Bullying TCC Pronto
Bullying TCC Pronto
Bullying TCC Pronto
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em primeiro lugar por nunca ter me abandonado nos
momentos em que mais precisava, por sempre olhar e cuidar de mim independente do
lugar onde estou.
Agradeço ao meu marido por sempre me apoiar e por ter acreditado que eu
chegaria até a reta final desse curso.
Agradeço aos meus filhos por entenderem minha ausência, principalmente
nesses últimos meses.
Às minhas amigas Rafaela Canteiro e Juliana Santos pelas dicas e por sempre
me falarem o que eu precisava ouvir.
5
(ESOPO)
6
RESUMO
Um desses problemas cada vez mais grave é a violência escolar através do Bullying. Apesar de
já existirem algumas pesquisas, o tema atualmente, têm exigido bastante atenção de pais e
professores ligados à área educacional. Amplamente divulgada e explorada pelos meios de
comunicação, tornou-se um tema de debate público e vem despertando o interesse de um
número crescente de autores e pesquisadores.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................................9
1BULLYING..........................................................................................................................10
1.1 Conceito de Bullying........................................................................................................10
1.2 Casos de Bullying.............................................................................................................12
1.3 Tipos de Bullying.............................................................................................................16
1.4 Sintomas de Bullying.......................................................................................................17
1.5 Causa.................................................................................................................................18
2 BRASIL É O 2º PAÍS COM MAIS CASOS DE BULLYING VIRTUAL CONTRA
CRIANÇAS ...........................................................................................................................19
3 BULLYING NA ESCOLA................................................................................................20
3.1 A covardia do Bullying: vítimas relatam suas experiências.........................................21
4 O MUNDO DO CONTO DAS HISTÓRIAS INFANTIS................................................30
4.1 O Patinho feio...................................................................................................................32
CONSIDERAÇÕES................................................................................................................34
REFERÊNCIAS......................................................................................................................36
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem como objetivo a análise do conto patinho feio: trabalhando bullying
na educação infantil, norteando a compreensão do conceito Bullying, suas causas e
consequências no âmbito da educação escolar. Através de uma abordagem qualitativa com base
em autores como Lopes Neto (2004), Fante (2010), Chalita (2010) dentre outros autores.
Entretanto no capítulo 1 destacaremos o conceito, tipos e consequências do termo Bullying, que
apesar de ser um fenômeno antigo, na maioria das vezes começa em casa, contudo, pesquisas e
estudos tratando da temática ainda são recentes.
1 BULLING
Este capítulo tem o intuito de conceituar um termo muito utilizado hoje entre as
pessoas, principalmente no ambiente escolar.
ocasião, o estudante foi jogado a força no chão, por ter se recusado a participar de uma
“brincadeira” de lutinha. “Quando tentei levantar, um menino me deu um chute nas costelas e
eu voltei a cair. Nesse momento, todo o grupo decidiu participar da agressão com chutes e
pisadas pelo corpo enquanto eu estava no chão. Enquanto eles riam, eu gritava pedindo para
pararem. Pararam depois de um tempo e foram jogar bola como se nada tivesse
acontecido.” Mesmo machucado, ele se recusou a ir para o hospital: “tive uma leve torção no
pulso, alguns hematomas pelo tórax e um corte na boca. Fiz questão de tratar de tudo em
casa.”
10
Mas, o que leva certos adolescentes a terem essas atitudes? A psicóloga e doutora em ciências
sociais, Anna Uziel, propôs outras perguntas para responder essa questão. “Podem ser muitas
as razões, difícil identificá-las. Talvez mais importante do que tentar responder esta pergunta
seja propor outras: por que é tão difícil lidar com as diferenças? Por que insistimos em
hierarquizá-las? Que parâmetros sustentam nossa escolha por não respeitar o/a outro/a? Que
olhar dirigimos ao outro/à outra que faz com que concebamos violar seu corpo, sua
dignidade?”
Israel Figueira e Carlos Neto em 2000-2001; e o terceiro estudo foi desenvolvido pela
Associação Brasileira Multiprofissional de Proteção à Infância e Adolescência, os dados
coletados revelaram que 40,5% dos alunos entrevistados disseram estar envolvidos em
episódios de violência. A pesquisa similarmente “demonstrou que o bullying em nossas
escolas se encontra com um índice mais elevado do que os apresentados em países
europeus”. (FANTE,2005). Fante Sugere algumas ações corretivas:
Segundo Lopes; Neto(2010), bullying possui origem na língua inglesa- bully, que
significa valentão, tirano. Esse termo, geralmente, está relacionado a relações interpessoais, em
que há uma desigualdade de poder, uma vez que, um lado da relação será caracterizado por
alguém que está em condições de exercer o seu poder, através da intimidação, humilhação,
atitudes agressivas sobre outra pessoa ou até mesmo um grupo mais fraco, sobrepondo o seu
poder. Esse desequilíbrio de poder dá pelo fato do agressor possuir algumas características, tais
como, “idade superior à da vítima, estrutura física ou emocional mais equilibrada, ter apoio dos
demais colegas de classe, ser extrovertido, circular bem entre os demais grupos da classe,
tamanho superior”, tais características fazem com que a vítima se sinta inferior, não tendo
condições de se defender diante das ofensas, sejam elas verbais ou físicas.
O bullying é uma realidade constante nas instituições de ensino. Jovens são atacados
verbal e fisicamente por não se encaixarem nos “moldes” impostos pela sociedade moderna.
Obesidade, usar óculos, ser feio, ter dificuldade de aprendizado estão entre os casos mais
frequentes da prática do bullying.
