Cultura Organizacional
Cultura Organizacional
Cultura Organizacional
PUC-SP
FERNANDO FUKUNAGA
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
SÃO PAULO
2015
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA
PUC-SP
FERNANDO FUKUNAGA
MESTRADO EM ADMINISTRAÇÃO
SÃO PAULO
2015
Ao meu pai, minha mãe e minha tia,
minhas fontes de princípios morais e éticos.
AGRADECIMENTOS
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 14
1.1 Contexto e Definição do Problema .................................................................................. 15
1.2 Objetivos .......................................................................................................................... 18
1.3 Relevância e Justificativa do Estudo ................................................................................ 19
1.4 Metodologia ...................................................................................................................... 20
1.5 Organização da Dissertação ............................................................................................. 21
5 METODOLOGIA .............................................................................................................. 99
5.1 Estratégia e Princípios Metodológicos ............................................................................ 99
5.2 Questões da Pesquisa ...................................................................................................... 100
5.3 Coleta de dados............................................................................................................... 103
5.4 Tratamento dos dados ..................................................................................................... 104
5.5 Protocolo de Pesquisa ..................................................................................................... 104
5.5.1 Tipo de Estudo ............................................................................................................. 104
5.5.2 Plano Amostral ........................................................................................................... 104
5.5.3 Abordagem Quantitativa ............................................................................................. 104
5.5.4 Abordagem Qualitativa ............................................................................................... 105
Quadro 2.1.1 – Contraste entre empresas japonesas (Tipo J) e americanas (Tipo A) ............ 24
Quadro 2.2.1 – Interpretações antropológicas de cultura ...................................................... 30
Quadro 2.3.1 – Artefatos avaliados pelos diversos modelos de tipologias culturas .............. 39
Quadro 2.4.1 – Síntese das dimensões culturais proposta pelos pesquisadores ..................... 40
Quadro 3.2.1 – Definição de Conhecimento .......................................................................... 60
Quadro 3.2.2 – Distinção entre “saber que” e “saber como” ................................................. 62
Quadro 3.2.3 – Distinção entre saber objetivo e saber subjetivo .......................................... 63
Quadro 3.3.3 – Suposições da alavancagem do conhecimento tácito .................................... 69
Quadro 3.3.4 – Estratégias da alavancagem do conhecimento tácito ..................................... 70
Quadro 3.3.5 – Contexto e fatores da necessidade de focar no conhecimento coletivo ......... 71
Quadro 3.5.1 – Ciclo de gestão do conhecimento proposto por diversos autores .................. 84
LISTA DE TABELAS
1. INTRODUÇÃO
Quinn (1992) argumenta que as organizações privadas e públicas mais avançadas, são
nada mais do que repositórios e coordenadoras de intelecto, em que a habilidade de gerenciar
o conhecimento, dos indivíduos nas organizações, e a transformação da produção intelectual
destes em serviços ou um conjunto de serviços aplicados em produtos, torna-se rapidamente a
capacidade de gestão exigida no atual cenário econômico.
Considerando a perspectiva organizacional, essas transformações geram mudanças: na
organização do trabalho, na estrutura organizacional, no método de geração valor, na
obtenção, manutenção e criação de fatores competitivos, na globalização dos mercados e
organizações e, por fim, na administração das organizações. Este cenário propõe que as
organizações redefinam suas atividades, redesenhem seus processos e reavaliem seus
resultados (SANTOS, 2000).
Em administração, diversas abordagens e técnicas são criadas para suportar essas
transformações e manter a organização competitiva. Alvarenga Neto, Barbosa e Pereira
(2007) – em uma análise considerando a obra Ondas de Transformação, de Alvin Toffler – e
em contraponto ao ambiente organizacional, define Modelos Tradicionais de Gestão
(Administração Científica; Administração das Relações Humanas; Administração
Burocrática; dentre outros modelos de tradicionais de administração); Novos Modelos de
Gestão (Administração Japonesa; Administração Participativa; Administração
Empreendedora; e Administração Holística); Modelos Emergentes (Empresa Virtual; Gestão
do Conhecimento; Modelos Biológicos e Quânticos; além do retorno da discussão em torno
da Teoria do Caos e da Complexidade).
Já o administrador, no intuito de conduzir a mudança, cerca-se de diversas práticas e
técnicas para, ocasionalmente, obter resultados efetivos da ação. Por exemplo, decifrar a
cultura organizacional e compreendê-la como fatores básicos para obter melhor desempenho
organizacional nos processos de mudanças (SANTOS, 2000).
Os estudos sobre cultura organizacional popularizaram-se na década de 1980, como
ponto-chave importante na análise organizacional (SANTOS, 2000). Esse período foi
marcado por diversas publicações, tornando-se um tema sério e imprescindível na análise
organizacional (FREITAS, 2007). Freitas (2007) aponta que hoje a cultura organizacional
como área temática da administração e dos estudos organizacionais não é moda; ao contrário,
ela não só está consolidada como ainda desperta grande interesse teórico e prático.
A cultura organizacional ganha força e se rejuvenesce, pautada pelo contexto atual da
economia: frequentes processos de fusão e aquisição de empresas, novos modelos de gestão,
novas formas organizacionais, a inovação em gestão de pessoas, maior internacionalização de
17
1.2 Objetivos
Neste estudo, o objetivo geral é analisar a influência dos atributos da cultura
organizacional, a partir do modelo teórico de Quinn e Cameron (2006), para o sucesso do
ciclo de gestão do conhecimento com base no modelo teórico sugerido por Lawson (2003).
Os objetivos específicos desta pesquisa são os seguintes:
Além disso, Alvesson e Karreman (2001) apontam que, apesar de os autores de gestão
do conhecimento considerarem a cultura organizacional, em sua maioria, pouco exploram a
conexão entre gestão do conhecimento e cultura organizacional.
Assim, essa pesquisa contribui para preencher essa lacuna, pois as evidências
encontradas são valiosas e sugerem que podem ser aproveitadas pelas organizações para
refletirem sobre suas estratégias de implementação e sustentação das iniciativas ou processos
de gestão do conhecimento.
1.4 Metodologia
A estratégia de pesquisa selecionada para esta investigação foi o método de estudo de
caso singular. Foram combinadas abordagens quantitativa e qualitativa em quatro etapas.
Na primeira etapa, fez-se uma extensa revisão bibliográfica, selecionando assuntos de
literatura especializada, registros de experiências, artigos impressos e eletrônicos de
periódicos acadêmicos em administração e estudos organizacionais, revistas tecnocientíficas e
outras fontes que deram suporte teórico ao tema.
Na segunda etapa, buscou-se validar os elementos do modelo teórico de Quinn e
Cameron (2006) e Lawson (2002), por meio de um questionário dirigido aos profissionais de
diversas áreas da alta gestão da empresa estudada, em sua maioria diretores e gerentes. Assim,
foi possível testar algumas hipóteses, analisando dados com base em estatísticas descritivas e
coeficiente de correlação.
Na terceira etapa, investigaram-se evidências em fontes documentais como website da
organização estudada, contemplando estudos e premiações de reconhecimento, dois livros
publicados pela empresa sobre sua história e sua cultura organizacional. E, em fontes de
arquivos como relatório anual de gestão e estudos protagonizados por terceiros sobre a
organização estudada.
Finalmente, na quarta etapa, foram realizadas entrevistas semiestruturadas e
direcionadas aos profissionais da alta gestão da diretoria executiva de gestão do
conhecimento, focando os tópicos do estudo do caso. Aplicaram-se técnicas de análise do
discurso para estratificar as evidências encontradas e confirmar as hipóteses estabelecidas,
respondendo assim às questões desse estudo.
21
2. CULTURA ORGANIZACIONAL
quais, apesar de nascidas nos Estados Unidos, também apresentam características de empresas
japonesas, incorporando aspectos estruturais e valores culturais que levaram a liderança da
indústria japonesa frente ao resto do mundo.
Entretanto, nem todos acreditam que apenas o sucesso da indústria japonesa foi
responsável por essa explosão de construção de conhecimento da teoria, mas que aliado a este
uma série de fatores desencadearia tal fenômeno. Por exemplo, referência no campo e tendo
seu trabalho largamente difundido em escala mundial, o acadêmico holandês Geert Hofstede,
em 1980, publicou a obra Culture’s Consequences: International Differences in Work Related
Values, um estudo realizado nas subsidiárias da IBM em 50 países e três regiões, na qual
foram agrupados países de língua Árabe, da África Oriental e da África Ocidental
(HOFSTEDE, 1983).
Freitas (2007, p. 8) aponta que “a preocupação com a convivência de culturas distintas
traduz uma problemática cada vez mais pertinente nos dias atuais, em virtude da
globalização”. Dessa forma, a própria teoria das organizações já carecia de abordagens não
tradicionais, holísticas e inovadoras para compreender a vida corporativa, conforme elucidado
acima (MARTIN e FROST, 2012; FROST, 1996; HOFSTEDE, 1983). Segundo Dias (2013),
o interesse, pelo tema, para todos aqueles que estudam a dinâmica das organizações, ocorreu
pelos seguintes fatores:
a) Os estudos do comportamento humano têm crescido a partir da influência da
Escola das Relações Humanas.
b) O surgimento de tecnologias de gestão, tais como: qualidade total, melhoramento
contínuo, kaizen, empowerment e outras, que utilizam conceitos da teoria das
relações humanas, buscando ampliar a participação das pessoas nos processos de
administração, objetivando um aumento da eficiência.
c) A necessidade de entender as característica das organizações num momento de
reestruturação produtiva a partir do comportamento humano e sua resistência às
mudanças de paradigmas.
d) O papel desempenhado pela cultura nos processos de fusão, incorporação e
particularmente de terceirização.
e) A necessidade de ampliar o papel desempenhado pelos empregados nas
organizações, passando a ser mais protagonistas do que simplesmente executores
das políticas, estratégias e ações desenvolvidas pelas empresas.
f) A necessidade de entender o homem e o seu comportamento dentro das
organizações em função das mudanças constantes nas estratégias de mercado,
vendas, produção e na empresa como um todo em função da revolução científico-
tecnológica que vivemos (DIAS, 2013, p. 68-69).
Alvesson (1987) corrobora que o sucesso da indústria japonesa influenciou o
desenvolvimento da teoria, mas somente para a popularização do tema; e que questões
econômicas não fundamentariam o interesse pelo tema, mas que a aceleração do
26
maior, ou seja, as subculturas funcionais dentro de uma empresa podem refletir as subculturas
ocupacionais, ultrapassando assim seus limites organizacionais (MARTIN e FROST, 2012).
Considerando o ponto de vista da diferenciação, a cultura organizacional não é unitária, é na
verdade uma conexão, no qual se cruzam influências ambientais, criando um conjunto de
subculturas que se sobrepõe e se abriga dentro das fronteiras permeáveis da organização.
Assim, inconsistência, consenso subcultural e clareza subcultural são características
essenciais da perspectiva da diferenciação (MARTIN, 1992).
Para Martin e Frost (2012, p. 227), os estudos de diferenciação “compartilham das
mesmas características descritas; esses pontos comuns mascaram importantes distinções”.
Dessa forma, segundo os autores, a perspectiva de diferenciação inclui, pelo menos, duas
subdivisões que se desenvolveram de modo distinto das diferentes tradições intelectuais. Uma
documenta o pluralismo no contexto cultural, utilizando métodos etnográficos e
epistemologia hermenêutica, e oferece uma única resposta sem contestar a perspectiva
gerencial. A outra apresenta uma leitura de antigerenciamento de dados, ocorrendo em alguns
casos de estudos, pouca ênfase na sensibilidade pluralista à diferença, base de toda a pesquisa
de diferenciação, dando precedência a crítica à hegemonia do gerenciamento.
Com a argumentação crítica às perspectivas de integração e diferenciação de que as
relações entre as manifestações da cultura não são nem muito consistente, nem muito
inconsistente, surge o terceiro grupo: da perspectiva de fragmentação (MARTIN e FROST,
2012, KREINER e SCHULTZ, 1993). Segundo Martin e Frost (2012, p. 234), na perspectiva
de fragmentação, “o poder é amplamente difundido por todos os níveis da hierarquia e em
todo o ambiente da organização, sendo a mudança um fluxo contínuo e não interrupções
intermitentes da estabilidade”. Falta de consistência, consenso e ambiguidade são as bases da
perspectiva de fragmentação da cultura.
De acordo com os defensores da perspectiva da fragmentação, as manifestações
culturais são complexas e contêm muitos elementos de contradição e confusão. Logo, o
consenso não poderia abranger toda a organização e nem seria específico de uma subcultura,
sendo então transitório e específico de determinada questão, produzindo afinidades de curta
duração entre os indivíduos, sendo substituído à medida que outras questões chamassem a
atenção dos membros culturais (KREINER e SCHULTZ, 1993).
