Edicao01 Catequistas

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 88

Guia de Navegação para Tablets e Smartphones

Editorial
É com grande prazer e satisfação que lançamos a primeira
edição da revista Sou Catequista, uma revista 100% digital
(para ler on-line e em dispositivos móveis – tablets e

sou
smartphones com Android e IOS) e gratuita, com conteúdos
de formação e aprofundamento em diversos temas.

A revista é fruto do site soucatequista.com.br, que existe


há 3 anos e já é um grande sucesso – com uma rede social

catequista
com mais de 2.500 visitantes únicos por dia e cerca de 9.000
seguidores no Facebook.

A publicação está inserida na missão da Igreja e pretende


ser um espaço aberto e plural. Nossa maior preocupação é
apresentar conteúdos que estejam alinhados as questões
atuais da sociedade, com total abertura aos sinais dos
tempos. Por esse motivo, optamos por inovar, trazendo uma Ano 1 / Edição 1 / Agosto de 2013
revista 100% digital para poder alcançar mais catequistas
(não somente do Brasil, mas dos demais países de língua Direção geral: Sérgio Fernandes
portuguesa), aproveitando a quebra de fronteiras promovida Direção editorial: Ana Paula Moreira Lima
pelo avanço tecnológico e pela internet. Consultor Eclesiástico: Pe. José Alem
Matéria de capa: Moacir Beggo
O desafio é bem maior quando temos que produzir um
Revisão: Marcus Facciollo
conteúdo multimídia, com textos, fotos, vídeos e áudios,
Projeto gráfico e diagramação: Cezar Aes
mas é necessário "começar direito", a par do que há de mais
moderno e assim nos aproximarmos de nossos leitores, Assistente de arte: Deivid Lima
que hoje estão conectados diariamente à internet com seus Comercial: Adriana Franco
Banco de imagens: Shutterstock

sou
tablets e smartphones.

Uma catequese bem alicerçada é o que garante uma fé


permanente, prolongada por toda a vida, passando por
infância, adolescência e juventude até chegar à fase adulta.
Para isso, é necessário trabalhar muito para que a catequese
não termine na Primeira Comunhão. catequista
Oferecemos um novo subsídio com o intuito de enriquecer
a catequese. O conteúdo que você encontrará nas próximas A revista digital Sou Catequista é uma publicação da
páginas é um convite para que a catequese seja transmitida agência Minha Paróquia, disponível gratuitamente para
eficazmente, fazendo com que a escuta da Palavra e a prática smartphones e tablets nas plataformas IOS e Android.
da oração sejam necessárias e não obrigatórias. Os conteúdos publicados (artigos, entrevistas e
releases) são de responsabilidade de seus autores e
A matéria de capa desta primeira edição apresenta a vocação não expressam necessariamente a visão da agência
de ser catequista, partilhada por meio das experiências de Minha Paróquia. É permitida a reprodução dos mesmos
seis catequistas que testemunham a mesma fé em realidades
desde que citada a fonte. O conteúdo dos anúncios é
diferentes.
de total responsabilidade dos anunciantes.
Em nome de todos os que estão envolvidos neste projeto,
agradeço a todos os catequistas entrevistados e a todos os
colunistas que colaboraram nesta primeira edição.
www.soucatequista.com.br
Boa leitura!
facebook.com/soucatequista
Ana Paula Moreira Lima
MTB 0066556SP
twitter.com/soucatequista
Nesta Edição
00
08 09
VOZ DO
VOZ DO DE CATEQUISTA
PASTOR
PASTOR PARA CATEQUISTA
por José
por José Alem
Alem 00 por Clécia Ribeiro 00
10

28
14
ESPIRITUALIDADE MATÉRIA DE CAPA: TEST
E CATEQUESE por Moacir Beggo e Ana P
por Pe. Almerindo

CAMPANHADA
42
FRATERNIDADE
por Dom Eduardo
Pinheiro da Silva
00 sou
catequista

U
m catequista precisa ser, antes
de tudo, um líder. E liderar não é

E ninguém faz com que os outros façam


alguma coisa sem um trabalho conjunto
e de equipe. Criar uma equipe significa
10
fazer. Liderar é fazer alguém fazer.

engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar.


Líderes devem inspirar pessoas.

Na medida em que vamos nos envolvendo


nessa linda missão que nos é confiada, Deus
parece ampliar Seu chamado. E, quando nos
damos conta, já estamos completamente
envolvidos. Quem descobre a bênção que

20
é servir e trabalhar em prol de um projeto
diferente não recua, mas, sim, avança.

Quando chegamos nesse estágio, muita coisa


muda. Chega um ponto no trabalho de um líder
MARIA
que é não é mais suficiente inspirar quem faz. BÍBLIA
por Pe.Torna-se
Alexandre Awiinspirar aquele que inspira
necessário por Frei Ildo Perondi
quem faz. É o tamanho da missão que muda.
Começamos a perceber a magnitude sua e a de
nossa capacidade de envolvimento. Um líder
precisa saber lidar com as exigências e aí terá que
saber trabalhar muito bem com a equipe que
tem ao seu lado. Empoderar outras pessoas, fazê-
las fazer, inspirar aquele que inspira quem faz.

24 Ao líder, torna-se imprescindível formar pessoas


capazes de ampliar os horizontes, mantendo as
conquistas, avaliando a caminhada, corrigindo

PAIXÃODE
rumos que precisam ser corrigidos e encorajando
a equipe a continuar caminhando. 46
ANUNCIAR Nem sempre as pessoas se dão conta do
por Alberto Meneguzzi quanto são importantes para o projeto do Pai. LITURGIA
Falta a percepção de que o convite que foi por Pe. Guillhermo
feito não é humano, mas, divino. Eis a razão
54

50 PEDAGOGIA
CATEQUÉTICA
COMUNICAÇÃO por Pe. Eduardo e
por Flávio Veloso Pe. Jordélio

TEMUNHAS DA FÉ 62
Paula Moreira Lima

58 DINÂMICAS
ROTEIROS por Sandra Avelino
CATEQUÉTICOS
por Angela Maria

王府
Wan 井
gFu
Jin
g
东单
Don
80
菜市 gD an
Cai 口
Shi
Kou
建国
Jia 门
nGu
oMe
n
CURIOSIDADES
崇文
Cho 门

66

北京 CiQ 器口 ngW
enM 国贸
iKo en Guo
Beij 南站 u Mao
ing
Sout 四惠
h Ra SiH Comm 传
ilway ui 四 unic 媒大学
Stat SiH 惠东 atio
ion PuH 蒲黄榆 ui n Un
iver
uan Eas sity
gYu t

FILMES
82
角门
Jia 西
oMe
n W
es
por Pe. Air 公
Gon 益西桥
ter
n 刘家
Liu 窑
Jia
gYi Yao
XiQ
iao

宋家
Son 庄
gJi
REFLEXÃO
aZh
uan
g por Clécia Ribeiro

84
O CATECISMO
RESPONDE

70 72 86
CATEQUISTAS ESPECIAL DICAS DE LEITURA
NA REDE PAPA FRANCISCO NA JMJ
por Rosilana Negoseki Foggiatto
08 VOZ DO PASTOR

Seja bem vindo a esse


mundo da Catequese!
S
er catequista é uma das mais belas atividades na Apresentamos ainda um outro desafio: o da
vida e um dos maiores desafios. Todo catequista era digital. Um grande potencial tão rico de
é um discípulo de Cristo e seu missionário. possibilidades que pode ser um instrumento para
alargar o campo da catequese sobretudo nas novas
Para viver essa missão bela e desafiadora estamos aqui gerações tão habituadas ao seu uso. Isso significa
para favorecer seu conhecimento, sua experiência, também... novos empenhos, novas modalidades,
sua vida dedicada a ajudar no crescimento da fé em novas linguagens... e novos desafios.
crianças, adolescentes, jovens, adultos.
Por fim atualizamos o tema da Campanha da
Nesta primeira edição destacamos o uso da Bíblia na Fraternidade deste ano, cujo tema foi Fraternidade
Catequese, um dos temas mais atuais e necessários. e Juventude relacionando com a missão do
catequista. O lema da Campanha da Fraternidade é
A catequese se constroi na dinâmica do sentido da fé do livro do Profeta Isaías (6, 8) “Eis-me aqui, envia-
professada pela Igreja e por isso deve-se entender cada me”. Ele representa bem a missão do catequista que
vez mais e melhor o que é catequese, como catequisar, abrange a Igreja na sua mais profunda e ampla
como viver e professar a fé que deve se alimentar e missão. Todo catequista, nas suas mais variadas
amadurecer na Liturgia, “fonte e ápice da vida cristã”. expressões e atividades é ao mesmo tempo alguém
que se torna disponível para a missão e disposto a
Lembramos ainda do papel fundamental e realizá-la consciente de que é um enviado. De fato,
insubistituível dos pais na formação religiosa a Catequese é missão da Igreja e muitos de seus
de seus filhos. A missão dos pais inclui membros a assumem em seu nome para ajudar a
necessariamente a transmissão da fé e o testemunho construir o Reino de Deus expresso na vida, nas
dela na educação dos filhos. Os catequistas são palavras e na missão de Jesus.
colaboradores dos pais mas não os substituem. Um
grande desafio é ajudarem os pais a viverem essa Seja bem vindo a esse mundo da Catequese.
missão sagrada que é também uma das expressões Esperamos que a Catequese seja sua alegria, sua
de suas vidas de educação dos filhos. missão, seu sacrifício, sua experiência de “crescimento
na graça e no conhecimento de Cristo” (Cf 2 Pe 2, 18)
Lembramos nesta edição da presença necessária e
insubstituível de Maria como educadora e modelo Envie suas impressões e ajude a partilhar essa
de fé. Nela a Igreja, e portanto, todos os catequistas missão tão bela e santa que torna a sua vida um
devem buscar amparo, inspiração e esperança, pois verdadeiro serviço de amor a Deus e ao próximo. s
de algum modo, ser catequista é ser como Maria,
alguém que testemunha as maravilhas que Deus
realiza em todos os que creem.

Por ser um processo educativo, a Catequese


necessita de linguagem adequada, de um método
pedagógico, de dinâmicas de aprendizagem
que favoreçam transmitir a Palavra de Deus de José Alem
maneira atualizada nesses tempos tão desafiadores. Sacerdote membro da Congregação
Motivação, aprendizagem e dinâmicas podem dos Missionários Filhos do Imaculado
ajudar nesse processo. Coração de Maria. Educador e
comunicador. Professor de Filosofia,
Mas nada vale tanto quanto o testemunho de vida Espiritualidade, Comunicação,
do catequista. Sua missão é a missão da Igreja da Psicologia da Religião. Especialista
qual ele é um comprometido membro e ajuda na em Logoterapia. Filósofo clínico.
educação cristã de muitos de seus membros. Assessor de cursos e formação através
de palestras, retiros, encontros, oficinas.
Escritor e assessor de projetos de
comunicação e educação.
09 DE CATEQUISTA PARA CATEQUISTA

Anunciar e viver
F
alar sobre catequese já é por si só um A formação é primordial a um bom catequista,
grande desafio. Falar dela para catequistas mas isso de nada valerá se não aliarmos teoria
tão apaixonados e dedicados a anunciar e prática, alimentando nossa espiritualidade
o Evangelho talvez soe como pretensão. Então, e vivenciando o Evangelho onde quer que
nada melhor do que acreditar que esse texto estejamos. Conheço catequistas ótimos diante
pode ser um diálogo compartilhado entre de suas turmas de catequese, mas que não
tantos catequistas, já que as mídias muitas vão à Missa, vivem distantes da Eucaristia e,
vezes nos permitem interagir, fazendo com que consequentemente, estão alheios àquilo que
nos reconheçamos nas falas de outros, às vezes anunciam.
refutando-as, às vezes complementando-as.
Hoje — de catequista para catequista —, afirmo
Para começar, vou me situar no tempo e no que conhecer a minha Igreja, as famílias dos
espaço: sou catequista há quase 17 anos na catequizandos e suas realidades é imprescindível
Arquidiocese de Feira de Santana, Bahia. O meu à minha missão e isso tudo tem permitido que
“território” de evangelização é bem parecido eu contribua de maneira mais consistente
com os dos diversos rincões desse nosso imenso para evangelizar, seja em meu “território”, seja
Brasil: zona urbana, periferia, tráfico de drogas em sites e blogs com os quais eu colaboro ou
eminente, disseminação de pseudorreligiões, mesmo nas redes sociais, onde é valiosíssima a
famílias fragmentadas, exclusão social... experiência de anunciar Jesus Cristo. No entanto,
nada disso fará sentido se eu não ultrapassar
É nesse espaço, ora mais calmo, ora mais tenso, as paredes da sala de catequese e a tela do
que Jesus renova minhas forças, me impulsiona computador, procurando viver (ainda que
e reacende a chama do serviço que outrora limitada e pecadora) aquilo que anuncio.
assumi, concretizando assim a condição de
discípula missionária, fazendo-me seguir o
chamado latente e revelando-O em meu fazer
catequético, ao passo em que evangelizando
também sou evangelizada. Saudações catequéticas! s
Antes, o meu desafio era a minha formação
pessoal (conhecer documentos e me aproximar
mais da Sagrada Escritura) para ter respostas
diante das dúvidas mais recorrentes (dúvidas
pessoais e dos catequizandos). Percebi que a CléciaClécia Ribeiro
Ribeiro
formação não pode ser um momento pontual, Tem 33 anos, catequista desde os
pois ela nunca se esgota para quem ama Paróquia
16 naNossa Senhora
Paróquia Nossa Senhora do
verdadeiramente o que faz. Hoje, ao mesmo PerpétuoSocorro
do Perpétuo Socorro, Arquidiocese
tempo em que procuro conhecer mais a minha de Feira dede
Arquidiocese Santana, Bahia.
Colabora no
Feira de Santana, site Fé Católica
Bahia
Igreja, torno-me também responsável em ser com textos de reflexão sobre a
exemplo vivo da fé que propago, revelando-me catequese. Acredita que somos
catequista verdadeiramente — eis o meu maior verdadeiramente catequistas
desafio. à medida que assumimos o
compromisso cotidiano de
minimizar o “eu”, deixando
Deus falar em nós e agir por nós!
10 CAMPANHA DA FRATERNIDADE

A catequese a serviço
da vida dos jovens
Dom Eduardo Pinheiro responde a perguntas sobre a delicada responsabilidade
dos catequistas diante das provocações da CF 2013

A CF 2013 tem alguma coisa a dizer


para o catequista?
A Igreja do Brasil, consciente da beleza e do valor
da juventude, decidiu, mais uma vez, dedicar a
Campanha da Fraternidade ao tema da juventude.
Em sua missão de educadora e canal da Graça
divina, a Igreja quer fortalecer sua presença
no meio das novas gerações, considerando sua
realidade e favorecendo reflexões, projetos e
mecanismos que contribuam com sua vida e
participação na construção do Reino.

