Heresia e Ortodoxia. História Social
Heresia e Ortodoxia. História Social
Heresia e Ortodoxia. História Social
2018v1i1p234-248 234
Resumo: Neste trabalho, propomo-nos a analisar o processo pelo qual a heresia torna-se
realidade. Trata-se de um estudo teórico com o intuito de compreender como a ortodoxia
“cria”, através do seu discurso, a heresia e legitima, por meio de vários mecanismos de
coerção, a intolerância. Para tanto, adotamos a pesquisa descritiva e de natureza bibliográfica,
tomando como base a análise do discurso norteado por Michel Foucault (1996), que
apresenta, mediante o estudo da formação discursiva de cada momento histórico, a relação
entre discurso e poder, considerando dispositivos de controle do poder nas diferentes culturas
e épocas históricas. Com base em nosso estudo, pretendemos evidenciar que, para que haja a
heresia, é fundamental o papel da ortodoxia. Ou seja, as heresias não nascem por oposição à
religião, mas de dentro da própria religião, como uma resposta crítica a ela.
Abstract: In this work, we propose to analyze, the process by which the heresy becomes
reality. This is a theoretical study with the aim of understanding how the orthodoxy, “creates”
through its discourse of heresy, and legitimates through various mechanisms of coercion and
intolerance. For both, we have adopted the descriptive nature of the literature, taking as
analytical framework the discourse analysis guided by Michel Foucault (1996) that presents,
through the study of the discursive formation of each historical moment, the relationship
between discourse and power, whereas resistance devices and control of power in different
cultures and historical periods. Based on our study, we intend to highlight that, for there to be
heresy is fundamental to the role of orthodoxy. That is, heresies are not born out of opposition
to religion, but rather within religion itself, as a critical response to it.
Introdução
1
Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da Universidade Federal da Paraíba-
UFPB. Membro do VIDELICET - Estudos em Intolerância, Diversidade e Imaginário, vinculado ao
PPGCR/UFPB e ao CNPq: [email protected]
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sentido de religião proposto por Santo Agostinho que passou para o ocidente cristão: [...] “a
ideia de que religio significava uma ligação baseada na submissão e no amor entre o homem e
Deus” (FILORAMO; PRANDI, 1999, p. 257).
Nessa perspectiva o presente artigo tem como objetivo realizar uma análise teórica
acerca do processo pelo qual a heresia torna-se realidade. Pretendemos compreender como a
ortodoxia “cria” a heresia e legitima, por meio de vários mecanismos de coerção, a
intolerância. Tomamos como objeto de análise a atuação do tribunal do Santo Oficio, uma vez
que fora o tribunal criado pela Igreja no intuito de combater as heresias que se haviam
espalhado pela Europa desde o século XII.
Acredita-se que este trabalho tem sua relevância, na medida em que aborda os
mecanismos de coerção e de controle de poder em um dado momento histórico. Como
principal resultado, pretendemos evidenciar que, para que haja a heresia, é fundamental o
papel da ortodoxia. Ou seja, as heresias não nascem por oposição à religião, mas de dentro da
própria religião, como uma resposta crítica a ela.
Na esfera canônica, o herege é definido como o indivíduo que escolheu e “[...] isolou
de uma verdade global uma verdade parcial e, em seguida, obstinou-se na escolha” (D.M.
CHENU apud VAINFAS, 2014, p. 251). De acordo com o manual dos Inquisidores, herege é:
“Aquele que adere [...] com convicção e obstinação a uma falsa doutrina considerada como
verdadeira” (EYMERICH, 1993: p. 31). Ou seja, tratando-se da heresia, tão ou mais
importante que os atos criminosos era a consciência do transgressor ao cometê-las. “Na
heresia há recusa (ou pelo menos dúvida) a uma verdade que a Igreja ensina mas, para ser
2
CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria,
1993.
classificado como herege, a pessoa deve, apesar de ter sido esclarecida, obstinar-se no erro”
(GONZAGA,1993, p. 129).
Nesse sentido, entendemos que o herege é aquele que contradiz as verdades da Igreja,
não por tentação ou ignorância, mas por convicção pessoal. Lopez (1993) nos revela que, na
Idade Média, as primeiras heresias surgiram no Oriente.
