o auxílio-moradia como um modo
I - não exista imóvel funcional disponível para uso de se obter vantagem patrimonial), um cônjuge ou pes-
pelo servidor; soa com quem more não receber auxílio da mesma na-
II - o cônjuge ou companheiro do servidor não ocupe tureza (cumulando indevidamente), além do exercício de
imóvel funcional; cargos de determinada natureza (perceba-se, cargos de
III - o servidor ou seu cônjuge ou companheiro não relevante direção).
seja ou tenha sido proprietário, promitente comprador, O auxílio-moradia é pago proporcionalmente aos
cessionário ou promitente cessionário de imóvel no vencimentos, não excedendo 25%. Destaca-se que o ar-
Município aonde for exercer o cargo, incluída a hipó- tigo 60-C está revogado desde 2013.
tese de lote edificado sem averbação de construção,
nos doze meses que antecederem a sua nomeação; SEÇÃO II
IV - nenhuma outra pessoa que resida com o servidor DAS GRATIFICAÇÕES E ADICIONAIS
receba auxílio-moradia;
V - o servidor tenha se mudado do local de residência Art. 61. Além do vencimento e das vantagens previstas
LEGISLAÇÃO
para ocupar cargo em comissão ou função de con- nesta Lei, serão deferidos aos servidores as seguintes
fiança do Grupo-Direção e Assessoramento Superi- retribuições, gratificações e adicionais:
ores - DAS, níveis 4, 5 e 6, de Natureza Especial, de I - retribuição pelo exercício de função de direção, che-
Ministro de Estado ou equivalentes; fia e assessoramento;
8
II - gratificação natalina; SUBSEÇÃO IV
IV - adicional pelo exercício de atividades insalubres, DOS ADICIONAIS DE INSALUBRIDADE, PERICU-
perigosas ou penosas; LOSIDADE OU ATIVIDADES PENOSAS
V - adicional pela prestação de serviço extraordinário;
VI - adicional noturno; Art. 68. Os servidores que trabalhem com habituali-
VII - adicional de férias; dade em locais insalubres ou em contato permanente
VIII - outros, relativos ao local ou à natureza do tra- com substâncias tóxicas, radioativas ou com risco de
balho. vida, fazem jus a um adicional sobre o vencimento do
IX - gratificação por encargo de curso ou concurso. cargo efetivo.
§ 1o O servidor que fizer jus aos adicionais de insalu-
Gratificações e adicionais descritos em detalhes na bridade e de periculosidade deverá optar por um deles.
própria legislação, conforme se denota abaixo. § 2o O direito ao adicional de insalubridade ou pericu-
losidade cessa com a eliminação das condições ou dos
SUBSEÇÃO I riscos que deram causa a sua concessão.
DA RETRIBUIÇÃO PELO EXERCÍCIO DE FUNÇÃO
DE DIREÇÃO, CHEFIA E ASSESSORAMENTO Art. 69. Haverá permanente controle da atividade de
servidores em operações ou locais considerados peno-
Art. 62. Ao servidor ocupante de cargo efetivo inves-
sos, insalubres ou perigosos.
tido em função de direção, chefia ou assessoramento,
Parágrafo único. A servidora gestante ou lactante será
cargo de provimento em comissão ou de Natureza Es-
afastada, enquanto durar a gestação e a lactação, das
pecial é devida retribuição pelo seu exercício.
operações e locais previstos neste artigo, exercendo
Parágrafo único. Lei específica estabelecerá a remu-
suas atividades em local salubre e em serviço não
neração dos cargos em comissão de que trata o inciso
penoso e não perigoso.
II do art. 9o.
Art. 70. Na concessão dos adicionais de atividades
Art. 62-A. Fica transformada em Vantagem Pessoal
Nominalmente Identificada - VPNI a incorporação da penosas, de insalubridade e de periculosidade, serão
retribuição pelo exercício de função de direção, chefia observadas as situações estabelecidas em legislação
ou assessoramento, cargo de provimento em comis- específica.
são ou de Natureza Especial a que se referem os arts. Art. 71. O adicional de atividade penosa será devido
3º e 10 da Lei no 8.911, de 11 de julho de 1994, e o art. aos servidores em exercício em zonas de fronteira ou
3o da Lei no 9.624, de 2 de abril de 1998. em localidades cujas condições de vida o justifiquem,
Parágrafo único. A VPNI de que trata o caput deste nos termos, condições e limites fixados em regula-
artigo somente estará sujeita às revisões gerais de re- mento.
muneração dos servidores públicos federais. Art. 72. Os locais de trabalho e os servidores que op-
eram com Raios X ou substâncias radioativas serão
SUBSEÇÃO II mantidos sob controle permanente, de modo que as
DA GRATIFICAÇÃO NATALINA doses de radiação ionizante não ultrapassem o nível
máximo previsto na legislação própria.
Art. 63. A gratificação natalina corresponde a 1/12 Parágrafo único. Os servidores a que se refere este
(um doze avos) da remuneração a que o servidor fizer artigo serão submetidos a exames médicos a cada 6
jus no mês de dezembro, por mês de exercício no re- (seis) meses.
spectivo ano.
Parágrafo único. A fração igual ou superior a 15 SUBSEÇÃO V
(quinze) dias será considerada como mês integral. DO ADICIONAL POR SERVIÇO EXTRAORDINÁ-
RIO
Art. 64. A gratificação será paga até o dia 20 (vinte) do
mês de dezembro de cada ano. Art. 73. O serviço extraordinário será remunerado com
acréscimo de 50% (cinquenta por cento) em relação à
Art. 65. O servidor exonerado perceberá sua gratifi- hora normal de trabalho.
cação natalina, proporcionalmente aos meses de ex-
ercício, calculada sobre a remuneração do mês da Art. 74. Somente será permitido serviço extraordinário
exoneração. para atender a situações excepcionais e temporárias,
respeitado o limite máximo de 2 (duas) horas por jor-
Art. 66. A gratificação natalina não será considerada nada.
para cálculo de qualquer vantagem pecuniária.
SUBSEÇÃO VI
SUBSEÇÃO III DO ADICIONAL NOTURNO
LEGISLAÇÃO
9
acrescido de 25% (vinte e cinco por cento), computan- b) 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento), em se
do-se cada hora como cinquenta e dois minutos e tratando de atividade prevista nos incisos III e IV do
trinta segundos. caput deste artigo.
Parágrafo único. Em se tratando de serviço ex- § 2o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
traordinário, o acréscimo de que trata este artigo in- somente será paga se as atividades referidas nos inci-
cidirá sobre a remuneração prevista no art. 73. sos do caput deste artigo forem exercidas sem prejuízo
das atribuições do cargo de que o servidor for titular,
SUBSEÇÃO VII devendo ser objeto de compensação de carga horária
DO ADICIONAL DE FÉRIAS quando desempenhadas durante a jornada de trabal-
ho, na forma do § 4odo art. 98 desta Lei.
Art. 76. Independentemente de solicitação, será pago § 3o A Gratificação por Encargo de Curso ou Concurso
ao servidor, por ocasião das férias, um adicional cor- não se incorpora ao vencimento ou salário do servidor
respondente a 1/3 (um terço) da remuneração do pe- para qualquer efeito e não poderá ser utilizada como
ríodo das férias. base de cálculo para quaisquer outras vantagens, in-
Parágrafo único. No caso de o servidor exercer função clusive para fins de cálculo dos proventos da aposen-
de direção, chefia ou assessoramento, ou ocupar cargo tadoria e das pensões.
em comissão, a respectiva vantagem será considerada
no cálculo do adicional de que trata este artigo. CAPÍTULO III
DAS FÉRIAS
SUBSEÇÃO VIII
DA GRATIFICAÇÃO POR ENCARGO DE CURSO Art. 77. O servidor fará jus a trinta dias de férias, que
OU CONCURSO podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío-
dos, no caso de necessidade do serviço, ressalvadas as
Art. 76-A. A Gratificação por Encargo de Curso ou hipóteses em que haja legislação específica.
§ 1o Para o primeiro período aquisitivo de férias serão
Concurso é devida ao servidor que, em caráter even-
exigidos 12 (doze) meses de exercício.
tual:
§ 2o É vedado levar à conta de férias qualquer falta ao
I - atuar como instrutor em curso de formação, de
serviço.
desenvolvimento ou de treinamento regularmente in-
§ 3o As férias poderão ser parceladas em até três eta-
stituído no âmbito da administração pública federal;
pas, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
II - participar de banca examinadora ou de comis-
interesse da administração pública.
são para exames orais, para análise curricular, para
É possível impedir que o servidor tire férias por até 2
correção de provas discursivas, para elaboração de períodos se o seu serviço for altamente necessário.
questões de provas ou para julgamento de recursos
intentados por candidatos; Art. 78. O pagamento da remuneração das férias será
III - participar da logística de preparação e de reali- efetuado até 2 (dois) dias antes do início do respectivo
zação de concurso público envolvendo atividades de período, observando-se o disposto no § 1o deste artigo.
planejamento, coordenação, supervisão, execução e §1° e §2°. Revogados.
avaliação de resultado, quando tais atividades não § 3o O servidor exonerado do cargo efetivo, ou em co-
estiverem incluídas entre as suas atribuições perma- missão, perceberá indenização relativa ao período das
nentes; férias a que tiver direito e ao incompleto, na propor-
IV - participar da aplicação, fiscalizar ou avaliar pro- ção de um doze avos por mês de efetivo exercício, ou
vas de exame vestibular ou de concurso público ou su- fração superior a quatorze dias.
pervisionar essas atividades. § 4o A indenização será calculada com base na remu-
§ 1o Os critérios de concessão e os limites da gratifi- neração do mês em que for publicado o ato exoner-
cação de que trata este artigo serão fixados em regu- atório.
lamento, observados os seguintes parâmetros: § 5o Em caso de parcelamento, o servidor receberá o
I - o valor da gratificação será calculado em horas, valor adicional previsto no inciso XVII do art. 7o da
observadas a natureza e a complexidade da atividade Constituição Federal quando da utilização do primeiro
exercida; período.
II - a retribuição não poderá ser superior ao equiva-
lente a 120 (cento e vinte) horas de trabalho anuais, Art. 79. O servidor que opera direta e permanente-
ressalvada situação de excepcionalidade, devidamente mente com Raios X ou substâncias radioativas gozará
justificada e previamente aprovada pela autoridade 20 (vinte) dias consecutivos de férias, por semestre de
máxima do órgão ou entidade, que poderá autorizar o atividade profissional, proibida em qualquer hipótese
acréscimo de até 120 (cento e vinte) horas de trabalho a acumulação.
anuais; Manutenção da saúde do servidor.
III - o valor máximo da hora trabalhada corresponderá
aos seguintes percentuais, incidentes sobre o maior Art. 80. As férias somente poderão ser interrompidas
LEGISLAÇÃO
vencimento básico da administração pública federal: por motivo de calamidade pública, comoção interna,
a) 2,2% (dois inteiros e dois décimos por cento), em se convocação para júri, serviço militar ou eleitoral, ou
tratando de atividades previstas nos incisos I e II do por necessidade do serviço declarada pela autoridade
caput deste artigo; máxima do órgão ou entidade.
10
Parágrafo único. O restante do período interrompido SEÇÃO II
será gozado de uma só vez, observado o disposto no DA LICENÇA POR MOTIVO DE DOENÇA EM PES-
art. 77. SOA DA FAMÍLIA
O direito individual às férias pode ser mitigado pelo Art. 83. Poderá ser concedida licença ao servidor por
direito da coletividade de manutenção da paz e da or- motivo de doença do cônjuge ou companheiro, dos
dem social. pais, dos filhos, do padrasto ou madrasta e enteado,
ou dependente que viva a suas expensas e conste do
seu assentamento funcional, mediante comprovação
#FicaDica por perícia médica oficial.
Vantagens: § 1o A licença somente será deferida se a assistência
- Indenizações (não se incorporam) direta do servidor for indispensável e não puder ser
Ajuda de custo prestada simultaneamente com o exercício do cargo
Diárias ou mediante compensação de horário, na forma do
Transporte disposto no inciso II do art. 44.
Auxílio-moradia § 2o A licença de que trata o caput, incluídas as prorro-
- Gratificações (podem se incorporar) gações, poderá ser concedida a cada período de doze
Por direção, chefia e assessoramento meses nas seguintes condições:
Natalina I - por até 60 (sessenta) dias, consecutivos ou não,
Por Encargo, de curso ou concurso (não se mantida a remuneração do servidor; e
incorpora) II - por até 90 (noventa) dias, consecutivos ou não, sem
- Adicionais (podem se incorporar) remuneração.
Insalubridade § 3o O início do interstício de 12 (doze) meses será
Periculosidade contado a partir da data do deferimento da primeira
Atividades penosas licença concedida.
Serviço extraordinário § 4o A soma das licenças remuneradas e das licen-
Noturno ças não remuneradas, incluídas as respectivas pror-
De férias rogações, concedidas em um mesmo período de
Relativo à natureza ou local de trabalho 12 (doze) meses, observado o disposto no § 3o, não
poderá ultrapassar os limites estabelecidos nos incisos
I e II do § 2o.
CAPÍTULO IV SEÇÃO III
DAS LICENÇAS DA LICENÇA POR MOTIVO DE AFASTAMENTO
DO CÔNJUGE
SEÇÃO I
DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 84. Poderá ser concedida licença ao servidor para
acompanhar cônjuge ou companheiro que foi deslo-
Art. 81. Conceder-se-á ao servidor licença: cado para outro ponto do território nacional, para o
I - por motivo de doença em pessoa da família; exterior ou para o exercício de mandato eletivo dos
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou com- Poderes Executivo e Legislativo.
panheiro; § 1o A licença será por prazo indeterminado e sem re-
III - para o serviço militar; muneração.
IV - para atividade política; § 2o No deslocamento de servidor cujo cônjuge ou
V - para capacitação; companheiro também seja servidor público, civil ou
VI - para tratar de interesses particulares; militar, de qualquer dos Poderes da União, dos Esta-
VII - para desempenho de mandato classista. dos, do Distrito Federal e dos Municípios, poderá haver
Atenção aos motivos que autorizam licença, detalha- exercício provisório em órgão ou entidade da Admin-
dos a seguir na legislação. istração Federal direta, autárquica ou fundacional,
§ 1o A licença prevista no inciso I do caput deste ar- desde que para o exercício de atividade compatível
tigo bem como cada uma de suas prorrogações serão com o seu cargo.
precedidas de exame por perícia médica oficial, obser-
vado o disposto no art. 204 desta Lei. SEÇÃO IV
§ 2.º (Revogado pela Lei n.º 9.527, de 10.12.97) DA LICENÇA PARA O SERVIÇO MILITAR
§ 3o É vedado o exercício de atividade remunerada du-
rante o período da licença prevista no inciso I deste Art. 85. Ao servidor convocado para o serviço militar
artigo. será concedida licença, na forma e condições previstas
na legislação específica.
Art. 82. A licença concedida dentro de 60 (sessenta) Parágrafo único. Concluído o serviço militar, o servidor
LEGISLAÇÃO
dias do término de outra da mesma espécie será con- terá até 30 (trinta) dias sem remuneração para reas-
siderada como prorrogação. sumir o exercício do cargo.
11
SEÇÃO V III - para entidades com mais de 30.000 (trinta mil)
DA LICENÇA PARA ATIVIDADE POLÍTICA associados, 8 (oito) servidores.
§ 1º Somente poderão ser licenciados os servidores
Art. 86. O servidor terá direito a licença, sem remu- eleitos para cargos de direção ou de representação nas
neração, durante o período que mediar entre a sua referidas entidades, desde que cadastradas no órgão
escolha em convenção partidária, como candidato a competente.
cargo eletivo, e a véspera do registro de sua candida- § 2º A licença terá duração igual à do mandato, po-
tura perante a Justiça Eleitoral. dendo ser renovada, no caso de reeleição.
§ 1o O servidor candidato a cargo eletivo na localidade
onde desempenha suas funções e que exerça cargo de #FicaDica
direção, chefia, assessoramento, arrecadação ou fis-
calização, dele será afastado, a partir do dia imediato - Licença por Motivo de Doença em Pessoa
ao do registro de sua candidatura perante a Justiça da Família – justifica-se por problema de
Eleitoral, até o décimo dia seguinte ao do pleito. saúde com um familiar próximo ou depen-
§ 2o A partir do registro da candidatura e até o déci- dente legal. Remunerada.
mo dia seguinte ao da eleição, o servidor fará jus à - Licença por Motivo de Afastamento do
licença, assegurados os vencimentos do cargo efetivo, Cônjuge – justifica-se por mudança do côn-
somente pelo período de três meses. juge de um servidor público de cidade ou
país. Não remunerada.
SEÇÃO VI - Licença para o Serviço Militar – justifica-se
DA LICENÇA PARA CAPACITAÇÃO para o caso de convocação do servidor para
o serviço militar. Não remunerada.
Art. 87. Após cada quinquênio de efetivo exercício, - Licença para Atividade Política – justifica-se
o servidor poderá, no interesse da Administração, para o caso de servidor candidato a cargo
afastar-se do exercício do cargo efetivo, com a respec- político eletivo, sendo obrigatório entre o
tiva remuneração, por até três meses, para participar
dia da candidatura e dez dias após as elei-
de curso de capacitação profissional.
ções. Não remunerada.
Parágrafo único. Os períodos de licença de que trata
- Licença para Capacitação – justifica-se para
o caput não são acumuláveis.
o aperfeiçoamento profissional do servidor.
Remunerada.
Art. 90. (Vetado)
- Licença Para Tratar Interesses Particulares
SEÇÃO VII
DA LICENÇA PARA TRATAR DE INTERESSES PAR- – dispensa justificativa, basta a vontade do
TICULARES servidor. Não remunerada.
- Licença para Desempenho de Mandato
Art. 91. A critério da Administração, poderão ser con- Classista – justifica-se para o caso de con-
cedidas ao servidor ocupante de cargo efetivo, desde vocação do servidor como responsável por
que não esteja em estágio probatório, licenças para o gerir ou representar em tempo integral enti-
trato de assuntos particulares pelo prazo de até três dade de classe. Não remunerada.
anos consecutivos, sem remuneração. - Licença para Tratamento de Saúde – jus-
Parágrafo único. A licença poderá ser interrompida, a tifica-se por doença do servidor, sendo ne-
qualquer tempo, a pedido do servidor ou no interesse cessário o afastamento para tratamento. Re-
do serviço. munerada.
- Licença-Gestante ou Adotante – justifica-
SEÇÃO VIII -se por maternidade, biológica ou adotada.
DA LICENÇA PARA O DESEMPENHO DE MANDA- Remunerada.
TO CLASSISTA - Licença-Paternidade – justifica-se por pater-
nidade, biológica ou adotada. Remunerada.
Art. 92. É assegurado ao servidor o direito à licença
sem remuneração para o desempenho de mandato
em confederação, federação, associação de classe de CAPÍTULO V
âmbito nacional, sindicato representativo da catego- DOS AFASTAMENTOS
ria ou entidade fiscalizadora da profissão ou, ainda,
para participar de gerência ou administração em so- SEÇÃO I
ciedade cooperativa constituída por servidores públi- DO AFASTAMENTO PARA SERVIR A OUTRO ÓR-
cos para prestar serviços a seus membros, observado GÃO OU ENTIDADE
o disposto na alínea c do inciso VIII do art. 102 desta
Lei, conforme disposto em regulamento e observados Art. 93. O servidor poderá ser cedido para ter exercício
os seguintes limites: em outro órgão ou entidade dos Poderes da União,
LEGISLAÇÃO
I - para entidades com até 5.000 (cinco mil) associa- dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios ou em
dos, 2 (dois) servidores; serviço social autônomo instituído pela União que ex-
II - para entidades com 5.001 (cinco mil e um) a 30.000 erça atividades de cooperação com a administração
(trinta mil) associados, 4 (quatro) servidores; pública federal, nas seguintes hipóteses:
12
I - para exercício de cargo em comissão ou função de § 1o No caso de afastamento do cargo, o servidor con-
confiança; tribuirá para a seguridade social como se em exercício
II - em casos previstos em leis específicas. estivesse.
§ 1º Na hipótese do inciso I, sendo a cessão para § 2o O servidor investido em mandato eletivo ou clas-
órgãos ou entidades dos Estados, do Distrito Federal sista não poderá ser removido ou redistribuído de
ou dos Municípios, o ônus da remuneração será do ofício para localidade diversa daquela onde exerce o
órgão ou entidade cessionária, mantido o ônus para o mandato.
cedente nos demais casos.
§ 2º Na hipótese de o servidor cedido a empresa SEÇÃO III
pública ou sociedade de economia mista, nos termos DO AFASTAMENTO PARA ESTUDO OU MISSÃO
das respectivas normas, optar pela remuneração do NO EXTERIOR
cargo efetivo ou pela remuneração do cargo efetivo
acrescida de percentual da retribuição do cargo em Art. 95. O servidor não poderá ausentar-se do País
comissão, a entidade cessionária efetuará o reembol- para estudo ou missão oficial, sem autorização do
so das despesas realizadas pelo órgão ou entidade de Presidente da República, Presidente dos Órgãos do
origem. Poder Legislativo e Presidente do Supremo Tribunal
§ 3o A cessão far-se-á mediante Portaria publicada no Federal.
Diário Oficial da União. § 1o A ausência não excederá a 4 (quatro) anos, e finda
§ 4o Mediante autorização expressa do Presidente da a missão ou estudo, somente decorrido igual período,
República, o servidor do Poder Executivo poderá ter será permitida nova ausência.
exercício em outro órgão da Administração Federal § 2o Ao servidor beneficiado pelo disposto neste artigo
direta que não tenha quadro próprio de pessoal, para não será concedida exoneração ou licença para tra-
fim determinado e a prazo certo. tar de interesse particular antes de decorrido período
§ 5° Aplica-se à União, em se tratando de empregado igual ao do afastamento, ressalvada a hipótese de res-
ou servidor por ela requisitado, as disposições dos §§ sarcimento da despesa havida com seu afastamento.
1º e 2º deste artigo. § 3o O disposto neste artigo não se aplica aos servi-
§ 6° As cessões de empregados de empresa pública ou dores da carreira diplomática.
de sociedade de economia mista, que receba recursos § 4o As hipóteses, condições e formas para a autor-
de Tesouro Nacional para o custeio total ou parcial da ização de que trata este artigo, inclusive no que se
sua folha de pagamento de pessoal, independem das refere à remuneração do servidor, serão disciplinadas
disposições contidas nos incisos I e II e §§ 1º e 2º deste em regulamento.
artigo, ficando o exercício do empregado cedido con-
dicionado a autorização específica do Ministério do Art. 96. O afastamento de servidor para servir em or-
Planejamento, Orçamento e Gestão, exceto nos casos ganismo internacional de que o Brasil participe ou
de ocupação de cargo em comissão ou função grati- com o qual coopere dar-se-á com perda total da re-
ficada. muneração.
§ 7° O Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, com a finalidade de promover a composição SEÇÃO IV
da força de trabalho dos órgãos e entidades da Ad- DO AFASTAMENTO PARA PARTICIPAÇÃO EM
ministração Pública Federal, poderá determinar a lo- PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO
tação ou o exercício de empregado ou servidor, inde- SENSU NO PAÍS
pendentemente da observância do constante no inciso
I e nos §§ 1° e 2° deste artigo. Art. 96-A. O servidor poderá, no interesse da Adminis-
tração, e desde que a participação não possa ocorrer
SEÇÃO II simultaneamente com o exercício do cargo ou medi-
DO AFASTAMENTO PARA EXERCÍCIO DE MAN- ante compensação de horário, afastar-se do exercício
DATO ELETIVO do cargo efetivo, com a respectiva remuneração, para
participar em programa de pós-graduação stricto sen-
Art. 94. Ao servidor investido em mandato eletivo apli- su em instituição de ensino superior no País.
cam-se as seguintes disposições: § 1o Ato do dirigente máximo do órgão ou entidade
I - tratando-se de mandato federal, estadual ou distri- definirá, em conformidade com a legislação vigente,
tal, ficará afastado do cargo; os programas de capacitação e os critérios para par-
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado ticipação em programas de pós-graduação no País,
do cargo, sendo-lhe facultado optar pela sua remu- com ou sem afastamento do servidor, que serão avali-
neração; ados por um comitê constituído para este fim.
III - investido no mandato de vereador: § 2o Os afastamentos para realização de programas de
a) havendo compatibilidade de horário, perceberá as mestrado e doutorado somente serão concedidos aos
vantagens de seu cargo, sem prejuízo da remuneração servidores titulares de cargos efetivos no respectivo
LEGISLAÇÃO
13
lares para gozo de licença capacitação ou com funda- § 4o Será igualmente concedido horário especial, vin-
mento neste artigo nos 2 (dois) anos anteriores à data culado à compensação de horário a ser efetivada no
da solicitação de afastamento. prazo de até 1 (um) ano, ao servidor que desempenhe
§ 3o Os afastamentos para realização de programas de atividade prevista nos incisos I e II do caput do art.
pós-doutorado somente serão concedidos aos servi- 76-A desta Lei.
dores titulares de cargos efetivo no respectivo órgão
ou entidade há pelo menos quatro anos, incluído o Art. 99. Ao servidor estudante que mudar de sede no
período de estágio probatório, e que não tenham se interesse da administração é assegurada, na locali-
afastado por licença para tratar de assuntos particu- dade da nova residência ou na mais próxima, matrícu-
lares ou com fundamento neste artigo, nos quatro la em instituição de ensino congênere, em qualquer
anos anteriores à data da solicitação de afastamento. época, independentemente de vaga.
§ 4o Os servidores beneficiados pelos afastamentos Parágrafo único. O disposto neste artigo estende-se ao
previstos nos §§ 1o, 2o e 3o deste artigo terão que per- cônjuge ou companheiro, aos filhos, ou enteados do
manecer no exercício de suas funções após o seu re- servidor que vivam na sua companhia, bem como aos
torno por um período igual ao do afastamento con- menores sob sua guarda, com autorização judicial.
cedido.
§ 5o Caso o servidor venha a solicitar exoneração do CAPÍTULO VII
cargo ou aposentadoria, antes de cumprido o período DO TEMPO DE SERVIÇO
de permanência previsto no § 4o deste artigo, deverá
ressarcir o órgão ou entidade, na forma do art. 47 da Art. 100. É contado para todos os efeitos o tempo de
Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, dos gastos serviço público federal, inclusive o prestado às Forças
com seu aperfeiçoamento. Armadas.
§ 6o Caso o servidor não obtenha o título ou grau que
justificou seu afastamento no período previsto, aplica- Art. 101. A apuração do tempo de serviço será feita
se o disposto no § 5o deste artigo, salvo na hipótese em dias, que serão convertidos em anos, considerado
comprovada de força maior ou de caso fortuito, a cri- o ano como de trezentos e sessenta e cinco dias.
tério do dirigente máximo do órgão ou entidade.
§ 7o Aplica-se à participação em programa de pós- Art. 102. Além das ausências ao serviço previstas no
graduação no Exterior, autorizado nos termos do art. art. 97, são considerados como de efetivo exercício os
95 desta Lei, o disposto nos §§ 1o a 6o deste artigo. afastamentos em virtude de:
I - férias;
CAPÍTULO VI II - exercício de cargo em comissão ou equivalente, em
DAS CONCESSÕES órgão ou entidade dos Poderes da União, dos Estados,
Municípios e Distrito Federal;
Art. 97. Sem qualquer prejuízo, poderá o servidor aus- III - exercício de cargo ou função de governo ou ad-
entar-se do serviço: ministração, em qualquer parte do território nacional,
I - por 1 (um) dia, para doação de sangue; por nomeação do Presidente da República;
II - pelo período comprovadamente necessário para IV - participação em programa de treinamento regu-
alistamento ou recadastramento eleitoral, limitado, larmente instituído ou em programa de pós-gradu-
em qualquer caso, a dois dias; e (Redação dada pela ação stricto sensu no País, conforme dispuser o regu-
Medida Provisória nº 632, de 2013) lamento;
III - por 8 (oito) dias consecutivos em razão de : V - desempenho de mandato eletivo federal, estadual,
a) casamento; municipal ou do Distrito Federal, exceto para pro-
b) falecimento do cônjuge, companheiro, pais, ma- moção por merecimento;
drasta ou padrasto, filhos, enteados, menor sob guar- VI - júri e outros serviços obrigatórios por lei;
da ou tutela e irmãos. VII - missão ou estudo no exterior, quando autorizado
o afastamento, conforme dispuser o regulamento;
Art. 98. Será concedido horário especial ao servidor VIII - licença:
estudante, quando comprovada a incompatibilidade a) à gestante, à adotante e à paternidade;
entre o horário escolar e o da repartição, sem prejuízo b) para tratamento da própria saúde, até o limite de
do exercício do cargo. vinte e quatro meses, cumulativo ao longo do tem-
§ 1o Para efeito do disposto neste artigo, será exigida po de serviço público prestado à União, em cargo de
a compensação de horário no órgão ou entidade que provimento efetivo;
tiver exercício, respeitada a duração semanal do tra- c) para o desempenho de mandato classista ou par-
balho. ticipação de gerência ou administração em sociedade
§ 2o Também será concedido horário especial ao servi- cooperativa constituída por servidores para prestar
dor portador de deficiência, quando comprovada a serviços a seus membros, exceto para efeito de pro-
necessidade por junta médica oficial, independente- moção por merecimento;
LEGISLAÇÃO
14
f) por convocação para o serviço militar; II - das decisões sobre os recursos sucessivamente in-
IX - deslocamento para a nova sede de que trata o terpostos.
art. 18; § 1o O recurso será dirigido à autoridade imediata-
X - participação em competição desportiva nacional mente superior à que tiver expedido o ato ou proferido
ou convocação para integrar representação desportiva a decisão, e, sucessivamente, em escala ascendente, às
nacional, no País ou no exterior, conforme disposto em demais autoridades.
lei específica; § 2o O recurso será encaminhado por intermédio da
XI - afastamento para servir em organismo internac- autoridade a que estiver imediatamente subordinado
ional de que o Brasil participe ou com o qual coopere. o requerente.
Art. 103. Contar-se-á apenas para efeito de aposenta- Art. 108. O prazo para interposição de pedido de re-
doria e disponibilidade: consideração ou de recurso é de 30 (trinta) dias, a con-
I - o tempo de serviço público prestado aos Estados, tar da publicação ou da ciência, pelo interessado, da
Municípios e Distrito Federal; decisão recorrida.
II - a licença para tratamento de saúde de pessoal da
família do servidor, com remuneração, que exceder a Art. 109. O recurso poderá ser recebido com efeito sus-
30 (trinta) dias em período de 12 (doze) meses. pensivo, a juízo da autoridade competente.
III - a licença para atividade política, no caso do art. Parágrafo único. Em caso de provimento do pedido
86, § 2o; de reconsideração ou do recurso, os efeitos da decisão
IV - o tempo correspondente ao desempenho de man- retroagirão à data do ato impugnado.
dato eletivo federal, estadual, municipal ou distrital,
anterior ao ingresso no serviço público federal; Art. 110. O direito de requerer prescreve:
V - o tempo de serviço em atividade privada, vincu- I - em 5 (cinco) anos, quanto aos atos de demissão
lada à Previdência Social; e de cassação de aposentadoria ou disponibilidade,
VI - o tempo de serviço relativo a tiro de guerra; ou que afetem interesse patrimonial e créditos result-
VII - o tempo de licença para tratamento da própria antes das relações de trabalho;
saúde que exceder o prazo a que se refere a alínea “b” II - em 120 (cento e vinte) dias, nos demais casos, salvo
do inciso VIII do art. 102. quando outro prazo for fixado em lei.
§ 1o O tempo em que o servidor esteve aposentado Parágrafo único. O prazo de prescrição será contado
será contado apenas para nova aposentadoria. da data da publicação do ato impugnado ou da data
§ 2o Será contado em dobro o tempo de serviço pre- da ciência pelo interessado, quando o ato não for pub-
stado às Forças Armadas em operações de guerra. licado.
§ 3o É vedada a contagem cumulativa de tempo de
serviço prestado concomitantemente em mais de um Art. 111. O pedido de reconsideração e o recurso,
cargo ou função de órgão ou entidades dos Poderes quando cabíveis, interrompem a prescrição.
da União, Estado, Distrito Federal e Município, autar-
quia, fundação pública, sociedade de economia mista Art. 112. A prescrição é de ordem pública, não poden-
e empresa pública. do ser relevada pela administração.
15
Administração: a) para acompanhar cônjuge ou com-
panheiro, também servidor público civil ou militar, de
EXERCÍCIO COMENTADO qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios, que foi deslocado no
1. (EBSERH - Analista Administrativo - Administração interesse da Administração; b) por motivo de saúde
- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao re- do servidor, cônjuge, companheiro ou dependente
gime dos servidores públicos federais e à ética no serviço que viva às suas expensas e conste do seu assenta-
público. mento funcional, condicionada à comprovação por
Em caso de licença por motivo de doença de enteado junta médica oficial; c) em virtude de processo seletivo
de servidor público em estágio probatório, este ficará promovido, na hipótese em que o número de inter-
suspenso, sendo retomado ao término do período da li- essados for superior ao número de vagas, de acordo
cença. com normas preestabelecidas pelo órgão ou entidade
em que aqueles estejam lotados”.
( ) CERTO ( ) ERRADO Do Regime Disciplinar
Resposta: Certo. Observe a disciplina da Lei nº
8.112/1990, artigo 20, § 5o: “O estágio probatório fi- TÍTULO IV
cará suspenso durante as licenças e os afastamentos DO REGIME DISCIPLINAR
previstos nos arts. 83, 84, § 1o, 86 e 96, bem assim
na hipótese de participação em curso de formação, e O regime disciplinar do servidor público civil federal
será retomado a partir do término do impedimento”. está estabelecido basicamente de duas maneiras: deveres
Neste sentido, o artigo 83 da lei regula: “Poderá ser e proibições. Ontologicamente, são a mesma coisa: am-
concedida licença ao servidor por motivo de doença bos deveres e proibições são normas protetivas da boa
do cônjuge ou companheiro, dos pais, dos filhos, do Administração. Nas duas hipóteses, violado o preceito,
padrasto ou madrasta e enteado, ou dependente que cabível é uma punição. Deve-se notar, porém, que os de-
viva a suas expensas e conste do seu assentamento veres constam da lei como ações, como conduta positiva;
funcional, mediante comprovação por perícia médica as proibições, ao contrário, são descritas como condutas
oficial”. vedadas ao servidor, de modo que ele deve abster-se de
praticá-las. Os deveres estão inscritos no artigo 116, não
2. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) de modo exaustivo, porque o servidor deve obediência a
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos feder- todas as normas legais ou infralegais, e o próprio inciso
ais, julgue o item a seguir. III do referido dispositivo é, de certa maneira, uma norma
Além do vencimento, poderão ser pagas ao servidor as disciplinar em branco4.
seguintes vantagens: indenizações, gratificações e adi- “Estes dispositivos preveem, basicamente, um con-
cionais, incorporando-se as duas últimas ao vencimento junto de normas de conduta e de proibições impostas
ou provento, nas condições indicadas em lei. pela lei aos servidores por ela abrangidos, tendo em
vista a prevenção, a apuração e a possível punição de
( ) CERTO ( ) ERRADO atos e omissões que possam por em risco o funciona-
mento adequado da administração pública, do posto de
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 49, caput e § 1o, vista ético, do ponto de vista da eficiência e do ponto
Lei nº 8.112/1990: “Além do vencimento, poderão ser de vista da legalidade. Decorrem, estes dispositivos, do
pagas ao servidor as seguintes vantagens: I - indeni- denominado Poder Disciplinar que é aquele conferido à
zações; II - gratificações; III - adicionais. § 1o As indeni- Administração com o objetivo de manter sua disciplina
zações não se incorporam ao vencimento ou provento interna, na medida em que lhe atribui instrumentos para
para qualquer efeito”. punir seus servidores (e também àqueles que estejam a
ela vinculados por um instrumento jurídico determinado
3. (STM - Analista Judiciário - Área Judiciária - - particulares contratados pela Administração). [...]“O dis-
CESPE/2018) Acerca das regras aplicáveis aos servidores posto no Título IV da lei nº 8.112/90 prevê basicamente
públicos do Poder Judiciário, e considerando o que dis- um conjunto de obrigações impostas aos servidores por
põe a Lei nº 8.112/1990 e a Lei nº 11.416/2006, julgue o ela regidos. Tais obrigações, ora positivas (os denomina-
item a seguir. dos Deveres – art. 116), ora negativas (as denominadas
Proibições – art. 117) uma vez inadimplidas ensejam sua
A legislação que dispõe sobre o regime estatutário prevê
imediata apuração (art. 143) e uma vez comprovadas im-
a possibilidade de o servidor público, em determinadas
portam na responsabilização administrativa, a desafiar,
hipóteses, pedir remoção para outra localidade, inde-
então, a aplicação de uma das sanções administrativas
pendentemente do interesse da administração pública.
(art. 127). Não é por outra razão que o art. 124 declara
que a responsabilidade administrativa resulta da prática
( ) CERTO ( ) ERRADO
de ato omissivo (quando o servidor deixa de cumprir os
deveres a ele impostos) ou comissivo (quando viola proi-
Resposta: Certo. Disciplina o artigo 36, III, Lei nº bição) praticado no desempenho do cargo ou função”5.
LEGISLAÇÃO
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CAPÍTULO I III - observar as normas legais e regulamentares;
DOS DEVERES “A função desta norma é de não deixar sem resposta
qualquer que seja a irregularidade cometida. Daí a neces-
Art. 116. São deveres do servidor: sária correlação nesses casos que temos de fazer do art.
Os deveres do servidor previstos na Lei n° 8.112/90 116, inciso III, com a norma violada, e já prevista em outra
são em muito compatíveis com os previstos no Código lei, decreto, instrução, ordem de serviço ou portaria”.
de Ética profissional do Servidor Público Civil do Poder
Executivo Federal (Decreto n° 1.171/94). Descrevem algu- IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando
mas das condutas esperadas do servidor público quando manifestamente ilegais;
do desempenho de suas funções. Em resumo, o servi- “O servidor integra a estrutura organizacional do ór-
dor público deve desempenhar suas funções com cuida- gão em que presta suas atribuições funcionais. O Estado
do, rapidez e pontualidade, sendo leal à instituição que se movimenta através dos seus diversos órgãos. Dentro
compõe, respeitando as ordens de seus superiores que dos órgãos públicos, há um escalonamento de cargos e
sejam adequadas às funções que desempenhe e buscan- funções que servem ao cumprimento da vontade do ente
do conservar o patrimônio do Estado. No tratamento do estatal. Este escalonamento, posto em movimento, é o
público, deve ser prestativo e não negar o acesso a infor- que vimos até agora chamando de hierarquia. A hierar-
mações que não sejam sigilosas. Caso presencie alguma quia existe para que do alto escalão até a prática dos
ilegalidade ou abuso de poder, deve denunciar. Tomam- administrados as coisas funcionem. Disso decorre que
-se como base os ensinamentos de Lima6 a respeito des- quando é emitida uma ordem para o servidor subordi-
tes deveres: nado, este deve dar cumprimento ao comando. Porém
quando a ordem é visivelmente ilegal, arbitrária, incons-
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do titucional ou absurda, o servidor não é obrigado a dar
cargo; seguimento ao que lhe é ordenado. Quando a ordem é
“O primeiro dos deveres insculpidos no regime esta- manifestamente ilegal? Há uma margem de interpreta-
tutário é o dever de zelo. O zelo diz respeito às atribui- ção, principalmente se o servidor subordinado não tiver
ções funcionais e também ao cuidado com a economia nenhuma formação de ordem jurídica. Logo, é o bom
do material, os bens da repartição e o patrimônio públi- senso que irá margear o que é flagrantemente incons-
co. Sob o prisma da disciplina e da conservação dos bens titucional”.
e materiais da repartição, o servidor deve sempre agir
com dedicação no desempenho das funções do cargo V - atender com presteza:
que ocupa, e que lhe foram atribuídas desde o termo de a) ao público em geral, prestando as informações req-
posse. O servidor não é o dono do cargo. Dono do car- ueridas, ressalvadas as protegidas por sigilo;
go é o Estado que o remunera. Se o referido cargo não b) à expedição de certidões requeridas para defesa
lhe pertence, o servidor deve exercer suas funções com de direito ou esclarecimento de situações de interesse
o máximo de zelo que estiver ao seu alcance. Sua even- pessoal;
tual menor capacidade de desempenho, para não con- c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública.
figurar desídia ou insuficiência de desempenho, deverá
ser compensada com um maior esforço e dedicação de “Este dever foi insculpido na lei para que o servidor
sua parte. Se um servidor altamente preparado e capaz, público trabalhe diuturnamente no sentido de desfazer a
vem a praticar atos que configurem desídia ou mesmo imagem desagradável que o mesmo possui perante a so-
falta mais grave, poderá vir a ser punido. Porque o que ciedade. Exige-se que atue com presteza no atendimen-
se julgará não é a pessoa do servidor, mas a conduta a to a informações solicitadas pela Fazenda Pública. Esta
ele imputável. O zelo não deve se limitar apenas às atri- engloba o fisco federal, estadual, municipal e distrital. O
buições específicas de sua atividade. O servidor deve ter servidor público tem que ser expedito, diligente, laborio-
zelo não somente com os bens e interesses imateriais (a so. Não há mais lugar para o burocrata que se afasta do
imagem, os símbolos, a moralidade, a pontualidade, o administrado, dificultando a vida de quem necessita de
sigilo, a hierarquia) como também para com os bens e atendimento rápido e escorreito. Entretanto, há um lon-
interesses patrimoniais do Estado”. go caminho a ser percorrido até que se atinja um mínimo
ideal de atendimento e de funcionamento dos órgãos
II - ser leal às instituições a que servir; públicos, o que deve necessariamente passar por crité-
“O servidor que cumprir todos os deveres e normas rios de valorização dos servidores bons e de treinamento
administrativas já positivadas, consequentemente, é leal à e qualificação permanente dos quadros de pessoal”.
instituição que lhe remunera. Sob o prisma constitucional
é que devemos entender a norma hoje. Sendo assim, o VI - levar as irregularidades de que tiver ciência em
dever de lealdade está inserido no Estatuto como norma razão do cargo ao conhecimento da autoridade su-
programática, orientadora da conduta dos servidores”. perior ou, quando houver suspeita de envolvimento
desta, ao conhecimento de outra autoridade compe-
tente para apuração;
LEGISLAÇÃO
17
tema hierárquico. Supõe-se que os titulares das chefias deve se comportar em seus atos de maneira proba, es-
ou divisões detêm um conhecimento maior de como cor- correita, séria, não atuando com intenções escusas e des-
rigir o erro ou comunicar aos órgãos de controle para a virtuadas. Seu poder-dever não pode ser utilizado, por
devida apuração. De nada adiantaria o servidor, ciente de exemplo, para satisfação de interesses menores, como
um ato irregular, ir comunicar ao público ou a terceiros. realizar a prática de determinado ato para beneficiar uma
Além do dever de sigilo, há assuntos que exigem certas amante ou um parente. Se o agente viola o dever de agir
reservas, visando ao bem do serviço público, da seguran- com comportamento incompatível com a moralidade
ça nacional e mesmo da sociedade”. administrativa, poderá estar sujeito a sanção disciplinar.
VII - zelar pela economia do material e a conservação Seu ato ímprobo ou imoral configura o chamado des-
do patrimônio público; vio de poder, que é totalmente abominável no Direito
“Esse deve é basilar. Se o agente não zelar pela eco- Administrativo e poderá ser anulado interna corporis ou
nomia e pela conservação dos bens públicos presta um judicialmente através da ação popular, ação de ressarci-
desserviço à nação que lhe remunera. E como se verá mento ao erário e ação civil pública se o ato violar direito
adiante poderá ser causa inclusive de demissão, se não coletivo ou transindividual”.
cumprir o presente dever, quando por descumprimento
dele a gravidade do fato implicar a infração a normas X - ser assíduo e pontual ao serviço;
mais graves”. “Dois conceitos diferentes, porém parecidos. Ser assí-
duo significa ser presente dentro do horário do expedien-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; te. O oposto do assíduo é o ausente, o faltoso. Pontual é
“O agente público deve guardar sigilo sobre o que se aquele servidor que não atrasa seus compromissos. É o
passa na repartição, principalmente quanto aos assun- que comparece no horário para as reuniões de trabalho
tos oficiais. Pela Lei nº 12.527, de 18 de novembro de e demais atividades relacionadas com o exercício do car-
2011, hoje está regulamentado o acesso às informações. go que ocupa. Embora sejam conceitos diferentes, aqui
Porém, o servidor deve ter cuidado, pois até mesmo o o dever violado, seja por impontualidade, seja por inassi-
fornecimento ou divulgação das informações exigem um duidade (que ainda não aquela inassiduidade habitual de
procedimento. Maior cuidado há que se ter, quando a 60 dias ensejadora de demissão), merece reprimenda de
informação possa expor a intimidade da pessoa huma- advertência, com fins educativos e de correção do ser-
na. As informações pessoais dos administrados em geral vidor”.
devem ser tratadas forma transparente e com respeito à
intimidade, à vida privada, à honra e à imagem das pes-
XI - tratar com urbanidade as pessoas;
soas, bem como às liberdades e garantias individuais, se-
“No mundo moderno, e máxime em nossa civilização
gundo o artigo 31, da Lei nº 21.527, 2011. A exceção para
ocidental, o trato tem que ser o mais urbano possível. Ur-
o sigilo existe, pois, não devemos tratar a questão em
bano, nessa acepção, não quer dizer citadino ou oriundo
termos de cláusula jurídica de caráter absoluto, poden-
da urbe (cidade), mas, sim, educado, civilizado, cordato e
do ter autorizada a divulgação ou o acesso por tercei-
que não possa criar embaraços aos usuários dos serviços
ros quando haja previsão legal. Outra exceção é quando
há o consentimento expresso da pessoa a que elas se públicos”.
referirem. No caso de cumprimento de ordem judicial, XII - representar contra ilegalidade, omissão ou abuso
para a defesa de direitos humanos, e quando a prote- de poder.
ção do interesse público e geral preponderante o exigir, Parágrafo único. A representação de que trata o inci-
também devem ser fornecidas as informações. Portan- so XII será encaminhada pela via hierárquica e apreciada
to, o servidor há que ter reserva no seu comportamento pela autoridade superior àquela contra a qual é for-
e fala, esquivando-se de revelar o conteúdo do que se mulada, assegurando-se ao representando ampla defesa.
passa no seu trabalho. Se o assunto pululante é uma ir- Caso o funcionário público denuncie outro servidor,
regularidade absurda, deve então reduzir a escrito e re- esta representação será encaminhada a alguém que seja
presentar para que se apure o caso. Deveriam diminuir superior hierarquicamente ao denunciado, que terá direi-
as conversas de corredor e se efetivar a apuração dos to à ampla defesa.
fatos através do processo administrativo disciplinar. Os “O servidor tem obrigação legal de dar conhecimento
assuntos objeto do serviço merecem reserva. Devem ficar às autoridades de qualquer irregularidade de que tiver
circunscritos aos servidores designados para o respectivo ciência em razão do cargo, principalmente no processo
trabalho interno, não devendo sair da seção ou setor de em que está atuando ou quando o fato aconteceu sob as
trabalho, sem o trâmite hierárquico do chefe imediato. Se suas vistas. Não é concebível que o servidor se defron-
o assunto ou o trabalho, enfim, merecer divulgação mais te com uma irregularidade administrativa e fique inerte.
ampla, deve ser contatado o órgão de assessoria de co- Deve provocar quem de direito para que a irregularidade
municação social, que saberá proceder de forma oficial, seja sanada de imediato. Caso haja indiferença no seu
obedecendo ao bom senso e às leis vigentes”. círculo de atuação, i.e., no seu setor ou seção, deverá re-
presentar aos órgãos superiores. Assim é que o dever de
IX - manter conduta compatível com a moralidade ad- informar acerca de irregularidades anda de braço dado
ministrativa; com o dever de representar. Não surtindo efeito a notí-
LEGISLAÇÃO
18
em um curador legal do ente público. O mais humilde Quem é designado para o desempenho de uma fun-
servidor passa a ser um agente promotor de legalidade. ção pública deve desempenhá-la, não podendo designar
É claro o inciso XII do art. 116 quando diz que é dever outra pessoa para prestar seus serviços ou de seu subor-
do servidor “representar contra ilegalidade, omissão ou dinado.
abuso de poder”. De modo que também a omissão pode
ensejar a representação. A omissão do agente que ile- VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
galmente não pratica ato a que se acha vinculado pode filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou a
até configurar o ilícito penal de prevaricação. O dever de partido político;
representação deve ser privilegiado, mas deve ser usado O direito de associação é livre, não podendo um fun-
com o devido equilíbrio, não podendo servir a finalida- cionário forçar o seu subordinado a associar-se sindical
des egoísticas, político-partidárias, induzido por inimiza- ou politicamente.
des de cunho pessoal, o que de pronto trespassará o re-
presentante de autor a réu por prática de abuso de poder VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo ou
ou denunciação caluniosa”. função de confiança, cônjuge, companheiro ou parente
até o segundo grau civil;
Capítulo II
Das Proibições É a chamada prática de nepotismo. Do latim nepos,
neto ou descendente, é o termo utilizado para designar
Art. 117. Ao servidor é proibido: o favorecimento de parentes (ou amigos próximos) em
Em contraposição aos deveres do servidor público, detrimento de pessoas mais qualificadas, especialmente
existem diversas proibições, que também estão em boa no que diz respeito à nomeação ou elevação de cargos.
parte abrangidas pelo Decreto n° 1.171/94. A violação O Decreto nº 7.203, de 4 de junho de 2010 dispõe sobre
dos deveres ou a prática de alguma das violações abaixo a vedação do nepotismo no âmbito da administração pú-
descritas caracterizam infração administrativa disciplinar. blica federal.
“Nas Proibições – art. 117, constata-se, desde logo, Súmula Vinculante nº 13: “A nomeação de cônjuge,
sua objetividade e taxatividade, o que veda sua amplia- companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por
ção e o uso de interpretações analógicas ou sistemáticas
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade
visto serem condutas restritivas de direitos, sujeitas, por-
nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica, in-
tanto, ao princípio da reserva legal. O descumprimento
vestido em cargo de direção, chefia ou assessoramento,
dessas proibições podem inclusive, ensejar o enquadra-
para o exercício de cargo em comissão ou de confiança,
mento penal do servidor, pois muitas das condutas ali
ou, ainda, de função gratificada na Administração Pública
descritas, configuram prática de delito penal”7.
direta e indireta, em qualquer dos Poderes da União, dos
I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
Estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreen-
prévia autorização do chefe imediato;
Violação do dever de assiduidade. dido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a
Constituição Federal.” Obs.: se o concurso pedir pelo en-
II - retirar, sem prévia anuência da autoridade com- tendimento jurisprudencial, vá pela súmula, mas se não
petente, qualquer documento ou objeto da repartição; mencionar nada se atenha ao texto da lei, visto que há
Violação do dever de zelo com o patrimônio público. pequenas variações entre o texto da súmula e o da lei.
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administração da sociedade particular em concomitância I - participação nos conselhos de administração e fis-
com a pretensa carga horária da repartição pública, deve cal de empresas ou entidades em que a União deten-
ser aplicada a penalidade de demissão. ha, direta ou indiretamente, participação no capital
social ou em sociedade cooperativa constituída para
XI - atuar, como procurador ou intermediário, junto a prestar serviços a seus membros; e
repartições públicas, salvo quando se tratar de benefí- II - gozo de licença para o trato de interesses particu-
cios previdenciários ou assistenciais de parentes até o lares, na forma do art. 91 desta Lei, observada a legis-
segundo grau, e de cônjuge ou companheiro; lação sobre conflito de interesses.
Não cabe atuar como procurador perante repartições Nestes casos, é possível participar diretamente da ad-
públicas de forma profissional. Daí a limitação à atuação ministração de sociedade privada, pois o interesse estatal
como representante de parente até segundo grau (ir- não será comprometido.
mãos, ascendentes e descendentes, cônjuges e compa-
nheiros).
#FicaDica
XII - receber propina, comissão, presente ou vantagem
de qualquer espécie, em razão de suas atribuições; Proibições puníveis com demissão:
A percepção de vantagem indevida gerando enrique- - Utilizar recursos pessoais e materiais para
cimento ilícito também caracteriza ato de improbidade atividades particulares;
administrativa de maior gravidade, bem como crime de - Valer-se do cargo para lograr proveito pes-
corrupção passiva. soal;
- Proceder de forma desidiosa;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de estado - Praticar usura;
estrangeiro; - Aceitar comissão, emprego, pensão de Es-
Trata-se de indício da intenção de praticar atos con- tado estrangeiro;
trários ao interesse do Estado ao qual esteja vinculado. - Receber propina, comissão, presente ou
qualquer outra vantagem;
XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas; - Atuar como procurador ou intermediário
Usura significa agiotagem, que é o empréstimo de di- (salvo benefício ou assistência previdenci-
nheiro a particulares obtendo juros abusivos em troca. As ária de cônjuge, companheiro ou paciente
atividades de empréstimo somente podem ser desempe- até 2o grau);
nhadas com fim lucrativo por instituições credenciadas. - Participar de sociedade privada (gerência/
administração, personificada/não) ou co-
XV - proceder de forma desidiosa; mércio (salvo acionista, cotista ou coman-
Desídia é desleixo, descuido, preguiça, indolência. ditário).
XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da repar-
tição em serviços ou atividades particulares;
O aparato da administração pública pertence ao Es- CAPÍTULO III
tado, não cabendo ao servidor utilizá-lo em atividades DA ACUMULAÇÃO
particulares.
Art. 118. Ressalvados os casos previstos na Constitu-
XVII - cometer a outro servidor atribuições estranhas ição, é vedada a acumulação remunerada de cargos
ao cargo que ocupa, exceto em situações de emergên- públicos.
cia e transitórias; Estabelece o artigo 37, XVI da Constituição Federal:
Cada servidor público tem sua atribuição legal, não
cabendo designá-lo para desempenhar funções diversas É vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
salvo em caso de extrema necessidade. cos, exceto, quando houver compatibilidade de horários,
observado em qualquer caso o disposto no inciso XI.
XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam incom- a) a de dois cargos de professor;
patíveis com o exercício do cargo ou função e com o b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
horário de trabalho; científico;
O exercício de atividades incompatíveis propicia uma c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
violação ao princípio da imparcialidade. sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais Segundo Carvalho Filho8, “o fundamento da proibi-
quando solicitado. ção é impedir que o cúmulo de funções públicas faça
A atualização de dados cadastrais é necessária para com que o servidor não execute qualquer delas com a
manter a administração ciente da situação de seu ser- necessária eficiência. Além disso, porém, pode-se obser-
vidor. var que o Constituinte quis também impedir a cumulação
LEGISLAÇÃO
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ção remunerada. Em consequência, se a acumulação só nérica constante do art. 37, incisos VXI e XVII, da Cons-
encerra a percepção de vencimentos por uma das fontes, tituição da República. De fato, a acumulação ilícita de
não incide a regra constitucional proibitiva”. cargos públicos constitui uma das infrações mais comuns
§ 1o A proibição de acumular estende-se a cargos, em- praticadas por servidores públicos, o que se constata ob-
pregos e funções em autarquias, fundações públicas, servando o elevado número de processos administrati-
empresas públicas, sociedades de economia mista da vos instaurados com esse objeto. O sistema adotado pela
União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Territórios lei nº 8.112/90 é relativamente brando, quando cotejado
e dos Municípios. com outros estatutos de alguns Estados, visto que propi-
A proibição vale tanto para a administração direta cia ao servidor incurso nessa ilicitude diversas oportuni-
quanto para a indireta. dades para regularizar sua situação e escapar da pena de
§ 2o A acumulação de cargos, ainda que lícita, fica demissão. Também prevê a lei em comentário, um pro-
condicionada à comprovação da compatibilidade de cesso administrativo simplificado (processo disciplinar de
horários. rito sumário) para a apuração dessa infração – art. 133” 9.
Se o Estado pretende que o desempenho de ativida-
de cumulada não gere prejuízo à função pública, correto CAPÍTULO IV
que exija a comprovação de compatibilidade de horários; DAS RESPONSABILIDADES
§ 3o Considera-se acumulação proibida a percepção Art. 121. O servidor responde civil, penal e administra-
de vencimento de cargo ou emprego público efetivo tivamente pelo exercício irregular de suas atribuições.
com proventos da inatividade, salvo quando os cargos
de que decorram essas remunerações forem acumu- Art. 122. A responsabilidade civil decorre de ato omis-
láveis na atividade. sivo ou comissivo, doloso ou culposo, que resulte em
Exterioriza-se, por exemplo, a proibição de que o prejuízo ao erário ou a terceiros.
agente se aposente do serviço público e continue o exer- § 1o A indenização de prejuízo dolosamente causado
cendo, recebendo aposentadoria e salário. ao erário somente será liquidada na forma prevista
no art. 46, na falta de outros bens que assegurem a
Art. 119. O servidor não poderá exercer mais de um execução do débito pela via judicial.
cargo em comissão, exceto no caso previsto no pará- § 2o Tratando-se de dano causado a terceiros, respon-
grafo único do art. 9o, nem ser remunerado pela par- derá o servidor perante a Fazenda Pública, em ação
ticipação em órgão de deliberação coletiva. regressiva.
Cargo em comissão é aquele que não exige aprova-
§ 3o A obrigação de reparar o dano estende-se aos
ção em concurso público, sendo designado para o exer-
sucessores e contra eles será executada, até o limite do
cício por possuir um vínculo de confiança com o supe-
valor da herança recebida.
rior. Somente é possível exercer 1, salvo interinamente.
Da mesma forma, não cabe remuneração por participar
Art. 123. A responsabilidade penal abrange os crimes
de órgão de deliberação coletiva.
e contravenções imputadas ao servidor, nessa quali-
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica
dade.
à remuneração devida pela participação em consel-
hos de administração e fiscal das empresas públicas
e sociedades de economia mista, suas subsidiárias e Art. 124. A responsabilidade civil-administrativa resul-
controladas, bem como quaisquer empresas ou enti- ta de ato omissivo ou comissivo praticado no desem-
dades em que a União, direta ou indiretamente, de- penho do cargo ou função.
tenha participação no capital social, observado o que,
a respeito, dispuser legislação específica. Art. 125. As sanções civis, penais e administrativas po-
O exercício de função em determinados conselhos de derão cumular-se, sendo independentes entre si.
administração e fiscais aceita remuneração. Trata-se de
exceção ao caput. Art. 126. A responsabilidade administrativa do servi-
dor será afastada no caso de absolvição criminal que
Art. 120. O servidor vinculado ao regime desta Lei, que negue a existência do fato ou sua autoria.
acumular licitamente dois cargos efetivos, quando in-
vestido em cargo de provimento em comissão, ficará Art. 126-A. Nenhum servidor poderá ser responsabili-
afastado de ambos os cargos efetivos, salvo na hipó- zado civil, penal ou administrativamente por dar ciên-
tese em que houver compatibilidade de horário e local cia à autoridade superior ou, quando houver suspeita
com o exercício de um deles, declarada pelas autori- de envolvimento desta, a outra autoridade competen-
dades máximas dos órgãos ou entidades envolvidos. te para apuração de informação concernente à prática
Se o servidor já cumular dois cargos efetivos e for in- de crimes ou improbidade de que tenha conhecimen-
vestido de um cargo em comissão, ficará afastado dos to, ainda que em decorrência do exercício de cargo,
cargos efetivos a não ser que exista compatibilidade de emprego ou função pública.
horários e local com um deles, caso em que se afastará
LEGISLAÇÃO
21
Este dispositivo visa garantir que os servidores públi- Trata-se de hipótese específica em que será aplicada
cos denunciem os servidores hierarquicamente superio- suspensão.
res. Afinal, todos teriam receio de denunciar se pudessem § 2o Quando houver conveniência para o serviço, a
ser responsabilizados civil, penal ou administrativamente penalidade de suspensão poderá ser convertida em
por tal denúncia caso no curso da apuração se verificasse multa, na base de 50% (cinquenta por cento) por dia
que ela não procedia. de vencimento ou remuneração, ficando o servidor
obrigado a permanecer em serviço.
CAPÍTULO V Se for inconveniente para a administração pública
DAS PENALIDADES abrir mão do servidor, poderá multá-lo em 50% de seu
vencimento/remuneração diário pelo número de dias de
Art. 127. São penalidades disciplinares: suspensão. O servidor não poderá se recusar a permane-
I - advertência; cer em serviço.
II - suspensão;
III - demissão; Art. 131. As penalidades de advertência e de suspen-
IV - cassação de aposentadoria ou disponibilidade; são terão seus registros cancelados, após o decurso de
V - destituição de cargo em comissão; 3 (três) e 5 (cinco) anos de efetivo exercício, respectiva-
VI - destituição de função comissionada. mente, se o servidor não houver, nesse período, prati-
A advertência é a pena mais leve, um aviso de que cado nova infração disciplinar.
o funcionário se portou de forma inadequada e de que Parágrafo único. O cancelamento da penalidade não
isso não deve se repetir. A suspensão é uma sanção in- surtirá efeitos retroativos.
termediária, fazendo com que o funcionário deixe de O bom comportamento posterior do servidor faz com
desempenhar o cargo por certo período. Na demissão, que o registro de advertência (após 3 anos) ou suspen-
o funcionário não mais exercerá o cargo, sendo assim são (após 5 anos) seja apagado de seu registro, o que
sanção mais grave. Outras sanções são cassação da apo- não significa que o servidor poderá requerer, por exem-
sentadoria ou disponibilidade, destituição do cargo em plo, o pagamento referente aos dias que ficou suspenso.
comissão, destituição da função comissionada.
Art. 128. Na aplicação das penalidades serão consid- Art. 132. A demissão será aplicada nos seguintes ca-
eradas a natureza e a gravidade da infração cometida, sos:
os danos que dela provierem para o serviço público, I - crime contra a administração pública;
as circunstâncias agravantes ou atenuantes e os ante-
Artigos 312 a 326 do Código Penal.
cedentes funcionais.
II - abandono de cargo;
III - inassiduidade habitual;
Parágrafo único. O ato de imposição da penalidade
Deixar totalmente de exercer o cargo ou faltar em ex-
mencionará sempre o fundamento legal e a causa da
cesso.
sanção disciplinar.
De forma fundamentada, justificada, se escolherá por
IV - improbidade administrativa;
uma ou outra sanção, conforme a gravidade do ato pra-
ticado. Atos descritos na Lei n° 8.429/92.
Art. 129. A advertência será aplicada por escrito, nos V - incontinência pública e conduta escandalosa, na
casos de violação de proibição constante do art. 117, repartição;
incisos I a VIII e XIX, e de inobservância de dever fun- Ausência de discrição no exercício das funções.
cional previsto em lei, regulamentação ou norma
interna, que não justifique imposição de penalidade VI - insubordinação grave em serviço;
mais grave. Violação grave do dever de obediência hierárquica.
Vide comentários aos incisos I a VII e XIX do art. 117. A
norma é genérica, envolvendo ainda qualquer outra viola- VII - ofensa física, em serviço, a servidor ou a particu-
ção de dever funcional que não exija sanção mais grave. lar, salvo em legítima defesa própria ou de outrem;
Ofensa física a servidor ou administrado que não para
Art. 130. A suspensão será aplicada em caso de re- se defender.
incidência das faltas punidas com advertência e de
violação das demais proibições que não tipifiquem in- VIII - aplicação irregular de dinheiros públicos;
fração sujeita a penalidade de demissão, não podendo IX - revelação de segredo do qual se apropriou em
exceder de 90 (noventa) dias. razão do cargo;
A suspensão é uma sanção administrativa interme- X - lesão aos cofres públicos e dilapidação do
diária, aplicável se as práticas sujeitas a advertência se patrimônio nacional;
repetirem ou em caso de infração grave que ainda assim XI - corrupção;
não gere pena de demissão. XII - acumulação ilegal de cargos, empregos ou fun-
§ 1o Será punido com suspensão de até 15 (quinze) dias ções públicas;
LEGISLAÇÃO
o servidor que, injustificadamente, recusar-se a ser Na verdade, são atos de improbidade administrativa,
submetido a inspeção médica determinada pela au- então nem precisariam ser mencionados.
toridade competente, cessando os efeitos da penali-
dade uma vez cumprida a determinação. XIII - transgressão dos incisos IX a XVI do art. 117.
22
Vide comentários aos incisos IX a XVI do art. 117. § 8o O procedimento sumário rege-se pelas disposições
deste artigo, observando-se, no que lhe for aplicável,
Art. 133. Detectada a qualquer tempo a acumulação subsidiariamente, as disposições dos Títulos IV e V
ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a au- desta Lei.
toridade a que se refere o art. 143 notificará o servidor, O artigo descreve o procedimento em caso de vio-
por intermédio de sua chefia imediata, para apresen- lação do dever de não acumular cargos ilicitamente. No
tar opção no prazo improrrogável de dez dias, con- início, o servidor será notificado para se manifestar op-
tados da data da ciência e, na hipótese de omissão, tando por um cargo. Se ficar omisso ou se recusar fazer
adotará procedimento sumário para a sua apuração e a opção, será instaurado processo administrativo disci-
regularização imediata, cujo processo administrativo plinar. Nele, o servidor poderá apresentar defesa no sen-
disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: tido de ser lícita a cumulação. Mas até o último dia do
I - instauração, com a publicação do ato que consti- prazo para defesa o servidor poderá optar por um caso,
tuir a comissão, a ser composta por dois servidores caso em que o procedimento se converterá em pedido
estáveis, e simultaneamente indicar a autoria e a ma- de exoneração do cargo não escolhido, presumindo-se a
terialidade da transgressão objeto da apuração; boa-fé do servidor.
II - instrução sumária, que compreende indiciação, de- Art. 134. Será cassada a aposentadoria ou a disponibi-
fesa e relatório; lidade do inativo que houver praticado, na atividade,
III - julgamento. falta punível com a demissão.
§ 1o A indicação da autoria de que trata o inciso I Supondo que o servidor tenha praticado ato punível
dar-se-á pelo nome e matrícula do servidor, e a ma- com demissão e, sabendo disso, se demita. Isso não evi-
terialidade pela descrição dos cargos, empregos ou tará que sua aposentadoria seja cassada, assim como ele
funções públicas em situação de acumulação ilegal, seria demitido se no exercício das funções.
dos órgãos ou entidades de vinculação, das datas de
ingresso, do horário de trabalho e do correspondente Art. 135. A destituição de cargo em comissão exercido
regime jurídico. por não ocupante de cargo efetivo será aplicada nos
§ 2o A comissão lavrará, até três dias após a publicação casos de infração sujeita às penalidades de suspensão
do ato que a constituiu, termo de indiciação em que e de demissão.
serão transcritas as informações de que trata o pará- Parágrafo único. Constatada a hipótese de que trata
grafo anterior, bem como promoverá a citação pessoal este artigo, a exoneração efetuada nos termos do art.
do servidor indiciado, ou por intermédio de sua chefia 35 será convertida em destituição de cargo em comis-
imediata, para, no prazo de cinco dias, apresentar de- são.
fesa escrita, assegurando-se-lhe vista do processo na Logo, a destituição do cargo em comissão por quem
repartição, observado o disposto nos arts. 163 e 164. não ocupe um cargo efetivo é aplicável quando o comis-
§ 3o Apresentada a defesa, a comissão elaborará sionado aplicar não só os atos sujeitos à pena de demis-
são, mas também os sujeitos à pena de suspensão.
relatório conclusivo quanto à inocência ou à respon-
sabilidade do servidor, em que resumirá as peças prin-
Art. 136. A demissão ou a destituição de cargo em co-
cipais dos autos, opinará sobre a licitude da acumu-
missão, nos casos dos incisos IV, VIII, X e XI do art. 132,
lação em exame, indicará o respectivo dispositivo legal
implica a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento
e remeterá o processo à autoridade instauradora, para
ao erário, sem prejuízo da ação penal cabível.
julgamento.
Nos casos de demissão e destituição do cargo em co-
§ 4o No prazo de cinco dias, contados do recebimento
missão, os bens ficarão indisponíveis para o ressarcimen-
do processo, a autoridade julgadora proferirá a sua
to do prejuízo sofrido pelo Estado, cabendo ainda ação
decisão, aplicando-se, quando for o caso, o disposto penal própria.
no § 3o do art. 167. Art. 137. A demissão ou a destituição de cargo em co-
§ 5o A opção pelo servidor até o último dia de prazo missão, por infringência do art. 117, incisos IX e XI,
para defesa configurará sua boa-fé, hipótese em que incompatibiliza o ex-servidor para nova investidura
se converterá automaticamente em pedido de exoner- em cargo público federal, pelo prazo de 5 (cinco) anos.
ação do outro cargo. O ex-servidor que tenha se valido do cargo para lo-
§ 6o Caracterizada a acumulação ilegal e provada a grar proveito pessoal ou de outrem, em detrimento da
má-fé, aplicar-se-á a pena de demissão, destituição dignidade da função pública ou que tenha atuado como
ou cassação de aposentadoria ou disponibilidade em procurador ou intermediário, junto a repartições públi-
relação aos cargos, empregos ou funções públicas cas, salvo em hipóteses específicas, não poderá ser in-
em regime de acumulação ilegal, hipótese em que os vestido em cargo público federal pelo prazo de 5 anos.
órgãos ou entidades de vinculação serão comunica-
dos. Parágrafo único. Não poderá retornar ao serviço
§ 7o O prazo para a conclusão do processo adminis- público federal o servidor que for demitido ou destituí-
trativo disciplinar submetido ao rito sumário não ex-
LEGISLAÇÃO
23
Art. 138. Configura abandono de cargo a ausência in- Autoridade administrativa de hierarquia imediata-
tencional do servidor ao serviço por mais de trinta dias mente inferior às do inciso I - suspensão por mais de 30
consecutivos. dias (sanção de suspensão, de gravidade intermediária,
Conceito de abandono de cargo: ausência intencional por maior período).
por mais de 30 dias seguidos. Gera pena de demissão. Chefe da repartição e outras autoridades previstas no
regulamento - advertência e suspensão inferior a 30 dias
Art. 139. Entende-se por inassiduidade habitual a falta (sanção de suspensão, de gravidade intermediária, por
ao serviço, sem causa justificada, por sessenta dias, in- menor período).
terpoladamente, durante o período de doze meses. Autoridade que houver feito a nomeação, em qual-
Conceito de inassiduidade habitual, que também quer cargo de comissão, independente da pena.
gera demissão: ausência por 60 dias num período de 12
meses de forma injustificada. Art. 142. A ação disciplinar prescreverá:
I - em 5 (cinco) anos, quanto às infrações puníveis com
Art. 140. Na apuração de abandono de cargo ou inas- demissão, cassação de aposentadoria ou disponibili-
siduidade habitual, também será adotado o procedi- dade e destituição de cargo em comissão;
mento sumário a que se refere o art. 133, observando- II - em 2 (dois) anos, quanto à suspensão;
se especialmente que: III - em 180 (cento e oitenta) dias, quanto á advertên-
I - a indicação da materialidade dar-se-á: cia.
a) na hipótese de abandono de cargo, pela indicação § 1o O prazo de prescrição começa a correr da data em
precisa do período de ausência intencional do servidor que o fato se tornou conhecido.
ao serviço superior a trinta dias; § 2o Os prazos de prescrição previstos na lei penal apli-
b) no caso de inassiduidade habitual, pela indicação cam-se às infrações disciplinares capituladas também
dos dias de falta ao serviço sem causa justificada, por como crime.
período igual ou superior a sessenta dias interpolada- § 3o A abertura de sindicância ou a instauração de
mente, durante o período de doze meses; processo disciplinar interrompe a prescrição, até a de-
II - após a apresentação da defesa a comissão elabo- cisão final proferida por autoridade competente.
rará relatório conclusivo quanto à inocência ou à re-
sponsabilidade do servidor, em que resumirá as peças § 4o Interrompido o curso da prescrição, o prazo
principais dos autos, indicará o respectivo dispositivo começará a correr a partir do dia em que cessar a in-
legal, opinará, na hipótese de abandono de cargo, so- terrupção.
bre a intencionalidade da ausência ao serviço superior Prescrição é um instituto que visa regular a perda do
a trinta dias e remeterá o processo à autoridade in- direito de acionar judicialmente.
stauradora para julgamento. No caso, o prazo é de 5 anos para as infrações mais
Por indicação de materialidade, entenda-se demons- graves, 2 para as de gravidade intermediária (pena de
tração do fato. É preciso indicar especificamente os dias suspensão) e 180 dias para as menos graves (pena de
faltados. advertência) - Contados da data em que o fato se tornou
Adota-se o procedimento do art. 133. conhecido pela administração pública.
Se a infração disciplinar for crime, valerão os prazos
Art. 141. As penalidades disciplinares serão aplicadas: prescricionais do direito penal, mais longos, logo, menos
I - pelo Presidente da República, pelos Presidentes das favoráveis ao servidor.
Casas do Poder Legislativo e dos Tribunais Federais e Interrupção da prescrição significa parar a contagem
pelo Procurador-Geral da República, quando se tratar do prazo para que, retornando, comece do zero. Da aber-
de demissão e cassação de aposentadoria ou disponi- tura da sindicância ou processo administrativo disciplinar
bilidade de servidor vinculado ao respectivo Poder, até a decisão final proferida por autoridade competente
órgão, ou entidade; não corre a prescrição. Proferida a decisão, o prazo co-
II - pelas autoridades administrativas de hierarquia meça a contar do zero. Passado o prazo, não caberá mais
imediatamente inferior àquelas mencionadas no in- propor ação disciplinar.
ciso anterior quando se tratar de suspensão superior
a 30 (trinta) dias;
III - pelo chefe da repartição e outras autoridades na
#FicaDica
forma dos respectivos regimentos ou regulamentos, Penalidades:
nos casos de advertência ou de suspensão de até 30 - Advertência – artigo 117, I a VIII e XIX;
(trinta) dias; - Suspensão – reincidência em infração pu-
IV - pela autoridade que houver feito a nomeação, nível com advertência, incumbência a outro
quando se tratar de destituição de cargo em comissão. servidor de atribuições estranhas ao cargo,
Presidente da República/Presidentes da Câmara dos exercício de atividades incompatíveis com
Deputados ou do Senado Federal/Presidentes dos Tri- cargo ou função;
bunais Federais - TRF, TRE, TRT, TSE, TST, STJ e STF/Pro-
LEGISLAÇÃO
24
PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
EXERCÍCIOS COMENTADOS
TÍTULO V
DO PROCESSO ADMINISTRATIVO DISCIPLINAR
1. (EBSERH - Analista Administrativo – Administração
- CESPE/2018) Julgue o item seguinte, relativo ao re- CAPÍTULO I
gime dos servidores públicos federais e à ética no serviço DISPOSIÇÕES GERAIS
público.
A demissão será a penalidade disciplinar cabível para o Art. 143. A autoridade que tiver ciência de irregulari-
servidor que se recusar a ser submetido a inspeção mé- dade no serviço público é obrigada a promover a sua
dica determinada pela autoridade competente. apuração imediata, mediante sindicância ou processo
administrativo disciplinar, assegurada ao acusado
( ) CERTO ( ) ERRADO ampla defesa.
§§ 1º e 2º (Revogados)
Resposta: Errado. Preconiza o artigo 130, § 1o, Lei § 3º A apuração de que trata o caput, por solicitação
nº 8.112/1990: “Será punido com suspensão de até da autoridade a que se refere, poderá ser promovida
15 (quinze) dias o servidor que, injustificadamente, por autoridade de órgão ou entidade diverso daquele
recusar-se a ser submetido a inspeção médica determi- em que tenha ocorrido a irregularidade, mediante
nada pela autoridade competente, cessando os efeitos competência específica para tal finalidade, delegada
da penalidade uma vez cumprida a determinação”. em caráter permanente ou temporário pelo Presidente
da República, pelos presidentes das Casas do Poder
2. (EBSERH - Assistente Administrativo - CESPE/2018) Legislativo e dos Tribunais Federais e pelo Procurador-
Acerca do regime jurídico dos servidores públicos feder- Geral da República, no âmbito do respectivo Poder,
ais, julgue o item a seguir. órgão ou entidade, preservadas as competências para
O servidor responde apenas administrativamente pelo o julgamento que se seguir à apuração.
exercício irregular de suas atribuições, o qual pode ense- Art. 144. As denúncias sobre irregularidades serão
jar a aplicação de penalidade disciplinar - até mesmo de objeto de apuração, desde que contenham a identifi-
demissão -, que deve, sempre, mencionar o fundamento cação e o endereço do denunciante e sejam formula-
legal e a causa da sanção. das por escrito, confirmada a autenticidade.
Parágrafo único. Quando o fato narrado não con-
( ) CERTO ( ) ERRADO figurar evidente infração disciplinar ou ilícito penal, a
denúncia será arquivada, por falta de objeto.
Resposta: Errado. A responsabilidade do servidor é,
simultaneamente, civil, penal e administrativa, con- Art. 145. Da sindicância poderá resultar:
forme artigo 121, Lei nº 8.112/1990, e as sanções po- I - arquivamento do processo;
dem ser cumuladas, de acordo com o artigo 125 da Lei. II - aplicação de penalidade de advertência ou suspen-
O erro está na expressão “apenas”. são de até 30 (trinta) dias;
III - instauração de processo disciplinar.
3.(EBSERH - Tecnólogo em Gestão Pública - Parágrafo único. O prazo para conclusão da sindicân-
CESPE/2018) No que concerne a direitos, deveres e re- cia não excederá 30 (trinta) dias, podendo ser pror-
sponsabilidades dos servidores públicos, julgue o próx- rogado por igual período, a critério da autoridade su-
imo item. perior.
Nos termos da Lei nº 8.112/1990, os deveres do servidor
público incluem representar contra ilegalidade, omissão Art. 146. Sempre que o ilícito praticado pelo servidor
ou abuso de poder e promover manifestação de apreço ensejar a imposição de penalidade de suspensão por
no recinto da repartição. mais de 30 (trinta) dias, de demissão, cassação de
aposentadoria ou disponibilidade, ou destituição de
( ) CERTO ( ) ERRADO cargo em comissão, será obrigatória a instauração de
processo disciplinar.
Resposta: Errado. De fato, conforme art. 116, XII, Lei A sindicância é uma modalidade mais branda de apu-
nº 8.112/1990, é dever do servidor “representar con- ração da infração administrativa porque ou gerará a apli-
tra ilegalidade, omissão ou abuso de poder”. Contudo, cação de uma sanção mais branda, ou apenas antecederá
conforme art. 117, V, o servidor é proibido de “pro- o processo administrativo disciplinar que aplique a san-
mover manifestação de apreço ou desapreço no re- ção mais grave, entendendo-se por sanções mais graves
cinto da repartição”. qualquer uma pior do que suspensão por menos de 30
dias (suspensão por mais de 30 dias, além de todas as
outras que geram perda do cargo ou da aposentadoria).
LEGISLAÇÃO
25
CAPÍTULO II § 2º As reuniões da comissão serão registradas em
DO AFASTAMENTO PREVENTIVO atas que deverão detalhar as deliberações adotadas.
Art. 147. Como medida cautelar e a fim de que o servi- Este capítulo introduz aspectos sobre o processo ad-
dor não venha a influir na apuração da irregularidade, ministrativo que serão aprofundados adiante e na pró-
a autoridade instauradora do processo disciplinar pria lei nº 9.784/99. Em suma, tem-se que o processo
poderá determinar o seu afastamento do exercício do administrativo deve garantir a ampla defesa, será condu-
cargo, pelo prazo de até 60 (sessenta) dias, sem pre- zido por uma comissão de 3 membros funcionários está-
juízo da remuneração. veis que decidirão com independência e imparcialidade,
Parágrafo único. O afastamento poderá ser prorro- divide-se em 3 fases e possui prazo limite de duração (60,
gado por igual prazo, findo o qual cessarão os seus eventualmente +60).
efeitos, ainda que não concluído o processo.
O afastamento preventivo é uma medida cautelar que SEÇÃO I
impede que o servidor tente influenciar na decisão da DO INQUÉRITO
apuração de sua infração, podendo ocorrer por no má-
ximo 60 dias, prorrogáveis até 120 dias, sem perda de Art. 153. O inquérito administrativo obedecerá ao
remuneração (afinal, ainda não foi condenado). princípio do contraditório, assegurada ao acusado
CAPÍTULO III ampla defesa, com a utilização dos meios e recursos
DO PROCESSO DISCIPLINAR admitidos em direito.
Art. 148. O processo disciplinar é o instrumento des- Art. 154. Os autos da sindicância integrarão o pro-
tinado a apurar responsabilidade de servidor por in- cesso disciplinar, como peça informativa da instrução.
fração praticada no exercício de suas atribuições, ou Parágrafo único. Na hipótese de o relatório da sin-
que tenha relação com as atribuições do cargo em que dicância concluir que a infração está capitulada como
se encontre investido. ilícito penal, a autoridade competente encaminhará có-
Art. 149. O processo disciplinar será conduzido por co- pia dos autos ao Ministério Público, independentemente
missão composta de três servidores estáveis designa- da imediata instauração do processo disciplinar.
dos pela autoridade competente, observado o disposto
no § 3o do art. 143, que indicará, dentre eles, o seu Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promoverá
presidente, que deverá ser ocupante de cargo efetivo a tomada de depoimentos, acareações, investigações
superior ou de mesmo nível, ou ter nível de escolari- e diligências cabíveis, objetivando a coleta de prova,
dade igual ou superior ao do indiciado. recorrendo, quando necessário, a técnicos e peritos, de
§ 1º A Comissão terá como secretário servidor desig- modo a permitir a completa elucidação dos fatos.
nado pelo seu presidente, podendo a indicação recair Art. 156. É assegurado ao servidor o direito de acom-
em um de seus membros. panhar o processo pessoalmente ou por intermédio de
§ 2º Não poderá participar de comissão de sindicância procurador, arrolar e reinquirir testemunhas, produzir
ou de inquérito, cônjuge, companheiro ou parente do provas e contraprovas e formular quesitos, quando se
acusado, consanguíneo ou afim, em linha reta ou co- tratar de prova pericial.
lateral, até o terceiro grau. § 1º O presidente da comissão poderá denegar pedidos
considerados impertinentes, meramente protelatórios,
Art. 150. A Comissão exercerá suas atividades com ou de nenhum interesse para o esclarecimento dos fa-
independência e imparcialidade, assegurado o sigilo tos.
necessário à elucidação do fato ou exigido pelo inter- § 2º Será indeferido o pedido de prova pericial, quando
esse da administração. a comprovação do fato independer de conhecimento
Parágrafo único. As reuniões e as audiências das co- especial de perito.
missões terão caráter reservado.
Art. 157. As testemunhas serão intimadas a depor me-
Art. 151. O processo disciplinar se desenvolve nas diante mandado expedido pelo presidente da comis-
seguintes fases: são, devendo a segunda via, com o ciente do interes-
I - instauração, com a publicação do ato que constituir sado, ser anexado aos autos.
a comissão; Parágrafo único. Se a testemunha for servidor público,
II - inquérito administrativo, que compreende in- a expedição do mandado será imediatamente comu-
strução, defesa e relatório; nicada ao chefe da repartição onde serve, com a indi-
III - julgamento. cação do dia e hora marcados para inquirição.
Art. 152. O prazo para a conclusão do processo dis- Art. 158. O depoimento será prestado oralmente e re-
ciplinar não excederá 60 (sessenta) dias, contados da duzido a termo, não sendo lícito à testemunha trazê-
data de publicação do ato que constituir a comissão, lo por escrito.
admitida a sua prorrogação por igual prazo, quando § 1º As testemunhas serão inquiridas separadamente.
LEGISLAÇÃO
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Art. 159. Concluída a inquirição das testemunhas, a Art. 165. Apreciada a defesa, a comissão elaborará
comissão promoverá o interrogatório do acusado, ob- relatório minucioso, onde resumirá as peças principais
servados os procedimentos previstos nos arts. 157 e dos autos e mencionará as provas em que se baseou
158. para formar a sua convicção.
§ 1º No caso de mais de um acusado, cada um deles § 1º O relatório será sempre conclusivo quanto à in-
será ouvido separadamente, e sempre que divergirem ocência ou à responsabilidade do servidor.
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, § 2º Reconhecida a responsabilidade do servidor, a co-
será promovida a acareação entre eles. missão indicará o dispositivo legal ou regulamentar
§ 2º O procurador do acusado poderá assistir ao in- transgredido, bem como as circunstâncias agravantes
terrogatório, bem como à inquirição das testemunhas, ou atenuantes.
sendo-lhe vedado interferir nas perguntas e respostas, Art. 166. O processo disciplinar, com o relatório da co-
facultando-se-lhe, porém, reinquiri-las, por intermé- missão, será remetido à autoridade que determinou a
dio do presidente da comissão. sua instauração, para julgamento.
Art. 160. Quando houver dúvida sobre a sanidade O inquérito é uma das fases do processo adminis-
mental do acusado, a comissão proporá à autoridade trativo disciplinar, obedecendo às regras descritas nes-
competente que ele seja submetido a exame por junta ta seção, destacando-se as que tratam da produção de
médica oficial, da qual participe pelo menos um mé- provas.
dico psiquiatra.
Parágrafo único. O incidente de sanidade mental será SEÇÃO II
processado em auto apartado e apenso ao processo DO JULGAMENTO
principal, após a expedição do laudo pericial.
Art. 161. Tipificada a infração disciplinar, será formu- Art. 167. No prazo de 20 (vinte) dias, contados do re-
lada a indiciação do servidor, com a especificação dos cebimento do processo, a autoridade julgadora profer-
fatos a ele imputados e das respectivas provas. irá a sua decisão.
§ 1º O indiciado será citado por mandado expedido § 1º Se a penalidade a ser aplicada exceder a alçada
da autoridade instauradora do processo, este será en-
pelo presidente da comissão para apresentar defesa
caminhado à autoridade competente, que decidirá em
escrita, no prazo de 10 (dez) dias, assegurando-se-lhe
igual prazo.
vista do processo na repartição.
§ 2º Havendo mais de um indiciado e diversidade de
§ 2º Havendo dois ou mais indiciados, o prazo será
sanções, o julgamento caberá à autoridade compe-
comum e de 20 (vinte) dias.
tente para a imposição da pena mais grave.
§ 3º O prazo de defesa poderá ser prorrogado pelo
§ 3º Se a penalidade prevista for a demissão ou cas-
dobro, para diligências reputadas indispensáveis.
sação de aposentadoria ou disponibilidade, o jul-
§ 4º No caso de recusa do indiciado em apor o ciente gamento caberá às autoridades de que trata o inciso
na cópia da citação, o prazo para defesa contar-se-á I do art. 141.
da data declarada, em termo próprio, pelo membro § 4º Reconhecida pela comissão a inocência do servi-
da comissão que fez a citação, com a assinatura de (2) dor, a autoridade instauradora do processo determi-
duas testemunhas. nará o seu arquivamento, salvo se flagrantemente
contrária à prova dos autos.
Art. 162. O indiciado que mudar de residência fica
obrigado a comunicar à comissão o lugar onde poderá Art. 168. O julgamento acatará o relatório da comis-
ser encontrado. são, salvo quando contrário às provas dos autos.
Parágrafo único. Quando o relatório da comissão
Art. 163. Achando-se o indiciado em lugar incerto e contrariar as provas dos autos, a autoridade julga-
não sabido, será citado por edital, publicado no Diário dora poderá, motivadamente, agravar a penalidade
Oficial da União e em jornal de grande circulação na proposta, abrandá-la ou isentar o servidor de respon-
localidade do último domicílio conhecido, para apre- sabilidade.
sentar defesa.
Parágrafo único. Na hipótese deste artigo, o prazo Art. 169. Verificada a ocorrência de vício insanável, a
para defesa será de 15 (quinze) dias a partir da última autoridade que determinou a instauração do processo
publicação do edital. ou outra de hierarquia superior declarará a sua nuli-
dade, total ou parcial, e ordenará, no mesmo ato, a
Art. 164. Considerar-se-á revel o indiciado que, regu- constituição de outra comissão para instauração de
larmente citado, não apresentar defesa no prazo legal. novo processo.
§ 1º A revelia será declarada, por termo, nos autos do § 1º O julgamento fora do prazo legal não implica
processo e devolverá o prazo para a defesa. nulidade do processo.
§ 2º Para defender o indiciado revel, a autoridade in- § 2º A autoridade julgadora que der causa à prescrição
stauradora do processo designará um servidor como de que trata o art. 142, § 2o, será responsabilizada na
LEGISLAÇÃO
defensor dativo, que deverá ser ocupante de cargo forma do Capítulo IV do Título IV.
efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de Art. 170. Extinta a punibilidade pela prescrição, a au-
escolaridade igual ou superior ao do indiciado. toridade julgadora determinará o registro do fato nos
assentamentos individuais do servidor.
27
Art. 171. Quando a infração estiver capitulada como crime, o processo disciplinar será remetido ao Ministério Público
para instauração da ação penal, ficando trasladado na repartição.
Art. 172. O servidor que responder a processo disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou aposentado voluntari-
amente, após a conclusão do processo e o cumprimento da penalidade, acaso aplicada.
Parágrafo único. Ocorrida a exoneração de que trata o parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será convertido em
demissão, se for o caso.
SEÇÃO III
DA REVISÃO DO PROCESSO
Art. 174. O processo disciplinar poderá ser revisto, a qualquer tempo, a pedido ou de ofício, quando se aduzirem fatos
novos ou circunstâncias suscetíveis de justificar a inocência do punido ou a inadequação da penalidade aplicada.
§ 1º Em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento do servidor, qualquer pessoa da família poderá requerer
a revisão do processo.
§ 2º No caso de incapacidade mental do servidor, a revisão será requerida pelo respectivo curador.
Art. 175. No processo revisional, o ônus da prova cabe ao requerente.
Art. 176. A simples alegação de injustiça da penalidade não constitui fundamento para a revisão, que requer elemen-
tos novos, ainda não apreciados no processo originário.
Art. 177. O requerimento de revisão do processo será dirigido ao Ministro de Estado ou autoridade equivalente, que, se
autorizar a revisão, encaminhará o pedido ao dirigente do órgão ou entidade onde se originou o processo disciplinar.
Parágrafo único. Deferida a petição, a autoridade competente providenciará a constituição de comissão, na forma do
art. 149.
Art. 179. A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para a conclusão dos trabalhos.
Art. 180. Aplicam-se aos trabalhos da comissão revisora, no que couber, as normas e procedimentos próprios da co-
missão do processo disciplinar.
Art. 181. O julgamento caberá à autoridade que aplicou a penalidade, nos termos do art. 141.
Parágrafo único. O prazo para julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do recebimento do processo, no curso do
qual a autoridade julgadora poderá determinar diligências.
Art. 182. Julgada procedente a revisão, será declarada sem efeito a penalidade aplicada, restabelecendo-se todos os
direitos do servidor, exceto em relação à destituição do cargo em comissão, que será convertida em exoneração.
Parágrafo único. Da revisão do processo não poderá resultar agravamento de penalidade.
A revisão do processo consiste na possibilidade do servidor condenado requerer que sua condenação seja revista se
surgirem novos fatos ou circunstâncias que justifiquem sua absolvição ou a aplicação de uma pena mais leve. Poderá
ser requerida ao ministro de Estado ou autoridade de mesma hierarquia e será apensada ao processo administrativo
originário. O julgamento será feito pela mesma autoridade que aplicou a pena. Se apurado que na verdade a pena
LEGISLAÇÃO
28
#FicaDica
Inquérito admi-
Sindicância Procedimento sumário
nistrativo
Prazo 30 + 30 dias 60 + 60 dias 30 + 15 dias
Suspensão por Inassiduidade
mais de 30 dias
Pe n a l i d a d e / Suspensão Abandono de cargo
Motivo de até 30 dias Demissão
Acumulação ilegal de
Cassação cargos
1, 2 ou 3 ser-
Comissão 3 servidores 2 servidores
vidores
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (STM - Cargos de Nível Superior - Conhecimentos Básicos - CESPE/2018) Julgue o item a seguir, relativo ao
regime jurídico dos servidores públicos civis da União, às carreiras dos servidores do Poder Judiciário da União e à
responsabilidade civil do Estado.
No caso de acumulação ilegal de cargos públicos, o servidor será notificado para apresentar opção e, se ele permanecer
omisso, será instaurado procedimento administrativo disciplinar sumário conduzido por comissão composta por dois
servidores estáveis.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Resposta: Certo. O número de servidores é dois, conforme artigo 133, I, Lei nº 8.112/1990: “Detectada a qualquer
tempo a acumulação ilegal de cargos, empregos ou funções públicas, a autoridade a que se refere o art. 143 no-
tificará o servidor, por intermédio de sua chefia imediata, para apresentar opção no prazo improrrogável de dez
dias, contados da data da ciência e, na hipótese de omissão, adotará procedimento sumário para a sua apuração e
regularização imediata, cujo processo administrativo disciplinar se desenvolverá nas seguintes fases: I - Instauração,
com a publicação do ato que constituir a comissão, a ser composta por dois servidores estáveis, e simultaneamente
indicar a autoria e a materialidade da transgressão objeto da apuração; [...]”. É a denominada comissão de inquérito,
que se difere da comissão de processo disciplinar.
Aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal.
Consolidando um padrão de comportamento ético, merece destaque o Decreto nº 1.171/1994 (Código de Ética
Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal), o qual será estudado a partir deste ponto.
Considerados os princípios administrativos basilares do art. 37 da CF, destaca-se a existência de um diploma espe-
cífico que estabelece a ação ética esperada dos servidores públicos, qual seja o Decreto n° 1.171/94. Trata-se do cha-
mado Código de Ética do Servidor Público, o qual disciplina normas éticas aplicáveis a esta categoria de profissionais,
assemelhando-se no formato aos Códigos de Ética que costumam ser adotados para variadas categorias profissionais
(médicos, contadores...), mas diferenciando-se destes por possuir o caráter jurídico, logo, coativo.
A respeito dos motivos que ensejam a criação de um Código de Ética, tem-se que “as relações de valor que existem
entre o ideal moral traçado e os diversos campos da conduta humana podem ser reunidas em um instrumento regu-
lador. Tal conjunto racional, com o propósito de estabelecer linhas ideais éticas, já é uma aplicação desta ciência que
se consubstancia em uma peça magna, como se uma lei fosse entre partes pertencentes a grupamentos sociais. Uma
espécie de contrato de classe gera o Código de Ética Profissional e os órgãos de fiscalização do exercício passam a
LEGISLAÇÃO
controlar a execução de tal peça magna. Tudo deriva, pois, de critérios de condutas de um indivíduo perante seu grupo
e o todo social. O interesse no cumprimento do aludido código passa, entretanto, a ser de todos. O exercício de uma
virtude obrigatória torna-se exigível de cada profissional [...], mas com proveito geral. Cria-se a necessidade de uma
mentalidade ética e de uma educação pertinente que conduza à vontade de agir, de acordo com o estabelecido. Essa
29
disciplina da atividade é antiga, já encontrada nas provas cionam pela inconstitucionalidade do Decreto: “O Decre-
históricas mais remotas, e é uma tendência natural na to 1171 é inconstitucional, na medida em que impõe re-
vida das comunidades. É inequívoco que o ser tenha sua gras de condutas, ferindo a Constituição. Esta Lei Máxima
individualidade, sua forma de realizar seu trabalho, mas diz, no seu art. 5º, diz que ‘ninguém será obrigado a fazer
também o é que uma norma comportamental deva reger ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei’
a prática profissional no que concerne a sua conduta, em e que ‘não há crime sem lei anterior que o defina, nem
relação a seus semelhantes” 10. Logo, embora se reconhe- pena sem prévia cominação legal’. Esta lei citada pelo art.
ça que o indivíduo tem particularidades no desempenho 5º é a norma primária, não podendo ser confundida com
de suas funções, isto é, que emprega algo de sua per- a possibilidade de ser imposta normas de conduta pela
sonalidade no exercício delas, cabe o estabelecimento norma secundária. Assim, não poderia ser imposta ne-
de um rol de condutas padronizadas genericamente, as nhuma norma de conduta a alguém via Decreto, que é
quais correspondem ao melhor desempenho profissional uma norma secundária, porque só a norma primária tem
que se pode ter, um desempenho ético. esta capacidade constitucional. Atualmente, com a nova
“Para que um Código de Ética Profissional seja organi- redação do art. 84, inciso VI, dada pela Emenda Consti-
zado, é preciso, preliminarmente, que se trace a sua base tucional nº 32, de 11 de setembro de 2001, é possível
filosófica. Tal base deve estribar-se nas virtudes exigíveis falar em Decreto Autônomo. Isto é: é possível falar em
a serem respeitadas no exercício da profissão, e em geral Decreto como norma primária, para fins de dispor sobre
abrange as relações com os utentes dos serviços, os co- organização e funcionamento da Administração Pública
legas, a classe e a nação. As virtudes básicas são comuns Federal, quando não houver aumento de despesa nem
a todos os códigos. As virtudes específicas de cada pro- criação ou extinção de órgãos públicos, e também para
fissão representam as variações entre os diversos estatu- extinguir funções ou cargos públicos, quando vagos. So-
tos éticos. O zelo, por exemplo, é exigível em qualquer mente uma grande força de interpretação, que chegaria
profissão, pois representa uma qualidade imprescindível a ultrapassar os limites constitucionais do art. 84, VI, da
a qualquer execução de trabalho, em qualquer lugar. O CF/88, poderia aceitar que a criação de normas de con-
sigilo, todavia, deixa de ser necessário em profissões que duta para servidores públicos estaria inserta na organiza-
não lidam com confidências e resguardos de direitos” 11. ção e funcionamento da Administração Pública Federal.
Por exemplo, o servidor público tem o dever de zelo, ge- Apesar disto, o fato é que o Decreto Autônomo só apare-
nérico, e o dever de sigilo, específico, já que tem acesso a ceu verdadeiramente no ordenamento jurídico nacional
informações privilegiadas no exercício do cargo. em 11 de setembro de 2001, e o Decreto nº 1.171 é de
Tomadas estas premissas, vale lembrar que o Código 22 de junho de 1994, quando não havia no ordenamen-
de Ética foi expedido pelo Presidente da República, con- to jurídico o Decreto como norma primária. Por isso, o
siderada a atribuição da Constituição Federal para dispor Decreto nº 1.171 não impõe coerção quanto às normas
sobre a organização e o funcionamento da administração materiais nele indicadas; impõe tão somente em relação
pública federal, conforme art. 84, IV e VI da Constituição às normas processuais, como a obrigação de criação de
Federal: “IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, Comissão de Ética por todas as entidades e órgãos pú-
bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel blicos federais”.
execução; [...] VI - dispor, mediante decreto, sobre: a) or- Não se corrobora, em parte, o entendimento. O fato
ganização e funcionamento da administração federal, dos decretos autônomos terem surgido após o Decreto
quando não implicar aumento de despesa nem criação nº 1.171/94 não o transforma em norma primária, real-
ou extinção de órgãos públicos; b) extinção de funções mente. Contudo, trata-se de uma norma secundária que
ou cargos públicos, quando vagos”. Exatamente por cau- encontra bases em normas primárias, quais sejam a Lei
sa desta atribuição que o Código de Ética em estudo nº 8.112/90 e a Lei nº 8.429/92: na prática, todas as di-
adota a forma de decreto e não de lei, já que as leis são retrizes estabelecidas no Código de Ética são repetidas
elaboradas pelo Poder Legislativo (Congresso Nacional). em leis federais e decorrem diretamente do texto cons-
O Decreto n° 1.171/94 é um exemplo do chamado titucional. Assim, a adoção da forma de decreto não sig-
exercício de poder regulamentar inerente ao Executivo, nifica, de forma alguma, que suas diretrizes não sejam
que se perfaz em decretos regulamentares. Embora se- obrigatórias: o servidor público federal que desobede-
jam factíveis decretos autônomos12, não é o caso do de- cê-las estará sujeito à apuração de sua conduta perante
creto em estudo, o qual encontra conexão com diplomas a respectiva Comissão de Ética, que enviará informações
como as Leis n° 8.112/90 (regime jurídico dos servidores ao processo administrativo disciplinar, podendo gerar até
públicos federais) e Lei n° 8.429/92 (lei de improbidade mesmo a perda do cargo, ou aplicará a pena de censu-
administrativa), além da Constituição Federal. Assim, o ra nos casos menos graves. Não obstante, o respeito ao
Decreto nº 1.171/94 não é autônomo! Código gera reconhecimento e é verificado para fins de
Ainda assim, inegável que o decreto impõe normas promoção. Isso sem falar na total efetividade das regras
de conduta, o que gera controvérsias sobre o nível de determinantes da instituição de Comissões de Ética.
obrigatoriedade dele. Autores como Azevedo13 se posi-
10 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
LEGISLAÇÃO
2010.
11 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
12 LENZA, Pedro. Direito constitucional esquematizado. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2011. em: <http://portal.damasio.com.br/Arquivos/Material/AulasOnli-
13 AZEVEDO, Márcio. Ética no serviço público federal. Disponível ne_MarcioAzevedo1.pdf>. Acesso em: 12 ago. 2013.
30
cumprimento, inclusive mediante criação das Comissões
#FicaDica de Ética, as quais não podem ser compostas por servido-
res temporários.
O Decreto nº 1.171/1994 não é autônomo e O decreto conferiu um prazo para cada uma das en-
se vincula às disciplinas da Lei nº 8.112/1990 tidades da administração pública federal direta ou in-
– Regime Jurídico dos Servidores Públicos direta para constituir em seu âmbito uma Comissão de
Civis Federais e da Lei nº 8.429/1992 – Lei de Ética que irá apurar as infrações ao Código de Ética. Com
Improbidade Administrativa. efeito, não há nenhuma facultatividade quanto ao dever
de respeito ao Código de Ética, pois ele se aplica tanto
na administração direta quanto na indireta. A Comissão
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições de Ética será composta por: três servidores ou empre-
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, e ainda tendo gados titulares de cargo efetivo ou emprego permanen-
em vista o disposto no art. 37 da Constituição, bem como te. A constituição (quando foi criada) e a composição
nos arts. 116 e 117 da Lei n° 8.112, de 11 de dezembro (quem a compõe) da Comissão deverão ser informadas
de 1990, e nos arts. 10, 11 e 12 da Lei n° 8.429, de 2 de à Secretaria da Administração Federal da Presidência da
junho de 1992, República.
DECRETA:
ANEXO
Art. 1° Fica aprovado o Código de Ética Profissional do Código de Ética Profissional do Servidor Público
Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, que Civil do Poder Executivo Federal
com este baixa. CAPÍTULO I
Art. 2° Os órgãos e entidades da Administração Pública Seção I
Federal direta e indireta implementarão, em sessenta Das Regras Deontológicas
dias, as providências necessárias à plena vigência do
Código de Ética, inclusive mediante a Constituição da O Direito como valor do justo é estudado pela Filoso-
respectiva Comissão de Ética, integrada por três ser- fia do Direito na parte denominada Deontologia Jurídica,
vidores ou empregados titulares de cargo efetivo ou ou, no plano empírico e pragmático, pela Política do Di-
emprego permanente. reito14. Deontologia é uma das teorias normativas se-
Parágrafo único. A constituição da Comissão de Ética gundo as quais as escolhas são moralmente necessá-
será comunicada à Secretaria da Administração Fede- rias, proibidas ou permitidas. Portanto inclui-se entre
ral da Presidência da República, com a indicação dos as teorias morais que orientam nossas escolhas sobre
respectivos membros titulares e suplentes. o que deve ser feito, considerada a moral vigente. Por
Art. 3° Este decreto entra em vigor na data de sua pu- sua vez, a deontologia jurídica é a ciência que cuida dos
blicação. deveres e dos direitos dos operadores do Direito, bem
como de seus fundamentos éticos e legais, consolidan-
Brasília, 22 de junho de 1994, 173° da Independência do o valor do justo. Por isso, os incisos que se seguem
e 106° da República. traduzem o comportamento moral esperado do servidor
público não só enquanto desempenha suas funções, mas
ITAMAR FRANCO também em sua vida social.
Romildo Canhim Deontologia é, assim, a teoria do dever no que diz
respeito à moral; conjunto de deveres que impõe a cer-
Os principais elementos que podem ser extraídos do tos profissionais o cumprimento da sua função. Pode-se
preâmbulo do Código de Ética são: dizer ainda que a deontologia consiste no conjunto de
Trata-se de um diploma expedido pelo Presidente regras e princípios que regem a conduta de um profis-
da República à época e, como tal, permanece válido até sional, uma ciência que estuda os deveres de uma de-
que seja revogado, isto é, até sobrevir outro de conteú- terminada profissão. O profissional brasileiro está sujeito
do incompatível (revogação tácita) ou até outro decre- a uma deontologia própria a regular o exercício de sua
to ser expedido para substituí-lo (revogação expressa). profissão conforme o Código de Ética de sua classe. O
O decreto aceita, ainda, reformas e revogações parciais: Direito é o mínimo de moral para que o homem viva em
no caso, destaca-se o Decreto n° 6.029/07, que revogou sociedade e a deontologia dele decorre posto que trata
alguns incisos do Código e que será estudado oportu- de direitos e deveres dos profissionais que estejam sujei-
namente. tos a especificidade destas normas.
Parâmetros para o conteúdo do decreto: os incisos do O Código de Ética cria regras deontológicas de ética,
artigo 84, já citados anteriormente, remetem ao poder isto é, cria um sistema de princípios e fundamentos da
regulamentar o Executivo; os artigos da Lei n° 8.112/90 moral, daí porque não se preocupa com a previsão de
referem-se aos deveres e proibições do servidor público punição e processo disciplinar contra o servidor antiéti-
co, apesar de, na maioria das vezes, haver coincidência
federal; os artigos da Lei n° 8.429/92 tratam dos atos de
LEGISLAÇÃO
31
promoverem o debate sobre a ética, para que ela, e as lavra-chave para a vida particular do servidor público,
discussões que dela se extrai, permeie amiúde as reparti- preservando a instituição da qual faz parte. Por exemplo,
ções, até com naturalidade. quem se sentiria bem em ser atendido por um funcioná-
“Muitas são as virtudes que um profissional precisa ter rio que é sempre visto embriagado em bares ou provo-
para que desenvolva com eficácia seu trabalho. Em ver- cando confusões familiares, por mais que os serviços por
dade, múltiplas exigências existem, mas entre elas, des- ele desempenhados sejam de qualidade?
tacam-se algumas, básicas, sem as quais se impossibilita O comportamento ético do servidor público na sua
a consecução do êxito moral. Quase sempre, na maioria vida particular só é exigível se, pela natureza do cargo,
dos casos, o sucesso profissional se az acompanhar de houver uma razoável exigência do servidor se comportar
condutas fundamentais corretas. Tais virtudes básicas são moralmente, como invariavelmente ocorre nas carreiras
comuns a quase todas as profissões [...]. Virtudes básicas típicas de Estado. O que dizer então do Decreto nº 1.171,
profissionais são aquelas indispensáveis, sem as quais de 1994, que impõe o comportamento ético e moral de
não se consegue a realização de um exercício ético com- todo e qualquer servidor, na sua vida particular, inde-
petente, seja qual for a natureza do serviço prestado. Tais pendentemente da natureza do seu cargo? Quando tal
virtudes devem formar a consciência ética estrutural, os Código estabelece, logo no Capítulo I do Anexo, algu-
alicerces do caráter e, em conjunto, habilitarem o profis- mas “Regras Deontológicas”, quer dizer que o servidor
sional ao êxito em seu desempenho” 15. público está envolto em um sistema onde a moral tem
Para bem compreender o conteúdo dos incisos que forte influência no desenvolvimento da sua carreira pú-
se seguem, é importante pensar: se eu fosse a pessoa blica. Assim, quem passa pelo serviço público sabe ou
buscando atendimento no órgão público em questão, deveria saber que a promoção profissional e o adequado
como eu gostaria de ser tratado? Qual o tipo de funcio- cumprimento das atribuições do cargo estão condicio-
nário que eu gostaria que fosse responsável pela solução nados também pela ética e, assim, pelo comportamento
do meu problema? Enfim, basta lembrar da regra de ouro particular do servidor.
da moralidade, pela qual eu somente devo fazer algo se II - O servidor público não poderá jamais desprezar o
elemento ético de sua conduta. Assim, não terá que
racionalmente desejar que todas as pessoas ajam da
decidir somente entre o legal e o ilegal, o justo e o
mesma forma - inclusive em relação a mim, ou seja, “age
injusto, o conveniente e o inconveniente, o oportuno
de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer-te
e o inoportuno, mas principalmente entre o honesto e
sempre como princípio de uma legislação universal”16.
o desonesto, consoante as regras contidas no art. 37,
I - A dignidade, o decoro, o zelo, a eficácia e a cons-
caput, e § 4°, da Constituição Federal.
ciência dos princípios morais são primados maiores
que devem nortear o servidor público, seja no exercí-
Este inciso traz alguns binômios abrangidos pelo con-
cio do cargo ou função, ou fora dele, já que refletirá ceito de ética que se contrapõem. Com efeito, o servi-
o exercício da vocação do próprio poder estatal. Seus dor deve sempre escolher o conveniente, o oportuno,
atos, comportamentos e atitudes serão direcionados o justo e o honesto. No caso, parte-se das escolhas de
para a preservação da honra e da tradição dos servi- menor relevância para aquelas fundamentais, que envol-
ços públicos. vem a opção pelo justo e honesto. Estes são os principais
valores morais exigidos pelo inciso. Quando se fala que é
Primeiramente, vale compreender o sentido de algu- preciso escolher acima de tudo entre honesto e desones-
mas palavras do inciso: por dignidade, deve-se entender to, evidencia-se que o Código busca mais do que o res-
autoridade moral; por decoro, compostura e decência; peito à lei, e sim a efetiva ação conforme a moralidade.
por zelo, cuidado e atenção; por eficácia, a produção do Vale destacar o artigo 37 da Constituição Federal, ao
efeito esperado. qual o inciso em estudo faz remissão.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de
Na verdade, tudo isto abrange o que o inciso chama qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Dis-
de consciência dos princípios morais: sei que devo agir trito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
de modo que inspire os demais que me rodeiam, isto de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicida-
é, exatamente como o melhor cidadão de bem; no de- de e eficiência e, também, ao seguinte: [...]
sempenho das minhas funções, devo me manter sério e § 4º Os atos de improbidade administrativa impor-
comprometido, desempenhando cada uma das atribui- tarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
ções recebidas com o maior cuidado e atenção possível, função pública, a indisponibilidade dos bens e o res-
evitando erros, de modo que o serviço que eu preste seja sarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
o melhor que eu puder prestar. em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.
Não basta que o funcionário aja desta forma no exer-
cício de suas funções, porque ele participa da sociedade Nota-se que o inciso faz referência ao §4°, que traz as
e fica conhecido nela. O desempenho de cargo público, consequências dos atos de improbidade administra-
por sua vez, faz com que ele seja visto de outra forma tiva, que poderão variar conforme o grau de gravidade
pela sociedade, que espera dele uma conduta ilibada, (uma das sanções possíveis é a de obrigar o servidor a
ou seja, livre de vícios e compulsões. Discrição é a pa- devolver o dinheiro aos cofres públicos, o que se enten-
LEGISLAÇÃO
32
mum. O equilíbrio entre a legalidade e a finalidade, V - O trabalho desenvolvido pelo servidor público pe-
na conduta do servidor público, é que poderá consoli- rante a comunidade deve ser entendido como acrés-
dar a moralidade do ato administrativo. cimo ao seu próprio bem-estar, já que, como cidadão,
integrante da sociedade, o êxito desse trabalho pode
Bem e mal são conceitos que transcendem a esfera ser considerado como seu maior patrimônio.
particular. O servidor público não deve pensar por uma O cidadão paga impostos e demais tributos apenas
pessoa, mas por toda a sociedade. Assim, não se deve para que o Estado garanta a ele a prestação do melhor
agir de uma forma para beneficiar um particular - ainda serviço público possível, isto é, a manutenção de uma so-
que isso possa ser um bem para ele, é injusto para com ciedade justa e bem estruturada. O mesmo dinheiro que
a sociedade que uma pessoa seja tratada melhor que a sai dos bolsos do cidadão, inclusive do próprio servidor
outra. O fim da atitude do servidor é o bem comum, ou público, é o que remunera os serviços por ele prestados.
seja, o bem da coletividade. O coletivo sempre deve pre- Por isso, agir contra a moral é insultante, mais que um
valecer sobre o particular. aproveitamento da máquina estatal, é um desrespeito
Por isso, o servidor deve equilibrar a legalidade, que ao cidadão honesto que paga parte do que recebe ao
é o respeito ao que a lei determina, e a finalidade, que Estado.
é a busca do fim da preservação do bem comum. Assim, Assim, para bem aplicar o Direito é preciso agir con-
o respeito à lei é fundamental, mas a atitude do servidor forme a moralidade administrativa, sob pena de mais que
não pode cair numa burocratização sem sentido, ou seja, violar a lei, também desrespeitar o bem comum e preju-
o respeito às minúcias da lei não pode prejudicar o bem dicar a sociedade como um todo - inclusive a si próprio.
comum, sob pena de violar a moralidade. No mais, chama-se atenção à vedação de que o ser-
IV - A remuneração do servidor público é custeada pe- vidor receba do particular qualquer verba extra: sua
los tributos pagos direta ou indiretamente por todos, remuneração já é paga pelo particular, por meio dos im-
até por ele próprio, e por isso se exige, como contra- postos, não devendo pretender mais do que aquilo. Isto
partida, que a moralidade administrativa se integre no não significa que o patrimônio do servidor seja apenas o
Direito, como elemento indissociável de sua aplicação seu salário - há um patrimônio inerente à boa prestação
e de sua finalidade, erigindo-se, como consequência, do serviço, proporcionando a melhoria da sociedade em
em fator de legalidade. que vive.