Entre tantos sinais visíveis de opção afetiva


e efetiva pelos jovens, a Igreja do Brasil,
motivada pelo contexto da Jornada Mundial
da Juventude em nossas terras, oferece a todos
seus filhos e filhas, jovens e adultos, mais essa
rica oportunidade que, se bem vivenciada,
trará benefícios, inclusive imediatos, a todas as
gerações. O catequista é aquele que, em nome da
Igreja, mais se aproxima dos jovens, porque sua
missão é fazer ecoar a Palavra de Deus no meio do
povo e a maioria da nossa população é jovem.

O jovem carrega em si a novidade de que a


sociedade e a Igreja tanto necessitam para dar
passos significativos na história. Nesse sentido,
tudo o que está escrito no texto-base da CF é
dirigido aos catequistas. Por isso é seu dever
conhecer as propostas, pistas, motivações da CF, aqueles que recebem uma missão especial de
bem como os subsídios que a CNBB oferece para evangelização junto a eles. Em outras palavras,
melhor conhecer o jovem e trabalhar ao seu lado. “conhecer os jovens é condição prévia para
evangelizá-los!” (Documento 85, 10) e isso se
É claro que os jovens, dependendo de sua torna mais urgente nestes tempos de “mudança
realidade, apresentam seus desafios específicos de época”. “Conheço aquele adolescente ou
e isso precisa ser observado e considerado por jovem que Deus colocou em minha vida para
11 sou
catequista

conduzi-lo ao amadurecimento de sua fé e desafios atuais. Eles precisam, por exemplo, se


vocação?” O catequista não deveria ter medo perceberem dentro dessa “mudança de época”
nem escrúpulos de “gastar” um bom pedaço de com suas interferências no modo de pensar e de
seu tempo conhecendo o mundo de seus jovens: agir. A cultura midiática, assunto tão caro aos
suas alegrias e buscas, suas dores e cruzes, suas jovens, necessita ser considerada intensamente,
interrogações e crises, seus sonhos e projetos, uma vez que a juventude se identifica
seus dons e habilidades! Conhecendo os jovens rapidamente com os meios de comunicação
cuja fé é chamado a fazer crescer, o catequista é e acolhem suas propostas de convivência
quem diretamente pode favorecer a acolhida e nesses ambientes virtuais/reais em suas vidas.
os espaços de participação dos jovens em nossas Apresentar de maneira cativante a vida de tantos
comunidades, chamadas a valorizar sua presença, jovens que passaram pela história da Igreja e

O catequista é aquele que,


em nome da Igreja, mais se
aproxima dos jovens

que marcaram sua presença com o testemunho


de vivência radical do Evangelho também é
uma responsabilidade que a CF 2013 confia
aos educadores da fé. Favorecer o protagonismo
juvenil, provocar engajamento eclesial durante
o tempo de encontros catequéticos, criar grupos
de convivência e de apostolado, acompanhar
os que já passaram pelas nossas igrejas e foram
crismados são algumas das tarefas que o catequista
assume como consequência de sua proposta
evangelizadora, que busca formar integralmente o
jovem que Deus lhe confia.

Por que o catequista deve estar bem


informado sobre a CF 2013?
Celebrar a CF sobre a juventude no ano em que a
dinâmica da CF comemora seu jubileu de ouro e
reflexão, criatividade, dons, um dos desafios da CF. celebrar aqui também neste ano a Jornada Mundial
da Juventude pode parecer, para alguns, mera
Além dessa imprescindível postura de acolhida coincidência. Queremos, no entanto, considerá-la
e valorização das novas gerações nos ambientes como uma “providência” divina. A jovialidade
eclesiais, o catequista, inspirado no tema da CF da nossa Igreja com todos os que dela participam
deste ano, é chamado a auxiliar os jovens em passa pelo reconhecimento do valor e do significado
seu processo de amadurecimento frente a alguns que têm as novas gerações para os tempos atuais.
12 CAMPANHA DA FRATERNIDADE

A perene novidade que vem de Deus e é condição 299), mas é preciso envolver-se integralmente
imprescindível para o desenvolvimento da história no processo de formação, para provocar um
da Salvação encontra nos jovens a sua expressão, verdadeiro encontro com Jesus Cristo, que leva à
o seu olhar, o seu ardor, a sua voz... o seu coração. conversão, desperta o discipulado e a comunhão
Deus tem sempre “novidades” para nós: os jovens para que o catequizando passe a participar da
que nos rodeiam e para os quais somos chamados a missão (cf. Doc. Ap. 278).
amar, servir, valorizar!
Qual o papel do catequista diante das
A Igreja está preocupada com a fragilidade de provocações da CF 2013?
tantos católicos que, no envolvimento com a
dinâmica social, são pressionados a abrirem O catequista é um comunicador, faz a mediação
mão dos valores fundamentais do Evangelho, entre as pessoas e o mistério de Deus (cf.
que não são outra coisa que valores perenes e DGC156). Para isso deve estar sempre em busca
fundamentais para todos os homens e mulheres. de conhecer a Palavra de Deus para iluminar a
É urgente a formação da consciência para uma realidade para que a vida tenha sentido.
melhor integração fé-vida, princípio fundamental
O Papa Bento XVI aponta para a nossa
da catequese de iniciação cristã. Fazer essa
responsabilidade quanto a essa relação
experiência produz uma dupla satisfação: a
intrínseca entre Palavra de Deus e testemunho
de viver constantemente sintonizado com a
cristão: “Os jovens já são membros ativos da
proposta de Deus e a de poder contribuir com
Igreja e representam o seu futuro. Muitas vezes
o desenvolvimento da vida, da sociedade e
encontramos neles uma abertura espontânea
da história por meio da ética cristã. Estudar e
à escuta da Palavra de Deus e um desejo
praticar essa síntese vital tornará catequistas
sincero de conhecer Jesus. De fato, na idade
e catequizandos mais alegres e capacitados
da juventude, surgem de modo irreprimível e
discípulos missionários para os novos tempos!
sincero as questões sobre o sentido da própria
O catequista, se tem consciência da sua missão, vida e sobre a direção que se deve dar à própria
reconhece que sua vocação exige constante existência. A essas questões só Deus sabe dar
aprimoramento em diversas dimensões da fé. Não verdadeira resposta. Essa solicitude pelo mundo
basta transmitir conceitos ou doutrina (cf. Doc Ap. juvenil implica a coragem de um anúncio claro;
13 sou
catequista

devemos ajudar os jovens a ganharem confidência a experiência forte de um Deus próximo que
e familiaridade com a Sagrada Escritura, para lhe garantiu sentido de vida, com uma força
que seja como uma bússola que indica a estrada superior, transcendente, cuja racionalidade
a seguir. Para isso, precisam de testemunhas e ainda era incompreensível na sua totalidade.
mestres, que caminhem com eles e os orientem Muitas das grandes decisões na vida acontecem
para amarem e por sua vez comunicarem o mais pela motivação pessoal e segurança que se
Evangelho, sobretudo aos da sua idade, tornando- sente do que pelas elucubrações teóricas. Assim
se eles mesmos arautos autênticos e credíveis” aconteceu com Maria, com vários apóstolos,
(Verbum Domini, 104). com inúmeros jovens da história da Salvação e
da Igreja. Assim poderá acontecer com aquele
É importante também que o catequista demonstre jovem que transita em nossos ambientes
que seu testemunho decorre da sua intimidade católicos.
com Jesus. A amizade com Jesus, tão gostosa e
necessária, cuja iniciativa é dele mesmo, deve Nossa vocação de educadores nos compromete
ir além de um simples sentimento prazeroso. nessa essencial e delicada missão de auxiliar
O discípulo de Jesus forçadamente se torna os jovens para que sejam capazes de escutar os
divulgador dessa experiência tão marcante! Não grandes ideais e de dar respostas firmes, maduras,
se entende uma pessoa que se diz apaixonada comprometidas frente às perguntas deles.
por alguém que não fale desse alguém aos outros.
Nossas agradáveis e profundas experiências de Por fim, trago as palavras do Papa Francisco, na
relacionamento são naturalmente comunicadas homilia de Domingo de Ramos, conclamando
com brilho nos olhos, fogo no coração e mãos os jovens a participar da Jornada Mundial da
sedentas de ações concretas. Juventude: “Seja um sinal de fé para o mundo
inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom
Também essa é a chave do percurso do Ano da Fé, seguir Jesus; é bom andar com Jesus; é boa a
proclamado por Bento XVI: confessar a fé, celebrar mensagem de Jesus; é bom sair de nós mesmos
a fé e testemunhar a fé (Porta Fidei, 9). para levar Jesus às periferias do mundo e da
existência. Três palavras: alegria, cruz, jovens”.
O “eis-me aqui, envia-me”, lema da CF, é a
resposta de quem se sente cativado, valorizado, Nosso testemunho e nossa proposta pedagógico-
comprometido. O amor experimentado por Isaías catequética têm, verdadeiramente, atraído as
é forte, envolvente e transformador; não há como novas gerações para entenderem e abraçarem
fugir nem por que fugir! com entusiasmo esse pedido do nosso Papa?. s

Desse modo, não foi a “razão” que encorajou


aquele jovem a responder positivamente, mas

Dom Eduardo Pinheiro da Silva, sdb


Acesse o site
Bispo auxiliar de Campo Grande, MS
da Campanha Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude, CNBB
da Fraternidade
2013
14 ESPIRITUALIDADE E CATEQUESE

A IMPORTÂNCIA DO
ACOMPANHAMENTO
DOS PAIS NA
FORMAÇÃO
RELIGIOSA DOS
FILHOS por Pe. Almerindo
15 sou
catequista
16 ESPIRITUALIDADE E CATEQUESE

N
a década de 1980, o beato João Paulo
II já tecia um panorama sobre a real
situação familiar e nos presenteava
com a Exortação Apostólica Familiaris
Consortio onde, logo no início, podia-se ler:
“A família, como a Igreja, tem por
“A FAMÍLIA nos tempos de hoje, tanto e dever ser um espaço onde
talvez mais que outras instituições, tem
sido posta em questão pelas amplas,
o Evangelho é transmitido e de
profundas e rápidas transformações da onde o Evangelho irradia…
sociedade e da cultura. Muitas famílias Os pais não somente comunicam
vivem esta situação na fidelidade àqueles aos filhos o Evangelho, mas
valores que constituem o fundamento podem receber deles o mesmo
do instituto familiar. Outras tornaram-se
incertas e perdidas frente a seus deveres, ou
Evangelho profundamente
ainda mais, duvidosas e quase esquecidas vivido”1 (Paulo VI, EN n.71).
do significado último e da verdade da
vida conjugal e familiar. Outras, por fim,
estão impedidas, por variadas situações
de injustiça, de realizarem os seus direitos
fundamentais” 2.

Diante dessas palavras proféticas concluímos A Igreja acredita na família e no seu


que, o que antes era comum entre nós, fundamental papel na sociedade3 — de
agora se tornou uma preocupação, ou seja, ser, nela, célula primeira e melhor Igreja
a família tem deixado em segundo plano a — e por ela olha com fé e convicção.
educação cristã de seus filhos, transferindo Em virtude disso, luta para que os filhos
essa responsabilidade para a Igreja e, o que é encontrem, na Igreja, o primeiro espaço
pior, justamente quando a pessoa já está com de encontro com Deus e o fundamento de
a sua personalidade formada. sua fé. Portanto,

Como fazer para que a família assuma seu “Consciente de que o matrimônio e a
papel no processo educativo da fé cristã dos família constituem um dos bens mais
filhos e seja lugar de valores morais, de oração preciosos da humanidade, a Igreja quer
e de abertura para Deus? Eis o problema. fazer chegar a sua voz e oferecer a sua
ajuda a quem, conhecendo já o valor do
Sabemos que a sociedade mudou. A matrimônio e da família, procura vivê-
família, como parte viva da sociedade, lo fielmente, a quem, incerto e ansioso,
também mudou, e essa mudança afeta anda à procura da verdade e a quem
o relacionamento dos seus membros. está impedido de viver livremente o
Sendo assim, a família tem dificuldades próprio projeto familiar. Sustentando
de se encontrar como família cristã e, com os primeiros, iluminando os segundos e
isso, vai diminuindo sua capacidade de ajudando os outros”4.
responder aos novos desafios, no que diz
respeito à fé e aos anseios mais profundos Quando a educação da fé é iniciada
do coração humano. na família é mais perceptível a sua
sou
17ESPIRITUALIDADE
catequista E CATEQUESE

assimilação em outros meios, como a Terceiro: a família deve compreender que,


catequese paroquial, o ambiente escolar e quando a criança chega à catequese paroquial,
mesmo o universo jovem social. É preciso, ela já precisa ter vivenciado os valores da fé no
então que a família tenha consciência de seio familiar, assim como deve compreender
que os filhos são a sua maior riqueza e que que a Igreja é apenas uma cooperadora
os educando, por meio de valores morais na continuidade da educação cristã. Deve
e cristãos, estará preservando esse bem também tomar consciência de que a catequese
maior e preparando pessoas para uma é um processo permanente e não se destina
vida feliz e realizada. simplesmente à preparação para os sacramentos.
Assim, compreendemos que a catequese, como
Nesse contexto social e cultural processo, é algo a ser vivido por toda a vida,
diversificado, o que fazer, então, para portanto, deve ser transmitida em seus vários
que a família seja, de fato, o lugar para o níveis e a família é a instituição que acompanhará
despertar da fé? essa evolução.
Primeiro: os pais precisam tomar Por fim, quando a criança já estiver
consciência de que a verdadeira participando da catequese paroquial, é
catequese começa ainda no ventre importante que a família acompanhe e ajude
materno. Durante o período da gestação, a Igreja a transmitir e a vivenciar os valores
devem-se tomar os cuidados necessários da fé. Grande parte das famílias contribui para
para que a gravidez seja serena e feliz. isso. Muitas outras se esquecem de seu papel e
Cuidados para que a mulher viva atribuem toda essa responsabilidade à Igreja.
esse período sem turbulências, agitos Isso acontece porque muitas vezes falta o
e dificuldades, procurando, esposo e interesse pela educação religiosa dos filhos.
esposa, dialogar, amar, conversar com
a criança, demonstrando, assim, afeto e
carinho, para que ela, desde esse período,
experimente o amor de Deus e da família.
A experiência mística dos pais, ao longo
da gestação, do mistério da vida que brota Os pais precisam tomar
no ventre materno, certamente fará com
que a criança encontre, efetivamente, na consciência de que a
família uma Igreja doméstica.
verdadeira catequese
Segundo: é a partir da convivência
familiar que a criança forma
começa ainda no ventre
interiormente a imagem de Deus, que materno.
posteriormente será trabalhada na
catequese em vista dos sacramentos.
Se a criança percebe que a família é o
espaço de comunhão, de partilha e de Os pais são, na maioria dos casos, os que não
amor, certamente compreenderá melhor praticam a religião e, por esse motivo, não
a imagem de Deus como um Deus amor, possuem a identidade religiosa que deve ser
partilha e comunhão. Essa formação transmitida. Isso se dá devido a inúmeros
contribuirá para a formação de sua fatores: a frágil estrutura familiar dentro de
personalidade e de seu caráter. uma sociedade marcada pelo egoísmo, pelo
18 ESPIRITUALIDADE
ESPIRITUALIDADEEECATEQUESE
CATEQUESE
individualismo, pelo consumismo e pela o seio das famílias, deseja, antes de tudo, ser
competição; as atividades de lazer, priorizadas um porto seguro, capaz de auxiliá-la na difícil
nos finais de semana, são motivos para que tarefa de educar com valores perenes.6
os pais abdiquem da responsabilidade de
levar seus filhos à Igreja, de modo especial É preciso então que, antes mesmo de receberem
para participar da Santa Missa; a necessidade o matrimônio, os pais tenham consciência
do trabalho fora de casa que impede os de que a família é um projeto de Deus e para
pais de educar os filhos como gostariam, e que esse projeto seja executado Deus conta
tantos outros problemas sociais, como a falta com a participação ativa deles.7 Só assim
de emprego e moradia, que dificultam a continuaremos com uma sociedade alicerçada
educação humana e cristã dos filhos.5 na família, tendo-a como célula mater e, por sua
vez, uma sociedade organizada e embasada nos
A Igreja, sabedora dos desafios que afrontam valores humanos e cristãos. s

1 PAULO VI, Exortação Apostólica Evangelli Nuntiandi 71, www.vatican.va [acessado em 14/5/2013].

2 JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio 1, www.vatican.va [acessado em 14/5/2013].

3 “A família é, em certo sentido, uma escola de enriquecimento humano. Mas, para atingir a plenitude de sua vida e de
sua missão, requer a comunhão de alma no bem-querer, a decisão comum dos esposos e a diligente cooperação dos pais na
educação dos filhos”. CONCÍLIO VATICANO II, Constituição Pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et
Spes 52, Ed. Vozes, 12 ed., Petrópolis, 1978.

