A Adapação Da Organista Ao Hináro CCB
A Adapação Da Organista Ao Hináro CCB
A Adapação Da Organista Ao Hináro CCB
Porto Alegre – RS
2018
ii
Porto Alegre – RS
2018
CIP - Catalogação na Publicação
Sauter, Jaqueline
A ADAPTAÇÃO DA ORGANISTA À ATUALIZAÇÃO DO HINÁRIO
DA IGREJA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL: UM ESTUDO
PRELIMINAR COM ESTRATÉGIAS PARA SUA APRENDIZAGEM /
Jaqueline Sauter. -- 2018.
89 f.
Orientador: Any Raquel Carvalho.
AGRADECIMENTOS
Resumo
Abstract
This work aims to investigate the adaptation of the organist of the Christian Congregation
Church of Brazil in relation to the modifications in the new hymnal (No. 5), as well as the
impact it has had on the way the organists study the new and old (and altered) hymns. The
addition of the third staff has also been investigated. Two questionnaires, as a basis for the
study, were sent to women organists (since only women are allowed to play the organ): a group
of Official organists with a great deal of experience with Hymnal No. 4, and beginner organists
(Apprentices), who had only studied Hymnal No. 5. The Official organists reported that many
still present difficulties playing the altered hymns of the latest edition because of the differences
between the left hand and pedal. The Apprentices admitted not having any problems since they
never came in contact with other editions of the hymnal. Considering that the Christian
Congregation Church of Brazil only allows hymns to be performed during services, exercises
were elaborated to help them adapt to the new hymnal, since in 194 of the 480 hymns, the lower
note of the left hand and the pedal are not the same for several measures. The material presented
is intended to aid mainly the Official organists, however, it may be utilized by all organists as
a source for the many different types of hymns.
Key-words: organ; organists; Christian Congregation Church of Brazil; hymnal; three staves;
questionnaire.
vii
Índice de Figuras
Índice de Gráficos
Gráfico 1: Início dos estudos musicais das organistas oficializadas na CCB ou particular......39
Gráfico 2: Formação musical das organistas do questionário A..............................................40
Gráfico 3: Dificuldades relatadas na adaptação do Hinário 5...................................................42
Gráfico 4: Familiarização com o novo pentagrama do Hinário 5.............................................42
Gráfico 5: Dificuldade em ler o terceiro pentagrama................................................................43
Gráfico 6: Identificação das diferenças entre mão esquerda e pedal........................................44
Gráfico 7: Material tocado pelo pedal.......................................................................................45
Gráfico 8: Início dos estudos musicais das organistas aprendizes na CCB ou particular.........46
Gráfico 9: Formação musical das organistas do questionário B..............................................47
Gráfico 10: Familiarização com o novo pentagrama do Hinário 5...........................................47
Gráfico 11: Dificuldade com a leitura de três pautas simultaneamente....................................48
Gráfico 12: Hinário considerado menos complexo pelas organistas aprendizes......................49
x
Índice de Quadros
Quadro 1. Hinos do Hinário 5 com eliminação de semínima e/ou colcheia e/ou semicolcheia no
pedal em relação ao Hinário 4..............................................................................................9, 10, 11
Quadro 2 Hinos onde ocorre simplificação do pedal no Hinário 5..........................................12, 13
Quadro 3. Hinos onde aparecem notas diferentes entre o baixo da mão esquerda e pedal......14, 15
Quadro 4. Hinos com ritmos diferentes entre mão esquerda e pedal.............................................17
Quadro 5. Hinos com “Final” após as estrofes..............................................................................19
Quadro 6. Lista de hinos com alteração no compasso.............................................................20, 21
Quadro 7. Lista de hinos com alteração na tonalidade............................................................21, 22
Quadro 8. Hinos que não tiveram alteração na harmonia.............................................................23
Quadro 9 Hinos com nenhuma alteração no texto...................................................................24, 25
Quadro 10. Hinos que foram alterados a melodia e pequenas modificações no texto..................25
Quadro 11. Hinos realmente novos...............................................................................................28
Quadro 12. Hinos semi-novos.......................................................................................................28
Quadro 13. Dados correspondente às Organistas Oficializadas (QA)..............................35, 36, 37
Quadro 14. Dados correspondente às Organistas Aprendizes (QB).............................................38
Quadro 15. Tipos de curso de formação em música.....................................................................40
xi
Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 1
1. HINÁRIOS OFICIAIS DA IGREJA CONGREGAÇÃO CRISTÃ NO BRASIL E ANÁLISE
DO HINÁRIO 5...........................................................................................................................4
1.1 Hinos onde houve eliminação de semínima e/ou colcheia e/ou semicolcheia no pedal................ 8
1.2 Hinos com a voz do pedal simplificada....................................................................................... 11
1.3 Hinos com notas diferentes entre a nota mais grave da mão esquerda e pedal ........................... 13
1.4 Hinos com ritmos diferentes entre a voz mais grave da mão esquerda e pedal .......................... 16
1.5 Hinos com “Final” após as estrofes............................................................................................. 17
1.6 Hinos que tiveram alterações na fórmula de compasso............................................................... 19
1.7 Hinos que tiveram mudança de tonalidade.................................................................................. 21
1.8 Hinos que sofreram alterações no texto, mas não na harmonia .................................................. 22
1.9 Hinos que sofreram alterações no texto e em alguma nota ou harmonia ................. 23
1.10 Hinos que não tiveram alteração no texto, mas sim, na harmonia ............................................ 24
1.11 Hinos que tiveram a melodia alterada e pequenas modificações no texto ................................ 25
1.12 Hinos novos ............................................................................................................................... 28
1.12.1 Hinos do Hinário 5 realmente novos (18) .......................................................................... 28
1.12.2 Hinos do Hinário 5 semi-novos (11) .................................................................................. 28
2. METODOLOGIA...........................................................................................................................29
3. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ........................................................................... 33
3.1 Questões do Questionário A – Organistas Oficializadas............................................................. 38
3.2 Questionário B – Organistas Aprendizes .................................................................................... 46
4. UMA PROPOSTA DE ESTRATÉGIAS DE ESTUDO PARA OS HINOS NOVOS E
MODIFICADOS DO HINÁRIO 4 PARA O HINÁRIO 5 ...................................................... 51
4.1 Exercícios para o Hino 26, “Julga-me, Senhor” .................................................................... 52
4.1.1 Hino 26, c.5-7 ....................................................................................................................... 52
4.1.2 Hino 26, c.9-10 ..................................................................................................................... 54
4.1.3 Hino 26, c. 13-14 .................................................................................................................. 55
4.2 Hino 88, “Minha oração” ...................................................................................................... 58
4.2.1 Hino 88, c. 1-8 ...................................................................................................................... 58
4.2.2 Hino 88, c. 9-16 .................................................................................................................... 61
4.3 Hino 215, “Em breve ao céu irei” ......................................................................................... 63
4.4 Hino 407, “És bendito eternamente!”.................................................................................... 68
4.4.1 Hino 407, c.1-4 ..................................................................................................................... 68
4.5 Hino 368, “Deus nos elegeu para Si” .................................................................................... 71
4.5.1 Hino 368, c. 1-2; c. 5-6; c. 8 (trechos em 4/4)...................................................................... 71
xii
INTRODUÇÃO
1
Não há um número específico de músicos que podem participar da orquestra. No entanto, somente uma
organista toca durante o culto, podendo haver revezamento entre elas.
