ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038 1grau
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038 1grau
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038 1grau
Justiça do Trabalho
Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região
Partes:
RECLAMANTE: G. E. T.
ADVOGADO: LETYCIA GIACOMINI DE CARLI ROMANINI
ADVOGADO: VINICIUS ROMANINI
RECLAMADO: B. S. A.
ADVOGADO: LUIZ ANTONIO VENTORINI
PERITO: J. L. G.
PERITO: L. G. T. D.
PAGINA_CAPA_PROCESSO_PJE
ATA DE AUDIÊNCIA
PROCESSO: 0000305-45.2019.5.12.0038
CONCILIAÇÃO: inexitosa.
PERÍCIA TÉCNICA: para perícia de insalubridade, nomeia-se para o mister José Luiz
Guindani.
QUESITOS DO JUIZO
Quais os agentes insalubres identificados no ambiente de trabalho da parte autora, bem como
suas fontes respectivas e tempo de exposição (eventual, intermitente ou permanente), dentre os previstos
nos Anexos da NR 15 da Portaria 3214/78 do MTE?
Informe o perito sobre o fornecimento e utilização de EPIs pela parte-autora conforme art.
191, II, da CLT, indicando:
A parte-autora deverá indicar de forma precisa o seu local de prestação de serviços para
realização da perícia técnica, sob pena de não o fazendo e a perícia ser realizada em local diverso, não
poder arguir sua nulidade por preclusão.
As partes ficam desde já intimadas para a perícia, designada para o dia 05/06/2019, às 13h00
, a ser realizada no local de trabalho da parte-autora, autorizado o acompanhamento da perícia pelas
partes, seus procuradores e assistentes técnicos.
Intime-se o perito.
Intimem-se o HRO, UPA do bairro Efapi e o(s) médico(s) Alex Magadiel Klaus, Márcio
Telesca , para que seja encaminhado o prontuário médico legível da parte-autora.
A parte autora desde já autoriza a juntada dos prontuários médicos aos autos.
Exames médicos admissional, periódicos e demissional, de que tratam o art. 168 da CLT e a
NR-7 da Portaria n.º 3.214/1978;
PERÍCIA TÉCNICA: para perícia de nexo de causalidade, nomeia-se para o mister Luiz
Guilherme T. Desessards, na Rua Barão do Rio Branco, 300-E, Policlínica St. Antônio, sala 208, Centro,
Chapecó.
O perito deverá responder aos quesitos formulados pelas partes e aos seguintes quesitos do
Juízo:
O tempo de exposição ao risco na empresa pode ser considerado suficiente para acarretar o
adoecimento? Houve exposição ao mesmo risco em empregos anteriores?
Além disso, deverá o Sr. Perito quantificar a incapacidade do autor, devendo especificá-la em
porcentagem, inclusive nos casos de incapacidade temporária e permanente. O Sr. Perito deverá ainda,
indicar o período de incapacidade da parte-autora.
As partes e procuradores ficam desde já intimadas para a perícia, designada para o dia 12/06
/2019 às 17h00 , no consultório do perito acima nomeado, ocasião em que o periciando deverá apresentar
todas as suas CTPS.
Intime-se o perito.
Cientes os presentes.
Juíza do Trabalho
PODER JUDICIÁRIO
JUSTIÇA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 12ª REGIÃO
2ª VARA DO TRABALHO DE CHAPECÓ
RTOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.
tf/
/ha
Indefiro a dilação de prazo para manifestação ao laudo pericial, tendo em vista a ausência de justificativa
suficiente (CLT, art.
ha
Intime-se o (a) perito/a (LUIZ GUILHERME TEIXEIRA DESESSARDS) para responder os quesitos
complementares com id 3892101, no prazo de dez dias. Indefere-se os quesitos da reclamada ID 757ef00
da reclamada, por intempestivos.
