MESOPOTÂMIA

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ATIVIDADE: TEXTO COMPLEMENTAR - MESOPOTÂMIA

Colégio
DISCIPLINA: HISTÓRIA E. MÉDIO VALOR:
SÉRIE: 3ª TURMA: DATA:
PROFESSOR: PAULINHO

Sant’Ana NOME

A MESOPOTÂMIA
Assim como o vale do Nilo, a Mesopotâmia foi um dos lugares onde se desenvolveram algumas das
mais antigas sociedades humanas.
Muitos povos se sucederam na ocupação da Mesopotâmia, como sumérios, babilônios, caldeus e
assírios. Embora esses povos apresentassem muitas diferenças entre si, o intenso intercâmbio mantido
entre eles tornou possível a formação de culturas semelhantes, com diversos aspectos em comum.
As semelhanças encontradas nas formas de organização social e de produção e nas crenças
religiosas, por exemplo, podem ser explicadas principalmente pelas guerras de conquista do território,
empreendidas de maneira quase sistemática naquela região.
Assim, neste capítulo, iremos examinar, em um primeiro momento, a história política de alguns
povos que ocuparam a Mesopotâmia e, depois, as tradições, os valores, as crenças, enfim, as características
culturais compartilhadas por esses povos.
1. As condições geográficas
O nome Mesopotâmia foi dado pelos gregos e significa "terra entre rios" (meso = no meio; potamos
= rio). Compreendida entre os rios Tigre e Eufrates, a Mesopotâmia estava localizada entre áreas
montanhosas e desérticas, na extremidade oriental do Crescente Fértil. Dividia-se em duas áreas com
características naturais distintas: ao sul, as férteis planícies da Suméria (depois chamada Caldéia); ao norte,
o árido e montanhoso solo da Assíria.
O Tigre e o Eufrates nascem nas montanhas da Armênia e correm um ao lado do outro em direção
ao golfo Pérsico. Na primavera, o degelo da neve que cobre as montanhas da Armênia provoca inundações,
tornando as terras da baixa planície da Suméria extremamente férteis, fenômeno semelhante àquele que
ocorre com o Nilo.
Como aconteceu no Egito, contudo, foi preciso um enorme esforço dos habitantes da região para
controlar as águas das enchentes e poder cultivar as terras em torno dos rios, que de outra forma seriam
pântanos férteis, mas inabitáveis. Assim, graças ao trabalho continuado de muitas gerações, foi possível
cultivar vegetais e obter colheitas abundantes.
2. Os povos da Mesopotâmia
A Mesopotâmia funcionava como uma espécie de corredor por onde passavam muitos povos
nômades vindos de diferentes regiões. Atraídos pelas terras férteis, alguns deles aí se estabeleceram. Do
convívio entre muitas dessas culturas, floresceram as chamadas sociedades mesopotâmicas.
a. Sumérios
Os sumérios foram provavelmente os primeiros a habitar o sul da Mesopotâmia. Desde o quarto
milênio a.C., realizavam obras de irrigação e utilizavam técnicas de metalurgia do bronze, bem como uma
forma de escrita chamada cuneiforme. Sua maneira de se organizar socialmente acabou por influenciar
muitos dos povos que os sucederam na região.
Ao contrário dos egípcios, que eram politicamente unificados, os sumérios organizavam-se em
pequenas cidades independentes, formadas por um núcleo principal e por terras cultivadas ao redor. As
principais eram Ur, Uruk e Lagash. Essas cidades viviam em constantes disputas pelo poder, o que as
enfraquecia, favorecendo a invasão de muitos povos. Alguns desses povos se estabeleceram na região e
chegaram, inclusive, a dominar os sumérios, absorvendo sua cultura e unificando o governo de suas
cidades.
b. Babilônios
No início do segundo milênio a.C., a região da Mesopotâmia constituiu-se num grande e unificado
império, que tinha como centro administrativo a cidade da Babilônia, situada nas margens do rio Eufrates.