4 JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio 1, www.vatican.va [acessado em 14/5/2013].

5 Cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio 6.

6 “Num momento histórico em que a família é alvo de numerosas forças que a procuram destruir ou de qualquer modo
deformar, a Igreja, sabedora de que o bem da sociedade e de si mesma está profundamente ligado ao bem da família, sente, de
modo mais vivo e veemente, a sua missão de proclamar a todos o desígnio de Deus sobre o matrimônio e sobre a família, para
lhes assegurar a plena vitalidade e promoção humana e cristã, contribuindo assim para a renovação da sociedade e do próprio
Povo de Deus.” Cf. JOÃO PAULO II, Exortação Apostólica Familiaris Consortio 3.

7 A Familiaris Consortio apresenta nos números 66, 67, 68 e 69 a preocupação da Igreja com a preparação dos seus filhos
que desejam receber o sacramento do Matrimônio. Oferece, na presente exortação, os caminhos pré e pós-celebrativos do
sacramento. Tal objetivo é lançar diretrizes para que os jovens esposos percebam o amparo da Igreja na constituição de suas

Pe. Almerindo da Silveira Barbosa


Natural de Espinosa-MG, é sacerdote há 5 anos e incar-
dinado na Diocese de Luz-MG. É pároco na Paróquia
Nossa Senhora do Rosário de Arcos-MG e assessor dio-
cesano da Pastoral Catequética. Também é professor de
história da filosofia antiga e introdução à catequética
no seminário diocesano.

Bacharel licenciado em filosofia e bacharel em teologia


Leia na integra pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.
a Familiaris Tem pós-graduação lato sensu em ensino religioso pela
Faculdade do Noroeste de Minas — Finom.
Consortio
00
20 MARIA
21 sou
catequista

Maria
mulher de fé
estrela da nova
Evangelização
por Pe. Alexandre
00
22 MARIA

A
“Nova evangelização para a e da evangelização. De fato, sua visita
transmissão da fé cristã” é tarefa transmite alegria e confirma a fé de Isabel,
primordial da Igreja nos dias de hoje evangelizando-a pela sua presença e
e, por isso mesmo, foi tema do Sínodo dos pelas palavras proféticas e libertadoras do
Bispos, realizado em Roma no último mês de Magnificat (cf. Lc 1,46-55).
outubro. Na mesma época, o Papa convidou
a Igreja a viver um “Ano da Fé, ao serviço do Além disso, nas bodas de Caná, o evangelista
crer e do evangelizar” (Bento XVI, Porta Fidei, João mostra como a ação de Maria ajuda
n. 12). Maria é a estrela que guia a Igreja a despertar a fé dos discípulos em Jesus: a
nesse processo de “Nova Evangelização” partir daquele primeiro sinal, realizado logo
e de “transmissão da fé”. Por isso, a última no início do seu ministério, “seus discípulos
proposição feita pelos bispos, ao final do começaram a crer nele” (Jo 2,11b). Mais que
sínodo, leva o belo título de “Maria, a estrela uma ajuda pontual aos noivos, a missão
da nova evangelização” (Propositio 58). principal de Maria em Caná é a mediação
ou a “transmissão da fé”. Assim, a Igreja
Paulo VI já a tinha chamado de “estrela
da evangelização sempre renovada”, na
Exortação Apostólica Evangelii Nuntiandi
(n. 82). Por sua intercessão e seu exemplo,
ela desperta a fé no coração dos homens e
mulheres do nosso tempo. Já nas páginas do
Maria é a estrela que guia
Evangelho de Lucas, Maria é apresentada a Igreja nesse processo de
como mulher de fé, considerada feliz
justamente porque acreditou nas promessas “Nova Evangelização” e de
do Senhor (cf. Lc 1,45). Uma fé lúcida, que
medita e questiona (cf. Lc 1,29.34), mas que “transmissão da fé
confia e se entrega (cf. Lc 1,38). Também
uma fé ativa, que a moveu imediatamente
ao encontro de Isabel, ao serviço da fé
23MARIA sou
catequista

entendeu também sua presença no Cenáculo Os bispos latino-americanos em Puebla (1979)


(cf. At 1,13-14; 2,1-4): Maria acompanha o já tinham indicado que tinha chegado “a hora
nascimento da Igreja, confirmando a fé dos de Maria” (DP 303). Em Aparecida o repetem,
discípulos para que possam realizar sua radicalizando: “Esta é a hora da seguidora
missão evangelizadora. mais radical de Cristo, de seu magistério
discipular e missionário ao qual nos envia
Por tudo isso, o documento conclusivo da o Papa Bento XVI” (DAp 270). Mais do que
Conferência Geral do CELAM em Aparecida nunca, as palavras do Papa na Basílica de
(DAp) apresenta Maria como a “primeira Aparecida devem ressoar no coração dos
discípula” e a “grande missionária”. Por nossos povos, para que possam levar a cabo
ser a primeira a colocar sua fé em Jesus, o grande desafio da transmissão da fé no
tornou-se a primeira evangelizada, modelo mundo de hoje. “Permaneçam na escola de
de discipulado. Ela brilha diante de nossos Maria!” A luz dessa Estrela deve continuar
povos como “imagem acabada e fidelíssima brilhando como escola de fé e de missão. s
do seguimento de Cristo”, como Sua discípula
e “seguidora mais radical” (DAp 270). De
fato, como nos ensina Santo Agostinho, ela
concebeu Jesus primeiro em seu coração, por
sua fé, antes de concebê-lo em suas entranhas
(cf. Sermo 25,7-8: PL 46, 937-938).

Evangelizada, Maria logo se converte em


primeira evangelizadora. Como em sua
visita a Isabel, também hoje ela é a “grande
missionária de nossos povos” (DAp 25),
como destacaram os bispos em Aparecida:
“Maria é a grande missionária, continuadora
da missão de seu Filho e formadora de
missionários” (DAp 269). Sua presença é,
portanto, imprescindível nestes tempos de
nova evangelização.

Pe. Alexandre Awi Mello, ISch


Doutourando em Mariologia
Professor UNISAL e São Bento (São Paulo/SP)
00
24 PAIXÃO DE ANUNCIAR

CATEQUISTAS
EMPODERADOS
Envolva-se verdadeiramente com a catequese, a ponto de
fazer com que outros catequistas também sintam-se motivados
por Alberto Meneguzzi
25 sou
catequista

U
m catequista precisa ser, antes
de tudo, um líder. E liderar não é
fazer. Liderar é fazer alguém fazer.
E ninguém faz com que os outros façam
alguma coisa sem um trabalho conjunto
e de equipe. Criar uma equipe significa
engajar, capacitar e, acima de tudo, inspirar.
Líderes devem inspirar pessoas.

Na medida em que vamos nos envolvendo


nessa linda missão que nos é confiada, Deus
parece ampliar Seu chamado. E, quando nos
damos conta, já estamos completamente
envolvidos. Quem descobre a bênção que
é servir e trabalhar em prol de um projeto
diferente não recua, mas, sim, avança.

Quando chegamos nesse estágio, muita coisa


muda. Chega um ponto no trabalho de um líder
que é não é mais suficiente inspirar quem faz.
Torna-se necessário inspirar aquele que inspira
quem faz. É o tamanho da missão que muda.
Começamos a perceber a magnitude sua e a de
nossa capacidade de envolvimento. Um líder
precisa saber lidar com as exigências e aí terá que
saber trabalhar muito bem com a equipe que
tem ao seu lado. Empoderar outras pessoas, fazê-
las fazer, inspirar aquele que inspira quem faz.
Ao líder, torna-se imprescindível formar pessoas
capazes de ampliar os horizontes, mantendo as
conquistas, avaliando a caminhada, corrigindo
rumos que precisam ser corrigidos e encorajando
a equipe a continuar caminhando.

Nem sempre as pessoas se dão conta do


quanto são importantes para o projeto do Pai.
Falta a percepção de que o convite que foi
feito não é humano, mas, divino. Eis a razão
pela qual muitos cristãos ficam zanzando
para lá e para cá, agindo apenas na casca, no
externo, sem a verdadeira radicalidade que
exige o discipulado.

Falta o envolvimento verdadeiro, concreto,


a ponto de fazer com que outros também
façam, o envolvimento que inspira e
encoraja, que eleva e empodera.
00
26 PAIXÃO DE ANUNCIAR

Não existe missão evangelizadora sem O Evangelho é um convite para sermos


que surjam outros seguidores. Líderes aprendizes. O discípulo não pode ter a
precisam de seguidores. Liderar necessita pretensão de ser grande, porque sempre
de opção concreta, além de conhecimento, está na condição das crianças que aprendem:
estudo, aprendizado, dedicação e, “Se não vos tornardes como crianças, não
principalmente, gosto pelas pessoas. podereis entrar no reino dos céus” (Mt 18,3).
O líder precisa ter consciência de que não
De uma vez por todas, precisamos
assumir com coragem e ardor a condição
e a atitude de discípulos. É a prática do
Evangelho, não apenas a teoria. Um catequista precisa ser,
O doutor em teologia José Comblin diz no antes de tudo, um líder.
livro Evangelizar, publicado pela Paulus
em 2010, que o Evangelho de Jesus fica
escondido para as pessoas que não o
praticam. Segundo ele, existe o privilégio será eterno nem infalível. Cedo ou tarde,
da ação ou da prática. “Quem não começa ele precisará ser substituído, temporária
a agir como discípulo não pode entender ou definitivamente. É assim que as
nada. Pois é agir como discípulo, a ação que coisas funcionam na nossa vida pastoral.
consiste em seguir Jesus na verdadeira lei Infelizmente, alguns se sentem eternos nos
do Pai, que fornece a chave do Evangelho. cargos que ocupam na comunidade.
Quem não procura se empenhar ou se Com isso, não abrem caminhos, não formam
comprometer nunca chegará a ver nada novas lideranças, ficam avessos a novas
daquilo que Jesus proclama”, diz Comblin. ideias. E não surgem novos líderes, novos
apaixonados pela missão, novas pessoas
E ele diz mais: “O discípulo é uma pessoa
engajadas e imbuídas do mesmo espírito que
comprometida, engajada de modo
nos fez permanecer até então na caminhada.
definitivo e radical. Para ser discípulo é
preciso dedicar-se totalmente a essa tarefa e Um catequista precisa ser, antes de tudo,
deixar tudo o que for obstáculo. Ser discípulo um líder. E liderar não é fazer. Liderar é fazer
torna-se norma última. O que caracteriza o alguém fazer. Mas ninguém faz sozinho.
discípulo é a sua radicalidade”. É preciso caminhar em equipe. E criar uma
equipe significa engajar, capacitar e, acima de
É desafiador para um catequista viver a
tudo, inspirar.
radicalidade do Evangelho. Ser radical,
nesse caso, significa comprometer-
se. Comprometimento tem a ver com Líderes devem inspirar pessoas.
mudanças profundas no próprio
comportamento. Passa também pela E ser eternos aprendizes.
coragem de agir, de denunciar o que não
faz parte do projeto do Pai e, ao mesmo E ser radicais na obediência do
tempo, passa pela humildade de saber se Evangelho.
relacionar e aprender com a caminhada.
Um líder não é o dono da verdade. Se não for assim, não é missão,
O discípulo é um eterno aprendiz. nem mesmo discipulado.
27 sou
catequista

3
Leia, pesquise, in-
É tarefa que qualquer um faz, de forme-se, busque infor-
mações, pergunte, tire
qualquer jeito!
dúvidas. Um evangeli-
zador não pode ter dúvi-
*A parte de liderança deste texto foi inspirada num das a respeito do projeto de Deus.
artigo de Eugênio Mussak, publicado na página 134 da
revista Você S/A, edição de novembro de 2010. Li, gostei
Não é necessário ser um doutor para
e fiz algumas adaptações. evangelizar, mas precisamos de
informações, conteúdo, preparo para
* A parte sobre discipulado neste texto foi inspirada no argumentar e espalhar a palavra.
livro do teólogo José Comblin chamado Evangelizar,
páginas 26 e 27. O livro é leitura obrigatória para todos
os catequistas, ou alguém que atua como catequistas

4
acha que não é necessária nenhuma leitura ou estudo?
O livro Evangelizar foi publicado pela Paulus em 2010. Não guarde para si o
conhecimento adquiri-
5 dicas para melhorar o do. Partilhe, espalhe.
Quando estiver numa
trabalho em equipe função superior, empodere, pre-
pare alguém para trilhar o mesmo
caminho que você trilha. Um líder
precisa ter a capacidade de empod-

1
Aprenda a ouvir. Nos
encontros de catequistas e erar, preparar o terreno, criar novas
nas formações, a tendência lideranças.
é querer falar, expor situ-
ações. Mas é importante
ouvir. É no exercício da escuta que o Reze. Reze bastante.

5
aprendizado acontece de forma efetiva. Faça períodos de pausa
para a oração. É isso
que fortalece e encoraja
Dialogue. Converse. Par- um evangelizador para

2
tilhe situações da sua continuar a sua missão
caminhada. É na partilha
de vivências que crescemos
como evangelizadores. A
gente aprende e ensina.