Considerando o contexto apresentado entre as três perspectivas e suas diferenças
metodológicas e linhas de pensamento, em que cada perspectiva seguia para um caminho
defendendo suas premissas conceituais e metodológicas, poderia se imaginar o surgimento de
uma nova perspectiva, porém a ação mais óbvia seria a de criar uma metateoria que incluísse
29
esparsas e abstratas, dando-lhe vida de modo a que tenham significado e impacto para um
novo empregado. Deal e Kennedy (2000) destacam alguns elementos apresentados por Ouchi
(1986), como um conjunto de uma cultura forte: ambiente de negócios (a realidade é diferente
para as empresas, depende de seus produtos, concorrentes, clientes, sua tecnologia, governo,
entre outros); valores (conceitos básicos e as crenças de uma organização); heróis (pessoas
que personificam os valores da cultura); ritos e rituais (rotinas sistemáticas do dia a dia da
empresa); e cultura da rede de trabalho (primária e informal, são os meios de comunicação
dentro de uma organização). Com base nesse conjunto de elementos Deal e Kennedy (2000)
definem a cultura organizacional como:
Uma cultura forte é uma alavanca poderosa para orientar o comportamento; ajuda os
funcionários a fazer um pouco melhor o seu trabalho, principalmente de duas
maneiras. Uma cultura forte é um sistema de regras informais que explicita a forma
como as pessoas têm que se comportar na maior parte do tempo. Uma cultura forte
permite que as pessoas se sintam bem sobre o que o estão fazendo, então, são mais
propensas a serem mais produtivas ou trabalharem mais (DEAL e KENNEDY,
2000, p. 15-16).
Edgar Schein (2009), reconhecido como um dos principais teóricos do tema cultura
organizacional, argumenta que a cultura é uma abstração, embora as forças criadas em
situações sociais e organizacionais que dela derivam sejam poderosas. Segundo o autor,
retirar sentido de tais situações requer aprender a ver o mundo por meio de lentes culturais,
ser capaz de perceber e decifrar as forças culturais que operam nos grupos, organizações e
ocupações.
De acordo com Schein (2009, p. 11), “qualquer unidade social que tenha algum tipo de
história compartilhada terá desenvolvido uma cultura”. E a força dessa cultura depende da
extensão de sua existência, da estabilidade dos membros do grupo e da intensidade emocional
das experiências históricas reais compartilhadas. Assim, Schein (2009, p.16) define cultura
organizacional como:
A cultura de um grupo pode agora ser definida como um padrão de suposições
básicas compartilhadas, que foi aprendido por um grupo à medida que solucionava
seus problemas de adaptação externa e de integração interna. Este padrão tem
funcionado bem o suficiente para ser considerado válido e, por conseguinte, para ser
ensinado aos novos membros como o modo correto de perceber, pensar e sentir-se
em relação a esses problemas (SCHEIN, 2009, p. 16).
Schein (2009, p. 23) argumenta que “a cultura se manifesta em determinados níveis e
que estes níveis podem ser analisados, uma vez que significam o grau pelo qual o fenômeno
cultural é visível ao observador”. Para o autor, esses níveis variam de manifestações abertas
33
meios pelo quais os alcançarão. Nesse nível de consciência, estão grande parte do
comportamento que pode ser observado no nível dos artefatos. Essas crenças estão baseadas
em aprendizados compartilhados vivenciados no passado e validados socialmente, pois, no
final, qualquer grupo reflete as crenças e os valores de alguém, seu sentido do que deve ser,
que é diferente do que é. Frequentemente, listas de crenças e valores são tão abstratas que
podem ser contraditórias. É também frequente o fato de crenças e valores deixarem grandes
áreas do comportamento sem explicação. Assim para entender, decifrar o padrão e prever
corretamente o comportamento futuro, precisamos entender amplamente a categoria das
suposições fundamentais básicas (SCHEIN, 2009, p. 26-28).
O nível mais profundo, segundo o modelo de Schein (2009), é das suposições básicas
que frequentemente lidam com aspectos fundamentais da vida: a natureza do tempo e do
espaço; a natureza humana e as atividades humanas, a natureza da verdade e como alguém a
descobre; a forma correta para o indivíduo e o grupo se relacionarem, a importância relativa
do trabalho, da família e do autodesenvolvimento; e o papel apropriado dos homens e a
natureza da família. Nesse sentido, as suposições básicas compartilhadas que formam a
cultura de um grupo podem ser imaginadas no plano individual e do grupo, como mecanismos
de defesa cognitivos e psicológicos que permitem ao grupo continuar a funcionar.
As suposições básicas, como as theories-in-use de Argyris (1976) apud Schein (2009),
sugerindo que as suposições implícitas é que realmente orientam o comportamento, informam
os membros do grupo como perceber, refletir e sentir as coisas, tendem a não ser confrontadas
ou debatidas e, por isso, são extremamente difíceis de mudar. De fato, se uma suposição
básica passa a ser fortemente assumida em um grupo, seus membros encontrarão
comportamentos baseados em qualquer outra premissa inconcebível. Esse grau de consenso
resulta do sucesso repetido em implementar certas crenças e valores, como anteriormente
descrito. O poder da cultura vem do fato de que as suposições são compartilhadas e, portanto,
mutuamente reforçadas (SCHEIN, 2009, p. 28-33). Por fim, Schein (2009) conclui que:
Qualquer cultura de grupo pode ser estudada nesses três níveis – o nível de seus
artefatos, o nível de suas crenças e valores expostos e o nível de suas suposições
básicas prevalecentes. Se alguém não decifrar o padrão das suposições básicas que
possa estar operando, não saberá como interpretar corretamente os artefatos ou
quanto crédito dar aos valores articulados. Em outras palavras, a essência de uma
cultura está no padrão das suposições básicas prevalecentes e, uma vez que alguém
as entenda, é possível entender facilmente os níveis mais superficiais e lidar
apropriadamente com eles (SCHEIN, 2009, p. 33).
35
Santos (2000) produziu uma extensa pesquisa para organizar os diferentes conceitos
de cultura organizacional. Com base nos resultados, a autora considera que a maioria dos
conceitos encontrados na literatura acadêmica sobre cultura organizacional não fornecem uma
definição operacional e explícita do termo, evidenciando aspectos de ambiguidades e até
mesmo de impressão. Essa tentativa de organização de conceitos resultou em três tipos de
definições: Artefato; Conjunto de valores e crenças compartilhados; e Pressuposto básico. No
Quadro 2.2.2, podemos verificar a síntese do estudo com as características de cada tipo de
definição e principais autores relacionados.
Pressuposto básico • Valores, crenças, percepções e sentimentos • Schein (1981, 1984, 1985)
compartilhados pelos grupos, vão sendo cada • Sathe (1985)
vez mais endossados e passam a ser
cristalizados no nível do inconsciente,
transformando em pressuposto básico.
• Estes pressupostos que vão determinar como os
membros de um grupo percebem, pensam e
sentem, daí a importância de decifrá-los.
• Conceito relativamente novo.
A proposta de Schein (1981, 1984, 1985, 2009), de acordo com Santos (2000, p. 32-
35), “é que parece mais útil, tendo em vista que as pesquisas revelem uma perspectiva mais
atual de análise das organizações, pois por meio dela podem-se agrupar as abordagens dos
diferentes autores, segundo a ênfase dada ao elemento que mais caracteriza a cultura
organizacional”. Embora, para Santos (2000) haja falta de consenso e precisão entre os
autores para definir e conceituar o termo cultura organizacional, constata-se que ao menos há
alguns pontos de concordância existentes: cultura organizacional existe e é um instrumento
para interpretar o comportamento das organizações e de seus membros; cada organização
36
possui uma cultura, única e singular; e também funciona como um mecanismo de controle
organizacional. Dessa forma, Santos (2000) define cultura organizacional como:
Cultura organizacional também é definida como os valores e crenças compartilhadas
pelos membros de uma organização, a qual funciona como um mecanismo de
controle organizacional, informalmente aprovando ou proibindo comportamentos e
que dá significado, direção e mobilização para os membros da organização
(SANTOS, 2000, p.38).
Santos (2000, p. 38) argumenta que, além da variedade de definições sobre cultura
organizacional, os acadêmicos têm identificado um conjunto de dimensões da cultura que
ajudam a organizar os atributos fundamentais do conceito, sendo as mais citadas: “a) força
cultural (poder de controlar o comportamento); b) congruência cultural (similaridade entre os
elementos culturais); c) tipo cultural (atributos dominantes); d) continuidade cultural
(consistência mantida ao longo do tempo); e) individualidade cultural (caráter singular de
cada cultura); f) clareza cultural (como a cultura é definida, entendida e transmitida)”.
A dimensão da força cultural, por exemplo, em certos tipos de cultura, está
relacionada ao desempenho econômico da organização (DENISON et al., 2012; KOTTER e
HESKETT, 1994). Para Schein (2009), a força cultural depende de sua existência, da
homogeneidade, da estabilidade dos membros do grupo e da intensidade emocional das
experiências históricas reais compartilhadas. Deal e Kennedy (2000) confirmam que uma
cultura forte é poderosa na orientação do comportamento dos colaboradores.
A força e a congruência cultural de uma organização são as principais dimensões da
cultura (SATHE, 1985; SCHEIN, 2009). Segundo Santos (2000), uma cultura forte e
congruente suporta a estrutura e as estratégias organizacionais; e define: “força cultural pode
ser compreendida, portanto, como a extensão em que os valores e crenças que permeiam a
organização são ampla e intensamente compartilhados pelos seus membros”.
Segundo Bertero (1981), o uso de tipologias não pode deixar de merecer atenta
consideração de todos aqueles interessados no aprimoramento da teoria organizacional ou da
teoria e comportamento organizacional. O autor afirma que o uso de tipologias desempenhou
papel importante no estudo comparativo de organizações, sendo por vezes um esquema que o
autor propõe ordenar o conhecimento existente sobre organizações. Santos (2000, p. 56)
argumenta que as tipologias organizacionais representam categorias de classificação por meio
das quais diversos tipos de organizações podem ser agrupados em conformidade com certas
características comuns.
37
Schein (2009, p. 178) sugere que o cientista que tenta estudar determina área, como
comportamento humano nas organizações, liderança e cultura organizacional, deve
desenvolver categorias que sejam úteis para ajudar a dar sentido às variações que observamos.
Na visão do autor, tais desenvolvimentos podem ser úteis se:
(1) ajudarem a dar sentido e a dar alguma ordem fora do fenômeno observado e (2)
ajudarem a definir qual pode ser a estrutura básica dos fenômenos ao construir uma
teoria de como as coisas funcionam, que, por sua vez, (3) possibilitam-nos prever
algum grau como outros fenômenos que ainda não podem ser observados e estão a
caminho de o serem (SCHEIN, 2009, p.178).
Para Bertero (1981), as tipologias podem desempenhar papel diverso em teoria
organizacional, seja mapeando parte da realidade organizacional, e assim tornando mais
claros os aspectos organizacionais que se querem estudar, seja como forma de agregar
resultados de pesquisa empírica. Segundo o autor, em quaisquer dos casos, a tipologia sempre
serve como uma função agregadora, que é fundamental à construção científica. Sobre o
processo de construção de tipologias, Schein (2009, p.178) afirma que:
No processo de construção de novas categorias – que podem ser imaginadas à
medida que definimos as dimensões a serem estudadas – inevitavelmente, devemos
nos tornar mais abstratos. À medida que desenvolvemos abstrações, torna-se
possível criar relacionamentos hipotéticos entre tais abstrações, que, então, podemos
pensar como tipologias ou teorias de como as coisas funcionam (SCHEIN, 2009, p.
178).
Schein (2009, p. 178) argumenta que “a vantagem de tais tipologias e teorias que nos
permitem postular é que elas tentam ordenar uma grande variedade de diferentes fenômenos”.
Nessa linha, Santos (2000, p. 56) observa que as tipologias “são úteis por que permitem, aos
seus estudiosos, fazerem generalizações teóricas sobre uma dada classe de organizações”. A
autora ainda argumenta que, no caso da tipologia de atributos culturais, sua vantagem está na
habilidade de empiricamente examinar a extensão na qual os elementos de uma cultura são
congruentes. Entretanto, Bertero (1980) chama a atenção para duas cautelas, quanto ao uso de
tipologias: a primeira consiste na “retificação” da realidade, ou seja, aceitar a tipologia como
a expressão da realidade; a segunda ressalta a consciência de que todas as tipologias são
insatisfatórias e merecedoras de críticas.
Do ponto de vista do desenvolvimento organizacional, muitas pesquisas e estudos têm
sido realizados utilizando-se o Competing Value Model, ou modelo de valores concorrentes,
também conhecido como a Tipologia de Quinn, para examinar a relação entre a cultura
organizacional e a eficácia organizacional. De acordo com Cummings e Worley (1997),
38
Clareza e direção; alcance organizacional; integração; contato com alta Gordon (1985)
gestão; incentivo à iniciativa individual; resolução de conflitos; clareza
no desempenho; ênfase no desempenho; orientação para ação;
recompensa; e desenvolvimento de recursos humanos
Dimensões disfuncionais: paranoico; esquivo; carismático; burocrático; e Kets de Vries e Miller (1986)
político
Um motivo para nos depararmos com tantas propostas de dimensões culturais é que a
cultura organizacional é extremamente ampla e inclusiva ao escopo organizacional. A
consequência dessa realidade é a impossibilidade de incluir todos os fatores relevantes para
diagnosticar e avaliar a cultura organizacional. Assim, para determinar as dimensões mais
importantes para o pesquisador se concentrar, é exigido o uso de uma estrutura subjacente,
uma base teórica que pode estreitar e permitir o foco na busca de dimensões-chave da cultura
organizacional (QUINN e CAMERON, 2006).
