Dom João No Brazil (1808-1821) - Oliveira Lima
Dom João No Brazil (1808-1821) - Oliveira Lima
Dom João No Brazil (1808-1821) - Oliveira Lima
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OL.IVE1RA LIMA
DA ACADEMIA BRAZILEIRA
I3
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DOM JOAO VI
NO BRAZIL
18O8-1821
PRIMEIRO VOLUME
1908
<!
Trabalhos do auctor
MEU PA1
E AOS
JAYME Moxiz
i
\
INDICE
i
V
-; \
INDICE DOS CAPITULOS
PAGS.
Introducgao Situagao internacional de Portugal
em 1808 3
I A partida 37
II A illusao da chegada. O que era a nova
corte ; 71
III O que era o resto do Brasil 107
IV O primeiro ministerio e as primeiras provi-
dencias 167
V Emancipagao intellectual 229
VI A rainha D. Carlota 261
VII As intrigas platinas 283
VIII A regencia hespanhola 333
IX Relagoes commerciaes do Brasil . Os tra-
tados de 1810 363
X O trafico de escravos 414
XI O imperialismo e a situagao militar . To-
mada de Cayenna 437
XII No congresso de Vienna 463
XIII Elevagao do Brasil a reino 519
XIV A discussao da Guyana 555
c
PREFACIO
f
i
com a maior gentileza me auxiliaram nas pesquizas
feitas nas suas respectivas reparticoes ;
Thompson, embaixador, e
Dawson, secretario
da embaixada dos Estados Unidos no Brazil,
que
me facultaram compulsar os documentos da antiga
legacao.
Com agradecimento e saudade relembro os
nomes do venerando director geral da Secretaria do
Exterior, visconde de Cabo Frio, que me auctorizou
em 1903-04 a consultar o archive do Ministerio,
e do meu fallecido e bom amigo Edward I. Renick,
officialmaior do Departamento de Estado de Was
hington em 1896, o qual me deu franca entrada no
archive do Ministerio Americano.
M. de Oliueira Lima.
c
NOTA SOBRE OS RETRATOS
1 - -
El Rei Dom Joao VI, desenho de Camoin e gravura
de Huet.
- A Rainha Dona Carlota Joaquina, pintura de Troni
e gravura de Aguilar.
3 - - Conde de Linhares, lithographia de Caggini.
4 - - Conde da Barca, gravura de Pradier, Pensionista de
S. M. F. e Socio da R. A. de Bellas Artes do Rio de
Janeiro.
5 - - Conde de Palmella, pintura de Gregorius e gravura de
Pradier.
6 - -
Marquez de Marialva, pintura de Madrazzo e gravura
de Pradier.
i
D. JOAO VI NO BRAZIL
18O8 1821
D. .1. 1
^
<
I
a
INTRODUCCAO
Pago da cidade.
Tudo quanto ate entao constituira a sua atmosphera de
eleigao, elle fora encontrar no Brazil. Encontrou as cerimo-
nias de corte, talvez burlescas para o desabusado radical dc
silhao.
tante, que originou, quer pelo motivo que forneceu aos cor-
sarios francezes para prezas maritimas. De 1794 a 1801 o
(1) Ifisioire de Jean VI, Koi de Portugal etc. Paris t-t LoinxJg,
1827.
(2) -Carta de Novemtoro de 1799. Arch. Pub. do Rio de Janeiro.
DOM JOAO VI XO BRAZIL 11
e que nunca foi recommend avel senao pelas viagens que fez
correndo a Posta e representando Tragedias e Comedias em
sociedades galantes."
todavia em
Portugal dentro do tempo estipulado, por estar
o Reino sempre a espreita de que a sorte das armas desse
finalmente a palma a Inglaterra, de accordo com tal espe-
Janeiro.
BOM JOAO VI XO BRAZIL 17
Egypto
- - onde Kleber um anno antes restaurara a fortuna
das armas republicanas e affirmara o vigor da tutela consular
Rainha da Etruria. *
fronteira hes-
rompia Murat, como lugar tenente imperial, a
panhola.
Nocerebro de Bonaparte entrara a germinar o projecto
de collccar em Madrid tambem urn parente, apoz recuar ate
o Ebro os limites da Franga. os Pyrineus da mesma,
Removia
forma que removera o Rheno por meio do reino de Westpha
a fronteira natural do grande rio his-
lia, ahi ultrapassando
D j. 3
34 DOM JOAO VI NO BRAZIL
A PARTIDA
Petersburgo; Escandinavia
a prestes a implorar um her-
deiro dentre os marechaes de Bonaparte; o Imperador do
D. J. 4
50 DOM JOAO VI NO BRAZIL
O
muito nobre
e sempre leal Povo de Lisboa, nao podia familiarisar-se com
a idea da sahida d
El-Rey para os Dominios Ultramari-
nos. Vagando tumultuariamente pelas pracas, e ruas, sem
. .
54 DOM JOAO VI NO BRAZIL
levou-o a torrente ;
e no meio dos improperios avistou a guar-
da que Ihe fora destinada ;
e reclamando a sua protecgao tra-
Junot ( i )
N este
terreno e no militar, observa o historiador inglez
- um
dos mais series e penetrantes commentadores dos suc
cesses do Brazil - - e que os ciumes dos
Portuguezes encon-
trariam os melhores motivos para fazer explosao. No exer-
cito, todavia, attenta a superior qualidade das suas tropas
O
fundador do Reino Unido nao podia por si mesmo
revelar-se em toda a forga da palavra um creador, pois que
do abbade philosopho.
O
quadro por este auctor celebre esbogado do future
grandiose do Brazil e dos meios indicados para realizal-o,
merece ser lembrado porque, si Dom Joao VI o nao cumpriu
exactamente, fez muito para se approximar do programma
tragado; fez quanto ao seu temperamento timorato, de de-
cisao lenta, e ao seu respeito pelas normas tradicionaes da
administragao portugueza era dado fazer n esse caminho.
Eis como escrevia, com bastante ignorancia dos detalhes mas
das mercadorias que Ihe trazem nao mais for duplicado pelas
taxas de que andam sobrecarregadas quando os seus pro-
;
A
receita economica formulada em seguida sabe a todas
as theorias de livre industria e livre cambio do seculo de
saberao, nem poderao ver a sangue frio que elles nao sao
dos Unidos.
O
.
t
I
^
representante da Republica do Norte viu desde a
chegada bastante claro para distinguir a feigao transitoria
e o caracter europeu que a nobreza do Reino pretendia
goes. A
epocha na Europa, posterior as descobertas e ao
Renascimento, pode chamar-se de despotismo politico e, na
propria America do Norte, as tentativas para o seu estabe-
lecimento por parte da mai patria - -
pois que na organiza-
gao privativa de cada uma das colonias nao escasseavam
tragos de intolerancia, especialmente religiosa
- - f oram que
provocaram a resistencia e engendraram a separagao.
Tanta razao assistia ao Brazil para se queixar como a
Portugal, e como prova de que o jugo da metropole nao
era tao consummado como se pretende fazer acreditar, basta
recordar o papel importante desempenhado na vida colonial
pelos Senados das camaras, os quaes as vezes ate substituiam
nas capitaes os governadores. E de resto um axioma da
historia da civilizagao peninsular que na lucta contra os
fidalgos a monarchia agiu de brago dado com o povo. Os
progresses do absolutismo real favoreceram o bem estar do
Brazil em mais ampla medida do que o faria o systema feu
dal que nos primeiros tempos retalhou o paiz entre os ab-
solutismos minusculos, mas dobradamente ferozes, dos do-
natarios.
brazileiro e conseguintemente - -
pois que uma vez entrado
n esse caminho nao seria possivel parar mais - - o prenuncio
queza.
