Medos e Ansiedade Cria

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Índice

Índice de Quadros ............................................................................................................. 3

Introdução ......................................................................................................................... 4

1.Revisão da Literatura ..................................................................................................... 5

2.Material e Método ........................................................................................................ 11

2.1Instrumentos utilizados ................................................................................................... 11

2.2Caracterização dos instrumentos ..................................................................................... 11

2.2.1 Avoidance and Fusion Questionnaire for Youth-AFQ-Y........................................ 11

2.2.2 Escala Revista de Ansiedade Manifesta para Crianças-RCMAS ............................ 11

2.2.3 Avaliação da Aceitação e Mindfulness em Crianças – CAMM .............................. 12

2.2.4 Escala de Comparação Social – ECS ...................................................................... 13

2.2.5 Inventário de Depressão para Crianças – CDI......................................................... 14

2.2 Amostra .......................................................................................................................... 14

2.3 Procedimentos formais e éticos ...................................................................................... 15

3.Resultados .................................................................................................................... 16

3.1 Procedimento de análise e tratamento estatístico ........................................................... 16

3.1.1 Fidelidade da escala ................................................................................................. 16

3.1.2 Análise Factorial Exploratória dos itens .................................................................. 17

3.1.3 Estabilidade temporal (fidelidade teste-reteste) ...................................................... 17

3.1.4 Validade convergente e divergente.......................................................................... 18

Alguns dados normativos ................................................................................................. 18

4.Discussão e resultados ................................................................................................. 20

a. Conclusões, limitações e estudos futuros...................................................................... 21

5.Bibliografia .................................................................................................................. 22

6. Anexos ........................................................................................................................ 25

Autorização da DGIDC para realização de questionário em meio escolar .......................... 26


AFQ-Y
Inflexibilidade Psicológica

Questionário sócio-demográfico para determinação de idade, género, localização da escola,


escolaridade, informação relativamente à existência de acompanhamento psicológico,
percepção do rendimento escolar e percepção da sua sociabilidade em termos de número de
amigos .................................................................................................................................. 27

Questionário de Evitamento Experiencial e Fusão Cognitiva para Adolescentes (AFQ-Y -


2
Avoidance and Fusion Questionnaire for Youth, Greco, Baer, & Lambert, 2008; versão
portuguese de Cunha & Santos, 2010) ................................................................................. 29

Escala Revista de Ansiedade Manifesta para Crianças (RCMAS - Revised Children’s


Manifest Anxiety Scale; Reynolds & Richmond, 1978, versão portuguesa de Fonseca,
1992)..................................................................................................................................... 30

Avaliação da Aceitação e Mindfulness em Crianças (CAMM - Children’s Acceptance and


Mindfulness Measure, Greco, Smith & Baer, 2008; versão portuguesa de Cunha, Pinto-
Gouveia & Paiva, 2009) ....................................................................................................... 31

Escala de Comparação Social (ECS - Social Comparison Scale, Allan, & Gilbert, 1995;
versão portuguesa de Gato & Pinto Gouveia, 2003) ............................................................ 32

Inventário de Depressão para Crianças (CDI - Children`Depression Inventory Kovacs,


1985, 1992, versão portuguesa de Marujo 1994) ................................................................. 33

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Índice de Quadros

Quadro 1 - Características gerais da amostra: género, idade, anos de escolaridade e


localização da escola
Quadro 2 - Médias, devios-padrões e correlações item-total para cada item
3
Quadro 3 - Correlações de Pearson entre AFQ-Y e medidas de aceitação, ansiedade,
depressão e comparação social.
Quadro 4 - Resultados dos valores médios do total do AFQ-Y por género, idade e
escolaridade

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Introdução

Na área clínica, depois de uma pesquisa acerca das novas abordagens psicológicas,
conhecidas como as terapias da terceira vaga, deparámo-nos com uma escassez de
instrumentos de avaliação destes novos conceitos e, principalmente, orientados para a
4
população adolescente. No sentido de preencher esta lacuna, optámos por este estudo que,
tem como principal propósito traduzir, adaptar e validar o Avoidance and Fusion
Questionnaire for Youth (AFQ-Y), desenvolvido por Greco, Lambert e Baer (2008).
O presente questionário procura avaliar a inflexibilidade psicológica, nos
adolescentes, traduzida por níveis elevados de fusão cognitiva e evitamento experiencial,
considerada um aspecto central no desenvolvimento de diversas perturbações psicológicas
(Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Julgamos com este trabalho poder contribuir para o progresso da investigação na área
clínica da adolescência, nomeadamente no que respeita à prática e validação de modelos
recentes de intervenção como a Terapia de Aceitação e Compromisso (Hayes, Strosahl, &
Wilson, 1999), que integram estes conceitos nos seus pressupostos teóricos.
O trabalho divide-se em quatro partes principais: o capítulo 1 diz respeito à revisão da
literatura, onde serão abordados os principais conceitos avaliados pelo questionário que nos
propomos investigar, tendo em conta um breve enquadramento teórico; no capítulo 2, será
feita uma descrição do material e o método de pesquisa; o capítulo 3 apresentará uma síntese
dos principais resultados e, por último, no capítulo 4 será exposta a conclusão e discussão dos
resultados obtidos, bem como uma referência às principais limitações e necessidades de
novos estudos. No final, a bibliografia e os anexos.

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1.Revisão da Literatura

Nas duas últimas décadas surgiram novos modelos terapêuticos na área da psicologia,
que enfatizam a função das cognições, emoções e sensações problemáticas, em vez de se
centrarem sobre o conteúdo, forma ou frequência das mesmas (Hayes & Strosahl, 2004).
5
Estas abordagens diferem do modelo terapêutico cognitivo-comportamental (T.C.C.),
nos fundamentos filosóficos, teóricos e clínicos (Hayes, 2004 cit in, Greco, Baer, & Lambert,
2008). Embora baseando-se na tradição da terapia comportamental, estes modelos,
abandonam o compromisso absoluto com as mudanças de 1ª ordem, verificando-se diferenças
ao nível da conceitualização e no tratamento dos eventos internos, tais como pensamentos,
sentimentos, memórias e sensações corporais. Estas novas terapias assumem assumpções
mais contextualizadas e estratégicas, de mudança mais experiencial e indirecta e alargam o
alvo da mudança (Hayes & Strosahl, 2004).
O Mindfulness, com origem nas práticas orientais de meditação, aparece como um dos
componentes principais desta geração de terapias. Este conceito, mindfulness, que tem
conquistado um terreno importante na clínica contemporânea, é herdeiro de duas diferentes
formas de pensamento. A primeira apareceu da pesquisa de Ellen Langer (1974), em
psicologia experimental. A segunda, surge com o trabalho de Jon Kabat-Zinn, que introduziu
a meditação budista na prática clínica (Vandenberghe & e Assunção, 2009). Pretende-se, com
este tipo de abordagem, desenvolver a tomada de consciência dos acontecimentos tal como
são, ao nível da experiência directa e imediata, separada de conceitos, categorias ou
expectativas (Kabat-Zinn, 2000).
Ao contrário da T.C.C. que tem por objectivo eliminar ou alterar o conteúdo,
frequência e/ou a forma dos eventos privados, de uma forma directa, este novo modelo de
intervenção, procura trabalhar um propósito intencional, sair do estado automático, para
vivenciar e sentir a experiência, promove-se a mudança do evitamento para a curiosidade e
aceitação da experiência (Kabat-Zinn, 2000).
A maioria das perturbações psicológicas é pautada pela intolerância aos aspectos
internos do indivíduo, associadas, assim, a padrões de evitamento da vivência de experiências
numa tentativa de escapar às emoções, sensações ou aos pensamentos dolorosos (Kabat-Zinn,
2000).
A abordagem mindfulness encoraja os pacientes a saírem da “guerra” com os seus
pensamentos e emoções e, a desistir das suas estratégias de evitamento ineficazes. Este tipo

