Clima e Cultura Organizacional
Clima e Cultura Organizacional
Clima e Cultura Organizacional
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Natal/RN
2011
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Natal/RN
2011
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS
Organização
Luciana Lopes Xavier
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Coordenação de Diagramação
Alexandre Alves de Freitas Noronha
Diagramação
Michelle Cristina Damasco
Ilustrações
Alexandre Beck
CONHECENDO O AUTOR
SIMONE REGINA DIAS
SUMÁRIO
à cultura organizacional.............................................................................. 13
1.1 Contextualizando............................................................................................................ 13
1.2 Conhecendo a teoria...................................................................................................... 14
1.2.1 O que é cultura?.................................................................................................... 14
1.2.2 Cultura e organização empresarial................................................................. 23
1.2.3 Abordagem antropológica da cultura organizacional ........................... 32
1.3 Aplicando a teoria na prática...................................................................................... 40
1.4 Para saber mais................................................................................................................ 41
1.5 Relembrando.................................................................................................................... 41
1.6 Testando os seus conhecimentos.............................................................................. 42
Onde encontrar....................................................................................................................... 43
CAPÍTULO 1
CULTURA: DO CONCEITO ANTROPOLÓGICO
À CULTURA ORGANIZACIONAL
1.1 Contextualizando
Há uma frase de Davel e Vergara (2001) que nos serve de forma muito
apropriada para darmos início a esta disciplina. Eles dizem que pessoas não fazem
somente parte da vida produtiva das organizações, mas constituem o princípio
essencial de sua dinâmica, na medida em que conferem vitalidade às atividades
e processos, inovam, criam, recriam contextos e situações que permitem levar a
organização a se posicionar de maneira competitiva e diferenciada com clientes.
Bosi (1987) nos explica que o termo cultura apresenta três dimensões:
cultivo, culto e cultura. De um lado, a palavra traz uma raiz latina: vem do
verbo colo, que significa “cultivar a terra”. No caso de Roma, então, por se
tratar de uma civilização de raízes agrárias, os termos que remetem à cultura
intelectual ficaram ligados ao imaginário da terra.
DEFINIÇÃO
Conforme Ferreira (2011), cultura significa: Ação
ou maneira de cultivar a terra ou as plantas;
cultivo: a cultura das flores. / Desenvolvimento
de certas espécies microbianas: caldo de
cultura. / Terreno cultivado: a extensão das
culturas. / Categoria de vegetais cultivados: culturas forrageiras. /
Arte de utilizar certas produções naturais: a cultura do algodão.
/ Criação de certos animais: a cultura de abelhas. / Fig. Conjunto
dos conhecimentos adquiridos; a instrução, o saber: uma sólida
cultura. / Sociologia Conjunto das estruturas sociais, religiosas etc.,
das manifestações intelectuais, artísticas etc., que caracteriza uma
sociedade: a cultura inca; a cultura helenística.
Observe as variações do termo e sua amplitude. Mas temos sim como entendê-
la. Para auxiliar nesta tarefa, vamos ver, com Tavares (1999), algumas informações
comumente aceitas por grande parte dos antropólogos quando se discute a cultura:
BIOGRAFIA
Raymond Williams (1921-1988) foi um
acadêmico, crítico e novelista inglês. Seus
escritos em política, cultura, literatura e cultura
de massas refletiram seu pensamento marxista,
trazendo uma interpretação democratizante
para a cultura. Sua trajetória foi marcada por
ter sido um expoente da Nova Esquerda e na
teoria cultural em geral. Trata-se de um dos
principais estudiosos da cultura e criador dos
Fonte: <www.infoescola.com>
Estudos Culturais. (CEVASCO, 2001)
E a trajetória do termo seria a seguinte: até o século 18, significava uma atividade,
a cultura de alguma coisa, em geral relativa a animais e produtos agrícolas.
A partir do fim do século 18, o termo cultura passou a ser utilizado como
correspondente ao termo civilização. Civilização era entendida como um estado
realizado, originado de civitas (ordenado, educado), em oposição, portanto,
ao estado natural da barbárie. Nesse momento, são termos intercambiáveis.
Aliás, este é um dos mais importantes aspectos com que a consolidação das
preocupações com cultura esteve associada: a sua vinculação com as novas
preocupações de conhecimento científico do século 19.
EXPLORANDO
Sugiro que você acesse o site <http://www.
somos1so.com.br/categorias/cultura/> e assista
ao vídeo A cultura e a casca de banana, uma
produção da TV Cultura e SESCTV, dirigido por Toni
Venturi. Além do vídeo, consta ali uma reflexão
do consultor Eduardo Viveiros sobre o tema deste episódio, que nos
interessa particularmente neste capítulo. Não deixe de assistir!
Num mundo como o nosso, tão pequeno pela comunicação em escala planetária,
isso me parece muito importante. Porque já não se trata somente de fabricar
mais e mais automóveis, conforme pensávamos em 1950, mas desenvolver nossa
capacidade para enxergar melhores caminhos para os pobres, os marginais e os
oprimidos. E isso só se faz com uma atitude aberta para as formas e configurações
sociais que, como revela o conceito de cultura, estão dentro e fora de nós.
Num país como o nosso, onde as formas hierarquizantes de classificação cultural sempre
foram dominantes, onde a elite sempre esteve disposta a autoflagelar-se dizendo que
não temos uma cultura, nada mais saudável do que esse exercício antropológico de
descobrir que a fórmula negativa - esse dizer que não temos cultura é, paradoxalmente,
um modo de agir cultural que deve ser visto, pesado e talvez substituído por uma
fórmula mais confiante no nosso futuro e nas nossas potencialidades.
Fonte: : DAMATTA, R. Você tem cultura? Explorações: ensaios de antropologia interpretativa. Rio de Janeiro: Rocco, 1986. p. 128.
Subculturas
Você verá que este é outro termo que costuma aparecer quando tratamos
da esfera cultural. Mas o que isso significa? Em geral, este termo remete a
uma variação da cultura total. Ralph Linton (apud LAKATOS; MARCONI, 1999)
afirma que a cultura é um agregado de subculturas.
EXPLORANDO
Ao acessar este site, você poderá ler um artigo
interessante sobre “Cultura nacional e cultura
organizacional”, em que a autora reflete sobre
algumas peculiaridades da cultura brasileira,
estabelecendo relações com a cultura das
organizações. Confira em: <http://www.ead.fea.usp.br/tcc/trabalhos/
Artigo_ClaudiaKon.pdf>.
Agora que você já possui mais subsídios para refletir sobre a cultura,
vamos pensar esse termo no âmbito das organizações empresariais.
Como afirma Tavares (1999, p. 57), podemos fazer uma analogia: “trata-se
da mesma imagem mental que usamos ao pensarmos o conceito de vida, quando
aplicado a um organismo unicelular ou complexo, a uma espécie ou a uma célula”.
Marras (2000), por sua vez, sustenta que toda organização é reconhecida
pela sua estrutura, representada pelos seguintes fatores:
REFLEXÃO
Imagino que sua reflexão tenha gerado algumas suposições... E deve ter
concluído que os indivíduos estruturam as organizações justamente porque
podem obter melhores resultados quando somam suas forças e competências,
agindo em equipe em prol de objetivos comuns.
SAIBA QUE
É importante que você saiba que o termo papéis
gerenciais, conforme Mintzberg (apud ROBBINS,
2005), diz respeito a categorias específicas de
comportamento gerencial. O autor afirma que
os papéis gerenciais podem ser agrupados em
três temas: relações interpessoais, transferência
de informações e tomada de decisão.
Maximiano (2002), por sua vez, aponta três palavras-chaves para definir
administração: objetivos, decisões e recursos. E explica que a administração é o processo
de tomar e colocar em prática as decisões sobre objetivos e utilização de recursos.
RECURSOS
Pessoas
Informação
Conhecimento
DECISÕES
OBJETIVOS
Planejamento
Resultados Organização
esperados Direção
Controle
Você sabe o que é o “jeito Google de ser”? Se não, leia este breve texto
para ter noção do que isso quer dizer.
Além de ser uma das empresas mais bem-sucedidas e uma das marcas
mais valorizadas no mercado, o Google também é reconhecido
pela maneira inovadora na relação que tem com seus funcionários.
