Nutrição Funcional Pos Operatorio

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Artigo de Revisão

SOCIEDADE BrASIlEIrA DE CIrurgIA pláStICA


Brazilian Society of PlaStic Surgery

Nutrição funcional no pós-operatório de


cirurgia plástica: enfoque na prevenção de
seroma e fibrose
Functional nutrition in postoperative plastic surgery: focus on
seroma and fibrosis prevention
CAMILE LAÍS ROCHA1 RESUMO
VANDRESSA BUENO DE PAULA² Introdução: Com base na grande variedade de possíveis sequelas e intercor-
rências de cirurgias estéticas e no papel da nutrição no processo de recuperação
dessas, percebe-se a necessidade de práticas terapêuticas que garantam eficácia
do resultado estético final. Método: O presente estudo caracteriza-se como uma
revisão não sistemática que associou possíveis nutrientes, compostos bioativos
e fitoterápicos que previnam ou amenizem seroma e fibrose no pós operatório.
Para tanto, foram utilizados artigos de revistas científicas do meio eletrônico,
legislações nacionais e livros didáticos, publicados entre os anos de 2002 e 2012.
Resultados: Demonstrou-se que as principais causas de seroma e fibrose são
cicatrização alterada, inflamação, estresse oxidativo e edema. Dessa forma, foi
elaborado um guia prático com os nutrientes, compostos bioativos e fitoterápicos
que podem ser utilizados a fim de prevenir, controlar ou amenizar as complica-
ções no pós-cirúrgico de procedimentos estéticos. Conclusão: Salientou-se que
para o tratamento das condições abordadas é fundamental que haja um traba-
lho multiprofissional, enfatizando um acompanhamento médico, nutricional e
fisioterápico que abranja as alterações conhecidas na fisiopatologia de seroma e
fibrose.

Descritores: Seroma; Fibrose; Nutrição; Alimento funcional; Fitoterapia.

ABSTRACT
Introduction: Based on the wide range of possible consequences and com-
plications of plastic surgery and the role of nutrition in the recovery process of
these, we see the need for therapeutic practices to ensure effectiveness of the
Instituição: Centro de Ciências final aesthetic result. Method: This study is characterized as a non-systematic
Avançadas (CCA Cursos). review of the possible associated nutrients, bioactive compounds and herbal me-
dicines to prevent seroma and fibrosis. Thus, we used scientific journal articles
from electronic media, national laws and textbooks published between 2002 and
Artigo submetido: 24/11/2012. 2012. Results: We demonstrated that the main causes of seroma and fibrosis
Artigo aceito: 29/6/2013. are changed healing, inflammation, oxidative stress and edema. Thus, we desig-
ned a practical guide with nutrients, bioactive compounds and herbal medicines
that can be used to prevent, control or mitigate the complications after plas-
tic surgery. Conclusion: It was emphasized that for the treatment of covered
DOI: 10.5935/2177-1235.2014RBCP0107

1
Bacharel em Nutrição pela UNIVALI. Pós-graduação em Nutrição Funcional e Estética e em Nutrição Clínica Avançada. Nutricionista do Hospital
Santo Antônio e da Prefeitura Municipal de Blumenau.
2
Tecnóloga em Estética e Cosmetologia na ULBRA. Professora do Curso Superior de Tecnologia em Cosmetologia e estética da UNIVALI. Mestranda
do Programa de Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho da UNIVALI.

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conditions is essential that there is a multidisciplinary approach, emphasizing a


medical, nutritional and therapeutic monitoring covering the known changes in
the pathophysiology of seroma and fibrosis.

Keywords: Seroma; Fibrosis; Nutrition; Functional food; Phytotherapy.