CAPITULO II
langadas pelas
maos da formosura e da
como escreve o chro-
innocencia"
D. J. G
82 DOM JOAO VI NO BRAZIL
fluxo das
producgSes da industria de todas as partes do
mundo, dao ao Rio de Janeiro uma apparencia europea
(i).
Intellectualmente, nao ficava com certeza o Rio muito
distanciado de Lisboa. Mau grado a desigualdade do appa-
relho de acquisigao mental - - o Brazil, como e sabido, nao
possuia estabelecimentos de ensino superior a instrucgao
(1) von Spix end von Martins, True els in Brazil, in the years
1S17-1<S1M). London. LSlM, Tomo I.
(-) Quanuo depois da partida das infantas para Cadiz a 2 de
JU lho do INK;, o cinque de Ivnxcinbur.u o o o coronel Malcr foram visitar
o Koi na ilha do (Jovcrnaclor, faxcndo a excursao n um do cscalcres
da frapila de .uucrra J/erin-ioiie, trouxora ao lilo dc Janeiro o
<i\ic
<>m-
baixador do Uci Christ ianissinio, J)oin .loao sr nao contcvo nao qnc>
o convento da ilha do Governa dor e tinha ate por costume ahi passar
a semana santa.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 83
porte .
No
dos Carmelitas a Lapa ( I ) viveram no primeiro
(1) iBsta ordem passara em 1811 da rua dos Rarbcmos, para onde
traha vindo do Largo do Pago ao chegar a familia real e annexar o
seu convento, a ter sua sde na Lapa, perto do mar, tomando conta
de um seminario para on si no de latim, anto-chao, exorcicios de cdro
(
ref azer-se ;
o carneiro pouco abundante e usado quasi que ex-
clusivamente pelos Inglezes, para quern eram os animaes
abatidos com mais limpeza e cuidado do que no matadouro
official as rezes destinadas a populagao nacional; a vitella
somente conhecida no Pago, para cujo consumo se immola-
vam novilhos; o porco mais commum e mais apreciado, em-
bora pouco recommendavel pela sua classe inferior. Do ex-
cellente peixe que vive nas aguas brazileiras, nao eram mui-
tas as variedades que se encontravam frescas no mercado,
custando as melhores alto prego e vindo as demais salgadas.
Em contraposigao a caga, que era rara, certamente por falta
de cagadores, abundavam as aves de criagao domestica. De
legumes e f rutas - - as tropicaes, porquanto o cultivo das
uvas, por exemplo, tinha sido defeso por Portugal, para nao
ficar prejudicado o seu melhor negocio havia consideravel
A
recriminagao n este ponto e frequente. John Mawe,
que a pedido do conde de Linhares se dispuzera a adminis-
trar a real fazenda de Santa Cruz, escreve que ao alii che-
(1) rapeis Contu cci, no Arch, do Min. das Itel. Ext. do Brazil.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 95
A
introducgao de um novo elemento reinol e de farto
elemento estrangeiro, aquelle mais refinado e este mais pro
gressive, foigradualmente modificando para melhor as con-
digoes de vida no Rio de Janeiro, sem que porem pudessem
ellasjamais ter attingido no tempo de Dom Joao VI o as-
pecto geral de facilidade, regularidade e grandeza que deve-
ria caracterizar a capital e sede de uma tal monarchia.
De onde derivaria comtudo a corte portugueza, para em-
prestaruma outra apparencia a vida ate entao acanhada e
um tanto tosca da cidade dos vice-reis, uma elegancia que
ella propria verdadeiramente nao possuia ? Por isso o
viver fluminense nao variou tanto quanto se poderia imaginar
com a trasladagao da familia real, perdendo ate em troca
de certa presumpcao adiantada que assumiu, uma boa parte
do seu antigo encanto provinciano.
Ao tempo de Luiz de Vasconcellos, quando se construio
no sitio mais fresco da cidade um Passeio Publico no gosto
amaneirado do seculo, com seus tanques e repuxos, suus py-
gostosos.
regra.
A epocha de Dom Joao VI estava comtudo destinada a ser
na historia brazileira, pelo que diz respeito a administrate,
uma era de muita corrupcao e peculato, e quanta aos cos
tumes privados uma era de muita depravagao e frouxidao,
alimentadas pela escravidao e pela ociosidade. Seria preciso
que soprasse o forte vento regenerador da Independencfa
nuvens carrancudas, para se entrever uma
e dispersasse essas
doengas. O
calculo da populagao escrava differe muito nos
dous auctores citados por ultimo, mas o razoavel em
qual-
quer caso e admittir que dous tergos do total dos habitantes
eram formados por gente de cor, livre ou escrava. De 1808
a 1817 chegaram, segundo Spix e Martius, nada menos de
24.000 Portuguezes, fazendo portanto subir muito a pro-
porgao dos brancos.
Proporgao quasi igual deve ser fornecida pelos estran
geiros, entre ellesmechanicos e artesaos inglezes, fundidores
suecos, engenheiros allemaes, artistas e manufactores france-
zes. No anno de 1820, calculava Henderson em 150.000 al
mas a populagao do Rio de Janeiro, que outra avaliagao mais
rate Buenos Ayres e iam ate o Chile e Peru (i), ao envez dos
.generos legalmente Importados da Hespanha. Com a entrega
.da Colonia ao governo de Madrid e o simultaneo povoa-
De
Sao Pedro do Sul passava-se para o lado do norte
a Santa Catharina, por mar, correndo occasionalmente a
risco dos pampeiros, ou mesmo por terra. Da segunda ma-
neira podia effectuar-se a viagem, por trajecto conhecido, em
quatro dias, com cavallos bast-antes para esfalfar quatro
e cinco por dia, trotando uns soltos, sem carga, assim se re-
Como transportavam
cangalhas nas de das mulas tudo
quanto careciam, achando-se o trabalho perfeitamente divi-
caixas de rape.
punida.
Ser contrabandista era por isso uma aspiragao vulgar,
a qual satisfazia outrosim a vaga disposigao erratica, propria
de gente que de bom grado fugia ao trabalho regular, e
o ouro em po.
As barras, com as armas reaes, a proveniencia, o peso
e a qualidade estampadas, circulavam tambem ate chega-
rem ao Rio e serem cunhadas em pegas de 6$4OO e 4$ooo, as
quaes nao tinham todavia curso legal na capitania origina-
riamente productora do metal, correndo em seu lugar notas
t>em
humorada, ate jovial e independence. Notava-se pouca
mendicidade, carencia symptomatica de dignidade, fartura
e generosidade. Pela visinhanga, na propria comarca, abun-
davam as herdades, as pequenas lavouras; para oeste fica-
vam as grandes pastagens, onde se criava bastante gado;
para nordeste, de Sao Joao a Villa Rica, lobrigava-se uma
regiao montanhosa, intercalada de desoladas ravinas e de
planuras com largo horizonte, na qual o solo regorgitava de
metaes e alternavam as mattas com as rochas.
Villa Rica era o avesso de Sao Joao : sombria e quasi
.D-.J. P
130 DOM JOAO VI NO BRAZIL
incremento.
