ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038 1grau

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Poder Judiciário

Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região

Ação Trabalhista - Rito Ordinário


ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
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Processo Judicial Eletrônico

Data da Autuação: 15/04/2019


Valor da causa: R$ 63.080,30

Partes:
RECLAMANTE: G. E. T.
ADVOGADO: LETYCIA GIACOMINI DE CARLI ROMANINI
ADVOGADO: VINICIUS ROMANINI
RECLAMADO: B. S. A.
ADVOGADO: LUIZ ANTONIO VENTORINI
PERITO: J. L. G.
PERITO: L. G. T. D.
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ATA DE AUDIÊNCIA

2ª VARA DO TRABALHO CHAPECÓ/SC

PROCESSO: 0000305-45.2019.5.12.0038

RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME

RECLAMADO(A): BRF S.A.

Em 17 de maio de 2019, na sala de sessões da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECO


/SC, sob a direção da Exmo(a). Juíza DEISI SENNA OLIVEIRA, realizou-se audiência ao processo
identificado em epígrafe.

Às 13h43min, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). CAMILA RODRIGUES


FUZER GIRARDI, OAB nº 0018796/SC.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). Ricardo Veiga, acompanhado(a) do(a) advogado(a),


Dr(a). ANIELI LAURA GONZATTI, OAB nº 53834/SC.

CONCILIAÇÃO: inexitosa.

LEITURA DA INICIAL: Dispensada.

RESPOSTA: Na modalidade de contestação, escrita, lida e juntada aos autos, com


documentos.

DOCUMENTOS: Concede-se à parte-autora o prazo de 5 dias úteis para manifestação sobre


os documentos, independente de nova intimação, devendo apontar diferenças por amostragem, se houver.

PERÍCIA TÉCNICA: para perícia de insalubridade, nomeia-se para o mister José Luiz
Guindani.

Ao perito, é assinado o prazo de 30 dias para entrega de laudo conclusivo e circunstanciado, a


contar da data da perícia. No prazo de 5 dias as partes poderão apresentar quesitos e indicar assistentes
técnicos, se assim o desejarem.

QUESITOS DO JUIZO
Quais os agentes insalubres identificados no ambiente de trabalho da parte autora, bem como
suas fontes respectivas e tempo de exposição (eventual, intermitente ou permanente), dentre os previstos
nos Anexos da NR 15 da Portaria 3214/78 do MTE?

Informe o perito sobre o fornecimento e utilização de EPIs pela parte-autora conforme art.
191, II, da CLT, indicando:

2.1 A existência dos comprovantes de entrega e peridiocidade de substituição;

2.2 O treinamento para sua utilização e fiscalização;

2.3 A adequação e pertinência para elidir ou minimizar os riscos;

2.4 A existência e validade dos Certificados de Aprovação respectivos.

03. A exposição da parte-autora aos riscos identificados caracteriza condição de trabalho


insalubre, e, em caso positivo, qual grau e em que período contratual?

A parte-autora deverá indicar de forma precisa o seu local de prestação de serviços para
realização da perícia técnica, sob pena de não o fazendo e a perícia ser realizada em local diverso, não
poder arguir sua nulidade por preclusão.

As partes ficam desde já intimadas para a perícia, designada para o dia 05/06/2019, às 13h00
, a ser realizada no local de trabalho da parte-autora, autorizado o acompanhamento da perícia pelas
partes, seus procuradores e assistentes técnicos.

Intime-se o perito.

Oficie-se ao INSS, solicitando-se cópia dos procedimentos de concessão de benefício da


parte-autora no período imprescrito posterior a dezembro/2014 , incluindo eventuais perícias médicas
realizadas, a fim de instruir a oportuna prova pericial.

Intimem-se o HRO, UPA do bairro Efapi e o(s) médico(s) Alex Magadiel Klaus, Márcio
Telesca , para que seja encaminhado o prontuário médico legível da parte-autora.

A parte autora desde já autoriza a juntada dos prontuários médicos aos autos.

A parte-reclamada fica intimada para que no prazo de 5 dias úteis, independente de


intimação, anexe aos autos os seguintes documentos:

Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA, previstos na NR-9 da Portaria n.º


3.214/1978 do MTE;

Laudo Técnico de Condições Ambientais do Trabalho (LTCAT), previsto na NR-9 da


Portaria n.º 3.214/1978 do MTE;

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), previsto na NR-7 da Portaria


n.º 3.214/1978, acompanhados dos respectivos relatórios;

Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP);

Exames médicos admissional, periódicos e demissional, de que tratam o art. 168 da CLT e a
NR-7 da Portaria n.º 3.214/1978;

Cópia do Livro de Registro de Fiscalização realizadas pelo MTE;


Certificados de treinamento do autor da ação;

Análise Ergonômica do Trabalho (AET) – NR17;

Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT);

Prontuário médico (cópia integral);

Relação de afastamentos inferiores a 15 dias relativos aos últimos cinco anos;

Cartão de ponto e recibos de férias do período da contratualidade do autor da ação;

Atas das CIPAS do período do contrato.