INTRODUÇÃO rápicos que possam prevenir ou amenizar essas compli-


  cações após a cirurgia plástica e organizá-los em um guia
A Associação Brasileira de Cirurgia Plástica demonstra prático que auxilie na aplicação clínica.
que houve um número substancial de cirurgias plásticas,  
tanto estéticas quanto reparadoras nos últimos anos. A MÉTODO
quantidade de intervenções coloca o país como o segundo  
mercado em cirurgias plásticas no mundo, perdendo ape- Esse estudo caracteriza-se como uma revisão não sis-
nas para os EUA, onde há cerca de 800 mil procedimentos temática da literatura, sendo que para o levantamento lite-
ao ano1. rário utilizou-se dados provenientes de artigos de revistas
No Brasil, a cada três anos, são realizadas mais de científicas do meio eletrônico, legislações nacionais e livros
1.000.000 de cirurgias estéticas. Contudo, a eficiência de didáticos disponíveis na Universidade do Vale do Itajaí
uma cirurgia plástica não depende só do planejamento do (UNIVALI), publicados entre os anos de 2002 e 2012.
ato cirúrgico. A preocupação com os cuidados nos períodos Em relação ������������������������������������������
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busca de artigos científicos, foram con-
pré e pós-operatório tem sido salientada como um impor- sultadas as bases de dados do Google Acadêmico, National
tante fator para prevenção de complicações e promoção de Library of Medicine, Estados Unidos –Medline, Literatura
um resultado estético mais satisfatório1,2. Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde – Li-
Em relação às complicações, percebe-se que as locais lacs, Science Direct, Pubmed e Scielo, sendo utilizados os
são as mais frequentes - edema, seroma, equimose, hema- seguintes indexadores em português, bem como seus cor-
toma, fibrose e necrose do retalho dermogorduroso, segui- respondentes em inglês: “complicações”, “pós-operatório”,
das das complicações sistêmicas que são mais raras - trom- “fibrose”, “seroma”, “cicatrização”, “colágeno”, “inflama-
bose venosa profunda e embolia pulmonar3. ção”, “sistema imune”, “estresse oxidativo”, “edema”, “ali-
Apesar da popularidade das cirurgias estéticas, há ne- mentação”, “nutrientes” e “nutrição funcional”.
cessidade de aprimoramentos técnicos para melhoria do  
aspecto físico pós-operatório, bem como para reduzir as Seroma e Fibrose 
complicações. Uma série de fatores de risco foi proposta, O seroma possui prevalência de 1 até 57%,, sendo os
entre eles cirurgia abdominal prévia, tabagismo, hiperten- valores mais frequentes entre 10 e 15% após abdomino-
são e obesidade4. plastia3,7. No Brasil, estudos em relação a esse procedi-
Tendo em vista os fatores de risco citados, percebe-se mento cirúrgico apontam percentuais com alta variabilida-
que esses podem levar a deficiências nutricionais, que por de atingindo de 1,8 até 30%8-11.
sua vez são as causas mais facilmente reversíveis para di- Essa desordem é definida como um acúmulo de fluido
minuir a suscetibilidade a complicações e cicatrização pre- seroso ocorrido pelo extravasamento de plasma e linfa pro-
judicada.  Além disso, as expectativas dos pacientes podem fundamente ao retalho dermogorduroso, por deslocamento
exceder as metas e experiências do cirurgião, elevando a do retalho abdominal, secção de vasos sanguíneos e linfá-
necessidade de otimizar os resultados estéticos com o auxí- ticos, interrupção dos canais linfáticos, por um processo
lio de práticas alternativas a técnica cirúrgica5. inflamatório e cicatricial aumentado e pelo aumento da
Por esse motivo e com o objetivo de melhorar os efei- atividade fibrinolítica3,7,12.
tos da intervenção cirúrgica, é essencial avaliar o estado A fisiopatologia primária dessa complicação é pouco
nutricional do paciente e planejar a ingestão de macro e elucidada e controversa, porém pode causar abaulamento
micronutrientes no período entre o peri e pós-operatório6. e flutuação do local, levando a desconforto; insatisfação;
Com base na crescente difusão de cirurgias estéticas predisposição a morbidades – necrose, deiscência e sepse;
no Brasil, na grande variedade de possíveis sequelas e in- retardo da cicatrização, atraso da recuperação, da terapia
tercorrências dessas operações, no papel da nutrição no adjuvante e da alta hospitalar; sendo que o tratamento
processo de cicatrização, inflamação e imunidade, da ne- consiste em punção, drenagem e medicamentos13,14.
cessidade de trabalhos multiprofissionais e, principalmen- A idade do paciente, hipertensão arterial, utilização de
te, na escassez de estudos que tratem desses assuntos, per- heparina, Índice de Massa Corporal (IMC) elevado, con-
cebe-se a importância da atual pesquisa para a melhoria da centração de proteína e albumina baixas e concentração
recuperação, qualidade de vida e autoestima do paciente, sérica alta de IL-1-AR, têm sido recentemente relatados
além da eficácia do resultado estético final1,3. como estando relacionados a um elevado risco de formação
Diante do exposto, o presente estudo objetiva realizar de seroma no pós-operatório15. As estratégias de tratamen-
uma revisão literária das causas de seroma e fibrose asso- to baseiam-se em uso medicamentos, entre eles antibió-
ciando possíveis nutrientes, compostos bioativos e fitote-

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Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

tico, anti-inflamatório, analgésico e diurético; bem como relação dos fatores contribuintes para formação de seroma
aspiração, drenagem por punção e cirurgia reparadora16. e fibrose.
Em contrapartida, a fibrose ocorre no tecido lipoaspi-
rado como um processo reparativo, porém caracterizado FATORES QUE CONTRIBUEM PARA
pela formação ou desenvolvimento anormal e em exces- FORMAÇÃO DE SEROMA E FIBROSE
so de tecido conjuntivo fibroso constituído por elastina e  
colágeno, gerando lesões endurecidas ou nodulares17. Em Cicatrização e formação de colágeno 
uma análise retrospectiva de 25 anos nas bases de dados de A cicatrização é um processo dinâmico e imediato de
26.259 atendimentos de quatro cirurgiões, a prevalência reparação tecidual em resposta a uma lesão com o obje-
de fibrose foi de 2,3%18. tivo de restituir as características anatômicas, estruturais
Destaca-se que essa complicação, que pode ocorrer e funcionais. Essa recuperação é composta por três fases,
principalmente após lipoaspiração, possui causa genéti- que acontecem simultaneamente. A fase inflamatória, a
ca por falhas enzimáticas ou processo patológico e que a qual é dependente de vitamina K, tem duração de quatro
eficiência da circulação sanguínea e linfática é determi- a seis dias e é constituída por hemostasia, fagocitose e mi-
nante no processo de cicatrização, no trauma agudo ou gração celular. Do terceiro dia até semanas após, ocorre
na inflamação crônica19. Além disso, a formação da fibrose a etapa chamada proliferativa, granulação ou fibroplasia,
é mediada pela interação entre fatores de crescimento e sendo que nessa os requerimentos de carboidratos, prote-
citocinas pró-fibróticos, bem como por influência desses ínas, lipídios, vitaminas A, C e do complexo B, ferro, zinco
mecanismos na matriz extracelular, tensão mecânica e es- e magnésio, que aumentam para propiciar a proliferação
tresse oxidativo20. de células, síntese de colágeno e neovascularização. Fi-
O tratamento do quadro torna-se importante para evi- nalmente, a fase de maturação ou remodelamento pode
tar futuras deformidades, sendo necessário atuar no início estender-se até 2 anos por proporcionar estabilização ao
da síntese de colágeno que aumenta entre o sexto e o dé- colágeno e aumento da resistência da cicatriz23.
cimo sétimo dia, sendo que após o quadragésimo segundo A Figura 2 expõe as fases da cicatrização, tipos celulares
dia esse processo cessa e acontece o remodelamento do predominantes e resposta vascular24.
colágeno depositado21.
Tendo em vista, as possíveis causas de seroma e
fibrose, que incluem cicatrização, formação de colágeno,
inflamação, disfunção imune, estresse oxidativo e edema,
torna-se necessário entender as reações envolvidas nos
processos supracitados e relacioná-los com a nutrição
funcional.
A Figura 1 demonstra a teia metabólica da inter-