Nenhum quadro destinado à avaliação cultural é tão abrangente assim, e também não
se pode argumentar que um ou outro está certo ou errado. Em vez disso os enquadramentos
mais adequados deverão se basear em evidências empíricas, capturando com precisão a
realidade descrita, ou seja, esta deve ser válida e deve ser capaz de integrar e organizar a
maioria das dimensões propostas. Dessa forma, essas são as características do propósito do
Competing Value Model, para diagnosticar e avaliar a cultura organizacional. Sua estrutura
foi concebida para conter tanto as características como a validade empírica, ajudando a
integrar muitas das dimensões propostas por vários autores. De maneira resumida, o
Competing Value Model foi organizado para ter um alto grau de congruência com esquemas
categóricos, bem conhecidos e bem aceitos, que organizam a forma de como as pessoas
pensam, seus valores e suposições e a forma que elas processam informações (QUINN e
CAMERON, 2006).
O Competing Value Model foi desenvolvido inicialmente a partir de uma pesquisa
realizada, pelos membros do corpo docente da Universidade de Michigan, sobre indicadores
de desempenho das organizações eficazes. De acordo com Quinn e Cameron (2006), em
1974, John Campbell e seus colegas criaram uma lista de 39 indicadores, alegando que esta
constituía um vasto conjunto de todas as medidas possíveis para a eficácia organizacional.
Essa lista foi analisada por Quinn e Rohrbaugh (1981), que, tentando rever a questão,
abordaram-na de outra maneira. Para tanto, decidiram perguntar aos teóricos e pesquisadores
o que eles pensavam a respeito da organização eficaz. Segundo Santos (2000, p. 64), “os
achados de Quinn e Rohrbaugh (1981) apontaram que os estudiosos da teoria organizacional
compartilhavam, entre si, uma mesma estrutura conceitual”. Os critérios de eficácia puderam
ser organizados em um espaço multidimensional contendo três dimensões, detalhadas por
Santos (2000):
A primeira dimensão está relacionada ao enfoque organizacional. Ela pode enfatizar,
no sentido micro, desde o bem-estar e desenvolvimento do indivíduo na
organização, até o crescimento e o desenvolvimento da organização em si mesmos,
42
no sentido macro. Em outras palavras, a ênfase pode refletir, nesta dimensão, desde
o ambiente interno até o ambiente externo. A segunda dimensão está relacionada à
estrutura organizacional e aborda o controle, a estabilidade, bem como a
flexibilidade e a mudança. A terceira dimensão está relacionada aos meios e fins
organizacionais, mostrando, por exemplo, a ênfase no processo de planejamento
(meio) e o direcionamento para resultados e produtividade (fim). (SANTOS, 2000,
p. 64).
Como continuidade do estudo da lista de John Campbell, Quinn e Rohrbaugh (1983)
observaram a emersão de duas grandes dimensões principais, que podemos observar na
Figura 2.4.1, e organizaram os indicadores em quatro grupos principais. Sendo a primeira
destas dimensões, aquela que diferencia critérios de efetividade que enfatizam a flexibilidade,
opções e dinamismo a partir de critérios que enfatizam a estabilidade, ordem e controle. A
segunda dimensão diferencia critérios que enfatizam uma orientação interna, de integração e
de homogeneidade de critérios que enfatizam uma orientação externa, de diferenciação e de
rivalidade (QUINN e CAMERON, 2006, p. 34).
Segundo Quinn e Cameron (2006, p. 39), o foco principal dos mercados é a realização
de transações com outros grupos para criar vantagem competitiva. Os objetivos principais das
organizações de mercado, para os autores, são: rentabilidade, resultado financeiros, força em
nichos de mercado, metas de superação e base segura de clientes. Os autores ainda afirmam
que os valores fundamentais que dominam as organizações do tipo de mercado são a
competitividade e a produtividade. Dessa forma, para Quinn e Cameron (2006, p. 40), as
características e valores que tipificam uma cultura de mercado ou racional são:
As premissas básicas de uma cultura de mercado são de que o ambiente externo não
é benigno, mas hostil, os consumidores são exigentes e interessados em valor, o
negócio da organização é de aumentar sua posição competitiva, sendo a maior tarefa
de gestão é conduzir a organização em direção produtividade, resultados e lucros.
Há a suposição de que um propósito claro e uma estratégia agressiva levam à
produtividade e à rentabilidade. Nas palavras do General George Patton (1944), as
organizações de mercado “não estão interessadas em defender [suas] posições.
Deixe o [inimigo] fazer isso. [Eles] estão avançando o tempo todo, derrotando a
oposição, marchando constantemente em direção à meta”.
47
Após os estudos das empresas japonesas no final de 1960 e início de 1970, uma série
de pesquisadores (Ouchi, 1986; Pascale e Athos, 1981) identificaram diferenças na forma de
organizações do tipo de mercado e hierárquico em comparação ao tipo japonês em forma de
clã ou grupal. Segundo Quinn e Cameron (2006), as caraterísticas e os valores se diferenciam:
Os valores e objetivos compartilhados, coesão, participação, individualidade e um
senso de pertencimento permearam as empresas do tipo clã. Elas pareciam mais
como famílias extensas do que como entidades econômicas. Em vez de regras e
procedimentos de hierarquias ou centros de lucros competitivos de mercados,
empresas do tipo clã possuem características típicas de trabalho em equipe,
programas de envolvimento de trabalhadores e compromisso corporativo de
48
dominante reflete no estilo de liderança, conforme Figura 2.4.7. Ou seja, em uma cultura
tipificada como hierárquica, os líderes demonstram habilidades de organizar, coordenar,
controlar e de manutenção da eficiência. Quando a cultura dominante é racional, os líderes
tendem a ser competitivos e ter um estilo “linha dura” na condução das atividades. Quando a
organização é dominada pela cultura grupal, os líderes são reconhecidos como figuras
paternais, construtores de times, facilitadores e mentores. Na organização dominada pela
cultura inovativa, os líderes eficazes são classificados como inovadores, visionários,
empreendedores, orientados para o risco, criativos e focados no futuro. (QUINN e
CAMERON, 2006, p. 46-47)
Quinn e Cameron (2006) argumentam que é fácil perceber que o estilo de liderança
coincide com o tipo cultural dominante. Entretanto, os estilos de lideranças dominantes nos
quadrantes diagonais são opostos um ao outro. Segundo os autores, os líderes da cultura
inovativa, por exemplo, são infratores enquanto os líderes da cultura hierárquica são
guardiões das regras. Já os líderes da cultura grupal são acolhedores e apoiadores, enquanto
seus opostos, os líderes da cultura racional, são de difícil relacionamento e exigentes.
Com relação às teorias de eficácia organizacional (Figura 2.4.7), Quinn e Cameron
(2006) afirmam que os critérios mais valorizados em uma cultura hierárquica são a eficiência,
o funcionamento fluído e a previsibilidade; sendo a teoria operacional dominante orientada
para o controle. Já na cultura racional, os critérios valorizados são alcançar as metas, vencer
os concorrentes, aumentar a participação no mercado e ter altos retornos financeiros, sendo a
competição a teoria operacional mais dominante, que impulsiona níveis elevados de
produtividade e, consequentemente, níveis elevados de eficácia. Na cultura grupal, coesão,
altos níveis de motivação e satisfação, desenvolvimento de recursos humanos e trabalho em
equipe formam o conjunto de critérios valorizados por esse tipo cultural, sendo a teoria
operacional dominante orientada para a colaboração, envolvimento e participação dos
funcionários que, comprometidos e satisfeitos, produzem eficácia. Finalmente, a cultura
inovativa valoriza critérios como novos produtos, soluções criativas para problemas, ideias de
vanguarda e crescimento em novos mercados. Na cultura inovativa, a teoria operacional
dominante é orientada para criação e inovação, visando criar novos mercados, novos clientes
e novas oportunidades, sendo estes indicadores de eficácia desse tipo cultural.
52
confiabilidade, sendo: coeficiente de 0,79 para cultura grupal; 0,79 para cultura inovativa;
0,73 para cultura hierárquica; e 0,79 para cultura racional. A pesquisa de Santos (2000) no
Brasil apresentou coeficientes de Alfa de Cronbach semelhantes.
Em relação à validade, Cameron e Freeman (1991) produziram evidências para a
validade do OCAI, conforme reportam Quinn e Cameron (2006). No estudo, sobre cultura
organizacional em 334 instituições de ensino superior, uma amostra representativa, pois
formam toda a população de faculdades e universidades com cursos de graduação com
duração de quatro anos nos Estados Unidos, houve participação de 3.406 pessoas na pesquisa.
A evidência para validade do OCAI foi constatada quando um tipo de cultura foi assertiva
com o domínio de eficácia, pelo tipo de tomada de decisão, pela estrutura e pela estratégia
empregada, em que a organização se destacou. Por exemplo, no estudo, as organizações que
tiveram suas culturas identificadas com o tipo grupal demonstraram domínios de eficácia e
desempenho relativos a moral, satisfação, comunicação interna e apoio, todos os valores
consistentes com os valores da cultura tipo grupal.
3. GESTÃO DO CONHECIMENTO
1. A capacidade de criar conhecimento por meio das redes de tecnologia e comunicação, para ganhos em
vantagens competitivas.
2. O valor do conhecimento nasce em seu compartilhamento com os outros em dada economia (por
exemplo, com fornecedores, parceiros e clientes). Entretanto, pode haver restrição desse
compartilhamento para evitar benefícios concorrentes.
Fonte: Adaptado do relatório Knowledge Economy Program 2006 – The Work Foundation.
Segundo um estudo realizado em 1996 pela OECD, três grandes forças econômicas e
sociais no final de 1970 e 1980 desencadearam as mudanças radicais na estrutura econômica:
(1) a introdução intencional de tecnologias de informação e a comunicação de baixo custo,
que vêm eliminando não só as barreiras físicas e as geográficas de compartilhamento de
informações e ideias, mas também têm proporcionado a expansão de possibilidades de
geração de novos conhecimentos; (2) a globalização como acelerador de abertura de mercado
e nichos em escala global, e a propagação e adaptação de novas tecnologias e ideias; (3) as
economias industrializadas avançadas, que têm criado consumidores educados e exigentes
com um apetite para os serviços de alto valor agregado, uma característica da economia.
Podemos concluir que a economia baseada em conhecimento possui as seguintes
características, definições e desafios: (1) a economia do conhecimento, não é uma “nova”
economia operando um novo conjunto de leis econômicas (DAVID e FORAY, 2002); (2) a
economia do conhecimento está presente em todos os setores e não apenas em setores
intensivo em alta tecnologia (LEADBEATER, 1999); (3) A economia do conhecimento tem
alta intensidade de utilização da tecnologia de informação e comunicação (TIC); (4) A
economia do conhecimento consiste nas inovações das organizações que usam novas
tecnologias para introduzir e apresentar a inovação organizacional; (5) organizações da
economia do conhecimento buscam reorganizar o trabalho para permitir que trabalhadores do
conhecimento possam manusear, armazenar e compartilhar informações através de práticas da
gestão do conhecimento; e (6) a economia baseada em conhecimento está apenas nascendo, o
desafio maior será a gestão de conteúdo e a gestão do conhecimento (DOWBOR, 2013,
p.119).
Definição Autor
Wolf (1990)
Conhecimento consiste em informações organizadas aplicadas à resolução de problemas.
Conhecimento é informação organizada e analisada para torná-la compreensível e aplicável Turban (1992)
à solução de problemas ou tomada de decisão.
Conhecimento engloba o limite implícito e explícito alocados em objetos (entidades), Sowa (1984)
operações e relacionamentos junto com heurísticas gerais e específicas e procedimentos de
inferência envolvidos na situação que está sendo modelado.
Beckman (199)
Conhecimento é o raciocínio sobre informações e dados que ativamente capacita o
desempenho, resolução de problemas, tomada de decisão, aprendizagem e ensino.
difícil de ser capturado quanto ao termo know-how. Tem uma dimensão cognitiva importante,
composto de modelos mentais, crenças e perspectivas tão arraigados que o tomamos como
natural; portanto, o conhecimento tácito não pode ser facilmente articulado (Nonaka e
Takeuchi, 1995).
enquanto atividade e prática são meios típicos pelos quais o “saber como” é construído, ver
Quadro 3.2.2. Saito (2007) exemplifica a questão comparando o conhecimento de uma pessoa
que aprendeu muitos conceitos, modelos e métodos de negócios em um curso de MBA. Nesse
caso, o tipo de conhecimento pode ser classificado como “saber que”. Em contrapartida o
conhecimento de uma pessoa que tem desempenhado uma carreira de gerente por muitos
anos, experimentando tomadas de decisões e desafios da atividade gerencial do dia a dia,
poder ser classificado como “saber como”.
