Aparelhagem

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15› Aparelhagem Eléctrica

15.1. Classificação da aparelhagem

A aparelhagem eléctrica que faz parte integrante de uma instalação eléctrica divide-se em
várias categorias: aparelhagem de corte (interruptores, seccionadores, disjuntores, fusíveis, entre
outros), aparelhagem de comando (interruptores, inversores, comutadores, contatores, e outros),
aparelhagem de protecção (fusíveis, disjuntores, relés, entre outros), aparelhagem de ligação
(caixas de derivação, caixas de coluna, fichas, tomadas, e outros), aparelhagem de medida e
contagem (amperímetros, voltímetros, contadores de energia, entre outros) e aparelhagem de
regulação (potenciómetros, condensadores variáveis, e outros), aparelhagem de utilização, entre
outros.

Os aparelhos de utilização são elementos exteriores à própria instalação e que a esta vão ser
ligados através dos seus pontos de utilização. Como exemplos de aparelhos de utilização temos:
motores, lâmpadas, frigoríficos, ferros de engomar, aspiradores, máquinas de lavar, entre outros.
A Figura 18 representa um diagrama de blocos da aparelhagem elétrica.

Como sabemos, cada um destes aparelhos vai estar sujeito a condições de funcionamento
diferentes devido, não só ao papel diferente que vão desempenhar, como também ao tipo de local
e condições ambientais. Assim, podemos ter aparelhagem para interior e para exterior; a
aparelhagem exterior pode estar ao ar livre ou enterrada; podem ainda estar ou não em locais
sujeitos a riscos de explosão, de incêndio, húmidos, molhados, poeirentos, de ambiente
corrosivo, entre outros.

Todos estes factores devem ser tidos em conta aquando da elaboração e execução do projecto a
realizar. Na verdade uma instalação eléctrica será tão mais completa, eficiente e fiáveis quanto
mais funções puder desempenhar e simultaneamente mais elevado for o grau e o número de
características de protecção dos elementos constituintes. Se assim for, garantir-se-á uma maior
comodidade na utilização e maior duração.

Para garantir uma maior eficiência e segurança na instalação, a sua construção deve obedecer a
alguns requisitos, nomeadamente:

1. Concepções (formas) simples;


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2. Funcionamento seguro;

3. Adequados índices IP e IK, de acordo com as influências externas;

4. Boa fiabilidade (garantia de que o material está em boas condições).

Além destes requisitos gerais, outras caraterísticas específicas devem ser ainda exigidas,
aparelho a aparelho. O preço da aparelhagem varia normalmente inversamente com a qualidade,
isto é, melhor qualidade, normalmente (mas nem sempre, felizmente) paga-se mais caro. Com
efeito, uma aparelhagem mais cuidada, com maior garantia, exige sempre um maior dispêndio de
mão-de-obra e também material de qualidade superior.

Com o objetivo de garantir a máxima qualidade da aparelhagem fabricada, tornou-se obrigatório


a partir de 1 de janeiro de 1997, a aposição da marca CE em todo o equipamento colocado no
mercado nacional.

Figura 18 · Classificação da aparelhagem eléctrica.

15.2. Características da aparelhagem. Índices de protecção

Durante o seu funcionamento, a aparelhagem está submetida às mais diversas provas, consoante
a função que desempenha, o tipo de instalação, características da instalação, influências externas

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do local, e outros. Obviamente que serão estes os factores que condicionarão a qualidade da
aparelhagem a fabricar.

Por forma a podermos adaptar à nossa instalação o material mais adequado, o fabricante indica
normalmente algumas das seguintes grandezas e caraterísticas eléctricas da aparelhagem:

1. Intensidade estipulada;

2. Tensão estipulada;

3. Índices de proteção IP e IK;

4. Natureza da corrente;

5. Poder de corte;

6. Número de pólos (unipolar, bipolar, tripolar, tetrapolar), e outros.

As grandezas estipuladas (tensão estipulada, intensidade estipulada, potência estipulada, entre


outros) são os valores que serviram de base ao dimensionamento e fabrico dos aparelhos e que
estes suportam permanentemente sem deterioração ou actuação (no caso dos órgãos de
protecção). Obviamente que se pretende que estas grandezas sejam inferiores aos valores
nominais da rede a que vão ser ligados.