VI - A função pública deve ser tida como exercício
O servidor público deve colocar de lado seus inte- profissional e, portanto, se integra na vida particular
resses egoísticos e buscar a aplicação da moralidade no de cada servidor público. Assim, os fatos e atos veri-
Direito, lembrando que quem paga pelos seus serviços ficados na conduta do dia-a-dia em sua vida privada
é a sociedade como um todo. “Parece ser uma tendên- poderão acrescer ou diminuir o seu bom conceito na
cia do ser humano, como tem sido objeto de referência vida funcional.
de muitos estudiosos, a de defender, em primeiro lugar,
seus interesses próprios, quando, entretanto, esses são Reiterando o que foi dito no inciso I, o Código de Éti-
de natureza pouco recomendável, ocorrem seriíssimos ca lembra que um funcionário público carrega consigo a
problemas. Quando o trabalho é executado só para au- imagem da administração pública, ou seja, não é servi-
ferir renda, em geral, tem seu valor restrito. Por outro dor público apenas quando está desempenhando suas
lado, nos serviços realizados com amor, visando ao be- funções, mas o tempo todo. Por isso, não importa ser o
nefício de terceiros, dentro de vasto raio de ação, com melhor funcionário público da repartição se a vida parti-
consciência do bem comum, passa a existir a expressão cular estiver devassada, isto é, se não agir com discrição,
social do mesmo. O valor ético do esforço é, pois, variá- coerência, compostura e moralidade também na vida
vel de acordo com seu alcance em face da comunidade. particular. Isso implica em ser um bom pai/mãe, uma
Aquele que só se preocupa com os lucros, geralmente, pessoa livre de vícios, um cidadão reservado e cumpridor
tende a ter menor consciência de grupo. Fascinado pela de seus deveres sociais.
preocupação monetária, a ele pouco importa o que ocor- VII - Salvo os casos de segurança nacional, inves-
re com a sua comunidade e muito menos com a socieda- tigações policiais ou interesse superior do Estado e
de. [...] O egoísmo desenfreado pode atingir um número da Administração Pública, a serem preservados em
expressivo de pessoas e até, através delas, influenciar o processo previamente declarado sigiloso, nos termos
destino de nações, partindo da ausência de conduta vir- da lei, a publicidade de qualquer ato administrativo
tuosa de minorias poderosas, preocupadas apenas com constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando
seus lucros. [...] Sabemos que a conduta do ser humano sua omissão comprometimento ético contra o bem co-
tende ao egoísmo, repetimos, mas, para os interesses mum, imputável a quem a negar.
de uma classe, de toda uma sociedade, é preciso que se
acomode às normas, porque estas devem estar apoiadas Como visto, a publicidade é um princípio basilar da
em princípios de virtude. Como só a atitude virtuosa tem administração pública, ao lado da moralidade. Como tal,
condições de garantir o bem comum, a Ética tem sido o caminha lado a lado com ela. Não cabe ao servidor pú-
LEGISLAÇÃO
caminho justo, adequado, para o benefício geral” 17. blico negar o acesso à informação por parte do cidadão,
salvo em situações especiais. Nota-se que “quando be-
nefícios morais se fazem exigíveis, especificamente, para
17 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
um desempenho de labor, forçoso é cumpri-los; só po-
33
demos justificar o não cumprimento quando fatores de A responsabilidade civil, assim, difere-se da penal,
ordem muito superior o possam impedir, pois o descum- podendo recair sobre os herdeiros do autor do ilícito até
primento será sempre uma lesão à consciência ética” 18. os limites da herança, embora existam reflexos na ação
que apure a responsabilidade civil conforme o resultado
FIQUE ATENTO! na esfera penal (por exemplo, uma absolvição por nega-
tiva de autoria impede a condenação na esfera cível, ao
O dispositivo autoriza que os atos adminis- passo que uma absolvição por falta de provas não o faz).
trativos não sejam públicos em situações Genericamente, os elementos da responsabilidade civil
excepcionais, quais sejam segurança nacio- se encontram no art. 186 do Código Civil: “aquele que, por
nal, investigações policiais e interesse supe- ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência,
rior do Estado e da Administração Pública. violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusiva-
mente moral, comete ato ilícito”. Este é o artigo central do
instituto da responsabilidade civil, que tem como elemen-
VIII - Toda pessoa tem direito à verdade. O servidor tos: ação ou omissão voluntária (agir como não se deve ou
não pode omiti-la ou falseá-la, ainda que contrária deixar de agir como se deve), culpa ou dolo do agente (dolo
aos interesses da própria pessoa interessada ou da Ad- é a vontade de cometer uma violação de direito e culpa é
ministração Pública. Nenhum Estado pode crescer ou a falta de diligência), nexo causal (relação de causa e efeito
estabilizar-se sobre o poder corruptivo do hábito do entre a ação/omissão e o dano causado) e dano (dano é
erro, da opressão ou da mentira, que sempre aniqui- o prejuízo sofrido pelo agente, que pode ser individual ou
lam até mesmo a dignidade humana quanto mais a coletivo, moral ou material, econômico e não econômico).
de uma Nação. Prevê o artigo 37, §6° da Constituição Federal: “As
Mentir é uma atitude contrária à moralidade espe- pessoas jurídicas de direito público e as de direito priva-
rada do servidor público, ainda mais se tal mentira se do prestadoras de serviços públicos responderão pelos
referir à função desempenhada, por exemplo, negando danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a
a prática de um ato ou informando erroneamente um ci- terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
dadão. Não existe uma hipótese em que mentir é aceito: ponsável nos casos de dolo ou culpa”. Este artigo deixa
não importa se dizer a verdade implicará em prejuízo clara a formação de uma relação jurídica autônoma en-
à Administração Pública. tre o Estado e o agente público que causou o dano no
Se o Estado errar, e isso pode acontecer, não deverá se desempenho de suas funções. Nesta relação, a respon-
eximir de seu erro com base em uma mentira, pois isto ofen- sabilidade civil será subjetiva, ou seja, caberá ao Estado
de a integridade dos cidadãos e da própria Nação. Para ser provar a culpa do agente pelo dano causado, ao qual foi
um bom país, não é preciso se fundar em erros ou mentiras, anteriormente condenado a reparar. Direito de regresso
mas sim se esforçar ao máximo para evitá-los e corrigi-los. é justamente o direito de acionar o causador direto do
IX - A cortesia, a boa vontade, o cuidado e o tempo dano para obter de volta aquilo que pagou à vítima, con-
dedicados ao serviço público caracterizam o esforço siderada a existência de uma relação obrigacional que se
pela disciplina. Tratar mal uma pessoa que paga seus forma entre a vítima e a instituição que o agente compõe.
tributos direta ou indiretamente significa causar-lhe Assim, o Estado responde pelos danos que seu agen-
dano moral. Da mesma forma, causar dano a qual- te causar aos membros da sociedade, mas se este agente
quer bem pertencente ao patrimônio público, deterio- agiu com dolo ou culpa deverá ressarcir o Estado do que
rando-o, por descuido ou má vontade, não constitui foi pago à vítima. O agente causará danos ao praticar
apenas uma ofensa ao equipamento e às instalações condutas incompatíveis com o comportamento ético
ou ao Estado, mas a todos os homens de boa vontade dele esperado.20
que dedicaram sua inteligência, seu tempo, suas espe- A responsabilidade civil do servidor exige prévio pro-
ranças e seus esforços para construí-los. cesso administrativo disciplinar no qual seja assegurado
contraditório e ampla defesa.
Quem nunca chegou a uma repartição pública ou Trata-se de responsabilidade civil subjetiva ou com
cartório e recebeu um tratamento ruim por parte de um culpa. Havendo ação ou omissão com culpa do servidor
funcionário? Infelizmente, esta é uma atitude comum no que gere dano ao erário (Administração) ou a terceiro
serviço público. Contudo, o esperado do servidor é que (administrado), o servidor terá o dever de indenizar.
ele atenda aos cidadãos com atenção e boa vontade, Mais do que incômodo, maltratar um cidadão que
fazendo tudo o possível para ajudá-lo, despendendo o busca atendimento pode caracterizar dano moral, isto
tempo necessário e tomando as devidas cautelas. é, gerar tamanho abalo emocional e psicológico que im-
O instituto da responsabilidade civil é parte inte- plique num dano. Apesar deste dano não ser econômico,
grante do direito obrigacional, uma vez que a principal isto é, de a dor causada não ter meio de compensação
consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação financeiro que a repare, o juiz estabelecerá um valor que
que gera para o seu auto de reparar o dano, mediante o a compense razoavelmente.
pagamento de indenização que se refere às perdas e da- Por sua vez, deteriorar o patrimônio público caracteri-
nos. Afinal, quem pratica um ato ou incorre em omissão za dano material. No caso, há um correspondente finan-
que gere dano deve suportar as consequências jurídicas ceiro direto, de modo que a condenação será no sentido
LEGISLAÇÃO
34
X - Deixar o servidor público qualquer pessoa à es- Os demais funcionários e a sociedade sempre ficam
pera de solução que compete ao setor em que exerça atentos às atitudes do servidor público e qualquer percep-
suas funções, permitindo a formação de longas filas, ção de relaxo no desempenho das funções será observada,
ou qualquer outra espécie de atraso na prestação do notadamente no que tange a ausências frequentes.
serviço, não caracteriza apenas atitude contra a ética XIII - O servidor que trabalha em harmonia com a
ou ato de desumanidade, mas principalmente grave estrutura organizacional, respeitando seus colegas e
dano moral aos usuários dos serviços públicos. cada concidadão, colabora e de todos pode receber
colaboração, pois sua atividade pública é a grande
Este inciso é um desdobramento do inciso anterior, oportunidade para o crescimento e o engrandecimen-
descrevendo um tipo específico de conduta imoral com to da Nação.
relação ao usuário do serviço público, qual seja a de dei-
xá-lo esperando por atendimento que seja de sua com- O bom desempenho das funções a o agir conforme o
petência. Claro, a espera é algo natural, notadamente esperado pela sociedade implica numa boa imagem do
quando o atendimento estiver sobrecarregado. O que o servidor público, o que permite que ele receba apoio dos
inciso pretende vetar é que as filas se alonguem quando demais quando realmente precisar.
o servidor enrola no atendimento, enfim, age com pre- “É inequívoco que o trabalho individual influencia
guiça e desânimo. e recebe influências do meio onde é praticado. Não é,
XI - O servidor deve prestar toda a sua atenção às pois, somente em seu grupo que o profissional dá sua
ordens legais de seus superiores, velando atentamen- contribuição ou a sonega. Quando adquire a consciência
te por seu cumprimento, e, assim, evitando a conduta do valor social de sua ação, da vontade volvida ao geral,
negligente. Os repetidos erros, o descaso e o acúmulo pode realizar importantes feitos que alcançam repercus-
de desvios tornam-se, às vezes, difíceis de corrigir e são ampla” 22.
caracterizam até mesmo imprudência no desempenho As regras ontológicas do Código de Ética trazem uma
da função pública. concepção abrangente de deveres comportamentais do
servidor público, que adiante são aprofundadas de forma
mais específica do inciso XIV.
Dentro do serviço público há uma hierarquia, que
deve ser obedecida para a boa execução das atividades.
Seção II
Seria uma desordem se todos mandassem e se cada qual
Dos Principais Deveres do Servidor Público
decidisse que função iria desempenhar. Por isso, cabe o
respeito ao que o superior determina, executando as fun-
XIV - São deveres fundamentais do servidor público:
ções da melhor forma possível.
“A razão pela qual se exige uma disciplina do homem Embora se trate de outra seção do Código de Ética, há
em seu grupo repousa no fato de que as associações continuidade no tratamento do agir moral esperado do
possuem, por suas naturezas, uma necessidade de equi- servidor público. No caso, são elencados alguns deveres
líbrio que só se encontra quando a autonomia dos seres essenciais que devem ser obedecidos.
se coordena na finalidade do todo. É a lei dos sistemas “Todas as capacidades necessárias ou exigíveis para
que se torna imperiosa, do átomo às galáxias, de cada in- o desempenho eficaz da profissão são deveres éticos.
divíduo até sua sociedade. [...] Cada ser, assim como a so- Sendo o propósito do exercício profissional a prestação
matória deles em classe profissional, tem seu comporta- de uma utilidade a terceiros, todas as qualidades perti-
mento específico, guiado pela característica do trabalho nentes à satisfação da necessidade, de quem requer a
executado. Cada conjunto de profissionais deve seguir tarefa, passam a ser uma obrigação perante o desempe-
uma ordem que permita a evolução harmônica do traba- nho. Logo, um complexo de deveres envolve a vida pro-
lho de todos, a partir da conduta de cada um, através de fissional, sob os ângulos da conduta a ser seguida para a
uma tutela no trabalho que conduza a regularização do execução de um trabalho” 23.
individualismo perante o coletivo” 21.
Negligência é a omissão no agir como se deve, isto é, a) desempenhar, a tempo, as atribuições do cargo,
é deixar de fazer aquilo que lhe foi atribuído. As condutas função ou emprego público de que seja titular;
negligentes devem ser evitadas, de modo que os erros
sejam minimizados, a atenção seja uma marca do serviço Cabe ao servidor público desempenhar todas as atri-
e a retidão algo sempre presente. Imprudência, por sua buições inerentes à posição de que seja titular.
vez, é o agir sem cuidado, sem zelo, causando prejuízo
ao serviço público. b) exercer suas atribuições com rapidez, perfeição e
XII - Toda ausência injustificada do servidor de seu lo- rendimento, pondo fim ou procurando prioritariamen-
cal de trabalho é fator de desmoralização do serviço te resolver situações procrastinatórias, principalmente
público, o que quase sempre conduz à desordem nas diante de filas ou de qualquer outra espécie de atraso
relações humanas. na prestação dos serviços pelo setor em que exerça
O servidor público tem obrigação de comparecer reli- suas atribuições, com o fim de evitar dano moral ao
giosamente em seu local de trabalho no horário determi- usuário;
LEGISLAÇÃO
35
O desempenho de funções deve se dar de forma h) ter respeito à hierarquia, porém sem nenhum temor
eficiente. Situações procrastinatórias são aquelas que de representar contra qualquer comprometimento in-
adiam a prestação do serviço público. Procrastinar signi- devido da estrutura em que se funda o Poder Estatal;
fica enrolar, adiar, fugir ao dever de prestar o serviço, ler- i) resistir a todas as pressões de superiores hierárqui-
dear. Cabe ao servidor público não deixar para amanhã o cos, de contratantes, interessados e outros que visem
que pode fazer no dia e agilizar ainda mais o seu serviço obter quaisquer favores, benesses ou vantagens inde-
quando houver acúmulo de trabalho ou de filas, inclusive vidas em decorrência de ações imorais, ilegais ou aé-
para evitar dano moral ao cidadão. ticas e denunciá-las;
c) ser probo, reto, leal e justo, demonstrando toda a O respeito à hierarquia é algo necessário ao setor pú-
integridade do seu caráter, escolhendo sempre, quan- blico, pois se ele não existisse as atividades seriam de-
do estiver diante de duas opções, a melhor e a mais sempenhadas de forma desorganizada, logo, ineficiente.
vantajosa para o bem comum; Isso não significa, contudo, que o servidor deva obede-
cer a todas as ordens sem questioná-las, notadamente
Honestidade, retidão, lealdade e justiça são valores quando perceber que a atitude de seu superior contraria
morais consolidados na sociedade, refletindo o caráter os interesses do bem comum, nem que deva ter medo
da pessoa. O servidor público deve erigir tais valores, de denunciar atitudes antiéticas de seus superiores ou
sempre fazendo a melhor escolha para a coletividade. colegas.
São atitudes que não podem ser aceitas por parte dos
d) jamais retardar qualquer prestação de contas, con- superiores ou de pessoas que contratem ou busquem
dição essencial da gestão dos bens, direitos e serviços serviços do poder público: obtenção de favores, benefí-
da coletividade a seu cargo; cios ou vantagens indevidas, imorais, ilegais ou antiéticas.
Prestar contas é uma atitude obrigatória por parte de Ao se deparar com estas atitudes, deverá denunciá-las.
todos aqueles que cuidam de algo que não lhe perten-
ce. No caso, o servidor público cuida do patrimônio do j) zelar, no exercício do direito de greve, pelas exigên-
Estado. Por isso, sempre deverá prestar contas a respeito cias específicas da defesa da vida e da segurança co-
deste patrimônio, relatando a sua situação e garantindo letiva;
que ele seja preservado.
O Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores
e) tratar cuidadosamente os usuários dos serviços públicos possuem o direito de greve, devendo se aten-
aperfeiçoando o processo de comunicação e contato tar pela preservação da sociedade quando exercê-lo. En-
com o público; quanto não for elaborada uma legislação específica para
os funcionários públicos, deverá ser obedecida a lei geral
A atitude ética esperada do servidor público consis- de greve para os funcionários privados, qual seja a Lei n°
te em exercer suas funções de forma adequada, sempre 7.783/89 (Mandado de Injunção nº 20).
atendendo da melhor forma possível os usuários.
f) ter consciência de que seu trabalho é regido por l) ser assíduo e frequente ao serviço, na certeza de que
princípios éticos que se materializam na adequada sua ausência provoca danos ao trabalho ordenado, re-
prestação dos serviços públicos; fletindo negativamente em todo o sistema;
Os funcionários públicos nunca podem perder de vis- m) comunicar imediatamente a seus superiores todo
ta o dever ético que eles possuem com relação à socie- e qualquer ato ou fato contrário ao interesse público,
dade como um todo, que é o de respeito à moralidade exigindo as providências cabíveis;
insculpida no texto constitucional. “A consciência ética n) manter limpo e em perfeita ordem o local de traba-
busca ser cidadã e, por isso, faz da honestidade pessoal lho, seguindo os métodos mais adequados à sua orga-
um caminho certo para a ética pública. Vivendo numa nização e distribuição;
República, estamos tratando da ‘coisa pública’, do que é
de todos; isso requer vida administrativa e política trans- Os três incisos acima reiteram deveres constantemen-
parente, numa disposição a colocar-se a serviço de toda te enumerados pelo Código de Ética como o de com-
a coletividade”24. parecimento assíduo e pontual no local de trabalho, o
g) ser cortês, ter urbanidade, disponibilidade e aten- de comunicação de atos contrários ao interesse públi-
ção, respeitando a capacidade e as limitações indi- co (inclusive os praticados por seus superiores) e o de
viduais de todos os usuários do serviço público, sem preservação do local de trabalho (mantendo-o limpo e
qualquer espécie de preconceito ou distinção de raça, organizado).
sexo, nacionalidade, cor, idade, religião, cunho político
e posição social, abstendo-se, dessa forma, de causar- o) participar dos movimentos e estudos que se rela-
-lhes dano moral; cionem com a melhoria do exercício de suas funções,
tendo por escopo a realização do bem comum;
Para bem atender os usuários, é preciso tratá-los com
igualdade, sem preconceitos de qualquer natureza. Vale Frequentemente, são promovidos cursos de aperfei-
LEGISLAÇÃO
lembrar que o tratamento preconceituoso e mal-educa- çoamento pela própria instituição, sem contar aqueles
do caracteriza dano moral, cabendo reparação. disponibilizados por faculdades e cursos técnicos. Cabe
ao servidor público participar sempre que for benéfico à
24 AGOSTINI, Frei Nilo. Ética: diálogo e compromisso. São melhoria de suas funções.
Paulo: FTD, 2010.
36
“O valor do exercício profissional tende a aumentar à O servidor público deve agir conforme a lei determi-
medida que o profissional também aumentar sua cultu- na, observando-a estritamente, preservando assim os in-
ra, especialmente em ramos do saber aplicáveis a todos teresses da sociedade.
os demais, como são os relativos às culturas filosóficas, v) divulgar e informar a todos os integrantes da sua
matemáticas e históricas. Uma classe que se sustenta em classe sobre a existência deste Código de Ética, esti-
elites cultas te garantida sua posição social, porque se mulando o seu integral cumprimento.
habilita às lideranças e aos postos de comando no po-
der. A especialização tem sua utilidade, seu valor, sendo O Código de Ética é o principal instrumento jurídico
impossível negar tal evidência [...]”25. que trata das atitudes do servidor público esperadas e
p) apresentar-se ao trabalho com vestimentas ade- vedadas. É preciso obedecer suas diretrizes e aconselhar
quadas ao exercício da função; a sua leitura àqueles que o desconheçam.
37
O trabalho não deve ser adiado, mas sim prestado de i) iludir ou tentar iludir qualquer pessoa que necessite
forma rápida e eficaz, sob pena de causar dano moral ou do atendimento em serviços públicos;
material aos usuários e ao Estado.
Como visto, o funcionário público deve atender com
Na esfera penal, pode incidir no crime de prevarica- eficiência o usuário do serviço, prestando todas as infor-
ção (art. 319, CP): mações da maneira mais correta e verdadeira possível,
sem mentiras ou ilusões.
Prevaricação j) desviar servidor público para atendimento a interes-
se particular;
Art. 319. Retardar ou deixar de praticar, indevidamen-
te, ato de ofício, ou praticá-lo contra disposição ex- Todos os servidores públicos são contratados pelo Es-
pressa de lei, para satisfazer interesse ou sentimento tado, devendo prestar serviços que atendam ao seu inte-
pessoal: resse. Por isso, um servidor não pode pedir ao seu subor-
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. dinado que lhe preste serviços particulares, por exemplo,
e) deixar de utilizar os avanços técnicos e científicos ao pagar uma conta pessoal em agência bancária, telefonar
seu alcance ou do seu conhecimento para atendimen- para consultórios para agendar consultas, fazer compras
to do seu mister; num supermercado.
l) retirar da repartição pública, sem estar legalmente
A incorporação da tecnologia aos serviços públicos, autorizado, qualquer documento, livro ou bem perten-
aproximando-o da sociedade, é chamada de governança cente ao patrimônio público;
eletrônica. Cabe ao servidor público saber lidar bem com
tais tecnologias, pois elas melhoram a qualidade do ser- Os bens que se encontram no local de trabalho per-
viço prestado. tencem à máquina estatal e devem ser utilizados exclu-
f) permitir que perseguições, simpatias, antipatias, ca- sivamente para a prestação do serviço público, não po-
prichos, paixões ou interesses de ordem pessoal inter- dendo o funcionário retirá-los de lá. Se o fizer, responde
firam no trato com o público, com os jurisdicionados civil e administrativamente, bem como criminalmente
administrativos ou com colegas hierarquicamente su- por peculato (art. 312, CP).
periores ou inferiores;
Peculato
O funcionário público deve agir com impessoalidade
na prestação do serviço, tratando todas as pessoas igual-
Art. 312 - Apropriar-se o funcionário público de di-
mente, tanto os usuários quanto os colegas de trabalho.
nheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
g) pleitear, solicitar, provocar, sugerir ou receber qual-
particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou
quer tipo de ajuda financeira, gratificação, prêmio,
desviá-lo, em proveito próprio ou alheio:
comissão, doação ou vantagem de qualquer espécie,
Pena - reclusão, de dois a doze anos, e multa.
para si, familiares ou qualquer pessoa, para o cumpri-
§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário pú-
mento da sua missão ou para influenciar outro servi-
blico, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou
dor para o mesmo fim;
bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído,
A remuneração do servidor público já é paga pelo em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili-
Estado, fomentada pelos tributos do contribuinte. Não dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
cabe ao servidor buscar bônus indevidos pela prestação
de seus serviços, seja solicitando (caso que caracteriza Peculato caracteriza-se pela subtração ou desvio, por
crime de corrupção - art. 317, CP), seja exigindo (restan- abuso de confiança, de dinheiro ou de coisa móvel apre-
do presente o crime de concussão - art. 316, CP). Caso o ciável economicamente, para proveito próprio ou alheio,
faça, se sujeitará às penas cíveis, penais e administrativas. por servidor público que o administra ou guarda.
h) alterar ou deturpar o teor de documentos que deva m) fazer uso de informações privilegiadas obtidas no
encaminhar para providências; âmbito interno de seu serviço, em benefício próprio, de
parentes, de amigos ou de terceiros;
Caso o faça, além das sanções cíveis e administrativas,
incorre na prática do crime de alterar ou deturpar (mo- As informações que são acessadas pelo funcionário
dificar, alterar para pior; desfigurar; corromper; adulterar) público somente devem ser aproveitadas para o bom
dados de documentos pode configurar o crime previsto desempenho das funções. Não cabe fazer fofocas, ainda
no artigo 313-A, do Código Penal: que sem nenhum interesse de obter privilégio econômi-
co, ou seja, apenas para aparentar importância por mera
Inserção de dados falsos em sistema de informações vaidade pessoal. É possível que caracterize crime de vio-
Art. 313-A. Inserir ou facilitar, o funcionário autoriza- lação de sigilo funcional pois utilizar-se de informações
do, a inserção de dados falsos, alterar ou excluir in- obtidas no âmbito interno da administração, nos casos
devidamente dados corretos nos sistemas informati- em que deva ser guardado sigilo pode caracterizar crime,
LEGISLAÇÃO
zados ou bancos de dados da Administração Pública previsto no artigo 325, do Código Penal:
com o fim de obter vantagem indevida para si ou para
outrem ou para causar dano: Pena - reclusão, de 2
(dois) a 12 (doze) anos, e multa.
38
Violação de sigilo funcional ética consiste em produzir na pessoa do servidor público
Art. 325 - Revelar fato de que tem ciência em razão do a consciência de sua adesão às normas ético-profissio-
cargo e que deva permanecer em segredo, ou facilitar- nais preexistentes à luz de um espírito crítico, para efeito
-lhe a revelação: de facilitar a prática do cumprimento dos deveres legais
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa, por parte de cada um e, em consequência, o resgate do
se o fato não constitui crime mais grave. respeito ao serviço público e à dignidade social de cada
n) apresentar-se embriagado no serviço ou fora dele servidor. O objetivo deste código é a divulgação ampla
habitualmente; dos deveres e das vedações previstas, através de um tra-
Trata-se de ato típico de falta de decoro e retidão, va- balho de cunho educativo com os servidores públicos
lore morais inerentes à boa prestação do serviço pú- federais.
blico. XVII - Revogado pelo Decreto n° 6.029/07 (art. 25).
o) dar o seu concurso a qualquer instituição que aten- XVIII - À Comissão de Ética incumbe fornecer, aos or-
te contra a moral, a honestidade ou a dignidade da ganismos encarregados da execução do quadro de
pessoa humana; carreira dos servidores, os registros sobre sua conduta
p) exercer atividade profissional aética ou ligar o seu ética, para o efeito de instruir e fundamentar promo-
nome a empreendimentos de cunho duvidoso. ções e para todos os demais procedimentos próprios
O servidor público, seja na vida privada, seja no exer- da carreira do servidor público.
cício das funções, não deve se filiar a instituições que Além de orientar e aconselhar, a Comissão de Ética
contrariem a moral, por exemplo, que incitem o precon- fornecerá as informações sobre os funcionários a ela
ceito e a desordem pública. Afinal, o servidor público é submetidos, tanto para instruir promoções, quanto para
um espelho para a sociedade, devendo refletir seus valo- alimentar processo administrativo disciplinar.
res tradicionais. XIX a XXI - Revogados pelo Decreto n° 6.029/07 (art.
25).
CAPÍTULO II XXII - A pena aplicável ao servidor público pela Co-
DAS COMISSÕES DE ÉTICA missão de Ética é a de censura e sua fundamentação
constará do respectivo parecer, assinado por todos os
XVI - Em todos os órgãos e entidades da Adminis- seus integrantes, com ciência do faltoso.
tração Pública Federal direta, indireta autárquica e
fundacional, ou em qualquer órgão ou entidade que A única sanção que pode ser aplicada diretamente
exerça atribuições delegadas pelo poder público, de- pela Comissão de Ética é a de censura, que é a pena
verá ser criada uma Comissão de Ética, encarregada mais branda pela prática de uma conduta inadequada
de orientar e aconselhar sobre a ética profissional do que seja praticada no exercício das funções. Nos demais
servidor, no tratamento com as pessoas e com o pa- casos, caberá sindicância ou processo administrativo dis-
trimônio público, competindo-lhe conhecer concreta- ciplinar, sendo que a Comissão de Ética fornecerá ele-
mente de imputação ou de procedimento suscetível de mentos para instrução.
censura. Censura é o poder do Estado de interditar ou restrin-
gir a livre manifestação de pensamento, oral ou escrito,
“Estabelecido um código de ética, para uma classe, quando se considera que tal pode ameaçar a ordem pú-
cada indivíduo a ele passa a subordinar-se, sob pena de blica vigente.
incorrer em transgressão, punível pelo órgão competen-
te, incumbido de fiscalizar o exercício profissional. [...] A
fiscalização do exercício da profissão pelos órgãos de FIQUE ATENTO!
classe compreende as fases preventiva (ou educacional)
e executiva (ou de direta verificação da qualidade das - Todas entidades da administração pública
práticas). Grande parte dos erros cometidos derivam-se federal direta ou indireta devem constituir
em parte do pouco conhecimento sobre a conduta, ou em seu âmbito uma Comissão de Ética que
seja, da educação insuficiente, e outra parte, bem menor, irá apurar as infrações ao Código de Ética.
deriva-se de atos propositadamente praticados. Os ór- - A Comissão será composta por três ser-
gãos de fiscalização assumem, por conseguinte, um pa- vidores ou empregados titulares de cargo
pel relevante de garantia sobre a qualidade dos serviços efetivo ou emprego permanente.
prestados e da conduta humana dos profissionais” 26. - A constituição (quando foi criada) e a
Com efeito, as Comissões de Ética possuem função composição (quem a compõe) da Comissão
de orientação e aconselhamento, devendo se fazer deverão ser informadas à Secretaria da Ad-
presentes em todo órgão ou entidade da administração ministração Federal da Presidência da Re-
direta ou indireta. pública.
A Comissão de Ética não tem por finalidade aplicar
sanções disciplinares contra os servidores Civis. Muito
pelo contrário: a sua atuação tem por princípio evitar XXIV - Para fins de apuração do comprometimento
LEGISLAÇÃO
a instauração desses processos, mediante trabalho de ético, entende-se por servidor público todo aquele que,
orientação e aconselhamento. A finalidade do código de por força de lei, contrato ou de qualquer ato jurídico,
preste serviços de natureza permanente, temporária
26 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
ou excepcional, ainda que sem retribuição financeira,
2010.
39
desde que ligado direta ou indiretamente a qualquer Resposta: Errado. A previsão de obrigatoriedade está
órgão do poder estatal, como as autarquias, as funda- expressa no Decreto nº 1.171/1994 em seu inciso XVI:
ções públicas, as entidades paraestatais, as empresas “Em todos os órgãos e entidades da Administração
públicas e as sociedades de economia mista, ou em Pública Federal direta, indireta autárquica e funda-
qualquer setor onde prevaleça o interesse do Estado. cional, ou em qualquer órgão ou entidade que exerça
atribuições delegadas pelo poder público, deverá ser
Este último inciso do Código de Ética é de fundamen- criada uma Comissão de Ética [...]”.
tal importância para fins de concurso público, pois define
quem é o servidor público que se sujeita a ele. 2. (STJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CONHECIMENTOS
BÁSICOS – CESPE – 2018) Considerando os conceitos,
“Uma classe profissional caracteriza-se pela homoge- princípios e valores da ética e da moral, bem como o dis-
neidade do trabalho executado, pela natureza do conhe- posto na Lei nº 8.429/1992, julgue o item a seguir.
cimento exigido preferencialmente para tal execução e A consciência moral deve nortear o comportamento do
pela identidade de habilitação para o exercício da mes- servidor público, que deve sempre apresentar conduta
ma. A classe profissional é, pois, um grupo dentro da ética, ainda que receba ordem hierárquica superior que
sociedade, específico, definido por sua especialidade de lhe imponha conduta imoral e antiética.
desempenho de tarefa” 27.
Elementos do conceito de servidor público: ( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Instrumento de vinculação: por força de lei (por Resposta: Certo. O funcionário está subordinado em
exemplo, prestação de serviços como jurado ou sua conduta às leis e ao Código de Ética e não pode
mesário), contrato (contratação direta, sem con- desobedecê-los mesmo diante de ordens superiores.
curso público, para atender a uma urgência ou A previsão decorre ainda do dever previsto no Decreto
emergência) ou qualquer outro ato jurídico (é o nº 1.171/1994 em seu inciso XIV, “i”: “resistir a todas as
caso da nomeação por aprovação em concurso pú- pressões de superiores hierárquicos, de contratantes,
blico) - enfim, não importa o instrumento da vin- interessados e outros que visem obter quaisquer favo-
culação à administração pública, desde que esteja res, benesses ou vantagens indevidas em decorrência
realmente vinculado; de ações imorais, ilegais ou aéticas e denunciá-las”.
b) Serviço prestado: permanente, temporário ou ex-
cepcional - isto é, ainda que preste o serviço só 3. (SEDF – ANALISTA DE GESTÃO EDUCACIONAL –
por um dia, como no caso do mesário de eleição, é ADMINISTRAÇÃO – CESPE – 2017) À luz da legislação
servidor público, da mesma forma que aquele que que rege os atos administrativos, a requisição dos ser-
foi aprovado em concurso público e tomou posse; vidores distritais e a ética no serviço público, julgue o
com ou sem retribuição financeira - por exem- seguinte item.
plo, o jurado não recebe por seus serviços, mas Servidor público apresentar-se ao trabalho com vesti-
não deixa de ser servidor público; mentas inadequadas ao exercício do cargo não constitui
c) Instituição ou órgão de prestação: ligado à adminis- vedação relativa a comportamento profissional e atitudes
tração direta ou indireta, isto é, a qualquer órgão éticas no serviço.
que tenha algum vínculo com o poder estatal.
O conceito é o mais amplo possível, abrangendo ( ) CERTO ( ) ERRADO
autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista, enfim, qualquer Resposta: Errado. Preconiza o Decreto nº 1.171/1994
entidade ou setor que vise atender o interesse do em seu inciso XIV, “p”: “São deveres fundamentais do
Estado. servidor público: [...] p) apresentar-se ao trabalho com
vestimentas adequadas ao exercício da função”.
27 SÁ, Antônio Lopes de. Ética profissional. 9. ed. São Paulo: Atlas,
2010.
40
CAPÍTULO I ção, se for o caso, o seu redimensionamento, conside-
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES radas, entre outras, as seguintes variáveis:
I - demandas institucionais;
Art. 1o Fica estruturado o Plano de Carreira dos Car- II - proporção entre os quantitativos da força de traba-
gos Técnico-Administrativos em Educação, compos- lho do Plano de Carreira e usuários;
to pelos cargos efetivos de técnico-administrativos e III - inovações tecnológicas; e
de técnico-marítimos de que trata a Lei nº 7.596, de IV - modernização dos processos de trabalho no âm-
10 de abril de 1987, e pelos cargos referidos no § 5o bito da Instituição.
do art. 15 desta Lei. Parágrafo único. Os cargos vagos e alocados proviso-
§ 1o Os cargos a que se refere o caput deste artigo, riamente no Ministério da Educação deverão ser redis-
vagos e ocupados, integram o quadro de pessoal das tribuídos para as Instituições Federais de Ensino para
Instituições Federais de Ensino. atender às suas necessidades, de acordo com as variá-
§ 2o O regime jurídico dos cargos do Plano de Carrei- veis indicadas nos incisos I a IV deste artigo e confor-
ra é o instituído pela Lei nº 8.112, de 11 de dezembro me o previsto no inciso I do § 1o do art. 24 desta Lei.
de 1990, observadas as disposições desta Lei.
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, são consideradas Os princípios e diretrizes são expressões genéricas de
Instituições Federais de Ensino os órgãos e entida- vetores que devem guiar a atuação dos técnicos vincu-
des públicos vinculados ao Ministério da Educação lados ao plano de carreira, passando por aspectos como
que tenham por atividade-fim o desenvolvimento e capacitação profissional, avaliação de desempenho, va-
aperfeiçoamento do ensino, da pesquisa e extensão lorização da função, reconhecimento da relevância do
e que integram o Sistema Federal de Ensino. trabalho desempenhado, entre outros.
A Lei nº 8.112/1990 disciplina o regime jurídico úni- A instituição federal pode propor o redimensiona-
co dos servidores públicos civis federais. Neste sentido, mento dos servidores do quadro conforme se alterem as
enquadram-se como servidores públicos civis federais os demandas institucionais ou surjam novos métodos tec-
que ocupam cargos efetivos no quadro de pessoal das nológicos que afetem os processos de trabalho.
Instituições Federais de Ensino, sujeitando-se ao teor da
lei. CAPÍTULO III
DOS CONCEITOS
CAPÍTULO II
DA ORGANIZAÇÃO DO QUADRO DE PESSOAL Art. 5o Para todos os efeitos desta Lei, aplicam-se os
seguintes conceitos:
Art. 3o A gestão dos cargos do Plano de Carreira ob- I - plano de carreira: conjunto de princípios, diretrizes
servará os seguintes princípios e diretrizes: e normas que regulam o desenvolvimento profissional
I - natureza do processo educativo, função social e ob- dos servidores titulares de cargos que integram deter-
jetivos do Sistema Federal de Ensino; minada carreira, constituindo-se em instrumento de
II - dinâmica dos processos de pesquisa, de ensino, de gestão do órgão ou entidade;
extensão e de administração, e as competências espe- II - nível de classificação: conjunto de cargos de mes-
cíficas decorrentes; ma hierarquia, classificados a partir do requisito de
III - qualidade do processo de trabalho; escolaridade, nível de responsabilidade, conhecimen-
IV - reconhecimento do saber não instituído resultan- tos, habilidades específicas, formação especializada,
te da atuação profissional na dinâmica de ensino, de experiência, risco e esforço físico para o desempenho
pesquisa e de extensão; de suas atribuições;
V - vinculação ao planejamento estratégico e ao de-
senvolvimento organizacional das instituições; III - padrão de vencimento: posição do servidor na es-
VI - investidura em cada cargo condicionada à apro- cala de vencimento da carreira em função do nível de
vação em concurso público; capacitação, cargo e nível de classificação;
VII - desenvolvimento do servidor vinculado aos obje- IV - cargo: conjunto de atribuições e responsabilidades
tivos institucionais; previstas na estrutura organizacional que são cometi-
VIII - garantia de programas de capacitação que con- das a um servidor;
templem a formação específica e a geral, nesta incluí- V - nível de capacitação: posição do servidor na Matriz
da a educação formal; Hierárquica dos Padrões de Vencimento em decorrên-
IX - avaliação do desempenho funcional dos servido- cia da capacitação profissional para o exercício das
res, como processo pedagógico, realizada mediante atividades do cargo ocupado, realizada após o ingres-
critérios objetivos decorrentes das metas institucio- so;
nais, referenciada no caráter coletivo do trabalho e VI - ambiente organizacional: área específica de atua-
nas expectativas dos usuários; e ção do servidor, integrada por atividades afins ou
X - oportunidade de acesso às atividades de direção, complementares, organizada a partir das necessida-
assessoramento, chefia, coordenação e assistência, des institucionais e que orienta a política de desenvol-
LEGISLAÇÃO
41
O dispositivo conceitual é relevante porque traz no- § 2o O edital definirá as características de cada fase do
menclaturas que se repetirão ao longo da lei, valendo concurso público, os requisitos de escolaridade, a forma-
efetuar uma leitura atenta dele. ção especializada e a experiência profissional, os crité-
rios eliminatórios e classificatórios, bem como eventuais
CAPÍTULO IV restrições e condicionantes decorrentes do ambiente or-
DA ESTRUTURA DO PLANO DE CARREIRA DOS ganizacional ao qual serão destinadas as vagas.
CARGOS TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS EM EDU- Art. 10. O desenvolvimento do servidor na carreira
CAÇÃO dar-se-á, exclusivamente, pela mudança de nível de
capacitação e de padrão de vencimento mediante,
Art. 6o O Plano de Carreira está estruturado em 5 respectivamente, Progressão por Capacitação Profis-
(cinco) níveis de classificação, com 4 (quatro) níveis de sional ou Progressão por Mérito Profissional.
capacitação cada, conforme Anexo I-C desta Lei. § 1o Progressão por Capacitação Profissional é a
Art. 7o Os cargos do Plano de Carreira são organiza- mudança de nível de capacitação, no mesmo cargo
dos em 5 (cinco) níveis de classificação, A, B, C, D e E, e nível de classificação, decorrente da obtenção pelo
de acordo com o disposto no inciso II do art. 5o e no servidor de certificação em Programa de capacitação,
Anexo II desta Lei. compatível com o cargo ocupado, o ambiente organi-
Art. 8o São atribuições gerais dos cargos que integram zacional e a carga horária mínima exigida, respeitado
o Plano de Carreira, sem prejuízo das atribuições es- o interstício de 18 (dezoito) meses, nos termos da ta-
pecíficas e observados os requisitos de qualificação e bela constante do Anexo III desta Lei.
competências definidos nas respectivas especificações: § 2o Progressão por Mérito Profissional é a mudança
para o padrão de vencimento imediatamente subse-
I - planejar, organizar, executar ou avaliar as ativida- quente, a cada 2 (dois) anos de efetivo exercício, desde
des inerentes ao apoio técnico-administrativo ao en- que o servidor apresente resultado fixado em progra-
sino; ma de avaliação de desempenho, observado o respec-
II - planejar, organizar, executar ou avaliar as ativida- tivo nível de capacitação.
des técnico-administrativas inerentes à pesquisa e à § 3o O servidor que fizer jus à Progressão por Capaci-
extensão nas Instituições Federais de Ensino; tação Profissional será posicionado no nível de capa-
III - executar tarefas específicas, utilizando-se de re- citação subsequente, no mesmo nível de classificação,
cursos materiais, financeiros e outros de que a Institui- em padrão de vencimento na mesma posição relativa
ção Federal de Ensino disponha, a fim de assegurar a a que ocupava anteriormente, mantida a distância
eficiência, a eficácia e a efetividade das atividades de entre o padrão que ocupava e o padrão inicial do novo
ensino, pesquisa e extensão das Instituições Federais nível de capacitação.
de Ensino. § 4o No cumprimento dos critérios estabelecidos no
§ 1o As atribuições gerais referidas neste artigo serão
Anexo III, é permitido o somatório de cargas horárias
exercidas de acordo com o ambiente organizacional.
de cursos realizados pelo servidor durante a perma-
§ 2o As atribuições específicas de cada cargo serão de-
nência no nível de capacitação em que se encontra e
talhadas em regulamento.
da carga horária que excedeu à exigência para pro-
gressão no interstício do nível anterior, vedado o apro-
As atribuições gerais do cargo de técnico de instituto
veitamento de cursos com carga horária inferior a 20
federal são:
(vinte) horas-aula.
- Planejamento, organização, execução e avaliação
das atividades de ensino, pesquisa e extensão; § 5o A mudança de nível de capacitação e de padrão
- Tarefas específicas para assegurar a eficiência, a efi- de vencimento não acarretará mudança de nível de
cácia e a efetividade das atividades de ensino, pes- classificação.
quisa e extensão. § 6o Para fins de aplicação do disposto no § 1o deste
As atribuições específicas são descritas em regula- artigo aos servidores titulares de cargos de Nível de
mento. Classificação E, a conclusão, com aproveitamento, na
condição de aluno regular, de disciplinas isoladas, que
CAPÍTULO V tenham relação direta com as atividades inerentes ao
DO INGRESSO NO CARGO E DAS FORMAS DE DE- cargo do servidor, em cursos de Mestrado e Doutorado
SENVOLVIMENTO reconhecidos pelo Ministério da Educação - MEC, des-
de que devidamente comprovada, poderá ser conside-
Art. 9o O ingresso nos cargos do Plano de Carreira rada como certificação em Programa de Capacitação
far-se-á no padrão inicial do 1o (primeiro) nível de ca- para fins de Progressão por Capacitação Profissional,
pacitação do respectivo nível de classificação, median- conforme disciplinado em ato do Ministro de Estado
te concurso público de provas ou de provas e títulos, da Educação.
observadas a escolaridade e experiência estabelecidas § 7o A liberação do servidor para a realização de cur-
no Anexo II desta Lei. sos de Mestrado e Doutorado está condicionada ao
§ 1o O concurso referido no caput deste artigo poderá resultado favorável na avaliação de desempenho.
LEGISLAÇÃO
ser realizado por áreas de especialização, organizado § 8o Os critérios básicos para a liberação a que se re-
em 1 (uma) ou mais fases, bem como incluir curso de fere o § 7o deste artigo serão estabelecidos em Porta-
formação, conforme dispuser o plano de desenvolvi- ria conjunta dos Ministros de Estado do Planejamento,
mento dos integrantes do Plano de Carreira. Orçamento e Gestão e da Educação.
42
Art. 10-A. A partir de 1o de maio de 2008, o interstício CAPÍTULO VI
para Progressão por Mérito Profissional na Carreira, DA REMUNERAÇÃO
de que trata o § 2o do art. 10 desta Lei, passa a ser de
18 (dezoito) meses de efetivo exercício. Art. 13. A remuneração dos integrantes do Plano de
Parágrafo único. Na contagem do interstício necessá- Carreira será composta do vencimento básico, cor-
rio à Progressão por Mérito Profissional de que trata o respondente ao valor estabelecido para o padrão de
caput deste artigo, será aproveitado o tempo compu- vencimento do nível de classificação e nível de capaci-
tado desde a última progressão. tação ocupados pelo servidor, acrescido dos incentivos
Art. 11. Será instituído Incentivo à Qualificação ao ser- previstos nesta Lei e das demais vantagens pecuniá-
vidor que possuir educação formal superior ao exigido rias estabelecidas em lei.
para o cargo de que é titular, na forma de regulamen- Parágrafo único. Os integrantes do Plano de Carreira
to. não farão jus à Gratificação Temporária - GT, de que
Art. 12. O Incentivo à Qualificação terá por base per- trata a Lei nº 10.868, de 12 de maio de 2004, e à Gra-
centual calculado sobre o padrão de vencimento per- tificação Específica de Apoio Técnico-Administrativo e
cebido pelo servidor, na forma do Anexo IV desta Lei, Técnico-Marítimo às Instituições Federais de Ensino -
observados os seguintes parâmetros: GEAT, de que trata a Lei nº 10.908, de 15 de julho de
I - a aquisição de título em área de conhecimento com 2004.
relação direta ao ambiente organizacional de atuação Art. 13-A. Os servidores lotados nas Instituições Fe-
do servidor ensejará maior percentual na fixação do derais de Ensino integrantes do Plano de Carreira dos
Incentivo à Qualificação do que em área de conheci- Cargos Técnico-Administrativos em Educação não fa-
mento com relação indireta; e rão jus à Vantagem Pecuniária Individual - VPI insti-
II - a obtenção dos certificados relativos ao ensino tuída pela Lei nº 10.698, de 2 de julho de 2003.
fundamental e ao ensino médio, quando excederem
a exigência de escolaridade mínima para o cargo do Art. 14. Os vencimentos básicos do Plano de Carrei-
qual o servidor é titular, será considerada, para efei- ra dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação
to de pagamento do Incentivo à Qualificação, como estão estruturados na forma do Anexo I-C desta Lei,
conhecimento relacionado diretamente ao ambiente com efeitos financeiros a partir das datas nele espe-
organizacional. cificadas.
§ 1o Os percentuais do Incentivo à Qualificação não Parágrafo único. Sobre os vencimentos básicos referi-
são acumuláveis e serão incorporados aos respectivos dos no caput deste artigo incidirão os reajustes con-
proventos de aposentadoria e pensão. cedidos a título de revisão geral da remuneração dos
§ 2o O Incentivo à Qualificação somente integrará os servidores públicos federais.
proventos de aposentadorias e as pensões quando os
certificados considerados para a sua concessão tive-
rem sido obtidos até a data em que se deu a aposen- #FicaDica
tadoria ou a instituição da pensão. Vencimento básico + incentivos = remune-
§ 3o Para fins de concessão do Incentivo à Qualifi- ração.
cação, o Poder Executivo definirá as áreas de conhe-
cimento relacionadas direta e indiretamente ao am-
biente organizacional e os critérios e processos de CAPÍTULO VII
validação dos certificados e títulos, observadas as di- DO ENQUADRAMENTO
retrizes previstas no § 2o do art. 24 desta Lei.
§ 4o A partir de 1o de janeiro de 2013, o Incentivo à Art. 15. O enquadramento previsto nesta Lei será efe-
Qualificação de que trata o caput será concedido aos tuado de acordo com a Tabela de Correlação, constan-
servidores que possuírem certificado, diploma ou titu- te do Anexo VII desta Lei.
lação que exceda a exigência de escolaridade mínima § 1o O enquadramento do servidor na Matriz Hierár-
para ingresso no cargo do qual é titular, independen- quica será efetuado no prazo máximo de 90 (noventa)
temente do nível de classificação em que esteja posi- dias após a publicação desta Lei, observando-se:
cionado, na forma do Anexo IV. I - o posicionamento inicial no Nível de Capacitação I
do nível de classificação a que pertence o cargo; e
II - o tempo de efetivo exercício no serviço público fe-
#FicaDica deral, na forma do Anexo V desta Lei.
§ 2o Na hipótese de o enquadramento de que trata
Organização do plano: o § 1o deste artigo resultar em vencimento básico de
- Níveis de classificação - A, B, C, D e E - Pro- valor menor ao somatório do vencimento básico, da
gressão por Mérito Profissional Gratificação Temporária - GT e da Gratificação Especí-
- Níveis de capacitação - 1o, 2o, 3o e 4o - fica de Apoio Técnico-Administrativo e Técnico-Maríti-
Progressão por Capacitação Profissional mo às Instituições Federais de Ensino - GEAT, conside-
LEGISLAÇÃO
43
§ 3o A parcela complementar a que se refere o § 2o citação e padrão de vencimento básico do cargo de
deste artigo será considerada para todos os efeitos destino, observados os critérios de enquadramento es-
como parte integrante do novo vencimento básico, e tabelecidos por esta Lei.
será absorvida por ocasião da reorganização ou rees- Art. 19. Será instituída em cada Instituição Federal de
truturação da carreira ou tabela remuneratória, in- Ensino Comissão de Enquadramento responsável pela
clusive para fins de aplicação da tabela constante do aplicação do disposto neste Capítulo, na forma previs-
Anexo I-B desta Lei. ta em regulamento.
§ 4o O enquadramento do servidor no nível de ca- § 1o O resultado do trabalho efetuado pela Comissão
pacitação correspondente às certificações que possua de que trata o caput deste artigo será objeto de homo-
será feito conforme regulamento específico, observado logação pelo colegiado superior da Instituição Federal
o disposto no art. 26, inciso III, e no Anexo III desta Lei, de Ensino.
bem como a adequação das certificações ao Plano de § 2o A Comissão de Enquadramento será composta,
Desenvolvimento dos Integrantes da Carreira dos Car- paritariamente, por servidores integrantes do Plano de
gos Técnico-Administrativos em Educação, previsto no Carreira da respectiva instituição, mediante indicação
art. 24 desta Lei. dos seus pares, e por representantes da administração
§ 5o Os servidores redistribuídos para as Instituições superior da Instituição Federal de Ensino.
Federais de Ensino serão enquadrados no Plano de Art. 20. Para o efeito de subsidiar a elaboração do Re-
Carreira no prazo de 90 (noventa) dias da data de pu- gulamento de que trata o inciso III do art. 26 desta Lei,
blicação desta Lei. a Comissão de Enquadramento relacionará, no prazo
Art. 16. O enquadramento dos cargos referido no art. de 180 (cento e oitenta) dias a contar da data de sua
1o desta Lei dar-se-á mediante opção irretratável do instalação, os servidores habilitados a perceber o In-
respectivo titular, a ser formalizada no prazo de 60 centivo à Qualificação e a ser enquadrados no nível de
(sessenta) dias a contar do início da vigência desta Lei, capacitação, nos termos dos arts. 11, 12 e 15 desta Lei.
na forma do termo de opção constante do Anexo VI
desta Lei. Art. 21. O servidor terá até 30 (trinta) dias, a partir
Parágrafo único. O servidor que não formalizar a op- da data de publicação dos atos de enquadramento,
ção pelo enquadramento comporá quadro em extin- de que tratam os §§ 1o e 2o do art. 15 desta Lei, para
ção submetido à Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987, interpor recurso na Comissão de Enquadramento, que
cujo cargo será transformado em cargo equivalente do decidirá no prazo de 60 (sessenta) dias.
Plano de Carreira quando vagar. Parágrafo único. Indeferido o recurso pela Comissão
Art. 17. Os cargos vagos dos grupos Técnico-Adminis- de Enquadramento, o servidor poderá recorrer ao ór-
trativo e Técnico-Marítimo do Plano Único de Classi- gão colegiado máximo da Instituição Federal de En-
ficação e Retribuição de Cargos e Empregos, de que sino.
O servidor será em quadrado conforme seu nível de
trata a Lei nº 7.596, de 10 de abril de 1987, ficam
qualificação e seu tempo de exercício da função, papel
transformados nos cargos equivalentes do Plano de
desempenhado pela Comissão de Enquadramento com
Carreira de que trata esta Lei.
base nas informações apresentadas pelo servidor ingres-
Parágrafo único. Os cargos vagos de nível superior, in-
sante.
termediário e auxiliar, não organizados em carreira,
redistribuídos para as Instituições Federais de Ensino,
CAPÍTULO VIII
até a data da publicação desta Lei, serão transforma-
DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
dos nos cargos equivalentes do Plano de Carreira de
que trata esta Lei. Art. 22. Fica criada a Comissão Nacional de Supervi-
Art. 18. O Poder Executivo promoverá, mediante de- são do Plano de Carreira, vinculada ao Ministério da
creto, a racionalização dos cargos integrantes do Pla- Educação, com a finalidade de acompanhar, assesso-
no de Carreira, observados os seguintes critérios e re- rar e avaliar a implementação do Plano de Carreira,
quisitos: cabendo-lhe, em especial:
I - unificação, em cargos de mesma denominação e I - propor normas regulamentadoras desta Lei relati-
nível de escolaridade, dos cargos de denominações vas às diretrizes gerais, ingresso, progressão, capacita-
distintas, oriundos do Plano Único de Classificação ção e avaliação de desempenho;
e Retribuição de Cargos e Empregos, do Plano de II - acompanhar a implementação e propor alterações
Classificação de Cargos - PCC e de planos correlatos, no Plano de Carreira;
cujas atribuições, requisitos de qualificação, escolari- III - avaliar, anualmente, as propostas de lotação das
dade, habilitação profissional ou especialização exigi- Instituições Federais de Ensino, conforme inciso I do §
dos para ingresso sejam idênticos ou essencialmente 1o do art. 24 desta Lei; e
iguais aos cargos de destino; IV - examinar os casos omissos referentes ao Plano de
II - transposição aos respectivos cargos, e inclusão dos Carreira, encaminhando-os à apreciação dos órgãos
servidores na nova situação, obedecida a correspon- competentes.
LEGISLAÇÃO
dência, identidade e similaridade de atribuições entre § 1o A Comissão Nacional de Supervisão será compos-
o cargo de origem e o cargo em que for enquadrado; e ta, paritariamente, por representantes do Ministério
III - posicionamento do servidor ocupante dos cargos da Educação, dos dirigentes das IFES e das entidades
unificados em nível de classificação e nível de capa- representativas da categoria.
44
§ 2o A forma de designação, a duração do mandato e Art. 25. O Ministério da Educação, no prazo de 12
os critérios e procedimentos de trabalho da Comissão (doze) meses a contar da publicação desta Lei, promo-
Nacional de Supervisão serão estabelecidos em regu- verá avaliação e exame da política relativa a contratos
lamento. de prestação de serviços e à criação e extinção de car-
§ 3o Cada Instituição Federal de Ensino deverá ter gos no âmbito do Sistema Federal de Ensino.
uma Comissão Interna de Supervisão do Plano de Art. 26. O Plano de Carreira, bem como seus efeitos fi-
Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Edu- nanceiros, será implantado gradualmente, na seguin-
cação composta por servidores integrantes do Plano te conformidade:
de Carreira, com a finalidade de acompanhar, orien- I - incorporação das gratificações de que trata o § 2o
tar, fiscalizar e avaliar a sua implementação no âmbi- do art. 15 desta Lei, enquadramento por tempo de ser-
to da respectiva Instituição Federal de Ensino e propor viço público federal e posicionamento dos servidores
à Comissão Nacional de Supervisão as alterações ne- no 1o (primeiro) nível de capacitação na nova tabela
cessárias para seu aprimoramento. constante no Anexo I desta Lei, com início em de mar-
Art. 23. Aplicam-se os efeitos desta Lei: ço de 2005;
I - aos servidores aposentados, aos pensionistas, exce- II - implantação de nova tabela de vencimentos cons-
to no que se refere ao estabelecido no art. 10 desta Lei; tante no Anexo I-B desta Lei, em 1o de janeiro de
II - aos titulares de empregos técnico-administrativos 2006; e
e técnico-marítimos integrantes dos quadros das Ins- III - implantação do Incentivo à Qualificação e a efe-
tituições Federais de Ensino vinculadas ao Ministério tivação do enquadramento por nível de capacitação,
da Educação, em relação às diretrizes de gestão dos a partir da publicação do regulamento de que trata o
cargos e de capacitação e aos efeitos financeiros da art. 11 e o § 4o do art. 15 desta Lei.
inclusão e desenvolvimento na Matriz Hierárquica e Parágrafo único. A edição do regulamento referido
da percepção do Incentivo à Qualificação, vedada a no inciso III do caput deste artigo fica condicionada
alteração de regime jurídico em decorrência do dis- ao cumprimento do disposto nos arts. 16 e 17 da Lei
posto nesta Lei. Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000.
Art. 24. O plano de desenvolvimento institucional de Art. 26-A. Além dos casos previstos na legislação vi-
cada Instituição Federal de Ensino contemplará pla- gente, o ocupante de cargo do Plano de Carreira dos
no de desenvolvimento dos integrantes do Plano de Cargos Técnico-Administrativos em Educação poderá
Carreira, observados os princípios e diretrizes do art. afastar-se de suas funções para prestar colaboração a
3o desta Lei. outra instituição federal de ensino ou de pesquisa e ao
Ministério da Educação, com ônus para a instituição
§ 1o O plano de desenvolvimento dos integrantes do de origem, não podendo o afastamento exceder a 4
Plano de Carreira deverá conter: (quatro) anos.
I - dimensionamento das necessidades institucionais,
Parágrafo único. O afastamento de que trata o caput
com definição de modelos de alocação de vagas que
deste artigo será autorizado pelo dirigente máximo
contemplem a diversidade da instituição;
da IFE e deverá estar vinculado a projeto ou convênio
II - Programa de Capacitação e Aperfeiçoamento; e
com prazos e finalidades objetivamente definidos.
III - Programa de Avaliação de Desempenho.
Art. 26-B. É vedada a aplicação do instituto da redis-
§ 2o O plano de desenvolvimento dos integrantes do
tribuição aos cargos vagos ou ocupados, dos Quadros
Plano de Carreira será elaborado com base em diretri-
de Pessoal das Instituições Federais de Ensino para
zes nacionais estabelecidas em regulamento, no prazo
de 100 (cem) dias, a contar da publicação desta Lei. outros órgãos e entidades da administração pública
§ 3o A partir da publicação do regulamento de que e dos Quadros de Pessoal destes órgãos e entidades
trata o § 2o deste artigo, as Instituições Federais de para aquelas instituições.
Ensino disporão dos seguintes prazos: Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo não
I - 90 (noventa) dias para a formulação do plano de se aplica às redistribuições de cargos entre Instituições
desenvolvimento dos integrantes do Plano de Carreira; Federais de Ensino.
II – 180 (cento e oitenta) dias para formulação do pro- Art. 27. Esta Lei entra em vigor na data de sua pu-
grama de capacitação e aperfeiçoamento; e blicação.
III – 360 (trezentos e sessenta) dias para o início da
execução do programa de avaliação de desempenho Brasília, 12 de janeiro de 2005; 184o da Independên-
e o dimensionamento das necessidades institucionais cia e 117o da República.
com a definição dos modelos de alocação de vagas.
§ 4o Na contagem do interstício necessário à Progres- Os anexos da legislação estão disponíveis no seguinte
são por Mérito Profissional, será aproveitado o tem- link:
po computado entre a data em que tiver ocorrido a http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
última progressão processada segundo os critérios 2006/2005/lei/l11091.htm
vigentes até a data da publicação desta Lei e aplicá-
veis ao Plano Único de Classificação e Retribuição de
LEGISLAÇÃO
45
diretrizes e normas que regulam o desenvolvimento
profissional dos servidores titulares de cargos que in-
EXERCÍCIO COMENTADO tegram determinada carreira, constituindo-se em ins-
trumento de gestão do órgão ou entidade”.
1. (UFES - Assistente em Administração - UFES - 2015)
De acordo com a Lei nº. 11.091/2005, é CORRETO afir-
mar: DECRETO Nº 5.707, DE 23/02/2006.
a) Cargo é a posição do servidor na Matriz Hierárquica
dos Padrões de Vencimento em decorrência da ca- DECRETO Nº 5.707, DE 23 DE FEVEREIRO DE 2006.
pacitação profissional para o exercício das atividades
inerentes ao cargo ocupado, realizada após o ingresso. Institui a Política e as Diretrizes para o Desenvolvi-
b) Ambiente organizacional é a área específica de atua- mento de Pessoal da administração pública federal dire-
ção do servidor, integrada por atividades afins ou
ta, autárquica e fundacional, e regulamenta dispositivos
complementares, organizada a partir das necessida-
da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990.
des institucionais, que orienta a política de desenvol-
vimento de pessoal.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições
c) Nível de capacitação é o conjunto de atribuições e res-
que lhe confere o art. 84, incisos IV e VI, alínea “a”, da
ponsabilidades previstas na estrutura organizacional
Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 87 e
que são cometidas a um servidor.
102, incisos IV e VII, da Lei no 8.112, de 11 de dezembro
d) Nível de classificação é o conjunto de princípios, di-
retrizes e normas que regulam o desenvolvimento de 1990,
profissional dos servidores titulares de cargos que in-
tegram determinada carreira, constituindo-se em ins- DECRETA:
trumento de gestão do órgão ou entidade.
e) Plano de carreira é o conjunto de cargos de mesma Objeto e Âmbito de Aplicação
hierarquia, classificados a partir do requisito de esco- Art. 1o Fica instituída a Política Nacional de Desenvol-
laridade, nível de responsabilidade, conhecimentos, vimento de Pessoal, a ser implementada pelos órgãos
habilidades específicas, formação especializada, expe- e entidades da administração pública federal direta,
riência, risco e esforço físico para o desempenho de autárquica e fundacional, com as seguintes finalida-
atribuições inerentes aos respectivos cargos. des:
I - melhoria da eficiência, eficácia e qualidade dos ser-
Resposta: Letra B. Disciplina o artigo 5o, VI, Lei nº viços públicos prestados ao cidadão;
11.091/2005: “Para todos os efeitos desta Lei, apli- II - desenvolvimento permanente do servidor público;
cam-se os seguintes conceitos: [...] VI - ambiente or- III - adequação das competências requeridas dos ser-
ganizacional: área específica de atuação do servidor, vidores aos objetivos das instituições, tendo como re-
integrada por atividades afins ou complementares, ferência o plano plurianual;
organizada a partir das necessidades institucionais e IV - divulgação e gerenciamento das ações de capa-
que orienta a política de desenvolvimento de pessoal”. citação; e
A. Disciplina o artigo 5o, IV, Lei nº 11.091/2005: “Para V - racionalização e efetividade dos gastos com ca-
todos os efeitos desta Lei, aplicam-se os seguintes pacitação.
conceitos: [...] IV - cargo: conjunto de atribuições e Art. 2o Para os fins deste Decreto, entende-se por:
responsabilidades previstas na estrutura organizacio- I - capacitação: processo permanente e deliberado de
nal que são cometidas a um servidor”. aprendizagem, com o propósito de contribuir para o
C. Disciplina o artigo 5o, V, Lei nº 11.091/2005: “Para desenvolvimento de competências institucionais por
todos os efeitos desta Lei, aplicam-se os seguintes meio do desenvolvimento de competências individu-
conceitos: [...] V - nível de capacitação: posição do ser- ais;
vidor na Matriz Hierárquica dos Padrões de Vencimen- II - gestão por competência: gestão da capacitação
to em decorrência da capacitação profissional para o orientada para o desenvolvimento do conjunto de
exercício das atividades do cargo ocupado, realizada conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias ao
após o ingresso”. desempenho das funções dos servidores, visando ao
D. Disciplina o artigo 5o, II, Lei nº 11.091/2005: “Para alcance dos objetivos da instituição; e
todos os efeitos desta Lei, aplicam-se os seguintes III - eventos de capacitação: cursos presenciais e à dis-
conceitos: [...] II - nível de classificação: conjunto de tância, aprendizagem em serviço, grupos formais de
cargos de mesma hierarquia, classificados a partir do estudos, intercâmbios, estágios, seminários e congres-
requisito de escolaridade, nível de responsabilidade, sos, que contribuam para o desenvolvimento do ser-
conhecimentos, habilidades específicas, formação es- vidor e que atendam aos interesses da administração
pecializada, experiência, risco e esforço físico para o pública federal direta, autárquica e fundacional.
LEGISLAÇÃO
46
I - incentivar e apoiar o servidor público em suas ini- Instrumentos
ciativas de capacitação voltadas para o desenvolvi- Art. 5o São instrumentos da Política Nacional de De-
mento das competências institucionais e individuais; senvolvimento de Pessoal:
II - assegurar o acesso dos servidores a eventos de I - plano anual de capacitação;
capacitação interna ou externamente ao seu local de II - relatório de execução do plano anual de capaci-
trabalho; tação; e
III - promover a capacitação gerencial do servidor e III - sistema de gestão por competência.
sua qualificação para o exercício de atividades de di- § 1o Caberá à Secretaria de Gestão do Ministério do
reção e assessoramento; Planejamento, Orçamento e Gestão desenvolver e im-
IV - incentivar e apoiar as iniciativas de capacitação plementar o sistema de gestão por competência.
promovidas pelas próprias instituições, mediante o § 2o Compete ao Ministro de Estado do Planejamen-
aproveitamento de habilidades e conhecimentos de to, Orçamento e Gestão disciplinar os instrumentos da
servidores de seu próprio quadro de pessoal; Política Nacional de Desenvolvimento de Pessoal.
V - estimular a participação do servidor em ações de Art. 6o Os órgãos e entidades da administração pú-
educação continuada, entendida como a oferta regu- blica federal direta, autárquica e fundacional deverão
lar de cursos para o aprimoramento profissional, ao incluir em seus planos de capacitação ações voltadas
longo de sua vida funcional; à habilitação de seus servidores para o exercício de
VI - incentivar a inclusão das atividades de capacita- cargos de direção e assessoramento superiores, as
ção como requisito para a promoção funcional do ser- quais terão, na forma do art. 9o da Lei no 7.834, de
vidor nas carreiras da administração pública federal 6 de outubro de 1989, prioridade nos programas de
direta, autárquica e fundacional, e assegurar a ele a desenvolvimento de recursos humanos.
participação nessas atividades; Parágrafo único. Caberá à ENAP promover, elaborar e
VII - considerar o resultado das ações de capacitação executar ações de capacitação para os fins do disposto
e a mensuração do desempenho do servidor comple- no caput, bem assim a coordenação e supervisão dos
mentares entre si; programas de capacitação gerencial de pessoal civil
VIII - oferecer oportunidades de requalificação aos executados pelas demais escolas de governo da ad-
servidores redistribuídos; ministração pública federal direta, autárquica e fun-
IX - oferecer e garantir cursos introdutórios ou de for- dacional.
mação, respeitadas as normas específicas aplicáveis
a cada carreira ou cargo, aos servidores que ingres- Comitê Gestor
sarem no setor público, inclusive àqueles sem vínculo Art. 7o Fica criado o Comitê Gestor da Política Nacio-
efetivo com a administração pública; nal de Desenvolvimento de Pessoal, com as seguintes
X - avaliar permanentemente os resultados das ações competências:
de capacitação; I - avaliar os relatórios anuais dos órgãos e entidades,
XI - elaborar o plano anual de capacitação da insti- verificando se foram observadas as diretrizes da Políti-
tuição, compreendendo as definições dos temas e as ca Nacional de Desenvolvimento de Pessoal;
metodologias de capacitação a serem implementadas; II - orientar os órgãos e entidades da administração
XII - promover entre os servidores ampla divulgação pública federal direta, autárquica e fundacional na
das oportunidades de capacitação; e definição sobre a alocação de recursos para fins de
XIII - priorizar, no caso de eventos externos de apren- capacitação de seus servidores;
dizagem, os cursos ofertados pelas escolas de governo, III - promover a disseminação da Política Nacional de
favorecendo a articulação entre elas e visando à cons- Desenvolvimento de Pessoal entre os dirigentes dos
trução de sistema de escolas de governo da União, a órgãos e das entidades, os titulares das unidades de
ser coordenado pela Escola Nacional de Administra- recursos humanos, os responsáveis pela capacitação,
ção Pública - ENAP. os servidores públicos federais e suas entidades repre-
Parágrafo único. As instituições federais de ensino sentativas; e
poderão ofertar cursos de capacitação, previstos neste IV - zelar pela observância do disposto neste Decreto.
Decreto, mediante convênio com escolas de governo Parágrafo único. No exercício de suas competências,
ou desde que reconhecidas, para tanto, em ato con- o Comitê Gestor deverá observar as orientações e di-
junto dos Ministros de Estado do Planejamento, Orça- retrizes para implementação da Política Nacional de
mento e Gestão e da Educação. Desenvolvimento de Pessoal, fixadas pela Câmara de
Políticas de Gestão Pública, de que trata o Decreto
Escolas de Governo no 5.383, de 3 de março de 2005.
Art. 4o Para os fins deste Decreto, são consideradas Art. 8o O Comitê Gestor da Política Nacional de De-
escolas de governo as instituições destinadas, precipu- senvolvimento de Pessoal será composto por represen-
amente, à formação e ao desenvolvimento de servido- tantes dos seguintes órgãos e entidade do Ministério
res públicos, incluídas na estrutura da administração do Planejamento, Orçamento e Gestão, designados
pelo Ministro de Estado:
LEGISLAÇÃO
47
Parágrafo único. Compete à Secretaria de Recursos Disposição Transitória
Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento Art. 12. Os órgãos e entidades deverão priorizar, nos
e Gestão: dois primeiros anos de vigência deste Decreto, a quali-
I - desenvolver mecanismos de incentivo à atuação de ficação das unidades de recursos humanos, no intuito
servidores dos órgãos e das entidades como facilita- de instrumentalizá-las para a execução das ações de
dores, instrutores e multiplicadores em ações de ca- capacitação.
pacitação; e
II - prestar apoio técnico e administrativo e os meios Vigência
necessários à execução dos trabalhos do Comitê Ges- Art. 13. Este Decreto entra em vigor na data de sua
tor. publicação.
48
II - co-responsabilidade do dirigente da IFE, dos diri- X - matriz de alocação de cargos: conjunto de variá-
gentes das unidades acadêmicas e administrativas, e veis quantitativas que, por meio de fórmula matemá-
da área de gestão de pessoas pela gestão da carreira e tica, traduz a distribuição ideal dos Cargos Técnico-
do Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do Pla- -Administrativos na IFE;
no de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em XI - força de trabalho: conjunto formado pelas pessoas
Educação; e que, independentemente do seu vínculo de trabalho
III - adequação do quadro de pessoal às demandas com a IFE, desenvolvem atividades técnico-adminis-
institucionais. trativas e de gestão;
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, aplicam-se os XII - equipe de trabalho: conjunto da força de trabalho
seguintes conceitos: da IFE que realiza atividades afins e complementares;
I - desenvolvimento: processo continuado que visa am- XIII - ocupante da carreira: servidor efetivo perten-
pliar os conhecimentos, as capacidades e habilidades cente ao quadro da IFE que ocupa cargo do Plano de
dos servidores, a fim de aprimorar seu desempenho Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Edu-
funcional no cumprimento dos objetivos institucionais; cação; e
II - capacitação: processo permanente e deliberado de XIV - processo de trabalho: conjunto de ações sequen-
aprendizagem, que utiliza ações de aperfeiçoamento ciadas que organizam as atividades da força de tra-
e qualificação, com o propósito de contribuir para o balho e a utilização dos meios de trabalho, visando o
desenvolvimento de competências institucionais, por cumprimento dos objetivos e metas institucionais.
meio do desenvolvimento de competências individu- Art. 4o O Plano de Desenvolvimento dos Integrantes
ais; do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administra-
III - educação formal: educação oferecida pelos siste- tivos em Educação será definido, visando garantir:
mas formais de ensino, por meio de instituições pú- I - a função estratégica do ocupante da carreira dentro
blicas ou privadas, nos diferentes níveis da educação da IFE;
brasileira, entendidos como educação básica e educa- II - a apropriação do processo de trabalho pelos ocu-
ção superior; pantes da carreira, inserindo-os como sujeitos no pla-
IV - aperfeiçoamento: processo de aprendizagem, ba- nejamento institucional;
seado em ações de ensino-aprendizagem, que atu- III - o aprimoramento do processo de trabalho, trans-
aliza, aprofunda conhecimentos e complementa a formando-o em conhecimento coletivo e de domínio
formação profissional do servidor, com o objetivo de público;
torná-lo apto a desenvolver suas atividades, tendo em IV - a construção coletiva de soluções para as questões
vista as inovações conceituais, metodológicas e tec- institucionais;
nológicas; V - a reflexão crítica dos ocupantes da carreira acerca
V - qualificação: processo de aprendizagem baseado de seu desempenho em relação aos objetivos institu-
em ações de educação formal, por meio do qual o ser- cionais;
vidor adquire conhecimentos e habilidades, tendo em VI - a administração de pessoal como uma atividade
vista o planejamento institucional e o desenvolvimen- a ser realizada pelo órgão de gestão de pessoas e as
demais unidades da administração das IFE;
to do servidor na carreira;
VII - a identificação de necessidade de pessoal, inclu-
VI - desempenho: execução de atividades e cumpri-
sive remanejamento, readaptação e redistribuição da
mento de metas previamente pactuadas entre o ocu-
força de trabalho de cada unidade organizacional;
pante da carreira e a IFE, com vistas ao alcance de
VIII - as condições institucionais para capacitação e
objetivos institucionais;
avaliação que tornem viável a melhoria da qualidade
VII - avaliação de desempenho: instrumento gerencial
na prestação de serviços, no cumprimento dos obje-
que permite ao administrador mensurar os resulta-
tivos institucionais, o desenvolvimento das potencia-
dos obtidos pelo servidor ou pela equipe de trabalho,
lidades dos ocupantes da carreira e sua realização
mediante critérios objetivos decorrentes das metas profissional como cidadãos;
institucionais, previamente pactuadas com a equipe IX - a avaliação de desempenho como um processo
de trabalho, considerando o padrão de qualidade de que contemple a avaliação realizada pela força de tra-
atendimento ao usuário definido pela IFE, com a fi- balho, pela equipe de trabalho e pela IFE e que terão
nalidade de subsidiar a política de desenvolvimento o resultado acompanhado pela comunidade externa; e
institucional e do servidor; X - a integração entre ambientes organizacionais e as
VIII - dimensionamento: processo de identificação e diferentes áreas do conhecimento.
análise quantitativa e qualitativa da força de trabalho Art. 5o O Plano de Desenvolvimento dos Integrantes
necessária ao cumprimento dos objetivos institucio- do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administra-
nais, considerando as inovações tecnológicas e mo- tivos em Educação será vinculado ao Plano de Desen-
dernização dos processos de trabalho no âmbito da volvimento Institucional de cada IFE, conforme defi-
IFE; nido no art. 24 da Lei nº 11.091, de 2005, e deverá
IX - alocação de cargos: processo de distribuição de contemplar:
LEGISLAÇÃO
49
III - Programa de Avaliação de Desempenho. Parágrafo único. O Programa de Capacitação e Aper-
§ 1o As ações de planejamento, coordenação, exe- feiçoamento deverá ser implementado nas seguintes
cução e avaliação do Plano de Desenvolvimento dos linhas de desenvolvimento:
Integrantes da Carreira dos Cargos Técnico-Adminis- I - iniciação ao serviço público: visa ao conhecimen-
trativos em Educação são de responsabilidade do di- to da função do Estado, das especificidades do serviço
rigente máximo da IFE e das chefias de unidades aca- público, da missão da IFE e da conduta do servidor
dêmicas e administrativas em conjunto com a unidade público e sua integração no ambiente institucional;
de gestão de pessoas. II - formação geral: visa à oferta de conjunto de infor-
§ 2o A unidade de gestão de pessoas deverá assumir mações ao servidor sobre a importância dos aspectos
o gerenciamento dos programas vinculados ao Plano profissionais vinculados à formulação, ao planejamen-
de Desenvolvimento dos Integrantes da Carreira dos to, à execução e ao controle das metas institucionais;
Cargos Técnico-Administrativos em Educação. III - educação formal: visa à implementação de ações
§ 3o Em cada IFE, o Plano de Desenvolvimento dos que contemplem os diversos níveis de educação for-
Integrantes da Carreira dos Cargos Técnico-Adminis- mal;
trativos em Educação será acompanhado e fiscalizado IV - gestão: visa à preparação do servidor para o de-
pela Comissão Interna de Supervisão, conforme dis- senvolvimento da atividade de gestão, que deverá se
posto no § 3o do art. 22 da Lei nº 11.091, de 2005. constituir em pré-requisito para o exercício de funções
Art. 6o O dimensionamento das necessidades institu- de chefia, coordenação, assessoramento e direção;
cionais de pessoal, objetivando estabelecer a matriz de V - inter-relação entre ambientes: visa à capacitação
alocação de cargos e definir os critérios de distribuição do servidor para o desenvolvimento de atividades re-
de vagas, dar-se-á mediante: lacionadas e desenvolvidas em mais de um ambiente
I - a análise do quadro de pessoal, inclusive no que organizacional; e
se refere à composição etária e à saúde ocupacional; VI - específica: visa à capacitação do servidor para o
II - a análise da estrutura organizacional da IFE e suas desempenho de atividades vinculadas ao ambiente
competências; organizacional em que atua e ao cargo que ocupa.
III - a análise dos processos e condições de trabalho; e Art. 8o O Programa de Avaliação de Desempenho terá
IV - as condições tecnológicas da IFE. por objetivo promover o desenvolvimento institucio-
Parágrafo único. Para o cumprimento do estabelecido nal, subsidiando a definição de diretrizes para políti-
no caput, deverão ser adotadas as seguintes ações: cas de gestão de pessoas e garantindo a melhoria da
I - identificação da força de trabalho da IFE e sua com- qualidade dos serviços prestados à comunidade.
posição, conforme estabelecido neste Decreto; § 1o O resultado do Programa de Avaliação de De-
II - descrição das atividades dos setores em relação sempenho deverá:
aos ambientes organizacionais e à força de trabalho; I - fornecer indicadores que subsidiem o planejamento
III - descrição das condições tecnológicas e de traba- estratégico, visando ao desenvolvimento de pessoal da
lho; IFE;
IV - identificação da forma de planejamento, avalia- II - propiciar condições favoráveis à melhoria dos pro-
ção e do nível de capacitação da força de trabalho da cessos de trabalho;
IFE;
III - identificar e avaliar o desempenho coletivo e indi-
V - análise dos processos de trabalho com indicação
vidual do servidor, consideradas as condições de tra-
das necessidades de racionalização, democratização e
balho;
adaptação às inovações tecnológicas;
IV - subsidiar a elaboração dos Programas de Capa-
VI - identificação da necessidade de redefinição da
citação e Aperfeiçoamento, bem como o dimensiona-
estrutura organizacional e das competências das uni-
mento das necessidades institucionais de pessoal e de
dades da IFE;
políticas de saúde ocupacional; e
VII - aplicação da matriz de alocação de cargos e de-
mais critérios para o estabelecimento da real necessi- V - aferir o mérito para progressão.
dade de força de trabalho; § 2o O Programa de Avaliação de Desempenho, como
VIII - comparação entre a força de trabalho existente e processo pedagógico, coletivo e participativo, abran-
a necessidade identificada, de forma a propor ajustes; gerá, de forma integrada, a avaliação:
IX - remanejamento interno de pessoal com vistas ao I - das ações da IFE;
ajuste da força de trabalho à matriz de alocação de II - das atividades das equipes de trabalho;
cargos; e III - das condições de trabalho; e
X - identificação da necessidade de realização de con- IV - das atividades individuais, inclusive as das chefias.
curso público, a fim de atender às demandas institu- § 3o Os instrumentos a serem utilizados para a ava-
cionais. liação de desempenho deverão ser estruturados, com
Art. 7o O Programa de Capacitação e Aperfeiçoamen- base nos princípios de objetividade, legitimidade e pu-
to terá por objetivo: blicidade e na adequação do processo aos objetivos,
I - contribuir para o desenvolvimento do servidor, métodos e resultados definidos neste Decreto.
como profissional e cidadão; Art. 9o A aplicação do processo de avaliação de de-
LEGISLAÇÃO
II - capacitar o servidor para o desenvolvimento de sempenho deverá ocorrer no mínimo uma vez por
ações de gestão pública; e ano, ou em etapas necessárias a compor a avaliação
III - capacitar o servidor para o exercício de atividades anual, de forma a atender à dinâmica de funciona-
de forma articulada com a função social da IFE. mento da IFE.
50
Art. 10. Participarão do processo de avaliação todos os e do Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do
integrantes da equipe de trabalho e usuários, confor- Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos
me estabelecido no parágrafo único. em Educação; e II – adequação do quadro de pessoal
Parágrafo único. Caberá à IFE organizar e regulamen- às demandas institucionais, somente.
tar formas sistemáticas e permanentes de participa- d) I – cooperação técnica entre as instituições públicas
ção de usuários na avaliação dos serviços prestados, de ensino e as pesquisas e dessas com o Ministério da
com base nos padrões de qualidade em atendimento Educação; e II – adequação do quadro de pessoal às
por ela estabelecidos. demandas institucionais, somente.
e) I – corresponsabilidade do dirigente da IFE, dos diri-
Art. 11. Este Decreto entra em vigor na data de sua gentes das unidades acadêmicas e administrativas, e
publicação. da área de gestão de pessoas pela gestão da carreira
e do Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do
Brasília, 29 de junho de 2006; 185o da Independência Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos
e 118o da República. em Educação, exclusivamente.
51
VIII - articulação com os Estados, o Distrito Federal, ou a decisão da matéria, deverá providenciar a remes-
os Municípios e os outros Poderes para a integração, sa imediata do requerimento ao órgão ou à entidade
racionalização, disponibilização e simplificação de do Poder Executivo federal competente.
serviços públicos. § 3º Quando a remessa referida no § 2º não for pos-
Parágrafo único. Usuários dos serviços públicos são as sível, o interessado deverá ser comunicado imediata-
pessoas físicas e jurídicas, de direito público ou priva- mente do fato para adoção das providências neces-
do, diretamente atendidas por serviço público. sárias.
Art. 5º-A Para fins de acesso a informações e serviços,
CAPÍTULO I de exercício de obrigações e direitos e de obtenção de
DA RACIONALIZAÇÃO DE EXIGÊNCIAS E DA TRO- benefícios perante os órgãos e as entidades do Poder
CA DE INFORMAÇÕES Executivo federal, o número de inscrição no Cadastro
de Pessoas Físicas - CPF é suficiente e substitutivo para
Art. 2º Salvo disposição legal em contrário, os órgãos a apresentação dos seguintes dados:(Incluído pelo De-
e as entidades do Poder Executivo federal que neces- creto nº 9.723, de 2019) (Vide Decreto nº 9.723, de
sitarem de documentos comprobatórios da regulari- 2019)
dade da situação de usuários dos serviços públicos, I - Número de Identificação do Trabalhador - NIT, de
de atestados, de certidões ou de outros documentos que trata o inciso I do caput do art. 3º do Decreto nº
comprobatórios que constem em base de dados oficial 97.936, de 10 de julho de 1989; (Incluído pelo Decre-
da administração pública federal deverão obtê-los di- to nº 9.723, de 2019)
retamente do órgão ou da entidade responsável pela II - número do cadastro perante o Programa de Inte-
base de dados, nos termos do Decreto nº 8.789, de 29 gração Social - PIS ou o Programa de Formação do
de junho de 2016, e não poderão exigi-los dos usuá- Patrimônio do Servidor Público - Pasep; (Incluído
rios dos serviços públicos. pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
Art. 3º Na hipótese dos documentos a que se refere o III - número e série da Carteira de Trabalho e Previ-
art. 2º conterem informações sigilosas sobre os usuá-
dência Social - CTPS, de que trata o art. 16 da Consoli-
rios dos serviços públicos, o fornecimento pelo órgão
dação das Leis do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei
ou pela entidade responsável pela base de dados ofi-
nº 5.452, de 1º de maio de 1943; (Incluído pelo Decre-
cial fica condicionado à autorização expressa do usuá-
to nº 9.723, de 2019)
rio, exceto nas situações previstas em lei.
IV - número da Permissão para Dirigir ou da Carteira
Parágrafo único. Quando não for possível a obtenção
Nacional de Habilitação, de que trata o inciso VII do
dos documentos a que a que se refere o art. 2º direta-
caput do art. 19 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de
mente do órgão ou da entidade responsável pela base
1997 - Código de Trânsito Brasileiro; (Incluído pelo
de dados oficial, a comprovação necessária poderá ser
feita por meio de declaração escrita e assinada pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
usuário dos serviços públicos, que, na hipótese de de- V - número de matrícula em instituições públicas fe-
claração falsa, ficará sujeito às sanções administrati- derais de ensino superior; (Incluído pelo Decreto nº
vas, civis e penais aplicáveis. 9.723, de 2019)
Art. 4º Os órgãos e as entidades responsáveis por ba- VI - números dos Certificados de Alistamento Militar,
ses de dados oficiais da administração pública federal de Reservista, de Dispensa de Incorporação e de Isen-
prestarão orientações aos órgãos e às entidades públi- ção de que trata a Lei nº 4.375, de 17 de agosto de
cos interessados para o acesso às informações cons- 1964; (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
tantes das bases de dados, observadas as disposições VII - número de inscrição em conselho de fiscalização
legais aplicáveis. de profissão regulamentada;(Incluído pelo Decreto nº
Art. 5º No atendimento aos usuários dos serviços pú- 9.723, de 2019)
blicos, os órgãos e as entidades do Poder Executivo fe- VIII - número de inscrição no Cadastro Único para
deral observarão as seguintes práticas: Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico, de
I - gratuidade dos atos necessários ao exercício da ci- que trata o Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007;
dadania, nos termos da Lei nº 9.265, de 12 de feverei- e (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
ro de 1996; IX - demais números de inscrição existentes em bases
II - padronização de procedimentos referentes à utili- de dados públicas federais. (Incluído pelo Decreto nº
zação de formulários, guias e outros documentos con- 9.723, de 2019)
gêneres; e § 1º O disposto no inciso IV do caput não se aplica
III - vedação de recusa de recebimento de requerimen- aos processos administrativos em trâmite nos órgãos
tos pelos serviços de protocolo, exceto quando o órgão federais do Sistema Nacional de Trânsito para os quais
ou a entidade for manifestamente incompetente. seja necessário apresentar o número da Permissão
§ 1º Na hipótese referida no inciso III do caput, os ser- para Dirigir ou da Carteira Nacional de Habilitação
viços de protocolo deverão prover as informações e as para obter acesso à informação. (Incluído pelo Decreto
orientações necessárias para que o interessado possa nº 9.723, de 2019)
LEGISLAÇÃO
52
de Alistamento Militar, de Reservista, de Dispensa de § 1º A Carta de Serviços ao Usuário tem por objetivo
Incorporação ou de Isenção para obter acesso à infor- informar aos usuários: (Redação dada pelo Decreto nº
mação. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019) 9.723, de 2019)
§ 3º Os cadastros, formulários, sistemas e outros ins- I - os serviços prestados pelo órgão ou pela entidade
trumentos exigidos dos usuários para a prestação de do Poder Executivo federal;(Incluído pelo Decreto nº
serviço público conterão campo de preenchimento 9.723, de 2019)
obrigatório para registro do número de inscrição no II - as formas de acesso aos serviços a que se refere o
CPF. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019) inciso I;(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
§ 4º Ato do Secretário Especial de Desburocratização, III - os compromissos e padrões de qualidade do
Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia atendimento ao público; e (Incluído pelo Decreto nº
poderá dispor sobre outras hipótese, além das previs- 9.723, de 2019)
tas no caput. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de IV - os serviços publicados no Portal de Serviços do
2019) Governo Federal, nos termos do disposto no Decreto
§ 5º A substituição dos dados constantes nos incisos I nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016. (Incluído pelo
a VIII do caput pelo número de inscrição no CPF é ato Decreto nº 9.723, de 2019)
preparatório à implementação do Documento Nacio- § 2º Da Carta de Serviços ao Usuário, deverão constar
nal de Identidade a que se refere oart. 8º da Lei nº informações claras e precisas sobre cada um dos ser-
13.444, de 11 de maio de 2017. (Incluído pelo Decreto viços prestados, especialmente as relativas:
I - ao serviço oferecido;
nº 9.723, de 2019)
II - aos requisitos e aos documentos necessários para
Art. 6º As exigências necessárias para o requerimento
acessar o serviço;
serão feitas desde logo e de uma só vez ao interessado,
III - às etapas para processamento do serviço;
justificando-se exigência posterior apenas em caso de
IV - ao prazo para a prestação do serviço;
dúvida superveniente.
V - à forma de prestação do serviço;
Art. 7º Não será exigida prova de fato já comprova-
VI - à forma de comunicação com o solicitante do ser-
do pela apresentação de documento ou informação
viço; e
válida. VII - aos locais e às formas de acessar o serviço.
Art.8º Para complementar informações ou solicitar § 3º Além das informações referidas no § 2º, a Carta
esclarecimentos, a comunicação entre o órgão ou a de Serviços ao Usuário deverá, para detalhar o padrão
entidade do Poder Executivo federal e o interessado de qualidade do atendimento, estabelecer:
poderá ser feita por qualquer meio, preferencialmente I - os usuários que farão jus à prioridade no atendi-
eletrônico. mento;
Art. 9º Exceto se existir dúvida fundada quanto à au- II - o tempo de espera para o atendimento;
tenticidade ou previsão legal, fica dispensado o reco- III - o prazo para a realização dos serviços;
nhecimento de firma e a autenticação de cópia dos IV - os mecanismos de comunicação com os usuários;
documentos expedidos no País e destinados a fazer V - os procedimentos para receber, atender, gerir e res-
prova junto a órgãos e entidades do Poder Executivo ponder às sugestões e reclamações;
federal. VI - as etapas, presentes e futuras, esperadas para a
Art. 10. A apresentaç de documentos por usuários dos realização dos serviços, incluídas a estimativas de pra-
serviços públicos poderá ser feita por meio de cópia zos;
autenticada, dispensada nova conferência com o do- VII - os mecanismos para a consulta pelos usuários
cumento original. acerca das etapas, cumpridas e pendentes, para a rea-
§ 1º A autenticação de cópia de documentos poderá lização do serviço solicitado;
ser feita, por meio de cotejo da cópia com o documen- VIII - o tratamento a ser dispensado aos usuários
to original, pelo servidor público a quem o documento quando do atendimento;
deva ser apresentado. IX - os elementos básicos para o sistema de sinaliza-
§ 2º Constatada, a qualquer tempo, a falsificação de ção visual das unidades de atendimento;
firma ou de cópia de documento público ou particular, X - as condições mínimas a serem observadas pelas
o órgão ou a entidade do Poder Executivo federal con- unidades de atendimento, em especial no que se refe-
siderará não satisfeita a exigência documental respec- re à acessibilidade, à limpeza e ao conforto;
tiva e, no prazo de até cinco dias, dará conhecimento XI - os procedimentos para atendimento quando o sis-
do fato à autoridade competente para adoção das tema informatizado se encontrar indisponível; e
providências administrativas, civis e penais cabíveis. XII - outras informações julgadas de interesse dos
usuários.
CAPÍTULO II
DA CARTA DE SERVIÇOS AO USUÁRIO CAPÍTULO III
DA RACIONALIZAÇÃO DAS NORMAS
Art. 11. Os órgãos e as entidades do Poder Executi-
vo federal que prestam atendimento aos usuários dos Art. 12. A edição e a alteração das normas relativas
LEGISLAÇÃO
serviços públicos, direta ou indiretamente, deverão ao atendimento dos usuários dos serviços públicos ob-
elaborar e divulgar Carta de Serviços ao Usuário, no servarão os princípios da eficiência e da economicida-
âmbito de sua esfera de competência. de e considerarão os efeitos práticos tanto para a ad-
ministração pública federal quanto para os usuários.
53
CAPÍTULO IV CAPÍTULO VI
DA SOLICITAÇÃO DE SIMPLIFICAÇÃO DA DIVULGAÇÃO AOS USUÁRIOS DOS SERVIÇOS
PÚBLICOS
Art. 13. Os usuários dos serviços públicos poderão
apresentar Solicitação de Simplificação aos órgãos e Art. 18. A Carta de Serviços ao Usuário, a forma de
às entidades do Poder Executivo federal, por meio de acesso, as orientações de uso e as informações do
formulário próprio denominado Simplifique!, nas se- formulário Simplifique! deverão ser objeto de perma-
guintes hipóteses: (Redação dada pelo Decreto nº nente divulgação aos usuários dos serviços públicos, e
9.723, de 2019) mantidos visíveis e acessíveis ao público:
I - quando a prestação de serviço público não observar I - nos locais de atendimento, por meio de extração
o disposto:(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019) das informações, em formato impresso, a partir do
a) neste Decreto; (Incluída pelo Decreto nº 9.723, de Portal de Serviços do Governo Federal; e (Redação
2019) dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
b) na Lei nº 13.460, de 2017; (Incluída pelo Decreto II - nos portais institucionais e de prestação de serviços
nº 9.723, de 2019) na internet, a partir de link de acesso ao Portal de Ser-
c) na Lei nº 13.726, de 8 de outubro de 2018; ou (In- viços do Governo Federal.(Redação dada pelo Decreto
cluída pelo Decreto nº 9.723, de 2019) nº 9.723, de 2019)
d) na legislação correlata; e (Incluída pelo Decreto nº Art. 18-A. Fica vedado aos órgãos e às entidades da
9.723, de 2019) administração pública federal solicitar ao usuário do
II - sempre que vislumbrarem oportunidade de sim- serviço público requisitos, documentos, informações e
plificação ou melhoria do respectivo serviço público. procedimentos cuja exigibilidade não esteja informa-
(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019) da no Portal de Serviços do Governo Federal. (Incluído
§ 1º A Solicitação de Simplificação deverá ser apre- pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
sentada, preferencialmente, por meio eletrônico, em § 1º A disponibilização de informações sobre serviços
canal único oferecido pela Ouvidoria-Geral da União públicos nos portais institucionais próprios dos órgãos
da Controladoria-Geral da União. (Redação dada e das entidades da administração pública federal não
pelo Decreto nº 9.723, de 2019) dispensa a obrigatoriedade da divulgação no Portal
§ 2º Sempre que recebida por meio físico, os órgãos e
de Serviços do Governo Federal. (Incluído pelo Decreto
as entidades deverão digitalizar a Solicitação de Sim-
nº 9.723, de 2019)
plificação e promover a sua inserção no canal a que
§ 2º A criação ou a alteração do rol de requisitos,
se refere o § 1º.
documentos, informações e procedimentos do serviço
Art. 14. Do formulário Simplifique! deverá constar:
público deverá ser precedida de publicação no Portal
I - a identificação do solicitante;
de Serviços do Governo Federal. (Incluído pelo Decre-
II - a especificação do serviço objeto da simplificação;
to nº 9.723, de 2019)
III - o nome do órgão ou da entidade perante o qual o
serviço foi solicitado; § 3º A Secretaria de Governo Digital da Secretaria
IV - a descrição dos atos ou fatos; e Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
V - facultativamente, a proposta de melhoria. Digital do Ministério da Economia disponibilizará os
Art. 15. Ato conjunto dos Ministros de Estado da Con- meios para publicação dos serviços públicos no Portal
troladoria-Geral da União e da Economia disciplinará de Serviços do Governo Federal e definirá as regras de
o procedimento aplicável à Solicitação de Simplifica- acesso, credenciamento e procedimentos de publica-
ção.(Redação dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019) ção. (Incluído pelo Decreto nº 9.723, de 2019)
Art. 19. As informações do formulário Simplifique!,
CAPÍTULO V de que trata o art. 14, serão divulgadas no painel de
DAS SANÇÕES PELO DESCUMPRIMENTO monitoramento do desempenho dos serviços públicos
prestados a que se refere o inciso V do caput do art.
Art. 16. O servidor público ou o militar que descum- 3º do Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016.
prir o disposto neste Decreto estará sujeito às penali-
dades previstas, respectivamente, na Lei nº 8.112, de CAPÍTULO VII
11 de dezembro de 1990, e na Lei nº 6.880, de 9 de DA AVALIAÇÃO E DA MELHORIA DOS SERVIÇOS
dezembro de 1980. PÚBLICOS
Parágrafo único. Os usuários dos serviços públicos
que tiverem os direitos garantidos neste Decreto des- Art. 20. Os órgãos e as entidades do Poder Executivo
respeitados poderão representar à Controladoria-Ge- federal deverão utilizar ferramenta de pesquisa de sa-
ral da União. (Redação dada pelo Decreto nº 9.723, de tisfação dos usuários dos seus serviços, constante do
2019) Art. 17. Cabe à Controladoria-Geral da União e Portal de Serviços do Governo federal, e do Sistema de
aos órgãos integrantes do sistema de controle interno Ouvidoria do Poder Executivo federal, e utilizar os da-
do Poder Executivo federal zelar pelo cumprimento do dos como subsídio relevante para reorientar e ajustar
disposto neste Decreto e adotar as providências para a a prestação dos serviços.
LEGISLAÇÃO
responsabilização dos servidores públicos e dos milita- § 1º Os canais de ouvidoria e as pesquisas de satis-
res, e de seus superiores hierárquicos, que praticarem fação objetivam assegurar a efetiva participação dos
atos em desacordo com suas disposições. (Redação usuários dos serviços públicos na avaliação e identifi-
dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019) car lacunas e deficiências na prestação dos serviços.
54
§ 2º Os órgãos e as entidades do Poder Executivo fe- ficiente e substitutivo da apresentação de outros docu-
deral deverão dar ampla divulgação aos resultados mentos do cidadão no exercício de obrigações e direitos
das pesquisas de satisfação. ou na obtenção de benefícios e regulamentar dispositi-
Art. 20-A. As avaliações da efetividade e dos níveis de vos da Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017.
satisfação dos usuários, de que trata o art. 24 da Lei
nº 13.460, de 2017, serão feitas na forma definida em O PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso das atribui-
ato do Secretário de Governo Digital da Secretaria Es- ções que lhe confere o art. 84, caput , incisos IV e VI,
pecial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital alínea “a”, da Constituição, e tendo em vista o disposto
do Ministério da Economia. (Incluído pelo Decreto nº na Lei nº 13.460, de 26 de junho de 2017,
9.723, de 2019)
Art. 20-B. A Secretaria de Governo Digital da Secre- DECRETA :
taria Especial de Desburocratização, Gestão e Gover-
no Digital do Ministério da Economia publicará no Art. 1º A ementa do Decreto nº 9.094, de 17 de julho
Portal de Serviços do Governo Federal o ranking das de 2017 , passa a vigorar com as seguintes alterações:
entidades com maior incidência de reclamação dos “Regulamenta dispositivos da Lei nº 13.460, de 26 de
usuários e com melhor avaliação de serviços por par- junho de 2017, dispõe sobre a simplificação do aten-
te dos usuários, de que trata o § 2º do art. 23 da Lei dimento prestado aos usuários dos serviços públicos,
nº 13.460, de 2017.(Incluído pelo Decreto nº 9.723, de institui o Cadastro de Pessoas Físicas - CPF como ins-
2019) trumento suficiente e substitutivo para a apresentação
de dados do cidadão no exercício de obrigações e di-
CAPÍTULO VIII reitos e na obtenção de benefícios, ratifica a dispen-
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS sa do reconhecimento de firma e da autenticação em
documentos produzidos no País e institui a Carta de
Art. 21. A Controladoria-Geral da União terá prazo de Serviços ao Usuário.” (NR)
cento e oitenta dias, contado da data de publicação Art. 2º O Decreto nº 9.094, de 2017 , passa a vigorar
deste Decreto, para disponibilizar os meios de acesso com as seguintes alterações:
à Solicitação de Simplificação e ao Simplifique!. (Re- “Art. 5º-A Para fins de acesso a informações e serviços,
dação dada pelo Decreto nº 9.723, de 2019) de exercício de obrigações e direitos e de obtenção de
Art. 22. A Controladoria-Geral da União, por meio benefícios perante os órgãos e as entidades do Poder
da Ouvidoria-Geral da União, e o Ministério da Eco- Executivo federal, o número de inscrição no Cadas-
nomia, por meio da Secretaria de Governo Digital tro de Pessoas Físicas - CPF é suficiente e substitutivo
da Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão para a apresentação dos seguintes dados:
e Governo Digital, poderão expedir normas comple- I - Número de Identificação do Trabalhador - NIT, de
mentares ao disposto neste Decreto. (Redação dada que trata o inciso I do caput do art. 3º do Decreto nº
pelo Decreto nº 9.723, de 2019) 97.936, de 10 de julho de 1989 ;
Art. 23. O Decreto nº 8.936, de 2016, passa vigorar II - número do cadastro perante o Programa de Inte-
com as seguintes alterações: gração Social - PIS ou o Programa de Formação do
“Art. 3º .................................................................. Patrimônio do Servidor Público - Pasep;
....................................................................................... III - número e série da Carteira de Trabalho e Previ-
V - ........................................................................... dência Social - CTPS, de que trata o art. 16 da Consoli-
........................................................................................ dação das Leis do Trabalho, aprovado pelo Decreto-Lei
b) tempo médio de atendimento; nº 5.452, de 1º de maio de 1943 ;
c) grau de satisfação dos usuários; e IV - número da Permissão para Dirigir ou da Cartei-
d) número de Solicitações de Simplificação relativas ra Nacional de Habilitação, de que trata o inciso VII
ao serviço.” (NR) do caput do art. 19 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro
Art. 24. Este Decreto entra em vigor na data de sua de 1997 - Código de Trânsito Brasileiro ;
publicação. V - número de matrícula em instituições públicas fe-
Art. 25. Ficam revogados: derais de ensino superior;
I - o Decreto nº 6.932, de 11 de agosto de 2009; e VI - números dos Certificados de Alistamento Militar,
II - o Decreto nº 5.378, de 23 de fevereiro de 2005. de Reservista, de Dispensa de Incorporação e de Isen-
ção de que trata a Lei nº 4.375, de 17 de agosto de
Brasília, 17 de julho de 2017; 196º da Independência 1964 ;
e 129º da República. VII - número de inscrição em conselho de fiscalização
de profissão regulamentada;
VIII - número de inscrição no Cadastro Único para
DECRETO Nº 9.723, DE 11/03/2019. Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico, de
que trata o Decreto nº 6.135, de 26 de junho de 2007 ; e
IX - demais números de inscrição existentes em bases
LEGISLAÇÃO
55
os quais seja necessário apresentar o número da Per- “Art. 16. .......................................................................................
missão para Dirigir ou da Carteira Nacional de Habi- ..............
litação para obter acesso à informação. Parágrafo único . Os usuários dos serviços públicos
§ 2º O disposto no inciso VI do caput não se aplica aos que tiverem os direitos garantidos neste Decreto des-
processos administrativos em trâmite nos órgãos fede- respeitados poderão representar à Controladoria-Ge-
rais vinculados ao Ministério da Defesa para os quais ral da União.” (NR)
seja necessário apresentar o número dos Certificados “Art. 17. Cabe à Controladoria-Geral da União e aos
de Alistamento Militar, de Reservista, de Dispensa de órgãos integrantes do sistema de controle interno do
Incorporação ou de Isenção para obter acesso à infor- Poder Executivo federal zelar pelo cumprimento do
mação. disposto neste Decreto e adotar as providências para a
§ 3º Os cadastros, formulários, sistemas e outros ins- responsabilização dos servidores públicos e dos milita-
trumentos exigidos dos usuários para a prestação de res, e de seus superiores hierárquicos, que praticarem
serviço público conterão campo de preenchimento atos em desacordo com suas disposições.” (NR)
obrigatório para registro do número de inscrição no “Art. 18. .......................................................................................
CPF. ..............
§ 4º Ato do Secretário Especial de Desburocratização, I - nos locais de atendimento, por meio de extração
Gestão e Governo Digital do Ministério da Economia das informações, em formato impresso, a partir do
poderá dispor sobre outras hipótese, além das previs- Portal de Serviços do Governo Federal; e
tas no caput . II - nos portais institucionais e de prestação de servi-
§ 5º A substituição dos dados constantes nos incisos I ços na internet, a partir de link de acesso ao Portal de
a VIII do caput pelo número de inscrição no CPF é ato Serviços do Governo Federal.” (NR)
preparatório à implementação do Documento Nacio- “Art. 18-A . Fica vedado aos órgãos e às entidades da
nal de Identidade a que se refere o art. 8º da Lei nº administração pública federal solicitar ao usuário do
13.444, de 11 de maio de 2017 .” (NR) serviço público requisitos, documentos, informações e
“Art. 11. ....................................................................................... procedimentos cuja exigibilidade não esteja informa-
.............. da no Portal de Serviços do Governo Federal.
§ 1º A Carta de Serviços ao Usuário tem por objetivo § 1º A disponibilização de informações sobre serviços
informar aos usuários: públicos nos portais institucionais próprios dos órgãos
I - os serviços prestados pelo órgão ou pela entidade e das entidades da administração pública federal não
do Poder Executivo federal; dispensa a obrigatoriedade da divulgação no Portal
II - as formas de acesso aos serviços a que se refere o de Serviços do Governo Federal.
inciso I; § 2º A criação ou a alteração do rol de requisitos,
III - os compromissos e padrões de qualidade do aten- documentos, informações e procedimentos do serviço
dimento ao público; e público deverá ser precedida de publicação no Portal
IV - os serviços publicados no Portal de Serviços do de Serviços do Governo Federal.
Governo Federal, nos termos do disposto no Decreto § 3º A Secretaria de Governo Digital da Secretaria
nº 8.936, de 19 de dezembro de 2016 . Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
......................................................................................................... Digital do Ministério da Economia disponibilizará os
...” (NR) meios para publicação dos serviços públicos no Portal
“Art. 13 . Os usuários dos serviços públicos poderão de Serviços do Governo Federal e definirá as regras de
apresentar Solicitação de Simplificação aos órgãos e acesso, credenciamento e procedimentos de publica-
às entidades do Poder Executivo federal, por meio de ção.” (NR)
formulário próprio denominado Simplifique!, nas se- “Art. 20-A . As avaliações da efetividade e dos níveis
guintes hipóteses: de satisfação dos usuários, de que trata o art. 24 da Lei
I - quando a prestação de serviço público não observar nº 13.460, de 2017 , serão feitas na forma definida em
o disposto: ato do Secretário de Governo Digital da Secretaria Es-
a) neste Decreto; pecial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital
b) na Lei nº 13.460, de 2017 ; do Ministério da Economia.” (NR)
c) na Lei nº 13.726, de 8 de outubro de 2018 ; ou “Art. 20-B . A Secretaria de Governo Digital da Secre-
d) na legislação correlata; e taria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo
II - sempre que vislumbrarem oportunidade de sim- Digital do Ministério da Economia publicará no Portal
plificação ou melhoria do respectivo serviço público. de Serviços do Governo Federal o ranking das entida-
§ 1º A Solicitação de Simplificação deverá ser apre- des com maior incidência de reclamação dos usuários
sentada, preferencialmente, por meio eletrônico, em e com melhor avaliação de serviços por parte dos usu-
canal único oferecido pela Ouvidoria-Geral da União ários, de que trata o § 2º do art. 23 da Lei nº 13.460,
da Controladoria-Geral da União. de 2017 .” (NR)
......................................................................................................... “Art. 21 . A Controladoria-Geral da União terá prazo
...” (NR) de cento e oitenta dias, contado da data de publicação
LEGISLAÇÃO
“Art. 15 . Ato conjunto dos Ministros de Estado da deste Decreto, para disponibilizar os meios de acesso
Controladoria-Geral da União e da Economia discipli- à Solicitação de Simplificação e ao Simplifique!.” (NR)
nará o procedimento aplicável à Solicitação de Sim- “Art. 22. A Controladoria-Geral da União, por meio da
plificação.” (NR) Ouvidoria-Geral da União, e o Ministério da Economia,
56
por meio da Secretaria de Governo Digital da Secreta- § 2º A adesão à Rede Nacional de Ouvidorias será
ria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo voluntária, nos termos do regulamento expedido pelo
Digital, poderão expedir normas complementares ao Ouvidor-Geral da União da Controladoria-Geral da
disposto neste Decreto.” (NR) União, e garantirá ao órgão ou à entidade aderente,
Art. 3º O Decreto nº 8.936, de 19 de dezembro de entre outros, os direitos a:
2016 , passa a vigorar com as seguintes alterações: I - uso gratuito de sistema informatizado e integrado
“Art. 3º ........................................................................................ para recebimento de manifestações, inclusive de soli-
.............. citações de simplificação; e
......................................................................................................... II - capacitação para agentes públicos em matéria de
........... ouvidoria e simplificação de serviços.
Parágrafo único . Os órgãos e as entidades da ad- § 3º As ações de capacitação a que se refere o inciso
ministração pública federal deverão encaminhar à II do § 2º serão desenvolvidas com o apoio da Escola
Secretaria de Governo Digital da Secretaria Especial Nacional de Administração Pública e por ela certifi-
de Desburocratização, Gestão e Governo Digital do cadas.” (NR)
Ministério da Economia os dados da prestação dos “Art. 24-B . A Controladoria-Geral da União disponibi-
serviços públicos sob sua responsabilidade para com- lizará sistema integrado e informatizado às unidades
posição dos indicadores do painel de monitoramento da Rede Nacional de Ouvidorias, com a finalidade de
do Portal de Serviços do Governo Federal.” (NR) promover a participação do usuário de serviços públi-
“Art. 6º ........................................................................................ cos nos processos de simplificação e desburocratiza-
.............. ção de serviços, nos termos do disposto no art. 10 da
I - Ministério da Economia, que o presidirá; Lei nº 13.460, de 2017 , e no art. 6º da Lei nº 13.726,
II - .................................................................................................. de 8 de outubro de 2018
............. Parágrafo único. Os indicadores e os dados gerados
III - Controladoria-Geral da União. pelo sistema a que se refere o caput serão disponibili-
§ 1º Os representantes dos órgãos referidos no ca- zados em transparência ativa por meio do Painel Re-
put serão indicados pelos respectivos titulares e de- solveu?, da Controladoria-Geral da União, nos termos
signados em ato do Secretário Especial de Desburo- definidos em ato do Ouvidor-Geral da União.” (NR)
cratização, Gestão e Governo Digital do Ministério da Art. 5º Para se adequarem ao disposto no art. 5º-A do
Economia. Decreto nº 9.094, de 2017 , os órgãos e as entidades
......................................................................................................... da administração pública federal terão:
.” (NR) I - o prazo de três meses, contado da data de publica-
“Art. 7º ........................................................................................ ção deste Decreto, para a adequação dos sistemas e
.............. procedimentos de atendimento ao cidadão; e
......................................................................................................... II - o prazo de doze meses, contado da data de publi-
........... cação deste Decreto, para consolidar os cadastros e
IV - até quinhentos e quarenta dias, para a disponibi- as bases de dados a partir do número do Cadastro de
lização da ferramenta de avaliação da satisfação dos Pessoas Físicas - CPF.
usuários e do painel de monitoramento do desempe- Art. 6º Ficam revogados:
nho dos serviços públicos a que se referem os incisos I - o inciso III do caput do art. 18 do Decreto nº 9.094,
IV e V do caput do art. 3º; de 2017 ; e
V - até 31 de dezembro de 2019, para a adoção de II - os seguintes dispositivos do Decreto nº 8.936, de 19
ferramenta de solicitação e acompanhamento dos ser- de dezembro de 2016 :
viços públicos a que se refere o inciso III do caput do a) o inciso I do caput do art. 4º ;
art. 4º; e b) o inciso I do caput do art. 7º ; e
VI - até 31 de dezembro de 2019, para a adoção do c) o art. 9º .
mecanismo de acesso a que se refere o inciso IV do ca- Art. 7º Este Decreto entra em vigor na data de sua
put do art. 4º.” (NR) publicação.
“Art. 8º O Secretário de Governo Digital da Secreta- Brasília, 11 de março de 2019; 198º da Independência
ria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo e 131º da República.
Digital do Ministério da Economia poderá editar nor- JAIR MESSIAS BOLSONARO
mas complementares para o cumprimento do disposto Paulo Guedes
neste Decreto.” (NR) Wagner de Campos Rosário
Art. 4º O Decreto nº 9.492, de 5 setembro de 2018 , Este texto não substitui o publicado no DOU de
passa a vigorar com as seguintes alterações: 12.3.2019 e retificado em 18.3.2019 - Edição extra
“Art. 24-A . Fica instituída a Rede Nacional de Ouvi-
dorias, com a finalidade de integrar as ações de sim-
plificação desenvolvidas pelas unidades de ouvidoria
dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
LEGISLAÇÃO
e dos Municípios.
§ 1º Caberá à Ouvidoria-Geral da União da Controla-
doria-Geral da União a coordenação da Rede Nacio-
nal de Ouvidorias.
57
ANOTAÇÕES
HORA DE PRATICAR!
1. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) Com
________________________________________________
referência à CF, aos direitos e garantias fundamentais, à
organização político-administrativa, à administração pú- _________________________________________________
blica e ao Poder Judiciário, julgue os itens subsecutivos.
A CF prevê o direito de greve na iniciativa privada e de- _________________________________________________
termina que cabe à lei definir os serviços ou atividades
essenciais e dispor sobre o atendimento das necessida- _________________________________________________
des inadiáveis da comunidade.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO _________________________________________________
_________________________________________________
3. (TJ/SE - Técnico Judiciário - Área Judiciária - CES-
PE/2014) Julgue os itens seguintes, em relação à orga- _________________________________________________
nização político-administrativa da República Federativa
do Brasil. _________________________________________________
A despeito de serem entes federativos, os territórios fe-
derais carecem de autonomia. _________________________________________________
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
4. (MDIC - Agente Administrativo - CESPE/2014) No
que se refere aos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciá- _________________________________________________
rio, bem como às funções essenciais à justiça, julgue os
seguintes itens. _________________________________________________
A CF garante autonomia funcional e administrativa à de- _________________________________________________
fensoria pública estadual e ao Ministério Público.
_________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
_________________________________________________
_________________________________________________
GABARITO _________________________________________________
_________________________________________________
1 CERTO _________________________________________________
2 ERRADO
_________________________________________________
3 ERRADO
4 CERTO _________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
LEGISLAÇÃO
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
58
ÍNDICE
1
Educação na Constituição Federal de 1988 ção capitalista de bens, e assim, reduzir as desigualdades.
Como se nota, a legislação educacional brasileira
No contexto histórico de reconfiguração do Estado mostra-se inspirada no princípio de democratização, e,
brasileiro no final do século XX, a Assembleia Nacional logo, busca a efetivação de direitos, bem como a mino-
Constituinte, em 1988, instituiu no Brasil o Estado De- ração das desigualdades educacionais. A superação das
mocrático de Direito, destinado a assegurar direitos in- desigualdades é necessária no âmbito da educação haja
dividuais e sociais, entre outros. Esse modelo de Estado vista que a sociedade brasileira é historicamente marca-
ancora-se na democracia, que segundo Mello (2001) da pela desigualdade socioeconômica, o que reflete em
consiste em um sistema político pautado não somente termos de acesso a determinados bens e direitos, dentre
na participação popular da maioria, mas fundamental- os quais a educação, especialmente a de nível superior.
mente em princípios que afirmam a liberdade e a igual- Considerando o direito social à educação, são desen-
dade dos homens. Segundo o autor, busca-se, por meio volvidas pelo Estado políticas sociais, as quais, segundo
dessa configuração política, assegurar que os homens Höfling (2001), materializam-se por meio de ações que
tenham condições de encaminhar suas vidas na esfera determinam o padrão de proteção social por parte do
social com base em encaminhamentos adotados pelo Estado e se caracterizam por serem voltadas para a redis-
conjunto de membros titulares da soberania, orientados tribuição de bens sociais.
por esses valores. Porém, apesar de a Constituição Federal de 1988 ter
A Carta Magna de 1988 estabeleceu um regime de- postulado princípios referentes aos direitos sociais, as
mocrático fundado em objetivos de promoção do princí- políticas sociais se desenvolveram sob condicionantes
pio da igualdade por meio da realização dos direitos so- macroeconômicos e políticos, com base numa agenda
ciais bem como da universalização dos serviços a serem pautada em diretrizes marcadas por universalização res-
prestados para a sociedade como um todo, tais como trita, mercantilização da oferta de serviços públicos, des-
seguridade, saúde, previdência, assistência social, cultura centralização da sua implementação, e aumento da par-
e educação. Desse modo, o fundamento do Estado De- ticipação não governamental na provisão e fiscalização
mocrático de Direito é a democratização das prestações da pobreza extrema. Portanto, a formatação das políticas
sociais. E o que se espera é que esses ordenamentos le- públicas sociais resulta de uma estratégia de contenção
gais sejam realizados na prática. fiscal do governo em prol da estabilização monetária. O
Nesse sentido, foram instaurados direitos sociais, os princípio público e universal, balizador da ordem social
quais Riccitelli (2007) define como sendo direitos dirigi- na Carta Magna, encontra-se relegado em detrimento
dos a todos os homens que compõem a sociedade, para do caráter pró-mercado na configuração das políticas
aqueles que se encontram em situação de fragilidade em sociais brasileiras.
determinadas relações sociais, e não a grupos isolados.