Antes de trasladada a sede da monarchia, ja D. Ro-
drigo de Souza Coutinho afagava alias, como um dos sens
(2) 1.
mil homcns com hum peon on o tvem do e obuzcs para s^rvirem
pe<jas
clas novas cul turas que se tern all propagado o t urtaidas habilmentr?
ao governo de Cayenna 0, a coTitinuaqiio da eorrespondencia s^creta
:
que se tern seguido atgora com Cayenna para poder com tempo parar
e obstar a qualquer gol pe que os Francezes possSo pi ojetar contra o
Esta dos de V. A. II. daiquelle lado, tiraindo tambem parti do para rou-
bar tad as as nova s eulturas que os Fraucezcs pr>ssao nil introduzir.
4. I ava dar meios a execuqao de t&o grandes pianos, e de oi>-
.tocudos.
D. j. 10
146 DOM JOAO VI NO BRAZIL
A
do Rio, com suas novas instituigoes de credito, suas
transplantadas especulacoes e seus incipientes jogos de bolsa,
offereceria o moderno typo mercantil. Conservava a outra
mais a tradigao nos negocios como em toda a economia. Era
o emporio da velha cultura do assucar: no anno de 1808, o
da passagem da familia real, sahiram do seu porto nada
menos de 26 a 27.000 caixas de 40 a 45 arrobas cada uma,
producto dos 5 1 1 engenhos da capitania. Era tambem o cen-
tro do commercio de escravos, onde affluiam os carregamen-
tos de Africanos, cujo valor regulava 140 a 150 mil reis
cada um, e onde se detinham os alforriados, negros do ganho
e negras quitandeiras. Para estas manufacturavam os ouri-
gao. (i)
Todas estas circumstancias contribuiam para emprestar
a Bahia a feicao particular, pittoresca e excentrica que era
tao sua. A varieckde de racas e condicoes determinava appro-
De
Sao Salvador alcan^avam-se pois os campos do
Piauhy cortando em diagonal o sertao bahiano ate encontrar
o Sao Francisco e atravessado este no Joazeiro, proseguindo
D. J. 11
162 DOM JOAO VI NO BRAZIL
incomplete, o provisorio.
5v-
Ct^
CAPITULO IV
e incrivel !
de Araujo ;
BOM JOAO VI NO BRAZIL 175
toria, Memorias
Transacgoes que desde a paz de West
e
Se V. A. R. permitte ao
Duque que abra os seus Tesoiros, em breve nada ficara no
Erario, pois que aquelles que o rodeiao nao s esquecem que
tern 83 annos, querem aproveitar todos os instantes da
e
( )
i . E que da obra severamente disciplinadora
a verdade e
D. J. 12
180 DOM JOAO VI NO BRAZIL
dos Francezes.
Ministro em Londres que solicitasse doze on dezoito naus
de linha, que viessem para o porto de Lisboa incorporar-se
com seis naus de linha de V. A. R., entao poderiao expedir-se
militar.
culares, muito melhor rotribuido do que a genuina instituigao
Note-se que Dom Joao VI, son do supersticioso, nada tinha de beato,
mem obedecia a imfhienicia do eiemento monastico. A su-a biograpMa
anonyma de 1S27 chcsa a dizer que elle nao prezava em extremo os
frades e nao mostrava fervor na pratica dos deveres religiosos, des-
curando me.smo a comfissao. O seu cultivo do canto-cliao era apenas
uma face da sua paixao pela miisica e a sua convlvencia com monges
uma in.anifesta^ao do seu espirito affavel e tolerante. O Padre Luiz
(;,,)i(.-;:lvrs (Ics Sanclos da para
a capital o numoro de .320 religiosos,
n uina cpocha comtuido anterior fuiui lla cm que o comincrcijiutc
reujiLu a^ auas valiosas notas.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 183
do Principe foragido. Um
duque, o de Cadaval, fallecido
na Bahia, onde adoeceu na passagem da esquadra; sete mar-
quezes, os de Alegrete, Angeja, Bellas, Lavradio r Pombal,
Torres Novas e Vagos; as marquezas de Sao Miguel e Lu-
miares; os condes de Belmonte, Caparica, Cavalleiros, Pom-
beiro e Redondo. Afora os planetas, um milhar de satelli
Taes factos, que se deram mas nao foram por certo tao
communs quanto o querem deixar perceber alguns historia-
dia as duzias Tern sido tal o contagio, que em poucas semanas tern
!
tie S. Christovao com tengao de passar para Santa Cruz, mas nao se
efifectuou esta, por se sa ber que tamibem alii havia o mesmo conta
gio Aqui he o que se e quando se encontra qualquer pes-
ouv<e ;
soa, se nao pergunta se tern saucle, mas sim de que se queixa"! Os "
queixosos Ihe pagaremos com grande usura os bons offeitos de sua con-
digao.
Meu Pay, quando se trata das mds qualidades do Brazil he para
mim materia vasta em odio e zanga, sahindo fora dos limites^da pru-
dencia e julgo que at6 dormLndo praguejo contra elle. Podia o Sr.
;
(>Ca,Fta
DOM JOAO VI NO BRAZIL 189
regar uma grossa chuva das mais horrorosas pragas dos Bra-
zileiros e Brazileiras sem esperanca de armisticio."
A
impaciencia do regresso dava frenesis a esses emi-
grados postigos, e de azedume os roera desde que tinham
posto pe em terra. Como a Rainha doida, elles viviam men-
talmente em Lisboa e em Queluz. Comtudo, sendo pre-
ciso dotar o acampamento com ares de corte, mesmo porque
Rei
Ao mesmo tempo que a industria e o commercio, livre se
tornava tambem a agricultura. Quando se effectuou a mu-
danca da corte, prevalecendo ainda o detestavel sestro das
prohibits, que tanto contribuio para o pernicioso exclusi-
vismo da producgao brazileira, conservavam-se defesas va-
rias culturas dignas de serem ensaiadas e fomentadas. O caso
occorria, entre outras, com a vinha, no intuito de livrar de
entraves o principal ramo de commercio da metropole, a
qual, sem concorrencia possivel, ia exportando para a colo-
nia os seus artigos de inferior qualidade, custando a encon-
trar-se no Rio, no dizer de Luccock, uma garrafa de bom
vinho.
Desde alguns annos de resto que se comprehendera
entre os estadistas do Reino nao poderem ficar as cousas no
da administragao.
Nos fins de 1808, por exemplo, sentia-se no mercado do
Rio de Janeiro falta de carne, motivada nao somente pelo
D. J. ]3
196 DOM JOAO VI NO BRAZIL
bem que Ihe haviao de fazer sentir e pelo respeito que gran-
geariao ao Governo.
For isso e que D. Rodrigo, ao passo que creava com a
Intendencia um verdadeiro e inquisitorial ministerio da poli-
naadari<<x
DOM JOAO VI NO BRAZIL 197
o vssa
a violcncias do tal natuvoxa, sobre os fidalgos da sua corto.
historia dev ter-se extraviado dc uma collecgao de casos relatives
con
ao pai do grande Frederico da Prussia, quo era quern oostumava
verter a bemgala em argumento final das suas conversas.
A historia
no ministro
da bongalada, por outros contada como tendo sido dada
inglez que por certo mais a provocaria
do que o respeita<3or Lmb^ares,
referents
entrou comtudo para o cyclo das aneedotas popular ( >s
ooband
Dom Joao VI, entre as quaes primam as de fait a de aceio e das
Villas nao sao no jrr-ml niais rxrctas da ijiic a ni pao-te impu-
>r
do mo
tadas a Bocago on a (Juovrdo s-.pcnas prcvam a popularulade
:
a
Logo em 1809, pela resolugao regia de 27 de Julho, fora
hospitaes existentes.