Alberto Meneguzzi
É jornalista, relações públicas e catequista. Autor dos
livros Paixão de anunciar e Missão de anunciar, publi-
cados pelas Paulinas Editora.
28 MATÉRIA DE CAPA
29 sou
catequista

TESTEMUNHAS

da fé
A identidade e vocação do catequista
por Moacir Beggo e
Ana Paula Moreira Lima
30 MATÉRIA DE CAPA

U
ma das figuras mais queridas Em muitas localidades, onde faltam
e mais importantes em nossas infraestrutura e ministros consagrados
comunidades eclesiais é a do para estabelecer uma comunidade cristã, o
catequista. De acordo com a Comissão catequista é o único a manter acesa a chama
Episcopal Pastoral para a Animação da fé. Isso pôde ser visto pelos missionários
Bíblico-Catequética, atualmente existem franciscanos logo depois da sangrenta guerra
cerca de 800 mil pessoas dedicadas a civil de 30 anos em Angola e também depois
essa atividade em todo Brasil. “Além de da queda do Muro de Berlim, que pôs fim ao
serem educadores da fé, são discípulos e domínio cruel de 60 anos dos comunistas ateus.
missionários de Jesus Cristo”, como prega Nesses lugares, anônimos e clandestinos, os
a Encíclica Redemptoris Missio. catequistas mantiveram corajosamente a
atividade missionária e catequética.
Para o doutor em teologia, Frei Almir
Guimarães, os catequistas são como Todo catequista, esteja onde estiver, precisa
jardineiros que cultivam o jardim da fortalecer a sua fé e conhecer a razão de seu
fé. “Na realização de sua missão, os chamado e de sua missão evangelizadora a
catequistas fazem muito mais do que partir do chão onde está pisando, buscar uma
ensinar uma doutrina. Não são eles formação fundamentada nos ensinamentos
e elas professores e professoras. São de Jesus e da Igreja e deixar-se conduzir
testemunhas da fé”, reforça o frade, pelo Espírito Santo de Deus que é um só e,
com inúmeras publicações na área da portanto, conhece a realidade onde a fé será
Pastoral Familiar. Segundo Frei Almir, transmitida e acolhida.
o catequista é, antes de tudo, um cristão
que leva a sério sua fé. “São testemunhas Essa missão não é fácil, principalmente
do Evangelho e participantes de um quando olhamos à nossa volta e somos
mistério que eles vivem e querem bombardeados com apelos de um mundo
comunicar aos outros com amor”. fácil e consumista que seduz e surge como
via fácil na caminhada das crianças e dos
O testemunho específico que o catequista adolescentes no caminho a Deus.
dá a respeito da fé é o ensino. “O
catequista é chamado a tornar explícita
toda a riqueza do mistério de Cristo,
contida de modo global, desde o início,
no ato de fé. Ele ensina, faz perceber
e compreender, quanto possível, a
realidade de Deus que se revela e se
comunica”, explica Frei Almir.
os catequistas são como
O Diretório Nacional de Catequese
esclarece ainda: “A catequese não prepara
jardineiros que cultivam o
simplesmente para este ou aquele jardim da fé
sacramento. A recepção do sacramento é
consequência de uma adesão à proposta
do Reino, vivida na Igreja”.
31 sou
catequista

A IDENTIDADE DO
CATEQUISTA SE FUNDAMENTA:
• No chamado por Deus;
• Na vida de fé que vive
e transmite;
• Na maturidade humana e cristã;
• Na participação da missão da
Igreja a serviço da humanidade

Frei Almir insiste que as crianças devem Mas, ninguém melhor do que os protagonistas
receber de seus pais os primeiros elementos desta reportagem para falarem de sua missão,
da catequese que revelam o Pai que é bom, experiências e anseios. Entrevistamos seis
providente e que está nos céus, e para o qual catequistas de Estados diferentes e pudemos
elas voltarão o seu coração. Esta catequese perceber que, quase todas, partilham das
familiar, ou seja, uma catequese autêntica mesmas dificuldades e desafios na transmissão
que nasce na “Igreja doméstica”, precede, da fé na Igreja hoje.
acompanha e enriquece a catequese que se
dará mais adiante na Igreja de Jesus Cristo.
32 MATÉRIA DE CAPA

Ser catequista
Ser catequista é, antes de tudo, um
chamado, uma vocação, como a própria
Igreja define: “A catequese é uma ação
da Igreja e também um ressoar da
experiência de intimidade com o Senhor
que precisa estar impressa na vida
daqueles que se sentem chamados a
cumprir a tarefa da transmissão da fé que
Jesus nos deu quando disse: ‘Ide, fazei
discípulos meus... ensinando-os a observar
tudo que vos ordenei’ (Mateus 28,19)”.

A catequista Fernanda Andreani, da


Diocese de São José dos Campos, explica
como se deu esse chamado em sua vida.
“Na verdade, fiz minha inscrição para o
curso de formação para catequistas, a fim
de fazer companhia à minha amiga, mas
não me via como catequista. Na metade
do curso, ela desistiu, mas eu continuei,
pois havia assumido esse compromisso
com Deus. Tenho certeza de que Deus a
fez de instrumento para me chamar a esse
serviço”, acredita Fernanda. Fernanda Andreani da Cunha Alves
Paróquia Nossa Senhora da Santíssima Trindade
Já Maurielly Gomes Alves, da Diocese Diocese de São José dos Campos
de Pinheiro, no Maranhão, lembra que o Catequista de Crisma há nove anos.
catequista precisa conciliar a vida pessoal
(família, trabalho, lazer, etc.) com a sua
missão, para não deixar passar a ideia de
“perda” de tempo. “Só quem catequiza
pode experimentar o crescimento mútuo
que a catequese promove entre catequista “Compromisso! Nenhuma
e aluno e a incomensurável satisfação de
paz que inunda o coração quando agimos palavra descreve melhor a
e tentamos ser úteis na promoção do reino
de Deus nesta terra, como diz a canção: base desse ministério
‘Sempre fica um pouco de perfume nas
mãos que oferecem rosas’”.
33 sou
catequista

é vocação

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
O que sempre me inspira
Para a catequista Yasmin Reis de Souza, da
Paróquia Santo Antônio do Menino Deus, da
em tudo é o 1º Manda-
Arquidiocese da Paraíba, o comprometimento mento de Deus,
é essencial: “Compromisso! Nenhuma palavra
descreve melhor a base desse ministério, “Amar a Deus sobre
dessa vocação fundamental na vida de todas as coisas como
todo cristão. Antes de qualquer sacerdote,
antes de qualquer diácono, leigo, existiu um a ti mesmo”.
catequista ajudando na formação para receber
os sacramentos. Para que isso existisse, houve
compromisso”, enfatiza Yasmin.
34 MATÉRIA DE CAPA

A importância
do testemunho
A missão confiada a todos os catequistas, muitas ou não do catequizando na fé, bem como na
vezes, não é fácil, e a responsabilidade é grande. sua postura de fé ante a sociedade em que se
Ser catequista não é simplesmente chegar à encontra e na qual é chamado a ser sinal da
sala de catequese e “jogar” o conteúdo. Por trás presença de Deus no mundo. Disso decorre
de cada encontro, estão horas de dedicação, a finalidade da catequese, a saber: levar os
formação e preparação. Essa dedicação não se cristãos a serem sinais de Deus no mundo”.
resume a poucas horas por semana, mas trata-se
da formação permanente do cristão.
Yasmin destaca que erroneamente se pensa no A catequese não tem
catequista como alguém que somente prepara
a criança para os sacramentos. “Acredito que, como finalidade única um
além de formar o catequizando, o catequista
tem como missão ajudá-lo em seu crescimento sacramento, mas colaborar
espiritual, que vai acompanhá-lo, com dúvidas
e questionamentos, durante toda a vida,
no crescimento espiritual e
especialmente os adolescentes, que vivem uma religioso dos cristãos
fase de descobertas. A catequese não tem como
finalidade única um sacramento, mas colaborar
no crescimento espiritual e religioso dos cristãos.
Vejo a catequese como uma pastoral de união, “É importante que o catequista testemunhe
onde se leva para casa uma base de nossa fé”. com a vida todos os valores passados na
catequese. O ensinamento da fé, as tradições e
Para a catequista Lucilene Maria da Conceição o conhecimento cristão da doutrina de nossa
Cruz, de Bacabal, no Maranhão, formação e religião não são uma mera matéria teórica, mas,
humildade são requisitos que ajudam a “moldar” antes de tudo, uma prática. Se a fé sem obras
o catequista. “Para ser um bom catequista é é morta e vazia, um catequista também não
necessário amar o ministério, estudar e conhecer pode ensinar aquilo que não testemunha pelo
a Igreja, a Palavra de Deus, ser obediente, exemplo de vida”, reforça Maurielly.
perseverante e viver a humildade”.
A catequista Filomena Teixeira, da Diocese de
Segundo Maurielly, o crescimento da fé de todo Luz, em Lagoa da Prata, Minas Gerais, reforça
catequizando depende muito do catequista. “O a ideia de que a fé e o exemplo de vida devem
catequista tem a responsabilidade de semear caminhar juntos. “As palavras comovem, mas
e, com a ajuda da família, fazer germinar em os exemplos arrastam. Se o catequista ensinar
cada um a grandeza da fé cristã. Assim, seu algo e sua vivência não for de acordo com o
papel é de suma importância e, dependendo ensinado, não convencerá quem o ouvir, mas
do seu desempenho, resultará no crescimento servirá de contratestemunho”, enfatizou.
35 sou
catequista

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
A passagem em que Jesus
diz a Pedro: “Apascenta mi-
nhas ovelhas”. Eu acredito
que ser catequista é uma for-
ma de apascentar as ovelhas
por meio da instrução dos
catequizandos (Jo 21,16-17).

Maurielly Gomes Alves


Paróquia Santo Inácio de Loyola
Diocese de Pinheiro
Catequista da pré-catequese há nove anos.

“A exigência que faço de mim mesma é de dar o exemplo. Não consigo dizer, nos encontros,
o que eles devem fazer sem eu estar fazendo. E, quando faço, me sinto culpada, como se Deus
estivesse me cobrando”, complementa Fernanda Andreani.
36 MATÉRIA DE CAPA

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
“Impedam et superimpen-
dar” (Gastar e me gastar), o
versículo correspondente é
da Segunda Carta de Paulo
aos Coríntios 12,15, que diz:
“De muita boa vontade da-
rei o que é meu, e me darei
a mim mesmo pelas vossas
almas, ainda que, amando-
vos mais, seja menos ama- Yasmin Reis de Souza
Paróquia Santo Antônio do Menino Deus
do por vós”. Arquidiocese de Paraíba
Catequista da pré-catequese há cinco anos.
37 sou
catequista

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
“Ide pelo mundo inteiro
e anunciai o Evangelho a
toda criatura!” (Mc 16,15).

Lucilene Maria da Conceição Cruz


Paróquia Sant’Ana
Diocese de Bacabal
Catequista de Crisma há sete anos.
38 MATÉRIA DE CAPA

Desafios de
nosso mundo
Catequizar neste mundo globalizado
implica enfrentar muitos desafios. Segundo
a catequista Nilva Margarete, de Maringá,
no Paraná, a catequese está na contramão
de uma sociedade que insiste em dizer que a
religião está ultrapassada e que “seus valores
mudam de acordo com suas necessidades”.

Hoje, como enfatizou muito o Papa Emérito


Bento XVI, as novas mídias devem estar
a serviço do homem para fazer o bem. A
utilização das mídias sociais na catequese
ajuda a atender a uma das necessidades do
mundo contemporâneo.

Foi por isso que a catequista Fernanda


Andreani se aliou à tecnologia. “É um
desafio saber qual é a realidade dos meus
catequizandos. Hoje, não há somente a
televisão e o rádio transmitindo informações,
mas o mundo virtual das mídias sociais.
Por meio dessas novas mídias acompanho
os catequizandos, tentando orientá-los da Filomena Teixeira de Amorim Miranda
melhor forma que posso. Isso exige mais de Paróquia São Carlos Borromeu
mim”, conta. Diocese de Luz
Catequista de Crisma há mais de 30 anos
Nilva usa o Facebook como uma extensão
da catequese. “Fiz uma página no Facebook,
onde me comunico com os catequizandos e O conteúdo da catequese também precisa
posto informações que acho interessantes. estar sintonizado com a realidade da
De forma indireta, continuo evangelizando, comunidade, como diz Frei Bernardo: “O
mesmo de longe”, acredita. catequista precisa trazer numa mão o jornal
e na outra a Palavra de Deus”.
39 sou
catequista

“À luz da Sagrada Escritura, confronto a realidade em que vivemos com os valores evangélicos
e as tradições cristãs. Ou seja, levar os catequizandos a identificarem a vontade de Deus em
suas vidas. Em síntese, procuro preparar a catequese de forma que os catequizandos escutem e
ponham em prática o apelo de Jesus: ‘Ser sal da terra’”, acrescenta Maurielly.

Mas, nenhuma dessas novas mídias pode substituir a família no papel de primeira catequista
dos filhos.

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
“Não se nos abrasava o coração, quando Ele nos falava pelo
caminho e nos explicava as Escrituras?” (Lc 24,32).
Acho que nosso coração, ao falar de Jesus e de Seus ensina-
mentos, tem que “arder”, temos que ter entusiasmo, estar
convictos do que falamos. Crer e anunciar.
00
40 MATÉRIA DE
MATÉRIA DE CAPA
CAPA

INSPIRAÇÃO BÍBLICA:
“Os que esperam no Senhor
renovam suas forças, criam
asas, como águias, correm e
não se fadigam, podem an-
dar que não se cansam”
(Is 40,31).

