LP 3serie Exercicios Aluno SEDUC Web
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APRENDER
SEMPRE
3ª SÉRIE
ENSINO MÉDIO
Língua Portuguesa
Caro estudante,
Para evitar a disseminação do novo coronavírus, preservando a saúde de todos(as), as atividades nas escolas foram paralisadas,
de modo a diminuir a circulação de pessoas. Com o objetivo de não interromper seus estudos, mesmo durante o período de
suspensão das aulas, a Secretaria de Estado da Educação preparou um material para apoiá-lo(a) neste momento.
Esse material é dividido em duas partes: uma de Língua Portuguesa e outra de Matemática. Nelas, você encontrará atividades
para ampliar seus conhecimentos. Além disso, estão incluídos dois encartes: um com informações sobre a COVID-19 e outro, com
orientações e sugestões para você organizar uma rotina de estudos e continuar aprendendo, mesmo sem ir à escola!
Quando as aulas voltarem, é importante que entregue as atividades realizadas ao seu professor(a). Dessa forma, você poderá ter
uma devolutiva sobre o que conseguiu avançar e ser apoiado para aprender ainda mais!
Ótimos estudos!
2 | LÍNGUA PORTUGUESA
Sequência 1
H14 - Identificar componentes do texto argumentativo, como por exemplo: argumento/ contra-argumen-
to; problema/solução; definição/exemplo; comparação; oposição; analogia; ou refutação/ proposta.
Alguém já escreveu que a internet é um instrumento democrático. Tomada ao pé da letra, essa afirmação é
falsa. Eu gostaria de corrigi-la, acrescentando: a internet é um instrumento potencialmente democrático. Para
fazer uma pesquisa navegando na web, precisamos saber como dominar os instrumentos do conhecimento:
em outras palavras, precisamos dispor de um privilégio cultural, que é ligado ao privilégio social.
As escolas precisam da internet, mas a internet precisa de uma escola onde o ensino real acontece. A in-
ternet não apenas faz referência aos livros, mas pressupõe livros. A leitura fragmentada em palavras e frases
isoladas do contexto integral sempre foi parte da leitura de cada um, mas o livro é o instrumento que nos
ensina a dominar a extraordinária velocidade da internet – para ser capaz de usá-la, você precisa aprender a
"ler devagar".
Não consigo imaginar que alguém possa aprender sozinho, sem modelos, a prática profundamente arti-
ficial da leitura lenta. Daí a internet pressupor não apenas os livros, mas também aqueles que ensinam a ler
livros – ou seja, professores em carne e osso.
Fonte: Adaptado de Carlo Ginzburg, A internet é um instrumento potencialmente democrático. Unicamp 2019. Disponível
em: <http://www.fronteiras.com/artigos/carlo-ginzburg-ainternet-nao-apenas-remete-aos-livros-como-tambem-pressupoe-
1. De que argumentos o autor se vale para refutar a afirmação de que a internet é um instrumento demo-
crático?
A ARTE DE ENGANAR
Frei Betto
Em seu livro Pernas pro ar, Eduardo Galeano recorda que, na era vitoriana, era proibido mencionar "calças"
na presença de uma jovem. Hoje em dia, diz ele, não cai bem utilizar certas expressões perante a opinião pú-
blica: "O capitalismo exibe o nome artístico de economia de mercado; imperialismo se chama globalização;
suas vítimas se chamam países em via de desenvolvimento; oportunismo se chama pragmatismo; despedir
sem indenização nem explicação se chama flexibilização laboral" etc.
A lista é longa. Acrescento os inúmeros preconceitos que carregamos: ladrão é sonegador; lobista é
consultor; fracasso é crise; especulação é derivativo; latifúndio é agronegócio; desmatamento é investimento
rural; lavanderia de dinheiro escuso é paraíso fiscal; acumulação privada de riqueza é democracia; socializa-
ção de bens é ditadura; governar a favor da maioria é populismo; tortura é constrangimento ilegal; invasão é
intervenção; peste é pandemia; magricela é anoréxica.
Eufemismo é a arte de dizer uma coisa e acreditar que o público escuta ou lê outra. É um jeitinho de
escamotear significados. De tentar encobrir verdades e realidades.
Posso admitir que pertenço à terceira idade, embora esteja na cara: sou velho. Ora, poderia dizer que
sou seminovo! Como carros em revendedoras de veículos. Todos velhos! Mas o adjetivo seminovo os torna
mais vendáveis.