3
notação (três pentagramas), pois estava acostumada com a leitura pelo fato de já estar tocando
um repertório que incluía três pentagramas na universidade. Desde o início do bacharelado em
órgão, minha professora ensinava através do uso de estratégias de estudos (com os três
pentagramas), as quais adaptei no meu plano de estudo do Hinário 5. As organistas da CCB
devem saber tocar obrigatoriamente todos os 480 hinos, mais os 6 coros2 para serem aprovadas
no exame de oficialização.
O fato de eu ter acesso ao estudo de órgão com três pentagramas despertou meu interesse
em saber como as outras organistas de minha igreja estavam lidando com esta adaptação do
Hinário 4 para o 5, assim como as novas organistas que aprenderam diretamente no Hinário 5.
Daí surgiram as minhas questões de pesquisa: Quais as dificuldades que surgiram para as
organistas que tiveram que se adaptar com o novo hinário? Qual foi a repercussão com a
introdução de um novo pentagrama no Hinário 5? Esta pesquisa tem como objetivo investigar
a adaptação da organista com relação às modificações nos hinários oficiais da CCB, enfatizando
as mudanças do Hinário 4 para o Hinário 5.
Este trabalho está organizado em quatro capítulos. No primeiro exponho as edições do
hinário que servirão de referência nesta pesquisa e a análise musical que realizei mostrando as
modificações do Hinário 4 para o Hinário 5. No capítulo 2, apresento a metodologia, incluindo
a preparação e aplicação dos questionários. No terceiro capítulo realizo a análise de dados
obtida através dos questionários e realizo uma discussão dos mesmos. O último capítulo contém
uma proposta de estratégias de aprendizagem para os hinos, focando entre mão esquerda e
pedal. Na conclusão apresento os resultados e os possíveis desdobramentos provenientes da
pesquisa.
2
Os “Coros” são 6 melodias contidas no hinário de pequena extensão, executados geralmente para o encerramento
dos ofícios da CCB. O título destes hinos são: Aleluia! Aleluia!; Toda a glória a Jesus; Ação de graças darei;
Glória nas alturas!; Majestoso é Cristo Jesus!; e A Jesus eu cantarei louvor. Até o Hinário 4 os Coros não
possuíam introdução executada pela organista. Todos iniciavam seu canto simultaneamente. O Hinário 5
incorporou o uso da introdução pela organista conforme os 480 hinos.
4
Hino cristão:
é um poema lírico, concebido com reverência e devoção, destinado a ser cantado e que
expressa a atitude do adorador para com Deus, ou os propósitos de Deus na vida
humana. O hino deve ser simples e métrico quanto à forma, genuinamente emocional,
poético e literário no estilo, espiritual na qualidade, e em seus conceitos tão direto e
manifesto para unificar uma congregação enquanto o canta. (HAMEL, 1973, apud
PRICE, 1937, p.3)
3
Disponível na Internet: https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/hino (Acesso em 18/02/2018).
5
Em 1951, foi editado o Hinário 3 com um novo título “Hinos de Louvores e Súplicas a
Deus”, com um total de 330 hinos. A Sra. Anna Spina Finotti foi a principal editora desse
hinário. Houve muita alteração no texto, devido às grandes mudanças ortográficas na Língua
Portuguesa, sendo que, na parte musical praticamente não houve alterações, a não ser a retirada
do “Amém” nos finais de cada hino. Amorin, no prefácio deste hinário afirma:
Mantivemos, como nas edições anteriores, a maioria dos hinos que o Senhor tem
preparado desde o princípio desta obra em nosso país, porém com as alterações que se
fizeram necessárias, acrescentando também outras melodias e poesias. (HINOS DE
LOUVORES E SÚPLICAS A DEUS, 2007)
A principal modificação foi na mão esquerda, para a qual nos hinários anteriores havia
muitos arpejos, sendo então totalmente excluídos. Nesse hinário as mãos tocam as quatro vozes
e o pedal dobra o baixo.
Em 1992 o Hinário 4 recebeu uma edição específica para as organistas. A escrita
continuou em dois pentagramas (com clave de sol e clave de fá), porém, nos momentos onde a
mão esquerda não alcançava as duas notas, foi colocada a nota alternativa na cor cinza
(destacado em vermelho na Figura 1):
6
Outra modificação nessa edição para a organista foi o dedilhado: realizado apenas para
o soprano na mão direita e para as duas notas da mão esquerda (Figura 2)
O Hinário 4 foi o que teve maior uso, pois foi somente em 2012 que entrou em vigor o
Hinário 5. Mas, nesse meio tempo, houve várias mudanças para uma melhor execução dos hinos
nos cultos.
Em 2006 surgiu uma nova revisão do Hinário 4, realizada por uma comissão de
membros da CCB com sólida formação musical. Ao tentar contatar um dos membros para saber
quem eram, a resposta foi que “nós aprendemos na Comissão que não devemos divulgar”4. Na
publicação do Hinário 5 em 2012, os 450 hinos e 6 dos 7 coros foram mantidos. 5 No seu
prefácio consta:
4
Informação dada por uma pessoa da Comissão que preferiu manter o anonimato.
5
Um dos coros (utilizados somente para encerramento dos cultos) passou a ser cantado durante o serviço
religioso, tornando-se “hino”.
7
Mantivemos, como nas edições anteriores, a maioria dos hinos que o Senhor tem
preparado desde o princípio desta obra em nosso país, porém com as alterações que se
fizeram necessárias, acrescentando também outras melodias e poesias. (HINOS DE
LOUVORES E SÚPLICAS A DEUS, 2012)
Foram acrescentados 30 novos hinos, totalizando 480 hinos e 6 coros. Desses trinta
novos hinos, algumas melodias foram retiradas das edições anteriores do hinário e seus textos
foram reformulados. Os nomes de lugares da região do oriente médio foram omitidos, com
exceção de Jerusalém6. Alguns textos foram revisados devido à reforma da Língua Portuguesa.