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de abordagem pode ser, particularmente, eficaz em situações clínicas em que a intolerância


ao afecto negativo e, consequente, evitamento comportamental desempenham um papel
central (Kabat-Zinn, 2000).
A utilização deste treino de competências tem-se estendido às mais diversas
populações, quer clínicas, quer não clínicas, e às mais diversas patologias. Como por
6
exemplo, nas perturbações de ansiedade (Kabat-Zinn, 1992 cit in, Baer, 2003) ), nas
perturbações de comportamentos alimentares, (Costa, Lamela, & e Costa, 2009), redução da
reactividade ao stress (Baer, 2003 e Shapiro, Astin, Bishop, & Cordova, 2005), na prevenção
do suicídio (Hayes, Pistorello, & Biglan, 2008), entre outros.
Vários estudos relatam casos de sucesso na população adulta (Wicksell, Renofalt,
Olson, Bond, & Melin, 2008), tendo vindo este modelo de terapias a alargar-se à população
mais jovem, como a crianças e adolescentes (Greco & Hayes, 2009)
Segal, Williams, e Teasdale, (2002), desenvolveram a Terapia Cognitiva Baseada no
Mindfulness (MBCT), especialmente orientada para a prevenção de recaída de doentes
deprimidos. Este programa tem mostrado ser eficaz em pacientes que tiveram pelo menos três
episódios depressivos, através do aumento do acesso à meta-cognição, permitindo aos
pacientes vivenciar pensamentos e sentimentos negativos como meros estados mentais, e não
como uma condição imutável do self (Teasdale et al., 2002 cit in, Menezes & Dell´Aglio,
2009).
Também a Terapia Comportamental Dialéctica (DBT) desenvolvida por Lenehan em
1987 (cit in, Vandenberghe & e Assunção, 2009), se inclui neste leque de terapias de terceira
geração. Neste tipo de terapia o cliente aprende a aceitar as vivências classificadas como
negativas para poder agir de forma a promover mudanças mais profundas (Vandenberghe & e
Assunção, 2009).
A Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) (Hayes, Strosahl, & Wilson, 1999) é
um outro exemplo destas novas terapias, que visa promover a flexibilidade psicológica,
conseguida trabalhando, a capacidade de contactar/estar no momento presente vivendo-o em
plenitude e valorizando-o tal como é (Hayes, Luoma, Bond, Masuda, & Lillis, 2006, cit in,
Greco, Baer, & Lambert, 2008). Segundo esta perspectiva, o principal objectivo, não é, como
na T.C.C., o alívio dos sintomas, mas antes, o viver a vida de forma valorizada, surgindo,
assim, o alívio dos sintomas como um ganho secundário (Greco, Baer, & Lambert, 2008).
A eficácia e a utilização de abordagens terapêuticas como a ACT têm sido
comprovadas com vários estudos realizados na população adulta clínica (Hayes et al., 2006
cit in, Greco, Baer, & Lambert, 2008)

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Tendo em conta os dados apresentados e para que as abordagens continuem a ganhar


relevância, é essencial que na prática clínica existam instrumentos que avaliem esses
constructos, quer em adultos, quer em crianças e adolescentes.
No âmbito das terapias baseadas no mindfulness e aceitação têm sido desenvolvidos
diversos instrumentos que procuram medir conceitos/processos de aceitação, mindfulness,
7
supressão cognitiva, entre outros. No que diz respeito ao domínio da infância e adolescência,
este desenvolvimento é menor, começando agora a surgir os primeiros instrumentos de
avaliação.
Os esforços de controlo cognitivo e emocional parecem altamente resistentes à
mudança, em grande parte, devido aos pressupostos culturais de que os pensamentos e
sentimentos dolorosos são, de alguma maneira, maus e devem ser controlados e evitados a
todo custo. Os seres humanos tendem a persistir, ineficazmente, e até mesmo
prejudicialmente, nos comportamentos de fuga devido ao alívio imediato ou a curto prazo que
esses comportamentos produzem. No entanto, a longo prazo, esses mesmos comportamentos
podem levar a um aumento contraditório da dor emocional, o que acarreta danos pessoais
(Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Segundo Hayes, Wilson, Gifford, Follette, & Stroshal, (1996), os processos verbais
têm um impacto excessivo ou inadequado na forma de agir. A incapacidade de agir de forma
eficaz e de acordo com os valores na presença de pensamentos, emoções ou sensações físicas
desagradáveis, é referida como a inflexibilidade psicológica.
O modelo empírico da ACT refere que o sofrimento humano é agravado pela rigidez
psicológica, que resulta de dois processos interligados: a fusão cognitiva e o evitamento de
acontecimento internos.
A Fusão cognitiva, refere-se ao processo de envolvimento com o conteúdo dos
acontecimentos privados. Ao contrário de observar o processo de pensar e sentir como
contínuo, a fusão envolve uma união ao conteúdo dos eventos privados e uma resposta a esse
conteúdo, como se fossem 100% verdadeiros (Luoma & Hayes, 2003 cit in, Greco, Baer, &
Lambert, 2008). Neste sentido, a fusão cognitiva, conduz ao evitamento experiencial, ou seja,
à indisponibilidade do indivíduo para experienciar certos eventos privados recorrendo a
diversas estratégias para os evitar, alterar ou controlar (Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Segundo Wicksell, Renofalt, Olson, Bond, & Melin, (2008), a fusão cognitiva, no
contexto da ACT, é descrita como, o modo pelo qual os pensamentos, sobre determinado
evento se fundem no acontecimento real. Os pensamentos, sobre os aspectos privados,