São direitos assegurados àqueles que carecem de pro- O que dizem os marcos legais
teção especial do direito, o que deve ser garantido pelo
Estado a fim de minorar as ocasionais discrepâncias entre Observa-se, a partir do final do século XX e princi-
os grupos sociais. palmente a partir do início do século XXI, um fortaleci-
Como, no caso brasileiro, a educação é historicamen- mento das instâncias de participação social, tanto em
te elitizada, não sendo destinada a todos os cidadãos, a âmbito internacional quanto em nível nacional, as quais
Constituição Federal, no art. 6º (BRASIL, 1988), a consa- se mobilizam para realizar conferências e criar documen-
grou como o primeiro dos direitos sociais a serem garan- tos norteadores e reguladores das políticas educacionais.
tidos pelo Estado. Mais adiante, no art. 205, a educação Entretanto, é necessário ressaltar que essas direções ape-
foi reafirmada como sendo “direito de todos e dever do nas se realizam via ação concreta, de modo que, segun-
Estado e da família”. Na Carta Cidadã, o direito à educa- do Cury (2002), os direitos devem ser materializados por
ção foi colocado como um direito social, e logo, como meio de disposições e políticas que lhes sustentem, e
sendo responsabilidade compartilhada do Estado com a avancem no sentido da concretização dos direitos insti-
sociedade civil. Portanto, por meio da referida Lei, o Es- tuídos pela legislação.
tado ampliou e reafirmou o direito à educação no país. Ao longo dos anos 1990, a educação foi fortemente
Segundo Cury, declarar a educação como um direito marcada pelas diretrizes da Conferência Mundial sobre
é um marco legal importante na história do país, haja vis- Educação para Todos (UNESCO, 1990), realizada entre os
ta que “Declarar um direito é muito significativo. Equivale dias 05 e 09 de março de 1990 em Jomtien, na Tailândia,
a colocá-lo dentro de uma hierarquia que o reconhece tendo sido convocada pela Unesco, pelo Fundo das Na-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
solenemente como um ponto prioritário das políticas ções Unidas para a Infância (Unicef), pelo Programa das
sociais”. Desse modo, reconhecido os direitos dos cida- Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e pelo
dãos na Constituição Federal, dentre eles a educação, é Banco Mundial. Na Declaração Mundial sobre Educação
necessário garantir programas no âmbito do Estado para para Todos, os países signatários assumiram a meta de
resguardar a concretização das demandas sociais. universalização da educação básica. Essa conferência foi,
Cury (2002) salienta que é importante reconhecer que portanto, um importante movimento que deu visibilida-
a relação entre o direito à educação e a democracia é de à educação no final do século XX, apontando-a como
sustentada por uma legislação, a qual invoca o Estado propulsora do desenvolvimento dos países.
como sendo o provedor desse bem, seja para garantir Na Conferência de Jomtien, o Brasil ficou instado a
igualdade de oportunidades, ou para intervir no domínio assegurar à população o direito à educação, colaborando
das desigualdades resultantes dos conflitos de distribui- com os esforços mundiais na luta pela universalização da
2
educação básica. No bojo desse compromisso interna- no país, por se tratar do mais prioritário nos anos 1990.
cionalmente firmado, foram adotadas iniciativas por par- O plano, portanto, responde aos incisos I e II do art. 214
te do Ministério da Educação (MEC), em âmbito federal, e da Constituição, focalizando a educação básica, e, as-
também por parte dos estados e municípios. Nesse ense- sim, buscando erradicar o analfabetismo e universalizar
jo, por parte dos segmentos sociais, houve o reconheci- o atendimento escolar. Como meta, o referido plano es-
mento da relevância da educação básica para a formação tabeleceu a elevação a, no mínimo, 94% a cobertura da
do cidadão bem como para o desenvolvimento da nação. população em idade escolar.
Em 1993, foi elaborado o Plano de Educação para Em se tratando de educação superior, a Constituição
Todos (BRASIL, 1993), o que se deu de forma articulada Federal de 1988, no art. 208, inciso V, postulou que: “O
entre a União, estados e municípios. Ao MEC coube a dever do Estado com a Educação será efetivado mediante
coordenação da criação do plano, ficando sob sua res- a garantia de: V - acesso aos níveis mais elevados do en-
ponsabilidade a criação de um grupo executivo cons- sino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
tituído por representantes das três esferas, portanto, dade de cada um”. Igualmente, a Lei de Diretrizes e Bases
membros do próprio ministério, no âmbito federal, do da Educação (LDB), Lei 9.394 de 1996 (BRASIL, 1996), em
Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Educação seu art. 4º estabeleceu que: “O dever do Estado com a
(Consed), em nível estadual, e da União Nacional dos educação escola pública escolar será efetivado mediante
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), no plano garantia de: V – acesso aos níveis mais elevados de ensi-
municipal. no, da pesquisa e da criação artística, segundo a capaci-
Para dar apoio ao processo de elaboração e de modo dade de cada um”, reforçando seu caráter meritocrático.
a ampliar sua dimensão política e técnica, foi instituído Entretanto, apesar das políticas se mostrarem forte-
também um comitê consultivo do plano, integrado ini- mente direcionadas para a expansão da oferta da edu-
cialmente pelos seguintes órgãos: Consed, Undime, Con- cação básica, o Estado brasileiro reconheceu, na LDB de
selho Federal de Educação (CFE), Conselho de Reitores 1996, a importância da educação de nível superior para o
das Universidades Brasileiras (CRUB), Conselho Nacional desenvolvimento do país, apontando que:
da Indústria (CNI), Confederação Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), Confederação Nacional dos Trabalhadores Art. 43 – A educação superior tem por finalidade:
em Educação (CNTE), Unesco e Unicef. Posteriormente, I – estimular a criação cultural e o desenvolvimento
outros grupos passaram a integrar a comissão, como os do espírito científico e do pensamento reflexivo;
Fóruns dos Conselhos Estaduais de Educação, a Confede- II – formar diplomados nas diferentes áreas do conhe-
ração Nacional das Mulheres do Brasil (CNMB), a Ordem cimento, aptos para a inserção em setores profissionais
dos Advogados do Brasil (OAB) e o Ministério da Justiça
e para a participação no desenvolvimento da sociedade
(MJ). A mobilização de todas essas entidades acarretou
brasileira, e colaborar na sua formação contínua;
em um amplo debate em âmbito nacional sobre os pro-
III – incentivar o trabalho de pesquisa e investigação
blemas referentes à educação nacional e as possíveis es-
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tec-
tratégias de enfrentamento dos mesmos.
nologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo,
O Plano Decenal de Educação para Todos (1993-
desenvolver o atendimento do homem e do meio em
2003) apresentou como objetivo fundamental a garantia
de educação, ao longo da década, para crianças, jovens e que vive; IV – promover a divulgação de conhecimentos
adultos, satisfazendo suas necessidades básicas de edu- culturais, científicos e técnicos que constituem patrimô-
cação e garantindo a aprendizagem de conteúdos mí- nio da humanidade e comunicar o saber através do ensi-
nimos em atendimento às necessidades elementares da no, de publicações ou de outras formas de comunicação;
vida contemporânea. É importante salientar que o Plano V – suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamen-
Decenal de Educação para Todos não se trata do Plano to cultural e profissional e possibilitar a corresponden-
Nacional de Educação, previsto na Constituição Federal te concretização, integrando os conhecimentos que vão
brasileira de 1934, art. 150, que apregoou como sendo sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistematiza-
competência da União “fixar o Plano Nacional de Educa- dora do conhecimento de cada geração;
ção, compreensivo do ensino de todos os graus e ramos, VI – estimular o conhecimento dos problemas do
comuns e especializados; e coordenar e fiscalizar sua mundo presente, em particular os nacionais e regionais,
execução, em todo o país”, bem como na Constituição prestar serviços especializados à comunidade e estabele-
Federal de 1988, que postulou: cer com esta uma relação de reciprocidade;
Art. 214: A lei estabelecerá o plano nacional de edu- VII – promover a extensão, aberta à participação da
cação, de duração plurianual, visando à articulação e ao população, visando à difusão das conquistas e benefícios
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis e à resultantes da criação cultura e da pesquisa científica e
integração das ações do Poder Público que conduzam à: tecnológica na instituição.
I – erradicação do analfabetismo; Oliveira e Catani (2002) salientam que, a partir da LDB
II – universalização do atendimento escolar; de 1996, o modelo de universidade pautado no ensino,
III – melhoria da qualidade do ensino; pesquisa e extensão não foi mantido como modelo de
IV – formação para o trabalho; expansão para a educação superior, sendo substituído
V – promoção humanística, científica e tecnológica do por um sistema mais diversificado e diferenciado, po-
País. dendo a educação superior se realizar em “instituições
O Plano Decenal de Educação para Todos, portanto, de ensino superior, públicas ou privadas, com variados
não abrange todos os níveis e modalidades de ensino, graus de abrangência ou especialização” (art. 45), por
mas compreende apenas o campo da educação básica meio de universidades e instituições não-universitárias
3
(art. 48, §1)”. Sendo assim, a partir do referido marco le- volvimento, e especialmente nos países mais pobres.
gal consubstanciou-se um processo de diversificação e Delineando o panorama da educação superior, a de-
diferenciação da educação superior, que passou a ser di- claração assinalou que:
vidida entre universidade, como instituição de pesquisa, Sem uma educação superior e sem instituições de
e as outras instituições de ensino. pesquisa adequadas que formem a massa crítica de pes-
Silva Júnior e Sguissardi (2005) pontuam que, em soas qualificadas e cultas, nenhum país pode assegurar
meio ao processo de mercantilização da sociedade, a um desenvolvimento endógeno genuíno e sustentável e
educação superior brasileira tornou-se maleável, incor- nem reduzir a disparidade que separa os países pobres e
porando traços da sociedade de mercado, caracterizada em desenvolvimento dos países ricos.
pela competitividade. Desse modo, a diversificação ins-
titucional e a flexibilização curricular foram necessárias Frente ao exposto, a Declaração proclamou missões e
para adequar as instituições de educação superior às funções da educação superior abrangendo os seguintes
demandas do mercado. A partir de então, a lógica da ex- aspectos:
pansão não permitiu a continuidade da vinculação entre Artigo 1º - A missão de educar, formar e realizar pes-
ensino, pesquisa e extensão, modelo que passou a ser quisas.
substituído por outros, com vistas a expandir as chances Artigo 2º - Função ética, autonomia, responsabilidade
de acesso aos cursos de graduação. e função preventiva. Artigo 3º - Igualdade de acesso.
Depreende-se, portanto, que a LDB de 1996 desen- Artigo 4º - Fortalecimento da participação e promo-
cadeou um processo de reformulação no sistema de ção do acesso das mulheres. Artigo 5º - Promoção do sa-
educação superior brasileiro. A partir de então, o número ber mediante a pesquisa na ciência, na arte e nas ciências
de instituições e matrículas aumentou consideravelmen- humanas e a divulgação de seus resultados.
te, em razão do credenciamento de novas instituições, Artigo 6º - Orientação de longo prazo baseada na re-
bem como da autorização e abertura de novos cursos. levância da educação superior.
Esse crescimento se consolidou principalmente nas insti- Artigo 7º - Reforçar a cooperação com o mundo do
tuições privadas, por mais que houvesse uma expansão trabalho, analisar e prevenir as necessidades da socieda-
também na rede pública de ensino. de.
Já no final da década de 90 do século XX, em 1998, Artigo 8º - Diversificação como forma de ampliar a
em Paris, na França, foi realizada a Conferência Mun- igualdade de oportunidades. Artigo 9º - Aproximações
dial Sobre Educação Superior, promovida pela Unesco, educacionais inovadoras: pensamento crítico e criativi-
e a qual originou a Declaração Mundial sobre Educação dade.
Superior no Século XXI: Visão e Ação (UNESCO, 2009). Artigo 10º - Pessoal de educação superior e estudan-
O documento reconheceu, no seu preâmbulo, a grande tes como agentes principais.
demanda por educação superior e a diversificação do Artigo 11 - Avaliação da qualidade.
sistema. Apontou, ainda, a maior consciência sobre a re- Artigo 12 - O potencial e o desafio de tecnologia.
levância desse nível de ensino para o desenvolvimento Artigo 13 - Reforçar a gestão e o financiamento da
sociocultural, econômico, bem como para a construção educação superior.
do futuro, assinalando que as novas gerações devem Artigo 14 - O financiamento da educação superior
estar devidamente preparadas - com novas habilidades, como serviço público.
conhecimentos e ideais - para nele agir. Artigo 15 - Compartilhar conhecimentos teóricos e
Entretanto, o documento identificou os desafios e di- práticos entre países e continentes.
ficuldades que permeiam o desenvolvimento da educa- Artigo 16 - Da “perda de quadros” ao “ganho de ta-
ção superior, os quais se relacionam com o financiamen- lentos” científicos.
to; a igualdade de condições de ingresso e permanência Artigo 17 - Parcerias e alianças.
nos estudos; a melhoria relativa da situação dos trabalha-
dores; treinamento com base em habilidades; desenvol- Como principal objetivo da Declaração, ficou expos-
vimento e manutenção da qualidade do ensino, pesquisa to no primeiro artigo que “as missões e valores funda-
e serviços de extensão; relevância dos programas ofere- mentais da educação superior, em particular a missão
cidos; empregabilidade de formandos e egressos; e aces- de contribuir para o desenvolvimento sustentável e o
so equitativo aos benefícios da cooperação internacional. melhoramento da sociedade como um todo, devem ser
A declaração considerou, ainda, que novas oportunida- preservados, reforçados e expandidos”.
des relacionadas à tecnologia, que modifica os modos de Portanto, nota-se um foco na educação superior
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
produção, administração, difusão, acesso e controle do como sendo propulsora do desenvolvimento, tanto dos
conhecimento, desafiam a educação superior, visto que o indivíduos, em sua particularidade, quanto das nações,
acesso a essas tecnologias deve ser garantido em todos ao possibilitar a relação entre educação e trabalho, e as-
os níveis dos sistemas de educação. sim, contribuir para o desenvolvimento socioeconômico.
O documento ainda apontou que, a despeito do sig- No mais, pode-se observar uma tendência de ampliação
nificativo processo de expansão da educação superior na das oportunidades de acesso e do fortalecimento da
segunda metade do século XX, houve uma grande dis- participação e promoção do acesso de desprestigiados
paridade no que se refere ao acesso, aos recursos desti- socialmente na educação superior, no caso, as mulheres.
nados para a educação superior e para a pesquisa, e às Sob influência desses eventos, por meio da Lei nº
oportunidades educacionais, tanto entre os países indus- 10.172 de 2001, que institui o Plano Nacional de Educa-
trialmente desenvolvidos, quanto nos países em desen- ção (PNE) - 2001-2010, o Estado brasileiro reconheceu
4
os problemas em relação à educação superior nacional, seleção e admissão a esse nível de ensino.
e afirmou a necessidade de se estabelecer uma política 25. Observar, no que diz respeito à Educação Su-
voltada para sua renovação e desenvolvimento. O impe- perior, as metas estabelecidas nos capítulos referentes à
rativo de investir em educação superior parte do pressu- Educação a Distância, Formação de Professores, Educa-
posto de que o desenvolvimento e independência de um ção Indígena e Educação Especial.
país requerem um forte sistema de educação superior, O que se pode compreender por meio da análise do
posto que, “Num mundo em que o conhecimento so- ensino superior brasileiro é que ainda não há um sistema
brepuja os recursos materiais como fator de desenvol- de gestão democrática do ensino. O Estado vem, de for-
vimento humano, a importância da educação superior e ma gradativa, descentralizando o ensino superior com a
de suas instituições é cada vez maior”. O apoio público, criação de instituições e formas de financiamento diver-
destarte, torna-se elementar para que as instituições de sificadas. Há, ainda, um forte incentivo à criação de ins-
educação superior possam desenvolver suas missões tituições de ensino superior privadas e ao financiamento
educacionais, institucionais e sociais. dos cursos de graduação particulares.
Essas características são traços da política econômi-
Nesse sentido, o PNE estabeleceu metas para a edu- ca mundial, haja vista que são parte das estratégias do
cação superior brasileira, sendo elas as seguintes: Banco Mundial para a educação superior a diversifica-
1. Prover, até o final da década, a oferta de ensino ção de modelos e incentivo às instituições de ensino não
pós-médio equivalente a, pelo menos, 30% da faixa etá- universitárias, bem como o ensino a distância, a amplia-
ria de 19 a 24 anos. ção das instituições privadas, e, sobretudo, a redução da
2. Ampliar a oferta de ensino público na mesma participação do Estado na manutenção das instituições
proporção, prevendo inclusive a parceria da União com públicas.
os estados na criação de novos estabelecimentos de Ainda considerando o foco na educação superior, foi
Educação Superior. [...] realizada em 2008, na Colômbia, a Conferência Regional
4. Estabelecer uma política de expansão que diminua de Educação Superior na América Latina e no Caribe (IE-
as desigualdades de oferta que existem entre as diferen- SALC/UNESCO, 2008), que teve como escopo identificar as
tes regiões do País. [...] principais demandas da região com a perspectiva da Con-
6. Ampliar o Programa de Crédito Educativo, asso- ferência Mundial de Educação Superior, que estava para
se realizar em 2009. No documento desenvolvido ao final
ciando-o ao processo de avaliação das instituições pri-
da conferência ficou declarado que o desenvolvimento e
vadas e agregando contribuições federais e estaduais,
fortalecimento da educação superior são elementares em
de modo a atender a 15% da população matriculada no
um mundo onde o conhecimento, a ciência e a tecnologia
setor particular, com prioridade para os estudantes de
desempenham papel de primeira grandeza.
menor renda. [...]
9. Estabelecer um amplo sistema interativo de edu-
O documento também ressaltou a educação superior
cação a distância, utilizando-o, inclusive, para ampliar as
como sendo um direito humano, e, logo, um bem públi-
possibilidades de atendimento nos cursos presenciais, co social. Nessa conjuntura, a declaração postulou como
tanto os regulares como os de educação continuada, dever fundamental dos Estados garantirem esse direito.
observando as metas estabelecidas no capítulo referente O entendimento é de que à medida que o acesso à edu-
a essa modalidade de ensino. [...] 15. Diversificar o sis- cação superior é um direito, seu caráter de bem público
tema superior de ensino, favorecendo e valorizando es- social se reafirma. E as políticas educacionais, com suas
tabelecimentos não-universitários que ofereçam ensino estratégias e ações, são entendidas como condição in-
de qualidade e que atendam clientelas com demandas dispensável para favorecer o acesso à educação superior
específicas de formação: tecnológica, profissional liberal, com qualidade. Porém, reconhecendo a complexidade
em novas profissões, para exercício do magistério ou de que envolve a questão da demanda por esse nível de
formação geral. ensino, especialmente na esfera pública, o documento
16. Estabelecer, em nível nacional, diretrizes cur- preconiza que o crescimento das instituições deve se dar
riculares que assegurem a necessária flexibilidade e di- pautado em diversidade, flexibilidade e articulação.
versidade nos programas de estudos oferecidos pelas Verifica-se, ainda, a busca pela integração de seg-
diferentes instituições de Educação Superior, de forma mentos historicamente desprestigiados e desfavorecidos
a melhor atender às necessidades diferenciais de suas nesse nível de educação, de modo a resguardar e ga-
clientelas e às peculiaridades das regiões nas quais se rantir a educação como “direito de todos”. O documento
inserem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
5
de bens historicamente negados ou negligenciados. E o duação, o que exige auxílio de ordem financeira e edu-
que se requer é um acesso efetivo a esse direito, assegu- cacional para os alunos provenientes dos estratos mais
rada a qualidade do ensino ofertado e as condições ade- pobres e/ou marginalizados da sociedade.
quadas para que o aluno realize seu curso com sucesso. E, considerando os desafios provenientes da expan-
Já em 2009, quando da Conferência Mundial sobre são do acesso, o comunicado aponta como sendo fun-
Ensino Superior, realizada em Paris, na França, reconhe- damental a garantia da qualidade da educação superior,
cendo a importância e os resultados da Conferência contando, para tanto, com sistemas que asseguram a
Mundial de Ensino Superior de 1998, foi apresentado um qualidade e padrões de avaliação. Indica-se que “Crité-
comunicado com vistas a balizar As Novas Dinâmicas do rios de qualidade devem refletir todos os objetivos da
Ensino Superior e Pesquisas para a Mudança e o Desen- educação superior, notavelmente o propósito de cultivar
volvimento Social. o pensamento crítico e independente nos estudantes e
No preâmbulo do comunicado da conferência, par- a capacidade de aprender por toda a vida. Eles devem
te-se do entendimento de que a crise econômica mun- estimular a inovação e a diversidade.”
dial de 2008 pode acarretar no aumento da diferença em Em se tratando de expansão, postula-se a necessida-
termos de acesso, e também em termos de qualidade de de diversificação nos sistemas de educação superior,
entre os países desenvolvidos e os países em subdesen- de modo que instituições com formatos diversos - que
volvimento, e mesmo dentro dos próprios países. Dian- não apenas as universidades, e em diversas esferas ad-
te dessa realidade, considera-se que novos desafios se ministrativas, além da pública – possam atender a neces-
somarão aos já existentes nos países onde o acesso à sidade de novos e diversos alunos.
educação superior mostra-se ainda restrito. Sendo assim, Considerando esses e outros fatores, os Estados sig-
o comunicado sinaliza a emergência de se investir na natários do documento são convocados a desenvolver
educação superior, com vistas a construir uma socieda- políticas e estratégias com vistas a:
de mais inclusiva, e de conhecimento mais diversificado,
e também para desenvolver-se em termos de pesquisa, a) Manter e, se for possível, aumentar o investimen-
inovação e criatividade. to no ensino superior a fim de sustentar continuamente a
No comunicado, a educação superior é apresentada qualidade e a igualdade, além de promover a diversifica-
como “um bem público e responsabilidade de todos os ção tanto no fornecimento do ensino superior quanto nos
investidores, especialmente dos governantes”. Ao colocar meios de seu financiamento;
a educação de nível superior como um bem público, e di- b) Garantir investimentos adequados no ensino supe-
recionar os governantes como sendo os maiores investi- rior e em pesquisa para refletir as expectativas crescentes
dores, aponta-se para a necessidade de criação de políti- e as necessidades sociais;
cas públicas educacionais voltadas ao atendimento desse c) Implantar e fortalecer sistemas de certificação de
nível de ensino. Convoca-se, pois, o Estado como sendo qualidade e estruturas regulatórias com o envolvimento
o maior responsável pela educação superior. O que se de todos os investidores;
trata de uma inovação, tendo em vista que a maior parte d) Ampliar o treinamento dos professores antes da
das instituições de educação superior, no caso do Brasil atuação e no decorrer de sua atuação com currículos que
88% delas, encontram-se sob domínio da iniciativa pri- os preparem para formar os estudantes como cidadãos
vada, e apenas 12% das instituições situam-se na esfera responsáveis;
pública, de acordo com o Censo da Educação Superior de e) Estimular o acesso, a participação e o sucesso das
2011 (BRASIL, 2013). mulheres no ensino superior;
f) Garantir acesso igual para grupos como trabalhado-
No que se refere à responsabilidade social da edu- res, pobres, minorias, com habilidades especiais, migran-
cação superior, o comunicado apresenta a necessida- tes, refugiados e outras populações vulneráveis;
de desse nível não somente fornecer bases sólidas nos g) Desenvolver mecanismos para contrapor o impacto
momentos presente e futuro, mas apregoa como sendo negativo da fuga de cérebros e estimular a mobilidade dos
necessário que a escolarização superior contribua para estudantes, dos funcionários e dos acadêmicos;
a “educação de cidadãos éticos, comprometidos com a h) Apoiar maior cooperação regional em educação su-
construção da paz, com a defesa dos direitos humanos perior que conduz ao estabelecimento e fortalecimento do
e com os valores de democracia”. Nesse sentido, pro- ensino superior e das linhas de pesquisa;
põe-se uma formação ampla, promovendo o desenvolvi- i) Fortalecer os Países Menos Desenvolvidos e os Pe-
mento do indivíduo frente a questões de âmbito cultural, quenos Estados Insulares em Desenvolvimento a fim de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
científico, econômico e social, promovendo o pensamen- beneficiá-los com as oportunidades oferecidas pela globa-
to crítico e propiciando a cidadania ativa. lização, além de promover a colaboração entre eles;
Já em se tratando de acesso, igualdade e qualidade, o j) Seguir as metas de igualdade, qualidade e sucesso
documento pontua a necessidade de os países continua- por meio de uma trajetória de desenvolvimento mais flexí-
rem desenvolvendo políticas voltadas para a expansão vel e assegurar um maior reconhecimento do aprendizado
do acesso. Porém, há um relevo na questão da qualida- anterior e da experiência de trabalho;
de, posto que, “o ensino superior deve buscar as metas k) Melhorar a atratividade das carreiras acadêmicas
de igualdade, relevância e qualidade, simultaneamente”. garantindo os direitos e as condições adequadas de tra-
Postula-se, pois, que igualdade não se refere apenas ao balho dos funcionários acadêmicos de acordo com a Re-
acesso, mas atinge também as condições que possibili- comendação Relativa ao Estatuto do Pessoal Docente do
tam a participação e conclusão efetiva dos cursos de gra- Ensino Superior de 1997;
6
l) Garantir a participação ativa dos estudantes na vida de conformando-se tanto com o direcionamento do pró-
acadêmica, com liberdade de expressão e direito de or- prio Estado, quanto em razão do que é requerido pelo
ganização, e fornecer serviços adequados aos estudantes; mercado, bem como em decorrência das aspirações da
m) Combater as falsificadoras de diplomas por meio de própria sociedade civil. Todos esses sujeitos colocam-se,
ação em nível nacional e internacional; portanto, como agentes, diretos ou indiretos, das políti-
n) Desenvolver sistemas de pesquisa mais flexíveis e cas e programas educacionais.
organizados que promovam a excelência científica, a in- Por assim serem, as políticas públicas não se consti-
terdisciplinaridade e sirvam à sociedade; tuem como benesses sociais desarticuladas de jogos de
o) Apoiar a integração total das TICs e promover a EAD interesses, principalmente dos campos político e eco-
a fim de atender a demanda crescente pelo ensino supe- nômico. Há, por trás do compromisso de promover o
rior. acesso à educação, bem como de alavancar o desenvol-
vimento cultural e social da nação, interesses de cunho
Como se nota, o veio democratizante da educação financeiro, os quais se relacionam com a demanda por
superior se faz presente no documento, seja pela indica- desenvolvimento econômico, com a necessidade dos
ção de necessidade de garantir o acesso resguardada a países de se integrarem à conjuntura macroeconômica
qualidade do ensino oferecido; pela inserção de grupos mundial. O interesse por promover o progresso da edu-
com histórico de exclusão e/ou vulnerabilidade; e ainda cação, portanto, relaciona-se diretamente com a deman-
pela garantia de participação ativa dos estudantes, sen- da por desenvolvimento socioeconômico. Nesse sentido,
do-lhes fornecidos serviços adequados. é imperioso reconhecer que as políticas não surgem por
Por fim, o projeto de Lei 8.035, de 2010 (BRASIL, 2010), acaso, em razão das meras demandas da sociedade em
que propõe o novo PNE, apresenta três metas referentes seus diversos setores e segmentos.
à educação superior, sendo elas as seguintes: Por fim, é necessário assinalar que proposição de po-
Meta 12: Elevar a taxa bruta de matrícula na educação líticas voltadas para o campo da educação requer estu-
superior para 50% e a taxa líquida para 33% da popula- dos, análises e diagnósticos que fundamentem as ações
ção de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta. políticas, de modo que as mesmas não se efetivem de
Meta 13: Elevar a qualidade da educação superior forma imediata, pouco fundamentada. Nesse sentido, os
pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas documentos originários em conferências, encontros ou
instituições de educação superior para 75%, no mínimo, quaisquer formas de organização, são elementos posi-
do corpo docente em efetivo exercício, sendo, do total, tivos para a elaboração de políticas públicas, tendo em
35% doutores. vista que respaldam as decisões tomadas pelos gover-
Meta 14: Elevar gradualmente o número de matrícu- nantes. Entretanto, também é necessário refletir que são
las da pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a esses mesmos documentos que revelam interesses parti-
titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores. culares dos segmentos da sociedade que os elaboram, e
As metas de ampliação da oferta da educação supe- que vão, seguramente, compor as políticas.
rior bem como da qualidade do ensino ofertado, ape-
sar de responderem a uma demanda do mercado, que Fonte
aponta a necessidade de expansão da escolarização para ROSA, C. M. Marcos Legais e a Educação Superior no
a integração do Brasil à conjuntura econômica mundial, Século XXI. http://www.reveduc.ufscar.br/index.php/re-
representa, também, a busca pela efetivação da igualda- veduc/article/viewFile/1029/369
de material em termos de acesso a bens e direitos so-
ciais. As políticas voltadas para a expansão da educação
superior são, também, expressão de uma luta contra um
dos aspectos da desigualdade que assolam os brasileiros,
que é a desigualdade em termos de acesso à educação EXERCÍCIO COMENTADO
de nível superior, historicamente elitizada no país.
1. (UEPB – Pedagogo – Superior – CPCON/2017) Sobre
Considerações finais a Educação Superior no Brasil é CORRETO afirmar que
A sociedade está em constante processo de mudan- A. no Brasil, as universidades podem ser classificadas en-
ça, e, para acompanhá-la, os setores que a compõem, quanto públicas e filantrópicas.
dentre os quais a educação, também necessitam de pas- B. nas instituições públicas de educação superior, o pro-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sar por alterações, com vistas a atualizar-se para atender fessor ficará obrigado ao mínimo de quatorze horas
as demandas da contemporaneidade. Nesse contexto, os semanais de aulas.
marcos legais relativos à educação superior instituídos, C. está disposto no Art. 207 da Constituição Brasileira de
sobretudo a partir do início do século XXI, revelam-se im- 1988 que “As universidades gozam de autonomia di-
perativos para o processo de evolução e aprimoramento dático-científica, administrativa e de gestão financeira
desse nível de ensino no Brasil. e patrimonial, e obedecerão ao princípio da indisso-
Nessa conjuntura, é notável que a educação superior ciabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
avança e isso acarreta em benefícios que atingem posi- D. as instituições que ofertam ensino superior, de acor-
tivamente a sociedade civil, como é o caso das políticas do com a sua organização e respectivas prerrogativas
voltadas para a expansão e democratização do acesso. acadêmicas, são credenciadas como faculdades e uni-
Mas é necessário refletir que a educação superior progri- versidades.
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E. a Educação Superior abrangerá cursos sequenciais por Além dos princípios gerais estabelecidos pela Consti-
campo de saber, de diferentes níveis de abrangência, tuição, o sistema educativo brasileiro foi redefinido pela
cursos de graduação, cursos de pós-graduação, com- nova Lei de Diretrizes e Bases Nacional (LDBN), Lei nº
preendendo programas de mestrado e doutorado, e 9.394/96, na qual ficaram estabelecidos os níveis escola-
cursos de extensão. res e as modalidades de educação e ensino, bem como
suas respectivas finalidades.
Em relação aos recursos públicos, esses serão desti- A educação superior no Brasil abarca, hoje, um sis-
nados às escolas públicas, podendo ser dirigidos às tema complexo e diversificado de instituições públicas
escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas e privadas com diferentes tipos de cursos e programas,
definidas em lei. incluindo vários níveis de ensino, desde a graduação até
RESPOSTA: C a pós-graduação lato e stricto sensu.
A normatização atual desse amplo sistema encontra-
-se formalizada na Constituição, bem como na LDBN/96,
acrescida de um conjunto amplo de Decretos, Regula-
EDUCAÇÃO SUPERIOR: ESTRUTURA E FUN- mentos e Portarias complementares.
CIONAMENTO. A base da atual estrutura e funcionamento da edu-
cação brasileira teve a sua definição num momento his-
tórico importante, com a aprovação da Lei nº 5.540/68,
da Reforma Universitária. Muitas das medidas adotadas
pela reforma de 1968 continuam, ainda hoje, a orientar
#FicaDica e conformar a organização desse nível de ensino. Desta-
camos, abaixo, os dispositivos mais importantes por ela
A República Federativa do Brasil é formada implementados:
pela união indissolúvel dos Estados, Muni-
cípios e do Distrito Federal, constituindo-se 1. a organização das universidades passou a atender
num Estado Democrático de Direito, tendo às seguintes características: extinção do antigo sistema
como fundamentos a soberania, a cidada- de cátedras e introdução da estrutura fundada em de-
nia, a dignidade da pessoa humana, os va- partamentos; unidade de patrimônio e administração;
lores sociais do trabalho, da livre iniciativa e estrutura orgânica com base em departamentos reu-
pluralismo político (art. 1º da Constituição nidos ou não em unidades mais amplas; unidade de
Federal do Brasil, 1988). funções de ensino e pesquisa, vedada a duplicação de
meios para fins idênticos ou equivalentes e estabelecida
a racionalidade de organização, com plena utilização dos
Na Constituição Federal (em seu art. 5º) fica, igual-
recursos materiais e humanos; universalidade de campo,
mente, estabelecido que a educação – um direito de to-
pelo cultivo das áreas fundamentais dos conhecimentos
dos e dever do Estado e da família – será promovida e humanos; flexibilidade de métodos e critérios, com vistas
incentivada, com a colaboração da sociedade, visando às diferenças individuais dos alunos, às peculiaridades
ao pleno desenvolvimento da pessoa, ao seu preparo regionais e às possibilidades de combinação dos conhe-
para o exercício da cidadania e à sua qualificação para cimentos para novos cursos e programas de pesquisa.
o trabalho. O ensino, por sua vez, deverá ser ministrado 2. o departamento passou a constituir-se na menor
com base nos princípios de igualdade de condições para fração da estrutura universitária para todos os efeitos
o acesso e permanência na escola, com coexistência de de organização administrativa, didático - científica e de
instituições públicas e privadas; garantindo a gratuidade distribuição de pessoal, devendo englobar as disciplinas
e gestão democrática do ensino público (art. 206, inciso afins. Os cargos e funções de magistério, mesmo os já
I a VII). criados ou providos, devem ser desvinculados de campos
Os sistemas de ensino, no Brasil, são organizados específicos de conhecimentos
em regime de colaboração entre a União, os Estados e 3. a introdução da matrícula semestral por disciplinas
o Distrito Federal (art. 211, § 1 a 4): à União, cabe a or- e do sistema de créditos.
ganização do sistema de ensino federal e dos Territórios, 4. a institucionalização da pós-graduação stricto sen-
financiando as instituições públicas federais e exercendo, su, por meio dos cursos de mestrado e doutorado no
em matéria educacional, função redistributiva e suple- país.
tiva, de forma a garantir equalização de oportunidades
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Da mesma forma, a partir dessa Reforma, as univer- se especializaram na área da saúde ou das ciências agrá-
sidades deveriam ter autonomia didático científica, dis- rias, com forte tradição no campo do ensino e da pesqui-
ciplinar, administrativa e financeira, exercida conforme a sa. Somente instituições de excelência, em sua área de
Lei e seus estatutos. Entretanto as universidades públicas concentração, poderão ser credenciadas como universi-
federais, até o presente momento, ainda não gozam a dades especializadas.
autonomia financeira e de gestão de pessoal.
Os Centros Universitários: configuram-se como
Tipologia das instituições educação superior uma nova modalidade de instituição de ensino superior
pluricurricular (criados a partir do Decreto nº 3860/01).
A tipologia das IES, no Brasil, foi redefinida pela Caracterizam -se pela oferta de ensino de graduação,
LDBN, Lei nº 9.394/96, que trouxe inovações no sistema qualificação do seu corpo docente e pelas condições de
de ensino superior, principalmente quanto à natureza e trabalho acadêmico proporcionadas à comunidade esco-
dependência administrativa. No que concerne à natureza lar. Estes Centros, tanto quanto as universidades, gozam
acadêmica, constata-se que ela foi definida por decretos de algumas prerrogativas de autonomia, podendo criar,
complementares, tais como os Decretos nº 3.860/01 e organizar e extinguir, em sua sede, cursos e programas
2.406/97. de educação superior, assim como remanejar ou ampliar
No nível das instituições, isto é, no plano vertical, vagas nos cursos já existentes. Não estão obrigados a
além das já existentes, foram criados mais dois novos manter atividades de pesquisa e extensão. Os centros
tipos: a universidade especializada e os centros univer- universitários são criados somente por credenciamento
sitários. No plano horizontal, criaram-se novos tipos de de IES já credenciadas e em funcionamento regular (De-
cursos e programas, tais como os cursos sequenciais (no creto nº 3.860/01, art. 11)
nível da graduação), os mestrados profissionais (no nível
da pós-graduação) e a regulamentação da educação a As instituições não-universitárias: atuam numa área
distância. específica de conhecimento ou de formação profissional.
A criação de novos cursos superiores depende da autori-
Instituições universitárias e não -universitárias zação do poder executivo (Decreto n° 3.860/01, art. 13).
São compostas pelas Faculdades Integradas, Faculdades,
Na LDBN, bem como nos decretos posteriores espe- Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFET’S) e
cíficos estão definidas as atribuições de cada instituição por dois novos tipos de IES: os Institutos Superiores de
universitária e não - universitária que oferece educação Educação e os Centros de Educação Tecnológica (CET’S).
superior. As Faculdades Integradas são instituições com pro-
postas curriculares que abrangem mais de uma área de
As instituições universitárias classificam -se em: conhecimento, organizadas para atuar com regimen-
Universidades: instituições pluridisciplinares, que se to comum e comando unificado (Decreto nº 3.860/01).
caracterizam pela indissociabilidade das atividades de Compreendem vários cursos pautados por um único
ensino, pesquisa e de extensão e por terem, obrigatoria- estatuto e regimento jurídico, possuindo conselhos su-
mente, em seu quadro docente, 1/3 de professores com periores e diretorias acadêmicas e administrativas. Essas
titulação de mestrado e doutorado e 1/3 de professores faculdades não são, necessariamente, pluricurriculares,
em regime de trabalho integral (art. 52, da Lei 9394/96). nem são obrigados a desenvolver a pesquisa e a exten-
As universidades gozam de autonomia didático-científi- são como ocorre com as universidades.
ca, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, Os Centros de Educação Tecnológicas e os Centros
devendo obedecer ao princípio de indissociabilidade en- Federais de Educação Tecnológica são instituições espe-
tre ensino, pesquisa e extensão. É conferida às universi- cializadas de educação profissional e pós secundária, pú-
dades autonomia para criar, organizar e extinguir cursos blicas ou privadas, com a finalidade de qualificar profis-
e programas de educação superior; fixar os currículos de sionais, nos vários níveis e modalidades de ensino, para
seus cursos e programas; aumentar ou diminuir o nú- os diversos
mero de vagas, de acordo com a capacidade de atendi- 2. Cabe lembrar que as universidades públicas fede-
mento e as exigências do seu meio; contratar e dispensar rais ainda não gozam a autonomia financeira e patrimo-
professores; estabelecer planos de carreira docente; ela- nial.
borar e formar seus estatutos e regimentos, de acordo 3. Como exemplo pode-se citar: a UNIFESP – Uni-
com as normas gerais em vigor; estabelecer programas versidade Federal do Estado de São Paulo, especializada
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de pesquisa científica, produção artística e atividades de na área médica e biomédica; a Universidade Federal de
extensão; celebrar contratos como entidade jurídica; ad- Viçosa (Minas Gerais), na área de agronomia e a Univer-
ministrar receita pública e privada; e receber doações e sidade Federal de Itajubá (Minas Gerais), na área de en-
heranças. genharias.
4. Os Centros Federais de Educação Tecnológica fo-
Universidade Especializada: caracteriza-se por con- ram criados a partir da Lei n° 8.948 de 08/12/1994 e re-
centrar suas atividades de ensino e pesquisa num cam- gulamentados pelo Decreto n° 2.406/97.
po do saber, tanto em áreas básicas como nas aplicadas, Os Institutos Superiores de Educação visam à forma-
pressupondo a existência de uma área de conhecimento ção inicial, continuada e complementar para o magistério
ou formação especializada dos quadros profissionais de da educação básica, podendo oferecer os seguintes cur-
nível superior. É o caso, por exemplo, das instituições que sos e programas: curso Normal Superior para licenciatura
9
de profissionais para a educação infantil e séries iniciais rídicas de direito público ou privado ou, ainda, pessoas
do ensino fundamental; curso de licenciatura para a for- físicas que provêm os recursos necessários ao seu fun-
mação de docentes dos anos finais do ensino fundamen- cionamento.
tal e do ensino médio; programas de formação continua- As pessoas jurídicas de direito privado mantenedoras
da para atualização de profissionais da educação básica, de instituições de ensino superior privadas podem assu-
nos diversos níveis; programas especiais de formação pe- mir qualquer das formas admitidas em direito de nature-
dagógica, para graduados em outras áreas que desejem za civil ou comercial, e, quando constituídas como fun-
ensinar em áreas específicas das séries finais do ensino dação, serão regidas pelo disposto no art. 24 do Código
fundamental e do ensino médio; e pós-graduação de ca- Civil Brasileiro (art. 3°, Decreto n° 3.860/2001). Podem ter
ráter profissional para a educação básica. as seguintes finalidades:
Os Institutos Superiores de Educação poderão ser - Com fins lucrativos, de natureza comercial ou civil,
organizados como unidades acadêmicas de IES já cre- tomando a forma de Sociedade Mercantil. Como tal, sub-
denciadas, devendo, neste caso, definir planos de desen- metem-se à legislação que rege as sociedades mercan-
volvimento acadêmico (LDBN/96 e Parecer CP n° 53/99). tis, especialmente no que se refere aos encargos fiscais,
Os estabelecimentos isolados ou faculdades isoladas para fiscais e trabalhistas. Deverão elaborar e publicar
são instituições que, em geral, desenvolvem um ou mais demonstrações financeiras atestadas por profissionais
cursos com estatutos próprios e distintos para cada um competentes (art. 6º, Decreto nº 3.860/2001).
deles. - Sem fins lucrativos: são aqueles que podem se or-
ganizar sob a forma de sociedade (civil, religiosa, moral,
Caracterização das instituições públicas e privadas científica ou literária). Deverão publicar, para cada ano
civil, suas demonstrações financeiras certificadas por
As IES estão vinculadas ao sistema federal de ensino auditores independentes devendo, ainda, quando deter-
ou aos sistemas estaduais e municipais. minado pelo MEC, submeter-se à auditoria e comprovar
O sistema federal de ensino compreende (art. 16, Lei a aplicação de seus excedentes financeiros e a não re-
9.394/96): muneração ou concessão de vantagens ou benefícios,
I – as instituições de ensino mantidas pela União; por qualquer forma ou título, a seus instituidores, diri-
II – as instituições de educação superior criadas gentes, sócios, conselheiros ou equivalentes (Decreto nº
pela iniciativa privada; III – os órgãos federais de educa- 3.860/2001).
ção. As universidades públicas ocupam posição funda-
As IES públicas federais são subordinadas à União, mental no cenário acadêmico nacional, detendo papel
podendo se organizar como autarquias (em regime es- estratégico no processo de desenvolvimento científico
pecial) ou fundações públicas. e tecnológico do país. Certamente, existem diferenças
As IES privadas são mantidas e administradas por quanto ao formato institucional, à vocação acadêmica, às
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, podendo demandas e às expectativas profissionais.
ser classificadas em: As universidades públicas federais surgiram antes da
- Particulares: instituídas e mantidas por uma ou mais década de 1970. Em 2000, haviam 39 IFES em todos os
pessoas físicas ou jurídicas de direito privado, não tendo estados brasileiros. As IFES são, atualmente, considera-
as características das demais, apresentadas a seguir: das multifuncionais, mesmo com diferenças entre elas.
- Comunitárias: instituídas por grupos de pessoas físi- Desenvolvem atividades de ensino e extensão, além de,
cas ou por uma ou mais pessoas jurídicas, inclusive coo- principalmente, estarem concentrando parte substancial
perativas de professores e alunos. Devem incluir, na sua da capacidade de pesquisa instalada no país.
entidade mantenedora, representante de comunidade. As universidades públicas estaduais cresceram signi-
- Confessionais: instituídas por grupos de pessoas fí- ficativamente após os anos 80. O estado de São Paulo
sicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas que atendam criou, na década de 1930, um sistema de instituições,
à orientação confessional e ideológica específica e ao próprio, com grande autonomia diante do poder federal.
disposto no item anterior. As universidades estaduais paulistas concentram parcela
- Filantrópicas: na forma da lei, são as instituições de significativa da pesquisa e da pós-graduação do país, es-
educação ou de assistência social que prestam os servi- pecialmente no nível de doutorado.
ços para os quais instituídas, colocando-os à disposição As universidades estaduais, ao contrário das federais
da população em geral, em caráter complementar às ati- e particulares, encontram-se fora da alçada do MEC, uma
vidades do Estado, sem qualquer remuneração (art. 20, vez que são financiadas e supervisionadas pelos respec-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
10
As universidades comunitárias autodenominam-se “públicas não-estatais” e caracterizam-se por manter um eleva-
do grau de interação no contexto social. São criadas e mantidas por conselhos integrados por membros da comunida-
de municipal e estadual. Voltam-se muito mais para as atividades de ensino e de extensão.
Outro perfil marcante, no campo privado, é constituído pelas IES laicas gerenciadas por uma lógica de mercado e
um acentuado ethos empresarial.
A estrutura e o funcionamento do ensino superior são definidos e regidos por um conjunto de normas e dispositivos
legais estabelecidos pela Constituição Federal de 1988, pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei
n° 9.394/96), como também pela Lei n° 9.135/95, que criou o Conselho Nacional de Educação, além de vários outros
Decretos, Portarias e Resoluções.
Nesses dispositivos, define-se que a oferta de ensino superior é livre à iniciativa privada, atendidas as condições
de cumprimento das normas gerais da educação nacional e avaliação de qualidade, pelo Poder Público; as atividades
universitárias de pesquisa e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder Público. Na Constituição, igualmente
fica determinado o dever do estado em garantir o acesso aos níveis mais elevados de ensino e pesquisa e é estabele-
cido que as universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial,
devendo, ainda, obedecer ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão. Quanto aos recursos
públicos esses serão destinados às escolas públicas, podendo ser dirigidos às escolas comunitárias, confessionais ou
filantrópicas definidas em lei.
A Constituição ainda estabelece que o ensino será ministrado com base nos princípios de igualdade de condições
para o acesso e permanência na escola, pluralismo de ideias, gestão democrática do ensino público e valorização dos
profissionais do ensino.
A nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional trata da educação superior no capítulo IV, nos artigos 43º a
57º. Estabelece, por finalidade do ensino superior, estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico
e do pensamento reflexivo; formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento; incentivar o trabalho de pesquisa
e investigação científica; promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos; suscitar o desejo de
aperfeiçoamento cultural e profissional; estimular o conhecimento dos problemas do mundo presente, em particular,
os nacionais e regionais; promover a extensão, dentre outros.
A LDBN, ao mesmo tempo, fixou as regras de funcionamento do ensino superior, tais como: a frequência obrigató-
ria de alunos e professores nos cursos, salvo nos programas de educação a distância; a deliberação das universidades
quanto às normas de seleção, devendo levar em conta os efeitos dos critérios por ela estabelecidos sobre a orientação
do ensino médio; a obrigatoriedade da oferta de cursos noturnos nas IES públicas; o estabelecimento do período letivo
de 200 dias; o fornecimento das informações obrigatórias que devem ser disponibilizadas aos alunos antes de cada
período letivo; a definição da carga horária mínima de 8 horas semanais de aula para os docentes das IES públicas;
e a exigência de que os professores do ensino superior devam ter pós-graduação, prioritariamente o mestrado e o
doutorado.
A Lei nº 9.131/95 define as atribuições do MEC, do CNE, das Câmaras de Educação Básica e de Educação Superior;
institui, também, o Exame Nacional de Cursos como um dos procedimentos para avaliação dos cursos de graduação;
extingue os mandatos dos membros do Conselho Federal de Educação; e estipula um prazo de 90 dias para a instalação
do CNE.
A Lei nº 9.192/95 altera dispositivos da Lei nº 5.540, de 28 de novembro de 1968, que regulamenta o processo de
escolha dos dirigentes universitários.
Os principais tópicos do conjunto de Decretos e Portarias que normatizam o ensino superior estão relacionados no
quadro abaixo:
Fonte
NEVES, C. E. B. A estrutura e o funcionamento do ensino superior no Brasil. In: SOARES, Maria Susana Arrosa. (Org).
A EDUCAÇÃO SUPERIOR NO BRASIL. Porto Alegre: UNESCO, 2002.
11
história e que afeta sobremodo as possibilidades de rea-
lização desse atributo inerente à idéia de Universidade.
EXERCÍCIO COMENTADO Essa vinculação entre concepção de Estado e autono-
mia cumpre duas funções importantes. A primeira refere-
1. (UNIFESSPA - Técnico em Assuntos Educacionais – -se à possibilidade de mapeamento das heranças histó-
Superior - CEPS-UFPA/2018) Na estrutura e funciona- ricas como fatores que contribuem para a compreensão
mento da educação superior, a autonomia universitária, das dificuldades de concretização da autonomia nas uni-
como prerrogativa constitucional, deve ser exercida nas versidades brasileiras. A segunda é que a determinação
seguintes dimensões: de um conceito jurídico de autonomia universitária pas-
sa, necessariamente, pela forma como o Estado realiza
A. Gestão financeira, acadêmico-científica e política. sua função de promoção dos serviços públicos, já que
B. Financeira, patrimonial e curricular. essa autonomia é atributo de instituições que prestam o
C. Administrativa, didático-científica e curricular. serviço público educacional.
D. Institucional, gestão financeira e patrimonial. Nesse sentido, conceber juridicamente a autonomia
E. Didático-científica, administrativa e de gestão financei- das universidades a partir do perfil de um Estado Liberal
ra e patrimonial. é diferente de concebê-la sob uma ótica de um Estado
Intervencionista ou ainda de um Estado desregulamen-
RESPOSTA: E tador. Não há, portanto, um sentido jurídico possível sem
As universidades gozam de autonomia didático-cien- a identificação da concepção de Estado vigente.
tífica, administrativa e de gestão financeira e patrimo- Para cumprir o objetivo de delimitar o alcance da con-
nial, devendo obedecer ao princípio de indissociabili- cepção de autonomia universitária, a partir dos marcos
dade entre ensino, pesquisa e extensão. É conferida às jurídicos implementados em nosso país com o advento
universidades autonomia para criar, organizar e extin- da Constituição Federal de 1988, a segunda perspectiva
guir cursos e programas de educação superior; fixar é que será desenvolvida com maior cuidado.
os currículos de seus cursos e programas; aumentar A Constituição Federal de 1988 inaugura no Brasil,
ou diminuir o número de vagas, de acordo com a ca- após quase duas décadas de regime autoritário, o Es-
pacidade de atendimento e as exigências do seu meio; tado Democrático de Direito, caracterizado pelo perfil
contratar e dispensar professores; estabelecer planos dirigente-compromissário de nossa carta constitucional
de carreira docente; elaborar e formar seus estatutos que, de acordo com J. J. Canotilho, significa que a Cons-
e regimentos, de acordo com as normas gerais em tituição comanda a ação do Estado e impõe aos órgãos
vigor; estabelecer programas de pesquisa científica, competentes a realização de metas programáticas, esta-
produção artística e atividades de extensão; celebrar belecendo compromissos constitucionais que possibili-
contratos como entidade jurídica; administrar receita tem a efetivação dos direitos fundamentais e a resolução
pública e privada; e receber doações e heranças. de problemas “suscitados pelo pluralismo político, pela
complexidade social e pela democracia conflitual” .
O perfil de Estado Democrático de Direito requer,
portanto, a alteração das condições sociais de desigual-
AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA. dade, enraizadas pelas experiências estatais anteriores, a
partir de uma concepção de Direito como instrumento
de transformação social. E é, nesse sentido, que José Luís
Bolzan de Morais, caracteriza o Estado Democrático de
Direito, como aquele que
O SENTIDO CONSTITUCIONAL DA AUTONOMIA
UNIVERSITÁRIA [...] carrega consigo um caráter transgressor que impli-
ca agregar o feitio incerto da democracia ao Direito, im-
pondo um caráter reestruturador à sociedade e, revelando
#FicaDica uma contradição fundamental com a juridicidade liberal a
partir da reconstrução de seus primados básicos de certeza
Historicamente o debate jurídico sobre au- e segurança jurídicas, para adaptá-los a uma ordenação
tonomia universitária no Brasil caracteriza- jurídica voltada para a garantia/ implementação do futu-
-se por sua complexidade, quer seja pela ro, e não para a conservação do passado.
dificuldade de se consolidar nos grandes
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
períodos não democráticos, quer seja pela Nesse cenário, a promoção da educação cumpre o
ausência de tradição acadêmica ou, ainda, papel não só da efetivação de um direito fundamental,
pela manutenção de um Estado burocra- mas também de contribuir para o processo de concre-
tizado e ineficiente no seu compromisso tização do Estado Democrático de Direito brasileiro, no
federativo de promover mecanismos de sentido de que não se pode almejar transformação social
descentralização. sem o desenvolvimento de um sistema educacional forte
e autônomo, considerando a importância da garantia da
Esses fatores demonstram que não se pode desvin- liberdade de pensamento para a formação de cidadãos
cular o tema da autonomia universitária da concepção críticos e reflexivos aptos a, de fato, agir em sociedade
de Estado que prevalece em cada momento da nossa em prol de sua transformação.
12
Importa lembrar, contudo, que esse perfil de Estado para a concretização da finalidade maior das universida-
é um perfil desejado, mas ainda em processo de concre- des que é a liberdade de ação e pensamento na conse-
tização, o que implica na percepção de que as amarras cução de seu princípio maior, também consagrado nos
históricas do Estado brasileiro ainda constituem-se como mesmo artigo da Constituição, qual seja: o da indissocia-
fatores impeditivos a essa realização, afetando direta- bilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
mente a construção de uma concepção de autonomia Assim sendo, as duas últimas dimensões configu-
universitária coerente com um Estado democrático. De ram-se como complementares à dimensão didático-pe-
todo modo, a partir desse momento, esmiuçaremos um dagógica. São dimensões instrumentais que precisam
sentido jurídico de autonomia universitária pressuposto ser asseguradas com a finalidade exclusiva de garantir a
em um Estado Democrático de Direito, que adota uma prerrogativa das universidades em sua organização didá-
Constituição dirigente-compromissária. tico-pedagógica. Essas dimensões, inclusive, só passam
Caracterizando inicialmente a norma de previsão da a fazer parte do debate da autonomia quando as univer-
Constituição brasileira sobre a autonomia universitária, sidades consolidam-se como parte do Estado e, então,
no contexto da teoria das normas constitucionais, é pos- surge a necessidade de garantia de financiamento, bem
sível afirmar que o artigo 207 se enquadra na categoria como de autonomia de administração com independên-
de norma garantidora de direito, o que significa que não cia. E, é por isso que Nina Ranieri, ao tratar das dimensões
necessita de nenhum outro elemento futuro para concre- da autonomia no artigo 207 da Constituição Federal, as
tizar seus efeitos. concebe como absolutamente vinculadas à realização do
Assim sendo, as relações normativas que se estabele- trinômio ensino, pesquisa e extensão, deduzindo que
cerão, a partir dessa garantia constitucional, são aquelas
derivadas da organização federativa de nosso Estado. A Do ponto de vista jurídico, é apenas e tão-somente
competência para legislar em matéria educacional é con- em razão desse objetivo que a Universidade é autôno-
corrente para os três âmbitos da federação. Sendo que ma e que, em função do mesmo, a autonomia deve ser
o alcance do poder legislativo de cada ente federativo exercida de forma responsável, eficiente e adequada aos
vincula-se aos interesses prioritários exercidos por cada objetivos nacionais e às referências socioculturais, eco-
um. Assim, a União legisla dentro dos interesses nacio- nômicas e políticas da sociedade na qual se insere.
nais, os Estados-membros e Distrito Federal dentro dos Nessa perspectiva, a autonomia das universidades não
interesses regionais e os Municípios dentro de seus inte- é, definitivamente, ausência de limites do Estado central
resses locais. em relação às universidades. Ao contrário, o papel de um
Estado que se pretende democrático é o de garantir que
O capítulo constitucional da educação contribui para os conteúdos constitucionais que fundamentam nossa
o entendimento dessa lógica federativa no âmbito da República Federativa, tais como: cidadania; dignidade da
educação. Em seu artigo 211, a Constituição determina pessoa humana; a construção de uma sociedade livre,
que os entes federativos se organizarão sob o regime justa e solidária; a erradicação da pobreza e da margina-
de colaboração, ou seja, reforça a lógica do federalismo lização; a redução das desigualdades sociais e regionais;
cooperativo adotado nos artigos 23 e 24, que justamente a promoção do bem de todos sem discriminações, este-
se rege pela ótica do princípio da subsidiariedade e da jam presentes como diretrizes essenciais ao exercício da
divisão de competências legislativas a partir dos interes- autonomia nas universidades.
ses prioritários de cada ente. Ao estabelecer, portanto, o Centrando o debate na autonomia didático-pedagó-
âmbito das competências materiais de educação, afirma gica, portanto, coloca-se como legítimo, por parte do
a atuação prioritária dos municípios no ensino funda- poder central, a regulamentação da matéria no sentido
mental (§ 2º, art. 211 da CF), dos Estados-membros e do de garantir os conteúdos constitucionais que fundamen-
Distrito Federal, prioritariamente, no ensino médio (§ 3º, tam nosso Estado Democrático. Eunice Durham, ao aler-
art. 211 da CF) e, da União, como a responsável pela or- tar para o perigo da prevalência de uma concepção de
ganização do sistema federal de ensino, com dever de fi- autonomia universitária que se pretenda ilimitada como
nanciamento das instituições de ensino públicas federais. um fator determinante para a mediocrização geral do en-
A subsidiariedade é contemplada na forma supletiva da sino superior do país, propõe uma reflexão, no âmbito
União em contribuir com Estados-membros e Municípios da autonomia didático-pedagógica, que é a conciliação
para a garantia da qualidade do ensino no país (§ 1º, art. entre “o necessário controle de qualidade que a socie-
211 da CF). dade não pode dispensar com a igualmente necessária
Em termos de universidade, fica claro que as Fede- autonomia”.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
rais, objeto principal desse trabalho, estão ao encargo da A prática curricular existente hoje em nosso país, em
União. Quanto às Universidades Estaduais, essas se re- termos normativos, é o do currículo mínimo, que até
gem pela normatização de competência de seus Estados poderia ser encarado como a forma de garantir aqueles
e suas existências configuram-se como legítimas, na me- conteúdos constitucionais anteriormente mencionados.
dida em que o âmbito de atuação dos Estados é priori- De acordo com Eunice Durham, esse tipo de controle
tariamente o ensino médio, não sendo vedada a atuação seria meramente burocrático acarretando dois tipos de
em nível superior. problemas:
A autonomia universitária, consagrada na Constitui-
ção brasileira, prevê três dimensões de autonomia: a di- De um lado, embora obrigue os cursos a incluírem
dático-pedagógica, a administrativa e a de gestão finan- certos conjuntos de disciplina, não avalia a qualidade do
ceira. É preciso perceber que essas dimensões apontam ensino que é ministrado nem a formação recebida pe-
13
los alunos. Do outro, dificulta enormemente inovações anteriormente de sentido constitucional da autonomia
curriculares e a oferta de novos cursos, o que se torna universitária. Em segundo lugar, a partir desse cenário,
hoje sério problema porque há necessidade de grande verificar como tem sido usado o espaço de atuação do
flexibilidade por parte das instituições para fazerem face poder central no papel de regulamentação.
ao rápido desenvolvimento científico, inclusive com a
criação de novas áreas, assim como às aceleradas trans- Iniciando pela legislação ordinária, temos que a apro-
formações do mercado de trabalho. vação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação — LDB
A lógica da rigidez curricular engessa a estrutura di- — (Lei nº 3.436 de 20/12/1996) constitui-se em um im-
dático-pedagógica das universidades não permitindo a portante marco regulatório para as universidades, já que,
implementação de iniciativas inovadoras que podem sur- segundo Nina Ranieri
gir do amadurecimento e da percepção de realidades so-
ciais, políticas, culturais e regionais distintas. Essa postura [...] ao romper com as rígidas prescrições da legislação
impede a execução satisfatória das metas constitucionais anterior, insinua a possibilidade de haver uma revisão das
para a educação superior no Brasil. posições do Estado ante questões recorrentes do ensino
superior brasileiro, como descentralização e controle das
Será, portanto, que de fato, a instituição de currícu- atividades, financiamento da educação pública, compe-
los mínimos ou seu baixo grau de flexibilidade é instru- tências normativas e executivas nos diversos sistemas de
mento eficaz e coaduna com o objetivo constitucional ensino, regime jurídico das instituições públicas e sua au-
de concretização de um Estado Democrático de Direito? tonomia frente aos governos mantenedores, dentre outras.
A prerrogativa constitucionalmente garantida da autono-
mia universitária, em sua dimensão didáticopedagógica, Neste sentido, delega à União a função normatizado-
não poderia e deveria voltar-se à construção do futuro, ra dos cursos de graduação e pós-graduação — função
como projeto de Estado Democrático, rompendo com as esta a ser executada pelo Conselho Nacional de Educa-
amarras de uma tradição curricular rígida? ção, criado pela Lei nº 9.131/95, que extinguiu o Conse-
A partir dessas reflexões pretende-se traçar o cenário lho Federal de Educação e ampliou as competências do
normativo atual, identificando quais são os instrumentos Ministério da Educação e do Desporto. Com o intuito de
normativos disponíveis à consecução da finalidade cons- superar o currículo mínimo como controle de qualidade
titucional, analisando seus limites e possíveis perspecti- do ensino superior — perspectiva esta que denota o viés
vas de inovação. estritamente profissional dos cursos de graduação —,
procurou-se, com a LDB, ampliar o exercício da autono-
O cenário normativo da autonomia universitária mia das universidades. Para Eunice Durham, no entanto,
“tentou-se, no projeto da LDB, mas não se conseguiu,
A falta de regulação sobre a autonomia universitária, separar o diploma do exercício profissional”. Ainda com
tal como prevista no artigo 207 da Constituição, é apa- relação às limitações da LDB em regular a matéria, Nina
rente se levarmos em conta os dispositivos legais e in- Ranieri afirma que,
fralegais que contribuem na determinação do horizonte No que se refere à autonomia universitária, a atual Lei
de possibilidades (e necessidades) em que deve se situar de Diretrizes e Bases da Educação (...) oscila da simples
a autonomia didático-pedagógica das universidades. exemplificação de processos autônomos que já se dedu-
Em decorrência da rigidez dos currículos, consolida- ziam da previsão constitucional (como faz nos artigos 53
dos, em cada curso, de maneira independente, sem uma e 54, §1º), ao reconhecimento expresso da possibilidade
política curricular centralizada que fornecesse uma pauta de ser atribuído regime jurídico especial às Universidades
mínima a ser desenvolvida, a atuação da universidade na públicas (...)
implementação dos conteúdos constitucionais que fun- Apesar do insucesso em superar, de fato, o paradigma
damentam nossa República Federativa, conforme refe- profissionalizante que permeia os cursos de graduação,
rido anteriormente, não é satisfatória, tendo em vista a a LDB teve importantes contribuições em permitir a fle-
função a ela constitucionalmente atribuída. xibilização das diretrizes curriculares, o que, na prática,
A regulamentação legal e infralegal serão sistemati- não foi implementado satisfatoriamente. Ao passo que,
zadas, nesse tópico, a fim de facilitar a apreensão das paradoxalmente, “discrimina processos autônomos, mas
diretrizes estabelecidas em diferentes níveis de regulação não abandona a postura da concessão de privilégios para
a partir de três categorias normativas: leis ordinárias; de- instituições (públicas e privadas) que atendam a padrões
cretos presidenciais e pareceres do Conselho Nacional de considerados exemplares (...), a Lei nº 9.364/96 (LDB) per-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Educação. Importante destacar que, apesar das distintas mite um novo padrão de articulação”, orientado, dentre
origens dos atos regulatórios, todos indicam elementos outros eixos, pelo estímulo à inovação.
importantes à demarcação da autonomia didático-peda-
gógica à luz do vínculo com o trinômio basilar do ensino A flexibilização das diretrizes curriculares implicou no
superior — ensino, pesquisa e extensão —, bem como processo de descentralização da regulamentação sobre
dos objetivos constitucionais que permeiam a função da os conteúdos dos cursos de graduação. O Ministério da
universidade na sociedade brasileira. Educação iniciou, em 1998, o processo de criação das
Diretrizes Curriculares Nacionais, que segundo Durham,
O objetivo desse tópico é, primeiramente, identifi- acabou se caracterizando como um trabalho desarticula-
car o conteúdo dessas normatizações a fim de perceber do, na medida em que o “tratamento ficou com comis-
seus limites e avanços na realização do que chamamos sões nomeadas pelo ministério (uma para cada curso),
14
que trabalharam sem nenhuma coordenação entre elas, cação superior possa enfrentar as rápidas transformações
sem um plano conjunto e sem que houvesse uma política por que passa a sociedade brasileira e constituir um polo
de reforma curricular”. formulador de caminhos para o desenvolvimento humano
O Conselho Nacional de Educação teve um importan- em nosso país.
te papel na condução desses trabalhos, já que as diretri-
zes de cada curso, foram por ele avaliadas e aprovadas. Assim como a LDB, o Plano Nacional de Educação
Por esse motivo, é importante avaliar o conteúdo de tais estabelece diretrizes amplas para a atuação da Universi-
pareceres do CNE que prescrevem orientações gerais a dade. Também no sentido de adequar a função exercida
todas as diretrizes curriculares analisadas, afinal, essas pelo ensino superior às demandas sociais contemporâ-
orientações acabaram por instituir uma política curricu- neas, tal como previsto na Constituição, o PNE fornece
lar a ser aplicada no âmbito da educação superior, no fundamentos à flexibilização da estrutura das instituições
exercício da competência do CNE, enquanto executor da — o que se nota, por exemplo, na necessidade, eviden-
função normatizadora dos cursos de graduação e pós- ciada no documento, de renovação e reformulação da
-graduação. estrutura universitária. Estabelece, além disso, objetivos
Antes, contudo, é imprescindível analisar o Plano e metas a serem cumpridos no âmbito da educação su-
Nacional de Educação, aprovado pela Lei nº 10.172 de perior, dos quais destacam-se, com relação à autonomia
09/01/2001, que consolida a intenção de implementação didáticocientífica e a flexibilização dos planos de ensino:
de uma política educacional que, com relação ao ensi-
no superior, seja capaz de promover “sua renovação e [...] Assegurar efetiva autonomia didática, científica,
desenvolvimento”. Tendo por diretriz básica a autonomia administrativa e de gestão financeira para as universida-
universitária, tal como prevista na Constituição, o Plano des públicas. [...]. Estabelecer, em nível nacional, diretrizes
Nacional de Educação explicita as metas a serem atingi- curriculares que assegurem a necessária flexibilidade e
das pelas universidades, no exercício de suas atividades, diversidade nos programas de estudos oferecidos pelas
no sentido de que estas exerçam diferentes instituições de educação superior, de forma
a melhor atender às necessidades diferenciais de suas
[...] as funções que lhe foram atribuídas pela Constitui- clientelas e às peculiaridades das regiões nas quais se
ção: ensino, pesquisa e extensão. Esse núcleo estratégico inserem. Incluir nas diretrizes curriculares dos cursos de
tem como missão contribuir para o desenvolvimento do formação de docentes temas relacionados às problemá-
País e a redução dos desequilíbrios regionais, nos marcos ticas tratadas nos temas transversais, especialmente no
de um projeto nacional. Por esse motivo, estas instituições que se refere à abordagem tais como: gênero, educação
devem ter estreita articulação com as instituições de ciên- sexual, ética (justiça, diálogo, respeito mútuo, solidarie-
cia e tecnologia — como, aliás, está indicado na LDB (art. dade e tolerância), pluralidade cultural, meio ambiente,
86). saúde e temas locais. 13. Diversificar a oferta de ensino,
incentivando a criação de cursos noturnos com propos-
Ainda neste sentido, demarca a importância da ade- tas inovadoras, de cursos sequenciais e de cursos modu-
quação da atuação da Universidade enquanto implemen- lares, com a certificação, permitindo maior flexibilidade
tadora, no âmbito da educação superior, dos objetivos do na formação e ampliação da oferta de ensino.
Estado Democrático de Direito: Os referidos objetivos e metas colocados pelo Plano
Nacional de Educação, assim como o todo o conteúdo da
No mundo contemporâneo, as rápidas transforma- Lei 10.172/2001, devem servir de base à implementação
ções destinam às universidades o desafio de reunir em das políticas educacionais que, no caso do ensino su-
suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, os requi- perior, são centralizadas pelo Ministério da Educação. O
sitos de relevância, incluindo a superação das desigualda- MEC, por sua vez, como já referido, através do Conselho
des sociais e regionais, qualidade e cooperação interna- Nacional de Educação, executa a sua função normatiza-
cional. As universidades constituem, a partir da reflexão dora dos cursos de graduação e pós-graduação.
e da pesquisa, o principal instrumento de transmissão da
experiência cultural e científica acumulada pela huma- O Conselho Nacional de Educação tem atribuições
nidade. Nessas instituições apropria-se o patrimônio do de caráter normativo, deliberativo e de assessoramen-
saber humano que deve ser aplicado ao conhecimento to ao Ministério da Educação. Com relação à estrutura
e desenvolvimento do País e da sociedade brasileira. A curricular das universidades, compete ao CNE, conforme
universidade é, simultaneamente, depositária e criadora artigo 9º, §2º, letra c, da Lei 9.131/95, “deliberar sobre
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
15
da necessidade de flexibilização das diretrizes com vistas os avanços científicos e tecnológicos, conferindo-lhes uma
à implementação dos objetivos postos à universidade, maior autonomia na definição de currículo plenos dos seus
tais como previstos na Constituição e especificados na cursos;
LDB e no Plano Nacional de Educação.
A atuação do CNE, neste sentido, denota a implemen- Interessante notar, no ponto grifado, que a flexibiliza-
tação, por parte do órgão competente (o Ministério da ção curricular e a consequente liberdade das instituições
Educação), de uma política educacional na perspectiva de em definirem seus projetos pedagógicos são compreen-
viabilização, no âmbito da educação superior, dos pres- didas, pelo Conselho Nacional de Educação, como vin-
supostos do Estado Democrático de Direito. As medidas culadas ao papel da universidade na concretização dos
adotadas pelo Conselho, como buscaremos demonstrar, objetivos previstos na Constituição. Para tanto, a flexibili-
vêm no sentido de flexibilizar a estrutura curricular, à luz zação curricular deve ser entendida, como se depreende
das diretrizes da LDB e do PNE, enquanto política do Es- do posicionamento do CNE, nas seguintes medidas:
tado para a educação superior.
Destaca-se, assim, o conteúdo do Parecer nº 67/2003 [...] ensejar variados tipos de formação e habilitações
do CNE, que propõe comparação entre o engessamento diferenciadas em um mesmo programa [...] e [...] que não
dos currículos mínimos e as Diretrizes Curriculares Na- se vinculam a diploma e a exercício profissional, pois os di-
cionais, estabelecidas a partir do Plano Nacional de Edu- plomas, de acordo com o art. 48 da Lei 9.394/96, se cons-
cação: tituem prova, válida nacionalmente, da formação recebida
por seus titulares.
[...] rigidamente concebidos na norma, os currículos
mínimos profissionalizantes não mais permitiam o alcan- O Parecer nº 776/97, anterior ao analisado até este
ce da qualidade desejada segundo a sua contextualização ponto, já dava indícios da preocupação do Estado em
no espaço e tempo. Ao contrário, inibiam a inovação e a superar o modelo tradicional de estrutura curricular das
diversificação na preparação ou formação do profissional universidades, colocando como princípio às diretrizes
apto para a adaptabilidade! (...) enquanto os Currículos curriculares a tarefa de [...] incentivar uma sólida forma-
Mínimos encerravam a concepção do exercício do pro- ção geral, necessária para que o futuro graduado possa vir
fissional, cujo desempenho resultaria especialmente das a superar os desafios de renovadas condições de exercício
profissional e de produção do conhecimento, permitindo
disciplinas ou matérias profissionalizantes, enfeixadas em
variados tipos deformação e habilitações diferenciadas em
uma grade curricular, com os mínimos obrigatórios fixa-
um mesmo programa;
dos em uma resolução por curso, as Diretrizes Curricu-
Por fim, cabe ressaltar a importância do Parecer nº
lares Nacionais concebem a formação de nível superior
329/04 na ilustração de mudança de paradigma ocorrida
como um processo contínuo, autônomo e permanente,
na política educacional brasileira. Neste sentido, o refe-
com uma sólida formação básica e uma formação pro-
rido Parecer faz uma crítica à Lei de Diretrizes e Bases da
fissional fundamentada na competência teórico-prática, Educação:
de acordo com o perfil de um formando adaptável às
novas e emergentes demandas; (...) enquanto os Currícu- Esta, ao contrário da Lei nº 4.024/61, não traz inequí-
los Mínimos muitas vezes atuaram como instrumento de voca associação entre diploma e inscrição profissional, o
transmissão de conhecimentos e de informações, inclu- que permitiria quebrar a natureza corporativa e profis-
sive prevalecendo interesses corporativos responsáveis sionalizante da educação superior brasileira, dando-lhe
por obstáculos no ingresso no mercado de trabalho e por mais discernimento acadêmico do que profissional.
desnecessária ampliação ou prorrogação na duração do O papel desempenhado pelo Conselho Nacional de
curso, as Diretrizes Curriculares Nacionais orientam-se Educação, a despeito de avaliar-se que não há efetivo
na direção de uma sólida formação básica, preparando sucesso na implementação do conteúdo dos pareceres
o futuro graduado para enfrentar os desafios das rápidas aqui exemplificados nas diretrizes curriculares dos cursos
transformações da sociedade, do mercado de trabalho e de graduação , é de grande relevância ao debate sobre
das condições de exercício profissional. a flexibilização dos currículos e a autonomia didático-pe-
dagógica das universidades, já que evidencia não ape-
No tocante à autonomia didático-pedagógica das nas uma tendência da política do Ministério da Educação
universidades, a posição do Conselho Nacional de Edu- para o ensino superior, mas uma necessidade de câmbio
cação sobre a superação do paradigma dos currículos estrutural nos planos pedagógicos — a incorporação de
mínimos é no sentido de que isto proporcionou maior uma formação generalista, marcada pela flexibilidade,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
16
[...] II - ampliação da mobilidade estudantil, com a tipo de liberdade que ferir ou ameaçar direito garantido
implantação de regimes curriculares e sistemas de títulos constitucionalmente, não é liberdade legítima. Como vi-
que possibilitem a construção de itinerários formativos, mos anteriormente, o exercício de uma autonomia com
mediante o aproveitamento de créditos e a circulação de liberdade ampla e irrestrita poderia acabar incorrendo
estudantes entre instituições, cursos e programas de edu- em iniciativas contrárias aos próprios fundamentos do
cação superior; III - revisão da estrutura acadêmica, com Estado brasileiro.
reorganização dos cursos de graduação e atualização de Nesse sentido, é dever do Estado o estabelecimento
metodologias de ensinoaprendizagem, buscando a cons- de limites ao exercício da autonomia das universidades
tante elevação da qualidade; IV - diversificação das mo- que as coloquem como instituições promotoras dos va-
dalidades de graduação, preferencialmente não voltadas lores e fundamentos que balizam a construção democrá-
à profissionalização precoce e especializada; tica de nosso país. Como instituições de ensino, devem
ser as primeiras a fomentar a inclusão social, a cidadania,
O texto do Decreto explicita a vinculação da reestru- a elaboração de pesquisas que contribuam para a erra-
turação das universidades federais a medidas que dizem dicação da pobreza, valorização e efetivação dos direitos
respeito, por sua vez, à estrutura curricular e pedagógica fundamentais e tantos outros objetivos que se colocam
destas. Neste sentido, a regulamentação do Poder Execu- como os desafios presentes para a construção futura de
tivo, estabelecida com o fim de dar cumprimento à meta uma nação livre, justa, solidária e democrática.
de expansão prevista no Plano Nacional de Educação, Esse dever do Estado é, assim, representado, em um
pressupõe, para tanto, alterações nos regimes curricula- primeiro momento, pelas dimensões instrumentais da
res: mobilidade estudantil, reorganização dos cursos de autonomia universitária: a financeira e a administrativa.
graduação e metodologias de ensino, bem como a su- Essa última se concretiza na estrutura da Administração
peração do paradigma exclusivamente profissionalizante Pública com a figura das autarquias, que no caso das
dos cursos. Desta forma, fornece subsídios à compreen- universidades federais, recebem um tratamento dife-
são das alterações necessárias à reestruturação das uni- renciado de autarquias de regime especial, exatamente
versidades federais, com vistas à efetivação das diretrizes pela consideração da relevância da manutenção de sua
estabelecidas pelo Plano Nacional de Educação. independência na condução das atividades didáticope-
O Projeto de Lei nº 7.200/2006, que propõe a imple- dagógicas, que também necessitam de fomento finan-
mentação da Reforma Universitária, apresenta, no seu ceiro para se concretizar, destacando com isso, a segun-
artigo 52, alteração para o § 4º do artigo 44 da LDB, que da dimensão instrumental de dever do Estado para com
passaria a vigorar nos seguintes termos: a garantia constitucional da autonomia.
As instituições de ensino superior, na forma de seus A terceira dimensão da autonomia, a didático-peda-
estatutos ou regimentos e respeitadas as diretrizes curri- gógica, não é uma dimensão instrumental, pois se ca-
culares nacionais, poderão organizar seus cursos de gra- racteriza como a justificativa principal da existência das
duação, exceto os de educação profissional tecnológica, universidades e, por isso mesmo, foco central das outras
incluindo um período de formação geral, em quaisquer duas dimensões. E é nessa dimensão que a universidade
campos do saber e com duração mínima de quatro se- se constitui como instituição promotora e concretizadora
mestres, com vistas a desenvolver: I- formação humanís- do Estado Democrático de Direito. O dever do Estado,
tica, científica, tecnológica e interdisciplinar; II- estudos nessa dimensão, não se limita ao caráter de fomentador,
preparatórios para os níveis superiores de formação; e mas de balizador no sentido de garantir a relevância so-
III - orientação para a escolha profissional. cial das atividades didáticopedagógicas prestadas pelas
A proposta de alteração na estrutura didático-peda- universidades. Cumpre esse papel pelas normatizações
gógica das universidades, feita no do PL 7.200/06, através legais e infralegais.
do referido dispositivo, vem no sentido de incentivar, nos
moldes do Decreto 6.096/07, as inovações curriculares O principal óbice que se coloca às universidades, no
nas universidades. Este dispositivo, no entanto, apenas cumprimento de sua missão constitucional, é o enraiza-
faculta às universidades a implementação da estrutura mento de uma tradição histórica burocratizada constituí-
curricular, tal como proposta nos seus incisos. da em meio a cenários de centralização e regime autori-
tário, que não proporcionou o desenvolvimento de uma
Autonomia universitária no ordenamento jurídico bra- trajetória acadêmica voltada à liberdade de pensamento
sileiro: delimitação do conceito jurídico e possibilidades de ou à realização de demandas da sociedade. No contexto
regulamentação da perspectiva didático-pedagógica essa dificuldade é
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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superação do paradigma de currículo mínimo — encara- ensino superior com os avanços das propostas da Uni-
do, hoje, como o parâmetro a ser observado no exercício versidade Nova. Se, de fato vamos conseguir, só o exercí-
da autonomia didático-científica —, e abre espaço à fle- cio de nossa razão crítica é que poderá garantir tamanha
xibilização da arquitetura curricular com a finalidade de inovação em nossas tradições.
dar cumprimento às metas atribuídas pela Constituição
às universidades. Contudo, na prática, as universidades Fonte
não têm conseguido implementar tais inovações. BAGGIO, R. C. Notas sobre o alcance normativo da
autonomia universitária no brasil. Disponível em:
Uma das leituras possíveis para explicar essa dificul- http://portal.mec.gov.br/sesu/arquivos/pdf/autono-
dade é que se soma ao peso da herança histórica das miauniversitaria.pdf
universidades de uma tradição desacostumada ao exer-
cício da democracia e adversa às inovações didáticope-
dagógicas, o fenômeno da baixa constitucionalidade, ou
seja, a inefetividade constitucional também consagrada
historicamente em nossa trajetória política-jurídica. EXERCÍCIO COMENTADO
Ao reunirmos esses fatores fica mais clara a per-
cepção de que a construção normativa de um ambien-
te apropriado para transformações não garante, por si 1. (IF-SE - Técnico em Assuntos Educacionais – Supe-
só, que essas aconteçam, já que dependem muito mais rior – FDC/2017) A diretriz básica para o bom desem-
da alteração histórica de uma cultura conservacionista penho da educação superior, da qual decorrem todas as
muito enraizada no Brasil. Hans George Gadamer ex- outras diretrizes, é a:
plica esse fenômeno demonstrando a dubiedade que a
idéia de tradição carrega. Se, ao mesmo tempo, é a tra- A. expansão de vagas no período noturno
dição que nos fornece elementos para a compreensão B. implantação da autonomia universitária
do que somos, também é responsável pela formação de C. gestão democrática e participativa
juízos inautênticos, ou seja, aqueles que são adquiridos D. contribuição do setor privado
e enraizados pela ação outorgante de uma autoridade
reconhecida como certa. Esses juízos só se alteram pela RESPOSTA: B
ação da razão crítica que, quando não praticada, pode Tendo por diretriz básica a autonomia universitária, tal
levar a uma conservação do juízo inautêntico, que acaba como prevista na Constituição, o Plano Nacional de
descontextualizando o próprio sentido do que se vive no
Educação explicita as metas a serem atingidas pelas
presente em prol da mera reprodução de um contexto
universidades, no exercício de suas atividades, no sen-
passado. Para o autor,
tido de que estas exerçam
[...] as funções que lhe foram atribuídas pela Consti-
[...] a tradição deve ser vista essencialmente como sen-
tuição: ensino, pesquisa e extensão. Esse núcleo es-
do conservação e como tal nunca deixa de estar presente
tratégico tem como missão contribuir para o desen-
nas trocas históricas. A conservação é um ato de razão,
volvimento do País e a redução dos desequilíbrios
ainda que caracterizado pelo fato de não atrair a atenção
sobre si. A tradição e a razão devem estar em sintonia. A regionais, nos marcos de um projeto nacional. Por
segunda como filtro da primeira. esse motivo, estas instituições devem ter estreita ar-
ticulação com as instituições de ciência e tecnologia
Com a implementação do REUNI, inspirado na pro- — como, aliás, está indicado na LDB (art. 86).
posta da Universidade Nova, surge mais um instrumento Ainda neste sentido, demarca a importância da ade-
jurídico voltado ao exercício da autonomia universitária. quação da atuação da Universidade enquanto imple-
O poder central, dentro de seu papel de fomentador e mentadora, no âmbito da educação superior, dos ob-
instrumentalizador, já criou mecanismos de investimento jetivos do Estado Democrático de Direito:
com a devida exigência de responsabilidade por parte No mundo contemporâneo, as rápidas transforma-
das universidades com o objetivo de incentivar exata- ções destinam às universidades o desafio de reunir em
mente aquilo que estamos chamando de exigências suas atividades de ensino, pesquisa e extensão, os re-
constitucionais para as universidades: quisitos de relevância, incluindo a superação das desi-
O alargamento da amplitude da base dos estudos gualdades sociais e regionais, qualidade e cooperação
superiores, permitindo uma ampliação de conhecimen- internacional. As universidades constituem, a partir
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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promovam a limpeza de rios, proteção da fauna e da flo-
DIREITOS HUMANOS, CIDADANIA, DIVER- ra, por exemplo.
SIDADE SOCIAL E INCLUSÃO SOCIAL. A cidadania também é exercida quando a população
exerce seu direito ao voto para a escolha dos seus gover-
nantes e também quando sai às ruas em manifestações
Necessário verificar a relação entre os direitos huma- pacíficas contra corrupção.
nos e a cidadania, sendo que ambos, devem caminhar de Percebe-se, portanto, que o exercício da cidadania
forma harmônica e conjunta. está intimamente ligado aos direitos humanos. É o meio
A cidadania é um dos fundamentos da República Fe- pelo qual a pessoa dispõe para fazer com que seus direi-
derativa do Brasil, assim como a dignidade da pessoa tos fundamentais sejam observados.
humana. Está assim prevista no art. 1º, inciso II da Cons- O cidadão, portanto, é o sujeito que goza de direitos
tituição Federal. políticos no Estado em que vive.
Mas, afinal, o que é cidadania? Como visto, a cidadania é um dos fundamentos da
A origem histórica da cidadania remonta à Grécia República.
Antiga. Tratava-se do reconhecimento atribuído àqueles Desta forma, todo aquele que viva em território bra-
detentores de direitos e que participavam das decisões sileiro tem assegurada sua cidadania. Já vimos a origem
políticas da polis em que habitavam. dela e também como pode ser, de fato, exercida.
Apenas à título de esclarecimento, polis se refere à Quando falamos em direitos da cidadania podemos
palavra de origem grega que se refere a um modelo de falar nos direitos fundamentais previstos na Constituição
cidade antiga. Federal e já mencionados como: o direito à igualdade, à
Porém, tratava-se de um atributo apenas daqueles manifestação do pensamento, à liberdade de consciên-
que possuíam propriedades e, portanto, detinham poder cia e de crença, à inviolabilidade do domicílio. Lembre-se
para participação política. que o rol de direitos é muito mais extenso e está previsto
O conceito de cidadania e sua concretização também no art. 5º da Constituição Federal.
é atribuído às Revoluções Inglesa, no século XVII, e à Também de grande importância para a cidadania são
Revolução Francesa, no ano de 1789. os direitos políticos. É por meio deles que o cidadão tem
Trata-se do reconhecimento do indivíduo como em suas mãos o poder para a escolha de seus governan-
membro integrante de uma nação, detentor de direitos e tes, bem como de se manifestar sobre questões relevan-
deveres para a vida em sociedade. É aquele que goza de tes para a nação.
direitos políticos. Quanto aos deveres do cidadão incluem-se aí o res-
O exercício da cidadania, portanto, é a vivência expe- peito às leis e também ao próximo. Isto porque, para que
rimentada por todos nós, cumprindo deveres de respeito uma pessoa faça parte de uma nação como um cidadão,
às leis e ao próximo, bem como a exigência de ver nossos deverá também respeitar os demais, não agindo de for-
direitos efetivados e de participar dos rumos do país por ma que sua liberdade possa tolher a dos outros.
meio de seus direitos políticos.
No Brasil, a cidadania apareceu de forma muito tímida
ao prever o direito de voto universal na Constituição de #FicaDica
1891, embora com exceções àqueles que de fato podiam Cidadania é um fundamento da República Fe-
votar e de 1934 que trouxe o direito de voto à mulher. derativa do Brasil.
Porém, é de fato pela Constituição de 1988 que a ci-
dadania passa a ser efetivamente um valor prezado pelo
ordenamento jurídico. Inclusão
A Constituição de 1988 define que o Brasil constitui É um conjunto de meios e ações que combatem a
um Estado Democrático de Direito. Em razão disto, o art. exclusão, provocada pelas diferenças de classes sociais,
1º, parágrafo único da CF define o seguinte: idade, sexo, escolhas sexuais, educação, deficiências, pre-
Art. 1º (...) conceitos raciais etc.
Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que A Inclusão Social tem como objetivo oferecer opor-
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, tunidades de acesso à tudo para todos.
nos termos desta Constituição. O processo de inclusão vem sendo aplicado em cada
Portanto, se o poder emana do povo, resta claro que, sistema social, na educação, nos ambientes de trabalho,
por ser detentor deste poder, cabe a cada um dos bra- no lazer, nos transportes etc. Todo o sistema deve ser
sileiros, o exercício da cidadania. Ou seja, deverá fazer
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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grupo. O sociólogo francês Robert Castel (1990), definiu a A segunda condição para o aparecimento da Psico-
exclusão social como o ponto máximo atingível no decur- logia como ciência está relacionada com a crise da sub-
so da marginalização, sendo este, um processo no qual o jetividade privatizada, isto é, a decepção necessária (a
indivíduo se vai progressivamente afastando da socieda- insegurança sobre a singularidade e a liberdade do indi-
de através de rupturas consecutivas com a mesma. víduo) gerada pela desconfiança nas promessas liberais
e românticas. A constatação do caráter ilusório da expe-
A pobreza pode, por exemplo, levar a uma situação
riência da subjetividade privatizada levou à necessidade
de exclusão social, no entanto, não é obrigatório que es-
de controle e de previsão do comportamento individual.
tes dois conceitos estejam intimamente ligados. Um tra- Consequentemente, exigiu o surgimento de uma
balhador de uma classe social baixa, pode ser pobre e es- ciência especializada na previsibilidade e controle cien-
tar integrado na sua classe e comunidade. Deste modo, tífico do comportamento humano.
fatores/estados como a pobreza, o desemprego ou em- A suspeita de que a liberdade e a singularidade dos
prego precário, as minorias étnicas e ou culturais, os de- indivíduos são ilusórias, que emerge com o declínio das
ficientes físicos e mentais, os sem-abrigo, trabalhadores crenças liberais e românticas, abre espaço, finalmente,
informais e os idosos podem originar grupos excluídos para os projetos de previsão e controle científicos do com-
socialmente mas, não é obrigatório que o sejam. portamento individual. Este será um dos principais objeti-
vos da Psicologia como ciência (Figueiredo, 1991a, p.32).
‘’ Todos os seres humanos podem invocar os direi-
A conquista da legitimidade da ciência moderna
tos e as liberdades proclamados na presente Declara-
subordinou a subjetividade à disciplina, ao controle, à
ção, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de
adaptação, à instrumental idade e à utilidade. Esta tradi-
cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política
ção utilitária apresenta sinalizações desde a Idade Média
ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de até nossos dias.
nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, Na doutrina dos ídolos e na dúvida metódica encon-
não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto tram-se, no embrião, todos os discursos de suspeita que
político, jurídico ou internacional do país ou do territó- a Idade Moderna elaborou para identificar e extirpar, ou
rio da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território pelo menos neutralizar, a subjetividade empírica (Figuei-
independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma redo, 1991 b, p.16).
limitação de soberania. ‘’1 A constituição da ciência moderna ocorreu no apo-
geu do modelo clássico, que se fundamenta na metáfora
O processo de exclusão/inclusão na constituição da máquina prefeita, isto é, na estabilidade, na ordem e
do sujeito no equilíbrio e, consequentemente, na teoria do Um.
Desta forma, os objetos de estudo das ciências só
A discussão a respeito do processo de exclusão/in- poderiam ser os aspectos da realidade que eram reco-
clusão será realizada através da reflexão sobre a cons- nhecidos como objetivos pela razão, que permaneciam
tituição do sujeito na consolidação da Psicologia como e se reproduziam regularmente e, portanto, poderiam
ciência. ser observados, comparados e mensurados. Com isso, o
As temáticas do sujeito e da subjetividade surgiram rigor metodológico proporcionaria à razão os instrumen-
com a ciência moderna e suas emergências estavam tos adequados para esse fim.
vinculadas às condições que propiciaram o desenvolvi- A Psicologia, fortemente influenciada pela episte-
mento das ciências sociais e humanas, da Psicologia, em mologia dominante na época – pensamento naturalista
especial. e positivista –, ao afastar-se da filosofia, correu o risco de
Figueiredo (1991) apresenta duas condições essen- perder seu objeto específico, pois, ao restringir sua análi-
ciais para o aparecimento da Psicologia como ciência in- se ao observável e ao mensurável, excluiu de seu campo
dependente no século XIX. de investigação a subjetividade.
A primeira condição diz respeito à experiência da Neste sentido, a subjetividade conforma-se enquan-
subjetividade privatizada, ou seja, às experiências do in- to interioridade não dizível e não acessível, e o sujeito,
divíduo que são sentidas e vividas como íntimas, pes- somente enquanto exterioridade observável, comporta-
soais e únicas, sendo portanto totalmente originais e mento.
quase incomunicáveis. Esta experiência de ser sujeito O debate sobre a questão da subjetividade e do su-
capaz de decisão, autonomia, iniciativa, sentimentos e jeito, compreendido na interface da conformação do sa-
emoções privados se desenvolve e se difunde em situa- ber científico, denuncia a necessidade de exclusão das
interferências afetivas, subjetivas, místicas e psicológicas
ções de crise social.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
20
que a Psicologia fez, do que decorrem as reduções con- A introdução da questão semiótica na análise psi-
ceituais. cológica, através dos estudos sobre a linguagem e suas
A Psicologia, ao operar essa subjugação, reduziu o relações com o mundo psíquico, outro dos grandes mé-
sujeito cognoscente ao sujeito empírico, a consciência à ritos da obra de Vygotsky e de seus colegas, nos leva ao
cognição, a subjetividade à objetividade, o humano ao âmago da questão com a qual vem se debatendo a psi-
observável. Esse processo de redução levou à exclusão cologia sem, aparentemente, grande sucesso: a relação
do objeto inicialmente atribuído a ela, a saber, a expe- ao outro e o papel deste na constituição da subjetividade
riência da subjetividade. (Pino, 1993, p.22-3).
Desta maneira, o projeto de consolidação da Psico- As reflexões de Vygotsky permitem o aprofunda-
logia como ciência independente incorpora a dicotomia mento das discussões sobre o sujeito e a subjetividade a
entre objetividade e subjetividade presente nos cânones partir da linguagem, sendo extremamente pertinentes às
científicos, os quais, por sua vez, refletiam e legitimavam questões atuais da Psicologia.
a hegemônica dicotomia entre objetividade e subjetivi- Vygotsky (1991) indica a construção de uma Psico-
dade, que configuraram durante séculos a construção do logia que possibilita a compreensão da constituição do
conhecimento e a busca da verdade, tanto na dimensão sujeito e da subjetividade na processualidade, capaz de
religiosa quanto na dimensão metafísica e filosófica, as- superar a concepção de sujeito e indivíduo da Psicologia
sim como no conhecimento das ciências físicas e bioló- tradicional, em direção a um sujeito social, aos processos
gicas. psicológicos que ocorrem no processo de individuação
O conhecimento psicológico constituiu-se marcado do homem inserido social e historicamente numa cultura.
por dicotomias: objetividade e subjetividade, corpo e Vygotsky é considerado o pensador fundador do en-
mente, natural e cultural, objeto e sujeito, razão e emo- foque sóciohistórico por definir a gênese e a natureza
ção, indivíduo e sociedade, exclusão e inclusão. social das funções psicológicas concebendo o homem
Com isso, o sujeito da Psicologia oscila entre uma
enquanto processo social e fenômeno histórico. Para ele,
objetividade observável e uma subjetividade inefável.
Neste cenário, as temáticas da subjetividade e do su- todas as funções psicológicas superiores originam-se das
jeito eram consideradas excluídas da área da Psicologia relações reais entre os indivíduos, isto é, não são inven-
social crítica e da teoria de autores fundamentados no tadas, nem aparecem de forma repentina e não são fun-
materialismo histórico e dialético. Assistia-se à impos- ções a priori. São funções que apresentam uma natureza
sibilidade da inclusão de uma perspectiva diferenciada histórica e são de origem sociocultural, são mediadas.
para o entendimento dessas questões. Vygotsky (1987) se orienta pela formulação da lei
No entanto, é preciso resgatar na história não-tradi- genética do desenvolvimento cultural, de acordo com a
cional da Psicologia, tentativas de superação das redu- qual toda função aparece em duas dimensões, primeiro
ções metodológicas e conceituais realizadas no campo na dimensão interpsicológica e depois na dimensão in-
psicológico e tentativas de rompimento das dicotomias trapsicológica.
efetuadas no campo científico. Desta forma, tudo que é intrapsicológico no indi-
A descoberta da obra de Vygotsky revoluciona a víduo, as funções psicológicas superiores, foi antes in-
compreensão sobre as temáticas do sujeito e da subjeti- terpsicológico. Para Vygotsky nada apresenta existência
vidade, assim como explicita as ambiguidades na conso- por si mesmo, as funções psicológicas superiores não
lidação da Psicologia1 como ciência. Vygotsky é o princi- acontecem na ausência de relações sociais que as poten-
pal representante da teoria sócio-histórica. Sua produção cializam. Sendo assim, é nas relações entre as pessoas e
teórico-metodológica na área da Psicologia foi elabora-
por elas que se constituem as funções psicológicas supe-
da no período de 1924 a 1934, introduzida no Brasil so-
riores; é através da relação com os outros que acontece a
mente no início da segunda metade da década de 70,
divulgada em grande escala na década de 90. Sua obra conversão dos processos na dimensão social em proces-
está sendo resgatada, após 60 anos da sua produção, por sos na dimensão individual.
pesquisadores de diversas áreas de conhecimento. Inú- O processo de conversão de algo interpsicológico
meras reflexões são feitas, tanto através de publicações em algo intrapsicológico não acontece por mera repro-
quanto em eventos científicos. Esse crescente interesse dução mas por reconstituição de todo o processo envol-
pelo autor advém, principalmente, da sua proposta de vido, no qual as funções psicológicas permanecem sendo
historicização do homem e dos processos psicológicos. “quase-sociais”. (Vygotsky, 1987).
Vale salientar que Vygotsky teve uma formação emi- A conversão é entendida enquanto um processo de
nentemente humanística, transitava fluentemente pela tornar-se diferente do que era sem excluir o que foi.
filosofia, literatura, estética, arte, poesia, pedagogia e psi- (...) a noção de conversão pressupõe o processo de su-
cologia, e foi sensivelmente motivado pelos problemas peração e de mediação pois a questão não está na inter-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
21
Vygotsky (1993) ressalta a função e o papel essen- ra, a linguagem reflete uma determinada realidade so-
cial da linguagem na consciência humana. A mediação cial, resgata o desenvolvimento histórico da consciência
da linguagem através dos signos e das diferentes formas e, além disso, possibilita a produção de novos sentidos.
de semiotização constitui a consciência. Portanto, o sujeito estabelece relações sociais pelas
Vygotsky (1991), ao afirmar a consciência como obje- significações, as quais acontecem entre sujeitos pelas
to da Psicologia rompe com a separação entre cognição e mediações semióticas, sendo que a significação transita
afetividade. Define a tríplice natureza da consciência, isto é, nas diferentes dimensões do sujeito, ela atravessa o pen-
a consciência constituída e constituinte dos pensamentos, sar, o falar, o sentir, o criar, o desejar, o agir...
sentimentos e da vontade, sendo que essa tríplice natureza A compreensão do processo de conversão, media-
está dialeticamente implicada e todo processo psicológico é ção semiótica e processo de significação possibilita o es-
volitivo. clarecimento a respeito do sujeito e da subjetividade. O
Dentro disso, a consciência é tratada como uma dimen- sujeito é compreendido enquanto um “quase-social” e a
são semiótica circunscrita enquanto estruturação lógica dos subjetividade enquanto fronteira, ou seja, está na interfa-
sistemas psicológicos que comporta uma tensão permanen- ce do psicológico e das relações sociais.
te, na qual a consciência é, ao mesmo tempo, tensionada pe- Dizer que o sujeito é “quase-social” significa que ele
los produtos históricos universais e pelas singularidades dos não expressa o social e nem o coloca para dentro de si
sujeitos. em situações artificiais, mas é na relação com os outros e
As palavras sujeito e subjetividade não aparecem expli- por ela, é na linguagem e por ela que se constitui sujeito
citamente na obra disponível e acessível do autor. A pers- e é constituinte de outros sujeitos.
pectiva teórico-metodológica, o subtexto, possibilitou a Nesta perspectiva, a subjetividade não pode ser con-
emergência de dois eixos fundamentais, quais sejam, a cons-
fundida nem com os processos intrapsicológicos nem
ciência e a relação constitutiva Eu-Outro, os quais sintetizam
com os processos interpsicológicos, mas é através dela
as principais reflexões de Vygotsky sobre a questão da sub-
e nela que se processa a dialética da relação interpsico-
jetividade e do sujeito.
A relação constitutiva Eu-Outro enquanto conhecimen- lógica e intrapsicológica. A subjetividade é a fronteira do
to do eu e do outro (eu alheio) e do autoconhecimento e psicológico e da cultura.
reconhecimento do outro são vistos como mecanismos Tais reflexões revelaram o processo de exclusão/in-
idênticos. clusão presente no campo teórico-metodológico da Psi-
(...) temos consciência de nós mesmos porque a temos dos cologia, desvelando a inclusão das temáticas do sujeito
demais e pelo mesmo mecanismo, porque somos em relação a e da subjetividade tanto na obra de Vygotsky quanto no
nós mesmos o mesmo que os demais em relação a nós (Vygotsky, campo da Psicologia Social.2
1996, p.18).
Na relação constitutiva Eu-Outro acontece o conheci-
mento do eu e do outro (eu alheio), porém o autoconheci-
mento implica primeiramente o reconhecimento do outro, ELABORAÇÃO, DESENVOLVIMENTO E AVA-
isto é, temos consciência de nós porque temos dos demais, LIAÇÃO DE PROJETOS.
por que nós somos para nós o mesmo que os demais são
para nós, nos reconhecemos quando somos outros para
nós mesmos. Segundo Fêo , antigamente, quando o jovem ia à es-
Então o reconhecimento do outro – eu alheio – leva cola, via um quadro negro e um giz na mão de um pro-
ao conhecimento do eu. O eu para se constituir enquanto fessor que a tudo comandava. Hoje, ele vê um quadro
sujeito, num processo de relação dialética, realiza-se na re- branco, um pincel colorido e quase o mesmo professor,
lação Eu-Outro. Vygotsky (1991) considera que no sujeito exceto pelo fato dele já não saber tanta coisa. Muitas es-
ocorre o desdobramento do mim e do eu, essa duplicidade colas e professores ainda insistem em realizar a prática
proporciona o contato consigo. O eu não é sujeito, é cons- de ensino do mesmo jeito que antes, mudou-se a forma,
tituído sujeito na relação Eu-outro. mas a essência continua a mesma.
Com isso, o sujeito é uma unidade múltipla, que ad- O objetivo de antes era transmitir conteúdos e o
quire singularidade na relação com o outro, em relação ao objetivo de hoje deveria ser propor tarefas aos alunos
outro e na relação do outro. O autor define o sujeito como
que os tornem capazes de identificar, avaliar, reconhecer
uma multiplicidade na unidade. “Eu sou uma relação social
e questionar para que eles possam ser cidadãos deste
de mim comigo mesmo” (Vygotsky, 1986, p.46).
novo mundo, (Perrenoud, 2000). O MEC sinaliza para a
Além de favorecer a explicitação da inclusão das temá-
ticas sujeito e subjetividade na obra de Vygotsky, a análise necessidade de se promover formas de aprendizagem
que desenvolvam no aluno sua criatividade, análise críti-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
22
do aluno. Almeida (1999) argumenta que a forma de con- aprendizado de saberes e conhecimentos no âmbito da
ceber a educação envolvendo o aluno, promovendo sua gestão de projetos (decidir, planejar, coordenar, etc.); Um
autonomia e garantindo uma aprendizagem significativa aprendizado identificável e que conste do programa de
deveria ser por meio do desenvolvimento de projetos. À uma ou mais disciplinas; Uma atividade emblemática e
medida que suas competências são desenvolvidas, suas regular, colocada a serviço do programa.
possibilidades de inclusão na sociedade da informação
são ampliadas. No entanto, o processo de implantação dessa prática
em estabelecimentos que há muito tempo se limita ao
A Pedagogia de projetos ensino tradicional não é uma tarefa fácil. Para sua utiliza-
ção, a Pedagogia do Projeto exige o desenvolvimento de
Na visão de Perrenoud (1999) a escola deveria estar competências do professor e que ele deseje as mudan-
se contagiando com a noção de competência utilizada ças, mas isto não basta. De acordo com Piconez (1998)
no mundo do trabalho e das empresas. É pensamento de nada adiantam modificações no planejamento do
professor se a escola não possuir um projeto políticope-
comum, entre os autores pesquisados, que para isso
dagógico que esboce o cidadão que se pretende ajudar
ocorrer é necessária a superação da visão fragmentada
constituir pela educação escolar.
do conhecimento fornecida pela escola através das dis- Contudo, com este trabalho procurou-se esclarecer
ciplinas. Fazenda (2001) enfatiza que a escola, na medi- a prática do projeto e sua contribuição para a constru-
da que organiza os currículos em disciplinas tradicionais, ção da aprendizagem significativa, alertando para alguns
fornece ao aluno apenas um acúmulo de informações princípios que não devem ser esquecidos como: a au-
que de pouco ou nada valerão na sua vida profissional, tonomia do aluno, a avaliação constante e o necessário
principalmente por que o ritmo das mudanças tecnológi- treinamento do professor.
cas não tem contrapartida com a velocidade que a escola Entretanto, destacou-se que o professor não está
pode se adequar. preparado e está pouco à vontade com os jovens e as
Para Almeida, (1999), a utilização do projeto seria uma suas realidades por isso deverá refletir com seus pares
forma de envolver o aluno em interações com recursos como promover a melhoria de sua profissão. A prática
tecnológicos e sociais a fim de desenvolver sua autono- de projetos pode envolver os alunos em um trabalho
mia e de construir conhecimentos de distintas áreas do de equipe, no qual o aprendizado acontece no fazer, no
saber, por meio da busca de informações significativas pesquisar, no levantar e organizar informações. Nesse
para a compreensão, apresentação e resolução de uma modelo, o professor exerce o papel de tutor, de organi-
situação-problema. zador, aquele que reconhece e orienta adequadamente
Nogueira (2001) esclarece que a totalidade das pes- as competências dos diferentes alunos.
quisas a respeito do ensino-aprendizagem está sempre
voltada ao aluno como centro do problema de aprendi- Referências:
zagem, todavia se podem localizar problemas também Almeida, M. E. B. de. Projeto: uma nova cultura de
no sistema e no professor. Este autor afirma que em suas aprendizagem. PUC/SP, jul.1999.2f. (apostila mimeo).
pesquisas constatou que as práticas nas quais se realizam Antunes, C. Um método para o ensino fundamental: o
experenciação, pesquisa de campo, construção de ma- projeto. 3.ed. Petrópolis: Vozes, 2001. 44p. Castilho, S. As
quetes, representações, dramatizações, etc. provaram ser competências essenciais. Jornal Público, Lisboa, p.3, 20
eficiente tanto em termos de resultados de aprendizado out. 2001.
Fazenda, I. C. A. (Coord.) Práticas interdisciplinares na
como em motivação dos alunos. Assim, também se es-
escola. 8. Ed. São Paulo: Cortez, 2001. 147 p. Hernandez,
pera do trabalho com projetos. Segundo Antunes (2001)
F. Transgressão e mudança na educação: os projetos de
é possível viabilizar com intensidade invulgar o uso das
trabalho. Porto Alegre: ArtMed, 1998,
múltiplas inteligências e, por consequência, os alunos, 150 p. Nogueira, N. R. Pedagogia dos Projetos: uma
conhecendo melhor suas aptidões, podem se expressar jornada interdisciplinar rumo ao desenvolvimento das
através delas. Em resumo, a finalidade dos projetos é múltiplas inteligências. São Paulo: Érica, 2001. 220 p.
favorecer o ensino para a compreensão e compreender Perrenoud, P. Construir as competências desde a es-
é ser capaz de ir além da informação dada, é também cola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 90p.
de acordo com Perkins e Blythe (1994) apud Hernandez ________ Pedagogia diferenciada: das intenções à ação.
(1998), “ ... a capacidade de investigar um tema mediante Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. 183 p. _________ A
estratégias como explicar, encontrar evidências e exem- pedagogia do projeto a serviço do desenvolvimento de
plos, generalizar, aplicar, estabelecer analogias, e repre- competências. In: 3º SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sentar um tema por meio de uma nova forma”. Perre- EDUCAÇÃO. São Paulo: 2003. 40 p.
noud (2003) define a Pedagogia de Projeto como: Piconez, S.C.B. A pedagogia de projeto como alterna-
tiva para o ensino-aprendizagem na educação de jovens
- Uma empreitada coletiva gerada pelo grupo-clas- e adultos. Cadernos Pedagógicos-Reflexões. São Paulo:
se, na qual o professor coordena, mas não decide tudo; USP/FE/NEA, n.16, 1998, 12 p.
Uma orientação para uma produção concreta (textos,
jornais, espetáculos, exposições, maquetes, experiências Projetos de Trabalho
científicas, festas, passeios, eventos esportivos, concurso,
etc.); Um conjunto de tarefas nas quais todos os alunos Para Moura , os Projetos de Trabalho traduzem, por-
possam participar e tenham uma função ativa, a qual po- tanto, uma visão diferente do que seja conhecimento e
derá variar em função de seus recursos e interesses; Um currículo e representam uma outra maneira de organi-
23
zar o trabalho na escola. Caracterizam-se pela forma de com projetos permite romper com as fronteiras discipli-
abordar um determinado tema ou conhecimento, permi- nares, favorecendo o estabelecimento de elos entre as
tindo uma aproximação da identidade e das experiências diferentes áreas de conhecimento numa situação contex-
dos alunos, e um vínculo dos conteúdos escolares entre tualizada da aprendizagem.
si e com os conhecimentos e saberes produzidos no con- A Pedagogia de Projetos é um meio de trabalho per-
texto social e cultural, assim como com problemas que tinente ao processo de ensino-aprendizagem que se
dele emergem. Dessa forma, eles ultrapassam os limites insere na Educação promovendo-a de maneira signifi-
das áreas e conteúdos curriculares tradicionalmente tra- cativa e compartilhada, auxiliando na formação integral
balhados pela escola, uma vez que implicam o desenvol- dos indivíduos permeado pelas diversas oportunidades
vimento de atividades práticas, de estratégias de pesqui- de aprendizagem conceitual, atitudinal, procedimental
sa, de busca e uso de diferentes fontes de informação, de para os mesmos. Os projetos de trabalho não se inse-
sua ordenação, análise, interpretação e representação. rem apenas numa proposta de renovação de atividades,
Implicam igualmente atividades individuais, de grupos/ tornando-as criativas, e sim numa mudança de postura
quipes e de turma(s), da escola, tendo em vista os dife- que exige o repensar da prática pedagógica, quebrando
rentes conteúdos trabalhados (atitudinais, procedimen- paradigmas já estabelecidos.
tos, conceituais), as necessidades e interesses dos alunos. Possibilita que os alunos, ao decidirem, opinarem, de-
Ao estudá-los, as crianças e os jovens realizam conta- baterem, construam sua autonomia e seu compromisso
to com o conhecimento não como algo pronto e acaba- com o social, formando-se como sujeitos culturais e ci-
do, mas como algo controverso. Um dos aspectos mais dadãos.
importantes, no trabalho como Projetos, é que ele per- Será necessário oportunizar situações em que os alu-
mite que o aluno desenvolva uma atitude ativa e refle- nos participem cada vez mais intensamente na resolução
xiva diante de suas aprendizagens e do conhecimento, das atividades e no processo de elaboração pessoal, em
na medida em que percebe o sentido e o significado do vez de se limitar a copiar e reproduzir automaticamente
conhecimento para a sua vida, para a sua compreensão as instruções ou explicações dos professores. Por isso,
do mundo. hoje o aluno é convidado a buscar, descobrir, construir,
criticar, comparar, dialogar, analisar, vivenciar o próprio
Pedagogia de projetos: método ou postura peda- processo de construção do conhecimento. (ZABALLA,
gógica? 1998)
O fato de a pedagogia de projetos não ser um método
Não podemos entender a prática por projetos como para ser aplicado no contexto da escola dá ao professor
uma atividade meramente funcional, regular, metódica. uma liberdade de ação que habitualmente não acontece
A Pedagogia de Projetos não é um método, pois a no seu cotidiano escolar. O compromisso educacional do
ideia de método é de trabalhar com objetivos e conteú- professor é justamente saber O QUÊ, COMO, QUANDO e
dos pré-fixados, pré-determinados, apresentando uma POR QUE desenvolver determinadas ações pedagógicas.
sequência regular, prevista e segura, refere-se à aplica- E para isto é fundamental conhecer o processo de apren-
ção de fórmulas ou de uma série de regras. dizagem do aluno e ter clareza da sua intencionalidade
Trabalhar por meio de Projetos é exatamente o opos- pedagógica.
to, pois nele, o ensino-aprendizagem se realiza mediante Mais do que uma técnica atraente para transmissão
um percurso que nunca é fixo, ordenado. O ato de proje- dos conteúdos, como muitos pensam, a proposta da
tar requer abertura para o desconhecido, para o não-de- Pedagogia de Projetos é promover uma mudança na
terminado e flexibilidade para reformular as metas e os maneira de pensar e repensar a escola e o currículo na
percursos à medida que as ações projetadas evidenciam prática pedagógica. Com a reinterpretação atual da me-
novos problemas e dúvidas. todologia, esse movimento tem fornecido subsídios para
Fernando Hernández (1998) vem discutindo o tema e uma pedagogia dinâmica, centrada na criatividade e na
define os projetos de trabalho não como uma metodolo- atividade discentes, numa perspectiva de construção do
gia, mas como uma concepção de ensino, uma maneira conhecimento pelos alunos, mais do que na transmissão
diferente de suscitar a compreensão dos alunos sobre os dos conhecimentos pelo professor.
conhecimentos que circulam fora da escola e de ajudá-
-los a construir sua própria identidade. Analogia entre construtivismo e pedagogia de
projetos
O trabalho por projetos requer mudanças na concep-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
24
educadores num processo mútuo de troca de experiên- processo ensino/aprendizagem, tornando-os responsá-
cias. Nessa postura a aprendizagem se torna prazerosa, veis pela elaboração e desenvolvimento de cada projeto
pois ocorre a partir dos interesses dos envolvidos no pro- de trabalho.
cesso, da realidade em que estes estão inseridos, o que O trabalho por meio dos projetos vem contribuir para
ocasiona motivação, satisfação em aprender. essa valorização do educando e tem-se mostrado um
O Construtivismo leva o educando a pensar, expan- dos caminhos mais promissores para a organização do
dindo seu intelecto através de uma aprendizagem signi- conhecimento escolar a partir de problemas que emer-
ficativa, ou seja, que tenha sentido, e contextualizada. O gem das reais necessidades dos alunos.
conhecimento é construído a cada instante com a media- Mas como se dá essa participação? Inicialmente, para
ção do educador, respeitando o nível de desenvolvimen- se propor um projeto este deve ser subsidiado por um
to mental de cada educando. tema. A escolha deste tema e dos conteúdos a serem tra-
“O diálogo do aluno é com o pensamento, com a balhados é de responsabilidade de todos e deve ser pen-
cultura corporificada nas obras e nas práticas sociais e
sada de forma a contemplar a realidade do educando.
transmitidas pela linguagem e pelos gestos do professor,
O trabalho por Projetos pode ser dividido em 4 eta-
simples mediador.”.
pas: problematização, desenvolvimento, aplicação e ava-
Então, tanto no Construtivismo como na Pedagogia
liação.
de Projetos, o educando é o próprio agente de seu de-
senvolvimento, o conhecimento é assimilado de maneira a) problematização: é o início do projeto. Nessa etapa,
própria, mas sempre com o auxílio da mediação do edu- os alunos irão expressar suas ideias e conhecimentos so-
cador. Aprender deixa de ser um simples ato de memo- bre o problema em questão. Essa expressão pode emer-
rização e ensinar não significa mais repassar conteúdos gir espontaneamente, pelo interesse despertado por um
prontos. O aluno deixa de ser um sujeito passivo, sempre acontecimento significativo dentro ou fora da escola ou
à mercê das ordens do professor, lidando com um con- mesmo pela estimulação do professor. É fundamental
teúdo completamente alienado de sua realidade e em detectar o que os alunos já sabem o que querem saber e
situações artificiais de ensino-aprendizagem. Aprender como poderão saber. Cabe ao educador incentivar a ma-
passa então a ser um processo global e complexo, onde nifestação dos alunos e saber interpretá-las para perce-
conhecer e intervir na realidade não se dissocia. O aluno ber em que ponto estão, para aprender suas concepções,
é visto como sujeito ativo que usa sua experiência e co- seus valores, contradições, hipóteses de interpretação e
nhecimento para resolver problemas. explicação de fatos da realidade.
b) desenvolvimento: é o momento em que se criam as
Aprende-se participando, vivenciando sentimentos, estratégias para buscar respostas às questões e hipóte-
tomando atitudes diante dos fatos, escolhendo proce- ses levantadas na problematização. Os alunos e o profes-
dimentos para atingir determinados objetivos. Ensina-se sor definem juntos essas estratégias. Para isso, é preciso
não só pelas respostas dadas, mas principalmente pelas que criem propostas de trabalho que exijam a saída do
experiências proporcionadas, pelos problemas criados, espaço escolar, a organização em pequenos ou grandes
pela ação desencadeada. grupos para as pesquisas, a socialização do conhecimen-
Suas concepções e conhecimentos prévios são levan- to através de trocas de informações, vivências, debates,
tados e analisados para que o educador possa problema- leituras, sessões de vídeos, entrevistas, visitas a espaços
tizá-los e oferecer-lhes desafios que os façam avançar, ora da escola e convites a especialistas no tema em ques-
atingindo o processo de equilibração/desequilibração tão. Os alunos devem ser colocados em situações que os
que é a base do Construtivismo e ao mesmo tempo da levem a contrapor pontos de vista, a defrontação com
Pedagogia de Projetos.
conflitos, inquietações que as levarão ao desequilíbrio
Então podemos dizer que a aprendizagem é o resul-
de suas hipóteses iniciais, problematizando, refletindo e
tado do esforço de atribuir e encontrar significados para
reelaborando explicações.
o mundo, o que implica a construção e revisão de hipó-
c) aplicação: estimular a circulação das ideias e a atua-
teses sobre o objeto do conhecimento, ela é resultado
da atividade do sujeito, e o meio social tem fundamental ção no ambiente da escola ou da comunidade ligada à
importância para que ela ocorra, pois necessitamos de escola dá ao educando a oportunidade de se colocar
orientação para alcançá-la e aí surge a teoria do pensa- como sujeito ativo e transformador do seu espaço de vi-
dor russo Vygotsky sobre a Zona de Desenvolvimento vência e convivência, por meio da aplicação dos conheci-
Proximal que é a distância entre o nível de desenvolvi- mentos obtidos na execução do projeto na sua realidade.
d) avaliação: numa concepção dinâmica e participa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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O registro (a escrita, o desenho, os gráficos, mapas, sala de aula e servem para organizar o trabalho, socializar
relatórios, a reunião de materiais etc.) é uma prática fun- as descobertas, localizar dúvidas e inquietações, enfim,
damental no trabalho com Projetos e deve ser desenvol- explicitar o processo vivido.
vida ao longo de todo o processo. O Portifólio é o instrumento mais apropriado para a
Durante o processo de levantamento e análise dos avaliação de um Projeto de Trabalho, na medida em que
dados, a mediação do professor é essencial no sentido ele representa a reconstrução do processo vivido e a re-
de construir entre os alunos uma atitude de curiosidade flexão do aluno sobre a sua aprendizagem.
e de cooperação, de trabalho com fontes diversificadas, Hernandéz (1998), ao falar da importância do portfó-
de estabelecimento de conexões entre as informações, lio como instrumento de avaliação, afirma que:
de escuta e respeito às diferentes opiniões e formas de A avaliação do portfólio como recurso de avaliação é
aprender e elaborar o conhecimento, de fazê-los per- baseada na ideia da natureza evolutiva do processo de
ceber a importância do registro e as diversas formas de aprendizagem. O portfólio oferece aos alunos e profes-
realizá-lo. sores uma oportunidade de refletir sobre o progresso dos
Se os projetos de trabalho possibilitam um repensar educandos em sua compreensão da realidade, ao mesmo
do significado de aprender e ensinar e do papel dos con- tempo em que possibilita a introdução de mudanças du-
teúdos curriculares, isto repercute também no sentido rante o desenvolvimento do programa de ensino. Além
que se dá à avaliação e nos instrumentos usados para disso, permite aos professores aproximar-se do trabalho
acompanhar o processo de formação ocorrido durante dos alunos não de uma maneira pontual e isolada, como
todo o percurso. acontece com as provas e exames, mas sim, no contexto
Tradicionalmente, a avaliação do processo ensino- do ensino e como uma atividade complexa baseada em
-aprendizagem tem sido feita no sentido de medir a elementos e momentos da aprendizagem que se encon-
quantidade de conhecimentos aprendidos pelos edu- tram relacionados. Por sua vez, a realização do portfólio
candos. A avaliação na Pedagogia de Projetos é global, permite ao alunado sentir a aprendizagem institucional
ou seja, considera o educando e sua aprendizagem de como algo próprio, pois cada um decide que trabalhos
forma integral, concilia o resultado da verificação do e momentos são representativos de sua trajetória, es-
processo com a verificação do desempenho. Esse tipo tabelece relações entre esses exemplos, numa tentativa
de avaliação considera, portanto, não só aspectos con- de dotar de coerência as atividades de ensino, com as
finalidades de aprendizagem que cada um e o grupo se
ceituais: de assimilação dos conteúdos utilizados para a
tenham proposto.
problematização do tema, mas também aspectos atitudi-
É interessante destacar que a criação do portfólio, por
nais: comportamento, atitudes, capacidade de trabalhar
si só, não garante um processo de avaliação significativo.
em grupo, espírito de liderança, iniciativa; atributos que
É preciso que se discutam seus usos e funções.
se referem ao modo de interação com os demais.