Figura 2 – Fases da cicatrização, tipos celulares redominantes e


resposta vascular.
Fonte: Mathes apud Ono20

Nessa sistemática, a nutrição é tida como um fator pre-


ponderante, visto que muitos nutrientes podem influenciar
as fases de cicatrização, por estarem envolvidos na síntese
de novos tecidos, supressão da oxidação, otimização da ci-
catrização e auxiliando inclusive na imunocompetência25.
Com base nos fatores nutricionais, percebe-se que a di-
minuição dos aminoácidos, ácidos nucleicos ou quaisquer
cofatores envolvidos no processo de reparação são signi-
ficativamente prejudiciais. A subnutrição pré-operatória
e, principalmente, a deficiência de proteínas e disfunções
no DNA interferem na síntese de colágeno, proliferação
de fibroblastos, diminuição da angiogênse e redução de
proteoglicanos. Além disso, a deficiência de carboidratos
leva ao catabolismo proteico e juntamente com o déficit de
vitaminas e minerais, como exemplos vitamina A, tiamina,
Figura 1 – Teia de inter-relação metabólica de seroma e fibrose. vitamina C e zinco, pioram o quadro26.
Adaptado de Vasquez22

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 Inflamação e sistema imunológico  procedimento cirúrgico envolve ativação inflamatória, en-


A inflamação é a primeira etapa do processo de cicatriza- dócrina e imunológica, caracterizadas por produção maciça
ção e está intimamente ligada ao estresse oxidativo e capaci- de citocinas, entre elas interleucina 1, 2, 6 e 8, que são res-
dade antioxidante reduzida. Porém, quando essa inflamação ponsáveis pela progressão e amplificação da resposta imune
passa a ser crônica, caracteriza-se uma resposta inflamatória e pela ativação de macrófagos, plaquetas e mastócitos, os
prolongada e a destruição de tecidos. Muitas citocinas secre- quais formam radicais livres, tornando um ciclo vicioso31.
tam células inflamatórias como TGF-1 e IL-13 que são fibri-
nogênicos20. Parte superior do formulário
A fase inflamatória é composta pelo influxo de neutrófilos, Segundo Ratnam e colaboradores32, o sistema de defesa
macrófagos e linfócitos para a lesão, bem como vasoconstrição, antioxidante humano não é completo sem os antioxidantes
agregação plaquetária, aumento da permebilidade vascular; dietéticos, o que confirma a importância da ingestão diária
a etapa proliferativa abrange a granulação, o influxo de destes compostos.
fibroblastos e queratinócitos, reepitelização, formação de Nesse contexto, os antioxidantes – carotenóides, vita-
capilares e produção de matriz extracelular; o estágio final ou mina A e C, selênio e compostos fenólicos – podem neutra-
de remodelação é dependente do equilíbrio entre síntese e lizar os radicais livres resultantes do procedimento cirúr-
degradação do colágeno27. gico, desempenhando um papel importante na prevenção
Nesse sentido, a idade, o estado nutricional, as doenças de danos adicionais. Algumas enzimas também desempe-
crônicas, a ingestão calórcia, a liberação de cortisol, o estresse, nham função antioxidante, como catalase, superóxido dis-
a dor e a anestesia afetam a função imune do organismo, mutase e glutationa peroxidase, porém há nutrientes que
podendo interferir negativamente no sistema de defesa do servem de co-fatores para o bom funcionamento das mes-
paciente. A deficiência de nutrientes como zinco, selênio e mas. Embora perceba-se a necessidade de suplementação
vitamina B6 alteram a imunidade e a proteção do hospedeiro, dos nutrientes antioxidantes e dos co-fatores de enzimas,
elevando o risco de infecções no pós operatório28. essa atividade ainda não é bem esclarecida na literatura.
Junto a esses nutrientes, Mitchell, Ulrich e Comumente, uma combinação de nutrientes em doses bai-
McTiernan29 citam as vitaminas A, C e E, pelas funções xas é prescrita em detrimento a mega-doses, para somente
antioxidantes e no metabolismo celular, sendo que somente a suprir as perdas sanguíneas e teciduais após a cirurgia28,33.
vitamina E é comprovadamente um reforço ao sistema imune,  
visto que o restante dos nutrientes possuem comprovação Edema
científica escassa e/ou incosistente. Porém, os autores O edema é gerado pela inflamação através do aumento
salientam que altas doses das vitaminas B1, B2, B6, folato e da permeabilidade vascular de um exsudato não infeccioso
niacina podem prejudicar a imunologia e a suplementação que vaza para o espaço intersticial, proporciona uma ca-
acima de 800 mg/dia de vitamina E ou maior do que 100 mg/ mada úmida que contem fatores de crescimento essenciais
dia de zinco parecem não apresentar benefícios e possuir à cicatrização e facilita a penetração de células inflamató-
efeitos na proliferação de linfócitos respectivamente. rias na lesão, entretanto quando o edema é demasiado o
  mesmo propicia o desenvolvimento de fibrose e seroma26.
Estresse oxidativo 
 