Além disso, no mesmo prazo de 5 dias úteis e também independentemente de intimação,


deverão as partes apresentar quesitos e indicar assistente técnico, se assim o desejarem.

PERÍCIA TÉCNICA: para perícia de nexo de causalidade, nomeia-se para o mister Luiz
Guilherme T. Desessards, na Rua Barão do Rio Branco, 300-E, Policlínica St. Antônio, sala 208, Centro,
Chapecó.

Ao perito, é assinado o prazo de 30 dias para entrega de laudo conclusivo e circunstanciado, a


contar da data da perícia.

O perito deverá responder aos quesitos formulados pelas partes e aos seguintes quesitos do
Juízo:

O autor foi acometido por alguma doença ou sofreu acidente do trabalho?

Há nexo causal do trabalho com a doença ou o acidente?

O exercício do trabalho atuou como concausa no aparecimento ou agravamento da doença ou


na ocorrência do acidente?

Houve concausa mensurável relativa a fatores extralaborais? Explique o grau de


contribuições da concausa laboral e extralaboral, indicando, no caso de concausa, em que percentual o
labor na ré contribuiu para o surgimento/agravamento da patologia.

Havendo incapacidade laboral, aponte tratar-se de incapacidade parcial ou total, informando o


grau, bem como, caso seja temporária, delimitar o período em que houve incapacidade e até quando esta
perdurará.

A empresa cumpria todas as normas de segurança e prevenção indicadas na legislação e


outras normas técnicas aplicáveis, especialmente as NRs da Portaria n.º 3.214/1978 do Ministério do
Trabalho?

O autor foi treinado para o exercício da função?

O autor gozava regularmente de intervalos, repousos e férias?

Algum fator de caráter organizacional contribuiu para o aparecimento da doença ou para a


ocorrência do acidente?

Quais as alterações e/ou comprometimentos que a doença diagnosticada acarreta na saúde do


reclamante, na sua capacidade de trabalho e na sua vida social?
É possível mensurar a eventual capacidade residual de trabalho do reclamante e a viabilidade
do seu aproveitamento no mercado, dentro de sua área de atuação profissional ou em funções
compatíveis?

Há possibilidade efetiva de reversão do quadro para recuperação da aptidão normal de


trabalho?

Há nexo epidemiológico da patologia que acometeu o autor com a atividade da empresa?

O tempo de exposição ao risco na empresa pode ser considerado suficiente para acarretar o
adoecimento? Houve exposição ao mesmo risco em empregos anteriores?

Após o afastamento do risco houve repercussão no agravamento ou melhora da doença?

Além disso, deverá o Sr. Perito quantificar a incapacidade do autor, devendo especificá-la em
porcentagem, inclusive nos casos de incapacidade temporária e permanente. O Sr. Perito deverá ainda,
indicar o período de incapacidade da parte-autora.

As partes e procuradores ficam desde já intimadas para a perícia, designada para o dia 12/06
/2019 às 17h00 , no consultório do perito acima nomeado, ocasião em que o periciando deverá apresentar
todas as suas CTPS.

ADIAMENTO: aguardará o feito fora de pauta pelo prazo de diligência.

Intime-se o perito.

Cientes os presentes.

DEISI SENNA OLIVEIRA

Juíza do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
RTOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

tf/

Intimem-se as partes do laudo pericial médico, ID.14b1b1d, com prazo de 5 dias.

CHAPECO, 15 de Julho de 2019

FABIO MORENO TRAVAIN FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
RTOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

/ha

Indefiro a dilação de prazo para manifestação ao laudo pericial, tendo em vista a ausência de justificativa
suficiente (CLT, art.

CHAPECO, 24 de Julho de 2019

FABIO MORENO TRAVAIN FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
RTOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

ha

Intime-se o (a) perito/a (LUIZ GUILHERME TEIXEIRA DESESSARDS) para responder os quesitos
complementares com id 3892101, no prazo de dez dias. Indefere-se os quesitos da reclamada ID 757ef00
da reclamada, por intempestivos.

Cumprido, intimem-se as partes do laudo complementar, para ciência.

CHAPECO, 29 de Julho de 2019

FABIO MORENO TRAVAIN FERREIRA


Juiz(a) do Trabalho Substituto(a)
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

/ha

Intimem-se as partes do laudo pericial técnico, ID d04a0de, com prazo de 5 dias.

CHAPECO, 16 de Agosto de 2019

DEISI SENNA OLIVEIRA


Juiz(a) do Trabalho Titular
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

/ha

Inclua-se em pauta para prosseguimento. Intimem-se.

CHAPECO, 27 de Agosto de 2019

DEISI SENNA OLIVEIRA


Juiz(a) do Trabalho Titular
PODER JUDICIÁRIO FEDERAL
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
RUA RUI BARBOSA - E , 239-E, esquina com Rua Pio XII, CENTRO, CHAPECO - SC - CEP: 89801-040
tel: (49) 33127920 - e.mail: [email protected]

PROCESSO: 0000711-66.2019.5.12.0038
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

DECISÃO PJe-JT

Reconheço a dependência em face da conexão com o processo 0000305-45.2019.5.12.0038, nos termos


dos artigos 54, 55 e 286/ I do Código de Processo Civil.