Essa metodologia de avaliação potencializa as dife-
Referência:
renças, dá lugar a diversidade de opiniões, de singula-
Texto disponível em:
ridade de cada sujeito, faz da heterogeneidade um ele-
PERRENOUD, Philippe. Pedagogia diferenciada: das
mento significativo para o processo de ampliação dos intenções à ação. Porto Alegre: ArtMed, 2000.
conhecimentos. ZABALA, Antoni. A Prática educativa: como ensinar.
A diferença nos ajuda a compreender que somos su- Porto Alegre: ArtMed, 1998.
jeitos com particularidades, com experiências próprias,
constituídas nos processos coletivos de que participamos
dentro e fora da escola; posta em diálogo, enriquece a
ação pedagógica. GESTÃO E COORDENAÇÃO DE PROCESSOS
Assim, a avaliação não trabalha a partir de uma res- EDUCACIONAIS.
posta esperada, mas indaga as muitas respostas encon-
tradas com o sentido de ampliação permanente dos
conhecimentos existentes. Nesse caso, o erro deixa de
representar a ausência de conhecimento, sendo apreen- Relações no ambiente escolar
dido como pista que indica como os educandos estão A escola é observada, na maioria das vezes, como um
articulando os conhecimentos que já possuem com os espaço de aprendizagens, onde o professor promove o en-
novos conhecimentos que vão sendo elaborados. sino e o aluno o recebe de forma passiva, sem questiona-
Deste modo, a avaliação nos projetos de trabalho mento. Há ainda quem imagine que o professor é o único
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
passa a fazer parte de todo o processo, sendo entendida detentor do conhecimento e que o aluno apenas vai à esco-
como a possibilidade do aluno tomar consciência do seu la para aprender o que o seu mestre sabiamente vai ensinar.
processo de aprendizagem, descobrindo o que sabe, o Existe ainda uma grande maioria que enxerga a escola como
que aprendeu, o que ainda não domina. Para isto, é pre- sendo apenas formada pelo professor e pelo aluno. Muita
ciso que ao longo de todo o percurso do trabalho, haja ideia se faz errada sobre a escola, sobre o ensino e sobre a
um trabalho constante de avaliação. aprendizagem.
Dentro da perspectiva dos projetos, o acompanha- Muitos profissionais contribuem para que a educação
mento e a avaliação do trabalho têm sido feitos, princi- aconteça: pessoas de apoio, diretores, secretários, supervi-
palmente, a partir dos registros, sejam eles coletivos ou sores, coordenadores etc. É sobre este último profissional
individuais. Estes registros fazem parte do cotidiano da que este texto irá tratar.
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O coordenador pedagógico que o impossibilita de desenvolver e aplicar ações de longo
prazo que ajudariam bastante a solucionar a raiz de todos
O coordenador pedagógico tem o seu papel fundamen- os infortúnios vivenciados na escola. Tais profissionais pre-
tado nos princípios fundamentais da educação, na relação cisam atentar-se à necessidade de agir preventivamente, e
harmônica com os professores, com os alunos e, respecti- não reativamente, para que os níveis educacionais sejam
vamente, com as famílias dos alunos. Coordenar os interes- cada vez melhores.
ses pedagógicos é apontar alternativas, viabilizar recursos, Outro desafio do coordenador pedagógico está na
reunir ideias e apresentar sugestões para que as práticas de formação de equipes que o apoiem em sala de aula na
ensino deem certo, sempre com vistas na aprendizagem sig- resolução de situações emergenciais. É preciso desenvol-
nificativa do aluno e na realização profissional de si mesmo ver nos professores competências de gestão de confli-
e dos professores da escola. tos para que pequenos problemas sejam resolvidos rapi-
É bem verdade que para uma prática dar certo é preciso damente, de forma que eles não venham a prejudicar o
uma série de parcerias: professor®aluno, professor®pro- ambiente de aprendizado.
fessor, professor®coordenador, coordenador®aluno, pro- Ter autonomia para realizar suas funções
fessor®direção escolar, professor®família, aluno®direção Os diretores precisam ver os coordenadores pedagó-
escolar etc. A educação é feita de parcerias, de comparti- gicos como um importante ponto de apoio na coliderança
lhamentos. A educação também é feita de humildade, de da instituição de ensino. Juntos, eles têm o papel de de-
fraternidade, de respeito, de amor. Educação é a reunião senvolver o projeto pedagógico escolar e de apoiar os
de todos os princípios humanitários com os conhecimen- professores na aplicação dos parâmetros acordados para
tos do mundo físico, natural e social. sala de aula. Mas mesmo que este trabalho seja feito em
O coordenador pedagógico é de extrema importân- conjunto, quem se faz presente durante toda a averigua-
cia no ambiente escolar, tendo em vista que ele promove ção, quem ajusta o processo e oferece a todos feedbacks
a integração dos indivíduos que fazem parte do processo é o coordenador pedagógico. Por isso, este profissional
ensino-aprendizagem, estabelecendo, de forma saudável, precisa ter autonomia para transitar entre os docentes e
as relações interpessoais entre os envolvidos. É um profis- a direção, a fim de solucionar questões com agilidade, ser
sional que atua entre a direção e os educadores. Veja nessa capaz de transmitir mensagens claras e objetivas e, o mais
lista algumas atribuições do coordenador pedagógico: importante, proporcionar um ambiente de aprendizagem
que seja funcional e favorável aos alunos.
» Avaliar e acompanhar o processo ensino-aprendiza-
gem, além dos resultados de desempenho dos alunos Contar com o apoio da direção e dos professores
» Valorizar e garantir a participação ativa dos profes- para aprimorar os processos pedagógicos
sores, garantindo um trabalho que seja integrador e pro-
dutivo. Uma das funções do coordenador pedagógico é a de
» Organizar e escolher os materiais necessários ao pro- introduzir no ambiente escolar novas práticas que be-
cesso de ensino-aprendizagem. neficiem o seu trabalho, os processos de aprendizagem e
» Promover práticas inovadoras de ensino e incentivar os de avaliação dos alunos. Mas, por mais que a inserção
a utilização de tecnologias educacionais. de novas metodologias e novos processos já seja enten-
» Fazer com que toda a comunicação entre estes dois dida como necessária para aprimorar os processos de ab-
públicos flua de maneira funcional; sorção de conteúdos, e para dinamizar as atividades bu-
» Averiguar se a conduta pedagógica dos docentes rocráticas de todos os profissionais de uma escola, ainda
tem beneficiado o processo de aprendizado dos discentes; assim, muitos coordenadores encontram dificuldades para
» Informar aos pais e responsáveis a situação escolar receber o apoio da direção e dos docentes na implemen-
e de relacionamento dos alunos. tação dessas novas práticas.
» Formar educadores. É preciso convencer o diretor a direcionar recursos
para algo desconhecido até então e fazê-lo acreditar, efe-
Os maiores desafios da coordenação pedagógica tivamente, na funcionalidade e nos benefícios que serão
obtidos. Além disso, o coordenador precisa ser capaz de
Mesmo com tantas funções importantes, nas conver- transmitir as vantagens também para quem irá utilizá-las
sas que temos com profissionais de todo o país percebe- (professores), a fim de conseguir essa crença e a conse-
mos que os coordenadores comumente se veem em des- quente adesão daqueles que terão contato direto com as
vio de função, realizando tarefas que pouco agregam em novas práticas.
suas responsabilidades, como a execução de eventos, por
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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estudo, o professor e o aluno também faz parte da função te quando ambas as partes estão cientes dos seus direitos
do coordenador pedagógico. Porém, mesmo destacando e deveres e agem de acordo com o princípio do profissio-
as várias funcionalidades deste profissional – e omitindo nalismo.
várias outras por conveniência – focarei o texto no objetivo O coordenador também media conflitos entre pro-
que intitula este trabalho: revelar o coordenador pedagó- fessores e direção, entre alunos e direção, entre alunos e
gico como um mediador de conflitos na escola, bem como pessoal de apoio ou entre professores e família etc. Este
fora dela. profissional é por vezes sobrecarregado pelas várias atri-
buições que lhes são impostas, seja pelas obrigações da
Um mediador de conflitos função ou mesmo pela irresponsabilidade de outros pro-
fissionais que compõem a equipe diretivo-pedagógica.
Nem todos os momentos da educação são marcados “Da harmonização dos conflitos nascem boas práticas
pela harmonia de seus envolvidos. O processo natural dos de ensino e, consequentemente, aprendizagens significati-
conflitos ocorre pelo choque de ideais, pelas divergências vas.”3
políticas, religiosas, profissionais, ou pelas convicções par-
ticulares de cada um. Os conflitos advêm da capacidade Como campo de relações
natural do ser humano de pensar, em especial, quando se
trata de pensamentos críticos – no sentido construtivo da A escola é um espaço de multiplicidades, onde dife-
palavra. Os conflitos sempre existiram e sempre irão exis- rentes valores, experiências, concepções, culturas, cren-
tir, mas quando eles não são dialogados e de certa forma ças e relações sociais se misturam e fazem do cotidiano
harmonizados, haverá sempre uma grande possibilidade escolar uma rica e complexa estrutura de conhecimentos
de rompimento entre o ensino ideal e aprendizagem real. e de sujeitos. Essa rica heterogeneidade que permeia a
Dentre tantas outras atribuições, o coordenador peda- escola acaba por se confrontar com uma estrutura pe-
gógico acaba assumido mais essa responsabilidade. Por ter dagógica que está baseada num padrão de homem e de
um contato estreito com os professores e com os alunos,
sociedade, que considera a diferença de forma negativa,
ele recebe alguns problemas que suscitam soluções ime-
gerando assim uma pedagogia excludente.
diatas. Nestes problemas, caso o profissional da coorde-
As relações estabelecidas no contexto escolar têm se
nação tenha um perfil autoritário ao extremo, os conflitos
revelado cada dia mais difíceis e conflitantes. A descren-
tendem a aumentar, fugindo do controle e criando uma
espécie de bola de neve. ça de que a escola possa constituir-se num espaço de
A palavra de ordem para condução de conflitos é fle- construção de conhecimento, de alegria, de formação de
xibilidade. É preciso que ambas as partes envolvidas na di- pessoas conscientes, participativas e solidárias, tem re-
vergência possa ouvir o outro lado, analisar a versão opos- crudescido. Os sentimentos em relação a ela têm sido de
ta, apreciar a proposta do opositor. Os envolvidos deverão desilusão, desencanto e impotência diante dos inúmeros
flexibilizar as suas ideias para que outras, também impor- mas cotidianos. Um deles refere-se às relações eu-ou-
tantes, possam ser inseridas na proposta em discussão. tro, a não aceitação do outro como um legítimo outro na
Como mediador, o coordenador pedagógico conduzirá a convivência (Maturana,1999, p.23), na inabilidade de se
discussão, apontando os pontos positivos e/ou negativos, lidar com os conflitos comuns ao convívio humano, ou
indicando a importância de ouvir todas as propostas, mos- seja, questões ligadas à afetividade que integra a emo-
trando a importância de respeitar a opinião do próximo, ção, a paixão e o sentimento, presentes em todas as re-
sempre num clima de paz e profissionalismo. lações humanas. Esses e outros problemas estão presen-
Em vários casos, a família é convocada à escola para tes no chão da escola, e superá-los implica um desafio
torna-se ciente das condutas dos filhos lá matriculados. imbricado em questões políticas, econômicas sociais e
Isso acontece quando o professor, impotente para resol- pedagógicas.
ver os problemas em sala de aula, acaba transferindo o Mas é necessário encarar este desafio como uma
problema para a coordenação ou direção. A partir disso, utopia, como uma possibilidade de mudança em que a
no caso deste trabalho, o coordenador convoca a família, busca e o diálogo estimulem a capacidade reflexiva e a
dialoga com ela, indica possíveis soluções para os proble- construção de uma visão plural do conhecimento.
mas em andamento, aponta a importância do diálogo e É preciso levar em conta o sujeito concreto, con-
do amor na criação dos filhos, bem como do suporte que textualizado no tempo e no espaço – professor e aluno
a família deverá dar aos seus filhos nos assuntos escolares. – atuantes no cenário educativo, que pensam, sentem,
Neste diálogo, ainda é apontada a importância de a família sofrem, amam e criam. O sujeito é um espaço de singu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
se manter sempre presente na vida escolar do estudante, laridade, gestado no conflito, nas diferenças, no hetero-
desta forma, ela se torna parceira da escola, do aluno e da gêneo.
aprendizagem. Com a intenção de traçarmos caminhos que nos per-
Existe ainda o conflito gerado com o descumprimento mitisse investigar a relação entre o afetivo e o cognitivo
do dever por parte do professor. Lembra-se que o coorde- no contexto da sala de aula, a pesquisa foi realizada, ten-
nador pedagógico também é responsável pelo andamen- do como eixos a relação entre afetividade e cognição no
to burocrático de tudo que envolve a figura do professor, processo de aprendizagem e a relação afetiva do sujeito
desta forma tendo que estar sempre por dentro do anda- com os outros sujeitos como um elemento instigante no
mento pedagógico de todo o corpo docente. O que ocorre
é que os professores acabam o encarando mais como um 3 Fonte: www.infoescola.com – Por Robison Sá /
fiscal do que como um parceiro. Isso se resolverá facilmen- Fonte: www.appprova.com.br
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processo ensinar-aprender. Observações e entrevistas, por meninos repetentes, apresentando faixa etária acima
realizadas com professores e alunos, situações e falas do que naturalmente corresponde à série e considera-
que nos parecem importantes na análise do tema. dos “difíceis” no comportamento e na aprendizagem. Ao
levantar questões sobre o trabalho na vida das pessoas,
Conflitos eu-outro ouvimos o aluno dizer que - ser ladrão é que é bom, não
precisa estudar e ganha muito.
O foco de análise que iremos priorizar nesse momen-
Essa fala fez com que refletíssemos sobre as expec-
to é o conflito, entendido como componente de extrema
tativas em relação à vida, aos valores e projetos de refe-
afetividade que exerce influência nas relações que se
rência construídos por esse aluno. A escola será capaz de
estabelecem no cotidiano escolar. Foi possível perceber
interferir nesse processo de construção, buscando uma
que os alunos quando repreendidos pelos professores ao mudança na sua expectativa de vida? Contextualiza essa
solicitarem mais atenção às aulas, quando disputavam fala imbricada em questões econômicas e sociais, ou
determinado lugar na sala, quando recebiam apelidos simplesmente confirma a visão dele, na medida em que
por parte dos colegas, entre outras situações, apresenta- se omite ou o exclui por suas atitudes, que não são as
vam comportamento agressivo e uma irritabilidade que esperadas pela escola? Geralmente o que ocorre, quando
dificultava as relações entre eles e os demais, chegando se oportuniza situações em que o aluno pode expressar
a agredir verbalmente os professores, às vezes de for- suas ideias, concepções e crenças, é encarar com per-
ma direta, outras de forma velada, e principalmente o plexidade falas como a citada, percebendo-a como uma
coordenador de turno e o inspetor de alunos, quando atitude de confronto e de agressividade. Às vezes é igno-
tentavam colocá-los na sala de aula, pois é comum que- rada por considerar que o aluno em questão não merece
rerem ficar nos corredores e nas janelas das outras tur- ser levado em consideração ou se assume um discurso
mas. Porém, apresentavam atitudes antagônicas, pois ao moralista, fundamentado nos valores de uma sociedade
mesmo tempo em que eram “agressivos” e “sem limites”, conservadora e liberal que se supõe harmônica, e a qual
momentos depois mostravam atitudes de carinho e com- responsabiliza o sujeito e a sua família por seus sucessos
panheirismo entre eles e com alguns professores. Essas e fracassos ignorando os condicionamentos históricos a
observações nos remeteram à teoria de Wallon, quan- que está submetido, ou seja, a origem social das diferen-
do ele diz que uma das situações de conflito comuns à ças. Essas atitudes acabam não possibilitando a reflexão
realidade escolar é o que chama de “atitudes de oposi- por parte do aluno e, portanto, não interfere em seus
ção”, que podem ocorrer quando há ummotivo concre- posicionamentos.
to como: atividades desinteressantes, atitude autoritária
do professor, dentre outras; ou pelo simples gosto de Refletindo ainda sobre esse fato, trazemos outra si-
exercitar a oposição, que provavelmente não seja contra tuação ocorrida com o mesmo aluno num dia em que
a pessoa, mas contra o papel de elemento diferenciado o professor, ao constatar que ele não fazia o exercício,
que ela ocupa. riscou o seu caderno como forma de punição, o que fez
Alia-se a isso o fato do adolescente, segundo Wal- com que ele imediatamente se tornasse agressivo, dizen-
lon, se encontrar numa fase em que se faz necessária a do que o professor não tinha o direito de fazer aquilo.
reconstrução da personalidade. O conflito eu-outro, ca- Então o aluno jogou o caderno no chão e afirmou que
racterístico da fase personalista (por volta dos três anos), não faria mais nada, permanecendo agressivo durante
reaparece na adolescência, instalando uma nova crise de todo o restante da aula.
oposição mais sofisticada do ponto de vista intelectual,
Essa situação mostra o quanto a escola ainda não
no entanto continua sendo um importante recurso para
consegue lidar com as situações que se apresentam de
a diferenciação do eu.
forma diferenciada dos valores por ela cristalizados ao
O despreparo para lidar com as questões emocionais
longo do tempo. O professor ao agir assim, provavel-
e a visão padronizada de comportamentos e valores, dos
mente tinha como objetivo provocar no aluno a sua aten-
sujeitos envolvidos na ação educativa – professores, dire-
ção e despertá-lo para a necessidade de realizar a tarefa,
tores, coordenadores, inspetores – acirram de forma sig-
mas o fez calcado em sua concepção sobre a importância
nificativa esses conflitos, na medida em que os vê como
do conhecimento e da tradição histórica dos conteúdos
afronta e desrespeito.
escolares, valores esses construídos pela sociedade bur-
Todas as referências feitas aos sujeitos pesquisados guesa. E o aluno? Que valor ele dá ao conhecimento?
(professores e alunos) estão no masculino, o que carac- Que expectativas têm em relação ao que vai aprender na
teriza uma linguagem sexista, porém, assim foram feitas escola? Será que se julga capaz de aprender? Retomando
com o objetivo de preservar a identidade dos participan- a fala do aluno, ser ladrão é que é bom, não precisa es-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Assim, fica claro um desencontro entre a dinâmica A escola vai além do desenvolvimento de um proces-
cristalizada pela cultura escolar e as diferentes formas de so instrutivo, de um programa de estudo e teoria, nela se
conhecimentos e linguagens dos vários grupos presentes desenvolve também o que é chamado de currículo oculto,
no contexto da escola. que se refere às consequências não intencionais do pro-
cesso de escolarização.
Em algumas aulas observamos a tentativa por parte
do professor de impor autoritariamente a disciplina aos Segundo McLaren, os educadores críticos reconhe-
alunos, mas apesar disso não conseguiam fazer com que cem que as escolas modelam os estudantes através de si-
eles se interessassem pela aula; no máximo, conseguiam tuações de aprendizado padronizado, e através de outras
uma atenção momentânea que rapidamente se disper- agendas, incluindo regras de conduta, organização de sala
sava. Outros procuravam agir com mais democracia, de aula e procedimentos pedagógicos informais usados
mas não conseguiam ter autoridade suficiente para que por professores com grupos específicos de estudantes
fossem respeitados, eram por muitos alunos ignorados. (1997, p.216). Assim, a responsabilidade da escola é imen-
Esse antagonismo de atitudes nos levou a considerar que sa, o encaminhamento dado às questões pedagógicas e
tanto o autoritarismo, quanto a falta de autoridade não não-pedagógicas que surgem no seu dia-a-dia, principal-
encontram eco na organização da sala de aula, não favo- mente na sala de aula assume um importante significado
recem a criação de um clima participativo e reflexivo em na formação dos sujeitos, na construção de seus conceitos
que a disciplina não seja vista como um adestramento, e concepções. O desafio de enfrentar os problemas de-
mas decorrente da necessidade de estruturação da rela- correntes das diferenças e da pluralidade cultural, social,
ção pedagógica em favor da autonomia e da apropriação étnica, entre outras, é cada vez mais patente no processo
do conhecimento. Pelo contrário, geravam conflitos que educativo e não pode ser silenciado.
muitas vezes não conseguiam ser administrados e que Segundo Maturana, as relações humanas que não se
contribuíam para a não efetivação do processo ensino- baseiam na aceitação do outro como um legítimo outro
-aprendizagem. É oportuno esclarecer que ao apresen- na convivência não são relações sociais. Qualquer tipo
tarmos essa discussão não estamos acenando para a fal- de preconceito, seja social, racial, religioso ou de gênero,
ta de diretividade do professor e para a simples aceitação deve ser questionado, criticado e banido do espaço esco-
de atitudes dos alunos que em nada contribuem para a lar se quisermos educar para a aceitação e o respeito de si
sua formação. No entender de Freire, qualquer que seja a mesmo, que leva à aceitação e ao respeito do outro (Ma-
qualidade da prática educativa, autoritária ou democráti- turana, 1999, p.32), para a reconstrução de uma sociedade
ca, ela é sempre diretiva. mais justa e fraterna.
No momento, porém, em que o educador ou a edu- No cotidiano da sala de aula, essas situações de con-
cadora interfere na capacidade criadora, formuladora, flito aluno/aluno, aluno/professor são muito comuns. São
indagadora do educando, de forma restritiva, então a di- decorrentes de fatores diversos. Nesses momentos, a afe-
retividade necessária se converte em manipulação, em tividade é intensa, há um misto de irritação e medo e as
autoritarismo (2000, p. 79). Outro conflito que daremos crises emocionais são frequentes, gerando muitas vezes,
destaque é o que se refere à discriminação sofrida por um o descontrole e a redução do nível de discernimento para
determinado aluno que apresenta características femininas a resolução dos mesmos. A emoção só será compatível
e que a todo tempo se defronta com piadinhas feitas pelos com os interesses e a segurança do indivíduo se souber se
colegas e sutilmente incentivadas por um professor. Co- compor com o conhecimento e o raciocínio – seus suces-
mentários como “homem que não gosta de mulher, tem sos –, ou seja, se em parte, deixar-se reduzir (Wallonapud
que apanhar, tem que morrer” são constantes entre os Almeida, 2001, p. 82)
alunos. Que consequências atitudes como estas, podem As crises emocionais geralmente impedem o exercício
trazer para as relações estabelecidas na sala de aula e para de determinada atividade cognitiva. Nas relações de sala
a visão de mundo que está sendo construída por esses de aula, é imprescindível identificar os fatores que agem
alunos? O professor, um dos elementos responsáveis pela como “combustíveis” dos conflitos, a fim de permitir sua
formação do sujeito, mesmo discordando das atitudes do análise e suas possibilidades de solução. Portanto, o desa-
aluno, poderia estar incitando esse preconceito em relação fio é buscar o equilíbrio entre a razão e a emoção, indis-
ao diferente? A contemporaneidade é caracterizada pela pensável para que a tensão dialética que permeia a sala
diversidade, pela multiplicidade de valores, estilos e com- de aula possa contribuir na articulação entre o ensino e a
portamentos. Apesar disso, o preconceito, a discriminação, aprendizagem.
a valorização de padrões, seja culturais, morais ou sociais,
é ainda muito presente em nossas concepções e atitudes. As interações gestadas na relação eu-outro
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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pelo professor quanto pelo aluno e que se revestem de aprendizagem, propiciando a participação ativa e a mo-
significado. bilização para aquisição do conhecimento. Como afirma
Nas observações em sala de aula percebemos, em al- Freire.
gumas aulas, um interesse e uma participação maior por Na verdade preciso descartar como falsa a separa-
parte dos alunos. ção radical entre seriedade docente e afetividade. Não
Professores que em sua prática pedagógica procura- é certo, sobretudo do ponto de vista democrático, que
vam criar um clima de respeito e amizade entre eles e os serei tão melhor professor quanto mais severo, frio, mais
alunos, na medida em que os tratava de forma educada distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com
e respeitosa, mesmo quando os repreendia, não utilizava os alunos, no trato dos objetos cognoscíveis que devo
expressões que os rotulassem como incapazes, tinha inte- ensinar. A afetividade não se acha excluída da cognos-
resse em ouvi-los, procurando dar um sentido conceitual cibilidade. O que não posso obviamente permitir é que
e significativo a essas falas, relacionando-as ao conteúdo minha afetividade interfira no cumprimento ético de meu
da área e muitas vezes à formação do aluno como pessoa, dever de professor no exercício de minha autoridade...
assim valorizava os conhecimentos e vivências trazidas por (1996, p.159-160)
eles. Procuravam estimulá-los através de palavras, gestos, Avaliamos que a não preocupação do professor em
manifestando interesse por eles, como sujeitos importan- tecer uma relação de interação com os alunos acaba pro-
tes e ativos nas relações estabelecidas, tentando delinear vocando uma reação – aí a gente perturba mesmo – que
novos percursos que rompessem com a noção de fracasso dificilmente será vista por ele como uma resistência a sua
e de exclusão vivida por muitos alunos. Essas aulas signifi- atitude, e sim como desrespeito, rebeldia e falta de inte-
cavam mais que um simples conteúdo, havia uma relação resse do aluno, que em nada contribuirá para o encami-
direta com situações pertinentes a eles. nhamento de possíveis soluções para os conflitos.
O que vimos nos permitiu analisar esse fato embasa- Ainda nessa perspectiva destacamos uma fala co-
dos no pressuposto de que a construção e reconstrução mum dos alunos de 7ª série entrevistados, em relação a
do saber acontecem quando se percebe o significado do um professor, indicando a forma como ele desenvolve a
que está sendo vivenciado, quando há a mobilização e a sua prática, mesmo por aqueles que consideram a ma-
interação dos sujeitos nesse processo. Quando as rela- téria complicada e difícil: o professor explica direitinho,
ções professor/aluno/conhecimento permitem a partici- se a gente não aprendeu ele vai lá e explica de novo;
pação, a argumentação, o respeito pela palavra do outro, o professor é muito bom, a gente pergunta e ele res-
mesmo em meios aos tropeços no caminho, há a possibi- ponde; o professor dá atenção pra gente. Essa fala nos
lidade de avanço no processo de aprendizagem. permite conhecer a valorização dos alunos ao professor
Nas entrevistas com os alunos foi possível perceber que os escuta, que se preocupa com suas dificuldades e
a importância do diálogo na sala de aula, a necessidade que entende que a aprendizagem não ocorre ao mesmo
que o aluno tem de sentir que o professor se interessa tempo e do mesmo jeito para todos. Reconhece que ele
por ele e também a importância que dão ao que chama- é um elemento importante de mediação entre o aluno e
remos aqui de “bom humor” por parte do professor, defi- o conhecimento. Nesse sentido podemos fazer alusão à
nido de forma variada pelos alunos, mas como referência teoria vygotskyana sobre a importância da intervenção
comum entre eles. pedagógica, o papel do professor de interferir na zona
Encontramos depoimentos como esses: de desenvolvimento proximal dos alunos, fazendo jun-
O que mais gosto na escola é o professor (foram ci- tos, demonstrando, fornecendo pistas e provocando
tados dois professores). Eles são legais, sabem lidar com avanços que não ocorreriam naturalmente, e mais uma
os alunos, sabem dialogar com a gente. Nem todos sa- vez recorremos a Freire:
bem, a maioria é muito ignorante, tudo tem que dar pa- Não importa com que faixa etária trabalhe o educa-
tada, só dá esporro. Tem professor que chega na sala e dor ou a educadora. O nosso é um trabalho com gen-
nem cumprimenta, nem fala com os alunos direito, não te, miúda, jovem ou adulta, mas gente em permanente
se comunica, é só, livro tal, página tal. Tem professor que processo de busca. Gente formando-se, mudando, cres-
não gosta da gente, faz cara de nojo. Aí a gente perturba cendo, reorientando-se, melhorando, mas porque gente,
mesmo. (Aluno de 6ª série) capaz de negar os valores, de distorcer-se, de recuar, de
Essa fala nos aponta para a necessidade que o alu- transgredir.( 1996, p. 162-163)
no tem de ver o professor não somente como alguém Sabemos que a atitude do professor, a forma como
que vai lhe transmitir conhecimentos e preocupado com ele interage com a classe, como direciona o seu fazer
as explicações sobre determinado conteúdo, mas como pedagógico está relacionado às suas concepções de ho-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
alguém que, comprometido com a ação que realiza, mem e de mundo, sejam elas conscientes ou inconscien-
percebe o aluno como um ser importante, com ideias e tes. Assim, achamos relevante apresentar o depoimento
sentimentos que podem ser partilhados com ele. Nesse do professor acima citado pelos alunos, quando pergun-
processo de interação humana, de intercâmbio, o conhe- tamos o que considerava importante para que a relação
cimento estruturado do professor, sua forma de expres- professor/aluno, aluno/aluno fosse significativa:
são mais formal, seus valores e concepções se misturam Respeito e diálogo, acho que são as coisas funda-
aos saberes não sistematizados e empíricos dos alunos, mentais.
aos seus valores e linguagens próprios de seu ambiente
cultural. Porque às vezes, não há muito respeito entre eles,
Esse encontro, observado numa perspectiva dialógi- nem entre eles e o professor, mas a gente também tem
ca pode assumir um valor significativo no processo de que respeitar o aluno. De repente você tem que saber
31
como falar com o aluno, porque dependendo do jeito por n razões, entre elas porque a diferença entre eles os
que você fala, você não consegue nada, você cria aquela faz ser como estão sendo (Freire, 2000, p.117).
barreira enorme.. Penetrar no universo escolar, tão presente em nos-
Essa fala revela que o professor concebe a interação sas vidas, porém tão difícil de desvendar, onde não há
professor-aluno não a reduzindo apenas ao processo caminhos definidos, mas que vão sendo construídos no
cognitivo, mas envolvendo também as dimensões afeti- caminhar, revela-nos a noção de que não podemos vê-
vas e sociais. Reconhece a importância do seu compro- -lo realmente como é, vemos o que podemos e conse-
metimento com a tarefa de educar, percebendo a estreita guimos ver, o que nos permite nossos conhecimentos e
relação entre o afetivo e o cognitivo no desenvolvimento concepções.
humano, não responsabilizando apenas o aluno com a Assim, à procura de respostas, é possível que mais
obrigatoriedade de demonstrar respeito e consideração. indagações tenham sido provocadas do que respostas
Perguntamos ao professor como agia mediante as encontradas.
situações de conflito: O sujeito constrói-se a partir das relações entre um
Eu procuro, porque a gente não é de ferro, fazer eles mundo externo, estruturado pela cultura e pelas condi-
pensarem naquela atitude deles, que benefício está tra- ções históricas, e por um mundo interno, não somente
zendo, por que estão agindo assim, o que isto está tra- no aspecto cognitivo, mas afetivo, que envolve desejos,
zendo de bom. Eu sempre falo que a gente tem que se pulsões, sentimentos e emoções, portanto, é extrema-
gostar. Então você tem que pensar se essa atitude está mente importante aproveitar essas relações na prática
fazendo bem ou mal pra você, porque quem mais gosta educativa.
de você, é você mesmo.
Educar é ensinar a olhar para fora e para dentro, su-
Analisando essa fala podemos observar o propósito perando o divórcio, típico da nossa sociedade, entre obje-
do professor em encarar os conflitos como possibilidade tividade e subjetividade. É aprender além: saber que é tão
de reflexão, permitindo ao aluno a análise das situações verdade que a menor distância entre dois pontos é uma
e aprofundamento das questões que impulsionam deter- linha reta quanto que o que reduz a distância entre dois
minadas atitudes. Juntos, professor e alunos têm a tarefa seres humanos é o riso e a lágrima (Alencar, 2001, p.100).
de, neste espaço de convivência que é a sala de aula, A afetividade é um conceito amplo, integra relações
buscar as melhores alternativas de ação. afetivas como a emoção (medo, cólera, alegria, tristeza),
É relevante destacar essa fala para elucidarmos a vi- a paixão e o sentimento, inerentes ao processo ensino-
são construída por muitos professores de que quando -aprendizagem. Segundo a teoria walloniana, emoção e
falamos de afetividade estamos nos referindo apenas às cognição são dois aspectos inseparáveis no desenvolvi-
manifestações de carinho. A afetividade abrange as pai- mento e se apresentam de forma antagônica e comple-
xões, os sentimentos e as emoções, portanto, também mentar.
estão nela inseridas as manifestações de agressividade, Na sala de aula, espaço social de convivência diária,
medo e raiva. O desconhecimento teórico de sses con- foi possível perceber movimentos que caracterizam os
ceitos dificulta a compreensão das relações de reciproci- conflitos eu-outro e que se constituem em oportunidades
dade e oposição entre afetividade e cognição, e o poder de questionamentos, reflexão e conscientização, e outros
das emoções, sejam elas perturbadoras ou ativadoras, que apenas desgastam a relação professor/aluno/conhe-
influindo de forma estimuladora ou desagregadora na cimento. Mas, também, movimentos em que as interações
aprendizagem. Isso pode acarretar enganos na interpre- gestadas na relação eu-outro são baseadas na importân-
tação de determinadas reações ou ações na sala de aula, cia do eu e do outro, no comprometimento e no diálogo.
levando à redução da capacidade de discernimento tan- A escola constitui-se num espaço essencialmente
to do aluno quanto do professor. educativo, cuja função principal é a de mediar o conhe-
O que queremos evidenciar nestas falas, tanto dos cimento, possibilitar ao educando o acesso e a reconstru-
ção do saber. Essa função está imbricada inexoravelmente
alunos, quanto dos professores é a importância do diá-
às relações, pois a transmissão do conhecimento se dá na
logo na prática educativa. O diálogo oferece oportuni-
interação entre pessoas. Assim, nas relações ali estabeleci-
dades, segundo Hernández, para expandir, reconsiderar
das, professor/aluno, aluno/aluno, o afeto está presente.
uma questão ou problema e procurar compreendê-lo de
Um dos componentes essenciais para que esta relação seja
diferentes maneiras. O que, por sua vez, permite desen-
significativa e represente uma parceria no processo ensi-
volver a consciência de aprender e impulsionar estraté-
no-aprendizagem, é o diálogo.
gias de pensar sobre a própria aprendizagem. Enfatizar o diálogo como imprescindível na relação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Além disso, a partir do diálogo, enfatiza-se a refle- professor/aluno não significa, portanto, desconsiderar a
xão, a investigação crítica, a análise, a interpretação e a diretividade necessária ao processo ensino-aprendizagem
reorganização do conhecimento.( 2002, p. 20) ou a má interpretação de que o bom professor é “o bonzi-
O diálogo pode então, ser significativo para esti- nho”, “o que permite tudo” ou “o que entende o aluno em
mular o interesse, a necessidade e a conscientização na todas as suas atitudes”.
relação ensino-aprendizagem e pode contribuir para a A relação professor-aluno, por sua natureza antagô-
reciprocidade entre afetividade e aprendizagem, o que nica, oferece riquíssimas possibilidades de crescimento
não deve ser confundido com permissividade, o diálogo (Almeida, 2001, p.106).
entre professores ou professoras e alunos ou alunas não Os conflitos oriundos desta relação desigual, podem
os torna iguais, mas marca a posição democrática entre e devem ser aproveitados, pois resolvê-los pressupõe o
eles ou elas. Os professores não são iguais aos alunos exercício constante de equilíbrio entre razão e emoção.
32
Devido à natureza paradoxal das emoções, há um Como espaço para o exercício e a formação da ci-
antagonismo entre as mesmas e atividade intelectual. É dadania
possível perceber que quando ocorre a elevação da tem-
peratura emocional o desempenho intelectual diminui, A educação é um caminho para garantir uma socieda-
impedindo a reflexão objetiva, e quando a atividade inte- de mais justa e harmônica, no qual o cidadão exerce o seu
lectual está voltada para a compreensão da emoção, seus papel perante a sociedade, exige os seus direitos e cumpri
efeitos são reduzidos. O desenvolvimento deve conduzir os seus deveres.
à predominância da razão, sem que a emoção esteja ex- De acordo com Pinsky (2013) parece ser um sonho
cluída. distante. Algo utópico e inatingível. Não apenas imaginar
Em se tratando de adolescentes, é importante que a e sonhar, mas realmente viver numa sociedade em que o
relação afetiva seja mais cognitiva, que se concretize con- acesso aos bens e serviços não fossem restritos, e a cida-
siderando o outro como legítimo outro na convivência dania fosse de fato um direito de todos, exercido em sua
(Maturana, 1999, p.18), ou seja, que a relação professor- totalidade, garantida para todo e qualquer cidadão. Mas
-aluno se dê como uma parceria afetivo-cognitiva, eviden- essa sociedade não existirá sem a luta e as reivindicações,
ciada através de uma linguagem onde haja espaço para o da ação concreta dos cidadãos engajados nas principais
elogio, o incentivo e mesmo para a repreensão necessá- problemáticas do dia a dia, exigindo novas políticas públi-
ria, direcionada ao outro como possibilidade de reflexão, cas e privadas.
conscientização e formação. É essencial que esta relação Neste contexto observamos a organização de políti-
esteja pautada no interesse pelo sujeito singular, gestado cas, programas e iniciativas que valorizam a diversidade,
no coletivo, e principalmente pela crença na capacidade em geral promovidas em resposta a demandas dos mo-
do ser humano. vimentos sociais de reinvindicação, documentos legais e
Essa relação é uma via de mão dupla, professor/alu- inspiradores da cidadania.
no, aluno/professor, que faz da sala de aula uma teia de Por isso que foram desenvolvidas:
valores, necessidades, aspirações e frustrações que se en- Políticas de ação afirmativa, escola inclusiva, introdu-
trecruzam e portanto, se influenciam reciprocamente. Por ção da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena
isso, tanto professor quanto aluno são responsáveis por nos currículos escolares, educação quilombola, educação
dar o tom a essa relação, mas é imprescindível que com- no campo, educação intercultural indígena, elaboração
preendamos que nós professores somos maestros nessa de materiais pedagógicos para o enfrentamento da ho-
sinfonia, quer seja por nossa formação, experiência ou por mofobia, do sexismo, do racismo no ambiente escolar,
nossa diferença em relação ao aluno, sujeito em formação, entre outros, são alguns exemplos do desenvolvimento
em busca de identidade. desta perspectiva (CANDAU, p. 722, 2012).
Em cada situação vivenciada na pesquisa, quer seja É preciso haver uma educação para a cidadania. Há
através dos conflitos, das palavras anunciadas, dos ges- um sofrimento que tem lugar no âmbito privado e não
tos articulados ou das interações vividas, apontaram para vem à público, a não ser que as pessoas tomem consciên-
o reconhecimento de que no processo de construção do cia de seus direitos, e como cidadãos se organizem para
conhecimento, de apropriação do saber são essenciais lutar por eles. É preciso criar espaços para reivindicar os
as relações entre afetividade e cognição. O sujeito não direitos, mas é preciso também estender o conhecimento
aprende se não se sente mobilizado ou estimulado para o a todos para que saibam da possibilidade de reivindicar
conhecer, se não for afetado por ele. (MANZINI COVRE, 2012).
A relação afetiva entre os sujeitos envolvidos no O Fórum Educação para a Cidadania em 2008 tratou
processo ensinar-aprender, o exercício do diálogo, o fa- da importância em desenvolver não apenas a educação,
zer compartilhado, o respeito pelo outro, o estar aberto, mas também a formação para o exercício da cidadania
o saber escutar e dizer, configuram-se como elementos global. Uma educação preocupada em formar “um ser
de fundamental importância para a aprendizagem. É im- humano livre, responsável, autónomo, solidário, sujeito
prescindível, então, que no contexto escolar trabalhemos de direitos, respeitador das outras pessoas e das suas
a articulação afetividade-aprendizagem nas mais variadas ideias, aberto ao diálogo e à livre troca de opiniões, com
situações, considerando-a como essencial na prática pe- um espírito crítico, democrático, pluralista, criativo e in-
dagógica e não a julgando como simples alternativa da terventivo face à sociedade”, habilitando aos educandos
qual podemos lançar mão quando queremos fazer uma a terem posicionamentos esclarecidos e críticos relativa-
“atividade diferente” na escola. Essa articulação deve ser mente às questões do mundo de hoje.
uma constante busca de todos que concebem o espaço Educar para a cidadania implica a educação dos cida-
escolar como locus privilegiado na formação humana. dãos e das cidadãs para os direitos humanos universais,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Os conhecimentos são construídos por meio da ação tendo em conta a noção concreta do tempo e do lugar
e da interação. O sujeito aprende quando se envolve ati- em que se vive e um apelo de perene consciencialização
vamente no processo de produção do conhecimento, e responsabilização relativa também aos deveres de ci-
através da mobilização de suas atividades mentais e na dadania (FÓRUM EDUCAÇÃO PARA A CIDADANIA, 2008).
interação com o outro. Portanto, a sala de aula precisa ser Em entrevista à Professora Marianne Hoeltgebaum
espaço de formação, de humanização, onde a afetivida- da Revista de Negócios, Fernando Dolabela, um dos pre-
de em suas diferentes manifestações possa ser usada em cursores do ensino de empreendedorismo no Brasil, afir-
favor da aprendizagem, pois o afetivo e o intelectual são ma que a Educação deve provocar uma mudança cultural.
faces de uma mesma realidade – o desenvolvimento do Para isto é necessário mudar a aprendizagem da transfe-
ser humano.4
ção Aparecida Fernandes Lima
4 Fonte: wwww.27reuniao.anped.org.br - Concei-
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rência de um conteúdo cognitivo para uma nova forma criado onde vive, “e, assim atuar de um modo não coerciti-
de relacionamento entre as pessoas, no qual todos têm a vo, contribuindo para a formação de um indivíduo crítico/
mesma autonomia e o poder de influenciar o seu próprio reflexivo” (p. 102). Assim, a educação não é neutra, mas se
futuro e o de sua comunidade, disseminando, assim, o desenvolve para um tipo de cidadania que se deseja al-
seu empreendedorismo, ou seja, o aluno se torna prota- cançar, dependendo do tipo de concepção de educação
gonista de sua própria vida. “Ele sente que o conteúdo presentes no planejamento educacional e curricular.
escolar, que o conhecimento serve para que ele dê signi- Quando a escola seleciona objetivos educacionais,
ficado a sua vida, ou seja, à vida em que o seu sonho é o conteúdos, metodologias e critérios de avaliação do
eixo do processo educacional. Ele se sente protagonista aprendizado, está optando por um determinado projeto
e integrante do processo educacional.” Afirma Dolabela. educacional, que de forma alguma é neutro em relação à
O entrevistado acredita que a Pedagogia Empreen- cidadania (FILHO, p.102, 1998).
dedora deve ser ensinada desde as crianças pequenas, Dolabela fala de uma Pedagogia Empreendedora não
fazendo perguntas estimulando para que o aluno seja voltada para o empresarial, mas no “ser”, também, de acor-
empreendedor em sua forma de ser, diferentemente de do com Filho (1998), a educação não pode estar voltada
como pensam ao querer ensinar um empreendedorismo para a força de mercado, mas para a construção de uma
empresarial, mercadológico. Dentro da Pedagogia Em-
cidadania democrática.
preendedora, “o empreendedor é um indivíduo que gera
Filho (1998) revela estudos que mostram que depen-
utilidade para os outros, que gera valor positivo para sua
dendo de como o currículo escolar é apresentado aos
comunidade.” Deve-se perguntar em sala de aula: “Qual
estudantes, sua compreensão é facilitada para alguns
é o seu sonho?”, e “O que você vai fazer para transformar
setores e dificultada para outros. Por isso é importante
seu sonho em realidade?”. O aluno deve ser chamado à
pensar no processo educacional de ensino e aprendiza-
responsabilidade de sua própria vida, a se sentir prota-
gem.
gonista, e depois pensar em caminhos e estratégias para
As reformas educacionais no Brasil ressaltam a im-
transformar este sonho em realidade. O aluno se sentirá
capaz e comprometido com a criação de seus próprios portância do papel da educação na formação do cida-
caminhos. Dolabela comenta a boa experiência dos tra- dão. Afirmam a necessidade de as pessoas serem prepa-
balhos que desenvolve entre as crianças: radas na escola para o exercício da cidadania, “o desafio
“Tenho visto eventos em que crianças, ao serem pro- para que a educação seja pensada como um processo
vocadas e ao sentirem a responsabilidade, ao sentirem que que se desenrola no interior da prática social e política
as pessoas acreditam que elas podem criar alguma coisa, das classes sociais (FILHO apud Arroyo, 1987)”.
começam a criar, a buscar soluções. Eles são capazes de Assim, importa repensar o funcionamento das insti-
empreender, de dar uma solução à própria vida.” tuições e, sobretudo, a interrelação entre todos os seus
A metodologia educacional deve estar voltada para agentes, nomeadamente na escola e nos locais de traba-
o desenvolvimento social, redefinindo uma proposta em- lho, o que implica repensar as estratégias de educação
preendedora para o Brasil. Não visando apenas o desen- e de formação para a cidadania global visando também
volvimento de geração de riqueza, mas também como um a melhoria da qualidade dos relacionamentos sociais e
fenômeno social e cultural. “Vemos o problema econômi- das práticas profissionais, e o reforço da capacidade de
co como consequência de soluções ideológicas, sociais e inovação social. Propõe-se, assim, uma educação e uma
culturais. Eu a vejo como um instrumento de combate à formação transformadoras e comprometidas com os
miséria.” Diz Dolabela. valores da igualdade, da democracia, da justiça social e
Compreender e atuar com os preceitos da Pedagogia econômica, baseadas em processos ativos, participativos,
Empreendedora também desperta um exercício para a de diálogo, de construção de projetos comuns e de de-
cidadania, pois alunos são incentivados através de apren- mocracia como prática vivenciada (FÓRUM EDUCAÇÃO
dizagens e conteúdos contextualizados, dialogando e PARA A CIDADANIA, 2008).
buscando a realização dos seus sonhos, comprometidos Para esta cidadania global, Martins (2010) nos traz
e responsáveis por suas próprias vidas. Trarão benefícios um programa de ação em Educação para a Cidadania
para si mesmo e para a comunidade quando forem incen- que deve ultrapassar as fronteiras da sala de aula e ser
tivados a ampliar o olhar de si, e focar mais nas problemáti- capaz de responder aos novos desafios sociais, tais como:
cas de seu entorno para usufruir de uma convivência na so- a diversidade cultural e de estilos de vida, a revolução
ciedade, e o seu papel de cidadão. Afinal, quando falamos das tecnologias de informação e comunicação, a pobreza
de sujeitos de direitos, como vimos na Declaração Univer- e a exclusão social, os mecanismos de discriminação, a
degradação ambiental e o desenvolvimento sustentável,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
34
Para isso é indispensável criar condições para que, comunidade. As leis não são ruins, elas são necessárias
na Educação Infantil e na Educação Fundamental, alunas para o convívio com o semelhante seja aceitável, sem
e alunos sejam capazes de mobilizar saberes e compe- que a liberdade de um, seja o prejuízo e o desrespeito
tências culturais, linguísticas, comportamentais, sociais, ao outro.
científicas e tecnológicas para compreender e analisar a Assim, o espaço escolar, como um espaço político,
realidade, designadamente através do estabelecimento também deve ter a colocação das regras de funciona-
de conexões. As séries iniciais são um espaço por exce- mento e das normas de conduta, de forma clara e ex-
lência de vivência de cidadania e de a faixa etária até aos plícita para que seja possível o convívio social na escola.
6 anos ser aquela em que se formam e se consolidam Assim como os adultos não devem exercer a sua cida-
os preconceitos e estereótipos socialmente dominantes, dania apenas com o ato de votar, o exercício da cidada-
nomeadamente os de género (FÓRUM EDUCAÇÃO PARA nia através do cumprimento das normas nos alunos não
A CIDADANIA, 2008). deve ser realizada através do medo, da obediência cega
Os Parâmetros Curriculares Nacionais têm um ca- aos adultos, mas de uma forma consciente, para que
derno especialmente para debater a questão da Ética no compreendam através do ensino organizado e sistemá-
currículo escolar, pois embora seja um tema transver- tico no convívio escolar, os limites da instituição, enfati-
sal que deve ser abordado nas áreas convencionais, na zando-as como organização coletiva, contextualizado na
prática nem sempre é completado, e as questões mais
vivência da comunidade escolar, referindo-se a questões
urgentes e necessárias relacionadas com o exercício da
pertinentes ao trabalho pedagógico ou aos problemas
cidadania, como: a violência, a saúde, o uso dos recur-
sos naturais, os preconceitos, são deixadas de lado no do cotidiano, fazendo com que os alunos possam com-
debate com os alunos. Então, vemos a importância de se preender os vários aspectos da instituição, perceber-se
eleger a cidadania como eixo fundamental da educação coparticipantes e aprender a tomar decisões consideran-
escolar, comprometendo-se com as perspectivas e deci- do outros motivos além de seus próprios (BRASIL, p. 42,
sões que favoreçam os valores, mas também aos conhe- 1997).
cimentos que permitam desenvolver as capacidades ne- A cidadania pode ser trabalhada também através da
cessárias para a participação social efetiva. Para isso que organização dos conteúdos em torno de projetos, uma
envolver a questão da cidadania na escola não é apenas vez que possibilita a articulação de contribuições de di-
uma vontade, é antes um projeto de atuação político-pe- versos campos de conhecimento e permite que se dê
dagógica que implica avaliar práticas e buscar, explícita relevância às questões dos Temas Transversais, pois os
e sistematicamente, caminhar nessa direção, tendo em projetos podem se desenvolver e ser direcionados para
vista que a democracia na escola se relaciona com a vida metas objetivas ou para a produção de algo específico.
em comunidade, desde a estrutura escolar, em como a Uma vez definido o aspecto específico de um tema, os
escola se insere e se relaciona com a comunidade, nas alunos têm a possibilidade de aplicar os conhecimentos
relações entre os trabalhadores da escola, na distribui- que já possuem sobre o assunto; buscar novas informa-
ção de responsabilidades e poder decisório, nas relações
ções e utilizar os conhecimentos e os recursos oferecidos
entre professor e aluno, na relação com o conhecimento
pelas diversas áreas para dar um sentido amplo à ques-
(BRASIL, 1997).
Sendo assim, para a formação e o exercício da cida- tão (BRASIL, 1997).
dania na escola, o PCN de Ética traz orientações didáticas A escola não se propõe como um lugar mágico que
para facilitar este processo, como: a participação, as nor- vai mudar radicalmente a comunidade, o país e o mun-
mas e regras, e a organização dos conteúdos em torno do. Entretanto, devemos sim, acreditar na transformação
de projetos. do homem através das ações cotidianas e dos benefícios
A escola não pode privar a possibilidade aos alunos observados dentro e fora da comunidade escolar.
de exercerem a participação, pois a participação é um Devemos acreditar no respeito mútuo ao ser huma-
princípio da democracia que necessita ser trabalhado: é no independentemente da idade, sexo, condição social
algo que se aprende e se ensina. Caso contrário estará ou regional. Devemos acreditar no ideal democrático de
ensinando a passividade, a indiferença e a obediência convívio social. Por isso, acreditamos que a educação
cega, não promovendo a convivência democrática no co- contribui com seu papel na formação do cidadão que vai
tidiano, pois aprende-se a participar, participando. A es- favorecer uma melhor vida em sociedade, consciente de
cola deve ser um espaço de atuação pública dos alunos. seu papel, e pronto para mudar contrastantes realidades
Assim, devem ser eleitos métodos e atividades que que estão longe do que se busca para a dignidade hu-
ofereçam experiências de aprendizagem ricas em situa- mana.5
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
35
Pensar a escola de hoje é refletir a sociedade nas ver- Não são os educandos seres viventes em um núcleo
tentes social, econômico e pessoal. familiar e social, onde recebem orientação moral, viven-
A relação escola, família e comunidade carece de ciam experiências e reforçam seus conhecimentos? Tudo
melhoria, pois constata-se quase que um divórcio entre isso é educação. Para estabelecer uma educação moral,
elas. As escolas, muitas vezes, não fomentam nem faci- crítica e comprometida com o meio social, é primordial
litam o intercâmbio de experiências com outras escolas a integração entre escola, família e sociedade. Pois, o ser
e com o meio em que estão inseridas, não promovem a humano é um ser social por excelência. Podemos pensar
procura de soluções inovadoras, nem proporcionam uma na responsabilidade da escola na vida de uma pessoa. E
participação efetiva dos pais e encarregados de educa- ainda, partindo desse princípio, é um equívoco desvincular
ção na gestão escolar. a família no processo da educação escolar. A escola vem
Escola é a principal instituição para a transmissão e reforçar os valores recebidos em casa, além de transmitir
aquisição de conhecimentos, valores e habilidades, por conhecimentos. Age também na formação humana, sa-
isso deve ser tida como o bem mais importante de qual- lientando a autonomia, o equilíbrio e a liberdade - que
quer sociedade. está condicionada a limites e respeito mútuo. Por que não,
Escola – instituição social que tem o encargo de edu- a escola trabalhar com a família e a sociedade em prol de
car, segundo planos sistemáticos, os indivíduos nas dife- um bem comum?
rentes idades da sua formação, casa ou estabelecimento
onde se ministra o ensino. A parceria entre família, sociedade e escola só tem a
contribuir para o desenvolvimento do educando. Assim, a
Escola é uma instituição educativa fundamental onde escola passa a ser um espaço que se relaciona com a vida e
são organizadas, sistematicamente, atividades práticas não uma ilha, que se isola da sociedade. Com a participa-
de carácter pedagógico. ção da família no meio escolar, cria-se espaços de escuta,
Para Gary Marx, (in Azevedo, 1994,p.147) a escola é voz e acesso às informações que dizem respeito a seus fi-
verdadeiramente uma instituição de último recurso, após lhos, responsáveis tanto pela materialidade da escola, bem
a família, comunidade e a igreja terem fracassado. como pelo ambiente no qual seus filhos estão inseridos. É
Comunidade é um conjunto de pessoas que vive preciso que os pais se impliquem nos processos educativos
num determinado lugar e ligado por um ideal e objetivos de seus filhos no sentido de motivá-los afetivamente ao
comuns. aprendizado. O aprendizado formal ou a educação escolar,
Participação – de acordo com a etimologia da pala- para ser bem sucedida não depende apenas de uma boa
vra, participação origina-se do latim “participatio” (pars + escola, de bons professores e bons programas, mas prin-
in + actio) que significa ter parte na ação. Para ter parte cipalmente de como o educando é tratado na sociedade
na ação é necessário ter acesso ao agir e às decisões que e em casa e dos estímulos que recebe para aprender. É
orientam o agir. “ preciso entender que o aprender é um processo contínuo
Executar uma ação não significa ter parte, ou seja, que não cessa quando ele está em casa. Qualquer gesto,
responsabilidade sobre a ação. E só será sujeito da ação palavra ou ação positiva de qualquer membro da socieda-
quem puder decidir sobre ela” de ou da família pode motivá-la, porém, qualquer palavra
A participação é «um modo de vida» que permite ou ação que tenha uma conotação negativa pode gerar
resolver favoravelmente a tensão sempre existente entre um bloqueio no aprendizado. É claro que, como qualquer
o individual e o coletivo, a pessoa e o grupo, na organi- ser humano, ele precisa de limites, e que não pode fazer
zação. tudo que quiser, porém os limites devem ser dados de ma-
A participação deve ser vista como um processo per- neira clara, sem o uso de palavras rudes, que agridam ou
manente de estabelecer um equilíbrio dinâmico entre: a desqualifiquem-no.
autoridade delegada do poder central ou local na escola; Uma pessoa agredida, com palavras ou ações, além
as competências profissionais dos professores (enquanto de aprender a agredir, perde uma boa parte da motivação
especialistas do ensino) e de outros trabalhadores não para aprender, pois seus sentimentos em relação a si mes-
docentes; os direitos dos alunos enquanto «autores» do ma e aos outros ficam confusos, tornando-a insegura com
seu próprio crescimento; e a responsabilidade dos pais relação às suas capacidades, e consequentemente gerando
na educação dos seus filhos.6 uma baixa autoestima. Outro aspecto que merece ser lem-
Considerando que toda criança faz parte de uma fa- brado é o que se refere à comparação com outros irmãos
mília e que toda família, além de possuir características que foram bem sucedidos; os pais ou responsáveis devem
próprias, está inserida em uma comunidade, hoje, am-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
36
Pensar em educação de qualidade hoje, é preciso ter específicas do fracasso escolar de uma certa localidade.
em mente que a família esteja presente na vida escolar A questão é que as razões para o fracasso escolar
de todos os alunos em todos os sentidos. Ou seja, é pre- não são poucas e não estão isoladas umas das outras.
ciso uma interação entre escola e família. Nesse sentido, Pode ser pelo aspecto pedagógico, apropriado ou não
escola e família possuem uma grande tarefa, pois nelas é à criança, pelas políticas educacionais que nem sempre
que se formam os primeiros grupos sociais de uma crian- tem a educação como meta principal, ou ainda pela si-
ça. tuação geral pela qual passa a economia do país, e como
Envolver os familiares na elaboração da proposta pe- resultado, o ambiente onde vivem milhares de crianças,
dagógica pode ser a meta da escola que pretende ter um inadequados para o seu desenvolvimento e crescimento.
equilíbrio no que diz respeito à disciplina de seus edu- A escola conta com uma equipe que poderá estar
candos. A sociedade moderna vive uma crise de valores atenta a problemas sociais dos alunos. O supervisor
éticos e morais sem precedentes. Essa é uma constatação pedagógico tem a função de auxiliar o professor orien-
que norteia os arredores dos setores educacionais, pois
tando-o em práticas pedagógicas que poderão superar
é na escola que essa crise pode aflorar mais, ficando em
o problema do fracasso escolar, e uma ação que pode
maior evidência.
ser significativa é manter contato com a família do ‘alu-
Nesse sentido, A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da
no-problema’ na busca de entender o porque do ‘não
Educação ( lei 9394, de dezembro de 1996) formaliza e
aprender’. É fundamental no processo aprendizagem
institui a gestão democrática nas escolas e vai além. Den-
conhecer o aluno e sua origem para escolher a melhor
tre algumas conquistas destacam-se:
forma de trabalhar com ele, neste sentido, o educador
A concepção de educação, concepção ampla, esten-
propiciará excelentes oportunidades para elevar o ren-
dendo a educação para além da educação escolar, ou seja,
dimento escolar dos educando, elevando também o au-
comprometimento com a formação do caráter do educan-
toconceito deste, tornando a aprendizagem mais agra-
do.
dável.
Nunca na escola se discutiu tanto quanto hoje as-
Existem várias razões para o fracasso escolar, assim
suntos como falta de limites, desrespeito na sala de aula
como existem várias razões para se desenvolver um tra-
e desmotivação dos alunos. Nunca se observou tantos
balho neste sentido. E um dos motivos, é a preocupação
professores cansados e muitas vezes, doentes física e
dos educadores em geral em achar uma solução cabível
mentalmente. Nunca os sentimentos de impotência e
para amenizar o problema do fracasso escolar.
frustração estiveram tão marcantemente presentes na Sendo assim, foi desenvolvida essa pesquisa nas es-
vida escolar. colas da cidade de Alto Rio Doce no intuito de investigar
Por essa razão, dentro das escolas as discussões que o que faz a escola no sentido de amenizar o problema do
procuram compreender esse quadro tão complexo e, fracasso escolar. O trabalho se justifica pela necessidade
muitas vezes, caótico, no qual a educação se encontra que se tem de entender quais são as dificuldades encon-
mergulhada, são cada vez mais frequentes. Professores tradas pelos educadores em geral, em buscar a inova-
debatem formas de tentar superar todas essas dificulda- ção para auxiliá-los nas práticas pedagógicas, bem como
des e conflitos, pois percebem que se nada for feito em pelo fato de ser um tema muito polemico. Acredita-se
breve não se conseguirá mais ensinar e educar. ainda, que esse estudo contribuirá com outros professo-
Entretanto, observa-se que, até o momento, essas res que se interessam pelo tema em questão.
discussões vêm sendo realizadas apenas dentro do âm- Neste sentido, os estudos teóricos que se pretende
bito da escola, basicamente envolvendo direções, coor- realizar possibilitarão reunir um maior número de con-
denações e grupos de professores. Em outras palavras, cepções teóricas e práticas para uma melhor compreen-
a escola vem, gradativamente, assumindo a maior parte são do fenômeno, na busca de entender as causas e pos-
da responsabilidade pelas situações de conflito que nela síveis intervenções para a solução do problema.
são observadas.
Assim, procuram-se novas metodologias de traba- I. BUSCANDO EXPLICAÇÕES PARA O FRACASSO
lho, muitos projetos são lançados e inúmeros recursos ESCOLAR
também lançados pelo governo no sentido de não deixar
que o aluno deixe de estudar. Porém, observa-se que se Uma das explicações dadas para o fracasso escolar
não houver um comprometimento maior dos responsá- no Brasil é que a democratização do acesso à escola,
veis e das instituições escolares isso pouco adiantará. ocorrida a partir dos anos 70 do século passado, levou a
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
37
tudos mostram também que, ao contrário do que em que orientam os profissionais de diversas áreas – médi-
geral se afirma, essas crianças possuem um adequado cos, professores, supervisores, psicólogos, etc. – em seu
desenvolvimento cultural e linguístico e que é a escola processo de estudo e intervenção junto a crianças com
que apresenta sérias dificuldades para lidar com a diver- problemas de aprendizagem. Apresentamos, a seguir,
sidade cultural, linguística e mesmo étnica da população uma breve caracterização de cada uma dessas aborda-
brasileira. gens.
Esse trabalho tematiza justamente o fracasso escolar A primeira teorização sobre as dificuldades de
de crianças de meio menos favorecidos. Seus principais aprendizagem, surgiu na França, no final do século XIX,
objetivos são: discutir as diferentes explicações para esse ficou conhecida como Abordagem Organicista (Fijalkow,
fracasso; mostrar que, mesmo experimentando difíceis 1989), por investigar as causas do fracasso escolar levan-
condições de existência, essas crianças apresentam um tando hipóteses sobre os possíveis distúrbios e doenças
adequado desenvolvimento cultural e linguístico. neurológicas do aluno. As pesquisas realizadas nessa li-
nha de investigação promoveram uma verdadeira classi-
Reflexão sobre diferentes explicações para o fra- ficação médica dos problemas de aprendizagem.
casso escolar Nos dias de hoje, quando se encaminha um aluno
para uma avaliação neurológica, buscando apoio na
Possivelmente, você já deparou em sua escola, em contribuição da medicina para a compreensão das difi-
sala de aula com crianças que apresentas problemas de culdades de aprendizagem, o resultado do diagnóstico
aprendizagem, particularmente na aquisição da leitura e aponta, geralmente, como causa do problema escolar o
da escrita. Com certeza essas crianças não são os únicos quadro de dislexia, disfunção cerebral mínima ou hipe-
casos de “crianças problemas” existentes por aí: as crian- ratividade.
ças que estão diante de nós – não estão sozinhas… na
minha escola, na sua escola, na escola vizinha, naquela Várias críticas são apresentadas, atualmente, a essa
escola da outra cidade e ainda na escola vizinha dessa abordagem do fracasso escolar e das dificuldades de
escola – encontramos inúmeras crianças que não estão aprendizagem. A abordagem organicista é sempre citada
tendo sucesso, que fracassam em seu aprendizado. Por como a grande responsável pela medicalização genera-
vezes, essas crianças passam anos frequentando a escola, lizada do fracasso escolar, pois o tratamento proposto
até que um dia desistem “entendem” que não tem “ca- para sanar as dificuldades de aprendizagem da criança
beça para o estudo”, é melhor fazer “um bico” e arranjar é o uso de remédios psiquiátricos. Uma das consequên-
“um trocado” para ajudar em casa. cias mais indesejadas da utilização dessa abordagem é
Assim como o problema de crianças que fracassam a identificação do aluno como alguém que possui uma
na escola não acontece apenas em sua escola, ele tam- falha orgânica, ou seja, um déficit neurológico. Ao se em-
bém não é problema que surgiu somente agora, nos dias pregar termos como dislexia, hiperatividade e disfunção
atuais. Pelo contrário, um problema cuja história se inicia cerebral mínima, tende-se a ver o aluno como o único
com a própria história da escolarização pública. Com a responsável pelo seu próprio fracasso.
institucionalização do ensino obrigatório, surgem, tanto Segundo VIDAL (1990; CYPEL, 1993)
histórias de sucesso de alguns, como história de fracasso A facilidade com que esse diagnóstico é utilizado nas
de muitos outros. escola cria um quadro de encaminhamento para atendi-
mento médico e prescrição de medicamentos, levando à
Segundo GRIFFO (1996): biologização de um fenômeno da esfera escolar, produzin-
Débil, deficiente mental educável, anti intelectual, do gerações que acabam por se tornar conhecidas como
criança com desvio de conduta, criança lenta, criança com “geração gardenal” (p.43).
repertorio comportamental limitado, criança com distúr- Como consequência, limita-se, assim, o campo de
bios de aprendizagem, carente linguístico, carente cultural, investigações do fracasso escolar, uma vez que outros
criança com pobreza vocabular, com atraso de maturação, fatores intervenientes na produção desse fenômeno são
com distúrbio psicomotor, com problemas de socialização, desconsiderados.
hiperatividade, disléxica, portadora de necessidades espe- A segunda abordagem do fenômeno do fracasso es-
ciais (p.23). colar surgiu do desenvolvimento de pesquisas no campo
Esses são alguns nomes criados ao longos dos anos, da psicologia cognitiva. Trata-se de uma abordagem ins-
segundo o autor acima, para identificar aqueles que fra- trumental cognitiva, assim designada por buscar as causa
cassam na escola. É evidente que tais nomeações não das dificuldades de aprendizagem em possíveis disfun-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
surgem do acaso. Elas expressam diferentes perspectivas ções relativas a um dos quatro processos psicológicos
de entendimento das causas do fracasso escolar ao lon- fundamentais: a percepção, a memória, a linguagem e o
go da história. pensamento.
Ao longo do século passado, várias hipóteses causais Segundo SENA (1999),
foram apresentadas como explicação para o fracasso es- …o diagnóstico realizado utiliza-se basicamente do
colar, dando origem à consolidação de cinco diferentes processo de investigação diferencial (comparando um gru-
abordagens para a interpretação desse fenômeno: orga- po considerado normal a outro considerado atrasado) e
nicista, instrumental cognitiva, afetiva, questionamento da busca identificar os seguintes sintomas de lateralização, o
escola e handicap sociocultural (Fijalkow, 1989). desenvolvimento inadequado da linguagem, os transtor-
Essas abordagens organizam-se em torno de ques- nos perceptivos visuais e auditivos, os déficits de atenção
tões, hipóteses explicativas, metodologias de pesquisa seletiva, os problemas de memória (p.62).
38
Mas Fijalkow (1989), Nunes, Buarque e Bryant (1992) De acordo com SENA (1999),
analisam um grande conjunto de pesquisas desenvolvi- …apenas do número significativo de pesquisas com-
das a partir dessa perspectiva e apontam alguns proble- provando o caráter ideológico do discurso que fundamen-
mas que precisam ser considerados aos interpretar os ta essa abordagem, ainda hoje podemos constatar como
resultados das mesmas. Um desses problemas diz res- seus pressupostos estão presentes e influenciam fortemen-
peito, por exemplo, a não neutralidade e objetividade te a opinião dos profissionais da educação” sobre possíveis
das situações de teste a que as crianças são submetidas, causas do fracasso escolar (p.64).
a dificuldade de se isolar variáveis para que essas possam
ser testadas independentemente uma das outras. Além Elementos para o questionamento de teorias do
disso, deve-se considerar que a abordagem cognitivista, déficit.
como a organicista, procura causas do fracasso das crian- A breve caracterização das diferentes abordagens do
ças apenas em suas características individuais, descon- fracasso escolar apresentada, permite constatar, que os
siderando possibilidades explicativas em outras esferas. fracassados são situados em uma mera posição de objeto
A abordagem afetiva caracteriza-se por privilegiar do conhecimento, marcados por um processo diagnós-
como explicação causal do fracasso escolar os transtor- tico que, embora oscile entre oferecer como explicação
nos afetivos da personalidade. Partidários dessa abor- causal do fracasso escolar ora uma disfunção neurológica
dagem defendem que a ideia de que as causas das di- ora cognitiva, ora um transtorno afetivo, ora problemas
ficuldades de aprendizagem devem ser buscadas em linguísticos, não vacila em apontar esses sujeitos como
perturbações no estado socioafetivo da criança e não em deficitários.
supostos problemas neurológicos ou cognitivos. Nessa Um mito se faz especialmente presente na escola
perspectiva, o atraso do aluno é uma manifestação de em relação às crianças das camadas populares: o mito
suas dificuldades originadas de algum conflito emocional da existência de um déficit linguístico e cultural por parte
(consciente ou inconsciente), cuja origem encontra-se na dessas crianças e de seus familiares.
dinâmica familiar. Por meio da utilização do método clí- SOARES (1987) explica que o mito da deficiência lin-
nico, propõe-se, primeiro investigar se a dificuldade é de guística e cultural baseia-se na suposição de que:
fato um problema de ordem pedagógica ou psicológica, …as crianças das camadas populares chegam à escola
para, posteriormente, buscar compreender porque uma com uma linguagem deficiente, que as impede de obter
determinada criança elege um determinado sintoma e sucesso nas atividades e aprendizagem: sua linguagem
não outro como expressão de suas dificuldades emocio- é pobre – não sabem o nome dos objetos comuns; usam
nais. Uma das críticas feitas a essa abordagem decorre frases incompletas, curtas, monossilábicas; sua sintaxe é
do fato de que essa acaba por dar subsídios para que confusa e inadequada à expressão do pensamento lógico;
se responsabilize a criança e sua família por dificuldades cometem ‘erros’ de concordância, de regência, de pronún-
que surgem na esfera escolar, transferindo para fora da cia; comunicam-se muito através de recursos não verbais
escola – para as famílias, para as clínicas – a busca de do que de que recursos verbais. Em síntese são crianças
soluções para os problemas da criança. deficitárias linguisticamente (p.20).
A abordagem denominada questionamento da es- Essa suposta deficiência linguística seria atribuída à
cola reúne estudos que investigam diferentes fatores ‘pobreza’ do contexto linguístico familiar em que vive a
escolares como intervenientes na produção do fracasso criança. Adeptos dessa abordagem associam a essa visão
dos alunos. Entre esses destacam-se, por exemplo, a ina- de um contexto familiar deficiente linguística e cultural-
dequação dos métodos pedagógicos, as dificuldades na mente a ideia de que os familiares dessas crianças (seus
relação professor-aluno, a precária formação do profes- pais ou responsáveis) não demonstrariam interesse por
sor, a falta de infraestrutura das escolas da rede pública seu desenvolvimento escolar e não se empenhariam em
de ensino. dar suporte para que elas tenham condições de aprender
Segundo Sena (1999: p. 35) “deslocando a questão do na escola.
aluno que não aprende para a escola que não ensina”., Diversas pesquisas, desenvolvidas a partir dos anos
seguidores dessa abordagem propõem modificações na 70 do século passado, fornecem elementos para se refu-
estrutura e organização da escola, afim de que essa insti- tar a hipótese do déficit como causal do fracasso escolar.
tuição cumpra seu papel social. O trabalho de Labov (Soares, 1987) por exemplo, forne-
A abordagem denominada Handicap sociocultural ceu elementos para que o questionamento das situações
identifica no meio sociofamiliar a origem do fracasso das de teste a crianças negras, moradores de guetos em
crianças na escola. Adeptos dessa abordagem conside- grandes cidades americanas eram submetidas. Segundo
ram a bagagem sociocultural dos alunos e de seus fami- ele, a artificialidade, diferença de classes do entrevistador
liares um fator decisivo, tendo em vista que a maioria dos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
39
classes mais favorecidas, que contemporizam, qualificam, No desenrolar de nossa pesquisa de campo, o que
perdem-se num excesso de detalhes irrelevantes” (Soares, temos ouvido e observado nas escolas visitadas reforça a
1987, p.47). afirmação (…) de que se imputa o fracasso dessas crianças,
Segundo estudos sobre a relação entre linguagem, oriundas das classes trabalhadoras, à desnutrição, às vermi-
cultura e escolarização, alguns levam em conta a exis- noses, enfim, a uma condição adversa de saúde. Ignora-se o
tência de diferenças linguísticas e cultural entre crianças fato de que estas estudam em escolas de periferia, onde se
das camadas populares, minorias étnicas e crianças das concentram todos os vícios e distorções do sistema social e,
camadas economicamente favorecidas da população, o
especificamente, do educacional, e tenta-se encontrar nes-
fato da escola não estar preparada para lidar com essas
tas crianças, causas orgânicas, inerentes a elas, que justifique
diferenças seria um dos principais fatores que contri-
buem para a produção do fracasso escolar. o seu mau rendimento.
Estudos de Fijalkow (1989) apresentam evidências Quais são as crianças desnutridas que estão hoje fre-
contrárias à ideia de que existe desinteresse por parte quentando nossas escolas? São aquelas portadoras de des-
dos familiares das crianças das camadas populares em nutrição leve, a chamada pelos especialistas de desnutrição
relação à sua carreira escolar, pois para essas famílias o de primeiro grau. Não estamos aqui afirmando que este tipo
sucesso na escola representaria a possibilidade de um de desnutrição não tem importância, ela a tem tanto que
futuro melhor para seus filhos. constantemente é apontada como forte indicador da situa-
Estudos desenvolvidos por Griffo (1996) e Costa (1993) ção de penúria e miséria em que vive grande segmento de
demonstram o empenho dos familiares em contribuir para nossa população.
a reversão da situação de fracasso em que seus filhos se en- Entretanto, o que estamos querendo enfatizar é que
contravam. Castanheira (1991) apresenta análise de como este grau de desnutrição [leve] não afeta o desenvolvi-
crianças das camadas populares, moradores de um bairro mento do sistema nervoso central, não o lesa irreversivel-
da periferia de Belo Horizonte, eram preparados para o in- mente e, portanto, não torna a criança deficiente mental,
gresso na 1ª série por seus pais ou por seus irmãos mais incapaz de aprender o que a escola tem a lhe ensinar.
velhos. As interações dessas crianças com a escrita criavam A criança portadora de desnutrição leve apenas sacri-
oportunidades de um contato cotidiano com esse objeto de fica o seu crescimento físico para manter o seu metabo-
conhecimento, fosse em brincadeiras de ruas, aulinhas com lismo. Exames clínico e laboratorial indicam que a criança
os amigos ou atividades orientadas por seus pais ou irmãos é normal, com exceção de um déficit de peso e estatura
mais velhos. Essas experiências com a escrita preparavam em relação à sua idade.
essas crianças para o seu ingresso na escola em melhores É necessário que desmistifiquemos as ´famosas´ cau-
condições para a aquisição da leitura e da escrita. Em muitos sas externas desse fracasso escolar, pela articulação àque-
casos, ao preparo e envolvimento da criança com a escrita las existentes no próprio âmbito escolar, e que tenhamos
antes do ingresso na escola de 1° grau não se seguiria uma clareza dos fatores que as determinam e as articulam.
continuidade do ensino de forma adequada dentro da ins-
tituição. Analisando as causas do fracasso escolar na loca-
Essas formas de suporte variam de família para família lidade pesquisada
e incluem desde a preocupação em garantir que se tenham
livros de referência para consulta na hora dos estudos em O drama do insucesso escolar é relativamente recen-
casa, como atitudes persuasivas como conversas ou casti- te. É a partir dos anos sessenta que encontramos as suas
gos. Os dados nos levam á conclusão de que não existe uma primeiras manifestações. Foi então que se começou a exi-
relação causal direta entre o sucesso escolar e empenho das gir que as escolas, por razões econômicas e igualitárias,
famílias em acompanhar os filhos em suas atividades escola- encontrassem formas de garantir o sucesso escolar de
res. Observa-se que em alguns casos a intervenção familiar, todos os seus alunos. O que era atribuído até então ao
embora positiva, tem efeito limitado sobre a aprendizagem foro individual, tornou-se subitamente um problema in-
do aluno, como, por exemplo, quando se garante a posse suportável sob o ponto de vista social. A preguiça, a falta
de livros de referência, mas esses não são efetivamente uti- de capacidade ou interesse, deixou de ser aceitas como
lizados pelos adultos da família. Além disso, demonstrou-se explicação para o abandono todos os anos de milhares
que as diferentes atitudes tomadas pelas famílias não são e milhares de crianças e jovens do sistema educativo. A
valorizadas da mesma forma nas diversas escolas onde es- culpa do seu insucesso escolar passou a ser assumida
ses alunos são atendidos. como um fracasso de toda a comunidade escolar. O sis-
tema não fora capaz de os motivar, reter, fazer com que
II. ANALISANDO O FRACASSO ESCOLAR tivessem êxito. O desafio tornou-se tremendo, já que to-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
40
É em grande parte por esta razão que hoje o principal -A origem social dos alunos tem sido a causa mais
problema educativo é o de identificar as manifestações usada para justificar os piores resultados, sobretudo
e as causas do insucesso escolar. A listagem destas não quando são obtidos por alunos originários de famílias de
pára de aumentar à medida que prosseguem os estudos. baixos recursos econômicos, onde, aliás, se encontra a
maior percentagem de insucessos escolares. Os sociólo-
Manifestações gos construíram a partir desta relação causa-efeito uma
verdadeira panóplia, determinantes sociais que permi-
As manifestações de insucesso escolar são múltiplas, tem explicar quase tudo:
mas três delas são particularmente referidas pela possibi- a) Nas famílias desfavorecidas, por exemplo, os pais
lidade que oferecem de se poder medir a própria eficácia tendem a ser mais autoritários, desenvolvendo nos fi-
do sistema educativo:
lhos normas rígidas de obediência sem discussão. Ora,
-Abandono da escola antes do fim do ensino obri-
gatório; quando estes chegam a adolescência revelam-se pior
– As reprovações sucessivas que dão lugar a gran- preparados para enfrentarem as crises de identidade-i-
des desníveis entre a idade cronológica do aluno e o nível dentificação, na afirmação da sua independência. A sua
escolar; Os níveis de fracasso que podem ser totais (em instabilidade emocional torna-se mais profunda, tradu-
todas as disciplinas ou quase) ou parciais (numa ou duas zindo a ausência de modelos e valores estáveis, levando-
disciplinas). -os a não investir na escola;
– A passagem dos alunos para tipos de ensino menos b) Os alunos oriundos destas famílias raramente são
exigentes, que conduzem a aprendizagens profissionais motivados pelos pais para prosseguirem os seus estudos;
imediatas, mas os afasta do ingresso no ensino superior. pelo contrário, ao mais pequeno insucesso, estes colo-
cam logo a questão da saída da escola, o que explica as
Causas mais elevadas taxas de abandono por parte destes alu-
nos;
É na listagem das causas onde aparecem naturalmen-
te as maiores controversas, o que se compreende já que c) A linguagem que estes alunos são obrigados a
a sua própria realização pressupõe que se identifiquem utilizar nos níveis mais elevados de ensino, sendo cada
também os seus responsáveis. Neste ponto ninguém vez mais afastada da que utilizavam no seu meio familiar,
se acha inteiramente culpado, o que em certo sentido aumenta-lhes progressivamente as suas dificuldades de
é mesmo verdade. A grande dificuldade destas análises, compreensão e integração, levando-os a desinteressa-
como veremos, reside na impossibilidade de se isolar as rem-se pela escola. Para prosseguirem nos estudos são
causas que são determinantes em todo o processo. obrigados a renunciarem à linguagem utilizada no seio
familiar.
Alunos
d) Os valores culturais destas famílias são, segundo
alguns sociólogos, opostos aos que a escola propõe e
-Atrasos do desenvolvimento cognitivo. As escalas
supõe (mérito individual, espírito de competição, etc). Pe-
psicométricas de inteligência tem sido apontadas como
rante este confronto de valores, os alunos que são oriun-
um bom indicador para identificar estas causas indivi-
dos destas famílias estão por isso pior preparados para
duais de insucesso escolar. O problema é que a grande
os partilharem. O resultado é não se identificarem com
maioria dos alunos que falham nos resultados escolares,
a escola. Nesta linha de ideias, Holligshead, afirmou que
tem um desenvolvimento normal. Há que não abusar
os mais desfavorecidos norteam-se por objetivos a curto
desta explicação…
-A instabilidade característica na adolescência, cons- prazo (o presente), o que estaria em contradição com os
ta entre as muitas causas individuais do insucesso. Ela objetivos visados pela educação (a longo prazo). Esta di-
conduz muitas vezes o aluno a rejeitar a escola, a desin- ferença de objetivos (e valores) acaba por os conduzir a
vestir no estudo das matérias, e frequentemente à indis- um menor investimento escolar.
ciplina. – A demissão dos pais da educação dos filhos, é hoje
uma das causas mais referidas. Envolvidos por inúmeras
Famílias solicitações quotidianos, muitas vezes nem tempo tem
para si próprios, quanto mais para dedicarem à educação
– Pais autoritários, conflitos familiares, divórcios li- dos filhos. Quando se dirigem às mesmas, raramente é
tigiosos, fazem parte de um extenso rol de causas que para colaborarem, quase colocam-se na atitude de meros
compradores de serviços, exigindo eficiência e poucos in-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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nos. Mas estamos longe de poder afirmar que uma aula – Clima de irresponsabilidade e de falta de trabalho.
completamente disciplinada, seja aquela onde o insuces- Os exemplos abundam para que esta afirmação careça
so escolar desapareça. de grandes justificações.
– Os professores no início do ano criam expectativas – Objetivos não partilhados. Se só alguns conhecem
positivas ou negativas sobre os alunos que acabam por os objetivos prosseguidos pela escola, ninguém se pode
influenciar o seu desempenho escolar. Embora não sejam identificar com ela. Não tarda que alguns se sintam como
os professores a inventar os bons e os maus alunos, as in- corpos estranhos, contribuindo para a sua desagregação
vestigações de Rosenthal e Jacobson, demonstraram que enquanto organização, provocando a desmotivação ge-
os preconceitos destes são muitas vezes inconscientes, neralizada.
prejudicando muitas vezes os alunos sem que os profes- – Falta de Avaliação. Ninguém sabe o que anda a fa-
sores se apercebam. Uma coisa parece certa, os alunos de
zer, numa organização que sistematicamente não ava-
baixa expectativa são mais prejudicados do que são favo-
recidos, os altamente expectados. Ora, acontece que os liam os seus resultados em função dos objetivos que de-
alunos de estatuto sócio-cultural mais baixo são os mais finiu, e muito menos se não procura identificar as causas
negativamente considerados, tornando-se as principais dos seus problemas. O clima de irresponsabilidade não
vítimas das expectativas negativas ou baixas. Os alunos tarda a instalar-se e com ele os maus resultados.
mais baixamente expectados são em geral mais mal tra- – A deficiente orientação vocacional que muitos alu-
tados pelos professores. nos revelam no ensina pós-obrigatório, é agravada pela
– Existe na cabeça da maioria dos professores, um ausência nas escolas de serviços de informação e orien-
padrão de avaliação que tende a coincidir com uma cur- tação adequados. Quem pode negar a pertinência desta
va normal. Assim, na avaliação que produzem, partem causa?
em geral do pressuposto que apenas alguns são bons, a – O elevado número de alunos por escola e turma,
maioria são médios, e proporcionalmente ao número dos tende igualmente não apenas a provocar o aumento dos
primeiros, existem uns quantos que são mesmo maus e conflitos, mas sobretudo a diminuir o rendimento indi-
tem que ser eliminados. vidual.
– A avaliação, conforme demonstram inúmeros estu- – A organização de turmas demasiado heterogêneas,
dos nunca é absoluta, pelo contrário varia em função de não apenas dificulta a gestão da aula pelo professor, mas
uma multiplicidade de fatores. As modas pedagógicas, também a sua coesão do grupo, traduzindo-se no incre-
o contexto escolar, os métodos de avaliação, as discipli-
mento de conflitos internos. Tudo somado tem mais uma
nas, os professores, os critérios utilizados, o modo como
causa para o insucesso.
estes são interpretados, etc. Em resumo: a avaliação dá
também um forte contributo para o insucesso escolar. – O clima escolar, isto é, a qualidade do meio inter-
– A dificuldade dos professores em lidarem com fe- no que se vive numa organização, é consensual que in-
nômenos de transferência, conduz por vezes a situações fluência bastante o comportamento dos seus membros
com graves reflexos no aproveitamento dos alunos. O contribuindo para o seu sucesso ou fracasso. O problema
docente ao ser identificado com o pai (mãe) que o alu- é que o clima escolar resulta de uma enorme variedade
no se deseja afastar, torna-se alvo contra o qual o alu- de fatores, sobretudo dos que são de natureza imaterial
no dirige toda a sua agressividade, gerando deste modo como as atitudes, esperanças, valores, preconceitos dos
permanentes conflitos na sala de aula, conduzindo-o ao professores e alunos, o tipo de gestão etc, e não tanto do
insucesso. ambiente físico (instalações, localização da escola, etc). O
– À crescente feminização do ensino são igualmen- problema é identificar quais são as causas determinantes
te atribuídas culpas pelo insucesso. As professoras, con- para um mau clima escolar. Uma coisa é certa, os alunos
forme apontam alguns estudos, parecem ter uma maior que trabalham num bom clima tendem a obter melhores
preferência pelas raparigas, o que poderá explicar o me- resultados que os restantes.
lhor aproveitamento destas face ao conseguido pelos ra- – As culturas organizacionais, sucedâneas no plano
pazes, os mais penalizados. teórico do conceito de clima escolar, têm obviamente as
suas cotas parte no insucesso escolar. O problema é que
Escolas
desde os anos 60 que não param de se identificar novos
A organização escolar pode contribuir de diferentes
tipos de culturas escolares.
formas para o insucesso dos alunos. Frequentemente es-
quece-se esta dimensão do problema, vejamos alguns No início apenas se diferenciou a culturas das esco-
casos típicos. las urbanas (antigas) e das suburbanas (recentes). Con-
– O estilo de liderança do diretor, presidente do con- cluiu-se então que nas primeiras a questão da disciplina
sobrepunha-se à preocupação com os resultados. As re-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
42
a) Na Escola Cívica, onde tudo está subordinado aos Sistema Educativo
diplomas oficiais, não há lugar para as diferenças indivi-
duais, muito menos para a inovação pedagógica, o que – Neste nível as causas apontadas são igualmente
conta são os regulamentos, as ordens dimanadas do Es- inúmeras, a começar pela pouca diversidade das ofertas
tado. Nesta escola, os que podem ter êxito são os mais formativas nos níveis terminais do sistema, em particular
obedientes, dóceis, ou seja, os que continuamente se no secundário. Outras vezes, quando existem, estão de-
anulam a si mesmos, na sua individualidade e nas suas sarticuladas, por exemplo, das necessidades do mercado
aspirações. de trabalho. O resultado final acaba por ser o seguinte:
b) Na Escola Doméstica, o estatuto de cada um de- ainda que o aluno tenha tido êxito no seu percurso es-
pende da sua posição numa hierarquia definida por uma colar, por desajustamento de competências está depois
voltado ao fracasso, na sua transição para a vida ativa.
rede de dependências pessoais. Os laços pessoais, a im-
– A elevada centralização do sistema de educativo,
portância relativa do grupo de pertença, a antiguidade
não apenas torna a capacidade de resposta (adaptação)
no território, estes são os únicos dados que contam para
muito lenta, como fomenta a irresponsabilidade ou a bu-
se ter êxito ou não. rocracia, ao nível local (as escolas).
c) Na Escola Industrial e de Mercado levam-se a sério
os grandes desafios da atual sociedade, privilegiando-se Sociedade
valores como “competência”, “especialização” e “capaci-
dade de inovação”. Estamos perante uma escola tecno- Ninguém tem dúvidas em concordar que a atual so-
crática, apostada em responder de forma adequada às ciedade assenta num conjunto de valores que desencora-
crescentes exigências do mercado. Os menos aptos, ou jam o estudo e promovem o insucesso escolar. Diversão,
os que possuem ritmos de aprendizagem mais lentos são Individualismo e Consumismo, três valores essenciais na
naturalmente sacrificados em nome das exigências im- sociedade atual, são em tudo opostos ao que a escola
postas pela competitividade. significa: atitudes refletida, procura incessante do saber e
d) A Escola Narcísica está sobretudo interessada na de valores perenes, etc.
imagem de si a partir do reflexo que produz nos outros. Embora estejam todas relacionadas entre si, sendo
Trata-se de uma escola construída a partir da produção causas e efeitos uma das outras, as razões para o fra-
de uma imagem de marca (“fachada”), onde tudo é feito casso escolar podem, para efeito didático, ser classifica-
em função deste objetivo mobilizador. Os resultados con- das ou agrupadas entre aquelas que estão relacionadas
cretos do ensino são claramente subalternizados, por um ao próprio indivíduo, ou aluno, como problemas físicos
discurso retórico de autossatisfação. ou psicológicos; as causas que estão relacionadas a es-
Em todas as culturas, uns são beneficiados, outros cola, como a qualidade de ensino entre outras; causas
que estão relacionadas à comunidade localizada, como
são conduzidos para o fracasso.
o próprio ambiente comunitário no que diz respeito às
condições de higiene e saúde, qualidade de vida e, ul-
Currículos
timamente, ao elevado nível de violência; e, finalmente,
– Defasagem no currículo escolar dos alunos. Os
as caudas pertencentes ao ambiente maior, que são as
alunos ingressam em novos ciclos, sem que possuam os condições gerais econômicas e políticas do país.
pré-requisitos necessários. Não há documento sobre a Quase sempre se ‘condena’ o fracasso escolar, cen-
avaliação curricular que não tenha uma referência crítica trando-se imediatamente, e quase que exclusivamente
esta questão. no aluno, elegendo-o como o principal responsável pelo
– Currículos demasiado extensos que não permitem seu próprio fracasso.
que os professores utilizem metodologias ativas, onde os O primeiro a se culpar é o próprio aluno. Não é raro
alunos tenham o lugar central. A necessidade de cumprir vermos estudantes julgando-os incapazes, ou incompe-
os programas inviabiliza a adoção de estratégias mais ati- tentes para assimilar o que é ensinado na escola.
vas, mas sobretudo retira tempo ao professor para ultra- Depois, quem os culpam são os professores, seja
passar as dificuldades individuais de aprendizagem que através das notas, seja através de comentários sobre a
constata nos alunos. capacidade ou incapacidade do aluno, que acaba nega-
– Desarticulação dos programas. Esta situação faz, tivando ainda mais o já abalado nível de autoestima do
por exemplo, com que os alunos repitam os mesmos con- estudante.
teúdos, de modo diverso e incoerente ao longo dos anos E, na sequência, os pais colaboram com essa auto-
e das disciplinas, levando-os a desinteressarem-se pelas destruição do filho, através de críticas ou mesmo pela
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Mas não só da escola depende essa carga. Houvesse A produção do fracasso escolar: estudos a partir
uma escola de padrão ideal, e ainda assim nos depararía- do cotidiano na escola
mos com essa grave situação de fracasso escolar, numa
das fases mais importantes da educação do indivíduo, De acordo com Patto (1988, p. 75), os professores
sendo exatamente por isso denominada de ensino fun- apresentam expectativas negativas no que se refere à
damental. E quando seriam as razões para esse fracasso? sua clientela. “A crença de que os integrantes das classes
populares são lesados do ponto de vista das habilida-
Se o aprendizado, como todos sabem, é de suma impor-
des perceptivas, motoras, cognitivas e intelectuais está
tância para o crescimento da pessoa, por que não é lava- disseminada no pensamento educacional brasileiro [...]”.
do a sério? Por que não se dá a ele a devida importância? Acreditam que as crianças mais empobrecidas economi-
Ou será que essa importância é dada, mas existem mo- camente não aprendem ou, se aprenderem, não o fazem
tivos bem mais profundos, enraizados em nosso meio, de maneira a atender as exigências mínimas da institui-
que impedem de encarar e levar adiante uma formação ção educacional. A ideia de que as crianças pobres não
escolar digna de assim ser chamada? têm habilidades para aprender, permeia o modo como o
professor vê e se relaciona com essas crianças, diz Patto
FALCÃO (1993) faz uma comparação: (p. 340). O mesmo pôde se observar na pesquisa realiza-
Já tentou ensinar um bebê a atender ao telefone? Ou da por Campos (1995, p. 98), onde por meio da fala das
ensinar datilografia a um analfabeto? Ou, quem sabe, em professoras entrevistadas foi possível perceber o precon-
ceito existente principalmente no que se refere à cliente-
dia de jogo intencional do Brasil, com todo o país mobili-
la da escola. Segundo ela, para as professoras “o fracasso
zado, e na sala as pessoas coladas ao rádio ou à televisão, escolar tem como causa primeira a inferioridade cultural
você experimentou chamar Juquinha ao quarto para uma e econômica das crianças que não aprendem devido aos
aula sobre Capitanias Hereditárias? (p.42). problemas familiares e intelectivos que enfrentam.” As-
sim, Estas concepções acerca da clientela de baixa renda
No dizer do autor, as perguntas acima são bastante que frequenta as escolas pesquisadas parecem justificar
simplórias, mas servem para chamar atenção para o fato na criança e em sua família as causas dos resultados insa-
de que nem todos estão prontos para aprender qualquer tisfatórios que estas professoras obtêm no plano peda-
coisa em todos os momentos. Segundo ele, há um deter- gógico, isentando-as em grande medida, da responsabi-
minado pré-requisito que precisa ser preenchido, que é lidade sobre tais resultados. (Idem, p. 102)
a maturação. A escola, revestida do poder hierárquico que lhe é
Devemos sempre estar atentos a real condição do concedido na sociedade capitalista, diante do fracasso
educador e do educando. O professor, como represen- escolar, direciona seu olhar às famílias, responsabilizan-
tante do papel que lhe é socialmente atribuído, ou seja, do-as pelas dificuldades apresentadas por seus filhos. As
ensinar, depara-se com vários dilemas seus que se mistu- justificativas na maioria das vezes dizem respeito à cons-
tituição familiar e até mesmo à ausência dos pais que
ram com o papel da profissão que ocupa. Os professores
precisam trabalhar e por isso passam pouco tempo com
assumem, além de ensinar, a disciplina e em tornar uni-
os filhos.
forme o que é diferente, produzindo assim, via educação, Ao analisar as entrevistas realizadas durante sua pes-
os privilégios e os sofrimentos. quisa, Campos (1995, p. 100) conclui:
Sempre que a escola falha na assistência e na forma- Preconceitos e estereótipos sobre o pobre e a pobre-
ção do aluno quebra-se um elo no ritmo natural de um za são em maior ou menos grau observados como justifi-
desenvolvimento potencial de conquistas, estabelecendo cadores das dificuldades de aprendizagem escolar. Estes
a desordem. Desordem que pode levar a vida do aluno estereótipos giram em torno da inadequação da família,
ao caos e que se reflete na desestruturação da sociedade. quer por uma suposta ausência dos pais no lar, quer pela
Sempre que a escola desvirtua seu papel primordial, de- forma como deduzem que estas famílias se organizam
sencadeia-se um mecanismo automático de ressonância, ou por possíveis problemas morais ou psíquicos que lhes
que passa a repercutir na ordem social de uma cidade, de são constantemente atribuídos.
um país, do mundo. As justificativas para o fracasso escolar que se an-
Na criança problema nos dias de hoje não se faz coram na ideia de que ele advém das dificuldades fi-
igualdade social, se faz justiça social, pois não é todo nanceiras por que passam os pobres, apesar de serem
mundo igual e devem-se reconhecer essas diferenças, constantes na fala das professoras, não são justificativas
mas a escola nivela todos como iguais e não se adequa pautadas na literatura educacional de acordo com Patto
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e estereótipos, a escola acaba por apresentar às famílias crianças como se elas mesmas tivessem dificuldades em
as dificuldades de seus filhos como algo inerente ao su- aprender e que, sem apresentar qualquer problema bio-
jeito, direcionando-lhes toda a responsabilidade por seu lógico ou necessidades educativas especiais acabam sen-
insucesso escolar. De acordo com Campos (1995, p. 96): do medicadas diante da falta de condições da escola em
Nas interrelações que ocorrem entre as instituições cumprir seu papel: ensinar. Há de se considerar, entre-
família/escola circulam concepções e conhecimentos acer- tanto, que existem crianças que apresentam problemas
ca do insucesso escolar das crianças. No entanto as con- de ordem biológica e que necessitam de cuidados da
cepções veiculadas pela instituição escolar, muitas vezes, área da saúde, inclusive de uma intervenção medicamen-
fornecem a aparência de legitimidade às desigualdades tosa e, nesses casos, os fatores biológicos não podem
sociais uma vez que a institucionalização da escola lhe de- ser ignorados. Esta é uma discussão bastante importante,
lega um lugar de poder junto a instituição família. porém, não será objeto de estudo neste texto.
O fracasso escolar tem sido naturalizado por todos De acordo com Moysés e Collares (1986, p. 10):
os envolvidos no processo educacional. De acordo com A medicalização de uma questão consiste na busca de
Patto (1996, p. 346), a ação pedagógica ineficaz tem sido causas e soluções médicas, a nível organicista e individual,
constantemente justificada por se tratar de um trabalho para problemas de origem eminentemente social. Este
realizado com famílias economicamente pobres que, por processo ocorre na educação quando, frente às altas taxas
isso, já trazem consigo deficiências que naturalmente de fracasso escolar, tenta-se localizá-lo na própria crian-
impedem o sucesso de qualquer trabalho pedagógico ça, explicando-o através de doenças. Isenta-se, assim, de
desenvolvido com essas crianças, dispensando assim re- responsabilidades a instituição escolar e o sistema social.
flexões sobre a prática pedagógica e quão agressiva ela
pode ser sem que se faça essa reflexão. É o preconceito Através da medicalização, os olhares se voltam para
que parece permear a relação entre professor e aluno.
o indivíduo, ignorando-se um problema que é social, na
Campos (1995) após entrevistar algumas famílias ob-
medida em que o transforma em biológico, individual.
servou que elas veem na escola a possibilidade dos filhos
Apresentar a criança como portadora dos distúrbios de
construírem uma história diferente, longe das dificulda-
aprendizagem faz com que os olhares e a responsabili-
des que são constantes em seu cotidiano. Evidencia-se
dade pelo fracasso escolar se voltem para ela, inviabili-
que, para essas famílias, a escolarização dos filhos lhes
é importante, uma vez que entendem ser esse o cami- zando assim um olhar mais cuidadoso para fatores in-
nho para construir uma vida com menos dificuldades que traescolares como produtores de tal fracasso. Moysés e
eles, pais, construíram. Collares (1992, p. 32) afirmam que:
No que se refere à evasão escolar identificada na dé- A biologização – e consequente patologização – da
cada de 1980, é importante considerar, segundo Patto aprendizagem escamoteia os determinantes políticos e
(1988), o que se denomina evasão, na verdade se trata pedagógicos do fracasso escolar, isentando de responsa-
de exclusão, pois, a escola que se dizia gratuita, exigia bilidades o sistema social vigente e a instituição escolar
materiais escolares e uniformes, o que demandava con- nele inserida. E os distúrbios de aprendizagem são uma
dições financeiras dos pais para manterem seus filhos na das formas de expressão mais em moda, na atualidade,
escola. Porém, é curioso observar que apesar de todas as dessa biologização da educação e, mais especificamente,
dificuldades financeiras, as famílias insistiam em manter do fracasso escolar.
seus filhos na escola: acreditavam nela. O uso de medicamentos para resolver problemas
Em sua pesquisa, Campos (1995, p. 116) observou como a dificuldade em aprender - da forma como a
também que o trabalho aparece como atividade mais escola ensina - tem sido mais frequente a cada dia. De
importante na vida das famílias pesquisadas. Assim, al- acordo com Werner (2001), o índice de famílias que bus-
guns pais diante da dificuldade financeira, se conformam cam na medicina a solução para os supostos problemas
quando os filhos abandonam os estudos principalmen- apresentados por seus filhos, só faz crescer, pois, muitas
te se for para trabalhar e ajudar a família. Apesar de se
vezes “sequer existem problemas de saúde e a deman-
manter a crença de que a escola pode trazer condições
da aos serviços de saúde é para que se detecte algum
de uma vida melhor, a necessidade imediata de sobre-
problema que possa ser responsabilizado pelo fracasso
vivência acaba por falar mais alto. A aceitação das fa-
dessas crianças” (Idem, p. 46). Compreender os determi-
mílias diante do abandono dos estudos pelos filhos é
nantes sociais, políticos e econômicos é da maior impor-
ainda maior quando se trata daqueles que apresentam
tância por sabermos que a escola não é autônoma frente
dificuldades escolares, pois, diante de tais dificuldades,
a essas questões. No entanto, o olhar mais abrangente
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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gerado questionamentos por parte de profissionais e “Mostram-se desligados em sala de aula, resolvem os
especialistas de diversas áreas. Há denúncias de que os problemas muito lentamente.”; “Nunca querem fazer nada,
interesses econômicos das indústrias farmacêuticas esta- não ficam no lugar, estragam tudo o que têm, riscam as
riam favorecendo a tendência de profissionais da saúde carteiras e a parede.”; “Passam por sérios problemas na
e da educação no sentido de transformarem problemas família, não se interessam por nenhuma atividade.”; “Eles
sociais em problemas biológicos, inerentes ao indivíduo vêm sujos para a escola, passam fome, os pais falam erra-
e, a solução para tal problema seria o uso de psicofárma- do, o que pode se esperar dessas crianças?”
cos. Ainda na justificativa para o Projeto de Lei, a Edu- Segundo a autora, foi possível observar também que
cação aparece como uma grande área em que se tem as práticas de ensino nunca eram avaliadas pelas pro-
praticado tal uso indiscriminadamente. De acordo com o fessoras, pois segundo elas, não adiantava fazer plane-
documento, “no Manifesto do Fórum sobre Medicaliza- jamentos, pois os alunos não aprenderiam de maneira
ção da Educação e da Sociedade, encontramos o seguin- nenhuma. Nas falas acima é possível perceber o pre-
te:” A aprendizagem e os modos de ser e agir - campos conceito presente nas professoras com relação aos seus
de grande complexidade e diversidade - têm sido alvos alunos. Podemos nos reportar novamente a Patto (1996)
preferenciais da medicalização. Cabe destacar que, histo- no que se refere ao preconceito apresentado por alguns
ricamente, é a partir de insatisfações e questionamentos professores diante de alunos pertencentes à classe eco-
que se constituem possibilidades de mudança nas formas nomicamente mais pobre. A eles e suas famílias não cabe
de ordenação social e de superação de preconceitos e de- apenas a responsabilidade pelas dificuldades em apren-
sigualdades. (p. 2) der, mas também por destruírem tudo o que têm, por
irem sujos à escola, por passarem fome, por terem os
De acordo com a nova Lei pais dificuldades em falar corretamente etc. Todo esse
aparato de observações permite a alguns profissionais
Art. 14-A. O uso de psicofármacos em crianças e ado- da educação não se preocuparem com planejamentos de
lescentes obedecerá aos seguintes requisitos e às normas aulas, muito menos olharem para questões mais amplas
contidas nos regulamentos aplicáveis: como suas práticas pedagógicas e para o próprio sistema
I - comprovada necessidade do uso de psicofármacos, educacional.
o qual deve ocorrer em conformidade com os protocolos De acordo com Abramowicz, Rodrigues e Cruz (2009,
clínico-terapêuticos aprovados pelo Ministério da Saúde, p. 112),
ou por entidade por ele designada, com a explicitação das O debate e a ênfase que se dá à relação entre desi-
indicações terapêuticas e dos requisitos a serem cumpridos gualdade social e não aprendizagem continuam presentes
para comprovação diagnóstica, além dos critérios de uso como razão fundamental e explicativa dos baixos desem-
de cada psicofármaco, que devem incluir a faixa etária a penhos escolares de alunos das classes populares, discus-
que ele se destina e os riscos associados a esse uso; são reatualizada também nos fóruns mundiais, segundo
avaliações globais.
II - proibição da medicalização psicofarmacológica in-
Na pesquisa que realizou em escolas das redes es-
discriminada, inadequada, desnecessária ou excessiva.
tadual e municipal sobre as representações sociais refe-
Parágrafo único. Será promovida, em caráter perma-
rentes à repetência e sua relação com o fracasso escolar,
nente, campanha de esclarecimento para pais, educadores
Silva (2008, p. 102), nos diz que:
e alunos com vistas a prevenir a medicalização psicofar-
As queixas da culpabilidade da família pelo insucesso
macológica indiscriminada, inadequada, desnecessária ou
do aluno foi um dos itens que mais apareceu no relato
excessiva em crianças e adolescentes.
dos professores de ambas as redes de ensino. Queixam-se
Cabe mais uma vez salientar que não se trata aqui
que os pais não comparecem ao chamamento da escola,
de crianças com problemas orgânicos que demandam
não cobram as atividades de casa de seus filhos, não têm
cuidados médicos e mesmo nutricionais, mas, sim, de
formação e nem comprometimento com a educação dos
crianças que por deficiência ou insuficiência nas práticas filhos.
pedagógicas acabam sendo encaminhadas para o setor (...) Também relatam que os pais esperam que a escola
da saúde e medicadas, objetivando resolver um proble- eduque seus filhos, forme valores, discipline e coloque li-
ma que é da ordem do social e da educação. mite para eles. Esperam que a escola dê uma educação de
qualidade e acompanhe a vida emocional dos seus filhos.
Os mitos sobre o fracasso escolar e suas causas: Novamente as pesquisas nos mostram que já na pri-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
algo mudou nas últimas décadas? meira década do século XXI, os olhares continuam se vol-
tando para as famílias quando se trata das dificuldades
No que concerne ao fracasso escolar, os estudos rea- escolares dos filhos.
lizados na primeira década do século XXI, nos permite
identificar que quase nada mudou no que se refere ao Fracasso escolar: ausência da família?
entendimento sobre suas causas.