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evocam uma reacção emocional como o acontecimento em si, levando a determinados


comportamentos.
Na terapia de aceitação e compromisso, os benefícios da observação dos
acontecimentos psicológicos separados dos eventos exteriores, de uma forma não-crítica,
levam a pessoa a agir de uma forma mais eficaz e de acordo com os seus objectivos (Hayes &
8
Strosahl, 2004).
Este conceito tem vindo a evoluir nos últimos anos, e tem revelado a sua presença nas
mais vastas situações, como podemos verificar, numa investigação recente, onde foi
estudada, a influência da fusão cognitiva sobre os estilos parentais, concluindo os seus
autores que a fusão cognitiva está relacionada com muitas problemáticas na interacção entre
pais e filhos (Coyne & Wilson, 2004).
O evitamento experiencial é um processo omnipresente, aprendido precocemente e
reforçado pela comunidade sócio-verbal ao longo da vida. Este conceito aparece, assim,
como oposto ao de aceitação psicológica, o qual se refere à abertura ou disponibilidade para
experienciar os eventos privados tal como eles são, sem qualquer luta ou defesa (Hayes,
Strosahl e Wilson, 1999).
Uma vasta gama de pesquisas tem vindo a mostrar, que a psicopatologia torna-se mais
forte devido aos esforços feitos para se evitar as emoções, pensamentos, memórias e outros
acontecimentos privados (Hayes, Wilson, Gifford, Follette, & Stroshal, 1996).
O evitamento experiencial é um construrcto reconhecido por diversas orientações
teóricas. Quando os pensamentos e sentimentos são confundidos com representações precisas
da realidade, ao contrário de serem percepcionados como sendo, uma experiência transitória,
o indivíduo trabalha no sentido de controlar esses acontecimentos internos. Esses esforços de
controlo podem até resultar, mas desta forma, apenas dão origem ao evitamento, ou à falta de
vontade em experimentar alguns eventos privados. O sujeito intencionalmente tenta evitar
esses pensamentos e sentimentos, controlando-os e/ou alterando a sua frequência, forma,
sensibilidade situacional e/ou os contextos em que acontecem (Hayes & Gifford, 1997 cit in,
Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Segundo Hayes, Wilson, Gifford, Follette, & Stroshal, (1996) o evitamento é um
fenómeno que ocorre quando uma pessoa não está disposta a permanecer em contacto com as
suas experiências internas (sensações corporais, emoções, pensamentos, memórias,
predisposições comportamentais).
Contudo, e dada a escassez de medidas que avaliem a inflexibilidade psicológica,
perece-nos necessário o investimento na validação de instrumentos mais relevantes para

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avaliar processos psicológicos, como o evitamento e a fusão cognitiva. Como já referido


anteriormente, não se conhecem até à data investigações sobre a aferição de instrumentos que
avaliem estes contructos em jovens, pelo que a bibliografia é reduzida.
Apenas temos conhecimento de que este mesmo instrumento, o AFQ-Y, foi traduzido
em várias línguas e, está também, a ser validado na Holanda, Espanha, Coreia, Suécia,
9
Irlanda, Itália, Rússia e Austrália, tratando-se, assim, de um estudo pioneiro, em Portugal
(Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Neste sentido, o presente estudo ao pretender aferir para a população portuguesa o
Avoidance and Fusion Questionnaire for Youth (AFQ-Y), teve-se em conta os seguintes
passos: a tradução e adaptação da versão original para a língua portuguesa, garantindo a
equivalência linguística e semântica; a análise da sua adequação à amostra de adolescentes,
tendo em conta aspectos desenvolvimentais; a exploração da estrutura factorial; o estudo das
suas qualidades psicométricas, a saber, consistência interna, estabilidade temporal e validade
(convergente e divergente); o estabelecimento de dados normativos.
Segundo o modelo conceptual que está na base do questionário, a inflexibilidade
psicológica resulta da sobreposição de processos de fusão cognitiva (e.g."Os meus
pensamentos e sentimentos atrapalham a minha vida"; "As coisas más que penso sobre mim
possivelmente são verdadeiras") e de, evitamento experiencial, (e.g."Afasto os pensamentos e
sentimentos que eu não gosto"; "Paro de fazer coisas que são importantes para mim sempre
que me sinto mal") (Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Tal como já referido anteriormente, o AFQ-Y trata-se de um questionário
desenvolvido em 2008, cujos autores, na sua investigação, desenvolveram
concomitantemente, uma versão mais curta, ou seja, uma versão de oito itens (AFQ-Y-8), que
obteve igualmente boas qualidades psicométricas (Greco, Baer, & Lambert, 2008). No nosso
estudo optámos por validar a versão mais longa, constituída por 17 itens.
Com esta investigação, esperamos dar um contributo importante, no campo da
avaliação psicológica para crianças e adolescentes, nomeadamente, nesta área clínica
associada às novas abordagens terapêuticas baseadas no mindfulness e aceitação. A
disponibilidade de um questionário devidamente validado para a população portuguesa,
poderá desenvolver a investigação sobre este modelo conceptual de inflexibilidade
psicológica e sustentar a eficácia da prática clínica.
Com este questionário, vai ser possível realizar uma avaliação dos processos da ACT
de uma forma favorável, eficaz e de baixos custos, em diversas populações. Constitui ainda
uma boa fonte de informação, na medida em que, fornecem dados acerca das situações

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pessoais e experiências evitadas, que na maioria das vezes, e para a maioria dos adolescentes
não são aspectos fáceis de verbalizar. (Rohrbeck, Azar, & Wagnar, 199, cit in, Greco, Baer,
& Lambert, 2008). Também é uma mais-valia, na medida em que, muitos tipos de evitamento
experiencial são de natureza interna e podem ser indetectáveis para o terapeuta, através das
técnicas tradicionais (estratégias de regulação emocional e cognitiva, disputas cognitivas e
10
reestruturação, relaxamento, imaginação, entre outros) (Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Este estudo está organizado por partes: (a) Estudo 1: tradução e adaptação para a
língua portuguesa; (b) Estudo 2: análise de consistência interna; (c) Estudo 3: análise da
dimensionalidade da escala; (d) Estudo 4: estudo da fidelidade temporal (estabilidade
temporal); (e) Estudo 5: estudo da validade divergente e convergente; por último, (f) Estudo
6: análise dos dados normativos em função da idade e do género.
A análise dos resultados e sua discussão, será feita no último capítulo deste artigo,
sensibilizando para os principais resultados, bem como, para as principais dificuldades
sentidas nesta investigação, sugerindo, ainda possíveis futuras investigações, de acordo com
esta temática.

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2.Material e Método

2.1Instrumentos utilizados

Neste estudo foram utilizados os seguintes instrumentos: 1) o questionário sócio-


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demográfico onde, para além da determinação da idade, género, localização da escola, e ano
de escolaridade foi, também, recolhida informação relativamente à existência de
acompanhamento psicológico, percepção do rendimento escolar e percepção da sua
sociabilidade em termos de número de amigos; 2) o AFQ-Y que é o instrumento em estudo, o
qual avalia a fusão cognitiva e o evitamento experiencial; 3) para avaliar a sua validade foram
utilizados o RCMAS, CAMM, ECS e o CDI, que avaliam, respectivamente, a ansiedade, a
aceitação, a comparação social e os sintomas depressivos.