/ha
/ha
PROCESSO: 0000711-66.2019.5.12.0038
CLASSE: AÇÃO TRABALHISTA - RITO ORDINÁRIO (985)
RECLAMANTE: GUILHERME EDUARDO TOME
RECLAMADO: BRF S.A.
DECISÃO PJe-JT
PROCESSO: 0000305-45.2019.5.12.0038
Conciliação: Inexitosa.
Adiada “sine die”, para publicação da sentença, da qual as partes serão intimadas.
Cientes os presentes.
ATOrd 0000305-45.2019.5.12.0038
SENTENÇA
VISTOS, ETC.
GUILHERME EDUARDO TOME ajuíza reclamação trabalhista em desfavor de BRF S.A., com
protocolo da inicial em 15.04.2019. Alega que foi contratado pela reclamada em 19.12.2016, para laborar
como operador de produção, com contrato de trabalho ativo no momento do ajuizamento da ação. Aduz
que o labor em favor da reclamada lhe causou patologias ocupacionais e que sofreu acidente de trabalho
típico. Alega, ainda, que laborou exposto a agentes insalubres, sem receber o adicional correspondente.
Na inicial, ID 4c95066, postula a rescisão indireta do contrato de trabalho e a condenação da ré ao
pagamento de parcelas de natureza indenizatória do contrato, atribuindo à causa o valor de R$ 63.080,30.
A reclamada contesta por escrito - ID bb08cd2. No mérito em sentido estrito, alega que inexiste nexo
causal entre a doença alegada pelo autor e as atividades desempenhadas durante o pacto laboral. Alega
que no mês em que narrou a ocorrência de acidente de trabalho o autor encontrava-se afastado. Aduz que
o autor não faz jus às parcelas requeridas e contesta os pedidos formulados na inicial. Requer a
improcedência da ação e a condenação do reclamante nas penas da litigância de má-fé.
Expedido ofício ao INSS solicitando cópia dos procedimentos de concessão de benefícios previdenciários
ao autor, inclusive perícias médicas realizadas, a Autarquia apresentou resposta sob ID b16952a.
Juntados aos autos os prontuários médicos do reclamante apresentados pela Secretaria de Saúde de
Chapecó (ID de8c825 a ID 6486fd8), pelo Hospital Regional do Oeste (ID d204aac) e pelos médicos
Márcio Telesca (ID 99f7ff9) e Alex Magadiel Klaus (ID 9063cdf.
Realizada perícia médica, cujo laudo encontra-se juntado sob ID 14b1b1d, complementado sob ID
4ba9402.
ISTO POSTO:
PRELIMINARMENTE
Inicialmente, diante das inúmeras dúvidas levantadas a respeito do tema e, com a finalidade de evitar a
interposição de embargos declaratórios, os quais retardam o andamento do feito, necessária uma breve
exposição a respeito das modificações trazidas pela Lei 13.467/2017.
Sabe-se que as normas de natureza processual tem aplicabilidade imediata aos processos em curso, não
atingindo, porém, os atos já praticados. Esta previsão consta de forma expressa no CPC 2015, no seu
artigo 14, tratando-se da teoria do isolamento dos atos processuais: "A norma processual não retroagirá
e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as
situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada".
Todavia, ao lado das normas de cunho meramente processual, existem regras de natureza híbrida,
também conhecidas como mistas ou bifrontes, que são aquelas que integram a natureza processual, pela
sua natureza de regramento interno do processo, contudo, criam direitos/obrigações externas ao processo
em si considerado. A doutrina1 e jurisprudência2 tem se manifestado no sentido de que tais normas,
aplicam-se somente aos processos ajuizados após a sua vigência, porquanto é no momento do
ajuizamento da ação que a parte calcula os riscos da demanda (princípio da causalidade). Conforme
leciona Godinho Delgado, "tratar-se-ia, pois, de uma situação fática e jurídica peculiar no orde-
namento jurídico brasileiro, a qual recomenda, em vista da aplicação dos princípios constitucionais da
segurança e da igualdade em sentido formal e material, além do próprio conceito fundamental de
justiça, que se garanta a incidência dos efeitos processuais do diploma normativo novo somente para as
ações protocoladas a partir do dia 13 de novembro de 2017".