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O soberano mais destacado, e o principal responsável pela amplitude do chamado Antigo Império
da Babilônia, foi Hamurábi (cerca de 1728-1686 a.C.). Em seu governo, foi elaborado um dos primeiros
códigos de leis da Antiguidade, conhecido como Código de Hamurábi. Nele, além dos julgamentos do
próprio rei, foram incluídas várias das tradições e dos valores da sociedade mesopotâmica. O Código de
Hamurábi era muito diferente dos nossos atuais códigos de leis. Sua aplicação não era obrigatória pelos
juizes; servia sobretudo para ilustrar os valores, a justiça e o poder do soberano.
Após a morte de Hamurábi, a Mesopotâmia foi abalada por sucessivas invasões, até a chegada dos
assírios.
O Código de Hamurábi
O Código de Hamurábi, um bloco de pedra com 2,25 metros de altura, encontra-se hoje no
Museu do Louvre, em Paris. Dos muitos artigos de lei nele gravados, cerca de 250 já foram
decifrados. Com isso, informações significativas sobre a sociedade mesopotâmica puderam ser
reveladas.
Pelo texto do Código, ficamos sabendo que a punição a alguns delitos variava de acordo
com a posição social tanto da vítima como do infrator. Em geral, no entanto, a justiça era aplicada
pelo princípio do "olho por olho, dente por dente", ou seja, o castigo era equivalente à ofensa ou
dano causado.
Leia, a seguir, alguns dos artigos já decifrados.
Se um homem negligenciar a fortificação do seu dique, se ocorrer uma brecha e o cantão
inundar-se, o homem será condenado a restituir o trigo destruído por sua falta. Se não puder
restituí-lo, será vendido assim como seus bens, e as pessoas do cantão de onde a água arrebatou o
trigo repartirão entre si o produto da venda.
Se um homem der a um jardineiro um campo para ser transformado em pomar, se o
jardineiro plantar o pomar e dele cuidar durante quatro anos, no quinto ano o pomar será repartido
igualmente entre o proprietário e o jardineiro; o proprietário poderá escolher a sua parte. (...]
Se um homem bater em seu pai, terá as mãos cortadas.
Se um homem furar o olho de um homem livre, ser-lhe-á furado um olho.
Se um médico tratar da ferida grave de outro homem, com punção de bronze, e se ele
morrer, terá as mãos decepadas.
Se um construtor fizer para outro uma casa e não a fizer bastante sólida, se a casa cair,
matando o dono, esse construtor é passível de morte. Se for o filho do dono quem morrer, o filho
do construtor será morto. (Adaptado de: Gaton Dez e A. Weiler. Oriente e Grécia. São Paulo,
Mestre Jou, 1964, p. 77.)
c. Assírios
De origem semita, os assírios viviam do pastoreio e habitavam as margens do Tigre.
A partir do final do segundo milênio a.C., os assírios organizaram-se em uma sociedade altamente
militarizada e expansionista. Realizaram diversas conquistas e estenderam seu domínio para além da
Mesopotâmia, chegando ao Egito.
O centro administrativo do Império Assírio foi primeiramente a cidade de Assur e, logo depois,
Nínive.
Os responsáveis por essa expansão foram Sargão II, Senaquerib e Assurbanipal.
Os assírios ficaram famosos pelos métodos extremamente cruéis de fazer a guerra. Um de seus reis,
Assurbanipal, afirmou: "Por meio de batalhas e da carnificina, eu tomei a cidade. Passei pelas armas
trezentos de seus guerreiros, atirei muitos ao fogo e fiz um grande número de prisioneiros vivos. De uns
cortei as mãos, de outros o nariz e as orelhas e de muitos furei os olhos" (citado de: A Mesopotâmia.
Biblioteca de História Universal Life. Rio de Janeiro, José Olympio, 1970, p. 55).
Com a morte de Assurbanipal o Império entrou em decadência e inúmeras revoltas dos povos
dominados levaram os assírios à derrota em 612 a.C. Nesse ano, Nínive foi tomada por uma coalizão de
medos e caldeus.