A origem do mal que movia o pecador para cometer o ato pecaminoso poderia ser de
natureza humana, ou seja, uma tentação “carnal”, uma tentação demoníaca, ignorância ou
omissão. Já a heresia possuía um caráter mais abrangente, pois se configurara como recusa ou
dúvida a uma doutrina da Igreja. Ao colocar em dúvida a autoridade da Igreja, que era a base
da sociedade feudal, o pecado torna-se um delito e passa a alçada não mais dos padres mais de
juízes inquisidores. Assim se configura uma heresia.
Para Sonia Siqueira, pioneira dos estudos inquisitoriais no Brasil, os pecados comuns
possuíam um aspecto individual, já o pecado de heresia possuía um aspecto de coletividade,
pois colocava em risco o bem estar da sociedade, “[...] Isso porque, num meio católico, as
heresias e apostasias eram ameaças ao bem comum, uma vez que ameaçavam a integridade
religiosa da sociedade pelo proselitismo dos hereges ou pelo escândalo que eles causavam.
Afetavam a comunidade” (SIQUEIRA, 2013, p.472). E ainda “[...] A heresia era pecado pela
sua própria matéria, porque ia buscar fora da Igreja sua regra de fé. Implicava em revolta
consciente contra o magistério da Igreja, portanto no assentimento do espírito (2013, p. 198).
A autora assim declara:
Com base nisso, pode-se compreender porque certos crimes não entravam na esfera
dos processos inquisitoriais.
As heresias eram interpretadas pelos teólogos cristãos como uma doença espiritual de
extrema gravidade. Por isso, os inquisidores agiam como verdadeiros “médicos”, a fim de
identificar as “doenças” da alma. “Os ministros do Tribunal procediam como um moderno
analista, procurando compreender os processos psicológicos para apreender o sentido da
falta” (SIQUEIRA, 2013, p. 477). Desse modo, a partir das confissões espontâneas ou
forçadas, o réu poderia ser classificado em quatro categorias: heresiarca, crente, suspeito e
faltosos
O caminho para atingir tal fim era o da compreensão das relações humanas,
principalmente as afetivas. Importava realmente apurar a existência da heresia,
não fossem as aparências induzir a juízos falseados. Por isso se interessavam eles
também por atos moralmente bons, situações específicas em que as faltas tinham
sido cometidas; saber se os implicados estavam em seu juízo perfeito, se não
estavam tomados de vinho, ou se o costumavam fazer, e em que conta os tinha a
opinião pública (SIQUEIRA, 2013, p. 478, grifos nossos).
Como doutor, o Inquisidor devia ter a competência para discernir a heresia onde
quer que despontasse, sob as mais inocentes aparências de que se pudesse revestir. A
mesma asserção, feita por diferentes pessoas, pode conter ou não a heresia. Um
exemplo: a afirmação que constantemente reponta das confissões feitas ao Santo
Ofício de que o estado dos casados era tão bom ou melhor que o dos religiosos. A
proposição fora proibida por Trento, podia no entanto, revelar apenas ignorância por
parte de quem repetia, podia ter sido fruto de conversas inconsequentes, mas podia
também esconder a heresia condenada (SIQUEIRA, 2013, p. 488).
Até o momneto discorremos acerca das definições sobre heresia na esfera canônica.
No entanto, para uma análise da conjuntura social, cabe-nos buscar conceituar a heresia a
partir da visão dos “vencidos”, ou seja, aqueles cuja cultura oficial foi imposta. Trata-se de
fato “[...] de observar o herege no processo histórico” (DUBY, 1989, p.176) e assim perceber
o seu lugar social, dando-lhe a oportunidade de fala, condição indispensável para a
compreensão da intolerância.
No entanto, o autor nos mostra que essas dificuldades não podem desencorajar os
historiadores. “O fato de uma fonte não ser “objetiva” (mas nem mesmo um inventário é
objetivo) não significa que seja inutilizável [...] Mesmo uma documentação exígua, dispersa e
renitente pode, portanto, ser bem aproveitada” (GINZBURG, 2006, p. 16). O autor expõe,
todavia, a necessidade de analisar a documentação inquisitorial pela utilização de filtros sobre
o documento, tendo cuidado com as informações fornecidas pelas fontes.