2.2Caracterização dos instrumentos

2.2.1 Avoidance and Fusion Questionnaire for Youth-AFQ-Y


O AFQ-Y, traduzido por Questionário de Evitamento experiencial e Fusão Cognitiva
para Adolescentes é um instrumento de auto-resposta constituído por 17 itens, que avaliam a
inflexibilidade psicológica. É pedido aos jovens para avaliarem a veracidade de cada item,
numa escala de 5 pontos (0-Nada Verdadeira; 1-Pouco Verdadeira; 2-Quase Verdadeira; 3-
Verdadeira e 4-Muito Verdadeira). Quanto maior é a pontuação global, maior é a
inflexibilidade psicológica assim medida. Segundo o modelo conceptual que está na sua base,
a inflexibilidade psicológica, resulta da sobreposição de processos de fusão cognitiva e do
evitamento experiencial, (Greco, Baer, & Lambert, 2008).
Os estudos realizados sobre a versão original indicaram que o AFQ- Y tem uma
adequada consistência interna (α=0,90), uma elevada fidedignidade e validade (Greco, Baer,
& Lambert, 2008).
Os resultados obtidos evidenciaram, ainda, a utilidade do AFQ-Y ao permitir
identificar os problemas clínicos marcados por uma elevada fusão cognitiva e evitamento
experiencial (Greco, Lambert e Baer, 2008).

2.2.2 Escala Revista de Ansiedade Manifesta para Crianças-RCMAS


A Revised Children’s Manifest Anxiety Scale; (Reynolds & Richmond, 1978, versão
portuguesa de Fonseca, 1992), é um instrumento de medida da ansiedade crónica, formado

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por 37 itens destinados a determinar a presença (Sim=1ponto), ou ausência (Não=0 pontos),


de uma grande variedade de sintomas, em crianças e adolescentes, desde o 3º ao 12º ano de
escolaridade. A pontuação varia entre 0 e 37 pontos, significando que quanto maior é a
pontuação, maior é a ansiedade-traço assim medida. Destes 37 itens, 28 pertencem a uma
escala de ansiedade e 9 constituem uma escala de mentira ou de desejabilidade social. A
12
RCMAS tem apresentado boa consistência interna e fidelidade teste-reteste (Reynolds &
Richmond, 1997)
Este instrumento encontra-se traduzido e adaptado para a população portuguesa por
Fonseca (1992). Os resultados da sua aplicação a uma amostra de 635 crianças portuguesas
(alunos do ensino básico e secundário) demonstram que a escala apresenta boas
características psicométricas, designadamente no que se refere à consistência interna
(α=0,78), fidelidade teste-reteste (r=0,68), validade discriminante e validade concorrente
(Fonseca, 1992).
Os resultados de uma análise factorial, nesta amostra portuguesa, revelaram, também,
a presença de dois factores: ansiedade global e a desejabilidade social. O estudo de Dias e
Gonçalves (1999) encontrou resultados semelhantes em termos de fidelidade e validade.
Na nossa amostra a RCMAS evidenciou uma adequada fidedignidade, oscilando os
valores de alfa de Cronbach entre 0,83 (para o índice de ansiedade) e 0,69 (para o índice de
desejabilidade social).

2.2.3 Avaliação da Aceitação e Mindfulness em Crianças – CAMM


A Children’s Acceptance and Mindfulness Measure, (Greco, Smith & Baer, 2008;
versão portuguesa: Cunha, Pinto-Gouveia & Paiva, 2009), é constituída por 10 itens que
procuram avaliar as diferenças individuais das crianças e adolescentes, relativamente à
capacidade de observar a sua vida interior, de acção consciente e de aceitação das suas
experiências internas. Esta versão curta de 10 itens resulta de estudos efectuados com a escala
original constituída por 25 itens, onde após análises factoriais, foram retirados alguns itens
permanecendo a última versão com uma escala unidimensional (Greco, Smith, & Baer,
2008).
As respostas para cada item (tipo Likert) variam entre 1 (raramente) e 5 (sempre),
sendo que quanto maior é a pontuação, maior é aceitação do individuo e os consequentes
traços mindfulness.
Na validação da escala portuguesa os autores obtiveram uma consistência interna de
0,70 (Paiva, 2009) numa amostra de adolescentes.

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Na amostra do presente estudo a CAMM revelou uma moderada consistência interna,


com valor alfa de Cronbach igual a 0,73 (versão original: 0,80).

2.2.4 Escala de Comparação Social – ECS


A Social Comparison Scale, (Allan, & Gilbert, 1995; versão portuguesa de Gato &
Pinto Gouveia, 2003), formada por 11 itens, permite avaliar a comparação que a pessoa faz 13

dos seus relacionamentos interpessoais. Desenvolvida no contexto teórico do modelo


evolucionista de Trower e Gilbert (2001), esta escala aborda a comparação social tendo em
conta a sua função adaptativa na formação de hierarquias e utilizando uma metodologia
diferencial semântica.
Este instrumento avalia as posições sociais relativas a comparações de força e poder
(e.g., inferior, superior), a comparações de talento e de atracção social e comparações de
aceitação pelos outros (e.g., ajustado, desajustado). A escala é composta por uma frase
incompleta, “no relacionamento com ou outros sinto-me…” seguida de 11 constructos
bipolares (por exemplo, “inferior/superior, “inseguro/mais seguro”, “rejeitado/aceite”), em
relação aos quais o adolescente expressa a forma como se percepciona, numa escala de tipo
Likert de 10 pontos. Quanto maior for a pontuação, mais positiva é a forma como o sujeito se
auto-avalia (Gato, 2003).
No estudo original desta escala, aplicada a uma amostra de estudantes, foi
determinada uma boa consistência interna com um valor de alfa de Cronbach igual a 0,91. O
estudo da sua estrutura factorial evidenciou, nessa amostra, a existência de dois factores
puros de hierarquia e de ajustamento social. O factor 1 consistia em itens relacionados com os
constructos de hierarquia (e.g: inferior-superior, incompetente-competente, mais fraco-mais
forte); o factor 2 incluía os itens relacionados com avaliações de ajustamento e aceitação
relativamente a um grupo social (e.g: inadaptado-adaptado, rejeitado-aceite, diferente-igual)
(Allan & Gilbert, 1995).
Este instrumento foi traduzido e adaptado para a população portuguesa por Gato e
Pinto-Gouveia em 2003. O estudo das suas características psicométricas realizado numa
amostra de 531 estudantes universitários revelou, à semelhança do estudo original, a
existência de dois factores que explicam 58,5% da variância. Ambas as subescalas
(comparação social em termos de hierarquia e comparação social em termos de ajustamento)
revelaram uma consistência interna satisfatória, com valores de Alfa de Cronbach de 0,82 e
0,78, respectivamente (Gato, 2003).