13
Diante disso, pode-se perceber perante as citações dos autores, que o fenômeno
bullying não tem um alvo típico, independentemente de classe social ou econômica, pode
ocorrer em diversos ambientes, desde que exista relação entre os sujeitos, como, nas escolas,
nos locais de trabalho, nas famílias, nas prisões e nos clubes, sendo sua prática do bullying
considerada muitas vezes pelos pais e professores como brincadeiras de criança, briguinhas que
envolvem xingamentos e ofensas, mas que passam e, em alguns momentos são desvalorizadas
e até ignoradas, está longe de ser um comportamento normal e aceito em um ambiente escolar.
Consequentemente, pressupõe que o professor é um espectador de diversas situações de
bullying no âmbito da educação infantil (TOGNETTA, 2010).
manifestam a tendência para desencadear e agravar situações em que as vítimas estão numa
posição indefesa, sofrendo ataques físicos, psicológicos, incluindo mesmo a exclusão sob a
forma de marginalização social. A intencionalidade de fazer o mal e a persistência de uma
prática violenta a que a vitima é sujeito é o que diferencia o bullying de outras situações ou
comportamentos agressivos, sendo três os fatores que normalmente o identificam:
O mal causando à vítima não resultou somente de uma provocação, mas sim
por várias ações que tenham sido identificadas como provocações, as
intimidações e a vitimização de outros são regulares;
Geralmente os agressores são mais fortes fisicamente e recorrem ao uso de
armas;
Brancas, ou têm um perfil violento e ameaçador. As vítimas, geralmente não
estão em posição de se defenderem ou procurarem auxilio (VILA; DIOGO,
2009) .
O bullying, de acordo com Chalita (2008), pode ser dividido de forma direta ou
indireta. A forma direta é utilizada frequentemente entre agressores meninos. E as atitudes mais
usadas pelos bullies são os insultos, xingamentos, apelidos ofensivos por um período
prolongado, comentários racistas, agressões físicas – empurrões, tapas, chutes – roubo, extorsão
de dinheiro, estragar objetos e vários outros atos. O autor afirma que a indireta, por sua vez, é
mais comum entre o sexo feminino, tendo como características atitudes que levam a vítima ao
isolamento social, podendo acarretar maiores prejuízos, visto que pode gerar traumas
irreversíveis ao agredido.
O bullying indireto compreende atitudes de difamações, realização de fofocas e boatos
cruéis, intrigas, rumores degradantes sobre a vítima e seus familiares e atitudes de indiferença.
Imprescindível ressaltar que quando se trata da forma indireta do bullying, os meios de
comunicação têm grande importância, como forma mais rápida de proliferação de comentários
cruéis e maliciosos sobre determinada pessoa pública. Esse tipo de constrangimento, ora
mencionado, chama-se de “cyberbullying”, pois trata-se da utilização dos meios de
comunicação, tais como mensagens de correio eletrônico, blogs, torpedos, fotoblogs e sites de
relacionamento, desde que sejam anônimos, para adoção de comportamentos produzidos de
forma repetitiva, por um período prolongado de tempo, de um indivíduo ou grupo contra uma
mesma vítima, com a intenção de causar danos (CHALITA, 2008).
Assim, nota-se que o autor destaca que o diálogo é o meio mais importante para ensinar
a vítima, a saber, defender-se deste ato tão violento. Contudo, apesar da maioria dos
comportamentos do bullying ocorrem na escola, a sua prevenção deverá centrar-se em toda a
comunidade, consequentemente, todas as pessoas têm um papel importante a desempenhar no
auxílio desta perturbação. Os pais das crianças vítimas de bullying devem ter empatia suficiente
para apoiarem os seus filhos a defenderem-se sozinhos. Estes, por sua vez devem estar a par
das situações, dialogando, dando a maior força possível, uma vez que não conseguem defender-
se, desta forma o acompanhamento em casa torna-se fundamental (VILA; DIOGO, 2009).
1.5 Causas
17
O bullying, de acordo com Chalita (2008), pode ser dividido de forma direta ou indireta.
A forma direta é utilizada com maior frequência entre agressores meninos. E as atitudes mais
usadas pelos bullies são os insultos, xingamentos, apelidos ofensivos por um período
prolongado, comentários racistas, agressões físicas – empurrões, tapas, chutes – roubo, extorsão
de dinheiro, estragar objetos dos colegas e obrigar a realização de atividades servis. O autor
afirma que a indireta, por sua vez é a mais comum entre o sexo feminino, tendo como
características atitudes que levam a vítima ao isolamento social, podendo acarretar maiores
prejuízos, visto que pode gerar traumas irreversíveis ao agredido.
Entretanto, Vila, Diogo (2009), afirma que o bullying na escola tem vindo a ser
reconhecido como um problema de grandes dimensões em vários países da Europa, da América
Latina e da Ásia. Este tem um caráter com aspectos marcantemente negativos para as vítimas,
que no seu quotidiano são afetadas quer no rendimento escolar, quer no relacionamento social
e familiar e podendo em longo prazo estar associado à depressão. As graves consequências a
curto, médio e em longo prazo da agressão/vitimização não deviam permitir que se continuasse
a encarar o problema das crianças agressivas ou das vítimas como um “treino para a vida”. As
crianças vítimas desta ofensiva, durante sua vida terão dificuldade em confiarem-nos outros, na
sua autoestima e na capacidade de relacionarem-se com os outros. A consequência mais severa
do bullying é o suicídio.
18
3 BULLYING NA ESCOLA
Há alguns anos, o termo bullying passou a fazer parte de nosso vocabulário,
particularmente entre pais e educadores, já que esse problema atinge muitas crianças e
adolescentes dentro do âmbito educacional, independente de sua faixa etária ou nível
socioeconômico.