O processo de isquemia-reperfusão durante a cirurgia Outros fatores contribuintes 
plástica gera um estado de estresse oxidativo, que por sua
vez é caracterizado por aumento de Espécies Reativas de  ����������������������������������������������������
Com base na teia de inter-relação metabólica demons-
Oxigênio (EROs) liberados por tecidos danificados e célu- trada na Figura 1, pode-se observar que vários desequilí-
las inflamatórias e está inter-relacionado com a formação brios orgânicos contribuem negativamente para a formação
de fibrose. O excesso de EROs danifica componentes celu- de seroma e/ou fibrose, tendo como base que a Nutrição
lares, como proteínas, lipídios e ácidos nucleicos, gerando Funcional possui uma abrangência multidisciplinar focada
o desequilíbrio oxidante-antioxidante, o qual é representa- na expressão genética e na individualidade bioquímica34.
do por elevação de NADPH oxidase, ativação do citocromo Nesse contexto, percebe-se que as disfunções estrutu-
C e xantina oxidase, disfunções na respiração mitocondrial rais podem contribuir com a inflamação e o estresse oxidati-
e supressão da superóxido dismutase20. vo. A interação corpo e mente, baseada na depressão, ansie-
Os agentes anestésicos são uma fonte considerável de dade e estresse psicoemocional, leva a inflamação, declínio
oxidação, causando a formação de oxigênio reativo, que das funções do sistema imune, além de hiperpermeabilida-
provocam dano ao tecido e a cicatrização. O excesso de de intestinal e excreção urinária de nutrientes. Problemas
radicais livres, como citado, apresenta inúmeros efeitos na destoxificação, por sua vez, sobrecarregam o organismo
prejudiciais, como supressão da imunidade, função celular iniciando um processo pró-inflamatório e, por fim, a disbio-
modificada, aumento da peroxidação lipídica e interação se intestinal prejudica a digestão e absorção dos alimentos,
inadequada dos nutrientes formadores de colágeno, que produzindo substâncias algogênicas e inflamatórias capazes
por sua vez causa a perda da flexibilidade do tecido30. de ativar o sistema imune22.
Paralelamente, o estresse oxidativo durante e após o

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Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

 Papel da nutrição funcional  odo pré e pós operatório pode ter um impacto significativo
A alimentação funcional tem o objetivo de melhorar a sobre o resultado cirúrgico, reduzindo hematomas, edema
qualidade de vida, a saúde e o bem-estar, além das funções e inflamação, promovendo a cicatrização adequada da in-
nutricionais básicas dos alimentos. Para tanto, inicialmente cisão, além de aumentar a imunidade e diminuir o estresse
identifica-se os mediadores dos sintomas apresentados pelo oxidativo. Dessa forma, ao abordar o estado nutricional e
paciente e correspondentes a cada sistema da teia de inter- fornecer orientações focadas na suplementação, o cirurgião
-relação metabólica. Na conduta funcional, opta-se então estético ou nutricionista podem influenciar positivamente
por condutas que inibam ou modulem os desencadeadores, na prevenção das complicações pós-operatórias.
procurando restabelecer o equilíbrio dos sistemas, possibi- Contudo, a suplementação deve ser específica à defi-
litando abordagem multidimensional e maior eficácia tera- ciência nutricional, sendo a ingestão alimentar a principal
pêutica34,35. fonte, evitando que a quantidade administrada ultrapasse
valores farmacológicos e gere efeitos colaterais. Nesse con-
Visto que há aumento das necessidades nutricionais texto, os suplementos que causam sangramento prolongado,
no hipermetabolismo e nessas desordens orgânicas, na interação medicamentosa ou anestésica e distúrbios cardio-
maioria das vezes os requerimentos de nutrientes não são vasculares devem ser suspensos duas semanas antes e uma
satisfeitos com a alimentação tradicional, sendo que suple- semana depois do procedimento cirúrgico27.
mentos e/ou alimentos fortificados tornam-se necessários. Os nutrientes necessários, bem como suas doses diárias
Nesse contexto, uma grande variedade de complementos e funções, para a regulação dos processos ligados à preven-
nutricionais estão disponíveis para melhorar os causadores ção de seroma e fibrose estão descritos nos Quadros 1, 2, 3
de seroma e fibrose25. e 4.
Segundo Rahm30, a suplementação nutricional no perí-

Quadro 1- Doses diárias, funções e observações de macronutrientes que podem prevenir, amenizar ou tratar seroma e
fibrose.

Macronutrientes Dose diária via oral Funções

Adequada perfusão tecidual


30ml/kg
Evita aumento da glicemia que prejudica a cicatrização
Água 1ml/kcal
Previne hipovolemia
Mínimo 1500ml
Remoção de produtos do catabolismo 

Ativação da hexoquinase e citrato sintetase usadas para reparação


tecidual
Ativador da expressão gênica
Ativador da expressão gênica
Cooperação a macrófagos e fibroblastos na angiogênese
Energia para linfócitos e fibroblastos
55-60% do VET proveniente
Fornecimento de energia, evitando catabolismo proteico e mobilização
Carboidratos de carboidratos complexos
de ácidos graxos
Não exceder 5mg/kg
Hormonal
Inflamatório
Metabolismo do lactato contribui com a síntese de colágeno
Regulação da adesão, proliferação e migração celular
Regulação de leucócitos, células epiteliais e endoteliais
Transporte 

Anabolismo
Fonte de energia
Crescimento e reparo tecidual
Controla fase inflamatória
Proliferação celular, principalmente de fibroblastos
Proteínas 1,5-1,8 g/kg Síntese e deposição de colágeno e proteoglicanas
Revascularização e angiogênese
Melhora imunidade humoral e celular
Formação de linfócitos
Capacidade fagocitária de leucócitos
Previne infecção 
Continue...

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Continuação...