Os processes judiciaries adquiriram maior presteza; o
correio extendeu-se a todas as capitanias; estabeleceu-se o
moso programma?
Com os favores exaggerados concedidos a Gra Breta-
culo XVIII.
O cultivo da amoreira se vedara para que nao viesse a
f abricar-se a seda ;
o da oliveira, para que nao viesse a fabri-
contrabando. ( I )
D. J. 14
212 DOM JOAO VI NO BRAZIL
occupada.
Do lado de Botafogo ia sendo nao menos sensivel o
accrescimo tendo passado muitos dos nobres
de vivendas,
e da gente abastada da terra a residir em roda da actual
todos os proj>ectos
de estradas, navegagoes de rios, canaes,
a defeza e conservagao
portos; tudo o que dissesse respeito
das capitanias maritimas, ou fronteiras; e tudo o que fosse
L. B. no Erario
Ladrao Bruto ;
constitucional.
se attribuiam.
que Ihe fossem caras e que Ihe fosse grato preserva-las il-
lesas. A penetragao
porem do seu entendimento e a sua capaci-
dade de comprebensao dos problemas administrates predis-
punbam-no, junto com a astucia peculiar a sua familia, a
testemunhado." ,
<
populares.
Nas attribuigoes da Intendencia continham-se encar-
gos de hygiene, o que nao obstou que por decreto de 28 de
Julho de 1809 se creasse o lugar de provedor-mor da saude
da corte e Estado do Brazil, tendo por officio fiscalizar as
cas ( i ) .
D. J. 15
CAPITULO V
EMANCIPACAO INTELLECTUAL
que os ricos.
dignidade (
i ) . No emtanto, mesmo em tempo de Dom
Joao VI, a escola do Rio foi cumprindo a missao a que se
grima (i).
A organiza^ao e regulamento d esta Academia Militar,
com toda a sua exhibigao de conhecimentos mathematicos e
concep^ao creadora.
Si as escolas de medicina experimentaram difficuldades
serias para lograrem preencher os illustrados intuitos da
sua fundagao, nao foi muito mais afortunada no seu proximo
pectivos.
que encerrava. i
gens, etc.
Jcsi
] Lihcrulo Frelre de Ci .vvalho, r-dtniir nulo tMilfvo o
-
Klopstock.
Entre o sexo feminine mesmo foram serisiveis os pro
(
i ) ,
mas nao era dado aos artistas esperarem de bragos cru-
zados que se fizesse a educacao profissional do publico e que
n elle se depois o gosto mais apurado das cousas
incutisse
dos povos, maiorment O nosto conlinente, cnja extensSo nao tondo aimla
o devido e correspondente numero de bragos inidispensavois ao amanlio,
e aproveitamento do terreno, precisa dos grandes soccorros
da eata-
tica para aproveitar os protdmctos, cujo valor e preciosid-ade podem
a formar do Brazil o mais rico, e opulento dos reinos conbecidos
zendo-se por tamto ueceasario aos babitantes os exerclcios meoanicos,
cuja pralica, perfoigao e ntilidade idei>endem dos
conbecimentos theo
ricos daiquell-as artes, e diffusLvas luzes das sciemcias naturaes, pb.y-
"
si cas, e exactas
DOM JOAO VI NO BRAZIL 247
Citara H
urn-bold t a Marialva o exemplo de urna Aca.
E
coMi ecida, e Debret a ropete, dando-llie portanto au-
(1)
tbentioida do, phrase pronunclada ao partir ppla Rainha Dona Car-
a
lota do qu: moreo do Deus, ia iwor tcMTSSi habitaidas por f/cntc.
.
quistada.
Os Brazileiros mogos, sobretudo, cujos hombros se nao
tinham vergado sob o peso da servidao colonial, ou cujos
domicilkdos no Itio, pois quo sabia. existir no seu numero gente muito
perigosa, ti Qual convinha vigar de perto. Inquieto com a advortoncia
recebida, o Rei extemou- SG ate certo ponto a resipeito com o ropre-
stmtsnte da Franc/a, recommienidando-lihe diligencia, o que era alias
quasi o sens ado.
Natural devia ser a preseuQa de republicaaios e imperialist as
foragidos com a Restauraqao e certamente abimdaya a classe dos avon-
tuivirns. ,-1 rnhiilos iiclo fulgM) da cOrtc.
1 Vm
d rllois. o coronel CaillK 1
.
um corpo de bomfeeiros.
Mal-er coii ta tambern as historias de uma supposta filha do
general Piohegru, que com ta] pretexto arraucou alguns auxilios da
DOM JOAO VI NO BRAZIL 255
,
Outro caracteristico entao adquirido foi o leigo. Ante-
riormente era o ensino colonial todo religioso: as proprias
sciencias profanas eram quasi exclusivamente ministradas
por ecclesiasticos e em estabelecimentos ecclesiasticos. As
aulas regias a que deram origem as preoccupagoes seculares
derivadas da reacgao anti-jesuitica, tinham sido totalmentu
(1) A
poqucna ju citada liistoria do Brazil, contemiporanea
ac i
cimcutos v
iili di scvcvo taes solomnidados intellectuals,
<I\H
(s)A ( /
?f / /c
CAPITULO VI
D. j. )7
262 DOM JOAO VI NO BRAZIL
sequer Ihe foi dado mandar na sua casa, onde todos tinham
mais voz do que cujo espirito primavam n um grau
ella, em
notavel os predicados que se conveio denominar masculines:
a energia, a actividade, a vontade.
o seu ge-
Os tragos varonis e grosseiros do seu rosto,
nero de preoccupagoes, o seu proprio impudor, denotam que
em Dona Carlota havia apenas de feminino o involucre. A
alma poderia chamar-se masculina, nao tanto pelo desejo
immoderado de poder e pelo cynismo quanto pela pertinacia
em alcangar seus fins e pela dureza. Os filhos herdaram-lhe
gao.
incontestavel que a propria apparencia Ihe nao dava
E
entrada auctorizada no bello sexo. A
estatura era muito
as feigoes, ainda afeia-
baixa, disforme a figura, irregulares
das pela exhuberancia capillar da face, em volta da bocca de
labios finos. A physionomia era comtudo expressiva,
lendo-se--
o animal. Sua linguagem soia ser mais do que livre: era por
vezes obscena, e muitos dos seus actos resentiam-se de uma
extrema vulgaridade. Conta Presas ( I ) que um dia, ten-
do-se Dom Miguel encharcado com a agua de um alguidar,
a Rainha nao teve mao em si e, descalgando o sapato, appli-
cou ao Infante endiabrado a correcgao de que se teria lem-
brado qualquer regateira de mercado. Que nao valeu de
muito a correcgao, provam-no as continuas travessuras, que
ficaram proverbiaes, do futuro Rei legitimo, o qual nos ver-
des annos, passadcs em Sao Christovao, se divertia em beliscar
as irmas e atirar com dous canhoesinhos, presente do almi-
rante inglez, sobre os visitantes do Palacio.