Mas como distinguir um caso de bullying escolar e qual postura os pais, professores e diretores
devem assumir para combater esse tipo de situação?
19
“Os dias de aula eram infernais. Cedo, recebi o apelido de ‘João’, pois meu cabelo era
curtinho, por conta de umas complicações quando nasci e os médicos tiveram que raspá-lo. Na
1ª série, meu cabelo foi cortado pela colega que sentava atrás de mim. Recebi depois o apelido
de espantalho, por ser ‘feia e esquisita’. Eu me sentia acuada, agredida e insuficiente. Na 7ª
série, fui trancada na sala por dois garotos, pois eles disseram que queriam ir lanchar com
‘gente normal’. Procurei a coordenação da escola, mas nada fizeram. A psicopedagoga disse
que não acreditava em mim. Tudo isso afetou meu desempenho”, conta a universitária Ana
Letícia Silva, que, durante anos, sofreu com piadas relacionadas a sua aparência e agressões
no colégio.
"Os alunos me ignoravam. A única época em que eu não era invisível era no dia do meu
aniversário, até porque só podia fazer as festinhas nas dependências da escola se a turma toda
fosse convidada. Somente quando mudei de escola e fui bem acolhida pelos novos profissionais,
20
foi que comecei a reagir a essa agressão. Mas, ainda hoje, enfrento a autoestima baixa, o pavor
à rejeição, sem falar na ansiedade e depressão. As sequelas que o bullying deixa, seja em mim
ou em qualquer pessoa, são destrutivas”, completou Ana Letícia.
"Minha farda mal cabia em mim de tão magra que eu era. Por anos, fui chamada de magricela,
Olívia Palito, garça e perna de maçarico. Eu vestia duas calças jeans, uma em cima da outra
para ver se minha perna parecia mais grossa. Eu queria me enterrar. Qualquer coisa era
melhor do que ver aqueles olhares e os risos debochados. Hoje, lamento o tempo que perdi me
importando com essas bobagens. Sinto orgulho da pessoa que me tornei. Queria era voltar a
ser magra (risos)", assim conta *Ângela Lima, professora e advogada.
“Lembro-me quando bem pequeno já era muito rotulado por conta das dificuldades
associadas ao excesso de peso. Eu não era feliz com meu corpo e isso transparecia e refletia
na minha maneira de socializar com as outras crianças. Na maioria das vezes, o bullyng
acontecia dentro da escola, pelos colegas e professores”, O pesquisador diz que com 22 anos
sofreu a perda de sua mãe, que faleceu repentinamente devidos a problemas cardíacos. “Ao
mesmo tempo que isso mexeu demais comigo trazendo muita tristeza, tive forças para me
levantar e fazer algo por mim. Senti que pela primeira vez não existia mais ninguém para me
defender e me consolar das pressões e assédios, e realmente não existia. Foi então que eu reagi
e me levantei. Com auxílio de dieta e academia emagreci mais de 40 quilos em
aproximadamente um ano e meio”,
“O preconceito em relação as pessoas que tem obesidade é muito grande, pois não estamos
dentro do 'padrão' estipulado pela sociedade, tanto no convívio com outras pessoas, como na
busca de emprego
A jovem falou que a vida toda escutou “você tem um rosto bonito, por que não emagrece?".
"Alguns são mais descarados, que nem ao menos me conhecem, já chegam falando se não
penso em fazer dieta ou mesmo se já não pensei em optar pela cirurgia bariátrica. Julgam que
ser gordo é por opção, por que tem preguiça de tentar uma dieta, porém se esquecem que
existem fatores psicológicos compulsivos, digo principalmente meu caso, desconto toda a
minha frustração, tristeza, raiva, alegria, tudo praticamente na comida, é como se fosse um
refúgio”, afirma Bruna.
21
“Na maioria do tempo era porque eu era muito afeminado, ou porque era muito certinho - o
nerd gay. Mas também sofria com brincadeiras e afrontes quanto à cor da minha pele. Digamos
que hoje sou mais preparado para me defender de maneira correta. Sei que os motivos pelos
quais eu sofria não são nenhuma vergonha ou de menosprezo, pelo contrário”. Conta Paulo
Prado.
Hanelissa Zanateli fala que seu principal problema com o preconceito foi quando estudou em
uma escola particular. “Me excluíam por não ter condições financeiras, logo meu desempenho
escolar foi caindo. Fizeram muitas brincadeiras com fotos minhas que eles tiraram escondidas
e colocavam nas redes sociais. Foi aí que entrei em uma depressão e não queria mais estudar”,
lembra.
A jovem fala que, hoje em dia, tudo mudou. "Estou terminando minha faculdade e tenho vários
amigos. Tudo que conquistei foi exatamente por tudo que aconteceu, nunca fiz ninguém ter dó
de mim pelas situações. Pelo contrário, mostrei que foi uma fase que me deixou forte”.
Tive uma vida marcada pelo bullyng por não seguir determinados padrões sociais e por não
ser a garota mais bonita da escola. Lembro na adolescência de ter ouvido o garoto que eu
gostava me chamar de "muito feia" edito isso seguiu-se um "deus me Livre". Saindo da
adolescência resolvi me tornar a atleta e sempre tive uma inclinação por esportes considerados
masculinos. Capoeira, jiu jitsu, muay thay,e por último o fisiculturismo. Durante a época em
que era fisiculturista as pessoas saiam de perto de mim quando eu estava em espaços públicos
ou no ônibus. Certa feita um grupo grande de pessoas apostou uma grade de cerveja para quem
acertasse se eu era um "travesti" ou "sapatão". O tempo passou, deixei o esporte e como
acontece, meu corpo e peso mudaram, e agora, o bullyng é por ter sido atleta de fisiculturismo
e agora ser uma "cheinha". As pessoas insatisfeitas com as próprias vidas tendem a agredir
gratuitamente, pela cor, pelo jeito, pelo esporte, pelo cabelo, pelo tudo ou pelo nada.