Além disso, no Hinário 5, quase todos os hinos mudaram de número, um fator que dificulta a
localização de hinos conhecidos pelas organistas. Dos 480 hinos, 33 foram compostos por 12
mulheres (AMORIN, 2017, p.25). Existem três melodias estrangeiras e quatro melodias
populares.
A principal mudança musical no Hinário 5 foi na sua adaptação para o órgão, pois foi
acrescentada um pentagrama exclusivo para o pedal. Para entender qual foi o motivo dessa
modificação no hinário das organistas, fiz a seguinte pergunta a um membro da comissão: “o
que levou a ter três pentagramas (um exclusivo para o pedal) no Hinário 5? ” A resposta foi:
“era para ficar exatamente como se deveria tocar a pedaleira”, ou seja, uma notação correta para
o órgão7. Com isto em mente, e como descrito anteriormente, o objetivo dessa pesquisa é
investigar a adaptação da organista com relação às modificações do Hinário 4 para o Hinário 5.
Com base nisso, primeiramente analisei os 480 hinos mais os 6 coros para observar onde houve
qualquer tipo de modificação.
Constatei inúmeras modificações que incluem: hinos onde houve eliminação de
seminíma e/ou colcheia e/ou semicolcheia no pedal; hinos com a voz do pedal simplificada;
hinos com notas diferentes entre a nota mais grave da mão esquerda e pedal; outros com ritmos
diferentes entre a voz mais grave da mão esquerda e pedal; hinos com “Final” após as estrofes;
aqueles que tiveram alterações na fórmula de compasso; hinos que tiveram mudança de
tonalidade; outros que sofreram alterações no texto, mas não na harmonia; hinos que sofreram
alterações no texto e em alguma nota ou harmonia; uns que não tiveram alteração no texto; mas
sim, na harmonia; aqueles que tiveram a melodia alterada e pequenas modificações no texto e,
os hinos novos. Exemplifico a seguir essas modificações.
6
https://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20130120055736AAuRtny Acesso em 10/12/2017.
7
Informação dada por uma pessoa da Comissão que preferiu manter o anonimato.
8
1.1 Hinos onde houve eliminação de semínima e/ou colcheia e/ou semicolcheia no pedal
Figura 4. Hino 84, c. 1-4, Hinário 5, – Eliminação das colcheias na execução do pedal
9
Em alguns hinos a voz do pedal foi simplificada com relação ao Hinário 4. Por exemplo,
agora no Hinário 5, o pedal sustenta uma nota do acorde enquanto a voz mais grave da mão
esquerda realiza figurações rítmicas geralmente com notas de passagem e/ou bordaduras. No
Hinário 4 o pedal era executado dobrando o baixo da mão esquerda. As Figuras 5 e 6 mostram
que somente a mão esquerda (em azul) realiza as passagens acima mencionadas, enquanto o
pedal (em vermelho) sustenta uma nota do acorde. Apesar de algumas notas serem diferentes
entre mão esquerda e pedal, a sustentação das notas neste último, facilitou a execução.
12
Abaixo (Quadro 2) seguem os 42 hinos onde ocorre a simplificação do pedal em alguns trechos:
1.3 Hinos com notas diferentes entre a nota mais grave da mão esquerda e pedal
Figura 7. Hino 198, c. 5-7, Hinário 5 - Notas diferentes entre o baixo da mão esquerda e pedal
Figura 8. Hino 215, c. 11-13, Hinário 5. Notas diferentes entre o baixo da mão esquerda e pedal
O Quadro 3 mostra os hinos onde aparecem notas diferentes entre o baixo da mão
esquerda e pedal, totalizando 66 hinos.
1.4 Hinos com ritmos diferentes entre a voz mais grave da mão esquerda e pedal
Nestes hinos, com movimentação diferente entre a voz mais grave da mão esquerda e
pedal, este último é mais movimentado. Nas Figuras 9 e 10 a nota mais grave da mão esquerda
(em azul) sustenta a primeira nota do acorde, enquanto o pedal (em vermelho) se movimenta.
O pedal imita o ritmo do tenor, o que dificultou a execução em relação ao que era.
Figura 9. Hino 457, c. 4-5, Hinário 5 - Movimento das vozes entre mão esquerda e pedal diferentes
Figura 10. Hino 126, c. 9-10, Hinário 5 - Movimento das vozes entre mão esquerda e pedal diferentes
Os hinos que possuem ritmos diferentes entre mão esquerda e pedal totalizam 12 hinos,
Quadro 4:
17
Em todos os hinos do Hinário 4 onde existe refrão (coro), este era cantado sempre após
cada estrofe. No Hinário 5, para encurtar os hinos com refrão, este é cantado apenas após a
última estrofe como mostra a Figura 11 através das indicações de repetição.
18
Os hinos onde aparece o termo “final” estão listados no Quadro 5 abaixo; há um total
de 33 hinos. Deve-se cantar e tocar todas as estrofes primeiro e, somente após a última, passar
para o “Final” (coro).
19
Os hinos abaixo tiveram alterações na sua fórmula de compasso, como por exemplo, o
hino 125 (Hinário 4) possuía um compasso ternário (3/4) e no Hinário 5 passou a ser quaternário
(hino 88), conforme as figuras 12 e 13. Neste caso o andamento diminuiu, projetando melhor o
caráter reflexivo de oração.
20
Apesar dos hinos abaixo (Quadro 7) aparecerem numa nova tonalidade no Hinário 5,
apresentam poucas modificações na sua harmonia; há um total de 64 hinos.
Dos 480 hinos do Hinário 5, em apenas 9 não houve mudança na harmonia, a qual
permanece igual à do Hinário 4, como pode ser visto no Quadro 8.
23
São muitos os hinos que tiveram alteração no texto e, além disso, o número de estrofes
diminuíram ou aumentaram. Há um total de 414 hinos onde houve alteração no texto. Segue
um exemplo com o hino 259 do Hinário 4 (Figura 14) e o hino 64 do Hinário 5 (Figura 15). O
que está na cor amarelo e verde são as alterações que houve no texto do Hinário 4 para o 5:
Figura 14. Hino 256, c. 1-16, Hinário 4 - Hino que sofreu alteração no texto
24
Figura 15. Hino 64, c. 1-16, Hinário 5 - Hino que sofreu alteração no texto
1.10 Hinos que não tiveram alteração no texto, mas sim, na harmonia
O Quadro 9 mostra os hinos que mantiveram o mesmo texto do Hinário 4, mas sofreram
alterações na sua harmonia.