2010
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Numa amostra de adolescentes, Cunha (2005), obteve valores de consistência interna


muito semelhantes.
Na amostra do presente estudo, também realizado com adolescentes, os resultados
obtidos através da Escala de Comparação Social evidenciaram uma boa consistência interna
(α=0,90).
14

2.2.5 Inventário de Depressão para Crianças – CDI


A Children`Depression Inventory (Kovacs, 1985, 1992; versão portuguesa de Marujo
1994), é o inventário mais largamente utilizado para a avaliação de depressão em crianças e
adolescentes. É constituído por 27 itens que procuram avaliar o humor perturbado, a
capacidade para sentir prazer, as funções vegetativas, as auto-avaliações e comportamentos
interpessoais. Cada um dos itens contém 3 frases classificadas entre 0 (ausência de problema)
e 2 (problema grave). A criança/adolescente deve escolher a opção que melhor se adeqúe aos
seus sentimentos experienciados nas duas últimas semanas. A cotação total é obtida através
do somatório da pontuação de todos os itens, de forma que, quanto maior a cotação, maior a
gravidade dos sintomas depressivos. O CDI demonstrou uma boa consistência interna, tanto
em amostras normais, como em amostras de crianças com perturbações emocionais (Kovacs,
1985).
A versão portuguesa do CDI (Marujo, 1994), e um estudo posterior de Dias e
Gonçalves (1999), revelaram uma boa precisão e valores elevados de consistência interna
(Alfa de Cronbach entre 0,80 e 0,84). Ao contrário de estudos realizados em amostras norte-
americanas (Kovacs, 1992), nunca foi replicada a estrutura de cinco factores, evidenciando,
em vez disso, uma estrutura unifactorial.
Na amostra da nossa investigação, o CDI revelou uma boa consistência interna, com
valor alfa de Cronbach de 0,83.

2.2 Amostra

A amostra é constituída por 461 adolescentes a frequentar o 3º ciclo do ensino básico


e ensino secundário (7º ao 12ºano), de escolas públicas, sitas no distrito de Leiria e Lisboa.
Em cada escola, a selecção das turmas a aplicar os questionários (em cada ano de
escolaridade), foi realizada de forma aleatória. A amostra é constituída por 200 rapazes
(43%) e 261 raparigas (56,6%), com uma idade média de 15,8 anos (DP =1,84) e uma

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AFQ-Y
Inflexibilidade Psicológica

escolaridade média de 9,36 anos. As características gerais do total da amostra encontram-se


no Quadro 1.

Quadro 1 – Características gerais da amostra: género, idade, anos de escolaridade e


localização da escola

N % M DP 15
Género
Masculino 200 43,4
Feminino 261 56,6
Idade
12-13 anos 107 23,2
15,08 1,84
14-15 anos 147 31,9
16-18 anos 207 44,9
Escolaridade
3ºciclo EB 270 58,6 9,36 1,66
Secundário 191 41,4
Escola
Meio Rural 265 57,5
Meio urbano 196 42,5
TOTAL 461 100

Não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os rapazes e


raparigas no que respeita à média de idades (t=0,23; p>0,05) e de anos de escolaridade (t=-
1,86; p>0,05)

2.3 Procedimentos formais e éticos

No final das devidas autorizações para a realização do estudo, o protocolo de


instrumentos de avaliação foi administrado a um grupo constituído por 10 alunos de outras
escolas. Este pré-teste confirmou a compreensibilidade dos questionários e permitiu aferir o
tempo médio de preenchimento.
Os questionários foram passados em grupo no contexto de sala de aula, nas duas
últimas semanas do segundo período e na primeira semana do terceiro período. Antes de cada
administração, os alunos foram informados acerca da natureza do estudo, bem como foram
respondidas todas as questões e esclarecidas todas as dúvidas expostas.
Para além do consentimento informado, foi também assegurado o carácter voluntário
da participação, o anonimato e a confidencialidade dos dados, assim como a apropriação do
estudo e a liberdade de desistência a qualquer momento.

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AFQ-Y
Inflexibilidade Psicológica

3.Resultados
3.1 Procedimento de análise e tratamento estatístico

No que diz respeito ao tratamento dos dados, utilizámos o programa de análise de


dados estatísticos SPSS (versão 13.0). 16
Na análise dos valores obtidos pelos instrumentos administrados, decidimos por nos
restringir aos índices totais dos instrumentos utilizados, à excepção do RCMAS em que foi
tido em conta o índice de ansiedade, em função dos objectivos traçados no presente estudo.
Na escolha dos testes a utilizar, seguimos Pestana e Gageiro (2003), recorrendo aos testes
paramétricos, dado o tamanho da nossa amostra o justificar (n=461).
Para a comparação das médias obtidas nos instrumentos de avaliação em função do
género, idade, anos de escolaridade e localização da escola recorremos ao teste t de Student
ou análises de variância (ANOVA), consoante o número de grupos de comparação.
Utilizamos o r de Pearson para estabelecer correlações entre o instrumento em estudo e as
restantes variáveis e para a análise da estabilidade temporal do mesmo, bem como,
recorremos ainda a determinação do alfa de Cronbach para o estudo da consistência interna.
Finalmente, para o estudo exploratório das dimensões da escala utilizámos a Análise de
componentes Principais com Rotação Varimax.

3.1.1 Fidelidade da escala


Consistência interna
Para se determinar a consistência interna, calculou-se o alfa de Cronbach para a
totalidade dos itens do questionário, revelando esta escala uma boa consistência interna com
valor de (α = 0,82, (escala original α=0,90).
Tal como se pode ver através da análise do Quadro 2, todos os itens mostram
correlações item-total superiores ou iguais a 0,35, excepto os itens 1 (“A minha vida não será
boa enquanto não me sentir feliz”) e o item 11 (“Afasto os pensamentos e sentimentos que
não gosto”), que apresentam, respectivamente, uma correlação de 0,24 e de 0,15. Contudo
quando eliminado o item 11, o valor alfa de Cronbach não é alterado, pelo que decidimos
mantê-lo na escala.

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Quadro 2 – Médias, devios-padrões e correlações item-total para cada item

N=461
AFQ-Y/itens M DP Item-total
R
1. A minha vida não será boa enquanto não me sentir feliz 3,03 1,11 0,24
2. Os meus pensamentos e sentimentos atrapalham a minha vida 1,85 1,20 0,45
17
3. Se me sinto triste ou receoso(a), então é porque alguma coisa deve estar mal 2,61 1,12
0.48
comigo
4. As coisas más que penso sobre mim possivelmente são verdadeiras 2.05 1,08 0,36
5. Não tento fazer coisas novas se tenho medo de me atrapalhar 1,32 1,23 0,41
6. Tenho de me ver livre das minhas preocupações e medos para poder ter uma vida 2,69 1,15
0,37
boa
7. Faço tudo o que posso para ter a certeza que não pereço estúpido(a) (tonto/a) à 2,32 1,28
0,39
frente das outras pessoas
8. Esforço-me por apagar as memórias dolorosas da minha cabeça 2,66 1,16 0,38
9. Não consigo suportar sentir mágoa ou dor no meu corpo 2,02 1,27 0,44
10. Se o meu coração bate rapidamente, é porque alguma coisa deve estar mal comigo 1,47 1,23 0,43
11. Afasto os pensamentos e sentimentos que não gosto 2,44 1,12 0,15
12. Paro de fazer coisas que são importantes para mim sempre que me sinto mal 1,36 1,17 0,53
13. Quando tenho pensamentos que me fazem sentir tristeza s coisas correm-me pior 3,37 1,30
0,48
na escola
14. Digo coisas para parecer que estou bem 2,16 1,27 0,44
15. Quem me dera poder usar uma varinha mágica que fizesse desaparecer a minha 2,45 1,42
0,52
tristeza
16. Tenho medo dos meus sentimentos 1,43 1,29 0,47
17. Não consigo ser um(a) bom(a) amigo(a) quando me sinto em baixo 1,34 1,27 0,39
TOTAL 36,57 20,67