Nilva Margarete
Paróquia São José Operário
Diocese de Maringá
Catequista de Crisma há cinco anos.
42 BÍBLIA

Como
“bem”
usar a
Bíblia
na catequese?
por Frei Ildo Perondi

A Bíblia é uma carta de amor que Deus revelou ao seu povo, com o qual Ele
fez aliança. Por isso, é fundamental que a Bíblia seja conhecida. E, sobretudo,
os(as) catequistas devem ler e conhecer a Palavra de Deus, pois ela é a base
principal em que se fundamenta a nossa fé.
43 sou
catequista

A missão dos(as) catequistas é ensinar Mas a Bíblia é fácil...


e transmitir a mensagem de Deus.
Catequese é “fazer ecoar” o Evangelho, a No entanto, a Palavra de Deus continua
boa notícia de Deus. O Apóstolo Paulo, de se “remoçando” (Dei Verbum 24), isto é, se
fato, questiona: “Como podem crer naquele tornando nova, palavra atualizada, palavra
que não ouviram?” (Rm 10,14). Por isso é viva que “permanece para sempre” (1Pd 1,25).
necessário pregar, anunciar, ensinar, pois O Padre Zezinho tem uma bela canção, cuja
“a fé vem pela pregação e a pregação é letra diz: “Dai-me a palavra certa, na hora certa,
pela palavra de Cristo” (Rm 10,17). Então, do jeito certo e pra pessoa certa”. Se há textos
para que os(as) catequistas possam amar difíceis na Bíblia (são poucos), devemos escolher
e utilizar bem a Palavra de Deus é preciso os textos certos para o momento certo e para as
que a conheçam! É certo que a Bíblia é um pessoas certas. O Profeta Jeremias escreve dando
conjunto de 73 livros e que levou mais de o seu testemunho: “Quando se apresentavam
mil anos para ser escrita. O último livro as Tuas palavras, eu as devorava; elas eram
foi concluído há quase dois mil anos. Os para mim um contentamento e alegria do meu
contextos, isto é, a realidade em que os livros coração” (Jr 15,16).
foram escritos é diferente do mundo de
hoje; a Bíblia foi escrita em outras línguas Certa vez fui visitar uma catequista
(hebraico e grego). E então surge uma enferma no hospital e ela me pediu uma
questão que é complexa: conhecer a Bíblia é palavra da Bíblia. Li para ela Is 35,3-4:
fácil e é ao mesmo tempo também difícil. “Fortaleçam as mãos cansadas; firmes os
joelhos cambaleantes. Digam aos corações
Na Bíblia há textos difíceis... desanimados: sejam fortes! Não tenham
É certo que alguns textos são difíceis de medo! Eis o vosso Deus, Ele vem para
serem compreendidos hoje. E até a própria redimir; Ele traz um prêmio divino, Ele
Bíblia nos diz que há passagens difíceis. O vem para salvar vocês!”. Ela abraçou a
autor da segunda Carta de Pedro, ao falar das Bíblia e aquelas palavras foram como um
Cartas de Paulo, reconhece que “há pontos bálsamo para a sua alma.
difíceis nelas” (2Pd 3,16); o eunuco que em
sua carruagem lia o livro do Profeta Isaías Os(as) catequistas precisam “entrar”
precisou da ajuda de Filipe para entender dentro da Bíblia; conhecê-la, descobri-la.
o significado da passagem (At 8,26-35); o Encontrar a palavra certa para a hora
Profeta Daniel esforçava-se para poder certa. Encontrar-se com a Palavra que é
entender uma passagem da Escritura (Dn Jesus, “o Verbo (Palavra) que se fez carne
9,2); Orígenes, um dos maiores exegetas
bíblicos da história, afirmou: “Quando
e habitou entre nós!” (Jo 1,14). O melhor
alguém lê os Evangelhos, ou o Apóstolo, jeito de conhecer Jesus é pela leitura
ou os Salmos, os acolhe contente, os abraça dos Evangelhos, usando um método
e logo agradece, como recolhendo desses certo. Encontrar-se com Jesus, descobrir
um remédio para a sua enfermidade; quem Ele é, o que Ele fez; o que foi que
porém se a ele se lê o livro dos Números, e Ele ensinou; apaixonar-se por Ele e Sua
especialmente os passos que ora temos em proposta... E então dar testemunho. Esta
mãos (Nm 33), pensará que não lhe servem é a melhor catequese: transmitir o que se
a nada, não valem como medicina à sua vive, testemunhar a fé com a própria vida.
enfermidade para a saúde da alma” (Homilia Mostrar que a espiritualidade catequética
27,1). São alguns exemplos da dificuldade é bíblica, que é fundamentada na Palavra
para ler e entender a Palavra de Deus.
de Deus.
44 BÍBLIA

Alguns pontos-chaves e orientações


Amar a Palavra de Deus. Iniciar sempre a
Para isso é preciso leitura e estudo
conhecê-la, estudá-la, da Palavra de
vivê-la, dar testemunho... Deus com a
invocação do
Espírito Santo.
Foi o Espírito
Santo que inspi-
Praticar a leitura orante rou a escrita da
da Bíblia, de preferência todo Palavra e tam-
dia. Escolher um texto, ler, bém nos guiará
meditar, contemplar, agir... na nossa inter-
Pode ser uma frase, pretação.
um versículo...

Ter uma Bíblia de estudo. Eu sugiro o uso do


giz de cera colorido. Anotar as frases mais bonitas
e mais importantes. Ver palavras e ideias que se
repetem num texto. Uma Bíblia de estudo não é
caderno de anotações, mas precisa nos ajudar a
encontrar facilmente as passagens mais impor-
tantes e também a identificar os textos-chaves.

Para conhecer A Palavra de Deus deve


também é nos levar a conhecer e amar
necessário Jesus Cristo. Devemos nos
estudar. apaixonar, sentir com o
Portanto, os(as) coração e viver a mensagem
catequistas que Ele nos transmitiu.
devem
aproveitar
e participar
dos cursos de É lendo a Bíblia que nós
formação que também vamos conhecer
as paróquias melhor a nossa Igreja,
e dioceses fundada por Jesus Cristo,
oferecem. guiada pelo Espírito Santo.

Ler e interpretar a Bíblia junto com a tradição da


Igreja, como nos ensina a Constituição Dogmática
Dei Verbum do Concílio Vaticano II.
45 sou
catequista

A Palavra de Deus A Bíblia não pode servir


deve entrar em para discutir com pessoas
nossa vida como a de outras igrejas. Ao contrá-
semente boa que rio, quando possível deve- Conclusão
cai em terra boa. mos praticar o ecumenis-
Ela deve produzir mo e o respeito para com as Hoje vivemos um tempo de graça
bons frutos. Por outras igrejas. de Deus na caminhada da Igreja.
isso os bons cate- Na Conferência de Aparecida,
quistas são aqueles os bispos pediram que “toda
que “tendo ouvido Evitar a leitura funda- a pastoral seja animada pela
a Palavra com co- mentalista da Bíblia, a Palavra de Deus” (DAp 248), o que
ração nobre e gene- leitura ao “pé da letra”, este foi reafirmado pelo Papa Bento
roso, conservam-na tipo de leitura é o suicídio do XVI na Verbum Domini (VB 73).
e produzem fruto pensamento. Evitar interpre- A catequese vive este momento
pela perseverança” tações particulares e que cau- novo e belo. Jesus nos ensinou
(Lc 8,15). sam divisões (2Pd 1,20). que “a árvore se conhece pelos
seus frutos” (Lc 6,44). A catequese
também dará bons frutos para o
povo de Deus quanto mais for
Que os(as) catequistas levem a Bíblia às aulas de cate- fundamentada e alimentada
quese e façam uso dela, demonstrando que conhecem pela Palavra de Deus. O Apóstolo
e usam a Palavra de Deus. Paulo escreve que nós somos
“servidores” e “cooperadores” no
projeto de Deus (1Cor 3,5.9). Os(as)
catequistas têm essa missão de
Sentir alegria serem colaboradores semeando,
por estar ensi- Respeitar as etapas e as regando e trabalhando para que
nando a Pala- idades em que se encontram a Palavra de Deus possa crescer e
vra de Deus. os(as) catequizandos(as). Es- produzir bons frutos. s
Jesus nos disse colher passagens bíblicas que
que: “Quem pra- falem de crianças, da família,
ticar e ensinar da bondade de Jesus; que
mesmo o menor mostrem um rosto de Deus
dos mandamen- próximo das crianças, dos
tos será conside- jovens e da realidade em que
rado grande no vivem as pessoas que estamos
Reino dos Céus” catequizando.
(Mt 5,19).

Frei Ildo Perondi


Nascido em Romelândia-SC, é franciscano-capuchinho.
Mestrado em teologia bíblica pela Pontifícia
Universidade Urbaniana de Roma, doutorando
em teologia bíblica pela PUC Rio. É professor de
sagradas escrituras na PUC-PR (campus Londrina).
46 LITURGIA
47 sou
catequista

LITURGIA
fonte que
ALIMENTA A
CATEQUESE
por Pe. Guillermo
48 LITURGIA

Q
uando tentamos novas iniciativas de Brasília, 17; DAp 100). Infelizmente, a discussão
reunir o povo nas paróquias, nem sempre desse problema ainda surge tímida entre os
encontramos resposta favorável. Então, responsáveis da ação catequética na Igreja.
pensamos: “O povo não quer saber da fé cristã”. Sem dúvida, podemos dizer com profundo
Mas, assistimos a multidões em torno a festas realismo e certa amargura que não percebemos
religiosas e santuários conhecidos... claramente a falência do nosso atual sistema
catequético.
Por outra parte, percebemos igrejas lotadas em
festas religiosas populares, assim, concluímos: Hoje presenciamos uma espécie de
“Nossa gente brasileira, sim, que é católica”. mundanização ou paganização da fé, na
Mas, assim sendo, por que tanto descaso com a vida
cristã, com a palavra que a Igreja ensina e proclama?

Assim é a situação pastoral da Igreja no Brasil.


Nossa gente é muito piedosa, conserva ritos e Devemos levar as pessoas
práticas religiosas, lotando nossas igrejas em
algumas ocasiões, mas essa religiosidade não a fazer uma acolhida
garante laços de pertença nem comunhão com a
fé cristã professada pela Igreja. O povo em geral “pessoal” para viver em
procura ritos, sacramentos, bênçãos e as festas.
É claro que tudo isso faz parte da herança da comunidade a novidade do
fé cristã conservada pela Igreja, mas ninguém
deseja se comprometer responsavelmente com
Evangelho.
uma autêntica vivencia de fé cristã até as últimas
consequências. De fato, essa religiosidade não
nos permite concluir o efetivo papel da fé cristã
na sociedade e na situação real da religião medida em que a religião católica aparece
católica no Brasil (Solange Maria do Carmo, Um apenas como uma instituição a mais a
novo paradigma catequético – II parte, ver Rev. serviço da sociedade. Sociedade, por certo,
Catequese, outubro/dezembro 2012, p. 34-35) que caminha a passos largos num processo
de descristianização. Além do mais, temos
São muitos os documentos e pesquisas muitas dificuldades para comunicar a fé em
sociológicas que demonstram que hoje não é amplos setores da sociedade. Não podemos,
fácil para nossas comunidades vislumbrarem certamente, “contentar-nos com o herdado”,
a maneira de empreender caminhos pastorais devemos fazer uma nova proposta e usar
que facilitem erradicar o costume de nosso metodologias novas e criativas. Devemos
povo de procurar os sacramentos, desligados da levar as pessoas a fazer uma acolhida “pessoal”
vivência do Evangelho que dê sentido às suas para viver em comunidade a novidade do
vidas e às suas responsabilidades cotidianas. Evangelho.
Lutar abertamente contra essa mentalidade
mágico-sacramental é um desafio histórico Nesse quesito também as comunidades
difícil de vencer (CELAM, A caminho de um paroquiais devem ousar novos caminhos,
novo paradigma para a Catequese – III Semana trabalhar com iniciativas melhores,
Latino-Americana de Catequese, Edições CNBB, vivificadas, dinamizadas. O que há pouco
49 sou
catequista

tempo pensava-se em “manter”, hoje deve ser alta e qualificada da vida cristã. A liturgia,
reproposto, de forma desejável e atraente. Como que encontra o seu sentido na experiência
afirmam os bispos de França, “O que ontem celebrativa (sacramental) do mistério pascal,
se chamava de ‘pastoral ordinária’, vivida educa-nos para sermos criaturas novas no
frequentemente como uma pastoral da acolhida, sentido paulino.
deve transformar-se, cada vez mais, numa
pastoral da proposta”. Devemos ir ao coração da fé Com estas palavras, que coloco a modo de
(Aller au coeur de la foi). introdução do tema que aprofundaremos
nos próximos artigos sobre a importância
Agora, para entrarmos decididamente num da liturgia no processo formativo dos
caminho de renovação catequética, é impossível catequizandos, desejo agradecer aos que me
deixar de lado o aspecto litúrgico, porque convidaram a colaborar nesta revista digital.
deixaríamos – a meu ver – um elemento
fundamental e essencial. A fé dos cristãos, O percurso que tentaremos será mais ou
especialmente dos católicos, é e não pode ser menos assim traçado: 1) aprofundaremos a
de outro modo senão fé acolhida, vivenciada e centralidade da Páscoa, para depois descrever
celebrada. Celebramos com alegria e exultação o em 2) uma interpretação antropológica e 3)
mistério do Cristo Pascal, centro e cume de nossa fé. assinalamos alguns critérios catequéticos a
partir da liturgia nutrida no mistério pascal.
É hoje inegável o significado educativo e
catequético da liturgia, pois, ela nos conduz Enfim, irmãos e irmãs, permitam-me insistir
eficazmente à centralidade da Páscoa do Senhor. sempre. Não esqueçam que a cada domingo,
A Páscoa, mistério central na experiência de vida Páscoa semanal, a Santa Igreja torna presente
cristã, faz-nos contemplar o profundo sentido esse grande acontecimento, no qual Jesus
do humano. Ela deve inspirar uma catequese Cristo venceu o pecado e a morte e derramou
que leve a educar os catequizandos, a uma visão Seu Espírito de amor e perdão sobre nós. s

Pe. Guillermo Daniel Micheletti


Presbítero argentino, há 18 anos exerce seu ministério
na Diocese de Santo André-SP. Pároco da Igreja Santa
Luzia e Santo Expedito, em São Bernardo do Campo.
Mestrado em ciências da educação com especialização
em pedagogia pela Faculdade Pontifícia Auxilium de
Roma. Foi coordenador da pastoral catequética da dio-
cese e professor de pastoral catequética e de Deus e cria-
ção no Instituto de Teologia de Santo André. É membro
do grupo de catequetas da Dimensão Bíblico-Catequéti-
ca da CNBB. Sócio fundador da Sociedade Brasileira de
Catequetas. Autor de vários livros para a formação de
catequistas publicados pela Editora Ave-Maria.
50 COMUNICAÇÃO

Novos
métodos
Catequéticos por Flávio Veloso

O catequista deve repensar e


readaptar, cada vez mais, os
instrumentos de comunicação
e Evangelização.
51 sou
catequista