Por esta razão e, também em apreço aos debates institucionais da EJUD12, em que foi aprovada pelos
Juízes do E. TRT 12 a tese de que a lei vigente no momento do ajuizamento da ação é a que rege as
normas bifrontes, o Juízo esclarece que as normas de direito híbrido (tais como honorários e justiça
gratuita) serão aplicadas somente aos processos ajuizados após a sua vigência, ocorrida em 13.11.2017
(com a prorrogação prevista no artigo 206, do CPC, por tratar também de direito processual).
Por outro lado, as normas de cunho meramente processual incidem desde a vigência da Lei 13.467/2017.
Feitas estas considerações, cabe mencionar que não há nada a apreciar quanto ao pedido da parte-autora
no sentido de declarar a inconstitucionalidade da Lei 13.467/2017 (reforma trabalhista). Isso porque, o
controle difuso de constitucionalidade não é meio hábil para o fim pretendido pelo reclamante, pois não
se presta a declarar a constitucionalidade ou inconstitucionalidade da Lei de forma abstrata, o que
somente pode ser obtido por meio do controle concentrado, de competência da Corte Constitucional
(STF).
Para que o Juízo pudesse analisar a constitucionalidade da Lei 13.467/2017 ou parte dela, o reclamante
deveria ter apontado de forma expressa a prejudicialidade da matéria em relação ao mérito da sua
demanda individual, o que não o fez. Ou seja, a questão constitucional haveria de ser incidental e
intimamente ligada ao processo ajuizado e não, como lançado na inicial, pedido genericamente diante da
alegação de princípios e convenções internacionais não relacionadas ao caso concreto.
Vale repisar, que o controle difuso apenas é possível perante o caso concreto, a ser decidido de maneira
incidental e não como pedido principal e autônomo. Outrossim, nenhum dos pedidos da inicial sofreram
modificação jurídica em decorrência da reforma.
Pelo mesmo motivo, nada a declarar quanto a alegada impossibilidade de penhora dos créditos em
eventual demanda posterior que porventura venha a surgir, pois trata-se de mera suposição e o judiciário
não é Órgão consultivo.
Rejeita-se.
No que pertine ao direito material, a partir da vigência da Lei 13.467/2017, as normas modificadas
passam a incidir sobre todos os contratos, inclusive os anteriores, ressalvadas as situações já
consolidadas. Desse modo, o mesmo contrato pode ter aplicação híbrida de normas, pois, antes da
vigência da Lei 13.467/2017 conservam-se os termos da legislação anterior e, após a vigência da
denominada reforma trabalhista, esta passa a incidir sobre os contratos, ainda que já iniciados. Esse tem
sido o entendimento da Jurisprudência do E. TRT 12ª:
Assim, após a vigência da Lei 13.467/2017, há incidência das normas sobre todos os contratos, ainda que
já iniciados, sendo que, parcelas previstas apenas na legislação anterior são devidas apenas até
10.11.2017.
NO MÉRITO
O autor alega que foi contratado pela reclamada em 19.12.2016, para laborar como operador de produção
no setor de premix (fábrica de rações), com contrato ativo no momento do ajuizamento da ação. Aduz
que em outubro de 2017 sofreu acidente de trabalho típico, quando foi levantar uma bolsa de elemento
químico sentiu uma dor forte na coluna lombar e perna direita. Alega que, além do acidente, as atividades
na forma que executadas lhe causaram patologias. Requer a condenação da reclamada ao pagamento de
indenização por dano moral.
A defesa alega que as atividades desenvolvidas pelo reclamante não contribuíram para o surgimento de
qualquer patologia, pois são leves. No que pertine ao acidente de trabalho, alega que no mês de outubro o
autor encontrava-se afastado do labor, aduzindo que os fatos da inicial não correspondem à realidade.