Coitadas das palavras! Elas são distorcidas para que a realidade, escamoteada, permaneça como
está. Não conseguem, contudo, escapar da luta de classes: pobre é ladrão, rico é corrupto.
Pobre é viciado, rico é dependente químico.
Em suma, eufemismo é um truque semântico para tentar amenizar os fatos.
Fonte: - Adaptado de Frei Betto, O Dia. UERJ 2016.
3. Frei Betto inicia seu texto com uma citação do escritor uruguaio Eduardo Galeano, recorrendo a recurso
comum de argumentação. Esse recurso constitui um argumento de:
a. Comparação.
b. Causalidade.
c. Contestação.
d. Autoridade.
e. Consenso.
4. (Enem 2011) O tema da velhice foi objeto de estudo de brilhantes filósofos ao longo dos tempos. Um dos
melhores livros sobre o assunto foi escrito pelo pensador e orador romano Cícero: A Arte do Envelhecimento.
Cícero nota, primeiramente, que todas as idades têm seus encantos e suas dificuldades. E depois aponta para
um paradoxo da humanidade. Todos sonhamos ter uma vida longa, o que significa viver muitos anos. Quando
4 | LÍNGUA PORTUGUESA
realizamos a meta, em vez de celebrar o feito, nos atiramos a um estado de melancolia e amargura. Ler as
palavras de Cícero sobre envelhecimento pode ajudar a aceitar melhor a passagem do tempo.
(NOGUEIRA, P. Saúde & Bem-Estar Antienvelhecimento. Época. 28 abr. 2008.)
O autor discute problemas relacionados ao envelhecimento, apresentando argumentos que levam a inferir
que seu objetivo é:
Uma operação do IBAMA para combater a pesca ilegal, na divisa entre os Estados do Pará, Maranhão e To-
cantins, incinerou 110 quilômetros de redes usadas por pescadores durante o período em que os peixes se
reproduzem.
Embora tenha um impacto temporário na atividade econômica da região, a medida visa preserva-la ao
longo prazo, evitando o risco de extinção dos animais. Cerca de 15 toneladas de peixes foram apreendidas e
doadas para instituições de caridade. (Época. 23 mar. 2009 - adaptado).
É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta priorida-
de, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade,
ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão (Art. 227 da Constituição Federal).
Considerando o texto constitucional e a visão que você tem sobre a educação de jovens e crianças, reflita
sobre a seguinte pergunta:
LÍNGUA PORTUGUESA | 5
Como os pais e os educadores podem dosar o cuidado com as crianças e os adolescentes sem impedir
que eles conquistem, aos poucos, a maturidade e a autonomia necessárias à vida em sociedade?
Procure responder à questão proposta, expondo o seu ponto de vista sobre o assunto. Para fundamentá-
-lo, você pode se valer de argumentos variados, tais como: exemplos da análise de uma situação particular,
ou da opinião de especialistas, desde que devidamente referenciada. Escreva cerca de 20 linhas em forma de
um texto dissertativo-argumentativo.
Água morro abaixo, fogo morro acima e invasão de turistas em favelas pacificadas são difíceis de conter. Algo
precisa ser feito para que a positividade do momento não transforme esses lugares em comunidades "só pra
inglês ver". As favelas pacificadas tornaram-se alvo de uma volúpia consumidora poucas vezes vista no Rio de
Janeiro. O momento em que se instalaram as Unidades de Polícia Pacificadora em algumas favelas, foi como
se tivesse sido descoberto um novo sarcófago de Tutankamon, o faraó egípcio: uma legião de turistas, pes-
quisadores, empresários e comerciantes "descobriram" as favelas.
O Santa Marta, primeira favela a ter uma UPP ao longo dos seus quase 80 anos, sempre recebeu, na maio-
ria das vezes de forma discreta, visitantes estrangeiros. E, em alguns casos, ilustres: Rainha Elizabeth, Sena-
dor Kennedy e Gilberto Gil. Até mesmo Michael Jackson, quando gravou seu clipe na favela, não permitiu a
presença da mídia. A partir de 2008, iniciou-se a era das celebridades e a exposição da favela para o mundo.