CHAPECO , 2 de Setembro de 2019

DEISI SENNA OLIVEIRA

Juiz(a) Titular de Vara do Trabalho


ATA DE AUDIÊNCIA

2ª VARA DO TRABALHO CHAPECÓ/SC

PROCESSO: 0000305-45.2019.5.12.0038

RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME

RECLAMADO(A): BRF S.A.

Em 02 de setembro de 2019, na sala de sessões da MM. 2ª VARA DO TRABALHO DE


CHAPECO/SC, sob a direção da Exmo(a). Juíza DEISI SENNA OLIVEIRA, realizou-se audiência ao
processo identificado em epígrafe.

Às 15h05min, aberta a audiência, foram, de ordem da Exmo(a). Juíza do Trabalho,


apregoadas as partes.

Presente o reclamante, acompanhado do(a) advogado(a), Dr(a). CAMILA RODRIGUES


FUZER GIRARDI, OAB nº 0018796/SC.

Presente o preposto do reclamado, Sr(a). LEONICE MARCANTE, acompanhado(a) do(a)


advogado(a), Dr(a). ANIELI LAURA GONZATTI, OAB nº 53834/SC.

Proposta da reclamada: R$ 7.000,00.

Sugestão do Juízo: R$ 15.000,00 a R$ 17.000,00.

Não havendo mais provas a produzir, encerra-se a instrução processual.

Razões finais: Remissivas.

Conciliação: Inexitosa.

Adiada “sine die”, para publicação da sentença, da qual as partes serão intimadas.

Cientes os presentes.

DEISI SENNA OLIVEIRA


Juíza do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.

ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038

RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME

RECLAMADA: BRF S.A.

Ausentes as partes e procuradores.

Submetido o processo a julgamento a Vara profere a seguinte

SENTENÇA

VISTOS, ETC.

GUILHERME EDUARDO TOME ajuíza reclamação trabalhista em desfavor de BRF S.A., com
protocolo da inicial em 15.04.2019. Alega que foi contratado pela reclamada em 19.12.2016, para laborar
como operador de produção, com contrato de trabalho ativo no momento do ajuizamento da ação. Aduz
que o labor em favor da reclamada lhe causou patologias ocupacionais e que sofreu acidente de trabalho
típico. Alega, ainda, que laborou exposto a agentes insalubres, sem receber o adicional correspondente.
Na inicial, ID 4c95066, postula a rescisão indireta do contrato de trabalho e a condenação da ré ao
pagamento de parcelas de natureza indenizatória do contrato, atribuindo à causa o valor de R$ 63.080,30.
A reclamada contesta por escrito - ID bb08cd2. No mérito em sentido estrito, alega que inexiste nexo
causal entre a doença alegada pelo autor e as atividades desempenhadas durante o pacto laboral. Alega
que no mês em que narrou a ocorrência de acidente de trabalho o autor encontrava-se afastado. Aduz que
o autor não faz jus às parcelas requeridas e contesta os pedidos formulados na inicial. Requer a
improcedência da ação e a condenação do reclamante nas penas da litigância de má-fé.

As partes juntam documentos.

Expedido ofício ao INSS solicitando cópia dos procedimentos de concessão de benefícios previdenciários
ao autor, inclusive perícias médicas realizadas, a Autarquia apresentou resposta sob ID b16952a.

Juntados aos autos os prontuários médicos do reclamante apresentados pela Secretaria de Saúde de
Chapecó (ID de8c825 a ID 6486fd8), pelo Hospital Regional do Oeste (ID d204aac) e pelos médicos
Márcio Telesca (ID 99f7ff9) e Alex Magadiel Klaus (ID 9063cdf.

Realizada perícia médica, cujo laudo encontra-se juntado sob ID 14b1b1d, complementado sob ID
4ba9402.

Realizada perícia de insalubridade, laudo ID d04a0de.

Sem outras provas, encerra-se a instrução processual, ata de ID 9f284c0.

Razões finais remissivas pelas partes.

Propostas de conciliação inexitosas.

Vêm os autos conclusos para sentença.


É o relatório.

ISTO POSTO:

PRELIMINARMENTE

(01) DAS ALTERAÇÕES TRAZIDAS PELA LEI 13.467/2017. PEDIDO DE


IRRETROATIVIDADE A CONTRATOS CELEBRADOS ANTES DA VIGÊNCIA.
INCONSTITUCIONALIDADE.

Inicialmente, diante das inúmeras dúvidas levantadas a respeito do tema e, com a finalidade de evitar a
interposição de embargos declaratórios, os quais retardam o andamento do feito, necessária uma breve
exposição a respeito das modificações trazidas pela Lei 13.467/2017.

Sabe-se que as normas de natureza processual tem aplicabilidade imediata aos processos em curso, não
atingindo, porém, os atos já praticados. Esta previsão consta de forma expressa no CPC 2015, no seu
artigo 14, tratando-se da teoria do isolamento dos atos processuais: "A norma processual não retroagirá
e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada".