Com grande experiência na área de Recursos Humanos, Alexandre
Hohagen, diretor geral do Google Brasil, reforçou a política de
sua empresa afirmando que as pessoas são a parte fundamental
do sucesso da empresa: “Se nós formos avaliar o valor do capital
investido na empresa, ele em si é muito pequeno, apesar de valermos
mais ou menos US$150, US$160 bilhões na bolsa. Esse valor está
totalmente relacionado ao capital humano”. Nesse cenário, o que
se faz presente é a maneira de lidar com pessoas em um mundo em
que as barreiras passam cada vez mais a não existir. Razão pela qual
o investimento e seleção de capital humano preparado e eficiente se
tornam muito importantes. (COMUNIDADE DE RH, 2007)
Nesse escopo, já vimos que a cultura pode ser entendida como um sistema
simbólico, tal como a arte, o cinema, a poesia, possibilitando a elaboração de
um conhecimento consensual sobre o significado do mundo.
Experimentou
Questões
Avaliou
fundamentais
Reteve
Sobrevivência
Manutenção
Crescimento
DEFINIÇÃO
Pressupostos são respostas aprendidas,
originadas em valores esposados. “Mas, como
um valor leva a um comportamento, e como tal
comportamento começa a resolver os problemas,
esse valor é gradualmente transformado num
pressuposto subjacente sobre como as coisas são. À medida que
o pressuposto é crescentemente internalizado como verdade [...],
ele sai do nível da consciência. Ou seja, passa a ser uma verdade
inquestionável.” (SCHEIN apud FREITAS, 1991, p. 7-8)
Desta forma, o autor nos convida a refletir a partir do fluxograma, cuja função
é elucidar com maior profundidade o processo de formação de uma cultura.
que cria
leva uma
Um valor comportamento solução
que produz
E é nosso dever, então, conhecer este arsenal para poder aplicá-lo na gestão.
Fonte: extrato de MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996, p. 128.
Imagino que sim. E deve ter respondido com base no que estudamos
até aqui. Afinal, vimos que o grupo gestor de uma organização vai fazendo
escolhas ao longo do tempo, na trajetória da organização, a cada momento
de seu ciclo de vida, envolvendo as variáveis externas e também internas. E
o conjunto de soluções que o grupo experimenta, avalia ou do qual extrai
respostas acaba sendo determinante para a sobrevivência, permanência ou
crescimento do empreendimento.
Sugiro algumas leituras, sites e filmes para que você se atualize sobre o
tema estudado neste capítulo.
1.5 Relembrando
Onde encontrar
BERNARDES, C.; MARCONDES, R. C. Teoria geral da administração. 3. ed. São
Paulo: Saraiva, 2003.
CEVASCO, M. E. Para ler Raymond Williams. São Paulo: Paz e Terra, 2001.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
CAPÍTULO 2
COMPONENTES DA CULTURA
ORGANIZACIONAL
2.1 Contextualizando
Este capítulo apresentará a você os componentes da cultura
organizacional, a forma como eles funcionam, as mudanças comportamentais
que eles provocam.
Tendo isso em vista, ao fim deste capítulo, espera-se que você possa:
Cada organização possui sua própria cultura. E isso pode ser facilmente
percebido quando percorremos um escritório ou as dependências de
qualquer tipo de organização. Deparamo-nos com pessoas e observamos o
modo como se vestem, como se comunicam, sobre o que conversam, como
se comportam, como trabalham, que tipo de líder a organização tem, o
que é importante e relevante para o grupo, como a organização contrata
os funcionários e como se relaciona com eles. Todos esses elementos são
indícios de sua cultura organizacional.
•• tecnologias designam:
•• preceitos referem-se a:
•• sentimentos remetem a:
REFLEXÃO
Você pode estar se perguntando: mas que aspectos não materiais são estes?
•• costumes e tradições;
•• crenças inconscientes;
•• tabus e preconceitos;
•• regras não escritas;
•• atitudes; e
•• outros fatores.
Compartilhamento de:
2.2.1 Valores
O que são valores? Como são definidos? Que funções eles atendem? Por
que se mantêm?
Figura 3 –Valores
Respeito
Confiança Competência
Valores
Flexibilidade Conveniência
Respeito
Fonte: <http://lusoitaliana.pt>
•• importância do consumidor;
•• padrão de desempenho excelente;
•• qualidade e inovação; e
•• importância da motivação “intrínseca” dos colaboradores etc.
E você já deve estar pensando: quanto maior for a solidez dos valores,
mais forte será o poder de percepção e de reforço a partir de outros
elementos culturais neles baseados. Portanto, para a solidez dos valores,
é importante levar em conta as estórias, mitos e crenças. Perceba aqui a
inter-relação dos elementos.
CURIOSIDADE
1001 utilidades, Feito para você, Uma boa
ideia, Bem estar Bem, Dedicação Total a Você...
Qualquer brasileiro que escute uma dessas frases
pensa, rapidamente e sem se confundir, em
Bombril, Itaú, 51, Natura e Casas Bahia. Não são
poucos os casos de sucesso de slogans no Brasil
e no mundo, mas para alcançar esse objetivo uma marca precisa de
muito estudo e, principalmente, valores e gestão bem definidos.
DEFINIÇÃO
Marconi e Presotto (2001) revelam que crença é
a aceitação, como verdade, de uma proposição
comprovada ou não cientificamente Consiste em
uma atitude mental do indivíduo, que serve de
base para a ação voluntária. Embora intelectual,
possui conotação emocional.
Para citar alguns exemplos, Ronchi, Pereira e Pádua (2008) mencionam que
empresas como a Natura, Vale e Coca-cola possuem crenças e pressupostos fortes
e trabalham intensamente para divulgá-los, pois acreditam que, dessa forma,
fomentarão um maior envolvimento entre seus colaboradores, fortalecerão
laços e melhorarão suas práticas. Sendo assim, os pressupostos adotados nestas
empresas são inseridos inconscientemente, mas são mais profundos que os
valores, que estão ligados às estratégias, objetivos e metas organizacionais. À
medida que os valores estão testados, são validados como eficazes para resolver
problemas, e, por sua vez, são transformados em pressupostos.
Ser o melhor
Detalhes da execução
Membros inovadores
DEFINIÇÃO
Símbolo pode ser entendido como qualquer
objeto, ato, evento ou relação que serve
de veículo de um significado, geralmente
representando outra coisa. (TRICE; BEYER apud
FREITAS, 1991) Veja, por exemplo, o caso da
bandeira de um país. Ela o simboliza.
Você já deve ter entendido que símbolos e ritos são usados para
expressar a especial significância da definição de ideias específicas
dos eventos ou indivíduos nas organizações. E neste sentido, alguns
exemplos de tipos de símbolos são os logotipos organizacionais, os hinos,
as bandeiras.
DEFINIÇÃO
“Os ritos são representações dos mitos e neles
também estão presentes os símbolos. Entendidos
dessa forma, os ritos também são expressões
da cosmologia de um povo, ou da filosofia
da empresa e, na perspectiva antropológica,
são cadeias condensadas de significados transmitidos através de
sequências de comportamento, fazendo uma ligação profunda
entre as dimensões racionais e não-racionais, presentes no cotidiano
do grupo que o encena.” (TAVARES, 1999, p. 77)
Como sustenta Freitas (2007, p. 19), “os rituais e ritos são atividades
planejadas que manifestam o lado concreto da cultura organizacional. Eles
preenchem várias funções: comunicam a maneira como as pessoas devem se
comportar na organização, sinalizam os padrões de intimidade e decoro aceitáveis,
exemplificam a maneira como os procedimentos são aplicáveis”, dentre outras.
Tenha em mente o seguinte: “todo povo tem seu mito de origem, seu
herói civilizador, e seu panteão de heróis. Assim também as organizações que
se transformaram em culturas, têm sua história, seu mito de origem, seu herói
SAIBA QUE
Freitas (1991) ressalta que as estórias são simbólicas e flexíveis, podendo ser
reinterpretadas e mudadas, de acordo com a situação em que serão aplicadas.
Wilking (apud FREITAS, 1991) cita algumas características gerais das estórias:
•• elas são uma espécie de contrato social na organização, uma vez que
são, em geral, relacionadas com a maneira de agir e de que forma os
membros são tratados, recompensados ou punidos.
Você já deve ter concluído: as estórias nada mais são do que contos que
você ouve a respeito de alguma coisa de fatos que ocorreram na organização,
por narradores que testemunharam os fatos ou ouviram os relatos mais antigos.
Podem trazer reações positivas ou negativas, impactando no clima organizacional.
2.2.5 Heróis
Freitas (1991) afirma que existe uma relação quase direta entre
organizações bem sucedidas e seus heróis, visto que eles demonstram, em
grande parte, a força da organização.