Algumas perguntas, porém, precisam ser feitas e respondidas no momento em que o poder público pensa
em investir nesse filão: o que é uma favela preparada para receber turistas? Que "maquiagem" precisa ser feita
para que o turista se sinta bem? Que produtos os turistas querem encontrar ali? O comércio local deve adap-
tar-se aos turistas ou servir aos moradores? Se o Morro não é uma propriedade particular, se não tem um dono,
todo e cada morador tem o direito de opinar sobre o que está se passando com o seu lugar de moradia.
Essas e outras questões devem pautar o debate entre moradores e gestores públicos sobre o turismo nas
favelas pacificadas. Se os moradores não se organizarem e se não assumirem o protagonismo das ações de
turismo e de entretenimento no Santa Marta, vamos assistir aos nativos — os de dentro — servindo de testa de
ferro para empreendimentos e iniciativas dos de fora, às custas de uma identidade local que aos poucos vai
perdendo suas características.
Tomar os princípios do turismo comunitário — integridade das identidades locais, protagonismo e autono-
mia dos moradores — talvez nos ajude a encontrar estratégias para receber os de fora sem sucumbir às regras
violentas de um turismo mercadológico. Fonte: Itamar Silva é Presidente do Grupo Eco — Santa Marta e diretor
do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase). Adaptado de: Jornal O Dia.
7. (G1 - CFTRJ 2014) O texto é predominantemente argumentativo. Isso significa que seu enunciador sus-
tenta uma tese, ou seja, um ponto de vista específico a respeito do tema desenvolvido. A alternativa que
melhor sintetiza a tese central desse texto é:
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Os impactos ambientais de sacos e sacolas plásticas estão em todos os lugares, indo da poluição visual até
a morte de animais. Se pensarmos que despejamos bilhões de sacolas plásticas no mundo todos os anos,
teremos uma noção do tamanho do problema.
Por serem leves, os sacos e sacolas plásticas voam com o vento, indo parar em árvores, arbustos, fios de alta
tensão, gramados, beiras de estrada, rios, lagos, oceanos – ou seja, acabam poluindo as cidades e a natureza.
Muitas sacolas plásticas acabam em bueiros nas cidades, agravando o problema das enchentes, pois im-
pedem a drenagem das águas das chuvas. Sacos plásticos abandonados também são depósitos de água das
chuvas e podem ajudar na proliferação do mosquito da dengue.
Os sacos e sacolas que chegam até a natureza são confundidos com comida por animais, que os ingerem
e morrem engasgados – tartarugas marinhas confundem as sacolas plásticas com águas-vivas. Outros animais
menores morrem ao se enroscarem no plástico. Na Índia, centenas de vacas morrem por ano ao ingerirem
sacos plásticos com restos de alimentos.
Estima-se que mais de cem mil mamíferos e pássaros morram por ano devido à ingestão de sacos plásticos –
e sequer temos ideia de quantos peixes. O plástico leva centenas de anos para se degradar, então não é demais
pensar que uma mesma sacolinha possa matar mais de um animal durante sua permanência na natureza.
De alguma forma, também a produção de sacolas plásticas dá a sua contribuição para o aquecimento glo-
bal, porque os processos de refino do petróleo e fabricação das sacolas consomem energia, água e liberam
efluentes e emitem gases poluentes. 100 milhões de sacolas plásticas precisam de 1,5 milhão de litros de
petróleo para serem produzidas e causam a emissão de 4,2 mil toneladas de CO2. Fonte: Campanha Saco é
um Saco / Ministério do Meio Ambiente.
8. (G1 - IFCE 2014) No decorrer do texto, o autor vai defendendo a ideia das consequências maléficas com
relação ao uso das sacolas plásticas. As principais estratégias argumentativas utilizadas consistem em:
As questões a seguir tomam por base um trecho do artigo "Horror a aprender" (1957), escrito pelo historiador
e crítico literário Afrânio Coutinho (1911-2000),
Horror a aprender
Se quiséssemos, numa fórmula, definir a mentalidade mais ou menos generalizada dos que militam na vida
literária brasileira, não lograríamos descobrir outra que melhor se prestasse do que esta: horror a apren-
der. Nosso autodidatismo enraizado, nossa falta de hábito universitário, fazem com que aprender, entre nós,
seja motivo de inferioridade intelectual. Ninguém gosta de aprender. Ninguém se quer dar ao trabalho de
aprender. Porque já se nasce sabendo. Todos somos mestres antes de ser discípulos. Aprender o quê? Pois
já sabemos tudo de nascença! Ignoramos essa verdade de extrema sabedoria: só os bons discípulos dão
grandes mestres, e só é bom mestre quem foi um dia bom discípulo e continua com o espírito aberto a um
perpétuo aprendizado. Quem sabe aprender, sabe ensinar, e só quem gosta de aprender tem o direito de
dar lições. Como pode divulgar e orientar conhecimentos quem mantém o espírito impermeável a qualquer
aprendizagem?