Todavia, ao lado das normas de cunho meramente processual, existem regras de natureza híbrida,
também conhecidas como mistas ou bifrontes, que são aquelas que integram a natureza processual, pela
sua natureza de regramento interno do processo, contudo, criam direitos/obrigações externas ao processo
em si considerado. A doutrina1 e jurisprudência2 tem se manifestado no sentido de que tais normas,
aplicam-se somente aos processos ajuizados após a sua vigência, porquanto é no momento do
ajuizamento da ação que a parte calcula os riscos da demanda (princípio da causalidade). Conforme
leciona Godinho Delgado, "tratar-se-ia, pois, de uma situação fática e jurídica peculiar no orde-
namento jurídico brasileiro, a qual recomenda, em vista da aplicação dos princípios constitucionais da
segurança e da igualdade em sentido formal e material, além do próprio conceito fundamental de
justiça, que se garanta a incidência dos efeitos processuais do diploma normativo novo somente para as
ações protocoladas a partir do dia 13 de novembro de 2017".
Por esta razão e, também em apreço aos debates institucionais da EJUD12, em que foi aprovada pelos
Juízes do E. TRT 12 a tese de que a lei vigente no momento do ajuizamento da ação é a que rege as
normas bifrontes, o Juízo esclarece que as normas de direito híbrido (tais como honorários e justiça
gratuita) serão aplicadas somente aos processos ajuizados após a sua vigência, ocorrida em 13.11.2017
(com a prorrogação prevista no artigo 206, do CPC, por tratar também de direito processual).

Por outro lado, as normas de cunho meramente processual incidem desde a vigência da Lei 13.467/2017.

Feitas estas considerações, cabe mencionar que não há nada a apreciar quanto ao pedido da parte-autora
no sentido de declarar a inconstitucionalidade da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista). Isso porque, o
controle difuso de constitucionalidade não é meio hábil para o fim pretendido pelo reclamante, pois não
se presta a declarar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da Lei de forma abstrata, o que
somente pode ser obtido por meio do controle concentrado, de competência da Corte Constitucional
(STF).

Para que o Juízo pudesse analisar a constitucionalidade da Lei 13.467/2017 ou parte dela, o reclamante
deveria ter apontado de forma expressa a prejudicialidade da matéria em relação ao mérito da sua
demanda individual, o que não o fez. Ou seja, a questão constitucional haveria de ser incidental e
intimamente ligada ao processo ajuizado e não, como lançado na inicial, pedido genericamente diante da
alegação de princípios e convenções internacionais não relacionadas ao caso concreto.

Vale repisar, que o controle difuso apenas é possível perante o caso concreto, a ser decidido de maneira
incidental e não como pedido principal e autônomo. Outrossim, nenhum dos pedidos da inicial sofreram
modificação jurídica em decorrência da reforma.

Pelo mesmo motivo, nada a declarar quanto a alegada impossibilidade de penhora dos créditos em
eventual demanda posterior que porventura venha a surgir, pois trata-se de mera suposição e o judiciário
não é Órgão consultivo.

Rejeita-se.
No que pertine ao direito material, a partir da vigência da Lei 13.467/2017, as normas modificadas
passam a incidir sobre todos os contratos, inclusive os anteriores, ressalvadas as situações já
consolidadas. Desse modo, o mesmo contrato pode ter aplicação híbrida de normas, pois, antes da
vigência da Lei 13.467/2017 conservam-se os termos da legislação anterior e, após a vigência da
denominada reforma trabalhista, esta passa a incidir sobre os contratos, ainda que já iniciados. Esse tem
sido o entendimento da Jurisprudência do E. TRT 12ª:

REFORMA TRABALHISTA. DIREITO MATERIAL INTERTEMPORAL. A Lei nº 13.467


/17 tem aplicação imediata aos contratos de trabalho em curso, a partir de 11-11-
2017, data em que entrou em vigor, e não há falar em direito adquirido, ou aplicação
do art. 468 da CLT, ou, ainda, da Súmula nº 51, I, do TST, exceto na hipótese de o
direito vindicado estar garantido também por norma contratual/regulamento de
empresa, pois nesta situação está inserido no contrato de trabalho como uma condição
mais benéfica. No restante dos casos, ou seja, na hipótese de o direito decorrer apenas
da previsão legal, tendo sido ela extinta pela Lei nº 13.467/17, deixa de existir e a
parcela é devida somente até 10-11-2017. (TRT12 - RO - 0001196-03.2017.5.12.0017 ,
Rel. MARIA DE LOURDES LEIRIA , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 03/09/2018)