Saito (2007) aponta outra fonte de confusão sobre o conhecimento tácito, a distinção
entre saber objetivo e subjetivo, ver Quadro 3.2.3. Segundo o autor, de um lado do debate está
realismo e positivismo, ramos que pressupõem a existência de uma realidade objetiva, externa
para o conhecedor e, em princípio, comum a todos. O conhecimento deriva de tal realidade,
caso contrário, pode ser considerado mera opinião baseada em uma crença. De outro lado,
estão idealismo e interpretativismo, que consideram tal realidade como irreconhecível, uma
vez que toda a percepção deve ser necessariamente filtrada pela cognição do conhecedor.
Portanto, conhecimento é sempre uma interpretação, dependente do conhecimento prévio e do
sujeito, e os vieses cognitivos. Saito (2007) argumenta que uma implicação para gestão do
conhecimento é:
[...] no caso da objetividade, conhecimento corresponde à realidade e, portanto, é
relativamente independente do conhecedor. Conhecimento assume propriedades de
um “objeto”: pode ser observado estudado, analisado, manipulado, movido, e assim
por diante, sem perder suas propriedades. No caso da subjetividade, o conhecimento
não pode ser separado do conhecedor, sob o risco de perder seu significado e
importância. Assim, o conhecimento é sempre relativo, condicionado, dependente
do contexto e sujeito a interpretações (SAITO, 2007, p. 58-59).
63
Figura 3.2.2 – Comparação de conhecimento tácito e explícito; saber que e saber como;
e saber objetivo e saber subjetivo
e como acelerar o processo de inovação nas grandes empresas japonesas. Em 1987, um aluno
de Nonaka, Hiroyuki Itami, no livro Mobilising Invible Assets, identificou que as empresas
norte-americanas não prestavam atenção para proteger e desenvolver ativos invisíveis, como a
boa vontade dos clientes, reputação, lealdade e confiança das relações comerciais, pois estes
não estavam enfatizados no balanço. Nonaka inspirou-se na epistemologia, especialmente no
conceito de conhecimento tácito de Michel Polany. Em 1995, Nonaka e Takeuchi, como já
relatado acima, publicaram o artigo The knowledge- creating company, que redefiniu o campo
da gestão do conhecimento (SVEIBY, 2005).
Na Suécia, a origem tomou forma nas mãos do próprio Karl Sveiby. Sua preocupação
era construir uma estratégia para uma empresa que não teria uma produção tradicional, no
caso sua própria editora. O único fator de produção era o conhecimento e a criatividade dos
funcionários. Eles desenvolveram uma estratégia baseada em competência, publicada como
The knowledge company em 1986. Em 1990, com a exploração de sua abordagem estratégica,
surgiu o lançamento do primeiro livro do mundo com o título Knowledge Management. O
livro aborda de forma estratégica a gestão de recursos de conhecimento, especialmente os
trabalhadores do conhecimento e não há nenhuma referência à tecnologia da informação.
Pode-se notar certa preocupação de Sveiby (2005) sobre a relação da tecnologia e
gestão do conhecimento. Esse detalhe elucidou o início da ascensão do campo da gestão do
conhecimento, provocando uma abordagem de cunho tecnológico e estimulando os
praticantes à construção de repositórios de conhecimento codificado e a implementação de
sistemas de informações, como portais corporativos e sistemas de gerenciamento de
documentos. Isso levou ao fracasso de um grande número de iniciativas, indicando a
necessidade de se preocupar com questões soft da gestão do conhecimento como aspectos
humanos e sociais (SAITO, 2007; LAWSON, 2003; GROVER e DAVEMPORT, 2001;
DAVEMPORT, DELONG e BEARS, 1998).
Assim, podemos dizer que a gestão do conhecimento vem evoluindo ao logo do
tempo, seja como conceito pelos pesquisadores ou na sua operacionalização pelos praticantes.
Nancy Dixon (2008) – remanescente da disciplina de aprendizagem organizacional e com
trabalhos importantes na área de compartilhamento ou transferência de conhecimento com
obras como The Organizational Learning Cycle: How We Can Learning Collectively (1994);
e Commom Knowledge: How Companies Thriveby Sharing What They Know (2010) –
desenvolveu um modelo para analisar a evolução da gestão do conhecimento: “The Three Era
Of Knowledge Management”.
67
gestão do conhecimento (Quadro 3.3.1). Houve esforço para recolher todo o conhecimento
importante da organização e colocá-los em banco de dados. A analogia era de um repositório
ou biblioteca: as pessoas armazenavam conhecimento, quem precisava poderia levar o
conhecimento e usá-lo.
Conhecimento organizacional pode ser capturado, adequado em documentos e disseminado por meio de
tecnologia.
Conhecimento organizacional é relativamente estável e pode ser estocado sem perda valor.
Incentivo aos colaboradores para buscarem conhecimento para melhorar seu trabalho.
Fonte: Dixon (2008).
69
Para muitas organizações o know-how é conhecimento crítico, residente na cabeça dos trabalhadores de linha
de frente.
Trabalhadores de linha de frente têm capacidade de pensar sobre seus processos e trazer melhorias efetivas.
Aprendizagem não resulta da experiência por si só, resulta da reflexão sobre a experiência.
Fonte: Dixon (2008).
Profissionais de GC voltaram-se para Comunidade de Práticas para fazer o know-how
disponível (Quadro) 3.3.4. Em 2000, houve crescente reconhecimento de que o pessoal de
linha de frente tinha conhecimento crítico que não estava sendo capturado pelos peritos. Esse
reconhecimento levou a outra mudança significativa – o papel da reflexão em aprender com a
experiência. Daí nasceram práticas como After Action Review, Coleta de Conhecimento
Facilitada, Pier Assistent, Restrospect, que exigiam que a pessoa, ou a equipe, deveria
descobrir por si só o que aprender para poder compartilhar com outros.
70
Construção de Comunidades Práticas para compartilhar conhecimento face a face, para mudanças rápidas.
Contexto Fatores
• Imprevisibilidade.
• Falta de acordo sobre o que exatamente é o
Lidar com problemas cada vez mais complexos:
problema.
desafios adaptativos e problemas técnicos.
• Diferentes pontos de vista sobre o que é uma
solução aceitável.
Ichijo e Nonaka (2000, p. 69), apesar de o conhecimento ser reconhecido como recurso
importante, assim como as iniciativas e práticas de gestão do conhecimento do negócio, o
poder do conhecimento tácito e a vantagem competitiva da criação do conhecimento, ambos
não são parte de todo o arcabouço da estratégia organizacional.
Krogh, Ichijo e Nonaka (2000) afirmam que a criação do ambiente capacitante é
determinante para a dinâmica do conhecimento, porém ressaltam que as barreias existentes
são inúmeras e que é necessário o gerenciamento do ambiente para propiciá-lo como
adequado à dinâmica do conhecimento. Os autores sugerem o modelo de capacitação do
conhecimento:
(1) Instilar a visão do conhecimento – capacidade da organização de conscientizar
adequadamente e difundir por toda a organização (todos os níveis hierárquicos), que
a dinâmica do conhecimento é fundamental para resultados positivos das
organizações; (2) Gerenciar conversas – influencia diretamente o trabalho e os
trabalhadores do conhecimento, pois faz relação com pessoas e seus
relacionamentos; (3) Mobilizar os ativistas do conhecimento – basicamente líderes,
ou seja, pessoas que irão formar, coordenar e estimular as equipes de trabalho; (4)
Criar um contexto adequado para a dinâmica do conhecimento – elemento
determinante para a dinâmica do conhecimento, estímulo à humanização da equipe e
solicitude para formar certa predisposição ao processo; e (5) Globalizar o
conhecimento local – compartilhar e disseminar para toda a organização (todos os
níveis hierárquicos) os resultados (criação de novos conhecimento, inovações em
produtos, serviços e processos) de grupos ou microcomunidades reconhecendo
assim os trabalhadores do conhecimento. (KROGH, ICHIJO e NONAKA, 2000)
O conceito de capacidades do conhecimento de Krogh, Ichijo e Nonaka (2000) sugere
que a dinâmica do conhecimento permeia toda a empresa; por isso, a denominação gestão
baseada no conhecimento, conforme a visão baseada em conhecimento, o que indica um
conceito de gestão em si e não da gestão do conhecimento como uma disciplina. Entretanto, é
possível observar que a preocupação com processos de conhecimento, como criação e
compartilhamento, está presentes nessa teoria.
Alvarenga Neto (2008) compreende a gestão do conhecimento como: “gestão para o
conhecimento, capacitação para o conhecimento ou promoção do conhecimento é favorecer
ou criar condições para que a organização possa sempre utilizar a informação e os
conhecimento disponíveis”.
Probst, Raub e Romnhardt (2002) propõem uma estrutura integrada e conceituam a
gestão do conhecimento a partir de processos essenciais agrupados: identificação do
conhecimento; aquisição do conhecimento; desenvolvimento do conhecimento;
81
4. A PROMON ENGENHARIA
• Promon Engenharia: é uma subsidiária integral da Promon S.A., a empresa holding do Grupo, e tem como
ofertas a prestação de serviços profissionais de engenharia e soluções integradas para os setores estratégicos
de energia elétrica, indústrias de processo e manufatura, infraestrutura e edificações especiais, meio
ambiente, mineração e metalurgia, óleo e gás, química e petroquímica. Além da atuação nesses setores
estratégicos, a empresa busca identificar oportunidades para o desenvolvimento de empreendimentos.
• Promonlogicalis Latin America: é uma joint venture entre a Promon S.A., a empresa holding do Grupo,
que detém 40% de seu capital, e a companhia britânica Logicalis Group Limited, que detém os demais 60%.
É a maior integradora independente de soluções de Tecnologia da Informação e Comunicação da América
Latina, com operações em países como Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru e
Uruguai, além do Brasil.
• P2 Brasil: é uma joint venture entre a Promon S.A., a empresa holding do Grupo, que detém 40% de seu
capital, e o Pátria Investimentos (60%), voltada à gestão de fundos de investimento nos setores de
infraestrutura. O projeto de formação da empresa representa a união da reconhecida eficiência em gestão
financeira do Pátria com o consagrado conhecimento técnico da Promon em projetar, integrar e implantar
soluções de infraestrutura no país e no exterior.
• Promon Meio Ambiente: é uma subsidiária integral da Promon S.A., a empresa holding do Grupo. Foi
criada em 2011 com a missão de estruturar negócios na área ambiental nos setores de infraestrutura,
interagindo em sinergia com a Promon Engenharia para oferecer ao mercado as melhores soluções de
engenharia e meio ambiente, apoiadas em forte capacidade de inovação.
• Promon Intelligens: tem como missão auxiliar as organizações que vivem dinâmicas complexas de
transformação e que buscam uma abordagem sistêmica, implementável, pragmática e consistente para
garantir eficiência e resultados presentes e futuros aos seus negócios. Para isso, busca combinar a visão
estratégica e inovadora do Grupo Promon, capaz de identificar breakthroughs tecnológicos, regulatórios e
de mercado, com sua reconhecida capacidade de gestão e implementação.
4.4 Atividades
As principais atividades ou ofertas da Promon Engenharia consistem em um conjunto
de serviços voltados à implementação de diversos empreendimentos em diversos mercados
para empresas dos setores públicos e privados, no Brasil e no exterior. As soluções
desenvolvidas são únicas e ajustadas às especificidades de cada cliente. Esses serviços podem
abranger desde a consultoria na concepção do empreendimento, passando por estudos de
viabilidade e projetos de engenharia básica e de detalhamento, até a implantação completa
sobre o regime de responsabilidade global (Promon Engenharia Website, 2015). As principais
atividades são:
• Serviços Profissionais: a prestação de serviços profissionais de engenharia e gerenciamento de projetos de
elevado padrão técnico encontra-se na raiz da fundação da empresa, há mais de cinco décadas. Os serviços
profissionais abrangem: estudos e consultorias técnicas; projetos de engenharia básica e detalhamento e
gerenciamento de projetos.
• Soluções Integradas: experiência acumulada na integração entre engenharia, suprimento, construção civil e
montagem eletromecânica, aliada à tradição e à competência em gerenciamento de projetos. As soluções
integradas abrangem as seguintes modalidades: EPC (Engineering, Procurement and Construction) Aliança
e EPCM (Engineering, Procurement and Construction Management).
• Serviços em Subsea para Óleo e Gás: serviços em subsea para o setor de exploração e produção de óleo e
gás. Os serviços para o setor submarino contemplam: prestação de serviços de engenharia submarina
serviços de inspeção, manutenção e reparo (IMR); serviços de instalação e construção de equipamentos
submarinos; e serviços integrados de EPCI (Engineering, Procurement, Construction and Installation).