Nossos jovens intelectuais, em sua maioria, primam pelo pedantismo, autossuficiência e falta de humilda-
de de espírito. São mestres antes de ter sido discípulos. Saber não os preocupa, estudar, ninguém lhes viu os
estudos. É só meter-lhes na mão uma pena e cair-lhes ao alcance uma coluna de jornal, e lá vem doutrinação
leviana e prosa de meia-tigela. Não lhes importa verificar se estão arrombando portas abertas ou chovendo
no molhado.
9. (Unesp 2014) No segundo parágrafo, para reforçar sua argumentação, Coutinho se vale de duas expres-
sões idiomáticas que apresentam praticamente o mesmo sentido. Identifique estas duas expressões idiomá-
ticas e, com base no sentido comum a ambas, esclareça o argumento do autor.
Sequência 2
Habilidade 17 – Organizar, em uma dada sequência, proposições desenvolvidas pelo autor em um tex-
to argumentativo.
No caso do esporte, a mediação efetuada pela câmera da TV construiu uma nova modalidade de consumo: o
esporte telespetáculo, realidade textual relativamente autônoma face à prática "real" do esporte, construída
8 | LÍNGUA PORTUGUESA
pela codificação e mediação dos eventos esportivos efetuados pelo enquadramento, edição das imagens e
comentários, interpretando para o espectador o que ele está vendo. Esse fenômeno tende a valorizar a forma
em relação ao conteúdo, e para tal faz uso privilegiado da linguagem audiovisual com ênfase na imagem,
cujas possibilidades são levadas cada vez mais adiante, em decorrência dos avanços tecnológicos. Por ou-
tro lado, a narração esportiva propõe uma concepção hegemônica de esporte: esporte é esforço máximo,
busca da vitória, dinheiro... O preço que se paga por sua espetacularização é a fragmentação do fenômeno
esportivo. A experiência global do ser-atleta é modificada: a socialização no confronto e a ludicidade não são
vivências privilegiadas no enfoque das mídias, mas as eventuais manifestações de violência, em partidas de
futebol, por exemplo, são exibidas e reexibidas em todo o mundo.
(BETTI, M. Motriz, n. 2, jul.-dez. 2001. Adaptado).
A reflexão trazida pelo texto, que aborda o esporte telespetáculo, está fundamentada na:
2. (Unicamp 2019) Alguns pesquisadores falam sobre a necessidade de um "letramento racial", para "re-
educar o indivíduo em uma perspectiva antirracista", baseado em fundamentos como o reconhecimento
de privilégios, do racismo como um problema social atual, não apenas legado histórico, e a capacidade de
interpretar as práticas racializadas. Ouvir é sempre a primeira orientação dada por qualquer especialista ou
ativista: uma escuta atenta, sincera e empática. Luciana Alves, educadora da Unifesp, afirma que "uma das
principais coisas é atenção à linguagem. A gente tem uma linguagem sexista, racista, homofóbica, que passa
pelas piadas e pelo uso de termos que a gente já naturalizou. ‘A coisa tá preta’, ‘denegrir’, ‘serviço de preto’...
Só o fato de você prestar atenção na linguagem já anuncia uma postura de reconstrução. Se o outro diz que
tem uma carga negativa e ofensiva, acredite".
(Adaptado de Gente branca: o que os brancos de um país racista podem
Segundo Luciana Alves, para combater o racismo e mudar de postura em relação a ele, é fundamental:
3. (Enem 2019) Na semana passada, os alunos do colégio do meu filho se mobilizaram, através do Twitter,
para não comprarem na cantina da escola naquele dia, pois acharam o preço do pão de queijo abusivo. São
adolescentes. Quase senhores das novas tecnologias, transitam nas redes sociais, varrem o mundo através
dos teclados dos celulares, iPads e se organizam para fazer um movimento pacífico de não comprar lanches
por um dia. Foi parar na TV e em muitas páginas da internet
(GOMES, A. A revolução silenciosa e o Impacto na sociedade das redes sociais.