LEI Nº 13.467/17. REFORMA TRABALHISTA. REPERCUSSÃO NOS CONTRATOS


CELEBRADOS EM MOMENTO ANTERIOR A 11-11-2017. POSSIBILIDADE. Além
de a Lei nº 13.467/17, intitulada "reforma trabalhista", prever vacatio legis de 120
dias, a qual se encerrou em 10-11-2017, o art. 1º da Instrução Normativa nº 41/2018,
publicada pelo TST, dispõe que "a aplicação das normas processuais previstas na
Consolidação das Leis do Trabalho, alteradas pela Lei nº 13.467, de 13 de julho de
2017, com eficácia a partir de 11 de novembro de 2017, é imediata, sem atingir, no
entanto, situações pretéritas iniciadas ou consolidadas sob a égide da lei revogada".
Assim, independentemente da data da pactuação, as modificações legislativas
instituídas após a entrada em vigor do suscitado preceptivo legal são, regra geral,
aplicáveis ao contrato de trabalho celebrado em data pretérita, observados, todavia,
aspectos relacionados à irretroatividade, direito adquirido e questões de direito
intertemporal. (TRT12 - RO - 0000213-67.2018.5.12.0017 , Rel. LIGIA MARIA
TEIXEIRA GOUVEA , 5ª Câmara , Data de Assinatura: 14/09/2018)

Assim, após a vigência da Lei 13.467/2017, há incidência das normas sobre todos os contratos, ainda que
já iniciados, sendo que, parcelas previstas apenas na legislação anterior são devidas apenas até
10.11.2017.
NO MÉRITO

(01) DA ALEGADA DOENÇA OCUPACIONAL OU DO TRABALHO. DO ACIDENTE DO


TRABALHO.

O autor alega que foi contratado pela reclamada em 19.12.2016, para laborar como operador de produção
no setor de premix (fábrica de rações), com contrato ativo no momento do ajuizamento da ação. Aduz
que em outubro de 2017 sofreu acidente de trabalho típico, quando foi levantar uma bolsa de elemento
químico sentiu uma dor forte na coluna lombar e perna direita. Alega que, além do acidente, as atividades
na forma que executadas lhe causaram patologias. Requer a condenação da reclamada ao pagamento de
indenização por dano moral.

A defesa alega que as atividades desenvolvidas pelo reclamante não contribuíram para o surgimento de
qualquer patologia, pois são leves. No que pertine ao acidente de trabalho, alega que no mês de outubro o
autor encontrava-se afastado do labor, aduzindo que os fatos da inicial não correspondem à realidade.
Alega que não há nos autos provas de que o autor seja portador doença ocupacional e pugna pela
improcedência dos pedidos.

Inicialmente cabe destacar que as alegações do autor referem-se à doença ocupacional equiparada a
acidente de trabalho, face as atividades desenvolvidas na ré e acidente de trabalho típico.

Importante frisar que o art. 20 da Lei n.º 8.213/91 traz a definição legal de acidente de trabalho:

Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa
ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. [...]

Art. 20 - Consideram-se acidente do trabalho, nos termos do artigo anterior, as seguintes


entidades mórbidas:
[...]

II - doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou desencadeada em função de


condições especiais em que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I. (grifo nosso)

A ocorrência do acidente de trabalho é controvertida. Em manifestação aos documentos, o autor referiu


que apenas lembra de ter sofrido o acidente no ano de 2017, sem precisão a respeito da data.

Mais além, caso demonstrada a existência de doença profissional de origem ocupacional, há que ser
reconhecido o acidente de trabalho.

Por partes.

Quanto à existência do dano: realizada perícia médica, laudo ID 14b1b1d, o perito refere que ao autor
porta espondilodiscoartrose lombar incipiente com hérnia de disco lombar.

Em resposta aos quesitos do Juízo, o perito refere que o autor porta incapacidade parcial e permanente
para o labor, em grau 3, percentual de 40%.

O perito salientou que as restrições do autor são para toda e qualquer atividade que envolva sobrecarga
lombar e que não há possibilidade de reversão para quadro de normalidade.

Assim, o dano está demonstrado.

Quanto ao nexo causal entre as atividades desenvolvidas na reclamada e a patologia:

O perito refere, no item conclusão:


9. Conclusão

O Autor referiu queixa de dor lombar com irradiação para o membro inferior direito;
apresentou exames de imagem (Ressonância Magnética e Raio X) evidenciando
alterações estruturais no segmento lombar de sua coluna vertebral compatível com
processo degenerativa incipiente com hérnia de disco que foi submetida à tratamento
cirúrgico.

Suas atividades laborais na Reclamada foram agravantes para a patologia


degenerativa incipiente em sua coluna lombar, caracterizando nexo de concausa.

Atualmente apresenta restrição da capacidade laboral em grau moderado de forma


parcial e permanente para toda e qualquer atividade laboral e da vida diária que
cause sobrecarga lombar.- grifou-se.

A análise do laudo pericial evidencia que o acidente narrado na inicial em verdade trata-se apenas de uma
manifestação aguda dos problemas que o autor já vinha desenvolvendo na ré, caracterizado como uma
patologia, a qual possui nexo de concausa com o labor.

O laudo pericial é claro nesse sentido, sendo que o perito refere que o labor na ré contribuiu em grau
acentuado para a patologia e os fatores extralaborais em grau leve.

Salienta-se, ademais, que o prontuário médico apresentado pela reclamada evidencia que o autor já havia
apresentado queixas de dor lombar em 15.05.2017 (fl. 329), tendo sido esta a causa do seu afastamento
previdenciário em 13.10.2017 (fl. 618).