3.1.2 Análise Factorial Exploratória dos itens

Os 17 itens foram sujeitos a uma análise factorial exploratória através da utilização do método
de componentes principais. Esta análise permitiu, inicialmente, obter 4 factores com eigenvalues
superiores a um que explicavam cumulativamente 47% da variância. Contudo, dado o baixo peso de
alguns itens nesses factores e a análise do scree plot sugerir claramente uma solução de um único
factor, foi realizada, seguidamente, a mesma análise, pedindo a identificação de um único componente
através da rotação varimax com normalização de Kaiser. Todos os itens apresentaram saturações
superiores a 0,45 no único factor, com excepção dos itens 1 (“A minha vida não será boa enquanto
não me sentir feliz”) e 11 (“Afasto os pensamentos e sentimentos que não gosto”) que saturaram,
respectivamente, 0, 31 e 0,19. Estes itens tinham já revelado valores baixos de correlação com o total
da escala no estudo da consistência interna. Os resultados sugerem, à semelhança dos estudos
originais (Greco, Baer, & Lambert, 2008), que a AFQ- Y é uma escala é unidimesional.

3.1.3 Estabilidade temporal (fidelidade teste-reteste)

Outra característica analisada foi a da estabilidade temporal do questionário. Para este


objectivo o AFQ-Y foi passado de novo, 3 semanas mais tarde, a um grupo de jovens

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adolescentes (N=57), obtendo-se um coeficiente de correlação de Pearson de 0,60, o que


denota uma moderada estabilidade temporal deste instrumento.

3.1.4 Validade convergente e divergente

Para estudar a validade convergente e divergente deste questionário calculámos a sua


correlação com as escalas de avaliação da ansiedade (RCMAS), comparação social (ESC), 18

aceitação e mindfulness (CAMM) e depressão (CDI).

Como se pode verificar no Quadro 3, os coeficientes de correlação, todos


estatisticamente significativos ao nível de 0,01, variam entre 0,53 e -0,28. Como seria de
esperar, encontrou-se uma associação negativa entre a variável de evitamento e fusão
cognitiva avaliada pelo AFQ-Y e as variáveis de aceitação e mindfulness (CAMM) e
comparação social (ECS). O mesmo é dizer que, quanto maiores são os valores de evitamento
e fusão cognitiva, menores são os valores de aceitação e mindfulness e mais negativa é a
forma como os adolescentes se auto-percepcionam no relacionamento com os outros. Já em
relação às restantes variáveis, o AFQ-Y está associado de forma positiva, ou seja, quanto
maior é o evitamento e fusão cognitiva, maior é a ansiedade e o humor depressivo. A
correlação mais elevada foi obtida com a variável de aceitação e mindfulness, explicada
possivelmente pela semelhança de constructos.

Quadro 3 – Correlações de Pearson entre AFQ-Y e medidas de aceitação, ansiedade,


depressão e comparação social.

Questionário de evitamento e fusão cognitiva para adolescentes - AFQ-Y


TOTAL
CAMM - 0,53**
RCMAS 0,52**
CDI 0,45**
ECS -0,28**
Nota: CAMM = Children´s Acceptance and Mindfulness Measure; RCMAS = Revised Children Manifest Anxiety scale;
CDI = Children´s Depression Inventory; ECS = Social Comparison Scale
** Correlação significativa ao nível 1

Alguns dados normativos

No Quadro 4, apresentam-se as médias e desvios-padrões do total do AFQ-Y,


separadamente para os rapazes e raparigas, para cada nível etário e grau de escolaridade.

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Os rapazes e raparigas não diferem entre si, no que respeita aos valores médios de
evitamento e fusão cognitiva (t=-1,73; p>0,05), embora haja uma diferença significativa entre
os níveis de escolaridade (t=3,56; p=0,000), com os alunos do ensino básico a apresentar
valores mais elevados.
Já em relação aos grupos de idade, depois de verificada a homogeneidade de
19
variâncias (Teste de Levene – p>0,05), os resultados da ANOVA, mostraram diferenças
significativas entre os grupos [ F (2,458) =5,06; p<0,05]. Para localizar as diferenças entre os
grupos de idade realizaram-se os testes post hoc de Tukey, verificando-se que apenas existe
uma diferença significativa entre os mais novos (12-13anos) e os mais velhos (16-18 anos).
São os adolescentes mais novos que apresentam valores mais elevados de evitamento e fusão
cognitiva (ver Quadro 4).

Quadro 4 – Resultados dos valores médios do total do AFQ-Y por género, idade e
escolaridade

M DP t/f P
Género
Masculino (n=200) 34,60 9,90 t = -1,73 0,085
Feminino (n=261) 36,28 10,72
Idades
12-13 37,71 10,87 F = 5,06 0,007
14-15 36,20 10,50
16-18 33,98 9,87
Escolaridade
3º Ciclo 36,98 10,57 t = 3,56 0,000
Secundário 33,53 9,84

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4.Discussão e resultados

O presente estudo teve como principal objectivo avaliar a versão portuguesa do AFQ-
Y, relativamente à sua fidedignidade, dimensionalidade e validade, numa amostra de
adolescentes portugueses com idades compreendidas entre os 12 e 18 anos.
A versão portuguesa do AFQ-Y mostrou possuir valores elevados de consistência 20

interna, indicando, assim, uma boa fidedignidade deste instrumento. Não obstante a
existência de um item com um baixo valor de correlação com o total da escala, optámos por
não o retirar uma vez que não alterava a consistência interna da escala, avaliada pela
determinação do alfa de Cronbach. Outros estudos devem ser feitos no sentido de clarificar o
comportamento deste item.
A análise exploratória das dimensões que constituem a AFQ-Y sugere a existência de
um único factor como o modelo mais compreensivo. Assim a inflexibilidade psicológica,
avaliada por esta escala, aparece como um construto singular que resulta de processos
sobreponíveis de fusão cognitiva e evitamento experiencial. Estes resultados devem ser lidos
com prudência, exigindo, a realização de uma Análise Factorial Confirmatória para validação
da dimensionalidade da escala.
O facto de, termos obtido correlações moderadas, com instrumentos que avaliam
aspectos psicopatológicos, tais com a ansiedade e a depressão, onde a fusão cognitiva e o
evitamento experiencial reinam, reforça ainda mais a validade e a fidedignidade do
questionário. Por outro lado, a correlação negativa elevada, igual à obtida no estudo original
(Greco, Baer, & Lambert, 2008), que obtivemos com a escala que avalia o constructo oposto,
a aceitação, fortalece ainda mais a validade do AFQ-Y.
A estabilidade temporal foi avaliada com três semanas de intervalo revelando valores
aceitáveis e coerentes com os obtidos na população americana.
Tendo em conta que a maior parte das perturbações psicológicas são detectadas no
período da adolescência, e que estes podem ter sérias consequências na vida destes jovens, a
sua avaliação, torna-se um aspecto crucial na investigação e prática clínica com adolescentes.
Neste processo de avaliação clínica os instrumentos de auto-resposta têm um papel
fundamental, uma vez que, permitem com facilidade, de forma fidedigna e válida, ter acesso
a formas de pensar, sentir e agir dos sujeitos. O AFQ-Y, depois das análises estatísticas
efectuadas, revela ser um instrumento com boas características psicométricas e útil no estudo
da inflexibilidade psicológica.