O texto aborda a temática das tecnologias da informação e comunicação, especificamente o uso de redes
sociais. Muito se debate acerca dos benefícios e malefícios do uso desses recursos e, nesse sentido, o texto:
4. (Mackenzie 2017 - adaptado) Redija uma dissertação desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.
Texto I: "O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos e se manifesta como desejo de con-
fiar nas coisas e nas pessoas, isto é, de acreditar que as coisas são exatamente tais como as percebemos e o
que as pessoas nos dizem é digno de confiança e crédito. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana é feita de
pequenas e grandes decepções e, por isso, desde cedo, vemos as crianças perguntarem aos adultos se tal ou
qual coisa ‘é de verdade ou é de mentira’ ". Marilena Chauí, filósofa.
Texto II: "Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário". George Orwell, escritor.
Texto III: "Ao contrário do que geralmente se crê, por muito que se tente convencer-nos do contrário, as ver-
dades únicas não existem: as verdades são múltiplas, só a mentira é global". José Saramago, escritor.
5. Após ter elaborado um texto dissertativo com base nos três autores acima, faça um exercício de concisão:
elabore um resumo, transformando os três textos acima em um único parágrafo com cerca de três a cinco linhas.
Eugenia
A eugenia surgiu sob o impacto da publicação, em 1859, de um livro que mudaria para sempre o pensamento
ocidental: "A Origem das Espécies, de Charles Darwin". Darwin mostrou que as espécies não são imutáveis,
mas evoluem gradualmente a partir de um antepassado comum à medida que os indivíduos mais aptos vi-
vem mais e deixam mais descendentes. Pela primeira vez, o destino do mundo estava nas mãos da natureza,
e não nas de Deus.
Darwin restringiu sua teoria ao mundo natural, mas outros pensadores a adaptaram - de um jeito meio tor-
to - às sociedades humanas. O mais destacado entre eles foi o matemático inglês Francis Galton, primo de Da-
rwin. Em 1865, ele postulou que a hereditariedade transmitia características mentais - o que faz sentido. Mas
algumas ideias de Galton eram bem mais esquisitas. Por exemplo, ele dizia que, se os membros das melhores
famílias se casassem com parceiros escolhidos, poderiam gerar uma raça de homens mais capazes. A partir
das palavras gregas para "bem" e "nascer", Galton criou o termo "eugenia" para batizar essa nova teoria.
Galton se inspirou nas obras então recém-descobertas de Gregor Mendel, um monge tcheco morto 12 anos
antes, que passaria à história como fundador da genética. Ao cruzar pés de ervilhas, Mendel havia identificado ca-
racterísticas que governavam a reprodução, chamando-as de dominantes e recessivas. Quando ervilhas de casca
enrugada cruzam com as de casca lisa, o descendente tende a ter casca enrugada, pois esse gene é dominante.
Os eugenistas viram na genética o argumento para justificar seu racismo. Eles interpretaram as experiên-
cias de Mendel assim: casca enrugada é uma degeneração (hoje sabe-se que estavam errados - tratava-se
apenas de uma variação genética, algo ótimo para a sobrevivência). Misturar genes bons com "degenera-
dos", para eles, estragaria a linhagem. Para evitar isso, só mantendo a raça "pura" - e aí eles não estavam mais
falando de ervilhas. O eugenista Madison Grant, do Museu Americano de História Natural, advertia em 1916:
"O cruzamento entre um branco e um índio faz um índio, entre um branco e um negro faz um negro, entre um
branco e um hindu faz um hindu, entre qualquer raça europeia e um judeu faz um judeu".
As ideias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente, inclusive as
brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha: foram os EUA.
Não tardou até que os eugenistas de lá começassem a querer transformar suas teorias em políticas públicas.
"Em suas mentes, as futuras gerações dos geneticamente incapazes deveriam ser eliminadas", diz o jornalista
americano Edwin Black, autor de "A Guerra contra os Fracos". A miscigenação deveria ser proibida.
Fonte: Adaptado da revista Superinteressante, jul. 2005. Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/nazismo/>.