Cada cultura possui maneiras próprias de fazer algo, e uma vez que essas
formas são estabelecidas, viram “normas” e regras, sejam elas explícitas ou
tácitas. Estas formas de fazer as coisas, por sua vez, influenciam os funcionários
da organização, ou seja, todo comportamento formal que é esperado, aceito
ou apoiado pelo grupo será indicado a partir das normas. Desta forma, as
Por este viés, Freitas (2007, p. 30) interpreta que as organizações podem ser
vistas como fenômenos da comunicação, pois “as culturas são criadas, sustentadas,
transmitidas e mudadas através da interação social - modelagem, imitação, correção,
negociação, contar estórias e fofocas, remediações, confrontações e observações”.
•P
adres: são pessoas preocupadas com a corporação e guardiãs dos
valores culturais. Eles se preocupam em manter o “banho” junto e
estão sempre dispostos a ouvir uma confissão, tendo sempre soluções
para os dilemas, especialmente os morais. Geralmente os padres se
preocupam mais com os detalhes que os contadores de estórias e
tendem a voltar ao passado para relacionar os eventos aos presentes.
Está posição exige maturidade e serenidade através dos anos.
Este autor (2000) explica que os ritos são praticados como a finalidade de
perpetuar, no dia a dia, os valores organizacionais e tornar a cultura mais coesa.
Os mitos são figuras imaginárias, geralmente oriundas da interpretação de
fatos não concretos e que são utilizados para reforçar crenças organizacionais
com o intuito de manter certos valores históricos. Os tabus, por sua vez,
orientam o comportamento e atitudes, enfocando questões de proibições,
coisas mal vistas. Valores compartilhados são os valores em comum entre a
empresa e o empregado, geradores dos impulsos do comportamento e das
atitudes dos membros da organização. Trata-se, como se vê, de uma interação
bem articulada, sobretudo no caso das culturas fortes.
Agora, sugiro que você leia o seguinte caso, adaptado a partir de Johann
(2007), e procure responder à situação problema.
Fonte: JOHANN, S. L. Gestão da cultura corporativa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
Digamos que você foi contratado para fazer uma breve análise dos
elementos que compõem a cultura organizacional da GE a partir deste relato.
Quais elementos você consegue perceber neste enredo? Afinal, como se
caracteriza a cultura organizacional da GE?
2.5 Relembrando
Onde encontrar
CAPÍTULO 3
CARACTERÍSTICAS DAS CULTURAS
ORGANIZACIONAIS
3.1 Contextualizando
Já vimos que a cultura é um dos pontos-chave para compreendermos
as ações humanas, na medida em que funcionam como uma espécie de
padrão coletivo que identifica os grupos, suas maneiras de perceber,
pensar, sentir e agir.
Tendo isso em mente, convido você para irmos um pouco mais a fundo
em nossos estudos sobre o tema. Veremos aqui as principais características das
culturas organizacionais, destacando-se sua relação com a estrutura de poder
e comunicação e a formação da identidade da organização.
• e
vitam a responsabilidade para se • s ão autocontroláveis e assumem
sentirem seguras; responsabilidades;
CURIOSIDADE
Você já ouviu falar na Teoria Z? Se ainda não,
saiba que a Teoria Z, defendida nos tempos
atuais, traz uma grande contribuição para as
teorias da Administração. Esta teoria (que hoje
é uma prática) fundamenta-se em preceitos e
comportamentos vividos, principalmente, nos
países orientais (Japão, Coreia, Taiwan). Atualmente, seguida e imitada
por inúmeros países, inclusive o Brasil, vem contribuir sobremaneira
com relação aos comportamentos modernos de administração.
Fonte: <http://www.sato.adm.br/rh/teoria_z.htm>
O primeiro ponto que gostaria de ressaltar a você é que os gestores devem estar
cientes de que a cultura da organização, sua personalidade, pode ser administrada
ou mudada. Sim, é possível ajustá-la, mas nem sempre isso é tarefa fácil.
O autor (2005) explica ainda que quanto mais profunda a camada, maior será
a dificuldade de mudar e transformar a cultura. Na camada mais profunda (dos
pressupostos básicos) a mudança cultural é mais difícil, problemática e demorada.
REFLEXÃO
Este autor (2009) destaca que a cultura organizacional pode e deve ser
modificada no momento que as pessoas envolvidas têm plena consciência de
que a mudança é necessária para a sobrevivência ou crescimento de todos
num sentido amplo.
sobrevive. Porém, destaca que a cultura é difícil de ser modificada, pois ela
contém significado e segurança.
SAIBA QUE
Em artigo publicado na revista Melhor: Gestão
de Pessoas, Roberto Ziemer, mestre em Psicologia
Social, sustenta que “não existe identidade
perfeita entre os valores dos indivíduos e de
sua organização. E, mesmo quando isso ocorre,
há de se considerar que as pessoas mudam.”
Ziemer ressalta que a busca de homogeneidade
cultural por meio da utilização de certos critérios
de seleção “pode se tornar uma estratégia de sucesso se essa cultura
estiver sintonizada com o contexto de mercado da empresa” isto é, se
ela interpreta corretamente a realidade e cria soluções para ela. Mas
recomenda que se tome cuidado para não erradicar as diferenças,
pois a diversidade é atualmente um valor estratégico importante.
•• a filosofia formal;
•• as regras do jogo;
•• o clima;
•• as habilidades natas;
•• os hábitos de pensar, modelos mentais e paradigmas linguísticos;
•• os significados compartilhados;
•• as “metáforas raízes” ou símbolos de integração; e
•• os rituais e celebrações formais.
O autor (2009) explica que os seres humanos não podem ser entendidos se
a busca desse entendimento não for alimentada por um pensamento filosófico,
ético, político e cultural. Considerar a subjetividade nas organizações significa
reconhecer que as pessoas estão em ação e em permanente interação, dotadas
de vida interior e que expressam sua subjetividade por meio da palavra e de
comportamentos não verbais
•• a cultura não deve ser super simplificada, pois ela é mais que o
comportamento observável e os valores. São os pressupostos básicos
que definem a realidade apreendida para certo grupo;
•• não limitar o raciocínio ao conteúdo da cultura que vão além das relações
humanas; veja conceitos fundamentais como realidade, verdade, estrutura
social e desenho organizacional, como as decisões são tomadas etc.
•• não assumir que é fácil mudar a cultura, pois isso envolve uma série
de mecanismos; e
Impositivo Colaborativo
Formal Informal
Centralizado Descentralizado
Perceba ali como isso afeta o foco, a relação com a mudança, as formas de
comunicação, a tomada de decisões, o comportamento humano dos membros
da organização e a forma de liderar.
SAIBA QUE
Se o poder e o controle são partes constituintes
da organização, então qualidade, como variável
organizacional, está de certa forma, circunscrita
por questões relativas a poder, controle e objetivos
dos grupos organizacionais. Pollitt chama atenção
para esse aspecto quando afirma que os gerentes
profissionais são os responsáveis pelas mudanças
que levarão ao alcance da qualidade e ao sucesso
organizacional, o que mantém o seu poder sobre os demais grupos
organizacionais e seu status quo de heróis. (VIEIRA, 1997)
Por sua vez, Schein (2009, p. 10) estabelece o entrelaçamento dos termos
cultura e liderança, ao destacar que
Ora, é nesse sentido que o autor (2009, p. 21) destaca: “o mais importante
para os líderes é que, se eles não se tornarem conscientes das culturas em que
estão inseridos, estas o gerenciarão. O entendimento cultural é desejável para
todos, mas é essencial aos que forem liderar”.
Sobre estas relações entre os termos, cabe ainda mencionar que existem
algumas tipologias culturais que focam especificamente na forma como a
autoridade é usada e que nível de participação é esperado na organização.
outros agentes, mas tal fato não quer dizer que o empresário proprietário
esteja à margem (BERTERO, 1996).
Freitas (2007, p. 30) chega a dizer que “as organizações são intrinsecamente
fenômenos de comunicações e que todos os artefatos culturais estão ligados
entre si, exercendo uma influência múltipla no conjunto dos indivíduos e dos
grupos integrantes da organização”.
LEMBRETE
Uma questão desafiadora que gira em torno
da empresa atualmente e sempre continuará
existindo é a questão da comunicação. Portanto,
os gestores devem estar atentos para minimizar
os ruídos e aperfeiçoar os diálogos com o público
interno e externo.