De acordo com Cristofoleti (2004, p. 16), as profes- Na idade média, como nos diz Ariès (1986), por vol-
soras da escola em que realizou sua pesquisa, diziam-se ta dos sete anos de idade, quando já não precisavam
desejosas por ensinar, contudo, seus esforços eram em mais de suas mães ou amas, as crianças começavam a se
vão, pois segundo elas os alunos misturar com os adultos participando inclusive das ati-
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vidades diárias de trabalho. O papel da família era o de tes pilares da sociedade. Neste contexto, a educação for-
transmitir a vida, os bens e os nomes, porém, não havia mal era oferecida apenas aos homens. Às mulheres eram
espaço para laços afetivos entre seus membros. oferecidos ensinamentos sobre como deveriam cuidar da
Por volta do século XV iniciou-se uma preocupação casa e dos filhos. Objetivava-se prepará-las para as tare-
maior com a educação. É nesse contexto que a ordem fas domésticas e simultaneamente impedir que criassem
religiosa começa a se dedicar mais ao ensino. Segundo problemas para seus maridos e para a sociedade caso ti-
o autor (Idem, p. 277): “[...] ensinaram aos pais que eles vessem algum tipo de conhecimento além do necessário
eram guardiães espirituais, que eram responsáveis pe- para serem boas esposas e donas de casa.
rante Deus pela alma, e até mesmo, no final, pelo corpo A visão da família como primeiro grupo socializador
de seus filhos”. Passou-se a acreditar que a criança não da criança pode ser observada com clareza nos trabalhos
estava preparada para o convívio com o adulto, sendo de Talcott Parsons cuja reflexão sociológica sobre a famí-
necessária uma preparação antes de tal acontecimento. lia influenciou, na década de 1950, o pensamento norte-
Essa preocupação com a educação começou a trans- -americano, com reflexos sobre a sociologia no Brasil. Tal
formar a sociedade e a relação entre pais e filhos. No reflexão foi apresentada na teoria funcionalista. Buschini
final do século XVII, já não havia mais a ideia de apenas (1989, p. 2) explica que:
colocar os filhos no mundo nem a preocupação apenas Segundo essa corrente, cujo maior expoente foi Talcott
em preparar o filho mais velho para a vida; essa preocu- Parsons, a família é, sobretudo uma agência socializadora,
pação já se estendia a todos os filhos, inclusive às meni- cujas funções concentram-se na formação da personali-
nas cuja preparação seria oferecida pela escola. Foi essa dade dos indivíduos. Tendo perdido, ao longo da história,
nova e grande preocupação dos pais com a educação as funções de unidade de produção econômica e de parti-
que fez com que a escola se desenvolvesse. As famílias cipação política, a família teria as funções básicas de so-
que tinham essa preocupação eram vistas com mais cialização primárias das crianças e de estabilização das
respeito pela sociedade, uma vez que sua preocupação personalidades adultas da população.
não se restringia apenas em dar à vida a seus filhos, mas No modelo proposto por Parsons para estudar a fa-
também e principalmente a lhes proporcionar condições mília, os membros do grupo familiar deveriam desem-
para que tivessem uma vida melhor. penhar papéis diferentes e complementares, deixando
Ainda de acordo com Ariès (Idem, p. 277) “A família claramente definidos os papeis masculinos e femininos.
e a escola retiraram juntas a criança da sociedade dos Nesse movimento, o homem seria o líder instrumental
adultos. A escola, porém confinou uma infância outrora da família e a mulher a responsável por assuntos inter-
livre num regime disciplinar cada vez mais rigoroso, que nos e domésticos.
nos séculos XVII e XIX resultou no enclausuramento total Com a inserção da mulher no mercado de trabalho
do internato”. por volta da década de 1960, houve mudanças no mo-
No que se refere ao estudo da família, ao longo da delo familiar antes patriarcal. A mulher passa a dividir
história, a matriz conceitual mais utilizada também no com o homem a responsabilidade pelo sustento do lar e
Brasil, foi o modelo de família patriarcal. Segundo Teruya a ser mais ativa nas decisões domésticas e, consequen-
(2000, p. 3): temente, algumas responsabilidades que antes eram
O modelo de família patriarcal pode ser assim des- consideradas predominantemente femininas, passam a
crito: um extenso grupo composto pelo núcleo conjugal ser também assumidas pelos homens. Essa transforma-
e sua prole legítima, ao qual se incorporavam parentes, ção faz com que o modelo familiar nascente caminhe na
afilhados, agregados, escravos e até mesmo concubinas direção da igualdade de poder, de direitos e de respon-
e bastardos; todos abrigados sob o mesmo domínio, na sabilidades. Além disso, a atenção que antes era voltada
casa-grande ou na senzala, sob a autoridade do patriar- exclusivamente para a relação marido/mulher, começa
ca, dono das riquezas, da terra, dos escravos e do mando a destinar seus olhares para outras relações intrafami-
político. Ainda se caracterizaria por traços tais como: baixa liares, como a relação entre irmãos e entre pais e filhos.
mobilidade social e geográfica, alta taxa de fertilidade e Apesar das transformações nos modelos familiares,
manutenção dos laços de parentesco com colaterais e as- não se pode negar sua importância como primeiro nú-
cendentes, tratando-se de um grupo multi-funcional. cleo social em que a criança vive. A família é a responsá-
O modelo de família patriarcal existente até o século vel pelo processo de socialização primária da criança. De
XIX e que começou a se transformar apenas no início do acordo com Ribeiro (2011, p. 1):
século XX quando as famílias antes rurais começam a mi- A socialização primária diz respeito aos primeiros
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
grar para meio urbano, abrigava em seu seio, não apenas contatos sociais da criança e se dá com a presença dos
pai, mãe e filhos, mas também todas as pessoas envol- outros significativos que lhe apresentam a realidade em
vidas no funcionamento do lar. Esse modelo de família que vivem e como a percebem. É também neste contato
remete-se a tempos onde os senhores mantinham em que a criança começa a significar os elementos culturais
seus lares empregados ou escravos, parentes, agregados presentes na sociedade em que está inserida. Faz parte
entre outros. O detentor do poder era o pai, devendo desse processo a família e as pessoas mais próximas à
ser respeitadas todas as suas ordens e vontades - todos criança.
estavam sujeitos à sua autoridade. Ainda no início do É na relação intrafamiliar que se vai conhecendo e
século passado, esse modelo podia ser observado com (re)conhecendo os papeis sociais. Para Dessen e Polonia
clareza. A família era vista como um dos mais importan- (2007, p. 24):
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A família também é a responsável pela transmissão O insucesso escolar deveria suscitar a análise de cau-
de valores culturais de uma geração para outra. Essa sas dos problemas que interferiram na aprendizagem,
transmissão de conhecimentos e significados possibilita avaliando o peso das condições escolares, familiares e in-
o compartilhar de regras, valores, sonhos, perspectivas dividuais do aluno. O que se constata é que, em vez disso,
e padrões de relacionamentos, bem como a valorização o comportamento mais comum diante do fracasso escolar
do potencial dos seus membros e de suas habilidades em é a atribuição de culpas, que geralmente provoca o afas-
acumular, ampliar e diversificar as experiências. tamento mútuo. (Idem, p. 31)
Quando nos referimos à responsabilidade da famí- As autoras lembram que na relação escola-família é
lia no processo educacional da criança, entendemos sua importante identificar o papel de cada um no processo
responsabilidade não apenas na figura materna, mas de aprendizagem da criança. A escola tem a atribuição
também na figura paterna. Contudo, um projeto apre- de ensinar, contudo, conta com a ajuda da família, por
sentado em 2001 durante o governo de Fernando Hen- exemplo, quando manda atividades para que a criança
rique Cardoso, denominado “Dia Nacional da Família faça em casa.
na Escola”, teve como objetivo incentivar a participação
das famílias no ambiente escolar, principalmente das Podemos perceber, de acordo com as pesquisas
mães, por considerar essa relação muito importante para apresentadas, que a escola tem sentido falta da partici-
melhorar a qualidade do ensino no país. Para a imple- pação da família no processo educacional das crianças,
mentação desse projeto, as escolas receberam materiais considerando o que chamam de “ausência” da família
explicativos, bem como um cronograma com os dias es- como causa das dificuldades escolares dos alunos. O
pecíficos em que tal encontro deveria ocorrer. É curioso que parece ocorrer é que a escola tem esperado (e os
observarmos que tal proposta enfatizava a importância professores se preparado para) receber crianças idealiza-
principalmente da presença materna no ambiente esco- das - há expectativas que, na maioria das vezes, não se
lar e na ajuda oferecida às crianças em casa. Esse proje- confirmam na prática. As crianças que chegam à escola
to, além de outros como o Programa Bolsa-Escola, foi são reais, filhos de famílias concretas, com problemas e
apresentado pautado na ideia de que o bom desempe- condicionantes sociais, econômicos, afetivos, igualmente
nho escolar está intimamente ligado à presença e a par- encarnados e nada parecidos com o que, muitas vezes,
ticipação das famílias, principalmente das mães nas ati- está no imaginário dos professores.
vidades escolares que os filhos precisam fazer em casa. Após um breve levantamento histórico, percebemos
De acordo com Klein (2005), um discurso do então mi- que muitas das pesquisas revelaram que as justificativas
nistro da Educação Paulo Renato de Souza, deixou bem para o fracasso escolar estavam, na maioria das vezes, na
claro sua crença de que o bom desempenho escolar das “incapacidade” de a família educar seus filhos. A discus-
crianças está intimamente relacionado à participação fa- são sobre a relação entre a família e a escola permanece.
miliar na vida dos alunos: “Temos inúmeros estudos que 9
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com a importância do planejamento, uma vez que ele vi- grande resistência ao planejamento, contém os mais efe-
sava a suprir as necessidades de um comércio em ascen- tivos anos em termos da compreensão da necessidade,
são que exigia uma nova organização. Com isso pode-se do estudo, do esclarecimento e da confirmação desta
dizer que foi a partir desta época que o planejamento se ferramenta. ”.
universalizou. A citação demonstra a dimensão da necessidade de
Na educação esta realidade também não poderia ter se compreender a importância do ato de planejar, não
sido diferente, uma vez que, segundo Kuenzer “o plane- apenas no nosso dia-a-dia, mas principalmente, no dia-
jamento de educação também é estabelecido a partir das -a-dia de sala de aula.
regras e relações da produção capitalista, herdando, por- Para Moretto (2007), planejar é organizar ações. Essa
tanto, as formas, os fins, as capacidades e os domínios do é uma definição simples, mas que mostra uma dimensão
capitalismo monopolista do Estado. ” da importância do ato de planejar, uma vez que o pla-
Aqui no Brasil, Padilha explica que “Durante o regime nejamento deve existir para facilitar o trabalho tanto do
autoritário (1964-1985), eles foram utilizados com um professor como do aluno.
sentido autocrático. Toda decisão política era centraliza- O planejamento deve ser uma organização das ideias
da e justificada tecnicamente por tecnocratas à sombra e informações.
do poder. ” Kuenzer complementa a citação acima expli- Gandin (2008) sugere que se pense no planejamento
cando que “A ideologia do Planejamento então ofere- como uma ferramenta para dar eficiência à ação humana,
cida a todos, no entanto, escondia essas determinações ou seja, deve ser utilizado para a organização na tomada
político-econômicas mais abrangentes e decididas em de decisões e para melhor entender isto precisa-se com-
restritos centros de poder. ” preender alguns conceitos, tais como: planejar, planeja-
O regime autoritário fez com que muitos educadores mento e planos que segundo Menegolla & Sant’Anna
criassem uma resistência com relação à elaboração de (2001) “são palavras sofisticadamente pedagógicas e que
planos, uma vez que esses planos eram supervisionados “rolam” de boca em boca, no dia-a-dia da vida escolar. ”
ou elaborados por técnicos que delimitavam o que pro- Porém, para Padilha (2003, p. 29), estes termos têm sido
fessor deveria ensinar, priorizando as necessidades do compreendidos de muitas maneiras. Dentre elas desta-
regime político. “Num regime político de contenção, o ca-se:
planejamento passa a ser bandeira altamente eficaz para
o controle e ordenamento de todo o sistema educativo”. - Planejamento:
Apesar de se ter claro a importância do planejamento “É um instrumento direcional de todo o processo edu-
na formação, Fusari (2008) explica que: cacional, pois estabelece e determina as grandes urgên-
“Naquele momento, o Golpe Militar de 1964 já im- cias, indica as prioridades básicas, ordena e determina
plantava a repressão, impedindo rapidamente que um todos os recursos e meios necessários para a consecução
trabalho mais crítico e reflexivo, no qual as relações entre de grandes finalidades, metas e objetivos da educação. ”
educação e sociedade pudessem ser problematizadas,
fosse vivenciadas pelos educadores, criando, assim, um - Plano Nacional de Educação:
“terreno” propício para o avanço daquela que foi deno- “Nele se reflete a política educacional de um povo,
minada “tendência tecnicista” da educação escolar. ” num determinado momento histórico do país. É o de
Mas não se pode pensar que o regime político era o maior abrangência porque interfere nos planejamentos
único fator que influenciava no pensamento com relação feitos no nível nacional, estadual e municipal. ”
à elaboração dos planos de aulas; as teorias da adminis-
tração também refletiam no ato de planejar do professor, - Plano de Curso:
uma vez que essas teorias traziam conceitos que iriam “O plano de curso é a sistematização da proposta ge-
auxiliar na definição do tipo de organização educacional ral de trabalho do professor naquela determinada disci-
que seria adotado por uma determinada instituição. plina ou área de estudo, numa dada realidade. Pode ser
No início da história da humanidade, o planejamento anual ou semestral, dependendo da modalidade em que
era utilizado sem que as pessoas percebessem sua impor- a disciplina é oferecida. ”
tância, porém com a evolução da vida humana, principal-
mente no setor industrial e comercial, houve a necessi- - Plano de Aula:
dade adaptá-lo para os diversos setores. Nas escolas ele “É a sequência de tudo o que vai ser desenvolvido
também era muito utilizado; a princípio, o planejamento em um dia letivo. (...) é a sistematização de todas as ati-
era uma maneira de controlar a ação dos professores de vidades que se desenvolvem no período de tempo em
modo a não interferir no regime político da época. Hoje que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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mento e a proposta pedagógica da instituição. É um que acontece é que o professor faz um apanhado geral
processo de organização e coordenação da ação dos dos conteúdos dispostos no material e confronta com o
professores. Ele articula a atividade escolar e o contexto tempo que tem disponível para ensinar esses conteúdos
social da escola. É o planejamento que define os fins do aos alunos e a partir desses dados divide-os atribuindo a
trabalho pedagógico. ” este ato erroneamente o nome de plano de aula.
Os conceitos apresentados têm por objetivo mos- “Muitas vezes os professores trocam o que seria o seu
trar para o professor a importância, a funcionalidade e planejamento pela escolha de um livro didático. Infeliz-
principalmente a relação íntima existente entre essas ti- mente, quando isso acontece, na maioria das vezes, esses
pologias. Segundo Fusari (2008), “Apesar de os educa- professores acabam se tornando simples administrado-
dores em geral utilizarem, no cotidiano do trabalho, os res do livro escolhido. Deixam de planejar seu trabalho
termos “planejamento” e “plano” como sinônimos, estes a partir da realidade de seus alunos para seguir o que o
não o são. ” Outro aspecto importante, segundo Schmitz autor do livro considerou como mais indicado”.
(2000) é que “as denominações variam muito. Basta que Outra situação muito comum em relação à elabora-
fique claro o que se entende por cada um desses planos ção do plano de aula é que “em muitos casos, os profes-
e como se caracterizam. ” O que se faz necessário é estar sores copiam ou fazem cópia do plano do ano anterior
consciente que: e o entregam a secretaria da escola, com a sensação de
“Qualquer atividade, para ter sucesso, necessita ser mais uma atividade burocrática”.
planejada. O planejamento é uma espécie de garantia Luckesi (2001) afirma que o ato de planejar, em nosso
dos resultados. E sendo a educação, especialmente a país, principalmente na educação, tem sido considerada
educação escolar, uma atividade sistemática, uma orga- como uma atividade sem significado, ou seja, os profes-
nização da situação de aprendizagem, ela necessita evi- sores estão muito preocupados com os roteiros bem ela-
dentemente de planejamento muito sério. Não se pode borados e esquecem do aperfeiçoamento do ato político
improvisar a educação, seja ela qual for o seu nível. ” do planejamento.
Os professores precisam quebrar o paradigma de
Professor x Plano de Aula: Inimigos Ou Aliados? que o planejamento é um ato simplesmente técnico e
“A educação, a escola e o ensino são os grandes passar a se questionarem sobre o tipo de cidadão que
meios que o homem busca para poder realizar o seu pro- pretendem formar, analisando a sociedade na qual ele
jeto de vida. Portanto, cabe à escola e aos professores o está inserido, bem como suas necessidades para se tor-
dever de planejar a sua ação educativa para construir o nar atuante nesta sociedade. Para Luckesi (2001):
seu bem viver. “O planejamento não será nem exclusivamente um
A citação acima deixa clara a importância tanto da ato político-filosófico, nem exclusivamente um ato téc-
escola como dos professores na formação humana; por nico; será sim um ato ao mesmo tempo político-social,
este motivo todas as ações educativas devem ter como científico e técnico: político-social, na medida em que
perspectiva a construção de uma sociedade consciente está comprometido com as finalidades sociais e políticas;
de seus direitos e obrigações, sejam eles individuais ou científicas na medida em que não pode planejar sem um
coletivos. conhecimento da realidade; técnico, na medida em que
Infelizmente, apesar do planejamento da ação edu- o planejamento exige uma definição de meios eficientes
cativa ser de suma importância, existem professores que para se obter resultados. ”
são negligentes na sua prática educativa, improvisando O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico
suas atividades. Em consequência, não conseguem al- em detrimento do lado político-social ou vice-versa, am-
cançar os objetivos quanto à formação do cidadão. bos são importantes. Por este motivo, devem ser muito
“A ausência de um processo de planejamento de ensi- bem pensados ao serem formulados visando à transfor-
no nas escolas, aliado às demais dificuldades enfrentadas mação da sociedade.
pelos docentes do seu trabalho, tem levado a uma con-
tínua improvisação pedagógica das aulas. Em outras pa- Plano de Aula: do senso comum à consciência fi-
lavras, aquilo que deveria ser uma prática eventual acaba losófica
sendo uma “regra”, prejudicando, assim, a aprendizagem
dos alunos e o próprio trabalho escolar como um todo. ” Considerando que o planejamento deve ser pensa-
Para Moretto (2007) “Há, ainda, quem pense que sua do como um ato político- -social, não se pode conceber
experiência como professor seja suficiente para ministrar que o professor não realize o mínimo de planejamento
suas aulas com competência. ” Professores com este tipo necessário para seus alunos, afinal, o planejamento, no
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de pensamento desconhecem a função do planejamento processo educativo, segundo Menegolla & Sant’Anna
bem como sua importância. Simplesmente estão preocu- (2001), não deve ser visto como regulador das ações hu-
pados em ministrar conteúdos, desconsiderando a reali- manas, ou seja, um limitador das ações tanto pessoais
dade e a herança cultural existente em cada comunidade como sociais, e sim ser visto e planejado no intuito de
escolar bem como suas necessidades. nortear o ser humano na busca da autonomia, na tomada
Outro aspecto que vem influenciando o ato de pla- de decisões, na resolução de problemas e principalmente
nejar dos professores são os materiais didáticos ou as na capacidade de escolher seus caminhos.
instruções metodológicas para os professores que acom- “Essencialmente, educar/ensinar é um ato político.
panham estes materiais. Na presente pesquisa não se Entendamos bem essa proposição: a essência política
pretende discutir se eles são bons ou ruins e sim a forma do ato pedagógico orienta a práxis do educador quanto
com a qual estão sendo utilizados pelos professores. O aos objetivos a serem atingidos, aos conteúdos a serem
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transmitidos e aos procedimentos a serem utilizados, de carreira, pois, para Schmitz (2000), esses profissionais
quando do trabalho junto a um determinado grupo de iniciando sua carreira no magistério adquirem confiança
alunos. ”. para dar aula, uma vez que, no plano de aula, é possível
Menegolla & Sant’Anna (2001) ainda completam ar- esclarecer os objetivos da mesma, sistematizar as ativida-
gumentando que o plano das aulas visa à liberdade de des e facilitar seu acompanhamento.
ação e não pode ser planejado somente pelo bom senso, Mediante todos os fatos pesquisados até agora, não
sem bases científicas que norteiem o professor. Segun- se discute a necessidade e a importância de se elabo-
do Gutenberg (2008) essa base científica utilizada para rar o plano de aula, porém, segundo Schmitz (2000), ele
organizar o trabalho pedagógico são os pilares e prin- não precisa ser descrito minuciosamente, mas deve ser
cípios da Educação, anunciados e exigidos pela Lei de estruturado, escrito ou mentalmente. “Trata-se de fazer
Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96); por este uma organização mental e uma tomada de consciência
motivo faz-se necessário conhecê-los e compreendê-los do que o professor de fato pretende fazer e alcançar. Se
muito bem. tiver esse planejamento presente, evitará ser colhido de
“Todo mestre precisa entender que esse conjunto de surpresa por acontecimentos imprevistos. A sua criativi-
regras, embora pareça muito burocrático e teórico para dade, a sua intuição, torna-se mais aguçada e com mais
uns, ou mesmo inútil para outros, trata-se de uma tenta- facilidade percebe novas oportunidades. ”
tiva clara para que os alunos aprendam e apreendam o Alguns autores sugerem que o planejamento tenha
que for necessário durante o período escolar. ” algumas etapas principais, pois serão estas etapas que
Partindo do princípio de que o professor deve ensinar darão uma visão do que é necessário e conveniente ao
os conteúdos e também formar o aluno para que ele se professor e aos alunos. São elas:
torne atuante na sociedade, ele deve organizar seu plano
de aula de modo que o aluno possa perceber a impor- - Objetivos:
tância do que está sendo ensinado, seja num contexto “Os objetivos indicam aquilo que o aluno deverá ser
histórico, para o seu dia-a-dia ou para seu futuro. capaz como consequência de seu desempenho em ati-
É claro que integrar estes dois aspectos, senso co- vidades de uma determinada escola, série, disciplina ou
mesmo uma aula. ”
mum e consciência filosófica, nem sempre é tão fácil.
Para que isso aconteça faz-se necessário muito empenho
- Conteúdo:
por parte do professor.
“É um conjunto de assuntos que serão estudados
“(...) um mínimo de intimidade com a realidade con-
durante o curso em cada disciplina. Assuntos que fazem
creta das escolas é necessário à formação do educador.
parte do acervo cultural da humanidade traduzida em
Sem isso, abre-se a possibilidade de improvisação ou, o
linguagem escolar para facilitar sua apropriação pelos
que é pior, de experimentação para ver se “dá certo” em
estudantes. Estes assuntos são selecionados e organi-
termos do encaminhamento do ensino. Até que o pro-
zados a partir da definição dos objetivos, sendo assim
fessor se situe criticamente no contexto de sala de aula, meios para que os alunos atinjam os objetivos de ensino”.
os alunos passam a ser cobaias desse profissional. ”
Menegolla & Sant’Anna (2001) explicam que o plane- - Metodologia:
jamento também serve para desenvolver tanto nos pro- “Tratam-se de atividades, procedimentos, métodos,
fessores como nos alunos uma ação eficaz de ensino e técnicas e modalidades de ensino, selecionados com o
aprendizagem, uma vez que ambos são atuantes em sala propósito de facilitar a aprendizagem. São, propriamen-
de aula. Porém é de responsabilidade do professor ela- te, os diversos modos de organizar as condições externas
borar o plano de aula, pois é ele quem conhece as reais mais adequadas à promoção da aprendizagem. ”
aspirações de cada turma.
“O preparo das aulas é uma das atividades mais im- - Avaliação:
portantes do trabalho do profissional de educação esco- “Na verdade, a avaliação acompanha todo o processo
lar. Nada substitui a tarefa de preparação da aula em si. de aprendizagem e não só um momento privilegiado (o
(...) faz parte da competência teórica do professor, e dos de prova ou teste) pois é um instrumento de feedback
compromissos com a democratização do ensino, a tarefa contínuo para o educando e para todos os participantes.
cotidiana de preparar suas aulas (...)” Nesse sentido, fala da consecução ou não dos objetivos
Moretto (2007) acredita que o professor, ao elaborar da aprendizagem. (...) O processo de avaliação se coloca
o plano de aula, deve considerar alguns componentes como uma situação frequentemente carregada de amea-
fundamentais, tais como: conhecer a sua personalidade
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
51
Considerações finais trazidas aqui são matéria de discussão e de mais investi-
gações pelos estudiosos da área.
O objetivo principal ao estudar o tema “A importância Para discutir a questão dos métodos de ensino frente
do planejamento para a organização do trabalho do pro- a relação conteúdo-forma, pretendo ter como interlocu-
fessor em sua prática pedagógica” era analisar se o plano tores os professores de Didática e prática de ensino das
de aula é realmente importante ou apenas uma questão disciplinas específicas dos cursos de licenciatura. Entre
burocrática exigida pelas escolas para aumentar o traba- esses professores vigoram algumas posições bem conhe-
lho do professor. Para tanto foi preciso compreender o cidas sobre a Didática e os métodos de ensino, a saber:
contexto histórico do planejamento na vida das pessoas, - Ensinar é transmitir o conteúdo da matéria, cabendo
sua influência e importância ao longo da evolução hu- à Didática proporcionar os elementos do planeja-
mana, desde a sua utilização de forma inconsciente nos mento de ensino e os métodos e técnicas neces-
primórdios, até os dias atuais no qual o planejamento é sários.
utilizado para nortear um caminho a ser percorrido para - Para ensinar, basta conhecer bem a ciência que dá
se atingir objetivos traçados ou resolver alguma situação. a base da matéria, ou seja, o método de ensino
Foi possível também compreender que as tipologias decorre do conteúdo e do método de investigação
utilizadas têm suas diferenças e devem ser usadas de da ciência que é ensinada.
acordo com a necessidade de delimitar o tipo de plano e - A metodologia de ensino de uma matéria e menos
a que ele se destina. uma questão de métodos e mais de inserção do
Com relação ao fato do plano de aula ser inimigo ou professor na prática escolar, mediante a pesquisa-
aliado do professor, pode-se observar que ele é um alia- -ação.
do, uma vez que é por intermédio do planejamento que
o professor vai delinear suas ações para alcançar seus ob- A primeira posição mostra um reducionismo do cam-
jetivos ao longo de um período. po de estudos da Didática, tomando-a como disciplina
Outro aspecto importante abordado foi com relação prescritiva de métodos e técnicas. A segunda não distin-
ao fato de que o planejamento não deve ser usado como gue a matéria de ensino e a ciência que lhe serve de base,
um regulador das ações humanas e sim um norteador na como não distingue método da ciência e método de en-
busca da autonomia, na tomada de decisões, nas resolu- sino. No ponto de vista do autor é o de que o conteúdo
ções de problemas e nas escolhas dos caminhos a serem da matéria de ensino decorre da ciência que lhe serve
percorridos partindo de o senso comum até atingir as de base, mas a matéria de ensino implica uma seleção
bases científicas. de conhecimentos pautada por critérios pedagógicos e
Conhecer as principais etapas do planejamento tam- didáticos; do mesmo modo, método da ciência e méto-
bém foi de suma importância, pois através do conheci- do de ensino são conexos mas não idênticos, porque a
mento dessas etapas o professor poderá descrever com atividade de ensino implica uma relação pedagógica que
maior clareza seus objetivos, a forma com que irá aplicar lhe é peculiar, distinguindo-se daquela que ocorre na ati-
o conteúdo, os conteúdos que serão ministrados e como vidade científica. A terceira posição também é insatisfa-
fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do tória porque a questão dos métodos de ensino não pode
processo. ser resolvida apenas no âmbito da prática. O processo de
Com esta pesquisa foi possível perceber que o plano ensino guarda semelhanças com o processo de investi-
de aula é realmente importante na prática pedagógica gação, mas se distingue deste. A prática por si se não é
do professor como organizador e norteador do seu tra- geradora de conhecimentos, requerendo uma teoria que
balho. É o plano de aula que dá ao professor a dimensão oriente sua apreensão e explicação.
da importância de sua aula e os objetivos a que ela se Estas considerações iniciais já indicam o entendimen-
destina, bem como o tipo de cidadão que pretende for- to da questão. A Didática é teoria e prática do processo de
mar. Por este motivo, pensar que a experiência de anos ensino, incluindo a unidade entro objetivos, conteúdos,
de docência é suficiente para a realização de um bom métodos e formas organizativas do ensino, bem como as
trabalho é um dos principais motivos que levam um pro- regularidades e princípios decorrentes das conexões en-
fessor a não obter sucesso em suas aulas. tre ensino e aprendizagem em condições específicas das
situações didáticas. Os métodos de ensino constituem,
Referência: assim, uma categoria da Didática, tendo uma magnitude
CASTRO, P. A. P. P. de; TUCUNDUVA, C. C.; ARNS, E. M. própria em relação a outros tipos de métodos, tais como
o método do processo do conhecimento (fundamentado
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
52
são ampliada da realidade e a atuação prática nela. Nesse nização escolar impregna a relação conteúdo-forma no
sentido, os conteúdos formam a base material da ativi- ensino e a relação conteúdo-forma no tratamento didá-
dade escolar. Como se sabe, os conteúdos consistem de tico de uma matéria de ensino.
conhecimento, hábitos, habilidades e métodos de estudo Este modo de entender a relação conteúdo-forma
e trabalho, atitudes e convicções, conexos às matérias de tem uma série de consequências para a concepção de
ensino. Os conteúdos das matérias não restringem à ma- Didática enquanto teoria do processo de ensino. Esta
téria em si, mas a matéria preparada pedagogicamente, questão está no centro da problemática da Didática, uma
ou seja, ela remete-se a objetivos mais amplos da edu- vez que possibilita delinear o campo de investigação e
cação. Além disso, todas as matérias requerem métodos de ação da Didática. O autor menciona apenas algumas
de transmissão e assimilação ativa. Temos, assim, que os dessas consequências, para depois detalhar mais a ques-
conteúdos-métodos têm como referência os objetivos, tão de como os métodos de ensino estão implicados na
pela simples razão de que os conteúdos-métodos são relação conteúdo-forma do ensino das matérias.
um assunto pedagógico, isto é, subordinam-se a fina- As derivações são as seguintes:
lidades e processos que são de natureza sócio-política, - a atividade de ensinar não se reduz aos conteúdos
ideológica, filosófica. Resumindo: é impossível falar em das matérias escolares e não pode ser concebida como
métodos de ensino fora da unidade objetivos-conteú- transmissão-assimilação da ciência que serve de base à
dos-métodos. matéria;
A segunda referência para se falar de métodos de - a forma de ensino não se equivale ao método de
ensino é saber como estão implicados na relação con- ensino e muito menos ao método de investigação
teúdo-forma. A constatação mais evidente dessa relação da matéria;
é de que não há conteúdo sem forma nem forma sem - a atividade de ensino não se confunde com a orga-
conteúdo, ainda que se possa falar de certa autonomiza- nização do trabalho escolar, ela tem sua especifici-
ção da forma. O conteúdo é o conjunto dos elementos, dade no conjunto das demais práticas educativas.
propriedades, características próprias de um objeto, de
um processo, de um problema e que interagem entre si; O autor também estende ao terceiro nível da relação
a forma é a estrutura das relações internas e externas forma-conteúdo, porque nesta relação estão implicados
desse objeto, processo, ou seja, a forma revela o movi- os demais níveis.
mento próprio do conteúdo, as coisas e suas relações. A abordagem crítico-social dos conteúdos refere-se
A relação conteúdo-forma está presente na atividade
a uma abordagem metodológica mediante a qual trata-
escolar em vários níveis interligados. Há uma relação con-
-se de descobrir, de ir em busca da lógica e das relações
teúdo-forma na instituição escolar, que é a escola como
internas de um objeto do conhecimento, ou seja, desven-
organização social que tem suas características próprias,
dar a forma de conteúdo. Lidar metodicamente com os
processos próprios, e cuja articulação e cujo movimento
conteúdos de ensino, isto é, cientificamente, criticamen-
interno é revelado pela forma, isto é, a estrutura e a dinâ-
te, é apreender, apanhar o objeto de estudo em suas pro-
mica desse conteúdo designado escola.
Um segundo nível, interligado ao primeiro, é a rela- priedades e processos e em suas múltiplas relações com
ção conteúdo-forma na atividade ensino, o ensino como outros objetos e fenômenos com os quais interagem. É
objeto de estudo da Didática. Nesse caso, qual é o con- tomar as coisas, os fenômenos, os objetos do conheci-
teúdo desse objeto chamado ensino? Ao ver do autor, mento nas suas relações internas e externas para apa-
o conteúdo do processo de ensino a relação professor- nhar os nexos sociais, a prática social, as relações sociais
-aluno-matéria, ou seja, a atividade que define a situação que constituem as coisas, os fenômenos, os objetos de
didática e que se configura como a mediação exercida conhecimento. A dimensão crítico-social dos conteúdos
pelo professor em função do encontro cognitivo do alu- implica, pois, a ideia de totalidade, da contradição, da
no com a matéria. Temos aí que o conteúdo do fenôme- historicidade.
no ensino não é o conteúdo das matérias de ensino, mas Nesse modo do entender a relação conteúdo-forma
a relação professor-aluno-matéria. A forma dessa ativi- no processo de assimilação ativa e consciente da matéria
dade ou fenômeno é a estrutura das relações internas está implicada a relação fundamental da Didática, que
e externas desse fenômeno, a articulação, o movimento é a relação objetivos-conteúdos-métodos. O autor não
desses três elementos constitutivos do conteúdo ensino. detalha cada um deles, elementos e sua articulação, de-
A forma do fenômeno ensino não se identifica com mé- têm-se mais na questão dos métodos de ensino.
todo de ensino. Já relatado antes que método é a via, o caminho,
O terceiro nível diz respeito à relação conteúdo-for- para descobrir a forma, isto é, o movimento interno do
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ma no tratamento didático de uma matéria de ensino conteúdo. O autor pontua que no tratamento didático
determinada. Um objeto de conhecimento (fenômeno, de uma matéria, de um conhecimento científico, os mé-
teoria, problema) tem como conteúdo o conjunto dos todos de ensino incorporam outros tipos de métodos. A
elementos, propriedades, características, internos e ex- apreensão científica de um objeto de conhecimento im-
ternos, que lhe são próprios. Sua forma é o movimento plica um método científico, um método geral do processo
que indica sua lógica e suas relações, isto é, a ligação de conhecimento (positivista, fenomenológico, dialético,
entre os elementos e propriedades, de seus processos estruturalista...). Implica, ao mesmo tempo, métodos da
internos e externos. cognição que correspondem às formas de aprendizagem
Conforme já mencionado por Libâneo, estes três do aluno, tais como a observação, a análise, a síntese,
níveis encontram-se interligados, penetram-se mutua- a abstração e, ainda, os métodos particulares das ciên-
mente. Por exemplo, a relação conteúdo-forma na orga- cias que servem de base à investigação e constituição
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do campo científico. Somente a partir da consideração orientam a seleção dos conteúdos, o tratamento
destes três tipos de métodos se pode falar em métodos didático dos conteúdos, bem como a escolha dos
de ensino. métodos que conduzem aos objetivos.
Mas quero diz, também, que os métodos de ensi- 4ª) Na relação objetivo-conteúdo-método há uma
no, ao incorporar outros métodos em situações didáticas outra relação fundamental: o processo do ensino
concretas, adquirem especificidade própria. Com efeito, ocorre sob determinadas condições do ensino e
a função dos métodos de ensino é a de ser um caminho da aprendizagem. Umas são já existentes, outras
utilizado pelo professor e pelos alunos para atingir obje- são transformadas ou criadas pelo professor. Po-
tivos de ensino, para transmissão e assimilação de con- demos mencionar entre essas condições: o plano
teúdos referentes a esses objetivos. Isso significa que os da escola, o projeto pedagógico-curricular, a orga-
métodos de ensino não se identificam com os métodos nização escolar, as práticas escalares, os conselhos
do processo de investigação cientifica, nem com os mé- de classe, o conselho de escola, as organizações
todos da cognição e nem com os métodos particulares dos alunos, os meios de ensino e demais recursos
da ciência, embora os pressuponham. físicos e materiais, o plano de ensino, o manejo de
Vejamos isto mais de perto. Em qualquer desses tipos classe pelos professores, as relações professor-alu-
de métodos, encontramos as características do método: no, a ativação das condições de aprendizagem dos
são meios para atingir um objetivo, implicando uma ati- alunos. Incluem-se, pois, tudo o que o trabalho pe-
vidade, isto é, uma sequência de ações, meios e procedi- dagógico-docente pode criar para suprir as con-
mentos materiais e intelectuais, e implica, evidentemen- dições ótimas para atingir os objetivos do ensino.
te, um objeto. Estas características, quando referidas aos
métodos de ensino, tomam feições próprias à natureza Essas considerações convergem para a afirmação de
do processo de ensino. que a linha fundamental do processo didático é a uni-
Ora, a natureza do processo de ensino é que ele é dade a relação entre objetivos-conteúdos-métodos con-
um processo de conhecimento da matéria pelo aluno dições. Cumpre destacar que desta relação fundamental
sob a direção do professor. Ou seja, o método de en- surgem relações derivadas. É o caso, por exemplo, da
sino propicia a mediação entre o aluno e o objeto de relação objetivos-organização do trabalho escolar, ou
conhecimento. Isso implica levar em conta as seguintes seja, entre os objetivos educacionais e as práticas de or-
considerações: ganização e gestão da escola. Para o autor, é o de que
1a) O método de ensino se determina pela relação os determinantes primeiros das formas de organização
conteúdo-forma no objeto de conhecimento, ou escolar são os objetivos-conteúdos-métodos, em relação
seja, a utilização do um determinado método de aos quais se organiza e se gere a escola. Entretanto, não
ensino depende da matéria e do assunto a tratar, significa minimizar a organização escolar. A organização
do processo de trabalho na escola, na sala de aula, o sis-
de modo que o método de ensino reflete, a lógica
tema de gestão escolar atuam sobre os objetivos-con-
da ciência que serve de base à matéria de ensino.
teúdos-métodos, pois referir-se a formas que assuma o
Podemos dizer, assim, que o conteúdo determina
conteúdo ensino (relação professor-aluno-matéria) que,
o método.
por sua vez, impregnam o processo de transmissão e as-
2ª) O núcleo do ensino é a relação cognitiva entre
similação das matérias.
o aluno e a matéria, ou seja, a função primordial
dos métodos é a de promover os meios e procedi-
Breves conclusões do autor:
mentos de mobilizar a atividade cognoscitiva dos
alunos em relação da matéria, de modo a assegu- 1) Minhas considerações levam ao reconhecimento
rar a assimilação consciente, sólida e duradoura da relevância da Didática como disciplina teórica
dessa matéria. Isso significa que a referência para (cujo objeto é o processo do ensino na sua globa-
a escolha dos métodos ao ensino é o processo de lidade) e, ao mesmo tempo, uma disciplina práti-
assimilação consciente do conhecimento pelo alu- ca, como instrumento de trabalho do professor de
no. Nesse sentido, os métodos de ensino se deter- qualquer grau de ensino.
minam pela lógica do processo de conhecimento, 2) O ensino é um assunto pedagógico, isto é, todo
mas o processo de conhecimento tal como se dá trabalho docente está orientado para finalidades
ou deve se dar com situações didáticas específicas. educativas e a meios de ação do cunho genuina-
3ª) O processo de ensino é um assunto pedagógico, mente educativos.
implicando finalidades e meios de formação huma-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
54
objetivos do ensino se distinguem dos objetivos o possível. É antever um futuro diferente do presente.
da investigação científica, a sequência de ativida- Nas palavras de Gadotti: Todo projeto supõe rupturas
des envolve não só o trabalho do professor, mas o com o presente e promessas para o futuro. Projetar sig-
trabalho dos alunos, em vista do desenvolvimento nifica tentar quebrar um estado confortável para arris-
da sua própria atividade cognoscitiva; o objeto da car-se, atravessar um período de instabilidade e buscar
ação escolar é o aluno, mas que é, também, sujeito uma nova estabilidade em função da promessa que cada
ativo, com características próprias, fato esse que projeto contém de estado melhor do que o presente. Um
influi na determinação e escolha dos métodos de projeto educativo pode ser tomado como promessa frente
ensino. a determinadas rupturas. As promessas tornam visíveis os
campos de ação possível, comprometendo seus atores e
Referência: autores.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática: Velhos e novos te- Nessa perspectiva, o projeto político - pedagógico
mas. Edição do Autor, 2002. Texto apresentado no Painel vai além de um simples agrupamento de planos de ensi-
“A relação conteúdo – forma e a Didática”, no VI ENCON- no e de atividades diversas. O projeto não é algo que é
TRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO, construído e em seguida arquivado ou encaminhado às
realizado em Porto Alegre. autoridades educacionais como prova do cumprimento
de tarefas burocráticas. Ele é construído e vivenciado em
todos os momentos, por todos os envolvidos com o pro-
Projeto Político-Pedagógico cesso educativo da escola.
O projeto busca um rumo, uma direção. É uma ação
Para Veiga e colegas, o projeto político - pedagógico intencional, com um sentido explícito, com um compro-
tem sido objeto de estudos para professores, pesquisa- misso definido coletivamente. Por isso, todo projeto pe-
dores e instituições educacionais em níveis nacional, es- dagógico da escola é, também, um projeto político por
tadual e municipal, em busca da melhoria da qualidade estar intimamente articulado ao compromisso sociopo-
do ensino. lítico com os interesses reais e coletivos da população
O presente estudo tem a intenção de refletir acerca majoritária. E político no sentido de compromisso com
da construção do projeto político - pedagógico, entendi- a formação do cidadão para um tipo de sociedade. “A
do como a própria organização do trabalho pedagógico dimensão política se cumpre na medida em que ela se
de toda a escola. realiza enquanto prática especificamente pedagógica”.
Na dimensão pedagógica reside a possibilidade da efe-
tivação da intencionalidade da escola, que é a formação
#FicaDica do cidadão participativo, responsável, compromissado,
A escola é o lugar de concepção, realização e crítico e criativo. É pedagógico no sentido de definir as
avaliação de seu projeto educativo, uma vez ações educativas e as características necessárias às esco-
que necessita organizar seu trabalho pedagó- las para cumprir seus propósitos e sua intencionalidade.
gico com base em seus alunos. Nessa pers- Político e pedagógico têm, assim, uma significação
pectiva, é fundamental que ela assuma suas indissociável. Nesse sentido é que se deve considerar o
responsabilidades, sem esperar que as esferas projeto político - pedagógico como um processo perma-
administrativas superiores tomem essa iniciati- nente de reflexão e discussão dos problemas da esco-
va, mas que lhe deem as condições necessárias la, na busca de alternativas viáveis à efetivação de sua
para levá-la adiante. Para tanto, é importante intencionalidade, que “não é descritiva ou constatativa,
que se fortaleçam as relações entre escola e mas é constitutiva”. Por outro lado, propicia a vivência
sistema de ensino. democrática necessária para a participação de todos os
membros da comunidade escolar e o exercício da cida-
dania. Pode parecer complicado, mas se trata de uma re-
Para isso, começaremos conceituando projeto políti- lação recíproca entre a dimensão política e a dimensão
co - pedagógico. Em seguida, trataremos de trazer nos- pedagógica da escola.
sas reflexões para a análise dos princípios norteadores. O projeto político - pedagógico, ao se constituir em
Finalizaremos discutindo os elementos básicos da orga- processo democrático de decisões, preocupa-se em ins-
nização do trabalho pedagógico, necessários à constru- taurar uma forma de organização do trabalho pedagógi-
ção do projeto político - pedagógico. co que supere os conflitos, buscando eliminar as relações
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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de totalidade. Nesta caminhada será importante ressaltar Do exposto, o projeto político - pedagógico não visa
que o projeto político - pedagógico busca a organização simplesmente a um rearranjo formal da escola, mas a
do trabalho pedagógico da escola na sua globalidade. uma qualidade em todo o processo vivido. Vale acres-
A principal possibilidade de construção do proje- centar, ainda, que a organização do trabalho pedagógi-
to político - pedagógico passa pela relativa autonomia co da escola tem a ver com a organização da sociedade.
da escola, de sua capacidade de delinear sua própria A escola nessa perspectiva é vista como uma instituição
identidade. Isso significa resgatar a escola como espa- social, inserida na sociedade capitalista, que reflete no
ço público, como lugar de debate, do diálogo fundado seu interior as determinações e contradições dessa so-
na reflexão coletiva. Portanto, é preciso entender que o ciedade.
projeto político - pedagógico da escola dará indicações
necessárias à organização do trabalho pedagógico que 1. Princípios norteadores do projeto político - pe-
inclui o trabalho do professor na dinâmica interna da sala dagógico
de aula, ressaltado anteriormente.
Buscar uma nova organização para a escola constitui A abordagem do projeto político - pedagógico, como
uma ousadia para educadores, pais, alunos e funcioná- organização do trabalho de toda a escola, está fundada
rios. Para enfrentarmos essa ousadia, necessitamos de nos princípios que deverão nortear a escola democrática,
um referencial que fundamente a construção do proje- pública e gratuita:
to político - pedagógico. A questão é, pois, saber a qual a) Igualdade de condições para acesso e permanência
referencial temos que recorrer para a compreensão de na escola. Saviani alerta-nos para o fato de que há uma
nossa prática pedagógica. Nesse sentido, temos que nos desigualdade no ponto de partida, mas a igualdade no
alicerçar nos pressupostos de uma teoria pedagógica crí- ponto de chegada deve ser garantida pela mediação da
tica viável, que parta da prática social e esteja compro- escola. O autor destaca que “só é possível considerar o
missada em solucionar os problemas da educação e do processo educativo em seu conjunto sob a condição de
ensino de nossa escola; uma teoria que subsidie o proje- se distinguir a democracia como possibilidade no pon-
to político - pedagógico. Por sua vez, a prática pedagógi- to de partida e democracia como realidade no ponto de
ca que ali se processa deve estar ligada aos interesses da chegada”.
maioria da população. Faz-se necessário, também, o do-
mínio das bases teórico metodológicas indispensáveis à Igualdade de oportunidades requer, portanto, mais
concretização das concepções assumidas coletivamente. que a expansão quantitativa de ofertas; requer ampliação
Mais do que isso, afirma Freitas, (...) as novas formas têm do atendimento com simultânea manutenção de quali-
que ser pensadas em um contexto de luta, de correlações dade.
de força - às vezes favoráveis, às vezes desfavoráveis. Te- b) Qualidade que não pode ser privilégio de minorias
rão que nascer no próprio “chão da escola”, com apoio econômicas e sociais. O desafio que se coloca ao proje-
dos professores e pesquisadores. Não poderão ser in- to político - pedagógico da escola é o de propiciar uma
ventadas por alguém, longe da escola e da luta da escola. qualidade para todos.
Isso significa uma enorme mudança na concepção do
projeto político - pedagógico e na própria postura da A qualidade que se busca implica duas dimensões in-
administração central. Se a escola se nutre da vivência dissociáveis: a formal ou técnica e a política. Uma não
cotidiana de cada um de seus membros, coparticipantes está subordinada à outra; cada uma delas tem perspec-
de sua organização do trabalho pedagógico à adminis- tivas próprias.
tração central, seja o Ministério da Educação, a Secretaria A primeira enfatiza os instrumentos e os métodos,
de Educação Estadual ou Municipal, não compete a eles
a técnica. A qualidade formal não está afeita, necessa-
definir um modelo pronto e acabado, mas sim estimular
riamente, a conteúdos determinados. Demo afirma que
inovações e coordenar as ações pedagógicas planejadas
a qualidade formal “significa a habilidade de manejar
e organizadas pela própria escola. Em outras palavras, as
meios, instrumentos, formas, técnicas, procedimentos
escolas necessitam receber assistência técnica e financei-
diante dos desafios do desenvolvimento”.
ra decidida em conjunto com as instâncias superiores do
A qualidade política é condição imprescindível da
sistema de ensino.
Isso pode exigir, também, mudanças na própria lógi- participação. Está voltada para os fins, valores e conteú-
ca de organização das instâncias superiores, implicando dos. Quer dizer “a competência humana do sujeito em
uma mudança substancial na sua prática. termos de se fazer e de fazer história, diante dos fins his-
Para que a construção do projeto político - pedagó- tóricos da sociedade humana”.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
gico seja possível não é necessário convencer os profes- Nessa perspectiva, o autor chama atenção para o fato
sores, a equipe escolar e os funcionários a trabalhar mais, de que a qualidade se centra no desafio de manejar os
ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar si- instrumentos adequados para fazer a história humana. A
tuações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar qualidade formal está relacionada com a qualidade polí-
o fazer pedagógico de forma coerente. tica e esta depende da competência dos meios.
O ponto que nos interessa reforçar é que a escola não A escola de qualidade tem obrigação de evitar de to-
tem mais possibilidade de ser dirigida de cima para baixo das as maneiras possíveis a repetência e a evasão. Tem
e na ótica do poder centralizador que dita as normas e que garantir a meta qualitativa do desempenho satisfa-
exerce o controle técnico burocrático. A luta da escola é tório de todos. Qualidade para todos, portanto, vai além
para a descentralização em busca de sua autonomia e da meta quantitativa de acesso global, no sentido de que
qualidade. as crianças em idade escolar entrem na escola. É preci-
56
so garantir a permanência dos que nela ingressarem. Em Para Rios, a escola tem uma autonomia relativa e a
síntese, qualidade “implica consciência crítica e capacida- liberdade é algo que se experimenta em situação e esta é
de de ação, saber e mudar”. uma articulação de limites e possibilidades. Para a autora,
O projeto político - pedagógico, ao mesmo tempo a liberdade é uma experiência de educadores e constrói-
em que exige de educadores, funcionários, alunos e pais -se na vivência coletiva, interpessoal. Portanto, “somos
a definição clara do tipo de escola que intentam, requer livres com os outros, não apesar dos outros”. Se pen-
a definição de fins. Assim, todos deverão definir o tipo de samos na liberdade na escola, devemos pensá-la na re-
sociedade e o tipo de cidadão que pretendem formar. As lação entre administradores, professores, funcionários e
ações específicas para a obtenção desses fins são meios. alunos que aí assumem sua parte de responsabilidade na
Essa distinção clara entre fins e meios é essencial para a construção do projeto político - pedagógico e na relação
construção do projeto político - pedagógico. destes com o contexto social mais amplo.
c) Gestão democrática é um princípio consagrado pela
Constituição vigente e abrange as dimensões pedagógica, Heller afirma que:
administrativa e financeira. Ela exige uma ruptura histó-
rica na prática administrativa da escola, com o enfren- A liberdade é sempre liberdade para algo e não apenas
tamento das questões de exclusão e reprovação e da liberdade de algo. Se interpretarmos a liberdade apenas
como o fato de sermos livres de alguma coisa, encontra-
não-permanência do aluno na sala de aula, o que vem
mo-nos no estado de arbítrio, definimo-nos de modo ne-
provocando a marginalização das classes populares. Esse
gativo. A liberdade é uma relação e, como tal, deve ser
compromisso implica a construção coletiva de um pro-
continuamente ampliada. O próprio conceito de liberdade
jeto político - pedagógico ligado à educação das classes
contém o conceito de regra, de reconhecimento, de inter-
populares. venção recíproca. Com efeito, ninguém pode ser livre se,
em volta dele, há outros que não o são!
A gestão democrática exige a compreensão em pro- Por isso, a liberdade deve ser considerada, também,
fundidade dos problemas postos pela prática pedagógi- como liberdade para aprender, ensinar, pesquisar e divul-
ca. Ela visa romper com a separação entre concepção e gar a arte e o saber direcionados para uma intencionali-
execução, entre o pensar e o fazer, entre teoria e prática. dade definida coletivamente.
Busca resgatar o controle do processo e do produto do e) Valorização do magistério é um princípio central na
trabalho pelos educadores. discussão do projeto político - pedagógico.
A gestão democrática implica principalmente o re-
pensar da estrutura de poder da escola, tendo em vista A qualidade do ensino ministrado na escola e seu su-
sua socialização. A socialização do poder propicia a práti- cesso na tarefa de formar cidadãos capazes de participar
ca da participação coletiva, que atenua o individualismo; da vida socioeconómica, política e cultural do país rela-
da reciprocidade, que elimina a exploração; da solidarie- cionam-se estreitamente a formação (inicial e continua-
dade, que supera a opressão; da autonomia, que anula a da), condições de trabalho (recursos didáticos, recursos
dependência de órgãos intermediários que elaboram po- físicos e materiais, dedicação integral à escola, redução
líticas educacionais das quais a escola é mera executora. do número de alunos na sala de aula etc), remuneração,
A busca da gestão democrática inclui, necessariamen- elementos esses indispensáveis à profissionalização do
te, a ampla participação dos representantes dos diferen- magistério.
tes segmentos da escola nas decisões/ações adminis- A melhoria da qualidade da formação profissional e a
trativo-pedagógicas ali desenvolvidas. Nas palavras de valorização do trabalho pedagógico requerem a articu-
Marques: “A participação ampla assegura a transparência lação entre instituições formadoras, no caso as institui-
das decisões, fortalece as pressões para que sejam elas ções de ensino superior e a Escola Normal, e as agências
legítimas, garante o controle sobre os acordos estabe- empregadoras, ou seja, a própria rede de ensino. A for-
lecidos e, sobretudo, contribui para que sejam contem- mação profissional implica, também, a indissociabilidade
entre a formação inicial e a formação continuada.
pladas questões que de outra forma não entrariam em
O reforço à valorização dos profissionais da educa-
cogitação”.
ção, garantindo-lhes o direito ao aperfeiçoamento pro-
Nesse sentido, fica claro entender que a gestão de- fissional permanente, significa “valorizar a experiência e
mocrática, no interior da escola, não é um princípio fácil o conhecimento que os professores têm a partir de sua
de ser consolidado, pois se trata da participação crítica prática pedagógica”.
na construção do projeto político - pedagógico e na sua
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
57
b) elaborar seu programa de formação, contando com a O que pretendemos enfatizar é que devemos analisar
participação e o apoio dos órgãos centrais, no sentido e compreender a organização do trabalho pedagógico,
de fortalecer seu papel na concepção, na execução e na no sentido de gestar uma nova organização que reduza
avaliação do referido programa. os efeitos de sua divisão do trabalho, de sua fragmenta-
Assim, a formação continuada dos profissionais da ção e do controle hierárquico. Nessa perspectiva, a cons-
escola compromissada com a construção do projeto po- trução do projeto político - pedagógico é um instrumen-
lítico - pedagógico não deve se limitar aos conteúdos to de luta, é uma forma de contrapor-se à fragmentação
curriculares, mas se estender à discussão da escola de do trabalho pedagógico e sua rotinização, à dependência
maneira geral e de suas relações com a sociedade. Daí, e aos efeitos negativos do poder autoritário e centraliza-
passarem a fazer parte dos programas de formação con- dor dos órgãos da administração central.
tinuada questões como cidadania, gestão democrática, A construção do projeto político - pedagógico, para
avaliação, metodologia de pesquisa e ensino, novas tec- gestar uma nova organização do trabalho pedagógico,
nologias de ensino, entre outras. passa pela reflexão anteriormente feita sobre os princí-
Veiga e Carvalho afirmam que “o grande desafio da pios. Acreditamos que a análise dos elementos constitu-
escola, ao construir sua autonomia, deixando de lado seu tivos da organização trará contribuições relevantes para
papel de mera ‘repetidora’ de programas de ‘treinamen- a construção do projeto político - pedagógico.
to’, é ousar assumir o papel predominante na formação Pelo menos sete elementos básicos podem ser apon-
dos profissionais”. tados:
Inicialmente, convém alertar para o fato de que essa a) as finalidades da escola;
tomada de consciência dos princípios norteadores do b) a estrutura organizacional;
projeto político - pedagógico não pode ter o sentido es- c) o currículo;
pontaneísta de cruzar os braços diante da atual organiza- d) o tempo escolar;
ção da escola, inibidora da participação de educadores, e) o processo de decisão;
funcionários e alunos no processo de gestão. f) as relações de trabalho; g) a avaliação.
É preciso ter consciência de que a dominação no
interior da escola efetiva-se por meio das relações de a) As finalidades da escola
poder que se expressam nas práticas autoritárias e con- A escola persegue finalidades. É importante ressaltar
servadoras dos diferentes profissionais, distribuídos que os educadores precisam ter clareza das finalidades
hierarquicamente, bem como por meio das formas de de sua escola. Para tanto, há necessidade de refletir sobre
controle existentes no interior da organização escolar. a ação educativa que a escola desenvolve com base nas
Como resultante dessa organização, a escola pode ser finalidades e nos objetivos que ela define. As finalidades
descaracterizada como instituição histórica e socialmen- da escola referem-se aos efeitos intencionalmente pre-
te determinada, instância privilegiada da produção e da tendidos e almejados.
apropriação do saber. As instituições escolares represen- - Das finalidades estabelecidas na legislação em vigor,
tam «armas de contestação e luta entre grupos culturais o que a escola persegue, com maior ou menor ênfase?
- Como é perseguida sua finalidade cultural, ou seja,
e econômicos que têm diferentes graus de poder». Por
a de preparar culturalmente os indivíduos para uma me-
outro lado, a escola é local de desenvolvimento da cons-
lhor compreensão da sociedade em que vivem?
ciência crítica da realidade.
- Como a escola procura atingir sua finalidade política
Acreditamos que os princípios analisados e o apro-
e social, ao formar o indivíduo para a participação políti-
fundamento dos estudos sobre a organização do traba-
ca que implica direitos e deveres da cidadania?
lho pedagógico trarão contribuições relevantes para a
- Como a escola atinge sua finalidade de formação
compreensão dos limites e das possibilidades dos proje- profissional, ou melhor, como ela possibilita a compreen-
tos político-pedagógicos voltados para os interesses das são do papel do trabalho na formação profissional do
camadas menos favorecidas. aluno?
Veiga acrescenta, ainda, que “a importância desses - Como a escola analisa sua finalidade humanística,
princípios está em garantir sua operacionalização nas ao procurar promover o desenvolvimento integral da
estruturas escolares, pois uma coisa é estar no papel, pessoa?
na legislação, na proposta, no currículo, e outra é estar
ocorrendo na dinâmica interna da escola, no real, no con- As questões levantadas geram respostas e novas in-
creto”. dagações por parte da direção, de professores, funcio-
nários, alunos e pais. O esforço analítico de todos pos-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
58
reter se as finalidades são impostas por entidades exte- Avaliar a estrutura organizacional significa questionar
riores ou se são definidas no interior do ‘território social’ os pressupostos que embasam a estrutura burocrática
e se são definidas por consenso ou por conflito ou até da escola que inviabiliza a formação de cidadãos aptos
se são matéria ambígua, imprecisa ou marginal” (p. 19). a criar ou a modificar a realidade social. Para poderem
Essa colocação está sustentada na ideia de que a es- realizar um ensino de qualidade e cumprir suas finalida-
cola deve assumir, como uma de suas principais tarefas, des, as escolas têm que romper com a atual forma de
o trabalho de refletir sobre sua intencionalidade educati- organização burocrática que regula o trabalho pedagó-
va. Nesse sentido, ela procura alicerçar o conceito de au- gico - pela conformidade às regras fixadas, pela obediên-
tonomia, enfatizando a responsabilidade de todos, sem cia a leis e diretrizes emanadas do poder central e pela
deixar de lado os outros níveis da esfera administrativa cisão entre os que pensam e executam -, que conduz à
educacional. Nóvoa nos diz que a autonomia é impor- fragmentação e ao consequente controle hierárquico
tante para “a criação de uma identidade da escola, de um que enfatiza três aspectos inter-relacionados: o tempo, a
ethos científico e diferenciador, que facilite a adesão dos ordem e a disciplina.
diversos atores e a elaboração de um projeto próprio” Nessa trajetória, ao analisar a estrutura organizacio-
(1992, p. 26). nal, ao avaliar os pressupostos teóricos, ao situar os obs-
A ideia de autonomia está ligada à concepção eman- táculos e vislumbrar as possibilidades, os educadores vão
cipadora da educação. Para ser autônoma, a escola não desvelando a realidade escolar, estabelecendo relações,
pode depender dos órgãos centrais e intermediários que definindo finalidades comuns e configurando novas for-
definem a política da qual ela não passa de executora. Ela mas de organizar as estruturas administrativas e peda-
concebe seu projeto político - pedagógico e tem auto- gógicas para a melhoria do trabalho de toda a escola
nomia para executá-lo e avaliá-lo ao assumir uma nova na direção do que se pretende. Assim, considerando o
atitude de liderança, no sentido de refletir sobre suas fi- contexto, os limites, os recursos disponíveis (humanos,
nalidades sociopolíticas e culturais. materiais e financeiros) e a realidade escolar, cada insti-
tuição educativa assume sua marca, tecendo, no coletivo,
b) A estrutura organizacional seu projeto político - pedagógico, propiciando conse-
A escola, de forma geral, dispõe basicamente de duas quentemente a construção de uma nova forma de or-
estruturas: as administrativas e as pedagógicas. As pri- ganização.
meiras asseguram, praticamente, a locação e a gestão
de recursos humanos, físicos e financeiros. Fazem parte, c) O currículo
ainda, das estruturas administrativas todos os elemen- Currículo é um importante elemento constitutivo da
tos que têm uma forma material, como, por exemplo, organização escolar. Currículo implica, necessariamente,
a arquitetura do edifício escolar e a maneira como ele a interação entre sujeitos que têm um mesmo objetivo e
se apresenta do ponto de vista de sua imagem: equipa- a opção por um referencial teórico que o sustente.
mentos e materiais didáticos, mobiliário, distribuição das Currículo é uma construção social do conhecimento,
dependências escolares e espaços livres, cores, limpeza e pressupondo a sistematização dos meios para que essa
saneamento básico (água, esgoto, lixo e energia elétrica). construção se efetive; é a transmissão dos conhecimen-
As pedagógicas, que, teoricamente, determinam a tos historicamente produzidos e as formas de assimilá-
ação das administrativas, “organizam as funções educa- -los; portanto, produção, transmissão e assimilação são
tivas para que a escola atinja de forma eficiente e eficaz processos que compõem uma metodologia de constru-
as suas finalidades”. ção coletiva do conhecimento escolar, ou seja, o currícu-
As estruturas pedagógicas referem-se, fundamen- lo propriamente dito. Nesse sentido, o currículo refere-se
talmente, às interações políticas, às questões de ensino à organização do conhecimento escolar.
e aprendizagem e às de currículo. Nas estruturas pe- O conhecimento escolar é dinâmico e não uma mera
dagógicas incluem-se todos os setores necessários ao simplificação do conhecimento científico, que se ade-
desenvolvimento do trabalho pedagógico. A análise da quaria à faixa etária e aos interesses dos alunos. Daí a ne-
cessidade de promover, na escola, uma reflexão aprofun-
estrutura organizacional da escola visa identificar quais
dada sobre o processo de produção do conhecimento
estruturas são valorizadas e por quem, verificando as re-
escolar, uma vez que ele é, ao mesmo tempo, processo e
lações funcionais entre elas. É preciso ficar claro que a
produto. A análise e a compreensão do processo de pro-
escola é uma organização orientada por finalidades, con-
dução do conhecimento escolar ampliam a compreensão
trolada e permeada pelas questões do poder.
sobre as questões curriculares.
A análise e a compreensão da estrutura organizacio- Na organização curricular é preciso considerar alguns
nal da escola significam indagar sobre suas característi- pontos básicos. O primeiro é o de que o currículo não
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
cas, seus polos de poder, seus conflitos - O que sabemos é um instrumento neutro. O currículo passa ideologia, e
da estrutura pedagógica? Que tipo de gestão está sen- a escola precisa identificar e desvelar os componentes
do praticada? O que queremos e precisamos mudar na ideológicos do conhecimento escolar que a classe do-
nossa escola? Qual é o organograma previsto? Quem o minante utiliza para a manutenção de privilégios. A de-
constitui e qual é a lógica interna? Quais as funções edu- terminação do conhecimento escolar, portanto, implica
cativas predominantes? Como são vistas a constituição e uma análise interpretativa e crítica, tanto da cultura do-
a distribuição do poder? Quais os fundamentos regimen- minante, quanto da cultura popular. O currículo expressa
tais? -, enfim, caracterizar do modo mais preciso possível uma cultura.
a estrutura organizacional da escola e os problemas que O segundo ponto é o de que o currículo não pode ser
afetam o processo de ensino e aprendizagem, de modo separado do contexto social, uma vez que ele é historica-
a favorecer a tomada de decisões realistas e exequíveis. mente situado e culturalmente determinado.
59
O terceiro ponto diz respeito ao tipo de organização d) O tempo escolar
curricular que a escola deve adotar. Em geral, nossas O tempo é um dos elementos constitutivos da orga-
instituições têm sido orientadas para a organização hie- nização do trabalho pedagógico. O calendário escolar
rárquica e fragmentada do conhecimento escolar. Com ordena o tempo: determina o início e o fim do ano, pre-
base em Bernstein (1989), chamo a atenção para o fato vendo os dias letivos, as férias, os períodos escolares em
de que a escola deve buscar novas formas de organiza- que o ano se divide, os feriados cívicos e religiosos, as
ção curricular, em que o conhecimento escolar (conteú- datas reservadas à avaliação, os períodos para reuniões
do) estabeleça uma relação aberta e inter-relacione-se técnicas, cursos etc.
em torno de uma ideia integradora. Esse tipo de orga- O horário escolar, que fixa o número de horas por se-
nização curricular, o autor denomina de currículo-inte- mana e que varia em razão das disciplinas constantes na
gração. O currículo integração, portanto, visa reduzir o grade curricular, estipula também o número de aulas por
isolamento entre as diferentes disciplinas curriculares, professor. Tal como afirma Enguita: “Às matérias tornam-
procurando agrupá-las num todo mais amplo. -se equivalentes porque ocupam o mesmo número de
Como alertaram Domingos et al., “cada conteúdo dei- horas por semana, e são vistas como tendo menor pres-
xa de ter significado por si só, para assumir uma impor- tígio se ocupam menos tempo que as demais”.
tância relativa e passar a ter uma função bem determina- A organização do tempo do conhecimento escolar
da e explícita dentro do todo de que faz parte”. é marcada pela segmentação do dia letivo, e o currícu-
O quarto ponto refere-se à questão do controle so- lo é, consequentemente, organizado em períodos fixos
cial, já que o currículo formal (conteúdos curriculares, de tempo para disciplinas supostamente separadas. O
metodologia e recursos de ensino, avaliação e relação controle hierárquico utiliza o tempo que muitas vezes
pedagógica) implica controle. Por outro lado, o controle é desperdiçado e controlado pela administração e pelo
social é instrumentalizado pelo currículo oculto, enten- professor.
dido este como as “mensagens transmitidas pela sala de Em resumo, quanto mais compartimentado for o
aula e pelo ambiente escolar”. Assim, toda a gama de tempo, mais hierarquizadas e ritualizadas serão as rela-
visões do mundo, as normas e os valores dominantes são ções sociais, reduzindo, também, as possibilidades de se
passados aos alunos no ambiente escolar, no material di- institucionalizar o currículo-integração que conduz a um
dático e mais especificamente por intermédio dos livros ensino em extensão.
didáticos, na relação pedagógica, nas rotinas escolares. Enguita, ao discutir a questão de como a escola con-
Os resultados do currículo oculto “estimulam a conformi- tribui para a inculcação da precisão temporal nas ativida-
dade a ideais nacionais e convenções sociais ao mesmo des escolares, assim se expressa:
tempo que mantêm desigualdades socioeconómicas e A sucessão de períodos muito breves - sempre de
culturais”. menos de uma hora -dedicados a matérias muito dife-
Moreira (1992), ao examinar as teorias de controle so- rentes entre si, sem necessidade de sequência lógica en-
cial que têm permeado as principais tendências do pen- tre elas, sem atender à melhor ou à pior adequação de
samento curricular, procurou defender o ponto de vista seu conteúdo a períodos mais longos ou mais curtos e
de que controle social não envolve, necessariamente, sem prestar nenhuma atenção à cadência do interesse
orientações conservadoras, coercitivas e de conformida- e do trabalho dos estudantes; em suma, a organização
de comportamental. De acordo com o autor, subjacente habitual do horário escolar ensina ao estudante que o
ao discurso curricular crítico, encontra-se uma noção de importante não é a qualidade precisa de seu trabalho,
controle social orientada para a emancipação. Faz senti- a que o dedica, mas sua duração. A escola é o primeiro
do, então, falar em controle social comprometido com cenário em que a criança e o jovem presenciam, aceitam
fins de liberdade que deem ao estudante uma voz ativa e sofrem a redução de seu trabalho a trabalho abstrato.
e crítica. Para alterar a qualidade do trabalho pedagógico tor-
Com base em Aronowitz e Giroux (1985), o autor na-se necessário que a escola reformule seu tempo, es-
chama a atenção para o fato de que a noção crítica de tabelecendo períodos de estudo e reflexão de equipes
controle social não pode deixar de discutir “o contexto de educadores, fortalecendo a escola como instância de
apropriado ao desenvolvimento de práticas curriculares educação continuada.
que favoreçam o bom rendimento e a autonomia dos É preciso tempo para que os educadores aprofundem
estudantes e, em particular, que reduzam os elevados ín- seu conhecimento sobre os alunos e sobre o que estão
dices de evasão e repetência de nossa escola de primeiro aprendendo. E preciso tempo para acompanhar e ava-
grau”. liar o projeto político - pedagógico em ação. É preciso
A noção de controle social na teoria curricular críti- tempo para os estudantes se organizarem e criarem seus
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
60
estimulem a participação de todos no processo de de- projeto político - pedagógico. Segundo, ela imprime
cisão. Isso requer uma revisão das atribuições específi- uma direção às ações dos educadores e dos educandos.
cas e gerais, bem como da distribuição do poder e da O processo de avaliação envolve três momentos: a
descentralização do processo de decisão. Para que isso descrição e a problematização da realidade escolar, a
seja possível é necessário que se instalem mecanismos compreensão crítica da realidade descrita e problema-
institucionais visando à participação política de todos tizada e a proposição de alternativas de ação, momento
os envolvidos com o processo educativo da escola. Paro de criação coletiva.
(1993, p. 34) sugere a instalação de processos eletivos A avaliação, do ponto de vista crítico, não pode ser
de escolha de dirigentes, colegiados com representação instrumento de exclusão dos alunos provenientes das
de alunos, pais, associação de pais e professores, grêmio classes trabalhadoras. Portanto, deve ser democrática,
estudantil, processos coletivos de avaliação continuada deve favorecer o desenvolvimento da capacidade do alu-
dos serviços escolares etc. no de apropriar-se de conhecimentos científicos, sociais
e tecnológicos produzidos historicamente e deve ser re-
f) As relações de trabalho sultante de um processo coletivo de avaliação diagnos-
E importante reiterar que, quando se busca uma nova tica.
organização do trabalho pedagógico, está se conside-
rando que as relações de trabalho, no interior da escola, 3. Gestão educacional decorrente da concepção
deverão estar calcadas nas atitudes de solidariedade, de do projeto político - pedagógico
reciprocidade e de participação coletiva, em contraposi-
ção à organização regida pelos princípios da divisão do A escola, para se desvencilhar da divisão do trabalho,
trabalho, da fragmentação e do controle hierárquico. É de sua fragmentação e do controle hierárquico, precisa
nesse movimento que se verifica o confronto de interes- criar condições para gerar uma outra forma de organiza-
ses no interior da escola. Por isso, todo esforço de gestar ção do trabalho pedagógico.
uma nova organização deve levar em conta as condições A reorganização da escola deverá ser buscada de
concretas presentes na escola. Há uma correlação de for- dentro para fora. O fulcro para a realização dessa tarefa
ças e é nesse embate que se originam os conflitos, as será o empenho coletivo na construção de um projeto
tensões, as rupturas, propiciando a construção de novas político - pedagógico, e isso implica fazer rupturas com
formas de relações de trabalho, com espaços abertos à o existente para avançar.
reflexão coletiva que favoreçam o diálogo, a comunica- É preciso entender o projeto político - pedagógico da
ção horizontal entre os diferentes segmentos envolvidos
escola como uma reflexão de seu cotidiano. Para tanto,
com o processo educativo, a descentralização do poder.
ela precisa de um tempo razoável de reflexão e ação ne-
A esse respeito, Machado assume a seguinte posição: “O
cessário à consolidação de sua proposta.
processo de luta é visto como uma forma de contrapor-
A construção do projeto político - pedagógico requer
-se à dominação, o que pode contribuir para a articula-
continuidade das ações, descentralização, democratiza-
ção de práticas emancipatórias”.
ção do processo de tomada de decisões e instalação de
A partir disso, novas relações de poder poderão ser
um processo coletivo de avaliação de cunho emancipa-
construídas na dinâmica interna da sala de aula e da es-
tório.
cola.
Finalmente, é importante destacar que o movimento
g) A avaliação de luta e resistência dos educadores é indispensável para
Acompanhar e avaliar as atividades leva-nos à refle- ampliar as possibilidades e apressar as mudanças que se
xão, com base em dados concretos sobre como a escola fazem necessárias dentro e fora dos muros da escola.
se organiza para colocar em ação seu projeto político -
pedagógico. A avaliação do projeto político - pedagógi- Referência:
co, numa visão crítica, parte da necessidade de conhecer VEIGA, Ilma Passos Alencastro. (Org.) Projeto político
a realidade escolar, busca explicar e compreender critica- - pedagógico da escola: uma construção possível. Papi-
mente as causas da existência de problemas, bem como rus, 2002.
suas relações, suas mudanças e se esforça para propor
ações alternativas (criação coletiva). Esse caráter criador
é conferido pela autocrítica.
Avaliadores que conjugam as ideias de uma visão glo-
EXERCÍCIO COMENTADO
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
61
a) Apenas I. podendo ser definidos no âmbito do Estado, Cidade ou
b) Apenas I e II. Escola. Uma vez feito esse reconhecimento, deve-se dar
c) Apenas I e III. o mesmo tratamento que outros temas transversais.
d) Apenas II e III. A transversalidade, bem como a transdisciplinarida-
e) I, II e III. de, é um princípio teórico do qual decorrem várias con-
sequências práticas, tanto nas metodologias de ensino
Resposta: Letra C. Em “c”: Certo – Na Assertiva I con- quanto na proposta curricular e pedagógica. A transver-
forme Veiga “não é possível que o projeto político pe- salidade aparece hoje como um princípio inovador nos
dagógico seja aceito pela comunidade escolar como sistemas de ensino de vários países. Contudo, a ideia não
um simples documento, como ampliação da burocra- é tão nova. Ela remonta aos ideais pedagógicos do início
cia escolar ou como se estivesse desligado do cotidia- do século, quando se falava em ensino global e do qual
no escolar e tampouco é aceitável que os gestores ig- trataram famosos educadores.
norem a importância e a relevância do projeto político O Método Decroly dos «centros de interesse» partia
pedagógico para a organização e democratização da da ideia da globalização do ensino para romper com a
escola.” Na assertiva III - conforme afirma Veiga (2003, rigidez dos programas escolares. Para ele, existem 6 cen-
p. 277), “a legitimidade de um projeto político-peda- tros de interesse que poderiam substituir os planos de
gógico está estreitamente ligada ao grau e ao tipo de estudo construídos com base em disciplinas:
participação de todos os envolvidos com o processo a) a criança e a família;
educativo, o que requer continuidade de ações”. b) a criança e a escola;
c) a criança e o mundo animal;
d) a criança e o mundo vegetal;
Desenvolvimento de projetos educativos interdis- e) a criança e o mundo geográfico;
ciplinares e transversais f) a criança e o universo.
Os temas transversais dos novos parâmetros curricu- Os centros de interesse são uma espécie de ideias-
lares incluem Ética, Meio ambiente, Saúde, Pluralidade -força em torno das quais convergem as necessidades fi-
cultural e Orientação sexual. Eles expressam conceitos e siológicas, psicológicas e sociais do aluno. Freinet e Paulo
valores fundamentais à democracia e à cidadania e cor- Freire, nesse sentido, partindo da leitura do mundo, do
respondem a questões importantes e urgentes para a respeito à cultura primeira do aluno, buscaram desenvol-
sociedade brasileira de hoje, presentes sob várias formas ver o aprendizado através da livre discussão dos temas
na vida cotidiana. geradores do universo vocabular do aluno.
Através da Ética, o aluno deverá entender o concei- O Método dos Projetos parte de problemas reais, do
dia-a-dia do aluno. Todas as atividades escolares reali-
to de justiça baseado na equidade e sensibilizar-se pela
zam-se através de projetos, sem necessidade de uma
necessidade de construção de uma sociedade justa, ado-
organização especial. Originalmente ele chamou de pro-
tar atitudes de solidariedade, cooperação e repúdio às
jeto à “tarefa de casa” (“home project”) de caráter ma-
injustiças sociais, discutindo a moral vigente e tentando
nual que a criança executava fora da escola. O projeto
compreender os valores presentes na sociedade atual e
como método didático era uma atividade intencionada
em que medida eles devem ou podem ser mudados.
que consistia em os próprios alunos fazerem algo num
Através do tema Meio-ambiente o aluno deverá com- ambiente natural, por exemplo, construindo uma casinha
preender as noções básicas sobre o tema, perceber rela- poderiam aprender geometria, desenho, cálculo, história
ções que condicionam a vida para posicionar-se de forma natural etc. Classificação dos projetos em quatro grupos:
crítica diante do mundo, dominar métodos de manejo e a) de produção, no qual se produzia algo; b) de consumo,
conservação ambiental. no qual se aprendia a utilizar algo já produzido; c) para
A Saúde é um direito de todos. Por esse tema o aluno resolver um problema e d) para aperfeiçoar uma técnica.
compreenderá que saúde é produzida nas relações com Quatro características concorriam para um bom projeto
o meio físico e social, identificando fatores de risco aos didático: a) uma atividade motivada por meio de uma
indivíduos necessitando adotar hábitos de autocuidado. consequente intenção; b) um plano de trabalho, de pre-
A Pluralidade cultural tratará da diversidade do pa- ferência manual; c) a que implica uma diversidade globa-
trimônio cultural brasileiro, reconhecendo a diversidade lizada de ensino; d) num ambiente natural.
como um direito dos povos e dos indivíduos e repudian- O Método dos Complexos busca levar à prática coleti-
do toda forma de discriminação por raça, classe, crença vamente o princípio da escola produtiva. Concentra todo
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
62
interdisciplinaridade os interesses próprios de cada dis- gem e exige do professorado responder aos desafios que
ciplina são preservados. O princípio da transversalidade estabelece uma estruturação muito mais aberta e flexível
e de transdisciplinaridade busca superar o conceito de dos conteúdos escolares.
disciplina. Aqui, busca-se uma intercomunicação entre as A interdisciplinaridade, como questão gnosiológica,
disciplinas, tratando efetivamente de um tema/objetivo surgiu no final do século passado, pela necessidade de
comum (transversal). Assim, não tem sentido trabalhar os dar uma resposta à fragmentação causada por uma epis-
temas transversais através de uma nova disciplina, mas temologia de cunho positivista. As ciências haviam-se
através de projetos que integrem as diversas disciplinas. dividido em muitas disciplinas e a interdisciplinaridade
Projeto vem de projetar, projetar-se, atirar-se para a restabelecia, pelo menos, um diálogo entre elas, embora
frente. Na prática, elaborar um projeto é o mesmo que não resgatasse ainda a unidade e a totalidade do saber.
elaborar um plano para realizar determinada ideia. Por- Desde então, o conceito de interdisciplinaridade vem
tanto, um projeto supõe a realização de algo que não se desenvolvendo também nas ciências da educação.
existe, um futuro possível. Tem a ver com a realidade em A intradisciplinaridade‚ entendida, nas ciências da
curso e com a utopia possível, realizável, concreta. As- educação, como a relação interna entre a disciplina
sim o objetivo do protejo é organizar o conhecimento “mãe” e a disciplina “aplicada”. O termo interdisciplina-
escolar em relação ao tratamento da informação e os di- ridade, na educação, já não oferece problema, pois, ao
ferentes conteúdos em torno de problemas e hipóteses tratar do mesmo objeto de ciência, uma ciência da edu-
trazidos rotineiramente pelos alunos. cação “complementa” outra. Diga-se o mesmo quanto
Dificilmente os integrantes de uma escola escolherão à pluridisciplinaridade. É a natureza do próprio fato/ato
trabalhar num projeto da escola se ele não foi a extensão educativo, isto é, a sua complexidade, que exige uma ex-
de seu próprio projeto de vida. Trabalhar com projetos plicação e uma compreensão pluridisciplinar. A interdis-
na escola exige um envolvimento muito grande de todos ciplinaridade é uma forma de pensar. Piaget sustentava
os parceiros e supõe algo mais do que apenas assistir ou que a interdisciplinaridade seria uma forma de se chegar
ministrar aulas. à transdisciplinaridade, etapa que não ficaria na interação
e reciprocidade entre as ciências, mas alcançaria um está-
Além do conteúdo propriamente dito de cada pro-
gio onde não haveria mais fronteiras entre as disciplinas.
jeto, conta muito o processo de elaboração, execução e
A interdisciplinaridade visa a garantir a construção
avaliação de cada projeto. O processo também produz
de um conhecimento globalizante, rompendo com as
aprendizagens novas. “A própria organização das ativi-
fronteiras das disciplinas. Para isso, integrar conteúdos
dades didáticas deve ser encarada a partir da perspectiva
não seria suficiente. Seria preciso uma atitude e postura
do trabalho com projetos. De fato, respostas a pergun-
interdisciplinar. Atitude de busca, envolvimento, compro-
tas tão frequentemente formuladas pelos alunos, em di-
misso, reciprocidade diante do conhecimento.
ferentes níveis, como “Para que estudar Matemática? E
Português? E História? E Química?” Não podem mais ter 1. A interdisciplinaridade se desenvolveu em di-
como referência o aumento do conhecimento ou da cul- versos campos e, de certo modo, contraditoriamen-
tura, ou ainda, mais pragmaticamente, a aprovação nos te, até ela se especializou, caindo na armadilha das
exames. ciências que ela queria evitar. Na educação ela teve
A justificativa dos conteúdos disciplinares a serem um desenvolvimento particular. Nos projetos edu-
estudados deve fundar-se em elementos mais significa- cacionais a interdisciplinaridade se baseia em alguns
tivos para os estudantes, e nada é mais adequado para princípios, entre eles:
isso do que a referência aos projetos de vida de cada um
deles, integrados simbioticamente em sua realização aos 1º - Na noção de tempo: o aluno não tem tempo cer-
projetos pedagógicos das unidades escolares. to para aprender. Não existe data marcada para
Essa modalidade de articulação dos conhecimentos aprender. Ele aprende a toda hora e não apenas na
escolares é uma forma de organizar a atividade de ensino sala de aula.
e aprendizagem, que implica considerar que tais conhe- 2º - Na crença de que é o indivíduo que aprende. En-
cimentos não se ordenam para sua compreensão de uma tão, é preciso ensinar a aprender, a estudar etc. ao
forma rígida, nem em função de algumas referências dis- indivíduo e não a um coletivo amorfo. Portanto,
ciplinares preestabelecidas ou de uma homogeneização uma relação direta e pessoal com a aquisição do
dos alunos. A função do projeto é favorecer a criação de saber.
estratégias de organização dos conhecimentos escolares 3º - Embora apreendido individualmente, o conhe-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
em relação a: 1) o tratamento da informação, e 2) a rela- cimento é uma totalidade. O todo é formado pe-
ção entre os diferentes conteúdos em torno de proble- las partes, mas não é apenas a soma das partes. É
mas ou hipóteses que facilitem aos alunos a construção maior que as partes.
de seus conhecimentos, a transformação da informação 4º - A criança, o jovem e o adulto aprendem quando
procedente dos diferentes saberes disciplinares em co- têm um projeto de vida e o conteúdo do ensino
nhecimentos próprios. é significativo para eles no interior desse projeto.
Globalização e significatividade são, pois, dois aspec- Aprendemos quando nos envolvemos com emo-
tos essenciais que se plasmam nos Projetos. É necessário ção e razão no processo de reprodução e criação
destacar o fato de que as diferentes fases e atividades do conhecimento. A biografia do aluno é, portan-
que se devam desenvolver num Projeto ajudam os alu- to, a base do seu projeto de vida e de aquisição do
nos a serem conscientes de seu processo de aprendiza- conhecimento e de atitudes novas.
63
2. A metodologia do trabalho interdisciplinar passar a ser um pesquisador e, o aluno, no mesmo senti-
implica em: do, deve ser um sujeito que interage com seu próprio co-
nhecimento e não apenas um sujeito acumulador passivo
1º - integração de conteúdos; de informação. Para isso, esse autor propõe um currículo
2º - passar de uma concepção fragmentária para uma organizado por projetos, que conta com a participação
concepção unitária do conhecimento; conjunta de professores e alunos.
3º - superar a dicotomia entre ensino e pesquisa, con- Nessa linha de pensamento, depreende-se que o obje-
siderando o estudo e a pesquisa, a partir da contri- tivo do projeto é oferecer métodos de organização do:
buição das diversas ciências;
4º - ensino-aprendizagem centrado numa visão de a) Conhecimento em torno de um conhecimento crítico
que aprendemos ao longo de toda a vida. intrinsecamente passado pelos livros.
b) Conhecimento em torno da confrontação de opiniões,
O conceito chegou ao final desse século com a mes- desde que não sejam diferentes umas das outras, e as
ma conotação positiva do início do século, isto é, como conclusões que daí possam surgir.
forma (método) de buscar, nas ciências, um conhecimen- c) Conhecimento escolar em relação ao tratamento da
to integral e totalizante do mundo frente à fragmentação informação e os diferentes conhecimentos trazidos
do saber, e na educação, como forma cooperativa de tra- exclusivamente pelo professor em sala de aula.
balho para substituir procedimentos individualistas. d) Conhecimento escolar em relação ao tratamento da
A ação pedagógica através da interdisciplinaridade informação e os diferentes conteúdos em torno de
aponta para a construção de uma escola participativa problemas e hipóteses trazidos rotineiramente pelos
e decisiva na formação do sujeito social. O seu objetivo alunos.
tornou-se a experimentação da vivência de uma realida-
de global, que se insere nas experiências cotidianas do Resposta: Letra D. Projeto vem de projetar, proje-
aluno, do professor e do povo e que, na teoria positi- tar-se, atirar-se para a frente. Na prática, elaborar um
vista era compartimentada e fragmentada. Articular sa- projeto é o mesmo que elaborar um plano para rea-
ber, conhecimento, vivência, escola comunidade, meio- lizar determinada ideia. Portanto, um projeto supõe a
-ambiente etc. tornou-se, nos últimos anos, o objetivo realização de algo que não existe, um futuro possível.
da interdisciplinaridade que se traduz, na prática, por um Tem a ver com a realidade em curso e com a utopia
trabalho coletivo e solidário na organização da escola. possível, realizável, concreta. Assim o objetivo do pro-
Um projeto interdisciplinar de educação deverá ser tejo é organizar o conhecimento escolar em relação
marcado por uma visão geral da educação, num sentido ao tratamento da informação e os diferentes conteú-
progressista e libertador. dos em torno de problemas e hipóteses trazidos roti-
A interdisciplinaridade deve ser entendida como con- neiramente pelos alunos.
ceito correlato ao de autonomia intelectual e moral. Nes-
se sentido a interdisciplinaridade serve-se mais do cons-
trutivismo do que serve a ele. O construtivismo é uma
teoria da aprendizagem que entende o conhecimento AVALIAÇÃO: CONCEPÇÕES, APRENDIZA-
como fruto da interação entre o sujeito e o meio. Nessa
GEM SIGNIFICATIVAS, POLÍTICAS DE AVA-
teoria o papel do sujeito é primordial na construção do
LIAÇÃO INSTITUCIONAL E ASPECTOS MA-
conhecimento. Portanto, o construtivismo tem tudo a ver
com a interdisciplinaridade.
CROINSTITUCIONAIS.
A relação entre autonomia intelectual e interdisci-
plinaridade é imediata. Na teoria do conhecimento de
Piaget o sujeito não é alguém que espera que o conheci- Este texto tem como propósito propiciar uma reflexão
mento seja transmitido a ele por um ato de benevolência. sobre aspectos da avaliação escolar que estão presentes
É o sujeito que aprende através de suas próprias ações no cotidiano da escola. Pensar a avaliação e seus proces-
sobre os objetos do mundo. É ele, enquanto sujeito au- sos no âmbito das reflexões acerca do currículo escolar
tônomo, que constrói suas próprias categorias de pensa- reveste-se de grande importância pelas implicações que
mento ao mesmo tempo que organiza seu mundo. podem ter na formação dos estudantes.
Avaliação é um termo bastante amplo. Avaliamos a
todo instante: “o dia estará quente? Que roupa usar? Irá
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Pois bem, o mesmo acontece na escola. No entan- A avaliação e o papel social da educação escolar
to, no espaço escolar, nem sempre as decisões estão nas
mãos dos mesmos sujeitos: estudantes, professores, di- Que relações se estabelecem?
retores, coordenadores, pais, responsáveis. Na maioria
das vezes, a tomada de decisão fica sob a responsabi- Até que ponto, nós, professores, refletimos sobre nos-
lidade dos professores e/ou do conselho de classe. Isso sas ações cotidianas na escola, nossas práticas em sala de
faz com que o peso da avaliação fique redobrado e co- aula, sobre a linguagem que utilizamos, sobre aquilo que
loca o professor no lugar daquele que deve realizar tal pré-julgamos ou outras situações do cotidiano? Muitas
tarefa a partir de critérios previamente estabelecidos, de vezes, nosso discurso expressa aquilo que entendemos
preferência, coletivamente. A avaliação é, portanto, uma como adequado em educação e aquilo que almejamos.
atividade que envolve legitimidade técnica e legitimida- Isso tem seu mérito! Contudo, nossas práticas, imbuídas
de política na sua realização. de concepções, representações e sentidos, ou seja, reple-
Ou seja, quem avalia, o avaliador, seja ele o professor, tas de ações que fazem parte de nossa cultura, de nossas
o coordenador, o diretor etc., deve realizar a tarefa com crenças, expressam um “certo modo” de ver o mundo.
a legitimidade técnica que sua formação profissional lhe Esse “certo modo” de ver o mundo, que está imbricado
confere. Entretanto, o professor deve estabelecer e res- na ação do professor, traz para nossas ações reflexos de
peitar princípios e critérios refletidos coletivamente, re- nossa cultura e de nossas práticas vividas, que ainda es-
ferenciados no projeto político-pedagógico, na proposta tão muito impregnados pela lógica da classificação e da
curricular e em suas convicções acerca do papel social seleção, no que tange à avaliação escolar.
que desempenha a educação escolar. Este é o lado da Um exemplo diz respeito ao uso das notas escolares
legitimação política do processo de avaliação e que en- que colocam os avaliados em uma situação classificató-
volve também o coletivo da escola. ria. Nossa cultura meritocrática naturaliza o uso das no-
Se a escola é o lugar da construção da autonomia e tas a fim de classificar os melhores e os piores avaliados.
da cidadania, a avaliação dos processos, sejam eles das Em termos de educação escolar, os melhores seguirão
aprendizagens, da dinâmica escolar ou da própria ins- em frente, os piores voltarão para o início da fila, refazen-
tituição, não deve ficar sob a responsabilidade apenas do todo o caminho percorrido ao longo de um período
de um ou de outro profissional, é uma responsabilidade de estudos. Essa concepção é naturalmente incorporada
tanto da coletividade, como de cada um, em particular. em nossas práticas e nos esquecemos de pensar sobre o
O professor não deve se eximir de sua responsabili- que, de fato, está oculto e encoberto por ela.
dade do ato de avaliar as aprendizagens de seus estu- Em nossa sociedade, de um modo geral, ainda é bas-
dantes, assim como os demais profissionais devem tam- tante comum as pessoas entenderem que não se pode
bém, em conjunto com os professores e os estudantes, avaliar sem que os estudantes recebam uma nota pela
participar das avaliações a serem realizadas acerca dos sua produção.
demais processos no interior da escola. Dessa forma, Avaliar, para o senso comum, aparece como sinônimo
ressaltamos a importância do estímulo à autoavaliação, de medida, de atribuição de um valor em forma de nota
tanto do grupo, quanto do professor. ou conceito. Porém, nós, professores, temos o compro-
Entendendo a avaliação como algo inerente aos pro- misso de ir além do senso comum e não confundir avaliar
cessos cotidianos e de aprendizagem, na qual todos os com medir. Avaliar é um processo em que realizar provas
sujeitos desses processos estão envolvidos, pretende- e testes, atribuir notas ou conceitos é apenas parte do
mos, com este texto, levar à reflexão de que a avaliação todo.
na escola não pode ser compreendida como algo à parte, A avaliação é uma atividade orientada para o futuro.
isolado, já que tem subjacente uma concepção de edu- Avalia-se para tentar manter ou melhorar nossa atuação
cação e uma estratégia pedagógica. Também pretende- futura. Essa é a base da distinção entre medir e avaliar.
mos estimular a equipe escolar a questionar conceitos já Medir refere-se ao presente e ao passado e visa obter in-
arraigados no campo da avaliação, bem como despertar formações a respeito do progresso efetuado pelos estu-
para novas e possíveis práticas na avaliação escolar. dantes. Avaliar refere-se à reflexão sobre as informações
Há a avaliação da aprendizagem dos estudantes, em obtidas com vistas a planejar o futuro. Portanto, medir
que o professor tem um protagonismo central, mas há não é avaliar, ainda que o medir faça parte do processo
também a necessária avaliação da instituição como um de avaliação. Avaliar a aprendizagem do estudante não
todo, na qual o protagonismo é do coletivo dos profis- começa e muito menos termina quando atribuímos uma
sionais que trabalham e conduzem um processo com- nota à aprendizagem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
plexo de formação na escola, guiados por um projeto A educação escolar é cheia de intenções, visa a atingir
político-pedagógico coletivo. E, finalmente, há ainda a determinados objetivos educacionais, sejam estes relati-
avaliação do sistema escolar, ou do conjunto das escolas vos a valores, atitudes ou aos conteúdos escolares.
de uma rede escolar, na qual a responsabilidade principal A avaliação é uma das atividades que ocorre dentro
é do poder público. Esses três níveis de avaliação não são de um processo pedagógico. Este processo inclui outras
isolados e necessitam estar em regime de permanentes ações que implicam na própria formulação dos objetivos
trocas, respeitados os protagonistas, de forma que se da ação educativa, na definição de seus conteúdos e mé-
obtenha legitimidade técnica e política. todos, entre outros. A avaliação, portanto, sendo parte de
A avaliação, como parte de uma ação coletiva de for- um processo maior, deve ser usada tanto no sentido de
mação dos estudantes, ocorre, portanto, em várias esfe- um acompanhamento do desenvolvimento do estudan-
ras e com vários objetivos. te, como no sentido de uma apreciação final sobre o que
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este estudante pôde obter em um determinado período, afora, de socializar experiências, de perpetuar e construir
sempre com vistas a planejar ações educativas futuras. cultura, devemos entender a avaliação como promotora
Quando a avaliação acontece ao longo do processo, com desses princípios, portanto, seu papel não deve ser o de
o objetivo de reorientá-lo, recebe o nome de avaliação classificar e selecionar os estudantes, mas sim o de auxi-
formativa e quando ocorre ao final do processo, com a liar professores e estudantes a compreenderem de forma
finalidade de apreciar o resultado deste, recebe o nome mais organizada seus processos de ensinar e aprender.
de avaliação somativa. Uma não é nem pior, nem melhor Essa perspectiva exige uma prática avaliativa que não
que a outra, elas apenas têm objetivos diferenciados. deve ser concebida como algo distinto do processo de
aprendizagem.
A concepção de educação e a avaliação Entender e realizar uma prática avaliativa ao longo do
processo é pautar o planejamento dessa avaliação, bem
Para se instaurar um debate no interior da escola, so- como construir seus instrumentos, partindo das intera-
bre as práticas correntes de avaliação, é necessário que ções que vão se construindo no interior da sala de aula
explicitemos nosso conceito de avaliação. Qual a função com os estudantes e suas possibilidades de entendimen-
da avaliação, a partir do papel da educação escolar na tos dos conteúdos que estão sendo trabalhados.
sociedade atual? Às vezes, aquilo que parece óbvio não A avaliação tem como foco fornecer informações
o é tanto assim. Para que é feita a avaliação na escola? acerca das ações de aprendizagem e, portanto, não pode
Qual o lugar da avaliação no processo de ensino e apren- ser realizada apenas ao final do processo, sob pena de
dizagem? perder seu propósito. Podemos chamar essa perspectiva
Tradicionalmente, nossas experiências em avalia- de avaliação formativa.
ção são marcadas por uma concepção que classifica as Segundo Allal (1986), “os processos de avaliação
aprendizagens em certas ou erradas e, dessa forma, ter- formativa são concebidos para permitir ajustamentos
mina por separar aqueles estudantes que aprenderam os sucessivos durante o desenvolvimento e a experimenta-
conteúdos programados para a série em que se encon- ção do curriculum”. Perrenoud (1999) define a avaliação
tram daqueles que não aprenderam.
formativa como “um dos componentes de um dispositi-
Essa perspectiva de avaliação classificatória e seleti-
vo de individualização dos percursos de formação e de
va, muitas vezes, torna-se um fator de exclusão escolar.
diferenciação das intervenções e dos enquadramentos
Entretanto, é possível concebermos uma perspectiva de
pedagógicos”.
avaliação cuja vivência seja marcada pela lógica da inclu-
Outro aspecto fundamental de uma avaliação forma-
são, do diálogo, da construção da autonomia, da media-
tiva diz respeito à construção da autonomia por parte do
ção, da participação, da construção da responsabilidade
estudante, na medida em que lhe é solicitado um papel
com o coletivo.
ativo em seu processo de aprender. Ou seja, a avaliação
Tal perspectiva de avaliação alinha-se com a proposta
de uma escola mais democrática, inclusiva, que conside- formativa, tendo como foco o processo de aprendiza-
ra as infindáveis possibilidades de realização de apren- gem, numa perspectiva de interação e de diálogo, co-
dizagens por parte dos estudantes. Essa concepção de loca também no estudante, e não apenas no professor,
avaliação parte do princípio de que todas as pessoas são a responsabilidade por seus avanços e suas necessida-
capazes de aprender e de que as ações educativas, as es- des. Para tal, é necessário que o estudante conheça os
tratégias de ensino, os conteúdos das disciplinas devem conteúdos que irá aprender, os objetivos que deverá al-
ser planejados a partir dessas infinitas possibilidades de cançar, bem como os critérios que serão utilizados para
aprender dos estudantes. verificar e analisar seus avanços de aprendizagem. Nessa
Pode-se perceber, portanto, que as intenções e usos perspectiva, a autoavaliação torna-se uma ferramenta
da avaliação estão fortemente influenciados pelas con- importante, capaz de propiciar maior responsabilidade
cepções de educação que orientam a sua aplicação. aos estudantes acerca de seu próprio processo de apren-
Hoje, é voz corrente afirmar-se que a avaliação não dizagem e de construção da autonomia.
deve ser usada com o objetivo de punir, de classificar A avaliação formativa é aquela em que o professor
ou excluir. Usualmente, associa-se mais a avaliação so- está atento aos processos e às aprendizagens de seus es-
mativa a estes objetivos excludentes. Entretanto, tanto tudantes. O professor não avalia com o propósito de dar
a avaliação somativa quanto a formativa podem levar a uma nota, pois dentro de uma lógica formativa, a nota é
processos de exclusão e classificação, na dependência uma decorrência do processo e não o seu fim último. O
das concepções que norteiem o processo educativo. professor entende que a avaliação é essencial para dar
prosseguimento aos percursos de aprendizagem.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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Instaurar uma cultura avaliativa, no sentido de uma de aprendizagem. Vista assim, a avaliação é uma forma
avaliação entendida como parte inerente do processo e de se verificar se o estudante aprendeu ou não o conteú-
não marcada apenas por uma atribuição de nota, não é do ensinado. Embora isso possa fazer parte do conceito
tarefa muito fácil. de avaliação, ela é mais ampla e envolve também outras
Uma pergunta, portanto, que o coletivo escolar ne- esferas da sala de aula.
cessita responder diz respeito às concepções de educa- É sabido, por exemplo, que o professor procura res-
ção que orientam sua prática pedagógica, incluindo o paldo na avaliação para exercer o controle sobre o com-
processo de avaliação. Qual o entendimento que a es- portamento dos estudantes na sala de aula. Isso acontece
cola construiu sobre sua concepção de educação e de porque a sala de aula isolou-se tanto da vida real que os
avaliação? motivadores naturais da aprendizagem tiveram que ser
Há pelos menos dois aspectos sobre os quais a escola substituídos por motivadores artificiais, entre eles a nota.
precisa refletir, como parte de sua concepção de edu- Assim, o estudante estuda apenas para ter uma nota e
cação. Um diz respeito à exclusão que ela pode realizar, não para ter suas possibilidades e leitura do mundo am-
caso afaste os estudantes da cultura, do conhecimento pliadas. Isso, é claro, limita os horizontes da formação do
escolar e da própria escola, pela indução da evasão por estudante e da própria avaliação. O poder de dar uma
meio de reprovação, como já foi abordado no texto so- nota não raramente é usado para induzir subordinação e
bre currículo e cultura. controlar o comportamento do estudante em sala.
Aqui os processos de avaliação podem atuar para le- Além disso, nem sempre o professor avalia apenas o
gitimar a exclusão, dando uma aparência científica à ava- conhecimento que o estudante adquiriu em um deter-
liação e transferindo a responsabilidade da exclusão para minado processo de aprendizagem, mas também seus
o próprio estudante. valores ou atitudes. Dessa forma, ao conceituarmos a
1. É fundamental transformar a prática avaliativa em avaliação escolar, realizada nas salas de aula, devemos
prática de aprendizagem. levar em conta que são vários os aspectos incluídos nesta
2. É necessário avaliar como condição para a mudan- definição: o conhecimento aprendido pelo estudante e
ça de prática e para o redimensionamento do processo seu desenvolvimento, o comportamento do estudante e
de ensino/aprendizagem. seus valores e atitudes.
3. Avaliar faz parte do processo de ensino e de apren- Alguns desses aspectos são avaliados formalmente
dizagem: não ensinamos sem avaliar, não aprendemos (em provas, por exemplo), mas outros são avaliados in-
sem avaliar. Dessa forma, rompe-se com a falsa dicoto- formalmente (nas conversas com os estudantes, no dia-
mia entre ensino e avaliação, como se esta fosse apenas -a-dia da sala de aula). Investigar, portanto, como está
o final de um processo. ocorrendo a avaliação em sua sala de aula – consideran-
Outro aspecto diz respeito ao papel esperado dos do os aspectos formais e informais – pode ser um bom
estudantes na escola e o desenvolvimento de sua auto- começo para aprimorar as práticas avaliativas usadas.
nomia e auto direção. Neste caso, a avaliação pode ser Em decorrência desses aspectos informais, avaliamos
usada para gerar a subordinação do estudante e não muito mais do que pensamos avaliar. Nas salas de au-
para valorizar seu papel como sujeito de direitos com ca- las, estamos permanentemente emitindo juízos de valor
pacidade para decidir. sobre os estudantes (frequentemente de forma pública).
A escola, portanto, não é apenas um local onde se Esses juízos de valores vão conformando imagens e re-
aprende um determinado conteúdo escolar, mas um es- presentações entre professores e estudantes, entre estu-
paço onde se aprende a construir relações com as “coi- dantes e professores e entre os próprios estudantes.
sas” (mundo natural) e com as “pessoas” (mundo social). Devemos ter em mente que, em nossa prática, não
Essas relações devem propiciar a inclusão de todos e estamos avaliando nossos estudantes e crianças, mas as
o desenvolvimento da autonomia e auto direção dos es- aprendizagens que eles realizam. Entre o formal e o in-
tudantes, com vistas a que participem como construtores formal na avaliação vimos que todo processo avaliativo
de uma nova vida social. implica na formulação de juízos de valor ou em aprecia-
A importância dessa compreensão é fundamental ções. É próprio do ser humano projetar o seu futuro e,
para que se possa, no processo pedagógico, orientar a depois, comparar com o que conseguiu, de fato, realizar
avaliação para essas finalidades. Entretanto, isso não re- e emitir um juízo de valor. Pode-se dizer que, nesse sen-
tira, nem um pouco, a importância da aprendizagem dos tido, a avaliação faz parte do ser humano.
conteúdos escolares mais específicos e que são igual- Porém, é importante chamar a atenção para o fato de
mente importantes para a formação dos estudantes. Se, que se o juízo de valor é algo inerente ao ser humano, o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
por um lado, a escola deve valorizar a capacidade dos uso que é feito de tal juízo, com o objetivo de classificar
estudantes de criar e expressar sua cultura, por outro, vi- e excluir, não é. Em páginas anteriores, vimos como isso
vendo em um mundo altamente tecnológico e exigente, depende da concepção de educação que se quer utilizar.
as contribuições já sistematizadas das variadas ciências e Na sala de aula, boa parte das atividades que vão sen-
das artes não podem ser ignoradas no trabalho escolar. do realizadas tende a gerar juízos de valor por parte de
professores e estudantes. Não é apenas em uma situação
A característica processual da avaliação de prova que os juízos se desenvolvem tendo por base as
respostas dadas pelos estudantes.
Normalmente, a noção de avaliação é reduzida à me- Esses juízos de valor interferem (para o bem ou para
dição de competências e habilidades que um estudante o mal) nas relações entre os professores e os estudan-
exibe ao final de um determinado período ou processo tes. Não são raras as situações em que os professores
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começam a orientar suas estratégias metodológicas em Ora, o que viabiliza uma melhor qualidade de ensino
função de seus juízos de valor sobre os estudantes, con- são professores bem formados e informados; condições
figurando uma situação delicada, principalmente quando de trabalho; recursos materiais; escolas arejadas, claras
os juízos negativos de valor passam a comandar a ação e limpas, com mobiliário adequado, com espaços de es-
metodológica do professor. Nesses casos, há um con- tudo, de pesquisa e prazer para professores e estudan-
tínuo prejuízo do estudante, pois o preconceito que se tes, sempre, é claro, fazendo uso dessas condições com
forma sobre ele termina por retirar as próprias oportuni- seriedade e responsabilidade, de maneira a garantir a
dades de aprendizagem do estudante. aprendizagem e desenvolvimento dos estudantes.
O acompanhamento dessas situações revela que, ao
agirem assim, esses professores terminam por afetar ne- O cotidiano e suas possíveis práticas de avaliação
gativamente a autoimagem do estudante, o que repre- das aprendizagens
senta um fator contrário à motivação do aluno para a
aprendizagem. Podemos dizer que a reprovação oficia- Inúmeras práticas avaliativas permeiam o cotidiano
lizada em uma prova, por exemplo, é de fato, apenas a escolar. Em uma mesma escola, ou até em uma sala de
consequência de uma relação professor-aluno malsuce- aula, é possível identificarmos práticas de avaliação con-
dida durante o processo de ensino-aprendizagem. cebidas a partir de diferentes perspectivas teóricas e con-
Quando o estudante é reprovado em uma situação cepções pedagógicas e de ensino.
de prova, de fato, ele já havia sido reprovado, antes, no Isso é natural, uma vez que nossas práticas incorpo-
processo. Foi a relação professor-aluno que o reprovou. ram diferentes vivências e modelos, bem como são per-
Isso deve alertar o professor para a necessidade de uma meadas por nossas crenças e princípios, nem sempre tão
relação bem-sucedida, motivadora e positiva para com o coerentes assim. A escola, ao longo das décadas, vem
estudante durante o processo de aprendizagem, no qual passando por inúmeras transformações do ponto de vis-
se evite o uso de procedimentos e ações que contribuam ta das concepções pedagógicas e correntes teóricas.
para a criação de uma autoimagem negativa. A cada período, podemos considerar que a escola in-
Pode-se afirmar, igualmente, que mesmo nas situa- corpora determinadas práticas, rejeita outras, perpetua
ções de organização curricular baseada em ciclos e em outras tantas. No entanto, é importante perceber que,
progressão continuada, o fato de se eliminar o poder de mais do que defender uma ou outra corrente teórica,
reprovação dos instrumentos avaliativos não significa a busca pela coerência nas ações educativas deve ser
que não esteja havendo avaliação. o norte do professor. Por exemplo, se, como professor,
Tanto os ciclos quanto a progressão continuada, em propicio sempre estudos em grupo em sala de aula, no
algumas situações, permanecem fazendo uso de técni- momento de avaliar também devo manter uma certa
cas informais de avaliação (observações, trabalhos sem coerência com essa metodologia implementada em sala
critérios muito definidos etc.) inerentes ao processo de de aula. Se mobilizo os estudantes a estarem sempre
ensino-aprendizagem que podem até ser mais perversos identificando informações e pouco promovo situações
que as próprias provas formais, quando usadas com pro- de análise e reflexão, tal competência não será cobra-
pósito classificatório e excludente. da no momento da avaliação. Primeiro ela terá que ser
Dessa forma, podemos perceber o quanto é funda- vivenciada pelos estudantes no seu nível de desenvolvi-
mental avaliar os processos de aprendizagem dos es- mento.
tudantes na escola em ciclos. Como fazer com que os
estudantes aprendam aquilo que não vêm conseguindo Os instrumentos
aprender? É preciso, antes de mais nada, avaliar. Depois,
traçar estratégias e maneiras de intervenção junto aos É importante reproduzir aqui uma fala recorrente em
estudantes que favoreçam a aprendizagem. nossas salas de aula. Nossas falas representam nossas
Um equívoco que parece persistir, ainda entre par- concepções e ideias sobre as coisas e o mundo. Pois bem,
te dos educadores, desde as primeiras experiências com uma professora, em dia de prova, muitas vezes diz para
ciclos básicos e promoção automática no Brasil, é o de sua turma: “hoje faremos uma avaliação!” Essa fala traz
que combater a reprovação implica em não avaliar o pro- uma incorreção conceitual, comum em nosso cotidiano
cesso de ensino-aprendizagem dos estudantes, em não escolar, e importante de ser refletida. Se a avaliação é um
fazer provas, em não fazer testes, em não atribuir notas processo que não se resume a medir ou verificar apenas,
ou conceitos que reflitam tal processo. como pode ser feito em um dia? A fala adequada da pro-
Um outro equívoco ainda parece relacionar-se com fessora deveria ser: “Hoje, vamos fazer um exercício que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
essa questão: há uma máxima de que os estudantes, ao servirá de base para a avaliação de vocês!”.
não serem reprovados, não aprendem e saem da escola Ao falarmos de instrumentos utilizados nos proces-
sem aprender o básico de leitura, escrita e matemática. sos de avaliação, estaremos falando das tarefas que são
Diz o senso comum que “os estudantes estão sain- planejadas com o propósito de subsidiar, com dados, a
do da escola sem aprender, porque não são avaliados análise do professor acerca do momento de aprendiza-
e não são reprovados!” Tal equívoco nos remete a outra gem de seus estudantes.
máxima, que já faz parte de nossa cultura escolar: a de Há variadas formas de se elaborar instrumentos. Eles
que a reprovação é garantidora de uma maior qualidade podem ser trabalhos, provas, testes, relatórios, interpre-
do ensino. Poderíamos reduzir toda a riqueza do ato de tações, questionários etc., referenciados nos programas
educar ao momento da promoção ou retenção dos es- gerais de ensino existentes para as redes escolares e que
tudantes? definem objetivos e conteúdos para uma determinada
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etapa ou série, ou podem ser referenciados no conhe- Um instrumento mal elaborado pode causar distor-
cimento que o professor tem do real estágio de desen- ções na avaliação que o professor realiza e suas implica-
volvimento de seus alunos e do percurso que fizeram na ções podem ter consequências graves, uma vez que todo
aprendizagem. ato avaliativo envolve um julgamento que, no caso da
É importante ressaltar também que os resultados ad- educação escolar, significa, em última instância, aprovar
vindos da aplicação dos instrumentos são provisórios e ou reprovar.
não definitivos. O que o estudante demonstrou não co- A elaboração de um instrumento de avaliação ainda
nhecer em um momento poderá vir a conhecer em outro. deverá levar em consideração alguns aspectos importan-
A questão do tempo de aprendizagem de cada estudan- tes:
te é um fator, na maioria das vezes, pouco levado em a) a linguagem a ser utilizada: clara, esclarecedora,
consideração. objetiva;
É importante ressaltar ainda que a simples utiliza- b) a contextualização daquilo que se investiga: em
ção de instrumentos diferenciados de provas e testes uma pergunta sem contexto podemos obter inúmeras
(memorial, portfólio, caderno de aprendizagens etc.) já respostas e, talvez, nenhuma relativa ao que, de fato,
propicia uma vivência de avaliação distinta da tradicio- gostaríamos de verificar;
nal. O que queremos dizer é que, muitas vezes, a prática c) o conteúdo deve ser significativo, ou seja, deve ter
concreta leva a uma posterior mudança de concepção significado para quem está sendo avaliado;
de avaliação. A descrição dos instrumentos será colocada d) estar coerente com os propósitos do ensino;
mais adiante. Retomemos agora a discussão acerca de e) explorar a capacidade de leitura e de escrita, bem
sua construção. como o raciocínio.
A construção dos instrumentos, quando é feita a Podemos fazer algumas considerações em relação
partir de programas e objetivos gerais, toma como refe- aos instrumentos que podem ser utilizados ou construí-
rência tais programas e não as aprendizagens reais dos dos com a finalidade de acompanhar a aprendizagem
estudantes ou do grupo. Se, por um lado, isso faz com dos estudantes, em vez de fazer uma medição pontual
que a questão do tempo de aprendizagem específico do seu desempenho.
de cada estudante seja um fator quase inexistente na Comumente já encontramos, nas práticas da Educa-
elaboração desse tipo de instrumento, por outro, é um ção Infantil, instrumentos que revelam um processo de
importante fator de geração de equidade entre os obje- avaliação muito voltado ao acompanhamento das apren-
tivos e conteúdos que se espera que as escolas ensinem dizagens e desenvolvimento das crianças, ou seja, uma
a seus estudantes. Sem isso, correríamos o risco de que avaliação incorporada ao cotidiano e ao planejamento
cada professor fixasse o seu próprio conteúdo ou nível diário.
de aprendizagem para seus estudantes. Dessa forma, a Sabemos também que, na Educação Infantil, os (as)
coleta dos dados obtidos com os instrumentos que se re- professores (as), de um modo geral, já realizam uma ava-
ferenciam nos programas gerais de ensino revelará aqui- liação muito próxima da formativa, uma vez que exercem
lo que os estudantes aprenderam ou não aprenderam. uma avaliação mais contínua do processo das crianças,
Voltaremos a falar desse tipo de instrumento quando desvinculada da necessidade de pontuá-la com indica-
examinarmos a avaliação de sistemas de ensino.
dores numéricos ou de outra ordem, para fins de apro-
O professor, porém, não necessita e não deve limitar-
vação. As práticas avaliativas na Educação Infantil, de um
-se a esse tipo de instrumento. Ele pode construir outros
modo geral, primam pela lógica da inclusão das crianças
que sejam mais sensíveis ao estágio de desenvolvimento
com vistas à sua permanência e continuidade nas cre-
específico de seus alunos, confiando que tais instrumen-
ches, pré-escolas e escolas de Ensino Fundamental.
tos proporcionarão a dimensão da possibilidade, do “vir
Podemos considerar também que, tradicionalmente,
a saber”, revelando melhor o papel inclusivo da escola e
da educação, a crença no potencial do aprendizado do nossas experiências, principalmente no Ensino Funda-
estudante. mental, são marcadas por uma avaliação classificatória,
Se bem planejados e construídos, os instrumentos seletiva e, muitas vezes, excludente, como já vimos.
(trabalhos, provas, testes, relatórios, portfólios, memo- No entanto, como tornar a avaliação dos processos
riais, questionários etc.) têm fundamental importância de aprendizagem dos estudantes mais interativa, dialógi-
para o processo de aprendizagem ainda que não devam ca, formativa? Vimos que a avaliação formativa é aquela
ser usados apenas para a atribuição de notas na perspec- que orienta os estudantes para realização de seus tra-
tiva de aprovação ou reprovação dos estudantes. balhos e de suas aprendizagens, ajudando-os a localizar
O que significa um instrumento de avaliação bem ela- suas dificuldades e suas potencialidades, redirecionan-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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po toma como referência o próprio estudante. Isso sig- Cabe-nos refletir acerca do papel desses registros.
nifica que a análise de seu progresso considera aspectos Seria coerente com a proposta de uma educação voltada
tais como o esforço despendido, o contexto particular do para a construção da cidadania e da autonomia, que os
seu trabalho e o progresso alcançado ao longo do tem- estudantes, por exemplo, só tomassem contato com o fi-
po. Consequentemente, o julgamento de sua produção nal de seu processo de aprendizagem, depois de findo o
e o retorno que lhe será oferecido levarão em conta o bimestre, trimestre, semestre ou ano? Estariam acompa-
processo desenvolvido pelo estudante e não apenas os nhando seu processo e podendo, dessa forma, ser mais
critérios estabelecidos para realizar a avaliação. A avalia- autônomos e responsáveis pelo mesmo?
ção formativa é realizada ao longo de todo o processo de No caso da Educação Infantil, essas informações acer-
ensino e aprendizagem. ca da avaliação da aprendizagem, ao longo do processo
O professor, trabalhando na perspectiva da avaliação educativo, geralmente são apresentadas em forma de
formativa, não está preocupado no dia-a-dia em atribuir relatórios de grupo e relatórios individuais, ou ainda, por
notas aos estudantes, mas em observar e registrar seus meio de reuniões coletivas ou individuais com pais e/ou
percursos durante as aulas, a fim de analisar as possibi- responsáveis pelas crianças.
lidades de aprendizagem de cada um e do grupo como
um todo. Pode, dessa forma, planejar e replanejar os pro- Práticas que podem ser incorporadas ao Ensino
cessos de ensino, bem como pode planejar as possibi- Fundamental.
lidades de intervenção junto às aprendizagens de seus
estudantes. Dentro da perspectiva de uma avaliação contínua,
O registro da avaliação formativa pode ser feito de di- cumulativa, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Na-
ferentes maneiras. O professor deve encontrar uma for- cional recomenda às Escolas de Ensino Fundamental, em
ma de documentar os dados que for coletando ao lon- seu artigo 24:
go do processo. A periodicidade de coleta desses dados “V - A verificação do rendimento escolar observará os
também deve ser realizada de acordo com a realidade seguintes critérios:
de cada grupo e do contexto em geral (possibilidades do a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho
professor, turma, escola). do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos so-
O importante não é a forma, mas a prática de uma bre os quantitativos e dos resultados ao longo do perío-
concepção de avaliação que privilegia a aprendizagem. do sobre os de eventuais provas finais...”
Em uma prática de avaliação formativa, o instrumento de A partir da recomendação legal, estaríamos utilizando
registro do professor deve ter o propósito de acompa- os instrumentos de registro de informação do processo
nhar o processo de aprendizagem de seus estudantes. de aprendizagem mais adequados?
A finalidade é registrar este acompanhamento, os Lembramos ainda o quanto é fundamental uma prá-
avanços e recuos dos estudantes, a fim de informar o tica que tenha memória. Memória que só pode existir a
professor acerca do processo, para que, assim, possa partir do registro dos processos, das descobertas, das
mediar e traçar estratégias de ação adequadas a cada tentativas, dos percursos das turmas. Os conhecimentos
estudante e às suas potencialidades. construídos pelos professores ao longo de sua prática,
Outros instrumentos de registro podem e devem coe- os instrumentos elaborados, os planejamentos feitos, as
xistir: planilhas de notas, relatórios do desempenho dos
atividades realizadas, tudo isso registrado significa a legi-
estudantes, anotações diárias das aulas, diários do pro-
timação de um saber elaborado a partir da prática.
fessor, no qual ele anota o que fez, o que foi produtivo,
Isso fica bastante evidente quando nos reportamos à
como poderia ser melhorado, enfim, há uma infinidade
Educação Infantil, pois a LDB diz em seu Art. 31 que “na
de possibilidades de registro da prática e do crescimen-
Educação Infantil a avaliação far-se-á mediante acom-
to dos estudantes e crianças. Na Educação Infantil é co-
panhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o
mum a prática de relatórios discursivos acerca dos pro-
cessos das crianças. Os professores costumam registrar objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao Ensino
sob forma de relatórios tais processos. Nesses registros, Fundamental”.