6. (UFPR 2006) A respeito da afirmação de Madison Grant citada no texto, assinale a alternativa correta.
a. As combinações ideais para se obter a raça pura são o cruzamento do branco com índio, do branco com
negro, do branco com hindu e das raças europeias com judeu.
b. Grant defende a eugenia com base no pressuposto de que o índio, o negro, o hindu e o judeu são
raças imutáveis.
c. Grant faz uma advertência aos seus contemporâneos, pois teme a adesão em massa às propostas eugenistas.
d. O índio, o negro, o hindu e o judeu, para Grant, são equivalentes à ervilha de casca enrugada.
e. Com a sua afirmação, Grant mostra como aproveitar as experiências de Mendel para se obter uma boa
linhagem entre os seres humanos.
a. Tanto a teoria de Darwin, como as experiências genéticas de Mendel, são impróprias para subsidiar
aqueles que buscaram na ciência o respaldo para a discriminação de grupos humanos.
b. A eugenia foi uma reação à obra de Darwin "A Origem das Espécies": enquanto esta defende o cruza-
mento de raças, a eugenia se opõe a essa prática.
c. Madison Grant consolidou a teoria de Mendel ao comprovar que há espécies dominantes.
d. Segundo Black, as primeiras propostas eugenistas norte-americanas partiram de um trabalho educacional
que procurava eliminar das mentes das pessoas as lembranças das gerações dos geneticamente incapazes.
e. Alguns pensadores perceberam que os resultados das experiências de Mendel estavam errados quanto
aos genes dominantes e criaram a teoria eugenista para corrigir as distorções constatadas.
8. (UFPR 2006) Ao definir eugenia e situar historicamente o surgimento desse conceito, o autor do texto
publicado na revista "Superinteressante" também avalia as afirmações dos eugenistas. Assinale a alternativa
que NÃO comporta uma avaliação das ideias eugenistas.
9. (UFPR 2006) "As ideias eugenistas fizeram sucesso entre as elites intelectuais de boa parte do Ocidente,
inclusive as brasileiras. Mas houve um país em que elas se desenvolveram primeiro, e não foi a Alemanha:
foram os EUA."
Ao dizer "e não foi a Alemanha", o autor do texto se antecipa a uma possível conclusão do leitor. Apresente o
fato que levaria o leitor a pensar assim e explique a relação desse fato com o tema exposto no texto "Eugenia".
12 | LÍNGUA PORTUGUESA
Sequência 3
(Fuvest 2020) Adaptados a esse idioma que se transforma conforme a plataforma, os memes e textões do-
minaram a rotina desta década como modos de a gente rir, repercutir notícias, dividir descontentamentos,
colocar o dedo em feridas, relatar injustiças e até se informar. Entraram logo no vocabulário para além da
internet: "virar meme", "dar textão". Suas características também interferiram no jeito de compreender o mun-
do e expressar o que acontece à nossa volta. Viktor Chagas, professor e pesquisador da Universidade Fede-
ral Fluminense (UFF), os vê como manifestações culturais de grande relevância para entender o período e,
também, como "extravasadores de afetos". [...] Por mais que o textão seja "ão", assim como o meme, ele é
uma expressão sintética típica de hoje, explica Viktor Chagas. Mesmo o textão mais longo, na verdade, é um
textinho: faz parte da lógica do espaço em que circula.
(TAB UOL, "Vim pelo meme e era textão". Disponível em https://tab.uol.com.br/. Adaptado.)
1. Retire do texto dois argumentos que justifiquem a caracterização de "memes e textões" como "extrava-
sadores de afetos".
2. Em que sentido pode se afirmar que não há uma contradição no trecho "Mesmo o textão mais longo, na
verdade, é um textinho"?
a. 1. A presença dos memes em plataformas; 2. O uso do vocabulário usado nos memes vai além da inter-
net; 3. A visão de Viktor Chagas sobre os memes.
b. 1. A visão de Viktor Chagas sobre os memes; 2. O uso do vocabulário usado nos memes vai além da in-
ternet; 3. A presença dos memes em plataformas.
c. 1. A presença dos memes em plataformas; 2. A visão de Viktor Chagas sobre os memes; 3. O uso do vo-
cabulário usado nos memes vai além da internet.
d. 1. O uso do vocabulário usado nos memes vai além da internet; 2. A presença dos memes em platafor-
mas; 3. A visão de Viktor Chagas sobre os memes.
e. 1. A visão de Viktor Chagas sobre os memes; 2. A presença dos memes em plataformas; 3. O uso do vo-
cabulário usado nos memes vai além da internet.
4. "Por mais que o textão seja "ão", assim como o meme, ele é uma expressão sintética típica de hoje, explica Vik-
tor Chagas. Mesmo o textão mais longo, na verdade, é um textinho: faz parte da lógica do espaço em que circula."