O
catequista é como uma janela aberta sem sombra de dúvida dominava ambos os
ao exterior; por ela se mostra, sai talentos. As parábolas cheias de vida tiradas
ao encontro dos outros, e, de modo da natureza ou da essência humana são bem
inverso, permite que os outros entrem de conhecidas e constituíram a principal forma
alguma maneira em sua interioridade. Essa de ensinamento de Jesus. Elas incitavam os
janela aberta é a faculdade de comunicação, ouvintes a pensar e descobrir diversos níveis de
uma faculdade quase ilimitada, que significados e aplicações.
exerceremos de diversas formas: palavra
falada ou escrita, gestos, imagens, sons, A exemplo de Jesus e seus interlocutores, “o
movimentos, etc. O que dizemos e fazemos, catequista comunicador deve saber modular
também o que calamos ou omitimos, são símbolos, parábolas, narrativas, testemunhos
formas de nos manifestarmos aos outros. que falam de uma fé livre e responsável.
A essas formas chamamos linguagem, Ao comunicador da fé é requerido saber
entendida por sua função simbólica. A usar todos os registros da comunicação: a
linguagem é, pois, o meio que permite exercer linguagem verbal e a não verbal, as imagens
a faculdade de comunicar e, por isso, a forma e os sons, obtendo na mídia ilustrações e
mais manifesta de comunicação. evocações, propondo novas metáforas da fé,
suscitando interesses e emoções, animando
A missão do catequista é fazer ecoar a experiências de fé no grupo de catequese”.
Palavra de Deus. Ele é, sobretudo, um
comunicador, por isso “é necessário que A evangelização constitui a missão
a catequese estimule novas expressões fundamental da Igreja em todo tempo e
do Evangelho na cultura na qual este foi cultura e o ensino da fé representa a obra
implantado.” (DGC 208). educativa da comunidade que conduz os
batizados à maturidade da fé. Com o Concílio
Jesus é um dos maiores exemplos de Vaticano II, a catequese tem alcançado uma
comunicadores, Seus ensinamentos, obras e fecunda renovação.
palavras foram registradas nos Evangelhos.
Na época de Jesus, a palavra escrita ainda Hoje, os meios de comunicação oferecem ao
não era facilmente disponível para a catequista novos recursos e novos percursos
comunicação em massa. Então, tornava-se para a educação da fé. Existem diversos
essencial que um mestre apresentasse seus materiais audiovisuais: as produções
ensinamentos de modo a serem claramente musicais, cinematográficas e televisivas;
compreendidos e memorizados. Isso exigia a multiplicidades de sites religiosos que
que o mestre fosse ao mesmo tempo um constituem novos e preciosos recursos para
poeta e um contador de histórias, e Jesus os catequistas.
52 COMUNICAÇÃO

Segundo o Diretório Nacional de Catequese, novas gerações nascem dentro da tecnologia. É


é essencial habilitar os catequistas para a dever dos catequistas avançar na capacitação
comunicação da mensagem do Evangelho, dos instrumentos da comunicação, como o uso
por meio da mídia, principalmente os mais do microfone, da internet, de multimídia, do
jovens e nascidos nesta cultura midiática, computador e de todos os equipamentos que
cuja linguagem mais facilmente entendem. ajudam a comunicar na catequese.
Recordam-se três orientações: CAPACITAR,
APROXIMAR E INCLUIR. Capacitar nos diversos Algumas tecnologias que podem estimular o
níveis os catequistas como comunicadores: que desenvolvimento da catequese são CD e DVD,
sejam pessoas conhecedoras dos processos da que oferecem grandes possibilidades num único
comunicação humana e estejam habilitados a instrumento multimídia: vídeos, textos, canções,
integrar recursos como músicas, vídeos, teatro e jogos e animações, bem como o Powerpoint,
outras linguagens para expressar a fé. Aproximar que também contribui como instrumento de
a catequese dos meios massivos de comunicação, visualização de conteúdos aos quais se podem
para o desenvolvimento de projetos de catequese acrescentar imagens, textos, sons e vídeos, fazendo
a distância, com adequado uso de recursos e
metodologias apropriadas e incluir, nos programas
de catequese, a análise de mensagens produzidas
pelos grandes meios, promovendo a leitura desses
dados à luz da mensagem evangélica. O educador da fé necessita
A catequese comunica a experiência da vida, um avançar para o uso de
compromisso de fé. Ela é mais do que transmitir
verdades: comunica uma mensagem de vida, de
meios de comunicação de
fé, de compromisso com Deus, consigo mesmo, massa e dos equipamentos
com o irmão e com a comunidade. Ao comunicar
essa mensagem, utiliza-se dos diversos meios de modernos de comunicação
comunicação disponíveis. As técnicas de grupo
e seus recursos de comunicação aproximam
as pessoas, ajudam a compartilhar a vida, as
experiências, isso se dá pela intercomunicação
pessoal e através da comunicação grupal como com que os destinatários aprendam de forma
exercício de vida comunitária e partilhada. interativa e mais divertida.

O catequista tem, assim, “de repensar e de Quantas vezes realizamos nossas atividades
readaptar, cada vez mais, os instrumentos na catequese e ao falar sobre um determinado
de comunicação mais adequados para que a conteúdo depois verificamos que não houve uma
mensagem possa chegar ao destinatário, a fim verdadeira comunicação? Se quisermos tocar os
de promover uma profissão de fé viva, explícita e corações dos nossos catequizandos, seremos mais
atuante”. eficazes na transmissão da mensagem divina
usando múltiplas linguagens originais e interativas.
O educador da fé necessita avançar para o O uso da internet e das novas tecnologias na
uso de meios de comunicação de massa e dos catequese são formas de expressão à disposição do
equipamentos modernos de comunicação. As catequeta.
53 sou
catequista

É, pois, cada vez mais urgente e necessário


que os catequistas se sintam
sensibilizados e estimulados para
se beneficiarem dos aspectos
positivos que a internet
comporta. Ser catequista
hoje significa saber
tudo isso. Mas, não
só, é preciso ser

CATEQUESE
capaz de usar os
instrumentos e as
novas tecnologias
oferecendo um
verdadeiro espaço
de comunhão e
de comunicação
interpessoal,
com grandes
vantagens: informação,
acessibilidade à realidade,
antes demasiado distante,
instantaneamente, novas
possibilidades. Trata-se de uma
linguagem com grandes potencialidades
comunicativas e criativas.

Toda a formação deve estar finalizada na arte da


comunicação da fé, pois, na ação catequética,
catequistas e catequizandos são sujeitos da
comunicação. s

Flávio Veloso
É formado em Filosofia (Cearp – Centro de Estudos
da Arquidiocese de Ribeirão Preto), estuda
Pedagogia (Uniseb-COC) e é encarregado da Livraria
Paulus de Ribeirão Preto, SP.
54
00 PEDAGOGIACATEQUÉTICA
PEDAGOGIA CATEQUÉTICA
55 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

Autoconceito
motivação e
aprendizagem
catequese
por Pe. Eduardo e Pe. Jordélio
56 PEDAGOGIA CATEQUÉTICA

D Autoconceito positivo nos encontro de


e modo simplificado podemos dizer que
motivação é tudo aquilo que está por trás
de nossos comportamentos; corresponde
catequese
às razões de cada um de nossos atos. Então, Nesse quadro todo, o papel do catequista
pensemos bem: se achamos que somos capazes é fundamental. Sua atitude para com os
de fazer uma coisa bem feita, certamente catequizandos pode influenciar de maneira
teremos confiança em nosso desempenho e decisiva a construção da autoimagem deles, de
conseguiremos realizá-la melhor. sua maneira de ver a si mesmos e a presença de
Deus em suas vidas. O catequista pode promover
Se achamos que somos inteligentes e capazes,
ou estimular o crescimento emocional de seus
temos vontade de fazer as coisas para mostrar aos
catequizandos todos os dias, de mil e uma formas.
outros e a nós mesmos que temos valor. Por tudo
Você já deve ter percebido quanto sua figura é
isso podemos dizer que nosso autoconceito, isto é, a
significativa para seus catequizandos. E isso tem
maneira pela qual nos vemos, influi na motivação.
consequências bem sérias. Nem que fizesse um
E, no caso do ser humano e do processo de grande esforço para apenas transmitir novos
aprendizagem, como será que atuam a motivação e conhecimentos aos catequizandos, um catequista
o autoconceito? Desde o início do desenvolvimento não conseguiria. Seu método de transmitir a
esses fatores demonstram sua importância. À mensagem, suas atitudes, o jeito de se relacionar
medida que a pessoa cresce, seu autoconceito e com cada catequizando e até mesmo a frequência
o conhecimento que ela tem de si mesma vão se com que ele fala com cada um, o interesse e o
estabelecendo. A maneira pela qual a pessoa se vê, carinho que demonstra até sem querer, estariam
o jeito pelo qual ela se sente, irá influir muito em influenciando todo o desenvolvimento afetivo
tudo que ela faz e, basicamente, em sua capacidade dos catequizandos. Em consequência, ele estaria
de aprendizagem. Se a pessoa não tiver confiança influindo na formação do autoconceito, na
em si mesma, julgar-se inferior aos outros, não motivação e na capacidade de aprendizagem dos
terá motivação para aprender. Não conseguirá catequizandos e na ideia de Deus que transmitirá.
interessar-se por nada, achando de antemão que irá
fracassar. Com medo do fracasso, a pessoa nem tenta
um novo comportamento; ou, então, toma atitudes
inadequadas, num esforço de mostrar
aos outros que é alguém. O catequista pode promover
Embora o processo possa ser assim como acabamos ou estimular o crescimento
de descrever, é muito fácil influenciar a pessoa para
que ela realize uma atividade que irá contribuir emocional de seus
para sua autoestima. Toda pessoa deseja fazer coisas
que a tornem mais adequada, mais capaz, admirada catequizandos todos os dias,
e aceita pelos outros. Toda vez que uma pessoa
perceber que sua imagem está em jogo, irá esforçar- de mil e uma formas
se ao máximo para sair-se bem, mobilizando todos
seus recursos. Esse esforço, esse empenho, nada mais
é que a motivação.

Também as aspirações e sonhos são influenciados O desenvolvimento do autoconceito


pela motivação. positivo dos catequizandos deve ser uma
preocupação central do catequista. Só se tiver
Quanto mais a pessoa espera de si mesma e quanto uma autoimagem positiva o catequizando
mais acha que os outros esperam dela, maiores terá a necessária motivação para receber a
serão seus motivos para atingir um objetivo. mensagem do Evangelho e poderá adquirir um
Sabendo isso podemos entender melhor por que um comportamento independente. Essa é a melhor
autoconceito positivo é tão importante para que a forma de preparar o catequizando para sair-se
pessoa melhore sua capacidade de aprendizagem. bem nas situações novas com que se defronta. s
57 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

10 PRINCÍPIOS
QUE AJUDAM
O CATEQUISTA

1 6
Para algumas aprendizagens
Motivação é um fator
a repetição é indispensável,
de grande importância
mas precisa ser feita de forma
para a aprendizagem.
interessante.
O catequizando tem mais O catequizando aprende

2 7
motivação para aprender melhor uma coisa nova
quando as coisas têm um quando já domina as
significado para ele. aprendizagens anteriores.

3 8
A história pessoal do Toda pessoa aprende melhor
catequizando precisa ser quando fica sabendo que foi
levada em conta. bem-sucedida.

4 9
O catequizando aprende As experiências de
melhor quando participa aprendizagem devem caminhar
ativamente do processo do simples para o complexo.
catequético.
As experiências

5 10
Elogios ajudam mais a de aprendizagem
motivar o catequizando devem caminhar do
do que críticas e punições. concreto para o abstrato.

Pe. Eduardo Calandro Pe. Jordélio Siles Ledo


Mestrando em psicologia clínica e da saúde Estigmatino, mestrando em teologia
pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, pastoral pela Pontifícia Universidade
assessor da comissão pastoral para animação Católica de São Paulo, especialista em
bíblico-catequética da CNBB regional Centro-O- pedagogia catequética e psicodrama, pro-
este, membro do GREBICAT — CNBB; especia- fessor do curso de pedagogia catequética
lista em psicologia, parapsicologia, pedagogia na Pontifícia Universidade Católica de
catequética, é professor do curso de pedagogia Goiás e UNISAL, IESMA em São Luís do
catequética na Pontifícia Universidade Católica Maranhão, membro do Centro de Forma-
de Goiás e de catequética e aconselhamento ção Permanente — CEFOPE, membro da
pastoral no Instituto de Filosofia e Teologia Academia de Letras do Grande ABC e é
de Goiás, IESMA em São Luís do Maranhão, assessor de catequese em várias regiões do
membro do Centro de Formação Permanente Brasil. Atualmente é pároco da Paróquia
— CEFOPE, assessor de catequese em várias Sagrada Família, em São Caetano do Sul.
regiões do Brasil. Atualmente é pároco da
Paróquia Nossa Senhora da Guia, em Santa Autor da Coleção Psicopedagogia Cate-
Fé de Goiás. Autor da Coleção Psicopedagogia quética — Catequese conforme as idades,
Catequética — Catequese conforme as idades, vol. Criança, vol. II Adolescentes e Jovens,
vol. Criança, vol. II Adolescentes e Jovens, vol. vol. III Adultos, vol. IV Pessoas Idosas,
III Adultos, vol. IV Pessoas Idosas, pela Paulus pela Paulus Editora. O saber e o saber fazer
Editora. O saber e o saber fazer a catequese, pela a catequese,pela Editora Vozes.
Editora Vozes.
00
58 PEDAGOGIA
ROTEIROS CATEQUÉTICA
CATEQUÉTICOS

Paz

va Euca
No risti
Boa a

us
De
ha
ria
Ma
59 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

Contruindo um

ITINERÁRIO
CATEQUÉTICO
por Angela Maria
Pe. Guillermo

“A Catequese é em processo dinâmico e abrangente


de educação da fé, um itinerário, e não apenas uma

or instrução.” (CR 282)

Am
60 PEDAGOGIA
ROTEIROS CATEQUÉTICA
CATEQUÉTICOS

Não podemos esquecer que a catequese é um processo,


logo, exige programação sistemática e progressiva.
E para colocar esse processo em andamento, precisa-se
de um Itinerário Catequético

O QUE SERIA AFINAL,


ESSE ITINERÁRIO? AGORA VAMOS CONSIDERAR
Numa definição genérica, itinerário ESSA PALAVRA NA CATEQUESE.
é a descrição de um trajeto a ser Um itinerário catequético é um círculo mais ou
percorrido. Por exemplo: uma menos prolongado de encontros que integra
empresa de ônibus urbanos ao uma ou várias temáticas (etapas, módulos,
definir o itinerário de determinada blocos) do mistério dentro do processo.
linha indica todos os pontos de Nesse itinerário se incluem os conteúdos, as
parada do ônibus desde o início até o celebrações litúrgicas, a catequese mistagógica, a
fim da linha. A essa indicação dá-se o integração com a família, entre a comunidade e o
nome de itinerário. Já um itinerário compromisso apostólico ou missionário.
de turismo é um pouco mais
elaborado: é um artigo que descreve Isso significa que um itinerário é uma espécie de
uma rota por vários destinos ou planejamento, um mapa, um guia do caminho
atrações, dando sugestões de onde a ser percorrido. No caso da catequese, ele prevê
parar, o que ver, como preparar- objetivos a serem atingidos, conteúdos que
se, etc. Se a gente considerar os serão explanados, ações transformadoras que se
destinos como pontos em um mapa, pretende e as dimensões celebrativas que darão
o itinerário descreve uma linha que suporte à catequese mistagógica. Sem contar a
conecta os pontos. previsão de formação básica e permanente para os
catequistas, protagonistas da catequese.