é comum os professores relatarem considerações a res- Assim sendo, constitui-se um processo contínuo e
peito do processo de desenvolvimento e aprendizagem abrangente que considera a criança em sua integralida-
de cada criança individualmente, do coletivo (da turma de. É considerada como parte inerente do processo de
como um todo) e do seu próprio trabalho. Ao avaliar seu formação e, portanto, deve ser parâmetro para o desen-
processo de ensino, o professor poderá considerar mais volvimento de todo o trabalho pedagógico na Educação
amplamente o processo de aprendizagem de cada crian- Infantil.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ça e do coletivo. Portanto, é fundamental considerar que Um procedimento de avaliação que cumpre a função
a avaliação das ações de ensino está diretamente relacio- de ser também instrumento de registro e que propicia a
nada à avaliação das aprendizagens. memória dos processos de ensino e de aprendizagem,
Finalmente, há ainda a possibilidade de se ter instru- tanto para estudantes, quanto para professores, é o port-
mentos destinados a informar aos estudantes e respon- fólio.
sáveis, bem como às secretarias de educação acerca da O portfólio é uma tarefa de suma importância para os
aprendizagem dos estudantes. São os registros do tipo estudantes e crianças, pois os coloca em contato com sua
boletins, relatórios quantitativos ou qualitativos. Estes aprendizagem constantemente.
são resumos daquilo que foi coletado ao longo de um Além disso, também é um instrumento de avaliação
período e expressam não o processo, mas o resultado importante, pois serve para valorizar seu trabalho, seu
do mesmo. crescimento e suas aprendizagens. No portfólio, os es-
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tudantes deixam registrado de maneira concreta o seu Acreditamos que refletir sobre sua própria aprendi-
caminho ao longo da escolaridade. Funciona como “um zagem faz com que o estudante adquira uma maior res-
baú de memórias”. Ao final do ano ou ciclo, o estudante ponsabilidade sobre sua escolaridade. Porém, responsa-
terá um dossiê de sua trajetória e poderá ter um acervo bilidades são aprendidas, construídas.
de material rico para lhe auxiliar nas suas próximas eta- Somente uma prática constante de reflexão e in-
pas. corporada como algo natural ao processo pode, com o
Segundo Villas Boas (2004, p.38), “o portfólio é um tempo, levar a uma mudança de postura por parte dos
procedimento de avaliação que permite aos alunos par- estudantes.
ticipar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem Um outro instrumento de avaliação pode ser o Memo-
e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes rial. Em que consiste e qual seu propósito? O Memorial
ativos da avaliação, selecionando as melhores amostras se constitui em uma escrita livre do estudante acerca de
de seu trabalho para incluí-las no portfólio”. O portfólio suas vivências ao longo do ano. Devem ser registrados os
pode constituir-se, tanto para estudantes quanto para avanços, os receios, os sucessos, os medos, as conquis-
professores, como uma coleção dos trabalhos que con- tas, as reflexões, sobre todo o processo experienciado.
ta a história de seus esforços, progressos, desempenho, O propósito do memorial é fazer com que o estudan-
criações, dúvidas etc. Nesse sentido, o portfólio pode ser te tenha um momento de reflexão não apenas de suas
considerado um instrumento de registro que serve para aprendizagens relativas aos conteúdos específicos, como
a avaliação dos processos. já faz no Caderno de Aprendizagens, mas que possa re-
Ao selecionar os trabalhos que comporão o portfólio, fletir sobre seu compromisso, seu envolvimento e em que
professores e estudantes devem fazer uma autoavalia- este está contribuindo para seu crescimento e o cresci-
ção crítica e cuidadosa, a partir dos objetivos estabele- mento do grupo. É no memorial que o estudante exercita
cidos, dos propósitos de cada tarefa ou atividade que sua capacidade reflexiva sobre sua atuação, empenhos
estará compondo o instrumento. Podemos ainda dizer e compromisso consigo, com os colegas e professores.
que, além de servir como instrumento de autoavaliação e Escrever o Memorial também cumpre o propósito de
de registro da memória dos processos, o portfólio pode fazer com que o estudante desenvolva sua capacidade
ser um instrumento de comunicação com os pais e/ou de se expressar por um texto escrito, pois sabemos da
responsáveis. É prática corrente, na Educação Infantil, as fundamental importância do estudante saber registrar,
crianças rememorarem as tarefas que elaboraram duran- em um texto escrito, suas ideias de forma organizada,
clara, coerente, desenvolta e correta, no sentido estrito
te um período, selecionarem e colocarem essas tarefas
do uso da língua escrita.
em uma pasta que será enviada para casa, a fim de que
Como desenvolver esse instrumento na Educação
os responsáveis possam ver o que foi realizado no perío-
Infantil? Os mesmos propósitos podem ser trabalhados
do. Ou seja, aquilo que não sabiam bem e agora já sa-
na Educação Infantil. As crianças podem falar sobre suas
bem. Entendemos que tal prática possa ser ressignificada
conquistas, dúvidas, sucessos, medos. Podem registrar a
para os outros níveis de ensino.
partir de desenhos, painéis, mímicas etc. As professoras
Um outro instrumento que facilita a prática de uma
podem gravar, escrever pelas crianças, arquivar os regis-
avaliação formativa é o Caderno de Aprendizagens, um
tros.
caderno no qual os estudantes se depararão com suas Para sintetizar, são aspectos importantes de uma prá-
dúvidas e possibilidades de avanço; um caderno de es- tica de avaliação formativa: utilização de instrumentos de
tudos paralelos, digamos assim. avaliação diferenciados; autoavaliação que leve a uma
Pode ser uma iniciativa do próprio estudante ou autorreflexão e maior responsabilidade sobre sua pró-
uma prática a ser incorporada pelo professor em seu pria aprendizagem, retirando das mãos do professor tal
planejamento. responsabilidade; utilização de diferentes formas de re-
gistro da aprendizagem dos estudantes; uma forte con-
O Caderno de Aprendizagens pode ser utilizado cepção de que se avalia, especialmente, para dar conti-
em duas situações: nuidade à aprendizagem dos estudantes e crianças e não
para medir ou dar notas.
1. Atividades de acompanhamento dos conteúdos
escolares A autoavaliação
São atividades com o propósito de superar as difi-
culdades e dúvidas que tenham ficado dos conteúdos Algumas práticas que levariam a uma maior autono-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
71
A autoavaliação ainda não se tornou um hábito em mente, coloca-se a situação do grupo ter conhecimento
nossas salas de aula. Se é papel da escola formar sujeitos daquilo que é esperado dele, da construção coletiva de
autônomos, críticos, por que ainda não incorporamos tal metas e regras. A partir daí, pode-se então, fazer uma
prática? Por que ainda insistimos em uma avaliação que autoavaliação dos processos do grupo, seja em termos
não favorece o aprendizado e que não está coerente com atitudinais, seja em relação aos conhecimentos construí-
nosso discurso atual? Por que insistimos em uma avalia- dos coletiva e individualmente.
ção que coloca todo o processo nas mãos do professor, A autoavaliação deve favorecer ao estudante a autor-
eximindo assim o estudante de qualquer responsabilida- reflexão acerca de sua postura, suas atitudes individuais e
de? no grupo, seu papel no grupo, seus avanços, seus medos
Ainda hoje, apesar de nossos discursos pedagógicos e conquistas. Deve ajudar na superação das dificuldades
terem avançado bastante, insistimos em uma avaliação de aprendizagem, naturais a todo e qualquer processo
que não favorece o aprendizado, pois é concebida como de aprender.
algo que não se constitui como parte do processo de
aprendizagem, mas apenas como um momento de ve- O conselho de classe
rificação.
Em uma concepção de educação cujo foco do pro- Outro aspecto diretamente relacionado à avaliação
cesso de ensino e aprendizagem seja o professor, há diz respeito ao conselho de classe. Esse espaço precisa
coerência com uma prática de avaliação cujos critérios e
ser ressignificado e a sua real função resgatada. Existiria
expectativas estejam somente a cargo do professor. No
espaço mais rico para a discussão dos avanços, progres-
entanto, orientar a avaliação para uma prática formativa,
sos, necessidades dos estudantes e dos grupos? Existi-
contemplando a autoavaliação, torna-se um pressuposto
para avançarmos em direção a uma necessária coerência ria espaço mais privilegiado de troca entre professores
com uma concepção mais atual de ensino e aprendiza- que trabalham com os mesmos estudantes para traçar
gem. estratégias de atuação em conjunto que favoreçam os
Os processos de autoavaliação podem e devem ser processos de aprender? Não seria o conselho de classe,
individuais e de grupo. Não devem ficar restritos ape- o momento no qual deveríamos estudar os desafios de-
nas aos aspectos mais relativos a atitudes e valores. Os correntes da prática? Por fim, o conselho de classe tam-
estudantes, em todos os níveis de ensino, devem refletir bém ajudaria a resgatar a dimensão coletiva do trabalho
sobre seus avanços não só relativos à sua socialização, docente. No entanto, o conselho de classe, em boa parte
bem como sobre aqueles relativos às suas aprendizagens das escolas, ou tornou-se uma récita de notas e concei-
específicas. tos, palco de lamúrias e reclamações ou, simplesmente,
Ter clareza sobre o que é esperado dele é o primeiro inexiste. Acontecendo dessa forma, o conselho de classe
passo para que o estudante possa realizar sua autoava- coaduna-se com a perspectiva da avaliação classificatória
liação. Como poderia saber se estou aprendendo o que e seletiva, perdendo seu potencial.
deveria, da forma como deveria, se não sei o que vou O espaço do conselho de classe poderia estar desti-
aprender? Todos nós, para podermos fazer uma análise nado a traçar estratégias para as intervenções pedagógi-
de nossos potenciais e necessidades, em primeiro lugar cas com os estudantes, com os grupos. Poderia também
devemos conhecer o que vamos aprender. A autoavalia- se constituir em espaço de estudo e discussão acerca de
ção ainda não faz parte da cultura escolar brasileira. questões teóricas que ajudariam na reflexão docente so-
Entretanto, se quisermos sujeitos autônomos, críticos, bre os desafios que o cotidiano escolar nos impõe: vio-
devemos ter consciência de que tal prática deve ser in- lência escolar, estudantes com necessidades educativas
corporada ao cotidiano dos planejamentos dos profes- especiais, as formas e procedimentos de avaliação dos
sores, do currículo, por fim. professores, construção coletiva de ações que levariam a
Isso, na escola, se traduz em conhecer não só o pro- uma maior qualidade do trabalho pedagógico, avaliação
grama de ensino do ciclo, etapa ou série, mas principal- das metas e princípios estabelecidos no projeto político
mente, as expectativas dos professores, as nossas pró-
pedagógico da escola e sua concretização junto aos es-
prias, refletir sobre por que frequentar a escola, sobre
tudantes e às turmas, formas de relacionamento da esco-
o que é mais importante aprender e sobre aquilo que
la com as famílias etc.
queremos conhecer.
Como transformar o conselho de classe em um mo-
Depois, para além disso, é importante que o professor
propicie uma prática constante de autoavaliação para os mento de integração e discussão do processo pedagó-
estudantes, que se torne uma rotina, incorporada ao pla- gico? É importante lembrar que para ser um espaço de
discussão coletiva, é importante que os professores pla-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
72
aprovação ou reprovação de alunos. É também um espa- da pelas secretarias de educação de forma a envolver as
ço privilegiado para o resgate da dimensão coletiva do escolas e os professores no próprio processo de elabora-
trabalho docente. ção da avaliação, de maneira que esta seja realizada com
O conselho existe para que as decisões sejam com- legitimidade técnica e política.
partilhadas. Mas como compartilhar decisões, se não Os resultados obtidos na avaliação de sistema devem
estivermos a par de todo o processo, desde seu plane- ser enviados às escolas para serem usados, tanto na sua
jamento? avaliação institucional, como pelo professor na avaliação
da aprendizagem dos alunos.
Outros espaços de avaliação E por fim, temos os sistemas de avaliações nacionais
como SAEB, Prova Brasil, Enem, Enade, que passaram a
Embora tenhamos privilegiado o tratamento das ser implementados no Brasil ainda nos anos 90 e que
questões relativas à avaliação da aprendizagem do es- cumprem a função de traçar para professores, pesqui-
tudante, portanto, com foco na relação professor-estu- sadores e para a sociedade, em geral, um panorama da
dante, a sala de aula não é o único espaço em que os situação da educação no país, em seus diversos níveis de
processos devem ser avaliados. Muito do que o professor ensino. Tais sistemas cumprem um papel social impor-
consegue ou não em seu local de trabalho depende de tante, na medida em que têm como propósito dar sub-
fatores que estão presentes no âmbito da escola e do sídios para a construção de uma escola de melhor quali-
sistema de ensino. Tais fatores ou facilitadores precisam dade. Os resultados dessas grandes avaliações devem ser
igualmente ser avaliados como parte integrante da expli- amplamente divulgados e debatidos nas escolas, redes,
cação das conquistas e fracassos que possam ocorrer no meios de comunicação para que, de fato, se tornem um
âmbito da sala de aula. Esses outros espaços possuem instrumento de democratização do sistema educacional
seus próprios procedimentos de avaliação. brasileiro.
O espaço mais próximo da sala de aula é o espaço
da escola como um todo. A escola é uma organização AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL
complexa com múltiplos atores e interesses.
A avaliação da escola é chamada de avaliação insti- Na palavra “avaliação” estão contidos os termos “va-
tucional. Nesta, o ponto de apoio é o projeto político- lor” e “ação”, circunstância que sugere a imprescindi-
-pedagógico da escola construído coletivamente e que bilidade da concepção valorativa da ação educacional.
deve orientar o conjunto dos profissionais envolvidos no CASALI (2007, p.10) a define como “um saber situar co-
processo de formação dos estudantes. tidianamente, numa certa ordem hierárquica, o valor de
O projeto político-pedagógico deve fixar indicadores algo enquanto meio (mediação) para a realização da vida
a serem alcançados pelo coletivo da escola. Indicadores do(s) sujeitos(s) em questão, no contexto dos valores cul-
não são padrões a serem obedecidos cegamente, mas turais e, no limite, dos valores universais.”
marcas que o coletivo da escola espera atingir e para
as quais se organiza. Pode envolver a fixação de índices Nesse fanaite, avaliar é reconhecer ou atribuir um va-
menores de reprovação, índices maiores de domínio de lor. Em se tratando de educação, tal atividade se tradu-
leitura ou outro conteúdo específico, expectativas de ziria no esforço de se adotar uma postura radicalmente
melhoria do clima organizativo da escola etc. Pode en- ética e epistemológica no processo de ensino e (ad)mi-
volver ainda a obtenção de uma melhor articulação com nistração do saber.
a comunidade local, ou a luta por demandas a serem fei-
tas ao poder público e que sejam vitais para o melhor Tal como os valores, os processos avaliativos na edu-
funcionamento da escola. cação são histórica e culturalmente construídos e se
A avaliação institucional é também uma forma de prestam não como fins em si mesmo, mas como referên-
permitir a melhor organização do coletivo da escola com cias mediadoras de ações concretas, isto é, como meios
vistas a uma gestão mais democrática e participativa que (recursos, instrumentos) de valoração dos resultados ob-
permita à coletividade entender quais os pontos fortes e tidos.
fracos daquela organização escolar, bem como mobilizar,
criar e propor alternativas aos problemas. Existem três âmbitos de alcance dos valores, logo,
Finalmente, ainda existe o espaço do próprio sistema das avaliações: “há valores para um sujeito, há valores
ou rede escolar, enquanto o conjunto das escolas per- para uma cultura, há valores para a humanidade” (CA-
tencentes a este. Dentre as várias formas de avaliação SALI, 2007). Dito de outro modo: o singular, o parcial, o
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
que esta instância comporta, destacamos a avaliação de universal. A avaliação se perfaz, portanto, como medida e
rendimento do conjunto dos estudantes pertencentes a referência de valor para um, dois, ou para os três âmbitos
uma rede de ensino ou a chamada avaliação de sistema. de reflexão científica (CASALI, 2007, p. 13). Ela se refere à
Aqui, além do rendimento dos alunos, são feitas avalia- determinação do mérito ou do valor de um dado proces-
ções de fatores associados a tais rendimentos e pesqui- so ou do que dele resultou, seja no âmbito do sujeito, da
sadas as características das escolas que podem facilitar cultura, ou de toda a humanidade.
ou dificultar o trabalho do professor e a obtenção dos
resultados esperados pelos alunos. No campo da educação, os processos avaliativos dos
Essa avaliação, apesar de ser externa à escola, não resultados esperados de determinados sujeitos (alunos),
necessariamente tem que ser externa à rede, ou seja, de uma determinada cultura ou de toda uma comuni-
preparada fora da rede avaliada. Ela pode ser construí- dade de pessoas se torna ainda mais complexa porque
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obviamente não pode se contentar na aferição de meros diferentes países, em nível global. Tem-se como exemplo
rendimentos escolares ou institucionais, mas deve alme- o PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos,
jar acima de tudo a formação integral do ser pela apre- coordenado pela Organização de Cooperação e Desen-
ciação de todos os elementos que permeiam o processo volvimento Econômico - OCDE.
ensino-aprendizagem, ou seja, a toda a realidade educa-
tiva (BRANDALISE, 2010). A criação desses níveis mais globais (mega e macro)
deve-se ao fato de a avaliação ter adquirido grande cen-
FIGARI (1996) afirma que, nessa acepção mais alar- tralidade nas políticas públicas pelos organismos gover-
gada de avaliação educacional há a noção de estrutura namentais, particularmente nas políticas educacionais,
que define realidades diferentes: as macroestruturas (os com o propósito de os Estados ampliarem as ações de
sistemas educacionais), as mesoestruturas (as escolas) e controle e fiscalização sobre as escolas e os sistemas
as microestruturas (as salas de aulas). educacionais, fenômeno apontado pelos estudiosos em
avaliação como a presença do “Estado Avaliador” na edu-
No espaço da macro e da mesoestrutura, a avaliação cação.
geralmente consiste no processo de observação e inter-
pretação dos resultados da aprendizagem que objetiva A avaliação institucional numa perspectiva crítica é
orientar as decisões necessárias ao bom funcionamento aquela que consegue captar o movimento institucional
da escola, dos sistemas educacionais e também subsidiar presente nas relações da instituição. Toda instituição é
a formulação de políticas públicas. constituída por dois princípios em permanente tensão:
o instituído e o instituinte. CASTORIADES (1975) explica
Na mesma linha de raciocínio, Almerindo Afonso que o instituído é o conjunto de forças sedimentadas,
(2003) analisa a avaliação educacional numa perspectiva consolidadas, que buscam a conservação e reprodução
sociológica, nos seguintes níveis: micro, meso, macro e do quadro institucional vigente. O instituído é a forma. Já
mega. A perspectiva de avaliação defendida pelo autor o conjunto de forças em constante estado de tensão, de
entende que a “escola é confrontada com dimensões mudança, de transformação, de recriação é o instituinte.
éticas, simbólicas, políticas, sociais e pedagógicas que O instituinte é o campo de forças.
devem ser consideradas como um todo por quem tem
especiais responsabilidades na administração da educa- A avaliação institucional é formalmente a avaliação
ção quer em nível do Estado, quer em nível municipal e desse instituído e instituinte. Ela tem que identificar as-
local, quer em nível da própria unidade escolar”. (AFON- pectos concretos, formais e informais, explícitos ou não,
SO, 2003, p. 49). internos e externos, que viabilizam a realização dos ob-
jetivos e fins educacionais propostos num projeto insti-
O nível microssociológico da avaliação ocorre no âm- tucional. Há, portanto, que se considerar toda a dinâmica
bito da sala de aula, é a avaliação da aprendizagem, de institucional para captar o espírito da instituição avaliada.
responsabilidade do docente. Ela deve ter caráter forte- Nesta perspectiva, a avaliação institucional tem um cará-
mente formativo, ser contínua e baseada na reflexão do ter formativo, está voltada para a compreensão e promo-
processo ensino-aprendizagem. ção da autoconsciência da instituição escolar.
O nível mesossociológico da avaliação é aquele que Nos debates contemporâneos sobre a educação há
envolve a análise de uma instituição escolar na sua to- uma exigência cada vez maior com o desempenho da
talidade, ou seja, engloba todos os componentes do escola, porque ela é considerada uma instituição social
processo educacional: gestão e organização da escola, imprescindível à sociedade atual, à formação humana,
processo ensino-aprendizagem, currículo, qualificação ainda que essa exigência se exprima de modos variados
docente, infraestrutura escolar, resultados educacionais, e contraditórios.
perfil socioeconômico dos alunos, ação da escola com a
sociedade, participação dos pais, entre outros aspectos Referência:
da escola. BRASIL: Ministério da Educação. Indagações sobre
currículo: currículo e avaliação / [Cláudia de Oliveira Fer-
O nível macrossociológico da avaliação é aquele de- nandes, Luiz Carlos de Freitas]; organização do docu-
senvolvido em âmbito nacional, por organismos externos mento Jeanete Beauchamp, Sandra Denise Pagel, Aricélia
à escola, e tem como objetivo verificar a qualidade do Ribeiro do Nascimento. – Brasília: Ministério da Educa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ensino e da educação no país. No Brasil há o INEP – Ins- ção, Secretaria de Educação Básica, 2007.
tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, que https://jus.com.br/artigos/65883/avaliacao-institu-
coordena os processos de avaliação externa às escolas. cional-uma-nova-proposta-de-avaliacao-interna-e-ex-
São exemplos desse tipo de avaliação a Prova Brasil, o terna
SAEB – Sistema de Avaliação da Educação Básica, o ENEM
– Exame Nacional do Ensino Médio.
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pois hoje com a tecnologia basta ter o apoio institucional
UTILIZAÇÃO DAS TECNOLOGIAS DA IN- que prioriza a qualidade do trabalho educacional.
FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO. Estamos em um momento em que as informações
recebidas são tantas que o ser humano não consegue
apreender tudo que lhe é passado e nem guardar todo
conhecimento elaborado. Esse fato, gera insegurança,
Uso das novas tecnologias no processo ensino medo, ruptura no saber e torna sua vida fragmentada.
O mundo globalizado é intenso e técnico, por isso,
Ao abordar a temática informática e educação, se faz surge uma competição quase selvagem entre os indiví-
necessário contribuir com o processo histórico do uso duos devido à demanda cada vez maior, por pessoas que
dessas tecnologias dentro das novas tendências educa- tenham qualificação cultural e com escolaridade formal.
cionais implementadas nas escolas do país no início do As habilidades estabelecidas são cada vez mais exigidas,
século XXI. uma vez que o desenvolvimento a que se chegou não
Sabendo então que a relação-tecnológica e educa- aceita o trabalhador que não tenha qualificação.
ção vai além da simples inovação educacional, esbar- As transformações provocadas pelo uso do computa-
rando-se na aceitação e uso frequente desta no espaço dor como ferramenta para o ensino é um recurso peda-
escolar e fora dele por profissionais e alunos, buscando gógico muito importante que coloca desafios na apro-
compreender através do uso de fontes: orais, análise de priação do conhecimento e redefinições do papel dos
documentos. professores nesse novo contexto.
O uso de novas tecnologia digitais pode incremen- Os educadores tem a necessidade de adaptar a essas
tar as relações entre educadores e crianças, política e inovações, para compreendê-las, no âmbito educacional
educação, colabora para que se adquira conhecimento de modo a contribuir na melhoria da qualidade dos pro-
como imprescindível fator de melhoria social, propician- cessos de ensino aprendizagem e práticas docentes.
do expressões multiculturais e integração universal dos As novas tecnologias digitais têm incomodado mui-
sujeitos. A linguagem padrão e protocolos da Internet tos professores, pensando que estas poderão vir a subs-
possibilitam misturar e manifestar cultural e socialmen- tituí-los. Essas chamadas novas tecnologias substituem
te os fundamentos da tecnologia de ponta. Assim sen- recursos desde: quadro-negro e giz, até aos professores,
do, a inclusão digital passa a ser ferramenta eficaz para sendo que estes continuam inseridos no contexto esco-
aumentar o letramento dos indivíduos, estimular a au- lar agora como auxiliadores, mediadores do processo de
toestima em relação aos aspectos culturais inerentes às ensino-aprendizagem dos alunos.
técnicas, tempo, espaço, razão e emoção.Com os avan- Com todo avanço tecnológico, educadores e edu-
ços tecnológicos e a globalização, surge a necessidade candos que não se integrarem ao contexto da apren-
do aperfeiçoamento das habilidades para utilização de dizagem, serão os marginalizados, ressalta-se, nesse
equipamentos. contexto, a importância e o objetivo desta problemática,
O desenvolvimento das habilidades e competências porque o impacto social será inevitável devido ao avanço
na área da tecnologia, é um fator importante na globa- tecnológico.
lização das ideias, por isso é necessário a aquisição de Não é possível negar a importância das tecnologias
conhecimentos tecnológicos para o processo de ensino aplicadas à educação, que exigem mudanças no pro-
e aprendizagem, com objetivo de inovar as aulas a ao cesso educativo, e principalmente nas formas de como
mesmo tempo inserir os discentes na metodologia de professores e escolas agem em relação a eles. As novas
inclusão digital. tecnologias aplicadas à educação vêm influenciando a
Com a utilização de tecnologias digitais no ensino/ escola, em consequência dessa influência tecnológica é
aprendizagem surgiram novas possibilidades, democra- preciso que a mesma assuma o papel inovador transfor-
tizando o acesso aos diferentes níveis e modalidades de mando-se, para melhor trabalhar com os conhecimentos
ensino. As novas tecnologias, como internet e ambien- dos indivíduos que passam por ela.
tes virtuais de aprendizagem, ampliaram o diálogo entre As tecnologias usadas nas escolas devem ser educa-
todos os envolvidos. Alunos e professores estão frente cionais comunicativas e informativas e não apenas al-
a um novo modo de ensinar e aprender, rompendo bar- fabetizadora na qual o indivíduo aprende a linguagem
reiras com a criação de novos espaços de aprendizagem. básica do micro e o processo finda-se por si só. É preciso
Quando o professor convida o aluno a um estudo virtual despertar a preocupação em relação à maneira pela qual
de informações, ele não apenas lança mão da nova mídia vem sendo inserida nas instituições educacionais, as no-
vas tecnologias, e como esta vem sendo trabalhada.
para potencializar a aprendizagem de um conteúdo cur-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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mecanismo de transmissão das informações que ele per- ícones que são importantes fontes de informação, da
mite sem se prender a uma transformação global de uma mesma forma que textos, livros, revistas, jornais da mí-
nova maneira de apresentar o “fazer pedagógico” de dia impressa. Entrevistas, debates, documentários, filmes,
acordo com os meios pedagógicos apropriados (projeto novelas, músicas, noticiários, softwares, CD-ROM, BBS e
pedagógico). Internet são apenas alguns exemplos de formatos dife-
Transformando este “fazer pedagógico” por intermé- rentes de comunicação e informação possíveis utilizan-
dio da ruptura de paradigmas entre aluno, professor e do-se esses meios.
conhecimento, as novas tecnologias digitais interatuam O computador, em particular, permite novas formas
como uma ferramenta mediadora da cultura com maior de trabalho, possibilitando a criação de ambientes de
competência interativa que permite o aluno recriar o aprendizagem em que os alunos possam pesquisar fa-
mundo empregando apropriada e planejadamente deste zer antecipações e simulações, confirmar ideias prévias,
diferencial contribuindo em qualidade e quantidade no experimentar, criar soluções e construir novas formas de
processo ensino-aprendizagem. representação mental.
O uso do computador torna evidente o processo No mundo em que hoje vivemos se o acesso a in-
de aprender de cada indivíduo, o que possibilita refle- formática for dificultado, cortado ou se as informações
tir sobre o mesmo a fim de compreendê-lo e depurá-lo. forem acanhadas, distorcidas, trivialidades e chavões as
Dessa forma, pode se pensar em uma transformação no tomadas de decisão e a solução de problemas serão ine-
processo ensino aprendizagem passando a colocar “ên- vitável e irreparavelmente atingidas.
fase” na aprendizagem, ao invés de colocar no ensino; na A tecnologia educacional abrange três aspectos bá-
construção do conhecimento e não na instrução. sicos: recursos destinados à aprendizagem, funções de
Entretanto podemos ver que a presença das tecno- gestão educacional e funções de desenvolvimento edu-
logias no ambiente escolar nem sempre provoca altera- cacional.
ções nas práticas escolares. Os pilares que alicerçam tais O profissional da educação, na ânsia por inovação
práticas continuam com a concepção e construção dos nas Práticas Educativas, vem repensando suas formas de
conhecimentos solidificados na escrita e na oralidade re- ensinar e aprender, julgando maneiras de formatar no-
siduais da sociedade e ciência modernas. Enfim, o avanço vas ideias, na busca de suportes para ampará-las, tes-
tecnológico, os processos de capacitação estão se tor- tando equipamentos e materiais, reorganizando espaços,
nando cada vez mais eficientes, já que mostram uma lin- ora em conflito, ora em harmonia na busca de superar
guagem interativa e processos de multimídia, com equi- dificuldades de inovação, onde muito ainda se abstém
pamentos céleres, com maior confiança e capacidade de da utilização de apenas um quadro verde ou branco no
em relação ao processamento. medo de se permitir a inovação.
A concepção do ensino e aprendizagem nos anos ini- Atualmente, com o crescente desenvolvimento da
cial e importante para a prática dentro de lada de aula tecnologia, surgem ambientes digitais modernizados
e principalmente na forma como professores e alunos com as novas tecnologias digitais; estes são ambientes
utilizam os recursos tecnológicos disponíveis nos espa- de aprendizagem e desenvolvimento educacionais inte-
ços educativos livro didático, giz e quadro, televisão ou rativos, onde o educador assume o papel de mediador
computador. A presença desse aparato tecnológico na das aprendizagens. De outro lado, o educador deverá
sala de aula não garante mudanças na forma de ensinar assumir-se com critérios metodológicos fazendo análi-
e aprender. se cuidadosa dos materiais que coloca à disposição das
O Brasil é um país que existe uma grande diversidade, crianças. Sabe-se que alguns programas trazem retroces-
cultural, regional e com inúmeras desigualdades sociais, so em termos de conhecimento pedagógico, em algu-
logo não é possível pensar em um modelo único de edu- mas vezes bloqueando que a criança encontre respostas
cação com recursos tecnológicos para a educação, haja variadas, e também espaço para a criação.
em vista que nem todas as escolas dispõem de recursos Cabe à escola proporcionar espaço de formação em
tecnológicos dentro de seus espaços educativos. tecnologia digital ao corpo docente, para que este se
Quando pensamos em escola e compreendemo- sinta seguro e capaz de desenvolver atividades interati-
-la como um local de construção do conhecimento e de vas de sua práxis junto aos discentes os quais estão sob
socialização do saber, troca de experiências e de elabora- sua responsabilidade. Esta discussão volta-se para ques-
ção de uma nova sociedade é fundamental que a utiliza- tões acerca da incorporação das tecnologias digitais às
ção dos recursos seja amplamente discutida e elaborada ações educativas formais, e o papel do professor fren-
conjuntamente com a comunidade escolar, ou seja, que te às atuais demandas trazidas por essas tecnologias. O
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
não fique restrita às decisões e recomendações de ou- objetivo é determinar em que medida as práticas peda-
tros. gógicas desenvolvidas na sala de aula estão orientadas
Tanto no Brasil como em outros países, a maioria das para a qualidade do processo ensino-aprendizagem com
experiências com uso de tecnologias informacionais na auxilio dessas novas tecnologias. A todas as atividades
escola estão apoiadas em uma concepção tradicional de corriqueiras do dia a dia da educação, está uma imensa
ensino e aprendizagem. diversidade de meios de comunicação que cobre países
Os equipamentos eletrônicos de comunicação ofere- interligando continentes e chegam às empresas, casas e
cem amplas possibilidades para ficarem restritos a trans- escolas através de canais de micro-ondas, fios telefôni-
missão e memorização de informações. Assim permitem cos, cabos, enfim, informações que invadem ambientes e
a intenções com diferentes formas de representação que, muitas vezes, são transformadas em conhecimento
simbólica como gráficos, texto, notas musicais, imagens, no âmbito escolar. Analisando o crescimento das tec-
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nologias digitais e dos serviços oferecidos à sociedade dizagem vêm sendo desenvolvidos na atualidade ou co-
atual, é crescente a necessidade da inclusão digital dos meçam a participar da mídia educativa à disposição de
cidadãos nesse modo de vida. Ao acontecer o uso des- estudantes e professores, no mundo inteiro.
tes recursos tecnológicos, eles devem ser apropriados A preocupação individual existente entre os estudan-
de meios onde à tecnologia da informação e comuni- tes se reflete em recentes empenhos bem-sucedidos de
cação (TIC) direcione-se para fazer valer a inclusão dos proporcionar ensino individualizado ou personalizado,
indivíduos neste ciberespaço. Deste modo, a escola deve no qual uma vasta gama de meios e materiais de ensino
apresentar-se como ambiente capaz de fazer imergir tais aprendizagem se mescla com concepções mais abertas
tecnologias a serviço de uma metodologia de ensino a e avançadas de currículos e programas, de novos tipos
favor da interação dos alunos nesta sociedade da infor- de experiência para aprender e desenvolver habilidades
mação anulando, assim, as diferenças sociais não perti- intelectuais e novas concepções a respeito de avaliação
nentes a este processo. Com a utilização das tecnologias do aluno e do ensino.
que colaboram para a apropriação de um ambiente de No mundo atual, a informática já faz parte do coti-
comunicação, o computador e seus inúmeros recursos diano dos alunos. Com efeito, a tecnologia está presente
destacam-se como ferramenta de acesso. O tema inclu- nos brinquedos, nas agências bancárias, na TV, no cine-
são digital no ambiente escolar como uma ação edu- ma e nos computadores domésticos, levando lazer, servi-
cacional que envolve o professor, ao capacitar-se para ços, entretenimento e educação. Assim, enquanto usam
apropriação e ouso ideal de recursos tecnológicos, e o o computador em seu dia a dia, as crianças têm a chan-
aluno como sujeito no espaço de interação e comunica- ce de entrar no mundo da fantasia, superando de forma
ção de novas formas de aprender e ensinar. Desta forma lúdica as dificuldades de aprendizado dos conceitos de
o objetivo deve ser definido como o de analisar a escola ciências, matemática, física, história etc.
como espaço de interação e comunicação onde o aluno Por outro lado, o uso das novas tecnologias permite
apropria-se das tecnologias, como caminho a ser traça- aos educadores adotarem atitudes não diretivas, aumen-
do. De nada adianta a escola disponibilizar tais tecnolo- tando a capacidade criativa dos alunos, tendo em vista
gias se estas não forem apropriadas e entendidas pelos que estes passam a caminhar de acordo com sua capaci-
professores os quais fazem um papel fundamental neste dade de assimilação, escolhendo situações de aprendiza-
processo, é através da interação por parte dos professo- gem não delimitadas pelo educador.
res com os recursos tecnológicos que eles acabam por O uso das novas tecnologias da comunicação e in-
interagir com a realidade na qual o aluno está inserido. formação representa uma grande inovação na educação,
As novas tecnologias oferecem novas possibilidades de pois propicia o desenvolvimento das produções em co-
aprender e devem tornar-se o centro de uma nova forma laboração, podendo instigar o espírito investigativo tan-
de aprendizagem. to dos alunos quanto dos professores sendo que estes
poderão apropriar-se do uso das tecnologias para me-
A utilização pedagógica da Internet é um desafio que
diar os trabalhos dos estudantes, sentindo-se desafiados
os professores e as escolas estarão enfrentando neste sé-
a buscar condições mais adequadas para o processo de
culo, que pode apresentar uma concepção socializadora
aprendizagem interativo e dinâmico.
da informação. A Internet vem, cada vez mais, atingindo
Com o avanço tecnológico os profissionais precisam
o sistema educacional e as escolas. As redes são utili-
estar cada vez mais conectados com o mundo, espe-
zadas no processo pedagógico e como ferramenta no
cialmente os professores, tendo que abandonar antigas
processo ensino-aprendizagem, para romper as paredes
formas de ensinar e buscar condições favoráveis ao de-
da escola, bem como para que aluno e professor possam senvolvimento do processo ensino e aprendizagem res-
conhecer o mundo e as novas realidades, as diferentes saltando a criatividade, com alunos inventivos e envolvi-
culturas, desenvolvendo a aprendizagem através da par- dos com outras descobertas.
ticipação colaborativa e interativa. As transformações ocorridas nas últimas décadas
Hoje em dia a tecnologia da educação pode assumir anseiam por profissionais cada vez mais preparados e
a forma de aprendizagem ensino que isso ocorra no âm- capacitados no domínio para o uso das mais diversas 4
bito restrito do lar, de uma sala de aula ou num circuito ferramentas tecnológicas, explorando as competências e
fechado de televisão capaz de alcançar numerosas salas habilidades ideais no processo de ensino aprendizagem.
de aula ao mesmo tempo, que isso atinja toda uma re- A realidade dos avanços tecnológicos aliada às mu-
gião ou todo um país, trata-se de tecnologia a serviço de danças de paradigmas passa a questionar não somente
objetivos de ensino aprendizagem num sentido estrito as instituições, mas também as práticas de ensino e a
ou, numa compreensão mais ampla, a serviço de propó-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
77
capacidade de tomar decisões. O raciocínio deixando de receptor e construtor do conhecimento, onde ele se sin-
ser linear, a aprendizagem se torna mais abrangente, di- ta responsável e comprometido pela sua aprendizagem,
ferente da lógica racional. tornando assim, o processo mais dinâmico e interessan-
A globalização e a evolução tecnológica trouxeram te, onde ele possa interagir com o educador e com as
mudanças significativas ao mundo do trabalho. A ativi- tecnologias disponíveis no processo ensino/aprendi-
dade produtiva passa a depender de conhecimentos e os zagem. Para tal, a utilização das mídias e da tecnologia
profissionais devem ser pessoas criativas, críticas, reflexi- se faz presente, de forma a auxiliar o professor durante
vas, preparadas para agir e se adaptar às mudanças dessa todo o processo, tornando o ensino mais contextua-
nova realidade. lizado e significativo. Apesar de que muitos caminhos
O despertar de uma nova postura nos alunos estimu- possam ser sugeridos para orientar currículos e propor
la os professores a pesquisar e levar para a sala de aula o uso das Tecnologias na educação, se faz reconhecer a
outros materiais didáticos, como por exemplo, livros, re- importância de contextualizar esse uso na concretude da
vistas, filmes. O ideal da educação é maximizar resultados ação educativa, abrindo-se, por essa via, a possibilidade
e não aprender ao máximo; é aprender a se desenvolver de tecer vivências.
e continuar a se desenvolver depois da escola.
No currículo humanista, a avaliação enfatiza o pro-
cesso e não o produto; a avaliação é trabalhada de for-
ma mais subjetiva, valorizando a expressão do aluno em
pinturas, utilizando como exemplo, poemas, digitações, EXERCÍCIO COMENTADO
jogos e vários outros tipos de desafios.
A avaliação e o planejamento são atividades insepa- 1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA
ráveis e formam um processo único. Com a possibilidade E TECNOLOGIA DO RIO GRANDE DO NORTE –
do uso do computador como ferramenta pedagógica, a RN – CARGO NOVAS TECNOLOGIAS – SUPERIOR
avaliação deixa de ser uma atividade burocrática e passa – BANCA: FUNDAÇÃO DE APOIO À EDUCAÇÃO E
a ser valorizada nos seus aspectos educacionais, deixan- AO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DO RN
do de ser simplesmente um registro de notas. (FUNCERN) 2012
É necessário que os educadores estejam preparados As transformações decorrentes do avanço das TIC têm
para interagir com as novas tecnologias no ambiente cada vez mais exigido a formação de um professor com
de trabalho, estimular e facilitar a difusão da informá- capacidades de mediar o processo de descoberta, as-
tica educacional, fornecer subsídios para a elaboração similação e construção de novos conhecimentos. Esse
de Projetos Pedagógicos, de acordo com a disciplina e professor seria o que inúmeros autores classificam como
o nível escolar dos alunos, propiciar condições de apri- mediador. Sobre mediação pedagógica, leia os postula-
moramento quanto ao uso da informática no processo dos dados e, em seguida, assinale a opção correta.
de ensino e aprendizagem de todos os alunos, inclusive
aqueles que apresentam deficiências, avaliarem as possi- I Uma prática, verdadeiramente mediadora, depen-
bilidades da utilização de softwares nos projetos e ativi- de fundamentalmente dos meios tecnológicos, sem os
dades pedagógicas. quais se torna inviável o processo de interação.
A formação do professor deve prover condições para II A mediação é a característica da interação especial-
que ele construa conhecimento sobre as técnicas com- mente na experiência de aprendizagem e na transmissão
putacionais, entenda por que e como integrar o compu- cultural.
tador na sua prática pedagógica e seja capaz de superar III A mediação pedagógica não é possível em situa-
barreiras de ordem administrativa e pedagógica. Final- ções em que o professor utiliza técnicas didático-peda-
mente, devem-se criar condições para que o professor gógicas tradicionais.
saiba contextualizar tanto o aprendizado como as expe- IV O uso das TIC não garante a qualificação da prática
riências vividas durante a sua formação para a sua reali- docente mediadora, podendo até mesmo ser um obstá-
dade de sala de aula, compatibilizando as necessidades culo a essa realização.
de seus alunos aos objetivos pedagógicos a que se pro-
põe atingir. a) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas.
De acordo com Freire, observa-se que ao inserir as b) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
Tecnologias Digitais na Educação, é preciso que a escola c) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
reveja sua postura educacional e não simplesmente faça d) Apenas as afirmativas III e IV estão corretas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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cas didático-pedagógicas tradicionais, tudo depende é afirmado que as atividades universitárias de pesquisa
do planejamento e a intenção. e extensão poderão receber apoio financeiro do Poder
Afirmativa IV – Verdadeira. O uso das TIC não garante Público (Ranieri, 2000).
a qualificação da prática docente mediadora, pois re- O Brasil consolidou, assim, seu sistema de educação
quer que o processor tenha domínio e conhecimento superior com dois segmentos bem definidos e distintos:
sobre o que pretende ensinar. E caso falte conheci- um público e um privado, abarcando hoje um sistema
mento, nem mesmo um recurso tecnológico pode sal- complexo e diversificado de instituições públicas (fede-
var a aula, pode se tornar um obstáculo. rais, estaduais e municipais) e privadas (confessionais,
particulares, comunitárias e filantrópicas). O acesso ao
ensino superior é realizado através de processos seleti-
vos, como o concurso vestibular que avalia conhecimen-
EDUCAÇÃO SUPERIOR E OS DEBATES CON- tos comuns do ensino médio. Os cursos de graduação
TEMPORÂNEOS. oferecem formação em nível de bacharelado, licenciatura
e tecnológica. Também faz parte desse nível de ensino a
pós-graduação, que compreende programas de mestra-
do, doutorado e cursos de especialização. Cabe ressaltar
As Características do Ensino Superior Brasileiro o crescimento intenso dos cursos de graduação à distân-
cia, nos últimos anos.
A estrutura atual da educação superior no Brasil foi As IES são classificadas segundo dois critérios: o da
formalizada e normatizada na Constituição Federal de organização acadêmica e de categoria administrativa. De
1988 e na Lei de Diretrizes e Bases Nacional de 1996 e acordo com o primeiro critério, distinguem-se em insti-
numa série de decretos oficiais e resoluções do Conse- tuições universitárias, - as universidades: que tem como
lho Nacional de Educação. Ranieri mostra como de fato função o ensino, a pesquisa e a extensão; devem ter 1/3
a Constituição Federal ao definir o dever do Estado com dos professores com título de mestre ou doutor e 1/3
a educação (art. 205) e o seu comprometimento com o trabalhando em dedicação exclusiva; e – os centros uni-
desenvolvimento nacional e a construção de uma so- versitários: que se caracterizam pela oferta qualificada
ciedade justa e solidária (art.3) individualiza a educação do ensino, não precisam manter atividades de pesquisa
superior como um bem jurídico. A Constituição Federal e gozam de autonomia para criar cursos ou vagas. As IES
garante a gratuidade do ensino nas Instituições de Ensi- não-universitárias compreendem as faculdades e centros
no Superior/IES públicas (art.206). Permite a vinculação tecnológicos, voltados basicamente para as atividades de
de receita tributária para manutenção e desenvolvimento ensino e não tem autonomia. Dependem do Conselho
do ensino público (70% dos 18% de receitas de impostos Nacional de Educação para aprovação de novos cursos
e vagas.
são empregados na educação superior) e franquia a ati-
Quanto à categoria administrativa, como já se men-
vidade de educação superior à iniciativa privada dentro
cionou, as IES podem ser públicas federais, estaduais ou
dos limites fixados na lei.
municipais totalmente gratuitas e mantidas pelos res-
pectivos poderes; ou privadas, com distintos tipos como
comunitárias, confessionais, filantrópicas e particulares.
#FicaDica Os três primeiros tipos de IES privada referem-se a ins-
O princípio da gratuidade aparece como tituições sem fins lucrativos. As IES particulares podem
obrigação constitucional, pela primeira vez, estar vinculadas as mantenedoras com fins lucrativos em
na Constituição de 1988, fruto do trabalho sentido estrito, tanto quanto àquelas sem fins lucrativos,
do Fórum da Educação na Constituinte que mas que não se enquadram no tipo filantrópico (LDB
apresentou emendas populares à Assem- 9.394/96 e decretos 3.860/01 e 2.406/97) (NEVES, 2002).
bleia Constituinte em defesa do ensino pú- Uma outra característica do sistema superior de edu-
blico e gratuito em todos os níveis respal- cação dá-se pelo tipo de vinculação das IES ao sistema
dadas por mais de 270 mil assinaturas. federal ou aos sistemas estaduais e municipais. O sistema
federal (art.16 LDB 9.394/96) compreende as IES mantidas
pelo poder público; as IES criadas e mantidas pelo setor
privado; e os órgãos federais de educação. Ou seja, estão
O argumento em favor da gratuidade ressaltava como submetidas às leis e regulamentações do poder público
mostra Amaral (2003), que “o entendimento é de que a com relação à criação, autorização e reconhecimento de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
educação superior é um bem público e que, portanto cursos e o credenciamento e recredenciamento de IES.
os recursos públicos deveriam ser gastos até o limite
da riqueza nacional, de modo a atender ao maior nú- As IES estaduais e municipais encontram-se fora da
mero possível de jovens”. alçada do MEC e do CNE, pois estão vinculados aos res-
A Constituição de 1988 assegura, ainda, a participa- pectivos sistemas estaduais e municipais. No entanto,
ção da iniciativa privada no ensino superior, mas veda sujeitam-se as leis e normas federais, pois disputam re-
recursos públicos no financiamento das atividades desse cursos públicos federais, de bolsas e pesquisas (NEVES,
setor. No entanto, no art. 213, está prevista a destinação 2002).
de recursos públicos às escolas comunitárias, confessio- Cabe trazer algumas informações sobre as caracterís-
nais ou filantrópicas, em caráter de fomento, atendidas ticas gerais de funcionamento desses segmentos, públi-
as condições fixadas nos seus incisos e, no parágrafo 2, co e privado, no tocante ao financiamento.
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As IES públicas federais são mantidas pelo governo Segundo o MEC até 2004, as IES sem fins lucrativos
federal. O ensino é totalmente gratuito e apenas 3,5% gozavam de isenções fiscais, com baixo controle pelo
do orçamento global dessas instituições é constituído poder público. As IES concediam bolsas de estudos, mas
por recursos diretamente arrecadados (Schwartzmann, eram elas que definiam quem seriam os beneficiários,
2002). O financiamento provém do Fundo Público Fe- em que cursos, o número de bolsas e os descontos con-
deral que reúne os recursos financeiros arrecadados da cedidos. Raramente era concedida uma bolsa integral. E
população mediante tributos – impostos, taxas e contri- quase nunca em curso de medicina. O que se observava
buições (CPMF, por ex.). é que, em muitos casos, os beneficiados eram filhos de
As instituições estaduais são financiadas pelos gover- professores e de funcionários e raramente na proporção
nos estaduais e o ensino é igualmente gratuito. Entre as do valor devido (Davies, 2002).
IES estaduais, destacam-se as dos estados de São Paulo No momento atual, percebem-se sinais de esgota-
(3), Santa Catarina (3), Paraná (5), Rio de Janeiro (2), Ceará mento desse modo estabelecido de custeio do ensino
(3), Bahia (4). superior. O segmento privado apresenta ociosidade de
O financiamento público para a educação em geral vagas e altas taxas de evasão e inadimplência o que obri-
é estabelecido em lei para todas as esferas do governo ga à diminuição dos valores das mensalidades e põe em
e corresponde a um percentual de receita de impostos. risco a capacidade de investimento do setor. O setor pú-
Segundo a Constituição brasileira, artigo 212: “a União
blico apresenta, também, taxas de evasão o que revela
aplicará anualmente nunca menos de 18 % e os estados,
a dificuldade de parte dos alunos de acompanharem os
o distrito federal e os municípios, 25%, no mínimo, da re-
estudos, mesmo sendo gratuito.
ceita resultante de impostos compreendida a provenien-
te de transferência na manutenção e desenvolvimento Esta situação está clara para os órgãos oficiais quando
do ensino” (RANIERI, 2000). afirmam que o Brasil não poderá depender unicamente
O financiamento das IFES mantidas pelo MEC envolve da força inercial instalada no sistema. Considerando a ne-
gastos com pessoal, ativo e inativo, e outros custeios e cessidade de inclusão social de um grande contingente
capital (OCC) (Schwartzmann, 2002). As universidades es- de jovens oriundos de classes baixas, o governo reafirma
taduais paulistas são financiadas com recursos de impos- que a educação é um bem público e não uma mercadoria
tos de circulação de mercadorias/ICMS, nunca inferior a e toma inúmeras iniciativas (políticas de inclusão) com
9% do total arrecadado. impacto tanto sobre o segmento público e gratuito como
O financiamento no setor privado depende fortemen- sobre o segmento privado. A motivação é a ampliação
te da cobrança de mensalidades, anuidades e taxas pe- das oportunidades de acesso para os contingentes de
los cursos oferecidos (graduação, latu sensu, mestrado, estudantes provenientes das camadas de baixa renda e
doutorado, etc.). A legislação brasileira concedeu às IES grupos social e racialmente discriminados.
privadas a oportunidade de fixar suas próprias mensa-
lidades, desvinculando as negociações da área educa- A Expansão do ensino superior no Brasil
cional e transferindo para os setores de relação com o
consumidor e produto consumido (Amara, 2003:104). O Dois aspectos merecem ser mencionados nesse item:
custo do ensino privado varia de forma significativa em a expansão do sistema de ensino superior e o caráter ain-
função do tipo de curso (medicina, odontologia, direito da elitista dessa expansão.
são cursos caros e administração, economia, pedagogia, Ao longo da década de 60, começa a ocorrer o cres-
ciências sociais, por ex. são cursos baratos) da região, e cimento quantitativo da matrícula produzindo a abertura
do tipo de instituição (universidade, centro universitário, do ensino superior à extratos ou camadas sociais médias.
faculdades). À pressão por mais vagas, o poder público (Ministério
da Educação/ MEC e Conselho Federal de Educação/CFE)
A fonte de sustentação mais visível das IES privadas é, respondeu com a autorização para a multiplicação dos
pois, a das mensalidades. Porém há inúmeras fontes indi-
estabelecimentos mantidos pela iniciativa privada, sem
retas (isenções fiscais e previdenciárias e renuncia fiscal/
qualquer pretensão ou mesmo qualificação para a pes-
PROUNI) de recursos públicos para as IES privadas filan-
trópicas e fontes diretas como o crédito educativo/ FIES quisa. A demanda, como mostram as análises da época,
o que contribui significativamente para sua expansão e é satisfeita com a oferta do setor privado, até porque ela
manutenção (Davies, 2002). apresentava razoável poder aquisitivo.
Diferentemente da experiência de alguns países que Até início dos anos 80, o crescimento da matrícula
tem programas de apoio fortemente concentrados nos no ensino superior deu-se de modo acelerado, podendo
estudantes, através de empréstimos ou bolsas, no Brasil se identificar uma primeira onda de expansão. O cresci-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
o apoio dá-se significativamente às instituições de ensi- mento foi retomado no final da década de 1990 quando
no superior através da isenção tributária e previdenciária ocorre uma segunda onda de expansão. Esses períodos
para as consideradas filantrópicas. de expansão foram marcados pelo crescimento do seg-
A imunidade tributária para as IES sem fins lucrativos mento privado de IES, definindo o padrão geral dessa
está prevista na Constituição Federal de 1988, artigo 150. expansão. É interessante observar que na expansão dos
A principal isenção federal é a do imposto de renda e a dois segmentos – o público e o privado – ambos cresciam
estadual é a do ICMS. Para conseguir a imunidade, a ins- sem qualquer envolvimento um com o outro. Conviviam,
tituição precisa aplicar seus eventuais lucros na própria mas não interagiam. A atitude leniente dos governos mi-
atividade educacional. Consequentemente poder-se-ia litares (1964-1985) que oportunizou a expansão do setor
esperar que a IES pudesse cobrar mensalidades menores privado e pago, de fato permitia a defesa do caráter de
e oferecer um ensino de melhor qualidade. elite do ensino público. No início da sua criação as ins-
80
tituições privadas de ensino não contavam com apoios ou subsídios governamentais. Sua sustentação dependia das
mensalidades cobradas. Apenas mais tarde foi introduzida a figura social da instituição filantrópica no ensino superior
que ganhava vantagens no tocante à isenção de encargos sociais e impostos em troca do oferecimento de bolsas para
estudantes sem recursos.
A década de 1980 foi conhecida como a “década perdida” marcada pela instabilidade econômica e a inflação,
impactando negativamente também na procura pelo ensino superior. O ano de 1985 foi marcado pela abertura de-
mocrática e o fim do regime militar. Com o objetivo de controlar a hiperinflação que assolava o país, neste período,
foi elaborado um programa brasileiro de estabilização econômica: o Plano Real. Iniciado oficialmente em 1994, com a
publicação da Medida Provisória nº 434, o Plano estabeleceu regras de conversão e uso de valores monetários, iniciou
a desindexação da economia e determinou o lançamento de uma nova moeda, o Real.
Somente em 1994, com a criação do Plano Real, a economia tornou a se estabilizar e registrou o aumento do bem-
-estar geral da população acompanhado pela redução da desigualdade social. Assim, somados o aumento do nível de
escolarização da população, o crescimento da matricula no ensino médio e a estabilização da economia, obtém-se os
elementos necessários para que tenha início a segunda onda de expansão do ensino superior no Brasil. Uma diferença
fundamental, nesse momento, é a crescente demanda das classes de menor poder aquisitivo pelo acesso ao ensino
superior.
O Brasil conta, atualmente, com 2.378 IES que apresentam grandes diferenças entre si. Apenas 278 destas são pú-
blicas, as demais (89%) são privadas. Essas IES estão divididas em 190 universidades, 52,4% públicas federais, estaduais
e municipais; 126 centros universitários, 2.025 faculdades todas majoritariamente privados; e ainda 37 centros tecno-
lógicos, todos públicos.
Tabela 1: Número de Instituições de Educação Superior, por Organização Acadêmica e Categoria Administrativa.
O crescimento da matrícula nos cursos de graduação presenciais por dependência administrativa, no período de
1960 a 2010, pode ser observado no gráfico abaixo. Na primeira fase da expansão observa-se que a matrícula, que
em 1960 era de 93.000 estudantes, concentrava-se no setor público com 55,9% do total. Em 1970, a matrícula saltou
para 425.478 estudantes. Desse total, 49% estavam no setor público. Já em 1975, a matrícula alcançou o número de
1.072.548 estudantes, com cerca de 62% das matrículas no setor privado.
Após um período de estagnação, que vai de 1975 a 1995, constata-se nova explosão da matrícula no setor privado
que cresceu 70,6% contra 26,6% do setor público até o ano 2000. Entre os anos de 2000 e 2007, novamente o maior
crescimento ocorreu no setor privado, que cresceu cerca de 100%. Em contraste, no mesmo período, o setor público
cresceu apenas 40%.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
81
O Brasil não possui um sistema pós-secundário diversificado. A matrícula no ensino superior concentra-se na gra-
duação em cursos presenciais (85%) de quatro anos (ou mais) de duração. O restante da matrícula está dividida em
cursos tecnológicos (de dois ou três anos) e cursos vocacionais de dois anos (sequenciais de formação específica). A
educação à distância em 2006, já contava com 4,4% da matrícula da graduação (207.206 estudantes) e em 2010, com
15% das matrículas (930.0179 estudantes).
Os últimos dados disponíveis revelam, em 2010, a existência de 5.449.120 matrículas no ensino de graduação,
das quais 75% no setor privado. A distribuição da matrícula por tipo de instituição é a seguinte: em universidades:
2.809.974 matrículas (54,3%); em Centros Universitários: 741.631 e Institutos Tecnológicos 68.572 (14,5%); e em Facul-
dades 1.828.943 (31,2%) (INEP/MEC 2011).
No ensino de pós-graduação estão registrados 173.408 estudantes, dos quais 108.820 no mestrado e 64.588 no
doutorado. Formam-se por ano cerca de 40.000 mestres e 11.000 doutores (INEP/MEC, 2011). Ao contrário da gradua-
ção, a concentração das matrículas dá-se em IES públicas federais e estaduais.
Outra característica que distingue ambos os setores diz respeito ao turno das vagas oferecidas. As IES públicas
concentram a oferta de vagas predominantemente no turno diurno, enquanto que nas IES privadas 70% das vagas são
para os cursos noturnos.
Um aspecto relevante a ser considerado é o crescimento das vagas e a relação candidatos/vagas. No período 1998-
2010 o número de vagas no setor público cresceu 116, 4 % enquanto no setor privado o crescimento foi de 369,02%.
Tabela 2: Número de vagas oferecidas, candidatos e ingressos em graduação presencial por categoria administrativa,
1998-2010.
As razões para este crescimento da oferta são inúmeras, mas especialmente cabe destacar a estabilidade da econo-
mia, a partir de meados dos anos 90. O setor público federal retoma o crescimento das vagas a partir de 2007 com o
programa Reuni, como veremos mais adiante.
Até o ano 2000, o crescimento das vagas no setor privado parecia consistente com o aumento da demanda. No
entanto, em meio ao processo, começou a se dar um descolamento entre um e outro. No setor privado esta razão vem
diminuindo sendo de apenas 1.2 candidatos por vaga em 2010. Também no setor público a razão candidato/vagas é
decrescente desde 2000, mas alcançando em 2010, 7,6 candidatos por vaga. Aqui é preciso apontar para o crescimento
constante da oferta de vagas, o que resulta num aumento crescente de vagas não preenchidas no setor privado, che-
gando em 2010 a 56% das vagas e 8, 26 % em IES públicas.
É bem verdade que o não preenchimento de vagas no setor privado, não indica imediatamente crise na instituição
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
atingida, pois uma parte do número de vagas funciona, de um modo geral, como reserva estratégica para o caso de
acirramento da concorrência. A sustentação financeira da IES pode estar assegurada com o preenchimento de número
menor de vagas. De qualquer modo, os dados recentes são alarmantes até mesmo para os mais otimistas. A situação
atual traz à tona o fato de que está havendo um descompasso entre as condições de realização do ensino superior,
maior acesso e inclusão, e a capacidade socioeconômica dos candidatos.
Além do problema do acesso e do preenchimento das vagas, outro problema complexo é a oferta de cursos no
ensino superior. É preciso ressaltar que no Brasil as profissões são regulamentadas pelos Conselhos Profissionais. No
caso da medicina e do direito para exercer a profissão é preciso realizar o exame da ordem profissional. Porém o curso
de direito, como os demais que se enquadram na categoria de Ciências Sociais Aplicadas, são de menor custo e podem
ser classificados como “genéricos”. Com um diploma desta área é possível trabalhar em distintos empregos, como ge-
rencias, recursos humanos, etc. A tabela abaixo mostra o crescimento e a concentração de cursos nesta área.
82
Tabela 3: Total de matrículas na graduação presencial por grande área de curso e crescimento no período (2000-2010).
Gráfico 2: Participação de cada grande área no total de matrículas na graduação presencial (2010).
Esses dados revelam uma particularidade do Brasil quando comparado a outros países emergentes. É muito baixo
o percentual da matrícula nas carreiras tecnológicas e de engenharias.
A expansão do sistema de ensino superior no Brasil no tocante à questão da democratização do acesso aponta para
um outro problema. Os dados relativos à expansão da matrícula no nível superior revelam que essa expansão trouxe
algumas mudanças na composição social dos estudantes. Tomando-se como indicador a renda familiar dos alunos,
entre os matriculados no ensino superior público e privado, como indica o gráfico abaixo, os dados mostram que não
há diferença significativa entre um setor e outro. Mais de 50 % dos estudantes são do último quintil, ou seja, oriundos
das classes abastadas.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Gráfico 3: Estudantes que frequentam o Ensino Superior por categoria administrativa e quintos de renda familiar
83
Os dados mostram que está havendo um crescimento, ainda que pequeno, da presença de alunos de baixa renda
em ambos os setores de ensino, seja público como privado, especialmente a partir de 2005, quando começam a ser
implantados programas de inclusão social nas IES. Comparando-se os dados entre 2002 e 2009, constata-se uma maior
presença de alunos dos quintis mais baixos no setor público, mas especialmente no setor privado, resultado do Progra-
ma ProUni, apresentado mais adiante.
Os dados da tabela abaixo, apontam para a acentuada diferença étnico-racial entre os estudantes que frequentam
o ensino superior. Mais da metade (62,6%) dos estudantes brancos de 18 a 24 anos estão no ensino superior, em con-
traponto apenas 28,2% dos estudantes negros, desta faixa etária, estão neste nível de ensino. Evidencia-se também um
atraso série-idade da população não branca, onde metade ainda está no ensino médio e um percentual significativo
(18,2%) ainda frequentando a educação básica.
Tabela 4: Estudantes de 18 a 24 anos por de nível de ensino frequentado e por cor ou raça, 2009.
Nesse sentido, a expansão recente revela que o acesso à educação superior ainda se mostra bastante concentrado
nos jovens das camadas de faixas de renda alta e média e brancos, revelando o ainda o baixo significado da expansão
como processo de democratização.
Conclui-se este item, chamando atenção para o fato de que o alto grau de exclusão escolar no ensino superior tem
a ver com a própria estrutura e organização desse nível. As instituições públicas são gratuitas e disputadas por grandes
quantidades de candidatos. A organização da oferta do ensino nas IES particulares, por sua vez, sempre levou em conta
as necessidades de uma clientela que dependia do próprio sustento para se manter no ensino superior. Entretanto, o
impedimento para um maior acesso dos estudantes de baixa renda era o valor das mensalidades cobradas. O estatuto
da filantropia que propiciava bolsas e auxílios de várias ordens teve papel importante, porém limitado na democrati-
zação do acesso ao ensino superior.
A questão que vem sendo debatida, por pesquisadores e gestores de políticas públicas é como enfrentar o desafio
da ampliação do acesso ao ensino superior, especialmente para jovens excluídos do processo vigente. É importante
ressaltar, como mencionado por Fernandes (1991, p. 49), que “as diferenças são compatíveis com as democracias, apa-
recendo mesmo como uma das suas condições de existência.
As desigualdades, ao contrário, são sinal de que a democracia formal não é acompanhada da democracia real”.
Entre os estudiosos, há consenso em torno da afirmação de que a desigualdade só será reduzida através de políticas
públicas efetivas no que diz respeito a serviços sociais fundamentais, como educação, saúde, saneamento, habitação
etc. e de políticas compensatórias que distribuam renda (como o bolsa família) (LUNA e KLEIN, 2009). Também Sch-
warztman (2007) ressalta que “as profundas diferenças sociais que existem no Brasil justificam a adoção de políticas de
inclusão social que estimulem o interesse e o acesso ao ensino superior de pessoas, grupos, setores sociais e habitantes
de regiões aonde o ensino superior é menos acessível”.
A garantia de acesso à educação superior precisa se fundamentar, portanto, a partir de uma equitativa igualdade
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de oportunidades a todos os membros da população que desejam e tenham condições de cursar este nível de ensino.
Cabe questionar se as políticas de inclusão social no ensino superior, no Brasil, podem ser consideradas políticas de
redistribuição de oportunidades.
Segundo McCowan (2007), o sistema educacional opera de forma equitativa quando garante que todos tenham
oportunidades adequadas, sem quaisquer tipos de discriminação socioeconômica e racial. A equidade, como uma justa
igualdade de oportunidades, ocorre quando os cidadãos têm acesso equitativo aos bens escassos e limitados da vida.
Quando não há condições de oferecer esses bens a todos os indivíduos que assim o desejam, é necessária a criação
de políticas sociais para amenizar tais carências e que atendam aos menos privilegiados. Entende-se por políticas de
inclusão social no ensino superior, políticas extraordinárias voltadas à ampliação das oportunidades de ingresso de
candidatos discriminados por renda, raça ou sexo.
84
- as políticas afirmativas Ensino Médio – ENEM. O cadastramento do candidato
ocorre exclusivamente pela internet, podendo fazer a es-
Hoje existem diferentes modelos de políticas afirma- colha de até 3 cursos na ordem de sua preferência na
tivas (PA): cotas raciais, cotas sociais para alunos oriundos mesma instituição ou em instituições diferentes, creden-
de escolas públicas e o modelo de acréscimo de bônus. ciadas pelo MEC. A seleção dos bolsistas é realizada em
Até 2010, 88 IES haviam implantado ações afirmativas duas etapas. Até 2008, exigia-se que o candidato tivesse
em seus processos seletivos. Destas, 45 são estaduais, 33 obtido, no mínimo, 45 pontos na média entre as duas
federais e 5 são municipais. Com relação às IES federais partes da prova (objetiva e redação) num total de 100
constata-se que 28 universidades já possuem PA em seus pontos cada. A partir de 2009, com as reformulações do
processos seletivos, das quais, 24 adotaram o sistema de Exame, passa a ser exigido o mínimo de 400 pontos (num
cotas e 4 adotaram o sistema de acréscimo de bônus. No total de 1.000) na média das 5 notas obtidas nas provas
caso das cotas sociais e raciais, há reserva de 10 a 50% do ENEM (ANHAIA, 2010). Cabe ressaltar que, quanto
das vagas a todos que frequentaram o ensino médio em maior a nota obtida, maiores as chances de o candidato
escola pública e que se autodeclararam pretos/pardos escolher o curso e a instituição em que irá estudar. A se-
ou indígenas. gunda etapa é realizada pelas próprias instituições que
A modalidade de acréscimo de bônus no vestibular definem a lista final dos selecionados a partir dos nomes
também é adotada pelas IES paulistas. Na Universidade enviados pelo MEC (MEC, Revista do ProUni, 2008).
de Campinas, todos os candidatos que estudaram em Desde sua criação até 2011, o ProUni !.>&’+.-!FAF-
escola pública no ensino médio recebem 30 pontos de 8GAHFG!%.4*$*5!3$*!,-$)*! 748.788 foram ocupadas.
acréscimo na nota final do vestibular e mais 10 pontos Cerca de 70% são bolsistas integrais. Atualmente, 3.664
se se autodeclararem pretos ou pardos (PEDROSA et al, pessoas com deficiência e 6.587 professores da escola
2006). A Universidade de São Paulo utiliza o sistema de básica pública vem sendo também beneficiados pelo
pontuação, na qual um fator de acréscimo de 3% é apli- Programa. Quanto à modalidade de ensino, a maioria
cado às notas da fase 1 e 2 do processo de seleção, ape- encontra-se matriculada em cursos presenciais ( MEC/
nas para alunos da rede pública (INCLUSP, 2006). ProUni, 2011).
85
Além disso, os resultados gerais do programa em ter- uma educação de nível médio adequada para competir
mos de expansão de matrículas e ganhos de eficiência com sucesso por uma vaga no setor público e sem meios
têm sido criticados. para pagar as mensalidades exigidas no setor privado,
Os investimentos públicos nas IFES cresceram de 9,6 esses grupos tem grande probabilidade de permanece-
bilhões de reais em 2003 para 23,6 bilhões em 2011. Esse rem excluídos do acesso.
investimento serviu para um aumento expressivo do nu-
mero de IES públicas, sobretudo universitárias e para um Em segundo lugar, é fundamental rever a equação
crescimento do número de vagas e matrículas iniciais geral de financiamento do ensino superior de modo a
nessas instituições. Não garantiu, até agora, no entanto, assegurar condições amplas e sustentáveis de estudos
uma redução expressiva da evasão e um aumento de efi- para contingentes sempre maiores de populações de
ciência geral do segmento. baixa renda.
Assim, não se pode desconhecer que essa forte onda A expansão do ensino superior nas décadas 1960 e
de expansão no setor público e no segmento privado não 1970 deu-se pela opção política de expansão pela via
mudou de modo categórico a taxa líquida de matrícula privada, considerada como ótima solução. O acesso ao
no ensino superior brasileiro para jovens com idade entre ensino superior pressionado pela demanda da época
18 e 24 anos. Ela continua em torno de 14%, bem abaixo deu-se por uma oferta rápida de vagas no setor privado;
da taxa de países da região com níveis de desenvolvi- a demanda aceitou essa opção pois tinha poder de com-
mento inferiores ao do Brasil. Mais ainda, nota-se uma pra (classes médias em ascensão). O setor público man-
redução na taxa de crescimento geral da matrícula em teve as IES públicas gratuitas com a finalidade de formar
instituições universitárias onde a dominância é de insti- elites profissionais (médicos, advogados, engenheiros) e
tuições públicas. De 1995 a 2005, a taxa média de cres- investiu na Pós Graduação e pesquisa. Assim, o resultado
cimento da matrícula foi de 11% ao ano. A partir de 2005, dessa política de investimento é que o Estado preservou
o crescimento tem sido de somente 0,2% ao ano. Esse a lógica do financiamento à instituição – ensino público
novo cenário ameaça os esforços correntes com vistas à gratuito e de qualidade. Mas para quem e para quantos?
expansão e compromete as políticas de inclusão social. O que mudou das décadas de 1960/1970 para cá, dé-
cada de 2000? Sobretudo o surgimento de uma “nova
Considerações finais: desafios a serem enfrentados demanda” oriunda das classes baixas, sem poder de
compra e duplamente penalizada. O ensino superior
Dois aspectos parecem fundamentais na discussão público continua financiando as instituições (prioritaria-
sobre como encaminhar a superação dos gargalos es- mente) e a expansão na graduação segue contida; con-
truturais à expansão do ensino superior com efetiva in- centra a maior parte dos programas de pós graduação
clusão social. e a pesquisa de qualidade; o custo do aluno público é
Em primeiro lugar, é preciso atacar os problemas altíssimo, em torno de 10 mil dólares (OCDE (2007).
do ensino médio no Brasil. A queda do ritmo de cresci-
mento no ensino superior apontada acima mostra que A “nova demanda” oriunda das classes baixas, que
há uma redução potencial da demanda e isto está cla- frequentou escolas públicas no nível básico (fundamental
ramente vinculado aos constrangimentos impostos pelo e médio) de baixa qualidade (como amplamente difundi-
mau desempenho do ensino médio. O acesso ao ensi- do), tem enormes dificuldades em ultrapassar as difíceis
no fundamental está praticamente universalizado (98%), barreiras competitivas no setor público – o vestibular. Por
mas ainda não se conseguiu que todas as crianças con- outro, em função de suas condições econômicas não tem
cluíssem os oito anos de escolaridade obrigatória. A taxa condições de arcar com os custos de inscrição de vesti-
de conclusão no ensino fundamental é muito baixa. Em bular e/ou matricula e mensalidade(s) no setor privado.
2009, para a 4ª série, a taxa de conclusão era de 87,6% Isso remete a tese da exclusividade quando se analisa
e reduzia-se para 63,4% na 8ª série com jovens até 16 a questão do financiamento da perspectiva do aluno, e
anos. No ensino médio, a taxa de conclusão era de 66,6% não da instituição: porque cerca de um milhão de estu-
para jovens até 19 anos (MEC/INEP, 2010). Essa realidade dantes tem o privilégio de estudar em IES publicas, gra-
é um dos maiores gargalos da educação brasileira. Outro tuitas e de qualidade e cerca de 4 milhões de estudantes
dado relevante é a concentração da matrícula no ensino precisam pagar pelo seu estudo? E na maioria das vezes
fundamental, de 87,2%, e no médio de 88,1%, na rede em IES privadas de baixa qualidade?
pública, enquanto no ensino superior a relação se inver- Uma alternativa que deve ser debatida é o investimen-
te, com uma matrícula em torno de 75% na rede privada to no aluno, através de bolsas ou outras formas viáveis de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
(PNAD/IBGE, 2010; MEC/INEP 2010). financiamento ao aluno. Outro aspecto importante para
Essa realidade tem consequências nefastas para a atender a nova demanda é intensificar a diversificação da
maioria dos jovens, pois implica em dupla discriminação oferta do ensino superior, não apenas a tradicional oferta
no acesso ao nível superior de ensino: estudantes prove- de bacharelado e licenciatura, mas também investir em
nientes das escolas públicas, em função da baixa quali- cursos tecnológicos, vocacionais, de curta duração, aten-
dade de ensino recebido, não conseguem ingresso nas dendo demandas imediatas e necessárias do mercado
universidades públicas via vestibular, devido a alta com- de trabalho. Sem dúvida, as políticas de inclusão social
petição, e o acesso em universidades privadas é inviável atuais: Afirmativas (cotas, bônus), ProUni, e Reuni, tem o
devido à impossibilidade de pagarem as mensalidades. seu valor e cumprem uma função importante; mas não
A pressão por vagas no nível superior proveniente das são suficientes para a virada da democratização do aces-
camadas de renda inferiores, não tem sido atendida. Sem so ao ensino superior no Brasil.
86
Fonte V - formação para o trabalho e para a cidadania, com
NEVES, C. E. B. Ensino Superior no Brasil: expansão, ênfase nos valores morais e éticos em que se funda-
diversificação e inclusão menta a sociedade;
VI - promoção do princípio da gestão democrática da
educação pública;
VII - promoção humanística, científica, cultural e tec-
EXERCÍCIO COMENTADO nológica do País;
VIII - estabelecimento de meta de aplicação de recur-
1. A educação superior pública tem importância crucial sos públicos em educação como proporção do Produto
no desenvolvimento de um país, o que implica reconhe- Interno Bruto - PIB, que assegure atendimento às ne-
cer sua função social, política e cultural, cumprida quan- cessidades de expansão, com padrão de qualidade e
do há equidade;
IX - valorização dos (as) profissionais da educação;
A. organização flexível regida por contratos de gestão X - promoção dos princípios do respeito aos direitos
que estipulem índices de produtividade a serem al- humanos, à diversidade e à sustentabilidade socioam-
cançados. biental.
B. compromisso com a democratização do saber, dispon- Art. 3o As metas previstas no Anexo desta Lei serão
do de autonomia institucional, intelectual e financeira. cumpridas no prazo de vigência deste PNE, desde que
C. associação entre ensino, pesquisa e extensão visando não haja prazo inferior definido para metas e estraté-
ao disciplinamento de vagas para o ensino superior gias específicas.
público. Art. 4o As metas previstas no Anexo desta Lei deverão
D. reconhecimento de que as políticas de ação afirmati- ter como referência a Pesquisa Nacional por Amos-
va interferem no princípio constitucional da igualdade tra de Domicílios - PNAD, o censo demográfico e os
entre os cidadãos. censos nacionais da educação básica e superior mais
E. manutenção de políticas assistencialistas contra a po- atualizados, disponíveis na data da publicação desta
breza, a fim de promover uma redistribuição que esti- Lei.
mule a economização da sociedade. Parágrafo único. O poder público buscará ampliar o
escopo das pesquisas com fins estatísticos de forma a
RESPOSTA: B incluir informação detalhada sobre o perfil das popu-
O entendimento é de que a educação superior é um lações de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com defi-
bem público e que, portanto, os recursos públicos de- ciência.
veriam ser gastos até o limite da riqueza nacional, de Art. 5o A execução do PNE e o cumprimento de suas
modo a atender ao maior número possível de jovens”, metas serão objeto de monitoramento contínuo e de
dispondo de autonomia institucional, intelectual e fi- avaliações periódicas, realizados pelas seguintes ins-
nanceira. tâncias:
I - Ministério da Educação - MEC;
II - Comissão de Educação da Câmara dos Deputados
e Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, LEI Nº Federal;
13.005/14 E EDUCAÇÃO SUPERIOR. III - Conselho Nacional de Educação - CNE;
IV - Fórum Nacional de Educação.
§ 1o Compete, ainda, às instâncias referidas no caput:
I - divulgar os resultados do monitoramento e das
LEI Nº 13.005, DE 25 DE JUNHO DE 2014. avaliações nos respectivos sítios institucionais da in-
ternet;
Aprova o Plano Nacional de Educação - PNE e dá II - analisar e propor políticas públicas para assegu-
outras providências. rar a implementação das estratégias e o cumprimento
das metas;
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o III - analisar e propor a revisão do percentual de inves-
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: timento público em educação.
Art. 1o É aprovado o Plano Nacional de Educação - § 2o A cada 2 (dois) anos, ao longo do período de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
PNE, com vigência por 10 (dez) anos, a contar da pu- vigência deste PNE, o Instituto Nacional de Estudos e
blicação desta Lei, na forma do Anexo, com vistas ao Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP publica-
cumprimento do disposto no art. 214 da Constituição rá estudos para aferir a evolução no cumprimento das
Federal. metas estabelecidas no Anexo desta Lei, com informa-
Art. 2o São diretrizes do PNE: ções organizadas por ente federado e consolidadas em
I - erradicação do analfabetismo; âmbito nacional, tendo como referência os estudos e
II - universalização do atendimento escolar; as pesquisas de que trata o art. 4o, sem prejuízo de
III - superação das desigualdades educacionais, com outras fontes e informações relevantes.
ênfase na promoção da cidadania e na erradicação de § 3o A meta progressiva do investimento público em
todas as formas de discriminação; educação será avaliada no quarto ano de vigência do
IV - melhoria da qualidade da educação; PNE e poderá ser ampliada por meio de lei para aten-
87
der às necessidades financeiras do cumprimento das que necessitem considerar territórios étnico-educacio-
demais metas. nais e a utilização de estratégias que levem em conta
§ 4o O investimento público em educação a que se as identidades e especificidades socioculturais e lin-
referem o inciso VI do art. 214 da Constituição Fede- guísticas de cada comunidade envolvida, assegurada
ral e a meta 20 do Anexo desta Lei engloba os recursos a consulta prévia e informada a essa comunidade.
aplicados na forma do art. 212 da Constituição Fede-
ral e do art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais § 5o Será criada uma instância permanente de ne-
Transitórias, bem como os recursos aplicados nos pro- gociação e cooperação entre a União, os Estados, o
gramas de expansão da educação profissional e supe- Distrito Federal e os Municípios.
rior, inclusive na forma de incentivo e isenção fiscal, as § 6o O fortalecimento do regime de colaboração entre
bolsas de estudos concedidas no Brasil e no exterior, os os Estados e respectivos Municípios incluirá a institui-
subsídios concedidos em programas de financiamento ção de instâncias permanentes de negociação, coope-
estudantil e o financiamento de creches, pré-escolas e ração e pactuação em cada Estado.
de educação especial na forma do art. 213 da Consti- § 7o O fortalecimento do regime de colaboração entre
tuição Federal. os Municípios dar-se-á, inclusive, mediante a adoção
§ 5o Será destinada à manutenção e ao desenvolvi- de arranjos de desenvolvimento da educação.
mento do ensino, em acréscimo aos recursos vincu- Art. 8o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
lados nos termos do art. 212 da Constituição Federal, deverão elaborar seus correspondentes planos de edu-
além de outros recursos previstos em lei, a parcela da cação, ou adequar os planos já aprovados em lei, em
participação no resultado ou da compensação finan- consonância com as diretrizes, metas e estratégias
ceira pela exploração de petróleo e de gás natural, na previstas neste PNE, no prazo de 1 (um) ano contado
forma de lei específica, com a finalidade de assegurar da publicação desta Lei.
o cumprimento da meta prevista no inciso VI do art. § 1o Os entes federados estabelecerão nos respectivos
214 da Constituição Federal. planos de educação estratégias que:
Art. 6o A União promoverá a realização de pelo me- I - assegurem a articulação das políticas educacionais
nos 2 (duas) conferências nacionais de educação até com as demais políticas sociais, particularmente as
o final do decênio, precedidas de conferências distri- culturais;
tal, municipais e estaduais, articuladas e coordenadas II - considerem as necessidades específicas das po-
pelo Fórum Nacional de Educação, instituído nesta Lei, pulações do campo e das comunidades indígenas e
no âmbito do Ministério da Educação. quilombolas, asseguradas a equidade educacional e a
§ 1o O Fórum Nacional de Educação, além da atribui- diversidade cultural;
ção referida no caput: III - garantam o atendimento das necessidades espe-
I - acompanhará a execução do PNE e o cumprimento cíficas na educação especial, assegurado o sistema
de suas metas; educacional inclusivo em todos os níveis, etapas e
II - promoverá a articulação das conferências nacio- modalidades;
nais de educação com as conferências regionais, esta- IV - promovam a articulação interfederativa na imple-
duais e municipais que as precederem. mentação das políticas educacionais.
§ 2o As conferências nacionais de educação reali- § 2o Os processos de elaboração e adequação dos pla-
zar-se-ão com intervalo de até 4 (quatro) anos entre nos de educação dos Estados, do Distrito Federal e dos
elas, com o objetivo de avaliar a execução deste PNE e Municípios, de que trata o caput deste artigo, serão
subsidiar a elaboração do plano nacional de educação realizados com ampla participação de representantes
para o decênio subsequente. da comunidade educacional e da sociedade civil.
Art. 7o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- Art. 9o Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
nicípios atuarão em regime de colaboração, visando deverão aprovar leis específicas para os seus sistemas
ao alcance das metas e à implementação das estraté- de ensino, disciplinando a gestão democrática da edu-
gias objeto deste Plano. cação pública nos respectivos âmbitos de atuação, no
§ 1o Caberá aos gestores federais, estaduais, munici- prazo de 2 (dois) anos contado da publicação desta
pais e do Distrito Federal a adoção das medidas go- Lei, adequando, quando for o caso, a legislação local
vernamentais necessárias ao alcance das metas pre- já adotada com essa finalidade.
vistas neste PNE. Art. 10. O plano plurianual, as diretrizes orçamentá-
§ 2o As estratégias definidas no Anexo desta Lei não rias e os orçamentos anuais da União, dos Estados,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
elidem a adoção de medidas adicionais em âmbito do Distrito Federal e dos Municípios serão formulados
local ou de instrumentos jurídicos que formalizem de maneira a assegurar a consignação de dotações
a cooperação entre os entes federados, podendo ser orçamentárias compatíveis com as diretrizes, metas e
complementadas por mecanismos nacionais e locais estratégias deste PNE e com os respectivos planos de
de coordenação e colaboração recíproca. educação, a fim de viabilizar sua plena execução.
§ 3o Os sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Art. 11. O Sistema Nacional de Avaliação da Educa-
Federal e dos Municípios criarão mecanismos para o ção Básica, coordenado pela União, em colaboração
acompanhamento local da consecução das metas des- com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios,
te PNE e dos planos previstos no art. 8o. constituirá fonte de informação para a avaliação da
§ 4o Haverá regime de colaboração específico para a qualidade da educação básica e para a orientação das
implementação de modalidades de educação escolar políticas públicas desse nível de ensino.
88
§ 1o O sistema de avaliação a que se refere o caput pro- ANEXO
duzirá, no máximo a cada 2 (dois) anos: METAS E ESTRATÉGIAS
I - indicadores de rendimento escolar, referentes ao
desempenho dos (as) estudantes apurado em exames Meta 1: universalizar, até 2016, a educação infantil
nacionais de avaliação, com participação de pelo me- na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco)
nos 80% (oitenta por cento) dos (as) alunos (as) de anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em
cada ano escolar periodicamente avaliado em cada creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta
escola, e aos dados pertinentes apurados pelo censo por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da
escolar da educação básica; vigência deste PNE.
II - indicadores de avaliação institucional, relativos a
características como o perfil do alunado e do corpo Estratégias:
dos (as) profissionais da educação, as relações entre
dimensão do corpo docente, do corpo técnico e do cor- 1.1) definir, em regime de colaboração entre a União,
po discente, a infraestrutura das escolas, os recursos
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, me-
pedagógicos disponíveis e os processos da gestão, en-
tas de expansão das respectivas redes públicas
tre outras relevantes.
de educação infantil segundo padrão nacional de
§ 2o A elaboração e a divulgação de índices para ava-
qualidade, considerando as peculiaridades locais;
liação da qualidade, como o Índice de Desenvolvimen-
to da Educação Básica - IDEB, que agreguem os indi- 1.2) garantir que, ao final da vigência deste PNE, seja
cadores mencionados no inciso I do § 1o não elidem a inferior a 10% (dez por cento) a diferença entre as
obrigatoriedade de divulgação, em separado, de cada taxas de frequência à educação infantil das crian-
um deles. ças de até 3 (três) anos oriundas do quinto de ren-
§ 3o Os indicadores mencionados no § 1o serão es- da familiar per capita mais elevado e as do quinto
timados por etapa, estabelecimento de ensino, rede de renda familiar per capita mais baixo;
escolar, unidade da Federação e em nível agregado 1.3) realizar, periodicamente, em regime de colabo-
nacional, sendo amplamente divulgados, ressalvada ração, levantamento da demanda por creche para
a publicação de resultados individuais e indicadores a população de até 3 (três) anos, como forma de
por turma, que fica admitida exclusivamente para a planejar a oferta e verificar o atendimento da de-
comunidade do respectivo estabelecimento e para o manda manifesta;
órgão gestor da respectiva rede. 1.4) estabelecer, no primeiro ano de vigência do PNE,
§ 4o Cabem ao Inep a elaboração e o cálculo do Ideb normas, procedimentos e prazos para definição de
e dos indicadores referidos no § 1o. mecanismos de consulta pública da demanda das
§ 5o A avaliação de desempenho dos (as) estudantes famílias por creches;
em exames, referida no inciso I do § 1o, poderá ser di- 1.5) manter e ampliar, em regime de colaboração e
retamente realizada pela União ou, mediante acordo respeitadas as normas de acessibilidade, progra-
de cooperação, pelos Estados e pelo Distrito Federal, ma nacional de construção e reestruturação de es-
nos respectivos sistemas de ensino e de seus Municí- colas, bem como de aquisição de equipamentos,
pios, caso mantenham sistemas próprios de avaliação visando à expansão e à melhoria da rede física de
do rendimento escolar, assegurada a compatibilidade escolas públicas de educação infantil;
metodológica entre esses sistemas e o nacional, espe- 1.6) implantar, até o segundo ano de vigência deste
cialmente no que se refere às escalas de proficiência e PNE, avaliação da educação infantil, a ser realiza-
ao calendário de aplicação.
da a cada 2 (dois) anos, com base em parâmetros
Art. 12. Até o final do primeiro semestre do nono ano
nacionais de qualidade, a fim de aferir a infraes-
de vigência deste PNE, o Poder Executivo encaminha-
trutura física, o quadro de pessoal, as condições
rá ao Congresso Nacional, sem prejuízo das prerroga-
de gestão, os recursos pedagógicos, a situação de
tivas deste Poder, o projeto de lei referente ao Plano
Nacional de Educação a vigorar no período subse- acessibilidade, entre outros indicadores relevantes;
quente, que incluirá diagnóstico, diretrizes, metas e 1.7) articular a oferta de matrículas gratuitas em cre-
estratégias para o próximo decênio. ches certificadas como entidades beneficentes de
Art. 13. O poder público deverá instituir, em lei es- assistência social na área de educação com a ex-
pecífica, contados 2 (dois) anos da publicação desta pansão da oferta na rede escolar pública;
Lei, o Sistema Nacional de Educação, responsável pela 1.8) promover a formação inicial e continuada dos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
articulação entre os sistemas de ensino, em regime de (as) profissionais da educação infantil, garantindo,
colaboração, para efetivação das diretrizes, metas e progressivamente, o atendimento por profissionais
estratégias do Plano Nacional de Educação. com formação superior;
Art. 14. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi- 1.9) estimular a articulação entre pós-graduação,
cação. núcleos de pesquisa e cursos de formação para
Brasília, 25 de junho de 2014; 193o da Independên- profissionais da educação, de modo a garantir a
cia e 126o da República. elaboração de currículos e propostas pedagógicas
DILMA ROUSSEFF que incorporem os avanços de pesquisas ligadas
Guido Mantega ao processo de ensino-aprendizagem e às teorias
José Henrique Paim Fernandes educacionais no atendimento da população de 0
Miriam Belchior (zero) a 5 (cinco) anos;
89
1.10) fomentar o atendimento das populações do Municípios, deverá, até o final do 2o (segundo)
campo e das comunidades indígenas e quilombo- ano de vigência deste PNE, elaborar e encaminhar
las na educação infantil nas respectivas comunida- ao Conselho Nacional de Educação, precedida de
des, por meio do redimensionamento da distribui- consulta pública nacional, proposta de direitos e
ção territorial da oferta, limitando a nucleação de objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
escolas e o deslocamento de crianças, de forma a para os (as) alunos (as) do ensino fundamental;
atender às especificidades dessas comunidades, 2.2) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e
garantido consulta prévia e informada; Municípios, no âmbito da instância permanente de
1.11) priorizar o acesso à educação infantil e fomentar que trata o § 5º do art. 7º desta Lei, a implantação
a oferta do atendimento educacional especializado dos direitos e objetivos de aprendizagem e desen-
complementar e suplementar aos (às) alunos (as) volvimento que configurarão a base nacional co-
com deficiência, transtornos globais do desenvol- mum curricular do ensino fundamental;
vimento e altas habilidades ou superdotação, asse- 2.3) criar mecanismos para o acompanhamento indi-
gurando a educação bilíngue para crianças surdas vidualizado dos (as) alunos (as) do ensino funda-
e a transversalidade da educação especial nessa mental;
etapa da educação básica; 2.4) fortalecer o acompanhamento e o monitora-
1.12) implementar, em caráter complementar, progra- mento do acesso, da permanência e do aproveita-
mas de orientação e apoio às famílias, por meio da mento escolar dos beneficiários de programas de
articulação das áreas de educação, saúde e assis- transferência de renda, bem como das situações
tência social, com foco no desenvolvimento inte- de discriminação, preconceitos e violências na
gral das crianças de até 3 (três) anos de idade; escola, visando ao estabelecimento de condições
1.13) preservar as especificidades da educação infan- adequadas para o sucesso escolar dos (as) alunos
til na organização das redes escolares, garantindo (as), em colaboração com as famílias e com órgãos
o atendimento da criança de 0 (zero) a 5 (cinco) públicos de assistência social, saúde e proteção à
anos em estabelecimentos que atendam a parâ- infância, adolescência e juventude;
metros nacionais de qualidade, e a articulação 2.5) promover a busca ativa de crianças e adolescen-
com a etapa escolar seguinte, visando ao ingresso tes fora da escola, em parceria com órgãos públi-
do (a) aluno(a) de 6 (seis) anos de idade no ensino cos de assistência social, saúde e proteção à infân-
fundamental;
cia, adolescência e juventude;
1.14) fortalecer o acompanhamento e o monitora-
2.6) desenvolver tecnologias pedagógicas que com-
mento do acesso e da permanência das crianças
binem, de maneira articulada, a organização do
na educação infantil, em especial dos beneficiários
tempo e das atividades didáticas entre a escola e o
de programas de transferência de renda, em cola-
ambiente comunitário, considerando as especifici-
boração com as famílias e com os órgãos públicos
dades da educação especial, das escolas do campo
de assistência social, saúde e proteção à infância;
e das comunidades indígenas e quilombolas;
1.15) promover a busca ativa de crianças em idade
2.7) disciplinar, no âmbito dos sistemas de ensino, a
correspondente à educação infantil, em parceria
com órgãos públicos de assistência social, saúde organização flexível do trabalho pedagógico, in-
e proteção à infância, preservando o direito de op- cluindo adequação do calendário escolar de acor-
ção da família em relação às crianças de até 3 (três) do com a realidade local, a identidade cultural e as
anos; condições climáticas da região;
1.16) o Distrito Federal e os Municípios, com a co- 2.8) promover a relação das escolas com instituições
laboração da União e dos Estados, realizarão e e movimentos culturais, a fim de garantir a oferta
publicarão, a cada ano, levantamento da deman- regular de atividades culturais para a livre fruição
da manifesta por educação infantil em creches e dos (as) alunos (as) dentro e fora dos espaços es-
pré-escolas, como forma de planejar e verificar o colares, assegurando ainda que as escolas se tor-
atendimento; nem polos de criação e difusão cultural;
1.17) estimular o acesso à educação infantil em tem- 2.9) incentivar a participação dos pais ou responsá-
po integral, para todas as crianças de 0 (zero) a 5 veis no acompanhamento das atividades escolares
(cinco) anos, conforme estabelecido nas Diretrizes dos filhos por meio do estreitamento das relações
Curriculares Nacionais para a Educação Infantil. entre as escolas e as famílias;
2.10) estimular a oferta do ensino fundamental, em
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Meta 2: universalizar o ensino fundamental de 9 especial dos anos iniciais, para as populações do
(nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (qua- campo, indígenas e quilombolas, nas próprias co-
torze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e munidades;
cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na ida- 2.11) desenvolver formas alternativas de oferta do
de recomendada, até o último ano de vigência deste PNE. ensino fundamental, garantida a qualidade, para
atender aos filhos e filhas de profissionais que se
Estratégias: dedicam a atividades de caráter itinerante;
2.12) oferecer atividades extracurriculares de incenti-
2.1) o Ministério da Educação, em articulação e co- vo aos (às) estudantes e de estímulo a habilidades,
laboração com os Estados, o Distrito Federal e os inclusive mediante certames e concursos nacionais;
90
2.13) promover atividades de desenvolvimento e es- blicas para a educação básica, de avaliação certifi-
tímulo a habilidades esportivas nas escolas, inter- cadora, possibilitando aferição de conhecimentos
ligadas a um plano de disseminação do desporto e habilidades adquiridos dentro e fora da escola, e
educacional e de desenvolvimento esportivo na- de avaliação classificatória, como critério de acesso
cional. à educação superior;
3.7) fomentar a expansão das matrículas gratuitas de
Meta 3: universalizar, até 2016, o atendimento escolar ensino médio integrado à educação profissional,
para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) observando-se as peculiaridades das populações
anos e elevar, até o final do período de vigência deste do campo, das comunidades indígenas e quilom-
PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para bolas e das pessoas com deficiência;
85% (oitenta e cinco por cento). 3.8) estruturar e fortalecer o acompanhamento e o
monitoramento do acesso e da permanência dos
Estratégias: e das jovens beneficiários (as) de programas de
transferência de renda, no ensino médio, quanto
3.1) institucionalizar programa nacional de renovação à frequência, ao aproveitamento escolar e à inte-
do ensino médio, a fim de incentivar práticas pe- ração com o coletivo, bem como das situações de
dagógicas com abordagens interdisciplinares es- discriminação, preconceitos e violências, práticas
truturadas pela relação entre teoria e prática, por irregulares de exploração do trabalho, consumo de
meio de currículos escolares que organizem, de drogas, gravidez precoce, em colaboração com as
maneira flexível e diversificada, conteúdos obriga- famílias e com órgãos públicos de assistência so-
tórios e eletivos articulados em dimensões como cial, saúde e proteção à adolescência e juventude;
ciência, trabalho, linguagens, tecnologia, cultura e 3.9) promover a busca ativa da população de 15
esporte, garantindo-se a aquisição de equipamen- (quinze) a 17 (dezessete) anos fora da escola, em
tos e laboratórios, a produção de material didático articulação com os serviços de assistência social,
específico, a formação continuada de professores e saúde e proteção à adolescência e à juventude;
a articulação com instituições acadêmicas, esporti- 3.10) fomentar programas de educação e de cultura
vas e culturais; para a população urbana e do campo de jovens, na
3.2) o Ministério da Educação, em articulação e cola- faixa etária de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos, e
boração com os entes federados e ouvida a socie- de adultos, com qualificação social e profissional
dade mediante consulta pública nacional, elaborará para aqueles que estejam fora da escola e com de-
e encaminhará ao Conselho Nacional de Educação fasagem no fluxo escolar;
- CNE, até o 2o (segundo) ano de vigência deste 3.11) redimensionar a oferta de ensino médio nos
PNE, proposta de direitos e objetivos de aprendi- turnos diurno e noturno, bem como a distribuição
zagem e desenvolvimento para os (as) alunos (as) territorial das escolas de ensino médio, de forma a
de ensino médio, a serem atingidos nos tempos e atender a toda a demanda, de acordo com as ne-
etapas de organização deste nível de ensino, com cessidades específicas dos (as) alunos (as);
vistas a garantir formação básica comum; 3.12) desenvolver formas alternativas de oferta do
3.3) pactuar entre União, Estados, Distrito Federal e ensino médio, garantida a qualidade, para atender
Municípios, no âmbito da instância permanente aos filhos e filhas de profissionais que se dedicam
de que trata o § 5o do art. 7o desta Lei, a implan- a atividades de caráter itinerante;
tação dos direitos e objetivos de aprendizagem e 3.13) implementar políticas de prevenção à evasão
desenvolvimento que configurarão a base nacional motivada por preconceito ou quaisquer formas
comum curricular do ensino médio; de discriminação, criando rede de proteção contra
3.4) garantir a fruição de bens e espaços culturais, de formas associadas de exclusão;
forma regular, bem como a ampliação da prática 3.14) estimular a participação dos adolescentes nos
desportiva, integrada ao currículo escolar; cursos das áreas tecnológicas e científicas.
3.5) manter e ampliar programas e ações de corre-
ção de fluxo do ensino fundamental, por meio do Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a
acompanhamento individualizado do (a) aluno (a) 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais
com rendimento escolar defasado e pela adoção do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação,
de práticas como aulas de reforço no turno com- o acesso à educação básica e ao atendimento educacio-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
91
da educação regular da rede pública que recebam 24 e 30 da Convenção sobre os Direitos das Pes-
atendimento educacional especializado comple- soas com Deficiência, bem como a adoção do Sis-
mentar e suplementar, sem prejuízo do cômputo tema Braille de leitura para cegos e surdos-cegos;
dessas matrículas na educação básica regular, e as 4.8) garantir a oferta de educação inclusiva, vedada a
matrículas efetivadas, conforme o censo escolar exclusão do ensino regular sob alegação de defi-
mais atualizado, na educação especial oferecida ciência e promovida a articulação pedagógica en-
em instituições comunitárias, confessionais ou fi- tre o ensino regular e o atendimento educacional
lantrópicas sem fins lucrativos, conveniadas com o especializado;
poder público e com atuação exclusiva na modali- 4.9) fortalecer o acompanhamento e o monitoramen-
dade, nos termos da Lei no 11.494, de 20 de junho to do acesso à escola e ao atendimento educa-
de 2007; cional especializado, bem como da permanência
4.2) promover, no prazo de vigência deste PNE, a uni- e do desenvolvimento escolar dos (as) alunos (as)
versalização do atendimento escolar à demanda com deficiência, transtornos globais do desenvol-
manifesta pelas famílias de crianças de 0 (zero) a 3 vimento e altas habilidades ou superdotação be-
(três) anos com deficiência, transtornos globais do neficiários (as) de programas de transferência de
desenvolvimento e altas habilidades ou superdota- renda, juntamente com o combate às situações de
ção, observado o que dispõe a Lei no 9.394, de 20 discriminação, preconceito e violência, com vistas
de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes ao estabelecimento de condições adequadas para
e bases da educação nacional; o sucesso educacional, em colaboração com as
4.3) implantar, ao longo deste PNE, salas de recursos famílias e com os órgãos públicos de assistência
multifuncionais e fomentar a formação continuada social, saúde e proteção à infância, à adolescência
de professores e professoras para o atendimento e à juventude;
educacional especializado nas escolas urbanas, do 4.10) fomentar pesquisas voltadas para o desenvolvi-
campo, indígenas e de comunidades quilombolas; mento de metodologias, materiais didáticos, equi-
4.4) garantir atendimento educacional especializado pamentos e recursos de tecnologia assistiva, com
em salas de recursos multifuncionais, classes, esco- vistas à promoção do ensino e da aprendizagem,
las ou serviços especializados, públicos ou conve- bem como das condições de acessibilidade dos
niados, nas formas complementar e suplementar, a (as) estudantes com deficiência, transtornos glo-
todos (as) alunos (as) com deficiência, transtornos bais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação;
globais do desenvolvimento e altas habilidades
4.11) promover o desenvolvimento de pesquisas in-
ou superdotação, matriculados na rede pública de
terdisciplinares para subsidiar a formulação de
educação básica, conforme necessidade identifi-
políticas públicas intersetoriais que atendam as es-
cada por meio de avaliação, ouvidos a família e o
pecificidades educacionais de estudantes com de-
aluno;
ficiência, transtornos globais do desenvolvimento
4.5) estimular a criação de centros multidisciplinares
e altas habilidades ou superdotação que requeiram
de apoio, pesquisa e assessoria, articulados com
medidas de atendimento especializado;
instituições acadêmicas e integrados por profissio- 4.12) promover a articulação intersetorial entre ór-
nais das áreas de saúde, assistência social, peda- gãos e políticas públicas de saúde, assistência
gogia e psicologia, para apoiar o trabalho dos (as) social e direitos humanos, em parceria com as fa-
professores da educação básica com os (as) alunos mílias, com o fim de desenvolver modelos de aten-
(as) com deficiência, transtornos globais do desen- dimento voltados à continuidade do atendimen-
volvimento e altas habilidades ou superdotação; to escolar, na educação de jovens e adultos, das
4.6) manter e ampliar programas suplementares pessoas com deficiência e transtornos globais do
que promovam a acessibilidade nas instituições desenvolvimento com idade superior à faixa etária
públicas, para garantir o acesso e a permanência de escolarização obrigatória, de forma a assegurar
dos (as) alunos (as) com deficiência por meio da a atenção integral ao longo da vida;
adequação arquitetônica, da oferta de transporte 4.13) apoiar a ampliação das equipes de profissionais
acessível e da disponibilização de material didático da educação para atender à demanda do proces-
próprio e de recursos de tecnologia assistiva, asse- so de escolarização dos (das) estudantes com de-
gurando, ainda, no contexto escolar, em todas as ficiência, transtornos globais do desenvolvimento
etapas, níveis e modalidades de ensino, a identifi-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
92
alunos com deficiência, transtornos globais do toramento, implementando medidas pedagógicas
desenvolvimento e altas habilidades ou superdo- para alfabetizar todos os alunos e alunas até o final
tação; do terceiro ano do ensino fundamental;
4.15) promover, por iniciativa do Ministério da Edu- 5.3) selecionar, certificar e divulgar tecnologias edu-
cação, nos órgãos de pesquisa, demografia e es- cacionais para a alfabetização de crianças, asse-
tatística competentes, a obtenção de informação gurada a diversidade de métodos e propostas
detalhada sobre o perfil das pessoas com deficiên- pedagógicas, bem como o acompanhamento dos
cia, transtornos globais do desenvolvimento e al- resultados nos sistemas de ensino em que forem
tas habilidades ou superdotação de 0 (zero) a 17 aplicadas, devendo ser disponibilizadas, preferen-
(dezessete) anos; cialmente, como recursos educacionais abertos;
4.16) incentivar a inclusão nos cursos de licenciatura e 5.4) fomentar o desenvolvimento de tecnologias edu-
nos demais cursos de formação para profissionais cacionais e de práticas pedagógicas inovadoras
da educação, inclusive em nível de pós-gradua- que assegurem a alfabetização e favoreçam a me-
ção, observado o disposto no caput do art. 207 da lhoria do fluxo escolar e a aprendizagem dos (as)
Constituição Federal, dos referenciais teóricos, das alunos (as), consideradas as diversas abordagens
teorias de aprendizagem e dos processos de en- metodológicas e sua efetividade;
sino-aprendizagem relacionados ao atendimento 5.5) apoiar a alfabetização de crianças do campo, in-
educacional de alunos com deficiência, transtornos dígenas, quilombolas e de populações itinerantes,
globais do desenvolvimento e altas habilidades ou com a produção de materiais didáticos específicos,
superdotação; e desenvolver instrumentos de acompanhamento
4.17) promover parcerias com instituições comunitá- que considerem o uso da língua materna pelas co-
munidades indígenas e a identidade cultural das
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucra-
comunidades quilombolas;
tivos, conveniadas com o poder público, visando
5.6) promover e estimular a formação inicial e conti-
a ampliar as condições de apoio ao atendimento
nuada de professores (as) para a alfabetização de
escolar integral das pessoas com deficiência, trans-
crianças, com o conhecimento de novas tecnolo-
tornos globais do desenvolvimento e altas habili- gias educacionais e práticas pedagógicas inovado-
dades ou superdotação matriculadas nas redes ras, estimulando a articulação entre programas de
públicas de ensino; pós-graduação stricto sensu e ações de formação
4.18) promover parcerias com instituições comunitá- continuada de professores (as) para a alfabetiza-
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrati- ção;
vos, conveniadas com o poder público, visando a 5.7) apoiar a alfabetização das pessoas com deficiên-
ampliar a oferta de formação continuada e a pro- cia, considerando as suas especificidades, inclusive
dução de material didático acessível, assim como a alfabetização bilíngue de pessoas surdas, sem es-
os serviços de acessibilidade necessários ao pleno tabelecimento de terminalidade temporal.
acesso, participação e aprendizagem dos estudan-
tes com deficiência, transtornos globais do desen- Meta 6: oferecer educação em tempo integral em, no
volvimento e altas habilidades ou superdotação mínimo, 50% (cinquenta por cento) das escolas públicas,
matriculados na rede pública de ensino; de forma a atender, pelo menos, 25% (vinte e cinco por
4.19) promover parcerias com instituições comunitá- cento) dos (as) alunos (as) da educação básica.
rias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucra-
tivos, conveniadas com o poder público, a fim de Estratégias:
favorecer a participação das famílias e da socieda-
de na construção do sistema educacional inclusivo. 6.1) promover, com o apoio da União, a oferta de edu-
cação básica pública em tempo integral, por meio
Meta 5: alfabetizar todas as crianças, no máximo, até de atividades de acompanhamento pedagógico e
o final do 3o (terceiro) ano do ensino fundamental. multidisciplinares, inclusive culturais e esportivas,
de forma que o tempo de permanência dos (as)
Estratégias: alunos (as) na escola, ou sob sua responsabilidade,
passe a ser igual ou superior a 7 (sete) horas diárias
durante todo o ano letivo, com a ampliação pro-
5.1) estruturar os processos pedagógicos de alfabe-
gressiva da jornada de professores em uma única
tização, nos anos iniciais do ensino fundamental,
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
escola;
articulando-os com as estratégias desenvolvidas
6.2) instituir, em regime de colaboração, programa de
na pré-escola, com qualificação e valorização dos
construção de escolas com padrão arquitetônico
(as) professores (as) alfabetizadores e com apoio
e de mobiliário adequado para atendimento em
pedagógico específico, a fim de garantir a alfabeti-
tempo integral, prioritariamente em comunidades
zação plena de todas as crianças; pobres ou com crianças em situação de vulnerabi-
5.2) instituir instrumentos de avaliação nacional pe- lidade social;
riódicos e específicos para aferir a alfabetização
das crianças, aplicados a cada ano, bem como esti- 6.3) institucionalizar e manter, em regime de co-
mular os sistemas de ensino e as escolas a criarem laboração, programa nacional de ampliação e
os respectivos instrumentos de avaliação e moni- reestruturação das escolas públicas, por meio da
93
instalação de quadras poliesportivas, laboratórios, inclusive de informática, espaços para atividades culturais, bi-
bliotecas, auditórios, cozinhas, refeitórios, banheiros e outros equipamentos, bem como da produção de material
didático e da formação de recursos humanos para a educação em tempo integral;
6.4) fomentar a articulação da escola com os diferentes espaços educativos, culturais e esportivos e com equipa-
mentos públicos, como centros comunitários, bibliotecas, praças, parques, museus, teatros, cinemas e planetá-
rios;
6.5) estimular a oferta de atividades voltadas à ampliação da jornada escolar de alunos (as) matriculados nas esco-
las da rede pública de educação básica por parte das entidades privadas de serviço social vinculadas ao sistema
sindical, de forma concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.6) orientar a aplicação da gratuidade de que trata o art. 13 da Lei no 12.101, de 27 de novembro de 2009, em ati-
vidades de ampliação da jornada escolar de alunos (as) das escolas da rede pública de educação básica, de forma
concomitante e em articulação com a rede pública de ensino;
6.7) atender às escolas do campo e de comunidades indígenas e quilombolas na oferta de educação em tempo
integral, com base em consulta prévia e informada, considerando-se as peculiaridades locais;
6.8) garantir a educação em tempo integral para pessoas com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e
altas habilidades ou superdotação na faixa etária de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos, assegurando atendimento
educacional especializado complementar e suplementar ofertado em salas de recursos multifuncionais da pró-
pria escola ou em instituições especializadas;
6.9) adotar medidas para otimizar o tempo de permanência dos alunos na escola, direcionando a expansão da jor-
nada para o efetivo trabalho escolar, combinado com atividades recreativas, esportivas e culturais.
Meta 7: fomentar a qualidade da educação básica em todas as etapas e modalidades, com melhoria do fluxo escolar
e da aprendizagem de modo a atingir as seguintes médias nacionais para o Ideb:
Estratégias:
7.1) estabelecer e implantar, mediante pactuação interfederativa, diretrizes pedagógicas para a educação básica e
a base nacional comum dos currículos, com direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento dos (as)
alunos (as) para cada ano do ensino fundamental e médio, respeitada a diversidade regional, estadual e local;
7.2) assegurar que:
a) no quinto ano de vigência deste PNE, pelo menos 70% (setenta por cento) dos (as) alunos (as) do ensino funda-
mental e do ensino médio tenham alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento de seu ano de estudo, e 50% (cinquenta por cento), pelo menos, o nível
desejável;
b) no último ano de vigência deste PNE, todos os (as) estudantes do ensino fundamental e do ensino médio tenham
alcançado nível suficiente de aprendizado em relação aos direitos e objetivos de aprendizagem e desenvolvimen-
to de seu ano de estudo, e 80% (oitenta por cento), pelo menos, o nível desejável;
7.3) constituir, em colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, um conjunto nacional
de indicadores de avaliação institucional com base no perfil do alunado e do corpo de profissionais da educação,
nas condições de infraestrutura das escolas, nos recursos pedagógicos disponíveis, nas características da gestão
e em outras dimensões relevantes, considerando as especificidades das modalidades de ensino;
7.4) induzir processo contínuo de autoavaliação das escolas de educação básica, por meio da constituição de ins-
trumentos de avaliação que orientem as dimensões a serem fortalecidas, destacando-se a elaboração de plane-
jamento estratégico, a melhoria contínua da qualidade educacional, a formação continuada dos (as) profissionais
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
94
básica, bem como apoiar o uso dos resultados das 7.14) desenvolver pesquisas de modelos alternativos
avaliações nacionais pelas escolas e redes de en- de atendimento escolar para a população do cam-
sino para a melhoria de seus processos e práticas po que considerem as especificidades locais e as
pedagógicas; boas práticas nacionais e internacionais;
7.8) desenvolver indicadores específicos de avaliação 7.15) universalizar, até o quinto ano de vigência deste
da qualidade da educação especial, bem como da PNE, o acesso à rede mundial de computadores em
qualidade da educação bilíngue para surdos; banda larga de alta velocidade e triplicar, até o final
7.9) orientar as políticas das redes e sistemas de en- da década, a relação computador/aluno (a) nas es-
sino, de forma a buscar atingir as metas do Ideb, colas da rede pública de educação básica, promo-
diminuindo a diferença entre as escolas com os vendo a utilização pedagógica das tecnologias da
menores índices e a média nacional, garantindo informação e da comunicação;
equidade da aprendizagem e reduzindo pela me- 7.16) apoiar técnica e financeiramente a gestão esco-
tade, até o último ano de vigência deste PNE, as lar mediante transferência direta de recursos finan-
diferenças entre as médias dos índices dos Esta- ceiros à escola, garantindo a participação da co-
dos, inclusive do Distrito Federal, e dos Municípios; munidade escolar no planejamento e na aplicação
7.10) fixar, acompanhar e divulgar bienalmente os dos recursos, visando à ampliação da transparência
resultados pedagógicos dos indicadores do siste- e ao efetivo desenvolvimento da gestão democrá-
ma nacional de avaliação da educação básica e do tica;
Ideb, relativos às escolas, às redes públicas de edu- 7.17) ampliar programas e aprofundar ações de aten-
cação básica e aos sistemas de ensino da União, dimento ao (à) aluno (a), em todas as etapas da
dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, educação básica, por meio de programas suple-
assegurando a contextualização desses resultados, mentares de material didático-escolar, transporte,
com relação a indicadores sociais relevantes, como alimentação e assistência à saúde;
os de nível socioeconômico das famílias dos (as) 7.18) assegurar a todas as escolas públicas de edu-
alunos (as), e a transparência e o acesso público às cação básica o acesso a energia elétrica, abaste-
informações técnicas de concepção e operação do cimento de água tratada, esgotamento sanitário e
sistema de avaliação; manejo dos resíduos sólidos, garantir o acesso dos
7.11) melhorar o desempenho dos alunos da edu- alunos a espaços para a prática esportiva, a bens
cação básica nas avaliações da aprendizagem no culturais e artísticos e a equipamentos e laborató-
Programa Internacional de Avaliação de Estudan- rios de ciências e, em cada edifício escolar, garantir
tes - PISA, tomado como instrumento externo de a acessibilidade às pessoas com deficiência;
referência, internacionalmente reconhecido, de 7.19) institucionalizar e manter, em regime de cola-
boração, programa nacional de reestruturação e
acordo com as seguintes projeções:
aquisição de equipamentos para escolas públicas,
visando à equalização regional das oportunidades
educacionais;
7.20) prover equipamentos e recursos tecnológicos
digitais para a utilização pedagógica no ambien-
te escolar a todas as escolas públicas da educação
básica, criando, inclusive, mecanismos para imple-
mentação das condições necessárias para a univer-
7.12) incentivar o desenvolvimento, selecionar, cer- salização das bibliotecas nas instituições educacio-
tificar e divulgar tecnologias educacionais para a nais, com acesso a redes digitais de computadores,
educação infantil, o ensino fundamental e o ensino inclusive a internet;
médio e incentivar práticas pedagógicas inovado- 7.21) a União, em regime de colaboração com os en-
ras que assegurem a melhoria do fluxo escolar e tes federados subnacionais, estabelecerá, no prazo
a aprendizagem, assegurada a diversidade de mé- de 2 (dois) anos contados da publicação desta Lei,
todos e propostas pedagógicas, com preferência parâmetros mínimos de qualidade dos serviços da
para softwares livres e recursos educacionais aber- educação básica, a serem utilizados como referên-
tos, bem como o acompanhamento dos resultados cia para infraestrutura das escolas, recursos pe-
nos sistemas de ensino em que forem aplicadas; dagógicos, entre outros insumos relevantes, bem
7.13) garantir transporte gratuito para todos (as) os
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
95
tecção dos sinais de suas causas, como a violência 7.30) universalizar, mediante articulação entre os ór-
doméstica e sexual, favorecendo a adoção das pro- gãos responsáveis pelas áreas da saúde e da edu-
vidências adequadas para promover a construção cação, o atendimento aos (às) estudantes da rede
da cultura de paz e um ambiente escolar dotado escolar pública de educação básica por meio de
de segurança para a comunidade; ações de prevenção, promoção e atenção à saúde;
7.24) implementar políticas de inclusão e perma- 7.31) estabelecer ações efetivas especificamente
nência na escola para adolescentes e jovens que voltadas para a promoção, prevenção, atenção e
se encontram em regime de liberdade assistida e atendimento à saúde e à integridade física, mental
em situação de rua, assegurando os princípios da e emocional dos (das) profissionais da educação,
Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da como condição para a melhoria da qualidade edu-
Criança e do Adolescente; cacional;
7.25) garantir nos currículos escolares conteúdos so- 7.32) fortalecer, com a colaboração técnica e financei-
bre a história e as culturas afro-brasileira e indí- ra da União, em articulação com o sistema nacional
genas e implementar ações educacionais, nos ter- de avaliação, os sistemas estaduais de avaliação da
mos das Leis nos 10.639, de 9 de janeiro de 2003, educação básica, com participação, por adesão,
e 11.645, de 10 de março de 2008, assegurando-se das redes municipais de ensino, para orientar as
a implementação das respectivas diretrizes curri- políticas públicas e as práticas pedagógicas, com
culares nacionais, por meio de ações colaborativas o fornecimento das informações às escolas e à so-
com fóruns de educação para a diversidade étnico- ciedade;
-racial, conselhos escolares, equipes pedagógicas 7.33) promover, com especial ênfase, em consonância
e a sociedade civil; com as diretrizes do Plano Nacional do Livro e da
7.26) consolidar a educação escolar no campo de po- Leitura, a formação de leitores e leitoras e a capaci-
pulações tradicionais, de populações itinerantes e tação de professores e professoras, bibliotecários e
de comunidades indígenas e quilombolas, respei- bibliotecárias e agentes da comunidade para atuar
tando a articulação entre os ambientes escolares como mediadores e mediadoras da leitura, de
e comunitários e garantindo: o desenvolvimento acordo com a especificidade das diferentes etapas
sustentável e preservação da identidade cultural; a do desenvolvimento e da aprendizagem;
participação da comunidade na definição do mo- 7.34) instituir, em articulação com os Estados, os Mu-
delo de organização pedagógica e de gestão das nicípios e o Distrito Federal, programa nacional de
instituições, consideradas as práticas socioculturais formação de professores e professoras e de alunos
e as formas particulares de organização do tempo; e alunas para promover e consolidar política de
a oferta bilíngue na educação infantil e nos anos preservação da memória nacional;
iniciais do ensino fundamental, em língua materna 7.35) promover a regulação da oferta da educação
das comunidades indígenas e em língua portugue- básica pela iniciativa privada, de forma a garantir
sa; a reestruturação e a aquisição de equipamen- a qualidade e o cumprimento da função social da
tos; a oferta de programa para a formação inicial e educação;
continuada de profissionais da educação; e o aten- 7.36) estabelecer políticas de estímulo às escolas que
dimento em educação especial; melhorarem o desempenho no Ideb, de modo a
7.27) desenvolver currículos e propostas pedagógicas valorizar o mérito do corpo docente, da direção e
específicas para educação escolar para as escolas da comunidade escolar.
do campo e para as comunidades indígenas e qui-
lombolas, incluindo os conteúdos culturais corres- Meta 8: elevar a escolaridade média da população de
pondentes às respectivas comunidades e conside- 18 (dezoito) a 29 (vinte e nove) anos, de modo a alcançar,
rando o fortalecimento das práticas socioculturais no mínimo, 12 (doze) anos de estudo no último ano de
e da língua materna de cada comunidade indígena, vigência deste Plano, para as populações do campo, da
produzindo e disponibilizando materiais didáticos região de menor escolaridade no País e dos 25% (vinte
específicos, inclusive para os (as) alunos (as) com e cinco por cento) mais pobres, e igualar a escolaridade
deficiência; média entre negros e não negros declarados à Fundação
7.28) mobilizar as famílias e setores da sociedade civil, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE.
articulando a educação formal com experiências
de educação popular e cidadã, com os propósitos Estratégias:
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
96
sagem idade-série, associados a outras estratégias 9.8) assegurar a oferta de educação de jovens e adul-
que garantam a continuidade da escolarização, tos, nas etapas de ensino fundamental e médio, às
após a alfabetização inicial; pessoas privadas de liberdade em todos os esta-
8.3) garantir acesso gratuito a exames de certificação belecimentos penais, assegurando-se formação
da conclusão dos ensinos fundamental e médio; específica dos professores e das professoras e im-
8.4) expandir a oferta gratuita de educação profis- plementação de diretrizes nacionais em regime de
sional técnica por parte das entidades privadas de colaboração;
serviço social e de formação profissional vincula- 9.9) apoiar técnica e financeiramente projetos inova-
das ao sistema sindical, de forma concomitante ao dores na educação de jovens e adultos que visem
ensino ofertado na rede escolar pública, para os ao desenvolvimento de modelos adequados às ne-
segmentos populacionais considerados; cessidades específicas desses (as) alunos (as);
8.5) promover, em parceria com as áreas de saúde 9.10) estabelecer mecanismos e incentivos que in-
e assistência social, o acompanhamento e o mo- tegrem os segmentos empregadores, públicos e
nitoramento do acesso à escola específicos para privados, e os sistemas de ensino, para promover
os segmentos populacionais considerados, identi- a compatibilização da jornada de trabalho dos
ficar motivos de absenteísmo e colaborar com os empregados e das empregadas com a oferta das
Estados, o Distrito Federal e os Municípios para a ações de alfabetização e de educação de jovens e
garantia de frequência e apoio à aprendizagem, de adultos;
maneira a estimular a ampliação do atendimento 9.11) implementar programas de capacitação tecno-
desses (as) estudantes na rede pública regular de lógica da população jovem e adulta, direcionados
ensino; para os segmentos com baixos níveis de escolari-
8.6) promover busca ativa de jovens fora da escola zação formal e para os (as) alunos (as) com defi-
pertencentes aos segmentos populacionais consi- ciência, articulando os sistemas de ensino, a Rede
derados, em parceria com as áreas de assistência Federal de Educação Profissional, Científica e Tec-
social, saúde e proteção à juventude. nológica, as universidades, as cooperativas e as
associações, por meio de ações de extensão de-
Meta 9: elevar a taxa de alfabetização da população senvolvidas em centros vocacionais tecnológicos,
com 15 (quinze) anos ou mais para 93,5% (noventa e três com tecnologias assistivas que favoreçam a efetiva
inteiros e cinco décimos por cento) até 2015 e, até o final inclusão social e produtiva dessa população;
da vigência deste PNE, erradicar o analfabetismo abso- 9.12) considerar, nas políticas públicas de jovens e
luto e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de adultos, as necessidades dos idosos, com vistas à
analfabetismo funcional. promoção de políticas de erradicação do analfa-
betismo, ao acesso a tecnologias educacionais e
Estratégias: atividades recreativas, culturais e esportivas, à im-
plementação de programas de valorização e com-
9.1) assegurar a oferta gratuita da educação de jovens partilhamento dos conhecimentos e experiência
e adultos a todos os que não tiveram acesso à edu- dos idosos e à inclusão dos temas do envelheci-
cação básica na idade própria; mento e da velhice nas escolas.