Você concorda com a opinião do autor a respeito do tamanho do texto geralmente usado nos "textões"? Por quê?
LÍNGUA PORTUGUESA | 13
5. Elabore um parágrafo dissertativo, com cerca de cinco linhas, obedecendo a ordem dos argumentos
abaixo. Evite a repetição de palavras. Boa redação!
6. (UFRGS 2019) Leia este trecho do texto Censura-violência (1979), de Antonio Candido (1918-2017):
Violência física e violência mental são, na verdade, violência social, como fica mais evidente neste fim de século
especialmente bruto. Ela é fruto da desigualdade econômica que requer força para se manter, porque sem
força, a igualdade se imporia como solução melhor, que na verdade é. Hoje, é espantoso ouvir e ler os pro-
nunciamentos das autoridades de todos os níveis, que falam com veemência crescente que a miséria do povo
é intolerável, que a concentração da riqueza deve ser mitigada, que a pobreza é um mal a ser urgentemente
superado – não raro com estatísticas demonstrativas. É espantoso, porque até pouco tempo tais afirmações
eram consideradas coisa de subversivos; e é espantoso porque isso é dito, mas quem diz, faz tudo para que as
coisas fiquem como estão, e para que os que querem mudar sejam devidamente enquadrados pela força. Não
há dúvida de que a censura funciona como retificação, como dolorosa ortopedia feita para lembrar aos incautos
a obrigação de não passar da demagogia à luta real pela democracia. A ideia, a palavra e a imagem podem ser
instrumentos perigosos aos olhos dos que desejam apenas escamotear, operando conscientemente no plano
da ideologia para abafar a verdade. Censura, portanto, e censura como arma para formar com outras o arsenal
de manutenção da desigualdade – econômica, política e social. Por isso, mais em nosso tempo do que em ou-
tros, nos quais eram menos variados e atuantes os meios de expressão, devemos estar cada vez mais prepara-
dos para lutar contra a violência dentro da qual vivemos em todos os níveis. Inclusive a da censura.
a. Apenas I.
b. Apenas II.
c. Apenas III.
d. Apenas I e III.
e. I, II e III.
14 | LÍNGUA PORTUGUESA
Pichação-arte é pixação?
As discussões, muitas vezes acaloradas, sobre o reconhecimento da pixação como expressão artística trazem
à tona um questionamento conceitual importante: uma vez considerado arte contemporânea, o movimento
perderia sua essência? Para compreendermos os desdobramentos da pixação, alguns aspectos presentes no
graffiti são essenciais e importantes de serem resgatados. O graffiti nasceu originalmente nos EUA, na déca-
da de 1970, como um dos elementos da cultura hip-hop (Break, MC, DJ e Graffiti). Daí até os dias atuais, ele
ganhou em força, criatividade e técnica, sendo reconhecido hoje no Brasil como graffiti artístico. Sua caracte-
rização como arte contemporânea foi consolidada definitivamente por volta do ano 2000.
A distinção entre graffiti e pixação é clara; ao primeiro, é atribuída a condição de arte, e o segundo é
classificado como um tipo de prática de vandalismo e depredação das cidades, vinculado à ilegalidade e
marginalidade. Essa distinção das expressões deu-se em boa parte pela institucionalização do graffiti, com os
primeiros resquícios já na década de 1970.
Esse desenvolvimento técnico e formal do graffiti ocasionou a perda da potência subversiva que o marca
como manifestação genuína de rua e caminha para uma arte de intervenção domesticada enquadrada cada
vez mais nos moldes do sistema de arte tradicional. O grafiteiro é visto hoje como artista plástico, possuindo
as características de todo e qualquer artista contemporâneo, incluindo a prática e o status. Muito além da di-
ferenciação conceitual entre as expressões – ainda que elas compartilhem da mesma matéria-prima –, trata-se
de sua força e essência intervencionista.
Estudos sobre a origem da pixação afirmam que o graffiti nova-iorquino original equivale à pixação bra-
sileira; os dois mantêm os mesmos princípios: a força, a explosão e o vazio. Uma das principais caracterís-
ticas do pixo é justamente o esvaziamento sígnico, a potência esvaziada. Não existem frases poéticas, nem
significados. A pichação possui dimensão incomunicativa, fechada, que não conversa com a sociedade. Pelo
contrário, de certa forma, a agride. A rejeição do público geral reside na falta de compreensão e intelecção
das inscrições; apenas os membros da própria comunidade de pixadores decifram o conteúdo.