95
Crenças
• Uma empresa é um sistema vivo, parte integrante de um ecossistema social, econômico e natural com o
qual interage, do qual depende e pelo qual é corresponsável.
• O conhecimento será instrumento de realização dos indivíduos e da sociedade se utilizado de forma
compartilhada e consciente.
Razão de Ser
A Promon é uma comunidade de profissionais, estruturada com base no conhecimento, identificada pela sua
capacidade de inovar que, tendo a busca da excelência como conceito-guia, quer:
• Empreender e prover soluções de infraestrutura que criem valor para os clientes e para as demais partes
interessadas.
• Proporcionar condições de realização profissional e humana aos seus profissionais.
• Ser agente ativo do processo de desenvolvimento da sociedade e de preservação do meio ambiente.
Comunidade significa ter coisas em comum, entendimentos partilhados que transcendam as partes em que a
empresa está dividida. Comunidade implica a disposição de observar princípios e regras, mas implica também a
colaboração voluntária, muito mais rica e menos programada. Colaboração não é altruísmo. Ela surge quando
pessoas partilham uma causa, sentem fazer parte de um destino comum. Uma comunidade pode ser descrita,
pode ser mapeada em termos formais, mas tem também um significado emocional, um sentimento de ligação, de
união. Comunidades têm corpo, mas também têm alma.
Valores
• Integridade − edicar-se de forma inteira, completa. Agir de forma ética, consistente e profissional.
98
• Respeito − Levar em conta a motivação do outro, entender todos os pontos de vista envolvidos. Ouvir
opiniões, construir consensos.
• Confiança − Considerar-se capaz, entender seu potencial e suas limitações, buscar sua permanente
superação. Acreditar em si e no outro, contribuir para o grupo.
• Dignidade − Ver-se com respeito e amor próprio. Infundir respeito, construir a partir da autoridade
decorrente do conhecimento e da experiência.
• Equidade – Perceber-se parte de um todo, reconhecer a contribuição de cada um. Combater qualquer tipo de
discriminação, incluindo as originadas em preconceitos de raça, credo, gênero e opção sexual.
• Justiça − Oferecer a cada um o que de direito, entender os impactos de uma decisão. Posicionar-se com
sabedoria, coragem e generosidade.
• Independência − Utilizar o conhecimento para oferecer sempre a melhor solução, agir de forma imparcial.
Ser capaz de decidir seu destino.
• Bom humor – Ter a capacidade de ver com leveza e criatividade. Encontrar sentido e satisfação naquilo que
faz.
Conforme aponta Gemignani (2009), a Promon se desenvolveu em torno de uma visão
de mundo ética, que preza o respeito m tuo, o meio ambiente, a transparência e a excelência
em todas as suas ações e nas relações com os diversos p blicos interessados e associados
sua vida e aos seus negócios.
uma vez, terminado, volta ao seu centro de competência. Às vezes, também trabalha em mais
de um projeto. Em função desses aspectos é que se fala de uma atuação matricial. O
profissional trabalha no projeto a, b e c com diferentes equipes. Os líderes de competências
respondem ao diretor de GC e contam também com o apoio de profissionais de referência em
cada uma das disciplinas, gabaritados, com know-how, conhecimento e muita experiência de
projeto. O líder de competência também tem esse viés, mas é ele o responsável pela gestão; o
profissional de referência tem um e perfil mais técnico.
5 METODOLOGIA
para esta pesquisa na Figura 5.2.1. Esse modelo foi adotado especificamente para este estudo,
sendo as questões baseadas na extensa revisão da literatura apresentada nos Capítulos 2 e 3.
Grupal Inovativa
Criação
Captura Inovação
Organização Gestão do Benefícios
Crescimento
Conhecimento Organizacionais
Armazenage
m Vantagem
Criação Competitiva
Hierárquica Racional
Criação
Benefícios Organizacionais
• Inovação
• Crescimento
• Vantagem competitiva
103
5. 5 Protocolo de Pesquisa
Conforme Yin (2015), o protocolo é uma maneira importante de aumentar a
confiabilidade da pesquisa de estudo de caso e destina-se a orientar o pesquisador na
execução da coleta de dados de um caso singular.
Assim, este protocolo de pesquisa apresenta e descreve o tipo de estudo, o plano
amostral, as abordagens quantitativa e qualitativa.
1. A investigação preliminar apontou evidências que sugere uma relação entre a cultura
organizacional da Promon Engenharia e a Gestão do Conhecimento. Os dados quantitativos
coletados no questionário on-line foram submetidos ao teste do coeficiente de correlação de
Pearson, o qual apontou alta significância da correlação das variáveis cultura e gestão do
conhecimento. A investigação preliminar também permitiu identificar os atributos culturais
predominantes e valorizados pelos profissionais da comunidade Promon Engenharia,
possibilitando sua tipificação com base no Competing Value Model (Quinn e Cameron,
2006). As evidências apontaram um fenômeno do equilíbrio entre os tipos culturais: grupal;
inovativo; racional; e hierárquico. Sugerindo, assim, uma cultura organizacional forte e
congruente. Houve evidências de predominância, mesmo que pequena, do tipo grupal de
cultura organizacional; entretanto, quando confrontado com as evidências extraídas da análise
documental (website e livros), tal evidência é corroborada.
a) Considerando a dimensão estratégica da organização, para que ou por que se faz gestão
do conhecimento na Promon Engenharia?
b) Considerando a dimensão operacional, qual ou quais processos do ciclo de gestão do
conhecimento (criação, captura, organização, armazenamento, disseminação e
aplicação) são mais importante para a dimensão estratégica?
c) A gestão do conhecimento contribui para os indicadores de eficácia organizacional?
Como ou porque acontece essa contribuição? Há uma forma de mensurar o sucesso da
GC?
d) A cultura organizacional influencia o sucesso do ciclo da gestão do conhecimento?
Como e por que a cultura exerce tal influência para o sucesso da GC?
e) Existem outros fatores que influenciam o sucesso da GC? Quais?
107
6. ANÁLISE E RESULTADOS
Masculino 71,43
Feminino 26, 67
Total 100
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
A faixa etária dos respondentes, conforme Tabela 6.1.1.2, indicou que a maioria dos
líderes está acima da faixa de 46 anos, o que representou 73,43% do total da amostra. A faixa
etária de 41 a 45 anos representou 14,29% dos respondentes; a faixa etária de 31 a 40 anos
representou 7,14% da amostra; e a faixa etária de 26 a 30 anos também representou 7,14%.
108
Acima de 46 73,43 10
De 41 a 45 14,29 2
De 31 a 40 7,14 1
De 26 a 30 7,14 1
Total 100 14
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
Acima de 21 28,57 4
De 16 a 20 7,14 1
De 11 a 15 28,57 4
De 7 a 10 28,57 4
De 3 a 6 7,14 1
Até 2 0 0
Total 100 14
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
Doutorado 7,14 1
Mestrado 21,43 3
Pós-graduação/Especialização 50 7
Graduação 21,43 3
Total 100 14
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
Diretoria 14,29 2
Coordenação 14,29 2
Total 100 14
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
Como mencionado acima, também foi perguntado aos líderes sobre sua percepção em
relação à declaração da formalização do programa formal de gestão do conhecimento.
Embora, nesse caso, a resposta seja óbvia devido ao fato de a organização estudada possuir
uma diretoria executiva de gestão do conhecimento, julgou-se necessário manter a questão.
110
Sim 100 14
Não 0 0
Estatística Descritiva
Tabela 6.1.2.1 – Valor médio e desvio-padrão de cada tipo cultural por respondente
Com a finalidade de realizar uma análise mais adequada, julgou-se conveniente extrair
os valores médios por tipo cultural. O resultado foi obtido pelo somatório dos valores médios
dos respondentes em cada tipo cultural, dividindo-se esse total pelo número de respondentes.
A Tabela 6.1.2.2 apresenta os dados extraídos por tipo de cultura, considerando o perfil real
da organização estudada.
Tabela 6.1.3.1 – Valores para cada tipo de cultura obtido para Promon Engenharia
Conforme pode ser observado na Tabela 6.1.4.1, foi extraído o valor médio de cada
uma das dimensões por respondente, e seu respectivo desvio-padrão. Esse valor médio, por
tipo e respondente, foi calculado somando-se os pontos obtidos de cada respondente nas
questões associadas a cada dimensão da gestão do conhecimento na escala Likert (de 1 a 5),
dividindo-se por 4 (número de perguntas).
R1 4,00 (0,00) 3,75 (0,50) 3,75 (0,50) 3,75 (0,50) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00)
R2 4,25 (0,96) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00)
R3 4,25 (0,96) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00) 4,00 (0,00)
R4 3,50 (0,58) 3,00 (0,00) 3,75 (0,50) 3,25 (0,50) 3,50 (0,58) 4,00 (0,82)
R5 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 4,50 (1,00) 5,00 (0,00) 4,00 (1,15)
R6 4,25 (0,50) 3,50 (0,58) 3,25 (0,50) 3,00 (0,82) 4,00 (0,00) 4,00 (1,15)
R7 4,00 (0,00) 3,50 (1,00) 3,50 (0,58) 2,50 (0,58) 2,50 (0,58) 3,50 (0,58)
R8 5,00 (0,00) 4,50 (0,58) 4,25 (0,50) 4,50 (0,58) 4,00 (1,41) 3,75 (0,50)
R9 4,75 (0,50) 4,75 (0,50) 4,25 (0,50) 4,25 (1,50) 4,75 (0,50) 4,75 (0,50)
R10 3,75 (0,50) 3,75 (0,50) 3,00 (1,15) 3,75 (0,96) 3,50 (1,00) 3,75 (1,26)
R11 4,25 (0,50) 3,00 (0,82) 4,00 (0,00) 4,00 (0,82) 4,00 (0,00) 2,75 (0,96)
R12 3,50 (1,29) 3,50 (0,58) 3,50 (0,58) 3,50 (0,58) 4,25 (0,50) 3,50 (1,00)
R13 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 4,25 (0,96) 4,50 (0,58) 3,75 (0,50)
R14 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 5,00 (0,00) 4,50 (1,00) 5,00 (0,00) 4,75 (0,50)
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados coletados.
Com a finalidade de realizar uma análise mais adequada, julgou-se conveniente extrair
os valores médios por dimensão da GC. O resultado foi obtido pelo somatório dos valores
médios dos respondentes em cada dimensão, dividindo-se esse total pelo número de
respondentes. A Tabela 6.1.4.2 apresenta os dados extraídos por dimensão da GC.
117
Figura 6.1.4.2 – Percepção dos líderes quanto aos mecanismos de cada dimensão da GC
Criação do Conhecimento
Comunidade de Práticas: o conceito de comunidade de prática (CoPs) foi cunhado por Etienne Wenger (1988) e,
em síntese, pode ser esclarecido como um grupo de indivíduos que se reúnem periodicamente, por possuírem um
interesse comum no aprendizado e na aplicação de determinado conhecimento. A Promon Engenharia, conforme
detalhado anteriormente, organiza seus conhecimentos críticos denominando-os “Centros de Competências”,
cada centro é formado por um conjunto de disciplinas. Essas disciplinas estão dispostas em comunidades de
práticas, embora também ocorra a disseminação do conhecimento; o foco principal é a criação do conhecimento.
Benchmarking: participação regular de eventos de benchmarking para manter relacionamento com clientes,
parceiros e fornecedores, que são fontes de conhecimento novo para serem avaliados por determinados processos
e posteriormente desenvolvidos.
Eventos externos: participação regular dos profissionais em congressos, seminários, workshops, entre outros,
com a finalidade de adquirir conhecimento.
Mastigando Ideias: evento interno para adquirir e compartilhar conhecimento, além de incentivar a troca de
novas ideias.
Encontro de Engenharia e Tecnologia: evento interno para adquirir e compartilhar conhecimento.
Reuniões da Disciplina: conforme mencionado cada competência é divida em uma série de disciplinas, por
exemplo, na competência de engenharia são 10 disciplinas. Cada disciplina realiza reuniões periódicas a fim de
compartilhar e criar conhecimento para os desafios encontrados.
Forma de Reconhecimento: há uma ferramenta, na qual os profissionais podem inscrever ideias e projetos. Por
meio da ferramenta consegue-se identificar os profissionais e dar um destaque, pela intranet, valorizando e
reconhecendo esse profissional, que deu aquela ideia ou que registrou. É uma ferramenta de mercado, permite
que identifique projetos e ideias que podem ter acontecido ou não, pode apenas ser uma sugestão.
Lições Aprendidas: processo bem definido e bem detalhado, seguido pelos profissionais, no qual registram erros,
e novos conhecimentos aprendidos na operação. Também se registram problemas encontrados e as sugestões
para a solução; a liderança avalia e dá um feedback ao profissional. Desse processo surge um mundo de novas
informações para os novos projetos, e sugestões de mudanças e melhorias de processos.
Captura do Conhecimento
Sistema Normativo: todos os documentos de operações e propostas registrados.