O poder de corte de um aparelho é a máxima intensidade que esse aparelho é capaz de


interromper, sem a destruição dos seus elementos constituintes.

Outro dos dados técnicos normalmente fornecidos pelos fabricantes diz respeito ao número de
pólos (contactos) dos seus aparelhos. Um aparelho bipolar tem 2 pólos, isto é, permite a ligação
(e interrupção) de dois condutores distintos, por exemplo: fase e neutro; duas fases diferentes;
condutor positivo e condutor negativo, entre outros.

Conforme já foi referido, todo o equipamento eléctrico está sujeito às condições locais da
instalação eléctrica, isto é, às influências externas do local. Os códigos IP e IK dos invólucros de
cada equipamento devem, por isso, estar de acordo com as classificações obtidas para cada local,
quanto às influências externas.

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15.3. Aparelhos de ligação

Aparelho de ligação é o aparelho destinado a garantir a continuidade entre dois ou mais sistemas
condutores (condutores, elementos condutores, equipamentos elétricos, aparelhagem, e outros).
Qualquer ponto de ligação num circuito eléctrico é, por isso, um potencial ponto fraco da
instalação, em virtude de a mesma poder desfazer-se acidentalmente, para além de que há sempre
perdas por efeito de Joule e quedas de tensão (mínimas) nos pontos de ligação.

Como aparelhos mais comuns de ligação temos:

• Fichas e tomadas;

• Blocos de junção;

• Terminais de ligação;

• Pentes de ligação;

• Barramentos;

• Caixas de junção;

• Placas de terminais;

• Caixas de derivação e de coluna;

• Coroas de bornes;

• Ligadores de aperto automático ou ligadores rápidos;

• Ligadores de torção, entre muitos outros.

A diversa aparelhagem de ligação, como aliás toda a aparelhagem, pode ser destinada a utilizar
no interior ou no exterior, à vista ou embebida. Todos os dispositivos de ligação devem cumprir
a Norma NP EN 60 998 e satisfazer as condições gerais indicadas no Quadro 20. O aperto
mecânico dos condutores pode ser feito por parafuso, por porca, por anilha, por mola de pressão
ou por aperto automático (rápido).

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Todas as instalações elétricas de utilização ou coletivas, em Baixa Tensão, devem ter o condutor
de proteção em todos os seus circuitos. Por essa razão, as fichas e as tomadas devem ter o
terminal respetivo para ligar ao condutor de proteção.

As fichas são, por isso, constituídas por três ou quatro contactos elétricos, sendo um o de terra, e
seu invólucro isolante, e destinam-se normalmente a ligar uma canalização amovível a uma fixa,
ou duas amovíveis entre si. As fichas, monofásicas ou trifásicas, são fabricadas segundo normas
específicas, para diversas intensidades e tensões estipuladas, sendo as mais vulgares: 6 A, 10 A,
16 A/230 V.

Na Figura 19 estão representados diferentes tipos de fichas, conforme as suas funções e locais a
instalar.

Figura 19 · Diversos tipos de fichas e tomadas (Legrand).

As tomadas, por seu lado, são constituídas por dois, três ou quatro alvéolos, juntamente com o
contacto de terra, com o seu invólucro isolante e destinam-se também a ligar canalizações fixas a
amovíveis ou canalizações amovíveis entre si. As tomadas devem ser ‘tomadas com obturador’,
até 16 A; a partir de 16 A, podem utilizar-se tomadas com tampa. Estas tomadas têm os alvéolos
protegidos, só abrindo quando são introduzidos, simultaneamente, os dois contactos da ficha.