O trago convencionalmente ferninino de Dona Carlota
era o amor das joias e vestidos, o fraco pelo luxo. N ella nao
havia meiguices de mulher: apenas accesses de volupia em
que prostituia o thalamo e a coroa. Tambem o marido, em
quern entretanto nao escasseavam nobres sentimentos, nao sof-
fria quanto a isso do mal de uma sensibilidade em extreme
delicada. Segundo o familiar Presas, era elle "mas zeloso de
su autoridad que de su augUsta esposa". E razao Ihe assistia
espirito atribulado.
boa onde, guiado por Villa Verde, que foi o Salvador da si-
sertos.
pular monarcha.
Por vezes iam bem longe aquellas violencias, justifi-
cando que o representante francez, escrevendo para seu go-
verno, denominasse o Brazil ce triste pays. A esposa do mi-
nistro americano Sumter nee de Lage, informa Maler
porventura em cobarde desforgo do acto de seu esposo, foi
aggredida a pedradas, que a feriram bastante, ao passar no
seu coche por uma rua muito frequentada, sem que se rea-
pendentes.
E forga porem crer que Dona Carlota era capaz de
_ As duns filhas
I i < c Jhiin .Tuno VI <|uc
cm 1x1 d tlr^i
Fernando Til e o Infante Dom Carlos, seu irraao.
274 DOM JOAO VI NO BRAZIL
Os casamentos hespanhoes - -
forga e reconhecer
tambem nao peccavam da outra parte pela extrema candidez.
Os seus negociadores foram agentes do governo da Restau-
- - - - e a idea oc-
ragao o general Vigodet e o padre Cirilo
isso foi menos feliz nos dous annos que durou o seu enlace.
Dom Pedro Carlos era o que os Inglezes dizem muito uxo-
D. J. - 18
278 DOM JOAO VI NO BRAZIL
(1) As
cart as de Marrocos referem-no francamente. Senhor "O
Infante I). tern passado muito doe.nte, creio que por ex-
Pedro Carlos
cesso de st ii cxorcicio conjugal e poi isso fizerao separar o.s c>;n.|uges,
1
,S. M. R. e
gundo o estado relative da constituk;ao de cada hum menos o Sr. :
-
na America onde se encontrava. D este
modo evitar-se-hia o desmembramento que a usurpagao es-
em Madrid e a desordem da Hespanha liberal an-
trangeira
davam prognosticando para as colonias americanas, e dava-
se seu verdadeiro destine a monarchia portugueza trans-
plantada n um momento de subversao historica, e que por um
do seu throno os legitimos re-
feliz acaso reunia sob o docel
AS INTRIGAS PLATINAS
"
Um
systema de goverino colonial sem metropole, e sem soberano ef-
fectivo, a quern recorrer, como a centre de unidade he um absurdo
que repugn a a toda a saa politic;! ho uma verdadeira Anarchia que :
throno.
Buenos Ayres; mas que a sua situagao era mais do que dif-
ficil, sem dinheiro e quasi sem armas, e com soldados inexpe-
rientes. Entendia por isso nao dever oppor uma recusa ir-
O imperialismo
- -
pois que podemos com propriedade
tropoles peninsulares. A
encorporagao de qualquer dos vastos
dominies hespanhoes assim traria em si um germen perni-
cioso para a nagao conquistadora, depositado pela lealdade,
ainda apreciavel, d essas possessoes para com a sua mai patria,
questrado em Franga.
O objective de Casa Irujo tinha forgosamente que ser
a preservagao da integridade dos dominios do seu amo, li-
gavam-
Oprimeiro homem de talento e de valor que no Rio
da Prata abragou a sua candidatura, D. Manoel Belgrano,
o fez no intuito nao so de bem assegurar, por meio de uma
tuaes la
sori<>
a
Metropol-e, e a-saltao drscarrdaiiH iitc a lodes iiuc dcfcndom esta
justa causa. He pn-c-iso. S^uhor, (Arcli. do Min. das
Kxm<>. caut<>la."
u
Restava a unica hypothese possivel Lo unico que :
a continente e meio.
fin la empreza - -
conforme se expressava Contucci ( i )
tiene por objecto adornar con las quinas los Leones y Cas-
tillos y dar al suelo americano el grado de felicidad de que
es capaz la prudencia humana". Havia apenas a differenga,
estaporem capital, de que com a fusao de Aragao e Castella
lucravam estes clous pequenos e populosos reinos europeus,
que assim sentiam extendidos os seus dominios exiguos e os
ceza do Brazil.
O aventureiro que de 1808 a 1812 foi um dos confi-
dentes politicos do conde de Linhares, sabia fazer scintil-
lar o futuro aos olhos fascinados do sen patrono: No hai
obstaculos que veneer, 6 son casi ningunos, y ello es cierta
linguas.
304 1 >OM JOAO VI NO BRAZIL
pois, Contucci:
portunandolo. Creame V. E. un Portuguez amante de mi
patria, y al mismo tiempo de los Dominios Espailoles y
Americanos por los lazos que me unen a ellos, y que hoy con-
templo que no son con los del Brasil sino un mismo Estado;
puesto que se que la alma de este negocio es V. E..."
(i)
Desde a chegada da corte ao Brazil que Contucci prodi-
galizava os seus bons conselhos a quern tinha gosto e in-
(i) "El
Virey ha jurado gritando, que haria degollar
em medio de la plaza al primero que ablase de esa Seno-
los, munido dos plenos poderes de sua tia para o fim de alii
Rel. Ext.)
D. J. 20
310 DOM JOAO VI NO BRAZIL
(Quixote.
si>
1>.
316 DOM JOAO VI NO BRAZIL
"
tugal.
De resto o piano intimo de Linhares nao se via n a-
trimonio. O
governo portuguez pareceu um instante disposto
mesmo a prestar concurso material a manifestacao dos sen-
timentos legalistas e unitarios no Chile e Peru, em opposigao
as vistas separatistas e autonomicas de Buenos Ayres ( I ) ,
escripto muito (
(3) 1
apcis avulsns no Arch, do Min. das Rd. Ext. <io r.:-a:;;l.
328 DOM JOAO VI NO BRAZIL
K
ffecretaria i><n-<i
.\;/<
utcx r.s-//vni//r/Vo.s- diiiloiiHitivOs c c<isnJ(ir< <
C 1
) Nota do conde das Galveas a lord Strangford, do 28 de
Setermbro de 1813, no Liv. de Reg. cit.
330 DOM JOAO VI NO BRAZIL
armado.
E
nao foram pequenos aquelles vexames, mormente na
capitania contigua ao theatro da lucta. Sao ate os corres-
A REGENCIA HESPANHOLA
governo portuguez.
Este bem conhecia que em Londres se encontrava o
Ayres.
Esta antipathia Ihe parecia comtudo mais superficial do
que profunda e, desconfiando como todo Americano de entao
da sua antiga metropole, nao se Ihe afigurava por contra
facil prognosticar infallivelmente os designios da Gra Bre-
is desirable
(1) Eis o texto precise do despacho de Sumter "It :
to this court no doubt both from motives of national pride and sound
to the
policy to wish to regain the River Plate as their boundary
south : therefore not improbable that the British Governement
it is
may be the ultimate designs cxf Great Britain respecting the Spanish-
American colonies if she can gain the direction of them: hi anyway it
will then become a question of interest as well as o.f friendship
wha
manner she shall act between them and the Prince Regent." (Arch, do
Depart. d Est. de Washington.)
DOM JOAO VI XO BRAZIL 335
para bordo de
edificio escoltado pela tropa e ir um navio,
afim de escapar a sanha dos contraries.
Muitos eram os interesses que pelejavam contra a re-
em casa e no ultramar.