WIKI Promon: repositório de conhecimento, onde está descrito e explicado para o profissional, com uma
linguagem simples, quais são as principais políticas das empresas, os principais processos, como que funcionam
as coisas na Promon. Ex.: desde o processo de contratação de um profissional até o mapa de processo de
engenharia, de construção e montagem.
Lições Aprendidas: para registrar possibilidades de melhorias, ou fatos que não deram certos e precisam ser
corrigidos, quando o profissional está no projeto, registra isso para que não aconteça novamente.
Eventos Internos: eventos realizados pelos próprios profissionais; em algumas ocasiões há a presença de
profissionais externos convidados, mas, em sua maioria, são profissionais da comunidade Promon –
normalmente é um profissional de referência, que tem larga experiência e conhecimento em determinado assunto
explicando-o para os demais como funciona porque é importante.
120
Organização do Conhecimento
Wiki Promon e Sistema Normativo: são dinâmicos e precisam ser atualizado o tempo todo, e a responsabilidade
é dos próprios profissionais, ou seja, quem tem que atualizar informações de engenharia civil são profissionais
da área e garantir que isso esteja atualizado para os demais consumirem. Não só para a disciplina deles, mas a
intenção principal é para os profissionais das outras disciplinas. São mecanismos que têm governança, são
acompanhados, têm fluxos, não correm solto; é um processo, uma atribuição; é programado e tem um processo
muito bem definido do que tem que acontecer.
Programa Trajetória: desenvolvido por profissionais de referências, é basicamente técnico, os profissionais
desenvolvem determinado conteúdo para ser multiplicado internamente a distancia; são conhecimentos que não
são adquiridos no mercado, existe todo um processo de como esse conhecimento tem que ser construído para que
possa ser transmitido para outros profissionais. Ex.: como funciona um trocador de calor. Para o profissional que
passa por este processo, no final há um desafio no qual tem que resolver determinado problema sozinho para
avaliar se houve ou não aprendizado. Aqueles que não são profissionais de referência podem multiplicar seus
novos conhecimentos e experiências nos encontros internos e Lições Aprendidas.
Armazenagem de Conhecimento
Wiki Promon: repositório dinâmico.
Sistema Normativo: repositório dinâmico.
Boletim Informativo: adotado por algumas CoPs para disseminar o conhecimento em desenvolvimento; a adoção
não é obrigatória.
Promon Informa: alocado na Intranet da empresa, fornece os principais destaques, por exemplo, se recebeu uma
certificação, se a Promon ganhou um novo cliente; as informações são agrupadas por assunto de interesse.
Disseminação de Conhecimento
Evento de controle dos processos principais: eventos destinados para o compartilhamento do conhecimento do
processo, questões como o que pode ser melhorado, qual o andamento, entre outras são abordados com foco na
disseminação.
Wiki Promon: repositório dinâmico.
Sistema Normativo: repositório dinâmico.
Boletim Informativo: adotado por algumas CoPs para disseminar o conhecimento em desenvolvimento; a adoção
não é obrigatória.
Promon Informa: alocado na Intranet da empresa, fornece os principais destaques, por exemplo, se recebeu uma
certificação, se a Promon ganhou um novo cliente; as informações são agrupadas por assunto de interesse.
Aplicação de Conhecimento
Iniciativas dos Centros de Competências: diversas iniciativas para aplicação de conhecimento nos processos
organizacionais, projetos estratégicos e de inovação.
Sistema de Segurança da Informação: uma série de mecanismos, acompanhamento e controle de processos a
serem seguidos; evita e minimiza o risco. Monitora e criptografa todos os compartilhamentos de informações.
Processo de identificar fontes de conhecimento e cruzar com necessidades estratégicas: processo para identificar
da onde veio, por que fazer mudanças. Essas práticas estão submersas dentro de vários processos, a governança;
o processo de sistema normativo, lições aprendidas contempla estas questões, rastrear e capturar de onde veio a
necessidade e a fonte de conhecimento ou solução; é o foco do processo.
Planejamento estratégico: processo desenhado e detalhado para mapear o conhecimento crítico. Determina
mudança no agora para se preparar para futuro, trata-se de um procedimento.
121
GRU Pearson 1
Sig. (2-
N 14
N 14 14
N 14 14 14
N 14 14 14 14
N 14 14 14 14 14
** Correlação é significativa em 0,01 nível (2 – extremidades).
* Correlação é significativa em 0,05 nível (2 – extremidades).
Fonte: SPSS (20.0.0).
124
Esta pesquisa trata a cultura como uma variável independe e a gestão do conhecimento
como variável dependente. Conforme já apontado na revisão da literatura, a importância
estratégica da cultura organizacional tem sido referenciada em diversos estudos e por
diferentes autores, entre eles destacam Quinn e Cameron (2006), Santos (2000), Denison
(1994) e Peters e Watermann (1982).
Já a força cultural, também abordada na revisão da literatura, foi conceitualizada
segundo Santos (2000, p.39) como a “extensão em que os valores e crenças que premiam a
organização são ampla e intensamente compartilhados pelos seus membros”. No Competing
Value Model (Quinn e Cameron, 2006), aplicado nesta investigação, a cultura forte é aquela
que mais incorpora os atributos de todos os quatros tipos culturais (SANTOS, 2000).
Elaborou-se a Tabela 6.1.6.2, com o objetivo de se obter a força cultural da empresa
estudada. O somatório dos valores encontrados para cada tipo cultural está apresentado na
ultima coluna da direta.
Cultura
Estudo de Caso
Grupal Inovativa Racional Hierárquica
Promon
4,24 4,02 4,01 3,99 16,26
Engenharia
A análise dos dados sugere que a empresa pesquisada não é caracterizada por apenas
um tipo de cultura. Pode-se dizer que é representada pela combinação de tipos culturais
diferentes em que há predominância estatística de mais de um tipo cultural. O valor obtido
para a força cultural é 16,26 de um total de 20,00. Infere-se que a dimensão da força cultural
influencia o sucesso do ciclo de gestão do conhecimento, pois determinadas dimensões de
conhecimento presente no ciclo requerem determinados atributos culturais presentes. O tipo
cultural menos evidente, por exemplo, a dimensão de organização ou armazenagem de
conhecimento, requer certa orientação para o controle e estabilidade, padronização e
procedimentos. Relaciona-se tal evidência ao alto índice de ocorrência em que opera da GC
na empresa pesquisada.
125
profissional tenta acessar uma informação e ele não consegue porque é uma informação que está
protegida; daí tem que passar por um processo de avaliação de quem está pedindo a informação, para
que está pedindo a informação, o que vai fazer com aquilo, o que às vezes é visto como certa
burocracia, mas que na realidade é uma questão legal, de guarda e sigilo com relação às informações
desenvolvidas nos projetos. Então, nós temos um processo aqui de esclarecimento, de alinhamento para
que todo mundo entenda que tipo de informação é pública e que tipo de informação não é pública, e às
vezes gera alguma questão, eu diria que talvez essa seja a razão, por que esse aspecto tenha menor
adesão”.
“…o que acontece também, a gente aqui lida com gerações mais novas, muito antenadas, ligadas a
processos de pesquisa, muitos interativos, muito fáceis, e na realidade, para transformar toda nossa base
de dados, aplicar um instrumento desse tipo na nossa base de dados, não é totalmente viável. Então às
vezes gera alguma dificuldade de entendimento. Eu acho que é muito mais uma questão de
comunicação, porque algumas informações podem ser acessadas, do que qualquer outro tipo de
dificuldade”.
“Outra coisa interessante que a gente sempre coloca e é uma característica muito importante da
organização, é que a organização atingiu essa longevidade com muito sucesso, e sempre se renovando e
se reinventando, porque é uma característica da nossa cultura, ser extremamente crítica; nós somos
extremamente críticos com aquilo mesmo que fazemos. A despeito de eventualmente de nossos
modelos serem reconhecidos externamente, servirem como benchmarking para algumas organizações,
internamente nós todos somos muito críticos com aquilo que fazemos, nós sempre estamos na busca de
uma melhoria daquilo que fazemos, porque dá para fazer melhor, então isso acaba sendo refletido
inclusive nessas pesquisas que fazemos. As pessoas reconhecem, mas sempre entendem que dá para
fazer alguma coisa melhor, o que aquilo que a gente tem pode ser melhorado. Eu particularmente acho
isso ótimo, é uma empresa que por esta questão está constantemente evoluindo, não se acomoda com
que tem e está sempre buscando uma forma diferente, melhor, mais eficiente de resolver seus
problemas e suas dificuldades. Então eu diria para você que os resultados aqui são muitos bons da
minha ótica, levando em consideração esses aspectos que eu falei”.
“Outro aspecto que eu queria falar é que nós, as pessoas que lidam com gestão do
conhecimento, os próprios profissionais de referência, os líderes de competências, sempre dizemos que
o nosso trabalho sempre vai ser tão ou mais eficaz na medida em que não sejamos percebidos, ou seja,
na medida em que as pessoas lidem com os resultados dos nossos processos de uma forma
absolutamente natural, e aquilo que propomos esteja totalmente integrado nas soluções nos desafios do
dia a dia, tão mais bem-sucedidos seremos”.
“Então, é muito importante. Nós temos profissionais que estão na casa há cinco, quatro anos. Eles já
nasceram profissionalmente na organização sob esse modelo, então eles não têm padrão de comparação,
para eles é absolutamente natural, normal, faz parte do dia a dia e, portanto, às vezes há uma visão mais
crítica porque não há uma relação de comparação. Então, eu acho isso ótimo.
“A gente até coloca isso. Existem dois aspectos fundamentais da GC para que a organização atinja seus
objetivos, um mais direto e objetivo, que é exatamente esse, entregar os resultados com melhor
qualidade, entregar ao mercado um produto com melhor qualidade; mas existem varias outras questões
que eu diria um pouco mais subjetivas, que estão totalmente relacionadas à gestão do conhecimento;
inovação é uma delas, identificação de tendências de mercado é outra, a capacidade de atrair parceiros
para composições mais interessantes da organização por conta da competência reconhecida, por conta
da qualidade da entrega, também é importante”.
“Então a GC estrategicamente tem essas duas perspectivas, uma mais objetiva, que é a própria
qualidade da entrega, e outra mais subjetiva, que é inovação, desenvolvimento de novos processos,
desenvolvimento de novas ofertas, porque a gestão do conhecimento também se dá pela combinação,
dos conhecimentos que são desenvolvidos, na medida em que a gente trabalha em novos projetos, que
nos permitem criar inovações e novos produtos”.
“E é muito interessante, inclusive hoje, temo uma tendência de levar ao mercado, como produtos
independentes e individuais, elementos que foram desenvolvidos para alavancar resultados dentro das
nossas operações. Então, por exemplo, a Promon trabalhou muito no aspecto de gestão de projetos,
como um elemento fundamental para mitigação de riscos, atendimento de prazos, atingimento de
resultados econômicos dentro das operações, ou seja, era um elemento de consumo interno vamos dizer
assim, mais um elemento estruturador do resultado global daquilo que a gente estava vendendo. Hoje
vendemos o gerenciamento como uma oferta independente, ou seja, uma metodologia e uma forma de
organizar e estruturar que pode ser aplicado pelo cliente nos seus próprios desafios. E assim por diante,
várias outras coisas que foram desenvolvidas, dentro de operações, pela combinação de conhecimento e
competências, se transformam depois em produtos e novas ofertas pela organização. Ou seja,
transformamos o próprio know-how em negócio e produto”.
demandas, das características de cada contrato. Os processos vêm para suportar essa dinâmica, orientar
essa dinâmica, mas a dinâmica é mais importante que o processo”.
“Até onde eu sei foi meio inédito a gente trazer para dentro da organização um curso de pós-graduação
em gestão do conhecimento inteirinho, de um ano e meio, com uma turma de profissionais ligados ao
tema mixada com uma turma que vinha se desenvolvendo para ser os futuros gestores desse tema, o que
gerou um conjunto de trabalhos que foram aplicados depois em várias iniciativas”.
“… trazer essa visão acadêmica, e ver como a gente adapta isso a realidade do dia a dia, destaco que o
Marcelo Yamada tem sido assim um profissional extremamente valoroso no processo”.
“… comecei na Promon como estagiaria… hoje sou gerente e líder do centro de competência de
engenharia, porém nunca almejei o cargo, mas sempre tive gana por conhecimento”.
“… na Promon a cultura parece que está inserida no ar condicionado…”
“Eu acho que é total, a cultura, esse envolvimento, esse cheiro do ar condicionado que falei para você já
impregna as pessoas de forma, que você sempre tenta fazer o seu melhor, a gente sempre procura
trabalhar em grupo. Isso faz com que você busque o conhecimento de alguma forma, ou que vá aos
gestores ou às pessoas que você sabe que tenha experiência para trocar, ou milhões de outros caminhos
que hoje a Promon tem mapeado… que são procedimentos que foram escritos por nós, por
funcionários, são procedimento que melhorados a cada ano, é com a prática que como nós estamos
atuando, é enfim, são diversos processos como lições aprendidas que nós acabamos dando valor a isso
tudo. E é isso… acho que, esse primeiro choque é sentimental, e te faz buscar o conhecimento para
fazer seu trabalho da melhor forma possível”.