Deposição de proteínas na cicatriz


Diminui perda de nitrogênio
Estímulo hormonal anabólico na ferida
Geração de óxido nítrico
Indução de mediadores da cicatrização, como insulina, HGH e IGF-1
Intensifica função imune linfocitária
5-15g Melhora perfusão, microvascularizaçãoe angiogênese
  Melhora resposta monocítica e restaura macrófagos
30g de aspartato de arginina Precursora de monóxido de azoto, que é um vasodilatador com
Arginina (17g de arginina livre) propriedades antibacterianas e angiogênicas
 
Precursora de óxido nítrico
Podem ser toleradas até 60g Produção de colágeno, por ser precursora de prolina e facilitar a
ligação desses dois componentes
Proliferação celular
Secreção de hormônio de crescimento
Síntese e deposição de colágeno por ser precursora de prolina
* Na insuficiência hepática e renal os níveis de eletrólitos devem ser
criteriosamente analisados 
Carnitina - Auxilia nas defesas antioxidantes enzimáticas 
Cisteína - Síntese de tecido conjuntivo e colágeno
  300-600mg Co-fator de sistemas enzimáticos da síntese de colágeno 
Anabólico e anticatabólico
Anabolismo e anti-catabolismo
Antioxidante, por ser componente da glutationa
Aumenta síntese de proteínas musculares
Combustível para células de divisão rápida
0,3-0,6g/kg Estimula a liberação de hormônio de crescimento
  Fonte de energia após estresse e para as células de epitelização por
gliconeogênese
20-40g em estado catabólico
Glutamina Integridade intestinal
  Precursora de purinas, pirimidinas e fosfolipídios
Não exceder 10g em estado Proliferação de linfócitos
normal Proliferação de linfócitos, estimulando resposta inflamatória
Redução de infecção
Síntese de fibroblastos e macrófagos
Síntese de purina e pirimidina
Transporta e diminui perda de nitrogênio
* Contraindicada na hiperamonemia, insuficiência hepática e renal 
Glicina 250mg Formação de colágeno 
Lisina 250mg Formação de colágeno 
Metionina - Síntese de tecido conjuntivo e colágeno 
Prolina 250mg Formação de colágeno 
Auxiliam na fase de remodelamentoFonte de energia
Formação da matriz extracelular
Fornecimento de fosfolipídios da membrana celular e prostaglandinas
Funções metabólica, inflamatória e vascular das células
20-25% do VET
Lipídios Moléculas de sinalização, por meio de eicosanóides e outros
Não exceder 2g/kg
mediadores
Síntese de prostaglandinas
 
Continue...

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Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

Continuação...

Alteração na produção de radicais livres


Antiinflamatório, anticoagulante, vasodilatador e antiagregante
Ativação da proteína C-quinase e de genes específicos
Composição e fluidez da membrana celular
Controla permeabilidade vascular
Controle da lípase
Fonte e armazenamento de energia
Ácidos graxos Inflamação
monoinsatura-dos Relação ω6: ω3 de 5:1 Inibição de eicosapentanóides (atenuação das respostas imunes e
e poli-insaturados inflamatórias), fator de necrose tumoral, interleucina-1 e da ativação
plaquetária gerando atenuação
Manutenção da microperfusão tecidual
Proliferação celular, apoptose e angiogênese
Remodelação do colágeno e matriz celular
Sinalização molecular
*Grandes doses: atrasam cicatrização pelos efeitos negativos na
coagulação
Legenda: (*) representa observações; (-) Quantidades não especificadas no pós operatório.
Fontes: Badwal6, Gantwerker26, Wild27, Mitchell28, Rahm30, Kücükakin33, Brioschi34, Collins35, Nunes36, Shetyy41, Pitzer42 

Quadro 2 - Doses diárias, funções e observações de micronutrientes que podem prevenir, amenizar ou tratar seroma e
fibrose.
Micronutrientes Dose diária via oral Funções
Acelera epitelização e fechamento da ferida
Antioxidante
Atenua processo de isquemia-reperfusão
Ativação de macrófagos, Natural Killer e
linfócitos
Auxílio a síntese de glicoproteínas
Controla efeitos anti-inflamatório dos
corticoides
Cross-linking do colágeno
Vitamina A Diferenciação de fibroblastos
Β-caroteno Estimula fagocitose
Máximo 5.000-25.000UI
Licopeno Expressão de citocinas
15-90mg
Luteína Induz resposta inflamatória
Zeaxantina Linfopoiese
Manutenção do sistema imunológico
com promoção do influxo de monócitos e
macrófagos
Modula atividade das colagenases
Produção de anticorpos
Reverte efeitos dos glicocorticóides na fase
inflamatória
Síntese de colágeno e reepiltelização
*Grandes doses: toxicidade
Angiogênese
Ativação da síntese proteica, tecidual e
B1: 10-100mg DNA
B2: 10mg Aumento de colágeno
B3:150mg Aumento de hormônio do crescimento
B5: 2,5-10mg Co-fatores na produção de energia e
Vitaminas do complexo B
B6: 10-50mg anticorpos
B7: 50-150μg Cross-linking do colágeno
B9: 0,4-1mg Garantem função dos leucócitos
B12: 250-1000μg Precursores de prolina
Regula estresse oxidativo
Remoção de tecido necrótico
Continue...