Os officios de Palmella no decorrer
da sua missao pintavam com cores bem negras o estado da
metropole: a falta completa de dinheiro, a desorganizagao
do exercito, o Francez imperando insolente do Ebro ao Gua
D. J. 2^
342 DOM JOAO VI NO BRAZIL
terem em tempo
Junta de Murcia, das Cortes hespanholas
de Carlos IV, no anno de 1789, votado a abrogacao da re-
a Hespanha e
Franga a - - a lei salica era um dos artigos
desde comeco, no m-
plomaticamente de Strangford, o qual
tuito de melhor servir a Inglaterra, favorecia a causa
poder.
348 DOM JOAO VI NO BKAZIL
Nao
era que a frieza quasi inimiga do Inglez no assum-
(1 ) M C)t(. ClI .
354 DOM JOAO VI NO BRAZIL
D. J. 23
358 DOM JOAO VI NO BRAZIL
Tejo.
Dona Carlota nao acquiesceu, porem, em tomar compro-
missos tao formaes e incompativeis com o sen sentimento de
decoro publico, nao querendo ir alem de declaragSes muito
vagas de que conservaria a uniao existente com Portugal e
Inglaterra. Vendo, outrosim, que todo o fito do governo do
Principe Regente era jogar com o seu nome e direitos, man-
tendo-a todavia inactiva e impotente no Rio de Janeiro, for-
porem, visto ser essa sua unica riqueza, colher para logo
DOM JOAO VI NO BRAZIL 365
enxofre.
D, J. 24
374 DOM JOAO VI NO BRAZIL
E um homem de intelli-
tctn1)ro <lf
1S10, no Arch, dn I>i>.i>m.
d Esi. dc
376 DOM JOAO VI NU BfiAZlL
("1)
Correio Braziliense, passim.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 385
-
lucrava evidentemente com semelhante disposicao a ma-
rinha mercante britannica, ja anteriormente e superiormente
dependente.
Sendo total a desigualdade, nao era entretanto appa-
rentemente completa. Assim, podiam segundo o tratado es-
i
temporario emquanto as circumstanicias urgentissimis prescre-
ve-ssem a necessidade, e que assim mesmo se procederia com toda a
;uni/,;i(le e contemplrgao na sua execugao. E na yerdade pelo que res-
I
^tado, encarregado dos Negocios Estrangeiros durante a ausencia
(!c lor;l CastlcM oagU, acabo de receber a Nota circular incluza
pela qual
iue p;- rt icipa IIMVCIVTU cessivrlo do dia - de Setembro em dinnte as ">
naes - -
sob pretexto de que eram direitos municipaes, nao
tos - -
deveria tambem dizer o accordo de 1810 preju-
d rear a muito a companhia, sendo igualmente possivel que
nao fosse exemplar a sua administragao. Os importadores ti-
nham encontrado vantagem em mandarem vir vinhos da Hes-
pa nha e outros lugares, de preferencia aos do Porto, de sorte
For um lado, pois, nao era tao grande mal que as van-
o mcon-
monstrado, emquanto vigorou o tratado de 1810,
veniente que para nos resultava de um methodo, que
dava lu-
plomaticas."
de
:--i: Ainlu. corre ....... q//c tc pillHixIc sent freio
:i
.
"
l>acc]i;in:i:>s
tl
402 DOM JOAO VI NO BRAZIL
A posigao
geographica do Brazil he por si mesma, ajun-
tava o alvara, ja referen dado por Galveas quando, apoz a
interinidade de Aguiar, substituio Anadia na pasta do Ultra
mar a que andavam juntos os negocios do Brazil, a mais favo-
(1) 17 (!>
FeTerelro d .-
1810, BO Arch, da Embaixada Ameri
cana BO
BOM JOAO VI NO BRAZIL 407
tal, sem que pudesse por isso mesmo manter-se uma produ-
ccao igual a anterior, resultando de semelhante estado de
cousas muitas fallencias, motins provocados pelos operarios
sem emprego despedidos das innumeras fabricas, uma situa-
gao em resumo de descontentamento, miseria e desordens
em vez do sonhado reinado da abundancia, ficarernos bem
persuadidos de que o mercado brazileiro nao constituio para
o capital britannico uma mina copiosa de juros.
Alem disso, por mais desigual que Ihes corresse o trata-
mento, nao deixaram os Francezes de apparecer como rivaes.
"De alguns dos portos de Franca, escrevia Marrocos a irma,
( i ) tern aqui chegado alguns Navios, com muitas modas,
enfeites e bugiarias, mais baratas que as Inglezas, de que es-
tugal e Brazil ( i ) .
TRAFICO DE ESCR/WOS
nos"
(i).
Dadas as disposic,6es inglezas, era obvio que no Con-
Nem a con-
por sen lado se queria a Inglaterra prestar
contra os seus
vencionar medidas ou estipulacpes particulares
o
cruzadores que transgredissem o accordo, interrompendo
traficopactuado legal abaixo da equinoxial.
Em qualquer
n este assumpto a boa fe: muito
dos lados nao imperava
menos nos compromissos estabelecidos para o futuro. >cla-
de
rando nullo o tratado de alliance de 19 de Fevereiro
1 8 10, por terem cessado as circumstancias
de natureza tern-
despertara.
Lord Castlereagh e-nvidara os maiores esforgos para
arrastar o Congresso ate a unanime integral aboligao do
trafico. Resistiram-lhe porem com exito as potencias mais
interessadas no trabalho escravo, que eram Hespanha e Por
-
tugal
-
Portugal especialmente, por causa do Brazil - - no
mtuito de salvaguardarem o futuro economico das suas pos-
sessdes. Palmella, ao declarar que o sen governo esperava
D, J. 27
4>2 DOM JOAO VI NO UKAZIL
permeado o livre.
A
argumentagao de Palmella nas conferencias
de Vien-
sua aboligao. A
Gra Bretanha nao conseguira comtudo que
o commercio de escravos fosse declarado em absolute
illicito,
como pretendera para assim ter um pretexto de atacar os
navios n elle empregados.
d Elba.
Inglezas de algodao.
Tendo a Inglaterra, por causa do estado das financas
nacidade ingleza.
com bastante previsao
Parece-me, escrevia Palmella
a 13 de Marco
de 1817, que se as vistas d El-Rey Nosso
Senhor se limitao a conservar por alguns anos mais com
perfeita tranquilidade o recurso do Trafico d Escravos ao
sul da linha para os seus Estados do Brazil pode socegar
a esse respeito o seu Real animo. He certo que se nao deve
9.000 reis ;
metade d esta quantia para ser depositada no
Banco do Brazil afim de formar acgoes destinadas a funda-
gao de colonias de cultivadores brancos, porquanto o grande
e sem duvida verdadeiro argumento que Portugal invocava
negro. No
Congresso de Aix-la-Chapelle insistiram de novo
os Inglezes pela abolic,ao do commercio de escravos. Sabe-
cm Aix-la-Chapelle : "Fui
encarregado de communicar estas
resoluc.6es, em nome das cinco cortes, a V. Ex a e de rogal-a
se sirva dar conhecimento d ellas ao Rei seu Augusto Amo.
S. M. F. vera sem duvida com satisfaccao a unanimidade
de sentimentos que dirigiu os gabinetes reunidos em Aix-la-
Chapelle, e n ella achara uma nova prova do valor que todos
elles ligam as relagoes de boa harmonia e de atnizade que os
unem a corte do Rio de Janeiro"
(i).