Eu não estou pretendendo naturalmente que esses documentos sejam neutros ou nos
forneçam informações “objetivas”. Eles devem ser lidos como o produto de uma
inter-relação peculiar, claramente desequilibrada. No sentido de decifrá-los,
devemos aprender a captar, por baixo da superfície uniforme do texto, uma
interação sutil de ameaças e temores, de ataques e recuos. Devemos aprender a
desencadear os diferentes fios que formam o tecido factual desses diálogos
(GINZBURG, 1991, p. 15, grifos nossos).
Por essa razão, gostaríamos de conceituar adiante as heresias a partir do seu papel
social, detectando o “perigo” que representava o discurso do herege para que deles se
preocupasse tão intensamente o Santo Ofício. “Mas o que há enfim, de tão perigoso no fato de
as pessoas falarem e de seus discursos proliferarem indefinidamente? Onde, afinal está o
perigo?” (FOUCAULT 1999, p. 8). Em concordância com o que expomos até agora, percebe-
se pelo caráter de crítica social que as heresias assumiram a partir da estruturação do
feudalismo na Idade Média, os hereges passam à condição de perigosos, pois ameaçavam o
sistema social vigente. “Protesto contra a pobreza, rebelião contra a autoridade, denúncia de
corrupção eclesiástica, pregação evangelizadora para restaurar a pureza original do
cristianismo, tudo isso se misturou para dar origem ao fenômeno herético” (LOPEZ, 1993, p.
25).
O mesmo podemos dizer de homens e mulheres perseguidos pelo Santo Ofício, visto
que eles não entravam na lógica do discurso sustentado pela sociedade da época em que
viveram. Para Grigulevich, a Inquisição surgiu para combater a heresia enquanto ameaça à
dominação vigente (apud LOPEZ, 1993, p. 15). Dessa forma, a heresia surge como um
produto do seu meio, como uma quebra ou ruptura com as “verdades” estabelecidas pela
sociedade em que ela atua como uma forma de rejeição ao discurso institucionalizado.
3 Heresia e ortodoxia
Corroborando com essa ideia também nos esclarece Duby: “é com efeito, a sentença
de condenação pronunciada pelos clérigos que isola um corpo de crenças e lhe dá nome”
(1989, p. 178). Isto é, o discurso da ortodoxia, consiste na denúncia que a própria Igreja fazia
daquilo que procurava subverter a “verdade”: seus dogmas e preceitos.
Algo peculiar recordado por Lopez (1993) é o fato de que alguns Santos da Igreja
também possuíam em sua pregação certas afinidades com os discursos dos heréticos
queimados nas fogueiras. O autor cita dois personagens: Santa Catarina de Sena e São
Francisco de Assis: O caso de Santa Catarina é emblemático, pois ela verberou a imoralidade
do papado de Avignon. “Obstinada e piedosa, foi, como outros santos da mesma estirpe, o
reverso da medalha cuja outra fase era a heresia” (1993, p. 26).
Catarina é sempre lembrada pelos seus biógrafos como uma jovem de personalidade forte e
corajosa.
Se essa pacificação da rebeldia do herege não acontecia, logo ele sofreria o princípio
da exclusão, por meio do banimento, da prisão, ou do suplício no auto-de-fé. Recordamos o
famoso caso de Domenico Scandella, apresentado pelo historiador Italiano Carlo Ginzburg
(2006). A princípio, pareceu aos Inquisidores que haviam conseguido “domesticá-lo”
persuadindo-o a obedecer a Igreja e reconhecer nos “absurdos” que havia falado, fruto de
inspiração demoníaca. Domenico teria dito que “[...] a igreja não vai bem, e não deveria ter
tanta pompa3” (GINZBURG, 2006, p. 128). Nas palavras dos seus acusadores, com sua
desobediência ele “[...] criou uma nova seita e um novo modo de viver” (2006, p. 130). No
final do processo, porém, Domenico escreve uma carta pedindo perdão, redimindo-se dos seus
erros, expressando-se nestes termos:
A partir do século XVI, conforme Sônia Siqueira, as heresias que foram combatidas
tornaram-se mais refinadas, pois, embora mantivessem o caráter de crítica ao sistema, a
Igreja, a nobreza, etc., elas passaram a se esconder sob diferentes formas, disseminadas na
sociedade sob diferentes rótulos, influenciadas pelo iluminismo, luteranismo, judaísmo, entre
outros. “Talvez fossem mais graves porque se ocultavam, disfarçadas sob novas versões da
espiritualidade cristã. O Santo Oficio combateu as novas mobilidades da heresia próprias dos
tempos modernos” (SIQUEIRA, 2013, p. 201).