O Quadro 10 mostra hinos do Hinário 5 onde a melodia foi alterada com relação às
edições anteriores e algumas com modificações no texto.
Quadro 10. Hinos que foram alterados a melodia e pequenas modificações no texto
O hino 242 do Hinário 4 (Figura 16), por exemplo, as alterações (Figura 17) ocorreram
na melodia (marcada em verde), porém, o refrão (coro) manteve-se igual ao Hinário 4, assim
como o texto, com apenas algumas modificações (em amarelo):
26
Figura 16. Hino 242, c. 1-20, Hinário 4 - Hino com alteração na melodia e pequenas modificações no texto
27
Figura 17. Hino 6, c. 1-20, Hinário 5 – Hino com alteração na melodia e pequenas modificações no texto
28
O número total considerados novos pela CCB são 30 hinos. No entanto, após uma
análise rigorosa, comparando cada hino novo com as edições anteriores, notei que apenas 18
hinos são totalmente novos (Quadro 11), ou seja, não aparecem em nenhuma outra edição dos
hinários. A melodia de 11 hinos provém do Hinário 1; o hino 404 (Hinário 5) possui melodia
muito semelhante à uma do Hinário 4; e a melodia do hino 428 aparece nos Hinários 1, 2 e 3,
como mostra o Quadro 12 abaixo:
1.12.1 Hinos do Hinário 5 realmente novos (18)
2. METODOLOGIA
O presente trabalho foi delineado em quatro etapas. Na primeira, foi realizado uma
análise musical de todo o Hinário 5, comparando cada alteração ocorrida entre os Hinários 4 e
5, mostrando através de exemplos, os tipos de modificações existentes e apresentando uma
listagem com todos os hinos alterados. A segunda etapa foi a preparação dos dois questionários
que, com base na minha análise realizada no hinário, foi de grande relevância para a elaboração
dos mesmos. Estes questionários foram enviados para as organistas da Igreja Congregação
Cristã no Brasil, tendo como objetivo geral investigar a adaptação da organista mediante as
modificações nos hinários oficiais da CCB, enfatizando as mudanças do Hinário 4 para o
Hinário 5. Segundo Gil (2011), o questionário possibilita atingir grande número de pessoas:
Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Paraná, Rio de Janeiro, Rondônia, Rio Grande do Sul, São
Paulo, Sergipe.
As perguntas dos questionários foram dissertativas e elaboradas de acordo com as
dificuldades que eu mesma experienciei quando o Hinário 5 foi lançado em 2012. No
Questionário A, para as organistas oficializadas, há um total de 14 perguntas, e para as
organistas aprendizes (Questionário B) 12 perguntas. Dados levantados incluem: nome, idade,
cidade de residência, assim como questões mais elaboraras relacionadas às modificações do
Hinário 4 para o Hinário 5. As organistas foram identificadas através de números em cada grupo
(1 a 82; 1 a 18), conforme a ordem de recebimento de seus questionários. Seguem os dois
questionários:
1- Nome
2- Idade
3- Cidade de residência
4- Com quem, onde e com quantos anos começou a estudar música?
5- Com que frequência você estuda órgão?
6- Qual a sua formação máxima em música (conservatório, curso superior,
especialização, mestrado, doutorado)? Qual o nome específico do curso? (Ex.:
Licenciatura em música com ênfase em piano, órgão)
7- Você possui órgão em casa? Que tipo?
8- Na mudança do hinário 4 para o 5, qual foi a sua maior dificuldade diante das
modificações?
9- Com o acréscimo de um novo pentagrama no hinário das organistas, isso foi
totalmente novo ou já estava familiarizada com essa notação?
10- Como você já deveria estar acostumada com o hinário 4, com somente duas pautas,
teve dificuldades em ler uma terceira?
11- Você como organista oficializada, teve que estudar todo o Hinário 5? Caso
afirmativo como ocorreu esse estudo?
12- Você já se deu conta que em vários hinos a voz do baixo da mão esquerda é diferente
da voz do baixo tocada pelo pedal? Você sabe mais ou menos quantos hinos são?
31
13- No hinário 5, em alguns hinos o pedal tem notas diferentes daquelas que a mão
esquerda possui para o baixo (apesar de ambas terem a voz do baixo). Você toca
como está escrito no hinário ou como está escrito na mão esquerda?
14- O hinário 5 contempla 30 novos hinos. Houve um período antes do seu lançamento
para que as organistas aprendessem esses novos hinos. Quais foram as estratégias
de estudo que você utilizou para tocar esses hinos logo após o seu lançamento nos
cultos?
1- Nome
2- Idade
3- Cidade de residência
4- Com quem, onde e com quantos anos começou a estudar música?
5- Com que frequência você estuda órgão?
6- Qual a sua formação máxima em música (conservatório, curso superior,
especialização, mestrado, doutorado)? Qual o nome específico do curso? (Ex.:
Licenciatura em música com ênfase em piano, órgão)
7- Você possui órgão em casa? Que tipo?
8- Como aprendiz da música, deve ter notado modificações do hinário 4 para o 5. Um
deles foi o acréscimo de uma terceira pauta (pedal). Você já tinha familiaridade com
essa notação ou a viu pela primeira vez quando iniciou os estudos?
9- Com o acréscimo da terceira pauta (pedal), quando começou o estudo dos hinos teve
dificuldade com a leitura? De olhar 3 pautas ao mesmo tempo? Seja específica.
10- No hinário 5, em alguns hinos o pedal tem notas diferentes daquelas que a mão
esquerda possui para o baixo (apesar de ambas terem a voz do baixo). Você toca
como está escrito no hinário ou como está escrito apenas na mão esquerda?
11- Como você iniciou os estudos dos hinos já estávamos no hinário 5. Se colocássemos
os hinários 4 e o 5 nas suas mãos, quanto a notação, você acha qual o mais fácil?
Seja específica.
12- Como está se dando o estudo dos hinos, tanto dos antigos como dos 30 novos hinos?
Quais as estratégias de estudo que você está usando? Seja específica.
32
Na terceira etapa, optei pelas questões mais relevantes de cada questionário e realizei
gráficos individuais onde mostro a percentagem e número total de organistas para posterior
comparação. Os questionários foram analisados e os dados cruzados. Na última etapa, a partir
das dificuldades encontradas pelas organistas na adaptação do Hinário 5, contidas nas respostas
de cada questionário, foram elaborados exercícios específicos para a aprendizagem dos hinos.