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d. Caldeus
Povo semita que se estabeleceu na Mesopotâmia no início do primeiro milênio a.C., os caldeus
foram os principais responsáveis pela derrota dos assírios e pela organização do Novo Império Babilônico,
maior e mais poderoso do que o primeiro.
O soberano mais conhecido desse novo império foi Nabucodonosor, que governou por quase
sessenta anos. Ele ornamentou seu palácio com terraços superpostos, coroados de jardins, chamados de
Jardins Suspensos da Babilônia.
Durante o reinado de Nabucodonosor deu-se o Cativeiro da Babilônia, famoso episódio de
escravização dos hebreus.
Pouco depois da morte de Nabucodonosor, o Novo Império Babilônico foi dominado, em 539 a.C.,
pelos persas.
3. A sociedade mesopotâmica
O principal aspecto que se pode apontar ao estudar os povos da Mesopotâmia refere-se exatamente
às influências que cada uma das sociedades constituídas ou dominadas acabou exercendo umas sobre as
outras. Dessa forma, por razões didáticas, costuma-se fazer o estudo das sociedades mesopotâmicas
considerando-se os elementos comuns entre elas, os traços mais marcantes, que, de modo geral, podem
caracterizá-las.
a. Política, economia e organização social
Embora fossem considerados representantes dos deuses e não divindades, como os faraós do Egito,
os soberanos da Mesopotâmia também exerciam forte domínio sobre a sociedade.
Os impérios, em geral, organizaram-se em províncias, administradas por chefes locais ou por
funcionários nomeados pelo soberano.
A agricultura era a principal atividade econômica na Mesopotâmia. O seu desenvolvimento, assim
como no Egito, dependia da construção de canais e diques para o controle das águas. As terras pertenciam
àqueles que representavam os deuses, mas seu cultivo era comunitário. Parte das colheitas devia
obrigatoriamente ser entregue aos chefes ou funcionários como forma de pagamento pela exploração do
solo.
O controle dos governantes sobre as atividades econômicas, no entanto, aconteceu de maneira mais
branda do que no Egito, o que conferiu maior liberdade à iniciativa da população. Esse fato, aliado à
privilegiada localização geográfica entre o Ocidente e o Oriente, pode explicar o grande desenvolvimento
das atividades comerciais nessa região. No Império Assírio, por exemplo, dizia-se que em Nínive havia
"mais mercadores que estrelas no céu".
Como no Egito, a sociedade encontrava-se rigidamente dividida em camadas sociais. Governantes,
sacerdotes, guerreiros e comerciantes estavam entre os grupos mais privilegiados. Camponeses livres,
artesãos e escravos ficavam entre os mais oprimidos.
Inicialmente, os escravos eram pouco numerosos e a sua existência devia-se principalmente às
dívidas. Com o tempo, o costume de transformar os prisioneiros de guerra em escravos fez aumentar o
número de cativos na região.
b. A escrita cuneiforme
A escrita mesopotâmica, criada pelos sumérios, é conhecida como cuneiforme (do latim cuneus =
cunha) justamente porque seus sinais, talhados em placas de argila, tinham a forma de pequenas cunhas.
Os caracteres eram muito diferentes dos hieróglifos egípcios, constituídos basicamente de desenhos
semelhantes ao que se desejava representar. No início, os sinais cuneiformes também tinham esse formato,
mas acabaram se transformando provavelmente por causa da intensificação das atividades comerciais.
A escrita cuneiforme compunha-se de cerca de 350 caracteres. Seu uso não se restringiu aos povos
da Mesopotâmia. A localização geográfica e o conseqüente intercâmbio com populações vizinhas fizeram
com que essa escrita fosse adotada por quase todos os povos da Ásia ocidental.
c. A religião
Na Mesopotâmia, assim como no Egito, a religião era politeísta. Muitos elementos da natureza
eram considerados divinos, como a terra, os rios, o Sol e a Lua. Os povos mesopotâmicos também temiam
entidades regidas por forças sobrenaturais, como os gênios protetores, os heróis e os demônios.