O laudo pericial não foi desconstituído pelas demais provas dos autos, razão pela qual as conclusões do
perito são acatadas pelo Juízo. O parecer foi mantido no laudo pericial complementar de ID 4ba9402.

Assim, o Juízo conclui que as lesões do autor foram agravadas pelas atividades desenvolvidas na
reclamada. Além disso, o empregado estava no local de serviço executando ordens, o que, por si só,
permite o reconhecimento do dano e da responsabilidade da empregadora pelos seus desdobramentos na
dimensão física e moral, especialmente quando demonstrado pela prova pericial que a atividade
laborativa apresentava riscos ergonômicos para lesão na coluna lombar.
Desse modo, o nexo causal, no caso na forma de concausa, entre o dano e as atividades exercidas na
reclamada está evidenciado.

Quanto à responsabilidade da empregadora para o reconhecimento de indenização, devem ser


fixados os parâmetros:

De acordo com o Código Civil, são responsáveis pela reparação civil "o empregador ou comitente, por
seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir" (art. 932, III, do
CC). Além disso, o art. 927 do CC dispõe sobre a obrigação de indenizar: "Aquele que, por ato ilícito
(arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".

Assim, a responsabilidade civil quanto à sua natureza pode ser subjetiva (dolo ou culpa), objetiva
(excepcional) ou subjetivo-objetiva (por agravamento de risco - art. 927, § único, CC).

No caso especificamente da empregadora, a responsabilidade na reparação do dano decorre de ato


próprio, porquanto os métodos e técnicas de produção utilizadas na prestação de serviços são realizados
sob seu poder diretivo. Frisa-se que o fato de laborar em atividades com risco ergonômico, durante o
pacto laboral, contribuiu para o surgimento ou agravamento do quadro clínico, situação que está
equiparada ao acidente do trabalho (concausa prevista no inciso I do artigo 21 da Lei 8.213/91).

A própria atividade desenvolvida pelo autor era de risco, como acima explicitado, o que por si só gera o
dever de indenizar no caso de dano.

Dessa maneira, haja vista a natureza das lesões, estas equiparam-se a acidente de trabalho e ensejam
reparação (CF, art. 7º, XXVIII), agravada na sua potencialidade pela eventual conduta concorrente da
empregadora por dolo ou culpa.

Não há provas de acidente típico, sendo que, conforme já mencionado, o episódio narrado refere-se a
manifestação aguda dos problemas que o autor já possuía (patologia na coluna).
No caso dos autos, o dano, o nexo de concausalidade e o fato imputável comissivo ou omissivo estão
demonstrados.

Desse modo, os danos devem ser indenizados, e, para sua mensuração, devem ser considerados diversos
aspectos circunstanciais, incluindo a extensão do dano, a proporção entre a culpa da reclamada e da
vítima, a condição pessoal das partes (art. 944 e 945 do CC).

Por outro lado, a responsabilidade da reclamada deve ser apreciada levando em conta o fato de que o
nexo é concausal, ou seja, as condições de trabalho provocaram o agravamento de doenças de origem
multifatorial com componente degenerativo e constitucional, acompanhado de outros fatores.

A culpa exclusiva da vítima não restou demonstrada.

A culpa da reclamada no evento danoso está comprovada seja por não proporcionar ambiente de trabalho
sadio e seguro, seja pela natureza de suas atividades.

A quantificação do dano deve ser definida.

Não há pedido de dano emergente.

Não há pedido de lucros cessantes.

O dano moral em sentido estrito deve ser indenizado, ponderando-se o sofrimento e a dor decorrentes
do fato em si e da incapacidade laboral, permanente (em percentual acentuado de 40%), que estão
evidenciados no caso em exame. Desse modo, considerando os elementos trazidos aos autos sobre a
culpabilidade dos envolvidos, extensão do dano e condição das partes, bem como o tempo laborado pelo
autor na ré (aproximadamente dois anos e meio), entende-se razoável fixar a indenização por dano
moral em sentido estrito em R$ 15.000,00, na data do ajuizamento da ação.
Esses limites decorrem dos princípios da razoabilidade e da tutela (CLT, art. 8º) e pela realização dos
princípios da identidade física e da imediatidade na colheita da prova, bem como pela existência de
concausa e curto período de labor do autor na ré antes do afastamento.

Acolhidos em termos os pedidos da inicial.

(02) DO ADICIONAL DE INSALUBRIDADE

O autor alega que laborou exposto a agentes insalubres durante o contrato de trabalho, sem receber
corretamente o adicional de insalubridade. Postula a condenação da ré ao adicional em grau a ser apurado
em perícia.

A reclamada contesta, aduzindo que os EPIs fornecidos são capazes de neutralizar integralmente
qualquer eventual fator insalubre. Requer a improcedência do pedido.

Realizada perícia técnica, laudo ID d04a0de, o perito apresentou o seguinte parecer:

"10. CONCLUSÃO QUANTO A INSALUBRIDADE.