Selecionei hinos onde há trechos mais complexos, focando entre a mão esquerda e pedal para
a resolução das dificuldades encontradas com base na análise do Hinário 5. Nestes exercícios,
proponho estratégias de estudo, indicando como as organistas poderão estudar, como mãos
separadas e até mesmo, dividindo as vozes para uma melhor execução de cada hino.
33
A CCB possui um programa a ser seguido, tanto para a orquestra (homens) quanto para
as organistas (mulheres). No programa para as organistas constam os requisitos para cada
exame, os métodos usados, solfejo e a parte prática conforme o Quadro 1. Todas passam por
rigorosos exames após diversas aulas com instrutoras oficializados.
Há três tipos de exames que as organistas se submetem para tocar nos cultos da CCB,
sendo o primeiro Reuniões de Jovens e Menores (RJM), na qual só as jovens solteiras podem
tocar, mesmo as não batizadas. Na prova prática exigem os métodos: 2º Schmoll – Completo,
mais G. Bull, op.90 – adaptação para órgão – 20 lições, mais Czerny – Barrozo Neto, Vol.1 OU
Czerny – Germer – 20 lições à escolha. Na prova de teoria musical é utilizado o MTS (Método
de Teoria e Solfejo) produzido pela CCB e, para a RJM pede-se até o módulo 10. Os hinos são
para as RJM (indicado no hinário) mais 50 hinos para a meia hora e os Coros. Pede-se escalas
maiores com arpejos em uma oitava e escalas cromáticas.
O segundo é o exame para os cultos oficiais, onde só participam as organistas batizadas
que atingiram os pré-requisitos musicais. Para esse exame, os métodos exigidos são os mesmos
para RJM (citado acima), Burgmuller op. 100 Vol. 1 (adaptação para órgão com 15 estudos),
mais o Czerny – Barroso Neto Vol. 1, OU Czerny – Germer – 30 lições à escolha. As organistas
precisam saber o MTS por completo, assim como os 480 hinos (a 3 vozes) com pedaleira e
Coros a 4 vozes. As escalas são maiores e menores com arpejo em uma oitava, mais as escalas
cromáticas. As organistas aprovadas nesse exame podem tocar somente na igreja que sempre
frequentam.
O terceiro exame é o de oficialização, no qual também só participam as organistas
batizadas. Este é considerado a última etapa e, assim, as organistas aprovadas poderão tocar em
qualquer cidade onde houver uma Igreja da CCB. Neste exame, os métodos exigidos para a
prática são: Bach – O Pequeno Livro de Anna Magdalena adaptado para o órgão (6 lições à
escolha), Burgmuller op. 100 Vol. 1, adaptado para órgão (20 lições ou substituir por 10 lições
à escolha de Schumann – Álbum para a Juventude) OU 10 lições à escolha: III Schmoll ou 1
Sonatina à escolha. Também precisam saber o MTS completo, os 480 hinos (a 3 vozes) com
pedaleira e Coros a 4 vozes; escalas maiores e menores com arpejos em 2 oitavas, mais as
escalas cromáticas. Apesar da ordem fixa dos exames, as organistas podem pular uma etapa,
desde que os pré-requisitos sejam cumpridos. Quanto à questão do uso de métodos de piano
adaptados ao órgão, Ballesteros, em sua tese de doutorado, afirma:
34
Quanto ao uso do método O Pequeno Livro de Anna Magdalena adaptado para órgão,
Rubio apresenta no prefácio:
...Quem já estudou os métodos originais para piano vai descobrir que este volume, adaptado para
órgão eletrônico de pedaleira com uma oitava, traz um desafio prazeroso de coordenação, que
apresenta ao organista uma amostra da plenitude daquele que é chamado o Rei dos Instrumentos:
o órgão. (RUBIO, Prefácio, s.d.)
Organista 65 60 Curitiba, PR
Organista 66 31 Porto Alegre, RS
Organista 67 24 Machadinho d’Oeste, RO
Organista 68 29 Campo Bom, RS
Organista 69 37 Suzano, SP
Organista 70 28 São Paulo, SP
Organista 71 37 Sorocaba, SP
Organista 72 46 Sorocaba, SP
Organista 73 36 Sorocaba, SP
Organista 74 27 Sorocaba, SP
Organista 75 29 Sorocaba, SP
Organista 76 46 Propriá, SE
Organista 77 27 Sorocaba, SP
Organista 78 24 Caxias do Sul, RS
Organista 79 29 Porto Alegre, RS
Organista 80 47 Porto Alegre, RS
Organista 81 31 Resende, RJ
Organista 82 25 Porto Alegre, RS
O Quadro 13 mostra que as idades das organistas variam de 15 a 63 anos, as quais realizaram
seu exame de aptidão para tocar nos cultos com o Hinário 4.
Pergunta 4 - Com quem, onde e com quantos anos começou a estudar música?
Nessa questão, o início do estudo musical das organistas, as idades variam de 5 a 24 anos.
Sessenta organistas responderam que começaram os estudos na Igreja da Congregação Cristã,
enquanto somente 22 iniciaram os estudos com professoras particulares, como pode ser visto
no gráfico 1. Cada gráfico mostra primeiro o número real de pessoas, seguido pelas
percentagens.
39
PERGUNTA 4
Com professora
particular
27%
Início dos estudos
na Igreja
73%
Gráfico 1. Início dos estudos musicais das organistas oficializadas na CCB ou particular
PERGUNTA 6
8
Entende-se por teclado partido aquele com 44 notas, sendo o teclado superior de Fá2 até Dó6 e o inferior de Fá1
a Dó5. O órgão litúrgico possui de 2 a 5 teclados com 5 oitavas cada e pedaleira com 32 notas.
41
Pergunta 8 - Na mudança do Hinário 4 para o 5, qual foi a sua maior dificuldade diante
das modificações?
Dentre todas as questões elaboradas, essa foi a mais relevante: 4 responderam que tiveram
dificuldades somente na mão na esquerda. Quinze organistas responderam que tiveram bastante
dificuldade, mas não especificaram quais e 22 tiveram maiores dificuldades na mão esquerda e
pedal. O maior problema foi o acréscimo do novo pentagrama no Hinário 5 para 30 das
respondentes. As 4 restantes foram inseridas no item “outros”, pois as dificuldades encontradas
eram com andamento dos hinos, mudança de tonalidade e dedilhados.