Me chamo Thaís, tenho 24 anos, casada e mãe de um casal, e fui vitima de bullying na época
em que estudei num colégio no qual é conhecido pela "disciplina" que ele oferece ao alunado.
Bom, sofri durante cinco anos nesse colégio, sempre fui gorda, não ligava pra vaidade e era
feliz assim. Mais passei a dentro desse colégio conheci a pior forma da violência contra
alguém. Eram apelidos horríveis onde eram desde GORDA a "catraia"... E com o passar dos
anos as coisas só pioraram, tudo era motivo pra gozação, se me destacasse em relação a
uniforme, as notas, se levasse uma topada, exatamente TUDO o que fizesse era motivo pras
"Brincadeiras", onde chegou no ponto que tais brincadeiras se espalharam pras outras salas,
onde teve um episódio em que estava indo pro ponto de onibus onde uma turma de alunos de
diversas salas foram gritando apelidos horriveis até o ponto em que eu ficava... No segundo
ano do ensino médio, teve uma festinha na sala em que estudei, e um aluno apagou a luz da
sala de aula e jogou "farelo" de salgadinho em mim, dizendo que gorda e porca era pra tá
daquele jeito mesmo, suja... Foi a gota d'agua pra mim, comecei a revidar aos insultos, comecei
a ter crises de falta de ar e perda de visão por pânico, se visse alguma das pessoas que fazia
isso era certo ter uma das duas coisas (Confesso que até hoje isso me atinge, porém meu marido
e meus pais me ajudaram a superar), chegou ao ponto de uma vez ao acordar para ir a escola,
agarrar nas pernas da minha mãe e pedir que pelo amor de Deus ela não me deixasse voltar
pra aquele lugar. E graças a Deus ela atendeu meu pedido junto com meu pai. Saí de lá e vi o
quão bem me fez sair de perto de pessoas tão pequenas de espirito!! E mesmo tendo saido de
lá ainda era vitima de piadas, aos meus 15 anos engravidei do meu primeiro filho, fruto de um
namoro que tive com um também ex aluno do colégio, quando as pessoas de lá souberam as
piadas começaram, eram coisas do tipo: "Quem teve coragem de engravidar a catraia?"
"Preciso saber quem foi o cara louco que C... a gorda? Cara de coragem!" Minha reação foi,
erguer a cabeça e não ligar, pois aprendi que pessoas que fazem isso, são pessoas fracas de
espirito. Hoje sou feliz, construí minha familia, sou graduanda em Meteorologia Bacharelado
pela UFAL e de bem comigo mesma!
Eu sou deficiente físico só tenho uma das mãos , na escola as outras crianças não se
aproximavam de mim porque achavam que era contagioso , que se eles tocassem em mim
também ficaria sem a mão depois os adultos me chamavam de cotó, mão de camarão ou braço
de radiola eu sofri muito mas criei um objetivo de superação ! Sou estilista alagoano já vesti
23
diversas celebridade é hoje atendo clientes de todo o Brasil é muitos que riam de mim tem
orgulho ou inveja.
Atualmente sou Universitário, mais quem me ver aqui não sabe o que já passei, o ensino médio
quase acabou com a minha vida, sofri muito Bullying por causa dos meus olhos pois eu tinha
um desvio, eles me batiam praticamente todo santo dia, com brincadeira chatas, me chamavam
de tudo, zaroido, oi pro c.., e muito mais. Com o tempo comecei a criar uma trauma de
ansiedade, fui ao medico mais não tive coragem de fala a verdade, eu apenas torcia para aquele
terror acabar. Nada eu podia fazer, pois todos estavam contra min, derrubavam minha bolsa
me faziam buscá-la no chão como um cachorro, já estava cansado daquilo, eu queria algo
diferente, então resolvi mudar, fui para o turno da noite, e deu uma melhorada, mais mesmo
assim me sentia constrangido por causa do meu desvio, após concluir o médio resolvi fazer a
cirurgia, e hoje sinto uma pessoa superada pelo que já passei, atualmente faço faculdade e
trabalho como auxiliar de contabilidade. Não guardo rancor de quem me fez sofrer, mais sinto
que minha adolescência foi jogada fora por moleques não viam o meu lado e sim o deles.
Contudo, desejo boa sorte aqueles que acabaram com a minha adolescência, vocês estão
gravados na minha memoria.
Bem, eu sofri na infância e algumas vezes sofro ainda na fase adulta. Na infância sempre fui
bem magrinha, tipo abaixo do peso mesmo, e como sabemos, não é apenas as gordinhas que
sofrem. Também nunca fui a popular do colégio, sempre fui calada, muito na minha e
extremamente tímida. Pois bem, uma menina me atormentava no colégio, eu tinha pavor real!!!