Assim temos que, uma simples instrução, é chegar


e expor o conteúdo, sem ligação ou compromisso
com as ações transformadoras e com a dimensão
litúrgica da catequese, não se envolve a
comunidade ou a família. Em contraponto, o
itinerário prevê as consequências do que se
ensina, na vida e na missão do catequizando,
como isso será percebido e colocado em prática.
61 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

Falando mais na prática, um itinerário catequético precisa observar os seguintes pontos: primeiro,
observar a quem ele se destina (crianças, adolescentes, jovens, adultos, deficientes...); em seguida, ver
os objetivos da catequese (Sacramentos, formação cristã...); verificar, por fim, o tempo que demanda essa
ação e a preparação dos “guias” (catequistas, introdutores) que irão trabalhar na condução do processo.
Só aí, então, construir o roteiro/itinerário, observando o seguinte:

CONTEÚDOS CELEBRAÇÕES VIVÊNCIA DIMENSÃO


(temas e formação LITÚRGICAS COMUNITÁRIA MISSIONÁRIA
bíblica); E MISTAGÓGICAS (família, comunidade, (compromisso
(missas, entrega de símbolos, festas, sociedade); apostólico).
retiros, orações, via sacra...);

Enfim, o itinerário descreve o que se fará, efetivamente, para se trabalhar o processo catequético,
o como chegar a cada um dos objetivos (pontos), que se pretende, ou seja, o ensino da fé e a vivência
cristã eclesial. s

Feitas essas considerações, um desafio:


VAMOS CONSTRUIR JUNTOS UM
ITINERÁRIO CATEQUÉTICO?

Ângela Maria Rocha


Instrutora e professora. Possui pós-graduação em catequética,
pela Faculdade Vicentina de Curitiba.
00
62 DINÂMICAS

“Ide pelo mundo inteiro


e anunciai a

a toda a criatura!”
(Mc 16,15).
por
Sandra Avelino
63 sou
catequista

A
credito na catequese como um
serviço missionário. Catequistas,
de um modo geral, não se Dinâmica dentro da
acomodam na pastoral da sagrada rotina.
Os catequistas tendem a ir onde catequese não pode e
existem catequizandos sedentos de
conhecimento. Catequistas vão à busca
não deve ser associada a
de conhecimento e aprofundamento para joguinhos e brincadeiras
poder preencher melhor seus pupilos.
para “passar o tempo”.
O Evangelho nos mostra que Jesus ensinava
por parábolas. Ele nos mostra que para
evangelizar é preciso falar a linguagem
Começarei pela dinâmica de quebra-gelo.
daquele que vai ouvir. Transpondo isso para
Esse tipo de dinâmica ajuda a tirar as
a catequese, podemos dizer que o catequista
tensões do grupo, desinibindo as pessoas
utiliza-se de dinâmicas para fazer-se ser
para o encontro. Pode ser um momento
compreendido por seus catequizandos.
informal em que os catequizandos se
O medo da associação da catequese com movimentam e se descontraem.
a escola faz com que, precipitadamente, Resgata e trabalha as experiências de
alguns catequistas tentem “animar” criança. E é recurso que quebra a seriedade
demasiadamente a catequese. Outros do grupo e aproxima as pessoas.
pretendem “animar” a turma, outros
Um bom exemplo é uma dinâmica
procuram maneiras lúdicas para explicar.
adaptada de quebra-gelo, que eu chamo
Proponho-me a fazer entender que dinâmica de Que santo sou eu?
dentro da catequese não pode e não deve ser
Objetivo: facilitar o entrosamento e a
associada a joguinhos e brincadeiras para
descontração do grupo em seu primeiro
“passar o tempo”. Quando acontecerem (não é
contato. Ajuda no reconhecimento e
preciso ter dinâmicas em todos os encontros),
estudo dos santos da nossa Igreja (como
devem ser bem planejadas e fundamentadas
nos pede a Porta Fidei).
na Bíblia. Ou seja, devem ter fundamento e
finalidade bem explícitos. Fundamentação Bíblica: Mt 5,48

É possível classificar as dinâmicas em seis grandes


grupos: técnica quebra-gelo, técnica de apresentação,
técnica litúrgica, técnica de interação, técnica de
capacitação e técnica de relaxamento e animação.
Cada qual tem o seu momento oportuno para ser
utilizado.
64 DINÂMICAS

Materiais:
Um pedaço Tempo de aplicação:
de papel com o
nome de santo 30 minutos

?
para cada Número máximo
de pessoas: 30
participante.
Pode ser também
o desenho da Fita crepe para prender Número mínimo
os papéis às costas
imagem.
de cada participante. de pessoas: 10

Procedimento: o catequista pede inicialmente ir ao catequista e dizer que santo ele


que os catequizandos fiquem em duplas, representa naquele momento.
de preferência com pessoas que eles não
conhecem ainda, e explica que será fixado Caso não descubra, a dupla se desfaz e
nas costas de cada catequizando um papel cada um vai procurar outro par para
contendo o nome de um santo e que não se reiniciar a sessão de três perguntas cada
devem pronunciar esse nome, pois o colega um. E assim sucessivamente.
que o tem preso às costas não pode sabê-lo.
A dinâmica termina quando boa parte
Tendo terminado de fixar os papéis, o catequista do grupo conseguiu descobrir “quem
explica as regras da dinâmica: cada catequizando é”, quando a dinâmica excede o prazo
tem por objetivo descobrir “que santo ele é”. estabelecido ou quando o entusiasmo do
grupo pela dinâmica começar a diminuir.
Para isso, o catequizando poderá fazer apenas
três perguntas quaisquer ao seu par a respeito Ao fim da dinâmica, o catequista deve ler
de seu santo. O seu par só poderá responder a seguinte passagem, “Sedes santos, assim
com as palavras “sim” ou “não”. como vosso Pai celeste é Santo” (Mt 5,48), e
reafirmar que esse deve ser o compromisso
Em seguida, invertem-se as funções e o outro de todo cristão, a busca incessante pela
par é quem faz três perguntas, que também só santidade.
poderão ser respondidas com “sim” ou “não.
Como proposta de vida* pode sugerir que os
Se, com base nas respostas do outro colega, catequizandos pesquisem sobre o santo cujo
um dos dois descobrir “que santo ele é”, deverá nome estava pregado em suas costas. s
sou
65DINÂMICAS
catequista

OBSERVAÇÕES

2. S
e a turma for ainda
muito tímida, o cate-
quista pode oferecer
um prêmio para quem
acertar primeiro.

1. E ssa dinâmica pode


ser utilizada em
qualquer etapa da 3. É
bom ter sempre
um fundo musi-
cal suave duran-
catequese, mas requer adaptações. te o tempo em que a
Por exemplo: nas turmas menores, dinâmica acontecer.
podem-se utilizar os profetas, as va- Concluo reafirmando que dinâmi-
riações de nomenclaturas de Nossa cas na catequese não podem ser um
Senhora, os anjos e os arcanjos. Já mero artifício, mas podem aconte-
nas turmas de jovens e adolescen- cer desde que com uma finalidade
tes, pode-se (e deve-se) utilizar os in- e com motivação do catequista;
tercessores e patronos da JMJ 2013, assim, elas trarão muitos benefícios.
etc. Utilizando as particularidades É preciso fazer ecoar a Palavra de
de cada paróquia é bom utilizar Deus em todo lugar.
sempre os santos patronos da paró- Até mais,
quia/comunidade.

*Em minha paróquia, a proposta


de vida funciona quase como
uma tarefa de casa, mas sempre
com finalidade prática e
humana.

Sandra Avelino
Sandra Avelino é catequista da Arquidiocese de Feira
de Santana e estudante de filosofia.
66 FILMES

ESE
EQU
CAT
67 sou
catequista

CATEQUESE
como ensinar e
por que estar nela?
por Pe. Air
68 FILMES

N
ão podemos tratar a catequese como
um mundo mágico, é um espaço de
trabalho árduo e constante. Temos a O catequista deve ser dócil,
mania de dizer que ela não é espaço escolar,
onde um ensina e o outro aprende. Enfeitamos sensível à realidade da
ainda mais o pavão quando dizemos que ali
o que deve dominar é o encontro de pessoas criança
interessadas em aprender umas com as outras,
catequistas e catequizandos.

Não é bem por aí. Tenhamos cuidado. De fato, Dito isso é bom lembrar que a catequese tem
catequese não é escola e catequistas não são tias o seu lugar de honra no coração da Igreja. Ela
ou tios, mesmo quando há parentesco entre os é o espaço de inserção da pessoa na vida de
dois. Mas não são os dois que ensinam. Quem Deus e da Igreja. Ouso dizer que comunidade
ensina, apresenta o conteúdo e deve dominá-lo sem catequese é comunidade que não cresce e
é o catequista. Quem aprende é o catequizando não estimula os fiéis a uma vida de comunhão
e uma inversão de papéis pode tornar o e de participação na Igreja.
aprendizado deste um desastre. Não se deixem
levar por essa história de que todos ensinam A catequese deve ser o lugar convergente da
e aprendem. O que acontece são partilhas comunidade. Por ela, o catequizando tem
pontuais, trocas de experiências e o catequista esse contato primordial com a sua fé que será
pode e deve sair renovado de um encontro após a primeira. A responsabilidade aqui não se
ter ouvido histórias e conhecido um pouco relaciona com a ordem da sala, o horário em
mais o catequizando. Fora isso, cada um deve que o catequizando chega ou a disciplina
exercer com propriedade o seu papel. durante o encontro. Ela está vinculada ao
69 sou
catequista

compromisso de anunciar Jesus Cristo e ser o Os filmes são uma possibilidade. Não devem,
porta-voz da Igreja para que a criança veja no obviamente, substituir o material que a
catequista o pilar de que ela necessita para ter comunidade tenha decidido usar. São ótimas
uma referência de vivência de fé. Se você acha opções para estabelecer uma linguagem
que a criança deve ser apenas a sua amiguinha direta com a criança e na própria formação do
em uma sala de encontro, talvez a catequese catequista.
não seja o seu lugar de apostolado.
A partir de agora vamos abordar e sugerir
O catequista deve ser dócil, sensível à realidade alguns filmes para a formação do catequista
da criança, mas deve saber o que ensina e fazê- e também para serem usados nos encontros
lo com autoridade. com os catequizandos. No próximo mês, nesta
coluna vamos tratar de um filme interessante
Há muitas metodologias de ensino e de sobre como a fé, ou a falta dela, pode afetar a
trabalho no labor da catequese. Hoje são vida do casal e, por conseguinte, a vida do filho.
inúmeros os artigos, vídeos, livros e materiais Como buscar nesse conteúdo uma reflexão sobre
didáticos de toda espécie e qualidade para que o amor, sobre a fé e como valorizamos as coisas
esse encontro entre catequista e catequizando e pessoas que estão ao nosso redor. E, ainda,
seja o menos traumático possível. Cabe, claro, como usar o vídeo no momento de encontro
a cada paróquia determinar o que mais lhe com o catequista ou com o catequizando.
convém. Mas, além dos materiais disponíveis,
é necessária uma boa dose de entusiasmo E por que estar na catequese? Bom, porque nela
por parte dos catequistas de participarem das temos a capacidade de transformar o mundo. E
formações e dos encontros necessários para isso deve nos bastar.
reciclagem e atualizações sobre todos os temas
pertinentes à catequese. Forte abraço, s

Pe. Air José de Mendonça


Atualmente trabalha como pároco e reitor do Santuário de
Nossa Senhora do Sagrado Coração, em Vila Formosa, São
Paulo-SP. Em 2001 foi enviado a Roma, onde desenvolveu
trabalhos na área da comunicação para a Congregação dos
Missionários do Sagrado Coração, a qual pertence. Desde
2006 trabalha na Rede Século 21, situada em Valinhos, no
interior de São Paulo, onde apresenta o programa “Você
pode ser feliz”, todas as quartas-feiras, das 9h15 às 11h.
70 CATEQUISTAS NA REDE

CONHEÇA
O BLOG DA
“Nena CATEQUISTA


Clique aqui
para acessar
o Blog
71 sou
catequista

C
atecismo, que em latim é catechismus,
originado do termo grego κατηχισμός,
significa “instruir a viva voz”, é um
ensino religioso, ou seja, o ensino oral da Utilizar o blog para
religião cristã, dos seus mistérios, princípios
e código moral. A catequese e as celebrações
evangelizar por meio
formam uma unidade no processo de da internet, fazer novas
iniciação à vida cristã.
amizades e trocar ideias é
Instruir pessoas que têm sede de Deus e de
Seus ensinamentos faz com que a pessoa não minha meta principal
pense só no que está ensinando, mas reviva
tudo o que Jesus nos ensinou, tendo sabedoria,
compaixão e humildade. “Vós sois o sal da terra
e a luz do mundo”, disse Jesus, e foi por meio
desses ensinamentos que fui educada, cresci troca de experiências, mas hoje vejo que
querendo ser útil a Deus e às pessoas. Ouvi posso levar a outros minhas ideias e minha
o Seu chamado e me tornei catequista. Na prática em auxiliar crianças e adolescentes,
juventude busquei, aprendi, evangelizei, indo mais adiante e avançando para águas
recebi a graça de formar uma família, mas mais profundas.
nunca me afastei da palavra de Deus.
Utilizar o blog para evangelizar por meio
O caminho é árduo e necessita de muitos da internet, fazer novas amizades e trocar
operários, por isso senti novamente o ideias é minha meta principal, mas meu real
chamado do Pai, voltei para a catequese objetivo é ser um pouco de Sal e Luz para
mais experiente na Palavra e busco crianças e jovens que necessitam da Palavra.
transmitir os ensinamentos da doutrina
católica, mostrando a cada catequizando Com humildade, procuro servir de exemplo
o caminho para seguir Jesus. Os tempos para outras pessoas, que, assim como eu,
mudam, a globalização envolve a todos sentiram o chamado de Deus. No meu blog,
e o que fazer para evangelizar? procuro ajudá-las nessa linda missão.

Pensando nisso, no avanço da tecnologia Tudo isso faz com que o meu trabalho
e no interesse dos jovens, criei meu blog, enquanto “instrutora de Jesus” seja
oblgdanena.blogspot.com.br. No começo gratificante e prazeroso. s
pensei apenas em um canal de informação e

Rosilana Negoseki Foggiatto


“Nena”, é catequista de Primeira Eucaristia na Paróquia
São Pedro da Diocese de São José dos Pinhais-PR.
00
72 PEDAGOGIA
ESPECIAL CATEQUÉTICA
PAPA FRANCISCO NO BRASIL

CONFIRA 7 FRASES
MARCANTES DITAS PELO
PAPA DURANTE A JMJ
Durante a semana em que esteve no Brasil na Jornada Mundial da
Juventude, entre homilias e discursos, o Papa Francisco envolveu o
mundo com profundas frases.
73 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

“QUERIDOS JOVENS, SE QUEREMOS QUE ELA (A VIDA) TENHA


REALMENTE SENTIDO E PLENITUDE, COMO VOCÊS MESMOS
DESEJAM E MERECEM, DIGO A CADA UM E A CADA UMA DE
VOCÊS: BOTE FÉ E A VIDA TERÁ UM SABOR NOVO”

PAPA FRANCISCO - FESTA DA ACOLHIDA


00
74 PEDAGOGIA
ESPECIAL CATEQUÉTICA
PAPA FRANCISCO NO BRASIL

“NÃO É A LIBERAÇÃO DAS DROGAS QUE IRÁ


REDUZIR A DEPENDÊNCIA QUÍMICA”

PAPA FRANCISCO - VISITA AO HOSPITAL


SÃO FRANCISCO DE ASSIS, QUE TRATA
DEPENDENTES QUÍMICOS
75 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

“COMO É BOM SER ACOLHIDO, COM AMOR,


GENEROSIDADE E ALEGRIA”

PAPA FRANCISCO - DISCURSO NA FAVELA


DE VARGINHA, NO COMPLEXO DE MANGUINHOS
(ZONA NORTE DO RIO)
00
76 PEDAGOGIA
ESPECIAL CATEQUÉTICA
PAPA FRANCISCO NO BRASIL

“A VERDADEIRA RIQUEZA NÃO ESTÁ NAS COISAS,


MAS NO CORAÇÃO”

PAPA FRANCISCO - DISCURSO NA FAVELA


DE VARGINHA, NO COMPLEXO DE MANGUINHOS
(ZONA NORTE DO RIO)
77 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

“NÃO PERMITAM QUE OUTROS SEJAM PROTAGONISTAS DA MUDANÇA.