42
PERGUNTA 8
Teve
dificuldades
(não
especificadas)
20% Novo pentagrama
Mão esquerda (pedal)
5% 40%
Outros
6%
Mão esquerda e
pedal
29%
PERGUNTA 9
Familiarizada
com o novo
pentagrama 25%
Totalmente
novo
75%
Pergunta 10 - Como você já deveria estar acostumada com o Hinário 4, com somente
duas pautas, teve dificuldades em ler uma terceira?
Nessa questão, 21 organistas disseram que não tiveram nenhuma dificuldade na leitura de três
pentagramas ao mesmo tempo, enquanto 61 responderam que isto se apresentou como uma
dificuldade.
PERGUNTA 10
Não
26%
Sim
74%
Pergunta 11 – Você como organista oficializada, teve que estudar todo o Hinário 5?
Caso afirmativo como ocorreu esse estudo?
As organistas foram unânimes em responder que tiveram que estudar todo Hinário 5 para poder
tocar nos cultos. No entanto, muitas não explicaram como esse estudo ocorreu. Outras
comentaram que foi através do estudo de mãos juntas e depois acrescentaram o pedal. Citarei
algumas respostas retiradas do questionário a seguir:
“Sim. Tive que fazer várias anotações, estudar várias vezes com mãos separadas, pedal
separado. Usar metrônomo. ” (Organista 19)
“Segui o roteiro de estudos fornecido na reunião das organistas, e estudei primeiro os
hinos novos, depois os que sofreram alteração e, por último, os mais difíceis. ” (Organista 38)
“Sim aulas particulares e cursinhos na igreja. ” (Organista 46)
“Sim, fiz esse estudo sozinha em casa, mas tive que fazer estudos realmente, porque tem
gente que acha que dar uma tocada é estudar, mas fazer estudos é bem diferente de
simplesmente dar uma tocada, fiz muitos estudos em câmera lenta, observando os mínimos
44
detalhes, para depois chegar na velocidade correta, conforme pede o andamento de cada hino.
” (Organista 73)
“Sim, com certeza. Estudei 1 vez o hinário completo no piano, somente mão direita e
esquerda 2a vez no órgão com o hinário completo E, pelo menos 1vez por semestre toco
novamente o hinário inteiro para recordar, pois minha igreja tem 14 organistas e tocamos apenas
1x por mês na igreja. ” (Organista 2)
“Estudei tudo novamente, começando pelos fáceis, médios e os difíceis.” (Organista 10)
Pergunta 12 - Você já se deu conta que em vários hinos a voz do baixo da mão esquerda
é diferente da voz tocada pelo pedal?
A maioria das organistas responderam que havia notado essa diferença: entre o baixo da mão
esquerda e o baixo do pedal.
PERGUNTA 12
Não
10%
Sim
90%
Pergunta 13 - No Hinário 5, em alguns hinos o pedal tem notas diferentes daquelas que
a mão esquerda possui para o baixo (apesar de ambas terem a voz do baixo). Você toca como
está escrito no hinário ou como está escrito na mão esquerda?
45
Nessa questão 38 organistas responderam que tocam como está escrito na mão esquerda,
enquanto 44 tocam como escrito no hinário. Seguem alguns comentários retirados do
questionário:
“Tenho que prestar muita atenção quando executo os hinos, caso contrário toco como a
mão esquerda. ” (Organista 15)
“Alguns hinos consigo fazer como o pedal. ” (Organista 23)
“Na maioria das vezes, conforme a mão esquerda. ” (Organista 33)
“Em alguns hinos ainda toco como está escrito na mão esquerda. ” (Organista 40)
“Procuro tocar como escrito no hinário, como estava acostumada tocar no horário 4
ainda tem hinos que acabo tocando como antes. ” (Organista 42)
“Às vezes toco a primeira estrofe como está escrito na mão esquerda, só para me
familiarizar, depois nas demais estrofes tento tocar como está escrito para o pedal. ”
(Organista 82)
PERGUNTA 13
Como na mão
esquerda Como escrito no
46% hinário
54%
hinos. Em todas as igrejas do Brasil, houve ensaios com a orquestra e as organistas focando
apenas os novos hinos. Todas disseram que estudaram mãos juntas e depois acrescentaram o
pedal.
Pergunta 4 - Com quem, onde e com quantos anos começou a estudar música?
Nessa questão, o início do estudo musical das organistas, as idades variam de 8 a 28
anos. Treze organistas responderam que começaram os estudos na Igreja da Congregação
Cristã, enquanto somente 5 iniciaram os estudos com professoras particulares, como pode ser
visto no gráfico 8.
PERGUNTA 4
Com Profª.
Particular
28%
Início dos
estudos na
Igreja
72%
PERGUNTA 6
Outros mais
curso básico da
igreja
33%
Curso básico
oferecido pela
igreja
67%
Pergunta 8 – Como aprendiz da música, deve ter notado que tivemos um acréscimo de
um terceiro pentagrama (pedal) no Hinário 5. Você já tinha uma familiaridade com essa notação
ou viu pela primeira vez quando iniciou os estudos?
Nessa questão, 5 organistas já tinha uma familiaridade com essa notação pelo fato de ter
estudado alguns métodos transcritos pela CCB para o órgão, enquanto 13 organistas não tinham
familiaridade alguma, viram somente no Hinário 5.
Pergunta 8
Familiarizada
28%
Não
familiarizada
72%
Pergunta 9 - Com o acréscimo da terceira pauta (pedal), quando começou o estudo dos
hinos teve dificuldade com a leitura? De olhar 3 pautas ao mesmo tempo? Seja específica.
Nessa pergunta, 4 organistas responderam que tiveram dificuldades com a leitura,
enquanto 14 relataram não ter dificuldade.
PERGUNTA 9
Sim
22%
Não
78%
Pergunta 10 - No Hinário 5, em alguns hinos o pedal tem notas diferentes daquelas que
a mão esquerda possui para o baixo (apesar de ambas terem a voz do baixo). Você toca como
está escrito no hinário ou como está escrito apenas na mão esquerda?
Todas as organistas responderam que tocam como escrito no hinário.
PERGUNTA 11
Hinário 4
17%
Hinário 5
83%
Pergunta 12 - Como está ocorrendo o estudo dos hinos, tanto dos antigos como dos 30
novos? Quais as estratégias de estudo que você está usando? Seja específica.