Alega que não há nos autos provas de que o autor seja portador doença ocupacional e pugna pela
improcedência dos pedidos.
Inicialmente cabe destacar que as alegações do autor referem-se à doença ocupacional equiparada a
acidente de trabalho, face as atividades desenvolvidas na ré e acidente de trabalho típico.
Importante frisar que o art. 20 da Lei n.º 8.213/91 traz a definição legal de acidente de trabalho:
Art. 19. Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço de empresa
ou de empregador doméstico ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso
VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a
morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho. [...]
Mais além, caso demonstrada a existência de doença profissional de origem ocupacional, há que ser
reconhecido o acidente de trabalho.
Por partes.
Quanto à existência do dano: realizada perícia médica, laudo ID 14b1b1d, o perito refere que ao autor
porta espondilodiscoartrose lombar incipiente com hérnia de disco lombar.
Em resposta aos quesitos do Juízo, o perito refere que o autor porta incapacidade parcial e permanente
para o labor, em grau 3, percentual de 40%.
O perito salientou que as restrições do autor são para toda e qualquer atividade que envolva sobrecarga
lombar e que não há possibilidade de reversão para quadro de normalidade.
O Autor referiu queixa de dor lombar com irradiação para o membro inferior direito;
apresentou exames de imagem (Ressonância Magnética e Raio X) evidenciando
alterações estruturais no segmento lombar de sua coluna vertebral compatível com
processo degenerativa incipiente com hérnia de disco que foi submetida à tratamento
cirúrgico.
A análise do laudo pericial evidencia que o acidente narrado na inicial em verdade trata-se apenas de uma
manifestação aguda dos problemas que o autor já vinha desenvolvendo na ré, caracterizado como uma
patologia, a qual possui nexo de concausa com o labor.
O laudo pericial é claro nesse sentido, sendo que o perito refere que o labor na ré contribuiu em grau
acentuado para a patologia e os fatores extralaborais em grau leve.
Salienta-se, ademais, que o prontuário médico apresentado pela reclamada evidencia que o autor já havia
apresentado queixas de dor lombar em 15.05.2017 (fl. 329), tendo sido esta a causa do seu afastamento
previdenciário em 13.10.2017 (fl. 618).
O laudo pericial não foi desconstituído pelas demais provas dos autos, razão pela qual as conclusões do
perito são acatadas pelo Juízo. O parecer foi mantido no laudo pericial complementar de ID 4ba9402.
Assim, o Juízo conclui que as lesões do autor foram agravadas pelas atividades desenvolvidas na
reclamada. Além disso, o empregado estava no local de serviço executando ordens, o que, por si só,
permite o reconhecimento do dano e da responsabilidade da empregadora pelos seus desdobramentos na
dimensão física e moral, especialmente quando demonstrado pela prova pericial que a atividade
laborativa apresentava riscos ergonômicos para lesão na coluna lombar.
Desse modo, o nexo causal, no caso na forma de concausa, entre o dano e as atividades exercidas na
reclamada está evidenciado.
De acordo com o Código Civil, são responsáveis pela reparação civil "o empregador ou comitente, por
seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir" (art. 932, III, do
CC). Além disso, o art. 927 do CC dispõe sobre a obrigação de indenizar: "Aquele que, por ato ilícito
(arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo".
Assim, a responsabilidade civil quanto à sua natureza pode ser subjetiva (dolo ou culpa), objetiva
(excepcional) ou subjetivo-objetiva (por agravamento de risco - art. 927, § único, CC).
A própria atividade desenvolvida pelo autor era de risco, como acima explicitado, o que por si só gera o
dever de indenizar no caso de dano.