VOCÊS TÊM NA MÃO O FUTURO. ELE VAI CHEGAR PELAS MÃOS DE
VOCÊS. CONTINUEM SUPERANDO A APATIA, DANDO UMA RESPOSTA
CRISTÃ À INQUIETAÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS. SE ENVOLVAM NUM
TRABALHO PARA UM MUNDO MELHOR. SE METAM, SAIAM PARA A VIDA,
SAIAM ÀS RUAS. JESUS NÃO FICOU PRESO EM UM CASULO,
DISSE FRANCISCO INCENTIVANDO OS JOVENS”.

PAPA FRANCISCO - MISSA COM CATÓLICOS ARGENTINOS


NA CATEDRAL METROPOLITANA
00
78 PEDAGOGIA
ESPECIAL CATEQUÉTICA
PAPA FRANCISCO NO BRASIL

“NINGUÉM PODE PERMANECER INSENSÍVEL


ÀS DESIGUALDADES QUE AINDA EXISTEM NO MUNDO.
QUE CADA UM, NA MEDIDA DAS PRÓPRIAS POSSIBILIDADES
E RESPONSABILIDADES, SAIBA DAR A SUA CONTRIBUIÇÃO
PARA ACABAR COM TANTAS INJUSTIÇAS”
PAPA FRANCISCO - DISCURSO NA FAVELA
DE VARGINHA, NO COMPLEXO DE MANGUINHOS
(ZONA NORTE DO RIO)
79 sou CATEQUÉTICA
PEDAGOGIA
catequista

“AO DEIXAR O BRASIL, ESSE PAPA DIZ ATÉ BREVE.


COM SAUDADES. POR FAVOR, NÃO SE ESQUEÇAM
DE REZAR POR ELE”

PAPA FRANCISCO - DISCURSO NA FAVELA


DE VARGINHA, NO COMPLEXO DE MANGUINHOS
(ZONA NORTE DO RIO)
80 CURIOSIDADES

Pe. Alberione
também foi catequista!
Padre Tiago Alberione, fundador das Irmãs Paulinas, tinha grande amor pela catequese

P
or seis anos, quando era seminarista, foi catequista na catedral e na paróquia dos
Santos Cosme e Damião, na Itália. Estudou métodos de organização da catequese,
a fim de colaborar na formação espiritual, intelectual e pedagógica dos catequistas.
Participou de congressos catequéticos. Quando foi convidado pelo bispo a participar da
comissão catequética diocesana, fez do Catecismo estudo e missão particular.
Pe. Alberione compreendia a obra catequética como a primeira e fundamental:
“Ide e pregai, ensinai”. s
Fonte: Blog das Irmãs Paulinas
81 CURIOSIDADES

.br
pot.com
nasbrasil.blogs Bem-a
ventu
nunciati rado T
Fonte: a Fonte: iago Albe
santos rio
esanta ne e a Ve
sdede n
us.blo erável Ir.
gspot. T
com.b ecla Merlo
r

Fonte: evangelhoquotidiano.org

ido
ancen
De l Pilar M
a Mariaervista.org
nziatin lt
com l’Annuinellagioia.a
ne iv
go Alberio nte: www.v
Tia Fo

Fonte: is
gabrasil.b
logspot.
com.br
REFLEXÕES


82

Vocação:
resposta de
N
em bem absorvemos as ricas e variadas mensagens da Jornada Mundial da Juventude e já nos
encontramos a celebrar, como todos os anos, o mês das vocações no Brasil. De fato, a própria JMJ
já teve também um forte apelo vocacional. Muitos jovens participantes, certamente, sentiram, de
maneira forte, a voz interior para viver bem a vida, não importando em qual estado de vida.

A primeira vocação é o chamado de Deus à vida e a vivê-la na correspondência com o desígnio de Deus.
A isso, o papa Francisco exortou os jovens de muitas maneiras, quando os encorajou a não perderem a
esperança, a não se conformarem com o consumismo e o hedonismo, a terem a coragem de ir contra a
corrente, a serem solidários... Viver, humanamente, de forma plena e frutuosa, também é parte da vocação à
fé e à vida cristã. O papa Francisco exortou os jovens a serem protagonistas de um mundo novo.

Agosto, mês das vocações, no Ano da Fé: que há de novo nisso? As vocações, na Igreja de Cristo, não são
compreensíveis a não ser à luz da fé. O que dá sentido à vida do Padre e à sua dedicação “às coisas de
Deus?” Por qual motivo alguém parte para as missões no meio de povos que não conhece e a eles dedica
sua existência inteira? O que explica alguém consagrar sua vida inteiramente a Deus, já neste mundo,
vivendo desapegado de coisas boas que a vida oferece? Como explicar que jovens continuem a casar e
casais vivam, mesmo com dificuldades, um casamento fiel, santo e sintonizado com a vontade de Deus?

A resposta é só uma: a fé, como resposta a Deus, fruto de uma profunda experiência de Deus. A fé
verdadeira faz perceber a vida a partir de um horizonte novo, que não despreza o horizonte das
realidades humanas e das deste mundo; a fé é uma luz sobrenatural que se irradia sobre toda a realidade
e a faz conhecer a partir do olhar de Deus. Não é por acaso que o título da encíclica do papa Francisco
sobre a fé é: Lumen Fidei – A Luz da Fé. A fé, dom de Deus, dom sobrenatural, dá uma capacidade que vai
além da nossa natureza. Na Carta aos Hebreus lemos que “a fé é um modo de já possuir o que ainda se
espera; é a convicção a respeito de realidades que não se veem” (Hb 11, 1).
83 sou
catequista

Sem fé, não há vocação sacerdotal ou religiosa, nem vocação ao matrimônio ou verdadeira vocação
laical. “Sem a fé, é impossível agradar a Deus, pois é preciso crer que Ele existe e recompensa os que
dele se aproximam”, diz ainda a Carta aos Hebreus (11, 6). A vocação, no sentido cristão e eclesial,
nasce e se desenvolve no diálogo da fé, na consciência das pessoas, no ambiente de oração, de
escuta da Palavra de Deus e de prática da vida cristã. Sobre isso, falou de maneira magistral o beato
João Paulo II na Exortação Apostólica pós-sinodal Pastores dabo vobis – Dar-vos-ei Pastores...

Muitas vezes se pergunta: Por que as vocações diminuem? Por que não despertam novas vocações
sacerdotais e religiosas? As respostas podem ser várias, mas a principal é esta: por causa da
generalizada crise religiosa e da crise de fé. A abundância de religiosidades ainda não significa
abundância de fé cristã. Sem um clima de fé nos vários ambientes que formam e marcam as pessoas,
dificilmente surgem vocações; a fé, experimentada e vivida pessoal e eclesialmente, torna possível o
surgimento das vocações.

A vida na fé, consciente, serena e alegre, faz perceber e valorizar o chamado de Deus; ao mesmo
tempo, torna possível cultivar e manter uma ordem de valores e escolhas na vida, para perseverar
na resposta ao chamado de Deus. A conclusão necessária, pois, parece-me ser esta: ajudar os jovens
a terem uma boa iniciação à vida cristã, como “vida na fé”, nos vários ambientes em que eles vivem.
Mas, sobretudo, nos espaços da família e da comunidade eclesial. Isso ainda é possível? A JMJ foi
uma amostra dessa possibilidade. s

Por Cardeal Odilo Pedro Scherer

Pela fidelidade dos chamados


Ó Senhor, olhe os sacerdotes, os religiosos, as religiosas, as
pessoas consagradas, os missionários que anunciam o teu
Evangelho: aumente neles o amor filial pela Igreja, nossa Mãe;
transmita a eles os teus sentimentos de decisão, de empenho, de
lealdade, para com a Igreja no serviço aos irmãos, que eles apreciem
sempre mais a libertação dos penosos trabalhos terrenos para gozar
a liberdade interior e viver ao serviço dos outros. Amém.
Fonte: Manual de oração das Servas de Santa Teresa do Menino Jesus
84 O CATECISMO RESPONDE

Sobre a
Vocação
Humana
§ 2º – O desejo de Deus
Ao criar o homem à sua imagem, o próprio Deus inscreveu no coração humano o desejo de O ver. Mesmo
que, muitas vezes, tal desejo seja ignorado, Deus não cessa de atrair o homem a Si, para que viva e encontre
Nele aquela plenitude de verdade e de felicidade que ele procura sem descanso. Por natureza e por vocação,
o homem é um ser religioso, capaz de entrar em comunhão com Deus. É este vínculo íntimo e vital com Deus
que confere ao homem a sua dignidade fundamental.

Vocação para o apostolado cristão


§ 863 – Toda a Igreja é apostólica na medida em que, por meio dos sucessores de São Pedro e dos apóstolos,
permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem. Toda a Igreja é apostólica na medida em que é
“enviada” ao mundo inteiro; todos os membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste
envio. “A vocação cristã é também por natureza vocação ao apostolado.” Denomina-se “apostolado” “toda a
atividade do Corpo Místico” que tende a “estender o reino de Cristo a toda a terra”.

Vocação para o amor


§ 1604 – Deus, que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata
de todo ser humano. Pois o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, que é Amor. Tendo-os
Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e indefectível de
Deus pelo homem. Esse amor é bom, muito bom, aos olhos do Criador, que “é amor” (1Jo 4,8.16). E esse amor
abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum de preservação da criação: “Deus
os abençoou e lhes disse: ‘Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a’” (Gn 1,28).
85 sou
catequista

§ 1716 – Nossa vocação à bem-aventurança


As bem-aventuranças estão no cerne da pregação de Jesus. Seu anúncio retoma as promessas feitas ao povo eleito
desde Abraão. Jesus as completa, ordenando-as não mais simples bem-estar gozoso na terra, mas ao Reino dos Céus:

Bem-aventurados os pobres em espírito,


porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a terra.
Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça,
porque serão saciados.
Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
Bem-aventurados os que são perseguidos por causa
da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.
Bem-aventurados sois quando vos injuriarem e vos perseguirem
e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por causa de mim.
Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa
recompensa nos céus (Mt 5,3-12a).
86 DICAS DE LEITURA

A Pedagogia da Iniciação Cristã


Este livro aborda a iniciação cristã dos adultos como um itinerário de fé que conduz o
adulto ao seguimento comprometido de Jesus Cristo. Faz-se num primeiro momento
um breve resgate histórico de como se deu a iniciação cristã desde os primórdios
da Igreja até o Concílio Ecumênico Vaticano II. O centro do trabalho é a proposta
oferecida pela Igreja através do Ritual da Iniciação Cristã dos Adultos de restaurar o
catecumenato adaptado às realidades atuais. O catecumenato constitui um processo de
formação envolvente que integra a liturgia com a vida.
Autor: Renato Quezini
Editora: Paulinas
Páginas: 96
Acesse o site

Catequese Infantil
Esta obra visa à preparação final e objetiva para a Primeira Eucaristia.
Seu conteúdo abrange os principais temas bíblicos, mandamentos e
sacramentos. É um verdadeiro resumo da fé cristã. A autora apresenta as
verdades da fé de maneira simples, mas profunda, procurando atender a
catequistas e catequizandos.
Autora: Alaice Mariotto Katter
Acesse o site Editora: Ave Maria
Páginas: 96

Manual do Catequese
Uma obra inédita no Brasil, que apresenta todo o processo que será transmitido para
o catequizando em cada fase, da Eucaristia até a Crisma. Ajuda a evitar a repetição de
temas e uma catequese de improviso. Todo o tema é fundamentado na Escritura e no
Catecismo para que seja transmitido com seguranção. A obra atende às exigências do
desenvolvimento da criança e do adolescente, bem como à necessidade de iniciar os
adultos na vida cristã.
Autor: Pe. Flávio Jorge Miguel Junior
Editora: Edições Loyola
Páginas: 168
Acesse o site

Os 20 Anos do Catecismo da Igreja Católica


e o Ano da Fé
A obra torna acessível o conteúdo das conferências apresentadas no Congresso
Teológico “Os 20 anos do Catecismo da Igreja Católica e o Ano da Fé” (Curitiba, 7
a 9 de setembro de 2012). Quer contribuir para reforçar ou redespertar o interesse
pelo Catecismo e por sua utilização fiel e criativa na formação dos agentes de
pastoral, dos cristãos que desejam aprofundar o conhecimento de sua fé e na
pregação eclesial.
Autor: Antônio Luiz Catelan Ferreira (org.)
Acesse o site
Editora: Edições CNBB
Páginas: 632
87 sou
catequista

Quantos
Passos
damos com
o Mestre?
O conteúdo desta obra foi
propositalmente elaborado para
ser usado como apoio aos grupos
formados por jovens ou adultos
que acabaram de participar pela
primeira vez da Eucaristia.
Tem como objetivo levar à reflexão
e apoiar os grupos, oferecendo-
lhes orientações para que seja
adotada certa disciplina de modo
que reflitam e direcionem suas
vidas em anúncio, ação apostólica
e testemunho, respondendo a si
mesmo: “Quantos passos dei com o
Mestre?”.
Indicado para grupos de
reflexão, de oração, agentes
pastorais, catequistas, sacerdotes,
seminaristas, religiosos e religiosas,
leigos, enfim, a todos aqueles que
têm em comum o Evangelho.

Autores: Pe. Paulo Cesar Gil


e Clemente Raphael Mahl
Acesse o site
Editora: Palavra e Prece
Páginas: 176

Concorra ao sorteio desses livros no site


www.soucatequista.com.br
GOSTOU?
A próxima edição chega em
breve e queremos que nos
ajude a torná-la ainda melhor.
Envie um e-mail para
sou
[email protected]
com as suas sugestões,
catequista
elogios, críticas, ou mesmo um
artigo ou depoimento.

sou
catequista

Você também pode gostar