A significância e a força intervencionista do pixo residem, portanto, no próprio ato. Ela é evidenciada pela
impossibilidade de inserção em qualquer estatuto pré-estabelecido, pois isso pressuporia a diluição e a per-
da de sua potência signo-estética. Enquanto o graffiti foi sendo introduzido como uma nova expressão de arte
contemporânea, a pichação utilizou o princípio de não autorização para fortalecer sua essência.
Mas o quão sensível é essa forma de expressão extremista e antissistema como a pixação? Como lidar
com a linha tênue dos princípios estabelecidos para não cair em contradição? Na 26ª Bienal de Arte de São
Paulo, em 2004, houve um caso de pixo na obra do artista cubano naturalizado americano, Jorge Pardo. Seu
comentário, diante da intervenção, foi "Se alguém faz alguma coisa no seu trabalho, isso é positivo, para mim,
porque escolheram a minha peça entre as expostas" […]. "Quem fez isso deve discordar de alguma coisa na
obra. Pode ser outro artista fazendo sua própria obra dentro da minha. Pode ser só uma brincadeira" e finali-
zou dizendo que "pichar a obra de alguém também não é tão incomum. Já é tradicional".
É interessante notar, a partir do depoimento de Pardo, a recorrência de padrões em movimentos de qual-
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quer natureza, e o inevitável enquadramento em algum tipo de sistema, mesmo que imposto e organiza-
do pelos próprios elementos do grupo. Na pixação, levando em conta o "sistema" em que estão inseridos,
constatamos que também passa longe de ser perfeito; existe rivalidade pesada entre gangues, hierarquia e
disputas pelo "poder".
Em 2012, a Bienal de Arte de Berlim, com o tema "Forget Fear", considerado ousado, priorizou fatos e in-
quietações políticas da atualidade. Os pixadores brasileiros Cripta (Djan Ivson), Biscoito, William e R.C. foram
convidados na ocasião para realizar um workshop sobre pixação em um espaço delimitado, na igreja Santa
Elizabeth. Eles compareceram. Mas não seguiram as regras impostas pela curadoria, ao pixar o próprio mo-
numento. O resultado foi tumulto e desentendimento entre os pixadores e a curadoria do evento.
O grande dilema diante do fato é que, ao aceitarem o convite para participar de uma bienal de arte, auto-
maticamente aceitaram as regras e o sistema imposto. Mesmo sem adotar o comportamento esperado, caí-
ram em contradição. Por outro lado, pela pichação ser conhecidamente transgressora (ou pelo jeito, não tão
conhecida assim), os organizadores deveriam pressupor que eles não seguiriam padrões pré-estabelecidos.
Embora existam movimentos e grupos que consideram, sim, a pixação como forma de arte, como é o caso
dos curadores da Bienal de Berlim, há uma questão substancial que permeia a realidade dos pichadores.
Quem disse que eles querem sua expressão reconhecida como arte? Se arte pressupõe, como ocorreu com o
graffiti, adaptar-se a um molde específico, seguir determinadas regras e, por consequência, ver sua potência
intervencionista diluída e branda, é muito improvável que tenham esse desejo.
A representação da pixação como forma de expressão destrutiva, contra o sistema, extremista e margina-
lizada é o que a mantêm viva. De certo modo, a rejeição e a ignorância do público é o que garante sua força
intervencionista e a tão importante e sensível essência.
Fonte:Adaptado de: CARVALHO, M. F. Pichação-arte é pixação? Revista Arruaça, Edição nº 0. Cásper Líbero, 2013. Disponível em:
a. Entende que grafite é arte desprovida de crítica social e pichação simboliza a revolta popular.
b. Considera grafite como arte institucionalizada e pichação como manifestação popular transgressora.
c. Reconhece que a preocupação estética é exatamente a mesma em ambas as manifestações.
d. Defende que o "pixo" é arte, ainda que não apresente mensagens poéticas identificáveis.
e. Assume que pichação e grafite transmitem a mesma mensagem, mas em contextos sociais diferentes.
6. Após a leitura do texto "Pichação-arte é pixação?", qual é a sua opinião sobre esse tema? Escreva um
texto dissertativo-argumentativo, com cerca de vinte linhas, defendendo o seu ponto de vista. Dê um título ao
seu texto e use a modalidade padrão da língua portuguesa.