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Tal como as fichas, as tomadas destinam-se a circuitos monofásicos ou trifásicos com o contacto
de terra respetivo. As tomadas podem ser normais, estanques, blindadas e antideflagrantes. São
também fabricadas para diversas intensidades nominais, em monofásico ou trifásico.

As tomadas e as fichas devem ter os seus contactos com dimensões e disposições tais que, em
regra, apenas seja possível ligar entre si tomadas e fichas com o mesmo número de contactos e as
mesmas intensidades e tensões estipuladas. A secção dos terminais das fichas é proporcional à
sua corrente estipulada. No Quadro 21, apresentam-se as condições gerais de instalação e uso de
tomadas e fichas.

Quadro 20 · Condições gerais a observar na ligação entre condutores e equipamentos.

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Quadro 21 · Condições gerais a observar na ligação entre condutores e equipamentos.

As caixas de derivação e de coluna permitem fazer a derivação de circuitos. As caixas de


derivação são utilizadas nas instalações de utilização; as caixas de coluna são utilizadas nas
instalações colectivas dos edifícios. Conforme a função e local ambiental assim o tipo de caixa a
utilizar. Existem caixas com invólucro em plástico e caixas metálicas, com diferentes funções
mecânicas.

As ligações propriamente ditas são feitas dentro das caixas com a ajuda de alguns acessórios de
ligação, de entre os quais destacamos as 'coroas de bornes' e as junções. A coroa de bornes
revela-se mais segura do que os restantes ligadores. Nas caixas de derivação, em cada terminal,
não devem ser apertados mais do que quatro condutores de secção ≤4 mm2 ou dois condutores se
a secção for superior a 4 mm2.

Figura 20 · Ligações numa caixa de derivação (Legrand).

Os condutores, dentro das caixas, devem ter pontas não inferiores a 10 cm, para se poderem
arrumar adequadamente e permitir eventuais cortes futuros.

15.4. Aparelhos de comando e de seccionamento

Os aparelhos de comando têm como função principal modificar o estado de funcionamento de


um circuito eléctrico ou de uma instalação eléctrica. São aparelhos em que a acção de comando
pode ser feita electricamente ou mecanicamente, manualmente ou automaticamente. São
exemplos de aparelhos de comando: o interruptor, o comutador, o telerrutor, o automático de
escada e o contator.

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Como aparelhos de seccionamento, temos o seccionador. O seccionador é um aparelho
mecânico de conexão que, na posição de aberto, permite efetuar a manutenção, a verificação, a
localização dos defeitos e as reparações dos circuitos e da instalação eléctrica.

Contrariamente ao disjuntor e ao interruptor, este aparelho, por não ter poder de corte, não pode
cortar em carga. Os seccionadores são muito utilizados em redes de distribuição em Média e
Alta Tensão, para isolar troços de canalizações, cabos, linhas e redes a serem reparados ou
vistoriados; deste modo garante-se que esses troços não ficam sob tensão quando se trabalha no
troço que está sob observação. Em Baixa Tensão são utilizados, por exemplo, em automatismos
industriais, associados a fusíveis, constituindo os seccionadores-fusíveis.

Os aparelhos de comando e de seccionamento (bem como os de proteção) podem ter vários pólos
(contactos elétricos), isto é, podem ser: unipolares, bipolares, tripolares e tetrapolares.

A posição de desligado dos aparelhos de comando e de seccionamento (bem como os de


protecção), deve ser tal que nunca possam ligar, acidentalmente, por acção da força de gravidade.

Note-se que a generalidade destes aparelhos, quando desligados, tem o seu manípulo voltado
para baixo; na posição de ligado tem o manípulo para cima. O objetivo é sempre o de evitar que
acidentalmente o circuito ligue quando pode constituir perigo para o utilizador ou para a
respetiva instalação.