Ela me agredia fisicamente e verbalmente, e eu, boba da forma que era nunca me defendia,
pois morria de medo. Ela era muito maior que eu e bem mais forte. Um dia não aguentei e
cheguei em casa aos prantos. Tinha medo de voltar à escola, porque realmente sempre
imaginava o pior, para a minha decepção, quando falei em casa muito valor não tive, acharam
que era besteira de criança, enfim, nada foi feito! Ainda cheguei a encontrar essa menina
depois de anos, e sinceramente, olhando para ela, vejo o quanto a vida me fez bem e o quanto
ela está uma pessoa triste. Pois bem, a outra, por incrível que pareça, ocorre na minha fase
24
adulta, onde por infelicidade da vida perdi minha audição. Já imagina, né? Várias piadas
relacionadas a minha dificuldade de ouvir, no começo a gente relevava, mas chega um
momento que magoa. Já fiquei triste centenas de vezes, e até já explodi. Mas as pessoas são
cegas e pouco se importam se magoam as outras. Enfim, isso só piorou minha timidez e cada
vez me afasto das pessoas. Acabei pegando trauma pesado e tenho muita dificuldade de
comunicação, enfim. Mais amor!
OBESIDADE MÓRBIDA
Bom,eu tenho 40 anos e ainda sofro Bullying ;tenho um filho de 10 anos e outro de 6 eu deixei
de levar eles pra escola e buscar por que os colegas deles ficam zombando eles , até brigas
eles já se envolveram por conta disso , tenho obesidade mórbida e não quero ver meus filhos
passando vergonha por minha causa, é muito triste, ensino eles a respeitar as pessoas mais me
escondo pra não ver eles vendo as pessoas não me respeitarem , sei que eles me amam como
eu sou, esse é meu único conforto . Meu nome é Luciana obrigada.
"CABELO RUIM"
Há muitos anos, quando estudava na escola Jorge assunção sofri muito com esse problema
Bullying os meninos pelo fato de ser negra me xingavam de negra do cabelo ruim e atiravam
bolas de papel em mim era revoltante.
'PENSEI EM ME SUICIDAR"
Primeiro quero afirmar minha condição de hetero que sempre fui e sou até hoje. Sou filho de
classe média e sofri bullying quando meus pais se mudaram de bairro, eu tinha 12 anos era um
garoto normal acostumado a brincar com outras crianças da mesma idade no bairro em que
morava, brincadeiras sadias e sem nenhuma maldade, com os amigos que prezo até hoje, uns
vivos e outros que já se foram.Em 1972 meus pais se mudaram para esse outro bairro, e aí
começou o meu drama, pois encontrei outros costumes garotos pervertidos sexualmente com
mais idade e até pedófilos que moravam nessa rua. Pois bem, eu não cheguei a sofrer abuso
mas sofri assédio moral e foi o bastante para que eu me isolasse dentro de minha própria casa
saindo apenas para o Colégio. Tentei desabafar com alguns colegas mais foi pior, pois a coisa
25
tomou outro rumo e foi aí onde errei, não procurando pessoas certas para me ajudar, eu era
apenas um garoto .Mudei meu comportamento, era um menino alegre e a tristeza tomou conta
de mim, sentindo- me culpado e amargurado com aquela situação, pois não tinha com quem
falar e a vergonha de tocar nesse assunto era tão grande na época que eu pensei até em me
suicidar. Os tempos passaram e pessoas maldosas dessa mesma rua, se encarregaram de
espalhar boatos sobre mim causando injúrias e difamação que carrego até hoje em olhares
irônicos. Estou dando este depoimento para que outros jovens na mesma ou em outra situação
quando sofrer qualquer tipo de bullying que converse com seus pais ou outra pessoa de sua
inteira confiança para que esse problema não se torne um trauma para toda vida, como
aconteceu comigo. É um problema muito sério que pode ser resolvido no início sem deixar
sequelas, mas que pode também prejudicar uma vida toda se não for solucionado.
'RETRATO DO CÃO'
Quero relatar o quão cruel foi ter que aguentar perseguições verbais e no início até físicas do
meu grupo de “amigos” desde as séries iniciais até a conclusão do ensino médio. Pois bem
senhor B, deixa eu descrever da forma que você sempre me viu, a garota esquisita, branquela
com sardas no rosto, pouco mais de seis anos de idade na época, meus óculos eram fundos de
garrafas, há obrigada pelo meu apelido predileto, é, quatro olhos era fichinha para o que
estava prestes a vir, deixa ver se eu lembro! Quatro olhos; Maria doida; Bruxa Queca; Coruja;
Supapo; BiriBiri; Cabelo de Fogo; Bola Quadrada; Antena Cênture; RETRATO DO CÃO;
Acho que não estou conseguindo lembrar de todos, sou grata por isso, esses já me pesam na
memória o suficiente. Eu lembro desses apelidos da mesma maneira que lembro dos tapas que
levei no rosto, lembro deles como lembro da vez em que toda escola me encurralou na parede
por detrás do galpão para jogarem pedras em mim, acho que tinha uns sete anos ai, lembro de
quando e como cortaram meu cabelo contra minha vontade em sala de aula, lembro como riam
de toda e qualquer roupa que usava, da forma como eu colocava meu cabelo de lado, lembro
de quando abaixaram meu short na aula de física, e lembro de quando aquelas duas garotas
maiores esfregaram a bandeja de bolo no meu rosto e jogaram no chão num dia de chuva. Pois
é, lembro do leilão que fizeram da minha bolsa e entre tantos outros episódios que não eu não
quero relatar. O tema aqui discutido é um tema do qual eu tenho legitimidade pra falar com
propriedade, não apenas por ter sentido todas as suas causas e efeitos e carregar algumas
marcas não apenas no psicológico, mas no corpo que tantas vezes eu estapeei belisquei e cortei,
26
pra tentar descontar na minha impotência de não conseguir revidar a altura. Por muito tempo
me questionei se de fato deveria mudar para me adaptar aos padrões estéticos definidos pela
sociedade, a singularidade do meu eu resistiu as imposições opressoras por parte daqueles que
não respeitam o estilo de vida diverso ao seu, Contudo, superada essa fase escura de uma
infância e adolescência problemática, a garotinha nerd hoje, como estudante do curso de
Direito, que embora nunca tenha reagido, esperou o momento certo para falar por toda uma
geração que silencia a dor, por medo ou vergonha como acontecia no meu caso, minha mãe só
teve conhecimento de tudo quando ingressei na faculdade de história, eu não queria dar a ela
mais um problema. Enfim, certo ou errado foi o que aconteceu, então senhor B, deixa eu te
dizer uma coisa, nem todos os que provam da sua intensificada investida de fracasso e auto
destruição, se rendem, uma boa parte sim, mas eu, há! Eu sobrevivi e vim aqui usando o que
desde cedo eu aprendi a fazer para fugir de você, te dizer que, quando buscamos o direito a
justiça prevalece, felizmente você mexeu com a pessoa errada.