Dessa maneira, haja vista a natureza das lesões, estas equiparam-se a acidente de trabalho e ensejam
reparação (CF, art. 7º, XXVIII), agravada na sua potencialidade pela eventual conduta concorrente da
empregadora por dolo ou culpa.
Não há provas de acidente típico, sendo que, conforme já mencionado, o episódio narrado refere-se a
manifestação aguda dos problemas que o autor já possuía (patologia na coluna).
No caso dos autos, o dano, o nexo de concausalidade e o fato imputável comissivo ou omissivo estão
demonstrados.
Desse modo, os danos devem ser indenizados, e, para sua mensuração, devem ser considerados diversos
aspectos circunstanciais, incluindo a extensão do dano, a proporção entre a culpa da reclamada e da
vítima, a condição pessoal das partes (art. 944 e 945 do CC).
Por outro lado, a responsabilidade da reclamada deve ser apreciada levando em conta o fato de que o
nexo é concausal, ou seja, as condições de trabalho provocaram o agravamento de doenças de origem
multifatorial com componente degenerativo e constitucional, acompanhado de outros fatores.
A culpa da reclamada no evento danoso está comprovada seja por não proporcionar ambiente de trabalho
sadio e seguro, seja pela natureza de suas atividades.
O dano moral em sentido estrito deve ser indenizado, ponderando-se o sofrimento e a dor decorrentes
do fato em si e da incapacidade laboral, permanente (em percentual acentuado de 40%), que estão
evidenciados no caso em exame. Desse modo, considerando os elementos trazidos aos autos sobre a
culpabilidade dos envolvidos, extensão do dano e condição das partes, bem como o tempo laborado pelo
autor na ré (aproximadamente dois anos e meio), entende-se razoável fixar a indenização por dano
moral em sentido estrito em R$ 15.000,00, na data do ajuizamento da ação.
Esses limites decorrem dos princípios da razoabilidade e da tutela (CLT, art. 8º) e pela realização dos
princípios da identidade física e da imediatidade na colheita da prova, bem como pela existência de
concausa e curto período de labor do autor na ré antes do afastamento.
O autor alega que laborou exposto a agentes insalubres durante o contrato de trabalho, sem receber
corretamente o adicional de insalubridade. Postula a condenação da ré ao adicional em grau a ser apurado
em perícia.
A reclamada contesta, aduzindo que os EPIs fornecidos são capazes de neutralizar integralmente
qualquer eventual fator insalubre. Requer a improcedência do pedido.
Agente Ruído:
Agente Químico:
Agente Químico:
O laudo pericial não foi desconstituído pelos demais elementos de prova, pelo que acolhe-se a conclusão
do expert, razão pela qual indefere-se o pedido de condenação da ré ao pagamento do adicional de
insalubridade e reflexos.
O autor requer a declaração de rescisão indireta do contrato de trabalho, com o consequente pagamento
das verbas rescisórias, sob argumento de que fica exposto a agentes insalubres sem a proteção adequada,
bem como que não recebe corretamente pelos serviços prestados.
A reclamada contesta o pedido, afirmando que sempre forneceu boas condições de trabalho, não havendo
motivos para a rescisão indireta do contrato. Sustenta que sempre cumpriu com as obrigações contratuais.
Postula que a pretensão do autor seja considerado como pedido de demissão.
Isso porque, na audiência de instrução processual o autor informou ao Juízo que continua afastado pela
Previdência Social, fato este corroborado pela ré.
Logo, o contrato de trabalho do autor está suspenso, nos termos do artigo 476, da CLT. Nesse sentido é a
jurisprudência do E. TRT 12ª:
Assim, não há o que apreciar no que pertine ao pedido de rescisão indireta, vez que o contrato de trabalho
está suspenso e há absoluta impossibilidade de rompimento do vínculo. Salienta-se que o autor pode
renovar o pedido após a alta médica previdenciária, caso as condições de trabalho continuem adversas.
