Contrato de Permuta e Contrato Estimatório

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 4

BELÉM, PA, 31 DE AGOSTO DE 2020

Contrato de Permuta e Contrato Estimatório

Contrato de troca ou permuta

 O Contrato de Troca ou Permuta se assemelha ao Contrato de Compra e Venda,


uma vez que envolve a transferência da propriedade de um ou mais bens.
 A diferença central diz respeito ao fato de que, na Compra e Venda, uma das
partes terá a obrigação de pagar (dinheiro) pela coisa, enquanto na Permuta ambas
as partes possuem a obrigação de dar coisa certa.
 A Troca ou Permuta é uma das operações mais antigas no contexto da
humanidade, originando-se do chamado escambo.
 O Código Civil pouco diz a respeito desta modalidade de contrato, basicamente
equiparando-a, em grande medida, ao Contrato de Compra e Venda.
 A Troca ou Permuta costuma ser caracterizada de acordo as seguintes
classificações:
a) Bilateral, pois exige a manifestação de vontade de ambos os contratantes,
além de estabelecer obrigações recíprocas e correlatas (sinalagma);
b) Oneroso, uma vez que resulta e benefícios e sacrifícios patrimoniais para
ambos os contratantes;
c) Comutativo, considerando que as vantagens patrimoniais são conhecidas
previamente pelos contratantes no momento da conclusão;
d) Consensual, porque, em regra, basta o consentimento para a formalização do
vínculo.
Distinções entre permuta e compra e venda
 São, basicamente, duas as distinções entre o Contrato de Permuta e o Contrato
de Compra e Venda, estando ambas listadas no art. 533 do Código Civil.
 A primeira delas diz respeito às despesas com a troca, as quais, salvo disposição
contratual em sentido contrário, será dividida em partes iguais pelos contratantes.
 A segunda refere-se à aptidão específica para contratar, que apenas será exigida
no caso de permuta com saldo (permuta com valores desiguais).
Art. 533. Aplicam-se à troca as disposições referentes à compra e venda,
com as seguintes modificações:
I - salvo disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por
metade as despesas com o instrumento da troca;
II - é anulável a troca de valores desiguais entre ascendentes e
descendentes, sem consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do
alienante.
Permuta de bens públicos
 Em se tratando de bens públicos, o procedimento de permuta será aquele
determinado pela Lei nº 8.666/93, art. 17, I, “c” c/c art. 24, X, ocorrendo esta apenas
em caráter excepcional, e conforme os interesses da Administração Pública.
Art. 17.  A alienação de bens da Administração Pública, subordinada à
existência de interesse público devidamente justificado, será precedida de
avaliação e obedecerá às seguintes normas:
I - quando imóveis, dependerá de autorização legislativa para órgãos da
administração direta e entidades autárquicas e fundacionais, e, para todos,
inclusive as entidades paraestatais, dependerá de avaliação prévia e de
licitação na modalidade de concorrência, dispensada esta nos seguintes
casos:
[...]
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos constantes do
inciso X do art. 24 desta Lei;
[...]
Art. 24.  É dispensável a licitação:
X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento das
finalidades precípuas da administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que o preço seja compatível
com o valor de mercado, segundo avaliação prévia;
Contrato estimatório ou consignatório
 Conforme Paulo de Tarso Sanseverino (2005, p. 24-25), é o contrato por meio do
qual um indivíduo “entrega bens a outra pessoa com o poder de deles dispor para
venda em determinado prazo, pagando o preço estimado ou, facultativamente,
restituindo-os”.
 É uma modalidade contratual muito utilizada, por exemplo, por livreiros e
editores, que buscam realizar a venda de obras físicas dentro de um determinado
prazo.
 Por muito tempo tratou-se de contrato atípico/inominado, o que só veio a mudar
com a entrada em vigor da Lei das Duplicatas (Lei nº 5.474/68).
 É um contrato que pode ser delimitado pelas seguintes características (FARIAS;
ROSENVALD, 2020, p. 824):
I. Tem por objetivo a entrega de bens;
II. Há uma relação jurídica travada entre o proprietário e o terceiro a quem se
defere a posse;
III. Permite a venda da coisa ou a sua restituição;
IV. Possui um prazo determinado;
V. Permite ao receptor restituir o objeto caso não consiga realizar sua venda.
 São sujeitos do contrato estimatório (a) o consignante, tradens ou outorgante
(aquele que entrega o bem) e (b) o consignatário, accipiens ou outorgado (aquele
dispõe onerosamente da coisa.
 O contrato consignatório pode ser classificado como:
a) Típico;
b) Bilateral;
c) Oneroso;
d) Comutativo;
e) De eficácia real.
Elementos caracterizadores
 São quatro os elementos essenciais (pressupostos) caracterizadores do contrato
estimatório, a saber:
a) Coisa idônea;
b) Entrega do bem em consignação;
c) Fixação de prazo para a prestação de contas (pagamento do preço ou
devolução do bem);
d) Estipulação do preço mínimo de estima.
Enunciado nº 32, I Jornada de Direito Civil – No contrato estimatório (art. 534), o
consignante transfere ao consignatário, temporariamente, o poder de alienação da
coisa consignada com opção de pagamento do preço de estima ou sua restituição ao
final do prazo ajustado.
Principais disposições do Código Civil
 De acordo com o art. 535, aqui também se flexibiliza a res perit domino, o que
ocorre por razões semelhantes àquelas apontadas na compra e venda com reserva
de domínio;
 No contrato estimatório, portanto, a responsabilidade pela coisa correrá às
expensas do consignatório sempre que a perda se der após a tradição que der início
ao contrato;
 Ressalta-se, porém, que o bem não é de propriedade do consignatório, razão
pela qual seus credores não podem requerer a penhora ou sequestro de tais bens
enquanto não for pago integralmente o preço (art. 536);
 Anteriormente à restituição ou sua comunicação, não pode o consignante voltar
a dispor do bem (ainda que em promessa).
Art. 534 – Pelo contrato estimatório, o consignante entrega bens móveis ao
consignatário, que fica autorizado a vendê-los, pagando àquele o preço
ajustado, salvo se preferir, no prazo estabelecido, restituir-lhe a coisa
consignada.
Art. 535 – O consignatário não se exonera da obrigação de pagar o preço,
se a restituição da coisa, em sua integridade, se tornar impossível, ainda
que por fato a ele não imputável.
Art. 536 – A coisa consignada não pode ser objeto de penhora ou sequestro
pelos credores do consignatário, enquanto não pago integralmente o
preço.
Art. 537 – O consignante não pode dispor da coisa antes de lhe ser
restituída ou de lhe ser comunicada a restituição.

Você também pode gostar