"BUJÃO"
Carrego um forte traço genético, a da obesidade. Desde pequenina era motivo de chacota na
escola, com apelidos do tipo: " chupeta de baleia", "Inhonha", " Bujão", entre outros, mas
minha mãe me preparou para a vida, me fazendo aceitar como sou. Assim cresci sem traumas,
participava de tudo na escola, amiga de todos e nunca fui rejeitada de nenhum grupo pelo fato
de ser gorda. A questão do bullying está associado de como você é criada: que você sempre
seja a "vítima" ou protagonista de sua história. Se eu me ORGULHO em ser gorda? NÃO! Me
orgulho em ter a consciência de que uma fita métrica não mede meu valor ou felicidade.
Já faz tanto tempo que ele nem se chamava bullying... as situações eram muito frequentes
quando eu ainda estava no ensino fundamental, da 3a para a 4a série. "Amigos" de turma
faziam chacotas por conta do meu peso e pelo fato de não fazer parte do padrão de beleza entre
as meninas da classe, era chamada de feia, magricela, Olívia Palito, dentre outros. Além disso,
por não ter o mesmo gosto musical, era ameaçada de apanhar, e até aconselhada (pelas
agressoras) de que levasse kit de primeiros socorros para os passeios escolares, porque "ia
precisar". Conversar com diretores e coordenadores não adiantava, pois era lidado como
27
"brincadeiras de crianças". Hoje a gente vê que não é bem assim, e que é preciso ter cuidado.
Fiz acompanhamento psicológico e lidar com a autoestima lembrando dos mesmos apelidos da
infância é um obstáculo a ser vencido todos os dias. (L.F.)
Estes são alguns relatos que uma pequena busca pela internet pode nos mostrar, sem
dúvidas são pessoas que tiveram suas vidas transformadas em um martírio, elas trazem consigo
como consequência das agressões sofridas, marcas que nem mesmo o tempo conseguiu apagar.
São relatos verdadeiramente pesados, que nos deixa o sentimento de incredulidade com relação
a tamanha covardia. E essas são as vítimas que sobreviveram, segundo pesquisas o número de
crianças e jovens que se suicidam é assustador. Conforme o gráfico:
Ainda na visão Coelho apud Costa; Niederauer (2005), o conto é a forma mais primitiva
e milenar de narrar histórias. Dos contos de fada ao folclore popular, houve muitas adequações.
30
Sem limitações, os contos de fadas são uma sequência de fatos, em que a simbologia e a fantasia
levam a criança a liberar emoções que, muitas vezes, estão reprimidas. Eles abordam questões
cruciais da vida humana como, por exemplo, a morte da mãe ou do pai, o envelhecimento,
questionamentos sobre sua existência, seu lugar no mundo, entre outros. A magia e o
encantamento que encontramos nos contos mostram uma vida que pode ser vivida. Os episódios
fantásticos, como animais e objetos que falam, dão à história um tom de veracidade, assim como
a vocabulário simbólico utilizado responde a questões cruciais da existência. Para Machado
apud Ressureição (2005):
que ele, é oprimido e diminuído pela sociedade e, muitas vezes, pela própria família, quando os
adultos estabelecem suas decisões, fazendo-o sentir-se desprezado nesse mundo.
A história resume-se em um ovo de cisne que é colocado em um ninho errado faz com
que um cisne recém-nascido seja criado como pato e, sendo diferente de seus supostos irmãos,
seja apontado como feio pelos mesmos e por sua mãe que sente pena dele. O fato de não
encontrar nenhuma identificação no meio em que nasce, faz com que ele seja discriminado e
ofendido por todos e o patinho sai pelo mundo em busca da sua identidade. A busca da
identidade do pato e a vontade de relacionar-se a um grupo social, sabendo que só poderá ser
aceito quando encontrar um grupo que seja igual a ele. É por isso que, logo no início da história,
ao fugir do quintal em que vivia, ele se aproxima de dois gansos selvagens, tão desprezados
quanto ele pelos animais do quintal. O final feliz se dá quando, ao crescer, o animal se
transforma num belo cisne e encontra os seus, passando-nos a ideia de que só é possível ser
feliz com o nosso similar e deixando ainda a importância da beleza, usada aqui como um meio
de vingança, já que sua beleza o ajuda a conquistar a simpatia de seu novo grupo. Ele que até
então era motivo de compaixão e preconceito por causa de sua aparência, passa a tirar vantagem
dela, pois é considerado o cisne mais bonito do lago. (MACHADO, apud RESSUREIÇÃO,
2005; p. 78).