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Continuação...
Angiogênese e força capilar
Antioxidante em meio hidrofílico
Atenua processo de isquemia-reperfusão
Diminui suscetibilidade à infecções
Diminuiu permeabilidade capilar e
reatividade endotelial
Equilíbrio da matriz extracelular
Estabilidade da hélice tripla do colágeno
Favorece cicatrização e resistência da
cicatriz
Hidroxilação da prolina e da lisina
Induz a mitose celular e migração de
monócitos
Vitamina C 60mg - 2g
Interação cooperativa antioxidante com a
vitamina E, regenerando a mesma
Melhora ação dos leucócitos
Melhora fagocitose
Previne deiscência
Proteção dos danos causados pelos
medicamentos
Quimiotaxia
Síntese de carnitina
Suporte ao sistema Complemento
* Na presença de metais de transição,
como o ferro, a vitamina C torna-se um
pró-oxidante
Regulação da síntese de proteínas
estruturais, inclusive colágeno tipo 1
Controle do crescimento e diferenciação
Vitamina D - celular
Melhora epitelização
Estimula síntese de fibronectina e ativação
da maturação de macrófagos
Antioxidante
Atenua processo de isquemia-reperfusão
Mantem integridade da membrana celular
Anti-inflamatória
Melhora sistema imune
Função anti-inflamatória idêntica aos
corticoides
 Vitamina E 200-800mg
Melhora coagulação
Interação cooperativa antioxidante com a
vitamina C
* Grande doses: reduzem a produção de
colágeno e a resistência da cicatriz

Anti-hemorragia
Capacidade homeostática
Vitamina K 5-10mg Carboxilação de glutamato na coagulação
Previne sangramento prolongado e perda
de nutrientes, hematoma e infecção
Ação das colagenases na degradação, na
Cálcio - coagulação sanguínea e remodelamento do
colágeno
Continue...

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Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

Continuação...

Co-fatores de anticorpos
Cobalto -
Garantem função dos leucócitos
Angiogênese
Co-fator antioxidante e da citocromo C na
formação de energia
Co-fator de enzimas da cicatrização
Cross-linking de colágeno e elastina
Formação de hemoglobina, eritrócitos e
Cobre 1-2mg ossos
Função na citocromo oxidase e superóxido
dismutase
Síntese de colágeno e elastina
Síntese de proteínas e do tecido conjuntivo
* Associa-se a vitamina C para formação de
colágeno
Atividades das células Natural Killer
Co-fator de enzimas da cicatrização
Garante capacidade fagocitária dos
neutrófilos
Hidroxilação de prolina e lisina
Produção de citocinas
Ferro - Proliferação, diferenciação e número de
células T
Transporte de oxigênio, prevenindo a
hipóxia tecidual
* Na presença de metais de transição,
como o ferro, a vitamina C e a quercetina
tornam-se pró-oxidantes
Co-fator de enzimas da síntese de
proteínas, colágeno, superóxido dismutase
Magnésio 0,3-5mg e metaloproteínas
Estabilidade estrutural do ATP

Antioxidante – superóxido dismutase


Co-fator de enzimas da cicatrização
Manganês 0,3-0,5mg Função nas metaloproteinases
Hidroxilação do colágeno
Síntese de proteínas e energia
Antioxidante (sistema glutationa)
Co-fator do metabolismo dos lipídios
Gestão da inflamação
Previne infecção
Selênio 100-210μg
Protetor da vitamina E
Regula a geração de subprodutos dos
linfócitos

Continue...

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Continuação...

Antioxidante – superóxido dismutase e


glutationa Apoptose de células mieloides e
linfoides
Atividade da proteína C quinase
Atividade das células T auxiliadoras,
desenvolvimento e proliferação de
linfócitos e produção de interleucinas
Aumenta função imunológica pelo
desenvolvimento e ativação dos linfócitos
Co-fator de síntese de enzimas, RNA
15-400mg
polimerase, DNA, metaloproteínas e
200mg de sulfato de zinco (50g
Zinco colágeno
de zinco livre) por no máximo
Eritropoiese
14 dias
Manutenção da mucosa intestinal
Proliferação celular e de fibroblastos
Reepitelização
Síntese de proteínas e replicação celular
Transporte de vitamina A
* Grandes doses: inibe migração de
macrófagos, interfere negativamente
na produção de colágeno, absorção de
cobre e ferro e pode gerar problemas
gastrintestinais
Legenda: (*) representa observações; (-) Quantidades não especificadas no pós operatório.
Fontes: Badwal6, Gantwerker26, Wild27, Mitchell28, Rahm30, Kücükakin33, Brioschi34, Collins35, Nunes36, Shetyy41, Pitzer42

Quadro 3 - Doses diárias, funções e observações de compostos bioativos que podem prevenir, amenizar ou tratar seroma e
fibrose.

Compostos bioativos Dose diária via oral Funções


Antioxidante
Produção de ATP
Ácido lipóico 30-75mg Regeneração de outros antioxidantes tais como coenzima
Q10, vitamina C e vitamina E
 
Acelera a cicatrização e a reabsorção do hematoma
Anti-inflamatória
Bromelina 1500mg Diminui edema, inflamação e dor
 
Antioxidante
Melhorar sistema imunitário
Produção de ATP
Protege a estabilidade das membranas celulares
Coenzima Q10 10-50mg Protege o DNA
Regeneração de outros antioxidantes, tais como ácido
ascórbico e α-tocoferol
Regulação gênica
 
Anti-inflamatório
Antioxidante em meio hidrofílico e lipofílico
600-1500mg Suporte ao sistema imune
Flavonóides * Na presença de metais de transição, como o ferro, a
30-50mg
quercetina torna-se um pró-oxidante
 
Continue...

618 Rev. Bras. Cir. Plást. 2014;29(4):609-624


Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

Continuação...

