ECOPSICOLOGIA
ECOPSICOLOGIA
ECOPSICOLOGIA
REGIONAL CATALÃO
INSTITUTO DE BIOTECNOLOGIA
CURSO DE PSICOLOGIA
RENATA FIORESE
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I- INTRODUÇÃO
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desconhece dentro da área. Além de percebermos o quão pertinente é a
compreensão ecológica para uma análise mais profunda acerca do
crescimento exponencial do adoecimento de nível psíquico na pós-
modernidade, onde os problemas sociais são considerados um indício, cada
vez maior, da desconexão da verdadeira essência do que é ser humano, essa
acessada apenas através da profunda sensação de pertencimento à mãe Gaia,
reconhecida como um grande organismo de sistemas vivos interconectados
do qual somos apenas uma célula.
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detentor da natureza, vista como objeto. Relação esta que influencia e reflete
também na relação com outros homens, pois há uma desconexão do senso
enquanto espécie, onde o outro não é reconhecido como semelhante, mas
sim como competição.
A dicotomia disseminada por uma ciência fortemente positivista e
cartesiana, com uma lógica de produção capitalista desenfreada que prega a
separação do homem e da natureza, vistos como dois contrastes e total
estranhos, produz um nível de alienação onde a natureza é considerada
como matéria- prima passiva, existente apenas como meio de satisfação dos
desejos de consumo, desconsiderando-se o impacto que o capitalismo
selvagem e seu desenvolvimento destrutivista causam sobre o ambiente
natural e no equilíbrio do planeta como um todo.
O objetivo terapêutico da Ecopsicologia, de acordo com o Roszak
(1992), é o de recuperar os conteúdos reprimidos deste inconsciente,
despertando um senso inerente de reciprocidade ambiental, buscando curar a
alienação mais fundamental, que seria essa desconectividade entre homem e
natureza, recuperando assim, “a qualidade animística inata da experiência
infantil em adultos funcionalmente saudáveis”.
Quando regenerado, o ego ecológico se desenvolve na direção de um
senso de responsabilidade ética para com o planeta, que é tão vividamente
experienciado como o é nosso senso de responsabilidade para com as outras
pessoas. Ele busca tecer essa responsabilidade na teia das relações dentro da
sociedade e no âmbito das decisões políticas.
“O foco central da Ecopsicologia são as relações do ser
humano com a teia da vida. Essas relações são mediadas
pela cultura e se dão para além do nível dos
comportamentos observáveis, apesar destes serem parte
fundamental. Incluem a subjetividade, na qual crenças,
autopercepções, emoções, motivações, gratificações e
conflitos cumprem parte fundamental do que se expressa
em comportamentos ambientalmente funcionais ou
disfuncionais.” (CARVALHO, M.A.B., p. 17)
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Brasília, a primeira produzida no Brasil sobre sustentabilidade e saúde
mental, “existe uma estreita conexão entre o mundo exterior e o mundo
interior, entre a forma como moldamos a paisagem e a visão que temos de
nós mesmos e do mundo”. A partir disso, a Ecopsicologia entende que os
principais problemas de nossa época não podem ser entendidos
isoladamente, pois são problemas sistêmicos, ou seja, estão interligados e
são interdependentes.
Neste sentido, a Ecopsicologia busca relacionar o debate da psicologia
com o da sustentabilidade, estendendo a área de investigação para além das
relações inter e intrapessoais, abrangendo nossas conexões psíquicas com o
mundo natural alegando uma interação sinérgica entre o bem-estar planetário
e o bem-estar pessoal, onde a salvação de um está interligada a conservação
do outro.
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Ecologia.
A partir disso, Arne Naess, um filósofo norueguês, funda no início da
década de 70 uma escola filosófica específica com um movimento popular
global conhecido como “ecologia profunda”. Naess faz inicialmente uma
distinção entre “ecologia rasa” e “ecologia profunda”. A ecologia rasa seria
uma visão antropocêntrica que vê os seres humanos como situados acima ou
fora da natureza, como a fonte de todos os valores, e atribui um valor
instrumental, ou de “uso”, à natureza, compreensão essa apropriada até então
pela abordagem cartesiana, produzindo desconexão e consequente alienação
do meio natural.