Ao abordar esse tema, o conto assume seu papel social, retrata os conflitos e,
principalmente, mostrando à criança que, apesar de existirem, no mundo, momentos difíceis,
sempre se pode alcançar a felicidade e o sucesso. Para Bettelheim (1980), “Os contos de fadas,
à diferença de qualquer outra forma de literatura, dirigem a criança para a descoberta de sua
identidade e comunicação e sugerem experiências que são necessárias para desenvolver ainda
mais o seu caráter” Bettelheim, (1980, p.32). O herói do conto, ao encontrar a felicidade, é
capaz de esquecer todas as amarguras e problemas que enfrentou, a fim de vivê-la
plenamente.Em O patinho feio, a personagem enfrenta dificuldades para encontrar sua
verdadeira identidade, mesmo que, para ela, ser diferente não seja problema. Embora exista
uma condição de passividade da parte da personagem, ela alcançará o sucesso almejado. Essa
condição é passada para a criança que, ao identificar-se com a personagem, sente-se segura,
pois não é a única a passar por estes questionamentos e que, como a personagem, ela terá um
final feliz. Esse final está presente nos contos modernos, porém a grande diferença encontra-se
na forma de como solucionar a situação-problema. Com o desenvolvimento constante da
sociedade, seus paradigmas e interesses também evoluíram e a literatura infantil, então, torna-
se um veículo que se propõe a impelir a criança a sair da passividade. A partir de histórias
questionadoras, elas deixam de apenas passar lições moralizantes à criança para incentivar o
32
pequeno leitor na busca de soluções para seus problemas. (Bettelheim, Apud. Costa; Niederauer
1980, p.32).
Contudo, Segundo Machado apud Ressureição (2005), a história mostrada por
Andersen é um símbolo disso, o Patinho Feio só teve seu lugar dentro do grupo quando pôde
mostrar, através de sua imagem, que pertencia de fato àquele grupo, conseguiu isso através da
suplantação do medo e da autopiedade e, principalmente, através da sua beleza, mostrou, assim,
que era capaz de pertencer ao grupo de cisnes, ali seria mais um, já que era tão bonito e elegante
como os outros cisnes, desta vez não seria discriminado e diferenciado, por conseguinte, não
sofreria qualquer tipo de humilhação, condenação ou isolamento. A história traz questões que
reforçam os ideais de beleza e perfeição, trata o diferente como aquele que tem de viver à
margem da sociedade, excluído desta; porque assim não irá melindrar. Esclarece que, aquele
que não se encaixa na sociedade, deve ficar à margem da mesma e é digno de pena, nunca de
consideração. A ideia de uma sociedade igualitária não é ao menos imaginada, pelo contrário,
é importante que haja uma estratificação e uma classificação na sociedade para que nós, como
peças, nos encaixemos onde não incomodemos e não sejamos incomodados. São estes os
valores que, às vezes, inconscientemente, a sociedade recebe e propaga e que agora, a partir de
outros referenciais, passa a questionar. (MACHADO, apud RESSUREIÇÃO 2005; p. 79).
33
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse trabalho foi construído com uma abordagem de referencial teórico, e procurou
destacar as principais fontes sobre a origem, o desenvolvimento e a contribuição dos contos de
fadas para a formação da criança tendo como foco o conceito bullying. Contudo, buscou-se
explicar de maneira breve, a contextualização do tema bullying, do conto “o Patinho Feio”
através dos autores Bettelheim Apud. Costa; Niederauer (1980), Coelho Apud. Costa;
Niederauer (2005) e Machado (2005), Fante apud. Porém, foi possível verificar que os
contos de histórias, permitem compreender que contar histórias não é apenas abrir um livro e
ler um monte de palavras ou mostrar várias figuras as crianças e sim despertar sua curiosidade,
estimular sua imaginação, desenvolver seu intelecto e suas habilidades, porque enquanto diverte
a criança, o conto de fadas favorece o desenvolvimento de sua personalidade, porque
favorece a socialização e o desenvolvimento das habilidades, proporcionando a
oportunidade de a criança utilizar seu inconsciente, condição básica para se conhecer o
significado profundo da vida, essas afirmações puderam ser observadas nas citações de
Coelho apud Oliveira (2009) e Machado apud Ressureição (2005).
Verificou-se ainda de maneira subjetiva através de Fischer (2010) e Vila e Diogo
(2009), que a violência escolar através do bullying vem aumentando gradativamente e está
sendo um dos maiores problemas enfrentados pelas escolas, além de ser um assunto que vem
preocupando pais, educadores e a comunidade como um todo, pois os índices dos problemas
com o bullying vêm crescendo em níveis alarmantes nas escolas públicas e privadas.Já num
segundo momento, buscamos entender qual a participação e de que maneira a família e a escola
interfere na vida e formação de crianças e adolescentes. Através de Vila e Diogo (2009) e
Machado apud Ressureição (2005), constatou-se que as escolas não dispõem de recursos e
meios para intervir nas influências dos fatores externos a ela, além de existir os fatores internos,
tudo aquilo que acontece dentro do ambiente escolar, que também influencia. Por outro lado, as
famílias devem aplicar a sua autoridade de forma em que a comunicação e a compreensão
prevaleçam, mas não de maneira hierárquica, autoritária, e que o ambiente escolar deve ser
agradável para se estar e conviver, pois é onde as crianças e adolescentes passam boa parte do
tempo, é onde começam a se formar os primeiros vínculos de amizade.