Antioxidante
Hesperidina 15-30mg Anti-inflamatória
 
Auxiliam na detoxificação do organismo
Inibem mutação do DNA
Isotiacianatos e indóis - Reduz a produção do 16-alfa-hidroxiestrona (pró-inflamatória
e imunodesreguladora)
 
Antioxidante
Estimula expressão gênica e atividade das enzimas
Melatonina - antioxidantes
Imunoestimulante
 
Antioxidante
Anti-inflamatória
Proantocianidina - Vasodilatadora
 
Antioxidante
Resveratrol - Anti-inflamatória
 
Antioxidante
Melhora circulação linfática e venosa
Rutina 15-30mg * Sinergia com a vitamina C
 
Absorção de cálcio
Aumenta os níveis de vitaminas do complexo B e
aminoácidos, como metionina, lisina e triptofano
Probióticos e
- Melhora produção de macrófagos e estimula células
prebióticos
supressoras
previne a adesão e ativação de patógenos
Modulação imunológica
Legenda: (*) representa observações; (-) Quantidades não especificadas no pós operatório.
Fontes: Badwal6, Gantwerker26, Wild27, Mitchell28, Rahm30, Kücükakin33, Brioschi34, Collins35, Nunes36, Shetyy41, Pitzer42

Quadro 4 – Nome popular, nome científico, doses diárias, funções e observações de fitoterápicos que podem prevenir, ame-
nizar ou tratar seroma e fibrose
Dose diária
Nome popular Nome científico Funções  
via oral
Anticoagulante
Anti-inflamatório
Açafrão-da-terra Curcuma  longa 1,5-3g Antioxidante  
Controle da glicemia
Previne fibrose 

Antioxidante
Alcachofra Cynara scolymus 20g Aumenta atividade da glutationa  
Diurético 

Anti-inflamatório
Antioxidante
Imunomoduladora
Alcaçuz Glycyrrhiza glabra -  
Neutraliza imunossupressores
(exceto glicocorticoides) 

Continue...

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Continuação...

Alcaravia Carum carvi - Antioxidante  


Antioxidante
Alecrim Rosmarinus officinalis 3-6g Anti-inflamatório  
Cicatrizante 
Anti-inflamatório
Antioxidante (aumento da glutationa)
Antiplaquetário
Alho Allium sativum L. 0,5-1g Aumenta imunidade  
Hipoglicêmico
Vasodilatador
* Contraindicado no pré-operatório 

Anti-inflamatório
Aloe vera Aloe barbadensi BC Antioxidante
- Cicatrizante  
    Controle da glicemia
Estimula macrófagos 

Antiinflamatória
Anti-séptica
Arnica Arnica Montana 3g
Vasodilatadora
 
Redução de edema, equimose e dor 

Anti-inflamatório
Aroeira-da-praia Schinus terebenthifolius 1g
Cicatrizante 
 

Anti-inflamatório
Bardana Arcticum lappa L. 2,3g Diurético   

Antioxidante
Boldo Peumus boldus - Anti-inflamatório agudo   

Bosvélia Boswellia serrata - Anti-inflamatório    


Cajueiro Anacardium occidentale 4,5g Cicatrizante    
1,6-5mg de Anti-inflamatório
Calêndula Calendula officinalis L.
flavonóides Cicatrizante 
 
Antioxidante
0,009-0,03mg de
Camomila Matricaria chamomilla L.
opigenina
Anti-inflamatório  
 
Anti-inflamatório
Cinnamomum verum Antioxidante
Canela
Cinnamomum cássia
-
Controle da glicemia
 
Melhora a circulação sanguínea 
Antioxidante  
Cardamomo Elettaria cardamomumz - Anti-inflamatório
Auxilia a apoptose 
Continue...

620 Rev. Bras. Cir. Plást. 2014;29(4):609-624


Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

Continuação...
Antifibrótica
Anti-inflamatória da membrana
Antioxidante
Atua na fase 2 da detoxificação
Aumenta glutationa
Cardo mariano Silybum marianum L. 70-300mg
Bloqueia recaptação de toxinas
 
Evita a injúria de xenobióticos
Facilita ação das proteínas
Regula permeabilidade da membrana
 
Controle de edema
Cavalinha Equisetum arvense 3g
 
 
Antioxidante
Chá verde Camellia sinensis -
 
 
Anti-inflamatório
Chapéu de couro Echinodorus macrophyllus 1g Diurético leve  
 
Diurético
Colônia Alpinia zerumbet 20g
 
 
Antioxidante
Cominho Cuminum cyminum L. -
 
 

0,03-0,16mg de
Confrei Symphytum officinale L.
alantoína
Cicatrizante  
 
Anti-inflamatório
Antioxidante (aumenta glutationa
e superóxido dismutase)
Dente-de-leão Taraxacum officinale 3-12g
Controle da glicemia
 
Diurético
Prebiótico 

Anti-inflamatória
Cicatrizante
Equinácea Echinacea angustifólia DC -
Imunoestimulante
 
* Contraindicada no pré-operatório 

Anti-inflamatório 
Erva-baleeira Varronia curassavica Jacq. 3g  
 

Erva de São João Hypericum perforatum - * Contraindicada no pré-operatório  


  
 
Antioxidante
Erva doce Pimpinella anisum L. - Citoprotetora
 
Analgésico
Anti-inflamatório
Maytenus ilicifolia Antioxidante
Espinheira santa
Maytenus aquifolia Mart
2-6g
Antiulcerogênico
 
Cicatrizante
Destoxificação 

Harpagophytum procumbens
Garra-do-diabo
D.C.
600-6000mg Anti-inflamatório  
Antioxidante  
Continue...