EXPLORANDO
A leitura do livro Portas abertas, de Célia
Valente e Valter Nori, é fundamental para você
entender o contexto que motivou a mudança
de atitude das organizações em relação a sua
comunicação e a forma como se relacionar com
os seus públicos. Confira!
CURIOSIDADE
A revista Fortune nos Estados Unidos possui uma
edição anual que destaca as “Empresas mais
admiradas” e possuem características de uma
cultura organizacional forte. No Brasil, a Editora
Abril publica anualmente o Guia Você S.A./Exame,
com a relação das empresas sediadas no país que
apresentam as melhores condições de trabalho para seus funcionários.
•• possui uma firme disposição para agir, fazer as coisas até o fim;
•• está ao lado e junto do cliente;
•• tem autonomia e iniciativa;
•• consegue produtividade através das pessoas;
•• é orientada por valores compartilhados;
•• se atém ao conhecido (ou ao core business);
•• possui formas bem simples e equipes dirigentes pequenas;
•• apresenta elevado nível de flexibilidade em múltiplas frentes.
Você deve ter percebido que tratamos, até aqui, de uma empresa em
que prepondera o consenso, uma corrente majoritária que delineia a cultura a
partir de um sentido único para todos os membros da organização.
CURIOSIDADE
Após vários anos, a pequena empresa cresceu,
foi bem-sucedida no seu mercado, ampliou os
seus produtos e abriu filiais em vários estados
brasileiros e no exterior. Os dois sócios ampliaram
a sociedade, trazendo os seus filhos para a
administração dos negócios, e, agora, eles são
um grupo de cinco, com atribuições bem-definidas em diferentes
áreas. Dois dos novos sócios mudaram-se para as duas filiais mais
importantes e exercem as suas funções com relativa autonomia, mas
ainda subordinados às decisões da matriz.
Veja o questionamento da autora (2007): aquilo que foi eleito como certo
e válido desde a época dos fundadores continuaria a vigorar e a despertar o
mesmo entusiasmo de todos e sem gerar nenhum tipo de questionamento? O
que você acha? Pode ser que sim, ou seja, que a empresa se mantenha coesa e
bem integrada ao longo dos anos.
EXPLORANDO
Sugiro que você consulte o site a seguir:
<http://revistamelhor.uol.com.br/educacao-
saude/237/artigo223046-1.asp> e leia o artigo
“Cadeia de valor”, de Caroline Marino, onde
a autora aborda alguns casos de empresas que
traçam seus DNAs para ajustar a cultura organizacional e garantir a
sobrevivência em um mercado em mutação.
EXPLORANDO
Para saber mais sobre estas tipologias, sugiro a
leitura do artigo de Israel José dos Santos Felipe,
no site Administradores. Confira em:
<http://www.administradores.com.br/informe-se/
artigos/a-importancia-da-cultura-organizacional-
nas-organizacoes-e-para-os-administradores/27997/>.
Schein (2009, p. 179) explica que “as organizações são o resultado de pessoas
que trabalham juntas com um propósito comum”. Desse modo, complementa que
o relacionamento básico entre o funcionário e a organização pode ser percebido
como a dimensão mais fundamental para a construção de uma tipologia.
Nesse sentido, cita que uma das teorias mais gerais é a de Etzioni (1975
apud SCHEIN, 2009), que diferencia os três tipos de organização:
Vamos estudá-los?
Flexibilidade e autonomia
Foco externo e diferenciação
Foco interno e integração
Cultura
Cultura racional
hierárquica
Flexibilidade e controle
Saiba que cada tipo de cultura possui um oposto. A grupal, preocupada com
a coesão, a moral e o desenvolvimento dos recursos humanos, entra em
acentuado contraste com a racional, com sua busca de participação no mercado,
realização de metas e eliminação da concorrência. Por sua vez, a hierárquica,
com sua paixão pela eficiência, pontualidade e funcionamento sem sobressaltos,
contrapõe-se à inovativa, que visa à realização em resultados de ponta,
criatividade e crescimento (QUINN, 2003 apud MORAES; SALA, 2010).
Pois bem, a propósito do valor das tipologias culturais, Schein (2009) explica
que elas simplificam o pensamento e fornecem categorias para escolha das
complexidades que devemos lidar ao confrontarmos as realidades organizacionais.
Fonte: LUSSIER, R. N.; REIS, A. C. F.; FERREIRA, A. A. Fundamentos da administração. São Paulo: Cengage Learning, 2010. p. 56.
Digamos que você foi contratado para ser consultor de uma empresa
concorrente da Amazon.com. E seu cliente questiona: a partir deste
breve relato, como você vê a cultura organizacional da Amazon.com?
Considerando este ambiente informal, podemos dizer que se trata de
uma cultura fraca?
Sugiro algumas leituras, sites e filmes para que você se atualize sobre o
tema estudado neste capítulo.
3.5 Relembrando
•• cultura e poder são dois lados da mesma moeda: afinal, nenhum dos dois
termos pode ser entendido por si, havendo sempre uma inter-relação;
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II e IV.
Onde encontrar
CAPÍTULO 4
COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL
4.1 Contextualizando
Parece ser consenso, no atual ambiente corporativo, que as habilidades
técnicas são necessárias e fundamentais, mas insuficientes para garantir o
êxito das organizações e dos processos de gestão. As habilidades interpessoais
parecem-nos tão importantes quanto as técnicas. Você concorda?
Davel e Vergara (2001) explicam que o ser humano não pode ser
compreendido se a busca desse entendimento não for alimentada por um
pensamento filosófico, ético, político e cultural. Nesse sentido, considerar
a subjetividade nas organizações significa, para os autores, que as pessoas
estão em ação e em permanente interação, dotadas de vida interior e que
expressam sua subjetividade por meio da palavra e de comportamentos
não verbais.
Você deve estar ciente de que a gestão de pessoas nas organizações não
deveria resumir-se a um conjunto de políticas e práticas, tampouco ser definida
como responsabilidade de um único departamento ou de uma função. Assim,
Davel e Vergara (2001) propõem, citando Ferris et al., que ela seja concebida
como uma mentalidade, uma forma constantemente renovada de pensar a
atuação e a interação humana na organização.
das pessoas e iguais vantagens para as pessoas. Davel e Vergara (2001, p.50)
mencionam que “a consideração dos níveis objetivos e subjetivos delas pode
ajudar nessa tarefa”.
Mas quando foi que esse assunto chegou ao nosso país, despertando
o interesse de gestores e pesquisadores? Siqueira et al. (2008) explicam
que no Brasil os estudos iniciais sobre comportamento organizacional
datam dos anos de 1970, abordando, em especial, satisfação e motivação
no trabalho.
•• novas tecnologias;
•• reduções ou novas posições na empresa;
•• contratação;
•• treinamento e desenvolvimento;
•• remuneração e benefícios;
•• banco de talentos;
•• segurança, saúde e qualidade de vida;
•• comunicação com empregados;
•• engenharia de produção e ergonomia;
•• sistemas de gestão da qualidade;
•• inovação tecnológica;
•• desenvolvimento sustentável ou marketing social; e
•• competência integrada aos aspectos socioeconômicos e pessoais.
CONCEITO
O “comportamento organizacional é o estudo
do conjunto de ações, atitudes e expectativas
humanas dentro do ambiente de trabalho”
enfatiza Limongi-França (2006, p. 3). A autora
complementa que a aplicação dos conhecimentos
do comportamento organizacional gera as práticas e modelos de
gestão de pessoas. E gestão de pessoas significa o conjunto das
forças humanas voltadas para as atividades produtivas gerenciais e
estratégicas dentro de um ambiente organizacional.
E como se aplicam estes conceitos? Vamos ver o que nos diz a própria
Limongi-França (2006). A autora alerta para o fato de que, na prática, discute-
se a gestão com a visão das organizações, deixando de lado a visão integrada
das pessoas, tais como:
•• valores; e
EXPECTATIVAS
Necessidades,
valores pessoais
história de vida
Mesmo que tais comportamentos não sejam notados por quem está
vivendo as situações, eles constituem uma das atividades mais ricas da psicologia
das organizações. Mas tal estudo não se restringe à área da psicologia social.
Relação Iniciativa
Autoconfiança
interpessoal intuição
Integridade e Auto-
Compreensão
coerência conhecimento
Capacidade Competividade
Flexibilidade
crítica objetivos
•• produtividade;
•• absenteísmo;
•• rotatividade;
•• cidadania organizacional; e
•• satisfação no trabalho.
REFLEXÃO
E você já deve ter notado que muitas vezes essa percepção varia, não
é mesmo?!