Diante de tudo o que foi visto e apontado neste trabalho, nota-se o quanto é difícil educar
crianças e adolescentes no mundo em que vivemos. Contudo, fica claro que é possível, sim,
minimizar esse problema que vem afligindo nossas escolas. Cabe, portanto, à conscientização
34
dos educadores e pais em relação ao seu papel dentro e fora da sala de aula, refletindo e
trabalhando em conjunto com a coordenação da escola para a construção de um programa
antibullying.
Para uma pessoa que nunca passou por isso, é difícil mensurar a dor de uma vítima de
bullying, eu mesma fui uma vítima silenciosa durante boa parte da minha infância, as
lembranças que me restaram desses episódios são borrões de um filme de terror que o tempo
não conseguiu apagar; uma personalidade totalmente introspectiva, falta de confiança em outra
pessoa também faz parte do meu perfil; segui minha vida apesar do sofrimento e durante esse
trabalho, lendo os inúmeros relatos de casos como o que passei me vi novamente mergulhada
naquela angustia sem fim.
Bullying não é brincadeira, é um sofrimento real, a dor é real, e sem sombra de dúvida
o professor pode dar outro rumo a essa situação, já que a maioria dos casos acontecem na escola
e o primeiro passo para mudar esse cenário seria olhar com outros olhos o sofrimento dessas
crianças e adolescentes.
Minha intenção com esse trabalho é mostrar que esse assunto já pode ser trabalhado
desde a educação infantil, onde de forma lúdica através da leitura de contos de fada por
exemplo, podemos introduzir na criança a ideia de se colocar no lugar do semelhante, mostrar
que ser diferente é normal e que as pessoas não são obrigadas a concordar e aceitar tudo que
veem, mas que sim são obrigadas a respeitar seu semelhante, suas diferenças, opiniões,
cores,credo,gênero, opções,etc.
Espero sinceramente ser a professora que vai fazer a diferença, que minha atenção esteja
voltada para ajudar quem estiver passando por essa amargura.
35
REFERÊNCIAS
BARBOSA, SILVA; Bullying, Projeto Justiça na Escola, NET. Brasília/DF. 2010. Cartilha.
Disponível em www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/glossarios-e-
cartilhas/cartilha_Bullying.pdf. Acesso em. 19 set de 2020;
www.facevv.edu.br/Revista/04/O%20FEN%C3%94MENO%20BULLYING%20NO%20AM
BIENTE%20ESCOLAR%20-%20leticia%20gabriela.pdf. Acesso em. 19 out 2020;
COELHO, N. N. apud. COSTA; NIEDERAUER. A psicanálise dos contos de fadas. NET. Rio
de Janeiro. 2005. Disponível em sites.unifra.br/Portals/36/ALC/2005/historia.pdf. Acesso em.
19 out 2020;
FANTE, Cleo. apud. COSTA; NIEDERAUER. A psicanálise dos contos de fadas. NET. Rio
de Janeiro. 2005. Disponível em sites.unifra.br/Portals/36/ALC/2005/historia.pdf. Acesso em.
19 out 2020;
LOPES NETO, A. A. Artigo Bullying: comportamento agressivo entre estudantes. NET. Rio
de Janeiro. 2005. Disponível em www.scielo.br/pdf/jped/v81n5s0/v81n5Sa06.pdf. Acesso em.
20 out 2020;
37
MACHADO, Silva. C. Nem belo nem feio apenas diferente: Literatura infantil e
diversidade, 2005: 102. Dissertação. Pós graduação em Educação. Universidade Federal de
Juiz de Fora. 2005.
SILVA, J. G. Bullying: quando a escola não é um paraíso. Mundo Jovem. março. 2006. Edição
364. Páginas 2 e 3. Disponível em www.mundojovem.com.br/artigos/bullying-quando-a-
escola-nao-e-um-paraiso. Acesso em. 20 out 2020;
Almeida, A., Lisboa, C., & Caurcel, M. J. (2007). ¿Porqué ocurren los malos tratos entre
iguales? Explicaciones causales de adolescentes portugueses y brasileños. Revista
Interamericana de Psicologia, 41(2), 107-118. [ Links ]
Boulton, M. J., & Underwood, K. (1992). Bully/victim problems among middle school
children. British Journal Educational Psychology, 62, 73-87. [ Links ]
Gini, G., & Pozzoli, T. (2006). The role of masculinity in children's bullying. Sex Roles, 54,
585-588. [ Links ]
Kenny, M. C., Mceachern, A. G., & Aluede, O. (2005). Female bullying: Prevention and
counseling interventions. Journal of Social Sciences, 8, 13-19. [ Links ]
Liang, H., Flisher, A. J., & Lombard, C. J. (2007). Bullying, violence and risk behavior in South
African school students. Child Abuse & Neglect, 31, 161-171. [ Links ]
Lisboa, C., & Koller, S. H. (2003). Interações na escola e processos de aprendizagem: fatores
de risco e proteção. Em E. Boruchovitch & J. A. Bzuneck (Eds.), Aprendizagem: processos
psicológicos e o contexto social na escola (pp. 201-224). Petrópolis, RJ: Vozes. [ Links ]
Olweus, D. (1993). Bullying at school. What we know and what we can do. Oxford, UK:
Blackwell. [ Links ]
40
Rigby, K. (1998). The relationship between reported health and involvement in bully/victim
problems among male and female secondary school students. Journal of Health Psychology,
3(4), 465-476. [ Links ]
Rolim, M. (2008). Bullying: o pesadelo da escola, um estudo de caso e notas sobre o que fazer.
Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Instituto de Sociologia,
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. [ Links ]
Sharp, S., & Smith, P. K. (1991). Bullying in UK schools: The DES Sheffield Bullying
Project. Early Childhood Development and Care, 77, 47-55. [ Links ]