For sua vez respondia a Palmella o ministro dinamar-
quez em Londres Walterstorff (2) que, attendendo a queixa,
acolhendo os votos e partilhando das aspiragoes da corte do
Rio, dera o seu governo ordem para nao serem recebidos
nas Antilhas dinamarquezas os corsarios arvorando pavilhao
nao reconhecido nem as suas prezas, ficando portanto d alli
desde entao excluidos, ate do porto franco da ilha de Sao
munigoes.
Quaesquer providencias eram poucas para sanar tal si-
trangeiros. Cs
Inglezes, que naturalmente se encarregavam
de quasi todos estes transportes, tiravam ate d ahi sua boa
commissao.
Em Lisboa tratou-se de restabelecer, para protecgao
dos navios mercantes, o velho systema dos comboios, muito
!: 1<>
d-e A,gas>to
cl
i
1S19,
43(5 DOM JOAO VI NO BRAZIL
D. J. 28
438 DOM JOAO VI NO BRAZIL
achavam completos.
Entre essa tropa nao reinava boa disciplina nem sobe-
java competencia profissional. Os soldados faziam exercicio
somente uma vez por mez e, alem de andar sem p re em
atrazo o pagamento dos soldos, eram tao mal remunerados
latado dominie. ( I )
A
guerra impunha-se por motives varies. No Sul, nao
querendo Portugal ver restaurada e integra a soberania da
Hespanha, nem contagiada pela revolugao a sua capitania
do Rio Grande, nem reconhecida a separagae do antigo vice-
reinado a nao ser em beneficio da dynastia portugueza, a
que pelo seu numero diminuto se nao poude oppor aos pro
gresses do inimigo e teve de ir recuando. Entretanto
em
de tao eff icazes quan
Cayemna se f aziam preparatives defeza,
no dia 25 no
expedigao commandada por Manoel Marques
naval capitao
Aproak, de que ja tomara posse o commandante
Yeo, da corveta Confianga, com alguns dos
seus Inglezes e
datado de Ca
(1) Offlcio do tenentP-coronol M;moel Miirques,
yenna aos 21 de Janeiro d 1809.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 451
gencia c desazo.
Os resultados de conselhos de inquirigao organizados
em semelhantes condigoes nada provam de modo conclu
sive. Os membros d esse nutriam naturalmente o maior de-
me restava a tomar :
inaccessiveis... ; portanto que partido
deixar
Proper capitulagao on retrogradar, reembarcar-me,
a conquista em meio e ao inimigo os meios livres de fortifi-
180t>
DOM JOAO VI NO BRAZIL 457
NO CONGRESSO DE VIENNA
gencia superior.
Nascido de uma familia de diplomatas, diplomata por
assim dizer de nascenga, Funchal tinha todos os caprichos,
os melindres, as desconfiangas, os agastamentos e o espirito
I
9
,
a restituicao pura e simples de Olivenca e dos dis-
Assim, faltando
os plenos poderes de Palmella, que
Rel. Kxi.
DOM JOAO VI NO BRAZIL 471
concerto reaccionario.
Desfraldando a bandeira da justica internacional, Tal
leyrand em Vienna pugnou fortemente, por conveniencia
da Franga - -
a qual, entrando
embora na composigao, nao
podia agradar a dictadura sem appellate da santa liga, em
que os sens inknigos tinham maioria - - em
prol dos direitos
dos paizes menores. Oppoz-se elle a a commissao pre-
que
paratoria dispuzesse arbitrariamente da divisao dos terri-
torios litigiosos antes de se achar para isso
legalmente aucto-
rizada pelo Congresso, e de serem n este ouvidas as
partes
interessadas. A
razao estava em que no Congresso pleno
tinha a Franca certeza de que se Ihe depararia urn audito-
rio sympathico, em correspondencia de sentimentos.
A organizagao d aquella commissao preparatoria deu
a Palmella ensejo para o seu maior triumpho na famosa reu-
niao politica. Chegado a Vienna a 27 de Setembro, quatro
dias antes da data fixada para a abertura do Congresso, foi-
Ihe por lord Castlereagh revelado no dia 29 o piano ado-
ptado para o seu modo de funccionar. Na impossibilidade
manifesta de constituir-se o Congresso deliberante com os
delegados de Estados ou Principes sobre cuja existencia au-
tonoma se ia de oom-mum accordo resolver, e de dar
igual-
dade de representagao e de voto aos plenipotenciarios dos prin-
cipados, alguns minusculos, da Allemanha, e aos das gran-
des nacoes, pensara-se, escolhendo o criterio da extensao ter
A
nagao protegida nunca poderia
em
senta^ao diplomatica.
questoes internacionaes divergir
da protectora.
geral.
Tudo pois se congregava para dar o protectorado como
real e positive, e o motivo de exclusao mais vergonhosa a
faria parecer. "Ne serait-ii pas odieux, escrevia Palmella a
Castlereagh, de choisir justement le moment dans lequel
le Portugal vient d achever glorieusement et si utilement
extinguisse."
que
"visto a
continuagao deste commercio Ihes dava uma
vantagem tao conhecida sobre as outras." Escapava de certo
a lord Castlereagh n esse momento pungente ironia en-
a
volta n uma reedigao sob outro aspecto que Ihe nao alte-
rava a essencia, do bloqueio continental imaginado por Na-
poleao e contra o qual acabava a Inglaterra de combater
tao extrenuamente.
D. J. 31
486 DOM JOAO Vi>NO BRAZIL
zona intermedia entre os dous rios que uma das partes que-
trega da conquista. ( I )
portuguezas ceder
forca e n este caso apenas fazer a
a
sem que possamos ser esbulhados d essa posse, se nao por urn
ajuste amigavel, ou por uma nova guerra... Tambem obser-
tugal
- - diziam-no com mais orgulho do que amargor os
seus representantes em Vienna tinha estado so e desajudado
n esse negocio, nao ultimando tambem o de Olivenga que
permanecia suspense, pelo ja conhecido motive de nao haver
cravos.
publico.
A primeira sessao da commissao geral sobre a materia
nfio passou entretanto de "uma verdadeira comedia" (ex-
perdas e de atrazo.
As negociagoes concluiram-se com o exito ja referido
entre Portugal e a Gra Bretanha, mas o tratado geral ap-
pareceu afinal sem os artigos relativos a escravatura, con-
cordados e ja rubricados, porque tendo Napoleao durante
os Cem Dias abolido immediatamente o trafico, isto e,
dever subtrahir os
negociadores e o producto
britannicos
laborioso do Congresso aos sarcasmos inevltaveis da oppo-
sicao parlamentar "whig Brougham em especial.
cias que nao haviao assistido a estas, e por hum artigo delle
se convidao as outras Potencias a accederem. Ajuntarao-se
alem disso como appensos ao Tratado geral varies tratados
particulares, conveners, declaragoes, regulamentos, etc., do
conteudo dos quaes se faz mencao no mesmo Tratado, li-
(i). O
preambulo rezava alias claramente que "querendo
completar as estipuLagoes do tratado de Pariz, convierao as
Potencias reunidas no Congresso de ligar em hum so acto
todos os Tratados particulares que se fizerao para esse
effeito
pezo e influencia.
convencoes que as
quatro grandes europeas tinham
cortes
em
que muitas vezes se compraz a argucia das chancellarias. Assim
nao quiz partir sem tambem preparar uma intelligencia
com a Hespanha, julgando que a nova intima allian^a da
nos Alpes.