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Anti-inflamatório
Gengibre Zingiber officinale Roscoe 1-2g Antioxidante  
Espasmódico 

* Contraindicado no pré-operatório
Ginkgo biloba Ginkgo biloba -
 
 
Antioxidante
Efeitos farmacológico nos sistemas imune,
endócrino e nervoso
Melhora estresse químico
Ginseng coreano Panax ginseng -
Melhora funções da membrana celular
 
Reduz dano muscular e inflamatório
* Contraindicado no pré-operatório
 

Ginseng siberiano Acanthopanax senticosus - Anti-inflamatório   


 

Anti-inflamatório
Hamamelis Hamamelis virginiana 3-6g
de pele e mucosas
 
 
Antimutagênico
Antioxidante
Hortelã Mentha piperita -
Anti-inflamatório
 
Reparo DNA 

Macela Achyrocline satureioides 1,5g Anti-inflamatório    

Mil folhas Achillea millefolium 1-2g Anti-inflamatório  

Melão de São
Caetano
Mormodica charantia L. - Cicatrizante   
 

Pau-ferro Caesalpinia ferrea 7,5g Cicatrizante  


 
Antioxidante
Pimenta do reino Piper nigrum -
Anti-inflamatório 
 

Quebra-pedra Phyllanthus niruri L. 10g Diurético   


 

Rodhiola Rodhiola rosea - Antioxidante  


Anti-inflamatório
Romã Punica grnatum L. 6g  
 

400mg-3g
Salgueiro Salix Alba 60-120mg de Anti-inflamatório    
salicina
 
Continue...

622 Rev. Bras. Cir. Plást. 2014;29(4):609-624


Nutrição funcional no pós-operatório de cirurgia plástica

Continuação...

Sálvia Salvia officinalis - Anti-inflamatório  


 

Tanchagem Platago major L. 6-9g Anti-inflamatório   


 
Anti-inflamatória
Antioxidante
Unha-de-gato Uncaria tomentosa 600-900mg
Regulação imune
 
Vasodilatador 
Antioxidante
Anti-inflamatória
Vassourinha doce Scoparia dulcis 1-3ml de tintura
Controle da glicemia
 
* Sinergia com Silybum marianus L.
Legenda: (*) representa observações; (-) Quantidades não especificadas no pós operatório.
Fontes: Marques43, Brasil44, Brasil45, Brasil46.

CONCLUSÃO 3. Di Martino M, Nahas FX, Novo NF, Kimura AK, Ferreira LM.
Seroma em lipoabdominoplastia e abdominoplastia: estudo
Conforme a pesquisa realizada, demonstrou-se que o se- ultrassonográfico comparativo. Revista Brasileira de Cirurgia
roma e a fibrose são causados por alterações fisiológicas exa- Plástica. 2010;25(4):679-87.
cerbadas e inter-relacionadas, como o processo de cicatriza- 4. Momeni A, Heier M, Bannasch H, Stark B. Complications in
ção, formação de colágeno, inflamação, sistema imunológico, abdominoplasty: a risk factor analysis. Journal of Plastic, Recon-
estresse oxidativo e edema, e que há vários componentes da structive & Aesthetic Surgery. 2009;62(10):1250-54.
alimentação funcional, entre eles nutrientes, compostos bioa- 5. Rahm D. Perioperative nutrition and nutritional supplements.
tivos e fitoterápicos bem documentados que podem ser utiliza- Plastic SurgicalNursing. 2005;25(1):21-8.
dos a fim de prevenir, controlar ou amenizar as complicações
no pós-cirúrgico de procedimentos estéticos. 6. Badwal RS, Bennett J. Nutritional considerations in the surgical
patient. The Dental Clinics of North America. 2003;47(2):373-
Nesse sentido, torna-se essencial que os desequilíbrios
93.
nutricionais e metabólicos sejam reconhecidos, bem como
corrigidos pelo profissional comprometido eticamente com 7. Hafezi F, Nouhi AH. Abdominoplasty and seroma. Ann Plast
a saúde e beleza do paciente, por meio da ingestão alimen- Surg. 2002;48(1):109-10.
tar ou em segundo plano pela suplementação, contudo ob- 8. Arantes HL, Rosique RG, Rosique, MJF, Mélega JM. Há neces-
servando contraindicações e possíveis efeitos adversos. É sidade de drenos para prevenir seroma em abdominoplastias
importante salientar que para o tratamento das condições com pontos de adesão? Revista Brasileira de Cirurgia Plástica.
abordadas é fundamental que haja um trabalho multidisci- 2009;24(4):521-524.
plinar, enfatizando um acompanhamento médico, nutricio- 9. Nurkim MV, Mendonça LB, Martins PAM, Silva JLB, Mar-
nal e fisioterápico que abranja, verdadeiramente, todas as tins PDE. Incidência de Hematoma e Seroma em Abdomino-
alterações conhecidas na fisiopatologia de seroma e fibrose. plastia com e sem uso de Drenos. Rev. Soe. Bras. CiroPlást.
Além disso, tendo em vista a complexidade do tema, são 2002;17(l):69-74.
necessários mais estudos sobre a influência do consumo ali-
10. Silva RF, Arantes HL, Maciel PJ, Pinheiro AS. Comparação
mentar com intuito de melhorar os resultados cirúrgicos, a
entre drenagem aspirativa e pontos de adesão na prevenção
qualidade de vida e a estética dos pacientes. Dessa forma, de seroma em pós-operatório de abdominoplastia associada à
sugere-se o uso de outros métodos validados cientificamente lipoaspiração. 2011;26(3):74-74.
para a avaliação das complicações em questão, objetivando
resultados que contemplem todas as variáveis envolvidas no 11. Baroudi R, Ferreira CA. Seroma: how to avoid it and how to
treat it. Aesthet Surg J.1998;18(6):439-41.
diagnóstico, prevenção e tratamento de seroma e fibrose.
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ma nas abdominoplastias associadas à lipoaspiração e sem dre-
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Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 10 mar.
2010.

*Autor correspondente: Camile Laís Rocha


Rua Luiz Altemburg Sênior, 90 - Escola Agrícola - Blumenau, Santa Catarina, Brasil
CEP: 89031-300
E-mail: [email protected]

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