Por fim, cabe ainda explicar o que são as atitudes. São avaliações positivas
ou negativas das pessoas, coisas e situação, explicam os autores (2010). E
complementam que os empregadores costumam recrutar funcionários com
atitudes positivas porque estes tendem a ser leais e confiáveis.
Lussier, Reis e Fonseca (2010, p. 291) mencionam que “as atitudes são
baseadas nas percepções. Família, amigos, professores, colegas de trabalho,
os meios de comunicação de massa, entre outros, afetam a formação de
suas atitudes”.
REFLEXÃO
Pense na seguinte situação: quando você
optou por este curso que está fazendo, antes
de se matricular, certamente você conversou
com conhecidos, analisou a matriz de
disciplinas, verificou a opinião de colegas que
já o cursaram ou que já atuam no mercado
de trabalho. A partir do que leu e conversou,
você pode ter iniciado o curso com uma
atitude específica. Agora reflita: sua atitude
com relação ao curso tornou-se mais positiva ou negativa?
Aprendizagem
Formação
Lei do
Ambiente Comportamento
efeito
Modelagem
DEFINIÇÃO
A expressão mudança organizacional quer
dizer que aconteceu ou está por acontecer no
contexto alguma coisa importante, que afetou,
está afetando ou pode afetar a vida da empresa,
e que é preciso fazer algo a respeito disso. O que
a empresa precisa fazer é ajustar seu modo de organizar-se e de
atuar aos novos desafios vindos do contexto (OLIVEIRA, 2010).
•• a estrutura de organização;
•• os processos de decisão; e
•• a estratégia corporativa.
Quadro 3 – Situações organizacionais em que a reforma cultural deve ser considerada pela cúpula administrativa
• O
corrência de mudanças fundamentais no ambiente e a companhia tem sido
dirigida por valores incompatíveis ao novo ambiente.
• Quando a indústria é altamente competitiva e o ambiente muda rapidamente.
• Q
uando a empresa apresenta resultados medíocres ou vem acumulando
desempenhos cada vez piores.
• Q
uando a companhia está em via de se tornar uma grande corporação (entrar
para a lista das 100 da Revista Fortune é um bom indicador para o mercado
norte-americano).
• Q
uando a companhia está crescendo rapidamente e uma massa enorme de novos
empregados está sendo absorvida.
Fonte: adaptado de Freitas (1991)
Robert Allen (apud FREITAS, 1991) sugere que a mudança cultural pode
ocorrer por meio de alguns elementos específicos, como a questão das normas,
entendendo-as como todo o comportamento esperado, aceito e mantido pelo
grupo, ou seja, o comportamento sancionado.
Por meio das normas, explica Freitas (1991), os administradores dos mais
diversos setores e/ou escalões, de maneira significativa, poderão participar
deste processo, da construção da nova cultura, uma tarefa árdua e difícil.
Aceitar a nova maneira e os novos valores é, de fato, comprometer-se com a
mudança cultural, considerando o lado da dor e do sentimento de perda, mas
pode ser um reprodutor da cultura mudada, sendo um agente multiplicador
neste processo rumo a uma mudança na esfera do trabalho.
Em todo caso, você já deve estar ciente de que é preciso que o gestor
esteja preparado para lidar com a resistência à mudança. Os gestores devem
prever como os funcionários reagirão diante de determinada mudança. E
devem perceber que a resistência à mudança varia em intensidade (forte, fraca
ou moderada), fonte (fatos, crenças e valores) e foco (eu, outros e ambiente
de trabalho) (LUSSIER; REIS; FERREIRA, 2010).
•• hábito;
•• segurança;
•• fatores econômicos;
•• medo do desconhecido; e
•• processamento seletivo de informações.
•• inércia estrutural;
•• foco limitado da mudança;
•• inércia do grupo;
•• ameaça à especialização;
•• ameaça às relações de poder estabelecidas; e
•• ameaça às alocações de recursos estabelecidas.
As organizações não se limitam mais às fronteiras dos países. A rede Burger King
pertence a uma empresa inglesa, e a rede McDonald’s vende seus hambúrgueres em
Moscou. A Exxon, tida como uma empresa norte-americana, tem 75% de suas receitas
provenientes de vendas fora dos Estados Unidos. A Toyota fabrica carros em Kentucky;
a General Motors, no Brasil. A Ford (dona de parte da Mazda) envia executivos de
Detroit para o Japão, para ajudar os executivos da Mazda em suas operações. Esses
exemplos ilustram a afirmação de que o mundo virou uma aldeia global. De sua parte,
os executivos precisam aprender a lidar com pessoas de diferentes culturas.
A globalização afeta as habilidades humanas dos executivos em, pelo menos, duas
maneiras. Em primeiro lugar, como executivo, crescem cada vez mais as chances de você
ser enviado em missões internacionais. Você pode ser transferido para uma unidade
operacional ou subsidiária de sua organização em outro país.
Quando estiver lá, terá de administrar uma mão de obra que provavelmente será
bastante diferente daquela com a qual você estava acostumado a lidar, seja quanto
a necessidades, aspirações ou atitudes.
Em segundo lugar, mesmo ficando em sua terra natal, você poderá ter de trabalhar
com chefes, colegas e outros funcionários que nasceram e foram criados em
culturas diferentes.
Fonte: ROBBINS, S. P. Fundamentos do comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2009.
4.5 Relembrando
Onde encontrar
CAPÍTULO 5
CLIMA ORGANIZACIONAL:
DEFINIÇÕES E IMPORTÂNCIA
5.1 Contextualizando
Após abordarmos as facetas da cultura organizacional e contemplarmos
as peculiaridades do comportamento organizacional, chegou a hora de
estudarmos o clima. E trata-se aqui de uma espécie muito singular de
meteorologia. Não me refiro às chuvas, trovoadas ou dias ensolarados, mas
ao clima da organização.
Isso mesmo, aqui vamos estudar o significado desta expressão, bem como
verificar suas nuances e sua importância no âmbito corporativo.
Teixeira et al. (2005) nos trazem outro exemplo: você pode imaginar
como fica tenso, nebuloso, ameaçador o clima de uma montadora de
veículos quando começam a circular na mídia notícias sobre a retração do
mercado de veículos. Por outro lado, se uma notícia vinda da alta gerência
esclarece que a retração não a atinge, certamente logo se perceberá
os efeitos no clima, afastando as nuvens escuras, prenunciadoras da
tempestade. Certo?
DEFINIÇÃO
Teixeira et al. (2005) compreendem o clima
organizacional como um conjunto de
percepções, sentimentos e opiniões expressos no
comportamento de um grupo ou uma organização,
em um determinado momento ou situação. Trata-
se, desse modo, de um fenômeno tipicamente psicossocial e mutável.
E difere da cultura na medida em que se baseia nas percepções e
opiniões que as pessoas têm em relação à organização na qual atuam,
retratando um estado momentâneo da organização.
Por sua vez, vejamos o que nos diz Chiavenato (2009). O autor define o
termo como o ambiente interno que existe entre os funcionários da organização.
Isso mesmo: o ambiente interno, o clima entre os funcionários. E, nesse sentido,
o clima organizacional está relacionado com a motivação. E o autor afirma que
quando a motivação é alta entre os funcionários, o clima se reflete em satisfação,
interesse, colaboração etc. Mas quando a motivação é baixa, ocorre totalmente
o oposto, isto é, o clima se traduz em frustração, insatisfação, desinteresse etc.
Benjamin Schneider, “Clima e cultura são tópicos complementares. O clima refere-se aos
consultor norte- modos pelos quais as organizações indicam aos seus participantes o que
americano é considerado importante para a eficácia organizacional.”
PRATICANDO
Agora, sugiro que você faça o seguinte exercício:
se você já trabalha (mesmo como estagiário) em
uma empresa, você pode fazer a atividade a partir
desse ambiente de trabalho, mas caso ainda não
atue profissionalmente, visite uma empresa e
procure identificar como é o ambiente interno desta organização.
Converse com alguns funcionários e procure responder: trata-se de
um ambiente propício à satisfação e a colaboração ou, pelo contrário,
prevalece a frustração e a insatisfação? Como você percebe este clima
interno? Elabore sua resposta, sem identificar o nome da empresa,
apenas o segmento de atuação e a sua análise, e depois compartilhe
com seus colegas no ambiente virtual de aprendizagem.