Já a ecologia profunda não separa seres humanos, ou qualquer outra
coisa, do meio ambiente natural. Ela vê o mundo não como uma coleção de
objetos isolados, mas como uma rede de fenômenos que estão
fundamentalmente interconectados e interdependentes. A concepção de
espírito humano é entendida como o modo de consciência no qual o
indivíduo tem uma sensação de pertinência, de conexidade, com o cosmos
como um todo, o que torna a percepção ecológica também uma percepção
espiritual na sua essência mais profunda.
A partir dessa corrente são desenvolvidas então importantes escolas como
a ecologia social e a ecologia feminista, ou “ecofeminismo”. A primeira se
concentra em descrever as características dos padrões culturais de
organização social que produziram a atual crise ecológica, podemos citar o
patriarcado, o imperalismo, o capitalismo e o racismo como exemplos dessa
dominação exploradora e “antiecológica” do sistema dominante. E a
segunda adentra mais a respeito da dinâmica básica de dominação social
dentro do contexto do patriarcado entendida como reflexo de todas as formas
de dominação e exploração, traçando uma associação entre a história das
mulheres e do meio ambiente.
Com a evolução das discussões, se torna cada vez mais perceptível a
limitação do conhecimento psicológico que até então considerava como
irrelevante a relação do homem- natureza para a compreensão do ser
humano. Até meados dos anos 90 pouco havia sido articulado no âmbito da
Psicologia Clínica a respeito do tema, a não ser o que é introduzido por
Cesarman (1976) com o termo “ecocídio” que ele usa para abordar a forma
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agressiva que a espécie humana se relaciona com o planeta, observando
traços autodestrutivos inconscientes associados à forma corrente de consumo
e descarte de nossas sociedades ( CERSAMAN apud CARVALHO, 2013).
Seguindo esta perspectiva, Roszak (1992) em The Voice of the Earth, diz
que entre os projetos terapêuticos mais importantes para a Ecopsicologia está
a reavaliação de certos traços de caráter compulsivamente masculinos que
permeiam as estruturas do poder político e nos impulsionam a dominar a
natureza, como se ela fosse algo estranho a nós e sem direitos, produzindo
uma relação agressiva com o meio natural, de exploração. O que reflete
também a relação entre os homens e a natureza da subjetividade, já que
destruindo o planeta, em algum ponto a longo prazo, está sendo colocado em
risco também a sobrevivência da humanidade, demonstrando um desejo de
morte desse Ego desarmônico que causa sofrimento.
Baseando-se também em conceitos da Psicanálise e da Psicologia
Analítica, este mesmo autor traz um conceito que ele denomina como
“Inconsciente Ecológico” que representam em algum grau, e em algum nível
de nossa consciência, o registro vivo da evolução cósmica, remontando às
difíceis condições iniciais da história do tempo.
Assim como para outras terapias, o estágio crucial do desenvolvimento
da vida para a Ecopsicologia é a infância. O Inconsciente Ecológico é
regenerado, como um dom, no senso de encantamento com o mundo
presente em cada criança que nasce, tendo como objetivo o resgate na idade
adulta desse sentimento de pertencimento perdido.
Para isso, a Ecopsicologia volta-se para muitas fontes, entre elas as
técnicas tradicionais de cura dos povos centrados na terra, o misticismo da
natureza como expresso na religião e na arte, a experiência da imersão nos
ambientes selvagens e os insights da Ecologia Profunda, adaptando essas
fontes ao objetivo de criar o ego ecológico.
Sendo assim,
“O que quer que contribua para formas sociais de
pequena escala e de empoderamento pessoal nutre
o ego ecológico. O que quer que lute por
dominação de larga escala e supressão do valor da
pessoa humana enfraquece e debilita
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insidiosamente o ego ecológico. A Ecopsicologia,
por conseqüência, questiona a sanidade essencial
de nossa cultura urbano-industrial centrada na
valorização do gigantismo e no crescimento sem
fim, seja ela de orientação capitalista ou coletivista
em sua organização.” (ROSZAK apud
CARVALHO, 2010)
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Tese de Doutorado. Bras 匀 ia-DF, setembro de 2013.
Eco Bras 匀 ia. A revista de sustentabilidade da capital federal. Julho/ Agosto, 2013.
http://ecoblogconsciencia.blogspot.com.br/2010/02/8-principios-da-ecopsicologia.html
http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/166/frames/fr_conversando_psi
cologo.aspx
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