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No final, o nosso estudo é o primeiro a validar um instrumento, cuja base teórica


assenta, fundamentalmente, na inflexibilidade psicológica dos adolescentes, explicada pela
ACT.

a. Conclusões, limitações e estudos futuros 21

Algumas limitações podem ser apontadas a este estudo. A primeira prende-se com a
necessidade de replicar estes dados com amostras maiores e mais diversificadas do ponto de
vista geográfico. Por outro lado, uma vez que, estes dados são retirados de uma amostra da
comunidade seria importante ver o comportamento deste questionário na população clínica,
de forma a se poder estabelecer um padrão de respostas consoante o quadro psicopatológico.
Parece-nos também importante que a utilidade do questionário seja verificada
também com outras faixas etárias, principalmente com crianças com menos de 12 anos de
idade, pois tal como no caso dos adolescentes, muito poucos instrumentos são testados com
crianças mais novas, podendo estar a ser usados de uma forma incorrecta.
Julgamos pertinente a realização de um futuro estudo sobre o desenvolvimento de uma
forma reduzida da escala, à semelhança do que fizeram os seus autores (Greco, Baer, &
Lambert, 2008), justificado ainda pelos resultados encontrados na análise da consistência
interna dos itens e análise factorial exploratória do nosso estudo.
Seria ainda uma mais-valia, para complementar o estudo, compará-lo com outros
elementos de avaliação, tais como, a observação comportamental, o que seria muito útil com
crianças de tenra idade que ainda não possuam capacidades verbais.
O desenvolvimento de medidas psicológicas para crianças e adolescentes é, sem
dúvida, um passo para a expansão da psicologia e da nova geração de terapias cognitivas e
comportamentais, e estudos deste cariz contribuem muito para o desenvolvimento da
psicologia, mas, a maioria dos instrumentos são adaptados para as populações clínicas sem
serem realmente testados. E nesse sentido existe uma necessidade crítica de se
desenvolverem medidas que avaliem clinicamente estes e outros constructos, como: a atenção
plena, auto-compaixão e os valores de comportamento consistentes, entre outros. Esperamos
que com este estudo possa servir de estímulo para futuras pesquisas onde se analise o papel
da inflexibilidade psicológica nas crianças e adolescentes.

2010
AFQ-Y
Inflexibilidade Psicológica

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6. Anexos

25

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Inflexibilidade Psicológica

Anexo 1
Autorização da DGIDC para realização de questionário em meio escolar

Exmo(a)s. Sr(a)s. 26

O pedido de autorização do inquérito n.º 0082000001, com a designação Inflexibilidade psicológica:


Validação de um questionário de avaliação do Evitamento e da Fusão Cognitiva para Adolescentes
(AFQ-Y), registado em 18-01-2010, foi aprovado.

Avaliação do inquérito:

Exma. Senhora Dra. Ana Marta Barreirinhas dos Santos

Venho por este meio informar que o pedido de realização de questionário em meio escolar é
autorizado uma vez que, submetido a análise, cumpre os requisitos de qualidade técnica e
metodológica para tal devendo, no entanto, ter em atenção as observações aduzidas.

Com os melhores cumprimentos

Isabel Oliveira

Directora de Serviços de Inovação Educativa

DGIDC

Observações:

Dado o número de alunos (350), os resultados do estudo poderiam ser devolvidos à DGIDC
para conhecimento

Pode consultar na Internet toda a informação referente a este pedido no endereço


http://mime.gepe.min-edu.pt. Para tal terá de se autenticar fornecendo os dados de acesso da entidade.

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Anexo 2
Questionário sócio-demográfico para determinação de idade, género,
localização da escola, escolaridade, informação relativamente à existência
de acompanhamento psicológico, percepção do rendimento escolar e
percepção da sua sociabilidade em termos de número de amigos
27

Os questionários que se seguem, apenas são válidos quando preenchidos por completo. Por
isso pedimos-te que tenhas muita atenção para não deixares nenhuma pergunta para trás, se
não o questionário fica invalidado.

Os dados recolhidos apenas serão utilizados para fins da investigação.

Se não te apetecer, ou não quiseres responder, não és obrigado, podes dizer que não queres.

Os questionários são anónimos, não tens que escrever o teu nome em lado nenhum, e
confidenciais, mais ninguém terá acesso a eles.

Dados sócio demográficos


Data: ___/___/___ Idade: ________ Género: Masc. Fem.

Escola: _________________________________________________________

Meio: Rural

Urbano Ano escolaridade: ____________

1. Alguma vez tiveste apoio psicológico?


Sim
Não
2. Actualmente tens apoio psicológico?
Sim
Não

3. Como é o teu rendimento escolar?

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Suficiente
Bom
Muito Bom
Excelente
4. Em comparação com os teus colegas achas que tens:
28
Mais amigos
Menos amigos
A mesma quantidade de amigos

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Anexo 3

Questionário de Evitamento Experiencial e Fusão Cognitiva para


Adolescentes (AFQ-Y - Avoidance and Fusion Questionnaire for Youth,
Greco, Baer, & Lambert, 2008; versão portuguese de Cunha & Santos, 2010)

AFQ-Y 29
(GRECO, LAMBERT & BAER, 2008)

(Tradução e adaptação de Marina Cunha & Ana Marta Santos, 2009)

Gostaríamos de saber mais acerca do que pensas, como sentes e o que fazes.
Lê cada uma das frases. Assinala com um círculo o número entre 0-4 que descreve o quanto a frase é
verdadeira para ti.