Com relação à posição de líder direta da gestão do conhecimento, ou seja, uma líder de
centro de competência, quando perguntado à Entrevistada 3, como e de que forma ela
percebe a cultura influenciando a gestão do conhecimento, ela argumentou que:
“Primeiro são muitos que me procuram, até da área de suprimentos, para me perguntar coisas. Nós
temos aqueles processos de mentoring. Então eu brinco aqui, nós temos “mentee's” formais e informais,
a quantidade dos formais é muito maior que dos formais. Vamos dizer assim, formais você acaba tendo
que escolher um número de pessoas, por que você não sabe o que o “mentee” vai querer de você; enfim
você tem que ter tempo, então acaba limitando isso na formalidade, mas na informalidade não; é uma
saída para almoço, um café na copa. E eu tenho maior prazer, do mesmo jeito que eu aprendi dessa
forma com meus líderes, eu tenho o maior prazer de explicar também para os que me procuram o que
eu aprendi, então eu acho que acaba virando um ciclo…”.
135
Takeuchi (1995; 2005) e Terra (1998). Entretanto, é válido ressaltar, conforme aponta
Alvesson e Karreman (2001), que, em sua maioria, os autores de gestão do conhecimento
pouco exploram a conexão entre cultura organização e gestão do conhecimento. Esta pesquisa
veio preencher essa lacuna, pois as evidências encontradas sugerem que estas podem ser
aproveitadas pelas organizações para refletir sobre a implantação e sustentação das iniciativas
de gestão do conhecimento.
Os resultados indicaram que, na organização estudada, a forma como a cultura
organizacional materializa a influência sobre o ciclo de gestão do conhecimento, ocorre pelo
modo que a empresa se enxerga, ou seja, como uma comunidade de profissionais, que prioriza
o resultado coletivo; reconhece; tem princípios e crenças de que o conhecimento é sua
matéria-prima, sendo necessário compartilhar e criar novos conhecimento em conjunto; e tem
um modelo acionário que permite a todo qualquer profissional ser acionista da empresa. Esses
aspectos respondem à segunda questão desta pesquisa.
Uma questão estrutural é que a empresa está organizada por centro de competências
ou conhecimento críticos, que se desdobra na formalização da GC: a diretoria executiva; e os
próprios líderes de competências, que são estimulados a colaborar e compartilhar
conhecimento, proporcionado assim a criação de novos conhecimentos, como sugere Nonaka
e Takeuchi (2005) e o modelo de criação do conhecimento japonês, o qual se assemelha ao
tipo cultural grupal, conforme identificado por Ouchi (1981) e Peters e Waterman (1982).
A pesquisa também encontrou evidências da contribuição da gestão do conhecimento
para a melhoria dos indicares de inovação, crescimento e vantagem competitiva; ou seja, a
dinâmica proporcionada permite sempre novas formas de fazer melhores e novos produtos. A
estruturação voltada à captura do conhecimento, ao incentivo para que os profissionais
participem das CoPs é fundamental para contribuição da GC para melhoria dos indicadores de
eficácia organizacional. A empresa pesquisada também possui indicadores referentes ao antes
e o depois da implementação da gestão do conhecimento como um modelo de gestão, o que
indica uma correlação direta com os indicadores de inovação, crescimento e vantagem
competitiva, uma vez que as práticas de GC como CoPs propiciam aos profissionais discutir
desafios e problemas e construir novos conhecimento em conjunto para criar novos produtos,
inovações e soluções. As práticas também permitiram identificar oportunidades no mercado e
transformar o próprio know-how em produto e negócio, conforme é apontado no caso do
gerenciamento de projetos, que antes era apenas de uso interno e hoje se trata de uma oferta
ao mercado. Essas evidências, acreditamos, respondem a nossa última questão: como a GC
contribui para a melhora dos indicares de inovação, crescimento e vantagem competitiva.
137
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AKHTER, S. H. Strategic planning, hyper competition, and knowledge management. Business Horizons. Vol.
46, nº 1, January–February, 2003, pp. 19–24. Disponível em doi:10.1016/S0007-6813(02)00275-6. Acesso em
20 de janeiro de 2015.
AL-ALAW, ADEL ISMAIL et al. Organizational culture and knowledge sharing: critical success factors.
Journal of Knowledge Management. Vol. 11, nº 2, 2007, pp. 22-42. Disponível em
http://www.emeraldinsight.com/doi/abs/10.1108/13673270710738898. Acesso em 14 de agosto de 2013.
ALLAMEH, SAYYED MOHSEN et al. The Relationship between Organizational Culture and Knowledge
Management Processes. A Case Study: The Roads and Urban Development Organization of Chaharmahal and
Bakhtiari Province. International Journal of Academic Research in Progressive Education and
Development. Vol. 2, nº 2, April, 2013. Disponível em http://hrmars.com/admin/pics/1917.pdf. Acesso em 15
de novembro de 2014.
ALVARENGA NETO, R. C. D.; BARBOSA, R. R.; PEREIRA, H. J.. Gestão do conhecimento ou gestão de
organizações da era do conhecimento?: um ensaio teórico-prático a partir de intervenções na realidade brasileira.
Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v. 12, n. 1, p. 5-24, jan./abr. 2007.
ALVARENGA NETO, Rivadávia Correa Drummond de. Gestão do Conhecimento em Organizações:
proposta de mapeamento cultural integrativo. 1.ed. São Paulo: Saraiva, 2008
ALVESSON, M. Knowledge Work and Knowledge-Intensive Firms, New York. Oxford University Press,
2004.
ALVESSON, M. Organization theory and technocratic consciousness: Rationality, ideology and quality of
work. Nova York: Walter de Gruyter, 1987.
ALVESSON, M.; KERRAMAN, D. Odd Couple: Making Sense of the Curious Concept of Knowledge
Management. Journal of Management Studies. Vol. 38, nº 7. November 2001, pp. 965-1018. Disponível em
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/1467-6486.00269/abstract. Acesso em 20 de novembro de 2013.
ARGOTE, L.; DARR, E. D.; EPPLE, D. The Acquisition, Transfer, and Depreciation of Knowledge in Service
Organizations: Productivity in Franchises. Management Science. Vol. 41, nº 11, November, 2003, pp. 1750-
1762. Disponível em http://pubsonline.informs.org/doi/pdf/10.1287/mnsc.41.11.1750. Acesso em 1 de maio de
2015.
AUERNHAMMER, J.; HALL, H. Organizational culture in knowledge creation, creativity and innovation:
Towards the Freiraum model. Journal of Information Science. Vol. 40, nº 2, 2014, pp. 154-166. Disponível em
http://dl.acm.org/citation.cfm?id=2592257. Acesso em 12 de outubro de 2014.
BAUM, J. A. C.; INGRAM, P. Survival-Enhancing Learning in the Manhattan Hotel Industry, 1898–1980.
Management Science. Vol. 44, nº 7, July 1998, pp. 996-1016. Disponível em
http://pubsonline.informs.org/doi/abs/10.1287/mnsc.44.7.996. Acesso em 1 de maio de 2015.
BECKMAN, T. J. The current state of knowledge management. In Knowledge Management Handbook, J.
Liebowitz, (Org.) Boca Raton, CRC Press, 1999.
BECKSTEAD, D. VINODRAI, T. Dimensions of occupational changes in Canada’s knowledge economy.
1971-1996. Minister of Industry, 2003.
BERTERO, C. Tipologia e Teoria Organizacional. Revista de Administração de Empresas. Rio de Janeiro,
Vol. 21, nº 1, jan-mar, 1981.
BELL, D. The Coming of Post-Industrial Society: A Venture in Social Forecasting. Basic Books, New York,
1973.
BORGATTI, S. P.; CROSS, R. A Relational View of Information Seeking and Learning in Social Networks.
Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in Organizations: Creating,
Retaining, and Transferring Knowledge. April, 2003, pp. 432-445. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133949?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
CAMERON, K. A process for changing organizational culture. California: Sage Publications, 2008.
Disponível em http://competingvalues.com/competingvalues.com/wp-content/uploads/2009/07/A-Process-for-
Changing-Organizational - Culture.pdf. Acesso em: 24 de fevereiro de 2013.
140
KUCZMARSKI, T, D. Firms mustn't ignore innovation as they strive to survive. Chicago Sun-Times. Sun-
Times News Group, 2003. Disponível em http://www.highbeam.com/doc/1P2-1484311.html. Acesso em 12
novembro de 2014.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: Um conceito antropológico. 14a Ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
LAWSON, S. Examining The Relationship Between Organizational Culture and Knowledge Management.
Tese de Doutoramento em Administração. H. Wayne Huizenga School of Business and Entrepreneurship Nova
Southeastern University, 2003.
LAWSON, S. Knowledge Management Instrument. Nova Southeastern University, 2002.
LEONARD, D. A.; SENSIPER, S. The Role of Tacit Knowledge in Group Innovation. California Management
Review. Vol. 40, nº 3, Spring 1998, pp. 112–132. Disponível em
http://www.hbs.edu/faculty/Pages/item.aspx?num=2185. Acesso em 30 abril de 2015.
LIANG, D.; MORELAND, R.; ARGOTE, L. Group versus individual training and group performance: The
mediating effects of transactive memory. Personality Social Psych Bull. Vol. 21, nº 4, pp. 384–393, 1995.
Disponível em http://psp.sagepub.com/content/21/4/384.abstract. Acesso em 1 de maio de 2015.
LIST, F. The National System of Political Economy. London: Longman, 1904.
LUNA, S. V. Planejamento de Pesquisa: Introdução. 2ª Ed. São Paulo: Educ, 2011.
L KE, M.; AN R , M. E. D. A. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 6ª Ed. Porto Alegre: Bookman, 2012.
MARTIN, J.; FROST, P. Jogos de guerra da cultura organizacional: a luta pelo domínio intelectual. In:
CLEGG, S. et al. Handbook de estudos organizacionais. São Paulo: Atlas, 2012, v2. (Org. brasileira:
CALDAS, M. et al.)
MARTIN, J. Cultures in organizations: three perspectives. Oxford: Oxford University Press, 1992.
Machlup, F. Knowledge and Knowledge Production, Knowledge: Its Creation, Distribution, and Economic
Significance. 1ª Ed. Princeton University Press, Princeton, 1980.
Machlup, F. The Production and Distribution of Knowledge in the United States. Princeton University Press,
Princeton, 1962.
MCDERMOTT, R. Why Information Technology Inspired But Cannot Deliver Knowledge Management.
California Management Review. Vol. 41, nº 4, Summer 1999, pp. 103-117. Disponível em
http://www.moderntimesworkplace.com/good_reading/GRKnowledgeWork/IT_Knowledge_Management.McDe
rmott.1999.pdf. Acesso em 30 de abril de 2015.
MCINERNEY, C.; LEFEVRE, D. Knowledge Managers: History and challenge. In Pritchard, C. et al. (Orgs).
Managing Knowledge. Basingstoke: Macmillan, 2000.
MENON, T.; PFEFFER, J. Valuing Internal vs. External Knowledge: Explaining the Preference for Outsiders.
Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in Organizations: Creating,
Retaining, and Transferring Knowledge. April, 2003, pp. 497-513. Disponível
http://www.jstor.org/stable/4133953?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
MOTTA, F. P. Organizações: vínculo e imagem. Revista de Administração de Empresas, FGV, Vol.31, nº 3,
jul.set/1991. p. 5-11.
MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2002
NADLER, J.; THOMPSON, L.; BOVEN, L. V. Learning Negotiation Skills: Four Models of Knowledge
Creation and Transfer. Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in
Organizations: Creating, Retaining, and Transferring Knowledge, pp. 529-540, April, 2003. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133955?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
NOGUEIRA, A. J. F. M. Teoria Geral da Administração para o Século XXI. São Paulo: Ática, 2007.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Criação de Conhecimento na Empresa. 4a Ed. Rio de Janeiro: Campus, 1995.
NONAKA, I.; TAKEUCHI, H. Gestão do Conhecimento. 1a Ed. São Paulo: Bookman, 2008.
143
NONAKA, I.; TOYAMA, R. HIRATA, T. Managing Flow: Teoria e Casos de Empresas Baseadas no
Conhecimento. 1a Ed. Porto Alegre: 2011.
ORDÓÑEZ DE PABLOS, P. Intellectual capital reporting in Spain: a comparative view. Journal of Intellectual
Capital. Vol. 4, nº 1, January, 2003, pp.61 - 81. Disponível em http://dx.doi.org/10.1108/14691930310455397.
Acesso em 12 de novembro de 2014.
OUCHI, W. Teoria Z: Como as empresas podem enfrentar o desafio japonês. 10ª Ed. São Paulo: Nobel,
1986.
PAG S, M. O poder das organizações: a dominação das multinacionais sobre os indivíduos. São Paulo: Atlas,
1987.