Interruptor é um aparelho mecânico de conexão capaz de estabelecer, de suportar e de


interromper correntes nas condições normais do circuito, incluindo, eventualmente, as condições
especificadas de sobrecarga em serviço. Este aparelho é ainda capaz de suportar, num tempo
especificado, correntes mas condições anormais especificadas para o circuito, tais como as
resultantes de um curto-circuito. Um interruptor pode ser capaz de estabelecer (ligar) correntes
de curto-circuito, mas não de as interromper (cortar); portanto, diz-se que não tem poder de
corte. O interruptor é, portanto, um aparelho de corte em carga, enquanto o seccionador é um
aparelho de corte em vazio.

Existe uma grande variedade de interruptores: de facas, de manípulo, rotativo, basculante,


electrónico, temporizado, comando à distância, entre outros. Vejamos os principais interruptores
utilizados em circuitos de Baixa Tensão.

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1. Interruptor de facas - Pouco usado actualmente. O comando é feito por acção sobre um
manípulo, o qual actua directamente nas facas que fazem ou desfazem os contactos eléctricos,
com a ajuda de umas segundas facas auxiliares que permitem um corte brusco por acção de
molas. É utilizado particularmente quando as cargas são muito indutivas (motores eléctricos, por
exemplo), efectuando um corte muito rápido, protegendo a instalação;

2. Interruptores de manípulo - Os contactos são feitos e desfeitos, por acção sobre um


manípulo com duas posições: ligado e desligado (ou O e I), conforme a figura.

Os contactos são normalmente pequenas pastilhas de cobre, prata, latão, e outros. Fabricam-se
interruptores unipolares e multipolares, cortando um só condutor ou vários condutores. São
muito utilizados nos Quadros Eléctricos e nas bancadas de trabalho;

3. Interruptor rotativo - A ação sobre os contactos é feita por comutador rotativo;

4. Interruptor basculante - São os mais vulgarmente utilizados nas instalações de utilização


domésticas. O comutador, ao bascular entre duas posições, permite fechar ou abrir o circuito.

Figura 21 · Interruptores e comutadores diversos.

Além destes tipos referidos, muitos outros há, como por exemplo: interruptores de pressão,
interruptores tipo

tic-tac , interruptores tipo ‘pêra’, interruptores de passagem, interruptores de fim-de-curso,


micro-interruptores, e outros.

Os comutadores são aparelhos que permitem modificar sucessivamente as ligações de um ou


vários circuitos; permitem ligar sucessivamente um ou vários conjuntos de lâmpadas ou outros
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receptores; permitem ligar sucessivamente diversos sectores de uma instalação, ou vários
motores.

De entre os comutadores mais vulgarizados temos os comutadores: de escada, de quarto ou vai-


vem, de lustre e o comutador estrela-triângulo. Estes comutadores foram já estudados em número
anterior desta revista, nesta secção. Fazemos, por isso, uma breve referência a eles.

O comutador de escada permite ligar uma ou várias lâmpadas num local e apagá-las noutro.
Pode ser simples ou duplo, conforme acende uma lâmpada (ou um conjunto de lâmpadas) ou
acende duas lâmpadas (ou dois conjuntos de lâmpadas) e as apaga noutro local.

O funcionamento da comutação de quarto é semelhante ao da comutação de escada.

O comutador de lustre permite acender e apagar no mesmo local várias lâmpadas ou conjuntos
de lâmpadas, uma a uma ou por sectores.

O comutador estrela-triângulo permite o arranque de motores, em duas etapas, para reduzir as


correntes de arranque. Utilizado em instalações industriais de Baixa Tensão.

Existem outros aparelhos de comando automático, como o contator, o telerrutor, o


automático de escada, entre outros, que têm, relativamente ao interruptor, as seguintes
vantagens:

1. Permitem o estabelecimento de circuitos, com funcionamento automático em condições pré-


determinadas;

2. Permitem fazer simultaneamente comandos locais e à distância;

3. Permitem fazer o comando de vários locais;

4. Permitem fazer o comando de grandes potências, com consumo reduzido e utilizando tensões
baixas nos órgãos de comando.

O contator é utilizado no comando de motores elétricos em instalações industriais de Baixa e


Média Tensão. O telerrutor e o automático de escada também foram já abordados anteriormente.

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