"A
Monarquia Portugueza, repartida nos dous hemisphe-
rios, exige certamente, emquanto nao tiver adquirido na
America a consistencia e o vigor a que a extensao do seu
territorio Ihe permitte de aspirar,
que se conserve cuidado-
samente a intima uniao com Inglaterra, que assegura a sua
512 DOM JOAO VI NO BRAZIL
(.1) Mcinoria Jus! if lent ITU. no Aruh. do Mim. das Rol. Ext.
516 DOM JOAO VI NO BRAZIL
vengao.
A correspondencia entre os dous foi picante, segundo
a qualifica Palmella: D. Pedro Ceballos possuia no mais
alto grau a prosapia castelhana, realgada pelo sarcasmo. Ten-
do-se comtudo verificado quasi immediatamente a sua queda
do poder, nao haveria razao para pararem de vez as nego-
ciaqoes entaboladas no sentido indicado, si as nao desappro-
vasse entrementes a corte do Rio de JaneirOj a qual ja as-
Podeis,
tenciarios, se julgardes conveniente, manifestar que eu vos
populates ultramarinas ;
o seu ardor no conselho encamp
nhado, quando de ordinario os dava n um torn de indiffe-
d elle.
Unidos" (i).
Convinha notar, e sobre isto se fundava Saldanha da
Gama com discernimento para entender que devia permane-
cer a corte no Brazil, que o Congresso de Vienna nada re-
solvera, nem Ihe era dado resolver, de forma definitiva e
oe Go-
(1) A alterr<:ao era de algum modo ra/oavol porquanto
vrrnadores do Reino se aiTogavam ou Ihes era facultado o jus lega-
omhaixador que manda-do para
torvm, scndo de noiiH ;\(;an dYlh s
f>i
<>
re-
governo inglez agradava muito piano que
Ao esse
que aos Inglezes cabia a culpa da sua posigao nao ser indis-
raiar no horizonte uma luz tao esperangosa que ate Ihe des-
cobria uma perspectiva gloriosa. ( I )
A mesma consideracao que presentemente se impoe ao
historiador ou ao simples observador do periodo historico a
corte de Lisboa
tersburgo, quando se deu a trasladagao da
"
D, J. 34
536 DOM JOAO VI NO BRAZIL
Ih o permittisse?n.
sempre que as circumstancias
A ida da esquadra britannica ao Rio, a qual escrevera
do Principe Regente,
Strangford ao seu chefe ser do agrado
nao passou de outra imprudencia dictada pelo singular em-
penho do diplomata estrangeiro
"em recompensar os valo-
de 1817.
(1) Correio Bmzittcnsc, n. Ill, Agosto
DOM JOAO VI NO BRAZIL 541
glezes: "O
objecto da expedigao do cavalheiro Beresford
nao tern outro fim, senao o de facilitar a S. A. R. os meios
de accelerar a sua partida deste paiz, no caso que julgue
conveniente servir-se della. Nem em caso algum ella se
deve considerar como uma escolta para proteger a Pessoa
sagrada de S. A. R. ; porque seus proprios navios poderiam
amplamente exercer este honroso emprego." Respondendo
anteriormente a uma pergunta de elucidagao da parte do
gabinete portuguez, ja Strangford se vira forgado a decla-
rar "que nao tin-ha avizado cousa alguma positiva a respeito
do regresso do Principe, mas unicamente participara por
varias vezes os desejos, que S. A. R. manifestara de voltar
a Portugal" (i).
Nao querendo insistir muito no assumpto para nao pa-
recer que procurava tornar intoleravel a incommoda posicao
do diplomata britannico, o marquez de Aguiar inseria toda-
via os seguintes maliciosos dizeres na sua nota de 15 de Ja
neiro: "E ainda que, em data de 3 de Novembro, commu-
nicou a esta Corte o conde de Funchal, que em conversacjio
com Mr. Canning este Ihe dissera, que tinha lido o despacho
formal em que S. Ex^. Lord Strangford pedia a immediata
partida da Esquadra Ingleza, S. A. R. a pezar desta contra-
diccao, e de haver grande difference entre a expressao de
seus desejos, e a declaracao da epocha, em Ihe convem que
cumprillos, se persuade que houvera algum malentendido,
donde resultou esta accelerada determinac,ao."
I
5-1-2 DOM JOAQ VI XO BRAZIL
No
Rio de Janeiro, pelo contrario, a progressao de
muitas obras fazia suppor designios de demora. "Antonio de
Araujo esta com grandes obras nas suas casas, que Ihe le-
varao huns poucos de mezes (i). O conde de Cavalleiros ha
poucos dias comprou humas boas casas com sua chacra. Tudo
o mais esta em
socego, ou antes mortuorio, que denota muito
longa permanencia neste Paiz, e quasi que ha prohibiqao
politica de fallar-se na ida para Lisboa: Deus sabe quando
sera" (2).
Outros muitos indicios levavam a crer na permanencia
da corte. "Esta para sahir a curveta Voador, com Antonio
de Saldanha, Veador de S. A. R. a Senhora Princeza Dona
unaBdo igaialmoute com o maior 1-uxo as oibras daiquellas que tern ha-
bitado ate aqui, e que tamibem sao suas. (Carta de 23 de Maio de 1815)
(.! ) Carta de 2 de Julho de 1814.
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quando vejo dizer a algum tolo que quern fala deste modo he
aquelle que nao tern vontade de ir a Lisboa: ora quern
sabe as cousas e nao as pode dizer, por serem de segredo,
ouvindo isto, ou ou Ihe chama tolo; porque he a des-
se ri,
a causa nao foi outra senao sua mulher (2), como era facil
llio do Janeiro.
(4) r>raxil-;Ki inu c Brazil-Imp",
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pair. 170.
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f>50 DOM JOAO VI NO BRAZIL
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554 DOM JOAO VI NO BRAZIL
A DISCUSSAO DA GUYANA
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DOM JOAO VI NO BRAZIL 557
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558 DOM JOAO VI NO BRAZIL
as peias fiscaes e que por tal motivo seria muito mais favo-
ravel e active. Sabe-se de facto quanta importancia tinha o
contrabando que outr ora existia entre as partes franceza e
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560 DOM JOAO VI NO BRAZIL
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564 DOM JOAO VI NO BRAZIL
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rialva. (i)
Assim procedeu o duque de Richelieu diante da obsti-
percebido e posto em
na ultima nota do representante
realce
1
566 DOM JOAO VI NO BRAZIL
muito leal, mas leal antes que tudo com o seu collega.
N uma carta muito polida e muito habil escusou-se o
embaixador ao convite, lembrando que havia sido commis-
sionado para firmar, conjunctamente com Brito, os convenios
em debate ou ajustes em perspectiva, que eram o tratado
ser lavrado
. .s
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do Con-
primento puro simples da clausula do Acto Geral
e
de de de 1815 sohre a
gresso de Vienna 9 Junho restituiqfio
Guyanas. O
Secretario britannico dos Negocios Estrangei-
recommendou com effeito sem demora ao embaixador
em
ros
com o francez para que ouvissc
Pariz que instasse governo
favoravelmente as propostas do plenipotenciario portuguez,
sem ser precise recorrer ao processo dilatorio dos commit
sarios technicos.
receber
A Franca mostrava-se, porem, so disposta a
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570 DOM JOAO VI NO BRAZIL
beragao do collega.
Brito ja se contentava a esse tempo com a determinacao
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de rien.
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