9.2) realizar diagnóstico dos jovens e adultos com en-
sino fundamental e médio incompletos, para iden- Meta 10: oferecer, no mínimo, 25% (vinte e cinco por
tificar a demanda ativa por vagas na educação de cento) das matrículas de educação de jovens e adultos,
jovens e adultos; nos ensinos fundamental e médio, na forma integrada à
9.3) implementar ações de alfabetização de jovens e educação profissional.
adultos com garantia de continuidade da escolari-
zação básica; Estratégias:
9.4) criar benefício adicional no programa nacional de
transferência de renda para jovens e adultos que 10.1) manter programa nacional de educação de
frequentarem cursos de alfabetização; jovens e adultos voltado à conclusão do ensino
9.5) realizar chamadas públicas regulares para edu- fundamental e à formação profissional inicial, de
cação de jovens e adultos, promovendo-se busca forma a estimular a conclusão da educação básica;
ativa em regime de colaboração entre entes fede- 10.2) expandir as matrículas na educação de jovens
rados e em parceria com organizações da socie- e adultos, de modo a articular a formação inicial e
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
97
10.4) ampliar as oportunidades profissionais dos jo- em consideração a responsabilidade dos Institutos
vens e adultos com deficiência e baixo nível de na ordenação territorial, sua vinculação com arran-
escolaridade, por meio do acesso à educação de jos produtivos, sociais e culturais locais e regionais,
jovens e adultos articulada à educação profissional; bem como a interiorização da educação profissio-
10.5) implantar programa nacional de reestruturação nal;
e aquisição de equipamentos voltados à expansão 11.2) fomentar a expansão da oferta de educação
e à melhoria da rede física de escolas públicas que profissional técnica de nível médio nas redes pú-
atuam na educação de jovens e adultos integrada blicas estaduais de ensino;
à educação profissional, garantindo acessibilidade 11.3) fomentar a expansão da oferta de educação
à pessoa com deficiência; profissional técnica de nível médio na modalidade
10.6) estimular a diversificação curricular da educação de educação a distância, com a finalidade de am-
de jovens e adultos, articulando a formação básica pliar a oferta e democratizar o acesso à educação
e a preparação para o mundo do trabalho e esta- profissional pública e gratuita, assegurado padrão
belecendo inter-relações entre teoria e prática, nos de qualidade;
eixos da ciência, do trabalho, da tecnologia e da 11.4) estimular a expansão do estágio na educação
cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo profissional técnica de nível médio e do ensino
e o espaço pedagógicos adequados às caracterís- médio regular, preservando-se seu caráter peda-
ticas desses alunos e alunas; gógico integrado ao itinerário formativo do aluno,
10.7) fomentar a produção de material didático, o visando à formação de qualificações próprias da
desenvolvimento de currículos e metodologias es- atividade profissional, à contextualização curricular
pecíficas, os instrumentos de avaliação, o acesso a e ao desenvolvimento da juventude;
equipamentos e laboratórios e a formação conti- 11.5) ampliar a oferta de programas de reconheci-
nuada de docentes das redes públicas que atuam mento de saberes para fins de certificação profis-
na educação de jovens e adultos articulada à edu- sional em nível técnico;
cação profissional; 11.6) ampliar a oferta de matrículas gratuitas de edu-
10.8) fomentar a oferta pública de formação inicial cação profissional técnica de nível médio pelas
e continuada para trabalhadores e trabalhadoras entidades privadas de formação profissional vincu-
articulada à educação de jovens e adultos, em re- ladas ao sistema sindical e entidades sem fins lu-
gime de colaboração e com apoio de entidades crativos de atendimento à pessoa com deficiência,
privadas de formação profissional vinculadas ao
com atuação exclusiva na modalidade;
sistema sindical e de entidades sem fins lucrativos
11.7) expandir a oferta de financiamento estudantil à
de atendimento à pessoa com deficiência, com
educação profissional técnica de nível médio ofe-
atuação exclusiva na modalidade;
recida em instituições privadas de educação supe-
10.9) institucionalizar programa nacional de assis-
rior;
tência ao estudante, compreendendo ações de
11.8) institucionalizar sistema de avaliação da quali-
assistência social, financeira e de apoio psicopeda-
gógico que contribuam para garantir o acesso, a dade da educação profissional técnica de nível mé-
permanência, a aprendizagem e a conclusão com dio das redes escolares públicas e privadas;
êxito da educação de jovens e adultos articulada à 11.9) expandir o atendimento do ensino médio gra-
educação profissional; tuito integrado à formação profissional para as
10.10) orientar a expansão da oferta de educação de populações do campo e para as comunidades in-
jovens e adultos articulada à educação profissional, dígenas e quilombolas, de acordo com os seus in-
de modo a atender às pessoas privadas de liberda- teresses e necessidades;
de nos estabelecimentos penais, assegurando-se 11.10) expandir a oferta de educação profissional téc-
formação específica dos professores e das profes- nica de nível médio para as pessoas com deficiên-
soras e implementação de diretrizes nacionais em cia, transtornos globais do desenvolvimento e altas
regime de colaboração; habilidades ou superdotação;
10.11) implementar mecanismos de reconhecimento 11.11) elevar gradualmente a taxa de conclusão média
de saberes dos jovens e adultos trabalhadores, a dos cursos técnicos de nível médio na Rede Federal
serem considerados na articulação curricular dos de Educação Profissional, Científica e Tecnológica
cursos de formação inicial e continuada e dos cur- para 90% (noventa por cento) e elevar, nos cursos
sos técnicos de nível médio. presenciais, a relação de alunos (as) por professor
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
para 20 (vinte);
Meta 11: triplicar as matrículas da educação profis- 11.12) elevar gradualmente o investimento em pro-
sional técnica de nível médio, assegurando a qualidade gramas de assistência estudantil e mecanismos de
da oferta e pelo menos 50% (cinquenta por cento) da mobilidade acadêmica, visando a garantir as con-
expansão no segmento público. dições necessárias à permanência dos (as) estu-
dantes e à conclusão dos cursos técnicos de nível
Estratégias: médio;
11.13) reduzir as desigualdades étnico-raciais e regio-
11.1) expandir as matrículas de educação profissional nais no acesso e permanência na educação profis-
técnica de nível médio na Rede Federal de Educa- sional técnica de nível médio, inclusive mediante
ção Profissional, Científica e Tecnológica, levando a adoção de políticas afirmativas, na forma da lei;
98
11.14) estruturar sistema nacional de informação pro- 12.6) expandir o financiamento estudantil por meio
fissional, articulando a oferta de formação das ins- do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES, de
tituições especializadas em educação profissional que trata a Lei no 10.260, de 12 de julho de 2001,
aos dados do mercado de trabalho e a consultas com a constituição de fundo garantidor do finan-
promovidas em entidades empresariais e de tra- ciamento, de forma a dispensar progressivamente
balhadores a exigência de fiador;
12.7) assegurar, no mínimo, 10% (dez por cento) do
Meta 12: elevar a taxa bruta de matrícula na educa- total de créditos curriculares exigidos para a gra-
ção superior para 50% (cinquenta por cento) e a taxa lí- duação em programas e projetos de extensão uni-
quida para 33% (trinta e três por cento) da população versitária, orientando sua ação, prioritariamente,
de 18 (dezoito) a 24 (vinte e quatro) anos, assegurada a para áreas de grande pertinência social;
qualidade da oferta e expansão para, pelo menos, 40% 12.8) ampliar a oferta de estágio como parte da for-
(quarenta por cento) das novas matrículas, no segmento mação na educação superior;
público. 12.9) ampliar a participação proporcional de grupos
historicamente desfavorecidos na educação supe-
Estratégias: rior, inclusive mediante a adoção de políticas afir-
mativas, na forma da lei;
12.1) otimizar a capacidade instalada da estrutura físi- 12.10) assegurar condições de acessibilidade nas ins-
ca e de recursos humanos das instituições públicas tituições de educação superior, na forma da legis-
de educação superior, mediante ações planejadas lação;
e coordenadas, de forma a ampliar e interiorizar o 12.11) fomentar estudos e pesquisas que analisem a
acesso à graduação; necessidade de articulação entre formação, currí-
12.2) ampliar a oferta de vagas, por meio da expansão culo, pesquisa e mundo do trabalho, considerando
e interiorização da rede federal de educação su- as necessidades econômicas, sociais e culturais do
perior, da Rede Federal de Educação Profissional, País;
12.12) consolidar e ampliar programas e ações de
Científica e Tecnológica e do sistema Universidade
incentivo à mobilidade estudantil e docente em
Aberta do Brasil, considerando a densidade po-
cursos de graduação e pós-graduação, em âmbito
pulacional, a oferta de vagas públicas em relação
nacional e internacional, tendo em vista o enrique-
à população na idade de referência e observadas
cimento da formação de nível superior;
as características regionais das micro e mesorre-
12.13) expandir atendimento específico a populações
giões definidas pela Fundação Instituto Brasileiro
do campo e comunidades indígenas e quilombo-
de Geografia e Estatística - IBGE, uniformizando a
las, em relação a acesso, permanência, conclusão
expansão no território nacional;
e formação de profissionais para atuação nessas
12.3) elevar gradualmente a taxa de conclusão média populações;
dos cursos de graduação presenciais nas univer- 12.14) mapear a demanda e fomentar a oferta de
sidades públicas para 90% (noventa por cento), formação de pessoal de nível superior, destaca-
ofertar, no mínimo, um terço das vagas em cursos damente a que se refere à formação nas áreas de
noturnos e elevar a relação de estudantes por pro- ciências e matemática, considerando as necessida-
fessor (a) para 18 (dezoito), mediante estratégias des do desenvolvimento do País, a inovação tec-
de aproveitamento de créditos e inovações acadê- nológica e a melhoria da qualidade da educação
micas que valorizem a aquisição de competências básica;
de nível superior; 12.15) institucionalizar programa de composição de
12.4) fomentar a oferta de educação superior públi- acervo digital de referências bibliográficas e audio-
ca e gratuita prioritariamente para a formação de visuais para os cursos de graduação, assegurada a
professores e professoras para a educação bási- acessibilidade às pessoas com deficiência;
ca, sobretudo nas áreas de ciências e matemática, 12.16) consolidar processos seletivos nacionais e re-
bem como para atender ao défice de profissionais gionais para acesso à educação superior como for-
em áreas específicas; ma de superar exames vestibulares isolados;
12.5) ampliar as políticas de inclusão e de assistência 12.17) estimular mecanismos para ocupar as vagas
estudantil dirigidas aos (às) estudantes de institui- ociosas em cada período letivo na educação su-
ções públicas, bolsistas de instituições privadas de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
perior pública;
educação superior e beneficiários do Fundo de Fi- 12.18) estimular a expansão e reestruturação das ins-
nanciamento Estudantil - FIES, de que trata a Lei tituições de educação superior estaduais e munici-
no 10.260, de 12 de julho de 2001, na educação su- pais cujo ensino seja gratuito, por meio de apoio
perior, de modo a reduzir as desigualdades étnico- técnico e financeiro do Governo Federal, mediante
-raciais e ampliar as taxas de acesso e permanência termo de adesão a programa de reestruturação, na
na educação superior de estudantes egressos da forma de regulamento, que considere a sua con-
escola pública, afrodescendentes e indígenas e de tribuição para a ampliação de vagas, a capacidade
estudantes com deficiência, transtornos globais do fiscal e as necessidades dos sistemas de ensino dos
desenvolvimento e altas habilidades ou superdo- entes mantenedores na oferta e qualidade da edu-
tação, de forma a apoiar seu sucesso acadêmico; cação básica;
99
12.19) reestruturar com ênfase na melhoria de prazos 13.5) elevar o padrão de qualidade das universidades,
e qualidade da decisão, no prazo de 2 (dois) anos, direcionando sua atividade, de modo que realizem,
os procedimentos adotados na área de avaliação, efetivamente, pesquisa institucionalizada, articula-
regulação e supervisão, em relação aos processos da a programas de pós-graduação stricto sensu;
de autorização de cursos e instituições, de reco- 13.6) substituir o Exame Nacional de Desempenho de
nhecimento ou renovação de reconhecimento de Estudantes - ENADE aplicado ao final do primeiro
cursos superiores e de credenciamento ou recre- ano do curso de graduação pelo Exame Nacional
denciamento de instituições, no âmbito do sistema do Ensino Médio - ENEM, a fim de apurar o valor
federal de ensino; agregado dos cursos de graduação;
12.20) ampliar, no âmbito do Fundo de Financiamen- 13.7) fomentar a formação de consórcios entre insti-
to ao Estudante do Ensino Superior - FIES, de que tuições públicas de educação superior, com vistas
trata a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, e do a potencializar a atuação regional, inclusive por
Programa Universidade para Todos - PROUNI, de meio de plano de desenvolvimento institucional
que trata a Lei no 11.096, de 13 de janeiro de 2005, integrado, assegurando maior visibilidade nacional
os benefícios destinados à concessão de financia- e internacional às atividades de ensino, pesquisa e
mento a estudantes regularmente matriculados extensão;
em cursos superiores presenciais ou a distância, 13.8) elevar gradualmente a taxa de conclusão média
com avaliação positiva, de acordo com regulamen- dos cursos de graduação presenciais nas universi-
tação própria, nos processos conduzidos pelo Mi- dades públicas, de modo a atingir 90% (noventa
nistério da Educação; por cento) e, nas instituições privadas, 75% (seten-
12.21) fortalecer as redes físicas de laboratórios mul- ta e cinco por cento), em 2020, e fomentar a me-
tifuncionais das IES e ICTs nas áreas estratégicas lhoria dos resultados de aprendizagem, de modo
definidas pela política e estratégias nacionais de que, em 5 (cinco) anos, pelo menos 60% (sessenta
ciência, tecnologia e inovação. por cento) dos estudantes apresentem desem-
penho positivo igual ou superior a 60% (sessenta
Meta 13: elevar a qualidade da educação superior e por cento) no Exame Nacional de Desempenho de
ampliar a proporção de mestres e doutores do corpo Estudantes - ENADE e, no último ano de vigência,
docente em efetivo exercício no conjunto do sistema de pelo menos 75% (setenta e cinco por cento) dos
educação superior para 75% (setenta e cinco por cento), estudantes obtenham desempenho positivo igual
sendo, do total, no mínimo, 35% (trinta e cinco por cento) ou superior a 75% (setenta e cinco por cento) nes-
doutores. se exame, em cada área de formação profissional;
13.9) promover a formação inicial e continuada dos
Estratégias: (as) profissionais técnico-administrativos da edu-
cação superior.
13.1) aperfeiçoar o Sistema Nacional de Avaliação
da Educação Superior - SINAES, de que trata a Lei Meta 14: elevar gradualmente o número de matrícu-
no 10.861, de 14 de abril de 2004, fortalecendo as
las na pós-graduação stricto sensu, de modo a atingir a
ações de avaliação, regulação e supervisão;
titulação anual de 60.000 (sessenta mil) mestres e 25.000
13.2) ampliar a cobertura do Exame Nacional de De-
(vinte e cinco mil) doutores.
sempenho de Estudantes - ENADE, de modo a
ampliar o quantitativo de estudantes e de áreas
Estratégias:
avaliadas no que diz respeito à aprendizagem re-
sultante da graduação;
13.3) induzir processo contínuo de autoavaliação das 14.1) expandir o financiamento da pós-gradua-
instituições de educação superior, fortalecendo a ção stricto sensu por meio das agências oficiais de
participação das comissões próprias de avaliação, fomento;
bem como a aplicação de instrumentos de avalia- 14.2) estimular a integração e a atuação articulada
ção que orientem as dimensões a serem fortaleci- entre a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pes-
das, destacando-se a qualificação e a dedicação do soal de Nível Superior - CAPES e as agências esta-
corpo docente; duais de fomento à pesquisa;
13.4) promover a melhoria da qualidade dos cursos 14.3) expandir o financiamento estudantil por meio
de pedagogia e licenciaturas, por meio da aplica- do Fies à pós-graduação stricto sensu;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ção de instrumento próprio de avaliação aprovado 14.4) expandir a oferta de cursos de pós-gradua-
pela Comissão Nacional de Avaliação da Educação ção stricto sensu, utilizando inclusive metodolo-
Superior - CONAES, integrando-os às demandas gias, recursos e tecnologias de educação a distân-
e necessidades das redes de educação básica, de cia;
modo a permitir aos graduandos a aquisição das 14.5) implementar ações para reduzir as desigual-
qualificações necessárias a conduzir o processo pe- dades étnico-raciais e regionais e para favorecer
dagógico de seus futuros alunos (as), combinando o acesso das populações do campo e das comu-
formação geral e específica com a prática didática, nidades indígenas e quilombolas a programas de
além da educação para as relações étnico-raciais, mestrado e doutorado;
a diversidade e as necessidades das pessoas com 14.6) ampliar a oferta de programas de pós-gradua-
deficiência; ção stricto sensu, especialmente os de doutorado,
100
nos campi novos abertos em decorrência dos pro- instituições públicas e comunitárias de educação
gramas de expansão e interiorização das institui- superior existentes nos Estados, Distrito Federal e
ções superiores públicas; Municípios, e defina obrigações recíprocas entre os
14.7) manter e expandir programa de acervo digital partícipes;
de referências bibliográficas para os cursos de pós- 15.2) consolidar o financiamento estudantil a estu-
-graduação, assegurada a acessibilidade às pes- dantes matriculados em cursos de licenciatura
soas com deficiência; com avaliação positiva pelo Sistema Nacional de
14.8) estimular a participação das mulheres nos cur- Avaliação da Educação Superior - SINAES, na forma
sos de pós-graduação stricto sensu, em particular da Lei nº 10.861, de 14 de abril de 2004, inclusive a
aqueles ligados às áreas de Engenharia, Matemáti- amortização do saldo devedor pela docência efeti-
ca, Física, Química, Informática e outros no campo va na rede pública de educação básica;
das ciências; 15.3) ampliar programa permanente de iniciação
14.9) consolidar programas, projetos e ações que à docência a estudantes matriculados em cursos
objetivem a internacionalização da pesquisa e da de licenciatura, a fim de aprimorar a formação de
pós-graduação brasileiras, incentivando a atuação profissionais para atuar no magistério da educação
em rede e o fortalecimento de grupos de pesquisa; básica;
14.10) promover o intercâmbio científico e tecnológi- 15.4) consolidar e ampliar plataforma eletrônica para
co, nacional e internacional, entre as instituições de organizar a oferta e as matrículas em cursos de
ensino, pesquisa e extensão; formação inicial e continuada de profissionais da
14.11) ampliar o investimento em pesquisas com foco educação, bem como para divulgar e atualizar seus
em desenvolvimento e estímulo à inovação, bem currículos eletrônicos;
como incrementar a formação de recursos huma- 15.5) implementar programas específicos para forma-
nos para a inovação, de modo a buscar o aumento ção de profissionais da educação para as escolas
da competitividade das empresas de base tecno- do campo e de comunidades indígenas e quilom-
lógica; bolas e para a educação especial;
14.12) ampliar o investimento na formação de dou- 15.6) promover a reforma curricular dos cursos de li-
tores de modo a atingir a proporção de 4 (quatro) cenciatura e estimular a renovação pedagógica, de
doutores por 1.000 (mil) habitantes; forma a assegurar o foco no aprendizado do (a)
14.13) aumentar qualitativa e quantitativamente o aluno (a), dividindo a carga horária em formação
desempenho científico e tecnológico do País e a geral, formação na área do saber e didática espe-
competitividade internacional da pesquisa brasilei- cífica e incorporando as modernas tecnologias de
ra, ampliando a cooperação científica com empre- informação e comunicação, em articulação com a
sas, Instituições de Educação Superior - IES e de- base nacional comum dos currículos da educação
mais Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs; básica, de que tratam as estratégias 2.1, 2.2, 3.2 e
14.14) estimular a pesquisa científica e de inovação
3.3 deste PNE;
e promover a formação de recursos humanos que
15.7) garantir, por meio das funções de avaliação, re-
valorize a diversidade regional e a biodiversidade
gulação e supervisão da educação superior, a ple-
da região amazônica e do cerrado, bem como a
na implementação das respectivas diretrizes curri-
gestão de recursos hídricos no semiárido para mi-
culares;
tigação dos efeitos da seca e geração de emprego
15.8) valorizar as práticas de ensino e os estágios nos
e renda na região;
cursos de formação de nível médio e superior dos
14.15) estimular a pesquisa aplicada, no âmbito das
profissionais da educação, visando ao trabalho sis-
IES e das ICTs, de modo a incrementar a inovação e
a produção e registro de patentes. temático de articulação entre a formação acadêmi-
ca e as demandas da educação básica;
Meta 15: garantir, em regime de colaboração entre 15.9) implementar cursos e programas especiais para
a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, assegurar formação específica na educação supe-
no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política rior, nas respectivas áreas de atuação, aos docen-
nacional de formação dos profissionais da educação de tes com formação de nível médio na modalidade
que tratam os incisos I, II e III do caput do art. 61 da Lei normal, não licenciados ou licenciados em área di-
no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurado que versa da de atuação docente, em efetivo exercício;
15.10) fomentar a oferta de cursos técnicos de nível
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
101
15.12) instituir programa de concessão de bolsas de parar seu rendimento médio ao dos (as) demais profis-
estudos para que os professores de idiomas das sionais com escolaridade equivalente, até o final do sexto
escolas públicas de educação básica realizem estu- ano de vigência deste PNE.
dos de imersão e aperfeiçoamento nos países que
tenham como idioma nativo as línguas que lecio- Estratégias:
nem;
15.13) desenvolver modelos de formação docente 17.1) constituir, por iniciativa do Ministério da Educa-
para a educação profissional que valorizem a ex- ção, até o final do primeiro ano de vigência deste
periência prática, por meio da oferta, nas redes PNE, fórum permanente, com representação da
federal e estaduais de educação profissional, de União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Mu-
cursos voltados à complementação e certificação nicípios e dos trabalhadores da educação, para
didático-pedagógica de profissionais experientes. acompanhamento da atualização progressiva do
valor do piso salarial nacional para os profissionais
Meta 16: formar, em nível de pós-graduação, 50% do magistério público da educação básica;
(cinquenta por cento) dos professores da educação bá- 17.2) constituir como tarefa do fórum permanente o
sica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir acompanhamento da evolução salarial por meio
a todos (as) os (as) profissionais da educação básica for- de indicadores da Pesquisa Nacional por Amostra
mação continuada em sua área de atuação, consideran- de Domicílios - PNAD, periodicamente divulgados
do as necessidades, demandas e contextualizações dos pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e
sistemas de ensino. Estatística - IBGE;
17.3) implementar, no âmbito da União, dos Estados,
Estratégias: do Distrito Federal e dos Municípios, planos de
Carreira para os (as) profissionais do magistério
16.1) realizar, em regime de colaboração, o plane- das redes públicas de educação básica, observa-
jamento estratégico para dimensionamento da dos os critérios estabelecidos na Lei no 11.738, de
demanda por formação continuada e fomentar a 16 de julho de 2008, com implantação gradual do
respectiva oferta por parte das instituições públi- cumprimento da jornada de trabalho em um único
cas de educação superior, de forma orgânica e ar- estabelecimento escolar;
ticulada às políticas de formação dos Estados, do 17.4) ampliar a assistência financeira específica da
Distrito Federal e dos Municípios; União aos entes federados para implementação
16.2) consolidar política nacional de formação de pro- de políticas de valorização dos (as) profissionais do
fessores e professoras da educação básica, definin- magistério, em particular o piso salarial nacional
do diretrizes nacionais, áreas prioritárias, institui- profissional.
ções formadoras e processos de certificação das
atividades formativas; Meta 18: assegurar, no prazo de 2 (dois) anos, a exis-
16.3) expandir programa de composição de acervo tência de planos de Carreira para os (as) profissionais da
de obras didáticas, paradidáticas e de literatura e educação básica e superior pública de todos os sistemas
de dicionários, e programa específico de acesso a de ensino e, para o plano de Carreira dos (as) profissio-
bens culturais, incluindo obras e materiais produzi- nais da educação básica pública, tomar como referência
dos em Libras e em Braille, sem prejuízo de outros, o piso salarial nacional profissional, definido em lei fede-
a serem disponibilizados para os professores e as ral, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição
professoras da rede pública de educação básica, Federal.
favorecendo a construção do conhecimento e a
valorização da cultura da investigação; Estratégias:
16.4) ampliar e consolidar portal eletrônico para sub-
sidiar a atuação dos professores e das professoras 18.1) estruturar as redes públicas de educação básica
da educação básica, disponibilizando gratuitamen- de modo que, até o início do terceiro ano de vi-
te materiais didáticos e pedagógicos suplementa- gência deste PNE, 90% (noventa por cento), no mí-
res, inclusive aqueles com formato acessível; nimo, dos respectivos profissionais do magistério
16.5) ampliar a oferta de bolsas de estudo para pós- e 50% (cinquenta por cento), no mínimo, dos res-
-graduação dos professores e das professoras e pectivos profissionais da educação não docentes
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
102
destaque para os conteúdos a serem ensinados e visitas à rede escolar, com vistas ao bom desempe-
as metodologias de ensino de cada disciplina; nho de suas funções;
18.3) realizar, por iniciativa do Ministério da Educação, 19.3) incentivar os Estados, o Distrito Federal e os
a cada 2 (dois) anos a partir do segundo ano de Municípios a constituírem Fóruns Permanentes de
vigência deste PNE, prova nacional para subsidiar Educação, com o intuito de coordenar as conferên-
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, me- cias municipais, estaduais e distrital bem como efe-
diante adesão, na realização de concursos públi- tuar o acompanhamento da execução deste PNE e
cos de admissão de profissionais do magistério da dos seus planos de educação;
educação básica pública; 19.4) estimular, em todas as redes de educação bá-
18.4) prever, nos planos de Carreira dos profissionais sica, a constituição e o fortalecimento de grêmios
da educação dos Estados, do Distrito Federal e dos estudantis e associações de pais, assegurando-se-
Municípios, licenças remuneradas e incentivos para -lhes, inclusive, espaços adequados e condições de
qualificação profissional, inclusive em nível de pós- funcionamento nas escolas e fomentando a sua ar-
-graduação stricto sensu; ticulação orgânica com os conselhos escolares, por
18.5) realizar anualmente, a partir do segundo ano meio das respectivas representações;
de vigência deste PNE, por iniciativa do Ministério 19.5) estimular a constituição e o fortalecimento de
da Educação, em regime de colaboração, o censo conselhos escolares e conselhos municipais de
dos (as) profissionais da educação básica de outros educação, como instrumentos de participação e
segmentos que não os do magistério; fiscalização na gestão escolar e educacional, inclu-
18.6) considerar as especificidades socioculturais das sive por meio de programas de formação de con-
escolas do campo e das comunidades indígenas selheiros, assegurando-se condições de funciona-
e quilombolas no provimento de cargos efetivos mento autônomo;
para essas escolas; 19.6) estimular a participação e a consulta de profis-
18.7) priorizar o repasse de transferências federais vo- sionais da educação, alunos (as) e seus familiares
luntárias, na área de educação, para os Estados, o na formulação dos projetos político-pedagógicos,
Distrito Federal e os Municípios que tenham apro- currículos escolares, planos de gestão escolar e
vado lei específica estabelecendo planos de Carrei- regimentos escolares, assegurando a participação
ra para os (as) profissionais da educação; dos pais na avaliação de docentes e gestores es-
18.8) estimular a existência de comissões perma- colares;
nentes de profissionais da educação de todos os 19.7) favorecer processos de autonomia pedagógica,
sistemas de ensino, em todas as instâncias da Fe- administrativa e de gestão financeira nos estabele-
deração, para subsidiar os órgãos competentes na cimentos de ensino;
elaboração, reestruturação e implementação dos 19.8) desenvolver programas de formação de direto-
planos de Carreira. res e gestores escolares, bem como aplicar prova
nacional específica, a fim de subsidiar a definição
Meta 19: assegurar condições, no prazo de 2 (dois) de critérios objetivos para o provimento dos car-
anos, para a efetivação da gestão democrática da edu- gos, cujos resultados possam ser utilizados por
cação, associada a critérios técnicos de mérito e desem- adesão.
penho e à consulta pública à comunidade escolar, no
âmbito das escolas públicas, prevendo recursos e apoio Meta 20: ampliar o investimento público em educa-
técnico da União para tanto. ção pública de forma a atingir, no mínimo, o patamar de
7% (sete por cento) do Produto Interno Bruto - PIB do
Estratégias: País no 5o (quinto) ano de vigência desta Lei e, no míni-
mo, o equivalente a 10% (dez por cento) do PIB ao final
19.1) priorizar o repasse de transferências voluntárias do decênio.
da União na área da educação para os entes fede-
rados que tenham aprovado legislação específica Estratégias:
que regulamente a matéria na área de sua abran-
gência, respeitando-se a legislação nacional, e que 20.1) garantir fontes de financiamento permanentes
considere, conjuntamente, para a nomeação dos e sustentáveis para todos os níveis, etapas e mo-
diretores e diretoras de escola, critérios técnicos de dalidades da educação básica, observando-se as
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
mérito e desempenho, bem como a participação políticas de colaboração entre os entes federados,
da comunidade escolar; em especial as decorrentes do art. 60 do Ato das
19.2) ampliar os programas de apoio e formação Disposições Constitucionais Transitórias e do §
aos (às) conselheiros (as) dos conselhos de acom- 1o do art. 75 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro
panhamento e controle social do Fundeb, dos de 1996, que tratam da capacidade de atendimen-
conselhos de alimentação escolar, dos conselhos to e do esforço fiscal de cada ente federado, com
regionais e de outros e aos (às) representantes vistas a atender suas demandas educacionais à luz
educacionais em demais conselhos de acompa- do padrão de qualidade nacional;
nhamento de políticas públicas, garantindo a esses 20.2) aperfeiçoar e ampliar os mecanismos de acom-
colegiados recursos financeiros, espaço físico ade- panhamento da arrecadação da contribuição social
quado, equipamentos e meios de transporte para do salário-educação;
103
20.3) destinar à manutenção e desenvolvimento do ensino, em acréscimo aos recursos vinculados nos termos
do art. 212 da Constituição Federal, na forma da lei específica, a parcela da participação no resultado ou da
compensação financeira pela exploração de petróleo e gás natural e outros recursos, com a finalidade de cum-
primento da meta prevista no inciso VI do caput do art. 214 da Constituição Federal;
20.4) fortalecer os mecanismos e os instrumentos que assegurem, nos termos do parágrafo único do art. 48 da Lei
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a transparência e o controle social na utilização dos recursos pú-
blicos aplicados em educação, especialmente a realização de audiências públicas, a criação de portais eletrônicos
de transparência e a capacitação dos membros de conselhos de acompanhamento e controle social do Fundeb,
com a colaboração entre o Ministério da Educação, as Secretarias de Educação dos Estados e dos Municípios e
os Tribunais de Contas da União, dos Estados e dos Municípios;
20.5) desenvolver, por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP, estu-
dos e acompanhamento regular dos investimentos e custos por aluno da educação básica e superior pública, em
todas as suas etapas e modalidades;
20.6) no prazo de 2 (dois) anos da vigência deste PNE, será implantado o Custo Aluno-Qualidade inicial - CAQi,
referenciado no conjunto de padrões mínimos estabelecidos na legislação educacional e cujo financiamento
será calculado com base nos respectivos insumos indispensáveis ao processo de ensino-aprendizagem e será
progressivamente reajustado até a implementação plena do Custo Aluno Qualidade - CAQ;
20.7) implementar o Custo Aluno Qualidade - CAQ como parâmetro para o financiamento da educação de todas
etapas e modalidades da educação básica, a partir do cálculo e do acompanhamento regular dos indicadores
de gastos educacionais com investimentos em qualificação e remuneração do pessoal docente e dos demais
profissionais da educação pública, em aquisição, manutenção, construção e conservação de instalações e equi-
pamentos necessários ao ensino e em aquisição de material didático-escolar, alimentação e transporte escolar;
20.8) o CAQ será definido no prazo de 3 (três) anos e será continuamente ajustado, com base em metodologia
formulada pelo Ministério da Educação - MEC, e acompanhado pelo Fórum Nacional de Educação - FNE, pelo
Conselho Nacional de Educação - CNE e pelas Comissões de Educação da Câmara dos Deputados e de Educação,
Cultura e Esportes do Senado Federal;
20.9) regulamentar o parágrafo único do art. 23 e o art. 211 da Constituição Federal, no prazo de 2 (dois) anos, por
lei complementar, de forma a estabelecer as normas de cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal
e os Municípios, em matéria educacional, e a articulação do sistema nacional de educação em regime de cola-
boração, com equilíbrio na repartição das responsabilidades e dos recursos e efetivo cumprimento das funções
redistributiva e supletiva da União no combate às desigualdades educacionais regionais, com especial atenção
às regiões Norte e Nordeste;
20.10) caberá à União, na forma da lei, a complementação de recursos financeiros a todos os Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios que não conseguirem atingir o valor do CAQi e, posteriormente, do CAQ;
20.11) aprovar, no prazo de 1 (um) ano, Lei de Responsabilidade Educacional, assegurando padrão de qualidade na
educação básica, em cada sistema e rede de ensino, aferida pelo processo de metas de qualidade aferidas por
institutos oficiais de avaliação educacionais;
20.12) definir critérios para distribuição dos recursos adicionais dirigidos à educação ao longo do decênio, que
considerem a equalização das oportunidades educacionais, a vulnerabilidade socioeconômica e o compromisso
técnico e de gestão do sistema de ensino, a serem pactuados na instância prevista no § 5o do art. 7 desta Lei.
Constituição Federal
Dentro do terceiro capítulo do título da CF/88 voltado à ordem social, a primeira seção é dedicada à educação,
delineando, entre outros aspectos, seus princípios basilares e a abrangência do dever do Estado em fornecer educação
à população, conforme artigos 205, 206 e 208.
CAPÍTULO III
DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO
104
Seção I § 2º O não-oferecimento do ensino obrigatório pelo
DA EDUCAÇÃO Poder Público, ou sua oferta irregular, importa respon-
sabilidade da autoridade competente.
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Es- § 3º Compete ao Poder Público recensear os educan-
tado e da família, será promovida e incentivada com dos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e
a colaboração da sociedade, visando ao pleno desen- zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência
volvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da à escola.
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
[...]
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos se-
guintes princípios: O artigo 6º da Constituição Federal menciona o direi-
I - igualdade de condições para o acesso e permanên- to à educação como um de seus direitos sociais. A edu-
cia na escola; cação proporciona o pleno desenvolvimento da pessoa,
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar não apenas capacitando-a para o trabalho, mas também
o pensamento, a arte e o saber; para a vida social como um todo. Contudo, a educação
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, tem um custo para o Estado, já que nem todos podem
e coexistência de instituições públicas e privadas de arcar com o custeio de ensino privado.
ensino; No título VIII, que aborda a ordem social, delimita-se
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimen- a questão da obrigação do Estado com relação ao direito
tos oficiais; à educação, assim como menciona-se quais outros agen-
V - valorização dos profissionais da educação escolar, tes responsáveis pela efetivação deste direito.
garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com Neste sentido, o artigo 205, CF, prevê: “A educação,
ingresso exclusivamente por concurso público de pro- direito de todos e dever do Estado e da família, será pro-
vas e títulos, aos das redes públicas; movida e incentivada com a colaboração da sociedade,
VI - gestão democrática do ensino público, na forma visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu prepa-
da lei; ro para o exercício da cidadania e sua qualificação para
VII - garantia de padrão de qualidade. o trabalho”.
VIII - piso salarial profissional nacional para os pro- Resta claro que a educação não é um dever exclusivo
fissionais da educação escolar pública, nos termos de do Estado, mas da sociedade como um todo e, principal-
lei federal. mente, da família. Depreende-se que educação vai além
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de do mero aprendizado de conteúdos e envolve a educa-
trabalhadores considerados profissionais da educação
ção para a cidadania e o comportamento ético em so-
básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração
ciedade – a educação da qual o constituinte fala não é
ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito
apenas a formal, mas também a informal.
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Mu-
Por seu turno, o artigo 206 da Constituição estabelece
nicípios.
os princípios que devem guiar o ensino:
- “igualdade de condições para o acesso e permanên-
[...]
cia na escola”, que significa a compreensão de que
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efe- a educação é um direito de todos e não apenas
tivado mediante a garantia de: dos mais favorecidos, cabendo ao Estado investir
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- para que os menos favorecidos ingressem e per-
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada in- maneçam na escola;
clusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não - “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divul-
tiveram acesso na idade própria; gar o pensamento, a arte e o saber”, de forma
II - progressiva universalização do ensino médio gra- que o ensino tem um caráter ativo e passivo, indo
tuito; além da compreensão de conteúdos dogmático se
III - atendimento educacional especializado aos por- abrangendo também os processos criativos;
tadores de deficiência, preferencialmente na rede re- - “pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas,
gular de ensino; e coexistência de instituições públicas e privadas
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às de ensino”, de modo que não se entende haver um
crianças até 5 (cinco) anos de idade; único método de ensino, uma única maneira de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- aprender, permitindo a exploração das atividades
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de educacionais também por instituições privadas.
cada um; A respeito das instituições privadas, o artigo 209,
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às CF prevê que “o ensino é livre à iniciativa privada,
condições do educando; atendidas as seguintes condições: I - cumprimento
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da das normas gerais da educação nacional; II - au-
educação básica, por meio de programas suplementa- torização e avaliação de qualidade pelo Poder Pú-
res de material didático escolar, transporte, alimenta- blico”;
ção e assistência à saúde. - “gratuidade do ensino público em estabelecimentos
§ 1º O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito oficiais”, sendo esta a principal vertente de imple-
público subjetivo. mentação do direito à educação pelo Estado;
105
- “valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingres-
so exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas”, bem como “piso salarial
profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal”, pois sem a
valorização dos profissionais responsáveis pelo ensino será inatingível o seu aperfeiçoamento. Além disso, “a lei
disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de
prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios” (artigo 206, parágrafo único, CF);
- “gestão democrática do ensino público, na forma da lei”, remetendo ao direito de participação popular na tomada
de decisões políticas referentes às atividades de ensino; e
- “garantia de padrão de qualidade”, posto que sem qualidade de ensino é impossível atingir uma melhoria na qua-
lificação pessoal e profissional dos nacionais.
Enquanto que os artigos 205 e 206 da Constituição possuem uma menor densidade normativa, colacionando princí-
pios diretores e ideias basilares, o artigo 208 volta-se à regulamentação do modo pelo qual o Estado efetivará o direito
à educação.
Interessante notar, em primeira análise, que o Estado se exime da obrigatoriedade no fornecimento de educação
superior, no art. 208, V, quando assegura, apenas, o “acesso” aos níveis mais elevados de ensino, pesquisa e criação ar-
tística. Fica denotada ausência de comprometimento orçamentário e infraestrutural estatal com um número suficiente
de universidades/faculdades públicas aptas a recepcionar o maciço contingente de alunos que saem da camada básica
de ensino, sendo, pois, clarividente exemplo de aplicação da reserva do possível dentro da Constituição. Ainda, é preci-
so observar que se utiliza a expressão “segundo a capacidade de cada um”, de forma que o critério para admissão em
universidades/faculdades públicas é, somente, pelo preparo intelectual do cidadão, a ser testado em avaliações com tal
fito, como o vestibular e o exame nacional do ensino médio.
#FicaDica
A abrangência do dever do Estado em relação à educação, nos termos do artigo 208, CF, envolve:
- educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade;
- universalização progressiva do ensino médio gratuito;
- atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência;
- educação infantil às crianças até 5 (cinco) anos de idade;
- acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística (entra aqui o ensino supe-
rior);
- oferta de ensino noturno;
- atendimento por programas suplementares de material didático escolar, transporte, alimentação e assis-
tência à saúde;
- zelo, junto aos pais, da frequência dos alunos do ensino fundamental.
*** Apenas a educação básica – ensino fundamental – é obrigatória e gratuita de forma universal – CON-
SIDERA-SE DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO, sendo que seu não oferecimento gera responsabilidade do ad-
ministrador.
§ 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas
federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de
oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão
formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório.(Redação dada pela Emenda
Constitucional nº 59, de 2009)
106
§ 5º A educação básica pública atenderá prioritaria- Poder Público. (Redação dada pela Emenda Consti-
mente ao ensino regular. (Incluído pela Emenda Cons- tucional nº 85, de 2015)
titucional nº 53, de 2006) Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de edu-
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos cação, de duração decenal, com o objetivo de articular
de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Muni- o sistema nacional de educação em regime de cola-
cípios vinte e cinco por cento, no mínimo, da receita boração e definir diretrizes, objetivos, metas e estraté-
resultante de impostos, compreendida a proveniente gias de implementação para assegurar a manutenção
de transferências, na manutenção e desenvolvimento e desenvolvimento do ensino em seus diversos níveis,
do ensino. etapas e modalidades por meio de ações integradas
§ 1º A parcela da arrecadação de impostos transferida dos poderes públicos das diferentes esferas federativas
pela União aos Estados, ao Distrito Federal e aos Mu- que conduzam a: (Redação dada pela Emenda Consti-
nicípios, ou pelos Estados aos respectivos Municípios, tucional nº 59, de 2009)
não é considerada, para efeito do cálculo previsto nes- I - erradicação do analfabetismo;
te artigo, receita do governo que a transferir. II - universalização do atendimento escolar;
§ 2º Para efeito do cumprimento do disposto no III - melhoria da qualidade do ensino;
«caput» deste artigo, serão considerados os sistemas IV - formação para o trabalho;
de ensino federal, estadual e municipal e os recursos V - promoção humanística, científica e tecnológica do
aplicados na forma do art. 213. País.
§ 3º A distribuição dos recursos públicos assegurará VI - estabelecimento de meta de aplicação de recursos
prioridade ao atendimento das necessidades do ensi- públicos em educação como proporção do produto in-
no obrigatório, no que se refere a universalização, ga- terno bruto. (Incluído pela Emenda Constitucional nº
rantia de padrão de qualidade e equidade, nos termos 59, de 2009)
do plano nacional de educação. (Redação dada pela
Emenda Constitucional nº 59, de 2009) Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
§ 4º Os programas suplementares de alimentação e
assistência à saúde previstos no art. 208, VII, serão fi- Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da pro-
nanciados com recursos provenientes de contribuições mulgação desta Emenda Constitucional, os Estados, o
sociais e outros recursos orçamentários. Distrito Federal e os Municípios destinarão parte dos
§ 5º A educação básica pública terá como fonte adi- recursos a que se refere o caput do art. 212 da Cons-
cional de financiamento a contribuição social do salá- tituição Federal à manutenção e desenvolvimento
rio-educação, recolhida pelas empresas na forma da da educação básica e à remuneração condigna dos
lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, trabalhadores da educação, respeitadas as seguintes
de 2006) disposições:
ser destinados a bolsas de estudo para o ensino fun- e 3º do art. 211 da Constituição Federal;
damental e médio, na forma da lei, para os que de- III - observadas as garantias estabelecidas nos incisos
monstrarem insuficiência de recursos, quando houver I, II, III e IV do caput do art. 208 da Constituição Fede-
falta de vagas e cursos regulares da rede pública na ral e as metas de universalização da educação básica
localidade da residência do educando, ficando o Poder estabelecidas no Plano Nacional de Educação, a lei
Público obrigado a investir prioritariamente na expan- disporá sobre:
são de sua rede na localidade. a) a organização dos Fundos, a distribuição propor-
§ 2º As atividades de pesquisa, de extensão e de estí- cional de seus recursos, as diferenças e as ponderações
mulo e fomento à inovação realizadas por universi- quanto ao valor anual por aluno entre etapas e moda-
dades e/ou por instituições de educação profissional lidades da educação básica e tipos de estabelecimento
e tecnológica poderão receber apoio financeiro do de ensino;
107
b) a forma de cálculo do valor anual mínimo por alu- artigo será destinada ao pagamento dos profissionais
no; do magistério da educação básica em efetivo exercí-
c) os percentuais máximos de apropriação dos recur- cio.
sos dos Fundos pelas diversas etapas e modalidades § 1º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
da educação básica, observados os arts. 208 e 214 da nicípios deverão assegurar, no financiamento da edu-
Constituição Federal, bem como as metas do Plano cação básica, a melhoria da qualidade de ensino, de
Nacional de Educação; forma a garantir padrão mínimo definido nacional-
d) a fiscalização e o controle dos Fundos; mente.
e) prazo para fixar, em lei específica, piso salarial pro- § 2º O valor por aluno do ensino fundamental, no
fissional nacional para os profissionais do magistério Fundo de cada Estado e do Distrito Federal, não po-
público da educação básica; derá ser inferior ao praticado no âmbito do Fundo de
IV - os recursos recebidos à conta dos Fundos ins- Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Funda-
tituídos nos termos do inciso I do caput deste artigo mental e de Valorização do Magistério - FUNDEF, no
serão aplicados pelos Estados e Municípios exclusiva- ano anterior à vigência desta Emenda Constitucional.
mente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, § 3º O valor anual mínimo por aluno do ensino funda-
conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da mental, no âmbito do Fundo de Manutenção e Desen-
Constituição Federal; volvimento da Educação Básica e de Valorização dos
V - a União complementará os recursos dos Fundos a Profissionais da Educação - FUNDEB, não poderá ser
que se refere o inciso II do caput deste artigo sempre inferior ao valor mínimo fixado nacionalmente no ano
que, no Distrito Federal e em cada Estado, o valor por anterior ao da vigência desta Emenda Constitucional.
aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmen- § 4º Para efeito de distribuição de recursos dos Fun-
te, fixado em observância ao disposto no inciso VII do dos a que se refere o inciso I do caput deste artigo,
caput deste artigo, vedada a utilização dos recursos levar-se-á em conta a totalidade das matrículas no
a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição Fe- ensino fundamental e considerar-se-á para a educa-
deral; ção infantil, para o ensino médio e para a educação
VI - até 10% (dez por cento) da complementação da de jovens e adultos 1/3 (um terço) das matrículas no
União prevista no inciso V do caput deste artigo po- primeiro ano, 2/3 (dois terços) no segundo ano e sua
derá ser distribuída para os Fundos por meio de pro- totalidade a partir do terceiro ano.
gramas direcionados para a melhoria da qualidade da § 5º A porcentagem dos recursos de constituição dos
educação, na forma da lei a que se refere o inciso III do Fundos, conforme o inciso II do caput deste artigo, será
caput deste artigo; alcançada gradativamente nos primeiros 3 (três) anos
VII - a complementação da União de que trata o inci- de vigência dos Fundos, da seguinte forma:
so V do caput deste artigo será de, no mínimo: I - no caso dos impostos e transferências constantes
a) R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no pri- do inciso II do caput do art. 155; do inciso IV do caput
meiro ano de vigência dos Fundos; do art. 158; e das alíneas a e b do inciso I e do inciso II
b) R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no se- do caput do art. 159 da Constituição Federal:
gundo ano de vigência dos Fundos; a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centési-
c) R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos mos por cento), no primeiro ano;
milhões de reais), no terceiro ano de vigência dos Fun- b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos
dos; por cento), no segundo ano;
d) 10% (dez por cento) do total dos recursos a que c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano;
se refere o inciso II do caput deste artigo, a partir do II - no caso dos impostos e transferências constantes
quarto ano de vigência dos Fundos; dos incisos I e III do caput do art. 155; do inciso II do
caput do art. 157; e dos incisos II e III do caput do art.
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e de- 158 da Constituição Federal:
senvolvimento do ensino estabelecida no art. 212 a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por
da Constituição Federal suportará, no máximo, 30% cento), no primeiro ano;
(trinta por cento) da complementação da União, con- b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por
siderando-se para os fins deste inciso os valores pre- cento), no segundo ano;
vistos no inciso VII do caput deste artigo; c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano.
IX - os valores a que se referem as alíneas a, b, e c § 6º (Revogado).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
108
Federal, promulgam a seguinte emenda ao texto cons- a que se referem os arts. 155, inciso II; 158, inciso IV; e
titucional: 159, inciso I, alíneas a e b; e inciso II, da Constituição
Art. 1º É acrescentada no inciso VII do art. 34, da Cons- Federal, e será distribuído entre cada Estado e seus
tituição Federal, a alínea e: Municípios, proporcionalmente ao número de alunos
“e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante nas respectivas redes de ensino fundamental.
de impostos estaduais, compreendida a proveniente § 3º A União complementará os recursos dos Fundos
de transferência, na manutenção e desenvolvimento a que se refere o § 1º, sempre que, em cada Estado e
do ensino.” no Distrito Federal, seu valor por aluno não alcançar o
Art. 2º É dada nova redação aos incisos I e II do mínimo definido nacionalmente.
art. 208 da Constituição Federal: § 4º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
“I - ensino fundamental obrigatório e gratuito, asse- nicípios ajustarão progressivamente, em um prazo de
gurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os cinco anos, suas contribuições ao Fundo, de forma a
que a ele não tiveram acesso na idade própria; garantir um valor por aluno correspondente a um pa-
II - progressiva universalização do ensino médio gra- drão mínimo de qualidade de ensino, definido nacio-
tuito; “ Art. 3º É dada nova redação aos §§ 1º e 2º do nalmente.
art. 211 da Constituição Federal e nele são inseridos § 5º Uma proporção não inferior a sessenta por cento
mais dois parágrafos: dos recursos de cada Fundo referido no § 1º será desti-
“Art. 211......................... nada ao pagamento dos professores do ensino funda-
§ 1º A união organizará o sistema federal de ensino e mental em efetivo exercício no magistério.
o dos Territórios, financiará as instituições de ensino § 6º A União aplicará na erradicação do analfabetis-
públicas federais e exercerá, em matéria educacional, mo e na manutenção e no desenvolvimento do ensino
função redistributiva e supletiva, de forma a garantir fundamental, inclusive na complementação a que se
equalização de oportunidades educacionais e padrão refere o § 3º, nunca menos que o equivalente a trin-
mínimo de qualidade do ensino mediante assistência ta por cento dos recursos a que se refere o caput do
técnica e financeira aos estados, ao Distrito Federal e art. 212 da Constituição Federal.
aos Municípios. § 7º A lei disporá sobre a organização dos Fundos, a
§ 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino distribuição proporcional de seus recursos, sua fiscali-
fundamental e na educação infantil. zação e controle, bem como sobre a forma de cálcu-
§ 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão priorita- lo do valor mínimo nacional por aluno.› Art. 6º Esta
riamente no ensino fundamental e médio. emenda entra em vigor a primeiro de janeiro do ano
§ 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os subsequente ao de sua promulgação.
Estados e os Municípios definirão formas de colabora- Brasília, 12 de setembro de 1996.
ção, de modo a assegurar a universalização do ensino
obrigatório.» < https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legisla-
Art. 4º É dada nova redação ao § 5º do art. 212 da Cons- cao/103861/emenda-constitucional-14-96>
tituição Federal:
“§ 5º O ensino fundamental público terá como fonte
adicional de financiamento a contribuição social do
salário educação, recolhida pelas empresas, na forma EXERCÍCIO COMENTADO
da lei.”
Art. 5º É alterado o art. 60 do ADCT e nele são in- 1. (DPE/GO - Defensor Público - UFG/2014) A leitura
seridos novos parágrafos, passando o artigo a ter a do lema “Educação: direito de todos e dever do Estado!”
seguinte redação: à luz do Direito Constitucional favorece o entendimento
de que:
“Art 60. Nos dez primeiros anos da promulgação desta
emenda, os Estados, o Distrito Federal e os Municí- a) o direito fundamental à educação exclui o direito à cre-
pios destinarão não menos de sessenta por cento dos che, dado tratar-se de dever da família.
recursos a que se refere o caput do art. 212 da Cons- b) a educação é dever exclusivo do Estado, sendo, por-
tituição Federal, a manutenção e ao desenvolvimento tanto, alheio à família e à sociedade.
do ensino fundamental, com o objetivo de assegurar a c) o dever do Estado com a educação dos deficientes é
universalização de seu atendimento e a remuneração de atendimento educacional especializado, obrigato-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
109
constitucional, as promessas feitas pelo constituinte
não podem ser tomadas de forma vã. A omissão do #FicaDica
Estado em garantir a gratuidade do ensino público,
assegurada no artigo 206, IV, CF, gera responsabilida- Educação formal – escolar
de da autoridade que deveria ter tomado providências Educação informal – comunitária, familiar, re-
para tanto. ligiosa.
A. Incorreto, o artigo 208, IV, CF prevê o dever do Es-
tado de fornecer creche: “educação infantil, em creche
e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade”. TÍTULO II
B. Incorreto, nos termos do artigo 205, CF a educação DOS PRINCÍPIOS E FINS DA EDUCAÇÃO NACIONAL
é “direito de todos e dever do Estado e da família”.
C. Incorreto, a preferência é que o atendimento es- Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, ins-
pecializado ocorra dentro da rede regular de ensino, pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de soli-
conforme artigo 208, III, CF. dariedade humana, tem por finalidade o pleno desen-
D. Incorreto, a gratuidade do ensino público não veda volvimento do educando, seu preparo para o exercício
a percepção de valores pelos estabelecimentos ofi- da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
ciais, inserindo-se aqui as contribuições de cunho vo- Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguin-
luntário e eventuais valores para cobertura de custos tes princípios:
para alunos em situação especial, entre outros. I - igualdade de condições para o acesso e permanên-
cia na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº a cultura, o pensamento, a arte e o saber;
9.394/96, de 20 de dezembro de 1996) e alterações, III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
A lei estudada neste tópico “estabelece as diretrizes V - coexistência de instituições públicas e privadas de
e bases da educação nacional”. Data de 20 de dezembro ensino;
de 1996, tendo sido promulgada pelo ex-presidente Fer- VI - gratuidade do ensino público em estabelecimen-
nando Henrique Cardoso, mas já passou por inúmeras tos oficiais;
alterações desde então. Partamos para o comentário em VII - valorização do profissional da educação escolar;
bloco de seus dispositivos: VIII - gestão democrática do ensino público, na forma
desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino;
TÍTULO I IX - garantia de padrão de qualidade;
DA EDUCAÇÃO X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e
Art. 1º A educação abrange os processos formativos as práticas sociais;
que se desenvolvem na vida familiar, na convivência XII - consideração com a diversidade étnico-racial;
humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pes- XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem
quisa, nos movimentos sociais e organizações da so- ao longo da vida.
ciedade civil e nas manifestações culturais.
§ 1º Esta Lei disciplina a educação escolar, que se de- A educação escolar deve permitir a formação do cida-
senvolve, predominantemente, por meio do ensino, dão e do trabalhador: uma pessoa que consiga se inserir
em instituições próprias. no mercado de trabalho e ter noções adequadas de ci-
§ 2º A educação escolar deverá vincular-se ao mundo dadania e solidariedade no convívio social. Entre os prin-
do trabalho e à prática social. cípios, trabalha-se com o direito de acesso à educação
de qualidade (gratuita nos estabelecimentos públicos), a
O primeiro artigo da LDB estabelece que a educação liberdade nas atividades de ensino em geral (tanto para o
é um processo que não se dá exclusivamente nas esco- educador quanto para o educado), a valorização do pro-
las. Trata-se da clássica distinção entre educação formal fessor, o incentivo à educação informal e o respeito às
e não formal ou informal: “A educação formal é aquela diversidades de ideias, gêneros, raça e cor.
desenvolvida nas escolas, com conteúdos previamente
demarcados; a informal como aquela que os indivíduos
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
110
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (qua- em seguida os demais níveis e modalidades de ensino,
tro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da conforme as prioridades constitucionais e legais.
seguinte forma: § 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste
a) pré-escola; artigo tem legitimidade para peticionar no Poder Judi-
b) ensino fundamental; ciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição
c) ensino médio; Federal, sendo gratuita e de rito sumário a ação judi-
II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cin- cial correspondente.
co) anos de idade; § 4º Comprovada a negligência da autoridade com-
III - atendimento educacional especializado gratuito petente para garantir o oferecimento do ensino obri-
aos educandos com deficiência, transtornos globais do gatório, poderá ela ser imputada por crime de respon-
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, sabilidade.
transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, § 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade
preferencialmente na rede regular de ensino; de ensino, o Poder Público criará formas alternativas
IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental de acesso aos diferentes níveis de ensino, independen-
e médio para todos os que não os concluíram na idade temente da escolarização anterior.
própria;
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pes- Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a ma-
quisa e da criação artística, segundo a capacidade de trícula das crianças na educação básica a partir dos 4
cada um; (quatro) anos de idade.
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às Art. 7º O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas
condições do educando; as seguintes condições:
VII - oferta de educação escolar regular para jovens e I - cumprimento das normas gerais da educação na-
adultos, com características e modalidades adequadas cional e do respectivo sistema de ensino;
às suas necessidades e disponibilidades, garantindo-se II - autorização de funcionamento e avaliação de qua-
aos que forem trabalhadores as condições de acesso e lidade pelo Poder Público;
permanência na escola; III - capacidade de autofinanciamento, ressalvado o
VIII - atendimento ao educando, em todas as etapas previsto no art. 213 da Constituição Federal.
da educação básica, por meio de programas suple-
mentares de material didático-escolar, transporte, ali- Art. 7º-A Ao aluno regularmente matriculado em
mentação e assistência à saúde; instituição de ensino pública ou privada, de qualquer
IX - padrões mínimos de qualidade de ensino, defi- nível, é assegurado, no exercício da liberdade de cons-
nidos como a variedade e quantidade mínimas, por ciência e de crença, o direito de, mediante prévio e
aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento motivado requerimento, ausentar-se de prova ou de
do processo de ensino-aprendizagem. aula marcada para dia em que, segundo os preceitos
X - vaga na escola pública de educação infantil ou de
de sua religião, seja vedado o exercício de tais ativida-
ensino fundamental mais próxima de sua residência a
des, devendo-se-lhe atribuir, a critério da instituição e
toda criança a partir do dia em que completar 4 (qua-
sem custos para o aluno, uma das seguintes presta-
tro) anos de idade.
ções alternativas, nos termos do inciso VIII do caput do
art. 5º da Constituição Federal:
Art. 4º-A. É assegurado atendimento educacional, du-
I - prova ou aula de reposição, conforme o caso, a ser
rante o período de internação, ao aluno da educação
básica internado para tratamento de saúde em regime realizada em data alternativa, no turno de estudo do
hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, con- aluno ou em outro horário agendado com sua anuên-
forme dispuser o Poder Público em regulamento, na cia expressa;
esfera de sua competência federativa. II - trabalho escrito ou outra modalidade de atividade
de pesquisa, com tema, objetivo e data de entrega de-
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direi- finidos pela instituição de ensino.
to público subjetivo, podendo qualquer cidadão, gru- § 1º A prestação alternativa deverá observar os pa-
po de cidadãos, associação comunitária, organização râmetros curriculares e o plano de aula do dia da au-
sindical, entidade de classe ou outra legalmente cons- sência do aluno.
tituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder § 2º O cumprimento das formas de prestação alter-
público para exigi-lo. nativa de que trata este artigo substituirá a obrigação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência original para todos os efeitos, inclusive regularização
federativa, deverá: do registro de frequência.
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes § 3º As instituições de ensino implementarão progres-
em idade escolar, bem como os jovens e adultos que sivamente, no prazo de 2 (dois) anos, as providências e
não concluíram a educação básica; adaptações necessárias à adequação de seu funciona-
II - fazer-lhes a chamada pública; mento às medidas previstas neste artigo.
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequên- § 4º O disposto neste artigo não se aplica ao ensino
cia à escola. militar a que se refere o art. 83 desta Lei.
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o Poder Pú-
blico assegurará em primeiro lugar o acesso ao ensino Conforme se percebe pelo artigo 4º, divide-se em eta-
obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando pas a formação escolar, nos seguintes termos:
111
- A educação básica é obrigatória e gratuita. Envolve a I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em cola-
pré-escola, o ensino fundamental e o ensino médio. boração com os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
A educação infantil deve ser garantida próxima à nicípios;
residência. Com efeito, existe a garantia do direito II - organizar, manter e desenvolver os órgãos e ins-
à creche gratuita. No mais, pessoas fora da idade tituições oficiais do sistema federal de ensino e o dos
escolar que queiram completar seus estudos têm di- Territórios;
reito ao ensino fundamental e médio. III - prestar assistência técnica e financeira aos Esta-
- A educação superior envolve os níveis mais elevados dos, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desen-
do ensino, da pesquisa e da criação artística, deven- volvimento de seus sistemas de ensino e o atendimen-
do ser acessível conforme a capacidade de cada um. to prioritário à escolaridade obrigatória, exercendo
- Neste contexto, devem ser assegurados programas sua função redistributiva e supletiva;
suplementares de material didático-escolar, trans- IV - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
porte, alimentação e assistência à saúde. Distrito Federal e os Municípios, competências e dire-
trizes para a educação infantil, o ensino fundamental
O artigo 5º reitera a gratuidade e obrigatoriedade do e o ensino médio, que nortearão os currículos e seus
ensino básico e assegura a possibilidade de se buscar ju- conteúdos mínimos, de modo a assegurar formação
dicialmente a garantia deste direito em caso de negativa básica comum;
pelo poder público. Será possível fazê-lo por meio de man- IV-A - estabelecer, em colaboração com os Estados, o
dado de segurança ou ação civil pública. Além da judi- Distrito Federal e os Municípios, diretrizes e procedi-
cialização para fazer valer o direito na esfera cível, cabe mentos para identificação, cadastramento e atendi-
em caso de negligência o acionamento na esfera penal, mento, na educação básica e na educação superior, de
buscando-se a punição por crime de responsabilidade. alunos com altas habilidades ou superdotação;
Adiante, coloca-se o dever dos pais ou responsáveis V - coletar, analisar e disseminar informações sobre a
efetuar a matrícula da criança. educação;
Por fim, o artigo 7º estabelece a possibilidade do ensi-
no particular, desde que sejam respeitadas as normas da VI - assegurar processo nacional de avaliação do
educação nacional, autorizado o funcionamento pelo po- rendimento escolar no ensino fundamental, médio e
der público e que tenha possibilidade de se manter inde- superior, em colaboração com os sistemas de ensino,
pendentemente de auxílio estatal, embora exista previsão objetivando a definição de prioridades e a melhoria da
de tais auxílios em circunstâncias determinadas descritas qualidade do ensino;
no artigo 213, CF. VII - baixar normas gerais sobre cursos de graduação
Já o artigo 7o-A, passando a valer em 03 de março de e pós-graduação;
2019, disciplina o direito do aluno de, por motivo religioso, VIII - assegurar processo nacional de avaliação das
faltar à aula ou à prova, devendo ser aplicada atividade ou instituições de educação superior, com a cooperação
aula substitutiva para eventual reposição. dos sistemas que tiverem responsabilidade sobre este
nível de ensino;
IX - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e
#FicaDica avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de
A LDB amplia o conteúdo da própria CF, ao educação superior e os estabelecimentos do seu siste-
garantir não apenas o ensino fundamental, ma de ensino.
mas todo o ensino básico (pré-escola, fun- § 1º Na estrutura educacional, haverá um Conselho
damental e médio) como obrigatório e gra- Nacional de Educação, com funções normativas e de
tuito, também prevendo de forma expressa supervisão e atividade permanente, criado por lei.
a gratuidade do ensino infantil (creches). § 2° Para o cumprimento do disposto nos incisos V a
IX, a União terá acesso a todos os dados e informa-
ções necessários de todos os estabelecimentos e ór-
gãos educacionais.
TÍTULO IV § 3º As atribuições constantes do inciso IX poderão ser
DA ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL delegadas aos Estados e ao Distrito Federal, desde que
mantenham instituições de educação superior.
Art. 8º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
112
cionais de educação, integrando e coordenando as acima de 30% (trinta por cento) do percentual permi-
suas ações e as dos seus Municípios; tido em lei; (Redação dada pela Lei nº 13.803,
IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e de 2019)
avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de IX - promover medidas de conscientização, de preven-
educação superior e os estabelecimentos do seu siste- ção e de combate a todos os tipos de violência, es-
ma de ensino; pecialmente a intimidação sistemática (bullying), no
V - baixar normas complementares para o seu sistema âmbito das escolas;
de ensino; X - estabelecer ações destinadas a promover a cultura
VI - assegurar o ensino fundamental e oferecer, com de paz nas escolas.
prioridade, o ensino médio a todos que o demanda- Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
rem, respeitado o disposto no art. 38 desta Lei; I - participar da elaboração da proposta pedagógica
VII - assumir o transporte escolar dos alunos da rede do estabelecimento de ensino;
estadual. II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a
Parágrafo único. Ao Distrito Federal aplicar-se-ão as proposta pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
competências referentes aos Estados e aos Municípios.
IV - estabelecer estratégias de recuperação para os
alunos de menor rendimento;
Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabeleci-
I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e insti- dos, além de participar integralmente dos períodos
tuições oficiais dos seus sistemas de ensino, integran- dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desen-
do-os às políticas e planos educacionais da União e volvimento profissional;
dos Estados; VI - colaborar com as atividades de articulação da es-
II - exercer ação redistributiva em relação às suas es- cola com as famílias e a comunidade.
colas; Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da
III - baixar normas complementares para o seu siste- gestão democrática do ensino público na educação
ma de ensino; básica, de acordo com as suas peculiaridades e con-
IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabele- forme os seguintes princípios:
cimentos do seu sistema de ensino; I - participação dos profissionais da educação na ela-
V - oferecer a educação infantil em creches e pré-es- boração do projeto pedagógico da escola;
colas, e, com prioridade, o ensino fundamental, per- II - participação das comunidades escolar e local em
mitida a atuação em outros níveis de ensino somente conselhos escolares ou equivalentes.
quando estiverem atendidas plenamente as neces-
sidades de sua área de competência e com recursos Art. 15. Os sistemas de ensino assegurarão às unida-
acima dos percentuais mínimos vinculados pela Cons- des escolares públicas de educação básica que os in-
tituição Federal à manutenção e desenvolvimento do tegram progressivos graus de autonomia pedagógica
ensino. e administrativa e de gestão financeira, observadas as
VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede normas gerais de direito financeiro público.
municipal.
Parágrafo único. Os Municípios poderão optar, ainda, Art. 16. O sistema federal de ensino compreende:
por se integrar ao sistema estadual de ensino ou com- I - as instituições de ensino mantidas pela União;
por com ele um sistema único de educação básica. II - as instituições de educação superior criadas e
mantidas pela iniciativa privada;
III - os órgãos federais de educação.
Art. 12. Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as
normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão
Art. 17. Os sistemas de ensino dos Estados e do Distrito
a incumbência de: Federal compreendem:
I - elaborar e executar sua proposta pedagógica; I - as instituições de ensino mantidas, respectivamen-
II - administrar seu pessoal e seus recursos materiais te, pelo Poder Público estadual e pelo Distrito Federal;
e financeiros; II - as instituições de educação superior mantidas pelo
III - assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas- Poder Público municipal;
-aula estabelecidas; III - as instituições de ensino fundamental e médio
IV - velar pelo cumprimento do plano de trabalho de criadas e mantidas pela iniciativa privada;
cada docente; IV - os órgãos de educação estaduais e do Distrito Fe-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
113
II - as instituições de educação infantil criadas e man- TÍTULO V
tidas pela iniciativa privada; DOS NÍVEIS E DAS MODALIDADES DE EDUCAÇÃO
III - os órgãos municipais de educação. E ENSINO
Art. 19. As instituições de ensino dos diferentes níveis
classificam-se nas seguintes categorias administrati- CAPÍTULO I
vas: DA COMPOSIÇÃO DOS NÍVEIS ESCOLARES
I - públicas, assim entendidas as criadas ou incorpo-
radas, mantidas e administradas pelo Poder Público; Art. 21. A educação escolar compõe-se de:
II - privadas, assim entendidas as mantidas e admi- I - educação básica, formada pela educação infantil,
nistradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito ensino fundamental e ensino médio;
privado. II - educação superior.
escola;
b) por transferência, para candidatos procedentes de
#FicaDica outras escolas;
c) independentemente de escolarização anterior, me-
O regime de colaboração impõe que a União,
diante avaliação feita pela escola, que defina o grau de
os Estados, o DF e os Municípios partilhem
desenvolvimento e experiência do candidato e permita
do dever de fornecer educação à população,
sua inscrição na série ou etapa adequada, conforme
cada um em sua esfera de competência, mas
regulamentação do respectivo sistema de ensino;
de forma colaborativa, compartilhando vi-
III - nos estabelecimentos que adotam a progressão
vência e redistribuindo recursos humanos e
regular por série, o regimento escolar pode admitir
materiais.
formas de progressão parcial, desde que preservada a
114
sequência do currículo, observadas as normas do res- mente da República Federativa do Brasil, observado,
pectivo sistema de ensino; na educação infantil, o disposto no art. 31, no ensino
IV - poderão organizar-se classes, ou turmas, com fundamental, o disposto no art. 32, e no ensino médio,
alunos de séries distintas, com níveis equivalentes de o disposto no art. 36.
adiantamento na matéria, para o ensino de línguas § 2º O ensino da arte, especialmente em suas expres-
estrangeiras, artes, ou outros componentes curricula- sões regionais, constituirá componente curricular obri-
res; gatório da educação básica.
V - a verificação do rendimento escolar observará os § 3º A educação física, integrada à proposta pedagó-
seguintes critérios: gica da escola, é componente curricular obrigatório da
a) avaliação contínua e cumulativa do desempenho educação infantil e do ensino fundamental, sendo sua
do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos prática facultativa ao aluno:
sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do I - que cumpra jornada de trabalho igual ou superior
período sobre os de eventuais provas finais; a seis horas;
b) possibilidade de aceleração de estudos para alunos II - maior de trinta anos de idade;
com atraso escolar; III - que estiver prestando serviço militar inicial ou que,
c) possibilidade de avanço nos cursos e nas séries me- em situação similar, estiver obrigado à prática da edu-
diante verificação do aprendizado; cação física;
d) aproveitamento de estudos concluídos com êxito; IV - amparado pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de
e) obrigatoriedade de estudos de recuperação, de pre- outubro de 1969;
ferência paralelos ao período letivo, para os casos de V - (VETADO);
baixo rendimento escolar, a serem disciplinados pelas VI - que tenha prole.
instituições de ensino em seus regimentos; § 4º O ensino da História do Brasil levará em conta as
VI - o controle de frequência fica a cargo da escola, contribuições das diferentes culturas e etnias para a
conforme o disposto no seu regimento e nas normas formação do povo brasileiro, especialmente das ma-
do respectivo sistema de ensino, exigida a frequência trizes indígena, africana e europeia.
mínima de setenta e cinco por cento do total de horas § 5o No currículo do ensino fundamental, a partir do
letivas para aprovação; sexto ano, será ofertada a língua inglesa.
VII - cabe a cada instituição de ensino expedir his- § 6o As artes visuais, a dança, a música e o teatro são
tóricos escolares, declarações de conclusão de série e as linguagens que constituirão o componente curricu-
diplomas ou certificados de conclusão de cursos, com lar de que trata o § 2o deste artigo.
as especificações cabíveis. § 7º A integralização curricular poderá incluir, a cri-
§ 1º A carga horária mínima anual de que trata o in- tério dos sistemas de ensino, projetos e pesquisas en-
ciso I do caput deverá ser ampliada de forma progres- volvendo os temas transversais de que trata o caput.
siva, no ensino médio, para mil e quatrocentas horas, § 8º A exibição de filmes de produção nacional consti-
devendo os sistemas de ensino oferecer, no prazo má- tuirá componente curricular complementar integrado
ximo de cinco anos, pelo menos mil horas anuais de à proposta pedagógica da escola, sendo a sua exibição
carga horária, a partir de 2 de março de 2017. obrigatória por, no mínimo, 2 (duas) horas mensais.
§ 2º Os sistemas de ensino disporão sobre a oferta de § 9o Conteúdos relativos aos direitos humanos e à
educação de jovens e adultos e de ensino noturno re- prevenção de todas as formas de violência contra a
gular, adequado às condições do educando, conforme criança e o adolescente serão incluídos, como temas
o inciso VI do art. 4º. transversais, nos currículos escolares de que trata o
caput deste artigo, tendo como diretriz a Lei no 8.069,
Art. 25. Será objetivo permanente das autoridades res- de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Ado-
ponsáveis alcançar relação adequada entre o número lescente), observada a produção e distribuição de ma-
de alunos e o professor, a carga horária e as condições terial didático adequado.
materiais do estabelecimento. § 9º-A. A educação alimentar e nutricional será incluí-
Parágrafo único. Cabe ao respectivo sistema de en- da entre os temas transversais de que trata o caput.
sino, à vista das condições disponíveis e das caracte- § 10. A inclusão de novos componentes curriculares
rísticas regionais e locais, estabelecer parâmetro para de caráter obrigatório na Base Nacional Comum Cur-
atendimento do disposto neste artigo. ricular dependerá de aprovação do Conselho Nacional
de Educação e de homologação pelo Ministro de Esta-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
115
e dos povos indígenas no Brasil, a cultura negra e in- contra a criança e o adolescente. É obrigatório o estudo
dígena brasileira e o negro e o índio na formação da da história e cultura afro-brasileira e indígena. Ainda, a
sociedade nacional, resgatando as suas contribuições educação deve considerar as peculiaridades da zona ru-
nas áreas social, econômica e política, pertinentes à ral quando nela for ministrada.
história do Brasil.
§ 2o Os conteúdos referentes à história e cultura afro-
-brasileira e dos povos indígenas brasileiros serão mi- SEÇÃO II
nistrados no âmbito de todo o currículo escolar, em DA EDUCAÇÃO INFANTIL
especial nas áreas de educação artística e de literatura
e história brasileiras. Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da edu-
cação básica, tem como finalidade o desenvolvimento
Art. 27. Os conteúdos curriculares da educação básica integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus as-
observarão, ainda, as seguintes diretrizes: pectos físico, psicológico, intelectual e social, comple-
I - a difusão de valores fundamentais ao interesse so- mentando a ação da família e da comunidade.
cial, aos direitos e deveres dos cidadãos, de respeito ao
bem comum e à ordem democrática; Art. 30. A educação infantil será oferecida em:
II - consideração das condições de escolaridade dos I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças
alunos em cada estabelecimento; de até três anos de idade;
III - orientação para o trabalho; II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cin-
IV - promoção do desporto educacional e apoio às co) anos de idade.
práticas desportivas não-formais.
Art. 28. Na oferta de educação básica para a popula- Art. 31. A educação infantil será organizada de acor-
ção rural, os sistemas de ensino promoverão as adap- do com as seguintes regras comuns:
tações necessárias à sua adequação às peculiaridades I - avaliação mediante acompanhamento e registro do
da vida rural e de cada região, especialmente: desenvolvimento das crianças, sem o objetivo de pro-
I - conteúdos curriculares e metodologias apropriadas moção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental;
às reais necessidades e interesses dos alunos da zona II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas)
rural; horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos)
II - organização escolar própria, incluindo adequação dias de trabalho educacional;
do calendário escolar às fases do ciclo agrícola e às III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro)
condições climáticas; horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas
III - adequação à natureza do trabalho na zona rural. para a jornada integral;
Parágrafo único. O fechamento de escolas do campo, IV - controle de frequência pela instituição de educa-
indígenas e quilombolas será precedido de manifes- ção pré-escolar, exigida a frequência mínima de 60%
tação do órgão normativo do respectivo sistema de (sessenta por cento) do total de horas;
ensino, que considerará a justificativa apresentada V - expedição de documentação que permita atestar
pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico os processos de desenvolvimento e aprendizagem da
do impacto da ação e a manifestação da comunidade criança.
escolar.
A educação infantil é ministrada em creches até os
A educação básica tem por papel a formação da base 3 anos de idade e em pré-escolas dos 3 aos 5 anos de
do educado. idade.
Os critérios para mudança de série podem ser promo-
ção (aprovação em etapa anterior), transferência (candi- SEÇÃO III
datos de outras escolas) e avaliação (análise da experiên- DO ENSINO FUNDAMENTAL
cia e desenvolvimento do candidato). O ensino poderá
ser acelerado caso necessário. Nas situações de alunos Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com dura-
que não acompanhem seu ritmo, deverá ser garantida ção de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, ini-
recuperação. ciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo
Exige-se, além do desempenho, a frequência de 75%, a formação básica do cidadão, mediante:
no mínimo, para aprovação. I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, ten-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
O currículo da educação básica segue uma base na- do como meios básicos o pleno domínio da leitura, da
cional comum. Devem abranger língua portuguesa e da escrita e do cálculo;
matemática, o conhecimento do mundo físico e natural II - a compreensão do ambiente natural e social, do
e da realidade social e política. A educação física deve sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores
ser oferecida obrigatoriamente, mas é facultativa ao alu- em que se fundamenta a sociedade;
no em certas situações, como de trabalho, serviço mili- III - o desenvolvimento da capacidade de aprendiza-
tar, idade superior a 30 anos. Em respeito ao pluralismo, gem, tendo em vista a aquisição de conhecimentos e
deve considerar as matrizes indígena, africana e europeia habilidades e a formação de atitudes e valores;
como temas transversais. Ainda em tal condição, cabe IV - o fortalecimento dos vínculos de família, dos laços
o aprendizado de Conteúdos relativos aos direitos hu- de solidariedade humana e de tolerância recíproca em
manos e à prevenção de todas as formas de violência que se assenta a vida social.
116
§ 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o I - a consolidação e o aprofundamento dos conheci-
ensino fundamental em ciclos. mentos adquiridos no ensino fundamental, possibili-
§ 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão re- tando o prosseguimento de estudos;
gular por série podem adotar no ensino fundamental II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania
o regime de progressão continuada, sem prejuízo da do educando, para continuar aprendendo, de modo a
avaliação do processo de ensino-aprendizagem, ob- ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas con-
servadas as normas do respectivo sistema de ensino. dições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores;
§ 3º O ensino fundamental regular será ministrado em III - o aprimoramento do educando como pessoa hu-
língua portuguesa, assegurada às comunidades indí- mana, incluindo a formação ética e o desenvolvimen-
genas a utilização de suas línguas maternas e proces- to da autonomia intelectual e do pensamento crítico;
sos próprios de aprendizagem. IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecno-
§ 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o lógicos dos processos produtivos, relacionando a teo-
ensino a distância utilizado como complementação da ria com a prática, no ensino de cada disciplina.
aprendizagem ou em situações emergenciais.
§ 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obri- Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular defi-
gatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das nirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino
crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de
nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatu- Educação, nas seguintes áreas do conhecimento:
to da Criança e do Adolescente, observada a produção I - linguagens e suas tecnologias;
e distribuição de material didático adequado. II - matemática e suas tecnologias;
§ 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluí- III - ciências da natureza e suas tecnologias;
do como tema transversal nos currículos do ensino IV - ciências humanas e sociais aplicadas.
fundamental. § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata
Art. 33. O ensino religioso, de matrícula facultativa, o caput do art. 26, definida em cada sistema de en-
é parte integrante da formação básica do cidadão e sino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Co-
constitui disciplina dos horários normais das escolas mum Curricular e ser articulada a partir do contexto
públicas de ensino fundamental, assegurado o respei- histórico, econômico, social, ambiental e cultural.
to à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas § 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao
quaisquer formas de proselitismo. ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e prá-
§ 1º Os sistemas de ensino regulamentarão os proce- ticas de educação física, arte, sociologia e filosofia.
dimentos para a definição dos conteúdos do ensino § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática
religioso e estabelecerão as normas para a habilitação será obrigatório nos três anos do ensino médio, asse-
e admissão dos professores. gurada às comunidades indígenas, também, a utiliza-
§ 2º Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, ção das respectivas línguas maternas.
constituída pelas diferentes denominações religiosas, § 4º Os currículos do ensino médio incluirão, obriga-
para a definição dos conteúdos do ensino religioso. toriamente, o estudo da língua inglesa e poderão ofer-
tar outras línguas estrangeiras, em caráter optativo,
Art. 34. A jornada escolar no ensino fundamental in- preferencialmente o espanhol, de acordo com a dispo-
cluirá pelo menos quatro horas de trabalho efetivo em nibilidade de oferta, locais e horários definidos pelos
sala de aula, sendo progressivamente ampliado o pe- sistemas de ensino.
ríodo de permanência na escola. § 5º A carga horária destinada ao cumprimento da
§ 1º São ressalvados os casos do ensino noturno e das Base Nacional Comum Curricular não poderá ser su-
formas alternativas de organização autorizadas nesta perior a mil e oitocentas horas do total da carga ho-
Lei. rária do ensino médio, de acordo com a definição dos
§ 2º O ensino fundamental será ministrado progres- sistemas de ensino.
sivamente em tempo integral, a critério dos sistemas § 6º A União estabelecerá os padrões de desempenho
de ensino. esperados para o ensino médio, que serão referência
nos processos nacionais de avaliação, a partir da Base
O ensino fundamental inicia-se aos 6 anos de idade e Nacional Comum Curricular.
tem duração de 9 anos. Além de objetivar a alfabetização, § 7º Os currículos do ensino médio deverão considerar
também incentiva a formação do cidadão, da pessoa em a formação integral do aluno, de maneira a adotar um
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
contato com o mundo que o cerca estabelecendo víncu- trabalho voltado para a construção de seu projeto de
los de solidariedade e amizade. O ensino fundamental vida e para sua formação nos aspectos físicos, cogniti-
deve ser presencial, em regra. O ensino religioso é fa- vos e socioemocionais.
cultativo. A carga horária diária é de no mínimo 4 horas. § 8º Os conteúdos, as metodologias e as formas de
avaliação processual e formativa serão organizados
SEÇÃO IV nas redes de ensino por meio de atividades teóricas e
DO ENSINO MÉDIO práticas, provas orais e escritas, seminários, projetos e
atividades on-line, de tal forma que ao final do ensino
Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação bá- médio o educando demonstre:
sica, com duração mínima de três anos, terá como fi- I - domínio dos princípios científicos e tecnológicos
nalidades: que presidem a produção moderna;
117
II - conhecimento das formas contemporâneas de lin- § 11. Para efeito de cumprimento das exigências cur-
guagem. riculares do ensino médio, os sistemas de ensino po-
derão reconhecer competências e firmar convênios
Art. 36. O currículo do ensino médio será composto com instituições de educação a distância com notó-
pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerá- rio reconhecimento, mediante as seguintes formas de
rios formativos, que deverão ser organizados por meio comprovação:
da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme I - demonstração prática;
a relevância para o contexto local e a possibilidade
dos sistemas de ensino, a saber: II - experiência de trabalho supervisionado ou outra
I - linguagens e suas tecnologias; experiência adquirida fora do ambiente escolar;
II - matemática e suas tecnologias; III - atividades de educação técnica oferecidas em ou-
III - ciências da natureza e suas tecnologias; tras instituições de ensino credenciadas;
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; IV - cursos oferecidos por centros ou programas ocu-
V - formação técnica e profissional. pacionais;
§ 1º A organização das áreas de que trata o caput e V - estudos realizados em instituições de ensino nacio-
das respectivas competências e habilidades será feita nais ou estrangeiras;
de acordo com critérios estabelecidos em cada sistema VI - cursos realizados por meio de educação a distân-
de ensino. cia ou educação presencial mediada por tecnologias.
§ 2º (Revogado) § 12. As escolas deverão orientar os alunos no processo
§ 3º A critério dos sistemas de ensino, poderá ser com- de escolha das áreas de conhecimento ou de atuação
posto itinerário formativo integrado, que se traduz profissional previstas no caput.
na composição de componentes curriculares da Base
Nacional Comum Curricular - BNCC e dos itinerários A etapa final do ensino médio tem a duração de três
formativos, considerando os incisos I a V do caput. anos e busca fornecer a consolidação e o aprofunda-
§ 4º (Revogado) mento dos conhecimentos transmitidos no ensino fun-
§ 5º Os sistemas de ensino, mediante disponibilidade damental, com a devida atenção a conhecimentos que
de vagas na rede, possibilitarão ao aluno concluinte permitam o ingresso do aluno no ensino universitário
do ensino médio cursar mais um itinerário formativo e na carreira de trabalho. Neste ponto, a LDB sofreu al-
de que trata o caput. terações recentes pela Medida Provisória nº 746/2016,
§ 6º A critério dos sistemas de ensino, a oferta de for- convertida na Lei nº 13.415, de 2017, que foi alvo de inú-
mação com ênfase técnica e profissional considerará: meras críticas, notadamente por estabelecer como facul-
I - a inclusão de vivências práticas de trabalho no se- tativos conhecimentos que antes eram tidos como obri-
tor produtivo ou em ambientes de simulação, esta- gatórios. Para entender melhor esta questão, percebe-se
belecendo parcerias e fazendo uso, quando aplicável, que na verdade a proposta é a especificação de matrizes
de instrumentos estabelecidos pela legislação sobre ainda durante o ensino médio: o aluno poderá escolher
aprendizagem profissional; em quais áreas de conhecimento pretende se concentrar.
II - a possibilidade de concessão de certificados inter- Por exemplo, um aluno que não queira se especializar
mediários de qualificação para o trabalho, quando em ciências humanas, não teria a obrigação de cursar
a formação for estruturada e organizada em etapas matérias como história e geografia. Um aluno que não
com terminalidade. tenha interesse em ir para a universidade e já queira in-
§ 7º A oferta de formações experimentais relaciona- gressar no mercado de trabalho, terá aulas concentradas
das ao inciso V do caput, em áreas que não constem em formação técnica e profissional, aprendendo marce-
do Catálogo Nacional dos Cursos Técnicos, depende- naria, mecânica, administração, entre outras questões. As
rá, para sua continuidade, do reconhecimento pelo áreas que podem ser optadas são as seguintes: lingua-
respectivo Conselho Estadual de Educação, no prazo gens e suas tecnologias; matemática e suas tecnologias;
de três anos, e da inserção no Catálogo Nacional dos ciências da natureza e suas tecnologias; ciências huma-
Cursos Técnicos, no prazo de cinco anos, contados da
nas e sociais aplicadas; formação técnica e profissional.
data de oferta inicial da formação.
As únicas matérias estabelecidas como obrigatórias são:
§ 8º A oferta de formação técnica e profissional a que
português, matemática, artes, educação física, filosofia e
se refere o inciso V do caput, realizada na própria ins-
sociologia – estas quatro últimas inicialmente seriam fa-
tituição ou em parceria com outras instituições, deve-
cultativas, mas devido a pressões sociais foram colocadas
rá ser aprovada previamente pelo Conselho Estadual
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
118
do educando, poderá prepará-lo para o exercício de Ensino Médio, em instituições próprias de ensino técni-
profissões técnicas. co-profissionalizante (neste sentido, há cursos técnicos-
Parágrafo único. A preparação geral para o trabalho -profissionais com menor duração que os cursos de ensi-
e, facultativamente, a habilitação profissional pode- no superior e que são equiparados a este).
rão ser desenvolvidas nos próprios estabelecimentos
de ensino médio ou em cooperação com instituições SEÇÃO V
especializadas em educação profissional. DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Art. 36-B. A educação profissional técnica de nível Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada
médio será desenvolvida nas seguintes formas: àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de
I - articulada com o ensino médio; estudos nos ensinos fundamental e médio na idade
II - subsequente, em cursos destinados a quem já te- própria e constituirá instrumento para a educação e a
nha concluído o ensino médio. aprendizagem ao longo da vida.
Parágrafo único. A educação profissional técnica de § 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente
nível médio deverá observar: aos jovens e aos adultos, que não puderam efetuar os
I - os objetivos e definições contidos nas diretrizes cur- estudos na idade regular, oportunidades educacionais
riculares nacionais estabelecidas pelo Conselho Na- apropriadas, consideradas as características do aluna-
cional de Educação; do, seus interesses, condições de vida e de trabalho,
II - as normas complementares dos respectivos siste- mediante cursos e exames.
mas de ensino; § 2º O Poder Público viabilizará e estimulará o acesso
III - as exigências de cada instituição de ensino, nos e a permanência do trabalhador na escola, mediante
termos de seu projeto pedagógico. ações integradas e complementares entre si.
§ 3º A educação de jovens e adultos deverá articular-
Art. 36-C. A educação profissional técnica de nível -se, preferencialmente, com a educação profissional,
médio articulada, prevista no inciso I do caput do art. na forma do regulamento.
36-B desta Lei, será desenvolvida de forma:
I - integrada, oferecida somente a quem já tenha con- Art. 38. Os sistemas de ensino manterão cursos e exa-
cluído o ensino fundamental, sendo o curso planejado mes supletivos, que compreenderão a base nacional
de modo a conduzir o aluno à habilitação profissional comum do currículo, habilitando ao prosseguimento
técnica de nível médio, na mesma instituição de en- de estudos em caráter regular.
sino, efetuando-se matrícula única para cada aluno; § 1º Os exames a que se refere este artigo realizar-
II - concomitante, oferecida a quem ingresse no ensino -se-ão:
médio ou já o esteja cursando, efetuando-se matrícu- I - no nível de conclusão do ensino fundamental, para
las distintas para cada curso, e podendo ocorrer: os maiores de quinze anos;
a) na mesma instituição de ensino, aproveitando-se as II - no nível de conclusão do ensino médio, para os
oportunidades educacionais disponíveis; maiores de dezoito anos.
b) em instituições de ensino distintas, aproveitando-se § 2º Os conhecimentos e habilidades adquiridos pelos
as oportunidades educacionais disponíveis; educandos por meios informais serão aferidos e reco-
c) em instituições de ensino distintas, mediante con- nhecidos mediante exames.
vênios de intercomplementaridade, visando ao plane-
jamento e ao desenvolvimento de projeto pedagógico A educação de jovens e adultos objetiva permitir a con-
unificado. clusão do ensino fundamental e médio para aqueles que
já ultrapassaram a idade regular em que isso deveria ter
Art. 36-D. Os diplomas de cursos de educação pro- acontecido.
fissional técnica de nível médio, quando registrados,
terão validade nacional e habilitarão ao prossegui-
mento de estudos na educação superior.
#FicaDica
Parágrafo único. Os cursos de educação profissional Educação básica:
técnica de nível médio, nas formas articulada conco- - Ensino infantil – creche e pré-escola;
mitante e subsequente, quando estruturados e orga- - Ensino fundamental;
nizados em etapas com terminalidade, possibilitarão - Ensino médio (colegial) – pode também
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
119
cação e às dimensões do trabalho, da ciência e da sino, de publicações ou de outras formas de comuni-
tecnologia. cação;
§ 1º Os cursos de educação profissional e tecnológica V - suscitar o desejo permanente de aperfeiçoamento
poderão ser organizados por eixos tecnológicos, pos- cultural e profissional e possibilitar a correspondente
sibilitando a construção de diferentes itinerários for- concretização, integrando os conhecimentos que vão
mativos, observadas as normas do respectivo sistema sendo adquiridos numa estrutura intelectual sistema-
e nível de ensino. tizadora do conhecimento de cada geração;
§ 2º A educação profissional e tecnológica abrangerá VI - estimular o conhecimento dos problemas do mun-
os seguintes cursos: do presente, em particular os nacionais e regionais,
I – de formação inicial e continuada ou qualificação prestar serviços especializados à comunidade e esta-
profissional; belecer com esta uma relação de reciprocidade;
II – de educação profissional técnica de nível médio; VII - promover a extensão, aberta à participação da
III – de educação profissional tecnológica de gradua- população, visando à difusão das conquistas e benefí-
ção e pós-graduação. cios resultantes da criação cultural e da pesquisa cien-
§ 3º Os cursos de educação profissional tecnológica tífica e tecnológica geradas na instituição.
de graduação e pós-graduação organizar-se-ão, no VIII - atuar em favor da universalização e do aprimo-
que concerne a objetivos, características e duração, de ramento da educação básica, mediante a formação e
acordo com as diretrizes curriculares nacionais esta- a capacitação de profissionais, a realização de pesqui-
belecidas pelo Conselho Nacional de Educação. sas pedagógicas e o desenvolvimento de atividades de
extensão que aproximem os dois níveis escolares.
Art. 40. A educação profissional será desenvolvida em
articulação com o ensino regular ou por diferentes Art. 44. A educação superior abrangerá os seguintes
estratégias de educação continuada, em instituições cursos e programas:
especializadas ou no ambiente de trabalho. I - cursos sequenciais por campo de saber, de diferen-
tes níveis de abrangência, abertos a candidatos que
Art. 41. O conhecimento adquirido na educação pro- atendam aos requisitos estabelecidos pelas institui-
fissional e tecnológica, inclusive no trabalho, poderá ções de ensino, desde que tenham concluído o ensino
ser objeto de avaliação, reconhecimento e certificação médio ou equivalente;
para prosseguimento ou conclusão de estudos. II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
Art. 42. As instituições de educação profissional e tec- concluído o ensino médio ou equivalente e tenham
nológica, além dos seus cursos regulares, oferecerão sido classificados em processo seletivo;
cursos especiais, abertos à comunidade, condicionada III - de pós-graduação, compreendendo programas
a matrícula à capacidade de aproveitamento e não de mestrado e doutorado, cursos de especialização,
necessariamente ao nível de escolaridade. aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos di-
A educação profissional e tecnológica pode se dar plomados em cursos de graduação e que atendam às
não apenas no ensino médio, mas também em institui- exigências das instituições de ensino;
ções próprias, que podem conferir inclusive diploma de IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam
formação em nível superior. Exemplos: FATEC, SENAI, en- aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas insti-
tre outros. O acesso a este tipo de ensino não necessaria- tuições de ensino.
mente exige conclusão dos níveis prévios de educação, § 1º. Os resultados do processo seletivo referido no in-
eis que seu principal objetivo não é o ensino de conteú- ciso II do caput deste artigo serão tornados públicos
dos típicos, mas sim a capacitação profissional. pelas instituições de ensino superior, sendo obrigatória
a divulgação da relação nominal dos classificados, a
CAPÍTULO IV respectiva ordem de classificação, bem como do cro-
DA EDUCAÇÃO SUPERIOR nograma das chamadas para matrícula, de acordo
com os critérios para preenchimento das vagas cons-
Art. 43. A educação superior tem por finalidade: tantes do respectivo edital.
I - estimular a criação cultural e o desenvolvimento do § 2º No caso de empate no processo seletivo, as ins-
espírito científico e do pensamento reflexivo; tituições públicas de ensino superior darão prioridade
II - formar diplomados nas diferentes áreas de co- de matrícula ao candidato que comprove ter renda fa-
nhecimento, aptos para a inserção em setores pro- miliar inferior a dez salários mínimos, ou ao de menor
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
fissionais e para a participação no desenvolvimento renda familiar, quando mais de um candidato preen-
da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação cher o critério inicial.
contínua; § 3º O processo seletivo referido no inciso II considera-
III - incentivar o trabalho de pesquisa e investigação rá as competências e as habilidades definidas na Base
científica, visando o desenvolvimento da ciência e da Nacional Comum Curricular.
tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse Art. 45. A educação superior será ministrada em insti-
modo, desenvolver o entendimento do homem e do tuições de ensino superior, públicas ou privadas, com
meio em que vive; variados graus de abrangência ou especialização.
IV - promover a divulgação de conhecimentos cultu-
rais, científicos e técnicos que constituem patrimônio Art. 46. A autorização e o reconhecimento de cursos,
da humanidade e comunicar o saber através do en- bem como o credenciamento de instituições de educa-
120
ção superior, terão prazos limitados, sendo renovados, IV - deve ser atualizada semestralmente ou anual-
periodicamente, após processo regular de avaliação. mente, de acordo com a duração das disciplinas de
§ 1º Após um prazo para saneamento de deficiências cada curso oferecido, observando o seguinte:
eventualmente identificadas pela avaliação a que se a) caso o curso mantenha disciplinas com duração di-
refere este artigo, haverá reavaliação, que poderá re- ferenciada, a publicação deve ser semestral;
sultar, conforme o caso, em desativação de cursos e b) a publicação deve ser feita até 1 (um) mês antes do
habilitações, em intervenção na instituição, em sus- início das aulas;
pensão temporária de prerrogativas da autonomia, ou c) caso haja mudança na grade do curso ou no corpo
em descredenciamento. docente até o início das aulas, os alunos devem ser
§ 2º No caso de instituição pública, o Poder Executivo comunicados sobre as alterações;
responsável por sua manutenção acompanhará o pro- V - deve conter as seguintes informações:
cesso de saneamento e fornecerá recursos adicionais, a) a lista de todos os cursos oferecidos pela instituição
se necessários, para a superação das deficiências. de ensino superior;
§ 3o No caso de instituição privada, além das sanções b) a lista das disciplinas que compõem a grade curri-
previstas no § 1o deste artigo, o processo de reavalia- cular de cada curso e as respectivas cargas horárias;
ção poderá resultar em redução de vagas autorizadas c) a identificação dos docentes que ministrarão as
e em suspensão temporária de novos ingressos e de aulas em cada curso, as disciplinas que efetivamen-
oferta de cursos. te ministrará naquele curso ou cursos, sua titulação,
§ 4o É facultado ao Ministério da Educação, mediante abrangendo a qualificação profissional do docente e
procedimento específico e com aquiescência da insti- o tempo de casa do docente, de forma total, contínua
tuição de ensino, com vistas a resguardar os interesses ou intermitente.
dos estudantes, comutar as penalidades previstas nos § 2º Os alunos que tenham extraordinário aproveita-
§§ 1o e 3o deste artigo por outras medidas, desde que mento nos estudos, demonstrado por meio de provas
adequadas para superação das deficiências e irregula- e outros instrumentos de avaliação específicos, apli-
ridades constatadas. cados por banca examinadora especial, poderão ter
§ 5o Para fins de regulação, os Estados e o Distrito Fe- abreviada a duração dos seus cursos, de acordo com
deral deverão adotar os critérios definidos pela União as normas dos sistemas de ensino.
para autorização de funcionamento de curso de gra- § 3º É obrigatória a frequência de alunos e professores,
duação em Medicina. salvo nos programas de educação a distância.
Art. 47. Na educação superior, o ano letivo regular, § 4º As instituições de educação superior oferecerão,
independente do ano civil, tem, no mínimo, duzentos no período noturno, cursos de graduação nos mesmos
dias de trabalho acadêmico efetivo, excluído o tempo padrões de qualidade mantidos no período diurno,
reservado aos exames finais, quando houver. sendo obrigatória a oferta noturna nas instituições
§ 1º As instituições informarão aos interessados, antes públicas, garantida a necessária previsão orçamentá-
de cada período letivo, os programas dos cursos e de- ria.
mais componentes curriculares, sua duração, requisi- Art. 48. Os diplomas de cursos superiores reconhe-
tos, qualificação dos professores, recursos disponíveis e cidos, quando registrados, terão validade nacional
critérios de avaliação, obrigando-se a cumprir as res- como prova da formação recebida por seu titular.
pectivas condições, e a publicação deve ser feita, sen- § 1º Os diplomas expedidos pelas universidades serão
do as 3 (três) primeiras formas concomitantemente: por elas próprias registrados, e aqueles conferidos por
I - em página específica na internet no sítio eletrônico instituições não-universitárias serão registrados em
oficial da instituição de ensino superior, obedecido o universidades indicadas pelo Conselho Nacional de
seguinte: Educação.
a) toda publicação a que se refere esta Lei deve ter § 2º Os diplomas de graduação expedidos por univer-
como título “Grade e Corpo Docente”; sidades estrangeiras serão revalidados por universida-
b) a página principal da instituição de ensino supe- des públicas que tenham curso do mesmo nível e área
rior, bem como a página da oferta de seus cursos aos ou equivalente, respeitando-se os acordos internacio-
ingressantes sob a forma de vestibulares, processo se- nais de reciprocidade ou equiparação.
letivo e outras com a mesma finalidade, deve conter § 3º Os diplomas de Mestrado e de Doutorado expe-
a ligação desta com a página específica prevista neste didos por universidades estrangeiras só poderão ser
inciso;
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
121
Art. 50. As instituições de educação superior, quando III - elaboração da programação dos cursos;
da ocorrência de vagas, abrirão matrícula nas disci- IV - programação das pesquisas e das atividades de
plinas de seus cursos a alunos não regulares que de- extensão;
monstrarem capacidade de cursá-las com proveito, V - contratação e dispensa de professores;
mediante processo seletivo prévio. VI - planos de carreira docente.
§ 2o As doações, inclusive monetárias, podem ser diri-
Art. 51. As instituições de educação superior creden- gidas a setores ou projetos específicos, conforme acor-
ciadas como universidades, ao deliberar sobre critérios do entre doadores e universidades.
e normas de seleção e admissão de estudantes, leva- § 3o No caso das universidades públicas, os recursos
rão em conta os efeitos desses critérios sobre a orien- das doações devem ser dirigidos ao caixa único da
tação do ensino médio, articulando-se com os órgãos instituição, com destinação garantida às unidades a
normativos dos sistemas de ensino. serem beneficiadas.
pectivos estatutos;
X - receber subvenções, doações, heranças, legados e Art. 56. As instituições públicas de educação superior
cooperação financeira resultante de convênios com obedecerão ao princípio da gestão democrática, asse-
entidades públicas e privadas. gurada a existência de órgãos colegiados deliberati-
§ 1º Para garantir a autonomia didático-científica das vos, de que participarão os segmentos da comunidade
universidades, caberá aos seus colegiados de ensino institucional, local e regional.
e pesquisa decidir, dentro dos recursos orçamentários Parágrafo único. Em qualquer caso, os docentes ocu-
disponíveis, sobre: parão setenta por cento dos assentos em cada órgão
I - criação, expansão, modificação e extinção de cur- colegiado e comissão, inclusive nos que tratarem da
sos; elaboração e modificações estatutárias e regimentais,
II - ampliação e diminuição de vagas; bem como da escolha de dirigentes.
122
Art. 57. Nas instituições públicas de educação supe- CAPÍTULO V
rior, o professor ficará obrigado ao mínimo de oito ho- DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
ras semanais de aulas.
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os
A educação superior se funda no tripé: ensino, pes- efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar
quisa e extensão. No viés do ensino, objetiva-se propi- oferecida preferencialmente na rede regular de ensi-
ciar o acesso ao conhecimento técnico e científico, tanto no, para educandos com deficiência, transtornos glo-
dentro do ambiente acadêmico quanto fora dele; no as- bais do desenvolvimento e altas habilidades ou super-
pecto pesquisa, busca-se desenvolver os conhecimentos dotação.
já existentes; no aspecto extensão, pretende-se atingir a § 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio es-
comunidade por meio de atividades que possam ir além pecializado, na escola regular, para atender às pecu-
dos ambientes acadêmicos, inserindo-se no cotidiano da liaridades da clientela de educação especial.
vida social. § 2º O atendimento educacional será feito em clas-
ses, escolas ou serviços especializados, sempre que,
Classicamente, a educação superior se dá nos níveis em função das condições específicas dos alunos, não
de graduação, cujo acesso se dá por meio dos vestibu- for possível a sua integração nas classes comuns de
lares, e pós-graduação, cujo acesso também se dá por ensino regular.
processos seletivos próprios, funcionando como comple- § 3º A oferta de educação especial, nos termos do
mentação ao ensino superior. Entretanto, o ensino supe- caput deste artigo, tem início na educação infantil e
rior também pode se dar em cursos sequenciais e em estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do
cursos de extensão, de menor duração e complexidade. art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei.
O ensino superior pode ser ministrado em institui-
ções públicas ou privadas. Independentemente da natu- Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos edu-
reza da instituição, é necessário respeitar as regras míni- candos com deficiência, transtornos globais do desen-
mas sobre duração do ano letivo, programas de curso, volvimento e altas habilidades ou superdotação:
componentes curriculares, etc. I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos, para atender às suas neces-
O diploma faz prova da formação sidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não
É possível a transferência entre instituições. A transfe- puderem atingir o nível exigido para a conclusão do
rência a pedido está condicionada a número de vagas e ensino fundamental, em virtude de suas deficiências,
a processo seletivo. As transferências de ofício se sujei- e aceleração para concluir em menor tempo o progra-
tam a critérios próprios. Um exemplo de transferência de ma escolar para os superdotados;
ofício se dá no caso de remoção de servidor público de III - professores com especialização adequada em ní-
ofício no interesse da Administração (caso o servidor ou vel médio ou superior, para atendimento especializa-
seu dependente estude em instituição pública na cidade do, bem como professores do ensino regular capaci-
onde estava lotado, tem o direito de ser transferido para tados para a integração desses educandos nas classes
a instituição pública da nova lotação). comuns;
É possível que uma pessoa assista aulas nas institui- IV - educação especial para o trabalho, visando a
ções públicas independentemente de vínculo com o cur- sua efetiva integração na vida em sociedade, inclu-
so, desde que haja vagas disponíveis. sive condições adequadas para os que não revelarem
Para propiciar o desenvolvimento institucional, exige- capacidade de inserção no trabalho competitivo, me-
-se que pelo menos 1/3 do corpo docente da instituição diante articulação com os órgãos oficiais afins, bem
possua mestrado ou doutorado, bem como que 1/3 do como para aqueles que apresentam uma habilidade
corpo docente se dedique exclusivamente à docência. superior nas áreas artística, intelectual ou psicomo-
Em que pesem as regras mínimas acerca do ensino tora;
superior, as instituições de ensino superior são dotadas V - acesso igualitário aos benefícios dos programas
de autonomia para se organizarem. sociais suplementares disponíveis para o respectivo
As universidades públicas gozam de estatuto jurídico nível do ensino regular.
especial.
As instituições públicas devem obedecer ao princípio Art. 59-A. O poder público deverá instituir cadastro
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
da gestão democrática, assegurado pela existência de nacional de alunos com altas habilidades ou superdo-
órgãos colegiados deliberativos que mesclem membros tação matriculados na educação básica e na educação
da comunidade, do corpo docente e do corpo discente. superior, a fim de fomentar a execução de políticas
públicas destinadas ao desenvolvimento pleno das po-
tencialidades desse alunado.
#FicaDica Parágrafo único. A identificação precoce de alunos
com altas habilidades ou superdotação, os critérios
Educação superior – nível universitário – em e procedimentos para inclusão no cadastro referido
instituições públicas ou privadas – o ingresso no caput deste artigo, as entidades responsáveis pelo
deve se dar conforme mérito (vestibulares). cadastramento, os mecanismos de acesso aos dados
do cadastro e as políticas de desenvolvimento das po-
123
tencialidades do alunado de que trata o caput serão nham atuado, exclusivamente para atender ao inciso
definidos em regulamento. V do caput do art. 36;
V - profissionais graduados que tenham feito comple-
Art. 60. Os órgãos normativos dos sistemas de ensino mentação pedagógica, conforme disposto pelo Conse-
estabelecerão critérios de caracterização das institui- lho Nacional de Educação.
ções privadas sem fins lucrativos, especializadas e com
atuação exclusiva em educação especial, para fins de Art. 62. A formação de docentes para atuar na edu-
apoio técnico e financeiro pelo Poder Público. cação básica far-se-á em nível superior, em curso de
Parágrafo único. O poder público adotará, como al- licenciatura plena, admitida, como formação mínima
ternativa preferencial, a ampliação do atendimento para o exercício do magistério na educação infantil
aos educandos com deficiência, transtornos globais do e nos cinco primeiros anos do ensino fundamental, a
desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação oferecida em nível médio, na modalidade normal.
na própria rede pública regular de ensino, indepen- § 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni-
dentemente do apoio às instituições previstas neste cípios, em regime de colaboração, deverão promover
artigo. a formação inicial, a continuada e a capacitação dos
profissionais de magistério.
A educação especial volta-se a educandos com defi- § 2º A formação continuada e a capacitação dos pro-
ciência, transtornos globais do desenvolvimento e altas fissionais de magistério poderão utilizar recursos e
habilidades ou superdotação. Para que ela seja efetivada, tecnologias de educação a distância.
exige-se a especialização das instituições de ensino e de § 3º A formação inicial de profissionais de magisté-
seus profissionais. rio dará preferência ao ensino presencial, subsidiaria-
mente fazendo uso de recursos e tecnologias de edu-
TÍTULO VI cação a distância.
DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO § 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Muni-
cípios adotarão mecanismos facilitadores de acesso e
Art. 61. Consideram-se profissionais da educação es- permanência em cursos de formação de docentes em
colar básica os que, nela estando em efetivo exercício nível superior para atuar na educação básica pública.
e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são: § 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
I – professores habilitados em nível médio ou superior nicípios incentivarão a formação de profissionais do
para a docência na educação infantil e nos ensinos magistério para atuar na educação básica pública
fundamental e médio; mediante programa institucional de bolsa de inicia-
II – trabalhadores em educação portadores de diplo- ção à docência a estudantes matriculados em cursos
ma de pedagogia, com habilitação em administração, de licenciatura, de graduação plena, nas instituições
planejamento, supervisão, inspeção e orientação edu- de educação superior.
cacional, bem como com títulos de mestrado ou dou- § 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer
torado nas mesmas áreas; nota mínima em exame nacional aplicado aos con-
III - trabalhadores em educação, portadores de diplo- cluintes do ensino médio como pré-requisito para o
ma de curso técnico ou superior em área pedagógica ingresso em cursos de graduação para formação de
ou afim; e docentes, ouvido o Conselho Nacional de Educação -
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos CNE.
respectivos sistemas de ensino para ministrar conteú- § 7º (VETADO).
dos de áreas afins à sua formação para atender o dis- § 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes
posto no inciso V do caput do art. 36. terão por referência a Base Nacional Comum Curri-
Parágrafo único. A formação dos profissionais da cular.
educação, de modo a atender às especificidades do
exercício de suas atividades, bem como aos objetivos Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se re-
das diferentes etapas e modalidades da educação bá- fere o inciso III do art. 61 far-se-á por meio de cursos
sica, terá como fundamentos: de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou
I – a presença de sólida formação básica, que propicie superior, incluindo habilitações tecnológicas.
o conhecimento dos fundamentos científicos e sociais Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada
de suas competências de trabalho; para os profissionais a que se refere o caput, no local
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
II – a associação entre teorias e práticas, mediante es- de trabalho ou em instituições de educação básica e
tágios supervisionados e capacitação em serviço; superior, incluindo cursos de educação profissional,
III – o aproveitamento da formação e experiências an- cursos superiores de graduação plena ou tecnológicos
teriores, em instituições de ensino e em outras ativi- e de pós-graduação.
dades.