Tratando-se de demanda ajuizada após a vigência da Lei n.13.467/2017 e sendo caso de procedência
parcial, os honorários devem observar o disposto no art. 791-A da CLT (sucumbência recíproca).
Assim, considerado o grau de zelo do profissional, o lugar de prestação do serviço, a natureza e a
importância da causa, o trabalho realizado pelo advogado e o tempo exigido para o seu serviço (art. 791-
A, §2º) arcará a reclamada, com o pagamento de honorários advocatícios ao patrono da reclamante
fixados em10% sobre o valor da condenação (valor que resultar a liquidação da sentença).
Para evitar alegação de omissão, o Juízo salienta que utiliza como critério, em apreço aos debates
institucionais da 2ª Jornada de Direito do Trabalho da Anamatra, a sucumbência do pedido e não do
valor a ele atribuído.
Na liquidação, deve incidir o art. 883 da CLT, pelos juros moratórios, e deve incidir a atualização
monetária pela TR, conforme artigo 879, §7º da CLT passou a contar com a seguinte redação: "A
atualização dos créditos decorrentes de condenação judicial será feita pela Taxa Referencial (TR),
divulgada pelo Banco Central do Brasil, conforme a Lei no 8.177, de 1o de março de 1991" (a partir do
quinto dia útil do mês subseqüente).
Adota-se o entendimento de que são cabíveis descontos fiscais e previdenciários incidentes sobre os
créditos deferidos.
Contudo, no caso em tela, não se autorizam descontos previdenciários e fiscais, face à natureza
indenizatória da parcela deferida - não sendo passível de incidência.
ANTE O EXPOSTO, decide-se julgar PROCEDENTES EM PARTE os pedidos formulados por
GUILHERME EDUARDO TOMEem desfavor de BRF S.A., para, conforme a fundamentação retro,
condenar a ré a pagar ao(à) autor(a), a seguinte parcela:
(a) indenização por dano moral em sentido estrito em R$ 15.000,00, na data do ajuizamento da ação.
Os valores serão conhecidos em liquidação de sentença por cálculos, com juros e correção monetária;
devem ser respeitados os termos da fundamentação.
A reclamada arcará com custas de R$ 300,00 calculadas sobre R$ 15.000,00, valor arbitrado à
condenação.
Ante a sucumbência da reclamada no objeto da perícia médica, arcará ela com os honorários periciais,
arbitrados em R$ 2.200,00, conforme disposto no art. 790-B, da CLT.
A parte-autora arcará com honorários advocatícios em favor do(s) patrono(s) da parte-ré, no percentual
de 10%, a incidir sobre o pedido de adicional de insalubridade e rescisão indireta do contrato de trabalho,
em relação aos quais foi sucumbente, devidamente atualizados, deduzidos dos créditos advindos dessa
demanda em cumprimento ao art. 791-A, §4º da CLT. Vedada a compensação de honorários
sucumbenciais.
A parte-ré arcará com honorários advocatícios no percentual de 10% sobre o valor da condenação (valor
que resultar a liquidação da sentença).
Não há incidência de descontos previdenciários e fiscais.
1 Delgado, Mauricio Godinho A reforma trabalhista no Brasil: com os comentários à Lei n. 13.467/2017 / Mauricio Godinho Delgado, Gabriela Neves Delgado. São
Paulo : LTr, 2017.
2 (STJ,1ª Seção, REsp 1111157/PB, Rel. Min. TEORI ALBINO ZAVASCKI, DJe 04/05/2009; STJ, 4ª T.,AgInt no REsp 1481917/RS, Rel. p/ Ac. Min. MARCO
BUZZI, DJe 11/11/2016)
Processo: 0000305-45.2019.5.12.0038
/ha
III - Intime-se a parte contrária para oferecer contrarrazões no prazo legal, decorrido o prazo ou
apresentadas, disponibilize-se o acesso aos autos para o E. TRT.
SUMÁRIO
Documentos
Data da
Id. Documento Tipo
Assinatura