A autora esclarece que a Igreja da Reforma Católica foi uma Igreja de combate,
mobilizada contra a heresia, por isso, apareceram traços novos. Dentre os “traços novos” aqui
mencionados, ressalta-se o fator cristão novo, alvo principal das inquisições ibéricas, pois
eram vistos como um perigo à unidade do reino e à hegemonia de um catolicismo abalado. A
igreja após a Reforma torna-se ainda mais obstinada em sua missão de “salvar o mundo” dos
perigos do judaísmo, luteranismo e tudo o mais que ameaçasse o seu poderio e a sua Doutrina.
Sabemos que um dos principais alvos de perseguição por parte do tribunal português
foram os cristãos novos acusados de criptojudaísmo, isto é, a realização de ritos judaicos de
forma clandestina, “secreta”. No Brasil, muitos cristãos novos foram denunciados e
processados pela Inquisição durante as visitas que aconteceram no período colonial: a
primeira, em 1591 e 1595, a segunda entre 1618 e 1621, e a terceira entre 1627 e 1628. As
3
Mais uma heresia que se assemelha ao pensamento de São Francisco contra a fortuna da Igreja.
práticas que sinomizavam a realização de ritos judaicos pela porção cristã nova da população
eram variadas, desde guardar o sábado, até mesmo, vazar as águas dos potes que se
conservavam em casa, quando do falecimento de alguém, rejeitar carne de porco, açoitar e até
mesmo urinar sobre um crucifixo, dentre tantos outros costumes, conforme destacado por
Ronaldo Vainfas:
[...] 1) guardar o sábado, vestindo-se com roupas e joias de festas, limpando a casa
na sexta feira e ascendendo candeeiros limpos com mechas novas, mantendo-os
acessos por toda a noite; 2) abster-se de comer toucinho, lebre, coelho, aves
afogadas, polvo, enguia, arraia, congro, pescados sem escamas em geral; [...] 7)
utilizar ritos funerários judaicos, a exemplo de comer em mesas baixas pescado,
ovos e azeitonas quando morre gente na casa de judeus, amortalhar os defuntos com
camisa comprida, enterrá-los em terra virgem, cotar-lhes as unhas para guarda-las,
pondo lhes na boca uma pérola ou mesmo uma moeda de ouro ou prata e dizendo-
lhes que é para pagar a primeira pousada, mandar lançar fora a água dos potes e
vasos da casa quando alguém morre na casa (VAINFAS, 1997, p.22-23).
Nesse sentido, percebemos que o criptojudaísmo era visto pela Igreja como uma grave
heresia uma vez que negava a divindade de Cristo, porquanto os judeus não aceitaram o
messias Jesus. Em virtude disso, o discurso judaico era ameaça à própria base do cristianismo.
A incorporação de elementos judaicos e as afirmações “blasfemas” dos cristãos novos contra
a pessoa do Papa, contra os clérigos e até contra o Deus cristão, eram ameaças à unidade da fé
pretendida pela coroa portuguesa.
Considerações finais
Perguntas como estas não possuem respostas prontas, mas merecem atenção para uma
reflexão cuidadosa acerca dos efeitos devastadores dos discursos que tendem ainda hoje a
reascender as chamas de uma nova Inquisição, como nos alertou Hoornaert:
Dessa forma, consideramos que o estudo da Inquisição, “[...] todos nós o sentimos,
desemboca no estudo da intolerância e das suas diversas motivações” (DUBY, 1989, p. 178).
Acreditamos que o estudo do Santo Oficio traz à baila o problema da intolerância na história e
vem demonstrar quão perigoso pode ser quando o discurso religioso se confunde com
interesses políticos, dando margem a diversos problemas e conflitos.
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