Nessa questão, todas as organistas responderam a mesma forma de estudo: mãos
separadas, pedal sozinho e depois tudo junto. Segue a resposta de duas organistas:
“Creio que estou me saindo bem. Estudo vozes separadas, junto esquerda e pedilhado, toco
apenas mão direita e esquerda. Mas é diário. ” (Organista 11)
“Modestamente falando, me considero uma boa aprendiz da música, por gostar bastante, o
que ajuda muito. Minha maior dificuldade, é em alguns dedilhados que pedem que estique
muito os dedos, mas é em virtude de uma pequena limitação física que tenho. Até o momento,
tenho ido bem. Normalmente estudo cada pauta separadamente, e por fim, executo todas as
partes juntas, e sempre focando nas partes que encontro dificuldades. ” (Organista 13)
50
Esta pesquisa não tem foco a comparação de resultados entre as organistas oficializadas
e as aprendizes. No entanto, algumas observações são relevantes:
As organistas oficializadas iniciaram seus estudos musicais entre as idades de 5 a 24
anos. As aprendizes variam a idade entre 8 a 28 anos. A idade não é um quesito importante
entre os dois grupos porque as organistas são as “mesmas”, apenas o tempo em que começaram
a estudar determinou qual o hinário que usariam.
Como a maioria dos dois grupos possui o curso básico da Igreja aproximadamente 66%,
34% das oficializadas e 33% das aprendizes procuraram continuar sua formação musical, sendo
em Educação Musical ou piano. A falta de procura por cursos superiores em órgão pode ser
pelo desconhecimento dos cursos disponíveis ou pelo número limitado de cursos existentes no
país.
Todas as 100 organistas entrevistadas responderam que possuem um instrumento em
casa, sendo que 98 tem um semelhante àquele utilizado na Igreja, e apenas duas possuem um
órgão litúrgico. À primeira vista, pareceria que o nível econômico destas organistas é alto, mas
a verdade é que a comunidade auxilia na aquisição de instrumentos (órgão e instrumento de
orquestras), muitas vezes por meio de doações para aqueles que realmente o necessitam. O
órgão que a maioria possui tem um custo muito baixo comparado com o litúrgico.
A introdução do terceiro pentagrama no Hinário 5 apresentou-se como novidade para
aproximadamente 75% das organistas oficializadas, sendo que, 40% afirmaram que esta foi o
maior problema na sua adaptação. A segunda maior dificuldade deste grupo (29%) foi tocar a
mão esquerda com pedal. Por outro lado, as aprendizes não acharam o terceiro pentagrama
problemático (78%), uma vez que iniciaram diretamente com ele. As oficializadas realizaram
exames no Hinário 4 (dois pentagramas) e tiveram que reaprender todos os hinos, além de
aprender a tocar com um terceiro pentagrama, onde o baixo da ME e o pedal são diferentes em
194 hinos, apesar de não de forma prolongada, nem caracterizando um hino a 5 vozes.
Quanto à maneira de estudar os hinos, as organistas oficializadas foram unânimes em
dizer que estudam primeiro mãos juntas e depois acrescentam o pedal. Apesar de parecer uma
forma eficiente de estudar, já que as mudanças ocorrem justamente entre a mão esquerda e o
pedal, 46% reportam não tocar como está escrito no hinário. As aprendizes também foram
unânimes, mas estudam mãos e pedal isolados primeiramente para depois juntar todas as vozes.
Todas disseram que tocam como está escrito.
51
De acordo com a análise de dados dos dois questionários, notei que muitas organistas
oficializadas ainda estão tendo dificuldades com a leitura do Hinário 5.9 Com isso, formulei
exercícios que poderão ajudá-las no estudo dos hinos. Esses também poderão beneficiar as
aprendizes como forma de estudo. Os exercícios estão alicerçados nos seguintes aspectos: o uso
do estudo de auto ensino, de estratégias de estudos e estratégias usualmente utilizadas em
métodos de ensino de órgão, os quais apresento a seguir.
Segundo Galamian (JORGENSEN, 2004, p.85 apud. GALAMIAN, 1964), vários
professores de música sugerem ser conveniente que os alunos abordem o estudo como uma
forma de “auto ensino”, em que, na falta de orientação, os mesmos façam o papel de assessores
do professor, prescrevendo tarefas bem definidas e supervisionando seu próprio trabalho. No
presente trabalho, os exercícios apresentados são de fácil assimilação, podendo ser aplicados a
todos os hinos conforme as dificuldades individuais.
Carvalho (2015), em seu artigo Learning Strategies in Organ Practice: A preliminary
investigation as a potential tool in the preparation of a contrapuntal work (Estratégias de estudo
na prática organística: uma investigação preliminar como ferramenta potencial na preparação
de uma obra contrapontística), divide estratégias de estudo para o início da prática de uma obra
ao órgão em três categorias: melódicas, técnicas e contrapontísticas (CARVALHO, 2015).
Neste trabalho adoto apenas a categoria das estratégias técnicas, que no trabalho de Carvalho
aparecem para os trechos mais complexos como, por exemplo, com a divisão das vozes escritas
para mesma mão entre ambas as mãos, entre outros.
Além disto, a ordem de como estudar as mãos e o pedal, adoto aquela utilizada no
método de Ritchie e Stauffer (2000), como apoio para preparação dos exercícios para os hinos.
No método desses autores, eles indicam que se deve estudar (em alguns casos): somente mão
esquerda, somente mão direita, mãos juntas, somente pedal, mão direita e pedal, mão esquerda
e pedal e, por fim, a junção de todas as vozes (RITCHIE, STAUFFER 2000).
Selecionei 2 hinos novos e 3 alterados como exemplos representativos do tipos de
dificuldades que ocorrem na maioria dos hinos. Somente os trechos mais complexos serão
apresentados e as estratégias de estudo seguem abaixo de cada exercício.
9
Relembrando, as organistas aprendizes não apresentam esse problema, pois aprendem direto no Hinário 5.
Porém, poderão se beneficiar com os exercícios como estratégias de estudo.
52
As dificuldades sempre ocorrem entre a mão esquerda e o pedal. O trecho original será
apresentado no final de todas as estratégias com a omissão do contralto, uma vez que muitas
organistas tocam apenas o soprano (o que é permitido)10.
A dificuldade nesse hino inicia-se a partir do compasso 6 (uma frase) e o coro, o qual é
repetido após cada uma das três estrofes.
a) Nesse exemplo a voz mais grave da M.E. e o pedal foram retirados. Estudar mãos juntas
(soprano mais tenor), ouvindo a M.E. seguindo o dedilhado indicado.
10
É importante observar que é permitido tocar apenas o soprano na mão direita nos hinos, uma vez que ressalta a
linha melódica para a congregação. Devido ao uso do órgão com dois teclados, com a mão direita sempre no
teclado superior, tocar a voz do contralto junto ressalta esta voz, que não é cantada pelos presentes nos serviços
religiosos.