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Nos primeiros tempos, cada cidade tinha seus deuses específicos. Quando uma unificação política
ocorria, a cidade principal impunha suas divindades às outras. Durante o predomínio da cidade da
Babilônia, por exemplo, esta impôs o deus Marduk. Com a hegemonia dos assírios o culto a Assur foi
difundido. Marduk, porém, recuperou sua primazia quando a cidade da Babilônia voltou a ter o controle do
território, durante o Novo Império Babilônico.
Os deuses mesopotâmicos eram ao mesmo tempo entidades do bem e do mal. Exigentes e temíveis,
adotavam represálias contra aqueles que não cumpriam suas obrigações. Essa crença originou, por
exemplo, o mito do dilúvio, desencadeado pelos deuses para castigar os seres humanos.
Diferentemente dos egípcios, os mesopotâmios não chegaram a se preocupar com a vida além-
túmulo. Acreditavam, vagamente, que os mortos iam para junto de Nergal, deus do "reino de onde não se
volta", cujos domínios eram guardados pelos demônios causadores das doenças.
d. A crença na adivinhação
Os mesopotâmios devotavam grande consideração aos adivinhos, indivíduos a quem se atribuía a
capacidade de descobrir a vontade dos deuses, por meio da interpretação dos sonhos, do vôo dos pássaros
ou mesmo dos sinais encontrados no fígado e nas entranhas de animais sacrificados em louvor aos deuses.
O procedimento mais utilizado, no entanto, era a astrologia, conhecida por nós nos dias de hoje. De
acordo com os mesopotâmios, seria possível antever o destino de uma pessoa pela análise da posição dos
astros no céu no momento de seu nascimento.
e. Os palácios e os templos
Na Mesopotâmia, quase não existiam pedras. Artigo de luxo, elas eram usadas apenas em esculturas
de soberanos e de deuses. Nas construções, no lugar da pedra, empregava- se o tijolo de barro. Mesmo os
assírios, em cujo território havia abundância de pedras, preferiram empregar o tijolo, seguindo o costume
da região. Por isso, praticamente nada restou de suas construções, destruídas pela ação do tempo. Em seu
lugar, ficaram apenas os tells, montes de terra, que desde o século XIX vêm sendo escavados pelos
arqueólogos.
Junto dos templos mais importantes, costumava-se levantar uma torre observatória retangular,
composta por sete andares, denominada zigurate. Unidos por escadas ou rampas, cada andar era pintado de
uma cor e dedicado a um dos sete planetas conhecidos pelos mesopotâmios.
Templos e palácios eram construídos sobre terraços para evitar os efeitos das inundações.
Ocupavam grandes áreas e eram cercados de muros muito largos. Em seu interior distribuíam-se diversas
salas e quartos, ligados por corredores, cujas paredes eram ornamentadas com baixos-relevos,
representando, particularmente, cenas de caça e de guerra. As portas eram guardadas por enormes
estátuas de touros alados.
f. Os saberes
No campo das ciências, os mesopotâmios desenvolveram principalmente a astronomia e a
matemática.
Na astronomia, associada nos primeiros tempos à astrologia, elaboraram cartas astronômicas,
estudaram as diferenças entre estrelas e planetas e fixaram os doze signos do zodíaco. Os mesopotâmios
criaram ainda o calendário lunar de doze meses (seis de trinta dias, seis de 29), ao qual de tempos em
tempos acrescentavam um mês extraordinário.
Na matemática, resolviam complexos problemas de geometria e aritmética e elaboraram o conceito
de que um mesmo algarismo pode ter diferentes valores, conforme o lugar que ocupa no número.
A sociedade mesopotâmica exerceu grande influência sobre inúmeros povos. Entre suas
contribuições mais significativas destacam-se: a semana de sete dias (cada dia dedicado a um dos cinco
planetas conhecidos por eles, mais o Sol e a Lua), o estudo e a crença nos horóscopos, a divisão do dia em
horas, minutos e segundos, a divisão do círculo em 360 graus e o processo da multiplicação.

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