Agente Ruído:

Face aos pedidos da parte do autor, as constatações periciais e a legislação


trabalhista discutidas acima, conclui-se que as atividades laborais desenvolvidas pelo
reclamante, conforme NR15 Anexo 1 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA RUÍDO
CONTÍNUO OU INTERMITENTE, Portaria 3214/78, considera-se como ambiente e
atividade SALUBRE, no período 19/12/2016 a 15/04/2019.

Agente Químico:

Face aos pedidos da parte do autor, as constatações periciais e a legislação


trabalhista discutidas acima, conclui-se que as atividades laborais desenvolvidas pelo
reclamante, conforme NR15 Anexo 11 AGENTES QUÍMICOS CUJA
INSALUBRIDADE É CARACTERIZADA POR LIMITE DE TOLERÂNCIA
EINSPEÇÃO NO LOCAL DE TRABALHO, Portaria 3214/78, considera-se como
ambiente e atividade SALUBRE, no período de 19/12/2016 a 15/04/2019.

Agente Químico:

Face aos pedidos da parte do autor, as constatações periciais e a legislação


trabalhista discutidas acima, conclui-se que as atividades laborais desenvolvidas pelo
reclamante, conforme NR15 Anexo ANEXO N.º 12 LIMITES DE TOLERÂNCIA PARA
POEIRAS MINERAIS, Portaria 3214/78, considera-se como ambiente e atividade
SALUBRE, no período de 19/12/2016 a 15/04/2019." - grifou-se.

O laudo pericial não foi desconstituído pelos demais elementos de prova, pelo que acolhe-se a conclusão
do expert, razão pela qual indefere-se o pedido de condenação da ré ao pagamento do adicional de
insalubridade e reflexos.

Indeferidos, nestes termos, o pedido.

(03) DA RESCISÃO INDIRETA

O autor requer a declaração de rescisão indireta do contrato de trabalho, com o consequente pagamento
das verbas rescisórias, sob argumento de que fica exposto a agentes insalubres sem a proteção adequada,
bem como que não recebe corretamente pelos serviços prestados.

A reclamada contesta o pedido, afirmando que sempre forneceu boas condições de trabalho, não havendo
motivos para a rescisão indireta do contrato. Sustenta que sempre cumpriu com as obrigações contratuais.
Postula que a pretensão do autor seja considerado como pedido de demissão.

O pedido não pode ser apreciado.

Isso porque, na audiência de instrução processual o autor informou ao Juízo que continua afastado pela
Previdência Social, fato este corroborado pela ré.
Logo, o contrato de trabalho do autor está suspenso, nos termos do artigo 476, da CLT. Nesse sentido é a
jurisprudência do E. TRT 12ª:

RESCISÃO INDIRETA. PERÍODO DE SUSPENSÃO CONTRATUAL.


INCOMPATIBILIDADE. O pedido de rescisão indireta do contrato de trabalho, via de
regra, é incompatível, por não ser viável, quando o contrato de trabalho encontra-se
suspenso. (TRT12 - ROT - 0010298-19.2014.5.12.0061 , Rel. ROBERTO LUIZ
GUGLIELMETTO , 3ª Câmara , Data de Assinatura: 18/12/2015)

RESCISÃO INDIRETA. CONTRATO SUSPENSO. IMPOSSIBILIDADE. O pedido de


rescisão indireta resta impossível juridicamente enquanto o contrato de trabalho estiver
suspenso por aposentadoria por invalidez da empregada. (RO 0000215-
77.2014.5.12.0049, SECRETARIA DA 1A TURMA, TRT12, JORGE LUIZ VOLPATO,
publicado no TRTSC/DOE em 24/11/2014)

Assim, não há o que apreciar no que pertine ao pedido de rescisão indireta, vez que o contrato de trabalho
está suspenso e há absoluta impossibilidade de rompimento do vínculo. Salienta-se que o autor pode
renovar o pedido após a alta médica previdenciária, caso as condições de trabalho continuem adversas.

(04) DA GRATUIDADE JUDICIÁRIA

Defere-se o benefício da justiça gratuita ao reclamante, porquanto o salário percebido durante a


contratualidade é inferior a 40% do limite máximo dos benefícios do Regime Geral da Previdência
Social, que corresponde ao valor de R$ 2.258,32, atendendo, portanto, o requisito do artigo 790, §3º, com
redação dada pela Lei 13.467/2017.

(05) DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS E ASSISTENCIAIS

Tratando-se de demanda ajuizada após a vigência da Lei n.13.467/2017 e sendo caso de procedência
parcial, os honorários devem observar o disposto no art. 791-A da CLT (sucumbência recíproca).
Assim, considerado o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 791-
A, §2º) arcará a reclamada, com o pagamento de honorários advocatícios ao patrono da reclamante
fixados em10% sobre o valor da condenação (valor que resultar a liquidação da sentença).

Sendo a reclamante sucumbente quanto ao pedido de adicional de insalubridade e rescisão indireta e;


observados os mesmos critérios supra, arbitra-se os honorários sucumbenciais a serem pagos pela
reclamante aos patronos da reclamada em 10% do valor dos pedidos, atualizados, os quais serão
deduzidos dos créditos advindos dessa demanda em cumprimento ao art. 791-A, §4º da CLT. Vedada a
compensação de honorários sucumbenciais.