53
b) O soprano foi retirado; o pedal foi acrescentado. Tocar o exemplo, escutando sempre
a ME.
A dificuldade neste trecho do hino apresenta-se no início do coro (c.9), onde aparece
uma nota no pedal diferente da nota mais grave do baixo da mão esquerda (Figura 22). O pedal
é sustentado enquanto a mão esquerda faz uma passagem e, no c.10, no contratempo do segundo
tempo (semicolcheia), o pedal não executa essa nota (Si).
Várias transformações ocorreram nesse hino: (1) a fórmula de compasso mudou de 3/4 para
4/4, (2) a tonalidade mudou de Láb maior para Sol maior, (3) a mão esquerda não tem mais
arpejos, e (4) o texto teve algumas alterações. A primeira seção (estrofes) do Hinário 4 será
apresentada abaixo, seguido do Hinário 5 onde, a seguir, proporei as estratégias de estudo. Logo
depois realizarei o mesmo com o coro.
.
Figura 35. Hino 88, c.1-8, Hinário 5 - Trecho original
b) Estudar ME e pedal
a) Estudar MD e pedal
b) Estudar ME e pedal
O Hino 215, assim como o hino 191, são alguns dos hinos que apresentam várias
alterações. No Hino 215, há também alterações no texto. As maiores alterações musicais
neste hino ocorrem no coro, que aqui é chamado de “Final”, conforme as figuras abaixo.
64
O trecho mais complexo neste hino encontra-se no final do c.9, onde a última nota da
voz inferior da mão esquerda é diferente do pedal (Figura 46). No c.11 a voz inferior da ME
(em vermelho) e o pedal (em azul) possuem notas distintas até o primeiro tempo do
compasso seguinte.
66
Figura 47. Hino 215, tempo final c.9-13. MD e pedal (com contralto)
67
c) Mão juntas
Como dito no capítulo 2, apenas 18 dos 30 hinos são totalmente novos. A seguir serão
apresentados 2 hinos dentre os 18 do Hinário 5, cujas estratégias de estudo estarão direcionadas
às dificuldades puramente técnicas, uma vez que as organistas de ambos os grupos tiveram que
aprender esses. Neste grupo de hinos, o pedal dobra a voz inferior da ME em 15 hinos. Nos 3
restantes existe apenas uma nota diferente em cada hino entre ME e pedal (Hinos 146, 210,
260). Escolhi um destes para apresentar estratégias de estudo e outro que contém alternações
entre fórmulas de compasso 4/4 e 3/4.
Neste hino há três locais onde a ME executa notas (em vermelho), enquanto o pedal
sustenta uma.
a) Estudar MD e pedal
c) Estudar ME e pedal
Este hino alterna as fórmulas de compasso 4/4 e 3/4. Não há dificuldade técnica com
relação a ME e pedal, uma vez que existe dobramento durante todo o hino da voz inferior da
ME com o pedal. A estratégia proposta é estudar todos os trechos 4/4 juntos e igualmente
com os trechos em 3/4.
CONCLUSÃO
informação e/ou pela distância dos cursos em vigor. Esses cursos poderão oferecer novos
horizontes no campo da música.
Um dos pontos mais impressionantes para quem não é da CCB é o fato da organista não
saber de antemão quais hinos serão solicitados a cada culto, pois isto é realizado na hora. Este
é o motivo pela qual a organista oficializada é obrigada a saber tocar 480 hinos (mais 6 Coros).
Isto demonstra não apenas o comprometimento da organista com seu ofício, mas a
responsabilidade dela diante da orquestra e da congregação como líder dos hinos. A organista
da CCB presta um serviço voluntário à comunidade que é desenvolvido por um desejo espiritual
de servir a Deus e poder “retribuir” um dom que recebeu. Sem dúvida a organista possui um
“status” por ser a única mulher que tem voz participativa diante da orquestra e dos clérigos. E
é através da música que ela pode se destacar de uma forma humilde diante de Deus.
Este trabalho apresenta a evolução dos hinários utilizados na CCB, fato que poderá
interessar a todas as organistas. A análise dos hinos que apresentei será de grande valor para as
organistas oficializadas uma vez que apresento todas as mudanças que foram realizadas na
última edição como mudança de tonalidade, o número do hino, a letra, ritmo e pedal
simplificado, entre outros. Vale ressaltar que muitas organistas oficializadas tocam na igreja há
mais de 20 anos e conhecem os hinos (Hinário 4) pelo número ou título, tendo grande parte
destes mudado no atual hinário.
Com a análise realizada no hinário e a aplicação dos questionários, notei que muitas
organistas ainda não tocam como está escrito no Hinário 5. Assim, propus exercícios para
auxiliá-las no estudo destes hinos. Esses exercícios foram pensados em resolver problemas
técnicos que servirão de base não somente para os hinos que utilizei como exemplos, mas para
todo o hinário. Isso poderá incentivar esse grupo que não toca como está escrito a voltar a
estudar, uma vez que é uma exigência.
Finalmente, espero que este trabalho possa servir como uma fonte de consulta para a
imensa classe de organistas existente na minha Igreja (CCB) em todo o Brasil (e até outros
países) para sanar as dificuldades apresentadas pela introdução de um terceiro pentagrama.
Futuras pesquisas poderão verificar a eficácia dos exercícios propostos na aprendizagem e na
reaprendizagem pelas organistas oficializadas do Hinário 5 e suas implicações.
76
REFERÊNCIAS
Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa com Acordo Ortográfico [em linha]. Porto: Porto
Editora, 2003-2016. Disponível em: <https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-
portuguesa/hino>. Acesso em: 18 de fevereiro de 2018.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social, 6º edição. São Paulo: Atlas, S.A.,
2008.
HAMEL, Paul. “Music in the Church”. In: The Ministry, Junho, 1973, p.12. PRICE, Carl F.
“What is a Hymn?” In: Papers of the Hymn Society, VI, 1937. p. 3.
MONTEIRO, Yara Nogueira. Congregação Cristã no Brasil: da fundação ao centenário – a
trajetória de uma Igreja brasileira. Estudos de Religião, v. 24, n. 39, 122-163, jul./dez. 2010.
RITCHIE, George H.; STAUFFER, George B. Organ Technique: Modern and Early. New
York: Oxford University Press, 2000.
RUBIO, Amador. J. S. Bach, O pequeno Livro de Ana Magdalena Bach. Adaptados para órgão
eletrônico. Tokai; TG Music. São Paulo: s.d.