Luz (2007) ainda destaca outro ponto que merece nossa atenção: é
imprescindível considerar alguns aspectos do interior das organizações, mas
também é fundamental conhecer a realidade familiar, social e econômica dos
recursos humanos. A qualidade no clima organizacional só será conquistada
se houver a qualidade na vida pessoal e profissional, consequentemente,
poderemos encontrar pessoas comprometidas com a Qualidade total.
Mas saiba, caro acadêmico, que são poucas as empresas que demonstram
interesse em ouvir seus clientes internos, que estão abertas para ouvir as
queixas com relação ao salário, ao trabalho que executam, à comunicação
existente na empresa, e tantos outros quesitos.
SAIBA QUE
“Não basta que o administrador saiba
desempenhar bem suas funções nos tipos
de comunicação; não basta saber planejar,
implantar, operar, avaliar, é preciso que saiba
também estimular, coordenar e controlar,
entendendo as pessoas e suas peculiaridades
individuais e grupais.” (LAKATOS, 1997, p. 153)
Você já deve ter percebido, até aqui, que gerenciar o clima organizacional
é uma função gerencial e deve constituir um compromisso corporativo,
daqueles dirigentes dispostos a aumentar, por meio desse instrumento de
diagnóstico, a rentabilidade de seus negócios e a melhorar a qualidade de
vida de seus funcionários.
Para você se dar conta dessa importância, Luz (2007) traz alguns dados
para ilustrar. Vejamos.
EXPLORANDO
Você quer conhecer os resultados da pesquisa
em 2011? Então, confira no seguinte site:
<http://exame.abril.com.br/carreira/melhores-
empresas-para-voce-trabalhar/> Ali é
apresentado o ranking das empresas que se
destacam pelo Índice de Felicidade no Trabalho, com seleções
conforme o porte (pequeno, médio e grande) das organizações.
EXPLORANDO
Mas como saber se a empresa em que você atua está enfrentando tais
inimigos? Quais são os sinais de que esse perigo ronda a organização?
Quando aumenta:
Quando diminui:
•• a produtividade;
•• a motivação;
•• a assiduidade;
•• a inovação.
SAIBA QUE
FUNCIONÁRIOS CLIMA
SATISFEITOS E ORGANIZACIONAL
MOTIVADOS FAVORÁVEL
FUNCIONÁRIOS CLIMA
INSATISFEITOS E ORGANIZACIONAL
DESMOTIVADOS DESFAVORÁVEL
Obediência Independência
FUNCIONÁRIOS
SATISFEITOS E
EMPOWERMENT MOTIVADOS
Sugiro que você leia este trecho de autoria de Robbins (2005) com atenção.
Muitas organizações consideravam que esse era um preço que tinha de ser pago, a
fim de aumentar a flexibilidade e a produtividade.
Richard Branson, o bilionário fundador e presidente da Virgin Airlines, acha que não
há problema. Ao contrário da maioria dos executivos que dizem que é necessário
priorizar o cliente ou os lucros, Branson diz: “Quase 100% da administração de
uma empresa consiste em motivar seu quadro de pessoal e as pessoas ao seu
redor. E se você puder motivá-las, então você poderá conseguir qualquer coisa. E
muitas companhias priorizaram os acionistas, colocando os clientes em segundo
lugar, e seu pessoal em último. Se você inverter isso e colocar seu pessoal em
primeiro lugar, você descobrirá bem depressa que os clientes também devem vir
em primeiro, bem como os acionistas”.
Fonte: ROBBINS, S. Administração: mudanças e perspectivas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 43.
Aqui vale a pena chamar sua atenção para um detalhe: ainda que não
seja o foco de nosso estudo aqui tratar de motivação, convém destacar a
você que a motivação é intrínseca, ou seja, ninguém motiva ninguém, é algo
do próprio indivíduo. Nós é que nos motivamos, ou não. Assim, o que vem de
fora pode, isso sim, estimular, incentivar, provocar nossa motivação.
E para a realização das pesquisas, é preciso pensar nas variáveis. Mas isso
já é assunto de nosso próximo capítulo.
Fonte:TEIXEIRA, J. E. Clima organizacional: empregados satisfeitos fazem bem aos negócios. In: BOOG, G.; BOOG, M. Manual de gestão
de pessoas e equipes: operações. Vol. 2. São Paulo: Gente, 2002, p.579-580.
Sugiro algumas leituras, sites e filmes para que você se atualize sobre o
tema estudado neste capítulo.
5.5 Relembrando
1) Assinale o item que indica as vantagens que as empresas têm com a melhoria
do seu clima organizacional.
Onde encontrar
VOCÊ SA. O melhor do Guia - Tradição em boas práticas. Você SA. Disponível
em: <http://vocesa.abril.com.br/melhoresempresas2011/o-melhor-do-guia.
shtml> Acesso em: 11 set. 2011.
CAPÍTULO 6
VARIÁVEIS DE CLIMA ORGANIZACIONAL
6.1 Contextualizando
Agora que você já entendeu o significado de clima organizacional,
já notou as razões para os gestores conhecerem a avaliação o clima nas
organizações em que atuam, identificou os inimigos do clima produtivo e o
significado da satisfação laboral, é hora de ir adiante!
No capítulo anterior, você já deve ter notado que um dos autores centrais
nesta abordagem sobre clima organizacional é Ricardo Luz.
Gil (2006) explica que não adianta a empresa acreditar (ou mesmo, ter
a certeza) de que o que é oferecido aos seus trabalhadores é superior ao que
oferecem as demais empresas, se estes têm uma percepção diferente. O que se
mostra necessário, então, é saber como esse grupo de empregados se sente e,
a partir desse momento, gerenciar esse dado.
SAIBA QUE
Pode acontecer de os empregados não estarem
plenamente satisfeitos com seu salário, mas,
se ao chegarem à empresa, concordarem com
seus objetivos, sentirem-se bem diante de um
local agradável para se trabalhar, com ambiente
amistoso entre a equipe e perceberem os chefes
como pessoas sensatas e justas, podem se
sentir motivadas, e isso faz com que os outros
obstáculos sejam mais facilmente superados, expõe Gil (2006).
Embora o clima seja algo abstrato, como afirma Luz (2003, p. 32), “ele se
materializa, se tangibiliza nas organizações através de alguns indicadores que
dão ‘sinais’ sobre a sua qualidade”.
•• turnover;
•• absenteísmo;
•• pichações nos banheiros;
•• programas de sugestões;
•• avaliação de desempenho;
•• greves;
•• conflitos interpessoais e interdepartamentais;
•• desperdícios de material; e
•• queixas no serviço médico.
Você pode estar se perguntando: mas afinal, quais são as formas que
as empresas utilizam a fim de acompanhar ou avaliar a qualidade do seu
ambiente de trabalho? Quais são os principais meios de coleta de dados para
uma pesquisa de clima?
•• pesquisa de clima;
•• entrevistas de desligamento;
•• ombudsman;
•• café da manhã com o presidente;
•• atendimentos do serviço social; e
•• canal direto com o presidente/ RH.
Pesquisa de clima
Atendimentos do
Entrevistas de
serviço social (RH)
desligamento
Estratégias de
monitoramento do
clima
não chegam à direção. Em muitos casos, esse filtro torna difusa a percepção
que a direção da empresa tem sobre o que acontece nos níveis mais baixos
da estrutura da empresa.
Luz (2003) menciona que as organizações estão utilizando cada vez mais
a pesquisa de clima organizacional para se reestruturar e para saber qual a
impressão que os funcionários têm da organização.
CURIOSIDADE
Ao chegar a sua mesa de trabalho, Priya Patel,
gerente de marketing da linha Skin Care deparou
com um pequeno espelho. Apesar de trabalhar com
produtos de higiene e beleza, o objeto cumpria
ali outra função: fazer com que os funcionários
respondessem a um questionário sobre o clima
organizacional da HPC Brasil, divisão da Unilever. No total, a gerência
de desenvolvimento organizacional e a equipe de comunicação
planejaram a distribuição de cerca de 4.200 espelhos na primeira
pesquisa de clima realizada pela Unilever. Aliás, esse levantamento foi
realizado concomitantemente em todo o mundo e atingiu mais de 90
mil funcionários (MELHOR GESTÃO DE PESSOAS, s/d).
Figura 2 – Fatores externos que influenciam o comportamento das pessoas nas organizações
Pressões do superior
Estados de energia
interna Influência dos colegas
Indivíduao na
Condições ambientais Sistemas pessoais
organização
Programas de
treinamento e Mudanças na tecnologia
desenvolvimento
Demandas da família
São elas:
•• automação;
•• terceirização;
•• privatização;
•• downsizing;
•• aquisição;
•• fusão;
•• aquisição; e
•• reengenharia.