Para evitar alegação de omissão, o Juízo salienta que utiliza como critério, em apreço aos debates
institucionais da 2ª Jornada de Direito do Trabalho da Anamatra, a sucumbência do pedido e não do
valor a ele atribuído.

(06) DOS JUROS DE MORA E DA CORREÇÃO MONETÁRIA

Na liquidação, deve incidir o art. 883 da CLT, pelos juros moratórios, e deve incidir a atualização
monetária pela TR, conforme artigo 879, §7º da CLT passou a contar com a seguinte redação: "A
atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR),
divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991" (a partir do
quinto dia útil do mês subseqüente).

(07) DOS DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E FISCAIS

Adota-se o entendimento de que são cabíveis descontos fiscais e previdenciários incidentes sobre os
créditos deferidos.

Contudo, no caso em tela, não se autorizam descontos previdenciários e fiscais, face à natureza
indenizatória da parcela deferida - não sendo passível de incidência.
ANTE O EXPOSTO, decide-se julgar PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados por
GUILHERME EDUARDO TOMEem desfavor de BRF S.A., para, conforme a fundamentação retro,
condenar a ré a pagar ao(à) autor(a), a seguinte parcela:

(a) indenização por dano moral em sentido estrito em R$ 15.000,00, na data do ajuizamento da ação.

Os valores serão conhecidos em liquidação de sentença por cálculos, com juros e correção monetária;
devem ser respeitados os termos da fundamentação.

A reclamada arcará com custas de R$ 300,00 calculadas sobre R$ 15.000,00, valor arbitrado à
condenação.

Ante a sucumbência da reclamada no objeto da perícia médica, arcará ela com os honorários periciais,
arbitrados em R$ 2.200,00, conforme disposto no art. 790-B, da CLT.

Ante a sucumbência da parte-autora no objeto da perícia de insalubridade, arcará com os honorários


periciais de R$ 1.500,00, mediante abatimento de seus créditos nos presentes autos, conforme artigo 790-
B, da CLT, com redação dada pela Lei 13.467, de 2017.

A parte-autora arcará com honorários advocatícios em favor do(s) patrono(s) da parte-ré, no percentual
de 10%, a incidir sobre o pedido de adicional de insalubridade e rescisão indireta do contrato de trabalho,
em relação aos quais foi sucumbente, devidamente atualizados, deduzidos dos créditos advindos dessa
demanda em cumprimento ao art. 791-A, §4º da CLT. Vedada a compensação de honorários
sucumbenciais.

A parte-ré arcará com honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor da condenação (valor
que resultar a liquidação da sentença).
Não há incidência de descontos previdenciários e fiscais.

Cumpra-se após o trânsito em julgado.

Intimem-se as partes. Dispensada a intimação da União, ante o contido no Ofício Circular CR nº 03 da


Corregedoria do TRT da 12ª Região.

DEISI SENNA OLIVEIRA

Juíza do Trabalho Titular

1 Delgado, Mauricio Godinho A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017 / Mauricio Godinho Delgado, Gabriela Neves Delgado. São
Paulo : LTr, 2017.

2 (STJ,1ª Seção, REsp 1111157/PB, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 04/05/2009; STJ, 4ª T.,AgInt no REsp 1481917/RS, Rel. p/ Ac. Min. MARCO
BUZZI, DJe 11/11/2016)

CHAPECO, 3 de Setembro de 2019

DEISI SENNA OLIVEIRA


Juiz(a) do Trabalho Titular
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
Rua Rui Barbosa, 239-E, esquina com rua PIO XII, s/n°, Centro, 89.801-040, Chapecó/SC
fone: 49 3312-7900 - [email protected]

Processo: 0000305-45.2019.5.12.0038

Classe: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)

RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME

RECLAMADA: BRF S.A.

/ha

I - Recebe-se o recurso ordinário da parte-autora, por regular, tempestivo e independente de preparo.

II - Recebe-se o recurso ordinário da parte-reclamada, por regular, tempestivo e preparado.

III - Intime-se a parte contrária para oferecer contrarrazões no prazo legal, decorrido o prazo ou
apresentadas, disponibilize-se o acesso aos autos para o E. TRT.
SUMÁRIO
Documentos

Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura

b8d3402 17/05/2019 16:22 Ata da Audiência Ata da Audiência

886a329 15/07/2019 18:29 Despacho Despacho

32958f2 24/07/2019 17:49 Despacho Despacho

0b782fd 29/07/2019 09:12 Despacho Despacho

a48d91e 16/08/2019 14:43 Despacho Despacho

fc75471 27/08/2019 14:39 Despacho Despacho

55de1dd 02/09/2019 14:56 Decisão de prevenção Decisão

9f284c0 02/09/2019 15:19 Ata da Audiência Ata da Audiência

2e8be10 03/09/2019 14:33 Sentença Sentença

69389a5 16/09/2019 09:37 Decisão Decisão

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