Nada Pouco Quase Muito


Verdadeira Verdadeira Verdadeira Verdadeira Verdadeira

1. A minha vida não será boa enquanto não me sentir feliz 0 1 2 3 4

2. Os meus pensamentos e sentimentos atrapalham a minha vida 0 1 2 3 4


3. Se me sinto triste ou receoso(a), então é porque alguma coisa deve
0 1 2 3 4
estar mal comigo
4. As coisas más que penso sobre mim possivelmente são verdadeiras 0 1 2 3 4

5.Não tento fazer coisas novas se tenho medo de me atrapalhar 0 1 2 3 4


6. Tenho de me ver livre das minhas preocupações e medos para poder
0 1 2 3 4
ter uma vida boa
7. Faço tudo o que posso para ter a certeza que não pareço estúpido(a)
0 1 2 3 4
(tonto/a) à frente das outras pessoas
8. Esforço-me por apagar as memórias dolorosas da minha cabeça 0 1 2 3 4

9. Não consigo suportar sentir mágoa ou dor no meu corpo 0 1 2 3 4


10. Se o meu coração bate rapidamente, é porque alguma coisa deve
0 1 2 3 4
estar mal comiqo
11. Afasto os pensamentos e sentimentos que não gosto 0 1 2 3 4
12. Paro de fazer coisas que são importantes para mim sempre que me
0 1 2 3 4
sinto mal
13. Quando tenho pensamentos que me fazem sentir triste, as coisas
0 1 2 3 4
correm-me pior na escola
14.Digo coisas para parecer que estou bem 0 1 2 3 4
15. Quem me dera poder usar uma varinha mágica que fizesse
0 1 2 3 4
desaparecer a minha tristeza
16. Tenho medo dos meus sentimentos 0 1 2 3 4

17.Não consigo ser um(a) bom(a) amigo(a) quando me sinto em baixo 0 1 2 3 4

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AFQ-Y
Inflexibilidade Psicológica

Anexo 4

Escala Revista de Ansiedade Manifesta para Crianças (RCMAS - Revised


Children’s Manifest Anxiety Scale; Reynolds & Richmond, 1978, versão
portuguesa de Fonseca, 1992)

30

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Anexo 5

Avaliação da Aceitação e Mindfulness em Crianças (CAMM - Children’s


Acceptance and Mindfulness Measure, Greco, Smith & Baer, 2008; versão
portuguesa de Cunha, Pinto-Gouveia & Paiva, 2009)

31

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Anexo 6

Escala de Comparação Social (ECS - Social Comparison Scale, Allan, &


Gilbert, 1995; versão portuguesa de Gato & Pinto Gouveia, 2003)

32

2010
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Inflexibilidade Psicológica

Anexo 7

Inventário de Depressão para Crianças (CDI - Children`Depression


Inventory Kovacs, 1985, 1992, versão portuguesa de Marujo 1994)

C.D.I.- Children Depressive Inventory 33

(Kovacs, 1985)

As crianças e os adolescentes pensam e sentem, de maneira diferente uns dos outros.

Este inventário apresenta vários grupos de sentimentos e ideias.

Escolhe em cada grupo apenas uma frase que melhor mostre aquilo que tens pensado e sentido
nas duas últimas semanas. Só depois de teres escolhido uma frase de um grupo é que avanças para o
grupo seguinte.

Não há respostas certas nem respostas erradas. Escolhe apenas a frase que melhor descreve a tua
forma de sentir e pensar nos últimos tempos. Faz uma  no quadrado que corresponde à frase que
escolheste.

Tens em baixo um exemplo para aprender a preencher este inventário. Experimenta. Coloca a
cruz ao lado da frase que melhor te descreve.

EXEMPLO:

 Leio livros muitas vezes


 Leio livros de vez em quando
 Nunca leio livros

LEMBRA-TE QUE DEVES ESCOLHER AS FRASES QUE MELHOR DESCREVEM


OS TEUS SENTIMENTOS E IDEIAS NAS ÚLTIMAS DUAS SEMANAS.

1.  Ás vezes sinto-me triste


 Sinto-me quase sempre triste

 Sinto-me sempre triste

2.  Nunca nada me vai correr bem


 Não tenho a certeza de que as coisas me venham a correr bem

 As coisas vão-me correr bem

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3.  Faço quase tudo bem


 Faço muitas coisas mal

 Faço tudo mal

4.  Divirto-me com muitas coisas


 Divirto-me com algumas coisas 34

 Nada é divertido para mim

5.  Sou sempre mau (má)


 Sou mau (má) muitas vezes

 Sou mau (má) de vez em quando

6.  De vez em quando penso nalguma coisa má que me possa acontecer


 Tenho receio que me aconteçam coisas más

 Tenho a certeza de que me vão acontecer coisas horríveis

7.  Detesto-me
 Não gosto de mim

 Gosto de mim

8.  Sou culpado(a) de tudo o que acontece de mau


 Muitas coisas más acontecem por minha culpa

 As coisas más não costumam ser culpa minha

9.  Não penso em matar-me


 Penso ás vezes em matar-me mas nunca o farei

 Quero matar-me

10.  Tenho vontade de chorar todos os dias


 Muitas vezes tenho vontade de chorar

 De vez em quando tenho vontade de chorar

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11.  Tudo me aborrece imenso


 Aborreço-me com muitas coisas

 Algumas coisas aborrecem-me

12.  Gosto de estar com pessoas


 De vez em quando não gosto de estar com pessoas 35

 Nunca quero estar acompanhado(a) com pessoas

13.  Nunca consigo tomar decisões


 Para mim é difícil tomar decisões

 Tomo decisões com facilidade

14.  Gosto do meu aspecto


 Há algumas coisas no meu aspecto de que não gosto muito

 Sou feio(a)

15.  Tenho sempre que me esforçar muito para fazer os meus trabalhos da escola
 Muitas vezes tenho que me esforçar para fazer os meus trabalhos da escola

 Não é difícil fazer os trabalhos da escola

16.  Durmo mal todas as noites


 Muitas noites durmo mal

 Durmo sempre muito bem

17.  Sinto-me cansado(a) de vez em quando


 Sinto-me cansado(a) muitas vezes

 Sinto-me sempre cansado(a)

18.  A maior parte das vezes não me apetece comer


 Muitas vezes não me apetece comer

 Como muito bem

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19.  Não me preocupo com a minha saúde


 Preocupo-me muito com a minha saúde

 Ando sempre terrivelmente preocupado(a) com a minha saúde

20.  Não me sinto só


 Sinto-me quase sempre só 36

 Sinto-me sempre muito só

21.  Nunca me divirto na escola


 De vez em quando divirto-me na escola

 Divirto-me sempre muito na escola

22.  Tenho imensos amigos(as)


 Tenho alguns amigos(as) mas gostava de ter mais

 Não tenho amigos

23.  Os meus resultados escolares são bons


 Os meus resultados escolares já foram melhores

 Estou muito mal em disciplinas em que dantes era bom(boa)

24.  Nunca vou conseguir ser tão bom(boa) como os(as) outros(as)
 Se eu quiser poderei ser tão bom(boa) como os(as) outros(as)

 Consigo ser em tudo tão bom(boa) como os(as) outros(as)

25.  Tenho a certeza que ninguém gosta de mim


 Não tenho a certeza se há quem goste de mim

 Tenho a certeza de que alguém gosta de mim

26.  Costumo fazer o que me mandam


 Na maior parte das vezes não faço o que me mandam

 Nunca faço o que me mandam

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27.  Dou-me bem com os(as) outros(as)


 Ando muitas vezes em brigas

 Ando sempre metido(a) em brigas

FIM 37
Obrigado por teres respondido a este questionário

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