SAIBA QUE
Você já deve ter notado que a adoção dessas estratégias acabou gerando
uma massa de demissões, mudando o cenário corporativo e contribuindo para
mudar o comportamento dos trabalhadores. Isso gerou muita insegurança e
desconfiança. Consequentemente, Luz (2003, p. 9) sustenta que:
Note ainda que nesse contexto, o capital humano passa a ser entendido
como estratégia fundamental para enfrentar as transformações radicais e os
desafios (GIL, 2006).
Em sua pesquisa, Lobo (2003) traz quatro variáveis que têm sido
interpretadas como definidoras da estrutura. São elas:
Vale destacar que cada um desses fatores gera maior ou menor impacto
em cada trabalhador, em função de suas expectativas, seus valores pessoais e
seu nível hierárquico.
•• liderança;
•• comunicação;
•• tomada de decisão;
•• objetivos;
•• interação/influência; e
•• controle.
•• falta de entrosamento;
•• obstáculo;
•• espírito de dever cumprido;
•• amizade/intimidade;
•• distância da supervisão;
•• ênfase na produção;
•• estímulo gerencial; e
•• consideração.
Por sua vez, Coda (1997) apresenta os dez primeiros fatores que
afetam o clima organizacional em sua percepção, que são os seguintes:
liderança, compensação, maturidade empresarial, colaboração entre as
áreas funcionais, no sentido de valor, valorização profissional, identificação
EXPLORANDO
Sugiro a você a leitura deste interessante artigo,
intitulado “Ambiente em transformação”,
disponível em <http://revistamelhor.uol.com.
br/educacao-saude/224/artigo222719-1.asp>,
a propósito de um caso de mudanças no clima
organizacional para se adaptar ao Prêmio Nacional de Qualidade.
Você já deve estar ciente de que o clima não é estático e sem mudanças.
Mas o clima organizacional é único em cada organização, muito abrangente e
complexo, pois busca sintetizar numerosas percepções, atitudes e sentimentos
em um número limitado de dimensões.
O clima pode ser bom ou ruim (prejudicado), sustenta o autor (2003). Ele
é bom quando há ações e atitudes positivas ao ambiente de trabalho, sendo
que há o engajamento e comprometimento dos funcionários, exercem suas
funções e interagem de maneira alegre, dedicados e motivados, demonstrando
satisfação. Ocorre um clima bom quando o ambiente é alegre, quando há
confiança, participação, entusiasmo, dedicação, satisfação, motivação etc.
SAIBA QUE
Quando constatamos o baixo turnover, os
funcionários sentem prazer em fazer parte
da empresa. Em contrapartida, o turnover
costuma ser alto, quando o clima é ruim, sendo
que alguns funcionários inclusive omitem a
sua passagem profissional pela empresa em
questão, além de demonstrar sentimentos de
vergonha pelo fato de ter trabalhado nesta
determinada empresa (LUZ, 2003).
Luz (1996) relata ainda que alguns conceitos são utilizados para
denominar o clima. Por exemplo: clima sadio, clima de harmonia, clima
realizador, clima construtivo, clima tenso, clima de desinteresse etc. O mais
importante a destacar aqui é que tais expressões podem ser utilizadas para
transmitir a ideia que temos a respeito do tipo de clima da organização.
Perceba que tudo isso deve ser feito em prol de um clima organizacional
favorável, que possibilita a satisfação das necessidades dos indivíduos, afetando
positivamente suas atitudes e despertando sua criatividade, seu desejo de
inovar e a capacidade de adaptar-se às mudanças no ambiente de trabalho.
Talvez você tenha arriscado dizer que o RH pode e deve criar condições
para que o ambiente de trabalho, além de harmonioso, seja também
democrático e humano. A fim de criar essa atmosfera, o primeiro passo, no
caso em pauta, talvez seja elaborar um diagnóstico preciso para identificar
quais os fatores que estão prejudicando o clima organizacional. A partir
daí, será possível elaborar um plano de ação para melhorar as variáveis que
apresentarem índices de insatisfação na percepção dos funcionários.
6.5 Relembrando
3) Cite três manifestações que podem indicar que determinada empresa possui
um clima organizacional ruim.
Onde encontrar
CAPÍTULO 7
PESQUISA DE CLIMA ORGANIZACIONAL
7.1 Contextualizando
Você já está ciente de que o clima de uma organização pode exercer um
efeito positivo ou dramático sobre os indivíduos que ali atuam.
COMPANHEIRISMO EQUIDADE
ORGANIZAÇÃO
REALIZAÇÃO
Quadro 1 – Parâmetros
Opção de resposta Parâmetro
Sempre Satisfeito
Raramente Insatisfeito
Nunca Insatisfeito
Observe ainda que a coleta não deve ser feita pelos superiores imediatos
dos respondentes. Isso pode gerar “maquiagens” nas respostas.
•• por pergunta;
•• por variável;
•• resultado global: índice de satisfação geral – ISG;
•• conjunto de variáveis;
•• por região;
•• por diretoria;
•• por departamento;
•• por unidade (fábrica ou loja);
13%
Discordo Totalmente
22%
19%
Discordo Parcialmente
Concordo Parcialmente
9%
Concordo Totalmente
37%
Tabulação da pergunta:
3% Discordo Totalmente
7%
8% Discordo Parcialmente
Sobre a tabulação por área geográfica, Luz (2003) explica que isso ocorre
quando a empresa está instalada em diferentes regiões. Ao tabular dessa
forma, é possível que a empresa detecte a eventual existência de focos de
problemas em determinadas regiões onde atua.
Vamos a um exemplo?
Salário 58
Benefícios 74
Segurança no trabalho 68
Desenvolvimento dos RHs 66
Progresso profissional 48
Integração entre os departamentos 92
Comunicação 64
Trabalho em equipe 81
Valorização/Reconhecimento 20
Liderança/Gestão 37
Imagem da empresa 74
Clareza de objetivos 52
O trabalho em si 82
Condições de trabalho 92
ISG (resultado geral) 65
Fonte: adaptado de Luz (2003)
PRATICANDO
A pesquisa de clima é realizada anualmente
na empresa BH Tecnologia. Em relação à
satisfação dos funcionários sobre Segurança
no trabalho, a série histórica apresenta os
seguintes dados: 2005: 83%; 2006: 80%; 2007:
78%; 2008: 74%; 2009: 45%. Solicito a você que responda: o que
é possível avaliar a partir desses resultados?
Para gerar os gráficos, você deve usar o Excel. E eles são importantes,
pois facilitam a visualização dos resultados.
•• questionário;
•• entrevista; e
•• painel de debates.
Das três técnicas, a mais usual é, sem dúvida, o questionário. Vamos ver
agora as principais características de cada uma delas.
•• é a que possui a melhor aceitação por parte dos empregados. Isso se explica
pelo fato de ser a única técnica que preserva o anonimato do respondente;
Vamos ver que características são essas a partir da figura apresentada a seguir.
UNIFORMIDADE
SERIEDADE NEUTRALIDADE
CREDIBILIDADE CONFIANÇA
Fonte:Dias (2011)
Luz (2003) aponta algumas questões que não devem faltar em uma
pesquisa de clima organizacional.
( ) Transporte
( ) Seguro de vida
( ) Posto bancário
( ) Ticket refeição
( ) Assistência odontológica
( ) Previdência privada
( ) Jornal de circulação interna
( ) Convênios
REFLEXÃO
Bem, autores como Bispo (2006) recomendam que esse tipo de pesquisa
seja realizado por alguma empresa totalmente independente da organização
onde será aplicada a pesquisa. E por quê? É que desta maneira, podem-se
obter resultados mais próximos da realidade da empresa, mais precisos e livres
de influências ou pressões de quaisquer tipos. A aplicação da pesquisa por
funcionários da própria empresa poderia proporcionar resultados induzidos
ou os funcionários poderiam não ficar totalmente à vontade para preencher
os instrumentos de pesquisa e apresentar críticas e sugestões na folha avulsa.
Estes são alguns exemplos e talvez você já conheça outros, não é mesmo?
De fato, para finalizar, destacamos que o ambiente corporativo vem mudando e
os funcionários passam a ter cada vez mais voz e vez no atual cenário. Mais que
isso, passam a ter tratamento diferenciado, já que boa parte das organizações
está preocupada em buscar a satisfação e o bem-estar dos funcionários.