PASCALE, T.R.; ATHOS, G. A. The Art of Japonese Management. Nova Iorque: Simon & Schuster, 1981.
PARIKH, Mihir. Knowledge Management Framework for High-Tech Research and Development. Engineering
Management Journal. Vol. 13, nº 3, July, 2001, pp. 27-34. Disponível em
http://www.tandfonline.com/doi/abs/10.1080/10429247.2001.11415124. Acesso em 20 de maio de 2015.
PEREIRA, H. J. et al. Gestão do Conhecimento como Modelo Empresarial. In SANTOS, A. R. et al. Gestão do
Conhecimento: Uma Experiência para o Sucesso Empresarial. Curitiba: Champagnat, 2001.
PETERS, T.; WATWERMAN, R. In search of excellence: lessons from America’s bestrewn companies.
New York: Haper & Row, 1982.
POLANY, M. Personal Knowledge. 2ª Ed. Chicago: The University of Chicago Press, 1962.
POLANY, M. The Tacit Dimension. 1ª Ed. New York: Doubleday & Company Inc., 1966.
POWELL, W. W.; SNELLMAN, K. The Knowledge Economy. Annu. Rev. Sociol. 2004. 30:199–220.
PROBST, G.; RAUB, S.; ROMHARDT, K. Gestão do conhecimento: os elementos construtivos do sucesso.
Porto Alegre: Bookman, 2002.
PYÖRIÄ, P. The concept of knowledge work revisited. Journal of Knowledge Management, Vol. 4, nº 9,
p.116-127. March, 2005.
QUINN, J. B. Intelligent Enterprise: a knowledge and service based paradigm for industry. New York: The
Free Press, 1992.
QUINN, R. E.; ROHRBAUGH, J. A competing value approach to organizational effectiveness. Public
Productivity Review, nº 5, p. 122-140, 1981.
QUINN, R. E.; ROHRBAUGH, J. (1983). A spatial model of effectiveness criteria: Towards a competing values
approach to organizational analysis. Management Science, nº 29, 363–377, 983
QUINN, R. E; CAMERON, K. S. Diagnosing and Changing Organizational Culture: Based on the
Competing Values Framework. 3a Ed. San Francisco: Jossey-Bass: 2006.
REZENDE, D. A.; ABREU, A. F. de; PEREIRA, R. O. Modelos de Sistemas deInformação para auxiliar os
processos decisórios empresariais através deinformações oportunas ou conhecimento. Revista Ciência e
Cultura – UniversidadeTuiuti, Curitiba/PR, outubro, 2000.
RULKE, D. L.; GALASKIEWICZ, J. Distribution of Knowledge, Group Network Structure, and Group
Performance. Journal Management Science. Vol. 46 Issue 5, May 2000, pp. 612-625. Disponível em
http://dl.acm.org/citation.cfm?id=970260. Acesso em 1 de maio de 2015.
RUMIZEN, M. C. The Complete Idiot’s Guide to Knowledge Management. Indianapolis: Penguin Group,
2002.
RYLE, Gilbert. The Concept of Mind. 60th Anniversary Edition. Anbgdon: Routledge, 2009.
SAITO, A. Educating Knowledge Managers: A Competence-Based Approach. Tese de Doutorado em
Filosofia. School of Knowledge Science. Japan Advanced Institute of Science and Technology, 2007.
SANTOS, Neusa Maria Bastos Fernandes dos. Cultura Organizacional e desempenho: pesquisa, teoria e
aplicação. 1a Ed. Lorena, 2000.
144
SATHE, V. Culture and related corporate realities : text, cases, and readings on organizational entry,
establishment, and change. Illinois : Richard S. Irwin, 1985.
SCHEIN, E. et al. Competing Values Leadership: Creating Value in Organizations. 1a Ed. London: MPG
Books, 2003.
SCHEIN, E.H. Cultura organizacional e liderança. 1a Ed. São Paulo: Atlas, 2009.
SHAIKH, S. The Study on the Relationship between Organizational Culture and Knowledge Management.
Journal of Money, Investment and Banking. Issue 19, 2011. Disponível em
http://www.eurojournals.com/JMIB.htm. Acesso em 10 de outubro de 2013.
SIMPSON, B. M. The knowledge needs of innovating organizations. Singapore Management Review. Vol. 24,
nº 3, October, 2007, pp. 51-60. Disponível em http://strathprints.strath.ac.uk/4417/1/strathprints004417.pdf.
Acesso em 12 de novembro de 2014.
SINE, W. D.; SHANE, S.; DI GREGORIO, D. The Halo Effect and Technology Licensing: The Influence of
Institutional Prestige on the Licensing of University Inventions. Management Sci. Vol. 49, nº 4, Special Issue
on Managing Knowledge in Organizations: Creating, Retaining, and Transferring Knowledge. April, 2003, pp.
478-496. Disponível em http://www.jstor.org/stable/4133952?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de
maio de 2015.
SMIRCICH, L. Concepts of culture and organizational analysis. Administrative Science Quarterly. [S.I.], Vol.
28, nº 3, p. 339-358, 1983. Disponível em http://www.jstor.org/pss/2392246. Acesso em 20 de fevereiro de
2015.
SONG, J.; ALMEIDA, P.; WU, G. Learning-by-Hiring: When Is Mobility More Likely to Facilitate Interfirm
Knowledge Transfer? Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in
Organizations: Creating, Retaining, and Transferring Knowledge. April, 2003, pp. 351-365. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133944?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
STASSER, G.; TITUS, W. Pooling of unshared information in group decision making: Biased information
sampling during discussion. Journal of Personality and Social Psychology, Vol. 48, nº 6, Jun 1985, 1467-
1478. Disponível em http://psycnet.apa.org/?&fa=main.doiLanding&doi=10.1037/0022-3514.48.6.1467. Acesso
em 1 de maio de 2015.
STEWART, Thomas A. Capital Intelectual: A nova vantagem competitiva das empresas. 18a Ed. Rio de
Janeiro: Campus, 1998.
SVEIBY, K. A Nova Riqueza das Organizações. Rio de Janeiro: Campus, 1998.
SVEIBY, K. The New Organizational Wealth - Managing and Measuring Knowledge-Based Assets.
Berrett-Koehler 1997. Disponível em http://www.sveiby.com/articles/knowledgeworkers.htm#_Toc347548299.
Acesso em 21 de abril de 2014.
SVEIBY, K. The New Organizational Wealth - Managing and Measuring Knowledge-Based Assets.
Korean Edition. 2005. Disponível em http://www.sveiby.com/articles/Koreanewforeword.htm Acesso em 12 de
abril de 2015.
TERRA, J. C. C. Gestão do Conhecimento: o Grande Desafio Empresarial. Rio de Janeiro: Negócio, 2000.
THE WORK FOUNDATION. Part of Lancaster University: Knowledge Economy Program Report 2006.
Disponível em http://www.theworkfoundation.com/Reports/65/Defining-the-knowledge-economy-knowledge-
economy-programme-report. Acesso em 21 de abril de 2014.
THOMAS-HUNT, M. C; OGDEN, T. Y; NEALE, M. A. 2003. Who’s really sharing? Effects of social and
expert status on knowledge exchange within groups. Management Sci. Vol. 49, nº 4, April 203, pp. 464-477.
Disponível em http://www.jstor.org/stable/4133951?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio 2015.
THOMPSON, L.; GENTNER, D.; LOWENSTEIN, J. Avoiding missed opportunities in managerial life:
Analogical training more powerful than individual case training. Organ. Behavior Human Decision Processes,
nº 82, pp. 60-75, 2000.
TISSEN, R.; ANDRIESSEN, D.; DEPREZ, F. L. Value Based Knowledge Management. 1a Ed. London:
Prentice Hall, 1998.
145
UZZI, B.; LANCASTER, R. Relational Embeddedness and Learning: The Case of Bank Loan Managers and
Their Clients. Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in Organizations:
Creating, Retaining, and Transferring Knowledge. April, 2003, pp. 383-399. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133946?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
WATSON, Ian. Applying Knowledge Management: Techniques for Building Corporate Memories. San
Francisco: Elsevier Science, 2003.
WEBER, R. A.; CAMERER, C. F. Cultural Conflict and Merger Failure: An Experimental Approach.
Management Science. Vol. 49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in Organizations: Creating,
Retaining, and Transferring Knowledge, pp. 400-415, April 2003. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133947?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
WEGNER, D. M. Transactive memory: A contemporary analysis of the group mind. In B. Mullen, G. R.
Goethals, (Orgs). Theories of Group Behavior. New York: Springer-Verlag, 1986, pp. 185–205.
WIIG, K.M. Integrating intellectual capital and knowledge management. Long Range Planning. Vol. 30, nº 3,
June 1997, pp. 399-405. Disponível em http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0024630197902569.
Acesso em 20 de março de 2015.
WIIG, K.M. Knowledge Management Foundations. Texas: Schema Press, 1993.
WIIG, K.M. What future knowledge management users may expect. Journal of Knowledge Management. Vol. 3,
nº 2, 1999, pp. 155-166. Disponível em http://dx.doi.org/10.1108/13673279910275611. Acesso em 1 de abril de
2015.
YIN, R. K. Estudo de Caso: Planejamento e métodos. Trad. Cristhian Matheus Herrera. 5ª Ed. Porto Alegre:
Bookman, 2015.
ZELAREM-BRHUN, M. E. Interruptive Events and Team Knowledge Acquisition. Management Science. Vol.
49, nº 4, Special Issue on Managing Knowledge in Organizations: Creating, Retaining, and Transferring
Knowledge. April, 2003, pp. 514-528. Disponível em
http://www.jstor.org/stable/4133954?seq=1#page_scan_tab_contents. Acesso em 1 de maio de 2015.
146
Questionário Demográfico
2. Cargo
__________________________________________
2. Área de Trabalho
__________________________________________
3. Idade
( ) até 25 anos
( ) de 26 anos a 30 anos
( ) de 36 anos a 40 anos
( ) de 41 anos a 45 anos
( ) acima de 46 anos
4. Genêro
( ) Feminino
( ) Masculino
6. Grau de Instrução
( ) ensino fundamental
( ) ensino médio
( ) ensino superior
( ) pós graduação
( ) mestrado
( ) doutorado
8. Estado Civil
( ) Solteiro
( ) Casado
( ) Viúvo
( ) Divorciado
( ) outro
147
9. Jornada de Trabalho
( ) até 15 horas por semana
( ) de 16 horas até 25 horas por semana
( ) de 26 horas até 35 horas por semana
( ) de 36 horas até 45 horas por semana
( ) acima de 46 horas por semana
Escala
(1) Nunca Ocorre - (2) Raramente Ocorre - (3) Ocasionalmente ocorre
(2) Frequentemente Ocorre (5)Sempre Ocorre
Instrumento de Avaliação de Cultura Organizacional 1 2 3 4 5
Escala
(1) discordo totalmente - (2) discordo - (3) nem concordo nem discordo
(4) concordo (5) Concordo Totalmente
1. Criação de Conhecimento 1 2 3 4 5
2. Captura do Conhecimento 1 2 3 4 5
3. Organização do Conhecimento 1 2 3 4 5
4. Armazenagem de Conhecimento 1 2 3 4 5
Escala
(1) discordo totalmente - (2) discordo - (3) nem concordo nem discordo
(4) concordo - (5) Concordo Totalmente - (6) não sei responder
Efetividade Organizacional 1 2 3 4 5 6
Nome:
Cargo:
Área:
Nº de Subordinados:
1. A investigação preliminar apontou evidências que sugere uma relação entre a cultura organizacional
da Promon Engenharia e a Gestão do Conhecimento. Os dados quantitativos coletados no questionário
online foram submetidos ao teste do coeficiente de correlação de Pearson, o qual apontou alta
significância da correlação das variáveis cultura e gestão do conhecimento. A investigação preliminar
também permitiu identificar os atributos culturais predominantes e valorizados pelos profissionais da
comunidade Promon Engenharia, possibilitando sua tipificação com base no Competing Value Model
(Quinn e Cameron, 2006). As evidencias apontaram um fenômeno do equilíbrio entre os tipos
culturais: Grupal; Inovativo; Racional; e Hierárquico. Sugerindo, assim, uma cultura organizacional
forte e congruente. Houve evidências de predominância, mesmo que pequena, do tipo grupal de
cultura organizacional, entretanto, quando confrontado com as evidencias extraídas da analise
documental (website e livros), tal evidencia é corroborada.
a) O Sr.(a) concorda com este resultado, o tipo grupal realmente é predominante? Ou seja, mesmo
existindo certo equilibro entre os tipos de cultura os indicadores de eficácia mais valorizados são o
desenvolvimento de pessoas, a visão do cliente como parceiro, coesão, participação e trabalho em
equipe, crescimento?
b) O Sr.(a) concorda com as evidências de que há uma relação entre a cultura organizacional e a
gestão do conhecimento?
c) Como ou porque a cultura organizacional está relacionada com a gestão do conhecimento?