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas
respectivos sistemas de ensino, para ministrar conteú- de educação básica a cursos superiores de pedagogia
dos de áreas afins à sua formação ou experiência pro- e licenciatura será efetivado por meio de processo se-
fissional, atestados por titulação específica ou prática letivo diferenciado.
de ensino em unidades educacionais da rede pública § 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no
ou privada ou das corporações privadas em que te- caput deste artigo os professores das redes públicas
124
municipais, estaduais e federal que ingressaram por gistério, nos termos das normas de cada sistema de
concurso público, tenham pelo menos três anos de ensino.
exercício da profissão e não sejam portadores de di- § 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no
ploma de graduação. § 8º do art. 201 da Constituição Federal, são conside-
§ 2o As instituições de ensino responsáveis pela oferta radas funções de magistério as exercidas por profes-
de cursos de pedagogia e outras licenciaturas defini- sores e especialistas em educação no desempenho de
rão critérios adicionais de seleção sempre que acorre- atividades educativas, quando exercidas em estabele-
rem aos certames interessados em número superior cimento de educação básica em seus diversos níveis e
ao de vagas disponíveis para os respectivos cursos. modalidades, incluídas, além do exercício da docência,
§ 3o Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem as de direção de unidade escolar e as de coordenação
definidos em regulamento pelas universidades, terão e assessoramento pedagógico.
prioridade de ingresso os professores que optarem por § 3º A União prestará assistência técnica aos Estados,
cursos de licenciatura em matemática, física, química, ao Distrito Federal e aos Municípios na elaboração
biologia e língua portuguesa. de concursos públicos para provimento de cargos dos
profissionais da educação.
Art. 63. Os institutos superiores de educação mante-
rão: Os profissionais da educação devem possuir forma-
I - cursos formadores de profissionais para a educação ção específica, notadamente possuir habilitação para a
básica, inclusive o curso normal superior, destinado à docência, que pode se dar pelas licenciaturas e magisté-
formação de docentes para a educação infantil e para rios em geral, bem como pela pedagogia, ou ainda por
as primeiras séries do ensino fundamental; formação e área afim que habilite para o ensino de ma-
II - programas de formação pedagógica para portado- térias específicas (ex.: profissional do Direito pode lecio-
res de diplomas de educação superior que queiram se nar português, filosofia e sociologia). Além disso, devem
dedicar à educação básica; possuir experiência em atividades de ensino. Quanto ao
III - programas de educação continuada para os pro- ensino superior, exige-se pós-graduação, que pode ser
fissionais de educação dos diversos níveis. uma simples especialização, embora deva preferencial-
mente se possuir mestrado ou doutorado. No âmbito
Art. 64. A formação de profissionais de educação para do ensino público, exige-se valorização do profissional,
administração, planejamento, inspeção, supervisão e criando-se plano de carreira e aperfeiçoando-se as con-
orientação educacional para a educação básica, será dições de trabalho.
feita em cursos de graduação em pedagogia ou em
nível de pós-graduação, a critério da instituição de TÍTULO VII
ensino, garantida, nesta formação, a base comum na- DOS RECURSOS FINANCEIROS
cional.
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação Art. 68. Serão recursos públicos destinados à educação
superior, incluirá prática de ensino de, no mínimo, tre- os originários de:
zentas horas. I - receita de impostos próprios da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios;
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério II - receita de transferências constitucionais e outras
superior far-se-á em nível de pós-graduação, priori- transferências;
tariamente em programas de mestrado e doutorado. III - receita do salário-educação e de outras contribui-
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por uni- ções sociais;
versidade com curso de doutorado em área afim, po- IV - receita de incentivos fiscais;
derá suprir a exigência de título acadêmico. V - outros recursos previstos em lei.
Art. 69. A União aplicará, anualmente, nunca menos
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valoriza- de dezoito, e os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
ção dos profissionais da educação, assegurando-lhes, nicípios, vinte e cinco por cento, ou o que consta nas
inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de car- respectivas Constituições ou Leis Orgânicas, da receita
reira do magistério público: resultante de impostos, compreendidas as transferên-
I - ingresso exclusivamente por concurso público de cias constitucionais, na manutenção e desenvolvimen-
provas e títulos; to do ensino público.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
125
a receita estimada na lei do orçamento anual, ajusta- V - obras de infraestrutura, ainda que realizadas para
da, quando for o caso, por lei que autorizar a abertura beneficiar direta ou indiretamente a rede escolar;
de créditos adicionais, com base no eventual excesso VI - pessoal docente e demais trabalhadores da edu-
de arrecadação. cação, quando em desvio de função ou em atividade
§ 4º As diferenças entre a receita e a despesa previs- alheia à manutenção e desenvolvimento do ensino.
tas e as efetivamente realizadas, que resultem no não
atendimento dos percentuais mínimos obrigatórios, Art. 72. As receitas e despesas com manutenção e de-
serão apuradas e corrigidas a cada trimestre do exer- senvolvimento do ensino serão apuradas e publicadas
cício financeiro. nos balanços do Poder Público, assim como nos rela-
§ 5º O repasse dos valores referidos neste artigo do tórios a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição
caixa da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Federal.
Municípios ocorrerá imediatamente ao órgão respon-
sável pela educação, observados os seguintes prazos: Art. 73. Os órgãos fiscalizadores examinarão, priorita-
I - recursos arrecadados do primeiro ao décimo dia de riamente, na prestação de contas de recursos públicos,
cada mês, até o vigésimo dia; o cumprimento do disposto no art. 212 da Constitui-
II - recursos arrecadados do décimo primeiro ao vigé- ção Federal, no art. 60 do Ato das Disposições Consti-
tucionais Transitórias e na legislação concernente.
simo dia de cada mês, até o trigésimo dia;
III - recursos arrecadados do vigésimo primeiro dia ao
Art. 74. A União, em colaboração com os Estados, o
final de cada mês, até o décimo dia do mês subse- Distrito Federal e os Municípios, estabelecerá padrão
quente. mínimo de oportunidades educacionais para o ensino
§ 6º O atraso da liberação sujeitará os recursos a cor- fundamental, baseado no cálculo do custo mínimo por
reção monetária e à responsabilização civil e criminal aluno, capaz de assegurar ensino de qualidade.
das autoridades competentes. Parágrafo único. O custo mínimo de que trata este ar-
tigo será calculado pela União ao final de cada ano,
Art. 70. Considerar-se-ão como de manutenção e de- com validade para o ano subsequente, considerando
senvolvimento do ensino as despesas realizadas com variações regionais no custo dos insumos e as diversas
vistas à consecução dos objetivos básicos das institui- modalidades de ensino.
ções educacionais de todos os níveis, compreendendo
as que se destinam a: Art. 75. A ação supletiva e redistributiva da União e
I - remuneração e aperfeiçoamento do pessoal docen- dos Estados será exercida de modo a corrigir, progres-
te e demais profissionais da educação; sivamente, as disparidades de acesso e garantir o pa-
II - aquisição, manutenção, construção e conservação drão mínimo de qualidade de ensino.
de instalações e equipamentos necessários ao ensino; § 1º A ação a que se refere este artigo obedecerá a
III – uso e manutenção de bens e serviços vinculados fórmula de domínio público que inclua a capacidade
ao ensino; de atendimento e a medida do esforço fiscal do res-
IV - levantamentos estatísticos, estudos e pesquisas pectivo Estado, do Distrito Federal ou do Município em
visando precipuamente ao aprimoramento da quali- favor da manutenção e do desenvolvimento do ensino.
dade e à expansão do ensino; § 2º A capacidade de atendimento de cada governo
V - realização de atividades-meio necessárias ao fun- será definida pela razão entre os recursos de uso cons-
cionamento dos sistemas de ensino; titucionalmente obrigatório na manutenção e desen-
VI - concessão de bolsas de estudo a alunos de escolas volvimento do ensino e o custo anual do aluno, relati-
públicas e privadas; vo ao padrão mínimo de qualidade.
§ 3º Com base nos critérios estabelecidos nos §§ 1º e
VII - amortização e custeio de operações de crédito
2º, a União poderá fazer a transferência direta de re-
destinadas a atender ao disposto nos incisos deste ar-
cursos a cada estabelecimento de ensino, considerado
tigo;
o número de alunos que efetivamente frequentam a
VIII - aquisição de material didático-escolar e manu- escola.
tenção de programas de transporte escolar. § 4º A ação supletiva e redistributiva não poderá ser
exercida em favor do Distrito Federal, dos Estados e
Art. 71. Não constituirão despesas de manutenção e dos Municípios se estes oferecerem vagas, na área de
desenvolvimento do ensino aquelas realizadas com: ensino de sua responsabilidade, conforme o inciso VI
I - pesquisa, quando não vinculada às instituições de do art. 10 e o inciso V do art. 11 desta Lei, em número
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
ensino, ou, quando efetivada fora dos sistemas de en- inferior à sua capacidade de atendimento.
sino, que não vise, precipuamente, ao aprimoramento
de sua qualidade ou à sua expansão; Art. 76. A ação supletiva e redistributiva prevista no
II - subvenção a instituições públicas ou privadas de artigo anterior ficará condicionada ao efetivo cumpri-
caráter assistencial, desportivo ou cultural; mento pelos Estados, Distrito Federal e Municípios do
III - formação de quadros especiais para a adminis- disposto nesta Lei, sem prejuízo de outras prescrições
tração pública, sejam militares ou civis, inclusive di- legais.
plomáticos;
IV - programas suplementares de alimentação, assis- Art. 77. Os recursos públicos serão destinados às esco-
tência médico-odontológica, farmacêutica e psicológi- las públicas, podendo ser dirigidos a escolas comuni-
ca, e outras formas de assistência social; tárias, confessionais ou filantrópicas que:
126
I - comprovem finalidade não-lucrativa e não distri- I - fortalecer as práticas socioculturais e a língua ma-
buam resultados, dividendos, bonificações, participa- terna de cada comunidade indígena;
ções ou parcela de seu patrimônio sob nenhuma for- II - manter programas de formação de pessoal espe-
ma ou pretexto; cializado, destinado à educação escolar nas comuni-
II - apliquem seus excedentes financeiros em educa- dades indígenas;
ção; III - desenvolver currículos e programas específicos,
III - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra neles incluindo os conteúdos culturais corresponden-
escola comunitária, filantrópica ou confessional, ou ao tes às respectivas comunidades;
Poder Público, no caso de encerramento de suas ati- IV - elaborar e publicar sistematicamente material di-
vidades; dático específico e diferenciado.
IV - prestem contas ao Poder Público dos recursos re- § 3º No que se refere à educação superior, sem pre-
cebidos. juízo de outras ações, o atendimento aos povos indí-
§ 1º Os recursos de que trata este artigo poderão ser genas efetivar-se-á, nas universidades públicas e pri-
destinados a bolsas de estudo para a educação básica, vadas, mediante a oferta de ensino e de assistência
na forma da lei, para os que demonstrarem insuficiên- estudantil, assim como de estímulo à pesquisa e de-
cia de recursos, quando houver falta de vagas e cursos senvolvimento de programas especiais.
regulares da rede pública de domicílio do educando,
ficando o Poder Público obrigado a investir priorita- Art. 79-A. (VETADO).
riamente na expansão da sua rede local.
§ 2º As atividades universitárias de pesquisa e exten- Art. 79-B. O calendário escolar incluirá o dia 20 de
são poderão receber apoio financeiro do Poder Públi- novembro como ‘Dia Nacional da Consciência Negra’.
co, inclusive mediante bolsas de estudo.
Art. 80. O Poder Público incentivará o desenvolvimen-
No aspecto orçamentário, merece destaque a exi- to e a veiculação de programas de ensino a distância,
gência de dedicação de parcela mínima dos impostos da em todos os níveis e modalidades de ensino, e de edu-
União (18%) e dos Estados e Distrito Federal (25%) vol- cação continuada.
tada à educação. Ainda, coloca-se o papel de suplemen- § 1º A educação a distância, organizada com abertura
tação e redistribuição da União em relação aos Estados e regime especiais, será oferecida por instituições es-
e Municípios e dos Estados com relação aos Municípios, pecificamente credenciadas pela União.
repassando-se verbas para permitir que estas unidades
federativas consigam lograr êxito em oferecer parâmetro § 2º A União regulamentará os requisitos para a rea-
mínimo de qualidade no ensino que é de sua incumbên-
lização de exames e registro de diploma relativos a
cia.
cursos de educação a distância.
§ 3º As normas para produção, controle e avaliação
TÍTULO VIII
de programas de educação a distância e a autoriza-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
ção para sua implementação, caberão aos respectivos
sistemas de ensino, podendo haver cooperação e inte-
Art. 78. O Sistema de Ensino da União, com a colabo-
gração entre os diferentes sistemas.
ração das agências federais de fomento à cultura e de
§ 4º A educação a distância gozará de tratamento di-
assistência aos índios, desenvolverá programas inte-
grados de ensino e pesquisa, para oferta de educação ferenciado, que incluirá:
escolar bilíngue e intercultural aos povos indígenas, I - custos de transmissão reduzidos em canais comer-
com os seguintes objetivos: ciais de radiodifusão sonora e de sons e imagens e em
I - proporcionar aos índios, suas comunidades e povos, outros meios de comunicação que sejam explorados
a recuperação de suas memórias históricas; a reafir- mediante autorização, concessão ou permissão do po-
mação de suas identidades étnicas; a valorização de der público;
suas línguas e ciências; II - concessão de canais com finalidades exclusiva-
mente educativas;
II - garantir aos índios, suas comunidades e povos, o III - reserva de tempo mínimo, sem ônus para o Poder
acesso às informações, conhecimentos técnicos e cien- Público, pelos concessionários de canais comerciais.
tíficos da sociedade nacional e demais sociedades in-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
127
Art. 84. Os discentes da educação superior poderão normas dos respectivos sistemas de ensino, nos prazos
ser aproveitados em tarefas de ensino e pesquisa pelas por estes estabelecidos.
respectivas instituições, exercendo funções de moni- § 2º O prazo para que as universidades cumpram o
toria, de acordo com seu rendimento e seu plano de disposto nos incisos II e III do art. 52 é de oito anos.
estudos.
Art. 89. As creches e pré-escolas existentes ou que ve-
Art. 85. Qualquer cidadão habilitado com a titulação nham a ser criadas deverão, no prazo de três anos, a
própria poderá exigir a abertura de concurso públi- contar da publicação desta Lei, integrar-se ao respec-
co de provas e títulos para cargo de docente de ins- tivo sistema de ensino.
tituição pública de ensino que estiver sendo ocupado
por professor não concursado, por mais de seis anos, Art. 90. As questões suscitadas na transição entre o
ressalvados os direitos assegurados pelos arts. 41 regime anterior e o que se institui nesta Lei serão re-
da Constituição Federal e 19 do Ato das Disposições solvidas pelo Conselho Nacional de Educação ou, me-
Constitucionais Transitórias. diante delegação deste, pelos órgãos normativos dos
sistemas de ensino, preservada a autonomia univer-
Art. 86. As instituições de educação superior constituí- sitária.
das como universidades integrar-se-ão, também, na
sua condição de instituições de pesquisa, ao Sistema Art. 91. Esta Lei entra em vigor na data de sua publi-
Nacional de Ciência e Tecnologia, nos termos da le- cação.
gislação específica.
Art. 92. Revogam-se as disposições das Leis nºs 4.024,
TÍTULO IX de 20 de dezembro de 1961, e 5.540, de 28 de novem-
DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS bro de 1968, não alteradas pelas Leis nºs 9.131, de 24
de novembro de 1995 e 9.192, de 21 de dezembro de
Art. 87. É instituída a Década da Educação, a iniciar-se 1995 e, ainda, as Leis nºs 5.692, de 11 de agosto de
um ano a partir da publicação desta Lei. 1971 e 7.044, de 18 de outubro de 1982, e as demais
§ 1º A União, no prazo de um ano a partir da publi- leis e decretos-lei que as modificaram e quaisquer ou-
cação desta Lei, encaminhará, ao Congresso Nacional, tras disposições em contrário.
o Plano Nacional de Educação, com diretrizes e metas
para os dez anos seguintes, em sintonia com a Decla-
ração Mundial sobre Educação para Todos. EXERCÍCIOS COMENTADOS
§ 2º (Revogado).
§ 3º O Distrito Federal, cada Estado e Município, e,
1. (UFPA - Assistente de Aluno - CEPS-UFPA/2015) A
supletivamente, a União, devem:
Lei nº 9.394/1996 estabelece que:
I - (Revogado).
II - prover cursos presenciais ou a distância aos jovens
a) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios
e adultos insuficientemente escolarizados;
organizarão, em regime de colaboração, os respecti-
III - realizar programas de capacitação para todos
vos sistemas de esportes nacionais.
os professores em exercício, utilizando também, para b) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios
isto, os recursos da educação a distância; organizarão, em regime de colaboração, a merenda
IV - integrar todos os estabelecimentos de ensino escolar, o transporte escolar, os livros didáticos, a ma-
fundamental do seu território ao sistema nacional de nutenção de veículos públicos e particulares.
avaliação do rendimento escolar. c) os municípios devem garantir a todos os alunos o en-
§ 4º (Revogado). sino médio primeiramente e depois o ensino funda-
§ 5º Serão conjugados todos os esforços objetivando mental.
a progressão das redes escolares públicas urbanas de d) os Estados devem assegurar primeiramente o ensino
ensino fundamental para o regime de escolas de tem- médio, a educação de jovens e adultos, a educação
po integral. quilombola e a educação especial.
§ 6º A assistência financeira da União aos Estados, e) a União, os Estados, o Distrito Federal e os municípios
ao Distrito Federal e aos Municípios, bem como a dos organizarão, em regime de colaboração, os respecti-
Estados aos seus Municípios, ficam condicionadas ao vos sistemas de ensino.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
128
a) A educação, dever da família e do Estado, inspirada lactantes, as pessoas com crianças de colo e os obesos
nos princípios de liberdade e nos ideais de solidarie- terão atendimento prioritário, nos termos desta Lei.
dade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvi- As repartições públicas e empresas concessionárias
mento do educando, seu preparo para o exercício da de serviços públicos estão obrigadas a dispensar atendi-
cidadania e sua qualificação para o trabalho. mento prioritário, por meio de serviços individualizados
b) O acesso ao ensino fundamental é direito público sub- que assegurem tratamento diferenciado e atendimento
jetivo, podendo qualquer cidadão, grupo de cidadãos, imediato às pessoas acima referidas.
associação comunitária, organização sindical, entida- É assegurada, em todas as instituições financeiras, a
de de classe ou outra legalmente constituída, e, ain- prioridade de atendimento às pessoas supramenciona-
da, o Ministério Público, acionar o Poder Público para das.
exigi-lo. As empresas públicas de transporte e as concessio-
c) Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escola- nárias de transporte coletivo reservarão assentos, devi-
res públicas de educação básica que os integram pro- damente identificados, aos idosos, gestantes, lactantes,
gressivos graus de autonomia pedagógica e adminis- pessoas portadoras de deficiência e pessoas acompa-
trativa e de gestão financeira, observadas as normas nhadas por crianças de colo.
gerais de direito financeiro público. Os logradouros e sanitários públicos, bem como os
d) A educação física, integrada à proposta pedagógica da edifícios de uso público, terão normas de construção,
escola, é componente curricular da Educação Básica, para efeito de licenciamento da respectiva edificação,
ajustando-se às faixas etárias e às condições da popu- baixadas pela autoridade competente, destinadas a faci-
lação escolar, sendo obrigatória nos cursos noturnos. litar o acesso e uso desses locais pelas pessoas portado-
ras de deficiência.
Resposta: Letra D. Eis o teor da Lei nº 9.394: “artigo Os veículos de transporte coletivo a serem produzidos
26, § 3º A educação física, integrada à proposta peda- após doze meses da publicação da Lei nª 10.048/2000
gógica da escola, é componente curricular obrigatório serão planejados de forma a facilitar o acesso a seu inte-
da educação infantil e do ensino fundamental, sendo rior das pessoas portadoras de deficiência.
sua prática facultativa ao aluno: I - que cumpra jorna- Os proprietários de veículos de transporte coletivo
da de trabalho igual ou superior a seis horas; II - maior em utilização terão o prazo de cento e oitenta dias, a
de trinta anos de idade; III - que estiver prestando ser- contar da regulamentação da Lei nº 10.048/2000, para
viço militar inicial ou que, em situação similar, estiver proceder às adaptações necessárias ao acesso facilitado
obrigado à prática da educação física; IV - amparado
das pessoas portadoras de deficiência.
pelo Decreto-Lei no 1.044, de 21 de outubro de 1969;
A infração ao disposto na Lei nº 10.048/2000, sujeita-
V - (VETADO); VI - que tenha prole”.
rá os responsáveis:
A. Correta, conforme artigo 2o, LDB.
– no caso de servidor ou de chefia responsável pela
B. Correta, conforme artigo 5o, LDB.
repartição pública, às penalidades previstas na le-
C. Correta, conforme artigo 15, LDB.
gislação específica;
– no caso de empresas concessionárias de serviço pú-
3. (Prefeitura de Alto Piquiri - Cuidador Social -
blico, a multa de R$ 500,00 (quinhentos reais) a R$
KLC/2012) A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996,
estabelece: 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), por veículos
sem as condições previstas acima;
a) os parâmetros curriculares nacionais.
b) as diretrizes e bases da educação nacional. Para quem acompanha o material com a lei, observe
c) exclusivamente as normas da educação básica. que no caso das instituições financeiras, às penalidades
d) as leis e diretrizes somente para a educação superior previstas no art. 44, incisos I, II e III, da Lei no 4.595, de 31
e) unicamente o funcionamento do sistema de avaliação. de dezembro de 1964, esse artigo mencionado foi revo-
gado pela Lei nº 13.506/2017.
Resposta: Letra B.Conforme consta na própria Lei nº As penalidades de que aqui se trata serão elevadas ao
9.394, ela “estabelece as diretrizes e bases da educa- dobro, em caso de reincidência.
ção nacional”.
A, C, D e E. Incorretas, são abrangidas as diretrizes e Lei nº 10.098/00 e suas alterações
bases da educação nacional, em todos os níveis.
LEI Nº 10.098, DE 19 DE DEZEMBRO DE 2000
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
Plano Nacional de Educação, Política Nacional e A Lei nº 10.098/2000 estabelece normas gerais e cri-
acessibilidade para pessoas com de deficiência (Lei nº térios básicos para a promoção da acessibilidade das
10.048/00 e suas alterações pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obs-
táculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urba-
LEI Nº 10.048. DE 8 DE NOVEMBRO DE 2000 no, na construção e reforma de edifícios e nos meios de
transporte e de comunicação.
As pessoas com deficiência, os idosos com idade Esta lei tem como finalidade estabelecer as seguintes
igual ou superior a 60 (sessenta) anos, as gestantes, as definições:
129
- acessibilidade: possibilidade e condição de alcance ras, toldos, marquises, bancos, quiosques e quais-
para utilização, com segurança e autonomia, de es- quer outros de natureza análoga;
paços, mobiliários, equipamentos urbanos, edifica- - tecnologia assistiva ou ajuda técnica: produtos,
ções, transportes, informação e comunicação, in- equipamentos, dispositivos, recursos, metodolo-
clusive seus sistemas e tecnologias, bem como de gias, estratégias, práticas e serviços que objetivem
outros serviços e instalações abertos ao público, promover a funcionalidade, relacionada à atividade
de uso público ou privados de uso coletivo, tanto e à participação da pessoa com deficiência ou com
na zona urbana como na rural, por pessoa com de- mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, in-
ficiência ou com mobilidade reduzida; dependência, qualidade de vida e inclusão social;
- barreiras: qualquer entrave, obstáculo, atitude ou - comunicação: forma de interação dos cidadãos que
comportamento que limite ou impeça a participa- abrange, entre outras opções, as línguas, inclusive
ção social da pessoa, bem como o gozo, a fruição a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a visualização
e o exercício de seus direitos à acessibilidade, à de textos, o Braille, o sistema de sinalização ou
liberdade de movimento e de expressão, à comu- de comunicação tátil, os caracteres ampliados, os
nicação, ao acesso à informação, à compreensão, dispositivos multimídia, assim como a linguagem
à circulação com segurança, entre outros, classifi- simples, escrita e oral, os sistemas auditivos e os
cadas em: meios de voz digitalizados e os modos, meios e
a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias e nos formatos aumentativos e alternativos de comuni-
espaços públicos e privados abertos ao público ou cação, incluindo as tecnologias da informação e
de uso coletivo; das comunicações;
b) barreiras arquitetônicas: as existentes nos edifícios - desenho universal: concepção de produtos, am-
públicos e privados; bientes, programas e serviços a serem usados por
c) barreiras nos transportes: as existentes nos siste- todas as pessoas, sem necessidade de adaptação
mas e meios de transportes; ou de projeto específico, incluindo os recursos de
d) barreiras nas comunicações e na informação: qual- tecnologia assistiva.
quer entrave, obstáculo, atitude ou comportamen-
to que dificulte ou impossibilite a expressão ou o O planejamento e a urbanização das vias públicas,
recebimento de mensagens e de informações por
dos parques e dos demais espaços de uso público de-
intermédio de sistemas de comunicação e de tec-
verão ser concebidos e executados de forma a torná-los
nologia da informação;
acessíveis para todas as pessoas, inclusive para aquelas
- pessoa com deficiência: aquela que tem impedi-
com deficiência ou com mobilidade reduzida.
mento de longo prazo de natureza física, mental,
O passeio público, elemento obrigatório de urbaniza-
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com
ção e parte da via pública, normalmente segregado e em
uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participa-
nível diferente, destina-se somente à circulação de pe-
ção plena e efetiva na sociedade em igualdade de
destres e, quando possível, à implantação de mobiliário
condições com as demais pessoas;
- pessoa com mobilidade reduzida: aquela que tenha, urbano e de vegetação.
por qualquer motivo, dificuldade de movimenta- As vias públicas, os parques e os demais espaços de
ção, permanente ou temporária, gerando redução uso público existentes, assim como as respectivas ins-
efetiva da mobilidade, da flexibilidade, da coorde- talações de serviços e mobiliários urbanos deverão ser
nação motora ou da percepção, incluindo idoso, adaptados, obedecendo-se ordem de prioridade que
gestante, lactante, pessoa com criança de colo e vise à maior eficiência das modificações, no sentido de
obeso; promover mais ampla acessibilidade às pessoas portado-
- acompanhante: aquele que acompanha a pessoa ras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
com deficiência, podendo ou não desempenhar as No mínimo 5% (cinco por cento) de cada brinquedo
funções de atendente pessoal; e equipamento de lazer existentes nos locais acima refe-
- elemento de urbanização: quaisquer componentes ridos devem ser adaptados e identificados, tanto quanto
de obras de urbanização, tais como os referentes a tecnicamente possível, para possibilitar sua utilização por
pavimentação, saneamento, encanamento para es- pessoas com deficiência, inclusive visual, ou com mobili-
gotos, distribuição de energia elétrica e de gás, ilu- dade reduzida.
minação pública, serviços de comunicação, abas- O projeto e o traçado dos elementos de urbanização
públicos e privados de uso comunitário, nestes com-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
130
Em todas as áreas de estacionamento de veículos, lo- verá cumprir os requisitos de acessibilidade de que
calizadas em vias ou em espaços públicos, deverão ser trata a lei em estudo; e
reservadas vagas próximas dos acessos de circulação de – os edifícios deverão dispor, pelo menos, de um ba-
pedestres, devidamente sinalizadas, para veículos que nheiro acessível, distribuindo-se seus equipamen-
transportem pessoas portadoras de deficiência com di- tos e acessórios de maneira que possam ser utili-
ficuldade de locomoção. zados por pessoa portadora de deficiência ou com
As vagas a que se refere o caput deste artigo deverão mobilidade reduzida.
ser em número equivalente a dois por cento do total, ga-
rantida, no mínimo, uma vaga, devidamente sinalizada e Os locais de espetáculos, conferências, aulas e outros
com as especificações técnicas de desenho e traçado de de natureza similar deverão dispor de espaços reserva-
acordo com as normas técnicas vigentes. dos para pessoas que utilizam cadeira de rodas, e de lu-
Os sinais de tráfego, semáforos, postes de iluminação gares específicos para pessoas com deficiência auditiva e
ou quaisquer outros elementos verticais de sinalização visual, inclusive acompanhante, de acordo com a ABNT,
que devam ser instalados em itinerário ou espaço de de modo a facilitar-lhes as condições de acesso, circula-
acesso para pedestres deverão ser dispostos de forma ção e comunicação.
a não dificultar ou impedir a circulação, e de modo que Os centros comerciais e os estabelecimentos congê-
possam ser utilizados com a máxima comodidade. neres devem fornecer carros e cadeiras de rodas, moto-
Os semáforos para pedestres instalados nas vias pú- rizados ou não, para o atendimento da pessoa com defi-
blicas deverão estar equipados com mecanismo que ciência ou com mobilidade reduzida.
emita sinal sonoro suave, intermitente e sem estridên- Os edifícios de uso privado em que seja obrigatória a
cia, ou com mecanismo alternativo, que sirva de guia ou instalação de elevadores deverá ser construídos atenden-
orientação para a travessia de pessoas portadoras de de- do aos seguintes requisitos mínimos de acessibilidade:
ficiência visual, se a intensidade do fluxo de veículos e a – percurso acessível que una as unidades habitacio-
periculosidade da via assim determinarem. nais com o exterior e com as dependências de uso
Os semáforos para pedestres instalados em vias pú- comum;
blicas de grande circulação, ou que deem acesso aos – percurso acessível que una a edificação à via pú-
serviços de reabilitação, devem obrigatoriamente estar blica, às edificações e aos serviços anexos de uso
equipados com mecanismo que emita sinal sonoro suave comum e aos edifícios vizinhos;
para orientação do pedestre. – cabine do elevador e respectiva porta de entrada
Os elementos do mobiliário urbano deverão ser pro- acessíveis para pessoas portadoras de deficiência
jetados e instalados em locais que permitam sejam eles ou com mobilidade reduzida.
utilizados pelas pessoas portadoras de deficiência ou
com mobilidade reduzida. Os edifícios a serem construídos com mais de um
A instalação de qualquer mobiliário urbano em área pavimento além do pavimento de acesso, à exceção das
de circulação comum para pedestre que ofereça risco de habitações unifamiliares, e que não estejam obrigados à
acidente à pessoa com deficiência deverá ser indicada instalação de elevador, deverão dispor de especificações
mediante sinalização tátil de alerta no piso, de acordo técnicas e de projeto que facilitem a instalação de um
com as normas técnicas pertinentes. elevador adaptado, devendo os demais elementos de
A construção, ampliação ou reforma de edifícios pú- uso comum destes edifícios atender aos requisitos de
blicos ou privados destinados ao uso coletivo deverão acessibilidade.
ser executadas de modo que sejam ou se tornem acessí- Caberá ao órgão federal responsável pela coordena-
veis às pessoas portadoras de deficiência ou com mobi- ção da política habitacional regulamentar a reserva de
lidade reduzida. um percentual mínimo do total das habitações, conforme
Sendo assim, na construção, ampliação ou reforma de a característica da população local, para o atendimento
edifícios públicos ou privados destinados ao uso coletivo da demanda de pessoas portadoras de deficiência ou
deverão ser observados, pelo menos, os seguintes requi- com mobilidade reduzida.
sitos de acessibilidade: Os veículos de transporte coletivo deverão cumprir
– nas áreas externas ou internas da edificação, desti- os requisitos de acessibilidade estabelecidos nas normas
nadas a garagem e a estacionamento de uso pú- técnicas específicas.
blico, deverão ser reservadas vagas próximas dos O Poder Público promoverá a eliminação de barreiras
acessos de circulação de pedestres, devidamente na comunicação e estabelecerá mecanismos e alterna-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
sinalizadas, para veículos que transportem pessoas tivas técnicas que tornem acessíveis os sistemas de co-
portadoras de deficiência com dificuldade de loco- municação e sinalização às pessoas portadoras de defi-
moção permanente; ciência sensorial e com dificuldade de comunicação, para
– pelo menos um dos acessos ao interior da edifica- garantir-lhes o direito de acesso à informação, à comuni-
ção deverá estar livre de barreiras arquitetônicas e cação, ao trabalho, à educação, ao transporte, à cultura,
de obstáculos que impeçam ou dificultem a aces- ao esporte e ao lazer.
sibilidade de pessoa portadora de deficiência ou O Poder Público implementará a formação de pro-
com mobilidade reduzida; fissionais intérpretes de escrita em braile, linguagem de
– pelo menos um dos itinerários que comuniquem sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo
horizontal e verticalmente todas as dependências de comunicação direta à pessoa portadora de deficiência
e serviços do edifício, entre si e com o exterior, de- sensorial e com dificuldade de comunicação.
131
Os serviços de radiodifusão sonora e de sons e ima- - a aprovação de projeto de natureza arquitetôni-
gens adotarão plano de medidas técnicas com o objetivo ca e urbanística, de comunicação e informação,
de permitir o uso da linguagem de sinais ou outra subti- de transporte coletivo, bem como a execução de
tulação, para garantir o direito de acesso à informação às qualquer tipo de obra, quando tenham destinação
pessoas portadoras de deficiência auditiva, na forma e no pública ou coletiva;
prazo previstos em regulamento. - a outorga de concessão, permissão, autorização ou
O Poder Público promoverá a supressão de barreiras habilitação de qualquer natureza;
urbanísticas, arquitetônicas, de transporte e de comuni- - a aprovação de financiamento de projetos com a
cação, mediante ajudas técnicas. utilização de recursos públicos, dentre eles os pro-
O Poder Público, por meio dos organismos de apoio jetos de natureza arquitetônica e urbanística, os to-
à pesquisa e das agências de financiamento, fomentará cantes à comunicação e informação e os referen-
programas destinados: tes ao transporte coletivo, por meio de qualquer
– à promoção de pesquisas científicas voltadas ao tra- instrumento, tais como convênio, acordo, ajuste,
tamento e prevenção de deficiências; contrato ou similar; e
– ao desenvolvimento tecnológico orientado à pro- - a concessão de aval da União na obtenção de em-
dução de ajudas técnicas para as pessoas portado- préstimos e financiamentos internacionais por en-
ras de deficiência; tes públicos ou privados.
– à especialização de recursos humanos em acessi-
bilidade. Serão aplicadas sanções administrativas, cíveis e pe-
nais cabíveis, previstas em lei, quando não forem obser-
É instituído, no âmbito da Secretaria de Estado de vadas as normas deste Decreto.
Direitos Humanos do Ministério da Justiça, o Programa O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Porta-
Nacional de Acessibilidade, com dotação orçamentária dora de Deficiência, os Conselhos Estaduais, Municipais
específica, cuja execução será disciplinada em regula- e do Distrito Federal, e as organizações representativas
mento. de pessoas portadoras de deficiência terão legitimidade
A Administração Pública federal direta e indireta des- para acompanhar e sugerir medidas para o cumprimento
tinará, anualmente, dotação orçamentária para as adap- dos requisitos estabelecidos neste Decreto.
tações, eliminações e supressões de barreiras arquitetô- Sobre o atendimento prioritário, os órgãos da admi-
nicas existentes nos edifícios de uso público de sua pro- nistração pública direta, indireta e fundacional, as em-
priedade e naqueles que estejam sob sua administração presas prestadoras de serviços públicos e as instituições
ou uso. financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às
A implementação das adaptações, eliminações e su- pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
reduzida.
pressões de barreiras arquitetônicas referidas no caput
deste artigo deverá ser iniciada a partir do primeiro ano
O Decreto que estudamos considera:
de vigência da lei em estudo.
- pessoa portadora de deficiência, além daquelas pre-
O Poder Público promoverá campanhas informativas
vistas na Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003, a
e educativas dirigidas à população em geral, com a fina-
que possui limitação ou incapacidade para o de-
lidade de conscientizá-la e sensibilizá-la quanto à aces-
sempenho de atividade e se enquadra nas seguin-
sibilidade e à integração social da pessoa portadora de
tes categorias:
deficiência ou com mobilidade reduzida.
a) deficiência física: alteração completa ou parcial
Os dispositivos desta lei se aplicam aos edifícios ou de um ou mais segmentos do corpo humano,
imóveis declarados bens de interesse cultural ou de valor acarretando o comprometimento da função físi-
histórico-artístico, desde que as modificações necessá- ca, apresentando-se sob a forma de paraplegia,
rias observem as normas específicas reguladoras destes paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraple-
bens. gia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia,
As organizações representativas de pessoas portado- hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de
ras de deficiência terão legitimidade para acompanhar o membro, paralisia cerebral, nanismo, membros
cumprimento dos requisitos de acessibilidade estabele- com deformidade congênita ou adquirida, exceto
cidos nesta lei. as deformidades estéticas e as que não produzam
dificuldades para o desempenho de funções;
Decreto-Lei nº 5.296/04 e suas alterações).
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
132
ocorrência simultânea de quaisquer das condições - admissão de entrada e permanência de cão-guia
anteriores; ou cão-guia de acompanhamento junto de pes-
d) deficiência mental: funcionamento intelectual sig- soa portadora de deficiência ou de treinador, bem
nificativamente inferior à média, com manifestação como nas demais edificações de uso público e na-
antes dos dezoito anos e limitações associadas a quelas de uso coletivo, mediante apresentação da
duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais carteira de vacina atualizada do animal; e
como: - a existência de local de atendimento específico para
1. comunicação; determinado grupo de pessoas.
2. cuidado pessoal;
3. habilidades sociais; Nos serviços de emergência dos estabelecimentos
4. utilização dos recursos da comunidade; públicos e privados de atendimento à saúde, a priorida-
5. saúde e segurança; de conferida pelo Decreto que ora estudamos, fica con-
6. habilidades acadêmicas; dicionada à avaliação médica em face da gravidade dos
7. lazer; e casos a atender.
8. trabalho; Os órgãos, empresas e instituições referidos acima
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais devem possuir, pelo menos, um telefone de atendimento
deficiências; e adaptado para comunicação com e por pessoas portado-
- pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não ras de deficiência auditiva.
se enquadrando no conceito de pessoa portadora
O atendimento prioritário no âmbito da administra-
de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificul-
ção pública federal direta e indireta, bem como das em-
dade de movimentar-se, permanente ou tempora-
presas prestadoras de serviços públicos, obedecerá às
riamente, gerando redução efetiva da mobilidade,
disposições deste Decreto, além do que estabelecido em
flexibilidade, coordenação motora e percepção.
outras legislações.
Todas essas considerações se aplicam às pessoas com Cabe aos Estados, Municípios e ao Distrito Federal, no
idade igual ou superior a sessenta anos, gestantes, lac- âmbito de suas competências, criar instrumentos para a
tantes e pessoas com criança de colo. efetiva implantação e o controle do atendimento priori-
O acesso prioritário às edificações e serviços das tário
instituições financeiras deve seguir os preceitos estabe- Para os fins de acessibilidade, considera-se:
lecidos no presente decreto e nas normas técnicas de - acessibilidade: condição para utilização, com segu-
acessibilidade da Associação Brasileira de Normas Téc- rança e autonomia, total ou assistida, dos espaços,
nicas - ABNT, no que não conflitarem (apenas para co- mobiliários e equipamentos urbanos, das edifica-
nhecimento) com a Lei no 7.102, de 20 de junho de 1983, ções, dos serviços de transporte e dos dispositivos,
observando, ainda, a Resolução do Conselho Monetário sistemas e meios de comunicação e informação,
Nacional no 2.878, de 26 de julho de 2001. por pessoa portadora de deficiência ou com mo-
O atendimento prioritário compreende tratamen- bilidade reduzida;
to diferenciado e atendimento imediato às pessoas nas - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite
condições acima citadas. ou impeça o acesso, a liberdade de movimento, a
O tratamento diferenciado inclui, dentre outros: circulação com segurança e a possibilidade de as
- assentos de uso preferencial sinalizados, espaços e pessoas se comunicarem ou terem acesso à infor-
instalações acessíveis; mação, classificadas em:
- mobiliário de recepção e atendimento obrigato- a) barreiras urbanísticas: as existentes nas vias públi-
riamente adaptado à altura e à condição física de cas e nos espaços de uso público;
pessoas em cadeira de rodas, conforme estabeleci- b) barreiras nas edificações: as existentes no entorno
do nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT; e interior das edificações de uso público e coletivo
- serviços de atendimento para pessoas com deficiên- e no entorno e nas áreas internas de uso comum
cia auditiva, prestado por intérpretes ou pessoas nas edificações de uso privado multifamiliar;
capacitadas em Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS c) barreiras nos transportes: as existentes nos serviços
e no trato com aquelas que não se comuniquem
de transportes; e
em LIBRAS, e para pessoas surdocegas, prestado
d) barreiras nas comunicações e informações: qual-
por guias-intérpretes ou pessoas capacitadas nes-
quer entrave ou obstáculo que dificulte ou impos-
te tipo de atendimento;
sibilite a expressão ou o recebimento de mensa-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
133
- mobiliário urbano: o conjunto de objetos existen- § 2oOs programas e as linhas de pesquisa a serem de-
tes nas vias e espaços públicos, superpostos ou senvolvidos com o apoio de organismos públicos de
adicionados aos elementos da urbanização ou da auxílio à pesquisa e de agências de fomento deverão
edificação, de forma que sua modificação ou tras- incluir temas voltados para o desenho universal.
lado não provoque alterações substanciais nestes Art. 11.A construção, reforma ou ampliação de edifi-
elementos, tais como semáforos, postes de sinali- cações de uso público ou coletivo, ou a mudança de
zação e similares, telefones e cabines telefônicas, destinação para estes tipos de edificação, deverão ser
fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quios- executadas de modo que sejam ou se tornem acessí-
ques e quaisquer outros de natureza análoga; veis à pessoa portadora de deficiência ou com mobi-
- ajuda técnica: os produtos, instrumentos, equipa- lidade reduzida.
mentos ou tecnologia adaptados ou especialmen- § 1oAs entidades de fiscalização profissional das ati-
te projetados para melhorar a funcionalidade da vidades de Engenharia, Arquitetura e correlatas, ao
pessoa portadora de deficiência ou com mobili- anotarem a responsabilidade técnica dos projetos,
dade reduzida, favorecendo a autonomia pessoal, exigirão a responsabilidade profissional declarada do
total ou assistida; atendimento às regras de acessibilidade previstas nas
- edificações de uso público: aquelas administradas normas técnicas de acessibilidade da ABNT, na legis-
por entidades da administração pública, direta e lação específica e neste Decreto.
indireta, ou por empresas prestadoras de serviços § 2oPara a aprovação ou licenciamento ou emissão de
públicos e destinadas ao público em geral; certificado de conclusão de projeto arquitetônico ou
- edificações de uso coletivo: aquelas destinadas às urbanístico deverá ser atestado o atendimento às re-
atividades de natureza comercial, hoteleira, cultu- gras de acessibilidade previstas nas normas técnicas
ral, esportiva, financeira, turística, recreativa, social, de acessibilidade da ABNT, na legislação específica e
religiosa, educacional, industrial e de saúde, inclu- neste Decreto.
sive as edificações de prestação de serviços de ati- § 3oO Poder Público, após certificar a acessibilidade
vidades da mesma natureza; de edificação ou serviço, determinará a colocação, em
VIII - edificações de uso privado: aquelas destinadas à espaços ou locais de ampla visibilidade, do “Símbolo
habitação, que podem ser classificadas como uni- Internacional de Acesso”, na forma prevista nas nor-
familiar ou multifamiliar; e mas técnicas de acessibilidade da ABNT e na Lei no
IX - desenho universal: concepção de espaços, artefa- 7.405, de 12 de novembro de 1985.
tos e produtos que visam atender simultaneamen- Art. 12.Em qualquer intervenção nas vias e logradou-
ros públicos, o Poder Público e as empresas conces-
te todas as pessoas, com diferentes características
sionárias responsáveis pela execução das obras e dos
antropométricas e sensoriais, de forma autônoma,
serviços garantirão o livre trânsito e a circulação de
segura e confortável, constituindo-se nos elemen-
forma segura das pessoas em geral, especialmente das
tos ou soluções que compõem a acessibilidade.
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
Art. 9oA formulação, implementação e manutenção
reduzida, durante e após a sua execução, de acordo
das ações de acessibilidade atenderão às seguintes
com o previsto em normas técnicas de acessibilidade
premissas básicas:
da ABNT, na legislação específica e neste Decreto.
I - a priorização das necessidades, a programação em
Art. 13. Orientam-se, no que couber, pelas regras pre-
cronograma e a reserva de recursos para a implan- vistas nas normas técnicas brasileiras de acessibilida-
tação das ações; e de, na legislação específica, observado o disposto na
II - o planejamento, de forma continuada e articulada, Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001, e neste Decreto:
entre os setores envolvidos. I - os Planos Diretores Municipais e Planos Diretores
de Transporte e Trânsito elaborados ou atualizados a
CAPÍTULO IV partir da publicação deste Decreto;
DA IMPLEMENTAÇÃO DA ACESSIBILIDADE ARQUI- II - o Código de Obras, Código de Postura, a Lei de Uso
TETÔNICA E URBANÍSTICA e Ocupação do Solo e a Lei do Sistema Viário;
III - os estudos prévios de impacto de vizinhança;
Seção I IV - as atividades de fiscalização e a imposição de san-
Das Condições Gerais ções, incluindo a vigilância sanitária e ambiental; e
V - a previsão orçamentária e os mecanismos tributá-
Art. 10.A concepção e a implantação dos projetos ar-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
134
observadas e certificadas as regras de acessibilidade ternacional, estejam adaptados para o uso de pessoas
previstas neste Decreto e nas normas técnicas de aces- portadoras de deficiência auditiva e para usuários de
sibilidade da ABNT. cadeiras de rodas, ou conforme estabelecer os Planos
Gerais de Metas de Universalização.
Seção II
Das Condições Específicas As botoeiras e demais sistemas de acionamento dos
terminais de auto atendimento de produtos e serviços, e
Art. 14.Na promoção da acessibilidade, serão observa- outros equipamentos em que haja interação com o
das as regras gerais previstas neste Decreto, comple- público, devem estar localizados em altura que possibili-
mentadas pelas normas técnicas de acessibilidade da te o manuseio por pessoas em cadeira de rodas, possuin-
ABNT e pelas disposições contidas na legislação dos do mecanismos para utilização autônoma por deficientes
Estados, Municípios e do Distrito Federal. visuais e auditivos, conforme padrões estabelecidos nas
Art. 15.No planejamento e na urbanização das vias, normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
praças, dos logradouros, parques e demais espaços de Os semáforos para pedestres instalados nas vias pú-
uso público, deverão ser cumpridas as exigências dis- blicas deverão estar equipados com mecanismo que
postas nas normas técnicas de acessibilidade da ABNT. sirva de guia ou orientação para a travessia de pessoa
§ 1o Incluem-se na condição estabelecida no caput: portadora de deficiência visual, ou com mobilidade re-
I - a construção de calçadas para circulação de pedes- duzida, em todos os locais onde a intensidade do fluxo
tres ou a adaptação de situações consolidadas; de veículos, de pessoas ou a periculosidade na via assim
II - o rebaixamento de calçadas com rampa acessível determinarem, bem como mediante solicitação dos in-
ou elevação da via para travessia de pedestre em ní- teressados.
vel; e A construção de edificações de uso privado multi-
III - a instalação de piso tátil direcional e de alerta. familiar e a construção, ampliação ou reforma de edifi-
§ 2oNos casos de adaptação de bens culturais imóveis cações de uso coletivo devem atender aos preceitos da
e de intervenção para regularização urbanística em acessibilidade na interligação de todas as partes de uso
áreas de assentamentos subnormais, será admitida, comum ou abertas ao público, conforme os padrões das
em caráter excepcional, faixa de largura menor que normas técnicas de acessibilidade da ABNT.
o estabelecido nas normas técnicas citadas no caput, Também estão sujeitos ao disposto no caput os aces-
desde que haja justificativa baseada em estudo téc- sos, piscinas, andares de recreação, salão de festas e reu-
nico e que o acesso seja viabilizado de outra forma, niões, saunas e banheiros, quadras esportivas, portarias,
garantida a melhor técnica possível. estacionamentos e garagens, entre outras partes das
Art. 16.As características do desenho e a instalação áreas internas ou externas de uso comum das edificações
do mobiliário urbano devem garantir a aproximação
de uso privado multifamiliar e das de uso coletivo.
segura e o uso por pessoa portadora de deficiência vi-
A construção, ampliação ou reforma de edificações
sual, mental ou auditiva, a aproximação e o alcance
de uso público deve garantir, pelo menos, um dos aces-
visual e manual para as pessoas portadoras de de-
sos ao seu interior, com comunicação com todas as suas
ficiência física, em especial aquelas em cadeira de
dependências e serviços, livre de barreiras e de obstácu-
rodas, e a circulação livre de barreiras, atendendo às
los que impeçam ou dificultem a sua acessibilidade.
condições estabelecidas nas normas técnicas de aces-
No caso das edificações de uso público já existen-
sibilidade da ABNT.
§ 1o Incluem-se nas condições estabelecida no caput: tes, terão elas prazo de trinta meses a contar da data
I - as marquises, os toldos, elementos de sinalização, de publicação deste Decreto para garantir acessibilidade
luminosos e outros elementos que tenham sua proje- às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade
ção sobre a faixa de circulação de pedestres; reduzida.
II - as cabines telefônicas e os terminais de auto-aten- Sempre que houver viabilidade arquitetônica, o Poder
dimento de produtos e serviços; Público buscará garantir dotação orçamentária para am-
III - os telefones públicos sem cabine; pliar o número de acessos nas edificações de uso público
IV - a instalação das aberturas, das botoeiras, dos co- a serem construídas, ampliadas ou reformadas.
mandos e outros sistemas de acionamento do mobi- Na ampliação ou reforma das edificações de uso pú-
liário urbano; bico ou de uso coletivo, os desníveis das áreas de circu-
V - os demais elementos do mobiliário urbano; lação internas ou externas serão transpostos por meio de
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
135
No caso do exercício do direito de voto, as urnas b) dois por cento de assentos para pessoas com defi-
das seções eleitorais devem ser adequadas ao uso com ciência ou com mobilidade reduzida, com a garan-
autonomia pelas pessoas portadoras de deficiência ou tia de, no mínimo, um assento; ou
com mobilidade reduzida e estarem instaladas em local - ser disponibilizados, no caso de edificações com ca-
de votação plenamente acessível e com estacionamento pacidade de lotação acima de mil lugares, na pro-
próximo. porção de:
A construção, ampliação ou reforma de edificações a) vinte espaços para pessoas em cadeira de rodas
de uso público ou de uso coletivo devem dispor de sani- mais um por cento do que exceder mil lugares; e
tários acessíveis destinados ao uso por pessoa portadora b) vinte assentos para pessoas com deficiência ou
de deficiência ou com mobilidade reduzida. com mobilidade reduzida mais um por cento do
Nas edificações de uso público a serem construídas, que exceder mil lugares.
os sanitários destinados ao uso por pessoa portadora de
deficiência ou com mobilidade reduzida serão distribuí- Cinquenta por cento dos assentos reservados para
dos na razão de, no mínimo, uma cabine para cada sexo pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida
em cada pavimento da edificação, com entrada indepen- devem ter características dimensionais e estruturais para
dente dos sanitários coletivos, obedecendo às normas o uso por pessoa obesa, conforme norma técnica de
técnicas de acessibilidade da ABNT. acessibilidade da ABNT, com a garantia de, no mínimo,
Nas edificações de uso público já existentes, terão um assento.
elas prazo de trinta meses a contar da data de publica- Os espaços e os assentos a que se refere este artigo
ção deste Decreto para garantir pelo menos um banheiro deverão situar-se em locais que garantam a acomodação
acessível por pavimento, com entrada independente, dis- de um acompanhante ao lado da pessoa com deficiência
tribuindo-se seus equipamentos e acessórios de modo ou com mobilidade reduzida, resguardado o direito de se
que possam ser utilizados por pessoa portadora de defi- acomodar proximamente a grupo familiar e comunitário.
ciência ou com mobilidade reduzida. Nesses locais, ainda, haverá, obrigatoriamente, rotas
Nas edificações de uso coletivo a serem construídas, de fuga e saídas de emergência acessíveis, conforme pa-
ampliadas ou reformadas, onde devem existir banheiros drões das normas técnicas de acessibilidade da ABNT, a
de uso público, os sanitários destinados ao uso por pes- fim de permitir a saída segura de pessoas com deficiência
soa portadora de deficiência deverão ter entrada inde- ou com mobilidade reduzida, em caso de emergência.
pendente dos demais e obedecer às normas técnicas de As áreas de acesso aos artistas, tais como coxias e
acessibilidade da ABNT. camarins, também devem ser acessíveis a pessoas com
Nas edificações de uso coletivo já existentes, onde deficiência ou com mobilidade reduzida.
haja banheiros destinados ao uso público, os sanitários Na hipótese de não haver procura comprovada pelos
preparados para o uso por pessoa portadora de deficiên- espaços livres para pessoas em cadeira de rodas e as-
cia ou com mobilidade reduzida deverão estar localiza- sentos reservados para pessoas com deficiência ou com
dos nos pavimentos acessíveis, ter entrada independente mobilidade reduzida, esses podem, excepcionalmente,
dos demais sanitários, se houver, e obedecer a normas ser ocupados por pessoas sem deficiência ou que não
técnicas de acessibilidade da ABNT. tenham mobilidade reduzida.
Nos teatros, cinemas, auditórios, estádios, ginásios de A reserva de assentos será garantida a partir do início
esporte, locais de espetáculos e de conferências e simi- das vendas até vinte e quatro horas antes de cada even-
lares, serão reservados espaços livres para pessoas em to, com disponibilidade em todos os pontos de venda de
cadeira de rodas e assentos para pessoas com deficiência ingresso, sejam eles físicos ou virtuais.
ou com mobilidade reduzida, de acordo com a capacida- No caso de eventos realizados em estabelecimentos
de de lotação da edificação, conforme o disposto no art. com capacidade superior a dez mil pessoas, a reserva de
44 § 1º, da Lei 13.146, de 2015, e não da Lei nº 13.446, assentos será garantida a partir do início das vendas até
de 2015, como está na redação original deste decreto em setenta e duas horas antes de cada evento, com disponi-
estudo. bilidade em todos os pontos de venda de ingresso, sejam
O citado dispositivo diz que os espaços e acentos eles físicos ou virtuais.
devem ser distribuídos pelo recinto em locais diversos, Os espaços e os assentos de, em cada setor, somente
de boa visibilidade, em todos os setores, próximos aos serão disponibilizados às pessoas sem deficiência ou sem
corredores, devidamente sinalizados, evitando-se áreas mobilidade reduzida depois de esgotados os demais as-
segregadas de público e obstrução das saídas, em con- sentos daquele setor
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
formidade com as normas de acessibilidade. Nos cinemas, a reserva de assentos será garantida a
Os espaços e os assentos a serem instalados e sinali- partir do início das vendas até meia hora antes de cada
zados devem estar conforme os requisitos estabelecidos sessão, com disponibilidade em todos os pontos de ven-
nas normas técnicas de acessibilidade da Associação Bra- da de ingresso, sejam eles físicos ou virtuais.
sileira de Normas Técnicas - ABNT, devem: Os espaços livres para pessoas em cadeira de rodas
- ser disponibilizados, no caso de edificações com e assentos reservados para pessoas com deficiência ou
capacidade de lotação de até mil lugares, na pro- com mobilidade reduzida serão identificados no mapa
porção de: de assentos localizados nos pontos de venda de ingresso
a) dois por cento de espaços para pessoas em cadeira e de divulgação do evento, sejam eles físicos ou virtuais.
de rodas, com a garantia de, no mínimo, um es- Os pontos físicos e os sítios eletrônicos de venda de
paço; e ingressos e de divulgação do evento deverão:
136
- ser acessíveis a pessoas com deficiência e com mo- No caso da instalação de elevadores novos ou da
bilidade reduzida; e troca dos já existentes, qualquer que seja o número de
- conter informações sobre os recursos de acessibili- elevadores da edificação de uso público ou de uso coleti-
dade disponíveis nos eventos. vo, pelo menos um deles terá cabine que permita acesso
Os estabelecimentos de ensino de qualquer nível, e movimentação cômoda de pessoa portadora de defi-
etapa ou modalidade, públicos ou privados, proporcio- ciência ou com mobilidade reduzida, de acordo com o
narão condições de acesso e utilização de todos os seus que especifica as normas técnicas de acessibilidade da
ambientes ou compartimentos para pessoas portadoras ABNT.
de deficiência ou com mobilidade reduzida, inclusive sa- Junto às botoeiras externas do elevador, deverá estar
las de aula, bibliotecas, auditórios, ginásios e instalações sinalizado em braile em qual andar da edificação a pes-
desportivas, laboratórios, áreas de lazer e sanitários. soa se encontra.
Para a concessão de autorização de funcionamento, Os edifícios a serem construídos com mais de um pa-
de abertura ou renovação de curso pelo Poder Público, o vimento além do pavimento de acesso, à exceção das ha-
estabelecimento de ensino deverá comprovar que: bitações unifamiliares e daquelas que estejam obrigadas
- está cumprindo as regras de acessibilidade arquite- à instalação de elevadores por legislação municipal, de-
tônica, urbanística e na comunicação e informação verão dispor de especificações técnicas e de projeto que
previstas nas normas técnicas de acessibilidade da facilitem a instalação de equipamento eletromecânico de
ABNT, na legislação específica ou continho neste deslocamento vertical para uso das pessoas portadoras
Decreto em estudo; de deficiência ou com mobilidade reduzida.
- coloca à disposição de professores, alunos, servi- As especificações técnicas referidas acima devem
dores e empregados portadores de deficiência ou atender:
com mobilidade reduzida ajudas técnicas que per- - a indicação em planta aprovada pelo poder munici-
mitam o acesso às atividades escolares e adminis- pal do local reservado para a instalação do equipa-
trativas em igualdade de condições com as demais mento eletromecânico, devidamente assinada pelo
pessoas; e autor do projeto;
- seu ordenamento interno contém normas sobre o - a indicação da opção pelo tipo de equipamento
tratamento a ser dispensado a professores, alunos, (elevador, esteira, plataforma ou similar);
servidores e empregados portadores de deficiên- - a indicação das dimensões internas e demais aspec-
cia, com o objetivo de coibir e reprimir qualquer tos da cabine do equipamento a ser instalado; e
tipo de discriminação, bem como as respectivas - demais especificações em nota na própria planta,
sanções pelo descumprimento dessas normas. tais como a existência e as medidas de botoeira,
espelho, informação de voz, bem como a garantia
Nos estacionamentos externos ou internos das edi- de responsabilidade técnica de que a estrutura da
ficações de uso público ou de uso coletivo, ou naqueles edificação suporta a implantação do equipamento
localizados nas vias públicas, serão reservados, pelo me- escolhido.
nos, dois por cento do total de vagas para veículos que
transportem pessoa portadora de deficiência física ou vi- Na habitação de interesse social, deverão ser promo-
sual definidas no Decreto, sendo assegurada, no mínimo, vidas as seguintes ações para assegurar as condições de
uma vaga, em locais próximos à entrada principal ou ao acessibilidade dos empreendimentos:
elevador, de fácil acesso à circulação de pedestres, com - definição de projetos e adoção de tipologias cons-
especificações técnicas de desenho e traçado conforme trutivas livres de barreiras arquitetônicas e urba-
o estabelecido nas normas técnicas de acessibilidade da nísticas;
ABNT. - no caso de edificação multifamiliar, execução das
unidades habitacionais acessíveis no piso térreo e
Os veículos estacionados nas vagas reservadas deve- acessíveis ou adaptáveis quando nos demais pisos;
rão portar identificação a ser colocada em local de am- - execução das partes de uso comum, quando se tra-
pla visibilidade, confeccionado e fornecido pelos órgãos tar de edificação multifamiliar, conforme as nor-
de trânsito, que disciplinarão sobre suas características e mas técnicas de acessibilidade da ABNT; e
condições de uso, observando o disposto na Lei no 7.405, - elaboração de especificações técnicas de projeto
de 1985. que facilite a instalação de elevador adaptado para
Nas edificações de uso público ou de uso coletivo, é uso das pessoas portadoras de deficiência ou com
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
137
- divulgar junto aos agentes interessados e orientar de suas competências, deverão autorizar a colocação do
a clientela alvo da política habitacional sobre as “Símbolo Internacional de Acesso” após certificar a aces-
iniciativas que promover em razão das legislações sibilidade do sistema de transporte.
federal, estaduais, distrital e municipais relativas à Cabe às empresas concessionárias e permissionárias
acessibilidade. e as instâncias públicas responsáveis pela gestão dos
serviços de transportes coletivos assegurar a qualifica-
As soluções destinadas à eliminação, redução ou su- ção dos profissionais que trabalham nesses serviços, para
peração de barreiras na promoção da acessibilidade a to- que prestem atendimento prioritário às pessoas porta-
dos os bens culturais imóveis devem estar de acordo com doras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
o que estabelece a Instrução Normativa no 1 do Instituto No prazo de até vinte e quatro meses a contar da
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, de data de edição das normas técnicas infra citadas, todos
25 de novembro de 2003. os modelos e marcas de veículos de transporte coletivo
Para os fins de acessibilidade aos serviços de trans- rodoviário para utilização no País serão fabricados aces-
porte coletivo terrestre, aquaviário e aéreo, considera-se síveis e estarão disponíveis para integrar a frota operan-
como integrantes desses serviços os veículos, terminais, te, de forma a garantir o seu uso por pessoas portadoras
estações, pontos de parada, vias principais, acessos e de deficiência ou com mobilidade reduzida.
operação. As normas técnicas para fabricação dos veículos e
Os serviços de transporte coletivo terrestre são: dos equipamentos de transporte coletivo rodoviário, de
- transporte rodoviário, classificado em urbano, me- forma a torná-los acessíveis, serão elaboradas pelas ins-
tropolitano, intermunicipal e interestadual; tituições e entidades que compõem o Sistema Nacional
II - transporte metroferroviário, classificado em urba- de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial, e
no e metropolitano; e estarão disponíveis no prazo de até doze meses a contar
III - transporte ferroviário, classificado em intermuni- da data da publicação deste Decreto.
cipal e interestadual. A substituição da frota operante atual por veículos
acessíveis, a ser feita pelas empresas concessionárias e
As instâncias públicas responsáveis pela concessão e permissionárias de transporte coletivo rodoviário, dar-
permissão dos serviços de transporte coletivo são: -se-á de forma gradativa, conforme o prazo previsto nos
- governo municipal, responsável pelo transporte co- contratos de concessão e permissão deste serviço.
letivo municipal; A frota de veículos de transporte coletivo rodoviário
- governo estadual, responsável pelo transporte cole- e a infraestrutura dos serviços deste transporte deverão
tivo metropolitano e intermunicipal; estar totalmente acessíveis no prazo máximo de cento e
- governo do Distrito Federal, responsável pelo trans-
vinte meses a contar da data de publicação deste Decre-
porte coletivo do Distrito Federal; e
to que estudamos.
- governo federal, responsável pelo transporte coleti-
Os serviços de transporte coletivo rodoviário urbano
vo interestadual e internacional.
devem priorizar o embarque e desembarque dos usuá-
rios em nível em, pelo menos, um dos acessos do veículo.
Os sistemas de transporte coletivo são considerados
No prazo de até vinte e quatro meses a contar da
acessíveis quando todos os seus elementos são concebi-
data de implementação dos programas de avaliação, as
dos, organizados, implantados e adaptados segundo o
empresas concessionárias e permissionárias dos servi-
conceito de desenho universal, garantindo o uso pleno
com segurança e autonomia por todas as pessoas. ços de transporte coletivo rodoviário deverão garantir a
A infraestrutura de transporte coletivo a ser implan- acessibilidade da frota de veículos em circulação, inclusi-
tada a partir da publicação deste Decreto deverá ser ve de seus equipamentos.
acessível e estar disponível para ser operada de forma a As normas técnicas para adaptação dos veículos e
garantir o seu uso por pessoas portadoras de deficiência dos equipamentos de transporte coletivo rodoviário em
ou com mobilidade reduzida. circulação, de forma a torná-los acessíveis, serão elabo-
Os responsáveis pelos terminais, estações, pontos de radas pelas instituições e entidades que compõem o Sis-
parada e os veículos, no âmbito de suas competências, tema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
assegurarão espaços para atendimento, assentos prefe- Industrial, e estarão disponíveis no prazo de até doze
renciais e meios de acesso devidamente sinalizados para meses a contar da data da publicação deste Decreto em
o uso das pessoas portadoras de deficiência ou com mo- questão.
Caberá ao Instituto Nacional de Metrologia, Norma-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
bilidade reduzida.
As empresas concessionárias e permissionárias e as lização e Qualidade Industrial - INMETRO, quando da
instâncias públicas responsáveis pela gestão dos servi- elaboração das normas técnicas para a adaptação dos
ços de transportes coletivos, no âmbito de suas compe- veículos, especificar dentre esses veículos que estão em
tências, deverão garantir a implantação das providências operação quais serão adaptados, em função das restri-
necessárias na operação, nos terminais, nas estações, nos ções previstas no art. 98 da Lei no 9.503, de 1997.
pontos de parada e nas vias de acesso, de forma a as- As adaptações dos veículos em operação nos servi-
segurar as condições previstas no art. 34 deste Decreto. ços de transporte coletivo rodoviário, bem como os pro-
Parágrafo único.As empresas concessionárias e per- cedimentos e equipamentos a serem utilizados nestas
missionárias e as instâncias públicas responsáveis pela adaptações, estarão sujeitas a programas de avaliação de
gestão dos serviços de transportes coletivos, no âmbito conformidade desenvolvidos e implementados pelo Ins-
138
tituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade roviário deverão apresentar plano de adaptação dos
Industrial - INMETRO, a partir de orientações normativas sistemas existentes, prevendo ações saneadoras de, no
elaboradas no âmbito da ABNT. mínimo, oito por cento ao ano, sobre os elementos não
No prazo de até trinta e seis meses a contar da data acessíveis que compõem o sistema.
de edição das normas técnicas, todos os modelos e mar- No prazo de até trinta e seis meses, sempre a contar
cas de veículos de transporte coletivo aquaviário serão da data da publicação do Decreto em estudo, os serviços
fabricados acessíveis e estarão disponíveis para integrar a de transporte coletivo aéreo e os equipamentos de aces-
frota operante, de forma a garantir o seu uso por pessoas so às aeronaves estarão acessíveis e disponíveis para se-
portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. rem operados de forma a garantir o seu uso por pessoas
As normas técnicas para fabricação dos veículos e dos portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida.
equipamentos de transporte coletivo aquaviário acessí- Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos e
veis, a serem elaboradas pelas instituições e entidades pesquisas, verificar a viabilidade de redução ou isenção
que compõem o Sistema Nacional de Metrologia, Nor- de tributo:
malização e Qualidade Industrial, estarão disponíveis no - para importação de equipamentos que não sejam
prazo de até vinte e quatro meses a contar da data da produzidos no País, necessários no processo de
publicação deste Decreto. adequação do sistema de transporte coletivo, des-
As adequações na infraestrutura dos serviços desta de que não existam similares nacionais; e
modalidade de transporte deverão atender a critérios - para fabricação ou aquisição de veículos ou equi-
necessários para proporcionar as condições de acessibili- pamentos destinados aos sistemas de transporte
dade do sistema de transporte aquaviário. coletivo.
No prazo de até cinquenta e quatro meses a contar
da data de implementação dos programas de avaliação, No prazo de até doze meses a contar, mais uma vez,
as empresas concessionárias e permissionárias dos servi- da data de publicação do Decreto em questão, será obri-
ços de transporte coletivo aquaviário, deverão garantir a gatória a acessibilidade nos portais e sítios eletrônicos
acessibilidade da frota de veículos em circulação, inclusi- da administração pública na rede mundial de computa-
ve de seus equipamentos. dores (internet), para o uso das pessoas portadoras de
As normas técnicas para adaptação dos veículos e deficiência visual, garantindo-lhes o pleno acesso às in-
dos equipamentos de transporte coletivo aquaviário em formações disponíveis.
circulação, de forma a torná-los acessíveis, serão elabo- Nos portais e sítios de grande porte, desde que seja
radas pelas instituições e entidades que compõem o Sis- demonstrada a inviabilidade técnica de se concluir os
tema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade procedimentos para alcançar integralmente a acessibili-
Industrial, e estarão disponíveis no prazo de até trinta e dade, o prazo definido no caput será estendido por igual
seis meses a contar da data da publicação deste Decreto período.
que estudamos. Os sítios eletrônicos acessíveis às pessoas portadoras
As adaptações dos veículos em operação nos servi- de deficiência conterão símbolo que represente a aces-
ços de transporte coletivo aquaviário, bem como os pro- sibilidade na rede mundial de computadores (internet), a
cedimentos e equipamentos a serem utilizados nestas ser adotado nas respectivas páginas de entrada.
adaptações, estarão sujeitas a programas de avaliação Os telecentros comunitários instalados ou custeados
de conformidade desenvolvidos e implementados pelo pelos Governos Federal, Estadual, Municipal ou do Distri-
INMETRO, a partir de orientações normativas elaboradas to Federal devem possuir instalações plenamente acessí-
no âmbito da ABNT. veis e, pelo menos, um computador com sistema de som
A frota de veículos de transporte coletivo metroferro- instalado, para uso preferencial por pessoas portadoras
viário e ferroviário, assim como a infraestrutura dos servi- de deficiência visual.
ços deste transporte deverão estar totalmente acessíveis Após doze meses da edição, vamos lá, mais uma vez,
no prazo máximo de cento e vinte meses a contar da deste Decreto, a acessibilidade nos portais e sítios ele-
data de publicação deste Decreto que analizamos. trônicos de interesse público na rede mundial de compu-
A acessibilidade nos serviços de transporte coletivo tadores (internet), deverá ser observada para obtenção
metroferroviário e ferroviário obedecerá ao disposto nas do financiamento, comentado no início do estudo deste
normas técnicas de acessibilidade da ABNT. Decreto.
No prazo de até trinta e seis meses a contar da data As empresas prestadoras de serviços de telecomuni-
da publicação deste Decreto, todos os modelos e marcas cações deverão garantir o pleno acesso às pessoas por-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
de veículos de transporte coletivo metroferroviário e fer- tadoras de deficiência auditiva, por meio das seguintes
roviário serão fabricados acessíveis e estarão disponíveis ações:
para integrar a frota operante, de forma a garantir o seu - no Serviço Telefônico Fixo Comutado - STFC, dispo-
uso por pessoas portadoras de deficiência ou com mo- nível para uso do público em geral:
bilidade reduzida. a) instalar, mediante solicitação, em âmbito nacio-
Os serviços de transporte coletivo metroferroviário e nal e em locais públicos, telefones de uso públi-
ferroviário existentes deverão estar totalmente acessíveis co adaptados para uso por pessoas portadoras de
no prazo máximo de cento e vinte meses a contar da deficiência;
data de publicação deste Decreto em pauta. b) garantir a disponibilidade de instalação de telefo-
As empresas concessionárias e permissionárias dos nes para uso por pessoas portadoras de deficiência
serviços de transporte coletivo metroferroviário e fer- auditiva para acessos individuais;
139
c) garantir a existência de centrais de intermediação tirá o Ministério das Comunicações no procedimento de
de comunicação telefônica a serem utilizadas por implantação do plano de medidas técnicas.
pessoas portadoras de deficiência auditiva, que Caberá aos órgãos e entidades da administração
funcionem em tempo integral e atendam a todo pública, diretamente ou em parceria com organizações
o território nacional, inclusive com integração com sociais civis de interesse público, sob a orientação do Mi-
o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras de nistério da Educação e da Secretaria Especial dos Direitos
Serviço Móvel Pessoal; e Humanos, por meio da CORDE, promover a capacitação
d) garantir que os telefones de uso público conte- de profissionais em LIBRAS.
nham dispositivos sonoros para a identificação das O projeto de desenvolvimento e implementação da
unidades existentes e consumidas dos cartões te- televisão digital no País deverá contemplar obrigatoria-
lefônicos, bem como demais informações exibidas mente os três tipos de sistema de acesso à informação.
no painel destes equipamentos; A Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
- no Serviço Móvel Celular ou Serviço Móvel Pessoal: Estratégica da Presidência da República editará, no pra-
a) garantir a interoperabilidade nos serviços de telefo- zo de doze meses a contar da data da publicação deste
nia móvel, para possibilitar o envio de mensagens Decreto, normas complementares disciplinando a utiliza-
de texto entre celulares de diferentes empresas; e ção dos sistemas de acesso à informação, na publicidade
b) garantir a existência de centrais de intermediação governamental e nos pronunciamentos oficiais transmi-
de comunicação telefônica a serem utilizadas por tidos por meio dos serviços de radiodifusão de sons e
pessoas portadoras de deficiência auditiva, que imagens.
funcionem em tempo integral e atendam a todo Sem prejuízo do disposto acima e observadas as
o território nacional, inclusive com integração com condições técnicas, os pronunciamentos oficiais do Pre-
o mesmo serviço oferecido pelas prestadoras de sidente da República serão acompanhados, obrigatoria-
Serviço Telefônico Fixo Comutado. mente, no prazo de seis meses a partir da publicação, de
novo, deste Decreto, de sistema de acessibilidade me-
Além das ações acima citadas, deve-se considerar o diante janela com intérprete de LIBRAS.
estabelecido nos Planos Gerais de Metas de Universali- O Poder Público adotará mecanismos de incentivo
zação. para tornar disponíveis em meio magnético, em formato
O termo pessoa portadora de deficiência auditiva e de texto, as obras publicadas no País.
da fala utilizado nos Planos Gerais de Metas de Univer- A partir de seis meses da edição deste Decreto, a in-
salização é entendido neste Decreto como pessoa porta- dústria de medicamentos deve disponibilizar, mediante
dora de deficiência auditiva, no que se refere aos recur- solicitação, exemplares das bulas dos medicamentos em
sos tecnológicos de telefonia. meio magnético, braile ou em fonte ampliada.
A Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL A partir de seis meses da edição deste Decreto, os
regulamentará, no prazo de seis meses a contar da data fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos e mecâ-
de publicação do Decreto, os procedimentos a serem ob- nicos de uso doméstico devem disponibilizar, median-
servados para implementação. te solicitação, exemplares dos manuais de instrução em
Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de apare- meio magnético, braile ou em fonte ampliada.
lhos de telefonia celular que indiquem, de forma sonora, O Poder Público apoiará preferencialmente os con-
todas as operações e funções neles disponíveis no visor. gressos, seminários, oficinas e demais eventos científi-
Caberá ao Poder Público incentivar a oferta de apa- co-culturais que ofereçam, mediante solicitação, apoios
relhos de televisão equipados com recursos tecnológicos humanos às pessoas com deficiência auditiva e visual,
que permitam sua utilização de modo a garantir o direito tais como tradutores e intérpretes de LIBRAS, ledores,
de acesso à informação às pessoas portadoras de defi- guias-intérpretes, ou tecnologias de informação e comu-
ciência auditiva ou visual. nicação, tais como a transcrição eletrônica simultânea.
Incluem-se entre os recursos referidos acima: Os programas e as linhas de pesquisa a serem desen-
- circuito de decodificação de legenda oculta; volvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio
- recurso para Programa Secundário de Áudio (SAP); e à pesquisa e de agências de financiamento deverão con-
- entradas para fones de ouvido com ou sem fio. templar temas voltados para tecnologia da informação
Os procedimentos a serem observados para imple- acessível para pessoas portadoras de deficiência.
mentação do plano de medidas técnicas, serão regula- Será estimulada a criação de linhas de crédito para
mentados, em norma complementar, pelo Ministério das a indústria que produza componentes e equipamentos
Comunicações. relacionados à tecnologia da informação acessível para
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
140
Para os fins deste Decreto, os cães-guia e os cães-guia - detecção dos centros regionais de referência em
de acompanhamento são consideradas ajudas técnicas. ajudas técnicas, objetivando a formação de rede
Os programas e as linhas de pesquisa a serem desen- nacional integrada.
volvidos com o apoio de organismos públicos de auxílio
à pesquisa e de agências de financiamento deverão con- O Comitê de Ajudas Técnicas será supervisionado
templar temas voltados para ajudas técnicas, cura, trata- pela CORDE e participará do Programa Nacional de Aces-
mento e prevenção de deficiências ou que contribuam sibilidade, com vistas a garantir o disposto no Decerto
para impedir ou minimizar o seu agravamento. estudado.
Será estimulada a criação de linhas de crédito para a Os serviços a serem prestados pelos membros do Co-
indústria que produza componentes e equipamentos de mitê de Ajudas Técnicas são considerados relevantes e
ajudas técnicas. não serão remunerados.
O desenvolvimento científico e tecnológico voltado O Programa Nacional de Acessibilidade, sob a coorde-
para a produção de ajudas técnicas dar-se-á a partir da nação da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, por
instituição de parcerias com universidades e centros de intermédio da CORDE, integrará os planos plurianuais, as
pesquisa para a produção nacional de componentes e diretrizes orçamentárias e os orçamentos anuais.
equipamentos. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos, na con-
Os bancos oficiais, com base em estudos e pesquisas dição de coordenadora do Programa Nacional de Acessi-
elaborados pelo Poder Público, serão estimulados a con- bilidade, desenvolverá, dentre outras, as seguintes ações:
ceder financiamento às pessoas portadoras de deficiên- - apoio e promoção de capacitação e especialização
cia para aquisição de ajudas técnicas. de recursos humanos em acessibilidade e ajudas
Caberá ao Poder Executivo, com base em estudos e técnicas;
pesquisas, verificar a viabilidade de: - acompanhamento e aperfeiçoamento da legislação
- redução ou isenção de tributos para a importação sobre acessibilidade;
de equipamentos de ajudas técnicas que não se- - edição, publicação e distribuição de títulos referen-
jam produzidos no País ou que não possuam simi- tes à temática da acessibilidade;
lares nacionais; - cooperação com Estados, Distrito Federal e Municí-
- redução ou isenção do imposto sobre produtos in- pios para a elaboração de estudos e diagnósticos
dustrializados incidente sobre as ajudas técnicas; e sobre a situação da acessibilidade arquitetônica,
- inclusão de todos os equipamentos de ajudas técni- urbanística, de transporte, comunicação e infor-
cas para pessoas portadoras de deficiência ou com mação;
mobilidade reduzida na categoria de equipamen- - apoio e realização de campanhas informativas e
tos sujeitos a dedução de imposto de renda. educativas sobre acessibilidade;
- promoção de concursos nacionais sobre a temática
Caberá ao Poder Público viabilizar as seguintes dire- da acessibilidade; e
trizes: - estudos e proposição da criação e normatização do
- reconhecimento da área de ajudas técnicas como Selo Nacional de Acessibilidade.
área de conhecimento;
- promoção da inclusão de conteúdos temáticos refe-
rentes a ajudas técnicas na educação profissional,
no ensino médio, na graduação e na pós-gradua- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ção;
- apoio e divulgação de trabalhos técnicos e científi- 1. (BANCO DO BRASIL – ESCRITURÁRIO – CESGRAN-
cos referentes a ajudas técnicas; RIO – 2015) Um gerente de um determinado banco tem,
- estabelecimento de parcerias com escolas e centros dentre a programação determinada pela alta direção do
de educação profissional, centros de ensino uni- estabelecimento financeiro, a função de indicar aos clien-
versitários e de pesquisa, no sentido de incremen- tes cartões de crédito administrados por sociedades em-
tar a formação de profissionais na área de ajudas presárias parceiras. Um dos clientes do banco utiliza um
técnicas; e cartão de crédito ilimitado, devidamente autorizado por
- incentivo à formação e treinamento de ortesistas e esse banco e pela administradora de cartões. Em viagem
protesistas. de núpcias pela Itália, o cliente é surpreendido pela ne-
gativa de autorização para pagamento do hotel em que
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A Secretaria Especial dos Direitos Humanos instituirá ele se hospedara. Apesar das tentativas de contato para
Comitê de Ajudas Técnicas, constituído por profissionais autorização das despesas, este ato inocorreu. Sendo pes-
que atuam nesta área, e que será responsável por: soa de posses, esse cliente pagou as despesas em dinhei-
- estruturação das diretrizes da área de conhecimen- ro. Retornando ao Brasil, requereu ao banco explicações,
to; por escrito, do ocorrido — ao que lhe foi respondido não
- estabelecimento das competências desta área; ter o banco qualquer responsabilidade pelo evento, uma
- realização de estudos no intuito de subsidiar a ela- vez que a gerência do cartão de crédito seria exclusiva-
boração de normas a respeito de ajudas técnicas; mente da sociedade empresária que administra o cartão.
- levantamento dos recursos humanos que atualmen- Nesse contexto, nos termos do Código de Proteção e De-
te trabalham com o tema; e fesa do Consumidor, a responsabilidade
141
A. é do fornecedor que prestou serviços defeituosos, ex- A. prática abusiva
cluindo, em qualquer caso, os demais fornecedores. B. responsabilidade continuada
B. da instituição financeira é separada da dos demais C. força maior
fornecedores. D. defeito do serviço
C. é subjetiva e exclusiva da administradora de cartões E. publicidade enganosa
de crédito.
D. é solidária e abrange a cadeia de fornecedores, o que Resposta: Letra D.
inclui o Banco. A regra do Código de Defesa do Consumidor é o for-
E. da sociedade empresária depende da prova de culpa necedor de serviços responde, independentemente da
de um dos seus prepostos. existência de culpa, pela reparação dos danos causa-
dos aos consumidores por defeitos relativos à presta-
Resposta: Letra D. ção dos serviços, bem como por informações insufi-
O art. 7º, do Código de Defesa do Consumidor, diz
cientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
que tendo mais de um autor a ofensa, todos respon-
derão solidariamente pela reparação dos danos pre-
vistos nas normas de consumo.
142
Diante dos contornos da pós-modernidade e da con- Estas três atividades na verdade fazem parte da dialé-
sequente fragmentação de valores, as transformações tica que caracteriza uma universidade viva e é por isso
que estão ocorrendo na sociedade humana provocam que a discussão em tomo desta indissociabilidade não se
mudanças consideráveis em todos os setores, chegando esgota e faz com que muitos educadores trabalhem ar-
até a banalizar valores até então importantes. Assim, ve- duamente na sustentação deste tripé ou na sustentação
rificamos que atualmente o termo universidade passou da ideia deste tripé.
a ser usado indistintamente, e este uso vem-se generali- Esta sincronização tem sido muito discutida e pou-
zando, algumas vezes numa tendência de volta à origem co objetivada na realidade da maioria das universidades
destas instituições, outras vezes na tentativa de encon- brasileiras. Ultimamente, tem sido quase que empurrada
trar uma nova concepção de universidade, descaracteri- para fora das discussões sobre a crise das universida-
zando a concepção existente: des, em virtude de preocupações mais prementes com a
- É um momento de dúvidas e incertezas para as uni- questão do financiamento dessas instituições. Entretan-
versidades tradicionais, embora essas dúvidas não che- to, a necessidade de ajuste dessa sincronização não pode
guem a causar grande polêmica e inquietação. ser esquecida e, neste contexto, se transforma em opção
Enquanto isso, proliferam novas universidades, sem estratégica importante na busca de solução eficaz para
vinculação com a pesquisa, atuando apenas na área de o ensino universitário, estando muito longe de significar
ensino e cumprindo o papel de atender a uma demanda um ideal inatingível e, portanto, uma questão superada.
cada vez maior por educação superior, mas sem o cará- Sleutjes afirma que “na realidade, os três fatores se
ter essencial da universidade, que é o de associar o en- encontram dissociados na maioria das universidades fe-
sino à pesquisa e vice-versa, gerando automaticamente derais brasileiras. Quando o tripé funciona, funciona ape-
a necessidade de estender o resultado alcançado, nor- nas em algumas áreas, embora o trabalho de pesquisa
malmente importante para a sociedade. Neste contexto, desenvolvido pelas IFES possa ser considerado significa-
temos também as empresas, especialmente as multi na- tivo”.
cionais de grande porte, que começam a criar um instru- Por falta de pesquisas nesta área, conhece-se pouco
mento de geração de conhecimento, um conhecimento sobre o grau de correlação ensino-pesquisa, ensino-ex-
que elas denominam corporativo, e a este instrumento tensão, pesquisa-extensão e pesquisa-ensina-extensão,
dão erroneamente o nome de universidade, contrariando mas é fácil constatar que as atividades de extensão qua-
todo o sentido do próprio termo, que tem na universali- se sempre se restringem a uma atividade sociocultural,
zação do conhecimento sua essência principal. mantida muitas vezes a título de obrigação, que não es-
Tudo isto é indício de que a universidade precisa rea- tende os conhecimentos gerados e formulados nessas
lizar profundas alterações para melhor se ajustar à socie- universidades, mas funciona como atividade extracurri-
dade contemporânea e a suas necessidades. cular para os discentes ou como uma pequena amostra
Porém, é preciso refletir criteriosamente sobre esta que visa a atender aos interesses populacionais circunvi-
necessidade de mudanças, que é premente e primordial, zinhos, mesmo que estes nada tenham a ver com o que
mas, em hipótese alguma, pode-se abrir mão dos valores se desenvolve de fato na instituição.
essenciais destas instituições.
Este texto, portanto, tem a preocupação de refletir Evidentemente, não é fácil realizar esta articulação,
sobre o ensino, a pesquisa e a extensão, tendo-os como pois ela exige, sobretudo, equilíbrio e estabilidade, num
valores essenciais para que a universidade de fato seja período da história onde o homem está quase sendo
preservada. Aquela universidade que nunca deixará de vencido pelo sentido de fragmentação contido na pós-
ser um lugar de excelência e que, conforme Alves, “no dia -modernidade, onde todas as coisas ficam meio soltas,
em que se massificar, deixará de existir”. Portanto, pre- meio estanques, ao sabor de toda a sorte de mudanças.
servar os espaços para a excelência e suas complexidades A universidade, pela busca de conhecimento que
é a primeira condição de seu existir; a segunda é o res- deve realizar constantemente e que abrange quase todas
gate de valores que começam a ficar adormecidos, tais as áreas do saber, sente com mais intensidade este refle-
como a sincronização e os ajustes necessários ao ideal de xo e os apelos da pós-modernidade, através do aumento
vincular ensino, pesquisa e extensão. significativo de áreas de interesse. Esses interesses não
são mais apenas científicos e tecnológicos; aliam-se ao
Funções da universidade fantástico desenvolvimento da teleinformática e ao con-
seqüente aumento de informação disponível no mundo,
Ao aceitarmos que a missão das universidades, em que conduzem o pensamento universitário a se distan-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
um sentido mais amplo, possa ser a de transformar a so- ciar da estabilidade necessária ao equilíbrio do tripé.
ciedade através do conhecimento do potencial humano É difícil para a maioria pensar a universidade em seu
(Ospina), podemos considerar ensino-pesquisa-extensão sentido maior de universalidade pós-moderna, equili-
funções pelas quais a missão se realiza. brando de forma adequada essas atividades e fazendo a
Segundo Ospina, “as funções seriam formar ou ensi- perfeita sincronização dessas funções.
nar, investigar ou pesquisar e servir ou exercer a atividade É difícil buscar a articulação entre o valor do ensino, a
de extensão”. A partir desta premissa, podemos entender dosagem entre a pesquisa pura e a aplicada, os compro-
que o ensino universitário engloba não só a transmissão missos necessários à livre investigação e seu planejamen-
do conhecimento em sala de aula, mas a pesquisa, que to - por mínimo que seja - e a adoção de meios ou de
pode ser pura ou aplicada, e a objetivação da pesquisa uma sistemática mais eficiente para que o conhecimento
aplicada, através da extensão. gerado possa ser aquele que interessa à nossa sociedade.
143
Mas este deveria ser o grande desafio das universi- ressados, qual é a estrutura mais adequada e possível de
dades, para que pudessem preservar sua essência. ser construída, para que esta articulação de fato exista e
É mais fácil pensar a universidade, como muitos vêm funcione.
fazendo, como reprodutora de um conhecimento pronto Caso não haja condições para direcionar a universi-
e acabado, que permita aos nossos jovens uma inserção dade para a excelência em nenhuma área de pesquisa já
qualquer na sociedade. Talvez por aí se explique a proli- existente, por falta de tradição de pesquisa, ou de qua-
feração de universidades que atendem aos anseios ime- lificação de pessoal, ou, ainda, de recursos financeiros e
diatos da pós-modernidade, feição que passará a existir estrutura física para realizar boas investigações, a saída
consistentemente, onde o sistema de avaliação e de re- vai ser investir na qualidade e no número de cursos a ofe-
credenciamento de cursos terá um papel extremamente recer, com currículos mais enxutos e, portanto, de menor
importante. duração, capazes de atender à demanda da população
A grande questão da universidade neste momento é por um nível melhor de qualificação profissional. Esta ex-
definir que tipo de ensino de terceiro grau irá abraçar, pansão deverá ocorrer no sentido de compatibilizar os
pois o enfoque está mudando rapidamente. interesses do mercado de trabalho futuro com os inte-
Tudo indica que no futuro existirão dois tipos de ter- resses da sociedade.
ceiro grau: o universitário e o profissionalizante, devendo Mas, qualquer que seja a direção a ser tomada, refletir
sobre o ensino, a pesquisa e a extensão é um excelente
o universitário se restringir apenas às universidades que
exercício de maturidade intelectual para as universida-
já podem ser consideradas, hoje, no Brasil, centros de
des.
excelência, com estrutura para desenvolver pesquisa de
forma significativa para o país. Tudo indica, também, que Situando apenas o ensino
estes estudos serão mais prolongados e desenvolvidos
por pessoas com condições de se dedicarem inteiramen- No que se refere ao ensino, a universidade brasileira
te ao estudo e à pesquisa. Se assim for, no futuro, cursar nunca precisou tanto como agora de profissionais crí-
uma universidade de pesquisa será um grande privilégio. ticos e conscientes, que reflitam, planejem, discutam e,
sobretudo, não procedam como meros repassadores de
Souza afirma que “a partir da autonomia, cada ins- conteúdos e conhecimentos, tomando-se, tanto quanto
tituição deverá repensar-se, redefinir seu caráter e sua possível, construtores do conhecimento.
vocação. Algumas procurarão uma maior vinculação re- Segundo Sartori, os fatores que contribuem para que
gional, orientando para essa direção suas pesquisas e o professor mais se aproxime do ideal de um educador
seus cursos; outras procurarão enfatizar o ensino de gra- são:
duação; outras assumirão mais claramente o seu papel - gostar do que faz;
de líderes do sistema, desenvolvendo pesquisas em áreas - estar comprometido com sua atividade;
de ponta de interesse nacional”. - possuir responsabilidade que se manifesta através de
No entanto, nada disso exclui a necessidade de bus- conhecimento ético;
car a articulação ensino-pesquisa-extensão que pode ser - ter consciência acerca da possibilidade de mudança e
realizada em áreas específicas do conhecimento, não pela do aperfeiçoamento das pessoas e instituições;
universidade como um todo, mas por grupos de trabalho - ter competência para formar para a vida e dar conta
que ensinam, pesquisam e disseminam conhecimentos e de novos desafios dentro do contexto de educação perma-
que devem-se organizar para exercer esta articulação da nente;
forma que lhes for mais conveniente. O importante é que - ter formação continuada;
os resultados alcançados sejam significativos para a área, - manter-se atualizado;
a instituição e, consequentemente, para a sociedade. - participar de eventos educacionais.
Estimular esta atitude docente significa dar vida à
É preciso também que as universidades aprendam a
universidade, provocando, em alguns de seus pontos, o
selecionar profissionais verdadeiramente vocacionados
feedback constante tão necessário ao sentido de trans-
para o magistério. Além disso, é fundamental analisar e
formação que encerra a essência do fazer universitário,
acompanhar a prática docente, procurando conhecer de
por menor que seja o grupo.
que forma cada professor realiza sua atualização e aper-
Ensino, pesquisa e extensão se iniciam naturalmente
feiçoamento e quais são os meios de que dispõe na insti-
na atividade dos docentes verdadeiramente vocaciona-
tuição para tal. Possibilitar o aperfeiçoamento do profes-
dos e devidamente apoiados para exercerem sua opção
sor universitário nada mais é que investir corretamente
de vida e trabalho. Neste caso, é importante que os di-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
na qualidade da universidade.
rigentes possibilitem que grupos já existentes se organi- Podemos afirmar, sem temor, que o ensino ministrado
zem, ultrapassem o caos da desesperança e construam nas IFES brasileiras é de boa qualidade, mas não resta a
pequenas ilhas de competência, que, juntas, se transfor- menor dúvida de que ainda é feito de forma tradicional
marão na universidade da pesquisa. ou pouco condizente com as necessidades de mudanças
É também viável que os dirigentes universitários se das sociedades contemporâneas e do próprio homem,
sensibilizem para proporcionar aos grupos emergentes que continua adquirindo conhecimento de forma pouco
as condições necessárias ao seu crescimento, quando o relacionada com sua realidade.
potencial realmente existe. É possível começar o grande Ainda aprisionado por padrões centenários, o ensino
através da construção do que é pequeno e, sobretudo, é necessita urgentemente ser reformulado. Desta forma,
primordial discutir em conjunto, com os docentes inte- pensamos que o ensino a ser ministrado hoje nas uni-
144
versidades é aquele que compromete o homem com o conjunto de compromissos e a uma nova base para a
meio em que vive, para que se eleve o nível de reflexão prática da ciência. É a atualmente denominada mudança
crítica da realidade. Assim, os agentes deste ensino serão de paradigma, isto sem esquecer de dizer que a ciência
capazes de refletir sobre a condição de sujeito e agente não é mais a única verdade, o que significou uma das
de seus contextos sócio-histórico-culturais. maiores mudanças de paradigma de nossa história.
Saviani já dizia que “o ensino que não levar em con- Pesquisar significa, efetivamente, participar de um
sideração o meio social e histórico do homem e, ao mes- universo qualitativa e constantemente transformado e
mo tempo, a contribuição do conhecimento científico, quantitativamente enriquecido pelos novos conheci-
tem poucas condições de eficácia e certamente se torna- mentos que se vão somando ao longo desse processo.
rá uma forma de alienação”. Portanto, a pesquisa é a atividade que dá sustentação
ao ensino universitário, o que significa dizer, literalmente,
Conforme Kourganoff, “o ensino-educação pode ser que não existe universidade sem pesquisa.
caracterizado pelos quatro seguintes aspectos: A pesquisa pode ser pura ou aplicada. A pesqui-
sa pura ou básica pode ser entendida de duas formas:
- “ formação do juízo (onde a educação mais se apro- aquela que constitui a base do saber em todas as áreas
xima da instrução); do conhecimento humano e aquela que resulta da ativi-
- “ formação da arte de aprender sem instrutor; dade do professor que se recicla.
- “ formação do comportamento e do caráter (no nível
universitário trata-se de ensinar ao estudante a se adaptar A pesquisa pura como base do saber é essencial para
ao trabalho de equipe); que o conhecimento científico avance e não pode ser
- “ formação de motivações; planejada de forma a cercear a liberdade do cientista-
- “ despertar do sentido de investigação”. -pesquisador, que precisa de espaço para se aprofundar
nas investigações que desenvolve, mesmo que não saiba
A questão do ensino interessa diretamente à socie- ou possa precisar os resultados a serem alcançados.
dade e, como bem colocou Sartori, “a sociedade está ca- Evidentemente, a ciência normal não se propõe a des-
rente de condições mínimas para que seus integrantes cobrir novidades. Kuhn, descrevendo este processo, diz:
possam ter uma vida digna; de um lado faltam condições “inicialmente experimentamos somente o que é habi-
materiais e, de outro, falta postura ética”. tual e previsto, mesmo em circunstâncias nas quais mais
O ensino continua sendo o maior e o melhor meio de tarde se observará uma anomalia. Contudo, uma maior
transformar a sociedade, e o professor deve ter consciên- familiaridade dá origem à consciência de uma anomalia
cia de que é o artífice da transformação sócio-político-e- ou permite relacionar o fato a algo que anteriormente
não ocorreu conforme o previsto. Essa consciência da
ducacional das sociedades futuras, mas isto só não basta:
anomalia inaugura um período no qual as categorias
- é preciso dar a ele uma condição mais digna. A própria
conceituais são adaptadas até que o que inicialmente
Capes reconhece a necessidade de implantação de uma
era considerado anômalo se converte no previsto. Nesse
política nacional de recuperação da dignidade da univer-
momento completa-se a descoberta”.
sidade, passando necessariamente pela questão salarial
Trata-se, portanto, de um processo longo e caro, que
e por uma carreira docente que valorize a titulação e a
pode levar dezenas de anos para gerar resultados impor-
produção acadêmica, mas é preciso que o governo e a tantes ou não e pode também, de repente, surpreender a
sociedade se alertem para a necessidade de ações mais todos com uma descoberta extraordinária.
concretas que criem esta condição. A pesquisa pura como atividade do professor que
se recicla é também conhecida como pesquisa biblio-
Situando apenas a pesquisa gráfica e exige levantamentos bibliográficos constantes
e periódicos da literatura da área de especialidade para
Pode-se dizer que a pesquisa é um produto natural que o professor se mantenha atualizado. Isto significa
do amadurecimento do ensino. É o aprofundamento do que em qualquer área do conhecimento há necessidade
conhecimento já existente, nascido da busca por solu- de realização de pesquisa básica, que cumpre o objeti-
ções, da busca pelo novo, do gosto pela investigação, vo de atualizar o conhecimento profissional. Este tipo de
pela descoberta. pesquisa é fundamental para a manutenção de um bom
Em síntese, a pesquisa é, na verdade, um excelente processo de ensino-aprendizagem.
exercício de maturidade científico-sociocultural.
Não é possível refletir sobre a pesquisa sem com- Já a pesquisa aplicada se refere à aplicação de um co-
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
preender que ela foi concebida a partir da ideia da ciên- nhecimento que pode não representar necessariamente
cia como modelo de realidade, construído de forma me- uma descoberta, mas que certamente poderá significar
todológica para explicar o mundo. Este conceito, embora uma diferença quando introduzido na realidade. Isto sig-
tenha-se ampliado um pouco, concentra toda a arte de nifica que a pesquisa aplicada pode e deve ser planejada
realizar uma investigação científica de fato. É preciso, no de forma a atender aos anseios da sociedade, criando
entanto, entender que a ciência, por sua vez, desorien- maiores vínculos entre a teoria e a realidade.
ta-se seguidamente, e, quando isto ocorre, quando os No caso das universidades federais brasileiras, é ur-
cientistas não podem mais se esquivar das anomalias gente a elaboração de um planejamento que adapte o
que subvertem a tradição já existente na prática cientí- esforço de pesquisa já existente às necessidades da reali-
fica, iniciam-se as investigações chamadas por Kuhn de dade, e que, no mínimo, realize a tão sonhada geração de
extraordinárias, que finalmente conduzem a um novo tecnologias apropriadas ao nosso contexto sociocultural.
145
A pesquisa científica é, portanto, uma atividade cara, Situando apenas a extensão
que requer condições especiais para que possa se desen-
volver e dar frutos. Laboratórios, bibliotecas, equipamen- Freire, tentando definir o sentido da expressão “ex-
tos específicos e pessoas com vontade e tempo para se tensão universitária”, afirmou que extensão universitária
dedicarem às investigações que realizam são os insumos significa educar e educar-se na prática da liberdade. Ex-
básicos para o desenvolvimento desta atividade. plicando melhor este pensamento, ele afirma que “edu-
Mesmo a pesquisa aplicada, por mais que seja racio- car e educar-se na prática da liberdade é tarefa daqueles
nalizada e direcionada, vai exigir grande investimento de que sabem que pouco sabem
tempo e recursos humanos e financeiros. - por isso sabem que sabem algo e podem assim che-
Mais que nunca, principalmente em consequência do gar a saber mais - em diálogo com aqueles que, quase
advento da globalização da economia, a pesquisa será sempre, pensam que nada sabem, para que estes, trans-
determinante do nível de desenvolvimento científico e formando seu pensar que nada sabem em saber que
tecnológico e se tomará cada vez mais essencial para poucos sabem, possam igualmente saber mais”.
vencer o atraso, a obsolescência, a submissão e a pobre- A extensão universitária seria, portanto, a atividade
za humilhante a que estão submetidos muitos povos e que, vinculada ao ensino e à pesquisa, disseminaria os
sociedades. Por isso mesmo, será extremamente impor- conhecimentos gerados pela universidade, repassan-
tante. do-os à sociedade. Evidentemente, os conhecimentos
Conforme Martins Filho, “o primeiro compromisso da ou técnicas a serem disseminados precisam representar
uma diferença significativa na vida das pessoas ou de
pesquisa universitária é com a geração de conhecimento
parte da sociedade para que haja interesse genuíno em
novo e com a transmissão desse conhecimento às salas
sua transferência.
de aula, o que só é possível com a detenção de saber
A falta de extensão eficiente nas universidades fe-
próprio e a qualificação científica progressiva de seus derais brasileiras pode ser considerada como causadora
professores”. dos inúmeros transtornos que as conduziram a um dis-
A produção de conhecimento é extremamente rele- tanciamento da sociedade. Segundo Durham, “a exten-
vante na pós-modernidade e possui uma dimensão mais são constitui a área mais heterogênea e diversificada das
forte, mais abrangente, que deve ser entendida pela uni- universidades. É também aquela para a qual não foram
versidade contemporânea, especialmente nos países em desenvolvidos ainda instrumentos adequados de avalia-
desenvolvimento, que possuem a espinhosa tarefa de ção, nem no Brasil nem no exterior”.
adequar cada vez mais suas pesquisas às transformações
científicas e tecnológicas, para que possam influenciar Outra questão polêmica com relação à extensão uni-
de alguma forma a economia mundial e a vida cotidiana versitária é a da prestação de serviços, tão fortemente
das pessoas. Infelizmente, a diminuição sistemática do rejeitada pela cultura acadêmica clássica.
fomento à pesquisa nos países semi-industrializados é Certamente, sempre que possível, é melhor que a uni-
uma ação perversa e desastrosa, pois o correto seria au- versidade faça extensão propriamente dita em lugar da
mentar, jamais diminuir. prestação de serviços. Mas é interessante tentar respon-
No Brasil, segundo Guareschi, “foram feitos investi- der às seguintes questões:
mentos de vulto em pesquisa, em face da imposição da - Que mal existe em prestar serviço de qualidade
lei e também por decisões governamentais, como os in- quando isto realmente contribuir para o aperfeiçoamen-
centivos das agências de fomento, como a implantação to do ensino e da pesquisa?
de centros de pós-graduação, de laboratórios de pesqui- - Não seria esta prestação de serviços uma forma de
sa, de recrutamento de pesquisadores em tempo inte- estender os conhecimentos gerados na universidade?
gral. Os resultados alcançados é que algumas universida- O que não se pode fazer é inverter o sentido do ser-
des se transformaram hoje em centros de excelência em viço prestado, fazendo com que se torne um fim em si
pesquisa mas existem outros problemas como o despre- mesmo, uma forma apenas de gerar recursos e nada
paro de um grande número de professores convocados mais.
Conforme Moraes, a interface com o setor produtivo
à pesquisa, quase à força, ou a implantação de cursos de
deve ser feita através de dois requisitos absolutamente
mestrado de forma prematura, que mostram que houve
indispensáveis: “tem que haver pesquisa, tem que en-
experiências não bem-sucedidas ou fracassadas”.
volver estudantes para que não seja um mero balcão de
vendas, que não leva a nada, pois, mesmo que renda di-
Todas estas verdades e particularidades ajudam a nheiro, não leva a nada”.
examinar com mais clareza a situação das universidades
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
146
de ganhar espaço e crescer, em poucos anos, tudo o que II - de graduação, abertos a candidatos que tenham
não cresceram no passado. concluído o ensino médio ou equivalente e tenham
sido classificados em processo seletivo;
Considerações III - de pós-graduação, compreendendo programas
de mestrado e doutorado, cursos de especialização,
Na relação ensino-pesquisa-extensão reside a pró- aperfeiçoamento e outros, abertos a candidatos di-
pria essência do fazer universitário. No momento em que plomados em cursos de graduação e que atendam às
se dissociar o ensino da pesquisa e da extensão, a uni- exigências das instituições de ensino;
versidade estará fragilizada, pois o ensino e a pesquisa
IV - de extensão, abertos a candidatos que atendam
são elementos que, quando intimamente relacionados,
aos requisitos estabelecidos em cada caso pelas insti-
aumentam de forma concreta a produção de conheci-
tuições de ensino.
mento.
Esta correta articulação permitiu a países como a Ale-
manha, Inglaterra e EUA o grande desenvolvimento cien-
tífico e tecnológico de que são detentores.
No momento em que os governos vêm diminuindo a
ENSINO DE GRADUAÇÃO: FINALIDADES,
ação credenciadora de ensino superior e aumentando a
ação avaliadora, as saídas e as respostas para a univer- CARACTERÍSTICAS, BASES LEGAIS, FINAN-
sidade na pós-modernidade não se limitam a mudanças CIAMENTO. ENSINO DE PÓS-GRADUAÇÃO:
superficiais, mas a transformações profundas que afetam FINALIDADES, CARACTERÍSTICAS, BASES
a própria natureza destas instituições, seu relacionamen- LEGAIS, FOMENTO.
to com a sociedade e o papel de todos os seus agen-
tes. E, mais ainda, a universidade deve estar consciente
da necessidade de não abrir mão de sua tripla função
de produzir conhecimentos através da pesquisa, formar
profissionais através do ensino e atuar de forma cidadã
através da extensão, para colaborar efetivamente com a #FicaDica
sociedade que a sustenta, ajudando a minorar a pobreza
e a violência que degradam o mundo. O ensino superior no Brasil é oferecido
por universidades, centros universitários,
Fonte faculdades, institutos superiores e centros
SIEUTJES, M. H. S. C. Refletindo sobre os três pilares de educação tecnológica. O cidadão pode
de sustentação das universidades: ensino-pesquisa-ex- optar por três tipos de graduação: bacha-
tensão. relado, licenciatura e formação tecnológica.
Os cursos de pós-graduação são divididos
entre lato sensu (especializações e MBAs)
e strictu sensu (mestrados e doutorados).
EXERCÍCIO COMENTADO
147
Formas de acesso - Promisaes: O Projeto Milton Santos de Acesso ao
Ensino Superior (Promisaes) pretende fomentar a coope-
O cidadão interessado em estudar nas instituições ração técnicocientífica e cultural entre o Brasil e os paí-
brasileiras de ensino superior tem diversas formas de ses – em especial os africanos – nas áreas de educação
acessá-las. O vestibular é o modo mais tradicional e testa e cultura. O programa oferece apoio financeiro (no valor
os conhecimentos do estudante nas disciplinas cursadas de um salário mínimo mensal) para alunos estrangeiros
no ensino médio. Pode ser aplicado pela própria institui- participantes do Programa de Estudantes-Convênio de
ção ou por empresas especializadas. Graduação (PEC-G), regularmente matriculados em cur-
O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), outro sos de graduação em instituições federais de educação
modo voluntário de ingressar no ensino superior, tam- superior.
bém traz questões objetivas sobre o conteúdo aprendido
no ensino médio e uma redação. Fonte:
A Avaliação Seriada no Ensino Médio é outra moda- Ministério da Educação
lidade de acesso universitário que acontece de forma
gradual e progressiva, com provas aplicadas ao final de PÓS-GRADUAÇÃO
cada série do ensino médio. Diversas instituições apli-
cam, ainda, testes, provas e avaliações de conhecimentos Os cursos de especialização em nível de pós-gradua-
voltados à área do curso que o estudante pretende fazer. ção lato sensu presenciais (nos quais se incluem os cur-
Algumas faculdades e universidades também optam sos designados como MBA - Master Business Adminis-
por processos de seleção baseados em entrevistas ou tration), oferecidos por instituições de ensino superior,
nas informações pessoais e profissionais dos candidatos, independem de autorização, reconhecimento e renova-
como grau de escolaridade, cursos, histórico escolar ou ção de reconhecimento e devem atender ao disposto na
experiência e desempenho profissional. Resolução CNE/CES nº 1, de 8 de junho de 2007.
Os cursos de pós-graduação lato sensu a distância
Programas e ações podem ser ofertados por instituições de educação supe-
rior, desde que possuam credenciamento para educação
O Estado brasileiro mantém projetos que facilitam o a distância.
acesso de alunos e professores à educação superior e
ajudam a melhorar a qualidade de ensino das instituições Aprofundamento na legislação sobre pós-graduação
federais. Conheça alguns deles: lato sensu:
- Fies: O objetivo do Fundo de Financiamento ao Es- 1 - Os cursos de especialização somente podem ser
tudante do Ensino Superior (Fies) é financiar a graduação oferecidos por instituições de ensino superior já creden-
na educação superior de estudantes que não têm condi- ciadas que poderão oferecer cursos de especialização na
ções de arcar com os custos de sua formação. Para can- área em que possui competência, experiência e capaci-
didatar-se ao Fies, os alunos devem estar regularmente dade instalada. A instituição credenciada deve ser dire-
matriculados em instituições pagas, cadastradas no pro- tamente responsável pelo curso (projeto pedagógico,
grama e com avaliação positiva nos processos avaliativos corpo docente, metodologia etc.), não podendo se limi-
do MEC. tar a “chancelar” ou “validar” os certificados emitidos por
- Pibid: O Programa Institucional de Bolsas de Inicia- terceiros nem delegar essa atribuição a outra entidade
ção à Docência (Pibid) oferece bolsas de iniciação à do- (escritórios, cursinhos, organizações diversas). Não existe
cência para alunos de cursos presenciais que se dedicam possibilidade de “terceirização” da sua responsabilidade
ao estágio nas escolas públicas e que, quando gradua- e competência acadêmica;
dos, se comprometam a trabalhar no magistério da rede 2 - Observados esses critérios, os cursos de espe-
pública de ensino. O objetivo é antecipar o vínculo entre cialização em nível de pós-graduação independem de
os futuros mestres e as salas de aula. Com essa iniciativa, autorização, reconhecimento e renovação do reconheci-
o Pibid faz uma articulação entre a educação superior mento (o que lhes garante manter as características de
(por meio das licenciaturas), a escola e os sistemas esta- flexibilidade, dinamicidade e agilidade), desde que ofe-
duais e municipais. recidos por instituições credenciadas;
- ProUni: O Programa Universidade para Todos 3 - Os cursos designados como MBA - Master Busi-
(ProUni) foi criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005. Sua ness Administration ou equivalentes nada mais são do
finalidade é conceder bolsas de estudos integrais e par- que cursos de especialização em nível de pós-graduação
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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6 - As instituições que oferecem cursos de especiali- Pós-graduação stricto sensu: mestrado e doutorado
zação devem fornecer todas as informações referentes a
esses cursos, sempre que solicitadas pelo órgão coorde- As pós-graduações stricto sensu compreendem pro-
nador do Censo do Ensino Superior, nos prazos e demais gramas de mestrado e doutorado abertos a candidatos
condições estabelecidas; diplomados em cursos superiores de graduação e que
7 - O corpo docente deverá ser constituído necessa- atendam às exigências das instituições de ensino e ao edi-
riamente por, pelo menos, 50% (cinquenta por cento) de tal de seleção dos alunos (art. 44, III, Lei nº 9.394/1996.).
professores portadores de título de mestre ou de doutor, Ao final do curso o aluno obterá diploma.
obtido em programa de pós-graduação stricto sensu re- Os cursos de pós-graduação stricto sensu são sujeitos
conhecido. Os demais docentes devem possuir, no mí- às exigências de autorização, reconhecimento e renova-
nimo, também formação em nível de especialização. O ção de reconhecimento previstas na legislação - Resolu-
interessado pode solicitar a relação dos professores efe- ção CNE/CES nº 1/2001, alterada pela Resolução CNE/
tivos de cada disciplina prevista no projeto pedagógico, CES nº 24/2002.
com a respectiva titulação;
8 - Os cursos devem ter duração mínima de 360 (tre-
zentos e sessenta) horas, nestas não computado o tempo
de estudo individual ou em grupo, sem assistência do- EXERCÍCIO COMENTADO
cente, e o reservado, obrigatoriamente, para elaboração
de monografia ou trabalho de conclusão de curso. A du- 1. (UFMA - Técnico Assuntos Educacionais –
ração poderá ser ampliada de acordo com o projeto pe- UFMA/2016) Segundo a LDB vigente, a Educação Esco-
dagógico do curso e o seu objeto específico. O interessa- lar brasileira é composta por:
do deve sempre solicitar o projeto pedagógico do curso;
9 - Os cursos de especialização em nível de pós-gra- A) Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Su-
duação a distância só poderão ser oferecidos por institui- perior
ções credenciadas pela União, conforme o disposto no § B) Ensino Fundamental e Ensino Médio
1º do art. 80 da Lei 9.394, de 1996; C) Educação Básica e Educação Superior
10 - Os cursos a distância deverão incluir, necessaria- D) Pré-Escolar, Ensino Fundamental, Ensino Médio e En-
mente, provas presenciais e defesa presencial de mono- sino Superior
grafia ou trabalho de conclusão de curso; E) Educação Básica, Educação Especial e Educação para
11 - Farão jus ao certificado apenas os alunos que Diversidade
tiverem obtido aproveitamento segundo os critérios de
avaliação previamente estabelecidos (projeto pedagógi- RESPOSTA: C
co), assegurada, nos cursos presenciais, pelo menos, 75% Art. 21 LDB- Educação Escolar compõem-se de:
(setenta e cinco por cento) de frequência; I-Educação Básica; Educação Infantil, Ensino Funda-
12 - Os certificados de conclusão devem mencionar mental e Ensino Médio.
a área de conhecimento do curso e serem acompanha- II-Educação Superior
dos do respectivo histórico escolar, do qual deve constar,
obrigatoriamente: I - relação das disciplinas, carga horá-
ria, nota ou conceito obtido pelo aluno e nome e qualifi-
cação dos professores por elas responsáveis; II - período
e local em que o curso foi realizado e a sua duração total,
em horas de efetivo trabalho acadêmico; III - título da
monografia ou do trabalho de conclusão do curso e nota
ou conceito obtido; IV - declaração da instituição de que
o curso cumpriu todas as disposições da presente Reso-
lução; e V - indicação do ato legal de credenciamento da
instituição, tanto no caso de cursos ministrados a distân-
cia como nos presenciais;
13 - Os certificados de conclusão de cursos de espe-
cialização em nível de pós-graduação devem ter registro
próprio na instituição credenciada que o ofereceu.
CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
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4. (DETRAN-MT – Pedagogo – UFMT/2015) Sobre o
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), assinale a
HORA DE PRATICAR! afirmativa INCORRETA.
1. (Prefeitura de São Gonçalo do Rio Abaixo – MG - A) Deve estar intimamente articulado com a prática e os
Assistente de Educação Básica – IDECAN/2016) De resultados da avaliação institucional, realizada como
acordo com a Lei nº 9.394/1996, que estabelece as dire- procedimento autoavaliativo e também externo.
trizes e bases da educação nacional, a educação é dever B) Exime-se de compromisso da instituição com o seu
da família e do Estado, inspirada nos princípios de liber- corpo social, com a comunidade científica e tecnoló-
dade e nos ideais de solidariedade humana, e tem por gica, com o Ministério da Educação e com a sociedade
finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu em geral.
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação C) Deverá contemplar o cronograma e a metodologia de
para o trabalho. Assinale a alternativa INCORRETA acerca implementação dos objetivos, metas e ações do Plano
de um dos componentes da organização da educação da instituição, observando a coerência e a articulação
básica obrigatória e gratuita dos quatro aos 17 anos de entre as diversas ações, a manutenção de padrões de
idade, conforme legislação supracitada. qualidade e, quando pertinente, o orçamento.
D) Consiste num documento em que se definem a mis-
A) Pré-escola. são da instituição e suas estratégias para atingir suas
B) Ensino médio. metas e objetivos.
C) Ensino superior.
D) Ensino fundamental.
A) Prouni.
B) Enade.
C) SINAES.
D) SARESP.
E) INEP.
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ANOTAÇÕES
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ANOTAÇÕES
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