E então, qual a sua resposta? Imagino que você tenha respondido algo nessa
direção: apesar das boas intenções da supervisora, as etapas para se elaborar uma
pesquisa de clima não foram adequadas e, portanto, podem existir desvios ou
“maquiagem” nas respostas obtidas. Primeiramente, trata-se de um processo
que requer uma sequência de passos a serem seguidos, desde o planejamento da
pesquisa; a definição das variáveis a serem pesquisadas; montagem e validação
dos cadernos de pesquisa; a parametrização para tabulação das opções de
respostas; a divulgação da pesquisa; a aplicação e coleta da pesquisa; a tabulação
da pesquisa; emissão de relatórios; a divulgação dos resultados da pesquisa; a
definição de planos de ação. Não bastam, portanto, as boas intenções.
URL: <www.rausp.usp.br/download.asp?file=V4104442.pdf>
7.5 Relembrando
a) ao RH.
b) aos gestores.
c) à direção da empresa.
d) ao presidente da empresa.
e) aos supervisores.
a) ao RH.
b) aos gestores.
c) à pesquisa 100 Melhores Empresas para se Trabalhar.
d) ao presidente da empresa.
e) aos supervisores.
Onde encontrar
GIL, A. C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis gerenciais. São Paulo: Atlas,
2006.
CAPÍTULO 8
GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
8.1 Contextualizando
Vamos começar este capítulo citando um provérbio chinês, que
diz o seguinte: “quando os ventos de mudança sopram, umas pessoas
levantam barreiras, outras constroem moinhos de vento”. De fato, as
atitudes das pessoas em relação aos acontecimentos sãos diversas, mas já
vimos que no caso de uma organização, é possível fazer esforços para que
se propicie um clima harmonioso a fim de que as pessoas estejam melhor
preparadas para lidar com as mudanças. Ainda que essa preparação não
seja garantia de determinado comportamento.
Investigação
Acompanhamento Diagnóstico
GESTÃO DO CLIMA
ORGANIZACIONAL
Implementação
Intervenção
Comunicação
SAIBA QUE
REFLEXÃO
Mas isso não basta, garante a autora. É preciso ainda uma dose de cada
um desses ingredientes:
•• padrões éticos;
•• blindagem contra maus chefes;
•• comunicação aberta;
•• clima de camaradagem; e
•• recompensas materiais.
BIOGRAFIA
Claus Möller é o fundador e presidente da Time Manager
International, maior firma de treinamento da Europa, com unidades
em 36 países, e uma das maiores do mundo. Cerca de 250 mil
pessoas são treinadas pela TMI anualmente. Möller foi o idealizador
da “nova administração europeia”, um movimento que combina a
administração por objetivos desenvolvida nos EUA com a ênfase nas
relações humanas dada pelos japoneses.
•• inspeção;
•• controle estatístico da qualidade;
•• garantia da qualidade; e
•• gestão estratégica da qualidade.
Inspeção
Garantia da qualidade
DEFINIÇÃO
Qualidade total é um sistema de administração
que vista a obter a qualidade em todas as áreas
de atuação. O termo significa ainda “o modo
de gestão de uma organização, centrado na
qualidade, baseado na participação de todos
os seus membros, visando ao sucesso a longo prazo, por meio
da satisfação do cliente e dos benefícios para os membros da
organização e a sociedade” (LACOMBE; HEILBORN, 2003, p. 462).
EXPLORANDO
Quer saber mais sobre a evolução da qualidade e da
gestão da qualidade? Sugiro que você consulte o
site <http://www.ipea.gov.br/pub/td/td_397.pdf>,
que mostra os pilares sobre os quais se assenta a
chamada Gestão da Qualidade Total. Confira!
PRATICANDO
MELHORIA
DA PLANEJAMENTO
QUALIDADE DA QUALIDADE
CONTROLE DA
QUALIDADE
•• Melhoria da qualidade:
•• Planejamento da qualidade:
1) Identifique os consumidores.
2) Determine suas necessidades.
3) Crie características de produtos que satisfaçam a essas necessidades.
4) Crie os processos capazes de satisfazer a essas características.
5) Transfira a liderança desses processos para o nível operacional.
•• Controle de qualidade:
BIOGRAFIA
William Edwards Deming (1900-1993) nasceu em Sioux City, estado
de Iowa. Embora tenha sido reconhecido através do mundo como
um “guru do gerenciamento da qualidade”, ele insistia em ser
reconhecido como “consultor em estudos estatísticos”. Seu caminho
para a fama obtida como estatístico foi transversal e cheio de
eventos circunstanciais. A cruzada que Deming criou para a melhoria
da qualidade resultou, como sabemos, no renascimento econômico
do Japão e finalmente no seu reconhecimento mundial como o
“profeta da qualidade” e filósofo do gerenciamento.
Fonte: <http://www.pucrs.br/famat/statweb/historia/daestatistica/
biografias/Deming.htm>
Agora, você pode questionar: mas afinal, qual a relação entre o clima
organizacional e a gestão da qualidade total? Bem, você certamente também
arriscaria algumas considerações sobre esta relação, não é mesmo?!
A este propósito, vejamos o que nos dizem Régis Filho e Ribeiro (2010),
ao afirmar a necessidade de se trabalhar com fatos e informações: avaliar
o clima possibilita à empresa identificar as percepções de seus empregados
sobre diferentes aspectos que influenciam o seu bem-estar. Ora, isso permite,
ainda, mapear oportunidades de melhoria da qualidade do ambiente
de trabalho, da qualidade dos produtos e serviços, da produtividade,
do comprometimento dos empregados com os resultados da empresa e
incrementar a rentabilidade das organizações.
Flexibilidade
Participação
Fonte: MÖLLER, C. A qualidade através das pessoas. In: BENNIS, W. et al. Liderança e gestão de pessoas. São Paulo: Publifolha, 2002. p. 104.
E Möller (2002) afirma trabalhar a partir da filosofia dos 3 Is. O que vem
a ser isso?
Integração
Implantação
Inspiração
E, por fim, para que exista a Integração, é preciso fazer com que todas
essas novidades passem a fazer parte da vida normal, para que tudo o que foi
aprendido se transforme nesse momento em parte integrante da vida diária
das pessoas, complementa o autor.
Como bem salienta Bernardi (2003, p. 158), “gente que entenda que
seus interesses e os interesses da empresa em que trabalha são os mesmos.
Gente talentosa, dedicada, capaz de resolver problemas. Gente com interesse
e capacidade de criar soluções.”
Com a equipe motivada fica mais fácil manter uma das características mais marcantes
do Fellini: a obsessão pelo bom atendimento. Em novembro deste ano, por
exemplo, quarenta pessoas que haviam passado pelo restaurante foram convidadas
a voltar lá para uma refeição de cortesia. Eram clientes que haviam feito alguma
reclamação ou que apresentaram sugestões consideradas interessantes (como a de
colocar um forno de micro-ondas à vista para quem quiser esquentar novamente o
prato antes de terminar a refeição).
Assim como Marisa, todos os fregueses que fazem encomendas ao Fellini costumam
receber telefonemas atenciosos no dia seguinte. Clientes fiéis também costumam
ser surpreendidos com ligações – nesse caso, para serem avisados que o seu prato
preferido está incluído no bufê do dia (o cardápio também é atualizado diariamente
no site do restaurante na Internet).
Fonte: LAS CASAS, A. L. Marketing de serviços. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2002, p. 101-103.
Nelson contratou você para ser consultor da empresa. Ele deseja saber
se está aplicando adequadamente os princípios da qualidade. E pergunta: é
importante fazer a gestão do clima organizacional?
•• melhoria da qualidade;
•• planejamento da qualidade;
•• controle de qualidade.
Ao acessar <http://revistamelhor.uol.com.br/educacao-saude/262/
artigo223635-1.asp>, você encontrará um artigo da DBM, consultoria
especializada na gestão do capital humano em momentos de transição,
apresenta resultados de uma pesquisa realizada com 115 executivos de
companhias de pequeno, médio e grande porte, de capital nacional ou
multinacional em operação no Brasil, sendo, na sua maioria, executivos
de gerência, diretoria, chefia intermediária até CEOs.
8.5 Relembrando
Onde encontrar
REFERÊNCIAS
Referências
______. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Sociologia geral. 7. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
VOCE SA. O melhor do Guia - Tradição em boas práticas. Você SA. Disponível
em: <http://vocesa.abril.com.br/melhoresempresas2011/o-melhor-do-guia.
shtml> Acesso em: 11 set. 2011.